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Volta ao mundo em 180 segundos
19/09: Trump comemora suspensão de Jimmy Kimmel | Migrantes africanos processam Gana | Protestos tomam a França. E Síria negocia acordo com Israel

Volta ao mundo em 180 segundos

Play Episode Listen Later Sep 19, 2025 6:50


Donald Trump comemora a suspensão do programa Jimmy Kimmel Live!, pede que outros apresentadores de TV também sejam demitidos e ainda afirma que canais com apresentadores de programas noturnos que falam de forma muito negativa sobre ele deveriam ter as licenças de transmissão revogadas. Tem também:- Pela sexta vez, desde o início da guerra, Washington usa o poder de veto para proteger os interesses israelenses e impede aprovação de texto na ONU que pedia um cessar-fogo imediato e incondicional- 11 migrantes africanos deportados pelos Estados Unidos entraram com ações judiciais contra o governo de Gana, dizendo que estão sendo detidos ilegalmente no país, mantidos em um local secreto e sem acesso a advogados- Na França, milhares de pessoas foram às ruas em protesto contra os cortes orçamentários anunciados pelo governo- Presidente da Síria afirma que negocia um acordo comIsrael para reduzir as tensões na fronteira Ouça Juliane Gamboa no Spotify Vote no Mundo em 180 Segundos clicando aqui Notícias em tempo real nas redes sociais Instagram @mundo_180_segundos e Linkedin Mundo em 180 SegundosFale conosco através do redacao@mundo180segundos.com.br

Reportagem
Exposição na França revela dinamismo e resistência da cultura das periferias do Rio e de Paris

Reportagem

Play Episode Listen Later Sep 16, 2025 9:31


Os versos “Pode crê! Mas só pra te lembrar: Periferia é periferia em qualquer lugar”, da música Periferia Brasília, do rapper GOG, abrem a exposição Les Lucioles (“Os vaga-lumes”, em português): arte, cultura e esperança nas periferias urbanas do Rio de Janeiro e de Paris. A mostra, resultado de uma pesquisa acadêmica conjunta entre França e Brasil, está em cartaz na Maison de Sciences de l'Homme, em Saint-Denis, na periferia norte de Paris. A exposição revela a prática e a produção de coletivos culturais das periferias do norte e oeste do Rio de Janeiro e de Paris, especialmente de Saint-Denis e Stains. Ela é fruto de uma pesquisa codirigida pelas professoras Silvia Capanema, da Universidade Sorbonne Paris Nord, e Adriana Facina, do Museu Nacional da UFRJ. Durante mais de dois anos, os pesquisadores observaram as formas de criação e resistência de 30 coletivos periféricos cariocas e parisienses. Com fotos, textos e vídeos acessíveis por QR Codes, a exposição destaca a produção de 14 desses grupos — metade brasileiros, metade franceses — evidenciando o caráter comparativo e dialógico da pesquisa.   “Uma teoria pensada no Brasil pode ajudar a refletir sobre as periferias francesas hoje (e vice-versa). Então, mostramos essa transferência de experiências práticas e de formas de pensar as periferias”, explica Silvia Capanema. O estudo revelou uma dinâmica intensa e uma diversidade cultural “impressionante” nas periferias, que vai muito além do hip hop. “Quando se pensa em periferia, muitas vezes se associa apenas ao movimento hip hop. Mas há muito mais: samba, coletivos de artistas, música clássica, teatro, choro... A cultura popular é muito rica”, afirma a professora da Sorbonne Paris Nord. Outro ponto relevante observado foi a presença do “Sul global no Norte global”, especialmente na Europa. “Vimos isso na França, nas periferias, com forte presença de imigrantes e do Caribe francês. O Carnaval chega à França por meio do Caribe francês e das periferias”, destaca Silvia Capanema. Carnaval como metáfora O Carnaval, representado na exposição por três coletivos — os brasileiros Loucura Suburbana e Barracão da Mangueira, e o francês Action Créole — aparece como uma metáfora poderosa dessa dinâmica. A antropóloga Patricia Birman, da UERJ, participou da jornada de estudos que inaugurou a exposição em 12 de setembro, falando sobre o Carnaval no Brasil e na França. Segundo ela, “o que une é a festa. Qualquer festa pode ter um sentido carnavalesco. E a música — a potência da música nos grupos é essencial”. Adriana Facina, que estuda há anos o coletivo Loucura Suburbana, destaca que os coletivos não fazem apenas cultura: “Para eles, cultura é trabalho”. Um bom exemplo é o Carnaval carioca. Sthefanye Paz, que defendeu uma tese de doutorado sobre a Mangueira, lembra que a importância do Carnaval para a comunidade vai muito além dos quatro dias de festa. “O Carnaval funciona com uma base de trabalho de cerca de dez meses por ano, não é só aquela única semana. São muitas pessoas envolvidas, correndo atrás dos seus sonhos para que o Carnaval aconteça nas ruas. Minha pesquisa faz essa relação entre a festa e o trabalho das pessoas que a constroem”, relata a pesquisadora, que também participa da cadeia produtiva da escola de samba desenvolvendo enredos.   Formas contemporâneas de movimentos sociais A precariedade de sobrevivência e a luta por reconhecimento e estabilidade são semelhanças estruturais entre as periferias dos dois países. Os coletivos culturais têm papel central na vida das comunidades e atuam como formas contemporâneas de movimentos sociais. Adriana Facina explica que o nome da exposição se inspira no conceito de “vaga-lumes” do filósofo francês Georges Didi-Huberman, que reflete sobre o papel dessas “luzes frágeis e intermitentes, que apontam caminhos alternativos em períodos muito sombrios”, como o fascismo. “Para nós, hoje, os movimentos culturais das periferias urbanas — especialmente em Paris e no Rio de Janeiro — são esses vaga-lumes. Eles enfrentam o racismo, a xenofobia, a extrema direita e o capitalismo em sua fase mais selvagem, marcada pela precarização e pela perda de direitos”, detalha a pesquisadora do Museu Nacional. “O que esses coletivos propõem em seus territórios aponta caminhos para transformar o mundo em outra direção”, completa. Orgulho suburbano A cultura periférica vem ganhando espaço e se tornando o centro da inovação cultural. Sandra Sá Carneiro, da UERJ, que estuda o coletivo 100% Suburbano, destaca a valorização atual da cultura suburbana. “Esses coletivos atuam justamente valorizando essa identidade e a cultura suburbana. Há várias manifestações culturais. O grupo que estudo trabalha com o choro, como forma de resgatar a identidade e a sociabilidade carioca. Outros coletivos atuam com cinema, teatro, Carnaval, samba... É uma grande aposta em repensar essas regiões, marcadas por forte territorialização e desigualdade social”, afirma Sandra Sá Carneiro. Lição brasileira de democracia A exposição Les Lucioles foi inaugurada no dia seguinte à condenação do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro pela trama golpista. A coincidência foi considerada simbólica pelas codiretoras da pesquisa. Segundo Silvia Capanema, que além de professora é deputada regional de Saint-Denis, “a França está interessada em entender que lição de democracia o Brasil está dando. Esses coletivos culturais também são frutos de processos democráticos. Sem democracia, não há cultura, não há diversidade. Eles também defendem a democracia, pois são fortemente contrários ao fascismo”. Adriana Facina retoma uma ideia do filósofo Paulo Arantes e fala da “brasilianização” do mundo, como a ampliação da precarização do trabalho. “Mas também há uma ‘brasilianização' positiva, que é a potência das periferias.” Para ela, com a condenação de Bolsonaro, surge uma terceira comparação: “Hoje, podemos falar de uma ‘brasilianização' do mundo no sentido de uma defesa radical da democracia. O Brasil está dando uma lição ao mundo. Espero que isso inspire outras democracias, às vezes consideradas mais fortes que a nossa”, diz.   Democratização da ciência Em vez de encerrar a pesquisa com os tradicionais artigos e livros acadêmicos, as organizadoras optaram por uma exposição para ampliar o alcance e democratizar a ciência. “Sabemos que livros e artigos são muito importantes, mas não atingem um público amplo, especialmente o não especializado. Nossa ideia foi fazer da exposição um resultado acessível da pesquisa, voltado ao maior número de pessoas possível — sobretudo aos próprios participantes da pesquisa: os coletivos culturais que abriram suas portas, responderam às nossas perguntas e atuaram como cocuradores, enviando fotos e participando ativamente do processo”, compartilha Adriana Facina. A exposição Les Lucioles: arte, cultura e esperança nas periferias urbanas do Rio e de Paris fica em cartaz na Maison de Sciences de l'Homme, em Saint-Denis, periferia norte de Paris, até 30 de janeiro de 2026.

Macro Review
#178 | Na França, gastos deixam governo Macron em apuros

Macro Review

Play Episode Listen Later Sep 15, 2025 17:56


Ouça nesta edição do Macro Review, o podcast da equipe econômica do C6 Bank: A França tem um novo primeiro-ministro – o quinto em apenas dois anos.  Agora, o novo premiê indicado por Emmanuel Macron assume a difícil missão de aprovar um orçamento sustentável para 2026, em meio a uma enorme dívida pública, um parlamento dividido e uma onda de protestos pelo país.  O desafio francês, porém, não é isolado. Reino Unido, Estados Unidos e outros países desenvolvidos também enfrentam dificuldades para conter déficits elevados, reflexo de gastos que se acumulam desde a pandemia de covid-19.  Quais são as consequências de carregar uma dívida tão pesada? Entenda também:  - Inflação nos EUA em alta, com corte de juros à vista;  - IPCA tem ligeira melhora e possibilidade de corte de juros surge. No minuto 08:14, Marina Valentini, estrategista de mercados globais do J.P. Morgan Asset Management, analisa como o possível corte dos juros americanos pode influenciar os ativos financeiros daqui para a frente.

Reportagem
Lavagem da Madeleine celebra o Ano do Brasil na França embalada pelo Olodum e por multidão em Paris

Reportagem

Play Episode Listen Later Sep 14, 2025 6:00


As ruas de Paris ganharam um colorido baiano neste domingo (14) com a Lavagem da Igreja da Madeleine, que acontece anualmente desde 2002 na capital francesa e já faz parte do calendário oficial da prefeitura parisiense. O evento tem raízes na tradicional lavagem das escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador. Renan Tolentino, da RFI, em Paris Esta 24⁠ª edição também faz parte da programação do Ano do Brasil na França, que tem o objetivo de fortalecer os laços históricos e culturais entre os dois países, em comemoração aos 200 anos de suas relações diplomáticas. “Para mim, é uma alegria passar a mensagem dessa história da Lavagem para a França e para o mundo afora (...) Essa edição é especial por conta do Ano do Brasil na França. Isso fortalece a difusão, também temos mais apoio. A Lavagem também faz parte do patrimônio cultural imaterial da França, isso é bom para proteger e perenizar o evento, que vai ficar no calendário. Essa relação França-Brasil vai continuar por uma longa data”, diz Robertinho Chaves, idealizador da Lavagem da Madeleine. “Quando começamos lá atrás, há mais de 20 anos, não imaginava que seria tão apoteótico do jeito que é hoje. Fico feliz que tenha dado certo”, comemora Robertinho. A modelo e apresentadora carioca Cristina Córdula, personalidade conhecida do público francês e que vive em Paris, é madrinha do evento e também celebra esse reconhecimento. “Sou madrinha do evento há muitos anos. Para mim é uma honra. É um movimento muito bonito, na paz, sem briga, todo mundo junto para dançar e passar um momento legal, com essa bênção final na igreja. E este ano, a Lavagem da Madeleine tem muita força por ser o Ano do Brasil na França”, pontua Cristina. Olodum aquece o público debaixo de chuva Entre diversas atrações, a programação deste ano trouxe, pela primeira vez, o grupo baiano de percussão Olodum, que animou o público ao lado de Armandinho em cima do tradicional trio-elétrico. “Primeira vez que o Olodum vem, sempre tive esse sonho de trazê-los e agora foi realizado. Por ser um grupo tão grande, também fortalece a divulgação e o interesse das pessoas no evento”, destaca o organizador Robertinho.  “É muito bom trazer a cultura da Bahia e de Salvador para Paris, com muita energia, muita elegância, com esse samba-reggae, que é uma música do mundo. Impressionante o número de pessoas que estão aqui. É muito gratificante para nós do Olodum viver essa atmosfera brasileira em Paris”, conta Thiago Silva, percussionista do grupo. Leia tambémJau celebra retorno a Paris na Lavagem da Madeleine ao lado do Olodum Nem a chuva foi capaz de esfriar a disposição das milhares de pessoas nas ruas, entre brasileiros e franceses. Para a baiana Carla Rodrigues, acompanhar a apresentação do Olodum em Paris fez reviver memórias afetivas. “Estou muito feliz que o Olodum está aqui hoje. Me toca muito, porque a última vez que estive no show deles foi em Salvador, junto com a minha avó, que Deus a tenha. Foi um momento muito importante para mim que não vou esquecer nunca. É uma forma também de estar perto do Brasil. Acredito que todo mundo aqui hoje está com a mesma sensação, de estar em casa, de acolhimento”, conta Carla. Já a pernambucana Deusamir, que vive em Paris há 17 anos, viveu uma experiência inédita, tanto na apresentação do grupo quanto na Lavagem da Madeleine. “É a primeira vez que venho ao evento e é a primeira vez que vou ao show do Olodum. No Brasil nunca tive oportunidade. Que maravilha, estou muito contente. A gente está aqui para dançar, sorrir e mostrar para esse povo que o Brasil está na moda”, celebrou. Entre o público presente, cada participante vivencia de uma forma particular este evento multicultural. Cátia, por exemplo, aproveitou para comemorar seu aniversário. “Estou fazendo 50 anos hoje e vim festejar aqui, com o Olodum, na Lavagem da Madeleine”, contou a brasileira Cátia. Aos 74 anos, Nilza dos Santos conta que acompanha a Lavagem da Madeleine há quase 17. Quase todos os anos ela viaja de Salvador para Paris para participar do cortejo, junto com a filha, Viviane, que mora na Holanda. “Minha filha mora aqui na Europa há 30 anos e foi ela quem me falou desse evento. Como eu faço parte de outros movimentos culturais em Salvador, achei interessante. Aí, me encantei pela Lavagem da Madeleine. Acompanho já há 17 anos e quase todos os anos estou aqui. A integração e o encontro de pessoas é sempre bom. Isso faz bem tanto para Paris, como para Salvador e a Bahia”, diz dona Nilza. “Me senti como se eu estivesse participando de um evento na Bahia, de onde eu venho. É uma coisa muito impressionante fechar as ruas de Paris para que o cortejo brasileiro possa passar”, conta Viviane dos Santos. Manifestações políticas Além de festejar muito, parte do público aproveitou o evento também para se manifestar politicamente. Ao longo do cortejo, um grupo apartidário ostentava cartazes com a frase "Sem Anistia", em referência ao julgamento dos suspeitos de envolvimento na tentativa de golpe de Estado no Brasil, no ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão. “Somos um grupo apartidário, onde todos são bem-vindos, basta ser antifascista. Temos que entender que tudo é político, então, devemos aproveitar todos os espaços para nos manifestar. E a Lavagem tem uma visibilidade muito grande, até internacional”, explica Marcia Camargos, coordenadora do grupo Sem Anistia. “Neste momento, temos que unir todas as forças, as forças progressistas, de esquerda em defesa do Estado Democrático de Direito”, opina. Após duas horas de cortejo e muita música, a euforia dá lugar à reflexão e ao sincretismo religioso com o início da lavagem das escadarias da Madeleine, comandada pelo babalorixá Pai Pote ao lado do pároco da igreja, o monsenhor Patrick Chauvet. “Estamos aqui representando o povo negro, brasileiro, celebrando nossa resistência, nossa negritude, mas também estamos celebrando a paz, o amor e a alegria no mundo. Muito axé para todos”, disse Pai Pote. No Ano do Brasil na França, a Lavagem da Madeleine mostra que a diplomacia e a boa relação entre dois países se constrói também nas ruas, através de uma rica mistura cultural.

