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Reportagem
Brasil é o país homenageado na maior feira de chocolate do mundo, realizada em Paris

Reportagem

Play Episode Listen Later Oct 30, 2025 5:44


O Brasil é o país homenageado no 30° Salon du Chocolat de Paris, a principal feira do setor no mundo, que começou nesta quarta-feira (29) na capital francesa. O cacau e o chocolate brasileiros terão um lugar de destaque, com o maior estande em 15 anos de participação no evento. Fabricantes querem aproveitar a ocasião para se posicionar no competitivo mercado europeu.  O Salon du Chocolat reúne cada ano, em Paris, chocolate makers, chefs de cozinha, produtores de cacau e marcas internacionais. O evento também atrai mais de 100 mil visitantes e cerca de 200 expositores de 50 países. O objetivo dos expositores brasileiros é consolidar o Brasil como um país com qualidade e sustentabilidade na produção do cacau e de chocolates, como explica Marco Lessa, criador no Brasil do Chocolat Festival e principal promotor do produto brasileiro no Salon du Chocolat de Paris. “O Salon é importante porque você reúne aqui atores do mundo inteiro: o Japão, os Estados Unidos, a Europa”, diz, lembrando que o continente europeu produz e consome 50% do chocolate do mundo e, por sequência, o cacau também. A feira representa uma vitrine para os produtos brasileiros. “Ela dita tendências. Aqui a gente lê as tendências, mas muito mais. Traz o Brasil para protagonismo, traz o cacau brasileiro, o chocolate brasileiro, estimula as pessoas que já produzem cacau e chocolate lá”, diz. “O chocolate sempre foi considerado um produto europeu, belga, suíço, francês, e a gente aprendeu, melhorou e hoje o chocolate brasileiro ganhou uma reputação.” Com um mercado europeu cada vez mais sensibilizado sobre os impactos ambientais da agricultura e às vésperas da COP30, realizada em Belém, os produtores paraenses querem mostrar “a sustentabilidade do cacau”, diz Maria Goreti Gomes, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Cacau do Estado do Pará, grupo que reúne instituições públicas das esferas estadual e federal, além da iniciativa privada, cooperativas e produtores. O Estado é o maior produtor de cacau do Brasil atualmente. “Nós temos muitos cases de sucesso fantásticos com essa cultura para apresentar para o mundo”, diz. “Toda a cultura do cacau é movida pela sustentabilidade e pela questão ambiental. Na realidade, no Brasil como um todo, o cacau se sustenta pela venda das suas amêndoas, pela qualidade delas, pela sua sustentabilidade. Nós vamos apresentar para o mundo o que o cacau representa na cultura da Amazônia, na cultura do Brasil e na cultura do mundo”. A expositora e produtora de cacau Márcia Nóbrega, da Lábios de Mel Chocolates do Pará, explica que sua produção é inteiramente baseada no modelo da agrofloresta. “A minha fazenda, de 45 anos, era uma fazenda de gado e piscicultura. Nós fizemos um reflorestamento. Nós resolvemos, de 15 anos para cá, reflorestar com SAFs (Sistemas agroflorestais) de banana, cacau e açaí”, explica. “Nós colhemos toda a nossa matéria-prima da nossa própria propriedade, onde nós fazemos desde do plantio da semente até o produto que a gente apresenta aqui para vender. É uma produção, uma plantação sustentável. A gente preserva a sustentabilidade e a floresta em pé”, diz. Chocolate brasileiro abre caminho no exterior O cacau do Brasil já é conhecido e vendido mundialmente. Mas o chocolate brasileiro tem mais dificuldade de abrir espaço no concorrido mercado internacional, dominado pelos europeus. Há alguns anos, os fabricantes nacionais investem em produtos finos, de origem comprovada, “tree to bar” (da árvore para a barra) e “beans to bar” (da castanha para a barra), em que a cadeia de produção é conhecida. Alguns destes chocolates finos conseguiram abrir espaço no exterior. A marca Martinus, da Bahia, obteve a medalha de prata no Chocolate Awards, nos Estados Unidos, pelo chocolate 56% ao leite, e o bronze da Academy of Chocolate em Londres, na Inglaterra, por um chocolate ao leite de cabra.  “A expectativa nossa é mostrar que o sul da Bahia, além de origem de cacau, hoje em dia também é a origem de chocolate de qualidade”, disse o dono da Martinus, Rodrigo Moraes Souza. Outra preocupação dos fabricantes de chocolate é conhecer as características do mercado europeu e tentar vencer as barreiras para se posicionar. “É difícil entrar no mercado”, diz Ariana Ribeiro, da C'Alma Chocolates de Goiânia, que participa pela primeira vez da feira. “É uma experiência para entender mercado, para entender o nosso posicionamento em mercados diferentes. Então a gente veio mais para entender. Para vender também, claro, porque não é barato estar aqui, mas para entender mercado, ver como que a gente se posiciona no mercado europeu, para tentar expandir mesmo”, diz. A expectativa de Marco Lessa é que muitas vendas e negócios sejam fechados na feira, tanto para os produtores de cacau quanto para fabricantes de chocolate. “O interesse de chocolateiros da Europa e de outras partes do mundo pelo cacau brasileiro é muito maior. Mas a gente já tem também muitos interessados em importar o chocolate brasileiro”, afirma. “Mal abriu o Salon, já houve reuniões com o Japão, com a própria Europa, querendo comprar o chocolate brasileiro”, disse. “O mundo já deseja um chocolate que preserva o meio ambiente, chocolate puro, mais verdadeiro, por razões de princípio de preservação, de saúde. Então as pessoas vão muito atrás disso”, diz.

Em directo da redacção
José Guilherme Neves apresenta poesia da tuba em Paris

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Oct 28, 2025 15:50


Aos 21 anos, o tubista português José Guilherme Neves, natural de Leiria, Cidade Criativa da Música pela UNESCO, integra a nova geração de músicos que alia técnica e curiosidade artística. Em Paris, na Casa de Portugal, André de Gouveia, da cidade universitária, apresenta um programa que cruza Henry Eccles, Telmo Marques, Jacques Castérède e Étienne Crausaz, num diálogo entre o barroco, a modernidade e o folclore, acompanhado pela pianista Ana Teresa Pereira. Nos estúdios da RFI, em Paris, José Guilherme fala com serenidade e humor: “Quando o professor levou o instrumento para a aula, eu disse logo: ‘Mãe, mãe, eu quero tocar isto!'”, recorda. “Acho que foi o som, que me prendeu", acrescenta. A sua iniciação musical aconteceu em Leiria, no projecto Berço das Artes, coordenado pelo professor Paulo Meirinho. “Os meus pais queriam que eu tivesse muitas actividades diferentes: desporto, cultura, música. Nesse projecto, cada semana o professor levava um instrumento novo: uma flauta, um violino, um clarinete. Até que um dia levou a tuba. E foi amor à primeira nota”. Aos oito anos começou pelo eufónio, “porque era demasiado pequeno para tocar a tuba”, e só aos doze o instrumento dos sonhos cabia nos seus braços. “Desde aí nunca mais parei. A tuba tornou-se a minha voz”, conta. A sua relação com o instrumento é física, quase sensorial. “Acho que o que me fascinou foi o som grave e a dimensão. É um instrumento enorme, exige o corpo todo. É um instrumento de respiração. E, ao mesmo tempo, é um instrumento de calma.” Quando fala, há uma doçura inesperada em cada frase, um contraste entre o peso do metal e a leveza da ideia. Hoje, José Guilherme Neves vive em Amesterdão, onde estuda no Conservatorium van Amsterdam, nos Países Baixos. É parte dessa geração de músicos portugueses que se forma fora do país, aprendendo com a exigência das escolas do norte da Europa, mas mantendo uma identidade portuguesa. “Como tubista, o nosso caminho é quase sempre o da orquestra. Somos formados para as provas orquestrais, para conseguir um lugar. Mas eu gosto de explorar outras peças, algumas portuguesas, outras menos conhecidas. Senão uma pessoa acaba por se aborrecer. Está sempre a tocar as mesmas seis ou sete obras e perde-se a curiosidade.” O concerto de Paris é uma afirmação estética, “quis cruzar obras portuguesas e francesas”, explica. “Apesar de o suíço Étienne Crausaz não ser português, a sua obra foi escrita para um festival em Portugal, para um tubista português. E isso faz dela, de certa forma, uma obra portuguesa.” O repertório inclui ainda a Sonatine de Jacques Castérède, “uma das peças francesas mais importantes para o repertório da tuba” e uma obra recente de Telmo Marques, escrita em 2002 e rapidamente adoptada por concursos internacionais. “É uma peça muito bem composta, equilibrada, e pensei que seria interessante juntá-la às outras duas. E as Danças de Crausaz têm uma energia incrível. É uma boa forma de terminar o recital”, explica. A escolha não é aleatória. Há nela um gesto de identidade, um reconhecimento daquilo que o moldou. “Leiria sempre investiu muito na cultura. Desde que foi classificada pela UNESCO, tem criado festivais, concursos de composição, eventos para filarmónicas. Eu cresci nesse ambiente. Toquei em bandas, participei em projectos de música contemporânea e em música de câmara. Tudo isso me formou.” No seu discurso há rigor e método, mas também entusiasmo e humanidade e quando fala das provas de orquestra, a voz ganha outro peso: “Uma prova de orquestra é um processo muito exigente. Normalmente começa com uma ronda por vídeo, temos de enviar gravações com excertos orquestrais difíceis. Depois, se formos escolhidos, há várias rondas presenciais. Muitas vezes, a primeira é feita com cortina, para o júri não ver quem está a tocar. É uma forma de garantir justiça. Tocamos sozinhos, sem ver ninguém. Só se ouve o som. É um momento de muita concentração.” Mesmo quando se vence um concurso de orquestra, o trabalho não termina, “Depois há um período de meses ou até de um ou dois anos em que tocamos com a orquestra. Uma fase em que o músico tem de se integrar, de perceber como respira a secção. O mais difícil não é tocar bem, é saber ouvir os outros.” Essa consciência colectiva é, para José Guilherme Neves, essencial. “Um músico profissional tem de saber o seu papel. Não é só tocar as notas, é entender o que se passa à volta, juntar-se à secção, ouvir o conjunto. É quase um trabalho de escuta. Às vezes é intuição, às vezes é disciplina.” Quando perguntamos o que o tuba representa para ele, a resposta é directa: “Para mim, é o instrumento que mais se aproxima da respiração. Mesmo quando penso: ‘Vou tirar férias do instrumento', acabo sempre por tocar. Dá-me alegria. É o meu modo de estar no mundo.” Essa alegria, contudo, vive lado a lado com a solidão: “Ser músico é um trabalho muito solitário. Quando estamos na universidade, temos colegas, há uma competição saudável, mas quando chega a altura de preparar uma prova, temos de nos isolar. É inevitável.” Ainda assim, não há espaço para amargura, “aprende-se a viver com isso. E a música de grupo ajuda, os quartetos, as orquestras, os ensaios. Mesmo quando estudamos sozinhos, há sempre alguém invisível a ouvir connosco.” Fala do estudo como um acto de paciência, “gosto do processo de evolução. Trabalhar todos os dias, perceber que o que era difícil ontem se torna natural amanhã. Há sempre uma pequena evolução. E é isso que me motiva. Gosto de descobrir até onde essa evolução me pode levar.” Para José Guilherme Neves, a tuba é mais do que um instrumento, é uma linguagem, uma forma de estar no tempo. “A tuba pode ser poesia. Pode contar histórias. Pode transformar o silêncio em som.” Ao ouvi-lo falar, percebe-se que não há nada de acidental na sua escolha. O concerto em Paris será a primeira vez que apresenta este programa completo fora dos Países Baixos. “Estou entusiasmado. É um programa que mostra a versatilidade da tuba, mas também um pouco de quem eu sou: português, europeu, curioso. É isso que quero partilhar.”

História de Imigrante
148. Minha vida em Paris

História de Imigrante

Play Episode Listen Later Oct 23, 2025 23:51


➡️As doutoras Nicole e Júlia da Kertesz já ajudaram centenas de brasileiros a conseguir cidadania e visto legalmente. Se você também quer viver na Europa com tudo certo, clica no link e fala direto com elas.https://bit.ly/hiportugal*** ➡️Terminou de ouvir? Então corre para o nosso grupo no telegram:https://t.me/historiadeimigrante***➡️Sobre o episódio 148. MINHA VIDA EM PARISSandra saiu do Brasil em busca de uma vida melhor. Encontrou amor, estabilidade e até um lar para a filha. Mas tudo desmoronou quando a ex do marido pediu abrigo. Em poucos dias, Sandra passou de dona de casa a refém dentro do próprio lar.***➡️Se gostou dessa história vai gostar também...Traição e vingança

Convidado
Assalto ao Louvre: "é mais fácil atacar um museu do que uma joalharia em Paris"

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 22, 2025 11:16


Nesta quarta-feira, o Museu do Louvre em Paris, reabriu as suas portas, após três dias de encerramento para dar tempo à investigação de recolher todos os dados sobre o espectacular assalto de que foi alvo no domingo. O que se sabe para já é que  indivíduos invadiram pelo exterior a galeria onde se encontravam as jóias da Coroa de França. Para tal, utilizaram um elevador de carga, cerraram uma das janelas da sala, partiram os mostruários, levaram as jóias e fugiram de lambreta. Tudo isto em sete minutos. Até ao momento, não se conhece o paradeiro dos assaltantes e muito menos das jóias avaliadas em 88 milhões de Euros mas cujo valor patrimonial é considerado "inestimável". Tanto o Presidente da República como o próprio governo ordenaram o reforço da segurança deste museu que apesar da sua importância e apesar do número impressionante de visitantes -9 milhões em 2024- mostrou as suas fragilidades. Esta problemática, aliás, mereceu recentemente um relatório interno e as autoridades estavam cientes de que existiam falhas na segurança. Philippe Mendes, galerista luso-francês em Paris, considera que apesar do seu carácter espectacular, o assalto de domingo não foi tão minuciosamente preparado como parece à primeira vista. RFI: O que se pode dizer sobre o assalto ao Museu do Louvre no domingo? Philippe Mendes: Em termos de rapidez, eu acho que foi um assalto bem organizado, embora me pareça que não é de grande banditismo. Tenho a impressão que foi mais um roubo de bandidos mais básicos. Sabem que têm que ser muito rápidos porque os seguranças e a polícia, em menos de dez minutos, podem chegar. Portanto, eles fizeram isso muito rápido. Mas ao mesmo tempo, há muitas coisas que mostram que não são aqueles bandidos, tipo CNN. Toda a gente pensou que isto foi um roubo tipo Arsène Lupin. Não foi. Deixaram cair uma coroa importantíssima. Ao fugir, deixam os elementos que utilizaram para poderem entrar, a serra para o vidro, não conseguiram deitar fogo ao elevador que usaram para os levar até lá acima. Isto tudo mostra um bocadinho que isto está desorganizado. Foi pensado, mas não foi organizado. Eu acho que foi mesmo um assalto, um roubo de oportunidade. Sabiam que ao domingo há pouco trânsito em Paris, era muito fácil de fugir. Sabiam que havia falhas, porque isto já foi comunicado várias vezes nos jornais franceses. A presidente do Louvre, ela mesmo -acho que foi o grande erro dela- há um ano ou dois, alertou, mas alertou publicamente sobre as falhas, sobre os problemas de segurança no Louvre. Tendo feito isso, claramente que indicou a quem poderia pretender um dia a fazer um assalto ao Louvre, que era o momento. Devia ter alertado claramente o Ministério da Cultura, devia ter alertado a Procuradoria de Paris, mas não devia ter alertado, indo aos jornais, e fazer uma coisa pública, porque isso aí era o sinal que eles podiam lá ir e que havia várias falhas. E claramente que aquela janela da galeria de Apollon era um dos pontos fracos do Louvre. É uma janela que dá para aquela rua que ao domingo não tem trânsito. Sabia-se mais ou menos que as jóias estavam todas ali, que era o primeiro andar. Não é assim tão alto, portanto tinha ali tudo mais ou menos certo para eles. Portanto, nesse aspecto, acho que foi um assalto pensado mas pouco organizado. Conseguiram. Agora o que é gravíssimo é que atacaram não só o património francês ou a história de França. Atacaram não só o Louvre, mas atacaram também todos os franceses. Ao roubar o Louvre, roubaram a França. RFI: Isto acontece no Louvre, que é um dos mais conhecidos e prestigiados museus a nível mundial. É uma espécie de montra da França, praticamente ao mesmo título que Notre-Dame. O que é que isto significa para a França? Philippe Mendes: O Louvre, como Notre-Dame, é um dos monumentos principais de Paris, de França e um dos mais conhecidos no mundo. Portanto, falando do Louvre, estamos a falar ao mundo inteiro. Toda a gente sabe o que é o Louvre e o que é Notre-Dame. Portanto, claramente que é muito mais sensível e que o mundo inteiro está atento ao que se passa em monumentos como este, que é o maior museu e o mais visitado do mundo. Claramente que choca. O choque é muito maior e tem uma repercussão internacional muito forte e dá um mau sinal claramente do que se está a passar no património francês e a nível da cultura em França. Isso é uma pena, mas podia ter acontecido noutro museu qualquer. Os museus agora são muito vulneráveis. Eu acho que este roubo dá para reflectir sobre uma coisa muito importante: é que a economia internacional está mal, vai haver cada vez mais assaltos deste tipo e claramente que, por exemplo, na Praça Vendôme, em Paris, onde estão todas as grandes lojas de joalharia mais importantes, eles têm um sistema de alarme de segurança muito mais forte e bem organizado do que os museus franceses que não apostaram completamente na segurança, porque não têm meios para isso. Porque embora a França tenha um Orçamento de Estado para a cultura importante, não é assim tão importante como isso para ter a segurança que pretendia. Portanto, é muito mais fácil atacar um museu hoje em dia do que atacar uma joalharia em Paris. Foi o que aconteceu, porque estamos agora a falar do Louvre. Mas não se esqueça que há um ano e meio foram roubadas e falou se muito menos, sete ou oito caixas de rapé do Museu Cognacq-Jay, que é um museu não muito longe do Louvre. Duas delas pertenciam ao Louvre, outras duas, à Coroa Real inglesa, e foram roubadas por quatro pessoas, exactamente com o mesmo método. Quatro homens entraram mascarados em pleno dia, partiram os mostruários e fugiram com as caixas. Não houve tanta repercussão nos jornais internacionalmente, porque o museu, embora seja um muito um bom museu em França, não tem aquele impacto que teve o Louvre. Mas isto mostra que os museus são muito frágeis e são vulneráveis e são atacados regularmente. Foi atacado (no mês passado) o Museu de História Natural de Paris, onde roubaram pepitas de ouro. Desapareceram, foram derretidas. Claramente que agora nunca mais as vamos encontrar. Foram roubadas do Museu de Limoges, há alguns meses, porcelanas chinesas de grande valor que certamente foram -desta vez- uma encomenda para a China. Portanto, há assaltos regularmente nos museus, porque os museus não têm essa protecção, como devia ser. RFI: Disse-o há pouco, apesar da própria directora do Louvre ter alertado publicamente que havia falhas na segurança e apesar de ter havido inclusivamente um relatório interno referindo que o facto de se prescindir de 200 funcionários, nomeadamente na área da segurança, sobre um efectivo de 2000 funcionários nestes últimos 15 anos no Louvre, podia também representar um problema para a segurança do museu e apesar de as próprias autoridades terem sido alertadas, nada foi feito e só agora é que está a pensar em reforçar a segurança do Museu do Louvre. Philippe Mendes: Sim, já devia ter sido feito. Depois, só agora é que se está a pensar. Sim, mas é sempre assim. Agora estamos a falar porque houve um assalto. Mas imagine que amanhã há uma inundação em Paris e o Louvre fica inundado. Vai se criticar porque não foi feito nada antes para proteger o Louvre das inundações e outros. Embora haja um plano, eu acho que ele não é o melhor. Há sempre razões para criticar a falta de fundos para isso. Mesmo que houvesse mais guardas no Louvre, os guardas não podem intervir. Portanto, o que é que eles poderiam ter feito? Não sei bem se é uma questão só de falta de pessoal no Louvre. Acho que não. Eu acho que se podia pensar melhor na segurança do Louvre, a nível de organização, menos humana, mas mais técnica. RFI: Estão a monte três ou quatro assaltantes com jóias estimadas em 88 milhões de Euros e sobretudo com um valor patrimonial "inestimável". As jóias são conhecidas, as fotografias destas jóias andam por todo o lado, no mundo inteiro. O que é que eles vão fazer com essas jóias? Philippe Mendes: Eu acho que a única possibilidade que eles têm é de desfazer as jóias todas e vender diamante por diamante, safira por safira. Não podem vender as jóias tal e qual como obra de arte, porque em si elas têm um valor de 88 milhões de Euros, porque são obras que ainda por cima foram compradas pelo Estado para o Museu do Louvre nos últimos 30 anos. Portanto, tinham já um valor de mercado. Mas entrando no Louvre, têm um valor inestimável histórico, agora patrimonial. Portanto, esse valor de 88 milhões de Euros no mercado de arte é zero, porque as peças tal e qual não podem ser vendidas, ninguém vai comprar. Portanto, eles vão desfazer completamente peça por peça e vão tentar vender no mercado. RFI: Está prestes a abrir mais uma edição da Feira Internacional de Arte Contemporânea de Paris (a Art Basel no final da semana). Como é que se pode avaliar o ambiente em que decorre este evento este ano? Philippe Mendes: Tendo acontecido o que aconteceu, vão certamente reforçar a segurança à volta deste evento. É um evento que acaba por ser equivalente a um dos maiores museus do mundo, durante os dias de abertura, com obras de uma importância financeira muito, muito, muito alta. Mas quem é que se vai atrever a entrar agora num assalto no Museu do Grand Palais? Ninguém. Eu acho que não é propriamente um problema nesse nível. Recordo-me que há três ou quatro anos, na Tefase, em Maastricht (nos Países Baixos), a feira internacional mais importante do mundo onde eu participei, houve um assalto, ainda por cima num stand da joalharia. Foi exactamente a mesma coisa. Eram quatro mascarados. Entraram em pleno dia. Chegaram, roubaram as jóias, fugiram e nunca mais apareceram. Nos dias seguintes, nunca houve um problema na Tefase. Foi um roubo de oportunidade. A Tefase reforçou a segurança e nunca mais houve nenhuma preocupação até agora a esse nível. Portanto, eu acho que vai correr muito bem a Feira Internacional de Arte Contemporânea, a Art Basel em Paris. Não é porque houve um assalto no Louvre que Paris está fragilizada a este nível. Acho que não. Não podemos entrar numa paranóia agora de que 'Paris está perigosa e há assaltos'. Não é por aí. Foi bem pensado. Foi uma ocasião que eles perceberam muito bem que estava ali. E aproveitaram.

