Em pauta, temas consagrados pela tradição humanista. A cada edição três estudiosos põem em foco questões seminais da história da cultura. Produção e apresentação: Marcelo Consentino, doutor em filosofia da religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, editor da revista de humanidades…
Quando o Império Otomano colapsou na Grande Guerra ele cobria só um pedaço da Turquia, era vilipendiado como o “Homem doente da Europa” e recriminado por atrocidades contra minorias armênias. Mas em seu apogeu, no reino de Suleiman o Magnífico, no século XVI, era a maior potência do Oriente Médio, África e Europa, senão do […]
No século XVII, o místico, filósofo e cientista Blaise Pascal dizia que o ser humano é uma criatura irremediavelmente perdida entre os dois extremos do infinitamente grande e do infinitamente pequeno. Mas as últimas gerações de cientistas parecem infinitamente mais próximas do pequeno. Já em 1959, o físico laureado com o Nobel, Richard Feynman, previu […]
Como os teólogos na Idade Média, os cientistas são a suprema autoridade intelectual no nosso tempo. Veja a confiança que inspiram fórmulas como “cientificamente comprovado” ou “cientistas demonstram que…”. Nossa esperança pelo progresso vive da fé na ciência. E a pedra angular da ciência é a reprodutibilidade. Se o resultado de um experimento é real […]
Na mesma época em que o louco da parábola de Nietzsche proclamava que “Deus está morto”, o filósofo russo Vladimir Soloviov era indagado após uma conferência: “– Mas o senhor acredita realmente em Deus?” “– Senhor, eu só acredito em Deus”, respondeu, sugerindo que só um ser supremo absolutamente bom é digno da nossa absoluta […]
Embora seja apenas um subgênero literário, o Romance de Formação é uma das expressões artísticas mais universais e familiares. Quase nenhum leitor viveu nas paisagens bucólicas da poesia pastoril, ou sobreviveu às aventuras das epopeias ou aos dramas letais das tragédias – e qualquer um evita ser protagonista das farsas cômicas – , mas todo […]
O nome “Rota da Seda” é uma convenção historiográfica do século XIX para designar o fluxo comercial ancestral da Eurásia. Na verdade, a seda era uma mercadoria de várias, e não houve uma rota, mas inúmeras, ao norte e ao sul, através das estepes, desertos, montanhas e mares, conectando desde a costa chinesa do Pacífico […]
Há quem diga que o Mahabharata é o maior poema do mundo. Em certo sentido isso é indisputável: é o mais longo. O conflito épico entre os clãs irmãos Pandava e Kurava é sete vezes maior que a Ilíada e a Odisseia juntas. E no clímax de décadas de confronto, no campo da batalha decisiva, […]
O século XVIII se notabilizou como um período de intensa agitação intelectual e social, fruto da confiança ilimitada no poder da razão humana celebrada pelo chamado Iluminismo. Da física newtoniana à máquina a vapor, a cada dia uma nova descoberta científica prometia ampliar virtualmente ao infinito nosso conhecimento e domínio sobre a natureza. E enquanto […]
Elemento comum à toda espiritualidade chinesa, o Tao significa “caminho”, mas para o taoísmo é também a Verdade e a Vida. A mais elusiva das tradições espirituais mundiais, o taoísmo compreende muitas subtradições, seitas religiosas e escolas filosóficas unidas por uma cosmologia similar e um objetivo comum de união com o Tao, que toma a […]
Todos os dias a mídia proclama um novo rei – o “Rei do Rock!”, o “Rei do Futebol!” –; um mercador não tem pudores em se propagandear o “Rei da Banha”; toda turma tem o seu “Rei da Cocada Preta”. Mas houve um tempo – quase toda a história humana – em que em cada […]
Se a história é contada pelos vencedores, a do Japão é quase um conto de samurais sobre samurais para samurais. Do início do segundo milênio, quando os shoguns assumiram o poder da corte imperial, até a sua dissolução no século XIX, a elite marcial repeliu os mongóis, invadiu a Coreia e a China e dilacerou […]
Quarta maior religião do mundo, o budismo é dominante nos países da Indochina e tem grandes populações no Japão e China. É também uma das religiões que mais crescem em nações como França, Estados Unidos, Canadá, Austrália e outras do Ocidente, em cujo imaginário Buda figura soberano como o arquétipo do sábio oriental. Com efeito, […]
