If you've struggled to find an easy way to improve your listening skills in Portuguese, here you'll have it and much more.
Eu te dou as boas-vindas a nossa nova série contínua de episódios chamada Português Cultural. Em cada episódio nós discutimos aspectos culturais diferentes do Brasil e de outros países de fala portuguesa. Para saber mais sobre o nosso programa de educação continuada, clique no link a seguir: https://portuguesewitheli.com/plg Com ele, você tem acesso às transcrições completas dos episódios de Português Cultural e de outros episódios do nosso podcast. No nosso episódio de hoje, falamos sobre o São João. Essa festa típica do Brasil, especialmente do nordeste brasileiro, está para acontecer já no mês de junho. Se prepare! As citações mencionadas no texto são de Sola no Mundo: https://solanomundo.com.br/a-fogueira-em-yaathe/ “A fogueira são os homens, as mulheres, as crianças e os anciões. Somos toda a base de um só elemento que transmite uma força para toda a aldeia. Os índios mais velhos têm mais conhecimento, mas precisam dos índios mais novos, para realizar as coisas. Somos todos, a nosso modo, uma força só.” “A madeira são os homens, que dão estrutura à aldeia. As mulheres são o fogo, que se unem a eles. Já as cinzas, são anciões, que não precisam fazer nada, mas tem a função vital de manter a chama acesa. Ah, e essa fumaça, que incomoda seus olhos…é ela que leva todos os pensamentos dos que fazem parte dessa roda para o grande espírito.” As músicas das vinhetas foram retiradas do YouTube e são tradicionais no Brasil. Se for o detentor dos direitos autorais, por favor, entre em contato caso queira que eu as retire. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
If you'd like to know more about the Conversation Club After Hours, please follow this link: https://portuguesewitheli.com/cah And here is the monologue for your benefit: Está rolando um burburinho de que vão deflagrar greve na semana que vem aqui na empresa. Olha, trabalho aqui faz dez anos e acho que é a primeira vez que vejo tanto empregado descontente. As queixas são diversas, mas a maioria é sobre a capatazia – os capatazes aqui têm parte com o coisa ruim, porque eles não estão para brincadeira. Se eles forçam mais um pouquinho, o negócio vira tortura. O grupo ligado ao sindicato fez reivindicações de salários e melhores condições de trabalho, mas a chefia fez vista grossa e os donos estão pagando para ver. Bom, eu não sei se vou aderir ao movimento. Sei que seria muito bom cruzar os braços e fingir que ia para a assembleia para decidir os rumos da paralisação, mas, sinceramente, acho que vou permanecer no contingente que fica obrigado a continuar trabalhando. Os meus chefes não iam ser loucos de me constranger, não com o sindicato fungando no cangote deles, mas mesmo assim não me sinto bem nessa de pressionar os patrões. Bom, eles não merecem minha compaixão, mas acho que a maneira como os grevistas querem protestar... Agora estão chamando o movimento de “greve criativa”: vão fazer dança na rua, performances teatrais, saraus literários e o escambau. Ainda nesse embalo, pretendem até fazer danças coreografadas... vê se pode! Eu não vou me aporrinhar com uma greve assim... na minha época, os piquetes vinham armados e mandavam tudo parar. Hoje vão fazer festinha e dançar ciranda. Ah, me poupe, viu? --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
To know more about the Conversation Club, visit https://portuguesewitheli.com/cah And here is the monologue for your benefit: Minha filha é muito talentosa. Claro que ela não chega nem aos meus pés quando eu tinha a idade dela, mas o instinto musical que ela tem vai transformá-la numa craque no futuro. E sabe... na escolinha dela agora eles vão ter um show de calouros. É a situação perfeita para mostrar ao mundo que minha Marinazinha tem o dom do canto, que se diferencia e muito daquele monte de fedelho medíocre que não leva jeito para nada. E minha filha é habilidosa também com os pés: sapateia com tanta aptidão que até impressiona. Claro, não está nem à altura do que eu podia fazer quando não tinha artrite, mas ainda sou muito viva. Pensei que ninguém naquela escola desse nem para começo de conversa – o que não é nenhum demérito, já que minha filha tem traquejo com várias coisas. Mas disseram que a filha da Doralice, uma tal de Luísa, sabe dançar... e ainda conhece os jurados todos. Aí agora minha filha não quer competir. Ela diz que perdeu a graça, porque a Luísa vai ganhar de lavada e ainda vai dar um show daqueles. Imagina só, minha filha, aquela menina bisonha ganhar de você. Ela podia ter os jurados todos do lado dela, porque a plateia vai estar sempre com você. Mas, já que pintou a dúvida, vamos fazer umas aulinhas, só para você se capacitar e tirar essa de letra. E aproveitando eu vou falar com minha prima que sabe fazer mandinga e mandar ela jogar uma urucubaca nessa tal de Luísa. Só para garantir. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
If you'd like to know more about the Conversation Club After Hours, please follow this link: https://portuguesewitheli.com/cah And here is the monologue for your benefit: Nunca aprendi a dirigir... e legalmente sou impedido de dirigir porque sou daltônico. Por isso, acabo tendo de me confiar nos dois motoristas da minha casa quando tenho que tratar de algo urgente, que requer mais cuidado. E hoje tenho algo que precisa de minha atenção. O primeiro dos meus choferes é meu pai. Ele é adepto da direção defensiva, mas acho que ele sobrestima esse aspecto: meu pai dirige com uma vagareza que, mais de uma vez, já teve de ouvir uns impropérios na rodovia, porque estava indo a passo de tartaruga. E ai de quem reclamasse: escutava logo um “devagar se vai ao longe” e depois um grunhido de raiva. A segunda chofer é minha mãe. Mamãe nunca foi de ir com calma: com ela, o ritmo é alucinante. Ela tem um pé de chumbo e ainda é superagressiva no trânsito. Se um carro está indo devagar demais mais adiante, ela buzina feito doida e força a ultrapassagem. Na hora de fazer um retorno, ela pisa fundo e faz o pneu cantar. Se ela sabe que existe uma rota alternativa para chegar a qualquer lugar, minha mãe não se importa de fazer barbeiragem – mesmo que arregace o carro todinho, ela dá um cavalo de pau e corta caminho. Quando alguém reclama, dizendo que mamãe é muito imprudente, ela só diz: “é hora de apertar os cintos, seu molenga!” E dá uma de Ayrton Senna. Ah, e se eu disser que estou apavorado e quero descer, ela freia bruscamente e me expulsa do carro: se eu quiser, que eu vá de ônibus. Bom, dado que o compromisso de hoje é urgente... mas que vou sair ganhando se eu chegar vivo... acho que vou com meu pai mesmo. Afinal, de grão em grão, a galinha enche o papo. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
Join us for our next conversation! Check details at https://portuguesewitheli.com/cah. And here is the monologue for your benefit (important terms are between asterisks, as Spotify changed the way it "reads" HTML: O amor pode não mover montanhas de fato, mas ele faz a gente se meter em cada uma... Veja só. Hoje tenho quarenta e cinco anos. Nunca tive muita *destreza* nem *graça* nos meus movimentos. Até tentei *enveredar* pelo futebol quando criança, mas meus coleguinhas logo perceberam que eu era *perna de pau* e me *enxotaram* do time. Sabiam que meu talento mesmo era para os livros e para a leitura e eu virei *rato* de biblioteca por vocação e falta de opção. *Como era de se esperar*, fui crescendo e ficando *troncho* e *estabanado*. Nunca segurei bebê por medo de derrubar a criança no chão. A única *cadeira* que já mexi na vida foi a cadeira do meu escritório, porque meus quadris são inflexíveis *que é uma beleza*. E se eu *requebrar* “até o chão”, fico *acamado* por uma semana. Mas outro dia, no caminho do trabalho, vi uma mulher dançando na rua. Era um desses showzinhos que o pessoal organiza nas praças, coisa informal mesmo, só para ganhar uns *trocados* e fazer os *transeuntes* baterem palmas ao ritmo da dança. Ela era uma verdadeira *pé de valsa*. *Rodopiava* e *dava piruetas*, pulando para o lado e para o outro, como se a praça fosse *uma pista de dança*. As pessoas a acompanhavam, *sacudindo o esqueleto*, filmando tudo com celulares e *ovacionando* a dançarina ao fim da dança. Quando ela terminou, veio andando com aquele *gingado* para cima de mim e me tirou para dançar. Meu Deus, fui ao céu e voltei, mas foi por dois motivos: primeiro, tive *uma tontura* por causa de tanta emoção. Meu coração batia *descompassado* de tanta alegria. Mas, por outro lado, como eu era *travado*, magro que parecia *um varapau*, não conseguia balançar muito. Ela disse: “*se solta*, meu querido!” e eu, todo *destreinado*, me soltei o quanto pude... fiquei parecendo *uma marionete*, mas consegui seguir a dança até o final. As pessoas ao redor foram simpáticas e bateram palmas para a gente. Eu não bateria... Depois da dança, ela me passou o número do telefone dela e me convidou para voltar ali e dançar. E agora estou eu aqui, na sala de espera de uma escola de dança, para me matricular. Eu, que nunca dancei na vida! Se amor não move montanhas, ele faz ao menos um rato de biblioteca como eu começar a se mexer. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
If you'd like to grab one free learning guide, please go to https://portuguesewitheli.com/school-invitation And here is the monologue for your benefit. Minha namorada e eu queríamos apimentar a relação. Afinal, a gente caiu um pouco na mesmice depois de namorar quase dez anos. Por isso, concordamos que tentaríamos surpreender um ao outro. Semana passada ela chegou em casa toda serelepe e me mandou vendar os olhos, porque ia me levar para um lugar especial. Entrei no embalo e lá fomos nós. Saímos de carro. Hum, será que ela ia me levar a um motel do bom? Já fiquei logo empolgado. Estava preparado para uma surpresa daquelas, menos a que vi quando tirei a venda dos olhos: Estávamos no calçadão da praia, na frente de um monte de retrato feito à mão. Um senhor baixinho estava de lápis e papel na mão. — Vamos fazer nosso retrato! — ela disse com a maior empolgação enquanto eu sorria amarelo. O moço pediu que a gente sentasse ali enquanto ele desenhava. A Clara ia na frente; eu ficava esperando. Quis ficar olhando o homem desenhar, mas ele disse que não podia. Tudo bem. O desenho não ia ser difícil. A Clara tinha um rosto bonito, mas simples. O rosto dela era ovalado, um pouco pontudo no queixo, mas proporcional. Os olhos eram um pouquinho apertados e separados também. Engraçado, eu nunca tinha reparado em como os olhos dela eram castanhos! O nariz arrebitado e o maxilar levemente pronunciado combinavam com as bochechas rosadas que ela tinha. Tinha também lábios carnudos e dentes alinhados. Eu realmente tinha sorte. Quando chegou a minha vez, fiquei pensando: como eu ia ficar no retrato? Sei que tenho um nariz adunco e minhas narinas são um pouco grandes demais... também tenho umas entradas aqui – sinal de calvície incipiente – e meu queixo é pontudo. Mas não sou horrendo feio assim, né? Meus olhos puxados dão um charme enigmático e minhas sobrancelhas finas não ressaem no rosto... meu cabelo, o pouco que tenho, emoldura meu rosto direitinho. Só tenho algumas espinhas e, por conta desses anos dentro de casa, acabei ficando cheinho e ganhando papada, mas nada que assuste ninguém. E finalmente o retratista acabou o meu retrato. — Eu quero ver o meu! O retratista fez que não com a cabeça — tinha que pagar primeiro. É como dizem: dinheiro na mão, calcinha no chão. Justo. Não é como se ele quisesse nos depenar: o trabalho já estava feito. Pagamos e, na hora de ver, meu Deus... Minha namorada ficou uma aberração. Além de ser tudo o contrário do que era, ela ainda ficou com sobrancelhas grossas e peludas, com uma espinha protuberante que a gente nem tinha notado. O rosto dela ficou quadrado. No meu caso, fora a barba rala que eu tinha no dia, fiquei parecendo uma obra de arte abstrata. Queríamos brigar com o retratista, mas eu ri tanto que acabei ficando com os retratos. Bom, a surpresa não foi exatamente o que ela queria, mas ficou do jeito que eu gostava. Episode posted with two weeks' delay --- originally should be aired on March 23 --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