Futebol no Mundo
Futebol no Mundo #497: Vini desequilibra, Estêvão decide e Bayern dominante

Futebol no Mundo

Play Episode Listen Later Oct 6, 2025 90:48


Neste episódio, falamos sobre uma rodada intensa no futebol europeu, golaços, tropeços e crises pelo caminho. O Barcelona foi atropelado pelo ótimo Sevilla de Matías Almeyda, enquanto o Real Madrid venceu em meio a reclamações do Villarreal. O Atlético volta a tropeçar, e o Arsenal assume a liderança da Premier League com show de Estevão no Chelsea e pressão sobre Klopp no Liverpool. Haaland vive uma temporada absurda, Guardiola chega a 250 vitórias, e o clima esquenta no Nottingham Forest. Na Alemanha… bem, ainda não temos campeonato. Na Itália, Napoli, Roma e Inter aproveitam o empate morno entre Juventus e Milan. Em Paris, o PSG tropeça e o Lyon desperdiça a chance. Em Portugal, o clássico entre Porto e Roma marca a volta frustrante de Mourinho ao Dragão. Tem também o caos na Escócia, com Russell Martin fora do Rangers, o Klaksvík coroado primeiro campeão da temporada, o Philadelphia levando o Supporters' Shield na MLS, Cannavaro no Uzbequistão e o vexame do Brasil nas oitavas do Mundial Sub-20. Learn more about your ad choices. Visit podcastchoices.com/adchoices

the news ☕️
Nubank mira mercado internacional, Beneficiários do Bolsa Família são proibidos de apostar, Shein estreia loja física em Paris e muito mais | feat. Cris Junqueira

the news ☕️

Play Episode Listen Later Oct 2, 2025 14:52


Bom dia! ☕Delivery de bateria com a Moura é aqui.30 anos de histórias que mostram que cada parada faz diferença.#ShellSelectTheNews ⁠@shell.brasil⁠No episódio de hoje:

Cultura
Exposição sobre Amazônia em Paris foge de clichês e destaca produção artística contemporânea

Cultura

Play Episode Listen Later Sep 30, 2025 4:32


O museu do Quai Branly, em Paris, abre a exposição "Amazônia: Criações e Futuros Indígenas”, nesta terça-feira (30), com o objetivo de abordar uma nova perspectiva sobre a região amazônica. Fruto de três anos de planejamento, a mostra busca desconstruir a visão tradicionalista e de exotismo da floresta, apresentando-a como um mundo vibrante, contemporâneo e plural, de criação.  Patrícia Moribe, da RFI em Paris A curadoria da exposição é assinada pelo artista, designer e militante dos direitos dos indígenas brasileiros Denilson Baniwa, do povo Baniwa, da região do Alto Rio Negro, e pelo antropólogo Leandro Varison, diretor-adjunto do Departamento de Pesquisa e Ensino do museu parisiense. Denilson Baniwa explica que o desejo curatorial foi fugir de uma Amazônia apresentada como "uma representação exótica ou de um espaço inabitável, ou clichê". A estratégia foi dar voz a artistas da Amazônia brasileira, peruana e colombiana, para mostrar uma Amazônia "mais plural e diversa", manifestando-se "a partir de si própria", e não mais a partir de um "ponto de vista ocidental europeu". Baniwa ressalta que, apesar da diversidade dos povos – alguns isolados, outros na cidade, ou na fronteira entre o urbano e a floresta – eles compartilham reivindicações fundamentais, como "dignidade e respeito" e "o desejo de serem escutadas". Sem linhas cronológicas ou delimitações geográficas convencionais, o visitante é convidado a passear entre espaços temáticos - abordando tradições, culturas, línguas e gestos artísticos -, nos quais objetos das coleções do museu dialogam com peças contemporâneas.  De objetos de observação a protagonistas A escolha do termo "criações" no título é central para a proposta da exposição. Para Varison, era fundamental mostrar que a região não é "apenas uma terra de tradição", mas um espaço onde os povos estão ativamente "criando mundos, relações e biodiversidade". Ele destaca a colaboração com coletivos e artistas indígenas, como o Instituto Cultural Maluá, do povo Inacarajá, que demonstra como esse patrimônio "continua sendo produzido e sendo transmitido para as próximas gerações". O antropólogo enfatiza ainda a importância de promover as coleções nacionais. "O Brasil valoriza muito pouco as coleções indígenas", lamenta. Ele destaca a parceria crucial com o museu de Arqueologia e de Etnologia da USP para a concepção da exposição. Ele cita ainda instituições que merecem maior apreço, como o Museu Goeldi, em Belém, o Museu dos Povos Indígenas (antigo Museu do Índio), em Brasília, e o Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Valorizar coleções nacionais Leandro Varison instiga o público brasileiro a priorizar esses espaços culturais, afirmando que os museus e coleções nacionais "valem a pena ser visitados", com uma mensagem dirigida especialmente a um público que "às vezes está mais interessado em conhecer o museu do Louvre do que conhecer a sua própria cultura". No contexto brasileiro, Denilson Baniwa reforça a necessidade de o país entender que a Amazônia "faz parte do Brasil, não como um lugar isolado ou num lugar que precisa ser protegido de fora para dentro". Ele conclui que é necessário "aproximar o sudeste do norte, o nordeste do norte, para pensar o nosso Estado brasileiro e a sociedade brasileira, porque uma interdepende da outra". “Amazônia, criações e futuros indígenas” faz parte da Temporada Cruzada França Brasil 2025 e fica em cartaz até 18 de janeiro de 2026, no museu do Quai Branly, acompanhada por uma vasta programação de encontros, espetáculos e concertos.

LendaCast
VISITEI O CEMITÉRIO DOS FAMOSOS EM PARIS - Vlog na Europa Parte 2 | LendaCast Solo #58

LendaCast

Play Episode Listen Later Sep 30, 2025 178:00


Neste LendaCast Solo, conto como foi visitar lugares assombrados em Palermo e Veneza, na Itália e, logo depois, em Paris, na França.

Me conte uma fofoca
#330 Briga das gays em Paris + Beija-Flor esclarece saída da Brunna e mais!

Me conte uma fofoca

Play Episode Listen Later Sep 29, 2025 33:51


Edu Oliveira e Thiago Theodoro comentam fofocas da internet, dos famosos e da audiência.No ar, toda segunda, quarta (apoiadores) e sexta.Seja um apoiador do podcast: ⁠ https://orelo.cc/meconteumafofoca https://apoia.se/meconteumafofocapodcast Em caso de dúvidas, ou se precisar de ajuda do suporte, escreva para ⁠alo@orelo.cc⁠Conte sua fofoca pra gente: ⁠meconteumafofocapodcast@gmail.com⁠Ei, fofoqueira, conheça nossa lojinha: https://umapenca.com/meconteumafofoca/

Reportagem
Pesquisadores gaúchos fazem performance artística em Paris para lembrar tragédia das enchentes no RS

Reportagem

Play Episode Listen Later Sep 17, 2025 6:15


Mais de um ano depois das enchentes históricas que assolaram o Rio Grande do Sul, algumas marcas e traumas da catástrofe continuam presentes. Para refletir e preservar a memória deste triste episódio, os artistas e pesquisadores gaúchos Marta Haas e Pedro Isaias Lucas iniciaram um trabalho conjunto de registros das consequências e das marcas deixadas pelas inundações, que aconteceram em maio de 2024. Renan Tolentino, da RFI, em Paris Os dois pesquisadores brasileiros vieram a Paris para mostrar o resultado de meses de pesquisa. A apresentação em solo francês faz parte da programação cultural do Ano do Brasil na França, que visa fortalecer os laços diplomáticos entre os dois países. No trabalho, Marta e Pedro abordam a temática da memória nas artes cênicas e no audiovisual. “A ideia da pesquisa surgiu a partir de uma conversa com a nossa orientadora acadêmica, professora Graça dos Santos. A partir daí, a gente resolveu trabalhar com as nossas impressões e vivências da enchente, levantar dados, buscar testemunhos e marcas na cidade (Porto Alegre). O objetivo era fazer uma coleta de informações e de imagens para formar um corpo de testemunho para as pessoas que não viveram essa catástrofe climática”, explica Pedro. Formados também em artes cênicas, eles aliaram os registros audiovisuais a uma palestra-performance intitulada "Anotações sobre uma enchente e suas marcas", para apresentar a pesquisa ao público de uma forma mais sensível e reflexiva. “A gente já tinha trabalhado com esse formato da palestra-performance antes, quando a gente esteve aqui em Paris apresentando outro trabalho, que fazia um paralelo sobre as ditaduras brasileira e portuguesa. Então, a gente pensou que este mesmo formato, no qual a gente traz esses dados da pesquisa, aliado a esse momento mais performático, no qual a gente traz a presença, traz o corpo e a encenação. Isso potencializa o impacto no público, como o público percebe as informações que a gente está apresentando”, complementa Marta. Leia tambémCientistas relacionam mudanças climáticas a quase 18 mil mortes durante verão de 2025 na Europa Na terça-feira (16), os dois estiveram na Universidade Paris Nanterre e, nesta quarta (17), apresentaram a palestra-performance na Casa Portugal, na Cidade Universitária, sob os olhares atentos dos alunos do Colégio Montaigne. “Foi marcante e impressionante, para mim, ouvir sobre essas inundações através do trabalho deles. Também foi interessante ouvir o relato dos moradores contando sobre como fizeram para sobreviver”, reflete a estudante franco-brasileira Madeleine Machado, que vive em Paris com a família. Uma terceira apresentação ocorrerá nesta quinta-feira (18), às 19h, na Casa Brasil, que também fica na Cidade Universitária. Cidade marcada pela inundação Imagens coletadas por Marta e Pedro em fachadas de imóveis mostram as marcas deixadas pela água, meses depois da tragédia. Pedro conta que foram feitas quase uma centena de imagens em diversos locais de Porto Alegre, onde a pesquisa se concentrou. A performance tem diferentes camadas, com elementos informativos e lúdicos, incluindo uma representação do cavalo ilhado em Canoas, que se tornou um dos símbolos da catástrofe, lembrando o drama vivido também pelos animais. Ao longo da apresentação, os dois se vestem com trajes de limpeza em referência aos trabalhos pós-inundações – etapa igualmente difícil de enfrentar, segundo eles.  Uma boa parte do tempo é dedicada ao relato pré-gravado de moradores que vivenciaram as inundações e tiveram suas vidas afundadas na lama, com danos materiais e emocionais. Vivendo drama na pele As enchentes de maio de 2024 foram as piores já registradas no Rio Grande do Sul, atingindo 450 cidades ao longo de duas semanas, deixando mais de 180 mortes e 200 mil desabrigados. Naturais de Porto Alegre, Marta Haas e Pedro Isaias sentiram na pele o drama da catástrofe. A sede do grupo teatral “Oi Nóis Aqui Traveiz”, do qual os dois fazem parte, foi invadida pela água, causando grande prejuízo material. “O teatro onde a gente trabalha também foi alagado. Permaneceu alagado durante quase um mês. A água chegou a 1,70m de atura. Também registramos a situação quando a gente pôde reabrir. É um momento bem impactante quando a gente reabre um espaço que ficou tanto tempo debaixo d'água, ao mesmo tempo que foi um ato coletivo a reabertura do teatro, porque tinha dezenas de pessoas dispostas a ajudar a limpar. Passamos muitos dias fazendo a limpeza”, recorda Marta. Também presente para acompanhar a performance, a professora Graça dos Santos, orientadora dos brasileiros e coordenadora do Departamento de Estudos Lusófonos da Universidade Paris Nanterre, estava no Brasil quando as enchentes começaram. Ela relatou sua incredulidade diante da quantidade de chuva que caiu no estado e ressalta a importância do trabalho dos pesquisadores brasileiros para gerar uma reflexão sobre o ocorrido. “Não parou de chover o tempo todo em que estive lá (10 dias) e a água começou a subir muito. Mas também pude constatar a solidariedade das pessoas, que se dispuseram rapidamente para ajudar o próximo (...) O trabalho que a Marta e o Pedro fazem é muito importante do ponto de vista científico e artístico, pois também são artistas, o que dá uma repercussão e força ao trabalho de investigação deles”, opina Graça dos Santos. Percepção atual Passados quase 18 meses da catástrofe, Marta e Pedro relatam o temor de que algo semelhante venha a acontecer novamente e lamentam que a sensação atual é de que não houve avanço no que diz respeito à prevenção. “A percepção que a gente tem é que ainda estão tentando consertar o sistema antienchente, a população quer isso, porém temos gestores públicos que negam o aquecimento global, acreditam que o que aconteceu foi um caso atípico, que a natureza foi a responsável”, lamenta Pedro. Os dois pesquisadores trabalham para preservar a memória das terríveis consequências das enchentes de 2024 no estado. A sociedade gaúcha, por sua vez, espera que as autoridades se mobilizem para que este episódio fique só na lembrança e não volte a se repetir.

LendaCast
ESTE CEMITÉRIO TEM UMA ALA DE VAMPIROS - Père-Lachaise em Paris

LendaCast

Play Episode Listen Later Sep 16, 2025 43:58


Visitei o Père-Lachaise, conhecido como o cemitério dos famosos, que fica em Paris, na França a aproveitei para visitar também as Catacumbas de Paris. O coveiro brasileiro, Júnior Covas, que trabalha por lá há quase dez anos, me acompanhou nessa visita para mostrar algumas curiosidades de sua profissão e, além dele, o historiador Tales Araújo, também me mostrou fatos históricos destes dois lugares turísticos (e trevosos) da capital francesa.

