Os estudos sobre o que vulgarmente se tem chamado de “História e Culturas da Alimentação” vêm assistindo, nas últimas décadas, a um crescente impulso, tanto em Portugal como no Brasil. O interesse do meio académico e do público em geral sobre a percepção do fenómeno alimentar (nas suas vertentes soc…
Intervenientes: Maria Helena da Cruz Coelho (Coordenadora Científica do Mestrado em Alimentação) Carmen Soares (Coordenadora Executiva do Mestrado em Alimentação) Olga Cavaleiro (Presidente da Confraria da Doçaria Conventual de Tentúgal)
Apresentação dos livros: “Contributos para a História da Alimentação na Antiguidade.” e “As receitas de cozinha de um frade português do séc. XVI.” Moderadora: Maria Elisa Domingues (Jornalista Membros de mesa: Carmen Soares (Universidade de Coimbra) Anabela Barros (Universidade do Minho) Raquel Seiça (Universidade de Coimbra) Maria das Graças M. Augusto (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Paula Barata Dias (Universidade de Coimbra)
Reflexão sobre o papel do vegetal, em particular os frutos, para compreender a sua função simbólica na alimentação na civilização romana. A simbólica associada ao consumo filia-se numa oposição natura/cultura, não é inerente à forma de confeccionar, assente em gradações do cru, mas decorre, sobretudo, do estatuto do espaço de produção das matérias-primas. Considerando que as árvores de fruto, tal como as hortaliças e os vinhedos, eram cultivadas no perímetro sagrado da casa, os alimentos que elas produzem são ideologicamente valorizados como mais civilizados.
Sendo preparado desde a segunda metade do séc. XVIII no litoral paranaense, o Barreado resultou numa espécie de mestiçagem culinária, numa simbiose entre os saberes e técnicas açorianas e indígenas. Da expressão “barrear” a panela, com pirão de cinza e farinha de mandioca, para evitar que o vapor escapasse e o cozido secasse muito depressa, vem o nome Barreado (termo açoriano).
I Colóquio Luso-brasileiro de História da Alimentação: Sessão de abertura dia 1 de Junho.
A amamentação deve ser compreendida não apenas como um ato biológico ou instintivo e, sim, como uma prática fortemente influenciada pelo contexto histórico, social e cultural. Identifica-se a influência europeia, especialmente a portuguesa, na formação de crenças, tabus e mitos que, no processo de colonização, trazem um modelo alimentar e de cuidado com a saúde que impactará, diretamente na atitude frente à amamentação.
Partindo de fontes manuscritas inexploradas para o estudo das actividades laborais da Época Moderna, nomeadamente processos do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, reflecte-se sobre as actividades dos confeiteiros, em especial os seus bens materiais, particularmente os que se relacionam com a profissão que desempenhavam, mas também os conflitos em que se envolviam com outros confeiteiros, o que preparavam e vendiam e em que contextos.
A partir da obra História da Alimentação no Brasil de Luís da Câmara Cascudo reflecte-se sobre a contribuição da herança cultural portuguesa na elaboração de um discurso sobre a cozinha brasileira ainda vigente em grande parte da produção científica sobre a culinária nacional. Busca-se compreender a força de tal contribuição não apenas do ponto de vista da disponibilização de ingredientes e técnicas culinárias que foram assimilados ou negados no processo de constituição do que veio a ser reconhecido por cozinha brasileira, mas principalmente, a partir da incorporação de alguns pressupostos teóricos de grande força na interpretação da sociedade brasileira.
O propósito do presente estudo reside em analisar em que medida o consumo de pão e de vinho, um topos do património alimentar português, se apresenta profundamente enraizado na ancestral matriz mediterrânea greco-romana. O sentido sociocultural das práticas alimentares a ambos associadas permite-nos considerar a importância que assumem enquanto marcadores da identidade de sociedades ditas “civilizadas”, por contraste com as tidas por “silvestres”.
Esta análise procura perspectivar a alimentação como campo de estudos interdisciplinar. Situando-nos num patamar social das elites e no momento de transição entre a Idade Média e a Época Moderna, analisamos a alimentação régia enquanto lugar de diferenciação social, distinção simbólica e portadora de significado político.
Durante a Idade Média, dentro da cidade de Coimbra reconhecemos a existência de espaços de cultivo e de equipamentos relacionados com a produção e a transformação alimentar. Na malha urbana coimbrã deste período, a implantação de hortas, currais, galinheiros, entre outros elementos, denunciava a produção hortícola, bem como a criação de animais, com o intuito de alimentar a unidade familiar e complementar – ou prover totalmente – o abastecimento doméstico. Fontes trabalhadas: forais e posturas de Coimbra.
Estudo de alguns arrolamentos sobre os vassalos e oficiais da casa real de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, documentação que permite obter informação em matéria do número e da função dos oficiais afectos à cozinha e à mesa régias. Analisam-se ainda duas cartas de quitação, que nos relatam algumas compras efectuadas pelos oficiais régios de objectos de mesa e sobretudo de bens alimentares. Estas fontes e as narrações cronísticas permitem acercarmo-nos dos pratos, dos gostos, dos sabores e da etiqueta da mesa quotidiana ou festiva do rei de Avis.
Nesta comunicação, procura-se investigar o alcance da importância da cultura do jejum na cultura bizantina, relevando a desconfiança ideológica manifestada por vários autores em relação ao prazer da boa mesa. Serão abordados textos de João Mosco, João Clímaco, Romano o Melodo e outros.
Após uma curta contextualização do Livro de Superintendência de Cozinha do Real Colégio de São Pedro de Coimbra, procura-se apresentar uma análise do que seria a alimentação no Real Colégio de São Pedro de Coimbra, no final do século XVII, aferindo sobre a incontornável relevância, prestígio e transcendência dos alimentos durante este período.
Nas sociedades clássicas, xênia relacionava-se originalmente à hospitalidade: era um presente em alimentos ofertado aos hóspedes. Por extensão, foi empregado genericamente às pinturas de naturezas-mortas, que decoravam as salas de jantar ou de recepção. Na África Romana, houve uma difusão deste tipo decorativo em mosaicos. Selecionamos um deles visando analisar suas implicações culturais.
I Colóquio Luso-brasileiro de História da Alimentação: Sessão de abertura dia 31 de Maio.