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TUTAMÉIA entrevista Flora Daemon, professora de Jornalismo do Departamento de Letras e Comunicação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e o premiado cineasta Chaim Litewski, diretor do documentário “Cidadão Boilesen”. Flora é uma das autoras do livro “A Serviço da Repressão: Grupo Folha e Violações de Direitos na Ditadura”, em que se baseia a série “Folha Corrida”, dirigida por Chaim.Inscreva-se no TUTAMÉIA TV e visite o site TUTAMÉIA, https://tutameia.jor.br, serviço jornalístico criado por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena.Acesse este link para entrar no grupo AMIG@S DO TUTAMÉIA, exclusivo para divulgação e distribuição de nossa produção jornalística: https://chat.whatsapp.com/Dn10GmZP6fV...
São registros de opositores políticos do golpe militar junto com familiares, antes e depois das ausências e mortes
Mais de meio século depois da publicação do livro que abalou a ditadura portuguesa, “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, há uma nova edição em francês. “Nouvelles Lettres Portugaises” é uma tradução de Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levécot e espera fazer redescobrir a intemporalidade de uma obra que foi revolucionária. A RFI conversou com Agnès Levécot neste programa. “Eu acho que, naquela altura, em Portugal, não era nada estranho que este livro tivesse esse efeito de bomba”, contava à RFI, há um pouco mais de um ano, Maria Teresa Horta, uma das autoras das “Novas Cartas Portuguesas”, que nos recebeu, em sua casa, em Lisboa, nas vésperas dos 50 anos da Revolução dos Cravos e que nos deixou em Fevereiro de 2025, aos 87 anos.A obra de Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, publicada em 1972, foi uma revolução literária e feminista que denunciou ao mundo o regime fascista português, o colonialismo, o racismo, o machismo, a violência sobre as mulheres, ao mesmo tempo que subvertiam as noções de autoria e de género na literatura.A ditadura do Estado Novo considerou o livro como “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública”, abrindo um processo judicial contra as escritoras que ficaram ameaçadas com uma pena entre seis meses a dois anos de prisão. Seguiu-se uma onda de solidariedade internacional e o livro chegou a todo o mundo, incluindo a França, onde em 1974 é publicada a tradução de Monique Wittig e Evelyne Le Garrec.Mais de meio século depois, e perante uma edição há muito esgotada, surge agora nova tradução, “Nouvelles Lettres Portugaises”, de Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levécot, editado pela Ypsilon, que chega às livrarias francesas a 7 de Maio e que é apresentada esta sexta-feira, 25 de Abril, em Paris.Fomos conversar com Agnès Levécot para perceber “o que podem [ainda] as palavras” das Três Marias.“Essa é uma pergunta complicada porque as próprias escritoras, as três, no fim do livro, ainda fazem a pergunta. Realmente um dos aspectos literários desta obra é o questionamento do acto da escrita e até ao fim, nas últimas cartas, elas continuam a pôr a questão ‘o que podem as palavras?' Quanto a nós, como tradutoras, chegámos à conclusão também que todos os aspectos políticos e históricos que são denunciados nas cartas continuam actuais. Esse é o problema. A questão do colonialismo continua actual. A questão da repressão continua. A questão feminista também. Estamos a ver, no mundo actual, um retrocesso em relação a esse aspecto. Portanto, continua completamente actual”, explica Agnès Levécot.Em plena ditadura, “Novas Cartas Portuguesas” era uma obra literária inédita que esbatia noções de autoria e de género e que era assinada colectivamente por três autoras que escreviam, sem tabus, sobre o corpo, o desejo, mas também sobre a violência de que eram vítimas as mulheres. Denunciavam, ainda, a guerra colonial, a pobreza, a emigração, a violação sexual, o incesto, o aborto clandestino. O livro era, assim, um perigo para o regime repressivo, retrógrado e fascista português. Pouco após o seu lançamento, em 1972, os exemplares foram recolhidos pela censura e o Estado português movia um processo judicial contra as “Três Marias”. Perante as ameaças de prisão e a tentativa de silenciamento das autoras, nasce um movimento de solidariedade internacional. Meses depois de ter sido publicado, em 1972, o livro chega às mãos da escritora francesa Christiane Rochefort e, através dela, ao grupo feminista Movimento de Libertação das Mulheres. Seguem-se várias acções de luta, nomeadamente em França, e que envolvem nomes como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras. Há distribuição de panfletos, recolha de assinaturas para um abaixo-assinado entregue na Embaixada de Portugal em Paris e uma procissão de velas diante da Catedral de Notre-Dame. Outro momento emblemático é a leitura-espectáculo “La Nuit des Femmes”, a 21 de Outubro de 1973, no Palais de Chaillot, em Paris, que deu origem ao documentário “Les Trois Portugaises”, de Delphine Seyrig (1974).“Monique Wittig e Evelyne Le Garrec pegaram no texto e fizeram uma primeira tradução que foi publicada em 1974. Entretanto, tinha havido excertos traduzidos para artigos e espectáculos porque houve uma série de espectáculos e movimentações de apoio às Três Marias quando estavam no julgamento. Houve uma noite que ficou muito famosa que foi ‘La Nuit des Femmes' em que leram alguns excertos”, relembra Agnès Levécot, sublinhando que “o aspecto literário quase não foi abordado na altura”.O aspecto literário é precisamente “uma coisa fora do comum”, acrescenta a especialista em literatura lusófona. Três mulheres escrevem colectivamente uma obra literária e política, depois de terem publicado livros que não agradaram à ditadura patriarcal portuguesa. Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno tinham lançado, em anos anteriores, livros que denunciavam a opressão e a secundarização da mulher: Maina Mendes (1969) e Os Legítimos Superiores (1970). Em 1971, Maria Teresa Horta também publicava Minha Senhora de Mim e escrevia abertamente sobre o desejo, algo considerado escandaloso pelos fascistas.“São três mulheres que já eram escritoras, que já tinham publicado obras bastante feministas, que se juntaram e decidiram escrever um livro a três. Começaram a reunir-se todas as semanas num restaurante em Lisboa. Todas as semanas traziam um texto que elas tinham escrito e trocavam ideias a propósito dos textos, mas não os modificavam. A certa altura, começaram a pensar na figura de Mariana Alcoforado, a religiosa portuguesa, e começaram a escrever cartas. Globalmente, são chamadas cartas, mas não são só cartas, tem vários géneros: poesia, ensaios, supostos artigos de jornal, textos teóricos... Elas escreveram cartas a uma Mariana, mas são as descendentes de Mariana, ou seja, as várias Marianas que vieram depois. Portanto, têm cartas de vários séculos a acompanhar o percurso de uma suposta Mariana”, acrescenta Agnès Levécot.No posfácio de “Nouvelles Lettres Portugaises”, Agnès Levecot e Ilda Mendes dos Santos recordam, justamente, a importância da figura de Mariana Alcoforado, suposta autora das “Cartas Portuguesas”, de 1669, “apresentada por alguns como o arquétipo da mulher portuguesa” e a partir da qual “as Três Marias trabalham a questão da autoridade e do poder, o exercício da violência e da dominação, assim como, o poder da palavra”.Agnès Levecot, que já tinha participado no livroNovas Caras Portuguesas entre Portugal e o Mundo, que foi publicado depois de uma pesquisa internacional sobre a recepção das "Novas Cartas Portuguesas" no mundo, foi convidada por llda Mendes dos Santos para se juntar a ela na tarefa de traduzir a obra. “As principais dificuldades estavam no facto de serem textos completamente diferentes do ponto de vista do género, da tonalidade, da língua usada. Portanto, temos textos a imitar o estilo do século XVII ou XVIII, e aí a Ilda teve um papel muito importante porque ela trabalha muito sobre esses séculos. Foi sobretudo adaptar-se, tentar encontrar um estilo para cada momento e cada época. Depois, nós íamos oferecer uma tradução francesa a franceses e forçosamente tínhamos que encontrar uma maneira de passar certos elementos históricos, geográficos, políticos para o público francês perceber, porque são textos que estão muito impregnados de referências intertextuais portuguesas e internacionais de textos muito conhecidos e outros muito menos conhecidos, mas bem conhecidos dos portugueses. Referências políticas, nomes também, ou seja, elementos que nos levaram a acrescentar 200 e tal notas no fim do livro”, acrescenta.“Nouvelles Lettres Portugaises” chega às livrarias francesas a 7 de Maio e é apresentada esta sexta-feira, 25 de Abril, na livraria Les Nouveautés, em Paris. Uma data simbólica para Agnès Levécot que estava em Portugal no 25 de Abril de 1974 e ainda guarda, em casa, um cravo desses tempos revolucionários que marcariam, para sempre, o seu percurso pessoal e profissional.
Ricardo Albuquerque, mais conhecido como PETER TURGUNIEV, é YouTuber, libertário e anarcocapitalista. Ele vai bater um papo sobre a suposta “Ditadura do Judiciário”. Já o Vilela é fã da dita dura com a azulzinha.
