Podcasts about em paris

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O Antagonista
Mais de 300 são presos na França em manifestações contra reforma da previdência

O Antagonista

Play Episode Listen Later Mar 17, 2023 2:01


As forças de segurança da França prenderam ao menos 310 pessoas que participavam de manifestações contra a reforma da previdência no país nesta quinta-feira (16). Os protestos se intensificaram após a decisão do governo de Emmanuel Macron de adotar a mudança de regras sem a votação de deputados. Em Paris, latas de lixo, deixadas sem coleta devido à greve de garis, foram incendiadas durante os atos. Também na capital francesa, a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar os manifestantes reunidos na Place de la Concorde, próxima da Assembleia Nacional. Depois, alguns grupos atearam fogo em ruas da região. Segundo balanço do governo, 10 mil pessoas foram para as manifestações no local. Inscreva-se e receba a newsletter:  https://bit.ly/2Gl9AdL Confira mais notícias em nosso site:  https://www.oantagonista.com​ Acompanhe nossas redes sociais:  https://www.fb.com/oantagonista​ https://www.twitter.com/o_antagonista ​https://www.instagram.com/o_antagonista https://www.tiktok.com/@oantagonista_oficial No Youtube deixe seu like e se inscreva no canal: https://www.youtube.com/c/OAntagonista

Por Falar em Correr
Redação PFC 89 - Maratona de Tóquio, Atletismo em Paris 2024 e Polyvios Kossivas

Por Falar em Correr

Play Episode Listen Later Jan 28, 2023 27:31


Enio Augusto e Marcos Buosi trazem as notícias do mundo da corrida com os comentários, informações, opiniões e análises mais pertinentes, peculiares e inesperadas no Redação PFC. Maratona de Tóquio anuncia nomes da elite; Brasileiros vencem Sul-Americano de Cross Country; Calendário do atletismo para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 divulgado; Morre grego que ajudou Vanderlei Cordeiro de Lima na maratona olímpica em Atenas; TikToker chinês ganha milhões correndo de salto alto; Eliud Kipchoge espera fazer história como o único atleta a vencer todas as Majors; Judith Korir e Hellen Obiri estão entre as atletas de elite para competir na RAK Half Marathon. Escute, informe-se e divirta-se. SEJA MEMBRO DO CANAL NO YOUTUBE

Seriadores Anônimos - Séries, Filmes e Adjacências
Emily em Paris, Saison Trois (S.A. Cast 14×02)

Seriadores Anônimos - Séries, Filmes e Adjacências

Play Episode Listen Later Jan 12, 2023 73:35


Chegou a hora de dar uma boa mordida na sua McBaguette e viajar com a gente pela terceira temporada de Emily in Paris, série da Netflix que deixou todo mundo com vontade de dar uma voltinha de roda-gigante, entre outras desventuras de nossa intrépida profissional de mídias sociais. Um programa digno de entrar na La […]

Esporte em Discussão
Bate-Pronto - 04/01/2023 - Vítor Pereira EXPLICA saída do Corinthians; Neymar é FLAGRADO em festa em Paris

Esporte em Discussão

Play Episode Listen Later Jan 4, 2023 120:23


O Bate-Pronto desta quarta-feira seguirá atualizando as informações do futebol brasileiro. No Flamengo, Vítor Pereira enfim foi apresentado como novo técnico da equipe e falou sobre a sua polêmica envolvendo a saída do Corinthians. Já na Europa, após polêmica por expulsão, Neymar é flagrado em festa em Paris e recebe críticas.  See omnystudio.com/listener for privacy information.

Eduardo Oinegue
03/01/2023 - que tal um cargo em Paris ganhando feito embaixador?

Eduardo Oinegue

Play Episode Listen Later Jan 3, 2023 18:29


Resposta Pronta
Mortes em Paris. "Porquê na nossa casa?"

Resposta Pronta

Play Episode Listen Later Dec 25, 2022 11:45


Hermano Sanches Ruivo, autarca português em Paris descreve um "dia calmo", depois dos confrontos entre polícia e manifestantes. "Confrontos não podem durar para sempre" numa cidade em "clima de insegurança"See omnystudio.com/listener for privacy information.

Podcast Internacional - Agência Radioweb
Suspeito de ataque a tiros em Paris tem histórico de racismo

Podcast Internacional - Agência Radioweb

Play Episode Listen Later Dec 24, 2022 2:57


O homem matou a tiros três pessoas e deixou outras três feridas em um ataque realizado no 10° distrito da capital francesa.O Giro Internacional é uma parceria da Agência Radioweb e da Rádio França Internacional.

Direto do Sofá
Esqueceram de mim e de Emily em Paris junto com o diário de Noel

Direto do Sofá

Play Episode Listen Later Dec 23, 2022 9:19


É natal! Paulinha Carvalho, Kamila Pavão e Caio Sandin listaram os principais lançamentos de filmes e séries natalinos. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Podcast Internacional - Agência Radioweb
Homem de 69 anos é detido após tiroteio deixar três mortos em Paris

Podcast Internacional - Agência Radioweb

Play Episode Listen Later Dec 23, 2022 1:03


Um tiroteio ocorrido no centro cultural curdo Ahmet-Kaya em Paris, nesta sexta-feira (23), deixou três mortos e três feridos.De acordo com a promotoria parisiense, um homem de 69 anos foi preso e está detido.

Convidado
Exposição percorre “60 anos de arte urbana em Paris”

Convidado

Play Episode Listen Later Dec 13, 2022 11:36


Em Paris, está patente até 11 de Fevereiro, no Hôtel de Ville [Câmara Municipal central],  a exposição “Capital: 60 anos de arte urbana em Paris”. A “street art” é levada novamente para dentro de portas, em mais uma prova que está cada vez mais museificada. A exposição mostra como Paris é uma das capitais da arte urbana, através de obras de Banksy, Invader, Shepard Fairey, JR, Vhils, André, entre outros. A artista plástica portuguesa Cátia Esteves foi com a RFI visitar a mostra.

JE Notícias
Ucrânia: Macron reúne Governos e empresas em Paris para coordenação e reconstrução | O Jornal Económico

JE Notícias

Play Episode Listen Later Dec 13, 2022 0:58


Pelo menos 47 países, 22 organizações internacionais e diferentes organizações europeias e internacionais vão marcar presença na capital francesa para coordenar a ajuda à Ucrânia, numa altura em que a Rússia visa alvos estratégicos como as interligações energéticas, cortando assim o aquecimento a milhões de ucranianos em pleno inverno.

Em directo da redacção
Exposição percorre “60 anos de arte urbana em Paris”

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Dec 13, 2022 11:36


Em Paris, está patente até 11 de Fevereiro, no Hôtel de Ville,  a exposição “Capital: 60 anos de arte urbana em Paris”. A “street art” é levada novamente para dentro de portas, em mais uma prova que está cada vez mais museificada. A exposição mostra como Paris é uma das capitais da arte urbana, através de obras de Banksy, Invader, Shepard Fairey, JR, Vhils, André, entre outros. A artista plástica portuguesa Cátia Esteves foi com a RFI visitar a mostra.

