POPULARITY
O coreógrafo e bailarino moçambicano Ídio Chichava apresenta dois projectos na Bienal de Dança de Lyon, considerada como o principal evento de dança contemporânea do mundo. “Vagabundus” é apresentado em Lyon esta quarta, quinta e sexta-feira, depois de ter estado em vários palcos internacionais, incluindo em Paris. Ídio Chichava também criou uma peça participativa durante a bienal, “M'POLO”, em que transformou os espectadores em intérpretes de rituais e danças moçambicanas. Ídio Chichava acredita profundamente no que chama de “poder da dança”, um lugar onde “o corpo tem capacidade para mudar o mundo”. É na “força do colectivo” que reside essa magia, alimentada por tradições ancestrais, mas também por saberes e vivências impressas nos próprios corpos. Ídio Chichava descreve Vagabundus como “uma experiência humana, uma experiência de vida sobre fronteiras e sobre raízes”. A força da peça reside nesse poder do colectivo, na exigência técnica dos bailarinos e da escrita coreográfica, não havendo decoração ou cenários. Uma simplicidade aparente que diz muito sobre a falta de financiamento para a cultura em Moçambique, mas que, com o tempo, se transformou “numa riqueza”, conta Ídio Chichava. Vagabundus tem corrido mundo e revelado o coreógrafo nos circuitos internacionais da dança contemporânea. Pelo caminho, Chichava venceu o Salavisa European Dance Award da Fundação Calouste Gulbenkian e com o prémio espera abrir uma escola de dança em Maputo. Agora, apresenta, pela primeira vez, Vagabundus na Bienal de Dança de Lyon, o ponto de encontro de programadores, directores de festivais e artistas, que decorre durante o mês de Setembro. O caminho para Lyon foi feito com o convite de Quito Tembe, director artístico da KINANI, Plataforma de Dança Contemporânea, em Maputo, e que é um dos cinco curadores internacionais nesta 21ª edição da bienal francesa. Cada curador podia escolher um artista dos seus países e Quito Tembe foi buscar Ídio Chichava e os seus bailarinos para representarem Moçambique. Além das conferências em que falou sobre a potência e as dificuldades da dança em Moçambique, Ídio Chichava criou, ‘in loco', um “espectáculo participativo”, segundo as palavras da bienal, “um ritual de encontro”, de acordo com o artista. Em três dias, transformou dezenas de espectadores em intérpretes e quis “desconstruir essa compreensão sobre o que é o espectáculo e a dança contemporânea”. O resultado tem como título M'POLO, Rituais do corpo vivo e insuflou uma rajada de liberdade, alegria, cânticos e dança para todos. Nas palavras de Ídio Chichava, o tal “ritual de encontro” pretendeu “reconectar o ser humano com ele próprio” e foi “um lugar onde todos podem estar juntos”. Ídio Chichava: “Sou alguém que acredita muito no poder da dança” RFI: Como é que descreve “Vagabundus”, essa força da natureza que vos tem levado mundo fora? Ídio Chichava, coreógrafo e bailarino: “Eu descrevo como uma espécie de movimento que pensa muito colectivo e tenta encontrar sempre a força do colectivo a partir do olhar que eu tenho sobre cada indivíduo e a forma como nós vemos a relação inter-humana. ‘Vagabundus' é mais uma experiência humana, mais uma experiência de vida sobre fronteiras e sobre o sobre lugar, sobre raízes mesmo.” “Vagabundus” é profundamente ancorado em Moçambique, na sua ancestralidade. Quer falar-nos sobre isso? “Sim, está muito fixo nisso, muito apegado a isso. Primeiro, há um lugar que nós não podemos fugir. Eu não posso fugir, nem os intérpretes, nem qualquer pessoa que faça parte deste projecto ‘Vagabundus' pode fugir pelo facto de sermos todos formados em danças tradicionais. Somos pessoas que têm uma formação, que têm fundamentos sobre danças tradicionais e desenvolvemos o nosso trabalho sempre com essa consciência de quem somos e que queremos partilhar com os outros. Depois, é pelo facto de Moçambique também ter uma história de migração muito forte, principalmente com a África do Sul. A outra coisa é pelo facto de eu próprio ter escolhido ‘Vagabundus' não só como uma peça, mas também como um projecto que vai, de certa forma, afirmar aquilo que são as nossas vontades, a minha vontade, de criar uma instituição de dança, criar uma estrutura de dança, como eu sempre venho dizendo. ‘Vagabundus' foi a porta para isso. Sinto realmente essa ancoragem com Moçambique, essa base forte.” Como está o projecto dessa instituição? Já está criada? “Quer dizer, primeiro na ideia e no funcionamento já está criada. Quando criei a companhia, ainda não tinha bases, uma administração, então, sim, ela está criada. Existe uma espécie de estrutura e uma espécie de agenda. O que nós estamos a discutir ainda, mesmo com relação ao prémio da Gulbenkian que é um reforço maior para essa agenda, é um lugar. Então, ela existe pelo seu funcionamento, mas não existe ainda o físico. Nós estamos ainda a trabalhar no físico e principalmente agora, com a ajuda da Gulbenkian, que nos faz, pelo menos, ao meio do caminho. Só para contextualizar, recordo que é o prémio Salavisa European Dance Award da Fundação Calouste Gulbenkian. Eu gostava também que falássemos sobre as escolhas do espectáculo. São mesmo escolhas ou é porque tinha mesmo que ser assim? Não tem luzes, não tem cenários, é uma coisa muito natural e muito despojada… “Primeiro de tudo, eu faço confiança ao corpo. Eu penso que o corpo, ele é inteligente, ele próprio. Segundo, são as vivências do próprio corpo, não o corpo como lugar de memória, mas o corpo como um espaço tecnológico.” Como assim? “O corpo tem saberes a partir das experiências que passou, vai acumulando saberes. Então, eu acredito que o corpo, ele próprio, pode comunicar com qualquer outro corpo. Penso sempre o corpo como um lugar tecnológico que tem capacidade de desenvolver e de nos fazer aceder a outros lugares de forma emocional, de forma espiritual e também de uma forma física. Então, acredito o corpo como esse espaço com capacidade para mudar o mundo também.” No momento em que vivemos toda a aceleração tecnológica, em que passamos para a inteligência artificial, em que qualquer espectáculo tem tanta coisa, até ruído visual, vocês vão ao essencial. É político? “É político porque nós viemos de um lugar e temos opinião só por isso, mas sem uma intenção clara de reivindicação. A intenção clara é demonstrar justamente com o que nós fazemos, com o que nós desenvolvemos e do lugar que eu venho e de onde os Vagabundus vêm não há condições de criação técnica. A peça é forte justamente porque essa simplicidade, essa falta, é uma riqueza para nós. Usamos isso como riqueza, de certa forma. Por isso é que os ‘Vagabundus' têm essa exigência tão técnica, sem muita decoração e sem cenários. Essa simplicidade, nós usamos como riqueza porque é o que nós temos.” Mas isso não corre o risco de ser visto como uma ode à precariedade? Vocês não deveriam sempre pedir mais? “Pois, poderíamos sempre pedir mais. Só que aí é que está. Temos vindo a discutir muito sobre a falta, sobre co-produções, sobre quem nos ajuda. É sempre o meu pensamento, principalmente com relação aos nossos produtores e às pessoas que produzem a Vagabundus ,que produzem o nosso trabalho, nós estamos sempre a discutir isso. Apesar de eu estar sempre a precisar de dinheiro - mesmo para esta última peça que eu estou a desenvolver, preciso de dinheiro para desenvolver figurinos e tudo - preciso procurar dinheiro em algum lugar. Mas também me trava um bocadinho e sempre fico a pensar nesse lugar de dependências e interdependências.” Não quer perder a autonomia, a liberdade? “De que forma continuamos a guardar a nossa autonomia, de que forma continuamos a desenvolver, como queremos fazer apesar do dinheiro não ser nosso, mas justamente por esse lugar inter-humano.” É um espectáculo novo? “Sim, eu estou a preparar um espectáculo que eu chamo de ‘Dzudza', uma palavra em changana para dizer vasculhar. ‘Dzudza-se' muito nos mercados, nas ruas caóticas de Maputo, cada um à procura de uma peça melhor para si, é dizer mais ou menos isso. Eu vejo o ‘Dzudza' como o oposto do ‘Vagabundus'. ‘Vagabundus' é mais energético, mais interno e é completamente alegre. É uma acção de graças. Na verdade, toda a peça é uma acção de graças. Canta-se todo o tempo, a expressão é a mesma, a estética é a mesma, mas com perspectivas totalmente diferentes de levar à sala e ao público. Há momentos mais alegres. Há momentos mais ecléticos da vida.” Numa das conferências no Fórum da Bienal de Dança de Lyon disse que não via o “Vagabundus' como uma peça, como uma obra, mas como “uma lógica moçambicana de fazer as coisas”. O que quer isso dizer? “Quer dizer que a forma como ‘Vagabundus' foi constituído, as coisas acontecem porque o colectivo tem vontade de fazer. E ‘Vagabundus' foi feita por essa força do colectivo e por essa força individual. Cada um sempre contribuía com o seu transporte até ao lugar, justamente porque acreditava nisso. Uma das características de Moçambique é realmente confiar no colectivo. Para te dar um exemplo muito claro, económico, social e político disso, tem um termo e tem uma acção de empréstimos e de crédito que se chama xitique. Isso só existe em Moçambique. Eu vou explicar. É um grupo de pessoas que se juntam, vão guardar dinheiro para ajudar-se uns aos outros. Eles vão dizer que têm um xitique mensal ou semanal e cada um tem que tirar um valor por semana que vai ajudar um do grupo. Existe essa lógica de confiança que tu tiras o teu dinheiro, dás a alguém e ficas à espera da tua vez chegar. E sempre chega. Mas eu não consigo encontrar nenhuma lógica para isso, senão uma lógica moçambicana de confiança mesmo.” Falemos agora do outro projecto, o espectáculo participativo que fez na Bienal de Dança de Lyon. Como foi a criação? “O ponto de partida é esse mesmo, a palavra espectáculo, performance. Quando o Quito [Tembe, co-curador do Forum] me escolheu, a ideia era desconstruir essa compreensão que temos sobre o espectáculo e sobre a dança contemporânea. Para mim, espectáculo é convidar alguém para assistir. Na minha ideia, nestes ‘Rituais do Corpo Vivo', eu não tenho público, tenho participantes. Pensar o público como participante da acção que partilhamos e que, se ele participa, também chega a ser um membro que tem algo a partilhar e que dessa partilha se cria uma energia. Então ‘M'Polo' é inspirado de um de um termo maconde de rito de iniciação, que é o espaço onde os iniciados se vão concentrar durante essa formação para passarem para a vida adulta. Vão-se iniciar, vão-se conhecer. Então, esse espectáculo é muito ligado a isso e muito ligado a se reconectar o ser humano com ele próprio. É um lugar onde todos possam respirar juntos, um lugar onde todos possam estar juntos. É um lugar aonde cada um é importante. Então, é isso que nós partilhamos aqui, nessa ideia de desconstruir essa ideia de espetáculo.” E é uma festa também. “Tentamos celebrar o momento, tentamos celebrar esse encontro. Na verdade, eu não sei se podemos chamar isso de uma performance, um espectáculo, mas é mais um ritual de encontro mesmo em que o público não sabe o que é que vai ser. O público não sabe que ele também é participante deste espaço.” E o público como aderiu? Pode ser intimidante… “Sim. Pode ser intimidante, mas por causa do preconceito do que é que é um espectáculo, na verdade, porque eles vão para assistir alguma coisa e isso também cria uma resistência interna, uma luta interna. Eu não sei se eles têm consciência até agora, não sei se eles têm a resposta se eles viram um espectáculo ou se eles participaram do espectáculo.” Neste contexto do ritual colectivo, como é que a dança pode fazer corpo colectivo e ser ferramenta de resistência neste mundo cada vez mais polarizado e individualista? “Eu acho que a dança tem que ser isso, tem que ser um espaço ou tem que ser uma expressão ou um motor que convida as pessoas a dançarem. Também tem que ser um espaço onde as pessoas se sintam no lugar de doadores também, doadores da sua presença. Um espaço que qualquer pessoa pode, de certa forma, mudar uma situação. Eu vejo a dança como isso. Para mim, a dança tem que ser esse espaço que acolhe pessoas. Um espaço acolhedor.” Para terminarmos, para quem ainda não o conhece – e depois de ter ouvido aqui na Bienal que o Ídio Chichava é a moda do momento – quer falar-nos um pouco sobre si? “Sou formado em danças tradicionais. Sou alguém que viveu parte da sua formação como artista e bailarino na França, alguém que viajou muito pelo mundo sempre através da dança. E alguém que acredita muito no poder da dança.”