Neste episódio especial, gravado ao vivo na Biblioteca Nacional, exploramos as raízes intelectuais que moldaram a Revolução de 25 de Abril de 1974. Com a moderação de Victor Pereira, o debate reúne os ilustres convidados João Leal, Jorge Pedreira, Maria de Lurdes Rosa e Miriam Halpern Pereira para discutir as influências e inovações historiográficas que desafiaram o regime ditatorial do Estado Novo. O ponto de partida é o manifesto de Ernesto Melo Antunes, lido em Cascais a 5 de março de 1974, onde se defende que a solução para o problema ultramarino é política e não militar. Esta ideia, também expressa por António de Spínola em "Portugal e o Futuro", reflete os verdadeiros interesses do povo português e os seus ideais de justiça e paz. Durante o Estado Novo, muitos cientistas sociais, tanto em Portugal como no exílio, desafiaram a visão imposta pela ditadura. Eles investigaram a história e a sociedade portuguesa, desvendando os bloqueios e desigualdades, e desconstruindo a propaganda do regime. Apesar das adversidades, as suas obras circularam amplamente, influenciando o pensamento crítico e preparando o terreno para a revolução. Neste episódio, discutimos as contribuições de António Borges Coelho, António Henrique de Oliveira Marques, Miriam Halpern Pereira e Vitorino Magalhães Godinho, e como as suas pesquisas moldaram a compreensão da história de Portugal durante um período de grandes mudanças sociais e económicas. Também exploramos a recepção dessas obras nas vésperas do 25 de Abril e o impacto duradouro que tiveram na sociedade portuguesa. Oiça aqui o debate gravado na Biblioteca Nacional.See omnystudio.com/listener for privacy information.
As historiadoras Mariana Joffily, da Universidade de Santa Catarina, e Maud Chirio, da Université Gustave Eiffel, na França, fazem no livro "Torturadores" um mergulho sem precedentes para trazer à tona as identidades, trajetórias e motivações de uma das figuras mais invisibilizadas pela ditadura militar do Brasil (1964-1985). A pesquisa começou há 14 anos e, segundo as autoras, enfrentou momentos desafiadores — especialmente durante o governo Bolsonaro, quando o tema foi alvo de silenciamento. Lançado pela editora Alameda no Brasil, o livro se dedica a reconstituir, em suas 300 páginas, um dos personagens mais polêmicos do regime militar no Brasil: o torturador. A historiadora Mariana Joffily falou sobre a a dificuldade de "encarnar a mão de assassinos" e como essa encarnação foi possível através do livro."A ideia inicial, o título inicial do livro era justamente 'A repressão em carne e osso'. Então, tinha exatamente essa ideia de encarnar a repressão política e entendê-la do ponto de vista dos homens e de algumas mulheres que preencheram, digamos, essa mecânica da tortura e da repressão como um todo", afirma."A minha primeira surpresa foi perceber que, apesar das dificuldades e do difícil acesso às fontes, era possível escrever a biografia desses agentes", conta a historiadora francesa Maud Chirio. "A ideia inicial de que ninguém havia contado essas histórias parecia impossível. Afinal, eles haviam sido centrais no imaginário coletivo e na construção da democracia, mas haviam desaparecido dos livros de história, talvez por terem obtido anistia e terem tido apagados os rastros de suas ações", contextualiza."No entanto, surpreendentemente, seus nomes eram públicos e havia muitos dados sobre eles, tanto na imprensa quanto nos arquivos das Forças Armadas, especialmente do Exército", lembra Chirio. "Outra surpresa veio dos próprios documentos de arquivo, como as folhas de alterações — registros que contêm elogios formais dos comandantes a esses oficiais, descrevendo sua atuação e inserção no sistema. Esses documentos revelam como essas pessoas, mesmo envolvidas em crimes graves, eram valorizadas e integradas à estrutura militar", ressalta. "Heróis" da repressão"Uma das principais conclusões do nosso trabalho é que, embora agentes repressivos aleguem terem sido marginalizados após o período da ditadura, isso não corresponde à realidade. Durante a repressão política, eles foram tratados como heróis. Com a transição democrática, o Exército precisou negociar com os civis e silenciar essa aura heroica para facilitar o processo e evitar o desgaste de permanecer no poder", diz Mariana Joffily."No entanto, esses agentes continuaram protegidos e valorizados dentro da instituição, mantendo carreiras bem-sucedidas. A hipótese de que teriam sido transformados em bodes expiatórios foi descartada: eles seguiram sendo vistos internamente como combatentes de uma 'guerra real' — uma experiência rara na história do Exército brasileiro. Uma surpresa mais recente, durante o governo Bolsonaro, foi constatar que essa imagem heroica não havia se perdido", aponta a historiadora."A publicação dos nomes de torturadores representa um marco fundamental para compreendermos o papel do Estado brasileiro na estruturação do sistema repressivo. Ela nos permite analisar como o Estado atuou não apenas no recrutamento e formação dos agentes, mas também na premiação e legitimação de suas práticas", afirma Haroldo Ceravolo, da editora Alameda. "Mais do que ações individuais, trata-se de um projeto institucional que exige responsabilização. O trabalho de Maud Chirio e Mariana Joffily contribui de forma decisiva ao estabelecer a conexão entre os agentes da repressão e o Estado enquanto executor e legitimador da violência sistemática. Ao fazer isso, a pesquisa avança no entendimento do aparato repressivo e oferece fundamentos importantes para processos de responsabilização jurídica", diz."O livro rompe com a narrativa dos 'excessos' cometidos em porões isolados, ao demonstrar que a violação de direitos humanos foi uma prática sistematicamente organizada e operacionalizada por instituições oficiais do regime ditatorial", sublinha Ceravolo.Agentes de uma rede complexa"Embora fossem chamados de torturadores, é importante entender que eles fazem parte de uma rede maior envolvida na repressão política. Eles ocupam o centro desse sistema, mas é necessário considerar também as altas hierarquias e o funcionamento mais amplo do aparato repressivo", sublinha a autora. "Ao iniciar o trabalho, nos deparamos com dois extremos: de um lado, a visão abstrata de uma máquina de violência baseada em uma doutrina; de outro, a imagem de torturadores como homens sádicos com personalidades específicas", completa a também historiadora Maud Chirio."Faltava, entre esses polos, a compreensão de que esses agentes eram, como todos nós, seres sociais — com convicções, subjetividades e inserção em uma carreira guiada por reputação, recompensas simbólicas e senso de dever. Nosso objetivo no livro foi reconstruir essa complexidade, mostrando como esses indivíduos, apesar de sua individualidade, atuavam dentro de um sistema e de uma rede socioprofissional que possibilitou tamanha violência", ressalta Chirio. A identidade dos torturadoresJoffily conta que o primeiro trabalho foi identificar quem eram os agentes da repressão. "Antes mesmo da criação da Comissão Nacional da Verdade, começamos a investigar esses indivíduos, trabalhando em paralelo aos estudos da comissão. Encontramos listas de torturadores e repressores publicadas em um jornal alternativo, o que nos permitiu identificar nomes completos e traçar perfis — civis ou militares, e suas atuações. A partir disso, decidimos focar nos oficiais militares, pois percebemos que, embora fossem apenas parte do aparato repressivo, exerciam um papel central na repressão política", conta."Recorremos, então, a documentos burocráticos do Exército — como boletins reservados, folhas de alteração e almanaques — para reconstruir suas trajetórias e compreender tanto os aspectos ideológicos quanto institucionais que os inseriram nesse sistema repressivo", diz a pesquisadora."Em nosso trabalho, evitamos adotar uma abordagem 'psicologizante' para compreender o perfil dos agentes da repressão", ressalta Joffily. "Não acreditamos que suas ações possam ser explicadas apenas por traços individuais de personalidade. Optamos por uma perspectiva histórica e sociológica, que nos permitisse analisar como determinadas gerações de oficiais militares foram formadas dentro de um contexto específico: a Guerra Fria, marcada por confrontos ideológicos e pela valorização da segurança nacional", sublinha.Leia tambémPesquisadores discutem em Paris as heranças autoritárias da ditadura militar brasileira"Dentro desse cenário, identificamos diferentes tipos de atuação — desde perfis mais burocráticos, passando por agentes engajados em operações diretas de busca e apreensão, até analistas de informação com perfil mais estratégico. Ou seja, não se tratava de um tipo psicológico único, mas de uma multiplicidade de trajetórias", lembra."Um dos aspectos centrais que nossa pesquisa busca destacar não é a diferença de personalidades entre os agentes, mas sim as diferentes posições que ocupavam dentro do sistema repressivo. É muito distinto ser um soldado que participa de prisões e atos de violência apenas por alguns meses após o AI-5, e depois se desliga do sistema, em comparação com aqueles que, ainda no início da carreira, optaram por seguir o caminho da repressão de forma especializada. Estes últimos buscaram treinamentos, formações específicas e foram atraídos pelas recompensas simbólicas e materiais que essa trajetória oferecia", defende a historiadora."Naturalmente, há diversidade de perfis psicológicos mesmo entre esses grupos — tanto entre os que atuaram pontualmente quanto entre os que fizeram carreira nesse campo. No entanto, nosso foco não foi demonstrar como a personalidade molda o comportamento, mas sim como a inserção em uma estrutura institucional específica transforma esse comportamento. A centralidade da nossa análise está justamente na relação entre posição ocupada, trajetória institucional e prática