Vida em França
“Entrelinhas” da criação teatral em cena em Paris

Vida em França

Play Episode Listen Later Dec 7, 2022 16:59


Até 17 de Dezembro, o actor português Tónan Quito sobe ao palco da sala Christian-Bérard do Théâtre de l'Athénée, em Paris, com a peça “Entrelinhas”, de Tiago Rodrigues. Sozinho em palco e com a cumplicidade do público, Tónan Quito põe a nu, numa aparente simplicidade, a essência da criação teatral. Uma matriosca de histórias que parte de uma “grande amizade” entre um actor e um autor e que mostra que errar talvez seja a melhor das histórias. Oiça aqui a entrevista a Tónan Quito. RFI: “Logo no início da peça, o Tónan Quito dirige-se ao público e pergunta, em francês ‘Quando é que a gente perdeu as palavras? Quando é as palavras se tornaram tão difíceis para nós ou quando é que se tornaram tão fáceis que deixaram de ser nossas?' Esta peça é afinal uma homenagem à palavra e ao texto. Durante hora e meia, está num palco quase vazio que enche apenas com a sua presença e com a palavra. É isto a essência do teatro?” Tónan Quito, Actor: “A essência do teatro é haver uma pessoa que comunica com outras. O teatro é feito destes dois espaços, o espaço do público e o espaço do actor ou dos actores que supostamente deveria funcionar como uma grande assembleia, como se fosse só um espaço e, lá está, com duas dimensões que se encontram no mesmo espaço. Foi assim, com esta simples ideia, quer dizer com outras ideias, que eu e o Tiago nos fomos atirando para este falhanço que foi construir este espectáculo.” “Ou suposto falhanço… Inicialmente, era suposto a peça ser um monólogo em torno de Édipo Rei, de Sófocles, mas vai bem mais longe. Consegue dizer-nos em poucas linhas do que fala ‘Entrelinhas'?” “O ‘Entrelinhas' é uma peça de uma grande amizade entre um autor e um actor que juntos tentam construir um espectáculo que não é possível acontecer, que falhou. Há muitas coisas dentro da peça, mas aquilo que realmente faz a peça é este encontro de duas pessoas que têm dois ‘métiers' diferentes, que querem construir um espectáculo e aquilo que acaba por ser revelado é esta ligação muito forte entre estas duas pessoas que vai originar uma criação, um objecto artístico.” “A história começa com um projecto de peça entre o Tónan e o encenador, Tiago Rodrigues, que se atrasa a entregar o texto e, a dada altura, fica com problemas de visão que o impedem de terminar o texto. Depois, tudo fica nas mãos do actor, Tonan Quito, que vai ter de criar a peça...” “É! É um clássico do Tiago, não é? Estou a brincar! Quer dizer, ele atrasa-se a entregar os textos, mas depois a coisa acaba a correr bem [Risos].” “Falámos há quase meio ano em Lisboa, quando encenou uma peça de Molière, nos 400 anos do dramaturgo francês. Molière tem outra peça, “O Impromptu de Versalhes”, sobre a criação de uma obra que nunca fica terminada. Este espectáculo também fala sobre a impossibilidade de se terminar uma peça, mas é uma peça em si. Este espectáculo é o próprio processo de criação dramatúrgica e teatral a ser encenado?” “Sim, foi uma coisa que descobrimos ao início, sobre o que é que seria a peça. Havia esta ideia, que o Tiago já tinha, de uma carta escrita nas entrelinhas do Édipo e depois todo o processo de encenação e de escrita do texto - porque com o texto começou a surgir logo a encenação do que é que seria o espectáculo. Mas interessava-nos muito colocar em cena o erro que é criar, a impossibilidade que é construir um espectáculo e expor isso. Nós criámos o espectáculo em 2013, já lá vai algum tempo e às vezes a memória também cria, portanto, já nem sabemos bem o que é que foi verdade e o que é que foi mentira neste processo. Mas a ideia, se calhar, nem passava por um espectáculo, passava só por uma espécie de conversa com o público sobre o processo de criação e como é que podemos expor o erro que é uma coisa que nas criações tentamos sempre esconder para estar tudo perfeito ali para apresentar ao público. Como é que podíamos mostrar as imperfeições e como é que nos podemos permitir errar - que é uma coisa que é comum aos dois na nossa maneira de trabalhar. O ‘Entrelinhas' acabou por surgir dessa necessidade nossa de falar sobre como é que nós trabalhamos, como é que nos relacionamos, o que é que nos inquieta na criação dos espectáculos e, sobretudo, esta possibilidade de nos atirarmos mesmo para o erro e falar sobre isso.” “Nesta peça, em que tempos, espaços, textos se confundem, questiona-se o próprio acto de criação. Quem cria é apenas quem escreve? Mas o criador é também o actor. Tanto é que a dada altura, não se sabe quem é o autor da peça: se o dramaturgo/encenador que fica cego e não pode escrever, se o actor obrigado a continuar a peça. O objectivo é também questionar a própria autoria de uma peça de teatro?” “Eu acho que essa não foi tanto uma preocupação, ou seja, se calhar a preocupação é realmente o esbater dessas fronteiras.” “Dinamitar as fronteiras?” “Exactamente, porque aquilo que nós queremos fazer, e que fizemos, era uma co-criação. O Tiago tem esta característica dele: ele escreve para os actores. Já tinha trabalhado com ele, antes de criarmos esta peça, e ele escolhe as pessoas com quem quer trabalhar e depois escreve para elas. Ele não está em casa a escrever e depois ‘toma, toma, toma tu fazes isto, tu fazes aquilo'. Não. Ele traz o texto, vê-nos a trabalhar e nós vamos discutindo as ideias que vêm no texto. Esta, tratando-se da nossa relação e quando surgiu a ideia de fazermos esta peça juntos, só teria interesse se nós falássemos de nós: como é que eu e o Tiago trabalhamos juntos. Claro que depois ficcionámos uma quantidade de coisas, mas aquilo que interessa ao Tiago trabalhar e a mim ao trabalhar com ele também é este diálogo em que o texto chega, pensamos, mastigamos, está bom, não está bom, podemos ir para aqui, podemos ir para acolá, o Tiago vai para casa escrever, depois cancela os ensaios porque precisa ainda de mais tempo para escrever e depois telefona à noite a dizer ‘Já sei o que é que vou fazer'. No outro dia encontramo-nos e continuamos sempre assim. E aqui é que as coisas se tornam indefinidas. Para mim, é muito claro que é o Tiago quem escreve e eu não escrevo. Eu trabalho assim em criação e com o Tiago também. É uma mútua provocação. Depois, o que é que cada um faz, isso não interessa tanto.” “Na peça avisa que este é o seu primeiro monólogo, que nunca quis fazer um monólogo porque para si o teatro é estar em palco com outros. Diz que o Tiago Rodrigues o convenceu com a frase ‘Vai ser uma descoberta para ti', mas admite que a descoberta é apenas pessoal porque somos simplesmente ‘exploradores que mais parecem turistas a pisar terrenos que outros já descobriram'… Como tem sido esta descoberta e porque é que ‘o medo e a dúvida nos fazem sentir que vale a pena'?” “Para nós, para mim e para o Tiago, sim, a gente gosta sempre de se colocar em situações desconfortáveis e das quais não vamos saber sair. Eu próprio também nos meus trabalhos procuro isso, mas sempre que trabalhei com o Tiago era muito evidente colocarmo-nos em situações de desconforto. Aqui, a gente sabia que íamos fazer um monólogo. Para mim, realmente dá-me muito medo porque não há jogo, portanto, o jogo é sempre comigo e com o público, não há defesas, não havia uma personagem a que me agarrar, não havia nada. Mas tem sido mais surpreendente e mais prazeroso do que eu pensava. Mas, pronto, medo tenho sempre.” “O medo alimenta?” “O medo alimenta e, sobretudo, o que é incrível é sempre este diálogo constante que temos com o público, como é que à medida que o espectáculo vai avançando - e, neste caso, estou a falar numa língua que não é minha, é o francês - há aqui uma grande necessidade também minha de sobreviver e de conseguir comunicar a história com o público. Eu tenho que estar sempre a alimentar-me do público e precisar dele para construir o próprio espectáculo. Às vezes falho, outras vezes acerto, outras vezes faço parvoíces. Há sempre aqui um lado que não é controlável dentro deste espetáculo, apesar de eu saber o texto, apesar de saber mais ou menos o que é que vou fazer, mas há sempre aquelas pessoas que naquele dia estão lá que são sempre diferentes das do dia anterior.” “Além de um jogo de actor já louvado pela crítica francesa, fala em francês durante a peça, a não ser quando lê excertos do livro… Porque esta opção e de onde vem esse francês tão bem falado?” “Bem falado mais ou menos [risos]! Acho que foi em 2014 quando fomos convidados para ir a um festival, que é o Terre de Paroles, na Normandia, e o Tiago já tinha uma coisa que era fazer, em peças mais simples, uma versão na língua para onde a gente vai, francês ou inglês, que são as línguas que nós estudamos em Portugal e poderemos saber melhor para comunicar e para o espectáculo poder circular mais e poder ir a mais sítios. E foi assim que surgiu a questão de fazer em francês. Em Portugal temos até ao nono ano de francês. Eu ainda eu estive na Alliance Française também três anos e depois foi a Cristina Vidal, que era ponto no teatro Nacional que me ajudou....” “A personagem principal de ‘Sopro'...” “Do ‘Sopro', exactamente. Tenho que estar eternamente grato à Cristina Vidal porque realmente foi ela quem me pôs a fazer o espectáculo em francês.” “Uma das principais histórias das tantas histórias que estão em palco gira em torno de uma carta de um prisioneiro à mãe, escrita entre as linhas de um volume de Édipo Rei a partir de uma cela de prisão. Como nasceu esta ideia? E também a ideia de que o livro não é apenas a história que conta mas também a história pessoal de todos os que o lêem?” “Pois, isso é uma pergunta complicada. A ideia da carta do prisioneiro nas entrelinhas do Édipo já existia. O Tiago já tinha escrito essa pequenina história que foi a partir daí que nós começámos a trabalhar. Eram três, quatro páginas, não sei, que ele tinha escrito para um encontro de novas dramaturgias em Lisboa. Portanto, acho que interessava ao Tiago essa fricção daquela história do Édipo, que é uma história fundadora da nossa cultura ocidental e que é um marco do teatro, e depois essa história pessoal de um prisioneiro que, por coincidência, matou o pai e que está a escrever a carta à mãe. Depois, a partir daí, como é que isso se reflecte na história pessoal de cada um, eu acho que foi o que ficou por descobrir, que foi o que nós criámos à volta, a partir de coisas autobiográficas - que é uma coisa que é comum nos trabalhos do Tiago que é  partir sempre de histórias verdadeiras – tentar partir da nossa história pessoal e que isso possa vibrar nas outras pessoas. E quantas histórias é que nós não escrevemos nas entrelinhas da nossa própria história, não é? Acho que a ideia veio um bocado daí, das várias camadas:  como é que poderíamos complicar ainda mais.” “E criar uma nova camada em palco junto do público e ter todas as noites uma história, se calhar, diferente. Justamente, estamos a falar de um clássico, Édipo Rei. O Tónan também diz na peça que acha completamente estúpido perguntarmo-nos se um texto antigo ainda faz sentido hoje em dia, se é oportuno ou pertinente porque, na verdade, no caso dos grandes clássicos, dos grandes textos como Édipo deveria funcionar no sentido inverso. Ou seja, ‘somos nós que nos devemos questionar se a nossa época faz sentido à luz destes textos'. Porquê levantar esta questão tão política e tão actual?” “Eu lembro-me desse dia. Estávamos nas nossas manhãs de ensaios, sentados à mesa a falar sobre tudo e mais alguma coisa.” “São tertúlias filosóficas, imagino...” Sim, era basicamente isso, e falar de coisas da vida que não tinham nada a ver com o teatro. Eu enceno clássicos sobretudo e gosto muito de ler romances e o Tiago também gosta e falámos do que é que gostávamos e não gostávamos. Houve um dia que realmente começámos a pensar nisso. Fazemos peças com 300 ou 400 anos e as questões de hoje em dia acabam por ser mais ou menos as mesmas: o amor, o poder, a ambição, os conflitos, a violência. Começamos a pensar: o que é que a gente aprendeu há 400 anos quando lemos Shakespeare, por exemplo, e agora olhamos para o nosso mundo no estado das coisas e, quando lemos essas peças, há sempre aquela tendência de dizer ‘é muito actual esta peça ainda'. Claro que é actual, está publicado, está nas livrarias, portanto existe hoje. E o Tiago saiu-se com essa um dia: ‘Não devíamos estar a pegar neste texto e ver o nosso mundo através disto'. E é uma coisa que ainda nos continua a fazer sentido e é uma coisa que eu tenho sempre na minha cabeça sempre que estou a ler um texto só por ler ou a pensar qual é o sentido de o encenar hoje em dia. E, às vezes, parece que a realidade é toda uma grande encenação a partir ainda destes grandes textos.” “A história de ‘Entrelinhas' é uma história que deveria acontecer mas não aconteceu - enfim, aconteceu muito mais do que isso. Você pergunta ao público se ‘uma coisa que não aconteceu pertence ao passado da mesma forma que uma coisa que aconteceu'? Ou se ‘fica eternamente no futuro, condenada a nunca pertencer ao passado'? Ou seja, a tal peça - que não aconteceu no passado nem no futuro - gera a peça que acontece no presente. Então, a encenação é a invenção do real?”  “Pois, é isso tudo e aquilo que ainda está por descobrir porque o suposto monólogo sobre o Édipo que o Tiago deveria ter escrito para mim não aconteceu. Mas por que é que isso não há-de pertencer ao passado? Por que é que esse espectáculo não terá acontecido? A peça torna-se muito ‘borgiana', de uma grande ficção que se torna realidade e que passa para outras coisas e é esta nossa prisão de ‘Ok, não aconteceu, então não aconteceu, mas por que é que não aconteceu? Só por não ter acontecido?' Claro que é uma questão filosófica...” “Mas está a acontecer porque estamos a vê-la...” “Mas está a acontecer, estamos a vê-la e estamos a construir e estamos a falar sobre ela. Eu acho que essa pergunta, no final do espectáculo, abre muitas possibilidades. O espectáculo no final já é tudo, já é uma matriosca, e eu acho que essa pergunta no final é só mais uma explosão que atira as coisas um bocado para o universo e depois quem quiser que apanhe as partículas...” “Uma matriosca porque é um texto dentro de um texto dentro de um texto, nas entrelinhas… Porquê este jogo de levar o espectador para um labirinto? Para mostrar que somos ‘os exploradores de terras já descobertas?' ou ainda há coisas a descobrir?” “Claro que há coisas a descobrir. Acho que em cada um de nós há muita coisa a descobrir e enquanto nos conseguirmos espantar uns com os outros, como seres humanos que somos, há muito para descobrir dentro das coisas que nos atormentam ou que nos fascinam. E como acho que ainda está tudo por fazer, em diversas áreas, enquanto houver esta nossa curiosidade e a nossa vontade de avançar, há muita coisa por descobrir.”

Cultura
Clarice Lispector é tema de recital estrelado por Maria Fernanda Cândido e Sonia Rubinsky em Paris

Cultura

Play Episode Listen Later Dec 2, 2022 5:39


A escritora brasileira Clarice Lispector faria 102 anos no próximo dia 10 de dezembro. Nascida em 1920 em Tchetchelnik, na Ucrânia, ela chegou ao Brasil ainda bebê, com a sua família, que fugia do Pogrom, um massacre institucional dos judeus da região. Suas memórias de infância, assim como trechos da sua vasta obra – crônicas e romances – dão vida ao recital dramático "Clarice, Ballade au-dessus de l'Abîme", em cartaz em Paris com a atriz Maria Fernanda Cândido e a pianista Sonia Rubinsky. Por Paloma Varón, da RFI Um diálogo entre a literatura e a música: assim pode ser definido o espetáculo "Clarice, bailando acima do abismo", em tradução livre para o português. Composto de trechos de crônicas e livros como "Felicidade Clandestina" e "Laços de Família", com adaptação de Catarina Brandão e direção de Antonio Interlandi, o recital será apresentado mais duas vezes em Paris, nos dias 6 e 13 de dezembro.  Entusiasmada, a atriz Maria Fernanda Cândido contou à RFI sobre o seu novo trabalho: "Eu sinto que esse recital é uma grande declaração de amor ao Brasil, à cultura brasileira e à Língua Portuguesa que a Clarice faz: através de vários textos, contos, passagens, ela vai deixando muito clara esta paixão que ela tem pelo Brasil – que eu divido com ela. Isso é algo que me habita também, é a minha cultura, o meu país. Então, fazer esta grande declaração de amor aqui em Paris, para o público francês, é realmente um grande privilégio, uma honra e um grande prazer". A atriz conta como se reconhece no universo da escritora: "Eu me aproximo muito de Clarice quando entro em contato com esses textos que abordam o mundo feminino de maneira tão intensa, tão brilhante e tão sensível. E a Clarice traz também a espiritualidade como tema em sua obra. Entao eu acho que tudo isso - esse amor pelo Brasil, esse feminino, essa sensibilidade - ressoa em mim", descreve. Trechos autobiográficos se misturam aos contos "Eu gosto muito de todos os trechos autobiográficos, eu acho que ele são muito bem selecionados e conseguem realmente criar um retrato da Clarice; a gente consegue enxergar essa mulher", completa Maria Fernanda Cândido. A obra de Clarice Lispector foi traduzida para o francês e é publicada na França desde 1978. Maria Fernanda Cândido, que estreia o seu primeiro monólogo em francês, falou à RFI sobre a experiência de atuar neste idioma - que ela já fala em casa com o marido (francês) e os filhos (franco-brasileiros), que também falam português - mas não usava como língua de trabalho.  "Este trabalho para mim é muito novo. É a primeira vez que eu faço isso, essa dupla com a Sonia Rubinsky, grande pianista, sendo acompanhada por ela, fazendo isso de maneira muito entrelaçada, muito costurada, e em francês", disse a atriz, que já atuou no cinema em inglês, francês e italiano, mas no teatro, ao vivo diante do público, é a primeira vez.  Intimidade com a obra clariciana A atriz já tinha intimidade com a obra de Clarice Lispector. No cinema ela interpretou a protagonista G.H., do famoso livro "A paixão segundo G.H.", filme dirigido por Luis Fenando Carvalho, que deve estrear nos cinemas no ano que vem. Para o recital, a pianista Sonia Rubinsky fez uma escolha de peças musicais que dialogam perfeitamente com os trechos escolhidos por Catarina Brandão. "A Catarina conseguiu fazer uma costura de textos da vida da Clarice com os contos. O resultado é incrível, porque a linguagem da Clarice é forte, enigmática, misteriosa, e com essa costura com a vida dela ficou muito interessante, dá uma perspectiva bem mais completa. E aí entra a música, que também dá essa perspectiva completa do mundo das emoções, porque afinal a música fala quando a linguagem acaba", analisa Rubinsky.  A pianista explica como vai de Rachmaninoff a Villa-Lobos, passando por Alberto Nepomuceno: "Eu insisti para que a gente começasse com a Sonata #2, de Rachmaninoff, que é uma das peças mais difíceis do repertório de piano. E, como a Clarice nasceu na Europa, em Tchetchelnik, tem tudo a ver com música eslava, russa, ucraniana". "Eu começo com esta música, que é extremamente dramática – porque a vida da Clarice é dramática – e depois a gente costura com a ideia de Carnaval, que tem a ver com Recife, onde ela morava, então tem a ver com Carnaval, Villa-Lobos e o seu 'Carnaval das Crianças'", aponta. O diretor do espetáculo, Antonio Interlandi, que também é brasileiro e está radicado na França há 28 anos, comenta sobre a escolha do formato. "É um meio caminho entre a peça de teatro e a leitura propriamente dita. E, justamente, a montagem desses textos deu um movimento a este trabalho de mise-en-scène, premitindo que houvesse uma interação entre a pianista e a atriz, entre a música e o texto, e nos permitiu usar o espaço do Accord Parfait, que é uma sala tão insólita, diferente."

Vida em França
Portugueses vão servir "bifana gigante" e solidária em Paris

Vida em França

Play Episode Listen Later Nov 30, 2022 9:11


Em França, nos próximos dias 2 e 3 de Dezembro decorre mais uma edição do Téléthon, uma conhecida campanha de angariação de fundos que reverte para a investigação de doenças auto-imunes raras. A associação Les Hirond'Ailes, presidida pela portuguesa Suzette Fernandes, volta a associar-se à iniciativa através de um desafio original: cozinhar "uma bifana gigante" na região de Paris e tentar entrar no livro de recordes do Guinness. Oiça a entrevista nesta edição de Vida em França.