O coreógrafo e bailarino moçambicano Ídio Chichava apresenta dois projectos na Bienal de Dança de Lyon, considerada como o principal evento de dança contemporânea do mundo. “Vagabundus” chega a Lyon a 24, 25 e 26 de Setembro, depois de ter estado em vários palcos internacionais, incluindo em Paris. Ídio Chichava também criou uma peça participativa durante a bienal, “M'POLO”, em que transformou os espectadores em intérpretes de rituais e danças moçambicanas. Ídio Chichava acredita profundamente no que chama de “poder da dança”, um lugar onde “o corpo tem capacidade para mudar o mundo”. É na “força do colectivo” que reside essa magia, alimentada por tradições ancestrais, mas também por saberes e vivências impressas nos próprios corpos. Ídio Chichava descreve Vagabundus como “uma experiência humana, uma experiência de vida sobre fronteiras e sobre raízes”. A força da peça reside nesse poder do colectivo, na exigência técnica dos bailarinos e da escrita coreográfica, não havendo decoração ou cenários. Uma simplicidade aparente que diz muito sobre a falta de financiamento para a cultura em Moçambique, mas que, com o tempo, se transformou “numa riqueza”, conta Ídio Chichava. Vagabundus tem corrido mundo e revelado o coreógrafo nos circuitos internacionais da dança contemporânea. Pelo caminho, Chichava venceu o Salavisa European Dance Award da Fundação Calouste Gulbenkian e com o prémio espera abrir uma escola de dança em Maputo. Agora, apresenta, pela primeira vez, Vagabundus na Bienal de Dança de Lyon, o ponto de encontro de programadores, directores de festivais e artistas, que decorre durante o mês de Setembro. O caminho para Lyon foi feito com o convite de Quito Tembe, director artístico da KINANI, Plataforma de Dança Contemporânea, em Maputo, e que é um dos cinco curadores internacionais nesta 21ª edição da bienal francesa. Cada curador podia escolher um artista dos seus países e Quito Tembe foi buscar Ídio Chichava e os seus bailarinos para representarem Moçambique. Além das conferências em que falou sobre a potência e as dificuldades da dança em Moçambique, Ídio Chichava criou, ‘in loco', um “espectáculo participativo”, segundo as palavras da bienal, “um ritual de encontro”, de acordo com o artista. Em três dias, transformou dezenas de espectadores em intérpretes e quis “desconstruir essa compreensão sobre o que é o espectáculo e a dança contemporânea”. O resultado tem como título M'POLO, Rituais do corpo vivo e insuflou uma rajada de liberdade, alegria, cânticos e dança para todos. Nas palavras de Ídio Chichava, o tal “ritual de encontro” pretendeu “reconectar o ser humano com ele próprio” e foi “um lugar onde todos podem estar juntos”. Ídio Chichava: “Sou alguém que acredita muito no poder da dança” RFI: Como é que descreve “Vagabundus”, essa força da natureza que vos tem levado mundo fora? Ídio Chichava, coreógrafo e bailarino: “Eu descrevo como uma espécie de movimento que pensa muito colectivo e tenta encontrar sempre a força do colectivo a partir do olhar que eu tenho sobre cada indivíduo e a forma como nós vemos a relação inter-humana. ‘Vagabundus' é mais uma experiência humana, mais uma experiência de vida sobre fronteiras e sobre o sobre lugar, sobre raízes mesmo.” “Vagabundus” é profundamente ancorado em Moçambique, na sua ancestralidade. Quer falar-nos sobre isso? “Sim, está muito fixo nisso, muito apegado a isso. Primeiro, há um lugar que nós não podemos fugir. Eu não posso fugir, nem os intérpretes, nem qualquer pessoa que faça parte deste projecto ‘Vagabundus' pode fugir pelo facto de sermos todos formados em danças tradicionais. Somos pessoas que têm uma formação, que têm fundamentos sobre danças tradicionais e desenvolvemos o nosso trabalho sempre com essa consciência de quem somos e que queremos partilhar com os outros. Depois, é pelo facto de Moçambique também ter uma história de migração muito forte, principalmente com a África do Sul. A outra coisa é pelo facto de eu próprio ter escolhido ‘Vagabundus' não só como uma peça, mas também como um projecto que vai, de certa forma, afirmar aquilo que são as nossas vontades, a minha vontade, de criar uma instituição de dança, criar uma estrutura de dança, como eu sempre venho dizendo. ‘Vagabundus' foi a porta para isso. Sinto realmente essa ancoragem com Moçambique, essa base forte.” Como está o projecto dessa instituição? Já está criada? “Quer dizer, primeiro na ideia e no funcionamento já está criada. Quando criei a companhia, ainda não tinha bases, uma administração, então, sim, ela está criada. Existe uma espécie de estrutura e uma espécie de agenda. O que nós estamos a discutir ainda, mesmo com relação ao prémio da Gulbenkian que é um reforço maior para essa agenda, é um lugar. Então, ela existe pelo seu funcionamento, mas não existe ainda o físico. Nós estamos ainda a trabalhar no físico e principalmente agora, com a ajuda da Gulbenkian, que nos faz, pelo menos, ao meio do caminho. Só para contextualizar, recordo que é o prémio Salavisa European Dance Award da Fundação Calouste Gulbenkian. Eu gostava também que falássemos sobre as escolhas do espectáculo. São mesmo escolhas ou é porque tinha mesmo que ser assim? Não tem luzes, não tem cenários, é uma coisa muito natural e muito despojada… “Primeiro de tudo, eu faço confiança ao corpo. Eu penso que o corpo, ele é inteligente, ele próprio. Segundo, são as vivências do próprio corpo, não o corpo como lugar de memória, mas o corpo como um espaço tecnológico.” Como assim? “O corpo tem saberes a partir das experiências que passou, vai acumulando saberes. Então, eu acredito que o corpo, ele próprio, pode comunicar com qualquer outro corpo. Penso sempre o corpo como um lugar tecnológico que tem capacidade de desenvolver e de nos fazer aceder a outros lugares de forma emocional, de forma espiritual e também de uma forma física. Então, acredito o corpo como esse espaço com capacidade para mudar o mundo também.” No momento em que vivemos toda a aceleração tecnológica, em que passamos para a inteligência artificial, em que qualquer espectáculo tem tanta coisa, até ruído visual, vocês vão ao essencial. É político? “É político porque nós viemos de um lugar e temos opinião só por isso, mas sem uma intenção clara de reivindicação. A intenção clara é demonstrar justamente com o que nós fazemos, com o que nós desenvolvemos e do lugar que eu venho e de onde os Vagabundus vêm não há condições de criação técnica. A peça é forte justamente porque essa simplicidade, essa falta, é uma riqueza para nós. Usamos isso como riqueza, de certa forma. Por isso é que os ‘Vagabundus' têm essa exigência tão técnica, sem muita decoração e sem cenários. Essa simplicidade, nós usamos como riqueza porque é o que nós temos.” Mas isso não corre o risco de ser visto como uma ode à precariedade? Vocês não deveriam sempre pedir mais? “Pois, poderíamos sempre pedir mais. Só que aí é que está. Temos vindo a discutir muito sobre a falta, sobre co-produções, sobre quem nos ajuda. É sempre o meu pensamento, principalmente com relação aos nossos produtores e às pessoas que produzem a Vagabundus ,que produzem o nosso trabalho, nós estamos sempre a discutir isso. Apesar de eu estar sempre a precisar de dinheiro - mesmo para esta última peça que eu estou a desenvolver, preciso de dinheiro para desenvolver figurinos e tudo - preciso procurar dinheiro em algum lugar. Mas também me trava um bocadinho e sempre fico a pensar nesse lugar de dependências e interdependências.” Não quer perder a autonomia, a liberdade? “De que forma continuamos a guardar a nossa autonomia, de que forma continuamos a desenvolver, como queremos fazer apesar do dinheiro não ser nosso, mas justamente por esse lugar inter-humano.” É um espectáculo novo? “Sim, eu estou a preparar um espectáculo que eu chamo de ‘Dzudza', uma palavra em changana para dizer vasculhar. ‘Dzudza-se' muito nos mercados, nas ruas caóticas de Maputo, cada um à procura de uma peça melhor para si, é dizer mais ou menos isso. Eu vejo o ‘Dzudza' como o oposto do ‘Vagabundus'. ‘Vagabundus' é mais energético, mais interno e é completamente alegre. É uma acção de graças. Na verdade, toda a peça é uma acção de graças. Canta-se todo o tempo, a expressão é a mesma, a estética é a mesma, mas com perspectivas totalmente diferentes de levar à sala e ao público. Há momentos mais alegres. Há momentos mais ecléticos da vida.” Numa das conferências no Fórum da Bienal de Dança de Lyon disse que não via o “Vagabundus' como uma peça, como uma obra, mas como “uma lógica moçambicana de fazer as coisas”. O que quer isso dizer? “Quer dizer que a forma como ‘Vagabundus' foi constituído, as coisas acontecem porque o colectivo tem vontade de fazer. E ‘Vagabundus' foi feita por essa força do colectivo e por essa força individual. Cada um sempre contribuía com o seu transporte até ao lugar, justamente porque acreditava nisso. Uma das características de Moçambique é realmente confiar no colectivo. Para te dar um exemplo muito claro, económico, social e político disso, tem um termo e tem uma acção de empréstimos e de crédito que se chama xitique. Isso só existe em Moçambique. Eu vou explicar. É um grupo de pessoas que se juntam, vão guardar dinheiro para ajudar-se uns aos outros. Eles vão dizer que têm um xitique mensal ou semanal e cada um tem que tirar um valor por semana que vai ajudar um do grupo. Existe essa lógica de confiança que tu tiras o teu dinheiro, dás a alguém e ficas à espera da tua vez chegar. E sempre chega. Mas eu não consigo encontrar nenhuma lógica para isso, senão uma lógica moçambicana de confiança mesmo.” Falemos agora do outro projecto, o espectáculo participativo que fez na Bienal de Dança de Lyon. Como foi a criação? “O ponto de partida é esse mesmo, a palavra espectáculo, performance. Quando o Quito [Tembe, co-curador do Forum] me escolheu, a ideia era desconstruir essa compreensão que temos sobre o espectáculo e sobre a dança contemporânea. Para mim, espectáculo é convidar alguém para assistir. Na minha ideia, nestes ‘Rituais do Corpo Vivo', eu não tenho público, tenho participantes. Pensar o público como participante da acção que partilhamos e que, se ele participa, também chega a ser um membro que tem algo a partilhar e que dessa partilha se cria uma energia. Então ‘M'Polo' é inspirado de um de um termo maconde de rito de iniciação, que é o espaço onde os iniciados se vão concentrar durante essa formação para passarem para a vida adulta. Vão-se iniciar, vão-se conhecer. Então, esse espectáculo é muito ligado a isso e muito ligado a se reconectar o ser humano com ele próprio. É um lugar onde todos possam respirar juntos, um lugar onde todos possam estar juntos. É um lugar aonde cada um é importante. Então, é isso que nós partilhamos aqui, nessa ideia de desconstruir essa ideia de espetáculo.” E é uma festa também. “Tentamos celebrar o momento, tentamos celebrar esse encontro. Na verdade, eu não sei se podemos chamar isso de uma performance, um espectáculo, mas é mais um ritual de encontro mesmo em que o público não sabe o que é que vai ser. O público não sabe que ele também é participante deste espaço.” E o público como aderiu? Pode ser intimidante… “Sim. Pode ser intimidante, mas por causa do preconceito do que é que é um espectáculo, na verdade, porque eles vão para assistir alguma coisa e isso também cria uma resistência interna, uma luta interna. Eu não sei se eles têm consciência até agora, não sei se eles têm a resposta se eles viram um espectáculo ou se eles participaram do espectáculo.” Neste contexto do ritual colectivo, como é que a dança pode fazer corpo colectivo e ser ferramenta de resistência neste mundo cada vez mais polarizado e individualista? “Eu acho que a dança tem que ser isso, tem que ser um espaço ou tem que ser uma expressão ou um motor que convida as pessoas a dançarem. Também tem que ser um espaço onde as pessoas se sintam no lugar de doadores também, doadores da sua presença. Um espaço que qualquer pessoa pode, de certa forma, mudar uma situação. Eu vejo a dança como isso. Para mim, a dança tem que ser esse espaço que acolhe pessoas. Um espaço acolhedor.” Para terminarmos, para quem ainda não o conhece – e depois de ter ouvido aqui na Bienal que o Ídio Chichava é a moda do momento – quer falar-nos um pouco sobre si? “Sou formado em danças tradicionais. Sou alguém que viveu parte da sua formação como artista e bailarino na França, alguém que viajou muito pelo mundo sempre através da dança. E alguém que acredita muito no poder da dança.”
Três novas exposições no Centro de Arte Moderna (CAM) da Gulbenkian e uma nova escultura de Fernando Fragateiro em Serralves abrem o Ensaio Geral desta semana, em que entrevistamos a escritora americana Claire Messud sobre o livro que escreveu sobre a sua família.
Neste episódio falo sobre dormir torto, brinquedos de desejo, beber café em estações de serviço, tutor de maluco, tarado da Gulbenkian, pedir desculpas no trânsito, elevador da glória, anúncios de acidentes rodoviários e estética corporal dos artistas.
Cresceu numa aldeia do norte, em Paredes, num país conservador, salazarista, com as janelas fechadas para o mundo. Em casa não tinha livros, mas logo aos 13 anos descobre o gosto pela leitura nas carrinhas da biblioteca itinerante da Gulbenkian, que lhe define a vida inteira. Comunista, viveu na clandestinidade na luta antifascista e, no final dos anos 70, integra a fundação da Caminho. É o único editor de uma obra de língua portuguesa distinguida com o Prémio Nobel da Literatura, uma distinção atribuída a José Saramago, em 1998. Na sua família de autores tem ainda 8 Prémios Camões. Nunca mais esquece a alegria do momento que fez o país crescer “três centímetros”. Eterno curioso, aos 80 anos não planeia reformar-se, e afirmar querer publicar e ler livros até ao fim. Ouçam-no nesta primeira parte da conversa com Bernardo Mendonça.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Private security guards have been brought in to help tackle anti-social behaviour in Herne Bay.A company called Akon has been given a six-week contract to support council enforcement teams and police. It's costing £8,500 and comes after concerns about gangs of young people "terrorising" the town.Also in today's podcast, organisers of a free princess-themed event in Maidstone have been forced to cancel it due to council charges.Snow Princess Parties holds an annual parade in Brenchley Gardens - where youngsters can meet their favourite fairytale and Disney characters.Plans to help families with the cost of living are due to be discussed later, as figures show 30% of children in Medway are living in poverty.The number of pupils eligible for free school meals has doubled in the last nine years. Hear from Medway Council leader Vince Maple.We've been hearing how important it is to get children in Kent involved in the creative arts.The Gulbenkian in Canterbury is running a series of events over the next few months to encourage families to get involved in arts and theatre, we've been speaking to Artistic Director David Sefton.One of the stars of TV's Neighbours has been in Kent to mark a very special birthday.Alan Fletcher, who played Dr Karl Kennedy in the Aussie soap, visited Maplewood Court in Maidstone to meet resident Hilda Howes who has turned 100.A victory parade has been taking place in London to celebrate the Lionesses winning the women's Euros.Kent's Alessia Russo scored an equaliser in the final against Spain on Sunday night taking the game to extra time and penalties.Crowds lined the Mall to see the squad before they lifted the trophy on a stage in front of Buckingham Palace.
Prémio Gulbenkian para a Humanidade. Crise política em Espanha. 50 anos de São Tomé independente. Golpe na Orano no Níger. Edição de Mário Rui Cardoso.
O cantor Gil do Carmo está de regresso aos discos. Neste Ensaio Geral, vamos descobrir com ele a sonoridade de “Mediterrâneo”, mas antes olhamos o novo espetáculo da Companhia Nacional de Bailado e abrimos o livro “De onde eles vêm”, do brasileiro Jeferson Tenório. Destaque também para o Jardim de Verão, na Gulbenkian, com a curadoria de Dino D'Santiago. Guilherme d'Oliveira Martins, do Centro Nacional de Cultura (CNC), revela as suas sugestões semanais.
Segundo um estudo da Gulbenkian, os portugueses admitem que há uma urgência climática.
