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Quando Avatar chegou aos cinemas em 2009, não foi apenas um sucesso de bilheteria, foi um divisor de águas na história do cinema. Entre os profissionais responsáveis por dar vida ao universo azul está Mel Quintas, uma brasileira que trabalhou por oito anos diretamente na construção dos efeitos visuais de Avatar 2 e Avatar 3. Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles O filme de James Cameron não apenas se tornou o mais lucrativo de todos os tempos – tendo alcançado quase US$ 3 bilhões em bilheteria –, mas também redefiniu os limites dos efeitos visuais e da tecnologia cinematográfica. Agora, com a estreia de Avatar: Fogo e Cinzas, o público volta a Pandora sabendo que, por trás de uma história, há também um espetáculo visual, criado por Cameron e, claro, com o apoio de toda uma equipe criativa que põe em prática as ideias do gênio. Para Mel, tudo começou em 2009, quando ela viu o primeiro filme da saga: “Eu falei, literalmente, ‘é nesse tipo de filme que eu quero trabalhar, nesse tipo de universo'. Eu queria viver naqueles mundos, poder criá-los e trazer entretenimento também para as pessoas”, revelou Mel em entrevista exclusiva à RFI, direto de Hollywood. Na época, ela tinha 18 anos, vivia em Santos e estava se formando no ensino médio. Mesmo ouvindo de professores que deveria “fazer um teste vocacional para seguir um sonho realista e se inscrever no vestibular no Brasil”, a jovem arrumou as malas e partiu para a faculdade de Animação em Orlando. Cidade que logo também ficou pequena para os planos dela, que queria chegar a Hollywood. “Eu sabia que era o lugar certo para estar se eu quisesse seguir nessa carreira. E, graças a Deus, deu tudo muito certo. Uma coisa foi levando à outra coisa. Tive muita sorte mesmo”, conta. Currículo impressionante da brasileira Em Hollywood, logo o primeiro filme em que Mel trabalhou, Invocação do Mal (2013), já foi sucesso de bilheteria, em seguida foi uma superprodução atrás da outra. “No início, eu trabalhei mais na parte de conversão dos filmes para 3D. Na época, era o grande boom. Todo mundo queria fazer todos os filmes em 3D. Eles filmavam em 2D e aí convertíamos para 3D. Trabalhei em Homem de Ferro 3, Guardiões da Galáxia, Star Trek, Star Wars, Planeta dos Macacos, X-Men”, enumera Mel. Mas a lista é bem mais longa. Em 13 anos em Hollywood, a santista já acumula impressionantes 40 filmes no currículo, entre eles alguns dos campeões de bilheteria da última década, e a jornada a Pandora, da qual ela participou nos últimos oito anos. “O mais importante é acreditar. Não deixe que digam para você ser mais realista. Para sair da realidade em que você está, primeiro você precisa acreditar que pode viver em outra”, afirma. Avatar e James Cameron Em Avatar, Mel integrou a equipe responsável por criar as sequências do filme. Na prática, isso significa participar da construção do longa desde a pré-produção. “No nosso caso, era um negócio bem abrangente, porque a gente tinha que fazer de tudo. Estávamos montando o filme, literalmente montando o escopo do filme para ele se tornar alguma coisa. Esse processo começa desde a pré-produção, que a gente chama de pré-visualização de algumas cenas do filme, imaginando como vai ser essa sequência de ação. Uma animação mais rápida, não uma renderização final. Isso inclui capturar os atores no set para ver se estava dando certo, montar as cenas e gravar com câmeras virtuais”, explica. As filmagens começaram em 2017, com regravações, ajustes e trabalho contínuo no departamento do qual Mel fez parte até julho de 2025. A brasileira trabalhou em grande parte das sequências do longa, que tem 3h17min de duração, e acompanhou de perto cada detalhe. Ela fez parte de uma equipe de cerca de 30 pessoas dentro da Lightstorm Entertainment, produtora de James Cameron. E estar nos projetos de Avatar 2 e 3 também significou conviver de perto com o cineasta, considerado um dos mais importantes e visionários da atualidade. “Ele é um gênio. Mais do que isso: ele explica tudo o que está fazendo. Ele gosta de ensinar”, diz Mel. “É uma aprendizagem que vale mais do que qualquer faculdade. Estar perto de uma pessoa assim é surreal. Foi como uma faculdade diária.” Do sonho adolescente ao Oscar O sonho que virou realidade já veio acompanhado de um Oscar. Avatar: O Caminho da Água (2022) venceu o prêmio de Melhores Efeitos Visuais. “No dia seguinte ao prêmio, eu fui dar parabéns ao meu supervisor, que foi quem recebeu o Oscar, e ele me disse: ‘Esse prêmio é de todos nós; não existe esse prêmio sem vocês'. Acho que a gente não recebe esse reconhecimento em todos os lugares; aqui tem muito disso”, diz a brasileira. E tudo indica que a equipe vai estar, de novo, na festa do Oscar em 15 de março de 2026. O filme que estreou nesta semana nos cinemas brasileiros acaba de aparecer na lista dos dez pré-selecionados para disputar - novamente - na categoria de Melhores Efeitos Visuais. “Eu estou feliz que faço parte de algo tão grandioso com uma história sobre família e que a gente pode celebrar juntos todos esses anos de trabalho. Sempre tem momentos altos e baixos, mais altos. Mas é bom poder ser recompensada de alguma forma. Não é nem sobre ganhar o prêmio, mas saber que a gente fez parte disso e chegamos lá”, conclui Mel Quintas.
Quando Avatar chegou aos cinemas em 2009, não foi apenas um sucesso de bilheteria, foi um divisor de águas na história do cinema. Entre os profissionais responsáveis por dar vida ao universo azul está Mel Quintas, uma brasileira que trabalhou por oito anos diretamente na construção dos efeitos visuais de Avatar 2 e Avatar 3. Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles O filme de James Cameron não apenas se tornou o mais lucrativo de todos os tempos – tendo alcançado quase US$ 3 bilhões em bilheteria –, mas também redefiniu os limites dos efeitos visuais e da tecnologia cinematográfica. Agora, com a estreia de Avatar: Fogo e Cinzas, o público volta a Pandora sabendo que, por trás de uma história, há também um espetáculo visual, criado por Cameron e, claro, com o apoio de toda uma equipe criativa que põe em prática as ideias do gênio. Para Mel, tudo começou em 2009, quando ela viu o primeiro filme da saga: “Eu falei, literalmente, ‘é nesse tipo de filme que eu quero trabalhar, nesse tipo de universo'. Eu queria viver naqueles mundos, poder criá-los e trazer entretenimento também para as pessoas”, revelou Mel em entrevista exclusiva à RFI, direto de Hollywood. Na época, ela tinha 18 anos, vivia em Santos e estava se formando no ensino médio. Mesmo ouvindo de professores que deveria “fazer um teste vocacional para seguir um sonho realista e se inscrever no vestibular no Brasil”, a jovem arrumou as malas e partiu para a faculdade de Animação em Orlando. Cidade que logo também ficou pequena para os planos dela, que queria chegar a Hollywood. “Eu sabia que era o lugar certo para estar se eu quisesse seguir nessa carreira. E, graças a Deus, deu tudo muito certo. Uma coisa foi levando à outra coisa. Tive muita sorte mesmo”, conta. Currículo impressionante da brasileira Em Hollywood, logo o primeiro filme em que Mel trabalhou, Invocação do Mal (2013), já foi sucesso de bilheteria, em seguida foi uma superprodução atrás da outra. “No início, eu trabalhei mais na parte de conversão dos filmes para 3D. Na época, era o grande boom. Todo mundo queria fazer todos os filmes em 3D. Eles filmavam em 2D e aí convertíamos para 3D. Trabalhei em Homem de Ferro 3, Guardiões da Galáxia, Star Trek, Star Wars, Planeta dos Macacos, X-Men”, enumera Mel. Mas a lista é bem mais longa. Em 13 anos em Hollywood, a santista já acumula impressionantes 40 filmes no currículo, entre eles alguns dos campeões de bilheteria da última década, e a jornada a Pandora, da qual ela participou nos últimos oito anos. “O mais importante é acreditar. Não deixe que digam para você ser mais realista. Para sair da realidade em que você está, primeiro você precisa acreditar que pode viver em outra”, afirma. Avatar e James Cameron Em Avatar, Mel integrou a equipe responsável por criar as sequências do filme. Na prática, isso significa participar da construção do longa desde a pré-produção. “No nosso caso, era um negócio bem abrangente, porque a gente tinha que fazer de tudo. Estávamos montando o filme, literalmente montando o escopo do filme para ele se tornar alguma coisa. Esse processo começa desde a pré-produção, que a gente chama de pré-visualização de algumas cenas do filme, imaginando como vai ser essa sequência de ação. Uma animação mais rápida, não uma renderização final. Isso inclui capturar os atores no set para ver se estava dando certo, montar as cenas e gravar com câmeras virtuais”, explica. As filmagens começaram em 2017, com regravações, ajustes e trabalho contínuo no departamento do qual Mel fez parte até julho de 2025. A brasileira trabalhou em grande parte das sequências do longa, que tem 3h17min de duração, e acompanhou de perto cada detalhe. Ela fez parte de uma equipe de cerca de 30 pessoas dentro da Lightstorm Entertainment, produtora de James Cameron. E estar nos projetos de Avatar 2 e 3 também significou conviver de perto com o cineasta, considerado um dos mais importantes e visionários da atualidade. “Ele é um gênio. Mais do que isso: ele explica tudo o que está fazendo. Ele gosta de ensinar”, diz Mel. “É uma aprendizagem que vale mais do que qualquer faculdade. Estar perto de uma pessoa assim é surreal. Foi como uma faculdade diária.” Do sonho adolescente ao Oscar O sonho que virou realidade já veio acompanhado de um Oscar. Avatar: O Caminho da Água (2022) venceu o prêmio de Melhores Efeitos Visuais. “No dia seguinte ao prêmio, eu fui dar parabéns ao meu supervisor, que foi quem recebeu o Oscar, e ele me disse: ‘Esse prêmio é de todos nós; não existe esse prêmio sem vocês'. Acho que a gente não recebe esse reconhecimento em todos os lugares; aqui tem muito disso”, diz a brasileira. E tudo indica que a equipe vai estar, de novo, na festa do Oscar em 15 de março de 2026. O filme que estreou nesta semana nos cinemas brasileiros acaba de aparecer na lista dos dez pré-selecionados para disputar - novamente - na categoria de Melhores Efeitos Visuais. “Eu estou feliz que faço parte de algo tão grandioso com uma história sobre família e que a gente pode celebrar juntos todos esses anos de trabalho. Sempre tem momentos altos e baixos, mais altos. Mas é bom poder ser recompensada de alguma forma. Não é nem sobre ganhar o prêmio, mas saber que a gente fez parte disso e chegamos lá”, conclui Mel Quintas.
Confira os destaques de Os Pingos nos Is desta quinta-feira (18):A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados decidiu pela cassação dos mandatos de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ). A decisão foi assinada pelo presidente da Casa, Hugo Motta, e teve como base o acúmulo de faltas parlamentares. Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde fevereiro e não tinha autorização para votar à distância. A Polícia Federal deflagrou uma operação que tem como alvo o vice-líder do governo no Congresso no âmbito da investigação sobre um esquema bilionário de fraudes no INSS. Segundo a PF, há indícios de que assessores teriam recebido recursos desviados da Previdência. O caso amplia a crise política e pressiona o Planalto em meio às investigações.A troca no comando do Ministério do Turismo indica uma reaproximação entre o Centrão e o governo federal. Após a saída de Celso Sabino, o União Brasil indicou um novo nome para a pasta, em meio às movimentações políticas de olho nas eleições de 2026. A mudança ocorre após semanas de tensão entre o partido e o Planalto. O presidente Lula (PT) afirmou que irá vetar o projeto de lei da dosimetria, que reduz penas de condenados pelos atos de 8 de Janeiro. Segundo o chefe do Executivo, ele não foi informado sobre o acordo no Congresso que permitiu o avanço da proposta e defendeu punição rigorosa aos envolvidos. Mesmo com o veto, o Congresso pode analisar a derrubada da decisão. O presidente da Argentina, Javier Milei, determinou a suspensão do uso de veículos e motoristas oficiais por autoridades do país. Segundo o governo, a medida faz parte da política de corte de gastos considerados desnecessários e da revisão das estruturas administrativas. A decisão está alinhada à estratégia de austeridade fiscal adotada pela atual gestão. Os Estados Unidos devem divulgar de forma integral os arquivos do caso Jeffrey Epstein, acusado de abuso sexual e tráfico de menores, conforme determina a lei federal. A expectativa é grande porque os documentos citam nomes de figuras públicas e autoridades internacionais. Parlamentares democratas já divulgaram imagens, registros e mensagens que integram o material investigado. Você confere essas e outras notícias em Os Pingos nos Is.
Bruno Cardoso Reis fala numa conferência de imprensa de Putin "pouco esclarecedora". Sobre o Médio Oriente, o historiador destaca a falta de passos decisivos rumo a um possível acordo de paz.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Mais acidentes, mais feridos, mas, felizmente, menos mortos. Mesmo assim, os portugueses continuam a ser pouco prudentes na estrada. Nesta época festiva, como diz a ANSR, o melhor presente é estar presente.