Cultura
Brasileira Lygia Pape ganha 1ª exposição individual na França com obras emblemáticas do neoconcretismo

Cultura

Play Episode Listen Later Sep 12, 2025 6:31


De 10 de setembro de 2025 a 26 de janeiro de 2026, a Bourse de Commerce, sede da prestigiosa coleção Pinault em Paris, apresenta a primeira exposição individual de Lygia Pape (1927–2004) em solo francês. Intitulada Lygia Pape, Tecer o Espaço (Tisser L'Espace, no original), a mostra é um tributo à artista que, ao lado de Lygia Clark e Hélio Oiticica, redefiniu os rumos da arte brasileira no século 20. A exposição é realizada no contexto da Temporada Cultural Cruzada Brasil-França 2025 e marca um momento decisivo na recepção internacional da obra de Pape, uma das signatárias do Manifesto Neoconcreto, de 1959 no Brasil. Junto com Lygia Clark e Hélio Oiticica, ela pertenceu ao Grupo Frente, bastião do concretismo no Rio de Janeiro. Em 1957, acabou de aproximando do neoconcretismo, criando trabalhos icônicos que reformularam preceitos e horizontes das artes visuais brasileiras, influenciando gerações de criadores. Com curadoria de Emma Lavigne — diretora e conservadora geral da coleção Pinault — em colaboração com Alexandra Bordes e o Projeto Lygia Pape, a mostra articula obras fundamentais da artista, desde suas gravuras abstratas iniciais até instalações luminosas e filmes experimentais. No coração da exposição está Ttéia 1, C (2003/2025), uma instalação feita com fios de cobre tensionados no espaço, que mergulha o visitante numa experiência sensorial profunda. “Nosso corpo está ativo, nosso olhar desempenha um papel quase cinético”, observa Emma Lavigne. A obra se transforma conforme a luz e o movimento do visitante, encarnando o conceito de “tecer o espaço” que dá título à mostra. Para Lavigne, essa peça emblemática “explode completamente a ideia do cubo, da geometria, e redefine a relação entre obra e público”. "Essa exposição está sendo, para mim, uma coroação de sua obra", disse à RFI na abertura da mostra em Paris a filha da artista, Paula Pape, que administra seu legado. "Desde que a minha mãe faleceu, ela me deu uma missão: resguardar sua obra e divulgá-la através do Projeto Lygia Pape", conta. "A Lygia gostava muito da França, gostava muito dos franceses. Então eu acho que faltava uma exposição desse nível em Paris. Acho que quem não conhecia tanto o trabalho da Lygia está tendo agora a oportunidade de conhecer", sublinhou. Além de Ttéia, a exposição apresenta o majestoso Livro da Noite e do Dia III (1963–1976), composto por 365 pequenos quadros que evocam o tempo e sua passagem, e a performance coletiva O Divisor, em que os corpos dos participantes ativam o espaço, tornando-o sensível e vivo. “Queríamos ativar essa dimensão performativa e meditativa da obra de Lygia”, explica Lavigne, destacando o engajamento da artista com "o espaço público" e a transformação social. A mostra na sede da coleção Pinault também apresenta filmes experimentais raramente exibidos, que revelam o olhar de Pape sobre o tempo, o ritmo e a abstração. Imersos no contexto político do Brasil, esses filmes reforçam sua busca por uma arte que ultrapassa o objeto e se inscreve na experiência. Leia tambémGuggenheim de Bilbao celebra centenário de Lygia Clark com mostra de pinturas experimentais Nascida em Nova Friburgo e morta no Rio de Janeiro, Lygia Pape foi uma figura central da vanguarda brasileira. Sua obra, impregnada pelo contexto político do Brasil, rompe com a ideia da arte como objeto acabado. “Ela reinventou completamente a relação entre o artista, sua autoridade e o espectador”, afirma Lavigne. A curadora lembra que Pape desejava que seu nome quase desaparecesse, para que a experiência artística fosse apropriada pelo público, e cita uma frase atribuída a Pape, gravada na entrada da mostra em Paris: “Como vocês veem, tudo está ligado. A obra de arte não existe como objeto finalizado, mas como algo sempre presente, permanente dentro dos indivíduos”, dizia a artista. A coleção Pinault, que abriga essa exposição na capital francesa, é uma das mais influentes coleções privadas de arte contemporânea da Europa. Fundada pelo empresário François Pinault, ela reúne obras de artistas consagrados e emergentes, e tem se destacado por sua programação ousada e internacional. A escolha de Lygia Pape para uma mostra individual na Bourse de Commerce é um reconhecimento de seu lugar incontornável na história da arte global. Com Tecer o Espaço, Lygia Pape ganha finalmente o espaço que lhe é devido na cena artística francesa — não como uma artista exótica ou periférica, mas como "uma pensadora radical da forma, do tempo e da experiência estética", diz a comissária francesa. “Ela tem uma prática tão rica, tão complexa, que ultrapassa a questão do objeto de arte em sua finitude”, conclui Emma Lavigne.

Economia
França: volta de Imposto sobre a Fortuna não causaria debandada de ricos, indica estudo

Economia

Play Episode Listen Later Sep 10, 2025 6:00


A crise política na França, que levou à queda do governo de François Bayrou, nesta segunda-feira (8), abriu um período de incertezas na segunda maior economia da União Europeia. O novo chefe de Governo, Sébastien Lecornu, terá o desafio de enfrentar o rombo do déficit público, que chega a 5,5% do PIB, e uma dívida no patamar de € 3,3 bilhões. A volta do Imposto sobre a Fortuna, abolido pelo presidente Emmanuel Macron, está sobre a mesa como uma das alternativas para preencher os caixas do Estado. O estopim da crise foi a proposta de Orçamento do primeiro-ministro para 2026, prevendo economias de € 44 bilhões. Um dos focos da insatisfação da oposição de esquerda é que o projeto não aumentava a participação dos ricos no esforço fiscal para o país reequilibrar as contas.  O Partido Socialista defende a adoção da "taxa Zucman", de autoria do economista Gabriel Zucman, que baseou as negociações sobre a taxação dos ultra-ricos no âmbito do G20 no Brasil, em 2024.Na França, o economista propõe taxar em 2% os patrimônios superiores a € 100 milhões – medida que atingiria 180 mil contribuintes e teria o potencial de arrecadar até € 20 bilhões no país, segundo o próprio Zucman.  Já a direita teme que a alta das taxas leve a uma debandada das grandes fortunas, afetando, justamente, a arrecadação. A receita dos conservadores passa por mais austeridade, privatizações e cortes no funcionalismo. O Tribunal de Contas francês, por sua vez, defende um equilíbrio entre as duas vias: redução de gastos e otimização fiscal, com o fim de algumas taxas e o aumento de outras. Um relatório do Conselho de Análise Econômica, instituição independente de pesquisas que orienta o gabinete do primeiro-ministro francês, esclarece alguns clichês sobre o tema. Conforme o estudo, apenas dois em cada 1.000 ricos deixam a França por ano devido à alta carga tributária. Nicolas Grimprel, economista da entidade, explicou à RFI que o impacto da alta dos impostos varia conforme a origem da riqueza. “Tem diversos tipos de ‘alta renda': a que vem majoritariamente do capital, em especial capital imobiliário ou financeiro, e tem a alta renda de outras fontes, como a renda do trabalho. A sensibilidade aos impostos nessas pessoas pode ser diferente”, disse. Fraca mobilidade dos ricos O principal alvo do Imposto sobre Fortuna seria a renda do capital – e estes ricos se movem pouco, aponta o relatório, tanto na comparação com a população em geral, quanto em relação aos ricos cuja renda é do trabalho. “As pessoas com patrimônio elevado tendem a ter mais idade, o que ajuda a explicar a fraca mobilidade delas, mas também o tipo de patrimônio em si, que pode ter um laço direto com o lugar onde elas moram. Não é tão fácil se mudar para o exterior quando você tem renda do capital na França, ou imóveis, ou empresas”, salientou Grimprel. O Conselho de Análise Econômica verificou se os choques fiscais dos últimos 15 anos puderam acelerar esse movimento. A reforma fiscal de 2012 e 2013 subiu a carga tributária dos ricos, mas a de 2017 não apenas rebaixou as taxas, como substituiu o Imposto sobre a Fortuna por um focado apenas no patrimônio imobiliário. Nível de impostos afasta ou atrai, mas em baixas quantidades A conclusão é que os ricos são, sim, sensíveis às mudanças fiscais. Entretanto, como representam um número limitado de contribuintes, o aumento do chamado exílio fiscal foi marginal. “Nós concluímos que, a longo prazo, o aumento de 1% do imposto de renda levaria a um exílio fiscal de entre 0,02 e 0,23% da população atingida por essa alta, ou seja, o 1% de franceses com alta renda, principalmente oriunda do capital. No pior dos casos, portanto, seriam 900 contribuintes, de um total de 400 mil”, detalhou. “A ordem de grandezas é bem baixa.” Depois de 2017, houve um movimento de retorno de afortunados ao país, constatou Grimprel. “Mas, mais uma vez, isso representa, em valores absolutos, algumas centenas de famílias. Continua sendo pouca gente, afinal este fluxo é naturalmente baixo, nesta população”, frisou.   Em um contexto de dívida pública alta e crescimento econômico estagnado, estimado em 0,7% em 2025, o economista Antonin Bergeaud, especialista em inovação e professor da respeitada HEC (Escola de Altos Estudos de Comércio), avalia que a França dificilmente poderá escapar de novos aumentos de impostos, se quiser evitar uma piora ainda maior da atual conjuntura.   “Quando temos uma produtividade estagnada e queremos ganhar margem no orçamento, não temos 50 soluções diferentes: precisamos ou aumentar o tempo de trabalho – o que foi tentado, mas tem um custo político muito grande –, ou diminuir a sangria, subindo os impostos. O objetivo é encontrar soluções de financiamento que sejam justas em relação ao aumento do tamanho da nossa economia”, explicou.  “Agora, chegamos um pouco ao fim do túnel e estamos limitados. Estamos vendo que não será mais possível continuar investindo como antes”, advertiu. Em julho, o Senado francês, dominado pela direita centrista, rejeitou um projeto de criação da taxa Zucman no país, apresentado pelos ecologistas. Nas últimas semanas, o imposto voltou ao debate político ao ser incluído na contraproposta de Orçamento do Partido Socialista, em meio às negociações para evitar a queda do governo do primeiro-ministro François Bayrou.    Leia tambémParlamento francês derruba 4° governo em dois anos e Macron terá que nomear novo primeiro-ministro

JR 15 Minutos com Celso Freitas
Crise na França: queda de primeiro-ministro intensifica instabilidade

JR 15 Minutos com Celso Freitas

Play Episode Listen Later Sep 10, 2025 14:54


A renúncia do primeiro-ministro François Bayrou, após perder o voto de confiança na Assembleia Nacional, mergulha a França em um novo impasse político. A situação coloca o presidente Emmanuel Macron diante de um desafio delicado e pode repercutir também no equilíbrio da União Europeia. No JR 15 Minutos, a análise é de Carolina Pavese, doutora em Relações Internacionais pela London School of Economics e professora da FIA Business School e do Instituto Mauá de Tecnologia.

Morning Call BTG Pactual digital
Derrota política na França e revisão de payroll- Morning Call - Jerson Zanlorenzi e Lucas Costa, CMT - 09/09/2025

Morning Call BTG Pactual digital

Play Episode Listen Later Sep 9, 2025 15:33


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SOMMA Insight
O cenário de turbulência política continua na França. Hoje, os mercados aguardam a revisão do Payroll.

SOMMA Insight

Play Episode Listen Later Sep 9, 2025 6:42


O cenário de turbulência política continua na França. Hoje, os mercados aguardam a revisão do Payroll.

Morning Call BTG Pactual digital
Renúncia no Japão e voto de confiança na França- Morning Call - Jerson Zanlorenzi e Larissa Quaresma - 08/09/2025

Morning Call BTG Pactual digital

Play Episode Listen Later Sep 8, 2025 14:41


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Um pulo em Paris
Voto decisivo no Parlamento: desgaste da confiança na política na França desafia governo