Em 1578, seis anos após a publicação dos Lusíadas, o jovem rei Dom Sebastião, exortado por Camões, conduziu as forças portuguesas ao massacre numa cruzada no Marrocos. Dois anos depois, pouco antes de morrer, o poeta viu a coroa ser passada às mãos do rei espanhol, onde permaneceu até 1640. “Fui tão afeiçoado à minha […]
Na virada do século XVIII para o XIX uma onda varreu o Novo Mundo transfigurando quase todas as velhas colônias em novos estados nacionais. Vendo de longe, é como se as estrelas tivessem se alinhado e as engrenagens da história se movessem numa cadência inexorável. Mas o teatro da emancipação brasileira teve traços insólitos. Num […]
Gilgamesh nasceu, a um tempo, mais de dois mil anos antes de Cristo e quase dois mil anos depois. Após seu reinado na cidade de Uruk, na Mesopotâmia, foi praticamente inexistente para nossos ancestrais desde os tempos de Moisés ou Homero até o século XIX, quando sua história cunhada em tabletes foi exumada dos escombros […]
“O novo Praxíteles… que honra igualmente a arquitetura e a escultura. … Superior a tudo e singular nas esculturas de pedra … é Antônio Francisco … Tanta preciosidade se acha depositada em um corpo enfermo que precisa ser conduzido a qualquer parte e atarem-se-lhe os ferros para poder obrar”. Afora uns parcos registros cartoriais, este […]
“O novo Praxíteles… que honra igualmente a arquitetura e a escultura. … Superior a tudo e singular nas esculturas de pedra … é Antônio Francisco … Tanta preciosidade se acha depositada em um corpo enfermo que precisa ser conduzido a qualquer parte e atarem-se-lhe os ferros para poder obrar”. Afora uns parcos registros cartoriais, este […]
Joaquim Nabuco foi, a um tempo, uma síntese de sua época e um sinal de contradição para ela. Dionisíaco mundano e vulcânico na juventude, apolíneo elevado e moderador na maturidade; menino de engenho de estirpe aristocrática, bacharel inconformado com as injustiças sociais, deputado campeão do abolicionismo, acusado de “agitador” e “comunista” pelos latifundiários patriarcais de […]
Joaquim Nabuco foi, a um tempo, uma síntese de sua época e um sinal de contradição para ela. Dionisíaco mundano e vulcânico na juventude, apolíneo elevado e moderador na maturidade; menino de engenho de estirpe aristocrática, bacharel inconformado com as injustiças sociais, deputado campeão do abolicionismo, acusado de “agitador” e “comunista” pelos latifundiários patriarcais de […]
Se os brasileiros são mundialmente celebrados por sua música popular, poucos entraram no cânone erudito. Dentre eles, Heitor Villa-Lobos é comumente aclamado como o maior compositor das Américas. Foi dos mais prolíficos e ecléticos: são mais de mil peças entre sinfonias, fantasias, música sacra, canções, óperas, balés ou concertos para violão, piano e violoncelo. Autodidata, […]
Se os brasileiros são mundialmente celebrados por sua música popular, poucos entraram no cânone erudito. Dentre eles, Heitor Villa-Lobos é comumente aclamado como o maior compositor das Américas. Foi dos mais prolíficos e ecléticos: são mais de mil peças entre sinfonias, fantasias, música sacra, canções, óperas, balés ou concertos para violão, piano e violoncelo. Autodidata, […]
Imagine um clínico tão competente que foi recrutado pelos chefes de estado mais poderosos de sua época e ainda encontrou tempo para redigir grossos tratados de medicina. Agora imagine um rabino consumido pelas agruras de sua comunidade, capaz de compilar a primeira codificação integral da lei dos judeus e escrever um comentário em 14 volumes […]
Imagine um clínico tão competente que foi recrutado pelos chefes de estado mais poderosos de sua época e ainda encontrou tempo para redigir grossos tratados de medicina. Agora imagine um rabino consumido pelas agruras de sua comunidade, capaz de compilar a primeira codificação integral da lei dos judeus e escrever um comentário em 14 volumes […]
“De todas as concepções da mente humana, dos unicórnios às gárgulas à bomba de hidrogênio, a mais fantástica talvez seja o buraco negro: um buraco no espaço com uma margem definida dentro da qual qualquer coisa pode cair e fora da qual nada pode escapar, um buraco com uma força gravitacional tão forte que mesmo […]
“De todas as concepções da mente humana, dos unicórnios às gárgulas à bomba de hidrogênio, a mais fantástica talvez seja o buraco negro: um buraco no espaço com uma margem definida dentro da qual qualquer coisa pode cair e fora da qual nada pode escapar, um buraco com uma força gravitacional tão forte que mesmo […]
