Lado Bi

Follow Lado Bi
Share on
Copy link to clipboard

Lado Bi traz toda semana convidados instigantes para debater os assuntos mais relevantes da cultura e cidadania LGBT brasileira, em conversas inteligentes, descontraídas e surpreendentes.

Marcio Caparica


    • Feb 5, 2018 LATEST EPISODE
    • infrequent NEW EPISODES
    • 1h 6m AVG DURATION
    • 197 EPISODES


    Search for episodes from Lado Bi with a specific topic:

    Latest episodes from Lado Bi

    #196 - MBT - Música Brasileira Transviada

    Play Episode Listen Later Feb 5, 2018 45:08


    Essa semana o LADO BI entrevista a historiadora Larissa Ibúmi Moreira, autora do livro "Vozes Transcendentes" (Hoo Editora), em que registra a história das principais figuras da nova cena musical brasileira, formada por artistas que contestam os padrões de gênero e de raça. "É um movimento musical que tem como fio condutor a diversidade, a pluralidade estética, musical e performática", descreve. "É um grupo com enorme potência transformadora, principalmente para os jovens que se espelham neles." Moreira traça as origens desse movimento até a Tropicália, mas aponta uma diferença importante: "A Tropicália foi cooptada por uma elite burguesa e intelectual. Esses artistas vêm da periferia". Ela também aponta dois grandes responsáveis pelo seu surgimento: a internet ("a capacidade de se autopromover possibilita que esses músicos descartem as grandes gravadoras, tradicionalmente dominadas por homens cis héteros e brancos") e as cotas nas universidades ("responsáveis por formarem uma intelectualidade negra periférica que agora quer reescrever sua própria história"). São músicos que escancaram sua homoafetividade e sua relação com o corpo, finaliza, muitas vezes chocando o público tradicional: "Eles trazem o corpo à performance. As pessoas acham que quando se coloca o corpo no palco aquilo não é intelectual, que se baixou o nível. A gente tem que quebrar isso também: corpo e mente são uma coisa só!".

    #195 - Vania Toledo

    Play Episode Listen Later Jan 26, 2018 41:46


    Essa semana o LADO BI entrevista a fotógrafa Vania Toledo, que acabou de lançar a exposição "Tarja Preta" no Museu da Diversidade, em São Paulo. Nela, Toledo resgata os retratos das inúmeras pessoas libertárias, anônimas e famosas, que registrou em 38 anos de carreira: "Eu gosto de pessoas de mente aberta, gente livre. A liberdade sexual sempre existiu, faz parte de qualquer pessoa libertária, qualquer pessoa que se entende por gente." Seu interesse por todo tipo de pessoas fez com que capturasse imagens do mundo LGBT desde a época da ditadura militar: "Eu já fotografava os bastidores das boates gays que eu ia antes de ser fotógrafa profissional. Sempre estive nessa turma contraventora, que não seguia as normas sociais ao pé da letra. A coragem que as pessoas tinham de serem autênticas na época da ditadura era muito maior que hoje. A autenticidade, hoje, saiu de moda." A fotógrafa comenta o movimento contra o assédio feminino: "Sou contra a invasão do espaço físico das mulheres. Mas também acho que os americanos têm mania de fazer caça às bruxas. Você está perdendo a capacidade de sedução entre um homem e uma mulher, dois homens, duas mulheres." Conta também como foi publicar o primeiro livro de nus masculinos da América Latina, o que aprendeu sobre ser mulher ao preparar o livro "Personagens Femininos", em que fotografou atrizes, e ensina: "A fotografia não é feita só pela pessoa que fotografa, é também feita pela pessoa que é fotografada. Tem que ter a delicadeza da curiosidade do conhecimento do outro que está em frente a sua câmera."

    #194 - Indígenas

    Play Episode Listen Later Jan 18, 2018 50:51


    Esta semana o LADO BI conversa com Estevão Fernandes, autor do livro Existe Índio Gay?. O antropólogo explica como os nativos, originalmente abertos à diversidade, aprendeu a homofobia com o colonizador branco: "Há registros históricos de relacionamentos homossexuais entre indígenas desde o século 16, mas nenhum relato de punição quanto a esses afetos. Isso é algo claramente aprendido a partir do contato com o não-indígena, tanto que em vários povos a palavra para 'gay' é uma tradução literal para 'veado', o bicho". Fernandes também aponta como os não-indígenas relegam os indígenas a apenas dois papéis, o do "bom selvagem" e o do "guerreiro": "como a identidade queer acaba não se encaixando em nenhum desses dois estereótipos, é muito comum que se diga que os indígenas 'aprenderam' a homossexualidade com os brancos, o que absolutamente não é verdade". Por fim, ele repreende aqueles que pregam um isolacionismo dos indígenas: "há uma imagem de que o índio tem que morar na floresta, não pode usar celular, calça ou eletricidade... Isso serve muito mais a quem quer usurpar os direitos dos povos indígenas que aos próprios."

    #193 - Aíla

    Play Episode Listen Later Sep 11, 2017 43:35


    Essa semana o LADO BI entrevista a cantora e compositora Aíla, que recentemente lançou seu segundo álbum, "Em Cada Verso Um Contra-Ataque". Paraense radicada em São Paulo, Aíla fala sobre as maneiras que encontrou para unir seu trabalho com a música e seu trabalho como ativista: "quero transmitir mensagens políticas de forma pop, para as pessoas conseguirem cantar junto e compreenderem o que estão cantando." Depois de estrear com um álbum de intérprete ("Trelelê"), a artista gravou suas composições, engajada com temas atuais como o assédio: "Os caras nem querem saber se você é lésbica ou não, o assédio é diário, nas ruas, nas lotações". Ela também celebra a diversidade sexual na faixa "Lesbigay" e combate o racismo com uma faixa de Chico César, "Melanina": "Eu queria muito falar sobre racismo, mas eu sou branca, então não fazia sentido eu escrever sobre isso. Pessoas de todas as raças precisam estar juntos para lutar contra o racismo, assim como não precisa ser gay para lutar contra a homofobia". Ela frisa que política é algo que se faz todos os dias: "Todos nós somos seres políticos. Comprar um pão envolve imposto, envolve várias camadas políticas. Eu tento na minha música fazer microrrevoluções."

    #192 - Futebol

    Play Episode Listen Later Aug 14, 2017 45:39


    O futebol é o esporte mais popular do Brasil, e sem dúvida também um dos redutos mais resistentes da homofobia nacional. Aos poucos, porém, a comunidade LGBT está começando a minar esse preconceito dentro e fora dos gramados. Essa semana o LADO BI conversa com membros de quatro times de futebol formados apenas por gays: Guilherme Castro, do Unicorns (SP); Carlos Sebrão, do Capivaras Futebol Clube (PR); Vinicius Pellegrino, do Fubeboys (SP); e André Machado, do Bees Cats Soccer Boys (RJ), reunidos para participar da primeira Taça Hornet da Diversidade. Todos comemoram a possibilidade de bater bola sem preocupar-se com preconceitos: "é muito mais legal jogar com pessoas que te aceitam", afirma Pellegrino. Fãs do esporte, a maioria reconhece que parou de jogar futebol quando percebeu-se gay: "na época do colégio eu sofria um bullying, eu me sentia deslocado dentro de campo por causa dos preconceitos", lamenta Castro. Os times gays também querem mudar a cultura do futebol: "hétero briga por causa de lateral; o clima nas nossas partidas é muito mais carinhoso", aponta Machado. E mesmo xingamentos e atitudes homofóbicas não são mais vistas como "naturais" depois que os jogadores gays entraram em campo: "não aceitamos mais esse preconceitos estruturais do futebol", avisa Pellegrino. A paixão nacional agora vai ter que ser mais inclusiva, comemora Machado: "estamos no ano zero do futebol LGBT no Brasil!".

    #191 - Poliamor

    Play Episode Listen Later Jul 24, 2017 45:20


    Relacionar-se com duas, três ou mais pessoas é possível? O escritor Alexandre Venancio acredita que sim, e mostra o caminho no guia "Poliamor e Relacionamento Aberto", já nas livrarias. A partir das próprias experiências e pesquisas, o autor oferece um panorama dos relacionamentos poligâmicos: "as pessoas perguntam se eu não sofro com ciúmes, mas na verdade, depois que se abre o relacionamento, aquela fissura para trair acaba. Acho que a vida com permissão para se envolver com várias pessoas é mais serena". Ele acredita que abrir o relacionamento também pode reduzir os próprios preconceitos: "Você abre seu universo e se abre para novas possibilidades. Às vezes você traz uma pessoa para sua cama que não conheceria de outra maneira." Mas mesmo quem está aberto a esse tipo de experiência pode levar conceitos tradicionalistas para algo tão moderno: "Uma mulher pode ter uma atitude machista, por exemplo - permitir-se um envolvimento com outra mulher, mas se incomodar se seu marido sair com um outro homem." Venancio frisa que abrir o relacionamento não salva casamento ("os problemas do casal vão continuar presentes") e conclui: "apenas amar não é suficiente - é preciso também liberdade".

