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Brasil-Mundo
Favorito nas redes e nas apostas: Wagner Moura dá início ‘para valer' à sua campanha ao Oscar

Brasil-Mundo

Play Episode Listen Later Nov 22, 2025 6:36


A presença brasileira voltou a estremecer Hollywood nesta semana. Depois que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou nas redes sociais uma foto de Wagner Moura no Governors Awards, o público fez história, novamente: foram mais de 156 mil comentários, um número que superou, de longe, as reações dedicadas a outras grandes estrelas da noite. Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles Esse mar de engajamento, que havia acontecido também no ano passado com a foto de Fernanda Torres, marcou simbolicamente o início da campanha “para valer” de Moura nos Estados Unidos. Um dia antes de ir à festa, ele conversou com a RFI e já falava do poder dos brasileiros nas redes sociais. “Eu estava com a Nanda [Fernanda Torres] no Governors Awards ano passado. Eu lembro da gente conversando ali e lembro dela falando assim: 'eu não tirei a foto ainda, vou lá tirar'. A foto da Nanda teve um milhão de likes. As fotos de todas as estrelas americanas que estavam lá não tiveram nem um milésimo do que ela teve. Eu acho maravilhoso!", lembrou o protagonista de “O Agente Secreto”. Wagner Moura agora vê a história se repetir no engajamento e no favoritismo do filme de Kleber Mendonça Filho na categoria de produção internacional. Após finalizar uma temporada teatral no Brasil, o ator desembarcou em Los Angeles e já iniciou uma agenda intensa de campanha para o Oscar. Paralelamente, como é padrão na temporada, ele também faz campanha para o Globo de Ouro, Critics' Choice e demais premiações dos sindicatos que moldam o rumo da corrida. “Fiquei um tempo afastado dessa parte. Kleber Mendonça Filho viajou muito, e agora estou totalmente comprometido com isso. É muito bom, porque você senta com os outros atores, escuta seus colegas também de outros lugares, que fizeram outros filmes maravilhosos esse ano. Isso é uma troca muito boa. Você poder ouvir outras pessoas, de outras latitudes no mundo, falando do seu filme. Estamos aqui nos Estados Unidos, e depois vou para muitos países europeus, Inglaterra, Itália, Espanha, França. É campanha, é isso, é viajar e falar do filme pelo mundo”, diz. A perna cabeluda Nesta última semana, Wagner Moura participou da primeira sessão paga de “O Agente Secreto” em território americano. No dia 26 o filme entra em circuito comercial nos Estados Unidos. O ator também comentou quais são as conversas mais frequentes após as sessões. “Eu acho muito engraçadas as perguntas sobre a perna cabeluda. A primeira vez que eu ouvi falar da perna cabeluda foi na música de Chico Science, que inclusive é a música que eu botei na abertura do Marighella, que diz que 'Galeguinho do Coque não tinha medo da perna cabeluda'. Só agora, trabalhando com o Kleber, fui entender que a perna cabeluda virou uma lenda urbana no Recife porque jornalistas, para driblar a censura, em vez de denunciar a brutalidade policial, diziam que quem tinha feito aquelas coisas havia sido essa perna saltitante. Ela virou notícia no jornal e as pessoas trancavam a porta da casa por medo da perna cabeluda", explicou o ator. “É muito bom isso, você ver um pedaço do seu país sendo mostrado. Acho muito importante que o público fora do Brasil veja aquilo, mas acho mais importante que nós brasileiros também vejamos. Não consigo entender ainda a lógica de quem não acha que o governo deveria apoiar a cultura, de que a cultura não é uma coisa importante para o desenvolvimento do país. Fico querendo ver algum argumento", reitera. Favoritismo Wagner não é apenas favorito nas redes: as listas iniciais de possíveis indicados a melhor ator ao Oscar 2026 já colocam o ator brasileiro ao lado de nomes como Ethan Hawke (Blue Moon), Leonardo DiCaprio (Uma Batalha Após a Outra), Timothée Chalamet (Marty Supreme) e Michael B. Jordan (Pecadores). Mas foi a atualização mais recente do The Hollywood Reporter que surpreendeu até os fãs mais otimistas. Wagner Moura aparece como o número 1 entre os favoritos. “Mostra que você está num momento muito bonito da trajetória como artista, tendo esse tipo de reconhecimento. Essa indicação ainda não veio e não gosto de ficar falando disso, mas é maravilhoso. É um filme brasileiro, um ator brasileiro. Eu acho maneiro. Na Bahia, o pessoal tem orgulho”, brinca. O filme "O Agente Secreto" não nasceu para entrar na corrida do Oscar, mas do desejo de entregar um filme sólido, impactante, com identidade brasileira e potência universal. Quando um trabalho é feito com essa qualidade, o Oscar deixa de ser um objetivo distante e passa a ser uma consequência possível. Mas envolve muitas camadas, entre elas a de ter um distribuidor poderoso, como a Neon, que aposta na campanha nos Estados Unidos. “Já fiz tanto filme. Fiz muito filme ruim, sempre com o intuito de fazer bem, mas é difícil. Quando vem um bom, você fica querendo que aquilo esteja nas discussões, nas conversas, como 'O Agente Secreto' está. Não digo que o Oscar é um sonho, mas é claro que às vezes você pensa que o filme poderia estar ali. Já fiz alguns filmes em que pensei nisso, como o próprio 'Tropa de Elite', o 'Guerra Civil', que foi um filme que fiquei muito surpreso de ter passado batido, no ano passado, na premiação dos Oscars”, lamenta. O reconhecimento crítico, o carinho do público e a empolgação dos brasileiros que têm um engajamento sem igual em qualquer lugar do mundo, apenas aceleraram um movimento que já está em curso, apesar de ter ainda muito chão pela frente e muita coisa pode acontecer no meio do caminho. A festa do Oscar acontece em 15 de março. “Eu gostei tanto de fazer 'O Agente Secreto', foi uma coisa tão importante para mim, e as pessoas gostam dele. Então, para mim, para Kleber, é incrível a gente poder estar falando, viajando o mundo, conversando com as pessoas, ouvindo o tipo de pergunta que as pessoas fazem sobre o filme em diferentes partes do mundo, sobre a cultura brasileira, de Pernambuco, do Recife, do Nordeste. É maravilhoso", resume Wagner Moura.

Podcast Seminggu
Episode Muhadkly Acho

Podcast Seminggu

Play Episode Listen Later Nov 22, 2025 60:53


Awal film, IT, nulisnya lama, Agak Laen: Menyala Pantiku! tayang mulai 27 November 2025

Brasil-Mundo
Favorito nas redes e nas apostas: Wagner Moura dá início ‘para valer' à sua campanha ao Oscar

Brasil-Mundo

Play Episode Listen Later Nov 22, 2025 6:36


A presença brasileira voltou a estremecer Hollywood nesta semana. Depois que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou nas redes sociais uma foto de Wagner Moura no Governors Awards, o público fez história, novamente: foram mais de 156 mil comentários, um número que superou, de longe, as reações dedicadas a outras grandes estrelas da noite. Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles Esse mar de engajamento, que havia acontecido também no ano passado com a foto de Fernanda Torres, marcou simbolicamente o início da campanha “para valer” de Moura nos Estados Unidos. Um dia antes de ir à festa, ele conversou com a RFI e já falava do poder dos brasileiros nas redes sociais. “Eu estava com a Nanda [Fernanda Torres] no Governors Awards ano passado. Eu lembro da gente conversando ali e lembro dela falando assim: 'eu não tirei a foto ainda, vou lá tirar'. A foto da Nanda teve um milhão de likes. As fotos de todas as estrelas americanas que estavam lá não tiveram nem um milésimo do que ela teve. Eu acho maravilhoso!", lembrou o protagonista de “O Agente Secreto”. Wagner Moura agora vê a história se repetir no engajamento e no favoritismo do filme de Kleber Mendonça Filho na categoria de produção internacional. Após finalizar uma temporada teatral no Brasil, o ator desembarcou em Los Angeles e já iniciou uma agenda intensa de campanha para o Oscar. Paralelamente, como é padrão na temporada, ele também faz campanha para o Globo de Ouro, Critics' Choice e demais premiações dos sindicatos que moldam o rumo da corrida. “Fiquei um tempo afastado dessa parte. Kleber Mendonça Filho viajou muito, e agora estou totalmente comprometido com isso. É muito bom, porque você senta com os outros atores, escuta seus colegas também de outros lugares, que fizeram outros filmes maravilhosos esse ano. Isso é uma troca muito boa. Você poder ouvir outras pessoas, de outras latitudes no mundo, falando do seu filme. Estamos aqui nos Estados Unidos, e depois vou para muitos países europeus, Inglaterra, Itália, Espanha, França. É campanha, é isso, é viajar e falar do filme pelo mundo”, diz. A perna cabeluda Nesta última semana, Wagner Moura participou da primeira sessão paga de “O Agente Secreto” em território americano. No dia 26 o filme entra em circuito comercial nos Estados Unidos. O ator também comentou quais são as conversas mais frequentes após as sessões. “Eu acho muito engraçadas as perguntas sobre a perna cabeluda. A primeira vez que eu ouvi falar da perna cabeluda foi na música de Chico Science, que inclusive é a música que eu botei na abertura do Marighella, que diz que 'Galeguinho do Coque não tinha medo da perna cabeluda'. Só agora, trabalhando com o Kleber, fui entender que a perna cabeluda virou uma lenda urbana no Recife porque jornalistas, para driblar a censura, em vez de denunciar a brutalidade policial, diziam que quem tinha feito aquelas coisas havia sido essa perna saltitante. Ela virou notícia no jornal e as pessoas trancavam a porta da casa por medo da perna cabeluda", explicou o ator. “É muito bom isso, você ver um pedaço do seu país sendo mostrado. Acho muito importante que o público fora do Brasil veja aquilo, mas acho mais importante que nós brasileiros também vejamos. Não consigo entender ainda a lógica de quem não acha que o governo deveria apoiar a cultura, de que a cultura não é uma coisa importante para o desenvolvimento do país. Fico querendo ver algum argumento", reitera. Favoritismo Wagner não é apenas favorito nas redes: as listas iniciais de possíveis indicados a melhor ator ao Oscar 2026 já colocam o ator brasileiro ao lado de nomes como Ethan Hawke (Blue Moon), Leonardo DiCaprio (Uma Batalha Após a Outra), Timothée Chalamet (Marty Supreme) e Michael B. Jordan (Pecadores). Mas foi a atualização mais recente do The Hollywood Reporter que surpreendeu até os fãs mais otimistas. Wagner Moura aparece como o número 1 entre os favoritos. “Mostra que você está num momento muito bonito da trajetória como artista, tendo esse tipo de reconhecimento. Essa indicação ainda não veio e não gosto de ficar falando disso, mas é maravilhoso. É um filme brasileiro, um ator brasileiro. Eu acho maneiro. Na Bahia, o pessoal tem orgulho”, brinca. O filme "O Agente Secreto" não nasceu para entrar na corrida do Oscar, mas do desejo de entregar um filme sólido, impactante, com identidade brasileira e potência universal. Quando um trabalho é feito com essa qualidade, o Oscar deixa de ser um objetivo distante e passa a ser uma consequência possível. Mas envolve muitas camadas, entre elas a de ter um distribuidor poderoso, como a Neon, que aposta na campanha nos Estados Unidos. “Já fiz tanto filme. Fiz muito filme ruim, sempre com o intuito de fazer bem, mas é difícil. Quando vem um bom, você fica querendo que aquilo esteja nas discussões, nas conversas, como 'O Agente Secreto' está. Não digo que o Oscar é um sonho, mas é claro que às vezes você pensa que o filme poderia estar ali. Já fiz alguns filmes em que pensei nisso, como o próprio 'Tropa de Elite', o 'Guerra Civil', que foi um filme que fiquei muito surpreso de ter passado batido, no ano passado, na premiação dos Oscars”, lamenta. O reconhecimento crítico, o carinho do público e a empolgação dos brasileiros que têm um engajamento sem igual em qualquer lugar do mundo, apenas aceleraram um movimento que já está em curso, apesar de ter ainda muito chão pela frente e muita coisa pode acontecer no meio do caminho. A festa do Oscar acontece em 15 de março. “Eu gostei tanto de fazer 'O Agente Secreto', foi uma coisa tão importante para mim, e as pessoas gostam dele. Então, para mim, para Kleber, é incrível a gente poder estar falando, viajando o mundo, conversando com as pessoas, ouvindo o tipo de pergunta que as pessoas fazem sobre o filme em diferentes partes do mundo, sobre a cultura brasileira, de Pernambuco, do Recife, do Nordeste. É maravilhoso", resume Wagner Moura.

Skip and Shannon: Undisputed
Shedeur HYPE Begins! | Eagles SUPER BOWL Bound? | Burrow BACK?!

Skip and Shannon: Undisputed

Play Episode Listen Later Nov 20, 2025 118:35


Acho with LeSean “Shady” McCoy and "Carebear" Kieran, the show brings hot takes, cold truths, and culturally forward conversations that connect sports and culture in real time. ⁠⁠⁠YouTube⁠⁠⁠ ⁠⁠⁠Twitter⁠⁠⁠ ⁠⁠⁠Instagram⁠⁠⁠ ⁠⁠⁠TikTok⁠⁠ PrizePicks x Speakeasy Pick MORE or LESS. Win cash. Talk your talk. Play $5, get $50 →  PrizePicks | America's #1 Fantasy Sports App Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices

Vida em França
Poesia da cultura franco-portuguesa retratada em “Personne n'est Pessoa”

Vida em França

Play Episode Listen Later Nov 18, 2025 12:01


“Personne n'est Pessoa” é um espectáculo que parte do amor pelas palavras e pela poesia de Fernando Pessoa para contar a importância das raízes e da sua transmissão pela arte. A peça tem, esta terça-feira, a última representação no Studio Hebertot, em Paris, onde subiu ao palco durante cerca de dois meses. Entre teatro, circo, poesia, dança e música, o espectáculo de Nico Pires é uma homenagem a Fernando Pessoa e à dupla cultura franco-portuguesa. É com o poema “Autopsicografia” que começa a peça “Personne n'est Pessoa”, uma viagem pelo imaginário de quatro pessoas em palco, quatro poetas. A poesia deles é feita de palavras, de malabarismos, de acrobacias, de melodias... O fio condutor é literalmente um fio, o de um diábolo que chegou à vida de Nico Pires aos nove anos, que o mantém ligado ao mundo mágico da infância e que o ajuda a contar a sua história. Um objecto com duas semi-esferas opostas que se complementam, tal como a sua dupla cultura, a francesa e a portuguesa. “Personne n'est Pessoa” é um espectáculo que parte do amor pelas palavras e pela poesia de Fernando Pessoa para contar a importância das raízes e a sua transmissao pela arte. O texto é do artista franco-português Nico Pires e a peça esteve no Festival Off de Avignon, em 2024, tendo circulado desde então por França, nomeadamente em Paris, no Studio Hebertot, onde esteve de 22 de Setembro a 18 de Novembro. Foi aí que conversámos com Leo Calvino, Solène Martins, Bruno Sousa e Nico Pires. RFI: Como descrevem “Personne n'est Pessoa”? Nico Pires, actor, co-encenador e actor em “Personne n'est Pessoa”: “Personne n'est Pessoa é uma mistura de vários universos artísticos do circo. Todos os artistas que fazem parte desta peça têm um background de artista circense, mas não só. Circo e poesia. É uma homenagem a Fernando Pessoa, à pluralidade da identidade, à sua relação com os heterónimos, à variedade de personalidades que ele sentia e que realmente fazia sentido para nós explorarmos. Como artistas, gostamos realmente de nos reinventarmos, de explorar novas coisas. Então, esta peça era uma forma de falar, como artista luso-francês, da minha relação com Portugal, com as palavras, com a arte e desse caminho que eu tentei fazer para reaproximar essa parte da minha cultura porque aprendi português mais tarde, tenho família lá, mas foi assim, um processo nessa direcção.” Como surgiu a paixão por Fernando Pessoa e a ideia de o levar para palco? Conta que estudava Comércio quando foi fazer Erasmus para Lisboa... “Sim. Na verdade já faz tempo, já são mais de 15 anos que decidi ir pelo caminho artístico. A descoberta da obra de Pessoa é muito mais recente, como digo no espectáculo. Quando comecei a trabalhar nesta peça era um solo inicialmente, onde eu queria falar sobre a minha relação com as palavras e com o circo. E tinha colocado só esse primeiro texto de Pessoa, “Autopsicografia”, e daí fui convidado por um director artístico a mergulhar mais nessa relação. É assim que realmente comecei a descobrir tudo isso e esse mundo gigante da obra dele, dessa relação com a identidade muito particular. Para mim, inscreve-se na continuação da minha relação que estou a estabelecer com a língua portuguesa, com a minha família... É mais um passo nessa direção da minha própria identidade, da minha própria dupla cultura.” Trazer Fernando Pessoa para o mundo do circo não é muito comum. Como é que foi essa tradução ou reapropriação? “Foi muito interessante porque neste caminho de descobrir a obra de Pessoa, às vezes tinha frases ou textos inteiros que me chamavam muito a atenção e havia muita vontade de pôr em movimento palavras que são de um livro. Às vezes, nós que usamos o corpo como linguagem, parecia natural tentar pôr gestos, acrobacias, movimentos com o diábolo, em relação com alguns dos textos e das questões existenciais de Pessoa. Então, na verdade, não foi assim tão difícil encontrar alguns textos que faziam muito sentido.” Como foi, então, dançar com as palavras de Fernando Pessoa, fazer esse malabarismo com os poemas de Fernando Pessoa? “Eu gosto do exemplo do momento do Bruno [Sousa] de acrobacia no final, que é um momento muito pesado, onde dá para sentir toda a solidão de Pessoa, a raiva dele. São coisas que realmente podem muito passar pelo corpo. Às vezes, tentamos realmente combinar os dois, que os gestos sejam muito ligados e também de forma mais abstracta. Não ser sempre um comentário super óbvio...” Não é uma tradução. “Exacto, não é uma tradução literal, é também uma reapropriação dessas palavras em nossas linguagens.” E para si Bruno, como foi o processo criativo? Bruno Sousa, Artista: “Foi uma experiência completamente nova. O diábolo é uma coisa em que o Nico me meteu há muito pouco tempo. Então, isto tem sido basicamente uma estreia no mundo do diábolo, no mundo do malabarismo e tudo. Já tenho um background de capoeira de muitos anos, de ginástica, eventualmente de escola de circo, onde aprendi dança contemporânea, ballet e tudo, o que ajudou com os textos de Fernando Pessoa que foram proporcionados pelo Nico. Deu para explorar um bocadinho todas as fases desta borracheira nos bares da faculdade, de que ele fala no espectáculo, e chegou-se a um conjunto completo que espero que agrade a toda a gente.” E como foi musicar Fernando Pessoa? Solène Martins, Artista: “Uma experiência, também acho que a melhor palavra é mesmo experiência. Não foi uma coisa que, para mim, apareceu de repente. Eu acho que nós fomos construindo musicalmente o espectáculo. Vamos melhorando a cada apresentação e cada vez vou encontrando mais a minha voz do Fernando Pessoa interior. Isso tem sido um processo muito interessante porque não tenho a mesma relação com Fernando Pessoa que tinha quando começámos a peça, nem com a minha maneira de o apresentar em palco, seja com a voz ou com a corporalidade. Acho que é um caminho que cada vez vai melhorando. Vamos encontrando o que vai funcionando, o que não vai funcionando e, aos poucos, encontrando a nossa voz do Fernando Pessoa.” Trabalhar com artistas que são lusófonos foi de propósito ou aconteceu? Nico Pires: “De propósito, sim, mas na verdade, entre 2020 e 2024 eu morava em Portugal. O Leo foi o primeiro que conheci lá, o Bruno e a Solene, nós os quatro conhecemo-nos lá. No ano passado, tivemos uma oportunidade de apresentar em Avignon, no Festival Off, e fazia sentido realmente construir este colectivo para ir para a frente com este projecto e também para dar mais profundeza nessa relação com a língua.” É também um espectáculo cheio de poesia. Poesia com palavras, mas também no que vemos, seja através dos movimentos do diábolo que desenham no ar todas aquelas pinturas, seja através das bolinhas de sabão que se transformam em berlindes, que se transformam numa esfera de cristal com que o Leo Calvino brinca... Como foi criar essa parte tão poética do espectáculo? Leo Calvino, Artista: “Também para mim é muito especial trazer isso porque é algo que eu pratiquei durante muito tempo. Foi um convite do Nico de trazer essa parte que eu acho que combina bastante com toda a poesia que ele está trazendo, toda a história do Fernando Pessoa, aquela bola representando - cada um consegue criar a sua interpretação - mas as diferentes almas que o Fernando Pessoa tem e como é que uma pessoa joga com isso, com um objecto que, quem olha, não sabe se é leve, se é pesado, se é uma bolha, se é uma pedra. O que é? Isso, para mim, já remete para uma coisa bastante poética.” “Personne n'est Pessoa”, em português “Ninguém é Pessoa”, é um título cheio de camadas. O que significa este título?a Nico Pires: “Na verdade, é mesmo uma oportunidade incrível que o nome dele, Pessoa, em francês queira dizer 'personne', mas 'personne' também quer dizer 'ninguém' em português. Há essa relação enigmática com a personalidade, não é? Então, tentámos também trazer essa definição para o palco. Eu acho que Fernando Pessoa, ele mesmo, sentia que não era ninguém ou todo o mundo ao mesmo tempo. É um título que representa bem o que queremos trazer para o palco.” No espectáculo, diz que em Lisboa começou a acreditar na arte. Como é que foi essa sua relação com Portugal, com Lisboa, com a arte? “Em 2007, quando fui lá estudar Erasmus, eu tinha bastante tempo. Nessa época, comecei a treinar muito mais em circo e a escrever. São realmente essas duas coisas que comecei a fazer nessa época e estabeleci uma relação com Lisboa nesse sentido. Para mim, é uma cidade de criatividade, uma cidade para andar nas ruas e ter tempo para pensar o que realmente queremos fazer da vida. É mesmo nessa época que começou.” Leo Calvino: “E é uma cidade que traz muita inspiração. Eu vivo no Porto, ou seja, sou suspeito porque eu gosto também muito do Porto, mas Lisboa é uma cidade que realmente tem um ar muito inspirador.” O fio condutor do espectáculo é o diábolo, que o acompanha desde criança. Quer-me falar sobre a simbologia do diábolo? Nico Pires: “Sim. Com este espectáculo, comecei a treinar muito mais e a estabelecer uma relação mais profunda. É um objecto chinês que tem quase mil anos e é um símbolo de equilíbrio e de yin-yang na cultura chinesa. É um objecto que sempre me chamou muito a atenção, desde criança, desde os nove anos, e que me ajudou na vida em termos de confiança, de vínculo com o mundo, com os outros, comigo mesmo. É um objecto incrível na minha vida e, mesmo que de vez em quando precisemos de distância - é quase um casal - faz parte de mim mesmo e continuamos assim neste caminho juntos.”

The Arise Podcast
Season 6, Episode 13: Jenny McGrath and Danielle Castillejo on Abstinence, Purity Culture and Epstein

