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Varal Celeste está no ar!E aí cruzeirense, tudo bem com vc?No episódio de hoje tivemos:Ceará x CruzeiroEscalação.Análise do jogo.Gabigol precisa analisar o que quer da vida.O gol sai nas costas do William, mas o erro não vem dele.Erros que fazem pagar o preço.Léo Jardim e a situação dele no clube.Expectativa acaba sendo quebrada.Situação de tabela.Portais de notícias: Globo Esporte — Cruzeiro Deus me Dibre — Cruzeiro No Ataque — Cruzeiro Itatiaia — Cruzeiro O Tempo — Cruzeiro SamucaTV Central da Toca FB TVE aí, curtiu o episódio?Compartilhe com a galera!Se cuidem pessoal!Abraços!Redes sociais: Twitter pessoal: @VaralCeleste Instagram da coleção/podcast: @varalceleste
A madrugada transforma o jardim num terreno de puro risco e desejo. Um homem à espreita, meio oculto pela sombra, pronto pra incendiar o que era silêncio. É se perder no escuro só pra ser encontrado do jeito mais indecente possível.
Há criadores que operam dentro das fronteiras técnicas do seu ofício. E há outros que as redesenham. Manuel Pureza pertence à segunda categoria — a dos artistas que não apenas produzem obras, mas insinuam uma forma diferente de olhar para o mundo. Ao longo da última década, Pureza foi aperfeiçoando um dialeto visual singular: um equilíbrio improvável entre humor e melancolia, entre disciplina e improviso, entre ironia e empatia. Cresceu no ritmo acelerado das novelas, onde se aprende a filmar com pressão, velocidade e um olho permanentemente aberto para a fragilidade humana. Dali trouxe algo raro: um olhar que recusa o cinismo fácil e que insiste que até o ridículo tem dignidade. Na televisão e no cinema, a sua assinatura tornou-se evidente. Ele filma personagens como quem observa amigos de infância. Filma o quotidiano com a delicadeza de quem sabe que ali mora metade das grandes histórias. Filma o absurdo com a ternura de quem reconhece, nesse absurdo, o lado mais honesto do país que habita. Um humor que pensa Pureza não usa humor para fugir — usa humor para iluminar. Em “Pôr do Sol”, o fenómeno que se transformou num caso sério de análise cultural, a comédia deixou de ser apenas entretenimento. Tornou-se catarse colectiva. Portugal riu-se de si próprio com uma frontalidade rara, quase terapêutica. Não era paródia para diminuir; era paródia para pertencer. “O ridículo não é destrutivo”, explica Pureza. “É libertador.” Essa frase, que poderia ser um manifesto, resume bem o seu trabalho: ele leva o humor a sério. Independentemente do género — seja melodrama acelerado ou ficção introspectiva — há sempre, no seu olhar, a ideia de que rir pode ser um acto de lucidez. Num país onde o comentário público tantas vezes se esconde atrás da ironia amarga, Pureza faz o contrário: usa a ironia para abrir espaço, não para o fechar. A ética do olhar Filmar alguém é um exercício de confiança. Pureza opera com essa consciência. Não acredita em neutralidade — acredita em honestidade. Assume que cada plano é uma escolha e que cada escolha implica responsabilidade. Entre atores, essa postura cria um ambiente invulgar: segurança suficiente para arriscar, liberdade suficiente para falhar, humanidade suficiente para recomeçar. Num set regido pelo seu método, a escuta é tão importante quanto a técnica. E talvez por isso os seus actores falem de “estar em casa”, mesmo quando as cenas são emocionalmente densas. A câmara de Pureza não vigia: acompanha. É aqui que a sua realização se distingue — não por uma estética rigorosa, mas por uma ética clara. Filmar é expor vulnerabilidades. E expor vulnerabilidades exige cuidado. Portugal, esse laboratório emocional O país que surge nas obras de Pureza não é apenas cenário: é personagem. É o Portugal das contradições — pequeno mas exuberante, desconfiado mas carente de pertença, irónico mas sentimental, apaixonado mas contido. É um país onde a criatividade nasce da falta e onde o improviso se confunde com identidade. Pureza conhece esse país por dentro. Viu-o nos sets frenéticos das novelas, nos estúdios apressados da televisão generalista, nas equipas improváveis de produções independentes. E filma-o com um olhar feito de amor e lucidez: nunca subserviente, nunca destructivo, sempre profundamente humano. Há nele uma capacidade rara de observar sem desistir, de criticar sem amargar, de rir sem ferir. Infância, imaginação e paternidade Numa das passagens mais íntimas desta conversa, Pureza regressa à infância — não como nostalgia decorativa, mas como território de formação. A infância, para ele, é o sítio onde nasce a imaginação, mas também o sítio onde se aprende a cair, a duvidar, a arriscar. Esse lugar continua a acompanhar o seu trabalho como uma espécie de bússola emocional. Falar de infância leva inevitavelmente a falar de paternidade. Pureza rejeita a figura do pai iluminado, perfeito, imune ao erro. Fala antes da paternidade real: aquela onde se erra, se tenta, se repara, se adia, se volta a tentar. A paternidade que implica fragilidade. A paternidade que obriga a abrandar num mundo que exige velocidade. Talvez seja por isso que, quando dirige, recusa o automatismo: a vida, lembra, é sempre mais complexa do que aquilo que conseguimos filmar. Escutar como acto político Se há uma frase que atravessa toda a conversa, é esta: “Nós ouvimos pouco.” No contexto de Pureza, ouvir é um verbo político. Num país saturado de ruído, opiniões rápidas e indignações instantâneas, escutar tornou-se quase um acto contracultural. Ele trabalha nesse espaço de atenção — aquele que permite às pessoas serem pessoas, antes de serem personagens, headlines ou caricaturas. É por isso que o seu trabalho ressoa: porque devolve humanidade ao que, tantas vezes, o discurso público reduz. O que fica No final, a impressão é clara: Manuel Pureza não realiza apenas obras. Realiza ligações. Realiza espelhos que não humilham. Realiza pontes entre o ridículo e o sublime. Realiza histórias que, ao invés de nos afastarem, nos devolvem uns aos outros. Há artistas que acrescentam ao mundo um conjunto de imagens. Pureza acrescenta uma forma de ver. E num tempo em que olhar se tornou um acto cada vez mais acelerado — e cada vez menos profundo — isso não é apenas uma qualidade artística. É um serviço público da imaginação. LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO Esta transcrição foi gerada automaticamente. A sua exatidão pode variar. 0:12 Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação? Hoje recebemos alguém que não apenas realiza séries e filmes, mas realiza no sentido mais profundo do termo, a forma como olhamos para nós próprios, a maneira como nos espelhamos. 0:28 Manuel pureza é daqueles criadores que trabalham com rigor e com leveza, com inteligência, com humor, com disciplina e com um caos. Ele cresceu nas novelas, aprendeu a filmar sob pressão, descobriu um olhar que combina ternura com ironia e tornou se uma das vozes mais originais da ficção portuguesa. 0:46 E é capaz de pegar no ridículo e transformá lo em verdade, de pegar no quotidiano e transformá lo em drama, de pegar no drama e transformá lo em riso. Tudo sem perder a humanidade, o coração e a ética de quem sabe que filmar é escolher, ter um ponto de vista e que escolher é sempre um ato moral. 1:06 Neste episódio, abrimos as portas ao seu processo criativo, às dúvidas e às certezas, às dores e às gargalhadas, às memórias da infância e às inquietações da idade adultam. Falamos de televisão como um espaço de comunhão. Das novelas como um ginásio, do humor, como o pensamento crítico da arte de ouvir e de ser pai no mundo acelerado, da vulnerabilidade que existe por detrás de uma Câmara e, claro, de Portugal, este país pequeno, cheio de afetos e de feridas, onde tudo é simultaneamente muito absurdo e muito verdadeiro. 1:38 Pureza fala com profundidade e como honestidade às vezes. Desconcertante é uma dessas conversas em que senti que estamos a ver para além do artista, estamos a ver a pessoa, a sensibilidade das dúvidas, a Esperança e a inquietação de alguém que pensa o mundo através das histórias que nos conta. 2:05 Ao longo desta conversa, percebemos como as histórias, para Manuel pureza, não são apenas entretenimento. São uma estrutura emocional de uma forma de organizar o caos, uma linguagem antiga que herdamos mesmo antes de sabermos ler ou escrever. Falamos do poder das narrativas para dar sentido à vida, mas também do seu lado perigoso, porque todas as histórias têm um ponto de vista, todas têm escolhas e omissões, todas moldam a forma como vemos o que é real. 2:33 E ele, pureza. Assume isto sem medo. Assume que filma com olhar assumidamente subjetivo e que essa subjetividade é precisamente a sua assinatura. Não procura parecer neutro, procura ser honesto. Também exploramos a sua relação com o humor. 2:49 O humor que nunca é cínico, nunca é cruel, nunca é gratuito. O ridículo não é uma arma para diminuir os outros. É uma maneira de libertar, de expor o que há de comum entre nós, de desmontar o que é pomposo e de aliviar o peso de viver. 3:04 Diz na própria conversa que tudo pode ser ridículo e isso é uma forma de Redenção. O riso organiza o pensamento, afia o espírito, desarma o mundo e, talvez por isso, o pôr do sol. A série tem sido mais do que um fenómeno cômico, foi um fenómeno emocional quase terapêutico. 3:20 Um espelho carinhoso onde Portugal se reviu e se perdoou, um bocadinho. Falamos da ética, da ética, do olhar, de como se almar alguém. É sempre um ato de intimidade. De como se cria confiança dentro de um set de filmagens, como se dirige atores diferentes, como se acolhe fragilidades? 3:38 Várias. E falamos da amizade e esse tema que atravessa todo o trabalho de pureza, porque para ele, realizar não é apenas uma técnica, é uma escuta, uma presença, um cuidado. Ouvimos muitas vezes ao longo deste episódio, uma afirmação quase simples. Nós ouvimos pouco. 3:55 E quando alguém é capaz de. A olhar tanto e nos diz que ouvimos pouco. Vale a pena parar para escutar. E, claro, falamos de Portugal, um país pequeno, por vezes cínico, com uma profunda tendência para desconfiar do sucesso alheio. Um país que pureza filma com ironia, amor e lucidez. 4:14 E da inveja. Claro que falamos da inveja no país das novelas, do improviso, da criatividade teimosa, das personagens maiores que a vida. O país que ele conhece por dentro e por fora, e que aprende a amar com o humor, mesmo quando o humor é a única forma de suportá lo. Num dos momentos mais belos da conversa, falamos da infância, esse lugar de Liberdade, de curiosidade, de imaginação que pureza tenta manter vivo dentro de si. 4:39 E falamos também do que é ser pai, dos medos que isso acende, da responsabilidade que isso traz. Da paternidade iluminada, mas da paternidade real, onde se falha, se tenta, se repara, se ama e se recomeça. É um episódio cheio de emoções, pontos de vista e algumas surpresas. 5:01 Viva. Manuel pureza, olá, nós encontramo nos e na realidade, temos que dizer às pessoas desde já que há 2 características que nos unem na vida OKA primeira, gostar de pessoas. A segunda, sermos hipocondríacos. Ah, poças? 5:17 Bom, estou em casa sim, sim, sim. Poça altamente hipocondríaco? Sim. Olha, fala me das pessoas, para quem? Para quem não te conhece. Tu és realizador, és um dos mais originais e interessantes realizadores da ficção portuguesa, nomeadamente essa telenovela que subitamente se transformou num objeto de culto, uma coisa chamada pôr do sol. 5:40 Já agora digo te eu, a primeira vez que vi o pôr do sol, o primeiro episódio foi dos enganados. Achavas que era verdade. Pensei assim, é pá, mas o que é isto? Mas o que é que isto está? Mas, mas, mas, mas que coisa tão. EE depois. Lá está à terceira cena. 5:56 É aquela parte do ainda bem que ninguém ouviu o meu pensamento, claro, fala, me fala me desse fenómeno. Então esse fenómeno foi. Uma pulga, uma pulga, uma pulga, várias pulgas. Aliás, eu, eu, enquanto realizador, antes de começar a assinar as minhas séries, fiz 10 anos de telenovelas e fi Los numa lógica de ginásio. 6:22 Eu costumo dizer isto, ou seja, é uma tarefa difícil. É uma tarefa que luta contra. Vários tipos de preconceitos, não só meus, como de quem vê. É uma fábrica? É uma fábrica, sim. Aliás, será a coisa mais próxima de uma indústria audiovisual que nós temos em Portugal. 6:39 É, é, são as novelas. Não é? E isso filma se de que, de, de, de, de que horas? Até que horas? Filma se em horários que AACT se funcionasse não IA não preço, iria sim, iria tudo preço, não em boa verdade, até até podemos falar sobre isso mais à frente que é, eu estive envolvido nalgumas lutas laborais em relação à Malta, que faz novelas em Portugal. 6:58 Porque é pá, chega se a trabalhar trabalhava, se na altura 11 horas mais uma, quer dizer, IA receber colegas meus a receberem me francamente pouco, numa lógica de fazer 40 minutos diários de ficção útil, que é uma enormidade, uma alarvidade e que e que muitas vezes depois tem um efeito nefasto de das pessoas em casa. 7:17 Dizer assim é pá, isto é uma novela, isto não vale nada, mas o esforço das pessoas que estão a fazê la é hercúleo, é desumano. Não tem de ser forçosamente 11. Não tem furiosamente de levar as pessoas a apreciarem esse esforço como sinónimo de qualidade, porque muitas vezes as novelas não têm essa qualidade. 7:35 Portanto, não há tempo no fundo para respirar, para o tédio, para a repetição, para o prazer. Não, nem nem nem. Então por acaso que seja essa a função das novelas, até um certo ponto. As novelas historicamente são feitas para serem ouvidas, não para serem vistas, não é? Ou seja, não em países, não só Portugal, mas outros países machistas, em que as mulheres ficavam a tomar conta da casa e dali da casa, e não tinham trabalho. 7:57 Tinha uma televisão ligada para irem ouvindo. Por isso é que a novela é repetitiva. A novela é. Reiterativa há uma há uma métrica de comunicação. De comunicação, sim. E, portanto, se temos avançado tecnicamente e até qualitativamente nas novelas nos últimos 20 anos, porque temos? 8:13 Ainda estamos nos antípodas do que? Do que uma novela pode ser? A novela pode ser uma arma de educação fantástica. A novela pode ser um retrato. Quase numa perspetiva arqueológica do que é ser português em 2025. E não é disso que estamos a falar. Em quase nenhuma novela falamos disso, não é? 8:30 Talvez tenhamos 2 ou 32 ou 3 casos honestos de portugalidade nas novelas recentes. Ainda estou a falar, por exemplo, de uma novela que eu, eu não, eu não, não sou consumidor de novelas, confesso que não sou. Mas há uma novela que da qual me lembro da premissa que me pareceu interessante, que é uma coisa chamada golpe de sorte. 8:46 Uma mulher numa aldeia que ganhou o euromilhões. Isso pode ser bastante português. Parece me bem. Pode ser bom e tive um sucesso bastante grande e foi uma coisa honesta. Não era de repente alguém que é salvo por uma baleia no ataque de 2 tubarões e sobrevive porque foi atirada? Espera, enfim, ainda vou continuar, porque isso é uma realidade que acontece. Olha, porque é que nós, seres humanos, precisamos tanto de histórias para compreender o mundo? 9:08 Olha, eu acho que as histórias são o que nos estrutura, são aquilo que nos garante a sobrevivência. Até um certo.eu falo disto com os meus alunos. Eu às vezes dou uns workshops para atores e não só é só a palavra workshop dá me logo aqui, carrega me logo aqui umas chinetas um bocado estranhas. 9:24 O workshop downshoising downgraving assim não interessa estamos. Todos AAA praticar o inglês. O inglês neologisticamente falamos. A bom, a bom notícia é que nós, como falamos mal inglês, damos uns pontapés no inglês também terríveis, não é? Sim, sim, sim, mas sim, mas está o inglês. O inglês passou a ser uma espécie de língua Franca, exato, EEA. 9:41 Gente tem palavras bonitas para dizer. EEEEE não, diz. Voltamos às histórias, as histórias. E costumo falar disso com os meus alunos, que é que que passa por nós. Nós não nascemos com direitos humanos, não é? Não nascemos dentro do nosso, do nosso corpo. Não há aqui 11, saca com direitos humanos. 9:56 Houve alguém que inventou essa história e a escreveu numa numa carta universal dos direitos humanos e, portanto, a partir dessa narrativa de que as pessoas têm direito a ser felizes, direito a ter uma casa feliz, direito a ter uma família, direito a ser. A ter um trabalho, et cetera, essa narrativa e estou estou a, estou a, estou AA alargar Oo conceito, evidentemente essa narrativa salva nos todos os dias mais a uns do que a outros, infelizmente. 10:20 Então os dias correm, isso é muito frequente. Há há há zonas do mundo em que essa história não chega, não é? Essas histórias não chegam. A fantasia não chega. A fantasia, sobretudo, é essa coisa mais prática de, de, de, de nos regermos por aquela célebre história do Mello Brooks, não é? A Mello Brooks faz a história mais louca do mundo. 10:36 E o Moisés sobe ao sobe ao ao Monte e Deus dá lhe 15 mandamentos. Só que há uma das pedras que se parte. Ele diz, bom, ele deu me só 10. Inventou um bocado. Isto inventou mas 10 por acaso até um número melhor do que 15. Sim, 15 não dava. Jeito o marketing, ele lá da altura, o homem do marketing, disse disse 15. 10:53 Não dá jeito nada de ser mais redondo que não podem ser 17 nem 13. Não, não. Nem convém, não é para a enologia? Acho que não, não, não, não te ajuda nisso, mas eu acho que sim. As as histórias, sobretudo acima de tudo. Eu sou pai de 3 crianças. Uma criança mais velha que tem 14 anos e outra que tem 3 e outra que tem 11 ano e meio. 11:10 Já tens bom treino de conta histórias. Voltei a recuperá lo, não é? Ou seja, eu sempre andei sempre a treiná lo, porque esta é a minha profissão e é isso que me me entusiasma, não é? Ou seja, mais do que ter um ator que diz bem o texto que lá está e que o diz ipsis verbis como lá está, interessa me um ator que perceba o que é que quer ser dito e que o transforma numa história compreensível e emotiva. 11:29 Ou seja, no limite, é o que o Fellini diz, Oo Fellini diz. Oo cinema serve para para emocionar, seja para eu rir ou para chorar, serve para emocionar. EEO emocionar tem a ver com essa coisa das histórias. Quantas vezes é que tu não vês um é pá, o testemunho de alguém, uma carta que tu descobres 11 texto bonito, um poema simples ou soberbo, ou ou ou o que é que? 11:50 O que é que é uma boa história para mim, sim. Uma boa história é aquela que me lança perguntas, que te provoca sim, que me provoca perguntas, eu faço isso aos meus alunos lhe perguntar, qual é a tua história? E regregelas, confundem, qual é a tua história, qual é que é o meu bilhete de identidade? Então começam, Ah, nasci na amadora, depois foi não sei quê, depois não sei quantos, depois não sei quê, EEA mim, não me interessa, não me interessa mesmo saber se eles vieram da amadora ou não interessa me mais saber. 12:14 No outro dia, uma aluna dizia uma coisa fantástica, eu estou, eu estou aqui porque o meu irmão lê mal, é incrível, uau. E eu disse, então porquê? Eu já quero saber tudo sobre. Essa tua aluna? Queres ver o próximo episódio? Como é? A lógica é essa. Ou seja, eu acho que quando os miúdos estão a ler uma história como a Alice, querem saber quando é que ela cai no fundo do poço que nunca mais acaba. 12:31 Porque é que o poço nunca mais acaba? Porque é que no meio do poço se vão descobrindo retratos e coisas. E que poço é este? Que que coelho é este? Que coelho é que apareceu aqui a correr? E em princípio, não faz sentido nós, mas depois nós, nós nós entramos e embarcamos nesta história. E somos nós que a que a que a construímos. 12:47 Não é na nossa cabeça. Sim, sim. Na nossa cabeça, no nosso coração, de alguma maneira. Quer dizer, pensando, por exemplo, a minha experiência, a minha primeira experiência, aliás, a experiência que definiu a minha. Vontade de ir para para cinema e para o conservatório, et cetera. Conta te quando é que tu descobriste? 