repressiva, mais do que em traços individuais", destaca Maud Chirio.Torturador: "ser ou não ser, eis a questão"Em relação à consciência dos agentes sobre a prática da tortura, Chirio destaca ser "improvável que algum deles se autodefina como torturador ou utilize esse termo como elemento de valorização pessoal ou profissional. Ainda assim, é evidente que a tortura estava plenamente integrada à missão que acreditavam estar cumprindo: a luta contra o comunismo e a subversão", contextualiza."Tratava-se de um saber prático amplamente compartilhado e legitimado no contexto da Guerra Fria, utilizado por militares franceses na Argélia e na Indochina, por agentes britânicos em colônias, e por regimes autoritários em toda a América Latina. Nesse contexto, a tortura era vista como uma técnica necessária para desarticular redes clandestinas e obter informações cruciais de forma rápida", diz.Mariana Joffily ressalta a importância de notar "o uso sistemático de eufemismos" para descrever essas práticas. "Nenhum documento oficial fala abertamente em tortura. Em vez disso, utiliza-se uma linguagem técnica e militarizada: 'obter informações', 'neutralizar ameaças', 'coletar dados estratégicos'", explica. "Essa retórica desvia o foco da violência e dissocia a prática da carga moral negativa associada à palavra 'tortura'. Dentro dessa lógica, o ato de torturar é reconfigurado como parte de uma ação legítima em defesa de um suposto bem maior — a proteção da nação contra o 'inimigo interno'. Assim, mesmo sem o reconhecimento explícito da prática, ela é justificada, normalizada e, em muitos casos, naturalizada dentro do sistema repressivo", sublinha a historiadora brasileira.Contornar o "silêncio do Exército""Uma imagem que sintetiza bem nosso trabalho é a tentativa de contornar o silêncio do Exército", diz Maud Chirio. "Para isso, utilizamos duas fontes principais: de um lado, o trabalho de vítimas e familiares, que produziram listas com nomes de torturadores e repressores; de outro, os arquivos burocráticos produzidos pelo próprio Exército, voltados à progressão de carreira e à aposentadoria dos militares. O cruzamento dessas fontes nos permitiu superar a ausência — ou destruição deliberada — dos arquivos diretamente relacionados à repressão", revela.Leia tambémHistoriadora francesa lança livro sobre humor de protesto publicado durante ditadura no Brasil"Foi um trabalho minucioso, quase artesanal, em que selecionávamos um nome e íamos atrás de informações específicas, nome por nome. Reunimos dados sobre centenas de pessoas. A tarefa foi lenta e complexa, pois lidamos com documentos áridos, de difícil acesso e repletos de siglas e termos técnicos próprios da instituição. Ainda assim, conseguimos driblar o projeto institucional de apagamento, que visava impedir a escrita de uma história sobre esses agentes. E conseguimos", comemora Joffily.Sem confronto com os agentes da repressão"Diferentemente de outras pesquisas, nós não realizamos entrevistas diretas com os agentes da repressão", explica Mariana Joffily. "A Maud [Chirio, coautora], em seu doutorado, havia feito algumas entrevistas, mas no trabalho conjunto utilizamos principalmente depoimentos já existentes, especialmente os colhidos pela Comissão Nacional da Verdade, pelo CPDOC e pelo Ministério Público Federal", especifica. "Evitamos buscar novos depoimentos por diversos motivos. Em 2015, tentamos contato com alguns indivíduos, mas fomos majoritariamente ignoradas ou recebemos respostas em que eles afirmavam preferir o silêncio. O contexto político era adverso: vivíamos um momento de crise institucional, pós-Comissão da Verdade, em que acadêmicos e jornalistas passaram a ser identificados como 'inimigos', rotulados como comunistas e tratados com desconfiança. Muitos dos agentes se mostraram ainda mais refratários, sobretudo após o trabalho do Ministério Público", explica Maud Chirio.Contexto da pesquisa nos anos Bolsonaro"Com a eleição de Jair Bolsonaro, alguns desses indivíduos passaram a se posicionar como 'vencedores', o que poderia indicar uma possível abertura para o diálogo. No entanto, nesse momento, tanto eu quanto Mariana [Joffily, coautora] já éramos associadas a setores considerados opositores, o que tornou o acesso praticamente impossível", lembra a historiadora francesa."Assim, optamos por priorizar o estudo de fontes documentais — ricas, abundantes e ainda pouco exploradas —, incentivando colegas a fazer o mesmo. Entendemos que, além da dificuldade de acesso, muitos dos que prestaram depoimentos nas audiências da Comissão da Verdade negaram participação ou forneceram informações falsas. Nosso foco, portanto, recaiu sobre a documentação escrita, que ofereceu uma base mais sólida para reconstituir a história do Estado repressor durante a ditadura", diz. O livro "Torturadores" pode ser adquirido pelo site da editora Alameda, ou das livrarias brasileiras Martins Fontes e Travessa, entre outras, além de plataformas como a Amazon. Na Europa, o livro é distribuído pela Arnoia e encontrado no site imosver.com, entre outros.
Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, foi capaz de impactar muitas pessoas sobre os crimes da ditadura militar no Brasil. No entanto, o longa suavizou o horror. Quem conta isso e Conversa Bem Viver nesta quarta (9) é Vera Paiva, ou Veroca, como ficou conhecida no filme. Filha de Eunice Paiva e Rubens Paiva ela é professora titular de psicologia na USP
Relator de direitos humanos, Bernard Duhaine, falou a jornalistas após encerrar visita oficial de nove dias país; ele citou fatores históricos como escravidão, formas de colonialismo e tratamento de grupos vulneráveis como negros, indígenas e camponeses.
Há 61 anos, um golpe militar instaurava no Brasil, uma ditadura que durou 21 anos. Quatro décadas após o início da redemocratização, por que o país ainda não superou os traumas desse período? Como os resquícios da ditadura seguem presentes na violência policial, na desigualdade social e até nos discursos políticos atuais?Neste episódio do Rádio ASPUV, mergulhamos nos legados da ditadura empresarial-militar brasileira a partir de duas perspectivas: entrevista com Ivan Marx, procurador do MPF, sobre memória e justiça de transição; e com Frederico Carlos de Sá Costa, especialista em teoria política da UFF, sobre segurança pública e violência de Estado.
Histórias impressionantes de José Luis del Roio sobre os comunistas brasileiros na ditadura.
Portugal conheceu, a partir da década de 1960, os grandes dilemas que vão anunciar a mudança política que desembocou no 25 de Abril de 1974: um acelerado processo de crescimento económico e de mudança social, marcado sobretudo pelo reforço dos laços com a então chamada Europa Ocidental; o desenvolvimento do colonialismo tardio e de Guerras Coloniais; e, finalmente, o crepúsculo do Ditador e a sua substituição por Marcelo Caetano, que protagonizou as contradições de uma modernização autoritária falhada. Desenharam-se nessa década as “opções políticas” que iriam marcar o processo de transição para a democracia. Neste primeiro debate, dedicado às “opções políticas”, percorremos algumas obras marcantes da fase final da Ditadura, expressando a diversidade política e ideológica que marcava o autoritarismo tardio: ‘Portugal Amordaçado’, ‘Na Hora da Verdade’, ‘Católicos e Política’, ‘Rumo à Vitória’, ‘Portugal e o Futuro’ e ‘As conversas de Marcello Caetano’ são os livros em destaque no primeiro episódio do podcast ‘As Origens Intelectuais da Revolução’. Oiça aqui a sessão gravada no auditório da Biblioteca Nacional de Portugal com António Araújo, Jaime Nogueira Pinto, Rita Almeida Carvalho, Tiago Fernandes e António Costa Pinto. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Rubens Valente analisou o projeto de tortura e assassinato de indígenas durante a ditadura empresarial militar de 1964. Ele destacou que indígenas vêm pedindo a continuidade da comissão da verdade há mais de 10 anos.
A redemocratização do Brasil foi o processo de transição do regime militar para a democracia, iniciado no governo do general João Figueiredo, com a anistia política. A crise econômica e o fortalecimento da oposição impulsionaram a luta por eleições diretas, culminando na campanha "Diretas Já" em 1984. Apesar da derrota da emenda constitucional que restabelecia o voto direto para presidente, Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral em 1985, mas faleceu antes da posse, sendo substituído por José Sarney. O processo só se consolidou com a promulgação da Constituição de 1988, marcando o fim definitivo da ditadura. Convidamos o Prof. Ricardo Duwe para discutir os meandros do fim da ditadura e o legado dessa transição.Tecnologia e praticidade é na Insider! Use o cupom HISTORIAFM ou acesse o link https://creators.insiderstore.com.br/HISTORIAFM para 15% de desconto e junte com os descontos do site, podendo chegar a até 35%! #insiderstoreAdquira os livros da Coleção HISTÓRIA FM clicando AQUI e use o cupom AMIGO20 para 20% de desconto.
No Fórum Onze e Meia de hoje: Bolsonaro confessa que pensou em golpe; e Clube Militar afronta STF ao "comemorar" Ditadura.Participam do programa a youtuber e comentarista política Andréa Gonçalves, a jornalista Cynara Menezes e o advogado Marcelo Uchôa.Apresentação de Dri Delorenzo e comentários de Renato Rovai.Become a supporter of this podcast: https://www.spreaker.com/podcast/forum-onze-e-meia--5958149/support.
Lançado na última quinta-feira (27), o filme A Batalha da Rua Maria Antônia usa ficção para falar desse importante episódio ocorrido em 1968, protagonizado pelos jovens. Quem Conversa Bem Viver é a diretora do longa, Vera Egito. Para ela, a atual onda de filmes sobre o período ditatorial no Brasil é uma demanda do presente. “Quando você faz um filme, você está sempre falando do tempo de hoje, onde ele está sendo feito, mesmo que você olhe para trás”.
