Podcasts about FOI

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    ACADEMIA DO AGRO
    ACTO XXIX – CHINA: A Dinastia Zhou – Inovações e Expansão

    ACADEMIA DO AGRO

    Play Episode Listen Later Dec 2, 2025 12:58


    O som do ferro substituiu o brilho do bronze. Nascia uma nova era nos campos da China antiga. Durante a Dinastia Zhou, o ferro cortou a terra e o destino de um povo. Arados mais resistentes, sistemas de irrigação e a invenção dos terraços transformaram a paisagem agrícola e deram início a uma revolução silenciosa — a que moldaria os impérios que viriam depois. Este episódio revela como as inovações agrícolas Zhou redefiniram a relação entre o homem, a terra e o poder:

    Moda na Mochila
    149 | Joalheria e gestão de luxo na França, com Maíra Rebelo

    Moda na Mochila

    Play Episode Listen Later Dec 1, 2025 89:54


    Maíra Rebelo, designer de joias, ou, como ela mesma diz, de pequenas esculturas. Foi essa frase, dita por uma professora durante a faculdade de Artes Visuais, que marcou o início da sua jornada. Maíra começou a trabalhar com joalheira em 2009, cresceu muito na área no Brasil, mas, depois de quase dez anos, se sentiu desiludida com o mercado e decidiu mudar de direção e de país. Ela se mudou para a França para fazer uma pós-graduação em Economia e Gestão de Luxo na Universidade de Reims. E, claro, já que estava por lá, foi viver o sonho parisiense: trabalhou em marcas de luxo como Red Luxury e Mulberry. Mesmo tentando seguir outros caminhos, todas as estradas acabavam levando de volta à joalheria, e hoje ela reencontrou o prazer de criar pequenas esculturas todos os dias, como designer de joias na marca Silvia Furmanovich.convidada: https://www.linkedin.com/in/maira-rebelo/ https://www.instagram.com/maprebelo/ Consultoria do Moda na Mochila: https://www.modanamochila.com/consultoria newsletter: https://modanamochila.substack.com/about Ig: https://www.instagram.com/modanamochila/ 

    KTOTV / La Foi prise au Mot
    La Foi. Les fondamentaux de la Foi. 3

    KTOTV / La Foi prise au Mot

    Play Episode Listen Later Dec 1, 2025 52:27


    Qu'est-ce qu'avoir la Foi ? Pour sortir d'une conception réductrice qui présenterait la Foi comme un acquis que l'on pourrait posséder, le bibliste Régis Burnet reçoit le Père Jacques Trublet, jésuite et le Père Jean-Baptiste Edard, prêtre de la communauté de l'Emmanuel et recteur de la faculté de théologie de l'Université Catholique de l'Ouest. Ensemble, ils explorent les différents sens que la Foi recouvre, dans l'Ancien et le Nouveau Testament ; un parcours, une relation dynamique, parfois même un combat. Alors, la foi est-elle un savoir, une confiance, ou une action ?

    Fala Agora
    EP 295 - c/ Joa Vitor - Comédia Musical vs Música Cómica, Bichinho da Rádio, Desafios de crIAr e Dicas de Brasil.

    Fala Agora

    Play Episode Listen Later Dec 1, 2025 79:55


    Como é, Galera? Aproveitei que estou por terras de Vera Cruz e trouxe um convidado nativo do Bairro da Tijuca. Malta do Chega, relaxem, é branco. Foi uma conversa muito gira, pena o microfone dele não ter apanhado :'( Mas vão ouvir que está giro, e deu muito trabalho "recuperar" a voz dele. Até prá semana!!!"Festivais de Verão" - https://www.youtube.com/watch?v=D7GAcTsSgk0 Links homeopáticos -⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠https://linktr.ee/joaonunogoncalo⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠Sem preciosas perguntas

    Artes
    Álbum "Vilas Maravilha", um encontro musical entre Brasil e Angola

    Artes

    Play Episode Listen Later Dec 1, 2025 13:41


    O músico a compositor brasileiro Ricardo Vilas regressa com "Vilas Maravilha", álbum gravado em Luanda ao lado da histórica Banda Maravilha. Resultado de mais de uma década de encontros, o disco funde semba, samba e memórias atlânticas num gesto de pertença e diálogo cultural. Com arranjos angolanos e composições próprias, Ricardo Vilas celebra uma África contemporânea. Ricardo Vilas, figura singular da música brasileira e estudioso das ligações culturais no Atlântico Sul, regressa aos discos com Vilas Maravilha, um trabalho gravado em Luanda e construído em parceria com a histórica Banda Maravilha. O músico descreve o álbum como “um gesto de pertença, de deslocamento e de identidade”, recusando “o ruído da actualidade” e privilegiando “o tempo lento dos encontros”. O projecto nasce da relação iniciada em 2012, quando Ricardo Vilas realizou uma pesquisa de campo em Angola para o seu doutoramento sobre a circulação musical entre os dois países. “A minha história com Angola vem de antes”, recorda. “Comecei a pesquisar música africana e particularmente música angolana e aprendi muitas coisas.” Foi nesse período que conheceu músicos centrais na formação da moderna música angolana, entre os quais Elias dia Kimuezo e Carlos Lamartine, além do grupo Maravilha, com quem a afinidade artística foi imediata. “A identificação foi rápida e a amizade foi crescendo”, afirma. Ao longo de anos de viagens e colaborações esporádicas, amadureceu a ideia de gravar em disco este diálogo musical. “Em 2024 decidimos registar esse encontro. Daí nasceu a ideia de Vilas Maravilha”, explica Ricardo Vilas. Gravado em Junho, o álbum reúne 12 faixas, seis delas compostas pelo músico brasileiro. As restantes incluem temas tradicionais e composições de autores angolanos como Paulo Flores, David Zé e o próprio Carlos Lamartine. Para Ricardo Vilas, a Banda Maravilha tem “um papel central” na identidade do projecto: “São tecnicamente perfeitos, têm ideias excelentes de instrumentação e reflectem sobre o trabalho. Chamam-se a si próprios ‘os embaixadores do semba' porque têm consciência da importância de preservar essa bagagem cultural.” A estética do disco é marcada pela sonoridade angolana. “O Brasil conhece quase nada de Angola, e Angola conhece muito do Brasil”, observa. Em Angola, o projecto foi recebido “de forma total”, com grande atenção da imprensa e do público: “O nosso trabalho foi super bem recebido.” Já no Brasil, admite, a recepção tem sido “mais difícil”, consequência de um desconhecimento generalizado sobre a música angolana contemporânea. A expectativa agora é apresentar o álbum em Portugal, onde Ricardo Vilas acredita que encontrará “uma boa receptividade”. A relação histórica entre o semba angolano e o samba brasileiro é um dos pontos que o músico estudou academicamente e que atravessa sub-conscientemente o álbum. “O samba foi assim baptizado em 1917. O semba surge nos anos 50. As temporalidades são muito diferentes”, sublinha, rejeitando a ideia de uma relação directa de filiação. “São irmãos, mas não há quem vem antes e quem vem depois. Há dois desenvolvimentos paralelos que se encontram e encontram-se neste disco.” Ainda assim, Vilas Maravilha acaba por ter, segundo o autor, “muito mais de música angolana do que de música brasileira”, uma vez que os arranjos são integralmente assinados pela Banda Maravilha. A dimensão linguística do projecto reforça esse encontro. Entre sambas, sembas e ritmos atlânticos, o álbum inclui também uma versão em umbundo, fruto de uma proposta da própria banda. “Fiquei muito feliz. Mostra essa vontade de encontro, sem imposição, uma verdadeira troca de experiências”, afirma. Para Ricardo Vilas, este gesto está longe de qualquer exotização: “Eles adoraram. E acho que evidencia a decisão de construir uma ponte verdadeira.” O músico brasileiro reconhece que, no espaço lusófono, Angola vive uma nova afirmação cultural. “Há uma desigualdade evidente: Angola importa muito do Brasil, e o Brasil pouco sabe de Angola”, aponta. “A visão brasileira da África é ancestral e mítica, não contemporânea. É a África do candomblé e da capoeira que é, aliás, uma invenção brasileira.” Com Vilas Maravilha, Ricardo Vilas quer contribuir para alterar essa percepção: “Uma das ambições do disco é mostrar que existe uma África contemporânea, criativa e extremamente interessante.” Aos ouvintes angolanos, deixa uma mensagem de proximidade: “Em Angola sinto-me em casa. Falamos a mesma linguagem, não só a língua. Somos super bem recebidos e a nossa música tem sido acolhida com muito carinho.” E termina, reafirmando o espírito que orienta todo o projecto: “Estamos juntos.”

    Oxygen Church
    #393 - TUDO É SOBRE CORAÇÃO! | 30.11.2025 | Pr.Rudi Oliveira | DE QUEM É O SEU CORAÇÃO?

    Oxygen Church

    Play Episode Listen Later Dec 1, 2025 50:57


    SOBRE A OXYGEN CHURCH Uma Igreja Irresistível Em obediência a uma palavra especifica do Espírito Santo, depois de um tempo de busca da presença de Deus, nossos pastores receberam uma direção clara. Comece aqui em Marília a Oxygen Church, hoje entregam nas mãos de vocês a chave de algo grandioso que irá acontecer em Marilia. Algo grandioso começará desta cidade para as nações. Foi quando começamos as reuniões em uma casa com apenas 20 pessoas.ENCONTRE-NOS NA MÍDIA SOCIALSite: https://oxygenchurch.com.br/ Facebook: https://www.facebook.com/aoxygenglobal Instagram: https://www.instagram.com/aoxygenglobalTiktok: https://www.tiktok.com/@oxygenglobal

    Espaço de Criação e Web Rádio Nós Na Fita
    Programa Homenagem #104: Roquette-Pinto

    Espaço de Criação e Web Rádio Nós Na Fita

    Play Episode Listen Later Dec 1, 2025 16:49


    O Programa Homenagem é produzido pela equipe da Web Rádio Nós Na Fita com a intenção de homenagear personalidades, que de forma positiva, deixaram seu nome na história da arte, cultura, esporte, ciências e outras áreas afins.Nesta semana, vamos falar sobre Edgard Roquette-Pinto. Médico legista, professor, escritor, antropólogo, etnólogo e ensaísta, é considerado o pai da radiodifusão no Brasil. Foi criador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, com o intuito de difundir a educação por este meio, por volta de 1923. Confira!

    Maman prie
    La prière de la Mère Noël

    Maman prie

    Play Episode Listen Later Nov 30, 2025 5:58 Transcription Available


    Chère maman,L'Avent commence… les lumières scintillent, l'odeur de sapin flotte déjà, et avec elle se mêle une double réalité : la joie de Noël

    Messages de l'Eglise Evangelique de Bouxwiller

    Vous pouvez télécharger la présentation d'Erwan avec ce lien : https://gofile.me/6ZGyF/0zmy62ctS Bonne écoute

    Esportes
    Hermano da Silva Ramos, piloto mais velho da história da F1, chega aos 100 anos

    Esportes

    Play Episode Listen Later Nov 30, 2025 6:27


    Ele não conquistou títulos ou vitórias na Fórmula 1, mas hoje, o ex-piloto é um capítulo importante da história do automobilismo mundial. Nascido em Paris, filho de pai brasileiro e mãe francesa, ele carregava no macacão e em seus carros a bandeira brasileira na maioria das corridas. Nano, como é carinhosamente chamado pela família e amigos, vai completar 100 anos no próximo dia 7 de dezembro. Ele é um pioneiro do Brasil no automobilismo mundial. Marcio Arruda, da RFI em Paris Conhecido pelos europeus como Da Silva desde os tempos em que entrava nos cockpits e acelerava os mais diversos carros de competição, Nano foi o terceiro piloto do Brasil na história da Fórmula 1. Ele se aventurou nos gloriosos, e não menos perigosos, anos 50 da F1. Antes dele, apenas Chico Landi e Gino Bianco tinham representado o Brasil na categoria. Fritz D'Orey, que também competiu na F1 naquela década, estreou oficialmente na categoria apenas em 1959, quatro anos depois de Hermano. Numa Fórmula 1 tecnológica, com investimentos milionários e pilotos famosos, Hermano destoa do que a categoria se transformou. Vive sossegado num balneário francês, aproveitando o que a vida tem de melhor: viver! De sua residência em Biarritz, cidade com 26 mil habitantes no litoral Atlântico, no sudoeste da França, a 40 quilômetros da fronteira com a Espanha, o ex-piloto de F1 gentilmente concedeu uma entrevista exclusiva e falou sobre automobilismo. Mesmo com a idade quase centenária, Hermano da Silva Ramos lembrou episódios marcantes de sua carreira no automobilismo e corridas de Fórmula 1 que disputou nos anos 50. Ele concedeu a entrevista em francês, já que mora na França há 60 anos. Nano alinhou em sete Grandes Prêmios oficiais de F1 em 1955 e 1956, todos pela antiga equipe Gordini. Ele acelerou em circuitos lendários, como Silverstone, o antigo traçado de Monza, com as curvas inclinadas, Reims, local do primeiro GP da França na história da categoria, e Monte Carlo, local do seu melhor resultado na Fórmula 1. Primeiros pontos “Eu fiz o quinto lugar no Grande Prêmio de Mônaco de 1956. Foi formidável!”, lembra Nano, que foi o piloto da escuderia Gordini mais bem classificado naquela corrida. Por 14 anos, Hermano foi o piloto do Brasil com mais pontos na Fórmula 1; a marca só foi superada no GP da Alemanha de 1970, quando Emerson Fittipaldi, que fazia sua segunda corrida na F1, terminou em quarto lugar em Hockenheim. Curiosamente, antes dos dois pontos conquistados por Hermano pela quinta colocação em Mônaco, Chico Landi havia terminado o GP da Argentina na quarta colocação, o que daria a ele três pontos no campeonato mundial de 1956. O detalhe é que, naquela corrida em Buenos Aires, a última de Landi na F1, ele precisou dividir a pilotagem da Maserati com o italiano Gerino Gerini. De acordo com o regulamento da época, em situações assim, cada piloto receberia metade dos pontos. Por isso, Landi ficou apenas com 1,5 pontos. Além dessas sete corridas, Nano disputou outros oito GPs não oficiais entre 1956 e 1959; ora com um Gordini, ora com uma Maserati. Da Silva também acelerou nos circuitos de Aintree e Goodwood, ambos na Inglaterra. Leia tambémJustiça britânica acolhe ação de Felipe Massa sobre título da F1 de 2008 e indenização milionária Na década dominada pelo pentacampeão Juan Manuel Fangio, com pilotos espetaculares, como Alberto Ascari, Jack Brabham e Stirling Moss, e grandes nomes como Mike Hawthorn, Giuseppe Farina, Luigi Musso, Luigi Villoresi, Birabongse Bhanubandh – filho do rei da Tailândia e popularmente conhecido como príncipe Bira – e Peter Collins, Hermano da Silva Ramos lembra das amizades que fez nas pistas. “Eu era muito amigo do Fangio, que era o maior piloto de todos. Mas o Stirling Moss também era muito bom. Para mim, ele era melhor. Fora da Fórmula 1, lembro que venci o Stirling Moss numa corrida de Gran Turismo. Naquela prova, eu tinha um bom carro da Ferrari”, lembrou. “O Fangio é considerado o melhor, mas para mim o melhor é Stirling Moss. Quando ele correu contra o Fangio, o argentino já era mais velho e experiente. Aí deram preferência ao Fangio com os carros que dominavam na época; as Mercedes sobravam nas corridas. Então, deram a Fangio o melhor carro e ele ganhou aquele campeonato mundial”, explicou Nano, se referindo à temporada de 1955, que teve Fangio como campeão – o terceiro dos cinco títulos do argentino – e Moss como vice, ambos pilotos da Mercedes. Aliás, o pentacampeonato de Fangio foi um recorde que durou 46 anos. Somente em 2003 é que a marca do sul-americano foi quebrada; naquele ano, o alemão heptacampeão mundial Michael Schumacher alcançou seu sexto título de F1. Fórmula 1 atual Engana-se quem pensa que o ex-piloto não acompanha mais a Fórmula 1. Ele ainda assiste a corridas e faz críticas; positivas e negativas. “A Fórmula 1 hoje é muito mais segura. Mas na época em que eu competi, a categoria era mais divertida. Hoje, a F1 se tornou monótona; são sempre os mesmos que ganham as corridas”, afirmou o mais velho piloto vivo da história da Fórmula 1, que vai completar 100 anos no domingo, dia 7 de dezembro. Em sua carreira no automobilismo, além do Gordini e da Maserati, Hermano também guiou outro lendário carro italiano de corridas. “Eu guiei para a Ferrari em competições de Gran Turismo e ganhei corridas, uma inclusive contra o Stirling Moss, que estava de Aston Martin. Em Le Mans, eu quebrei o recorde de melhor volta da pista na época. Fui melhor que todo mundo, mas infelizmente o carro quebrou”, contou Nano, que em 1959 competiu nas 24 Horas de Le Mans com a Ferrari 250 Testa Rossa em parceria com o britânico Cliff Allison. Além dessa corrida, Nano disputou outras três edições das 24 Horas de Le Mans, no circuito de La Sarthe, na França, naquela década. Na segunda vez que competiu na lendária pista francesa, em 1955, aconteceu a maior tragédia do automobilismo mundial – o acidente fatal do francês Pierre Levegh, que guiava uma Mercedes 300 SLR, provocou a morte de mais de 80 pessoas e ferimentos em outras 120 que estavam no circuito. Hermano saiu ileso daquela prova. Conselho de Enzo Ferrari Apesar de ter sido piloto oficial da Gordini, tendo vencido quatro corridas fora da F1 pela equipe francesa (Paris Cup/1955, Montlhery/1955, Montlhery/1956 e Tour de France/1956), Nano demonstra orgulho de ter guiado para a Ferrari. Até hoje lembra uma conversa que teve com Enzo Ferrari, fundador da lendária equipe italiana. “O Enzo me chamou para conversar. Ele me deu dois conselhos: mantenha-se na pista e seja rápido. Ele me disse que não iria falar sobre isso novamente. Ele falou que se eu quisesse ganhar deveria fazer dessa forma ou, então, ele me colocaria para fora. Eu fui lá e ganhei a corrida seguinte”, recordou. Leia tambémJovem brasileiro Rafael Câmara é aposta da Ferrari para futuro da F1 “No Gran Turismo, todos os carros eram equivalentes. Havia 15 carros da Ferrari e eu superei todos. Eu pude correr e fazer meu melhor. Eu ganhei na Bélgica, em Spa, que era o mais difícil do mundo”, lembra com orgulho. Brasileiro parisiense? Nascido na capital francesa em 1925, Hermano passou a infância e adolescência no Rio de Janeiro. Perguntado se disputava corridas com as cores da França ou do Brasil, o ex-piloto não ficou em cima do muro: “Eu corria pelo Brasil.” O fato de ter nascido fora do Brasil não faz dele “menos” brasileiro do que outros que aceleraram na F1, como os campeões Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Nelsinho Piquet, que já competiu na F1, e Max Wilson, que foi piloto de testes na categoria, nasceram na Alemanha e são incrivelmente brasileiros. Outros estrangeiros também nasceram em um país e vestiram a bandeira de outro, como o holandês Max Verstappen, que nasceu na Bélgica. Outro campeão da F1, Jochen Rindt nasceu na Alemanha, mas carregava a bandeira da Áustria. A paixão pelo esporte a motor foi despertada em Hermano ainda no Rio de Janeiro nos anos 40. Uma das primeiras corridas que disputou foi o Circuito da Praça Paris, no Rio de Janeiro, em 1948. A curiosidade daquela prova foi que a competição precisou ser interrompida para que o então presidente do Brasil, Eurico Gaspar Dutra, pudesse passar pelo local para viajar a Petrópolis. Naquela época, o Rio de Janeiro era a capital da República e abrigava o poder executivo federal. Retomada a corrida, Hermano terminou na quarta colocação. Na década seguinte, foi convidado a disputar corridas na Europa. O que aconteceu depois já faz parte da história. Hermano da Silva Ramos deixou o automobilismo aos 35 anos. Depois de pendurar o capacete, se dedicou a outras áreas de trabalho, longe das pistas. Mas a paixão pelo esporte a motor perdura até hoje. No final da entrevista exclusiva concedida à RFI, Hermano mandou um recado em português para os torcedores e amantes da velocidade. “Sinto que sou muito mais brasileiro do que francês no automobilismo. Muito obrigado e até logo, amigos da Fórmula 1. Tchau!”, disse Nano, um dos pioneiros a erguer a bandeira brasileira a muitos quilômetros por hora nas pistas europeias.

    Convidado
    Guiné-Bissau:"A CEDEAO deve fazer cumprir a legitimidade das urnas"

    Convidado

    Play Episode Listen Later Nov 30, 2025 7:47


    Foi nomeado neste sábado, 29 de Novembro, o novo Governo de transição da Guiné-Bissau, liderado por Ilídio Vieira Té, antigo ministro das Finanças do executivo deposto. O analista político guineense Rui Jorge Semedo, denuncia “a encenação golpista” e espera que a missão de alto nível da CEDEAO, que deve chegar ao país em breve, "faça cumprir a legitimidade das urnas". Que comentário lhe merece este novo governo de transição? É a confirmação dessa encenação golpista e que está fortemente ligado com as estratégias do ex-Presidente Umaro Sissoco Embaló para continuar a controlar o poder. A começar pelo primeiro-ministro Ilídio Vieira Té- que foi director de campanha do Sissoco Embaló- e alguns membros desse governo de transição, além de figuras também ligadas ao sector castrense. Portanto, isso na verdade, não é um governo legítimo. Como todos sabem, é um governo imposto que não cumpre com a legitimidade, nem com a vontade saída das urnas. Portanto, eu acho que os guineenses defensores da democracia e dos direitos humanos estão a acompanhar impávidos e serenos, convictos de que a situação será revertida. Obviamente com o esforço dos próprios guineenses, mas também com o apoio da comunidade internacional. Este que esse governo simboliza a encenação em que os guineenses foram colocados desde o dia 26 de Novembro. Um governo sem credibilidade? Sem credibilidade e sem legitimidade. Acabamos de sair do processo eleitoral na votação do dia 23 de Novembro e os guineenses merecem ter um governo que não seja imposto pela vontade das armas, mas sim pela vontade popular. Eu acho que mais tarde ou mais cedo, os guineenses terão essa oportunidade de reverter esta situação vergonhosa e grave. Estamos perante um atentado grave contra a democracia. Como é que vê esta nomeação do João Bernardo Vieira para a pasta dos Negócios Estrangeiros? O João [Bernardo Vieira] sempre suportou as agendas autoritárias do Presidente Sissoco Embaló. Portanto, é um prémio que ganhou e está muito feliz, contente. Porém, é um prémio sem legitimidade. A meu ver, ele acabou por cometer um grande erro da sua vida. Porque sendo um político, formado na área do direito, talvez deveria ser o primeiro a defender a legitimidade democrática. Ele sabe quem ganhou as eleições. mas como o interesse dele, como outras figuras, é chegar sempre ao poder, então o importante é pensar em si e não no bem comum dos guineenses. João Bernardo Vieira, enquanto responsável pela diplomacia, não terá nenhuma influência junto da comunidade internacional. Então, estamos diante de um governo de fachada e a contribuição de João Bernardo Vieira será insignificante, tanto ele como os restantes membros do executivo. Este governo -e as pessoas que ali estão, não tem pernas para andar. CEDEAO adiou para segunda-feira a chegada a Bissau, o que é que se espera desta missão de alto nível? Que faça cumprir a legitimidade das urnas. É o mínimo que se espera. Na verdade, chegámos onde chegámos pela cumplicidade da comunidade internacional. É preciso ser honesto e frontal. Umaro Sissoco Embalá e toda a sua equipa desrespeitarm a Constituição da República da Guiné-Bissau, acabarão com a legitimidade democrática arruinaram o Supremo Tribunal, o Parlamento e o Executivo. Durante todos esses anos, nenhuma governou sem considerar a questão da República. A comunidade internacional, com as suas representações aqui na Guiné-Bissau, nunca fiez nada; particularmente, a CEDEAO. Portanto, chegámos onde chegámos por desleixo da comunidade internacional e agora nós esperamos uma contribuição valiosa, não uma contribuição irresponsável, uma contribuição contundente para poder contornar esta situação. Este novo executivo ou vai continuar a ser comandado por Umaro Sissoco Embaló a partir do Congo Brazzaville, como especula alguma imprensa guineense? A própria classe castrense está a ser comandada por Umaro Sissoco Embaló. Quem deu as ordens para colocar o Domingos Simões Pereira na cadeia? E as outras pessoas? Então, se ele está a comandar os militares, porque não faria o mesmo com o executivo de transição? Outro grande erro da CEDEAO foi preocupar-se com Embaló, mesmo sabendo que foi ele quem fez toda essa encenação, então deveria estar num lugar seguro, onde as suas comunicações iriam ser controladas, mas lhe deixaram-no ir para um país onde também não se respeita o Estado de direito democrático. Então ele está à vontade para fazer e continuar a fazer aquilo que ele tem feito com o povo guineense.   A posição do antigo Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, e a do primeiro-ministro senegalês, Ousmane Sonko, que falaram em encenação de golpe de Estado na Guiné-Bissau, acha que pode mudar o xadrez político? Acho que podem influenciar essas posições. Podem influenciar a percepção da comunidade internacional, relativamente ao que está a acontecer na Guiné-Bissau. Os guineenses gostaram muito da frontalidade e da transparência, mas sobretudo da coragem que estes dois dirigentes tiveram para denunciar o que está a acontecer na Guiné-Bissau. Portanto, esperamos que com estas duas declarações, estes dois posicionamentos, possam ter uma acção mais responsável, mais humana, perante aquilo que está a acontecer neste momento. Aliás, de acordo com a imprensa senegalesa, foram mesmo as palavras do Ousmane Sonko que levaram à saída do país do Umaro Sissoco Embaló…. Também não duvido. Acho que deve ser isso mesmo, porque Sonko, com as suas declarações assumiu, que é um defensor da democracia e dos direitos humanos.   Mas que peso tem o Congo Brazzaville?   O Congo não e um Estado democrático. Denis Sassou-Nguesso, no poder há mais de duas décadas, é o modelo de Sissoco Embaló. Como também os outros ditadores que se espalham pelo continente africano. Sissoco Embaló revê-se no comportamento dessas pessoas para poder aplicar o mesmo na Guiné-Bissau. E foi o que ele fez durante todo esse tempo. Por isso, talvez o Congo é o melhor refúgio para ele, para continuar a comandar de longe os militares e os políticos e a açambarcar os nossos direitos.   Na sua opinião, qual é a solução para o país?   A solução é respeitar a vontade das urnas, permitindo que a CNE anuncie os resultados eleitorais. Ficou claro, para todos nós, que o vencedor foi o Fernando Dias da Costa. Deve-se permitir que o Fernando Dias da Costa assuma as suas responsabilidades e contribua para a reorganização e revitalização dos órgãos da soberania. Só assim, os guineenses poderão começar a sentir-se mais seguros e poderão sonhar com um amanhã [melhor]. Acredita que as actas eleitorais continuam intactas, longe das mãos dos militares? Os homens da Comissão Executiva da CNE estão todos sob custódia dos militares, assim como alguns magistrados da Procuradoria-Geral da República que trabalharam no processo de fiscalização do processo eleitoral. Portanto, segundo algumas informações oficiais, os dados estão seguros. Esperemos que assim seja, para que se possa, quando se consiga fazer, reunir todas as condições, para que os resultados possam ser lidos e validados.

    Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer
    Indignações, flores e a paz dos cemitérios

    Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer

    Play Episode Listen Later Nov 29, 2025 49:31


    Foi uma espécie guerra de alecrim e manjerona, mas com cravos e rosas; a floricultura tomou conta do parlamento no 25 de Novembro. Em simultâneo, houve quem assinalasse os dez anos da geringonça: Pedro Nuno Santos ensaiou um meia-culpa. Na frente presidencial tivemos definições sui generis do conceito de sentido de Estado e um candidato incomodado com uma pergunta óbvia. Sócrates embaraçou Gouveia e Melo com o seu apoio e o governo indignou Sócrates com a nomeação do juiz Carlos Alexandre para vedor da corrupção no SNS. Enquanto isso, Trump e Putin voltaram a unir-se pela paz… do cemitério ucraniano.See omnystudio.com/listener for privacy information.

    Semana em África
    Semana marcada pela tomada de poder militar na Guiné-Bissau

    Semana em África

    Play Episode Listen Later Nov 29, 2025 8:42


    A tomada de poder por um Alto Comando Militar na Guiné-Bissau na véspera do anúncio dos resultados das eleições gerais de 23 de Novembro foi o tema que dominou esta Semana em África. Neste programa, olhamos também para a situação humanitária no norte de Moçambique, com 82 mil deslocados desde 11 de Novembro e relatos de fome. Destaque, ainda, na cultura para a bienal de dança Kinani, em Maputo, e para a morte de um ícone da música cabo-verdiana, Vasco Martins. A semana foi dominada pela tomada de poder, na quarta-feira, pelos militares na Guiné-Bissau, logo depois das eleições gerais de domingo, 23 de Novembro. A junta militar empossou o general Horta Inta-A como “Presidente de transição” pelo período de um ano. Os militares anunciaram a suspensão do processo eleitoral na véspera da divulgação dos resultados das eleições, cuja vitória nas presidenciais é reivindicada por Fernando Dias da Costa, apoiado pelo PRS e pelo PAI Terra Ranka. O candidato, que escapou da detenção na quarta-feira ao contrário de outros líderes políticos como Domingos Simões Pereira, defende que o Presidente cessante, Umaro Sissoco Embaló, inventou um golpe de Estado porque teria perdido as eleiçoes. Esta sexta-feira, o general Horta Inta-A nomeou Ilídio Vieira Té, antigo ministro de Embaló, primeiro-ministro e ministro das Finanças. Na quinta-feira à noite, o Ministério dos Negócios Estrangeiros senegalês anunciou que Umaro Sissoco Embaló foi para o Senegal a bordo de um avião fretado por este país e que estava “são e salvo”. Na quarta-feira, foi o próprio Embaló que informou a revista francesa Jeune Afrique que teria havido “um golpe de Estado” no país. Porém, a oposição e muitos activistas denunciam tratar-se de uma encenação montada pelo próprio Presidente cessante para impedir a divulgação dos resultados eleitorais. Foi o que nos contou também Domingos Simões Pereira, na quarta-feira, antes de ser detido e levado para a Segunda Esquadra. As condenações à tomada do poder pelos militares e à interrupção do processo eleitoral foram várias, desde a CEDEAO, a União Africana, a CPLP, a União Europeia e a própria ONU pela voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. A CEDEAO criou um comité de mediação que se vai deslocar a Bissau, do qual faz parte o Presidente cabo-verdiano José Maria Neves. A União Africana suspendeu, na sexta-feira, a Guiné-Bissau da organização.   Nampula: “A fome é uma realidade” Em Moçambique, nos distritos de Memba e Erati, na província de Nampula, no norte do país, “a fome é uma realidade”, como nos contou Gamito dos Santos, director da associação KÓXUKHURU, que lançou uma campanha de angariaçao de donativos para ajudar os deslocados. A organização ACLED registou 14 eventos violentos na província de Nampula entre 10 e 23 de Novembro, com extremistas do Estado Islâmico, que provocaram pelo menos 12 mortos. A Organização Internacional para as Migrações fala em 82 mil deslocados desde 11 de Novembro.   Maputo é palco de Bienal de Dança Kinani Ainda em Moçambique, esta semana realiza-se a 11ª edição da Bienal de Dança Contemporânea - KINANI, que arrancou na segunda-feira e decorre até este domingo em várias salas de Maputo. O seu director artístico, Quito Tembe, falou-nos sobre o tema desta edição.   Morreu Vasco Martins, ícone da música de Cabo Verde Ainda na cultura, Cabo Verde ficou mais pobre. Esta semana morreu Vasco Martins, compositor, musicólogo, poeta, escritor e ícone da música cabo-verdiana. Tinha 69 anos. Destacou-se como compositor de música erudita e sinfónica e a sua obra aliou influências clássicas, música eletrónica, jazz e elementos da música tradicional e popular de Cabo Verde.

    Ekonomiekot Extra
    Så kan Putins frysta pengar användas

    Ekonomiekot Extra

    Play Episode Listen Later Nov 28, 2025 24:43


    Just nu pågår hårda förhandlingar om de ryska miljarder som finns på frysta konton i väst. Moskva har sagt att vi kommer känna av konsekvenserna för evigt om vi rör pengarna. Lyssna på alla avsnitt i Sveriges Radios app. Nya fredsdiskussioner – och nya bombningarTrycket ökar på att få fram en fredsplan och nästa vecka ska Trump skicka sitt sändebud till Moskva för att träffa Putin. Samtidigt fortsätter bombningarna mot Ukraina, och kostnaderna för att bygga upp landet igen beräknas bli enorma. ”Nästa år kan Ukrainas statsfinanser ta slut. Det är därför det är så stor diskussion nu kring hur man ska få in nytt kapital”, säger Calle Håkansson, forskare vid FOI:s enhet för internationell säkerhetspolitik.Stor oenighet inom EUEtt förslag är att använda den ryska centralbankens pengar som finns på frysta konton i Belgien. ”Vi måste sätta press på Ryssland”, säger EU:s utrikeschef Kaja Kallas. Men frågan är extremt känslig och vissa menar att konsekvenserna skulle bli katastrofala.Programledare:Hanna MalmodinProducent:Olof WijnbladhMedverkande och röster i programmet:Calle Håkansson, forskare FOI internationell säkerhetspolitikKnut Kainz Rognerud, ekonomikommentator Ekot Ulrik Tideström, Sveriges sändebud för återuppbyggnad av UkrainaVidar Gothenby, enhetschef internationella sanktioner och penningtvättstillsyn FITorbjörn Becker, chef östekonomiska institutet HHS Kaja Kallas, EU:s utrikeschef Donald Trump, president USA Bart De Wever, premiärminister Belgien Grant Shapps, fd transportminister i Storbritannien ekonomiekotextra@sverigesradio.se

    CBN Vitória - Entrevistas
    Saiba como vai funcionar a obra do Corredor Expresso na Avenida Lindenberg

    CBN Vitória - Entrevistas

    Play Episode Listen Later Nov 28, 2025 29:36


    Foi autorizado nesta quinta-feira (27), o início das obras do "Expresso GV", que será implantado na Avenida Carlos Lindenberg, conectando os municípios de Cariacica e Vila Velha. Segundo o governo do Estado, o "Expresso" inclui um corredor exclusivo de ônibus do tipo BRT, que vai reorganizar toda a dinâmica viária da região e reduzir o tempo de deslocamento, além de aumentar a previsibilidade das viagens. O modelo, defende o governo, tem o objetivo de qualificar os serviços do Transcol, ampliar alternativas de mobilidade e incentivar que mais pessoas optem pelo transporte coletivo. A obra tem prazo de execução de 24 meses.

    Reportagem
    Medo da polícia de Trump leva brasileiros a abandonar o sonho americano pela metade e voltar ao país

    Reportagem

    Play Episode Listen Later Nov 28, 2025 5:13


    Eles chegaram aos Estados Unidos buscando segurança, estabilidade e o velho ideal do sonho americano. Mas, sob o endurecimento das operações migratórias do governo Donald Trump, muitos brasileiros agora fazem o caminho inverso: estão refazendo as malas, desfazendo planos e retornando ao Brasil antes da hora, movidos principalmente pelo medo de serem presos ou deportados. Luciana Rosa, correspondente da RFI de Nova York  Medo, aumento do custo de vida e saudade dos que ficaram no Brasil. A história de Silvia Santos ajuda a ilustrar como fatores econômicos, familiares e emocionais têm pesado nas decisões de brasileiros que deixam os Estados Unidos. Moradora de Sarasota, na Flórida, ela embarca definitivamente no dia 10 de dezembro, levando consigo a filha de 9 anos. O destino é São Luís, no Maranhão, onde a mãe está gravemente doente e já perdeu movimentos, visão e parte da fala. O marido ficará nos EUA, trabalhando na área de logística, enquanto aguarda a aprovação do visto, um processo que se arrasta há meses. Silvia trabalhava fazendo entregas de comida nos horários de almoço e jantar, enquanto cuidava da casa, da filha pequena e mantinha uma filha adulta no Brasil, que depende da ajuda financeira da família. O orçamento, segundo ela, nunca fechou. “A gente vive para pagar conta. Não sobra”, diz. “E eu tenho a casa, as crianças, tudo nas minhas costas. Não tem comunidade aqui, não tem rede de apoio.” O medo das operações migratórias, no entanto, foi o que acelerou a decisão de voltar. Mesmo com número de Social Security e permissão de trabalho (work permit), Silvia conta que a insegurança só cresceu. “A gente já viu gente sendo deportada mesmo com processo em andamento. Eu não me vejo tão segura, sabe? Nesse momento, eu não ficaria ilegal aqui. Eu acredito que não vale a pena.” O temor maior é o de ser separada da filha em uma eventual abordagem. Ela cita casos recentes entre brasileiros na região. “A gente viu várias histórias de gente que já foi separada. Teve o caso de uma brasileira que foi presa e a filha não achava a mãe. Foi parar em outro lugar.” Para Silvia, o risco simplesmente “não vale a vida inteira”. A saúde da mãe, no Brasil, adicionou urgência ao plano. “Foi um conjunto de coisas. A doença da minha mãe, a família, tudo interferiu. Eu, hoje, não viria pra cá pra ficar na ilegalidade. Jamais”, reitera. Mesmo assim, Silvia diz compreender que os Estados Unidos precisam controlar suas fronteiras. “Eu concordo que tem que ter um controle, tem que ter critério”, afirma. “Mas a gente sabe que quem movimenta a economia é o imigrante: na construção, na limpeza, no delivery. E hoje até em áreas intelectuais. O meu marido é uma força intelectual que os Estados Unidos precisam.” Ela conta que tem visto, em Sarasota, sinais de deterioração social que antes não associava ao país. “Eu tenho percebido muito mais mendigo na rua. Muito mais do que quando cheguei”, observa. A decisão de voltar, diz Silvia, é também um gesto de proteção emocional. “Minha filha não tem infância aqui”, afirma. “A gente trabalha tanto que não vive. E eu quero que ela viva”, desabafa.  ‘Eu saio de casa com medo' Geovanne Danioti desembarcou nos Estados Unidos em 2022. Ele vive com a esposa, que é brasileira com residência permanente, e os dois filhos pequenos no interior do estado de Nova York. No dia 1º de dezembro, a família embarca de volta para o Brasil. Com o visto expirado, Danioti relata viver sob tensão constante. “Eu saio de casa com medo. Vou só do trabalho para casa. Aqui onde eu moro você só vê carro do ICE. Todo dia prendem cinco ou seis pessoas”, conta. Ele diz ter sido parado várias vezes pela polícia por infrações de trânsito. O estopim foi o caso de um amigo que trabalhava no mesmo hotel e acabou deportado durante uma audiência por uma infração de trânsito, mesmo estando legalmente no país. O temor de ser detido e a possibilidade de perder a guarda dos filhos, ambos cidadãos americanos, fez a família decidir deixar o sonho americano para mais tarde. “A gente não quer que nossos filhos passem por isso. Vamos resolver tudo no Brasil e, quando estiver legal, voltamos no ano que vem. Começo de 2027 no máximo”, explica.  Quando o sonho americano se desfaz Para além dos relatos individuais, pesquisas recentes ajudam a dimensionar o medo que tem levado muitos imigrantes,  inclusive brasileiros, a reconsiderar a permanência nos Estados Unidos. Um levantamento nacional realizado pela KFF (Kaiser Family Foundation) em parceria com o The New York Times, e divulgado em novembro, mostra que o receio de ações migratórias deixou de ser pontual e passou a fazer parte do cotidiano. Segundo a pesquisa, um em cada cinco imigrantes afirma conhecer alguém que foi preso, detido ou deportado desde janeiro. O estudo também revela que quatro em cada dez dizem temer que eles próprios ou um familiar possam se tornar alvo de uma operação do ICE. O levantamento destaca ainda que imigrantes de diferentes perfis, incluindo cidadãos naturalizados e pessoas com visto válido, relatam se sentir menos seguros e passaram a evitar atividades fora de casa, algo que antes não fazia parte da rotina dessas comunidades. Ao mesmo tempo, a pesquisa mostra a força persistente do mito do sonho americano: cerca de 70% dos entrevistados disseram que, se pudessem voltar no tempo, fariam novamente a escolha de migrar para os Estados Unidos, apesar do clima atual. Entre brasileiros, os dados oficiais ainda são parciais, mas seguem na mesma direção. O Itamaraty registrou cinco repatriações em 2024, e o número de 2025 está em processamento.  No cenário geral da imigração, o Departamento de Segurança Interna dos EUA estima que cerca de 1,6 milhão de pessoas solicitaram autodeportação ao longo deste ano, um mecanismo usado principalmente por quem teme uma detenção antes de conseguir regularizar sua situação. Apesar disso, nem todos que vivem sob risco decidem voltar ao país de origem. Uma reportagem recente da emissora pública npr.org  mostra que muitos imigrantes em situação irregular estão optando por migrar internamente, mudando-se para estados onde a atuação do ICE é menos intensa. Trata-se de uma estratégia para ganhar tempo, manter o emprego e proteger os filhos nascidos nos EUA, ao menos, até que a próxima batida do ICE seja anunciada. 

    Em directo da redacção
    Calixto Neto transforma o palco num “quilombo” com a peça “Bruits Marrons”

    Em directo da redacção

    Play Episode Listen Later Nov 28, 2025 20:33


    O coreógrafo brasileiro Calixto Neto apresentou o mais recente trabalho, “Bruits Marrons”, no Festival de Outono de Paris, entre 7 de Outubro e 21 de Novembro. O espectáculo resgata o legado musical e humano do compositor afro-americano Julius Eastman e inspira-se nos quilombos, as comunidades livres criadas nas matas por escravos fugitivos. Nesta peça, o palco é “o quilombo de Calixto Neto”, um espaço de liberdade e de afirmação, onde uma comunidade de artistas negros e queer “lambem feridas” da história e “se fortalecem” para enfrentar o mundo, contou o coreógrafo à RFI. RFI: Qual é a história de “Bruits Marrons”? “'Bruits Marrons' é uma peça que é um encontro de vários artistas da dança e da música em torno de um diálogo e de uma música do Julius Eastman, que é um compositor afro-americano que morreu em 1990 e que criou um corpo de trabalho belíssimo, incrível. Ele vem da música clássica minimalista.‘Bruits Marrons' acaba sendo um diálogo com esse músico, especialmente com uma música do Julius, que é Evil Niger, numa ideia de criar uma comunidade tanto para Julius, quanto para a música de Julius. A gente na nossa pesquisa entendeu ou interpretou uma certa solidão desse compositor na época dele porque ele era um homem negro, gay, evoluindo numa sociedade muito branca, muito heteronormativa, um músico solitário no meio em que ele evoluía. A gente quis criar essa comunidade de pessoas racializadas, imigrantes, queers e, para além disso, expandir o lugar de onde essa música vem, uma música clássica, minimalista - que é como ela é classificada hoje em dia, mesmo que existam algumas controvérsias entre os músicos e musicistas - mas trazer para essa música também uma família de outros sons, de outros ruídos, de outros barulhos que podem compor a escuta para que quando essa música chegue nos nossos ouvidos a gente já tinha dado uma família para ela.” Falou em ruídos. O título é “Bruits Marrons”. O que é que quer dizer este título? Qual será depois, em português, o equivalente? “No caso de ‘Bruits Marrons', a língua francesa tem essa subtileza de permitir um duplo sentido para a palavra ‘marron'. Em português seria ‘Ruído Marron' ou, no duplo sentido da palavra em francês, poderia ser também ‘ruído quilombola'. O que acontece é que 'marron', em francês, além da cor, também designa as pessoas que estavam em situação de escravidão e que fugiam do sistema de escravidão nas plantações e se embrenhavam nas matas e criavam essas comunidades autónomas e livres, onde tinham suas vidas e trabalhavam.” É o equivalente dos quilombos no Brasil? "Exactamente, é o equivalente dos quilombos. É uma peça que é inspirada dos quilombos e, especialmente, da reflexão que a gente tem hoje em dia em torno do uso dessa palavra no Brasil. No Brasil, a gente usa essa palavra de forma mais actualizada para as comunidades de pessoas racializadas, de pessoas negras, em vários contextos. A gente não tem mais o sistema de escravidão no Brasil, mesmo que ainda exista, em alguns contextos, o que a gente chama de escravidão moderna, mas a palavra quilombo é usada em vários contextos de ajuntamento de pessoas negras, que seja formal ou informalmente, por vários motivos: para estudar, para festejar, para se cuidar, para celebrar a cultura. Então, por exemplo, lá em São Paulo tem um lugar mítico para a comunidade negra que se chama Aparelha Luzia, que é um centro cultural, um lugar de festas, um lugar de encontro de associações que foi criado pela ex-deputada Érica Malunguinho, que é uma mulher negra, trans, que saiu de Pernambuco e que em algum momento se muda para São Paulo e fez lá a sua vida. Esse é um lugar que chamam de quilombo urbano. Eu, na minha juventude, há alguns anos, quando morei com dois outros amigos negros e gay em Recife, a gente chamava à nossa casa de quilombo. Então, tem esse sentido de um espaço de emancipação que a gente cria autonomamente e que a gente actualiza hoje em dia, mesmo que o uso dessa palavra, a comunidade em si, a função dela seja actualizada. Dito isso, existem também, hoje, as comunidades remanescentes quilombolas, que são essas terras onde as pessoas que fugiram da escravidão criaram as suas comunidades e que reclamam até hoje a posse dessas terras, como as comunidades indígenas brasileiras. Então, existe essa reflexão em torno dessa palavra, de criar uma comunidade que seja em torno do som, em torno do ruído, como o ruído é um incómodo para a harmonia dos ouvidos e isso era um pouco o que Julius representava: era um homem negro num meio muito branco, um homem gay num meio muito heteronormativo e ele era um homem gay muito frontal com a sua identidade sexual e, numa das várias entrevistas que ele deu, ele disse que só desejava na vida ‘poder ser 100% gay, 100% negro, 100% músico', 'gay to the fullest, black to the fullest, musician to the fullest'". Aquilo que se passa em palco, a comunidade que reúne em palco, corpos queer, corpos negros, corresponde a esta ideia de se poder ser “100% gay, 100% negro e 100% músico”?  Esta peça tem um cunho de reparação e daí este grupo que juntou em palco? “Na verdade, esta peça tem uma temporalidade extensa. Encontrei [a música de] Julius, em 2019, no estúdio, alguém estava usando a música de Julius e houve esse encontro auditivo em que eu ouvi e meio que me apaixonei pela música dele. Em 2022, eu tive a oportunidade de começar um trabalho em torno dessa música, do trabalho dele, e na época eu queria trabalhar em torno do ‘Evil Nigger' e do ‘Crazy Nigger', mas nessa época eu tive a intuição de trabalhar só com pessoas negras porque eu queria entender qual é essa solidão de estar num meio em que a gente é sempre o único, em que a gente sempre está acompanhado de, no máximo, mais duas pessoas na sala. Foi uma aposta meio intuitiva e criou dentro do grupo uma sensação de segurança e de apaziguamento mesmo das histórias e das referências, de onde vem, o que é muito precioso e muito raro num ambiente de trabalho. Para a criação da peça, eu continuei com essa aposta, especialmente no que concerne à escolha da pessoa que toca a música porque, em 2025, mesmo com essa quantidade imensa que a gente tem de conservatórios, é uma missão hercúlea encontrar um pianista negro que tem uma formação sólida ou suficiente para tocar Julius Eastman. Hoje em dia, é praticamente impossível encontrar na Europa. Eu não sei se em Londres talvez a gente tenha mais, mas na França e na Bélgica, que foi onde concentrei mais as minhas pesquisas em 2022, foi uma tarefa muito difícil. Agora, para 2024, 2025, eu tive a ajuda de uma amiga pesquisadora, musicista, que tem uma pesquisa em torno da música de Julius e conhece alguns músicos e musicistas que se interessam pelo universo do Julius. Ela indicou-me algumas pessoas, mas, no geral, mesmo contando com pessoas da música, falei com pessoas de conservatórios, o teatro onde eu sou associado também me ajudou nessa busca, mas encontrar um pianista negro hoje em dia em França é uma tarefa possível, mas bem difícil." O piano é uma personagem, entre aspas, central na peça. É quase como a fogueira ou o batuque à volta do qual se reúnem as comunidades? “Pois é, a gente quis que o piano virasse um personagem dentro da estrutura da peça, às vezes, um objecto que pela imobilidade dele, acaba-se impondo no espaço. A gente pode atribuir várias imagens, mas, às vezes, eu penso que ele é um caixão que a gente está carregando com todo o cuidado e cantando essa música que é entre um lamento e uma canção de ninar. Às vezes, é um personagem que compõe uma estrutura sonora junto com a gente, num momento de explosão e de raiva. Às vezes é o centro da caldeira, como fala Isabela [Fernandes Santana] no começo da peça. Às vezes, é a lava ou o fogo em torno do qual a gente está girando e evocando o universo.” Até que ponto o piano ajudou a conceber os diferentes quadros de dança que variam entre a união muito forte e o êxtase e a libertação total dos corpos? Como é que criou a narrativa coreográfica da peça? “Teve um duplo trabalho. Primeiro, existiam duas imposições. Uma é a imposição da música em si porque eu decidi que a música entraria na sua integralidade, eu gostaria de propor ao público a escuta dessa música na sua inteireza - o que não foi o caso em 2022, quando era mais um jazz em torno dos universos que a música atravessa. Tem uma outra imposição, que é o objecto piano, que é um objecto imenso. Ele é imponente, ele é grande e ele ocupa o espaço. O piano não é como uma caixa de madeira que a gente muda de um lado para o outro e que está tudo bem assim. Ele tem uma carga histórica, ele tem uma carga simbólica e espacial que a gente não tem como se desenvencilhar dele. Em paralelo a essas duas imposições, existia o meu desejo de trabalhar com essa comunidade matérias que fossem em torno da alegria, em torno da criação de outros sons, uma travessia de uma floresta - que é uma cena inspirada da minha visita ao Quilombo dos Palmares, no Brasil - uma explosão raivosa e essa ideia de deslocamento desse objecto que, para mim, retoma uma tradição que a gente tinha no Brasil, no final do período da escravidão e no pós-escravidão, dos homens que carregavam o piano. As pessoas que, no processo de mudança carregam o piano, eram pessoas especializadas nisso, que tinham uma cadência específica para andar nas ruas não pavimentadas da cidade e há uma classe trabalhadora específica, com um universo musical também específico, ligado à cadência do passo. Essa é uma história que eu ouvi há muitos anos, quando eu estudava teatro, e que ficou na minha cabeça, até porque há uma expressão que a gente tem no Brasil, que são os carregadores de piano, que são as pessoas que vão carregar o peso mais pesado de um processo. Por exemplo, eu ouvi essa expressão num podcast de análise da situação económica do Brasil, em que o analista dizia que as pessoas que vão carregar o piano, as pessoas que vão carregar o peso mais pesado de uma mudança e de uma decisão para uma mudança económica, são as pessoas mais fragilizadas, as pessoas mais expostas. Então, tinha esse desejo de trazer o piano para estas histórias que a gente está contando, que ele pudesse ser um obstáculo que a gente atravessa, que ele pudesse ser talvez até um dos performers que dança com a gente e que produz esses ruídos, para além da música.” O que está neste momento a preparar?  “A gente acabou de estrear a peça, houve apresentações no Teatro de Cergy-Pontoise, que é o teatro onde estou em residência até 2026. Depois, apresentámos em Bruxelas, na Bienal de Charleroi Dance e agora no MC93. A gente está preparando a tournée da peça, com algumas apresentações, e alguns projectos ligados à minha residência do Points Communs. Tem um outro projeto com o CCN de Grenoble ligado à tradição do carnaval e à ideia da noção de gambiarra.” O que é a gambiarra? “Gambiarra são essas reparações, esses consertos improvisados para problemas reais. A imagem clássica da gambiarra no Brasil é consertar uma havaiana quebrada com um prego. É uma tradição muito comum na nossa sociedade, ao ponto de ter virado uma estética em si, é quase um jeito de pensar as coisas, um jeito de pensar a solução de problemas. A gente não vai reparar ali na base da coisa, mas a gente vai deixar com um pedaço de fita, com um prego, a coisa em estado de uso e a gente vai usar desse jeito. É um objecto de pesquisa para mim, há muitos anos, desde o meio do meu mestrado. A Shereya também fez um mestrado no mesmo lugar que eu, lá em Montpellier e é também um objecto de pesquisa para ela.” A Shereya que é outra coreógrafa e bailarina... “Ela é uma bailarina de ‘Bruits Marrons' e coreógrafa também. A gente tem uma parceria em vários outros trabalhos, ela entra em um outro trabalho meu, a ‘Feijoada'. Quando eu fui chamado pelo CCN de Grenoble para fazer esse projecto com comunidades que vivem em torno do CCN, eu tive a ideia de fazer um carnaval - porque vai acontecer no período do carnaval - então, vai ser o nosso carnaval improvisado no CCN de Grenoble. Há um outro projecto para 2027 que vai ser um solo e uma plataforma de encontros com outros trabalhos em torno da ideia da Travessia Atlântica e é inspirado no nome do meu bairro, o bairro onde eu cresci, que se chama Jardim Atlântico. É também um diálogo com a minha história, com a história da minha mãe que era bailarina, e essas histórias de migração entre um lado do Atlântico e um outro lado.” Esta é a segunda vez que conversamos, a primeira foi também no âmbito do Festival do Outono, quando apresentou ‘Il FAUX' , em 2023. A ideia que tenho é que a sua pesquisa anda sempre em torno do racismo, da História, da escravatura, dos corpos negros permanentemente ameaçados. Por que é que faz questão de levar estes temas para cima do palco e até que ponto é que o seu palco é o quilombo para os “carregadores do piano” serem reparados? “Na verdade, isso é uma prática que não planeei que ia acontecer assim. No começo do meu percurso, quando criei a minha primeira peça fora do mestrado, 'oh!rage', eu estava saindo de um mestrado em que eu passei dois anos numa instituição de ensino francesa e em que não tive a oportunidade de cruzar com nenhum professor, nenhum artista ou mesmo pessoas que estavam ali em torno do festival Montpellier Danse, não encontrei artistas negros, talvez um ou dois. Isso marcou-me muito porque eu tenho uma formação em teatro no Brasil, tenho um longo percurso na companhia da Lia Rodrigues, em que comecei a me dar conta que o leque de referências nesses espaços, tanto o espaço académico quanto o espaço profissional de Lia Rodrigues era quase exclusivamente branco e o mestrado Exerce [Montpellier] serviu para confirmar isso. Então, em 2018, quando eu criei o ‘oh!rage', fiz a aposta de dialogar apenas com criadores, com pensadores, com artistas visuais, da dança, de teatro negros, da comunidade negra - muito inspirado também do programa Diálogos Ausentes do Itaú Cultural de 2016. Fazendo essa aposta em 2018, eu me deparei - porque eu tinha um letramento racial tardio porque isso não foi uma questão na minha formação, na minha família - deparei-me com um universo de criação que me alimenta imensamente. Eu, junto com outras pessoas, com outros artistas, também experimento, experiencio, no meio das artes e na vida real, situações de subalternidade que me são impostas. Então, eu entendo a arte como um espaço de discussão do que atravessa a sociedade nos dias de hoje. Eu não acho que isso é uma ferida que esteja apaziguada e curada. Pelo contrário, ela demanda ainda reflexão, ela demanda um olhar específico, ela é muito presente, é uma chaga aberta. Eu tento fazer da arte um espaço de diálogo, de abrir uma discussão em torno disso mesmo e sempre dialogando com outros artistas que trazem as suas referências nesse sentido para criar esse espaço de emancipação, de liberdade mesmo. Esse é o meu quilombo, o palco é meu quilombo, a minha comunidade ‘marron', um espaço de autonomia e de liberdade. E nesse espaço de autonomia e liberdade a gente vai louvar os nossos, celebrar as nossas criações e lamber as nossas feridas juntos. Em alguns momentos, a gente vai abrir esse espaço e receber pessoas, como em outras peças como ‘Feijoada', que é uma peça em torno da generosidade e do gesto. Em outras peças, a gente vai estar entre a gente, celebrando as nossas existências entre a gente e lambendo as nossas feridas antes de se fortalecer para o resto do mundo.”

