Podcast com opiniões irrelevantes sobre filmes.
Voltámos! Mesmo a tempo de salvar a decadente taxa de natalidade deste país, com o Gu Gu Da Chiclo. O nosso pequeno Chiclo escolheu o género de terror para falar de bebés a afins, trazendo este enorme sucesso comercial e de crítica. E realizado por um senhor nada polémico. Falamos sobre modernidade, Nova Iorque, gravidezes brutalmente não planeadas, e a mania de perseguição por acólitos de satanás. Com tempo ainda para uma dissertação sobre a tia Mia Farrow no nosso imaginário popular. O episódio ideal para ouvir enquanto embalam o recém-nascido.
Depois do clássico interregno para mandarmos bitaites sobre as estatuetas douradas demasiado musculadas, voltamos para fechar o ciclo É SÓ UM AMIGO. Mais uma escolha em que a traição poderá estar numa zona cinzento-dúbia (a dos protagonistas), neste retrato visualmente deslumbrante de Hong Kong nos anos 60. É difícil ficar indiferente à estética do tio Wong Kar Wai, e a esta dupla que exala charme e elegância por todos os poros. Aviso: o filme pode dar muita fome aquando da sua visualização.
Os bitaites envolvem-se com os palpites e fazemos a nossa habitual previsão oscareira. Ainda com uma ou outra coisa para ver, e com uma distância de uma semana em que tudo pode acontecer, mas confiantes, cada um de nós, que conseguiremos acertar no maior número de categorias. É o nosso episódio anual em que abrimos as comportas das balelas sobre filmes (mais) recentes, tudo para ganhar um pseudoprémio que nunca será cobrado. Bjunfas ao tio Conan, gostamos muito do teu trabalho.
Continua o périplo pelo cinema das infidelidades, com esta escolha do Chico para o ciclo É SÓ UM AMIGO. Um filme que o David gostou demasiado, e no qual o António e o Chico rejeitam a ideia de que a Cher comete a dita traição. Belo elenco, Nick Cage a ser ele próprio, e uma história fofinha que talvez aparente mais camadas do que realmente tem. A verdade é que tem tudo o melhor da vida: família, comida e cama (e ópera e espumante com açúcar para os mais esquisitinhos).
É SÓ UM AMIGO inicia-se neste episódio, ciclo sobre relações extra-conjugais (nome ainda em stand-by, outra hipótese é ENTÃO, EU JÁ TE TINHA FALADO NELE/A). O António escolheu o tema e abriu o jogo com um clássico que figura em muitas listas dos melhores filmes britânicos, uma obra do tio Lean que ao contrário dos seus épicos tem uma duração própria para late millenials com curta capacidade de atenção. Um snackbar ferroviário, umas quantas quintas-feiras loucas, e sublimes realização e representações, nesta adaptação de uma peça tetral do Sir Noel Coward.
Respondemos à eterna pergunta "Quem é o Bob", vendo este filme que não conhecíamos e proferindo atrocidades sobre a dita obra. É o término possível do ciclo PODEROSO CHEFINHO, dedicado a filmes sobre o perigoso magnetismo do poder. Ou algo assim do género. Bob Roberts é escrito, realizado e protagonizado por Tim Robbins, que ainda é co-compositor das baladas que este música barra político barra empresário canta na sua digressão barra campanha. Belo filme, mesmo sendo aterradoramente actual.
Tomámos a decisão sem precedentes de mudar o título do ciclo para PODEROSA CHEFINHA, porque faz muito mais sentido para este filme e porque os nossos dois ouvintes não se devem importar. O António trouxe Mean Girls para falar mal do realizador e abordar a subida pantanosa a uma posição de poder do ponto de vista do liceu estadunidense. Uma comédia escrita pela tia Tina (Fey) e com produção e elenco embebidos em Saturday Night Live, que foi um fenómeno cultural, despontando inúmeras referências noutras obras e o seu próprio franchise. Ah, e chegamos à conclusão que vamos ver high school movies até termos demasiada idade para tal.