Reportagem
"Fotografia foi a minha forma de vida”, diz Sebastião Salgado em Paris sobre 50 anos de carreira

Reportagem

Play Episode Listen Later Nov 24, 2022 5:42


Às vésperas de completar 79 anos, Sebastião Salgado diz estar pronto para “dar lugar aos jovens”. Nesta entrevista exclusiva à RFI Brasil, em Paris, um dos maiores fotógrafos do mundo explica que não pensa em aposentadoria tão cedo, mas quer dedicar mais tempo à edição do vasto material acumulado em mais de 50 anos de carreira. O franco-brasileiro participou de um evento sobre fotojornalismo na Academia de Belas Artes, na noite de quarta-feira (23). Maria Paula Carvalho, da RFI “Eu já estou velhinho, vou fazer 79 anos em fevereiro. Eu acho que está na hora de eu deixar lugar para os jovens fotografarem. O que eu estou fazendo é editar o meu trabalho de mais de 50 anos como fotógrafo. Há muita coisa que eu nunca escolhi, nunca editei e acho que chegou o momento”, disse, momentos antes de compartilhar com o público momentos marcantes de sua longa experiência atrás das câmeras. “A diferença da fotografia para outro tipo de informação é que se o fotógrafo não estiver lá onde a coisa está acontecendo, ele não tem a imagem. Ele busca a informação na fonte e isso leva você a ter um conhecimento bem vasto do mundo”, afirma. Ao longo desse tempo, Salgado viajou por mais de 130 países registrando pessoas, paisagens e diferentes culturas. “A fotografia documentária é a forma de vida da pessoa que a realiza”, explica. “De uma maneira geral, tudo me marcou porque dificilmente eu posso dizer que um país ou algo que aconteceu na minha vida seja mais importante do que outro. Pois o que eu fiz em fotografia na vida foi a minha vida, foi a minha forma de vida”. O mineiro Sebastião Salgado é "imortal" da sessão de fotografia da prestigiada Academia de Belas Artes francesa desde 2016, uma das honrarias culturais mais importantes do país. O debate sobre fotojornalismo lotou o auditório do Instituto de France e reuniu outros grandes nomes da fotografia francesa, como o cineasta Raymond Depardon e Pascal Maître. “É um evento que eu não faço só, nós somos 4 fotógrafos, e falamos da preparação, de tudo que é preciso para montar uma reportagem”, explica Sebastião Salgado. “Eu acabo de fazer uma reportagem sobre a Amazônia brasileira, em que passei 7 anos na Amazônia e fiz dezenas de viagens e tudo isso exige produção, autorizações e uma preparação interna”, ensina. Testemunha de como vivem os homens e do estado atual do planeta, Sebastião Salgado falou à RFI sobre a importância do fotojornalismo em tempos de guerra e de fake news. “Em mais de 50 anos que eu faço fotografia, o que acontece hoje, não é muito diferente do que sempre aconteceu. A única diferença é que hoje está acontecendo muito mais perto do núcleo principal do planeta, que é onde você domina a informação e as finanças, no centro do imperialismo do planeta. Então temos a impressão de que hoje é mais importante do que foi, mas sempre foi a mesma coisa”, compara. Um novo Brasil O fotógrado premiado também comentou o resultado das eleições presidenciais no Brasil. “Eu espero que o Brasil agora mude. Nós tivemos um governo profundamente predador, que destruiu as instituições. Não é um problema de ser de direita ou de esquerda, é de um governo que destruiu instituições centenárias”, observa. “Por exemplo, desmontou-se a Funai, que era o filtro de penetração nos territórios indígenas, era a proteção das comunidades indígenas e a proteção desses territórios. Mas esse filtro deixou de existir. E o território ficou aberto a invasões. Temos hoje invasão de mais de 20 mil garimpeiros no território Ianomâmi”, revela. “Houve uma destruição do Ibama e houve uma destruição massiva da floresta amazônica”, lamenta Salgado. “Espero que o governo que chega respeite as instituições, respeite a cultura, as comunidades, as minorias e seja menos violento. Esse atual governo trouxe uma violência brutal para a Amazônia que não existia”, acrescenta. A exposição mais recente de Salgado em Paris, "Aqua Mater", lançava um novo alerta à crise climática, convidando o público a uma experiência estética e sensorial em torno de um dos assuntos mais sensíveis da atualidade: os recursos hídricos. Vivendo em Paris, com viagens frequentes ao Brasil, o fotógrafo nomeado Cavaleiro da Legião de Honra na França comenta sobre a forma como o Brasil tem sido percebido no estrangeiro. “O Brasil hoje é percebido de uma forma muito especial no exterior. Os brasileiros eram vistos como um povo razoável, um povo pacífico, mas o que acontece no Brasil hoje choca profundamente o resto do mundo”, destaca. “Eu acho que uma nação a gente tem que trabalhar de forma pacífica, humana e não violenta. Eu tenho grande esperança que o Brasil vai funcionar de outra forma”, conclui.

Athayde FM
Um Romance em Paris

Athayde FM

Play Episode Listen Later Nov 19, 2022 16:05


"Um Romance em Paris" conto inédito escrito em 1998 por mim. Aqui gravado com pequenas adaptações para os dias de hoje. Romance em Paris?? Mais clichê do que isso impossível. Nem toda história de amor termina feliz. Dois gols de cabeça do Zidane na Final da Copa contra o Brasil. Tão ruim quanto o término de um relacionamento. Boa Copa pra nóis !! #standup #cotidiano #talkshow #timebrasil #tuvens #novaera #worldcup #cotidiano #sampa #floripa #verano #tamojunto #seguimos #aconteceu #fato #euacredito #pazeamor #cocacola #gol

Semana em África
Sissoco Embaló em Paris para falar de conflitos internacionais

Semana em África

Play Episode Listen Later Nov 14, 2022 7:56


Termina este sábado, 12 de Novembro, em Paris, o quinto Fórum Mundial para a Paz. A Guiné-Bissau foi o único país lusófono a participar na conferencia internacional, dedicada este ano às crises multidimensionais – da pandemia ao aquecimento global, incluindo a guerra na Ucrânia e o problema dos refugiados. O chefe de Estado Umaro Sissoco Embaló participou, ao lado do Presidente Emmanuel Macron, no painel consagrado ao tema: "Universalismo em tempo de guerra". A ministra guineense dos Negócios Estrangeiros, Suzi Barbosa, refere que este convite é o reconhecimento da Guiné-Bissau como país mediador de conflitos internacionais. Ainda sobre a Guiné-Bissau, o ministro da Administração Territorial, Fernando Gomes, anunciou esta quinta-feira que o recenseamento eleitoral com vista as legislativas antecipadas, ainda sem data marcada, vão iniciar no próximo dia 10 de Dezembro. Em São Tomé e Príncipe, o líder da Acção Democrática Independente, Patrice Trovoada, toma posse esta sexta-feira como primeiro-ministro, após as eleições legislativas de 25 de setembro, que venceu com maioria absoluta. Em Angola, Major Pedro Lussati condenado a 14 anos de prisão e a a 100 dias de multa pelos crimes de peculato, fraude e branqueamento de capitais. A sentença foi apresentada na noite desta quinta-feira pelo juiz, Andrade da Silva, numa sessão que se prolongou durante mais de cinco horas. A actualidade angolana fica ainda marcada pela greve dos oficiais de justiça iniciaram, esta uma greve de sete dias para reivindicar melhores salários e condições de trabalho. Por sua vez, o Conselho Superior da Magistratura Judicial considera a greve ilegal por não ter cumprido os preceitos legais e recusou receber a declaração da paralisação, não tendo respondido ao caderno reivindicativo. Em Cabo Verde, O advogado e deputado da UCID, Amadeu Oliveira, foi condenado a sete anos de prisão efectiva por atentado ao Estado de Direito e ofensa a juízes do Supremo Tribunal de Justiça.

Em directo da redacção
Guiné-Bissau presente no Fórum Mundial para a Paz

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Nov 11, 2022 6:01


Em Paris decorre até amanhã, 12 de Novembro, o Fórum Mundial para a Paz.  Esta quinta edição que é dedicada às crises multidimensionais – da pandemia ao aquecimento global, incluindo a guerra na Ucrânia e o problema dos refugiados, conta com a participação da Guiné-Bissau, o único país lusófono a participar na conferência internacional. O chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló; participou, ao lado do Presidente francês, Emmanuel Macron, no painel consagrado ao tema: "Universalismo em tempo de guerra". A ministra guineense dos Negócios Estrangeiros, Suzi Barbosa, refere que este convite é o reconhecimento da Guiné-Bissau como país mediador de conflitos internacionais. RFI: A Guiné-Bissau é o único país lusófono a participar na quinta edição do Fórum Mundial para a Paz? Suzi Barbosa: Sim, este ano a Guiné-Bissau é o único país lusófono que participa. Há outros países da CEDEAO que participam, nomeadamente, a Libéria, o Chade e Marrocos. O Presidente guineense Umaro Sissoco Embaló participa, juntamente com o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, no painel consagrado ao tema "Universalismo em tempo de guerra". Neste contexto de guerra na Ucrânia, qual é a importância de se falar destas questões? Eu penso que [este convite] surge pelo facto do Presidente Embaló se ter deslocado a Moscovo e a Kiev. Ele foi o primeiro chefe de Estado africano a interessar-se e a deslocar-se a Kiev para ver, pessoalmente, a situação real da guerra. Também, enquanto presidente em exercício da Conferência de chefes de Estado da CEDEAO, Umaro Sissoco Embaló tem demonstrado um interesse muito grande em mediar situações de conflito, em tentar trazer a paz. Ele tem estado sempre a participar em várias situações de conflito, tanto a nível do continente africano, como também na Europa, demonstrando que todas as pessoas são válidas e que poderão servir para ajudar a trazer paz a estes países em conflito. Na próxima semana, depois de participar no Fórum Mundial da Paz, em Paris, o Presidente Sissoco Embaló pretende deslocar-se à República Democrática do Congo e posteriormente ao Ruanda, para tentar ver como consegue ajudar na mediação do conflito existente entre esses países. Essa foi a razão pela qual o chefe de Estado francês entendeu convidá-lo a participar neste painel em que Emmanuel Macron também participa. Neste Fórum serão igualmente abordadas a impunidade ambiental na América Latina, os sistemas de alerta que respondem às pandemias ou mesmo a inclusão das mulheres do Médio Oriente. Estes são temas urgentes para debater? Sem dúvida, são temas que estão sempre presentes. A questão do género e as consequências que as guerras têm para as mulheres têm sido cada vez mais actuais, infelizmente, porque são sem duvida as mulheres e as crianças as principais vítimas destas condições de conflito no mundo. Nós estamos a passar por um momento não só de guerra, mas também numa altura em que temos a ameaça de insegurança alimentar. Trata-se se uma grande preocupação dos dirigentes e, sobretudo, no dia-a-dia que toca às mulheres. Daí a importância do papel que elas possam ter na redução do impacto desta insuficiência alimentar no seio da família e sociedade. De salientar, ainda, as questões relacionadas com situações que levam a problemas internos em países da América do Sul. Esta manhã, inclusive, no painel de abertura tivemos a declaração do Presidente da Colômbia que foi extremamente impactante e importante. A forma como foi abordada a questão do narco-tráfico, da produção da droga e como mutas guerras são feitas aos países produtores [de droga], causando às vezes consequências superiores que o próprio consumo de droga tem. Durante o Fórum Mundial para a Paz, o Presidente guineense vai participar em outros painéis? Ele foi convidado especificamente para este painel. Ele esteve no painel de abertura esta manhã, mas a sua alocução será no painel consagrado ao tema "Universalismo em tempo de guerra", exactamente pelo universalismo do seu mandato. Porque durante muito tempo a Guiné-Bissau foi um país que a nível internacional nunca teve uma palavra e hoje é o contrário. [Umaro Sissoco Embaló] é um Presidente que é convidado para os fóruns internacionais, a sua opinião conta e sobretudo é visto como um perito nas questões de mediação de conflitos. O Presidente tem recebido internamente algumas críticas, nomeadamente sobre a sua deslocação à Rússia. Enquanto ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, qual é a sua posição relativamente às críticas que têm sido feitas?    A minha primeira reacção é que não se poder agradar a "gregos e a troianos". Haverá uma franja mínima que poderá ter essa ideia, mas a verdade é que todos os lados o Presidente da República tem tido imensos elogios pela coragem e pela sua boa vontade. Porque num momento de guerra, pouca gente arrisca a sua própria vida, a menos que pense que é importante a sua contribuição. O que se deve destacar é que pela primeira vez a Guiné-Bissau, um país lusófono, está a ser chamado para um conflito desta dimensão, que nos atinge directa ou indirectamente. Se as pessoas se esqueceram do aumento dos preços devido a esta guerra entre a Rússia e a Ucrânia...A Rússia e a Ucrânia, juntos, são produtores de 30% do que são os cereais do mundo. Querendo ou não, esta situação vai acabar por afectar a Guiné-Bissau. Nós também somos consumidores. O ano de 2023 vai ser um ano de insegurança alimentar, sobretudo em África e claro que nos vai tocar. Não é um problema interno da Guiné-Bissau, mas indirectamente os guineenses vão sofrer as consequências. Já estamos a sofrer com o aumento do custo de vida, com a subida do preço do arroz, com o aumento do preço dos combustíveis. Claro que qualquer governante responsável, como é o caso do Presidente Umaro Sissoco Embaló, tem de se interessar por esse tema e procurar uma solução.  

