Joaquim Ferreira dos Santos entrou no mundo das crônicas pela leitura dos textos de Rubem Braga, Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos na revista "Manchete" dos anos 1960. As primeiras músicas, ouviu pela Rádio Nacional dos anos 1950. Jornalista desde 1969, trabalhou nos principais jornais e revista…
A "garota papo firme" foi alguém à frente do seu tempo, defende Joaquim Ferreira dos Santos. Tema de biografia recém-lançada, Wanderléa teve papel importante na festa libertária dos costumes nos anos 1960 e semeou o empoderamento feminino de hoje.
Joaquim Ferreira dos Santos recorda o letrista de poucas mas fundamentais músicas gravadas, como Geleia geral. Ele se matou há 45 anos e, a cada vez que sua obra é revisitada ou seu baú de inéditas é aberto, a música e a inteligência brasileiras agradecem.
Talvez por não ter sido malandro, tido vida trágica nem enfrentado a decadência, Ataulfo Alves é menos cultuado do que outros nomes do samba, como Wilson Batista e Geraldo Pereira. Quem defende essa ideia é Joaquim Ferreira dos Santos, que exalta em sua crônica o grande compositor.
Joaquim Ferreira dos Santos aproveita que se aproxima o pouco conhecido Dia do Compositor Popular (7 de outubro) para saudar aqueles que nos oferecem as melhores palavras nos piores momentos. A música-tema da crônica é Festa imodesta, que, numa tabelinha de craques, Caetano Veloso fez para Chico Buarque cantar.
A estação das flores, que chega em 22 de setembro, já não é mais saudada em canções. Joaquim Ferreira dos Santos lamenta, mas admite que é difícil falar de flores em tempos como os atuais. E faz, em forma de crônica, sua homenagem à primavera.
Em seu CD de boleros, Alcione não evita falar do inevitável: a derrota amorosa. Solta os bofes, pouco ligando para os padrões de elegância das cantoras que se formaram ouvindo Marisa Monte. Joaquim Ferreira dos Santos exalta o trabalho em sua crônica.
Ao longo da carreira, Luiz Melodia gravou quatro composições de Sérgio Sampaio, inclusive em seu último disco, de 2014. Sabia do enorme talento do amigo capixaba, morto no ostracismo em 1994. O carioca, pelo menos, partiu tendo seu valor reconhecido.
As crônicas de Lima Barreto mostram que ele fazia restrições à música popular, como aponta Joaquim Ferreira dos Santos. Gostava das modinhas, elogiava Catulo da Paixão Cearense, mas implicava com o piano tocado nos salões da burguesia e não chegou a se aproximar do samba.
Nos 50 anos do movimento tropicalista, falta incluir entre seus discos mais interessantes o Mudei de ideia, que os baianos Antonio Carlos e Jocafi gravaram em 1971. Só o preconceito pode explicar o silêncio sobre esse trabalho, diz Joaquim Ferreira dos Santos.
Antes de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, o disco dos Beatles que está completando 50 anos, álbuns brasileiros já exibiam letras na contracapa e tinham sofisticados projetos gráficos, graças principalmente ao artista Cesar G. Villela, como conta Joaquim Ferreira dos Santos.
As fotos da mineira Diamantina feitas por Chichico Alkmin, na primeira metade do século XX, e expostas no IMS-RJ indicam esperança no que seria o Brasil. Já a canção Beco do Mota faz um retrato sombrio do país sob o regime militar. Joaquim Ferreira dos Santos comenta as duas visões.
Evaldo Braga é tema da biografia Eu não sou lixo, de Gonçalo Junior. O cantor teria sido abandonado numa lixeira pela mãe, a quem passou a vida procurando. O título do livro é o mesmo de uma canção sua e, segundo Joaquim Ferreira dos Santos, vale como um grito de protesto contra o preconceito de que a música romântica (ou brega) é alvo.
A morte de Belchior trouxe novamente à tona as rusgas entre artistas cearenses e os tropicalistas baianos nos anos 1970. Joaquim Ferreira dos Santos recorda a história. Houve momentos de trégua, como uma parceria entre Gilberto Gil e Belchior.
Ao contrário dos vergonhosos apelidos pelos quais os políticos são identificados na lista da Odebrecht, na música popular os codinomes eram dados e recebidos com carinho, como destaca Joaquim Ferreira dos Santos. Tremendão, Sapoti, Marrom, Enluarada e Ternurinha estão entre os exemplos.