13:02 Foi haver uma lodon drive do David Lynch, eu tinha 15 anos. Que é um filme. Estranhíssimo, para filme extraordinário. Eu, eu não o entendo, lá está. Mas estás a ver? Portanto, mudou a tua vida e eu estou a sentir me aqui, o tipo mais perdido do mundo. Não, eu nem entendi o que é que eles estavam a falar. Não. A coisa fantástica desse filme é que é um filme absolutamente clássico, mas não está montado de maneira normal. 13:21 Ou seja, não há princípio, meio e fim por essa ordem. Mas ele é absolutamente clássico. É sobre a cidade dos sonhos, não é? É sobre um sonho. Sobre um sonho de uma mulher que desceu ao mais, mais mais horrível dos infernos de de Hollywood. E, portanto, aí eu vi me obrigado a participar nessa história. 13:39 Estás a ver? Tiveste que montar a história conforme estás a ver. Sim, e acho que isso é isso, é o que determina o que o que é uma boa história e o que é mero, no pior sentido de entretenimento. Podemos estabelecer aqui a diferença entre o que é que é uma. Uma história mais funcional, de uma história que nos que nos expande, porque todos nós, todos nós, temos a história. 14:01 Então, mas como é que foi? Olha o meu dia, eu vim para aqui, trabalhei, sentei, me e escrevi ao computador. E eu digo assim, não quero saber nada dessa história, quero mudas de canal, já não quero saber em cada muda de canal, às vezes mudamos até de conversa. Há há 27 páginas da literatura portuguesa que são muito características e toda a gente se lembra que é AAA caracterização da frente de uma casa chamada ramalhete. 14:24 E na altura, quando tínhamos 1415 anos, a dor achámos que era uma dor. Mas se se recuperarmos isso é provavelmente as coisas mais brilhantes, porque mistura precisamente o que tu estás a dizer, ou seja, uma coisa meramente funcional, não é? É. Esta era a casa e são 27 páginas e, ao mesmo tempo, essa casa é metáfora para o que se vai para o que se vai passar nos capítulos à frente é o. 14:47 Cenário. É EE, mais do que o cenário. É um personagem, não é aquela casa, é uma personagem. Porque os objetos podem ser personagens. Podem? Então não podem? Claro que sim. A Sério? Para mim, sim, claro que sim. Sem falar. Sem falar às vezes, eu prefiro atores que não falam do que com. Atores que? Não, eu digo isto muito dos meus atores. 15:03 É, prefiro filmar te a pensar do que a falar, porque. Porque isso é uma regra antiga do do cinema e da televisão, da ficção para televisão que é mostra me não me digas, não é? As as novelas são reiterativas, porque tem de ser tudo dito. A pessoa entra, diz, faz e pensa a mesma coisa. 15:19 E também não há muito dinheiro para para mostrar com com a qualidade e com é, dá. Há, não há é tempo. Talvez isso seja um sinónimo. Não havendo, se se houvesse mais dinheiro, haveria mais tempo e, portanto, eu acho que ainda assim seria absolutamente impossível alguém humano e mesmo desconfio que o site GPT também não é capaz de o fazer de escrever 300 episódios de uma história. 15:38 Eu estou. Eu estou a pensar aqui. Eu. Eu ouvi alguém a dizer, não me recordo agora quem, infelizmente, que era. Quando quando se faz um roteiro, aquilo que está escrito para se filmar uma determinada coisa, que todos os adjetivos que que lá estão escritos têm que ser mostrados, porque não adianta nada dizer. 15:55 Então entrou agora na cena, EEEE salvou a velhinha, certo? Está bem, mas isso não chega, não é? Sim, eu até te digo, eu, eu prefiro. Regra geral, os argumentos até nem são muito adjetivos, os argumentos, ou seja, o script nem é muito adjetivado. É uma coisa mais prática. Eu acho que essa descoberta está. 16:13 Não sei. Imaginem, imaginem a leres Oo estrangeiro do camus, não é? Tem Montes de possibilidades dentro daquele não herói, dentro daquela vivência, daquela existência problemática. Não é porque não se emociona, et cetera e tudo mais. 16:29 Como é que tu imagina que tinhas um argumento ou um script sobre sobre Oo estrangeiro? Eu acho que seria importante discuti lo profundamente com os atores. Tu fazes isso porque queres ouvir a opinião deles? Quero sempre eu acho que os atores que se os atores e as atrizes que são atores e atrizes, não são meros tarefeiros. 16:52 Qual é o fator x deles? O fator x? Deles, sim. O que é? Eu estou. Eu tive aí uma conversa aqui Na Na, neste, exatamente neste estúdio com com a Gabriela Batista, com a com a com a com a Gabriela Barros. E eu não preciso de saber e não sei nada sobre técnica, mas. 17:09 Eu, eu, eu imagino que qualquer munição que se dei àquela mulher, que ela vai transformar aquilo noutra coisa completamente diferente. O Woody Allen dizia uma coisa muito interessante que Era Eu sempre odiei ler e depois percebi que para conhecer mulheres interessantes, precisava de ler 2 ou 3 livros. 17:27 Para ser um pronto atual à certa. O que é que acontece com a Gabriela? A Gabriela é uma pessoa interessante. Os atores e as atrizes que são atores e atrizes são pessoas interessantes porque são inquietas, porque são atentas, porque percebem, porque conseguem. Conseguem ler não só uma cena, mas as pessoas que estão em cena com elas conseguem ler um realizador, conseguem ler uma história e, sobretudo, perceber. 17:50 Imagina se pensares no rei leão? Muitas vezes a pergunta sobre o que é que é O Rei Leão? As pessoas menos, menos levadas para as histórias dizem, Ah, é sobre um leãozinho. Que sofre? Não, não, não é sobre isso, é sobre família, é sobre herança, é sobre poder, é sobre legado, é sobre. No fundo, é sobre todos os conceitos que qualquer drama shakespeariano ou tragédia shakespeariana também é. 18:14 E, portanto, eu acho que quando tu encontras atores e atrizes a Sério, o fator x é serem interessantes porque têm ideias e porque pensam. Não se limitam a fazer pá. Um ator que se limita a fazer e diz o textinho muito, muito, muito certinho. É um canastal enerva me enerva, me dá vontade de lhes bater. 18:30 Não, não gosto disso, não me interessa. E isso não é sinónimo de desrespeito pelo argumento. É sublimar o argumento ou sublimar o scripta, a outra coisa que não é lida. É fermentar aquilo? Sim, eu diria que sim. É regar? Sim. Olha, eles oferecem te obviamente maneiras de fazer e a interpretação do texto, mas. 18:50 E tu tens a tua parte e a tua parte é aquilo que eu posso te chamar a ética do olhar, que é o teu ponto de vista o ponto de vista como eu queria dizer, como é que tu defines o ponto de vista? Como é que tu escolhes? Se queres fazer uma coisa mais fechada, mais aberta, de cima, de lado, o que é esse? E tu pensas nisso para além da técnica. 19:09 Sim, penso eu acho que o meu trabalho, Oo trabalho do realizador, no geral, é essa filtragem da realidade. Para, para encaminhar. Para encaminhar a história e encaminhar quem a vê ou quem, quem está a ver, para uma determinada emoção ou para uma determinada pergunta ou para determinada dúvida. 19:31 Para lançar de mistério. Enfim, eu, eu tenho. Eu sinto que eu tenho 41 anos, tenho já alguns anos de de realização, mas sinto que estou sempre não só a aprimorar, mas a encontrar melhor. Qual é a minha linguagem. 19:47 O pôr do sol não tem qualquer espécie de desafio do ponto de vista da linguagem. Ele é a réplica de uma de uma linguagem televisiva chata de de planos abertos, o plano geral. E agora vem alguém na porta, plano fechado na porta, plano fechado na reação, plano fechado na EE. Isso para mim, enquanto realizador, não foi um desafio maior. 20:05 Talvez tenha sido o desafio do corte, o desafio. Do ritmo da cena, da marcação da cena. Para, por exemplo. Há uma coisa que eu digo sempre e que é verdade no pôr do sol, sempre que as pessoas pensam, vão para o pé das janelas. Porque é uma cena de novela, não é? Eu vou aqui passar ao pé de uma janela e põem, se encostadas às janelas a pensar, não é pronto. 20:21 Isso tem muita. Influência olhando para o Horizonte? Horizonte longico não é essa aquelas coisas. Portanto, isso tem muita influência dos Monty Python, tem muita influência dos dos dos Mel Brooks, da vida, et cetera, porque eu, porque eu sou fã incondicional de tudo o que surge dessas pessoas. Mas, por exemplo, se me perguntares em relação à série que eu fiz sobre o 25 de abril, o sempre já é outra coisa, já não tem, já não há brincadeira nesse sentido. 20:45 E como é que eu conto? Como é que eu conto a história das pessoas comuns do dia mais importante para mim enquanto português, da nossa história recente para mim? E, portanto, essa filtragem, essa escolha, essas decisões têm a ver com. 21:03 Eu, eu. Eu sinto que sou um realizador hoje, em 2025, final de 2025, sinto que sou um realizador que gosta que a Câmara esteja no meio das personagens. No meio, portanto, não como uma testemunha afastada. Exato, não como uma testemunha, mas como uma participante. 21:18 Pode ser um, pode ser um personagem da minha Câmara. Pode, pode. Eu lembro me quando estava a discutir com o meu diretor de fotografia com o Vasco Viana, de quem? De quem sou muito amiga e que é uma pessoa muito importante para mim. Lembro me de estar a discutir com ele. Como é que íamos abordar a Câmara na primeira série que nós assinámos coiote vadio em nome próprio que se chama, até que a vida nos cepare era uma série sobre uma família que organizava casamentos e eram eram 3 visões do amor, os avós dessa desse casal que tinha essa quinta de casamentos, que vivia também nessa quinta, esse casal de avós, para quem o amor era para sempre o casal principal nos seus cinquentas, para quem o amor está a acabar por razão nenhuma aparente. 21:56 Desgaste, talvez. O amor às vezes acaba e é normal, e em baixo os filhos. Para ela, o amor às vezes, e para ele o amor é um lugar estranho, ou seja, repara. São uma série de aforismos sobre o amor que eu vou ter de filtrar com a minha Câmara. 22:11 Portanto, a maneira como eu filmo uso a voz em que o amor é para sempre está dependente de toque da mão que se dá da dança que se surge no Jardim dele, acordar a meio da noite, sobressaltado porque ela está junto à janela, porque está a começar a sofrer. De uma doença neurológica e, portanto, ele está a sarapantado e vai ter com ela e cobra com um cobertor. 22:31 Portanto, todos estes toques diferentes. No caso do casal principal que se estava a separar, eles nunca param muito ao pé um do outro e, portanto, a Câmara tem de correr atrás de um para alcançar o outro e nunca lá chega. Há uma tensão. Sim, há sempre uma tensão. E depois nos no. No caso dos mais novos, ainda era o mais específico. Mas diria que o Vasco sugere me e se falemos os 2 sobre isto. 22:51 E se a Câmara não for entre pé? E for respirada, não é, não é não é Câmara mão agitada, mas é eu sentir que há uma respiração Na Na lente que ela está um ligeiramente abanada. É o suficiente para, se eu estiver a esta distância da personagem e a Câmara estiver mais ou menos a respirar, eu sinto que eu próprio o espetador. 23:10 Estou sentado naquele sofá a olhar para aquela pessoa, a olhar para aquele, para aquela pessoa, para aquela realidade, para aquela família, para para aquelas ideias, não é? E para essa ideia? Que se tenta explanar, em 3 gerações, o que é o amor? A pergunta mais inútil que eu tenho para te fazer é, o que raio faz um diretor de fotografia num? 23:28 Filme, então o diretor de fotografia, para quem não sabe, é é Quem é Quem. No fundo, comigo decide a estética. Da imagem, a luz, a luz acima de tudo. Eu trabalhei já com vários direitos da sociografia, de quem gosto muito. O Vasco Viana é um deles, o Cristiano Santos é outro, porque é uma porque é. 23:44 Que se gosta de um e não se gosta tanto de outro? Não. Às vezes não tem a ver com isso. Eu não me lembro de um. Talvez em novelas que tenham trabalhado com diretos de sociografia, que, enfim, que foram bons, outros nem tanto. Mas eles constroem uma estética, constroem uma luz, um ambiente. Nas séries, sim. Não é no cinema, sim. 24:00 Na televisão. Acho que é muito complicado porque. Porque se obedece a critérios, sobretudo dos canais. Que vêm com uma frase, quando eu comecei a fazer novelas, ainda estávamos a discutir se a coisa havia de serem 16:9 ou 4 por 3. Portanto, parecia que ainda estávamos a quase na Roménia dos anos 60. 24:16 EEE não estávamos e, ao mesmo tempo, estávamos muito próximos disso. EEE. No fundo, o que o diretor da fotografia faz é essa escolha da cor, da luz, do enquadramento, claro que em concordância com aquilo que eu pensei, mas é a primeira pessoa que consegue consubstanciar. 24:35 A minha visão sobre a história é isso. Olha, OOA, escolha de um plano para filmar é uma escolha moral. Também estava te a ouvir, agora a falar do 25 de abril e de e, portanto, 11. A ideia que tu tens sobre as coisas depois interfere também na maneira como tu escolhes um plano. 24:51 O que é que vais filmar ou como é que vais? Filmar, eu acho que, sobretudo, tem a ver com o eco que a história tem em ti. Não é uma coisa acética nem agnóstica. É uma coisa implicada, não é uma coisa implicada, isto é, se há uma ideia tua enquanto autor. Sobre a história, que vais esmiuçar em imagens, é mais ou menos a mesma coisa. 25:11 Que tu sabes que a Sophia de Mello breyner aprendeu gramática na escola. Eventualmente português teve aulas de português. Suspeitamos que. Sim, pronto. Aprendeu a escrever, mas ninguém a ensinou a fazer poemas. Vem dela. E essa implicação na escolha das palavras, da métrica do soneto ou do verso, et cetera, ou da ou da Quadra, ou, enfim, seja o que for. 25:30 É uma coisa que lhe vem de uma decisão. Não é de uma decisão, nem que seja do espírito, não é? Eu acho que o realizador tem a mesma função quando quando se permite e, acima de tudo, quando se assume como realizador e não um tarefeiro a mesma coisa que o ator. 25:46 Olha, como é que tu estás a falar de ficção? Obviamente, mas a ficção tem um poder secreto que é alterar a realidade ou a nossa perspetiva sobre a realidade ou não. Quando eu vejo, quando eu vejo que tu filmas uma determinada coisa num determinado prisma, com uma determinada ideia, eu, eu já quase não consigo ver a realidade como a realidade é eu, eu, eu já já tenho mais uma camada de tu vais me pondo umas lentes, não é? 26:15 Quer dizer, olha para aqui, olha para acolá. Sim, mas repara, os livros têm o mesmo poder, não é? Desde que tu te deixes contagiar com uma ideia, a arte. A arte, seja ela. Seja ela sobre a forma de uma Mona lisa ou de uma comédia, não é é essa reconfiguração do real para ser percecionada pelo outro. 26:40 E o outro pode se deixar contagiar ou não se deixar contagiar. Imagina que tu não achavas piada nenhuma ao pôr do sol? Há pessoas que não acharam piadinha nenhuma ao pôr do. Sol desligas te não vais ver? Sequer. Mas não vais ver isso? O teu real continua, ou seja, a minha. A minha pretensão com o pôr do sol não é mudar o mundo. Não é mudar, é divertir, me em primeiro lugar e achar que isto pode pode divertir. 27:02 Pessoas pode fazer umas cócegas à moda? Pode fazer cócegas à moda, aliás, pode pôr o dedo na ferida até rir. Estás a ver. Sim, porque depois tu é assim aqui. A história obviamente é engraçada. EE aquilo dá vontade de rir, mas tu gozas com todo o tipo de preconceitos e mais algum que lá estão em cima da mesa. 27:17 Claro. E esse EE aí também se tem de fazer jus ao ao texto que me chega do Henrique dias. Ou seja. Eu, o Rui e o Henrique discutimos a ideia. Eu e o Rui tínhamos uma lista extensa de tudo o que se passa em novelas, quem é a esta hora, quem é que Há de Ser no meu telemóvel, beber copos, partir, copos, cavalos, bem, famílias ricas, et cetera. 27:36 Mas depois o Henrique tem esse condão de agarrar nessas ideias e de algumas de algumas storylines que nós vamos lançando, é pá. E fazer aqueles diálogos que são absolutamente fabulosos, não é? Quer dizer, lembro, me lembrei, me. Lembro me sempre de vários, mas há uma, há um, há um apidar no na primeira temporada, que é talvez o meu plano favorito, que é um dos membros da banda que vem a correr desde o fundo do plano e que cai em frente à Câmara e diz, não, não, eu estou bem. 27:59 Dê me um panado e um local que eu fico logo bué, pronto. Isto é uma coisa muito nossa, muito proximidade, que tem graça porque tu já ouviste alguém dizer isto e pronto. E quando se tem essa, quando se tem essa junção porreira de de sentidos, de humor. 28:17 A tendência é que isso crie, crie qualquer coisa de reconhecimento. O que nós encontrámos com o pôr do sol foi um reconhecimento, é pá, surpreendeu, me surpreendeu me ao máximo e depois açambarcou nos a todos e foi a Suburbano a sobrevoou me de uma maneira assustadora, foi, imagina, eu tive um acidente de Mota pouco tempo depois da primeira temporada acabar, fui ao chão e fiquei, fiquei magoado e fiz me nada de especial, estava no hospital. 28:46 E o enfermeiro chefe dizia, sistema anel, pureza, agora vou pôr aqui um megaze, não sei quê. Ou sistema anel, pureza, não sei quê, mas assim. 11 trato espetacular. Uma coisa muito, muito solene, muito solene, e é. Pá e nas tantas ele estava a fazer o tratamento e disse assim, é pá e vê lá se tens cuidado e eu, espera aí, houve aqui qualquer coisa, houve aqui um problema na Matrix ou então não sei o que é que aconteceu e o gajo diz, desculpe, desculpa, é que eu sou de massamá e eu sei o que é que é cheirar AIC 19, todos os dias que é uma tirada do pôr do sol posso chamar os meus colegas assim? 29:12 O que é que se passa? Entraram para aí 5 ou 6 enfermeiros. Dizer é pá, obrigado. Pelo pôr do sol, por isso é convidada, portanto, Na Na enfermaria. Todo todo arrebentado. E eles todos quando em dia e eu percebi pronto, isto bateu, bateu a um nível de podemos reconciliar a televisão com uma certa cultura pop que teve alguns exemplos extraordinários na comédia ao longo da nossa história. 29:34 Temos o Raul solnado, temos o Herman José, temos Oo Ricardo Araújo Pereira e o gato fedorento, o Bruno Nogueira. Esses. Esse, atualmente, o Bruno Nogueira e o Ricardo Araújo Pereira continuarão a? Fazer são fundações, no fundo, são coisas que a gente olha e diz assim, uou. Eu acho que experimentei um bocadinho disso. Ele experimentava esta equipa, experimentou um bocadinho disso, quando de repente temos pá, um Coliseu de Lisboa cheio para ver uma banda que está a fazer playback. 29:56 Nós fizemos isso com Jesus Cristo, não é? A banda do pôr do sol foi tocar, não tocou nada, ninguém deles. Nenhum dos tocou, não sabem tocar e. Esgotámos OOO Coliseu para ouvirmos uma cassete em conjunto e as pessoas foram. Para participar num episódio ao vivo que não era episódio, não estava a ser. Filmado sequer tu vendeste, tu vendeste uma fantasia que toda a gente sabe que não existia, mas a ideia de comunhão. 30:16 Foi nessa narrativa e eu acho que isto é uma coisa que nos anda a faltar cada vez mais, não é? Nós nós não temos essas comunhões. Tu vês uma série? Ou melhor, é mais frequente teres um diálogo com um amigo e diz assim, pá, tens de ver aquela série, não sei quê, é espetacular, não sei quê quantos episódios, viste? Vi meio, mas é espetacular. 30:32 E já não é aquela coisa de Bora fazer um? Serão lá em casa, em que juntamos amigos e vemos um filme? Como aconteceu antigamente, antes da televisão se alinear? Antes de antes da da televisão te permitir uma ilusão de poder da escolha, não é? Eu agora escolho o que vejo. E a televisão morreu? Nada, não. 30:49 Nem vai morrer. É como a rádio morreu, não é? Quer dizer, a gente volta e meia a rádio a. Rádio a rádio tem mais vidas que um gato. Não é pronto porque a rádio foi ver o apagão, não é? O apagão foi uma. O apagão foi um delírio. Apagou tudo para. Os da rádio? Claro, claro. Evidentemente, isso era o que havia. E isso é extraordinário, porque isso faz, nos faz nos perceber que a volatilidade das das novas tecnologias etcétera, pá, é porreiro, é óbvio. 