Um pulo em Paris
Dificuldade de recrutamento de condutores e motoristas afeta funcionamento de metrôs e ônibus em Paris

Um pulo em Paris

Play Episode Listen Later Nov 4, 2022 11:16


Desde o início do segundo semestre de 2022, o tempo de espera pelos metrôs e ônibus em Paris mais do que dobrou nas estações, resultando em superlotação do transporte público nos horários de pico. O problema: a grande dificuldade em recrutar condutores e motoristas. Nas redes sociais da França, multiplicam-se as reclamações sobre a longa espera e a quantidade de passageiros no transporte público parisiense. Vídeos e fotos mostram grandes aglomerações nos horários de pico. Segundo o sindicato Île-de-France Mobilités (IDFM), que representa os trabalhadores do transporte público da região parisiense, há um verdadeiro problema de recrutamento de condutores e motoristas na capital francesa. Em entrevista ao jornal Libération, David Belliard, vice-presidente do IDFM, afirma que, devido à precarização das condições de trabalho, há um aumento de ausências dos empregados por motivos de saúde e demissões. O secretário-geral da União Nacional dos Sindicatos Autônomos (Unsa) da Rede Autônoma de Transportes Públicos (RATP), Arole Lamasse, aponta um fenômeno de aumento de abandono de emprego entre condutores do metrô e motoristas de ônibus de Paris. Segundo ele, o metrô da capital francesa registra atualmente a falta de 300 profissionais. Na rede de ônibus, a situação é pior e centenas de outras vagas estão em aberto. Segundo o jornal Le Parisien, 800 continuavam vazias em meados de setembro. “As dificuldades de recrutamento são inéditas”, afirma ao diário Alexandre Guyot, diretor de recursos humanos da rede de ônibus da RATP. Setores “sob tensão” O transporte público é um dos setores classificados como “sob tensão” na França. Várias profissões enfrentam dificuldades de recrutamento, como trabalhadores domésticos, encanadores, enfermeiros, cuidadores, profissionais de creches, profissionais do serviços de hotelaria e restaurantes, cabeleireiros, esteticistas, entre outros. Para resolver a dificuldade de recrutamento, o governo deve criar em breve um visto de trabalho especial para estrangeiros em situação irregular. Segundo o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, isso serviria para legalizar o status de algumas pessoas e resolveria o problema para esses setores empregarem. O projeto faz parte da reforma das leis de imigração e asilo, que já gera polêmica na França. Em entrevista ao jornal Le Monde na quarta-feira (2), Darmanin e o ministro francês do Trabalho, Olivier Dussopt, apresentaram alguns pontos da futura legislação, mas derraparam em algumas declarações. “Se eu tivesse que resumir, eu diria que a partir de agora seremos maus com os maus e bons com os bons”, disse Darmanin, ele próprio descendente de argelinos e tunisianos. O ministro do Interior também suscitou indignação ao fazer um paralelo entre o que ele considera como um alto número de estrangeiros na França – 5 milhões em um país de quase 68 milhões de habitantes – a problemas de ordem pública. Segundo ele, 19% dos atos de delinquência na França são cometidos por estrangeiros. Por isso, a reforma das leis da imigração e asilo também incluem uma série de medidas que facilitarão expulsões de estrangeiros em situação irregular, um mecanismo chamado de Obrigação de Deixar o Território Francês (OQTF, na sigla em francês). O tema ocupou o debate público nas últimas semanas, após o bárbaro assassinato em Paris de Lola, uma menina de 12 anos, que gerou uma forte comoção. A autora do crime, uma argelina de 24 anos, havia recebido uma OQTF, mas continuou vivendo clandestinamente na França.

Reportagem
Brasileiros enfrentam longa fila para votar em Paris; participação deve ser maior que no 1° turno

Reportagem

Play Episode Listen Later Oct 30, 2022 2:26


O dia ensolarado parece ter motivado os eleitores brasileiros a irem votar mais cedo em Paris neste segundo turno das eleições. A fila já se formava antes mesmo do horário de abertura do local de votação na capital francesa neste domingo (30). Daniella Franco, da RFI O espaço La Rochefoucauld, no 9° distrito de Paris – único local de votação para os eleitores brasileiros na França – abriu às 8h da manhã pelo horário local (4h da manhã em Brasília). Mas desde as 6h eleitores já chegavam ao local. O objetivo era evitar a longa espera, como no primeiro turno, mas a fila já se estendia desde o início da manhã. Antes do início desta tarde, a fila já percorria diversas ruas do 9° distrito. O motivo de tanta espera é que o número de brasileiros inscritos para votar na França mais do que dobrou em relação às últimas eleições, passando de 11.047, em 2018, para 22.629 neste ano. Além disso, de acordo com o cônsul-geral do Brasil em Paris, Fábio Marzano, a expectativa é que a taxa de participação seja maior neste segundo turno. Para Marzano, tudo ocorre de forma tranquila e o forte clima de polarização não interfere na votação. “Está sendo como no primeiro turno, a gente só vê pessoas alegres. Estou em contato com a polícia e até o momento não temos notícia de nenhum problema. Está todo mundo muito ordeiro e feliz de vir votar e participar deste processo”, ressalta. Eleitores animados Desde o início da manhã, os eleitores estavam animados. Muitos vieram em família ou com amigos, alguns vestidos de vermelho, outros de verde e amarelo. Grupos cantaram músicas relativas a seus candidatos ou canções tradicionais brasileiras. Independentemente de em quem votam, todos relataram a vontade e a importância de participar dessas eleições, mesmo morando fora do Brasil. É o caso de Juliana Damares Silva Onofre, natural de São Paulo, que mora há seis anos em Paris. “O Brasil não saiu de mim. Acho que é importante votar para mudar o quadro que temos hoje. As opções não são as melhores, mas do jeito que está não dá para continuar”, diz. Essa é a primeira eleição de Eduardo Esteves, de 23 anos, natural do Rio de Janeiro, que foi votar com duas amigas, todos vestidos de vermelho. Para ele, o que está em jogo na votaçao não é só o futuro do Brasil. “É o futuro do mundo. O Brasil tem uma grande relevância não só na economia, mas nas questões ambientais no mundo. O meu voto é pela democracia, pelos direitos das pessoas, pelas minorias, pelo respeito às causas ambientais e sociais, que ficaram muito degradadas nesses últimos quatro anos”, sublinha. Elizabeth Sibion, natural do Espírito Santo, mora há 15 anos em Paris, e foi votar vestida de amarelo. “É a primeira vez que eu vejo essa situação que temos hoje. Tivemos quatro anos, e com pandemia e tudo, tivemos muitas obras e muitas benfeitorias no Brasil. Então é muito importante votar e espero que tudo aconteça corretamente, sem fraude”, afirma. Ao lado dela, a amiga Lania, também de amarelo, apoia suas declarações. “Eu sou altamente patriota e penso no meu país, na estabilidade. Para falar a verdade, nunca foi tão fácil escolher de que lado ficar”, salienta. As seções eleitorais de Paris fecham às 17h pelo horário local, 13h em Brasília. Segundo o cônsul-geral do Brasil em Paris, todos os eleitores que chegarem até as 17h poderão votar. Senhas serão distribuídas a partir deste horário para garantir a participação de todos.

Cultura
Bruno Capinan divulga “Tara Rara” em Paris, uma “ode ao povo brasileiro”

Cultura

Play Episode Listen Later Oct 28, 2022 7:41


O músico baiano Bruno Capinan está em Paris para divulgar seu novo álbum “Tara Rara”. É o sexto álbum do cantor e compositor de 38 anos, radicado no Canadá. O jornal francês Libération descreve o novo disco como um "rugir de delicadas percussões, entrelaçando cordas sutis de violões e cellos, além de uma voz que não revela sua identidade nem levanta o tom". Capinan se apresenta na canção “Ode ao Povo Brasileiro”, primeira faixa de “Tara Rara”: sul-americano, baiano, soteropolitano, filho de Oxalá, preto e gay. Ele também evoca carnaval, Zumbi, Marielle Franco, Elza Soares, Gilberto Gil, Itamar Assumpção, Pixinguinha, Carlos Drummond de Andrade, Tom Jobim, Cruz e Souza, entre outros. “Agora, realizando o que foi fazer o disco, é mesmo uma ode ao povo brasileiro, é aquilo que eu quis manter registrado vivo, como um sentimento de perda”, diz o artista. “A gente está perdendo muito no Brasil, onde a cultura está sendo demonizada – o meu disco é um registro, quase um documentário”, acrescenta. A música faz parte da vida de Capinan por osmose. “A música entrou na minha vida porque eu nasci na Bahia”, brinca, lembrando o ditado que diz que “você não nasce na Bahia, você estreia”. Bruno cresceu em uma família de artistas, acompanhou os carnavais de Carnaval de perto, principalmente os blocos afro. A certeza de que a música iria reger sua vida veio aos 15 anos, mas a primeira composição foi já aos 13, com “Caminhando na Rua”. Influências e escolhas Dessa influência de berço e de rua, embalada também pela Tropicália, João Gilberto, Caetano, Gil e outros, Bruno foi formando o seu universo musical, juntando novas percussões, batidas, marcando o compasso com sua voz de suavidade hipnotizadora. O jornal britânico The Guardian fala de uma “voz acrobática, sensual e ao mesmo tempo, angélica e profana”. Bruno Capinan escolheu Toronto, Canadá, como base, desde 2002. “Fui para ser feliz, viver a minha vida, para ser gay, viver meus amores, o real de mim que eu não conseguia viver no Brasil”, conta. De Paris, o artista adiantou a sua volta para o Canadá, da próxima segunda-feira para sábado agora. Para poder votar no segundo turno das eleições presidenciais do Brasil. Ele se diz aflito diante do atual cenário de violência e de discursos repletos de ódio. Chama de neofascista aquele que ele faz questão de não citar o nome, diz que essa pessoa deveria já ter sido presa ao dedicar seu voto de impeachment da então presidenta Dilma a um torturador - Carlos Brilhante Ustra, chamado de “herói” pelo atual presidente brasileiro.   “Mas tenho a esperança que o Brasil vai conseguir virar essa chave”, diz Bruno Capinan.

Podcast Internacional - Agência Radioweb
Jovens apagam letreiros de lojas em Paris na crise energética

Podcast Internacional - Agência Radioweb

Play Episode Listen Later Oct 27, 2022 4:01


Jovens praticantes do esporte Parkour sobem em prédios para apagar letreiros luminosos de lojas que desrespeitam lei de economia de energia.

Meio Ambiente
Coletivo francês de atletas de parkour apaga letreiros em Paris e alerta para questões climáticas

Meio Ambiente

Play Episode Listen Later Oct 27, 2022 4:59


A "cidade luz" planeja apagar as luzes mais cedo e diminuir as decorações de Natal para reduzir o consumo de energia elétrica. Impactados pela crise no setor, governos europeus discutem medidas para economizar eletricidade, mas, enquanto muitas dessas ações não entram em vigor, um grupo decidiu, por conta própria, desligar os letreiros que ficam acesos durante toda a madrugada. Criado há dois anos, o coletivo On The Spot assumiu a missão de apagar os paineis de Paris usando técnicas do esporte conhecido como parkour, uma modalidade que mistura movimentos acrobáticos e de equilíbrio para escalar obstáculos urbanos ou naturais. Dali tem 21 anos, começou a praticar o parkour há cinco e está no coletivo há um ano. Ele conta que, quando o On the Spot surgiu, outros praticantes já tinham o hábito de se encontrar pelas ruas de Île de France, região onde está situada a capital. Juntos, treinavam e praticavam o esporte, além de apagar as luzes consideradas desnecessárias. Hoje o grupo, que reúne cerca de 10 pessoas, ficou conhecido pelo alerta, sempre feito de forma, digamos, acrobática. A intenção é desligar os letreiros sem danificar as lojas e sem interferir na iluminação pública. “Eu não sei exatamente o momento ou quem teve a ideia originalmente, mas a prática se tornou meio que evidente para pessoas que amam escalar prédios e outras estruturas, e adoram chegar a novos lugares. E como esses letreiros não têm nenhuma razão para estarem ligados e que ninguém mais vai poder desligá-los, nós desligamos”, disse.     Esporte e consciência Dali explica que o esporte é o principal ponto de convergência do grupo. Quando perguntado se o objetivo do coletivo é praticar o parkour ou alertar para as mudanças climáticas, ele afirma que a prática esportiva sempre fez parte do propósito principal, mas que diante do cenário atual e da preocupação da geração mais jovem com as questões ambientais, o grupo acabou cedendo espaço para ações mais direcionadas. “O esporte é o DNA do coletivo. No início era esse o objetivo e o esporte será sempre um componente primordial. Mas eu diria também que é a forma como podemos praticar uma intenção mais pessoal. Cada um tem a sua motivação, mas a questão climática para as pessoas que têm mais ou menos a nossa idade é evidente. É um problema com o qual nós crescemos. Não podemos nos permitir de fechar os olhos e nem necessariamente nos sentir em uma missão", conta. "Nós sabemos que ações desse tipo não irão necessariamente mudar o mundo, especialmente porque apagar os letreiros de uma ou 60 lojas em uma noite, entre as milhares que existem na França, não vai reduzir de forma tão significativa o consumo de energia. Mas nós utilizamos essas ações para passar uma mensagem de forma não oficial", explica. "É uma forma de treinar, de praticar o esporte, de progredir, mas destacando também que a nossa capacidade permite ter um impacto no que está a nossa volta e direcionar este impacto para algo que nos interesse. Nós crescemos nesse mundo, é onde vamos viver toda nossa vida, e que a gente não quer vê-lo destruído e com seus recursos esgotados”, alerta.  As ações do coletivo On the Spot fazem parte do movimento Lights Off, que se espalha por diversas cidades da França e que viralizou após postagens nas redes sociais. Entretanto, os integrantes têm a consciência de que as ações têm mais impacto como alerta do que propriamente na redução do consumo. A mudança efetiva precisa partir das autoridades e das empresas, que, ao que tudo indicam, agora estão de acordo com as medidas de economia. Vale lembrar que as lojas são obrigadas a desligar os seus letreiros entre uma e seis horas da manhã, mas a lei é muito pouco respeitada. Luzes apagadas na Champs Élysées Na Champs Élysées, uma das avenidas mais famosas do mundo, as mudanças já serão sentidas a partir de dezembro, quando todas as luzes serão apagadas às 23h45. As populares decorações de Natal, que atraem milhares de turistas e visitantes à avenida, também serão desmontadas uma semana mais cedo. Marc-Antoine Jamet, que preside o Comitê Champs Élysées, reunindo 180 empresas, explica que a ideia é servir de exemplo. “Às 22h o comércio apaga as luzes, às 23h45 as iluminações da Champs Élysées se apagam e 15 minutos após o fechamento das lojas, todos que trabalham nestes estabelecimentos também deverão parar. A Champs Élysées é um espelho. É um espelho da sociedade e da nação francesa. Este espelho reflete uma verdadeira imagem da França, uma imagem da França que faz esforços coletivos. E a Champs Élysées também faz esforços coletivos”, afirmou.