    #190 - Empretecer

    Play Episode Listen Later Jul 10, 2017 73:22


    Apesar de ambos lutarem pela igualdade e representatividade, muitas vezes o movimento LGBT e o movimento negro batem cabeça. O cantor Gê de Lima, o produtor Leo Carter e a atriz Fabiana Pimenta discutem essa semana as intersecções entre essas duas identidades no Brasil de hoje. "Representatividade é algo que nos falta muito", considera Lima. "Onde você vê por aí um beijo gay entre dois negros ou duas negras? O beijo gay já é pouco mostrado, e quando ele é mostrado ele vem com um padrão de beleza". Pimenta conta como o racismo, mesmo dissimulado, afetou sua autoestima: "Quando as pessoas não queriam ficar comigo eu pensava que era porque eu era feia. Depois eu descobri que era porque eu sou negra". Os preconceitos acabam sendo internalizados: "Eu vi isso em mim e em muitos amigos, essa dificuldade de ficar com outros negros por não gostar do que vê no espelho", admite Lima. Isso tem efeito além dos relacionamentos românticos, continua Carter: "A gente acaba acreditando que a gente está por baixo mesmo, e isso interfere nosso comportamento, nossas conquistas, as nossas próprias escolhas". O racismo se manifesta com força também dentro do meio LGBT: "Eu já ouvi que ser lésbica não é coisa de negro", espanta-se Pimenta. Lima concorda: "Já me disseram: 'Um negrão desse, viado?'. Fetichizam muito o homem negro - a gente não pode nem ter pau pequeno". Carter conclui: "Se você mede seu interesse por outra pessoa pela cor da pele, você é racista, não tem conversa."

    #189 - Jean Wyllys

    Play Episode Listen Later Jun 5, 2017 74:41


    Esta semana o LADO BI entrevista o deputado Jean Wyllys, único membro abertamente gay da Câmara e escolhido como uma das 50 personalidades que mais trabalham pela diversidade no mundo. Ele comenta sobre a situação política atual: "Durante muito tempo algumas pessoas relutaram em admitir que se tratava de um golpe contra a democracia. Só numa republiqueta de bananas uma presidenta é derrubada com uma peça jurídica chinfrim escrita por uma psicótica." Também não poupa palavras sobre quem ocupou o poder no último ano: "Michel Temer é um corrupto. O PMDB é uma facção de ladrões. Eduardo Cunha aparecia como um homem de bem, atacando os direitos de gays, de mulheres, dos povos de religião de raiz africana. Onde está Cunha hoje? Na prisão, ele é um bandido." Wyllys também critica as reformas que estão correndo pelo legislativo, como a da Previdência: "As mudanças propostas ampliam o tempo de contribuição e elevam a idade com que as pessoas se aposentam. isso é injusto quando a gente tem um país de proporções continentais como o Brasil, em que a expectativa de vida varia não apenas de região para região, como dentro da mesma cidade. Como a gente não vai levar em conta que travestis e mulheres trans, forçadas à prostituição pela transfobia, têm uma expectativa de vida de 35 anos?" O deputado analisa o atual descaso do poder público quanto à epidemia de HIV: "A Aids a princípio estava circunscrita às classes média e alta. Quando uma doença atinge os mais ricos, é óbvio que o Estado faz mais esforços para controlar essa doença. Quando ela se pauperiza, vai para as camadas pobre, e se interioriza, vai para os rincões do Brasil, ela então deixa de ser uma preocupação maior do estado. Os casos de Aids hoje se concentram entre homens pobres, negros e pardos." Também reconhece que mesmo entre LGBTs há aqueles que não o apoiam: "Muitos gays me detestam porque eu não tenho preocupação só com os gays ricos, eu defendo também os gays pobres, negros, vulnerabilizados pela miséria. Dizem 'O Jean Wyllys não me representa'. Só porque defendo também pobre, preto, travesti, transexual? Então que se foda, não defendo mesmo." Por fim, reflete sobre o efeito que sua carreira política teve sobre sua vida pessoal: "Os homens que se relacionariam comigo têm medo da exposição involuntária que acontece com quem se relaciona comigo. Fui uma vez para a sauna e me trataram como se eu fosse um ET. Como se minha função fosse apenas ser inteligente e defender LGBTs na Câmara."

    #188 - Marta Suplicy

    Play Episode Listen Later May 29, 2017 58:17


    Essa semana o LADO BI entrevista a senadora Marta Suplicy, autora do PLS 612/2011, que visa alterar o código civil para reconhecer o casamento homoafetivo. Comemorando o avanço de sua proposta no legislativo, Suplicy lembra sua trajetória como sexóloga, prefeita e senadora. "Podia falar tudo e ao mesmo tempo não podia falar nada", conta sobre o tempo em que falava sobre sexo no TV Mulher. "Durante a ditadura, falar sobre virgindade, masturbação e homossexualidade na televisão era uma batalha constante. Meu interesse por LGBTs começou com as cartas de sofrimento e dor que eu recebi no programa." Outro projeto que guarda com carinho foi o de educação sexual nas escolas, desenvolvido com Paulo Freire: "Se hoje, em que a escola não pode 'ter partido' e outras ridiculezas do tipo, já seria ousado falar de sexo com crianças, imagina na época." Ela conta como apoiou o início da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, recorda a participação que teve como relatora do PL 122, que tentou criminalizar a homofobia mas acabou arquivado, e conta seu lado da história sobre o infame anúncio de TV que atacava a sexualidade de Kassab durante a campanha para a prefeitura de São Paulo em 2008: "essa foi a primeira que o João Santana armou para mim. Ele sujou a minha biografia de luta por LGBTs." E dá um recado para seus colegas senadores: "Como eles não falam com seus eleitores sobre a questão LGBT, eles não sabem o que eles pensam. As pessoas não deixam de votar para um candidato por seu apoio a homossexuais, bissexuais e transexuais."

    #187 - Ditadura militar

    Play Episode Listen Later May 22, 2017 61:01


    Essa semana o LADO BI revê, com a ajuda do advogado e ativista Renan Quinalha, organizador do livro "Ditadura e homossexualidades", como a ditadura militar brasileira tratava a cultura LGBT enquanto esteve no poder. "Além de criar um inimigo interno político, a ditadura criou a figura do subversivo, aquela figura indesejável que não reproduz os valores tradicionais da família brasileira: o homem afeminado, a mulher masculinizada, as travestis". A luta contra esse "mal da sociedade" justificava todo tipo de violência contra LGBTs: "a polícia utilizava crimes como 'vadiagem' ou 'atentado ao pudor' para deter homossexuais e travestis, extorqui-los e espancá-los. Muitas travestis quando presas cortavam-se com giletes para que fossem levadas ao hospital e não para a delegacia." Outras maneiras de reprimir a cultura LGBT eram apreender livros ou revistas voltados para LGBTs, fazer devassas contábeis em editoras e autores que produziam esse material, ou fazer vista grossa para atentados a bomba contra quem vendia esse tipo de material. O período de maior repressão à cultura LGBT, aponta Quinalha, foi quando o regime começava a abrandar politicamente: "era uma forma de 'mostrar serviço': a política pode estar passando por uma abertura, mas isso não vai afetar os valores da nossa família". Quinalha vê também paralelos entre 1964 e atual situação política: "certamente não vivemos numa democracia. Nas periferias das grandes cidades, hoje, em um ano desaparecem mais pessoas que em 20 anos de ditadura".

    #186 - Edgar de Souza

    Play Episode Listen Later May 15, 2017 55:42


    O primeiro prefeito abertamente gay do Brasil fala de sua trajetória política, conta como concilia sua fé católica e sua homossexualidade e condena o partidarismo extremo: "a causa LGBT deve superar rivalidades políticas".

    #185 - Sudeste asiático

    Play Episode Listen Later Apr 10, 2017 60:09


    Essa semana o LADO BI explora a realidade LGBT do Sudeste Asiático com Gabriel Alves de Faria, fundador da Not Only Voices. Gabriel passou três meses percorrendo países como Singapura, Vietnã, Tailândia e Indonésia, durante os quais ele entrevistou 80 ativistas LGBT. Ele conta que os efeitos das religiões orientais sobre a homossexualidade não são tão distintos quanto o das religiões do nosso lado do mundo: "Eles reconhecem-se como gays, que têm atração por pessoas do mesmo sexo, mas preferem não ter atividade sexual, porque vai contra sua crença islâmica. No budismo, há uma maior aceitação, mas sempre ligado a uma questão cármica, uma questão de punição por algum erro em uma vida passada". Ele pode presenciar como é a vida de LGBTs em países em que a homossexualidade é proibida por lei: "É difícil promover a prevenção do HIV e distribuir camisinha, porque isso é considerado uma 'promoção' da homossexualidade. Gays têm medo de entrar em hotéis com outro homem, pois a polícia pode parar, ver o registro na portaria e invadir o quarto". A cultura LGBT é apagada da mídia: "na Singapura, por exemplo, o casal gay de 'Modern Family' não passa de dois amigos que moram com uma criança em casa - todas as referências ao relacionamento amoroso entre eles são cortadas". Outras tradições, no entanto, fazem com que a transexualidade seja mais bem aceita que a homossexualidade: "Devido a uma cultura milenar de crossdressing, mulheres trans são mais bem aceitas, apesar de não plenamente. Para eles, um homem gay é um desafio maior às estruturas patriarcais."

