POPULARITY
A bailarina e coreógrafa brasileira Vânia Vaneau apresentou a peça “Nébula” no Festival Internacional de Teatro de Rua de Aurillac, em França, que decorreu de 20 a 23 de Agosto. “Nébula” sugere que a dança pode ser um “ritual de cura” contra a fatalidade climática, algures entre rituais animistas e pés assentes na terra. É em plena floresta que um círculo de terra queimada serve de cenário para “Nébula”. A peça de Vânia Vaneau e da companhia Arrangement Provisoire inspira-se de uma paisagem pós-apocalíptica para imaginar “uma alternativa, outro tipo de tempo, de atenção e de sensibilidade". Num ritmo lento e contemplativo, a intérprete avança pelo espaço decorado de carvão, rochas vulcânicas e lentes reflectoras. Em conversa com a RFI, a coreógrafa contou que “a peça começou a ser pensada num momento de uma fatalidade climática” e perante “uma impressão de que já é tarde demais”. Porém, a dança pode ser um “ritual de cura” capaz de “inventar um futuro novo” através de uma “força mais feminina e de valores mais animistas” que respeitem a natureza. RFI: Que paisagem é esta que escolheu para fazer esta peça? Vânia Vaneau, Coreógrafa: “Esta peça vem-se inserir numa paisagem natural, num bosque. Aqui nós estamos num bosque e a versão exterior da peça - porque também tem uma versão para o palco, para o teatro - foi pensada para este tipo de espaço de floresta, de paisagens às vezes também vulcânicas porque a paisagem cenográfica da peça é uma paisagem carbonizada e queimada que começa com carvão, com pedras vulcânicas e, pouco a pouco, ela vai-se iluminando com materiais reflexivos, como espelhos, e logo com cores, com pedras preciosas, flores. Essa paisagem vai-se tornando vida, se reanimando pela actividade do corpo, que vai activando esse espaço e dando vida a forças e entidades um pouco invisíveis e que estariam sendo destruídas já. Então, é reconectar com o que está vivo.” Como é que surgiu a ideia de fazer a peça e até que ponto é também um alerta político para a necessidade de proteger a natureza? “A peça começou a ser pensada num momento de uma fatalidade climática, uma impressão de que já é tarde demais. Mas o que fazer depois? Depois desse fim? Se já há uma destruição da natureza, o que podemos imaginar depois? É uma peça que tenta projectar também um futuro possível, inventar um futuro novo através de uma força mais feminina, mais intuitiva, de valores mais animistas que consideram uma horizontalidade do humano com o que não é humano. Isso é totalmente oposto às formas de poderes e à mentalidade política que a gente vive já há muitos anos, muito masculina, consumista, com poderes muito autoritários e que estão principalmente preocupados em produzir, mesmo se for para destruir todas as fontes naturais que fazem da gente seres vivos como os outros.” É uma peça ecofeminista que também faz pensar no Brasil e nas tragédias ecológicas que o Brasil tem vindo a viver? “O começo da pesquisa foi justamente em 2019, quando teve fogos muito grandes na Amazónia, criminais, pela política de Bolsonaro. Então era uma resposta, buscar uma alternativa. Não vim criticar ou denunciar isso, mas propor uma alternativa, outro tipo de presença, outro tipo de qualidade de tempo, de atenção, de sensibilidade, que é realmente mais ligado ao feminino. E também porque eu sou uma mulher e eu estou actuando na peça, mas eu acho que além de homem e mulher, é mais essa fonte, potência feminina mesmo.” Há uma escrita coreográfica baseada em formas da natureza. Há uma atenção particular aos objectos e àquilo que está em palco, entre aspas, aqui na floresta. Como é que se prepara e se opera esse diálogo entre o humano e o não humano? “Para mim, é um diálogo mesmo. Os objectos, os materiais, são na maior parte orgânicos, mas também tem materiais que levam mais para esse lado mais futurista de olhar o futuro. Tem lentes, tem fornos solares, mas são objectos que levam a olhar para mais longe, para o espaço, para o cosmos. Para mim é um diálogo. Eu dou vida para os materiais, eles dão vida para mim e a gente está no mesmo nível. Eu, o espaço, a paisagem onde a gente se encontra e esses materiais e os elementos. Porque nesse caso, estando aqui fora, tem o vento, tem chuva, tem ruídos, tem folhas.” A peça talvez comece com um lado mais sombrio, mas não é sombria, pelo contrário, dá esperança? “Foi uma maneira de não ter medo de olhar para o escuro, de olhar através da catástrofe, olhar para a destruição e encontrar maneiras de curar. É quase como um ritual de cura. Essa peça tem essa possibilidade de cura, de recolocar os pedaços, de transformar o corpo, transformar a paisagem, a natureza. Então, acho que sim, que tem uma esperança.” O Brasil é o pulmão do planeta. O Festival de Aurillac quis mostrar o pulmão da criação brasileira. Como é que vê este festival e o facto de o Brasil trazer peças que apontam para essa urgência ecológica? “É a primeira vez que eu venho neste festival e estou muito feliz de fazer parte deste programa brasileiro