31:11 Então agora temos aqui 2 telemóveis, estamos anão é? Estamos aqui a filmar. Temos boa parafernália, mas mas. No limite. Naquele momento em que achávamos todos que a Rússia atacar e não era nada disso, o que queríamos era ouvir alguém a falar. Connosco o fenómeno dos podcasts como este é eu, eu dou por mim assim que é. 31:30 Eu gosto de ouvir pessoas à conversa, porque me acalma e me baixa o ritmo do scroll. Há uma. Música, não é? E é EEEE, aprendes qualquer coisa. E por isso é que eu gosto de pessoas. Estás a ver quando eu, eu houve uma vez 11 coisa que me aconteceu que eu acho que que é pá, que eu nunca mais me esqueci, que foi um amigo meu. 31:48 Que, entretanto, nunca mais falámos, é um facto. As histórias foram para os sítios diferentes, mas um dia entrou me para casa, à dentro. Eram para aí 10 da noite e diz me assim, preciso de conversar. E perguntei, lhe mas o Gonçalo de quê? Não, pá de nada, preciso só de conversar. Tens tempo para conversar e eu fiquei. 32:07 Isso é uma grande declaração, isto é. Extraordinário. Pouco tempo depois, estava em Angola a fazer uma série, uma novela. Perdão, uma. A melhor novela que eu fiz na vida é que foi uma novela para Angola, uma coisa chamada jikounisse. E há um assistente meu, Wilson, que chega 2 horas atrasado ao trabalho, é pá e era um assistente de imagem, fazia me falta. 32:25 Ele chega, Ah, presa, peço desculpa, cheguei atrasado e tal só para o Wilson 2 horas atrasado, o que é que aconteceu? Tive um amigo que precisou de falar e eu juro te que me caiu tudo, eu não lhe. Eu quero ter um amigo assim, eu não. Posso, sim. Eu não me lembro disto acontecer em Portugal. 32:42 Para mim, disse. Para mim mesmo, eu não me lembro. De. De. De dar prioridade a um amigo em detrimento do trabalho. Porque o trabalho me paga as contas e os filhos e não sei quê. E o ritmo e a carreira. E eu reconheci me e de repente há um amigo meu que precisa de conversar. 32:58 Estamos a ouvir pouco. Então, não estamos eu acho que estamos. Estamos mesmo muito. Temos mesmo muito a ouvir, a ouvir muito pouco, acho mesmo, acho mesmo. Isso isso aflige me sobretudo porque há um, há um é pá. Eu estou sempre a dizer referências, porque eu, de repente, nestas conversas, lembro me de coisas. O Zé Eduardo agualusa assina 11 crónica, creio no público há, há uns anos, largos da importância de, de, de, de de fazer mais bebés, porque o mundo está tão perdido que só trazendo gente boa, muita gente boa de uma vez em catadupa. 33:29 É que isto melhora e eu acho, essa visão. Uma chuva de. Bebés uma chuva de bebés, mas de, mas de bebés bons, de bebés, inquietos, de bebés que fazem birras pelas melhores razões de bebés, que brincam sem computadores, sem coisas que que se que chafurdam na, na lama, et cetera, fazem asneiras. 33:45 Sim, sim, eu, eu, eu gosto muito de ser pai, mais até do que ser realizador, gosto muito de ser pai e acho que isso é é precisamente por essas, pelos meus filhos, claro que são os meus, mas se tivesse, se houvesse outras crianças. De que eu tomasse conta? Acho que era isso que é. 34:01 Tu perceberes que até uma certa idade nós não temos de nos armar noutra coisa que não ser só crianças. E acho que eu pessoalmente, acho que tenho 41 anos e às vezes sinto uma criança perdida até dizer chega EE, acho que pronto. 34:18 Enfim, o tempo vai adicionando, adicionando te camadas de responsabilidade. Agora temos temos de saber mexer microfones, inverter a água, et cetera, e meter fones, et cetera. Mas, no fundo, somos um bocado miúdos perdidos a quem? A quem se chama pessoas adultas porque tem de ser, porque há regras, porque há responsabilidades e coisas a cumprir. 34:35 Acho que só o Peter Pan é que se conseguiu livrar dessa ideia de poder. Crescer, coitado. Já viste? Pois é mesmo o Peter Pan sem andar com aquelas botas ridículas também. Exato. EE, qual é? Sabemos. E o capitar, não é? Pensando bem, a história dramática é o que quando estás com neuras a tua vida é um drama refugias te na comédia fechas te de ti próprio. 34:55 Não queres falar com ninguém? Quando estou com. Que é frequente é. Frequenta é? Então, o que é que te bate? O que é que te faz o. Que me bate é nos dias que correm e não só não conseguir tocar à vontade na minha função enquanto artista. 35:15 Isto eu vou te explicar o que é. Os artistas não precisam de ser de um quadrante político ou de outro. Eu eu sou de esquerda, assumidamente de esquerda. EEE, defenderei até à última este esses ideais. Ainda à esquerda, direita. Há, há, há. Eu acho que há, há. É cada vez menos gente com quem se possa falar de um lado e de outro. 35:32 Há uma. Polarização sim, sim, porque porque, enfim, isso são são outras conversas, mas o os artistas, no meu entender, estão a perder a sua perigosidade isso enerva me, ou seja, eu às vezes sinto que não estou anão, não estou a transgredir. 35:49 Não estou a ser perigoso, não estou a questionar, não estou. Estou a ir ao sabor de uma coisa terrível, que é ter de pagar as minhas contas. É o rame. Rame mais do que isso é eu deixar me levar pela corrida que é. Tenho de ter mais dinheiro, tenho de conseguir a casa, tenho de conseguir a escola dos putos tenho, não sei quê. 36:07 Devias ser mais um moscado, aquele que que dava umas picadelas aqui à. Eh pá devia questionar. Devia. Os artistas são se nasceram para isso e eu se me se eu me considero artista e às vezes isso é difícil. Dizer isso de mim, de mim para comigo. Eu imagina o Tiago Pereira, o Tiago Pereira que anda AA fazer um acervo da música portuguesa, a gostar dela própria, pelo pelo país todo, com gente antiga, com gente nova, com com gente toda ela muito interessante. 36:36 A importância de um Tiago Pereira no nosso, no nosso país, é é inacreditável. Quantas pessoas é que conhecem o Tiago Pereira? E, pelo contrário, não estamos focados Na Na última Estrela do ou do TikTok ou do big Brother ou de outra coisa qualquer. 36:51 Até podia ser uma coisa boa, estás a ver? Ou seja. Complementar uma coisa e outra. Sim, ou seja, eu, eu. A coisa que mais me interessa é saber quem é que com 20 anos, neste momento está a filmar em Portugal e há muita gente boa. Tu vês os projetos da RTP play e da RTP lab? E é gente muito interessante. Então, e porque é que? 37:06 Nós não estamos a estornar essa gente? E a e a potencial? Porque, porque a corrida? É mais importante, ou seja, tu queres a. Corrida dos ratos Na Na roda. É e é coisa de chegar primeiro, fazer primeiro, ganhar mais que o outro, não a solidariedade é uma, é uma fraqueza AA generosidade é uma fraqueza aplaudires alguém que é teu par é mais, é mais um penso para a tua inveja do que propriamente uma coisa de quem é que ganhamos? 37:34 Todos vamos lá. OOOO rabo de peixe, por exemplo, é um é um caso lapidar nesse sentido. Que é o rapaz? É extraordinário. É extraordinário neste sentido, eu? Posso? A primeira série é uma pedrada No No charco, que é uma coisa mágica o. 37:50 O Augusto Fraga, que é uma pessoa que eu, de quem eu gosto bastante e conheço o mal, mas gosto bastante, assina uma série que a primeira coisa que foi vista sobre essa série, ainda que estivéssemos a com 35000000 de horas ou 35000000 de horas, sim, vistas por todo o mundo. 38:08 Ah, não sei quantas pessoas, minhas colegas, tuas colegas, enfim, colegas de várias pessoas que estão a ver este mote caso dizem assim, ó, mas eles nem sequer fizeram o sotaque açoriano. Ah, e aquela e aquela ideia de não contrataram só atores açorianos? Pronto, sim, vamos ver uma coisa, porque porque é que vamos sempre para essa zona precisamente por causa da corrida, porque isto é importante. 38:32 A inveja é lixada? Nada. Fraga sim, a inveja é lixada e mais do que isso, esta inveja. É patrocinada pelo sistema, o sistema, o sistema sublima. Quando nós achamos que quem, quem, quem é nosso inimigo é quem faz a mesma coisa do que nós, nós temos menos de 1% para a cultura neste país. 38:50 E quando há dinheiro, quando há dinheiro, nós andamos a tentar queimar o outro para conseguirmos chegar ao dinheiro, ou seja, perante as migalhas. Nós não nos organizamos, a dizer assim. Pá a mão que está a dar as migalhas é que está errada. 39:05 Não. O que acontece é não. Mas eu já discutimos isso. Primeiro eu preciso de de amoedar as migalhas para mim e depois então discutimos, é uma. Corrida mal comparado de esfomeados. É, mas em vários. Mas é. Não estou a ver só na cultura, não é? Não é só na cultura. E. Já dizia o Zé Mário branco, arranja me um emprego. 39:22 O Zé Mário branco dizia tanta coisa tão mais importante, tão tão tão importante nos dias que correm, o Zé Mário branco, enfim. Mas eu até diria que isto, que este país que é pequeno. Que é pequeno em escala. Que é pequeno, que é pequena escala. 39:39 Podia ver nisso uma vantagem. Podíamos ver nisso uma vantagem, porque eu acho que o país somos nós e acho que as pessoas não. Não temos essa noção, não é EE essa e essa noção de que não dedicamos tempo suficiente a estarmos uns com os outros e de ligarmos as peças boas e de tornar isto uma coisa mais interessante, claro. 39:57 Interessa me, interessa me. Muito há uma cultura de mediocridade, não? Isso eu acho que não, o que eu acho é que há. Ou melhor, como é que se compatibiliza esse essa corrida dos ratos na roda, em busca da última migalha com coisas de excelência que subitamente aparecem? 40:13 Eu acho que quando tu sentes que isso é um acidente, rapaz, isso é um acidente, não é? É um acidente. Antes tinha tinha havido o Glória e nós tínhamos achado. Tio Glória era a primeira coisa da Netflix. Parece um bocado aquela coisa de o ator que é pá. 40:29 Eu sou um grande ator. Eu fiz uma formação no Bahrain para aprender a ser a fazer de post. Foi uma formação de meia hora, chega cá e dentro e vai dizer assim, é pá. Este gajo é bom meu. O gajo esteve no barrain. Vende-se bem este. Gajo é bom, não é? E de repente não. Ele esteve no barém a fazer de post e é melhor do que um puto que veio da PTC ou 11 miúda que veio da STCE está a tentar vingar. 40:50 Eu tive agora uma conversa por causa da da dos encontros da GDA para para o qual foi foi gentilmente convidado e foi foi incrível estar à conversa com Malta nova. Não é assim tão nova quanto isso, mas Malta entre os 25 e os 35 anos, atores e atrizes, em 4 mesas redondas em que IA assaltando eu, o António Ferreira, a Soraia chaves e a Anabela Moreira, é pá EEAEA dúvida é a mesma de que se houvesse uma mesas redondas de veterinários, de veterinários ou de médicos, ou de ou de assistentes sociais, que é como é que eu começo isto? 41:20 Como é que eu faço isto? Qual é o percurso, onde é que está? O repente GDA faz uma coisa incrível que é, vamos pôr as pessoas a conversar. É um bom início, pá, é um. Excelente início. E nós não andamos a fazer isso, não andamos a fazer isso, por mais associações que haja, por mais coisas, et cetera. E há gente a fazer este, a tentar fazer este trabalho. 41:38 Não há um sindicato da minha área que funcione. O sindicato dos criativos pode ser então? O sindicato, o Sena, o sindicato Sena. As pessoas queixam se que não é um sindicato, mas não estão nele. Quando eu digo que não há um sindicato, é o sindicato, existe. As pessoas é que não vão para lá e queixam se das pessoas que lá estão. 41:55 Isto não faz sentido nenhum. Ou seja, nós estamos sempre à espera que nos dêem. Mas é aquela coisa velha, essa coisa que foi o Kennedy, que disse não é não, não perguntes. O que é que o teu país pode fazer por ti? Pergunta te, o que é que tu podes fazer pelo teu? Portanto, não temos uma mecânica por um lado de devolução à sociedade daquilo que nós estamos AA receber e, por outro lado, de de agregação, num interesse comum, ou numa imaginação comum, ou em alguma coisa que podemos fazer juntos. 42:17 Eu, eu acho que, sobretudo, tem a ver com celebramos? Não, acho que não. Até porque é tudo uma tristeza, não? É, não, não, não. Eu acho que é assim. Eu acho é que é tudo muito triste porque não nos celebramos. Porque há razões enormes para nos celebrarmos, há razões mesmo boas, para nos celebrarmos. Bom, mas eu não quero deprimir te mas um tipo que chuta 11 coisa redonda de couro e que acerta numa Baliza é mais valorizado do que um poeta que escreveu o poema definitivo sobre o amor ou sobre a vida? 42:43 Mas isso, pão e circo? Isso pão e circo. E isso a bola também é importante. E está tudo bem? Eu sou. Mas tão importante. Não é? Porque eu eu gosto de futebol, gosto. Eu gosto de futebol, sou um, sou um. Sou um fervoroso adepto da académica de Coimbra e do. Falibana do Benfica, da da académica, sou da académica. 43:00 Está péssima, não é? A académica está terrível, mas é isso. Ou seja. Eu acho que tem, Maura continua, tem? Maura, claro. E terá sempre. Eu sou, sou, sou da briosa até morrer, mas. Mas de qualquer das maneiras, sinto que essa coisa que é, há espaço para tudo. Eu acho que eu o que faz falta? E animar a Malta? 43:17 É educar a Malta? É educar a Malta. Faz muita falta. Eu acho que faz muita falta a educação neste país. E isso tem a ver com política, tem a ver com escolhas, tem a ver com coragem. EAAA educação não tem sido muito bem tratada nos últimos tempos. 43:35 Se há gente que se pode queixar são os professores e os. Alunos, porque nós só descobrimos daqui a 10 anos ou 20 que isto não correu bem. Claro, mas já estamos a descobrir agora, não é? Depois, já passaram algum tempo sim. Quais é que são as profissões de algumas das pessoas que estão no hemiciclo que tu reconheces profissões não é? 43:52 De onde é que vêm? Vêm das jotas vêm. São juristas, normalmente economistas, certo? Mas um médico. Há um ou 2? Há um ou 2, há alguém que tu, um professor? Deixa de ser atrativo. A política devia ser essa coisa de eu reconhecer. 44:10 Figuras referenciais. Os melhores entre nós que que escolhidos para liderarmos, sim. Escolhidos por nós. Ou seja, porque é que eu acho isto? Mas eu acho isto desde sempre, sempre, sempre. Eu sei isto. Aliás, eu venho de uma casa que é bastante politizada. A minha casa, a minha família é bastante politizada. O apelido. 44:27 De pureza não engana. Pois não engana. Às vezes acham que ele é meu irmão, mas é meu pai. EE pá é um gajo novo. De facto, é um gajo novo. Mas é isso que é caneco. Quem são estas pessoas? Porque é que eu vou votar nestas pessoas, estas pá. A prova agora de Nova Iorque não é 11 Mayer de 34 anos, chamado zoranmandani, que de repente ganha as eleições sem os mesmos apoios, que teve outro candidato. 44:50 Não houve Bloomberg, não houve Trump, não houve nada. Houve um tipo que veio falar para as pessoas e dizer lhes o que é que vocês precisam, de que é que precisam, o que é que vos aflige, de que é que têm medo, que sonhos é que vocês têm? Isso é tão importante e tão raro. 45:06 Afinal, o método que funciona sempre não é fala com pessoas, conta uma história ou houve cria uma expectativa? Olha, porque é que o humor explica tão bem o mundo? Eu sei, também há o choro, porque é que o humor explica tão bem? Porque tudo pode ser ridículo. E é e é tão ameaçador, não é? 45:22 Claro, claro, claro. Olha o Rio, vai nu. Exatamente tal e qual tem a ver com isso, não é? E mais do que isso, é eu, eu acho. Eu sinto que nós vivemos num país que não tem assim tanto sentido de humor. E explico porquê nós não nos rimos tanto de nós. Rimos mais dos outros quando nos rimos de nós? 45:39 É é tipo, Ah, então, mas mas estão a falar de mim. Rimos de escárnio. Sim, os os melhores, as melhores pessoas, as melhores pessoas portuguesas a terem sentido humor são os alentejanos. Porque são eles que têm as melhores notas sobre eles. Que eles próprios contam? Exatamente quando tu tens um. 45:54 Eu não sou lisboeta, portanto, posso dizer mal à vontade de vocês todos que estão a ouvir. Quando o lisboeta disse assim também. Sou alto minhoto, portanto, já estamos. Estás à vontade, não é pronto quando o lisboeta disse. Tudo que seja abaixo, abaixo, ali do cavado é soul. É soul? Exatamente. Está resolvido, pá. A minha cena é coisa do quando o lisboeta diz, tenho aqui uma nota sobre alentejana dizer, Hum. 46:11 A minha família toda alentejana, pá. Não, não acho que acho que não é bem a coisa eu diria isso, ou seja, porque é que o amor explica tão bem o mundo, explica no sentido em que, de facto, isto esta frase não é minha, é do Henrique dias. E ele acho que acho que ressintetiza isto muitíssimo bem. O argumentista do pôr do sol, que é tudo, pode ser ridículo. 46:28 O gajo da bola de couro, um círculo de de de couro que é chutado para uma Baliza, é tão ridículo como é eventualmente alguma. De algum ponto de vista sobre a religião, sobre a política, sobre a economia, sobre os cultos? 46:46 Não é os cultos pessoalizados em líderes que de repente parece que vêm resolver isto tudo e são ridículos. Quer dizer, são ridículos acima de tudo. O mito do Salvador da pátria. O mito do Salvador da pátria não é? Depois ficou substanciado em 60 fascistas. Isso é para mim. Era expulsos ao ridículo. 47:02 Incomoda os imensos. Mas a gente já viu isto em vários momentos, desde momentos religiosos até momentos políticos que é. E este vem lá ao Messias, vem lá ao Messias. E o cinema português também. O próximo filme vem sempre salvar isto tudo. E é só um filme percebes o que eu estou a dizer? Ou seja, não. 47:18 Este é que é o filme que toda a gente vai ver e vai rebentar com as Caldas. Não, não tem de ser assim, é só um filme. Só me lembro da Branca de Neve, do João César Monteiro, não é que filmou uma coisa para preto, para negro? Sim, mas mais do que isso, estava a falar de termológica comercial que é, os exibidores estão sedentos? 47:35 Que venham um filme que faça muitos números e que salve o cinema, et cetera. A pressão que se coloca, se fosse fácil fazer um filme desses, até eles próprios administradores teriam ideias. Sim, faz mesmo. A campanha viral lembro me sempre é. Faz uma coisa que vai ocupar toda a gente vai falar exatamente e que vai ser uma coisa. 47:51 Extraordinária. Um escândalo, no melhor sentido. Não sei quê, não sei quê e depois não acontece porque não é assim que as coisas não é, as pessoas não vão, não vão. Nessas modas, aliás, as pessoas estão cada vez mais dentro. O paradoxo é que as pessoas estão cada vez mais exigentes. O que é bom? Sim, mas dentro desta lógica que temos falado, que é tiktoks, et cetera, volatilidade é uma coisa superficial e de repente já nem tudo cola. 48:12 O humor repara o humor. O Bruno Nogueira, por exemplo, é um bom exemplo disso que é o Bruno Nogueira faz 111 programa extraordinário vários. Faz os contemporâneos, faz o último a sair, depois faz o princípio meio e fim, que é uma coisa arrojadíssima. Sim, ele faz coisas sempre diferentes. 48:28 Não é ele. Ele. Ele quebra os padrões sempre. Mas se reparares agora, neste, no, no, no ruído, ele já não é a mesma coisa. É um programa de Sketch que tem lá uma história que num tempo distópico em que. Sim, mas aquilo resolve se a um conjunto de de Sketch e as. 48:45 Pessoas aderiram massivamente, portanto, eu acho que isto é assim. A roda vai dando voltas. Depois voltamos um bocado à mesma coisa. O Herman, por exemplo, o Herman que é um dos meus heróis da televisão. O Herman andou por todas essas ondas e agora está numa onda de conversa e tudo mais. 49:04 E continua a ter imensa. Graça mas ele pode fazer tudo o que? Quiser, não é? Pode. Chegou este mundo do mundo para poder fazer tudo. Sim, talvez não chegue a todas as gerações como chegava. Não é dantes. Eu lembro me, por exemplo, No No no célebre Sketch da da última ceia, não é? 49:20 Ele chegou a todas as gerações, houve umas gerações que odiaram isso foi incrível, eu adorei, eu adorei esse momento iá, e ele é também um dos meus heróis por causa desse momento, porque, porque, enfim, porque qual que lá está transgressor, perigoso artista? 49:38 O Herman é tudo isso sim. Pode a qualquer momento fazer dinamitar isto olha fora o humor, tu tens, posso chamar lhe maturidade emocional entre o felps e os infanticidas. O que, o que muda no teu olhar quando quando tu transpassas da comédia para, para, para o drama, o humor e a dor são são irmãos. 49:58 O sim, diria que sim, mas mais do que isso, é há coisas que me que me inquietam, não é? Eu com 41 anos e 3 filhos, EEE uma história já muito porreira. O que? É que te inquieta. Várias coisas. Olha esta coisa da do dos artistas, esta coisa da sociedade portuguesa, esta coisa de o que é que é ser português em 2025, o que é que é ter 41 anos em 2025? 