Um pulo em Paris

Play Episode Listen Later Sep 5, 2025 11:19


A França vive, neste momento, algo que o Brasil conhece: a falta de confiança na política. O país tem enfrentado sucessivas crises nos últimos anos, e o desgaste é visível. Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris Ao pedir um voto de confiança no Parlamento na segunda-feira (8), o primeiro-ministro François Bayrou não apenas tenta garantir a governabilidade, mas também convoca a sociedade a um esforço coletivo: cortar € 44 bilhões no orçamento de 2026, num momento em que os franceses já sentem uma queda na qualidade dos serviços públicos.  A oposição já disse que não irá renovar a confiança no primeiro-ministro francês, abrindo uma nova etapa excessivamente delicada para o presidente Emmanuel Macron, que já teve seis chefes de governo em oito anos. Com essa instabilidade, somada à insatisfação que vinha desde o movimento dos "coletes amarelos", em 2018, os franceses perderam a confiança em relação à capacidade dos políticos de resolver os problemas. A cólera dos "coletes amarelos" — que surgiu em 2018 como expressão da insatisfação de muitos franceses — continua presente no imaginário coletivo. Eles denunciam uma desconexão entre o sistema político da vida cotidiana dos cidadãos.   O que só piora em um ambiente de desinformação e fake news. Recentemente, por exemplo, circularam boatos sobre um possível confisco da poupança, após a divulgação de projetos de investimento em defesa. Alguns usuários nas redes sociais chegaram a comparar ao confisco da poupança no Brasil, em 1990. As autoridades francesas desmentiram categoricamente essa possibilidade. Diante desse clima de insegurança, sem visão sobre o futuro, os franceses decidiram guardar dinheiro no banco, pararam de consumir supérfluos. Segundo balanço oficial do Banco da França, no final de junho, os franceses tinham cerca de € 5,4 bilhões em poupança e outros tipos de aplicação financeira tradicionais. Por terem medo de uma nova crise financeira, também parecem menos dispostos a colaborar para um plano de ajuste fiscal. Eles denunciam uma desconexão entre o sistema político e a vida cotidiana. Aos olhos de muitos, o Parlamento e o governo francês perderam a capacidade de representar os interesses reais da população. O discurso político parece cada vez mais distante da realidade. Um ano após a dissolução da Assembleia Nacional pelo presidente Emmanuel Macron, e a formação de sucessivos governos de coalizão que frustraram parte do eleitorado — tanto da direita, quanto a esquerda — a população demonstra crescente descrédito.  Manifestações marcadas Um dia de paralisação nacional está marcado para quarta-feira (10), e os sindicatos já convocaram outro dia de mobilização para 18 de setembro. O objetivo é expor a decepção e a contrariedade diante de uma classe política que, aos olhos de muitos, perdeu a capacidade de representar os interesses reais da população.   Segundo o Barômetro de Confiança Política, publicado em fevereiro de 2025, apenas 26% dos franceses confiam na política — um dos índices mais baixos da Europa. Atrás da Alemanha (47%) e da Itália (39%). Apenas 23% confiam no presidente da República, e 27% no primeiro-ministro. A Assembleia de Deputados tem apenas 24% de aprovação e a população tem a impressão de ser sacrificada há anos. A proposta do governo de eliminar dois feriados, a Páscoa e o 8 de maio (data que marca a vitória dos Aliados contra a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial), foi considerada como a "gota d'água”, depois de cortes no funcionalismo público, das reformas do seguro-desemprego e das aposentadorias. O governo também sinalizou com o aumentando da jornada de trabalho para 36 horas semanais, o que piorou o descontentamento. Ninguém parece disposto a trabalhar mais, sem ser pago, como propôs o primeiro-ministro. O endividamento francês e a credibilidade do país A meta é reduzir o déficit público para 4,6% do PIB em 2026 — uma queda em relação aos 5,4% previstos para 2025.  Reequilibrar as contas públicas é mais do que uma questão contábil: tem impacto direto na soberania nacional. O elevado nível de endividamento levanta dúvidas sobre a credibilidade da economia francesa no cenário internacional.   Atualmente, a dívida pública representa cerca de 114% do PIB, o que coloca a França como a terceira mais endividada da zona do euro, atrás apenas da Grécia e da Itália.  Quem pagará a conta? Entre as pistas apresentadas para conter o que o governo chama de "maldição do superendividamento", está o congelamento das despesas públicas por um ano. No entanto, ainda não está claro qual será a abrangência dessa medida e quais setores serão afetados.   Com a inflação estabilizada em torno de 1%, o governo apresenta o congelamento como uma forma de mobilizar todos os franceses em um esforço coletivo para reequilibrar as contas públicas.  A oposição insiste na necessidade de uma cobrança mais incisiva sobre os mais ricos. Ao apresentar as linhas de seu projeto em 15 de julho, o primeiro-ministro François Bayrou mencionou brevemente o tema, propondo uma contribuição excepcional voltada aos mais afortunados: um “imposto de solidariedade” para essa faixa da população. No entanto, nenhuma estratégia concreta foi detalhada, o que gerou críticas sobre a falta de transparência e profundidade da proposta.  Mas o equilíbrio das contas fica mais difícil quando o orçamento da Defesa precisa aumentar porque a conjuntura internacional mudou. O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou um aumento do orçamento para Defesa: serão € 3,5 bilhões adicionais em 2025 e mais e 3 bilhões em 2027, com o objetivo de atingir um total de € 64 bilhões por ano.  A medida busca fortalecer a capacidade militar da França diante de ameaças externas, incluindo a representada pela Rússia. Os europeus estão com medo com perspectiva de os Estados Unidos reduzirem a proteção que dão à Europa desde o fim da Segunda Guerra. E o conflito na Ucrânia, sem solução a curto prazo, exige investimentos do bloco. Estabilidade política Todas essas propostas têm impacto no campo financeiro, mas também na estabilidade política.  Antes de François Bayrou, em dezembro do ano passado, Michel Barnier renunciou ao cargo após a aprovação de uma moção de censura pela Assembleia Nacional. Sua proposta de orçamento havia sido rejeitada, evidenciando a fragilidade política do momento.  Agora é a vez de Bayrou tentar mostrar que tem margem de manobra. Mas o cenário é desfavorável: os principais partidos — da extrema direita à esquerda radical — já anunciaram que não pretendem apoiá-lo.  A governabilidade depende de negociações delicadas e de uma capacidade de articulação que será posta à prova nos próximos dias.   Alguns analistas chegaram a classificar a proposta como um “suicídio político” do primeiro-ministro.  Bayrou, que passou boa parte de sua carreira alertando os franceses sobre os riscos da dívida pública, completa oito meses à frente do governo apostando todas as fichas em um plano de ajuste fiscal. Mesmo que isso lhe custe o cargo, ele parece determinado a enfrentar o desafio — convencido de que o país precisa de uma virada estrutural. Parlamento dividido O primeiro-ministro francês vai à Assembleia Nacional defender sua proposta, na tentativa de convencer um Parlamento profundamente dividido.  Ao contrário do que acontece no Parlamento Europeu, onde as oposições conseguem formar consensos, o cenário francês é marcado por fragmentação e embates ideológicos.  A estratégia política tem sido marcada mais por confrontos e apego a posições individuais do que articulações entre os diferentes partidos.  É por isso que muitos analistas já preveem a queda do primeiro-ministro, caso o cenário não mude. A falta de diálogo e de apoio parlamentar pode comprometer a viabilidade do projeto — e, com ele, a permanência de Bayrou no cargo.  O mandato do presidente Emmanuel Macron termina em 2027 e ele pode convocar novas eleições. Muitas vozes nesse momento defendem a renúncia do presidente. Macron descarta deixar o cargo antes do prazo e a Constituição garante que ele permaneça até o fim de seu mandato.

Saúde
Após epidemia na Ilha da Reunião, casos de chikungunya crescem na França e preocupam autoridades

Saúde

Play Episode Listen Later Sep 2, 2025 9:22


Com a proliferação do mosquito tigre na França, os casos de chikungunya vêm crescendo rapidamente no país. Esse aumento já era esperado após meses de epidemia na Ilha da Reunião, no Oceano Índico, e com a chegada do verão na Europa em junho, que favorece a reprodução do inseto. Mas o rápido avanço da doença preocupa as autoridades francesas. Taíssa Stivanin, da RFI em Paris Em 26 de agosto, 30 focos de transmissão local de chikungunya foram identificados no sul da França, segundo a agência de saúde francesa Santé publique France. Até esta data, foram registradas 228 infecções. Segundo a infectologista Émilie Mosnier, especialista em saúde pública que atua no hospital universitário de Saint-Pierre, na ilha da Reunião, a estimativa é que cerca de 40% da população da ilha tenha sido contaminada, embora apenas 55 mil casos tenham sido confirmados. As condições climáticas, aliadas à densidade populacional e à quantidade de mosquitos, determinam a intensidade das contaminações, explicou à RFI Brasil. O aquecimento global também contribuiu para a disseminação do vetor. “O Aedes albopictus, nome científico do mosquito tigre, se espalhou graças à globalização e ao transporte de pneus usados em navios", diz a especialista. "Foi assim que as larvas se disseminaram pelo mundo. O aquecimento global favorece a reprodução do mosquito em áreas cada vez maiores, e hoje ele está presente praticamente em toda a França”, diz. Educação à prevenção O mosquito tigre chegou ao país em 2008 e se disseminou por todo o território francês. Como a circulação entre a França e os territórios ultramarinos é intensa, o surgimento de epidemias como a de chikungunya já era esperado. “É um risco cada vez maior e deve ser enfrentado coletivamente. A população precisa ser informada para evitar a reprodução do mosquito em áreas residenciais, reduzindo o risco de epidemias de chikungunya, mas também de dengue e zika”, ressalta a infectologista. Evitar recipientes com água parada, por exemplo, já é um hábito no Brasil, mas ainda não é comum na França, exemplifica. “Os brasileiros estão mais avançados. A luta contra vetores faz parte da memória do país, já que, na região amazônica, ainda há risco de malária. Existe uma consciência do risco associado ao mosquito. Além disso, o Brasil lançou campanhas educativas e publicitárias.” A infectologista, que também desenvolveu projetos na fronteira entre os dois países, destaca que a educação sobre a doença é visível nas escolas do Brasil. “As crianças brasileiras sabem o que é um mosquito e conhecem as doenças que ele pode transmitir.” A chikungunya pode causar febre alta, dores no corpo, na cabeça, atrás dos olhos, manchas vermelhas, coceira, cansaço, entre outros sintomas. A doença também pode ser assintomática. Existe também a forma crônica da chikungunya, que surge após a fase aguda da infecção e atinge cerca de 30% dos pacientes. Isso faz com que o impacto socioeconômico da chikungunya seja maior do que o da dengue, já que os sintomas persistentes muitas vezes obrigam os pacientes a se afastar do trabalho. “São sintomas que provocam dores articulares incapacitantes, que podem durar meses ou até anos.”

Um pulo em Paris
Volta às aulas na França: educação afetiva e sexual nas escolas divide pais e mobiliza professores

Um pulo em Paris

Play Episode Listen Later Aug 29, 2025 9:57


Fim de férias de verão na França. Nesta-sexta-feira (29), 850 mil professores retornaram às escolas, um número que se manteve, mesmo com uma queda de mais de 100 mil alunos devido a uma baixa demográfica. Ao todo, 12 milhões de estudantes franceses voltarão às aulas na segunda-feira (1°), com algumas novidades: entre elas a proibição do uso do celular em classe e a adoção de cursos que preparam para os desafios da vida afetiva.   Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris A primeira medida, não é totalmente nova: a “pausa digital”. Em outras palavras, a proibição do uso de telefones celulares nas escolas de ensino fundamental. Essa regra já tinha sido definida por uma lei de 2018, embora nem todas as escolas a respeitassem. A partir de segunda-feira, os alunos terão de guardar os seus celulares em armários ou nas mochilas. Cada escola terá liberdade para organizar isso e garantir o respeito a essa regra. O objetivo é combater o uso excessivo de telas. Para garantir esse tempo de desconexão, até a ferramenta virtual usada na comunicação entre pais, professores e alunos — onde são registradas as notas e as lições de casa — terá as interações interrompidas entre 20h e 7h, em dias úteis e totalmente nos fins de semana. A regra de ficar offline por um tempo serve tanto para os professores quanto para os alunos. Outra novidade nesse ano letivo é o reforço nos programas de francês e matemática, porque os franceses caíram nos rankings internacionais.  Mas o que chama a atenção em especial nessa volta às aulas é a adoção de novos programas de educação sobre a vida afetiva, relacionamentos em geral e a sexualidade. Esses cursos deverão ser incluídos no currículo em todos as escolas públicas e privadas do país, da Educação Infantil ao Ensino Médio. Valores fundamentais Os conteúdos serão adaptados conforme a idade dos estudantes. O governo francês quer transmitir valores fundamentais desde a infância, prevenir as discriminações, lutar contra a violência e o assédio.  No jardim de infância e no ensino fundamental, ou seja, dos 3 anos até os 10, 11 anos, os professores irão ensinar os alunos a reconhecer as emoções e também irão abordar questões ligadas à descoberta do corpo, como desenvolver o respeito e a empatia.  Por exemplo, não olhar para um amigo que está no banheiro, saber quando abraçar ou pegar a mão de um colega, tudo isso visando que as crianças compreendam desde cedo o sentido do consentimento. Até para que elas saibam o que fazer se um amigo divulgar uma foto íntima sem permissão, ou se alguém insistir em um contato físico.  Nessa faixa etária também já poderá ser discutida a igualdade entre meninas e meninos, mas não se aborda a sexualidade ainda.  Já entre os adolescentes de 11 a 15 anos, os professores darão informações sobre sexualidade e saúde, métodos contraceptivos, reprodução e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.  Também entram nessa conversa o combate à homofobia, a conscientização sobre estereótipos de gênero, para ajudar os alunos a desenvolverem um espírito crítico e sensibilizar os estudantes contra o preconceito. Cada turma deverá ter no mínimo três aulas de duas horas por ano sobre esses assuntos. Formação de professores A educação sobre vida emocional, relacionamentos e sexualidade já é obrigatória por lei na França desde 2001 e, por isso, muitos professores e outros profissionais do sistema educacional foram formados. Mas esses cursos não eram generalizados. Na prática, havia disparidades entre as escolas e muitas não seguiam o programa. Até agora, apenas 15% dos estudantes franceses receberam essas sessões de educação afetiva e sexual.  Para apoiar os professores nessa nova diretriz, eles têm passado por um novo treinamento desde o primeiro semestre. Tudo depende de uma boa comunicação, defende a ministra da Educação Nacional, Élisabeth Borne. Os programas são explicados em cartilhas impressas que foram enviadas aos pais e também podem ser consultados online. E mesmo os professores franceses, que geralmente são bem resistentes às propostas dos políticos, estão animados com os novos conteúdos e satisfeitos por poder tratar desses assuntos em sala de aula. Pais mais conservadores estão preocupados  Apesar do apoio institucional, os novos programas de educação afetiva e sexual nas escolas francesas têm gerado preocupação entre alguns grupos. As críticas mais contundentes vêm de setores conservadores, geralmente ultrarreligiosos em suas convicções, que defendem que esse tipo de conteúdo deveria ser transmitido exclusivamente pelas famílias, e não na escola pública. A polêmica tem sido explorada por partidos de extrema direita. Embora não represente a maioria dos pais, há um grupo, por exemplo, o 'Pais Vigilantes', ligado ao partido Reconquista, que tem se mobilizado. O líder do Reconquista, Éric Zemmour, que foi candidato à presidência em 2022, chegou a lançar um guia orientando os pais a questionar esses programas durante as reuniões escolares e a denunciar práticas que considerarem inadequadas ou invasivas. No entanto, os dados oficiais reforçam a urgência da iniciativa. Estima-se que 33% das crianças francesas tenham sido expostas à pornografia antes dos 12 anos. Além disso, entre duas e três crianças por turma são vítimas de incesto. Diante desses números alarmantes, o Estado reafirmou o papel vital das escolas na prevenção e manteve o programa do Ministério da Educação. Qualidade do ensino Para a maioria dos pais, havia outras questões prioritárias: a falta de cerca de 6 mil professores em sala de aula, o que compromete a aprendizagem dos alunos, e a falta de incentivo à carreira na educação. Os profissionais do setor não tiveram reajustes salariais em 2024 e 2025. Segundo o Departamento de Estudos Estatísticos do Ministério da Educação, em 2023, um professor em tempo integral recebeu, em média, € 3.010 líquidos — pouco mais de R$ 6.000, o que pode ser muito para um brasileiro, mas é apertado para o custo de vida na França. Outra preocupação crescente é o alto nível de endividamento do Estado. O primeiro-ministro François Bayrou propôs a redução de 3 mil postos de trabalho no setor público até 2026, como parte de um plano de contenção orçamentária. Os professores estão preocupados com a possibilidade de que a educação, que já recua no país, seja mais uma vez sacrificada.

Genial Podcast

Futuros em NY recuam após Trump ameaçar demitir Lisa Cook.

Genial Podcast

Comece seu dia com todas as informações essenciais para a abertura da bolsa com o Morning Call da Genial! O time da Genial comenta sobre as bolsas asiáticas, europeias e o futuro do mercado americano, além da expectativa para os mercados de ações, câmbio e juros. O Morning Call da Genial é transmitido, de segunda a sexta, às 8h45. Ative as notificações do programa e acompanhe ao vivo!

Filipe Villegas
#26/8 - Bolsas caem com tensão na França e no Fed

Filipe Villegas

Play Episode Listen Later Aug 26, 2025 8:07


Futuros em NY recuam após Trump ameaçar demitir Lisa Cook.

SOMMA Insight
Instabilidade política na França e ameaça de demissão de dirigente do Fed nos EUA marcam a cena internacional. No Brasil, IPCA-15 em foco.

SOMMA Insight

Play Episode Listen Later Aug 26, 2025 8:09


Instabilidade política na França e ameaça de demissão de dirigente do Fed nos EUA marcam a cena internacional. No Brasil, IPCA-15 em foco.

