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Vilma Eid vive e estuda a arte popular há 40 anos. A galerista fala de talento, preconceito e o deslumbramento recente da "elite" Com uma das maiores defensoras da arte popular brasileira, Vilma Eid nunca pensou em desistir – nem mesmo quando passou quatro anos tocando uma galeria sem vender uma única obra. “Nunca me ocorreu dizer: não vou mais trabalhar com isso", disse a diretora artística e fundadora da Galeria Estação, em São Paulo. No Trip FM, ela conta como resistiu ao preconceito do mercado ao valorizar obras de estilos artísticos sub-representados no país. “A SP-Arte, principal feira de arte da América Latina, levou quatro anos para me aceitar. Diziam: ‘Os outros galeristas não querem uma galeria de arte popular'. Nunca levei para o lado pessoal. Mas, pra mim, o que mais doía era ver meu trabalho e, principalmente, os meus artistas, sendo colocados de lado.” No papo com Paulo Lima, ela também relembra momentos inusitados – como a vez em que andou com uma tela de Marc Chagall, um dos pintores mais importantes do Surrealismo, no porta-malas do carro, sem seguro ou embalagem. Hoje, parte da coleção pessoal de Vilma está em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, na exposição "Em cada canto", que reúne mais de cem obras e propõe um diálogo entre a arte popular, a moderna e a contemporânea, desafiando as classificações tradicionais – exatamente como Vilma sempre defendeu. "Às vezes eu mesma me pergunto como é que eu soube que esse era o caminho, não foi uma escolha racional. Era uma necessidade minha”, disse. O programa fica disponível no Spotify e no site da Trip! [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/05/68273e255712c/vilma-eid-galerista-arte-popular-brasileira-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=; LEGEND=; ALT_TEXT=] Você já pensou em desistir da arte em algum momento? Vilma Eid. Nunca me ocorreu dizer: “Não, eu não vou mais trabalhar com isso, vou procurar outra coisa”. Não me ocorreu. Eu sofri muito preconceito, assim como esses artistas sempre sofreram. Mas não era uma escolha racional. Era uma necessidade minha. Às vezes eu me pergunto como é que eu soube que esse era o caminho... Mas é porque era o que eu precisava fazer. Houve um período difícil no começo da galeria? A gente passou quatro anos sem vender nada. As pessoas vinham aqui porque tinham ouvido falar que a galeria era bonita, um espaço novo e tal. Entravam e perguntavam: “Isso aqui é do município? É do estado?” A SP-Arte levou quatro anos para me aceitar. As desculpas eram várias: “Os outros galeristas não querem uma galeria de arte popular”. Nunca levei isso pro lado pessoal. Mas, pra mim, o mais dolorido era pelo meu trabalho, pelos meus artistas. Como você enxerga o mercado de arte hoje? As pessoas estão usando muito o termo... Não é mais arte, é commodities. Outro dia, um jovem virou pra mim e disse: “Esse mercado que você está descrevendo, Vilma, não existe mais”. Pois é. Eu não fui preparada para o mercado de hoje. Eu vejo com muita ressalva essa euforia, que nem sempre é verdadeira. Parece que a gente tem que dizer que a exposição foi um sucesso, que vendeu não sei quantas obras, que faturou não sei quanto... Senão o cliente não acredita. E o reconhecimento internacional? Como você vê esse movimento recente? O Sul Global virou 'moda' e, de certa forma, a gente ganha com isso. Há um entendimento crescente nos EUA e na Europa de que é preciso olhar além do próprio umbigo. Mas ainda é um fenômeno mais geopolítico do que artístico. Mesmo Tarsila do Amaral, com toda a sua relevância, só teve sua primeira grande exposição na Europa recentemente.
A Câmara de Vereadores de Orleans aprovou, por 6 votos a 5, o projeto de lei que cria o Programa Agro 360, voltado à modernização das propriedades rurais, ao fortalecimento da agricultura familiar e ao desenvolvimento rural do município. A proposta, de autoria do prefeito Fernando Cruzetta, enfrentou uma votação acirrada e só foi aprovada graças ao voto de minerva do presidente da Câmara, Joel Cavanholi (PL). O projeto gerou ampla discussão entre os parlamentares. Votaram contra os vereadores Dovagner Baschirotto (MDB), Maiara Dalponte Martins (MDB), Marlise Maria Salvador Zomer (PSDB), Mirele Debiasi (PSDB) e Pedro João Orben (MDB). Já os votos favoráveis vieram de Genaina Coan (PL), Joel Cavanholi (PL), Josemar Sacom (PSD), Leandro Martins (PSD), Murilo Oliveira Hoffmann (NOVO) e Osvaldo Cruzetta (PP). Em entrevista ao programa Cruz de Malta Notícias nesta quinta-feira (15), o presidente da Câmara, Joel Cavanholi, defendeu a aprovação. Segundo ele, o projeto representa uma evolução de programas anteriores e traz mais transparência e igualdade no atendimento ao produtor rural. “Eu não vejo nada de errado, foi uma polêmica desnecessária. A oposição acompanhou o projeto, questionou, o secretário explicou, deu uma aula. O Agro 360 é um ‘porteira adentro' melhorado. Os tributos que antes iam direto para o governo agora voltam como incentivo ao produtor. Isso dá mais sustentabilidade ao município e acaba com a politicagem anterior”, afirmou Cavanholi. Por outro lado, o vereador Dovagner Baschirotto (MDB) esclareceu que a oposição não era contra o conteúdo do projeto, mas criticou a forma como ele tramitou rapidamente pelas comissões legislativas. “O nosso voto não foi contra o projeto, mas contra a forma como ele foi conduzido. Defendemos mais tempo de análise, uma audiência pública para ouvir melhor os agricultores, que são os mais interessados. Houve explicações, sim, mas faltou espaço para aprofundar e esclarecer dúvidas da comunidade rural”, declarou Baschirotto. Com a aprovação, o Programa Agro 360 será implementado pelo Executivo e deverá trazer novas diretrizes para apoio técnico e financeiro aos produtores rurais, com foco em eficiência produtiva, sustentabilidade e valorização da agricultura familiar.
A Câmara de Vereadores de Orleans aprovou, por 6 votos a 5, o projeto de lei que cria o Programa Agro 360, voltado à modernização das propriedades rurais, ao fortalecimento da agricultura familiar e ao desenvolvimento rural do município. A proposta, de autoria do prefeito Fernando Cruzetta, enfrentou uma votação acirrada e só foi aprovada graças ao voto de minerva do presidente da Câmara, Joel Cavanholi (PL). O projeto gerou ampla discussão entre os parlamentares. Votaram contra os vereadores Dovagner Baschirotto (MDB), Maiara Dalponte Martins (MDB), Marlise Maria Salvador Zomer (PSDB), Mirele Debiasi (PSDB) e Pedro João Orben (MDB). Já os votos favoráveis vieram de Genaina Coan (PL), Joel Cavanholi (PL), Josemar Sacom (PSD), Leandro Martins (PSD), Murilo Oliveira Hoffmann (NOVO) e Osvaldo Cruzetta (PP). Em entrevista ao programa Cruz de Malta Notícias nesta quinta-feira (15), o presidente da Câmara, Joel Cavanholi, defendeu a aprovação. Segundo ele, o projeto representa uma evolução de programas anteriores e traz mais transparência e igualdade no atendimento ao produtor rural. “Eu não vejo nada de errado, foi uma polêmica desnecessária. A oposição acompanhou o projeto, questionou, o secretário explicou, deu uma aula. O Agro 360 é um ‘porteira adentro' melhorado. Os tributos que antes iam direto para o governo agora voltam como incentivo ao produtor. Isso dá mais sustentabilidade ao município e acaba com a politicagem anterior”, afirmou Cavanholi. Por outro lado, o vereador Dovagner Baschirotto (MDB) esclareceu que a oposição não era contra o conteúdo do projeto, mas criticou a forma como ele tramitou rapidamente pelas comissões legislativas. “O nosso voto não foi contra o projeto, mas contra a forma como ele foi conduzido. Defendemos mais tempo de análise, uma audiência pública para ouvir melhor os agricultores, que são os mais interessados. Houve explicações, sim, mas faltou espaço para aprofundar e esclarecer dúvidas da comunidade rural”, declarou Baschirotto. Com a aprovação, o Programa Agro 360 será implementado pelo Executivo e deverá trazer novas diretrizes para apoio técnico e financeiro aos produtores rurais, com foco em eficiência produtiva, sustentabilidade e valorização da agricultura familiar.
Episódio analisa a atuação vascaína na derrota para o Lanús. Houve evolução com Fernando Diniz? Por que o time caiu tanto no segundo tempo? É preciso mexer na escalação? Dá o play!
A 21ª edição da Bienal de Dança de Lyon, de 6 a 28 de Setembro, vai contar com vários artistas lusófonos. Destaque para os portugueses Marco da Silva Ferreira e Tânia Carvalho, mas também para o moçambicano Ídio Chichava e a brasileira Lia Rodrigues, numa edição que vai ecoar com a temporada cruzada França-Brasil. “A dança fala português de uma forma muito forte”, admitiu à RFI Tiago Guedes, o director artístico da bienal, sublinhando também que a dança pode ser uma resposta colectiva de resistência e de ternura face a um mundo em crise. No programa desta 21ª edição da Bienal de Dança de Lyon sobressai uma linha de força lusófona. “Brasil Agora” é um dos pilares desta edição, com oito projectos de artistas brasileiros, no âmbito da temporada Cruzada França-Brasil. Destaque para Lia Rodrigues, Volmir Cordeiro e Davi Pontes & Wallace Ferreira, entre muitos outros.O português Marco da Silva Ferreira – artista associado da Maison de La Danse - apresenta F*ucking Future, em estreia mundial, e Fantasie Minor, que já tinha mostrado na última Bienal.No centenário do nascimento de Pierre Boulez, há também uma homenagem dançada a esta figura emblemática da musica contemporânea mundial, num espectáculo em estreia da portuguesa Tânia Carvalho (Tout n'est pas visible/Tout n'es pas audible).O coreógrafo moçambicano Ídio Chichava apresenta Vagabundus e M'POLO, este último numa curadoria do director da bienal moçambicana Kinani, Quito Tembe.Será que a dança fala português? “A dança fala português de uma forma muito forte”, responde Tiago Guedes, o director artístico da Bienal. Adança é, também,“um espelho da sociedade e um acto político em si”, sublinha Tiago Guedes, apontando a imagem do evento - braços que se se abraçam - como a resposta colectiva de resistência e de ternura a um mundo em crise.O programa tem 40 espectáculos, incluindo 24 criações e estreias. Há figuras emergentes e nomes bem conhecidos. Há espectáculos dentro e fora das salas, em espaços públicos e outros inesperados. O objectivo é reunir o público em torno da dança e mostrar esta arte como “um bem comum”.Há, ainda, uma parceria com o Centro Pompidou, em que as coreógrafas Eszter Salamon, Dorothée Munyaneza e Gisèle Vienne cruzam a dança, as artes visuais, a música e a literatura.A 21ª edição da Bienal de Dança de Lyon vai decorrer de 6 a 28 de Setembro na cidade francesa e prolonga-se até 17 de Outubro na região Auvergne-Rhône-Alpes.No dia em que apresentou a programação no Ministério da Cultura, em Paris, Tiago Guedes esteve à conversa com a RFI.RFI: Quais são as principais linhas de força desta edição?Tiago Guedes, Director artístico da Bienal de Dança de Lyon: “Esta edição faz-se de uma forma muito colaborativa. Essa é uma das forças desta bienal, num contexto mais duro para as artes em geral, é muito importante que as instituições, que os artistas, que os parceiros de programação criem esforços e criem forças para manter o nível destes grandes eventos. Desde logo, um grande foco que se chama ‘Brasil Agora!', com oito projectos de artistas brasileiros, feito no âmbito da temporada cruzada Brasil em França. É uma parte muito importante para a nossa programação, é uma espécie de actualização do que é a dança e a coreografia brasileira hoje em dia, com espectáculos de várias dimensões e artistas de várias gerações. Por exemplo, o espectáculo de abertura de Lia Rodrigues, uma das grandes coreógrafos brasileiras, mas também muitos jovens que vão apresentar o seu trabalho. Isto é uma parte muito importante da Bienal.”Como Volmir Cordeiro, que dançou para Lia Rodrigues também... “Volmir Cordeiro, que dançou com ela também, e outros artistas.Outro pilar importante da nossa programação é uma grande parceria com o Centro Pompidou. O Centro Pompidou estará em obras nos próximos cinco anos e, com alguns parceiros, nomeadamente connosco, decidiu imaginar um foco à volta de três coreógrafas mulheres: a húngara Eszter Salamon, a ruandesa Dorothée Munyaneza e a francesa Gisèle Vienne e, à volta do universo destas três mulheres coreógrafas, nós e o Centro Pompidou imaginámos projectos inéditos que vão ser apresentados durante a Bienal de Lyon. Gisèle Vienne, por exemplo, vai remontar a sua peça ‘Crowd' XXL nos Les Grandes Locos, que é um antigo armazém de montagem de comboios, um espaço gigante que nós temos em Lyon. Dorothée Munyaneza vai fazer uma ocupação da Villa Gillet, que é o centro literário de Lyon. A Esther Salomon, para além de um espectáculo, apresenta também uma instalação ao longo da Bienal. São verdadeiramente coreógrafas que partem do corpo para se conectar com outras disciplinas: artes visuais, música e literatura.”Há também criadores portugueses. Um deles é Marco da Silva Ferreira, que apresenta dois espectáculos, um que já esteve na última bienal. Porquê Marco da Silva Ferreira e como é que descreve o trabalho dele? “Há dois artistas portugueses, Marco da Silva Ferreira e Tânia Carvalho. O Marco é nosso artista associado à Bienal e à Maison de la Danse e representa novas criações durante a Bienal e espectáculos em repertório que nós voltamos a apresentar. De facto, a peça que ele apresentou há dois anos, ‘Fantasie Minor', com dois jovens bailarinos, foi um tal sucesso que nós vamos voltar a apresenta-la na região -não em Lyon porque já apresentámos em Lyon, mas como a Bienal tem um programa que se chama “Rebond”, vamos apresentar esta peça do Marco com cinco parceiros fora da área metropolitana de Lyon. Depois, há uma criação mundial muito aguardada. O Marco é um dos grandes coreógrafos da actualidade e a sua peça vai ser apresentada também no Les Grandes Locos. É uma peça com um formato especial quadrifrontal, um ringue que não tem boxeurs, mas bailarinos, onde o Marco vai trabalhar sobre as questões da masculinidade, fragilidade e poder que nós encontramos nos homens também. É uma peça muito aguardada pelo mundo coreográfico internacional. O Marco, de facto, tornou-se um coreógrafo muito aguardado e é um dos grandes nomes da coreografia mundial deste momento e nós estamos muito contentes e orgulhosos que este coreógrafo possa estrear na nossa Bienal.”A Bienal de Dança de Lyon, em parceria com o Festival de Outono, encomendou um espectáculo com a assinatura da coreógrafa portuguesa Tânia Carvalho. Este é um dos projetos principais do programa. Quer falar-nos sobre este projecto?“Sim, é um projecto muito importante. Desde logo, é uma encomenda da Bienal, não é um projecto que a Bienal coproduza, é verdadeiramente uma encomenda. Nós, no âmbito do centenário do nascimento de Pierre Boulez, achámos que seria muito interessante fazer um desafio a um coreógrafo, neste caso uma coreógrafa, para trabalhar a dois níveis, a nível artístico, mas também ao nível da transmissão. A Tânia gosta muito de trabalhar com jovens bailarinos e, neste caso, vai trabalhar com jovens bailarinos e jovens músicos; dois conservatórios: Conservatório Nacional de Lyon e Conservatório Nacional de Paris; duas áreas: dança e música; dois festivais: Bienal de Dança de Lyon e Festival de Outono de Paris; dois museus: Museu de Belas Artes em Lyon e Museu de Arte Moderna em Paris; uma coreógrafa, Tânia Carvalho, que trabalha desde o início numa relação muito forte com a música, ela própria é cantora e música. Achámos que seria muito interessante também devido ao seu universo coreográfico muito específico, muito expressionista, mas tecnicamente muito exigente, de trabalhar com estes jovens bailarinos que acabam a sua formação antes de serem bailarinos profissionais, numa deambulação em dois museus muito diferentes. Um museu mais dedicado à arte do século XIX e início do século XX e, depois em Paris, um museu mais dedicado à arte moderna e contemporânea, sendo que tanto os bailarinos e músicos de Lyon como de Paris vão estar nos dois lados. Os museus são diferentes, os festivais são diferentes, mas são 40 músicos e bailarinos que nos vão fazer visitar o museu de forma diferente também através das obras que são apresentadas e do universo sonoro de Pierre Boulez.É, de facto, uma produção que nós aguardamos e que tem um pouco o ADN da Bienal, que é um pouco esta questão de, por um lado, a criação - porque as criações são muito importantes para a Bienal, há 40 espectáculos, 24 criações mundiais ou criações francesas. Mas também esta relação com o ensino, com os jovens, a forma como a dança pode ser vista de uma forma muito menos elitista e abrir muito mais portas de entrada para o que nós defendemos.”Houve um coreógrafo que também já fez essa experiência de dançar num museu, no Museu de Orsay. Foi o coreógrafo moçambicano Ídio Chichava que vai estar também em destaque no programa da bienal. Depois de ele ter impressionado em Paris, com ‘Vagabundus' e depois outras peças, o que é que ele traz à bienal e porquê Ídio Chichava?