50:21 A amizade, a amizade inquieta me há amigos que desaparecem e não é só porque morrem, há há. Há outros que desaparecem porque. Perdemos lhe o rasto. Ou isso, ou porque nos zangamos EEA coisa vai de vela e é assim. E a vida é dinâmica e. E às vezes questiono, me, não é? 50:37 Questiono me sobre quanto é que vale uma amizade, por exemplo, os enfatisídeos é sobre isso, não é? Ou seja, 22 amigos de 2 amigos de infância que aos 17 anos dizem, se aos 30 anos não estivermos a fazer aquilo que queremos fazer, matamo nos daquelas promessas adolescentes e de repente um deles apaixona se e casa se. 50:57 E ele às vezes não quer morrer e a amizade vai à vida. E aquele que ficou para sempre com 17 anos, que sou um bocado eu, não é? Porque eu acho os problemas aos 17 anos é que são os verdadeiros problemas da existência humana. Os outros são chatices da EDPE da epal estás a ver isso? São outros chatices pagar as contas, pagar contas é só isso, porque tudo o resto é só o que é que eu estou aqui a fazer? 51:17 Porque é que eu me apaixonei, porque é que ninguém gosta de mim, porque é que essas coisas são tão ricas, são tão boas de testemunhar eu tenho. Tenho um exemplo incrível de ter 11 filho extraordinário chamado Francisco, que tem 14 anos e que tem umas inquietações muito. 51:34 Muito boas pá, muito, muito poéticas, muito. É uma idade difícil. E boa. E tão boa. E tenho. Tenho muita sorte. Francisco é um miúdo incrível. Mas mesmo que não fosse, eu diria assim. Para ele e tu e tu estimulas ou acalmas as ânsias dele. Eu eu acho que sou eu e a mãe dele, acho que somos estimuladores da sua, das suas várias consciências, social, política, artística. 52:02 Mas temos uma, o respaldo que encontrámos naquele naquele ser humano, foi maior do que qualquer um incentivo que nós pudéssemos dar. Ou seja, nós lançámos um bocadinho, as paisadas para os pés dele e ele de repente floresceu. E é hoje em dia uma pessoa é um ser humano extraordinário e pronto. 52:19 E eu costumo dizer aos meus amigos que o primeiro filho muda a nossa vida, o segundo acaba com ela, uma terceira. Esta turística, sim, é pá. Eu acho que os 3 deram um cabo da minha vida. É uma dinâmica diferente, não é? 3. É, é ainda por cima estão os passados, não é? Um tem 14, outro tem 3, outro tem 1 ano e meio e para o ano provavelmente quero ter mais um filho, porque acho que é lá está eu estou com água, luz a tatuar aqui, algures, portanto, tu. 52:43 Vais salvar o nosso problema de de de naturalidade e demográfico. Eu espero que sim, eu já sou Oo chamado povoador dos olivais. Portanto, vão para sim, sim, olha o que é que te falta fazer para fecharmos o que é que anda o que é que andas a escrever o que é que anda, o que é que te anda a inquietar o que é que te anda aí a. 53:01 Debaixo do teu olho. Olha, estou concorri a uma bolsa para escrever um livro. Pode saber sobre o quê? Sim, sim, é um filme que eu não, que eu não tenho dinheiro para fazer e, portanto, vou fazer o livro. E depois pode ser que o livro reúna. E os bons livros dão sempre grandes filmes. 53:17 Ao contrário, os maus livros, eu sei que eu sei que vou ser fraquinha e, portanto, os maus livros dão bons filmes, os bons livros. Portanto, a tua expectativa é que o livro seja mau que é um grande filme? Sim, sim, não. Mas pelo menos seja seja livro. Isso é importante. Eu gosto imenso de livros. Gosto imenso de ler. É das coisas que eu mais gosto de fazer, é de ler. Fiz isso candidatei me EE. 53:33 Entretanto, estou a preparar uma série de outro género, completamente diferente, que é uma série de de fantástico de terror, escrita por 5 amigos, de que eu tenho muita estima. Por quem tenho muita estima, o Tiago r Santos Oo Artur, o Artur Ribeiro, o Luís Filipe Borges, o Nuno Duarte e o Filipe homem Fonseca. 53:51 Que é uma série chamada arco da velha, que terá estreia na RTPE, que se passa entre Portugal e a galiza e também vai ter uns toques de Brasil. E estou também a preparar outro projeto lá mais para a frente, que é provavelmente os projetos que eu mais quero fazer na vida até hoje, que estou a desenvolver com a Ana Lázaro, com a Gabriela Barros e com o Rui Melo. 54:13 É impossível falhar, já ganhaste. Completamente impossível falhar porque esta ideia original é da Gabriela e do Rui. Ei, e eles vieram ter comigo. E eu fiquei para já muito conten
Hoje abrimos uma porta especial: a porta para o momento em que a comunicação ainda não tem palavras. É ali, naquele segundo primordial, que tudo aquilo que somos, sentimos e esperamos cabe num olhar, num ritmo, num gesto que ninguém nos ensinou — mas que todos reconhecemos. Antes de falarmos, já comunicamos. Antes de dizermos “mamã” ou “papá”, já perguntamos: “Estás aí para mim?” Este é um dos territórios mais fascinantes e menos compreendidos da vida humana: a comunicação dos bebés. Intuímos muita coisa. A investigação ilumina ainda mais. Mas a cada novo estudo percebemos que a comunicação nos primeiros dias de vida é infinitamente mais complexa, sofisticada e decisiva do que imaginávamos. Para nos guiar, contamos com o olhar de Pedro Caldeira da Silva, fundador da Unidade da Primeira Infância do Hospital D. Estefânia e pioneiro da psiquiatria dos bebés em Portugal. Um clínico que passou décadas a observar esta dança silenciosa entre bebés e adultos — e que nos ajuda a ver o que tantas vezes nos escapa. Como é que os bebés comunicam quando ainda não têm palavras? Um tema que merece reflexão é: Como é que os bebés comunicam antes das palavras? Pedro Caldeira da Silva A comunicação de um bebé recém-nascido não é um acaso nem um reflexo automático. É intenção. É relação. É um corpo que chama o outro. E há sinais claros dessa comunicação precoce: A imitação involuntária de expressões faciais. A procura insistente do rosto humano. A preferência pela voz da mãe entre todos os sons. A capacidade de criar padrões rítmicos e emocionais. A repetição — o primeiro esboço de diálogo. Antes de falar, o bebé já pergunta, já espera, já testa. E, sobretudo, já organiza emocionalmente o mundo que o recebe. E quando um bebé não comunica? O que significa o silêncio? Se a comunicação precoce é natural, a sua ausência levanta perguntas. Um bebé que não procura, não repara ou não repete, pode estar a emitir um sinal tão forte quanto o choro mais intenso. Nem todo o silêncio é igual. Há o silêncio que acalma — e há o silêncio que preocupa. Pedro Caldeira da Silva ajuda a distinguir: O silêncio protetor: o bebé recolhe-se, mas volta. O silêncio sinal: o bebé não volta, não responde, não entra no jogo relacional. E aqui entramos num dos temas mais sensíveis da atualidade: o aumento dos diagnósticos do espetro do autismo. O episódio não traz alarmismo — traz clareza. O que sabemos. O que ainda não sabemos. O que precisamos de observar com atenção genuína. Da primeira infância à adolescência: o que muda na forma de comunicar? A conversa leva-nos num arco completo: do recém-nascido ao adolescente. E percebemos algo essencial: a comunicação humana é um contínuo, não um salto. O bebé imita porque precisa de relação. A criança repete porque precisa de segurança. O adolescente contesta porque precisa de autonomia. E nestas fases, pais, mães e cuidadores vivem um misto de responsabilidade, dúvida, exaustão e culpa. É por isso que o episódio fala também dos “tutores de resiliência” — figuras decisivas que surgem quando a família não chega: professores, treinadores, amigos, adultos significativos que seguram o chão emocional de uma criança. Os ecrãs fazem mal? Ou faz mal a ausência do adulto? Este é um dos mitos mais persistentes. E a resposta surpreende. O problema não é o ecrã. É o bebé que passa horas a olhar para uma televisão que não o olha. É a criança que perde ritmo, toque, olhar e reciprocidade. É a relação que desaparece enquanto a tecnologia ocupa o espaço. Um ecrã nunca é prejudicial por si só. Prejudicial é a negligência, a ausência emocional do adulto, o vazio relacional. O tédio também comunica Vivemos uma infância hiperorganizada: horários, atividades, vigilância constante. E, com isso, quase eliminámos um elemento crucial: o tédio. O tédio é fértil. É a matéria-prima da criatividade, da descoberta, da exploração. É onde se inventa. É onde se cresce. Ao retirar o tédio, retiramos à criança uma das primeiras formas de autonomia interior. A ausência emocional: o silêncio que fere Talvez o ponto mais duro — e mais urgente — do episódio: a indisponibilidade emocional. Não é ausência física. É presença sem vínculo. É um adulto que está, mas não responde. Que ouve, mas não devolve. Que vê, mas não repara. Esse silêncio cava um buraco na criança — e as marcas chegam muitas vezes à adolescência e à idade adulta. Falar deste tema é desconfortável, mas necessário. Porque só nomeando podemos reparar. Podemos reparar aquilo que falhou? Sim. E é uma das mensagens mais luminosas da conversa. Mesmo quando falhou vínculo, tempo ou atenção, nada está perdido. A experiência molda-nos, mas não nos fixa para sempre. Basta uma relação capaz, um adulto atento, alguém com disponibilidade emocional para realinhar o caminho. Humanamente, isto é extraordinário. E é profundamente esperançoso. O que fica desta conversa? Que os bebés dizem muito antes das palavras. Que as crianças comunicam mesmo quando não explicam. Que os adolescentes falam mesmo quando parecem calados. E que comunicar continua a ser uma arte de observar, responder e reparar. No fundo, a pergunta que atravessa toda a vida — da primeira infância à idade adulta — é sempre a mesma: “O que precisas de mim agora?” LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO Esta transcrição foi gerada automaticamente. Por isso, ela pode não estar totalmente precisa. 0:12 Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação? Os abrimos uma porta rara, a porta para o momento em que a comunicação ainda não tem palavras. Um instante em que tudo aquilo que somos, sentimos e esperamos. Cabe num olhar, num ritmo, num gesto minúsculo que ninguém nos ensinou, mas que todos reconhecemos. 0:35 Antes de falarmos, já dizemos, muito antes de dizermos, mamã ou Papá, já perguntamos, estás aí? Para mim, isto é um dos territórios mais fascinantes e talvez dos menos compreendidos da vida humana, a comunicação dos bebés. 0:51 Pelo menos para mim, todos intuímos algumas coisas. Há muita investigação e há a cada passo. Factos novos sobre a comunicação dos bebés não a fala, mas a intenção de comunicar a forma como um recém nascido convoca o adulto, cria padrões, imita expressões e constrói de forma surpreendentemente sofisticada, o seu primeiro mapa emocional do mundo. 1:13 E entramos acompanhados por alguém que passou décadas a observar esta dança invisível. Pedro Caldeira da Silva, fundador da unidade da primeira infância do hospital dona Estefânia e pioneiro da psiquiatria dos bebés. Ele ajuda nos. A ver o que normalmente não vemos, o choro como mensagem, o sorriso como reforço, a imitação. 1:33 Como o pedido de relação mostra nos como um bebé antes de falar, já está a estabelecer expectativas, a construir memória e organizar o pensamento, testando se o mundo responde e porque. A comunicação não é só técnica, é, sobretudo, vínculo. 1:50 Vamos também perceber como é que estas primeiras conversas deixam marcas. Na forma como olhamos, na forma como escutamos, na forma como nos relacionamos mais tarde, já, adolescentes ou adultos. Isto episódio é sobre bebés, mas também é sobre nós. Sobre aquilo que herdamos, aquilo que aprendemos, aquilo que continuamos a tentar reparar. 2:19 É desconcertante perceber que um bebé de poucos dias já vem equipado com competências impressionantes, imitar expressões faciais, procurar um rosto, preferir a voz da mãe no meio de todos os solos do mundo, organizar padrões, criar uma espécie de música emocional interior que o ajuda a antecipar o que aí vem e, acima de tudo, comunicar ativamente antes de ter uma linguagem, uma linguagem, falar de bem entendido. 2:46 Mas. Também é inquietante perceber o oposto, quando o bebé não procura, não repete, não repara, não responde. O silêncio pode ser um pedido, pode ser um sinal, pode ser o início de algo que precisa de atenção. Pedro Caldeira da Silva explica nos como distinguir o silêncio que protege do silêncio que preocupa e fala abertamente sobre o aumento dos diagnósticos do espectro do autismo, sobre o que sabemos, sobre o que suspeitamos e sobre aquilo que ainda estamos a tentar compreender ao longo desta conversa. 3:14 Viajamos da primeira infância até à adolescência, entre os bebés que imitam sem saber e os adolescentes que contestam. Sabendo demasiado, falamos do não como o Marco da autonomia de tensão entre Pais e filhos, do peso da responsabilidade parental e da culpa permanente de quem acompanha e cuida. 3:32 Falamos do papel das mães e dos pais e de todos aqueles que, ao longo da vida, funcionam como tutores de resiliência. Professores, treinadores, amigos, aquelas figuras que nos seguram quando a família não consegue e falamos dos ecrãs. Mas aqui a resposta surpreendeu. 3:48 Me não é o ecrã que faz mal, é a negligência. O problema não é a tecnologia, é a ausência do adulto, é o bebé que passa horas em frente a uma televisão que não vê, é a criança que perde a interação, o toque, o olhar ou o ritmo. O ecrã não substitui em definitiva relação, a relação é o que mais conta. 4:07 Um outro tema central desta conversa é o tédio. Hoje quase não deixamos as crianças entediar. Se entre a escola, atividades, horários e vigilância constante, a infância perdeu o vazio fértil onde se inventava, explorava, construía e até se errava. 4:22 O tédio é uma forma de Liberdade e uma das matérias primas da criatividade recuperá lo. Pode ser um dos maiores gestos educativos do nosso tempo. Por fim, chegamos ao ponto que atravessa toda a conversa, a indisponibilidade emocional que é mais destrutiva que o abandono físico, é o estar presente no corpo, mas ausente no vínculo. 4:44 Uma presença que não responde, que não repara, que não devolve. Uma espécie de silêncio que cava um buraco dentro da criança. Um tema duro, sensível, mas absolutamente necessário. Pedro Caldeira da Silva, pioneiros da psiquiatria da primeira infância em Portugal, conhecido como a psiquiatra dos bebés pode ser isto, posso apresentá lo assim? 5:06 Bom, já levou alguns antes de mim, mas. Já levou outros antes de ti, então? Mas porque é que porque é que ficou? Porque é que ficou conhecido como como o psiquiatra dos bebés? Bem, porque a minha vida profissional no hospital foi sempre com bebés, trabalhei sempre na unidade da primeira infância. 5:26 Da primeiro do centro de saúde mental infantil Lisboa e depois do do hospital dona Estefânia, portanto, que era uma unidade de saúde mental para bebés e suas famílias, portanto, atendi bebés e crianças pequeninas até aos 3 anos. E o que nos dizem os bebés antes de falar? 5:44 Porque é um problema, não é. Quer dizer, como é que, como é que é, como é que como é que se fala com eles antes na antes deles dizerem Papá e mamã? Pois é a questão. Eu penso que é um bocadinho. Ao contrário, como é que eles falam connosco? Como é que eles falam connosco? E isto é que às vezes é necessário algum cuidado e alguma atenção e algum alguma observação continuada para para percebermos o que é que o que é que eles nos dizem? 6:10 E como é que eles falam, como é que eles nos falam? Bom, os bebés, os bebés têm competências que hoje em dia sabe se muito sobre isso, sobre as competências com que os bebés vêm já equipados de nascença. E que nos dizem genericamente isto, os bebés não são uns agentes passivos que recebem coisas de de nós. 6:32 Os bebés são agentes ativos na comunicação. Logo desde que nascem. E antes de nascerem e antes de nascerem. Portanto, aquela ideia de que a gente fala para a para a barriga da grávida é é uma ideia que faz sentido. É, é, é os bebés. 6:48 Os fetos já estabelecem padrões e, portanto, já se sabe, isto é, enfim, são observações e experientes, relativamente fáceis de fazer, que os bebés, quando nascem, têm uma preferência pela voz da mãe. Ah, lá estão os pais, depois é isso? Está mais próximo, não? 7:04 É e ouviram a mãe durante muito tempo e. Portanto, já lá está nasceram no fundo, quando têm uma consciência inicial de si próprio. Já é com esse ruído de fundo, com esse, com esse, com essa música de fundo. Não quero usar a palavra ruído. Sim, eu não sei se é bem a consciência de si próprio. 7:20 Isso está se a está, se a construir. Mas os bebés, como todos nós, somos fazedores de padrões, não é o nosso. A experiência repetida organiza a memória e a memória depois permite nos formar expectativas. Enfim, EE, isto depois leva nos ao pensamento. 7:39 É essa a maneira, portanto, a gente consegue começar a ver que aquilo é redondo. E que redondo, por acaso também é uma bola, por acaso também é uma roda. É desta maneira de associação. Pode ser, pode ser assim, mas em termos da comunicação e, portanto, através do som. Mas não só do som. 7:54 Depois, há uma série de outras de outras maneiras de os bebés comunicarem e receberem a informação da nossa parte. Então, e como é que um bebé comunica antes de falar, antes da verbalização, antes do verbo? Então, uma das coisas muito importantes que os bebés têm que fazer é assegurar que os grandes se interessam por eles e estão dispostos a cuidar deles. 8:17 E para isso, os bebés vêm com uma série de equipamentos para para nos fazer aproxima deles. Tem o radar? Têm, por exemplo, uma maneira de fazer com que o adulto se aproxime, que é chorar. Parece me um método bastante eficiente, muito. Eficiente e. 8:32 E eles, quando quando abrem aquela goela que aquilo é uma sirene, aquilo nota se muito. É uma coisa que nos incomoda sempre, portanto, é muito difícil nós não nos incomodarmos com o choro de bebé. Eu costumo dizer por brincadeiras, os meus colegas pediatras, só os pediatras é que já não se. 8:50 Porque ele? Porque ele vem muito, mas qualquer de nós se ouve um bebé chorar, sente que tem que fazer qualquer coisa ou fazer ou dar uma justificação. O que é que será? E todos os shows são são iguais. E não. E os os shows são diferentes. E os cuidadores, como é que chamamos mães? 9:07 Mas os pais relativamente rápido conseguem distinguir que se é um choro de fome, se é de dor, se é. Incómodo, enfim. Portanto, o chorar é uma maneira de aproximar Oo grande, mas o sorrir em resposta também é outra maneira de pronto reforçar a aproximação. 9:27 E nos atrair não é atrair. Olha o bebé está só. Olha o bebé que sorri. Eu estou a ter sucesso. Nós sabemos hoje em dia que os bebés recém nascidos têm uma competência de imitar as expressões faciais. Que no fundo tem este sentido. Também penso eu que tem este sentido que é reforçar bem. 9:45 Eu estou a ser reconhecido, estou a receber uma mensagem do bebé. O bebé recém nascido imita expressões sociais do do adulto. É um espanhol. É um, é como se fosse um. Espelho que a grande tática. É extraordinário e sobretudo porque é transitório. Depois isto desaparece até parecer a verdadeira comunicação, mas é 11 repetição em espelho e mais do que imitar o bebé, depois toma a iniciativa, pede. 10:08 A repetição da expressão facial para para nós fazermos outra vez, quando? Nós fazemos aquilo, o cucu, por exemplo, para para ver se. Por exemplo, abrir a boca, fazer assim com os lábios, deitar a língua de fora. E se nós conseguimos estabelecer um padrão com o bebé muito pequenino, uma semana e conseguimos envolvê lo, fazemos uma pausa e depois é o próprio bebé que. 10:31 Portanto, há uma dialética de comunicação, logo, desde o nascimento, há um. Equipamento de série. Bastante sofisticado, já, já, já percebi. Então como é que se cria um vínculo com esse pequeno ser antes das palavras? Então é como? É que a gente se desenrasca. 10:46 É com a repetição. É com a repetição. Quer dizer, nós, os cuidadores, têm alterações hormonais que também os predispõem um bocado para serem cuidadores, não é? A famosa ocitocina, que é. Hormona do amor. Que é uma hormona do cuidado, mas curiosamente é uma hormona de obsessão dos comportamentos obsessivos. 