Em actividade desde 1992, a Associação Cultural Thíasos é formada por um grupo de professores, alunos e funcionários da Faculdade de Letras e de outras Faculdades, com o intuito de encenar e reflectir sobre o teatro clássico ou nele inspirado.
Apresentadas pela primeira vez na década de 60 do século V a.C., "Suplicantes" é a primeira de três tragédias que Ésquilo dedicou à saga das Danaides, trilogia da qual fariam parte os dramas perdidos "Egípcios" e "Danaides". As cinquenta filhas de Dânao, posto que as desejam para casar os cinquenta primos, filhos de Egito, fogem do Nilo onde habitam para pedir asilo político e religioso em Argos. Perante o rei dessa terra, portanto, suplicam por proteção, apresentando como argumento maior a descendência de ambos de uma mesma mulher, Io, num passado mitológico ainda mais remoto. Bárbaras, chegam a uma terra que dizem ser a sua, mas quem as vê não consegue identificá-las como gregas. Apátridas, apavoradas pela hoste masculina de inimigos que sabe vir no seu encalce, este grupo procura nos altares dos deuses da nova cidade um refúgio que grego algum pode recusar. E os primos, “falcões no encalce das pombas de semelhante plumagem”, chegam ávidos de sangue e vingança. No ar fica, para Gregos e Egípcios, a promessa de uma guerra pela posse das jovens. O sangue derramado, no campo de batalha e nos leitos nupciais nos quais havia de consumar-se o himeneu, fica desde cedo tragicamente indiciado.
Este é o drama da falta de comunicação entre as pessoas. A jovem Filúmena refugia-se no aconchego da casa paterna, e ninguém a demove a regressar à casa do marido Pânfilo. A sogra, Sóstrata, julgando-se a causa da zanga, decide retirar-se para o campo; e o seu marido, Laques, que decide acompanhá-la. O filho, Pânfilo, conhecedor dos factos rejeita esta opção. A cortesã Báquis consente em humilhar-se em prol da felicidade conjugal do antigo amante e vem desvendar o mistério, através de um reconhecimento: a verdade está no anel! O drama dos dois amados desperta a generosidade dos que o rodeiam.... Nem sempre a comédia faz os homens piores do que eles são.... Ficha técnica: tradução: Walter de Medeiros encenação: José Luís Brandão direcção de actores: Nelson Henrique elenco: Amélia Álvaro de Campos (Laques) Ana Seiça Carvalho (Báquis) Cristina Gonçalves (Sira e Mírrina) Daniela Pereira (Filótis, Sósia e Ama) Elise Cardoso (violino e escravo) José Luís Brandão (Fidipo) Nelson Henrique (Parmenão) Stephanie Barreiros (Pânfilo) Tânia Mendes (Sóstrata). caracterização: Vítor Teixeira e Ângela Leão cenário: BeiraCarp, Amélia Álvaro de Campos, Daniela Pereira, Iolanda Mendes, José Luís Brandão e Tânia Mendes coreografia: Ângela Leão guarda-roupa: Dila Pato e José Luís Brandão logística: Amélia Álvaro de Campos luz: Chayanna Ferreira música: Carlos Jesus, Iolanda Mendes e José Luís Brandão (selecção musical); Jorge Barbosa (composição musical) som: Iolanda Mendes apoio técnico: Carlos Santos.
“É aquilo que aparentemente falta a Fedra – a castidade – que destrói Hipólito. Como ele próprio diz da madrasta morta, “foi casta sem que nela houvesse castidade; e eu, que a tenho, não obtive dela o melhor proveito” (vv. 1034-1035). Frederico Lourenço FICHA TÉCNICA Frederico Lourenço (tradução) Carlos Jesus (encenação, cenografia e selecção musical) Claudio Castro Filho (direcção de actores) Leonor Barata (apoio ao movimento: protocolo com “O Teatrão”) Chayanna Ferreira (desenho de luzes) Rosário Moura, Dila Pato (guarda-roupa) Cláudia Cravo, Marta Gama (sonoplastia) Vitor Teixeira (maquilhagem) Margarida Teodoro, Cláudia Morais e Virgílio Raposo (imagem publicitária) Beiracarp (execução do cenário) Corpo Organizado (educação postural) Elenco Ricardo Mocito (Hipólito) Ângela Leão (Fedra) Carlos Jesus (Teseu) Andrea Seiça (Ama) Margarida Cardoso (Afrodite, Ártemis) José Luís Brandão, Ricardo Acácio (Mensageiro, Servo) Lia Nunes (Corifeu) Ana Seiça Carvalho (Coro) Tânia Cardoso (Coro) Elisabete Cação (Coro)
No Ensaio Sobre a Cicuta são recuperadas algumas das secções mais dramáticas e emblemáticas da vida do filósofo grego Sócrates, tal como esta é representada nos diálogos de Platão. Os caminhos do amor e da filosofia, da virtude e da morte são percorridos através de mosaicos de paixão e tragicomédia que desembocam no confronto da justiça de um homem com o poder.
Lê-se no argumento da peça: «Um catraio de sete anos, foi raptado de Cartago. Um velho misógino, depois de o comprar, adopta-o e torna-o seu herdeiro. Foram depois raptadas duas primas dele juntamente com a ama. Lico compra-as e tortura o jovem enamorado. Mas este trata de meter o seu caseiro em casa do proxeneta com uma quantia em ouro e, assim, o implica num roubo. Chega o cartaginês Hánon que descobre que o jovem é o filho do primo e reconhece as filhas que havia perdido». Estão, pois, presentes os problemas, actuais, do lenocínio, da escravatura de pessoas raptadas, da pirataria, que, então, assolava o Mediterrâneo. Pontificam os valores da dedicação (pietas) familiar, da fidelidade aos laços de sangue, à pátria e aos deveres de hospitalidade, que se mantinham firmes de geração em geração.