    Artes
    Phoenix RDC: “Eu vou continuar a politicar até não conseguir mais”

    Artes

    Play Episode Listen Later Nov 28, 2025 11:22


    “Último Rapper” é o mais recente álbum de Phoenix RDC. O trabalho é um testemunho que é transmitido por quem tem o poder que faz da palavra e do microfone uma arma. Com as colaborações de Wet Bed Gang, Nenny, Regula, Valete, Carlão, Chullage, Sam The Kid, Sir Scratch, Stereossauro, Missy Bity e Tekilla, o álbum “Último Rapper” é o afirmar de um percurso de engajamento de mais de duas décadas no rap feito em Portugal que abraça a dura realidade com a paixão e olhar atento do cronista Phoenix RDC. Último Rapper é um disco de futuro, Phoenix RDC afirma que vai “continuar a politicar até não conseguir mais”. Phoenix RDC: Hoje em dia há mais trap, é tudo mais cantado, com notas, e como não havia muito disso, eu fui resgatar todos aqueles artistas que também me fizeram gostar de rap, visto que eu também tenho uma boa exposição, hoje sou ouvido mesmo até pelos mais jovens, para não deixar morrer o rap. Porque eu acredito que dentro do rap tem muitos subgéneros, só que o rap não pode morrer por existirem outros subgéneros, e o rap também tem que se manter, Este é um álbum de rap numa era trap. Eu vou continuar a politicar até não conseguir mais. RFI: Há temas, aqui, que fazem observação sobre as redes sociais, sobre o consumismo, sobre conflitos sociais. Como é que este tipo de tema é aceite pelos mais novos quando existem novas veias do rap que puxam para o outro lado, que não puxa tanto pela cabeça? Phoenix RDC: A mensagem é muito importante. Eu faço questão de trazer sempre uma boa mensagem, porque quem cala consente. Se nós ficarmos calados e não falarmos, não trazermos temas que falem que é importante a música ter mensagem, todos os ouvintes actuais vão achar que é uma coisa normal ter uma música mais oca, porque ninguém fala. Por isso, em muitos dos temas eu faço questão, mesmo, de apontar o dedo, mesmo em entrevistas; de não valorizar tanto esses artistas que às vezes estão à procura de uma música para ficarem famosos. Perdeu-se muito a vontade de querer ser um grande artista, a grande vontade hoje em dia é de ser famoso apenas. Eu acho que, olhando assim, não vamos progredir, não vamos evoluir em termos de arte. RFI: O Phoenix neste trabalho tem mais de metade do álbum com parcerias, com convidados. Estou-me a lembrar de Valete, Chullage, Carlão, entre outros nomes conceituados, tal como o Fenix, que fazem parte da guarda mais experiente do rap feito em Portugal, porquê ir buscar esses parceiros de aventura, de estrada? Phoenix RDC: É para a nova geração também beber de uma fonte boa, que ainda não secou. Se eles estão vivos, para quê esconder o produto? Eu até surpreendi-me, tenho estado a receber um feedback impressionante. Nas minhas plataformas tem o gráfico das idades, diz tudo, o género, e muita malta jovem está a consumir este meu álbum, falam do Chullage, falam do Carlão, falam do Valete. Os miúdos quando estão naquela transição dos 17 para os 18, mudam de escola, vão para a faculdade, eles também já são mais exigentes com o estilo de música que consomem. E também quero motivar outros artistas para que agarrem a caneta, percam mais um bocado de tempo para conseguissem fazer uma boa arte, e para quem não percebe tanto do rap, do hip-hop, para entender e não continuar a dizer que o rap é música para marginais, que está completamente errado. Eu aprendi muito com o rap, com o Chullage, com o Valete, e são artistas que têm álbuns que são enciclopédias. RFI: Há um ou dois temas, se não mais, que fazem referência ao papel da música, a importância da música. Dizem algo como: a música salvou-me, ou mostrou-me um caminho. Falando desse exemplo que o Phoenix gravou com o Wet Bed Gang, como é que surgiu esse tema, como é que foi trabalhado? Eu, o Wet Bed Gang, Nenny, nós somos todos daqui, de Vialonga, está ali o prédio do Gson, ali é o prédio da Nenny, e já estamos a trabalhar para que isso acontecesse há muito tempo. Phoenix RDC: Claro que na altura eles eram mais novos, tinham 13 anos, eu era o mais velho, eu já trabalhava, eu já conseguia comprar material, e eu trazia eles para a minha casa, gravávamos, incentivava. Por vezes, havia um concerto, onde iam pagar um sumo: Fenix, olha, vai haver ali um concerto, consegues nos levar? Eu pegava no meu carro, levava. Mas sempre a lapidarmos. Não achávamos que ia ser tão grande, este boom. Achávamos que íamos ser reconhecidos aqui dentro do Concelho de Vila Franca de Xira, fazer festas no centro comunitário e nada mais. Hoje em dia, aconteceu. E como estamos na correria, eles estão nos concertos deles, a Nenny nos dela, eu nos meus, e nunca tivemos esse tempo é para fazer música, ainda bem que fizemos agora, na altura certa, e veio para o meu álbum. Estamos a fazer o agradecimento, e eu, quando estou a ouvir a música, as letras deles, eu fico mesmo a ter um 'déjà vu', de tudo aquilo que nós vivemos e passámos. Porque, nós não tivemos aquela direcção, infelizmente, porque também somos filhos de famílias numerosas, e estávamos numa condição não privilegiada. Os nossos pais vieram numa altura que também ainda estavam à procura de um espaço, e, então, a música salvou-nos, porque se não fosse a música, hoje se calhar, não sei qual seria o caminho, mas não ia ser um caminho muito agradável. Mas, graças a Deus, estamos a viver da música, estamos a motivar. Antigamente, os miúdos, só queriam estar na rua a brincar com um pau a fingir de pistola, hoje eles agarram o mesmo pau e fingem de microfone. RFI: Chullage é outro dos nomes que aparece no álbum, como é que foi esse trabalho com o Chullage? Phoenix RDC: Numa das festas que nós fazíamos aqui dentro de Via Longa, antes da fama, o Chullage um dia foi um dos nossos convidados, cantor, e foi nessa altura que eu o conheci. Mas eu acho que a nossa união, o que fez mesmo estarmos mais próximos, foi “real recognize, real”. Eu gostei da arte dele, antes de ele conhecer a minha, e quando eu tive voz, ele também conheceu a minha arte. Foi recíproco em momentos diferentes. Quando eu dei o toque, ele disse, olha, é uma honra para mim, e fizemos acontecer. Convidámos a Missy Bity, que também é uma grande artista da Guiné-Bissau. Fizemos magia, a música está perfeita. RFI: Carlão é outro nome que aparece neste álbum. Como é que o Carlão surge? Phoenix RDC: Quando organizaram a festa com todos do hip-hop português, no Altice Arena, estava lá o Carlão, ele elogiou-me, deu-me um abraço, foi a partir daí. A música surgiu porque o Stereossauro é que fez a ponte. Ele tinha um instrumental e disse: olha, esse beat aqui é a vossa cara. Falou com o Carlão, o Carlão curtiu, eu já tinha feito também o refrão e uma parte do meu verso. O Carlão gravou e fizemos acontecer, está aí mais uma bomba. RFI: O trabalho de composição, de escrita, como é que acontece? Como é que vocês trabalham? Phoenix RDC: Quando estamos dentro de um projecto, estou a gravar um álbum, eu já tenho aquilo tudo delineado, já sei o que eu quero, os temas e tudo. Quando vão surgindo os instrumentais, eu vou vendo, porque o instrumental muda muito. Posso ter a letra em papel ou na mente, mas quando chega o beat, eu até às vezes tenho que alterar um bocado os temas. Os temas estão na minha mente, às vezes eu estou a pensar, olha, isso vai ser uma música triste, mas depois vem o instrumental, e dá uma outra cena. Automaticamente, também me traz o artista que eu posso convidar, e que possa encaixar nesse beat. É assim o processo. Todos os beats foram assim. Quando foi a cena com o Regula também, foi a mesma coisa. Liguei e disse, oh Regula, olha, ouve lá esse beat. Eu já sabia que ele ia gostar, porque é um beat tem a ver com a vibe dele. O do Chullage eu já sabia. Isso foram coisas que aconteceram sem planos, porque os produtores também não estavam a me enviar os instrumentais a pensar nisso. Mas tudo se encaixou de forma natural. Hoje eu vejo que os artistas que não responderam à minha mensagem, que deram nega, hoje eu, estando a ver o projecto, eu digo assim, fogo, ainda bem. Isto ficou tão bom, porque as únicas pessoas que responderam foram as pessoas com mais maturidade. É um álbum sem ego. Tenho uma obra que eu até podia dar o nome de um sonho, eu podia chamar este álbum de um sonho. Porque não são só as músicas, foi a energia que foi depositada nesse projecto. É um projecto que eu digo, desde as entradas até a sobremesa, está impecável. Isto aqui é uma partilha. É a Champions League, está uma selecção de Kings. Além de ser uma partilha, é uma seleção de Kings. É um álbum para todos, é uma cena muito completa. RFI: As raízes do Phoenix são Angola. Concertos em Angola, há perspectiva, há possibilidade? Phoenix RDC: Não, não há. Por acaso, ultimamente, os números (nas redes sociais de Phoenix) têm estado a aumentar, mesmo os comentários vindos de Angola. Tem sido muito Angola, Moçambique, mas não, não há muita procura. Há aqui tantos angolanos bons a fazer música, DJ Telly, Wet Bet Gang, aqui tantos angolanos, e a irem de cinco em cinco anos, ou nem isso, para Angola, mesmo para Moçambique, Cabo Verde. Eu gostaria que olhassem mais, valorizassem mais, porque música não é só Kizomba, não é só Kuduro, e eu gostaria muito que valorizassem mais. Phoenix RDC YouTube : https://www.youtube.com/channel/UCqyPFRUdo54aeASdY3Gr4QQ

    Podcast Página Cinco
    #208 – Os mistérios de Jon Fosse

    Podcast Página Cinco

    Play Episode Listen Later Nov 27, 2025 49:22


    "Pelas peças e prosas inovadoras que dão voz ao indizível." Foi essa a justificativa da Academia Sueca para conceder o Nobel de 2023 ao norueguês Jon Fosse. Fui conhecer a literatura do cara na esteira do prêmio e me apaixonei pelo que encontrei: os silêncios, os mistérios, a sensação de estar diante de algo realmente grandioso. Desde então, pensava em fazer um episódio sobre a obra de Fosse. Pois bem, o momento finalmente chegou para fechar a temporada de 2025. Sim, depois deste episódio farei uma pausa. Volto por aqui no começo do ano que vem, mas seguirei pela coluna, pela newsletter, pelas redes sociais… O convidado da vez é Leonardo Pinto Silva, um dos tradutores do norueguês no Brasil. Foi Leonardo que verteu para o nosso idioma livros como “Manhã e Noite”, publicado pela Zain, e “Brancura”, “Vai Vir Alguém e Outras Peças” e o fresquíssimo “Heptalogia”, tidos por muitos como a obra-prima de Fosse, esses três últimos editados pela Fósforo. Se você está ouvindo este episódio logo depois dele ir ao ar, deixo um aviso. Está rolando o Clube do Livro Jon Fosse e no encontro do dia 29 de novembro o próprio Fosse estará presente para um bate-papo com mediação de Aline Bei. O caminho para a newsletter: https://paginacinco.substack.com/ Sobre o encontro com Fosse: https://www.instagram.com/p/DPWl4_tjNDq/

    Oxigênio
    #206 – Traduzir a Antiguidade: memória e política nos textos greco-romanos