Esportes
Futevôlei: campeão mundial na França, Hiltinho destaca superação e dedica conquista ao filho

Esportes

Play Episode Listen Later Aug 24, 2025 5:30


O futevôlei é uma modalidade que faz sucesso no Brasil e vem ganhando cada vez mais adeptos em todo o mundo, impulsionada pelas redes sociais e pelo apoio de personalidades, como Neymar e Ronaldinho Gaúcho. Recentemente, a dupla de Alagoas, Franklin e Hiltinho, uma das mais vitoriosas da atualidade, foi campeã de um torneio internacional disputado na França, o Mondial FootVolley, já tradicional no circuito. Renan Tolentino, da RFI, em Paris A final foi contra outra dupla brasileira,Tavinho e Gui Nascimento, mostrando o domínio do país na modalidade. Para Hiltinho, o título teve um sabor de superação, que ele dedica ao filho de 8 anos. “Esse mundial representa uma grande conquista para mim, porque eu estava voltando de uma lesão no joelho, estava sem treinar direito há dois meses. Então foi uma das conquistas que me deixou mais feliz, por eu não estar 100%. Além disso, também queria ganhar, porque era aniversário do meu filho e eu não podia estar com ele. Queria muito vencer para dedicar esse título para ele”, conta Hiltinho. Evolução do esporte A competição aconteceu na cidade de Juan-Les-Pins, no sul do país, no fim de julho. Ao todo, participaram 16 equipes de diferentes nacionalidades, como Alemanha, Israel, Argentina, Suíça, Emirados Árabes Unidos, França e, claro, o Brasil. “Os europeus estão jogando muito e, a cada ano, o campeonato está evoluindo. No próximo ano, creio que vai estar ainda mais difícil de se ganhar, mas acho que o domínio ainda é dos brasileiros”, avalia o jogador. Para chegar até a decisão e conquistar o título, a dupla teve que passar por quatro etapas. Hiltinho conta que um dos momentos mais difíceis foi na semifinal, contra Israel, que terminou no terceiro lugar. “Na fase de grupos, enfrentamos duplas da Espanha e da Holanda, e nas quartas, encaramos jogadores do Paraguai. Na semi, fizemos um jogo duro contra os israelenses, que estão jogando muito. Depois do Brasil, creio que eles são os mais fortes atualmente”, explica o brasileiro. “Nós sabíamos que poderíamos ser campeões” Na final, Franklin e Hiltinho venceram os compatriotas Tavinho e Gui Nascimento por 2 sets a 0, com placares de 18 a 16 e 21 a 20. “Foi um jogo muito duro. Eles são os atuais líderes do ranking brasileiro e vêm conquistando muitos títulos esse ano no Brasil, mas a gente sabe do nosso potencial também. Nós sabíamos que poderíamos ser campeões. Jogamos com muita tática e muita inteligência. A cada ponto, montávamos uma estratégia de defesa, eu e Franklin, e nisso conseguimos neutralizar alguns ataques deles. Foi um jogo equilibrado, no qual uma dupla fazia o ponto e a outra também. Tanto o primeiro como o segundo set foram decididos no detalhe”, recorda Hiltinho. O set decisivo foi disputado até o último ponto, terminando de uma forma quase cinematográfica, com Franklin e o adversário disputando a bola na rede. Após um breve rali, os dois chegaram juntos fazendo o shark attack, um dos movimentos mais plásticos do futevôlei, no qual o atleta eleva o calcanhar acima da rede e bate na bola com a sola do pé, de cima para baixo. “É um movimento muito bonito e um dos ataques mais eficientes do futevôlei, apesar de ser difícil de executar. É como se fosse uma cortada de vôlei, só que você bate com o pé”, explica. Experiência e inúmeros títulos O título mundial na França é resultado de uma longa jornada para a dupla brasileira. Hoje com 35 anos e multicampeão, incluindo 11 mundiais, Hiltinho iniciou a carreira em 2008, nas praias de Maceió, capital de Alagoas, sua terra natal. Em um cenário diferente, o conterrâneo Franklin, de 30, começou praticando o esporte de forma recreativa, em quadras de concreto, e se profissionalizou em 2016. A parceria dos dois já dura quase 10 anos, rendendo inúmeros títulos. Juntos, eles já conquistaram mais de 30 troféus, entre torneios nacionais e internacionais. "Eu e Franklin estamos juntos desde 2017. Graças a Deus, é uma parceria de muito sucesso, não só dentro de quadra, mas também fora das quadras. É como um irmão e esse laço que a gente tem foi muito importante nas nossas conquistas. O Franklin é um dos caras mais inteligentes do futevôlei atualmente. Joga muito. Sou fã dele", destaca Hiltinho. Com todos esses títulos, a dupla já deixou sua pegada na história do futevôlei, mas está pronta para mais. Hiltinho e Franklin se preparam para disputar a sequência do campeonato brasileiro, com mais três etapas entre setembro e outubro. “Agora, a gente está focado em querer ganhar mais. Vamos treinar mais, juntos, sem lesões e, se Deus quiser, vamos acabar esse ano com mais conquistas”, projeta o atleta.

Inteligência para a sua vida
#1384: 43 GRAUS NA FRANÇA: O QUE ISSO NOS ENSINA?

Inteligência para a sua vida

Play Episode Listen Later Aug 12, 2025 11:57


As mudanças climáticas refletem as estações da vida que todos enfrentamos: períodos de calor intenso, desafios e desconfortos, mas também oportunidades para crescer e aprender.Aprenda a reconhecer o que cada estação quer lhe ensinar e descubra como passar por todas elas com fé, sabedoria e gratidão.

BBC Lê
A 'festa tupinambá' na França que convenceu rei a embarcar em conquista do Brasil

BBC Lê

Play Episode Listen Later Aug 12, 2025 12:38


Macacos, papagaios, araras e cerca de 50 indígenas participaram de encenação gigante para 'vender' ideia de implantar colônia na costa brasileira para aproveitar riquezas locais.

BBC Lê
A 'festa tupinambá' na França que convenceu rei a embarcar em conquista do Brasil

BBC Lê

Play Episode Listen Later Aug 12, 2025 12:38


Macacos, papagaios, araras e cerca de 50 indígenas participaram de encenação gigante para 'vender' ideia de implantar colônia na costa brasileira para aproveitar riquezas locais.

Brasil-Mundo
Chef mineiro abre restaurante dedicado à gastronomia brasileira e vegetariana em Nice

Brasil-Mundo

Play Episode Listen Later Aug 9, 2025 8:00


Há cerca de quatro meses, a cidade de Nice, no sul da França, ganhou um espaço mais do que especial: um restaurante que celebra a gastronomia brasileira, do mundo e vegetariana. O Vêjé, comandado pelo chef mineiro Jefté Alves do Couto, é um projeto original, localizado no coração de umas cidades consideradas como uma das mais bonitas e turísticas da França. Daniella Franco, da RFI em Paris O Vêjé é um dos poucos restaurantes vegetarianos em Nice e, por enquanto, funciona às sextas, sábados e, ocasionalmente, aos domingos. A meta, no entanto, é ampliar os dias de atendimento. “O slogan do Vêjé é ‘cozinha vegetariana do Brasil e do mundo', embora a identidade brasileira seja bastante marcante e bem recebida pelo público francês e internacional”, afirma o chef. No cardápio criado por Jefté, há feijoada, moqueca, estrogonofe e até uma versão vegetariana do tradicional bourguignon francês, feita com seitan — conhecido popularmente como “carne vegetal”. As opções não param por aí: pão de queijo, coxinha, quibe, além de sobremesas como pudim e bolo de mandioca. Apesar da variedade do menu, a decisão de seguir a carreira de chef surgiu recentemente. Mineiro, Jefté cresceu em uma família vegetariana e nunca abandonou esse estilo de vida. “Minha mãe é minha maior referência na cozinha. Mas, no Brasil, era ela quem cozinhava, porque comecei a trabalhar muito cedo”, relembra. “Para ser sincero, só comecei a cozinhar quando cheguei aqui, sozinho. Não sabia que gostava tanto de cozinhar.” Na França, ao começar a receber amigos em casa, Jefté passou a preparar pratos típicos brasileiros. O convite de duas francesas, organizadoras de um festival de forró em Nice, para montar um estande de comida brasileira no evento, abriu portas para novas oportunidades. Até a inauguração do Vêjé, o chef percorreu um longo caminho — uma trajetória digna de filme. Câmera escondida Jefté chegou à França por acaso, aos 18 anos. Na época ele veio para Londres, onde vivia uma de suas irmãs, mas ao apresentar um documento falso às autoridades britânicas foi imediatamente detido ao desembarcar na capital inglesa. Antes de ser deportado, foi transferido algemado para Paris. Graças à boa vontade de uma policial francesa e ao apoio da legislação europeia vigente, conseguiu desembarcar com um visto de turista. O episódio ainda o surpreende. “Na hora, pensei: ‘isso só pode ser um programa de câmera escondida, não estou acreditando!'” Antes de se estabelecer em Nice, Jefté foi contratado por uma empresa da construção civil no sudeste da França. Esse trabalho, aliás, ainda é sua principal fonte de renda. Com a situação regularizada há alguns anos, ele vem investindo no plano de se dedicar integralmente à gastronomia. “Muita gente está em busca de uma alimentação saudável, vegetariana e feita com ingredientes locais”, destaca, lembrando que essa é exatamente a proposta do Vêjé. O projeto está crescendo e conquistando o público, com dezenas de avaliações positivas e nota máxima nas principais plataformas de recomendação culinária online. “Meu sonho é viver disso. Mal posso esperar para deixar a construção civil e me dedicar 100% à cozinha. O que eu quero é cozinhar!”

Brasil-Mundo
Chef mineiro abre restaurante dedicado à gastronomia brasileira e vegetariana em Nice

Brasil-Mundo

Play Episode Listen Later Aug 9, 2025 8:00


Há cerca de quatro meses, a cidade de Nice, no sul da França, ganhou um espaço mais do que especial: um restaurante que celebra a gastronomia brasileira, do mundo e vegetariana. O Vêjé, comandado pelo chef mineiro Jefté Alves do Couto, é um projeto original, localizado no coração de umas cidades consideradas como uma das mais bonitas e turísticas da França. Daniella Franco, da RFI em Paris O Vêjé é um dos poucos restaurantes vegetarianos em Nice e, por enquanto, funciona às sextas, sábados e, ocasionalmente, aos domingos. A meta, no entanto, é ampliar os dias de atendimento. “O slogan do Vêjé é ‘cozinha vegetariana do Brasil e do mundo', embora a identidade brasileira seja bastante marcante e bem recebida pelo público francês e internacional”, afirma o chef. No cardápio criado por Jefté, há feijoada, moqueca, estrogonofe e até uma versão vegetariana do tradicional bourguignon francês, feita com seitan — conhecido popularmente como “carne vegetal”. As opções não param por aí: pão de queijo, coxinha, quibe, além de sobremesas como pudim e bolo de mandioca. Apesar da variedade do menu, a decisão de seguir a carreira de chef surgiu recentemente. Mineiro, Jefté cresceu em uma família vegetariana e nunca abandonou esse estilo de vida. “Minha mãe é minha maior referência na cozinha. Mas, no Brasil, era ela quem cozinhava, porque comecei a trabalhar muito cedo”, relembra. “Para ser sincero, só comecei a cozinhar quando cheguei aqui, sozinho. Não sabia que gostava tanto de cozinhar.” Na França, ao começar a receber amigos em casa, Jefté passou a preparar pratos típicos brasileiros. O convite de duas francesas, organizadoras de um festival de forró em Nice, para montar um estande de comida brasileira no evento, abriu portas para novas oportunidades. Até a inauguração do Vêjé, o chef percorreu um longo caminho — uma trajetória digna de filme. Câmera escondida Jefté chegou à França por acaso, aos 18 anos. Na época ele veio para Londres, onde vivia uma de suas irmãs, mas ao apresentar um documento falso às autoridades britânicas foi imediatamente detido ao desembarcar na capital inglesa. Antes de ser deportado, foi transferido algemado para Paris. Graças à boa vontade de uma policial francesa e ao apoio da legislação europeia vigente, conseguiu desembarcar com um visto de turista. O episódio ainda o surpreende. “Na hora, pensei: ‘isso só pode ser um programa de câmera escondida, não estou acreditando!'” Antes de se estabelecer em Nice, Jefté foi contratado por uma empresa da construção civil no sudeste da França. Esse trabalho, aliás, ainda é sua principal fonte de renda. Com a situação regularizada há alguns anos, ele vem investindo no plano de se dedicar integralmente à gastronomia. “Muita gente está em busca de uma alimentação saudável, vegetariana e feita com ingredientes locais”, destaca, lembrando que essa é exatamente a proposta do Vêjé. O projeto está crescendo e conquistando o público, com dezenas de avaliações positivas e nota máxima nas principais plataformas de recomendação culinária online. “Meu sonho é viver disso. Mal posso esperar para deixar a construção civil e me dedicar 100% à cozinha. O que eu quero é cozinhar!”

Economia
‘Tsunami branco': Península Ibérica é porta de entrada de cocaína na Europa

