Coronga

O mês de Novembro de 2020 foi mais conturbado do que o "normal" num ano que entrará para a história: tivemos eleições municipais num Brasil arrasado pela COVID-19 e pelo vírus de um Bolsonarismo cada vez mais isolado. Como se o ano já não estivesse sendo distópico o suficiente, no último dia 20 o caso Carrefour e os pronunciamentos racistas daqueles que comandam a nação nos proporcionaram um dia da consciência negra de lágrimas de sangue, mas também do verdadeiro despertar de uma parcela de nossa população. Para destrincharem tais acontecimentos e seus desdobramentos, o Coronga convida três personalidades de origens e áreas da atuação distintas, mas com histórias de vida que os unem na luta pela justiça social e igualdade racial. Serge Katz, sociólogo e Doutorando da UFPB, Elias Aredes, jornalista esportivo e Michelle Simões da Banca Preta, nos contam quem ganhou e quem perdeu de um modo geral nessas eleições e dão aula sobre o que é Consciência Negra no Brasil, um país que convive com um racismo velado que mata tanto no sentido literal quanto no sentido figurado da saúde mental dia após dia.

O Coronga #68 é um debate quebra tabus sobre o polêmico mundo das drogas no século 21. Convidamos o economista e consultor de inovação da Consultoria Mandalah, Felipe Watanabe e a ativista antiproibicionista Kya Mesquita na tentativa de pautarmos, de uma vez por todas, a honestidade intelectual numa discussão urgente que envolve tantas áreas da atividade humana. Por que a Guerra às Drogas não faz sentido e sempre cobra o preço final das populações pobres e pretas? Como conversar com pessoas que ainda não se aprofundaram na discussão científica e acabam se tornando reféns dos preconceitos estruturais oriundos do proibicionismo inaugurado pelos EUA há menos de um século? Numa sociedade cada vez mais afetada por doenças psiquiátricas, seriam as drogas psicotrópicas como o LSD e a psilocibina, peças-chave para os tratamentos do futuro que já poderiam ser do presente? O Coronga, como podcast da contracultura contemporânea, dedica esse episódio a todos aqueles que sofrem de doenças que poderiam ser melhor tratadas caso o conservadorismo e o reacionarismo não fossem tão relevantes. Que a ciência volte a assumir o protagonismo que se espera em uma sociedade racional e empática.

Em meio ao excepcionalmente agitado cenário global, o Coronga faz questão de pautar a luta feminista revolucionária. Já passou da hora de todos, principalmente homens, superarem o machismo estrutural que perpetua injustiças sociais através da institucionalização do absurdo, que foi reiterada recentemente no caso da Mariana Ferrer. O papel masculino nessa luta é ouvir e ampliar a voz delas, razão pela qual convidamos a estudante e idealizadora do Coletivo Nise de Silveira da Faculdade de Medicina de Mogi das Cruzes, Bárbara Gomes, a comunicadora e criadora do blog Deixei no Rascunho, Rayssa Rocamora e a advogada e membra do Coletivo jurídico Nós, Seguras, Vanessa Prado para promoverem um debate pé no chão sobre essa palavra que incomoda tanta gente, até mesmo outras mulheres: feminismo. O que é a representatividade vazia e por que ela não nos interessa? Homem: você tem a consciência do que é ser mulher e já se perguntou se teria medo de inverter os papéis com uma delas? O que é o Feminismo Liberal e por que ele é uma armadilha? O episódio #67 é, acima de tudo, uma reflexão urgente sobre a nossa humanidade e as monstruosidades que estamos relativizando ao não priorizarmos o desenvolvimento da empatia em nós mesmos e ao nosso redor. Não há possibilidade de evolução, muito menos de transformação social quando apenas uma minoria pode se dizer verdadeiramente livre. A emancipação feminista e, sobretudo, humanista, depende de uma verdadeira revolução que subverta o sistema capitalista, patriarcal e racista.

Dentro de duas semanas acontecerão as primeiras eleições após a turbulenta ascenção da extrema-direita no Brasil e, no intuito de incitar reflexões sobre o poder do voto e do diálogo, o Coronga convida Elias Aredes e Henrique Brazão que elevam o nível da discussão nesse tempo que nos resta. O que devemos levar em conta no processo de definição do voto? Quais as perspectivas para as principais capitais brasileiras? A estratégia adotada pela esquerda, em sentido amplo, na tentativa de não repetir o fracasso das municipais de 2016 está dando certo? Que consigamos dialogar cada vez mais com quem pensa diferente e está disposto a conversar para, juntos, construírmos um Brasil que seja de todos e para todos, com exceção daqueles que se identificam com ideais fascistas ou medievais.

O Coronga 65 é uma viagem pela conturbada América Latina. Num momento em que o neofascismo mostra suas garras mundo afora, há resistência e grandes exemplos nos foram dados pelos nossos queridos e combativos vizinhos bolivianos e chilenos. Eduarda Apoitia, internacionalista e mestranda de integração regional em Montevidéu e Lucas Rocha, repórter da Revista Fórum especializado em America Latina, nos ajudam a entender do golpe militar boliviano de 2019 às eleições democráticas no último domingo, que confirmaram a vontade popular de confiar ao sucessor de Evo Morales, Luis Arce (MAS) o poder, bem como a situação do Chile, país com uma economia moldada por ideais neoliberais que aqui no Brasil são representados principalmente por Paulo Guedes e Partido Novo e que, graças à força invencível da população unida nas ruas, conquistou um plebiscito que acontecerá no próximo dia 25 de Outubro e definirá a formação ou não de uma nova Assembleia Nacional Constituinte - a chance do povo chileno reescrever o acordo entre Povo e Estado através de uma nova Constituição Federal, dessa vez sem os tentáculos pinochetistas e reacionários. Por cada vez mais união entre os povos latino-americanos!

Enquanto a Europa segue tomando medidas cada vez mais cautelosas face à nova onda do Coronavírus, a vida no último trimestre de 2020 parece ter sido normalizada no Brasil de 2020. O seu podcast anormal favorito comenta desde a contratação de Robinho, ex-craque da seleção e condenado em primeira instância por estupro coletivo, pelo Santos ao grande termômetro eleitoral nacional que é a cidade de São Paulo. Nosso maior colégio eleitoral é palco da disputa entre o neofascismo teocrático representado por Russomano e uma nova esperança por justiça social chamada Guilherme Boulos. Por que essa disputa é de interesse nacional e transcende os limites da capital paulistana? No país em que nos distanciamos cada vez mais do discurso aprofundado das ciências políticas ao mesmo tempo que seguimos cavando em busca do fundo do poço, por que devemos questionar o liberalismo tupiniquim? Como foi recebida a atrapalhada entrevista do Vice-Presidente Hamilton Mourão ao jornal alemão Deutsche Welle num momento em que as negociações de duas décadas do tratado Mercosul-União Europeia vão de mal a pior? "Normal" nunca esteve, mas como aprendemos na marra nos últimos tempos: pior que tá, fica.

O país caminha pra um verdadeiro colapso econômico, porém, a situação calamitosa parece não atingir o presidente Jair Bolsonaro, que segue apoiando indiretamente a fritura do seu ministro da economia, outrora considerado indemissível e, assim como Sérgio Moro, parece perder a batalha contra um bolsonarismo, cada vez mais forte e distante de ideias como combate à corrupção e o neoliberalismo econômico de Paulo Guedes. A indicação do novo ministro do STF confirmada pelo presidente dá mostras que Bolsonaro aprendeu a dançar a música da presidência, sem deixar de arriscar os seus próprios passos no salão. Até porque, no ritmo que toca a música, o chefe do executivo sabe que terá outras indicações, deixando o Supremo cada vez mais próximo da sua imagem e semelhança. Enquanto isso nos Estados Unidos, a proximidade do pleito eleitoral aflora os ânimos da possibilidade de fraude, no momento em que o presidente Trump, acometido pela Covid-19, age mais pra melar o jogo do que propriamente vencê-lo.