“Ídio Chichava foi uma descoberta. Eu vi o seu espectáculo em contexto, em Maputo, onde ele trabalha com os seus bailarinos, onde ele faz um trabalho artístico, social, político, de militância, de força do corpo, o corpo também como um corpo contestatário. É uma peça muito política sobre o que é a sociedade moçambicana, sobre o que é ser bailarino hoje em dia e o que é este poder do corpo também como manifesto social e político.O Ídio é, de facto, uma grande descoberta. Ele foi laureado do Prémio SEDA [Salavisa European Dance Award] da Fundação Calouste Gulbenkian, do qual fazemos parte, ele e a Dorothée Munyaneza foram os primeiros laureados deste prémio que a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu lançar em homenagem ao Jorge Salavisa que foi o primeiro director do Ballet Gulbenkian. A Bienal é parceira e apresenta estes dois coreógrafos. Vai ser um dos nossos espectáculos também de destaque, embora ele já tenha sido apresentado em França, mas nunca apresentou o seu trabalho em Lyon. E é um espectáculo muito, muito forte, que concilia um lado coreográfico muito interessante, mesmo um lado de retrato social, quase um espectáculo antropológico do que é hoje a sociedade moçambicana. É também, para mim, um dos grandes destaques desta Bienal.”Na última edição tinha prometido um fórum com curadores de vários cantos do mundo, incluindo o moçambicano Quito Tembe, director artístico da Plataforma de Dança Kinani de Moçambique. Este projecto como se concretiza agora? “Este projecto concretiza-se finalmente. Ou seja, ele iniciou-se na Bienal 2023 com o encontro dos curadores e dos artistas e durante estes dois anos eles foram-se encontrando e imaginando o que é que seria este fórum, que é a parte mais reflexiva da Bienal e tudo o que acontece à volta dos espectáculos, nomeadamente a parte mais de discussão e de reflexão do que é a dança fora de um contexto privilegiado do centro da Europa.Efectivamente, um artista aborígene australiano ou um artista brasileiro que viva num dos Estados mais pobres, como é, por exemplo, o Piauí, o seu trabalho de dança é muito diferente. Muitas das vezes, para poderem ser bailarinos e coreógrafos, têm mais dois ou três trabalhos complementares e a relação com o tempo é outra, a relação com o dinheiro é outra, a relação com as instituições é outra. Eu acho que é muito importante para a Bienal se inspirar de outras práticas, de outras formas também de fazer. Este fórum é constituído, de facto, por cinco curadores e artistas vindo de Taiwan, Austrália, Moçambique, Brasil e Estados Unidos, com cinco grandes temáticas e à volta dessas temáticas há uma data de actividades que se ligam a estas temáticas que vêm das pesquisas coreográficas destes cinco artistas. Por exemplo, a artista americana é enfermeira e coreógrafa e o seu trabalho é sobre o cuidado, o cuidado que se tem que ter com o corpo quando se é coreógrafo, mas quando se é enfermeiro também. Então, são mesmo outras formas de mostrar o que o corpo pode para além do que ele faz num palco.”Uma das linhas de força desta Bienal talvez seja a criação lusófona. A dança também fala português?“A dança fala português de uma forma muito, muito forte. Há artistas coreógrafos portugueses ou que estão em Portugal que são grandes nomes da dança. Podemos falar de dois grandes nomes da dança: Marlene Monteiro Freitas e Marco da Silva Ferreira. Marlene não vai estar na Bienal, mas está logo a seguir na temporada da Maison de la Danse. São mesmo artistas que contam. Quando se fala em dez grandes nomes de coreógrafos actuais, o Marco e a Marlene aparecem sempre...”A Marlene Monteiro Freitas que vai abrir o Festival de Avignon este ano… “Abre o Festival de Avignon exactamente com essa peça da qual somos co-produtores também e que apresentamos depois na Maison de la Danse. De facto, há um grande interesse pelo que se passa por Portugal e há uma grande particularidade que é: são artistas que são autores. O trabalho é muito, muito autoral, ou seja, não se parece com nada de outro. Muitas das vezes nós vemos filiações, nós vemos muitos artistas - e nada contra, há artistas excelentes, mas que tu percebes de onde é que eles vêm. Tu vês um trabalho da Marlene Monteiro Freitas e não se parece com nada, tu vês e dizes que é um trabalho da Marlene. Isso é muito interessante, é algo que distingue porque, para além de serem coreógrafos, são verdadeiramente autores. Autores com um universo completamente identificado e muito particular. Estes três - a Tânia, a Marlene e o Marco – assim o são e nós temos que ter muito orgulho desta nova geração de coreógrafos e de coreógrafas portuguesas.”Relativamente à filosofia e ao conceito desta Bienal, no editorial de apresentação do programa, o Tiago Guedes escreve que “a Bienal reafirma a importância do colectivo em diferentes locais, seja em palco, na rua ou em espaços inesperados”… Num mundo em crise e face aos abalos ecológicos, políticos, sociais, o que é que pode a dança nestes palcos políticos? “Desde logo, o que é que pode o corpo? O corpo neste momento está em perigo. Ele está em perigo nas guerras que estão às nossas portas. Ele está em perigo quando no Brasil são assassinados corpos trans, corpos não normativos - aliás, nós apresentamos Davi Pontes & Wallace Ferreira que falam exactamente nisso, um corpo em combate, o que é que pode ser uma coreografia quando um corpo tem que estar completamente em combate? Eu acho que uma Bienal quer mostrar toda a diversidade da dança e a dança é um espelho da nossa sociedade e é um acto político em si. Quando tu expões o corpo desta maneira, quando o corpo está em perigo em muitas geografias do nosso mundo, é muito importante, de facto, colectivamente, defender este posicionamento do corpo e estes olhares outros que os corpos podem fazer na nossa sociedade. É certo que, nesta edição, à imagem da imagem que escolhemos para a nossa Bienal, que são braços que se agarram uns aos outros, é esta ideia de estar juntos e como é que colectivamente os corpos podem ter mais força do que um corpo individual. É uma imagem ao mesmo tempo de resistência e uma imagem de ternura também. Isso é algo que é muito importante hoje em dia: como é que, em conjunto, nós podemos fazer face a uma sociedade que, a meu ver, está bem complicada a vários níveis e a arte, em si, não deve só ser uma fruição da beleza, ela deve sublinhar, por um lado, os males do mundo, mas como é que o corpo responde de uma forma mais sensível, de uma forma menos directa, e como é que nós podemos ter momentos de suspensão, mas que, por vezes, eles nos dão também uma visão do mundo bastante dura, mas os corpos podem responder de outra forma.”
Esta semana o tema não podia ser outro e não vamos fugir dele. Num domingo louco, a fase regular terminou e com ela chegam os balanços: a classificação final é justa? Para além disso, damos um toque na II Divisão e na sua quente luta pela subida e ainda no feminino, onde o Santa Luzia passou de quase castigado a quase finalista.
Hoje, ‘No Pé do Ouvido, com Yasmim Restum, você encontra essas e outras notícias: STF forma maioria para condenar Zambelli e hacker por invasão aos sistemas do CNJ. Julgamento sobre proteção a Ramagem abre nova crise entre Câmara e STF, avaliam líderes. Quilombolas vivem majoritariamente em áreas rurais no Brasil, mostra IBGE. Indígenas Pataxós transformam antiga fazenda com modelo agroecológico. Papa Leão XIV pede paz duradoura em regiões castigadas por conflitos. E a produção brasileira ‘Irmão do Jorel’ vence Prêmio Quirino de melhor série.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O novo livro de Domingos da Cruz, "Ferramentas para Destruir o Ditador e Evitar Nova Ditadura", foi bloqueado no aeroporto de Luanda, em Angola, pelos serviços de segurança do Estado. Trata-se de uma versão mais radical da obra que levou à detenção dos 15+2 activistas em 2015 e que seria agora apresentada em Angola. Domingos da Cruz defende a desobediência civil como caminho para mudar Angola, critica a censura ao seu livro e denuncia a dependência da oposição ao regime. RFI: Como interpreta este bloqueio do seu livro no aeroporto por parte das autoridades angolanas? Estava à espera que isto acontecesse?Domingos da Cruz: Nunca esperei nada que fosse, digamos, de acordo com a lei, com a ética, com o que é normal numa sociedade onde aqueles que estão no poder agem de acordo com os interesses dos cidadãos. Portanto, eu esperava que isso acontecesse, até porque estamos perante uma atitude que revela coerência: é mais uma vez o regime a afirmar a sua própria natureza. Seria de uma grande ingenuidade esperar o contrário. Imagine que estivéssemos em Cuba ou na Coreia do Norte e se esperasse liberdade de imprensa, direito à manifestação, liberdade de pensamento, liberdade académica e científica, seria uma contradição. E o mesmo se aplica a Angola. Portanto, tudo o que fizeram revela tão somente a natureza do próprio regime. Para mim, é perfeitamente expectável.Gostaria de esclarecer que não falo com a imprensa sobre o assunto com a intenção de me apresentar como vítima ou de fazer qualquer denúncia. Não estou a denunciar absolutamente nada. Estou simplesmente a aproveitar a oportunidade que me é concedida para informar o que sucedeu. Se estivesse a denunciar, seria ingénuo e seria contraproducente, até porque ao longo de mais de três décadas se vão fazendo denúncias e nada melhora. Pelo contrário, o país só piora em quase todos os aspectos. Na realidade, quando se vive numa ditadura, num regime autoritário, a denúncia não funciona. O que se deve fazer é construir um plano estratégico de modo a remover a ditadura. Este é o caminho certo e não o caminho do vitimismo e da denúncia.Vamos falar disso e também do seu livro, mas antes pergunto-lhe: O que pretende ao disponibilizar o livro gratuitamente em PDF do seu livro e como é que esta decisão está a ser recebida pelo público?As pessoas estão satisfeitas pelo facto de eu ter disponibilizado o PDF. A razão que me levou a tomar esta decisão tem única e exclusivamente a ver com a minha pretensão de contribuir para esse processo de libertação, para que possamos sair do cativeiro. Eu acredito na força das ideias, na capacidade criativa e transformadora que as ideias têm. Espero que as pessoas adoptem as ideias e as pratiquem, porque me parece ser o caminho para a nossa libertação. E gostaria, mais uma vez, de aproveitar este momento para dizer que estamos numa sociedade onde, cada vez mais, a situação piora. Não vejo outro caminho que não seja, de facto, a mobilização popular para a transformação de Angola de uma ditadura para uma democracia.Essa mobilização é precisamente o que apresenta no seu livro, que inclui 168 técnicas de desobediência civil, baseadas no trabalho do intelectual e activista norte-americano Gene Sharp, considerado o maior teórico da resistência não violenta. Quais considera mais aplicáveis ao contexto actual de Angola e porquê?No contexto actual, parece-me que as técnicas de subversão do ponto de vista económico são adequadas, porque estamos num momento de grande crise, o que limita o regime financeiramente para comprar o maior número possível de pessoas, como tem sido prática. Se houver, por exemplo, indisponibilidade dos cidadãos para pagar impostos, para fazer depósitos bancários, se forem retirando o dinheiro dos bancos, isso aprofundará a crise e, de alguma maneira, limitará o regime na compra de pessoas. Essa é uma técnica perfeitamente adequada ao contexto actual.Por outro lado, as pessoas podem permanecer em casa, podem fazer abaixo-assinados, podem parar de colaborar com as instituições. Aqueles que trabalham em instituições públicas podem fingir que estão a trabalhar e não trabalharem. Tudo isso viabilizará o colapso das instituições e, perante esse colapso, chegará um momento em que as pessoas se levantarão em grande número, sem dúvida.Aproveito também para dizer que a diferença entre a edição que nos levou à prisão em 2015 e esta é que esta é uma edição crítica. Por edição crítica entende-se um texto comentado por vários pesquisadores. Temos o conteúdo da edição anterior, com algumas ideias novas, mas agora associado a comentários de vários estudiosos do Brasil, de Angola, de Moçambique, da Itália, que tornam o texto muito mais rico. Essa é a grande diferença entre a [edição] anterior e esta.Trata-se de uma reedição que acontece 10 anos depois daquela que talvez tenha sido a sua obra mais falada e conhecida, pelo menos em Angola.Sim, sim. Dez anos depois. Por acaso, não obedeceu a nenhum cálculo. Depois de tudo o que aconteceu, muitos já sabem, eu não tinha qualquer motivação para voltar ao livro. Mas, tendo em conta a degradação em que o regime se encontra e a situação geral do país, do ponto de vista económico e social, levou-me a pensar que é oportuno reeditar a obra. Ela afirma uma convicção profunda que tenho: acho que o caminho da luta não violenta, da desobediência civil, que sintetiza todas as técnicas que acabou de referir, parece-me ser efectivamente o caminho mais adequado para Angola.Se optássemos pela violência, de alguma forma estaríamos a contradizer a ética, por um lado, e a democracia que desejamos construir, por outro. Além disso, colocar-nos-íamos na mesma posição daqueles que estão no poder: seríamos todos violentos, do mesmo nível moral. Quem luta por uma democracia deve colocar-se numa posição de diferença, não só do ponto de vista ético, mas também discursivo. É óbvio que existem vários caminhos para a libertação, mas a violência colocar-nos-ia numa posição de grande desvantagem e haveria pouca possibilidade de vitória. Acho que a luta não violenta é o caminho mais adequado. Continuo a acreditar profundamente nisso, embora reconheça outras possibilidades.Domingos da Cruz, decorreram 10 anos desde o caso que levou à prisão dos 15+2 activistas, de que fez parte. Este julgamento terá sido provavelmente o mais mediático, ou um dos mais mediáticos, em Angola. O que mudou no país desde então? Considera que o actual regime de João Lourenço representa uma continuidade ou houve mudança em relação à repressão do tempo de José Eduardo dos Santos?Relativamente à repressão, houve continuidade, claramente. Não há dúvidas quanto a isso. Gostava de apresentar alguns exemplos simples. Tal como José Eduardo dos Santos fazia, qualquer tentativa de protesto é hoje reprimida pelo seu sucessor. E quando digo “seu sucessor”, baseio-me no que diz o nosso quadro legal. De acordo com a Constituição da República de Angola, o responsável pelos serviços de defesa e segurança é o Presidente da República. O ministro do Interior, da Defesa, os serviços secretos, todos agem a mando do Presidente. Aliás, temos uma das constituições que confere poderes excessivos ao Presidente.E não se trata apenas de reprimir. No caso de João Lourenço, ele aprofundou algo inédito: matar à luz do dia. Tivemos a morte de um activista numa manifestação em Luanda, por exemplo. E depois houve o caso das Lundas, onde foram assassinadas mais de 100 pessoas. Há um relatório publicado por organizações da sociedade civil angolana que descreve claramente esse drama.Falando de outros direitos; políticos, económicos e sociais, os indicadores mostram que a situação do país se degrada a cada dia. Houve também oportunidade para a sociedade civil fazer uma autocrítica e perceber que o método da denúncia é um erro, até mesmo do ponto de vista histórico. Imagine, na época colonial, se os nossos antepassados se limitassem a denunciar, provavelmente ainda estaríamos sob colonização. O que se deve fazer, na verdade, é tomar uma posição para pôr fim ao regime. E as técnicas de luta não violenta adequam-se perfeitamente para pôr fim ao nosso cativeiro. Mais de três décadas de denúncias não resolveram absolutamente nada. Os indicadores estão ali, quando se olha para os relatórios de instituições como as Nações Unidas, a Freedom House, Repórteres Sem Fronteiras, Mo Ibrahim Foundation, entre outras, todos demonstram que não saímos do mesmo lugar.Fala da sociedade civil e da oposição. Qual deve ser, a seu ver, o papel da oposição política, da sociedade civil e da juventude angolana na luta contra a repressão e na construção de uma democracia real?É preciso estabelecer uma diferença clara entre a oposição partidária e a luta cívica feita pela sociedade civil e pela juventude, como acaba de referir. A minha única esperança sincera está no povo. Primeiro, o povo deve tomar consciência de que está sozinho no mundo, literalmente abandonado. Vivemos num país com uma elite conectada ao capitalismo internacional, às grandes corporações, às potências ocidentais. É um regime que viabiliza a extração de recursos e beneficia o Ocidente.Internamente, o regime também beneficia a oposição partidária, o que significa que o povo é a única vítima disto tudo. A sociedade é que deve levantar-se. Não vejo um milímetro, não vejo um centímetro de esperança vindo da política partidária. Dou-lhe um exemplo simples: não conheço parte alguma do mundo onde se possa fazer oposição dependendo financeiramente do regime contra o qual se luta. A nossa lei dos partidos políticos confere financiamento vindo do Orçamento Geral do Estado aos partidos da oposição. E como, em Angola, o MPLA se confunde com o Estado, porque o capturou, significa que os partidos da oposição dependem literalmente do MPLA para sobreviverem. Para terem arroz e feijão na mesa, para cuidarem da sua saúde, para mandarem os filhos à escola ou comprarem um bilhete de avião, dependem do regime. Não é possível fazer oposição assim.Como dizia Thomas Sankara: quem te alimenta, controla-te, manipula-te. Por outro lado, temos uma oposição viciada, corrupta e envelhecida. Psicologicamente, não se pode esperar muito de velhos. Não é dos velhos que virá a revolução.