    #184 - Homens trans

    Play Episode Listen Later Apr 3, 2017 68:59


    Na próxima segunda-feira estreia a novela "A força do querer", que entre seus personagens terá um homem trans. Antes de Gloria Perez dominar o imaginário nacional, o LADO BI traz ao estúdio três homens trans para conhecer suas realidades: Miguel Ângelo de Simone, 19 anos, estudante; João Henrique Machado, 25, estudante; Lam Matos, 34, diretor do Ibrat (Instituto Brasileiro de Transmasculinidades). Matos acredita que a exposição em rede nacional fará com que mais homens trans tenham a coragem de tornarem sua existência pública, "e isso vai incomodar muita gente, principalmente quem gosta de dizer que 'homem é homem e mulher é mulher'." Simone torce para que a representação fuja do ideal que tentam impor para os homens trans: "querem que sejamos todos gostosos, sarados, com a barriga chapada". Os três sentem que a maneira como são tratados se transformou depois que passaram a serem percebidos como homem: "agora eu vou na padaria e me chamam de grande. Eu tenho 1,65m!", repara Simone. "Agora eu levo o carro para o mecânico e ele acredita no que eu digo. Antes eu era ignorado porque 'mulher não entende de carro'", constata Matos. "Por eu ser negro, muitos começaram a me ver como alguém perigoso, a polícia passa bem devagar por mim na rua", lamenta Machado. Sua história de vida lhes dá um ponto de observação único sobre o comportamento masculino ("Há muita pressão entre os homens cis para se contar vantagem sobre o que se fez com as mulheres", aponta Machado) e sua fixação com o pênis: "as pessoas querem homem ou pinto pra namorar? Porque, se for pinto, na sex shop tem um monte", ironiza Matos.

    #183 - Islã

    Play Episode Listen Later Mar 27, 2017 82:11


    A fé muçulmana é constantemente retratada de maneira negativa por nossa cultura cristã ocidental, principalmente quanto à maneira como trata LGBTs. Mas quais são as verdadeiras filosofias do Islã quanto à homossexualidade e a transgeneridade? A professora Francirosy Barbosa, coordenadora do Grupo de Antropologia de Contextos Islâmicos e Árabes da USP Ribeirão Preto, é a convidada do programa dessa semana. Ela explica que a visão da maior religião do mundo não é tão diferente daquelas que a precederam: "a homossexualidade no Islã, assim como no judaísmo e no cristianismo, é considerada interdito, 'haram'". A sexualidade de todas as pessoas, nessa cultura, é considerada algo de cunho privado: "No Islã, se você não publiciza sua homossexualidade, ninguém tem o direito de interferir na sua vida". Esse ainda é um assunto muito recente na história de todas as religiões, ela afirma: "não acredito que a homossexualidade vai deixar de ser considerada haram, mas certamente o que vai mudar é como os muçulmanos vão lidar com isso". Ela frisa que o Islã tem, por princípio, não discriminar jamais qualquer pessoa: "Um muçulmano temente a deus jamais vai discriminar quaisquer seres humanos, e jamais pode dizer que alguém não é muçulmano por qualquer razão." A necessidade de estabelecer um binarismo em tudo no mundo é responsável pelo fenômeno das cirurgias de mudança de sexo no Irã, que recebem apoio do Estado: "Não se pode ter nada 'intermediário': ou você é homem ou você é mulher. O Irã instituiu que o ser humano tem que definir sua orientação sexual - nesse caso, com a cirurgia." Barbosa também desmistifica a questão do uso do hijab, o véu das mulheres muçulmanas: "O lenço da mulher muçulmana é uma obrigação alcorânica, mas vinda de Deus. Nenhum homem pode obrigá-la a usar o lenço". E aponta o preconceito dos brasileiros: "o grande problema das mulheres muçulmanas no Brasil, na verdade, é que aquelas que querem usar hijab não conseguem emprego."

    #182 - Amanda Nunes

    Play Episode Listen Later Mar 20, 2017 62:47


    Essa semana o LADO BI entrevista Amanda Nunes, campeã da categoria peso-galo do UFC. A lutadora consolidou sua posição entre as grandes atletas do MMA quando, em dezembro, nocauteou a ex-campeã Ronda Rousey em menos de 50 segundos. E, em seguida, comemorou a vitória com sua namorada, Nina, no ringue. "Eu nunca escondi de ninguém que sou lésbica", afirma. "Mesmo antes dessa luta, eu já mostrava no Instagram que estamos juntas." Ela afirma que sente a maneira como a mídia e o UFC dão mais projeção a Rousey, por seguir um padrão de beleza padrão, mas resiste a tentar enveredar pelo mesmo caminho: "Eu sabia que seria campeã do jeito que sou, independente do que o UFC quer fazer com a divisão". Nunes conta sua trajetória até conquistar o cinturão do UFC: "eu dormia na academia para não gastar com transporte. Mesmo depois de conseguir ir para os Estados Unidos treinar, continuava focada. Quando surgiu a oportunidade de lutar por lá, três meses depois, estava preparada". Acostumada a treinar com homens, lembra-se que já surpreendeu vários machos incautos: "o jiu-jitsu é um esporte que usa bastante a técnica. Eles pensavam que é só questão de força, mas, como treino a mais tempo, tenho a técnica mais refinada e acabava finalizando". No futuro, quer ajudar outras garotas a seguirem a trajetória de sucesso que traçou: "penso em abrir uma academia para o público feminino, ajudar as meninas a chegarem lá mais rápido e darem porrada".

    #181 - Misoginia

    Play Episode Listen Later Mar 13, 2017 64:37


    "O machismo é o medo que os homens têm das mulheres sem medo". Essa frase de Eduardo Galeano orienta o trabalho da convidada do LADO BI dessa semana, a professora Lola Aronovich, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do "Escreva, Lola, Escreva", um dos principais blogs feministas do Brasil. Aronovich analisa os efeitos da misoginia em nossa cultura, especialmente sobre a vida de LGBTs. "Eu nunca vi uma pessoa misógina que não fosse homofóbica", aponta. Mas lembra que pessoas LGBT também podem ser misóginas: "A gente vê muita misoginia por parte de gays, que dizem que têm nojo da vagina, etc. Também há muito caso de violência doméstica entre lésbicas." A homofobia, acredita, é essencialmente ligada à misoginia: "A gente vive numa sociedade que não olha bem as mulhereres. Termos como "mulherzinha" são constantemente usados para diminuir os homens; o gay é atacado por ser visto como feminino." A professora conta dos ataques feitos contra seu blog e as ameaças vindas de machistas com as quais convive há anos: "Para esses caras, feministas, que são mulheres que defendem outras mulheres, são alvo de ódio em dobro." Aronovich também analisa o efeito que a misoginia teve na política: "A última eleição foi o duelo entre o 'homem de bem' contra a 'mulher leviana'. Dilma sempre foi criticada por ser mulher! Uma coisa é você criticar o governa da pessoa, outra é atacar a pessoa por ser mulher. Quantas vezes a hashtag #queremosdilmanaplayboy foi parar nos trending topics?". Os homens hétero e cis também poderiam se beneficiar com o fim do machismo e da misoginia, finaliza: "o homem hétero tem que provar o tempo todo que é homem com H, homem macho. Imagina que maravilha se os homens pudessem viver sem ter que reforçar o tempo todo sua masculinidade?".

    #180 - Diversidade

    Play Episode Listen Later Mar 6, 2017 53:18


    Fazer com que pessoas dos mais variados históricos se conheçam e apreciem (e valorizem!) suas diferenças é a chave para uma sociedade melhor. Essa é a crença dos organizadores do Boteco da Diversidade, evento que está acontecendo mensalmente no SESC Pompeia, em São Paulo. Três envolvidos com essa iniciativa são os convidados do LADO BI dessa semana: a cartunista Laerte Coutinho, a psicóloga Elaine Bortolanza, integrante da Daspu, e Larissa Meneses, Supervisora do Núcleo Socioeducativo do Sesc Pompeia. Bortolanza aponta os novos rumos que a compreensão da identidade de gênero está tomando: "antes a transexualidade era vista como uma patologia, hoje está mais ligada a uma expressão cultural". Laerte elogia as novas maneiras de se manifestar a transexualidade que brotaram nos últimos anos: "forma-se uma discussão mais densa e mais produtiva sobre o que é gênero, expressão de gênero, e as diferentes entre isso e orientação sexual". Bortolanza aponta como outros grupos estão entrando na consciência dos direitos das minorias: "estamos começando a dar mais atenção para outros grupos que estão nessa posição do não-direito, como os refugiados". Laerte termina por apontar a importância que promover a diversidade tem para todas as pessoas: "os direitos humanos dizem respeito a todas as pessoas cidadãs do país, beneficiam a todos".

    #179 - Coaching

    Play Episode Listen Later Feb 20, 2017 50:53


    Esta semana o LADO BI descobre o que é o processo de coaching e como ele pode ser feito especificamente para a população LGBT. A convidada é Flavia Adura, fundadora da empresa Buttlerfly Coaching. Especializada em ajudar lésbicas a desenvolverem seu potencial, Adura explica qual é a vantagem de se trabalhar com um coach que também é LGBT: "quando você está com uma pessoa que passou pelos mesmos problemas e dificuldades, você tem um atendimento focado nos seus problemas". Grande parte do trabalho que faz com suas clientes, conta Adura, é ajudá-las a sair do armário: "se alguém tem que viver escondendo quem é, estará fragilizada. Isso prejudica a vida profissional e pessoal." Mas declarar-se homossexual não é tudo: a coach também aponta a necessidade de se livrar de crenças limitantes quanto à homossexualidade e a homofobia internalizada: "Só porque você se assumiu não quer dizer que você está bem com tudo o que sofreu e o que lhe foi ensinado na infância". Isso pode levar a um comportamento de supercompensação: "Há pessoas que pensam: 'se é errado, eu preciso ser muito melhor em tudo, para que ninguém tenha nada de ruim para falar de mim'," conclui.