The Arise Podcast

Play Episode Listen Later Nov 15, 2025 33:54


Bio: Jenny - Co-Host Podcast (er):I am Jenny! (She/Her) MACP, LMHCI am a Licensed Mental Health Counselor, Somatic Experiencing® Practitioner, Certified Yoga Teacher, and an Approved Supervisor in the state of Washington.I have spent over a decade researching the ways in which the body can heal from trauma through movement and connection. I have come to see that our bodies know what they need. By approaching our body with curiosity we can begin to listen to the innate wisdom our body has to teach us. And that is where the magic happens!I was raised within fundamentalist Christianity. I have been, and am still on my own journey of healing from religious trauma and religious sexual shame (as well as consistently engaging my entanglement with white saviorism). I am a white, straight, able-bodied, cis woman. I recognize the power and privilege this affords me socially, and I am committed to understanding my bias' and privilege in the work that I do. I am LGBTQIA+ affirming and actively engage critical race theory and consultation to see a better way forward that honors all bodies of various sizes, races, ability, religion, gender, and sexuality.I am immensely grateful for the teachers, healers, therapists, and friends (and of course my husband and dog!) for the healing I have been offered. I strive to pay it forward with my clients and students. Few things make me happier than seeing people live freely in their bodies from the inside out!Danielle (00:10):Welcome to the Arise Podcast with my colleague Jenny McGrath and I today Jenny's going to read a part of a presentation she's giving in a week, and I hope you really listen in The political times are heavy and the news about Epstein has been triggering for so many, including Jenny and myself. I hope as you listen, you find yourself somewhere in the conversation and if you don't, I hope that you can find yourself with someone else in your close sphere of influence. These conversations aren't perfect. We can't resolve it at the end. We don't often know what we need, so I hope as you listen along that you join us, you join us and you reach out for connection in your community with friends, people that you trust, people that you know can hold your story. And if you don't have any of those people that maybe you can find the energy and the time and the internal resources to reach out. You also may find yourself activated during this conversation. You may find yourself triggered and so this is a notice that if you feel that that is a possibility and you need to take a break and not listen to this episode, that's okay. Be gentle and kind with yourself and if you feel like you want to keep listening, have some self-care and some ways of connecting with others in place, go ahead and listen in. Hey Jenny, I'd love to hear a bit about your presentation if you don't even mind giving us what you got.Jenny (01:41):Yeah, absolutely. I am very honored. I am going to be on a panel entitled Beyond Abstinence Only Purity Culture in Today's Political Moment, and this is for the American Academy of Religion. And so I am talking about, well, yeah, I think I'll just read a very rough draft version of my remarks. I will give a disclaimer, I've only gone over it once so far, maybe twice, so it will shift before I present it, but I'm actually looking forward to talking about it with you because I think that will help me figure out how I want to change it. I think it'll probably just be a three to five minute read if that evenOkay. Alright. I to look at the current political moment in the US and try to extract meaning and orientation from purity culture is essential, but if we only focus on purity culture in the us, we are naval gazing and missing a vital aspect of the project that is purity culture. It is no doubt an imperialist project. White women serving as missionaries have been foot soldiers for since Manifest Destiny and the creation of residential schools in North America and even before this, yet the wave of white women as a force of white Christian nationalism reached its white cap in the early two thousands manifest by the power of purity culture. In the early 1990s, a generation of young white women were groomed to be agents of empire unwittingly. We were told that our value and worth was in our good pure motives and responsibility to others.(03:31):We were trained that our racial and gender roles were pivotal in upholding the white, straight, heteronormative, capitalistic family that God designed and we understood that this would come at us martyring our own body. White women therefore learned to transmute the healthy erotic vitality that comes from an awakening body into forms of service. The transnational cast of white Christian supremacy taught us that there were none more deserving more in need than black and brown bodies in the global south pay no attention to black and brown bodies suffering within the us. We were told they could pull themselves up by their bootstraps, but not in the bodies of color. Outside the membrane of the US white women believed ourselves to be called and furthermore trusted that God would qualify us for the professional roles of philanthropists, medical service providers, nonprofit starters and adoptive mothers of black and brown children in the global south.(04:30):We did not blanc that often. We did not actually have the proper training, much less accountability for such tasks and neither did our white Christian communities. We were taking on roles of power we would have never been given in white spaces in the US and in doing so we were remaining compliant to our racial and gendered expectations. This meant among many other things, giving tacit approval to international states that were being used as pawns by the US Christian. Right among these states, the most prominent could arguably be Uganda. Uganda was in the zeitgeist of white Christian youth, the same white Christian youth that experienced life altering commitments given in emotionally evocative abstinence rituals. We were primed for the documentary style film turned organization invisible Children, which found its way into colleges, youth groups, and worship services all over the country. Many young white women watched these erotically charged films, felt a compulsion to do something without recognizing that compulsion came from the same tendrils of expectations, purity, culture placed on our bodies.(05:43):Invisible children's film was first released in 2004 and in their release of Kony 2012 reached an audience of a hundred million in its first week of release. Within these same eight years, Ugandan President Veni who had a long entangled relationship with the US Christian right signed into law a bill that made homosexuality the death penalty in certain cases, which was later overturned. He also had been responsible for the forced removal of primarily acho people in Northern Uganda from their lands and placed them into internally displaced people's camps where their death T tolls far exceeded those lost by Coney who musevini claimed to be fighting against as justification for the violent displacement of Acho people. Muny Musevini also changed the Ugandan constitution to get reelected despite concerns that these elections were not truly democratic and has remained president of Uganda for the last 39 years. Uganda was the Petri dish of American conservative laboratory of Christo fascism where whiteness and heteronormative racialized systems of purity culture were embalmed. On November 5th, 2, 20, 24, we experienced what am termed the boomerang of imperialism. Those who have had an eye on purity cultures influence in countries like Uganda are not surprised by this political moment. In fact, this political moment is not new. The only thing new about it is that perhaps for the first time the effects are starting to come more thoroughly to white bodies and white communities. The snake has begun to eat its own tail.Scary. Okay. It feels like poking an already very angry hornet's nest and speaking to things that are very alive and well in our country right now. So I feel that and I also feel a sense of resolve, you might say that I feel like because of that it feels imperative to speak to my experience and my research and this current political moment. Do you mind if I ask what it was like to hear it?Danielle (08:30):It is interesting. Right before I hopped on this call, I was doing mobility at my gym and at the end when my dear friend and I were looking at our DNA, and so I guess I'm thinking of it through the context of my body, so I was thinking about that as you're reading it, Jenny, you said poking the bear and before we shift too fast to what I think, what's the bear you believe you're poking?Jenny (09:08):I see it as the far right Christian nationalist ideology and talking about these things in the way that I'm talking about them, I am stepping out of my gender and racial expectations as a white cis woman where I am meant to be demure and compliant and submissive and not calling out abuse of power. And so I see that as concerning and how the religious right, the alt religious right Christian, religious right in the US and thankfully it was not taken on, but even this week was the potential of the Supreme Court seeing a case that would overturn the legalization of gay marriage federally and that comes out of the nuclear focus of the family that James stops and heralded was supposed to be the family. It's one man and it's one woman and you have very specific roles that you're supposed to play in those families.Danielle (10:35):Yeah, I mean my mind is just going a thousand miles a minute. I keep thinking of the frame. It's interesting, the frame of the election was built on economy, but after that it feels like there are a few other things like the border, which I'm including immigration and migrants and thoughts about how to work with that issue, not issue, I don't want to say it's an issue, but with that part of the picture of what makes up our country. The second thing that comes to mind after those two things is there was a huge push by MAGA podcasters and church leaders across the country, and I know I've read Cat Armas and a bunch of other people, I've heard you talking about it. There's this juxtaposition of these people talking about returning to some purity, the fantasy of purity, which you're saying you're talking about past and present in your talk while also saying, Hey, let's release the Epstein files while voting for this particular person, Donald Trump, and I am caught. If you look at the statistics, the amount of folks perpetrating violent crime that are so-called migrants or immigrants is so low compared to white men.(12:16):I am caught in all those swirling things and I'm also aware that there's been so many things that have happened in the last presidency. There was January 6th and now we have, we've watched ICE in some cases they've killed people in detention centers and I keep thinking, is sexual purity or the idea of the fantasy that this is actually a value of the Christian? Right? Is that going to be something that moves people? I don't know. What do you think?Jenny (12:54):I think it's a fair question. I think it is what moved bodies like mine to be complicit in the systems of white supremacy without knowing that's what I was doing. And at the same time that I myself went to Uganda as a missionary and spent the better part of four years there while saying and hearing very hateful and derogatory things about migrants and the fact that signs in Walmart were in Spanish in Colorado, and these things that I was taught like, no, we need to remain pure IE white and heteronormative in here, and then we take our good deeds to other countries. People from Mexico shouldn't be coming up here. We should go on Christmas break and build houses for them there, which I did and it's this weird, we talk a lot about reality. It is this weird pseudo reality where it's like everything is upside down and makes sense within its own system.(14:13):I had a therapist at one point say, it's like you had the opposite of a psychotic break when I decided to step out of these worlds and do a lot of work to come into reality because it is hard to explain how does talking about sexual purity lead to what we're seeing with ice and what we're seeing with detention. And I think in reality part of that is the ideology that the body of the US is supposed to primarily be white, straight Christian heteronormative. And so if we have other bodies coming in, you don't see that cry of immigrants in the same way for people that came over from Ukraine. And I don't mean that anything disparagingly about people that needed to come over from Ukraine, but you see that it's a very different mindset from white bodies entering the US than it is black and brown bodies within this ideological framework of what the family or the body of individuals and the country is supposed to look like.I've been pretty dissociated lately. I think yesterday was very tough as we're seeing just trickles of emails from Epstein and that world and confirmation of what any of us who listened to and believed any of the women that came forward already knew. But it just exposes the falseness that it's actually about protecting anyone because these are stories of young children, of youth being sexually exploited and yet the machine keeps powering on and just keeps trying to ignore that the man they elected to fight the rapists that were coming into our country or the liberals that were sex child trafficking. It turns out every accusation was just a confession.Danielle (16:43):Oh man. Every accusation was a confession. In psychological terms, I think of it as projection, like the bad parts I hate about me, the story that criminals are just entering our country nonstop. Well, the truth is we elected criminals. Why are we surprised that by the behavior of our government when we voted for criminality and I say we because I'm a participant in this democracy or what I like to think of as a democracy and I'm a participant in the political system and capitalism and I'm a participant here. How do you participate then from that abstinence, from that purity aspect that you see? The thread just goes all the way through? Yeah,Jenny (17:48):I see it as a lifelong untangling. I don't think I'm ever going to be untangled unfortunately from purity culture and white supremacy and heteronormative supremacy and the ways in which these doctrines have formed the way that I have seen the world and that I'm constantly needing to try to unlearn and relearn and underwrite and rewrite these ways that I have internalized. And I think what's hard is I, a lot of times I think even in good intentions to undo these things in activist spaces, we tend to recreate whiteness and we tend to go, okay, I've got it now I'm going to charge ahead and everyone follow me. And part of what I think we need to deconstruct is this idea of a savior or even that an idea is going to save us. How do we actually slow down even when things are so perilous and so immediate? How do we kind of disentangle the way whiteness and capitalism have taught us to just constantly be churning and going and get clearer and clearer about how we got here and where we are now so that hopefully we can figure out how to leave less people behind as we move towards whatever it looks like to move out of this whiteness thing that I don't even honestly have yet an imagination for.(19:26):I have a hope for it, but I can't say this is what I think it's going to look like.Danielle (20:10):I'm just really struck by, well, maybe it was just after you spoke, I can't remember if it was part of your talk or part of your elaboration on it, but you were talking about Well, I think it was afterwards it was about Mexicans can't come here, but we can take this to Mexico.Yeah. And I wonder if that, do you feel like that was the same for Uganda?Jenny (20:45):Absolutely. Yeah. Which I think it allows that cast to remain in place. One of the professors that I've been deeply influenced by is Ose Manji, and he's a Kenyan professor who lives in Canada who's spent many years researching development work. And he challenges the idea that saviors need victims and the privilege that I had to live in communities where I could fundraise thousands of dollars for a two week or a two month trip is not separate from a world where I'm stepping into communities that have been exploited because of the privileges that I have,(21:33):But I can launder my conscience by going and saying I helped people that needed it rather than how are the things that I am benefiting from causing the oppression and how is the government that I'm a part of that has been meddling with countries in Central America and Africa and all over the globe creating a refugee crisis? And how do I deal with that and figure out how to look up, not that I want to ignore people that are suffering or struggling, but I don't want to get tunnel vision on all these little projects I could do at some point. I think we need to look up and say, well, why are these people struggling?Speaker 1 (22:26):Yeah, I don't know. I don't have fully formed thoughts. So just in the back, I was thinking, what if you reversed that and you said, well, why is the American church struggling?(22:55):I was just thinking about what if you reversed it and I think why is the American church struggling? And we have to look up, we have to look at what are the causes? What systems have we put in place? What corruption have we traded in? How have we laundered our own conscience? I mean, dude, I don't know what's going on with my internet. I need a portable one. I just dunno. I think that comment about laundering your own conscience is really beautiful and brilliant. And I mean, it was no secret that Epstein had done this. It's not a secret. I mean, they're release the list, but they know. And clearly those senators that are releasing those emails drip by drip, they've already seen them. So why did they hang onto them?Jenny (24:04):Yeah. Yeah. I am sad, I can't remember who this was. Sean was having me listen to a podcast the other day, just a part of it talking about billionaires. But I think it could be the same for politicians or presidents or the people that are at the top of these systems we've created. That's like in any other sphere, if we look at someone that has an unsatiable need for something, we would probably call that an addiction and say that that person needs help. And actually we need to tend to that and not just keep feeding it. And I think that's been a helpful framework for me to think about these people that are addicted to power that will do anything to try to keep climbing that ladder or get the next ring that's just like, that is an unwell person. That's a very unwell person.Speaker DanielleI mean, I'm not surprised, I think, did you say you felt very dissociated this past week? I think I've felt the same way because there's no way to take in that someone, this person is one of the kings of human trafficking. The all time, I mean great at their job. And we're hearing Ghislaine Maxwell is at this minimum security prison and trading for favors and all of these details that are just really gross. And then to hear the Republican senator or the speaker of the house say, well, we haven't done this because we're thinking of the victims. And literally the victims are putting out statements saying, get the damn files out. So the gaslighting is so intense to stay present to all of that gaslighting to stay present to not just the first harm that's happened, but to stay present to the constant gaslighting of victims in real time is just, it is a level of madness. I don't think we can rightfully stay present in all of it.(26:47):I don't know. I don't know what we can do, but Well, if anybody's seen the Handmaid's Tale, she is like, I can't remember how you say it in Latin, but she always says, don't let the bastards grind you down. I keep thinking of that line. I think of it all the time. I think connecting to people in your community keep speaking truth, it matters. Keep telling the truth, keep affirming that it is a real thing. Whether it was something at church or like you talked about, it was a missionary experience or abstinence experience, or whether you've been on the end of conversion therapy or you've been a witness to that and the harm it's done in your community. All of that truth telling matters, even if you're not saying Epstein's name, it all matters because there's been such an environment created in our country where we've normalized all of this harm. I mean, for Pete's sake, this man made it all the way to the presidency of the United States, and he's the effing best friend of Epstein. It's like, that was okay. That was okay. And even getting out the emails. So we have to find some way to just keep telling truth in our own communities. That's my opinion. What about yours?Jenny (28:17):Yeah, I love that telling The truth matters. I feel that, and I think trying to stay committed to being a safe person for others to tell the truth too, because I think the level, as you use the word gaslighting, the level of gaslighting and denial and dismissal is so huge. And I think, I can't speak for every survivor, but I think I take a guess to say at least most survivors know what it's like to not be believed, to be minimized, to be dismissed. And so I get it when people are like, I'm not going to tell the truth because I'm not going to be believed, or I'm just going to get gaslit again and I can respect that. And so I think for me, it's also how do I keep trying to posture myself as someone that listens and believes people when they tell of the harm that they've experienced? How do I grow my capacity to believe myself for the harm that I've experienced? And who are the people that are safe for me to go to say, do you think I'm crazy? And they say, no, you're not. I need those checkpoints still.First, I would just want to validate how shit that is and unfortunately how common that is. I think that it's actually, in my experience, both personally and professionally, it is way more rare to have safe places to go than not. And so I would just say, yeah, that makes sense for me. Memoirs have been a safe place. Even though I'm not putting something in the memoir, if I read someone sharing their story, that helps me feel empowered to be like, I believe what they went through. And so maybe that can help me believe what I've gone through. And then don't give up looking, even if that's an online community, even if that's a community you see once a month, it's worth investing in people that you can trust and that can trust you.Danielle (30:59):I agree. A thousand percent don't give up because I think a lot of us go through the experience of when we first talk about it, we get alienated from friends or family or people that we thought were close to us, and if that's happened to you, you didn't do anything wrong. That sadly is something very common when you start telling the truth. So just one to know that that's common. It doesn't make it any less painful. And two, to not give up, to keep searching, keep trying, keep trying to connect, and it is not a perfect path. Anyway. Jenny, if we want to hear your talk when you give it, how could we hear it or how could we access it?Jenny (31:52):That's a great question. I dunno, I'm not sure if it's live streamed or not. I think it's just in person. So if you can come to Boston next week, it's at the American Academy of Religion. If not, you basically heard it. I will be tweaking things. But this is essentially what I'm talking about is that I think in order to understand what's going on in this current political moment, it is so essential that we understand the socialization of young white women in purity culture and what we're talking about with Epstein, it pulls back the veil that it's really never about purity. It's about using white women as tropes for Empire. And that doesn't mean, and we weren't given immense privilege and power in this world because of our proximity to white men, but it also means that we were harmed. We did both. We were harmed and we caused harm in our own complicity to these systems. I think it is just as important to hold and grow responsibility for how we caused harm as it is to work on the healing of the harm that was caused to us.   Kitsap County & Washington State Crisis and Mental Health ResourcesIf you or someone else is in immediate danger, please call 911.This resource list provides crisis and mental health contacts for Kitsap County and across Washington State.Kitsap County / Local ResourcesResourceContact InfoWhat They OfferSalish Regional Crisis Line / Kitsap Mental Health 24/7 Crisis Call LinePhone: 1‑888‑910‑0416Website: https://www.kitsapmentalhealth.org/crisis-24-7-services/24/7 emotional support for suicide or mental health crises; mobile crisis outreach; connection to services.KMHS Youth Mobile Crisis Outreach TeamEmergencies via Salish Crisis Line: 1‑888‑910‑0416Website: https://sync.salishbehavioralhealth.org/youth-mobile-crisis-outreach-team/Crisis outreach for minors and youth experiencing behavioral health emergencies.Kitsap Mental Health Services (KMHS)Main: 360‑373‑5031; Toll‑free: 888‑816‑0488; TDD: 360‑478‑2715Website: https://www.kitsapmentalhealth.org/crisis-24-7-services/Outpatient, inpatient, crisis triage, substance use treatment, stabilization, behavioral health services.Kitsap County Suicide Prevention / “Need Help Now”Call the Salish Regional Crisis Line at 1‑888‑910‑0416Website: https://www.kitsap.gov/hs/Pages/Suicide-Prevention-Website.aspx24/7/365 emotional support; connects people to resources; suicide prevention assistance.Crisis Clinic of the PeninsulasPhone: 360‑479‑3033 or 1‑800‑843‑4793Website: https://www.bainbridgewa.gov/607/Mental-Health-ResourcesLocal crisis intervention services, referrals, and emotional support.NAMI Kitsap CountyWebsite: https://namikitsap.org/Peer support groups, education, and resources for individuals and families affected by mental illness.Statewide & National Crisis ResourcesResourceContact InfoWhat They Offer988 Suicide & Crisis Lifeline (WA‑988)Call or text 988; Website: https://wa988.org/Free, 24/7 support for suicidal thoughts, emotional distress, relationship problems, and substance concerns.Washington Recovery Help Line1‑866‑789‑1511Website: https://doh.wa.gov/you-and-your-family/injury-and-violence-prevention/suicide-prevention/hotline-text-and-chat-resourcesHelp for mental health, substance use, and problem gambling; 24/7 statewide support.WA Warm Line877‑500‑9276Website: https://www.crisisconnections.org/wa-warm-line/Peer-support line for emotional or mental health distress; support outside of crisis moments.Native & Strong Crisis LifelineDial 988 then press 4Website: https://doh.wa.gov/you-and-your-family/injury-and-violence-prevention/suicide-prevention/hotline-text-and-chat-resourcesCulturally relevant crisis counseling by Indigenous counselors.Additional Helpful Tools & Tips• Behavioral Health Services Access: Request assessments and access to outpatient, residential, or inpatient care through the Salish Behavioral Health Organization. Website: https://www.kitsap.gov/hs/Pages/SBHO-Get-Behaviroal-Health-Services.aspx• Deaf / Hard of Hearing: Use your preferred relay service (for example dial 711 then the appropriate number) to access crisis services.• Warning Signs & Risk Factors: If someone is talking about harming themselves, giving away possessions, expressing hopelessness, or showing extreme behavior changes, contact crisis resources immediately.Well, first I guess I would have to believe that there was or is an actual political dialogue taking place that I could potentially be a part of. And honestly, I'm not sure that I believe that.Well, first I guess I would have to believe that there was or is an actual political dialogue taking place that I could potentially be a part of. And honestly, I'm not sure that I believe that. Well, first I guess I would have to believe that there was or is an actual political dialogue taking place that I could potentially be a part of. And honestly, I'm not sure that I believe that.

Convidado
Mês da identidade Africana mostra a “fotografia multicultural que existe em Portugal”

Convidado

Play Episode Listen Later Nov 14, 2025 10:36


O Mês da Identidade Africana chega ao fim este sábado. A 4º edição do evento criado para “questionar, reflectir e pensar o futuro da existência da comunidade afro-descendente e africana”, tem uma programação, de entrada livre, que junta arte, cinema, literatura, infância, formação e música. A iniciativa da Bantumen tem-se desenrolado no centro da capital portuguesa, na Casa do Comum, no Bairro Alto. A RFI falou com Vanessa Sanches, administradora de projectos e co-fundadora da Bantumen. Uma ocasião para percebermos melhor o que é esta plataforma, as iniciativas futuras, e, acima de tudo, ficarmos por dentro de alguns dos pontos altos da programação do Mês da Identidade Africana e de como este surgiu. Vanessa Sanches, administradora de projectos e co-fundadora da Bantumen: O MIA surgiu em 2022, pouco depois da pandemia, pouco depois de todas aquelas questões sobre o movimento negro, de George Floyd. Surgiu numa altura em que a equipa da Bantumen começou a reflectir sobre a necessidade de em Portugal haver também um momento em que pudéssemos questionar, refletir e pensar o futuro da existência da comunidade afro-descendente e africana, sobretudo pelo facto de não ser uma comunidade que é reconhecida como estando cá há tanto tempo, é sempre reconhecida como uma comunidade estrangeira, quando não é. Eu, por exemplo, nasci em Portugal, vivi aqui toda a minha vida, portanto, é um país que também me pertence. Então, nestas conversas sobre este assunto, achávamos que fazia todo o sentido criarmos algo que noutros países já existe, como por exemplo o Black History Month nos Estados Unidos e no Reino Unido, assim como no Brasil lá há o Mês da Consciência Negra. E achávamos que aqui também está na hora de podermos conversar abertamente e sem pudor sobre este assunto. Esta fotografia multicultural que existe em Portugal, mas que ainda muitos têm receio de mostrar, de identificar e de nomear também. Então, este MIA surgiu nesta vertente cultural porque a cultura está sempre de braços abertos para toda a gente. Portanto, essa é a nossa intenção, é mostrar o que a comunidade africana e afro-descendente tem feito por aqui através da cultura e abraçarmos todos os que quiserem se aproximar e conhecer. RFI: O MIA, Mês da Identidade Africana, está na 4ª edição. O que é que a Bantumen propôs, o que é que há em cartaz? Vanessa Sanches: A intenção do MIA é propor sempre uma exposição, que é a base do ciclo de eventos, dentro desse ciclo depois há sempre conversas. Este ano, por exemplo, tivemos uma conversa sobre a parentalidade, sobre o brincar com a identidade, porque é que é importante as crianças se reverem em termos de representatividade em diferentes esferas. Tivemos também o lançamento online de uma biblioteca, a Biblioteca Negra, onde há todo um acervo de livros que falam sobre estes temas da afro descendência, da negritude. Vamos ter também neste sábado, dia 15, uma sessão de leitura para crianças. Portanto, tentamos sempre ter eventos que possam chamar até nós do mais pequeno ao mais velho e que possam proporcionar alguma reflexão. O tema central deste ano é os 50 anos da independência dos PALOP, o tema que atravessa de alguma forma todos os eventos. RFI: Esta exposição de que falou, onde é que está a acontecer e quais são os artistas que podem ser vistos lá? Vanessa Sanches: Todo o ciclo de eventos acontece na Casa do Comum, no Bairro Alto, em Lisboa. A exposição está patente também até este dia 15. As obras que apresentamos são dos artistas Ricardo Parker, é português mas tem origens em Cabo Verde, a Gigi Origo, francesa e cabo-verdiana, o Sai Rodrigues também, que vive na Holanda mas tem origens cabo-verdianas também, e da moçambicana Naia Sousa. RFI: Em relação à conversa sobre a parentalidade, como é que decorreu? O que é que se discutiu? Vanessa Sanches: Na conversa sobre parentalidade “Brincar com Identidade”, porque era este o tema da conversa, tivemos a psicoterapeuta Henda Vieira Lopes, tivemos a Bárbara Almeida, que tem o projecto TitaCatita, para crianças e pais e cuidadores de crianças, e tivemos a Ângela Almeida, que é assistente social, e a intenção foi, nesta conversa moderada pelo Wilds Gomes, jornalista da Bantumen e apresentador de televisão do Bem Vindos, foi perceber quão importante é criar, de alguma forma, representatividade em diferentes esferas para os mais pequenos. Quando, enquanto crianças, não nos revemos a fazer determinadas coisas, não imaginamos que é possível fazermos essas determinadas coisas, eu se nunca tiver visto um médico negro vou achar que a única coisa normal é aquela possibilidade, portanto não vou sonhar que também eventualmente posso fazê-lo, sobretudo quando estamos a falar num país em que a comunidade negra é minoria de facto, portanto, a necessidade de podermos proporcionar às crianças modelos de representatividade e levá-los a espaços onde isto é possível acontecer. Onde é possível, também, abraçar a sua própria identidade, explicando que o cabelo, por exemplo, que é um tema super importante dentro da comunidade afro-ascendente, que o seu cabelo é bonito, que o seu cabelo tem milhões de possibilidades, por exemplo, as crianças mais dificilmente terão alguns traumas, digamos assim, que levam até à idade adulta. Portanto, este foi o tema central da conversa. RFI: Para quem estiver interessado em descobrir e ler algo mais sobre a africanidade, foi também apresentada a Biblioteca Negra. Como é que funciona esta Biblioteca Negra? Vanessa Sanches: A Biblioteca Negra é um projecto que foi pensado e materializado pelo realizador Fábio Silva. Ela parte da experiência pessoal do próprio Fábio, ele começou a compilar, num simples Excel, alguns livros que ele ia lendo sobre esta temática da africanidade, da negritude, porque nem sempre é fácil chegar a estes livros numa livraria normal. Então, ele achou que faria todo o sentido começar a compilar estes títulos. Entretanto, o ano passado, se não estou em erro, decidiu que faria todo o sentido lançar um site onde as pessoas pudessem facilmente encontrar uma panóplia de livros que abordassem então estes temas. É assim que nasce, então, a Biblioteca Negra, onde ele compila uma série de livros, com as sinopses desses livros, e onde é possível encontrar também casas parceiras, que actualmente são três, onde eventualmente podem encontrar alguns destes livros à disposição e onde também podem efectuar doações, caso tenham os livros em casa e já não os queiram mais, podem doar esses livros a estas casas parceiras. RFI: Casas parceiras na Grande Lisboa, para já, e qual é o site? Vanessa Sanches: O site é muito simples, http://www.bibliotecanegra.pt  RFI: O filme do brasileiro Lázaro Ramos, Medida Provisória, foi exibido nos encontros MIA. Foi um momento muito participado? Vanessa Sanches: Bastante, bastante. Na verdade, nós tínhamos uma lotação para 50 pessoas e houve um dado momento em que houve pessoas a sentarem-se no chão porque os lugares estavam absolutamente lotados. Acho que é um filme que muita gente ainda queria ver, não teve a hipótese de o ver, e aproveitou então este ciclo de eventos do MIA para poder ver o filme. Tem um tema que nos leva à reflexão de algo que, provavelmente, muitas vezes já nos passou pela cabeça de forma inconsciente, que é; Todos os negros serão realmente de África? Porque, no filme há uma medida provisória que diz às pessoas negras brasileiras que, se calhar, o melhor para o futuro delas seria voltarem para a África. E então há toda uma panóplia de circunstâncias que acontecem ali, porque estamos a falar de pessoas que pertencem àquele país há centenas de anos. Então, é um debate que merece ser tirado do ecrã para o físico e convidámos o actor e cineasta Welket de Bungé e a actriz Cléo Diára para poder, então, conversar sobre este tema. Então foi um momento especial, não só pela lotação mas pelo tema abordado em si mesmo. RFI: Dia 15, sábado, encerra-se o MIA deste ano, o que é que foi pensado para o encerramento? Vanessa Sanches: Encerramos em grande com um momento dedicado às crianças, com uma sessão de leitura com a actriz, jornalista e autora Aoani Salvaterra, com origens santomenses. Vamos ler o livro da Nuna, A Aventureira Marielle, e logo de seguida, um bocadinho mais tarde, encerramos em grande com festa, como gostamos, com os sons da Independência. Basicamente, é um DJ set do DJ Camboja, que tem um acervo gigantesco de músicas que surgiram na altura das Independências e que têm, justamente, como moto a liberdade, a independência e o anticolonialismo. RFI: O Mia é apenas um dos momentos em que a Bantumen dá a conhecer o trabalho que desenvolve. Depois deste Mês da Identidade Africana, o que é que a Bantumen vai propor? Vanessa Sanches: Eu vou começar por explicar, dado que há algumas pessoas que têm alguma dificuldade em entender o que é a Bantumen. A Bantumen é, no fundo, uma plataforma de cultura e de informação. Portanto, online nós temos uma revista, mas no plano físico nós também fazemos algumas coisas. Portanto, resulta, então, neste MIA. E no final do ano temos o nosso maior evento, que é a Powerlist 100, a iniciativa que pretende prestar homenagem a 100 personalidades negras da lusofonia. Este ano a lista vai ser, então, revelada no dia 6 de Dezembro, a nível digital, no seu site próprio, podem encontrá-lo facilmente em bantumen.com. Ao mesmo tempo, irá acontecer também uma Gala para que algumas destas 100 personalidades possam, então, se sentir homenageadas de viva voz e olho no olho por esta comunidade, que se revê no seu trabalho de excelência, que tem feito e que é um espelho também para nós, as actuais gerações e para, quem sabe, futuras gerações. RFI: São personalidades que actuam nas mais diversas áreas, alguns exemplos? Vanessa Sanches: Nas mais diversas áreas. Já tivemos uma empregada doméstica, temos pessoas vindas do percurso associativo, como temos advogados, como temos cientistas, músicos, dançarinos. Nós tentamos não ter Categorias justamente para isso, para que possa ser o mais ampla possível esta lista final dos 100 homenageados. Link site Bantumen : https://www.bantumen.com 

Expresso - Blitz Posto Emissor
Tiago Bettencourt: “Ainda anteontem me perguntaram pelos Toranja. E eu digo: ‘ten million dollars'. Se me pagarem bem, acho que sim”

Expresso - Blitz Posto Emissor

Play Episode Listen Later Nov 14, 2025 75:41


Acaba de editar um novo álbum, “Foz”, e prepara-se para levá-lo, em dezembro, a grandes palcos de Lisboa e Porto: Tiago Bettencourt regressa ao Posto Emissor para falar da temporada num chalé na Suíça que fez despontar as novas canções, do (muito) hipotético regresso dos Toranja e de como as redes sociais atiraram o ser humano para uma crise de identidade. No 258º episódio do podcast da BLITZ, temos ainda o regresso dos Foo Fighters, os prémios Grammy e a despedida de Sei Miguel.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Convidado
Filho de vítima pede “pensamento crítico” e menos emoção em torno dos atentados de Paris

