Este é o MIRANTE, um podcast para ouvir psicanalistas e pensadores de outros campos debatendo temas relevantes no nosso cotidiano contemporâneo. O MIRANTE é do Observatório PsicanalÃtico e pertence à Federação Brasileira de Psicanálise (Febrapsi). Venha conosco nessa viagem de olhar o mundo a partir do mirante da psicanálise!
O atual crescimento de discursos e atuações ultraextremistas, marcados, entre outros, por pautas anti-mulheres e anti-LGBTQIA+, destaca uma urgência: precisamos compreender os impactos psíquicos na construção da masculinidade atual. O recente debate global desencadeado pela sérieAdolescência, da Netflix, evidenciou o bombardeio da ciberviolência nos caminhos da subjetivação de crianças e adolescentes. Fóruns como o dos Incels, uma rede de partilha de homens frustrados em seu “direito ao sexo” que pregam aculpabilização das mulheres por seu fracasso sexual, definido-as como oportunistas, interesseiras e superficiais, ganham proporções assustadoras, resultando, em algumas situações, em assassinatos, comumente feminicídios, tal como visto na série. Nesse sentido, a “Machosfera” constitui-se como um universomasculino radicalizado na internet que migra para o plano da ação. Seus integrantes tanto defendem a violência contra mulheres, quanto propagam a inveja de homens que têm relacionamentos bem-sucedidos. No campo da pesquisa acerca desses fenômenos atuais,conceitos como "masculinidade tóxica", “masculinidade frágil” e“masculinidade Queer” nos fornecem elementos para pensarmos a masculinidade em uma perspectiva atual. Quais os principais desafios de “tornar-se homem”? O que a psicanálise pode oferecer? O que os psicanalistas têm a dizer sobre esse tema? No programa de hoje recebemos Gary Barker, Doutor emPsicologia do desenvolvimento infanto-juvenil, e Dora Tognolli, psicanalista.
Em Psicologia das massas e análise do eu, Freud afirma “primeiro cedemos nas palavras, e depois, pouco a pouco, também na coisa.” Começamos a pensar neste episódio de hoje a partir dessa afirmação. Desejávamos, sem eufemismos, falar da violência contra a mulher e incluir no nosso espectro de pensamento as mulheres mais diversas: de todas as classes sociais, brancas, negras, indígenas, refugiadas, estrangeiras, velhas e jovens, lésbicas, bissexuais, homossexuais, transexuais e com seus corpos magros, gordos, marcados por alegrias e tristezas, rugas, tatuagens e cicatrizes. Mas nesse ponto já nos deparamos com um paradoxo: tentar algum tipo de homogeneização sobre a palavra mulher, é um primeiro marcador de violência. Quando colocamos tudo no mesmo saco, desconsideramos a construção subjetiva - o “tornar-se mulher”.A Psicanálise - disciplina nascida através do útero das ditas histéricas - mulheres que diante da violência sofrida não tinham outro remédio senão desenvolver sintomas – ainda não se apropriou de forma definitiva do tema, e muitas vezes psicanalistas desavisados podem utilizar fórmulas e padrões prontos para pensar sobre gênero.Diante desta limitação, uma conversa em um podcast pode ter potência ao legitimar a violência como restrição ao acesso aos bens concretos, mas também gostaríamos de oferecer bens simbólicos como conceitos e ideias que contribuam na construção de um teto de palavras, que por não fazerem concessões, podem funcionar como mais teias nesse grande teto feminista que abriga as mulheres.“Violência contra a mulher” é tema deste programa que faz parte da temporada o Sexual na Polis. E para conversar conosco convidamos a feminista criminalista Carmen de Campos e a psicanalista Susana Muszkat.
O tema do uso dos aparelhos celulares nas escolas têm sido um ponto de debate atual no Brasil. Há um projeto de lei em trâmite que visa regulamentar e limitar o uso de celulares nas escolas brasileiras. Esse projeto conta com um posicionamento favorável do Ministério da Educação. De fato, na contemporaneidade, as telas têm sido onipresentes nas vidas de crianças e adultos. Atentos às consequências dessa hiper exposição na população mais jovem, alguns países já possuem legislação que limita ou até proíbe totalmente o uso de aparelhos eletrônicos nas escolas, como é o caso da França, Holanda e China. A Austrália proibiu acesso às redes sociais por menores de 16 anos. Nesse contexto, acompanhamos casos de sofrimento psíquico devido ao uso abusivo dos celulares ou pela abstinência do uso desses aparelhos. O vício de crianças e jovens em celulares e a ansiedade gerada pela falta de uso do celular já tem um nome: a nomofobia. Quais as consequências a longo prazo para as novas gerações, nascidas no caldo cultural da onipresença das telas? O que a psicanálise tem a ofertar em perspectivas para esse debate? Para conversar conosco sobre “Corpos sem corpo” convidamos o filósofo Thiago Gruner e a psicanalista Cris Vasconcelos.