O Museu Guimet apresenta em Paris a exposição “Mangá. Uma arte completa!”, uma imersão nas origens e na evolução do mangá. A mostra reúne obras raras, revistas históricas e peças das coleções japonesas para revelar tradições, influências ocidentais e a força criativa de mestres dos séculos 20 e 21 — uma viagem ao universo que transformou o mangá em verdadeiro fenômeno global. Márcia Bechara, da RFI em Paris Em vitrines e painéis, visitantes percorrem séculos de narrativas gráficas japonesas, do teatro nô às primeiras experiências com animação, passando pelo humor satírico da imprensa e pela explosão de gêneros que marcou o século 20. A curadoria é assinada por Estelle Bauer, que sublinha o ineditismo da iniciativa. “Eu acho que é a primeira vez que mangás são expostos em um museu de Belas Artes, numa instituição parisiense. Eles estão muito curiosos no Japão com os resultados dessa exposição”, refletiu. A declaração resume o impacto institucional dessa entrada definitiva do mangá no circuito das artes visuais da capital francesa. Especialista em arte japonesa, Bauer explica como buscou evidenciar a profunda ligação entre os mangás contemporâneos e a iconografia ancestral do Japão. “Eu sou historiadora da arte japonesa, então olho os mangás com essa referência e esse conhecimento da arte antiga do país. Isso era uma evidência, existe uma imensidão de relações entre o Japão antigo e os personagens do mangá que usam, por exemplo, máscaras de teatro antigas", exemplificou. "Há cenas que são tiradas diretamente de lendas japonesas. Foi umpouco isso que tentamos mostrar.” A exposição revela esse diálogo ao aproximar obras do acervo tradicional do museu — esculturas, máscaras, pinturas — das narrativas visuais dos mangakás modernos", destaca. Conexões estruturais dos mangás Para Bauer, essas conexões não são apenas estilísticas, mas estruturais para o trabalho de criação dos autores. “Os mangakás se inspiraram muito de sua tradição, de sua cultura visual, e foi isso que tentamos mostrar na exposição, criando uma espécie de diálogo entre as obras do museu, as obras de coleções patrimoniais e os mangás.” Em um dos núcleos mais comentados da mostra, uma escultura rara exemplifica essa relação direta com o imaginário pop. “Acho que o autor de Dragon Ball se inspirou de aspectos variados da tradição japonesa, mas uma das referências possíveis é o dragão que caça a Pérola da Sabedoria. Apresentamos, durante a exposição, uma escultura que faz referência a isso, e que, na verdade, foi um presente do antepenúltimo Shogun do Japão ao imperador Napoleão 3° em 1864.” Um olhar complementar sobre a mostra é o de Valentin Paquot, especialista em mangás e consultor do catálogo da exposição. Ele chama atenção para a dimensão industrial e econômica desse universo, frequentemente esquecida em debates artísticos. “Houve uma abordagem realmente industrial e não somente artística na criação dos mangás. É claro que se trata de um gênero artístico legítimo, mas, por trás dos mangás, existe também muito dinheiro... Apenas em 2024, esse mercado gerou 704 bilhões de yens somente no Japão, ou seja, um total equivalente a € 4 bilhões, é uma soma colossal. Nós adoraríamos dispor de um orçamento igual para os quadrinhos na França”, compara. Leia tambémDiva do mangá, japonesa é segunda mulher a vencer o Festival Internacional de HQ da França Paquot lembra que o boom editorial japonês, impulsionado pelo pós-guerra e pelo baby boom, foi decisivo para a consolidação de um mercado de larga escala. “É um segmento muito mercantilizado, com um volume enorme de revistas. Essa explosão começou na época do baby boom japonês, com mais de 80 revistas mensais na época. E, além disso, o mangá também foi muito usado como veículo de publicidade.” Paquot também destaca a presença marcante dos yōkai, seres sobrenaturais do folclore japonês que atravessam tanto mangás quanto animes. “Se nos voltarmos ao que chamamos de yokais, ou seja, aos monstros japoneses, que estão muito bem sublinhados nessa exposição, podemos ver o incrível bestiário presente nesse repertório japonês, e, na verdade, trata-se de uma gramática muito conhecida lá. Isso quer dizer que, se usamos um determinado personagem, sabemos com antecedência a mensagem que se quer passar...” Segundo ele, essa gramática visual não impede liberdade criativa — ao contrário. “E se o mangaká tiver vontade de brincar, ele pode criar o que chamamos de ‘gap', uma surpresa, ou seja, ele vai utilizar um monstro do qual é esperado um determinado comportamento, mas que vai fazer exatamente o oposto. Os mangakás adoram nos surpreender desse jeito...” Tradição e cultura pop em diálogo “Manga. Tout un art!” ocupa três andares do Museu Guimet e foi concebida para apresentar o mangá em paralelo às coleções asiáticas da instituição — de máscaras do teatro Nô, vestes de samurais e katanas a desenhos originais de Dragon Ball, One Piece, Naruto e Astro Boy. A curadoria apostou em uma montagem dinâmica que atrai o público jovem sem perder densidade histórica. Um dos pontos altos é a sala dedicada à Grande Onda, um clássico de Katsushika Hokusai (1830/1831), onde se discute como o “traço claro e estruturado” do mestre "antecipa códigos narrativos dos quadrinhos modernos" — e como essa iconografia segue influenciando autores e estilistas. A mostra também destaca o papel de Osamu Tezuka, cujas séries Astro Boy e A Princesa e o Cavaleiro ajudaram a revolucionar linguagem e formatos, abrindo caminho para gêneros como o shōjo (voltado originalmente para meninas) e para movimentos mais adultos como o gekiga. Como gesto de ponte com novas gerações, o cartaz da exposição foi encomendado ao mangaká francês Reno Lemaire (Dreamland), reforçando o diálogo entre tradição japonesa e produção contemporânea. De onde vem o mangá: raízes, encontros e viradas Embora o termo “mangá” tenha sido popularizado por Hokusai no século XIX e hoje seja associado às HQs japonesas, suas raízes remetem aos emaki (rolos narrativos) da era medieval e ao repertório do ukiyo‑e. A exposição em Paris parte exatamente dessa genealogia para ler o mangá como herdeiro de séculos de visualidade. O encontro com o Ocidente, no fim do século XIX, incorporou a tradição de caricatura e sátira dos jornais europeus, catalisando o nascimento do mangá moderno com autores como Kitazawa Rakuten. Já na primeira metade do século 20, o kamishibai — o “teatro de papel” de rua — refinou a narrativa seriada e a relação direta com o público, elementos que migram depois para as revistas e, mais tarde, para o anime televisivo. O kamishibai tem raízes nos emaki e em práticas de narração pictórica (etoki); sua “era de ouro”, nas décadas de 1930–50, antecede a popularização da TV — não à toa apelidada de “kamishibai elétrico”. Muitos artistas transitaram do kamishibai para o mangá e o anime, sedimentando técnicas e modos de contar histórias que hoje são marca do quadrinho japonês. Uma paixão brasileira? O Brasil tem uma relação de longa data com o mangá e o anime. Lobo Solitário chegou ao país em 1988, e a consolidação do formato “de trás para frente” se deu de forma massiva com Dragon Ball, no início dos anos 2000. A partir daí, editoras especializadas e selos de grandes grupos aceleraram a oferta e profissionalizaram a distribuição. O resultado aparece nas vendas: entre julho de 2023 e julho de 2024, 71% dos 100 quadrinhos mais vendidos em livrarias brasileiras foram mangás — com liderança da Panini, seguida pela JBC (adquirida pela Companhia das Letras em 2022), entre outros selos. Em outro recorte, os mangás concentraram 46,7% das vendas do mercado de quadrinhos no país, confirmando o apelo da cultura pop japonesa. Esse interesse transborda para eventos e streaming. A CCXP, maior festival de cultura pop do mundo em público, reuniu 287 mil pessoas em 2023; e a Crunchyroll anunciou, em 2024, que o Brasil já é seu segundo maior mercado de assinantes globais — impulsionando dublagens, estreias em cinema e ativações de grande porte. Mesmo num cenário em que o hábito de leitura geral encolheu — o país perdeu cerca de 6,7 milhões de leitores em quatro anos, segundo a pesquisa Retratos da Leitura 2024, organizada pelo Instituto Pró‑Livro (IPL) — o mangá mantém tração ao se apoiar em uma cadeia multimídia (animes, games, produtos licenciados) e em comunidades de fãs muito engajadas. Números, gêneros e linguagem do mangá Para além do rótulo “quadrinho japonês”, o mangá se organiza por segmentação etária e temática (shōnen, shōjo, seinen, josei etc.) e por gêneros que vão do épico de ação à introspecção psicológica, passando por romance escolar e ficção científica — uma diversidade que facilita identificação e renovação de leitores. A transposição para anime e o modelo em formato de série na publicação ajudam a sustentar fidelização e vendas recorrentes. No Brasil, essa dinâmica se reflete em listas de mais vendidos dominadas por franquias como One Piece, Demon Slayer e Jujutsu Kaisen, ao lado dos clássicos nacionais infantis — um arranjo que mostra coexistência de perfis geracionais e explica o espaço dos mangás nas prateleiras e nos eventos.
No 40º episódio do ConsCiência Política, podcast da Revista Brasileira de Ciência Política (RBCP), Rebecca Abers entrevista Teresa Sacchet e Hannah Maruci Aflalo sobre o artigo "Não é só sobre dinheiro: diferentes dimensões do financiamento eleitoral em perspectiva de gênero e raça no Brasil", publicado no nº 44 da revista. O artigo tem como co-autores, junto com Teresa e Hannah, Marcus Vinícius C. Alves e Vanilda Souza Chaves.
O ex-presidente Jair Bolsonaro precisa passar por uma cirurgia. É o que concluiu uma perícia médica do Instituto de Criminalística da Polícia Federal. Bolsonaro tem uma hérnia inguinal bilateral./ O procedimento é eletivo. Mesmo não sendo urgente, os peritos orientaram que a cirurgia precisa ser realizada o mais breve possível.
O nascimento em Belém Por essa altura, o imperador Augusto decretou que se fizesse o recenseamento de toda a população do império romano. Foi o primeiro recenseamento quando Quirino era governador da Síria. Todos iam inscrever-se, cada um na sua cidade. Por isso José partiu de Nazaré, na província da Galileia, e foi para a cidade de David que se chama Belém, na província da Judeia. Como José era descendente de David, foi lá inscrever-se levando consigo Maria, sua noiva , que estava grávida. Enquanto estavam em Belém, chegou o momento de Maria dar à luz. Nasceu-lhe então o menino, que era o seu primeiro filho. Envolveu-o em panos e deitou-o numa manjedoura, por não conseguirem arranjar lugar na casa. Leitura bíblica em Lucas 2:1-7 Como a gravidez inesperada de Maria, hoje também conseguimos reconhecer milagres que ocorrem na nossa vida. Mas, mesmo quando tudo parece estar bem, não controlamos as circunstâncias da nossa vida. Maria e José foram confrontados com decisões de governação que implicavam uma viagem longa e mais impostos. A exigência acrescia-se por se tratar do final da gravidez, quando o descanso e a preparação da chegada do seu bebé eram essenciais. Esta viagem requereu esforço físico e psicológico e, quanto não bastasse, ao chegarem ao destino, não havia nenhum local para se alojarem. Nenhum familiar os poderia ter recebido? A vulnerabilidade de uma mulher grávida não foi suficiente para ser acolhida? Estaríamos nós dispostos a fazê-lo? O relato bíblico não especifica, mas é possível que Maria, uma jovem mulher, tenha tido o seu primeiro filho sem ajuda de outras mulheres, inclusive parteiras, sem conforto. O nosso Salvador foi deitado numa manjedoura, um recipiente onde se deposita a comida para o gado. Mesmo numa família pobre da Judeia, tal não aconteceria. Os bebés eram deitados em berços de junco e tecidos. Creio que não será difícil empatizarmos com a história de Maria e José, colocando-nos no lugar de cada um, homens ou mulheres. Apesar da distância temporal que nos separa, os desafios pessoais e familiares narrados na Bíblia não diferem substancialmente dos teus e dos meus. A burocracia que arrasta processos sem fim à vista, impostos e aumento do custo de vida que implicam acertos nas nossas finanças, a crise na habitação, a dificuldade na garantia de cuidados de saúde urgentes, a expectativa na constituição e alargamento da família, a apatia perante o sofrimento do outro e a ausência de condições básicas de vida… Seja qual for a circunstância ou adversidade, coloca-nos a todos no mesmo plano, de dependência de Deus! O nascimento de Jesus não poderia ter ocorrido noutra cidade que não Belém, a profecia tinha de ser cumprida. Podemos não conseguir entender (a dado momento ou em vez alguma) o caminho tortuoso que trilhamos, mas é a convicção que as promessas de Deus nunca falham e que Ele nos capacita à medida de cada desafio que nos dará a firmeza para Lhe obedecermos. Porque a Seu tempo surge a bênção na adversidade, o bebé Jesus para Maria e José, o nosso amigo sempre presente, Senhor e Salvador Jesus. Oração: Senhor, és um Deus fiel, as Tuas promessas não falham. Ajuda-me a confiar no Teu propósito para a minha vida e a reconhecer com alegria a maior dádiva que recebi de Ti, o Teu Filho Jesus. Em Teu nome, amém. - Tânia Inverno Neste tempo pede a Deus força para esperar com confiança. Agradece pela alegria que Ele coloca no teu dia. Entrega-Lhe aquilo que te preocupa. Pergunta: o que queres que eu faça hoje para viver mais perto de Ti?
Bruno Cardoso Reis fala numa conferência de imprensa de Putin "pouco esclarecedora". Sobre o Médio Oriente, o historiador destaca a falta de passos decisivos rumo a um possível acordo de paz.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A aluna Raiane entrou em contato com os professores Renato e Cristiane Cardoso para perguntar se há como salvar um casamento que não tem mais intimidade há cerca de um ano. Segundo a aluna, os dois ainda vivem debaixo do mesmo teto porque têm um filho. Em seguida, outra aluna, Denise, disse que está casada há pouco mais de dois anos. O companheiro tem dois filhos de casamentos diferentes e, com isso, mantém contato com as respectivas mães das crianças. Contudo, o que a incomoda são as atitudes da mãe do filho mais velho, pois ela não perde a oportunidade de querer aparecer.Denise comentou que se controla ao máximo, mas o esposo sabe o quanto isso a incomoda e, por isso, cortou esse modo de agir da ex. A aluna disse que tem ciúmes e pediu uma dica de como agir, pois, tem receio de fazer algo errado e perdê-lo.Ele não quer maisAdemais, Jéssica conheceu um rapaz, começaram a namorar e logo foram morar juntos. Sempre se deram muito bem, mas ele sempre dizia que não a amava como ela o amava. Mesmo assim, eles continuaram. De repente, ele disse que não queria mais nada, mas ela não tem para onde ir e, por isso, ainda moram juntos, porém em quartos separados. Ela continua tentando agradá-lo, e ele disse que não há como permanecerem juntos e que é melhor deixar as coisas acontecerem. Jéssica perguntou aos professores como fazer isso.Terapia do AmorAdemais, Nicole compartilhou como era sua vida amorosa antes de participar das palestras. Confira de que maneira ela abriu os olhos para o amor inteligente.Nesta quinta-feira (18), às 20h, participe da Terapia do Amor especial, no Templo de Salomão, no Brás, em São Paulo, com a presença do Bispo Edir Macedo e dona Ester Bezerra, que estão celebrando 54 anos de casados. Na oportunidade, eles irão compartilhar os segredos para um casamento feliz. Para mais locais e endereços, acesse terapiadoamor.tv ou ligue para (11) 3573-3535.Bem-vindos à Escola do Amor Responde, confrontando os mitos e a desinformação nos relacionamentos. Onde casais e solteiros aprendem o Amor Inteligente. Renato e Cristiane Cardoso, apresentadores da Escola do Amor, na Record TV, e autores de Casamento Blindado e Namoro Blindado, tiram dúvidas e respondem perguntas dos alunos. Participe pelo site EscoladoAmorResponde.com. Ouça todos os podcasts no iTunes: rna.to/EdARiTunes
Presidente da República criticou o projeto de lei aprovado no Senado, mas não recriminou seu líder de governo na CasaMeio-Dia em Brasília traz as principais notícias e análises da política nacional direto de Brasília. Com apresentação de José Inácio Pilar e Wilson Lima, o programa aborda os temas mais quentes do cenário político e econômico do Brasil. Com um olhar atento sobre política, notícias e economia, mantém o público bem informado. Transmissão ao vivo de segunda a sexta-feira às 12h. Apoie o jornalismo Vigilante: 10% de desconto para audiência do Meio-Dia em Brasília https://bit.ly/meiodiaoa Siga O Antagonista no X: https://x.com/o_antagonista Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp. Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais. https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344 Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
Networking não é sobre cartões de visita. É sobre criar pontos e manter o capital relacional em circulação. No palco do FROTA Summit 2025, Pedro Waengertner traz uma nova perspectiva sobre como cultivar conexões genuínas em tempos de excesso de tecnologia e escassez de atenção.Mesmo sendo introvertido, Pedro construiu sua trajetória com base em redes diversas e mostra, com histórias reais, como o valor das conexões está mais em como nos relacionamos do que em quantos contatos temos. Ele fala sobre o poder dos laços fracos, a importância de combinar mundos diferentes e a arte de ser útil antes de ser lembrado.Também discutimos:Por que a automação esvazia o valor das conexões digitaisComo pequenas ações criam grandes oportunidades no futuroE por que manter sua rede ativa é tão importante quanto atualizar o currículoSe você acha que networking é forçado, ou não sabe por onde começar, este episódio pode mudar sua forma de enxergar (e cultivar) relações profissionais.Dá o play e vem com a gente!