    Oxigênio

    Play Episode Listen Later Nov 27, 2025 41:07


    Você já parou pra pensar quem traduz os livros que você lê e como esse trabalho molda a forma como entende o mundo? Neste episódio, Lívia Mendes e Lidia Torres irão nos conduzir em uma viagem no tempo para entendermos como os textos gregos e latinos chegam até nós. Vamos descobrir por que traduzir é sempre também interpretar, criar e disputar sentidos. Conversamos com Andrea Kouklanakis, professora permanente na Hunter College, Nova York, EUA, e Guilherme Gontijo Flores, professor da Universidade Federal do Paraná. Eles compartilharam suas trajetórias no estudo de línguas antigas, seus desafios e descobertas com o mundo da tradução e as questões políticas, históricas e estéticas que a prática e as teorias da tradução abarcam. Esse episódio faz parte do trabalho de divulgação científica que a Lívia Mendes desenvolve no Centro de Estudos Clássicos e Centro de Teoria da Filologia, vinculados ao Instituto de Estudos da Linguagem e ao Instituto de Estudos Avançados da Unicamp, financiado pelo projeto Mídia Ciência da FAPESP, a quem agradecemos pelo financiamento. O roteiro foi escrito por Lívia Mendes e a revisão é de Lidia Torres e Mayra Trinca. A edição é de Daniel Rangel. Se você gosta de literatura, história, tradução ou quer entender novas formas de aproximar o passado do presente, esse episódio é pra você. __________________________________________________________________ ROTEIRO [música, bg] Lívia: Quem traduziu o livro que você está lendo? Lívia: E se você tivesse que aprender todas as línguas dos clássicos que deseja ler? Aqueles livros escritos em russo, alemão ou qualquer outra língua diferente da sua? Lívia: E aqueles livros das literaturas que foram escritas em línguas que chamamos antigas, como o latim e o grego? Lidia: A verdade é que, na maioria das vezes, a gente não pensa muito sobre essas questões. Mas, no Brasil, boa parte dos livros que lemos, tanto literários quanto teóricos, não chegaria até a gente se não fossem os tradutores. Lidia: Essas obras, que fazem parte de todo um legado social, filosófico e cultural da nossa sociedade, só chegaram até nós por causa do trabalho cuidadoso de pesquisadores e tradutores dessas línguas, que estão tão distantes, mas ao mesmo tempo, tão próximas de nós. [música de transição] Lívia: Eu sou a Lívia Mendes. Lidia: E eu sou a Lidia Torres. Lívia: Você já conhece a gente aqui do Oxigênio e no episódio de hoje vamos explorar como traduzimos, interpretamos e recebemos textos da Antiguidade greco-romana. Lidia: E, também vamos pensar por que essas obras ainda hoje mobilizam debates políticos, culturais e estéticos. Lívia: Vem com a gente explorar o mundo da antiguidade greco-romana que segue tão presente na atualidade, especialmente por meio da tradução dos seus textos. [vinheta O2] Andrea [1:05-2:12]: Então, meu nome é Andrea Kouklanakis e, eu sou brasileira, nasci no Brasil e morei lá até 21 anos quando eu emigrei para cá. Lívia: O “cá” da Andrea é nos Estados Unidos, país que ela se mudou ainda em 1980, então faz um tempo que ela mora fora do Brasil. Mas mesmo antes de se mudar, ela já tinha uma experiência com o inglês. Andrea Kouklanakis: Quando eu vim pra cá, eu não tinha terminado faculdade ainda, eu tinha feito um ano e meio, quase dois anos na PUC de São Paulo. Ah, e mas chegou uma hora que não deu mais para arcar com a responsabilidade financeira de matrícula da PUC, de mensalidades, então eu passei um tempo trabalhando só, dei aulas de inglês numa dessas escolas assim de business, inglês pra business people e que foi até legal, porque eu era novinha, acho que eu tinha 18, 19 anos e é interessante que todo mundo era mais velho que eu, né? Os homens de negócios, as mulheres de negócio lá, mas foi uma experiência legal e que também, apesar de eu não poder estar na faculdade daquela época, é uma experiência que condiz muito com o meu trabalho com línguas desde pequena. Lívia: Essa que você ouviu é a nossa primeira entrevistada no episódio de hoje, a professora Andrea Kouklanakis. Como ela falou ali na apresentação, ela se mudou ainda jovem pros Estados Unidos. Lidia: E, como faz muito tempo que ela se comunica somente em inglês, em alguns momentos ela acaba esquecendo as palavras em português e substitui por uma palavra do inglês. Então, a conversa com a Andrea já é um início pra nossa experimentação linguística neste episódio. Andrea Kouklanakis: Eu sou professora associada da Hunter College, que faz parte da cidade universitária de Nova York, City University of New York. E eles têm vários campus e a minha home college é aqui na Hunter College, em Manhattan. Eh, eu sou agora professora permanente aqui. Lívia: A professora Andrea, que conversou com a gente por vídeo chamada lá de Nova Iorque, contou que já era interessada por línguas desde pequena. A mãe dela trabalhava na casa de uma professora de línguas, com quem ela fez as primeiras aulas. E ela aprendeu também algumas palavras da língua materna do seu pai, que é grego e mais tarde, estudou francês e russo na escola. Lidia: Mas, além de todas essas línguas, hoje ela trabalha com Latim e Grego.Como será que essas línguas antigas entraram na vida da Andrea? Andrea Kouklanakis: Então, quando eu comecei aqui na Hunter College, eu comecei a fazer latim porque, bom, quando você tem uma língua natal sua, você é isenta do requerimento de línguas, que todo mundo tem que ter um requerimento de língua estrangeira na faculdade aqui. Então, quando eu comecei aqui, eu fiquei sabendo, que eu não precisava da língua, porque eu tinha o português. Mas, eu falei: “É, mas eu peguei pensando a língua é o que eu quero, né?” Então, foi super assim por acaso, que eu tava olhando no catálogo de cursos oferecidos. Aí eu pensei: “Ah, Latim, OK. Why not?. Por que não, né? Uma língua antiga, OK. Lívia: A professora Andrea, relembrando essa escolha por cursar as disciplinas de Latim, quando chegou na Hunter College, percebeu que ela gostou bastante das aulas por um motivo afetivo e familiar com a maneira com que ela tinha aprendido a língua portuguesa aqui no Brasil, que era diferente da forma como seus colegas estadunidenses tinham aprendido o inglês, sem muita conexão com a gramática. Lidia: Ela gostava de estudar sintaxe, orações subordinadas e todas essas regras gramaticais, que são muito importantes pra quem quer estudar uma língua antiga e mais pra frente a gente vai entender bem o porquê. [som de ícone] Lívia: sintaxe, é a parte da gramática que estuda como as palavras se organizam dentro das frases pra formar sentidos. Ela explica quem é o sujeito, o que é o verbo, quais termos completam ou modificam outros, e assim por diante. [som de ícone]: Lívia: Oração subordinada é uma frase que depende de outra para ter sentido completo. Ela não “anda sozinha”: precisa da oração principal pra formar o significado total. [música de transição] Lidia: E, agora, você deve estar se perguntando, será que todo mundo que resolve estudar língua antiga faz escolhas parecidas com a da professora Andrea? Lidia: É isso que a gente perguntou pro nosso próximo entrevistado. Guilherme Gontijo: Eu sou atualmente professor de latim na UFPR, no Paraná, moro em Curitiba. Mas, eu fiz a minha graduação em letras português na UFES, na Federal do Espírito Santo. E lá quando eu tive que fazer as disciplinas obrigatórias de latim, eu tinha que escolher uma língua complementar, eu lembro que eu peguei italiano porque eu estudava francês fora da universidade e eu tinha que estudar o latim obrigatório. Estudei latim com Raimundo Carvalho. Lívia: Bom, parece que o Guilherme teve uma trajetória parecida com a da Andrea e gostar de estudar línguas é uma das premissas pra se tornar um estudioso de latim e de grego. Lidia: O professor Raimundo de Carvalho, que o Guilherme citou, foi professor de Latim da Federal do Espírito Santo. Desde a década de 80 ele escreve poesias e é um importante estudioso da língua latina. Ele quem traduziu a obra Bucólicas, do Vírgílio, um importante poeta romano, o autor da Eneida, que talvez você já deva ter ouvido falar. O professor Raimundo se aposentou recentemente, mas segue trabalhando na tradução de Metamorfoses, de outro poeta romano, o Ovídio. Lívia: O Guilherme contou o privilégio que foi ter tido a oportunidade de ser orientado de perto pelo professor Raimundo. Guilherme Gontijo: Eu lembro que eu era um aluno bastante correto, assim, eu achava muito interessante aprender latim, mas eu estudei latim pensando que ele teria algum uso linguístico pras pessoas que estudam literatura brasileira. E quando ele levou Catulo pra traduzir, eu lembro de ficar enlouquecido, assim, foi incrível e foi a primeira vez na minha vida que eu percebi que eu poderia traduzir um texto de poema como um poema. E isso foi insistivo pra mim, eu não tinha lido teoria nenhuma sobre tradução. Lívia: Um episódio sobre literatura antiga traz esses nomes diferentes, e a gente vai comentando e explicando. O Catulo, que o Guilherme citou, foi um poeta romano do século I a.C.. Ele é conhecido por escrever odes, que são poemas líricos que expressam admiração, elogio ou reflexão sobre alguém, algo ou uma ideia. A obra do Catulo é marcada pelos poemas que ele dedicou a Lésbia, figura central de muitos dos seus versos. Guilherme Gontijo: Eu fiz as duas disciplinas obrigatórias de latim, que é toda a minha formação oficial de latim, acaba aí. E passei a frequentar a casa do Raimundo Carvalho semanalmente, às vezes duas vezes por semana, passava a tarde inteira tendo aula de latim com ele, lendo poetas romanos ou prosa romana e estudava em casa e ele tirava minhas dúvidas. Então, graças à generosidade do Raimundo, eu me tornei latinista e eu não tinha ideia que eu, ainda por cima, teria ali um mestre, porque ele é poeta, é tradutor de poesia. Lidia: Essa conexão com a língua latina fez o Guilherme nunca mais abandonar a tradução. Ele disse que era uma forma natural de conseguir conciliar o seu interesse intelectual acadêmico e o lado criativo, já que desde o início da graduação ele já era um aspirante a poeta. Lívia: É importante a gente lembrar que o Guilherme tem uma vasta carreira como autor, poeta e tradutor e já vamos aproveitar pra deixar algumas dicas dos livros autorais e dos autores que ele traduziu. Lívia: Guilherme é autor dos poemas de carvão :: capim (2018), Todos os nomes que talvez tivéssemos (2020), Arcano 13 em parceria com Marcelo Ariel. Ele também escreveu o romance História de Joia (2019) e os livros de ensaios Algo infiel: corpo performance tradução (2017) em parceria com Rodrigo Gonçalves e A mulher ventriloquada: o limite da linguagem em Arquíloco (2018). Se aventurou pelo infanto-juvenil com os livros A Mancha (2020) e o Coestelário (2021), ambos em parceria com Daniel Kondo. E traduziu autores como Safo, Propércio, Catulo, Horácio, Rabelais e Whitman. Lidia: Os poetas Rabelais e Whitman são autores modernos, viveram nos séculos XVI e XIX, já os outros poetas são da antiguidade romana, aquele período aproximadamente entre o século IV a.C. e o século V d.C. Lívia: Então, o Guilherme traduz tanto textos de línguas modernas quanto de línguas antigas. E, a gente perguntou pra ele se existe alguma diferença no trabalho do tradutor quando vai traduzir um texto de uma língua moderna, que está mais próxima de nós no tempo, e quando vai traduzir do latim ou do grego, que são línguas mais distantes temporalmente. Lívia: O Guilherme falou que quando ele vai traduzir de uma língua moderna pra outra língua moderna existem duas possibilidades: traduzir diacronicamente, que é quando o tradutor escreve o texto na língua produzida como se fosse da época mesmo que ele foi escrito. E a outra possibilidade é traduzir deslocando o autor temporalmente, e fazendo a linguagem do texto conversar com a linguagem contemporânea. Lidia: Pode parecer um pouco confuso de início, mas ouve só o exemplo do Guilherme da experiência de tradução que ele teve com o Rimbaud, que é um autor francês. Guilherme Gontijo: Por exemplo, fui traduzir Rimbaud, o Rimbaud do século XIX. Quando eu vou traduzir, eu posso tentar traduzir pensando diacronicamente e aí eu vou tentar traduzir o Rimbaud pra ele parecer um poeta do século XIX em português. E aí eu vou dar essa sensação de espaço temporal pro leitor contemporâneo agora. É, o Guilherme de Almeida fez um experimento genial assim, traduzindo o poeta francês François Villon para uma espécie de pastiche de galego-português, botando a linha temporal de modo que é isso, Villon é difícil para um francês ler hoje, que a língua francesa já sofreu tanta alteração que muitas vezes eles leem numa espécie de edição bilíngue, francês antigo, francês moderno. A gente também tem um pouco essa dificuldade com o galego-português, que é a língua literária da Península ali pra gente, né? Ah, então essa é uma abordagem. Outra abordagem, eu acho que a gente faz com muito menos frequência, é tentar deslocar a relação da temporalidade, ou seja, traduzir Rimbaud, não para produzir um equivalente do Rimbaud, século XIX no Brasil, mas pra talvez criar o efeito que ele poderia criar nos seus contemporâneos imediatos. Lívia: Ou seja, a ideia aqui seria escrever um texto da maneira como se escreve hoje em dia, meio que transpondo a história no tempo. Lidia: Pra quem não conhece, fica aqui mais uma dica de leitura: o poeta francês Arthur Rimbaud, que o Guilherme citou, viveu entre 1854 e 1891 e escreveu quase toda sua obra ainda adolescente. Ele renovou a poesia moderna com imagens ousadas, experimentação formal e uma vida marcada pela rebeldia. Abandonou a literatura muito jovem e passou o resto da vida viajando e trabalhando na África. Lívia: Mas, e pra traduzir da língua antiga, será que esse dois caminhos também são possíveis? Guilherme Gontijo: Quando eu vou traduzir do latim, por exemplo, eu não tenho esse equivalente. Não existe o português equivalente de Propércio. O português equivalente de Propércio como língua literária é o próprio latim. Lívia: Ou seja, o que o Guilherme quis dizer é que não existe uma possibilidade de traduzir um texto latino como ele soava na antiguidade, porque o latim é a língua que originou as línguas modernas latinas, e a língua portuguesa é uma delas, junto com o espanhol, o francês e o italiano. Lidia: Mas, o que pode acontecer é uma classicização dos textos antigos e o Guilherme enfatizou que acontece muito nas traduções que a gente tem disponível do latim pro português. A classicização, nesses casos, é traduzir os textos da antiguidade com o português do século XVIII ou XIX, transformando esses textos em clássicos também pra nós. Guilherme Gontijo:Curiosamente, a gente, quando estuda os clássicos, a gente sempre fala: “Não, mas isso é moderno demais. Será que ele falaria assim?” Acho curioso, quando, na verdade, a gente vendo que os clássicos tão falando sobre literatura, eles parecem não ter esses pudores. Aliás, eles são bem menos arqueológicos ou museológicos do que nós. Eles derrubavam um templo e botavam outro templo em cima sem pensar duas vezes enquanto nós temos muito mais pudores. Então, a minha abordagem atual de traduzir os clássicos é muito tentar usar as possibilidades do português brasileiro, isso é muito marcado pra mim, uma das variedades do português brasileiro, que é a minha, né? De modo ativo. Lívia: Só pra dar um exemplo do que faz a língua soar clássica, seria o uso do pronome “tu” ao invés de “você”, ou, os pronomes oblíquos como “eu te disse” ou “eu te amo”, porque ninguém fala “eu lhe amo” no dia a dia. Lidia: E esse é justamente o ponto quando a gente fala de tradução do texto antigo. Eles não vão ter um equivalente, e a gente não tem como traduzir por algo da mesma época. Guilherme Gontijo: Então, a gente precisa fazer um exercício especulativo, experimental, pra imaginar os possíveis efeitos daqueles textos no seu mundo de partida, né? A gente nunca vai saber o sabor exato de um texto grego ou romano, porque por mais que a gente tenha dicionário e gramática, a gente não tem o afeto, aquele afeto minucioso da língua que a gente tem na nossa. Lívia: Essas questões de escolhas de tradução, que podem aproximar ou afastar a língua da qual vai se traduzir pra língua que será traduzida se aproximam das questões sociais e políticas que são intrínsecas à linguagem. [música de transição] Lidia: Assim como qualquer outro texto, os escritos em latim ou grego nunca serão neutros. Mesmo fazendo parte de um mundo tão distante da gente, eles reproduzem projetos políticos e identitários tanto da antiguidade quanto dos atuais. Andrea Kouklanakis: Eu acho que esse aspecto político e histórico dos estudos clássicos é interessante porque é uma coisa quando você tá fazendo faculdade, quando eu fiz pelo menos, a gente não tinha muita ideia, né? Você tava completamente sempre perdida no nível microscópico da gramática, né? De tentar a tradução, essas coisas, você tá só, completamente submersa nos seus livros, no seu trabalho de aula em aula, tentando sobreviver ao Cícero. Lívia: Como a Andrea explicou, os estudos que chamamos de filológicos, soam como uma ciência objetiva. Eles tentam achar a gênese de um texto correto, como uma origem e acabam transformando os estudos clássicos em um modelo de programa de império ou de colonização. Andrea Kouklanakis: Então, por exemplo, agora quando eu dou aula sobre o legado dos estudos clássicos na América Latina Agora eu sei disso, então com os meus alunos a gente lê vários textos primários, né, e secundários, que envolvem discurso de construção de nação, de construção de império, de construção do outro, que são tecidos com os discursos clássicos, né, que é essa constante volta a Atenas, a Roma, é, o prestígio dos estudos clássicos, né? Então, a minha pesquisa se desenvolveu nesse sentido de como que esses latino afro brasileiros, esses escritores de várias áreas, como que eles lidaram na evolução intelectual deles, na história intelectual deles, como que eles lidaram com um ramo de conhecimento que é o centro do prestígio. Eles mesmo incorporando a falta de prestígio completa. O próprio corpo deles significa ausência total de prestígio e como que eles então interagem com uma área que é o centro do prestígio, sabe? Lidia: Então, como você percebeu, a Andrea investiga como os escritores afro-latino-americanos negociaram essa tradição clássica, símbolo máximo de prestígio, com suas histórias incorporadas a um lugar sem prestígio, marcadas em seus corpos pelo tom de pele. Lívia: Esse exercício que a professora Andrea tem feito com seus alunos na Hunter College tem sido uma prática cada vez mais presente nos Estudos Clássicos da América Latina e aqui no Brasil. É um exercício de colocar um olhar crítico pro mundo antigo e não apenas como uma forma de simplesmente celebrar uma antiguidade hierarquicamente superior a nós e a nossa história. Lidia: Nesse ponto, é importante a gente pontuar que a professora Andrea fala de um lugar muito particular, porque ela é uma mulher negra, brasileira, atuando em uma universidade nos Estados Unidos e em uma área de estudos historicamente tradicional. Lívia: Ela relatou pra gente um pouco da sua experiência como uma das primeiras mulheres negras a se doutorar em Estudos Clássicos em Harvard. Andrea Kouklanakis: Eu também não queria deixar de dizer que, politicamente, o meu entendimento como classista foi mais ou menos imposto de fora pra mim, sobre mim como uma mulher de cor nos estudos clássicos, porque eu estava exatamente na década de final de 90, meio final de 90, quando eu comecei a fazer os estudos clássicos na Harvard e foi coincidentemente ali quando também saiu, acho que o segundo ou terceiro volume do Black Athena, do Bernal. E, infelizmente, então, coincidiu com eu estar lá, né? Fazendo o meu doutorado nessa época. E na época existiam esses chat rooms, você podia entrar no computador e é uma coisa estranha, as pessoas interagiam ali, né? O nível de antipatia e posso até dizer ódio mesmo que muitas pessoas expressavam pela ideia de que poderia existir uma conexão entre a Grécia e a África, sabe? A mera ideia. Era uma coisa tão forte sabe, eu não tinha a experiência ou a preparação psicológica de receber esse tipo de resposta que era com tantos ânimos, sabe? Lidia: Com esse relato, a professora Andrea revelou pra gente como o preconceito com a população negra é tão explícita nos Estados Unidos e como ela, mesmo tendo passado a infância e a adolescência no Brasil, sentiu mais os impactos disso por lá. Lívia: Mas, fora o preconceito racial, historicamente construído pelas nossas raízes de colonização e escravização da população negra, como estudiosa de Estudos Clássicos, foi nessa época que a Andrea percebeu que existia esse tipo de discussão e que ainda não estava sendo apresentada pra ela na faculdade. Andrea Kouklanakis: Depois que eu me formei, eu entrei em contato com a mulher que era diretora de admissão de alunos e ela confirmou pra mim que é eu acho que eu sou a primeira pessoa de cor a ter um doutorado da Harvard nos Estudos Clássicos. E eu acho que mesmo que eu não seja a primeira pessoa de cor fazendo doutorado lá, provavelmente eu sou a primeira mulher de cor. Lidia: Vamos destacar agora, alguns pontos significativos do relato da professora Andrea. [som de ícone] Lívia: O livro que ela citou é o Black Athena, do estudioso de história política Martin Bernal. A teoria criada pelo autor afirmava que a civilização clássica grega na realidade se originou de culturas da região do Crescente Fértil, Egito, Fenícia e Mesopotâmia, ao invés de ter surgido de forma completamente independente, como tradicionalmente é colocado pelos historiadores germânicos. [som de ícone] Lívia: Ao propor uma hipótese alternativa sobre as origens da Grécia antiga e da civilização clássica, o livro fomentou discussões relevantes nos estudos da área, gerando controvérsias científicas, ideológicas e raciais. [som de ícone] Lidia: Em contrapartida às concepções racistas vinda de pesquisadores, historiadores e classicistas conservadores, a professora Andrea citou também um aluno negro de Harvard, o historiador e classicista Frank Snowden Jr.. [som de ícone] Lívia: Entre seus diversos estudos sobre a relação de brancos e negros na antiguidade, está o livro Before Color Prejudice: The Ancient View of Black, em português, Antes do Preconceito Racial: A Visão Antiga dos Negros. Um aprofundamento de suas investigações sobre as relações entre africanos e as civilizações clássicas de Roma e da Grécia e demonstra que os antigos não discriminavam os negros por causa de sua cor. [som de ícone] Lidia: O livro lança luz pra um debate importantíssimo, que é a diferença de atitudes dos brancos em relação aos negros nas sociedades antigas e modernas, além de observar que muitas das representações artísticas desses povos se assemelham aos afro-americanos da atualidade. Andrea Kouklanakis: Mas, então é isso, então essa coisa política é uma coisa que foi imposta, mas a imposição foi até legal porque aí me levou a conhecer e descobrir e pesquisar essa área inteira, que agora é uma coisa que eu me dedico muito, que é olhar qual que é a implicação dos estudos clássicos na política, na raça, na história e continuando dando as minhas aulas e traduzindo, fazendo tradução, eu adoro tradução, então, esse aspecto do estudo clássico, eu sempre gostei. [música de transição] Lívia: O Guilherme também falou pra gente sobre essa questão política e histórica dos Estudos Clássicos, de que ficar olhando pro passado como objeto desvinculado, nos impede de poder articular essas discussões com a política do presente. Guilherme Gontijo: E acho que o resultado quando a gente faz isso é muitas vezes colocar os clássicos como defensores do status quo, que é o que o um certo império brasileiro fez no período de Dom Pedro, é o que Mussolini fez também. Quer dizer, vira propaganda de estado. Lidia: Mas, ao contrário, quando a gente usa os clássicos pra pensar as angústias do presente, a gente percebe que é uma área de estudos que pode ser super relevante e super viva pra qualquer conversa do presente. Lívia: E, na tradução e na recepção desses textos antigos, como será que essas questões aparecem? O Guilherme deu um exemplo pra gente, de uma tradução que ele fez do poeta romano Horácio. [som de ícone] Lidia: Horácio foi um poeta romano do século I a.C., famoso por escrever poesias nos formatos de Odes, Sátiras e Epístolas, e defendia a ideia do “justo meio” — evitar excessos e buscar a medida certa na vida. Guilherme Gontijo: Tô lembrando aqui de uma ode de Horácio, acho que esse exemplo vai ser bom. Em que ele termina o poema oferecendo um vai matar um cabrito pra uma fonte, vai oferendar um cabrito para uma fonte. E quando eu tava traduzindo, vários comentadores lembravam de como essa imagem chocou violentamente o século XIX na recepção. Os comentadores sempre assim: “Como assim, Horácio, um homem tão refinado vai fazer um ato tão brutal, tão irracional?” Quer dizer, isso diz muito mais sobre a recepção do XIX e do começo do XX, do que sobre Horácio. Porque, assim, é óbvio que Horácio sacrificaria um cabrito para uma fonte. E nisso, ele não está escapando em nada do resto da sua cultura. Agora, é curioso como, por exemplo, o nosso modelo estatal coloca a área de clássicas no centro, por exemplo, dos cursos de Letras, mas acha que práticas do Candomblé, que são análogas, por exemplo, você pode oferecer animais para divindades ou mesmo para águas, seriam práticas não não não racionais ou não razoáveis ou sujas ou qualquer coisa do tipo, como quiserem. Né? Então, eu acho que a gente pode e esse é o nosso lugar, talvez seja nossa missão mesmo. Lívia: Como o Guilherme explicou, nós no Brasil e na América Latina temos influência do Atlântico Negro, das línguas bantas, do candomblé, da umbanda e temos um aporte, tanto teórico quanto afetivo, pra pensar os clássicos, a partir dessas tradições tão próximas, que a própria tradição europeia tem que fazer um esforço gigantesco pra chegar perto, enquanto pra gente é natural. Lidia: E não podemos nos esquecer também da nossa convivência com várias etnias indígenas, que possuem comparações muito fortes entre essas culturas. Guilherme Gontijo: Eu diria, eu entendo muito melhor o sentido de um hino arcaico, grego, ouvindo uma cantiga de terreiro no Brasil, do que só comparando com literatura. Eu acho que é relevante para a área de clássicas, não é uma mera curiosidade, sabe? Então, eu tenho cada vez mais lido gregos e romanos à luz da antropologia moderna, contemporaneíssima, sabe? Eu acho que muitos frutos aparecem de modo mais exemplar ou mais óbvio quando a gente faz essa comparação, porque a gente aí tira de fato os clássicos do lugar de clássicos que lhes é dado. [música de transição] Lívia: Pra além dessas discussões teóricas e políticas, a tradução é também um ato estético e existem algumas formas de repensar a presença da poesia antiga no mundo contemporâneo a partir de uma estética aplicada na linguagem e nos modos de traduzir. Lidia: No caso do Guilherme, ele vem trabalhando há um tempo com a tradução como performance. Guilherme Gontijo: E aí eu pensei: “Não, eu poderia traduzir Horácio para cantar”. Eu vou aprender a cantar esses metros antigos e vou cantar a tradução na mesmíssima melodia. Quer dizer, ao invés de eu pensar em metro no sentido do papel, eu vou pensar em metro no sentido de uma vocalidade. E foi isso que eu fiz. Foi o meu o meu doutorado, isso acabou rendendo a tradução de Safo. Lívia: Além das traduções publicadas em livros e artigos, o Guilherme também coloca essas performances na rua com o grupo Pecora Loca, que desde 2015 se propõe a fazer performances de poemas antigos, medievais e, às vezes, modernos, como um modo de ação poética. Lidia: Inclusive a trilha sonora que você ouviu ali no início deste trecho é uma das performances realizada pelo grupo, nesse caso do poema da Ode 34 de Horácio, com tradução do próprio Guilherme e música de Guilherme Bernardes, que o grupo gentilmente nos passou. Guilherme Gontijo: Isso pra mim foi um aprendizado teórico também muito grande, porque você percebe que um poema vocal, ele demanda pra valorizar a sua ou valorar a sua qualidade, também a performance. Quer dizer, o poema não é só um texto no papel, mas ele depende de quem canta, como canta, qual instrumento canta. Lívia: O Guilherme explicou que no início eles usavam instrumentos antigos como tímpano, címbalo, lira e até uma espécie de aulos. Mas, como, na verdade, não temos informações precisas sobre como era a musicalidade antiga, eles resolveram afirmar o anacronismo e a forma síncrona de poesia e performance, e, atualmente, incorporaram instrumentos modernos ao grupo como a guitarra elétrica, o baixo elétrico, o teclado e a bateria. Guilherme Gontijo: Então, a gente tem feito isso e eu acho que tem um gesto político, porque é muito curioso que a gente vai tocar num bar e às vezes tem alguém desavisado e gosta de Anacreonte. Olha, caramba, adorei Anacreonte. É, é, e ela percebe que Anacreonte, ela ouviu a letra e a letra é basicamente: “Traga um vinho para mim que eu quero encher a cara”. Então ela percebe que poesia antiga não é algo elevado, para poucos eleitos capazes de depreender a profundidade do saber grego. Ó, Anacreonte é poema de farra. Lidia: A partir da performance as pessoas se sentem autorizadas a tomar posse dessa herança cultural e a se relacionar com ela. O que cria uma forma de divulgar e difundir os Estudos Clássicos a partir de uma relação íntima, que é a linguagem musical. Guilherme Gontijo: E a experiência mais forte que eu tive nisso, ela é do passado e foi com o Guilherme Bernardes. Lembro que dei uma aula e mostrei a melodia do Carpe Diem, do Horácio. Da Ode. E tava lá mostrando o poema, sendo bem técnico ali, como é que explica o metro, como é que põe uma melodia, etc, etc. E uns três dias depois ele me mandou uma gravação que ele fez no Garage Band, totalmente sintética. De uma versão só instrumental, quer dizer, o que ele mais curtiu foi a melodia. E a gente às vezes esquece disso, quer dizer, um aspecto da poesia arcaica ou da poesia oral antiga romana é que alguém poderia adorar a melodia e nem prestar tanta atenção na letra. E que continuariam dizendo: “É um grande poeta”. Eu senti uma glória quando eu pensei: “Caraca, um asclepiadeu maior tocou uma pessoa como melodia”. A pessoa nem se preocupou tanto que é o poema do Carpe Diem, mas a melodia do asclepiadeu maior. [som de ícone] Lívia: Só por curiosidade, “asclepiadeu maior” é um tipo de verso poético greco-latino composto por um espondeu, dois coriambos e um iambo. Você não precisa saber como funcionam esses versos na teoria. Essa forma poética foi criada pelo poeta lírico grego Asclepíades de Samos, que viveu no século III a.C., por isso o nome, o mais importante é que foi o verso utilizado por Horácio em muitas de suas odes. [música de transição] Lidia: Agora, já encaminhando para o final do nosso episódio, não podemos ir embora sem falar sobre o trabalho de recepção e tradução realizado pela professora Andrea, lá na Hunter College, nos EUA. Lívia: Além do seu projeto sobre a presença dos clássicos nas obras de escritores afro-latino-americanos, com foco especial no Brasil, de autores como Lima Barreto, Luís Gama, Juliano Moreira e Auta de Sousa. A professora também publicou o livro Reis Imperfeitos: Pretendentes na Odisseia, Poética da Culpa e Sátira Irlandesa, pela Harvard University Press, em 2023, e as suas pesquisas abarcam a poesia homérica, a poética comparada e as teorias da tradução. Lidia: A professora Andrea faz um exercício muito importante de tradução de autores negros brasileiros pro inglês, não somente das obras literárias, mas também de seus pensamentos teóricos, pra que esses pensamentos sejam conhecidos fora do Brasil e alcance um público maior. Lívia: E é muito interessante como a relação com os estudos da tradução pra professora Andrea também tocam em um lugar muito íntimo e pessoal, assim como foi pro Guilherme nas suas traduções em performances. Lidia: E ela contou pra gente um pouco dessa história. Andrea Kouklanakis: Antes de falar da língua, é eu vou falar que, quando eu vejo a biografia deles, especialmente quando eu passei bastante tempo com o Luiz Gama. O que eu achei incrível é o nível de familiaridade de entendimento que eu tive da vida corriqueira deles. Por exemplo, Cruz e Souza, né? A família dele morava no fundo lá da casa, né? Esse tipo de coisa assim. O Luiz Gama também quando ele fala do aluno lá que estava na casa quando ele foi escravizado por um tempo, quando ele era criança, o cara que escravizou ele tinha basicamente uma pensão pra estudantes, que estavam fazendo advocacia, essas coisas, então na casa tinham residentes e um deles ensinou ele a ler, a escrever. O que eu achei interessantíssimo é que eu estou há 100 anos separada desse povo, mas a dinâmica social foi completamente familiar pra mim, né? A minha mãe, como eu te falei, ela sempre foi empregada doméstica, ela já se aposentou há muito tempo, mas a vida dela toda inteira ela trabalhou como empregada doméstica. E pra mim foi muito interessante ver como que as coisas não tinham mudado muito entre a infância de alguém como Cruz e Souza e a minha infância, né? Obviamente ninguém me adotou, nada disso, mas eu passei muito tempo dentro da casa de família. que era gente que tinha muito interesse em ajudar a gente, em dar, como se diz, a scholarship, né? O lugar que a minha mãe trabalhou mais tempo assim, continuamente por 10 anos, foi, aliás, na casa do ex-reitor da USP, na década de 70 e 80, o Dr. Orlando Marques de Paiva. Lívia: Ao contar essa história tão íntima, a Andrea explicou como ela tenta passar essa coincidência de vivências, separada por cem anos ou mais no tempo, mas que, apesar de todo avanço na luta contra desigualdades raciais, ainda hoje refletem na sua memória e ainda são muito estáticas. Lidia: Essa memória reflete na linguagem, porque, como ela explicou, esses autores utilizam muitas palavras que a gente não usa mais, porque são palavras lá do século XVIII e XIX, mas o contexto chega pra ela de uma forma muito íntima e ainda viva, por ela ter vivenciado essas questões. Andrea Kouklanakis: Eu não sou poeta, mas eu tô dando uma de poeta, sabe? E quando eu percebo que tem algum estilo assim, a Auta de vez em quando tem um certo estilo assim, ambrósia, não sei do quê, sabe? Eu sei que ela está querendo dizer perfume, não sei o quê, eu não vou mudar, especialmente palavras, porque eu também estou vindo da minha perspectiva é de quem sabe grego e latim, eu também estou interessada em palavras que são em português, mas são gregas. Então, eu preservo, sabe? Lívia: Então, pra Andrea, no seu trabalho tradutório ela procura mesclar essas duas questões, a sua relação íntima com os textos e também a sua formação como classicista, que pensa a etimologia das palavras e convive com essa multiplicidade de línguas e culturas, caminhando entre o grego, o latim, o inglês e o português. [música de transição] [bg] Lidia: Ao ouvir nossos convidados de hoje, a Andrea Koclanakis e o Guilherme Gontijo Flores, percebemos que traduzir textos clássicos é muito mais do que passar palavras de uma língua pra outra. É atravessar disputas políticas, revisitar o passado com olhos do presente, reconstruir memórias coloniais e imaginar novos modos de convivência com as tradições antigas. Lívia: A tradução é pesquisa, criação, crítica e também pode ser transformação. Agradecemos aos entrevistados e a você que nos acompanhou até aqui! [música de transição] [créditos] Livia: O roteiro desse episódio foi escrito por mim, Lívia Mendes, que também fiz a locução junto com a Lidia Torres. Lidia: A revisão foi feita por mim, Lidia Torres e pela Mayra Trinca. Lidia: Esse episódio faz parte do trabalho de divulgação científica que a Lívia Mendes desenvolve no Centro de Estudos Clássicos e Centro de Teoria da Filologia, vinculados ao Instituto de Estudos da Linguagem e ao Instituto de Estudos Avançados da Unicamp, financiado pelo projeto Mídia Ciência da FAPESP, a quem agradecemos pelo financiamento. Lívia: Os trabalhos técnicos são de Daniel Rangel. A trilha sonora é de Kevin MacLeod e também gentilmente cedida pelo grupo Pecora Loca. A vinheta do Oxigênio foi produzida pelo Elias Mendez. Lidia: O Oxigênio conta com apoio da Secretaria Executiva de Comunicação da Unicamp. Você encontra a gente no site oxigenio.comciencia.br, no Instagram e no Facebook, basta procurar por Oxigênio Podcast. Lívia: Pra quem chegou até aqui, tomara que você tenha curtido passear pelo mundo da antiguidade greco-romana e entender um pouco de como os textos antigos chegam até nós pela recepção e tradução. Você pode deixar um comentário, na sua plataforma de áudio favorita, contando o que achou. A gente vai adorar te ver por lá! Até mais e nos encontramos no próximo episódio. [vinheta final]

    Papo de UX
    Casamento com IA: dilema ético ou novo normal? | Drops de IA #9

    Papo de UX

    Play Episode Listen Later Nov 27, 2025 32:39


    Comentamos uma notícia que surpreendeu o mundo: uma japonesa de 32 anos decidiu criar um personagem com IA usando o ChatGPT, e acabou casando com ele. Sim, teve pedido, cerimônia, votos e até fotos oficiais com o noivo gerado digitalmente.A partir desse caso, entramos em um debate importante sobre os dilemas éticos desse tipo de relação: até onde a IA pode preencher espaços emocionais? O quanto a empatia dos modelos generativos influencia nossas percepções e sentimentos?Também conversamos sobre o lado técnico, explicando o que está por trás dessas interações e por que a IA generativa consegue “parecer” tão compreensiva e acolhedora em conversas, a ponto de algumas pessoas criarem vínculos reais.Foi um papo curioso, profundo e cheio de questionamentos sobre o futuro das relações humanas em um mundo onde a IA está cada vez mais presente.E você, acredita que isso será mais comum no futuro? Deixa sua opinião nos comentários!Notícia https://www.instagram.com/reel/DRDc-XykQDv/?igsh=YjdveHVidno1eDgwNews do Papo ⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠https://papodeux.substack.comInstagram Papo de UX ⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠http://instagram.com/papodeux/LinkedIn Luan Mateus https://www.linkedin.com/in/luanmateus/LinkedIn Thiago Vespa https://www.linkedin.com/in/thiagovespa/Instagram Thiago Vespa https://instagram.com/thiagovespa

    Colunistas Eldorado Estadão
    Eliane: "É uma nova página da história, com discrição, institucionalidade e paz impressionantes"

    Colunistas Eldorado Estadão

    Play Episode Listen Later Nov 26, 2025 20:44


    Pela primeira vez na História do Brasil, um ex-presidente da República e oficiais-generais estão presos para cumprir penas que lhes foram impostas por tentativa de golpe de Estado. Agora, um novo processo será aberto na Justiça Militar para decidir se eles poderão manter as patentes conquistadas nas Forças Armadas. "Foi um grande fato histórico. Minha geração assistiu ditadura militar, conviveu com torturas e desaparecimentos, e tudo muito impune. Agora, a história brasileira mostra que, apesar de todas as críticas que possamos fazer, o Brasil chegou a um ponto de maturidade que assiste, sem comoção, a prisão de generais de quatro estrelas, respondendo pelo crime de tentativa de golpe de estado. O muito importante disso tudo é que não teve grandes fotos nem dados que pudessem tirar a discrição e solenidade deste momento. O Exército não se manifestou ou interferiu no julgamento ou em seu resultado. Isso também é uma forma de preservar a instituição militar", avalia Eliane.See omnystudio.com/listener for privacy information.