O Podcast mais combativo do Brasil chega ao seu episódio #62 se debruçando sobre a histórica e perigosa eleição estadunidense que ocorrerá no dia 3 de Novembro. Donald Trump eleva o tom ao declarar, mais de uma vez, que não aceitará o resultado democrático das eleições caso saia derrotado como as últimas pesquisas indicam. Jornais e especialistas já cogitam a possibilidade de uma segunda guerra civil americana no cenário mais tenebroso. Num momento em que o neofascismo mostra sua verdadeira face mundo afora e a sociedade dá sinais de resistência aos descalabros conservadores neoliberais através de movimentos como Black Lives Matters e antifascistas, analisamos como a geopolítica global se tornou um verdadeiro barril de pólvora e alertamos para que, não importa o que aconteça, nossas vidas aqui no Brasil serão afetadas conforme o desenrolar dos fatos no hemisfério norte – para o bem ou para o mal. Enquanto a house of cards americana desmorona e o futebol brasileiro enfrenta o drama do despreparo para o retorno seguro numa realidade pandêmica, muito por conta de um jogo de interesses capitaneado pelo Flamengo, Jair Bolsonaro movimenta as peças do xadrez político tupiniquim ao tentar negociar uma reaproximação com o seu antigo partido, o PSL, uma vez que a Aliança pelo Brasil flopou e muitos dentro de sua antiga sigla já demonstram estar ansiosas para (re)abraçar o fascismo bolsolavista. Make Democracy Democratic Again

Segunda Guerra Fria, efeitos da revolução digital nas democracias e na saúde humana e pós-verdades - a década de 20 promete e o Corongado desse #61 é o advogado e cientista social especializado em tecnologia Caio Machado, que ajuda a nos situar nessa loucura. Do embate político sem supervisão que acontece no mundo gamer, até a guerra mundial digital, protegida pelo submundo da internet já travada há algum tempo, Caio destrincha com a gente a complexidade dos tempos atuais nesse momento em que documentários como Privacidade Hackeada e O Dilema Social começaram a popularizar a urgência de avanços socias e humanos que regulem o uso das novas tecnologias dessa era, antes que seja tarde demais. Figuras como o whistleblower Edward Snowden são vilões ou heróis? Quanto tempo falta para o seu smartphone se tornar o exterminador do futuro? It's dangerous to go alone! Play this

O Corongado desse episódio 60 é o professor, filósofo, pós-doutor especializado em educação e mestre de Kung Fu Samuel Mendonça, que divide com a gente suas perspectivas de vida nesse momento da história brasileira e mundial. Conversamos um pouco sobre a função prática da filosofia na nossa vida e nos diversos campos do conhecimento, e, especialmente em tempos turbulentos, sobre como pessoas comuns podem assumir seus papéis de cidadania ativa no funcionamento da sociedade, potencialmente autodestrutivo. Batemos um papo também sobre a psicologia por trás das personalidades envolvidas na política contemporânea e os problemas da educação básica, que sabotam os meios para a liberdade de pensamento. Nosso mestre ainda discute o real significado da palavra Kung Fu, que pode fazer com que você desenvolva um novo foco na sua vida.

É com um olho no precipício e outro no futuro que o Coronga lança mais esse episódio raiz. Nos aprofundamos ainda mais na discussão fundamental pautada pelo documentário The Social Dillema, refletindo sobre como a compartimentalização de ideias tem afetado a nossa vida no dia-a-dia e o destino das democracias e da humanidade como um todo. É com esse espírito que criticamos algumas publicações da Folha de São Paulo da última semana e questionamos o papel do jornalismo profissional, que deveria buscar aumentar o nível da discussão e a profundidade das questões suscitadas, jamais propagando meias verdades e textos rasos que só ajudam na consolidação dos diversos nichos de pensamento artificialmente criados por algoritmos cada vez mais inteligentes. Nietzsche nos ensinou que: "quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você", e nesse momento em que os inimigos do bom senso parecem estar fortalecidos pela manipulação da maioria, falamos sobre a importância da esperança e do otimismo enquanto estivermos na luta pelo que acreditamos ser certo, sempre lembrando de tomar o cuidado em não nos deixar seduzir pelo olhar do abismo, no constante esforço para não corrompermos nossos próprios ideais.

O Coronga #58 não foge de suas raízes, mas entrega um episódio mais leve. Ainda tem desdobramentos do Lavajatismo a Jair Bolsonaro, mas temos também as origens das fake news com os cristãos e a dica do documentário O Dilema das Redes, lançado na última semana pela Netflix, que aborda a relação das pessoas com a internet e as redes sociais, desenhando como nós chegamos nesse momento em que somos feitos de produtos pensando que somos consumidores. Tudo isso nos leva à brisa final do episódio sobre o momento que estamos vivendo - não só no que concerne a tecnologia, mas também a pandemia - num país onde boa parte da população resolveu seguir com sua vida antes mesmo de um “alívio” no número de casos e mortes da covid-19 em terras tupiniquins.

O episódio #57 do Coronga traz os novos desdobramentos da Lava-Jato 2.0 usada, mais do que nunca, como máquina política pra perseguir adversários. De Eduardo Paes, passando por Lula e chegando até, pasmem, Frederick Wassef, ex-advogado de Bolsonaro, visto agora como inimigo após revelações de que estaria chantageando o presidente da república. Ainda dentro dessas questões, há espaço até mesmo para a perseguição cultural, com órgãos oficiais sendo utilizados para atacar quem ousa satirizar um governo que, por si só, é a própria piada. E perseguição parece ser a palavra que define o atual momento do país, já que no outro campo ideológico a treta da semana se deu por conta de uma tentativa de desmoralização do professor, historiador e youtuber Jones Manoel, após Caetano Veloso revelar que o jovem negro pernambucano é o seu novo guru intelectual, atiçando a inveja dos jornalistas liberalóides, preocupados com a “perigosa” propagação do pensamento marxista no Brasil de Bolsonaro em 2020.

O Coronga segue na luta pela independência intelectual num Brasil cada vez mais refém do obscurantismo bolsolavista e nesse sete de Setembro dividimos com vocês a sabedoria de um verdadeiro patriota. O Corongado dessa edição é o Doutor em Física de Plasmas Aplicada pelo MIT, ex-diretor do INPE, um dos dez cientistas mais relevantes do mundo pela revista Nature (2019) e protagonista de um dos maiores embates da comunidade científica brasileira contra o governo de Jair Bolsonaro. Exonerado da diretoria do INPE após defender os dados da pesquisa que mostrou ao mundo a escala da destruição amazônica incentivada pelo ministro Ricardo Salles (então Partido Novo, hoje sem partido), o professor Galvão nos conta os detalhes do caso, bem como suas perspectivas sobre a situação atual do nosso país. De forma descontraída, Galvão também conversa com a gente sobre os desafios do desenvolvimento científico num país que ainda não valoriza o conhecimento e a profundidade como o século XXI demanda, muito por conta de um sistema de educação que parou no tempo. Ciência ou Morte!