Você já viu um átomo? Uma vez que todas as coisas são feitas deles, sim. De fato, ninguém jamais viu outra coisa senão átomos. São 94 tipos com variações que formam os bloquinhos de montar do universo, determinando todas as propriedades dos gases, líquidos e sólidos. O nome vem da Grécia antiga, significando “indivisível”. Quando […]
Você já viu um átomo? Uma vez que todas as coisas são feitas deles, sim. De fato, ninguém jamais viu outra coisa senão átomos. São 94 tipos com variações que formam os bloquinhos de montar do universo, determinando todas as propriedades dos gases, líquidos e sólidos. O nome vem da Grécia antiga, significando “indivisível”. Quando […]
Todos intuímos o que é uma sátira: um humor crítico ou uma crítica humorada, ora agressiva ora alusiva, contra as hipocrisias das pessoas, costumes, ideologias, literatura e o resto de cena social. Nesse sentido genérico, a sátira é provavelmente tão antiga quanto o gênero humano e onipresente em seu mundo – quem não tem entre […]
Todos intuímos o que é uma sátira: um humor crítico ou uma crítica humorada, ora agressiva ora alusiva, contra as hipocrisias das pessoas, costumes, ideologias, literatura e o resto de cena social. Nesse sentido genérico, a sátira é provavelmente tão antiga quanto o gênero humano e onipresente em seu mundo – quem não tem entre […]
Entrevista com Adriana Ramazzina, Cristina Kormikiari e Rodrigo Araújo de Lima - Rádio Estado da Arte - É a mais trágica ironia da literatura histórica que dos aclamados inventores do alfabeto não tenhamos mais que uns traços e sequer seu nome. Tal qual a denominação grega “fenícios” ou a hebreia “cananeus”, sugerindo a púrpura dos seus mantos imperiais vendidos a bom preço, o que sabemos deles vem de outros, sejam seus dominadores egípcios, assírios, babilônios, persas, macedônios, selêucidas e romanos, sejam seus clientes egípcios, assírios etc. até os romanos, além de amoritas, celtas, ibéricos, berberes, desde a Era do Bronze ao nascimento de Cristo. . . .
Entrevista com Adriana Ramazzina, Cristina Kormikiari e Rodrigo Araújo de Lima - Rádio Estado da Arte - É a mais trágica ironia da literatura histórica que dos aclamados inventores do alfabeto não tenhamos mais que uns traços e sequer seu nome. Tal qual a denominação grega “fenícios” ou a hebreia “cananeus”, sugerindo a púrpura dos seus mantos imperiais vendidos a bom preço, o que sabemos deles vem de outros, sejam seus dominadores egípcios, assírios, babilônios, persas, macedônios, selêucidas e romanos, sejam seus clientes egípcios, assírios etc. até os romanos, além de amoritas, celtas, ibéricos, berberes, desde a Era do Bronze ao nascimento de Cristo. . . .
Entrevista com Ana Maria Alfonso-Goldfarb, Márcia Ferraz e Paulo Porto - Rádio Estado da Arte - O filósofo, santo e cientista Alberto o Grande louvou 8 Virtudes nos Alquimistas: eles são discretos e silenciosos;moram bem longe dos homens; escolhem o tempo do seu trabalho; são pacientes, assíduos e perseverantes; executam segundo as regras herméticasa trituração a fixação,a destilação e a coagulação; trazem cadinhos, vasos de vidro e potes de louça bem iluminados. Mas há os que as degradaram a começar pela essencial: evitar pessoas de temperamento sórdido. Para alguns, a falta de rigor empírico, o flerte com a magia, a busca do poder mundano pela transmutação de vis metais em ouro fazem da Alquimia a história de uma quimera senão uma fraude. . . .
Entrevista com Ana Maria Alfonso-Goldfarb, Márcia Ferraz e Paulo Porto - Rádio Estado da Arte - O filósofo, santo e cientista Alberto o Grande louvou 8 Virtudes nos Alquimistas: eles são discretos e silenciosos;moram bem longe dos homens; escolhem o tempo do seu trabalho; são pacientes, assíduos e perseverantes; executam segundo as regras herméticasa trituração a fixação,a destilação e a coagulação; trazem cadinhos, vasos de vidro e potes de louça bem iluminados. Mas há os que as degradaram a começar pela essencial: evitar pessoas de temperamento sórdido. Para alguns, a falta de rigor empírico, o flerte com a magia, a busca do poder mundano pela transmutação de vis metais em ouro fazem da Alquimia a história de uma quimera senão uma fraude. . . .