SINTA-SE B.E.M. EM 2026: sintasebemagora.com/?utm_source=spotify1402026 não chega pedindo pressa.Ele chega mudando o ponto interno de onde você vive a sua vida.Talvez você esteja cansado, não apenas fisicamente ou emocionalmente, mas de viver em modo sobrevivência. De reagir o tempo todo, de se adaptar sem parar, de sentir que está sempre um passo atrás da própria vida. Mesmo quando, por fora, tudo parece estar “em ordem”.O Ano Universal 1 inaugura um novo ciclo. E ele não pergunta o que você vai fazer de diferente.Ele pergunta algo muito mais profundo: de que lugar você está vivendo a sua vida?Neste episódio, falamos sobre:Por que sobreviver foi necessário, mas não é mais suficiente em 2026O que realmente significa o Ano 1, além da ideia superficial de recomeçosA diferença entre reagir automaticamente e escolher com consciênciaComo padrões inconscientes do passado continuam decidindo por vocêPor que 2026 torna esses padrões impossíveis de ignorar2026 não exige respostas imediatas.Ele exige honestidade interna.Quando o lugar de onde você vive muda, as escolhas mudam.E, a partir disso, a vida começa a responder de outra forma.Se essa reflexão fez sentido para você, curta o vídeo, deixe um comentário, compartilhe com quem precisa ouvir isso e inscreva-se no canal.A Saída é Para Dentro.________________________________________Quer receber um mapa personalizado com toda a numerologia relacionada à sua vida? Acesse: https://asaidaeparadentro.com/numerologia-sagrada-do-ser/?utm_source=spotify140
Em abril deste ano foi anunciada a detecção de possíveis sinais de vida extraterrestre num planeta fora do sistema solar com o telescópio espacial James Webb, mas a descoberta não foi confirmada. Afinal, tem ou não tem vida nesse outro planeta? Que planeta é esse? Como é possível saber alguma coisa sobre um planeta distante? Este episódio do Oxigênio vai encarar essas questões com a ajuda de dois astrônomos especialistas no assunto: o Luan Ghezzi, da UFRJ, e a Aline Novais, da Universidade de Lund, na Suécia. Vamos saber um pouco mais sobre como é feita a busca por sinais de vida nas atmosferas de exoplanetas. __________________________________________________________________________________________________ ROTEIRO Danilo: Você se lembra de quando uma possível detecção de sinais de vida extraterrestre virou notícia de destaque em abril deste ano, 2025? Se não, deixa eu refrescar a sua memória: usando o telescópio espacial James Webb, pesquisadores teriam captado sinais da atmosfera de um exoplaneta que indicariam a presença de um composto químico que aqui na Terra é produzido pela vida, algo que no jargão científico é chamado de bioassinatura. A notícia bombou no mundo todo. Aqui no Brasil, o caso teve tanta repercussão que a Folha de São Paulo dedicou um editorial só para isso – os jornais costumam comentar política e economia nos editoriais, e raramente dão espaço para assuntos científicos. Nos dois meses seguintes, outros times de pesquisadores publicaram pelo menos quatro estudos analisando os mesmos dados coletados pelo James Webb e concluíram que as possíveis bioassinaturas desaparecem quando outros modelos são usados para interpretar os dados. Sem o mesmo entusiasmo, os jornais noticiaram essas refutações e logo o assunto sumiu da mídia. Afinal, o que aconteceu de fato? Tem ou não tem vida nesse outro planeta? Aliás, que planeta é esse? Como é possível saber alguma coisa sobre um planeta distante? Eu sou Danilo Albergaria, jornalista, historiador, e atualmente pesquiso justamente a comunicação da astrobiologia, essa área que estuda a origem, a evolução e a possível distribuição da vida no universo. Nesse episódio, com a ajuda de dois astrofísicos, o Luan Ghezzi e a Aline Novais, vou explicar como os astrofísicos fazem as suas descobertas e entender porque a busca por sinais de vida fora da Terra é tão complicada e cheia de incertezas. Esse é o primeiro episódio de uma série que vai tratar de temas relacionados à astrobiologia. [Vinheta] Danilo: Eu lembro que li a notícia quentinha, assim que ela saiu no New York Times, perto das dez da noite daquela quarta-feira, dia 16 de abril de 2025. No dia seguinte, acordei e fui checar meu Whatsapp, já imaginando a repercussão. Os grupos de amigos estavam pegando fogo com mensagens entusiasmadas, perguntas, piadas e memes. Os grupos de colegas pesquisadores, astrônomos e comunicadores de ciência, jornalistas de ciência, também tinham um monte de mensagens, mas o tom era diferente. Em vez de entusiasmo, o clima era de preocupação e um certo mau-humor: “de novo DMS no K2-18b fazendo muito barulho”, disse uma cientista. Outra desabafou: “eu tenho coisa melhor pra fazer do que ter que baixar a fervura disso com a imprensa”. Por que o mal-estar geral entre os cientistas? Já chego lá. Os cientistas eram colegas que eu tinha conhecido na Holanda, no tempo em que trabalhei como pesquisador na Universidade de Leiden. Lá eu pesquisei a comunicação da astrobiologia. Bem no comecinho do projeto – logo que eu cheguei lá, em setembro de 2023 – saiu a notícia de que um possível sinal de vida, um composto chamado sulfeto de dimetila, mais conhecido pela sigla DMS, havia sido detectado num planeta a 124 anos-luz de distância da Terra, o exoplaneta K2-18b. Eu vi a repercussão se desenrolando em tempo real: as primeiras notícias, os primeiros comentários críticos de outros cientistas, a discussão nas redes sociais e blogs. Como eu estava no departamento de astronomia de Leiden, vi também como isso aconteceu por dentro da comunidade científica: os astrônomos com quem conversei na época estavam perplexos com a forma espalhafatosa com que o resultado foi comunicado. O principal era: eles não estavam nem um pouco animados, otimistas mesmo de que se tratava, de verdade, da primeira detecção de vida extraterrestre. Por que isso estava acontecendo? Vamos começar a entender o porquê sabendo um pouco mais sobre o exoplaneta K2-18b, em que os possíveis sinais de vida teriam sido detectados. Primeiro: um exoplaneta é um planeta que não orbita o Sol, ou seja, é um planeta que está fora do sistema solar (por isso também são chamados de extrassolares). Existem planetas órfãos, que estão vagando sozinhos pelo espaço interestelar, e planetas girando em torno de objetos exóticos, como os pulsares, que são estrelas de nêutrons girando muito rápido, mas quando os astrônomos falam em exoplaneta, quase sempre estão falando sobre um planeta que gira em torno de outra estrela que não Sol. O Sol é uma estrela, obviamente, mas o contrário da frase geralmente a gente não ouve, mas que é verdade… as estrelas são como se fossem sóis, elas são sóis. As estrelas podem ser maiores, mais quentes e mais brilhantes do que o Sol – muitas das estrelas que vemos no céu noturno são assim. Mas as estrelas também podem ser menores, mais frias e menos brilhantes do que o Sol – as menores são chamadas de anãs vermelhas. Elas brilham tão pouco que não dá para vê-las no céu noturno a olho nu. O K2-18b é um planeta que gira em torno de uma dessas anãs vermelhas, a K2-18, uma estrela que tem menos da metade do tamanho do Sol. Só que o planeta é relativamente grande. Luan Ghezzi: Ele é um planeta que tem algo entre 8 e 9 vezes a massa da Terra, ou seja, é um planeta bem maior do que a Terra. E ele tem um raio ali aproximado de 2.6 vezes o raio da Terra. Então, com essa massa e com esse raio há uma dúvida se ele seria uma super-Terra, ou se ele seria o que a gente chama de Mini-Netuno, ou seja, super-Terra, são planetas terrestres, mas, porém, maiores do que a Terra. Mini-Netunos são planetas parecidos com o Netuno. Só que menores. Mas com essa junção de massa e raio, a gente consegue calcular a densidade. E aí essa densidade indicaria um valor entre a densidade da Terra e de Netuno. Então tudo indica que esse K2-18b estaria aí nesse regime dos mini-Netunos, que é uma classe de planetas que a gente não tem no sistema solar. Danilo: Netuno é um gigante gelado e ele tem uma estrutura muito diferente da Terra, uma estrutura que (junto com o fato de estar muito distante do Sol) o torna inabitável, inabitável à vida como a gente a conhece. Mini-Netunos e Super-Terras, de tamanho e massa intermediários entre a Terra e Netuno, não existem no sistema solar, mas são a maioria entre os mais de 6 mil exoplanetas descobertos até agora. A estrela-mãe do K2-18b é bem mais fria, ou menos quente do que o Sol: enquanto o Sol tem uma temperatura média de 5500 graus Celsius, a temperatura da K2-18 não chega a 3200 graus. Então, se a gente imaginasse que o Sol fosse “frio” assim (frio entre aspas), a temperatura aqui na superfície da Terra seria muito, mas muito abaixo de zero, o que provavelmente tornaria nosso planeta inabitável. Só que o K2-18b gira muito mais perto de sua estrela-mãe. A distância média da Terra para o Sol é de aproximadamente 150 milhões de quilômetros, enquanto a distância média que separa o K2-18b e sua estrela é de 24 milhões de quilômetros. Outra medida ajuda a entender melhor como a órbita desse planeta é menor do que a da Terra: a cada 33 dias, ele completa uma volta ao redor da estrela. E comparado com a estrela, o planeta é tão pequeno, tão obscuro, que não pode ser observado diretamente. Nenhum telescópio atual é capaz de fazer imagens desse exoplaneta, assim como acontece com quase todos os exoplanetas descobertos até agora. São muito pequenos e facilmente ofuscados pelas estrelas que orbitam. Como, então, os astrônomos sabem que eles existem? O Luan Ghezzi explica. Luan Ghezzi: a detecção de exoplanetas é um processo que não é simples, porque os planetas são ofuscados pelas estrelas deles. Então é muito difícil a gente conseguir observar planetas diretamente, você ver o planeta com uma imagem… cerca de um por cento dos mais de seis mil planetas que a gente conhece hoje foram detectados através do método de imageamento direto, que é realmente você apontar o telescópio, e você obtém uma imagem da estrela e do planeta ali, pertinho dela. Todos os outros planetas, ou seja, noventa e nove porcento dos que a gente conhece hoje foram detectados através de métodos indiretos, ou seja, a gente detecta o planeta a partir de alguma influência na estrela ou em alguma propriedade da estrela. Então, por exemplo, falando sobre o método de trânsito, que é com que mais se descobriu planetas até hoje, mais de setenta e cinco dos planetas que a gente conhece. Ele é um método em que o planeta passa na frente da estrela. E aí, quando esse planeta passa na frente da estrela, ele tampa uma parte dela. Então isso faz com que o brilho dela diminua um pouquinho e a gente consegue medir essa variação no brilho da estrela. A gente vai monitorando o brilho dela. E aí, de repente, a gente percebe uma queda e a gente fala. Bom, de repente passou alguma coisa ali na frente. Vamos continuar monitorando essa estrela. E aí, daqui a pouco, depois de um tempo, tem uma nova queda. A diminuição do brilho e a gente vai monitorando. E a gente percebe que isso é um fenômeno periódico. Ou seja, a cada x dias, dez dias, vinte dias ou alguma coisa do tipo, a gente tem aquela mesma diminuição do brilho ali na estrela. Então a gente infere a presença de um planeta ali ao redor dela. E aí, como são o planeta e a estrela um, o planeta passando na frente da estrela, tem uma relação entre os tamanhos. Quanto maior o planeta for, ele vai bloquear mais luz da estrela. Então, a partir disso, a gente consegue medir o raio do planeta. Então esse método do trânsito não só permite que a gente descubra os exoplanetas, como a gente também pode ter uma informação a respeito dos raios deles. Esse é o método que está sendo bastante usado e que produziu mais descobertas até hoje. Danilo: e foi por esse método que o K2-18b foi descoberto em 2015 com o telescópio espacial Kepler. Esse telescópio foi lançado em 2009 e revolucionou a área – com o Kepler, mais de 2700 exoplanetas foram detectados. Com ele, os astrônomos puderam estimar que existem mais planetas do que estrelas na nossa galáxia. A órbita do K2-18b é menor do que a do planeta Mercúrio, que completa uma volta ao redor do Sol a cada 88 dias terrestres. Mas como sua estrela-mãe é mais fria do que o Sol, isso coloca o K2-18b dentro do que os astrônomos chamam de zona habitável: nem tão longe da estrela para que a superfície esfrie a ponto de congelar a água, nem tão perto para que o calor a evapore; é a distância ideal para que a água permaneça em estado líquido na superfície de um planeta parecido com a Terra. Só que o estado da água depende de outros parâmetros, como a pressão atmosférica, por exemplo. E é por isso que a tal da zona habitável é um conceito muito limitado, que pode se tornar até mesmo enganoso: um planeta estar na zona habitável não significa que ele seja de fato habitável. Claro, estar na zona habitável é uma das condições necessárias para que a superfície de um planeta tenha água líquida, o que é fundamental para que essa superfície seja habitável. Ter uma atmosfera é outra condição necessária. Além de estar na zona habitável, o K2-18b tem atmosfera e o Luan também explica como os astrônomos fazem para saber se um exoplaneta como o K2-18b tem uma atmosfera. Luan: a gente estava falando sobre o método de trânsito. E a gente falou que o planeta passa na frente da estrela e bloqueia uma parte da luz dela. Beleza, isso aí a gente já deixou estabelecido. Mas se esse planeta tem uma atmosfera, a luz da estrela que vai atingir essa parte da atmosfera não vai ser completamente bloqueada. A luz da estrela vai atravessar a atmosfera e vai ser transmitida através dela. A gente tem essa parte bloqueada da luz que a gente não recebe, a gente percebe a diminuição de brilho da estrela, com o método de trânsito, mas tem essa luz que atravessa a atmosfera e chega até a gente depois de interagir com os componentes da atmosfera daquele planeta. Então a gente pode analisar essa luz, que é transmitida através da atmosfera do planeta para obter informações sobre a composição dela. Danilo: e como é possível saber a composição química dessa atmosfera? A Aline Novais é uma astrofísica brasileira fazendo pós-doutorado na Universidade de Lund, na Suécia. A tese de doutorado dela, orientada pelo Luan, foi exatamente sobre esse tema: a coleta e a análise dos dados de espectroscopia de atmosferas de exoplanetas. Aline: No início, a gente não está olhando uma foto, uma imagem dos planetas e das estrelas. A gente está vendo eles através de uma coisa que a gente chama de espectro, que é a luz da estrela ou do planeta em diferentes comprimentos de onda. O que é o comprimento de onda? É literalmente o tamanho da onda. Você pode ver também como se fossem cores diferentes. Então a gente vai estar vendo vários detalhes em diferentes comprimentos de onda. O que acontece? A gente já sabe, não da astronomia, mas da química de estudos bem antigos que determinados compostos, vou usar aqui, por exemplo, a água, ela vai ter linhas muito específicas em determinados comprimentos de onda que a gente já conhece, que a gente já sabe. Então já é estabelecido que no cumprimento de onda X, Y, Z, vai ter linha de água. Então, quando a gente está observando novamente o brilho da estrela que passou ali pela atmosfera do planeta. Interagiu com o que tem lá, que a gente não sabe. Quando a gente vê o espectro dessa estrela que passou pela atmosfera, a gente vai poder comparar com o que a gente já sabe. Então, por exemplo, o que a gente já sabe da água, a gente vai ver que vai bater. É como se fosse um código de barras. Bate certinho o que tem na estrela, no planeta e o que tem aqui na Terra. E aí, a partir disso, a gente consegue dizer: “Ah, provavelmente tem água naquele planeta.” Claro que não é tão simples, tão preto no branco, porque tem muitas moléculas, muitos átomos, a quantidade de moléculas que tem ali também interferem nessas linhas. Mas, de forma mais geral, é isso. A gente compara um com o outro. E a gente fala: essa assinatura aqui tem que ser de água. Danilo: Em setembro de 2023, o time de pesquisadores liderado pelo Nikku Madhusudhan, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, anunciou a caracterização atmosférica do K2-18b feita com o telescópio espacial James Webb. Alguns anos antes, a atmosfera do exoplaneta tinha sido observada com o telescópio espacial Hubble, que havia indicado a presença de vapor de água. Com o James Webb, esses cientistas concluíram que a atmosfera não tinha vapor de água, mas fortes indícios de metano e dióxido de carbono, o gás carbônico. Não só isso: no mesmo estudo, eles também alegaram ter detectado, com menor grau de confiança, o sulfeto de dimetila, também chamado de DMS, uma molécula orgânica que aqui na Terra é produzida pela vida marinha, principalmente pelos fitoplânctons e microalgas. O DMS pode ser produzido em laboratório mas não existe um processo natural em que o nosso planeta, sozinho, consiga fazer essa molécula sem envolver a vida. Ou seja, o DMS seria uma possível bioassinatura, um sinal indireto da existência de vida. Por isso, esses cientistas alegaram ter encontrado uma possível evidência de vida na atmosfera do K2-18b. O fato é que a suposta evidência de vida, a detecção de DMS lá de 2023, tinha um grau de confiança estatística muito baixo para contar seriamente como evidência de vida. O time liderado pelo Madhusudhan continuou observando o K2-18b e voltou a publicar resultados apontando a presença de DMS usando outros instrumentos do James Webb. Foram esses resultados que fizeram tanto barulho em abril de 2025. E por que tanto barulho? Porque esse novo estudo apresenta um grau de confiança estatística mais alto para a detecção de DMS. Ele também alega ter detectado outra possível bioassinatura, uma molécula aparentada ao DMS, o DMDS, ou dissulfeto de dimetila. O resultado pareceu reforçar muito a hipótese da presença dessas possíveis bioassinaturas no K2-18b e, por isso, os grandes meios de comunicação deram ainda mais atenção ao resultado do que há dois anos atrás. O problema é que é muito complicado analisar os resultados do James Webb sobre essas atmosferas, e ainda mais difícil cravar a presença desse ou daquele composto químico ali. Aline Novais: Acho que a primeira etapa mais difícil de todas é como você tinha falado, Danilo, é separar o que é a luz do planeta e o que é a luz da estrela. Quer dizer, da atmosfera do planeta e o que é luz da estrela. E isso a gente faz como quando a gente está observando o trânsito. A gente não só observa o planeta passando na frente da estrela. Mas a gente também observa a estrela sem o planeta, e a gente compara esses dois. É literalmente subtrair um do outro. Então, assim, supondo que a gente já tem aqui o espectro pronto na nossa frente. O que a gente vai fazer para entender o que está naquele espectro? Aquilo ali é uma observação. Só que a gente tem da teoria da física, a gente sabe mais ou menos quais são as equações que vão reger a atmosfera de um planeta. Então a gente