Reportagem
Lavagem da Madeleine celebra o Ano do Brasil na França embalada pelo Olodum e por multidão em Paris

Reportagem

Play Episode Listen Later Sep 14, 2025 6:00


As ruas de Paris ganharam um colorido baiano neste domingo (14) com a Lavagem da Igreja da Madeleine, que acontece anualmente desde 2002 na capital francesa e já faz parte do calendário oficial da prefeitura parisiense. O evento tem raízes na tradicional lavagem das escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador. Renan Tolentino, da RFI, em Paris Esta 24⁠ª edição também faz parte da programação do Ano do Brasil na França, que tem o objetivo de fortalecer os laços históricos e culturais entre os dois países, em comemoração aos 200 anos de suas relações diplomáticas. “Para mim, é uma alegria passar a mensagem dessa história da Lavagem para a França e para o mundo afora (...) Essa edição é especial por conta do Ano do Brasil na França. Isso fortalece a difusão, também temos mais apoio. A Lavagem também faz parte do patrimônio cultural imaterial da França, isso é bom para proteger e perenizar o evento, que vai ficar no calendário. Essa relação França-Brasil vai continuar por uma longa data”, diz Robertinho Chaves, idealizador da Lavagem da Madeleine. “Quando começamos lá atrás, há mais de 20 anos, não imaginava que seria tão apoteótico do jeito que é hoje. Fico feliz que tenha dado certo”, comemora Robertinho. A modelo e apresentadora carioca Cristina Córdula, personalidade conhecida do público francês e que vive em Paris, é madrinha do evento e também celebra esse reconhecimento. “Sou madrinha do evento há muitos anos. Para mim é uma honra. É um movimento muito bonito, na paz, sem briga, todo mundo junto para dançar e passar um momento legal, com essa bênção final na igreja. E este ano, a Lavagem da Madeleine tem muita força por ser o Ano do Brasil na França”, pontua Cristina. Olodum aquece o público debaixo de chuva Entre diversas atrações, a programação deste ano trouxe, pela primeira vez, o grupo baiano de percussão Olodum, que animou o público ao lado de Armandinho em cima do tradicional trio-elétrico. “Primeira vez que o Olodum vem, sempre tive esse sonho de trazê-los e agora foi realizado. Por ser um grupo tão grande, também fortalece a divulgação e o interesse das pessoas no evento”, destaca o organizador Robertinho.  “É muito bom trazer a cultura da Bahia e de Salvador para Paris, com muita energia, muita elegância, com esse samba-reggae, que é uma música do mundo. Impressionante o número de pessoas que estão aqui. É muito gratificante para nós do Olodum viver essa atmosfera brasileira em Paris”, conta Thiago Silva, percussionista do grupo. Leia tambémJau celebra retorno a Paris na Lavagem da Madeleine ao lado do Olodum Nem a chuva foi capaz de esfriar a disposição das milhares de pessoas nas ruas, entre brasileiros e franceses. Para a baiana Carla Rodrigues, acompanhar a apresentação do Olodum em Paris fez reviver memórias afetivas. “Estou muito feliz que o Olodum está aqui hoje. Me toca muito, porque a última vez que estive no show deles foi em Salvador, junto com a minha avó, que Deus a tenha. Foi um momento muito importante para mim que não vou esquecer nunca. É uma forma também de estar perto do Brasil. Acredito que todo mundo aqui hoje está com a mesma sensação, de estar em casa, de acolhimento”, conta Carla. Já a pernambucana Deusamir, que vive em Paris há 17 anos, viveu uma experiência inédita, tanto na apresentação do grupo quanto na Lavagem da Madeleine. “É a primeira vez que venho ao evento e é a primeira vez que vou ao show do Olodum. No Brasil nunca tive oportunidade. Que maravilha, estou muito contente. A gente está aqui para dançar, sorrir e mostrar para esse povo que o Brasil está na moda”, celebrou. Entre o público presente, cada participante vivencia de uma forma particular este evento multicultural. Cátia, por exemplo, aproveitou para comemorar seu aniversário. “Estou fazendo 50 anos hoje e vim festejar aqui, com o Olodum, na Lavagem da Madeleine”, contou a brasileira Cátia. Aos 74 anos, Nilza dos Santos conta que acompanha a Lavagem da Madeleine há quase 17. Quase todos os anos ela viaja de Salvador para Paris para participar do cortejo, junto com a filha, Viviane, que mora na Holanda. “Minha filha mora aqui na Europa há 30 anos e foi ela quem me falou desse evento. Como eu faço parte de outros movimentos culturais em Salvador, achei interessante. Aí, me encantei pela Lavagem da Madeleine. Acompanho já há 17 anos e quase todos os anos estou aqui. A integração e o encontro de pessoas é sempre bom. Isso faz bem tanto para Paris, como para Salvador e a Bahia”, diz dona Nilza. “Me senti como se eu estivesse participando de um evento na Bahia, de onde eu venho. É uma coisa muito impressionante fechar as ruas de Paris para que o cortejo brasileiro possa passar”, conta Viviane dos Santos. Manifestações políticas Além de festejar muito, parte do público aproveitou o evento também para se manifestar politicamente. Ao longo do cortejo, um grupo apartidário ostentava cartazes com a frase "Sem Anistia", em referência ao julgamento dos suspeitos de envolvimento na tentativa de golpe de Estado no Brasil, no ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão. “Somos um grupo apartidário, onde todos são bem-vindos, basta ser antifascista. Temos que entender que tudo é político, então, devemos aproveitar todos os espaços para nos manifestar. E a Lavagem tem uma visibilidade muito grande, até internacional”, explica Marcia Camargos, coordenadora do grupo Sem Anistia. “Neste momento, temos que unir todas as forças, as forças progressistas, de esquerda em defesa do Estado Democrático de Direito”, opina. Após duas horas de cortejo e muita música, a euforia dá lugar à reflexão e ao sincretismo religioso com o início da lavagem das escadarias da Madeleine, comandada pelo babalorixá Pai Pote ao lado do pároco da igreja, o monsenhor Patrick Chauvet. “Estamos aqui representando o povo negro, brasileiro, celebrando nossa resistência, nossa negritude, mas também estamos celebrando a paz, o amor e a alegria no mundo. Muito axé para todos”, disse Pai Pote. No Ano do Brasil na França, a Lavagem da Madeleine mostra que a diplomacia e a boa relação entre dois países se constrói também nas ruas, através de uma rica mistura cultural.

Dev Sem Fronteiras
Engenheira de Machine Learning PhD em Paris, França - Dev Sem Fronteiras #209

Dev Sem Fronteiras

Play Episode Listen Later Sep 11, 2025 47:00


A cearense Marcela começou a se interessar por tecnologia graças ao contato de filmes de ficção científica, promovido pelo pai. Incentivada pelos inventores que viu na telinha, ela acabou por se formar em engenharia mecatrônica, passando antes por um intercâmbio na França.Era o início de um processo de idas e vindas entre o Brasil e a França, em meio a um doutorado e um mestrado, até que ela acabou por se mudar definitivamente pra lá, onde vem trabalhando com robótica e aprendizado de máquina desde então.Neste episódio, ela detalha essas idas e vindas para a França, além da sua curiosa carreira que envolveu até mesmo a indústria bélica no país cuja língua e a cultura provaram-se irresistíveis.Fabrício Carraro, o seu viajante poliglotaMarcela Carvalho, Engenheira de Machine Learning PhD em Paris, FrançaLinks:ONERACaffeLuaPyTorchPhysics Based Camera Privacy: Lens and Network Co-Design to the RescueConheça a Formação Machine Learning na prática: fundamentos e aplicações da Alura, e aprenda os principais modelos, tipos de aprendizado de Machine Learning e as principais técnicas de classificação.TechGuide.sh, um mapeamento das principais tecnologias demandadas pelo mercado para diferentes carreiras, com nossas sugestões e opiniões.#7DaysOfCode: Coloque em prática os seus conhecimentos de programação em desafios diários e gratuitos. Acesse https://7daysofcode.io/Ouvintes do podcast Dev Sem Fronteiras têm 10% de desconto em todos os planos da Alura Língua. Basta ir a https://www.aluralingua.com.br/promocao/devsemfronteiras/e começar a aprender inglês e espanhol hoje mesmo! Produção e conteúdo:Alura Língua Cursos online de Idiomas – https://www.aluralingua.com.br/Alura Cursos online de Tecnologia – https://www.alura.com.br/Edição e sonorização: Rede Gigahertz de Podcasts

Reportagem
Dia da Amazônia: representantes de povos indígenas criticam acordo entre Mercosul e UE durante ato em Paris

Reportagem

Play Episode Listen Later Sep 6, 2025 4:13


Paris se transformou em um terreno de debate e conscientização ambiental no Dia Internacional da Amazônia, celebrado nesta sexta-feira, 5 de setembro. Para marcar a data, o Greenpeace França realizou em frente à prefeitura da capital um evento de mobilização em defesa da maior floresta tropical do mundo, com a participação de representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Renan Tolentino, da RFI, em Paris Para Luana Kaingang, que integra a Apib, esta é uma oportunidade de levar à comunidade internacional as reivindicações dos povos originários, que têm uma relação de subsistência com a Amazônia. “A gente vem construindo esse espaço há muitos anos. A gente costuma dizer que é uma luta para poder fazer a preservação dos biomas brasileiros e poder também garantir o futuro dos nossos filhos”, reflete Luana Kaingang. O objetivo principal do evento é alertar governantes e a população em geral sobre a urgência de agir para evitar a destruição do ecossistema da Floresta Amazônica, que atualmente tem mais 17% de território degradado, segundo dados do Greenpeace e de outros órgãos que fazem esse monitoramento. Efeitos do acordo entre Mercosul e UE Entre as principais pautas está o acordo de livre comércio entre os países sul-americanos do Mercosul e a União Europeia (UE). Os representantes da Apib se posicionam contra o tratado por temerem que ele contribua para o aumento da degradação florestal. Por isso, pedem também que a Regulamentação da União Europeia sobre Desmatamento (EUDR, na sigla em inglês) se estenda ao Brasil. Essa lei visa impedir a entrada em países da UE de produtos que contribuem para a degradação ambiental em sua produção. “Aqui em Paris, a gente vem para afirmar que somos contra o acordo entre a União Europeia e o Mercosul e também exigir que a EUDR seja assinada. "A proteção dos nossos territórios depende do acordo não ocorrer e essa regulamentação também ser aprovada”, explica Luana. Também representante dos povos indígenas no evento em Paris, Otacir Pereira, da etnia Terena, avalia que o acordo entre os dois blocos pode enfraquecer a proteção sobre áreas demarcadas para atender ao aumento da demanda de mercado. “O acordo entre o Mercosul e a União Europeia traz um fortalecimento do aumento da produção. Para aumentar a produção precisa aumentar sua área de capacidade de produção de milho, de gado, de carne bovina, de soja, entre outros. E isso está ligado diretamente às áreas indígenas”, argumenta. “Os problemas de exploração ambiental dentro dos territórios indígenas são generalizados para todo o Brasil. Todas as áreas indígenas estão sujeitas a serem exploradas pela legislação de hoje”, critica Otacir. Cenário preocupante  A Floresta Amazônica se estende por oito países, mais a Guiana Francesa, com uma área de quase 7 milhões de quilômetros quadrados. A maior parte deste território, 60%, está no Brasil. Mas a preocupação é global, já que a floresta é importante para a estabilidade climática do planeta. No entanto, essa função é profundamente prejudicada pelo desmatamento, que libera uma grande quantidade de gás carbônico na atmosfera, contribuindo para o aumento do efeito estufa. Leia tambémIncêndios na Amazônia comprometem qualidade do ar em outros países, aponta relatório Questões que poderão ser debatidas na próxima COP30, que será realizada em Belém, no Brasil, em novembro. “Esperamos que a COP30 não seja apenas um palanque de publicidade do clima. Esperamos resultados de fato, que os países façam valer o papel do Acordo de Paris — assinado em 2015 para combater as mudanças climáticas”, projeta Otacir. Apesar da falta perspectiva, os representantes dos povos indígenas e ativistas esperam que o Dia da Amazônia não seja só mais uma data no calendário, mas que, através de ações e debates, contribua para uma virada de chave no combate ao desmatamento florestal.

Convidado
Exposição em Paris homenageia música de intervenção portuguesa

Convidado

Play Episode Listen Later Sep 5, 2025 11:18


A Casa de Portugal na Cidade Universitária de Paris, vai acolher, de 13 de Setembro a 31 de Outubro, uma exposição sobre a actividade musical dos exilados portugueses em França durante a ditadura do Estado Novo (1933-1974), em particular da geração que se opôs às guerras coloniais dos anos 60 e 70 em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Neste programa, conversamos com Agnès Pellerin, uma das coordenadoras da exposição. A exposição “Chansons de l'Exil Portugais à l'Aube de la Révolution des Œillets” vai ser inaugurada a 13 de Setembro e fica patente até 31 de Outubro na Maison du Portugal-André de Gouveia, na Cité Universitaire Internationale de Paris. A mostra junta 13 painéis com cerca de cinquenta ilustrações, nomeadamente capas de discos, panfletos, fotografias, e é acompanhada por um guia que permite ouvir online alguns excertos sonoros com traduções em francês. Através da música, é apresentado o percurso de várias figuras da música de intervenção portuguesa que se exilaram em Paris, como José Mário Branco, Luís Cília, Tino Flores, Sérgio Godinho, Francisco Fanhais, que nas suas canções denunciam a ditadura, a pobreza em Portugal e a guerra colonial. “Esta exposição em francês é uma exposição documental que retoma elementos de uma exposição que já foi feita no âmbito do Observatório da Canção de Protesto, em Grândola, em 2020. É uma adaptação, tradução e inclui também novos elementos para atingir um público que não seja especialista e conhecedor da música portuguesa, nem lusófono. Também envolve excertos de canções online com traduções em francês. A ideia deste trabalho sobre música e exílio é interrogar os percursos dos músicos, a dimensão biográfica, mas também interrogar as narrativas individuais à luz das ligações deles com as culturas do país de acolhimento, incluindo as de outras comunidades exiladas. Os portugueses em França encontraram cá nos anos 1960, 1970, espanhóis que estavam a fugir do franquismo, depois gregos, chilenos, brasileiros”, conta à RFI Agnès Pellerin, investigadora em estudos culturais e uma das coordenadoras da exposição. Em França, o contexto é radicalmente diferente. Para começar, há liberdade de gravação, de criação e de difusão de canções de protesto que seriam imediatamente censuradas em Portugal e que denunciam abertamente as guerras coloniais, como, por exemplo, “A Bola” de Luís Cília, “Deserção” de Tino Flores, “Ronda do Soldadinho” de José Mário Branco. Criticam, ainda, a repressão, as prisões e a polícia política da ditadura, como “Vampiros” de José Afonso, “Queixa das almas jovens censuradas” e “Perfilados de Medo” de José Mário Branco e “Porque de Francisco Fanhais. Outras canções falam sobre a emigração, os seus sonhos e as suas desilusões, como “Por Terras de França” de José Mário Branco, “Cantar de emigração” de Adriano Correia de Oliveira ou “Que força é essa, amigo” de Sérgio Godinho e recentemente adaptada por Capicua. O vento revolucionário de Maio de 68 também agita os exilados portugueses, muitos dos quais ocupam, por exemplo, a Casa de Portugal e se inspiram para criar canções como “Les Mille et Une Nuits” de Sérgio Godinho. Depois, é a própria “chanson française”, na forma e no conteúdo, que contaminam os músicos portugueses, como Luís Cília, apadrinhado por Georges Brassens e que viria a gravar, mais tarde, um tema de Brassens adaptado por ele, “A Má Reputação”. Incontornável é a história mais conhecida da gravação, em 1971, da música que é o emblema da "Revolução dos Cravos", “Grândola Vila Morena”. Uma das fotografias centrais da exposição evoca justamente essa altura, com Francisco Fanhais, José Afonso e José Mário Branco de braço dado, no Château d'Hérouville, nos arredores de Paris. Ainda que haja um foco na criação musical dos anos 60 e 70, a exposição também aborda o percurso de Fernando Lopes-Graça. É que, em Maio de 1937, fugindo à repressão política do Estado Novo, Fernando Lopes-Graça instalou-se em Paris, onde se manteve até à eclosão da 2ª Guerra Mundial. “Fernando Lopes-Graça é uma figura muito importante na música portuguesa mais erudita e também da militância ao lado do Partido Comunista Português clandestino. Ele foi também uma fonte de inspiração muito importante para os cantores dos anos 60 e 70. Também era muito importante dar a ouvir músicas diferentes e estarmos atentos a vários estilos musicais. Por exemplo, a exposição também trata de fado que era algo polémico dentro da geração de 60 e, sobretudo, 70, mas também fala do folclore”, acrescenta Agnès Pellerin. A exposição propõe uma abordagem inclusiva em termos musicais, mas também quer devolver a esta história a presença de mulheres, nomeadamente as autoras de letras, poetisas como Natália Correia e Sophia de Mello Breyner, mas também há uma alusão à cantora francesa de origem portuguesa Catherine Ribeiro. Na exposição vai haver, também, projecções de filmes, conferências e encontros. Na inauguração, a 13 de Setembro, é apresentado “O Salto”, de Christian de Chalonge, de 1967, o primeiro filme de ficção realizado sobre a imigração portuguesa em França e em que a música foi composta por Luís Cília. A 20 de Setembro,  dois cantores da geração de Abril, Francisco Fanhais e Manuel Freire, vão cantar e conversar com os musicólogos Hugo Castro e Ricardo Andrade. Recorde-se que Francisco Fanhais esteve, em 1971, com José Afonso, José Mário Branco e Carlos Correia no Château d'Hérouville, nos arredores de Paris, a gravar “Grândola Vila Morena”. A 5 de Outubro, a Associação Memória Viva promove um debate em torno da música nos filmes que abordam a imigração portuguesa em França nos anos 60 e 70. A 9 de Outubro, o musicólogo Manuel Deniz Silva vai conversar com a historiadora Cristina Clímaco sobre o exílio, em Paris, do músico Fernando Lopes-Graça nos anos 1930. Também se pretende receber visitas de estudo. A exposição acontece no âmbito do projecto EXIMUS – Música e Exílio, do INET-md, uma unidade de investigação em música e dança na Universidade Nova de Lisboa, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Esta é uma parceria com a Maison du Portugal – André de Gouveia e a Associação Memória Viva. 