Os desenhos de J. Carlos têm na voz de Mario Reis sua mais perfeita trilha sonora. Melindrosas no traço do artista, as mulheres agora estão empoderadas, mas o estilo macio do cantor não envelhece, afirma Joaquim Ferreira dos Santos.
A carne também foi problema em 1959, quando o sucesso da marchinha Boi da cara preta, com Jackson do Pandeiro, fez parte da população entrar na brincadeira preconceituosa e acreditar que comer alimento resultava em perda da masculinidade para os homens. Joaquim Ferreira dos Santos ressalta que a canção integra uma corrente gastronômica da música brasileira.
Rubens Bassini é um daqueles nomes que apareciam em letras pequenas nas contracapas de discos. Mas é preciso falar desse percussionista carioca que imprimiu sua marca no sambalanço e morreu com apenas 48 anos.
Bezerra da Silva já era adulto quando determinou que nascera num 23 de fevereiro. Sendo assim, teria completado 90 anos. Foi um Bob Dylan dos pobres, diz Joaquim Ferreira dos Santos. Um cronista de morros que não ficavam pertinho do céu, mas do inferno.
Músicos já adotaram nomes hoje consideradas racistas, como Blecaute (foto), Gasolina, Bola Sete e Cinco Crioulos. Joaquim Ferreira dos Santos especula em sua crônica o que pode acontecer com esses artistas em tempos de revisão histórica.
Joaquim Ferreira dos Santos quase apanhou de Fagner nos anos 1980, daí o título de sua nova crônica. Hoje seria difícil tamanha raiva, porque "o elogio babão corre solto" na imprensa. Ninguém fala mal de ninguém, nem mesmo de Caetano Veloso endeusando MC Beijinho.
O CD dos sambas de enredo virou uma trilha de festa, diz Joaquim Ferreira dos Santos. Para ele, com exceção dos críticos, ajoelhados ao vento das velas nostálgicas, a impressão de quem brinca no sambódromo é que as músicas são perfeitas para embalar um carnaval cada vez mais divertido.
A doce Nora Ney, a voz dos amores fracassados, a que transformou "Ninguém me ama" em sucesso nacional, também lançou o rock por aqui com "Rock around the clock". Anos depois, como conta Joaquim Ferreira dos Santos, gravou um mea culpa musical e foi ser romântica e politizada para sempre.
O narrador da nova crônica de Joaquim Ferreira dos Santos na Rádio Batuta é o samba. Ele passeia, lírico e onírico, por seus cem anos de existência, da casa da Tia Ciata até os malandros do século XXI, sempre ciente de seu poder transformador.
O filme “Elis” provocou em Joaquim Ferreira dos Santos a dúvida que muita gente tem: Elis Regina foi mesmo a maior cantora do Brasil? Em sua nova crônica, ele cita outras vozes femininas que o marcaram e reconhece que, neste momento, ninguém anda superando Elis.
Rita Lee está lançando uma autobiografia em que conta quase tudo, inclusive as brigas com os Mutantes. Mas não explica a origem de seu canto suave, um modelo que pegou com as cantoras da bossa nova e deu elegância ao pop.
O novo disco de Fernanda Abreu, a garota carioca que mantém aos 50 anos o suingue e o sangue, é uma esperança para tirar o funk da mesmice de sua obsessão sexual, aposta Joaquim Ferreira dos Santos.
A cantora Waleska, que morreu em 14 de outubro, não fez grande sucesso em discos e no rádio, mas reinou nas boates de Copacabana cantando a decepção amorosa em voz baixa e elegante. Sofria sem gritaria.
Silas de Oliveira, cujo centenário se completa em outubro, foi o maior dos compositores de sambas-enredo, mas também craque em outros tipos de samba. Joaquim Ferreira dos Santos recorda joias esquecidas como "Rádio Patrulha", que fala de um medo que acomete muitos políticos hoje: ser preso.
A necessidade de uma campanha financeiramente mais enxuta fez uma vítima a ser lamentada. O compositor de jingles foi demitido. Joaquim Ferreira dos Santos lamenta a perda e recorda jingles clássicos das campanhas políticas nacionais, como a de Janio Quadros em 1960.
Gonzaguinha foi lembrado nas cerimônias dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos com canções de sua fase menos ácida e mais esperançosa, como ressalta Joaquim Ferreira dos Santos. Em vez do "cantor rancor", o artista que acredita na "rapaziada" e para quem "a vida é bonita".