    #178 - Rico Dalasam

    Play Episode Listen Later Feb 13, 2017 68:26


    Esta semana o Lado Bi traz ao estúdio Rico Dalasam, o primeiro rapper brasileiro abertamente gay. Ele conta como foi crescer na periferia, lidando com o conflito entre sua sexualidade e a cultura com que se identificava: "Eu não tinha muito desejo de ir nas festas gays, porque eu não me via lá. Eu ia nas festas de rap, onde eu não pegava ninguém, mas era onde eu me via nas pessoas." Hoje, ele abriu caminho em uma carreira bem-sucedida no rap, e, acredita, está mudando a maneira como o rap enxerga LGBTs: "Os orixás do rap respeitam o que eu faço: Mano Brown, Criolo, Emicida. Eu já fiz coisas com os maiores nomes, existe uma reciprocidade. Quando esses caras se veem em mim de algum jeito, isso quebra alguns conceitos que eles tinham em sua visão de mundo". Dalasam critica a maneira como a indústria se apropria da cultura da periferia, sem lhe dar nada em troca: "O que bate aqui da periferia, quando bate, é alguma manifestação cultural que o hype aceita, alguma coisa da nossa imagem que o mundo branco aceita e acha válido se apropriar. Mas isso não dá retorno nenhum pra gente. A favela não recebe royalties de nada". O rapper explica como usa sua imagem como arma: "A imagem para mim tem esse papel: se eu falar ninguém vai ouvir, então vou usar meu corpo como estandarte pra dizer que eu não me adequo. Quando todo dia morre alguém por ter atitude, isso passa além da mera atitude". Ciente de seu papel como referência para jovens negros LGBT, ele celebra as identidades que se encontram em sua pessoa: "Ser uma bicha adolescente preta é uma glória, é uma borboleta rara, é um bicho bonito, uma flor rara. Hoje ter uma bicha preta pra ser ver na vida de um menino gay preto é algo mágico. Hoje eu me vejo neles e penso "caralho, eu não vivi os 14 anos".

    #177 - Blocos de rua LGBT

    Play Episode Listen Later Feb 6, 2017 66:34


    Essa semana já têm início as festas de pré-Carnaval! São Paulo está com um Carnaval de rua cada vez maior, e o LADO BI chamou ao estúdio os organizadores de alguns dos principais blocos de rua LGBT para comemorar esse mês de festa: Fernando Magrin e Will Medeiros, do Minhoqueens; Mauricio Lima, do Bloco da Catuaba; Salete Campari, do Bloco da Salete Campari; Miky Ruta, do bloco Sai Hétero; e . Todos frisam a importância da existência dos blocos voltados ao público LGBT: "são blocos em que não há nenhum tipo de preconceito - você vai montado, desmontado... Não importa se você é hétero, é gay, é trans, vindo com respeito e glitter, vai se divertir". Os blocos também são uma forma importante de expressão de ideias e valores: "Quando a gente coloca um bloco na rua, a gente quer expressar o que queremos ver por aí", explica Campari. "Queremos levar ao carnaval o movimento que queremos defender. No meu caso, é a causa das travestis, que são discriminadas na rua." A alegria e a tolerância acaba criando uma festa em que a solidariedade dá o tom, acredita Lima: "eu vejo que, nos blocos, a galera fica muito próxima: ajuda quem passa mal, coloca no facebook que encontrou algo perdido. O povo está curtindo, mas também está se cuidando."

    #176 - Pabllo Vittar

    Play Episode Listen Later Jan 23, 2017 50:09


    O Lado Bi começa 2017 entrevistando a Pabllo Vittar, a drag queen que canta na banda do programa "Amor e Sexo", que acabou de lançar seu primeiro disco, "Vai passar mal". Na onda do sucesso de "Open Bar", seu primeiro sucesso, Vittar decidiu fazer um álbum dançante que cultiva a autoestima de seus fãs: "acho que as pessoas que começaram a ouvir minha música estavam no mesmo momento que eu. Eu precisava ouvir uma mensagem de eu não estava sozinha, tudo vai melhorar... Eu recebo muita mensagem de fãs dizendo: 'eu pensava em me suicidar, mas no dia que eu ouvi sua música, tudo passou a fazer sentido pra mim'." Ela conta que se sente responsável por ter a plataforma da Rede Globo para representar as drag queens brasileiras: "Eu recebo muita mensagem de drag iniciante, e eu ajudo no que eu posso, numa dica, numa sugestão de vídeo... quero que haja muitas outras drags depois de mim!". Sua projeção também lhe rendeu muitos haters, para os quais ela diz apenas: "Eu amo cada um deles porque eles me dão mídia grátis. Meu álbum está no topo das paradas." Emocionada com o início de seu sucesso, ela afirma: "Eu tenho certeza que eu nasci pra cantar e pra subir num palco batendo cabelo".

    #175 - Retrospectiva Positiva

    Play Episode Listen Later Dec 26, 2016 68:52


    Que 2016 foi um ano difícil ninguém contesta. Mas houve acontecimentos que salvaram o ano, e o LADO BI, com a ajuda de Vicente Carvalho, um dos fundadores do site Razões para Acreditar, decidiu fazer uma RETROSPECTIVA POSITIVA do ano. Também vieram lembrar o que 2016 teve de bom para oferecer o ativista Gustavo Bonfiglioli, do movimento Revolta da Lâmpada: "O que fica de bom para 2017 é a necessidade de resistir pela nossa sobrevivência. Quanto mais lâmpada, mais rua!"; Assucena Assucena, do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira: "Foi o ano da construção de uma cena, mesmo. A gente encontrou Rico Dalasam, Liniker, Tássia Reis, e começamos a construir uma identidade, não apenas pelo discurso de identidade de gênero, mas também pelo discurso da mulher"; Néon Cunha, diretora de arte que teve sucesso em sua ação de identidade de gênero: "Foi a primeira vez que a constituição foi usada a favor de uma pessoa trans"; e Todd Tomorrow, um dos candidatos LGBT a vereador em 2016: "As LGBTs estão se organizando mais, o que fez diferença para que a gente colocasse mais candidatos na disputa. A própria eleição de David Miranda no Rio de Janeiro vai ser um mandato para a gente acompanhar".

    #174 - Retrospectiva Musical

    Play Episode Listen Later Dec 19, 2016 64:00


    Finalmente 2016 está chegando ao fim, e o LADO BI começa a virar essa página de nossa história revendo como músicos que exibem sua identidade LGBT com orgulho tomaram conta da MPB nesse ano. Lineker e Zé Ed, dois cantores e compositores que lançaram álbuns agora no final do ano, compartilham suas impressões sobre como é fazer e viver de música em 2016. "Estamos criando uma rede. Eu acho que o trabalho de um fortalece o trabalho de outro, desenvolve parcerias", acredita Lineker. As dificuldades políticas de 2016 afetaram o trabalho dos músicos, lembra Zé Ed: "Minhas letras falam de amor, de alegria. É um desafio falar disso nesse momento". Lineker concorda: "todas essas tensões que a gente vem vivendo acabam gerando essa situação em que a música se torna um espaço para a gente extravasar e se alimentar de coisas boas". Os dois fazem questão de frisar como a MPB clássica alimenta a MPB que se faz hoje: "Eu não teria chegado aonde cheguei sem essas referências", afirma Lineker. Zé Ed resume o sentimento de 2016: "ser MPB já é militância!".

    #173 - População de Rua

    Play Episode Listen Later Dec 12, 2016 62:10


    Essa semana no LADO BI entrevista Felippe Francisco, diretor do documentário "As Cores das Ruas", sobre a população LGBT que vive nas ruas de São Paulo. O cineasta conta como foi o processo de pesquisa e filmagem do filme, e o que aprendeu durante o tempo que conviveu com essas pessoas. "A grande maioria delas foi rejeitada pela família," explica. "Encontrei vário garotos gays, entre 12 e 17 anos, que moram na rua. Pessoas com carros importados encostam na calçada e eles se prostituem por uma pedra de crack, por nada, 5 reais." O crack é uma presença constante na vida da população de rua, afirma: "ele é uma zona de conforto para essas pessoas que vivem em condições tão desumanas. Nem os estudiosos conseguiram estabelecer ainda se a rua leva ao crack, ou o crack leva à rua." Outra presença constante na vida dessas pessoas é o HIV: "Mais de 90% da população LGBT de rua tem HIV. Mas o tratamento dessas pessoas é muito difícil. Eles têm que buscar a medicação todos os dias no hospital, mas como estabelecer um tratamento com alguém que pode passar vários dias sem conseguir aparecer?"

    #172 - Prevenção do HIV

    Play Episode Listen Later Dec 5, 2016 74:54


    Como não poderia deixar de ser, no dia 1 de dezembro o LADO BI aborda a prevenção do HIV. Ricardo Vasconcelos infectologista do Hospital das Clínicas da USP e coordenador do programa PrEP Brasil, e Natalia Cerqueira, psicóloga e também coordenadora do PrEP Brasil, trazem as últimas informações sobre HIV/Aids. O que transmite e o que não transmite HIV? Quais são as formas de prevenção do HIV além do preservativo? Os profissionais tiram das dúvidas mais recorrentes apresentadas por pacientes. Eles também discutem como é o tratamento do HIV hoje em dia: "Não é tão simples tratar o HIV: há efeitos colaterais, tem que tomar remédio todo dia... Mas os remédios estão cada vez com menos efeitos colaterais, e exigem cada vez menos doses. Sem dúvida, estamos num bom momento porque com tratamento ninguém vai morrer, mas é uma vida igual a quem não tem HIV? Não." Por fim, também informam sobre a epidemia de sífilis que está acontecendo no Brasil: "é um clássico do laboratório de infectologia alguém procurar o médico porque está com sintomas de sífilis, e, quando faz o exame, descobre que tem HIV".