Economia

Play Episode Listen Later Aug 6, 2025 5:13


Após sucessivos recordes de apreensões de drogas nos últimos anos, a Península Ibérica se consolida como uma das portas de entrada de entorpecentes na Europa. A rota, que já era conhecida das autoridades pelo tráfico de cannabis do Marrocos, transformou-se em um canal para as importações de cocaína provenientes da América do Sul. Em 2023, foram apreendidas na Espanha 142 toneladas da droga, contra 59 toneladas no ano anterior. Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris Enquanto os cartéis mexicanos buscam mercado na América do Norte, os que atuam na Tríplice Fronteira, formada por Brasil, Paraguai e Argentina, focam na clientela dos países europeus, explica Olavo Hamilton, pós-doutor em Direito na Universidade de Brasília. "A localização geográfica, principalmente do nordeste do Brasil em relação à Europa, facilita essa nova rota, principalmente de cocaína, para a França, para a Europa Central e para o norte da Europa", diz. "Geralmente essa droga parte por via marítima ou aérea. A entrada na Europa é pela Península Ibérica, onde você tem grandes portos e há uma facilidade linguística e de comunicação entre os traficantes", completa. "Tsunami branco" "Um tsunami branco", compara o ministro do Interior francês Bruno Retailleau, preocupado com "a ameaça existencial" que este tráfico representa para a França. O "Escritório Central de Repressão ao Tráfico de Drogas" francês calcula que 200 mil pessoas atuem no tráfico de drogas no país, onde as apreensões de cocaína atingiram um recorde nos seis primeiros meses do ano: 37,5 toneladas contra 25,8 toneladas, no primeiro semestre de 2024, representando um aumento de 45%.  Olavo Hamilton explica porque o combate ao tráfico de cocaína é tão difícil. "Na década de 1980, o tráfico de cocaína era concentrado em poucos cartéis, organizações muito fáceis de identificar. Hoje, você tem uma rede maior de tráfico de drogas e esse poder é muito descentralizado", afirma. "Às vezes, em um estado do Brasil você tem até oito facções atuando todas na distribuição de drogas. É impossível combater o tráfico vindo dessas organizações pulverizadas na América Latina inteira", conclui.   Se o número de pontos de venda física de drogas caiu no território francês para 2.729, em comparação com 4.034 no fim de 2020, outras estratégias permitem escoar a mercadoria, incluindo o uso de apartamentos para aluguel de curta temporada e sistemas de cofres escondidos com chaves contendo drogas.  A queda de preços, resultado do aumento da produção, e a entrega mais fácil e abrangente por aplicativos também explicam os números recordes. "Antes, o tráfico de drogas era geralmente controlado por poucas famílias. Hoje, temos uma proliferação de locais de venda de drogas", analisa Marie Jauffret-Roustide, socióloga do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica. "Estudos disponíveis mostram que esse aumento do número de traficantes intensificou a violência associada às drogas, visto que há muito mais disputas pela manutenção do mercado", acrescenta.  Violência ligada ao tráfico de drogas cresce na França Na França, a violência ligada ao comércio ilegal de entorpecentes tem aumentado em cidades de médio porte. No ano passado, houve 367 homicídios ou tentativas de homicídios relacionados ao narcotráfico, em 173 cidades.  A criminalidade levou as autoridades do Gard, no sul do país, a implementarem medidas como toque de recolher em alguns bairros da cidade de Nîmes.  Para a pesquisadora Marie Jauffret-Roustide, combater as drogas exige enfrentar a desigualdade social. "Se combatêssemos as desigualdades sociais e de saúde, oferecendo a esses jovens a oportunidade de se integrarem à sociedade e acessarem empregos formais, é claro que eles escolheriam essas profissões em vez de entrarem para o tráfico de drogas", diz. "Há realmente muito trabalho a ser feito sobre a questão das desigualdades sociais em bairros populares", completa. PCC na Europa Entre diversas redes que operam para controlar esse comércio lucrativo, a organização mais conhecida é o PCC brasileiro, o Primeiro Comando da Capital, apontado como responsável pela onda de cocaína que invadiu a Europa nos últimos anos.  De uma tonelada de folha de coca, extrai-se aproximadamente um quilo de cocaína pura, que será vendida por US$ 35 mil na Europa, segundo investigação do jornal argentino La Nación. Leia tambémGarimpo e tráfico são foco de viagem de Macron à Guiana Francesa, onde Comando Vermelho e PCC ganham terreno A organização, que conta com mais de 100 mil membros, também estabeleceu ligações com a Ndrangheta calabresa, máfias do Leste Europeu e a máfia nigeriana Black Axe. De acordo com os cálculos do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) ligado ao Ministério Público Federal no Brasil, o tráfico de drogas rende ao PCC quase R$ 4,9 bilhões por ano.   O combate ao crime organizado na Tríplice Fronteira enfrenta dificuldades como a falta de recursos e a corrupção de muitos políticos, agentes de alfândega e policiais, além da escassez de efetivo.  França intensifica a repressão Na França, uma lei aprovada em junho prevê uma série de medidas repressivas para os envolvidos com o tráfico de drogas. Para incentivar a denúncia de redes criminosas, réus processados por crimes violentos agora podem ter suas penas reduzidas em até dois terços. A proteção de vítimas e testemunhas foi reforçada. Inquilinos envolvidos no tráfico de drogas poderão ser despejados mais facilmente. As autoridades também aumentaram a repressão a conteúdo online relacionado à venda de drogas. Além disso, presídios de segurança reforçada estão sendo construídos para receber traficantes. 

Um pulo em Paris
Lei Duplomb e Lei da Devastação: França e Brasil no caminho do retrocesso ambiental

Um pulo em Paris

Play Episode Listen Later Jul 25, 2025 13:03


Com poucos dias de diferença, a França e o Brasil aprovaram legislações que terão como consequência a flexibilização das normas ambientais. As iniciativas são vistas como um retrocesso e levam diversos setores da sociedade civil a fazerem apelos para os presidentes Emmanuel Macron e Lula não promulgarem as leis. Daniella Franco, da RFI O que a Lei Duplomb, aprovada em 8 de julho na Assembleia Nacional da França, e a Lei do Licenciamento Ambiental, conhecida como PL da Devastação, que recebeu o sinal verde da Câmara dos Deputados no Brasil em 17 de julho, têm em comum? Apesar das particularidades de cada legislação, elas flexibilizam uma série de mecanismos estabelecidos nas últimas décadas para a proteção do meio ambiente e da saúde dos cidadãos em seus respectivos países. Na França, o projeto de lei criado pelo senador Laurent Duplomb, do partido conservador Os Republicanos, suscita uma forte indignação na sociedade civil por autorizar do uso do agrotóxico acetamiprido, substância da família dos controversos neonicotinoides. Amplamente utilizado nas lavouras do Brasil, o inseticida era aplicado nas plantações francesas de beterraba, avelã, maçã e cereja até 2018, quando foi proibido ao ser cientificamente comprovado como prejudicial aos insetos polinizadores – principalmente às abelhas – além de contaminar o solo e os lençóis freáticos. O acetamiprido ainda é suspeito de causar problemas no desenvolvimento cerebral de crianças e vários tipos de câncer: de mama, fígado, tireóide e testículos. Apesar de cientistas ressaltarem a periculosidade deste agrotóxico à saúde humana, as autoridades de segurança sanitária e alimentar da França e da Europa acreditam que os estudos realizados até o momento sobre a substância não são conclusivos. Outros pontos polêmicos da Lei Duplomb a aproximam da chamada “Lei da Devastação” no Brasil: o texto francês abre caminho para o aumento de criações intensivas de frango e porco, facilita a criação de imensas bacias para a irrigação de plantações por meio do acesso a reservas freáticas e ainda reduz o papel e a independência da Agência Nacional de Segurança Alimentar, Ambiental e Trabalho da França, equivalente à Anvisa no Brasil. Histórico controverso O senador Laurent Duplomb, autor do projeto de lei francês, é ex-agricultor e foi um dos presidentes de uma organização sindical francesa Jovens Agricultores, de linha conservadora. Atualmente o parlamentar também atua na direção do grupo francês de produtos lácteos Sodiaal, dono da Yoplait, a 6a maior produtora de iogurtes do mundo. O projeto de lei foi criado na esteira da revolta dos agricultores franceses entre o final de 2023 e o início de 2024. O texto foi apresentado como uma resposta “às restrições ao exercício da profissão”. O texto é defendido pela maior organização sindical do setor na França, a conservadora Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores Agrícolas (FNSEA), grande apoiadora da agricultura intensiva. A iniciativa de Duplomb também ganhou o apoio do primeiro-ministro francês, François Bayrou, da coalizão governamental, além da direita e extrema direita do país. Além do conteúdo da lei, também suscita polêmica a interrupção do debate do texto na Assembleia Nacional de Deputados por meio de uma controversa manobra da direita. Ao receber cerca de 3.500 emendas de deputados da esquerda, os conservadores utilizaram uma estratégia para contornar a trajetória parlamentar do projeto de lei, que foi rapidamente validado pelo Senado e votado na Assembleia Nacional. A artimanha está sendo classificada de “antidemocrática” por vários juristas da França. Petição contra a lei Duplomb Um movimento inédito foi incitado por meio de uma petição criada pela universitária francesa Eléonore Pattery, de 23 anos, que já reuniu quase 2 milhões de assinaturas. O abaixo-assinado online pede a revogação da lei Duplomb, descrita como “uma aberração científica, ética, ambiental e sanitária”. A iniciativa é histórica por ter sido criada por uma integrante da sociedade civil sem ligação com partidos políticos e por conseguir quase dois milhões de assinaturas em um curto período: cerca de duas semanas. Nos últimos dias, o abaixo-assinado mobilizou vários setores da sociedade francesa: estudantes, ambientalistas, médicos, cientistas e artistas. Para ser definitivamente adotada, a lei Duplomb precisa ser promulgada pelo presidente francês, Emmanuel Macron. Enquanto multiplicam-se os apelos para que o chefe de Estado ordene um novo debate parlamentar na Assembleia Nacional do texto, o Conselho Constitucional analisa seu conteúdo. Este, que é o mais alto órgão jurídico da França, também pode barrar a contestada legislação e promete dar seu parecer no próximo 7 de agosto.

O Mundo Agora
Democracia ofensiva: lições compartilhadas entre França e Brasil no combate à extrema direita

O Mundo Agora

Play Episode Listen Later Jul 21, 2025 5:07


Enquanto Marine Le Pen tem sua inelegibilidade confirmada pela Corte Europeia de Direitos Humanos e Jair Bolsonaro acumula reveses no Brasil, um contraste emerge: as instituições de ambos os países têm reagido aos ataques da extrema direita de forma mais eficaz do que nos Estados Unidos sob Donald Trump. Mas resistir não basta. Thomás Zicman de Barros, analista político Quatro dias atrás, um alto tribunal agravou a situação de uma das principais lideranças da extrema direita. Já inelegível, ela agora vê o risco de prisão se aproximar. Seus aliados, previsivelmente, falam em perseguição política. Não, não estou falando do Brasil – mas sim da Europa. Mais especificamente, de Marine Le Pen, líder da extrema direita francesa, cujo recurso de inelegibilidade foi considerado improcedente pela Corte Europeia dos Direitos Humanos. É claro que há diferenças importantes entre o caso francês e o brasileiro. Jair Bolsonaro enfrenta acusações que envolvem diretamente uma tentativa de golpe de Estado e a abolição violenta do regime democrático. Ele era o messias da “ralé” que depredou a Praça dos Três Poderes. Le Pen também lidera uma “ralé” radicalizada – marcada, desde a época de Jean-Marie Le Pen, por atentados e episódios de violência política. Mas ela busca parecer mais frequentável e, por ora, a acusação que pesa sobre ela – também bastante grave – diz respeito ao desvio de fundos do Parlamento Europeu, usados para financiar membros de seu partido com verbas destinadas a assessores parlamentares. A decisão confirma sua exclusão da eleição presidencial de 2027 e atinge o coração de sua credibilidade pública e da suposta “ética patriótica” que ela proclama. Outro contraste importante está na reação internacional – ou, neste caso, na quase ausência dela. Quando Le Pen foi condenada criminalmente no início do ano, Trump reagiu com vigor, também classificando o caso como uma “caça às bruxas” e bradando “Free Marine Le Pen!”. Mas, diante da decisão da Corte Europeia dos Direitos Humanos, manteve-se em silêncio. Diferentemente do que fez no caso brasileiro, limitou-se, por ora, a prometer tarifas de “apenas” 20% sobre produtos europeus – mesmo havendo, aqui sim, um déficit comercial real com os Estados Unidos. Também não cassou o visto de nenhum juiz europeu. Talvez ainda não veja vantagem, ou talvez porque Le Pen, um pouco mais inteligente e menos sabuja, não tem membros da sua família fazendo lobby em Washington. Brasil e Europa são mais eficazes em conter a extrema direita De todo modo, é justamente a presença de Trump na Casa Branca que ilumina os dilemas comuns enfrentados por Brasil e França. Por ora, ambos lidam com o fortalecimento da extrema direita nacional de forma mais eficaz do que os Estados Unidos. Para surpresa de alguns, instituições brasileiras e europeias têm conseguido estabelecer certos limites que, no caso americano, falharam em conter Trump – mesmo após suas condenações – e que o agora reeleito presidente trabalha ativamente para desmontar. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal manteve o curso de responsabilização por crimes contra a democracia. Na França, tanto a justiça administrativa quanto a Corte Europeia dos Direitos Humanos – sediada em Estrasburgo – reafirmaram que a popularidade de Le Pen não lhe dá salvo-conduto para violar a lei. Esses episódios não indicam estabilidade definitiva – longe disso –, mas mostram que ainda existem zonas institucionais de autonomia diante de forças autoritárias. O problema é que essa resistência, por mais importante que seja, é insuficiente. Contra uma ofensiva global da extrema direita – cada vez mais articulada, adaptável e respaldada por potências como os EUA – não basta uma democracia defensiva. Necessidade de "democracia ofensiva" É preciso o que venho chamando de democracia ofensiva: uma democracia que vá além da contenção jurídica ou institucional, e que enfrente de modo direto as condições sociais, econômicas e simbólicas que alimentam o extremismo. Uma democracia que combata não apenas os sintomas mórbidos, mas também suas causas. Uma democracia que, para merecer tal nome, seja efetivamente antissistema. Porque democracia é, sempre, uma questão de igualdade – e da luta contra as desigualdades que alguns tentam naturalizar e aprofundar. Nesse sentido, a temporada cruzada França–Brasil, em curso este ano, surge como mais do que um simples intercâmbio cultural: tornou-se também uma oportunidade de articulação política. Um tema central de potencial cooperação é a regulação das mídias digitais, cada vez mais uma frente crucial. A União Europeia vem avançando com propostas ambiciosas, que incomodam as big techs justamente por buscar limitar a lógica de monetização do ódio e da desinformação. Não por acaso, tornou-se alvo preferencial das grandes plataformas americanas, que temem ver o modelo regulatório europeu adotado como referência global. As regras europeias exigem que as plataformas sejam mais ativas na remoção de conteúdos nocivos e antidemocráticos, além de mais transparentes sobre os algorítmos que determinam o que chega até os usuários. Até aqui, porém, essa atuação europeia tem se dado majoritariamente no registro tecnocrático – como um conjunto de decisões eficazes, mas distantes do debate público. No Brasil, a situação é distinta: o debate foi em grande parte cerceado pelas próprias big techs, num ataque midiático coordenado contra qualquer esforço de estabelecer controle democrático sobre o funcionamento das redes. Os últimos episódios talvez ajudem a reabrir esse espaço. Interesses das big techs A reação de Trump contra o país – e sua aliança cada vez menos disfarçada com essas empresas – escancaram os interesses financeiros e as dinâmicas de poder que sustentam o atual ecossistema digital. E, ao fazer isso, abrem uma janela para politizar a questão, identificar adversários e travar a batalha da opinião pública por um ambiente virtual livre de mentiras e ressentimento. Tanto a Europa quanto a América Latina enfrentam hoje impasses democráticos que, embora distintos em forma, compartilham um mesmo pano de fundo: a corrosão da representação, o esvaziamento do pacto social e a ascensão de discursos autoritários travestidos de antissistema. Combater isso exige mais do que apelos abstratos à moderação ou à institucionalidade. Exige coragem política, capacidade de mobilização e, acima de tudo, disposição para construir alternativas que não deixem o campo aberto para os Le Pen, os Bolsonaro – nem para aqueles que, como Trump, pretendem chegar ao poder para destruir a democracia.