O Coronga junta as peças do quebra-cabeça político nacional dos últimos dias. É possível traçar a teia do absurdo com as linhas dos acontecimentos que descambam num país perdido para o extremismo reacionário de quem está no comando. A institucionalização do movimento antivacina, antes mesmo da chegada de uma, prova que Bolsonaro não está pra brincadeira quando o assunto é confrontar o método científico. A mesma falta de escrúpulos é vista na tentativa de consolidar o controle no estado do Rio de Janeiro, agora nas mãos de um pastor e cantor evangélico que, após o questionável afastamento de Wilson Witzel - que foi de aliado a inimigo em questão de meses - está no colo do clã Bolsonaro, pronto pra ser mais um cordeirinho do presidente. Por falar em cordeiros, Crivella mostra ser o verdadeiro lobo à frente da prefeitura carioca. O bispo e prefeito do Rio, como um bom pastor, tem seu rebanho de ovelhas pronto pra se tornar uma verdadeira matilha de lobos ávida por atacar quem tem o dever de mostrar os absurdos dessa administração. No país em que enterramos a lava jato no cemitério maldito de Stephen King, o que é ruim, vai sempre piorar.

A morte do ator Chadwick Boseman entristeceu o mundo num momento crucial de luta antirracista, onde protestos e posicionamentos firmes e emblemáticos por parte de várias esferas da sociedade pedem um basta ao racismo estrutural, que impediu que a criança negra tivesse um herói que a representasse nas telas do cinema. O Coronga traz pra mesa verdadeiras Panteras Negras do mundo real que unem a sua voz para enriquecer essa discussão fundamental. O sociólogo Serge Katz (corongado do episódio 36), junto da Caroline Carmo, do podcast NBA das minas e a jornalista Bruna Mascarenhas discutem a importância do filme Pantera Negra e de outras obras que representam a inclusão, e também as últimas manifestações antirracistas que ganharam ainda mais força após a atitudes dos atletas da NBA que se recusaram a entrar em quadra na última semana, chamando atenção do mundo inteiro para essa questão histórica, que ainda necessita ganhar espaço nos debates e de ações concretas para que as mudanças de fato aconteçam e os panteras negras não sejam uma exceção a regra dessa falsa democracia onde o racismo estrutural furta o heroísmo e o protagonismo desses povos.

O Coronga #53 aborda novamente o movimento Sleeping Giants que tem feito barulho por aqui, denunciando propagandas milionárias em sites que promovem o pensamento extremista que impera nas mentes de uma relevante parcela da população. Pra ir ainda mais fundo no tema, trouxemos o relato do jornalista Martim Vasques da Cunha, que na revista Piauí de Agosto relata o surgimento do pensamento bolsolavista no país, na visão de quem acompanhou de perto, inclusive, tendo uma relação próxima com o guru extremista Olavo de Carvalho durante um período de sua vida. Além das importantes derrotas jurídicas de Sérgio Moro e a fritura de Paulo Guedes, o Coronga também não deixa de se debruçar sobre o boicote dos atletas da NBA, que está em fase de playoffs, e que se recusaram a entrar em quadra após novos casos de violência policial contra pessoas pretas nos Estados Unidos. Protesto que entra para a história do mundo esportivo, como o posicionamento mais firme dos tempos atuais em relação aos absurdos cada vez mais normalizados numa sociedade que permitiu que o racismo estrutural fizesse parte daquilo que chamamos de democracia. Atletas furando a bolha que tentaram criar em torno das modalidades esportivas. O que se espera agora é que o exemplo seja seguido por integrantes do futebol, o esporte mais popular do mundo, e do país, que vê diante dos seus olhos a violência policial nas favelas e quase nada se comove.

Não deu nem tempo da Folha de São Paulo refletir sobre o infeliz título do editorial do jornal do último sábado (22/08) “Jair Rousseff” para que a imprensa, da qual o jornal faz parte, fosse novamente atacada com boas pitadas de ameaça de agressão ao repórter do O Globo, que teve a ousadia de perguntar sobre os depósitos de Fabrício Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro. Pois é, amigos - o trabalho do Coronga é mais sujo do que vocês imaginam. No país em que precisamos defender a liberdade de imprensa e, ao mesmo tempo, fazer duras críticas a ela, o podcast mais apocalíptico do país continua trazendo as últimas desse mundão de meu deus com a visão de quem não tem outra pretenção a não ser a de alertar de que nós estamos caminhando para a grande ruptura do que estamos acostumados a ver, viver e sentir. Quem viver, verá!

O episódio 51 chega chegando pra te deixar bem por dentro dos últimos acontecimentos no Brasil e do mundo. E por falar da gente, vivemos nos últimos dias, talvez, o grande ÁPICE do DECLÍNIO que passamos como país. O lamentável caso do aborto da menina de 10 anos estuprada por um tio, é a mais cruel pauta já abordada pelo Coronga até aqui. Queríamos nós que esse enorme absurdo fosse o limite do lamaçal que nos enfiamos, mas podemos esperar tudo de uma nação que se encontra dominada pela pensamento de uma seita macabra que fala em nome de Deus e age como o próprio diabo. Sentado no colo de satanás ou deitado em berço esplêndido, o Coronga continua a sua saga de trazer os assuntos mais importantes num momento em que normalização do absurdo parece ser de fato o novo normal.

O Coronga chega a sua edição de número 50 e apresenta mais uma novidade pra celebrar essa marca! Depois de 49 edições falando e informando sobre todas as coisas possíveis e necessárias, chegou a vez de virar os holofotes para o debate esportivo. O Mesa Coronga vai se dedicar a trazer questões ligadas ao imaginário do esporte e, consequentemente do futebol, que acaba sendo a principal modalidade esportiva do Brasil e de boa parte do mundo. Nessa sua primeira edição, a mesa conta com as figuras dos jornalistas Elias Aredes e Izadora Pimenta, que debatem sobre o reflexo da sociedade dentro do campo esportivo e, por consequência, questões raciais e elitistas que dão o tom do cenário desigual e segregador do futebol, passando também pela prática esportiva e realizações de eventos em tempos de Covid-19. O Coronga apresenta uma nova opção pros ouvintes fãs do esporte e uma perspectiva social pra quem nos acompanha e não tem familiaridade com o tema. Pode chegar! O jeito Coronga de falar sobre as coisas sempre será o mesmo.

O Brasil não é a Transilvânia, mas também é terra de vampiro. E parece mesmo que Michel Temer é imortal. Não deu tempo de sentir saudade do ex-presidente do Brasil, pois uma das figuras que representa o que há de mais velho na política brasileira volta à cena, em mais um beijo de amor (ou seria mordida?) entre o atual presidente Bolsonaro e o Centrão. Por mais simbólica que seja a função de Temer, que empresta sua imagem ao apoio do Brasil ao Líbano nesse período delicado que passa o país do oriente médio, a ação representa uma volta às origens do mandatário do país e escancara ainda mais a figura de Temer como o maior representante do fisiologismo nacional. Prestes a completar 50 episódios, o Coronga #49 também passa pelas questões econômicas do país com a debandada no ministério de Guedes e o auxílio emergencial que tem aliviado a vida dos brasileiros na pandemia, além de ter servido como pilar de sustentação da popularidade de Jair Bolsonaro que, quase sem querer, colhe frutos com o subsídio de R$600,00 entre os mais pobres. A bóia de salvação dos brasileiros pode ser também a mesma do presidente.

Uma aula de fato, o Coronga #48 conta com a participação de dois professores do ensino público e privado do país num momento em que a educação está em xeque - não só pela pandemia que afasta as crianças do ensino presencial - como também por ser alvo dos bolsolavistas que têm como um de seus principais projetos o ataque às ciências humanas através de uma reinterpretação do que é ensinado às crianças e aos adolescentes dentro da sala de aula. Desde o ataque à figura de Paulo Freire, o patrono da educação brasileira, até a invenção de fake news como o "Kit Gay" que distorcem a importância da educação sexual, os professores precisam lutar contra a propagação da ignorância que é, na verdade, um plano de governo nessa era das pós-verdades. Não bastasse todos os problemas estruturais da educação nacional que afeta o Brasil desde sempre, o desafio dos nossos mestres é salvar as próximas gerações de um pensamento opressor voltado para a violenta disputa social, somado ao período excepcional que impede a convivência das crianças no ambiente escolar, causando estragos que podem ser irreparáveis no desenvolvimento humano, psicológico e intelectual delas. O Coronga #48 dá voz aos verdadeiros heróis brasileiros que atualmente trocam a lousa e o giz por chamadas de vídeo no Google Meet.