Em directo da redacção
Exposição em Paris homenageia música de intervenção portuguesa

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Sep 5, 2025 11:18


A Casa de Portugal na Cidade Universitária de Paris, vai acolher, de 13 de Setembro a 31 de Outubro, uma exposição sobre a actividade musical dos exilados portugueses em França durante a ditadura do Estado Novo (1933-1974), em particular da geração que se opôs às guerras coloniais dos anos 60 e 70 em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Neste programa, conversamos com Agnès Pellerin, uma das coordenadoras da exposição. A exposição “Chansons de l'Exil Portugais à l'Aube de la Révolution des Œillets” vai ser inaugurada a 13 de Setembro e fica patente até 31 de Outubro na Maison du Portugal-André de Gouveia, na Cité Universitaire Internationale de Paris. A mostra junta 13 painéis com cerca de cinquenta ilustrações, nomeadamente capas de discos, panfletos, fotografias, e é acompanhada por um guia que permite ouvir online alguns excertos sonoros com traduções em francês. Através da música, é apresentado o percurso de várias figuras da música de intervenção portuguesa que se exilaram em Paris, como José Mário Branco, Luís Cília, Tino Flores, Sérgio Godinho, Francisco Fanhais, que nas suas canções denunciam a ditadura, a pobreza em Portugal e a guerra colonial. “Esta exposição em francês é uma exposição documental que retoma elementos de uma exposição que já foi feita no âmbito do Observatório da Canção de Protesto, em Grândola, em 2020. É uma adaptação, tradução e inclui também novos elementos para atingir um público que não seja especialista e conhecedor da música portuguesa, nem lusófono. Também envolve excertos de canções online com traduções em francês. A ideia deste trabalho sobre música e exílio é interrogar os percursos dos músicos, a dimensão biográfica, mas também interrogar as narrativas individuais à luz das ligações deles com as culturas do país de acolhimento, incluindo as de outras comunidades exiladas. Os portugueses em França encontraram cá nos anos 1960, 1970, espanhóis que estavam a fugir do franquismo, depois gregos, chilenos, brasileiros”, conta à RFI Agnès Pellerin, investigadora em estudos culturais e uma das coordenadoras da exposição. Em França, o contexto é radicalmente diferente. Para começar, há liberdade de gravação, de criação e de difusão de canções de protesto que seriam imediatamente censuradas em Portugal e que denunciam abertamente as guerras coloniais, como, por exemplo, “A Bola” de Luís Cília, “Deserção” de Tino Flores, “Ronda do Soldadinho” de José Mário Branco. Criticam, ainda, a repressão, as prisões e a polícia política da ditadura, como “Vampiros” de José Afonso, “Queixa das almas jovens censuradas” e “Perfilados de Medo” de José Mário Branco e “Porque de Francisco Fanhais. Outras canções falam sobre a emigração, os seus sonhos e as suas desilusões, como “Por Terras de França” de José Mário Branco, “Cantar de emigração” de Adriano Correia de Oliveira ou “Que força é essa, amigo” de Sérgio Godinho e recentemente adaptada por Capicua. O vento revolucionário de Maio de 68 também agita os exilados portugueses, muitos dos quais ocupam, por exemplo, a Casa de Portugal e se inspiram para criar canções como “Les Mille et Une Nuits” de Sérgio Godinho. Depois, é a própria “chanson française”, na forma e no conteúdo, que contaminam os músicos portugueses, como Luís Cília, apadrinhado por Georges Brassens e que viria a gravar, mais tarde, um tema de Brassens adaptado por ele, “A Má Reputação”. Incontornável é a história mais conhecida da gravação, em 1971, da música que é o emblema da "Revolução dos Cravos", “Grândola Vila Morena”. Uma das fotografias centrais da exposição evoca justamente essa altura, com Francisco Fanhais, José Afonso e José Mário Branco de braço dado, no Château d'Hérouville, nos arredores de Paris. Ainda que haja um foco na criação musical dos anos 60 e 70, a exposição também aborda o percurso de Fernando Lopes-Graça. É que, em Maio de 1937, fugindo à repressão política do Estado Novo, Fernando Lopes-Graça instalou-se em Paris, onde se manteve até à eclosão da 2ª Guerra Mundial. “Fernando Lopes-Graça é uma figura muito importante na música portuguesa mais erudita e também da militância ao lado do Partido Comunista Português clandestino. Ele foi também uma fonte de inspiração muito importante para os cantores dos anos 60 e 70. Também era muito importante dar a ouvir músicas diferentes e estarmos atentos a vários estilos musicais. Por exemplo, a exposição também trata de fado que era algo polémico dentro da geração de 60 e, sobretudo, 70, mas também fala do folclore”, acrescenta Agnès Pellerin. A exposição propõe uma abordagem inclusiva em termos musicais, mas também quer devolver a esta história a presença de mulheres, nomeadamente as autoras de letras, poetisas como Natália Correia e Sophia de Mello Breyner, mas também há uma alusão à cantora francesa de origem portuguesa Catherine Ribeiro. Na exposição vai haver, também, projecções de filmes, conferências e encontros. Na inauguração, a 13 de Setembro, é apresentado “O Salto”, de Christian de Chalonge, de 1967, o primeiro filme de ficção realizado sobre a imigração portuguesa em França e em que a música foi composta por Luís Cília. A 20 de Setembro,  dois cantores da geração de Abril, Francisco Fanhais e Manuel Freire, vão cantar e conversar com os musicólogos Hugo Castro e Ricardo Andrade. Recorde-se que Francisco Fanhais esteve, em 1971, com José Afonso, José Mário Branco e Carlos Correia no Château d'Hérouville, nos arredores de Paris, a gravar “Grândola Vila Morena”. A 5 de Outubro, a Associação Memória Viva promove um debate em torno da música nos filmes que abordam a imigração portuguesa em França nos anos 60 e 70. A 9 de Outubro, o musicólogo Manuel Deniz Silva vai conversar com a historiadora Cristina Clímaco sobre o exílio, em Paris, do músico Fernando Lopes-Graça nos anos 1930. Também se pretende receber visitas de estudo. A exposição acontece no âmbito do projecto EXIMUS – Música e Exílio, do INET-md, uma unidade de investigação em música e dança na Universidade Nova de Lisboa, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Esta é uma parceria com a Maison du Portugal – André de Gouveia e a Associação Memória Viva. 

Cultura
'Vênus': artista brasileira celebra tensão entre beleza e memória de corpos negros em instalação em Paris

Cultura

Play Episode Listen Later Sep 5, 2025 6:57


A artista brasileira Val Souza apresenta em Paris a exposição “Vênus”, uma instalação monumental com mais de 800 imagens que ocupa a Maison Européenne de la Photographie (MEP) entre os dias 3 e 28 de setembro. A mostra é resultado de uma pesquisa iconográfica profunda sobre a representação das mulheres negras no Brasil e no mundo - uma investigação que Souza desenvolve há anos, entre arquivos familiares, revistas, livros, redes sociais e registros etnográficos. A proposta da artista vai muito além da estética. Em “Vênus”, que possui curadoria de Thyago Nogueira (IMS, São Paulo) e Clothilde Morette, Val Souza confronta a violência simbólica presente nas imagens históricas dos corpos negros, ao mesmo tempo em que propõe novas formas de ver e sentir essas presenças. A figura de Vênus, que dá nome à exposição, é ressignificada: não se trata da beleza idealizada da mitologia greco-romana, mas de uma beleza construída a partir "da memória, do afeto e da resistência". Segundo Souza, o trabalho é fruto de "uma trajetória pessoal e artística que remonta à infância". Os álbuns de família criados por sua mãe foram o ponto de partida para uma reflexão sobre a importância da imagem negra. “Minha mãe repetidas vezes mostrou o quanto a nossa imagem era importante”, relembra. Esses gestos cotidianos de afeto contrastavam com a forma como a sociedade tratava sua imagem. “Desde criança eu me perguntava por que algumas pessoas não gostavam de mim, quando em casa eu era tão amada.” A tensão entre o afeto íntimo e a hostilidade pública é um dos motores da pesquisa visual da artista. “A minha intenção não é resolver imagens, muito pelo contrário, é colocar cada vez mais tensão em algumas imagens, que possam produzir na gente outras maneiras de ver, de se perguntar e de conversar com estas imagens”, disse Val Souza à RFI. “Vênus Hotentote” Na exposição, figuras da cultura pop como Beyoncé e Kim Kardashian aparecem ao lado de retratos da própria artista, da escritora e ativista Sueli Carneiro, da cantora Nina Simone, de mulheres anônimas e de Saartjie Baartman — a “Vênus Hotentote”, escravizada e explorada na França no século 19. A multiplicidade de imagens revela uma Vênus essencialmente plural, que existe "tanto na dor quanto na alegria, tanto na opressão quanto na liberdade". A artista também traz para o campo da imagem sua experiência com a performance. “Acredito que aquilo que eu faço ainda é performance, num outro lugar. As imagens que eu crio têm esse agenciamento que não é só visual. No painel da MEP, as pessoas vão ter essa sensação: você vai precisar se mexer, estar perto, estar longe, fazer associações.” Val Souza entende que esse deslocamento do corpo do artista para o corpo da obra é também uma forma de proteção. “Fui entendendo como proteger o meu próprio corpo de situações de violência.” "Periguete" Entre suas performances mais conhecidas, Souza menciona Periguete, uma mulher negra que circula com um carrinho de bebidas. “Ela tem esse nome, mas o nome inicial era Can You See It — você consegue ver isso?”, explica. A performance questiona a visibilidade e os estereótipos associados ao corpo da mulher negra. Segundo a artista, o carrinho carrega bebidas típicas do local onde a ação acontece, como o vinho em Paris ou as cervejas pequenas e rápidas de beber no Brasil, que são associadas à ideia de uma mulher “fácil”. “Essa mulher também tem a ver com a independência de quem está ali bebendo, curtindo uma festa, e por isso é taxada como periguete, por causa da roupa, da atitude.” Val Souza usa um top e um short curto, deixando partes do corpo à mostra, e oferece dança e bebida sem dizer uma palavra — apenas uma placa com “R$ 2” sinaliza a interação. “Se as pessoas conversam comigo, eu posso responder, mas não inicio nenhuma conversa.” A artista reflete sobre como a beleza, na iconografia da mulher negra, se mistura com voyeurismo, sexualidade, exibicionismo e opressão. Costumo dizer que o mapa colonial do Brasil também é o mapa da imagem da mulher negra. Sinônimos como gostosura, delícia, captura, selvageria são usados tanto para o território quanto para os corpos colonizados. Val Souza vê essas camadas como inseparáveis: a selvageria atribuída ao corpo negro convive com uma beleza hipnótica. “Gosto da imagem da onça pintada. Ela pode acabar com você em segundos, mas você fica hipnotizado. É esse misto que sinto que pulsa na minha imagem e nas imagens de mulheres negras.”

Jornal das comunidades
Luso-francês autarca em Paris condenado

Jornal das comunidades

Play Episode Listen Later Aug 7, 2025 10:01


Hermano Sanches Ruivo foi condenado, com pena suspensa, por conflito de interesses e abuso de confiança. Associações portuguesas de Manitoba participam no festival Floklorama, Canadá. Edição Isabel Gaspar Dias

Um pulo em Paris
Eleições municipais de 2026 reacendem debate sobre carros nas áreas centrais das cidades francesas

Um pulo em Paris

Play Episode Listen Later Aug 1, 2025 11:04


A menos de um ano das eleições municipais de 2026, a mobilidade urbana volta ao centro do debate político na França. Um dos assuntos discutidos é a transformação de ruas no centro das cidades em áreas de pedestres. A proposta de restringir o acesso de carros às áreas centrais das cidades, defendida por ambientalistas e parte de alguns gestores públicos, gera reações distintas na população francesa, especialmente entre os moradores da capital e os de outras cidades periféricas.  Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris Em Paris, essa medida avança. Faz parte do plano da prefeita socialista Anne Hidalgo, que está no cargo há onze anos e tem como objetivo tornar Paris mais verde e menos poluída. Ela é entusiasta do conceito da “cidade de 15 minutos”, em que tudo está a uma caminhada de distância.  Já fora da capital, uma consulta realizada pela plataforma cidadã Mon Avis Citoyen, com moradores de 386 cidades de diferentes portes da França, revelou que a maioria - 72% dos entrevistados - é contra a interdição de carros nos centros urbanos. Em 2022, essa porcentagem era de 70%.    Um dado novo revelado por essa enquete é que a oposição à proibição de carros aumentou 16% nas cidades com população entre 30 mil e 50 mil habitantes, consideradas de médio porte na França. Entre os principais motivos apontados pelos entrevistados estão a dependência do automóvel nas atividades cotidianas, como ir ao comércio local, além do receio de impactos econômicos negativos para as cidades.    A consulta mostrou, no entanto, disparidades conforme a idade dos entrevistados e o perfil das cidades. Jovens adultos (18 a 29 anos) aumentaram seu apoio à interdição de carros nos centros urbanos (+9% desde 2022). Já a faixa acima de 70 anos permanece majoritariamente contrária à medida.    Nas pequenas e médias cidades, onde a oferta de transporte público é limitada, o carro continua sendo uma necessidade.    Até 2015, a regulamentação francesa impedia a operação de linhas regulares de ônibus entre regiões, algo comum no Brasil. Somente após a promulgação da chamada “Lei Macron”, em agosto de 2015, foi autorizada a abertura do setor de transporte rodoviário à concorrência.  Em média, os franceses percorrem 52 km por dia, segundo os dados da Agência de Transição Ecológica do governo. Desse total, 64% dos deslocamentos são feitos de carro. Paris tem plano de longo prazo Paris é uma capital conhecida por sua boa oferta de transporte público, e os moradores parecem se adaptar bem à ampliação dos espaços para pedestres. Essas mudanças fazem parte de um plano maior, com um orçamento de € 300 milhões (quase R$ 2 bi) em investimentos entre 2023 e 2030 para a transformação e adaptação da cidade às mudanças climáticas.  Na região metropolitana, caminhar é o meio de transporte mais popular (38%, um aumento de 4 pontos percentuais desde 2008) e o transporte público representa um quarto de todos os deslocamentos. Em Paris, o poder público submeteu o assunto à população, em um referendo ocorrido em março. Os parisienses que compareceram às urnas aprovaram majoritariamente a transformação de 500 novas ruas em zonas livres de carros, uma medida apoiada por 66% dos votantes. Essas 500 ruas se somam às 300 ruas exclusivas para pedestres já criadas desde 2020. Ao todo, mais de 10 mil vagas de estacionamento serão fechadas.  Nesse referendo, somente o 7º, 8º e 16º distritos, governados pela direita, votaram contra a eliminação dos carros das ruas de Paris. A oposição argumenta que a taxa de participação no referendo foi baixa: 4% dos eleitores.   Moradores de Montmartre protestam  Em Montmartre, um dos bairros mais turísticos de Paris, uma das poucas colinas da capital, a criação de uma área exclusiva para pedestres está gerando polêmica. Consultas públicas estão sendo realizadas com a população, nas quais a administração municipal defende os benefícios ambientais da medida para a qualidade de vida dos habitantes.     No entanto, faixas penduradas nas fachadas de edifícios exibem mensagens como: “moradores esquecidos pela prefeitura” ou “deixem os moradores viver”. Os protestos são uma reação ao projeto que pretende tornar várias ruas em áreas exclusivas para pedestres.  Alguns temem que o fechamento prejudique o acesso em uma região com relevo acentuado. Uma associação local, Vivre à Montmartre, entrou com uma ação judicial contra o projeto.    Alguns moradores de Montmartre estão preocupados com as entregas e o acesso de idosos com mobilidade reduzida, entre outras questões. Para o poder público, a iniciativa visa devolver o espaço urbano aos pedestres, reduzir a poluição, com melhoria da qualidade do ar, redução do ruído e, sobretudo, ampliar o espaço para a circulação de pessoas.   É em Montmartre que fica a Basílica de Sacré-Cœur, o monumento mais visitado da França em 2024, com 11 milhões de visitas, mais do que a Torre Eiffel.      Perguntada pela RFI, a sub-prefeitura de Montmartre diz não acreditar que o fechamento para carros será um atrativo adicional para turistas que já visitam o local, como temem alguns moradores, preocupados com a visitação de massa. O poder público sugere que essa área de pedestres seja restrita às ruas que compõem o antigo vilarejo histórico de Montmartre. Mas destaca que a mudança se inscreve numa política comum a toda a capital francesa, de ampliar os espaços destinados à circulação de pedestres.   Mobilidade e sustentabilidade Essa questão da mobilidade e sustentabilidade deverá ter um papel importante nas eleições do ano que vem.  O contraste entre Paris e a chamada “França periférica” evidencia uma divisão territorial e social que pode influenciar o voto nas próximas eleições. Com a mobilidade urbana se tornando um tema-chave da campanha, candidatos de diferentes espectros políticos já começam a se articular.   Em áreas urbanas densamente povoadas, há mais alternativas ao carro particular.   Na capital, cerca de 33% dos domicílios têm carro. Nos subúrbios e cidades menores, onde vivem cerca de 10 milhões de pessoas, essa proporção sobe para 66%.    A disputa entre sustentabilidade e acessibilidade promete marcar o debate eleitoral em 2026, na discussão sobre o futuro das cidades francesas. 