11:07 Então, e por isso é que nós temos que ter, estamos preocupados, os bebés está bem? Se está, está com o calor, se está a dormir bem, se está tudo a correr bem. Então, aqueles pais que são excessivamente preocupados, que estão quase imagino que que muitas vezes deu consultas AA bebés e aos pais. 11:26 Sim, bebé faz parte. Bebés e pais, sim. Estarem mais preocupados? Pode acontecer sim. Aqueles outros que não estão nada preocupados também. Pronto, também pode acontecer. Também, e isso e isso depois tem um impacto na no desenvolvimento da conferência. Um desapego não querer saber. 11:43 Com certeza, porque enfim, voltamos à à repetição da experiência, não é? Tudo isto tem que ser experimentado várias vezes para o bebé começar a antecipar o que é que pode esperar dos outros. E há bebés que crescem com, enfim, com esta ideia de que os outros não servem para nada. 12:04 Logo, desde tenra idade. Pois desde muito tenra idade. É uma espécie de quê de desamora? Que eles não conseguem ter a sessão sobre o outro e portanto, isto não conseguem construir depois esta ligação. E como se fossemos estranhos, é como se o bebé percebesse que não há ali um cordão umbilical emocional. 12:20 Sim. Sim, podemos pensar assim, e como é que isso cura? Depois, mais tarde, como é que se cura essa ferida? Com a modificação da experiência. E vamos a tempo. Vamos sempre a tempo, porque vamos sempre a tempo. No início, o disco está ali, está ali. 12:36 Virgem não é EE com uma grande capacidade, há. Um há um, enfim, há um conjunto de processos que nós sabemos que são específicos dos 3 primeiros anos de vida. E que são críticos. Em termos da arquitetura cerebral do tipo de ligações que se estabelece. 12:52 Dos neurónios que sobrevivem e dos que se desativam e, portanto, os 3 primeiros anos de vida são, digamos, nucleares para isto. Então temos que começar a perdoar aqueles adultos que, afinal, são uns estupores e que provavelmente não receberam esse. Esse perdoar, não se perdoar. 13:12 Não. Mas pode se compreender agora. Eu não sou radical desse ponto de vista. Eu acho que nós continuamos a ter experiências de toda a vida. Ao longo da vida, temos experiências fundamentais. E, portanto, não, não me agrada esta ideia fundamental que é ou é até aos 3 anos, ou estamos todos tramados ou. 13:32 Não há nada a fazer. Ainda bem que não é assim, porque ainda enfim, com certeza que nós temos mecanismos vicariantes de substituição das das redes nacionais para isto ser de alguma maneira recuperado agora que há pessoas que não são más, há. E estão aqui, bom o tom de vós e o ritmo. 13:50 Qual? Qual é o papel que tem na segurança emocional? Desse pequeno ser, desse bebé. Oo tom de voz agradável. Sim, estou a partir do pressuposto que 11 gritaria provavelmente tem um efeito exatamente ao contrário. Também tem outro pronto, isto faz parte da mensagem, não é? Faz parte da mensagem. 14:05 Os bebés entendem estas, a melodia e o ritmo da voz como parte de algo agradável e que induz um desejo de continuar, digamos assim. Portanto, a mensagem nós depois, enfim, uma boa parte do meu trabalho é observar, observar o que se passa entre o bebé e os cuidadores EE aí quando quando há enfim o bebé já tem algum tempo devido, alguns meses depois forma se uma dança ou um jogo de serve and vitain como usando uma expressão do ténis, portanto um atira a bola e depois e. 14:44 Eu tenho 11 curiosidade que é? Como o médico fica lá atrás da sua secretária, está próximo de bebés, está sentado, como é que fisicamente, como é que é 111? Consulta depende das consultas, mas nas consultas com bebés eu muito frequentemente não estou sozinho. 15:05 Há um observador que regista por escrito o que se passa entre os bebés e o pai e os pais enquanto eu estou a. Para os pais? Para não perder? Tempo não perder nada do que se observa. Não perder pitada. Portanto, há alguém em geral é um observador que está em formação e, portanto, há uma ótima informação. 15:23 Bela, desculpa, não é estar. Apenas ali a observar, observar o que se passa na interação entre os. E que e que notas são essas? O que é que está lá? Está escrito? Nesse registo obsessivo do que se passa entre entre o bebé e os pais. Neste sentido, olha, não olha, afasta, se aproxima, se agita, se a mãe embala. 15:44 Toca, não toca. Toca, não toca. O bebé afasta, se já anda, gatinha, vai buscar qualquer coisa. Mostra os pais, não mostra os pais, os pais respondem, não respondem, enfim, há um conjunto muito grande de situações que nós registamos e depois ouvimos depois numa numa reunião para ver o. 16:05 Conseguimos identificar. Além disso, fazem se vídeos de da interação em situações padronizadas para isto tudo isto é informação clínica. Para ver como é que, como é que, portanto, no fundo, nós claro que não somos seres individuais, mas enquanto seres comunicantes e emocionais. 16:25 Nós somos nós, mas a relação a esse vínculo, essa ligação, obviamente conta na, na, na, na, naquele grupo de pessoas, com certeza eu pensar mais. Clássico, No No início, enquanto não há, o bebé não tem, digamos, um grande pensamento ou uma memória. 16:41 A interação confunde se com a relação, quer dizer, a vida relacional do bebé é a interação, pois à medida que. Vamos crescendo um pouco em temos pensamento, já temos memórias, já pensamos coisas em relação. É mais do que a interação, não é? 16:58 Mas ao princípio é a interação, é o é o principal. E a primeira vez que os pais entram com a criança com o bebé no consultório, tiro lhes a pinta logo. Ou esforça se por não fazer nenhum prejuízo, ou ou ou capta logo informação logo na entrada, ou até não ou até cá fora na sala de espera. 17:20 Capta a informação na sala de espera, mas isso é uma técnica para todos os médicos, EE. Vai lá ver o quê, o que é que, o que é que vem à procura? Eu observo a, portanto, observo o que se passa. Não, não tenho assim, nada de. 17:37 Pré definido o que é que o que é que procuro um contacto rápido com o bebé, portanto, e aí dá me logo a ideia se o bebé ou se criança pequena reaja ao estranho ou não reaja ao estranho intestino, se procura apoio nos nos cuidadores, se vem comigo ou se fica agarrado aos pais, enfim, há se uma quantidade de de informação que nos dá. 18:00 Logo, ideia do que do estado das coisas? E este programa chama? Se pergunta simples, mas eu tenho uma pergunta complicada, os bebés gostam de si? São uma resposta muito complicada porque eu, devido à minha modéstia, não posso. Não vou mudar a pergunta, como é que faz para que os bebés gostem de si? 18:20 Não faço nada, nem nem me interessa que eles gostem de mim. A Sério? A Sério? É uma coisa que eu tenho muito cuidado e todos nós sabemos que temos muito cuidado. Não podemos seduzir os bebés. E os bebés gostam de nós quando se sentem que nós estamos interessados neles. 18:40 Mas nunca usando técnicas de sedução em relação. Nunca chupa chupas, não é? Não é? Estou a pensar nos avós, não é que estão sempre com as suas crianças e com os gilbertos a fazer todas as táticas. Que isso não é uma situação clínica? Claro que sim. Se a vida real é outra coisa. Uma neutralidade sim, uma neutralidade não. 18:56 Um interesse no bebé ou na criança pequena? Não. É, e a criança sente isso. Percebe imediatamente? Imediatamente. Imediatamente. E isto é uma coisa. Por exemplo, nas creches ou na nos jardins infantis, é uma coisa fundamental. As crianças percebem logo se os adultos estão interessados nelas ou não. 19:15 E reagem, e reagem de acordo, uau. Reagem de acordo neste sentido. Pronto, as coisas estão a correr bem. Há aqui uma resposta, há um envolvimento. Há aqui uma troca de. Movimento. Ou mas não se dão Ah, ou dão se ou não se dão. 19:32 E há um envolvimento, ou então a gente faz asneiras, erra porque. Mas nós erramos sempre, não é ou não? Erramos sempre, sim. Dá uma ideia. Quando é que vamos? O bebé diz, nos não é isto, não é isto. Portanto, quando o bebé diz que não e que não é uma pura rabugice, sim é. 19:50 Uma manifestação é uma manifestação de que é pá. Isto não, não é bem isto que está a correr. Às vezes nós provocamos alguma. Algum obstáculo na interação com os bebés também para ver como é que os bebés resolvem problemas ou as crianças pequenas, não é? 20:05 Não é só bebés, teria mais frequentemente são crianças, não é? Como é que já andam que já têm acesso à à linguagem também, embora rudimentar, mas às vezes criamos algumas dificuldades para perceber como é que a criança reage e responde. 20:24 Vamos falar de uma coisa mágica? Que é o momento em que o bebé diz a primeira palavra, o Papá, o mamã ou outra qualquer. O que é que acontece? O que é que que coisa formidável é essa de um pequeno ser equipado com esses radares todos? 20:44 Subitamente encontra uma palavra lá dentro. Não só encontra a palavra. Como consegue dizê la? Porque são aqui coisas, o que é que é que está a acontecer ali ali dentro? Isto é um processo continuado, não é? Antes de muito antes de dizer a palavra dos sons, não é? 21:00 Outra coisa que os bebés vêm equipados é com essa capacidade para chamar. Localizar chamando, não é? Ah, Ah, eu faço isto. E aquela senhora que eu depois vou chamar mãe aparece, não é? E ele rapidamente liga os pontos, não é depois? Vou praticando, não é? Vou praticando, estabelecendo umas expetativas e depois lá passa a babá, mama laga e o bagagá. 21:23 Enfim, a quantidade de sílabas vai, se vai se desenvolvendo e, portanto, até dá. Se este processo duplo não é, vai se desenvolvendo na capacidade para fazer vários sons. E a capacidade dos adultos para dar significado aos sons? Nós entendemos o que eles estão a dizer no. 21:39 Nós damos sentido ao que eles estão a dizer. É diferente. Queres, papa? A AI a mamã, diz mamã. E ela vai confirmando. E vai se repetindo, não é? Isto é, também há. Há uma aprendizagem. Os sons começam a ter significado, não é? 21:55 E começam a ter sentido. E começam a ter sentido. Então, e. Como é que nós podemos ajudar os pais cujas crianças, num determinado momento, ou ou ou ou estão? Não sei, não sei se posso usar a palavra atrasadas nesse primeiro balbuciaram nestas primeiras palavras, ou o Papá ou a mamã e os pais começam a ficar ansiosos a pensar, então, mas quando? 22:18 Quando é que? Quando é que o meu bebé que diz qualquer há uns muito precoces que que são, são, mas, mas, mas outros que que que demoram o seu tempo ou que e que ficam muito ansiosos? Porque é que. O que é que o que é que nós podemos dizer? Depende da observação. Enfim, temos que pensar em 2 coisas, comunicação e fala. 22:38 Para falar, é preciso ter uma série de competências de comunicação já desenvolvidas e quando elas existem, a fala há uma margem relativamente grande para a fala aparecer. Quando é que é suposto 11 criança começar a falar, é? Isso mesmo, há uma margem relativa. 22:54 Pronto, podemos passar bem. Enfim, o ditado diz, lá ou anandarás aos 2, falarás, enfim, pronto. Há assim uns uns limites que os pediatras de desenvolvimento enfim, têm na cabeça e muito bem nas consultas de vigilância também. 23:12 Pronto, ele deve falar aos 2 anos, deve dizer palavras e entre os 2 e os 3, juntar palavras. Mas mais importante que isso, muitas vezes é. Como o bebé expressa o pensamento. Mesmo antes da palavra, nós conseguimos falar, falar com ele. 23:29 Mesmo que ele não diga palavras, nós dizemos, OK, onde é que está o livro? Ele percebe o que é que é? Compreende o que é que vai sempre à frente da expressão. Portanto, os bebés percebem, sempre entendem, sempre mais do que. Então, e o que é que nós podemos fazer para estes bebés que que que até têm competências e vão desenvolvê las mas está um bocadinho mais mais preguiçosos, mais renitentes, com menos vontade de de falar connosco o que é que o que é que a. 23:51 Gente está a fazer isso, está tudo bem? Temos que waiting Sea, portanto, esperar e ver para ver. Com paciência. Mas imagino que os pais não sejam de pacientes, não é? Quer dizer, EE é uma preocupação natural? Pode. Ser pai e mãe está as 2. 24:07 Está preocupado isso? Faz parte, pronto. E muitas vezes perguntam nos mas está tudo bem? Passa alguma coisa? E nós às vezes observamos e achamos que sim, não está tudo bem. Ou então achamos que há dificuldades muito importantes. E que tem a ver aqui com a escuta, tem a ver com com a maneira como. 24:24 Haver um défice sensorial não é. Quer dizer, pode não ouvir e isso tem que ser despistado. Mas hoje em dia é um. É uma situação que tem Aparecido muito, muito, muito. São as perturbações do espectro do autismo. É um quadro muito preocupante, que pode ser muito preocupante e que tem vindo a aumentar. 24:46 De forma impressionante. Uma estatística a apontar para isso. Nós, em Portugal, não temos estatísticas, não é? Mas as estatísticas mundiais apontam para isso, não é? Não é uma coisa portuguesa, é uma coisa mundial. Não é um aumento de casos das perturbações de espectros de autismo. 25:05 Tem sido um galopante tão galopante que não pode ser verdade. Portanto, pode haver aqui 11 excesso de medição, 111 demasiada até uma atenção muito próxima. Disto, isto tem várias razões. Por exemplo, os os menus de doenças, não é, digamos assim, tem que chegar, aumentar. 25:23 Aumentou os critérios, alargou muito os critérios para se classificar uma perturbação de espectro noutismo. Não, não sou isto. Faz com. Com que haja uma estatística que eventualmente tens a. Gerar isto tem razões. Há razões económicas para isto, porque havendo um diagnóstico em certos países civilizados com. 25:40 Diagnóstico há tratamento? Há direito ao tratamento? Não. É, passa a haver um padrão. Então EEEE, estou sempre a pensar aqui agora, não nestas perturbações do do espectro do do autismo, mas entre as e. Tivemos a experiência agora na pandemia, entre as crianças poderem estar até aos 3 anos em casa, com a mãe, com o pai, com os avós, cada vez mais difícil. 26:01 Mas enfim, com os avós às vezes acontece. Versos desde muito cedo serem estimulados ao contacto com outras crianças no Jardim infantil e assistimos todos. E aos vírus também, mas, mas aos estímulos que que estão disponíveis, há uma receita mágica. Há alguns princípios gerais não se podem aplicar a toda a gente, claro, mas, enfim, na sequência daquilo que eu disse, a importância para os bebés, para as crianças pequenas, é a interação individual. 26:31 Mas os os miúdos pequenos não precisam nada de estar em grupo. Não precisam. Não precisam nada. Então nós não aprendemos em grupo, nós aprendemos. Eles já não somos pequeninos, não é? Portanto, eles precisam de um. Primeiro, primeiro, precisam de uma boa relação individual, continuada no tempo. 26:50 É por isso que nalguns países civilizados. Mais uma vez, a licença parental é alargada. Agora, Ah, não, mas cá isto não é assim. Então vamos fazer aqui. Vamos inventar aqui uma coisa que é cresce feliz e tal, que é o que é bom é os miúdos todos estarem em grupo A ser cuidados com uma pessoa. 27:09 Isto não é a experiência natural, nem aquilo que que é melhor para os para os bebés. Idealmente, deviam ficar até quando com os peixes. Até aos 3 anos de idade, as crianças não precisam de estar em grupo A ser cuidadas por 11 estranho, por um estranho. 27:25 E como mais ou menos competências, mas em geral com muito pouco conhecimento da vida emocional dos bebés. Quando uma criança diz não, isto é um ato de Independência ou é um ato de amor? Não sabe se nós sabemos, já há muito tempo, que é um dos marcadores do bom de desenvolvimento. 27:42 A Sério, a Sério. Então, aquilo que nos irrita profundamente. Porque a criança decidir dizer, não, não quero comer, não quero dormir. Não, não, não. É um sinal de autonomia? É um é um sinal daquilo que me estava a perguntar há pouco da consciência de si próprio. Portanto, devíamos celebrar. 28:00 Não devemos celebrar, não devemos discutir, faz parte. E sermos mais diretivos ou mais compreensivos, isto é, onde é que? Onde é que está o aqui? O elástico da coisa quer dizer, qual é o momento em em que a gente deve deve impor a nossa vontade de deuses adultos? 28:17 Ou quando nós devemos ser mais condescendentes? E deixar as coisas? Fluir bom há muitas maneiras de de criar crianças, muitas maneiras diferentes. Podemos fazer uma lista? As culturas familiares diferentes, tens essas histórias das famílias. 28:33 As pessoas têm muito, muitas maneiras diferentes. Nós temos vindo a evoluir, acho que sempre no sentido positivo. Abandonando um bocado esta ideia de que é uma coisa que eu costumo dizer muito nas minhas Apresentações, há 3. 28:50 Nós somos sempre tributários de 3 modos de pensar na infância, primeiro modo é dos dos puritanos, nós nascemos maus e temos que ser educados por ser corrigidos, ter que ser formatados, portanto, ajudar a crescer, a educar e corrigir. 29:08 Portanto, não faço, não faço, está quieto, não sei quê, não é? Ou então a nossa senhora, os bebés nascem bonzinhos e depois o que os estraga é a sociedade e, portanto, coitadinhos, são inocentes e pobres, e não sei quê. A teoria do bom selvagem. Do bom selvagem, exatamente. 29:25 Ou então não, senhora. Os bebés são competentes e e nós temos que os apoiar no desenvolvimento. E então, e voto em qual? Eu voto nesta última. Mas somos tributárias das outras, não? É, portanto, levamos com elas de qualquer maneira. Também há ainda uma terceira. 29:40 Penso que há uma quarta versão, que eu, das 3 primeiras, havia uma que estava a passar, que é os bebés não sabem nada, não nascem com nada e, portanto, tudo o que são sobre somos nós que lá poucos. Isso é um bocado é o empirismo? É. É um bocado egocêntrico também, não. É, é o empirismo. 29:55 Quer dizer, eu posso fazer um bebé tudo o que eu quiser. Não me parece, não é? Também não tenho, não tenho essa edição. Portanto, nem zero, nem maus, nem bons são competentes, não. É, é. Até porque eu tenho. Quer dizer, normalmente, por exemplo, quando nós conhecemos bebés, gémeos, eles estão a ser educados pelas mesmas pessoas no mesmo sítio, no mesmo ambiente. 30:17 E chamadas EE. E, na realidade, eles desenvolvem maneiras de ser e de pensar que são completamente diferentes um do outro, não é? Em geral. Quando não acontece, se temos um problema? Não, não, não necessariamente, não podem ser bastante parecidos. 30:33 E há coisas em que são. Há coisas em que são muito parecidos mesmo estudos de gémeos que foram separados e que depois se reencontram mais tarde e identificam que afinal. Usam as mesmas gravatas ou gostam da mesma comida? Assim vou. Dar uma boa série de de de televisão. Ah, uns programas sobre isso, penso que sabe, e. 30:50 E podemos fazer aquela pergunta aos pais que é, qual é o teu? Qual é o teu bebé preferido? Qual é o teu filho preferido? Podemos, mas os pais não, não devem responder. Mas do ponto de vista das crianças, os os filhos devem ser sempre únicos para os pais, não é. Portanto, devem ter uma individualidade. 31:07 O que faz todo o sentido bom, há uma altura em que a criança. Não sabe falar? A criança aprende a falar. Depois vai para a escola e passa lá muitas horas sentado a ler e a escrever. Não sei se o método de ensino é o melhor de todos ou não. Mas subitamente, eis que a criança chega ao alto dos seus 1213 anos e se anuncia como adolescente. 31:27 E perderam as palavras outra vez. Os adolescentes voltam outra vez anão querer falar muita coisa connosco. Ah, não, mas falam com eles próprios, falam com falam. Com quem lhes interessa? Exato. Falam com quem lhes interessa. Há aí, há aí, mais uma vez. 31:42 Há aí um novo processo de aquisição da autonomia, agora já mais estabelecido e mais, enfim, eficaz, digamos assim. Acho que é muito que também vem buscar muitas coisas da infância. É assim há adolescência, digamos que há muitas vezes é o reviver este processo de autonomização também. 