Parkour pioneer Sébastien Foucan can be credited for bringing Parkour to the masses. His seminal UK documentary, 'Jump London' (2003) - and its follow up, 'Jump Britain' (2005) - sparked a cultural phenomenon which would see youngsters take to the streets in wild, acrobatic, hair-raising abandon; running, climbing and leaping across their urban environment in scenes we still see on our streets today. For Sébastien, a movie career followed, with stand-out roles in action films including 'Casino Royale' (2006) and 'The Tournament' (2009). Those perceptive enough to see the inspiration behind his incredible physical abilities and derring-do would be quick to reference the work of Jackie Chan, whose stunt-filled films would prove to be one of the early catalysts for Sébastien and his friends to take to the streets of Paris, recreating what they saw in his movies. Today, Sébastien is an inspirational speaker and CEO of the Foucan Academy, teaching kids the art of movement and self-expression. His motto: "we play".On this episode - recorded live at the Gulbenkian Arts Centre in Canterbury as part of the British Film Institute's Art of Action season - Sébastien explores his love of Hong Kong action cinema (especially the films of Jackie Chan and Bruce Lee), his experiences working in Hollywood, current attitudes towards Parkour, and much more. This conversation was recorded after a screening of the 1978 Jackie Chan classic, 'Drunken Master', and is co-hosted by the 'Life of Action' author - and friend of the show - Mike Fury. A huge thank you to the crew at the Gulbenkian and the people of Canterbury who attended the show, and the Independent Cinema Office and Film Hub South East for helping to organise the event.LINKSSébastien Foucan on Instagram: https://www.instagram.com/sebastienfoucan/Sébastien Foucan on Facebook: https://www.facebook.com/people/Seb-Foucan/100010605671158/ Sébastien Foucan on LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/sebastien-foucan/ Sébastien Foucan website: https://www.sebastienfoucan.com/ Foucan Academy: https://foucanacademy.com/ 'Jump Britain' on YouTube: https://youtu.be/2TJurAP9l-Q?si=Abborgj9sRKdOKMN Chase scene from 'Casino Royale': https://youtu.be/iZxNbAwY_rk?si=9RvrgPTeoUWGT0GZ Sébastien Foucan on 'Ninja Warrior UK': https://youtu.be/o7YFOF1oeag?si=hjKZ23vx9DT-6S-k Mike Fury on Instagram: https://www.instagram.com/themikefury/Mike Fury's website: https://www.mikefury.net/'Drunken Master' review on Kung Fu Movie Guide: https://bit.ly/DrunkenMasterKFMG'Drunken Master' trailer: https://youtu.be/WSu-9X8NF9k?si=BNVVYygZ7Ke_VdYpBuy 'Drunken Master' on Blu-ray: https://eurekavideo.co.uk/movie/drunken-master/Visit the Gulbenkian Arts Centre in Canterbury: https://thegulbenkian.co.uk/Learn more about the BFI's Art of Action season: https://www.bfi.org.uk/art-actionA huge thank you to Independent Cinema Office (https://www.independentcinemaoffice.org.uk/) and Film Hub South East (https://www.independentcinemaoffice.org.uk/film-hub-south-east/) Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.
Opera, duas exposições uma no MUDE e outra na Gulbenkian estão em destaque no Ensaio Geral de hoje em que entrevistamos uma das estrelas do projeto cubano Buena Vista Social Clube e vamos ao teatro assistir a uma homenagem a Fernanda Lapa.
A delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian faz 60 anos e o programa de aniversário apoia vários eventos com artistas lusófonos. Há parcerias com o Festival de Avignon, o Festival de Outono, o Théâtre de la Ville de Paris e a Bienal de Dança de Lyon, mas há, também, dois novos festivais: um de músicas da diáspora ("Lisboa nu bai Paris") e outro de dança, filme e artes visuais ("Les Jardins de l'Avenir"). Na prática, a agenda cultural francesa vai contar, ao longo do ano, com nomes como Marlene Monteiro Freitas, Tânia Carvalho, Vera Mantero, Joana Craveiro, Dino D'Santiago, Branko, Maro, Camané, Mário Laginha, B Fachada e muitos mais. O programa foi apresentado esta segunda-feira, no Théâtre de la Ville, em Paris, por Miguel Magalhães, director da delegação em França da Fundação Gulbenkian. Há teatro e dança, com Marlene Monteiro Freitas, Tânia Carvalho, Vera Mantero e Joana Craveiro, música com Dino D'Santiago, Branko, Maro, Camané, Mário Laginha e B Fachada. Há, ainda, cinema, conferências, residências e exposições, entre muitos eventos.Um dos momentos centrais é o apoio ao espectáculo de Marlene Monteiro Freitas que vai abrir a edição deste ano do Festival de Avignon, dirigido pelo português Tiago Rodrigues. A peça vai estar, mais tarde, no Festival de Outono, em Paris, com o qual a delegação francesa da Gulbenkian volta a colaborar. Além da programação de Marlene Monteiro Freitas nesse festival, há, ainda, um espectáculo de dança de Tânia Carvalho e Israel Galvan e outra performance encenada por Tânia Carvalho com alunos dos conservatórios de Paris e Lyon em torno do centenário de Pierre Boulez.No Théâtre de la Ville - Sarah Bernhardt, a Gulbenkian vai apoiar o festival de artes do palco Chantiers d'Europe, que nesta edição reúne artistas de sete países, incluindo de Portugal. A 9 de Junho, o Théâtre de la Ville –Sarah Bernhardt, é palco de um encontro entre música clássica e fado tradicional, com a Orquestra Filarmónica Portuguesa, Camané e Mário Laginha. O autor e compositor B Fachada sobe a palco a 5 de Junho no Théâtre de la Ville-Les Abbesses. De 10 a 15 de Junho, Joana Craveiro apresenta-se, pela segunda vez, neste festival, agora com a peça de teatro “Intimidades com a Terra”. Na dança, Tânia Carvalho e um bailarino do Ballet National de Marselha / (La) Horde sobem ao palco a 28 e 29 de Junho.Ainda no Théâtre de la Ville - Sarah Bernhardt, em Maio e Setembro, estão previstas leituras, encontros e criações em torno da obra que, em 1972, abalou e foi proibida pela ditadura - “Novas Cartas Portuguesas” - de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. A delegação em França da Gulbenkian também apoiou uma nova tradução para francês da obra, por Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levecot, a qual chega às livrarias a 18 de Abril.A 7 e 8 de Junho, no Parque Enclos Calouste Gulbenkian, em Deauville, acontece a primeira edição de “Les Jardins d'Avenir”, um festival entre dança, filme e artes visuais. Nestes jardins, vão ser apresentadas, por exemplo, a peça “L'oracle végétal” das coreógrafas Ola Maciejewska e Vera Mantero e a performance participativa de Ana Rita Teodoro e Alina Folini. Há, ainda, uma projeção de filmes de Jorge Jácome e Ana Vaz e obras plásticas de Christodoulos Panayotou e Elsa Sahal.A encerrar o programa de aniversário, está o festival de músicas urbanas de inspiração africana “Lisboa nu bai Paris”, comissariado por Dino D'Santiago e que vai decorrer na Gaité Lyrique, em Paris, no final do ano.Nas artes visuais, a delegação promove várias residências artísticas e curatoriais em França para artistas e comissários lusófonos. Este ano, por exemplo, a artista moçambicana Lizette Chirrime vai estar três meses em Paris no âmbito do programa Gulbenkian -Thanks for Nothing.Para reforçar a divulgação da criação portuguesa em França, a delegação continua o programa “Expositions Gulbenkian”, um apoio que se destina às instituições culturais que pretendam mostrar artistas portugueses.A Biblioteca Gulbenkian de Paris vai organizar, ainda, conferências e jornadas de estudo em torno dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões. Por outro lado, a realizadora francesa Claire Denis está a preparar um filme sobre a “Ode Marítima” de Fernando Pessoa.A agenda dos 60 anos conta, também, com o lançamento do podcast “Parcours d'artistes”, uma série sobre histórias de artistas portugueses que viveram ou vivem entre Paris e Lisboa.
A delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian faz 60 anos e o programa de aniversário apoia vários eventos com artistas lusófonos. Há parcerias com o Festival de Avignon, o Festival de Outono, o Théâtre de la Ville de Paris e a Bienal de Dança de Lyon, mas há, também, dois novos festivais: um de músicas da diáspora ("Lisboa nu bai Paris") e outro de dança, filme e artes visuais ("Les Jardins de l'Avenir"). Na prática, a agenda cultural francesa vai contar, ao longo do ano, com nomes como Marlene Monteiro Freitas, Tânia Carvalho, Vera Mantero, Joana Craveiro, Dino D'Santiago, Branko, Maro, Camané, Mário Laginha, B Fachada e muitos mais. O programa foi apresentado esta segunda-feira, no Théâtre de la Ville, em Paris, por Miguel Magalhães, director da delegação em França da Fundação Gulbenkian. Há teatro e dança, com Marlene Monteiro Freitas, Tânia Carvalho, Vera Mantero e Joana Craveiro, música com Dino D'Santiago, Branko, Maro, Camané, Mário Laginha e B Fachada. Há, ainda, cinema, conferências, residências e exposições, entre muitos eventos.Um dos momentos centrais é o apoio ao espectáculo de Marlene Monteiro Freitas que vai abrir a edição deste ano do Festival de Avignon, dirigido pelo português Tiago Rodrigues. A peça vai estar, mais tarde, no Festival de Outono, em Paris, com o qual a delegação francesa da Gulbenkian volta a colaborar. Além da programação de Marlene Monteiro Freitas nesse festival, há, ainda, um espectáculo de dança de Tânia Carvalho e Israel Galvan e outra performance encenada por Tânia Carvalho com alunos dos conservatórios de Paris e Lyon em torno do centenário de Pierre Boulez.No Théâtre de la Ville - Sarah Bernhardt, a Gulbenkian vai apoiar o festival de artes do palco Chantiers d'Europe, que nesta edição reúne artistas de sete países, incluindo de Portugal. A 9 de Junho, o Théâtre de la Ville –Sarah Bernhardt, é palco de um encontro entre música clássica e fado tradicional, com a Orquestra Filarmónica Portuguesa, Camané e Mário Laginha. O autor e compositor B Fachada sobe a palco a 5 de Junho no Théâtre de la Ville-Les Abbesses. De 10 a 15 de Junho, Joana Craveiro apresenta-se, pela segunda vez, neste festival, agora com a peça de teatro “Intimidades com a Terra”. Na dança, Tânia Carvalho e um bailarino do Ballet National de Marselha / (La) Horde sobem ao palco a 28 e 29 de Junho.Ainda no Théâtre de la Ville - Sarah Bernhardt, em Maio e Setembro, estão previstas leituras, encontros e criações em torno da obra que, em 1972, abalou e foi proibida pela ditadura - “Novas Cartas Portuguesas” - de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. A delegação em França da Gulbenkian também apoiou uma nova tradução para francês da obra, por Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levecot, a qual chega às livrarias a 18 de Abril.A 7 e 8 de Junho, no Parque Enclos Calouste Gulbenkian, em Deauville, acontece a primeira edição de “Les Jardins d'Avenir”, um festival entre dança, filme e artes visuais. Nestes jardins, vão ser apresentadas, por exemplo, a peça “L'oracle végétal” das coreógrafas Ola Maciejewska e Vera Mantero e a performance participativa de Ana Rita Teodoro e Alina Folini. Há, ainda, uma projeção de filmes de Jorge Jácome e Ana Vaz e obras plásticas de Christodoulos Panayotou e Elsa Sahal.A encerrar o programa de aniversário, está o festival de músicas urbanas de inspiração africana “Lisboa nu bai Paris”, comissariado por Dino D'Santiago e que vai decorrer na Gaité Lyrique, em Paris, no final do ano.Nas artes visuais, a delegação promove várias residências artísticas e curatoriais em França para artistas e comissários lusófonos. Este ano, por exemplo, a artista moçambicana Lizette Chirrime vai estar três meses em Paris no âmbito do programa Gulbenkian -Thanks for Nothing.Para reforçar a divulgação da criação portuguesa em França, a delegação continua o programa “Expositions Gulbenkian”, um apoio que se destina às instituições culturais que pretendam mostrar artistas portugueses.A Biblioteca Gulbenkian de Paris vai organizar, ainda, conferências e jornadas de estudo em torno dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões. Por outro lado, a realizadora francesa Claire Denis está a preparar um filme sobre a “Ode Marítima” de Fernando Pessoa.A agenda dos 60 anos conta, também, com o lançamento do podcast “Parcours d'artistes”, uma série sobre histórias de artistas portugueses que viveram ou vivem entre Paris e Lisboa.