    #171 - Sistema Carcerário

    Play Episode Listen Later Nov 28, 2016 69:46


    "A cadeia, na verdade, serve para reforçar e reproduzir os preconceitos aqui de fora." Quem afirma isso são os convidados do LADO BI dessa semana, participantes da Pastoral Carcerária: Pedro Rivellino, Mariana Antonio Santos e Geralda Ávila. Eles vieram contar o que veem nos sistema penitenciário de São Paulo em suas visitas a presídios e centros de detenção. "Tem homofobia por parte dos presos, dos agentes, das famílias que visitam", conta Rivellino. "As pessoas trans deveriam ter seu nome social respeitado, mas na prática isso não acontece." Eles também explicam por que não são a favor de celas exclusivas para LGBTs: "É comum que haja 60 pessoas colocadas numa cela feita para 12. O problema de superlotação das celas LGBTs são ainda maiores. Além disso, a gente sabe que a rede de sobrevivência das travestis é pautada nos héteros. Elas não tem visita, não tem que leve jumbo, não dá pra comer a comida do presídio, então elas têm que fazer serviços pra sobreviver." A questão das doenças sexualmente transmissíveis e cuidado médico é desprezada, quando não esquecida: "Não há política pública de prevenção de DSTs na cadeia, apenas a distribuição de preservativos fora da prisão para quem entra". Os três são unânimes em afirmar que o atual sistema punitivo não funciona, e propõem o sistema de justiça restaurativa: "Não faz sentido você retirar uma pessoa da sociedade para que ela aprenda a viver em sociedade. Essa pessoa, ao sair, vai ter seu futuro reduzido ao passado".

    #170 - Psicanálise

    Play Episode Listen Later Nov 21, 2016 67:15


    Freud, em 1922, disse "eu não tolero que excluam homossexuais da formação psicanalítica". Como então, em poucas décadas, a homossexualidade tornou-se tabu entre psicanalistas e tentativas de "cura gay" tornaram-se comuns? É o que discutem Lucas Charafeddine Bulamah, autor de "História de uma regra não escrita: a proscrição da homossexualidade masculina no movimento psicanalítico", e Oswaldo Ferreira Leite Neto, dirigente do serviço de psicoterapia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. "Na década de 1970, começaram a surgir as denúncias de discriminação na IPA", explica Bulamah. "A psicanálise já estava estabelecida como uma prática homofóbica. Nessa época, quem procurasse um psicanalista acabaria por tentar ser curado." Ainda hoje não é incomum encontrar psicanalistas que demonstram algum tipo de homofobia: "Muitos psicanalistas ainda perguntam quem é o homem, quem é o mulher", exemplifica Leite Neto. Ele também aponta a raiz de muitos dos sofrimentos psíquicos de LGBTs: "Rejeição é algo muito fundamental, e LGBTs sempre passam por ela, seja no núcleo da família, seja no núcleo escolar, como bullying". Bulamah aponta algumas das estratégias que se desenvolve para compensar essa rejeição: "são estratégias de hipercompensação do desejo: 'eu preciso aparecer mais, preciso ter um corpo fabuloso, preciso que todos me desejem', para tentar compensar uma rejeição primária." Os dois alertam para o absurdo de se pregar uma "cura gay": "se alguém diz que está sofrendo por ser gay, não se pode desvincular esse sofrimento de seu contexto social - sua origem pode vir não de ser homossexual, mas de sua família."

    #169 - MPB

    Play Episode Listen Later Nov 14, 2016 57:05


    Uma das maiores entidades culturais do Brasil, a MPB sempre esteve permeada por artistas e canções LGBT. Essa semana o LADO BI conversa com Renato Gonçalves, o autor do livro "Nós Duas", que analisa como a cultura queer e a música popular brasileira vêm interagindo nas últimas décadas. "Nós, brasileiros, somos permeados por música desde sempre, é uma parte muito importante de nossa cultura", aponta. "A canção foi um dos espaços de resistência durante a ditadura, depois se tornou um espaço de transgressão, hoje é de afirmação. A música cria redes de convivência." Em seu trabalho, o pesquisador mostra vários exemplos de canções e artistas com mensagem LGBT, mas lembra que não é necessário ser LGBT para dar sua contribuição à causa - "Chico Buarque é um grande exemplo disso". Ele termina por comemorar os novos movimentos na música brasileira que estão quebrando barreiras de gênero e de sexualidade: "nos últimos 10 anos a teoria queer entrou no Brasil. Questões de não-binarismo são discutidas, e isso entrou na música.".

    #168 - Jesus

    Play Episode Listen Later Nov 7, 2016 53:48


    A primeira temporada paulistana da peça "O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu", monólogo que imagina o retorno de Jesus à terra como uma travesti, está chegando ao final. O LADO BI conversa com Renata Carvalho, atriz que protagoniza a peça, e Natalia Mallo, sua diretora, para descobrir como foi o processo de adaptação desse texto originalmente britânico para a realidade brasileira e sua importância para a visibilidade das travestis. Mallo explica o que guiou suas decisões como diretora e tradutora do texto original da dramaturga Jo Clifford: "A gente trata Jesus como um mito, uma referência moral para a sociedade. Quando se traz Jesus para os dias de hoje, você cria uma reconexão com esse mito". E celebra que, no Brasil, essa Jesus contemporânea seja travesti: "Travesti é uma identidade brasileira. Quando uma pessoa como a Renata mantém a identidade travesti de uma maneira política, ela dá visibilidade para todas as outras travestis." Carvalho explica que seu trabalho e sua insistência em identificar-se como travesti empodera todas as pessoas dessa identidade de gênero: "no Brasil, Jesus volta como uma travesti. Eu sou uma travesti. Quem começou o movimento LGBT foram as travestis, que enfrentaram a ditadura". Vivendo nos palcos um dos principais líderes religiosos do mundo, Carvalho lamenta ser excluída das instituições religiosas: "Nenhuma religião aceita plenamente as travestis. Eu não tenho religião, tenho religiosidade, o que é bem diferente".

    #167 - PSDB

    Play Episode Listen Later Oct 31, 2016 69:40


    Terminaram as eleições de 2016, e o Lado Bi aproveita a ocasião para conversar com o partido que venceu as eleições para prefeito em São Paulo, o PSDB. No estúdio, dois representantes do grupo Diversidade Tucana: Fabio Valente Cabral, Presidente do Diversidade Tucana da Cidade de São Paulo e Conselheiro do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT de São Paulo, e André Gomes Juquinha, Presidente do Diversidade Tucana do Estado de São Paulo. Eles afirmam que o PSDB é um partido inclusivo, que dá grande importância para a causa LGBT: "nos estados onde o PSDB tem maior governabilidade, como São Paulo, as políticas LGBT avançam, e muito. Esses são os lugares onde elas estão mais bem estabelecidas". Cabral explica como o Diversidade Tucana influencia seu partido: "nós pedimos que candidatos assinassem termos de compromisso, mas vamos atrás de todos os vereadores do PSDB, mesmo aqueles que não assinaram". Juquinha afirma que o prefeito João Dória vai manter e ampliar iniciativas do governo Haddad, como o programa Transcidadania e os centros de referência LGBT, e explica o que o candidato tinha em mente quando disse que acabaria com as secretarias que defendem os direitos das minorias: "quando ele falou de tirar as secretarias, ele falou de uma nova forma de organização - a troca de secretarias por coordenadorias que ajam de forma transversal através de todas as secretarias".

    #166 - Personagens

    Play Episode Listen Later Oct 24, 2016 66:21


    Essa semana o LADO BI conversa com o dramaturgo Alexandre Rabelo, autor do romance "Nicotina Zero", para explorar os vários personagens LGBTs que surgiram na literatura ao longo do tempo. Rabelo aponta que a existência de personagens homossexuais está longe de ser novidade: "o primeiro literário de que se tem notícia, a epopeia de Gilgamesh, na Babilônia, já contém protagonistas gays, pois acompanha os amantes Gilgamesh e Enkidu. O grande foco da Ilíada é um foco homoerótico: Aquiles só entra na Guerra de Troia por causa da morte de seu amante, Pátroclo". É possível reinterpretar personagens que classicamente não são considerados homossexuais, acredita: "Hoje certamente Iago, da peça 'Othelo', seria visto como uma bicha má. O amor real na história de Don Quixote acontece entre Don Quixote e Sancho Pança". Rabelo também lamenta a gama limitadíssima de personagens LGBT presente na cultura popular ("Há uma gama enorme de personagens gays que ainda não foram explorados") e afirma que é possível explorar temas LGBTs na literatura sem no entanto limitar a obra a um nicho: "Sou gay, faço questão de que saibam disso, mas não escrevo apenas para gays, escrevo para todos."