O governo sudanês rompeu, esta terça-feira, as relações diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos que declarou como um "Estado agressor" por, alegadamente, fornecer armas aos paramilitares que lutam contra o exército regular. O anúncio surge um dia depois de o Tribunal Internacional de Justiça se ter declarado "manifestamente incompetente" para julgar a queixa apresentada pelo Sudão contra os Emirados Árabes Unidos por cumplicidade no genocídio no Darfur. Neste programa, Daniela Nascimento, especialista no Sudão, analisa os últimos acontecimentos no país que vive “a pior crise humanitária do mundo” e onde não se prevê um desescalar da situação “num futuro próximo”. Desde Abril de 2023, o Sudão está mergulhado numa guerra civil entre o exército regular, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e as Forças de Apoio Rápido, uma milícia paramilitar sob o comando de Mohamed Hamdan Daglo. Estima-se que o conflito tenha provocado dezenas de milhares de mortes, cerca de 13 milhões de deslocados e a “pior crise humanitária do mundo", de acordo com a ONU.Nos últimos três dias, as Forças de Apoio Rápido têm realizado ataques de drones contra várias infra-estruturas em Porto-Sudão, sede provisória do governo sudanês, o qual acusa os Emirados Árabes Unidos de fornecerem armas aos paramilitares. Entretanto, o Tribunal Internacional de Justiça manifestou-se “incompetente” para julgar a queixa de Cartum que acusa Abu Dhabi de cumplicidade no genocídio no Darfur.Esta terça-feira, o governo sudanês cortou relações diplomáticas com os Emirados, mas a investigadora Daniela Nascimento diz que “o impacto não será significativo” a nível económico. Já do ponto de vista político, “a acusação muito grave de estar a pactuar, a colaborar e a financiar o genocídio no Darfur deixará algumas marcas”, mesmo que os Emirados Árabes Unidos o neguem.RFI: Qual é a implicação da monarquia petrolífera dos Emirados Árabes Unidos na guerra que está a devastar o Sudão há dois anos?Daniela Nascimento, Professora de Relações Internacionais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra: “O envolvimento tem sido reportado recorrentemente desde o início desta guerra, por via do apoio que tem sido dado do ponto de vista militar às Forças de Apoio Rápido. Grande parte desta investida militar por parte deste grupo paramilitar que confronta e que contesta também o controlo e o poder das Forças Armadas sudanesas tem sido muitíssimo impulsionado e promovido por actores externos ao conflito. No caso dos Emirados Árabes Unidos, esse envolvimento tem sido referido sistematicamente pelo general al-Burhan em vários momentos do conflito, sendo que os acontecimentos dos últimos dias remetem para o fornecimento de drones e armamento militar que esteve implicado nos ataques em Porto-Sudão, capital de facto do governo do exército sudanês liderado pelo general al-Burhan, e que vem reforçar esta acusação de que os Emirados Árabes Unidos têm estado directamente investidos no apoio às Forças de Apoio Rápido e, obviamente, considerando-os como uma parte do conflito. Foi isto também que motivou a queixa do Sudão junto do Tribunal Internacional de Justiça, acusando os Emirados Árabes Unidos de estarem a apoiar aquilo que consideram ser um genocídio em curso, sobretudo na região do Darfur.”O Tribunal Internacional de Justiça disse que é “manifestamente incompetente” para julgar a queixa. Como é que vê a resposta deste tribunal? “É a resposta possível, tendo em conta as circunstâncias e o enquadramento que permite ao Tribunal Internacional de Justiça actuar. Aquilo que foi referido sobre esta decisão do Tribunal Internacional de Justiça é muito claro: no momento de ratificação da Convenção para a Prevenção e Sanção do Crime de Genocídio por parte dos Emirados Árabes Unidos em 2005, tendo em conta aquela que é a margem de manobra que é dada aos Estados no momento de ratificar importantes tratados internacionais, nomeadamente na área dos direitos humanos, os Emirados Árabes Unidos fizeram uma reserva no momento da ratificação, referindo que esta ratificação não abriria a possibilidade ao Tribunal Internacional de Justiça de julgar casos em que os Emirados Árabes Unidos fossem acusados por outro Estado. Porque é assim que o tribunal funciona, com queixas de Estados contra Estados relativamente à participação em crimes de genocídio. Portanto, a sua adesão a esta Convenção foi sobretudo numa lógica de uma certa assunção de responsabilidade na dimensão de prevenção de crimes de genocídio, mas sempre que os Emirados Árabes Unidos fossem implicados - como está agora a ser o caso - em acusações de alegados crimes de genocídio, o Tribunal Internacional de Justiça não tem jurisdição para julgar esses casos.”Porque é que o Sudão é importante para os Emirados Árabes Unidos? Há quem fale do ouro, não é? “Sim. É, sobretudo, o acesso facilitado aos recursos naturais, a recursos importantes, e é também um interesse do ponto de vista de alguma influência e controlo do ponto de vista regional, do ponto de vista territorial, também numa zona que tem sido sempre bastante disputada.”Há quem diga que os Emirados também buscam combater a influência saudita no Sudão e conter a ascensão do islamismo político e da Irmandade Muçulmana…“Exactamente. Era outra ideia que queria partilhar porque há aqui uma tensão também do ponto de vista daquelas que são as influências das diferentes partes envolvidas neste conflito: as forças sudanesas e as Forças de Apoio Rápido, sendo que historicamente os regimes militares no Sudão têm tido um apoio significativo da Arábia Saudita e, inclusivamente, noutros contextos de instabilidade e de violência, nomeadamente no Iémen, foram sendo também reportadas situações de envolvimento de tropas sudanesas, por exemplo, em apoio àquela que é também a luta da Arábia Saudita contra os hutis no Iémen.Há aqui toda uma dinâmica regional bastante mais ampla e que favorece a oportunidade a estes actores regionais que se vão implicando nestes contextos. Não são os únicos, podemos falar do Egipto, do Sudão do Sul ou do Uganda em algum momento que servem de factores de desestabilização acrescida. E, obviamente, esta desestabilização tem um propósito de algum tipo de contrapartida e de benefício, seja ele político, seja ele económico e material.”Uma parte significativa do ouro extraído no Darfur seria exportada para os Emirados Árabes Unidos. Abu Dhabi é um grande centro de comércio de metais preciosos no mundo. Com este corte das relações diplomáticas, como é que fica a questão do ouro sudanês que ia para os Emirados? “O impacto não será significativo. O facto de ter cortado relações diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos não vai necessariamente ter este impacto directo na continuidade de um apoio, eventualmente, menos explícito, sendo que não é necessariamente assumido. Os Emirados Árabes Unidos têm negado. Convém ressalvar isso.”Os Emirados Árabes Unidos desmentem qualquer implicação…“Mas a verdade é que a dinâmica no terreno - e tendo em conta a imensa instabilidade - este reforço da posição militar das Forças de Apoio Rápido com estes ataques a Porto-Sudão, que permitiram uma espécie de entrada numa região que estava supostamente controlada pelas Forças Armadas sudanesas, vai continuar a permitir, quanto mais não seja por baixo da mesa, que o ouro continue a circular, enquanto as Forças de Apoio Rápido considerarem que esse apoio lhes é bastante favorável.O acesso aos recursos será garantido a partir do momento em que as forças controlam uma parte significativa do território onde estas reservas se concentram. Essa possibilidade irá manter-se até que haja efectivamente uma mudança significativa do rumo do conflito e se consiga, eventualmente um desescalar da violência e se encontre um caminho alternativo para esta situação.”Disse que o impacto deste corte de relações diplomáticas não será significativo a nível económico ou a nível de circulação do ouro. A outros níveis haverá alguma consequência? “É difícil fazer essa cenarização. De facto, acho que há um objectivo político de marcar uma posição política por parte do governo sudanês, mesmo no que toca a um potencial envolvimento dos Emirados Árabes Unidos numa eventual solução de apaziguamento deste conflito porque isso também tem sido colocado em vários momentos.Houve aqui uma tomada de posição política. Tem havido várias tentativas de colocar essa pressão sobre os Emirados Árabes Unidos no sentido de fragilizar a posição das Forças de Apoio Rápido, mas, obviamente, também temos de ter aqui em consideração que as Forças de Apoio Rápido não se fazem valer apenas do apoio dos Emirados Árabes Unidos. Há outros actores que também têm estado bastante investidos nesse apoio e que têm os mesmos interesses de acesso a estes recursos. Por exemplo, o Grupo Wagner de que não se fala tanto, mas também tem tido um papel importante.Do ponto de vista político, do ponto de vista daquilo que é a imagem dos Emirados Árabes Unidos, fica aqui esta marca de uma ligação muito directa entre aquilo que está a acontecer no Sudão - este cenário de violência – e uma acusação muito grave que é a de estar a pactuar, a colaborar e a financiar o genocídio no Darfur, o que inevitavelmente deixará algumas marcas.”Ainda que, mais uma vez, os Emirados Árabes Unidos desmintam qualquer implicação?“Claro que sim. Faz parte, obviamente, das dinâmicas político-diplomáticas de não assumir directamente o envolvimento em situações que são consideradas situações graves, em que se têm cometido actos de violência muito significativos, em que há esta acusação de um crime particularmente grave e que, do ponto de vista da condenação internacional, é particularmente simbólico e importante. Ou seja, esta ideia do genocídio tem uma carga - dirão alguns que se calhar essa carga já se perdeu também, tendo em conta os acontecimentos noutros contextos do globo - mas não deixa de ter uma carga importante do ponto de vista da responsabilidade que incute sobre a comunidade internacional. Portanto, inevitavelmente, a postura dos Emirados Árabes Unidos será sempre de negar esse envolvimento directo para também não fragilizar a sua posição noutros contextos políticos e geopolíticos e económicos.”Para quando e em que circunstâncias o desescalar do conflito?“Não o prevejo para um futuro próximo. Houve quem considerasse que estes últimos desenvolvimentos no Sudão, nomeadamente o retomar do controlo da capital, há uns meses, por parte das Forças Armadas sudanesas, pudesse ter como efeito alguma fragilização do papel das Forças de Apoio Rápido, alguma desmotivação ou falta de condições para continuar esta guerra. Enquanto as duas partes sentirem que têm a ganhar em continuar esta guerra, dificilmente se conseguirá uma via de entrada, uma oportunidade séria, para um cessar-fogo que possa permitir condições para se iniciar um processo negociado. Independentemente dos cenários possíveis que têm sido suscitados até no sentido de uma eventual secessão da região controlada pelas Forças de Apoio Rápido, nomeadamente o Darfur. Há aqui vários cenários que têm sido colocados em cima da mesa para uma espécie de via de resolução deste conflito. A meu ver, ainda não estão efectivamente criadas as condições para que isso aconteça. Também não antevejo aqui grande vontade, por parte de grandes actores do sistema internacional ou organizações com alguma capacidade de intervenção até mais musculada, para que isso aconteça. Enquanto o Sudão se mantiver um bocadinho fora do radar mediático da agenda internacional, dificilmente se conseguirá este apaziguamento, essa desescalada da situação no Sudão, infelizmente. Continuaremos aqui a ter meses de intenso confronto militar com os custos humanos dramáticos e terríveis que temos tido no Sudão.”
O novo livro de Domingos da Cruz, "Ferramentas para Destruir o Ditador e Evitar Nova Ditadura", foi bloqueado no aeroporto de Luanda, em Angola, pelos serviços de segurança do Estado. Trata-se de uma versão mais radical da obra que levou à detenção dos 15+2 activistas em 2015 e que seria agora apresentada em Angola. Domingos da Cruz defende a desobediência civil como caminho para mudar Angola, critica a censura ao seu livro e denuncia a dependência da oposição ao regime. RFI: Como interpreta este bloqueio do seu livro no aeroporto por parte das autoridades angolanas? Estava à espera que isto acontecesse?Domingos da Cruz: Nunca esperei nada que fosse, digamos, de acordo com a lei, com a ética, com o que é normal numa sociedade onde aqueles que estão no poder agem de acordo com os interesses dos cidadãos. Portanto, eu esperava que isso acontecesse, até porque estamos perante uma atitude que revela coerência: é mais uma vez o regime a afirmar a sua própria natureza. Seria de uma grande ingenuidade esperar o contrário. Imagine que estivéssemos em Cuba ou na Coreia do Norte e se esperasse liberdade de imprensa, direito à manifestação, liberdade de pensamento, liberdade académica e científica, seria uma contradição. E o mesmo se aplica a Angola. Portanto, tudo o que fizeram revela tão somente a natureza do próprio regime. Para mim, é perfeitamente expectável.Gostaria de esclarecer que não falo com a imprensa sobre o assunto com a intenção de me apresentar como vítima ou de fazer qualquer denúncia. Não estou a denunciar absolutamente nada. Estou simplesmente a aproveitar a oportunidade que me é concedida para informar o que sucedeu. Se estivesse a denunciar, seria ingénuo e seria contraproducente, até porque ao longo de mais de três décadas se vão fazendo denúncias e nada melhora. Pelo contrário, o país só piora em quase todos os aspectos. Na realidade, quando se vive numa ditadura, num regime autoritário, a denúncia não funciona. O que se deve fazer é construir um plano estratégico de modo a remover a ditadura. Este é o caminho certo e não o caminho do vitimismo e da denúncia.Vamos falar disso e também do seu livro, mas antes pergunto-lhe: O que pretende ao disponibilizar o livro gratuitamente em PDF do seu livro e como é que esta decisão está a ser recebida pelo público?As pessoas estão satisfeitas pelo facto de eu ter disponibilizado o PDF. A razão que me levou a tomar esta decisão tem única e exclusivamente a ver com a minha pretensão de contribuir para esse processo de libertação, para que possamos sair do cativeiro. Eu acredito na força das ideias, na capacidade criativa e transformadora que as ideias têm. Espero que as pessoas adoptem as ideias e as pratiquem, porque me parece ser o caminho para a nossa libertação. E gostaria, mais uma vez, de aproveitar este momento para dizer que estamos numa sociedade onde, cada vez mais, a situação piora. Não vejo outro caminho que não seja, de facto, a mobilização popular para a transformação de Angola de uma ditadura para uma democracia.Essa mobilização é precisamente o que apresenta no seu livro, que inclui 168 técnicas de desobediência civil, baseadas no trabalho do intelectual e activista norte-americano Gene Sharp, considerado o maior teórico da resistência não violenta. Quais considera mais aplicáveis ao contexto actual de Angola e porquê?No contexto actual, parece-me que as técnicas de subversão do ponto de vista económico são adequadas, porque estamos num momento de grande crise, o que limita o regime financeiramente para comprar o maior número possível de pessoas, como tem sido prática. Se houver, por exemplo, indisponibilidade dos cidadãos para pagar impostos, para fazer depósitos bancários, se forem retirando o dinheiro dos bancos, isso aprofundará a crise e, de alguma maneira, limitará o regime na compra de pessoas. Essa é uma técnica perfeitamente adequada ao contexto actual.Por outro lado, as pessoas podem permanecer em casa, podem fazer abaixo-assinados, podem parar de colaborar com as instituições. Aqueles que trabalham em instituições públicas podem fingir que estão a trabalhar e não trabalharem. Tudo isso viabilizará o colapso das instituições e, perante esse colapso, chegará um momento em que as pessoas se levantarão em grande número, sem dúvida.Aproveito também para dizer que a diferença entre a edição que nos levou à prisão em 2015 e esta é que esta é uma edição crítica. Por edição crítica entende-se um texto comentado por vários pesquisadores. Temos o conteúdo da edição anterior, com algumas ideias novas, mas agora associado a comentários de vários estudiosos do Brasil, de Angola, de Moçambique, da Itália, que tornam o texto muito mais rico. Essa é a grande diferença entre a [edição] anterior e esta.Trata-se de uma reedição que acontece 10 anos depois daquela que talvez tenha sido a sua obra mais falada e conhecida, pelo menos em Angola.Sim, sim. Dez anos depois. Por acaso, não obedeceu a nenhum cálculo. Depois de tudo o que aconteceu, muitos já sabem, eu não tinha qualquer motivação para voltar ao livro. Mas, tendo em conta a degradação em que o regime se encontra e a situação geral do país, do ponto de vista económico e social, levou-me a pensar que é oportuno reeditar a obra. Ela afirma uma convicção profunda que tenho: acho que o caminho da luta não violenta, da desobediência civil, que sintetiza todas as técnicas que acabou de referir, parece-me ser efectivamente o caminho mais adequado para Angola.Se optássemos pela violência, de alguma forma estaríamos a contradizer a ética, por um lado, e a democracia que desejamos construir, por outro. Além disso, colocar-nos-íamos na mesma posição daqueles que estão no poder: seríamos todos violentos, do mesmo nível moral. Quem luta por uma democracia deve colocar-se numa posição de diferença, não só do ponto de vista ético, mas também discursivo. É óbvio que existem vários caminhos para a libertação, mas a violência colocar-nos-ia numa posição de grande desvantagem e haveria pouca possibilidade de vitória. Acho que a luta não violenta é o caminho mais adequado. Continuo a acreditar profundamente nisso, embora reconheça outras possibilidades.Domingos da Cruz, decorreram 10 anos desde o caso que levou à prisão dos 15+2 activistas, de que fez parte. Este julgamento terá sido provavelmente o mais mediático, ou um dos mais mediáticos, em Angola. O que mudou no país desde então? Considera que o actual regime de João Lourenço representa uma continuidade ou houve mudança em relação à repressão do tempo de José Eduardo dos Santos?Relativamente à repressão, houve continuidade, claramente. Não há dúvidas quanto a isso. Gostava de apresentar alguns exemplos simples. Tal como José Eduardo dos Santos fazia, qualquer tentativa de protesto é hoje reprimida pelo seu sucessor. E quando digo “seu sucessor”, baseio-me no que diz o nosso quadro legal. De acordo com a Constituição da República de Angola, o responsável pelos serviços de defesa e segurança é o Presidente da República. O ministro do Interior, da Defesa, os serviços secretos, todos agem a mando do Presidente. Aliás, temos uma das constituições que confere poderes excessivos ao Presidente.E não se trata apenas de reprimir. No caso de João Lourenço, ele aprofundou algo inédito: matar à luz do dia. Tivemos a morte de um activista numa manifestação em Luanda, por exemplo. E depois houve o caso das Lundas, onde foram assassinadas mais de 100 pessoas. Há um relatório publicado por organizações da sociedade civil angolana que descreve claramente esse drama.Falando de outros direitos; políticos, económicos e sociais, os indicadores mostram que a situação do país se degrada a cada dia. Houve também oportunidade para a sociedade civil fazer uma autocrítica e perceber que o método da denúncia é um erro, até mesmo do ponto de vista histórico. Imagine, na época colonial, se os nossos antepassados se limitassem a denunciar, provavelmente ainda estaríamos sob colonização. O que se deve fazer, na verdade, é tomar uma posição para pôr fim ao regime. E as técnicas de luta não violenta adequam-se perfeitamente para pôr fim ao nosso cativeiro. Mais de três décadas de denúncias não resolveram absolutamente nada. Os indicadores estão ali, quando se olha para os relatórios de instituições como as Nações Unidas, a Freedom House, Repórteres Sem Fronteiras, Mo Ibrahim Foundation, entre outras, todos demonstram que não saímos do mesmo lugar.Fala da sociedade civil e da oposição. Qual deve ser, a seu ver, o papel da oposição política, da sociedade civil e da juventude angolana na luta contra a repressão e na construção de uma democracia real?É preciso estabelecer uma diferença clara entre a oposição partidária e a luta cívica feita pela sociedade civil e pela juventude, como acaba de referir. A minha única esperança sincera está no povo. Primeiro, o povo deve tomar consciência de que está sozinho no mundo, literalmente abandonado. Vivemos num país com uma elite conectada ao capitalismo internacional, às grandes corporações, às potências ocidentais. É um regime que viabiliza a extração de recursos e beneficia o Ocidente.Internamente, o regime também beneficia a oposição partidária, o que significa que o povo é a única vítima disto tudo. A sociedade é que deve levantar-se. Não vejo um milímetro, não vejo um centímetro de esperança vindo da política partidária. Dou-lhe um exemplo simples: não conheço parte alguma do mundo onde se possa fazer oposição dependendo financeiramente do regime contra o qual se luta. A nossa lei dos partidos políticos confere financiamento vindo do Orçamento Geral do Estado aos partidos da oposição. E como, em Angola, o MPLA se confunde com o Estado, porque o capturou, significa que os partidos da oposição dependem literalmente do MPLA para sobreviverem. Para terem arroz e feijão na mesa, para cuidarem da sua saúde, para mandarem os filhos à escola ou comprarem um bilhete de avião, dependem do regime. Não é possível fazer oposição assim.Como dizia Thomas Sankara: quem te alimenta, controla-te, manipula-te. Por outro lado, temos uma oposição viciada, corrupta e envelhecida. Psicologicamente, não se pode esperar muito de velhos. Não é dos velhos que virá a revolução.