Cultura
Antonio Sergio Moreira quer ‘ocupar espaços' em exposição sobre ‘afro-ressonâncias' na França

Cultura

Play Episode Listen Later Jul 18, 2025 5:47


O artista Antonio Sergio Moreira inaugura neste sábado (19) a exposição "Afro Résonances dans l'Art Contemporain", na Galeria Ricardo Fernandes, localizada em Saint-Ouen, na periferia de Paris. A mostra é resultado de uma residência artística de mais de um mês no espaço La Patinoire, também na cidade. Natural de Belo Horizonte, Moreira dedica-se há cerca de 40 anos à pesquisa das heranças culturais africanas e afro-ameríndias.  O artista mineiro se define como um “antropófago urbano de culturas e experiências”. Por meio de sua arte contemporânea, ele busca abrir espaço para temas afro e para a valorização de artistas negros no cenário internacional. Depois de participar da "Expo Favela Innovation Paris" com a criação de painéis que decoraram a fachada do Théâtre de la Concorde no início de julho, Moreira apresentará na Galeria Ricardo Fernandes esculturas trazidas de seu ateliê no Brasil, além de 17 obras inéditas criadas especialmente para esta nova exposição. A mostra será aberta ao público a partir de 19 de julho, em uma parceria com a prefeitura de Saint-Ouen, como parte da programação da temporada cultural cruzada Brasil-França. Moreira contou à RFI que a temática da exposição já está na sua essência há muitas décadas: “O projeto veio dessa proposta de afro-ressonâncias diaspóricas, esse sentido diaspórico que é onde eu transito. Eu transito nesse Atlântico negro. Lá atrás, quando eu volto de São Paulo, onde eu trabalhava, e decido voltar para Belo Horizonte, foi quando eu comecei também a fazer curadorias do Festival de Arte Negra de Belo Horizonte”, diz. “Negro não tinha espaço nas galerias quando eu cheguei em 1986, não tinha artistas negros expondo nas galerias. A partir disso, eu me olhei e falei assim: de onde que eu sou? Para onde que eu vou? Quem eu sou?”, revela o artista, indicando que foi nesse momento de sua carreira que decidiu pesquisar suas heranças africanas e afro-ameríndias e também passou a frequentar terreiros “com olhar de artista”. “Nesse processo, eu trago aquilo que eu vejo e vivencio. Então, hoje eu trago para essas obras que estão aqui fragmentos de ancestralidade do povo de terreiro. Eu consigo manter separado o segredo do sagrado, e tudo é arte contemporânea”, declara Antonio Sergio Moreira. Residência e exposição na periferia de Paris Desde o início de 2025, o projeto vem ganhando forma graças aos esforços do galerista brasileiro Ricardo Fernandes, radicado na França, que articulou a parceria com a prefeitura de Saint-Ouen após o artista mineiro ser selecionado em um edital de intercâmbio de residência artística, promovido pela Secretaria de Turismo e Cultura de Minas Gerais por meio do PNAB – programa federal de fomento à cultura. Após um período intenso de residência e criação das obras, com o desenvolvimento de oficinas nas quais usou sacos de cimento para transmitir seus conhecimentos de arte à população de Saint-Ouen, desde junho Moreira vem refletindo sobre seu processo artístico. Esse processo, no entanto, também faz parte de um conjunto de vivências urbanas integradas à sociedade contemporânea. “Trazer a minha pintura para uma cidade que tem uma história de pintura, como os franceses possuem, não é pretensão. Eu sou o processo antropofágico disso tudo. As pessoas vêm para o Louvre, mas não podem comprar o Louvre. Então, elas vêm para o mercado de pulgas de Saint-Ouen e podem comprar uma 'parte do Louvre'; podem comprar também a arte contemporânea que está transitando nessa via. Acho que isso é importante. Eu não estou aqui para dizer que sou melhor que Gauguin ou Monet. Na minha arte, tem todo o mundo, e eu estou preocupado em ocupar o meu espaço”, declara o pintor brasileiro. Ricardo Fernandes, diretor da galeria onde a exposição permanece em cartaz até 15 de setembro, falou da importância do apoio do prefeito de Saint-Ouen, Karim Bouamrane, um admirador declarado do Brasil e de personalidades brasileiras.  “O prefeito é um cara muito interessado no Brasil. E o Brasil tem, na cabeça dele, no universo dele, um lugar na cidade de Saint-Ouen. Ele busca essas parcerias importantes com o Brasil. É uma cidade muito diversa também, que nos acolhe muito bem”, afirma Fernandes.  Arte brasileira é ampla  Moreira também pede maior valorização de artistas de fora do eixo Rio-São Paulo, já que, segundo ele, pode ser uma forma de impor uma ideia de nação justa e ampla no campo da arte.  “O Rio de Janeiro não é o centro do universo, nem São Paulo. O país é grande. Nós temos uma medida continental. Nós existimos, nós fazemos parte. Eu acho que, quando nós aceitarmos [a arte] do nordestino, do povo da Amazônia, do povo do Sul, aí sim, a gente tem uma ideia de nação. Então, eu acho que esse é o meu lugar de fala”, defende o artista. Além das pinturas exclusivas apresentadas na mostra, os visitantes poderão interagir com esculturas de cabeças de ori e diários de rascunhos de obras do artista mineiro.  “Eu sou filho de Xangô. Eu tenho que mostrar tudo, eu tenho que ser tudo. Eu sou feito não só de uma coisa, mas de um conjunto muito grande de elementos – e uma parte deles está aqui. Então, quem quiser compreender um pouco mais de outros universos, desses povos de matriz africana do Brasil, dos quais eu faço parte, venham ver. Parem para ver, e tenham atenção para ver”, convida Antonio Sergio Moreira.

Esportes
Fundação criada por Raí e Leonardo promove intercâmbio entre jovens brasileiros e franceses em Paris

Esportes

Play Episode Listen Later Jul 13, 2025 6:19


Paris foi palco esta semana de um bate-bola que uniu no mesmo time esporte e inclusão social. Jovens franceses e brasileiros participaram de um encontro promovido pela fundação Gol de Letra, criada pelos ex-jogadores Raí e Leonardo, ambos ídolos do PSG, do São Paulo e da Seleção Brasileira. O evento foi realizado em parceria com a associação Sport dans La Ville, que também dá suporte a crianças e adolescentes carentes na França. Por Renan Tolentino, de Paris Um dos objetivos é promover o intercâmbio entre alunos apoiados por cada projeto. Ao todo, 16 jovens vieram do Brasil para participar do evento, que aconteceu na última quarta-feira (9), na sede da prefeitura de Paris, como parte do 3° Encontro Sobre Inserção Social Através do Esporte. “O esporte é uma linguagem transversal. Quando se fala em esporte, todo mundo pensa nos atletas de alto rendimento, medalhas, mas a gente vê o esporte como um modo de expressão, uma maneira de se desenvolver, de trabalhar o desenvolvimento humano, a educação (...) E nesses intercâmbios, a gente aproveita para fazer seminários e discutir temas sobre como o esporte se relaciona com o racismo, com questões de gênero, com o direito de todos, com a democracia. A gente aproveita o esporte também para desenvolver melhores práticas, de uma maneira mais impactante na sociedade”, detalha Raí. Além de promover debates e a inclusão dos jovens, esta edição também faz parte da programação do Ano do Brasil na França, que celebra a boa relação diplomática entre os dois países. “Na França, a gente tem parceiros, associações, principalmente a associação Sport dans la Ville, que participou do intercâmbio, e com a qual a gente acaba trocando muita metodologia, ensinamentos, conhecimentos, para melhorar mutuamente. Então, também é uma colaboração franco-brasileira”. Golaço fora dos gramados A fundação Gol de Letra foi criada em 1998 por Raí e Leonardo, visando "contribuir com a educação de crianças e jovens de comunidades socialmente vulneráveis, para que tenham mais oportunidades e perspectivas de vida", como descreve o próprio site da instituição. “A Gol de Letra começou há 26 anos, já com essa ideia de dar oportunidades às novas gerações de se formarem, de crescerem, se desenvolverem e de serem elas mesmas os agentes de transformação social", diz Raí. "Começamos em São Paulo, com um grande centro cultural, esportivo e educativo, com 100 crianças, lá atrás (em 1998). Hoje são quase 6 mil crianças e jovens atendidos todos os dias, com um resultado que nos deixa bastante orgulhosos. Muitos dos quase 35 mil jovens que já passaram pela Gol de Letra (ao longo desses anos) hoje são empreendedores, estudantes, estão nas universidades. Se não fosse a oportunidade que a gente oferece nessas comunidades, talvez isso não teria acontecido”, relembra o ex-jogador. Para Raí, a educação e o esporte jogam juntos. No ano passado, o ex-atleta do São Paulo e Seleção Brasileira se formou em Políticas Públicas na SciencesPo, universidade em Paris especializada nas áreas de Ciências Humanas e Sociais. “Durante a minha carreira, procurei sempre o conhecimento. Enquanto jogador não tinha tanto tempo assim, mas depois de encerrar a carreira fiz dois mestrados, voltei para a vida acadêmica, além da Gol de Letra. Tive um exemplo na minha família e procuro passar adiante. É como a gente fala na Gol de Letra, encontrar o prazer pelo conhecimento, o prazer de aprender”, pondera Raí. Vidas transformadas Conhecimento aliado ao esporte, ferramentas poderosas para transformar vidas. Como a da francesa Mouná, de apenas 16 anos, que faz parte dos mais de 12 mil jovens atendidos pela Sport dans la Ville, parceiro da Gol de Letra na França. "Participar do Sport dans la Ville abriu muitas portas para mim, tanto a nível profissional quanto pessoal. Fizemos muitos amigos novos. E, desde então, surgiram oportunidades, por exemplo, de ir ao Brasil com a associação. Isso nunca teria sido possível sem a ajuda do Sport dans la Ville. Tem sido ótimo e sou muito grata a esse projeto", conta a francesa. Do lado brasileiro, o jovem Maurício, também de 16 anos, já viu sua vida transformada pela Gol de Letra. Ele começou como aluno da instituição e hoje é um dos monitores na unidade que atende comunidades do Rio de Janeiro. “É muito gratificante de participar de um projeto como esse, porque eu sou um jovem negro periférico... cada vez mais a fundação vem me ajudando, tanto com viagens, como essa aqui para Paris, e no meu desenvolvimento como pessoa. Já fui um aluno do projeto e hoje em dia estou aqui (em Paris) como monitor. Então, teve uma mudança e muitas conquistas para mim”, relata Maurício. Raí teve uma carreira vitoriosa, marcada por gols e títulos importantes, como o tetra da Copa do Mundo de 1994, mas o apoio a jovens carentes através do esporte é certamente uma das principais conquistas de sua trajetória. “A Gol de Letra existe por conta dessa minha inquietude de querer novas experiências e, claro, de oferecer algum retorno para a sociedade. Mas, principalmente, vem dessa inquietude de buscar conhecimento, de buscar oportunidade, de como eu posso crescer. E é isso que a gente tenta passar para as crianças, jovens e todos os envolvidos na Gol de Letra”, conclui o tetracampeão mundial.

Um pulo em Paris
Como a extrema direita global usa a retórica da perseguição para desviar de investigações judiciais

Um pulo em Paris

Play Episode Listen Later Jul 11, 2025 4:51


A decisão de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, sob a justificativa de que o governo Lula e o Judiciário estariam promovendo uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro, não é um gesto isolado. A retórica da perseguição política, usada para deslegitimar investigações e decisões judiciais, tem se consolidado como uma estratégia comum entre líderes e partidos de extrema direita em diferentes democracias. Na França, o partido Reunião Nacional (RN), liderado por Marine Le Pen, adotou discurso semelhante esta semana ao reagir a novas investigações sobre financiamento ilegal de campanhas e desvio de recursos do Parlamento Europeu. A legenda acusa juízes, "as elites" e a imprensa de conduzirem uma campanha ideológica contra seus dirigentes, em uma narrativa que ecoa as falas de Trump e Bolsonaro. Em março, Le Pen foi condenada a cinco anos de inelegibilidade por desvio de recursos do Parlamento Europeu. Embora tenha recorrido, a confirmação da sentença pode impedi-la de disputar a presidência em 2027. Agora, o RN enfrenta duas novas frentes de investigação: uma sobre o uso abusivo de empréstimos de pessoas físicas em campanhas eleitorais, e outra, mais grave, conduzida pelo Ministério Público Europeu, que apura o desvio de cerca de € 4,3 milhões entre 2019 e 2024. Nesta semana, a sede do partido em Paris foi alvo de buscas por parte de policiais e juízes. Documentos foram apreendidos, e há suspeitas de que os recursos desviados tenham beneficiado empresas ligadas a aliados próximos de Le Pen, por meio de contratos sem licitação adequada. O presidente do partido, Jordan Bardella, reagiu classificando a operação como “assédio político” e acusando parte do Judiciário de agir com motivação ideológica. Um porta-voz do RN chegou a fazer alegações falsas sobre sindicatos de juízes, desmentidas por checagens documentadas pela imprensa. Crise de confiança A ofensiva contra o Judiciário francês não é exclusiva da extrema direita. Nesta sexta-feira (11), três deputados de centro-direita e direita conservadora também foram declarados inelegíveis por irregularidades nas contas de campanha. Ainda assim, a retórica de perseguição tem sido mais sistematicamente explorada por partidos como o RN, que buscam mobilizar sua base eleitoral e desviar o foco das acusações. A confiança da população francesa na Justiça está em queda: apenas 48% dizem confiar no sistema judiciário, segundo pesquisa do Instituto Ifop divulgada em abril. Especialistas alertam que ataques à independência do Judiciário alimentam essa crise e colocam em risco os pilares do Estado de Direito. Nos Estados Unidos, Trump enfrenta vários processos e acusa o sistema de ser manipulado por “juízes de esquerda”. No Brasil, Bolsonaro e seus aliados também alegam ser vítimas de perseguição. Em todos os casos, a retórica da perseguição política serve como escudo contra investigações legítimas. E como mostra a tarifa imposta pelo presidente dos EUA ao Brasil, pode até ser usada como justificativa para ações controversas de intimidação contra um país soberano.  Justiça francesa: absolvições e condenações recentes mostram atuação firme e diversa Dois ex-ministros da Saúde da França, Olivier Véran e Agnès Buzyn, foram recentemente inocentados pela Justiça após investigações relacionadas à gestão da pandemia de Covid-19. Ambos haviam sido acusados de falhas na antecipação e no enfrentamento da crise sanitária. No entanto, após análise detalhada dos fatos, o tribunal concluiu que não houve negligência penal por parte dos ex-ministros, reconhecendo a complexidade e a imprevisibilidade do contexto da pandemia. Os dois ex-ministros são do partido do presidente Emmanuel Macron. Em contraste com os casos de absolvição, o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy teve sua condenação por corrupção e tráfico de influência confirmada pela Justiça. Ele foi sentenciado a um ano de prisão no chamado “caso das escutas telefônicas”, mas cumpriu a pena em regime domiciliar com tornozeleira eletrônica. Em maio, Sarkozy obteve liberdade condicional e teve o monitoramento eletrônico suspenso. Aos 70 anos, o ex-líder da direita ainda responde a outros processos, incluindo o julgamento sobre o suposto financiamento ilegal de sua campanha presidencial de 2007 com recursos do regime líbio de Muammar Khadafi. Outro caso emblemático é o do ex-primeiro-ministro conservador François Fillon, condenado em junho deste ano a quatro anos de prisão com suspensão condicional da pena, além de uma multa de € 375 mil e cinco anos de inelegibilidade. A condenação se refere ao escândalo conhecido como “Penelopegate”, revelado em 2017, quando veio à tona que Fillon contratou sua esposa, Penélope, como assessora parlamentar sem que ela exercesse efetivamente a função.