Com a medalha de ouro olímpica, o futebol brasileiro voltou a conquistar uma vitória importante. A torcida, porém, que costumava encher as arquibancadas com músicas especiais para incentivar e comemorar, mostrou que está pouco criativa, como aponta Joaquim Ferreira dos Santos em sua nova crônica.
O baiano Anísio Silva chamava a mulher amada de "divinal querer". Foi empurrado para a linhagem maldita dos cantores brega, mas ele não soluçava, não rasgava a roupa em cena, não abusava da dramaticidade. Era um falso brega, defende Joaquim Ferreira Santos nesta crônica.
Vamos ganhar poucas medalhas de ouro nas Olimpíadas, mas quem nos vence em música? Em vez de DJs, MCs, pagodeiros e Anittas empoderadas, a festa de abertura precisa mostrar ao mundo a nossa batucada e todos os sons das profundezas nacionais. Que se bote o bloco no Maracanã, pede Joaquim Ferreira dos Santos.
A música agradece que Tom Jobim estivesse sempre em estados diferentes de atenção, planetas de interesses que nós, pessoas comuns, não alcançávamos. Mas entrevistá-lo era dureza, recorda Joaquim Ferreira dos Santos. A todo momento um urubu pousava na conversa.
Ana Cristina Cesar colaborava para uma revista semanal da qual Joaquim Ferreira dos Santos era repórter. Nas conversas entre os dois, o assunto principal era Roberto Carlos. O jornalista lembra nesta crônica como a poeta era entusiasmada súdita do Rei.
Nelson Gonçalves cantava que "lá fora o frio é um açoite" para aquecer as mulheres. Ele as amava, mas com aquele jeito de machão que, felizmente, saiu de moda. Falava delas, como provou numa entrevista que Joaquim Ferreira dos Santos recorda nesta crônica, sem muita sutileza. Mas sua voz ainda é capaz de esquentar corações.
Não se morre mais de amor na música brasileira. Mas dá para rir de amores fracassados. É o que faz Clarice Falcão no CD "Problema meu". E faz, segundo Joaquim Ferreira dos Santos, de um jeito moderno e inteligente. Ele adverte: não é um disco para ser dado de presente no Dia dos Namorados.
Cauby Peixoto não queria ser cool, assinala Joaquim Ferreira dos Santos em sua crônica. Ele queria falar com os sentimentos dos fãs, pôr os bofes para fora. Na contramão das frias vozes da atualidade, Cauby chorou, cantou, misturou a vida com um bocado de gim e botou a história sentimental do brasileiro nas cordas de seu gogó imenso.
Com dois minutos de conversa, Raul Seixas tentou se levantar da cadeira e caiu sobre o repórter. Este era Joaquim Ferreira dos Santos, que se recorda do entrevistado bêbado para especular sobre o que se fazer para que malucos geniais sobrevivam à própria maluquice.
Paulinho da Viola chegou ao estúdio para fazer o disco "A toda hora rola uma estória" (1982) com apenas uma canção pronta. Joaquim Ferreira dos Santos estava lá e recorda como o sambista não tinha pressa. O prazo foi a musa inspiradora que lhe permitiu pôr em versos e notas as vivências acumuladas de quem leva o barco devagar.
A falta de ar que assola o país tomado pelo ódio nos impede de perceber que o outono está aí e que há outras palavras para ser ditas além das que inflamam, exacerbam, vituperam. Joaquim Ferreira dos Santos assume esse papel e alerta: também é grave a crise para o cronista radiofônico.
Joaquim Ferreira dos Santos conta sobre a madrugada em que o telefone da redação tocou e era João Gilberto. Queria falar mal do disco "Brasil", que tinha acabado de lançar. Falou tanto que o repórter não quis mais atendê-lo, entrando para a história como alguém que recusou uma entrevista com João.
O Rio completou 400 anos em 1965 sem zika e com samba-exaltação de Billy Blanco na voz de Wilson Simonal. Em sua nova crônica, Joaquim Ferreira dos Santos aponta como a cidade mudou no futebol, na alegria e na sonoridade.
O Carnaval chega cantando em marchinhas o "japonês" da Polícia Federal, que tantas prisões efetuou, e os mauricinhos que atormentaram Chico Buarque na noite do Leblon. Joaquim Ferreira dos Santos pede passagem para fevereiro em sua nova crônica.
A renovação da Praça Mauá, no centro do Rio, ilumina um lugar repleto de histórias e que abrigou a Rádio Nacional nos tempos áureos. Em sua nova crônica, Joaquim Ferreira dos Santos apela à música brasileira que dê à Mauá o tratamento entusiasmado que já dedicou a outras praças.