sabe o que acontece de formas gerais, que é parecida com o que acontece aqui na Terra e com o planeta do sistema solar. Então a gente sabe mais ou menos como deve ser a pressão, a temperatura. A gente sabe mais ou menos quais compostos químicos vão ter em cada camada da atmosfera, que depende de várias coisas. A gente sabe que se um planeta está muito próximo da estrela, ele vai ter determinados compostos químicos que ele não teria se ele estivesse muito mais longe da estrela dele. Então tudo isso interfere. E aí, o que a gente faz? A gente tem os dados, a gente tem o que a gente observou no telescópio. E a gente vai comparar com a teoria, com modelos que a gente faz no computador, programando, parará, parará, que vão reger aquela atmosfera. E aí, a partir disso, a gente vai comparar e ver o que faz sentido, o que não faz, o que bate e o que não bate. Danilo: Notaram que a Aline ressalta o papel dos modelos teóricos na interpretação dos dados? Os astrônomos comparam os dados coletados pelo telescópio com o que esperam observar, orientados pelas teorias e modelos considerados promissores para representar o que de fato está lá na atmosfera do planeta. E é nessa comparação que entra a estatística, a probabilidade de que as observações correspondem a este ou aquele modelo teórico. Aline Novais: Na estatística, a gente sempre vai estar quando a gente tiver probabilidade de alguma coisa, a gente sempre vai estar comparando uma coisa X com uma coisa Y. A gente nunca vai ter uma estatística falando que sim ou que não, vai ser sempre uma comparação de uma coisa ou de outra. Então, quando a gente, por exemplo, a gente tem o espectro lá de um planeta, a gente tem assinaturas que provavelmente podem ser de água, mas vamos supor que essa assinatura também é muito parecida com algum outro elemento. Com algum outro composto químico. O que a gente vai fazer? A gente vai comparar os dois e a resposta não vai ser nem que sim nem que não. A resposta vai ser: “Ah, o modelo que tem água é mais favorável.” Ou então, ele ajusta melhor os dados, do que o modelo com aquele outro composto químico. Danilo: O time do Nikku Madhusudhan, que fala em possível detecção de DMS, tem um modelo predileto que eles mesmos desenvolveram para explicar planetas como o K2-18b: os mundos hiceanos, planetas inteiramente cobertos por um oceano de água líquida debaixo de uma espessa atmosfera de hidrogênio molecular – por isso o nome, que é uma junção do “hi” de hidrogênio e “ceano” de oceano. É esse modelo que orienta a interpretação de que os dados do K2-18b podem conter as bioassinaturas. Aline: Todo o resultado final, que é: possivelmente detectamos assinaturas, não dependem dos dados em si, mas dependem de como eles analisaram os dados e que modelos foram utilizados para analisar esses dados. […] Os resultados vão sempre depender de como a gente analisou esses dados. […] Então a questão da detecção, ou possível detecção de bioassinatura depende principalmente de como foram colocados os modelos, do que foi inserido nos modelos e como esses modelos foram comparados. Nesse caso, os modelos utilizados foram modelos que estavam supondo que o planeta era hiceano. Que o planeta tinha um oceano e tinha uma atmosfera de hidrogênio, majoritariamente de hidrogênio. Porém, outros estudos levantaram também a possibilidade de esse planeta não ser desse tipo, ser um planeta, por exemplo, coberto de lava e não de oceano, ou com uma atmosfera, com compostos diferentes, onde a maioria não seria hidrogênio, por exemplo. E esses modelos não foram utilizados para testar essas bioassinaturas. Então o que acontece: no modelo deles, com o oceano, com a atmosfera X, Y e Z, é compatível com a existência de bioassinaturas. Porém, é completamente dependente do modelo. Danilo: Então, a escolha de modelos teóricos diferentes afetam a interpretação dos resultados e das conclusões sobre a composição química da atmosfera de exoplanetas. Aline: Esse grupo acredita que o planeta tenha majoritariamente hidrogênio na sua composição. O que eles vão fazer no modelo deles? Eles vão colocar sei lá quantos por cento de hidrogênio na composição, no modelo deles. Então eles estão construindo um modelo que seja semelhante ao que eles acreditam que o planeta tem. Eu não vou colocar nitrogênio se eu acho que não tem nitrogênio. Então, aí que entra a controvérsia, que é justamente o modelo ser feito para encontrar o que eles tentam encontrar. Então, assim, se você pegasse um modelo completamente diferente, se você pegasse um modelo, por exemplo, de um planeta feito de lava, que tem metano, que tem isso, que tem aquilo, será que você encontraria a mesma coisa? Danilo: Saber qual modelo teórico de atmosferas de exoplanetas corresponde melhor à realidade é algo muito difícil. O que dá pra fazer é comparar os modelos entre si: qual deles representa melhor a atmosfera do exoplaneta em comparação com outro modelo. Aline: A gente nunca vai estar falando que o modelo é perfeito. A gente nunca vai estar falando que a atmosfera é assim. A gente sempre vai estar falando que esse modelo representa melhor a atmosfera do que um outro modelo. E se você pegar uma coisa muito ruim que não tem nada a ver e comparar com uma coisa que funciona, vai ser muito fácil você falar que aquele modelo funciona melhor, certo? Então, por exemplo, no caso do K2-18b: eles fizeram um modelo que tinha lá as moléculas, o DMS, o DMDS e tal, e compararam aquilo com um modelo que não tem DMS e DMDS. O modelo que tem falou “pô, esse modelo aqui se ajusta melhor aos dados do telescópio do que esse outro que não tem”. Mas isso não significa que tenha aquelas moléculas. Isso significa que aquele modelo, naquelas circunstâncias, foi melhor estatisticamente do que um modelo que não tinha aquelas moléculas. Danilo: O Luan tem uma analogia interessante pra explicar isso que a Aline falou. Luan: É como se você, por exemplo, vai em uma loja e vai experimentar uma roupa. Aí você pega lá uma mesma blusa igualzinha, P, M ou G. Você experimenta as três e você vê qual que você acha que se ajusta melhor ao seu corpo, né? Qual ficou com um caimento melhor? Enfim, então você vai fazendo essas comparações, não é que a blusa talvez M não tenha ficado boa, mas talvez a P ou a G tenha ficado melhor. Então os modelos são agitados dessa forma, mas também como a Aline falou depois que você descobriu o tamanho, por exemplo, você chegou à conclusão que o tamanho da blusa é M, você pode pegar e escolher diferentes variações de cores. Você pode pegar essa mesma blusa M, azul, verde, amarela, vermelha, né? E aí elas podem fornecer igualmente o mesmo bom ajuste no seu corpo. Só que a questão é que tem cores diferentes. […] A gente obviamente usa os modelos mais completos que a gente tem hoje em dia, mas não necessariamente, eles são hoje mais completos, mas não necessariamente eles são cem por cento completos. De repente está faltando alguma coisa ali que a gente não sabe. [Música] Danilo: Eu conversei pessoalmente com o líder do time de cientistas que alegou ter descoberto as possíveis bioassinaturas no K2-18b, o Nikku Madhusudhan, quando ele estava na Holanda para participar de uma conferência em junho de 2024. Ele pareceu entusiasmado com a possibilidade de vir a confirmar possíveis bioassinaturas em exoplanetas e ao mesmo tempo cuidadoso, aparentemente consciente do risco de se comunicar a descoberta de vida extraterrestre prematuramente. A questão é que ele já cometeu alguns deslizes na comunicação com o público: por exemplo, em abril de 2024, num programa de rádio na Inglaterra, ele disse que a chance de ter descoberto vida no K2-18b era de 50% – o próprio apresentador do programa ficou surpreso com a estimativa. Naquela mesma conferência da Holanda, o Madhusudhan também pareceu muito confiante ao falar do assunto com o público de especialistas em exoplanetas – ele sabia que enfrentava muitos céticos na plateia. Ele disse que os planetas hiceanos eram “a melhor aposta” que temos com a tecnologia atual para descobrir vida extraterrestre. Na palestra em que apresentou os novos resultados esse ano, o Madhusudhan contou que essa hipótese de mundos hiceanos foi desenvolvida com a ajuda de alunos de pós-graduação dele quando ele os desafiou a criar um modelo teórico de Mini-Netuno que oferecesse condições habitáveis, amenas para a vida. Mas a questão é que a gente não sabe se os mundos hiceanos sequer existem. É uma alternativa, uma hipótese para explicar o pouco que sabemos sobre esses exoplanetas. Há outras hipóteses, tão promissoras quanto essa, e muito menos amigáveis à existência da vida como a conhecemos. Enfim, a gente ainda sabe muito pouco sobre esses exoplanetas. Ainda não dá para decidir qual hipótese é a que melhor descreve a estrutura deles. Mas o que vai acontecer se algum dia os cientistas conseguirem resultados que apontem para uma detecção de possível bioassinatura que seja num alto grau de confiança, a tal ponto que seria insensato duvidar de sua existência? Estaríamos diante de uma incontroversa descoberta de vida extraterrestre? Digamos que os cientistas publiquem, daqui a algum tempo, novos resultados que apontam, com um grau de confiança altíssimo, para a presença de DMS no K2-18b. Mesmo que a gente tivesse certeza de que tem DMS naquela atmosfera, não seria possível cravar que a presença de DMS é causada pela vida. Como a gente tem ainda muito pouca informação sobre os ambientes que os Mini-Netunos podem apresentar, e como o nosso conhecimento sobre a própria vida ainda é muito limitado, vai ser muito difícil – para não dizer praticamente impossível – ter certeza de que a presença de uma possível bioassinatura é de fato uma bioassinatura. Luan: A gente sabe que aqui na Terra, o DMS e o DMDS estão associados a processos biológicos. Mas a gente está falando de um planeta que é um Mini-Netuno, talvez um planeta hiceano. Será que esse planeta não tem processos químicos diferentes que podem gerar essas moléculas sem a presença da vida? Danilo: Como disse o Luan, pode ser que processos naturais desconhecidos, sem o envolvimento da vida, sejam os responsáveis pela presença de DMS no K2-18b. A gente sabe que o DMS pode ser gerado fora da Terra por processos naturais, sem relação com a presença de vida. Para que seja gerado assim, são necessárias condições muito diferentes das que temos aqui na Terra. O interior de planetas gigantes como Júpiter, por exemplo, dá essas condições. DMS também foi detectado recentemente na superfície de um cometa, em condições muito hostis para a vida como a gente a conhece. Mais hostis ainda são as condições do meio interestelar, o espaço abissal e incrivelmente frio que existe entre as estrelas. Mesmo assim, DMS já foi detectado no meio interestelar. É por isso que detectar uma possível bioassinatura num exoplaneta não necessariamente responde à pergunta sobre vida fora da Terra. É mais útil pensar nesses dados como peças de um quebra-cabeças: uma possível bioassinatura em um exoplaneta é uma peça que pode vir a ajudar a montar o quebra-cabeças em que a grande questão é se existe ou não existe vida fora da Terra, mas dificilmente será, sozinha, a resposta definitiva. Luan: Será que as bioassinaturas efetivamente foram produzidas por vida? Então, primeiro, estudos para entender diversos processos químicos ou físicos que poderiam gerar essas moléculas, que a gente considera como bioassinaturas, pra tentar entender em outros contextos, se elas seriam produzidas sem a presença de vida. Mas fora isso, nós astrônomos, nós também tentamos procurar conjuntos de bioassinaturas. Porque se você acha só o DMS ou o DMDS é uma coisa. Agora, se você acha isso e mais o oxigênio ou mais outra coisa, aí as evidências começam a ficar mais fortes. Um par muito comum que o pessoal comenta é você achar metano e oxigênio numa atmosfera de exoplaneta. Por quê? Porque esses dois compostos, se você deixar eles lá na atmosfera do planeta sem nenhum tipo de processo biológico, eles vão reagir. Vão formar água e gás carbônico. Então, se você detecta quantidades apreciáveis de metano e oxigênio numa atmosfera, isso indica que você tem algum processo biológico ali, repondo constantemente esses componentes na atmosfera. Então, a gente vai tentando buscar por pares ou conjuntos de bioassinaturas, porque isso vai construindo um cenário mais forte. Você olha, esse planeta está na zona habitável. Ele tem uma massa parecida com a da Terra. Ele tem uma temperatura parecida com a da Terra. Ele tem conjuntos de bioassinaturas que poderiam indicar a presença de vida. Então você vai construindo um quebra-cabeça ali, tentando chegar num conjunto de evidências. Danilo: Talvez só vamos conseguir ter certeza quando tivermos condições de viajar os 124 anos-luz que nos separam do K2-18b, por exemplo, para examinar o planeta “in situ”, ou seja, lá no local – só que isso ainda é assunto para a ficção científica, não para a ciência atual. Não quer dizer que, dada a dificuldade, a gente deva desistir de fazer ciência nesse sentido, de detectar bioassinaturas nos exoplanetas. Luan: É claro que é super interessante aplicar esses modelos e sugerir a possível existência dessas moléculas. Isso ajuda a avançar o conhecimento, porque isso gera um interesse, gera um debate, um monte de gente vai testar, e outras pessoas já testaram e mostraram que, ou não tem a molécula nos modelos deles, ou eles não detectam ou detectam uma quantidade muito baixa. Enfim, então isso gera um debate que vai avançar o conhecimento. Então isso, no meio científico, é muito interessante esse debate, que gera outras pesquisas, e todo mundo tentando olhar por diferentes ângulos, para a gente tentar entender de uma maneira mais completa. Mas o cuidado… E aí, o grande serviço que o seu podcast está fazendo é como a gente faz chegar essa informação no público, que é o que você falou, uma coisa é: utilizamos um modelo super específico, e esse modelo indica a possível presença dessas moléculas que, na Terra, são associadas à vida. Outra coisa é dizer, na imprensa, achamos os sinais mais fortes de vida até agora. É uma distância muito grande entre essas duas coisas. Aline: Se eu analisei o meu dado e eu vi que tem aquela molécula de bioassinatura, uma coisa é eu falar: “Tem!” Outra coisa é falar: “Ó, eu analisei com esse modelo aqui e esse modelo aqui faz sentido. Ele representa melhor os meus dados do que o outro modelo”. São maneiras diferentes de falar. Mas qual que é a que vende mais? Danilo: Foi no final do nosso papo que o Luan e a Aline tocaram nessa questão que tem se tornado central nos últimos anos: como comunicar os resultados da astrobiologia da forma mais responsável? É possível que com o James Webb vamos continuar vendo potenciais detecções de bioassinaturas num futuro próximo. Por isso, a comunidade científica está preocupada com a forma como comunicamos os resultados da busca por vida fora da Terra e está se movimentando para contornar os problemas que provavelmente teremos no futuro. Eu venho participando desses esforços, pesquisando como a astrobiologia está sendo comunicada, e até ajudei a organizar um evento no ano passado para discutir isso com cientistas e jornalistas de ciência, mas conto essa história em outra hora. No próximo episódio, vamos falar sobre uma possível detecção de bioassinatura sem o James Webb e muito mais próxima da gente. A notícia veio em setembro de 2025. O planeta em que a bioassinatura pode ter sido encontrada? O vizinho cósmico que mais alimentou a imaginação humana sobre extraterrestres: Marte. Roteiro, produção, pesquisa e narração: Danilo Albergaria Revisão: Mayra Trinca, Livia Mendes e Simone Pallone Entrevistados: Luan Ghezzi e Aline Novais Edição: Carolaine Cabral Músicas: Blue Dot Sessions – Creative Commons Podcast produzido com apoio da Fapesp, por meio da bolsa Mídiaciência, com o projeto Pontes interdisciplinares para a compreensão da vida no Universo: o Núcleo de Apoio à Pesquisa e Inovação em Astrobiologia e o Laboratório de Astrobiologia da USP [VINHETA DE ENCERRAMENTO]
Vídeos curtos sobre espiritualidade (Lucidez.Religare)
ídeos curtos sobre espiritualidade (Lucidez.Religare)
Chanucá nos ensina que a vitória dos Macabeus é eterna: vencer a escuridão com luz. Mesmo sendo minoria, o povo judeu triunfa ao fortalecer a Torá, as mitzvot e a identidade judaica. A Menorá nos lembra que a verdadeira vitória é espiritual — aumentar a luz, a união e a fé em todas as gerações.PIX: RABINOELIPIX@GMAIL.COM#chanucá #chanuka #macabeus #luzcontraaescuridão #judaismo #torá #menorá identidade Judaica #chassidut #kabala #sevivon
Você sofre de síndrome de perseguição?Não quero aqui trazer uma definição científica. Falo a partir da observação de pessoas que acham que tudo ao seu redor está acontecendo com um único propósito: prejudicá-las.A verdade é que é preciso ter muito cuidado com a nossa imaginação. Podemos imaginar coisas que simplesmente não existem.O salmo 31 nos versos 13 e 14 pode nos ajudar a entender melhor isso. Assim diz o texto: "Pois tenho ouvido a murmuração de muitos, terror por todos os lados; conspirando contra mim, tramam tirar-me a vida. Quanto a mim, confio em ti, Senhor. Eu disse: “Tu és o meu Deus.”O salmista fala sobre sua realidade. Ele não tem síndrome de perseguição? Claro que não. Ele está sendo perseguido, tudo é real, muito real. Mas como posso ter tanta certeza disso? Simples! Pessoas com síndrome de perseguição jamais diriam que se sentem amadas e cuidadas por Deus. Na cabeça delas, até Deus está querendo destruí-las.É preciso cuidar de seus pensamentos. Você pode entrar numa grande "neura" a partir de suposições. Por isso, busque fortalecer uma certeza que é apresentada pela Bíblia em todas as suas páginas: Deus te ama e quer cuidar de você em todo tempo. Mesmo que todo mundo esteja contra você e isso for real, Deus nunca estará! Não esqueça disso!
Mesmo que vá contra as modas da política, não podemos negar a influência islâmica em Portugal, desde a linguagem à comida. Foram cinco séculos de domínio do Islão nas terras do Gharb al-Andalus numa altura que Bagdade criava tendências, qual Nova Iorque da altura. No entanto, não existe literatura suficiente que faça jus a essa influência e não podemos culpar só as trevas da idade média ou o deslumbramento com o ouro e açúcar do Brasil ou as especiarias da India. É hora de estudarmos melhor as comidas que o Islão nos deu. Foi através delas que nos chegaram laranjas e limões, amêndoas, massas trigueiras (como os cuscuz e a aletria), ervas aromáticas como os coentros (somos dos poucos países europeus que os consomem), pratos como a muxama e as migas.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Neste episódio, o João Dinis e o Lucas Niven:comentam aa final-four da NBA Cup que coroou os New York Knicksolham para alguns nomes que podiam e deviam mudar de arese muito mais, claroTudo isto com o apoio da Betano.pt, Escolha do Consumidor e Marca 5 Estrelas em Apostas Desportivas.Vamos a isto? Bora!