Howdy! If you'd like to have a guide for yourself, consider joining us by going to https://portuguesewitheli.com/school-invitation And here is the monologue for your benefit: Existe um boato de que o amor surge quando menos se espera, mas, no meu caso, ele só vem quando eu menos preciso. Já encontrei toda espécie de gente que você possa imaginar e nada de encontrar minha outra metade da laranja. Por isso, resolvi apelar para tudo que era coisa: mandinga, simpatia e, mais recentemente, tecnologia. Logo no começo, fiquei empolgado com a quantidade de opções disponíveis. Mas era como encontrar uma agulha no palheiro. Tinha cada perfil... teve uma que dizia vir de outro planeta, outra que fazia retratos de moscas, e ainda mais uma que colecionava unhas. E, mesmo fazendo uma triagem cuidadosa, ainda descascava cada abacaxi... no aplicativo, era possível dizer os critérios que o par ideal devia preencher. Era possível afunilar as escolhas e estreitar as opções, para separar aquelas que prometiam das que eram prescindíveis. Era separar o joio do trigo, por assim dizer. Levou tempo e queimei muita pestana na frente do celular lendo as mensagens da minha caixa de entrada, até que... Até que conheci ela – a Juliana. Era uma moça bonita e, em todos os sentidos, normal. Ela realmente mexeu com meu coração. Tinha um sorriso bonito e um jeito afetuoso – me afeiçoei a ela assim que trocamos a primeira mensagem. Por isso, quando marcamos o encontro, eu estava com o coração na mão, na esperança de que ela fosse a pessoa que sempre procurei. Combinamos de nos encontrar em um restaurante, um lugar neutro. Na hora da conversa percebi que tinha sido amor à primeira vista, mas não queria ir com muita sede ao pote – já tinha passado por cada uma e estava vacinado. Então fomos conversar. Apesar de ser mais velha que eu, ela gostava das mesmas séries que eu gostava. Apreciávamos os mesmos cantores... a gente até tinha preferência pela mesma pasta de dentes! Finalmente, encontrei a minha alma gêmea... Mas aí aconteceu um negócio que me deixou cabreiro. Primeiro, ela era adotada – tinha sido deixada numa igreja numa cidadezinha. E minha avó tinha dado uma filha para adoção. E de onde ela era? Era conterrânea de minha avó, lá de Quixeramobim. Não, era coincidência demais para passar assim batido. Então, para tirar a teima, a gente decidiu fazer um exame de DNA, tipo do programa do Ratinho. Mas não ia ter nenhum fuzuê daquele tipo. Se ela fosse minha tia, cada qual ia seguir o seu caminho. Se ela não fosse minha tia, a gente ia deixar a coisa se desenrolar. Entre a data do exame e o resultado, porém, Juliana acabou conhecendo outro cara no mesmo aplicativo que a gente estava usando. Fiquei arrasado – não imaginei que ela fosse tão leviana... mas também pudera: conheci ela num aplicativo e fiquei pensando que ela ia esperar sentada até o resultado sair. O bom é que, pelo menos, ela não era minha tia. Nunca que eu ia querer ter aquela traíra na minha família. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
To learn more about the Continuing Education Program for the Guides, follow this link: https://portuguesewitheli.com/school And here is the monologue for your benefit. Dizem que eu vivia nas nuvens, mas discordo: sempre tive tino para negócio e soube que era um empreendedor nato. Quando criança, vendia minha merendapara comprar brinquedo, e revendia o brinquedo para comprar mais comida, mas sempre acabava ficando sem brinquedo e sem comida. Na minha adolescência, encabeceium negócio de cuidados com cavalos. Sempre ouvi dizer que quem tinha cavalo era rico, então, com clientes ricos, eu ia arrebentar a boca do balão. Meu faro sempre foi muito aguçado. O problema com esse plano foi que ninguém tinha cavalo no meu bairro. Operei no vermelhopor um bom tempo e, sem clientes, o negócio degringolou. Então fui me metendo em furadaatrás de furada – abri uma loja de guarda-chuvas em Cabaceiras, minha cidade natal... era a cidade onde menos chovia no Brasil. Pensava: ninguém vai tentar a sorte e vender guarda-chuva aqui, então só vão poder comprar na minha mão. Vou vender pelo preço que quiser. Mas tinha uma falha no meu plano de negócios. Não levava em consideração que os clientes já podiam ter um guarda-chuva em casa. Meu estoque ficou todo encalhado e tive que vender tudo a preço de banana. É de amargar, viu? Depois abri uma locadorade patinete elétrico... em Salvador. Eu não contava que aqui tivesse tanta ladeira, então um cliente alugava um patinete hoje, se arrebentava ali na frente e depois vinha chiarno meu ouvido, dizendo que os patinetes eram ruins. Então, saindo desse ramo de mercadorias, deliberei sobre que caminho tomar, porque queria algo mais certo, para plantar e colher. Resolvi ingressarno mundo da educação. O público-alvo? Empreendedores de primeira viagem. Como eu já tinha feito minha lição de casa– fali vários negócios – sabia exatamente o que não fazer para ter sucesso. Ou seja, era como se eu tivesse uma bola de cristal. Com certeza, eu ia quebrar a banca. Só precisava de um investidor para abraçaressa ideia. Coloquei um anúncio na internet. Primeiro não apareceu ninguém. E os meus investimentos em publicidade só me amealhavamdívidas e mais dívidas, e você sabe como é que é com cartão: é uma bola de neve, basta você errar a mão uma vezinha só e lá se foi todo seu dinheiro. Mas não ia desistir. Não tinha fracassado tanto na vida para nadar e morrer na praia. Quando eu estava quase desistindo, um cara me mandou um email. Tinha se interessado pela ideia. A gente se reuniu e ele me deu as ideias: ele tinha um modelo de negócios diferente. Ele trabalhava numa empresa especializada em falências e queria abrir uma consultoria. E se tem alguém que entende de falências, esse alguém sou eu. Finalmente vou virar o jogo! --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
The gesture I talked about is even part of our vocabulary in Brazilian Sign Language! See it here: https://www.youtube.com/watch?v=2MGv7XNheJc And here is the monologue for your benefit: Sou novato na empresa e não me meto em negócio de ninguém. Como dizemos lá de onde eu venho, “gente de fora não ronca.” Mas parece que aqui ninguém sabe o que é respeitar a privacidade dos outros e retribuir o respeito – vasculharam minhas gavetas e descobriram minha coleção de gibis que trago para o trabalho. Primeiro, o Almir, meu chefe, me questionou se eu estava lendo as revistas na surdina e descuidandodo trabalho. Eu refutei, claro. Não ia cometer um desatino desses, ainda mais sendo novato. Ele acreditou – afinal, ele não ia ficar procurando chifre em cabeça de cavalo. E meu trabalho seguia no mesmo passo de antes... E eu não lia mesmo na hora do trabalho. Lia no intervalo. Mas, é... lia escondido, sim. Veja só o meu lado. Gosto de ler revistinhas em quadrinhos. Todas essas populares e outras menos conhecidas. As pessoas pensam que adulto que lê revistinha é tudo xucro, que não tem alcance mental para coisas mais sofisticadas, e que a qualidade dessas revistas é sofrível. Na verdade, são obras de arte, mas nem todo mundo consegue atinarque histórias em quadrinhos podem ser tão complexas como aqueles tijolosempoeirados de biblioteca cheios de frases pomposas. O enredo é intrincadoe nem sempre é possível elucidar a trama antes da última página. É um desafio mental. Porém, nada disso servia de nada, porque, quando meus colegas descobriram, começaram a fazer troça de mim. Ficavam dizendo que era livrinho de “quiança” e depois ficavam fazendo “gugu-dadá”. O primeiro ímpeto foi de dizer cobras e lagartospara eles, mas deixa estar. O que é deles está guardado. Posso ter pouco tempo aqui, mas já sei os podres de cada um. O José vive se queixando de prisão de ventre, mas não sai do banheiro. Aliás, dava até para pensar que ele trabalhasse no toalete. A Carla finge que trabalha, mas outro dia peguei ela no pulo – estava jogando Candy Crush na outra aba e não conseguiu disfarçarquando passei perto do computador dela. E o Nelson – aquele mão-leve vai montar uma loja de materiais escritório com o tanto de papel e caneta que ele furtadaqui. Mas não vou gastar saliva à toa. Já dei o recado de que eu sei da mamata que está rolando e que, se o chefe me perguntar, eu não vou me fazer de rogado. Se achavam que eu ia esmorecersó porque eles têm essas ideias preconcebidas sobre minhas revistas, eles cometeram um engano federal. Vou sempre manter aceso o gosto pelos quadrinhos. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
For a free assessment of your current level of Portuguese, go to: https://portuguesewitheli.com/assessment And here is the monologue for your benefit: Quando criança, sempre me diziam: Luis fala bonito, vai ser gente na vida. Bom, não acho que tenha virado gente, mas continuei falando bonito. E por isso galgueinovos postos no campo de vendas. Já trabalhava na mesma empresa havia quatro anos. Estava convicto de que precisava... precisava vírgula, eu merecia uma promoção. Já estava cansado de ser posto de molhoe me comportar como se fosse acanhado, só para cair nas graças da chefia... mas não dava para continuar daquele jeito. Para conseguir a tão desejada promoção e sair da fossa, precisava mobilizar meus colegas. Se eles vissem como era injusta a minha situação, com certeza se empenhariam em me ajudar. Mas fora um ou outro que ainda acreditava nas histórias da carochinha, não havia ninguém que engolisse os meus argumentos, por mais que eu confiasse no meu taco. Então tive de partir para cima. Mas, claro, não ia partir para cima do chefe imediatamente. Precisava de algum estratagemapara conseguir comover aquele coração de pedra. Ele era completamente refratário a pressões e nenhuma lisonjachegaria a ele. Então comecei a mexer meus pauzinhos. Falei para um colega língua de trapo que minha família estava em dificuldades financeiras, e sabia que logo a conversa chegava ao chefe... Quando meu chefe soubesse que minha pobre mãezinha estava com as horas contadas, ele ia morder a isca e me dar uma promoção. Bom, a conversa chegou mesmo, mas o chefe se manteve impassível. Apenas disse que nós tínhamos plano de saúde. Se quisesse, que eu fosse buscar ajudar. Droga. Tinha que partir para uma abordagem mais direta. Por mais arguto que fosse, não sei se o convenceria, mas não podia ficar em cima do muro, porque arriscava ficar de fora, e sabia que atendia todas as expectativas da empresa. Então fui falar com meu chefe diretamente. E falei grosso. - Se eu não receber uma promoção, vou sair da empresa. Meu chefe apenas me olhou incréduloe não parecia nem um pouco açodado em me dar uma promoção. – Então você quer sair de livre e espontânea vontade? Vamos sentir sua falta, mas, se assim for, que assim seja. E foi assim que perdi meu emprego. Acabei metendo os pés pelas mãos. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
For all the guides currently published, consider joining us in the Continuing Education Program! – https://portuguesewitheli.com/plg Would you like to help us but don't want to sign up for a program for now? Consider making a small donation to keep improving the podcast and adding benefits – and, if you'd like a particular guide when donating, just say what episode it is, and it'll be sent to you! – https://buymeacoffee.com/elisousa And here is the monologue for your benefit: Depois de quase três anos sem carnaval, finalmente vou poder cair na folia. É algo que me alegra muito, poder sair, soltar a franga, dançar as marchinhas de carnaval no bloco das Antigas e pular horas a fiocom os trios elétricos. Haja fôlego! Ainda posso assistir ao desfile das escolas de samba – o que é um privilégio – e conhecer gente nova nos camarotes e nas arquibancadas... Sim, conhecer gente nova é algo que também não faço há um tempão. E esse vai ser o meu primeiro carnaval solteiro, depois de quase quinze anos junto com minha ex, a Leonora. Lembro que, quando ela me deixou, eu fiquei fora de mim – o chão me faltou, eu não sabia o que fazer. Quis chorar a noite toda, mas não chorei, porque fiquei aturdido... Mas chega de lembrar de coisa ruim, não é mesmo? Agora estamos aqui, e mesmo não sendo mais jovem de corpo – já não aguento mais uma noitada como aguentava nos meus anos dourados – ainda sou jovem de espírito. Ainda dou para o gasto. Por isso, no carnaval, decidi que ia pintar e bordar. Fui a uma festa à fantasia que estavam organizando lá no condomínio. Sou um pouco retraído, mas pensei que era uma boa chance de mudar essa timidez arraigada na minha personalidade. Decidi me vestir de unicórnio. Duvidava que alguém mais tivesse cara de se vestir daquele jeito — nem eu mesmo sei como fiz aquilo, mas fui. E dei sorte. Conheci uma beldade fantasiada de galinha d'angola. Ela tinha pinta de artista ou coisa assim. Trocamos olhares, puxei conversa e logo estávamos agarradinhos. Depois de uns selinhos, ela pediu licença para ir ao banheiro. Minha nossa. Que mulher! Haja coração! Todo aquele meu amor represadodesde que minha ex tinha me deixado apareceu ali e acho que me apaixonei de imediato. Eu estava preparado para me declarar para ela. Fui procurá-la. Mas não devia ter ido. Aquele meu momento fugaz de alegria se tornou uma tristeza só: ela estava dando uns amassos num cara fantasiado de... unicórnio! É, parecia que eu não era o único unicórnio da festa... sai com a cara no chão, me lembrando só que no carnaval vale tudoe que ninguém é de ninguém. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