Economia
‘Parece a Disney': moradores do bairro Montmartre estão preocupados com excesso de turistas em Paris

Economia

Play Episode Listen Later Jul 30, 2025 7:58


A convivência entre os moradores de Montmartre e os turistas, cada vez mais numerosos no bairro parisiense onde vivem cerca de 27 mil pessoas, tem se tornado problemática nos últimos meses. Nas fachadas de alguns prédios, surgem mensagens como: "Deixem os moradores viverem". Com seus jardins escondidos, moinhos, vinhedos e a Basílica de Sacré-Cœur — o monumento mais visitado da França em 2024 —, a fotogênica Montmartre começa a sentir os impactos do turismo excessivo. Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris O temor é que o bairro perca sua vida cotidiana. A franco-brasileira Dgiorgia Saurin acompanhou essa transformação. “Cresci em Montmartre, é o meu bairro do coração”, conta. “Vi as mudanças ao longo da minha vida, especialmente nos últimos dez anos”, continua. “O bairro ficou mais chique e turístico. Antes era mais popular. Quando meus pais chegaram, a gentrificação já começava, mas agora virou uma Disneylândia de Paris dentro de Paris”, compara. Com a mudança do público, sorveterias e lojas de souvenirs vêm gradualmente substituindo os serviços e o comércio de bairro, lamenta Caroline Lamour, fotógrafa e moradora de Montmartre. “Antes havia lojas de bairro, açougues, padarias, etc. Mas agora, aqui em Montmartre, só restaram restaurantes”, afirma. “Os pequenos comércios estão fechando um após o outro, dando lugar a lojas que vendem produtos importados chineses”, observa. Segundo a moradora, “desde os Jogos Olímpicos, houve um aumento enorme no turismo, o que faz com que, em certos períodos, haja tantos turistas que a gente mal consegue circular”. Empurrando um carrinho de gêmeos e segurando uma menina pequena pela mão, Delphine, babá e também moradora de Montmartre, confirma: há gente demais. “São ônibus inteiros que desembarcam. As pessoas nem deixam você passar, é impressionante. A gente evita o bairro quando pode”, explica. “Os turistas são bem-vindos, mas é preciso respeitar quem mora aqui”, exige. Subimos a ladeira para a famosa Basílica de Sacré-Cœur ao lado de Felipe, que acompanhava um grupo de brasileiros. "Pelo que eu vejo aqui, acredito que haja sim um fluxo grande, maior do que a capacidade do local em relação à quantidade de pessoas, principalmente nas ruas perto das estações de Anvers e Pigalle e obviamente na Sacré-Cœur", ele descreve. "Além disso, o comércio local acabou se tornando muito turístico", completa.  Outro sinal de alerta foi o fechamento de 20 turmas em escolas públicas, no ano passado, por falta de alunos. Pequenos veículos transportam os turistas no bairro, onde é preciso dirigir com atenção, nas ruelas tomadas por visitantes de todo o mundo, que vasculham as lojas de lembrancinhas. A circulação é delicada. "É muito difícil porque há muita gente, você pode rodar com a caminhonete em certos lugares, tem que ir bem devagar, não é fácil", diz o entregador Moussa. Em entrevista à RFI, ele conta que "todo dia é assim". Problema de moradia Como consequência da alta procura por Montmartre, um levantamento mostra que, em dez anos, os preços dos imóveis dispararam, variando entre € 12 mil e € 15 mil por metro quadrado — o que equivalente a cerca de R$ 80 mil por metro quadrado. Os aluguéis de longa duração praticamente desapareceram. Entre maio de 2019 e maio de 2025, o número de anúncios ativos no Airbnb aumentou 36%, segundo dados da empresa AirDNA. Montmartre se beneficia do aumento de 20% no número de turistas estrangeiros em Paris entre 2014 e 2024, de acordo com dados do Choose Paris Region. Só no ano passado, a capital francesa recebeu 22,6 milhões de visitantes internacionais. E 2025 promete ser um ano recorde. O turismo excessivo em Montmartre se tornou também uma questão política. Moradores temem a possível descaracterização de um bairro inteiro, com sua história e seu patrimônio. O exemplo a ser evitado, segundo muitos, é o bairro português de Alfama, que teria atingido um nível de saturação turística. William Gomes, brasileiro que vive em Portugal e visitava Montmartre, diz entender o receio dos parisienses. “Alfama é um lugar muito turístico em Lisboa. É bonito, sim. A questão é que o turismo atrai pessoas que nem sempre respeitam a cultura local”, acredita. “O morador não consegue entrar ou sair com o carro. Muitas vezes, há odores desagradáveis na porta de casa. Toda região turística tem essa complexidade”, avalia o brasileiro. A prefeitura reconhece que os aluguéis em Montmartre subiram, como em toda a capital francesa, mas admite que há um problema de oferta de moradia. Segundo Jean Philippe Daviaud, prefeito adjunto do 18º distrito de Paris, em entrevista à RFI, a cidade utiliza os instrumentos legais disponíveis para corrigir distorções. “A posição de Paris é clara: somos contra o Airbnb”, afirma, acrescentando outro ponto: “A cobrança de impostos sobre aluguéis de curta duração era, antes, mais vantajosa do que a de longa duração. Isso mudou: os valores foram alinhados. O número de dias permitidos para locação turística caiu de 120 para 80 por ano”, explica. Quanto ao fechamento de lojas essenciais no bairro, a prefeitura responsabiliza os proprietários de imóveis comerciais. “Nesse ponto, culpo os proprietários privados, que só pensam no lucro, sem se importar com a qualidade do comércio que vai se instalar, desde que o aluguel seja alto”, lamenta. “Nos imóveis administrados pela prefeitura, como os que ficam no térreo de moradias populares, somos nós que decidimos — e, nesses casos, priorizamos a diversidade comercial”, conclui. "Efeito Instagram" Para a prefeitura de Paris, a comparação com a Disneylândia não se aplica, já que Montmartre não possui uma decoração artificial, mas sim uma história autêntica. Segundo as autoridades locais, a preocupação dos moradores com o turismo não é nova. No entanto, a prefeitura reconhece que o número de visitantes aumentou nos últimos anos, em um bairro pequeno. Após os atentados terroristas de 2015 e a pandemia de Covid-19 em 2020, os moradores haviam se acostumado à queda na frequência. “Hoje, não temos uma explosão de turismo, mas sim o retorno ao que era antes do confinamento”, compara Jean Philippe Daviaud. “Montmartre é vítima do efeito Instagram. As pessoas se fotografam em frente a certos estabelecimentos e monumentos e publicam as imagens imediatamente, como prova de que estiveram ali”, observa. O desafio é conciliar o turismo com o bem-estar dos moradores de Montmartre.

Gregario Cycling
RADIO: É TETRA!!! Com emoção em Paris, Pogacar leva o 4º título do Tour de France

Gregario Cycling

Play Episode Listen Later Jul 27, 2025 76:59


Era favorito, dominou e neste domingo venceu. Tadej Pogacar se tornou tetracampeão o Tour de France na edição mais rápida da história. Vamos reviver os melhores momentos e os pontos de destaque desta edição, coroada por uma emocionante etapa #21, com a vitória de ninguém menos do que o belga Wout Van Aert. As abelhas que vieram do Giro entregaram o que Jonas Vingegaard não conseguiu: vitórias!Tem também o início do Tour de France Femmes e todas as notícias da semana, com Leandro Bittar e Ana Lidia Borba.

Esportes
Fundação criada por Raí e Leonardo promove intercâmbio entre jovens brasileiros e franceses em Paris

Esportes

Play Episode Listen Later Jul 13, 2025 6:19


Paris foi palco esta semana de um bate-bola que uniu no mesmo time esporte e inclusão social. Jovens franceses e brasileiros participaram de um encontro promovido pela fundação Gol de Letra, criada pelos ex-jogadores Raí e Leonardo, ambos ídolos do PSG, do São Paulo e da Seleção Brasileira. O evento foi realizado em parceria com a associação Sport dans La Ville, que também dá suporte a crianças e adolescentes carentes na França. Por Renan Tolentino, de Paris Um dos objetivos é promover o intercâmbio entre alunos apoiados por cada projeto. Ao todo, 16 jovens vieram do Brasil para participar do evento, que aconteceu na última quarta-feira (9), na sede da prefeitura de Paris, como parte do 3° Encontro Sobre Inserção Social Através do Esporte. “O esporte é uma linguagem transversal. Quando se fala em esporte, todo mundo pensa nos atletas de alto rendimento, medalhas, mas a gente vê o esporte como um modo de expressão, uma maneira de se desenvolver, de trabalhar o desenvolvimento humano, a educação (...) E nesses intercâmbios, a gente aproveita para fazer seminários e discutir temas sobre como o esporte se relaciona com o racismo, com questões de gênero, com o direito de todos, com a democracia. A gente aproveita o esporte também para desenvolver melhores práticas, de uma maneira mais impactante na sociedade”, detalha Raí. Além de promover debates e a inclusão dos jovens, esta edição também faz parte da programação do Ano do Brasil na França, que celebra a boa relação diplomática entre os dois países. “Na França, a gente tem parceiros, associações, principalmente a associação Sport dans la Ville, que participou do intercâmbio, e com a qual a gente acaba trocando muita metodologia, ensinamentos, conhecimentos, para melhorar mutuamente. Então, também é uma colaboração franco-brasileira”. Golaço fora dos gramados A fundação Gol de Letra foi criada em 1998 por Raí e Leonardo, visando "contribuir com a educação de crianças e jovens de comunidades socialmente vulneráveis, para que tenham mais oportunidades e perspectivas de vida", como descreve o próprio site da instituição. “A Gol de Letra começou há 26 anos, já com essa ideia de dar oportunidades às novas gerações de se formarem, de crescerem, se desenvolverem e de serem elas mesmas os agentes de transformação social", diz Raí. "Começamos em São Paulo, com um grande centro cultural, esportivo e educativo, com 100 crianças, lá atrás (em 1998). Hoje são quase 6 mil crianças e jovens atendidos todos os dias, com um resultado que nos deixa bastante orgulhosos. Muitos dos quase 35 mil jovens que já passaram pela Gol de Letra (ao longo desses anos) hoje são empreendedores, estudantes, estão nas universidades. Se não fosse a oportunidade que a gente oferece nessas comunidades, talvez isso não teria acontecido”, relembra o ex-jogador. Para Raí, a educação e o esporte jogam juntos. No ano passado, o ex-atleta do São Paulo e Seleção Brasileira se formou em Políticas Públicas na SciencesPo, universidade em Paris especializada nas áreas de Ciências Humanas e Sociais. “Durante a minha carreira, procurei sempre o conhecimento. Enquanto jogador não tinha tanto tempo assim, mas depois de encerrar a carreira fiz dois mestrados, voltei para a vida acadêmica, além da Gol de Letra. Tive um exemplo na minha família e procuro passar adiante. É como a gente fala na Gol de Letra, encontrar o prazer pelo conhecimento, o prazer de aprender”, pondera Raí. Vidas transformadas Conhecimento aliado ao esporte, ferramentas poderosas para transformar vidas. Como a da francesa Mouná, de apenas 16 anos, que faz parte dos mais de 12 mil jovens atendidos pela Sport dans la Ville, parceiro da Gol de Letra na França. "Participar do Sport dans la Ville abriu muitas portas para mim, tanto a nível profissional quanto pessoal. Fizemos muitos amigos novos. E, desde então, surgiram oportunidades, por exemplo, de ir ao Brasil com a associação. Isso nunca teria sido possível sem a ajuda do Sport dans la Ville. Tem sido ótimo e sou muito grata a esse projeto", conta a francesa. Do lado brasileiro, o jovem Maurício, também de 16 anos, já viu sua vida transformada pela Gol de Letra. Ele começou como aluno da instituição e hoje é um dos monitores na unidade que atende comunidades do Rio de Janeiro. “É muito gratificante de participar de um projeto como esse, porque eu sou um jovem negro periférico... cada vez mais a fundação vem me ajudando, tanto com viagens, como essa aqui para Paris, e no meu desenvolvimento como pessoa. Já fui um aluno do projeto e hoje em dia estou aqui (em Paris) como monitor. Então, teve uma mudança e muitas conquistas para mim”, relata Maurício. Raí teve uma carreira vitoriosa, marcada por gols e títulos importantes, como o tetra da Copa do Mundo de 1994, mas o apoio a jovens carentes através do esporte é certamente uma das principais conquistas de sua trajetória. “A Gol de Letra existe por conta dessa minha inquietude de querer novas experiências e, claro, de oferecer algum retorno para a sociedade. Mas, principalmente, vem dessa inquietude de buscar conhecimento, de buscar oportunidade, de como eu posso crescer. E é isso que a gente tenta passar para as crianças, jovens e todos os envolvidos na Gol de Letra”, conclui o tetracampeão mundial.

Economia
Moda circular e upcycling reforçam caminhos sustentáveis para um setor têxtil em transição

Economia

Play Episode Listen Later Jul 10, 2025 6:35


No Brasil, em 2023 cada cidadão descartou, em média, 21 quilos de têxteis, couros e borrachas por ano, segundo levantamento da S2F Partners, hub especializado em gestão de resíduos e economia circular. Na Europa, o cenário também é preocupante: de acordo com a Agência Europeia do Meio Ambiente, cada habitante da União Europeia gera cerca de 16 quilos de resíduos têxteis anualmente. Diante deste quadro, impulsionado pelo mercado fast fashion, iniciativas como a moda circular e o upcycling de tecidos ganham força para promover uma economia mais sustentável. O objetivo é reduzir o impacto ambiental do setor têxtil e promover práticas que valorizem a reutilização das peças e a responsabilidade ambiental. Somente na França, a Refashion, organização de gestão e prevenção de resíduos têxteis, calcula que os franceses joguem fora em média 700 mil toneladas de roupas todos os anos – e os números vem aumentando, estimulados pelo alto consumo a baixos custos, facilitado pelas compras online.  Novas formas de consumo e redução do lixo têxtil  Em Paris, a estilista franco-brasileira Márcia de Carvalho está por trás da Chaussettes Orphelines, associação que oferece uma segunda vida às meias e outras peças pelo reaproveitamento de fios. As peças rejeitadas são transformadas em fios para bordados e costura. Márcia destaca a importância de marcas, agências do governo, associações e instituições “comunicarem e criarem uma pedagogia em volta do desse assunto”, para alertar o consumidor final sobre o descarte de roupas e calçados.  “É super importante porque é uma mudança de comportamento. A gente tenta fazer isso comunicando através das coletas e explicando que tem outras formas de tratar o lixo, que começa já pela triagem", explica. "Não é apenas jogar fora, mas procurar lugares que vão transformar. É um primeiro gesto de para redução desse lixo têxtil. Outra coisa é a pedagogia do conserto, do reparo, de customizar a peça, que é um jeito bem legal de reduzir esse lixo”, defende a estilista. Em Paris, a Chaussettes Orphelines divulga oficinas para encorajar o conserto de roupas e a criatividade para transformar peças antigas ou com algum defeito. A iniciativa também já capacitou centenas de mulheres para o mercado de trabalho, desde 2008. Márcia enfatiza ainda a coletas de materiais que a associação realiza em empresas e que cofinanciam as iniciativas de upcycling.  Ressignificar os resíduos têxteis industriais   No Brasil, dados de 2023 indicam um descarte de 4,6 milhões de toneladas de lixo têxtil por ano pela população. Mas os números são mais impressionantes na indústria, que jogam fora cerca de 37 vezes mais, mesmo que o país tenha uma série de leis que regulamentam a reciclagem de resíduos industriais, salienta Ariane Santos, fundadora da empresa paranaense Badu Design, que atua no upcycling socioambiental.   “São mais de 170 milhões de toneladas de material residual por ano. Tem a regulamentação, mas não tem a fiscalização, então o número hoje de material residual industrial é bem maior. A gente fala que é só a ponta do iceberg. São materiais que devem durar mais de 500 anos no meio ambiente”, aponta Ariane.   O trabalho da Badu Design é dar uma nova vida aos resíduos industriais têxteis das empresas e também de gerar empregos, já tendo formado mais de 1,5 mil mulheres periféricas em design circular de transformação residual, no Paraná, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, e, em breve, em Minas Gerais.  “O que a gente faz hoje é oferecer para as indústrias um serviço que visa ressignificar esse material. Algumas empresas fornecem toneladas de materiais. Formamos mulheres em periferias e favelas para fazer toda uma produção de produtos que têm design mais contemporâneos e que venham agregar valor. Depois, essa empresa faz a recompra”, diz, à RFI.  Ariane Santos conta que a capacitação gera uma mudança econômica para as mulheres que estão na periferia e favela. “A gente também faz com que a indústria não veja [o descarte de resíduos têxteis] como mais uma ação social, mas sim como uma responsabilidade que ainda agrega valor para ela em dois pontos: na questão da imagem da empresa sobre riscos ambientais, evitando multas, mas também trazendo uma possibilidade de ser rentável”, esclarece.  As duas empresárias, com atuação no Brasil e na França, acreditam que a adaptação econômica por meio da transformação dos resíduos pode movimentar uma mudança cultural no setor têxtil, um dos setores da indústria que mais poluem o planeta. 

Reportagem
Recitais em Paris misturam repertório europeu e do Brasil e prestam homenagem a cantoras afro-brasileiras