António Poppe (Lisboa, 1968)Artista visual, performer e poeta, vive e trabalha em Lisboa. Concluiu o curso avançado de artes visuais do Ar.Co, em Lisboa, e estudou escultura e desenho no Royal College of Arts, em Londres. Fez o mestrado em Arte Performativa e Cinema na School of the Art Institute of Chicago, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.Autor de um trabalho híbrido entre artes visuais, performance e poesia, que apresenta desde 1991 em instituições como o Museu de Serralves, MAAT, Culturgest, Gulbenkian, Fundação Carmona e Costa, Museu Soares dos Reis, Galeria ZDB, Galeria 111, Casa Fernando Pessoa e GIAJG, entre outras. Publicou cinco livros: "Torre de Juan Abad" (Assírio & Alvim), "Livro da Luz" (Documenta), "Medicin" (Douda Correria), "Come Coral" (Douda Correria) e "O Agitador e a Corrente" (com Mumtazz, Mariposa Azual). Destacam-se a exposição antológica "Mil Órbitas" (2019) na ZDB, com curadoria de Natxo Checa, e a participação no projeto performativo "DE CORPO PRESENTE" (2022), a convite do Museu da Cidade do Porto. Trabalhou com o grupo de performance Goat Island (Chicago) e colaborou com artistas como Vera Mantero (Porto 2001, Capital Europeia da Cultura), Mumtazz (6ª edição dos "Encontros para Além da História", CIAJG, Guimarães), Musa Paradisíaca (Quetzal Art Centre, Holanda) e La Familia Gitana (Boca Bienal e Futurama Alentejo, 2021). Nos últimos anos, tem-se dedicado ao projeto "EM VOZ ALTA", desenvolvido com apoio da DGArtes em parceria com BOCA, Osso, Casa de Gigante, Aderno e ZDB, aprofundando a fusão entre as várias disciplinas que compõem a sua prática. Links: https://www.miguelnabinho.com/pt/antonio-poppe https://www.youtube.com/watch?v=uvqUwh_i0Ug https://www.youtube.com/watch?v=KAF5lQSyBec https://gulbenkian.pt/agenda/musica-cigana-camoes-yanomani-a-soma-dos-seus/ https://www.agendalx.pt/events/event/em-voz-alta/ https://contemporanea.pt/edicoes/03-04-2019/antonio-poppe-mil-orbitas https://www.flad.pt/finalistas-do-premio-flad-de-desenho-2023/ https://contemporanea.pt/edicoes/comunidade-enquanto-imunidade/manuscritos-da-comunidade-enquanto-imunidade Episódio gravado a 27.02.2025 Créditos introdução: David Maranha - Flauta e percussão Créditos música final: The Homeless Wanderer · Tsegue-Maryam Guebrou Ethiopiques, vol. 21: Emahoy (Piano Solo) ℗ Tsegue-Maryam Guebrou / Buda Released on: 1963-01-01 Composer: Tsegue-Maryam Guebrou *verso de Canção IV, Luís Vaz de Camões http://www.appleton.pt Mecenas Appleton:HCI / Colecção Maria e Armando Cabral / A2P / MyStory Hotels Apoio:Câmara Municipal de Lisboa Financiamento:República Portuguesa – Cultura / DGArtes – Direcção Geral das Artes © Appleton, todos os direitos reservados
André Romão nasceu em Lisboa em 1984, cidade onde vive. O seu trabalho assume sobretudo a forma de escultura e poesia, explorando ideias de transformação, mutação e fluidez. Partindo da emoção e da intuição, as suas figuras e paisagens oníricas ocupam frequentemente um campo indefinido entre os domínios literário e natural. O seu trabalho tem sido apresentado em diferentes instituições como o Museu de Serralves (Porto), Centre d'art Contemporain Genève, Liverpool Biennial 2021, MAAT (Lisboa), Museu Berardo (Lisboa), Futura (Praga), The Green Parrot (Barcelona), Macro (Roma), Astrup Fearnley Museet (Oslo), CAPC (Bordéus), Spike Island (Bristol), Kunsthalle Lissabon, entre outras. Recebeu o Prémio EDP Novos Artistas em 2007 e o BES revelação em 2013. Foi artista residente na Kunstlerhaus Bethanien, Berlim (2010), MACRO, Roma (2014) e Gasworks, Londres (2020), entre outros. A obra de Romão está representada em colecções como a Fundação de Serralves, Fundação Gulbenkian, FRAC Franche-Comté, entre outras. Links: https://andreromaonet.wordpress.com/ https://www.publico.pt/2019/04/01/culturaipsilon/noticia/noite-andre-romao-ha-corpos-pulsam-despertam-1866702 https://umbigomagazine.com/pt/blog/2019/04/26/fauna-de-andre-romao/ https://www.dn.pt/arquivo/diario-de-noticias/andre-romao-exibe-novas-esculturas-e-poemas-sobre-a-fluidez-dos-corpos-9320081.html https://www.galleriaumbertodimarino.com/andre-romao/ https://contemporanea.pt/edicoes/07-08-09-2021/andre-romao-le-volpi https://www.veracortes.com/artists/andre-romao/ https://contemporanea.pt/edicoes/06-2018/andre-romao-fruits-and-flowers https://www.serralves.pt/en/atividades-serralves/1203-visita-orientada-andre-romao/ https://www.fundacaoedp.pt/en/edition-prize/new-artists-award-2007 Episódio gravado a 21.02.2025 Créditos introdução: David Maranha - Flauta e percussão Créditos música final: Crass - Mother Earth (1979) – interpretada por Crass / letra Crass, Eve Libertine (aka Bronwen Jones), Joy De Vivre, Steve Ignorant / produzida por Crass Records http://www.appleton.pt Mecenas Appleton:HCI / Colecção Maria e Armando Cabral / A2P / MyStory Hotels Apoio:Câmara Municipal de Lisboa Financiamento:República Portuguesa – Cultura / DGArtes – Direcção Geral das Artes © Appleton, todos os direitos reservados
Nos visita el dúo Fetén Fetén, formado por Diego Galaz y Jorge Arribas, para presentar Florilegio, su nuevo vinilo lleno de esencia y creatividad.Dani Galindo nos acerca a los actores nominados a los Premios Goya con raíces teatrales, mientras que Miguel Ángel nos descubre la sorprendente relación entre música y ciencia a través del libro El cerebro musical de Michel Rochon, publicado por Ático de los Libros. Un tema fascinante que nos lleva a reflexionar sobre cómo las artes y el conocimiento se entrelazan.En el ámbito del arte, Íñigo Picabea nos habla de la llegada a Madrid de 18 óleos y un dibujo de Francesco Guardi, junto con una obra de su hijo Giacomo, procedentes de la prestigiosa Colección Gulbenkian de Lisboa. Una oportunidad única para disfrutar del legado de uno de los artistas más representativos de esta colección.Además, Ana Zurita nos recuerda a Patricia Highsmith en el 30º aniversario de su fallecimiento. La creadora de Tom Ripley revolucionó la novela policíaca con sus thrillers psicológicos, explorando temas como la culpa, la inocencia y los límites entre el bien y el mal.En El Ojo Crítico defendemos las conexiones entre arte y ciencia, rescatamos historias imprescindibles y descubrimos lo mejor de la cultura actual. Escúchanos en Radio Nacional y acompáñanos en este viaje cultural lleno de inspiración y conocimiento.Escuchar audio
Edição de 07 de Dezembro 2024
O artista português Márcio Carvalho participou pela primeira vez na mais importante feira de arte contemporânea africana europeia, AKAA - Also Know as Africa, em Paris. Márcio Carvalho apresentou os projectos "Falling Thrones" e "Memories for 14 busts", sobre memória e espaço público em torno de temáticas pós-coloniais. RFI: Participa pela primeira vez na feira de arte e design africanos AKAA - Also Know as Africa. Que obras apresenta?Márcio Carvalho: Eu estou a apresentar trabalhos em desenho de duas séries que eu tenho estado desenvolver desde 2021. Uma delas chama se Falling Thrones e a outra chama se Memories for 14 busts. Ambos os trabalhos têm que ver com memória e espaço público. Como é que nós recordamos enquanto corpos biológicos, mas também como nos recordamos enquanto corpos colectivos? Tipo um hipocampo colectivo social e como é que nos recordamos do nosso passado em comum.Já esteve em exposição em Marselha, no sul de França, na exposição Europa Oxalá, uma exposição que percorreu vários países. Uma exposição que falava desta temática que o acompanha, que é a questão da memória.Foi uma exposição incrível na qual participei, tive todo o orgulho de trabalhar com esta série de artistas incríveis, com os curadores também incríveis António Pinto Ribeiro, Aimé Mpane, Katia Kameli. Foi muito interessante não só expor, mas também ter a oportunidade de debater com eles este tipo de temáticas pós-coloniais, não só na ideia de trazer de volta as teorias pós-coloniais, mas da prática pós colonial. A arte como um veículo de prática pós colonial e de descolonização, seja do território, seja da linguagem de várias frontes. Mas como é que se faz isso na prática?A questão é essa como é, como é que se faz isso na prática? Como é que se faz isso na arte?Por exemplo, existe a possibilidade, em Lisboa, de fazer uma contextualização de alguns objectos coloniais que estão num espaço público. E a contextualização nunca pode ser uma coisa feita à porta fechada. Se for feita à porta fechada, o que acontece? Não existe participação da sociedade civil. A arte pode fazer essas pontes com a sociedade civil. Tu não precisas ser literário em arte, tu não precisas ser um expert em arte para poderes interagir com a arte, para poderes participar em projectos artísticos. É esta coisa que a arte pode fazer que é muito interessante, que é trazer esses públicos para dentro, não só do discurso artístico, mas também do discurso político, social, cultural, contextual e dos contextos de onde está a operar.Por que motivo ainda é tão difícil e se fala de forma tão tímida, de descolonização?É uma muito boa pergunta. Eu acho que todo o processo de colonização foi um processo que levou centenas de anos a consolidar. No caso de Portugal, através do Estado Novo, houve uma consolidação do colonialismo ainda maior. Houve um género de um forjar da identidade portuguesa indissociável do colonialismo. É uma coisa que perdura até os tempos de hoje. Vivi na Alemanha muito tempo, apresentei trabalho em cinco continentes diferentes e vejo que há muitas frontes, muitos países, muitos contextos que já falam destas coisas há muito tempo.Portugal ainda está muito atrasado. Porquê? Talvez por isso, porque tivemos uma ditadura durante muitos anos e foi uma ditadura que forjou. Foi propositado criar uma cultura colonial para que o português sinta que sem as ditas descobertas não tem história. Eu não tenho história se não tiver esta parte, o que é errado, porque existe muita história no continente e existe dentro da parte colonial. Existem histórias de interacções entre povos e essas são as histórias que podem ser interessantes, onde portugueses se encontraram com nigerianos, onde portugueses encontraram muçulmanos e se entre-ajudaram para ir ao encontro de espaços que nunca estiveram e ao encontro de culturas que nunca tiveram acesso. Essa poderá ser a história interessante, mas não podemos saltar para essa história antes de descolonizar a história. A história como está nos manuais escolares que as crianças, desde a primária até ao ciclo até ao secundário, andam a aprender ainda hoje.Tudo começa por ir, pela educação?Claro, tudo começa por aí. Existem uns projectos interessantes que estão a acontecer em Lisboa e nos quais estou envolvido, com Plano Nacional das Artes, onde existe a ideia de começar exactamente pelos manuais escolares. Estamos a fazer um update. Estamos no século XXI, a Europa está toda engajada nesta ideia de descolonizar, mas na prática e com certeza que temos que começar com os manuais escolares. Eu fiz projectos com crianças, o último projecto que fiz foi com a Gulbenkian, chama-se Lugares. Trabalhámos com 164 crianças de cinco escolas diferentes, fomos a escolas durante nove meses, trabalhámos com estas crianças sobre a ideia de poder, o lugar do poder. Quem é que tem poder, quem é que não tem poder.O que é que representa o poder?O que é que representa o poder... Quem é que tem direito ao poder. Estas crianças que são crianças que vêm de montes de sítios diferentes e são descendentes de diferentes culturas, necessitam deste tipo de exercício de pensar no poder, porque eles não se vêem representados na sociedade. Porque a sociedade, o dito português, é um português e uma pessoa de classe média alta, branco que não condiz com a realidade que nós temos hoje, especialmente em Lisboa. Todos os meus amigos que vêm da Alemanha, que vêm da França, chegam a Portugal e dizem 'Uau, isto é incrível! Isto é, parece mesmo uma cidade multicultural'.Como encontramos aqui em Paris, por exemplo...Como encontramos aqui em Paris também, claro, e noutras cidades europeias. Como diz António Sousa Ribeiro; 'temos que confrontar a história e temos que mudar a história', mas não se trata apenas de um processo de substituição. Agora substitui-se uma história por outra, não. Temos é que criar uma história nova com estes novos intervenientes que existem hoje, que são tanto pessoas que lutaram nas guerras coloniais, como jovens de 15 a 20 anos de idade que têm coisas a dizer sobre a nossa sociedade.Propõe uma nova visão da história através da sua arte?O que proponho é questionar essa arte. Para propor temos de tomar uma posição de quase expertise e o que eu proponho são reflexões através de questões. O que leva logo a um sistema participativo. Não é uma coisa que eu faço sozinho, é uma coisa que tem que ser feito pela sociedade civil. A arte pode ser uma catapulta para isso mesmo. Este projecto que eu tenho, o Falling Throne é sobre como lidar com o espaço público, como lidar com memória no espaço público, como lidar com estas estátuas, estes monumentos e memoriais de cariz colonial. Porque eu lembro-me que em 2010 eu já andava a fazer projectos destes e a tentar fazer qualquer coisa em Lisboa e os meus colegas diziam 'Márcio, porque é que te preocupas com isto?' e respondia que 'porque isto é invisível'. Ninguém olha para isto e aí está o problema. A estrutura colonial está tão enraizada que tu já não a vês, já faz parte. Essa parte que temos de descolonizar, essa parte que temos que renomear, reavaliar, revisitar.Quais são as propostas presentes nestas obras?Eu faço uma brincadeira com os Jogos Olímpicos porque o desporto é uma coisa particular e interessante para mim. Nas guerras tu tens inimigos, não é? Mas no desporto tens oponentes, tu lutas, defendes a tua posição e no final cumprimentas o teu adversário. Que percas ou ganhes cumprimentas sempre o teu adversário. É essa a ideia que eu trago com o meu trabalho. São desportistas olímpicos que tentam disputar novas histórias. Muitas vezes dou-lhes biografias, que são biografias, por exemplo, de Patrice Lumumba, de Josina Muthemba, Dandara dos Palmares. São pessoas que lutaram contra a colonização, especialmente portuguesa, mas também do Congo e são os novos intervenientes da história. Nós temos que saber também as histórias deles para também podermos fazer um género de 'agora vou substituir o herói Vasco da Gama pelo herói Patrice Lumumba' - não é propriamente isso. É mais: vou adicionar as histórias que tenho vindo a aprender desde que sou pequenito e com histórias de pessoas que lutaram pela liberdade dos seus países.É um facto hoje que nós tivemos liberdade em Portugal porque as guerras de libertação dos povos colonizados, nomeadamente Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, essas pessoas já andavam a lutar para a liberdade dos seus povos. Isso fez com que os nossos tropas entendessem o que era a guerra. O que o Amílcar Cabral disse e muito bem é: "se a empresa colonial portuguesa cai nestes territórios, com certeza que cai também em Portugal". Foi o que aconteceu. Houve aqui um aspecto de colaboração que temos que salientar, hoje, como uma forma também de descolonizar as mentalidades na sociedade.No outro projecto usa o conhecido tecido africano, a capulana em Moçambique?Tenho andado a estudar mais o tecido. Este tecido africano em Moçambique que se chama capulana. Eu tenho andado a investigar porque estou a acabar o meu doutoramento em Artes na Faculdade de Belas Artes. Este tecido é uma tecnologia de arquivar. Por exemplo, em Moçambique pode ser uma coisa tanto individual, autobiográfica como colectiva. A mãe que tem uma criança que carrega no tecido e quando a criança tem 18 anos, a mãe volta a dar lhe a capulana como um gesto que tem a ver com uma autobiografia da criança. Os políticos fazem campanhas políticas, imprimem as suas próprias caras na capulana. Pessoas que lutaram contra o colonialismo também são impressas na capulana. Ou seja, a capulana é um veículo de histórias. Como a minha família de Angola, nós somos de uma família que é multirracial, e sempre tive contacto com estes objectos sem saber sequer o que eles representavam. Estas formas abstractas de toda a arte fascinavam-me. Na Europa havia muita coisa do figurativismo e quando olhávamos para estes objectos, pelo menos quando criança, não percebia. Eu sempre tive uma relação com elas sem saber que tinha uma relação.Da mesma forma, como falámos há pouco, em relação a dados adquiridos que nos dão a conhecer e não são questionáveis?Isso, exactamente. A capulana está a ser uma relação mais recente. Este projecto chama-se Memórias para 14 Bustos, que são 14 bustos que foram produzidos pelo Leopoldo de Almeida para a Exposição Universal do Mundo Português de 1940, para adornar um zoom humano. Quando eles trouxeram pessoas para exibir como se fosse um zoológico em 1940, isto é muito recente. E estes bustos ainda estão no jardim tropical de Belém. Hoje em dia têm uma contextualização que é mínima. Eu não considero ser uma contextualização porque é uma obstrução dos sentidos. É um género de uma placa que tem um pequeno texto que na verdade não diz nada.Neste momento estou em contacto com os directores do museu e estamos a preparar, talvez para 2025, uma contextualização séria destes 14 bustos. Este é um início desse projecto que são estes 14 bustos desenhados nestes panos africanos, nas capulanas, onde depois existem memórias; sejam memórias que não são faladas. Nestas duas figuras brincam um pouco com a ideia de naufrágio porque o azul cobalto, iconograficamente, é sinónimo de história. Nós olhamos para estas imagens de azul cobalto dos azulejos nas nossas ruas [em Portugal], e de repente é história, isto é a nossa história. Fala-se muito dos barcos que lá chegaram, mas não se fala dos barcos que afundaram nos naufrágios. E este naufrágio não é só um naufrágio que está ligado à relação do barco ao mar. É o naufrágio da história. Porque a nossa história é um grande naufrágio, onde temos que ir para debaixo da água, metaforicamente, fazer mergulho para encontrarmos os despojos da nossa história.Se formos aos arquivos que temos, tanto em Lisboa, nas instituições, conseguimos encontrar muita coisa, mas o acesso a esses arquivos ainda é negado. Estes trabalhos, estes desenhos nas capulanas tentam trazer exactamente essas memórias da nossa história.De onde vem a sua relação com África?A minha família vem de lá desde 1888. Houve pessoas que nomearam a minha família de retornados. No final dos casos, eles eram exilados. Eles exilaram-se em Portugal por causa das regras das guerras anti-coloniais. O que aconteceu comigo foi que, de repente, eu nasci num território que é o território português, mas toda a música que eu ouço em casa é angolana, toda a comida que eu como em casa é angolana, as vestimentas, o léxico que faz de mim uma pessoa que está desterritorializada porque a nível de memória, nesta ideia que está ligada a pós memória, as memórias que eu tenho são de um território que não é o de Portugal. Mas eu nasci em Portugal, sou português, nunca fui a Angola. Fui ao Senegal, fui aos Camarões e está programado para ir a Angola, claro, trabalhar lá também.As memórias que eu tenho, que me foram passadas de território, de contexto, de luta, de vida são de outro território, foram memórias emprestadas. Essa ligação faz-me querer saber um pouco mais e faz-me querer participar nesta luta que é uma luta por um género de igualdade. Usar a descolonização ou esta ideia de descolonizar não só o território, mas como um mote para trazer outro tipo de dignidade aos povos colonizados, à minha parte da família que ainda vive em Angola, a ligação é grande e não consigo contabilizar. Acho que preciso de mais anos de maturidade para tentar entender como é que o território e a memória podme trabalhar um corpo biológico, no sentido em que tu és português mas não reconheces o território onde tu vives, na tua condição de memória, de pós-memória.