Convidado

Play Episode Listen Later Nov 13, 2025 15:30


Dez anos depois dos atentados que mataram 130 pessoas e fizeram mais de 400 feridos em Paris e Saint-Denis, o filho de uma das vítimas mortais denuncia a exploração da emoção em torno dos ataques e pede “pensamento crítico e analítico sobre o que aconteceu”. Michaël Dias afirma que não se procuraram respostas sobre as causas e o financiamento dos ataques e alerta que não foi feito “um trabalho para lutar contra a polarização da sociedade” de modo a “evitar que pessoas nascidas em França atentem contra o próprio país”. O filho do português que morreu no Stade de France questiona “como é que “um país como a França não foi capaz de antecipar uma operação terrorista desta dimensão” e não acredita que hoje a situação esteja melhor. Foi há dez anos que três comandos de homens armados mataram 130 pessoas e fizeram mais de 400 feridos em Paris e Saint-Denis. Primeiro, no Stade de France, depois em bares e restaurantes e na sala de concertos Bataclan. Os ataques de 13 de Novembro de 2015 foram, então, reivindicados pelo autodenominado Estado Islâmico. Dez anos depois, como contar e lembrar o que aconteceu e como estão os familiares das vítimas? Para falar sobre o assunto, convidámos Michaël Dias, filho de Manuel Dias, a primeira vítima mortal daquela noite junto ao Stade de France, em Saint-Denis, nos arredores de Paris.   RFI: Dez anos depois, como é que está o Michaël Dias e a sua família? É possível reconstruir-se dos atentados? Michaël Dias, filho de Manuel Dias: “Enquanto estamos vivos, é sempre possível reconstruir-se e continuar a viver, mas acho que isso é bastante universal em todos os lutos. Não me parece que este luto seja muito diferente de outro. As circunstâncias podem ser mais inesperadas, mas o ser humano passa por um luto que é seu, que é íntimo, que é pessoal e todos os ouvintes um dia passarão por isso.” Que memórias é que ainda guarda daquela noite? “É uma noite de espera até termos a confirmação. Não guardo nada para além dessa lembrança, mas não traz nada à reflexão sobre o assunto, o sofrimento das vítimas ou da família das vítimas. A gente vimo-lo na televisão e na rádio nos últimos dez anos, várias vezes. Não há nada que seja muito útil ao explorar esse sentimento, nem vejo uma grande utilidade de fazer um tutorial sobre como fazer o luto em circunstâncias excepcionais.” Mas se houver alguma coisa que tenha falhado, por exemplo, a forma como as autoridades comunicaram com as famílias, seria bom tirar lições. Ou não? “Não acho que houvesse um protocolo que tenha falhado ou que fosse importante fazer alguma coisa na altura. Soube-se quando tinha que se saber e não é por aí. Não acho que seja um ponto que tenha falhado em particular, é muito mais o facto de um país como a França não ter sido capaz de antecipar uma operação terrorista desta dimensão e coordenada e sincronizada desta forma.” Mas, por exemplo, a sua irmã disse-nos [numa entrevista em 2021] que o número de emergência não funcionou e ela estava em Portugal... “Sim, mas se não somos capazes de antecipar um acto terrorista ou vários numa mesma noite, quanto mais as questões puramente logísticas de números de telefone e de quem centraliza a informação, etc. Desde então, certamente com o número de atentados que já houve em França, eles hão-de ter criado um processo bastante mais eficaz.” Dez anos depois, diz que não houve antecipação. Como é que está a França hoje? “Quando isso acontece, a gente sempre espera que seja o último, que não haja mais, como é óbvio. Mas depois eles foram-se multiplicando, chegando a uma banalização. Acho que ninguém saberia listar o número de atentados que houve em França, de pequena ou grande dimensão, nos últimos dez anos. Portanto, não só não anteciparam esse, como falharam em vários outros níveis. Certamente que também terão evitado outros atentados, mas não acredito que estejamos numa melhor situação hoje do que há dez anos, com muito mais ameaças, com um sentimento de insegurança que foi sempre crescendo. Estamos longe de termos melhorado em qualquer um dos aspectos.” O que é que falha concretamente? O que é que é preciso fazer para antecipar? “Esse é o trabalho de quem zela pela segurança da população, é um trabalho da Inteligência, um trabalho de procura das causas de quem pode estar a financiar, quem pode estar a dar apoio logístico, etc. E todo o outro trabalho que tem que ser feito para lutar contra a polarização da sociedade e para evitar que pessoas nascidas no próprio país atentem contra outros cidadãos que não têm nada a ver com o assunto.” Como é que a memória colectiva deve recordar estes momentos sem que eles sejam, digamos, politicamente utilizados para fracturar uma sociedade que já está polarizada há muito? “Essa questão do dever de memória, eu acho acho curioso. Relembrar o quê? Relembrar que não foram capazes de evitar vários atentados que fizeram mais de 120 mortos numa mesma noite? Não esquecer tudo o que está por trás disso e como nunca fomos capazes de pensar nas origens, de fazer essa genealogia dos acontecimentos, saber quem financiou, quem deu apoio logístico? Continuamos com essa historinha de que três ou quatro parvos num kebab terão imaginado um dia fazer um atentado sozinhos. Isso é absurdo. Forçosamente houve quem financiou e quem deu apoio, mas em nenhum dos momentos a gente pensa essas causas, em nenhum momento o julgamento pensou essas causas profundas e continuamos com a mesma moralização de sempre nos ‘media' e a tentar sempre entrar no acontecimento pela emoção, em vez de pensar isso de forma crítica.” Além do luto individual, os atentados deixaram uma marca indelével na sociedade francesa. Foram os piores atentados na história de França. Até que ponto é que não se poderiam tirar lições, mesmo em termos políticos, do ocorrido e também lembrar das pessoas? No julgamento, a sua irmã disse-nos que pouca gente sabe que houve uma vítima no Stade de France. Como é que se devem lembrar estas pessoas? “Lembrarão essas pessoas quem sente a falta delas. De forma colectiva, ficarão na História pelo que se viveu naquela noite, mas não tem grande interesse tentar personificar um atentado porque isso não traz nada ao debate político, não diz nada sobre a sociedade. O luto é uma coisa completamente individual, pessoal e essa reflexão incapacita as pessoas de pensar de forma crítica, vamos falar de como dói perder uma pessoa sem pensar porque é que isto aconteceu e quem são as pessoas que poderiam ser responsabilizadas por isso de forma política e não só. De resto, é uma questão de luto pessoal. Um dia seremos só uma foto numa estante e no dia a seguir não seremos mais nada.” O seu pai não é apenas uma foto numa estante. O seu pai tem uma placa de homenagem a lembrar o nome dele junto ao Stade de France... “Sim, mas certamente ela um dia será tirada de lá. Não serve de grande coisa pensarmos em toda esta questão de uma forma emocional porque esse trabalho foi feito a vários níveis. Foi feito naquela noite para quem viu na televisão aqueles atentados em directo e sentiu essa emoção, portanto não precisa de voltar a senti-la hoje. Viveu também de forma muito sofrida todas as pessoas que perderam alguém ou estiveram lá naquelas noites e, portanto, não precisamos de mais emoção para perceber o assunto. A gente percebeu bem o que é viver aquilo. Agora, precisamos é de pensamento crítico e analítico sobre o que aconteceu e a emoção impede que isso aconteça.” Foi convidado para as cerimónias de homenagem? O que está previsto? “Acho que há várias comemorações, como sempre, em todos os sítios onde aconteceu, e depois acho que há a inauguração do Jardim da Memória, algo assim.” Lá está, a memória... “Sim, mas essa memória é a memória emocional de quanto se sofreu que vai impedir de pensar de forma crítica ou é a memória de não termos sido capazes de antecipar isto, de não termos sido capazes de gerir isto, de termos obrigado as vítimas a submeterem-se a um processo longo e indecente de responder a todos os inquéritos para poder aceder, possivelmente, a uma indemnização?” Como assim? O que é que aconteceu? Como é que foi esse processo, o acompanhamento para terem as ajudas terapêuticas e financeiras? “As vítimas, na sua maioria, tiveram de esperar quase dez anos para serem, em parte, ressarcidas e terem acesso, às vezes, a apoios psicológicos e a outras compensações. Para isso, muitas delas tiveram de se submeter a todo um processo que incluía encontros com médicos e outros profissionais e todo um inquérito sobre questões muito pessoais que roça a indecência só para se poder provar quase o que se sofreu e a dificuldade em reconstruir-se. Isso é muito absurdo e se temos que ter um dever de memória é para com isso. É para com a incapacidade de antecipar vários atentados e com a incapacidade de gerir de forma digna as compensações que iriam surgir.” Convosco também foi o caso? “Não porque eu não me quis submeter a nada disso, ms conheço pessoas que sim.” Um ano depois dos atentados, durante uma homenagem francesa ao seu pai, na qual foi colocada uma placa com o seu nome no Stade de France, o Michaël fez um discurso em que disse que os que perpetraram os atentados eram apenas “carne para canhão ao serviço de interesses obscuros”. Na altura, também deixou a mensagem – que dizia que herdada do pai – de que “para viver sem medo e em liberdade é preciso parar de estigmatizar o outro”. Esse seu discurso ecoou de alguma forma? Ou nada mudou? “Não acho que tenha mudado seja o que for. Em dez anos, se mudou foi para pior. Temos uma sociedade muito mais polarizada hoje em dia em França do que tínhamos em 2015. De resto, eu não sei se ecoou, não tenho essa pretensão, mas é uma questão que já referi várias vezes que é: como é que pessoas que nascem em França são capazes de realizar atentados ou de se virar contra outros cidadãos que não têm nada a ver com a temática? É preciso pensar como é que chegámos a este ponto, como é que pessoas que nascem em França não se vão identificar como franceses ao ponto de poder realizar algo contra o próprio país supostamente. Nesse sentido, até é muito estranho porque, sim, são carne para canhão porque eles estão a defender interesses que são, às vezes, interesses políticos, interesses mafiosos, interesses que eles nem conhecem e só o fazem por ideologia, neste caso. Mas é sempre curioso perceber como é que pessoas que nascem num mesmo sítio crescem de forma tão diferente.” Numa conversa que tivemos em 2017, criticou o Presidente francês, Emmanuel Macron, pela supressão do Secretariado de Estado de Ajuda às Vítimas. Na altura, falou-me numa “vontade explícita” de fazer cair as vítimas e as famílias num certo “esquecimento”. Teve uma posição bastante crítica com o Presidente. Mantém-na? “Quando ele foi eleito e acabou com a Secretaria de Estado, ele disse que queria acabar com essa cultura de vítimas porque na altura ainda era algo muito presente. Isso não é muito relevante no sentido em que depois houve outros atentados e ele teve que voltar a falar sobre o assunto, etc, mas é mais que o pesou na relação das vítimas com o Estado, no sentido de todas as indemnizações e da ajuda que era suposto vir. Tudo foi complicado e várias vezes tiveram que falar com os ministros e o governo para pedir uma série de coisas que deviam ter acontecido muito mais rápido. Então, o que eu observo é o que eu estava a falar há bocado, é que todo o processo do pedido de ajudas e indemnizações foi muito mais demorado, muito mais complicado do que certamente teria sido com o governo anterior.” Como é que olha para o julgamento? Houve alguma forma de reparação? “Eu fiquei bastante à margem do julgamento pessoalmente. É o que eu sempre disse: vamos julgar as pessoas que estiveram envolvidas directamente nesse atentado e está muito bem fazê-lo, mas eu procurava respostas que nunca chegaram a aparecer porque são questões políticas muito mais profundas e não há interesse sequer em encontrar ligações políticas e económicas a esses atentados. Então é melhor falar das três ou quatro pessoas que pudermos julgar, mas isso não responde em nada às perguntas que eu teria.” Que perguntas são essas concretamente? “São perguntas simples. Quem acredita que três ou quatro desgraçados são capazes de organizar um atentado desta dimensão ou outros atentados que aconteceram depois é ingénuo porque forçosamente há uma complexidade económica e logística que não são acessíveis de forma fácil. Mas nunca sequer essa questão é feita. Quando eu faço essa questão, a maior parte dos jornalistas responde: ‘Ah, não, mas é que a gente não pode na nossa rádio ou televisão falar desse tipo de assuntos. A gente não pode fazer essas perguntas...” Mas eu estou-lhe a pedir essa pergunta. “Sim, mas eu não tenho a resposta. A minha questão é: por que é que nunca se fala de quem poderá ter financiado isto e por que é que sempre que eu faço essa pergunta, os jornalistas me respondem que não podem falar disso? É muito curioso, não chamo a isso censura, mas é curioso.”

Reportagem
Artistas e galerias do Brasil e da América Latina se reúnem em feira de arte em Paris

Reportagem

Play Episode Listen Later Nov 13, 2025 6:00


Artistas de toda a América Latina se reúnem neste fim de semana em Paris para a Mira, uma feira de arte que promove a visibilidade da região a partir de esculturas, fotografias, arte têxtil, instalações e performances, entre outras representações. O evento acontece até o dia 16 de novembro na Maison de l'Amérique Latine, no 7º distrito da capital francesa, e, este ano, foca especialmente em artistas e galeristas brasileiros por conta da temporada do Brasil na França. Tatiana Ávila, da RFI em Paris Para a sua segunda edição, a Mira Latino Art Fair ocupa os quatro andares da Maison de l'Amérique Latine, reunindo 30 galerias, seis a mais do que no ano passado, quando o evento estreou, no mesmo endereço. Para este ano, a Mira aproveita a realização do Paris Photo – evento dedicado à fotografia, que acontece também neste mês de novembro – para agitar a cena artística e cultural da capital francesa com uma presença mais ativa de colecionadores internacionais. Estão reunidas não apenas galerias da América Latina, mas também de diversos países da Europa, especialmente da França. O processo de seleção e cenografia foi meticuloso, mas teve o objetivo também de destacar a diversidade das práticas artísticas e a vitalidade do cenário artístico latino-americano para atrair não apenas compradores, especialistas e profissionais da arte. O público em geral também é muito bem-vindo, como conta a curadora do Programa Público, Noelia Portela. “A programação para o público existe exatamente para convidar as pessoas que talvez não conheçam (o evento), mas que amam a arte e tudo o que se passa em torno. Então essa programação vem para dar esse espaço. Nós temos também atividades no fim de semana dedicadas às crianças e famílias, com uma instituição que vem do Chile, a Nube Lab, que tem um projeto pedagógico com duas artistas, Paula de Solminihac e Elena Loson”, explicou. Mais performances e fotografias Os organizadores explicam que esta edição da Mira foi pensada para promover trocas, interações, “encontros verdadeiros”. Por isso, existe um foco maior nas performances artísticas e não apenas na exposição das obras. Noelia Portela conta que o objetivo foi fazer algo mais descontraído. “No ano passado nós tínhamos muita ambição, e a gente fez um grande programa com muitos diálogos e algumas intervenções de artistas. Esse ano colocamos o foco nas performances. Então, as pessoas virão à Maison de l'Amérique Latine exatamente para ver os artistas já consagrados, que trabalham na performance e que, normalmente, no contexto das feiras de arte, acaba ficando um pouco de fora”, disse, citando Maria Konder e Vanessa da Silva, artistas brasileiras que apresentam a performance Corpomuta.   A Mira também dedica um olhar especial para a fotografia. Ana Stewart, galerista, artista e fotógrafa, uma das fundadoras da galeria Da Gávea, conta que trouxe para Paris obras dela e de mais seis artistas. Segundo ela, foram escolhidas as obras mais clássicas, representadas por um pouco mais de 30 fotos. “Escolhemos o que explica, o que conta, como é o conjunto das nossas obras. É uma galeria só de fotografia e a gente trouxe o que mais representa o nosso estilo”, disse. Como artista, Ana Stewart falou sobre a sua série de fotos que ilustra meninas e mulheres da Zona Norte do Rio de Janeiro, e que também terá alguns exemplares expostos na feira. Ela conta que a série Meninas do Rio é um trabalho em constante evolução ao longo dos anos.   “Eu as fotografo de 10 em 10 anos e estou na terceira rodada. Então, eu acho que é um momento oportuno para mostrar essa série aqui porque justamente estamos chegando ao que eram antes dípticos (na arte, trabalho dividido em duas partes), agora são trípticos (trabalho dividido em três partes) e eu acho um trabalho muito forte, muito impactante”, contou. Arte para se aproximar do Brasil Aos 27 anos, o brasileiro Alexandre Nitzsche Cysne é o artista mais jovem a expor na Mira este ano. Laureado com diversos prêmios e morando em Paris há três anos, ele produz suas obras a partir de objetos e materiais encontrados pelas ruas da capital francesa. “Eu trabalho diretamente em diálogo com a rua e com os limites do mundo concreto, com o que é possível", conta o artista. "Não me vejo como uma pessoa técnica. Acho que existe esse lugar do improviso, que acessa o imaginário coletivo, como acredito, de certa forma, que o que eu faço pode ser feito por qualquer pessoa", aponta. "Eu já fazia um trabalho muito similar no Brasil, de coleta, de arquivagem, até o momento em que os objetos são manipulados a partir dos restos, mas o que foi mais interessante é que quando eu me mudei para cá, eu não sabia falar francês, e era muito difícil eu me comunicar", relembra o jovem.  Eu acabei usando, como matéria para o meu trabalho, os motivos pelos quais eu sentia falta do meu próprio país. Eu acho que são certas especificidades, que são próprias de uma cidade, como ela funciona quando nós falamos de design de objetos, como as faixas de pedestre do Brasil são diferentes das daqui", detalha o brasileiro. "Então eu vou usar esse material, que é um indício de uma saudade que eu tenho, e identificar esses elos que acabam fragmentando um pouco a forma como eu me sinto aqui", concluiu o artista.  A Mira Latino Art Fair fica em cartaz até o dia 16 de novembro. A programação completa está disponível no site: www.mira-artfair.com

Reportagem
Cerimônia em Paris marca os 10 anos dos ataques terroristas mais violentos da história da França

Reportagem

Play Episode Listen Later Nov 13, 2025 14:06


A França presta homenagem nesta quinta-feira (13) às vítimas dos ataques de 13 de novembro de 2015 em Paris. Os dez anos dos atentados mais violentos da história recente do país serão marcados pela inauguração de um jardim memorial na praça Saint-Gervais, no centro da capital, com presença da prefeita Anne Hidalgo e do presidente Emmanuel Macron. A cerimônia laica será transmitida pela televisão.  Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris  O jardim, projetado pelo paisagista Gilles Clément, é composto por vários blocos de granito azul esculpidos, que representam os locais dos ataques terroristas e onde estão inscritos os nomes das vítimas.   O evento, com música e momentos de reflexão, tem direção artística de Thierry Reboul, conhecido por ter coordenado as cerimônias dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024.   O público poderá acompanhar a cerimônia em telões instalados em frente à Prefeitura e na Praça da República, onde foi montada uma exposição fotográfica, e os parisienses poderão depositar flores ou velas em homenagem às vítimas da tragédia.   Há exatos dez anos, a reportagem da RFI relatava ao vivo o que ninguém poderia imaginar: ataques coordenados em diversos pontos de Paris deixaram, no total, 130 mortos e cerca de 400 feridos.  O primeiro local atacado foi o Stade de France, onde 80 mil pessoas assistiam ao jogo de futebol entre França e Alemanha. O jornalista que cobria o duelo em campo passou imediatamente a relatar o susto dos torcedores que ouviram explosões. “Os espectadores ouviram, durante o primeiro tempo da partida, três grandes explosões, com intervalo entre cada uma, mas ninguém sabia exatamente o que estava acontecendo", relatou. A polícia e os socorristas se mobilizaram para chegar a outros locais atingidos por comandos terroristas armados: bares, restaurantes e a casa de shows Bataclan, lotada com fãs do grupo Eagles of Death Metal.  A contagem das vítimas parecia impressionar mesmo as forças de segurança. O depoimento de um policial, o primeiro a entrar no Bataclan, apontava dezenas de mortos.  O presidente François Hollande, que governava o país na época, correu para estar junto dos franceses. “Nós quisemos estar perto de todos os que viram essas atrocidades para dizer que iremos travar uma batalha impiedosa,” disse o chefe de Estado aos jornalistas, no local da tragédia.  Após uma reunião de crise, o governo declarou estado de emergência no país, convocou todas as forças de ordem e determinou o fechamento do espaço aéreo francês.  Ao ser citado como testemunha no julgamento do caso, em 2021, François Hollande falou sobre a sua função como chefe de Estado naquela noite fatídica de 13 de novembro de 2015. “Este grupo nos atingiu não pelo nosso modo de atuação no exterior, mas sim pelo nosso modo de vida aqui”, sublinhou  Hollande. “A democracia será sempre mais forte do que barbárie", acrescentou. "Carnificina" No Bataclan, casa de shows invadida pelos terroristas, os sobreviventes estavam em choque diante dos corpos das vítimas.  Um dos primeiros a chegar ao local foi o jornalista da RFI, Pierre Olivier. “Eu fui até lá tomando muito cuidado, porque não sabíamos naquele momento o que realmente estava acontecendo", disse em entrevista para marcar os dez anos do caso. "Saí de casa, andei por uns cinco minutos e cheguei em frente ao Bataclan, onde a polícia estava chegando quase ao mesmo tempo que eu. Não havia nenhuma faixa de sinalização impedindo o acesso", continua.  "E gradualmente, a polícia e os bombeiros chegaram. Cada vez nos pediam para recuar mais. Mas quando cheguei, eu estava bem em frente ao Bataclan, e foi aí que comecei a ligar para a redação do meu celular e a reportar ao vivo. E fiz isso por quase três horas, a noite toda," relata.   "Uma mulher me disse que tinha sido uma carnificina, foi horrível. Todos estavam em choque e não queriam conversar. Isso é normal. Naquele momento, não sabíamos realmente o que estava acontecendo lá dentro, mas tínhamos pistas de que era muito sério e que havia mortes, muitas mortes," completa o jornalista.   Dez anos depois, as lembranças permanecem vivas em sua memória.  "Ainda há coisas que permanecem. Quando passo pelo Bataclan, revejo certas cenas. Já se passaram dez anos. E cada vez que passo por ali, lembro daquela noite, revejo pessoas, uma parede, uma vitrine, onde vi uma mulher em seu cobertor de emergência, coisas assim."  Depois de ouvir todos esses depoimentos e de entrevistar sobreviventes, o jornalista desenvolveu uma forma de estresse. "Quando eu entrava em um restaurante, em um bar, em uma casa de espetáculos, ou onde quer que fosse, eu sempre olhava para ver se havia janelas, uma porta de saída e como me sentar, para acessar facilmente a porta. Afinal, nunca se sabe, e se fosse como no Bataclan e um grupo de terroristas chegasse?", ele questiona.  A RFI também conversou com Elsa, uma francesa que assistia ao show na casa noturna Bataclan, quando foi ferida. "Quando fui atingida pela bala, me lembro muito bem da sensação no corpo. Foi tão irreal que ri, pensando: 'Ah, é mesmo como nos filmes'. Mas, falando sério, doeu."  "Eu me agachei e pensei: 'Não vou conseguir correr'. E racionalizei absolutamente tudo o que estava acontecendo. Disse a mim mesma: não posso sentir dor," lembra.   "Na hora você esquece a dor. Eu procurei me colocar em uma posição segura, apesar da multidão passando em cima de mim," relata a sobrevivente.  Passada uma década, Elsa pretende contar sua experiência em um espetáculo. "Eu queria fazer um projeto em torno da dança, não apenas para contar a minha história, mas através da dança, e não apenas em um testemunho que eu poderia ter escrito em um livro ou algo assim. Mas isso me toca menos, pareceu menos relevante para a minha relação com o corpo que eu tinha antes de tudo isso", explica.   Brasileiros entre as vítimas Entre os sobreviventes dos ataques de 13 de novembro de 2015 também há brasileiros. A RFI conversou com Diego Mauro Muniz Ribeiro, arquiteto que, naquela noite, celebrava com amigos no restaurante Le Petit Cambodge, no 10º distrito de Paris.   “A minha recordação foi de ouvir uns barulhos, mas que eu não entendia muito bem. E quando olhei à direita, vi luzes. Não estava entendendo que aquilo eram tiros vindo na minha direção. Minha reação foi me jogar no chão. Me levantei na sequência e saí correndo. A lembrança que eu tenho é de que corri por muito tempo até entrar num supermercado,” lembra o arquiteto.  Diego passou por acompanhamento com psiquiatra e psicanalista para seguir em frente. Ele voltou a Paris três vezes para compromissos relacionados aos atentados, seja para dar depoimentos ou participar de solenidades públicas.   “Na França, existe uma solenidade em homenagem às vítimas, e foi muito impactante para mim. É uma cerimônia extremamente sóbria, silenciosa, e isso é muito respeitoso. Então, fiquei muito emocionado na primeira vez que fui", conta o arquiteto que hoje vive em São Paulo. "Estamos, dentro do possível, bem, mas ainda é um processo de elaborar essas questões, essa violência que, para mim, soa como gratuita”, analisa.  Naquela noite, Diego estava acompanhado de outro arquiteto brasileiro, Guilherme Pianca, com quem a RFI também conversou. Ele visitava Paris pela primeira vez, graças a uma bolsa de estudos, e conta que hoje em dia tem sentimentos ambíguos em relação à cidade.   “Tive alguns momentos de retorno pelo próprio processo e avaliação psiquiátrica que o governo francês fez. Acho que eles foram bem atentos e lidaram com muito cuidado nesse assunto. Esse trauma está sendo constantemente elaborado. Acho que é uma coisa que se dá no longo prazo. São várias camadas que um evento desses significa. Este ano vão inaugurar um jardim em homenagem às vítimas. Acho que existe um esforço bem grande da prefeitura e do próprio Estado francês para lidar com esse assunto.”       O julgamento  Os ataques terroristas de 13 de novembro de 2015 em Paris foram reivindicados pelo grupo Estado Islâmico.  O processo dos terroristas na Justiça francesa durou dez meses. Nenhum dos 20 acusados recorreu da decisão, e o julgamento foi encerrado oficialmente em 12 de julho de 2022.  O único participante ainda vivo do comando jihadista que organizou os ataques em diferentes locais de Paris e arredores, Salah Abdeslam, foi condenado à prisão perpétua. Ele "acatou o resultado", explicaram, à época, seus advogados.  Salah Abdeslam foi o terrorista que não levou seus atos até o fim. Ele afirmou no julgamento ter "desistido" de acionar os explosivos em um bar parisiense por "humanidade". Em outro momento, declarou: “Eu apoio o grupo Estado Islâmico e os amo, porque eles estão presentes no cotidiano, combatem e se sacrificam”. O depoimento chocou familiares das vítimas.  O dispositivo com explosivos foi encontrado dentro de uma lata de lixo. No entanto, em sua deliberação final, os juízes concluíram que o colete explosivo que Abdeslam carregava "não era funcional", colocando seriamente em questão suas declarações sobre a sua suposta "desistência".  A Justiça determinou que o francês, de 32 anos à época, era culpado de ser o "coautor" de uma "única cena de crime": o Stade de France, os terraços parisienses metralhados e a sala de concertos Bataclan.  Os outros 19 corréus, alguns presumivelmente mortos, foram julgados e condenados a penas que variam de dois anos à prisão perpétua.    Os atentados em Paris foram considerados uma retaliação à participação da França na coalizão internacional contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.  Ameaça continua presente Atualmente, a organização terrorista continua representando uma ameaça à segurança do país, embora sua presença não se configure como uma estrutura organizada e visível como nos anos de seu auge (2014–2017). A atuação atual se dá principalmente por meio de células descentralizadas, recrutamento online e influência ideológica, como explicou à RFI Victor Mendes, professor de Relações Internacionais do Ibmec e especialista formado no Instituto Superior de Guerra do Ministério da Defesa do Brasil.  “Hoje, especialmente após a perda de territórios e de combatentes do Estado Islâmico, depois das operações militares ocidentais contra o grupo no Iraque e na Síria, que resultaram no fim declarado do Estado Islâmico em 2019, o grupo atua de forma mais descentralizada do que já atuava anteriormente", diz.  De acordo com o especialista, o Estado Islâmico continua sendo um dos principais grupos terroristas a atuar na Europa, apesar do número reduzido de ataques.   “Na Europa especificamente, uma das tendências, resultado do avanço tecnológico e da comunicação, é que o grupo hoje recruta muitos combatentes principalmente através de redes sociais e plataformas digitais, especialmente menores de idade", diz Victor Mendes.   O especialista alerta para os riscos ainda presentes. “O risco sempre vai existir, principalmente pelo fato de a França ainda ter muitos combatentes que se aliam a esses grupos e pelo fato de, muitas vezes, eles serem cidadãos franceses. Então, não é necessariamente uma questão de imigração”, conclui.     Só em 2024, o terrorismo jihadista foi responsável por 24 ataques na União Europeia, sendo cinco deles com vítimas fatais. A Europol confirma o envolvimento crescente de jovens radicalizados online, inclusive menores de idade, e o uso do conflito na Faixa de Gaza como instrumento de mobilização por grupos como o Estado Islâmico, que denuncia os bombardeios israelenses, descrevendo a população palestina como “mártir”. 