If you'd like to support this podcast, you can buy us a coffee :-) https://www.buymeacoffee.com/elisousa All coffees you buy us are going toward improving our podcast and hiring more people to make it easier on Eli, haha, because he teaches a lot of classes as well. And here is the monologue for your benefit. Te conto como me contaram, porque depois que cada um seguiu seu caminho, eu não soube mais da Daniela. Então, o que te dou é de tabela, mas minhas fontes gozam de minha inteira confiança. Pois bem. Daniela era uma guria que morava no meu prédio quando eu era adolescente. Até tentei me aproximar dela, mas ela logo me jogou na cara que não se misturava com gente da minha estirpe. Lembro como se fosse hoje: eu, todo desinteressado, querendo apenas estender a mão a alguém que parecia tão só... não era nada, apenas uma troca de gentilezas, mas aí ela pegou e me deu a real. Ainda tentei argumentar, mas ela foi logo dizendo: — Quando um burro fala, o outro baixa a orelha. E eu que nem acalentava nenhuma ideia de romance com ela... Mas isso até que veio em boa hora, porque ser amigo dela ia ter sido ideia de jerico. Daniela não dava ponto sem nó. Ela tinha ficado amiga de Roberta, a menina mais intragável do nosso prédio, porque Roberta era amiga de Juliano, um rapaz que, diziam as más línguas, era Zé Droguinha... mas era filho de um advogado importante. E Daniela tencionavaestudar Direito. Ela conseguiu agarrar aquele lá e lavou a burra, ou pelo menos de saída. Porque, se um dia aquele homem foi para ela uma tábua de salvação, pouco depois se mostrou uma dor de cabeça sem solução. O pior para ela foi que o sogro não quis apadrinhar ela na profissão, dizendo que ela só estava se escorando no seu filho. Daniela procurou quem lhe tomasse as dores, mas, depois de ter recusado a amizade de todo mundo que lhe podia oferecer algo de bom, ela estava só. Ninguém queria fazer essa caridade a ela. Mas isso era o que parecia por fora. Nos bastidores, Daniela tinha maquinado todo um plano — o alvo não era o bobo do marido que só olhava para o próprio umbigo, nem o sogro tonto que se achava um benfeitor e tanto por ter permitido que ela se casasse com o filho. Ela tinha vistas no sócio do sogro, um homem chamado Miguel, que era trinta e cinco anos mais velho que ela e que tinha a fama de ser extremamente abnegado e altruísta para commulheres jovens e bem conservadas. Pior é que ela nunca nem deu bandeira disso... Como eu sempre disse, macaco velho não mete a mão em cumbuca. E essa história não é maledicência de quem tem dor de cotovelo não. É só para mostrar que se tem que ter olho vivo e agarrar as oportunidades, porque pensando morreu um burro. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
Check your level of Portuguese: https://portuguesewitheli.com/assessment Here is the monologue for your benefit: Sempre quis morar numa casa maior, mas minha esposa se opunha, porque era um gasto a mais que não precisávamos. Então nós combinamos que só íamos nos mudar para uma casa maior quando nosso primeiro filho nascesse. Como o pequerrucho estava para nascer, tinha chegado a hora. Encontramos um apartamento de que gostamos e já fizemos a vistoria. Assinamos o contratopara um ano e tudo já estava marcado, quando apareceu um probleminha. Tínhamos que empacotar e encaixotar tudo e depois definir como levar tudo para a nova casa. Primeiro o transporte. A tia da minha esposa tem uma picape velha, e minha esposa disse que ela lhe emprestava o veículo. Era grande, mas não era nenhuma caminhonete, então além da gente ter que erguer peso e baixar peso, ainda vai ter que rezar para que a picape não arreie com a carga. Propus então que contratássemos uma empresa de mudança. Era uma ideia que me rodeava havia um tempo. Além da transportadora cuidar do óbvio, que era o transporte, ainda podia ajudar na arrumação. Minha esposa ficou dando tratos à bola até que, por fim, disse que tinha uma alternativa melhor. Ela ia chamar a galera dela no dia da mudança. Ela preparava um almocinho para todo mundo, e eles com certeza iam socorrer a nós dois nesse momento de precisão. Aceitei de muito malgrado, mas aceitei. Ia fazer o quê? Depois, as embalagens. Comprei plástico bolha, fita adesiva, caixa de papelão, caixotes e outras coisinhas para armazenartudo em segurança. Era tarefa descomplicada, dava para eu mesmo fazer. Entretanto, minha esposa se meteu no meio. “Mas ainda não pode guardar nada! A gente vai continuar morando aqui até dia vinte!” Tudo bem, fazia sentido, mas resolvi deixar tudo espalhado do jeito que estava – caixas, fitas – para ficar em ponto de bala. Aproveitei para ir guardando aquilo que não tinha serventia. Assim que chegasse o dia, pã, começávamos imediatamente e teríamos menos trabalho. E por fim o desligamentodos serviços. Pedi para cancelarem a internet, porque íamos mudar de casa e já tinha solicitado a mudança do endereço de correspondência. Estava tudo prontinho, perfeito mesmo, até que, na última hora, foi um desmarca daqui, foi mal dali e ninguém veio. E era o último dia do nosso contrato na nossa casa atual. Então tive de correr da perna. Foi um guarda que guarda, embala que embala, liga para a tia para pegar a picape, carrega e descarrega e conseguimos terminar tudo a tempo. Ficou um bocado de coisa para trás e ficou também a lição – da próxima, faço eu do meu jeito, e minha esposa não vai mais fazer das suas. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
To grab a free learning guide, go to: https://portuguesewitheli.com/school And here is the monologue for your benefit: Não é de hoje que digo que “quem quer, dá um jeito; quem não quer, dá uma desculpa.” Tenho dois amigos, Leonardo e Celina, e são como unha e carne desde nosso tempo de escola. Hoje, trabalhamos os três juntos, mas Leo e Celina são mais próximos. Eles decidiram que, nas próximas férias, iriam fazer trilha na Chapada Diamantina. Celina sempre foi a certinha da turma e tratou logo de reunir os suprimentos da viagem: foi ao mercado e comprou um fogareiro para fazer a comida, cantispara levar o que beber, repelentes (como Celina costuma dizer, “modeos mosquitos”), lanternas se pernoitarem por lá, barracas, um par de tênis novinhos em folha e outras bugigangaspara facilitar a vida na hora H. Celina queria entrar em campo sem titubear. Já Leonardo olhou para aquilo tudo e achou divertido. “Celina estava realmente com a corda toda,” ele pensou, mas não comentou nada. Por ter um porte atlético e ter noção de como era a trilha, pois já tinha visto vídeos de trilhas antes, decidiu levar na maciota. Não era tão aguerrido como Celina, e nem achava que precisava ser, porque, afinal, era só... o quê, um ou dois dias? Essa estava no papo. No dia da viagem, estavam os dois na rodoviária – ele se alongando(não queria suar a camisa em nenhum sentido) e ela no pique, pois tinha se exercitado e praticado tanto que até tinha calejado os pés. Sua mochila era enorme; a de Léo, em contrapartida, parecia a de um estudante do ensino fundamental. “Mas só isso, Léo?” Celina perguntou. “Olhe lá, hein?A gente vai ficar no meio do mato por dois dias. Você acha que isso dá?” “Dá sim,” Léo respondeu. “Ou você está querendo inventar desculpa para dar para trás, hein?” “Só estou querendo te dizer que pode ficar difícil, mas se você teima em ir assim, você sabe o que faz.” Léo fez cara de quem diz “sei mesmo” e embarcaram no ônibus. Chegando lá, começaram a caminhar pela mata – o dia estava quente e mesmo ao ar livre e em terreno baixo a vistaera de tirar o fôlego. Celina estava feliz, caminhando a passos largos, enquanto Léo seguia atrás. No meio do caminho, Léo torceuo pé [ai!] e precisaram parar. “Vamos armar a barraca aqui e voltamos amanhã,” Celina disse. “Não precisa, estou bem. Dá para continuar um pouquinho mais.” Celina disse que admirava a obstinação de Léo, mas não precisava de tanto. “Chega de ‘mas'... vamos.” Léo deu mais dois passos e disse: “Pensando bem, é melhor armar a barraca.” Léo não tinha a vontade de ferro de Celina, mas tinha perna de borracha. Depois de algumas horas, eles voltaram para a cidade e Léo sugeriu que fossem à praia. Era mais seguro e ele podia ficar na areia. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
To grab a free learning guide, click here: https://portuguesewitheli.com/school-invitation/ And here is the monologue for your benefit: Há quem diga que antigamente a vida era melhor. Não creio em tamanha besteira. “Antigamente era melhor” é uma ova. Hoje está muito melhor e posso provar. Só para você ter uma ideia, a TV antigamente era pavorosa. E não ajudava que lá em casa fôssemos três para uma televisão. Cada um queria assistir uma coisa diferente. O fraco da minha mãe eram os programas policiais. Ela assistia à primeira transmissão de dia e a reprise de noite. A vinheta do programa tinha uma musiquinha inconfundível – o som do disparo de balas e gritos. Depois o âncora vinha com uma empolgação sinistra, mostrando as manchetes do dia, que reiteradamenteincluíam sequestro-relâmpago, saidinha bancária, homicídioe todo tipo de agrura de que o povo padece. E os repórteres não ficavam atrás em matéria de animação com aquilo tudo. Já meu pai gostava de assistir novela, o que pelo menos era uma trégua. Como parte das novelas passava de dia, ele tinha de assistir os programas do fim de semana para ficar em dia com os acontecimentos. Se alguém estivesse assistindo televisão na hora ia passar uma novela, ele andava de um lado para o outro, murmurando, sem falar diretamente mas dando a saber que ele queria assistir. E a gente sem querer atrapalhava o coitado, porque ele só falava que queria assistir quando era alguma estreia. No meu caso, sempre tive uma propensão para assistir o noticiário político, mesmo que ficasse sempre com um gosto amargo na boca ao ver a falados políticos. Eles mentiam na cara dura em rede nacional durante as coletivas de imprensa. E quando os jornais e a imprensa marrom decidiam por fim falar sério dos problemas do país, tudo era feito de maneira sigilosa, nunca “dedurando” os culpados, porque, afinal, os culpados molhavam a mão dos jornalistas. E olhe, nem culpo os jornalistas, porque com esse salário que recebem para escrever tantas reportagens, não é possível fazer a cobertura de tanta coisa tão rápido por tão pouco... Mas estou saindo do assunto. Porque hoje melhorou muito. Meus pais continuam com a mesma predileção. E eu também. Mas hoje são eles lá, e eu cá. E agora tenho um serviço de streaming. Faz anos que não assisto TV aberta. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
To grab a free learning guide, please visit: https://portuguesewitheli.com/school-invitation And here is the monologue for your benefit. Todo fim de ano é de lei: antes do dia 31, vou para a lotérica fazer minha fezinhana Mega da Virada. Compro um bilhete, só um para mim mesmo. Prefiro apostar sozinho que participar do bolão lá da firma. Imagina só, levar uma bolada de trocentosmilhões de reais sozinho, o que eu não faria com esse rio de dinheiro? Eu não aposto no bolão da empresa por dois motivos. Primeiro, não gosto de nenhum dos energúmenos que trabalham comigo. Naquela empresa, é cobra comendo cobra. Meu chefe é um tirano assumido – já disse que manda quem pode, obedece quem tem juízo. E no caso, ele manda, porque está por cima. Eu com dinheiro mandava logo o dono da empresa ir pastar. O segundo motivo é que, quanto menos gente ficar sabendo, melhor. O difícil ia ser esconder a coisa toda dos parentes e aderentes. Tem o Ferreirinha, que vive dando facada em mim. Tem a Miriam, que não ia caber em si se descobrisse que o irmão tirou a sorte grande. E ainda tem o Fernando, que vive chorando de barriga cheia. Assim que a notícia lhe chegasse aos ouvidos ele ia vir para cima de mim com aquela cantilenasobre a penca de filhos que tinha de sustentar e tal... Eu ia renegar todos eles. Ah, se eu ganhasse na loteria... ia estar feito na vida. Ia ser sopa no mel, eu ia poder me aposentar agorinha, ia sumir do mapa, ia mudar de nome e fazer tanta coisa que deixei de fazer... sei que não sou tão sortudoassim, porque nem prêmio de rifa de escola cheguei a ganhar, e nas raspadinhas sempre ficava na mesma – ou melhor, ainda perdia o dinheiro da cartela. O máximo de sorte que tive foi quando ganhei dois bombons de chocolate na empresa, mas aquilo foi brindepara quem participou do treinamento... bom, quem sabe eu não dou uma cagada e levo o grande prêmio? --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