Está no ar mais um episódio do Viração. Neste programa, falamos sobre como empresas colaboraram com a ditadura e foram beneficiadas. Abordamos como se deu a relação entre o regime ditatorial e o setor empresarial durante a ditadura, nomes conhecidos de empresas que forneceram infraestrutura, logística ou recursos para operações repressivas, de que maneira essa colaboração empresarial afetou a luta por direitos trabalhistas e sindicais no Brasil, entre outros assuntos relacionados. A entrevistada é a professora do curso de História da UFPel, Alessandra Gasparotto. O programa Viração é uma produção da Assessoria de Imprensa da ADUFPel e vai ao ar às segundas-feiras, às 13h, na RádioCom 104.5 FM, e aqui em formato podcast. Não deixe de assinar nosso feed para receber sempre os novos episódios.Siga nossas redes sociaisADUFPel: instagram / twitter / facebook
Heloisa Galvão is a co-founder of the Brazilian Women's Group and its Executive-Director. She is the recipient of several awards, including the Decoration “Ordem do Rio Branco” awarded by the President of Brazil to Brazilians living overseas who are recognized by outstanding services to Brazil and Brazilian immigrants (September 2002). She holds Master degrees in Print Journalism and in Broadcast Journalism from Boston University. Her latest publications are “A Ditadura como eu lembro” (The dictatorship how I remember it) in Caminhando e Contando. Memória da ditadura brasileira (Walking and Telling. Memories of the Brazilian dictatorship), printing EDUFBA – Federal University of Bahia, 2015, and “An Oral History of Brazilian Women Immigrants in the Boston Area”, in Passing Lines, Sexuality and immigration (Edited by Brad Epps, keja Valens, and Bill Johnson Gonzalez, Harvard University, The David Rockefeller Center for Latin American Studies, 2005.)Brazil is going through challenging times. There's never been a more important moment to understand Brazil's politics, society, and culture. To go beyond the headlines, and to ask questions that aren't easy to answer. 'Brazil Unfiltered,' does just that. This podcast is hosted by James N. Green, Professor of Brazilian History and Culture at Brown University and the National Co-Coordinator of the U.S. Network for Democracy in Brazil.Brazil Unfiltered is part of the Democracy Observatory, supported by the Washington Brazil Office. This podcast is edited and produced by Camilo Rocha in São Paulo.https://www.braziloffice.org/en/observatory#activities
Na proximidade do aniversário do golpe militar de 1º de abril 1964, trazemos esse episódio no qual debatemos o filme Ainda Estou Aqui, relacionando a análise da obra com a história da formação do feminismo brasileiro, que ocorre em paralelo ao enfrentamento a esse regime brutal e assassino. Passando por algumas das lutadoras de destaque no enfrentamento à ditadura, chegamos ao presente para pensar quais são os ainda estou aqui de nossa época, reivindicando a luta por verdade, memória e justiça para ontem e para hoje. Ver também: Temporada 1, Episódio 45, "Mulheres e Ditadura": https://youtu.be/y_huwsWdOUo #CadeOAmarildo #RafaelBraga #os9QuePerdemos #AindaEstouAqui #Cinema #FeminismoMarxista #FEminismo #DitaduraNuncaMais #MemoriaVerdadeJustiça
Olá, ouvintes! Neste episódio, falamos sobre uma das seleções mais famosas e admiradas da história do futebol: a seleção brasileira tricampeã mundial de 1970. Mas a proposta do episódio vai muito além dos gramados. Discutimos o contexto histórico do governo Médici, a relação do treinador João Saldanha com a ditadura, a presença de militares na comissão técnica, o posicionamento dos jogadores em relação à ditadura, o sequestro do embaixador alemão durante a Copa, os festejos pós-título e o uso propagandístico da conquista pela ditadura.Achou interessante? Então, coloque os fones e dê o play no novo episódio do Estação Brasil!Se você gostou, considere apoiar nosso trabalho para manter o Estação no ar: Pix: estacaobrasilfm@gmail.com Torne-se membro: apoia.se/estacaobrasilfm
O livro “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas, conta a história de um jovem e, através dele, de um século marcado por escolhas e rupturas decisivas. Jorge Valadas optou pelo caminho da dissidência e da liberdade nos “anos silenciosos” da ditadura portuguesa. Disse não à guerra colonial e desertou da Marinha. Depois, participou activamente no Maio de 68, em Paris, militou contra a guerra no Vietname nos Estados Unidos, e viveu o período revolucionário em Portugal depois do 25 de Abril de 1974. Cinquenta anos depois, escreve que “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”. O livro “Itinéraires du Refus” é apresentado, esta quinta-feira, em Paris. A ditadura, o medo, o silêncio, a deserção, o Maio de 68, o 25 de Abril e o exílio são alguns dos temas que percorrem “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas. A partir da sua história e das suas escolhas e caminhos a contra-corrente, Jorge Valadas convoca uma história colectiva.“É o percurso da minha vida a partir do momento em que tomei uma decisão de fazer uma ruptura que marcou completamente a minha existência e as minhas relações com o mundo. Foi o momento do abandono da sociedade portuguesa com tudo o que ela me significava de opressivo e de repressivo em circunstâncias históricas particulares que eram as da guerra colonial e do regime salazarista. A minha recusa da sociedade portuguesa abriu-me, de certa maneira, para o mundo”, conta à RFI Jorge Valadas. Contra o silêncio, contra o medo, contra a repressão. Contra a guerra colonial, o colonialismo e a ditadura. Jorge Valadas escreveu e assumiu os seus “itinerários”. Desertou da Marinha porque - como tantos milhares de homens - recusava a guerra contra os que lutavam pela independência. Disse não a todo um sistema repressivo que começava em casa, continuava na rua e se lia nos silêncios e obediências forçadas. No colete de forças da ditadura, “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”, lemos no livro, e “o exílio é um caminho escolhido”. Falar da deserção à guerra colonial é romper silêncios em torno de um tema de que ainda pouco se fala e é também contrariar "um período de amnésia histórica enorme" em Portugal.Meses depois de chegar a França, vive o Maio de 68 e leva em cheio com o contraste entre o silêncio de Portugal e as maiores manifestações em França no século XX. Viveu e participou em tudo intensamente. E recordou-nos algumas das imagens e dos momentos mais marcantes. Nesta conversa, conta-nos também o que fazia junto com os camaradas da “tribo” do grupo Cadernos de Circunstância, em Paris, incluindo o episódio em que enviaram material para Portugal dentro de um “submarino comprado pelo regime fascista português à democracia francesa”. Entre os participantes, dois amigos que integrariam “o sector mais revolucionário do MFA na Revolução dos Cravos".Jorge Valadas também nos recorda sobre como viajou para os Estados Unidos com um passaporte falso feito pelo “aluno português do mestre Kaminsky”, um falsificador mítico, e como aí continuou a viver o seu Maio de 68. Curiosamente, o Maio de 68 continuaria, mais tarde, em Portugal, uma semana após o 25 de Abril de 1974, quando regressa no comboio Sud Express. Antes da efervescência das ocupações e das lutas - sobretudo das mulheres que acompanhou, por exemplo, na fábrica Santogal, no Montijo - há um episódio que Jorge Valadas recorda emocionado e que também conta no livro. É quando chega a Vilar Formoso e um soldado lhe agradece por ter desertado. Graças a ele e a homens como ele, é que se chegou à Revolução, disse o furriel.Ao longo do livro, o tema do exílio é outro fio condutor. “Um exílio que começa em Lisboa”, que é “uma força que liberta mas também que aliena”. Será este livro uma forma de reparar a “ferida do exílio” e de se reconciliar com Portugal? “Foi uma reparação, mas eu regresso a Portugal regularmente e nunca está reparado porque reaparece sempre (...) Reaparece sempre esse desconforto entre o que voltamos a encontrar e que nos reconcilia com o passado e aquilo que não queremos encontrar e que está lá de novo.”“Itinéraires du Refus” é o segundo livro da colecção “Brûle-Frontières” da editora Chandeigne & Lima, depois de “Souvenirs d'un futur radieux” de José Vieira. O livro foi publicado a 21 de Março e é apresentado esta quinta-feira, na Livraria Jonas, em Paris.
O livro “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas, conta a história de um jovem e, através dele, de um século marcado por escolhas e rupturas decisivas. Jorge Valadas optou pelo caminho da dissidência e da liberdade nos “anos silenciosos” da ditadura portuguesa. Disse não à guerra colonial e desertou da Marinha. Depois, participou activamente no Maio de 68, em Paris, militou contra a guerra no Vietname nos Estados Unidos, e viveu o período revolucionário em Portugal depois do 25 de Abril de 1974. Cinquenta anos depois, escreve que “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”. O livro “Itinéraires du Refus” é apresentado, esta quinta-feira, em Paris. A ditadura, o medo, o silêncio, a deserção, o Maio de 68, o 25 de Abril e o exílio são alguns dos temas que percorrem “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas. A partir da sua história e das suas escolhas e caminhos a contra-corrente, Jorge Valadas convoca uma história colectiva.“É o percurso da minha vida a partir do momento em que tomei uma decisão de fazer uma ruptura que marcou completamente a minha existência e as minhas relações com o mundo. Foi o momento do abandono da sociedade portuguesa com tudo o que ela me significava de opressivo e de repressivo em circunstâncias históricas particulares que eram as da guerra colonial e do regime salazarista. A minha recusa da sociedade portuguesa abriu-me, de certa maneira, para o mundo”, conta à RFI Jorge Valadas. Contra o silêncio, contra o medo, contra a repressão. Contra a guerra colonial, o colonialismo e a ditadura. Jorge Valadas escreveu e assumiu os seus “itinerários”. Desertou da Marinha porque - como tantos milhares de homens - recusava a guerra contra os que lutavam pela independência. Disse não a todo um sistema repressivo que começava em casa, continuava na rua e se lia nos silêncios e obediências forçadas. No colete de forças da ditadura, “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”, lemos no livro, e “o exílio é um caminho escolhido”. Falar da deserção à guerra colonial é romper silêncios em torno de um tema de que ainda pouco se fala e é também contrariar "um período de amnésia histórica enorme" em Portugal.Meses depois de chegar a França, vive o Maio de 68 e leva em cheio com o contraste entre o silêncio de Portugal e as maiores manifestações em França no século XX. Viveu e participou em tudo intensamente. E recordou-nos algumas das imagens e dos momentos mais marcantes. Nesta conversa, conta-nos também o que fazia junto com os camaradas da “tribo” do grupo Cadernos de Circunstância, em Paris, incluindo o episódio em que enviaram material para Portugal dentro de um “submarino comprado pelo regime fascista português à democracia francesa”. Entre os participantes, dois amigos que integrariam “o sector mais revolucionário do MFA na Revolução dos Cravos".Jorge Valadas também nos recorda sobre como viajou para os Estados Unidos com um passaporte falso feito pelo “aluno português do mestre Kaminsky”, um falsificador mítico, e como aí continuou a viver o seu Maio de 68. Curiosamente, o Maio de 68 continuaria, mais tarde, em Portugal, uma semana após o 25 de Abril de 1974, quando regressa no comboio Sud Express. Antes da efervescência das ocupações e das lutas - sobretudo das mulheres que acompanhou, por exemplo, na fábrica Santogal, no Montijo - há um episódio que Jorge Valadas recorda emocionado e que também conta no livro. É quando chega a Vilar Formoso e um soldado lhe agradece por ter desertado. Graças a ele e a homens como ele, é que se chegou à Revolução, disse o furriel.Ao longo do livro, o tema do exílio é outro fio condutor. “Um exílio que começa em Lisboa”, que é “uma força que liberta mas também que aliena”. Será este livro uma forma de reparar a “ferida do exílio” e de se reconciliar com Portugal? “Foi uma reparação, mas eu regresso a Portugal regularmente e nunca está reparado porque reaparece sempre (...) Reaparece sempre esse desconforto entre o que voltamos a encontrar e que nos reconcilia com o passado e aquilo que não queremos encontrar e que está lá de novo.”“Itinéraires du Refus” é o segundo livro da colecção “Brûle-Frontières” da editora Chandeigne & Lima, depois de “Souvenirs d'un futur radieux” de José Vieira. O livro foi publicado a 21 de Março e é apresentado esta quinta-feira, na Livraria Jonas, em Paris.