Com derrota, é certo, mas terminou finalmente (!) a temporada desportiva da Académica. Depois de um desfecho para esquecer diante do União de Santarém, a Bancada analisou o jogo, as decisões de António Barbosa e os números mais elucidativos da Fase de Manutenção. Houve ainda tempo para lançar o período eleitoral e a importante Assembleia Geral de dia 9 de Maio.
Sem conhecimento sobre quilowatts, resta Portugal não auto-suficiente energeticamente. Houve romantização desproporcional do apagão? Ainda o caso Spinumviva e o "ambiente tóxico" da política nacional.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Neste episódio, damos continuidade a leitura e discussão sobre o texto escrito por Werner Jaeger, Lugar dos gregos na história da educação, do livro Paideia A formação do homem grego. Como o autor compreende a influência do povo grego na história? Há um privilégio essencialista que determina essa influência? Houve possibilidade de escolhas para validação? Há contingências? Somos frutos do acaso? Que recortes geográficos ou temporais fazemos para compreender a história?
devocional Lucas leitura bíblica Ia lá também uma mulher que havia já doze anos sofria duma doença que a fazia perder sangue. Tinha gasto com os médicos tudo quanto possuía, mas ninguém a pôde curar. Ela foi por detrás de Jesus, tocou-lhe na ponta do manto e ficou logo curada da doença. Jesus então perguntou: «Quem foi que me tocou?» Todos negaram. E Pedro disse: «Mestre, é a multidão que te aperta e empurra de todos os lados!» Mas Jesus repetiu: «Houve alguém que me tocou. Eu bem senti que saiu de mim poder.» Então a mulher, vendo que não podia passar despercebida, aproximou-se de Jesus, toda a tremer, ajoelhou-se-lhe aos pés e confessou diante de toda a gente a razão por que tocara em Jesus e como tinha ficado curada imediatamente. Jesus então disse-lhe: «Minha filha, a tua fé te salvou. Vai em paz.» Lucas 8.43-48 devocional Às vezes não se faz a mínima ideia do sofrimento que gente anónima transporta consigo. Quilos e quilos de dor carregados em silêncio durante anos e anos. As forças vão-se e a esperança também. E não se pense que é por falta de bravura ou persistência. Acontece que nem todo o auxílio altamente especializado dá conta do problema, pois a ciência também se vê em palpos de aranha perante certos enigmas. Dói investir tudo sem os resultados pretendidos, mas custa ainda mais ser-se votado à indiferença social. Chega-se a um ponto em que não se vislubra escapatória, muito menos a solução. E é aí que qualquer pessoa pode optar por procurar a ajuda de Jesus. Basta tocar-Lhe, mesmo que sorrateiramente. Há que romper a crosta de incredulidade interior para que a hemorragia estanque. Jesus sabe perfeitamente quem deposita n'Ele a sua confiança, pelo que há que assumi-lo. Os que resolvem fazê-lo são por Ele salvos e desafiados a caminhar “em paz.” - jónatas figueiredo Oramos para que este tempo com Deus te encoraje e inspire. Dá a ti próprio espaço para processar as tuas notas e a tua oração e sai apenas quando te sentires preparado.
Houve apagão do Governo ou exagero de Pedro Nuno Santos? Falta de eletricidade como tema único neste Antes Pelo Contrário em podcast, com Daniel Oliveira e Francisco Mendes da Silva. O apagão nacional desta segunda-feira, que deixou várias zonas do país sem eletricidade durante até doze horas, caiu com estrondo sobre o arranque da campanha eleitoral. A oposição criticou a falta de comunicação clara e eficaz por parte do Governo durante o incidente, bem como a ausência de explicações sobre as causas do corte de energia. Os partidos exigem mais transparência e medidas concretas para reforçar a resiliência da rede elétrica nacional. Sempre iluminado é o Antes Pelo Contrário, emitido a 29 de abril na SIC Notícias.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Houve dislexia de meios e alarmismo? Como é que falhando a luz, falham comunicações e até a água? Pedro Nuno Santos exagerou ao dizer que o Governo revelou incapacidade?See omnystudio.com/listener for privacy information.
Houve dislexia de meios e alarmismo? Como é que falhando a luz, falham comunicações e até a água? Pedro Nuno Santos exagerou ao dizer que o Governo revelou incapacidade?See omnystudio.com/listener for privacy information.
Edição de número 476 do Podcast Sexto Round em que os jornalistas Renato Rebelo, Lucas Carrano e André Azevedo analisam os resultados tenebrosos para o Brasil no UFC Fight Night de Kansas City - onde nossos representantes (André Sergipano, Michel Pereira e Carlos Prates) saíram 0-3 do card principal . Confere aí!
Ninguém aprendeu nada com a pandemia? Qual a distância que nos separa da selva? A transição energética não existiu? Há algum fetiche com o papel higiénico? A falta de eletricidade é a maior vulnerabilidade militar? Faltou informação para o resto do país, que não Lisboa? Houve incúria de quem garantiria planos de contingência? As infraestruturas não deviam ser públicas? Vai ficar tudo em águas de bacalhau?
O ouvinte da Rádio Observador, Rui Filipe estava no metro no momento do corte de energia elétrica e afirma que o processo de evacuação foi organizado.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O governo da República Democrática do Congo e o grupo rebelde M23 publicaram, esta quarta-feira, pela primeira vez, uma declaração conjunta na qual dizem querer “trabalhar para concluir uma trégua”. Sérgio Calundungo, coordenador do Observatório Político e Social de Angola, considera que se trata de “uma boa notícia” e que talvez seja o “prelúdio de que as partes directamente envolvidas no conflito se venham sentar à mesa”, mas avisa que não foram dadas garantias de que esta trégua não seja violada como tantas anteriormente anunciadas. "Após discussões francas e construtivas, representantes da República Democrática do Congo (RDC) e do AFC/M23 concordaram em trabalhar para a conclusão de uma trégua", anunciaram o M23 e o governo da RDC em uma declaração conjunta transmitida, esta quarta-feira, pela televisão nacional congolesa e pelo porta-voz do M23.O comunicado acrescenta que "ambas as partes reafirmam o seu compromisso com a cessação imediata das hostilidades", algo que pretendem respeitar "durante toda a duração das negociações e até sua conclusão".Esta é “realmente uma boa notícia”, considera Sérgio Calundungo, coordenador do Observatório Político e Social de Angola, notando “talvez significar a compreensão das partes de que os conflitos ou as divergências que têm não podem ser resolvidas pela via da violência armada”.O problema é que o texto não especifica se esse compromisso de interromper os combates no leste da RDC e negociar uma trégua permanente constitui uma declaração de princípios ou se será formalizado imediatamente. Algo também constatado por Sérgio Calundungo que guarda o lado optimista do anúncio, mas deixa reservas: “Quando se está no desespero, há uma ténue luz, porque até há bem pouco tempo não se falava sequer da oportunidade de conversações. Houve uma série de tentativas de pôr as partes a dialogar e, face às dinâmicas do conflito no terreno, ao eclodir da guerra, não havia nem sequer isto. Então, pode ser que seja o prelúdio de alguma tentativa de que as partes directamente envolvidas no conflito se venham sentar à mesa. É claro que o cessar-fogo e a disponibilidade para o diálogo é uma condição necessária, mas não é suficiente. Têm de acontecer outras questões.”Quais as outras questões, então? Basicamente, “há muitos interesses económicos por detrás disto”, lembra o analista, falando em “instrumentalização política da desordem”. De facto, o leste da República Democrática do Congo, que faz fronteira com o Ruanda, é uma região rica em recursos naturais e minerais. Ruanda é acusada pela RDC de usar o M23, liderado por tutsis, para saquear as riquezas dessa região, mas Kigali nega e diz que a RDC aí protege um grupo armado criado por hútus ruandeses, as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda, responsáveis pelo genocídio de tutsis em 1994. O leste da RDC é assolado por conflitos justamente há 30 anos, mas o M23 ressurgiu no final de 2021 e a crise intensificou-se nos últimos meses com o avanço do grupo armado para as cidades de Goma e Bukavu, na fronteira com o Ruanda.“Há muitos interesses económicos por detrás disto. Era importante que também estes interesses fossem ou neutralizados ou, pelo menos, que se desse a transparência entre eles e dizer ‘Ok, podemos continuar a ter interesses económicos nessa região, mas vamos explorá-los num contexto de paz, não necessariamente a violência como um recurso para a melhor exploração dos minerais que existem na região'. Isto é que são as causas profundas do conflito. Tudo o resto, os avanços do M23, os discursos mais empolados, eu diria que são as causas dinâmicas, mas não necessariamente as causas profundas do próprio conflito. E é isto que ainda não se vislumbra: uma discussão à volta das grandes causas profundas que estão enraizadas naquela sociedade e quepermitem que o conflito tenha chegado a estes níveis”, acrescenta Sérgio Calundungo.O que é que muda com este anúncio inesperado desta quarta-feira, em que os dois lados "concordam em trabalhar para a conclusão de uma trégua", reafirmam “o seu compromisso com o fim imediato das hostilidades" e dizem que o cessar-fogo permanecerá em vigor até a conclusão das conversações?Até agora e desde o ressurgimento do M23 no final de 2021, o Presidente da RDC, Félix Tshisekedi, recusava negociações directas com o M23 e o seu braço político (AFC/M23). O que mudou para ele agora aceitar? Para Sérgio Calundundo, Félix Tshisekedi mostra um “reconhecimento implícito do poder de força que o M23 obteve” e admite que agora é “parte da solução do conflito”.“Eu creio que tardiamente, Tshisekedi percebe que o poder da força que tem não é tanto para conter o M23 e também vai percebendo que não vai encontrar uma saída pela via militar. Ou seja, de certa forma, por detrás dessa disponibilidade de conversação, há o reconhecimento implícito do poder de força que o M23 infelizmente obteve. E digo ‘infelizmente' na óptica da população daquela região. O M23 se agigantou nos últimos anos, fruto da negligência que as próprias autoridades congolesas foram dando ao problema. Antes, não passavam de forças negativas a quem havia de marginalizar na busca de solução, hoje, há a perceção de que se eles são parte do conflito, então automaticamente passam a ser parte da solução do conflito”, sublinha o nosso convidado.Sérgio Calundungo relembra, também, que “muita coisa mudou desde a entrada do Qatar” como mediador das negociações, aparecendo como “equidistante”, o que não acontecia, a seu ver, com Angola que “em determinados momentos teve uma posição firme, inequívoca, provavelmente ao abrigo daquilo que diz a União Africana em favor de uma das partes”. A favorecer a aparente eficácia do Qatar estarão, eventualmente, “outro tipo de promessas ou factores que não são conhecidos”, quanto mais não seja simplesmente “o melhorar a sua imagem como um país com forte influência na arena mundial”.Haverá, ainda, interesses económicos em causa? Recorde-se que o Qatar investiu já mais de mil milhões de dólares num futuro hub aeroportuário perto de Kigali e também se comprometeu em modernizar as instalações portuárias e aeroportuárias na RDC. Sérgio Calundundo admite que isso coloca o Qatar numa “posição de parceiro forte”, com o qual, no futuro, se pode “estabelecer relações económicas fortes e atrair investimentos para o território”.A 24 de Março, o Presidente angolano, João Lourenço -que liderava a mediação desde 2022 - anunciou o abandono dessa mediação, uma semana depois do encontro entre os presidentes congolês, Félix Tshisekedi, e ruandês, Paul Kagame, em Doha, a 18 de Março, dia em que Luanda deveria acolher a primeira ronda de conversações directas com o M23. Entretanto, no início de Abril, o Presidente do Togo, Faure Gnassingbé, foi oficialmente designado como novo mediador da União Africana para o conflito no Leste da RDC, sucedendo a João Lourenço. Paralelamente, as conversações teriam começado em Doha, em Abril, mas ainda não havia nenhuma comunicação oficial de ambas as partes. Será que, em um mês, o Qatar conseguiu o que Angola tentava desde 2022? Sérgio Calundungo responde assim: “Como numa partida de futebol, o árbitro não deve ser o mais visível, mas sim aqueles que estão a disputar. O Qatar está numa posição de arbitragem”.Estendendo a metáfora do futebol, se “prognósticos só no fim do jogo”, até que ponto esta promessa agora é plausível quando, desde o final de 2021, houve mais de meia dezena de tréguas que foram assinadas e depois violadas?“As pessoas mais cépticas perguntam o que é que há de diferente nessa trégua de cessar-fogo em relação a outra. Honestamente, ninguém vê grandes diferenças. Há mais um esforço negocial, há o reconhecimento de que o M23 já não é aquela força residual, aquelas forças negativas, mas sim um parceiro negocial. Isto claramente é diferente, mas não há grandes novidades em relação a qual é a garantia que temos que desta vez o cessar-fogo se vai cumprir. Independentemente de quem seja o medianeiro, eu queria valorizar a hipótese de nunca se abandonar a mesa de diálogo. Eu sei que estes acordos, às vezes, levam muito tempo - na nossa experiência de Angola, foram feitos vários acordos de cessar-fogo e muitos deles inesperadamente violados. Então, é preciso fazer esses anúncios, mas também comunicar as garantias de por que é que agora vai ser diferente. E isto não é muito claro no meu ponto de vista”, conclui Sérgio Calundungo.