Meio Ambiente
Escândalo dos ‘poluentes eternos' na água potável na França alerta sobre regulação do uso de Pfas

Meio Ambiente

Play Episode Listen Later Jul 10, 2025 6:14


A proibição do consumo da água das torneiras em pelo menos 16 localidades do nordeste da França reforça um alerta que especialistas e organizações já emitem há pelo menos uma década: a regulamentação sobre a produção e o uso dos chamados poluentes eternos, que representam um sério risco à saúde e ao meio ambiente, deve ser atualizada.  A partir dos anos 1950, estes produtos químicos se disseminaram nas mais diferentes indústrias e são “quase impossíveis” de serem retirados do ambiente, nas cidades como no campo. Utilizados pelas suas propriedades impermeabilizantes, resistentes ao calor, ao fogo ou à gordura, eles são encontrados em utensílios de cozinha, produtos de higiene, roupas ou objetos de decoração – mas, ainda mais preocupante, também estão nos alimentos e até na água, onde vão parar pela contaminação dos rios. Foi assim que, no começo de julho, as autoridades sanitárias da região de Ardennes, perto da fronteira com a Alemanha, ordenaram a proibição do consumo da água das torneiras por tempo indeterminado. Testes realizados a pedido de um consórcio jornalístico, em amostras recolhidas ao longo de 10 anos, detectaram índices de poluentes eternos de três a 27 vezes superiores ao tolerado pela Agência Nacional de Saúde da França. O limite autorizado é de 100 nanogramas por litro. A suspeita é que os Pfas – sigla para produtos perfluorados – tenham sido despejados no rio Meuse e seus afluentes por uma fabricante de papeis instalada na região. Novas análises deverão determinar o nível de contaminação dos solos – um cenário que seria catastrófico para a agricultura, observa o repórter investigativo Nicolas Cossic, do site Disclose, e um dos autores da reportagem de denúncia. “Terrenos agrícolas significam os nossos alimentos, significa o leite que bebemos e que pode ser particularmente contaminado”, diz. “Já houve casos similares de graves poluições por rejeitos de usinas de papel na Alemanha, nos Estados Unidos. Agricultores simplesmente tiverem que parar de produzir porque as terras deles se tornaram incultiváveis”, indica, à RFI. 'Quando procuramos, encontramos' A contaminação da água potável ilustra a que ponto o uso destes produtos fugiu, literalmente, de controle nos países industrializados. No começo do ano, a associação de proteção de consumidores UFC-Que Choisir divulgou o resultado de testes feitos em 30 lugares de toda a França. O estudo chama a atenção para uma molécula em especial: a TFA, o ácido trifluoroacético, resíduo da degradação de alguns tipos de agrotóxicos usados na agricultura e que foi encontrado inclusive na água distribuída em Paris. “Hoje, a questão que temos que colocar sobre a água da torneira é qual norma deveremos aplicar, porque atualmente, o TFA não está entre as moléculas procuradas para os índices oficiais sanitários das Agências Regionais de Saúde da França. Isso significa que não sabemos, oficialmente, se há ou não presença de TFA na água que bebemos”, constata Olivier Andrault, analista de alimentação e agricultura da associação. “Entretanto, nós percebemos que quando procuramos, encontramos. Detectamos este Pfas em 29 das 30 amostras que analisamos.” Existem milhares de tipos de Pfas, mas cerca de 10 são os mais utilizados pela indústria – portanto, são também os mais estudados. Eles podem afetar o organismo humano de diferentes maneiras. “Verificamos efeitos no fígado, aumento das taxas de colesterol – portanto um risco cardiovascular mais elevado –, efeitos na tireoide, com impacto importante no desenvolvimento dos fetos. Eles podem afetar a nossa capacidade de reprodução, nosso sistema imunitário, e alguns Pfas são cancerígenos”, explica a toxicologista Pauline Cervan, da organização francesa Générations Futures. “Todos não são tóxicos da mesma maneira e na mesma gravidade, mas o conjunto desses produtos é preocupante porque a presença de todos eles é perene no meio ambiente.” Filtragem é difícil e cara Ao contrário de outras substâncias, os Pfas não se degradam com o tempo – por isso, são chamados de poluentes eternos. Essa característica torna também mais difícil a retirada destas moléculas em ambientes poluídos, em especial a água. “É praticamente impossível, na escala de toda a França. Tecnicamente é quase impossível e, do ponto de vista econômico, seria extremamente caro. O problema do TFA e da sua presença na água potável é que é muito difícil de retirá-lo: as técnicas que utilizamos hoje para a obtenção da água potável não permite filtrar essa substância”, aponta Cervan. “Seria necessário instalar filtros mais eficientes, com novas tecnologias, como a osmose invertida, que parece ser a única tecnologia capaz de retirar o TFA. Mas é caríssimo”, diz.  A especialista salienta que essas tecnologias consomem volumes abundantes de energia e gerariam um resíduo concentrado de Pfas, para os quais ainda não existe soluções adequadas. “Seria apenas deslocar o problema”, lamenta. Cervan ressalta, ainda, que as futuras leis sobre o assunto devem prever mecanismos para evitar que os industriais apenas substituam as moléculas conhecidas por outras ainda pouco utilizadas – e que poderiam se tornar o novo foco do problema, a longo prazo. Em fevereiro, a França adotou uma legislação pioneira para proibir progressivamente a produção desses poluentes nos cosméticos, têxteis e skis a partir de 2026. O texto também instaura o princípio de “poluidor-pagador”: as fabricantes terão de financiar uma parte das operações de descontaminação das agências regionais de tratamento de água.   Mas para Andrault, a norma já nasce incompleta, ao deixar de fora um dos maiores vetores de Pfas no ambiente doméstico, as panelas antiaderentes. “E também não incluímos toda a variedade produtos alimentares, como as embalagens que, em contato direto com os alimentos e expostos ao calor do micro-ondas, representam um risco elevado de presença de Pfas”, adverte. Na Europa, apenas a Dinamarca possui uma legislação restritiva à produção e uso destes poluentes em uma vasta gama de produtos.

Podcast Internacional - Agência Radioweb
Especialistas alertam para ‘'poluentes eternos'' na França

Podcast Internacional - Agência Radioweb

Play Episode Listen Later Jul 10, 2025 5:29


Reportagem
Ano do Brasil na França: ritmos e danças invadem o Grand Palais, no coração de Paris

Reportagem

Play Episode Listen Later Jul 6, 2025 2:14


No último sábado (5), o Brasil foi tema de um grande baile em um dos lugares mais famosos de Paris. O samba, a capoeira e outros elementos da cultura brasileira tomaram conta do Grand Palais em mais uma ação do ano do Brasil na França. Sucesso desde que foi anunciado há algumas semanas, com ingressos gratuitos esgotados em poucos minutos após serem disponibilizados, o Grande Baile do Grand Palais não decepcionou os brasileiros que moram em Paris e muito menos os franceses e estrangeiros, que acompanharam fascinados as músicas, as danças e as fantasias que desfilaram sob a cúpula de vidro desse icônico monumento francês.   “Está incrível esse carnaval no Grand Palais! O lugar é lindo, eu nunca tinha vindo e está todo mundo muito animado”, comentou a brasileira Aline Portugal. Já a pesquisadora russa Gulnara Zakharova contou que foi ao evento convidada por uma amiga brasileira e que se surpreendeu com a diversidade, bem como com os significados dos símbolos e fantasias da cultura das diversas regiões do Brasil. Ela elogiou ainda a beleza e a riqueza dos figurinos.   “Eu adorei! Foi uma colega que me fez descobrir esse evento e eu realmente adorei o ambiente, a diversão total. Eu fiz uma maquiagem e eu adorei as músicas, as danças e as fantasias. É incrível! Paris é realmente um lugar que reúne todas as culturas e é muito bom poder participar de eventos como esse. Além disso, como russa, há muitas coisas em comum entre os dois países, até mesmo na música, no estilo, na maneira de festejar. Aqui eu me sinto em casa”, contou ela. Axé, frevo, samba e voguing Com apresentações de música e dança, com axé, frevo, samba, capoeira e até mesmo o voguing, o evento entregou uma grande mistura das representações culturais do país. A cantora Carla Visi, que levou ao Grand Palais os sucessos da banda baiana Cheiro de Amor e participou pela primeira vez da temporada do Brasil na França, falou sobre a oportunidade de trazer o axé para a capital francesa.   “É uma felicidade imensa. A gente que trabalha cantando e levando a cultura de nosso país e principalmente da Bahia pelo mundo, quando a gente tem a oportunidade de celebrar essa cultura com tantos artistas, com performances maravilhosas e num espaço como esse, é muito emocionante”, disse. O grande baile do Grand Palais teve ainda shows de artistas como Puma Camillê, Karla Silva e Jorge Aragão, que se apresentaram para um público de cerca de duas mil pessoas. Trazendo uma mistura da capoeira de roda com a cultura do ballroom, Puma Camillê apresentou ancestralidade e voguing, numa performance ao som do berimbau que encantou e surpreendeu a plateia.   “É muito importante que nossos corpos, pretos, trans, façam esse caminho para representar o Brasil com essa dimensão e essa grandeza, falando de ancestralidade, falando de tradição, de cultura negra e originária, na França, junto com o carnaval. E hoje, pela primeira vez na história, foram transportadas mais de 160 peças do carnaval do Brasil para cá para serem usadas (por membros) do Capoeira para Todes (projeto que reúne pessoas LGBTQIAP+ em um movimento de cultura popular e de resistência) representando o Brasil. Estamos muito honrados e muito felizes”, contou. Puma Camillê falou ainda sobre o fato de revolucionar as culturas ao unir dois movimentos bastante tradicionalistas e diferenciados, que são a roda de capoeira e a dança voguing. Perguntada se sofreu preconceito por misturar essas comunidades, ela disse que ainda sofre. “Eu não vou dizer que esse movimento quebra muros, mas ele cria pontes que conectam o tradicional da capoeira, desde os capoeiristas indígenas, pretos a pajés, Griots e Ialorixás a pessoas LGBT para além da dança. As figuras que normalmente são mandadas para fora de casa por essas com as quais estamos juntando (na capoeira)”, destacou. Confira mais algumas imagens do Grande Baile Brasileiro do Grand Palais.

Podcast MiranteFM 96,1
PLUGADO #396 - Isaias Alves atravessa a ponte do Estreito dos Mosquitos para legitimar sua musicalidade na França

Podcast MiranteFM 96,1

Play Episode Listen Later Jul 4, 2025 16:25


Nascido no histórico Bairro de Fátima, reduto cultural de Mestre Coxinho, e criado na região do Bom Jesus/Coroadinho, onde as tradições do Tambor de Crioula e do Cacuriá seguem vivas em rodas e festas populares, o baterista e compositor Isaías Alves vem -transformando a potência cultural das periferias de São Luís em linguagem musical universal.

Volta ao mundo em 180 segundos
04/07: Trump assina “Big Beautiful Bill” | Lula assume presidência do Mercosul | Onda de calor extremo desliga reatores nucleares na França e Suíça

Volta ao mundo em 180 segundos

Play Episode Listen Later Jul 4, 2025 6:19


Pesquisas mostram que o projeto aprovado é altamente impopular e que deve influenciar nas eleições de meio de mandato. Trump aposta no crescimento econômico e naarrecadação das tarifas como compensação das perdas sociais. E ainda:- Cúpula do Mercosul foi marcado por divergências entre Lula e Milei, mas os países reafirmaram o compromisso com a coesão do bloco- Reatores nucleares foram desligados na França e na Suíça após alerta de autoridades para o perigo de operação das usinas em meio a temperaturas tão altas. Espanha, França, Itália e Portugal tiveram registros de até 46,6 °C durante essa semana- Durante Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, Putin declara que "toda a Ucrânia é nossa" e confirma a disposição em continuar com os avanços sobre territórios ucranianos- Ocupando faixa de 4 km de praia e oferecendo infraestrutura moderna e variada, Kim Jong-Un inaugura o Resort Wonsan Kalma, na Coreia do Norte Ouçam Rapha Moraes e Bruna Caram no Spotify Notícias em tempo real nas redes sociais Instagram @mundo_180_segundos e Linkedin Mundo em 180 Segundos Fale conosco através do mundo180segundos@gmail.com

Esportes
Festival em Deauville, na França, homenageia a fotografia esportiva e faz leilão de fotos icônicas

Esportes

Play Episode Listen Later Jun 29, 2025 5:02


Deauville, no norte da França, inaugurou no dia 21 de junho a primeira edição de um festival totalmente dedicado à fotografia esportiva. Durante três meses, o Deauville Sports Image Festival oferece ao público uma série de imagens feitas por profissionais que imortalizaram, ao redor do mundo, momentos importantes e inesquecíveis de diversas modalidades. São cerca de 300 fotos em grande formato, espalhadas por 12 exposições ao ar livre, em diversos lugares da cidade balneária, e divididas por temas. Entre elas, um “Best of 2024” e uma exibição das “façanhas paralímpicas”, para lembrar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris. A lista conta ainda com uma exposição dedicada às 20 fotos que marcaram a história do esporte. Na seleção rigorosa, uma homenagem ao piloto brasileiro Ayrton Senna, clicado com os olhos fechados em sua última largada de uma corrida de Fórmula 1. O público poderá conferir ainda uma exposição de fotografias em preto e branco sobre corridas tradicionais de hipismo na Indonésia, praticada por crianças. Entre outros destaques, está uma retrospectiva da carreira do fotógrafo Neil Leifert, que durante 60 anos acompanhou diversas competições e realizou retratos do famoso boxeador americano Muhammad Ali. Prêmios Na abertura do evento, foram divulgados os vencedores de três prêmios. O de Melhor Fotografia Paralímpica foi atribuída a Dimitar Dilkoff, pelo clichê na disputa da medalha de bronze de esgrima nos Jogos de Paris 2024. O prêmio de Melhor Reportagem Esportiva do Ano foi concedido ao fotógrafo Etienne Garnier, pelo belo registro da americana Simone Biles durante sua apresentação na final da prova de barras assimétricas. E o prêmio de Melhor Reportagem do Ano foi para Bernard Le Bars, que acompanhou, em fevereiro deste ano, a chegada no oeste da França da navegadora Violette Dorange, de 23 anos, a mais jovem participante da Vendée du Globe, a regata solitária ao redor do mundo, sem assistência e sem escalas.   Além da exposição pelas ruas de Deauville, um leilão de fotografias icônicas do esporte foi aberto para que os fãs possam adquirir imagens que entraram para a história. Intitulado “Um século de fotografia esportiva”, o leilão oferece um lote composto por 92 fotos, vintage ou contemporâneas, como a célebre imagem do francês Jérôme Brouillet que imortalizou a comemoração do surfista brasileiro Gabriel Medida  ao surfar uma onda em Teahupoo, na Polinésia Francesa, durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Medina parece flutuar no ar com o braço direito erguido e com o pé esquerdo amarrado em sua prancha, numa composição perfeita.  Até sexta-feira, o valor da fotografia já havia atingido € 11 mil, o equivalente a quase R$ 70 mil. Fotos de profissionais renomados como Raymond Depardon, Michel Birot ou Emanuelle Scorcelletti estão à venda e os clichês são tão variados quanto às emoções que eles inspiram. Fotos da passagem da Volta da França por Deauville em 1920 e do último Dakar nas areias desérticas da Arábia Saudita, a largada de uma corrida de Harley-Davidson na Itália, uma ginasta fazendo acrobacias em barras assimétricas, o acidente de automobilismo com Lewis Hamilton do GP de Monza em 2017, a saída da corrida 24 horas de Le Mans de 1962, ou ainda o piloto Juan Manuel Fangio em 1958 estão na seleção. O leilão iniciou-se em 21 de junho, dia da abertura do festival, e os últimos lances podem ser dados no site da casa de leilões até o dia 10 de julho.