Use this assessment to know what your level is (and get a plan to go on): https://portuguesewitheli.com/portuguese-assessment/ And here is the monologue for your benefit. Sei que essa história é mais batida que não sei o quê, mas não me dou nada, nada com minha sogra. A única coisa boa que essa mulher fez foi colocar a Camila no mundo, e a Camila é minha esposa. Só que até dela estou começando a ter raiva. Deixa eu te explicar. A Camila empenhou a palavra com a mãe, dizendo que ia comparecer ao aniversário de 70 anos da velha. Até aí tudo bem – a mãe é dela, não minha. É uma incumbênciaque ela tem, mas não é compromisso meu. Não preciso comparecer ao aniversário da minha sogra. “Mas Fernando, é o aniversário de mamãe!” minha esposa insistiu. “Se você não comparecer, ela vai pensar que eu não tenho palavra. Eu disse que nós dois íamos.” “Antes rejeitasse o convite! Pois diga a ela que eu sinto muito. Invente aí uma desculpa qualquer. Ou eu mesmo posso declinar do convite.” “Tudo bem,” disse a Camila. “Eu vou sozinha. Mas quando eu voltar, sou uma mulher solteira.” Eita. Quando ela quer, consegue ser igualzinha à jararaca da mãe dela. “Baixe essa bola aí, meu amor. Eu vou, não precisa dessa afobação não. Você só vai se ver livre de mim no dia que eu esticar as canelas.” Minha esposa deu um sorriso e foi dizendo o que eu podia e não podia fazer. Ela adora cagar regra, é igualzinha à mãe dela às vezes. E eu tinha que fazer o jogo dela, senão tinha que lidar com as consequências. Enquanto ela ia se arrumando, fiquei fazendo hora, para ver se a gente se atrasava e minha esposa recuava. Mas não consegui. Sou um homem de palavra: não me furto às obrigações. Agora era só deixar a bola rolar. Chegando na casa da velha, fiquei plantado na sala esperando a mãe dela terminar de se arrumar. O pai dela, coitado, esse não se lembrava mais nem do próprio nome. Ela bem que podia estar que nem ele. “Cadê o digníssimo?” ouvi minha sogra perguntar saindo do quarto. Quando ela me viu, disse: “Fernando, onde você comprou essa camisa, tinha para homem?” e deu uma gargalhada carregada. Ela era fumante. “Eita, vai chover” eu disse, e minha sogra pareceu ofendida. Minha esposa me deu uma bronca só com o olhar. Aí foi minha vez de colocar os panos quentes. “Desculpa.” Tudo bem. Ia dançar conforme a música. Mas ainda ia fazer uma boa com minha esposa. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
To grab a free learning guide, go here: https://portuguesewitheli.com/school-invitation And here is the monologue for your benefit: Tem gente que nasce com a bunda virada para a luae nunca precisa trabalhar. Tem quem se esforce feito louco para conseguir algo. E tem gente como eu, para quem o trabalho de frentista num posto de gasolina é mais do que bastante. Sei que o salário não é alto, que o trabalho não tem um pingo de glamour, que existem oportunidades que pagam bem melhor e tal. Mas se a alternativa é me matar de estudar, viver com a corda no pescoço, e no fim, se der sorte, financiar um casebre em trinta anos... Comigo não, violão! O trabalho aqui até que é divertido. Chega um motorista e a gente pergunta: “encher o tanque, patrão?” Pega a mangueira da bomba, tira a tampa do tanque e abastece. Olha se o medidor está funcionando legal, se a gasolina não derrama, pega a maquininha, o cliente passa o cartão e lá se vai mais um freguês satisfeito. Claro, tenho sorte de trabalhar num posto de distribuidora. Aqui pelo menos a gente sabe que a gasolina não é batizada. Ouvi dizer que tem posto bandeira branca que vende gasolina misturada com querosene, porque assim o dono ganha por fora. E como na maioria dos postos também funciona uma oficina, o carro do cliente vem, a gasolina estraga o motor e quando o condutor dá a partida, sai fumaça preta do cano do escapamento, o carro começa a engasgar e o veículo fica por lá para a manutenção. Mas é óbvio que nem tudo vai às mil maravilhas. Veja só: com os preços exorbitantes do jeito que estão, tem cliente que não entende e pensa que a culpa é da gente, dos empregados. Reclamam, e se a gente oferece um adicional, sei lá, uma troca de óleo pela metade do preço, eles dizem que se sentem roubados. E agora com essa onda deagradar cliente a todo custo (por causa da concorrência), oferecendo isso e aquilo, o cliente fica irritado se o posto não oferecer para trocar pneu careca e não tiver um lava-jato grátis à disposição. E olhe que o posto onde trabalho é bem generoso. Dá desconto na loja de conveniência, mostra que tem selo do INMETROem tudo e recentemente até contratou um cachorro. Pois é, um vira-lataque se encostou por aqui. O dono viu, pegou gosto pelo cachorro, mandou fazer uma farda, um crachá e pronto: o Joselito agora é nosso mais novo funcionário. Com uma vida assim, quem é que precisa ficar se matando de estudar? --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
To grab a free learning guide, go to: https://portuguesewitheli.com/school And here is today's story for you :-) Era fim de ano. Passei os últimos seis meses namorandouma casa de praia que vi na internet. Depois de gastar muita saliva, estava fechado o negócio: íamos passar o réveillon pertinho da praia, num casarão com piscina. Você reparou que eu disse “íamos”? Pois é. Convidei três parças lá da firma. Eles tinham dinheiro, e dava para a gente se cotizar. Assim, não ficava pesado para ninguém. Fomos na quinta-feira antes do Ano-Novo. Combinamos de nos encontrar lá. Eu cheguei primeiro, porque tinha de receber as chaves e falar com o dono. A casa era grande mesmo e parecia que estava fechada há muito tempo. “Abri para arejar um pouco” disse o dono. “Vai levar um tempinho.” Por mim, tudo bem, pensei, mas devia ter desfeito o negócio no ato. Quando o Élcio chegou, foi logo reclamando. “Rapaz, que cheiro de mofo desgraçado é esse?” e começou a espirrar. O nariz do coitado ficou vermelho como um tomate. “Tenho alergia a ácaro”. “A gente fica aqui fora por enquanto, até o ar circular lá dentro.” Tudo bem, esse era um problema que dava para resolver fácil. O Augusto e o João chegaram depois. Este perguntou: “E aí, cadê os comes e bebes? Vamos ter churrasco ou não?” Eu até tinha trazido carne, mas descobrimos ali que o Augusto não comia carne. Não era vegetariano, mas não comia carne. Fui ao mercado e trouxe peixe e camarão. Ao ver o que eu tinha trazido, o Augusto deu um pulo para trás. “Tira isso de perto de mim!,” ele gritou. “Se eu triscarnisso, posso ter um choque anafilático!” “Tudo bem,” disse para mim mesmo. “Vou ver o que fazer sobre a comida depois, então.” E mandei que eles fossem tomando uma cervejinha, porque o dia estava quente. “Não posso,” Élcio disse. “Cerveja dessa marca me dá logo um inchaço na barriga e depois fico morrendo de cólicas a tarde toda.” “Esse alumínio da latinha me dá coceira. Só de pegar nela, minha pele começa a descamar,” disse Augusto. “Tem cerveja em garrafa ou em material hipoalergênico?” E João, que estava comendo carne e bebendo cerveja, perguntou: “Velho, algum de vocês tem uma pomada aí? Minha pele está toda ressecada. Tenho alergia a sol. Não sou acostumado a ficar perto da praia.” E o João estava começando a ficar com uma vermelhidão no braço. Era urticária? Do lado dele, Élcio espirrava e se coçava. Os olhos dele estavam marejados. “Mal entro em contato com poeira e meu nariz entope logo e me dá coriza.” E Augusto tinha ido para o jardim. Estava com medo de encostar em algo e desencadear uma crise alérgica e acontecer uma tragédia num dia de folga. E eu, que tinha me planejado todo para relaxar e conversar com os amigos nesse fim de ano, ia ter que passar perto de um cara que estava com a rinite atacada, outro que não comia nada porque era alérgico a tudo e um último que tinha alergia à sol. Até parece que joguei pedra na cruz! --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
To purchase the learning guide for this episode, follow this link: https://sowl.co/gNoiQ To grab a free learning guide, follow this link: https://portuguesewitheli.com/school And here is the monologue for your benefit: Já perdi as contas de quantas vezes meu pai surtoucomigo essa semana. E tudo por causa de um relacionamento bobo. Sabe, conheci um coroa na galeria onde trabalho. Ele era um cliente, e o nome era Jânio. Primeiro, o Jânio foi muito galante comigo – tinha um papo inteligente, era formoso e ainda por cima muito enxuto. E, apesar da investida inicial, ele foi super respeitoso. Pedia o meu consentimento para falar comigo e sempre respeitava os meus limites. Ele foi tão maravilhoso que nem liguei para a nossa diferença de idade – o Jânio era quinze anos mais velho que eu – e aceitei o pedido de namoro que ele fez, ajoelhado, num jantar à luz de velas. Disse que, se eu quisesse, nem precisava mais trabalhar, que ele tinha como me patrocinar, mas recusei – eu não estava querendo dar o golpe do baú nem nada e não precisava disso. E de todo modo ele não queria que eu parasse, só ofereceu porque, se eu quisesse, podia me dedicar à minha arte. Quando meu pai ficou sabendo, foi o furo do século – a Anita está namorando um ancião que tinha idade para ser o pai dela! Contou para minha mãe, que só disse “panela velha é que faz comida boa”. Meu pai ficou roxo que nem uma berinjela. “E a regra dos sete?” ele gritou. E lá vinha ele de novo com essa história. Eu era só quinze anos mais nova, não era como se ele tivesse o dobro da minha idade. Além disso, eu tinha maturidade suficiente para saber o que eu queria. Mas para meu pai era um tabu. “Você é desmiolada,” ele disse comigo. “Não tem um pingo de juízo. Onde já se viu? A sociedade vai condenar vocês. Milagre é não chamarem o CEDECApara ele, esse papa-anjo.” “O senhor é que é um pudico!” Não aguentei e gritei com ele. “Bom,” interveio minha mãe. “Aqui não podemos ter dois pesos, duas medidas. Não é como se ele estivesse tentando engabelar nossa filha – ele foi franco com ela sobre suas intenções. Ela encontrou nele um ombro amigo e ele, nela. Não é a gente que vai atravancar a relação de nossa filha, Cléber. Até porque eu mesma sou mais nova que você doze anos.” “É, mas com a gente é diferente, né?” meu pai disse. “É diferente como?” minha mãe contestou. E eu ecoei: “É, é diferente como?” Acuado, meu pai ficou caladinho, e a briga acabou ali. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
To purchase the guide for this episode, follow this link: https://sowl.co/nrR4N (special launch price until 12/14/2022) And here is the monologue for your benefit: Minha filha está muito mudada, e não sei se acho isso bom ou ruim. Antes, ela era muito preguiçosa. Morava — e ainda mora — comigo porque estava indo para a faculdade, mas o hábito dela sempre foi o mesmo. Ela se acordava perto de meio-dia e, quando se levantava, ia direto para o computador. A gente se preocupava com ela porque hoje em dia os jovens não têm muita resiliência para segurar o rojão, e minha filha não parecia ser do tipo que ia ser alguém na vida. Nem um macarrão ela sabia fazer! Mas as coisas ficaram diferentes com a chegada de um novo vizinho. Era o Adriano, um bricoleiro que tinha minha idade e com quem minha filha tinha desenvolvido uma amizade próxima... demais. E agora ela mudou. Está querendo fazer trabalhos manuais. Um dia desses chegou em casa com uma caixa de ferramentas e outros materiais. Tinha ido a uma loja de construção. A primeira coisa que ela fez foi dar um jeito no encanamento do banheiro para consertarum vazamento antigo. Fiquei com o pé atrás – nunca a conheci pegando no batente. Mas resolvi dar uma chance. E não é que ela consertou? E aí ficou andando pela casa. Dizia que a gente precisava de uma reforma. Embora ela não conseguisse fazer tudo – ainda precisava que o Adriano lhe ensinasse um pouco mais – ia passar um pente-fino na casa para ver o que podia ir adiantando. No jardim, disse que precisava de umas ferragens, uma pá e uma enxada para capinar. Ia preparar um canteirinho para as flores de que a mãe dela tanto gostava em vida. Ia ficar lindo. Na garagem, pegou uma furadeira, uma serra, umas tábuas e um monte de prego e martelo – disse que ia construir uma estante para a gente guardar as peças do carro e deixar tudo mais organizado. Nos quartos, ela planejava pintarcom tinta antimofo, porque ficava muito úmido na época de chuva. Até trouxe umas amostras para que eu escolhesse a cor, e já tinha comprado pincéis e estopa para começar o trabalho. E andava para cima e para baixo, ora com uma chave de fenda, ora com um alicate, fazendo algum reparo ou dando acabamento em algum serviço que tinha começado. A amizade dela com o Adriano foi o estopim dessa mudança, mas acho que aí tem coisa. E estou com medo. O Adriano é quase vinte anos mais velho que ela, mas tem sido uma influência tão boa para minha filha. Agora estou entre a cruz e a caldeirinha. Será que ponho fim a essa amizade e trago de volta minha filha preguiçosa ou deixo a coisa rolar e ver até onde vai? Não sei, mas vou esperar até que ela reforme a varanda para tomar uma decisão. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