    Eliane Cantanhêde responde
    "É uma nova página da história, com discrição, institucionalidade e paz impressionantes"

    Eliane Cantanhêde responde

    Play Episode Listen Later Nov 26, 2025 20:44


    Pela primeira vez na História do Brasil, um ex-presidente da República e oficiais-generais estão presos para cumprir penas que lhes foram impostas por tentativa de golpe de Estado. Agora, um novo processo será aberto na Justiça Militar para decidir se eles poderão manter as patentes conquistadas nas Forças Armadas. "Foi um grande fato histórico. Minha geração assistiu ditadura militar, conviveu com torturas e desaparecimentos, e tudo muito impune. Agora, a história brasileira mostra que, apesar de todas as críticas que possamos fazer, o Brasil chegou a um ponto de maturidade que assiste, sem comoção, a prisão de generais de quatro estrelas, respondendo pelo crime de tentativa de golpe de estado. O muito importante disso tudo é que não teve grandes fotos nem dados que pudessem tirar a discrição e solenidade deste momento. O Exército não se manifestou ou interferiu no julgamento ou em seu resultado. Isso também é uma forma de preservar a instituição militar", avalia Eliane.See omnystudio.com/listener for privacy information.

    Pergunta Simples
    Como se filma uma boa história? Manuel Pureza

    Pergunta Simples

    Play Episode Listen Later Nov 26, 2025 56:11


    Há criadores que operam dentro das fronteiras técnicas do seu ofício. E há outros que as redesenham. Manuel Pureza pertence à segunda categoria — a dos artistas que não apenas produzem obras, mas insinuam uma forma diferente de olhar para o mundo. Ao longo da última década, Pureza foi aperfeiçoando um dialeto visual singular: um equilíbrio improvável entre humor e melancolia, entre disciplina e improviso, entre ironia e empatia. Cresceu no ritmo acelerado das novelas, onde se aprende a filmar com pressão, velocidade e um olho permanentemente aberto para a fragilidade humana. Dali trouxe algo raro: um olhar que recusa o cinismo fácil e que insiste que até o ridículo tem dignidade. Na televisão e no cinema, a sua assinatura tornou-se evidente. Ele filma personagens como quem observa amigos de infância. Filma o quotidiano com a delicadeza de quem sabe que ali mora metade das grandes histórias. Filma o absurdo com a ternura de quem reconhece, nesse absurdo, o lado mais honesto do país que habita. Um humor que pensa Pureza não usa humor para fugir — usa humor para iluminar. Em “Pôr do Sol”, o fenómeno que se transformou num caso sério de análise cultural, a comédia deixou de ser apenas entretenimento. Tornou-se catarse colectiva. Portugal riu-se de si próprio com uma frontalidade rara, quase terapêutica. Não era paródia para diminuir; era paródia para pertencer. “O ridículo não é destrutivo”, explica Pureza. “É libertador.” Essa frase, que poderia ser um manifesto, resume bem o seu trabalho: ele leva o humor a sério. Independentemente do género — seja melodrama acelerado ou ficção introspectiva — há sempre, no seu olhar, a ideia de que rir pode ser um acto de lucidez. Num país onde o comentário público tantas vezes se esconde atrás da ironia amarga, Pureza faz o contrário: usa a ironia para abrir espaço, não para o fechar. A ética do olhar Filmar alguém é um exercício de confiança. Pureza opera com essa consciência. Não acredita em neutralidade — acredita em honestidade. Assume que cada plano é uma escolha e que cada escolha implica responsabilidade. Entre atores, essa postura cria um ambiente invulgar: segurança suficiente para arriscar, liberdade suficiente para falhar, humanidade suficiente para recomeçar. Num set regido pelo seu método, a escuta é tão importante quanto a técnica. E talvez por isso os seus actores falem de “estar em casa”, mesmo quando as cenas são emocionalmente densas. A câmara de Pureza não vigia: acompanha. É aqui que a sua realização se distingue — não por uma estética rigorosa, mas por uma ética clara. Filmar é expor vulnerabilidades. E expor vulnerabilidades exige cuidado. Portugal, esse laboratório emocional O país que surge nas obras de Pureza não é apenas cenário: é personagem. É o Portugal das contradições — pequeno mas exuberante, desconfiado mas carente de pertença, irónico mas sentimental, apaixonado mas contido. É um país onde a criatividade nasce da falta e onde o improviso se confunde com identidade. Pureza conhece esse país por dentro. Viu-o nos sets frenéticos das novelas, nos estúdios apressados da televisão generalista, nas equipas improváveis de produções independentes. E filma-o com um olhar feito de amor e lucidez: nunca subserviente, nunca destructivo, sempre profundamente humano. Há nele uma capacidade rara de observar sem desistir, de criticar sem amargar, de rir sem ferir. Infância, imaginação e paternidade Numa das passagens mais íntimas desta conversa, Pureza regressa à infância — não como nostalgia decorativa, mas como território de formação. A infância, para ele, é o sítio onde nasce a imaginação, mas também o sítio onde se aprende a cair, a duvidar, a arriscar. Esse lugar continua a acompanhar o seu trabalho como uma espécie de bússola emocional. Falar de infância leva inevitavelmente a falar de paternidade. Pureza rejeita a figura do pai iluminado, perfeito, imune ao erro. Fala antes da paternidade real: aquela onde se erra, se tenta, se repara, se adia, se volta a tentar. A paternidade que implica fragilidade. A paternidade que obriga a abrandar num mundo que exige velocidade. Talvez seja por isso que, quando dirige, recusa o automatismo: a vida, lembra, é sempre mais complexa do que aquilo que conseguimos filmar. Escutar como acto político Se há uma frase que atravessa toda a conversa, é esta: “Nós ouvimos pouco.” No contexto de Pureza, ouvir é um verbo político. Num país saturado de ruído, opiniões rápidas e indignações instantâneas, escutar tornou-se quase um acto contracultural. Ele trabalha nesse espaço de atenção — aquele que permite às pessoas serem pessoas, antes de serem personagens, headlines ou caricaturas. É por isso que o seu trabalho ressoa: porque devolve humanidade ao que, tantas vezes, o discurso público reduz. O que fica No final, a impressão é clara: Manuel Pureza não realiza apenas obras. Realiza ligações. Realiza espelhos que não humilham. Realiza pontes entre o ridículo e o sublime. Realiza histórias que, ao invés de nos afastarem, nos devolvem uns aos outros. Há artistas que acrescentam ao mundo um conjunto de imagens. Pureza acrescenta uma forma de ver. E num tempo em que olhar se tornou um acto cada vez mais acelerado — e cada vez menos profundo — isso não é apenas uma qualidade artística. É um serviço público da imaginação. LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO Esta transcrição foi gerada automaticamente. A sua exatidão pode variar. 0:12 Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação? Hoje recebemos alguém que não apenas realiza séries e filmes, mas realiza no sentido mais profundo do termo, a forma como olhamos para nós próprios, a maneira como nos espelhamos. 0:28 Manuel pureza é daqueles criadores que trabalham com rigor e com leveza, com inteligência, com humor, com disciplina e com um caos. Ele cresceu nas novelas, aprendeu a filmar sob pressão, descobriu um olhar que combina ternura com ironia e tornou se uma das vozes mais originais da ficção portuguesa. 0:46 E é capaz de pegar no ridículo e transformá lo em verdade, de pegar no quotidiano e transformá lo em drama, de pegar no drama e transformá lo em riso. Tudo sem perder a humanidade, o coração e a ética de quem sabe que filmar é escolher, ter um ponto de vista e que escolher é sempre um ato moral. 1:06 Neste episódio, abrimos as portas ao seu processo criativo, às dúvidas e às certezas, às dores e às gargalhadas, às memórias da infância e às inquietações da idade adultam. Falamos de televisão como um espaço de comunhão. Das novelas como um ginásio, do humor, como o pensamento crítico da arte de ouvir e de ser pai no mundo acelerado, da vulnerabilidade que existe por detrás de uma Câmara e, claro, de Portugal, este país pequeno, cheio de afetos e de feridas, onde tudo é simultaneamente muito absurdo e muito verdadeiro. 1:38 Pureza fala com profundidade e como honestidade às vezes. Desconcertante é uma dessas conversas em que senti que estamos a ver para além do artista, estamos a ver a pessoa, a sensibilidade das dúvidas, a Esperança e a inquietação de alguém que pensa o mundo através das histórias que nos conta. 2:05 Ao longo desta conversa, percebemos como as histórias, para Manuel pureza, não são apenas entretenimento. São uma estrutura emocional de uma forma de organizar o caos, uma linguagem antiga que herdamos mesmo antes de sabermos ler ou escrever. Falamos do poder das narrativas para dar sentido à vida, mas também do seu lado perigoso, porque todas as histórias têm um ponto de vista, todas têm escolhas e omissões, todas moldam a forma como vemos o que é real. 2:33 E ele, pureza. Assume isto sem medo. Assume que filma com olhar assumidamente subjetivo e que essa subjetividade é precisamente a sua assinatura. Não procura parecer neutro, procura ser honesto. Também exploramos a sua relação com o humor. 2:49 O humor que nunca é cínico, nunca é cruel, nunca é gratuito. O ridículo não é uma arma para diminuir os outros. É uma maneira de libertar, de expor o que há de comum entre nós, de desmontar o que é pomposo e de aliviar o peso de viver. 3:04 Diz na própria conversa que tudo pode ser ridículo e isso é uma forma de Redenção. O riso organiza o pensamento, afia o espírito, desarma o mundo e, talvez por isso, o pôr do sol. A série tem sido mais do que um fenómeno cômico, foi um fenómeno emocional quase terapêutico. 3:20 Um espelho carinhoso onde Portugal se reviu e se perdoou, um bocadinho. Falamos da ética, da ética, do olhar, de como se almar alguém. É sempre um ato de intimidade. De como se cria confiança dentro de um set de filmagens, como se dirige atores diferentes, como se acolhe fragilidades? 3:38 Várias. E falamos da amizade e esse tema que atravessa todo o trabalho de pureza, porque para ele, realizar não é apenas uma técnica, é uma escuta, uma presença, um cuidado. Ouvimos muitas vezes ao longo deste episódio, uma afirmação quase simples. Nós ouvimos pouco. 3:55 E quando alguém é capaz de. A olhar tanto e nos diz que ouvimos pouco. Vale a pena parar para escutar. E, claro, falamos de Portugal, um país pequeno, por vezes cínico, com uma profunda tendência para desconfiar do sucesso alheio. Um país que pureza filma com ironia, amor e lucidez. 4:14 E da inveja. Claro que falamos da inveja no país das novelas, do improviso, da criatividade teimosa, das personagens maiores que a vida. O país que ele conhece por dentro e por fora, e que aprende a amar com o humor, mesmo quando o humor é a única forma de suportá lo. Num dos momentos mais belos da conversa, falamos da infância, esse lugar de Liberdade, de curiosidade, de imaginação que pureza tenta manter vivo dentro de si. 4:39 E falamos também do que é ser pai, dos medos que isso acende, da responsabilidade que isso traz. Da paternidade iluminada, mas da paternidade real, onde se falha, se tenta, se repara, se ama e se recomeça. É um episódio cheio de emoções, pontos de vista e algumas surpresas. 5:01 Viva. Manuel pureza, olá, nós encontramo nos e na realidade, temos que dizer às pessoas desde já que há 2 características que nos unem na vida OKA primeira, gostar de pessoas. A segunda, sermos hipocondríacos. Ah, poças? 5:17 Bom, estou em casa sim, sim, sim. Poça altamente hipocondríaco? Sim. Olha, fala me das pessoas, para quem? Para quem não te conhece. Tu és realizador, és um dos mais originais e interessantes realizadores da ficção portuguesa, nomeadamente essa telenovela que subitamente se transformou num objeto de culto, uma coisa chamada pôr do sol. 5:40 Já agora digo te eu, a primeira vez que vi o pôr do sol, o primeiro episódio foi dos enganados. Achavas que era verdade. Pensei assim, é pá, mas o que é isto? Mas o que é que isto está? Mas, mas, mas, mas que coisa tão. EE depois. Lá está à terceira cena. 5:56 É aquela parte do ainda bem que ninguém ouviu o meu pensamento, claro, fala, me fala me desse fenómeno. Então esse fenómeno foi. Uma pulga, uma pulga, uma pulga, várias pulgas. Aliás, eu, eu, enquanto realizador, antes de começar a assinar as minhas séries, fiz 10 anos de telenovelas e fi Los numa lógica de ginásio. 6:22 Eu costumo dizer isto, ou seja, é uma tarefa difícil. É uma tarefa que luta contra. Vários tipos de preconceitos, não só meus, como de quem vê. É uma fábrica? É uma fábrica, sim. Aliás, será a coisa mais próxima de uma indústria audiovisual que nós temos em Portugal. 6:39 É, é, são as novelas. Não é? E isso filma se de que, de, de, de, de que horas? Até que horas? Filma se em horários que AACT se funcionasse não IA não preço, iria sim, iria tudo preço, não em boa verdade, até até podemos falar sobre isso mais à frente que é, eu estive envolvido nalgumas lutas laborais em relação à Malta, que faz novelas em Portugal. 6:58 Porque é pá, chega se a trabalhar trabalhava, se na altura 11 horas mais uma, quer dizer, IA receber colegas meus a receberem me francamente pouco, numa lógica de fazer 40 minutos diários de ficção útil, que é uma enormidade, uma alarvidade e que e que muitas vezes depois tem um efeito nefasto de das pessoas em casa. 7:17 Dizer assim é pá, isto é uma novela, isto não vale nada, mas o esforço das pessoas que estão a fazê la é hercúleo, é desumano. Não tem de ser forçosamente 11. Não tem furiosamente de levar as pessoas a apreciarem esse esforço como sinónimo de qualidade, porque muitas vezes as novelas não têm essa qualidade. 7:35 Portanto, não há tempo no fundo para respirar, para o tédio, para a repetição, para o prazer. Não, nem nem nem. Então por acaso que seja essa a função das novelas, até um certo ponto. As novelas historicamente são feitas para serem ouvidas, não para serem vistas, não é? Ou seja, não em países, não só Portugal, mas outros países machistas, em que as mulheres ficavam a tomar conta da casa e dali da casa, e não tinham trabalho. 7:57 Tinha uma televisão ligada para irem ouvindo. Por isso é que a novela é repetitiva. A novela é. Reiterativa há uma há uma métrica de comunicação. De comunicação, sim. E, portanto, se temos avançado tecnicamente e até qualitativamente nas novelas nos últimos 20 anos, porque temos? 8:13 Ainda estamos nos antípodas do que? Do que uma novela pode ser? A novela pode ser uma arma de educação fantástica. A novela pode ser um retrato. Quase numa perspetiva arqueológica do que é ser português em 2025. E não é disso que estamos a falar. Em quase nenhuma novela falamos disso, não é? 8:30 Talvez tenhamos 2 ou 32 ou 3 casos honestos de portugalidade nas novelas recentes. Ainda estou a falar, por exemplo, de uma novela que eu, eu não, eu não, não sou consumidor de novelas, confesso que não sou. Mas há uma novela que da qual me lembro da premissa que me pareceu interessante, que é uma coisa chamada golpe de sorte. 8:46 Uma mulher numa aldeia que ganhou o euromilhões. Isso pode ser bastante português. Parece me bem. Pode ser bom e tive um sucesso bastante grande e foi uma coisa honesta. Não era de repente alguém que é salvo por uma baleia no ataque de 2 tubarões e sobrevive porque foi atirada? Espera, enfim, ainda vou continuar, porque isso é uma realidade que acontece. Olha, porque é que nós, seres humanos, precisamos tanto de histórias para compreender o mundo? 9:08 Olha, eu acho que as histórias são o que nos estrutura, são aquilo que nos garante a sobrevivência. Até um certo.eu falo disto com os meus alunos. Eu às vezes dou uns workshops para atores e não só é só a palavra workshop dá me logo aqui, carrega me logo aqui umas chinetas um bocado estranhas. 9:24 O workshop downshoising downgraving assim não interessa estamos. Todos AAA praticar o inglês. O inglês neologisticamente falamos. A bom, a bom notícia é que nós, como falamos mal inglês, damos uns pontapés no inglês também terríveis, não é? Sim, sim, sim, mas sim, mas está o inglês. O inglês passou a ser uma espécie de língua Franca, exato, EEA. 9:41 Gente tem palavras bonitas para dizer. EEEEE não, diz. Voltamos às histórias, as histórias. E costumo falar disso com os meus alunos, que é que que passa por nós. Nós não nascemos com direitos humanos, não é? Não nascemos dentro do nosso, do nosso corpo. Não há aqui 11, saca com direitos humanos. 9:56 Houve alguém que inventou essa história e a escreveu numa numa carta universal dos direitos humanos e, portanto, a partir dessa narrativa de que as pessoas têm direito a ser felizes, direito a ter uma casa feliz, direito a ter uma família, direito a ser. A ter um trabalho, et cetera, essa narrativa e estou estou a, estou a, estou AA alargar Oo conceito, evidentemente essa narrativa salva nos todos os dias mais a uns do que a outros, infelizmente. 10:20 Então os dias correm, isso é muito frequente. Há há há zonas do mundo em que essa história não chega, não é? Essas histórias não chegam. A fantasia não chega. A fantasia, sobretudo, é essa coisa mais prática de, de, de, de nos regermos por aquela célebre história do Mello Brooks, não é? A Mello Brooks faz a história mais louca do mundo. 10:36 E o Moisés sobe ao sobe ao ao Monte e Deus dá lhe 15 mandamentos. Só que há uma das pedras que se parte. Ele diz, bom, ele deu me só 10. Inventou um bocado. Isto inventou mas 10 por acaso até um número melhor do que 15. Sim, 15 não dava. Jeito o marketing, ele lá da altura, o homem do marketing, disse disse 15. 10:53 Não dá jeito nada de ser mais redondo que não podem ser 17 nem 13. Não, não. Nem convém, não é para a enologia? Acho que não, não, não, não te ajuda nisso, mas eu acho que sim. As as histórias, sobretudo acima de tudo. Eu sou pai de 3 crianças. Uma criança mais velha que tem 14 anos e outra que tem 3 e outra que tem 11 ano e meio. 11:10 Já tens bom treino de conta histórias. Voltei a recuperá lo, não é? Ou seja, eu sempre andei sempre a treiná lo, porque esta é a minha profissão e é isso que me me entusiasma, não é? Ou seja, mais do que ter um ator que diz bem o texto que lá está e que o diz ipsis verbis como lá está, interessa me um ator que perceba o que é que quer ser dito e que o transforma numa história compreensível e emotiva. 11:29 Ou seja, no limite, é o que o Fellini diz, Oo Fellini diz. Oo cinema serve para para emocionar, seja para eu rir ou para chorar, serve para emocionar. EEO emocionar tem a ver com essa coisa das histórias. Quantas vezes é que tu não vês um é pá, o testemunho de alguém, uma carta que tu descobres 11 texto bonito, um poema simples ou soberbo, ou ou ou o que é que? 11:50 O que é que é uma boa história para mim, sim. Uma boa história é aquela que me lança perguntas, que te provoca sim, que me provoca perguntas, eu faço isso aos meus alunos lhe perguntar, qual é a tua história? E regregelas, confundem, qual é a tua história, qual é que é o meu bilhete de identidade? Então começam, Ah, nasci na amadora, depois foi não sei quê, depois não sei quantos, depois não sei quê, EEA mim, não me interessa, não me interessa mesmo saber se eles vieram da amadora ou não interessa me mais saber. 12:14 No outro dia, uma aluna dizia uma coisa fantástica, eu estou, eu estou aqui porque o meu irmão lê mal, é incrível, uau. E eu disse, então porquê? Eu já quero saber tudo sobre. Essa tua aluna? Queres ver o próximo episódio? Como é? A lógica é essa. Ou seja, eu acho que quando os miúdos estão a ler uma história como a Alice, querem saber quando é que ela cai no fundo do poço que nunca mais acaba. 12:31 Porque é que o poço nunca mais acaba? Porque é que no meio do poço se vão descobrindo retratos e coisas. E que poço é este? Que que coelho é este? Que coelho é que apareceu aqui a correr? E em princípio, não faz sentido nós, mas depois nós, nós nós entramos e embarcamos nesta história. E somos nós que a que a que a construímos. 12:47 Não é na nossa cabeça. Sim, sim. Na nossa cabeça, no nosso coração, de alguma maneira. Quer dizer, pensando, por exemplo, a minha experiência, a minha primeira experiência, aliás, a experiência que definiu a minha. Vontade de ir para para cinema e para o conservatório, et cetera. Conta te quando é que tu descobriste? 13:02 Foi haver uma lodon drive do David Lynch, eu tinha 15 anos. Que é um filme. Estranhíssimo, para filme extraordinário. Eu, eu não o entendo, lá está. Mas estás a ver? Portanto, mudou a tua vida e eu estou a sentir me aqui, o tipo mais perdido do mundo. Não, eu nem entendi o que é que eles estavam a falar. Não. A coisa fantástica desse filme é que é um filme absolutamente clássico, mas não está montado de maneira normal. 13:21 Ou seja, não há princípio, meio e fim por essa ordem. Mas ele é absolutamente clássico. É sobre a cidade dos sonhos, não é? É sobre um sonho. Sobre um sonho de uma mulher que desceu ao mais, mais mais horrível dos infernos de de Hollywood. E, portanto, aí eu vi me obrigado a participar nessa história. 13:39 Estás a ver? Tiveste que montar a história conforme estás a ver. Sim, e acho que isso é isso, é o que determina o que o que é uma boa história e o que é mero, no pior sentido de entretenimento. Podemos estabelecer aqui a diferença entre o que é que é uma. Uma história mais funcional, de uma história que nos que nos expande, porque todos nós, todos nós, temos a história. 14:01 Então, mas como é que foi? Olha o meu dia, eu vim para aqui, trabalhei, sentei, me e escrevi ao computador. E eu digo assim, não quero saber nada dessa história, quero mudas de canal, já não quero saber em cada muda de canal, às vezes mudamos até de conversa. Há há 27 páginas da literatura portuguesa que são muito características e toda a gente se lembra que é AAA caracterização da frente de uma casa chamada ramalhete. 14:24 E na altura, quando tínhamos 1415 anos, a dor achámos que era uma dor. Mas se se recuperarmos isso é provavelmente as coisas mais brilhantes, porque mistura precisamente o que tu estás a dizer, ou seja, uma coisa meramente funcional, não é? É. Esta era a casa e são 27 páginas e, ao mesmo tempo, essa casa é metáfora para o que se vai para o que se vai passar nos capítulos à frente é o. 14:47 Cenário. É EE, mais do que o cenário. É um personagem, não é aquela casa, é uma personagem. Porque os objetos podem ser personagens. Podem? Então não podem? Claro que sim. A Sério? Para mim, sim, claro que sim. Sem falar. Sem falar às vezes, eu prefiro atores que não falam do que com. Atores que? Não, eu digo isto muito dos meus atores. 15:03 É, prefiro filmar te a pensar do que a falar, porque. Porque isso é uma regra antiga do do cinema e da televisão, da ficção para televisão que é mostra me não me digas, não é? As as novelas são reiterativas, porque tem de ser tudo dito. A pessoa entra, diz, faz e pensa a mesma coisa. 15:19 E também não há muito dinheiro para para mostrar com com a qualidade e com é, dá. Há, não há é tempo. Talvez isso seja um sinónimo. Não havendo, se se houvesse mais dinheiro, haveria mais tempo e, portanto, eu acho que ainda assim seria absolutamente impossível alguém humano e mesmo desconfio que o site GPT também não é capaz de o fazer de escrever 300 episódios de uma história. 15:38 Eu estou. Eu estou a pensar aqui. Eu. Eu ouvi alguém a dizer, não me recordo agora quem, infelizmente, que era. Quando quando se faz um roteiro, aquilo que está escrito para se filmar uma determinada coisa, que todos os adjetivos que que lá estão escritos têm que ser mostrados, porque não adianta nada dizer. 15:55 Então entrou agora na cena, EEEE salvou a velhinha, certo? Está bem, mas isso não chega, não é? Sim, eu até te digo, eu, eu prefiro. Regra geral, os argumentos até nem são muito adjetivos, os argumentos, ou seja, o script nem é muito adjetivado. É uma coisa mais prática. Eu acho que essa descoberta está. 16:13 Não sei. Imaginem, imaginem a leres Oo estrangeiro do camus, não é? Tem Montes de possibilidades dentro daquele não herói, dentro daquela vivência, daquela existência problemática. Não é porque não se emociona, et cetera e tudo mais. 16:29 Como é que tu imagina que tinhas um argumento ou um script sobre sobre Oo estrangeiro? Eu acho que seria importante discuti lo profundamente com os atores. Tu fazes isso porque queres ouvir a opinião deles? Quero sempre eu acho que os atores que se os atores e as atrizes que são atores e atrizes, não são meros tarefeiros. 16:52 Qual é o fator x deles? O fator x? Deles, sim. O que é? Eu estou. Eu tive aí uma conversa aqui Na Na, neste, exatamente neste estúdio com com a Gabriela Batista, com a com a com a com a Gabriela Barros. E eu não preciso de saber e não sei nada sobre técnica, mas. 17:09 Eu, eu, eu imagino que qualquer munição que se dei àquela mulher, que ela vai transformar aquilo noutra coisa completamente diferente. O Woody Allen dizia uma coisa muito interessante que Era Eu sempre odiei ler e depois percebi que para conhecer mulheres interessantes, precisava de ler 2 ou 3 livros. 17:27 Para ser um pronto atual à certa. O que é que acontece com a Gabriela? A Gabriela é uma pessoa interessante. Os atores e as atrizes que são atores e atrizes são pessoas interessantes porque são inquietas, porque são atentas, porque percebem, porque conseguem. Conseguem ler não só uma cena, mas as pessoas que estão em cena com elas conseguem ler um realizador, conseguem ler uma história e, sobretudo, perceber. 17:50 Imagina se pensares no rei leão? Muitas vezes a pergunta sobre o que é que é O Rei Leão? As pessoas menos, menos levadas para as histórias dizem, Ah, é sobre um leãozinho. Que sofre? Não, não, não é sobre isso, é sobre família, é sobre herança, é sobre poder, é sobre legado, é sobre. No fundo, é sobre todos os conceitos que qualquer drama shakespeariano ou tragédia shakespeariana também é. 18:14 E, portanto, eu acho que quando tu encontras atores e atrizes a Sério, o fator x é serem interessantes porque têm ideias e porque pensam. Não se limitam a fazer pá. Um ator que se limita a fazer e diz o textinho muito, muito, muito certinho. É um canastal enerva me enerva, me dá vontade de lhes bater. 18:30 Não, não gosto disso, não me interessa. E isso não é sinónimo de desrespeito pelo argumento. É sublimar o argumento ou sublimar o scripta, a outra coisa que não é lida. É fermentar aquilo? Sim, eu diria que sim. É regar? Sim. Olha, eles oferecem te obviamente maneiras de fazer e a interpretação do texto, mas. 18:50 E tu tens a tua parte e a tua parte é aquilo que eu posso te chamar a ética do olhar, que é o teu ponto de vista o ponto de vista como eu queria dizer, como é que tu defines o ponto de vista? Como é que tu escolhes? Se queres fazer uma coisa mais fechada, mais aberta, de cima, de lado, o que é esse? E tu pensas nisso para além da técnica. 19:09 Sim, penso eu acho que o meu trabalho, Oo trabalho do realizador, no geral, é essa filtragem da realidade. Para, para encaminhar. Para encaminhar a história e encaminhar quem a vê ou quem, quem está a ver, para uma determinada emoção ou para uma determinada pergunta ou para determinada dúvida. 19:31 Para lançar de mistério. Enfim, eu, eu tenho. Eu sinto que eu tenho 41 anos, tenho já alguns anos de de realização, mas sinto que estou sempre não só a aprimorar, mas a encontrar melhor. Qual é a minha linguagem. 19:47 O pôr do sol não tem qualquer espécie de desafio do ponto de vista da linguagem. Ele é a réplica de uma de uma linguagem televisiva chata de de planos abertos, o plano geral. E agora vem alguém na porta, plano fechado na porta, plano fechado na reação, plano fechado na EE. Isso para mim, enquanto realizador, não foi um desafio maior. 20:05 Talvez tenha sido o desafio do corte, o desafio. Do ritmo da cena, da marcação da cena. Para, por exemplo. Há uma coisa que eu digo sempre e que é verdade no pôr do sol, sempre que as pessoas pensam, vão para o pé das janelas. Porque é uma cena de novela, não é? Eu vou aqui passar ao pé de uma janela e põem, se encostadas às janelas a pensar, não é pronto. 20:21 Isso tem muita. Influência olhando para o Horizonte? Horizonte longico não é essa aquelas coisas. Portanto, isso tem muita influência dos Monty Python, tem muita influência dos dos dos Mel Brooks, da vida, et cetera, porque eu, porque eu sou fã incondicional de tudo o que surge dessas pessoas. Mas, por exemplo, se me perguntares em relação à série que eu fiz sobre o 25 de abril, o sempre já é outra coisa, já não tem, já não há brincadeira nesse sentido. 20:45 E como é que eu conto? Como é que eu conto a história das pessoas comuns do dia mais importante para mim enquanto português, da nossa história recente para mim? E, portanto, essa filtragem, essa escolha, essas decisões têm a ver com. 21:03 Eu, eu. Eu sinto que sou um realizador hoje, em 2025, final de 2025, sinto que sou um realizador que gosta que a Câmara esteja no meio das personagens. No meio, portanto, não como uma testemunha afastada. Exato, não como uma testemunha, mas como uma participante. 21:18 Pode ser um, pode ser um personagem da minha Câmara. Pode, pode. Eu lembro me quando estava a discutir com o meu diretor de fotografia com o Vasco Viana, de quem? De quem sou muito amiga e que é uma pessoa muito importante para mim. Lembro me de estar a discutir com ele. Como é que íamos abordar a Câmara na primeira série que nós assinámos coiote vadio em nome próprio que se chama, até que a vida nos cepare era uma série sobre uma família que organizava casamentos e eram eram 3 visões do amor, os avós dessa desse casal que tinha essa quinta de casamentos, que vivia também nessa quinta, esse casal de avós, para quem o amor era para sempre o casal principal nos seus cinquentas, para quem o amor está a acabar por razão nenhuma aparente. 21:56 Desgaste, talvez. O amor às vezes acaba e é normal, e em baixo os filhos. Para ela, o amor às vezes, e para ele o amor é um lugar estranho, ou seja, repara. São uma série de aforismos sobre o amor que eu vou ter de filtrar com a minha Câmara. 22:11 Portanto, a maneira como eu filmo uso a voz em que o amor é para sempre está dependente de toque da mão que se dá da dança que se surge no Jardim dele, acordar a meio da noite, sobressaltado porque ela está junto à janela, porque está a começar a sofrer. De uma doença neurológica e, portanto, ele está a sarapantado e vai ter com ela e cobra com um cobertor. 22:31 Portanto, todos estes toques diferentes. No caso do casal principal que se estava a separar, eles nunca param muito ao pé um do outro e, portanto, a Câmara tem de correr atrás de um para alcançar o outro e nunca lá chega. Há uma tensão. Sim, há sempre uma tensão. E depois nos no. No caso dos mais novos, ainda era o mais específico. Mas diria que o Vasco sugere me e se falemos os 2 sobre isto. 22:51 E se a Câmara não for entre pé? E for respirada, não é, não é não é Câmara mão agitada, mas é eu sentir que há uma respiração Na Na lente que ela está um ligeiramente abanada. É o suficiente para, se eu estiver a esta distância da personagem e a Câmara estiver mais ou menos a respirar, eu sinto que eu próprio o espetador. 23:10 Estou sentado naquele sofá a olhar para aquela pessoa, a olhar para aquele, para aquela pessoa, para aquela realidade, para aquela família, para para aquelas ideias, não é? E para essa ideia? Que se tenta explanar, em 3 gerações, o que é o amor? A pergunta mais inútil que eu tenho para te fazer é, o que raio faz um diretor de fotografia num? 23:28 Filme, então o diretor de fotografia, para quem não sabe, é é Quem é Quem. No fundo, comigo decide a estética. Da imagem, a luz, a luz acima de tudo. Eu trabalhei já com vários direitos da sociografia, de quem gosto muito. O Vasco Viana é um deles, o Cristiano Santos é outro, porque é uma porque é. 23:44 Que se gosta de um e não se gosta tanto de outro? Não. Às vezes não tem a ver com isso. Eu não me lembro de um. Talvez em novelas que tenham trabalhado com diretos de sociografia, que, enfim, que foram bons, outros nem tanto. Mas eles constroem uma estética, constroem uma luz, um ambiente. Nas séries, sim. Não é no cinema, sim. 24:00 Na televisão. Acho que é muito complicado porque. Porque se obedece a critérios, sobretudo dos canais. Que vêm com uma frase, quando eu comecei a fazer novelas, ainda estávamos a discutir se a coisa havia de serem 16:9 ou 4 por 3. Portanto, parecia que ainda estávamos a quase na Roménia dos anos 60. 