Em Moçambique, um recente relatório revela que a água pública apresenta altos níveis de contaminação, pondo em risco a saúde dos cidadãos que a consomem. O problema, de dimensão nacional mas com especial incidência nos municípios de Maputo, Matola e Tete, resultou em vómitos, diarreias, alastramento da cólera e até mesmo em óbitos, de acordo o Observatório Cidadão para a Saúde. No relatório, publicado a 8 de Abril de 2025, a organização denuncia as "falhas no tratamento e fiscalização da água para consumo humano", questionando a "responsabilidade do Governo em Moçambique". Para além da recolha de dados laboratoriais, o relatório baseia-se também no testemunho de cidadãos que descrevem a "água turva" a jorrar pelas torneiras e relatam as consequentes doenças.Os riscos para a saúde de quem consome estas águas contaminadas são reais, desde a contracção da diarreia - uma das principais causas da mortalidade infantil em Moçambique, ou da cólera. Nos piores casos, o consumo de águas contaminadas resultou em mortes, esclarece ainda o coordenador do Observatório do Cidadão para a Saúde, António Mathe. O relatório já esteve entre as mãos de decisores políticos e aguarda-se a implementação de novas medidas, tendo em conta que Moçambique é signatário da norma internacional ISO 24500 que define padrões de qualidade de água. RFI: O que está em causa neste relatório? António Mathe: Os nossos testes laboratoriais sobre a qualidade da água mostraram a existência de água imprópria para o consumo, a nível nacional, e tanto na rede pública como na rede privada. Isto contradiz as estatísticas do Governo, que afirmam que o fornecimento de água potável se verifica em 84% das zonas urbanas e 39% ao nível das zonas rurais. Estes dados poderão ser uma ilusão porque continuamos a ter grande parte da população moçambicana sem acesso à água potável.Há situações em que, mesmo a olho nu, é possível perceber que a água que jorra nas torneiras constitui um risco à saúde pública, devido à cor e ao odor da água. Quando avaliamos os problemas reais a nível das regiões onde fizemos esta auscultação, através de inquéritos e testes laboratoriais realizados no Laboratório Nacional de Água, percebemos que os resultados são contrários àquilo que são os dados oficiais do Governo.Esta água públicada mostra sinais de que tipos de contaminação? Em muitas situações vem contaminada com com bactérias fecais, sinais de ferrugem... Que acarretam grandes problemas de saúde pública, principalmente de origem hídrica. Doenças como a cólera, a diarreia. Esta diarreia constitui uma das principais causas da mortalidade infantil em Moçambique e, portanto, constitui um grande desafio. Para além de problemas estomacais, vómitos que são reportados após as comunidades consumirem uma água imprópria.Houve casos que necessitaram hospitalizações?Sim. No ano passado por exempl, houve casos que resultaram em cólera, por exemplo na província de Cabo Delgado. Em Manica morreram três pessoas. Na província de Nampula, uma das províncias mais populosas do país, registaram-se 34 óbitos, e dois óbitos na província de Niassa.Mas verifica-se uma ligação directa entre estas mortes e o consumo de água contaminada?Sim, como se sabe um dos principais determinantes sociais de saúde é justamente o acesso a água potável e o saneamento básico. Dois factores que têm estado em causa nas nossas avaliações, principalmente na zona Norte do país e nas regiões mais populosas.Por outro lado, continuamos a ter mitos e tabus sobre alguns produtos para purificação da água. E grande parte da população moçambicana simplesmente não tem condições para comprar água purificada ou galões, nem água mineral.Como é que fazem os cidadãos que, por falta de recursos, não têm outra opção a não ser beber a água supostamente potável mas contaminada? Alguns explicam que fervem a água antes de a consumir apra eliminar quaisquer vectores de transmissão de doenças? Bom, esta é uma situação que muitas comunidades têm adoptado. Mas é um recurso que é utilizado na ausência do compromisso e da responsabilidade do Governo. Tem que haver uma melhor coordenação com o Ministério das Obras Públicas, responsável pelas infraestruturas, e os municípios. A garantia de saneamento básico vai condicionar as questões de doenças que surgem, principalmente na época chuvosa.Qual é o impacto da época chuvosa na qualidade da água para consumo? Na época chuvosa surgem várias nuances ligadas a doenças de origem hídrica. Em Moçambique a questão da garantia do saneamento básico e acesso a água potável ainda não é uma realidade. Temos regiões como Tete, por exemplo, por causa das indústrias que existem lá, os solos tornam-se sensíveis para a criação de bactérias. Tal como a presença de produtos químicos nos subsolos dessas áreas onde se faz exploração de minérios?Exatamente. Este também é um factor de risco quando falamos em doenças de origem hídrica. A cólera é ainda um grande desafio em Moçambique. A diarreia também continua a ser um grande desafio.E continuamos a ter uma estratégia multissetorial governamental a falhar. Falta coordenação entre os vários sectores do Governo. É preciso que haja uma maior responsabilidade na supervisão da qualidade da água. Porque aumenta o número de casos de cólera, de diarreia, mas também o número de óbitos.Significa que os serviços públicos estão a negligenciar a saúde de milhares dos seus cidadãos? Faltam técnicos qualificados, faltam investimentos, o que seria necessário?Bom, é um conjunto de factores que vão explicar todos, todos essas problemáticas. Por exemplo, a expansão da infraestruturas não é acompanhada de qualidade. E essa falta de qualidade enfraquece as questões ligadas à saúde pública.Enquanto isto acontecer, o sector da saúde vai sentir-se cada vez mais pressionado e despender de recursos que podiam ser utilizados para resolver outros desafios urgentes, como é o caso da desnutrição crónica infantil.Estes testes laboratoriais, uma vez mais, mostraram a falta de compromisso, a negligência das autoridades reguladoras, que continuam a fornecer água sem qualidade. E acima de tudo, assistimos à violação de um direito humano fundamental que é o acesso à água potável.O relatório recorda que as doenças relacionadas com a água não-portável matam mais de 3 milhões de pessoas por ano no mundo...Exactamente. Isso mostra, uma vez mais, que é o momento do nosso Governo levar estas questões muito a sério, porque está a criar situações de óbito a nível do país. E é importante perceber que enquanto isto acontecer no médio e longo prazo, a situação de consumo de água imprópria pode criar outros danos e problemas, outros problemas de saúde. Este relatório chegou às mãos de algum decisor político? Foi feita alguma denúncia junto das autoridades? As autoridades reagiram a estes dados?Os nossos relatórios são lidos e analisados pelo Governo. Inclusive, marcámos um encontro com autoridades governamentais que lidam com a questão do fornecimento de água e colocaram algumas algumas questões sob o ponto de vista da resolução destas destas problemáticas. Porque, na verdade, o que nós queremos fazer é influenciar o Governo no processo decisório e o processo decisório tem que estar directamente ligado à salvaguarda dos direitos humanos. E esta é, no final, a nossa intenção influenciar o governo a tomar boas medidas, boas práticas no contexto da governação.E houve até agora, alguma reacção por parte do Governo, ou seja, de dizerem, por exemplo, que vão tomar medidas para tentar remediar a situação?Nós percebemos que enquanto não formos os "watch dogs" a fazer a nossa advocacia sobre as problemáticas existentes, as autoridades governamentais nunca vão reagir.Portanto, a intervenção da sociedade civil do Observatório foi muito importante, e suscitou a marcação deste encontro para podermos dialogar e mostrar que caminhos estas autoridades podem ou devem seguir para que, de facto, as comunidades tenham água potável, tratada e segura.
Mais de meio século depois da publicação do livro que abalou a ditadura portuguesa, “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, há uma nova edição em francês. “Nouvelles Lettres Portugaises” é uma tradução de Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levécot e espera fazer redescobrir a intemporalidade de uma obra que foi revolucionária. A RFI conversou com Agnès Levécot neste programa. “Eu acho que, naquela altura, em Portugal, não era nada estranho que este livro tivesse esse efeito de bomba”, contava à RFI, há um pouco mais de um ano, Maria Teresa Horta, uma das autoras das “Novas Cartas Portuguesas”, que nos recebeu, em sua casa, em Lisboa, nas vésperas dos 50 anos da Revolução dos Cravos e que nos deixou em Fevereiro de 2025, aos 87 anos.A obra de Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, publicada em 1972, foi uma revolução literária e feminista que denunciou ao mundo o regime fascista português, o colonialismo, o racismo, o machismo, a violência sobre as mulheres, ao mesmo tempo que subvertiam as noções de autoria e de género na literatura.A ditadura do Estado Novo considerou o livro como “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública”, abrindo um processo judicial contra as escritoras que ficaram ameaçadas com uma pena entre seis meses a dois anos de prisão. Seguiu-se uma onda de solidariedade internacional e o livro chegou a todo o mundo, incluindo a França, onde em 1974 é publicada a tradução de Monique Wittig e Evelyne Le Garrec.Mais de meio século depois, e perante uma edição há muito esgotada, surge agora nova tradução, “Nouvelles Lettres Portugaises”, de Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levécot, editado pela Ypsilon, que chega às livrarias francesas a 7 de Maio e que é apresentada esta sexta-feira, 25 de Abril, em Paris.Fomos conversar com Agnès Levécot para perceber “o que podem [ainda] as palavras” das Três Marias.“Essa é uma pergunta complicada porque as próprias escritoras, as três, no fim do livro, ainda fazem a pergunta. Realmente um dos aspectos literários desta obra é o questionamento do acto da escrita e até ao fim, nas últimas cartas, elas continuam a pôr a questão ‘o que podem as palavras?' Quanto a nós, como tradutoras, chegámos à conclusão também que todos os aspectos políticos e históricos que são denunciados nas cartas continuam actuais. Esse é o problema. A questão do colonialismo continua actual. A questão da repressão continua. A questão feminista também. Estamos a ver, no mundo actual, um retrocesso em relação a esse aspecto. Portanto, continua completamente actual”, explica Agnès Levécot.Em plena ditadura, “Novas Cartas Portuguesas” era uma obra literária inédita que esbatia noções de autoria e de género e que era assinada colectivamente por três autoras que escreviam, sem tabus, sobre o corpo, o desejo, mas também sobre a violência de que eram vítimas as mulheres. Denunciavam, ainda, a guerra colonial, a pobreza, a emigração, a violação sexual, o incesto, o aborto clandestino. O livro era, assim, um perigo para o regime repressivo, retrógrado e fascista português. Pouco após o seu lançamento, em 1972, os exemplares foram recolhidos pela censura e o Estado português movia um processo judicial contra as “Três Marias”. Perante as ameaças de prisão e a tentativa de silenciamento das autoras, nasce um movimento de solidariedade internacional. Meses depois de ter sido publicado, em 1972, o livro chega às mãos da escritora francesa Christiane Rochefort e, através dela, ao grupo feminista Movimento de Libertação das Mulheres. Seguem-se várias acções de luta, nomeadamente em França, e que envolvem nomes como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras. Há distribuição de panfletos, recolha de assinaturas para um abaixo-assinado entregue na Embaixada de Portugal em Paris e uma procissão de velas diante da Catedral de Notre-Dame. Outro momento emblemático é a leitura-espectáculo “La Nuit des Femmes”, a 21 de Outubro de 1973, no Palais de Chaillot, em Paris, que deu origem ao documentário “Les Trois Portugaises”, de Delphine Seyrig (1974).“Monique Wittig e Evelyne Le Garrec pegaram no texto e fizeram uma primeira tradução que foi publicada em 1974. Entretanto, tinha havido excertos traduzidos para artigos e espectáculos porque houve uma série de espectáculos e movimentações de apoio às Três Marias quando estavam no julgamento. Houve uma noite que ficou muito famosa que foi ‘La Nuit des Femmes' em que leram alguns excertos”, relembra Agnès Levécot, sublinhando que “o aspecto literário quase não foi abordado na altura”.O aspecto literário é precisamente “uma coisa fora do comum”, acrescenta a especialista em literatura lusófona. Três mulheres escrevem colectivamente uma obra literária e política, depois de terem publicado livros que não agradaram à ditadura patriarcal portuguesa. Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno tinham lançado, em anos anteriores, livros que denunciavam a opressão e a secundarização da mulher: Maina Mendes (1969) e Os Legítimos Superiores (1970). Em 1971, Maria Teresa Horta também publicava Minha Senhora de Mim e escrevia abertamente sobre o desejo, algo considerado escandaloso pelos fascistas.“São três mulheres que já eram escritoras, que já tinham publicado obras bastante feministas, que se juntaram e decidiram escrever um livro a três. Começaram a reunir-se todas as semanas num restaurante em Lisboa. Todas as semanas traziam um texto que elas tinham escrito e trocavam ideias a propósito dos textos, mas não os modificavam. A certa altura, começaram a pensar na figura de Mariana Alcoforado, a religiosa portuguesa, e começaram a escrever cartas. Globalmente, são chamadas cartas, mas não são só cartas, tem vários géneros: poesia, ensaios, supostos artigos de jornal, textos teóricos... Elas escreveram cartas a uma Mariana, mas são as descendentes de Mariana, ou seja, as várias Marianas que vieram depois. Portanto, têm cartas de vários séculos a acompanhar o percurso de uma suposta Mariana”, acrescenta Agnès Levécot.No posfácio de “Nouvelles Lettres Portugaises”, Agnès Levecot e Ilda Mendes dos Santos recordam, justamente, a importância da figura de Mariana Alcoforado, suposta autora das “Cartas Portuguesas”, de 1669, “apresentada por alguns como o arquétipo da mulher portuguesa” e a partir da qual “as Três Marias trabalham a questão da autoridade e do poder, o exercício da violência e da dominação, assim como, o poder da palavra”.Agnès Levecot, que já tinha participado no livroNovas Caras Portuguesas entre Portugal e o Mundo, que foi publicado depois de uma pesquisa internacional sobre a recepção das "Novas Cartas Portuguesas" no mundo, foi convidada por llda Mendes dos Santos para se juntar a ela na tarefa de traduzir a obra. “As principais dificuldades estavam no facto de serem textos completamente diferentes do ponto de vista do género, da tonalidade, da língua usada. Portanto, temos textos a imitar o estilo do século XVII ou XVIII, e aí a Ilda teve um papel muito importante porque ela trabalha muito sobre esses séculos. Foi sobretudo adaptar-se, tentar encontrar um estilo para cada momento e cada época. Depois, nós íamos oferecer uma tradução francesa a franceses e forçosamente tínhamos que encontrar uma maneira de passar certos elementos históricos, geográficos, políticos para o público francês perceber, porque são textos que estão muito impregnados de referências intertextuais portuguesas e internacionais de textos muito conhecidos e outros muito menos conhecidos, mas bem conhecidos dos portugueses. Referências políticas, nomes também, ou seja, elementos que nos levaram a acrescentar 200 e tal notas no fim do livro”, acrescenta.“Nouvelles Lettres Portugaises” chega às livrarias francesas a 7 de Maio e é apresentada esta sexta-feira, 25 de Abril, na livraria Les Nouveautés, em Paris. Uma data simbólica para Agnès Levécot que estava em Portugal no 25 de Abril de 1974 e ainda guarda, em casa, um cravo desses tempos revolucionários que marcariam, para sempre, o seu percurso pessoal e profissional.
Depois da ressurreição do Senhô, trago-vos um amigo que ressuscitou para o Stand Up. Houve parvoíce, pensamentos filosóficos e micções ao vivo. É ouvir. O Gandim vai andar em São Miguel dia 24 de Abril no Teatro Micaelense. Quem não for, é Extremamente Desagradável.Links homeopáticos -https://linktr.ee/joaonunogoncaloSem preciosas perguntas
Confira nesta edição do JR 24 Horas: Um ataque a tiros na Universidade Estadual da Flórida terminou com duas pessoas mortas e cinco feridas. O atirador, identificado como Phoenix Ikner, de 20 anos, é filho de um policial. O rapaz pegou uma arma antiga que estava guardada em casa, foi até campus da universidade e fez os disparos. Houve correria pelas ruas, pânico, e muitos alunos se esconderam até mesmo dentro das salas de aula. E ainda: EUA fazem ofensiva militar contra Houthis no Iêmen.