PODEROSO CHEFINHO é o nome da tradução de Boss Baby no Brasil (claro), e é também o título do ciclo que iniciamos com este episódio, dedicado a um dos filmes mais frequentes nas listas dos melhores de sempre. A primeira longa-metragem de Orson Welles é uma lição de Cinema, por inúmeros motivos técnicos e estéticos, e na maneira de contar a sua história. Um biopic nunca oficialmente assumido, elevado ainda mais por todas as histórias de bastidores e tentativas de destruição de que foi alvo, sobretudo pelo todo-poderoso William Randolph Hearst. Perdura o retrato deste cidadão que se isola cada vez mais com o avançar da vida, e que para o David é demasiado parecido com aquele senhor que toma agora posse da presidência dos EUA pela segunda vez. Ou vice-versa.
Um clássico de ANTI-NATAL das nossa infâncias, o regresso do homem-morcego novamente pelas mãos do tio Burton desperta memórias fofinhas em nós os três. Talvez a adaptação deste herói negro mais fiel à BD, o segundo filme do Batman não era desejado por muita gente (incluindo realizador e pinguim), mas o sucesso do anterior e o dinheiro que fez falou mais alto. Quem também fala alto somos nós (ao contrário do Batman neste regresso), sobretudo sobre o fascínio pelo papel da prima Pfieffer. Um belo fecho de ciclo, e uma proximidade assustadora entre a personagem do Christopher Walken e aquele senhor que vai tomar posse de um segundo mandato daqui a pouco.
Seguimos caminho a desbravar mato rumo a esta sequela, que entretem o Chico e o António (ainda que assinalem umas quantas fraquezas), e que dá cabo do juízo do David. NO NO NO é o ciclo sobre Anti-Natal, e quem melhor para virar do avesso esta época do ano do que John McClaine. Mortes gráficas, aviões a rebentar e política misturada na trama são os motes para este filme que fez quase o dobro da receita em sala do primeiro. Mas será que vais para as próximas edições do franchise de consciência tranquila, Johnny?? (percebe-se logo quem escarafuncha este copy)
Em quase 5 anos de podcast falhámos em muita coisa, mas redimimo-nos finalmente da lacuna imperdoável que é nunca ter abordado o Die Hard ali pela altura das festas. É o filme que abre NO NO NO, o Chiclo (ciclo do Chico) sobre Anti-Natal. E se o António sabe as todas as deixas desta aventura claustrofóbica e divertida, o David viu finalmente o filme pela primeira vez, e ao Chico só faltou rematar isto com a outra metade do seu double bill natalício, o It's a Wonderful Life. É premir play para ouvir diversos bitaites sobre esta obra que roça a perfeição, de um realizador que terminou a carreira de forma pouco digna para a época no nascimento de Jesus (spoiler: McClaine é Jesus).
Como tudo o que é mediano tem um fim, termina aqui o CICLO TROLHAS, em que escolhemos primeiras obras de três realizadores. E acabamos no bairro de Campo de Ourique, por onde passeia este Mal-Amado, primeiro filme do tio Matos Silva, que não teve de esperar muito tempo entre ter sido censurado e pela queda do regime (uns 3 mesitos). João Mota e Maria do Céu Guerra protagonizam a história deste herói ambíguo, que tenta à sua maneira subverter os sistemas em que vive. Para ouvir enquanto comem um pastel de nata n' A Tentadora.
Temos nome para o ciclo de primeiras-obras! CICLO TROLHAS (sempre a manter o nível mediano). E o Chico deu à costa com o primeiro filme da tia Agnès Varda, para alguns o pontapé de saída da Nouvelle Vague. Duas narrativas entrecruzadas, uma (mais difícil de digerir) de dois namorados citadinos que vêm para La Pointe Courte parlar sobre a relação, a outra sobre os problemas (aparentemente) mais sérios dos verdadeiros habitantes deste bairro piscatório. Seja com actores ou locals, tudo é belissimamente filmado que dói. Se isto não vos convence a ouvir o episódio, fazemos all in nos spoilers: há gatos com fartura.
Episódio de abertura de ciclo sobre primeiras obras (título ainda em desenvolvimento), com filme sobre divergências sociais humano-alienígenas. A primeira longa-metragem do tio Blomkamp traz à terra uma história sobre despejos inumanos na sua Johanesburgo natal, ecoando acontecimentos históricos ainda muito próximos. Crítica social enquadrada numa bela malha de acção e sci-fi, em que os elementos visuais e todo o mundo criado surpreendem pela positiva. Para ouvir enquanto se lambuçam a comer camarões.
