A música como veículo da tolerância no diálogo entre comunidades.
Tempo estranho, este, ainda a ver o mundo de uma janela. Desconfina-se. Anda muita gente lá fora… Os que têm mesmo, em transportes atulhados, e os que querem, em festas e ajuntamentos. Este Lusofonia é dedicado a sonhos, a distâncias, a saudades e a gaivotas, mas sobretudo, ao mundo que se vê da janela. Alinhamento
Naquele dia de 1974, eu miúdo em Angola, não me aperceberia do que se passava na metrópole. Só no dia seguinte, a ouvir rádio, chegaria a notícia e uma música que o censor teimava em não deixar passar. Naquele dia, o censor ainda não tinha percebido que o seu trabalho acabara. Dedico esta edição de Lusofonia
Os dedos tocam o violão e as vozes cantam, já nos tempos da quarentena, on-line, cada um em sua casa. É difícil encontrar um sentido para tudo isto. Sabemos que ao contrário do que dizem, não vai ficar tudo bem. Os mortos não ficaram bem, os desempregados não vão ficar bem, os sem teto não
Ela é o sol que me ilumina, neste tempo suspenso, como se estivéssemos a flutuar. Agora estamos ligados pelo bater de asas de um Sabiá, o pássaro que mais sabe do amor. Sigo-te à distância. Aponta-me o caminho, como uma bússola. Aguenta coração até pudermos voltar a tomar um banho de chuva, para me dares
Fugimos da doença anunciada, do contágio provável. Cruzámo-nos na universidade. Ele no doutoramento de história, ela na licenciatura de comunicação, eu professor. Agora está cada um no seu canto, fugimos da doença anunciada. Ele voou para Moçambique, ela para o Brasil, eu andei poucos quilómetros. Estamos juntos dos nossos, mas já bate aquela saudade. Alinhamento
Eu Fico Em Casa! É mais que um mote, é um festival on-line, que o tempo não está para festas. É o festival nos tempos da quarentena, desse vírus com nome de cerveja. 70 artistas, 6 dias e 40 horas a atuar. Vamos então às músicas de cantores que embarcaram nesta aventura solidária. Eu fico
Não vai dar para convidar os amigos. Abre a cerveja mas fica em casa. Está cortado o contacto social, reduzido ao mínimo. Não é brincadeira, que o vírus está à espreita. É a nossa guerra. Os nossos pais andaram noutra, no ultramar, fosse qual fosse o lado. A nossa é mais cómoda, podemos travá-la em
Chama-se Marcela Vilela, é uma das muitas jovens brasileiras que atravessou o atlântico para estudar em Portugal. Gosta de chope e de feijoada, mas agora também de bacalhau e de vinho tinto. Coisas de que irá ter saudades quando voltar a cruzar o atlântico,assim como das ruas de Lisboa e das pessoas que conheceu. A
Este Lusofonia é para tirar o pé do chão. É um encontro de gerações, as palavras dos kotas e os ritmos dos novos. Entre nessa dos remixs, meu amigo, temos um relusofonia. Alinhamento Vanessa da Mata – Ai Ai Ai (Felguk Cat Dealers Remix) Bonga – Mona ki ngi xica (Synapson remix) Cesária Évora –
– Diz-me lá amigo, qual é a tua pátria? De onde és? – Eu sou do mundo, do povo navegante. Eu sou de onde estou, mas levo comigo as palavras de todos aqueles que me antecederam. Porque essa é a minha terra, mais que um pedaço de chão onde deixo saudade. A minha pátria! A
Lançamos a segunda temporada de Lusofonia na celebração do Dia Mundial da Rádio. Uma rádio diversa, plural, inclusiva, numa edição dedicada a todos os brasileiros que atravessaram tanto mar e que trazem um Brasil inteiro dentro de si. Momo – Diz a verdade Trio Pagu – Distância´ Keso e Luca Argel – Peito banguela JP
