Esse projeto surgiu durante a recuperação do meu pai contra a Covid. Na ocasião, ele pediu indicações de audiolivro, já que estava com dificuldades de ler por causa das sequelas da doença. Eu e ele estamos a um oceano de distância: eu na Alemanha, ele no
Minha relação com Guimarães Rosa é de longa data: descobri sua literatura ainda adolescente, por volta dos 14 anos. Apaixonada, viria a experimentar suas palavras e neologismos nos palcos, recitando "Nonada" e outras tantas histórias adaptadas para a dramaturgia. Anos mais tarde, os encantos de "Grande Sertão: Veredas", "Primeiras Estórias" e outras tantas obras me acompanharam junto à minha experiência com o Grupo Redimunho de Investigação Teatral, em São Paulo: em "Tareias", como espectadora fascinada; e em "Vesperais na Janela", como atriz. "A Terceira Margem do Rio" me emocionou desde o primeiro momento que li. E até hoje reflito sobre os motivos de "nosso pai" ir para junto do rio. Como de praxe, este conto de "Primeiras Estórias" foi lido em formato de leitura dramática, sem edições, com tom teatral, improvisação nos erros, sotaquinho mineiro e um chorinho que escapou, sem qualquer encenação. Eu choro com literatura, não nego. E este conto sempre me emociona. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/camila-honorato-de-barros/message
Tem dias que recorrer à arte (insira aqui a literatura) se torna indispensável para a sobrevivência humana. Em um dia onde um presidente assassino veta um projeto de lei que garante a distribuição de absorventes para mulheres e pessoas que menstruam (não-binaries e homens trans), a sensação é de desamparo e desesperança. O verso ajuda, por fim, a nos manter na superfície. Conheci Herberto Helder recentemente na universidade, em uma aula de literatura portuguesa e seus desdobramentos na segunda metade do século 20. O surrealismo me fascina, e aqui não podia ser diferente. Um agradecimento especial para uma das professoras mais queridas do curso de Letras da Universidade de São Paulo, Paola Poma. Aos ouvintes, fica o convite para a reflexão: ao que este poema te remete? --- Send in a voice message: https://anchor.fm/camila-honorato-de-barros/message
Descobri este livro recentemente por intermédio de minha terapeuta. "Eu chorei muito lendo olhos d'água". Eu, na realidade, entendo ela de um tanto... Ao ler este conto, pai, me recordei de algumas coisas: voinha fez um longo percurso para se fixar em São Paulo, deixando Recife e seus arredores para trás, lutando para manter seus olhos ancestrais. Eu me lembro de os olhos de voinha serem um tanto quanto correntezas também. Correntezas de sensibilidade, amor e uma dose daqueles catiripapos que bem conhecemos e sentimos até hoje. Me diga, painho: tu te recordas de que cor eram os olhos de tua mãe? --- Send in a voice message: https://anchor.fm/camila-honorato-de-barros/message
"Se queres pintar um bambu, torna-te também um bambu". Se decolonizar é preciso, também é preciso ampliar vozes e escuta. Eu vejo uma beleza e tanto nos contos, fábulas, lendas, ditos populares e manifestações de espiritualidade dos povos orientais. Ler este conto é esboçar um sorriso. Faz todo o sentido do mundo! Ele pode ser lido no livro "Contos e Lendas do Japão", da LeBooks Editora, especializada em obras clássicas de domínio público. Gratuito na Amazon. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/camila-honorato-de-barros/message
Ler Alberto Caeiro para meu pai foi catártico: ele chorou muito de um lado, eu chorei muito do outro. É possível, inclusive, me ouvir chorando muito no áudio - algo que me recusei a editar. Este pseudônimo de Fernando Pessoa é o que é: sem metáforas ou meias palavras. Esta simplicidade e obviedade, que aparecem implícitas nos versos para mim, é o que há de mais emocionante. Principalmente nesta fase de repensar o que concebemos como fé, ainda mais depois do episódio do meu pai com a doença, essa jornada lá é cá, o medo da perda, a confusão do retorno... Quantas vezes a gente se emociona com a simplicidade? Pra que complicar a existência de um Deus se ele é natureza? Se ele é natureza, porque chamá-lo de Deus? Lembrando: são minhas reflexões e leituras, e eu adoro escutar visões diferentes. O poema pode ser acessado gratuitamente na Amazon, ou lido na coletânea "Ficções do Interlúdio", junto com os outros pseudônimos de Pessoa. Recomendo adquirir o box completo da editora Novo Século: muitos destes escritos me fizeram companhia na minha viagem para Portugal, o que enriqueceu minhas vivências. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/camila-honorato-de-barros/message
Os amores de Vinicius de Moraes têm um quê de floreio. Este, em especial, tem um quê de nostalgia. Ele rememora a intensidade dos primeiros amores. Dos amores jovens. Desta sensação enorme de eternidade que tanto almejamos no auge de uma paixão alucinante. O conto pode ser lido na coletânea "Para Viver Um Grande Amor", publicado pela Companhia das Letras. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/camila-honorato-de-barros/message
Ler a Ryanne é um prazer quase masoquista: tem muitos poemas que afetam ao extremo, a ponto de causar dor e resgatar memórias um tanto quanto complexas. Este poema, no entanto, é um abraço real, onde o otimismo, de certa forma, persiste. O poema está presente no livro "Jamais Peço Desculpas Por Me Derramar", publicado pela editora Planeta. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/camila-honorato-de-barros/message