A indemnização colossal imposta pela França ao Haiti, em 1825, como preço a pagar pelo reconhecimento da sua independência, foi descrita, esta quinta-feira, como “força injusta da História” pelo Presidente francês. Emmanuel Macron anunciou a criação de uma comissão de historiadores franceses e haitianos para estudar “o impacto” da “pesada indemnização financeira” e para fazerem “recomendações” aos dois países. Trata-se de “um primeiro passo”, mas também de uma forma de a Presidência francesa “passar a batata quente” aos historiadores, considera o investigador especialista no Haiti, Rafael Lucas, o nosso convidado desta sexta-feira. Uma comissão de historiadores franceses e haitianos vai estudar “o impacto” da “pesada indemnização financeira” que o Haiti teve de pagar a França para esta reconhecer a sua independência, há 200 anos. O anúncio foi feito, esta quinta-feira, pelo Presidente francês. Em comunicado, Emmanuel Macron reconheceu “a força injusta da História” a que o Haiti foi sujeito e disse que os historiadores farão “recomendações” aos dois países “para tirar lições e construir um futuro mais pacífico”.“A 17 de Abril de 1825, o rei de França, Carlos X, reconhecia a independência do Haiti, impondo-lhe um pesado fardo. Apesar da conquista efectiva da sua liberdade, em 1804, pelas armas e pelo sangue, o último rei de França, em troca do reconhecimento e do fim das hostilidades, submetia o povo do Haiti a uma muito pesada indemnização financeira, cujo pagamento iria acontecer durante décadas. Esta decisão punha um preço à liberdade de uma jovem Nação, que era assim confrontada, desde a sua constituição, com a força injusta da História”, lê-se no comunicado da Presidência francesa.O documento não menciona qualquer reparação financeira por parte de França, mas adianta que os historiadores farão “recomendações” aos dois países. Note-se que, em 2003, o antigo Presidente haitiano, Jean-Bertrand Aristide, avaliou a dívida a 21,7 mil milhões de dólares, algo então descrito como “anacrónico” pelo governo francês.Rafael Lucas, investigador e especialista do Haiti e das Caraíbas, considera que devolver dinheiro a um país marcado por uma “corrupção endémica” não é a melhor solução e que se deve é ajudar a construir as infra-estruturas do país mais pobre das Américas e assim ajudar directamente a população.“Pessoalmente, acho que devolver dinheiro, no estado de corrupção endémica que há no Haiti, não seria a melhor solução. Eu não sou o único a preferir uma compensação em termos de ajuda em construção de infra-estruturas, sobretudo, estradas, escolas, hospitais, electricidade porque essas construções iriam beneficiar imediatamente a população, ao passo que o dinheiro quando entra no Estado não se sabe para onde vai, nem como vai ser repartido”, defende o investigador.Quanto à comissão de historiadores, o professor universitário de origem haitiana fala em “primeiro passo”, mas também diz que é uma forma de a Presidência francesa “passar a batata quente” aos historiadores.“Acho que a criação dessa comissão faz parte das tácticas ou procedimentos habituais, quando um problema é candente, delicado e explosivo. Estou a pensar na expressão familiar ‘passar a batata quente' para uma comissão de historiadores. Isto permite ganhar tempo, mas, ao mesmo tempo, no estado actual da situação caótica do Haiti, em que não há nenhum representante legal no Governo, nem o Parlamento, nem os ministérios, não há nenhuma estrutura legal e legítima por enquanto, já que 80 por cento da capital está sob o controlo dos bandidos (…) Mas é uma iniciativa que abre perspectivas, é um primeiro passo”, afirma Rafael Lucas.Todos os haitianos conhecem a história da "dívida dupla". É a história de uma indemnização colossal imposta em 1825 pela França como preço a pagar pela própria liberdade. Após a proclamação da independência em 1804, nascida de uma revolta dos escravos, o recém-país é sujeito a um isolamento de todo o continente americano e acaba por aceitar, a 17 de Abril de 1825, pagar 150 milhões de francos-ouro aos antigos colonos proprietários de terras e de escravos, em troca do reconhecimento da independência pelo rei Carlos X. Para pagar, a jovem república das Caraíbas teve de contrair um empréstimo junto de bancos franceses, com juros elevadíssimos, numa altura em que se afunda o preço do café, o principal recurso do país. O pagamento da dívida vai durar até 1952, quando se liquidaram os últimos juros. Ou seja, 127 anos a pagar a própria independência ao antigo país colonizador.“Na sequência do isolamento, como nenhum país naquela altura reconhecia o Haiti por causa do exemplo da independência nascida da revolta dos escravos, o Haiti dirigiu-se à França e foram os bancos franceses que foram encarregados das diligências para financiar essa dívida (…) Houve duas etapas. Numa primeira fase, acabaram de pagar a dívida em 1883, mas continuaram a pagar os juros. No fundo, as consequências do pagamento dessa dívida vão continuar até 1952”, explica Rafael Lucas.O investigador recorre ao conceito de “dívida odiosa” do jurista russo Alexander Nahum Sack para falar desta “dívida dupla” que “atrasou as possibilidades de desenvolvimento do Haiti”. “É odiosa porque a quantia exigida era exorbitante tendo em conta a economia de um país fraco, pequeno, tendo uma população de uns 600.000 habitantes na altura, o montante dessa dívida correspondia ao orçamento anual de França nessa altura”, acrescenta, anuindo que “é escandaloso” o que França fez há 200 anos.Para a Fundação para a Memória da Escravatura, esta indemnização colossal arrastou o Haiti para “uma espiral de dependência neocolonial da qual o país nunca conseguiu sair”. Porém, Rafael Lucas lembra que “essa dívida também serviu de pretexto para ocultar os comportamentos irresponsáveis de numerosos dirigentes haitianos que tiveram uma espécie de dependência à dependência, ou seja, acostumaram-se a recorrer aos empréstimos”.Com 12 milhões de habitantes, o Haiti é o país mais pobre das Américas e vive há dezenas de anos numa instabilidade política crónica que facilitou a instalação de gangues criminosos. Estes gangues controlam actualmente cerca de 85% da capital, de acordo com a ONU, e são autores de assassínios, violações, raptos e pilhagens. Port-au-Prince é também uma placa giratória para o tráfico de droga em direcção dos Estados Unidos.Esta semana, a ONU alertou que o Haiti vive “uma das crises mais complexas e urgentes do mundo” e pediu ajuda para o um milhão de deslocados pela violência dos gangues. Por outro lado, a Unicef informou, esta quinta-feira, que mais de um milhão de crianças enfrentam níveis críticos de insegurança alimentar no Haiti.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou recentemente que a França tenciona reconhecer a Palestina como Estado, em Junho deste ano, numa conferência de dois dias da ONU, juntamente com a Arábia Saudita, em Nova Iorque. Emmanuel Macron sublinhou que este reconhecimento permitirá à França "ser clara na luta contra aqueles que negam o direito de Israel existir". O Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, durante uma conversa telefónica com o chefe de Estado francês, defendeu que o estabelecimento de um Estado palestiniano seria uma "recompensa para o terrorismo". O jornalista e escritor Rui Neumann defende que a criação de dois Estados é a solução para o conflito, porém admite que Emmanuel Macron procura um palco na cena da política internacional. O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou recentemente que a França tenciona reconhecer a Palestina como Estado, em Junho deste ano, numa conferência de dois dias da ONU, juntamente com a Arábia Saudita, em Nova Iorque. Que mensagem quer enviar Emmanuel Macron à comunidade internacional com este posicionamento?A política externa de Emmanuel Macron tem sofrido reveses enormes, nomeadamente no Sahel, mas também na Argélia. A França também não conseguiu obter qualquer resultado na mediação do conflito da Ucrânia com a Rússia.Emmanuel Macron está à procura de protagonismo?Emmanuel Macron tenta ter o seu palco na cena política internacional, e aqui será mais um desses casos. Avança com a possibilidade de a França reconhecer o Estado palestiniano em Junho próximo, num encontro que terá com a Arábia Saudita, em Nova Iorque, mas não apresenta modalidades concretas das condições para que o Estado palestiniano deva existir. Ainda persiste a dúvida sobre se se trata de um reconhecimento simbólico ou de um reconhecimento político.O chefe de Estado francês afirma que este reconhecimento permitirá à França "ser clara na luta contra aqueles que negam o direito de Israel existir"...Entre os 148 países que, neste momento, já reconhecem o Estado da Palestina, muitos deles não reconhecem o Estado de Israel. Portanto, não se trata unicamente dos países árabes. Não acredito que o Irão venha a reconhecer o Estado de Israel e, quanto aos países árabes, a Argélia — que apoia incondicionalmente a causa palestiniana — também dificilmente mudará de posição. Portanto, digamos, há aqui uma narrativa de Emmanuel Macron que dificilmente será aplicável.Emmanuel Macron propõe ainda que o Hamas deve ser afastado de Gaza e que a Autoridade Palestiniana deve ser reformada. Não há uma posição concreta?Não, é utópica. O Hamas nunca aceitará que lhe retirem, enquanto organização, a vertente armada. Por outro lado, o grande problema da Autoridade Palestiniana, liderada por Mahmoud Abbas, é a falta de credibilidade e de aceitação junto dos próprios palestinianos. Desde o ataque terrorista de 7 de Outubro de 2023, o Hamas ganhou popularidade e quase ultrapassou a Autoridade Palestiniana.Mas não é a essa situação que se refere Emmanuel Macron quando propõe que a Autoridade Palestiniana deve ser reformada?Emmanuel Macron, numa conversa que teve recentemente com Mahmoud Abbas, disse que era necessário afastar completamente o Hamas e reformar a Autoridade Palestiniana. Porém, a reforma começa logo com um problema: o próprio Mahmoud Abbas, que não está disposto a ceder o poder da Autoridade Palestiniana. Depois, há também outros problemas estruturais, desde a corrupção à desorganização interna, com os palestinianos a não verem a Autoridade Palestiniana como um espelho das suas próprias necessidades. Portanto, tem de haver uma remodelação completa desta Autoridade. Mas não é com o reconhecimento do Estado da Palestina que as coisas vão avançar. É aí que se insere o reconhecimento que Emmanuel Macron diz que poderá acontecer por parte da França.O Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acusou Emmanuel Macron de cometer um grave erro ao promover o Estado da Palestina. Está cada vez mais longe a hipótese da criação de dois Estados?Não. A criação de dois Estados é a única solução para a resolução do problema. Mas é preciso escolher o momento certo para fazer os anúncios certos, e neste momento há uma guerra em curso. Israel continua a atacar o Hamas em Gaza desde os massacres de Outubro. Antes da criação do Estado palestiniano, é preciso encontrar pontos de concordância em questões fundamentais.Uma delas é a continuidade territorial, ou seja, de um Estado palestiniano. Terá de existir uma continuidade territorial de Gaza para a Cisjordânia. Mas esta continuidade deve existir de Gaza para a Cisjordânia e Israel perderá a sua continuidade territorial. Ou seja, a região do Negueve ficará separada do resto do país.Outra questão é o complexo problema da definição do estatuto de Jerusalém. Jerusalém será capital do Estado de Israel e do Estado da Palestina? Vamos regressar à configuração existente quando a Jordânia ocupava a Cisjordânia, até 1967? Há ainda outra questão: a definição das fronteiras. Houve aqui uma mutação com as implantações israelitas na Cisjordânia, que se multiplicaram e estão sempre num processo avançado, apesar das críticas da ONU e da oposição israelita ao governo de Benjamin Netanyahu.Benjamin Netanyahu é o homem que Israel precisa para representar o país nestas negociações?Os israelitas já não se revêem neste Primeiro-Ministro. Benjamin Netanyahu está envolvido em vários escândalos; acresce ainda a contestada reforma do sistema judicial e a crise económica em que Israel mergulhou.Se a França reconhecer, em Junho, o Estado da Palestina, este reconhecimento pode levar outros países a fazer o mesmo?Pessoalmente, não acredito. Acredito que Emmanuel Macron tem essa intenção, mas não creio que isso vá alterar a posição de outros países. Há países que já reconhecem o Estado da Palestina, mas o importante é perceber o que representa esse reconhecimento para a criação efectiva do Estado palestiniano. Poucos sabem responder a esta pergunta, uma vez que a Palestina, neste momento, já é membro observador da ONU e está presente em várias agências da organização.Agora, como é que os próprios palestinianos vêem este reconhecimento? Não lhes confere uma independência de facto. Há um reconhecimento formal do Estado, mas não há uma alteração concreta do estatuto dos palestinianos.Tanto que apenas uma minoria dos palestinianos defende a solução de dois Estados, tal como uma minoria dos israelitas a defende, desde o ataque de 7 de Outubro.Antes dos reconhecimentos, deveria existir uma preparação para a existência do Estado palestiniano que, neste momento, em termos administrativos, estruturais, democráticos e de liberdades individuais, ainda não existe — nem no governo que está na Cisjordânia, muito menos com a autoridade do Hamas em Gaza.
Hoje teremos um episódio "polêmico". Houve um momento em que a mídia e imprensa simplesmente piraram e tudo o que envolvia jogos, cards e RPG era "obra do demônio". Nesse episódio, falamos sobre algumas dessas histórias bizarras e acontecimentos do Brasil e no mundo, além de nossas experiências pessoais. Confira!
Quando ficam a faltar apenas 2 jornadas para o fim da época, a Bancada analisa a vitória sobre o FC Oliveira do Hospital (2-1), e comenta toda a atualidade de uma semana cheia de eventos para os lados do Calhabé.Houve oportunidade para comentar a renovação de contrato de Leandro Silva, o (novo) adiamento da Assembleia Geral e também para congratular João Traquina, que se retirou esta semana dos relvados.
Foi uma semana de Feira Popular. O público não tirou os olhos do poço da morte, antecipando o desastre iminente. Houve quem se visse obrigado a engolir facas. O carrossel bolsista esteve imparável. E o prestidigitador-mor teve de interromper parte do truque a meio da actuação. Em traje de gala e linguagem de taberna, anunciou que havia muitos países a quererem beijar-lhe o rabo. A marca de um estadista. Ainda assim, a maior parte das tarifas está suspensa por 90 dias. É caso para perguntar quem terá metido o rabo entre as pernas. Em todo o caso, a guerra comercial com a China mantém-se e está ao rubro. Com um resultado digno de jogo de basquetebol: 145-125. Na comezinha realidade nacional, ao fim da primeira semana de frente-a-frente, já se começam a debater os debates. Coisa para que muitos portugueses não terão tempo nem paciência. Como levar-lhes a mal? Pois se até o presidente do Benfica foi confessar a tribunal que lhe falta disponibilidade para ler os contratos que assina!See omnystudio.com/listener for privacy information.
Numa fase da época em que só queremos que comecem os playoffs (mas com muita indecisão em várias posições de cada conferência), é altura de terminar o balanço da fase regular da NBA com as nossas nomeações para os prémios individuais. O Gonçalo Ferreira, o Cyrille Aloísio e o Martim Pardal apresentaram as suas escolhas para os prémios individuais da liga, com destaque para a luta incrível pelo prémio MVP, as muitas opções válidas para treinador do ano, entre outros prémios. Houve ainda tempo para cada um apresentar as suas equipas All-NBA, com algumas surpresas e boa disposição à mistura.