A Comissão Europeia e o Mercosul esperavam confirmar nesta semana a assinatura do acordo comercial entre a União Europeia e o bloco sul-americano – mas a França, mais uma vez, resiste à adoção do tratado, negociado há mais de 25 anos. No país, o pacto se transformou no bode expiatório de um modelo de agricultura em sucessivas crises. Lúcia Müzell, da RFI em Paris A mais recente delas é sanitária: uma dermatose nodular contagiosa bovina ameaça o rebanho francês e obriga o governo a promover abates em massa de animais, para conter a epidemia. Ao mesmo tempo, o país combate a gripe aviária, que ameaça a região de Landes, principal produtora de patos para o renomado foie gras. As crises sanitárias correm em paralelo a dificuldades mais profundas em setores emblemáticos da produção agrícola francesa, do trigo aos vinhedos, vítimas da concorrência internacional, das mudanças climáticas e das reviravoltas no comércio mundial. Em 2025, pela primeira vez em 50 anos, a agricultura da França poderá registrar déficit comercial, importando mais do que exporta. A inversão se explica pelo aumento dos preços do cacau e do café no mercado internacional, de um lado, e, do outro, pela diminuição das exportações de vinhos e destilados após a guerra tarifária de Donald Trump, somada à safra ruim e à queda dos preços dos cereais. “Foi mais conjuntural, mas se soma a recuos em relação a outros países europeus, como no setor de frutas e legumes. Temos um problema de conjuntura e outro de competitividade, em alguns setores”, explica Jean-Christophe Bureau, professor de Economia da AgroParisTech e especialista em comércio agrícola internacional. “O nosso déficit nos últimos anos se acentuou, principalmente, com os países da União Europeia”, salienta. Corte nos subsídios à vista Os riscos de cortes na Política Agrícola Comum (PAC) do bloco europeu aumentam a preocupação: o próximo orçamento (2028-2034) poderá ser 20% menor, com impacto maior na França, principal beneficiária do programa de subsídios. Os agricultores franceses recebem cerca de € 9 bilhões de ajuda a cada ano, o que representa dois terços da sua renda. Os números evidenciam o déficit de competitividade agrícola francesa, que valoriza a produção local, o savoir-faire familiar e tradicional, em detrimento da agricultura intensiva praticada pelas maiores potências mundiais. O país é o líder europeu de produção agrícola e agroalimentar, mas passou de segundo para sexto maior exportador do planeta, com 4,3% do mercado em 2024. Desde 2015, a França importa mais do que exporta aos vizinhos da União Europeia. A cada duas frutas ou legumes consumidos no país, um vem de fora. “Em alguns casos, temos de fato diferença de custo da mão de obra, que é menor na Espanha, graças à imigração e aos salários mais baixos, ou na Alemanha, onde os encargos trabalhistas são bem menores”, aponta Bureau. “Mas também podemos citar as nossas deficiências em pesquisa e desenvolvimento e até de formação de algumas técnicas.” Normas ambientais europeias O êxodo rural é outra preocupação. A renda média dos agricultores estagnou nos últimos 20 anos, e o aumento das dificuldades do setor afasta a nova geração do campo, na comparação com outras potências agrícolas do bloco, como a Itália ou a Alemanha. Alguns sindicatos agrícolas também criticam o que seria um excesso de regulamentações sanitárias e ambientais no bloco. “A agricultura francesa é caracterizada pela sustentabilidade, na comparação com as grandes potências agrícolas mundiais. Ao mesmo tempo, começa a enfrentar cada vez mais dificuldades ambientais, exacerbadas pelas mudanças climáticas. Temos impasses técnicos para lidar com pragas sanitárias em animais e vegetais”, observou Aurélie Cathalo, diretora de Agricultura do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais (IDDRI), à RFI. “Temos problemas com a fertilidade dos solos, e isso explica a estagnação ou até diminuição da renda dos agricultores. Precisamos colocar a agronomia a nosso favor, fazer o esforço de nos adaptarmos e podermos continuar a produzir, apesar do andamento da situação.” Acordo visto como uma ameaça Neste contexto, para a maioria dos agricultores da França, o acordo com o Mercosul representa um perigo. Eles denunciam a concorrência desleal devido a padrões de produção menos rigorosos na América Latina, principalmente do ponto de vista ambiental. A França obteve da Comissão Europeia garantias de salvaguardas para os setores mais ameaçados – mas as barreiras são insuficientes aos olhos dos produtores. “Segundo os nossos cálculos, o acordo com o Mercosul não tem impactos grandes, afinal foram inseridos limites de importação. Entretanto, é um acordo que se soma a outros que já temos, o que faz com que, para alguns setores, como a carne bovina, as aves e o mel, ele se torne desfavorável”, pondera o professor da AgroParisTech. “Há uma insatisfação generalizada, e é evidente que, em um ano de renda muito baixa, devido a safras fracas, em que os problemas climáticos se sucederam, como inundações e incêndios, o acordo com o Mercosul vira a gota d'água que faltava”. Nesta terça-feira (16), o Parlamento Europeu aprovou uma série de medidas de proteção e criou um mecanismo para supervisionar o impacto do acordo em produtos sensíveis, como carne bovina, aves e açúcar. Os trechos abrem as portas para a aplicação de tarifas em caso de desestabilização do mercado no bloco. Os eurodeputados desejam que a Comissão Europeia intervenha se o preço de um produto latino-americano for pelo menos 5% inferior ao da mesma mercadoria na UE e se o volume de importações isentas de tarifas aumentar mais de 5%. Mesmo assim, é provável que a França não aprove o texto. Paris solicitou à União Europeia (UE) o adiamento da assinatura do pacto comercial, que Bruxelas gostaria de concretizar no próximo sábado (20), no Brasil. Resta saber se a Itália, que mostrou sinais contraditórios nos últimos meses, se colocará ao lado da Comissão ou ao lado dos franceses – neste caso, uma maioria qualificada de Estados-membros seria formada para bloquear o pacto, com o apoio da Polônia e da Hungria, também contrárias ao projeto. Com AFP
Para José Luiz Portella, a falta de políticas públicas e planejamento agrava o cenário ocorrido na semana passada, quando um vendaval foi responsável por grandes transtornos em São Paulo
Grande volume de gado confinado facilita o preenchimento das escalas no período chuvoso, enquanto o animal a pasto só tende a ganhar força nos preços com a redução da oferta do confinamento.
Na última semana, a cidade de São Paulo foi atingida por um ciclone extratropical que causou o desabastecimento de energia elétrica em grande parte do município. A cidade apresenta orçamento maior do que, por exemplo, o Estado do Rio de Janeiro. A disponibilidade de recursos deveria auxiliar na redução de danos de eventos como esse. O professor José Luiz Portella, pós-doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados, explica: “A situação que fica é essa guerra de culpa. Quando a Enel fala que o prefeito parece ‘marido traído', vira um bate-boca ridículo. A Enel não está cumprindo o que precisa, mas a Prefeitura também não. Isso precisa ser avaliado”. Por parte da Prefeitura, o professor explicita que a falta de políticas públicas e planejamento agrava o cenário. “São Paulo aprovou, há alguns anos, uma lei que exige que, todo ano, 250 quilômetros de fios sejam enterrados. Isto, pelo que se sabe, não está acontecendo”. Essa é uma das partes que a cidade não realiza o que precisa. Para o professor, a sociedade faz “vista grossa”, o que permite que essas políticas públicas sejam deixadas de lado. Além disso, a falta de no-breaks nos semáforos, ou seja, baterias que permitiriam o funcionamento dos equipamentos mesmo sem o abastecimento elétrico, reduziria um dos principais problemas causados pelo ciclone, o trânsito. “Quando se fala dos rios não enterrados, da bateria que poderia ser colocada no semáforo, quando da operação de trânsito que podia ser montada, se fala de um problema de falta de planejamento e falta de acompanhamento de políticas públicas”. Portella destaca que, sem uma organização do trânsito, a situação da cidade de São Paulo é agravada. A falta de planejamento sobre como organizar o fluxo de veículos durante a falta de energia, ou até a tentativa de restabelecer os semáforos com a bateria dos carros da frota da CET favorece, junto de outros fatores, a crise no município. Além disso, a Enel tem parte da culpa da situação, o que não anula a culpa também do governo. “A Enel tem demonstrado uma incompetência enorme, só que precisava analisar isso no contrato, ou seja, se o contrato não previa o número de equipes e não previa como deveria ocorrer o socorro em horas caóticas. O cenário necessita de planos de contingência em momentos, até porque sempre chove muito em São Paulo no final do ano e, independentemente, com as mudanças climáticas, as coisas estão se agravando”. Portella finaliza comentando da organização e gestão do município de São Paulo. “O Estado também entra com outras responsabilidades, áreas em que ele atua, em que ele pode dar um apoio. Não existe mais essa ideia: 'Isso é coisa da Prefeitura, isso é coisa do Estado'. Hoje, tudo é em conjunto, porque os problemas cresceram e, em uma cidade como São Paulo, não dá para atribuir a um ou a outro, isoladamente, a responsabilidade”.
A promessa foi feita em agosto e agora torna-se oficial: a Fórmula 1 regressa ao Algarve em 2027. Mas o que significa este regresso para a economia portuguesa?See omnystudio.com/listener for privacy information.
Joana Gama é uma das figuras mais singulares da música em Portugal. Pianista e investigadora, construiu ao longo de mais de uma década um percurso onde o piano se cruza com outras artes e onde o tempo, o silêncio e a escuta atenta são matéria central. Em 2025, ano do centenário da morte de Erik Satie, regressa a Le Fils des étoiles, obra rara e pouco tocada, apresentada esta terça-feira, 16 de Dezembro, em Paris, na Casa de Portugal da Cidade Universitária, num formato entre concerto e ritual. A relação com Erik Satie não é recente nem episódica. Desde 2010, que Joana Gama se dedica à sua obra, num trabalho de divulgação que inclui recitais comentados, álbuns discográficos e performances de longa duração. A pianista recorda que Le Fils des étoiles “é um dos grandes mistérios de Satie”, uma obra escrita para o teatro de Joséphin Péladan, num contexto ligado à Ordem Rosa-Cruz, onde “os prelúdios são conhecidos, mas os actos ficaram inacabados, sobrevivendo em manuscritos fragmentários”. Essa incompletude contribui, diz, para a profundidade e para o carácter imóvel e místico da peça. Para Joana Gama, trata-se de uma música que exige outra forma de ouvir. “Não é fogo-de-artifício nem virtuosismo exibido; é o oposto”, sublinha, acrescentando que esta obra pede “concentração absoluta e presença no momento”. A própria estrutura, labiríntica, com materiais que reaparecem em diferentes actos, obriga a intérprete a uma atenção rigorosa: “os mesmos elementos levam-nos por caminhos diferentes”. O contexto simbólico da obra continua a informar a interpretação contemporânea. Joana Gama explica que conhecer a vida, os escritos e as relações do compositor francês Erik Satie “alimenta inevitavelmente a música”. O universo de Joséphin Péladan, marcado pelo misticismo e pelo ritual, permanece como referência, ainda que a intérprete tenha optado por um concerto-ritual centrado nos elementos naturais. “Tudo o que está em baixo é como o que está em cima”, recorda, evocando a tradição hermética que atravessa a obra. Mais do que um concerto, trata-se de uma performance pensada ao detalhe. “A preparação não é só musical”, afirma Joana Gama. Inclui reflexão sobre o ambiente, a luz, o figurino e a forma de estar em palco. “Tudo faz parte”, diz, criticando uma formação musical que muitas vezes ignora a dimensão cénica. O gesto final, o silêncio depois da última nota, o modo de agradecer, são música também. A escuta, do lado do público, é igualmente convocada. Joana Gama acredita que ouvir ao vivo permite uma experiência mais profunda: “num concerto há imersão, há tempo, não há telemóveis”. Mesmo que a obra cause estranheza a quem espera as Gymnopédies ou as Gnossiennes, essa surpresa faz parte do processo. Questionada sobre o que continua a ser radical em Erik Satie, a pianista aponta a liberdade e a curiosidade do compositor. “Experimentou sem obedecer a regras”, diz, lembrando a atenção obsessiva ao detalhe, a caligrafia cuidada, a relação com outras artes. Apesar de ser frequentemente vista como especialista, recusa o rótulo: “a minha relação com Satie é emotiva; toco as peças que gosto”. Essa relação estende-se à música contemporânea e a compositores como Hans Otte ou Federico Mompou. “Procuro desacelerar o tempo”, afirma, defendendo repertórios que criam espaços de calma num mundo acelerado. “Estar parado e em silêncio é quase revolucionário”, diz, numa época obcecada pela produtividade e pelos números. O trabalho com públicos diversos, incluindo crianças e contextos descentralizados, é outra vertente essencial. Concertos de pequena escala, proximidade e ligação à natureza são, para Joana Gama, formas de resistência e de sentido. “Há muita vida para além das grandes salas”, sublinha. Sem apressar o tempo, olha para 2026 com novos projectos: um álbum com a música de Ivan Vukosavljević, a itinerância de espectáculos "As árvores não têm pernas para andar", "Pássaros e Cogumelos" e "E as flores?" e a possibilidade de um novo projecto multidisciplinar.
Neste episódio, mergulhamos na poderosa metáfora dos vasos de porcelana
Produtor precisou se ajustar diante de juros altos e economia global complexa
A candidatura de Flávio Bolsonaro é para valer? Bem, depende para quem você pergunta. E descobrir essa resposta é chave para entender como será a eleição de 2026.See omnystudio.com/listener for privacy information.
✨ Santa Missa – 7h30 | 3º Domingo do Advento (Gaudete) ✨
A mais nova pesquisa da Página 3, chamada Mais do Mesmo, revela um retrato preocupante: estamos pensando, criando e até nos relacionando de maneira cada vez mais parecida. O estudo mostra como redes sociais, algoritmos e inteligências artificiais estão reduzindo a diversidade de referências, enfraquecendo nosso pensamento crítico e nos tornando mais dependentes de respostas rápidas e confortáveis. Para entender o que isso significa para as nossas relações, nossa criatividade e para o futuro da IA no Brasil, o repórter conversou com Georgia Reinés e Sabrina Abud, especialistas da Página 3. Elas explicam por que o brasileiro confia tanto na inteligência artificial, como isso está mudando nossa forma de interagir e o que podemos fazer para retomar profundidade e autenticidade nas conversas, online e offline. Você também vai conferir: novo celular do Google vaza e revela quase tudo sobre o Pixel 10a, drones e Starlink reforçam monitoramento aéreo da ANAC, por que o eSIM é mais seguro em casos de roubo de celular, Instagram libera controle sobre temas que influenciam seus Reels e Labubu lidera lista do Google de produtos mais desejados de 2025. Este podcast foi roteirizado e apresentado por Fernada Santos e contou com reportagens de Danielle Cassita, Wendel Martins, Vinicius Moschen e Marcelo Fischer, sob coordenação de Anaísa Catucci. A trilha sonora é de Guilherme Zomer, a edição de Jully Cruz e a arte da capa é de Erick Teixeira.See omnystudio.com/listener for privacy information.
"Não", diz Cristina Rodrigues, que não esquece as linhas vermelhas estabelecidas ao Governo. Ainda, Patrícia Gonçalves explica a questão da (não) revisão constitucional levantada por Jorge Pinto.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Mesmo após o alívio das tarifas e o adiamento das salvaguardas chinesas, o boi gordo trabalha em dezembro sem reação no físico e com pouca tração no futuro, frustrando expectativas e elevando a cautela do produtor para a virada do ano.
No Papo Antagonista desta quinta-feira, 11, Duda Teixeira, Madeleine Lacsko, Dennys Xavier conversaram com Sabrina Abud, co-fundadora da Página 3, sobre o levantamento Mais do Mesmo, que aponta que 63% dos brasileiros já pedem para a IA escrever até mensagens pessoais. Assista:Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores. Apresentado por Madeleine Lacsko, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade. Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade. Ao vivo de segunda a sexta-feira às 18h. Apoie o jornalismo Vigilante: 10% de desconto para audiência do Papo Antagonista https://bit.ly/papoantagonista Siga O Antagonista no X: https://x.com/o_antagonista Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp. Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais. https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344 Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
Neste episódio abordamos um tema urgente e necessário para os dias de hoje: "Quando busco me responsabilizar, estou respondendo a mim mesmo ou somente às expectativas sociais?"Abel, Lincoln e Lucas, juntos com o convidado Klerysson Jardim, mergulham na discussão sobre a tensão entre a cobrança legítima por um posicionamento dos homens diante da violência contra a mulher, entre outros tópicos, e o risco de transformar a mudança em pura performance. Discutimos como identificar a motivação por trás das nossas ações e como isso aparece na nossa fala, nas redes, nos nossos posicionamentos (ou ausência deles) no nosso dia a dia.Faça parte da Comunidade MEMOH! Edição de Som: Reginaldo Cursino.