    #165 - Pensamento LGBT Brasileiro

    Play Episode Listen Later Oct 17, 2016 53:37


    "A população LGBT tem direito à memória, a perceber que tem referência cultural". Quem afirma isso é o convidado dessa semana, Felipe Areda, antropólogo, professor da UnB e criador da disciplina Pensamento LGBT Brasileiro. Areda considera que abrir-se esse espaço para os estudos da cultura LGBT brasileira é importante culturalmente e politicamente: "a primeira motivação foi política: o direito à memória, o direito ao luto, o direito à percepção de comunidade". A cultura LGBT, afirma, ainda é vista como algo marginal, apesar de influenciar a cultura nacional há décadas: "ela não tem permissão de aparecer, mas existe, produz linguagem, produz pensamento". O preconceito, lembra, muitas vezes faz com que agentes culturais LGBT tenham sua identidade heteronormatizada para a posterioridade: "não conseguimos ser lembrados sequer pelo que realmente somos". Areda ressalta que é importante destacar o que torna a identidade LGBT brasileira distinta do resto do mundo: "a gente nunca vai conseguir produzir conhecimento para competir com os europeus se a gente ficar pensando que é europeu. A gente tem muitas coisas que eles não têm!" Sua disciplina acaba por criar uma comunidade LGBT com a qual as pessoas podem se identificar: "alunos me contam que, graças ao curso, conseguiram identificar coisas dentro de si mesmos que não sabiam existir. Esse referencial de comunidade cria um espaço de acolhimento".

    #164 - Bichice

    Play Episode Listen Later Oct 10, 2016 60:48


    Essa semana o LADO BI debate o poder da bichice com duas funkeiras que estão batendo de frente contra a heteronormatividade: MC Linn da Quebrada e Paz. Autora do funk "Enviadecer", Linn explica a força de se exaltar a bicha afeminada: "Queremos dizer que enviadecer é uma possibilidade sim, e uma possibilidade esplêndida. Nós somos fortes e protegidas quando estamos juntas, porque os donos do sistema ainda são os machos." Paz e Linn apontam que a postura realmente frágil é a do machão, que deseja as bichas escondido ("nos desejam, desde que ninguém esteja vendo") e se abala por qualquer coisa: "Um simples esmalte numa unha, um batom, um olhar, um sorriso, qualquer traço de sensibilidade colocado num corpo masculino já trinca a masculinidade". Para aqueles que reclamam por serem "forçados" a terem tesão por bichas, rebatem: "Sexo é linguagem, e assim como a gente aprende a falar uma língua, podemos aprender outras. Tendo a oportunidade de se relacionar com outros corpos e de outras formas, nós aprendemos outras linguas sexuais, outros prazeres, outros orgasmos, outros órgãos sexuais." E criticam a representação das bichas na mídia: "forma-se um império em que se vê sempre o mesmo tipo de homem ocupando as mesmas posições, e as bichas ocupando sempre os mesmos lugares sociais: a bicha engraçada, ocupando o papel do cômico, um papel sem importância. Ela só estava ali para que os outros rissem dela".

    #163 - Assédio

    Play Episode Listen Later Oct 3, 2016 47:26


    Essa semana o LADO BI entrevista Paula Sacchetta, diretora do documentário "Precisamos falar do assédio", já em cartaz em São Paulo. Sachetta explica como colheu 140 depoimentos de mulheres sobre assédio: "Ao invés de chamar mulheres para dar um depoimento em estúdio, fizemos um estúdio móvel numa van que circulou durante 5 dias em São Paulo e 2 dias no Rio de Janeiro. Qualquer mulher poderia dar seu depoimento, e oferecíamos máscaras e distorcer a voz para garantir a anonimidade de quem quisesse." A diretora não se espanta com o grande número de confissões que conseguiu em tão pouco tempo: "O assédio é fruto da cultura da nossa sociedade, que educa a mulher a ter medo e se proteger, mas não educa o homem a respeitar. Assédio e estupro não tem classe social ou cor, basta ser mulher." Mulheres LGBT, afirma, são alvo constante do chamado "estupro corretivo": "O sentimento de vingança e raiva, a vontade de mostrar o que é 'uma pica de verdade', é muito presente para 'justificar' o estupro de mulheres trans e mulheres lésbicas". E mesmo aqueles que deveriam proteger as mulheres assediadas acabam incorrendo em atos de violência: "mesmo o atendimento em delegacias da mulher são muito violentos - a delegada chega a propor que a mulher se submeta novamente ao mesmo assédio, filmando, para provar que ele aconteceu".

    #162 - Cissexismo

    Play Episode Listen Later Sep 26, 2016 67:49


    Cissexismo é a crença de que a sexualidade de pessoas cisgênero é de alguma forma mais legítima que aquela de pessoas transexuais. Isso se manifesta de várias formas, como por exemplo na exigência de que pessoas trans tenham que se submeter a um longo processo patologizador para ganharem do governo o reconhecimento de sua identidade que pessoas cis já têm garantido de nascença. Neon Cunha, a convidada dessa semana, é uma mulher trans que entrou com uma ação exigindo que o governo lhe garanta sua identidade de gênero sem que ela tenha que submeter-se a anos de laudos médicos e a um tortuoso processo jurídico - caso isso não seja possível, pede a morte assistida. "Eu acho incrível que eu tenha que ser patologizada para conseguir ter alguma dignidade", espanta-se. Ela aponta vários dos preconceitos que pessoas trans têm que enfrentar cotidianamente: "você enfrenta muita rejeição social, e o tempo todo se leva não. Há pessoas trans extremamente qualificadas que não conseguem trabalho por não terem seu nome social reconhecido". Ela anseia por leis que garantam os direitos das pessoas transgênero, mas acredita que, se a constituição fosse seguida corretamente, não haveria polêmica quanto a suas exigências: "a gente tem um projeto de lei de identidade de gênero que sequer avança, porque ninguém quer dar visibilidade para o assunto. Mas o artigo quinto da constituição já é bem claro: somos todos iguais". E para aqueles que consideram seu pedido de morte assistida um exagero, aponta que a imensa maioria das pessoas trans acaba morrendo de forma violenta no Brasil. "Quero ter pelo menos a garantia de que quem me ama vai estar comigo quando eu morrer. Nome social não vai na lápide."

    #161 - Astrologia

    Play Episode Listen Later Sep 19, 2016 59:20


    "O que está em cima é como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em cima." Essa é uma das leis esotéricas que orientam a Astrologia. Numa época de tantas mudanças, o LADO BI convidou a astróloga Graziella Marraccini para mostrar os sinais que os astros estão emitindo sobre o mundo LGBT. A autora de "Os signos na cozinha" diz que a astrologia está se livrando dos padrões de gênero que guiavam as interpretações até recentemente: "A astrologia vai se adaptando à medida que a gente alcança outros símbolos". E aponta movimentos astrais que vão de encontro às mudanças culturais que têm ocorrido nos últimos anos: "A Aids surgiu quando Plutão entrou em Escorpião; foi o momento em que o amor e sexo tornaram-se sinônimo de morte. Estamos ainda no início da era de aquário, que tem relação à liberdade: eu te aceito como você é, mesmo que eu não concorde". Marraccini lembra que as relações amorosas são as mesmas nos mapas, não importa a orientação sexual ou identidade de gênero: "O drama de amor é igual. A sinastria vai dizer onde vão se entender e não vão se entender. Vênus e marte em bom aspecto é cama!". O ano que vem, afirma, vai ser um ano de ajustes: "Júpiter entrou em Libra, o que significa justiça, diplomacia, negociação. Nada de sair esbanjando!".

    #160 - Economia

    Play Episode Listen Later Sep 12, 2016 66:02


    Estamos acostumados a pensar na Economia como algo que só se aplica a coisas muito distantes, como cotações e transações monetárias. Mas e se aplicarmos os princípios econômicos na vida cotidiana? Isso é o que o professor Sérgio Almeida, professor de Economia Comportamental da FEA-USP e um dos autores do blog Economista X veio fazer nessa edição do LADO BI. Ele mostra como o raciocínio dos economistas pode ser utilizado para explicar comportamentos do mundo LGBT como a segregação nas baladas: "Ao se segregar em grupos, você sinaliza seu tipo e minimiza o custo de busca. Também aplica algo chamado dependência de referência: as pessoas passam a serem vistas como mais valiosas quando cercadas por seus semelhantes". Por que as pessoas insistem em ficar em relacionamentos que não dão certo? "Isso se deve à falácia dos custos afundados", aponta o professor. E por que usam aplicativos de pegação? "Eles reduzem o custo de transação - você conhece pessoas no conforto do seu sofá - e aumentam o pool de pretendentes". Entenda o que isso tudo quer dizer e como pode ser utilizado no dia-a-dia escutando esse programa valioso.

    #159 - Lei

    Play Episode Listen Later Aug 29, 2016 67:07


    No mundo, há 76 países em que a homossexualidade é crime - e 10 deles condenam LGBTs à morte. A maneira como as leis de cada país afetam a vida de seus habitantes LGBT é o tema do LADO BI dessa semana. A situação no Brasil é bem melhor, mas também ainda não está resolvida, explica o convidado dessa semana, o dr. Marcelo Gallego, presidente da comissão da diversidade sexual e de gênero da OAB Jabaquara. Ele considera essencial, por exemplo, que se criminalize a LGBTIfobia: "LGBTIs estão morrendo todos os dias por conta do simples fato de serem LGBTIs". Gallego garante, porém, que os direitos já conquistados devem permanecer, apesar de terem sido estabelecidos pelo poder judiciário: "direitos como o casamento homoafetivo foram construídos por decisões judiciais, mas criar uma lei para excluir direitos seria rasgar a constituição". O advogado ainda analisa a proteção legal dada a novas famílias, como aquelas formadas por três pais, e a proteção aos direitos de pessoas soropositivas.