O magnate armênio Calouste Sarkis Gulbenkian nasceu há século e meio. Ficou conhecido como o senhor 5%. Era dono de 5% do crude mundial. No tempo da II Guerra Mundial, refugiou-se em Portugal, onde foi acarinhado. Homem de negócios, colecionador de arte e filantropo, quando morreu em Lisboa, em 1955, era o homem mais rico do mundo graças ao petróleo.
O filme que consagrou o realizador Miguel Gomes no Festival de Cannes chega na próxima semana aos cinemas. Neste Ensaio Geral conversamos com o cineasta sobre “Grand Tour”. Também fomos às reaberturas do Museu de Lisboa, do MUDE – Museu do Design e do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian. No regresso de férias, em destaque no Ensaio Geral estão os cartazes do Festival Todos, do Sons no Património e o Open House de Arqueologia. Guilherme d'Oliveira Martins, do Centro Nacional de Cultura (CNC), desvenda as suas sugestões da semana.
Episódio 6 da temporada especial do Appleton Podcast - FARRA - numa parceria com o MACE, Centro de Arte Oliva e Córtex Frontal. António Poppe Poeta, artista visual, performer, vive e trabalha em Lisboa. Concluiu o curso avançado de artes visuais do Ar.Co, em Lisboa, e estudou desenho e escultura no Royal College of Arts, Londres. Fez o mestrado em Arte Performativa e Cinema pela School of the Art Institute of Chicago, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento. Autor de um trabalho híbrido entre as artes visuais, a performance e a poesia, que tem apresentado desde 1991, em várias instituições culturais e galerias como, o Museu de Serralves, MAAT, Culturgest, Gulbenkian, Fundação Carmona e Costa, Museu Soares dos Reis, Galeria ZDB, Galeria 111, Casa Fernando Pessoa, GIAJG, entre outros. Publicou cinco livros : Torre de Juan Abad (Assírio e Alvim), Livro da Luz (Documenta), Medicin (Douda Correria), Come Coral (Douda Correria), O Agitador e a Corrente (escrito com Mumtazz e publicado na Mariposa Azual). Eugénia Mussa (Maputo, 1978) vive e trabalha em Lisboa. A sua infância passa por entre os bairros de Matola e Polana em Maputo, Moçambique, durante a guerra civil moçambicana. Apenas no ano de 1983 mudou-se para Portugal, criando um leque de trabalhos reflexo do seu percurso de vida e memória do que havia sido o seu contexto. Nas suas pinturas, a artista não confronta diretamente o tema da identidade africana por si, optando por abordar figurativamente através de elementos que remetam memórias, imagens e sentimentos colhidos ao longo do seu percurso. Eugénia Mussa emprega uma técnica impressionista de pintura a óleo com aleatoriedade musical, flutuando livremente entre estilos, géneros, ou paradigmas pré-estabelecidos. Links: https://www.monitoronline.org/eugenia-mussa/ https://www.rtp.pt/programa/tv/p29872/e17 https://umbigomagazine.com/pt/blog/2024/06/18/release-the-chicken-eugenia-mussa-na-monitor/ https://contemporanea.pt/edicoes/03-04-2019/antonio-poppe-mil-orbitas https://ifyouwalkthegalaxies.com/antonio-poppe/ https://bocabienal.org/en/artistas/antonio-poppe-e-la-familia-gitana/ https://farra.pt/portfolio-item/residencias-farra/ Episódio gravado a 11.07.2024 Créditos introdução e final:David Maranha - GuitarraManuel Mota - Guitarra http://www.appleton.pt Mecenas Appleton:HCI / Colecção Maria e Armando Cabral / A2P / MyStory Hotels Apoio:Câmara Municipal de Lisboa Financiamento:República Portuguesa - DGArtes
A cimeira dos 75 anos da Aliança Atlântica. O novo presidente reformista do Irão. O Prémio Gulbenkian para a Humanidade. Edição de Mário Rui Cardoso.
A arte está em destaque na semana em que Lisboa recebe a ARCO. Além da Feira de Arte Contemporânea, pode aproveitar para visitar a exposição sobre Siza Vieira na Gulbenkian, ou uma de aquisições de arte da Câmara de Lisboa. No Ensaio Geral em que damos um salto ao Porto - onde na próxima semana decorre o Serralves em Festa -, espreitamos também como será a Feira do Livro de Lisboa, que começa para a semana. Ouça ainda as sugestões de Guilherme d'Oliveira Martins, colaborador do Centro Nacional de Cultura.
No episódio desta semana, o painel do Irritações contou com Joana Stichini Vilela como convidada. Para a jornalista, vive-se um tempo de "fim de teimas e de momentos orgânicos já que há alguém que faz questão de ter sempre o dr. Google à mão". Luana do Bem critica a forma como as pizzas são, geralmente, mal cortadas, com José de Pina a declarar ter-se encontrado uma solução que faça fim às "tosses da Gulbenkian". Já Luís Pedro Nunes mostra-se perplexo com uma notícia sobre um condutor que conseguiu ser apanhado a 400km/h na estrada. Com moderação de Pedro Boucherie Mendes, o Irritações foi emitido a 3 de maio, na SIC Radical, e terminou com o tema 'Open Passageways' de All Them Witches.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Gravado em Buenos Aires, na Biblioteca Nacional, o Ensaio Geral fala da Feira do Livro de Buenos Aires que tem Lisboa como convidada de honra. Teremos no programa os escritores Lídia Jorge e Pedro Mexia e Diogo Moura, o vereador da cultura de Lisboa. Contamos com a colaboração de Guilherme d'Oliveira Martins do Centro Nacional de Cultura que fala sobre a exposição que a Fundação Gulbenkian trouxe a Buenos Aires.
Dirigiu a Fundação Gulbenkian e a Caixa Geral de Depósitos, foi administrador de empresas e advogado. Viveu em ditadura, foi testemunha da revolução e protagonista em democracia.
The Creative Process in 10 minutes or less · Arts, Culture & Society
“I play the double bass as a professional musician. I don't consider myself a piano player, but I play a little bit of piano, of course. Every musician should play a little bit of piano to understand harmony. And if you want to compose or to arrange music, you need to know basic piano. So I play a little bit of piano. Actually, I started to play guitar before the double bass, because it was not so easy to get a double bass 40 years ago. My father was a bass player, but he never had a bass at home. So I started to play guitar first, and I was really into Bossa Nova and those chords from João Gilberto, and it was a big influence in my early years. But then I found a double bass when I was sixteen or seventeen– it was a terrible double bass, but it was enough to start with. Today, that sounds kind of late to start learning an instrument, but back then it wasn't so terrible. Now you have small double basses that kids of nine, ten years old can start playing. In the eighties, if you were small, you could not play double bass, basically.”Bernardo Moreira is one of the most active Portuguese double bassists. He has performed as a guest soloist with Gulbenkian, Metropolitan de Lisboa, and Nacional do Porto orchestras, and gained prominence for his collaborations with international artists, including the legendary Benny Colson, Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Art Farmer, and Kenny Wheeler. He is a regular collaborator with many jazz musicians in Portugal, participating in formations such as the Maria João/Mário Laginha quartet, the Mário Laginha trio, and singer Cristina Branco. In 2021, he released Enter Paredes, and in 2022, he led Cantina's de Main and SUL.www.clavenamao.orghttps://open.spotify.com/artist/0Yse2njeXg2XDiQmmxhAc5www.creativeprocess.info www.oneplanetpodcast.org IG www.instagram.com/creativeprocesspodcastMusic on this episode:António Marinheiro, Bernardo Moreira Sextet, from the album Entre Paredes PROMESSAS MIX V3 ULT from SULCourtesy of Bernardo Moreira
Bernardo Moreira is one of the most active Portuguese double bassists. He has performed as a guest soloist with Gulbenkian, Metropolitan de Lisboa, and Nacional do Porto orchestras, and gained prominence for his collaborations with international artists, including the legendary Benny Colson, Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Art Farmer, and Kenny Wheeler. He is a regular collaborator with many jazz musicians in Portugal, participating in formations such as the Maria João/Mário Laginha quartet, the Mário Laginha trio, and singer Cristina Branco. In 2021, he released Enter Paredes, and in 2022, he led Cantina's de Main and SUL.“I play the double bass as a professional musician. I don't consider myself a piano player, but I play a little bit of piano, of course. Every musician should play a little bit of piano to understand harmony. And if you want to compose or to arrange music, you need to know basic piano. So I play a little bit of piano. Actually, I started to play guitar before the double bass, because it was not so easy to get a double bass 40 years ago. My father was a bass player, but he never had a bass at home. So I started to play guitar first, and I was really into Bossa Nova and those chords from João Gilberto, and it was a big influence in my early years. But then I found a double bass when I was sixteen or seventeen– it was a terrible double bass, but it was enough to start with. Today, that sounds kind of late to start learning an instrument, but back then it wasn't so terrible. Now you have small double basses that kids of nine, ten years old can start playing. In the eighties, if you were small, you could not play double bass, basically.”www.clavenamao.orghttps://open.spotify.com/artist/0Yse2njeXg2XDiQmmxhAc5www.creativeprocess.info www.oneplanetpodcast.org IG www.instagram.com/creativeprocesspodcastMusic on this episode:António Marinheiro, Bernardo Moreira Sextet, from the album Entre Paredes PROMESSAS MIX V3 ULT from SULCourtesy of Bernardo Moreira
“I play the double bass as a professional musician. I don't consider myself a piano player, but I play a little bit of piano, of course. Every musician should play a little bit of piano to understand harmony. And if you want to compose or to arrange music, you need to know basic piano. So I play a little bit of piano. Actually, I started to play guitar before the double bass, because it was not so easy to get a double bass 40 years ago. My father was a bass player, but he never had a bass at home. So I started to play guitar first, and I was really into Bossa Nova and those chords from João Gilberto, and it was a big influence in my early years. But then I found a double bass when I was sixteen or seventeen– it was a terrible double bass, but it was enough to start with. Today, that sounds kind of late to start learning an instrument, but back then it wasn't so terrible. Now you have small double basses that kids of nine, ten years old can start playing. In the eighties, if you were small, you could not play double bass, basically.”Bernardo Moreira is one of the most active Portuguese double bassists. He has performed as a guest soloist with Gulbenkian, Metropolitan de Lisboa, and Nacional do Porto orchestras, and gained prominence for his collaborations with international artists, including the legendary Benny Colson, Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Art Farmer, and Kenny Wheeler. He is a regular collaborator with many jazz musicians in Portugal, participating in formations such as the Maria João/Mário Laginha quartet, the Mário Laginha trio, and singer Cristina Branco. In 2021, he released Enter Paredes, and in 2022, he led Cantina's de Main and SUL.www.clavenamao.orghttps://open.spotify.com/artist/0Yse2njeXg2XDiQmmxhAc5www.creativeprocess.info www.oneplanetpodcast.org IG www.instagram.com/creativeprocesspodcastMusic on this episode:António Marinheiro, Bernardo Moreira Sextet, from the album Entre Paredes PROMESSAS MIX V3 ULT from SULCourtesy of Bernardo Moreira
Bernardo Moreira is one of the most active Portuguese double bassists. He has performed as a guest soloist with Gulbenkian, Metropolitan de Lisboa, and Nacional do Porto orchestras, and gained prominence for his collaborations with international artists, including the legendary Benny Colson, Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Art Farmer, and Kenny Wheeler. He is a regular collaborator with many jazz musicians in Portugal, participating in formations such as the Maria João/Mário Laginha quartet, the Mário Laginha trio, and singer Cristina Branco. In 2021, he released Enter Paredes, and in 2022, he led Cantina's de Main and SUL.“I had so many people around me when I was young– famous poets like Ary dos Santos, one of Portugal's greatest poets of the 20th century. Sometimes he would be there talking with my mother, and I had this information that was getting in, but I wasn't aware of it. And then in the early days, when I had just started playing, I was really into modern jazz, which was very instrumental, so I didn't really pay attention to lyrics. It took me a while to get interested in Portuguese music, and in that mixture between jazz, Fado music and Portuguese popular music. For a while I was into the importance of a good poem. Now what moves me most of the time is that mixture of cultures— trying to do something that you cannot find in other countries. If you are into a lot of American jazz, for instance, you can play great music, but you are always playing music that started elsewhere, you know? And for a European like me, it's challenging to try and find what makes you different in such a big market. What sound can you try to create that you wouldn't hear in France or in Japan or in New York? So that's a very difficult challenge, actually, because you try to get really into your heart and your emotion. And I think Portugal has a lot of good emotions in its popular music that you don't find elsewhere. The music I make always has a kind of nostalgic ambience. It's not always sadness. It's a melancholic approach that is very hard to put into words– you just need to feel it.”www.clavenamao.orghttps://open.spotify.com/artist/0Yse2njeXg2XDiQmmxhAc5www.creativeprocess.info www.oneplanetpodcast.org IG www.instagram.com/creativeprocesspodcastMusic on this episode:António Marinheiro, Bernardo Moreira Sextet, from the album Entre Paredes PROMESSAS MIX V3 ULT from SULCourtesy of Bernardo Moreira
“I had so many people around me when I was young– famous poets like Ary dos Santos, one of Portugal's greatest poets of the 20th century. Sometimes he would be there talking with my mother, and I had this information that was getting in, but I wasn't aware of it. And then in the early days, when I had just started playing, I was really into modern jazz, which was very instrumental, so I didn't really pay attention to lyrics. It took me a while to get interested in Portuguese music, and in that mixture between jazz, Fado music and Portuguese popular music. For a while I was into the importance of a good poem. Now what moves me most of the time is that mixture of cultures— trying to do something that you cannot find in other countries. If you are into a lot of American jazz, for instance, you can play great music, but you are always playing music that started elsewhere, you know? And for a European like me, it's challenging to try and find what makes you different in such a big market. What sound can you try to create that you wouldn't hear in France or in Japan or in New York? So that's a very difficult challenge, actually, because you try to get really into your heart and your emotion. And I think Portugal has a lot of good emotions in its popular music that you don't find elsewhere. The music I make always has a kind of nostalgic ambience. It's not always sadness. It's a melancholic approach that is very hard to put into words– you just need to feel it.”Bernardo Moreira is one of the most active Portuguese double bassists. He has performed as a guest soloist with Gulbenkian, Metropolitan de Lisboa, and Nacional do Porto orchestras, and gained prominence for his collaborations with international artists, including the legendary Benny Colson, Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Art Farmer, and Kenny Wheeler. He is a regular collaborator with many jazz musicians in Portugal, participating in formations such as the Maria João/Mário Laginha quartet, the Mário Laginha trio, and singer Cristina Branco. In 2021, he released Enter Paredes, and in 2022, he led Cantina's de Main and SUL.www.clavenamao.orghttps://open.spotify.com/artist/0Yse2njeXg2XDiQmmxhAc5www.creativeprocess.info www.oneplanetpodcast.org IG www.instagram.com/creativeprocesspodcastMusic on this episode:António Marinheiro, Bernardo Moreira Sextet, from the album Entre Paredes PROMESSAS MIX V3 ULT from SULCourtesy of Bernardo Moreira