OBJETIVO CONCURSOS
O que acho…

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Play Episode Listen Later Nov 12, 2025 2:25


O que acho…

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O que acho…

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Play Episode Listen Later Nov 11, 2025 1:41


O que acho…

Aprenda em 5 Minutos
Devo ter medo de panela de teflon? #FlashbackDoAprenda

Aprenda em 5 Minutos

Play Episode Listen Later Nov 10, 2025 9:01


Nunca me esqueço da bronca que levei da minha mãe quando fui preparar uma receita com ovos, usei uma colher de metal e arranhei a panela de Teflon INTEIRINHA. Acho até que ela jogou fora, tadinha. Com certeza comi omelete com micropartículas dessa substância que é apontada como perigosa por uma série de reportagens, documentários, filmes e afins.Mas, afinal, quais são os riscos de se usar uma panela de Teflon? De que maneira você pode continuar com a sua sem expor sua família a algum perigo? Aliás, de que perigo a gente tá falando mesmo?Nesse episódio respondo essas e outras perguntas, além de contar pra você o histórico e algumas curiosidades sobre essa substância tão presente nas cozinhas mundo afora.========================APRENDA EM 5 MINUTOS é o podcast sobre coisas que você nem sabia que queria saber. Os episódios são roteirizados e apresentados por Alvaro Leme. Jornalista, mestre e doutorando em Ciências da Comunicação na ECA-USP e criador de conteúdo há vinte anos, ele traz episódios sobre curiosidades dos mais variados tipos. São episódios curtos, quase sempre com 5 minutos — mas alguns passam disso, porque tem tema que precisa mesmo de mais um tempinho.Pesquisa e assistência de roteiro: Jenny PerossiEdição dos episódios em vídeo: André Glasnerhttp://instagram.com/andreglasnerDireção de arte: Dorien Barrettohttps://www.instagram.com/dorienbarretto66/Fotografia: Daniela Tovianskyhttps://www.instagram.com/dtoviansky/Narração da vinheta: Mônica Marlihttps://www.instagram.com/monicamarli/Siga o APRENDA no Instagram: http://instagram.com/aprendapodcasthttp://instagram.com/alvarolemeComercial e parcerias: alvaroleme@brunch.ag======================Quer saber mais? Confira as fontes que consultei enquanto criava o episódio- Teflon: o que é, como é feito e possíveis perigosPor Júlia Assef, eCycle - O que é PTFE? Características, produtos e aplicaçõesSite Processo Industrial- A verdade sobre o Teflon Por Paulo César Teixeira e Leonardo Pujol, Superinteressante- Teflon: o que é, benefícios, como limpar e conservarYpê- Panela antiaderente: um único arranhão pode liberar milhões de partículas tóxicas, diz estudoO Globo - Panela de teflon pode fazer mal à saúde?Degusta Terra

Minha Estante Colorida
Acho que vamos todas para o céu

Minha Estante Colorida

Play Episode Listen Later Nov 8, 2025 14:40


[Literatura Brasileir'] Resenha do livro "Acho que vamos todas parta o céu", de Júlia da Silva Moreira. O texto escrito está nesse link.Como será a vida de duas amigas expulsas de casa ainda na adolescência, só porque elas eram um pouco diferentes das outras crianças? Quais os seus sonhos, anseios, dúvidas e projetos?Venha ser amiga da Julia e da Luana que nos levam para conhecer uma realidade dura, mas que elas conseguem transformar em amor, poesia e até um pouco de humor.Aqui o perfil da autora no Instagram, caso você esteja na Europa e queira comprar o livro por aqui.Se você quiser comprar seu exemplar, é só clicar aqui no link da Amazon do Brasil. 

OBJETIVO CONCURSOS
Só o que acho… Pega quem quer!

OBJETIVO CONCURSOS

Play Episode Listen Later Nov 6, 2025 1:56


Só o que acho…Pega quem quer!

ESCS FM
"Acho que todas as pessoas têm uma estrelinha" | SHOWCASE | Maria Morango | ESCSFM

ESCS FM

Play Episode Listen Later Nov 5, 2025 37:20


O SHOWCASE está de volta e muito mais doce! Neste episódio, a Maria Morango, diretora artística e criativa portuguesa, esteve à conversa com a ESCS FM sobre os seus projetos e a sua primeira vez na televisão, com direito a uma aula de espanhol. 00:00 - Intro00:45 - Rosalía segue a Maria Morango no TikTok01:45 - Expectativas para o novo álbum da Rosalía04:11 - Direção artística da "Calor" do Lucy Val07:40 - Trabalhar na Mega Hits09:38 - Conselhos para quem quer seguir a área da Comunicação15:56 - Estreia no Curto Circuito19:04 - Como lidar com comentários negativos22:05 - Ter uma personalidade furacão24:38 - Expandir a "marca" Maria Morango27:55 - Projetos na vida da Maria Morango31:01 - Quantos concertos viu a Maria Morango este ano?33:39 - Perguntas Rápidas 36:42 - FinalFicha Técnica:Moderação: Ângela Salgueiro e Carolina CaleiraCoordenação/Realização: Henrique FerreiraProdução: ESCS FM (Ângela Salgueiro, Bernardo Santos, Gonçalo Martinho e Matilde Ricardo)Captação: Henrique Ferreira, Margarida Pereira, Sofia Carvalho e Vasco CotrimSom: António Arnaut e Tomás LourençoEdição: Henrique FerreiraDesign: Mafalda TrindadeGenérico: Pryde

Reportagem
Ex-pastor brasileiro é julgado na França por crimes de pedofilia contra familiares

Reportagem

Play Episode Listen Later Nov 3, 2025 6:55


Começou nesta segunda-feira (3), em Annecy, nos Alpes franceses, o julgamento do ex-pastor brasileiro Edi Maikel dos Santos Silva, acusado de seis crimes sexuais contra menores na França. Diante dos juízes, após três anos e meio de prisão preventiva, o réu voltou a negar ter mantido relações sexuais ou abusado das vítimas. A RFI conversou com algumas delas, que esperam por justiça.  Maria Paula Carvalho, da RFI  Pelo menos três vítimas estiveram presentes na audiência na Corte Criminal do Tribunal de Annecy. Todas têm parentesco com o acusado e autorizaram que os fatos narrados fossem tornados públicos.  Natural de Belém do Pará, Edi Maikel dos Santos Silva, de 38 anos, está preso preventivamente por decisão do Tribunal de Annecy, no sudeste da França, desde maio de 2022.  Ele atuou como pastor em Annemasse, uma pequena cidade francesa na fronteira com a Suíça. O ex-pastor responde por três estupros e três agressões sexuais contra menores. Em três desses casos, o acusado exercia autoridade sobre a vítima, o que pode agravar a pena em caso de condenação.  Ao menos oito pessoas prestaram queixa à Justiça francesa, relatando terem sido agredidas por ele ao longo dos últimos 20 anos. Entre elas está Camilla Araújo de Souza, sobrinha de Edi Maikel.   "São momentos de muita apreensão, mas estamos confiantes de que tudo vai dar certo. O importante é que estamos aqui todos juntos, torcendo pela nossa vitória", disse ela esta manhã, à RFI. Camilla conta que começou a ser abusada em 2002, quando ainda era criança. Após denunciar o caso à Justiça francesa, ela revelou à RFI detalhes dos abusos: "Minha mãe nos surpreendeu — ele estava tentando esfregar o pênis no meu bumbum", relatou. "Ele é meu tio, irmão da minha mãe. Depois disso, meus pais se separaram. Moramos com minha avó e, em seguida, com minha tia. Quando estávamos na casa da minha avó, ele tentou novamente," acrescenta.   O assédio continuou após a mudança de Camilla para a França, onde, segundo ela, "começaram a ocorrer relações sexuais com penetração". Na época, Camilla tinha entre 12 e 13 anos. "O que mais me revolta é ele dizer que é cristão, que acredita em Deus, mas não assumir o que fez. Então, não está arrependido", lamentou.  Acusado nega denúncias Na tarde desta segunda-feira, diante da juíza que preside a sessão, Edi Maikel dos Santos Silva voltou a negar qualquer envolvimento com Camilla.  "Ele diz que nunca aconteceu nada. Afirma que eu comecei a me apaixonar por ele e, para evitar problemas, foi embora para o Brasil. Mas isso é mentira", segue Camilla. "Na verdade, ele foi para o Brasil porque, quando fui denunciá-lo à polícia, minha avó comprou uma passagem e o mandou para lá, com medo de que fosse preso", denuncia.  Hoje adulta e mãe de dois filhos, Camilla compareceu ao Palácio de Justiça de Annecy acompanhada do pai, João Maria, que viajou da Guiana Francesa — região ultramarina da França. "Estamos aqui juntos", disse o pai da vítima à RFI.  Frédéric Fabrice Cordeiro Brasil, tio de Camila, percebeu imediatamente a atitude suspeita do ex-cunhado, que na época fugiu com a jovem. Mas foi ao descobrir que suas próprias filhas, Kíssia e Victoria, então com 4 e 5 anos, também haviam sido molestadas por Edi Maikel, que ele denunciou o ex-cunhado à polícia. "Todas as noites elas acordavam com a mão dele na calcinha", revelou à reportagem da RFI. Frédéric será ouvido durante o julgamento nesta terça-feira à tarde. Ele afirma estar impressionado com a negação do réu. "Ele negou tudo. Disse que desconhece toda a situação. Não reconhece nada. Ele se lembra de muitos detalhes da infância, mas não se lembra do que fez com essas crianças. Mesmo com provas, declarações, testemunhas, ele diz que não tem nada a declarar e mantém a negação. Com deboche e cinismo, ele responde e ainda olha para as vítimas com desprezo e falta de respeito. As irmãs dele declaram que ele é uma pessoa normal e que não têm nada a se queixar dele" relata. Nesta primeira audiência, a juíza principal apresentou o caso a outros quatro juízes. Entre as testemunhas, foram ouvidas uma ex-namorada de Edi Maikel e uma criança da terceira série de uma escola onde o ex-pastor trabalhava na França. Frédéric conta que a menina denunciou o fato de que o réu havia conseguido seu número de celular e que ela teve medo, pedindo para trocar de turma. Segundo ele, colegas de trabalho de Edi Maikel também declararam à Justiça que o réu "tinha um comportamento esquisito em relação a uma aluna". "O que todos nós queremos é que ele seja severamente punido, por muitos anos, que receba uma pena severa e exemplar. Por tudo aquilo que ele fez, que passe mais de 20, 30 anos na cadeia,", diz Frédéric. "Nós fomos traídos, fomos enganados. Pensávamos que era uma pessoa boa, mas por trás dessa camada de ovelha havia um bicho muito perigoso," continua. "Alívio e recuperar a honra" A ex-mulher de Edi Maikel, Mayra Angela Silveira Vieira, e a filha Marjorie Vieira Palheta, foram ouvidas esta tarde. Mayra descobriu que o acusado abusou da filha pequena quando passaram a viver com ele. Ao estranhar o comportamento da menina, ela resolveu investigar. Em entrevista à RFI, ela contou que os abusos começaram quando a menina tinha cinco anos. As agressões duraram cerca de 10 anos. Por conta disso, a filha desenvolveu transtornos, como apontou a conclusão do exame psicológico feito pelo Tribunal de Annecy quando a jovem tinha 18 anos. O laudo, ao qual a RFI teve acesso, afirma que a vítima "tinha medo de homens, sofria de insônia, tinha pesadelos e não suportava a vergonha pelo ocorrido". Mayra Angela Silveira conta que o ex-marido chegou a confessar os abusos, em uma reunião gravada em vídeo com a mediação de um pastor. Mas ao ser interrogado no inquérito, ele negou tudo. "Estamos muito emocionadas. Os sentimentos são muito intensos. A raiva, a revolta são muito intensas. Ele negou tudo, então eu ainda tinha um pingo de esperança de que ele pelo menos assumisse, porque isso alivia a nossa dor, alivia a nossa revolta. Mas ele nega tudo, e sempre tenta se fazer de vítima", disse Mayra. "Acredito que ele está cavando o próprio buraco. É muito revoltante. Ao mesmo tempo, dá um alívio poder viver isso. Dar voz a muitas vítimas que não têm a oportunidade que a gente tem. E eu quero que a minha filha sinta dessa forma: lutando pela verdade dela, tentando recuperar um pouco da sua honra. Isso é algo irreversível, mas queremos viver isso ao máximo para virar essa página e tentar viver em paz." A advogada de defesa, Sylvie Correia, explicou que as vítimas tinham a possibilidade de escolher uma audiência fechada, mas optaram por uma audiência pública para expor os fatos. "Acho que vamos viver uns cinco dias bastante intensos. Para as pessoas que eu represento, este julgamento é visto como o fim deste processo, deste caminho que elas fizeram para serem consideradas como vítimas e aceitar que o que elas viveram não era um caso normal, e que têm direitos." Detenção prorrogada pela justiça O acusado passou por exames psicológicos. No laudo, ao qual a RFI teve acesso, Edi Maikel revela ter sofrido agressões sexuais na adolescência. A sua detenção provisória foi prorrogada quatro vezes pela justiça francesa.  A reportagem entrou em contato com o advogado do acusado, mas não obteve retorno até esta publicação. A legislação da França prevê penas mais duras quando há agressão de membros da própria família. O brasileiro, que diz ser vítima de um complô, pode pegar até 20 anos de prisão. O julgamento vai até a próxima sexta-feira (7).

Alta Definição
Joaquim de Almeida: “A minha carreira nunca foi importante para a minha filha Ana. Ela ficou um bocadinho magoada de eu não estar presente”

Alta Definição

Play Episode Listen Later Nov 1, 2025 46:15


A vida e a carreira de Joaquim de Almeida fez-se de altos e baixos. O ator mais internacional de Portugal conta com mais de uma centena de filmes no seu curriculum mas diz que “a culpa de estar longe dos filhos nunca desaparece”. No Alta Definição, o ator fala da infância difícil e aborda a dor da perda dos pais, especialmente da mãe, que faleceu com Alzheimer. Joaquim de Almeida reflete ainda sobre o estado do mundo atual e deixa um alerta: “Acho que estamos à beira de qualquer coisa má. Eu espero que os meus olhos estejam a vejam mal. Temos que ter cuidado” O Alta Definição foi conduzido por Daniel Oliveira e emitido na SIC a 1 de novembro.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Convidado
“Filmo em Angola da mesma maneira que o Woody Allen filma Manhattan”, Carlos Conceição

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 31, 2025 19:23


'Baía dos Tigres' é a mais recente longa-metragem de Carlos Conceição. O realizador aclamado em festivais de cinema como Cannes, Berlinale ou Locarno, decidiu apresentar 'Baia dos Tigres', em estreia mundial, recentemente, no festival DocLisboa. Nas palavra de Carlos Conceição, “o filme tenta ir atrás dessa ideia que está a ser gravada uma nova existência por cima de uma existência prévia, mas estão lá fantasmas abstratos, sobrespostos, ruidosos, e que são fantasmas da história do século XX transversais a várias culturas.” Baia dos Tigres foi inteiramente rodado em Angola, país onde Carlos Conceição nasceu e que serviu de fonte de inspiração. A RFI falou com o realizador na capital portuguesa. Carlos Conceição começa por explicar como surgiu o filme 'Baia dos Tigres'. Carlos Conceição: O filme surgiu numa fase que eu, agora, já considero ultrapassada da minha carreira. Uma fase em que eu não tinha grandes perspectivas de como subsidiar o meu trabalho e que, por isso, apostava em ideias que eu conseguisse concretizar com pouco, com elementos que fossem reduzidos, mas intensos, como uma boa malagueta, que é capaz de fazer o melhor por um prato, só aquela malagueta. E a Baía dos Tigres sempre foi um mito para mim. Eu ouvia falar na Baía dos Tigres enquanto sítio desde que era criança. E por volta de 2015, 2016, provavelmente, fiquei, por portas e travessas, familiarizado com duas histórias que acabaram por ter uma grande ressonância na minha vida, ambas japonesas. Uma é o significado da palavra johatsu, que significa evaporação. É uma prática que acontece exclusivamente no Japão e, muitas vezes, com a ajuda de empresas especializadas. Consiste na pessoa eclipsar-se da sociedade, desaparecer. Essa empresa trata do desaparecimento total desta personagem, desta pessoa que os contrata. Isto acaba por ter um contorno que talvez seja comparável aos programas de proteção de testemunhas, porque todas estas pessoas acabam por assumir uma nova identidade, uma nova vida, uma nova história, um novo passado. Escolhem desaparecer pelas mais diversas razões, uma relação fracassada, dívidas de jogo, dívidas ao banco. Aquela coisa muito asiática que é a honra e que nós, na Europa, perdemos no século XV. Parece-me um conceito que, não estando completamente disseminado, não sendo exterior à cultura japonesa, parece-me um conceito interessante para os tempos de hoje. Não me interessa a mim como cidadão, interessa-me como leitor, como espectador, fazer uma história sobre uma pessoa que faz isso, que resolve desaparecer, que organiza o seu desaparecimento. E, paralelamente a isso, a descoberta da história verdadeira do soldado Hiroo Onoda, que foi um soldado japonês que esteve 30 anos perdido numa ilha das Filipinas, convencidíssimo por não ter contato nenhum com ninguém, aliás, inicialmente ele não estava sozinho, mas acabou por ficar, porque os dois companheiros com quem ele estava acabaram por morrer, e ele sozinho permaneceu 30 e tal anos nessa ilha selvagem, nas Filipinas, convencido que a guerra (2ª Guerra Mundial) continuava, e completamente fiel aos seus propósitos e àquilo que tinha sido formado para fazer. Foi uma grande dificuldade convencer o Onoda, quando ele foi descoberto, de que o assunto da Guerra Mundial já tinha acabado, e que aqueles credos todos dele estavam ultrapassados há 30 anos. Isto também é uma ideia que me interessa, como é que uma personagem percebe o tempo quando está isolada. Uma, no caso de uma das personagens do filme, é o desejo que o tempo pare, e, no caso da outra personagem, o desejo que o tempo ande mais depressa. Portanto, acho que o filme é sobre essa diferença, a diferença entre querer que o tempo pare e querer que ele ande mais depressa. RFI: A Baia dos Tigres é em Angola, no sudoeste de Angola. O que é que levou o Carlos Conceição a escolher ir filmar em Angola? Qual é a linha que se constrói que liga Angola a esta personagem? Ou a estes personagens, pois são dois personagens. Carlos Conceição: Podem ser, ou duas versões da mesma personagem. Eu filmo em Angola da mesma maneira que o Woody Allen filma Manhattan, ou o João Rosas filma Lisboa. É natural para mim, porque foi onde eu cresci. É mais fácil para mim filmar em Angola, em particular no sul, em particular no deserto, do que filmar em Lisboa. Para mim é mais difícil enquadrar em Lisboa. Ali sinto que estou muito seguro e, para onde quer que eu olhe, eu sei como é que o plano deve acontecer. E as narrativas que a maioria das vezes me surgem para contar são de alguma forma relacionadas com a minha própria vivência e, como tal, Angola está sempre envolvida de alguma maneira. Portanto, os meus filmes têm tido essa relação com Angola pelo menos os últimos três. O Serpentário, que é a minha primeira longa, e o Nação Valente, acima de tudo, e este filme. Que seria logo seguinte ao Serpentário, mas que estreia depois do Nação Valente, porque a vida dá muita volta, porque as coisas atrasam-se e metem-se pandemias e metem-se prazos e coisas do género. Mas acho que são dois filmes que são feitos num só gesto, de certa forma. Acho que a questão da Baía dos Tigres tem a ver com misticismo. Desde criança que eu ouvia falar da Baía dos Tigres como sendo uma ilha deserta, uma aldeia abandonada, uma cidade fantasma, como algumas que se vê nos westerns, relativamente perto, mas muito inacessível, muito difícil de lá chegar. Sempre foi uma ambição minha conhecer o sítio em si. E quando conheci, a primeira coisa que senti foi ... isto é um filme inteiro, este sítio é um filme. Eu já sei qual é o filme e tenho-o dentro de mim, tenho de o fazer e se não fizer vou morrer. Foi assim que o filme surgiu. Curiosamente, houve duas fases de rodagem. Na primeira nós não chegámos a conseguir ir à Baía dos Tigres. Estivemos na Floresta do Maiombe, em Cabinda. Estivemos no Uige, estivemos em Malanje, nas Quedas de Calandula, as Cataratas de Calandula. Depois filmámos muitas coisas à volta da zona onde eu cresci, que foi no Lubango, na Comuna da Huíla, na zona do ISPT, que é o Instituto Superior Politécnico de Tundavala e que tem uma mata enorme atrás, usámos como backlot. Obviamente, só depois disso é que conseguimos, numa segunda  viagem, organizar a chegada à Baía dos Tigres, que envolve toda uma logística complicadíssima. Entre muitas aventuras possíveis, chegar à Baía dos Tigres, à Ilha dos Tigres, que tem cerca de 30 km de comprimento por uns 11 Km de largura, mas que tem construções concentradas... chegar de barco implicava sair da povoação mais próxima, num barco, que provavelmente seria uma traineira, que levaria 6 a 7 horas a chegar à ilha. Fazer um percurso longitudinal desde o Parque Nacional da Reserva Natural do Iona até ao embarcadouro, que se usa para ir para a Ilha dos Tigres, seria impensável porque a costa continental é toda cheia de poços de areia movediça. Então, a única maneira de chegar ao embarcadouro, sem ser engolido pelas areias movediças, é fazê-lo a uma certa hora da manhã, quando durante cerca de 50 minutos a maré está baixa. Temos de ir quase em excesso de velocidade, em veículos 4x4, pela zona molhada de areia, a partir da cidade do Tômbua, e fazer um percurso que demora mais de uma hora a fazer dentro daquela janela temporal. Caso contrário, ficamos ou atolados pelas ondas ou atolados na areia, onde, aliás, se conseguem ver muitos destroços de experiências fracassadas neste género. Ao chegar ao tal embarcadouro, que é um sítio muito tosco, muito improvisado, está lá alguém com quem nós marcamos. É uma pessoa que se contrata com um barco, uma espécie de lancha. Depois fazemos um percurso de quase uma hora de barco por entre bancos de areia, num mar muito, muito agressivo, cheio de fauna, orcas, focas que espreitam da água a olhar para nós, pássaros que passam rasantes, chuva constante, até que, de repente, começa no horizonte a surgir aquela cidade fantasma, assim, meio embrulhada no nevoeiro.  Vê-se logo uma igreja amarela, uma coisa assim … , parece uma aparição. Há um misticismo à volta da experiência de lá chegar que o meu filme nunca conseguirá mostrar, por mais que eu me esforce, e que é muito difícil de captar. Eu tento, no filme, captar esse misticismo e essa fantasmagoria de maneiras diferentes. Criando alegorias, como o filme tem esta ideia da memória que se apaga. Eu imagino o filme um bocadinho como uma cassete ou uma bobina daquelas antigas, que tem de ser desmagnetizada, mas às vezes não fica completamente desmagnetizada, e, por isso, quando vamos gravar algo em cima, sobram restos de fantasmas de gravações passadas. Fisicamente, o filme tenta ir atrás dessa ideia que está a ser gravada uma nova existência por cima de uma existência prévia, mas estão lá fantasmas abstratos, sobrespostos, ruidosos, e que são fantasmas da História do século XX, transversais a várias culturas. RFI: São fantasmas do período em que a Angola estava colonizada por Portugal? São fantasmas da Guerra da Libertação? Carlos Conceição: É impossível não serem também esses fantasmas. Mas eu acho que são fantasmas do mundo contemporâneo, são fantasmas de 2025, são fantasmas do que está a acontecer em Gaza, do que está a acontecer na Ucrânia, são fantasmas deste ressurgimento da extrema-direita, são fantasmas do novo espaço que as ditaduras estão a ganhar, são fantasmas de coisas que deviam estar enterradas e não estão, e são fantasmas com várias origens. O filme tem, em certos momentos, elementos sonoros que vêm de discursos do Hitler, de Mussolini, de Oliveira Salazar, o Savimbi, a voz da Hanoi Hannah, que era uma vietnamita que transmitia mensagens aos soldados americanos a dizer, “vão-se embora, porque vocês vão morrer, o vosso governo traiu-vos”, e ela também aparece como um fantasma neste filme. Portanto, são esses fantasmas todos que, vindos do passado, constroem o presente. O momento presente que nós estamos a viver no mundo, é todo feito desses restos, na minha opinião, mal enterrados. RFI: O cinema é uma ferramenta para lidar com esses fantasmas? Carlos Conceição: Há uma certa obrigação antropológica em algum cinema, há uma responsabilidade histórica que o cinema deve atentar, mas eu não creio que o cinema deva ser uma arte utilitária exclusivamente. Acho que o cinema é mais interessante quanto mais livre for, e se calhar quanto mais fútil for. Eu vejo o cinema como uma espécie daqueles discos que se gravam e se mandam para o espaço, e acredito que daqui a uns anos, quando nós já cá não estivermos, vai aparecer uma espécie alienígena qualquer, ou uma espécie mais inteligente que nós, que tem estado aí escondida, que não aparece por nossa causa, e que vai descobrir uma carrada de filmes, e vai dizer, olha que interessante que era esta espécie que se autodestruiu. E é para isso que eu acho que o cinema serve. Eu vejo cada filme que faço como uma espécie de filho, até porque fazer um filme é uma espécie de gestação, dura o tempo de uma gestação, alguns mais, alguns trazem as minhas dores de cabeça comparáveis. E às vezes nós perguntamos para quê. Para mim essa é a resposta: é para deixar qualquer coisa, para deixar um legado, para deixar uma marca. Para deixar qualquer coisa que ajude a perceber como é que as coisas eram, como é que deviam ter sido, como é que não foram, por aí fora. RFI: Os primeiros filmes do Carlos Conceição foram curtas-metragens, os últimos três trabalhos foram longas-metragens. Não há uma vontade, não pode haver um desejo de voltar às curtas? Carlos Conceição: Eu penso que o universo das curtas, a existência cultural das curtas, é interessante, mas limitada. Eu fui muito feliz a fazer curtas-metragens, cheguei a dizer que me apetecia fazer curtas para sempre. O meu penúltimo filme, na verdade, não é uma longa-metragem, é uma média-metragem, tem 59 minutos, e eu tenho outro filme com 59 minutos para lançar em 2026. Esse formato de uma hora, para mim, é perfeito. Permite-se uma estrutura de curta-metragem em que nem tudo precisa de lá estar, de ser causa e efeito, nem de estar pejado de consequências, nem hiper-explicado, e ao mesmo tempo também não abusa das boas-vindas que recebe do público.Portanto, gosto de filmes que contêm esse universo mais curto, de certa forma. Para além do filme de 59 minutos que quero estrear para o ano que vem, se tiver sorte, também tenho uma ideia para uma curta-metragem que é toda feita com material que eu já tenho filmado, e que tem a ver com Angola também, curiosamente. Mas é uma curta muito mais sensorial e vai ser como música visual, vai ser baseado em ritmos de planos, e tempos e durações de planos, e o que é que corta para onde. Isso é um exercício que eu sinto que me agrada e que é uma coisa que eu quero fazer, que eu consigo fazer sozinho também. Até porque acho que estou precisando tirar umas férias depois desta maratona que têm sido os últimos três anos, talvez. RFI: Fazer sozinho é? Carlos Conceição: Quando eu digo fazer sozinho, às vezes refiro-me a ser só eu com uma câmera na mão, por exemplo, mas isso não quer dizer que depois a montagem vá ser eu sozinho. Eu gosto de pedir opinião às pessoas e depois já me aconteceu em determinados projetos eu saber exatamente como é que a montagem tende a acontecer, e seria eu dizer à pessoa que está comigo a montar que devíamos fazer assim, devíamos fazer assado, de forma a ir ao encontro da minha ideia. Já me aconteceu, como também acontece em particular no filme Baía dos Tigres, eu ter uma ideia e ficar à espera de ver o que é que a Mariana Gaivão tem para propor dentro da mesma ideia, enquanto montadora o que é que ela me vai contra-propor. E ela diz-me, dá-me dez minutos e volta daqui a dez minutos. E eu volto e ela tem uma proposta para fazer. A maioria das vezes estamos completamente síncronos. Acho que é muito importante essa parceria. Portanto, nós nunca estamos realmente sozinhos. Quando eu digo que posso fazer essa curta sozinho, eu acho que é material que eu fui juntando de outras rodagens, de outras coisas que não utilizei no Nação Valente, de coisas que não utilizei neste filme, e que eu acho que consigo sozinho em casa juntar e criar algo interessante com aquilo. É nesse sentido que digo fazer sozinho. Mas a verdade é que eu dependo sempre, obviamente, do meu colega Marco Amaral, que é o colorista que vai depois pôr aquilo com bom aspecto porque eu não sou diretor de fotografia, por isso ele tem de me salvar, de certa forma. Dependo, obviamente, de quem vai ajudar a fazer a montagem de som e a mistura de som. E, normalmente, eu trabalho com um núcleo muito duro, quase sempre a mesma família. Portanto, quando digo sozinho, às vezes posso estar a dizer que estou a autoproduzir, ou posso estar a dizer que é algo que eu consigo, se calhar, manufaturar, fazer de uma forma menos comunitária, menos convencional, menos industrial. RFI: O Carlos Conceição gosta de trabalhar com um núcleo duro, um núcleo próximo, o ator João Arraias faz parte desse núcleo. O que é que o faz investir nessa relação? Carlos Conceição: Há duas, três dimensões na resposta que eu posso dar. Em primeiro lugar, o João é um ator com capacidades únicas, que eu reconheço como muito valiosas e isso para um realizador é ouro. Pedir a um ator uma ação com meia dúzia de palavras e ele dar-nos exatamente aquilo ou, se calhar, melhor, não acontece todos os dias. Portanto, quando um ator tem esse super poder, nós agarramos nele e nunca mais o deixamos ir. A segunda questão tem a ver com o facto que eu me revejo imenso no João. Ele tem menos de 15 anos do que eu, quase 16, e houve uma altura, quando ele tinha 16, 17, era impossível, para mim, olhar para ele e não me estar a ver a mim. Houve vários filmes que surgiram por causa disso, nomeadamente o Versalhes, o Coelho Mau, e o Serpentário sem dúvida nenhuma. A terceira coisa é que nós somos muito amigos e trabalhar com amigos é o maior prazer do mundo. RFI: Baía dos Tigres teve a estreia mundial no Festival Internacional de Cinema DocLisboa, na origem dedicada aos documentários. Podemos identificar a Baía dos Tigres como um documentário? Carlos Conceição: O Godard dizia que todos os filmes são documentários sobre a sua rodagem, o seu processo de serem feitos. O Baía dos Tigres é uma ficção filmada segundo alguns credos do documentário. É tudo quanto posso dizer. Por ser o realizador do filme e o argumentista do filme, talvez não seja a pessoa mais indicada para o definir nesse sentido. Aliás, os filmes, normalmente, e é uma ideia que eu costumo tentar vender, os filmes não são como são por acidente ou por ingenuidade ou porque a pessoa que os fez não soube fazer melhor. Os filmes são normalmente resultado de um período de deliberação que é longo, ardo, obsessivo e desgastante para o seu realizador. Portanto, não há filme nenhum que seja como é porque o realizador não sabia fazer melhor. Isso quer dizer que, de certa forma, cada filme dita a sua própria gramática. E eu acho que é muito interessante que possa haver fusões entre os sistemas clássicos narrativos e as formas do documentário, o cinema mais contemplativo. Eu gosto, por exemplo, do cinema do Andy Warhol. Eu nunca me sentei a ver o Empire State Building durante oito horas, mas só saber que existe … Eu já vi aos bocados, não é? Mas saber que este filme existe e que pode ser visto dessa maneira, para mim, é uma fonte de inspiração enorme. Da mesma maneira, o James Benning, vários filmes da Chantal Akerman, tudo isso são manifestações cinematográficas de fusão que eu considero que quebram todas as gaiolas e acho que importante, se calhar, para lutar contra o mainstream. Eu acho o mainstream um bocadinho o inimigo principal do crescimento da arte. O mainstream obriga a fazer comparações, obriga a manuais. Acho que não há nada melhor para quebrar com essas gaiolas do que revisitar estes filmes de que eu estava a falar. RFI: Em relação a novos projetos, o que é que está a acontecer? Em off, tinham-me falado de um projeto sobre ópera. O que é que está para vir? Carlos Conceição: Eu tenho, neste momento, três projetos para serem lançados. Um é uma media-metragem de 59 minutos, do qual já tínhamos falado há pouco. O outro é um filme, uma longa-metragem que é uma experiência em linguagem mainstream, por assim dizer, que se chama Bodyhackers. E o terceiro projeto. que é o mais recente, ao qual eu dediquei os últimos 14 meses da minha vida, é um projeto para televisão e para cinema que envolve ópera. São narrativas separadas, autónomas, todas elas com um compositor português, algumas baseadas em fontes literárias, algumas dessas óperas, mas são essencialmente segmentos operáticos que resultarão simultaneamente num filme e numa série de televisão. RFI: O Carlos Conceição nasceu em Angola, viveu em Angola até hoje 22 anos, vai frequentemente a Angola. Qual é a imagem que tem do cinema produzido em Angola? Como é que olha para aquilo que acontece em Angola a nível da produção cinematográfica? Carlos Conceição: Gostava de ver mais, gostava de ver em mais sítios e gostava de ver mais pluralidade. Acho que estamos num momento perfeito para que se revelem novos talentos e comecem a aparecer mais pessoas e mais pessoas arrisquem. Qualquer pessoa com um telemóvel, neste momento, consegue fazer um filme e acho que não deve haver o medo de partir para essa aventura. Hoje em dia temos o HD disponível nos nossos telemóveis, nos smartphones, até nos mais corriqueiros. O que eu acho é que o cinema mais interessante, às vezes, surge daí, surge justamente daquela recusa à inércia. Há um filme dentro de nós, ele pode sair de qualquer maneira e sai. Basta nós queremos que ele saia e ele vem cá para fora. RFI: Já teve oportunidade de visionar algum produto assim feito, feito em Angola? Carlos Conceição: Sim, em particular um filme que eu comprei num semáforo em DVD e que me parece que não era uma versão final de montagem porque tinha a voz do realizador a dar instruções aos atores. Era um filme absolutamente inacreditável sobre uma mãe e umas filhas à procura de vingança por uma coisa que lhes tinha acontecido. Uma mulher que tinha sido injuriada a vida inteira, que usava uma pala no olho e as filhas quando tinham um desgosto morriam com uma hemorragia através da pele. O filme é de tal maneira incrível na sua imaginação que eu fiquei absolutamente estarrecido, senti-me uma formiga perante aquele filme que foi feito num subúrbio de Luanda para ser consumido num subúrbio de Luanda. Eu senti que a genialidade por trás daquilo era uma coisa que devia ser descoberta e valorizada. Ou seja, isso existe em Angola, por isso acho muito importante ir à descoberta disso.