Reportagem

Play Episode Listen Later Jul 3, 2025 5:06


O teatro do Châtelet em Paris acolhe sábado (5) e domingo (6) o fim de semana temático Ancien Brésil – Brésil Nouveau (Antigo Brasil-Brasil Novo), com dois concertos que misturam vozes e músicas antigas e contemporâneas de compositores brasileiros, dentro da temporada França-Brasil 2025. A proposta é fazer o público viajar entre memória e modernidade.   A iniciativa é liderada pela orquestra Americantiga, sob a direção musical do maestro curitibano radicado em Portugal, Ricardo Bernardes. No sábado, no concerto Alma Brasileira, a pianista Cristina Ortiz dialoga com Mozart e compositores do Brasil do século 20 como Harry Crowl, João Guilherme Ripper, Camargo Guarnieri e Fructuoso Vianna.   No domingo, é a vez dos cantores Bruno de Sá e Luanda Siqueira prestarem homenagem a duas grandes figuras líricas afro-brasileiras no espetáculo Marias do Brasil, que mescla ópera, canção e narrativa visual, com direção de Ligiana Costa.   Dois programas muito diferentes entre si, como explicou à RFI Ricardo Bernardes, mas ambos com o objetivo de mostrar a música brasileira na França.   Em Alma Brasileira, Cristina Ortiz interpreta Mozart, sua especialidade, e depois compositores contemporâneos brasileiros não muito conhecidos na França. “Um programa mais tradicional, mas muito original ao mesmo tempo”, revela Bernardes.   O segundo programa, “mais desafiador”, mistura música clássica com popular. “A gente tem desde modinhas do século 18 a árias de ópera, a tango brasileiro, a maxixe”, explica o maestro. Misturando composições de Chiquinha Gonzaga e Villa Lobos, entre outros, Marias do Brasil é uma homenagem à Maria Joaquina Lapinha e à Maria d'Apparecida. Esta última morou a maior parte de sua vida em Paris e foi a primeira afro-brasileira e interpretar Carmen, do compositor francês Georges Bizet. “O desafio era criar uma dramaturgia que fizesse um cruzamento entre a vida dessas duas mulheres e que respeitasse, de alguma forma, um pouco o repertório que elas cantaram”, explica a diretora artística Ligiana Costa. “A gente tem um espectro de repertório brasileiro muito amplo, desde a música do século 18, modinhas, áreas de padre José Maurício, música erudita, até Villa Lobos, Waldemar Henrique, Francisco Mignone, chegando até Baden Powell”, explica.   “Então, eu e a Sophia Boito, que trabalhou comigo, fomos criando uma espécie de dramaturgia de cruzamento entre essas duas mulheres que têm muito em comum, apesar de tantos séculos que as separam”, conta Ligiana Costa sobre as duas cantoras que fizeram carreira na Europa e foram esquecidas pela história.   Ela define o espetáculo como “concerto, poético, documental”. “Porque ele tem forma de um documentário, de certa forma, que apresenta essas duas mulheres, mas de uma forma muito poética e livre também”. O roteiro do espetáculo se baseou no trabalho da jornalista e escritora Mazé Torquato Chotil sobre Maria d'Apparecida e da pesquisadora e especialista em história da música, Rosana Orsini Brescia, sobre Maria Joaquina Lapinha.    A partir dos documentos sobre as duas cantoras, a diretora artística criou textos, narrados pela atriz Camila Pitanga, que fazem parte do espetáculo em forma de peças sonoras.   Repertório brasileiro O sopranista (homem que canta com voz de soprano) Bruno de Sá e a soprano Luanda Siqueira dão voz às duas Marias.   “Já tive o prazer de fazer desde Mozart, Bellini, até Wagner e outros compositores contemporâneos. Então essa outra possibilidade que se abre dentro do repertório colonial, para mim é um grande desafio”, conta Bruno de Sá, que atualmente vive na Europa e já se apresentou em diversos palcos do continente.   Dono de uma voz excepcional, o sopranista diz que pode “contar nos dedos de uma mão” às vezes que teve a “oportunidade de cantar repertório brasileiro de verdade”.   “Porque morando aqui na Europa, (a gente) se concentra mais no repertório italiano e séculos XVII, XVIII e XIX. Então cantar algo em português é sempre um desafio porque minha língua estava acostumada e treinada a cantar em outro idioma. Mas, ao mesmo tempo, voltar para as origens, especialmente neste ano, voltar ao repertório português, repertório brasileiro, tem sido muito significativo”, explica, se referindo aos diversos eventos comemorativos da Temporada do Brasil na França. Em 14 de julho, festa nacional da França, ele vai cantar as Bachianas Brasileiras de Villa Lobos no concerto de Paris. O evento de música clássica, reúne a Orquestra Nacional da França, o coro da Rádio França e solistas internacionais e acontece aos pés da Torre Eiffel, antes da tradicional queima de fogos. Luanda Siqueira concorda que o ano “está sendo maravilhoso”.  “Eu participo de vários projetos em torno da música, do repertório brasileiro e também projeto em torno da música em língua portuguesa. Então, eu adoro, não só pelo fato de cantar na minha língua, mas também por abordar toda esse ritmo que a tão característico da nossa música”, conta.   A soprano diz que conheceu Maria Lapinha através de Ricardo Bernardes. “Quando você vê as partituras da Lapinha são obras muito virtuosas. É uma partitura mais escrita, virtuosa, porque ela tem uma coisa muito lírica, muito específica que é uma voz lírica. É um trabalho, que você vê na partitura dela, que devia ser uma excelente cantora, uma excelente musicista, com bastante maestria”, diz. “Eu conheci recentemente a Maria d'Aparecida. E eu fiquei tão triste de saber que tinha uma cantora maravilhosa brasileira aqui que eu não conheci, porque ela faleceu em 2017. Eu só fiquei sabendo da existência dela em 2023”, afirma a soprano que vive na França há 25 anos. Após ver imagens de arquivo de Maria d'Apparecida, Luanda Siqueira diz que ficou “impressionada também de ver a força dessa mulher, no olhar dela, na maneira de falar”. Uma força que a cantora transmite no concerto em homenagem às Marias do Brasil.

Vida em França
Cildo Meireles expõe em Paris obra de 9 milímetros capaz de “incendiar consciências”

Vida em França

Play Episode Listen Later Jul 3, 2025 11:55


O artista brasileiro Cildo Meireles expõe “Cruzeiro do Sul” na Orangerie do Senado, em Paris, de 3 a 17 de Julho. Trata-se de uma peça de 9 milímetros capaz de “incendiar consciências” devido a todo o significado que carrega, explica a comissária Sívia Guerra. A RFI leva-o até à exposição para ouvir Cildo Meireles, Sílvia Guerra e o realizador Tiago Hespanha. Um cubo de 9 milímetros num espaço mínimo de 200 metros quadrados. Uma obra de arte no chão a desafiar a atenção do visitante que pisa milhares de pedrinhas até chegar ao Cruzeiro do Sul. Assim se chama a peça, concebida em 1969-1970 e apresentada pela primeira vez em França, no espaço Orangerie do Senado, em Paris. “Cruzeiro do Sul” está patente de 3 a 17 de Julho. O autor é um dos mais importantes artistas brasileiros contemporâneos, Cildo Meireles, que nos deu algumas pistas sobre a obra. “A peça partiu de uma premissa que era uma relação com o espaço onde ela está, mas foi acrescentada uma espécie de simbolismo que era uma negação daquilo que você vê. Então, ela se funda numa história, numa cosmogonia dos índios brasileiros, cuja divindade era Tupã, deus do fogo e do trovão, e que os jesuítas, quando chegaram, reduziram. A peça faz referência ao atrito entre uma madeira pouco densa como i pinho e uma muito densa como carvalho, porque era friccionando uma haste de pinho numa peça de carvalho que você obtinha um fogo que era uma espécie de materialização dessa entidade central na cosmogonia tupi”, explica Cildo Meireles. A fragilidade de uma peça de tão pequena escala deixa-a ainda mais exposta ao público e carrega simbolicamente o peso de todo o processo de colonização e da resiliência dos saberes e mitos indígenas brasileiros. O pequeno cubo é feito de pinho e de carvalho, uma combinação que convoca imagens ancestrais da descoberta do fogo e que comporta a promessa de “incendiar consciências”, conta Sílvia Guerra, co-comissária da exposição. “O espaço de 200 metros quadrados não está vazio. Está repleto de lendas e de histórias de um dos povos originários do Brasil, que é o povo tupi que esfregava o pinho e o carvalho para fazer o fogo (...) É  uma peça que nos fala da História, fala-nos de invasões, fala-nos de relação ao espaço, fala de pessoas mais humildes, fala daqueles que não tinham um nome próprio (...) Esta peça, além do fogo, fala da preservação e que o fogo pode ser benigno ou maligno. De uma certa forma é um incêndio, como diz o meu colega Laurent Fiévet, nas nossas consciências também”, explica a comissária.  A obra é acompanhada pela projeção do documentário “Cruzeiro do Sul” de Tiago Hespanha, criado para a exposição. “Cruzeiro do Sul”, de Cildo Meireles, está patente de 3 a 17 de Julho na Orangerie do Senado, em Paris, no âmbito da temporada cultural Brasil-França 2025. 

Vida em França
Artistas brasileiros em Paris: do Grand Palais ao museu d'Orsay

Vida em França

Play Episode Listen Later Jul 2, 2025 8:29


Do luminoso Grand Palais à galeria impressionista do Musée d'Orsay, vários artistas brasileiros apresentam as suas obras em Paris. No Grand Palais, as exposições Horizontes e Nosso Barco Tambor Terra oferecem cores, luz e uma convidativa instalação sonora onde o público toca instrumentos de percussão. Já no quinto piso do museu d'Orsay, Lucas Arruda surpreende com paisagens imaginadas entre Monet e Cézanne. Ao atravessar a entrada do Grand Palais, somos imediatamente envolvidos não só por uma obra de grande dimensão, mas também pela luz natural que entra pelo telhado de vidro. Essa luz cruza o espaço de exposição, reveste os painéis de madeira onde repousam textos descritivos e expõe as obras com uma luminosidade natural. As instalações de Ernesto Neto convidam-nos a mergulhar num universo sensorial: tecido, formas orgânicas, cores suaves e, sobretudo, instrumentos de percussão aos quais o público pode dar vida, criando a própria música. “Nosso Barco Tambor Terra” usa mais de 5,7 quilómetros de tecido brasileiro. O som ecoa no espaço, e de repente cada um de nós é parte integrante da obra, transformando a contemplação em participação activa. “O tambor originalmente é feito de um tronco de árvore com uma pele de animal. É a mistura do vegetal com o animal. Acho isso uma coisa muito linda”, descreve Ernesto Neto à jornalista Patrícia Moribe, acrescentando que o "nosso corpo tem um tambor que é o coração. Tum tum, tum tum. É ele que está a bater aqui". Mais do que uma instalação, a obra de Ernesto Neto parece representar um ritual. Os visitantes percorrem a obra como se percorressem uma clareira ancestral. Não há distância entre arte e corpo, há presença. O artista brasileiro lembra que a floresta “é a multi-natureza, é a vida, é ela que limpa o universo” e sublinha que "somos filhos de mães indígenas, de mães africanas que chegaram escravizadas. Somos frutos de uma transformação. E o conhecimento que nos resta é colectivo: é afro-indígena, é sabedoria de bem viver", conclui. Na exposição "Horizontes", lemos o nome de Marina Perez Simão, nascida em 1980 e residente em São Paulo. A artista brasileira partilha um ensaio visual, onde revela pinturas de cor intensa, cenários interiores. A exposição ocupa um recanto de luz diáfana, onde os campos de cor parecem pulsar, multiplicando-se sob o efeito dos raios solares que atravessam o telhado envidraçado. A entrada gratuita da exposição apresenta-se como um gesto de democratização: basta entrar e estar presente. Atravessamos Paris, do outro lado do rio Sena, chegamos ao Musée d'Orsay. Subindo o elevador, passando pelos corredores. No quinto piso, surgem quadros de Lucas Arruda. Não apenas expostos, mas estrategicamente posicionado no meio da galeria impressionista, ao lado de Monet, Cézanne, Corot, grandes nomes do impressionismo que imprimiram o imaginário da pintura de paisagem. O trabalho de Lucas Arruda, rotulado “Qu'importe le paysage”, que importa a paisagem, não retrata lugares reais: são paisagens que se revelam pela névoa, pelo mistério, por horizontes indefinidos. As obras parecem “familiares”, embora sejam imaginadas. “Fiquei muito feliz, mas também ansioso. Tive medo de parecer pretensioso”, confessa Lucas Arruda questionado por Patricia Moribe quanto à preparação da exposição. “Aos poucos fui entendendo que não se tratava de confronto, mas de continuidade. E isso trouxe-me alegria. A ideia de que alguém hoje ainda olha para a luz, para a paisagem, e continua a construir”, descreve. Lucas Arruda escolheu cada tela com cuidado. Algumas vieram da sua própria colecção, outras foram pensadas como espelhos invertidos das obras à sua volta. “Coloquei cinco ‘matas' em resposta às cinco catedrais. Pensei no monocromo como lugar sem centro, só sensação, só luz. E procurei criar pontes, como com as obras de Théodore Rousseau, que eu sinto tão próximas do que faço", explicou. Neste altar pictórico, o impacto é imediato e Lucas Arruda surge como uma nova voz, uma voz que questiona, que dialoga e reorganiza. Num museu dedicado ao tempo, a presença do artista brasileiro é travessia: de um Brasil interno, poético, contido, a um legado europeu secular. No final destas duas atmosferas: a travessia é física, sensorial e poética. Trata-se de um convite do Brasil a Paris para revisitar a paisagem, a memória, o ritmo e o toque. Nos dois museus, a arte brasileira revela-se como presença viva e capaz de iluminar não apenas os olhos dos visitantes, mas também os espaços históricos da cidade.

Decor e Arte
Decor e Arte - Reforma do Centro Pompidou em Paris

Decor e Arte

Play Episode Listen Later Jun 25, 2025 1:32


No episódio de hoje, Janina Ester fala sobre um edifício emblemático da capital francesa: o Centro Pompidou. Confira!See omnystudio.com/listener for privacy information.

Vida em França
Lizette Chirrime apresenta “Identidade Perdida” em Paris

Vida em França

Play Episode Listen Later Jun 24, 2025 8:31


Até ao final do mês de Junho, o espaço POUSH, em Aubervilliers, arredores de Paris, acolhe o trabalho da artista moçambicana Lizette Chirrime, que desenvolveu a instalação “Lost Identity”. O feminino é um eixo central no trabalho de Lizette Chirrime que vê a mulher como a “magia do mundo”, mas acredita que lhe falta espaço para se expressar e para libertar essa força. Até ao final do mês de Junho, o espaço POUSH, acolhe o trabalho da artista moçambicana Lizette Chirrime. Uma residência artística em Paris, no âmbito da iniciativa Gulbenkian & Thanks for Nothing – Criação e Compromisso, promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela associação francesa Thanks for Nothing e que conta com a parceria do Centre Pompidou e da KADIST (organização dedicada à arte contemporânea). A iniciativa distingue artistas cujas práticas abordam temáticas sociais e ambientais, incentivando ainda a inclusão de públicos afastados da cultura. Na capital francesa, a artista moçambicana desenvolveu a instalação “Lost Identity” (“Identidade Perdida”) criada a partir de materiais reutilizados dos workshops que conduziu no Centre Pompidou com mulheres em situação de vulnerabilidade – vítimas de violência doméstica, com doenças crónicas –, jovens com síndrome de Down e estudantes. O exercício consistia em criar dois corações: um para depositar tudo o que é negativo, outro para encher de energia positiva. “Havia mensagens muito assustadoras”, contou à RFI Lizette Chirrime, que decidiu reaproveitar todo esse material e transformá-lo numa instalação agora patente no POUSH, onde se podem ver os tubos que contêm todas as mensagens recolhidas, formando casulos, numa alusão ao processo de transformação das larvas em borboletas, como “uma forma de começo da cura”. Embora nascida de um processo colectivo, a obra é também autobiográfica: “É minha, é das senhoras, é de muita gente. É um problema global: a perda da identidade. O facto de permitirmos que nos abusem ou nos maltratem é porque, em algum momento, nos esquecemos de quem somos”, afirma. A instalação é, assim, uma espécie de espelho partilhado, onde a dor, a cura e a transformação coexistem. Sobre a residência artística em Paris, Lizette Chirrime acredita que “foi o universo que conspirou a meu favor e mandou esta luz para o meu túnel.” Para pagar as contas, Chirrime tem de conciliar o lado artístico com o design de moda: “Sou mãe solteira e vivo num país onde a arte não é reconhecida. Faço muito esforço para continuar. Mal consigo pagar as contas. Já estive muito doente, mas recuperei.” O feminino é um eixo central no trabalho de Lizette Chirrime que vê a mulher como a “magia do mundo”, mas acredita que lhe falta espaço para se expressar e para libertar essa força. “Uso a minha voz para dar voz a essas mulheres sem voz”, explica. Mas não é só na questão social que se centra: o seu trabalho também incorpora uma forte consciência ambiental. “Nós sujamos o planeta com o nosso consumismo. Eu decidi fazer a minha parte.” Ser artista e mulher em Moçambique continua a ser um desafio imenso. Apesar de avanços, as condições continuam precárias: “Muitas desistem porque é muito doloroso. Às vezes considero-me uma maluca em continuar, mas não tenho escolha, porque a arte me escolheu.”

Moda na Mochila
143 | Fashion Tech Professor em Paris, com Giovanna Graziosi Casimiro

Moda na Mochila

Play Episode Listen Later Jun 23, 2025 71:40


Giovanna Casimiro é o tipo de profissional que enxerga o futuro antes de todo mundo, e arregaça as mangas pra construí-lo. Desde 2010 ela vem conectando moda, cultura e tecnologia. Foi Produtora Líder de Metaverso na Decentraland Foundation, onde idealizou a Metaverse Fashion Week, colocando marcas e criativos dentro de experiências imersivas que vão muito além da passarela. Hoje, a Gigi é professora no Institut Français de la Mode (IFM), em Paris, onde pesquisa e ensina sobre realidade estendida (XR), luxo e tecnologias imersivas. Doutora pela FAU-USP, ela mergulha em temas como memória digital, open source e o futuro do patrimônio cultural. Ao longo da carreira, liderou projetos para marcas como Adidas, Red Bull, Diesel, DKNY, Coach, JPMorgan e muitas outras, sempre com o olhar voltado para inovação, acessibilidade e impacto. Neste episódio, falamos sobre o papel da moda nos mundos digitais, os desafios de traduzir cultura no metaverso, e o que realmente importa quando pensamos em futuro.convidada: https://www.instagram.com/ggcasimiro/ Masterclass FASHION TECHs - https://www.modanamochila.com/masterclass-fashion-tech newsletter: https://modanamochila.substack.com/about Ig: https://www.instagram.com/modanamochila/ 

Cultura
“Alma de imigrante, mas coração carioca”: artista Anna Maria Maiolino expõe no Museu Picasso em Paris