A inteligência artificial, em seus múltiplos sentidos, tem dominado a agenda pública e até mesmo o direcionamento do capital das grandes empresas de tecnologia. Mas você já parou para pensar na infraestrutura gigantesca que dê conta de sustentar o crescimento acelerado das IAs? O futuro e o presente da inteligência artificial passa pela existência dos datacenters. E agora é mais urgente que nunca a gente discutir esse assunto. Estamos vendo um movimento se concretizar, que parece mais uma forma de colonialismo digital: com a crescente resistência à construção de datacenters nos países no norte global, empresas e governos parecem estar convencidos a trazer essas infraestruturas imensas com todos os seus impactos negativos ao sul global. Nesse episódio Yama Chiodi e Damny Laya conversam com pesquisadores, ativistas e atingidos para tentar aprofundar o debate sobre a infraestrutura material das IAs. A gente conversa sobre o que são datacenters e como eles impactam e irão impactar nossas vidas. No segundo episódio, recuperamos movimentos de resistência a sua instalação no Brasil e como nosso país se insere no debate, seguindo a perspectiva de ativistas e de pesquisadores da área que estão buscando uma regulação mais justa para esses grandes empreendimentos. ______________________________________________________________________________________________ ROTEIRO [ vinheta da série ] [ Começa bio-unit ] YAMA: A inteligência artificial, em seus múltiplos sentidos, tem dominado a agenda pública e até mesmo o direcionamento do capital das grandes empresas de tecnologia. Mas você já parou para pensar na infraestrutura gigantesca que dê conta de sustentar o crescimento acelerado das IA? DAMNY: O futuro e o presente da inteligência artificial passa pela existência dos data centers. E agora é mais urgente que nunca a gente discutir esse assunto. Estamos vendo um movimento se concretizar, que parece mais uma forma de colonialismo digital: com a crescente resistência à construção de datacenters nos países no norte global, empresas e governos parecem estar convencidos a trazer os datacenters com todos os seus impactos negativos ao sul global. YAMA: Nós conversamos com pesquisadores, ativistas e atingidos e em dois episódios nós vamos tentar aprofundar o debate sobre a infraestrutura material das IAs. No primeiro, a gente conversa sobre o que são datacenters e como eles impactam e irão impactar nossas vidas. DAMNY: No segundo, recuperamos movimentos de resistência a sua instalação no Brasil e como nosso país se insere no debate, seguindo a perspectiva de ativistas e de pesquisadores da área que estão buscando uma regulação mais justa para esses grandes empreendimentos. [ tom baixo ] YAMA: Eu sou o Yama Chiodi, jornalista de ciência e pesquisador do campo das mudanças climáticas. Se você já é ouvinte do oxigênio pode ter me ouvido aqui na série cidade de ferro ou no episódio sobre antropoceno. Ao longo dos últimos meses investiguei os impactos ambientais das inteligências artificiais para um projeto comum entre o LABMEM, o laboratório de mudança tecnológica, energia e meio ambiente, e o oxigênio. Em setembro passado, o Damny se juntou a mim pra gente construir esses episódios juntos. E não por acaso. O Damny publicou em outubro passado um relatório sobre os impactos socioambientais dos data centers no Brasil, intitulado “Não somos quintal de data center”. O link para o relatório completo se encontra disponível na descrição do episódio. Bem-vindo ao Oxigênio, Dam. DAMNY: Oi Yama. Obrigado pelo convite pra construir junto esses episódios. YAMA: É um prazer, meu amigo. DAMNY: Eu também atuo como jornalista de ciência e sou pesquisador de governança da internet já há algum tempo. Estou agora trabalhando como jornalista e pesquisador aqui no LABJOR, mas quando escrevi o relatório eu tava trabalhando como pesquisador-consultor na ONG IDEC, Instituto de Defesa de Consumidores. YAMA: A gente começa depois da vinheta. [ Termina Bio Unit] [ Vinheta Oxigênio ] [ Começa Documentary] YAMA: Você já deve ter ouvido na cobertura midiática sobre datacenters a formulação que te diz quantos litros de água cada pergunta ao chatGPT gasta. Mas a gente aqui não gosta muito dessa abordagem. Entre outros motivos, porque ela reduz o problema dos impactos socioambientais das IA a uma questão de consumo individual. E isso é um erro tanto político como factual. Calcular quanta água gasta cada pergunta feita ao ChatGPT tira a responsabilidade das empresas e a transfere aos usuários, escondendo a verdadeira escala do problema. Mesmo que o consumo individual cresça de modo acelerado e explosivo, ele sempre vai ser uma pequena fração do problema. Data centers operam em escala industrial, computando quantidades incríveis de dados para treinar modelos e outros serviços corporativos. Um único empreendimento pode consumir em um dia mais energia do que as cidades que os abrigam consomem ao longo de um mês. DAMNY: Nos habituamos a imaginar a inteligência artificial como uma “nuvem” etérea, mas, na verdade, ela só existe a partir de data centers monstruosos que consomem quantidades absurdas de recursos naturais. Os impactos sociais e ambientais são severos. Data centers são máquinas de consumo de energia, água e terra, e criam poluição do ar e sonora, num modelo que reforça velhos padrões de racismo ambiental. O desenvolvimento dessas infraestruturas frequentemente acontece à margem das comunidades afetadas, refazendo a cartilha global da injustiça ambiental. Ao seguir suas redes, perceberemos seus impactos em rios, no solo, no ar, em territórios indígenas e no crescente aumento da demanda por minerais críticos e, por consequência, de práticas minerárias profundamente destrutivas. YAMA: De acordo com a pesquisadora Tamara Kneese, diretora do programa de Clima, Tecnologia e Justiça do instituto de pesquisa Data & Society, com quem conversamos, essa infraestrutura está criando uma nova forma de colonialismo tecnológico. Os danos ambientais são frequentemente direcionados para as comunidades mais vulneráveis, de zonas rurais às periferias dos grandes centros urbanos, que se tornam zonas de sacrifício para o progresso dessa indústria. DAMNY: Além disso, a crescente insatisfação das comunidades do Norte Global com os data centers tem provocado o efeito colonial de uma terceirização dessas estruturas para o Sul Global. E o Brasil não apenas não é exceção como parece ser um destino preferencial por sua alta oferta de energia limpa. [pausa] E com o aval do governo federal, que acaba de publicar uma medida provisória chamada REDATA, cujo objetivo é atrair data centers ao Brasil com isenção fiscal e pouquíssimas responsabilidades. [ Termina Documentary] [tom baixo ] VOICE OVER: BLOCO 1 – O QUE SÃO DATA CENTERS? YAMA: Pra entender o que são data centers, a gente precisa antes de tudo de entender que a inteligência artificial não é meramente uma nuvem etérea que só existe virtualmente. Foi assim que a gente começou nossa conversa com a pesquisadora estadunidense Tamara Kneese. Ela é diretora do programa de Clima, Tecnologia e Justiça do instituto de pesquisa Data & Society. TAMARA: PT – BR [ Eu acho que o problema da nossa relação com a computação é que a maioria parte do tempo a gente não pensa muito sobre a materialidade dos sistemas informacionais e na cadeia de suprimentos que permitem que eles existam. Tudo que a gente faz online não depende só dos nossos aparelhos, ou dos serviços de nuvem que a gente contrata, mas de uma cadeia muito maior. De onde ver o hardware que a gente usa? Que práticas de trabalho são empregadas nessa cadeia? E então, voltando à cadeia de suprimentos, pensar sobre os materiais brutos e os minerais críticos e outras formas de extração, abusos de direitos humanos e trabalhistas que estão diretamente relacionados à produção dos materiais que precisamos pra computação em geral. ] So I think, you know, the problem with our relationship to computing is that, most of the time, we don’t really think that much about the materiality of the computing system and the larger supply chain. You know, thinking about the fact that, of course, everything we do relies not just on our own device, or the particular cloud services that we subscribe to, but also on a much larger supply chain. So, where does the hardware come from, that we are using, and what kind of labor practices are going into that? And then be, you know, further back in the supply chain, thinking about raw materials and critical minerals and other forms of extraction, and human rights abuses and labor abuses that also go into the production of the raw materials that we need for computing in general. DAMNY: A Tamara já escreveu bastante sobre como a metáfora da nuvem nos engana, porque ela dificulta que a gente enxergue a cadeia completa que envolve o processamento de tantos dados. E isso se tornou uma questão muito maior com a criação dos chatbots e das IAs generativas. YAMA: Se a pandemia já representou uma virada no aumento da necessidade de processamento de dados, quando passamos a ir à escola e ao trabalho pelo computador, o boom das IA generativas criou um aumento sem precedentes da necessidade de expandir essas cadeias. DAMNY: E na ponta da infraestrutura de todas as nuvens estão os data centers. Mais do que gerar enormes impactos sócio-ambientais, eles são as melhores formas de enxergar que o ritmo atual da expansão das IAs não poderá continuar por muito tempo, por limitações físicas. Não há terra nem recursos naturais que deem conta disso. YAMA: A gente conversou com a Cynthia Picolo, que é Diretora Executiva do LAPIN, o Laboratório de Políticas Públicas e Internet. O LAPIN tem atuado muito contra a violação de direitos na implementação de data centers no Brasil e a gente ainda vai conversar mais sobre isso. DAMNY: Uma das coisas que a Cynthia nos ajudou a entender é como não podemos dissociar as IAs dos data centers. CYNTHIA: Existe uma materialidade por trás. Existe uma infraestrutura física, que são os data centers. Então os data centers são essas grandes estruturas que são capazes de armazenar, processar e transferir esses dados, que são os dados que são os processamentos que vão fazer com que a inteligência artificial possa acontecer, possa se desenvolver, então não existe sem o outro. Então falar de IA é falar de Datacenter. Então não tem como desassociar. YAMA: Mas como é um datacenter? A Tamara descreve o que podemos ver em fotos e vídeos na internet. TAMARA: [ Sim, de modo geral, podemos dizer que os data centers são galpões gigantes de chips, servidores, sistemas em redes e quando você olha pra eles, são todos muitos parecidos, prédios quadrados sem nada muito interessante. Talvez você nem saiba que é um data center se não observar as luzes e perceber que é uma estrutura enorme sem pessoas, sem trabalhadores. ] Yeah, so, you know, essentially, they’re like giant warehouses of chips, of servers, of networked systems, and, you know, they look like basically nondescript square buildings, very similar. And you wouldn’t really know that it’s a data center unless you look at the lighting, and you kind of realize that something… like, it’s not inhabited by people or workers, really. DAMNY: No próximo bloco a gente tenta resumir os principais problemas socioambientais que os data centers já causam e irão causar com muita mais intensidade no futuro. [tom baixo ] VOICE OVER: BLOCO 2 – A ENORME LISTA DE PROBLEMAS YAMA: O consumo de energia é provavelmente o problema mais conhecido dos data centers e das IAs. Segundo dados da Agência Internacional de Energia, a IEA, organização internacional da qual o Brasil faz parte, a estimativa para o ano de 2024 é que os data centers consumiram cerca de 415 TWh. A cargo de comparação, segundo a Empresa de Pesquisa Energética, instituto de pesquisa público associado ao Ministério das Minas e Energia, o Brasil consumiu no ano de 2024 cerca de 600 TWh. DAMNY: Segundo o mesmo relatório da Agência Internacional de Energia, a estimativa é que o consumo de energia elétrica por datacenters em 2030 vai ser de pelo menos 945 TWh, o que representaria 3% de todo consumo global projetado. Quando a gente olha pras estimativas de outras fontes, contudo, podemos dizer que essas são projeções até conservadoras. Especialmente considerando o impacto da popularização das chamadas LLM, ou grandes modelos de linguagem – aqueles YAMA: Ou seja, mesmo com projeções conservadoras, os data centers do mundo consumiriam em 2030, daqui a menos de cinco anos, cerca de 50% a mais de energia que o Brasil inteiro consome hoje. Segundo a IEA, em 2030 o consumo global de energia elétrica por data centers deve ser equivalente ao consumo da Índia, o país mais populoso do mundo. E há situações locais ainda mais precárias. DAMNY: É o caso da Irlanda. Segundo reportagem do New York Times publicada em outubro passado, espera-se que o consumo de energia elétrica por data centers por lá represente pelo menos 30% do consumo total do país nos próximos anos. Mas porquê os datacenters consomem tanta energia? TAMARA: [ Então, particularmente com o tipo de IA que as empresas estão investindo agora, há uma necessidade de chips e GPUs muito mais poderosos, de modo que os data centers também são sobre prover energia o suficiente pra todo esse poder computacional que demandam o treinamento e uso de grandes modelos de linguagem. Os data centers são estruturas incrivelmente demandantes de energia e água. A água em geral serve para resfriar os servidores, então tem um número considerável de sistemas de cooling que usam água. Além disso tudo, você também precisa de fontes alternativas de energia, porque algumas vezes, uma infraestrutura tão demandante de energia precisa recorrer a geradores para garantir que o data center continue funcionando caso haja algum problema na rede elétrica. ] So, you know, particularly with the kinds of AI that companies are investing in right now, there’s a need for more powerful chips, GPUs, and so Data centers are also about providing enough energy and computational power for these powerful language models to be trained and then used. And so the data center also, you know, in part because it does require so much energy, and it’s just this incredibly energy-intensive thing, you also need water. And the water comes from having to cool the servers, and so… So there are a number of different cooling systems that use water. And then on top of that, you also need backup energy sources, so sometimes, because there’s such a draw on the power grid, you have to have backup generators to make sure that the data center can keep going if something happens with the grid. YAMA: E aqui a gente começa a entender o tamanho do problema. Os data centers são muitas vezes construídos em lugares que já sofrem com infraestruturas precárias de eletricidade e com a falta de água potável. Então eles criam problemas de escassez onde não havia e aprofundam essa escassez em locais onde isso já era uma grande questão – como a região metropolitana de Fortaleza sobre a qual falaremos no próximo episódio, que está em vias de receber um enorme data center do Tiktok. DAMNY: É o que também relatam os moradores de Querétaro, no México, que vivem na região dos data centers da Microsoft. A operação dos data centers da Microsoft gerou uma crise sem precedentes, com quedas frequentes de energia e o interrompimento do abastecimento de água que muitas vezes duram semanas. Os data-centers impactaram de tal forma as comunidades que escolas cancelaram aulas e, indiretamente, foram responsáveis por uma crise de gastroenterite entre crianças. YAMA: E isso nos leva pro segundo ponto. O consumo de água, minerais críticos e outros recursos naturais. TAMARA: [O problema da energia tem recebido mais atenção, porque é uma fonte de ansiedade também. Pensar sobre o aumento da demanda de energia em tempos em que supostamente estaríamos transicionando para deixar de usar energias fósseis, o que obviamente pode ter efeitos devastadores. Mas eu acredito que num nível mais local, o consumo de água é mais relevante. Nós temos grandes empresas indo às áreas rurais do México, por exemplo, e usando toda a água disponível e basicamente deixando as pessoas sem água. E isso é incrivelmente problemático. Então isso acontece em áreas que já tem problemas de abastecimento de água, onde as pessoas já não tem muito poder de negociação com as empresas. Não têm poder político pra isso. São lugares tratados como zonas de sacrifício, algo que já vimos muitas vezes no mundo, especialmente em territórios indígenas. Então as consequências são na verdade muito maiores do que só problemas relacionados à energia. ] I think the energy problem has probably gotten the most attention, just because it is a source of anxiety, too, so thinking about, you know, energy demand at a time when we’re supposed to be transitioning away from fossil fuels. And clearly, the effects that that can have will be devastating. But I think on a local level, things like the water consumption can matter more. So, you know, if we have tech companies moving into rural areas in Mexico and, you know, using up all of their water and basically preventing people in the town from having access to water. That is incredibly problematic. So I think, you know, in water-stressed areas and areas where the people living in a place don’t have as much negotiating power with the company. Don’t have as much political power, and especially if places are basically already treated as sacrifice zones, which we’ve seen repeatedly many places in the world, with Indigenous land in particular, you know, I think the consequences may go far beyond just thinking about, you know, the immediate kind of energy-related problems. YAMA: Existem pelo menos quatro fins que tornam os data centers máquinas de consumir água. O mais direto e local é a água utilizada na refrigeração de todo equipamento que ganha temperatura nas atividades de computação, o processo conhecido como cooling. Essa prática frequentemente utiliza água potável. Apesar de já ser extremamente relevante do ponto de vista de consumo, essa é apenas uma das formas de consumo abundante de água. DAMNY: Indiretamente, os data centers também consomem a água relacionada ao seu alto consumo de energia, em especial na geração de energia elétrica em usinas hidrelétricas e termelétricas. Também atrelada ao consumo energético, está o uso nas estações de tratamento de água, que visam tratar a água com resíduos gerada pelo data center para tentar reduzir a quantidade de água limpa utilizada. YAMA: Por fim, a cadeia de suprimentos de chips e servidores que compõem os data centers requer água ultrapura e gera resíduos químicos. Ainda que se saiba que esse fator gera gastos de água e emissões de carbono relevantes, os dados são super obscuros, entre outros motivos, porque a maioria dos dados que temos sobre o consumo de água em data centers são fornecidos pelas próprias empresas. CYNTHIA: A água e os minérios são componentes também basilares para as estruturas de datacenter, que são basilares para o funcionamento da inteligência artificial. (…). E tem toda uma questão, como eu disse muitas vezes, captura um volume gigante de água doce. E essa água que é retornada para o ecossistema, muitas vezes não é compensada da água que foi capturada. Só que as empresas também têm uma promessa em alguns relatórios, você vai ver que elas têm uma promessa até de chegar em algum ponto para devolver cento e vinte por cento da água. Então a empresa está se comprometendo a devolver mais água do que ela capturou. Só que a realidade é o quê? É outra. Então, a Google, por exemplo, nos últimos cinco anos, reportou um aumento de cento e setenta e sete por cento do uso de água. A Microsoft mais trinta e oito e a Amazon sequer reporta o volume de consumo de água. Então uma lacuna tremenda para uma empresa desse porte, considerando todo o setor de Data centers. Mas tem toda essa questão da água, que é muito preocupante, não só por capturar e o tratamento dela e como ela volta para o meio ambiente, mas porque há essa disputa também com territórios que têm uma subsistência muito específica de recursos naturais, então existe uma disputa aí por esse recurso natural entre comunidade e empreendimento. DAMNY: Nessa fala da Cynthia a gente observa duas coisas importantes: a primeira é que não existe data center sem água para resfriamento, de modo que o impacto local da instalação de um empreendimento desses é uma certeza irrefutável. E é um dano contínuo. Enquanto ele estiver em operação ele precisará da água. É como se uma cidade de grande porte chegasse de repente, demandando uma quantidade de água e energia que o local simplesmente não tem para oferecer. E na hora de escolher entre as pessoas e empreendimentos multimilionários, adivinha quem fica sem água e com a energia mais cara? YAMA: A segunda coisa importante que a Cynthia fala é quando ela nos chama a atenção sobre a demanda por recursos naturais. Nós sabemos que recursos naturais são escassos. Mais do que isso, recursos naturais advindos da mineração têm a sua própria forma de impactos sociais e ambientais, o que vemos frequentemente na Amazônia brasileira. O que acontecerá com os data centers quando os recursos naturais locais já não forem suficientes para seu melhor funcionamento? Diante de uma computação que passa por constante renovação pela velocidade da obsolescência, o que acontece com o grande volume de lixo eletrônico gerado por data centers? Perguntas que não têm resposta. DAMNY: A crise geopolítica em torno dos minerais conhecidos como terra-rara mostra a complexidade política e ambiental do futuro das IA do ponto de vista material e das suas cadeias de suprimento. No estudo feito pelo LAPIN, a Cynthia nos disse que considera que esse ponto do aumento da demanda por minerais críticos que as IA causam é um dos pontos mais opacos nas comunicações das grandes empresas de tecnologia sobre o impacto de seus data centers. CYNTHIA: E outro ponto de muita, muita lacuna, que eu acho que do nosso mapeamento, desses termos mais de recursos naturais. A cadeia de extração mineral foi o que mais foi opaco, porque, basicamente, as empresas não reportam nada sobre essa extração mineral e é muito crítico, porque a gente sabe que muitos minérios vêm também de zonas de conflito. Então as grandes empresas, pelo menos as três que a gente mapeou, elas têm ali um trechinho sobre uma prestação de contas da cadeia mineral. Tudo que elas fazem é falar