To purchase the Learning Guide for this Episode, please click here: https://sowl.co/brWP5P To grab a free learning guide, click here: https://portuguesewitheli.com/school-invitation/ Dizem que os opostos se atraem. Isso nunca foi tão verdade quanto o caso de Renata e André. O André era um rapagãoquando mais jovem, muito bem apessoado. Usava camisa de golapolo, calça jeans o tempo todo e tênis, mesmo nos dias mais quentes. Ele tinha um guarda-roupa bem diversificado; contava com um traje para cada ocasião: se a ocasião pedisse requinte, lá ia André todo nos trinques. Não era possível encontrar uma camisa amarrotada, uma camiseta puída, uma calça desbotada nem sapatos gastos. Ele era a elegância encarnada. Nada mais natural que ele virasse vendedor. E como vendedor numa papelaria, conheceu muitos clientes, e com uma dessas clientes ele acabou se casando. Renata, a felizarda, era estudante de filosofia quando eles se conheceram. Ela enxergava muito além da “cascavazia” que era a aparência – palavras dela, não minhas – e não ligava deusar uma roupinha rasgada de vez em quando. O visualmais comum dela era uma calça manchada de tinta que ela tinha comprado quando começou a oficina de pintura, uma camisa qualquer e um par de sandálias que ela tinha que substituir de tempos em tempos, porque eram sandálias bem “vagabundinhas” e quebravam fácil. Seus amigos até sugeriam que ela fosse comprar algo, porque ela tinha dinheiro. Mas Renata odiava bater perna. Frequentar shopping? Era um suplício. Antes ficar com aquele monte de trapo que gastar dinheiro em moda inútil. E agora os dois estavam juntos – ele, super arrumado, e ela, que tinha andrajos de fazer vergonha. Durante um tempo, o relacionamento até que funcionou bem, mas uma hora tudo cansa. E agora que André e Renata tinham que ir a uma festa de formatura de uma amiga do André, o tempo fechou. André queria que Renata fosse com ele comprar roupas novas, para não fazer feio na festa da amiga; Renata, por sua vez, preferia ir com sua calça que ficava pescando siri. Ela não ia se render a essa bobagem de enfiar uma roupa cara e desconfortável só para ganhar a aprovação dos outros. André se sentia avacalhado. Até ligou para os amigos, pedindo conselho. No final, ele desistiu e, com muita raiva, disse para Renata que ia sozinho. Renata disse: “vá, pode ir, meu amor. Você vai se divertir e, quando voltar, eu vou estar aqui.” E foi o que aconteceu. Ele foi sozinho, se divertiu para caramba, chegou em casa, conversou com Renata, e o mundo não se acabou. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
To grab a free learning guide, please go to https://portuguesewitheli.com/school-invitation Na moral (song) - https://www.youtube.com/watch?v=PcBgfuB64yA And here is the monologue for your benefit: Trabalho numa empresa familiar e, se eu puder te dar um conselho, nunca invente de trabalhar numa empresa assim. Além de ter que lidar com os desacertos de um monte de gente que não enxerga um palmo adiante do nariz, ainda precisa ficar escutando asneira de seu chefe, porque não pode denunciá-lo para a direção da empresa. Afinal, seu chefe é filho do dono! E só para dar nome aos bois, estou falando do Abelardo. Ele é um “menino” ainda, dois anos mais novo que eu. Mas é gerente dessa joça desde que ficou de maior. Ele vive mexendo com as empregadas. Faz comentários sobre o corpo delas, diz aquelas baboseiras de “ô lá em casa”, e as coitadas não podem nem revidar o ultraje. A maioria morde a língua porque precisa daquele emprego para sustentar a família. Além disso, Abelardo é muito esquentadinho. Nessas épocas de política, ele costuma fazer comentários incendiários sobre os eleitores do adversário do candidato dele. Quem declarar voto é logo humilhadopor ele. Bom, nem todo mundo. Com a Maria, coitada, que não fazia mal a uma mosca, Abelardo fez a maior zoada, até que ela mesma se demitiu. Mas com a Tânia, que era raçuda e não se deixava incomodar, ele não peitou ela. Foi pedir a cabeça dela para o papai, que, claro, fez as vontades do filhinho. Normalmente, gente dessa laiaconsegue se safar de tudo, mas, na moral, o Abelardo não se sai dessa não. Eu e uns colegas estamos planejando dar uma coça nele. É um plano controverso? É, mas eu não vou problematizar isso não, ó. Se você quiser fazer tempestade em copo d'água, é com você. Sou dono do meu nariz. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
To grab a free learning guide, please go to https://portuguesewitheli.com/school-invitation And here is the monologue for your benefit: Acho um pecado eu morar em Salvador e não ir para a praia com frequência, sabe? Mas isso não é por mim: é mais por minha esposa. Sempre que vou, quero que ela vá, mas ela não gosta de ir. No fim de semana passado, porém, decidi que ia pegar uma praia sem ela. “Olha, que estou sentindo uma coisa ruim” – foi o que ela disse quando soube que eu ia. Ah, meu amor, vai agourar outro! Claro, disse isso para mim mesmo, porque o que eu disse a ela foi: “Não se preocupe, meu amor. Vou ter cuidado.” E tive mesmo. Como queria pegar um bronze, escolhi uma sunga em vez de um calção de banho. É mais chamativo, mas é melhor. Minha esposa sempre ia de biquini e chamava atenção dos marmanjos da praia; eu não me importava de chamar atenção também. E para me bronzear melhor, peguei uma espreguiçadeira que estava acumulando poeira no quintal. Ia ficar show na orla! Também não queria ficar com queimaduras de sol, então peguei um protetor solar melhorzinho na farmácia antes de ir. Separei também uma garrafinha para a água, porque não posso descuidar da hidratação, né? E, como uma coisa leva a outra, também coloquei umas latinhas de cerveja na caixa térmica. Antes de sair, ainda me certifiquei de que ela não queria mesmo ir. “Pode ir, meu anjo,” ela disse. “Só estou com um pressentimento...” “Vire essa boca para lá,” eu disse em tom de brincadeira. Mesmo com a praga dela, estava decidido a ir. E fui. Chegando lá, céu limpo. Nem sinal de chuva. Então coloquei minha espreguiçadeira na areia, estendi minha toalha e me deitei. Daí, ouvi uma gritaria vindo de perto. Quando olhei, era um monte de gente correndo. Era um arrastão! Levaram tudo que eu tinha deixado à mostra. Mas pelo menos deixaram a cadeira. Eu devia ter voltado para casa nesse instante, mas estava decidido a curtir a praia — além do quê, não ia dar o braço a torcer e dizer que minha esposa tinha razão. Então fiquei. Comprei um queijo no espeto. Chegaram outras pessoas ao redor. Então começaram os gritos. Dessa vez, eram crianças. Depois, os adultos. Eram os farofeiros. Não tinha nada contra eles, mas eles começaram a emporcalhar o ambiente e era chato ver a praia assim. No fim das contas, o dia na praia foi uma droga. Mas ó: boca de siri. Se minha esposa souber, ela não vai mais parar de falar. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
>>> Do you want to understand more of what Brazilians say in Portuguese? Do you consider yourself at the intermediate level? Then grab one of our learning guides for free and see for yourself how much more you can understand after just one week. The grab your guide today, please follow this link: https://social.portuguesewitheli.com/convite >>> Shall we meet? Follow this link: https://social.portuguesewitheli.com/meetngreet And here is the monologue for your benefit: Quando éramos pequenos, minha irmã e eu sempre ouvíamos o conselho de nossos pais: “Filhos, estudem bastante enquanto ainda são jovens, para passarem num concurso público quando estiverem mais velhos. Aí vocês podem comprar uma casinha, se juntar com alguém e formar uma família.” Meus pais só queriam o nosso bem, mas, sabe, nunca fui CDF. Mesmo depois da escola, quando prometi a eles que estudaria para entrar para o funcionalismo público, não me dedicava. E tinha, claro, algumas razões para isso: não era interessante. Mas também havia discrepâncias no campo ideológico. Veja só. O servidor público tem que percorrer uma trajetória longa e desagradável. Primeiro, tem que se inscrever em algum certame, mas, para isso, precisa esperar até um órgão público lançar um edital. Depois, tem que se preparar – fazer simulados, preparar um cronogramade estudos, colocar a mão na massa mesmo. Depois, tem que enfrentar o nervosismo na noite que antecede a prova. E, se aprovado, ainda tem que passar pelo teste de aptidão e o psicotécnico. Só então é que tem a prova de títulos e, por fim, o funcionário entra no serviço público. Mas, se pensa que acabou, não acabou não. Depois de “contratado”, o empregado vai ser lotado em algum lugar à escolha do órgão, normalmente constante no edital. E ainda vão passar alguns anos no estágio probatório. Se não for exonerado nesse ínterim, vai ser efetivado e, enfim, gozarde estabilidade. Todo mundo pensaria que, depois de tantos obstáculos, quem trabalhasse no serviço público seria uma pessoa dedicada. Ledo engano. Depois que entram é que percebem a mamata que existe. Quem tenta fazer algo, não consegue. Existe muita morosidadenas repartições públicas. E como não podem ser demitidas, as pessoas fazem corpo mole. Além disso, tem muita peixada de político no serviço público. A maior parte dos departamentos vira cabide de emprego desse ou daquele político. Eu mesmo não fui feito para isso. Meu negócio é a iniciativa privada. Minha irmã Célia é que sempre quis ser funcionária pública – ela destrinchava as leis durante os estudos, fazia tudo que era simulado, ia para a biblioteca... e ela acabou de ser aprovada. Ainda está deslumbrada com o serviço e tudo o que pode fazer. Vamos ver se ela não se rende e acaba virando mais uma. Afinal, a esperança é a última que morre. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
Shall we meet? Follow this link: https://social.portuguesewitheli.com/meetngreet And here's the monologue for your benefit: Minha vida é bem atribulada, mas tenho sorte, porque tudo sempre sai bem no final. Até mesmo viagem de fim de ano, para mim, sempre dá certo. E viagem não é fácil, viu? Primeiro, tem os contratempos nos aeroportos. Você sabe que o daqui de Salvador é um ovo. E é lotado o tempo todo. E lá fui eu, com meu localizador, duas malasgrandes e uma de mão, para despachar tudo no balcão do check-in. Deu excesso de peso e tive de pagar o adicional lá mesmo. Coloquei tudo no cartão. Meu limite estava perigandoestourar, mas, graças a Deus, passou. Na hora de embarcar, mais uma chatice. A gente tem que formar filas, todo mundo sabe disso, mas sempre tem um ou outro espertinho que fura a fila. A confusão começa, todo mundo reclama, mas o atendente da companhia aérea não se importa: olha o cartão de embarque, confere os documentos e manda entrar. Quando fui procurar meu assento – que era “confort”, marcado com não sei quantos dias de antecedência – vi que tinha um fedelho sentado lá. Quando eu pedi que ele saísse, ele começou a espernear, e a mãe dele veio lá do fundo do avião perguntar o que é que estava acontecendo. — É seu filho? — perguntei. Ela fez que sim. Disse que era meu assento, e ela perguntou se não podia deixar ele ali mais um pouquinho, só até o avião decolar. Eu respondi com um não bem redondo, para ver se ela se mancava. Ora essa. Eu lá pago quase três mil contos para umazinhavir me pedir para deixar o filho dela se sentar na minha poltrona? Depois disso, pensei que ia ter paz, mas pobre não tem um minuto de sossego, viu? No meio da viagem teve turbulência. O menino de antes começou a gritar no fundo do avião, e os outros passageiros todos olhando e comentando. “Vai cair, o avião vai cair!” E a mãe dele só ria, como se aquilo fosse bonitinho. Na hora de pousar, o menino ainda não tinha se aquietado, mas a comissária de bordo deu uma chamada na mãe dele e ela finalmente decidiu que era mãe e ia cuidar do filho. Aleluia. Pronto. Aeronave na pista, os passageiros estavam desembarcando e lá fui eu, todo serelepe, para a esteira, pegar minha bagagem. Sorte a minha foi que nada foi extraviado. Peguei minhas malas, fui a uma sorveteria ainda dentro do Pinto Martins e tomei um sorvetinho, para espairecer. Depois peguei o táxi para ir para a casa de minha família. No meio do caminho, me preparei para ligar para eles, botei a mão no bolso e não encontrei o celular. Cadê o maldito celular? Tinha perdido o celular no aeroporto! Pedi para o taxista dar meia volta. Chegamos rapidinho no aeroporto. E dei sorte, duas vezes: meu celular estava lá no Achados e Perdidos, assim como estava o cantor daquela banda, É O Tchan. Saí de lá com meu celular e um autógrafo. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