Antes ainda de assinar João Gilberto eram os Garotos da Lua. Quando você recordar e outras garotadas que não iriam durar. Seria demasiado irrequieto para ir em grupos. E ainda bem. Era preciso alguma insensatez. Inventaria um novo som, levaria ao Brasil ao estrangeiro e os estrangeiros ao Brasil, a garota sairia de Ipanema, os de fora iriam ao Corcovado. Notável para este homem que veio da Baía e pintaria, como ninguém, esta aguarela que compõe o Brasil. Gilberto, eras mais que conhecido, eras Grande. Gigante. Ainda agora partiste e já chega de saudade! Alinhamento: Os Garotos da Lua - Quando você recordar (1951) João Gilberto - Chega de Saudade (1959) João Gilberto - Insensatez (1961) Getz & Gilberto - Garôta de Ipanema (1964) Getz & Gilberto - Corcovado (1964) João Gilberto - Eu vim da Bahia (1973) João Gilberto - Aguarela do Brasil (1981)
Todo o mundo é Branco e Preto. É essa a nossa magia, a da mistura. Uma mesma língua, uma mesma música, todos da tribo do amor. Não somos Brasil, não somos Portugal, não somos Angola nem Moçambique... Ou somos tudo isso. Somos Lusofonia, convidamos todo o mundo para a nossa festa. Alinhamento: Dudu Fagundes - Preto e Banco + Cristão Nagô (2016) Mallu Magalhães - Festa (2017) Uno Blood - Flutuar (2019) Branko ft. Mallu Magalhães - Sempre (2019) ProfJam & Lhast - Tou bem (2019) Dillaz - Saudade (2016) Keso & Luca Argel - Peito Banguela (2019) YMA - Sabiá (2019) Daniela Mercury - Preto e Branco (2004)
Este é o nosso dialeto. Falamos música. Não destingimos nacionalidade, cor de pele, sotaque, nem berço. Temos mares, montanhas e preconceitos que nos separam, mas temos uma linguagem que nos une. Falamos música. Este é o nosso dialeto. Alinhamento Valete - Colete amarelo (2019) Azagaia - As mentiras das verdade (2007) Boss AC - A bala (2019) Duas Caras ft. Rui Michel - Charles (2011) ProfJm - Malibu (2019) Estraca - Boom Bap (2019) Deejay Telio ft. Bispo - Com licença (2019) Slow J x Stereossauro ft. Papillon & Plutónio - Nunca pares (2018)
Faço pela minha zona, o meu bairro, de cabeça erguida, agora que descobri o tamanho da minha nação. A kota e o kota podem estar à vontade, subo com mérito, que de costas para a luz nunca há alforria... Produza-se luz então, esse é o verdadeiro poder. Mesmo quando morres a tua luz fica, que a saudade também nos faz falta. Vamos lá então, venha esse sol iminente. Oxalá! Alinhamento. Papillon ft. Plutónio - Iminente (2018) Wet Bad Gang - Bairro (2019) Mr. Og ft. YannickTDM, Thug Paxion, Martinho, D-Show, Nga, DaNike & Pina G - Minha Zona (2009) ProfJam - À vontade (2019) Valete - Poder (2017) Dillaz - Saudade (2016)
Dão ritmo às palavras. Cantam um rap sujo, consciente, um rap de combate. E não nasceram agora, já vêm lá de trás. Alinhamento: Flash Enccy - Venho lá de trás (2019) Azagaia ft. Gina Pena - Só dever (2018) Shackal ft. Bhakka - Dia Lindo (2015) Sick Brain- Madalas (2014) Dj Asnepas ft. Azagaia - Nascido Outra Vez (2019) Pensamento & Órbita - Khanimambo (2019) Órbita ft. Amen Hill- Malele Geração Rap-Consciente (2018) Kadabra MC & Tony Mahune - Estende a tua mão (Ciclone Idai) (2019)
A música do Brasil aprendeu a navegar, atravessa o atlântico, seja nas ondas da rádio, seja nas redes do MP3. Ondas, as do mar e as sonoras, trazem esses sons, melódicos, psicadélicos, ou meio assim assim, como nas misturas tropicalianas. Vamos lá então nesta onda, enquanto não muda a maré. Alinhamento: Carne Doce - Comida amarga (2019) YMA - Vampiro (2019) Terno Rei - Yoko (2019) Boogarins - Doce (2013) O Terno - Não espero mais (2016) Anavitória ft. Diogo Piçarra - Trevo (2016) Gionavi Cidreira - Última vida submarina (2017)