porque eu desenvolvi o meu trabalho muito na Europa, mas eu sinto-me ligada ao Brasil e acho muito importante esse tipo de ponte, de intercâmbio. Eu acho que uma cultura tem muito para aprender da outra. Eu considero isto um encontro de culturas e fico muito feliz quando as duas se encontram ou aqui ou lá, mas que tem essas duas polaridades porque são realidades também de criação e realidades políticas muito diferentes, mas que actualmente se encontram com as mesmas dificuldades também. O perigo de a cultura de ter cada vez menos ajudas e valorização, no Brasil, já existe há muito tempo. Aqui também tem esse perigo e acho que uns têm que aprender dos outros, como resistir, como continuar criando, como inventar outras maneiras.” A Vânia Vaneau vive em França. Quer contar-nos um pouco do seu percurso? “Eu vivo na Europa desde os 17 anos. O meu trabalho sempre é influenciado, alimentado pelas minhas raízes brasileiras. Para mim, é uma maneira de me reconectar a essa fonte criativa que, para mim, se situa em boa parte no Brasil. Se eu aprendi e desenvolvi a minha linguagem na Europa, estive na Bélgica, estudei na P.A.R.T.S., trabalhei com companhias como Maguy Marin vários anos, Christian Rizzo. Criámos a companhia Arrangement Provisoire com Jordi Galí, que é um artista catalão, e a gente colabora também em outros projectos pedagógicos e de pesquisa.”
Falar sobre os cachorros dos últimos presidentes franceses, desde Charles de Gaulle, é uma alegoria adotada pela coreógrafa Maguy Marin para fazer um esboço político e socioeconômico da sociedade contemporânea. A peça “2023” mistura dança, sons e atuação dos sete intérpretes no palco, incluindo o franco-brasileiro Kostia Chaix. Patrícia Moribe, em ParisO espetáculo "2023" foi criado no ano passado e está em turnê pela França. Em Paris, acontece até 9 de março, no Les Abesses - Théâtre de la Ville. Mesmo assim, Maguy Marin repassa de tarde a peça antes de o público chegar à noite, conferindo movimentos, entonações e cobrando também do pessoal técnico.Os temas navegam pela crise da imigração tão atual, produto de uma sociedade que se empoderou às custas de outros, desde os tempos da colonização, passando por novas explorações e pela soberba da classe sempre dominante. “Eu acho que é uma forma de fotografia da nossa história social aqui na França, desde que o liberalismo entrou na política francesa até 2023; é uma fotografia parada em 2023 do que aconteceu e como é que o sistema midiático e político hoje”, diz Kostia Chaix, 28 anos, nascido no Rio de Janeiro.O engajamento político e social é uma tônica do trabalho de Maguy Marin. O lado criador vem desde os tempos em que era solista do grupo Balé do Século 20, de Maurice Béjart. Ela pesquisa e incorpora elementos teatrais em suas coreografias, o que a torna uma das criadoras marcantes da chamada Nova Dança Francesa. Um de seus trabalhos icônicos é “May B”, inspirado no teatro absurdo do irlandês Samuel Beckett, prêmio Nobel de Literatura. Em 2018, Lia Rodrigues e seus alunos da Escola da Maré, no Rio de Janeiro, apresentaram “May B” em Paris. Marin também acompanhou pessoalmente a preparação dos dançarinos.Preparação intensaKostia Chaix conta que a preparação de “2023” teve várias etapas. Em uma delas, durante três semanas, o grupo se reuniu para “se conhecer, ler coisas, compartilhar jornais, filmes e ideias. “Nada a ver com o espetáculo. Depois, a gente se encontrou sete ou oito meses até a estreia em 8 de novembro de 2023”, lembra. O dançarino conta que as discussões históricas e sobre a atualidade continuavam em paralelo. “É jogo de ida e volta no palco, você tem uma ideia cênica, o grupo discute como melhorar ou até descartar a proposta.”Sobre como se tornou bailarino, Chaix mostra que é carioca, dizendo que nasceu “em dia de bloco de carnaval no Rio de Janeiro”. Mas explica: “acho que sendo brasileiro, a dança é parte da cultura; você fica vendo as pessoas dançando, é parte da sua vida e do dia a dia”.Inspirado por "Billy Elliott"Ele conta que uma influência importante foi o filme “Billy Elliot”, em que um garoto inglês descobre a dança clássica e enfrenta a família e tabus para ser bailarino. Na França, ele passou pelo Conservatório Nacional de Paris e, depois, pelo Conservatório Nacional de Lyon.Na formatura, Chaix experimentou o vocabulário coreográfico Maguy Marin. Depois de um tempo em Berlim, ele voltou para a França e, durante a pandemia, escreveu para a coreógrafa, dizendo que queria fazer “May B” de novo. O retorno veio logo e assim o franco-brasileiro passou a fazer parte de uma das companhias mais emblemáticas da Franca.Sobre o Brasil, Chaix gostaria de desenvolver algo, mas é consciente. “Já tem muitos artistas no Brasil que precisam ter visibilidade, que merecem essa visibilidade”, diz, como os amigos da Escola da Maré, de Lia Rodrigues, e outros profissionais brasileiros atuando na Europa. “É um sonho para mim criar essa ponte e não ter o Brasil só para férias, é um pais muito mais interessante que isso”.