Entrevista com Adrien Bayard, Marcelo Cândido e Renato Viana Boy - Rádio Estado da Arte - Quando o visigodo Alarico saqueou Roma 66 anos antes da queda de seu último imperador, Romulus Augustus – nome composto ironicamente pelos do primeiro imperador e do fundador de Roma –, São Jerônimo lamentou “a extinção da luz mais resplandecente de toda a Terra”, quando “o Império perdeu sua cabeça” e “o mundo pereceu em uma cidade”. Um século antes Lactâncio afirmava que o mundo pode acabar rápido, mas não há nada a temer enquanto a cidade de Roma permanecer intacta. . . .
Entrevista com Adrien Bayard, Marcelo Cândido e Renato Viana Boy - Rádio Estado da Arte - Quando o visigodo Alarico saqueou Roma 66 anos antes da queda de seu último imperador, Romulus Augustus – nome composto ironicamente pelos do primeiro imperador e do fundador de Roma –, São Jerônimo lamentou “a extinção da luz mais resplandecente de toda a Terra”, quando “o Império perdeu sua cabeça” e “o mundo pereceu em uma cidade”. Um século antes Lactâncio afirmava que o mundo pode acabar rápido, mas não há nada a temer enquanto a cidade de Roma permanecer intacta. . . .
Entrevista com Gilberto Francisco, José Geraldo Grillo e Luiz Marques - Rádio Estado da Arte - Os artefatos mais antigos em nossas mãos são pedras lascadas pelas patas dos homens-macaco 2,5 milhões de anos antes do sapiens. Peças de arte figurativa, pinturas nas cavernas e estatuetas, floresceram há meros 60 mil anos. De lá para cá, se os pintores diluíram seu olhar por rostos, paisagens, multidões, animais, naturezas mortas e tudo o mais que vislumbraram em seu entorno, os escultores, talhando suas visões em pedregulhos, barro ou metal quente, jamais desviaram o olhar, como num ponto de fuga, do seu único foco: o corpo humano. . . .
Entrevista com Gilberto Francisco, José Geraldo Grillo e Luiz Marques - Rádio Estado da Arte - Os artefatos mais antigos em nossas mãos são pedras lascadas pelas patas dos homens-macaco 2,5 milhões de anos antes do sapiens. Peças de arte figurativa, pinturas nas cavernas e estatuetas, floresceram há meros 60 mil anos. De lá para cá, se os pintores diluíram seu olhar por rostos, paisagens, multidões, animais, naturezas mortas e tudo o mais que vislumbraram em seu entorno, os escultores, talhando suas visões em pedregulhos, barro ou metal quente, jamais desviaram o olhar, como num ponto de fuga, do seu único foco: o corpo humano. . . .
Entrevista com Amanda Bendia, Douglas Galante, Ivan Lima - Rádio Estado da Arte - Quando por Marte, Vênus, Júpiter e outras esferas Beatriz conduziu Dante entre multidões de santos, serafins e no céu dos céus o Pai, o Filho, sua Mãe e o Espírito Santo, nossa Terra era o centro do universo rodeado por uma meia dúzia de planetas como o sol e a lua e por uma esfera de estrelas movidas, segundo o poeta, pelo Amor. Em nosso tempo dizem que o primeiro homem a viajar pelo espaço sideral, Yuri Gagarin, teria dito “Eu procurei e procurei mas não encontrei Deus”. . . .
Entrevista com Amanda Bendia, Douglas Galante, Ivan Lima - Rádio Estado da Arte - Quando por Marte, Vênus, Júpiter e outras esferas Beatriz conduziu Dante entre multidões de santos, serafins e no céu dos céus o Pai, o Filho, sua Mãe e o Espírito Santo, nossa Terra era o centro do universo rodeado por uma meia dúzia de planetas como o sol e a lua e por uma esfera de estrelas movidas, segundo o poeta, pelo Amor. Em nosso tempo dizem que o primeiro homem a viajar pelo espaço sideral, Yuri Gagarin, teria dito “Eu procurei e procurei mas não encontrei Deus”. . . .