Novos capítulos da política brasileira jogam luz no pântano que nos metemos nos últimos anos e comprovam que estamos cada vez mais próximos de uma ruptura democrática no país, mesmo que alguns nos insistam em nos vender uma ideia diferente disso. Aliás, já poderíamos estar vivendo num estado de ainda mais exceções, não fosse o poder de persuasão do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno, que convenceu Bolsonaro, no último dia 22 de Maio, a não acionar as forças armadas para dissolver o STF, segundo a apuração da revista Piauí do mês de agosto, numa reportagem que chegou a ouvir anonimamente duas pessoas que participaram da reunião em que Bolsonaro teria decidido acabar com o órgão máximo do poder Judiciário com a ajuda do exército. Sim, amigos. Nossa democracia foi “salva” por Heleno. Se isso não é estar por um fio... Desde então, Bolsonaro se calou mas não parou de agir. Tem em seu Ministro da Justiça (André Mendonça) e seu Procurador Geral da República (Augusto Aras) os cães da guarda que farejam tudo e levam o que for preciso ao dono para garantirem, quem sabe, uma vaga no STF - se é que ele vai existir dentro de alguns meses. É por essas e outras que o Coronga volta as suas raizes de cavaleiros do apocalipse nesse episódio #47. Pois como disse Eduardo Bolsonaro há alguns meses: a ruptura é só uma questão de tempo.

O Coronga abre espaço pra ciência e pro conhecimento aprofundado do nosso ambiente físico e como chegamos até aqui. Desde a convivência antiga com os vírus, passando pelos estudos de vacinas e medicamentos, até chegar no mais importante: o investimento em ciência e tecnologia, principalmente em áreas como a biotecnologia. Mesmo sobrevivendo ao coronavírus, a humanidade é desafiada a encarar de frente novas possibilidades de pandemias e reações da natureza cada vez mais recorrentes. O investimento em estudos dos mais variados tipos pode ser a garantia de um maior conhecimento sobre o que está por vir e como podemos encarar da melhor forma o desenvolver natural daquilo que nos cerca. O doutor em biologia molecular Marcelo Bassalo traz mais uma vez seus conhecimentos e sua retórica simples pra assuntos complexos nesse episódio científico do Coronga. Consultar especialistas continua sendo o melhor remédio para chegarmos próximos às respostas concretas que podem pavimentar o caminho do sucesso. E os temas tratados nesse episódio dizem respeito ao prosseguimento da vida na terra e da tentativa de recolocar a humanidade nos trilhos sustentáveis do equilíbrio.

O mundo é dos bilionários, o controle da informação é das Big Techs, a nota é de 200 e o Brasil é do Centrão. Ou melhor, dos Centrões. Se a complexidade das entranhas da política nacional já nos deixava aflitos, agora, a diluição do núcleo duro do Congresso Nacional deixa a disputa pelo poder mais voraz e incerta. A triste notícia é que, pelo andar da carruagem, o campo progressista parece estar longe de conseguir participar desse embate, tendenciando a aceitar apenas ser mais uma das bases de apoio dentro da eleição dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, o que pode ser uma amostragem do que está por vir dentro das próximas eleições municipais no final do ano, até a nacional em 2022. Enquanto isso, o campo jurídico tem travado batalhas inglórias contra as fake news, ao mesmo tempo que os grandes conglomerados de tecnologia são postos contra a parede por políticos dos Estados Unidos. A tentativa de controle e monopólio, não só da informação, tem tornado a concorrência ainda mais desleal, fazendo a roda girar da forma como o 1% acha que deve ser: com os poderosos apenas ficando mais poderosos.

"A função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer". A frase do historiador britânico Peter Burk nunca foi tão urgente como é hoje, nessa era das pós-verdades. Numa década de tensões geopolíticas cada vez mais complexas em todas os cantos do mundo, precisamos fomentar uma interpretação científica atenta dos fatos para nos munirmos com o conhecimento necessário a fim de evitarmos a repetição da história que, ao contrário do que disse Fukuyama após o fim da guerra fria, não terminou e vem se tornando cada vez mais dramática. A nossa convidada dessa edição do Corongados é a professora de história e relacões internacionais Tatiana Vargas Maia que estuda os fenômenos do nacionalismo e da extrema-direita no contexto global contemporâneo e destrincha as razões que viabilizaram a ascensão do que há de pior na política global. Do populismo, que tenta caracterizar o discurso científico como elitista e afastado da realidade das pessoas no intuito de manipular pela ignorância, à nova guerra fria entre EUA, Rússia e China, o Coronga de hoje mostra que o lado sombrio da humanidade não ficou apenas nos livros e filmes que retratam outros tempos - ele ainda está na nossa frente, no presente e que a hora para conscientização e ação é agora, antes que seja tarde demais.

No Coronga #43 constatamos que o neofascismo está sendo mais aceito pela sociedade do que um governo ruim das pernas. O país que já foi o das belezas naturais, do samba e do futebol, agora é o da complacência do absurdo. Tudo por questões econômicas ligadas ao liberalismo tupiniquim que visa exclusivamente a manutenção do status quo. Mais calado, porém não menos letal, Bolsonaro entrou numa verdadeira simbiose com o Centrão, e até mesmo pautas que agradam o campo progressista tem passado em votações quase que de forma unânime, como a questão do FUNDEB. Indícios de uma normalização incentivada por um Congresso Nacional que, em outras oportunidades, travou agendas importantes por conta de governos indignos, mas que não chegavam nem perto de flertar com o fascismo. Falas de atores políticos como a do ex-ministro da economia, Delfim Netto ao Programa de Pedro Bial, exemplificam a sanha por um neoliberalismo econômico que vem sendo implementado no país, a ponto de aceitarem um governo genocida, fechando os olhos e tapando o nariz diante da oportunidade de se estabelecer uma filosofia econômica que agrada o 1% que dita as regras por aqui.

Estamos todos mortos e vivendo uma realidade paralela dentro de uma gigante ilha de Lost chamada Planeta Terra? Ainda não temos a resposta. Mas saber a verdade sobre as coisas não parece ser o que de fato as pessoas estão buscando. Por mais que pareça, acredite, elas estão, na verdade, atrás de mais e mais perguntas e quanto menos respostas obtiverem, melhor poderá ser o engajamento de quem acompanha o enredo. Falamos em enredo, pois é justamente nas séries televisivas de mistério que iniciamos a discussão sobre a manipulação através de perguntas que levam o telespectador à busca voraz por respostas, que podem nunca vir a tona, gerando mais perguntas, chegando ao movimento analisado no artigo “Dois Tiros em Dallas” , escrito pelo jornalista Bruno Teixeira, que participa do episódio #42 (apenas uma coincidência?) e aprofunda mais a questão por trás dos mistérios impostos por séries marcantes como Twin Peaks, Arquivo X e, principalmente, Lost - que reinventou a forma de se acompanhar uma atração televisiva - aprofundando e expandido os mistérios pra fora dos episódios - e o quanto isso pode ter influenciado a forma como as pessoas enxergam e discutem política na era dass pós-verdades, onde teorias da conspiração alimentam o debate político, distanciando a população de discussões realmente vitais, colocando o cidadão apenas como um espectador que se alimenta do show conspiratório de atores políticos que se fazem valer de delírios particulares para perpetuarem o caos com perguntas que não precisam de respostas.