24:16 EEE não estávamos e, ao mesmo tempo, estávamos muito próximos disso. EEE. No fundo, o que o diretor da fotografia faz é essa escolha da cor, da luz, do enquadramento, claro que em concordância com aquilo que eu pensei, mas é a primeira pessoa que consegue consubstanciar. 24:35 A minha visão sobre a história é isso. Olha, OOA, escolha de um plano para filmar é uma escolha moral. Também estava te a ouvir, agora a falar do 25 de abril e de e, portanto, 11. A ideia que tu tens sobre as coisas depois interfere também na maneira como tu escolhes um plano. 24:51 O que é que vais filmar ou como é que vais? Filmar, eu acho que, sobretudo, tem a ver com o eco que a história tem em ti. Não é uma coisa acética nem agnóstica. É uma coisa implicada, não é uma coisa implicada, isto é, se há uma ideia tua enquanto autor. Sobre a história, que vais esmiuçar em imagens, é mais ou menos a mesma coisa. 25:11 Que tu sabes que a Sophia de Mello breyner aprendeu gramática na escola. Eventualmente português teve aulas de português. Suspeitamos que. Sim, pronto. Aprendeu a escrever, mas ninguém a ensinou a fazer poemas. Vem dela. E essa implicação na escolha das palavras, da métrica do soneto ou do verso, et cetera, ou da ou da Quadra, ou, enfim, seja o que for. 25:30 É uma coisa que lhe vem de uma decisão. Não é de uma decisão, nem que seja do espírito, não é? Eu acho que o realizador tem a mesma função quando quando se permite e, acima de tudo, quando se assume como realizador e não um tarefeiro a mesma coisa que o ator. 25:46 Olha, como é que tu estás a falar de ficção? Obviamente, mas a ficção tem um poder secreto que é alterar a realidade ou a nossa perspetiva sobre a realidade ou não. Quando eu vejo, quando eu vejo que tu filmas uma determinada coisa num determinado prisma, com uma determinada ideia, eu, eu já quase não consigo ver a realidade como a realidade é eu, eu, eu já já tenho mais uma camada de tu vais me pondo umas lentes, não é? 26:15 Quer dizer, olha para aqui, olha para acolá. Sim, mas repara, os livros têm o mesmo poder, não é? Desde que tu te deixes contagiar com uma ideia, a arte. A arte, seja ela. Seja ela sobre a forma de uma Mona lisa ou de uma comédia, não é é essa reconfiguração do real para ser percecionada pelo outro. 26:40 E o outro pode se deixar contagiar ou não se deixar contagiar. Imagina que tu não achavas piada nenhuma ao pôr do sol? Há pessoas que não acharam piadinha nenhuma ao pôr do. Sol desligas te não vais ver? Sequer. Mas não vais ver isso? O teu real continua, ou seja, a minha. A minha pretensão com o pôr do sol não é mudar o mundo. Não é mudar, é divertir, me em primeiro lugar e achar que isto pode pode divertir. 27:02 Pessoas pode fazer umas cócegas à moda? Pode fazer cócegas à moda, aliás, pode pôr o dedo na ferida até rir. Estás a ver. Sim, porque depois tu é assim aqui. A história obviamente é engraçada. EE aquilo dá vontade de rir, mas tu gozas com todo o tipo de preconceitos e mais algum que lá estão em cima da mesa. 27:17 Claro. E esse EE aí também se tem de fazer jus ao ao texto que me chega do Henrique dias. Ou seja. Eu, o Rui e o Henrique discutimos a ideia. Eu e o Rui tínhamos uma lista extensa de tudo o que se passa em novelas, quem é a esta hora, quem é que Há de Ser no meu telemóvel, beber copos, partir, copos, cavalos, bem, famílias ricas, et cetera. 27:36 Mas depois o Henrique tem esse condão de agarrar nessas ideias e de algumas de algumas storylines que nós vamos lançando, é pá. E fazer aqueles diálogos que são absolutamente fabulosos, não é? Quer dizer, lembro, me lembrei, me. Lembro me sempre de vários, mas há uma, há um, há um apidar no na primeira temporada, que é talvez o meu plano favorito, que é um dos membros da banda que vem a correr desde o fundo do plano e que cai em frente à Câmara e diz, não, não, eu estou bem. 27:59 Dê me um panado e um local que eu fico logo bué, pronto. Isto é uma coisa muito nossa, muito proximidade, que tem graça porque tu já ouviste alguém dizer isto e pronto. E quando se tem essa, quando se tem essa junção porreira de de sentidos, de humor. 28:17 A tendência é que isso crie, crie qualquer coisa de reconhecimento. O que nós encontrámos com o pôr do sol foi um reconhecimento, é pá, surpreendeu, me surpreendeu me ao máximo e depois açambarcou nos a todos e foi a Suburbano a sobrevoou me de uma maneira assustadora, foi, imagina, eu tive um acidente de Mota pouco tempo depois da primeira temporada acabar, fui ao chão e fiquei, fiquei magoado e fiz me nada de especial, estava no hospital. 28:46 E o enfermeiro chefe dizia, sistema anel, pureza, agora vou pôr aqui um megaze, não sei quê. Ou sistema anel, pureza, não sei quê, mas assim. 11 trato espetacular. Uma coisa muito, muito solene, muito solene, e é. Pá e nas tantas ele estava a fazer o tratamento e disse assim, é pá e vê lá se tens cuidado e eu, espera aí, houve aqui qualquer coisa, houve aqui um problema na Matrix ou então não sei o que é que aconteceu e o gajo diz, desculpe, desculpa, é que eu sou de massamá e eu sei o que é que é cheirar AIC 19, todos os dias que é uma tirada do pôr do sol posso chamar os meus colegas assim? 29:12 O que é que se passa? Entraram para aí 5 ou 6 enfermeiros. Dizer é pá, obrigado. Pelo pôr do sol, por isso é convidada, portanto, Na Na enfermaria. Todo todo arrebentado. E eles todos quando em dia e eu percebi pronto, isto bateu, bateu a um nível de podemos reconciliar a televisão com uma certa cultura pop que teve alguns exemplos extraordinários na comédia ao longo da nossa história. 29:34 Temos o Raul solnado, temos o Herman José, temos Oo Ricardo Araújo Pereira e o gato fedorento, o Bruno Nogueira. Esses. Esse, atualmente, o Bruno Nogueira e o Ricardo Araújo Pereira continuarão a? Fazer são fundações, no fundo, são coisas que a gente olha e diz assim, uou. Eu acho que experimentei um bocadinho disso. Ele experimentava esta equipa, experimentou um bocadinho disso, quando de repente temos pá, um Coliseu de Lisboa cheio para ver uma banda que está a fazer playback. 29:56 Nós fizemos isso com Jesus Cristo, não é? A banda do pôr do sol foi tocar, não tocou nada, ninguém deles. Nenhum dos tocou, não sabem tocar e. Esgotámos OOO Coliseu para ouvirmos uma cassete em conjunto e as pessoas foram. Para participar num episódio ao vivo que não era episódio, não estava a ser. Filmado sequer tu vendeste, tu vendeste uma fantasia que toda a gente sabe que não existia, mas a ideia de comunhão. 30:16 Foi nessa narrativa e eu acho que isto é uma coisa que nos anda a faltar cada vez mais, não é? Nós nós não temos essas comunhões. Tu vês uma série? Ou melhor, é mais frequente teres um diálogo com um amigo e diz assim, pá, tens de ver aquela série, não sei quê, é espetacular, não sei quê quantos episódios, viste? Vi meio, mas é espetacular. 30:32 E já não é aquela coisa de Bora fazer um? Serão lá em casa, em que juntamos amigos e vemos um filme? Como aconteceu antigamente, antes da televisão se alinear? Antes de antes da da televisão te permitir uma ilusão de poder da escolha, não é? Eu agora escolho o que vejo. E a televisão morreu? Nada, não. 30:49 Nem vai morrer. É como a rádio morreu, não é? Quer dizer, a gente volta e meia a rádio a. Rádio a rádio tem mais vidas que um gato. Não é pronto porque a rádio foi ver o apagão, não é? O apagão foi uma. O apagão foi um delírio. Apagou tudo para. Os da rádio? Claro, claro. Evidentemente, isso era o que havia. E isso é extraordinário, porque isso faz, nos faz nos perceber que a volatilidade das das novas tecnologias etcétera, pá, é porreiro, é óbvio. 31:11 Então agora temos aqui 2 telemóveis, estamos anão é? Estamos aqui a filmar. Temos boa parafernália, mas mas. No limite. Naquele momento em que achávamos todos que a Rússia atacar e não era nada disso, o que queríamos era ouvir alguém a falar. Connosco o fenómeno dos podcasts como este é eu, eu dou por mim assim que é. 31:30 Eu gosto de ouvir pessoas à conversa, porque me acalma e me baixa o ritmo do scroll. Há uma. Música, não é? E é EEEE, aprendes qualquer coisa. E por isso é que eu gosto de pessoas. Estás a ver quando eu, eu houve uma vez 11 coisa que me aconteceu que eu acho que que é pá, que eu nunca mais me esqueci, que foi um amigo meu. 31:48 Que, entretanto, nunca mais falámos, é um facto. As histórias foram para os sítios diferentes, mas um dia entrou me para casa, à dentro. Eram para aí 10 da noite e diz me assim, preciso de conversar. E perguntei, lhe mas o Gonçalo de quê? Não, pá de nada, preciso só de conversar. Tens tempo para conversar e eu fiquei. 32:07 Isso é uma grande declaração, isto é. Extraordinário. Pouco tempo depois, estava em Angola a fazer uma série, uma novela. Perdão, uma. A melhor novela que eu fiz na vida é que foi uma novela para Angola, uma coisa chamada jikounisse. E há um assistente meu, Wilson, que chega 2 horas atrasado ao trabalho, é pá e era um assistente de imagem, fazia me falta. 32:25 Ele chega, Ah, presa, peço desculpa, cheguei atrasado e tal só para o Wilson 2 horas atrasado, o que é que aconteceu? Tive um amigo que precisou de falar e eu juro te que me caiu tudo, eu não lhe. Eu quero ter um amigo assim, eu não. Posso, sim. Eu não me lembro disto acontecer em Portugal. 32:42 Para mim, disse. Para mim mesmo, eu não me lembro. De. De. De dar prioridade a um amigo em detrimento do trabalho. Porque o trabalho me paga as contas e os filhos e não sei quê. E o ritmo e a carreira. E eu reconheci me e de repente há um amigo meu que precisa de conversar. 32:58 Estamos a ouvir pouco. Então, não estamos eu acho que estamos. Estamos mesmo muito. Temos mesmo muito a ouvir, a ouvir muito pouco, acho mesmo, acho mesmo. Isso isso aflige me sobretudo porque há um, há um é pá. Eu estou sempre a dizer referências, porque eu, de repente, nestas conversas, lembro me de coisas. O Zé Eduardo agualusa assina 11 crónica, creio no público há, há uns anos, largos da importância de, de, de, de de fazer mais bebés, porque o mundo está tão perdido que só trazendo gente boa, muita gente boa de uma vez em catadupa. 33:29 É que isto melhora e eu acho, essa visão. Uma chuva de. Bebés uma chuva de bebés, mas de, mas de bebés bons, de bebés, inquietos, de bebés que fazem birras pelas melhores razões de bebés, que brincam sem computadores, sem coisas que que se que chafurdam na, na lama, et cetera, fazem asneiras. 33:45 Sim, sim, eu, eu, eu gosto muito de ser pai, mais até do que ser realizador, gosto muito de ser pai e acho que isso é é precisamente por essas, pelos meus filhos, claro que são os meus, mas se tivesse, se houvesse outras crianças. De que eu tomasse conta? Acho que era isso que é. 34:01 Tu perceberes que até uma certa idade nós não temos de nos armar noutra coisa que não ser só crianças. E acho que eu pessoalmente, acho que tenho 41 anos e às vezes sinto uma criança perdida até dizer chega EE, acho que pronto. 34:18 Enfim, o tempo vai adicionando, adicionando te camadas de responsabilidade. Agora temos temos de saber mexer microfones, inverter a água, et cetera, e meter fones, et cetera. Mas, no fundo, somos um bocado miúdos perdidos a quem? A quem se chama pessoas adultas porque tem de ser, porque há regras, porque há responsabilidades e coisas a cumprir. 34:35 Acho que só o Peter Pan é que se conseguiu livrar dessa ideia de poder. Crescer, coitado. Já viste? Pois é mesmo o Peter Pan sem andar com aquelas botas ridículas também. Exato. EE, qual é? Sabemos. E o capitar, não é? Pensando bem, a história dramática é o que quando estás com neuras a tua vida é um drama refugias te na comédia fechas te de ti próprio. 34:55 Não queres falar com ninguém? Quando estou com. Que é frequente é. Frequenta é? Então, o que é que te bate? O que é que te faz o. Que me bate é nos dias que correm e não só não conseguir tocar à vontade na minha função enquanto artista. 35:15 Isto eu vou te explicar o que é. Os artistas não precisam de ser de um quadrante político ou de outro. Eu eu sou de esquerda, assumidamente de esquerda. EEE, defenderei até à última este esses ideais. Ainda à esquerda, direita. Há, há, há. Eu acho que há, há. É cada vez menos gente com quem se possa falar de um lado e de outro. 35:32 Há uma. Polarização sim, sim, porque porque, enfim, isso são são outras conversas, mas o os artistas, no meu entender, estão a perder a sua perigosidade isso enerva me, ou seja, eu às vezes sinto que não estou anão, não estou a transgredir. 35:49 Não estou a ser perigoso, não estou a questionar, não estou. Estou a ir ao sabor de uma coisa terrível, que é ter de pagar as minhas contas. É o rame. Rame mais do que isso é eu deixar me levar pela corrida que é. Tenho de ter mais dinheiro, tenho de conseguir a casa, tenho de conseguir a escola dos putos tenho, não sei quê. 36:07 Devias ser mais um moscado, aquele que que dava umas picadelas aqui à. Eh pá devia questionar. Devia. Os artistas são se nasceram para isso e eu se me se eu me considero artista e às vezes isso é difícil. Dizer isso de mim, de mim para comigo. Eu imagina o Tiago Pereira, o Tiago Pereira que anda AA fazer um acervo da música portuguesa, a gostar dela própria, pelo pelo país todo, com gente antiga, com gente nova, com com gente toda ela muito interessante. 36:36 A importância de um Tiago Pereira no nosso, no nosso país, é é inacreditável. Quantas pessoas é que conhecem o Tiago Pereira? E, pelo contrário, não estamos focados Na Na última Estrela do ou do TikTok ou do big Brother ou de outra coisa qualquer. 36:51 Até podia ser uma coisa boa, estás a ver? Ou seja. Complementar uma coisa e outra. Sim, ou seja, eu, eu. A coisa que mais me interessa é saber quem é que com 20 anos, neste momento está a filmar em Portugal e há muita gente boa. Tu vês os projetos da RTP play e da RTP lab? E é gente muito interessante. Então, e porque é que? 37:06 Nós não estamos a estornar essa gente? E a e a potencial? Porque, porque a corrida? É mais importante, ou seja, tu queres a. Corrida dos ratos Na Na roda. É e é coisa de chegar primeiro, fazer primeiro, ganhar mais que o outro, não a solidariedade é uma, é uma fraqueza AA generosidade é uma fraqueza aplaudires alguém que é teu par é mais, é mais um penso para a tua inveja do que propriamente uma coisa de quem é que ganhamos? 37:34 Todos vamos lá. OOOO rabo de peixe, por exemplo, é um é um caso lapidar nesse sentido. Que é o rapaz? É extraordinário. É extraordinário neste sentido, eu? Posso? A primeira série é uma pedrada No No charco, que é uma coisa mágica o. 37:50 O Augusto Fraga, que é uma pessoa que eu, de quem eu gosto bastante e conheço o mal, mas gosto bastante, assina uma série que a primeira coisa que foi vista sobre essa série, ainda que estivéssemos a com 35000000 de horas ou 35000000 de horas, sim, vistas por todo o mundo. 38:08 Ah, não sei quantas pessoas, minhas colegas, tuas colegas, enfim, colegas de várias pessoas que estão a ver este mote caso dizem assim, ó, mas eles nem sequer fizeram o sotaque açoriano. Ah, e aquela e aquela ideia de não contrataram só atores açorianos? Pronto, sim, vamos ver uma coisa, porque porque é que vamos sempre para essa zona precisamente por causa da corrida, porque isto é importante. 38:32 A inveja é lixada? Nada. Fraga sim, a inveja é lixada e mais do que isso, esta inveja. É patrocinada pelo sistema, o sistema, o sistema sublima. Quando nós achamos que quem, quem, quem é nosso inimigo é quem faz a mesma coisa do que nós, nós temos menos de 1% para a cultura neste país. 38:50 E quando há dinheiro, quando há dinheiro, nós andamos a tentar queimar o outro para conseguirmos chegar ao dinheiro, ou seja, perante as migalhas. Nós não nos organizamos, a dizer assim. Pá a mão que está a dar as migalhas é que está errada. 39:05 Não. O que acontece é não. Mas eu já discutimos isso. Primeiro eu preciso de de amoedar as migalhas para mim e depois então discutimos, é uma. Corrida mal comparado de esfomeados. É, mas em vários. Mas é. Não estou a ver só na cultura, não é? Não é só na cultura. E. Já dizia o Zé Mário branco, arranja me um emprego. 39:22 O Zé Mário branco dizia tanta coisa tão mais importante, tão tão tão importante nos dias que correm, o Zé Mário branco, enfim. Mas eu até diria que isto, que este país que é pequeno. Que é pequeno em escala. Que é pequeno, que é pequena escala. 39:39 Podia ver nisso uma vantagem. Podíamos ver nisso uma vantagem, porque eu acho que o país somos nós e acho que as pessoas não. Não temos essa noção, não é EE essa e essa noção de que não dedicamos tempo suficiente a estarmos uns com os outros e de ligarmos as peças boas e de tornar isto uma coisa mais interessante, claro. 39:57 Interessa me, interessa me. Muito há uma cultura de mediocridade, não? Isso eu acho que não, o que eu acho é que há. Ou melhor, como é que se compatibiliza esse essa corrida dos ratos na roda, em busca da última migalha com coisas de excelência que subitamente aparecem? 40:13 Eu acho que quando tu sentes que isso é um acidente, rapaz, isso é um acidente, não é? É um acidente. Antes tinha tinha havido o Glória e nós tínhamos achado. Tio Glória era a primeira coisa da Netflix. Parece um bocado aquela coisa de o ator que é pá. 40:29 Eu sou um grande ator. Eu fiz uma formação no Bahrain para aprender a ser a fazer de post. Foi uma formação de meia hora, chega cá e dentro e vai dizer assim, é pá. Este gajo é bom meu. O gajo esteve no barrain. Vende-se bem este. Gajo é bom, não é? E de repente não. Ele esteve no barém a fazer de post e é melhor do que um puto que veio da PTC ou 11 miúda que veio da STCE está a tentar vingar. 40:50 Eu tive agora uma conversa por causa da da dos encontros da GDA para para o qual foi foi gentilmente convidado e foi foi incrível estar à conversa com Malta nova. Não é assim tão nova quanto isso, mas Malta entre os 25 e os 35 anos, atores e atrizes, em 4 mesas redondas em que IA assaltando eu, o António Ferreira, a Soraia chaves e a Anabela Moreira, é pá EEAEA dúvida é a mesma de que se houvesse uma mesas redondas de veterinários, de veterinários ou de médicos, ou de ou de assistentes sociais, que é como é que eu começo isto? 41:20 Como é que eu faço isto? Qual é o percurso, onde é que está? O repente GDA faz uma coisa incrível que é, vamos pôr as pessoas a conversar. É um bom início, pá, é um. Excelente início. E nós não andamos a fazer isso, não andamos a fazer isso, por mais associações que haja, por mais coisas, et cetera. E há gente a fazer este, a tentar fazer este trabalho. 41:38 Não há um sindicato da minha área que funcione. O sindicato dos criativos pode ser então? O sindicato, o Sena, o sindicato Sena. As pessoas queixam se que não é um sindicato, mas não estão nele. Quando eu digo que não há um sindicato, é o sindicato, existe. As pessoas é que não vão para lá e queixam se das pessoas que lá estão. 41:55 Isto não faz sentido nenhum. Ou seja, nós estamos sempre à espera que nos dêem. Mas é aquela coisa velha, essa coisa que foi o Kennedy, que disse não é não, não perguntes. O que é que o teu país pode fazer por ti? Pergunta te, o que é que tu podes fazer pelo teu? Portanto, não temos uma mecânica por um lado de devolução à sociedade daquilo que nós estamos AA receber e, por outro lado, de de agregação, num interesse comum, ou numa imaginação comum, ou em alguma coisa que podemos fazer juntos. 42:17 Eu, eu acho que, sobretudo, tem a ver com celebramos? Não, acho que não. Até porque é tudo uma tristeza, não? É, não, não, não. Eu acho que é assim. Eu acho é que é tudo muito triste porque não nos celebramos. Porque há razões enormes para nos celebrarmos, há razões mesmo boas, para nos celebrarmos. Bom, mas eu não quero deprimir te mas um tipo que chuta 11 coisa redonda de couro e que acerta numa Baliza é mais valorizado do que um poeta que escreveu o poema definitivo sobre o amor ou sobre a vida? 42:43 Mas isso, pão e circo? Isso pão e circo. E isso a bola também é importante. E está tudo bem? Eu sou. Mas tão importante. Não é? Porque eu eu gosto de futebol, gosto. Eu gosto de futebol, sou um, sou um. Sou um fervoroso adepto da académica de Coimbra e do. Falibana do Benfica, da da académica, sou da académica. 43:00 Está péssima, não é? A académica está terrível, mas é isso. Ou seja. Eu acho que tem, Maura continua, tem? Maura, claro. E terá sempre. Eu sou, sou, sou da briosa até morrer, mas. Mas de qualquer das maneiras, sinto que essa coisa que é, há espaço para tudo. Eu acho que eu o que faz falta? E animar a Malta? 43:17 É educar a Malta? É educar a Malta. Faz muita falta. Eu acho que faz muita falta a educação neste país. E isso tem a ver com política, tem a ver com escolhas, tem a ver com coragem. EAAA educação não tem sido muito bem tratada nos últimos tempos. 43:35 Se há gente que se pode queixar são os professores e os. Alunos, porque nós só descobrimos daqui a 10 anos ou 20 que isto não correu bem. Claro, mas já estamos a descobrir agora, não é? Depois, já passaram algum tempo sim. Quais é que são as profissões de algumas das pessoas que estão no hemiciclo que tu reconheces profissões não é? 43:52 De onde é que vêm? Vêm das jotas vêm. São juristas, normalmente economistas, certo? Mas um médico. Há um ou 2? Há um ou 2, há alguém que tu, um professor? Deixa de ser atrativo. A política devia ser essa coisa de eu reconhecer. 44:10 Figuras referenciais. Os melhores entre nós que que escolhidos para liderarmos, sim. Escolhidos por nós. Ou seja, porque é que eu acho isto? Mas eu acho isto desde sempre, sempre, sempre. Eu sei isto. Aliás, eu venho de uma casa que é bastante politizada. A minha casa, a minha família é bastante politizada. O apelido. 44:27 De pureza não engana. Pois não engana. Às vezes acham que ele é meu irmão, mas é meu pai. EE pá é um gajo novo. De facto, é um gajo novo. Mas é isso que é caneco. Quem são estas pessoas? Porque é que eu vou votar nestas pessoas, estas pá. A prova agora de Nova Iorque não é 11 Mayer de 34 anos, chamado zoranmandani, que de repente ganha as eleições sem os mesmos apoios, que teve outro candidato. 44:50 Não houve Bloomberg, não houve Trump, não houve nada. Houve um tipo que veio falar para as pessoas e dizer lhes o que é que vocês precisam, de que é que precisam, o que é que vos aflige, de que é que têm medo, que sonhos é que vocês têm? Isso é tão importante e tão raro. 45:06 Afinal, o método que funciona sempre não é fala com pessoas, conta uma história ou houve cria uma expectativa? Olha, porque é que o humor explica tão bem o mundo? Eu sei, também há o choro, porque é que o humor explica tão bem? Porque tudo pode ser ridículo. E é e é tão ameaçador, não é? 45:22 Claro, claro, claro. Olha o Rio, vai nu. Exatamente tal e qual tem a ver com isso, não é? E mais do que isso, é eu, eu acho. Eu sinto que nós vivemos num país que não tem assim tanto sentido de humor. E explico porquê nós não nos rimos tanto de nós. Rimos mais dos outros quando nos rimos de nós? 45:39 É é tipo, Ah, então, mas mas estão a falar de mim. Rimos de escárnio. Sim, os os melhores, as melhores pessoas, as melhores pessoas portuguesas a terem sentido humor são os alentejanos. Porque são eles que têm as melhores notas sobre eles. Que eles próprios contam? Exatamente quando tu tens um. 45:54 Eu não sou lisboeta, portanto, posso dizer mal à vontade de vocês todos que estão a ouvir. Quando o lisboeta disse assim também. Sou alto minhoto, portanto, já estamos. Estás à vontade, não é pronto quando o lisboeta disse. Tudo que seja abaixo, abaixo, ali do cavado é soul. É soul? Exatamente. Está resolvido, pá. A minha cena é coisa do quando o lisboeta diz, tenho aqui uma nota sobre alentejana dizer, Hum. 46:11 A minha família toda alentejana, pá. Não, não acho que acho que não é bem a coisa eu diria isso, ou seja, porque é que o amor explica tão bem o mundo, explica no sentido em que, de facto, isto esta frase não é minha, é do Henrique dias. E ele acho que acho que ressintetiza isto muitíssimo bem. O argumentista do pôr do sol, que é tudo, pode ser ridículo. 46:28 O gajo da bola de couro, um círculo de de de couro que é chutado para uma Baliza, é tão ridículo como é eventualmente alguma. De algum ponto de vista sobre a religião, sobre a política, sobre a economia, sobre os cultos? 46:46 Não é os cultos pessoalizados em líderes que de repente parece que vêm resolver isto tudo e são ridículos. Quer dizer, são ridículos acima de tudo. O mito do Salvador da pátria. O mito do Salvador da pátria não é? Depois ficou substanciado em 60 fascistas. Isso é para mim. Era expulsos ao ridículo. 47:02 Incomoda os imensos. Mas a gente já viu isto em vários momentos, desde momentos religiosos até momentos políticos que é. E este vem lá ao Messias, vem lá ao Messias. E o cinema português também. O próximo filme vem sempre salvar isto tudo. E é só um filme percebes o que eu estou a dizer? Ou seja, não. 47:18 Este é que é o filme que toda a gente vai ver e vai rebentar com as Caldas. Não, não tem de ser assim, é só um filme. Só me lembro da Branca de Neve, do João César Monteiro, não é que filmou uma coisa para preto, para negro? Sim, mas mais do que isso, estava a falar de termológica comercial que é, os exibidores estão sedentos? 47:35 Que venham um filme que faça muitos números e que salve o cinema, et cetera. A pressão que se coloca, se fosse fácil fazer um filme desses, até eles próprios administradores teriam ideias. Sim, faz mesmo. A campanha viral lembro me sempre é. Faz uma coisa que vai ocupar toda a gente vai falar exatamente e que vai ser uma coisa. 47:51 Extraordinária. Um escândalo, no melhor sentido. Não sei quê, não sei quê e depois não acontece porque não é assim que as coisas não é, as pessoas não vão, não vão. Nessas modas, aliás, as pessoas estão cada vez mais dentro. O paradoxo é que as pessoas estão cada vez mais exigentes. O que é bom? Sim, mas dentro desta lógica que temos falado, que é tiktoks, et cetera, volatilidade é uma coisa superficial e de repente já nem tudo cola. 48:12 O humor repara o humor. O Bruno Nogueira, por exemplo, é um bom exemplo disso que é o Bruno Nogueira faz 111 programa extraordinário vários. Faz os contemporâneos, faz o último a sair, depois faz o princípio meio e fim, que é uma coisa arrojadíssima. Sim, ele faz coisas sempre diferentes. 48:28 Não é ele. Ele. Ele quebra os padrões sempre. Mas se reparares agora, neste, no, no, no ruído, ele já não é a mesma coisa. É um programa de Sketch que tem lá uma história que num tempo distópico em que. Sim, mas aquilo resolve se a um conjunto de de Sketch e as. 48:45 Pessoas aderiram massivamente, portanto, eu acho que isto é assim. A roda vai dando voltas. Depois voltamos um bocado à mesma coisa. O Herman, por exemplo, o Herman que é um dos meus heróis da televisão. O Herman andou por todas essas ondas e agora está numa onda de conversa e tudo mais. 49:04 E continua a ter imensa. Graça mas ele pode fazer tudo o que? Quiser, não é? Pode. Chegou este mundo do mundo para poder fazer tudo. Sim, talvez não chegue a todas as gerações como chegava. Não é dantes. Eu lembro me, por exemplo, No No no célebre Sketch da da última ceia, não é? 49:20 Ele chegou a todas as gerações, houve umas gerações que odiaram isso foi incrível, eu adorei, eu adorei esse momento iá, e ele é também um dos meus heróis por causa desse momento, porque, porque, enfim, porque qual que lá está transgressor, perigoso artista? 49:38 O Herman é tudo isso sim. Pode a qualquer momento fazer dinamitar isto olha fora o humor, tu tens, posso chamar lhe maturidade emocional entre o felps e os infanticidas. O que, o que muda no teu olhar quando quando tu transpassas da comédia para, para, para o drama, o humor e a dor são são irmãos. 49:58 O sim, diria que sim, mas mais do que isso, é há coisas que me que me inquietam, não é? Eu com 41 anos e 3 filhos, EEE uma história já muito porreira. O que? É que te inquieta. Várias coisas. Olha esta coisa da do dos artistas, esta coisa da sociedade portuguesa, esta coisa de o que é que é ser português em 2025, o que é que é ter 41 anos em 2025? 50:21 A amizade, a amizade inquieta me há amigos que desaparecem e não é só porque morrem, há há. Há outros que desaparecem porque. Perdemos lhe o rasto. Ou isso, ou porque nos zangamos EEA coisa vai de vela e é assim. E a vida é dinâmica e. E às vezes questiono, me, não é? 50:37 Questiono me sobre quanto é que vale uma amizade, por exemplo, os enfatisídeos é sobre isso, não é? Ou seja, 22 amigos de 2 amigos de infância que aos 17 anos dizem, se aos 30 anos não estivermos a fazer aquilo que queremos fazer, matamo nos daquelas promessas adolescentes e de repente um deles apaixona se e casa se. 50:57 E ele às vezes não quer morrer e a amizade vai à vida. E aquele que ficou para sempre com 17 anos, que sou um bocado eu, não é? Porque eu acho os problemas aos 17 anos é que são os verdadeiros problemas da existência humana. Os outros são chatices da EDPE da epal estás a ver isso? São outros chatices pagar as contas, pagar contas é só isso, porque tudo o resto é só o que é que eu estou aqui a fazer? 51:17 Porque é que eu me apaixonei, porque é que ninguém gosta de mim, porque é que essas coisas são tão ricas, são tão boas de testemunhar eu tenho. Tenho um exemplo incrível de ter 11 filho extraordinário chamado Francisco, que tem 14 anos e que tem umas inquietações muito. 51:34 Muito boas pá, muito, muito poéticas, muito. É uma idade difícil. E boa. E tão boa. E tenho. Tenho muita sorte. Francisco é um miúdo incrível. Mas mesmo que não fosse, eu diria assim. Para ele e tu e tu estimulas ou acalmas as ânsias dele. Eu eu acho que sou eu e a mãe dele, acho que somos estimuladores da sua, das suas várias consciências, social, política, artística. 52:02 Mas temos uma, o respaldo que encontrámos naquele naquele ser humano, foi maior do que qualquer um incentivo que nós pudéssemos dar. Ou seja, nós lançámos um bocadinho, as paisadas para os pés dele e ele de repente floresceu. E é hoje em dia uma pessoa é um ser humano extraordinário e pronto. 52:19 E eu costumo dizer aos meus amigos que o primeiro filho muda a nossa vida, o segundo acaba com ela, uma terceira. Esta turística, sim, é pá. Eu acho que os 3 deram um cabo da minha vida. É uma dinâmica diferente, não é? 3. É, é ainda por cima estão os passados, não é? Um tem 14, outro tem 3, outro tem 1 ano e meio e para o ano provavelmente quero ter mais um filho, porque acho que é lá está eu estou com água, luz a tatuar aqui, algures, portanto, tu. 52:43 Vais salvar o nosso problema de de de naturalidade e demográfico. Eu espero que sim, eu já sou Oo chamado povoador dos olivais. Portanto, vão para sim, sim, olha o que é que te falta fazer para fecharmos o que é que anda o que é que andas a escrever o que é que anda, o que é que te anda a inquietar o que é que te anda aí a. 53:01 Debaixo do teu olho. Olha, estou concorri a uma bolsa para escrever um livro. Pode saber sobre o quê? Sim, sim, é um filme que eu não, que eu não tenho dinheiro para fazer e, portanto, vou fazer o livro. E depois pode ser que o livro reúna. E os bons livros dão sempre grandes filmes. 53:17 Ao contrário, os maus livros, eu sei que eu sei que vou ser fraquinha e, portanto, os maus livros dão bons filmes, os bons livros. Portanto, a tua expectativa é que o livro seja mau que é um grande filme? Sim, sim, não. Mas pelo menos seja seja livro. Isso é importante. Eu gosto imenso de livros. Gosto imenso de ler. É das coisas que eu mais gosto de fazer, é de ler. Fiz isso candidatei me EE. 53:33 Entretanto, estou a preparar uma série de outro género, completamente diferente, que é uma série de de fantástico de terror, escrita por 5 amigos, de que eu tenho muita estima. Por quem tenho muita estima, o Tiago r Santos Oo Artur, o Artur Ribeiro, o Luís Filipe Borges, o Nuno Duarte e o Filipe homem Fonseca. 53:51 Que é uma série chamada arco da velha, que terá estreia na RTPE, que se passa entre Portugal e a galiza e também vai ter uns toques de Brasil. E estou também a preparar outro projeto lá mais para a frente, que é provavelmente os projetos que eu mais quero fazer na vida até hoje, que estou a desenvolver com a Ana Lázaro, com a Gabriela Barros e com o Rui Melo. 54:13 É impossível falhar, já ganhaste. Completamente impossível falhar porque esta ideia original é da Gabriela e do Rui. Ei, e eles vieram ter comigo. E eu fiquei para já muito conten