Em 1923, Freud afirmou que o ego é sobretudo corporal. Com isso, ele demarcou que no corpo se inscrevem significados por onde o Eu poderá se constituir. A partir desse corpo, o sujeito inicia uma troca permanente e única com o mundo. A relação do corpo com a cidade é paradoxal. Os corpos, que ocupam a cidade, podem se invisibilizar ao se converterem em extensões de, por exemplo, automóveis-próteses, ou ao se tornarem padronizados, controlados e disciplinados. Por outro lado, conseguem se ampliar, se exibir, se visibilizar, ao caminhar de maneira singular e criativa a pé pelas ruas. Cada caminhar imprime uma gestualidade, performa uma cidade única, e é mobilizado de forma singular pela cidade. Por meio dos corpos dos indivíduos que a habitam, a cidade se faz. A cidade, assim, se confunde com os corpos, é um espaço público de produção de subjetividades. A depender dos afetos que circulam ela pode construir e ao mesmo tempo destruir subjetividades. Ela regula encontros, oferece palco a existências de alguns e cria muros para outros tantos excluídos. Como viver a cidade? Como experimentá-la? Como pensar os corpos na cidade? Para conversar conosco sobre “Corpos na Cidade” convidamos o bailarino René Sato e a psicanalista Marina Miranda.
Embora o aumento da população idosa seja uma realidade perceptível em todo o mundo, com um aumento expressivo na expectativa de vida, há uma contradição: ao mesmo tempo em que a população envelhece, há um culto para que se mantenha jovem a qualquer custo. Neste contexto, a passagem do tempo pode ser vivida de forma dramática, pois fica atrelada às inúmeras perdas inerentes ao envelhecer. Lutos são feitos no decorrer do envelhecimento, tanto físicos quanto psíquicos, que demandam aos ditos “velhos”, reelaborar a própria história. Pensar a velhice, portanto, requer falar de corpo, temporalidade e finitude. Em “A nova ciência da longevidade”, a gerontóloga Rose Anne Kenny, por meio de suas pesquisas, preconiza variáveis que favorecem uma longevidade sadia. São elas: a amizade, o alívio do estresse, o riso, garantir a qualidade do sono, boa alimentação, atividade física, ter um propósito de vida e uma atitude positiva diante dela. Quanto mais cedo abordarmos esses fatores de risco que influenciam o processo de envelhecimento mais reservas poderemos acumular quanto à capacidade do corpo e do cérebro, e maior a probabilidade de retardar os efeitos deletérios desse processo, conforme a especialista. Sabemos, no entanto, que no Brasil nem todas as pessoas consideradas idosas tem essa possibilidade, e isso passa por fatores econômicos, sociais, políticos e culturais que podem tolher as possibilidades para os idosos. Se as pessoas envelhecem, também envelhecem as cidades, e este desafio é travado em conjunto no espaço urbano. Ambos constroem histórias, deixam registros sobre a passagem do tempo e deixam legados. Um dos grandes desafios é manter a sociabilidade, e para isso são necessárias condições que viabilizem a presença e a inclusão de idosos no espaço urbano. No entanto, sabemos que essas possibilidades de circulação e ocupação dos espaços acabam sendo limitadas em boa parte das cidades brasileiras. O que desejam as pessoas mais velhas que buscam análise pela primeira vez, depois de se aposentarem ou mesmo após terem realizado grande parte dos projetos que movem um ser humano na vida? O que buscam os analistas que se dedicam a esse contingente de pacientes idosos? E o que buscam para si analistas que nunca se aposentam? As cidades de hoje ofereceriam essas possibilidades de vida saudável para todos? As cidades oferecem redes de sociabilidade para aquelas pessoas que não tem família, vivem só? A psicanalista Beth Mori da FEBRAPSI conversa sobre o tema “Envelhecer nas cidades” com a escritora Rosiska Darcy de Oliveira e a psicanalista Cibele Brandão
A psicanálise tem se colocado como uma obra aberta aos discursos de nossa época? A produção de Judith Butler e Paul Beatriz Preciado são referências atuais nos estudos sobre o sexual. A crítica que fazem é direcionada ao regime binário da diferença sexual e o privilégio da universalidade em um mundo patriarco-colonial. O projeto freudiano procurou uma matriz universal que desse conta do psiquismo humano, independentemente da cultura em que se constitui, por meio de categorias e conceitos. A universalidade de suas ideias pode ter contribuído para uma patologização dos corpos. Diante de mudanças profundas nas relações, a epistemologia do regime da diferença sexual em dois sexos e hierárquicos com o qual a psicanálise trabalha entrou em crise. Como fazer para manter a psicanálise trabalhando, saindo de eventuais posturas de um modo hostil de fazer ciência que aprendemos como absolutas e universais? Para conversar sobre “Diversidade na Polis: Sexual e gênero, hoje”, Beth Mori conversa com Gui Teixeira e Rodrigo Lage. Gui Teixeira é comunicadora e designer, formada em Diversidade nas Organizações pela Escola Aberje de Comunicação e atua na área de comunicação da consultoria Mais Diversidade. Se considera não binária e utiliza pronomes ela/dela. Rodrigo Lage é psicanalista, membro efetivo e docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Psiquiatra e mestre em ciências pelo Instituto de Psiquiatria da USP.