Terminamos a nossa consciencialização social de sofá no ciclo SEM LUTA NÃO HÁ PROGRESSO, em que reunimos filmes que abordam o racismo. O Chico trouxe este charuto para cima da mesa, que de certa forma o surpreendeu pelas tiradas cómicas inesperadas. A verdade é que para um filme que aborda racismo, e que conta a história de um velho trumpista que supostamente se redime e abre o coração, fica a sensação que esse protagonista gosta demasiado de proferir injúrias sobre as etnias dos vizinhos. Dizem os membros deste painel. Talvez a tradução do título para português devia ter sido Torino Mediano?
SEM LUTA NÃO HÁ PROGRESSO é o título do ciclo de filmes sobre racismo, e a escolha do António leva-nos a uma casa norte-americana onde vive gente bem esquisita. A impressionante primeira obra do tio Jordan Peele mescla terror e humor numa engenhosa sátira social, ainda que com algumas escolhas de argumento previsíveis. E quem mais indicado que nós os 3 para falar sobre racismo estrutural?
Arranca novo ciclo, que na verdade ainda não tem nome, mas que traz à órbita filmes sobre racismo e desigualdades sociais. A primeira escolha vem do país que está no título, e mete miudagem e juventude à deriva nos anos 80. Uma história aparentemente próxima do próprio realizador, o tio Shane Meadows, que fala sobre crescer e procurar referências, tendo como mote fenómenos sociais infelizmente actuais.
Encerramos NUESTRO CHICLO (tríade de filmes espanhóis) com a primeira longa-metragem (com som) do tio Almodóvar. Um filme punk-rock e disruptivo que mais parece vinhetas de banda desenhada cosidas por um enredo por vezes pouco entendível e filmadas com pouca experiência, mas com os temas, humor e pantone característicos das obras seguintes do Pepito. É sempre fascinante ver os primeiros trabalhos de malta que admiramos, é como olhar para um espelho temporal que reflete a curva de aprendizagem e evolução de uma vida e de uma filmografia. E sim, a imagem é alguém a mictar para cima de uma senhora que se delicia com isso mesmo.
Esta película hermana de NUESTRO CHICLO não será o melhor filme do tio Sorogoyen, mas é uma convidativa puerta de entrada ao seu trabalho. O David traz para a mesa o thriller policial passado em Madrid, com boas representações e uma história apelativa, ainda que desviada para alguns becos duvidosos. Não dá para gostar de tudo, Deus nos perdoe.
Bienvenidos a nueva ronda de peliculas, dedicada al cine Espanhol. NUESTRO CHICLO empieza con (vou parar) este filme do tio de la Iglesia, uma comédia negra com cheirinho a terror. Mesmo sendo uma história all over the place e com alguns caminhos narrativos a encarrilarem em becos, é um filme feito com amor, diversão e cuidado, que nos proporciona belos momentos de representação e algumas cenas tremendas. E com uma pitada de ridicularização de xenofobia, que vem sempre a propósito.
Mais um filme, mais uma alcunha, agora com Rick "Ratso" Rizzo a tentar parar que o tratem por esse nome na última leva de PODES TRATAR-ME POR CICLO. A história de um cowboy deslocado e fora de tempo, e da amizade improvável que faz com um Ratso nascido e criado e sem grandes perspectivas de sair do Bronx. Midnight Cowboy ganha Oscar de Melhor Filme, assinalando também a viragem de Hollywood dos westerns e dos musicais para o realismo da década seguinte. E ainda conseguimos mudar a opinião do António sobre o filme a meio do episódio.
A malta com gatos pode ofender-se, dada a forma demoníaca como os felinos são representados em House (1977), mas a verdade é que nos divertimos muito a ver este filme, que andava nas listas de todos há muito tempo. O Chico faz 7 em linha com a sua escolha para PODES TRATAR-ME POR CICLO, trazendo ao baile um filme com sete alcunhas (pelo menos). Um tratado experimental do tio Obayashi, que mete todas as técnicas possíveis nesta majestosa viagem, mas sempre levando o seu trabalho muito a sério. Venham mais gatos demoníacos destes.