que elas seguem um framework específico da OCDE sobre responsabilização. YAMA: Quando as empresas falam de usar energias limpas e de reciclar a água utilizada, eles estão se desvencilhando das responsabilidades sobre seus datacenters. Energia limpa não quer dizer ausência de impacto ambiental. Pras grandes empresas, as fontes de energia limpa servem para gerar excedente e não para substituir de fato energias fósseis. Você pode ter um data center usando majoritariamente energia solar no futuro, mas isso não muda o fato de que ele precisa funcionar 24/7 e as baterias e os geradores a diesel estarão sempre lá. Além disso, usinas de reciclagem de água, fazendas de energia solar e usinas eólicas também têm impactos socioambientais importantes. O uso de recursos verdes complexifica o problema de identificar os impactos locais e responsabilidades dos data centers, mas não resolve de nenhuma forma os problemas de infraestrutura e de fornecimento de água e energia causados pelos empreendimentos. DAMNY: É por isso que a gente alerta pra não comprar tão facilmente a história de que cada pergunta pro chatGPT gasta x litros de água. Se você não perguntar nada pro chatGPT hoje, ou se fizer 1000 perguntas, não vai mudar em absolutamente nada o alto consumo de água e os impactos locais destrutivos dos data centers que estão sendo instalados a todo vapor em toda a América Latina. A quantidade de dados e de computação que uma big tech usa para treinar seus modelos, por exemplo, jamais poderá ser equiparada ao consumo individual de chatbots. É como comparar as campanhas que te pedem pra fechar a torneira ao escovar os dentes, enquanto o agro gasta em minutos água que você não vai gastar na sua vida inteira. Em resumo, empresas como Google, Microsoft, Meta e Amazon só se responsabilizam pelos impactos diretamente causados por seus data centers e, mesmo assim, é uma responsabilização muito entre aspas, à base de greenwashing. Você já ouviu falar de greenwashing? CYNTHIA: Essa expressão em inglês nada mais é do que a tradução literal, que é o discurso verde. (…)É justamente o que a gente está conversando. É justamente quando uma empresa finge se preocupar com o meio ambiente para parecer sustentável, mas, na prática, as ações delas não trazem esses benefícios reais e, pelo contrário, às vezes trazem até danos para o meio ambiente. Então, na verdade, é uma forma até de manipular, ou até mesmo enganar as pessoas, os usuários daqueles sistemas ou serviços com discursos e campanhas com esses selos verdes, mas sem comprovar na prática. YAMA: Nesse contexto, se torna primordial que a gente tenha mais consciência de toda a infraestrutura material que está por trás da inteligência artificial. Como nos resumiu bem a Tamara: TAMARA: [ Eu acredito que ter noção da infraestrutura completa que envolve a cadeia da IA realmente ajuda a entender a situação. Mesmo que você esteja usando, supostamente, energia renovável para construir e operar um data center, você ainda vai precisar de muitos outros materiais, chips, minerais e outras coisas com suas próprias cadeias de suprimento. Ou seja, independente da forma de energia utilizada, você ainda vai causar dano às comunidades e destruição ambiental. ] But that… I think that is why having a sense of the entire AI supply chain is really helpful, just in terms of thinking about, you know, even if you’re, in theory, using renewable energy to build a data center, you still are relying on a lot of other materials, including chips, including minerals, and other things that. (…) We’re still, you know, possibly going to be harming communities and causing environmental disruption. [ tom baixo ] YAMA: Antes de a gente seguir pro último bloco, eu queria só dizer que a entrevista completa com a Dra. Tamara Kneese foi bem mais longa e publicada na íntegra no blog do GEICT. O link para a entrevista tá na descrição do episódio, mas se você preferir pode ir direto no bloco do GEICT. [ tom baixo ] VOICE OVER: BLOCO 3 – PROBLEMAS GLOBAIS, PROBLEMAS LOCAIS YAMA: Mesmo conhecendo as cadeias, as estratégias de greenwashing trazem um grande problema à tona, que é uma espécie de terceirização das responsabilidades. As empresas trazem medidas compensatórias que não diminuem em nada o impacto local dos seus data centers. Então tem uma classe de impactos que são globais, como as emissões de carbono e o aumento da demanda por minerais críticos, por exemplo. E globais no sentido de que eles são parte relevante dos impactos dos data centers, mas não estão impactando exatamente nos locais onde foram construídos. CYNTHIA: Google, por exemplo, nesse recorte que a gente fez da pesquisa dos últimos cinco anos, ela simplesmente reportou um aumento de emissão de carbono em setenta e três por cento. Não é pouca coisa. A Microsoft aumentou no escopo dois, que são as emissões indiretas, muito por conta de data centers, porque tem uma diferenciação por escopo, quando a gente fala de emissão de gases, a Microsoft, nesse período de cinco anos, ela quadruplicou o tanto que ela tem emitido. A Amazon aumentou mais de trinta por cento. Então a prática está mostrando que essas promessas estão muito longe de serem atingidas. Só que aí entra um contexto mais de narrativa. Por que elas têm falado e prometido a neutralidade de carbono? Porque há um mecanismo de compensação. (…) Então elas falam que estão correndo, correndo para atingir essa meta de neutralidade de carbono, mas muito por conta dos instrumentos de compensação, compensação ou de crédito de carbono ou, enfim, para uso de energias renováveis. Então se compra esse certificado, se fazem esses contratos, mas, na verdade, não está tendo uma redução de emissão. Está tendo uma compensação. (…) Essa compensação é um mecanismo financeiro, no final do dia. Porque, quando você, enquanto empresa, trabalha na compensação dos seus impactos ambientais e instrumentos contratuais, você está ignorando o impacto local. Então, se eu estou emitindo impactando aqui o Brasil, e estou comprando crédito de carbono em projetos em outra área, o impacto local do meu empreendimento está sendo ignorado. YAMA: E os impactos materiais locais continuam extremamente relevantes. Além do impacto nas infraestruturas locais de energia e de água sobre as quais a gente já falou, há muitas reclamações sobre a poluição do ar gerada pelos geradores, as luzes que nunca desligam e até mesmo a poluição sonora. A Tamara nos contou de um caso curioso de um surto de distúrbios de sono e de enxaqueca que tomou regiões de data centers nos Estados Unidos. TAMARA: [ Uma outra coisa que vale ser lembrada: as pessoas que vivem perto dos data centers tem nos contado que eles são super barulhentos, eles também relatam a poluição visual causada pelas luzes e a poluição sonora. Foi interessante ouvir de comunidades próximas a data centers de mineração de criptomoedas, por exemplo, que os moradores começaram a ter enxaquecas e distúrbios de sono por viverem próximos das instalações. E além de tudo isso, ainda tem a questão da poluição do ar, que é visível a olho nu. Há muitas partículas no ar onde há geradores movidos a diesel para garantir que a energia esteja sempre disponível. ] And the other thing is, you know, for people who live near them, they’re very loud, and so if you talk to people who live near data centers, they will talk about the light pollution, the noise pollution. And it’s been interesting, too, to hear from communities that are near crypto mining facilities, because they will complain of things like migraine headaches and sleep deprivation from living near the facilities. And, you know, the other thing is that the air pollution is quite noticeable. So there’s a lot of particulate matter, particularly in the case of using diesel-fueled backup generators as an energy stopgap. DAMNY: E do ponto de vista dos impactos locais, há um fator importantíssimo que não pode ser esquecido: território. Data centers podem ser gigantes, mas ocupam muito mais espaço que meramente seus prédios, porque sua cadeia de suprimentos demanda isso. Como a água e a energia chegarão até os prédios? Mesmo que sejam usados fontes renováveis de energia, onde serão instaladas as fazendas de energia solar ou as usinas de energia eólica e de tratamento de água? Onde a água contaminada e/ou tratada será descartada? Quem vai fiscalizar? YAMA: E essa demanda sem fim por território esbarra justamente nas questões de racismo ambiental. Porque os territórios que são sacrificados para que os empreendimentos possam funcionar, muito frequentemente, são onde vivem povos originários e populações marginalizadas. Aqui percebemos que a resistência local contra a instalação de data centers é, antes de qualquer coisa, uma questão de justiça ambiental. É o caso de South Memphis nos Estados Unidos, por exemplo. TAMARA: [ Pensando particularmente sobre os tipos de danos causados pelos data centers, não é somente a questão da conta de energia ficar mais cara, ou quantificar a quantidade de energia e água gasta por data centers específicos. A verdadeira questão, na minha opinião, é a relação que existe entre esses danos socioambientais, danos algorítmicos e o racismo ambiental e outras formas de impacto às comunidades que lidam com isso a nível local. Especialmente nos Estados Unidos, com todo esse histórico de supremacia branca e a falta de direitos civis, não é coincidência que locais onde estão comunidades negras, por exemplo, sejam escolhidos como zonas de sacrifício. As comunidades negras foram historicamente preferenciais para todo tipo de empreendimento que demanda sacrificar território, como estradas interestaduais, galpões da Amazon… quer dizer, os data centers são apenas a continuação dessa política histórica de racismo ambiental. E tudo isso se soma aos péssimos acordos feitos a nível local, onde um prefeito e outras lideranças governamentais pensam que estão recebendo algo de grande valor econômico. Em South Memphis, por exemplo, o data center é da xAI. Então você para pra refletir como essa plataforma incrivelmente racista ainda tem a audácia de poluir terras de comunidades negras ainda mais ] I think, the way of framing particular kinds of harm, so, you know, it’s not just about, you know, people’s energy bills going up, or, thinking about how we quantify the energy use or the water use of particular data centers, but really thinking about the relationship between a lot of those social harms and algorithmic harms and the environmental racism and other forms of embodied harms that communities are dealing with on that hyper-local level. And, you know, in this country, with its history of white supremacy and just general lack of civil rights, you know, a lot of the places where Black communities have traditionally been, tend to be, you know, the ones sacrificed for various types of development, like, you know, putting up interstates, putting up warehouses for Amazon and data centers are just a continuation of the what was already happening. And then you have a lot of crooked deals on the local level, where, you know, maybe a mayor and other local officials think that they’re getting something economically of value. In South Memphis, the data center is connected to x AI. And so thinking about this platform that is so racist and so incredibly harmful to Black communities, you know, anyway, and then has the audacity to actually pollute their land even more. DAMNY: Entrando na questão do racismo ambiental a gente se encaminha para o nosso segundo episódio, onde vamos tentar entender como o Brasil se insere na questão dos data centers e como diferentes setores da população estão se organizando para resistir. Antes de encerrar esse episódio, contudo, a gente traz brevemente pra conversa dois personagens que vão ser centrais no próximo episódio. YAMA: Eles nos ajudam a compreender como precisamos considerar a questão dos territórios ao avaliar os impactos. Uma dessas pessoas é a Andrea Camurça, do Instituto Terramar, que está lutando junto ao povo Anacé pelo direito de serem consultados sobre a construção de um data center do TIKTOK em seus territórios. Eu trago agora um trechinho dela falando sobre como mesmo medidas supostamente renováveis se tornam violações territoriais num contexto de racismo ambiental. ANDREA: A gente recebeu notícias agora, recentemente, inclusive ontem, que está previsto um mega empreendimento solar que vai ocupar isso mais para a região do Jaguaribe, que vai ocupar, em média, de equivalente a seiscentos campos de futebol. Então, o que isso representa é a perda de terra. É a perda de água. É a perda do território. É uma diversidade de danos aos povos e comunidades tradicionais que não são reconhecidos, são invisibilizados. Então é vendido como território sem gente, sendo que essas energias chegam dessa forma. Então, assim a gente precisa discutir sobre energias renováveis. A gente precisa discutir sobre soberania energética. A gente precisa discutir sobre soberania digital, sim, mas construída a partir da necessidade do local da soberania dessas populações. DAMNY: A outra pessoa que eu mencionei é uma liderança Indígena, o cacique Roberto Anacé. Fazendo uma ótima conexão que nos ajuda a perceber como os impactos globais e locais dos data centers estão conectados, ele observa como parecemos entrar num novo momento do colonialismo, onde a soberania digital e ambiental do Brasil volta a estar em risco, indo de encontro à violação de terras indígenas. CACIQUE ROBERTO: Há um risco para a questão da biodiversidade, da própria natureza da retirada da água, do aumento de energia, mas também não somente para o território da Serra, mas para todos que fazem uso dos dados. Ou quem expõe esses dados. Ninguém sabe da mão de quem vai ficar, quem vai controlar quem vai ordenar? E para que querem essa colonização? Eu chamo assim que é a forma que a gente tem essa colonização de dados. Acredito eu que a invasão do Brasil em mil e quinhentos foi de uma forma. Agora nós temos a invasão de nossas vidas, não somente para os indígenas, mas de todos, muitas vezes que fala muito bem, mas não sabe o que vai acontecer depois que esses dados estão guardados. Depois que esses dados vão ser utilizados, para que vão ser utilizados, então esses agravos. Ele é para além do território indígena na série. [ tom baixo ] [ Começa Bio Unit ] YAMA: A pesquisa, entrevistas e apresentação desse episódio foi feita pelo Damny Laya e por mim, Yama Chiodi. Eu também fiz o roteiro e a produção. Quem narrou a tradução das falas da Tamara foi Mayra Trinca. O Oxigênio é um podcast produzido pelos alunos do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp e colaboradores externos. Tem parceria com a Secretaria Executiva de Comunicação da Unicamp e apoio do Serviço de Auxílio ao Estudante, da Unicamp. Além disso, contamos com o apoio da FAPESP, que financia bolsas como a que nos apoia neste projeto de divulgação científica. DAMNY: A lista completa de créditos para os sons e músicas utilizados você encontra na descrição do episódio. Você encontra todos os episódios no site oxigenio.comciencia.br e na sua plataforma preferida. No Instagram e no Facebook você nos encontra como Oxigênio Podcast. Segue lá pra não perder nenhum episódio! Aproveite para deixar um comentário. [ Termina Bio Unit ] [ Vinheta Oxigênio ] Créditos: Aerial foi composta por Bio Unit; Documentary por Coma-Media. Ambas sob licença Creative Commons. Os sons de rolha e os loops de baixo são da biblioteca de loops do Garage Band. Roteiro, produção: Yama Chiodi Pesquisa: Yama Chiodi, Damny Laya Narração: Yama Chiodi, Danny Laya, Mayra Trinca Entrevistados: Tamara Kneese, Cynthia Picolo, Andrea Camurça e Cacique Roberto Anacé __________ Descendo a toca do coelho da IA: Data Centers e os Impactos Materiais da “Nuvem” – Uma entrevista com Tamara Kneese: https://www.blogs.unicamp.br/geict/2025/11/06/descendo-a-toca-do-coelho-da-ia-data-centers-e-os-impactos-materiais-da-nuvem-uma-entrevista-com-tamara-kneese/ Não somos quintal de data centers: Um estudo sobre os impactos socioambientais e climáticos dos data centers na América Latina: https://idec.org.br/publicacao/nao-somos-quintal-de-data-centers Outras referências e fontes consultadas: Relatórios técnicos e dados oficiais: IEA (2025), Energy and AI, IEA, Paris https://www.iea.org/reports/energy-and-ai, Licence: CC BY 4.0 “Inteligência Artificial e Data Centers: A Expansão Corporativa em Tensão com a Justiça Socioambiental”. Lapin. https://lapin.org.br/2025/08/11/confira-o-relatorio-inteligencia-artificial-e-data-centers-a-expansao-corporativa-em-tensao-com-a-justica-socioambiental/ Estudo de mercado sobre Power & Cooling de Data Centers. DCD – DATA CENTER DYNAMICS.https://media.datacenterdynamics.com/media/documents/Report_Power__Cooling_2025_PT.pdf Pílulas – Impactos ambientais da Inteligência Artificial. IPREC. https://ip.rec.br/publicacoes/pilulas-impactos-ambientais-da-inteligencia-artificial/ Policy Brief: IA, data centers e os impactos ambientais. IPREC https://ip.rec.br/wp-content/uploads/2025/05/Policy-Paper-IA-e-Data-Centers.pdf MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.318, DE 17 DE SETEMBRO DE 2025 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/medida-provisoria-n-1.318-de-17-de-setembro-de-2025-656851861 Infográfico sobre minerais críticos usados em Data Centers do Serviço de Geologia do Governo dos EUA https://www.usgs.gov/media/images/key-minerals-data-centers-infographic Notícias e reportagens: From Mexico to Ireland, Fury Mounts Over a Global A.I. Frenzy. Paul Mozur, Adam Satariano e Emiliano Rodríguez Mega. The New York Times, 20/10/2025. https://www.nytimes.com/2025/10/20/technology/ai-data-center-backlash-mexico-ireland.html Movimentos pedem ao MP fim de licença de data center no CE. Maristela Crispim, EcoNordeste. 25/08/2025. https://agenciaeconordeste.com.br/sustentabilidade/movimentos-pedem-ao-mp-fim-de-licenca-de-data-center-no-ce/#:~:text=’N%C3%A3o%20somos%20contra%20o%20progresso’&text=Para%20o%20cacique%20Roberto%20Anac%C3%A9,ao%20meio%20ambiente%E2%80%9D%2C%20finaliza. ChatGPT Is Everywhere — Why Aren’t We Talking About Its Environmental Costs? Lex McMenamin. Teen Vogue. https://www.teenvogue.com/story/chatgpt-is-everywhere-environmental-costs-oped Data centers no Nordeste, minérios na África, lucros no Vale do Silício. Le Monde Diplomatique, 11 jun. 2025. Accioly Filho. https://diplomatique.org.br/data-centers-no-nordeste-minerios-na-africa-lucros-no-vale-do-silicio/. The environmental footprint of data centers in the United States. Md Abu Bakar Siddik et al 2021 Environ. Res. Lett. 16064017: https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/abfba1 Tecnología en el desierto – El debate por los data centers y la crisis hídrica en Uruguay. MUTA, 30 nov. Soledad Acunã https://mutamag.com/cyberpunk/tecnologia-en-el-desierto/. Acesso em: 17 set. 2025. Las zonas oscuras de la evaluación ambiental que autorizó “a ciegas” el megaproyecto de Google en Cerrillos. CIPER Chile, 25 maio 2020. https://www.ciperchile.cl/2020/05/25/las-zonas-oscuras-de-la-evaluacion-ambiental-que-autorizo-aciegas-el-megaproyecto-de-google-en-cerrillos/. Acesso em: 17 set. 2025. Thirsty data centres spring up in water-poor Mexican town. Context, 6 set. 2024. https://www.context.news/ai/thirsty-data-centres-spring-up-in-water-poor-mexican-town BNDES lança linha de R$ 2 bilhões para data centers no Brasil. https://agenciadenoticias.bndes.gov.br/industria/BNDES-lanca-linha-de-R$-2-bilhoes-para-data-centersno-Brasil/. Los centros de datos y sus costos ocultos en México, Chile, EE UU, Países Bajos y Sudáfrica. WIRED, 29 maio 2025. Anna Lagos https://es.wired.com/articulos/los-costos-ocultos-del-desarrollo-de-centros-de-datos-en-mexico-chile-ee-uu-paises-bajos-y-sudafrica Big Tech's data centres will take water from world's driest areas. Eleanor Gunn. SourceMaterial, 9 abr. 2025. https://www.source-material.org/amazon-microsoft-google-trump-data-centres-water-use/ Indígenas pedem que MP atue para derrubar licenciamento ambiental de data center do TikTok. Folha de S.Paulo, 26 ago. 2025. https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/08/indigenas-pedem-que-mp-atue-para-derrubar-licenciamento-ambiental-de-data-center-do-tiktok.shtml The data center boom in the desert. MIT Technology Review https://www.technologyreview.com/2025/05/20/1116287/ai-data-centers-nevada-water-reno-computing-environmental-impact/ Conferências, artigos acadêmicos e jornalísticos: Why are Tech Oligarchs So Obsessed with Energy and What Does That Mean for Democracy? Tamara Kneese. Tech Policy Press. https://www.techpolicy.press/why-are-tech-oligarchs-so-obsessed-with-energy-and-what-does-that-mean-for-democracy/ Data Center Boom Risks Health of Already Vulnerable Communities. Cecilia Marrinan. Tech Policy Press. https://www.techpolicy.press/data-center-boom-risks-health-of-already-vulnerable-communities/ RARE/EARTH: The Geopolitics of Critical Minerals and the AI Supply Chain. https://www.youtube.com/watch?v=GxVM3cAxHfg Understanding AI with Data & Society / The Environmental Costs of AI Are Surging – What Now? https://www.youtube.com/watch?v=W4hQFR8Z7k0 IA e data centers: expansão corporativa em tensão com justiça socioambiental. Camila Cristina da Silva, Cynthia Picolo G. de Azevedo. https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/ia-regulacao-democracia/ia-e-data-centers-expansao-corporativa-em-tensao-com-justica-socioambiental LI, P.; YANG, J.; ISLAM, M. A.; REN, S. Making AI Less “Thirsty”: Uncovering and Addressing the Secret Water Footprint of AI Models. arXiv, 2304.03271, 26 mar. 2025. Disponível em: https://doi.org/10.48550/arXiv.2304.03271 LIU, Y.; WEI, X.; XIAO, J.; LIU, Z.;XU, Y.; TIAN, Y. Energy consumption and emission mitigation prediction based on data center traffic and PUE for global data centers. Global Energy Interconnection, v. 3, n.3, p. 272-282, 3 jun. 2020. https://doi.org/10.1016/j.gloei.2020.07.008 SIDDIK, M. A. B.; SHEHABI, A.; MARSTON, L. The environmental footprint of data centers in the United States. Environmental Research Letters, v. 16, n. 6, 21 maio 2021. https://doi.org/10.1088/1748-9326/abfba1 Las Mentiras de Microsoft en Chile: Una Empresa No tan Verde. Por Rodrigo Vallejos de Resistencia Socioambiental de Quilicura. Revista De Frente, 18 mar. 2022. https://www.revistadefrente.cl/las-mentiras-de-microsoft-en-chile-una-empresa-no-tan-verde-porrodrigo-vallejos-de-resistencia-socioambiental-de-quilicura/. Acesso em: 17 set. 2025.