Bernardo Moreira is one of the most active Portuguese double bassists. He has performed as a guest soloist with Gulbenkian, Metropolitan de Lisboa, and Nacional do Porto orchestras, and gained prominence for his collaborations with international artists, including the legendary Benny Colson, Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Art Farmer, and Kenny Wheeler. He is a regular collaborator with many jazz musicians in Portugal, participating in formations such as the Maria João/Mário Laginha quartet, the Mário Laginha trio, and singer Cristina Branco. In 2021, he released Enter Paredes, and in 2022, he led Cantina's de Main and SUL.“I had so many people around me when I was young– famous poets like Ary dos Santos, one of Portugal's greatest poets of the 20th century. Sometimes he would be there talking with my mother, and I had this information that was getting in, but I wasn't aware of it. And then in the early days, when I had just started playing, I was really into modern jazz, which was very instrumental, so I didn't really pay attention to lyrics. It took me a while to get interested in Portuguese music, and in that mixture between jazz, Fado music and Portuguese popular music. For a while I was into the importance of a good poem. Now what moves me most of the time is that mixture of cultures— trying to do something that you cannot find in other countries. If you are into a lot of American jazz, for instance, you can play great music, but you are always playing music that started elsewhere, you know? And for a European like me, it's challenging to try and find what makes you different in such a big market. What sound can you try to create that you wouldn't hear in France or in Japan or in New York? So that's a very difficult challenge, actually, because you try to get really into your heart and your emotion. And I think Portugal has a lot of good emotions in its popular music that you don't find elsewhere. The music I make always has a kind of nostalgic ambience. It's not always sadness. It's a melancholic approach that is very hard to put into words– you just need to feel it.”www.clavenamao.orghttps://open.spotify.com/artist/0Yse2njeXg2XDiQmmxhAc5www.creativeprocess.info www.oneplanetpodcast.org IG www.instagram.com/creativeprocesspodcastMusic on this episode:António Marinheiro, Bernardo Moreira Sextet, from the album Entre Paredes PROMESSAS MIX V3 ULT from SULCourtesy of Bernardo Moreira
“I had so many people around me when I was young– famous poets like Ary dos Santos, one of Portugal's greatest poets of the 20th century. Sometimes he would be there talking with my mother, and I had this information that was getting in, but I wasn't aware of it. And then in the early days, when I had just started playing, I was really into modern jazz, which was very instrumental, so I didn't really pay attention to lyrics. It took me a while to get interested in Portuguese music, and in that mixture between jazz, Fado music and Portuguese popular music. For a while I was into the importance of a good poem. Now what moves me most of the time is that mixture of cultures— trying to do something that you cannot find in other countries. If you are into a lot of American jazz, for instance, you can play great music, but you are always playing music that started elsewhere, you know? And for a European like me, it's challenging to try and find what makes you different in such a big market. What sound can you try to create that you wouldn't hear in France or in Japan or in New York? So that's a very difficult challenge, actually, because you try to get really into your heart and your emotion. And I think Portugal has a lot of good emotions in its popular music that you don't find elsewhere. The music I make always has a kind of nostalgic ambience. It's not always sadness. It's a melancholic approach that is very hard to put into words– you just need to feel it.”Bernardo Moreira is one of the most active Portuguese double bassists. He has performed as a guest soloist with Gulbenkian, Metropolitan de Lisboa, and Nacional do Porto orchestras, and gained prominence for his collaborations with international artists, including the legendary Benny Colson, Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Art Farmer, and Kenny Wheeler. He is a regular collaborator with many jazz musicians in Portugal, participating in formations such as the Maria João/Mário Laginha quartet, the Mário Laginha trio, and singer Cristina Branco. In 2021, he released Enter Paredes, and in 2022, he led Cantina's de Main and SUL.www.clavenamao.orghttps://open.spotify.com/artist/0Yse2njeXg2XDiQmmxhAc5www.creativeprocess.info www.oneplanetpodcast.org IG www.instagram.com/creativeprocesspodcastMusic on this episode:António Marinheiro, Bernardo Moreira Sextet, from the album Entre Paredes PROMESSAS MIX V3 ULT from SULCourtesy of Bernardo Moreira
Bernardo Moreira is one of the most active Portuguese double bassists. He has performed as a guest soloist with Gulbenkian, Metropolitan de Lisboa, and Nacional do Porto orchestras, and gained prominence for his collaborations with international artists, including the legendary Benny Colson, Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Art Farmer, and Kenny Wheeler. He is a regular collaborator with many jazz musicians in Portugal, participating in formations such as the Maria João/Mário Laginha quartet, the Mário Laginha trio, and singer Cristina Branco. In 2021, he released Enter Paredes, and in 2022, he led Cantina's de Main and SUL.“I would love if young people understood that art is one of the things that make you a human and not a robot. That's the difference. And if we could pass on that message, what makes us human beings, it's exactly our ability to feel. We need to do it in the schools and the teacher should be the most important person in the world right now - good teachers who pass that message to young people. They need to focus on the important things to get that capacity to concentrate. If we lose the concentration capacity, then we are becoming robots, and so for me, the challenge is really for the young people and teachers, telling them the importance of paying attention to the important things.”www.clavenamao.orghttps://open.spotify.com/artist/0Yse2njeXg2XDiQmmxhAc5www.creativeprocess.info www.oneplanetpodcast.org IG www.instagram.com/creativeprocesspodcastMusic on this episode:António Marinheiro, Bernardo Moreira Sextet, from the album Entre Paredes PROMESSAS MIX V3 ULT from SULCourtesy of Bernardo Moreira
“I would love if young people understood that art is one of the things that make you a human and not a robot. That's the difference. And if we could pass on that message, what makes us human beings, it's exactly our ability to feel. We need to do it in the schools and the teacher should be the most important person in the world right now - good teachers who pass that message to young people. They need to focus on the important things to get that capacity to concentrate. If we lose the concentration capacity, then we are becoming robots, and so for me, the challenge is really for the young people and teachers, telling them the importance of paying attention to the important things.”Bernardo Moreira is one of the most active Portuguese double bassists. He has performed as a guest soloist with Gulbenkian, Metropolitan de Lisboa, and Nacional do Porto orchestras, and gained prominence for his collaborations with international artists, including the legendary Benny Colson, Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Art Farmer, and Kenny Wheeler. He is a regular collaborator with many jazz musicians in Portugal, participating in formations such as the Maria João/Mário Laginha quartet, the Mário Laginha trio, and singer Cristina Branco. In 2021, he released Enter Paredes, and in 2022, he led Cantina's de Main and SUL.www.clavenamao.orghttps://open.spotify.com/artist/0Yse2njeXg2XDiQmmxhAc5www.creativeprocess.info www.oneplanetpodcast.org IG www.instagram.com/creativeprocesspodcastMusic on this episode:António Marinheiro, Bernardo Moreira Sextet, from the album Entre Paredes PROMESSAS MIX V3 ULT from SULCourtesy of Bernardo Moreira
“It took me some time to understand where I was going to see myself. It's true that, at home, me and my brothers had a beautiful cultural environment because my father was, not a professional musician, but a jazz lover. He was really into jazz music and really passionate about it. But he was never a professional musician. He was an amateur. My mother, also, was a teacher and a writer, so I think we had this environment at home that got us into music. We were always listening either to opera or to jazz. Of course, we had our preferences when we were kids– we loved The Beatles and The Rolling Stones. But we always had this different approach because of our mother and father. Everything that influenced us came through them, even if we didn't know it. When I was fourteen or fifteen I started to feel a need to play an instrument. And one thing that helped a lot was the fact that we were four brothers and we started to play music together. We had this small combo happening at home almost every day, every hour. And it was a quick sensation– immediately I understood that this was what I was going to do for the rest of my life.”Bernardo Moreira is one of the most active Portuguese double bassists. He has performed as a guest soloist with Gulbenkian, Metropolitan de Lisboa, and Nacional do Porto orchestras, and gained prominence for his collaborations with international artists, including the legendary Benny Colson, Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Art Farmer, and Kenny Wheeler. He is a regular collaborator with many jazz musicians in Portugal, participating in formations such as the Maria João/Mário Laginha quartet, the Mário Laginha trio, and singer Cristina Branco. In 2021, he released Enter Paredes, and in 2022, he led Cantina's de Main and SUL.www.clavenamao.orghttps://open.spotify.com/artist/0Yse2njeXg2XDiQmmxhAc5www.creativeprocess.info www.oneplanetpodcast.org IG www.instagram.com/creativeprocesspodcastMusic on this episode:António Marinheiro, Bernardo Moreira Sextet, from the album Entre Paredes PROMESSAS MIX V3 ULT from SULCourtesy of Bernardo Moreira
Bernardo Moreira is one of the most active Portuguese double bassists. He has performed as a guest soloist with Gulbenkian, Metropolitan de Lisboa, and Nacional do Porto orchestras, and gained prominence for his collaborations with international artists, including the legendary Benny Colson, Freddie Hubbard, Wayne Shorter, Art Farmer, and Kenny Wheeler. He is a regular collaborator with many jazz musicians in Portugal, participating in formations such as the Maria João/Mário Laginha quartet, the Mário Laginha trio, and singer Cristina Branco. In 2021, he released Enter Paredes, and in 2022, he led Cantina's de Main and SUL.“It took me some time to understand where I was going to see myself. It's true that, at home, me and my brothers had a beautiful cultural environment because my father was, not a professional musician, but a jazz lover. He was really into jazz music and really passionate about it. But he was never a professional musician. He was an amateur. My mother, also, was a teacher and a writer, so I think we had this environment at home that got us into music. We were always listening either to opera or to jazz. Of course, we had our preferences when we were kids– we loved The Beatles and The Rolling Stones. But we always had this different approach because of our mother and father. Everything that influenced us came through them, even if we didn't know it. When I was fourteen or fifteen I started to feel a need to play an instrument. And one thing that helped a lot was the fact that we were four brothers and we started to play music together. We had this small combo happening at home almost every day, every hour. And it was a quick sensation– immediately I understood that this was what I was going to do for the rest of my life.”www.clavenamao.orghttps://open.spotify.com/artist/0Yse2njeXg2XDiQmmxhAc5www.creativeprocess.info www.oneplanetpodcast.org IG www.instagram.com/creativeprocesspodcastMusic on this episode:António Marinheiro, Bernardo Moreira Sextet, from the album Entre Paredes PROMESSAS MIX V3 ULT from SULCourtesy of Bernardo Moreira
Tesouros do Museu da Terra Santa em exposição na Fundação Gulbenkianca2ae901-267f-
Fabrizio and Ian, our lads in Lisbon, are having a break. Previewing the new NOVEMBER edition of Snapshot magazine, is our good friend in the Algarve - Alyson Sheldrake - a renaissance woman who's co-creator of this delightful publication.Find out more about Fab' and Ian - https://www.projectlisboeta.com And Alyson here - https://www.alysonsheldrake.com/ Get your copy of Snapshot here - https://www.alysonsheldrake.com/news---All that we do is made possible by our GMP! VIP supporters, Portugal Club members, as well as associates including Expats Portugal and channel sponsors UrHome/Dynasty Homes.Feel free to support the Good Morning Portugal! show and community by becoming a GMP! VIP or joining the Portugal Club at www.goodmorningportugal.comLearn loads more about Portugal every day here - www.learnaboutportugal.comJoin Expats Portugal for access to top migration professionals, discounts and perks - https://expatsportugal.com/?wpam_id=27 Check out Portugal's most exciting new sustainable development project - http://www.herdadedomeio.comNeed to exchange Dollars for Euros? Try https://www.goodmorningportugal.com/support-services/currency-exchangeContact Carl Munson - carl@goodmorningportugal.comWant to create live shows like mine? Try https://streamyard.com/pal/d/4668289695875072
VLOG Sept 11: SBF filings due on jury picks & experts, still complaining #CryptoCreeps https://www.amazon.com/dp/B0CFCJ68PS #OneCoin Greenwood seals all letters seeking time served. Josh Schulte trial 3; UN @AntonioGuterres burning public $ while hiding $ Gulbenkian $, UNESCO
Em 1958, trocou a Arquitetura pela Pintura. Fundador do Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual, há 50 anos, foi também diretor do Serviço de Belas Artes da Gulbenkian, professor e designer de exposições. Aos 82 anos, continua ativo.