Vida em França
A lusofonia presente na exposição Art Shopping no Carrousel do Louvre em Paris

Vida em França

Play Episode Listen Later Oct 26, 2022 21:04


Decorreu no passado fim-de-semana no Carrousel do Louvre aqui em Paris a 30a edição da Art Shopping, uma exposição que reúne artistas e galerias do mundo inteiro e que dá a conhecer novos talentos e obras de arte mais acessíveis a um público alargado. A RFI esteve nesta vasta mostra e falou com 4 artistas, a angolana Márcia Dias, o cabo-verdiano Tutu Sousa e as brasileiras Malu Ribeiro e Luciana Severo. A arte cura, a arte traduz emoções e momentos íntimos, a arte é como a vida, foram algumas das palavras dos artistas com quem conversamos sobre o significado da pintura para si e sobre o período especial que todos vivenciamos, cada um à sua maneira, com a clausura imposta pela pandemia. No caso de Márcia Dias, pintora angolana radicada há 20 anos em Portugal, que participou pela segunda vez na Art Shopping com um retrato de mulher com um lenço de samakaka, um tecido tradicional, no cabelo, ela diz que teve de se reinventar durante o período do confinamento. "Tive que me reinventar porque estivemos dois anos fechados e não podíamos sair, não podíamos fazer exposições, não podíamos viajar", recorda a artista. Márcia Dias que representou recentemente o seu país na Exposição Universal do Dubai e pintou em 2018 um retrato do Presidente angolano que lhe ofereceu em mãos próprias, evocou connosco as suas principais fontes de inspiração, o seu país, a natureza e a mulher africana. "Eu pinto momentos, pinto vivências, pinto emoções. Em cada sítio por onde passo, há sempre histórias para retratar", diz. Nas nossas andanças pela exposição, falamos igualmente com o artista cabo-verdiano Tutu Sousa. Com 30 anos de carreira e um estilo identificável entre muitos, Tutu Sousa é também conhecido do público por ser o mentor da "Rua da Arte" no seu bairro na cidade da Praia. Ele veio pela primeira vez à Art Shopping com dois quadros, um alusivo à alegria de viver no arquipélago, o outro sobre música, um dos motivos muito presentes na sua arte. "Nós em Cabo Verde, não temos escolas de arte. Então, cada artista quase sempre é autodidacta. O facto de viajar muito, tenho que absorver um pouco de tudo aquilo que vou aprendendo", diz o artista ao falar do que se chama em Cabo Verde de 'tutuísmo', a sua assinatura. Noutro ponto da exposição, foi possível ver e adquirir obras de Malu Ribeiro, artista brasileira radicada desde 2018 na cidade do Porto, que se tem ilustrado nestes últimos anos com quadros representando ruas de várias cidades portuguesas em cores luminosas. Contudo, foi com três quadros de interiores que ela esteve presente na feira, embora não tenha tido a possibilidade de se deslocar a Paris. "Eu sou uma dessas artistas que quando pinta, tenta de certa forma possuir -não de uma maneira materialista, mas sim de uma maneira espiritual, emocional- aquele lugar" refere ao descrever o seu trabalho. Também presente na Art Shopping, a artista e galerista no Brasil, Luciana Severo tem, por sua vez, a particularidade de utilizar a pintura como meio de estimular a criatividade de jovens em prol de outros, de saúde frágil, que precisam de apoio. A dirigir há mais de dez anos uma escola de arte, Luciana Severo apresentou na Art Shopping numerosas reinterpretações de obras-primas da arte mundial feitas por crianças e adolescentes e explicou-nos no que consiste o seu projecto."No Brasil, temos uma escola de arte com mais de 10 anos de existência. São crianças de 3 a 17 anos que pintam. Essas crianças expõem e vendem as suas obras e ajudam crianças em tratamento contra o cancro infantil. São crianças que através da arte, distribuem amor e solidariedade", descreve. "A arte cura, a arte transmite felicidade, ela dá alegria, satisfação e a expectativa de dias melhores. É o que a gente tem agora para passar para o mundo", refere ainda a artista e galerista em jeito de conclusão do que pode ser a arte, um rasgo de luz, cor e surpresa nas nossas vidas. Confiram aqui a fotogaleria da reportagem da RFI na Art Shopping: Links dos artistas: https://www.instagram.com/tutu.sousa.arte/?hl=fr https://www.instagram.com/marciadias_artista/?hl=fr https://www.artmajeur.com/maluribeiro https://www.instagram.com/atlasvioleta/?hl=fr https://www.instagram.com/atelierlucianaseverokids/?hl=fr

Cultura
Artista brasileira reflete olhar decolonial sobre mantos tupinambás em Paris

Cultura

Play Episode Listen Later Oct 21, 2022 7:27


Tupi or not Tupi: a expressão criada por Oswald de Andrade em seu manifesto antropófago, na aurora da Semana de Arte Moderna, canibaliza o delírio hamletiano de Shakespeare - To be or not to be, that's the question. Um século depois, a artista brasileira Lívia Melzi decide virar o espelho na direção dos colonizadores em Paris, apropriando-se da antropofagia dos modernos de 1922 para canibalizar o olhar dos europeus sobre a expropriação colonizatória de objetos rituais como os mantos tupinambás. O percurso antropofágico não é exatamente fácil para curadores, jornalistas e visitantes europeus presentes na abertura da exposição da artista brasileira Lívia Melzi, que integra o prestigioso grupo de artistas programados nesta temporada outono-inverno deste que é o maior centro de arte contemporânea da Europa: o Palais de Tokyo, no 16° distrito de Paris. "Para mim era muito lógico fazer um apelo ao manifesto antropófago.Tem essa questão da vingança presente no Hamlet e também no meu projeto. Mas não se trata da vingança ocidental, como a conhecemos. O título da exposição - Tupi or not Tupi - traz essa primeira camada ligada à referência literária, mas também para trazer a gente mais perto da questão tupinambá", diz Melzi. O trabalho da artista teve início com uma pesquisa que começou em 2018, quando Melzi entrou em contato com as "sete instituições europeias que guardam os oito mantos tupinambás que estão na Europa". "Teve todo um processo de construir um retrato de cada um desses artefatos dentro do contexto de conservação. Depois, houve um segundo momento de contemplar os arquivos, e então, o encontro com a [indígena] Glicéria numa tribo tupinambá. Mas eu não sou uma fotógrafa documental", explica. "Então, existe uma forma plástica de abordar esses temas e personagens", diz. Fotografar o olhar estrangeiro sobre os mantos A "vingança" da artista brasileira Lívia Melzi se dá numa subversão do espelho do colonizador, que agora entra no foco da câmera da artista. A questão não é mais fotografar plasticamente um objeto ritual, mas o olhar do catalogador europeu sobre o objeto. "Foi um processo artístico longo para mim, de entender de onde eu estava olhando. Sou uma mulher branca, estrangeira na França, nós somos latinas, não somos consideradas brancas aqui; precisa entender esse lugar de brasileira 'branca' que mora na Europa e eu precisava decidir através de qual prisma eu queria olhar essa história. E o único prisma possível era o do 'inimigo'. E estamos na França, um país que teve um papel enorme na construção da iconografia brasileira, da construção da nossa identidade", lembra Melzi. "Existe uma dose de humor nessa vingança. Sempre tento colocar um elemento que faz os europeus e franceses darem uma risadinha, mas sinto que há um constrangimento", pontua. "Acho que eles riem um pouco constrangidos dessa violência que eles construíram que aqui na Europa, e na França, é tão difícil para eles de administrar, principalmente com todos os migrantes das colônias africanas, com a questão da restituição desses objetos indígenas", considera.  "Exótico" Lívia Melzi diz levar em consideração a classificação do "exotismo" e do "exótico", rótulos que costumam acompanhar as obras brasileiras na Europa, mesmo no contexto da arte contemporânea. "Penso muito sobre a resposta estética que dou para isso. Tento não reforçar esse lugar do exótico, do colorido. Por causa do meu passado como oceanógrafa, tenho um olhar científico sobre os objetos. A estética visual dos meus trabalhos é muito frontal, fria. Reforço bastante esse aspecto para sair do estereótipo do exotismo, da cor, do excesso de informação visual ou sonora", diz. "Banquete canibal" Em uma das peças de Tupi or not Tupi, a artista brasileira criou uma vídeo-instalação ambientada na Embaixada brasileira de Paris, onde uma mesa é preparada milimetricamente por um chef francês. O prato principal, no entanto, traz um ingrediente, digamos, "exótico" - pés e mãos [reproduções em gesso] do presidente do Palais de Tokyo, centro de arte contemporânea que recebe a artista nesta temporada de artes da capital francesa. "Foi um processo de criação muito curioso para mim e foi um momento de imposição, no bom sentido, enquanto artista. Não foi simples convidar o presidente do maior centro de arte contemporânea europeu para ser o prato principal de um 'banquete canibal', antropofágico", contemporiza. "Ele entendeu bem o convite, a questão desse lugar de poder que ele tem", diz.

Economia
Produtos com valor agregado são tendência para a exportação brasileira na Europa

Economia

Play Episode Listen Later Oct 19, 2022 6:21


Com mais de 100 empresários presentes no Salão Internacional de Alimentação - SIAL Paris 2022, a missão brasileira no evento - formada principalmente por micro e pequenas empresas - veio com a preocupação clara de mostrar que sustentabilidade, rastreabilidade e produção orgânica se incorporaram definitivamente aos seus negócios e que elas estão prontas para entrar ou aumentar a sua participação no mercado europeu. Por Paloma Varón, da RFI  Para o consumidor final europeu, o valor agregado é muito importante, como atesta Thais dos Santos, CEO da empresa Du Brésil au Monde.  "O que a gente tem buscado é trazer produtos do Brasil com valor agregado, fugir um pouco das commodities e poder contribuir com uma outra economia: mostrar que é possível ter uma economia circular, trabalhar de outra forma, olhando para a nossa sócio-biodiversidade e agregando valor. Pensando em ajudar a economia local a melhorar", afirma a CEO da empresa, que há quatro anos trabalha com a exportação de produtos brasileiros para a Europa.  Dos Santos destaca a importância da conservação dos biomas brasileiros. "A nossa maior luta e nossa maior contribuição hoje é devolver a autoestima para o produtor, e mostrar que em todos os nossos biomas, aquela árvore vale mais se ela estiver em pé, do que o dinheiro que eles ganham eventualmente de maneira mais fácil cortando-a apara fazer plantação de soja, por exemplo." "Queremos mostrar para o produtor local, para os ribeirinhos, para as comunidades locais, que eles são diretamente responsáveis pela preservação e o valor que a preservação desse bioma pode trazer para a gente: tanto pelo meio ambiente como também para ele, financeiramente", explica Thais.  Comércio justo e sustentabilidade "O meio ambiente é uma preocupação global. A gente não tem mais como escapar. Apesar de estarem sofrendo com a inflação, em países como a França, os europeus são muito conscientes e preocupados em receber produtos que tenham o valor agregado da rastreabilidade, do comércio justo e do respeito ao meio ambiente", sublinha a CEO da empresa Du Brésil au Monde.  A gerente de internacionalização da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que organizou a missão brasileira, Sarah Saldanha confirma a tendência.  "Nós mapeamos três compradores franceses para estar com as empresas brasileiras, principalmente, a partir das nossas observações. Aquelas interessadas em produtos orgânicos, produtos naturais ou produtos que falem da biodiversidade da alimentação brasileira. E, aproveitando essa característica da delegação brasileira mobilizada pela CNI, no estande nós contamos um pouco sobre as indicações geográficas do Brasil. Vinho, espumantes, queijos, café, cachaça... são produtos que têm essa linha de sustentabilidade que é bastante valorizada no mercado europeu", afirma.  Consumo de orgânicos De acordo com os empresários do setor, a busca por produtos que contribuem para melhorar a saúde é uma tendência cada vez mais forte, favorecendo e impulsionando as vendas de produtos orgânicos. Os empresários brasileiros já perceberam e estão investindo maciçamente setor. Segundo a plataforma Statista, o consumo de orgânicos no mundo foi de US$ 120 bilhões em 2020. Em 2021, o mercado de orgânicos brasileiro teve crescimento de 12%, com vendas de R$ 6,5 bilhões. No ano anterior, em 2020, o setor apresentou expansão de receita de 30% em relação a 2019, com faturamento de R$ 5,8 bilhões. Em 2020, as exportações corresponderam a R$ 1,1 bilhão, ou 18,9% da receita total. Em Paris, 20% das empresas brasileiras presentes na feira trouxeram na bagagem seus produtos orgânicos e/ou sustentáveis para exibição e rodada de negócios. É a maior participação de empresas deste gênero desde que o SIAL começou em 1964. O empresário Maurício Matos, CEO da B.You Super Foods, é um deles. "Apresentamos produtos 100% naturais, orgânicos, veganos, kasher, com todas as certificações e os selos que os consumidores mundo afora estão demandando hoje", conta.  Com centro de distribuição em Roterdã, na Holanda, a B.You Super Foods tem grande penetração nos mercado europeu e do Oriente Médio, e apresenta como principal produto o açaí orgânico do Pará. "A gente só trabalha com produtos brasileiros naturais e orgânicos, vindos de áreas certificadas. Até porque a maioria do açaí vem do extrativismo, então ele já é naturalmente orgânico. Mas, hoje em dia, para você poder falar que é, você tem que fazer todo um processo de certificação e auditoria", completa Matos.  O embaixador do Brasil em Paris, Luís Fernando Serra, também acredita que o Brasil precisa agregar valor aos produtos exportados para se posicionar melhor no mercado francês e europeu. "Precisamos diversificar a nossa oferta de produtos e agregar valor a todos eles, porque a pauta ainda é dominada pelas commodities, como soja, minérios e petróleo".  Para Serra, o mercado europeu é protecionista, mas é possível contornar isso. "O melhor antídoto é ter uma rastreabilidade absoluta, segura, completa para justamente identificar produtos de regiões que não foram desmatadas. E eu acho que se poderia pensar também em levar os europeus para verem o nosso sistema de rastreabilidade, para que eles possam confiar neste sistema", aponta.  Segundo o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, a Missão do Brasil no SIAL pode render mais de R$ 200 milhões em exportações nos 12 meses seguintes à feira.