A psicanálise considera que o infantil não abandona o adulto: nossos amores e ódios, medos, saudades, fantasias e desejos têm raízes na criança que fomos. Levando em conta a criação freudiana de que a personalidade se forma a partir das fases pelas quais passa a sexualidade infantil, Jean Laplanche estuda o modo como os adultos interferem nesse desenvolvimento e traz a ideia da situação antropológica fundamental, onde há uma assimetria entre adulto e criança, o adulto implantando, a partir da sua sexualidade inconsciente, o sexual no incipiente aparelho psíquico da criança. Entre outras questões que nos impactam atualmente, a infância tem sido muito afetada pela hiperconectividade. No livro “A geração ansiosa”, o psicólogo americano Jonathan Haidt defende que a “infância baseada no brincar” foi substituída por uma “infância baseada no celular”, o que tem gerado inúmeras dificuldades emocionais, entre elas ansiedade, nos jovens da atualidade. Atentos a essa questão, existem movimentos que buscam combater o uso excessivo de celulares por crianças e adolescentes. Interpeladas pela sedução tecnológica das telas e redes sociais virtuais, há no atual contexto nas cidades condições de acolhimento para o lúdico, para o desenvolvimento da criatividade, para as brincadeiras com outras crianças? Como considerar a polis contemporânea nas relações entre adultos e crianças e do lugar dado ao infantil? Para conversar conosco sobre a criança nas cidades atuais, convidamos o pedagogo Paulo Focchi e a psicanalista Marina Bilenky.
Para além do caos e da violência intrínsecas ao asfalto, às paredes, aos muros, há espaços e manifestações nas ruas que escapam do concreto e convidam os olhos a criarem pontes entre o mundo externo e a psiquê, capturando a imaginação e retirando os moradores da dureza e saturação cotidianas. A Psicanálise, desde seus primórdios, interessa-se pelos limites entre o “dentro e o fora”. Conceitos como “mundo interno” e “realidade psíquica” mostram que o sujeito, em constante interação com o entorno, olha e interpreta a realidade externa a partir de sua subjetividade. Freud se ocupou, por exemplo, de pensar nos mecanismos da cegueira psicogênica: quais motivos inconscientes levavam uma pessoa com a visão intacta (do ponto de vista orgânico) a deixar de enxergar? As interdições neuróticas ligadas à própria sexualidade podem ser fortes o suficiente para extinguir a visão. Nesse sentido, o que se vê na pólis pode abrir caminhos para o desejo: arranjos, sons, imagens, cenas espontâneas ou intervenções pessoais e intencionais como pichações, grafites, performances e obras de arte das mais variadas naturezas que, o serem expostas nas ruas, têm função estética e política: provocam mudanças. A esperança, assim, mora no fato de que os muros, símbolo das resistências, subversivamente, sempre receberão inscrições artísticas e trarão novas aberturas. Se a palavra, representante da alteridade, puder tocar aquele que passa, abre-se um campo poético que permite novas construções de sentidos, novas narrativas e reparações. Dentro da série “O sexual na pólis”, para falar conosco nesse episódio que se propõe a investigar “A poética das cidades” convidamos o artista Cauê Maia e o psicanalista Ricardo Trinca que, cada um à sua maneira, têm contribuído para a construção da poética em suas cidades.
No texto “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” (1905) Freud nos apresenta a pulsão epistemofílica. Ali, ele sugere que o primeiro problema com o qual a ânsia de saber se esbarra é a pergunta: “de onde vêm os bebês?”. Esse questionamento expressa um receio do infante de que um novo bebê origine uma perda de cuidados e de amor. Há uma força, uma pressão, que mobiliza os seres humanos a querer saber sobre si e sobre o mundo. De onde vem, afinal, esse desejo de saber que estimula, aquece, e que é capaz de gerar tantas ações? A ideia de ciência surge como resposta frente aos problemas e dificuldades que enfrentamos. Promete emancipação individual e coletiva, progressos e melhoria de vida. Contudo, com o advento da bomba atômica, dos mísseis de guerra e das câmaras de gás para extermínio de seres humanos, a narrativa de que a ciência viria apenas para o bem da humanidade é questionada. A ciência, afinal de contas, é uma produção humana e, como tal, pode ser usada para a destrutividade. A busca do conhecimento científico passou, gradualmente, a ser substituída por especulações conduzidas por algoritmos que apenas reafirmam crenças individuais. A opinião pública, tão importante para a cobrança de políticas públicas que gerem mudanças, paulatinamente se distanciou da ciência. Especialistas, por vezes, passaram a ser colocados para escanteio. A distopia 1984, de George Orwell, em que há um “Grande Irmão” que determina o que é verdade, tornou-se um a realidade. O que fazer para que o discurso o científico volte a se comunicar ativamente com a população e, consequentemente, com o poder público? Como retomar o diálogo entre ciência e política? Como fazer com que as pessoas se interessem mais sobre o mundo do conhecimento? Para conversar conosco sobre esse tema convidamos a matemática, filósofa e historiadora Tatiana Roque e o psicanalista Miguel Calmon.