No podcast ‘Notícia No Seu Tempo’, confira em áudio as principais notícias da edição impressa do jornal ‘O Estado de S.Paulo’ desta terça-feira (25/03/2025): O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar ontem o ministro Alexandre de Moraes, na véspera do primeiro julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) em que ele é acusado de ter tramado um golpe de Estado após a derrota na eleição de 2022. Em entrevista ao podcast Inteligência Ltda, Bolsonaro disse que Moraes ameaçou o tenente-coronel Mauro Cid e que a delação do seu ex-ajudante de ordens foi feita “sob tortura”. No julgamento que começa hoje, a Primeira Turma do STF vai decidir se a denúncia da PGR contra o “núcleo 1” da trama golpista, formado por Bolsonaro e mais sete acusados, tem indícios suficientes para instauração de uma ação penal. Em caso positivo, os acusados se tornam réus. E mais: Economia: Concorrentes pressionam a Anatel a vetar expansão da Starlink no país Internacional: Milei tira sigilo de papéis da ditadura e planeja punir ações contra militares Metrópole: Aeromóvel até Cumbica volta a ter a entrega adiada Esportes: Mais leve, Brasil visita a Argentina em busca da ‘paz total’See omnystudio.com/listener for privacy information.
Em duas cerimônias históricas, o Estado pediu perdão a cidadãos brasileiros: aos indígenas desalojados na construção de Itaipu, no Paraná, e aos parentes de pessoas mortas pela ditadura militar, encontradas num cemitério de São Paulo. O ministro Nunes Marques pediu vista e interrompeu o julgamento da deputada Carla Zambelli por porte irregular de arma de fogo. Na Arábia Saudita, russos e ucranianos discutiram a proposta americana de cessar-fogo. Um jornalista americano recebeu informações sigilosas sobre a ação militar contra os Houtis. Ele foi incluído por engano num grupo de mensagens do governo Trump. O presidente Lula e ministros chegaram ao Japão para uma visita oficial. Matrículas de estudantes em universidades com bolsas do Prouni diminuíram. Uma pesquisa mundial mostrou que o número de empreendedores no Brasil chegou ao maior patamar em cinco anos.
Há 60 anos ocorria o golpe civil-militar que implantou no país um dos períodos mais sombrios e sangrentos da sua história. Para marcar sua posição de repúdio à ditadura militar o Laboratório de Pesquisa e Práticas de Ensino em História está lançando, no seu podcast História Presente, a série "LPPE nos 60 anos do golpe de 1964". Fiquem ligadxs!Entrevistadores: Fernando Martins e João Paulo Kleinlein (bolsistas LPPE)Entrevistada: Prof.ª Drª Miliandre Garcia (UNESPAR)Ficha técnica:Coordenação do Podcast: Flaviano IsolanCoordenação da série: Izabel Pimentel e Andréa QueirozRoteiro: Fernando Martins e João Paulo Kleinlein (bolsistas LPPE)Edição de áudio: Fernando Martins (bolsista LPPE)Design da capa: Ingrid Ladeira (bolsista PROATEC)Divulgação: Alícia Bastos (bolsista LPPE)
Glauber Rocha queria fazer cinema para incomodar, e Terra em Transe é a prova disso. Um filme que não dá respostas fáceis, mergulha no caos e na confusão política de um país que parece estar sempre preso em um ciclo de golpes, populismo e desilusão.O longa acompanha o poeta e jornalista Paulo Martins, que oscila entre a revolta e a resignação ao tentar lidar com políticos oportunistas e a falência de suas próprias crenças. Com uma narrativa fragmentada e cheia de simbolismos, Glauber constrói uma crítica feroz ao jogo de poder e à manipulação das massas. Mas como essa estética revolucionária conversa com o espectador de hoje? O que Terra em Transe diz sobre o Brasil atual? E como ele se encaixa no legado do Cinema Novo?No episódio de hoje, Rafael Arinelli, Marina Oliveira, Pedro Amaro e Bel Petit destrincham Terra em Transe, uma obra icônica do Cinema Novo. Eles falam sobre sua linguagem nada convencional e discutem como o Brasil de 1967 ainda se reflete no presente.A gente debate tudo isso e muito mais – então, prepara o café, o caderninho de anotações e vem com a gente!• 04m21: Pauta Principal• 1h22m35: Plano Detalhe• 1h39m17: EncerramentoOuça nosso Podcast também no:• Feed: https://bit.ly/cinemacaofeed• Apple Podcast: https://bit.ly/itunes-cinemacao• Android: https://bit.ly/android-cinemacao• Deezer: https://bit.ly/deezer-cinemacao• Spotify: https://bit.ly/spotify-cinemacao• Amazon Music: https://bit.ly/amazoncinemacaoAgradecimentos aos patrões e padrinhos: • Bruna Mercer• Charles Calisto Souza• Daniel Barbosa da Silva Feijó• Diego Alves Lima• Eloi Xavier• Flavia Sanches• Gabriela Pastori Marino• Guilherme S. Arinelli• Katia Barga• Thiago Custodio Coquelet• William SaitoFale Conosco:• Email: contato@cinemacao.com• Facebook: https://bit.ly/facebookcinemacao• BlueSky: https://bit.ly/bskycinemacao• Instagram: https://bit.ly/instagramcinemacao• Tiktok: https://bit.ly/tiktokcinemacaoApoie o Cinem(ação)!Apoie o Cinem(ação) e faça parte de um seleto clube de ouvintes privilegiados, desfrutando de inúmeros benefícios! Com uma assinatura a partir de apenas R$5,00, você terá acesso a vantagens incríveis. E o melhor de tudo: após 1 ano de contribuição, recebe um presente exclusivo como agradecimento! Não perca mais tempo, acesse agora a página de Contribuição, escolha o plano que mais se adequa ao seu estilo e torne-se um apoiador especial do nosso canal! Junte-se a nós para uma experiência cinematográfica única!Plano Detalhe:• (Pedro): Vídeo: Martin Scorsese fala sobre Glauber Rocha• (Pedro): Música: Dead Fish - Contra Todos• (Pedro): Livro: Cinema Brasileiro Moderno• (Marina): Podcast: Plano-Sequência #070 - Glauber Rocha• (Marina): Filme: Cabra Marcado Para Morrer• (Bel): Manifesto: Uma Estética da Fome• (Bel): Música: Yannick Hara• (Bel): Filme: Mickey 17• (Rafa): Podcast: #590: Mickey 17• (Rafa): Podcast: #548: Biografia - Eduardo Coutinho• (Rafa): Documentário: As Crianças PerdidasEdição: ISSOaí
Nesta edição da Semana em África, o destaque foi dado nomeadamente à Republica Democrática do Congo e ao bailado diplomático para obter um cessar-fogo no leste do seu território onde os rebeldes do M23, apoiados pelas tropas ruandesas, tomaram o controlo de partes substanciais do Norte e do Sul Kivu. Na passada terça-feira, estavam previstas conversações directas entre o executivo congolês e representantes do M23 em Luanda, no âmbito da mediação do Presidente Angolano. Contudo, a poucas horas do encontro, os M23 cancelaram a sua participação. Paralelamente, no próprio dia em que deviam decorrer as negociações de Luanda, os Presidentes da RDC e do Ruanda mantiveram um encontro directo no Qatar, sobre o qual nada filtrou. Mantido secreto até ao fim, este frente-a-frente apanhou Angola de surpresa. Para além de expressar estranheza pelo facto de esta reunião ter sido organizada “sem consentimento” do mediador da crise no leste da RDC, Luanda lamentou, ainda, o facto de Félix Tshisekedi e Paul Kagamé terem negociado uma possível trégua fora da agenda da União Africana.Esta semana ficou igualmente marcada pela tomada de posse nesta sexta-feira da primeira mulher Presidente da Namíbia. Netumbo Nandi-Ndaitwah foi investida aos 72 anos, perante numerosos Presidentes e chefes do governo regionais, nomeadamente o Chefe de Estado de Angola, bem como o da África do Sul. A tomada de posse da nova Presidente, pilar da Swapo, partido da luta de libertação, coincidiu com a data do 35° aniversário da independência deste país outrora ocupado pela África do Sul.Paralelamente, no Sudão, estes últimos dias foram marcados por lutas particularmente renhidas. Nesta sexta-feira, o exército anunciou ter retomado o controlo do palácio presidencial em Cartum que estava nas mãos das Forças de Apoio Rápido há mais de dois anos, ou seja, praticamente desde o começo da guerra civil.Em Moçambique, esta semana