32:02 Porque é que é tão difícil para nós falar com os adolescentes ou entender a sua linguagem muito própria? Isso não também não faz muito sentido, não? Acho que a gente não os entende com ou ou aquela maneira como como se comportam, como se rebelam, como, como se opõem. 32:20 Eu não acho que a adolescência seja uma doença. Acho que pronto é um. É um período da vida com fantástico, fantástico, com coisas fantásticas, em que a posição dos pais, às vezes pronto, deixa de ter aqui um lugar tão central. Essa às vezes custa muito aos pais. 32:37 Já não és o meu menino e tal. Já não é o bebé? Pois às vezes, Ah, passou este tempo. Eu ainda estou a tratá lo, como uma criança eu já tenho. Aqui já tenho 1 m e 80 já. Tenho 1 m e 80, ainda me vêm para a consulta ver ou é uma criança que? EE, às vezes isto custa muito aos pais de facto, e isto gera tensão depois, não é porque? 32:57 Mas a tensão é normal, que és uma tensão. Empurra nos para o crescimento, não é para fora, pois é normal. Agora, isso às vezes fica tão fixado e os conflitos agonizam. Se tanto, que pronto. Temos um problema? Sim. Então eu eu quero levar daqui até para as pessoas que não estão a escutar umas táticas de abrelatas que é. 33:17 Como é que a gente consegue estabelecer um diálogo e conseguir ir lá ver com como é que, como é que aquele nosso filho ou sobrinho ou neto adolescente, quando a gente precisa de saber coisas dele, quer dizer, como é que? Como é que vai a vida na escola, A Exceção das notas? 33:33 Como é que vai a vida emocional? Como é que? OKA primeira coisa é que temos que ter confiança naquilo que já pudemos lá, portanto. Já pusemos desde o do princípio até eles chegarem à adolescência. Temos que ter confiança que já lá pusemos coisas boas. 33:49 Que criamos uma matriz? Sim, e ajudamos 11 bom desenvolvimento. Pode haver um medo que que que se alguma coisa não correr bem, que a responsabilidade é nossa, porque a gente não isso há sempre não fez uma programação. Boa sempre. Programação, se calhar, jogo da culpa é uma coisa fantástica, não é? 34:05 É uma coisa fantástica. Portanto, os pais sentem se sempre. Culpados ou há vias de ciclopados? De em princípio, assim não é na dúvida. Na dúvida, sim. Pronto. A culpa é tua, as mães queixam se muito. Isso não é a culpa, é das mães? Sim. Mas a gente sabe se é uma das das das nossas piadas. 34:22 Não é a culpa é sempre das mães. Porque é que a culpa é das mães? Porque as mães são o principal cuidador desde o início. E as mães e depois há pronto? Não sei. O que é que será? As mães são aquelas que estão mais em cima, que estão mais no direto. 34:38 Fazem a microgestão das coisas em geral. Nas famílias tradicionais, o pai sabe das coisas e estabelece a norma geral. Mas quem toma as decisões importantes? Da casa, das casas, sim. São as mulheres, sim. São as mães e, portanto, desse ponto de vista, é tradicional que se ache que aquilo que se passou entre as mães e os bebés e as crianças pequenas. 35:02 Tenha mais responsabilidade. E eu e eu estou de acordo com isso. Acho que as mães são as pessoas mais importantes na vida da dos bebés das crianças pequenas? Acho que acho que sim. Então, e os pais têm, têm papel? Têm muito papel? Têm. Os pais, têm muito papel, mas primeiro que suporta as mães, o primeiro papel dos pais é que suporta as mães e depois os pais. 35:26 Têm, enfim, várias, várias funções. Que fazem melhor que as mães. Uma delas é mostrar o mundo, apresentar o mundo. Também não podemos dizer isso muito alto, mas estamos, estamos quê? Estamos estamos sempre em risco e os pais estão? Sempre em risco, tirar a criança debaixo da saia das da da mãe. 35:42 EE empurrar para o. Mundo é uma maneira de dizer sim, sim, é uma maneira de dizer. Às vezes o pai pode ajudar a. A mostrar que há mais mundo para além da mãe, sim. Portanto, quase aquela ideia de a mãe enquanto cuidadora e aquela que quer abraçar a criança e protegê la de todos os males do mundo EEOEO pai, enquanto aquele que diz, OK, vamos agora sair daí. 36:06 Que é que há um mundo lá fora para ver? Sim, caricaturando e resumindo, mas as mães também, em geral também têm um desejo, que os filhos cresçam, que os filhos se autonomizam. Mas têm mais medo. Não. Mas partem de outro princípio, partem de outro, de outra situação. 36:21 Não. Não sei se têm mais medo. A função do pai, que é mais de puxar para fora. Nós estamos agora numa num num momento em que, em que obviamente há uma diversidade no mundo. Estou a pensar, por exemplo, nas, na, na adoção, mas não só, mas filhos. De não de um pai e de uma mãe mais clássico, biológico, mas de um pai e um pai, de uma mãe e uma mãe. 36:43 Há alguma diferença funcional e emocional aqui nesta, nessa formação destas novas famílias, eu acho, e dessas funções. Eu acho que, enfim, eu não sei. Não tenho estudos para dizer se, de facto, há diferenças assim muito grandes. 37:01 Aquilo que eu me tenha percebido e nas famílias com que tenho falado é que muitas vezes este papel oscila. Mas há vezes há casais em que um dos progenitores tem mais uma função paterna, digamos, apresentar o mundo, estabelecer as normas grandes, e outro mais de função cuidadora, mas eu acho que isto é muito oscilante e variável. 37:24 E as crianças podem. E os jovens podem ir à procura de um avô ou um tio ou uma tia. Um podem podem ir à procura desses referenciais também. Podem. E eu acho que todos nós na nossa vida, tivemos aquilo que podemos chamar 11, tutor da resiliência, portanto, alguém fora da família, que foi muito importante para nós e nos ajudou a crescer. 37:44 É um mestre, não? É um mestre, sim, por exemplo, um mestre, um professor, um treinador, enfim, alguém que foi muito significativo para nós no nosso crescimento. Mas esse é um bom processo, não é, é? Ótimo, é ótimo e muito protetor. 38:02 Porque sentimos que há ali um alguém que primeiro lugar confiou em nós e que nos mostrou se calhar. Que investiu em nós não é que investiu em nós. E é importante que invistam em nós. É claro, com certeza. Então, desde o princípio, por isso é que as crianças percebem que nós estamos interessados nelas, nas crianças pequenas e. 38:18 Os pais que desistem das crianças. É um drama, não é? Isto é um drama. Pode haver muitos motivos para isso, não é? Mas há pais que não têm a capacidade. Crónica ou momentânea de cuidar de crianças? 38:33 Sim, isso existe. E o que é que o que é que é? Abandonam las não podem, não as cuidam. Podem sim. Enfim, nós sabemos que a pior coisa que as crianças passam não é o abandono nem é o abuso. 38:52 Muito que custa ouvir, isto é a indisponibilidade emocional. Portanto, é a presença sem. Sem responsabilidade, digamos assim. É não estar lá. É o que afeta mais o desenvolvimento. Porque criam o quê? Uma ideia de vazio? Dá esta sensação de desesperança aprendida. 39:11 A partir de quando é que nós aprendemos a nomear as emoções no fundo, quando é que como é que nós aprendemos AAA distinguir? Raiva de frustração do medo da vergonha. Essa paleta toda de de como é que eu consigo descobrir inicialmente que isto que eu sinto é raiva. 39:28 O que eu sinto aqui é outra coisa qualquer. É vergonha. A partir de certa altura. É. Quer dizer, isto é uma coisa que nós vamos nomeando para as crianças, vamos explicando às às crianças o que é que quer dizer este sentimento. 39:46 Que me dispõe mal, que me obriga AA bater com a crença no chão ou que me obrigado a pô Los. E sabemos que é Alegria. Olha, isso é raiva, isto é frustração. Isso vai sendo nomeado. UI, estou tão zangado. UI, estamos mesmo contente? 40:01 Uau, que surpresa com. Portanto, esta comunicação muito emocional ajuda a nomear aquilo que nós sentimos ou que as crianças sentem. E isso ajuda depois a digerir a emoção também e. Os nossos professores passamos muito tempo na escola, estão AA conseguir fazer uma boa tradução desses, dessas emoções. 40:22 Eu acho que no geral, sim, mas eu só vejo os casos que correm mal. E isso é um viés. É claro que é claro que é. Portanto, eu não posso generalizar os professores, porque eu, em geral, eu. Isso é que queixas dos professores. Quando a coisa corre mal, pois e como é que, como é que quando? 40:40 Quando chega a casa depois de 1 dia exposto a um conjunto dos males do mundo, se consegue reequilibrar. Havia 111 médico que me ensinou algumas coisas, bastante psiquiatra e dizia que entre cada consulta eu tinha que ir ao espelho ver se ainda se reconhecia. 41:08 ESIM, isso é um, é um, é uma parte do trabalho, é uma das consequências do trabalho pesadas. Isso, sobretudo, sobretudo quem trabalha com crianças muito pequenas, porque nos afeta mais o sentimento de estarmos em confronto com crianças, em sofrimento e estar mesmo em contacto com o sofrimento de crianças muito pequenas carrega. 41:28 Na sua alma esse lá está, se interessa se tem. Esse exato que é muito importante termos. Possibilidade de falar disto com outras pessoas, com colegas, com enfim, com amigos também, mas, mas sim, acho que depois nós também conseguimos sair disto por esta tentativa de compreensão, de tentar perceber, de nos interrogarmos, de estudarmos, fazer sentido daquilo que que se passa. 41:58 Mas. Há sempre alguma coisa que também mexe connosco, porque também nós já fomos bebés crianças pequenas. Está implicado no fundo, naquela relação. Com certeza, então. E como é que e como é que consegue lidar quando quando as coisas correm bem? Obviamente, imagino que seja 11 Alegria e 1 e 1 satisfação profissional naqueles casos em que as coisas são mais complicadas e que não encontrou exatamente o que estava à procura em que não encontrou o tom em que as coisas parecem estar teimosamente anão progredir. 42:30 É a vida, volto a tentar, não é? E consegue estar pacificado com essa, com essa ideia ou. Sim, acho que uma das funções muito importantes eu vejo muitas crianças com estes quadros deste de início do autismo, perturbações de desenvolvimento intelectual. 42:47 Uma das funções muito importantes dos dos médicos, dos técnicos com estas crianças é não desistir. Mesmo quando nós às vezes temos a ideia que é pá, isto, já não estou aqui a fazer nada. Mas há alguma coisa sempre que se consegue. Há alguma coisa sempre se consegue e uma coisa que se consegue mesmo é servirmos de modelo para a família, portanto, para. 43:08 Que a família não desista. Exatamente, exatamente é, vamos continuar, nós estamos aqui, estamos juntos nesta Batalha. Exatamente. E esses essas crianças depois, quando crescem, encontras nalgum momento já desencontrou como é que ou não? Ou já me pede. Já encontrei várias, em várias situações e é muito gratificante e há outros que eu vou seguindo na vida adulta também porque. 43:32 Porque são mais públicas, porque se os. Pais querem manter? Não, os pais querem manter um seguimento. Pronto, voltam como se como se fosse 111, rotina de tempos a tempos. Pronto, estiveram comigo na infância e agora estão na idade da luta. 43:47 E surgiu um problema, não sei quê, eu só quero ir àquele. Eu já conheço e falei com ele, mas isso? É uma tremenda prova de confiança. É mais do que tudo, não é sim que é. Eu vou ali, vou falar com aquela pessoa, porque eu confio naquela pessoa. 44:03 E eu lembro, me tenho uma boa experiência, eu quando era pequeno, jogava futebol com ele lá no gabinete. Joga futebol também jogava futebol com as crianças. No gabinete, sim. A Sério, sim, faz parte. É 11 das armas terapêuticas. Umas táticas lá está há bocadinho. Não me quis dizer quais eram essas táticas que eu também quer dizer. 44:20 Nós todos gostamos dessa táticas. A jogarem futebol no gabinete, não. Vamos ao médico, ele joga à bola, connosco. Isso é uma coisa extraordinária. Estamos todos esse ato de comunicar, de falar, de nos tocarmos, de nos olharmos nos olhos, está a ser suspeito, fortemente prejudicada, porque agora estamos todos a olhar para uns pequenos ecrãs que estão aqui em particular, os mais novos, que estão ali muito presos. 44:42 O que é que nos está a acontecer, o que é que o que é que isto nos está a fazer à cabeça? Lamento dizer, mas eu não sou do plano dos dos que demonizam os ecrãs. Alto. Temos uma ressurreição. Quer dizer que, afinal, isto não pode não ser tão catastrófico como isto? Com certeza estamos a entrar agora na fase do vamos proibir tudo até agora, vamos na fase do vamos usar tudo agora na fase proibimos. 45:01 Tudo. O problema não é os ecrãs, o problema é a negligência. Esse é que é o problema, se a criança está horas sem fim. E eu vi bebés que estavam. Bebés. Bebés crianças muito pequenas, bebés que não andavam ainda, que estiveram horas e dias e dias na cadeira de baloiço, em frente à televisão e. 45:29 E isso prejudica o seu desenvolvido? Não é o ecrã, é os. É os adultos. É os adultos. É negligência, porque, apesar de tudo, estão em frente à televisão ainda, se calhar, ainda aprenderam alguma coisa, mas do ponto de vista relacional. Perderam muito. 45:44 Portanto, o que deviam estar, nós devíamos era era estar a falar com elas, a interagir com elas, a fazer coisas com. Certeza isso. Nas famílias normais isso acontece e depois há tempo de ecrãs e pronto. E os pais, enfim, com aquela ideia que têm que educar, AI já estás muitas horas, não sei quê, acabou, já fiz o meu papel, já já pus limites, já pus limites e tal. 46:10 Pronto. Mas eu não acho que as pessoas devam viver apavoradas com os ecrãs. Estas estas gerações nasceram com os ecrãs, vivem com os ecrãs. Vão viver com os ecrãs e vão usar os ecrãs. O melhor que nós. Essa também é boa notícia, não é? Quer dizer, eles, eles são nativos digitais. 46:26 São que podem causar dependência. Os ecrãs pode sim, senhora. Pode causar doenças, é verdade, mas doenças na generalidade das das situações. Não. Então ias a ideia da das redes sociais e dos ídolos das redes sociais, agora chamados de influenciadores, esta podem criar uma ilusão de intimidade, lá está de serem uma coisa ou não. 46:51 É verdade, sim. Acho que podemos refletir bastante sobre isso, quais são os significados destas, destas, destas novas tecnologias? Mas eu não me parece que sejam muito diferentes do que sempre houve por outros meios. Bom, devemos deixar as crianças em paz. 47:07 Ouvi dizer, li me uma frase que é, o que é que o que é que quer dizer quando defende, deixem as crianças em paz. Estou me a lembrar do dos Pink Floyd, do Living the Kid, hello. Não é. Deixem lá as crianças em paz. Não fui eu que disse isso. Acho eu não, não, não, não, não. Eu apanhei, 1111 frase que dizia isso, deixar as crianças em paz. 47:27 Defende isso? Ou não, de certa maneira, enfim. Mas se deixar as crianças em paz é deixá las sozinhas. Vamos com calma. Isso é regligente? Mas às vezes é preciso mais uma vez confiar nas crianças, não ser muito intrusivo, mas é preciso investir nas crianças também, dar lhes oportunidades de conhecerem coisas boas e experimentarem. 47:58 Mas é uma coisa que, enfim, deste ponto de vista, é uma coisa que está que está prejudicado e que eu acho que pode afetar o desenvolvimento das crianças. É a falta de tempo livre. Hoje em dia, há muito pouco tempo livre. É um inferno, não é? 48:14 Se as crianças hoje em dia é um inferno. Também não digamos isso, fazem coisas agradáveis. Não é, mas são muitas. Eu estou a pensar. Tem a escola, muita escola. Depois os professores inventam trabalhos de casa, como estão a ver amanhã, depois aos treinos do futebol, do voleibol ou de outra coisa qualquer, a música, mais um inglês mais. 48:31 É verdade, é isso. Portanto, há uma quantidade de atividades estruturadas ao longo do dia. São pessoas muito simpáticas e que fazem coisas agradáveis. Mas o que resulta daqui é que as crianças estão sempre a receber ordens e a cumprir instruções. 48:47 O que? Se nós pensarmos do ponto de vista do mercado de trabalho, OK, estamos aqui a criar robôs adultos obedientes. Não é robôs, é obediente. Sabem seguir instruções, sabem fazer coisas. Isso é muito pouco criativo. Muitas coisas que nós aprendemos na escola não tem sentido nenhum. Das crianças não faz sentido nenhum a gente aprender aquilo, mas. 49:05 Podemos fazer uma lista exato, uma lista grande. Pronto, estamos aqui. Também queremos agradar àquela senhora professora que pronto. E os nossos pais também ficam muito contentes e a gente faz aquilo. Mas hoje em dia as crianças passam muito tempo nisto e estão muito pouco tempo sem supervisão, porque há a ideia dos perigos, dos raptos dos pedófilos. 49:25 Não sei quê. E, portanto, há. Há sempre um fantasma. Tem que estar sempre jihad e sempre a fazer a serem entretidos. Portanto, o que está a prejudicado hoje em dia é o tédio, é o direito ao tédio. Precisamos do tédio. É no tédio que nós criamos coisas. 49:43 É no tédio que nós não temos nada que fazer. Não temos nada que fazer. Depois inventamos qualquer coisa. Temos que ocupar o espaço do tempo, a cabeça. Mas, mas criamos qualquer coisa muitas das vezes na infância, são aquilo que se chama asneiras. 50:00 Mas isto é fundamental, é fundamental. Fazer asneiras é fundamental. Claro que é com. Esta parede, estás estás a fazer o que é que estão muito calados, estão a fazer alguma coisa, alguma coisa. De mas esta esta possibilidade de criar coisas é é fundamental para o crescimento. 50:23 As aventuras na rua, quando se subia os telhados ou se IA para os bicos ou se. Fazia o que fosse. Hoje em dia isto está muito prejudicado porque há sempre alguém para andarmos a dizer nos como é que é e como é que deve ser e como é que não pode ser. 50:39 Estamos sempre no aquário. Estamos sempre sim. E depois há esta tradição da escola portuguesa de que errar é errado, não? É e não é. E não, é claro que não é. Vamos fechar esta nossa conversa, o que é que gostaria que as pessoas dissessem mais umas às outras? 51:00 Vai tudo correr bem? Não dizer, vou dizer. Vai a manifestação de otimismo? Otimismo, sim. Que é um Eu Acredito em ti. Sim, vai tudo correr bem. Isso é uma frase de grande potência, não é? 51:18 Então saímos bem, mas pronto. Isso é um cheque em branco? Não é uma confiança, é um. É uma confiança. Mas, enfim, vai tudo correr bem. Quer dizer que eu vou estar cá para ver se for preciso alguma coisa? 51:34 Eu estou cá? Eu estou cá? No fundo, é o manual dos bons pais, não é? Vai à tua vida, cresce, Conquista o mundo se alguma coisa correr mal. Eu estou aqui se. Precisares de alguma coisa compra, mas sim, mas eu acho que sim. 51:51 E a infância nunca esteve também, como agora. Na história, na história do mundo, apesar destas coisas todas. Portanto, nós achamos sempre que o mundo está sempre pior. Isto agora é uma desgraça. Isto não, mas não. As coisas estão a melhorar. Havia 11 pessoa que dizia que os jovens hoje em dia são horríveis, insultam, os professores não têm maneiras à mesa. 52:12 Não parece nada, pois não? Isto. Quem disse isto foi o Sócrates, o filósofo antigo, não? É o homem das perguntas. Pronto. Já dizia. Isso já dizia isto. Mas claro que elas são mais competentes, claro que elas são mais comportadas, claro que elas. Sobrevivem mais, não é? 52:28 Morrem muito menos. São melhores que nós, não é isto, está isto, está a correr bem? Sim, claro que está. No fim deste episódio, ficamos com uma certeza luminosa, nada está fechado? Nunca. Mesmo quando algo falhou nos primeiros anos, mesmo quando faltou o vínculo, quando faltou o tempo, quando faltou a presença, há sempre espaço para reparar a experiência molda, nos. 52:50 Mas não nos aprisiona e, se houver alguém disposto a escutar a relação, pode reencontrar um caminho. Ficamos também com um desafio, olhar com mais cuidado. Os bebés dizem muito antes de falar, as crianças dizem mesmo muito, mesmo quando não explicam, os adolescentes dizem muito quando parecem dizer nada. 53:08 A comunicação humana continua a ser, acima de tudo, uma arte de observar e responder uma dança, uma pergunta permanente, o que é que precisas de mim agora? Obrigado por estar desse lado, obrigado por. Ouvir com calma, curiosidade e atenção precisamente aquilo que salva todas as relações humanas. 53:24 Este é uma pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação. Hoje fomos ao princípio de tudo. Amanhã voltamos para continuar a falar e a ouvir melhor, até para a semana.