Hoje na História - Opera Mundi
17 de outubro de 1849 - morre, em Paris, o pianista Frédéric Chopin

Hoje na História - Opera Mundi

Play Episode Listen Later Oct 17, 2022 8:16


No verão de 1849, o pianista Frédéric Chopin não conseguia mais prosseguir lecionando, pois uma tuberculose pulmonar evoluía rapidamente. Sua irmã mais velha, Ludwika, viajou desde Varsóvia para cuidar do compositor. No dia 17 de outubro, o gênio do piano morre em seu apartamento parisiense da Place Vendôme.Veja a matéria completa em: https://operamundi.uol.com.br/hoje-na-historia/1618/hoje-na-historia-1849-morre-em-paris-o-pianista-frederic-chopin ----Quer contribuir com Opera Mundi via PIX? Nossa chave é apoie@operamundi.com.br (Razão Social: Última Instancia Editorial Ltda.). Desde já agradecemos!Assinatura solidária: www.operamundi.com.br/apoio ★ Support this podcast ★

Artes
Moçambicano Anésio Manhiça expõe em Paris

Artes

Play Episode Listen Later Oct 17, 2022 14:31


O moçambicano Anésio Manhiça é um dos artistas lusófonos que vai estar no salão internacional Art Shopping, em Paris, a 22 e 23 de Outubro. O fotógrafo esteve nos estúdios da RFI para falar sobre o seu trabalho e sobre a importância de despertar as consciências através da imagem. RFI : O que é que representa para si estar nesta feira de arte em Paris? Anésio Manhiça, Fotógrafo: “Primeiro, significa um processo de internacionalização. Significa também que, se calhar, vou estar mais exposto ao olhar crítico de mais pessoas, mas também significa uma abertura para uma reflexão que eu tento levantar através das minhas fotografias.” Como é que surgiu o convite para integrar esta exposição colectiva? “Bom, quando eu faço a minha primeira exposição em Maputo, no Museu do Mar, em Junho, uma amiga moçambicana que tem promovido a arte, cultura e turismo em Moçambique, teria publicitado em suas redes sociais e a organizadora deste evento em Paris ficou curiosa e pediu para saber mais. Neste processo, surgiu o convite.” Escolheu três fotografias para o salão. Antes de detalharmos estas imagens, elas fazem parte de uma série intitulada “As vidas dos sacos plásticos” - sobre a qual já conversámos noutro programa - que estiveram em exposição em Junho, no Museu Nacional do Mar, em Maputo, no âmbito do Dia Internacional do Ambiente. De um modo geral, do que é que fala esta série? “Nesta série de fotografias, o que eu tento fazer é explorar as diferentes interacções que os moçambicanos têm com o saco plástico, mas foco basicamente no espaço doméstico, que é um espaço em que, geralmente, as campanhas de sensibilização ambiental não têm esse enfoque. Então, eu ao concentrar-me em imagens do espaço doméstico - como usar o saco plástico para fazer o fogo que é usado para cozinhar, usar o saco plástico para cobrir o arroz, a maçaroca, no momento da cozedura - para mim são alguns dos elementos que não são abordados pelos ambientalistas e que talvez em fotografia pudesse chamar mais a atenção. Mas também tentei explorar aquilo que é transformação da paisagem natural com um saco plástico e há um momento de descarte com isso que acontece no meio ambiente. Como é que isto vai alterando a paisagem e que implicações tem isto para a nossa saúde? Claro que a imagem não capta essas implicações, mas pode suscitar reflexões nesta direcção.” Uma das fotografias onde se vêem os sacos plástico chama-se “Sobrenatural”. O que é que ela retrata? “Sobrenatural foi, na verdade, uma fantasia. O 'sobrenatural' é um plástico que foi descartado num dos bairros em Maputo. Nesta imagem não conseguimos ver o plástico descartado, mas conseguimos olhar o interior do plástico e ver um pouco da diversidade da natureza. Conseguimos ver através da textura do plástico e do reflexo. A ideia era mesmo, através do plástico, ilustrar a natureza, mostrando neste meio o paradoxo que estamos a ver: a natureza através do plástico, mas é o plástico que pode prejudicar essa natureza.” Outra das fotos que traz é “likoroxo do puto” que ilustra a reciclagem dos sacos plásticos de uma forma peculiar. Quer descrever-nos o que vemos na foto? “Na verdade, é uma prática bem dominante em Moçambique, em vários sítios. Tanto que tem vários nomes: likoroxo, outros usam matsakala, xingufo. É, na verdade, uma bola feita com base em plásticos reciclados. Também se faz actualmente com tecido, mas cresci vendo mais sendo feito com plástico reciclado. Então, a ideia desta obra é mesmo para mostrar o processo de reciclagem e mostrar essa nossa relação com a prática de reciclagem, que é de alguma forma uma prática antiga e em alguns grupos começa muito cedo, tanto que acabamos por ilustrando com um pé de uma criança para dar a entender esta conexão que vamos dando às crianças, este ensinamento em torno da reciclagem.” Depois, a terceira foto que escolheu chama-se “Acácias Molhadas”. O título, mais uma vez, remete para algo poético, mas também vemos o plástico que não é assim tão poético. “Sim. 'Acácias' porque a cidade de Maputo é também chamada a cidade das acácias porque temos lá muitas acácias. Na verdade, esta foto foi captada num dos bairros nobres de Maputo, mas lá, numa vala de drenagem, tínhamos água, o reflexo das acácias e o plástico descartado que era mesmo para dar a entender que é uma prática que em Maputo, em particular, não se circunscreve a espaços periféricos, mas em bairros nobres.” Foi o Anésio que escolheu as fotografias ou foi a organização do Art Shopping? “Eu é que escolhi. Na verdade, a selecção destas fotografias foi em conversa com várias pessoas que viram a exposição e que, de alguma forma, ajudaram também a seleccionar as fotos para a primeira exposição. A ‘Sobrenatural' eu escolhi porque muitos franceses mostravam interesse nela, muitos gostavam. Então, cá entre nós, eu disse, vou expor na França, talvez deva levar algo que agrade os franceses. ‘Likoroxo do puto' porque me mantém nesta ligação à preocupação ambiental e com um pé negro de criança também mostra um pouco a questão da África e Moçambique. E ‘Acácias Molhadas' também foi por representar Maputo e também ser algo que, a meu ver, remete logo para a questão do meio ambiente.” Nestas três obras, como em toda a série que fez, acaba por estetizar algo que não costuma ser bonito de se ver, muito menos no meio da natureza, que é o plástico. Tem uma mensagem ambientalista que pretende transmitir com estas fotografias? “Na verdade, as minhas primeiras imagens criavam repulsa. As pessoas não gostavam, criava uma espécie de enjoo, porque às vezes eram da vala de drenagem mesmo com muita sujidade. O meu interesse não é afastar as pessoas do trabalho, mas é aproximar as pessoas e fazer com que elas possam dialogar com estas obras de forma constante. Então, o que eu pensei é realmente estetizar, é trazer de forma a que alguém tenha coragem de pôr na sua cozinha, na sua sala e poder dialogar com a obra no dia-a-dia. Então, foi propositado. Eu entendo que nem todos a olharem as minhas obras têm sensibilidade de passarem para um outro nível de reflexão, saírem do óbvio. Por exemplo, na imagem do saco plástico que é queimado para fazer o fogo, há muita gente que pensa que é uma forma de eliminar o plástico no planeta mas não pensa que estamos a espalhar as micropartículas e que vamos ter assim vários problemas. Daí que eu tento sempre conciliar com as participações de programas como este, e que tenho feito muito em Moçambique, que é para trazer a verdadeira narrativa mais na direcção ambiental e de consciencialização.” Ou seja, além da exposição artística, tenta fazer alguma pedagogia ecológica, digamos? “Sim, eu tento fazer isso tanto na própria exposição, como em programas de televisão, rádio, mas também tenho organizado alguns ateliers com crianças, tanto de zonas periféricas, como da zona central de Maputo.” No comunicado de imprensa que nos enviou, define-se como fotoetnógrafo e não simplesmente como artista fotógrafo. Porquê? “Eu, quando comecei, tive muito problema em me identificar. Eu comecei no ano passado e surgiu essa questão de identificar-me. Como vou me identificar? O que é que eu sou? Porque eu saí de uma formação em antropologia e, recentemente, comecei a fazer fotografia e muitas pessoas me identificavam como artista. No momento, eu aceitei, artista visual é o que eu faço. Mas chegou um momento em que este espaço eu sentia que não era meu porque eu não estudei arte…” Mas está exposto no Carroussel du Louvre… “Sim, mas não estudei arte e não achava que era um espaço que realmente me cabia. Então, tendo eu a formação em antropologia e tendo eu pensado em conciliar a fotografia como instrumento de etnografia, que é uma das principais técnicas de antropologia, eu tentei na minha última exposição em Maputo, ‘Purificações no Índico', fazer a etnofotografia, na verdade, é fotoetnografia que eu usei das fotografias, que é para contar uma história. É o que eu quero passar a fazer de hoje em diante e não só apresentar com um sentido artístico mas trazer uma história, ter a história de um grupo particular e não ser algo bem largo. Agora que estou na fotografia, estou a tentar buscar a fotografia para o meu mundo da antropologia…” E também de um certo activismo…. “Exactamente.” A fotografia, como disse, é uma prática recente sua. Faz imagens com o telemóvel, ao contrário dos ditames dos mais puristas do mundo da fotografia de autor. O telemóvel e a qualidade não ficam aquém daquilo que se poderia esperar justamente da fotografia de autor? “Agora que vou expor aqui [Paris], surge esse debate. Tendo aqui algumas barreiras, por exemplo, as imagens que eu tinha escolhido para expor aqui, eram num tamanho maior. Eu quis fazer tudo aqui, imprimir cá, fazer todo o processo cá, até para eu ter este nível de qualidade e para perceber como o processo descola. E nisso …” Há limitações. “Há limitações. Tenho limitação no produto final, mas tenho vantagem no acesso às pessoas. Então vem este debate, se quero fotos maiores, tenho que usar uma máquina. Então, já vou começar a misturar as técnicas, vou usar o telemóvel, mas também vou passar a usar a câmara.” Como é que está a prática da fotografia em Moçambique? É possível viver apenas da fotografia? “Eu não sei se é possível viver, mas nos últimos tempos tenho conversado com algumas pessoas sobre isso, o Mário Macilau, o Mauro Pinto, são pessoas que, na verdade, eu ainda não sei, porque às vezes nós olhamos de forma externa e pensamos que a pessoa vive realmente de fotografia, enquanto tem, digamos, outras actividades. Então, é algo que eu ainda tenho que investigar a fundo e ver se, realmente, é possível viver de fotografia. Mas tem fotógrafos que trabalham com embaixadas, têm contratos particulares com embaixadas e nisso conseguem um salário fixo e conseguem de alguma forma viver.” Mas o Anésio também trabalha como antropólogo? “Sim, eu trabalho como antropólogo, mas nestes últimos tempos, depois da exposição de Maio até então, tenho focado em me apresentar como fotógrafo e apresentar este trabalho como fotógrafo até para que seja uma apresentação muito forte e contundente para que o nome fique e que as pessoas realmente conheçam e que surjam, digamos, trabalhos neste mundo.” O Anésio tirou o mestrado em antropologia social na Universidade Paris 8, depois de se ter licenciado na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo. Hoje é também investigador na Kaleidoscópio. O que é a Kaleidoscópio? “A Kaleidoscópio é um instituto de pesquisa que tem essa missão de misturar a pesquisa e cultura. Na verdade, é um centro de pesquisa que também faz a mediação cultural e temos lá, para além de pesquisadores, também temos artistas e também temos essa ideia de apresentar resultados de uma pesquisa académica de forma bem mais leve, tanto em práticas artísticas, como de outras formas. Todo esse mundo artístico, como eu, de alguma forma, surgiu na Kaleidoscópio. Na altura, eu era pesquisador só. Fiz parte de uma rede chamada Slow Art Network, onde trabalhei tanto com pesquisadores, como artistas da África do Sul, Zimbabwe e Moçambique.” Fale-me das próximas exposições. Depois de Paris, o que temos na agenda? “Depois de Paris, ainda tenho mais uma em Maputo, para Novembro, e estou a pensar também levar a exposição ‘Purificações no Índico' para o bairro da Mafalala, ainda em Maputo. O que vem depois, não sei, espero que a minha participação nesta feira me traga, mais alguma coisa.”