Um pulo em Paris
Polícia francesa relativiza onda de agulhadas na Festa da Música, mas confirma que mulheres foram alvo

Um pulo em Paris

Play Episode Listen Later Jun 27, 2025 12:41


A França é palco de uma forte preocupação depois que dezenas de picadas com agulhas supostamente contaminadas foram denunciadas às autoridades por frequentadores da Festa da Música no último fim de semana. A polícia francesa prendeu 14 homens e confirmou nesta semana que os ataques visaram mulheres. A população teme que essas agressões se repitam nas centenas de eventos ao livre programados para esse verão no país. Daniella Franco, da RFI Dados divulgados pelo Ministério do Interior da França apontam que 145 pessoas prestaram queixa na polícia alegando terem sido picadas durante a Festa da Música no último sábado (21). As violências foram registradas em várias cidades francesas: Paris, Lyon (centro leste), Angoulême (sudoeste), Estrasburgo, Metz, Nancy e Colmar (nordeste) e em Rouen (norte). Todas as vítimas passaram por análises toxicológicas, mas, na maioria dos casos, o resultado foi negativo ou não houve conclusão. Em nenhuma das pessoas que prestaram queixa e passaram por hospitais e centros de saúde do país alegando ter sido alvo de picadas foram detectadas substâncias psicotrópicas, patógenos ou qualquer tipo de contaminação. No entanto, várias das vítimas apresentaram marcas de agulhas e relataram sintomas, como vertigem, náusea, dor e mal-estar. As autoridades francesas deram sequência às investigações durante a semana e a polícia indicou que prendeu 14 homens, com idades entre 19 a 44 anos, identificados graças a imagens de câmeras de segurança nas ruas ou graças a testemunhas. A metade desses detidos já tinha passagem pela polícia. No entanto, segundo os investigadores, os trabalhos são complicados: as autoridades alegam que há poucas provas até o momento para que os suspeitos sejam formalmente indiciados. A maioria deles já foi liberada. Ameaça à segurança e liberdade das mulheres A porta-voz da polícia nacional da França, Agathe Foucault, confirmou nesta semana que as convocações nas redes sociais para que mulheres fossem picadas durante a Festa da Música no último sábado existiram. No entanto, para ela, é preciso "relativizar" porque a mobilização para a execução das picadas não foi “massiva”. Enquanto autoridades francesas minimiza a gravidade dos incidentes do último sábado, associações e iniciativas civis pedem o reforço de medidas de prevenção em locais festivos e de grandes aglomerações. “Sendo psicose ou não, o resultado é o mesmo, as pessoas estão assustadas e precisam ser tranquilizadas”, destacou a fundadora do Centro de Agressões por Substâncias da França, Leila Chaouachi, em entrevista à FranceInfo. Segundo a ONG feminista Nous Toutes (Nós Todas), não há dúvidas: o objetivo da criação e da difusão da onda de pânico das agulhas contaminadas tinha como objetivo assustar as mulheres e convencê-las a não saírem de casa. Já a socióloga Louise Gasté, especializada em violências sexuais e sexistas em meios festivos, afirmou à rádio FranceInfo que os agressores pretendem mostrar que “os espaços exteriores”, são perigosos às mulheres. “O ato de se liberar durante a festa é marcado por um reforço das normas de gênero com homens que, para impressionar seus amigos, se lançam em desafios, em caçadas”, observa. Contas de feministas e de organizações de defesa dos direitos das mulheres compartilharam alertas no último fim de semana. Uma publicação do perfil feminista Abregesoeur, junto com o The Sorority - um aplicativo destinado às mulheres para emitir pedidos de socorro - recomendando como agir em caso de agulhada, teve recorde de likes e compartilhamentos. Fenômeno das agulhadas é antigo Na França, há registros de agressões com agulhas desde o século 19. Em 1819, cerca de 400 francesas denunciaram às autoridades terem sido alvo de picadas no país. O fenômeno atravessou séculos: em 1982, 63 mulheres registraram queixa na polícia por terem levado agulhadas em Paris. A partir do início dos anos 2020, casos de picadas com seringas também foram registrados no Reino Unido e na Irlanda, a maioria deles nesses grandes festivais de música. A Alemanha e a Bélgica também tiveram relatos similares nesse mesmo período. O modus operandi de toda essa onda de ataques recentes com seringas nos anos 2020 na Europa é o mesmo. As picadas têm como alvo jovens do sexo feminino e ocorrem em eventos festivos com grandes aglomerações. A França já havia contabilizado 771 denúncias de agulhadas apenas na Festa da Música de 2022, segundo dados do Departamento de Medicina Legal de Paris. Um estudo publicado em 2024 no Journal of Forensic and Legal Medicine (Revista de Medicina Legal e Forense), analisou 171 agulhadas registradas na França em 2022. Segundo os autores da pesquisa, quase 82% das vítimas das picadas foram mulheres. Eles destacam que entre esses casos estudados não houve intoxicação e não há evidências de agressão sexual por parte dos autores dessas violências. A conclusão dos cientistas é que os homens que praticam essas violências têm mais o objetivo de suscitar pânico na população do que intoxicar e agredir sexualmente as vítimas.

Cultura
‘Marulho': obra monumental de Cildo Meireles é exposta na abadia do Mont-Saint-Michel, na França

Cultura

Play Episode Listen Later Jun 27, 2025 10:12


A abadia do Mont-Saint-Michel, na Normandia, no noroeste da França, acolhe até 16 de novembro a obra "Marulho", do artista brasileiro Cildo Meireles. A exibição integra a programação da temporada França-Brasil 2025.  Daniella Franco, enviada especial da RFI ao Mont-Saint-Michel A instalação imersiva, que pertence à coleção do Centro Nacional de Artes Plásticas da França, foi criada em 1991 e simula uma paisagem marítima por meio de cinco mil fotografias dispostas no chão. Erguida no refeitório dos monges, a obra também é composta por um deck de madeira que convida o público a flutuar sobre esse oceano de papel, ao som de uma trilha sonora em que a palavra "água" é pronunciada em 30 línguas. Mais de 30 anos após a sua concepção, "Marulho" continua extremamente atual, considerada uma obra política e poética, segundo o curador da temporada França-Brasil 2025, Emilio Kalil, presente na inauguração do evento. "Cildo nunca esqueceu do entorno dele, dos problemas não só brasileiros como mundiais. Então a gente vê nessa obra uma reflexão sobre o mar, que hoje é tema principal dos grandes debates internacionais, mas também o problema dos imigrantes, nossos vizinhos que de repente são rejeitados. As vozes fazem nos sentir dentro desse marulho", diz.  O imponente trabalho deste, que é um dos maiores nomes da arte contemporânea do Brasil, foi instalado no interior da abadia do Mont-Saint-Michel, um dos monumentos mais visitados da França e Patrimônio Mundial da Unesco. Para a presidente do Centro dos Monumentos Nacionais da França, Marie Lavandier a exposição é um encontro de gigantes. "'Marulho' foi instalada no refeitório da abadia do Mont-Saint-Michel, um espaço majestoso. À medida que avançamos no deck em meio a esse oceano de fotografias de Cildo, nosso olhar vai encontrar as janelas do refeitório que se revelam uma após a outra. Então, essa é também a descoberta de uma obra de arte contemporânea e a redescoberta desta joia da arquitetura", explica.  Obra chegou de helicóptero Oferecer esse belo espetáculo aos visitantes foi um grande desafio aos organizadores. As peças de madeira que compõem o deck tiveram que ser transportadas por um helicóptero até o topo da abadia, localizada em um rochedo rodeado pelo mar, a 80 metros acima do nível do oceano. Além disso, para posicionar todas as fotografias que representam as ondas, várias pessoas estiveram mobilizadas durante uma semana. Mas segundo a diretora do Centro Nacional das Artes Plásticas da França, Béatrice Salmon, a operação para a montagem de "Marulho", foi um esforço necessário, em nome das reflexões sobre o mar. "Acho que é preciso subir nesse deck, caminhar em meio às ondas, pensar que o Mont-Saint-Michel é rodeado pelo mar e imaginar que subitamente a água entrou na abadia para pensar sobre a importância dos oceanos ao nosso planeta". Salmon observa que o Mont-Saint-Michel está diante da Inglaterra, próximo ao Canal da Mancha, onde há anos migrantes arriscam suas vidas. "Esse mar também é um perigo para muitas pessoas, quando elas tentam atravessá-lo de um país a outro em condições dramáticas. São todas essas reflexões que essa obra permite", ressalta. "Marulho" não é o único trabalho de Cildo Meireles exposto na temporada França-Brasil 2025. Outra obra icônica do artista, "Cruzeiro do Sul", será exibida no espaço Orangerie, no Jardim de Luxemburgo, em Paris, de 3 a 14 de julho. 

Alt+Tab
Drops - Novo papa, jumenta na Flórida, coisas pra não fazer na França e peru que presta

Alt+Tab

Play Episode Listen Later Jun 11, 2025 44:34


OLÁ INTERNET!Neste episódio:Conheça o novo Papa, descubra onde no mundo está a jumenta, saiba o que você não pode fazer na França e confira se o seu pero presta.OUÇA!

Volta ao mundo em 180 segundos
11/06: Parlamento analisa permanência de Netanyahu | Ativista brasileiro recusa deportação de Israel | Cristina Kirchner tem prisão decretada

Volta ao mundo em 180 segundos

Play Episode Listen Later Jun 11, 2025 4:57


Começa a ser analisada hoje no parlamento israelenseuma moção de censura apresentada pela oposição, o que permite aos deputados decidirem sobre a continuidade do governo de Netahyahu. E tem também:- Segue preso o ativista brasileiro Thiago Ávila que fazia parte da missão humanitária Flotilha da Liberdade interceptada pela marinha israelense. Ele recusou assinar os documentos de deportação, faz greve de fome e aguarda audiência judicial- No Brasil, mais de 100 ONGs ambientalistas pedem que seja suspensa imediatamente a venda de petróleo a Israel- Suprema Corte da Argentina confirmou nesta terça-feira a condenação da ex-presidente Cristina Kirchner a seis anos de prisão por corrupção- Ex-aluno de 21 anos invade escola na Áustria e abre fogo matando 10 pessoas e ferindo pelo menos 28- Na França, aluno de 14 anos mata a facadas uma assistente de educação e Macron relaciona tragédia ao acesso irrestrito de adolescentes às redes sociais Notícias em tempo real nas redes sociais Instagram @mundo_180_segundos e Linkedin Mundo em 180 Segundos Fale conosco através do mundo180segundos@gmail.com

Boletim Folha
Lula cobra regulamentação das redes sociais e critica Bolsonaro na França

Boletim Folha

Play Episode Listen Later Jun 6, 2025 5:24


Interpol inclui Zambelli na lista de difusão vermelha a pedido de Moraes. E Trump tem primeira conversa formal com Xi Jinping e bate-boca com Elon Musk.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Rádio PT
BOLETIM | Lula destaca potencial turístico e econômico do Brasil na França

Rádio PT

Play Episode Listen Later Jun 6, 2025 3:37


No encerramento do Fórum Econômico Brasil-França, o presidente Lula defendeu o acordo União Europeia-Mercosul, apresentou os avanços da economia brasileira e destacou o mercado brasileiro as potencialidades agrícolas e turísticas do País. Sonora:

PodCast IDEG
Resumo Semanal - 06/06/2025 - Israel x Palestina, EUA x China, Lula na França, Migração e mais

PodCast IDEG

Play Episode Listen Later Jun 6, 2025 16:58


Futebol no Mundo
Futebol no Mundo #452: Decisão na Itália, títulos de Barça e Palace, definições na Alemanha e na França

Futebol no Mundo

Play Episode Listen Later May 19, 2025 84:16


Nesta edição do Podcast Futebol no Mundo, os comentaristas analisam a última rodada da Série A, o título do Barcelona em LALIGA, a conquista da FA Cup pelo Crystal Palace e mais! Learn more about your ad choices. Visit podcastchoices.com/adchoices

Podcast TenisBrasil

O Brasil perdeu para a França fora de casa, com direito a momentos polêmicos, e o Podcast TenisBrasil convidou Paulo Cleto, ex-capitão da Copa Davis, e Luiz Mattar, um dos maiores nomes do tênis nacional e semifinalista da competição entre países, para analisar o que aconteceu em Orléans neste final de semana. Cleto viu bom desempenho dos brasileiros, tanto em simples quanto nas duplas, ressaltando a dificuldade que é se adaptar a pisos tão velozes, enquanto Mattar enxerga João Fonseca como um tenista com perfeitas características para a Davis. Os dois ainda analisam a polêmica entre Bélgica e Chile, e Mattar relembra o quão duro é jogar o torneio, especialmente no aspecto emocional.

ONU News
Relatora da ONU destaca lições do julgamento do caso Gisèle Pelicot na França

ONU News

Play Episode Listen Later Dec 24, 2024 2:15


Sobrevivente de estupro em massa obteve justiça após ter sido drogada e abusada pelo próprio marido e outros 72 homens durante décadas; especialista da ONU diz que história serve de alerta sobre nível de violência contra mulheres, impunidade dos estupradores e riscos da indústria pornográfica e da oferta de drogas.

ONU News
Academia da OMS mira formação de milhões de profissionais de saúde na França

ONU News

Play Episode Listen Later Dec 18, 2024 1:22


Programas de capacitação serão realizados em modalidade presencial em Lyon e   através de uma plataforma online para todo o mundo; investimento pretende melhorar aptidões de profissionais de saúde em nível global.   

E o Resto é História
Caso Dreyfus: antisemitismo na França do séc. XIX

E o Resto é História

Play Episode Listen Later Oct 23, 2024 58:00


O capitão do exército francês Alfred Dreyfus é uma das grandes figuras do fim do século XIX, devido a uma acusação falsa de espionagem. O escritor Émile Zola saiu em sua defesa, num texto histórico.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Durma com essa
A esquerda venceu na França. Mas Macron abraçou a direita

Durma com essa

Play Episode Listen Later Sep 23, 2024 17:11


Emmanuel Macron realizou nesta segunda-feira (23) sua primeira reunião com o novo conselho de ministros do novo governo, formado por maioria conservadora de partidos de direita, mesmo que a maior parte dos deputados eleitos na disputa legislativa de julho tenha tenha sido do bloco de esquerda. O Durma com Essa mostra os rumos tomados pelo presidente francês e as sinalizações feitas pelo político centrista, inclusive à extrema direita de Marine Le Pen. O programa tem também Marcelo Montanini comentando os ataques de Israel ao Líbano. Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices

Durma com essa
A volta à realidade da política após o fim dos Jogos na França

Durma com essa

Play Episode Listen Later Aug 12, 2024 17:13


Depois de ver seu partido perder a maioria na Assembleia Nacional, Emmanuel Macron disse que só escolheria um novo primeiro-ministro para a França após as Olimpíadas de Paris. Os Jogos terminaram, e o presidente francês ainda não dá sinais de resolver o impasse político. O Durma com Essa desta segunda-feira (12) relembra o resultado das eleições francesas e o que está em jogo na formação de um novo governo no país. O programa traz também Marcelo Roubicek falando sobre a morte do economista Delfim Netto, que foi ministro da Fazenda e da Agricultura na ditadura militar. Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices

Xadrez Verbal
Xadrez Verbal #386 - 2º Turno na França

Xadrez Verbal

Play Episode Listen Later Jul 13, 2024 224:48


Recebemos o professor Thomás Zicman de Barros (Sciences Po) para analisar e comentar o pleito francês.Também passamos pela cúpula da OTAN e por outras notícias do velho continente.No mais, demos um pião pela nossa quebrada latino-americana, com destaque para a cúpula do MERCOSUL - sem a presença de Javier Milei - a visita de Lula à Bolívia.