Precisamos urgentemente falar sobre os nossos oceanos, e pra isso o Coronga traz dois oceanógrafos nessa edição do Corongados. Igor Atake e Tito Conte mergulham com a gente em nossas águas profundas e mostram ao mundo que a humanidade se afoga em meio à ilusão capitalista de uma infinidade de recursos que podemos extrair dos mares e da natureza de modo geral. Numa sociedade voltada para o consumo e, por consequência, o descarte, tudo termina no oceano e se volta pra nós. A poluição, a pesca desenfreada, a exploração mineral - que já é considerada a nova corrida do ouro da geopolítica atual - e até mesmo o turismo, aceleram o processo de destruição da biodiversidade dos mares e os efeitos, que já são nefastos, colocam ainda mais em risco a vida humana e de outros seres vivos na terra nesse período Antropoceno. Mais do que nunca deveríamos entender que a natureza reage às ações dos humanos que, de alguma forma, não se sentem parte dela, mas se esquecem que são - e a destruição dos nossos oceanos pode ser considerada a mais violenta afronta contra o planeta em que vivemos. É preciso criar urgentemente uma nova consciência ecológica ou seremos responsáveis por iniciar um novo ciclo de extinção em massa, dessa vez artificial.

O Coronga chega ao episódio #40 e questiona a tentativa de doutrinação ideológica dentro do nosso ensino, principalmente se tratando do que será transmitido para as crianças daqui pra frente. Mesmo com uma educação distante da doutrinação ideológica que os bolsonaristas desejam para as escolas, a falta de espaço para discussões tão importantes como o racismo e o machismo estrutural, além da falta de valorização da história nacional e internacional nas grades escolares, criou gerações muito mais doutrinadas pelos ideais capitalistas do que pelos fatos e como eles se desenvolveram e afetaram o desenvolvimento da sociedade como um todo. O bolsonarismo veio para dar o golpe final na nossa educação e encontra, em seu 4º ministro nesse ano e meio, a figura de um doutrinador teocrático e empresário do ensino privado que coleciona declarações que se aproximam do ideal fascista do clã Bolsonaro, mas sem a cara feia do seu antecessor que assustava alguns seguimentos pelo seu radicalismo escancarado. A nova cara do MEC é um lobo em pele de pastor e, sem causar tanto espanto, poderá continuar o desmonte educacional estabelecido como prioridade pela milícia que tomou o poder no Brasil. Nós não poderíamos deixar de falar do grande sistema de fake news que viabiliza essa doutrinação massificada nas mentes das pessoas que compram esse "novo normal", como é o caso do MBL, um dos protagonistas na criação desse estilo da política de terra arrasada, mas que agora vêm sendo investigado pela PGR, em paralelo ao inquérito das Fake News. O Coronga #40 é um ato político contra a doutrinação e a docilização de uma humanidade cada vez mais propensa a aceitar, de forma inquestionável, os absurdos dessa era das pós-verdades e de crise sistêmica.

O Coronga #39 entra na discussão ética e filosófica que tomou o país após o presidente Jair Bolsonaro assumir que contraiu o COVID-19 nos últimos dias. O presidente tem que morrer? Podemos torcer pela morte de um político que tem um plano de governo genocida em parceria com o próprio vírus? Mesmo doente e correndo risco de perder a vida, Bolsonaro segue com atitudes inconsequentes e sádicas, como publicar um vídeo onde supostamente toma um comprimido de hidroxicloroquina para se curar do coronavírus, mesmo sabendo que a eficácia do remédio não é confirmada e que o medicamento não tem sido recomendado pelos órgãos de saúde mundo afora para o tratamento, pois podem agravar o quadro. Além disso, vetou a obrigação do uso de máscaras pela população e a medição da temperatura corporal por parte dos estabelecimentos. É possível ter empatia e compaixão por um indivíduo que faz uso do vírus para defender devaneios ideológicos pessoais e minimiza a dor de quase 70 mil famílias que perderam um ente querido com um “e daí?”? O Coronga não fica em cima do muro e segue apontando pontos cruciais que determinam que Jair Messias Bolsonaro não deve ser tratado como um político comum. No mínimo, a lei do retorno seria muito bem-vinda pra salvar o país das mãos do capitão genocida. No âmbito interncional, falamos sobre os desdobramentos de uma importante auditoria que tenta obrigar a maior empresa de redes sociais do mundo a se responsabilizar pela propagação de notícias falsas, bem como comentamos sobre a derrocada cada vez mais assustadora do presidente estadunidense, Donald Trump, que assume um discurso cada vez mais fascista de forma proporcional à queda do seu índice de popularidade.

Um quadro admirável e promissor do campo progressista brasileiro, a filósofa, professora e artista Marcia Tiburi é a convidada desse edição do Corongados e se propõe a debater questões urgentes do nosso país, num momento crucial da história, onde convivemos com o que há de pior da humanidade à frente da nação brasileira. Em 2015, Tiburi já nos alertava da ameaça iminente do fascismo na sociedade brasileira e escreveu o comentado livro “Como Conversar com um Fascista”, quase que prevendo o que estava por vir. Outras obras como “Ridículo Político” de 2017 e “Delírio do Poder” de 2019 também explicam a trágica situação que o brasileiro se enfiou e agora precisa se livrar urgentemente. Marcia não se limita apenas ao debate, também se esforça para que as coisas mudem de fato e em 2018 se candidatou ao governo do estado do Rio de Janeiro pelo PT, conquistando 5,85% dos votos no 1º turno, no pleito vencido por Wilson Witzel (PSC) em 2º turno contra Eduardo Paes (DEM). Tiburi acredita que a política precisa ser praticada por pessoas comuns e tem estimulado mais candidaturas femininas nas próximas eleições. Mesmo na França, onde cumpre um autoexílio após sofrer inúmeras ameaças por milícias digitais dando aulas de filosofia na universidade Paris 8, a filósofa e artista plástica se torna uma das vozes mais relevantes e lúcidas da esquerda nacional e entra de cabeça no debate profundo sobre grandes questões brasileiras em um episódio histórico do Coronga.

O Coronga #37 pega carona na garupa dos entregadores por aplicativo do país e aproveita a histórica greve de 1º de julho pra destacar o estopim do caos econômico gerado por um sistema capitalista voltado para o acúmulo da riqueza de poucos, enquanto o cidadão comum trabalha mais para ganhar menos e é exposto a mais riscos sem a garantia de uma reparação por parte das corporações que eles se veem obrigados a servir. Num momento em que a maior parte dos países do mundo se reúne com a @onubrasil para estudar as reformas de um sistema que claramente não funcionou durante a pandemia e tem aumentado cada vez mais a concentração de renda, seguimos denunciando o trajeto da destruição e isolamento do Brasil por conta do clã Bolsonaro e de seus apoiadores, temerosos que o silêncio do presidente implique no esfriamento do debate sobre a deposição de um chefe de estado irresponsável e genocida que já cometeu inúmeros crimes comuns e de responsabilidade até aqui, mas que continua à frente do país demonstrando, através de ameaças, que é possível imobilizar e impedir que as instituições funcionem, inviabilizando o pleno funcionamento do nosso Estado Democrático de Direito.

O debate sobre o racismo estrutural parece tomar corpo numa sociedade sujeita a um maquinário social onde os brancos, em sua maioria, ocupam os cargos de poder mais altos e são os que conseguem acumular mais capital e, consequentemente, poder, perpetuando um ciclo vicioso de marginalização do cidadão preto. Pra falar com profundidade e autoridade sobre o tema, o Corongados recebe o sociólogo congolês Serge Katz, que enfatiza a democratização e consolidação do continente africano. Katz passou boa parte da vida na República Democrática do Congo e se utiliza dessa vivência para fazer análises importantes - não só sobre a África - mas também sobre questões raciais e nacionalistas na França e, claro, no Brasil, país onde vive há 12 anos. O Coronga enxerga que esse é o momento definitivo para as pessoas brancas encararem esse debate de frente, ao escutarmos o que os que sentem na pele o racismo estrutural diário tem a dizer, nos orientando sobre como devemos agir para chegarmos cada vez mais perto da verdadeira igualdade entre as pessoas, independente da cor da pele de cada um.