The Deal with Alex Rodriguez and Jason Kelly
Why Emmanuel Acho Left the NFL to Create a New Kind of Platform

The Deal with Alex Rodriguez and Jason Kelly

Play Episode Listen Later Oct 30, 2025 48:55 Transcription Available


In this episode of The Deal, Alex Rodriguez and Jason Kelly talk to the former football player and award-winning producer Emmanuel Acho about why he rejected the NFL and rebranded as a media influencer. In this conversation, they discuss the business of the NFL, why Acho’s “Uncomfortable Conversations with a Black Man” video series became a viral success and how he’s revitalizing sports media with his new show “Speakeasy.”See omnystudio.com/listener for privacy information.

Vida em França
Ao encontro de artistas e galerias que promovem arte africana no salão AKAA

Vida em França

Play Episode Listen Later Oct 29, 2025 17:20


No final da semana passada decorreu em Paris a décima edição do salão de arte africana AKAA, Also Known As Africa, uma mostra reunindo galerias de várias partes com um foco sobre a criação vinda do continente africano e da diáspora. Nesta feira cuja organização coincidiu com a Basel Paris, uma mostra internacional que transforma por alguns dias Paris no maior museu do mundo, estiveram duas galerias baseadas em Portugal que apresentaram grandes nomes ou figuras emergentes das artes plásticas dos países de África Lusófona. A RFI falou com os responsáveis dessas duas galerias, Janire Bilbao e Carlos Cabral Nunes, mas igualmente com dois artistas, Renée Gagnon, artista luso-canadiana conhecida designadamente por uma série de fotografias que fez nos musseques de Luanda no final dos anos 70 e ainda o guineense radicado aqui em Paris, Nú Barreto, que já ouviram nas nossas antenas por ser também um dos organizadores da bienal de Bissau. Foi com ele que decidimos abrir a nossa visita deste salão, de olhos postos sobre uma das obras que apresentou nesta que não foi a sua primeira participação no certame. O artista guineense propôs designadamente um grande painel em forma de bandeira americana feita de retalhos, com as cores do continente africano, amarelo, vermelho, verde e estrelas negras caídas no chão. Os "Estados Desunidos de África". "Acho que o comparativo com a bandeira americana terá um pé bastante curto, porque é uma metáfora. Eu fui recuperar a bandeira americana porque é a América e os Estados Unidos da América. O essencial na União aqui é os 'Estados Desunidos da África'. E então o que me interessava era recuperar esse simbolismo da dimensão, porque achei que também que a África tem uma dimensão superior aos Estados Unidos, estamos a falar em termos de superfícies. Mas se reparar, as cores foram invertidas. Porquê? Eu inverti porque eu estou a falar do continente africano. Daí, fui buscar as cores mais utilizadas nas bandeiras das nações africanas. Verde, amarelo, vermelho e preto. Usamos sempre preto. Eu uso as estrelas de cores pretas nesse trabalho. Daí que para esse comparativo entre os Estados Unidos e esta bandeira é só isto. O resto é uma forma de questionamento que eu, enquanto artista, faço, vou abordando diferentes temáticas e em cada bandeira que eu vou criando", esclarece. O verde, o amarelo, o vermelho são também as cores dominantes colocadas por cima das fotografias a preto e branco que Renée Gagnon tirou há cinquenta anos nos nos bairros da lata da capital angolana, em plena guerra civil. A história por detrás de uma obra de arte pode ser ela também um autêntico romance. "Eu fui acompanhar um amigo meu, um belo português, que ia montar uma agência de publicidade em Luanda e eu também estava interessada no tipo de construção dos musseques que são os 'bidonvilles' de Luanda. O interesse destas casas precárias é que elas são feitas de restos de embalagem de caixas e queria mostrar que, mesmo assim, são bonitas. Há uma vontade das pessoas que constroem, de fazer uma casa bonita. E então comecei a circular nos musseques, a ver como é que era. Com a Guerra da Independência, recebi uma bolsa da Fundação Gulbenkian para ir fotografar os musseques, porque havia incêndios e tinham medo que os musseques acabassem por desaparecer da cidade. E eu, como era uma coisa histórica, queria muito fixar isso do ponto de vista sociológico e do ponto de vista artístico", começa por recordar a artista. "Tinha pedido um Jipe para chegar às portas dos musseques porque havia esse combate dentro dos musseques e um guarda com uma arma no bolso, escondida, vestido à paisana para me mostrar os caminhos que eu podia tomar. Então fui ver e falar com as pessoas e fui muito bem recebida. As pessoas diziam 'vem fotografar a minha casa. A minha casa é bonita'. E então estava muito entusiasmada. Eu trabalhava das oito horas da manhã até ao pôr-do-sol. E agora, 50 anos depois, eu retomei estas fotografias que estavam inéditas, decidindo trabalhar sobre elas. E fiz para este salão e fiz fotografias pintadas porque lá na África não há cor, o sol come tudo e então as cores que eu pus em cima das fotografias a preto e branco são minhas cores", conta ainda a fotógrafa que refere não ter mais regressado a Angola desde essa época. "Estava muito triste com a guerra", explica a artista que todavia revela que em breve, no próximo mês de Fevereiro, volta pela primeira vez a Luanda para apresentar as suas fotografias. Renée Gagnon, fez parte, juntamente com o pintor moçambicano Ernesto Shikhani ou ainda a ceramista, também ela de Moçambique, Reinata Sadimba, dos artistas cujas obras foram colocadas em destaque neste salão pela Perve Galeria, um espaço no coração de Lisboa, que tem trabalhado para dar a conhecer o fervilhar da criação artística dos países de África Lusófona. Entrevistado pela RFI, o director desta estrutura, Carlos Cabral Nunes, uma presença assídua do salão, lamenta que a arte de África Lusófona não seja mais conhecida e que as instituições culturais em Portugal não demonstrem mais interesse. "Há ainda muito a fazer e eu penso que isso é uma responsabilidade também nossa. Quando digo nossa, é em Portugal, porque é o país da União Europeia que de facto tem uma possibilidade de ajudar nesse processo de internacionalização, desde logo dos mestres de língua portuguesa em África e, por essa via, depois também chegar às novas gerações e dar, no fundo, esse apoio para uma certa continuação de um discurso que é um discurso com uma matriz cultural própria", diz o galerista. "Por exemplo, o Museu Nacional de Arte Contemporânea, no Chiado, presumo que não tenha nada relativo a estes grandes mestres de língua portuguesa. A própria colecção do Estado português também tem uma escassez tremenda. O próprio Museu Berardo, a Colecção Berardo, não. E por aí fora. Quer dizer, há excepções, a própria Gulbenkian, também tem muito pouca coisa. E, portanto, há aí uma grande lacuna", observa Carlos Cabral Nunes. "Posso dar um exemplo muito recente, uma das obras mais impactantes que apresentámos na Frieze Masters, em Londres, que foi destacada na feira pelo Observer, pelo Monde, pelo quotidiano de arte, etc. O embaixador de Portugal em Londres perguntou-me 'mas esta obra, porque é que não fica em Portugal?' E eu disse 'Eu por mim até estava disposto a fazer um preço especial'. Mas não posso andar a bater às portas, a pedir para ficarem com a obra. E é óbvio que é uma obra que de repente entra num circuito internacional e tem uma série de museus de várias partes interessadas na sua aquisição. E nós queremos, de facto, que as obras cheguem ao público desde logo. Continuamos muito presos, infelizmente, àquela noção que eu gostava que já tivesse morrido há muitos anos, do 'Orgulhosamente Sós'", conclui. Também presente no salão, a Movart Gallery dá igualmente destaque aos nomes já conhecidos ou ainda por descobrir da África Lusófona, como o mestre angolano António Olé ou o fotógrafo moçambicano Mário Macilau, cuja foto a preto e branco estilizada de uma mulher foi a "capa" do visual da mostra. A responsável desta galeria considera que subsiste muito por fazer na divulgação do trabalho dos artistas de África Lusófona. "Ainda é um bocadinho desconhecida por aí. A nossa missão é importante, de dar a conhecer e contar estas histórias para todo o mundo", considera a galerista para quem se "está no início de um grande caminho que ainda há a percorrer". Janire Bilbao não deixa contudo de apontar que "muitas vezes parece um pouco constrangedor, porque é um nicho muito pequeno e às vezes é preciso mais apoio das instituições". A fechar a nossa visita pelo salão AKAA, voltamos a ouvir Nú Barreto, não só na qualidade de artista mas também de curador de eventos culturais que tal como Janire Bilbao e Carlos Cabral Nunes, julga que ainda há muito caminho a percorrer para valorizar a criação africana, em primeiro lugar no próprio continente. "Os africanos sempre criaram. Essa criação sempre foi acompanhada e desenvolvida. E continua a ser. Agora, o que acontece é uma escassez em termos de promoção, em termos de divulgação dessas sabedorias e a própria forma de tentarem conter essa criação, esse dinamismo todo criativo que existe para que possa ser desenvolvido e o continente possa usufruir desses valores todos. Infelizmente, o desequilíbrio do continente, as formas de fazerem no continente, em certos países ou na maioria dos países, faz com que esses valores tenham tendência a se exportarem e ficarem fora, onde vão brilhar lá fora. No meu caso, o meu país não tem nada estruturado. Não existe uma política cultural no meu país para que as coisas possam funcionar como deveriam ser", aponta Nú Barreto. "Há países que estão a sair aos poucos. Benim, Costa do Marfim, África do Sul. É um caso um pouco particular. Gana, Nigéria. Estão a sair aos poucos. Estão a propor coisas bastante interessantes em termos do desenvolvimento cultural, de promoção da cultura dentro do próprio país. Sentia-me muito feliz que muitos países tentassem encontrar, em conformidade com as suas realidades, a forma de proporcionar mais, de apoiar mais a cultura, porque ninguém vive sem cultura", conclui o artista guineense. Eis mais algumas imagens apanhadas no salão AKAA:

Convidado
José Guilherme Neves apresenta poesia da tuba em Paris

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 28, 2025 15:50


Aos 21 anos, o tubista português José Guilherme Neves, natural de Leiria, Cidade Criativa da Música pela UNESCO, integra a nova geração de músicos que alia técnica e curiosidade artística. Em Paris, na Casa de Portugal, André de Gouveia, da cidade universitária, apresenta um programa que cruza Henry Eccles, Telmo Marques, Jacques Castérède e Étienne Crausaz, num diálogo entre o barroco, a modernidade e o folclore, acompanhado pela pianista Ana Teresa Pereira. Nos estúdios da RFI, em Paris, José Guilherme fala com serenidade e humor: “Quando o professor levou o instrumento para a aula, eu disse logo: ‘Mãe, mãe, eu quero tocar isto!'”, recorda. “Acho que foi o som, que me prendeu", acrescenta. A sua iniciação musical aconteceu em Leiria, no projecto Berço das Artes, coordenado pelo professor Paulo Meirinho. “Os meus pais queriam que eu tivesse muitas actividades diferentes: desporto, cultura, música. Nesse projecto, cada semana o professor levava um instrumento novo: uma flauta, um violino, um clarinete. Até que um dia levou a tuba. E foi amor à primeira nota”. Aos oito anos começou pelo eufónio, “porque era demasiado pequeno para tocar a tuba”, e só aos doze o instrumento dos sonhos cabia nos seus braços. “Desde aí nunca mais parei. A tuba tornou-se a minha voz”, conta. A sua relação com o instrumento é física, quase sensorial. “Acho que o que me fascinou foi o som grave e a dimensão. É um instrumento enorme, exige o corpo todo. É um instrumento de respiração. E, ao mesmo tempo, é um instrumento de calma.” Quando fala, há uma doçura inesperada em cada frase, um contraste entre o peso do metal e a leveza da ideia. Hoje, José Guilherme Neves vive em Amesterdão, onde estuda no Conservatorium van Amsterdam, nos Países Baixos. É parte dessa geração de músicos portugueses que se forma fora do país, aprendendo com a exigência das escolas do norte da Europa, mas mantendo uma identidade portuguesa. “Como tubista, o nosso caminho é quase sempre o da orquestra. Somos formados para as provas orquestrais, para conseguir um lugar. Mas eu gosto de explorar outras peças, algumas portuguesas, outras menos conhecidas. Senão uma pessoa acaba por se aborrecer. Está sempre a tocar as mesmas seis ou sete obras e perde-se a curiosidade.” O concerto de Paris é uma afirmação estética, “quis cruzar obras portuguesas e francesas”, explica. “Apesar de o suíço Étienne Crausaz não ser português, a sua obra foi escrita para um festival em Portugal, para um tubista português. E isso faz dela, de certa forma, uma obra portuguesa.” O repertório inclui ainda a Sonatine de Jacques Castérède, “uma das peças francesas mais importantes para o repertório da tuba” e uma obra recente de Telmo Marques, escrita em 2002 e rapidamente adoptada por concursos internacionais. “É uma peça muito bem composta, equilibrada, e pensei que seria interessante juntá-la às outras duas. E as Danças de Crausaz têm uma energia incrível. É uma boa forma de terminar o recital”, explica. A escolha não é aleatória. Há nela um gesto de identidade, um reconhecimento daquilo que o moldou. “Leiria sempre investiu muito na cultura. Desde que foi classificada pela UNESCO, tem criado festivais, concursos de composição, eventos para filarmónicas. Eu cresci nesse ambiente. Toquei em bandas, participei em projectos de música contemporânea e em música de câmara. Tudo isso me formou.” No seu discurso há rigor e método, mas também entusiasmo e humanidade e quando fala das provas de orquestra, a voz ganha outro peso: “Uma prova de orquestra é um processo muito exigente. Normalmente começa com uma ronda por vídeo, temos de enviar gravações com excertos orquestrais difíceis. Depois, se formos escolhidos, há várias rondas presenciais. Muitas vezes, a primeira é feita com cortina, para o júri não ver quem está a tocar. É uma forma de garantir justiça. Tocamos sozinhos, sem ver ninguém. Só se ouve o som. É um momento de muita concentração.” Mesmo quando se vence um concurso de orquestra, o trabalho não termina, “Depois há um período de meses ou até de um ou dois anos em que tocamos com a orquestra. Uma fase em que o músico tem de se integrar, de perceber como respira a secção. O mais difícil não é tocar bem, é saber ouvir os outros.” Essa consciência colectiva é, para José Guilherme Neves, essencial. “Um músico profissional tem de saber o seu papel. Não é só tocar as notas, é entender o que se passa à volta, juntar-se à secção, ouvir o conjunto. É quase um trabalho de escuta. Às vezes é intuição, às vezes é disciplina.” Quando perguntamos o que o tuba representa para ele, a resposta é directa: “Para mim, é o instrumento que mais se aproxima da respiração. Mesmo quando penso: ‘Vou tirar férias do instrumento', acabo sempre por tocar. Dá-me alegria. É o meu modo de estar no mundo.” Essa alegria, contudo, vive lado a lado com a solidão: “Ser músico é um trabalho muito solitário. Quando estamos na universidade, temos colegas, há uma competição saudável, mas quando chega a altura de preparar uma prova, temos de nos isolar. É inevitável.” Ainda assim, não há espaço para amargura, “aprende-se a viver com isso. E a música de grupo ajuda, os quartetos, as orquestras, os ensaios. Mesmo quando estudamos sozinhos, há sempre alguém invisível a ouvir connosco.” Fala do estudo como um acto de paciência, “gosto do processo de evolução. Trabalhar todos os dias, perceber que o que era difícil ontem se torna natural amanhã. Há sempre uma pequena evolução. E é isso que me motiva. Gosto de descobrir até onde essa evolução me pode levar.” Para José Guilherme Neves, a tuba é mais do que um instrumento, é uma linguagem, uma forma de estar no tempo. “A tuba pode ser poesia. Pode contar histórias. Pode transformar o silêncio em som.” Ao ouvi-lo falar, percebe-se que não há nada de acidental na sua escolha. O concerto em Paris será a primeira vez que apresenta este programa completo fora dos Países Baixos. “Estou entusiasmado. É um programa que mostra a versatilidade da tuba, mas também um pouco de quem eu sou: português, europeu, curioso. É isso que quero partilhar.”

Em directo da redacção
José Guilherme Neves apresenta poesia da tuba em Paris

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Oct 28, 2025 15:50


Aos 21 anos, o tubista português José Guilherme Neves, natural de Leiria, Cidade Criativa da Música pela UNESCO, integra a nova geração de músicos que alia técnica e curiosidade artística. Em Paris, na Casa de Portugal, André de Gouveia, da cidade universitária, apresenta um programa que cruza Henry Eccles, Telmo Marques, Jacques Castérède e Étienne Crausaz, num diálogo entre o barroco, a modernidade e o folclore, acompanhado pela pianista Ana Teresa Pereira. Nos estúdios da RFI, em Paris, José Guilherme fala com serenidade e humor: “Quando o professor levou o instrumento para a aula, eu disse logo: ‘Mãe, mãe, eu quero tocar isto!'”, recorda. “Acho que foi o som, que me prendeu", acrescenta. A sua iniciação musical aconteceu em Leiria, no projecto Berço das Artes, coordenado pelo professor Paulo Meirinho. “Os meus pais queriam que eu tivesse muitas actividades diferentes: desporto, cultura, música. Nesse projecto, cada semana o professor levava um instrumento novo: uma flauta, um violino, um clarinete. Até que um dia levou a tuba. E foi amor à primeira nota”. Aos oito anos começou pelo eufónio, “porque era demasiado pequeno para tocar a tuba”, e só aos doze o instrumento dos sonhos cabia nos seus braços. “Desde aí nunca mais parei. A tuba tornou-se a minha voz”, conta. A sua relação com o instrumento é física, quase sensorial. “Acho que o que me fascinou foi o som grave e a dimensão. É um instrumento enorme, exige o corpo todo. É um instrumento de respiração. E, ao mesmo tempo, é um instrumento de calma.” Quando fala, há uma doçura inesperada em cada frase, um contraste entre o peso do metal e a leveza da ideia. Hoje, José Guilherme Neves vive em Amesterdão, onde estuda no Conservatorium van Amsterdam, nos Países Baixos. É parte dessa geração de músicos portugueses que se forma fora do país, aprendendo com a exigência das escolas do norte da Europa, mas mantendo uma identidade portuguesa. “Como tubista, o nosso caminho é quase sempre o da orquestra. Somos formados para as provas orquestrais, para conseguir um lugar. Mas eu gosto de explorar outras peças, algumas portuguesas, outras menos conhecidas. Senão uma pessoa acaba por se aborrecer. Está sempre a tocar as mesmas seis ou sete obras e perde-se a curiosidade.” O concerto de Paris é uma afirmação estética, “quis cruzar obras portuguesas e francesas”, explica. “Apesar de o suíço Étienne Crausaz não ser português, a sua obra foi escrita para um festival em Portugal, para um tubista português. E isso faz dela, de certa forma, uma obra portuguesa.” O repertório inclui ainda a Sonatine de Jacques Castérède, “uma das peças francesas mais importantes para o repertório da tuba” e uma obra recente de Telmo Marques, escrita em 2002 e rapidamente adoptada por concursos internacionais. “É uma peça muito bem composta, equilibrada, e pensei que seria interessante juntá-la às outras duas. E as Danças de Crausaz têm uma energia incrível. É uma boa forma de terminar o recital”, explica. A escolha não é aleatória. Há nela um gesto de identidade, um reconhecimento daquilo que o moldou. “Leiria sempre investiu muito na cultura. Desde que foi classificada pela UNESCO, tem criado festivais, concursos de composição, eventos para filarmónicas. Eu cresci nesse ambiente. Toquei em bandas, participei em projectos de música contemporânea e em música de câmara. Tudo isso me formou.” No seu discurso há rigor e método, mas também entusiasmo e humanidade e quando fala das provas de orquestra, a voz ganha outro peso: “Uma prova de orquestra é um processo muito exigente. Normalmente começa com uma ronda por vídeo, temos de enviar gravações com excertos orquestrais difíceis. Depois, se formos escolhidos, há várias rondas presenciais. Muitas vezes, a primeira é feita com cortina, para o júri não ver quem está a tocar. É uma forma de garantir justiça. Tocamos sozinhos, sem ver ninguém. Só se ouve o som. É um momento de muita concentração.” Mesmo quando se vence um concurso de orquestra, o trabalho não termina, “Depois há um período de meses ou até de um ou dois anos em que tocamos com a orquestra. Uma fase em que o músico tem de se integrar, de perceber como respira a secção. O mais difícil não é tocar bem, é saber ouvir os outros.” Essa consciência colectiva é, para José Guilherme Neves, essencial. “Um músico profissional tem de saber o seu papel. Não é só tocar as notas, é entender o que se passa à volta, juntar-se à secção, ouvir o conjunto. É quase um trabalho de escuta. Às vezes é intuição, às vezes é disciplina.” Quando perguntamos o que o tuba representa para ele, a resposta é directa: “Para mim, é o instrumento que mais se aproxima da respiração. Mesmo quando penso: ‘Vou tirar férias do instrumento', acabo sempre por tocar. Dá-me alegria. É o meu modo de estar no mundo.” Essa alegria, contudo, vive lado a lado com a solidão: “Ser músico é um trabalho muito solitário. Quando estamos na universidade, temos colegas, há uma competição saudável, mas quando chega a altura de preparar uma prova, temos de nos isolar. É inevitável.” Ainda assim, não há espaço para amargura, “aprende-se a viver com isso. E a música de grupo ajuda, os quartetos, as orquestras, os ensaios. Mesmo quando estudamos sozinhos, há sempre alguém invisível a ouvir connosco.” Fala do estudo como um acto de paciência, “gosto do processo de evolução. Trabalhar todos os dias, perceber que o que era difícil ontem se torna natural amanhã. Há sempre uma pequena evolução. E é isso que me motiva. Gosto de descobrir até onde essa evolução me pode levar.” Para José Guilherme Neves, a tuba é mais do que um instrumento, é uma linguagem, uma forma de estar no tempo. “A tuba pode ser poesia. Pode contar histórias. Pode transformar o silêncio em som.” Ao ouvi-lo falar, percebe-se que não há nada de acidental na sua escolha. O concerto em Paris será a primeira vez que apresenta este programa completo fora dos Países Baixos. “Estou entusiasmado. É um programa que mostra a versatilidade da tuba, mas também um pouco de quem eu sou: português, europeu, curioso. É isso que quero partilhar.”