PODES TRATAR-ME POR CICLO é o título de nova rodada de filmes, cuja escolha deve envolver personagens com alcunhas. O António arranca com a Shanghai Lily e o Doc, dupla amorosa (algo desequilibrada) que vê a viagem ferroviária Pequim - Shanghai interrompida a meio. Um dos vários filmes da colaboração entre o realizador Josef von Sternberg e a protagonista Marlene Dietrich, colaboração essa que foi levada ao limite (sim, cama). Perdura esta obra que aguenta lindamente o teste do tempo, ainda que a Lenita dê 10 a zero ao co-protagonista.
Foi difícil fugir à ficção científica no FUTURO JÁ FOI, ciclo de filmes passados no que é hoje passado. E difícil foi sair do filme anterior, um dos grandes, e entrar nesta obra de culto, que tem inúmeras formas. Enganámo-nos na única tarefa que tínhamos, ver o mesmo filme, e dois terços do painel viu a versão com narração, enquanto o António apostou numa versão melhor. Concluímos que a voz off (uma imposição do estúdio) não adianta nada, e que o António tem de escrever os afazeres nos lembretes do telemóvel. Ainda assim, um filme com sequências interessantes, desenho de produção arrojado, e o Harrison Ford a ser incrível, como sempre.
Ora viva! Neste episódio pegamos com luvas de cozinha num dos grandes filmes da história, chafurdando nele sem receios. O António escolheu o 2001 para o ciclo O FUTURO JÁ FOI, dedicado a filmes passados num futuro já passado. Falamos sobre esta magnífica experiência multi-sensorial que cresce a cada visionamento, dos movimentos de câmara e cenário quase inexplicáveis, do feitio do tio Kubrick, e de um dos maiores vilões do cinema, que não é mais do que uma luz vermelha a piscar e uma voz afetada por opiáceos. I'm sorry, HAL.
Estamos de volta! O vosso maior pesadelo! E não sendo um ciclo de terror, anda lá perto. O FUTURO JÁ FOI reúne filmes passados num futuro passado. Esta confusão gramatical inicia com a primeira longa-metragem realizada pelo tio Crichton, o parque temático que mais recursos tem de alocar à gestão de comunicação de crise depois das máquinas ficarem infetadas. Filme divertido, talvez com alguns elementos datados, mas que proporciona um belo momento das vacances do Sr. Exterminador. Ah, e despejamos o chorrilho de filmes que vimos durante as férias.
Terminamos CHICLO FM com um programa de rádio que recebe chamadas dos ouvintes, mas apesar do título nenhum de nós perdeu muito sono. Sleepless in Seattle reúne uma das parelhas de tela mais emblemáticas dos anos 90, que só se encontram nos últimos 5 minutos de filme. Um tributo às comédias românticas clássicas de Hollywood, um filho que entala o pai viúvo numa situação desconfortável, e uma personagem da Meg Ryan que age de forma moralmente duvidosa. Resumindo, a melhor maneira de irmos de férias de podcast (visualizem microfones deitados em toalhas numa praia).
Sintonizaram CHICLO FM, bem-vindos ao episódio sobre um programa de rádio gravado ao vivo no midwest norte americano, e que talvez por isso seja algo distante de parte do nosso painel. Mesmo que inclua no elenco uma crush dessa mesma parte do painel (não dizemos quem, mas trocou de corpo com a Jamie Lee Curtis noutro filme). Falamos ainda de anjos de nome (e acting) duvidoso(s) que pairam pelos bastidores do espectáculo, e de música que inspira a Taylor Swift.
CHICLO.FM começa com o biopic de, sobre e para um senhor que provavelmente aprecia bastante a tradução portuguesa do filme: O Rei da Rádio. Howard Stern é uma figura polémica, que desde os anos 70 até hoje entretém o seu público através das ondas da rádio (e outras). Esta filme, adaptado da sua autobiografia e no qual ele teve a palavra final, conta a história da ascensão desta figura que, segundo o próprio, não pode ter papas na língua para poder entreter verdadeiramente os seus ouvintes. É ouvir. O nosso episódio, claro, o programa dele não interessa.