    #158 - Lampião da Esquina

    Play Episode Listen Later Aug 22, 2016 57:45


    No final da década de 1970 chegava às bancas do Brasil o tabloide "Lampião da Esquina", voltado para a cultura gay - ou guei, como preferia escrever. Para discutir a importância dessa publicação para a cultura LGBT brasileira, o LADO BI entrevista Lívia Perez, diretora do documentário sobre o jornal que estreia em circuito comercial no dia 18 de agosto, e o poeta maldito Glauco Mattoso, colaborador do jornal. Perez conta como o Lampião da Esquina começou a trazer à tona a vida LGBT do país: "A gente tem essa ideia de que o fim dos anos 1960 é uma época muito libertária, mas isso não contemplou as minorias. Essa luta ficou para o fim dos anos 1970". Mattoso lembra que a publicação incomodava não apenas aos conservadores heterossexuais, mas também a muitos gays dentro do armário: "aqueles que eram enrustidos tinham uma aparência muito neutra e discreta. O Lampião incomodava essas pessoas, porque o Lampião mostrava que também havia gays que eram políticos gays enrustidos, engravatados. Homofóbicos também não gostavam que um jornal gay pudesse fazer sucesso nas bancas." Os dois comentam o movimento conservador que tenta fazer com que os direitos LGBT retrocedam hoje, e examinam os avanços na cultura quanto à diversidade: "Hoje há maior aceitação para as opções individuais. Na época do Lampião a gente exigia que todos tivessem um comportamento mais homogêneo", observa Mattoso.

    #157 - Capacitismo

    Play Episode Listen Later Aug 15, 2016 65:01


    Essa semana o LADO BI traz à pauta o Capacitismo, a tendência que pessoas que não têm deficiência física têm de subestimar as habilidades de pessoas com deficiência física. Michel Fernandes, autor do site Aplauso Brasil, e Wanessa Magnusson de Souza, advogada, compartilham suas vivências como homossexuais que vivem com deficiência física. Magnusson, que tornou-se paraplégica depois de um acidente, conta que é necessário deixar claro que é cadeirante desde o primeiro contato para evitar decepções: "Se for pra dar match, é pra saber que eu sou cadeirante. Pra evitar me machucar: você conversa, encontra alguém com um papo super bom... Se, na hora do encontro, a pessoa não consegue disfarçar a reação por descobrir que você é cadeirante, isso machuca." Acometido por uma doença degenerativa, Fernandes conta como parceiros muitas vezes supõem coisas sobre suas capacidades sexuais que não são verdadeiras: "Quem vê um cadeirante, gay homem, já fala 'hmmmm, o pau dele não sobe, ele deve ser só passivo.' Todo mundo acaba achando que você é meio de vidro, que vai machucar." O capacitismo muitas vezes se expressa de maneira inesperada e não explícita: "Muitas vezes, quando vou para algum lugar acompanhada por alguém andante, as pessoas falam com quem está me acompanhando, não comigo, mesmo questões que se referem a mim, como se eu não fosse capaz de responder." Assim como na questão LGBT, a exposição poderia ser uma solução para os preconceitos, mas as dificuldades de infraestrutura são uma enorme barreira: "Não existem muitas condições para as pessoas com deficiência saírem às ruas e terem uma vida social plena. Isso dificulta a exposição," reclama Magnusson. Fernandes lamenta aqueles que evitam conviver com pessoas com deficiência física: "essa pessoa não percebeu que existem outras formas de agir, de falar, de caminhar, de gozar, outras formas de tudo."

    #156 - Gordofobia

    Play Episode Listen Later Aug 8, 2016 82:47


    Pessoas gordas teriam que sair do armário como gordas assim como LGBTs saem do armário por sua sexualidade? Essa semana o LADO BI discute a gordofobia com Jessica Tauane, autora do Canal das Bee e do canal Gorda de Boa; Gustavo Bonfiglioli, do movimento Revolta da Lâmpada; e Aliana Aires, doutoranda sobre comunicação e consumo. Os convidados concordam que gordos deveriam sair do armário como gordos, ou seja, bancarem que são gordos mesmo, e não "futuros magros": "Eu tive que sair do armário como gorda, principalmente para mim," conta Tauane. "Eu tentava tirar a foto de uma forma que parecesse menos gorda, me fingindo de magra, assim como a gente vive no armário a gente finge ser hétero." Bonfiglioli considera que o mundo gay está apreciando mais os gordos, mas não de forma totalmente inclusiva: "Há todo um estilo de vista por trás de ser uma bicha gorda. Dentro da cultura gay, ser gordo se tornou algo positivo, mas também se tornou um dispositivo para aumentar a masculinidade do cara, algo que também acaba sendo prejudicial." Aires observa a gordofobia que se oculta em falas do dia a dia e nas atitudes da indústria da moda: "Já me disseram que eu era muito gordinha para dar aula numa faculdade de moda. O mercado tradicional não inclui porque não traz a numeração, e aqueles que fazem roupas para gordos não trazem tendência, apenas fazem roupas para tentar 'emagrecer' o gordo."

    #155 - Samba

    Play Episode Listen Later Aug 1, 2016 65:36


    Essa semana o LADO BI conversa sobre a relação que LGBTs têm com o samba. Ricky Ladislau, passista da escola de samba paulistana Tom Maior, Mauricio Lima, DJ das festas Catuaba e Clareô, e Aidée Cristina, compositora e integrante da banda Samba de Rainha, contestam a ideia de que LGBTs preferem música estrangeira. "Tem pessoas ainda que têm preconceito de dizer que gostam de samba, principalmente pessoas do grupo LGBT", lamenta Ladislau; Lima, porém, aponta a situação está mudando: "Na Catuaba, que não é uma festa voltada exclusivamente para o público LGBT, chega uma galera jovem em peso e ocupa a festa - 80% da festa é público LGBT". Nas rodas de samba e festas tradicionais, garantem, LGBTs são bem vindos, com algumas restrições: "quando um gay chega e samba demais, acaba atraindo a amizade das mulheres e tira a atenção dos héteros. Por isso, muitas vezes os gays podem frequentar, mas não podem sambar", lembra Lima. Nas escolas de samba, comemora Ladislau, LGBTs sentem-se em casa: "O ambiente e tranquilo com relação a LGBTs em geral. Ser homossexual não é barreira, nem mesmo para uma mulher se tornar rainha de bateria." Os convidados também analisam o fascínio que gays têm por Clara Nunes: "Ela se apresentava nos anos 1970 com aquela figura, aquele cabelo, aquela coisa meio drag. Mostrava uma vontade de ser genuína com que LGBTs se identificam", considera Lima.

    #154 - Contos de fadas

    Play Episode Listen Later Jul 25, 2016 66:30


    Uma Cinderela lésbica com uma fada-madrinha travesti; uma Chapeuzinho Vermelho negra; uma bruxa evangélica que tenta exorcizar os irmãos queer João e Maria. Essas são algumas das maneiras como os autores LGBT Renato Plotegher, Milly Lacombe e Daniel Wu estão reinventando os contos de fadas para a realidade do século 21. Atualizar a realidade e moral dessas histórias para a vida LGBT é importantíssimo: "Eu cresci sem me identificar com contos de fadas. Liam pra mim, e eu achava aquilo tudo meio alienígena. É difícil você crescer sem essa identificação," lembra Lacombe. "Os contos de fadas passam morais para as crianças, e sempre se adaptaram a seus tempos. Nada mais justo que, agora que temos a noção da moral que queremos passar para a próxima geração, adaptá-los mais uma vez," afirma Wu. A antropóloga Michele Escoura, que estudou a influência das princesas Disney sobre crianças, endossa o que os autores pensam: "No limite, as crianças aprendem com os contos de fadas os modelos de masculino e feminino, e qual é o modelo de ser gente mais valorizado na sociedade. Há uma desvalorização da sexualidade que não é heterossexual, e, no caso das mulheres, um pressuposto de que toda mulher precisa se casar, precisa do amor romântico para ser feliz." Todos concordam que as crianças estão mais que preparadas para se depararem com a homossexualidade desde cedo: "minha prima pequena fez questão de dizer para a mãe dela que sabia que eu era gay e que queria ler meu conto", lembra Plotegher.

    #153 - Escritores

    Play Episode Listen Later Jul 18, 2016 66:30


    Essa semana o LADO BI entrevista três escritores LGBT para discutir como a homossexualidade afeta a literatura: Ramon Nunes Mello, autor de "Há um mar no fundo de cada sonho", Cristina Judar, autora de "Roteiros para uma vida curta", e Camila Passatuto, escritora que publica seus contos diretamente no Facebook. Eles contam como escrever os ajuda a lidar com as dificuldades de suas vidas: "comecei a escrever por causa da dislexia - foi a escrita que me educou, o ensino formal não olha para você quando você tem algum problema", conta Passatuto; "recebi o diagnóstico soropositivo, e levei cinco anos até decidir publicar poemas que escrevi que tocam nesse tema", confessa Nunes Mello, que rejeita o rótulo de "escritor soropositivo". Todos concordam que viver apenas de literatura continua muito difícil: "livro ainda é artigo de luxo para muitos - dos meus contemporâneos, são poucos os que conseguem viver unicamente de literatura, a maioria tem outras profissões", explica Judar. Os autores também comentam a escolha de Ana Cristina César como homenageada desse ano da Flip: "mais que o fato dela ter sido bissexual, é mais importante o fato de que essa é apenas a segunda mulher homenageada na Flip em 14 anos".