This topic isn't easy — I suggest you listen to the episode, try your hand at using the vocab, talk to friends, and look for info online. You'll be in a much better position to discuss elections in Brazil. Shall we meet? Follow this link: https://social.portuguesewitheli.com/meetngreet Do you want to understand more of what Brazilians say in Portuguese? Do you consider yourself at the intermediate level? Then grab one of our learning guides for free and see for yourself how much more you can understand after just one week. The grab your guide today, please follow this link: https://social.portuguesewitheli.com/convite And here's the transcript of the monologue for your benefit: A cada quatro anos é sempre essa mesma palhaçada. Temos que acordar cedo em pleno domingo, nos dirigir à nossa seção eleitoral e participar da “festa da democracia”. “Festa da democracia.” Patacoada, isso sim. A cada quatro anos a gente tem que ir elegerum Zé Ruela para a presidência. E toda eleiçãoé a mesma coisa. Os “presidenciáveis” são uns populistasque chegam de mansinho e de repente estão em toda parte e que só se lembram da existência do eleitor quando é para pedir voto. Inclusive, em época de eleição, eles passam na casa de cada cidadão, cumprimentando todo mundo. Quem nunca viu a cena clássica de um político fazendo careta enquanto come um pastel e toma um pingado na rua? O ruim é que nessa época as ruas ficam uma imundície com tantos panfletos e cartazes espalhados. Até quem não trabalha para o político anda por aí distribuindo santinho, esperando convencer alguém a votar no candidato por quem eles torcem. Só se for mesmo. Só vão virar meu voto para um desses vigaristas no dia de São Nunca. Meus amigos dizem que sou quadradopor agir assim, só porque todo ano voto em branco. Dizem que não voto com consciência. Bom, se eu votasse nulo, até que seria assim. E se minha opinião fosse mesmo errada, como eles dizem, a gente não teria tantas abstenções nas eleições. E o pessoal que se abstém nem está indo justificar o voto. Então, se nem o voto sendo obrigatório e tendo multa para quem não vota está motivando o povo a ir votar, quem são eles para me dizer que estou errado? E esse ano temos, de novo, segundo turno. Mais uma vez, vou ter que me acordar cedo e ir para a seção eleitoral, para a sala onde fica minha urna, porque, este ano, sou mesário. O quê? Não é contradição eu trabalhar nas eleições se as crítico tanto? Bom, posso estar trabalhando para um bando de corrupto ir fazer cagada no próximo ano, mas pelo menos tenho uma folguinha garantida. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
In today's episode, we'll talk about some controversial opinions Brazilians have about Brazil. I use an imagined town in the episode without naming it, but you could say it of any big city in this country and it would fit. If you would like to get access to its learning guide when it's published, check this out: https://portuguesewitheli.com/school-invitation/ It's the Continuing Education Program, which gives you access to all learning guides. This wasn't an easy topic --- it's so complex, one episode won't do justice to it. That's why it's part one. You'll probably benefit from this article (school students in Brazil use it for research): https://brasilescola.uol.com.br/brasil/favela.htm If your Portuguese is a bit more advanced and you'd like to challenge yourself, watch this video about the history of the first favela in Brazil: https://www.youtube.com/watch?v=9fx9p-tvD0s *there are SUBTITLES in BR-PT! And here's the monologue for your benefit: Meu amigo de fora estava planejando passar uma temporada aqui no Brasil e me perguntou se minha cidade era segura. Aí complicou, eu disse. Complicou, porque a resposta vai depender da pessoa a quem ele pergunta. A meu ver, não é perigosa não. Mas isso porque já estou acostumado. Todos os dias, pego ônibus para o centro e me deparocom toda sorte de gente, de morador de rua a mandachuvasde empresas. Tem mendigo pedindo esmola nas esquinas, pinguço no boteco às dez da manhã e gente que vive ao deus-dará. Se você pergunta à Cláudia, que mora num bairro nobre desde pequenininha e que falta não pisar no chão, minha cidade está em pé de guerra. Ela acha que tem um traficante em cada esquina, segurando uma metralhadora, e que quem anda com uma roupinha meio assimé marginal. Aliás, ela nunca entrou num ônibus e talvez nem consiga imaginar o que é estar num veículo onde a “ralé” se aglomera. E se você for depender do que mostram os filmes ou a mídia... então ferrou. Infelizmente, esse tipo de coisa só propaga o preconceito que as pessoas têm contra pobreza. Eles sempre mostram que todo pobre mora na favela, e que lá as pessoas são tristes e depauperadas, que vivem em meio à violência o tempo todo, isso quando não estão em algum baile funk escutando as obscenidades de algum proibidão. A verdade é que é um pouquinho de tudo. O Brasil é um país muito desigual, complexo, e é mais fácil acreditar em estereótipos e hostilizar quem não conhecemos do que questionar a razão de tudo ser assim. Por isso, no final, disse a meu amigo que a única coisa que posso afirmar é que a gente daqui é dura na queda. O pessoal vai levando e tentando não deixar a peteca cair. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
If you'd like to have a free learning guide to see whether you like it, go to https://portuguesewitheli.com/school-invitation >> Do you want to understand more of what Brazilians say in Portuguese? Do you consider yourself at the intermediate level? Then grab one of our learning guides for free and see for yourself how much more you can understand after just one week. The grab your guide today, please follow this link: https://social.portuguesewitheli.com/convite And here is the monologue for your benefit: A vida não está fácil, e com a economia bamba do jeito que está, a gente tem que se agarrar ao que tem para chegar ao fim do mês. Mas nem todo mundo vê as coisas assim. Olhe só o meu sobrinho. Minha irmã o criou com todo o esmero, deu a ele tudo do bom e do melhor, mas ele não quer nada com nada. Completou vinte e cinco anos e ainda mora com a mãe. Antes ele trabalhava como horistanuma dessas franquias de fast food. Ele queria ser chefe, mas todo mundo sabe que a mão de obra nesse mercado é fartae os salários, baixos. Daí ele se demitiu e disse que não ia integrar as forças produtivas de uma indústria que causava tantos danos ao meio ambiente. Depois entrou como mensalistanuma empresa que produzia calçados. No segundo mês, ele estava exausto com as horas extras que tinha que fazer toda semana. Um dia chegou em casa reclamando que o trabalho era puxado e que, assim que recebesse a quinzena, ia pedir as contas. Minha irmã ficou escandalizada, mas não falou nada. Eu que perguntei ao meu sobrinho: “e vai fazer o quê agora, tratante?” Minha irmã não gostava que eu o chamasse assim, mas o que é que se diz a alguém que vive inventando desculpa para não se segurar num trabalho? Meu sobrinho só deu uma risadinha. “Não vou depender dessa merreca de salário que pagam a esses trabalhadores braçais”, ele disse. “Vou estudar para o vestibular de Direitoe ser um advogado. Trabalho intelectual paga muito mais, e não vou ter de suar a camisa.” Foi minha vez de rir. Não sabia onde é que o meu sobrinho estava com a cabeça. Dizem que todo mundo sabe onde o sapato aperta, mas se esforçar não é do feitiodo meu sobrinho. Decidi que ia pagar para ver. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
>> Do you want to understand more of what Brazilians say in Portuguese? Do you consider yourself at the intermediate level? Then grab one of our learning guides for free and see for yourself how much more you can understand after just one week. The grab your guide today, please follow this link: https://social.portuguesewitheli.com/convite And here is the monologue for your benefit: Todo mundo conhece esse tipo: entra na empresa assim como quem não quer nada, de repente começa a se misturar aqui e ali, e de uma hora para outra forma uma panelinha e começa a galgar novos níveis na empresa porque dá rasteira em todo mundo. A minha empresa está cheia de gente assim. Pode parecer até que sou despeitado, mas você vai ver minha razão para ser tão cuidadoso com outras pessoas. No escritório tem uma tal de Helena, que é uma faladeira que chegou faz pouco tempo. Ela foi logo ficando amiga de todo mundo. Na frente deles, é uma santa, mas vez e outra escuto a maledicência dela. Claro, não é ela quem me conta diretamente, porque não é boba. Fiquei sabendo foi por meio da Sônia, do Carlos e do Pedro. Eles me contaram que a Helena já está envolvida num cambalacho na empresa. Ela está burlandoa supervisão fiscal e embolsando uma parcela das compras. Claro, quem me contou, pediu segredo, e eu não vou puxar o tapetede ninguém, porque não sou a Helena. Pior é que a Helena vive se fazendo de simpática. Me dá bom dia, me ajuda no trabalho, e até já me trouxe sobremesa. Se eu não soubesse que ela é uma fingida que usa esses presentes como pretexto para se aproximar de mim e me comprar, até que eu a acharia uma moça muito agradável mesmo. Mas de tanto eu conversar com aqueles três – Sônia, Carlos e Pedro –, algum daqueles linguarudos abriu o bocão e contou para a Helena que eu não gostava dela. Depois a gente ficou num morde e assopra e eu não sabia como dizer para a Helena que não é bem assim como os três pintaram. E então a Helena me chamou outro dia para me confidenciar que os três lá eram mais falsos que nota de três reais – eles falavam sobre mim para ela do mesmo jeito que falavam dela para mim. Eu que caí na arapucadeles e acabei me sujando. Por isso, agora acho que as pessoas têm que ser mais cuidadosas. Se eu tivesse sido mais cuidadoso, esses três não tinham se criado. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