Queimamos todas as cartas no final de QUERIDO CICLO, com o filme que terá colocado o tio Villeneuve no mapa do cinema internacional. Incendies - A Mulher que Canta é um comprimido difícil de engolir e um tremendo exercício de revelações chocantes para o espectador, saltando entre espaços e tempos diferentes no ocidente e oriente. Adaptado de uma peça com o mesmo nome sobre o passado de uma mulher num país anónimo do Levante, é um filme que poderá comichar pela constante tentativa de provocar reações emocionais no público, mas ao qual é difícil ficar indiferente.
Emitimos nova carta destinada ao QUERIDO CICLO, desta vez sobre dois pen pals que trocam missivas desconhecendo a identidade do destinatário. The Shop Around the Corner é uma adaptação da peça Parfumerie feita pelo tio Lubitsch, e sendo todo este painel admirador do senhor, é fácil adivinhar o nosso veredicto. Uma história de amor incógnito desembrulhada pelas cativantes interpretações de todo o elenco, dentro do peculiar mundo de uma loja de artigos vários em Budapeste. Tudo condimentado em harmonia pelos pozinhos mágicos do tio Lubitsch.
QUERIDO CICLO, espero que estejas bem. Escrevo para dizer que começámos nova ronda de filmes, começando por este drama de amor destinado a não acontecer realizado pelo tio Max Ophuls. Achámos os 3 uma história muito bem filmada, ainda que triste e pouco esperançosa. A cena do date romântico com o casal a viajar num comboio imóvel com os fundos a rolar pela janela é deliciosa. Desculpa escrever num tom infantil, mas é o que temos. Espero que gostes do episódio. Com os melhores cumprimentos, TB.
O dinheiro está em todo o lado, até dentro de figuras de palha que afugentam passarada. A ganância é um dos inúmeros temas de Scarecrows (1988), filme com que encerramos o ciclo MONEY, QUE É GOOD NÓIS NUM HAVE, e a escolha que tem a abordagem mais directa à dita guita. Uma produção de distribuição em sala muito limitada, mas que se torna depois num enorme sucesso do videoclubbing. Tudo isto com uma narrativa repleta de buracos e um nível de acting sobejamente duvidoso.
O António tenta convencer o painel que o tema do ciclo é o dinheiro como ideia e não como objecto, mas os restantes membros do painel não o deixam passar incólume. MONEY, QUE É GOOD NÓIS NUM HAVE, prossegue neste episódio com um filme do tio Soddy que nos traz as chamadas "emoções mistas". Falamos sobre o elenco de luxo, os anos 90 demarcados na história e na imagem, e da prima Jénnifer, esse cometa que deixa o céu a brilhar quando passa. Ou não.
Arrancamos novo ciclo, cujo tema é aquilo que (infelizmente) faz girar o planeta. Não, não é a geodinâmica, não temos nada contra isso. MONEY QUE É GOOD NÓIS NUM HAVE inicia com este filme do tio Bresson, o seu último, provavelmente aqui escolhido pelo título, que não deixa margem para dúvidas. A opinião generalizada do painel conclui que não é uma experiência serena, entrar neste filme, que muita crítica eleva a um patamar longínquo. Pode ser uma coisa nossa, ou pode ser da ressaca. Do Chico, não da guita (ou falta dela).
Pedimos logo no início do episódio que o estimado ouvinte apresente prova que ainda possui massa cinzenta, não fosse este o final do ciclo CÉREBROS HÁ MUITOS, SEU PALERMA. A viagem chega ao fim com Planet Terror, onde pelos créditos Robert Rodriguez fez tudo menos representar. É a primeira parte do interessante tributo Grindhouse, partilhado com o tio Tarantino, esta sobre a epidemia zombie que se espalha a um ritmo alarmante no Texas. É apertar o cinto e aguentar a velocidade. Do filme, claro, o episódio tem o ritmo entediante do costume.
Não é fácil esticar uma trama zumbeira (quase) toda passada dentro de um comboio, mas o tio Yeon consegue fazer do Train to Busan uma interessante obra de entretenimento. É esta a escolha do David para o ciclo CÉREBROS HÁ MUITOS, SEU PALERMA, que consegue também ir buscar os restos do ciclo anterior de transportes. Actores duvidosos, algumas situações pouco credíveis (dentro de um filme de zombies), mas percebe-se logo a razão do sucesso deste comboio.