Fluency TV Francês
La nuit blanche: o evento anual que agita a madrugada em Paris - Culture Talks Francês

Fluency TV Francês

Play Episode Listen Later Oct 14, 2022 7:48


Lista de Espera | Instagram Fluency TV Francês | Playlist Culture Talks Já falamos que conhecer a cultura dos países francófonos é fundamental para o seu processo de aprendizagem do francês. Então, no episódio de hoje do Culture Talks version française, vamos conversar sobre um evento que nasceu na França e agita a madrugada do primeiro sábado de outubro todos anos. Já ouviu falar sobre Nuit Blanche? Não? Venha descobrir com a gente! Então pegue seus fones e on y va ! E não se esqueça: ao visitar o nosso portal, fluencytv.com, você terá acesso a todos os outros episódios dos nossos podcasts. Corra lá! Profites-en bien ! Material de Apoio

O Que os Outros Dizem de Nós
Arte renascentista portuguesa em Paris

O Que os Outros Dizem de Nós

Play Episode Listen Later Oct 11, 2022 5:25


A rara arte portuguesa do Renascimento esteve em exposição no Louvre. E vem aí "Hôtel Levy", um livro sobre o edifício da embaixada de Portugale em França.

Saúde
Governo francês propõe enviar futuros clínicos gerais para residência em áreas rurais

Saúde

Play Episode Listen Later Oct 11, 2022 6:56


A falta de médicos em algumas regiões na França preocupa as autoridades de saúde do país. O problema afeta principalmente áreas rurais, mas também atinge cidades. A região de Île-de-France, por exemplo, onde está localizada Paris, é tida como o maior “deserto médico” do país. O termo, traduzido de forma literal, é usado pelos franceses para designar áreas onde há carência de médicos e outros profissionais da saúde. De acordo com a Agência Regional da Saúde, 96,3% dos moradores de Île-de-France moram em locais onde há um número insuficiente de clínicos gerais. A situação não deve melhorar: o número de estudantes que se formam nessa especialidade em Medicina continua insuficiente para atender a demanda. Uma das pistas do governo francês é aumentar em um ano o tempo de estágio dos futuros médicos que pretendem se tornar clínicos gerais. A residência passaria, dessa forma, de três para quatro anos, e esse período  seria validado, de preferência, na zona rural. A ideia, apresentada durante o Conselho de Ministros sobre o orçamento da Seguridade Social francesa, no final de setembro, é vista com maus olhos pela categoria, explica Raphael Presneau, presidente do Sindicato autônomo que representa os médicos-residentes em clínica geral na França. Ele critica a “falta de escolha” embutida na medida, apesar dela não ser obrigatória. Medida gera protestos A proposta levou os médicos residentes franceses às ruas de Paris, no final de setembro. Segundo Presneau, ela pode tornar ainda mais precário o cotidiano dos médicos recém-formados, que, na França, ganham pouco e chegam a trabalhar mais de 24 horas sem repouso. “Nas condições que a proposta está sendo apresentada para a gente, é inaceitável. Não conhecemos os detalhes, quais são as circunstâncias e não há garantias sobre como será o acompanhamento", disse em entrevista à RFI. Na França, todo paciente depende de um clínico-geral para poder se tratar, consultar um especialista ou pedir reembolsos da Seguridade Social para realizar determinados tratamentos relacionados, por exemplo, a doenças crônicas, como o diabetes. Mas faltam profissionais e cerca de 6 milhões de franceses não têm clínico geral. Em Seine Saint Denis, na região parisiense, cerca de 93% da população enfrenta esse problema no cotidiano. Em Paris, a situação é totalmente diferente e contrasta com as dificuldades vividas pelos pacientes de cidades próximas: em cada esquina há um consultório e eles vivem lotados, já que as pessoas vêm de outras cidades buscar atendimento médico na capital. A título de exemplo, um estudo mostrou que há três psiquiatras para cada 100 mil habitantes na região Seine et Marne, a cerca de 50 quilômetros da Paris. Na capital, em contrapartida, existe um “excedente” de 1.119 médicos. Apesar reconhecer a desigualdade no acesso à saúde, o representante do sindicato critica a solução apresentada pelo governo sem que seja definido em detalhes, o conteúdo pedagógico do quarto ano de residência. Ele também teme que a medida se torne obrigatória com o tempo. “Hoje o governo pode alegar que as medidas vão incitar os estudantes a atuar em outras regiões, mas já há parlamentares que defendem a inclusão de uma emenda no projeto de lei do Financiamento da Seguridade Social para transformar a proposta em uma obrigação”, explica. Gerenciar problemas graves sem supervisão Questionado sobre o porquê da recusa dos futuros médicos se instalarem em áreas mais afastadas, Raphael Presneau argumenta que é preciso se lembrar que os residentes ainda estão em formação e precisam de professores para acompanhá-los no cotidiano e em suas práticas. Ele teme que a inexperiência coloque em risco os pacientes. “É fora de questão, para os pacientes e os residentes, ter que gerenciar, sozinhos, uma situação grave sem professor para supervisionar, para nos formar, e com quem trabalhar. Simplesmente não é possível”, diz. “Não é dessa maneira que vamos motivá-los a trabalhar nessas regiões, enviando para locais com condições precárias de atendimento”, declara. Ele reitera que o problema está na pouca quantidade de médicos formados. Há poucas vagas nas faculdades de Medicina e a demanda será, dessa forma, sempre maior do que o número de profissionais habilitados a exercer a profissão. “Mudar de região ou cidade é um projeto de vida. Não podemos simplesmente mudar as pessoas de cidade aos 35 anos. Muitos residentes têm filhos e família, e cônjugues que já têm uma vida profissional estabilizada onde estão”, resume. Mas para Gilles Noel, presidente da associação dos prefeitos de áreas rurais na França, essa medida é essencial para acabar com a desigualdade no acesso à saúde dentro da França. “Há dez milhões de franceses que vivem nas áreas rurais onde o acesso à saúde, podemos dizer, é de qualidade inferior à média do país.” Para atrair os futuros médicos, ele sugere a atribuição, por exemplo, de moradia gratuita para os médicos-residentes. Uma vantagem que, atualmente, não seduz a categoria.

Renascença - Tertúlia Bola Branca
Rui Miguel Tovar: "Benfica tem legítimas aspirações de sacar um ponto em Paris"

Renascença - Tertúlia Bola Branca

Play Episode Listen Later Oct 10, 2022 15:52


A nona jornada do campeonato e a jornada europeia de Benfica, FC Porto, Sporting e Braga foram os temas da Tertúlia Bola Branca desta segunda-feira, com o comentador Rui Miguel Tovar, o jornalista Luís Aresta, e Filipa Galrão e Daniel Leitão. Com moderação de Pedro Mesquita.

ELLE News
#111 - Semana de moda de Paris (verão 2023)

ELLE News

Play Episode Listen Later Oct 7, 2022 33:17


Chegamos à última semana de moda da temporada internacional! Em Paris, grifes como Balenciaga, Miu Miu, Loewe, Chanel e Balmain desfilaram as suas coleções para o verão 2023. Nesse episódio do Elle News, a gente esmiúça os desfiles e conta um pouco da experiência de estar na cidade francesa para ver as apresentações.  E ainda: Kanye West apresentou um desfile surpresa nessa última semana e, com ele, muita confusão; Haider Ackerman é o designer da vez a assumir a apresentação de alta-costura de Jean Paul Gaultier; e muito mais!  Roteiro: Gabriel Monteiro, Giuliana Mesquita e Patricia OyamaMontagem e publicação: Compasso Coolab Este episódio usou trechos das músicas Atopos, de Bjork; Jealousy, de FKA Twigs; All or Nothing, de Cher;  Across The Universe, na voz de Fiona Apple; o tema principal de A Lista de Schindler; Preciso Me Encontrar, de Cartola; Panis Et Circenses, dos Mutantes; trecho da apresentação de verão 2023 da Balenciaga; da Yeezy Season 9; e da música Shine, de Doja Cat.

Convidado
Cabo Verde participa pela primeira vez no Fórum "Ambition Africa 2022" em Paris

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 5, 2022 9:41


Desde ontem e ainda hoje, decorre aqui em Paris o fórum empresarial "Ambition Africa 2022". Este encontro organizado pelo governo francês reúne representantes do sector privado francês e africano juntamente com responsáveis políticos do continente. Cabo Verde participa pela primeira vez no certame e é representado por Adalgisa Vaz, Secretária de Estado para o fomento empresarial, que intervém esta quarta-feira numa palestra sobre o turismo no seu país, um dos pilares da economia cabo-verdiana. Ao evocar com a RFI os diversos desafios com que se debate o arquipélago nomeadamente em matéria de transportes e também de apoio às empresas numa altura em que se antecipam dificuldades, Adalgisa Vaz observa que apesar de um contexto de crise -e contrariando prognósticos- o sector do turismo em Cabo Verde tem conhecido uma retoma, depois de meses de crise devido à pandemia. RFI: Como está actualmente o sector do turismo em Cabo Verde? Adalgisa Vaz: Coincidentemente, ultrapassou todas as expectativas. Estávamos a prever uma retoma em 2023. Este ano, em Julho, atingimos 70% do volume de turistas registados em 2019 e os empresários do sector estão com muita expectativa em relação à época do inverno que já começou em Outubro. Pelo que o programa de vacinação que neste momento regista uma taxa de vacinação de 85% da população, ajudou a consolidar o destino turístico. Já começamos a registar um fluxo de turistas e acreditamos que se vai aproximar do nível registado em 2019 ainda este ano. RFI: Quem diz 'turismo', diz também 'mobilidade'. A mobilidade interilhas a nível marítimo e a nível aéreo tem conhecido alguns problemas ultimamente. Como se pensa sanar esta situação? Adalgisa Vaz: Estamos a acompanhar, a reanalisar com os nossos parceiros e acreditamos que todos vamos encontrar um ponto de entendimento para realmente correspondermos às expectativas da população e dos que nos visitam. A coordenação desse diálogo será fácil na medida em que temos um ministério do turismo e dos transportes ciente de que não poderemos falar de um 'arquipélago do turismo' sem considerar as questões associadas à conectividade, seja aérea, seja marítima ou terrestre. De facto, o governo neste momento está a acompanhar com muita atenção em articulação com os operadores nacionais, para podermos apresentar as soluções de qualidade e com a frequência que interessa aos turistas que querem previsibilidade, assim como a nossa diáspora. RFI: No caso particular da companhia aérea TACV, quais são exactamente os planos do governo? Adalgisa Vaz: Estamos numa fase de criar novas bases para atrair investidores externos. Consta da lista de privatizações em Cabo Verde e estamos numa fase de consolidação da empresa para poder colocá-la no mercado. RFI: Relativamente aos critérios para escolher os investidores, da outra vez correu mal. Quais vão ser agora os critérios para fazer negócio com a TACV? Adalgisa Vaz: É evidente que vamos aprender com as lições do passado. Há um decreto-lei que regula as privatizações. Vamos tentar sempre encontrar um parceiro que venha colocar Cabo Verde nessa rota internacional. Temos uma localização geoestratégica e a nossa ambição é criar um 'hub' dos transportes aéreos. Isso pode de facto atrair os maiores operadores com interesse em aproveitar esse eixo Europa-África-Estados Unidos e América Latina, porque Cabo Verde está a poucas horas de viagem desses três continentes. RFI: O governo cabo-verdiano tem estado com os parceiros sociais a analisar o orçamento para o ano que vem. Ainda há dias, o vice-primeiro-ministro disse que "não se pode esperar facilidades". Portanto, ele antevê para os próximos tempos algumas dificuldades para Cabo Verde a nível orçamental. Que margem de manobra é que haverá para o fomento empresarial? Adalgisa Vaz: Foi apresentado na sexta-feira o orçamento em sede de concertação social. Os parceiros sociais alinharam com a proposta do orçamento. Já foi submetido à assembleia nacional para efeito de aprovação. Em relação ao fomento empresarial, como é do conhecimento de todos, o governo elegeu o sector privado como motor do crescimento e estamos cada vez mais a mobilizar e reorientar todo o apoio dos nossos parceiros de desenvolvimento para o sector privado e também o investimento directo estrangeiro que apesar da crise, tem registado um nível de engajamento satisfatório. RFI: Falou-se nomeadamente do salário mínimo que vai conhecer um aumento faseado, isto numa altura em que tem havido uma hemorragia de trabalhadores cabo-verdianos designadamente para Portugal. Como é que o governo pensa reter essa mão-de-obra? Adalgisa Vaz: O governo tem de criar todas as condições para podermos ter um ambiente de negócios favorável e permitir que as empresas privadas, o maior empregador, possam também reajustar os salários consequentemente. Com uma boa oferta a nível nacional, haverá condições para estabilizar esse fluxo de trabalhadores para o exterior. RFI: Há apoios a nível do Estado, há isenções de impostos para isso? Adalgisa Vaz: O que o Estado pode fazer é garantir programas de formação profissional, apoio à contratação e o que já existe com várias facilidades fiscais para as empresas que recrutam desempregados ou jovens recém-formados. Há todo um programa que está em vigor desde 2018 de apoio à formação profissional e ao recrutamento de jovens, com programas de estágios profissionais, com participação do governo e também há benefícios fiscais para as empresas que recrutam jovens e desempregados. Consta mesmo da lei de Orçamento de Estado. RFI: Acha que isto é suficiente para reter esses trabalhadores que nestas últimas semanas têm procurado ir para fora? Adalgisa Vaz: Temos uma taxa de desemprego à volta de 14%. Não temos a preocupação nesta fase de retenção mas de garantir as melhores condições para os jovens que procuram emprego e os desempregados. Cabe ao sector privado criar as condições de retenção da mão-de-obra. RFI: Paralelamente a isto, o governo cabo-verdiano tem estado em contacto com Portugal precisamente na perspectiva de assegurar condições para esses trabalhadores. Como é que estão essas negociações? Adalgisa Vaz: Já estamos na fase final de assinatura de contratos para realmente coordenar e acompanhar essa mobilidade de trabalhadores para Portugal através do nosso Instituto de Emprego e de Formação Profissional de forma a garantir os direitos para os trabalhadores que vão ser recrutados para exercer a sua actividade em Portugal. RFI: O Presidente cabo-verdiano disse recentemente na tribuna da ONU que queria a breve trecho chegar a um novo patamar do desenvolvimento do país. Julga que haverá condições para efectivamente até 2030 haver um desenvolvimento sustentável em Cabo Verde? Adalgisa Vaz: Já temos uma agenda de desenvolvimento sustentável até ao ano 2030 que estamos neste momento a executar precisamente para podermos atingir os objectivos do desenvolvimento sustentável das Nações Unidas e também garantir um crescimento que venha permitir ao país ter um desenvolvimento económico inclusivo e continuar na sua senda de resiliência.