O episódio #35 continua a relatar a saga brasileira de deteriorização do país mundo afora. A questionável entrada do ex-ministro fujão Abraham Weintraub nos Estados Unidos - que neste momento restringem a entrada de brasileiros no país - antes de ter confirmada a sua entrada no Banco Mundial, é apenas um dos sintomas erráticos de um país que não vai nada bem. O mundo segue observando, com espanto, a situação da pandemia e a política genocida de Jair Bolsonaro que destrói vidas, famílias e o país de modo geral, enquanto o presidente finge que nada acontece ao tentar acelerar a retomada econômica antes de existir o menor indício de trégua por parte do vírus. Políticos que apostaram no afrouxamento da quarentena pressionados pelo chefe do executivo, já enfrentam a consequência: corpos, e agora tentam voltar atrás depois que o estrago já está feito - O Brasil é o país do coronavírus. Mais do que isso, somos o país que vê um ministério do meio ambiente sendo foco de atenção de órgãos internacionais em relação ao desmatamento desenfreado encabeçado por um ministro que não tem medo de passar a boiada enquanto o COVID-19 rouba os holofotes do descalabro ruralista. O Brasil mostra sua cara mais horrenda pro mundo, que tenta de alguma forma combater esse vírus que ceifou a vida de uma nação tão sadia e bem-vista mas que agora está muito doente, na UTI.

Uma voz dissonante no meio jurídico punitivista brasileiro, a advogada Flávia Fróes, que atua principalmente no Rio de Janeiro, é criminalista e Presidenta do Instituto Anjos da Liberdade e Ativista por Direitos Humanos. Ela nos explica como o sistema penitenciário, num país desigual como o nosso, acaba sendo a principal forma de controle social da pobreza ao se sustentar na falsa guerra às drogas, que serve como pano de fundo pra prender e exterminar pessoas pobres e, por consequência da desigualdade, a população preta. Considerada uma referência em direitos humanos, a convidada dessa edição do Corongados chama a atenção da mídia internacional por ser linha de frente na defesa de traficantes internacionais e integrantes de facções criminosas que surgiram dentro dos presídios nos últimos anos como forma de organização e defesa dos detentos dentro de um sistema carcerário infernal - tais facções acabaram se consolidando fora das cadeias e redesenhando o crime organizado de todo o país. Flávia tem muito mais a oferecer do que a defesa de pessoas acometidas por crimes como o tráfico de drogas: a advogada é voz de destaque na construção de uma justiça brasileira menos punitivista e de um Brasil que ofereça mais condições para a população pobre não só sobreviver, mas emergir socialmente - e para que as penas privativas de liberdade se tornem exceção e não regra, como acontece em países com maior justiça social. Ela trata também da indignidade do detento nas prisões superlotadas país afora, o que dificulta a sua ressocialização para que volte a ter uma convivência social com oportunidades reais. Um papo imperdível pra quem deseja debater sem tabus questões tão essenciais para a nossa verdadeira evolução como sociedade.

O Brasil segue pegando fogo! O episódio #33 do Coronga começa quentíssimo com BREAKING NEWS da prisão de Fabrício Queiroz, amigo e ex-assessor do clã Bolsonaro e detalhes importantes sobre o caso. Enquanto isso, os países atingidos duramente pelo COVID-19 praticam retomadas seguras e a reabertura cautelosa da economia, já por aqui vivemos o acelero de um país que nunca sequer entrou numa quarentena de fato e agora, de forma desesperada, tenta retomar uma rotina com o vírus ainda solto por aí no momento em que estamos atingindo os 50 mil óbitos em todo território nacional. A política segue o mesmo ritmo caótico. Terroristas presos (agora o Queiroz também), empresários bilionários, deputados investigados e um presidente que promete reagir com rispidez aos avanços das instituições democráticas contra seu desgoverno - autoritário e fascista - e seus aliados. O episódio #33 nos traz a imagem do Brasil no exterior, totalmente deteriorada por um governo que, além do seu autoritarismo, impõe a ignorância como base de um projeto voltado para o conflito, utilizando a hostilidade como escudo e nos distanciando ainda mais da imagem que um dia já tivemos como nação perante ao mundo. O Brasil passa pelo maior vexame internacional de sua história. E deve ficar ainda pior.

No Brasil, país em que o judiciário é utilizado como arma política e, consequentemente, como vetor de propagação do fascismo, vozes como a do Juiz de Direito Rubens Casara são vitais para a conscientização da importância do Estado Democrático de Direito e para alertarem que já estamos distantes de uma democracia plena ou, como ele costuma dizer, que instaurou-se uma pós-democracia no Brasil. Autor de obras literárias que já há algum tempo chamam a atenção para a deturpação da verdadeira justiça em benefício do topo da pirâmide capitalista, deixando de lado a verdadeira essência dos atores que compõem o tabuleiro do judiciário brasileiro, o convidado dessa edição do Corongados nos apresenta parte da visão compartilhada em seu novo livro, ainda em pré-venda: “Bolsonaro: o Mito e o Sintoma”, a ser lançado pela editora Contracorrente e que trilha o caminho da nossa democracia em vertigem desde o arbitrário impeachment de Dilma Rousseff até o momento presente em que somos governados por um clã descaradamente neofascista. No país onde o então juiz federal Sergio Moro aceitou fazer parte do governo que enfrentou nas urnas o projeto político de uma figura condenada por ele, debater ideias e propor novos caminhos parece ser algo muito mais nocivo do que subverter a lei em prol de anseios pessoais e projetos neoliberais de poder político. Casara e sua família pagam caro o preço por se manifestarem como cidadãos intelectuais. Ao estimularem debates necessários para o Brasil, incomodam aos que não admitem a possibilidade de mudanças estruturais que viabilizem a diminuição da desigualdade, o combate ao racismo e o desenvolvimento sustentável da economia em prol do meio ambiente. O juiz, que nessa entrevista fala pro Coronga como professor e escritor, relata numerosas e graves ameaças a sua integridade e de sua esposa, a filósofa Márcia Tiburi, que hoje vive na França. A voz de uma figura tão importante e tão conhecedora das entranhas das máquinas social, jurídica e política brasileiras jamais pode deixar de ter destaque e a disseminação dessas ideias é o dever desse Podcast e de nossos ouvintes.

O Coronga #31 volta às raizes e traz os últimos acontecimentos dos dias que se passaram e perspectivas sobre a política nacional, pandemia da COVID-19 e a luta contra o fascismo. Bolsonaro vê o cerco se fechando cada vez mais em torno da queda do seu governo fascistóide por conta da atuação de membros dos demais poderes que decidiram, enfim, se movimentarem para defender a Constituição. No entanto, Jair ainda reage apoiado na covardia do presidente da Câmara dos Deputados que continua se omitindo, enquanto o chefe do executivo senta no colo do Centrão com a recriação do ministério das comunicações - agora nas mãos do genro de Silvio Santos - além de usar descaradamente a Polícia Federal como arma política pra perseguir adversários. O inquérito das fake news pode ser a arma correta e mais necessária pra cassar a chapa presidencial formada por Jair Bolsonaro e seu vice Hamilton Mourão, porém, sabemos que o clã bolsonarista jamais aceitará a deposição do governo e reagirá com cada vez mais truculência e sem nenhum escrúpulo para se manter no poder. Tudo isso continuará acontecendo em meio a uma pandemia que assume um contorno cada vez mais dramático para os brasileiros e as famílias que perdem entes queridos a cada minuto no país, enquanto governantes decidem pela reabertura do comércio levando a população direto ao matadouro e o sistema de saúde pública ao colapso.