La présentation en présence la metteuse en scène, Maguy Marin.
Le débat en présence la metteuse en scène, Maguy Marin.
Dix interprètes aux visages recouverts d'argile séchée, les yeux grands ouverts, qui déambulent sur un sol poussiéreux : dans « May B », la chorégraphe française Maguy Marin dépeint la condition humaine avec son lot de drames, d'événements absurdes et de joies intenses qui naissent de petits riens. Créée en 1981, « May B », qui a été inspirée à Maguy Marin par la lecture de « Fin de partie » de Samuel Beckett, n'a cessé de tourner dans le monde entier, devenant une pièce de référence du répertoire de la danse contemporaine. C'est en suivant les répétitions de la troupe de Maguy Marin que la chorégraphe lausannoise Nicole Seiler découvre cette pièce qui la bouleverse et l'émeut aux larmes, car « May B », c'est avant tout « le reflet de notre humanité ». Crédits : Les extraits de l'entretien avec Maguy Marin sur France Culture utilisés dans cet épisode viennent de l'émission « Par les temps qui courent », diffusée le 1er mars 2019 : https://www.radiofrance.fr/franceculture/podcasts/par-les-temps-qui-courent/maguy-marin-l-art-n-est-pas-separe-des-etres-qui-le-font-4667043 Correction: ce descriptif a été modifié car le lien vers «Par les temps qui courent» n'était pas le bon.
Happy Birthday to John Martin, Friderica Derra de Moroda, Maguy Marin, and Carlos Acosta! --- Support this podcast: https://podcasters.spotify.com/pod/show/dawn-davis-loring/support
durée : 00:43:44 - Par les temps qui courent - par : Mathilde Wagman, Marie Richeux - Rencontre avec la chorégraphe pour la mise en scène de son spectacle "Y aller voir de plus près", au théâtre des Abbesses à Paris jusqu'au 29 octobre 2021. Inspiré de la "Guerre du Péloponnèse" de Thucydide, le spectacle plonge dans les strates de l'Histoire pour en examiner les fragments. - invités : Maguy Marin chorégraphe
durée : 00:43:44 - Par les temps qui courent - par : Mathilde Wagman, Marie Richeux - Rencontre avec la chorégraphe pour la mise en scène de son spectacle "Y aller voir de plus près", au théâtre des Abbesses à Paris jusqu'au 29 octobre 2021. Inspiré de la "Guerre du Péloponnèse" de Thucydide, le spectacle plonge dans les strates de l'Histoire pour en examiner les fragments. - invités : Maguy Marin chorégraphe
Dernière émission de la saison, Jean-François Cadet reçoit Nathalie Béasse pour sa création émouvante « ceux-qui-vont-contre-le-vent » à découvrir au Cloître des Carmes. Et le duo à succès Benoît Solès et Tristan Petitgirard qui racontent Jack London dans « La Maison du Loup » à voir au Théâtre Le Chêne noir. Ce qui est formidable dans un festival comme Avignon, c'est que l'on peut s'immerger rien qu'en traversant une rue dans des univers très différents. Aujourd'hui, nous allons d'abord mettre tous ces sens en éveil, s'ouvrir aux émotions, et faire corps avec l'univers singulier et poétique de Nathalie Béasse. Elle présente jusqu'au mardi 13 juillet 2021 au Cloître des Carmes, dans le cadre du Festival In d'Avignon, sa création « ceux-qui-vont-contre-le-vent ». Puis, nous regarderons trinquer Jack London dans « La Maison du Loup » au Théâtre du Chêne noir, et partirons avec Benoît Solès et Tristan Petitgirard dans le Klondike ou à l'assaut des mers. Une pièce qui nous emporte « À la rencontre de Jack London » qui reste l'écrivain américain le plus lu au monde. Reportages : La chorégraphe Maguy Marin poursuit son travail socialement engagé, et nous propose cette fois un voyage dans le temps, dans l'Antiquité grecque, pour porter un nouveau regard sur la construction de nos systèmes de domination. Le titre de cette pièce sonne comme une invitation : « Y aller voir de plus près ». Fanny Bleichner a tenté l'expérience. Toujours dans le OFF, Alexandra Jaegy s'est intéressée à la pièce « Sang Négrier » au Théâtre des Barriques, revient après son succès en 2018. La metteuse en scène Khadija El Mahdi adapte cette nouvelle de Laurent Gaudé avec le comédien Bruno Bernardin, seul en scène. Une histoire d'esclavage dans les rues de Saint-Malo en Bretagne, grand port négrier du XVIIIème siècle.