Hoje na História - Opera Mundi
1º de outubro de 1684 – morre, em Paris, Pierre Corneille, dramaturgo francês

Hoje na História - Opera Mundi

Play Episode Listen Later Oct 1, 2022 6:47


Grande mestre da língua francesa, Pierre Corneille, a maior expressão do teatro clássico – o do “Grande Século”, o século 17 – que se definia pela célebre regra das três unidades (duração, ação e lugar) morre em 1º de outubro de 1684, em Paris.Veja a matéria completa em: https://operamundi.uol.com.br/hoje-na-historia/38055/hoje-na-historia-1684-morre-em-paris-pierre-corneille-dramaturgo-frances----Quer contribuir com Opera Mundi via PIX? Nossa chave é apoie@operamundi.com.br (Razão Social: Última Instancia Editorial Ltda.). Desde já agradecemos!Assinatura solidária: www.operamundi.com.br/apoio ★ Support this podcast ★

Em directo da redacção
Músico português Pedro Abrunhosa com novo concerto em Paris

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Sep 29, 2022 18:05


Pedro Abrunhosa estará em concerto em Paris a 23 de Outubro na sala La Cigale. Será uma etapa da digressão internacional do cantor português que começou no Luxemburgo e que passará também por Bruxelas e Londres. O músico portuense, que se lançou em 1994 com o álbum "Viagens" tem na manga novo projecto de originais, ainda por estrear. Ele que tem estado também na ribalta em torno da sua oposição à invasão russa da Ucrânia, com uma música escrita em torno do tema, e uma polémica com a embaixada russa em Lisboa sobre os seus posicionamentos nos seus concertos denunciando esta guerra. Motivos de sobra para falarmos com o artista que começa por se referir à alegria de voltar ao contacto com o público em Paris.

Mondolivro
Mondolivro - “O Coração: Frida Kahlo em Paris”, de Marc Petitjean

Mondolivro

Play Episode Listen Later Sep 29, 2022 1:19


No Mondolivro de hoje, Afonso Borges fala sobre uma obra que retrata a história por trás de uma pintura de Frida Kahlo. Intitulado “O Coração: Frida Kahlo em Paris”, escrito por Marc Petitjean, o livro é incrível e reserva muitas surpresas para você. Confira!See omnystudio.com/listener for privacy information.

Reportagem
Número de eleitores brasileiros em Paris dobra em relação à eleição de 2018

Reportagem

Play Episode Listen Later Sep 27, 2022 6:29


O Consulado-Geral do Brasil em Paris teve de alugar um novo espaço para a realização dos dois turnos da eleição presidencial brasileira. O motivo é que o número de eleitores inscritos mais que dobrou em relação à última votação. "Passamos de 11.047 eleitores inscritos em 2018 para 22.629 em 2022, um aumento de mais de 100%", comemora o cônsul-geral do Brasil em Paris, Fábio Marzano. Ele atribui esse crescimento a um maior interesse do eleitor em participar do processo democrático. Por Paloma Varón, da RFI "Com este aumento significativo do número de eleitores cadastrados, tivemos que mudar o local de votação. Neste ano, a eleição vai ser no Espace La Rochefoucauld, no 9º distrito de Paris", continua o cônsul-geral, frisando a importância de que os eleitores baixem o aplicativo do E-título e também levem um documento com fotografia. "Como a maioria dos eleitores no exterior não cadastrou a biometria, vai ser preciso levar também um documento com foto. Pode ser o RG, o passaporte, mesmo vencido, a carteira de motorista... mas vai precisar de uma identificação do eleitor", disse o responsável pela votação em Paris, o cônsul-geral adjunto Sérgio Ricoy Pena, acrescentando que, em último caso, até um documento francês pode ser aceito. Eleitor deve baixar E-título antes do dia 2 e levar documento com foto Segundo as autoridades consulares, o mais importante é que os eleitores baixem o E-título antes de 2 de outubro. O aplicativo também serve para justificar a ausência no dia da eleição, num prazo de até 60 dias após cada turno. "O ideal é baixar o mais rápido possível, pois no dia da eleição ele não estará disponível", avisa Ricoy Pena. "Uma opção para quem não conseguir baixar o aplicativo é olhar a seção de votação no site do TSE", completa.  Para acessar os dados, basta fazer uma busca por "nome e local de votação TSE" ou "certidão de quitação eleitoral". Os dados serão visualizados assim que o eleitor completar os campos com seu nome completo, a data de nascimento e o nome da mãe. Essa busca também é válida para eleitores que tenham transferido o título para Paris recentemente ou que tenham solicitado o documento pela primeira vez. Além do novo endereço, que é importante ser lembrado – 11 rue Catherine de la Rochefoucauld, 75009, Paris –, o cônsul-geral chama a atenção para o horário que deve ser respeitado: das 8h às 17h locais. "Somente quem já estiver dentro do espaço, na fila da sua seção eleitoral e em posse de uma senha, poderá votar um pouco depois das 17h", acrescenta Marzano. As pessoas que às 17h estiverem na fila na rua não poderão votar. Eleitores vêm de toda a França Como nos anos anteriores, Paris é o único local de votação em toda a França, o que obrigará muitos eleitores a percorrerem centenas de quilômetros e contarem com o que chamam de "hospedagem solidária". É o caso da cozinheira Kele Ransom, que mora em Pau, nos Pirineus, a 792 km de Paris. "Essas eleições vão ser uma aventura, eu vou para uma cidade vizinha, que se chama Lourdes, e de lá vou pegar um trem noturno para chegar no dia seguinte a Paris. Chegando em Paris, eu vou ficar na casa de uma amiga, para não gastar mais do que já vou gastar com toda esta viagem. Serão mais de 15 horas de viagem", conta.  "Para mim, essas eleições são muito importantes, é uma emoção muito grande fazer todo este trajeto para votar, porque a gente precisa mudar a situação do país. Voltar ao Brasil me entristece, por ver a dificuldade que as pessoas estão passando. O meu voto não é secreto: eu vou fazer este trajeto todo com a toalha do meu candidato nas costas, porque vou tentar, com todas as minhas forças, tirar o atual presidente do poder", afirma.  Brasileiras organizam hospedagem solidária O grupo Brasileiras de Paris, no Facebook, é um dos que organiza as ofertas e demandas de hospedagem solidária. Foi assim que a professora de francês brasiliense, Isabella Vanini, que mora em Cahors (no sul), a 560 km da capital, conseguiu a sua. "O grupo organizou um esquema de oferta e procura de hospedagem especial para as eleições. A gente conseguiu fazer isso para que todas as mulheres do grupo possam votar neste momento tão importante", relata. Desde janeiro, ela previu suas folgas no próximo fim de semana e comprou as passagens há alguns meses. "É a segunda vez que eu vou votar na vida, porque em Brasília a gente não tem eleições municipais. Eu preciso participar deste momento democrático", completa Isabella, que tem 25 anos.  "Momento crítico para a democracia brasileira" As pernambucanas Wedja Martins e sua companheira Clara Brainer vêm de Orléans (centro), a 132 km da capital francesa, para votar em 2 de outubro. Elas deixaram o Brasil em setembro de 2018, "por conta do impacto do bolsonarismo" em suas vidas. "Precisamos votar contra a violência, a intolerância, o facismo e o retrocesso para que a gente volte a viver em paz no nosso país", afirma Wedja.  A psicóloga Luana Meyer, que mora em Bordeaux (sudoeste), a 578 km de Paris, vem de trem. "Votar é muito importante para mim, porque mesmo se eu não moro mais no Brasil, quero exercer meu direito de cidadã, principalmente neste momento tão crítico", diz ela, que também vai utilizar hospedagem solidária.  O realizador audiovisual Nico Silva, de 24 anos, vem de Marselha (sul), e também vai percorrer cerca de 800 quilômetros para votar. "Eu vou fazer a viagem de trem, que é o meio de transporte mais simples. Acho que muitos, como eu, estão com muita vontade de votar nestas eleições. Não é tão fácil ir a Paris, não é todo mundo que tem condições de ir votar, porque custa caro, é preciso comprar bilhetes de ida e volta, e no fim de semana os valores são ainda maiores", diz ele, que vai se hospedar na casa de amigos na capital francesa.  Primeiro voto depois de 19 anos na França A professora carioca Patricia Enderlé mora em Saint-Martin-de-Crau, a 611 km de Paris. Ela vem de trem e vai dividir uma hospedagem com mais seis pessoas. "Vai ser corrido, vai custar energia, vai custar dinheiro, mas não tem como ser diferente. Em 19 anos que moro na França é a primeira vez que voto aqui; desta vez fiz questão de transferir meu título", conta ela, acrescentando que "não podia deixar de dar a minha contribuição para fechar esse ciclo vergonhoso".  A jurista paulista Natasha D. está há três anos na França e também vai votar pela primeira vez em Paris. Ela vem de Montpellier, a 748 km da capital. "Vou passar o fim de semana na estrada. As passagens estão caras pra dedéu, mas, como eu digo para mim mesma, é o preço da democracia". Ela também conseguiu sua hospedagem no grupo de mulheres brasileiras no Facebook. "É um esquema ideológico que me cai bem, porque, sinceramente, eu também não gostaria de ser acolhida por uma pessoa que vota em outro candidato", explica.  Apesar do alto preço das passagens no final de semana, a chef de cozinha Ana Moura, que mora em Lannion (noroeste), na Bretanha, também está disposta a fazer este esforço. Nascida em Cuiabá e descendente do povo indígena Bororo, no Mato Grosso, Ana disse que vai votar de cocar para homenagear os seus antepassados. "Vou de ônibus, foi a forma mais barata que encontrei. Vou me hospedar na casa de um amigo francês que luta pelas mesmas causas que eu. Ele me ofereceu seu apartamento gratuitamente pelo fim de semana e vou com outras duas pessoas. Votar para mim é muito importante, porque é a única forma de defender o meu país e o meu povo. E desta vez precisamos recuperar a nossa bandeira", diz Ana, que mora a 552 km de Paris e vota em todas as eleições desde que chegou à França, em 2008.  São 29 urnas e 58 seções eleitorais em Paris As urnas eletrônicas já chegaram à capital francesa, enviadas de Brasília, via mala diplomática, disseram as autoridades consulares. "São 29 urnas já inseminadas, isto é, elas contêm os nomes de todos os eleitores aptos a votar nelas", explica Fábio Marzano.  Sérgio Ricoy acrescenta que cada uma das urnas servirá para eleitores de duas seções. "Como são menos votantes no exterior, usamos a mesma urna para duas diferentes seções eleitorais. Cada urna pode receber 800 votos, ou seja, 400 de cada seção", sublinha, relembrando a importância de conhecer a seção antes de 2 de outubro. Cada seção contará também com um caderno de assinaturas, com a lista completa de eleitores aptos a votar.  "Quando os eleitores que moram na França chegarem ao Espace La Rochefoucauld, verão um painel indicando os números das salas por seção, como acontece no Brasil. Assim já podem se dirigir para as salas correspondentes", acrescenta Ricoy.  O cônsul-geral Fábio Marzano diz que a abstenção na França costuma ficar em torno de 50%, mas ela deve ser um pouco menor neste pleito. "Em 2018, apenas 45% dos inscritos compareceram, mas neste ano esperamos um comparecimento maior", afirma.  Marzano e Ricoy recordam que o voto é obrigatório no Brasil. Para justificar a ausência no dia 2 ou em 30 de outubro, data prevista para o segundo turno, o eleitor pode fazê-lo pelo aplicativo E-título num prazo de 60 dias após cada turno.  Para os eleitores que temem enfrentamentos entre grupos divergentes, o cônsul-geral explica como funcionará o esquema de segurança. "O que acontece da porta do espaço de votação para fora é de competência da polícia francesa, que já está avisada que vamos ter eleições no local. O que acontece da porta para dentro é de nossa competência: teremos agentes de segurança privada e o nosso pessoal do consulado", afirma Marzano, que acredita no bom senso do eleitor brasileiro na França.  Serviço: Eleição presidencial: 2 de outubro (1° turno) e 30 de outubro (2° turno) Horário: 8h às 17h Local de votação: Espace La Rochefoucauld Endereço:11, rue Catherine de la Rochefoucauld, 75009, Paris

JE Notícias
Polícia usa gás lacrimogéneo para impedir manifestantes de chegar a embaixada do Irão em Paris | O Jornal Económico

JE Notícias

Play Episode Listen Later Sep 26, 2022 0:43


No sábado já tinha decorrido um outro protesto em Paris, na Place du Châtelet, que também contou com centenas de participantes.