#94 La colección Gulbenkian - Historia del arte con Kenza Una colección de arte de inmensa elegancia hoy en el Museo Gulbenkian en Lisboa. Historia del arte con Kenza - Obras que encienden el asombro. Una serie sobre el arte a través de la historia y las culturas. Se presentarán obras que trascienden el tiempo por su belleza y por lo que nos cuenta. Nos puedes seguir a través de la cuenta Instagram Historia.del.arte.con.kenza, para descubrir las obras del podcast y muchas más. Producido por @RojoVenado Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.
Pedro Bernardo tem um percurso de mais de duas décadas na edição de livros, essencialmente como editor, mas também como revisor e tradutor. Começou por trabalhar nas Edições 70, e posteriormente, no Grupo Almedina, lidando sobretudo com não-ficção. Em finais de 2015, saiu do Grupo para ser um dos fundadores da editora E-Primatur/Bookbuilders. -> Apoie este projecto e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45graus.parafuso.net/apoiar _______________ Índice da conversa: (2:56) O que faz um editor? | Ezra Pound's extensive revisions to T. S. Eliot's The Waste Land. | Porque é raro em Portugal? (9:05) Publica-se demais em Portugal? | Quais são os custos de publicar um livro? (14:47) Como surge um livro: parte do autor ou da editora? | Scouting (17:26) Como é lidar com os autores? A importância da clareza na linguagem e o culto da opacidade na escrita académica (24:35) Outros intervenientes há na publicação de um livro: revisor, tradutor, designer etc. | A importância da capa. (32:16) Que tipo de livros se lê mais em Portugal? | Porque há pouco mercado para livros de bolso em Portugal? | Livros digitais. (39:44) Lê-se muito pouco em Portugal? | Estudo «Leitores de livros em Portugal. Uma prática cultural em transformação», de Miguel Ângelo Lopes, José Soares Neves e Patrícia Ávila | Inquérito da Fundação Gulbenkian às práticas culturais dos portugueses (48:36) Impacto da consolidação do mercado editorial e de retalho livreiro em Portugal este século. | Os livros em Portugal são demasiado caros? (1:01:39) Que intervenção deve ter o Estado no mercado dos livros? (1:04:57) Porque é tão difícil unir o Mundo Lusófono? (1:08:00) Recomendações do convidado. Editoras (Antígona, Tinta da China), livrarias (100ª Página em Braga, Poetria no Porto, Fonte de Letras em Évora), autores (Robert Fisk, A Grande Guerra pela Civilização). Livro recomendado: O Negócio dos Livros, Como os Grandes Grupos Económicos Decidem o Que Lemos, de André Schiffrin _______________ Este episódio tem uma história de quase 2 anos. Mais ou menos desde o momento em que comecei a escrever o que viria a ser o livro «Política a 45 Graus», dei por mim com imensa curiosidade e dúvidas sobre o processo de edição de um livro, as especificidades do mercado da edição em Portugal e os hábitos de leitura (ou falta deles) no nosso país. Agora que passei pelo processo de edição do meu livro, e através dele fui levado a pensar mais nestas questões, decidi que estava na altura de trazer este tema ao 45 Graus. O convidado é Pedro Bernardo. Escolhi o Pedro Bernardo pela sua longa experiência enquanto editor, sobretudo de não ficção, primeiro nas Edições 70, e posteriormente, no Grupo Almedina, e sobretudo porque um dos criadores, juntamente com Hugo Xavier e João Reis, da E-Primatur / Bookbuilders, uma das mais interessantes editoras independentes nascidas em Portugal nos últimos anos. A E-Primatur é uma editora especial por vários motivos, desde o facto de funcionar com base num modelo de crowdfunding, às capas originais do seu livro e ao tipo de livros que publica -- com grande ênfase em “obras essenciais que foram capazes de mudar mentalidades (para o bem e para o mal, como diz na apresentação da editora). Foi uma conversa muito esclarecedora para quem se interessa por este tipo de temas, em que percorremos uma série de tópicos, desde o papel de um editor, ao processo de edição de um livro e os seus vários intervenientes, passando pelas especificidades do mercado editorial e livreiro em Portugal e pelos hábitos de leitura dos portugueses em comparação com outros países. Espero que gostem! _______________ Obrigado aos mecenas do podcast: Julie Piccini, Ana Raquel Guimarães Galaró family, José Luís Malaquias, Francisco Hermenegildo, Nuno Costa, Abílio Silva, Salvador Cunha, Bruno Heleno, António llms, Helena Monteiro, BFDC, Pedro Lima Ferreira, Miguel van Uden, João Ribeiro, Nuno e Ana, João Baltazar, Miguel Marques, Corto Lemos, Carlos Martins, Tiago Leite Tomás Costa, Rita Sá Marques, Geoffrey Marcelino, Luis, Maria Pimentel, Rui Amorim, RB, Pedro Frois Costa, Gabriel Sousa, Mário Lourenço, Filipe Bento Caires, Diogo Sampaio Viana, Tiago Taveira, Ricardo Leitão, Pedro B. Ribeiro, João Teixeira, Miguel Bastos, Isabel Moital, Arune Bhuralal, Isabel Oliveira, Ana Teresa Mota, Luís Costa, Francisco Fonseca, João Nelas, Tiago Queiroz, António Padilha, Rita Mateus, Daniel Correia, João Saro João Pereira Amorim, Sérgio Nunes, Telmo Gomes, André Morais, Antonio Loureiro, Beatriz Bagulho, Tiago Stock, Joaquim Manuel Jorge Borges, Gabriel Candal, Joaquim Ribeiro, Fábio Monteiro, João Barbosa, Tiago M Machado, Rita Sousa Pereira, Henrique Pedro, Cloé Leal de Magalhães, Francisco Moura, Rui Antunes7, Joel, Pedro L, João Diamantino, Nuno Lages, João Farinha, Henrique Vieira, André Abrantes, Hélder Moreira, José Losa, João Ferreira, Rui Vilao, Jorge Amorim, João Pereira, Goncalo Murteira Machado Monteiro, Luis Miguel da Silva Barbosa, Bruno Lamas, Carlos Silveira, Maria Francisca Couto, Alexandre Freitas, Afonso Martins, José Proença, Jose Pedroso, Telmo , Francisco Vasconcelos, Duarte , Luis Marques, Joana Margarida Alves Martins, Tiago Parente, Ana Moreira, António Queimadela, David Gil, Daniel Pais, Miguel Jacinto, Luís Santos, Bernardo Pimentel, Gonçalo de Paiva e Pona , Tiago Pedroso, Gonçalo Castro, Inês Inocêncio, Hugo Ramos, Pedro Bravo, António Mendes Silva, paulo matos, Luís Brandão, Tomás Saraiva, Ana Vitória Soares, Mestre88 , Nuno Malvar, Ana Rita Laureano, Manuel Botelho da Silva, Pedro Brito, Wedge, Bruno Amorim Inácio, Manuel Martins, Ana Sousa Amorim, Robertt, Miguel Palhas, Maria Oliveira, Cheila Bhuralal, Filipe Melo, Gil Batista Marinho, Cesar Correia, Salomé Afonso, Diogo Silva, Patrícia Esquível , Inês Patrão, Daniel Almeida, Paulo Ferreira, Macaco Quitado, Pedro Correia, Francisco Santos, Antonio Albuquerque, Renato Mendes, João Barbosa, Margarida Gonçalves, Andrea Grosso, João Pinho , João Crispim, Francisco Aguiar , João Diogo, João Diogo Silva, José Oliveira Pratas, João Moreira, Vasco Lima, Tomás Félix, Pedro Rebelo, Nuno Gonçalves, Pedro , Marta Baptista Coelho, Mariana Barosa, Francisco Arantes, João Raimundo, Mafalda Pratas, Tiago Pires, Luis Quelhas Valente, Vasco Sá Pinto, Jorge Soares, Pedro Miguel Pereira Vieira, Pedro F. Finisterra, Ricardo Santos _______________ Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira _______________ Bio: Pedro Bernardo é licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, Estudos Ingleses e Alemães, trabalha em edição desde 2000, essencialmente como editor, mas também como revisor e tradutor. Na Edições 70, e posteriormente no Grupo Almedina, exerceu, entre outras, as funções de responsável pela produção (2004-2007) e de editor (2007-2015). Em finais de 2015, saiu do Grupo para ser um dos fundadores da E-Primatur/Bookbuilders.
The end of season 5 is here and we're going out with our a first live special in Canterbury's Gulbenkian Theatre. We welcome on BBC 5 Live Presenter and Welsh comedy superstar ELIS JAMES, who pitches his passionate music festival. Elis divulges his musical history, from CAN being banned in his house, to awkward moments with Jonny Marr, and talking about tea and toast with The Beatles. We talk about his unique festival "Music Festival (Elis)" and the use of unlimited crockery. A truly funny episode with great audience flaw fillers. Thank you to Elis, thank you to Becky Lees for booking it and thank you to all the wonderful staff at the Gulbenkian Theatre. Also please follow us on social media: @CastivalPodcast on Twitter. You can also email us on CastivalPodcast@gmail.com if you wanted to contact us with any questions or if you wanted to submit your own music festivals. Further Plugs Follow me (Matt Hoss) on @MattHossComedy on Facebook, Twitter and Instagram. Check out my daily Twitch streams on @MattHossComedy to see me play video games. https://www.twitch.tv/matthosscomedy Sign up for bonus content on the Matt Hoss Patreon, for Castival bonus episodes. https://www.patreon.com/MattHossComedy Please buy my sci-fi book about the environmental end of the world called PURIFY. Available on www.Matthosscomedy.com as well as https://www.paypal.com/instantcommerce/checkout/9CJ9THHKPP264 Check out my website for my comedy goodies and to see what I'm up to. http://www.matthosscomedy.com/ Buy my Stand-up Comedy debut hour: Here Comes Your Man from bandcamp. Why don't you check out my other podcasts? Matt Hoss Talks To People He Likes is a an interview based podcast with musicians and comedians. Miffs is hosted by Matt Hoss and Dan Rhodes and they goofily retell and analyse Ancient Greek, Roman and Norse myths.