Cultura

Play Episode Listen Later Jun 20, 2025 6:46


Organizada dentro da temporada cultural do Brasil na França, o Museu Picasso, em Paris recebe a exposição "Anna Maria Maiolino: Je suis là - Estou Aqui”, a primeira mostra individual na França da artista brasileira de origem italiana. Após cursar Belas Artes em Caracas, na Venezuela, foi no Rio de Janeiro, nos anos 1960, que ela desenvolveu plenamente a sua expressão artística. A influência dos trópicos é uma das marcas de seu trabalho, em que explora o sentimento de pertencimento e de imigração. Maria Paula Carvalho, de Paris A mostra é uma coletânea das principais obras da artista nascida na Calábria, em 1942, que cresceu na Venezuela, antes de se instalar no Brasil. Ao longo de 65 anos de carreira, Anna Maria Maiolino explora múltiplas linguagens artísticas, como disse em entrevista à RFI Fernanda Brenner, que divide a curadoria da exposição com o francês Sébastien Delot. “A ideia é fazer uma amostragem da complexidade e da coerência do trabalho dela", explica a curadora. "Esta exposição não é cronológica, não é montada em eixos temáticos de acordo com as décadas ou as mídias que ela trabalha, mas busca apresentar para o público como a Anna tem um vocabulário muito coeso, muito coerente e, ao mesmo tempo, absolutamente experimental em todas as mídias que ela resolve trabalhar", diz. "Pode ser esculturas em argila, desenhos, pinturas, vídeo, fotografia, performances. Ela transitou por todas as mídias possíveis em arte contemporânea, mas sempre com um vocabulário muito específico e muito ligado com a própria origem dela, como corpo feminino migrante", continua. "Ela que saiu da Itália no pós-guerra, quando o país vivia uma situação de precariedade, de fome. Chegou primeiro na Venezuela, ao fim da infância, e depois no Brasil, aos 20 anos, [onde] encontra a cena brasileira e se faz artista a partir desse encontro com o Brasil”, pontua.  Parte de sua formação Anna Maria Maiolino cursou na escola Nacional de Belas Artes Cristóbal-Rojas, em Caracas. Em 1960, ela se mudou com os pais para o Rio de Janeiro, onde continuou sua formação artística, estudando pintura com Henrique Cavalleiro e xilogravura com Adir Botelho. Em paralelo, ela frequentou o curso de estética de Ivan Serpa, no Museu de Arte Moderna.  A artista diz que não trabalha com a intuição, mas pensa e repensa cada passo de sua criação. Em entrevista à RFI, Anna Maria explicou o título da mostra parisiense: 'Estou aqui'. “Você busca um discurso próprio, diferente, mas isso é uma grande mentira, porque você vem do passado, com todas as culturas do passado. Isso é uma coisa muito forte para mim, porque eu era imigrante no Brasil", lembra. "Ao chegar no Rio de Janeiro, que é uma cidade incrível, eu percebi a liberdade que a arte brasileira tinha", completa.  Em 1968, Maiolino obteve a cidadania brasileira. Durante a ditadura, ela e o marido, Rubens Gerchman, se mudaram para Nova York, onde ela realizou parte das obras expostas em Paris. Nos Estados Unidos, a dificuldade por não falar inglês também acabou virando objeto de pesquisa, especialmente em desenhos e poemas. "Eu estive em vários países, em vários lugares. E sempre quando você muda de fronteira, o que existe é a sua presença no lugar. Então, para mim, este título significa que, mais uma vez, eu estou atravessando a fronteira, eu estou na França, estou em Paris, no Museu Picasso, que para mim é mais um território, pois sou uma andarilha, com alma de imigrante", define.  Coração brasileiro A artista retornou ao Brasil em 1972, se instalando primeiro no Rio de Janeiro, antes de se mudar para São Paulo, após o divórcio. Suas obras são inspiradas em diferentes línguas, culturas e contextos políticos em que viveu. "Voltar a Paris é voltar para aquilo que eu sou. Eu nasci na Itália, sou uma europeia do Mediterrâneo, mas pertenço a várias camadas dos países onde vivi", afirma. "Meu coração é brasileiro, é carioca. São Paulo não tem linha do horizonte, então me sinto prisioneira em São Paulo", diz.  Leão de Ouro em Veneza Em 2024, a artista foi recompensada com o Leão de Ouro na Bienal de Veneza pelo conjunto de sua carreira. Na ocasião, Anna Maria Maiolino dedicou o prêmio à arte brasileira e ao país que a acolheu. "Uma das coisas básicas da minha obra é a memória. A memória física e emocional", diz. "É óbvio que a minha chegada ao Brasil me ajudou a encontrar um discurso particular meu", continua. "Porque o brasileiro começa a sua arte com o Barroco, que é modernidade, não tem uma arte do passado. Tem a arte dos negros africanos, tem a arte dos índios e grande parte da arte brasileira carrega em si um ritual", observa. No Museu Picasso, no bairro do Marais, a exposição de Anna Maria Maiolino dialoga com a obra do artista espanhol. Ela mesma traça semelhanças com ele. “Qual é a minha relação com o Picasso? Mesmo sendo de épocas diferentes, ele sendo homem e eu uma mulher, nós temos em comum uma coisa: a curiosidade, pois mudamos de suporte", compara. "Picasso experimentou e 'comeu' a arte de todo o mundo e 'defecou' Picasso", analisa. "Picasso foi um grande comilão, antropófago das culturas dos outros, mas transformou tudo em Picasso", reforça. "Eu acho que eu e ele, com a diferença de idade e de séculos, temos a curiosidade de nos movermos de um suporte a outro, do desenho para a pintura, para a escultura, isso que eu tenho em comum”, afirma.    A exposição "Anna Maria Maiolino: Estou Aqui” fica em cartaz no Museu Picasso, em Paris, até 21 de setembro.  

Podcast Internacional - Agência Radioweb
Povos da Amazônia são tema de exposição fotográfica em Paris

Podcast Internacional - Agência Radioweb

Play Episode Listen Later Jun 16, 2025 4:55


Trabalho levou um ano e meio para ficar pronto.Esse conteúdo é uma parceria entre RW Cast e RFI.

Reportagem
Povos da Amazônia são tema de exposição fotográfica na Champs-Élysées, em Paris

Reportagem

Play Episode Listen Later Jun 12, 2025 6:00


Um designer francês e um fotógrafo brasileiro se uniram, em 2009, para um projeto focado na Amazônia brasileira. Como resultado, as fotos, que registram populações diversas dessa região, ganharam as páginas de um livro e agora, pela ocasião do Ano do Brasil na França, uma exposição na Avenida Champs-Élysées, uma das mais famosas do mundo. A exposição nasceu do encontro entre o francês Antoine Olivier e o brasileiro J.L. Bulcão. Juntos, eles fotografaram os seringueiros de Xapuri, os índios Sateré-Mawé, os catadores de açaí e os quebradores de coco babaçu, documentando como cada uma dessas populações, por meio de seus conhecimentos tradicionais e de suas lutas, representa uma forma de resistência ecológica. Eles mostram que a preservação do bioma está diretamente ligada à sobrevivência de seus povos.  "Esse projeto, inicialmente, foi parte de um concurso europeu para apoiar uma ONG e fazer um projeto de comunicação. Eu e o Bulcão nos juntamos para fazer um trabalho de fotografia para falar das pessoas que vivem e trabalham na floresta, e sobretudo que sustentam a floresta e a si mesmos. Ele foi feito em 2009 e o tempo de fotografia foi de dois meses. Depois teve toda a parte de preparação porque esse grande trabalho fotográfico foi transformado em um livro" contou Antoine Olivier. "A gente decidiu fotografar os povos da floresta, que era o nome dado pelo Chico Mendes (seringueiro e líder militante, morto em 1988) às pessoas que moram na Amazônia. Fizemos uma pesquisa grande e decidimos dar uma volta na região. Começamos no Acre, no seringal Cachoeira, terra do Chico Mendes, depois fomos para o Médio-Amazonas, na terra dos Sateré-Mawé, que são os índios que têm como símbolo maior o guaraná; de lá fomos a Belém, pegamos o barco e fomos até Abaetetuba, uma das cidades principais produtoras de açaí; e a quarta etapa foi com as quebradeiras de coco babaçu, que estão localizadas num território entre Tocantins, Pará e Maranhão. São pessoas que estão lá há muitos anos e lutam pelo direito à terra para voltar a poder catar esses babaçus nas propriedades que não são delas", explicou J.L. Bulcão, completando que todo o processo durou mais de um ano. "A pré-produção foi grande, o Antoine morava no Rio de Janeiro e eu aqui na França. Nos reunimos, programamos a viagem e contactamos as associações, porque cada tema destes tem uma associação que nos ajudou a entrar em contato. E foi a Autres Brésils que reagrupou essas quatro associações", explicou Bulcão.  Antoine Olivier contou ainda como foi o processo de escolha das fotos que compõem a exposição em Paris. "Só eu fiz 10 mil fotos e foi feito um trabalho gigantesco de edição para escolher as que achávamos mais importantes e mais representativas de cada assunto. São quatro temáticas e a gente escolheu o que as representava mais para o público em geral, para tentar trazer um pouco de cada elemento", disse.      Ano do Brasil na França A exposição foi inaugurada oficialmente no último dia 11 de junho e, além dos fotógrafos, contou com a presença de representantes da embaixada do Brasil, da prefeitura de Paris, da associação Autres Brésils, de patrocinadores e do curador Emilio Kalil, que também é o curador geral da temporada do Ano do Brasil na França.  "Quando vi o projeto, me encantei. É uma exposição pronta, que veio para Paris. Me pediram autorização para incluir na temporada e eu achei mais do que correto, porque ela representa um pouco das três vertentes da saison. Uma delas é o meio ambiente. Ali está claro que é um pouco dessa Amazônia que a gente quer proteger, que quer salvar", destacou ele, afirmando ainda que a sua grande preocupação para essa temporada é mostrar "um Brasil que os franceses normalmente não veem".  

Fale Francês Avec Elisa
Comment commander un café à Paris (et laisser un pourboire comme il faut) | Como Pedir Café em Paris (e Dar Gorjeta do Jeito Certo!) | Francês para Viagem

Fale Francês Avec Elisa

Play Episode Listen Later Jun 11, 2025 12:01


Está planejando uma viagem para Paris? Então este episódio é pra você! Vou te guiar com calma por tudo que você precisa saber na hora de pedir um café na França — da escolha do tipo até a famosa dúvida da gorjeta.Com dicas práticas e explicações culturais, você vai se sentir mais confiante para viver esse momento tão típico da vida francesa. Aperta o play e vem comigo descobrir como aproveitar ao máximo sua pausa no café sem cometer gafes!

Reportagem
"Eu sou um sobrevivente da falta de água potável", diz jovem brasileiro em evento da Unesco em Paris

Reportagem

Play Episode Listen Later Jun 11, 2025 10:32


Apesar de sua importância para o planeta e paras as populações, a água é um recurso vital ameaçado pela poluição e pela falta de políticas de manejo. Ainda que a retirada de água doce tenha aumentado 14% nas últimas duas décadas, atualmente 2,2 bilhões de pessoas não têm acesso à água potável em todo o mundo. Os dados são destaque na comemoração de 50 anos do Programa Hidrológico Intergovernamental da UNESCO (IHP), que foi aberto nesta quarta-feira (11) e reúne em Paris, até a sexta-feira (13), representantes de 170 países.   Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris O aquecimento global intensifica eventos extremos como secas e enchentes, interferindo na qualidade e disponibilidade desse recurso natural, destacou a secretária executiva da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (UNECE), Tatiana Molcean, na abertura da sessão.  E já que esse é um assunto que interfere no futuro das próximas gerações, a Unesco selecionou oito projetos para serem apresentados no 1º Diálogo da Juventude Pela Água. Entre os convidados, está um jovem brasileiro que sentiu na pele a dificuldade de quem não tem água limpa em casa. Erleyvaldo Bispo nasceu e cresceu no interior de Sergipe e é o fundador do Instituto Águas Resilientes, que ele veio apresentar na capital francesa. "Eu fui uma criança que tive contato com água contaminada, porque a gente pegava água no chafariz e não sabia se era uma água de qualidade, e eu brinquei no esgoto, literalmente", diz em entrevista à RFI. "Essa falta de educação é uma coisa que a gente nota. Hoje em dia, eu percebo que eu sou um sobrevivente e assim como vários outros jovens no Brasil que, infelizmente, vivem essa realidade. São todos sobreviventes, porque a gente sabe que a água contaminada pode matar, há doenças de veiculação hídrica", continua. "Então, no momento que eu chego aqui em Paris e participo desse evento, eu me sinto de fato como um sobrevivente", reitera.   Erley é um dos Jovens Embaixadores pelas Águas, programa que tem apoio do Fundo Socioambiental e que envolveu 60 jovens em todo o Brasil. "Nós temos alguns pilares de atuação. Um deles é desenvolver soluções tecnológicas para o acesso à água, pensando em comunidades que estão em situação de vulnerabilidade, como as do semiárido, as favelas e periferias, comunidades indígenas", afirma. "E temos outro projeto mais voltado à educação e também para treinar, mobilizar e engajar os jovens brasileiros", continua.  O jovem veio a Paris apresentar os resultados de suas ações, na expectativa de motivar outras pessoas. "Inspirar outros jovens para que eles façam ações locais, porque a gente sabe que o desafio é muito grande. Atualmente, no Brasil, 33 milhões de pessoas, aproximadamente, não têm acesso à água potável e aproximadamente 90 milhões não têm acesso a um saneamento adequado, segundo dados recentes do IBGE", pontua. "São dados muito alarmantes. Aproveitando que esse ano teremos a COP 30 em Belém, essa é uma forma de mobilizar esses jovens, a partir desse programa, para que a gente consiga avançar ainda mais, seja em soluções locais, seja a partir de influências em políticas públicas", completa.  Brasil tem água em abundância, mas precisa cuidar de seus recursos hídricos Dono da maior bacia hidrográfica do mundo, a bacia do Rio Amazonas, que se estende por vários países da América do Sul, o Brasil não está livre de se preocupar com a falta d'água. "A nossa maior bacia é a bacia Amazônica, que tem aproximadamente mais de 70% da água doce do Brasil, mas que nesses últimos anos vem passando por uma seca histórica", destaca o engenheiro florestal formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). "É importante pensar sobre as nossas águas. Nós temos um grande problema de fato de gestão, de não valorizar a água como ela deve ser valorizada", aponta.  Para o ativista, a população precisa entender a importância da água e saber que ela está ligada ao desenvolvimento da sociedade. "Se a gente fala sobre comunidades sem conflito, comunidades saudáveis, comunidades com habitação, com escolaridade, nós falamos em locais que tenham acesso à água de qualidade e a um saneamento adequado", pontua.  Ao longo das últimas décadas, o Brasil viveu um verdadeiro êxodo de áreas secas do Nordeste para as capitais do Sudeste. Porém, a migração climática continua sendo uma ameaça do futuro, ele explica. "Nesse último século, nós tivemos uma migração em massa de nordestinos fugindo da seca, que é o que chamamos de migração climática. Ou seja, muitas pessoas saíram do Nordeste e foram para grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo para viver em áreas periféricas. Pensando em outros cenários, isso já vem acontecendo e preocupa porque vai trazer uma maior pressão para outras localidades que, na maioria das vezes, não estão adaptadas para receber essa quantidade de pessoas", continua. "E quando a gente fala sobre contexto de países, isso acaba tendo outro aspecto, porque envolve questões diplomáticas", analisa.   O Brasil segue um modelo de gestão de recursos hídricos copiado da França: a Lei 9.433, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. "É um mecanismo participativo que foi influenciado pela gestão de recursos hídricos aqui na França. Só que a gente percebe que é necessário um avanço nessa política, pois apesar de ela ter mais de 20 anos, não é tão conhecida pela sociedade e ainda se baseia em um debate muito técnico", lamenta. "É mais do que necessário a gente pensar como ampliar a discussão, incluir mais pessoas e, de fato, priorizar a agenda da água como ponto central para a tomada de decisões", conclui.  Especialistas presentes à conferência da Unesco em Paris lembram que mais do que uma fonte de disputa ou conflito, a água tem sido, historicamente, objeto de cooperação entre países. Um desafio que se torna cada vez mais atual.  

JORNAL DA RECORD
JORNAL DA RECORD | 06/05/2025

JORNAL DA RECORD

Play Episode Listen Later Jun 7, 2025 46:58


Confira na edição do Jornal da Record desta sexta (6): Censo do IBGE revela que número de evangélicos triplica em 30 anos e já passa de 47 milhões de brasileiros. Em Paris, Lula reforça importância do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. E ainda encontra disposição para interagir com artistas diante de Macron. Americanos se arriscam para registrar tornados à beira da estrada. Donald Trump diz que não pretende fazer as pazes com Elon Musk. Quase 80% dos brasileiros defendem que as plataformas sejam responsabilizadas pelas postagens. No futebol, confira os clubes da série a que aproveitam a pausa no Brasileirão para contratar reforços. 

O Antagonista
20 anos do Mensalão: comemoração com censura em Paris | Narrativas #415 com Madeleine Lacsko

O Antagonista

Play Episode Listen Later Jun 6, 2025 39:40


Narrativas analisa os acontecimentos do Brasil e do mundo sob diferentes perspectivas.     Com apresentação de #MadeleineLacsko, o programa desmonta discursos, expõe fake news e discute os impactos das narrativas na sociedade.     Abordando temas como geopolítica, comunicação e mídia, traz uma visão aprofundada   e esclarecedora sobre o mundo atual.     Ao vivo de segunda a sexta-feira às 17h.   Apoie o jornalismo Vigilante: 10% de desconto para audiência do Narrativas  https://bit.ly/narrativasoa   Siga O Antagonista no X:  https://x.com/o_antagonista   Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp. Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.  https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344  Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br 

Meio Ambiente
Em conferência em Paris, imortal Ailton Krenak critica COP30 e planos de petróleo na Amazônia

Meio Ambiente

Play Episode Listen Later May 1, 2025 5:00


O Collège de France, uma das instituições de ensino superior e pesquisa científica mais prestigiosas da França, recebeu nesta terça-feira (29) o único imortal indígena da Academia Brasileira de Letras, o escritor Ailton Krenak. O filósofo emocionou a plateia de acadêmicos com uma visão singular sobre a crise climática e a destruição dos recursos naturais do planeta – e criticou a realização da próxima Conferência do Clima da ONU na Amazônia, em novembro (COP30). O escritor alertou que, diante das evidências científicas sobre o impacto das ações humanas sobre o clima, como o uso combustíveis fósseis, a humanidade “está experimentando a imensa perda da qualidade da experiência de estar vivo”. Segundo ele, “não estamos só ameaçados pelo clima, mas pela imobilidade”.Depois do evento, a jornalistas, Krenak foi mais direto sobre os projetos do governo brasileiro de abrir novas frentes de petróleo na foz do rio Amazonas. "É uma espécie de divórcio da realidade o governo brasileiro, ou qualquer outro governo regional, insistir na exploração de fósseis, de petróleo”, afirmou.O filósofo lembrou que, na última Conferência do Clima, no Azerbaijão, o presidente do país anfitrião considerou que o gás e o petróleo são “um presente de Deus”. "Enquanto a gente viver essa ideia simplória e oportunista de recursos naturais que Deus deu, nós vamos entrar pelo cano”, disse Krenak.O escritor lamentou que os acordos relacionados à proteção do meio ambiente "estejam todos derretendo”, e criticou a decisão do Brasil e a ONU de fazer a próxima COP em uma cidade amazônica."Eu acho que a COP30 vai ser um ônus. Ela vai exigir muito investimento, vai gastar muita coisa para promover uma conferência que podia acontecer online. Não precisava ser na Amazônia”, alegou. "Como é que vai você dizer que uma conferência vai ser boa se o legado imediato que ela deixa é a perda da qualidade de vida dos habitantes e da liberdade desses habitantes de se organizarem?”, avaliou, antes de afirmar que, com a ausência dos Estados Unidos na mesa de negociações, a conferência "vai ser um grande evento de empresários". "Corporações e empresários vão ganhar muito com a COP30, e populações locais vão perder tudo”, comentou.Cogitar 'outros mundos'Na sua palestra, Krenak incitou os presentes a "cogitarem outros mundos, além dessa experiência quase terminal que nós passamos a experimentar no século 21". Segundo ele, “estamos provocando o colapso do mundo que nós habitamos, o seu empobrecimento, e não estamos sendo capazes de cogitar outros”.Nestes outros mundos, que o escritor reporta da floresta, o modo de vida e os hábitos de consumo dos centros urbanos não são mais o foco. "Nós somos a presença mais efêmera da Terra, e estamos causando um dano irreparável a outras formas de vida, como se nós tivéssemos a Terra à nossa disposição”, constatou.Para atender à cada vez mais consumo e ocupação de espaços “vazios” do planeta, a humanidade passou a “comer a Terra”, disse Krenak, parafraseando seu colega yanomami Davi Kopenawa."Se nós olharmos para o desaparecimento de rios, de florestas, nós vamos ver que a escala é suficientemente grande para incomodar e nos por diante da pergunta de quanto nós ainda podemos comer da Terra”, insistiu.'Florestania' e 'floricidade'O filósofo brasileiro, nascido em Minas Gerais e eleito imortal em 2023, trouxe ao público seus conceitos de "florestania" (da junção de “floresta” com "cidadania") e "floricidade" ("floresta" e “cidade”). Em plena capital francesa, erguida sobre pedras e concreto e que hoje briga para devolver os espaços verdes aos seus moradores, as palavras de Krenak inspiram."Na maioria das cidades, jazem os rios debaixo das calçadas e estruturas que vão erigindo essa paisagem tão atraente que são as cidades. Como pensar uma floricidade? Como pensar num lugar onde um rio e uma floresta possam conviver com essa nossa disposição para nos socializarmos e reunirmos em espaços tão acolhedores e seguros que são as cidades?”, indagou.