Maguy Marin, chorégraphe au travail engagé, s'inspire du chef-d'oeuvre de la littérature antique La guerre du Peloponnèse de Thucydide pour interroger les phénomènes de domination, d'emprise et finalement pour essayer de comprendre les mécanismes qui, au cœur des guerres, fabriquent la violence. Son spectacle Y aller voir de plus près, est présenté au Festival d'Avignon.
durée : 00:59:01 - Les Masterclasses - par : Arnaud LAPORTE, Sandrine Treiner, Anna Sigalevitch - Rencontre tout en douceur avec la grande danseuse et chorégraphe Maguy Marin, pour qui ses convictions et la danse forment un tout indissociable - invités : Maguy MARIN - Maguy Marin : chorégraphe - réalisé par : Clotilde PIVIN
durée : 00:59:01 - Les Masterclasses - par : Arnaud LAPORTE, Sandrine Treiner, Anna Sigalevitch - Rencontre tout en douceur avec la grande danseuse et chorégraphe Maguy Marin, pour qui ses convictions et la danse forment un tout indissociable - invités : Maguy MARIN - Maguy Marin : chorégraphe - réalisé par : Clotilde PIVIN
Esta semana, los cosmopoditas vuelven a la danza. Van a ver “Maguy Marin, la urgencia de actuar”, el documental de David Mambouch sobre su madre, la coreógrafa Maguy Marin, una de las figuras más importantes de la danza francesa contemporánea. En un recorrido que los lleva desde los extáticos años post 68 hasta la Francia de Macron, Axel y Javier discuten sobre las políticas de la danza, el problema de la transmisión y la retirada de la cultura de los espacios y de las políticas públicas. Cincuenta y ocho minutos de programa, por estricta recomendación de un informe del pasante del asistente del subsecretario de la producción de nuevos medios digitales. Suscribite y apoyanos en Spotify, Apple Podcasts, TuneIn, Stitcher, Soundcloud, Google Podcasts, Pocket Casts y en tu aplicación favorita. Escribinos a cosmopodis@gmail.com y seguinos en Instagram y en Twitter en @cosmopodis.
Elle a travaillé avec des chorégraphes comme Maguy Marin ou Denis Plassard. Comédienne, Pauline Laidet mettra en scène son premier opéra avec Les Enfants du Levant, la nouvelle production de la Maîtrise sur un sujet poignant : le bagne des enfants à la fin du XIXe siècle. Plongée dans les coulisses du spectacle !
Yorgos Loukos, légendaire directeur artistique du Ballet de l'Opéra de Lyon créé en 1687, s'est entretenu avec Isabelle Brisebois la veille de la représentation de la compagnie au Centre national des Arts, le 22 avril 2015. Au fil d'une belle conversation, Yorgos nous fait part de son expérience comme danseur—et notamment de sa participation à une tournée canadienne du Ballet national de Marseille mettant en vedette Karen Kain en 1975—et de sa réorientation au sein de la compagnie grâce à Roland Petit. Il souligne la particularité du Ballet de l'Opéra de Lyon qu'il guide depuis 1991, de ses danseurs et de son répertoire, constitué d'œuvres produites par des chorégraphes de danse contemporaine parmi les plus marquants et les plus inventifs, dont Trisha Brown, Merce Cunningham, Maguy Marin, William Forsythe, Jiří Kylián, Nacho Duato, et des représentants de la jeune danse française tels que Christian Rizzo, Boris Charmatz, Benjamin Millepied et Rachid Ouramdane. En terminant, Yorgos nous parle de son association, en tant que directeur, au Festival de danse de Cannes et au Festival d'Athènes, d'un rêve qu'il souhaite réaliser, et de l'état actuel de la danse.