ScienceLink
Panorama de la trombocitopenia inmune primaria

ScienceLink

Play Episode Listen Later Oct 27, 2025 18:12


En este episodio del podcast de ACHO hematología, la Dra. Mayra Ortiz Becerra en conjunto con la Dra. Claudia Casas, ambas hematólogas en el Hospital San José en Bogotá, Colombia, abordan en profundidad la trombocitopenia inmune primaria, un trastorno hemorrágico autoinmune caracterizado por una disminución en el número de plaquetas. A lo largo del episodio, las especialistas discuten la fisiopatología, clasificación, diagnóstico y manejo de la enfermedad, destacando su naturaleza heterogénea y la importancia de una evaluación clínica integral. El enfoque del conversatorio está centrado en promover un tratamiento individualizado, priorizando la clínica del paciente y no solo los valores del hemograma, además de revisar las actualizaciones en las guías internacionales más recientes.Durante la conversación, se analizan las causas primarias y secundarias de la trombocitopenia inmune, criterios diagnósticos actuales (con énfasis en su carácter de diagnóstico por exclusión), los criterios de severidad del sangrado según el consenso de la ISTH, y las diferentes líneas de tratamiento, desde los corticosteroides de primera línea hasta fármacos de segunda línea como los análogos de trombopoyetina, rituximab y la esplenectomía. También se destacan las nuevas tendencias terapéuticas que priorizan la reducción del uso prolongado de corticoides y el retraso de la esplenectomía. Las expertas discuten además el papel emergente de biomarcadores, el abordaje de pacientes refractarios y la necesidad de considerar factores individuales como comorbilidades, edad y estilo de vida en la elección terapéutica. Dentro de su conversación, se plantearon las siguientes preguntas:¿Cuál es la definición actual y clasificación de la trombocitopenia inmune primaria?¿En qué casos debe iniciarse tratamiento en pacientes con trombocitopenia inmune?¿Cuándo se debe realizar aspirado o biopsia de médula ósea?¿Qué estudios deben realizarse para descartar causas secundarias de trombocitopenia?¿Cuáles son las indicaciones y limitaciones de los tratamientos de primera y segunda línea?¿Qué criterios definen una trombocitopenia inmune refractaria?¿Cuándo se debe considerar la esplenectomía?¿Qué novedades incluyen las últimas guías internacionales en el manejo de la enfermedad?¿Es posible retirar el tratamiento en pacientes con respuesta sostenida?¿Cómo afecta el tratamiento con corticoides la calidad de vida del paciente? Fecha de grabación: 17 de septiembre de 2025.  Referencia:Este contenido se basa en la interpretación crítica de la evidencia científica disponible, así como en la experiencia clínica del o los ponentes como profesionales de la salud en instituciones de referencia.Para profundizar en los conceptos discutidos, se recomienda al profesional de la salud consultar literatura científica vigente, guías clínicas internacionales y la normatividad aplicable en su país.

Brasil-Mundo
Bailarino brasileiro celebra 10 anos na França como único latino no clássico ‘Aida' da Ópera de Paris

Brasil-Mundo

Play Episode Listen Later Oct 26, 2025 7:35


Thiago Menezes é o único dançarino brasileiro e latino-americano na temporada do clássico Aida, na Ópera de Paris, em cartaz até 4 de novembro. Ele começou sua carreira ainda criança no subúrbio do Rio de Janeiro, passou por companhias de dança, se formou como ator e viveu intensas experiências profissionais. Desde 2016, o carioca fixou residência na França, onde atuou por várias companhias de teatro e dança e, agora, alcança seu ápice profissional aos 38 anos, ao passar pela entrada de artistas da consagrada Ópera Bastille. Thiago sempre se percebeu como artista: “Eu sempre quis dançar, desde pequeno. Sempre quis fazer algo com arte. Eu amava o mundo da televisão. Lembro de muito pequeno já ver os programas infantis e querer estar ali dentro”, recorda. Criado no bairro de Quintino, aos 16 anos Thiago precisou trabalhar para apoiar sua família, mas conseguiu continuar sonhando com a carreira de artista. “Eu comecei a fazer cursos de teatro, de dança. Tudo com bolsa, porque eu não podia pagar. Era uma época em que não tinha muito meninos e os cursos davam bolsa para homens”, explica. Ele passou por inúmeras escolas de dança como o Centro de Dança Rio, no Méier, a Cia Nós da Dança, a Petite Danse, e se tornou ator na Escola de Teatro da Faetec, no Rio, antes de fazer seu caminho no exterior. No entanto, o bailarino e ator considera as ruas do Rio de Janeiro como o lugar que o moldou para ser hoje um artista “plural”. “Eu tive a experiência da rua, das companhias de dança, o que me formou como artista, a ter disciplina e ideia de grupo. Mas sou um bailarino de danças urbanas, de jazz que vem do subúrbio do Rio de Janeiro. Eu ensaiava no MAM (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) ou no baile do viaduto de Madureira. A gente ia se formar ali na rua. Dos bailarinos que conheço que estão no Brasil ou no mundo, a gente teve essa pluralidade de formação”, aponta. Carreira entre Brasil e França Mas as poucas oportunidades para artistas e dançarinos negros na TV e teatro fizeram com que Thiago, que sentia sua carreira estagnada no Brasil, olhasse para fora no ano de 2012.  “Surgiu uma audição para vir para o circo na França como bailarino. A base do circo era em Toulouse, mas a gente viajava. Eu conheci a França inteira, gente!", relembra o carioca. "Fiquei um ano aqui, não quis renovar o contrato, quis voltar para o Brasil”, disse em entrevista à RFI. Durante esse breve retorno ao Brasil, Thiago Menezes fez teatro, participação em novela e até musicais, e permaneceu alguns anos trabalhando com o grupo Nós do Morro. Mas em 2016 decidiu voltar à França visando construir uma carreira sólida na dança.  Dez anos de carreira na França O artista destaca que não poderia haver melhor momento para estar trabalhando em uma das instituições mais importantes do cenário cultural europeu e mundial. “Aida é uma das minhas óperas preferidas e é um sonho realizar esta ópera agora, porque faz 10 anos que estou aqui. Comemorar os 10 anos fazendo uma ópera na Ópera de Paris”, celebra Thiago. Aida é uma obra clássica italiana criada em 1871 por Giuseppe Verdi. Com mais de 3 horas e meia de duração, entre cenas épicas, árias e a famosa marcha triunfal, a ópera conta a história de uma princesa etíope escravizada no Egito, que enfrenta a rivalidade de Amneris, filha do faraó, que ama o mesmo homem que ela, Radamés.  Thiago Menezes detalhou o processo para conquistar sua vaga no espetáculo que está em cartaz até o dia 4 de novembro na Ópera de Paris: “Fiz uma audição com mais de 60 pessoas, bem complicada. A gente teve várias fases, mas começou com a dança porque eles precisavam de bailarinos de universos diferentes. Desde acrobatas, dançarinos de hip hop, balé clássico, contemporâneo e jazz. Foram cinco horas de audição”, explica. Apesar da seleção intensa, que também contou com uma fase de testes de interpretação, Thiago revela que teve um pressentimento positivo sobre conseguir a oportunidade. “Nesse dia eu falei: 'Eu vou pegar!'. Joguei para o universo. Recebi a resposta por e-mail uma semana depois, e fiquei muito feliz. Estou muito feliz!”, festeja. Representando o Brasil  Para Thiago, o caminho para chegar onde está sempre foi solitário, enquanto único brasileiro em diversas produções das quais já participou. Entretanto, ele se mostra esperançoso para um futuro com mais jovens sonhadores dos subúrbios sonhando alto e chegando longe. “Eu fico muito orgulhoso de ser o único brasileiro nessa produção, em mais de cem pessoas, sem contar a parte técnica, numa ópera desse tamanho. Eu fui muitas vezes o único latino-americano e único brasileiro em vários projetos. Infelizmente ainda é a minha realidade. Eu gostaria que houvesse mais brasileiros, mas vai ter. Isso vai acontecer!”, projeta Thiago Menezes. “Ser o único brasileiro é trazer essa leveza que a gente tem, trazer também o riso, levar a galera para ir comer comida brasileira, levar a galera para um samba depois do palco. Acho que a gente também é conhecido pela nossa alegria, pela nossa espontaneidade. Eu trago não só eu, Thiago, mas o Brasil comigo nessa leveza e alegria que a gente tem e que a gente emana muito para o mundo!”, aposta o bailarino.    

Brasil-Mundo
Bailarino brasileiro celebra 10 anos na França como único latino no clássico ‘Aida' da Ópera de Paris

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Play Episode Listen Later Oct 26, 2025 7:35


Thiago Menezes é o único dançarino brasileiro e latino-americano na temporada do clássico Aida, na Ópera de Paris, em cartaz até 4 de novembro. Ele começou sua carreira ainda criança no subúrbio do Rio de Janeiro, passou por companhias de dança, se formou como ator e viveu intensas experiências profissionais. Desde 2016, o carioca fixou residência na França, onde atuou por várias companhias de teatro e dança e, agora, alcança seu ápice profissional aos 38 anos, ao passar pela entrada de artistas da consagrada Ópera Bastille. Thiago sempre se percebeu como artista: “Eu sempre quis dançar, desde pequeno. Sempre quis fazer algo com arte. Eu amava o mundo da televisão. Lembro de muito pequeno já ver os programas infantis e querer estar ali dentro”, recorda. Criado no bairro de Quintino, aos 16 anos Thiago precisou trabalhar para apoiar sua família, mas conseguiu continuar sonhando com a carreira de artista. “Eu comecei a fazer cursos de teatro, de dança. Tudo com bolsa, porque eu não podia pagar. Era uma época em que não tinha muito meninos e os cursos davam bolsa para homens”, explica. Ele passou por inúmeras escolas de dança como o Centro de Dança Rio, no Méier, a Cia Nós da Dança, a Petite Danse, e se tornou ator na Escola de Teatro da Faetec, no Rio, antes de fazer seu caminho no exterior. No entanto, o bailarino e ator considera as ruas do Rio de Janeiro como o lugar que o moldou para ser hoje um artista “plural”. “Eu tive a experiência da rua, das companhias de dança, o que me formou como artista, a ter disciplina e ideia de grupo. Mas sou um bailarino de danças urbanas, de jazz que vem do subúrbio do Rio de Janeiro. Eu ensaiava no MAM (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) ou no baile do viaduto de Madureira. A gente ia se formar ali na rua. Dos bailarinos que conheço que estão no Brasil ou no mundo, a gente teve essa pluralidade de formação”, aponta. Carreira entre Brasil e França Mas as poucas oportunidades para artistas e dançarinos negros na TV e teatro fizeram com que Thiago, que sentia sua carreira estagnada no Brasil, olhasse para fora no ano de 2012.  “Surgiu uma audição para vir para o circo na França como bailarino. A base do circo era em Toulouse, mas a gente viajava. Eu conheci a França inteira, gente!", relembra o carioca. "Fiquei um ano aqui, não quis renovar o contrato, quis voltar para o Brasil”, disse em entrevista à RFI. Durante esse breve retorno ao Brasil, Thiago Menezes fez teatro, participação em novela e até musicais, e permaneceu alguns anos trabalhando com o grupo Nós do Morro. Mas em 2016 decidiu voltar à França visando construir uma carreira sólida na dança.  Dez anos de carreira na França O artista destaca que não poderia haver melhor momento para estar trabalhando em uma das instituições mais importantes do cenário cultural europeu e mundial. “Aida é uma das minhas óperas preferidas e é um sonho realizar esta ópera agora, porque faz 10 anos que estou aqui. Comemorar os 10 anos fazendo uma ópera na Ópera de Paris”, celebra Thiago. Aida é uma obra clássica italiana criada em 1871 por Giuseppe Verdi. Com mais de 3 horas e meia de duração, entre cenas épicas, árias e a famosa marcha triunfal, a ópera conta a história de uma princesa etíope escravizada no Egito, que enfrenta a rivalidade de Amneris, filha do faraó, que ama o mesmo homem que ela, Radamés.  Thiago Menezes detalhou o processo para conquistar sua vaga no espetáculo que está em cartaz até o dia 4 de novembro na Ópera de Paris: “Fiz uma audição com mais de 60 pessoas, bem complicada. A gente teve várias fases, mas começou com a dança porque eles precisavam de bailarinos de universos diferentes. Desde acrobatas, dançarinos de hip hop, balé clássico, contemporâneo e jazz. Foram cinco horas de audição”, explica. Apesar da seleção intensa, que também contou com uma fase de testes de interpretação, Thiago revela que teve um pressentimento positivo sobre conseguir a oportunidade. “Nesse dia eu falei: 'Eu vou pegar!'. Joguei para o universo. Recebi a resposta por e-mail uma semana depois, e fiquei muito feliz. Estou muito feliz!”, festeja. Representando o Brasil  Para Thiago, o caminho para chegar onde está sempre foi solitário, enquanto único brasileiro em diversas produções das quais já participou. Entretanto, ele se mostra esperançoso para um futuro com mais jovens sonhadores dos subúrbios sonhando alto e chegando longe. “Eu fico muito orgulhoso de ser o único brasileiro nessa produção, em mais de cem pessoas, sem contar a parte técnica, numa ópera desse tamanho. Eu fui muitas vezes o único latino-americano e único brasileiro em vários projetos. Infelizmente ainda é a minha realidade. Eu gostaria que houvesse mais brasileiros, mas vai ter. Isso vai acontecer!”, projeta Thiago Menezes. “Ser o único brasileiro é trazer essa leveza que a gente tem, trazer também o riso, levar a galera para ir comer comida brasileira, levar a galera para um samba depois do palco. Acho que a gente também é conhecido pela nossa alegria, pela nossa espontaneidade. Eu trago não só eu, Thiago, mas o Brasil comigo nessa leveza e alegria que a gente tem e que a gente emana muito para o mundo!”, aposta o bailarino.    

Brasil-Mundo
Brasileiros abrem espaço em Hollywood com estreia de peça bilíngue que fala sobre imigração

Brasil-Mundo

Play Episode Listen Later Oct 25, 2025 5:30


Hollywood recebe neste final de semana uma estreia histórica para o teatro brasileiro. A peça “EAT” teve o lançamento nesta sexta (24) e segue com apresentação também neste sábado (25). No primeiro dia as atuações foram em português e no segundo em inglês, reforçando a presença da nossa língua na capital mundial do entretenimento. O palco é o do lendário Marilyn Monroe Theatre, do Lee Strasberg Film Institute. Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles A trama acompanha dois imigrantes indocumentados presos em um frigorífico abandonado. Na atuação estão os atores Thales Corrêa e Jorge Gaspar. A peça foi escrita por Alex Tietre, dirigida por ele e por Bruna Fachetti. “Eat é sobre dois homens que estão presos dentro de um frigorífico abandonado, onde eles já estavam aprisionados em trabalho escravo. Há uma denúncia e uma fiscalização por conta desse trabalho escravo e esses dois homens, ao se esconderem, acabaram ficando presos de fato lá dentro. Só resta agora uma peça de carne. Um deles, ironicamente, ainda é vegetariano. Eles têm personalidades completamente diferentes. E a peça é sobre isso, sobre o relacionamento desses dois homens nos seus últimos dias de vida. Será? Não sabemos. Vão ser resgatados? Não vão? Vão se matar? Não vão? A peça é sobre isso. Explora a condição humana dentro de condições extremas, não só físicas, como psicológicas”, conta Bruna. Em Los Angeles, a diversidade linguística é uma das maiores do mundo. Segundo dados do U.S. Census Bureau e do Departamento de Planejamento da cidade, estima-se que sejam faladas entre 185 e 220 línguas diferentes no condado. Mas a cidade respira espanhol, presente em vitrines, rádios, canais de TV e programas locais, refletindo a grande comunidade hispânica da região. Também há produções e transmissões em línguas como coreano, mandarim, cantonês e armênio, atendendo às múltiplas comunidades de imigrantes. No entanto, apesar de existir uma comunidade brasileira significativa, o português ainda é praticamente invisível na cena cultural e midiática da cidade, tornando iniciativas como a estreia de “EAT” uma verdadeira novidade e um marco de representatividade. “A comunidade brasileira aqui é muito grande. A gente até se assusta com o tanto de gente brasileira que tem. Mas de fato, a maior diversidade que existe são peças em espanhol. Então, a gente está fazendo uma coisa muito inovadora, botando o pé na porta. Vamos falar em português. E eu acredito que desde o ano passado, principalmente com 'Ainda Estou Aqui' e o Oscar, a gente começou a se ver mais enquanto uma comunidade, a se unir e a entender o tamanho do nosso potencial, da nossa força", avalia Bruna Fachetti. "E parte dessa força está na língua portuguesa. Então, faz sentido a gente fazer em português. Acho que muita gente aqui sente falta também de ter alguma coisa na língua materna”, diz a atriz e diretora. Mais representatividade Bruna Fachetti vive um momento intenso em Hollywood. Em outubro, ela estreou na série “Monstro: A História de Ed Gein”, uma produção de Ryan Murphy para a Netflix. Ela entra em cena no quinto episódio. “Foi um desafio muito gostoso porque é um true crime story, baseado em fatos, com um elenco completamente estrangeiro. Eu falando alemão, representando uma judia na época do Holocausto. Foi um desafio muito grande como brasileira, mas me abriu novas portas e espero que também acrescente na questão da diversidade brasileira nas telas americanas.” Essa experiência reflete também uma dificuldade recorrente para atores brasileiros: encontrar papéis que reconheçam a identidade e a língua. Muitas vezes, ao buscar perfis latinos ou internacionais, os castings acabam privilegiando características de outros países da América Latina, deixando os brasileiros em um espaço de indefinição. “Ainda é um desafio, mas a gente está chegando lá. Enquanto latinos, a gente ainda não é parte da comunidade completamente por conta do português. Também tem uma questão étnica nossa, de que não veem a gente como latinos. Eles ainda trabalham dentro de um estereótipo do que é um latino. Então, para a gente é um desafio muito grande", detalha. "Quando eles fazem um casting para um latino, estão buscando gente da Colômbia, do México, de todos os lugares da América Latina. Mas em relação aos brasileiros, eles ainda não sabem muito bem como nos encaixar, eu mesma tenho enfrentado esse desafio e encontrado mais oportunidades como europeia do que como brasileira de fato", finaliza.

Brasil-Mundo
Brasileiros abrem espaço em Hollywood com estreia de peça bilíngue que fala sobre imigração

Brasil-Mundo

Play Episode Listen Later Oct 25, 2025 5:30


Hollywood recebe neste final de semana uma estreia histórica para o teatro brasileiro. A peça “EAT” teve o lançamento nesta sexta (24) e segue com apresentação também neste sábado (25). No primeiro dia as atuações foram em português e no segundo em inglês, reforçando a presença da nossa língua na capital mundial do entretenimento. O palco é o do lendário Marilyn Monroe Theatre, do Lee Strasberg Film Institute. Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles A trama acompanha dois imigrantes indocumentados presos em um frigorífico abandonado. Na atuação estão os atores Thales Corrêa e Jorge Gaspar. A peça foi escrita por Alex Tietre, dirigida por ele e por Bruna Fachetti. “Eat é sobre dois homens que estão presos dentro de um frigorífico abandonado, onde eles já estavam aprisionados em trabalho escravo. Há uma denúncia e uma fiscalização por conta desse trabalho escravo e esses dois homens, ao se esconderem, acabaram ficando presos de fato lá dentro. Só resta agora uma peça de carne. Um deles, ironicamente, ainda é vegetariano. Eles têm personalidades completamente diferentes. E a peça é sobre isso, sobre o relacionamento desses dois homens nos seus últimos dias de vida. Será? Não sabemos. Vão ser resgatados? Não vão? Vão se matar? Não vão? A peça é sobre isso. Explora a condição humana dentro de condições extremas, não só físicas, como psicológicas”, conta Bruna. Em Los Angeles, a diversidade linguística é uma das maiores do mundo. Segundo dados do U.S. Census Bureau e do Departamento de Planejamento da cidade, estima-se que sejam faladas entre 185 e 220 línguas diferentes no condado. Mas a cidade respira espanhol, presente em vitrines, rádios, canais de TV e programas locais, refletindo a grande comunidade hispânica da região. Também há produções e transmissões em línguas como coreano, mandarim, cantonês e armênio, atendendo às múltiplas comunidades de imigrantes. No entanto, apesar de existir uma comunidade brasileira significativa, o português ainda é praticamente invisível na cena cultural e midiática da cidade, tornando iniciativas como a estreia de “EAT” uma verdadeira novidade e um marco de representatividade. “A comunidade brasileira aqui é muito grande. A gente até se assusta com o tanto de gente brasileira que tem. Mas de fato, a maior diversidade que existe são peças em espanhol. Então, a gente está fazendo uma coisa muito inovadora, botando o pé na porta. Vamos falar em português. E eu acredito que desde o ano passado, principalmente com 'Ainda Estou Aqui' e o Oscar, a gente começou a se ver mais enquanto uma comunidade, a se unir e a entender o tamanho do nosso potencial, da nossa força", avalia Bruna Fachetti. "E parte dessa força está na língua portuguesa. Então, faz sentido a gente fazer em português. Acho que muita gente aqui sente falta também de ter alguma coisa na língua materna”, diz a atriz e diretora. Mais representatividade Bruna Fachetti vive um momento intenso em Hollywood. Em outubro, ela estreou na série “Monstro: A História de Ed Gein”, uma produção de Ryan Murphy para a Netflix. Ela entra em cena no quinto episódio. “Foi um desafio muito gostoso porque é um true crime story, baseado em fatos, com um elenco completamente estrangeiro. Eu falando alemão, representando uma judia na época do Holocausto. Foi um desafio muito grande como brasileira, mas me abriu novas portas e espero que também acrescente na questão da diversidade brasileira nas telas americanas.” Essa experiência reflete também uma dificuldade recorrente para atores brasileiros: encontrar papéis que reconheçam a identidade e a língua. Muitas vezes, ao buscar perfis latinos ou internacionais, os castings acabam privilegiando características de outros países da América Latina, deixando os brasileiros em um espaço de indefinição. “Ainda é um desafio, mas a gente está chegando lá. Enquanto latinos, a gente ainda não é parte da comunidade completamente por conta do português. Também tem uma questão étnica nossa, de que não veem a gente como latinos. Eles ainda trabalham dentro de um estereótipo do que é um latino. Então, para a gente é um desafio muito grande", detalha. "Quando eles fazem um casting para um latino, estão buscando gente da Colômbia, do México, de todos os lugares da América Latina. Mas em relação aos brasileiros, eles ainda não sabem muito bem como nos encaixar, eu mesma tenho enfrentado esse desafio e encontrado mais oportunidades como europeia do que como brasileira de fato", finaliza.

Caso Bizarro
Especial Teoria da Conspiração #2 - com Chico e Fi | Exclusivo Amazon Music

Caso Bizarro

Play Episode Listen Later Oct 24, 2025 1:09


Acho que você ainda não percebeu, mas já quer apertar o play…

Skip and Shannon: Undisputed
Is Sean Payton Full of it? | Lamar is Back! | Shade on Shedeur? | SPEAKEASY

Skip and Shannon: Undisputed

Play Episode Listen Later Oct 23, 2025 88:58


Acho with LeSean “Shady” McCoy and "Carebear" Kieran, the show brings hot takes, cold truths, and culturally forward conversations that connect sports and culture in real time. ⁠⁠⁠YouTube⁠⁠⁠ ⁠⁠⁠Twitter⁠⁠⁠ ⁠⁠⁠Instagram⁠⁠⁠ ⁠⁠⁠TikTok⁠⁠ Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices

Convidado
Um ano depois da morte a tiro de Odair Moniz pela polícia, "continuamos na mesma"

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 23, 2025 12:08


Fez esta semana um ano que Odair Moniz, cidadão luso cabo-verdiano de 43 anos foi morto a tiro por um agente da Polícia de Segurança Pública na noite de 21 de Outubro de 2024 na Cova da Moura, na Amadora, nas imediações da capital portuguesa. Este acontecimento provocou na altura, vários dias de incidentes na zona de Lisboa, com os habitantes dos subúrbios a expressarem o seu descontentamento com o tratamento que lhes era reservado pelas autoridades. Um ano depois, são várias as organizações da sociedade civil que acusam o governo de nada ter feito para restabelecer a confiança entre os habitantes das periferias e as forças da ordem. A crispação é tanto mais palpável que o país tem estado a debater nestes últimos meses uma série de restrições a serem introduzidas tanto na lei de imigração como na lei de nacionalidade. É neste contexto particular que começou na quarta-feira o julgamento dos agentes policiais envolvidos na morte de Odair Moniz, um processo que cristaliza expectativas mas também questionamentos, com o réu principal a invocar que a vitima tinha na sua posse uma lâmina e que ele se sentiu ameaçado. Um dado que até agora não tinha vindo ao de cima e que na óptica de Rui Pena Pires, investigador ligado ao Observatório da Imigração em Portugal, é o prenúncio de que nunca se saberá ao certo o que aconteceu. RFI: O que se pode esperar do julgamento do caso Odair Moniz? Rui Pena Pires: Eu espero que o julgamento esclareça o que se passou. Prefiro sempre pronunciar-me sobre os resultados do julgamento e não a priori, e não fazer um incidente de suspeição antes do julgamento começar. Espero que esclareça bem o que se passou e que explique porque é que foi necessário recorrer a uma arma de fogo para resolver um problema que aparentemente não exigia nenhuma intervenção desse tipo. O Estado, nas sociedades democráticas, é a única entidade que tem poder de vida ou de morte, mas tem que usar com muita, muita parcimónia. Quando algum agente está envolvido na morte de alguém, essa morte tem que ser muito, muito bem explicada. Nós somos um país em que todas as polícias andam armadas com armas de fogo. Nem em todo o lado é assim. E essa é mais uma razão para que se exijam responsabilidades pelo uso das armas que são usadas no exercício das funções policiais. RFI: Durante o primeiro dia de julgamento, surgiu um dado novo: um dos réus afirmou que Odair Moniz tinha consigo uma lâmina e que ele considerou que ele representava uma ameaça à segurança dos agentes presentes. Rui Pena Pires: As versões que têm vindo a público sobre o que aconteceu têm mudado muito. E isso, por si só, não é uma boa notícia. Significa que nunca saberemos bem qual é o valor dessas declarações. Mas para isso existe o julgamento. Agora, há várias coisas que o julgamento não poderá fazer. Não faz parte do âmbito do julgamento. Não será no julgamento que se irá avaliar o treino e a formação que são dados aos agentes policiais para saberem reagir em situações em que haja alguma tensão, mesmo que resulte mais de percepções do que de perigos reais. Como sabemos, não será no julgamento que será discutido o uso sistemático de armas de fogo em todos os contextos, pelas forças de segurança e por aí adiante. E esses assuntos mereciam uma discussão, para além de se saber o que é que aconteceu naquele caso. Importava evitar que aqueles casos se repetissem. E para isso, se envolve outro tipo de discussões sobre o modelo de policiamento, sobre a formação dos agentes policiais, etc. etc. RFI: Na altura deste acontecimento houve uma série de manifestações e movimentos, inclusivamente, de revolta, nas imediações de Lisboa. Perante esta situação, o Governo prometeu ter mais atenção à situação dos habitantes dos subúrbios das grandes cidades, nomeadamente de Lisboa. Um ano depois, qual é o balanço que se pode fazer? Rui Pena Pires: Infelizmente, um ano depois, continuamos na mesma. Ou seja, houve um conjunto de revoltas que evidenciaram uma coisa, evidenciaram que as populações não têm confiança na actuação das forças policiais. E para ganhar essa confiança, eu não vi nenhuma iniciativa. Pelo contrário, o que se viram foram muitas vezes intervenções com transmissão em directo para as televisões e acções muito musculadas das forças policiais em contextos que não o justificavam e que estão a criar uma percepção de insegurança não só sobre a vida na cidade, mas sobretudo sobre a vida nos subúrbios, que não corresponde à realidade e que, no contexto de um aumento do discurso de ódio que caracteriza a ascensão da extrema-direita em Portugal, como noutros países da Europa, só irá agravar o mal-estar que existe na relação com a polícia. RFI: Um ano depois, Portugal está em pleno debate sobre a Lei de Imigração, a Lei de nacionalidade e há poucos dias ainda, foi adoptada na generalidade uma lei proibindo o uso da burca em locais públicos. O que é que se pode dizer sobre esta crescente crispação a nível político? Rui Pena Pires: Esta foi uma crispação que foi introduzida pelo crescimento da extrema-direita em Portugal. A extrema-direita em Portugal, como noutros sítios da Europa, encontrou na emigração bodes expiatórios para os problemas de mal-estar social que existem em qualquer sociedade mais ou menos desenvolvida. É um pouco irrelevante e tem vindo a produzir sobre a emigração um discurso de responsabilização dos emigrantes por tudo o que de mal acontece na sociedade portuguesa. As revisões das leis a que estamos a assistir são sobretudo o reflexo da adesão que este discurso de extrema-direita tem conseguido suscitar em importantes sectores do eleitorado. Primeiro, uma pequena minoria do eleitorado, mas hoje já numa fatia bastante maior do eleitorado nacional. Infelizmente, o centro-direita tem vindo a adoptar parcialmente como suas estas formas de actuação da extrema-direita. Um bom exemplo é o que aconteceu com a Lei da burca, aprovada na generalidade. O problema da burca não tem em Portugal qualquer dimensão social que justifique sequer que seja tratado. Já nem estou a falar sobre a forma como foi tratado. Não justifica pura e simplesmente ser tratado. Se o Estado intervém e produz leis, quando há, sobretudo todo e qualquer tipo de processo social microscópico, como é o caso burca em Portugal, rapidamente teríamos um Estado completamente totalitário no país. Portanto, esta utilização do discurso sobre a imigração para criar bodes expiatórios, para criar distracções, nós não estamos a discutir problemas complicados que existem em Portugal, como por exemplo, o problema do alojamento, que é um dos problemas mais importantes. Andamos entretidos com a agenda da extrema-direita que tem marcado a agenda política. Não havia nada que justificasse a alteração da lei da nacionalidade. A lei da nacionalidade pode ser mais perfeita, menos perfeita. Mas não há nada que vá melhorar com as mudanças que se estão a fazer ou discutir sobre a lei da Nacionalidade. Não é por as pessoas terem nacionalidade mais um ano depois ou um ano antes, que vai mudar qualquer coisa na integração dos imigrantes. Quer dizer, quando muito, aquelas mudanças que estão a fazer à lei da nacionalidade, o que evidencia é uma má vontade do Estado em relação à imigração e aos imigrantes, que terá consequências nos processos de integração dos imigrantes, que se sentirão mais afectados em relação à coesão nacional quando enfrentam este tipo de discurso negativo sobre si próprios. A lei da imigração precisaria de pequenos ajustes cirúrgicos, mas não de grandes alterações. E as alterações estão a ser feitas todas num clima emocional crispado, que era completamente desnecessário para resolver os problemas que existem na imigração, porque no caso, a imigração, a maior parte dos problemas têm pouco a ver até com a lei. Têm muito mais a ver com as políticas públicas de imigração. Há uma grande imigração irregular em Portugal. Porquê? Basicamente porque o sistema de vistos em Portugal nunca funcionou. Porque a regulação do mercado de trabalho em Portugal é fraca. E nenhum desses problemas encontra resposta nas alterações feitas à lei da nacionalidade. Aliás, não se resolve através da lei. Resolve-se através dos modos de funcionamento da administração pública. São leis que entraram no debate por esta capacidade que extrema-direita tem demonstrado em Portugal, infelizmente, de comandar a construção de uma agenda política. RFI: E lá está, o facto de a direita conservadora ter vindo a colar-se cada vez mais à agenda da extrema-direita é uma questão de convicção ou é um cálculo político? Rui Pena Pires: Às vezes não sei. Eu penso que, nalguns casos, nalguns agentes da direita conservadora, é uma questão de cálculo. Mas às vezes, não sei se noutros casos, para alguns outros dirigentes da direita clássica, não é mesmo uma mudança de convicções. E isso é algo que, apesar de tudo, me assusta mais do que a primeira alternativa. Acho que a primeira alternativa é um erro de cálculo. Acho que a segunda é mais grave, porque significa que começam a ser mais generalizadas as ideias que ainda há pouco tempo eram de uma minoria, mesmo muito pequena, dos actores políticos. RFI: Qual é o papel que têm desempenhado os contrapoderes, nomeadamente não só as associações, como também, e sobretudo, os órgãos de comunicação social em Portugal? Rui Pena Pires: O movimento associativo em Portugal é fraco e, portanto, tem procurado responder, mas não tem tido grande poder para construir uma resposta mais robusta. O papel dos órgãos de comunicação social é muito variado. Agora, aquilo que são alguns dos órgãos de comunicação social com maiores audiências, quer ao nível de imprensa, quer ao nível televisivo, para falar apenas dos media tradicionais, tem facilitado o desenvolvimento da extrema-direita e a extrema-direita procura sempre criar situações de grande tensão emocional que dão um bom espectáculo e muitos órgãos de comunicação social têm andado atrás desse espectáculo. E isso de uma forma completamente desequilibrada. Há uma jornalista no Público que faz o levantamento de vários modos de operação de outros jornais e de outros órgãos de comunicação social e que está farta de chamar a atenção para o peso completamente desproporcionado, por exemplo, que tem a exposição mediática do André Ventura, líder do Chega, quando comparada com a intervenção dos outros líderes partidários, mesmo quando esses líderes partidários lideram movimentos mais fortes que aqueles que são liderados pelo André Ventura. E, portanto, eu espero que os media no futuro não sejam apontados ou pelo menos uma parte dos média, para ser rigoroso, não venha a ser apontada como tendo contribuído para a erosão da democracia que é provocada por este crescimento da extrema-direita.