A sete meses da Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas em Belém, o presidente da COP30, o embaixador brasileiro André Corrêa do Lago, reconhece que a percepção da agenda climática por governos, empresas e até populações “está diferente do que gostaria”. Mas o contexto internacional desfavorável para o evento mais importante do ano na temática ambiental também trouxe reflexões sobre a quebra da confiança nas COPs – e um mea culpa: “a realidade é que nós não estamos sendo convincentes”. Lúcia Müzell e Jeanne Richard, da RFI em ParisO experiente diplomata ressalta a importância de a conferência ser capaz de transformar os discursos e acordos em atos concretos. “Se esse tema diminuiu de importância na agenda mundial, é também porque alguma coisa nós não estamos fazendo direito”, disse, em entrevista à RFI. “Devemos ajustar o que estamos falando sobre a mudança do clima, para não continuarmos a assustar as pessoas sem uma solução.”Apesar do contexto internacional desfavorável, com guerras em curso, o multilateralismo em crise e a saída do maior emissor histórico de gases de efeito estufa, os Estados Unidos, da mesa de negociações, Corrêa do Lago descarta a hipótese de a COP de Belém terminar em retrocessos. “O que já foi assinado deve ser realizado, deve ser implementado”, frisou.O Brasil presidirá a conferência em novembro sob o telhado de vidro dos planos de aumentar da produção de petróleo nas próximas décadas – apesar de os 196 países membros da Convenção do Clima terem concordado, em 2023, em “se afastar” dos combustíveis fósseis, os maiores responsáveis pelo aquecimento anormal do planeta. “Não há nenhuma dúvida de que as energias fosseis são o principal problema que nós devemos enfrentar”, afirmou o embaixador. “Algumas coisas nós podemos estar fazendo errado, mas nós estamos fazendo muitíssimas coisas certas. Eu acredito que sim, há uma capacidade do Brasil de mostrar o rumo para a maioria dos outros países”, alegou.Leia abaixo os principais trechos da entrevista, realizada por videoconferência nesta terça-feira (8).RFI: 2025 marca os dez anos do Acordo de Paris. Desde o começo, a expectativa era muito alta para essa COP 30, sobre a ambição climática que a gente vai conseguir chegar. Mas o contexto atual é muito desfavorável, com uma escalada de guerras e do discurso negacionista, retrocessos evidentes na agenda ambiental em diversos países. Uma sombra de Copenhague paira sobre Belém? André Corrêa do Lago: A gente não pode analisar as circunstâncias, que são muito diferentes. Eu acho que Copenhague foi um caso muito especial e as circunstâncias internacionais, em princípio, eram até favoráveis em 2009. Eu acredito que nós estamos tendo hoje uma certa tendência a um retrocesso, mas nós temos que analisar por que desse retrocesso.Quando você tem uma preocupação com guerras ou com eleições, todos esses elementos são extremamente importantes na política e nós podemos até entender, mas a realidade é que isso está comprovando que a mudança do clima ainda não adquiriu a dimensão, que deveria ser natural, de que ela está por cima de todos esses elementos. Você não pode escolher ou guerra, ou crise ou mudança do clima. A mudança do clima está aí e vai continuar, portanto a gente não pode tapar o sol com a peneira e não ver que as circunstâncias estão cada vez mais graves.Eu acho que é um desafio enorme, mas também é um desafio para nós renovarmos o discurso pró-clima para uma maneira mais convincente, porque a realidade é que nós não estamos sendo convincentes. Se esse tema diminuiu de importância na agenda mundial, é também porque alguma coisa nós não estamos fazendo direito. Nós temos que melhorar a nossa comunicação sobre a relevância dessa agenda.RFI: Menos de 10% dos países da Convenção Quadro cumpriram o calendário previsto e entregaram as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) em fevereiro, como previsto. Como o senhor qualifica esse impasse? É um mau sinal para o sucesso da COP30?ACL: Teria sido muito melhor se mais países tivessem apresentado, não há a menor dúvida. Mas a verdade é que o prazo foi estendido para setembro. Houve um entendimento de que estava muito complexo para vários países apresentarem as suas NDC, por motivos diversos.A União Europeia, por exemplo, estava um pouco ligado à questão das eleições. Vários países estavam muito ligados a questões técnicas. A ideia é que os países possam apresentar a melhor NDC possível e a mais ambiciosa possível. Eu acho que o importante é isso, que favoreça a qualidade das NDCs que estão sendo apresentadas.RFI: Para o senhor, o que vai ser um sucesso da COP30?ACL: Nós ainda não estamos declarando o que nós consideramos que deverá ser um sucesso da COP30. Não há dúvida de que as NDC são um elemento importante. Só que as NDC dos países são voluntárias: cada país apresenta a sua de acordo com aquilo que considera ser possível. Então, você não pode pressionar os países ou alegar que os países não estão fazendo alguma coisa. Se algo foi decidido, eles estão fazendo o que foi decidido.Nós temos que aguardar essas NDCs e, uma vez que elas forem apresentadas, nós vamos ser capazes de fazer um cálculo de quão distantes nós ainda estamos do objetivo de 1,5ºC [limitar o aquecimento do planeta a no máximo 1,5ºC até o fim deste século]. As Nações Unidas têm uma forma de análise das NDCs e o resultado final vai ser apresentado e discutido.Agora, se nós não estamos atingindo o objetivo de temperatura que estava no Acordo de Paris, nós temos que sentar e discutir como é que nós podemos aumentar a ambição. Não há a menor dúvida de que alguns países gostam muito de falar de ambição, mas a realidade é que a maioria dos países em desenvolvimento dizem que eles só podem falar de ambição se houver recursos financeiros, porque incorporar clima é um peso adicional ao esforço de desenvolvimento.Esse debate se arrasta desde o momento que a gente negociou essa Convenção do Clima, que foi assinada em 1992, portanto é um tema tão complexo que nós ainda não conseguimos encontrar uma solução. Mas eu acredito que ainda há um desejo e uma convicção de que é por via do multilateralismo que nós podemos encontrar a melhor maneira de cooperar.Acho que seria um enorme sucesso se a COP30 apresentar soluções conviventes em todas as áreas – e acho que isso é muito possível, porque temos soluções, as tecnologias estão progredindo de forma extraordinária e temos ideias adaptadas a circunstâncias muito distintas. Há muitos caminhos e cada país tem o seu – num grande país como o Brasil, cada região tem o seu. Devemos respeitar isso, porque não se pode impor soluções que, no final, sejam caras demais ou custem muito caro politicamente. É muito importante para as democracias poder ganhar eleições, então devemos garantir que esse discurso será seguido de ações e demonstrações do que estamos defendendo.RFI: A última COP, em Baku, foi frustrante para muitos países em desenvolvimento, que esperam financiamento para promover a sua transição. Como providenciar os bilhões de dólares necessários, afinal sem este dinheiro, alguns países podem ser obrigados a apresentar planos climáticos pouco ambiciosos ou até nem mesmo apresentar um plano?ACL: O financiamento é um tema absolutamente central porque, na maioria dos países em desenvolvimento, existe uma acumulação de diversas dimensões do desenvolvimento ao mesmo tempo – educação, saúde, infraestruturas, transportes. O combate às mudanças climáticas se adiciona a tudo isso. É mais do que justo que os países que puderam se desenvolver de forma muito mais progressiva e organizada, e que são responsáveis pela acumulação de CO2 na atmosfera, forneçam os recursos para estes países em desenvolvimento poderem se desenvolver tendo a questão do clima no centro dos seus modelos de desenvolvimento.RFI: Os países desenvolvidos providenciarão este dinheiro sem os Estados Unidos?ACL: Quem está muito preocupado com a ausência dos Estados Unidos são os outros países desenvolvidos, porque se forem somente os países desenvolvidos que deverão providenciar os recursos, a saída da maior economia do mundo desse pool torna a equação mais complexa. Mas não é só isso.Nós precisamos olhar a questão do financiamento climático de maneira muito mais vasta. A decisão de Baku inclui o esforço da presidência brasileira e da presidência do Azerbaijão de passar de US$ 300 bilhões por ano para US$ 1,3 trilhão. São números absolutamente assustadores, mas que dão a dimensão do impacto que o clima está tendo na economia mundial.Esta proposta, que deve ser assinada por Mukhtar Babayev [presidente da COP29] e eu, é uma proposta de como poderemos passar de A a B de forma convincente. Estamos trabalhando neste assunto de forma muito séria, porque pensamos que não podemos trabalhar apenas com fundos especiais para o clima. Nós devemos fazer com que o clima esteja no centro de todas as decisões de desenvolvimento, de investimentos e de finanças. Isso exige que mudemos muito a nossa forma de pensar os investimentos e o financiamento. Acho que temos um bom caminho a percorrer, mas espero que seremos capazes de apresentar alguma coisa que seja positiva e, ao mesmo, tempo realista.RFI: A cada COP, existe uma pressão muito grande para aumentar o que já se tem, mas manter o que foi conquistado é também um desafio. O senhor trabalha com a ideia, por exemplo, de encarar pressões para que o compromisso dos países de se afastarem [“transitioning away”] dos combustíveis fósseis saia do texto, por exemplo?ACL: Não, não, não. O “transitioning away” já foi aprovado em Dubai por todos os países membros do Acordo de Paris. Eu acho que é algo que já está decidido – o que não está é as várias maneiras como nós podemos contribuir, cada país à sua maneira, para essa transição. Mas o que já foi assinado deve ser realizado, deve ser implementado. Não há nenhuma dúvida de que as energias fosseis são o principal problema que nós devemos enfrentar.Nós temos uma crise política, mas também de confiança no processo de negociações climáticas. Como eu estava comentando, eu acho que a percepção da agenda está diferente do que a gente gostaria, e a capacidade de implementação também tem frustrado muitos atores importantes. É muito grave no caso, por exemplo, do setor privado, porque se o setor privado não vê uma vantagem econômica em seguir o caminho, que é o caminho mais racional, é porque em alguma coisa nós estamos falhando.Nós temos que ter um diálogo muito maior com o setor privado para devolvê-lo a confiança nessa agenda. Ele se pergunta se é realmente um bom negócio garantir que vamos combater as mudanças climáticas. Eu estou convencido de que sim.O grande desafio é que devemos convencer não apenas os governos, como as populações, de que tudo que devemos fazer vai ajudar as economias. Devemos, portanto, ajustar o que estamos falando sobre a mudança do clima para não continuarmos a assustar as pessoas sem uma solução.RFI: O Brasil, com a sua agenda pró-petróleo a pleno vapor, defendida pelo presidente Lula, incluindo a entrada do país na Opep+ e o lançamento de um leilão de 332 blocos de petróleo e gás no país em junho, vai conseguir promover uma maior redução das emissões e encaminhar o fim dos combustíveis fósseis? Como o Brasil vai convencer alguém se o próprio Brasil vai aumentar a sua produção de petróleo? ACL: O Brasil não é só o Brasil que você está mencionando: são os vários Brasis que estão fazendo coisas incríveis no combate à mudança de clima. Isso vai ser uma coisa que vai ficar bastante clara na COP 30, inclusive por o Brasil ser um país tão grande, tão diverso, tendo exemplos em todas as direções.Algumas coisas nós podemos estar fazendo errado, mas nós estamos fazendo muitíssimas coisas certas. Eu acredito que sim, há uma capacidade do Brasil de mostrar o rumo para a maioria dos outros países. Eu acredito que a COP tem que ser uma oportunidade de todos os países mostrarem o que estão fazendo de positivo.Eu acho que o que os países estão fazendo que agrada menos é muito claro para todo mundo, de todos os países. Vários países europeus estão fazendo coisas que não agradam, vários asiáticos também. E provavelmente nós também. Mas a verdade é que eu acredito que o Brasil vai ser reconhecido, mais do que nunca, como um celeiro de soluções que favorecem o combate à mudança do clima.O Brasil já anunciou que será neutro em carbono em 2050. Como nós chegaremos a este grande objetivo é um grande debate nacional que teremos. Nós teremos este debate: o que faremos com esse petróleo, se esse petróleo existir.RFI: A questão da acomodação dos participantes e das infraestruturas de Belém é um problema que ainda não foi resolvido, a sete meses da conferência. O Brasil, inclusive, decidiu antecipar o encontro dos líderes. A COP30 vai ser a qualquer custo em Belém e somente em Belém? ACL: A COP30 vai ser em Belém. E eu acho que Belém vai provocar grandes surpresas, porque é incrível a quantidade de coisas que estão falando da cidade e esquecendo das qualidades de Belém. É uma cidade incrivelmente charmosa. Eu, que gosto particularmente de arquitetura, saliento que tem coisas extraordinárias em arquitetura, e é uma cidade que tem a culinária mais sofisticada do Brasil. E eu acho que os habitantes da cidade vão absolutamente encantar os participantes da COP.RFI: Os Estados Unidos se retiraram do Acordo de Paris e não devem participar da COP 30. O senhor, como presidente da conferência, tem buscado algum diálogo com Washington, apesar do duro revés dos Estados Unidos na questão ambiental? ACL: Eles podem participar porque já informaram que vão sair do acordo, mas formalmente eles só saem em janeiro do ano que vem. É um momento muito desafiador, é claro. Nós estamos totalmente abertos para explorar caminhos construtivos com o governo americano, da mesma forma como nós já estamos com muitos canais abertos com vários setores da economia americana, com vários estados americanos, com várias cidades americanas, porque afinal, não são os Estados Unidos que estão saindo do Acordo de Paris, é o governo americano. Uma grande parte do PIB americano está totalmente comprometida com o Acordo de Paris.
*) Já faz tempo que virou uma novela a reforma ministerial do governo Lula (PT). Houve algumas mudanças pontuais, mas outras eram esperadas e, até agora, seguem travadas. Nos últimos dias, a reforma ministerial pode ter conseguido um “empurrãozinho”, que veio da Justiça. Para explicar: a PGR denunciou Juscelino Filho, o agora ex-ministro das Comunicações, por suspeita de corrupção. Com a vida complicada por este caso, Juscelino acabou pedindo demissão. E esse fato pode dar um novo impulso às mudanças esperadas (e até agora tímidas) no ministério. Este episódio do podcast 15 Minutos fala sobre a demissão de Juscelino Filho e a sequencia da reforma ministerial do governo Lula. O convidado para falar do assunto é o Wesley Oliveira, da equipe de República da Gazeta do Povo, que está acompanhando o caso.
Em Moçambique os ciclones estão a aumentar e os ventos são mais intensos. Além disso, em 2024, o país registou uma temperatura sem precedentes, nos últimos 75 anos, 1.2 graus centígrados acima da média do período anterior. Os dados constam do relatório anual do Estado do Clima de Moçambique - 2024, do Instituto Nacional de Meteorologia. Bernardino Nhantumbo, meteorologista, explica que o relatório “comprova a tendência mundial” e alerta para os impactos do aquecimento global do planeta. Em Moçambique os ciclones estão a aumentar e os ventos são mais intensos. Além disso, em 2024, o país registou uma temperatura sem precedentes, nos últimos 75 anos, 1.2 graus centígrados acima da média do período anterior de 1981 – 2010. No dia 28 de Outubro de 2024, o mercúrio dos termómetros subiu até aos 44,5 graus em Chingodzi, na província de Tete, centro do país, foi a temperatura mais alta registada na rede de estações meteorológicas.Os dados agora avançados constam do relatório anual do Estado do Clima de Moçambique - 2024, do Instituto Nacional de Meteorologia, publicado no final do mês de Março.Em entrevista à RFI, Bernardino Nhantumbo, meteorologista e pesquisador na área do clima, ligado ao INAM, explica que o relatório agora publicado “comprova a tendência global” e alerta para os impactos que o aquecimento global do planeta têm em Moçambique:Uma das consequências [das alterações climáticas], apesar de não termos estudos conclusivos, é que Moçambique está sendo cada vez mais impactado por ciclones. Só a título de exemplo, de 2021 a esta parte, foram 10 ciclones. Estamos a falar de uma média de dois ciclones por ano.Anteriormente tínhamos uma média de um ciclone. Houve um aumento de 100%.”Moçambique é, a nível global, um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas. O país é recorrentemente palco de cheias e ciclones tropicais, além de períodos prolongados de seca severa.Ao aumento da frequência de ciclones, acresce-se a seca ou a chuva fora de época, o aumento dos dias de verão:Na nossa definição, consideramos dias de verão dias cuja temperatura é igual ou superior a 30º e notamos que há um aumento claro.Se no passado, ao ano, tínhamos cerca de 100 dias com 30º ou mais graus. Agora, estamos em cerca de 200 dias. Isto é, em mais de metade do ano estamos a registar temperaturas com mais de 30º.De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, entre 2019 e 2023, eventos extremos provocaram, pelo menos, 1.016 mortos em Moçambique e afectaram quase cinco milhões de pessoas.