    #152 - Jaloo

    Play Episode Listen Later Jul 11, 2016 56:36


    Essa semana o LADO BI entrevista o músico e cineasta Jaime Melo, mais conhecido como Jaloo. Esse artista que desafia os padrões de gênero discute sua trajetória e sua obra. A internet, acredita, é a principal responsável por seu sucesso musical: "Eu sou um artista de internet. A internet está bilhões de anos luz mais poderosa que a televisão e rádio, hoje". Natural do Pará, Jaloo afirma que o público do Sul não compreende o que se passa no Norte: "A indústria do tecnobrega não é compreendida pelos sulistas. Os processos lá são outros. Quem produz lá não está em nada preocupado com a recepção aqui". Ele também explica por que explora o visual feminino em seu trabalho: "A figura feminina é muito mais mutante que a masculina. Você tem muito mais possibildiade de roupa, de comportamento". Patrocinado por uma marca de cervejas, ele nega um suposto oportunismo das marcas que demonstram apoio por artistas e causas LGBT: "É complicado dizer que estão fazendo isso para vender mais; gays representam 10% da população mundial, não faz sentido se queimar para muitos por causa de 10%. É mais responsabilidade social mesmo".

    #151 - Voto

    Play Episode Listen Later Jul 4, 2016 67:46


    Esse ano, durante a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo e a Caminhada das Mulheres Lésbicas e Bissexuais, os integrantes da campanha #VoteLGBT realizaram uma pesquisa sobre o pensamento político da população presente nesses eventos. O LADO BI recebeu dois coordenadores da campanha, Marcos Visnadi e Evorah Cardoso, para saber quais foram as descobertas dessa iniciativa inédita. Quem estava presente na Parada e na Caminhada é muito mais politizado do que se supõe, descobriram: "há uma predominância de pessoas que declaram estarem presentes por motivos políticos tanto na Parada como na Caminhada", aponta Visnadi. A descrença na política institucionalizada, no entanto, é generalizada: "ninguém dentre os entrevistados se sente representado politicamente", lamenta Cardoso. Apesar de ter cada vez mais relevância na cena política - "infelizmente, sempre no esforço de se evitar retrocessos", lembra Cardoso - "ainda não é determinante o candidato ser LGBT ou defender pautas LGBT na hora das pessoas decidirem seu voto", informa Visnadi. As eleições municipais desse ano são uma oportunidade de reagir aos movimentos políticos de 2016 e considerar os efeitos das coligações, acreditam.

    #150 - Masturbação

    Play Episode Listen Later Jun 27, 2016 69:09


    Essa semana o LADO BI resolve fazer justiça com as próprias mãos e falar sobre masturbação. Como não poderia deixar ser, a discussão reuniu cinco (pessoas) contra um (assunto): a médica de família Renata Meiga, a DJ lésbica Fernanda Fox, o ativista trans Samuel Silva, o youtubber Fred Pills e o apresentador Marcio Caparica. A masturbação, concordaram todos, foi quando começaram a descobrir sua sexualidade queer: "eu ficava me perguntando, será que todo menino também se masturba olhando outros meninos?", recorda-se Pills. Silva conta como fazer a transição para o sexo masculino alterou sua relação com sua genitália e seus hábitos masturbatórios: "Eu não tinha problema com minha genitália até me compreender trans e começar a conviver com outros garotos trans, eles sim com aversão pelos próprios genitais. Daí comecei a desprezar a minha e parei de me masturbar. Levou algum tempo para eu compreender que não precisava desprezar os próprios genitais para ser trans, e daí voltar a me masturbar como sempre havia feito." A dra. Meiga aponta que masturbar-se é importante para conseguir alcançar o prazer no sexo: "se você não joga seu jogo, como é que você vai saber que o do outro é também o seu?". Fox acredita que masturbar-se afeta inclusive a performance e o prazer do parceiro: "muitas vezes já percebi que o fato de uma menina não se tocar afeta a maneira como elas tocam as parceiras". Ao longo do programa, todos compartilham suas dicas de como tornar mais prazeirosos seus momentos de sexo solitário.

    #149 - Feminismo na música

    Play Episode Listen Later Jun 20, 2016 69:23


    Em tempos em que uma garota é filmada sendo estuprada por 30 pessoas e o governo não faz mais questão de colocar mulheres em cargos de responsabilidade, o tema dessa semana no podcast LADO BI é Feminismo na Música. Três cantoras compareceram no estúdio para discutir suas experiências no mundo da música enquanto mulheres, e como com suas composições espalham a mensagem de empoderamento feminino para seu público: Stela Campos, Iara Rennó e Nathalia Ferro. A produtora musical Katia Abreu e a jornalista cultural Carola Gonzales também participaram do debate. As compositoras chamam a atenção para o fato de que as ideias das mulheres ainda não recebem importância na música brasileira: "O Brasil tem essa tradição de que menina só canta, não pode ter uma ideia própria para transmitir em suas canções", aponta Stela Campos. "A mulher é colocada numa mera posição de diva, para quem os homens cantam", completa Iara Rennó. O machismo também dá as caras atrás dos palcos: "Quando eu acompanhava bandas, ninguém pensava que eu estava lá trabalhando, supunham que eu era namorada de algum dos membros da banda," lembra Katia Abreu. O palco, acreditam, é o meio ideal de espalhar a mensagem feminista: "Decidi que vou ser mulherzérrima em cima do palco, pois acho que muitas mulheres querem poder exercer sua feminilidade de maneira livre. Quero levantar essa bandeira", explica Nathalia Ferro.

    #148 - Visibilidade HIV

    Play Episode Listen Later Jun 13, 2016 63:54


    "Quando recebi o diagnóstico soropositivo, o mais pesado foi sentir o estigma caindo sobre mim, a sensação de virar cidadão de segunda classe. No entanto, a imensa maioria das reações quando eu contei que tenho HIV foram positivas." Quem dá esse relato é Gabriel Estrëlla, ator e coordenador do projeto Boa Sorte, que discute a visibilidade dos soropositivos no programa dessa semana. Ele aponta que criou-se uma cultura que transforma a soropositividade em assunto proibido: "Ninguém nunca me falou que eu posso falar sobre isso. E existem médicos que dizem que o paciente não deve contar para ninguém. Querendo ou não você sente que é uma arma biológica." Ser soropositivo é tabu mesmo entre soropositivos: "Mesmo entre jovens politizados que vivem com HIV, ainda há muita dor sobre falar sobre o próprio HIV." Estrëlla lembra que os soropositivos deveriam perder o receio contra o tratamento antirretroviral: "As pessoas têm muito medo do tratamento. O remédio é algo que permite que eu faça tudo que eu quero. Os pacientes têm que se empoderar para trocar um tratamento que não esteja satisfatório".

    #147 - Fernando Haddad

    Play Episode Listen Later Jun 6, 2016 44:53


    Às vésperas da Parada do Orgulho LGBT paulistana, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, recebe o podcast Lado Bi para uma conversa sobre as medidas que sua administração vem tomando em defesa da população LGBT. Em seu gabinete, Haddad fala sobre a importância da Parada para a cidade e justifica por que nunca compareceu oficialmente no evento: "não quero que pensem que estou me aproveitando para fazer promoção pessoal". Ele também comemora o sucesso do programa Transcidadania, explica a criação dos Centros de Cidadania LGBT e explica por que não vetou o Plano Municipal de Educação que excluiu a educação de sexualidade e gênero do programa. Por fim, considera a campanha de reeleição: "não deixaria de apoiar LGBTs por cálculo eleitoral, é algo que vai totalmente contra minha formação e meus princípios. Se um prefeito perder a eleição por construir faixas de ônibus e ciclovias, acho que a culpa não é do prefeito", ironiza.

    #146 - Estética Masculina

    Play Episode Listen Later May 30, 2016 78:26


    Cuidar da aparência por muito tempo foi considerado "coisa de viado". Mas será mesmo? Essa semana o LADO BI conversa sobre Estética Masculina com o dr. Marcos Fernandes, dermatologista da Clínica Instituto Amazônia; Wagner Ribeiro, hairstylist da Garagem Barbearia; e Marcell Filgueiras, adepto dos cuidados pessoais e parte do canal Chá dos 5. Dar um trato na aparência hoje é essencial, acreditam: "As pessoas estão muito expostas a isso. é até feio quando você encontra um cara descuidado", alerta Filgueiras. E não é coisa só de gays: "Hoje muitas vezes a própria esposa leva o marido para o salão, pede o que quer que a gente faça com ele e fica lá esperando", lembra Ribeiro. O dr. Fernandes conta quais são os procedimentos mais populares em sua clínica: "Há uma grande procura por tratamentos relacionados a perda de gordura no corpo, e pacientes que querem minimizar linhas de expressão". E alerta: nem sempre o produto mais caro é o melhor: "mais do que o preço, o comprador deve buscar o produto correto. Às vezes basta comprar o produto mais barato, mas com o princípio ativo adequado." Filgueiras dá dicas de como incluir os cuidados pessoais na rotina: "As pessoas têm muita preguiça. Pensa comigo, como você pode ter preguiça de ficar mais bonito?".

    Claim Lado Bi

    In order to claim this podcast we'll send an email to with a verification link. Simply click the link and you will be able to edit tags, request a refresh, and other features to take control of your podcast page!

    Claim Cancel