Entre o final de abril e o começo de maio de 2024, chuvas ininterruptas transformaram-se em violentas águas barrentas. As águas invadiram moradias e, em muitos casos, atingiram a altura dos telhados das casas em várias regiões do Rio Grande do Sul. Em poucos dias cidades foram devastadas e o número de refugiados ambientais tornou-se assustador. O cenário é descrito como o de guerra: faltam água potável e energia elétrica, há escassez de mantimentos, os hospitais estão lotados e o número de mortos e desaparecidos é crescente. O desastre ambiental que vivenciamos evidenciou o despreparo estrutural das cidades diante de variações climáticas extremas. Apesar dos alertas constantes de cientistas na área ambiental, as autoridades governamentais e parlamentares, em sua maioria, negligenciaram as medidas necessárias para lidar com os eventos climáticos severos. Esses eventos, infelizmente, irão se repetir. A tragédia funda um tempo de dor. O trabalho de reconstrução que virá pela frente demandará tempo e envolvimento de muitos corpos e mentes. Será necessário que esse primeiro tempo, da dor extrema, possa, em um segundo tempo, encontrar simbolização e representação. Assim, as experiências traumáticas poderão ser contidas por um continente. Nesse tempo incerto e instável o que está ao alcance do trabalho psicanalítico? O que é possível diante de mudanças catastróficas? Para conversar conosco sobre esse tema emergencial convidamos o biólogo e professor Paulo Brack e a psicanalista Maria Luíza Gastal.
Como viver juntos? Ou melhor, como continuar a viver juntos? Tal como no psiquismo humano, onde uma ferida lateja e nos retira do lugar de imaginarmos ter o domínio em nossa própria casa, uma cidade também é composta por uma miríade de lugares desconhecidos. Charles Baudelaire captou o espírito da cidade moderna ao falar sobre a errância, o caminhardespretensioso, similar a uma atenção flutuante do método psicanalítico, quando escutamos uma história ou andamos por uma cidade sem ansiar encontrar algo específico, até que um susto possa nos mostrar uma relevância e abrir um caminho novo. Todavia, são vários os desafios à soltura da errância. Na cidade é possível acompanhar usos e abusos: espaços públicos são privatizados, espaços comuns são apropriados, espaços criados para uma função acabam sendo utilizados para outras funções, a intimidade é exposta como mercadoria de consumo: segregações sociais violentas em deslocamentos urbanos, a febre dos porsches em colisão com pessoas em situação de rua, condomínio e hotéis de luxo ao lado de favelas. A cidade é cada vez mais um lugar de interditos. O que é possível fazer para propiciar a construção de laços sociais em uma cidade contemporânea? Para conversar conosco convidamos a urbanista Regina Meyer e a psicanalista Magda Khoury
Na aurora do século XX, Freud publica “A interpretação dos sonhos”, livro que também representa a entrada da psicanálise na cultura moderna, um marcador da ruptura com o século XIX, constituindo um novo futuro sobre a compreensão da vida mental humana. O significado dos sonhos sempre intrigou a humanidade, ao passo que foi descredenciado ou combatido em determinadas épocas e culturas. Freud criticou a posição médica vigente de seus contemporâneos, evidenciando a rigidez científica que impossibilitava alcançar o significado psicológico de um sonho. E constatou, com assombro, “que a visão dos sonhos que mais se aproximava da verdade era a não médica, mas a popular.” Freud concluiu que o sonho é uma realização de desejo. Um sonho nos leva a um espaço tão íntimo que conduz à seara do inconfessável, algo muitas vezes contraditório diante da imagem que a pessoa tem de si. No entanto, culturas que preservam interpretações milenares podem ter uma visão diferente dos sonhos e sua relação com os desejos. Diante disso, nos questionamos: atualmente, como vivenciamos os sonhos? Quais as funções do sono e dos sonhos? Diante dos avisos de culturas ancestrais acerca da “Queda do céu” é urgente reaprendermos a sonhar? Os sonhos continuam a ser nossos oráculos, a nossa via régia? Para conversar conosco sobre os sonhos na contemporaneidade convidamos o neurocientista Sidarta Ribeiro e o psicanalista Pedro Coli.
O que ocorre em uma experiência estética? Em 1908, Freud compara os devaneios e fantasias dos adultos com as brincadeiras infantis. A criança expressa seu mundo imaginário ao brincar de ser adulta, envolvendo-se em jogos, imitações e encenações que refletem as situações cotidianas dos mais velhos, como brincar de “papai e mamãe”. O contato com o estético, por meio das diversas linguagens artísticas, proporciona prazer e deleite, mas também instiga a inquietude diante da ausência de respostas claras sobre o que nos comove. Desde a antiguidade até os dias contemporâneos, das belas artes às artes abjetas, a experiência estética se desenrola em uma ampla gama de possibilidades, envolvendo fruição, prazer, repulsa e desprezo. Existe algo que ressurge no encontro estético? Ao considerar a dualidade entre Eros e Tânatos, como podemos compreender o prazer estético? Seria a arte o único meio de tocar, ainda que precariamente, o humano? Para conversar conosco sobre “O impacto estético na arte e na psicanálise” convidamos o arquiteto, designer, professor de História da Arte Pedro Boaventura e o psicanalista Luiz Meyer.