Diplomata brasileiro, professor e ex-participante do BBB. Um personagem com a cara do Coronga sabatinado em mais uma edição do Corongados. Atualmente vivendo no Paquistão, Rômulo Neves se vê debruçado sobre o as complexidades do COVID-19 bem como seus reflexos políticos e diplomáticos mundo a fora. Outros assuntos vêm a tona no contexto geopolítico contemporâneo, como a guerra comercial entre EUA x China e o crescente autoritarismo na Europa, que pautam discussões importantes nesse momento crucial da nossa história como espécie humana. Falar de COVID-19 é falar também do descaso à brasileira com o vírus - dado que a imagem do nosso país está mais abalada do que nunca. O Corongados de hoje traz aos nosssos ouvintes um compilado dos diversos efeitos de uma pandemia histórica na visão de um importante diplomata brasileiro com vasta experiência de vida.

A revolta do povo preto parece atingir seu momento de estopim em países como os Estados Unidos e o Brasil, onde a esmagadora maioria da população preta vive à margem da sociedade. Vítima do sistema e da violência policial, o cidadão da pele preta tem visto seus semelhantes perdendo suas vidas e sofrendo ameaças em situações que não chegam a beirar o absurdo, porque são o próprio absurdo. Pra falar sobre os últimos protestos mundo a fora e o momento atual trazendo parte da carga que carrega o povo afrodescendente, o Coronga #29 traz dois jornalistas pretos com suas bagagens de vida, para nos aproximarmos da realidade e incitarmos um debate em prol de um mundo igualitário. Falar sobre racismo é falar de toda uma estrutura friamente calculada para manter o povo preto no andar inferior, enquanto fingimos estar todos no mesmo plano - uma verdadeira mentalidade neocolonialista. A cobertura jornalística dos épicos acontecimentos recentes também aponta para o racismo estrutural da sociedade dentro das redações e dos veículos de comunicação. É a nossa obrigação propor um jornalismo menos racista. O Coronga agradece aos jornalistas Danilo Leone e Elias Aredes por toparem compartilhar suas vivências e sentimentos com todos nós.

Domingo, 31 de Maio de 2020. O dia em que iniciamos, de fato, a luta nas ruas contra o neofascismo bolsolavista. E como o Brasil é o país do plot twist, quem iniciou essa batalha campal foram membros de torcidas organizadas do futebol de São Paulo, que como cidadãos, cansaram de ver a marcha fascista desfilar por aí, enquanto a sociedade, de quarentena, assistia acovardada o avanço do neonazismo e ideias que já deveriam ter sido extirpadas da sociedade. Mas, diferente do que vimos nas últimas semanas, dessa vez a polícia resolveu agir contra os manifestantes. Não contra quem carrega imagens que remetem ao fascismo, sem nenhum pudor de parecer e se declarar membro desses movimentos, mas sim contra aqueles que resolveram tentar dar um basta nas agressões democráticas que o país tem sofrido dia após dia. A guerra começou de fato e o Coronga #28 chega colocando ainda mais fogo na luta contra o Fascismo. Já dizia Shakespeare: “Estas alegrias violentas tem fins violentos. Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora. Que num beijo se consomem.”

Duas operações envolvendo a Polícia Federal e os três poderes dão o tom do que será o Brasil dos próximos tempos. A queda de braço, já destacada pelo Coronga no #23, tende a se tornar uma disputa cada vez mais belicosa, inclusive com o próprio presidente deixando claro que deseja armar a população para um confronto civil armado ao parafrasear Benito Mussolini. Já dentro desse cenário apocalíptico, Bolsonaro usa a ala bolsonarizada da PF como instrumento de guerra para colocar em prática seu plano autoritário de intimidação aos seus desafetos políticos, iniciando sua derrocada no seu berço eleitoral - o Rio de Janeiro de Wilson Witzel - onde, recentemente, o Presidente deixou claro que gostaria de ter o controle do que acontece em relação às operações e investigações policiais. Por outro lado, a mesma PF se vê obrigada a investigar, no intuito de desmantelar, o esquema criminoso de fake news que toma conta da internet como explicado no detalhe em nosso ep. #26, e tem como principais agentes figuras do espectro bolsolavista, cujo principal objetivo é tumultuar ainda mais a já fragilizada democracia do país, na tentativa de transformar poderes independentes numa coisa só, solidificando a ditadura teocrática neofascista tupiniquim. O Coronga #27 navega entre essas operações, em um dos momentos mais cruciais da história do Brasil, onde o movimento das peças desse jogo de xadrez disputado por quem defende o estado democrático de direto e a vida contra a trupe que todos os dias da passos rumo a consolidação do que há de mais psicopata na política moderna, precisa ser muito bem estudado.

A nova edição do Corongados traz pra vocês uma entrevista com a coordenadora de campanhas da Avaaz, Laura Moraes, sobre a desinformação em forma de fake news e o seu impacto no Brasil e no mundo. Utilizada como arma de guerra em eleições, a propagação de notícias falsas viabilizou, dentre outras coisas, a vitória de políticos como Trump e Bolsonaro, fizeram vingar movimentos extremistas infundados como o Brexit (a saída da Grã-Bretanha da União Europeia) e o genocídio étnico dos rohingya em Mianmar que até poucos anos atrás seriam atos inimagináveis. Se esses fatos já não são o suficiente pra voltarmos nossa atenção ao tema, em tempos de pandemia as fakes news MATAM ao vulnerabilizarem a população, ao levarem pessoas a acreditarem que o COVID-19 é mais uma invenção da mídia e de políticos que têm como objetivo implementação do comunismo - sempre ele - mundo afora. Além de tentarmos entender a profundidade do problema desde a raiz, a conversa também aborda questões como o uso em massa de robôs para a propagação de informações inverídicas, o uso de paywall pela grande mídia o que acaba afastando a população da verdade pela inacessibilidade, algoritmos que nos induzem a consumir ideias extremistas e anticientificistas, a discussão sobre o PL 1.429/20 que visa introduzir normas na internet, hoje praticamente desregulada, que envolvem a liberdade de expressão e sobre quem fiscaliza, ou deveria fiscalizar, o que deve ou não ser postado nas redes sociais. Uma entrevista que não só discute amplamente a desinformação, como também orienta e traça caminhos que podem ser seguidos daqui pra frente para que, quem sabe, possamos discutir apenas verdades no futuro.

País da Milícia. País da Ignorância. País do Bolsonarismo. País da Cloroquina. País que deveria ser de João Pedro, Ágatha e de muitas outras crianças, que são sufocadas e mortas diariamente pelo Apartheid social que insiste em perseguir pretos e pobres. Enquanto a população insiste em não encarar de frente a questão, continuaremos tomando um banho de sangue de crianças inocentes que tiveram sonhos interrompidos. O sonho de ser o ponto fora da curva do país, a exceção à regra, do preto que venceu barreiras impostas por um país racista e elitista, interrompido. Pra que isso pare de acontecer precisamos debater a fundo o tema e o Coronga #25 vai além, falando de questões da nossa educação, falando da importância de debatermos política e nos tornarmos um país mais politizado, para quem sabe um dia chegarmos ao básico em que vidas pretas tenham o mesmo valor que vidas brancas. Discutimos também o papel da mídia na disseminação de boas e más informações e o palanque desnecessário que nosso jornalismo tem dado para pessoas anticiência que estão condenando o nosso povo ao extermínio. Não tá fácil pra ninguém, mas tá ainda mais difícil pra quem se encontra, todos os dias, às margens da sociedade. O que todos podemos fazer é nos conscientizar cada dia mais para enfrentarmos toda essa injustiça e ignorância.