Meu caro amigo Chico, podias ter sido arquiteto mas a banda passou e arquitetaste outras construções, melódicas. Cantaste o amor da infância, ou por uma mulher, mas sobretudo cantas um país imenso, do tamanho de um continente. Camões já estava em dívida contigo, saldou-a agora, premiou as tuas poesias. Embarcamos então nesta caravana, vamos colecionar mais um soneto, outro retrato em branco e preto, meu caro amigo. Alinhamento Chico Buarque - Meu caro amigo (1976) Chico Buarque - A banda (1966) Chico Buarque - Construção (1971) Chico Buarque e Nara Leão - João e Maria (1977) Chico Buarque e Simone - Iolanda (1983) Chico Buarque - Caravanas (2017) Chico Buarque - Vai Passar (1990) JP Simões - Retrato em preto e branco (2018)
Os sons do rádio da minha infância. Fosse na baía da cidade grande, no lugar das pedras negras, pisadas pela rainha Ginga, ou mais a sul onde a serra é tão alta que parece tocar no céu... O som de um rádio, ligado, com os cantores dessa terra, desse tempo... Agora, respeitosamente, chamo-lhes kotas. Alinhamento Bonga - Mona Ki Ngi Xica Mário Rui da Silva e Ana Paula - Zeca Camarão Santos Junior - Maria Rita Manuel L. Cardoso - São Lágrimas Elias Diá Kimuezo - Zé Salambinga Aguias Reais - Bazooka Ases do Prenda - Merengue Bombeiro Duo N´Gola - Mulher de Homem Luanda Show - Paxi Kua N´Gola Bonga - Mu Nhango
O mar. O mar separa-nos, o mar liga-nos. Tranquilo ou assustador. O mar dá morte, o mar dá a vida. Deve ser por isso que temos uma vida toda, em comum, dedicada ao mar. E é por isso que este Lusofonia canta o mar. É entrar, que o barco já vai de saída! Alinhamento Mayra Andrade – Navega (2016) Cesária Évora – Mar Azul (1991) Madredeus – Ao longe o mar (1995) Rui Veloso - Praia das lágrimas (1991) Trovante – Xácara das bruxas dançando (1984) Sétima legião – Sete mares (1987) Fausto – o Barco vai de saída (1982)
Convidamos todos para a nossa festa. Sem preconceitos. Para que ninguém seja zero nesta democracia. Alinhamento: Mallu Magahães - Você não presta (2017) Azagaia - O ABC do preconceito (2013) Valete - Poder (2017) Plutónio - Meu Deus (2019) Bia Ferreira - Cota não é esmola (2018) Xutos e Pontapés + Oioai - Pertencer (2008) Branko - Bleza (2019)
Zeca tinha razão, tal como dizia na canção, não voltaria a cantar. Em 1983 dava o último concerto, uma apótese no Coliseu de Lisboa. Não voltaria a cantar ele, mas cantariam os outros. As novas gerações seguiram Zeca, reinventaram-no. Vamos ouvi-las. Alinhamento José Afonso - Balada de Outono (1983) GNR - Coros dos tribunais (1994) UHF - Os Vampiros (2015) Xutos & Pontapés - Coro da primavera (1994) Entre-Aspas - Traz outro amigo também (1994) Sitiados a formiga no carreiro (1994) Sétima Legião - Cantigas do Maio (1994)
No Lusofonia de hoje partimos em romaria e abrimos caminhos. Todos do bem. Vamos lá então, que o caminho faz-se caminhando. Alinhamento: YMA - Sabiá (2017) Branko ft. Dino d´Santiago - Tudo certo (2019) Tim Maya - O caminho do bem (1975) Tim - Hora das gaivotas (2008) Resistência - Não sou o único (1991) UHF - Vejam bem (2010) Elis Regina - Romaria (1977)
Do Baleisão à Mutamba, da Buraca a Santos, de S. Paulo Leste à Paulista, em todos estes lugares há uma nova Luanda. Alinhamento Buraka Som Sistema ft. Petty - Ya (2008) Makongo + DJ Malvado - Kisselenguenha (2009) Pongo - Baia (2018) Quantic ft. Pongo - Duvidó (2014) Pedro - Rapazes (2019) Ricon Sapiência - Afro rep (2017) Djeff e Silyvi ft Mamukueno - Tambuleno (2010) Branko + Pedro - MPTS (2019)
Amália. Amália Rodrigues já está no panteão das vozes de todo o mundo. A voz, a alma e um cantar que cruza gerações. É que as gerações mais novas também cantam Amália! Alinhamento Stereossauro e Camané - Flor de Maracujá (2019) António Variações - Povo que lavas no rio (1983) Anamar - Sabe-se lá (1987) Amália Hoje - Gaivota (2005) Mariza - Gente da minha Terra (2001) Dulce Pontes - Canção do mar (1996) Conan Osíris - Amália (2014)