Dez anos depois dos atentados que mataram 130 pessoas e fizeram mais de 400 feridos em Paris e Saint-Denis, o filho de uma das vítimas mortais denuncia a exploração da emoção em torno dos ataques e pede “pensamento crítico e analítico sobre o que aconteceu”. Michaël Dias afirma que não se procuraram respostas sobre as causas e o financiamento dos ataques e alerta que não foi feito “um trabalho para lutar contra a polarização da sociedade” de modo a “evitar que pessoas nascidas em França atentem contra o próprio país”. O filho do português que morreu no Stade de France questiona “como é que “um país como a França não foi capaz de antecipar uma operação terrorista desta dimensão” e não acredita que hoje a situação esteja melhor. Foi há dez anos que três comandos de homens armados mataram 130 pessoas e fizeram mais de 400 feridos em Paris e Saint-Denis. Primeiro, no Stade de France, depois em bares e restaurantes e na sala de concertos Bataclan. Os ataques de 13 de Novembro de 2015 foram, então, reivindicados pelo autodenominado Estado Islâmico. Dez anos depois, como contar e lembrar o que aconteceu e como estão os familiares das vítimas? Para falar sobre o assunto, convidámos Michaël Dias, filho de Manuel Dias, a primeira vítima mortal daquela noite junto ao Stade de France, em Saint-Denis, nos arredores de Paris. RFI: Dez anos depois, como é que está o Michaël Dias e a sua família? É possível reconstruir-se dos atentados? Michaël Dias, filho de Manuel Dias: “Enquanto estamos vivos, é sempre possível reconstruir-se e continuar a viver, mas acho que isso é bastante universal em todos os lutos. Não me parece que este luto seja muito diferente de outro. As circunstâncias podem ser mais inesperadas, mas o ser humano passa por um luto que é seu, que é íntimo, que é pessoal e todos os ouvintes um dia passarão por isso.” Que memórias é que ainda guarda daquela noite? “É uma noite de espera até termos a confirmação. Não guardo nada para além dessa lembrança, mas não traz nada à reflexão sobre o assunto, o sofrimento das vítimas ou da família das vítimas. A gente vimo-lo na televisão e na rádio nos últimos dez anos, várias vezes. Não há nada que seja muito útil ao explorar esse sentimento, nem vejo uma grande utilidade de fazer um tutorial sobre como fazer o luto em circunstâncias excepcionais.” Mas se houver alguma coisa que tenha falhado, por exemplo, a forma como as autoridades comunicaram com as famílias, seria bom tirar lições. Ou não? “Não acho que houvesse um protocolo que tenha falhado ou que fosse importante fazer alguma coisa na altura. Soube-se quando tinha que se saber e não é por aí. Não acho que seja um ponto que tenha falhado em particular, é muito mais o facto de um país como a França não ter sido capaz de antecipar uma operação terrorista desta dimensão e coordenada e sincronizada desta forma.” Mas, por exemplo, a sua irmã disse-nos [numa entrevista em 2021] que o número de emergência não funcionou e ela estava em Portugal... “Sim, mas se não somos capazes de antecipar um acto terrorista ou vários numa mesma noite, quanto mais as questões puramente logísticas de números de telefone e de quem centraliza a informação, etc. Desde então, certamente com o número de atentados que já houve em França, eles hão-de ter criado um processo bastante mais eficaz.” Dez anos depois, diz que não houve antecipação. Como é que está a França hoje? “Quando isso acontece, a gente sempre espera que seja o último, que não haja mais, como é óbvio. Mas depois eles foram-se multiplicando, chegando a uma banalização. Acho que ninguém saberia listar o número de atentados que houve em França, de pequena ou grande dimensão, nos últimos dez anos. Portanto, não só não anteciparam esse, como falharam em vários outros níveis. Certamente que também terão evitado outros atentados, mas não acredito que estejamos numa melhor situação hoje do que há dez anos, com muito mais ameaças, com um sentimento de insegurança que foi sempre crescendo. Estamos longe de termos melhorado em qualquer um dos aspectos.” O que é que falha concretamente? O que é que é preciso fazer para antecipar? “Esse é o trabalho de quem zela pela segurança da população, é um trabalho da Inteligência, um trabalho de procura das causas de quem pode estar a financiar, quem pode estar a dar apoio logístico, etc. E todo o outro trabalho que tem que ser feito para lutar contra a polarização da sociedade e para evitar que pessoas nascidas no próprio país atentem contra outros cidadãos que não têm nada a ver com o assunto.” Como é que a memória colectiva deve recordar estes momentos sem que eles sejam, digamos, politicamente utilizados para fracturar uma sociedade que já está polarizada há muito? “Essa questão do dever de memória, eu acho acho curioso. Relembrar o quê? Relembrar que não foram capazes de evitar vários atentados que fizeram mais de 120 mortos numa mesma noite? Não esquecer tudo o que está por trás disso e como nunca fomos capazes de pensar nas origens, de fazer essa genealogia dos acontecimentos, saber quem financiou, quem deu apoio logístico? Continuamos com essa historinha de que três ou quatro parvos num kebab terão imaginado um dia fazer um atentado sozinhos. Isso é absurdo. Forçosamente houve quem financiou e quem deu apoio, mas em nenhum dos momentos a gente pensa essas causas, em nenhum momento o julgamento pensou essas causas profundas e continuamos com a mesma moralização de sempre nos ‘media' e a tentar sempre entrar no acontecimento pela emoção, em vez de pensar isso de forma crítica.” Além do luto individual, os atentados deixaram uma marca indelével na sociedade francesa. Foram os piores atentados na história de França. Até que ponto é que não se poderiam tirar lições, mesmo em termos políticos, do ocorrido e também lembrar das pessoas? No julgamento, a sua irmã disse-nos que pouca gente sabe que houve uma vítima no Stade de France. Como é que se devem lembrar estas pessoas? “Lembrarão essas pessoas quem sente a falta delas. De forma colectiva, ficarão na História pelo que se viveu naquela noite, mas não tem grande interesse tentar personificar um atentado porque isso não traz nada ao debate político, não diz nada sobre a sociedade. O luto é uma coisa completamente individual, pessoal e essa reflexão incapacita as pessoas de pensar de forma crítica, vamos falar de como dói perder uma pessoa sem pensar porque é que isto aconteceu e quem são as pessoas que poderiam ser responsabilizadas por isso de forma política e não só. De resto, é uma questão de luto pessoal. Um dia seremos só uma foto numa estante e no dia a seguir não seremos mais nada.” O seu pai não é apenas uma foto numa estante. O seu pai tem uma placa de homenagem a lembrar o nome dele junto ao Stade de France... “Sim, mas certamente ela um dia será tirada de lá. Não serve de grande coisa pensarmos em toda esta questão de uma forma emocional porque esse trabalho foi feito a vários níveis. Foi feito naquela noite para quem viu na televisão aqueles atentados em directo e sentiu essa emoção, portanto não precisa de voltar a senti-la hoje. Viveu também de forma muito sofrida todas as pessoas que perderam alguém ou estiveram lá naquelas noites e, portanto, não precisamos de mais emoção para perceber o assunto. A gente percebeu bem o que é viver aquilo. Agora, precisamos é de pensamento crítico e analítico sobre o que aconteceu e a emoção impede que isso aconteça.” Foi convidado para as cerimónias de homenagem? O que está previsto? “Acho que há várias comemorações, como sempre, em todos os sítios onde aconteceu, e depois acho que há a inauguração do Jardim da Memória, algo assim.” Lá está, a memória... “Sim, mas essa memória é a memória emocional de quanto se sofreu que vai impedir de pensar de forma crítica ou é a memória de não termos sido capazes de antecipar isto, de não termos sido capazes de gerir isto, de termos obrigado as vítimas a submeterem-se a um processo longo e indecente de responder a todos os inquéritos para poder aceder, possivelmente, a uma indemnização?” Como assim? O que é que aconteceu? Como é que foi esse processo, o acompanhamento para terem as ajudas terapêuticas e financeiras? “As vítimas, na sua maioria, tiveram de esperar quase dez anos para serem, em parte, ressarcidas e terem acesso, às vezes, a apoios psicológicos e a outras compensações. Para isso, muitas delas tiveram de se submeter a todo um processo que incluía encontros com médicos e outros profissionais e todo um inquérito sobre questões muito pessoais que roça a indecência só para se poder provar quase o que se sofreu e a dificuldade em reconstruir-se. Isso é muito absurdo e se temos que ter um dever de memória é para com isso. É para com a incapacidade de antecipar vários atentados e com a incapacidade de gerir de forma digna as compensações que iriam surgir.” Convosco também foi o caso? “Não porque eu não me quis submeter a nada disso, ms conheço pessoas que sim.” Um ano depois dos atentados, durante uma homenagem francesa ao seu pai, na qual foi colocada uma placa com o seu nome no Stade de France, o Michaël fez um discurso em que disse que os que perpetraram os atentados eram apenas “carne para canhão ao serviço de interesses obscuros”. Na altura, também deixou a mensagem – que dizia que herdada do pai – de que “para viver sem medo e em liberdade é preciso parar de estigmatizar o outro”. Esse seu discurso ecoou de alguma forma? Ou nada mudou? “Não acho que tenha mudado seja o que for. Em dez anos, se mudou foi para pior. Temos uma sociedade muito mais polarizada hoje em dia em França do que tínhamos em 2015. De resto, eu não sei se ecoou, não tenho essa pretensão, mas é uma questão que já referi várias vezes que é: como é que pessoas que nascem em França são capazes de realizar atentados ou de se virar contra outros cidadãos que não têm nada a ver com a temática? É preciso pensar como é que chegámos a este ponto, como é que pessoas que nascem em França não se vão identificar como franceses ao ponto de poder realizar algo contra o próprio país supostamente. Nesse sentido, até é muito estranho porque, sim, são carne para canhão porque eles estão a defender interesses que são, às vezes, interesses políticos, interesses mafiosos, interesses que eles nem conhecem e só o fazem por ideologia, neste caso. Mas é sempre curioso perceber como é que pessoas que nascem num mesmo sítio crescem de forma tão diferente.” Numa conversa que tivemos em 2017, criticou o Presidente francês, Emmanuel Macron, pela supressão do Secretariado de Estado de Ajuda às Vítimas. Na altura, falou-me numa “vontade explícita” de fazer cair as vítimas e as famílias num certo “esquecimento”. Teve uma posição bastante crítica com o Presidente. Mantém-na? “Quando ele foi eleito e acabou com a Secretaria de Estado, ele disse que queria acabar com essa cultura de vítimas porque na altura ainda era algo muito presente. Isso não é muito relevante no sentido em que depois houve outros atentados e ele teve que voltar a falar sobre o assunto, etc, mas é mais que o pesou na relação das vítimas com o Estado, no sentido de todas as indemnizações e da ajuda que era suposto vir. Tudo foi complicado e várias vezes tiveram que falar com os ministros e o governo para pedir uma série de coisas que deviam ter acontecido muito mais rápido. Então, o que eu observo é o que eu estava a falar há bocado, é que todo o processo do pedido de ajudas e indemnizações foi muito mais demorado, muito mais complicado do que certamente teria sido com o governo anterior.” Como é que olha para o julgamento? Houve alguma forma de reparação? “Eu fiquei bastante à margem do julgamento pessoalmente. É o que eu sempre disse: vamos julgar as pessoas que estiveram envolvidas directamente nesse atentado e está muito bem fazê-lo, mas eu procurava respostas que nunca chegaram a aparecer porque são questões políticas muito mais profundas e não há interesse sequer em encontrar ligações políticas e económicas a esses atentados. Então é melhor falar das três ou quatro pessoas que pudermos julgar, mas isso não responde em nada às perguntas que eu teria.” Que perguntas são essas concretamente? “São perguntas simples. Quem acredita que três ou quatro desgraçados são capazes de organizar um atentado desta dimensão ou outros atentados que aconteceram depois é ingénuo porque forçosamente há uma complexidade económica e logística que não são acessíveis de forma fácil. Mas nunca sequer essa questão é feita. Quando eu faço essa questão, a maior parte dos jornalistas responde: ‘Ah, não, mas é que a gente não pode na nossa rádio ou televisão falar desse tipo de assuntos. A gente não pode fazer essas perguntas...” Mas eu estou-lhe a pedir essa pergunta. “Sim, mas eu não tenho a resposta. A minha questão é: por que é que nunca se fala de quem poderá ter financiado isto e por que é que sempre que eu faço essa pergunta, os jornalistas me respondem que não podem falar disso? É muito curioso, não chamo a isso censura, mas é curioso.”
Boas lembranças do Jardim e Bosque da Saúde serão trazidas por João Batista Lazzarini ao São Paulo de Todos os Tempos, com apresentação de Geraldo Nunes. O entrevistado fez a viagem inaugural do Metrô paulistano em 1975.
O Jardim Botânico de Kirstenbosch é uma das principais atrações turísticas da Cidade do Cabo.Neste episódio, veja por que ele foi eleito um dos melhores jardins do mundo pelo New York Times. Também confira como encaixar Kirstenbosch no roteiro da sua viagem.Faça seu cartão WisePost sobre o Jardim de KirstenboschConfira mais conteúdos sobre a África do Sul no "universo expandido" do Bastante Sotaque:Site/blogInstagramTikTokYouTube
Convidada do Podcast ONU News, embaixadora de Angola, Maria de Fátima Jardim, assumiu posto em julho mirando na modernização do bloco, que completa 30 anos em 2026; com mais de 30 membros observadores e nove de pleno direito, ela acredita que o financiamento do idioma como língua oficial da ONU deve ser pago também por países associados à Cplp.
PR. Moisés de Moura IPR JARDIM JACARANDÁ
JK Cast#239 - Ancaps e Marxistas Unidos? Manifestações Populares Depõem Presidentes? Liberalismo de Jardim de Infância
O banqueiro mais importante da história da democracia fez 90 anos. Jorge Jardim Gonçalves continua tão vivo como nos dias de infância em que a família temeu que fosse mudo
LEITURA BÍBLICA DO DIA: GÊNESIS 2:8-9; 3:16-19 PLANO DE LEITURA ANUAL: ISAÍAS 59–61; 2 TESSALONICENSES 3 Já fez seu devocional hoje? Aproveite e marque um amigo para fazer junto com você! Confira: Meu pai amava estar ao ar livre com a criação de Deus, acampar, pescar e colecionar pedras. Ele gostava de trabalhar em seu quintal e jardim. Dava muito trabalho! Passava horas podando, capinando, plantando sementes e flores, arrancando ervas daninhas, cortando a grama e regando o jardim. Os resultados valiam a pena, gramado ajardinado, tomates saborosos e lindas rosas da paz. Todos os anos, ele podava as roseiras rentes ao solo, e elas cresciam, preenchendo os sentidos com fragrância e beleza. Em Gênesis, lemos sobre o jardim do Éden, onde Adão e Eva viveram, prosperaram e caminharam com Deus. Ali, “Deus fez brotar do solo árvores de todas as espécies, árvores lindas que produziam frutos deliciosos” (GÊNESIS 2:9). Imagino que aquele jardim perfeito também tinha flores lindas e perfumadas, talvez até mesmo rosas sem os espinhos! Após a rebelião de Adão e Eva contra Deus, eles foram expulsos do jardim e precisaram plantar e cuidar de seus próprios jardins, o que significava capinar terreno duro, lutar com espinhos e outros desafios (3:17-19,23-24). No entanto, Deus continuou a prover para eles (v.21), e o Senhor não deixou a humanidade sem a beleza da criação para nos atrair a Ele (ROMANOS 1:20). As flores no jardim nos lembram do contínuo amor de Deus e da promessa de uma nova criação — símbolos de esperança e conforto! Por: ALYSON KIEDA
Em Luanda, um grupo de activistas e defensores dos direitos humanos convoca uma vigília para este 17 de Outubro ao fim do dia, no Jardim de São Domingos, para apelar à libertação dos presos políticos em Angola. Estes últimos foram indiciados pelos crimes de "rebelião, vandalismo e apologia terrorismo". A activista Laura Macedo aponta que, com a entrada das férias judiciais, as detenções arbitrárias vão se prolongar. Em entrevista à RFI, Laura Macedo, uma das subscritoras da carta de convocação à vigília em solidariedade com os presos políticos, apela à mobilização de todos os angolanos no país ou na diáspora. Laura Macedo: Desde que eles foram presos que nós queremos que eles saiam. Porque não vemos motivo para indivíduos que têm família, têm mulher, têm filhos, serem presos porque dizem a verdade. O facto de dizerem a verdade é que os leva para a prisão. Neste momento há uma grande preocupação da nossa parte. Vêm as férias judiciais. O sector da justiça só reabre em Março. Portanto, os processos vão ficar parados, e não há necessidade de ficarem detidos. Podiam ser mandados para casa com termo de identidade e residência, como como aconteceu com o Gonçalves Frederico, que já está em casa. Porque é que aos outros lhes foi negado este direito? RFI: De momento, quanto presos políticos se encontram encarcerados e qual é a situação deles? As condições da cadeia são más e eu conheço-as, infelizmente. Já tive o prazer de as conhecer na ala feminina do Comando Provincial de Luanda (CPL). Não há água! As senhoras que não tem família têm que apanhar a água na descarga das latrinas! Como é que será na prisão dos homens? Eles não aceitam comer as comidas que lhes dão na cadeia. Não há nenhuma arca frigorífica para conservar a comida na cadeia, e quando chega lá já está feita há dias. RFI: Quantos presos políticos actualmente, sabemos? Não temos o número exacto. Até porque há muitos meninos presos também, que foram presos no âmbito das confusões à volta das manifestações. Eu não faço distinção entre os activistas e estes jovens desconhecidos que foram recolhidos na via pública. Muitos foram presos sem provas. RFI: São acusados de vandalismo? Sim. São presos e acusados de vandalismo. São também presos políticos. Nós não podemos deixá-los de fora. RFI: Tudo isto no âmbito dos protestos que foram organizados em Julho para protestar contra o aumento dos preços e, nomeadamente dos combustíveis, certo? Sim, o próprio Osvaldo Caholo está preso neste âmbito. RFI: Osvaldo Caholo, é um dos organizadores dos protestos contra o aumento dos combustíveis em Julho. Ele escreveu recentemente uma carta a partir da cadeia, anunciando a prolongação da sua prisão preventiva, devido nomeada a estas férias judiciais. Na carta, Osvaldo Caholo escreve que "os juízes julgam por suborno" e que "qualquer pessoa que ameace o status quo do MPLA será condenado". Como é que reage a isto? Suborno não se faz apenas com pagamento em dinheiro. Nós temos o suborno intelectual, o suborno mental, que é muito pior. Neste caso, é o próprio procurador aceitar condenar, mesmo vendo que as coisas não estão correctas, querer agradar ao chefe. Por exemplo, nós ouvimos dizer que quando o Gonçalves Frederico foi levado ao juiz de garantia, o juiz interrogou longamente e o Fred explicou tudo direitinho. E no fim, o juiz tirou um papel e leu a sentença. Ele já vinha com o papel, nem sequer tinha ouvido ainda o Frederico. Quer dizer, a decisão já estava escrita no papelote. RFI: Todos estes detidos políticos estão indiciados por "rebelião, apologia ao crime, vandalismo e terrorismo". São acusações graves? São acusações muito graves, sim. O problema em Angola é que não precisamos de prova para condenar. Esse é que é o grande problema. RFI: Estes detidos arriscam-se a passar longos anos em detenção? Sim, acho que sim. Se não fizermos pressão, se não estivermos aqui a contrapor, se a sociedade não se levantar contra isto, amanhã estamos todos na cadeia. Prendem-me a mim porque não gostaram do batom que pus nos lábios. Prendem outro porque não se sentou correctamente como eles queriam. Hoje, tudo pode ser considerado um acto de terrorismo e de vandalismo. RFI: E por isso mesmo lhe pergunto em relação à vigília que é organizada hoje à noite, temem alguma repressão? Não têm porque reprimir. Nós cumprimos a lei. Não recebemos nenhuma carta do governo da província, a quem escrevemos. Então, quem cala consente. A própria lei assume que quem cala consente. RFI: A 14 de Outubro, Angola foi eleita membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU, com 179 votos favoráveis e três abstenções. Que mensagem é que a comunidade internacional está a passar com esta eleição? A comunidade internacional continua a passar a mesma mensagem de que onde eles ganham, ninguém mexe. Angola é um país que lhes dá frutos, pese embora não dê frutos aos seus cidadãos, mas dá frutos a muitos países. Há muitas empresas internacionais e a única coisa que lhes interessa é manterem este governo que lhes permite estar de seringa a sugar o sangue. Eles sabem que com um governo sério não faziam metade das maracutaias que estão a fazer aqui. RFI: Que apelo deseja fazer aos cidadãos angolanos? Quero fazer um apelo à comunidade em Angola que compareça na vigília, à comunidade angolana no exterior que nos apoie, e a toda a comunidade internacional, que olhe para nós. Que obriguem os seus governos a rever as suas políticas com Angola. Porque são estas políticas que os governos têm com Angola que fazem perigar o nosso bem estar.
Estamos #NOAR! Fortaleza sofre gols com um jogador a mais, para em Léo Jardim e perde para o Vasco em casa. Vem acompanhar tudo coma turma!