Skip and Shannon: Undisputed
Flacco Starting? | Shedeur Shade? | Belichick Quitting? | SPEAKEASY

Skip and Shannon: Undisputed

Play Episode Listen Later Oct 9, 2025 91:51


Acho with LeSean “Shady” McCoy and "Care Bear" Kieran, the show brings hot takes, cold truths, and culturally forward conversations that connect sports and culture in real time. ⁠⁠⁠YouTube⁠⁠⁠ ⁠⁠⁠Twitter⁠⁠⁠ ⁠⁠⁠Instagram⁠⁠⁠ ⁠⁠⁠TikTok⁠⁠ Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices

Meio Ambiente
COP30: Nas comunidades tradicionais amazônicas, clima mais quente já assusta e mobiliza adaptação

Meio Ambiente

Play Episode Listen Later Oct 9, 2025 23:22


A viagem é longa até a Terra Indígena Koatinemo: de Altamira, no coração do Pará, são mais três horas de "voadeira" pelo rio Xingu até chegar à casa do povo asurini, que acaba de comemorar meio século de contato com as populações urbanas "brancas". De lá para cá, o povo indígena resiste às pressões de invasores de terra, do desmatamento e do garimpo ilegal. Agora, faz frente a uma nova e poderosa ameaça: um clima cada vez mais quente.  Lúcia Müzell, enviada especial da RFI à Terra Indígena Koatinemo (Pará) Em 2024, pela primeira vez, a seca recorde na Amazônia quebrou a safra da castanha, base da alimentação tradicional e carro-chefe da produção comercializada por populações indígenas, ribeirinhas e extrativistas da região. "Acho que passou uns três, quatro meses sem pingar uma gota de chuva. O verão castigou o nosso castanhal e não teve frutos”, relembra o cacique Kwain Asurini, na aldeia Ita'aka, com pouco menos de 400 habitantes. "A gente também está sentindo essa mudança climática aqui, mesmo sendo a floresta. A floresta sente que o aquecimento está, cada vez mais, prejudicando a própria floresta.”   Sem água, os ouriços no alto de uma das árvores mais emblemáticas da Amazônia, a castanheira, não se desenvolveram, e eles caíram na terra vazios. A castanha é um dos produtos da floresta mais sensíveis ao calor, diferentemente de outros frutos, como o açaí. Milhares de pequenos produtores de comunidades tradicionais tiveram impacto não só na renda, como em toda a cadeia alimentar. A castanha é ingrediente para diversos pratos típicos e também é consumida por animais da floresta. Se eles não encontram o fruto, não aparecem e ficam menos acessíveis para a caça de subsistência dos povos indígenas.  Iuri Parakanã, um dos caciques da Terra Indígena Apyterewa, descreve a situação como “um desespero” para toda a região conhecida como Terra do Meio. Ele conta que, naquele ano, a mandioca também não cresceu como deveria.  "A floresta fala com os indígenas, e nós transmitimos a fala da natureza para o mundo saber o que está acontecendo, o que a natureza está sentindo. Estamos preocupados não somente com o nosso bem viver, mas também com os animais, que estão aqui na floresta e sentem isso”, salienta. "Tudo que plantamos morreu, por causa da quentura." Aquecimento pode chegar a 6°C em 2100 Já faz mais de 40 anos que o respeitado climatologista Carlos Nobre alerta sobre o risco de aumento desta “quentura” que Iuri Parakanã agora sente na Amazônia. Prêmio Nobel da Paz junto com os cientistas do Painel de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), Nobre afirma que os registros históricos da Amazônia apontavam para uma seca severa a cada 20 anos, em média. Nas últimas duas décadas, porém, quatro episódios graves de estiagem já ocorreram.  Pior: os dois últimos se repetiram em dois anos consecutivos, 2023 e 2024 – quando o bioma teve a mais forte seca já registrada. "Mesmo que não tivesse nenhum fogo de origem humana, ainda assim seria muito difícil para a floresta se recompor. Quando tem uma seca muito forte, são quatro ou cinco anos para começar a recompor”, explica. "Mas aí vem uma outra seca, então, o que está acontecendo é que com essas quatro secas muito fortes, aumentou demais a área degradada na Amazônia." Estudos mostram que 40% da Amazônia já estão em algum estágio de degradação. A temperatura na região tem aumentado de 0,3°C a 0,4°C por década, havendo projeções que apontam para uma alta de até 6°C até 2100, no cenário de altas emissões de gases de efeito estufa, em comparação aos níveis pré-industriais. Na Terra Indígena Koatinemo, a adaptação às mudanças climáticas foi um dos tópicos mais debatidos na 10ª edição da Semana do Extrativismo (Semex), realizada em maio. Representantes de dezenas de comunidades tradicionais relataram o impacto da seca nos seus plantios de subsistência. "Os cacaus secaram, os rios e igarapés secaram e os animais sentiram. Os rios também secaram além do normal. Os peixes diminuíram muito”, disse Kremoro Xikrin, que veio do território de Trincheira Bacajá para o encontro.  Carlos Nobre e o risco de colapso da floresta Enquanto isso, em volta da floresta protegida, o desmatamento continua – diminuindo a resiliência da mata para um clima em mutação. “A intenção deles é só fazer capim e pasto para o gado. Não plantam mais um pé de mandioca. Não plantam milho, não plantam feijão, não plantam um arroz”, diz o pequeno agricultor Joilton Moreira, ao contar sobre a pressão da ampliação das terras por grandes fazendeiros em torno da Comunidade Santa Fé, em Uruará, onde ele vive.   Em 1990, um grupo de cientistas coordenados por Carlos Nobre advertiu, pela primeira vez, sobre o risco de a Amazônia atingir “um ponto de não retorno” causado pelas mudanças climáticas e à degradação – ou seja, de a floresta não conseguir mais se regenerar ao seu estado original. O aumento do desmatamento e dos incêndios é fatal para esta tendência. “Tem a seca do aquecimento global e aí fica mais seco ainda por causa do desmatamento, e muito mais quente. A temperatura ali às vezes aumenta mais de 2ºC do que vem de uma onda de calor na região, comparando com uma região que não tem nada de desmatamento”, salienta. "A floresta recicla muito bem a água, baixa a temperatura e às vezes até aumenta a chuva. Mas quando você tem superáreas desmatadas, diminui tanto a reciclagem de água que aumenta a temperatura e você tem menos chuva.” Outro complicador são as queimadas, em alta no bioma. Não mais do que 5% dos incêndios ocorrem por descargas elétricas, ou seja, por causas naturais como raios, assegura Nobre. "Não é natural. Os incêndios explodiram e mais de 95% são de origem humana. Aí vem um outro fator de degradação enorme da floresta: tivemos, no ano passado, a maior área degradada na Amazônia, porque teve muito incêndio”, ressalta. "E como tinha o recorde de seca e de onda de calor, a vegetação ficou muito inflamável, aumentando muito a propagação do fogo.” Populações locais se organizam para se adaptar Nas comunidades tradicionais, a escala de produção na floresta se dá pela união dos povos, e não pelo desmatamento e a monocultura. A castanha, comum na região do Xingu, conectou a Rede da Terra do Meio, uma articulação de povos indígenas, ribeirinhos, extrativistas e da agricultura familiar que, a partir dos seus conhecimentos de manejo florestal, busca impulsionar a comercialização do excedente da produção nos territórios.  A quebra da safra da castanha em 2024 e a provável repetição do drama no futuro aceleram os projetos de diversificação produtiva da rede. Uma das ideias é planejar estoques de outros produtos menos sensíveis ao clima, como o babaçu.  "Não vai dar para cruzar os braços agora e dizer que foi esse ano e, no outro, não vai ser. A gente sabe que sempre vai ter esses problemas, então a rede serve para observar, para tomar cuidado e a gente se organizar para fugir dessas situações”, afirma Francisco de Assis Porto de Oliveira, da reserva extrativista do rio Iriri e presidente da Rede Terra do Meio. “Quando fala de renda, a gente tem que ter muito cuidado, porque se deixarmos para cuidar do problema depois de ele ser identificado, pode ser muito tarde." A rede tem pressionado para que os produtos da floresta sejam cobertos por seguros climáticos, a exemplo dos que beneficiam monoculturas como a soja ou milho. Novas dificuldades surgiram, como o aumento das pragas nas roças e o impacto no transporte, majoritariamente fluvial. Com os rios mais secos, o acesso das comunidades tradicionais a políticas públicas também é prejudicado. Duas delas têm buscado ampliar a participação de indígenas, extrativistas e pequenos agricultores: o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Cada vez mais, as escolas nas comunidades locais oferecem merenda com ingredientes tradicionais, dando um impulso importante à diversificação produtiva nos territórios. Atualmente, 87 produtos da floresta foram integrados à cesta do PAA. "O próprio Estado não conhecia esses alimentos, e a gente precisou provar que eles existem. A gente precisou vir no campo, coletar o cacauí e levar par ao pessoal da Conab, que só conhecia o cacau”, observa Marcio Luiz Silva Souza, engenheiro florestal e técnico da Rede Terra do Meio. “Tem o uxi, uma fruta muito boa que tem em vários territórios e o pessoal não conhecia, a golosa, uma fruta muito saborosa. Palmito de babaçu, tucum, inajá, piqui, cajá. Várias frutas da natureza”, exemplifica. Coleta de sementes contribui para reflorestamento Novas parcerias comerciais impulsionam a diversificação. A produção de sementes, por exemplo, representa um potencial ainda pouco explorado pelas comunidades da floresta. "A gente está num ano de COP, está se falando de mudanças climáticas, de recompor a floresta que já foi destruída. Todos os territórios estão coletando e disponibilizando suas sementes”, continua Souza. Espécies conhecidas e valorizadas, como a castanha e a seringa, já estão consolidadas, mas a demanda por diversidade de sementes nativas tende a crescer para atender a obrigações de reflorestamento por grandes empresas ou empreendimentos, que possuem passivos ambientais. “A gente vai comprar ipê, jatobá, várias favas cabulosas que ninguém nunca observou porque não existia interesse econômico por elas. Com este estímulo do reflorestamento, a gente vai poder incluir segmentos da população brasileira que estão completamente isolados: pequenos produtores rurais muito vulneráveis, comunidades tradicionais, quilombolas, ribeirinhas, indígenas, que moram na floresta e estão longe dos grandes centros econômicos”, afirma Marie de Lassus, diretora de suprimentos da Morfo. A empresa é especializada em restauração de florestas nativas no Brasil e faz a ponte entre a demanda crescente e os coletores de sementes, usadas na recuperação de áreas desmatadas ou degradadas. “Eles mesmos estão começando a entender que existe potencialmente um mercado. Eu recebi sementes deles e a gente já plantou em Santarém, ano passado, num projeto experimental com Embrapa”, indica de Lassus. COP30 e o papel das comunidades tradicionais contra a crise climática Ao colaborar para o reflorestamento, a cadeia das sementes também contribui para o enfrentamento da crise climática. A meta do Brasil é recuperar 12 milhões de hectares de floresta em todo o país, até 2030. Projetos como este estarão em destaque na Conferência do Clima de Belém (COP30), em novembro. Promover sistemas de produção e alimentares que transformam floresta em floresta é investir em um programa climático, avalia Jefferson Straatmann, facilitador de Economias da Sociobiodiversidade do Instituto Socioambiental (ISA).   “Essas conferências, a partir da Rio 92, trouxeram para a sociedade a importância dessa questão, que foi se desdobrando na criação dos territórios tradicionais, em cobrança entre os países para que algo fosse feito. Se a gente não tivesse as conferências da ONU para ter essa troca, muito provavelmente cada país estaria agindo ao seu total entendimento”, analisa. “A gente tem uma crise que é planetária. A COP ser na Amazônia eu acho que traz essa possibilidade de um olhar para esses povos e para seus modos de vida, para suas economias, como um caminho futuro. Não precisa ser igual, não vai ser igual. Mas tem referências que a gente precisa buscar para construir um novo caminho de sociedade”, espera Straatmann.  * Esta é a terceira reportagem da série Caminhos para uma Amazônia sustentável, do podcast Planeta Verde. As reportagens, parcialmente financiadas pelo Imaflora, vão ao ar todas as quintas-feiras até a COP30 em Belém, em novembro. 

Draga Mala
442: ¡AcHO EsPAña eS OTra CoSA! [España T5 – Talent Show]

Draga Mala

Play Episode Listen Later Oct 7, 2025 96:38


¡El Haus of Mala is BAAAAACK! Venimos ready pa' analizar esta premiere de Drag Race España como se supone. Estaremos enfocados en todos los detalles porque este elenco comenzó pisando fuerte el escenario. Estamos listos para todo lo que el transformismo español nos puede dar. ¡OLÉ!Mala Patreonhttps://patreon.com/DragaMalaLinkTreehttps://linktr.ee/dragamalaBrock by Joséhttps://www.instagram.com/brockbyjose/https://www.tiktok.com/@brockbyjoseMala VoiceMailhttps://www.speakpipe.com/dragamalaBlue Skyhttps://bsky.app/profile/dragamalapod.bsky.socialInstagramDraga Mala

Colunistas Eldorado Estadão
Eliane: "Acho que nem Bolsonaro acredita mais em anistia"

Colunistas Eldorado Estadão

Play Episode Listen Later Oct 6, 2025 16:27


O bolsonarismo volta às ruas nesta terça-feira, 7, para defender o perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas em um ato considerado modesto. A escolha foi por uma caminhada em Brasília, em dia útil e sem protestos na Avenida Paulista, em São Paulo, e em Copacabana, no Rio. O motivo foi que o tamanho das manifestações contra a PEC da Blindagem e a anistia em setembro pegou de surpresa a oposição, que agora evita comparações para não passar a imagem de que reúne menos gente que a esquerda. "Essa manifestação vai confirmar como o bolsonarismo está definhando. Silas Malafaia, o pastor que está menos cuidando da suas ovelhas que cuidando de salvar a pele de Bolsonaro, é o organizador e já mudou a expressão, o que mostra que estão sem força de mobilização. Acho que nem o ex-presidente acredita mais em anistia", diz Eliane.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Eliane Cantanhêde responde
"Acho que nem Bolsonaro acredita mais em anistia"

Eliane Cantanhêde responde

Play Episode Listen Later Oct 6, 2025 16:27


O bolsonarismo volta às ruas nesta terça-feira, 7, para defender o perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas em um ato considerado modesto. A escolha foi por uma caminhada em Brasília, em dia útil e sem protestos na Avenida Paulista, em São Paulo, e em Copacabana, no Rio. O motivo foi que o tamanho das manifestações contra a PEC da Blindagem e a anistia em setembro pegou de surpresa a oposição, que agora evita comparações para não passar a imagem de que reúne menos gente que a esquerda. "Essa manifestação vai confirmar como o bolsonarismo está definhando. Silas Malafaia, o pastor que está menos cuidando da suas ovelhas que cuidando de salvar a pele de Bolsonaro, é o organizador e já mudou a expressão, o que mostra que estão sem força de mobilização. Acho que nem o ex-presidente acredita mais em anistia", diz Eliane.See omnystudio.com/listener for privacy information.

O Antagonista
Cortes do Papo - Os novos delírios de Eduardo Bolsonaro

O Antagonista

Play Episode Listen Later Oct 3, 2025 13:27


O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) defendeu na quinta-feira, 2, sua candidatura à Presidência da República em 2026. Eduardo afirmou o seguinte em entrevista ao SBT: “Eu acho que há um espaço, há robustez numa candidatura com o sobrenome Bolsonaro.Acho que estou no meu terceiro mandato, que sou uma pessoa que é conhecida da sociedade, coloco sempre as minhas opiniões à disposição do escrutínio público. [...]  Acredito que nós estamos no momento em que estou maduro o suficiente. A única coisa que me fará não ser candidato é a candidatura do presidente Jair Bolsonaro.”Felipe Moura Brasil e Ricardo Kertzman comentam:Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do   dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.     Apresentado por Felipe Moura Brasil, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade.     Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.     Ao vivo de segunda a sexta-feira às 18h.    Apoie o jornalismo Vigilante: 10% de desconto para audiência do Papo Antagonista  https://bit.ly/papoantagonista  Siga O Antagonista no X:  https://x.com/o_antagonista   Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp. Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.  https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344  Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br 

Meio Ambiente
Bioeconomia na Amazônia: o desafio do comércio justo da floresta

Meio Ambiente

Play Episode Listen Later Sep 25, 2025 23:46


Já faz três décadas que quase 200 países se reúnem todos os anos para negociar soluções de combate ao aquecimento global – e, pela primeira vez, o encontro vai acontecer às portas da maior floresta tropical do planeta. Na COP30 em Belém do Pará, o mundo vai conhecer de perto não apenas a exuberância da Amazônia brasileira, como dará de cara com o colossal desafio de proteger um território mais extenso que a União Europeia, onde moram quase 30 milhões de habitantes. Como preservar a floresta e, ao mesmo tempo, garantir renda para as populações locais? Lúcia Müzell, eviada especial da RFI à aldeia Ita'aka, na Terra Indígena Koatinemo (Pará) Na Conferência do Clima da ONU, o Brasil dará visibilidade às pessoas que vivem sob a copa das árvores: indígenas, ribeirinhos e extrativistas, mas também populações urbanas, que dependem da floresta para sobreviver. O grande desafio é proteger a mata e as suas riquezas naturais, um patrimônio do Brasil e da humanidade, e ao mesmo tempo, garantir condições dignas de vida para esses habitantes, que lá nasceram e cresceram. Nos territórios amazônicos, é principalmente a agricultura em baixa escala que sustenta as famílias. Centenas de milhares desses pequenos produtores herdam o conhecimento tradicional sobre o manejo sustentável da floresta, porém esbarram em uma série de obstáculos para comercializar os seus produtos. Da logística complexa ao pouco acesso a crédito, da dependência de atravessadores à ameaça criminosa aos seus territórios, os "guardiões da floresta” estão à margem das estatísticas da economia amazônica. “A escala da biodiversidade hoje, tal como ela existe na Amazônia, não alimenta 2 milhões de pessoas”, observa Patricia Pinho, especialista em desenvolvimento sustentável e membro do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança do Clima (IPCC). “De toda uma diversidade da Amazônia, de mais de 700 diferentes tipos de produtos da sociobiodiversidade mapeados, apenas nove compõem a cesta dos mais procurados, mais vendidos e comercializados, entre eles a castanha, açaí, alguns óleos essenciais e o cacau”, explica. O Brasil prepara um Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia, que deverá ser lançado durante a COP30. O objetivo é fortalecer as atividades que contribuem para gerar recursos para algumas das regiões mais pobres do país, a uma condição: desmatamento zero. Valorização leva à proteção da floresta Na bioeconomia compatível com a floresta em pé, os produtos são extraídos da mata no seu ciclo natural, ou são plantados em consórcio com outras culturas, em harmonia com a mata. É por isso que é preciso ter cuidado quando se fala em dar escala a este comércio – a socio-bioeconomia não tem vocação a criar novas monoculturas, ao contrário da soja ou da pecuária, vetores da destruição da Amazônia. “O que a gente precisa é ter uma visibilidade do aspecto plural da sociobiodiversidade, agregar valor – não só o valor econômico, mas que inclua essas boas práticas, o conhecimento milenar que, uma vez perdido, não é recuperável facilmente”, salienta Pinho, diretora-adjunta do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). O Pará é o estado amazônico onde as cadeias produtivas da floresta são mais desenvolvidas. Para o cacique Nei Xipaya, da aldeia Tucamã, na região de Altamira, o retorno financeiro da venda de especiarias da região é quase um detalhe: o dinheiro é usado para a compra de suprimentos básicos para a aldeia. Para ele, a prioridade mesmo é a transmissão da herança ancestral do cultivo da floresta – uma questão de sobrevivência para os povos indígenas. “Quando eu vendo uma castanha, eu estimulo que o jovem procure o pai dele para saber como é que procura castanha no mato, como é que se faz um paneiro, como é que se coleta”, conta. O fortalecimento das cadeias nativas ajuda a conter o êxodo da juventude indígena para os centros urbanos – que impacta na preservação dos territórios, sob constante pressão de invasores. “Nesse processo de coleta, você tem várias outras espécies de atividade que dá para você fazer, cuidar da medicina tradicional, conhecer e saber andar no próprio território. A geração nova não tem o domínio, e sim os anciões.” Articulação de comunidades locais A batalha para revalorizar os produtos florestais não madeireiros uniu comunidades que, até pouco tempo atrás, se viam como concorrentes mortais, como indígenas e seringueiros da região da Terra do Meio, no centro do Pará. Há mais de 10 anos, lideranças de dezenas dessas comunidades banhadas pelos rios Xingu e Iriri se aproximaram para ter mais força na negociação de preços dos produtos cultivados nos seus territórios, de uma extensão comparável a de um país como Portugal, com 9 milhões de hectares. A cada dois anos, eles se reúnem para Semana do Extrativismo, na qual debatem as dificuldades comuns e discutem soluções. Este ano, o evento aconteceu na aldeia Ita'aka, na Terra Indígena Koatinemo. Edileno Camilo de Oliveira, 36 anos, vice-presidente do coletivo, lembra que, antes da criação de uma reserva extrativista no local e da consolidação da rede, havia áreas tomadas por madeireiros ilegais, onde os verdadeiros habitantes não podiam nem mais entrar. “Uma vez que o nosso produto tem valor, a gente vai buscar mais lá dentro, a gente vai longe e quando a gente está indo, a gente está olhando, está protegendo e está fazendo um serviço socioambiental”, ressalta. Juntos, os comunitários da Rede Terra do Meio conseguem atender à demanda de mercado por volume, mas a escala de produção não se dá por mais desmatamento, e sim por um sistema semelhante ao de uma cooperativa. A negociação de preços e valores acontece diretamente com as empresas. “A gente enxerga esses parceiros com um bom olhar, até porque antes disso, a gente vivia na mão do atravessador. Com os parceiros comerciais da rede, isso mudou”, afirma Edileno, que vive em Riozinho Anfrísio, a 370 quilômetros de Altamira. “A gente passou a ter um espaço de governança e a ter a nossa autonomia. É a gente que decide a forma que a gente quer fazer o comércio.” A valorização das cadeias nativas tem estimulado a diversificação da produção, deixando os comunitários menos suscetíveis às variações dos preços de mercado e aos impactos das mudanças climáticas, como foi o caso da quebra da safra da castanha em 2024. A rede também possibilitou às comunidades ampliarem a participação em políticas públicas de incentivo à agricultura familiar, como os programas nacionais de Aquisição de Alimentos (PAA) e de Alimentação Escolar (PNAE) – dos quais acabavam excluídos por falta de informação ou desconhecimento dos procedimentos técnicos e digitais. Vania Asuri vive no Território Indígena Koatinemo, às margens do Xingu. Mãe de três filhos, ela trabalha como técnica de enfermagem e ajuda na roça familiar. Nas horas vagas, ainda encontra tempo para jogar futebol e fazer pintura de tecidos, sua paixão. O excedente de mandioca e banana agora é vendido para o PAA, uma parceria firmada no ano passado. “Falta eles terem um olhar diferente para os nossos produtos, porque eles são originais. É tudo à mão, a gente não tem máquina, não tem aqueles de produtos que se joga para aumentar a produção”, argumenta. “Acho que falta muito isso ainda: eles terem um olhar diferente para o nosso povo.” Uma das condições para a associação aos parceiros é o respeito ao modo de vida e a cultura de cada povo da floresta – que tem outro tempo, outros prazos e outras formas de entregar os seus produtos. “Algumas empresas chegavam visando a compra de um produto, impondo aí as condições. Mas quando a gente fala na sustentabilidade alimentar e no mercado justo aqui, a gente não está vendendo só um produto. A gente está vendendo uma história e uma valorização”, reitera o cacique Nei Xypaia. Amazônia intocada: mais uma forma de preconceito Esse choque de culturas é um dos principais desafios para a ampliação do comércio justo com as comunidades tradicionais amazônicas, aponta Jeferson Straatmann facilitador de Economias da Sociobiodiversidade do Instituto Socioambiental (ISA). A organização, referência no Brasil para a proteção das comunidades tradicionais, atua fazendo a ponte entre as associações locais e potenciais parceiros comerciais. “Tem um entendimento muito racista sobre o que é conhecimento, o que é um modo de vida. Tem um entendimento que esse modo de vida deveria ser outro. Isso abre esses territórios, numa justificativa de economia, para invasões, para garimpo, para madeira”, constata Straatmann. “Normalmente, as empresas buscam a comercialização reduzindo o custo, independente do impacto social e ambiental. Essa mudança de paradigma na sociedade, desde as bases desse preconceito racial, do entendimento dessas culturas, do valor desses conhecimentos para a conservação e para um modo de produção que conserve ao mesmo tempo, é algo que está na base dos desafios”, aponta. Outro preconceito que Straatmann busca desconstruir, principalmente de governos e organizações estrangeiros, é o de que preservar a Amazônia significaria transformá-la em um santuário intocado. Ele argumenta que esta premissa demonstra desconhecimento não apenas da área continental do bioma, como da existência milenar de povos que sempre habitaram a floresta sem destruí-la. “Olhar a natureza como algo intocado é um formato de racismo que só entende a visão do branco. A visão eurocêntrica da sociedade, moderna, que precisou se apartar o homem da natureza, no intuito de que esse homem destrói”, aponta o doutor em engenharia de produção pela USP. “Não é essa a realidade desses povos. Os povos conservam a partir dos modos de vida deles. Esses modos de vida se transformaram e continuam transformando floresta em floresta.” Resgate da borracha amazônica, sob novas bases Uma das cadeias nativas que estão ganhando impulso graças ao comércio ético é a da borracha – e apesar do histórico trágico dos seringueiros na região. Depois de dois prósperos ciclos da matéria-prima na virada do século 19 para o 20, marcados pela violência e a exploração dos trabalhadores nos seringais, o cultivo do látex disparou em São Paulo. A busca pelo produto quase desapareceu na Amazônia. “A gente foi parando de trabalhar porque estava muito mínimo. Um quilo de borracha não comprava um quilo de açúcar. Dava R$ 0,70, era muito pouco. Aí as famílias foram largando”, recorda o extrativista Pedro Pereira de Castro, 61 anos. “Não tinha como o cara cortar seringa para sobreviver. A gente tinha que fazer 1.200, 1.300 quilos para poder, no fim do ano, não estar devendo muito – porque tinha gente que ainda ficava devendo [para o patrão].” A concorrência asiática, líder no mercado mundial, e o aparecimento da borracha sintética – derivada do petróleo –, terminou de dizimar uma cadeia que havia trazido prosperidade para Manaus e Belém. Hoje, ela ressurge sob novas bases, sustentada por empresas dispostas a pagar até cinco vezes mais pela matéria-prima nativa, em nome da preservação dos territórios. O látex é um dos produtos prioritários da Rede Origens Brasil, que promove negócios que valorizem os povos da Amazônia e a floresta em pé. Um dos maiores desafios é conectar esses extrativistas aos mercados.   “A logística amazônica fica muito cara por conta de todos os deslocamentos via fluvial. Tem territórios que vão demorar dois dias para conseguir escoar sua produção, descendo ou subindo o rio”, afirma Patricia Andrade Machado, coordenadora de Articulação Territorial do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), cofundador da iniciativa ao lado do ISA. “O tempo da floresta é um tempo muito diferente do tempo capitalista. Mas as empresas também têm as suas demandas, então a gente facilita esses diálogos para que um entenda o lado do outro”, diz. ‘A gente sobrevive da natureza e não quer que isso acabe' O contrato de parceria impõe critérios como rastreabilidade da produção, transparência nas transações, equidade, preço justo e respeito ao modo de vida tradicional das comunidades. Os pequenos produtores precisam ter uma governança estruturada, por meio de uma associação, por exemplo, enquanto as empresas devem apresentar indicadores de impacto socioambiental deste comércio. No caso da borracha, um dos gargalos é aumentar o volume extraído dos seringais: no primeiro ano de contrato com a fabricante Mercur, a empresa estava disposta a comprar 12 toneladas de látex, mas só recebeu 400 quilos. A iniciativa deu o que falar na região da Terra do Meio e, no segundo ano, com a adesão de mais extrativistas e um trabalho de capacitação técnica em campo, a coleta chegou a 7 toneladas. “A capacitação busca conciliar o conhecimento tradicional com a demanda do mercado, com a demanda de qualidade dessa borracha”, complementa Machado. A parceria da Mercur com a Rede Terra do Meio já tem 15 anos e tem espaço para crescer: a produção na região ainda não atingiu a meta, e representa menos de 10% da demanda anual da empresa, aponta o analista de vendas Jovani Machado da Silva.   “Nós deixamos de comprar borracha da Amazônia para comprar de empresas de cultivo em São Paulo, por questões de custo, e também devido à quantidade, que era bem menor”, relata Jovani Machado da Silva, analista de vendas da empresa gaúcha. “A gente veio tentar resgatar essa dívida, digamos assim, que a gente tem com essas regiões e com esse povo. O resgate é de estar favorecendo para que os povos da floresta tenham uma fonte de renda a mais para que eles se mantenham na floresta, que é onde é o habitat deles, onde eles querem ficar.” É exatamente isso que o extrativista Pedro Pereira, de Riozinho Anfrísio, relata. No passado, ele já trabalhou com garimpo e em fazendas, mas onde gosta mesmo de estar é sob as árvores. “A seringa que o meu avô cortava, meu pai cortou, eu corto e meus netos vão poder cortar. Não tem outro produto igual à seringa para a gente, porque em todo lugar que você chega na beira do rio, tem seringueira”, afirma. “É um produto bem seguro, e é a natureza, né? A gente sobrevive da natureza e não quer que isso acabe.” * Esta é a primeira reportagem de uma série do podcast Planeta Verde da RFI na Amazônia. As reportagens, parcialmente financiadas pelo Imaflora, vão ao ar todas as quintas-feiras até a COP30 em Belém, em novembro. 