A Associação Cultural Thíasos, grupo universitário de reflexão, estudo e produção de teatro clássico, encenou em 2009 As Vespas de Aristófanes, uma peça que tem como alvo principal os juízes atenienses, alvo, aliás já satirizado noutras comédias do mesmo autor, como por exemplo As Nuvens. A peça retrata o filho de um dicasta (um juiz comparando nos nossos tempos) que tenta mostrar ao seu pai que este está a ser enganado por cleon (mais importante dos lideres),que lhe rouba o seu dinheiro, e de todos os outros, através da persuasão das suas palavras.
A peça Agamémnon foi apresentada pela primeira vez em Atenas no ano de 458 a.C.. Foi escrita por Ésquilo (525 a.C. – 456 a.C.) e faz parte de uma trilogia intitulada Oresteia, a única trilogia completa que chegou até aos nossos dias, composta por três tragédias: Agamémnon, As Coéforas e As Euménides. A trilogia é inspirada nas histórias do regresso dos heróis que lutaram contra a cidade de Tróia. Agamémnon teve que sacrificar a filha Ifigénia a Ártemis, no início da guerra, para que os Exércitos gregos chefiados por ele pudessem chegar a Tróia. Na realidade Ifigénia não morreu durante o sacrifício, pois foi poupada pela deusa que a transformou numa sacerdotisa da cidade de Tauris. Acreditando que a filha havia sido morta, Clitemnestra jurou vingança. Tornou-se amante de Egisto, filho de Tiestes, e começou a conspirar contra o marido durante sua longa ausência. Agamémnon regressa vitorioso após dez anos de guerra em Tróia, mas é imediatamente assassinado por Clitemnestra e Egisto, tal como Cassandra, princesa troiana, que recebera por escrava. Tradução: Manuel Oliveira Pulquério Sonoplastia: Tiago Cabral Luninotecnia: Carlos Santos e Vitor Teixeira Coreografia: Andreia Paixão Figurinos: Maria João, Inês Santos Elenco Delfim Leão (Agamémnon) Sónia Simões, Ângela Leão (Clitemnestra) Patrícia Ligeiro (Cassandra) Nelson Ferreira (Egisto) Mário Pais, Ândrea Seiça (Vigia) Coro: Carlos Jesus (Corifeu), Artur Magalhães, Ândrea Seiça, Luís Albuquerque, Joana Militão, Linda Miriam, Ana Fonseca, Susana Bastos.
As Suplicantes de Eurípides, representadas no contexto da Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.), resultam numa acutilante e sofrida reflexão sobre as consequências da guerra, de todos os tempos. O coro que dá o título à peça é constituído pelas mães dos sete generais que pereceram no cerco de Tebas, aliados de Polinices quando este pretendeu recuperar o poder ao irmão Etéocles. Em termos mitológicos, portanto, a peça vem no seguimento directo dos Sete Contra Tebas de Ésquilo, do Édipo em Colono de Sófocles e das Fenícias de Eurípides, tratando tema idêntico ao da Antígona de Sófocles – o dever de prestar honras fúnebres aos mortos. O mito é já, contudo, um marco central no Ciclo Épico, com as obras Tebaida e Epígonos, de que nos chegaram apenas escassos fragmentos. O pano de fundo da peça é o santuário de Elêusis, ao qual se deslocam Adrasto, velho rei dos Argivos, e as sete mães suplicantes, para pedir a Etra que convença o filho Teseu a reclamar junto de Creonte os corpos mortos dos sete generais. Relutante a início, Teseu aceita a tarefa. Chega entretanto um arauto tebano que conta a vontade contrária de Creonte, o que leva o rei de Atenas a partir para Tebas com um exército, que sai vitorioso. Os cadáveres entram depois em cena e, quando as mães os depositam na pira, surge Evadne, viúva de Capaneu, que, em delírio de Bacante, deseja morrer com o marido. Apesar dos pedidos do pai, ela acaba por se suicidar e arder com o marido, nas chamas que considera o seu leito nupcial. Num happy end tipicamente euripidiano, surge ex machina a deusa Atena, formalizando o pacto de amizade entre Argivos e Atenienses. A guerra (justa e injusta), a morte, o amor e a defesa da Democracia, são estes os grandes temas que Eurípides apresenta e discute em Suplicantes. Uma peça nem sempre fácil de colocar em cena, mas cuja mensagem – grande mérito da tragédia clássica – é de todos os tempos. Carlos Jesus Tradução: José Ribeiro Ferreira Consultor: José Luís Brandão Figurinos: Maria João Antunes, Inês Santos Sonoplastia: Luís Albuquerque Cenografia: Carlos Santos Luminotecnia: Carlos Santos Elenco Ângela Leão (Etra) Luís Marques Cruz (Teseu) Artur Magalhães (Adrasto) Carlos Jesus Vitor Teixeira Nélson Ferreira Sónia Simões Coro: Carla Braz (Corifeu), Susana Bastos, Ândrea Seiça, Patrícia Ligeiro, Carla Rosa, Carla Correia, Susana Rosa, Verónica Fachada.
Apresentação da Associação Cultural Thíasos e da FESTEA - Tema Clássico, Associação Promotora dos Festivais de Teatro de Tema Clássico