>>> Do you want to understand more of what Brazilians say in Portuguese? Do you consider yourself at the intermediate level? Then grab one of our learning guides for free and see for yourself how much more you can understand after just one week. The grab your guide today, please follow this link: https://social.portuguesewitheli.com/convite >>> Shall we meet? Follow this link: https://social.portuguesewitheli.com/meetngreet And here is the Não existe lugar melhor que o nosso lar... pelo menos é o que dizem, e acho que concordo plenamente com isso. Porque, quando chego aqui, me sinto completamente à vontade. Primeiro, passo pela guarita da entrada e falo com os porteiros. Sempre lhes dou bom dia, mesmo meus pais tendo me ensinado que quem fala demais, dá bom-dia a cavalo. Acho uma grosseria passar com a cara fechada pelas pessoas que trabalham para melhorar o meu dia. Ao caminhar pelo pátio do prédio, vejo de longe as crianças brincando no playground. Perto do playground tem uma piscina que o pessoal frequenta no fim de semana e a brinquedoteca, que a essas horas deve estar fechada. Mais para lá do playground fica o salão de festase a academia. É muito bom para quem mora nesse residencial, porque, sendo murado, todo mundo que visita a área de lazer ou é condôminoou é visitante, então ninguém tem problema com bisbilhoteiros que ficam de butuca reparando na vida alheia. Mas, se me permite abrir um parêntese aqui, os guardinhas que fazem ronda sabem de tudo o que acontece aqui. Afinal, eles mesmos ficam acompanhando o sistema de vigilância interna o tempo todo! Mas voltando ao que eu ia dizendo, morar aqui é bom. Como disse, tem academia, mas para quem prefere esportes mais ativos, tem até mesmo uma quadra. Muitos dos residentes aqui moram no próprioapartamento – poucos foram os que compraram aqui para investir, em especial sabendo da localização. É preciso pegar pelo menos duas conduçõespara vir da cidade para cá. A maioria dos apartamentos foram comprados na planta. Se eu pudesse, teria comprado um na cobertura – a vista de lá de cima é linda, a tirar pelos apartamentos que visitei. Mas isso está muito longe do que meu parco orçamento permitia. O apartamento onde normalmente estou fica na TorreIndiara, que é bem central no conjunto. É um edifício bonito, embora a pintura já esteja descascando aqui e ali. Já até falaram com o síndico para ver se dava um jeito, porque o condomínio aqui é um absurdo, então já era para ter dado conta desse reparo. Bom, agora, se você me dá licença, tenho que ir, porque preciso faxinar dois apartamentos hoje antes de voltar para meu “casarão” que fica lá na cidade. Sou muito ajuizadopara ficar aqui de papo com você e perder o dia de trabalho. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
If you would like to have more information about our Conversation Club, please visit: https://portuguesewitheli.com/cah >> Do you want to understand more of what Brazilians say in Portuguese? Do you consider yourself at the intermediate level? Then grab one of our learning guides for free and see for yourself how much more you can understand after just one week. The grab your guide today, please follow this link: https://social.portuguesewitheli.com/convite Todos os anos, minha família se reúne na casa de um dos parentes. Esse ano vamos nos reunir na minha casa, onde moramos só eu e a Cleide, que é minha galinha de estimação. E como não sou muito bom de cozinha, tia Glória se ofereceu para dar aquela força. Ela me deu uma lista de coisas para comprar no açougue. Era tanta carne! Mas a tia explicou que cada uma era a preferida de alguém. Meu tio Osório gostava de costela de porco, mas a minha avó Carmem não suportava carne suína, por isso precisava de carne de carneiro. O primo Roberto só comia carne de primeira, ao passo que a Silvia só comia carne magra porque estava de dieta. Lá no açougue, aproveitei para comprar os frios e uma peça de lombo bovinoque estava com uma cara ótima. Mandei pesar e deu um absurdo, mas ia valer a pena. Ia ser um agrado meu para minha tia. Chegando em casa, minha tia foi me pedindo ajuda para preparar as carnes. Como previ, ela ficou muito feliz ao ver o lombo. “Vou botar para marinar”, foi o que ela disse. “Meu filho, onde é que está a tábua de cortar carne?” Eu lhe arranjei a tábua. E ela me pediu para picara cebola enquanto ela ia cortando a carne em cubos. De repente, senti cheiro de fumaça. Vinha do quintal. Fui lá dar uma olhada. A minha tia já tinha acendido o fogo da churrasqueira e o carvão estava em brasa. “Abana aí, meu filho, para o fogo subir”, ela pediu. Depois que terminei no quintal, voltei para a cozinha, para ajudar a preparar as carnes para grelhar. Mas, como não sabia que carne colocar primeiro, fui pedir ajuda à minha tia. “Só um minutinho, meu filho, que vou desossar esse frango. Já te ajudo.” E aqui fiquei com uma pulga atrás da orelha. Eu não tinha comprado frango. De onde é que ele tinha vindo? “Era essa galinhazinha que estava para engorda aí no quintal. Já estava ótima para o abate, meu filho.” E aí minha animação para o almoço de família se esvaiu. Minha tia assassinou a Cleide... --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
If you'd like to support this podcast, please consider buying me a coffee :-) https://www.buymeacoffee.com/elisousa Minha família sempre teve o sono desregulado, mas depois que o bebê nasceu, isso aqui virou um verdadeiro hospício. Mas antes de contar mais sobre isso, preciso explicar que somos oito aqui em casa: meus pais, três irmãos, minha esposa e eu. E agora o bebê. Primeiro, um pouquinho sobre meus pais. Antigamente, eles sempre iam dormir com as galinhas e madrugavam no dia seguinte. Era costume da roça que eles trouxeram para a cidade. E eles forçavam a gente a se deitar perto de sete da noite, mesmo que ninguém estivesse com sono. Aí a gente ficava se revirando na cama até pegar no sono. Às vezes, meus pais davam suco de maracujá para ajudar a aliviar a insônia que eles achavam que a gente tinha. Mas a gente não tinha insônia coisa nenhuma. O problema disso era que, como meus irmãos e eu tínhamos o sono leve, acabávamos acordando por qualquer coisa. E meu pai roncava mais que motor de caminhão, era horrível. Então ou a gente ficava feito sonâmbulo zanzando pelo meio da casa, ou passava a noite toda deitado na cama sem pregar o olho por um minuto sequer. De dia, meus pais queriam que a gente os ajudasse nos afazeres domésticos e nos trabalhos da empresa deles, mas a gente estava sempre cansado, bocejando. Meu pai acusava a gente de ser dorminhoco. Minha mãe, mais supersticiosa, acreditava que era quebranto e vivia rezando para que a gente melhorasse. O que sei é que esse costume de meus pais fez que eu adquirisse hábitos horríveis de sono. Depois do almoço, se eu não cochilasse uns quinze minutos, passava o resto do dia sonolento. E se a sonecadurasse mais de meia hora, perdia o sono da noite e precisava tomar sonífero. Mas odiava tomar sonífero, porque tinha pesadelos a noite toda. De manhã, a fronha do meu travesseiro estava manchada de suor. Agora que o bebê nasceu, meu sono foi para o beleléu. Hoje em dia, tenho de dormir com um olho fechado e outro aberto, porque se o menino chorar, minha esposa não se acorda. Ela dorme feito pedra. Aí acabo não descansando quase nada e uso qualquer intervalo que tenha no trabalho para repousar um pouquinho. E nesses dias, meu chefe me chamou a atenção, dizendo que estou remisso no trabalho. Veja só: eu aqui moídocom essa rotina, e ele achando que eu só quero sombra e água fresca. Vê se pode! --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
If you'd like to support this podcast, please consider buying me a coffee :-) https://www.buymeacoffee.com/elisousa Era uma reuniãozinha de amigos. Tinha convidado todos para darem um pulinho lá em casa, para tomar umas coisitas e jogar conversa fora. E estávamos fazendo exatamente isso quando, do nada, ouvimos um pipoco, um barulho de eletricidade e, zás, ficamos num breu. A primeira coisa que fizeram foi ficar em silêncio. Lá fora, na rua, não ouvíamos nada. Talvez as pessoas tivessem tido a mesma reação que a gente. Então começamos a especular o que poderia ter causado o apagão. Késia disse que tinha visto que uns homens estavam trabalhando na linha de transmissão mais cedo. Onde ela tinha visto isso? “Na TV”, ela respondeu. Mas as linhas ficavam longe da minha casa – não teríamos escutado uma explosão de lá. “Talvez tenha sido um curto-circuito?” disse o Fernando, mas também não. Não achava que um curto-circuito causasse queda de energia assim tão grande. “Pode ter sido por conta do racionamento,” disse Aurélia. “Que racionamento?” perguntei. “Não temos isso desde 2001.” Mas Aurélia contou que viu na TV alguma coisa sobre isso. Bom, fosse racionamento, curto-circuito ou fim do mundo, a gente estava nas trevas e precisava encontrar alguma fonte de luz. “Alguém acenda a lanterna do celular,” eu ordenei. “Não dá,” responderam. Foi mesmo. Quando começamos, prometemos guardar nossos celulares no quarto de cima, para que pudéssemos de fato conversar e não ficar no WhatsApp. Agora o jeito era procurar uma vela. Tinha comprado velas há muito tempo e nunca as utilizei. Sempre ficavam na estante da sala, e agora viriam bem a calhar. “Pronto, temos as velas. Alguém tem palitos de fósforo?” Ninguém respondeu, o que deu a entender que ninguém tinha. Mas tinha na cozinha, perto do fogão – eu achava. Fui tateando o caminho todo para não esbarrar em nada. Quando atravessei o corredor, pensei ter ouvido um passo vindo do quintal. Gelei de medo no mesmo instante. Não tinha ninguém no quintal. Ou tinha? “Tem alguém aí?” perguntei para a escuridão. Nada em resposta. Continuei, mas com medo, para pegar o fósforo. Pronto! Achei a caixinha! Agora era só... E com outro barulho, a energia voltou assim, num piscar de olhos. Fiquei aliviado. Logo corri para o quarto de cima para buscar os celulares, olhamos na internet para ver o que tinha acontecido – foi um problema de abastecimento – e, quando fui pegar mais bebidas, descobri que a geladeira tinha queimado. Bom, com a “economia” desse blecaute, minha conta de energia pode até não disparar, mas vou ter que comprar uma geladeira nova. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
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If you'd like to support this podcast, please consider buying me a coffee :-) https://www.buymeacoffee.com/elisousa And here is the monologue for your benefit: Meu filho entrou para o ensino fundamental esse ano e já me deu uma baita dor de cabeça. Não, não meu filho – ele já passou da idade de me acordar no meio da noite. É a lista de material escolar exigido pela escola que está me tirando o sono. Então resolvi dar uma ligadinhapara a diretora para tirar satisfação. Eu que não ia ficar com um descalabro desses e não dizer um ai a respeito! Assim que ela atendeu, falei sem rodeios: “Estou ligando para indagarsobre a lista de material escolar desse ano.” E ela só fez “hum”. “Primeiro, concordo que tenham incluído mochila, porque senão meu filho não pode levar nada. E também com a pasta para colocar as folhas de sulfite. E entendo que a caixa de lápis-de-cor, a de giz-de-cera, canetinhas e os estojos sejam para as aulas de artes.” Nesse momento, fiz uma pausa. Do outro lado da linha, a diretora só respirava. “Agora”, eu continuei, “por que uma criança de sete anos vai querer um marcador de texto?” “Na nossa escola, nós incentivamos que os alunos leiam e resumam o que leem. Só assim para eles melhorarem suas habilidades de interpretação.” “Certo,” respondi. Fazia sentido. Mas não me dei por vencido: só desligaria quando estivesse plenamente satisfeito. “E a cola?” “Para as aulas de artes, claro” — ela respondeu. “Assim como as cartolinas.” “Mas, diretora, são vinte folhas! É mais do que necessário, não?” “Não. A gente pede muita folha porque as crianças ou estragam a maioria ou dão um fim nelase a gente precisa repor. Aliás, essa é a mesma razão por que pedimos cinco apontadores, oito réguas e duas resmasde papel A4.” Minha nossa. Essa me pegou de surpresa. Ela estava chamando as crianças de descuidadas? “Claro que não, senhor. Mas o senhor tem de perceber que crianças perdem coisas.” Minha nossa, ela tinha uma resposta para tudo na ponta da língua! Mesmo pensando que aquele era um argumento infundado e não querendo aturar, acabei me conformando. Meu filho vivia perdendo coisas. “Tá bom” agora me preparava para minha pergunta derradeira. Era agora ou nunca. “E como é que a senhora explica esses dois quilos de arroz, dois de feijão, cinco ovos, carne e farinha de mandioca?” E a diretora do outro lado da linha deu um risinho de desentendida. “Como é que é, senhor?” Quando eu ia repetir, percebi que era a lista de compras que minha esposa tinha anotado na folha. Desliguei na hora. Ufa! Ainda bem que não tinha me identificado. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