Habituado a brilhar atrás das câmaras, Michel de Freitas vem ao IT'S OKAY para dar a conhecer, um pouco mais, as suas origens e o quotidiano de um cineasta de 21 anos. Depois de nos contar qual foi a pior ordem que deu a um ator durante uma gravação, o convidado vê-se, não só, obrigado a escolher entre dar aulas de alemão à Dolores Aveiro ou fazer uma maratona de Star Wars com o Alberto João Jardim, como a tomar partido entre os seus melhores amigos.O quadragésimo episódio teve a apresentação de Henrique Santos e Tiago Alves, com a sonoplastia de Luís Gonçalves. O IT 'S OKAY é um programa criado e produzido pela ACADÉMICA DA MADEIRA, em parceria com a rádio 88.8 JM FM.
✨ “Chorem, pois a dor foi sagrada no Jardim das Oliveiras, mas que esperem, pois os anjos consoladores também lhes virão enxugar as lágrimas.”A dor faz parte do caminho, mas nunca é o fim dele. Assim como Jesus suportou o silêncio e a solidão com fé, cada lágrima que cai hoje prepara o solo para um novo amanhecer. Nenhuma dor é em vão quando há propósito e esperança no coração.Os anjos do consolo sempre chegam — às vezes em forma de pessoas, palavras ou simples presença. Que essa mensagem te lembre: o sofrimento passa, mas o amor e a fé permanecem.
Nesta aula da série Histórias de Bereshit, exploramos o mistério da criação de Adão e Eva segundo a visão da Torá e da Cabalá.Mais do que uma narrativa sobre o primeiro casal, trata-se de uma revelação profunda sobre a essência da alma humana — criada una, dividida em duas metades e chamada a reencontrar-se.O propósito divino por trás da separação entre homem e mulher;O que realmente significa ser “criado à imagem de D'us”;Como o reencontro entre as duas partes da alma reflete a união entre o Criador e Sua criação;✨ Uma viagem de volta ao Jardim do Éden — e ao mistério da alma humana.
TUDO COMEÇOU E TERMINOU NO JARDIM - Rodrigo dos Anjos
O empate com o Flamengo deixa o Cruzeiro em qual situação na tabela? A mexida de Jardim na escalação funcionou? Matheus Pereira deveria ser testado por Ancelotti? Com quatro titulares fora, quem deve jogar contra o Sport? Com Fábio Júnior, Fernanda Hermsdorff, Gabriel Duarte e Guilherme Macedo. A edição é de Maurício Motta.
Chamamos o domingo de sagrado e, a partir de segunda, costumamos dizer que vamos viver nossa vida “secular”. Contudo, no Éden, não havia separação de sagrado e secular, nós que criamos essa separação.Precisamos ser ministros de tempo integral, adoradores de tempo integral, seja na igreja, seja no nosso trabalho, nos estudos, ou em qualquer papel que temos desempenhado. Onde estivermos devemos levantar um altar de adoração e fazer tudo para a glória do Senhor!Para escutar toda a palavra fique aqui conosco ou assista pelo YouTube. Você consegue nos encontrar em todas as redes sociais por @iirbrasil!
Copasa e prefeitura do município anunciam início de estudo prévio do projeto no 1º semestre de 2026.
Leitura Bíblica Do Dia: CÂNTICO DOS CÂNTICOS 2:8-17 Plano De Leitura Anual: ISAÍAS 5–6; EFÉSIOS 1 Já fez seu devocional hoje? Aproveite e marque um amigo para fazer junto com você! Confira: Estava tão animada para plantar frutas e verduras no nosso quintal, mas notei pequenos buracos no solo, e antes que a horta pudesse amadurecer, o primeiro fruto desapareceu misteriosamente. Um dia, preocupei-me ao ver nosso pé de morango completamente arrancado por coelhos e queimado ao sol. Gostaria de ter prestado mais atenção aos sinais de alerta! O belo poema de amor, em Cântico dos Cânticos, registra uma conversa entre um rapaz e uma moça. Ao chamar sua querida, o homem a alertou severamente contra os animais que destruiriam o jardim dos amantes, uma metáfora para o relacionamento deles. “Peguem todas as raposas, […] antes que destruam o vinhedo do amor”, disse ele (CÂNTICO DOS CÂNTICOS 2:15). Talvez ele tenha visto indícios de “raposas” que poderiam arruinar seu romance, como ciúme, ira, engano ou apatia. Porque ele se agradava com a beleza de sua noiva (v.14), não tolerava a presença de qualquer mal. Ela lhe era tão preciosa “como um lírio entre os espinhos” (v.2). Ele estava disposto a investir para proteger o relacionamento deles. Alguns dos presentes mais preciosos de Deus para nós são a família e os amigos, embora tais relacionamentos nem sempre sejam fáceis de manter. Com paciência, cuidado e proteção contra “as raposinhas”, confiamos que Deus produzirá belos frutos. Por: KAREN PIMPO
Neste segundo episódio extra do mês de setembro, bancado pelos ouvintes pela campanha do PIX, definimos o que é certo e errado dentro do universo Casa & Jardim e montamos a nossa casa imaginária ideal, com direito até a mordomo vampiro.ASSISTA A TRANSMISSÃO COMPLETA NO YOUTUBE:https://youtube.com/live/s3NIF41PzlIAPOIE financeiramente a continuidade do MIDCast:- Apoia.se : https://apoia.se/midcast- Chave PIX : podcastmid@gmail.com# COMPRE produtos na lojinha do MIDCast: colab55.com/@midcast# CANAL do MIDCast Política no WhatsApp: bit.ly/midcast-zap# GRUPO dos ouvintes no Telegram: bit.ly/midcastgrupo# LISTA de paródias do MIDCast: bit.ly/parodiasmidcastPARTICIPANTES:------------------Anna Raissa - https://bsky.app/profile/annarraissa.bsky.socialDiego Squinello - https://bsky.app/profile/diegosquinello.bsky.socialRodrigo Hipólito - https://bsky.app/profile/rodrigohipolito.bsky.socialThais Kisuki - https://bsky.app/profile/thaiskisuki.bsky.socialVictor Sousa - https://bsky.app/profile/vgsousa.bsky.social
E não é que num ápice um lugar tão precioso como o nosso coração pode decair de um jardim alindado para um espaço desmazelado? O jardim secreto que nos habita e que o Pai, que tudo vê, percorre todo o santo dia é para ser devidamente conhecido por…nós próprios! Apresentemo-lo, pois, no estado em que se encontra, esteja ele devidamente adubado, vergonhosamente descuidado ou meramente abandonado. Conduzidos pelo Espírito até à voz de Jesus aperceber-nos-emos que não há raízes podres ou emaranhados de ramos emocionais que não possam ser restaurados. Detalhes sobre a celebração 21 setembro @Bible.com Disponível no canal do YouTube.
Episódio desta semana destaca os três dias do Fórum Nacional VerDemocracia e a inauguração do Jardim da Democracia, na sede do TSE.
O Segredo do Jardim #1 | Pr. João Brito | 14/09/25
O Segredo do Jardim #2 | Pr. João Brito | 14/09/25
Ainda se considera “normal” aquela gritaria desesperada à porta das salas: será mesmo inevitável? E os pais, devem prolongar a despedida para acalmar a criança ou ser firmes e rápidos?See omnystudio.com/listener for privacy information.
O elevador da Glória, um dos símbolos históricos de Lisboa, descarrilou esta quarta-feira provocando 15 mortos e 18 feridos, cinco deles em estado grave, num acidente que ocorreu ao fim da tarde na Calçada da Glória. Ouça aqui a segunda parte do Jornal da Noite da SIC, conduzido por Clara de Sousa, emitida entre as 21h10 e as 21h30. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou profundamente a tragédia, expressando pesar e solidariedade às famílias das vítimas e desejando rápida recuperação aos feridos, acrescentando que espera que o acidente seja esclarecido rapidamente pelas entidades competentes. Também o Governo e o primeiro-ministro manifestaram pesar e asseguraram estar a acompanhar a situação desde os primeiros momentos, garantindo apoio às autoridades envolvidas na resposta. A Carris, empresa gestora do elevador, ativou de imediato os seus meios de emergência, está a prestar apoio no local e afirma que a prioridade é acompanhar todos os envolvidos. O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Ferroviários (GPIAAF) vai abrir uma investigação ao descarrilamento mas só iniciará a recolha de evidências na manhã de quinta-feira devido à limitação de meios humanos, contando atualmente com apenas um investigador para o setor ferroviário e aguardando autorização do Ministério das Finanças para contratar um segundo. O elevador da Glória, que liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara num percurso de cerca de 265 metros e é um dos equipamentos turísticos mais emblemáticos de Lisboa, transformou-se num cenário de tragédia que deixou a cidade em choque e provocou grande comoção nacional, com mensagens de pesar de várias entidades e um clima de luto generalizado enquanto as operações de socorro continuam e as autoridades se preparam para esclarecer as causas do acidente e reforçar a segurança para evitar novas ocorrências no futuro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O elevador da Glória, um dos símbolos históricos de Lisboa, descarrilou esta quarta-feira provocando 15 mortos e 18 feridos, cinco em estado grave, num acidente que mobilizou dezenas de operacionais ao fim da tarde na Calçada da Glória e obrigou ao transporte das vítimas para vários hospitais da cidade, incluindo o de Santa Maria. Ouça aqui a terceira parte do Jornal da Noite da SIC, conduzido por Clara de Sousa, emitida entre as 21h35 e as 21h55. A Carris ativou de imediato os meios de emergência e está no local a colaborar com forças de segurança, frisando que a prioridade é apoiar todos os envolvidos. O GPIAAF vai investigar o descarrilamento mas só recolherá evidências no dia seguinte devido à falta de investigadores na área ferroviária. O elevador da Glória, que liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara num percurso de 265 metros e é muito procurado por turistas, transformou-se em cenário de tragédia que deixou Lisboa em choque. A cidade está mergulhada num clima de luto e espera respostas rápidas sobre as causas do acidente para restaurar a confiança neste ícone histórico.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Este episodio forma parte de una selección para el verano de EL PAÍS Audio. Este episodio se emitió el 21 de octubre de 2024 Cada día, cuatro brasileñas mueren por feminicidio. Lo sabemos por la estadística porque lo cierto es que no hay un recuento oficial que precise quiénes son. Pero, en Cruzeiro, una pequeña ciudad en el estado brasileño de Sao Paulo, vive Regina Jardim, una profesora jubilada que ha creado en Internet un memorial de mujeres asesinadas por su parejas o ex parejas. Ha recopilado ya más de 20.000 y es el único recuento exhaustivo de víctimas de feminicidio que hay en un país donde los organismos oficiales solo ofrecen estimaciones. Créditos: Realizan: Naiara Galarraga Gortázar y Jimena Marcos Presenta y dirige: Silvia Cruz Lapeña Edición: Ana Ribera Diseño de sonido: Nicolás Tsabertidis Sintonía: Jorge Magaz Si tienes quejas, dudas o sugerencias, escribe a defensora@elpais.es o manda un audio a +34 649362138 (no atiende llamadas).
Culto Radical Teen Série: Permanecendo no Jardim
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Bem amigos do Pelada na Net, chegamos em definitivo para o programa 740! E hoje temos o Príncipe Vidane, Show do Vitinho e Maidana fazendo um boletim de ocorrência contra um torcedor.E neste programa falamos sobre a polêmica expulsão de Léo Jardim por cera, falamos da briga do Neymar com um torcedor que expôs uma crise no Santos, debatemos o favoritismo do Flamengo que se reforçou pra brigar forte no Brasileirão, avaliamos a rodada da Copa do Brasil, exaltamos a seleção brasileira que está na final da Copa América de futebol feminino, além de muito mais!IRON STUDIOS - Com o cupom PELADA10 você tem 10% de desconto nas estátuas do Maradona e Anderson Silva!#BIPE #SURPRESADECEBOLAsite https://peladananet.com.br | bsky @peladananet.com.br | twitter @PeladaNET | instagram @PeladaNaNet | grupo no telegram https://t.me/padegostosodemaisSiga os titulares:Maidana – Twitter / Instagram / BskyShow do Vitinho – Twitter / Instagram / BskyPríncipe Vidane – Twitter / Instagram / BskyProjetos paralelos:Dentro da Minha CabeçaReinaldo JaquelineFábrica de FilmesContribua com o Peladinha:Apoia.sePatreonChave pix: podcast@peladananet.com.brColaboradores de Junho/2025!Seguem os nomes de alguns dos queridos que colaboraram com ao menos R$5. Obrigado a todos! :)[...] Fernando Pereira | Albert José | Yan Andrade | Raphael De Souza | Thiago Goncales | Alvaro Modesto | Daniel Ferreira De Lima Vilha | Felipe Artemio | Leandro José De Souza | Tatiane Oliveira Ferreira | Bruno Vieira Silva | Leonardo Pimentel | Itallo Rossi Lucas | Maicon Feldhaus | Lucas Pereira De Aguiar Afonso | Bruna Almeida | Isabelle Zacara | Caio Fonseca | Felipe Duarte | Pombo AladoObrigado por acreditarem em nós!Comente!Envie sua cartinha via e-mail para podcast@peladananet.com.br e comente tanto no post do Instagram com a capa deste episódio quanto no Spotify (se batermos 50 comentários em cada, leremos comentrouxas no programa que vem)!
Episódio analisa a atuação vascaína no empate com o Inter, fora de casa. Como explicar a atitude do árbitro ao expulsar Léo Jardim? Por que o time caiu tanto no segundo tempo? É hora de poupar Vegetti? Dá o play!
Neste episódio, Renata Capucci conversa com o apresentador Tadeu Schmidt, a editora-chefe da revista ELA, Marina Caruso, o colunista de O Globo, Lauro Jardim, e a repórter Lilia Teles.
Este podcas tem o apoio de Activobank. Felizmente esta semana e com o apoio total de Rui, vamos contar-vos a história de mais uma obra da nossa vida. Desta vez a história do jardim e de como correu tudo de uma forma inesperada. Se podiamos desesperar? Sim, mas escolhemos descarregar tudo no podcast e ficar mais leves.Agora a grande questão que queremos que respondam, plantas de plástico é um sim ou um não? É que dá menos trabalho na realidade.
Felipe Tellis, apresentador da Eldorado, acompanha a edição deste ano do Festival, em Inhotim (MG), com shows de Djuena Tikuna (AM), Luiza Brina (MG), Mônica Salmaso (SP), Cécile McLorin Salvant (EUA), Josyara (BA), Tetê Espíndola (MS), o grupo Ilê Aiyê (BA) e a multiartista Brisa Flow (MG). See omnystudio.com/listener for privacy information.
Após um grave acidente, uma mãe tem que lidar com o luto, ao mesmo tempo em que cuida de seus filhos em uma fazenda afastada. Quando uma misteriosa mulher aparece sentada em seu jardim, ela sabe que sua vida jamais será a mesma.A Mulher no Jardim, novo filme de Jaume Collet-Serra, o queridinho de A Órfã e Casa de Cera, trata os temas do trauma e da maternidade através do olhar do horror.Com elenco e cenário reduzidos, o novo filme do diretor consegue agradar ou não tem muito a acrescentar nessa onda de filmes de protagonistas traumatizados? O Cabana RdM começa agora.O RdMCast é produzido e apresentado por: Gabriel Braga, Thiago Natário e Gabi Larocca.ARTE DA VITRINE: Estúdio GrimESTÚDIO GRIM – Design para conteúdo digitalPortfólio: https://estudiogrim.com.br/Instagram @estudiogrimcontato@estudiogrim.com.brPODCAST EDITADO PORFelipe LourençoSEJA UM(A) APOIADOR(A)Apoie o RdM a produzir mais conteúdo e ganhe recompensas exclusivas!Acesse: https://apoia.se/rdmConheça a Sala dos Apoiadores: https://republicadomedo.com.br/sala-dos-apoiadores/CITADOS NO PROGRAMAA Mulher no Jardim (2025)off topicA Órfã (2009)A Casa de Cera (2005)Drop - Ameaça Anônima (2025)O Babadook (2014)Bagagem de Risco (2024)Hereditário (2018)EpisódiosRdMCast #465 – Isso deu um remake: Museu de CeraRdMCast #223 – O Babadook e a maternidade no cinema de horrorTem algo para nos contar? Envie um e-mail!contato@republicadomedo.com.brTwitter: @RdMCastInstagram: Republica do Medo
Psicóloga clínica, terapeuta familiar e autora de vários livros, tem dedicado a vida a ajudar famílias e indivíduos a encontrarem o seu lugar — dentro e fora de si.Hoje, entra n'A Caravana para falarmos de um tema que tantas de nós conhecemos bem… mas muitas vezes em silêncio: o Síndrome da Impostora.Aquela voz que nos diz que não somos suficientemente boas, que vamos ser “apanhadas”, que não merecemos estar onde estamos.Vamos conversar sobre de onde vem essa voz, porque é que afeta tantas mulheres, e como podemos, aos poucos, aprender a silenciá-la — ou pelo menos, a não deixá-la guiar-nos.Bem-vinda, Flipa Jardim da Silva.Podem seguir a Filipa @filipajardimdasilva ou em @academia_transformar e a Rita em @ritaferroalvim no instagramPatrocínio:Ultra Suave da Garnier - A hora do Banho.A Hora do Banho chegou com Ultra Suave para transformar a rotina do banho num momento especial mais divertido e em família. Cantem com o Abacate, a Aveia, o Alperce e a Camomila e tornem este momento do dia–a–dia em pura alegria!Ultra Suave, cuida do que é importante.Podes cantar a música aqui: https://www.youtube.com/watch?v=9poK-KGOU50E saber mais da campanha: https://www.garnier.pt/hora-do-banhoPodem seguir @ritaferroalvim no instagramMúsica genérico @luisroquettezizoSupport the show
Send us a textSenhor Uva is tucked in a residential neighborhood just next to Jardim da Estrela, you can find this gem serving up perfectly curated natural wines and equally amazing plant-based food. Chef Stéphanie Audet and Marc Davidson, Quebec-natives have a love of sustainable, fresh and locally-produced wine and food.Click link below:https://senhoruva.comCheck out the website: www.drinkingonthejob.com for great past episodes. Everyone from Iron Chefs, winemakers, journalist and more.
Qual jogador tem chance de ainda ser testado por Ancelotti, na Seleção? Os portugueses Jardim e Abel têm muito em comum? A Sul-Americana foi um fardo ou uma oportunidade perdida? Com Guilherme Macedo, Henrique Fernandes, Danny Paiva e Rogério Corrêa. A edição é de Bruno Mesquita.
Qual jogador tem chance de ainda ser testado por Ancelotti, na Seleção? Os portugueses Jardim e Abel têm muito em comum? A Sul-Americana foi um fardo ou uma oportunidade perdida? Com Guilherme Macedo, Henrique Fernandes, Danny Paiva e Rogério Corrêa. A edição é de Bruno Mesquita.
Barcos, aviões e batidas fora de tempo.
Mauricio Motta, João Guerra e João Almirante analisam o empate em 1 a 1 com o Operário e a vitória nos pênaltis que garante o Vasco nas oitavas de final da Copa do Brasil. Como fica a relação Loide e Diniz após a partida? Como andam as negociações para renovação de contrato de Léo Jardim? Quem pode ser o substituto de Philippe Coutinho no clássico contra o Fluminense? Dá o play!
O Atlético, a exemplo das últimas temporadas, segue como favorito no duelo com o Cruzeiro? Cuca ou Jardim: qual dos dois treinadores têm mais opções para surpreender o rival? O fato do Galo ter modificado menos a escalação em relação ao último clássico é uma vantagem? A grama sintética já está rendendo resultados? Com André Ribas, Henrique Fernandes, Carol Leandro e Rogério Corrêa.
Último episódio. Jorge Jardim engana todos, até a própria família, e consegue fugir da embaixada onde estava refugiado em Lisboa sem que ninguém se aperceba de nada. Impedido de voltar a Portugal, Jardim não desiste do Programa de Lusaka com vista à independência de Moçambique. O território vai mesmo tornar-se independente, com um acordo assinado em Lusaka, mas o engenheiro Jardim é afastado do processo: “passou a ser alguém que era contagioso”. Desde Espanha e com a ajuda de um conhecido fadista, Jorge Jardim vai tentar vingar-se dos homens que entregaram Moçambique diretamente à FRELIMO e coordenar ataques contra a extrema-esquerda em Portugal. Cada vez mais isolado, a morte de Jardim vai estar envolta num mistério que nunca poderá ser resolvido.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Jorge Jardim está a negociar um plano para a independência de Moçambique, mas não informa o governo português. E sente que o regime está na iminência de cair. No dia 25 de abril de 1974 é avisado por um telefonema de João Maria Tudela de que a revolução está na rua. Começa por encarar a mudança de regime como uma oportunidade, mas depressa percebe que o novo poder revolucionário não vê com bons olhos todo o poder que Jardim acumulou durante anos. É alvo de um mandado de captura e decide refugiar-se numa embaixada em Lisboa. Até ao dia em que, sem ninguém se aperceber de nada, desaparece sem deixar rasto. See omnystudio.com/listener for privacy information.