31 de Março seria um dia longo, durou 21 anos. Nesse dia longo, no Brasil, tal como noutros dias longos noutros países, matou-se, torturou-se, a dignidade humana desceu a baixo de zero. É triste recordar esta data. Podemos perdoá-la mas nunca esquecê-la! Alinhamento Geraldo Vandré - Caminhando (1968) José Afonso - Os vampiros (1963) Sitiados - A formiga no carreiro (1994) Legião Urbana - Que pais é este (1987) Xutos e Pontapés - Esquadrão da morte (2000) Jafumega - Latina América (1982) UHF - Era de noite e levaram (2014) UHF - A morte saiu à rua (1994)
O Lusofonia de hoje é dedicado a África. África minha é o ponto de partida, pretexto para visitar a África dos kotas, para embarcar no vapor da imigração e para voltar a outra África, seja ela em Maputo, no Bairro da Cruz Vermelha, ou em qualquer arredor de Lisboa. Alinhamento Plutónio ft. Bonga - África minha (2016) Bonga - Uengi dia Ngola (1972) Quim dos Santos - O povo é que sofre (2016) Mayra Andrade - Vapor di imigrason (2019) Branko ft. Dino d'Santiago - Tudo Certo (2019) Azagaia ft Gina Pepa - Só dever (2018) Slow J e Stereossauro ft. Papillon e Plutónio - Nunca Pares (2018) Plutónio - Meu Deus (2019)
Música psicadélica ou psicodélica? Não importa, encontramo-nos a meio do Atlântico e inventamos uma palavra nova. Para nós é música psicaodélica! Alinhamento: Linda Martini - Volta (2013) O Terno - O tempo não espera (2016) Tim Maia - Ela partiu (1975) Os Mutantes - Ando meio desligado (1970) Boogarins - 6000 Dias (2015) YMA - Par de olhos (2019) Madrepaz - Sopra o vento (2017)
Sobre o amor, do namoro ou daquele que é para a vida toda. Alinhamento: Carolina Deslandes - A vida Toda (2017) Luísa Sobral - Dois namorados (2019) Tribalistas - Já sei namorar (2002) Mayra Andrade - Manga (2019) Trio Pagú Ft. Mirri Lobo - Candura (2018) Rita Lee - Amor e sexo (2003) Sara Tavares - Coisas bunitas (2017) Salvador Sobral - Amar pelos dois (2017)
Partimos da Construção e chegamos ao Alvoroço. Pelo meio há inquietações e um recado ao Sr. Presidente. Alinhamento: 1. Chico Buarque - Construção (1971) 2. Sérgio Godinho - Que força é essa (1972) 3. José Mário Banco - Inquietação (1982) 4. José Afonso - Os índios da Meia-Praia (1976) 5. Projota - Sr. Presidente (2018) 6. Valete - Rap consciente (2017) 7. JP Simões - Alvoroço (2018)
O ponto de chegada é "Terra da Saudade", uma música da cabo-verdiana Mayra Andrade, escrita pela portuguesa Luísa Sobral inspirada num livro do moçambicano Mia Couto. Que melhor definição para Lusofonia? Antes, partimos pelo mar. O mar nos afasta, a saudade nos liga. Saudade já não é uma palavra portuguesa, é lusófona. Alinhamento: 1. Dulce Pontes - Canção do Mar (1996) 2. Stereossauro Ft. Camané - Flor de maracujá (2019) 3. Heróis do Mar - Saudade (1981) 4. Tom Jobim - Chega de saudade (1987) 5. Cesária Évora e Bonga - Sodade (2002) 6. Dillaz - Saudade (2016) 7. Mayra Andrade - Terra da Saudade (2019)
No dia Mundial da Rádio, este ano dedicado ao poder da rádio no "diálogo, tolerância e paz", estreamos este novo programa. "Lusofonia" será um espaço de diálogo e tolerância promovido pela música, na língua que une. A música dos países lusófonos, das diásporas, já não é das nacionalidades, é antes do espaço lusófono, de todo o mundo. A primeira edição intitula-se "Uma nova Lisboa". A velha capital do império é agora a coqueluche europeia, mas antes disso, um ponto de encontro, de fusão e difusão de uma nova cultura lusófona. Alinhamento: 1. Dino D´Santiago - Nova Lisboa (2018) 2. Sara Tavares - Ginga (2018) 3. Trio Pagú - Distância (2018) 4. Dead Combo - Lisboa mulata (2011) 5. Fado Bicha - Lisboa não sejas racista (2019) 6. Madredeus - Alfama (1995) 7. António Zambujo - Sem palavras (2018)