CÉREBROS HÁ MUITOS, SEU PALERMA é o título do nosso novo cHiclo dedicado aos zombies, mortos-vivos, goules, ou o que lhe queiram chamar. Vamos até ao Japão em modo low-cost para abordar este filme meta até dizer chega cuja receita multiplicou por 1000 aquilo que custou a produzir. Muitas coisas encaixadas em hora e meia, mas sobretudo homenagens aos monstros celebrizados por George Romero e a essa ferramenta tecnológica que permite o registo e exibição audiovisual de múltiplas (e baratas) formas.
Não percebemos se este filme encaixa em VAIS COMO?, mas na verdade sentimos que grande parte do que nele acontece nos passa ao lado. Mas não será por isso que Con Air (1007) é dos melhores filmes que a humanidade já teve oportunidade de ver. Com acção, peluches e crises de insulina a elevada altitude, Simon West consegue reunir na sua primeira longa-metragem um fantástico elenco e algumas das frases mais memoráveis alguma vez proferidas em cinema. Põe o coelhinho de volta na caixa.
Mais um bilhete, mais uma viagem, desta vez ao Japão de Suzuki com o seu Eight Hours of Terror, e com uma data de gente com pressa para apanhar um comboio. É a proposta do Chico para VAIS COMO?, ciclo dedicado a transportes colectivos, e sendo que há comboio e autocarro, é a que acumulou mais pontos (até agora). Um filme com uma realização muito interessante, feito em pouco tempo, e que nos mostra uma fase inicial da obra de Suzuki, antes do seu período surrealista. Cuidado com a pressa nesses transportes colectivos, o que importa é a viagem (concluir).
Levantamos voo para novo ciclo, VAIS COMO?, cujo critério é ter boa parte da história passada num meio de transporte colectivo. Quem sabe se uma desculpa para o António trazer para cima da mesa uma comédia da sua juventude, o Airplane!, escrito, produzido e realizado pelo colectivo ZAZ (oiçam o episódio, o acrónimo está explicado). Grande sucesso comercial e de crítica, para além de rirmos a bom rir descobrimos que é uma paródia a Zero Hour! (1957), com premissa, acções e até diálogos extraídos verbatim deste filme. Surely you can't be serious.
Como tudo o que é jóia tem um fim, terminamos o ciclo ANDA BATER QUE TU BATES BEM, onde abordamos obras de realizadores/actores que, nestas escolhas, não se dirigem a si próprios. E acabamos com o filme trazido pelo Chico, a 2ª longa-metragem da tia Elaine May. Este Heartbrake Kid (1972) tem a característica de não incluir qualquer personagem particularmente agradável mas ter soberbas interpretações, provocando assim fascínio na sua visualização. A história de uma das mais breves sequências casamento-divórcio-casamento, erosão desencadeada por um vislumbre de uma terceira pessoa, que leva ao dito afastamento. Muita camada numa aparentemente simples e directa comédia negra sobre relacionamentos, religião, EUA assim no geral e queimaduras solares.
Um filme B de 1950 sobre uma violação é a proposta para ANDA BATER QUE TU BATES BEM, ciclo sobre actores/realizadores que nestas escolhas não se dirigem a si próprios. Ida Lupino foi pioneira na multiplicidade de funções e trabalhos, criando uma produtora independente e realizando uma série de filmes já após o reconhecimento como actriz. É o caso deste Outrage, que como outros na sua obra aborda temas tabu para os estúdios de Hollywood de então (e de agora?). Resta saber se o payoff e a moral da história têm força nos dias de hoje.
ANDA BATER QUE TU BATES BEM é o título do novo ciclo, uma divergência política do anterior, onde aqui os realizadores são também actores, mas não nos filmes escolhidos. O primeiro é Stand By Me (1986), um filme nostálgico de coming of age bem sucedido nos Estados Unidos, assinado por Rob Reiner, durante muitos anos genro de Archie Bunker. Um belíssimo conjunto de jovens actores, todos eles eventualmente traumatizados, como as personagens que aqui representam. Stand By Me tornou-se logo uma referência cultural, tal como este nosso episódio se tornará, depois de ouvirem o David dizer "desnuvanece".