Meio Ambiente
Cidades francesas recuam na moda da apicultura urbana, prejudicial à diversidade de abelhas

Meio Ambiente

Play Episode Listen Later Mar 27, 2025 8:39


Nos anos 2010, em pleno boom da conscientização ambiental, a moda “ecologicamente correta” da apicultura urbana invadiu as grandes cidades europeias. Uma certa competição entre grandes empresas e monumentos que tinham ou não produção de mel nos seus telhados chegou até a se criar. Mas, hoje, a tendência se inverteu: prefeituras chegam a proibir a instalação de novas colmeias. Lúcia Müzell, da RFI em ParisEstudos indicam que a expansão desmedida da prática é prejudicial à biodiversidade – não apenas afeta a variedade de espécies de abelhas, como também a das flores e outras plantas polinizadas por elas. Em Paris, por exemplo, o número de colmeias amadoras ou semiprofissionais disparou em uma década, passando de uma centena para mais de 2,2 mil, segundo dados de 2021 do Ministério da Agricultura.A bióloga Isabelle Dajoz, pesquisadora do Instituto de Ecologia e Ciências Ambientais de Paris, estudou o impacto desta multiplicação das colônias. "As pessoas acreditam que a abelha é um símbolo da biodiversidade e do bom funcionamento dos ecossistemas, mas ela é apenas uma espécie de polinizador entre outras. Quando dizem que vamos salvar as abelhas colocando colmeias por todo o lado, é como se disséssemos que 'para salvar os pássaros, vamos espalhar galinhas em todos os lugares'”, compara.Só na França, existem mais de 1.000 espécies de abelhas – o problema é que apenas uma, a Apis mellifera, também conhecida como abelha europeia, é usada em massa na apicultura, pela sua alta resistência e produtividade."Quanto mais densidade de colmeias de abelhas europeias temos, menos haverá polinizadores selvagens, incluindo outras espécies de abelhas, mas também borboletas, moscas e outros insetos. Isso sugere uma competição pelo acesso às flores, portanto acesso à comida: o pólen e o néctar”, afirma a pesquisadora. "Se tudo, ou quase, for devorado pelas abelhas europeias, podemos supor que teremos um efeito na densidade das populações de abelhas selvagens."Superpopulação de uma única espécie de abelhaDa Ópera de Paris ao Grand Palais, passando por restaurantes chiques e grandes lojas de departamento, todo mundo passou a produzir o seu mel exclusivo, com a desculpa fazer um gesto pelo planeta – um argumento que revolta Hugues Mouret, diretor científico da organização Anthropologia, que sensibiliza sobre a proteção dos insetos."Três ou quatro colmeias em um dado espaço não tem problema. Com 50, todo o alimento disponível naquela área é capturado”, lamenta ele, ao explicar que apenas uma colônia de abelhas europeia consome em três meses o equivalente ao que comem 100 mil abelhas selvagens. A existência de mais de três colmeias por quilômetro quadrado já atrapalha a atividade polinizadora dos insetos. Hoje, a média francesa é de 17 colônias, segundo ele."Mas nada disso importa para as pessoas que tentam vender esse modelo econômico de ‘vejam, agora temos colmeias aqui, estamos salvando a biodiversidade e você tem a chance de ter um mel local'. Os preços podem ser indecentes, chegam a 150 euros o quilo, o que é um completo delírio”, salienta.Paris queria ser a 'capital das abelhas'Diante dos alertas de cientistas e organizações naturalistas, prefeituras começaram a recuar. Lyon e Nantes acabaram com as novas autorizações de colmeias urbanas e têm buscado diminuir o número das já instaladas – com o apoio de entidades de apicultores profissionais, preocupados com a qualidade inferior do mel devido à queda da diversidade de polinizadores.Paris – que em 2016 havia lançado um plano para transformar na “capital das abelhas” – parou simplesmente de comunicar sobre o assunto."É de bom senso que precisamos. Não é uma questão de proibir nem de dizer que não gostamos das abelhas melíferas – eu mesmo sou apicultor amador. Mas se nós continuamos a só ver as coisas pelo prisma da produção alimentar, vamos destruir os espaços que nos rodeiam – e dos quais dependem as nossas produções alimentares, que precisam de diversidade”, indica Mouret.“Quando compreendermos isso e deixarmos um espaço decente para a vida selvagem, ao abrigo das atividades humanas, as coisas serão bem diferentes. Todos ganharemos."Maior ameaça são agrotóxicosO naturalista ressalta, entretanto, que a apicultura urbana está longe de ser o maior problema das abelhas: as verdadeiras ameaças à sua sobrevivência é a poluição, em especial por agrotóxicos, e a destruição dos seus habitats naturais.Neste sentido, a "pausa" decidida pelo governo francês para a adoção do plano de redução de produtos fitossanitários, sob pressão dos principais sindicatos agrícolas, representa um retrocesso importante para a conservação dos insetos. O plano visa o corte pela metade do uso de agrotóxicos no país até 2030 e a aceleração das pesquisas por soluções alternativas na agricultura, menos prejudiciais ao meio ambiente. Mas, em meio a sucessivas revoltas de agricultores, o governo cedeu e suspendeu o projeto.Os recuos também têm ocorrido em nível europeu, por medidas da Comissão Europeia, em meio à ascensão da extrema direita no bloco.Leia tambémAgrotóxicos proibidos na UE voltam à França em alimentos importados de países como o Brasil

Noticiário Nacional
0h Macron anuncia cimeira em Paris, sobre a situação na Ucrânia

Noticiário Nacional

Play Episode Listen Later Mar 21, 2025 11:38


Explicador
A reunião de emergência em Paris vai a tempo?

Explicador

Play Episode Listen Later Feb 18, 2025 17:01


Carlos Reis (PSD) afirma que a Europa tem de ser capaz de oferecer garantias de segurança à Ucrânia. Uma urgência, sublinha Luís Dias (PS), que cabe aos líderes europeus dar voz.See omnystudio.com/listener for privacy information.

ONU News
Cúpula de Ação de Inteligência Artificial reúne lideranças globais em Paris

ONU News

Play Episode Listen Later Feb 10, 2025 1:25


Mais de uma centena de líderes debatem governança e partilha de recursos; secretário-geral abordará risco de ampliação de desigualdades globais e aprofundamento das divisões geopolíticas; chefe da OIT falou de preocupações e oportunidades para o futuro do trabalho.

JORNAL DA RECORD
29/01/2025 | Edição Exclusiva: Mona Lisa ganhará sala exclusiva no Louvre, em Paris

JORNAL DA RECORD

Play Episode Listen Later Jan 29, 2025 4:03


Confira nesta edição do JR 24 Horas: O Museu do Louvre, em Paris, vai entrar em reforma nos próximos seis anos, criando uma sala exclusiva para a Mona Lisa. O objetivo é reduzir a superlotação e oferecer uma apreciação mais tranquila do quadro. Para isso, o museu pretende cobrar um ingresso à parte para quem deseja admirar a obra-prima de Leonardo da Vinci. Aproximadamente 10 milhões de pessoas visitam a mona lisa todo ano. E ainda: Homem morre durante incêndio em apartamento no Rio. 

SBS Portuguese - SBS em Português
Há 10 anos toda a gente era Charlie

SBS Portuguese - SBS em Português

Play Episode Listen Later Jan 8, 2025 4:44


É inesquecível a memória daquele extraordinário sobressalto. Todos os corações pareciam juntos a bater em uníssono: Je suis Charlie, Nous sommes Charlie. Todos éramos Charlie. Em Paris, em França, pela Europa. Em muitos lugares de liberdade pelo mundo irrompeu a união – a vontade de estar juntos.

SBS Portuguese - SBS em Português
A ressurreição da Catedral de Notre-Dame em Paris

SBS Portuguese - SBS em Português

Play Episode Listen Later Dec 5, 2024 5:12


A Notre-Dame de Paris reabre no domingo, 8 de dezembro. Foi escolhido o 8 de dezembro – dia religioso da Imaculada Conceição e abre após 5 anos e meio de aventura humana a restaurar e reconstruir tal como foi pensada no tempo medieval e modernizada há 160 anos.

Endörfina com Michel Bögli
#369 Dado Villa-Lobos

Endörfina com Michel Bögli

Play Episode Listen Later Aug 29, 2024 109:55


Filho de um diplomata, em sua infância ele morou em diversos países. Nasceu em Bruxelas, deu seus primeiros passos na antiga Iugoslávia. Em Montevidéu aprendeu a andar de bicicleta. Aqui no Brasil jogou futebol. Em Paris, quando tinha 11 anos de idade descobriu que era diabético do tipo I. A prescrição médica foi praticar esportes pelo resto da vida. Representando sua escola, jogou rúgbi durante dois anos e vestindo a camisa 9 chegou a ser campeão do torneio de Paris. Ainda lá, comprou sua primeira bicicleta de corrida. De volta ao Brasil, continuou praticando esportes, jogando futebol e pedalando ao redor do Lago Paranoá, em Brasília. Ele, que teve contato com a música clássica desde muito jovem ouvindo seu pai tocar piano, aprendeu as flautas doce e transversal. Depois foi para o violão e finalmente a guitarra. Influenciado pelos amigos e a cena musical de Brasília, criou sua primeira banda, que durou apenas um show. No início de 1983, foi convidado a integrar a Legião Urbana. Conosco aqui o guitarrista, cantor, produtor, cavaleiro, corredor, ávido ciclista há 25 anos, um dependente do esporte, Eduardo Dutra Villa-Lobos, mais conhecido como Dado. Inspire-se! SIGA e COMPARTILHE o Endörfina através do seu app preferido de podcasts. Contribua também com este projeto através do Apoia.se. LIQUIDZ é uma bebida de hidratação em pó inovadora, criada e desenvolvida por atletas e profissionais da saúde. Produto único no mercado brasileiro. Cada sachê possui: - Zero açúcar. - 3 x mais eletrólitos do que outras bebidas de hidratação. - Composta por 43% de água de coco orgânica. - Livre de corantes, sem glúten e vegano. - ⁠Baixíssimo em calorias e low carb Compre no site e ganhe 10% de desconto com o cupom ENDORFINA10. liquidz.com.br @liquidz_br Combinando desempenho e design há 40 anos, a Technogym apresenta as soluções de treino mais inovadoras do mercado. Um dos exemplos é a Technogym Ride, bicicleta que nasceu a partir da experiência da marca como fornecedora oficial de equipamentos das últimas nove edições dos Jogos Olímpicos, incluindo Paris 2024. Concebida em conjunto com os principais campeões de ciclismo, a TG Ride oferece uma vivência realista e completa de treinamento outdoor tanto para ciclistas profissionais quanto amadores. Com tela touch de 22” e resolução Full HD, ela proporciona a realização de um treino imersivo e interativo, visando a alta performance. Com a possibilidade de realizar todos os ajustes de acordo com o tamanho do usuário, incluindo as variações do pé de vela, a TG Ride oferece STI eletrônicos e integrados, a partir dos quais é possível fazer trocas de marchas e ter uma experiência completa de gestão de potência, resistência, inclinação, velocidade em subidas e porcentagem de FTP de forma precisa. Além disso, através do Pedal Printing™ é possível acompanhar a cadência, a simetria e a órbita das pedaladas. A Technogym Ride também conta com aplicativos integrados ou compatíveis, através dos quais o atleta tem, a um toque, ferramentas como Rouvy, Zwift, Bkool, TrainingPeaks, Strava, Eurosport, entre outros. As sessões de treinamento oferecidas pela Technogym Ride desafiam o atleta a alcançar as zonas de potência adequadas e a pedalar em dezenas de rotas virtuais, incluindo os destinos mais lendários do mundo.    https://www.technogym.com/pt-BR/ @technogym_brazil Um oferecimento de @BOVEN_ENERGIA. Quando a paixão pelo esporte encontra a energia transformadora, nascem histórias inspiradoras e uma nova etapa do seu negócio está para começar! Sabia que no Mercado Livre de Energia, você está livre das Bandeiras Tarifárias e pode economizar até 40% na conta de energia? É uma alternativa inteligente para empresas que procuram eficiência energética, economia e compromisso com a sustentabilidade, contribuindo com a redução de emissões de carbono em nosso planeta. Com a Boven, você migra com segurança e tranquilidade, aproveitando todas as vantagens desse modelo. Descubra quanto o seu negócio pode economizar com o gerenciamento da Boven. De energia, a Boven entende! boven.com.br    

Trivela
Meiocampo #59 Prata do Brasil em Paris

Trivela

Play Episode Listen Later Aug 12, 2024 69:44


A Olimpíada de Paris acabou e falamos da conquista da medalha de prata do Brasil no futebol feminino, uma frustração pela derrota, ao mesmo tempo uma grande conquista por tudo que foi.Também falamos sobre o que fica no futebol masculino, com Espanha campeã e a França finalista.No mais, fizemos um giro pelo que aconteceu fora das Olimpíadas, principalmente com as transferências no mercado europeu.SEJA MEMBRO DO MEIOCAMPO! Agora você pode ser membro do nosso podcast e apoiar o projeto! Além disso, os membros do plano San Mamés em diante terão vídeos exclusivos diariamente na Euro!Vá em youtube.com/meiocampo e clique em “Seja membro”. Venha fazer parte e nos ajude a crescer!

O Antagonista
Cortes do Papo - Janja em Paris: o custo da mamata

O Antagonista

Play Episode Listen Later Aug 7, 2024 4:16


O governo Lula gastou R$ 83.600 com o rolê da primeira-dama, Janja, em Paris, para acompanhar o início da Olimpíada deste ano, segundo a Folha de S. Paulo.A primeira-dama viajou sob a justificativa de representar o petista no evento.Janta visitou a Vila Olímpica, fez fotos com alguns atletas e teve uma audiência com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e com o presidente da França, Emmanuel Macron.Procurada pelo jornal, a Secom do governo Lula afirmou: “As passagens foram adquiridas em aviação comercial (sem uso de aeronaves da FAB), seguindo os preços de mercado, que estavam elevados em razão dos Jogos Olímpicos. A primeira-dama viajou de classe executiva, conforme autoriza a legislação vigente.”Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:Você também pode assistir ao Papo Antagonista na BM&C, nos  canais de TV 579 da Vivo, ou 563 da Claro, além do SKY+.  Que tal presentear seu pai com a assinatura de O Antagonista+Crusoé?  10% desc. no combo anual.   https://bit.ly/papoantagonista  Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.  Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.   https://whatsapp.com/channel/0029Va2S...   Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.  Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br 

O Antagonista
O que Janja foi fazer em Paris? - Narrativas#196 com Madeleine Lacsko

O Antagonista

Play Episode Listen Later Aug 1, 2024 27:56


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Os Pingos nos Is
Eleições na Venezuela / Zico roubado em Paris / Sabotagem na França

Os Pingos nos Is

Play Episode Listen Later Jul 27, 2024 120:44


O programa Os Pingos nos Is dessa sexta-feira (26) debateu ataques na França. Linhas de trens são alvos de sabotagem em Paris. Aeroporto na Basiléia é evacuado após um alerta de bomba. Zico tem mala roubada em frente a hotel em Paris e tem prejuízo estimado de R$ 3 milhões. Ex-jogador é embaixador do Time Brasil nos Jogos Olímpicos. Em clima de guerra, eleição na Venezuela pode acabar com o chavismo. Maduro disse que, em caso de derrota, haverá ‘banho de sangue'. Pesquisas divergem e ampliam dúvidas em eleição. Parte das sondagens indica vitória da oposição sobre Maduro. Lula confirma viagem de Celso Amorim para acompanhar pleito. Maduro manda fechar fronteiras antes do pleito. Panamá: voo com observadores foi impedido de entrar no país. Eleições nos Estados Unidos: Barack e Michelle Obama declaram apoio à Kamala Harris. Ex-presidente ligou para a pré-candidata confirmando endosso. Reajuste no mínimo e o impacto na inflação geraram uma nova discórdia entre Lula e Campos Neto. Após pagamento de multa, Daniela Silveira volta a pedir regime semiaberto. Multa foi paga com dinheiro doado por apoiadores de ex-deputado. Chefes de cartel mexicano são presos nos Estados Unidos. Criminosos dirigem o grupo mais violento e dominante no México. Na Zona Leste de São Paulo, PCC movimenta R$ 130 milhões com carros de luxo. Ferrari, Porsche e McLaren. Em um endereço, havia 55 veículos. Essas e outras notícias você confere nessa edição de Os Pingos no Is.

Ponte Aérea - André Boaventura e Camilo Pinheiro Machado
Ponte Aérea #404 - É o Brasa em Paris 2024!

Ponte Aérea - André Boaventura e Camilo Pinheiro Machado

Play Episode Listen Later Jul 8, 2024 25:35


Camilo Pinheiro Machado e Pedro Maia analisam a heroica classificação da seleção masculina de basquete aos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Que fatores pesaram na conquista da vaga e o que esperar da seleção comandada por Aleksandar Petrovic na França? Camilo e Pedro também falam dos protagonistas da conquista em Riga. Vem no play!