O Coronga recebe o economista e consultor em inovação, Felipe Watanabe, pra falar, sem nenhum tabu, sobre a versatilidade da Cannabis Sativa, popularmente conhecida como maconha ou marijuana. Além da ampla discussão sobre o uso medicinal da erva, existe também um importante lado econômico e sustentável a respeito da planta quando falamos do Cânhamo, que pode ter mais de vinte e cinco mil utilidades, desde a produção de papel, até substituindo o concreto na construção civil, sendo uma opção sustentável ao não gerar danificar o ecossistema como outros tipos de insumo (petróleo), mas que hoje é infelizmente ignorada por sociedades conservadoras como o Brasil. Pouco se discute sobre a viabilização do uso dessa matéria-prima em escala industrial e os motivos residem numa cultura de demonização do tema, e interesses econômicos de quem está no topo da pirâmide. A Cannabis, que durante toda a história da humanidade serviu ao ser humano de alguma maneira, hoje é utilizada por influenciadores e políticos conservadores para reforçar preconceitos e esteriótipos criados há menos de 100 anos. Caso a sociedade tivesse acesso às informações corretas sobre os enormes benefícios sociais e econômicos que a planta pode oferecer, o cenário poderia ser outro - e essa é a provocação desse #24. Ao conversar com um especialista no assunto, o Coronga abre a gaveta e aborda o tema como tem de ser, sem os tabus tradicionais sobre o uso da erva e de outras substâncias que mexem com a psiquê humana e podem contribuir de inúmeras formas inesperadas para a evolução da nossa sociedade.

A quarentena tem aflorado os ânimos do brasileiro em meio aos vírus mortais que tem tomado conta do noticiário, inclusive, pautando o Coronga desde o seu 1º episódio. Tanto o COVID-19, como a ignorância, tem elevado o stress a décima potência e nos deixado à flor da pele, prontos para o bate-boca virtual que tem infestado redes sociais como o Twitter, quase inabitável nesse período. Porém, o período exige que olhemos pro lado e reconhecemos nossos aliados e encaremos de frente os reais inimigos. O Coronga, em seu episódio #23, levanta mais uma vez a bandeira da tolerância a quem se opõe ao fascismo, mesmo com todas as outras diferenças ideológicas e deslizes dos semelhantes. É o momento de estarmos atentos aos movimentos dos adversários e também de como a geopolítica se move ferozmente num cenário muito semelhante ao da Guerra Fria, ainda envolvendo os Estados Unidos que agora encaram a potência chinesa em guerras de narrativas sobre a origem do coronavírus, além da já bem conhecida guerra comercial entre esses países, gerando consequência em todo o cenário global. Vivemos um período pra lá de excepcional, com muita coisa em jogo. É preciso seguir atento.

O momento não permite que os bons fiquem calados. O Coronga #22 é um apelo para que as pessoas tenham contundência no combate ao fascismo iminente e escancarado por figuras políticas como Jair Bolsonaro e quem ainda insiste em ficar no mesmo barco do presidente do Brasil. Não existe mais diálogo com esse tipo de gente, não existe polarização entre direita e esquerda no país. No momento o único objetivo de quem é a favor da vida é combater até o último fio movimentos como o bolsoolavismo que ressuscitaram o fascismo, agora encapado pelo combo religião + internet e que tem como principal objetivo o extermínio de tudo o que não é semelhante. O trabalho precisa ser feito agora ou o fascismo triunfará e destruirá a verdadeira liberdade das próximas gerações. Não é sobre política, é sobre vida. É sobre o combate incessante desse mal que insiste em voltar de tempos em tempos, de formas diferentes, porém com o mesmo objetivo de exterminar pessoas e impor o domínio de poucos.

Nesse episódio #21 abordamos um dos principais pilares que vem sustentando as reflexões do Coronga sobre como a humanidade chegou até esse momento histórico. Abordamos a fundo a seita por trás de políticos e poderosos que, usando apenas a palavra Jesus (e não propriamente a palavra e os ensinamentos bíblicos tradicionais) vem há algum tempo exercendo uma cada vez mais forte influência no cenário geopolítico com tentáculos em diversos países, inclusive fora do ocidente. Sem deixar rastros, essa organização tem se utilizado de políticos inescrupulosos que passam longe do verdadeiro discurso que representa o genuíno pensamento cristão e hoje estão no topo do poder com governos destrutivos a democracia e a vida, em prol dos interesses da elite - os homens a quem Deus ama. Cada vez mais parece invisível e inútil o muro que até então separava o estado da igreja.

O Coronga chega ao seu episódio #20 e pra comemorar esse marco do início da nossa caminhada, apresentamos um novo formato que também fará parte do nosso conceito de podcast: as entrevistas. O Corongados traz como primeira entrevistada Ludmila Balanin, que hoje realiza trabalhos humanitários para a ONU, mas há pouco tempo atrás viveu entre os refugiados venezuelanos na Colômbia e em Roraima. Como se não bastasse, decidiu ir para a Turquia encarar de frente a questão dos refugiados da guerra civil Síria, que completou 9 anos em março. Em tempos de pandemia em que ações humanitárias afloram na sociedade, Ludmila nos ensina o quão necessário é viver e experienciar a dor do próximo, abdicando de privilégios para chegar mais perto do que o outro está sentindo e assim agir com humanidade no trato com quem está em situação de extrema vulnerabilidade. Num mundo onde a empatia parece só aparecer na proximidade da dor, a lição que fica é de que poderíamos estar num ambiente menos hostil caso fomentássemos em nós a capacidade de sentir pelo outro antes do sofrimento bater em nossa porta.

Vida que segue no governo Bolsonaro após a saída de Sérgio Moro. Se bem que vida não é bem a palavra que define essa gestão, já que mortes e mais mortes recaem na conta de um capitão irresponsável que continua não se importando com o número de óbitos confirmados no país e nem pensa em levar a sério o que está por vir. Para Jair Bolsonaro o que realmente importa é colocar em prática o seu plano de controle no intuito de blindar sua prole e continuar regendo o país na base do medo, através de uma rede de mentiras que funciona a todo vapor pra manter uma base de pessoas que ainda sustentam o ideal bolsonarista viva e aquecida. Em paralelo, o mundo olha para o Brasil com ar de incredulidade e repreensão enquanto países que já viveram o pico da curva de contágio discutem uma retomada lenta e gradual de uma vida pré covid-19, ainda sem a certeza de que o vírus vai nos deixar seguir em frente sem novas ondas de contaminação. Contaminação essa que poderia estar sendo melhor combatida caso o Brasil tivesse leis que buscassem a verdadeira justiça social. No segundo país com maior concentração de renda do mundo, ainda há forte resistência por parte de grupos econômicos e políticos oligárquicos à tributação de renda e patrimônio da parcela mais rica de nossa sociedade. Até quando permitiremos que a elite controle todo o dinheiro e saia ilesa ao tentar enganar a classe trabalhadora e fazê-la trabalhar em meio à pandemia, o que vai contra todas as recomendações da OMS e de governos verdadeiramente comprometidos com seus povos de todos os espectros políticos? Além do apocalipse brasileiro, discutimos uma situação inusitada, uma vez que em qualquer outro momento da história - se o Pentágono divulgasse oficialmente vídeos de OVNI's que mostram objetos não identificados viajando a velocidades insanas, violando as leis conhecidas da física e tudo o que sabemos sobre propulsão - seria uma grande notícia. Mas, em abril de 2020, não damos a mínima. Não estamos loucos (ainda) e o Coronga #19 está aí pra fazer você pensar em tudo isso e muito mais.