200 episódios, toma lá vai buscar! E volta, por favor, para ouvir a última escolha de DEIXA TAR QUE EU FAÇO, ciclo sobre realizadores barra protagonistas. O António fecha com uma ode ao cinema (semi) mudo (já em tempos sonoros) e à classe operária. Um dos grandes filmes do tio Chaplin, que nos oferece algumas das cenas mais icónicas da sua filmografia e a despedida do Vagabundo. Um dramalhão com humor tremendamente bem filmado, que termina com fé e esperança na humanidade (?).
DEIXA TAR QUE EU FAÇO prossegue, desta feita com um realizador norte-americano que não tem medo de engordar para o papel (ainda que fosse fã de uma boa patuscada). Orson Welles é contratado primeiramente para o papel de Captain Hank Quinlan, e só depois é que o seu co-protagonista nada mexicano Charlton Heston sugere ao estúdio estender o convite também para a realização (e reescrita do argumento). O resultado é Touch of Evil, incompreendido na altura pela Universal, que remonta o filme contra a vontade do tio Welles, apesar do apelo deste para que se mantivesse a sua intenção original. Só anos mais tarde é que a versão do realizador/actor se conhece, tornando-se num dos grandes filmes da obra de Welles.
Retomamos a habitual programação para dar início a DEIXA TAR QUE EU FAÇO, ciclo sobre realizadores que se dirigem a si próprios enquanto actores. Um belo exemplo no velho continente é Nanni Moretti, a quem o Chico foi buscar este Palombella Rossa, alegoria aquática sobre a perda (e a recuperação) de uma identidade política. Moretti reúne aqui os seus 3 P's preferidos, Pólo, Política e Pastelaria, enquanto deambula em torno da piscina a reflectir a alta-voz. Tudo para acabar em mommy issues, claro.
Interrompemos a programação rotineira para dar-vos os já habituais bitaites Oscarianos, as nossas previsões e opiniões sobre os prémios da Academia de Hollywood. Aproveitamos a oportunidade para falar sobre os nomeados, num ano que nos agraciou com um bom número de filmes interessantes. Aqui fica a nossa pequena competição interna com as votações de quais irão ganhar, mantendo a modéstia e relembrando que por esta altura do ano passado dizíamos de boca cheia que o Coda nunca seria o vencedor de Melhor Filme. Nunca digam nunca.
Esperamos que a ingestão de bebidas alcoólicas e outras substâncias nocivas ontem não prejudique a audição deste episódio hoje (como prejudicou o discurso de um dos elementos do nosso painel). Falamos sobre o estrondoso sucesso de The Hangover (2009), sendo que o bebé que justifica a escolha do filme para o BABY CICLO está explícito na imagem. Um filme que faz agora 25 anos, e que provavelmente não existiria (pelo menos neste molde) se fosse feito hoje. Ou então existia, e fazia ainda mais dinheiro do que este início de trilogia lucrou. Aproveitamos a deixa para também arremessar injúrias à obra de Todd Phillips, que depois de deixar as comédias anacrónicas se debruçou sobre outros terrenos também nada pantanosos, o universo Batman. Mas o senhor provavelmente não nos consegue ouvir atrás de todo o dinheiro que faz com os seus filmes. Nem deve falar português.
Mais um filme, mais um bebé, neste caso uma que não pode/deve ser metida no canto. A escolha do Chico para BABY CICLO é Dirty Dancing (1987), enorme sucesso comercial e obra bajulada sobretudo pelo público feminino, e que é aqui (injustamente?) espezinhada por um dos membros do painel (sem spoilers qual deles). Falamos sobre coreografias e stunts feitos pelos actores, amores impossíveis, e problemas reais de pobres famílias que passam as férias de verão nas Catskills. E de lifts, claro.
Iniciamos BABY CICLO, a tríade de longas-metragens escolhidas por terem 'bebé' algures no nome ou na história. O António traz-nos Cry-Baby (1990), talvez o filme mais comercial ou fácil de digerir do tio John Waters, esse ícone do cinema alternativo e independente dos Estados Unidos. É a história de um jovem amor impossível passado na sua Baltimore natal, que opõe a música, vestuário e abordagem à vida no geral entre Squares e Drapes. Um musical adolescente diferente, que parece ser também um tributo (ou sátira) ao cinema norte-americano.