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    Presente Diário
    Retribuição

    Presente Diário

    Play Episode Listen Later Nov 26, 2025 3:12


    Devocional do dia 26/11/2025 com o Tema: “Retribuição” Trabalhei durante diversos anos em uma escola e, por lá, tive contato direto com muitas pessoas. Algumas vi engatinhando e retornando tempos depois com a vida feita e o coração cheio de gratidão. Foi assim que, recentemente, recebi em minha casa um ex-aluno. Fiquei imensamente feliz quando ele chegou, me deu um abraço e um presente como um símbolo de reconhecimento por todo apoio e ensino desde sua infância e adolescência. LEITURA BÍBLICA: Romanos 15.26-27 Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a vocês (Rm 12.10).See omnystudio.com/listener for privacy information.

    Economia
    Portugal oferece treinamento a imigrantes em profissões com falta de mão de obra

    Economia

    Play Episode Listen Later Nov 26, 2025 7:06


    Em um contexto de leis de imigração cada vez mais restritivas em Portugal, uma iniciativa se destaca pela formação e integração de imigrantes. O programa Integrar, uma parceria entre o Departamento Nacional de Turismo, a confederação patronal do setor de hotéis, bares e restaurantes e a AIMA (Agência de Imigração e Asilo), visa formar um total 1.000 pessoas até o fim do ano para trabalhar nesses estabelecimentos. Com informações de Theo Raizon, da RFI O objetivo é selecionar estrangeiros, em situação legal ou em processo de regularização, para encontrarem emprego num setor que precisa de mão de obra. Na Escola de Hotelaria e de Turismo de Lisboa, acompanhamos uma aula sobre ovos. Laura, 34 anos, é angolana e aluna do curso de formação do programa Integrar. Ela não conseguiu emprego na sua área, psicologia do esporte, e teve de se requalificar. "Organizar minha documentação levou tempo. Por isso, recorri a este estágio. O que não é um problema, porque eu adoro cozinhar. Mas sem isso, seria difícil, porque a vida é complicada. Se você quer ficar aqui e não tem um emprego que lhe agrade, é difícil. O que eu amo são pratos quentes. Eu não tinha experiência, estou descobrindo, e é fascinante!", diz. Laura estava prestes a voltar para Angola e ficou feliz com a oportunidade. Ela faz um alerta a outros interessados em viver no país. "Não venha com visto de turista se pretende ficar no país. Venha com visto de estudante, visto de trabalho ou com uma situação que o ajude a evitar armadilhas. Imigrar já é difícil... Mas se não tiver o visto certo, ficará preso numa série de problemas, sem conseguir obter a documentação adequada ou regularizar a sua situação," diz. A jovem angolana é uma das 1.000 pessoas selecionadas para receber formação em turismo, hotelaria e gastronomia: três meses numa das 12 escolas de hotelaria de Portugal e um mês de estágio em uma empresa. Um programa que poderia parecer comum se não fosse pelo seu público-alvo específico. A motivação é fundamental, acredita João Antunes, instrutor de culinária. "São pessoas altamente motivadas. O que noto nestes grupos é que são pessoas muito interessadas. Pessoas mais velhas, com mais experiência de vida, que aproveitam estas oportunidades que lhes são oferecidas. É valorizado porque se vê claramente a vontade deles de aprender", destaca. O Hotel Vila Galé Ópera, em Lisboa, é um dos 329 estabelecimentos parceiros do programa Integrar. Foi no restaurante do hotel que Raas, um indonésio, encontrou o seu lugar. Até então, ele tinha se contentado com trabalhos temporários. "Em Portugal, como indonésio, é difícil encontrar emprego por causa do idioma. Então, procurei um instituto que ensinasse português. Comecei o estágio há três ou quatro meses e agora falo um pouco de português. Antes, eu só podia comer em lanchonetes de fast food", conta. Raas está feliz. Ele é um dos 15 estagiários do programa Integrar a serem contratados em regime permanente — uma raridade na indústria hoteleira. Contrato permanente "Um contrato permanente oferece segurança. Tem um período de experiência e depois eles são efetivados aqui no hotel, e isso lhes dá segurança e a possibilidade de alugar um apartamento, comprar uma casa, fazer um empréstimo no banco", explica Victor Ferreira, o gerente assistente do Vila Galé Ópera. O hoteleiro, assim como seus colegas, enfrenta uma rotatividade significativa no setor. Poucos funcionários se comprometem a longo prazo. "É muito difícil ter funcionários fixos a longo prazo, porque eles precisam trabalhar no fim de semana, no mês de agosto, quando todo mundo vai à praia, e isso é difícil", acrescenta. Os salários também são alvo de críticas em um setor exigente. No Hotel Vila Galé Ópera, Raas, que está apenas começando, ganha 1.200 euros brutos por mês, o que representa 330 euros a mais que o salário mínimo — aproximadamente R$ 7.400. Catarina Paiva é responsável pelo programa Integrar, junto à Autoridade Nacional de Turismo. Ela considera o treinamento um sucesso e se mantém distante do debate político sobre imigração. "Temos uma visão otimista e muito positiva da integração dos migrantes em nosso setor. Como eu disse, não queremos nos envolver no debate político. Nosso papel é garantir que aqueles que obtêm status legal tenham a oportunidade de construir uma carreira. Trata-se de garantir as condições necessárias para que as pessoas possam ser formadas em todo o país e de prestar apoio personalizado a quem estiver determinado a viver em Portugal", afirma. O programa Integrar pode servir de exemplo a outros setores. "O objetivo final do programa, e ficaríamos muito felizes se fosse alcançado, é a sua replicação. Gostaríamos de aproveitar o sucesso da nossa experiência para que sirva de modelo a outros setores profissionais capazes de integrar migrantes", conclui.  A parceria inédita entre o Departamento de Turismo de Portugal, empresários do setor e a agência de imigração será renovada em 2026. Isto representa um investimento de € 5 milhões para formação profissional no país. 

    Sky News - Paul Murray Live
    Paul Murray Live | 25 November

    Sky News - Paul Murray Live

    Play Episode Listen Later Nov 25, 2025 49:56 Transcription Available


    AI-driven chaos during Trump’s 2020 loss sparks calls for urgent FOI reform, Jim Chalmers warns inflation could jump ahead of tomorrow’s data. Plus, the 2026 Census expands with new gender and sexuality questions.See omnystudio.com/listener for privacy information.

    Colunistas Eldorado Estadão
    Eliane entrevista o senador Rogério Marinho (PL-RN)

    Colunistas Eldorado Estadão

    Play Episode Listen Later Nov 25, 2025 29:08


    O Partido Liberal resolveu apostar no discurso de que a prisão de Jair Bolsonaro é fruto de “intolerância religiosa” e quer retomar a mobilização pela anistia para tentar livrar o ex-presidente da cadeia. A legenda reuniu cerca de 50 parlamentares federais em Brasília na tarde de ontem para debater o tema após Bolsonaro ser preso preventivamente no sábado por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, após ter tentado violar a tornozeleira eletrônica que usava em prisão domiciliar. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente Flávio, Carlos e Renan, estavam presentes no encontro, convocado pelo presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto. Após a reunião, que durou cerca de duas horas e meia, Flávio, que foi escolhido porta-voz do pai, anunciou que agora o “objetivo único é a aprovação do projeto de anistia”. A matéria, que foi rebatizada de “PL da Dosimetria”, apenas para reduzir penas e descartando a anistia, está parada na Câmara. Em entrevista à Rádio Eldorado, na coluna de Eliane Cantanhêde, o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, disse que haverá “pressão legítima” para a retomada do texto original que tratava da anistia. Ele também contestou a alegação de risco de fuga de Bolsonaro, citada na decisão de Alexandre de Moraes pela prisão preventiva do ex-presidente. “Não existe fuga. Foi um subterfúgio. Na decisão de 17 páginas só tem um parágrafo sobre a tornozeleira. Dois preceitos constitucionais básicos foram atacados: a liberdade religiosa e o direito de reunião”, afirmou. Questionado por Eliane, Marinho negou que o ex-presidente tenha articulado um golpe de Estado.See omnystudio.com/listener for privacy information.

    Eliane Cantanhêde responde
    Eliane entrevista o senador Rogério Marinho (PL-RN)

    Eliane Cantanhêde responde

    Play Episode Listen Later Nov 25, 2025 29:08


    O Partido Liberal resolveu apostar no discurso de que a prisão de Jair Bolsonaro é fruto de “intolerância religiosa” e quer retomar a mobilização pela anistia para tentar livrar o ex-presidente da cadeia. A legenda reuniu cerca de 50 parlamentares federais em Brasília na tarde de ontem para debater o tema após Bolsonaro ser preso preventivamente no sábado por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, após ter tentado violar a tornozeleira eletrônica que usava em prisão domiciliar. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente Flávio, Carlos e Renan, estavam presentes no encontro, convocado pelo presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto. Após a reunião, que durou cerca de duas horas e meia, Flávio, que foi escolhido porta-voz do pai, anunciou que agora o “objetivo único é a aprovação do projeto de anistia”. A matéria, que foi rebatizada de “PL da Dosimetria”, apenas para reduzir penas e descartando a anistia, está parada na Câmara. Em entrevista à Rádio Eldorado, na coluna de Eliane Cantanhêde, o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, disse que haverá “pressão legítima” para a retomada do texto original que tratava da anistia. Ele também contestou a alegação de risco de fuga de Bolsonaro, citada na decisão de Alexandre de Moraes pela prisão preventiva do ex-presidente. “Não existe fuga. Foi um subterfúgio. Na decisão de 17 páginas só tem um parágrafo sobre a tornozeleira. Dois preceitos constitucionais básicos foram atacados: a liberdade religiosa e o direito de reunião”, afirmou. Questionado por Eliane, Marinho negou que o ex-presidente tenha articulado um golpe de Estado.See omnystudio.com/listener for privacy information.