Entrevista com José Adriano Filho, Kenner Terra e Paulo Nogueira - Rádio Estado da Arte - O começo é grandiloquente: “No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um sopro de Deus agitava a superfície das águas. Deus disse: ‘Haja luz’ e houve luz”. Porém o fim da Bíblia hebraica no Livro das Crônicas é um anticlímax amargo: YAHWEH destruindo Jerusalém pelas mãos do Rei da Babilônia e dispersando os judeus que escaparam à espada. Já o Testamento cristão começa com a imagem prosaica de um bebê numa manjedoura, mas tem um gran finale cataclísmico . . . .
Entrevista com José Adriano Filho, Kenner Terra e Paulo Nogueira - Rádio Estado da Arte - O começo é grandiloquente: “No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um sopro de Deus agitava a superfície das águas. Deus disse: ‘Haja luz’ e houve luz”. Porém o fim da Bíblia hebraica no Livro das Crônicas é um anticlímax amargo: YAHWEH destruindo Jerusalém pelas mãos do Rei da Babilônia e dispersando os judeus que escaparam à espada. Já o Testamento cristão começa com a imagem prosaica de um bebê numa manjedoura, mas tem um gran finale cataclísmico . . . .
Entrevista com Flávio Ricardo Vassoler, Lucas Simone e Priscila Marques - Rádio Estado da Arte - Segundo Otto Maria Carpeaux, “a literatura russa do século XIX teve que desempenhar várias funções, além da literária propriamente dita: era jornalismo, num país em que não existia imprensa livre; era tribuna política, num país em que não havia parlamento; era cátedra universitária, num país em que as universidades eram fiscalizadas pelos agentes de polícia; era púlpito, num país em que a própria Igreja estava muda.” Num jogo tão complexo, Dostoievski conseguiu subir ao pódio, talvez só acompanhado por Tolstoi, como o mais celebrado romancista russo. . . .
Entrevista com Flávio Ricardo Vassoler, Lucas Simone e Priscila Marques - Rádio Estado da Arte - Segundo Otto Maria Carpeaux, “a literatura russa do século XIX teve que desempenhar várias funções, além da literária propriamente dita: era jornalismo, num país em que não existia imprensa livre; era tribuna política, num país em que não havia parlamento; era cátedra universitária, num país em que as universidades eram fiscalizadas pelos agentes de polícia; era púlpito, num país em que a própria Igreja estava muda.” Num jogo tão complexo, Dostoievski conseguiu subir ao pódio, talvez só acompanhado por Tolstoi, como o mais celebrado romancista russo. . . .
Entrevista com Cristina Casagrande, Diego Klautau e Reinaldo José Lopes - Rádio Estado da Arte - Em nossa época marcada pela desmitologização das crenças tradicionais, pelo relativismo moral e, na literatura, pelo questionamento e mesmo a ridicularização do heroísmo, é surpreendente que um professor de filologia tenha não só ambicionado criar uma mitologia para sua nação, mas também repaginado a figura do herói aventureiro e não contente imaginado, com uma riqueza de detalhes jamais ultrapassada antes ou depois, todo um mundo, povoado, como no nosso, por homens, mas também por elfos, anões, feiticeiros, monstros e espíritos perversos . . .
Entrevista com Cristina Casagrande, Diego Klautau e Reinaldo José Lopes - Rádio Estado da Arte - Em nossa época marcada pela desmitologização das crenças tradicionais, pelo relativismo moral e, na literatura, pelo questionamento e mesmo a ridicularização do heroísmo, é surpreendente que um professor de filologia tenha não só ambicionado criar uma mitologia para sua nação, mas também repaginado a figura do herói aventureiro e não contente imaginado, com uma riqueza de detalhes jamais ultrapassada antes ou depois, todo um mundo, povoado, como no nosso, por homens, mas também por elfos, anões, feiticeiros, monstros e espíritos perversos . . .
Entrevista com Marcelo Cândido, Lênia Márcia Mongelli e Néri de Barros Almeida - Rádio Estado da Arte - Você já admirou a cortesia de um cavalheiro ou a nobreza de uma dama; já se emocionou com um romance pessoal ou ficcional; se dirige às pessoas como “senhor” e “senhora”? Se sim, então você é tributário da cavalaria medieval. De certos ângulos, a história da Humanidade parece pouco mais que a história da guerra. E entre nossos arquétipos de soldados de elite – dos míticos troianos aos seus herdeiros, os hoplitas espartanos e os centuriões romanos, passando por vikings, samurais, até os modernos g.i. joes – o mais poderoso e encantador é o cavaleiro cristão. . . .