Em uma história surpreendente, daquelas que apenas o próprio Deus poderia escrever, Maria recebe, por meio de um anjo, a notícia de que, sendo ela virgem, daria à luz ao Filho de Deus e Filho de Davi. A princípio, percebemos nela um coração já submisso à vontade do Senhor, mas ainda não alegre. Contudo, ao visitar sua prima Isabel, Maria é encorajada e passa a se regozijar nas grandes coisas que Deus estava fazendo por ela, entoando seu cântico que conhecemos como Magnificat. O que mudou? Maria recebeu um novo olhar sobre ela mesma, sobre Deus e sobre o mundo. Reconheceu sua necessidade de um Salvador e, sob a perspectiva divina, percebeu o cumprimento de todas as profecias dos antigos no fruto de seu ventre. Mesmo sem compreender as circunstâncias, Maria transbordou em adoração, pois entendeu que Jesus transforma tudo. Da mesma maneira, em Cristo somos chamados a olhar para nós, para Deus, para o mundo e para as circunstâncias com esperança, lembrando que por Ele fomos transportados de um reino de trevas para a Luz. Sejamos propagadores dessa notícia tão maravilhosa: Cristo mudou tudo! #FAMILIADOSQUECREEM #SERIECRISTONOSSAESPERANÇA Visite nosso site: http://familiadosquecreem.com Compre nossos livros e produtos: http://familiadosquecreem.com/loja Contribua financeiramente: http://familiadosquecreem.com.br/contribuir Ouça nossas músicas: https://open.spotify.com/artist/6aPdiaGuHcyDVGzvZV4LHy Siga-nos no Instagram: http://instagram.com/familiadosquecreem Curta-nos no Facebook: http://facebook.com/familiadosquecreem Siga-nos no Twitter: http://twitter.com/familiadqc
Mesmo enfrentando fortes limitações ao acesso ao trabalho formal, pequenos negócios continuam sendo uma das poucas vias possíveis para que o grupo permaneça economicamente ativo, apesar dos obstáculos sociais, familiares e legais.
Desde a adolescência, a Monica vivia em um casamento seguro com o João. Durante anos, ela confiou completamente nele, mas um dia encontrou mensagens mais carinhosas no celular do marido. Mesmo diante das provas, ele negou tudo, então Monica colocou um rastreador no celular e descobriu o seu carro parado na casa de outra mulher. Mesmo assim, ele continuou negando, mas Monica descobriu que a amante estava grávida e os seus filhos eram parecidos com o marido. João fez um teste de DNA escondido e a verdade veio à tona: a filha era dele. Mesmo humilhada, ela seguiu ao lado do marido, aceitou a criança com limites e viu a amante infernizar sua vida. Anos depois, ela reconhece que nunca mais foi a mesma: a traição não acabou no dia da descoberta. Monica aprendeu a sobreviver à dor, a se reconstruir e a enxergar a força que nunca soube que tinha.
O Paulo vivia um amor seguro com a Ludmila e se entregou completamente ao casamento, que era cheio de planos e sonhos. Tudo desabou no dia em que ele chegou mais cedo do trabalho, e encontrou ela com outro na cama. Sem reação, ele sentiu o seu coração quebrando. Ele se afundou e se perguntava onde tinha errado, mas oito meses depois, ele a encontrou na rua com o olho roxo e cheia de hematomas. Mesmo após a traição, aquela imagem dela machucada, não saia da sua cabeça. Paulo descobriu que ela vivia com medo e dias depois, Ludmila ligou chorando, dizendo que precisava dele para sair daquela relação e que se arrependia de tudo. Agora, ele está dividido entre ajudar, mas tem medo de que essa volta, quebre o seu coração ainda mais.
Confira os destaques do Jornal da Manhã desta segunda-feira (08): O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), recentemente lançado como pré-candidato à Presidência, afirmou que pode desistir da corrida eleitoral, mas impôs um "preço" para que isso aconteça. Segundo o parlamentar, ele só abrirá mão da candidatura se o seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, for libertado da prisão e tiver seus direitos políticos restabelecidos, garantindo que seu nome esteja nas urnas. Reportagem: Rany Veloso. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal vai dar início ao julgamento do Núcleo 2 da tentativa de golpe de Estado nesta terça-feira (09). Seis pessoas serão julgadas, a maioria ligadas à gestão de Jair Bolsonaro (PL). Reportagem: Rany Veloso. A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro deve decidir nesta segunda-feira (08) se mantém ou anula a prisão do presidente da Casa, Rodrigo Bacellar. O parlamentar foi preso preventivamente por suspeita de envolvimento no vazamento de informações sigilosas de investigações. Reportagem: Rodrigo Viga. Mesmo sem um pronunciamento oficial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seus aliados reagem com ceticismo ao anúncio da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência da República. Nos bastidores, o movimento é interpretado pelo entorno do governador como um possível "blefe" ou estratégia política para testar o cenário, e não como uma decisão definitiva para a disputa de 2026. Reportagem: Beatriz Manfredini. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que a estrutura de proteção da usina de Chernobyl foi danificada. O relatório da ONU aponta a perda da capacidade de contenção de radiação após um ataque de drone. Apesar dos reparos emergenciais, a agência alerta para a necessidade de uma restauração abrangente no local. Reportagem: Bruna Milan. Líderes do Centrão no Congresso Nacional criticaram duramente o anúncio da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República em 2026. As lideranças classificaram o movimento político como "equivocado", expondo uma rachadura na base da direita. Para falar sobre esse assunto, a Jovem Pan News conversou com o deputado federal Alencar Santana (PT). Com o anúncio da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência da República, o PT reorganiza suas estratégias regionais. A sigla aposta agora nos nomes do ministro Fernando Haddad (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin como as opções mais fortes para a disputa ao governo do estado de São Paulo, visando contrapor o avanço do PL no maior colégio eleitoral do país. Reportagem: Beatriz Manfredini. O governo do presidente Donald Trump divulgou uma nova estratégia de Segurança Nacional que detalha um foco muito mais intenso na América Latina. O documento chama a atenção por mencionar explicitamente o retorno à "Doutrina Monroe", um princípio de política externa do século XIX que defende a primazia da influência dos Estados Unidos sobre o continente americano e a rejeição de intervenções externas na região. Reportagem: Eliseu Caetano. A Suprema Corte dos Estados Unidos começa hoje a julgar um caso que pode ampliar os poderes presidenciais. No Jornal da Manhã, o correspondente Eliseu Caetano explica a revisão da autoridade de Donald Trump para demitir integrantes de agências independentes, como a FTC. Essas e outras notícias você acompanha no Jornal da Manhã. Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices
Existe um poder simples, mas pouco usado pela maioria das pessoas — e é exatamente por isso que é um dos segredos dos mais bem-sucedidos. Eu te desafio a assistir este vídeo até o fim e começar hoje mesmo a praticar.No ritmo acelerado do dia a dia, parar, sentar e pensar virou um desafio para muitos. E é por isso que vamos iniciar o Jejum de Daniel: para se desconectar do que distrai, silenciar a poluição sonora da mente e focar no que realmente importa.Acesse: www.jejumdedaniel.com e decida fazer esse propósito que vai acrescentar profundamente na sua vida.
Mesmo com a vitória por 3 a 0 sobre o Internacional, a torcida do São Paulo protestou contra a diretoria. Neste episódio, Caio Villela, João Pedro Brandão, Bruno Giufrida, Marcelo Braga e Caio Dominguez debatem sobre a colisão política entre os principais nomes da diretoria Tricolor e o quanto isso tem afetado o rendimento do clube. O que deve ser diferente para 2026? DÁ O PLAY!
O episódio desta semana investiga um dos momentos mais transformadores da nossa história audiovisual: o surgimento do Cinema Novo. Em meio a um Brasil marcado por contrastes profundos — modernização acelerada de um lado, desigualdade social e instabilidade política do outro — o movimento nasceu como um rompimento radical com o cinema comercial que dominava a época.Em um primeiro momento revisitamos o contexto cultural que moldou essa revolução cinematográfica. Enquanto as chanchadas reproduziam fórmulas estrangeiras e escapistas, jovens cineastas começaram a rejeitar essa superficialidade. Inspirados pelo Neorrealismo Italiano e pela Nouvelle Vague Francesa, buscaram criar um cinema crítico, político e genuinamente brasileiro, que encarasse de frente a pobreza, a violência, a fome e a cultura popular.Rafael Arinelli recebe Fernando Machado e Wesley Fernandes para discutir como Glauber Rocha, com sua proposta de “estética da fome”, e outros nomes fundamentais transformaram a precariedade em linguagem e identidade do Cinema Novo. O trio também aborda as tensões internas do movimento — como a célebre disputa entre Glauber Rocha e Anselmo Duarte — e o impacto devastador da Ditadura Militar, cuja censura forçou rupturas, exílios e mudanças de rota.Por fim, o episódio reflete sobre a herança monumental deixada pelo Cinema Novo. Mesmo com vida curta, o movimento estabeleceu bases estéticas e políticas que definem até hoje a noção de cinema de autor no Brasil. Uma conversa essencial para compreender como a arte cinematográfica brasileira se reinventou ao olhar diretamente para sua própria realidade.• 04m32: Pauta Principal• 1h08m27: Plano Detalhe• 1h22m48: EncerramentoOuça nosso Podcast também no:• Spotify: https://cinemacao.short.gy/spotify• Apple Podcast: https://cinemacao.short.gy/apple• Android: https://cinemacao.short.gy/android• Deezer: https://cinemacao.short.gy/deezer• Amazon Music: https://cinemacao.short.gy/amazonAgradecimentos aos padrinhos: • Bruna Mercer• Charles Calisto Souza• Daniel Barbosa da Silva Feijó• Diego Alves Lima• Eloi Xavier• Flavia Sanches• Gabriela Pastori Marino• Guilherme S. Arinelli• Thiago Custodio Coquelet• William SaitoFale Conosco:• Email: contato@cinemacao.com• X: https://cinemacao.short.gy/x-cinemacao• BlueSky: https://cinemacao.short.gy/bsky-cinemacao• Facebook: https://cinemacao.short.gy/face-cinemacao• Instagram: https://cinemacao.short.gy/insta-cinemacao• Tiktok: https://cinemacao.short.gy/tiktok-cinemacao• Youtube: https://cinemacao.short.gy/yt-cinemacaoApoie o Cinem(ação)!Apoie o Cinem(ação) e faça parte de um seleto clube de ouvintes privilegiados, desfrutando de inúmeros benefícios! Com uma assinatura a partir de R$30,00, você terá acesso a conteúdo exclusivo e muito mais! Não perca mais tempo, torne-se um apoiador especial do nosso canal! Junte-se a nós para uma experiência cinematográfica única!Plano Detalhe:• (Fernando): Álbum: HASOS - Baco Exu do Blues• (Wesley): Filme: Marighella• (Wesley): Filme: O Suspeito da Rua Arlington• (Rafa): Instagram: Danilo CarneiroEdição: ISSOaí
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Durante o Escola do Amor Responde de hoje, Renato Cardoso iniciou o programa falando sobre o capítulo 21 do livro Casamento Blindado 2.0, de autoria dele e da esposa, a escritora Cristiane Cardoso, no qual eles tratam sobre a vida financeira dos casais. Inclusive, os dois compartilharam alguns desencontros que tiveram sobre o assunto no início do relacionamento e como tudo se resolveu, ressaltando, assim, a importância de cuidar da vida financeira. Durante este episódio, ele voltou a abordar o tema.Pedido de ajudaNa sequência, Adriane — que é divorciada, tem um filho e está em um novo relacionamento — contou que sempre trabalhou muito fora de casa. Por meio das palestras, ela percebeu que precisava mudar de atitudes e, após dois anos frequentando a Terapia do Amor, conheceu uma pessoa. Em uma conversa sobre vida financeira, ele afirmou acreditar que Adriane deve trabalhar para ajudá-lo. No entanto, ela acha que deve cuidar do lar, dele e da obra de Deus. Ela disse que isso tem gerado uma divergência de pontos de vista sobre o papel da mulher e do homem descritos em Provérbios.Ainda neste programa, outra aluna, Gabriela, contou que está casada há 15 anos e tem três filhos. Desde o início do casamento, o marido não permanecia nos empregos, não tinha responsabilidade e ela chegou a contrair empréstimos para pagar despesas básicas da casa. Depois de um tempo, ela percebeu que ele estava viciado em drogas e bebidas. Mesmo assim, Gabriela buscava, sozinha, forças em Deus para seguir com o casamento. Porém, as coisas só pioraram e, em certas ocasiões, ele os deixava para ir à casa da mãe dele, em outro estado.Entre idas e vindas, ela descobriu que ele a traía. Ela o perdoou, mas ele continuou levando uma vida de mentiras. Gabriela relatou outros comportamentos do marido e disseque ele quer voltar, mas ela quer ter forças para encerrar essa situação. A aluna já chegou a tentar contra a própria vida.Bem-vindos à Escola do Amor Responde, confrontando os mitos e a desinformação nos relacionamentos. Onde casais e solteiros aprendem o Amor Inteligente. Renato e Cristiane Cardoso, apresentadores da Escola do Amor, na Record TV, e autores de Casamento Blindado e Namoro Blindado, tiram dúvidas e respondem perguntas dos alunos. Participe pelo site EscoladoAmorResponde.com. Ouça todos os podcasts no iTunes: rna.to/EdARiTunes