Relacionamentos entre humanos e máquinas já renderam personagens icônicos na ficção científica. A babá robô dos Jetsons, os carismáticos C3PO e R2D2 de Star Wars, a assistente virtual no filme HER, até os androides autoconscientes de Westworld. O ponto é que isso não é mais só imaginação. Com a evolução e popularização das IAs generativas com memória, como o Replika ou o Character.AI, essas relações já fazem parte da realidade. Em 2018, o japonês Akihiko Kondo casou-se com uma cantora holográfica chamada Hatsune Miku, numa cerimônia com direito a convidados, vestido de noiva (holográfico) e votos personalizados. Kondo se tornou uma espécie de símbolo daquilo que muitos ainda encaram com estranhamento: relações afetivas com entidades artificiais. Desde então, ele tem aparecido em documentários, dado entrevistas e defendido publicamente o direito de amar quem — ou o que — quiser. No outro pólo da discussão temos o caso do adolescente de 14 anos com Síndrome de Asperger cometeu suicídio, em 2024, após desenvolver uma relação intensa com um chatbot baseado na personagem Daenerys Targaryen, de Game of Thrones. A família processou a plataforma Character.AI, levantando debates sobre responsabilidade emocional, vulnerabilidade e os limites desse tipo de vínculo. O que essas notícias causam na gente? Na maioria das vezes, estranhamento, julgamento moral e medo. É possível ver de outra forma? Eu tive a oportunidade de assistir um painel reunindo três professores que pesquisam sobre o tema, e apresentaram uma abordagem muito provocativa. A professora Jamie Banks, especialista em relações humano-máquina e cognição social da Universidade de Syracuse falou que na prática, sempre humanizamos objetos. Quem nunca deu nome a um carro ou sentiu carinho por um utensílio antigo? Quando essa relação se transfere para um chatbot com rosto e memória, é natural que o vínculo pareça ainda mais real. Ela quebra estereótipos afirmando que as pessoas que se envolvem com essas IAs não estão confusas: sabem que não há ninguém do outro lado. Mas afirmam com convicção que os sentimentos vividos são reais. Jessica Szczuka, faz pesquisa com foco em sexualidade, afeto e dados empíricos sobre interações com tecnologia na NYU, e apresentou dados quantitativos com pessoas que dizem estar em relacionamentos românticos com bots. A grande surpresa? A solidão não aparece como fator determinante. O que se destaca é a capacidade de fantasiar. Gente que consegue imaginar cenas, jantares, passeios e até uma vida a dois com um agente artificial. O filósofo Neil McArthur, é diretor do Centro de Ética Aplicada da Universidade de Manitoba, no Canadá, convidou para uma mudança de paradigma.. Em vez de partir do “por que alguém faria isso?”, talvez seja mais interessante perguntar “por que não?”. Para ele, o estranhamento diante desses vínculos artificiais não é novo — é o mesmo ciclo que já aplicamos a qualquer afeto considerado fora da norma: primeiro julgamos, estigmatizamos, ferimos. Só depois, aos poucos, reconhecemos, ouvimos, entendemos e trabalhamos para quebrar o tabu. Ele questiona se não podemos mudar o ciclo dessa vez, e abordar essas relações com mais interesse, curiosidade e empatia. Claro, o painel não foi ingênuo. Houve alertas sobre o uso de dados sensíveis, os riscos de manipulação emocional e até o impacto de empresas encerrarem serviços abruptamente, como no caso do Replika, que, após uma atualização em dezembro de 2024, removeu a funcionalidade de role play erótico, causando uma sensação de perda e luto em muitos usuários que mantinham relações íntimas com seus companheiros virtuais. É a partir dessas provocações que a gente quer propor uma conversa hoje. e estamos em boa companhia: Luiz Joaquim Nunes: Consultor e professor de inteligência artificial, dados, psicologia ambiental e ética, com formação em matemática aplicada e em psicologia social. Dora Kaufman: Professora e pesquisadora dos impactos éticos e sociais da IA na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Anuncie no Mamilos ou contrate a consultoria Milos: mamilos@mamilos.me Saiba mais em Mamilos.me
Houve quem desse baile e houve quem levasse baile. Mas a pergunta que todos fazem é esta: dançará o país a compasso com a música do bailinho da Madeira? O primeiro-ministro quer ver um cartaz retirado de circulação. E pode? O PCP prometeu accionar meios legais contra a RTP por causa de uma entrevista monotemática. E pode? No Bloco de Esquerda a idade volta a ser um posto. Os fundadores vão regressar ao activo nas eleições de 18 de Maio. Como o mundo, reguila, não pára de nos surpreender, uma história que até parece mentira mas é verdade: os mais altos responsáveis da Casa Branca convidaram inadvertidamente um jornalista para o grupo, numa rede social, em que estavam a discutir os planos para bombardear o Iémen. Hilary Clinton resumiu tudo numa frase curta: “This is just dumb” (isto é simplesmente estúpido). Talvez seja também perigoso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Mais de 50 anos depois da queda do voo da Força Aérea Uruguaia na Cordilheira dos Andes, Antonio Vizintín conta com sobreviveu à tragédia “Apesar de tanto ter entrado em contato com a morte nos Andes, a morte de minha esposa foi um golpe duro, me abalou muito mais. Mas a vida segue, não podemos nos deixar prender por esses momentos. Se na montanha não nos permitimos chorar porque isso nos destruiria, aqui também não podíamos”. A frase de Antonio Vizintín, o Tintin, mostra a força que marcou sua trajetória como um dos sobreviventes do famoso acidente aéreo nos Andes. Em outubro de 1972, um erro causou a queda de um avião da Força Aérea Uruguaia no meio da Cordilheira dos Andes. Durante 72 dias, os 28 sobreviventes lutaram pela vida em condições extremas, tomando decisões impensáveis para sobreviver, como se alimentar da carne de seus companheiros falecidos. “Quebramos um tabu religioso, um tabu humano, mas era uma decisão de vida ou morte. Ou nos alimentávamos e sobrevivíamos, ou não nos alimentávamos e morríamos. Foi uma decisão tomada a 3600 metros de altura, com muito frio, muita fome e uma imensa vontade de continuar vivos", conta. Em 1992, vinte anos depois da tragédia, Paulo Lima se encontrou pela primeira vez com Tintin, na época com 38 anos, para uma entrevista que estampou as páginas da Trip. Agora, eles voltam a conversar no Trip FM. Além de relembrar os momentos mais marcantes daquela experiência, o uruguaio compartilha as lições de vida que carregou nos últimos 50 anos.“Não foi por acaso que saímos da montanha. Houve muito raciocínio, planejamento, cálculo, estratégia. Foi a inteligência humana, e não o acaso, que nos permitiu sobreviver", afirma. “As pessoas acham que essa é uma história de sucesso, mas, na verdade, é uma história de muitos fracassos. Tentamos muitas expedições, falhamos, mas ganhamos experiência e aplicamos na tentativa seguinte. Assim é a vida: fracassar, aprender e evoluir”. Você pode conferir esse papo no play aqui em cima ou no Spotify do Trip FM. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67e6ea6f4eccb/antonio-vinzitin-tintin-acidente-aviao-andes-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Reprodução; LEGEND=Em outubro de 1972, por causa de uma falha humana, um avião da Força Aérea Uruguaia perdeu altitude e acabou se chocando contra a Cordilheira dos Andes; ALT_TEXT=Em outubro de 1972, por causa de uma falha humana, um avião da Força Aérea Uruguaia perdeu altitude e acabou se chocando contra a Cordilheira dos Andes] Trip. Depois de viver o que viveu, como você lidou emocionalmente com a perda da sua esposa, anos depois? Antonio Vizintín. A morte de minha esposa foi um golpe muito duro para mim e para meus filhos. Foi uma época muito difícil, em que eu chorava na ducha para que ninguém me visse. Apesar de estar em contato com a morte na montanha, essa perda me atingiu muito mais. A vida parecia ir bem ao lado da família e, de repente, tudo muda. Foi um golpe muito duro, mas a vida segue. Não podemos nos deixar prender por esses momentos, precisamos seguir em frente. O que foi mais difícil durante a experiência na montanha? O frio foi o maior desafio. Foram 72 dias enfrentando temperaturas extremamente baixas, chegando a -40 graus. A necessidade de comer e sobreviver superava qualquer outro pensamento. Nossa sobrevivência dependia da nossa capacidade de lidar com essas adversidades extremas. Como foi o momento em que decidiram se alimentar dos corpos dos companheiros? Foi uma decisão muito difícil, pois rompemos um grande tabu, tanto religioso quanto humano. Mas era uma questão de vida ou morte. Ou nos alimentávamos e sobrevivíamos, ou morríamos. A decisão foi tomada a 3.600 metros de altura, com muito frio e muita fome. Era uma decisão de sobrevivência. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67e6ead1dfa8c/antonio-vinzitin-tintin-acidente-aviao-andes-trip-fm-mh2.jpg; CREDITS=Reprodução; LEGEND=Por 72 dias, os 28 sobreviventes foram obrigados a improvisar pela vida e recorrer à carne de seus companheiros mortos.; ALT_TEXT=Por 72 dias, os 28 sobreviventes foram obrigados a improvisar pela vida e recorrer à carne de seus companheiros mortos.] Em algum momento você voltou a acreditar que Deus estava com vocês na montanha? No início, eu não entendia onde estava aquele Deus todo-poderoso que todos falam. Era difícil compreender por que estávamos passando por tudo aquilo. Para mim, parecia que Deus nos havia abandonado. A minha fé foi abalada profundamente durante aquele tempo. Quais foram os principais fatores que permitiram a sobrevivência do grupo? Nossa sobrevivência foi resultado de muito raciocínio, cálculo e planejamento. Criamos uma logística, nos mantivemos disciplinados e sacrificialmente nos dedicamos uns aos outros. Cada um fez o que podia para ajudar. Foi a inteligência humana e a disciplina que nos permitiram sair vivos dessa situação. Você disse que essa é uma história de fracassos. Qual foi o maior aprendizado que tirou dos fracassos? O maior aprendizado que tiramos dos fracassos foi que precisamos aprender com os erros. Tentamos várias expedições e falhamos em todas, mas cada falha nos ensinou algo novo, algo que aplicamos nas tentativas seguintes. O fracasso é uma parte do processo de aprendizagem. Só assim é possível evoluir e chegar ao sucesso. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67e6eaede900e/antonio-vinzitin-tintin-acidente-aviao-andes-trip-fm-mh3.jpg; CREDITS=Reprodução; LEGEND="Éramos 45 pessoas no total e logo na queda morreram 17 companheiros, restando 28. Durante nossa luta na neve, aos poucos foram morrendo outros. No final, sobraram só 16 de nós com vida."; ALT_TEXT="Éramos 45 pessoas no total e logo na queda morreram 17 companheiros, restando 28. Durante nossa luta na neve, aos poucos foram morrendo outros. No final, sobraram só 16 de nós com vida."] Como a experiência na montanha mudou sua visão sobre o que realmente importa na vida? Quando tudo parece perdido, você começa a dar valor às pequenas coisas: uma ducha quente, um prato de comida, um copo de água. E, principalmente, momentos com as pessoas que amamos. Nunca sabemos quando será o último abraço ou o último beijo. Essas pequenas coisas, que muitas vezes negligenciamos, são as que realmente importam.
Leitura Bíblica Do Dia: Apocalipse 3:14-22 Plano De Leitura Anual: Deuteronômio 30–31; Marcos 15:1-25 Já fez seu devocional hoje? Aproveite e marque um amigo para fazer junto com você! Confira: No conto de suspense “Batida”, de Fredric Brown, lemos: “O último homem na Terra sentou-se sozinho em uma sala. Houve uma batida na porta”. Puxa! Quem poderia ser, e o que quer? Que ser misterioso veio para ele? O homem não está sozinho. Nem nós. A igreja em Laodiceia ouviu uma batida em sua porta (APOCALIPSE 3:20). Que Ser sobrenatural tinha vindo? Seu nome era Jesus, “o Primeiro e o Último. Sou aquele que vive” (1:17-18). Seus olhos brilhavam como fogo, e Sua face “brilhava como o sol em todo o seu esplendor” (v.16). Quando o seu melhor amigo, João, teve um vislumbre de Sua glória, ele caiu “a seus pés, como morto” (v.17). A fé em Cristo começa com o temor a Deus. Não estamos sozinhos, e isso também é reconfortante. Jesus “irradia a glória de Deus, expressa de forma exata o que Deus é e, com sua palavra poderosa, sustenta todas as coisas” (HEBREUS 1:3). No entanto, Cristo usa o Seu poder não para nos matar, mas para nos amar. Ouça o Seu convite: “Se você ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei e, juntos, faremos uma refeição, como amigos” (APOCALIPSE 3:20). Nossa fé começa com o temor: “Quem está à porta?”, e termina num acolhimento afável e seguro. Jesus promete estar sempre conosco, mesmo que sejamos a última pessoa na Terra. Graças a Deus, não estamos sozinhos. Por: Mike Wittmer
Confira nesta edição do JR 24 Horas: A vice-cônsul da Colômbia, Claudia Ortiz, foi baleada durante uma tentativa de assalto no centro de SP. Ela precisou passar por cirurgia e está em estado estável. A tentativa de assalto aconteceu na avenida 9 de Julho. O alvo era a passageira de um táxi. Os criminosos quebraram o vidro para roubar o celular, quando um PM que estava à paisana reagiu. Houve troca de tiros e a vice-consulesa, que caminhava pela calçada, foi atingida na perna. E ainda: Queda de passarela causa transtornos a caminho do litoral sul de SP na rodovia Anchieta.
Pedro Frazão (Chega) refere que houve uma beneficiação no caso das gémeas luso brasileiras. António Rodrigues (PSD) nega e diz que não saiu qualquer tipo de comunicação para o Ministério da Saúde.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Dois meses jogados fora ou tudo dentro do planejado por Textor? Anúncio de Renato Paiva no mesmo dia da perda da Recopa, sem resistência do time, mostra o cenário complexo em que o Botafogo se encontra. Por que tanta demora para escolher um nome que sempre esteve disponível no mercado? Textor está certo ao desvalorizar a Supercopa e a Recopa na coletiva pós derrota? Houve evolução em relação ao mesmo período de 2024 ou o time joga menos até do que o Botafogo de Tiago Nunes e Fábio Matias? DÁ O PLAY!
Houve um tempo em que muitas paulistanas saíam às ruas com vestimentas longas e rosto coberto. Sabe as burcas de Irã, Afeganistão e outros países do Oriente Médio? Eram parecidas. Mas por aqui essa maneira de se vestir - felizmente - causava controvérsias e reações de autoridades. A tal ponto que ao menos três governantes em três séculos consecutivos - 17, 18 e 19 - se mobilizaram para tentar proibir aberrante modelito. Na riqueza que são os acervos da Biblioteca Nacional e da Câmara Municipal de São Paulo*, é possível ver mais detalhes sobre essa época em que as mulheres de São Paulo andavam por aí “rebuçadas em baetas”, como se dizia. As apresentadoras Luciana Garbin e Carolina Ercolin tratam da do costume feminino que perdurou na cidade por boa parte das épocas colonial e imperial. O Mulheres Reais vai ao ar às segundas-feiras, a partir das 8h, no Jornal Eldorado. O podcast é apresentado por Carolina Ercolin e Luciana Garbin e está disponível em todas as plataformas de áudio.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Houve um período onde a civilização branca europeia era sinônimo de evolução e alguns países, como o nosso, tentaram branquear toda a nação. Separe trinta minutos do seu dia e aprenda com o professor Vítor Soares (@profvitorsoares) sobre o que foi o Projeto de Branqueamento do Brasil. - Se você quiser ter acesso a episódios exclusivos e quiser ajudar o História em Meia Hora a continuar de pé, clique no link: www.apoia.se/historiaemmeiahora Conheça o meu canal no YouTube, e assista o História em Dez Minutos! https://www.youtube.com/@profvitorsoares Ouça "Reinaldo Jaqueline", meu podcast de humor sobre cinema e TV: https://open.spotify.com/show/2MsTGRXkgN5k0gBBRDV4ok Compre o livro "História em Meia Hora - Grandes Civilizações"! https://a.co/d/47ogz6Q Compre meu primeiro livro-jogo de história do Brasil "O Porão": https://amzn.to/4a4HCO8 Compre nossas camisas, moletons e muito mais coisas com temática História na Lolja! www.lolja.com.br/creators/historia-em-meia-hora/ PIX e contato: historiaemmeiahora@gmail.com Apresentação: Prof. Vítor Soares. Roteiro: Prof. Vítor Soares e Prof. Victor Alexandre (@profvictoralexandre) REFERÊNCIAS USADAS: - BENTO, Maria Aparecida Bento (Cida Bento). Branqueamento e branquitude no Brasil. São Paulo, CEERT, 2002..pdf - SAMIS, Alexandre. Estrangeiros indesejáveis. In: QUE REPÚBLICA é essa?, 2019. - SEYFERTH, Giralda. Colonização, imigração e a questão racial no Brasil. Revista USP, São Paulo, n. 53, p. 117-149, mar./maio 2002. - SEYFERTH, Giralda. Construindo a nação: hierarquias sociais e o papel do racismo na política de imigração e colonização. In: MAIO, Marcos Chor; SANTOS, Ricardo Ventura (org.). Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; CCBB, 1996. - RIBEIRO, Gladys Sabina. Cidadania e luta por direitos na Primeira República: analisando os processos da Justiça Federal e do Supremo Tribunal Federal. Tempo, Niterói, v. 13, n. 26, p. 101-117, 2009.
Houve desenvolvimentos sobre a guerra na Ucrânia.
A Luz do Evangelho ilumina os entendimentos dos que realmente querem a Luz de Deus e lhes dá uma nova oportunidade. "No princípio criou Deus os Céus e a Terra. E a Terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus Se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz." Gênesis 1:1-3 "...o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a Luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a imagem de Deus." II Coríntios 4:4 "E dar-vos-ei pastores segundo o Meu Coração, os quais vos apascentarão com Conhecimento e com Inteligência." Jeremias 3:15
Em 6 de janeiro de 2021, o mundo assistia incrédulo a cenas de vandalismo e selvageria. O cenário era o Capitólio, em Washington, sede do poder administrativo dos Estados Unidos. Centenas de trumpistas invadiram o local para impedir que o Congresso certificasse a vitória eleitoral de Joe Biden. O epicentro da maior crise na democracia americana foi o próprio Donald Trump, que nunca aceitou o resultado das urnas e convocou seus apoiadores para o ato. Houve depredação, confronto com policiais e troca de tiros. Cinco pessoas morreram. Exatamente quatro anos depois, nesta segunda-feira (6), o Congresso se reúne para oficializar a vitória do republicano, que toma posse em 20 de janeiro. Trump volta à Casa Branca com ainda mais poder: depois de radicalizar na campanha eleitoral e ameaçar as instituições, ele derrotou a candidata democrata, Kamala Harris, no voto popular e ainda conquistou maioria na Câmara e no Senado. Para apresentar as perspectivas do segundo mandato Trump, que está montando um gabinete com seus aliados mais leais e já conhece a burocracia do Estado americano, Natuza Nery conversa com Guilherme Casarões, cientista político, professor da FGV-SP e pesquisador do Observatório da Extrema Direita. Ele avalia também o atual status da democracia nos Estados Unidos.
A pancadaria no Técnico. Os professores amedrontados. As estranhas reuniões com os comunistas. E a detenção de Soares Carneiro. Marçal Grilo descreve os momentos mais tensos que viveu em 1974 e 1975.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A pancadaria no Técnico. Os professores amedrontados. As estranhas reuniões com os comunistas. E a detenção de Soares Carneiro. Marçal Grilo descreve os momentos mais tensos que viveu em 1974 e 1975.See omnystudio.com/listener for privacy information.