Entrevista com Marcelo Cândido, Lênia Márcia Mongelli e Néri de Barros Almeida - Rádio Estado da Arte - Você já admirou a cortesia de um cavalheiro ou a nobreza de uma dama; já se emocionou com um romance pessoal ou ficcional; se dirige às pessoas como “senhor” e “senhora”? Se sim, então você é tributário da cavalaria medieval. De certos ângulos, a história da Humanidade parece pouco mais que a história da guerra. E entre nossos arquétipos de soldados de elite – dos míticos troianos aos seus herdeiros, os hoplitas espartanos e os centuriões romanos, passando por vikings, samurais, até os modernos g.i. joes – o mais poderoso e encantador é o cavaleiro cristão. . . .
Entrevista com Andrei Venturini, Ricardo Mantovani e João Cortese na Rádio Estado da Arte - Estadão. “Quando considero a pequena duração da minha vida, absorvida na eternidade precedente e seguinte, o pequeno espaço que eu preencho, e mesmo que eu vejo, abismado na infinita imensidade dos espaços que me ignoram e que eu ignoro, eu me apavoro e me espanto”. Em 1662, o autor dessas palavras morria, aos 39 anos, já completamente debilitado para o trabalho, sem que, conforme o seu depoimento, desde os 20 anos tivesse vivido um único dia sem sofrimento. Mais conhecido à época por suas contribuições para a engenharia, tecnologia e urbanismo, sua obra prima permaneceria para sempre uma miscelânea inacabada de rascunhos e anotações.....
Entrevista com Andrei Venturini, Ricardo Mantovani e João Cortese na Rádio Estado da Arte - Estadão. “Quando considero a pequena duração da minha vida, absorvida na eternidade precedente e seguinte, o pequeno espaço que eu preencho, e mesmo que eu vejo, abismado na infinita imensidade dos espaços que me ignoram e que eu ignoro, eu me apavoro e me espanto”. Em 1662, o autor dessas palavras morria, aos 39 anos, já completamente debilitado para o trabalho, sem que, conforme o seu depoimento, desde os 20 anos tivesse vivido um único dia sem sofrimento. Mais conhecido à época por suas contribuições para a engenharia, tecnologia e urbanismo, sua obra prima permaneceria para sempre uma miscelânea inacabada de rascunhos e anotações.....
Entrevista com Juliana Perez, Marcus Mazzari e Patricia Maas - Rádio Estado da Arte - O diabo ofereceu-se três vezes para pactuar com Jesus (além de propor, pela boca de Pedro, que fugisse de Cruz), mas (desconsiderada a barganha entre Eva e uma serpente) a primeira pessoa a fazer um pacto com Satanás foi o próprio Deus, ao permitir que infernizasse a vida de Jó. Porém o mais famoso pactário de todos os tempos foi Fausto – e o mais bem-sucedido demônio foi Mefistófeles. Nem o diabo dantesco, eternamente imobilizado no gelo do fundo do inferno, mastigando três cabeças com suas três cabeças, nem o príncipe rebelde do Paraíso Perdido de John Milton, Mefistófeles é mundano, prestativo, jocoso, quase um amigo, ou melhor, um perfeito serviçal, pronto a servir ora como um estudante, ora como um bufão, um mágico, um cavalheiro, um general e até mesmo um... poodle. . . .
Entrevista com Juliana Perez, Marcus Mazzari e Patricia Maas - Rádio Estado da Arte - O diabo ofereceu-se três vezes para pactuar com Jesus (além de propor, pela boca de Pedro, que fugisse de Cruz), mas (desconsiderada a barganha entre Eva e uma serpente) a primeira pessoa a fazer um pacto com Satanás foi o próprio Deus, ao permitir que infernizasse a vida de Jó. Porém o mais famoso pactário de todos os tempos foi Fausto – e o mais bem-sucedido demônio foi Mefistófeles. Nem o diabo dantesco, eternamente imobilizado no gelo do fundo do inferno, mastigando três cabeças com suas três cabeças, nem o príncipe rebelde do Paraíso Perdido de John Milton, Mefistófeles é mundano, prestativo, jocoso, quase um amigo, ou melhor, um perfeito serviçal, pronto a servir ora como um estudante, ora como um bufão, um mágico, um cavalheiro, um general e até mesmo um... poodle. . . .