Marquês de Sade é considerado uma das figuras desviantes na literatura. A construção de suas personagens seguiu na contramão de qualquer convenção social, longe de qualquer aprisionamento a regras morais. Na literatura libertina de Sade a analidade e o sadismo aparecem em narrativas de dominação, submetimento, crueldade, coprofilia. Freud, ao falar da sexualidade humana, explicita seu caráter complexo e composto, ressalta as excitações periféricas de partes do corpo, como genitais, boca, ânus, uretra. Desenvolve, em seus argumentos sobre a sexualidade, as formações reativas ou forças contrárias, como a vergonha, o nojo e a moral. Freud e os escritores fogem, portanto, das formas habituais de pensar o humano. Nesse sentido, pensar o erotismo é, amiúde, sair da convenção. É trazer o incômodo, a inquietude. Freud relacionou a analidade ao sadismo e nomeou como fase sádico-anal aquela na qual esses aspectos estão em primeiro plano. Como a analidade aparece na teoria psicanalítica? Seria Freud um libertino? Para conversar conosco sobre essas e outras questões nesta temporada sobre “O Sexual na Polis” convidamos a professora e crítica literária Eliane Robert Moraes e a psicanalista Berta Hoffmann Azevedo.
Os primeiros estudos psicológicos e pedagógicos no século XIX legitimaram uma concepção da infância baseada em ideais de felicidade, fragilidade, inocência e espontaneidade. Freud inaugurou um novo olhar sobre a vida psíquica das crianças. Essa se faria acompanhar, desde o seu início, da dimensão sexual. Ele propõe uma nova ética, articulando o sexual ao infantil, insistindo na importância dos primeiros anos da infância para a etiologia sexual das neuroses. O termo sexualidade precisará ser diferenciado da noção de genitalidade. Afirmará também que o psiquismo é bissexual; apresentará conceitos como o complexo de Édipo, o complexo de castração, colocando o órgão pênis como referência na diferença entre os sexos e como objeto de “inveja” nas meninas. Como podemos pensar a teoria freudiana hoje? O falocrentrismo e seus efeitos estariam presentes ainda hoje na nossa cultura? Para continuar pensando sobre o sexual na Polis em nossa época, convidamos o historiador Alexandre Coser e a psicanalista Luciane Falcão.
Estamos acostumados a pensar que o bebê humano, diferentemente dos filhotes de outras espécies, é completamente dependente do outro. Freud, já em 1885, no “Projeto para uma psicologia científica, entendia que quando as necessidades corporais exigem satisfação, o bebê com fome grita e esperneia. No entanto, esses movimentos não o saciam. É a ação de cuidado do outro que o assiste, e portanto, que permitirá que a experiência de satisfação aconteça, pondo fim às estimulações internas que provém das necessidades. O seio da mãe é oferecido não apenas com o intuito de nutrição, mas de apaziguamento das tensões, minimizando as sensações de desconforto que o ego incipiente do bebê não pode ainda sustentar. Neste sentido, para a psicanálise, a relação com o seio é ampla e complexa. Nos “Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905), Freud assinala que a pessoa que se ocupa dos primeiros cuidados do bebê - "que geralmente é a mãe - dedica-lhe sentimentos que se originam de sua própria vida sexual: acaricia, beija e embala a criança, claramente a toma como substituto de um objeto sexual completo". É a partir dessa experiência com o corpo do outro, que a pulsão sexual é despertada no bebê, deixando marcas e criando possibilidades desejantes. Dessas marcas, principalmente a partir da retirada do seio e de alguma separação em relação à mãe, observaremos os mais diferentes destinos pulsionais que se expressam na vida humana. Seriam os filhotes de outras espécies realmente menos desamparados que os nossos? E ainda, como psicanalistas, que aspectos da nossa sexualidade estariam postos nesta relação política que travamos com as fêmeas de outras espécies? Para nos ajudar a pensar sobre o sexual na Polis convidamos a artista Cecília Cavalieri e a psicanalista Luciana Saddi.
O que é o sexual em Freud? O que é a pulsão sexual? De vida? De morte? Sexual de morte? Como os dualismos de nossas teorias têm sido tensionados pelas forças que irrompem na cultura? Será necessário desconstruir algo do paradigma dualista para recepcionar a sexualidade na contemporaneidade? Jacques Derrida, filósofo franco-argelino nascido em 1930, tem um intenso diálogo com a obra de Freud, e traz o conceito de desconstrução inspirado no mecanismo do recalque, entendendo que é necessário desconstruir determinado pensamento para se revelar aquilo que outrora fora excluído do seu campo de conhecimento. Seria o caso da Psicanálise seguir dialogando com Derrida e promover a desconstrução de paradigmas sobre a sexualidade para melhor compreendermos as demandas da clínica atual? Ou até mesmo desconstruir parte do que entendemos ser o pensamento freudiano? Essas são questões que dão início à nossa nova temporada, “O sexual na Polis”, e para nos ajudar a pensá-las, convidamos o filósofo Moyses Pinto Neto e a psicanalista Ana Paula Terra Machado.