-> Livro «Política a 45 Graus». Miguel Poiares Maduro é Diretor da Global Law School da Universidade Católica de Lisboa. É, igualmente, Diretor do Fórum Futuro da Fundação Gulbenkian. Foi até ao verão de 2020 Diretor e Professor da School of Transnational Governance do Instituto Universitário Europeu onde continua a ser Professor Convidado. Foi Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional de 2013 a 2015. Foi Advogado Geral no Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias até Outubro de 2009. É licenciado pela Faculdade de Direito de Lisboa e doutorado pelo Instituto Universitário Europeu de Florença O seu livro mais recente é Democracy in Times of Pandemic (com Paul Kahn). -> Apoie este projecto e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45graus.parafuso.net/apoiar _______________ Índice da conversa: (3:25) Relação entre o populismo nas democracias e o aumento de líderes autoritários. Aumento da emotividade na política nas últimas décadas. (23:05) Tendência das democracias para o curto-termismo (28:20) O que precisam de mudar os partidos mainstream? (32:11) O caso de Itália (35:38) Experiência do convidado com a Troika, e os desafios das reformas estruturais em Portugal. Exemplo do trânsito na Colômbia. Exemplo da creche em Israel. (45:38) O papel do capital social. | Livro: Bowling Alone, de Robert D. Putnam (49:20) Soluções para reconciliar os cidadãos com a democracia liberal. | Livro: The People Vs. Democracy, de Yascha Mounk | Estudo F. Gulbenkian sobre A Participação Política da Juventude em Portugal (55:00) Porque é que a associação de muitos populistas a Putin não os parece ter afectado muito? (1:00:45) Livros recomendados: Imperfect Alternatives, de Neil K. Komesar | Porque Falham as Nações, de Daron Acemoglu e James Robinson _______________ É já esta semana que é apresentado oficialmente o livro «Política a 45 Graus», em 3 cidades do país. Por isso, faz todo o sentido dedicar este episódio a alguns dos temas que abordo no livro -- como a ascensão do populismo e a vaga autoritária mais abrangente em que ele se enquadra, e as reformas possíveis para reconciliar os cidadãos com a democracia liberal. Para isso, dificilmente poderia pedir alguém melhor do que Miguel Poiares Maduro. O convidado tem-se dedicado a estudar e pensar estes desafios, especialmente, nos tempos mais recentes, enquanto Diretor do Fórum Futuro da Fundação Gulbenkian, um projecto que visa discutir temas importantes para o futuro do Mundo e do país. O Miguel publicou também recentemente, juntamente com o professor da Universidade de Yale Paul Kahn, o livro «Democracia em Tempo de Pandemia», onde reflecte sobre alguns desafios que as democracias vivem e que a pandemia veio tornar especialmente nítidos. Neste episódio, conversámos sobre os desafios do populismo e do autoritarismo e sobre soluções possíveis para os resolver. É uma altura especialmente importante para ter esta discussão, uma vez que passam já 2 meses desde o início da guerra da Ucrânia -- um exemplo bem nítido dos efeitos (neste caso, externos) da tomada de poder por líderes autoritários. Além disso, conversámos na semana da 2ª volta das eleições presidenciais em França. E se é verdade que Marine Le Pen veio a perder a contenda de forma clara, também o é que teve um resultado bem superior a 2017 -- e, sobretudo, conseguiu-o (o que é talvez mais importante) já depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, que veio expor o perigo das suas associações a Vladimir Putin. O mesmo aconteceu há semanas com Viktor Orban, na Hungria. A ameaça do populismo e do autoritarismo está, por isso, para ficar -- seja nas suas implicações geopolíticas, seja dentro das democracias. A popularidade do populismo (passe a redundância) vem, já se sabe, da insatisfação de muitos cidadãos com o funcionamento do sistema. Por isso, discutimos também algumas soluções possíveis para tornar as democracias mais inclusivas e funcionais. As ideias que vão ouvir são, como não podia deixar de ser, as do convidado, mas quem ler o «Política a 45 Graus» vai provavelmente achar pelo menos parte do diagnóstico familiar. No fundo, a solução para reconciliar os cidadãos com as democracias terá sempre de passar por duas vias complementares: por um lado, permitir maior participação das pessoas; por outro, criar regras e instituições que assegurem que os políticos se portam bem e governam para o bem comum. _______________ Obrigado aos mecenas do podcast: Julie Piccini, Ana Raquel Guimarães Galaró family, José Luís Malaquias, Francisco Hermenegildo, Nuno Costa, Abílio Silva, Salvador Cunha, Bruno Heleno, António llms, Helena Monteiro, BFDC, Pedro Lima Ferreira, Miguel van Uden, João Ribeiro, Nuno e Ana, João Baltazar, Miguel Marques, Corto Lemos, Carlos Martins, Tiago Leite Tomás Costa, Rita Sá Marques, Geoffrey Marcelino, Luis, Maria Pimentel, Rui Amorim, RB, Pedro Frois Costa, Gabriel Sousa, Mário Lourenço, Filipe Bento Caires, Diogo Sampaio Viana, Tiago Taveira, Ricardo Leitão, Pedro B. Ribeiro, João Teixeira, Miguel Bastos, Isabel Moital, Arune Bhuralal, Isabel Oliveira, Ana Teresa Mota, Luís Costa, Francisco Fonseca, João Nelas, Tiago Queiroz, António Padilha, Rita Mateus, Daniel Correia, João Saro João Pereira Amorim, Sérgio Nunes, Telmo Gomes, André Morais, Antonio Loureiro, Beatriz Bagulho, Tiago Stock, Joaquim Manuel Jorge Borges, Gabriel Candal, Joaquim Ribeiro, Fábio Monteiro, João Barbosa, Tiago M Machado, Rita Sousa Pereira, Henrique Pedro, Cloé Leal de Magalhães, Francisco Moura, Rui Antunes7, Joel, Pedro L, João Diamantino, Nuno Lages, João Farinha, Henrique Vieira, André Abrantes, Hélder Moreira, José Losa, João Ferreira, Rui Vilao, Jorge Amorim, João Pereira, Goncalo Murteira Machado Monteiro, Luis Miguel da Silva Barbosa, Bruno Lamas, Carlos Silveira, Maria Francisca Couto, Alexandre Freitas, Afonso Martins, José Proença, Jose Pedroso, Telmo , Francisco Vasconcelos, Duarte , Luis Marques, Joana Margarida Alves Martins, Tiago Parente, Ana Moreira, António Queimadela, David Gil, Daniel Pais, Miguel Jacinto, Luís Santos, Bernardo Pimentel, Gonçalo de Paiva e Pona , Tiago Pedroso, Gonçalo Castro, Inês Inocêncio, Hugo Ramos, Pedro Bravo, António Mendes Silva, paulo matos, Luís Brandão, Tomás Saraiva, Ana Vitória Soares, Mestre88 , Nuno Malvar, Ana Rita Laureano, Manuel Botelho da Silva, Pedro Brito, Wedge, Bruno Amorim Inácio, Manuel Martins, Ana Sousa Amorim, Robertt, Miguel Palhas, Maria Oliveira, Cheila Bhuralal, Filipe Melo, Gil Batista Marinho, Cesar Correia, Salomé Afonso, Diogo Silva, Patrícia Esquível , Inês Patrão, Daniel Almeida, Paulo Ferreira, Macaco Quitado, Pedro Correia, Francisco Santos, Antonio Albuquerque, Renato Mendes, João Barbosa, Margarida Gonçalves, Andrea Grosso, João Pinho , João Crispim, Francisco Aguiar , João Diogo, João Diogo Silva, José Oliveira Pratas, João Moreira, Vasco Lima, Tomás Félix, Pedro Rebelo, Nuno Gonçalves, Pedro , Marta Baptista Coelho, Mariana Barosa, Francisco Arantes, João Raimundo, Mafalda Pratas, Tiago Pires, Luis Quelhas Valente, Vasco Sá Pinto, Jorge Soares, Pedro Miguel Pereira Vieira, Pedro F. Finisterra, Ricardo Santos _______________ Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira _______________ Bio: Miguel Poiares Maduro é Diretor da Global Law School da Universidade Católica de Lisboa e Professor da Catédra Vieira de Almeida. É, igualmente, Diretor do Fórum Futuro da Fundação Gulbenkian. Foi até ao verão de 2020 Diretor e Professor da School of Transnational Governance do Instituto Universitário Europeu onde continua a ser Professor Convidado. Foi Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional de 2013 a 2015. Foi Advogado Geral no Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias até Outubro de 2009.É licenciado pela Faculdade de Direito de Lisboa e doutorado pelo Instituto Universitário Europeu de Florença em 1996, onde obteve os prémios para a melhor tese de Doutoramento e de melhor investigador do Departamento de Direito. Foi Professor Convidado da Yale Law School, do Centro de Estudos Constitucionais (Madrid), Universidade de Chicago e London School of Economics. Lecciona igualmente na Universidade Católica e no Colégio da Europa. Foi Presidente do Comité de Governação da FIFA de Maio de 2016 a Abril de 2017. Agraciado com a Comenda da Ordem de Santiago da Espada é autor, de numerosas publicações. Em 2010 foi distinguido com o Prémio Gulbenkian de Ciência. O seu livro mais recente é Democracy in Times of Pandemic (com Paul Kahn).
Fernando Alexandre é professor de economia na Universidade do Minho, vice-presidente do Conselho Económico e Social e consultor da Fundação Francisco Manuel dos Santos. -> Apoie este projecto e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45graus.parafuso.net/apoiar A economia portuguesa leva já mais de duas décadas de fraco crescimento, algo que não se verificava desde que existem dados oficiais do PIB, meados do sec XIX. Em consequência, o nosso PIB per capita caiu em 20 anos da 16.ª posição entre os países da UE a 28, para o 21º lugar, correspondendo a 77% do valor médio da União. Por outras palavras, o caminho de convergência do PIB com a média europeia não só não tem continuado como se tem revertido este século. Este abrandamento tem, obviamente, vários efeitos negativos no nível de vida da população e na preparação do país para lidar com desafios futuros, como o envelhecimento da população ou as alterações climáticas. Depois de anos em que este assunto foi mais ou menos ignorado, nos últimos anos este tem finalmente ganho peso no debate público, tal como foi visível na campanha das últimas eleições legislativas. E, independente da opinião em relação às culpas e causas deste estado de coisas, existe hoje um relativo consenso no espectro político e em quem pensa o país que este é um problema que temos de resolver. Claro que reflectir, desenhar e implementar políticas públicas para pôr o país a crescer não nos garante que consigamos fazê-lo; mas se não planejarmos aí é que é quase certo que a situação não vai mudar. A reboque da maior visibilidade que este tema ganhou, saíram também nos últimos tempos vários estudos vindos de instituições da sociedade civil com propostas para pôr a economia a crescer. Assim de repente, lembro-me de um documento discutido no último congresso da SEDEs, em Outubro; do relatório publicado há um mês pela Fundação Gulbenkian com cenários para o futuro do país; e do estudo de que vamos falar neste episódio, publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e coordenado pelo convidado, Fernando Alexandre: “Do made in ao created in: um novo paradigma para a economia portuguesa”. O estudo tem por base um trabalho de investigação feito por uma equipa de economistas nacionais -- coordenada pelo convidado -- cujo trabalho foi acompanhado por um Comité de especialistas nacionais e internacionais, de diferentes áreas. É, por isso, mais do que um levantamento de dados, um estudo abrangente baseado em análises académicas com um «policy paper» para cada uma das sete áreas analisadas. O relatório propõe, como o nome indica, um novo paradigma de crescimento para a economia portuguesa, menos baseado em oferecer mão-de-obra barata e mais baseado na inovação. As propostas de políticas públicas dividem-se em três pilares: Instituições e ambiente económico; Investigação, ensino superior e qualificações; e infraestruturas. Durante a nossa conversa, discutimos algumas destas propostas em profundidade e falámos de alguns problemas de fundo que o país deve corrigir. Claro que tanto o estudo como esta discussão são apenas um contributo para uma discussão que tem de ser ampla e que vai necessariamente demorar tempo. _______________ Índice da conversa: (4:27) Porque é importante discutir este tema? O que é especial neste estudo? Empresas-fronteira (19:46) Porque é tão importante melhorar a qualidade das instituições? | Melhorar a governação dos reguladores. Validar os ministros no parlamento e manter a configuração dos ministérios (27:02) Porque precisamos de empresas maiores? | Melhorar ambiente económico | Aumentar acesso a capital | Parceria Bosch - Universidade do Minho (35:16) A nossa dificuldade (cultural) em fazer escolhas na afectação de fundos | O caso da Outsystems em Franca (39:08) Regras para aplicar bem fundos do Estado / da UE. (45:31) O problema das “empresas zombie” (48:34) Uma mudança de paradigma nas Universidades | Ranking de Shanghai. | Programa Horizon da UE (57:30) A importância de ter universidades e regiões estrela. E a necessidade de fazer escolhas. (1:00:22) Em que áreas deve Portugal apostar? | Vantagem comparativa nas energias renováveis Livro: O Poder da Destruição Criadora (Inovação, crescimento e o futuro do capitalismo), de Philippe Aghion, Simon Bunel e Céline Antonin (1:05:57) O mistério da China | Paper do convidado: The political economy of productivity growth _______________ Obrigado aos mecenas do podcast: Julie Piccini, Ana Raquel Guimarães Galaró family, José Luís Malaquias, Francisco Hermenegildo, Nuno Costa, Abílio Silva, Salvador Cunha, Bruno Heleno, António llms, Helena Monteiro, BFDC, Pedro Lima Ferreira, Miguel van Uden, João Ribeiro, Nuno e Ana, João Baltazar, Miguel Marques, Corto Lemos, Carlos Martins, Tiago Leite Tomás Costa, Rita Sá Marques, Geoffrey Marcelino, Luis, Maria Pimentel, Rui Amorim, RB, Pedro Frois Costa, Gabriel Sousa, Mário Lourenço, Filipe Bento Caires, Diogo Sampaio Viana, Tiago Taveira, Ricardo Leitão, Pedro B. Ribeiro, João Teixeira, Miguel Bastos, Isabel Moital, Arune Bhuralal, Isabel Oliveira, Ana Teresa Mota, Luís Costa, Francisco Fonseca, João Nelas, Tiago Queiroz, António Padilha, Rita Mateus, Daniel Correia, João Saro João Pereira Amorim, Sérgio Nunes, Telmo Gomes, André Morais, Antonio Loureiro, Beatriz Bagulho, Tiago Stock, Joaquim Manuel Jorge Borges, Gabriel Candal, Joaquim Ribeiro, Fábio Monteiro, João Barbosa, Tiago M Machado, Rita Sousa Pereira, Henrique Pedro, Cloé Leal de Magalhães, Francisco Moura, Rui Antunes7, Joel, Pedro L, João Diamantino, Nuno Lages, João Farinha, Henrique Vieira, André Abrantes, Hélder Moreira, José Losa, João Ferreira, Rui Vilao, Jorge Amorim, João Pereira, Goncalo Murteira Machado Monteiro, Luis Miguel da Silva Barbosa, Bruno Lamas, Carlos Silveira, Maria Francisca Couto, Alexandre Freitas, Afonso Martins, José Proença, Jose Pedroso, Telmo , Francisco Vasconcelos, Duarte , Luis Marques, Joana Margarida Alves Martins, Tiago Parente, Ana Moreira, António Queimadela, David Gil, Daniel Pais, Miguel Jacinto, Luís Santos, Bernardo Pimentel, Gonçalo de Paiva e Pona , Tiago Pedroso, Gonçalo Castro, Inês Inocêncio, Hugo Ramos, Pedro Bravo, António Mendes Silva, paulo matos, Luís Brandão, Tomás Saraiva, Ana Vitória Soares, Mestre88 , Nuno Malvar, Ana Rita Laureano, Manuel Botelho da Silva, Pedro Brito, Wedge, Bruno Amorim Inácio, Manuel Martins, Ana Sousa Amorim, Robertt, Miguel Palhas, Maria Oliveira, Cheila Bhuralal, Filipe Melo, Gil Batista Marinho, Cesar Correia, Salomé Afonso, Diogo Silva, Patrícia Esquível , Inês Patrão, Daniel Almeida, Paulo Ferreira, Macaco Quitado, Pedro Correia, Francisco Santos, Antonio Albuquerque, Renato Mendes, João Barbosa, Margarida Gonçalves, Andrea Grosso, João Pinho , João Crispim, Francisco Aguiar , João Diogo, João Diogo Silva, José Oliveira Pratas, João Moreira, Vasco Lima, Tomás Félix, Pedro Rebelo, Nuno Gonçalves, Pedro , Marta Baptista Coelho, Mariana Barosa, Francisco Arantes, João Raimundo, Mafalda Pratas, Tiago Pires, Luis Quelhas Valente, Vasco Sá Pinto, Jorge Soares, Pedro Miguel Pereira Vieira, Pedro F. Finisterra, Ricardo Santos _______________ Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira _______________ Bio: Professor Associado com Agregação da Universidade do Minho, vice-presidente do Conselho Económico e Social e consultor da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Na Universidade do Minho exerceu as funções de Pró-Reitor, presidente da Escola de Economia e Gestão e director do Departamento de Economia. Foi presidente do Conselho de Administração da SBS Startup Braga, SA, e secretário de Estado Adjunto do ministro da Administração Interna no XIX Governo Constitucional. Autor e coordenador de sete livros sobre a economia portuguesa e de artigos publicados em revistas científicas internacionais como a «World Economy», «Open Economies Review», «Regional Studies», «CESifo Economic Studies», «Journal of Technology Transfer» ou «Higher Education». Colaborou como consultor com entidades públicas e privadas, como a Comissão Europeia, o Governo português, a Fundação Francisco Manuel dos Santos, a Fundação Calouste Gulbenkian, o Tribunal de Contas, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), a Associação Portuguesa de Seguradores ou a Associação Comercial do Porto. É membro do painel de comentadores do programa 360º da RTP3 e colabora regularmente com os media.