    Boa Noite Internet

    O ano já está chegando ao fim e, como era de se esperar, a inteligência artificial apareceu de novo na conversa. Dessa vez, chamei a Ana Freitas pra um papo sobre IA — mas com uma proposta: nada de hype vazio, nem previsão de fim do mundo. A gente quis entender, com os pés no chão, o que realmente muda na vida das pessoas agora que essas ferramentas estão em toda parte. A Ana trouxe uma ideia daquelas de alugar triplex na minha cabeça: a IA, no fundo, tem esse poder de puxar todo mundo pra média. Quem é ruim em alguma coisa pode parecer melhor com a ajuda da máquina, e quem é excelente, se não souber usar direito, pode acabar ficando... só ok.Falamos também de um medo mais profundo, que não é da tecnologia em si, mas do que o capitalismo vai fazer com ela — a partir do papo que tive este ano com o Ted Chiang. E de como, talvez por isso, a gente só sabe imaginar futuros distópicos com robôs e algoritmos — e nunca utopias. Falta sonhar melhor. Falta disputar esse futuro. Foi daqueles episódios que começam falando de ferramentas e terminam em filosofia de bar, com direito a Black Mirror, Spore e simulações do universo. Ou seja: minha cara.No final, aproveitamos para falar do IA em curso — conhecimento à prova de futuro, uma comunidade que criamos para continuar esse papo de forma prática e constante — e explicamos por que não é só um curso. Tem mentoria quinzenal comigo e com a Ana, grupo de troca no Telegram, recursos comentados e um monte de conversa boa pra quem não quer só entender IA — mas aprender a viver com ela.Ainda por cima, mostramos como somos os piores vendedores do mundo, sem saber ser coach e vender fórmulas mágicas e certezas. É o nosso jeitinho, espero ver você lá. This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe

    Colunistas Eldorado Estadão
    Eliane: "Brasil perde muito de sua força de negociação com EUA"

    Colunistas Eldorado Estadão

    Play Episode Listen Later Nov 21, 2025 22:19


    O presidente dos Estados Unidos,Donald Trump, assinou uma ordem executiva nesta quinta-feira, 20, retirando a tarifa adicional de 40% imposta a diversos produtos brasileiros, em meio aos avanços nas negociações entre os dois países. Na prática, a decisão retira a sobretaxa de itens importantes para o setor exportador do País. "Foi uma decisão que o norte-americano tomou por causa da pressão doméstica - ele tinha que dar uma resposta à inflação. Então também foi algo bom para ele. O Brasil perde muito de sua força de negociação, porque nosso forte são exatamente os produtos que causam inflação nos EUA. Então como fica o tarifaço no setor industrial? Somos um grande exportador nessa área e, agora, sem outro trunfo de negociação, vamos ter de pagar mais caro no uso de terras raras e vai encarecer a negociação do etanol", analisa Eliane.See omnystudio.com/listener for privacy information.

    Histórias para ouvir lavando louça
    Minha pele sangrava todo dia por conta da Dermatite Atópica

    Histórias para ouvir lavando louça

    Play Episode Listen Later Nov 21, 2025 4:41


    Foi na fase adulta que a Camila descobriu o nome do que a acompanhava desde criança. Antes disso, era só “alergia”. Só coceira. Só pele machucada. Mas nada disso era “só”. A doença Dermatite Atópica atravessou sua autoestima, seu corpo e o modo como ela existia no mundo. E, por muito tempo, ela acreditou que precisava se esconder.A pele da Camila sangrava, ardia, rachava. Manchava lençóis, camisetas e até o que ela pensava sobre si mesma. Pela manhã, varria o quarto como quem recolhe restos de si: pele morta acumulada no chão, uma lembrança de tudo que ela perdia enquanto dormia. No ônibus, deixavam o assento vazio ao lado dela. No trabalho, ouviu que seu rosto parecia “carne moída”. Na família, diziam que era “só hidratar”.Cansada de se encolher, ela fez um vídeo. Ligou a câmera e decidiu assumir o que tanto tentou esconder. Foi na internet que encontrou o nome: Dermatite Atópica. Foi ali também que encontrou uma médica, além de outras pessoas que viviam o mesmo que ela.Hoje, aos 34 anos, Camila sabe que é forte, mesmo que tenha demorado a enxergar. Vai à praia, usa biquíni, mostra a pele que antes escondia. Incentiva quem a acompanha a fazer o mesmo. Porque ela não é só pele. E porque aprendeu que, se alguém não a respeita no que ela tem de mais visível, não merece estar no que ela tem de mais profundo.A história da Camila é uma parceria do Histórias de Ter.a.pia com a @lilly_brasil. Conheça mais sobre essa causa da Campanha #AVidaQueEuVivoNaPele - lilly.com/br/avidaqueeuvivonapele#WeAreLilly @lilly_brasilPP-LY-BR-0072 – Novembro de 2025 – Material destinado ao público geral

    Eliane Cantanhêde responde
    "Brasil perde muito de sua força de negociação com EUA"

    Eliane Cantanhêde responde

    Play Episode Listen Later Nov 21, 2025 22:19


    O presidente dos Estados Unidos,Donald Trump, assinou uma ordem executiva nesta quinta-feira, 20, retirando a tarifa adicional de 40% imposta a diversos produtos brasileiros, em meio aos avanços nas negociações entre os dois países. Na prática, a decisão retira a sobretaxa de itens importantes para o setor exportador do País. "Foi uma decisão que o norte-americano tomou por causa da pressão doméstica - ele tinha que dar uma resposta à inflação. Então também foi algo bom para ele. O Brasil perde muito de sua força de negociação, porque nosso forte são exatamente os produtos que causam inflação nos EUA. Então como fica o tarifaço no setor industrial? Somos um grande exportador nessa área e, agora, sem outro trunfo de negociação, vamos ter de pagar mais caro no uso de terras raras e vai encarecer a negociação do etanol", analisa Eliane.See omnystudio.com/listener for privacy information.

    Novus Capital
    NovusCast - 21 de Novembro 2025

    Novus Capital

    Play Episode Listen Later Nov 21, 2025 16:23


    Nossos sócios Luiz Eduardo Portella, Tomás Goulart e Sarah Campos debatem, no episódio de hoje, os principais acontecimentos da semana no Brasil e no mundo. No cenário internacional, o payroll surpreendeu com aceleração na criação de vagas nos EUA, e com aumento da taxa de participação. Apesar disso, a taxa de desemprego subiu, e os salários seguiram desacelerando. A divisão entre membros do Fed segue, mas o presidente do Fed de NY, John Williams, reforçou a visão de que há espaço para cortes em breve, fortalecendo a expectativa de afrouxamento em dezembro. Na Europa, o PMI da Zona do Euro ficou estável, com indústria fraca e serviços sustentando a atividade. No Reino Unido, os dados de atividade vieram piores e os dados de preços indicaram o menor nível do repasse em cinco anos. No Brasil, o cenário foi dominado pela política. Houve reação negativa do Senado à indicação de Jorge Messias ao STF. O mercado tambem reagiu à possível retirada de despesas com segurança pública do limite de despesas, mencionada por Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça e Segurança Pública. Foi anunciada a retirada das tarifas americanas sobre produtos brasileiros. Nos EUA, o juro de 5 anos fechou 11 bps, e as bolsas tiveram desempenho negativo – S&P 500 -1,95%, Nasdaq -3,07% e Russell 2000 -0,78%. No Brasil, o jan/29 abriu 4 bps, o Ibovespa caiu 1,88% e o real desvalorizou 1,96%. Na próxima semana, haverá divulgação das vendas no varejo nos EUA e, no Brasil, dados de crédito, mercado de trabalho e inflação. Não deixe de conferir!

    45 Graus
    Zita Seabra (parte 2): O 25 de novembro, o PCP por dentro, saída do partido, posição sobre o aborto

    45 Graus

    Play Episode Listen Later Nov 20, 2025 57:13


    Veja também em youtube.com/@45_graus Zita Seabra nasceu em 1949. Foi deputada à Assembleia da República de 1975 a 1988, coordenou o Secretariado Nacional para o Audiovisual em 1993, ano em que assumiu a presidência do Instituto Português de Cinema. De 1994 a 1995, foi presidente do Instituto Português da Arte Cinematográfica e Audiovisual. É editora e autora de Foi Assim (Alêtheia, 2007), onde partilha as suas memórias desde a infância até ao momento de ruptura com o Partido Comunista Português, altura em que publicou O Nome das Coisas (Publicações Europa-América, 1988). Desde 2005, dirige a Alêtheia Editores, da qual é fundadora, assim como a Várzea da Rainha Impressores. Há longos anos no meio editorial, foi editora da Quetzal e também administradora e directora editorial da Bertrand Editora. _______________ Índice: (0:00) Introdução (2:38) Como funciona por dentro um partido comunista? | Porque dá o Comunismo sempre em totalitarismo: é da ideologia ou do tipo de pessoa que permite chegar ao poder? (14:12) Porque foi do PCP diretamente para a direita? (22:51) Posição em relação ao aborto: no PCP e depois (28:52) O 25 de novembro | Livro Álvaro Cunhal - “Rumo à Vitória” | golpe militar va insurreição militar armadaSee omnystudio.com/listener for privacy information.

    45 Graus
    Zita Seabra (parte 1): Da utopia ao totalitarismo: porque é que o Comunismo acabou sempre em ditadura?

    45 Graus

    Play Episode Listen Later Nov 19, 2025 55:35


    Veja também em youtube.com/@45_graus Zita Seabra nasceu em 1949. Foi deputada à Assembleia da República de 1975 a 1988, coordenou o Secretariado Nacional para o Audiovisual em 1993, ano em que assumiu a presidência do Instituto Português de Cinema. De 1994 a 1995, foi presidente do Instituto Português da Arte Cinematográfica e Audiovisual. É editora e autora de Foi Assim (Alêtheia, 2007), onde partilha as suas memórias desde a infância até ao momento de ruptura com o Partido Comunista Português, altura em que publicou O Nome das Coisas (Publicações Europa-América, 1988). Desde 2005, dirige a Alêtheia Editores, da qual é fundadora, assim como a Várzea da Rainha Impressores. Há longos anos no meio editorial, foi editora da Quetzal e também administradora e directora editorial da Bertrand Editora. _______________ Índice: (0:00) Introdução (4:32) O que atrai um(a) jovem no comunismo? | Comunismo vs maoismo vs trotskismo | Os totalitarismos e os perigos do intelectualismo excessivo (26:54) Quem militava naqueles partidos sabia o que se passava na URSS e na China maoista? | Porque o comunismo deu sempre em totalitarismo? (35:42) O que a fez a primeira vez duvidar, e como saiu do PCP? | Mikhail SuslovSee omnystudio.com/listener for privacy information.

    The Winston Marshall Show
    The PROBLEM With Labour's Illegal Immigration Plans

    The Winston Marshall Show

    Play Episode Listen Later Nov 18, 2025 82:02


    Get a better way to stay informed at https://ground.news/winston and see through biased media. Subscribe through my link for 40% off unlimited access. Britain is at a breaking point, and on this episode of The Winston Marshall Show, I sit down with Rob Bates, founder of the Centre for Migration Control, for a forensic breakdown of Shabana Mahmood's new asylum and immigration reforms.We dig into what these proposals really mean: from 20-year settlement routes, the so-called “jewellery clause,” and Labour's attempt to reframe illegal Channel crossings as an acceptable path to refugee status to the ballooning cost of asylum hotels, the collapse of border enforcement, and how Britain ended up spending billions housing people the state has lost track of.Rob exposes the shocking scale of visa overstayers, the true size of the illegal migrant population, and why the small boats crisis is only the visible tip of a much larger system failure. We explore the data wars, crime figures, FOI revelations, nationality vs. country-of-birth disputes, and the politicised fight over who gets to define the truth.We also get into the deeper structural rot: the ECHR bottleneck, the Modern Slavery Act being gamed, human rights loopholes exploited by foreign offenders, and how gangs, trafficking networks, and the black-market economy have embedded themselves into Britain's immigration system.All this, small boat crossings, overstayers, asylum hotels, the £16 billion bill, ECHR constraints, crime data controversies, and the political revolt inside Labour in a conversation cutting through the spin to what's really happening at Britain's borders.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------To see more exclusive content and interviews consider subscribing to my substack here: https://www.winstonmarshall.co.uk/-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------FOLLOW ME ON SOCIAL MEDIA:Substack: https://www.winstonmarshall.co.uk/X: https://twitter.com/mrwinmarshallInsta: https://www.instagram.com/winstonmarshallLinktree: https://linktr.ee/winstonmarshall---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.

    99Vidas - Nostalgia e Videogames
    99Vidas 695 - Super Mario World, a obra prima do Super Nintendo

    99Vidas - Nostalgia e Videogames

    Play Episode Listen Later Nov 17, 2025 119:00


    Jurandir Filho, Felipe Mesquita, Coelho no Japão e Bruno Carvalho conversam sobre Super Mario World. Esse não é apenas um dos jogos mais amados do Super Nintendo, é um marco na história dos videogames. Lançado em 1990 junto ao próprio console, o game representou a transição perfeita entre a era 8-bit e o universo 16-bit, mostrando ao mundo o que a Nintendo era capaz de fazer com mais cores, mais profundidade e um level design que até hoje serve de referência. Foi aqui que nasceu um dos personagens mais queridos da franquia: Yoshi, o dinosaurinho que não só ampliou as possibilidades de jogabilidade, como redefiniu a dinâmica do herói com habilidades como engolir inimigos, saltar mais alto e acessar áreas secretas.Mais de três décadas depois, Super Mario World não envelheceu. Sua influência ecoa em praticamente todo game de plataforma moderno, e sua magia continua presente para novos e velhos jogadores. É uma obra que não apenas ajudou a definir o Super Nintendo, mas que ajudou a definir a própria Nintendo como a conhecemos hoje.Esse é mais um episódio da nossa série Remakes!===ALURA | Chegou a Black November!!! Durante todo o mês, você terá oportunidades únicas para transformar a sua carreira tech com até 50% de desconto na ALURA!! https://alura.com.br/99vidas

    Igreja do Amor
    #846 - Foi tratado com ingratidão? | Pra.Talitha Pereira

    Igreja do Amor

    Play Episode Listen Later Nov 17, 2025 64:18


    #846 - Foi tratado com ingratidão? | Pra.Talitha Pereira by Igreja do Amor

    Maman prie
    La prière pour une parole en plein dans le mille

    Maman prie

    Play Episode Listen Later Nov 16, 2025 6:37 Transcription Available


    Chère maman,T'es-tu déjà retrouvée sans mots face à quelqu'un qui souffre ? Entre nos soucis, nos listes de courses et nos mille pensées, pas facile de trouver la parole juste.Dans ce nouvel épisode, découvre une prière toute simple pour recevoir chaque matin le langage des disciples, celui qui console et relève. Une minute suffit pour laisser Dieu éveiller ton oreille… et inspirer tes mots.

    Konflikt
    En ny kärnvapenera med tre supermakter

    Konflikt

    Play Episode Listen Later Nov 14, 2025 55:14


    Nedrustningens och provstoppens tid verkar vara förbi. Dynamiken ändras i en värld med tre militära supermakter med kärnvapenambitioner. Lyssna på alla avsnitt i Sveriges Radio Play. Vi tittar bakom Trumps uttalande om att återuppta kärnvapentester för att se vad som stressar honom. Kina har rustat upp sina kärnvapenförmågor i rekordtakt de senaste åren. Och Ryssland testar nya vapensystem. Medverkande: Mathew Kroenig, vice president vid tankesmedjan Atlantic Council och medförfattare till USA:s kärnvapenstrategi, Henrik Stålhane Hiim, norsk professor Norges motsvarighet till FOI, Sosylina Madisson, ättling till det folk som tvingades lämna Bikiniatollen efter att atombomber testades där. Hans Kristensen, forskare knuten till fredsforsknngsinstituet Sipri och Federation of American Scientists (FAS) i Washington.Programledare: Kajsa Boglindkajsa.boglind@sr.seProdudent: Ulrika Bergqvistulrika.bergqvist@sr.seTekniker: Sandra Petterssonsandra.pettersson@sr.se

    Endörfina com Michel Bögli
    #438 Alexandre Ribeiro e Luigi Caputo

    Endörfina com Michel Bögli

    Play Episode Listen Later Nov 13, 2025 128:58


    Ele é filho do casal Cristina de Carvalho e José Caputo, portanto, nasceu em meio ao esporte, às competições e à natureza. Sua base esportiva foi formada no Acampamento de Aventura, criado pela mãe, que se tornou uma lenda do triathlon brasileiro e referência nas corridas de aventura e de montanha nos anos 1990 e 2000. Foi ali, em meio à natureza, entre serras, trilhas e rios, que ele cresceu cercado de movimento, aprendendo desde muito jovem o valor do esporte e da vida ao ar livre. Quando criança, praticou natação, judô, jiu-jítsu e surfe. Sonhava ser atleta profissional, talvez um skatista, talvez um mountain biker. Aos 12 anos, participou da sua primeira competição de mountain bike e foi vice-campeão sub-18. Aos 16, venceu sua primeira prova de triathlon, o XTerra em Ilhabela, e depois o XTerra Brasil. Aos poucos, a vontade de explorar seus limites foi ganhando força e, inspirado pelas histórias que sempre ouviu sobre a mãe, passou a se dedicar com mais seriedade aos treinos. Em 2023, repetiu a vitória no XTerra Ilhabela e venceu a Epic Race, competição de mountain bike. No ano seguinte, 2024, foi vice-campeão do XTerra em Quebec (Canadá) e do XTerra Brasil, campeão do Kailash Multisport Festival e do duathlon do Rocky Mountain Games, além de ter participado do El Cruce de Los Andes ao lado do pai. Estou falando do instrutor de mountain bike, socorrista de áreas remotas, monitor no Acampamento de Aventura, educador físico em formação e multiatleta que, neste ano, venceu a Kailash Trail Run em Campos do Jordão e o Rocky Mountain Games em Atibaia, o paulistano Luigi Carvalho Caputo. Ao lado dele, uma verdadeira lenda do triathlon mundial. Um atleta que, aos 10 anos, participou de sua primeira corrida de 10 quilômetros; três anos depois, já completava meias maratonas e, aos 15, correu duas maratonas. Aos 16, leu sobre a participação de três brasileiros no Ironman do Havaí e ficou fascinado com a prova. Começou a treinar e participou das duas primeiras provas de triathlon no Brasil, em 1983. No ano seguinte, passou alguns meses se preparando nos Estados Unidos e chegou a Kona, para disputar o Ironman de 1984 como o atleta mais jovem. Aquela experiência foi transformadora e, a partir dali, o triathlon se tornaria seu estilo de vida. O Havaí seria o cenário de suas maiores conquistas. Das mais de 50 provas de Ironman das quais participou, 12 foram no Mundial de Kona. Em 1993, registrou o então recorde brasileiro do Ironman do Havaí, com o tempo de 8h49min15s. Uma década depois, venceu pela primeira vez o Ultraman do Havaí — feito que repetiria outras cinco vezes. Conosco aqui, pela segunda vez, o triatleta pioneiro que é hexa campeão mundial de Ultraman, recordista do RAAM na categoria duplas em 2000, o primeiro brasileiro a vencer a ultramaratona El Cruce de Los Andes ao lado de Cristina de Carvalho, idealizador e criador do UB515, educador físico, diretor técnico do Núcleo Aventura, mentor de uma infinidade de atletas e símbolo maior da resiliência humana, o cara mais simpático e querido do triathlon brasileiro, o curitibano Alexandre de Carvalho Ribeiro. Inspire-se! Um oferecimento @oakleybr  e @2peaksbikes A 2 Peaks Bikes é a importadora e distribuidora oficial no Brasil da Factor Bikes, Santa Cruz Bikes e de diversas outras marcas e conta com três lojas: Rio de Janeiro, São Paulo e Los Angeles. Lá, ninguém vende o que não conhece: todo produto é testado por quem realmente pedala.  A 2 Peaks Bikes foi pensada e criada para resolver os desafios de quem leva o pedal a sério — seja no asfalto, na terra ou na trilha. Mas também acolhe o ciclista urbano, o iniciante e até a criança que está começando a brincar de pedalar. Para a 2 Peaks, todo ciclista é bem-vindo.  Conheça a 2 Peaks Bikes, distribuidora oficial da Factor, da Santa Cruz e da Yeti no Brasil. @2peaksbikesla SIGA e COMPARTILHE o Endörfina no Youtube ou através do seu app preferido de podcasts. Contribua também com este projeto através do Apoia.se.        

    O Assunto
    O vai e vem do projeto para combater facções

    O Assunto

    Play Episode Listen Later Nov 12, 2025 27:11


    Convidado: Wálter Maierovitch, jurista especialista em crime organizado; e William Murad, diretor-executivo da Polícia Federal. Relator do PL Antifacção, o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) apresentou no começo da noite da terça-feira (11) um novo parecer ao pacote de enfrentamento ao crime organizado enviado pelo governo. Foi a terceira versão dada por Derrite desde a última sexta-feira, quando ele foi escolhido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para ser o relator do projeto de autoria do governo. O texto tramita em urgência e está pronto para ser votado em plenário, o que deve ocorrer nesta quarta-feira (12). Nesta terceira versão, Derrite propõe a criação de uma nova lei para combater o crime organizado. O deputado - que se licenciou da Secretaria de Segurança Pública de SP para relatar o projeto - tirou as alterações na Lei Antiterrorismo e nas atribuições da Polícia Federal. Os dois pontos geravam divergências na Câmara e eram alvo de críticas do governo, de juristas e de especialistas em segurança pública. Neste episódio, Natuza Nery conversa com o jurista Wálter Maierovitch para analisar o que significaria mudar as atribuições da Polícia Federal e mexer na Lei Antiterrorismo. Ele avalia a proposta de elevar a pena por crimes atribuídos a facções de 20 para 40 anos, e analisa em quais pontos o projeto apresentado pelo governo precisaria ser aprimorado. Depois, a conversa é com William Murad, diretor-executivo da Polícia Federal, que responde que tipo de investigação seria colocada em risco com mudanças nas atribuições da corporação.

    InPower - Motivation, Ambition, Inspiration
    La femme que Beyoncé admire : Angélique Kidjo se livre en exclusivité

    InPower - Motivation, Ambition, Inspiration

    Play Episode Listen Later Nov 11, 2025 57:18


    Angélique Kidjo est une icône : 5 Grammy Awards, une carrière mondiale, des collaborations avec Alicia Keys, Bono, Stromae…Mais au-delà de la musique, c'est une femme qui a fait de sa liberté une arme.Dans cet épisode, on parle de ce que signifie être une femme africaine dans l'industrie musicale, de la place du courage et de la foi, de la colère comme moteur, et de l'art comme outil politique et spirituel. Angélique raconte son enfance au Bénin, l'exil, le doute, la fierté, et la nécessité de ne jamais laisser les autres définir qui l'on est.Un échange qui m'a vraiment impressionnée et fait réfléchirJe vous souhaite une très bonne écoute !______Pour découvrir les coulisses du podcast :https://www.instagram.com/inpowerpodcast/Pour suivre Angelique Kidjo : https://www.instagram.com/angeliquekidjo/Et pour suivre mes aventures au quotidien :https://www.instagram.com/louiseaubery/Si tu as aimé cet épisode tu aimeras sûrement celui-là : https://shows.acast.com/inpower/episodes/de-serveuse-a-lolympia-suzane-ou-lhistoire-dune-artiste-qui-______Chapitrage :00:00 – Introduction 01:45 – Grandir au bénin dans une famille de femmes fortes05:30 – Quand la musique devient un acte de liberté08:10 – Décision de fuir le bénin11:40 – Quitter son pays à 23 ans pour rester libre18:40 – Transformer la peur en moteur22:00 – “Être libre, ce n'est pas ne pas avoir peur”28:30 – Faire de la musique une arme et une mémoire36:00 – Le rôle et la puissance des femmes africaines39:20 – La fondation Batonga et le rôle fondamental de l'éducation46:40 – Foi, spiritualité et transmission50:00 – Collaborer avec les plus grands sans se perdre54:00 – Refuser les cases : femme, africaine, artiste1:02:00 – Rester soi dans une industrie qui veut te formater1:06:00 – Ce que l'occident ne comprend pas de l'afrique1:10:00 – La liberté de désobéir1:14:00 – Ne jamais s'excuser d'exister1:18:00 – Message aux jeunes générations1:22:00 – Conclusion Hébergé par Acast. Visitez acast.com/privacy pour plus d'informations.

    Beercast Brasil
    BC#619 – Fabiana Arreguy

    Beercast Brasil

    Play Episode Listen Later Nov 11, 2025 45:44


    Foi um prazer neste programa conversar com a Fabiana Arreguy, uma das mais importantes jornalistas dedicadas ao mercado cervejeiro.

    99Vidas - Nostalgia e Videogames
    99Vidas 694 - Nintendo Switch

    99Vidas - Nostalgia e Videogames

    Play Episode Listen Later Nov 8, 2025 157:48


    Jurandir Filho, Felipe Mesquita, Evandro de Freitas, Coelho no Japão e Bruno Carvalho conversam sobre a história do Nintendo Switch, o videogame que redefiniu a Nintendo no século XXI e se consolidou como o maior sucesso comercial da empresa desde sua criação. A história do Switch começa, na verdade, em um fracasso: o Wii U. Lançado em 2012, o Wii U não conseguiu atrair o público, nem developers. Suas vendas ficaram muito abaixo do esperado. Mas, dentro desse fracasso, nasceu a ideia-base do Switch: uma experiência híbrida. A Nintendo percebeu algo que mais ninguém estava olhando: as pessoas não queriam “um console de mesa E um portátil”. Elas queriam UM aparelho que fosse as duas coisas ao mesmo tempo."The Legend of Zelda: Breath of the Wild",  "Super Mario Odyssey", "Mario Kart 8 Deluxe", "Super Mario Bros. Wonder", "Super Smash Bros. Ultimate" e "Animal Crossing" são alguns dos exemplos de clássicos do videogame. Mais que um “console”, o Switch foi o retorno da Nintendo ao centro da conversa do mercado. Foi o console que salvou a empresa, reinventou sua identidade moderna e mostrou que a Nintendo não precisa seguir a guerra gráfica de Sony e Microsoft: ela pode criar seu próprio caminho. Quais os melhores jogos? É o maior e melhor console da empresa?Essa é mais uma edição da nossa série História dos Consoles!==- ALURA | Chegou a Black November!!! Durante todo o mês, você terá oportunidades únicas para transformar a sua carreira tech com até 50% de desconto na ALURA!! https://alura.com.br/99vidas