Enemiga del Silencio
ACHO, PR ES OTRA COSA

Enemiga del Silencio

Play Episode Listen Later Sep 24, 2025 30:50


Yo amo PR, tú amas PR, pero ¿qué piensan los first-timers de PR? Hoy tengo un invitado de HONOOOOR a mi lado hablando sobre su experiencia en el lugar que más amo, Puerto Rico. Ustedes le tenían mil preguntas - y él se las contesta todasss.Volver al calentón este verano ha sido una experiencia distinta al 100%, entre la Residencia de Bad Bunny, el verano, la playita y la energía tan espectacular que se siente—fue un 10. Acompañanos en este recuento (y este special treat para mi) ⭐️#LaResidencia #PeErre #turista #entrevista #PrimeraVezEnPR #BadBunny #PuertoRico #Boricua #NoMeQuieroIr

Café Brasil Podcast
Café Brasil 996 - O Alienista - O preço dos rótulos

Café Brasil Podcast

Play Episode Listen Later Sep 17, 2025 30:24


Olha: eu andava ressabiado aí com um certo clima de vigilância que tomou conta da internet brasileira. Sabe como é que é? Acho que você também, né? E eu fui alertado pra ir atrás de um VPN. Procurei, encontrei a NordVPN e com ele eu acabei achando mais que um VPN, cara. O Nord VPN oferece proteção contra ameaças, ele bloqueia rastreadores malwares e anúncios indesejados. Com o Nord VPN o meu IP fica oculto, tornando quase impossível para hackers acessarem o meu dispositivo. E tem mais. Tudo que eu envio é criptografado, perfeito para apps móveis, especialmente quando a gente não sabe se o app usa HTTPS, sabe? Isso significa uma coisa só: liberdade. Usando o Nord VPN você pode conectar até seis dispositivos ao mesmo tempo. E se encontrar um site restrito a certas regiões do mundo ele permite que você mude, entre aspas, de local. E acesse conteúdos como se estivesse em outro país. Esportes, filmes, programas de TV que não estão disponíveis no Brasil! Eu já assisti séries da Netflix que não tem aqui. E não se preocupe. O NordVPN tem recursos pra proteger a sua privacidade se você esquecer de ativá-lo. Seu verdadeiro endereço IP e localização jamais serão expostos. Acesse nordvpn.com/cafebrasil, e ganhe um super desconto no seu plano. Além de quatro meses grátis. Ah, você quer mais, é? Se não gostar, o reembolso é total em até 30 dias. Então não perca. Visite nordvpn.com/cafebrasil e navegue com segurança hoje mesmo. Em O Alienista - o preço dos rótulos, exploramos a genialidade de Machado de Assis e o experimento de Rosenhan para mostrar como a linha entre sanidade e loucura pode ser apenas uma questão de rótulo. Da Casa Verde às redes sociais, vivemos num manicômio moderno onde etiquetas decidem destinos, matam debates e alimentam intolerâncias. Prepare-se para uma reflexão sombria e atual sobre quem tem o poder de definir o que é normal. O comentário do ouvinte é patrocinado pela Vinho 24 Horas. Já pensou em ter um negócio que funciona 24h, sem precisar de funcionários? Uma adega autônoma instalada no seu condomínio, com vinhos de qualidade, controle pelo celular e margem de 80%. Com apenas R$ 29.900, você inicia sua franquia e ainda ganha 100 garrafas de vinho. Acesse Vinho24.com.br e comece seu novo negócio! A Terra Desenvolvimento revoluciona a gestão agropecuária com métodos exclusivos e tecnologia inovadora, oferecendo acesso em tempo real aos dados da sua fazenda para estratégias eficientes. A equipe atua diretamente na execução, garantindo resultados. Para investidores, orienta na escolha das melhores atividades no agro. Com 25 anos de experiência, transforma propriedades em empreendimentos lucrativos e sustentáveis. Conheça mais em terradesenvolvimento.com.br. Inteligência a serviço do agro! ...................................................................................................................................................................

Café Brasil Podcast
Café Brasil 994 – O abismo - Fé, estratégia e travessia

Café Brasil Podcast

Play Episode Listen Later Sep 3, 2025 31:42


Olha: eu andava ressabiado aí com um certo clima de vigilância que tomou conta da internet brasileira. Sabe como é que é? Acho que você também, né? E eu fui alertado pra ir atrás de um VPN. Procurei, encontrei a NordVPN e com ele eu acabei achando mais que um VPN, cara. O Nord VPN oferece proteção contra ameaças, ele bloqueia rastreadores malwares e anúncios indesejados. Com o Nord VPN o meu IP fica oculto, tornando quase impossível para hackers acessarem o meu dispositivo. E tem mais. Tudo que eu envio é criptografado, perfeito para apps móveis, especialmente quando a gente não sabe se o app usa HTTPS, sabe? Isso significa uma coisa só: liberdade. Usando o Nord VPN você pode conectar até seis dispositivos ao mesmo tempo. E se encontrar um site restrito a certas regiões do mundo ele permite que você mude, entre aspas, de local. E acesse conteúdos como se estivesse em outro país. Esportes, filmes, programas de TV que não estão disponíveis no Brasil! Eu já assisti séries da Netflix que não tem aqui. E não se preocupe. O NordVPN tem recursos pra proteger a sua privacidade se você esquecer de ativá-lo. Seu verdadeiro endereço IP e localização jamais serão expostos. Acesse nordvpn.com/cafebrasil, e ganhe um super desconto no seu plano. Além de quatro meses grátis. Ah, você quer mais, é? Se não gostar, o reembolso é total em até 30 dias. Então não perca. Visite nordvpn.com/cafebrasil e navegue com segurança hoje mesmo. Indiana Jones diante do abismo invisível é a metáfora perfeita para falar de inovação, política e até da vida. Ideias geniais, startups promissoras e movimentos empolgantes morrem quando não conseguem atravessar o vazio entre o entusiasmo dos visionários e a adesão da maioria. O segredo não é discurso ou paixão, é construir a ponte que ninguém vê — pedra por pedra, prova por prova. Neste episódio, vamos refletir: qual é o seu abismo? E que ponte você está erguendo para atravessá-lo? O comentário do ouvinte é patrocinado pela Vinho 24 Horas. Já pensou em ter um negócio que funciona 24h, sem precisar de funcionários? Uma adega autônoma instalada no seu condomínio, com vinhos de qualidade, controle pelo celular e margem de 80%. Com apenas R$ 29.900, você inicia sua franquia e ainda ganha 100 garrafas de vinho. Acesse Vinho24.com.br e comece seu novo negócio! A Terra Desenvolvimento revoluciona a gestão agropecuária com métodos exclusivos e tecnologia inovadora, oferecendo acesso em tempo real aos dados da sua fazenda para estratégias eficientes. A equipe atua diretamente na execução, garantindo resultados. Para investidores, orienta na escolha das melhores atividades no agro. Com 25 anos de experiência, transforma propriedades em empreendimentos lucrativos e sustentáveis. Conheça mais em terradesenvolvimento.com.br. Inteligência a serviço do agro! ...................................................................................................................................................................

Canary Cast
Real-Time, Cross-Border, 24/7: How Cobre Is Transforming Corporate Payments in Latin America

Canary Cast

Play Episode Listen Later Aug 27, 2025 52:12


In this episode of the Canary Cast, Florian Hagenbuch, Co-Founder and General partner at Canary, sits down with Jose Gedeon, co-founder and CEO of Cobre, a Colombian fintech building the real-time B2B payments and cross-border infrastructure powering finance teams across Latin America. From his early fascination with M-Pesa’s case at the University of Pennsylvania, to failed attempts at building his own mobile money business in Colombia, a stint as a consultant at McKinsey New York, and a role at Oyo in Mexico, José shares how each chapter of his journey shaped the vision for Cobre. What started as white-label wallets for meal vouchers during the pandemic evolved into Colombia’s leading real-time B2B payments platform, now expanding rapidly into Mexico and cross-border flows. During the episode, José reflects on the unique challenges of scaling a fintech in LatAm, the pivotal customer moments that unlocked entirely new business lines, and the ambition of turning Cobre into the default infrastructure for payments across the region. In this episode, we dive into: From White-Label Wallets to Infrastructure: How Cobre pivoted from building digital wallets for meal vouchers into real-time B2B payments and treasury management. Cross-Border Breakthroughs: The customer emergency that sparked Cobre’s cross-border product and how it led to a new revenue line. The Role of Stablecoins: Why stablecoins are becoming increasingly relevant in illiquid or high-cost currency corridors like Colombia, Turkey, and Argentina. Scaling in Mexico: How Cobre reached $100M in monthly volume in only 8 months in Mexico—10x faster than in Colombia. Vision for the Future: Why Jose believes it’s still “day zero” for Cobre and how the company aims to become the de facto B2B payment infrastructure for LatAm. Founder Lessons: Biggest mistakes, wins, and the cultural values that define the Cobre team. Whether you’re a founder, operator, or fintech enthusiast, this episode offers a masterclass in product pivots, client-focused culture, scaling infrastructure in emerging markets, and building with ambition in one of the most dynamic regions in the world. Tune in to hear how Cobre is not only modernizing payments in Colombia and Mexico, but also shaping the future of financial infrastructure across Latin America. Guest: Jose GedeonJose is the co-founder and CEO of Cobre, a fintech modernizing B2B payments and cross-border infrastructure in Latin America. Cobre moves billions annually, already processing ~3% of Colombia’s GDP, and recently raised its Series B led by Oak HC/FT, with participation from Canary and other global investors. Follow Jose on LinkedIn Host: Florian HagenbuchFlorian is the co-founder and General Partner at Canary, a leading early-stage investment firm in Brazil and Latin America. Canary has invested in more than 130 companies since its founding in 2017. Previously, Florian founded Loft, a company that digitized and transformed the home buying experience in Brazil, bringing transparency, liquidity, and credit to millions of Brazilians. Before that, Florian also co-founded Printi, the leading online printing marketplace in Latin America. Follow Florian on LinkedInHighlights:00:55 – 07:30 | Jose's Background & Early Influences07:30 – 08:08 | The Impact of COVID on Colombia's Financial Digitization08:10 – 11:07 | University Years, Early Attempts & Lessons Learned11:16 – 14:47 | Corporate Finance Pain Points Cobre Set Out to Solve & the First Iteration: White-Label Wallets14:55 – 16:11 | Cobre's First Business Model and Learnings on Pricing Power and Revenue Potential16:20 – 18:57 | Pivot to Real-Time B2B Payments and Building Colombia's First and Only Real-Time B2B Payment Infrastructure19:00 – 21:00 | Bre-B, the "PIX" of Colombia21:02 – 26:19 | Expansion into Cross-Border Payments and Different Customer Bases26:20 – 28:54 | Money Corridors in Colombia29:00 – 32:22 | Stablecoins & Tech Stack in Cross-Border Payments33:00 – 36:00 | Expansion to Mexico & Early Learnings 36:00 – 37:00 | Key Numbers, Scale & Vision37:00 – 43:07 | Future Plans and Raising Successful Venture Rounds43:08 – 47:40 | Founder Lessons & Culture47:40 – 52:12 | Conclusion: Recommended Content for ListenersRecommended Content: 1. Elon Musk biography by Walter Isaacson2. The World for Sale by Javier Blas and Jack Farchy3. Read, Write, Own by Chris DixonTranscrição do Episódio em Português: Hoje, estamos movimentando cerca de 3% do PIB da Colômbia dentro da Cobre.É um número muito grande.Mas, ao mesmo tempo, também é pequeno.Copo meio cheio, copo meio vazio.Isso nos dá bastante espaço para crescer. Agora, mudando para o inglês, para facilitar um pouco para você.José, muito obrigado por estar aqui. Agradeço por dedicar seu tempo. Estou muito animado para conversar com você. Como contexto, o José é cofundador e CEO da Cobre, uma fintech colombiana que está se expandindo para o México. Vocês rapidamente se tornaram uma das principais plataformas de pagamentos B2B em tempo real e de gestão de tesouraria corporativa na Colômbia — e, em breve, também no México. Sob sua liderança, muitas coisas empolgantes aconteceram. Vocês já escalam para centenas de empresas nesses dois países. Estão movimentando algo em torno de 18 bilhões em volume anual em folha de pagamento e pagamentos a fornecedores.E, o mais importante, estão se tornando uma camada crítica de infraestrutura para times financeiros modernos na região. Estou muito animado com este episódio, em mergulhar na sua jornada empreendedora, José, como a Cobre está modernizando os pagamentos corporativos, o cenário fintech na América Latina de forma mais ampla e, claro, a visão que você tem para o futuro da companhia. José, obrigado por se juntar a nós. É um prazer enorme ter você aqui hoje. José:Florian, o prazer é meu. A Canary foi a primeira firma de venture capital que acreditou na Cobre — e também o primeiro investimento de vocês fora do Brasil. Na época, nós até dissemos ao Marcos que expandiríamos para o Brasil… ainda não aconteceu.Mas tem sido uma ótima história até aqui, e vocês têm sido apoiadores incríveis. Obrigado. Florian:Sim, lembro bem disso. Inclusive, naquela época vocês tinham outro nome, não era? Acho que era “Pexto”, se não me engano.As coisas mudam, mas estamos felizes que deu certo. José, talvez possamos começar um pouco falando do seu histórico e da sua trajetória pessoal. Pode nos contar sobre sua origem e o que você fazia antes de empreender? José:Claro. Eu nasci e cresci em uma cidade pequena da Colômbia chamada Cartagena. Hoje é turística e bastante conhecida, mas, quando eu crescia lá, era apenas um destino nacional, relativamente pequeno. Eu, inclusive, nasci em Barranquilla porque minha mãe era de lá — que é ainda menor.De Barranquilla vêm muitas coisas conhecidas: Shakira, a Avianca (nossa companhia aérea nacional), e as últimas duas empresas colombianas que abriram capital nos EUA também são de lá.É uma cidade muito empreendedora. Talvez um bom precedente para a Cobre, não é? Venho de uma família de imigrantes libaneses — extremamente trabalhadores e empreendedores. Cresci aprendendo, por osmose, o que significava ser um empresario. Homens e mulheres da minha família sempre fundaram e até hoje administram empresas. Era um ambiente muito natural para acabar trilhando o caminho que trilhei. Depois tive o privilégio de estudar na Universidade da Pensilvânia. Meu primo Felipe — hoje cofundador da Cobre — estudava lá um ano antes de mim. Eu nunca achei que conseguiria entrar, mas consegui, e fui para a Penn cursar a graduação. No meu primeiro ano, li um business case sobre a M-Pesa, considerada precursora do dinheiro móvel — e, por consequência, de boa parte do que chamamos hoje de fintech: Zelle, Venmo, Paytm, GCash…A ideia original surgiu da M-Pesa, um serviço criado pela Vodafone que permitia às pessoas enviar dinheiro via SMS. Hoje, algo como 20% do PIB do Quênia transita pela M-Pesa. É completamente ubíquo. Inspirado nisso, tentei várias vezes criar algo parecido na Colômbia durante meus verões na Penn, mas obviamente falhei — afinal, eu não era uma empresa de telecomunicações. Ainda assim, essa experiência me mostrou como uma infraestrutura de pagamentos em tempo real poderia transformar a vida de milhões de pessoas e empresas. Ao me formar, voltei para a Colômbia para tentar de novo. E falhei mais uma vez. Foi aí que percebi: “o problema sou eu, preciso aprender a construir empresas de verdade”. Então fui trabalhar na McKinsey em Nova York. Passei um ano e meio lá e tive como cliente uma das maiores gestoras de venture capital do mundo. Eu era apenas analista júnior na equipe, mas aprendi muito sobre como os VCs pensam. Isso me levou a largar o emprego em Nova York e me mudar para a Cidade do México, para trabalhar na Oyo Rooms, um dos grandes unicórnios da Índia. A ideia era aprender mais sobre startups de hiperescala do que eu aprenderia ficando na consultoria. Fiquei um ano e meio na Oyo — até a pandemia começar. Com a COVID, percebi: “este é o momento certo para digitalizar pagamentos na Colômbia”. As empresas estavam forçadas a mudar. E foi quando decidi voltar a Bogotá, em junho de 2020, para tentar mais uma vez. E agora, cá estamos. Florian:Muito interessante. Não sabia de todas essas tentativas que não deram certo antes.Aliás, eu também estudei na Penn, me formei em 2010. Você foi alguns anos depois, certo? José:Sim, me formei em 2018. E naquela época, o ambiente ainda era mais voltado para carreiras tradicionais. A maioria queria ir para consultoria, bancos de investimento ou fundos. Eu era um dos poucos insistindo em empreender já na graduação. Participei até de competições de startups do MBA, porque não havia para undergrad. (continua na mesma estrutura — alternando Florian / José, até o final da conversa que você compartilhou).

Rádio Comercial - Momentos da Manhã
Acho isso feitiçaria!

Rádio Comercial - Momentos da Manhã

Play Episode Listen Later Aug 21, 2025 3:49


Ovos estrelados, jogos de tabuleiro e croquetes!

Arizona Cardinals Podcasts
Big Red Rage - Cardinals vs. Broncos: Collier and Acho Offer Key Takeaways From Joint Practice

Arizona Cardinals Podcasts

Play Episode Listen Later Aug 15, 2025 45:49 Transcription Available


Ep. 729 - It was a hot day in Denver as the Cardinals and Broncos faced off in a joint practice on Thursday. Defensive lineman L.J. Collier sat down with Paul Calvisi to talk about going up against the Broncos offense, which young players he thinks will step up this season, and how the defensive line can help the rest of the defense. Former Cardinals linebacker Sam Acho breaks down what he saw at practice, and Ron Wolfley joins the show to talk about which players need to shine in Saturday's game against the Broncos.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Talking Taiwan
Ep 324 | A-Mei: The Great Recall Crusader

Talking Taiwan

Play Episode Listen Later Aug 14, 2025 36:22


As part of our great recall coverage in Taiwan, on July 25th the day before the vote to recall 24 Kuomintang (KMT) legislators, we sat down to interview A-Mei the spokesperson for the Shān chú wēi hài (山除薇害) recall group. We talked about why she got involved in the recall effort, how she got doxed by the Kuomintang (KMT) and how the recall effort was supported by overseas Taiwanese in over 38 cities from over 20 different countries.  We previously interviewed three recall campaigners from this group- Carol, Eric and Acho in episode 316. We were also with A-Mei and the recall group on the day of the recall vote July 26th to watch the results of the recall vote.   Special thanks to Mei-Ling Lin for her translation assistance.   Related Links:  

Puestos pa'l Problema
PPP 394: Acho papi... ¡somos millonarios!

Puestos pa'l Problema

Play Episode Listen Later Aug 10, 2025 101:35


En el PPP de hoy arrancamos con lo último en el caso de la quiebra de la AEE: la jueza Laura Taylor Swain paraliza todos los plazos procesales tras los despidos masivos en la Junta de Supervisión Fiscal. Hablamos de lo que significa esta movida, de las reacciones de La Fortaleza y de la posible sustituta que ya tiene Trump para Mujica. También analizamos la nueva y curiosa estrategia de influencers de La Fortaleza: pastores en el Salón de los Espejos, la “manosfera” boricua codeándose con la Gobernadora y la estética política hecha Instagram Story. Al final, un Trumpwatch: Trump quiere usar el Ejército para luchar contra los narcos. Canceló las “cinco cosas” semanales en el gobierno federal. Recontrata a empleados en NOAA tras sus propios recortes. Y bota al comisionado del IRS, convirtiéndose en el sexto jefe del departamento despedido este año. Además, comentamos el revuelo con Molusco y los anuncios de LUMA, el drama en la WNBA con los “juguetes” en las gradas, y el eterno debate sobre si el turismo ya saturó a Puerto Rico (spoiler: todavía no, ni cerca). Si fueras integrante de nuestro Patreon, hubieras escuchado este episodio el viernes. Únete ahora en patreon.com/puestospalproblema! Presentado por

CAFÉ EN MANO
681: De PR para Marvel y Bad Bunny: Quique Rivera de Acho Studio

CAFÉ EN MANO

Play Episode Listen Later Jul 29, 2025 82:22


En este episodio de Café en Mano Podcast, converso con Quique Rivera, fundador de Acho Studio y pionero del stop motion en Puerto Rico. Quique ha trabajado para Marvel (WandaVision), Netflix (Big Mouth), Adult Swim (Rick & Morty) y, por supuesto, fue el creador del famoso sapo concho en los conciertos de Bad Bunny. Hablamos sobre sus inicios, los retos de crear arte desde Puerto Rico, anécdotas con grandes clientes, la magia (y los dolores de cabeza) del stop motion y el futuro de la animación con inteligencia artificial.¿Quieres saber cómo se logra animar para Marvel desde la sala de tu casa? ¿O cómo se puede poner el nombre de Puerto Rico en la industria global de la animación?Escucha esta historia de creatividad, pasión y mucha autogestión.Sigue a Quique Rivera y Acho Studio:IG: @achostudio | achostudio.comEscucha el episodio completo, suscríbete y comparte!#AchoStudio #QuiqueRivera #CaféenManoPodcast #StopMotion #PuertoRico #BadBunny #Marvel00:00 Intro y agradecimientos01:40 ¿Qué es el stop motion? Explicado fácil07:10 Los orígenes del cine y la animación10:40 El inicio de Quique en la Yupi y su amor por la fotografía/escultura18:50 Cómo inventó una técnica de silicón en PR y la validó en EE.UU.26:30 Maestría en CalArts y la importancia de autogestionarse34:20 Creando Acho Studio: del freelance al negocio internacional38:50 WandaVision: cómo llegó Marvel y la experiencia tras bastidores46:40 Big Mouth y trabajar a distancia durante la pandemia51:40 La colaboración con Adult Swim y Rick & Morty53:45 La historia del sapo concho y el “Que tú te crees”01:03:59 Los retos de animar para Bad Bunny y hacer historia en PR01:08:40 El futuro del stop motion vs. inteligencia artificial01:14:14 Definiendo el éxito y cierre

Skip and Shannon: Undisputed
Best Of (2020 Lakers championship legacy + NBA Emoji Mayhem + Pick a side: KD or Acho?)

Skip and Shannon: Undisputed

Play Episode Listen Later Jun 24, 2025 43:51


Watch clips on YouTube! Subscribe to ⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠THE FACILITY YOUTUBE CHANNEL⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠ (00:00) Kevin Durant responds to the show by taking a shot at Emmanuel Acho? / How much pressure is KD under on the Rockets? (22:32) The Herd ranked the 2020 Lakers as the best NBA champ of the past 7 years. Is that true? (33:43) NBA Emoji Mayhem Learn more about your ad choices. Visit podcastchoices.com/adchoices

Skip and Shannon: Undisputed
Full Show (KD's beef with Acho + SGA face of NBA debate + What would Super Bowl mean for Josh Allen?)

Skip and Shannon: Undisputed

Play Episode Listen Later Jun 24, 2025 98:48


Watch clips on YouTube! Subscribe to ⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠THE FACILITY YOUTUBE CHANNEL⁠⁠⁠⁠⁠⁠ (00:00) Pick a side in this beef: Kevin Durant or Emmanuel Acho? / Pressure on Kevin Durant on Rockets (22:52) What would a Super Bowl mean for Josh Allen? (35:01) Is SGA in the face of the NBA conversation? (45:03) Are the 2020 Lakers the best NBA champ of the past 7 years? (56:13) Emoji game: Looking to the NBA offseason (1:03:19) Why will KD's tenure with the Rockets be different? (1:14:50) Who wins a ring first: Josh Allen or Lamar Jackson? (1:20:50) Are we sleeping on the Giants? (1:24:41) Blitz Meeting Learn more about your ad choices. Visit podcastchoices.com/adchoices