Vivemos tempos difíceis e os mundos são muitos, e cada vez mais cindidos pelo efeito das bolhas digitais. Haverá política capaz de fazer a mediação entre tantos interesses, tantas verdades, tantas tensões? Seremos capazes de instituir um comum e interromper a rota predatória de nossas relações e construir caminhos que tragam o novo e impeçam a iminente ameaça ao nosso planeta? Quais os limites da palavra? Quais os limites da política? Por que vias será possível transformar a realidade? Para nos ajudar a entender a relação da psicanálise com a vida na Polis e como sua relação com a política se apresenta hoje, convidamos o filósofo e psicanalista Vladimir Safatle e o psicanalista Luís Carlos Menezes.
Em seu tempo, Freud constatou que o projeto civilizatório seria um projeto sempre inconcluso, de repetições, avanços e retrocessos, tensões entre forças de construção e destruição, e que o mal-estar seria uma condição inescapável. Reconhece a nossa capacidade destrutiva, mas não previu que a destrutividade humana sobre a natureza chegaria às dimensões caracterizadas hoje pelo Antropoceno. Como avançar em uma ideia de política que seja verdadeiramente atravessada por diferentes formas de estar no mundo? Como a psicanálise poderia contribuir para recuperar o elo apagado entre natureza e cultura? Como construir um futuro que reconheça a nossa ancestralidade? Neste programa, conversaremos com o filósofo Moysés Pinto Neto e a psicanalista Marilsa Taffarel.
Em seu livro "Sobre o autoritarismo brasileiro", de 2019, Lilia Schwarcz escreve o seguinte trecho: 'A história costuma ser definida como uma disciplina com grande capacidade de "lembrar". Poucos se "lembram", porém, do quanto ela é capaz de "esquecer". Há ainda quem caracterize a história como uma ciência da mudança no tempo. Quase ninguém destaca, no entanto, sua genuína potencialidade para reiterar e repetir. Para os ouvidos de um psicanalista, as omissões, os esquecimentos, repetições e distorções são elementos que invariavelmente compõem as narrativas que os sujeitos nos contam sobre si mesmos. Mas de que forma um país pode narrar a sua história? Que conteúdos nossos livros escolares ainda não conseguem nos contar? Que sutilezas afinam ou desafinam a escuta de um historiador? Como ele poderia nos ajudar a identificar nossos sintomas enquanto sociedade? Para conversar conosco sobre o tema “Democracia e Autoritarismo” convidamos a historiadora Lilia Schwarcz e o psicanalista Cláudio Eizirik.
Passados mais de trinta anos da redemocratização, podemos perguntar: como está o cenário contemporâneo que entrelaça arte e política? A ascensão da extrema direita mobiliza propostas de confronto? Os artistas dissidentes conseguiram romper a bolha branca, heteronormativa e masculina que durante séculos dominou o campo da arte? E na psicanálise, quais ações estão acontecendo? As instituições devem se posicionar politicamente diante dos atos antidemocráticos? O que dizer do argumento usado por alguns de que isso fere a ética psicanalítica? Para conversar conosco sobre essas e outras questões, convidamos o curador e arquiteto Diego Matos e o psicanalista Miguel Sayad.
As redes sociais foram fundamentais na formação dos atos golpistas e mostraram seu imenso poder de mobilização. Elas fomentam as crenças conspiratórias, o negacionismo, o fanatismo e as fake news. Uma realidade moldada pelo que hoje entendemos como pós-verdades. E são essas pós-verdades que passam a dominar o cenário político e as relações sociais. A democracia na era digital enfrenta, portanto, severos obstáculos. Estamos preparados para enfrentá-los? Para conversar sobre esse tema, convidamos a antropóloga Paula Sibilia, e o psicanalista Bernardo Tanis.
Da antiguidade ao nosso tempo na era digital, como encaramos o humor? O que a psicanálise pode nos falar sobre a linguagem humorística? Quando pensamos na imagem de um psicanalista ele está sério ou sorridente? É possível trabalhar com o humor na clínica? Esse é um tema que interessava a Freud, que tratou do assunto em dois textos: “O chiste e sua relação com o inconsciente”, de 1905; e “O humor”, de 1927. Qual a concepção do fundador da psicanálise sobre o humor? Em situações adversas, como em ataques antidemocráticos, o humor pode ser um agente contra o mal-estar na cultura? Para conversar conosco, convidamos o roteirista e ator Guido Marcondes e o psiquiatra Júlio Gheler.
Muros, cercas, prédios, periferias, favelas, condôminos, transeuntes, ruínas. A cidade contemporânea e seus fluxos exibem as linhas de processos coloniais não resolvidos, repercutem o impacto das mudanças geopolíticas de exclusão, a privatização dos espaços públicos e as incertezas acerca do futuro. A psicanálise, desde Freud, constrói possibilidades de aberturas a espaços antes impensados. Teremos alguma contribuição a dar hoje ao porvir? Precisaremos ocupar novos espaços na cidade? Será esse o nosso sonho utópico urgente? Para conversarmos sobre isso convidamos o arquiteto Carlos Henrique Lima e a psicanalista Lucia Palazzo.