teve novamente o selo da violência. Uma manifestação no passado dia 18 de Março na zona da Casa Branca, nas imediações da capital, foi reprimida pela polícia com o balanço de pelo menos um morto, o que gerou revolta no seio da população.Acusada uma vez mais de ter usado balas reais contra os manifestantes, a polícia disse ter actuado em conformidade com a lei. No mesmo sentido, o Ministério do Interior garantiu que no caso de agentes terem ultrapassado as suas prerrogativas, eles seriam sancionados. O Presidente da República, Daniel Chapo, por seu turno, disse na quinta-feira que os promotores das manifestações estavam "bem identificados".Também na actualidade moçambicana, o projecto de exploração de gás natural liquefeito da francesa TotalEnergies obteve um empréstimo de 4,7 mil milhões de Dólares do banco EXIM, agência oficial americana de crédito para a exportação. O projecto em causa, bloqueado desde 2021 devido aos ataques terroristas no norte de Moçambique, tem vindo a ser contestado não apenas devido aos efeitos nefastos sobre o meio ambiente, mas também devido aos abusos que segundo ONGs foram cometidos contra a população local pelas forças de segurança que protegem o recinto da TotalEnergies. Neste sentido, o anúncio deste empréstimo não deixou de ser denunciado por ambientalistas.Esta semana ficou igualmente marcada pela decisão americana de estabelecer uma lista de 43 países africanos cujos cidadãos vão sofrer restrições de entrada nos Estados Unidos. Entre os países que ainda têm hipótese de reverter a situação pelo diálogo com Washington no prazo de 60 dias, figuram Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. No caso deste último país, a chefe da diplomacia são-tomense, Ilza Amado Vaz, confirmou ter recebido pedidos de esclarecimentos americanos, embora não tivesse sido notificada oficialmente da inserção do arquipélago nessa lista. Também algo surpreendido com esta decisão americana, o Primeiro Ministro cabo-verdiano Ulisses Correia e Silva descartou, no entanto, eventuais motivos políticos.Noutro quadrante, na Guiné-Bissau, a Frente Popular e o Espaço de Concertação das Organizações da Sociedade Civil que junta cerca de 50 organizações não-governamentais dirigiram na segunda-feira uma carta ao Presidente Francês Emmanuel Macron em que o acusam de branquear o “regime ditatorial” do chefe de Estado da Guiné-Bissau, ao manter relações de proximidade e ao apoiar Umaro Sissoco Embaló a quem se referem como "ex-Presidente".Recorde-se que o chefe de Estado cumpriu cinco anos no poder no passado dia 27 de Fevereiro, facto pelo qual a oposição e ONG sustentam que segundo a Constituição ele já não é Presidente. Este último que alega terminar o seu mandato no dia 4 de Setembro, quinto aniversário da data em que o Supremo Tribunal o proclamou Presidente, marcou recentemente eleições gerais para 23 de Novembro de 2025.
Um herói brasileiro da Segunda Guerra Mundial que foi torturado na Ditadura Militar. Isso aconteceu com o General Rui Moreira Lima. Ele foi piloto de caça com o avião P-47 e participou de 94 missões durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, nem isso o livrou de ser perseguido por militares na Ditadura.
O período no qual vigorou a Ditadura Civil-Militar brasileira (1964-1985) registrou uma série de crimes contra cidadãos cometidos pelo próprio Estado. Prisões ilegais, tortura, assassinatos e ocultação de cadáveres estão entre as ações dolosas do regime. No Giro Histórico de hoje, o historiador Willian Spengler conta uma destas histórias, com foco no caso de Higino Pio, primeiro prefeito eleito de Balneário Camboriú, município litorâneo do Estado de Santa Catarina. Entenda também o papel da Comissão Nacional da Verdade para desvendar o caso e, sobretudo, na alteração do atestado de óbito do político catarinense. Campanha de financiamento coletivo: https://apoia.se/fronteirasnotempo Artes do episódio: Augusto Carvalho Mencionado no Episódio Links Memórias da Ditadura (Higino João Pio) Documentos Revelados. Perícia desmascara versão da Ditadura e comprova tortura seguida de morte do ex-prefeito do Balneário Camboriú BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Mortos e desaparecidos políticos. Brasília: CNV, 2014. Disponível em: https://cjt.ufmg.br/wp-content/uploads/2024/03/CNV.-Higino-Joa%CC%83o-Pio.pdf Podcasts Trilogia do Fronteiras no Tempo sobre a Ditadura Civil-Militar brasileira Fronteiras no Tempo #21 – Golpe de 1964 Fronteiras no Tempo #22 – Ditadura Civil-Militar Fronteiras no Tempo #24: Fim da Ditadura Civil-Militar Fronteiras no Tempo: Giro Histórico (episódios sobre os 60 anos do Golpe de 1964) Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #16 60 anos do Golpe de 1964 Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #17 Mausoléu Castelo Branco e as resistências de Plínio Marcos Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #18 As dissidências militares e a resistência dos estudantes Fronteias no Tempo: Historicidade (programa de entrevistas com pesquisadores) Fronteiras no Tempo: Historicidade #14 Itamaraty e as Forças Armadas na Ditadura Fronteiras no Tempo: Historicidade #9 Histórias da Ditadura Civil-Militar Fronteiras no Tempo: Historicidade #55 Carlos Marighella, cinema e História Fronteiras no Tempo: Historicidade #50 Museu do Trabalho e dos Direitos Humanos Fronteiras no Tempo: Historicidade #51 Espionagem, Igreja e Ditadura Civil-Militar Financiamento Coletivo Existem duas formas de nos apoiar Pix recorrente – chave: fronteirasnotempo@gmail.com Apoia-se – https://apoia.se/fronteirasnotempo INSCREVA-SE PARA PARTICIPAR DO HISTORICIDADE O Historicidade é o programa de entrevistas do Fronteiras no Tempo: um podcast de história. O objetivo principal é realizar divulgação científica na área de ciências humanas, sociais e de estudos interdisciplinares com qualidade. Será um prazer poder compartilhar o seu trabalho com nosso público. Preencha o formulário se tem interesse em participar. Link para inscrição: https://forms.gle/4KMQXTmVLFiTp4iC8 Selo saberes históricos Agora o Fronteiras no Tempo tem o selo saberes históricos. O que é este selo? “O Selo Saberes Históricos é um sinal de reconhecimento atribuído a:● Práticas de divulgação de saberes ou produções de conteúdo histórico ou historiográfico● Realizadas em redes sociais ou mídias digitais, voltadas para públicos mais amplos e diversificados● Comprometidas com valores científicos e éticos.”Saiba mais: https://www.forumsabereshistoricos.com/ Redes Sociais Twitter, Facebook, Youtube, Instagram Contato fronteirasnotempo@gmail.com Como citar esse episódio Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #39 Crimes da Ditadura Civil-Militar (o caso de Higino Pio). Locução Cesar Agenor Fernandes da Silva e Willian Spengler. [S.l.] Portal Deviante, 19/03/2025. Podcast. Disponível em: https://www.deviante.com.br/?p=64688&preview=true Expediente Produção Geral, Host e Edição: C. A. Arte do Episódio: Augusto Carvalho Trilha sonora do episódio Birds – Corbyn Kites Nine Lives - Unicorn Heads Dance, Don't Delay - Twin Musicom Madrinhas e Padrinhos Apoios a partir de 12 de junho de 2024 Alexsandro de Souza Junior, Aline Silva Lima, André Santos, André Trapani, Andréa Gomes da Silva, Andressa Marcelino Cardoso, Augusto Carvalho, Carolina Pereira Lyon, Charles Calisto Souza, Elisnei Menezes de Oliveira, Erick Marlon Fernandes da Silva, Flávio Henrique Dias Saldanha, Iara Grisi, João Ariedi, Klaus Henrique de Oliveira, Manuel Macias, Marlon Fernandes da Silva, Pedro Júnior Coelho da Silva Nunes, Rafael Henrique Silva, Raul Sousa Silva Junior, Renata de Souza Silva, Ricardo Orosco, Rodrigo Mello Campos, Rubens Lima e Willian SpenglerSee omnystudio.com/listener for privacy information.