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Test your Portuguese here: https://portuguesewitheli.com/assessment And here is the monologue for your benefit: Todo mundo começa essa história com “tenho um amigo que...”, então vou abrir o jogo com você e dizer que sou eu mesmo. E eu tenho um problema com minha namorada. Eu conheci ela no trabalho. Ela é de um departamento e eu, de outro. A gente não se bicava, mas era porque a gente só se via no trabalho. Eu já gostava dela, mas não me atrevia a chegar perto e levar um fora. Um dia, num happy hour, eu estava meio alto e tive coragem de enfrentar meu derrotismoe falar com ela. Vai que rolava alguma coisa, né? E rolou. No começo fiquei feliz como pinto no lixo, mas coisa de mês e meio de relacionamento e minha paixão já tinha para as cucuias. Não sabia que ela era tão pancada. Primeiro por causa dos livros que ela lê e que me deu: são todos de autoajuda. Ela endeusa esses empresários famosos. Quando eu critico eles, ela diz que eu devia deixar de resmungar, ver pelo lado positivo e tentar ser mais parecido com eles. Quem sabe eu não arranjava coisa melhor que trabalhar numa empresinha de quinta categoria? Essa me pegou em cheio. Posso até não gostar do marasmo da empresa, mas pelo menos eles me pagam na data certa. E sei que, com minhas qualificações, não vou conseguir coisa melhor no curto prazo. E isso não é ser pessimista, é ser realista. Até queria fazer algo por conta própria. Nesse mês que passamos juntos, apresentei trocentasideias de negócio. Mas ela dizia não para cada uma. Até chegou a me vaiaruma vez. Fiquei acabrunhado, num desalento enorme, porque, bem, que balde de água fria... Ela enalteciacada ideiazinha idiota desses empresários, mas as minhas, que até tinham futuro, ela atacava. E quando disse que tenho um problema, pensando bem, acho que não tenho não. Porque, conversando com você, vi que estou com a faca e o queijo na mão. Não vou ficar apagado, junto de alguém que só me bota para baixo. Posso até ser um pouco pessimista, mas ela não é otimista. Ela é tóxica. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
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If you'd like to grab a free copy of one of the learning guides, follow this link: https://portuguesewitheli.com/school Still a beginner? Do you want to read things in Portuguese every day but don't know where to find appropriate materials suitable for your level? Get to know today our exclusive Read Brazilian Every Day podcast. To access it now, follow this link: https://anchor.fm/readbrazilianportuguese And here is a transcript of the monologue for your benefit: Quando digo que vivo de fazer malabarismo, o pessoal acha graça. Pensa que estou brincando, já que, na maior parte do tempo, me veem saindo por aí, visitando parentelanoutros estados e viajando. Mas o fato é que tenho a impressão de viver apagando incêndio. Só para você ter uma ideia... Na facçãoda qual sou sócia, semana passada, recebemos um pedido enorme de roupas. Era uma oportunidade de ouro. Nessa conjunturaeconômica, o que cair na rede é peixe, e ter um pedido grande desses pode ajudar qualquer empresinha, ainda mais uma como a nossa, que está endividada até o pescoço. O único problema foi o prazo apertadoque nos deram: um mês. Íamos precisar trabalhar rápido e sem erros com a equipe que tínhamos, mas tivemos um desfalque – uma de nossas melhores costureiras pegou covid e agora estamos trabalhando dia e noite para terminar no prazo. E como uma desgraça nunca vem só, um ladrão entrou na facção e roubou um monte de peças de roupa. Só não deu zebra geral porque consegui um empréstimo no banco e contratei outras duas costureiras temporariamente para pelo menos nos ajudar a apagar esse incêndio. Essa já era uma batata quentepara a gente resolver, mas, como dizem por aí, não há nada tão ruim que não possa piorar. O nosso fornecedor de aviamentosatrasou a entrega do último lote. Tentamos comprar tudo com outros fornecedores, mas infelizmente estava faltando tudo na nossa região. Estávamos perdidas no mato sem cachorro. Todo mundo ficou tenso, porque, se não chegasse esse material, não dava para continuar a produção. E aí ia ser uma catástrofe. Mas a gente vai tocar o bonde. Vai dar tempo de terminar? Não sei, mas a gente ia peitar essa na raça. Na hora H, é sempre aquela: ou vai ou racha. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
And to grab a free learning guide, follow this link: https://portuguesewitheli.com Já não reconheço essa empresa. Quando cheguei aqui, isso era um lugar de vergonha. As pessoas chegavam na hora e arregaçavam as mangas. E elas não se recusavam a usar a farda da empresa! Às cinco, todo mundo parava o que estava fazendo e seguia para o ônibus da empresa, para voltar para casa à noite e viver sua vidinha honesta. Aí me chega um sujeito todo tatuado, com mil e uma ideias de como melhorar o processo de produção. Como melhorar o processo... Kkk, como se eu não conhecesse o processo. Trabalho aqui faz trinta anos, não arredo o pé daqui porque gosto do que faço e sei o que estou fazendo, e aí vem um menino, porque é isso que ele é, um menino, e vem tentar me ensinar um truque novo. Fui reclamar com o meu gerente. Como temos um bom relacionamento, podemos falar um com o outro de igual para igual, ainda que eu esteja num nível mais baixo da hierarquia. E eu disse para ele: — Veja bem, Celso. Eu sou veterano aqui, com não sei quantos anos de empresa, e um moleque vem me dizer o que fazer. Essa não aceito. E o Celso ri e me diz que “é só um conflito intergeracional.” Diz que sou um “velhote histérico” e que daqui a pouco me aposento. Então é melhor nem esquentar a cabeça com isso. É mesmo? Agora sou um velhote histérico que está dando ataque de pelanca? Não sei o que esses jovens estão pensando da vida. A maioria é como meu neto – só sabe olhar para o próprio umbigo e acha que tem direito a todo tipo de regalia. Mas eles não devem nunca dar duro num emprego, comprar uma casinha, constituir família e viver uma vidinha honesta... a maioria se acha predestinada a grandes coisas, mas no final ficam de mimimi ao primeiro sinal de dificuldade. Não são maduros. Se dizem despojados e querem ter o próprio estilo, mas são mesmo descuidados, não se vestem direito, não cuidam da aparência... Mas no fim o Celso acaba dando a razão ao moleque e diz que é melhor eu aceitar e acompanhar, porque senão fico para trás. Ah, tá. E agora que a empresa me explorou de todo jeito, querem que eu venha a obedecer a cada capricho de um pirralho desses. Só se for mesmo. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
If you'd like to see for yourself what a Learning Guide looks like, go here: https://portuguesewitheli.com/school-invitation And here is the monologue for your benefit: Já nem me lembro da última vez que pus os pés na biblioteca, e agora que estou voltando lá fico bastante animado. A memória do dia que fiz meu cadastrolá ainda está vívida. Fui para o balcão de atendimentoe perguntei como podia tirar minha carteirinha. A bibliotecária que atendia na época parecia estar sempre aborrecidacom algo, mas era só de fachada — uma palavra com ela e ela sorria numa simpatia sem par. Me pediu meus documentos, um comprovante de residência, assina aqui, carimba ali e pronto: eu era o feliz proprietário de uma carteirinha de usuário da biblioteca. Na época, o acervo era mirrado. Os livros mais populares tinham poucos exemplares. E muitos dos livros úteis faziam parte do acervo cativo, desses que não saem de jeito nenhum da biblioteca. A hemeroteca era uma mesa só e tinha poucos periódicos. Por causa dessa escassez, sempre que eu pegava um livro emprestado, a data de devolução era dois dias a contar da data do empréstimo. Podia renovar, desde que ninguém tivesse reservado o mesmo livro. E quando pegava o livro, a bibliotecária tinha que anotar tudo à mão num cartãozinho que ficava na contracapa da parte detrás do volume. Não tinha muita gente frequentando a biblioteca naquele tempo, mas era porque ninguém tinha o costume de ir procurar livros nas prateleiras das estantes de uma. E o horário de funcionamentotambém não ajudava nada, nada – a biblioteca abria dez da manhã e fechava três da tarde. Como um trabalhador ia lá nessas horas? E agora que voltei à minha cidade natal, decidi ir à biblioteca. Como disse, estava animado – será que tudo ia estar mais moderno, maior? Porém... que decepção! Foi chegar lá e ver que aquele lugar estava entregue às baratas. Os livros estavam empoeirados, as estantes, vazias, e não tinha uma alma naquele lugar fora a bibliotecária (que, por sinal, era a mesma). Entrei esperando a Biblioteca Nacional e dei de cara com o Museu Nacionalpós incêndio. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
If you'd like to learn more about the Conversation Club After Hours, in which we meet many times a week to discuss the podcast episodes, go to https://portuguesewitheli.com/cah And here is the monologue for your benefit: O Thiago sempre foi um cara muito focadoe aplicado no trabalho. Me espelhava nele para desenvolver meu trabalho aqui na empresa. Mas recentemente o Thiago deu um cavalo de pau na carreira dele e está indo de mal a pior. E tudo começou com uns lapsos de memória. Aqui e ali ele se esquecia de um pedido de um cliente. Ficava olhando para o nada por minutos até que alguém batesse no ombro dele e dissesse: “ei, cara, tá desligado por quê? É melhor voltar ao trabalho.” Ele sorria desconcertado e replicava que estava pensando nos jogos que tinha comprado. Jogos! Mais essa agora. Fui conversar com ele. Disse ao Thiago que ele tinha sido um modelo para mim, mas que agora eu estava estranhando a conduta dele no ambiente de trabalho. Ele me perguntou se eu sabia o que era um streamere eu respondi que sabia por alto, mas nunca me deu vontade de ir a fundo no assunto. Ele confessou que estava planejando iniciar uma carreira de streamer, porque era essa a sua paixão. Paixão... estava mais para recreação. E então ele começou a divagar, falando que nunca tinha seguido seus sonhos, que a vida era muito curta para ser desperdiçada a serviço de uma empresa e tal e tal e tal. Ainda tentei dar uns conselhos a ele, que procurasse um psicólogo, porque, pelo andar da carruagem, ele ia acabar no olho da rua rapidinho. Mas foi tudo em vão: ele se fez de surdo e continuou com aquela ideia na cabeça. Não vou mentir: comecei a pensar nos meus sonhos também. Até tentei me inteirar um pouco daquele negócio de streaming, mas estava muito aturdido com o volume de trabalho que comecei a ter depois que o Thiago passou a trabalhar menos. Os dias foram passando e ele estava mais apático e descuidado, até que, em plenasegunda-feira, ele pediu demissão. Tinha conseguido um contrato supimpacom uma empresa de jogos. E eu fiquei lá, chupando dedo. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message
If you'd like to grab a free learning guide, please go here: https://portuguesewitheli.com/school If you'd like to join the Continuing Education Program but are unsure, get more information here: https://portuguesewitheli.com/plg And here is the monologue for your benefit: Às vezes o pessoal zomba da minha mania de recorrer a ditados para explicar o que vejo. Mas faço isso porque sempre acabo tendo razão no final. E o ditado que eu mais uso é “Diz-me com quem tu andas e te direi quem és.” Um amigo meu, Pedro, começou assim. Primeiro, Pedro sempre foi um rapaz tímido, mas queria se entrosar com um grupinho de intelectuais da faculdade. Ele se enxergava como escritor. Os “intelectuais” — que para mim estavam mais para intelectualoides— bebiam feito gambás. Era para buscar inspiração, diziam. O Pedro começou a tomar umas para acompanhar os amigos... e também para buscar inspiração. Eu quis dissuadi-lo e disse a ele que cachaçaera quase sempre a porta de entrada para drogas mais pesadas. Mas quem disse que ele me deu ouvidos? E em pouco tempo saiu de um bebedor casual para um alcoólatra contumaz. Depois de dois meses, estava tão fissurado no álcool que mal frequentava o curso. Ou estava bêbado, ou estava de ressaca. Ainda tentei dar um conselho ou outro. Mas sempre que eu mencionava a palavra “vício”, ele retrucava: “Viciado? Quem aqui está viciado?” Entendo que é o barato é bom. A gente se esquece dos problemas. De repente pensa com maior clareza. Eu mesmo adorava a lombra que vinha depois de umas tragadas de maconha, mas sair daí para drogas mais pesadas é um pulo. Além do quê, usar drogas pega muito mal para o nome de alguém. Ganhar fama de “noiado” é o pior que pode acontecer para quem quer ser um profissional no futuro e ser levado a sério. Eu consegui largar as drogas, ainda que o desmametenha sido doloroso e os efeitos, perniciosos. E recente peguei o Pedro fumando maconha. Meu coração ficou apertado, porque sabia que dali em diante era só ladeira abaixo: depois ia para o craque, depois cocaínae quem sabe injetáveis. Meu Deus, só de imaginar que o Pedro deve estar frequentando bocas de fumo me dá medo do que pode acontecer. Sei que ele não tem um pingo de juízo – as drogas derreteram o cérebro dele – mas vou tentar fazer alguma coisa. É nas horas difíceis que se conhecem os amigos. --- Send in a voice message: https://anchor.fm/portuguesewitheli/message