Ativistas de todo o mundo passam a reivindicar o comprometimento dos Estados com a garantia de condições de sobrevivência – não apenas da espécie humana, mas de todas as formas de vida do planeta, das quais dependemos profundamente. Seguimos apostando no Estado democrático, impregnado dos ideais iluministas, mas o próprio avanço da nossa civilização nos leva rumo ao colapso climático. É, portanto, a partir destas contradições, que se faz necessário e urgente uma escuta ampla sobre o tema que possa nos levar ao fortalecimento de nossa democracia e à construção de novos paradigmas. Para abrir esse diálogo aqui no Mirante, convidamos a médica Érika Pellegrino e a psicanalista Beti Cimenti.
No início do século XX, Freud passa a escutar e a dar voz ao desejo das mulheres. Seus escritos sobre feminilidade, no entanto, retratam caminhos de satisfação pulsional marcadamente restritos e limitadores. Com o avanço da modernidade, as possibilidades de realização pessoal das mulheres se ampliam para além do casamento e da maternidade. E hoje, qual é a nossa realidade? Quais os principais desafios contemporâneos referentes aos direitos e ao sofrimento das mulheres? Que lutas ainda são necessárias para efetivar a igualdade? Para conversar conosco sobre o tema, convidamos a doutora Verônica Ferreira e a psicanalista Juliana Lang.
No Brasil, a Constituição Cidadã de 1988 estabelece o compromisso do Estado com os direitos sociais. Trinta e cinco anos depois, o que podemos dizer da efetivação desses direitos? Na atualidade os números de desabrigados, da fome e da miséria são alarmantes. Retrocedemos? A impossibilidade de acesso aos direitos sociais produz sofrimento psíquico na população. E, infelizmente, a escuta psicanalítica ainda é uma oferta para poucos em nosso país. Em 1919, Freud defendia que os governos deveriam garantir clínicas públicas para a escuta de sua população. Seria essa uma utopia? Afinal, que ideia de Estado podemos sustentar como horizonte? Para conversar conosco sobre direitos sociais e psicanálise, convidamos o filósofo José Antônio Moroni e o psicanalista Ney Marinho.
O ataque aos vínculos sociais e o mal-estar diante da barbárie prejudicam os espaços de construção da alteridade e do reconhecimento da diferença. Poderá a psicanálise aguçar novas sensibilidades e formas de escuta para a inclusão de todas as subjetividades e assim continuar contribuindo para a tão necessária redução das desigualdades para a plenitude da Democracia e do respeito aos Direitos Humanos? Para conversar conosco sobre as relações entre Psicanálise e Direitos Humanos, convidamos a advogada Deborah Duprat e o psicanalista Eduardo Martins.
Neste momento de grave crise política, econômica e ambiental, de afirmação de nossa recente democracia diante de uma polarização que divide o país e que ressoa diariamente nas angústias que ouvimos em nossos consultórios, pretendemos oferecer nesta nova temporada do Mirante uma série de diálogos que possam contribuir para a compreensão de nossa história e de nosso funcionamento enquanto sociedade. Ao longo dos episódios vamos tratar das relações entre Democracia e Psicanálise. Neste programa, convidamos o cientista político Luís Felipe Miguel e a psicanalista Cecília Orsini. Que a efervescência política que ora vivemos possa nos trazer a fertilidade das boas trocas e reflexões.
Ao longo da história da humanidade vimos o ser humano subjugar o seu semelhante, escravizá-lo e tentar apagar todas as referências e memórias com a finalidade de desumanizá-lo para benefício próprio. No Brasil, desde a invasão portuguesa e início do processo colonial, a cosmovisão branca e ocidental procurou estabelecer domínio nas relações individuais e sociais, a partir da lógica de superioridade racial. Se hoje continuamos a enfrentar essa dura realidade, imposta pelo racismo estrutural contra os negros e pelos ataques aos povos originários e à floresta, gerando desigualdade social e violência, será que desse desalento pode surgir algo novo como potência de enfrentamento ao velho mundo? Podemos afirmar que o modo de ser, de estar e de pensar, a partir da visão do homem branco ocidental, está fracassando? Para conversar sobre esse assunto, convidamos o filósofo Renato Noguera e o psicanalista Ignácio Paim.
A criação artística e os efeitos psíquicos que ela produz no espectador estão intrinsecamente ligados ao campo de produção teórica de Sigmund Freud e de outros autores da psicanálise. A influência da arte está presente nos escritos psicanalíticos, mas esse processo se deu com base em uma concepção europeia de arte que se instalou como pretensa inspiração universal. Na historiografia é possível constatar que a arte derivada de matrizes africanas e de povos originários das Américas ficou de fora dos cenários artísticos, foi descaracterizada ou inferiorizada em seu valor e potência culturais. No episódio de hoje vamos receber a atriz Olívia Araújo e a psicanalista Fernanda Marinho para conversar sobre a descolonização e a acessibilidade dos povos negro e indígena nas instituições de arte e de psicanálise.