O período no qual vigorou a Ditadura Civil-Militar brasileira (1964-1985) registrou uma série de crimes contra cidadãos cometidos pelo próprio Estado. Prisões ilegais, tortura, assassinatos e ocultação de cadáveres estão entre as ações dolosas do regime. No Giro Histórico de hoje, o historiador Willian Spengler conta uma destas histórias, com foco no caso de Higino Pio, primeiro prefeito eleito de Balneário Camboriú, município litorâneo do Estado de Santa Catarina. Entenda também o papel da Comissão Nacional da Verdade para desvendar o caso e, sobretudo, na alteração do atestado de óbito do político catarinense. Campanha de financiamento coletivo: https://apoia.se/fronteirasnotempo Artes do episódio: Augusto Carvalho Mencionado no Episódio Links Memórias da Ditadura (Higino João Pio) Documentos Revelados. Perícia desmascara versão da Ditadura e comprova tortura seguida de morte do ex-prefeito do Balneário Camboriú BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Mortos e desaparecidos políticos. Brasília: CNV, 2014. Disponível em: https://cjt.ufmg.br/wp-content/uploads/2024/03/CNV.-Higino-Joa%CC%83o-Pio.pdf Podcasts Trilogia do Fronteiras no Tempo sobre a Ditadura Civil-Militar brasileira Fronteiras no Tempo #21 – Golpe de 1964 Fronteiras no Tempo #22 – Ditadura Civil-Militar Fronteiras no Tempo #24: Fim da Ditadura Civil-Militar Fronteiras no Tempo: Giro Histórico (episódios sobre os 60 anos do Golpe de 1964) Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #16 60 anos do Golpe de 1964 Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #17 Mausoléu Castelo Branco e as resistências de Plínio Marcos Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #18 As dissidências militares e a resistência dos estudantes Fronteias no Tempo: Historicidade (programa de entrevistas com pesquisadores) Fronteiras no Tempo: Historicidade #14 Itamaraty e as Forças Armadas na Ditadura Fronteiras no Tempo: Historicidade #9 Histórias da Ditadura Civil-Militar Fronteiras no Tempo: Historicidade #55 Carlos Marighella, cinema e História Fronteiras no Tempo: Historicidade #50 Museu do Trabalho e dos Direitos Humanos Fronteiras no Tempo: Historicidade #51 Espionagem, Igreja e Ditadura Civil-Militar Financiamento Coletivo Existem duas formas de nos apoiar Pix recorrente – chave: fronteirasnotempo@gmail.com Apoia-se – https://apoia.se/fronteirasnotempo INSCREVA-SE PARA PARTICIPAR DO HISTORICIDADE O Historicidade é o programa de entrevistas do Fronteiras no Tempo: um podcast de história. O objetivo principal é realizar divulgação científica na área de ciências humanas, sociais e de estudos interdisciplinares com qualidade. Será um prazer poder compartilhar o seu trabalho com nosso público. Preencha o formulário se tem interesse em participar. Link para inscrição: https://forms.gle/4KMQXTmVLFiTp4iC8 Selo saberes históricos Agora o Fronteiras no Tempo tem o selo saberes históricos. O que é este selo? “O Selo Saberes Históricos é um sinal de reconhecimento atribuído a:● Práticas de divulgação de saberes ou produções de conteúdo histórico ou historiográfico● Realizadas em redes sociais ou mídias digitais, voltadas para públicos mais amplos e diversificados● Comprometidas com valores científicos e éticos.”Saiba mais: https://www.forumsabereshistoricos.com/ Redes Sociais Twitter, Facebook, Youtube, Instagram Contato fronteirasnotempo@gmail.com Como citar esse episódio Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #39 Crimes da Ditadura Civil-Militar (o caso de Higino Pio). Locução Cesar Agenor Fernandes da Silva e Willian Spengler. [S.l.] Portal Deviante, 19/03/2025. Podcast. Disponível em: https://www.deviante.com.br/?p=64688&preview=true Expediente Produção Geral, Host e Edição: C. A. Arte do Episódio: Augusto Carvalho Trilha sonora do episódio Birds – Corbyn Kites Nine Lives - Unicorn Heads Dance, Don't Delay - Twin Musicom Madrinhas e Padrinhos Apoios a partir de 12 de junho de 2024 Alexsandro de Souza Junior, Aline Silva Lima, André Santos, André Trapani, Andréa Gomes da Silva, Andressa Marcelino Cardoso, Augusto Carvalho, Carolina Pereira Lyon, Charles Calisto Souza, Elisnei Menezes de Oliveira, Erick Marlon Fernandes da Silva, Flávio Henrique Dias Saldanha, Iara Grisi, João Ariedi, Klaus Henrique de Oliveira, Manuel Macias, Marlon Fernandes da Silva, Pedro Júnior Coelho da Silva Nunes, Rafael Henrique Silva, Raul Sousa Silva Junior, Renata de Souza Silva, Ricardo Orosco, Rodrigo Mello Campos, Rubens Lima e Willian SpenglerSee omnystudio.com/listener for privacy information.
CORREÇÃO: No meio do episódio os divertidamente se socaram e falaram “Victor Allende”. O nome do personagem é Victor Jara do começo ao fim!Um cantor, compositor, ator, diretor de teatro e ativista político chileno foi brutalmente morto durante a ditadura militar que rolou no país. Victor Jara foi uma figura extremamente importante pra música popular latino-americana e a sua morte é sem dúvidas um ponto central ao se falar da história do Chile.Nesse episódio eu vou te falar tudo sobre Jara, sobre a ditadura militar chilena e sobre o seu assassinato. E claro, como de costume aqui no Passaporte pro Crime, no final do episódio eu vou te contar o que você pode visitar em Santiago que te conte mais sobre o nosso personagem e a época que ele viveu.Locais mencionados no episódio:Museu da Memória e dos Direitos HumanosEstádio Victor Jara (antigo Estádio Chile)Fundação Victor JaraGalpão Victor JaraMúsicas mencionadas no episódio:El Derecho de Vivir en PazPlegaria a un LabradorArtigo mencionado no episódio:https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_comunicacao_inovacao/article/view/2709/1666Para contato, parcerias e sugestões você pode entrar em contato por:E-mail: passaporteprocrime@gmail.comInstagram: @andressaisferTikTok: @andressa.isferSe você gosta do Passaporte pro Crime, considere apoiar o projeto com o valor que quiser viaOrelo: orelo.cc/passaporteprocrimeApoia.se: https://apoia.se/passaporteprocrimePatreon: patreon.com/PassaporteproCrimeAos apoiadores, obrigada!
Saiba como era feita a escolha dos Presidentes da Ditadura Militar no Brasil.
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O Lado B recebe Lucas Pedretti, historiador, sociólogo e escritor, para uma conversa sobre a Ditadura Militar, na esteira do sucesso do filme "Ainda Estou Aqui". A importância da obra para a recuperação da causa, a (re)criação de uma memória crítica sobre o período, a relação do Governo Lula III com o episódio após o silêncio em 2024 e outros aspectos da Ditadura que não estão no filme.
Qual parte mais te marcou?
Na reta final do Oscar, Arthur Marchetto, Cecilia Garcia Marcon e Gustavo Magnani se reúnem para falar sobre Ainda estou aqui, livro escrito por Marcelo Rubens Paiva, e também de sua adaptação homônima dirigida por Walter Salles.Ditadura, história do cinema brasileiro e a escrita da memória sobre os regimes ditatoriais e suas vítimas são alguns dos temas discutidos por eles num episódio nada imparcial, em clima de copa do mundo.Então, aperta o play e vamos nessa!---LinksApoie o 30:MINSiga a gente nas redesJá apoia? Acesse suas recompensasConfira todos os títulos do clube!
No podcast ‘Notícia No Seu Tempo’, confira em áudio as principais notícias da edição impressa do jornal ‘O Estado de S.Paulo’ desta quarta-feira (12/02/2025): Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram que a Corte vai julgar se a Lei de Anistia – promulgada em 1979 e que perdoou crimes políticos cometidos durante a ditadura militar (1964-1985) – se aplica aos casos de desaparecidos políticos. Em julgamento virtual, a Corte formou maioria para, na prática, reavaliar o alcance da lei que entrou em vigor ainda durante o regime autoritário. O entendimento é de que há necessidade de emissão de uma decisão de abrangência nacional sobre o assunto. Por isso, aprovaram o julgamento do tema em repercussão geral. A proposta para que o STF se pronuncie sobre o tema partiu do ministro Flávio Dino. Ele argumentou que, nos casos de ocultação de cadáver, o crime “se prolonga no tempo” e por isso, em sua avaliação, não poderia receber perdão. E mais: Política: PF e CGU miram empresa suspeita de fraudes em licitações; dois são presos Internacional: Trump insiste em governar Gaza e pressiona Jordânia a aceitar palestinos Economia: Bônus de Itaipu na conta de luz derruba inflação de janeiro para 0,16% Metrópole: Transporte individual supera o público pela 1ª vez em SP em 20 anosSee omnystudio.com/listener for privacy information.
A memória da ditadura precisa ser recomposta para que o autoritarismo militar não retorne como ameaça. O cinema, ao conservar e contestar narrativas, tem papel essencial nessa reconstrução. Esquecer os horrores do passado abre espaço para sua repetição. Apenas lembrando, debatendo e registrando podemos garantir que a democracia não ceda novamente à repressão.Neste episódio, refletimos sobre o filme "Ainda estou aqui" e demais filmes brasileiros que recompoem a memória da Ditadura Civil-Militar de 64 no Brasil, com a participação especial de Flávio Veiga, historiador, Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Católica de Pernambuco e professor no Instituto Federal de Alagoas - IFAL.______Acesse ohistoriante.com.br______APOIE O HISTORIANTE! No apoia.se/historiante ou no app da Orelo, contribua com R$4 mensais. Além de nos ajudar, você tem acesso ao nosso grupo de recompensas! Você também pode colaborar com qualquer valor em nosso PIX ohistoriante@gmail.com______Cast: Cleber Roberto e Pablo Magalhães.Edição: Reverbere EstúdioCapa: Cartaz de divulgação do filme "Ainda estou aqui".______Leia os artigos do Portal Águia, nosso parceiro de conteúdos!______OUÇA O HISTORIANTE NA ORELO! A cada play nós somos remunerados, e você não paga nada por isso! https://orelo.cc/ohistoriante______OUÇA NOSSA PLAYLIST______- OBRIGADO APOIADORES! Alex Andrade; Aldemir Anderson; Andreia Araujo de Sousa; Aciomara Coutinho; Arley Barros; Bruno Gouvea; Carolina Yeh; Charles Guilherme Rodrigues; Eduardo dos Santos Silva; Eliezer Gomes Fernandes; Frederico Jannuzzi; Flavya Almeida; Flávio Cavalcante Veiga; Flávio José dos Santos; Helena de Freitas Rocha e Silva; Hélio de Oliveira Santos Junior; Jarvis Clay; João Victor Dias; João Vitor Milward; Jorge Caldas Filho; Juliana Duarte; Juliana Fick; Katiane Bispo; Marcelo Raulino Silva; Marco Paulo Figueiredo Tamm; Márcia Aparecida Masciano Matos; Núbia Cristina dos Santos; Poliana Siqueira; Raquel; Ronie Von Barros Da Cunha Junior; Sae Dutra.