Ao longo do séc. XX, a psicanálise se espalhou pelo mundo e, entre 1912 e 1920, chegou ao Brasil através de Juliano Moreira, um médico psiquiatra negro que teve acesso à obra de Freud no original. Anos mais tarde, a socióloga negra Virgínia Leone Bicudo foi a primeira mulher fora do campo da medicina a se tornar psicanalista e a ser reconhecida como tal. Como em outras áreas do saber, foi marcante o apagamento estrutural do conhecimento afro-diaspórico na psicanálise, além do domínio da presença branca no ambiente psicanalítico. Vamos conversar sobre isso com Luciano Dias (doutor em Psicologia pela UFRRJ) e Paola Amendoeira (membro da Sociedade de Psicanálise de Brasília).
O Racismo é a engrenagem fundamental do sistema que eleva o branco ao lugar máximo da hierarquia social. O tema Branquitude tem sido cada vez mais estudado, mas muitos ainda desconhecem ou rejeitam esse assunto. Para conversar conosco sobre isso, convidamos Deborah Medeiros, psicóloga e consultora de diversidade e inclusão para audiovisual; e Eliane Nogueira, psicanalista e coordenadora da Comissão Ubuntu.
Para Freud, o ser humano é assolado por impulsos primitivos e egoístas que são neutralizados [em parte] pelas exigências civilizatórias. Entretanto, este homem “civilizado” é capaz das maiores ferocidades – vide a colonização, o patriarcado e as suas consequências que ecoam ainda nos dias de hoje. Conversam conosco sobre a racionalidade colonial praticada em nosso país contra as populações negra e indígena o professor José Damico e o psicanalista Valton Miranda Leitão.
O racismo está amalgamado às relações raciais brasileiras. Atravessa todas as camadas sociais, formando uma trama violenta na qual um grupo social se privilegia em detrimento do outro. As marcas psíquicas que o racismo produz, seja nas pessoas negras ou brancas, são inegáveis, e é disso que vamos tratar na nova temporada do Mirante. Neste primeiro episódio, convidamos o doutor em História Comparada Carlos Alberto Medeiros e a psicanalista Raya Zonana para conversarmos sobre Psicanálise e Liberdade no contexto brasileiro.
No texto "O Poeta e o Fantasiar", de 1908, Freud fala sobre o prazer poético e como os escritores nos atingem quando nos levam no barco de seus devaneios, na maré de suas fantasias – por mais inverossímeis ou absurdas que sejam. Qual o papel da arte em nossa vida psíquica? Estar diante da arte é estarmos confrontados com objetos-questões? Para falar sobre isso, convidamos o artista plástico Gê Orthof e a psicanalista Silvana Rea.
“O sofrer nos ameaça a partir de três lados: do próprio corpo, do mundo externo e das relações com os outros seres humanos”. Essa frase de Freud, presente no texto de 1930 "O Mal-Estar na Civilização”, aponta a natureza indomável como uma das fontes de nosso sofrimento. Para nos ajudar a pensar essas questões, convidamos Maria Luiza Gastal (bióloga e psicanalista) e Nurit Bensusan (bióloga e ambientalista).
Ao estudar a psicologia das massas, Freud nos mostra que nos grupos existe um afrouxamento das repressões em busca de uma livre satisfação dos desejos pessoais. Para conversar sobre desinformação e a mente humana, convidamos a psicanalista Cíntia Xavier de Albuquerque e a jornalista Jaqueline Sordi.
Precisamos lembrar para poder esquecer… Em 1912, Sigmund Freud nos disse: “aquilo que não pode ser lembrado, acaba por retornar em ato”. A compulsão à repetição tende a encerrar quando as lacunas da memória são preenchidas. Neste episódio, convidamos a psicanalista Liana Albernaz e o filósofo Edson Teles para conversarem conosco sobre Memória e Verdade.
Por que a guerra? A pergunta foi feita por Albert Einstein a Sigmund Freud, em carta de julho de 1932. Na troca de correspondência, os dois expressam o estarrecimento diante desse fenômeno que acompanha a história humana. Será a guerra inerente à condição da vida em comunidade? Como evitá-la de modo a preservar os laços sociais que sustentam o processo civilizatório? Convidados: Thais Bilenky (jornalista) e Bernard Miodownick (psicanalista).
Neste episódio, Beth Mori conversa com os analistas Leopold Nosek e Renato Mezan sobre a relação entre psicanálise e cultura. Como a cultura se apropria da psicanálise e vice-versa? E como se dá a dinâmica entre a psicanálise e outros campos de conhecimento no desenvolvimento da cultura – quem influencia quem e como, com que questões?
Este é o Mirante, um podcast para ouvir psicanalistas e pensadores de outros campos debatendo temas relevantes no nosso cotidiano contemporâneo. O Mirante é do Observatório Psicanalítico e pertence à Federação Brasileira de Psicanálise (Febrapsi). Venha conosco nessa viagem, de olhar o mundo a partir do mirante da psicanálise!