No podcast ‘Notícia No Seu Tempo’, confira em áudio as principais notícias da edição impressa do jornal ‘O Estado de S.Paulo’ desta quinta-feira (30/01/2025): Governo e bancos chegaram a um acordo para ampliar acesso ao crédito consignado para os trabalhadores do setor privado. A iniciativa é adotada na semana em que pesquisa mostrou queda na aprovação do presidente, que pela primeira vez tem um índice de rejeição maior do que o de aprovação. Para o consignado, a ideia é que os bancos possam ter acesso direto aos dados das folhas de pagamento do setor privado, sem passar pelos empregadores, eliminando custos, simplificando o processo e ampliando o uso do FGTS como garantia. Segundo Isaac Sidney, presidente da Febraban, federação que representa os bancos, os empréstimos para funcionários de empresas privadas podem alcançar de R$ 120 bilhões a R$ 130 bilhões, três vezes mais do que o valor ofertado hoje, cerca de R$ 40 bilhões E mais: Política: Dono de três ministérios, Kassab diz que Lula não se reelegerá Economia: Em 1ª reunião de Galípolo, BC segue roteiro e eleva juro para 13,25% ao ano Internacional: Trump pretende usar Guantánamo para deter 30 mil imigrantes ilegais Metrópole: País tem maior nº de casos de covid desde março; diagnóstico subiu 151% Caderno 2: Imortal, Loyola ‘recomeça’ com livro infantilSee omnystudio.com/listener for privacy information.
26.01.2025 - Mensagem do Culto Matutino ao vivo da Igreja Presbiteriana de Anápolis com Rev. Lucas Quintino. Tema: A ditadura do ter que sentir-se bem. Texto Bíblico: 1 Samuel 1.1-18
Bom dia, boa tarde e/ou boa noite! Desculpe pela bagunça, mas é de forma meio feia (porém extremamente felizes) que recebemos um visitante garboso de outro podcast: Paulinho Siqueira do Coachcast! Ele veio participar do pior podcast do mundo para uma breve entrevista e para falar sobre as mirabolantes artimanhas usadas pelas pessoas para corresponderem positivamente ao olhar do outro. Ouça esse episódio e aprenda variadas dietas que funcionam, preocupações que devemos ter em banheiros de ônibus, e a maior utilidade pública que esse podcast poderia fazer por um outrem: como realmente aumentar o seu pênis. DOAÇÕES: pix@xorume.com.br FEED COMPLETO: https://soundcloud.com/xorume-podcast
Alexandre Garcia comenta a inflação no Brasil, a desaprovação de Lula e o silêncio do presidente em relação à “posse” de Maduro.
Após fraudar as eleições em 2024 e em meio a protestos em todo o país, Maduro toma posse da presidência da Venezuela, contrariando diversos países no mundo. A tensão no país aumenta após líderes da oposição sofrerem ataques de aliados do regime bolivariano.
O Papo Antagonista desta sexta-feira, 10, comenta a posse do ditador Nicolás Maduro, após a fraude eleitoral na Venezuela. O programa também fala sobre o aumento da repressão a opositores do regime chavista. Além disso, está na pauta a ofensiva do governo Lula contra a Meta, após as mudanças anunciadas por Mark Zuckerberg em plataformas.Você também pode assistir ao Papo Antagonista com a apresentação de Felipe Moura Brasil na TV BM&C, nos canais 579 da Vivo, ou 547 da Claro, além do SKY+. Apoie o jornalismo Vigilante: 10% de desconto para audiência do Papo Antagonista. https://bit.ly/papoantagonista Siga O Antagonista no X, nos ajude a chegar nos 2 milhões de seguidores! https://x.com/o_antagonista Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp. Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais. https://whatsapp.com/channel/0029Va2S... Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast. Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
Episódio postado em 10 de janeiro de 2025. No Foro de Teresina desta semana, os dois anos do 8 de janeiro, um olhar sobre a trajetória e a morte de Rubens Paiva a partir do sucesso de Ainda Estou Aqui, e o possível retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos com o apoio das big techs. Em uma edição especial, Fernando de Barros e Silva, Ana Clara Costa e Celso Rocha de Barros contaram com um depoimento da atriz Fernanda Torres. Escalada: 00:00 1º bloco: 04:32 2º bloco: 19:19 3º bloco: 41:05 Kinder Ovo: 55:08 Correio Elegante: 56:22 Créditos: 59:26 Envie uma mensagem – ou um áudio de até 1 minuto – para o Correio Elegante pelo e-mail (forodeteresina@revistapiaui.com.br) ou por nossas redes sociais. Acesse os links citados nesse episódio: https://piaui.co/foro43 Ficha técnica: Apresentação: Fernando de Barros e Silva, Ana Clara Costa e Celso Rocha de Barros. Coordenação geral: Bárbara Rubira Direção: Mari Faria Edição: Bárbara Rubira e Thiago Picado Produção e distribuição: Maria Júlia Vieira Finalização e mixagem: Pipoca Sound Intérpretes da nossa música tema: João Jabace e Luis Rodrigues Identidade visual: Maria Cecília Marra com arte de Amandadrafts Distribuição: Maria Júlia Vieira Coordenação digital: Bia Ribeiro e Juliana Jaeger Checagem: Gilberto Porcidônio Gravado no Estúdio Rastro Redes Sociais: Fábio Brisolla, Emily Almeida e Isa Barros. Vídeos: Isa Barros e Fernanda Catunda
Além de sobreviver ao regime militar, a psicanálise brasileira floresceu durante a ditadura. Esse aparente paradoxo foi um dos pontos de partida da pesquisa de doutorado de Rafael Alves Lima, professor colaborador da USP. O trabalho, publicado sob o título "Psicanálise na Ditadura (1964-1985)", compõe uma história do campo psicanalítico do país nessas três décadas, além de investigar sua configuração às vésperas do golpe de 1964. O pesquisador discute, por exemplo, as estratégias que um grupo de psicanalistas de São Paulo empregou para projetar uma imagem de prestígio e questiona o conformismo que dominou boa parte dos consultórios durante a ditadura, apesar de os militares não enxergarem os psicanalistas como uma ameaça. Neste episódio, o autor aborda a imagem pop de Freud e da psicanálise no Brasil em pleno regime militar e debate a hipótese de que o boom do campo nos anos 1970 está relacionado a mudanças mais amplas nas formas de nomear o sofrimento psíquico: em uma sociedade que se transformava muito intensamente, a psicanálise e outras terapias ofereciam uma nova gramática tanto para conceber o mundo quanto para se entender nele. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
Citando o filme "Ainda Estou Aqui", o ministro do STF Flávio Dino considerou que o Supremo deve discutir se é possível ou não aplicar a Lei de Anistia a crimes que tiveram início na ditadura, mas cujos efeitos ainda se consumam no presente — os chamados "crimes permanentes". "Quem oculta e mantém oculto algo, prolonga a ação até que o fato se torne conhecido", diz o ministro em decisão publicada no domingo. Este é o caso de desaparecidos na ditadura e cujo paradeiro ainda é desconhecido – quase quatro décadas depois do fim do período de repressão. O engenheiro e deputado Rubens Paiva foi torturado e morto pela ditadura em 1971. Seus restos mortais nunca foram encontrados. Eunice Paiva, viúva de Rubens Paiva, esperou 25 anos até conseguir a certidão de óbito do marido. O documento só foi emitido em 1996, um ano depois de o então presidente Fernando Henrique Cardoso assinar a lei 9.140, garantindo a emissão do atestado de óbito de desaparecidos durante o regime militar. Agora, três décadas depois, o Conselho Nacional de Justiça aprovou, por unanimidade, uma resolução determinando que os cartórios do país reconheçam as mortes ocorridas durante a ditadura militar – e retificando as certidões para apontar que a causa real das mortes não foi natural, e sim, o Estado brasileiro. Para falar sobre como essas discussões ganharam espaço enquanto o filme 'Ainda Estou Aqui' leva milhões de pessoas aos cinemas, Natuza Nery conversa com Eugênia Gonzaga, Procuradora Regional da República e presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Também participa do episódio Rogério Sottili diretor do Instituto Vladmir Herzog.
Menos de duas semanas após uma ofensiva relâmpago de um grupo rebelde tomar a cidade de Aleppo, o ditador Bashar al-Assad deixou a Síria às pressas e escondido. Desde 27 de novembro, rebeldes do Hayat Tahrir al-Sham (HTS) avançaram pelo território sírio até chegar, sem resistência, à capital Damasco. Assad está asilado em Moscou, país que apoiou seu regime até o último momento. De lá, ele teria ordenado que haja uma "transição pacífica de poder". Em Damasco, Abu Mohammed al-Golani, líder do grupo rebelde HTS, foi aclamado ao fazer o discurso da vitória, na Mesquita de Omíadas – um dos lugares mais sagrados do islamismo. Ele prometeu moderação, mas não deixou claro qual será a composição do novo governo. Neste episódio, Natuza Nery ouve o relato de Germando Assad, jornalista brasileiro especializado em Oriente Médio. Germano, que morou no país entre 2010 e 2011, relembra como era a vida na capital, a dura política de repressão de Bashar al-Assad e os dias em que ficou preso pelo regime. Participa também Guga Chacra comentarista da Globo, da GloboNews e da rádio CBN, e colunista do jornal O Globo, que explica a velocidade da ofensiva dos rebeldes na Síria e faz o perfil do líder al-Golani.