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Convidado
Sana Canté: "Sissoco fez de tudo para me tentar subornar"

Convidado

Play Episode Listen Later May 30, 2025 28:25


O jurista, advogado e activista político guineense Sana Canté publicou recentemente um livro intitulado "Quando desistir não é uma opção", um testemunho pessoal em que relata a sua luta contra o actual poder na Guiné-Bissau e o violento sequestro que sofreu em Março de 2022 em Bissau, devido ao seu activismo político. Recebemo-lo nos estúdios da RFI. O livro intitulado "Quando desistir não é uma opção", com prefácio do jurista Fodé Mané, relata a forma como Sana Canté sobreviveu a um sequestro particularmente violento, filmado pelos agressores e cujo vídeo circulou nas redes sociais na altura do acontecimento, em 2022. Três anos depois, ainda em recuperação física e moral, Sana Canté conta-nos, nos estúdios da RFI, o olhar que tem de uma luta política sem compromissos. RFI: O livro inicia com a descrição do seu rapto. É espancado e abandonado quase morto, antes de ser recuperado por desconhecidos. O texto combina narrativa pessoal e reflexão política. Trata-se também de um apelo à acção?Sana Canté: Exactamente. Para quem já leu, quem acompanhou o nosso percurso e o que nos aconteceu depois de termos sido raptados e sujeitos à aberração da tentativa de assassinato por parte do actual presidente  -que para mim não é presidente nem nunca foi, pode perceber quanto nos custou relatar todo o episódio.Portanto, se a nós nos custou passar por esta situação e ter que relatar tudo de novo para partilhar esta experiência, temos que convocar as forças vivas da nação, o povo guineense, a não se resignar e a manter-se activo na luta de resgate ao nosso Estado.RFI: Conta que o rapto aconteceu à saída do aeroporto em Bissau. Foi em 2022, depois de ter estado dois anos fora do país. O Sana encontra-se com amigos e até mesmo com o sua segurança pessoal e acaba de chegar de Lisboa. Quando é que se apercebe que algo está a correr mal?Sana Canté: Logo quando desci do avião, percebi que estava a ser observado por alguém no primeiro piso do aeroporto. Estranhamente, numa altura em que praticamente todos queriam se aproximar de mim e fazer selfies, cumprimentar, encorajar, este alguém fixava-me com uma certa expressão de rancor.Tentei perceber, mas não conseguia estar atento a tudo, devido à pressão da solidariedade que muitas queriam expressar e me vinham cumprimentar. De resto foi acontecendo tudo muito rápido e infelizmente conseguiram me sujeitar ao bárbaro, à tortura e pronto. Foi o que aconteceu. Não foi por falta de advertência[Umaro] Sissoco Embaló quando foi declarado vencedor das eleições presidenciais, em 2020, mandou alguém pessoalmente para me dar o recado de que era capaz de perdoar a todos, menos a mim.RFI: Que outros dados tem que comprovam que o seu sequestro obedeceu a ordens superiores vindas directamente, como escreve no seu livro, de Embaló?Sana Canté: Antes de mais há este recado directo do próprio Sissoco, que foi, de certa forma, o que me impediu de voltar ao país. Fiquei fora dois anos a tentar me resguardar. Depois, quando já ia no carro, sequestrado, ouvi Sissoco do outro lado da linha telefónica com um dos agentes, sentado no banco da frente, do lado do passageiro. Eu relato essa passagem no livro. Ouvi o próprio Sissoco Embaló dar instruções claras, dizer que já sabiam o que tinham que fazer comigo e que não podiam de todo falhar. Mas, felizmente para mim, falharam. E aqui estou hoje.RFI: O Sana diz que foi uma tentativa de assassínio, mas quando tudo isto acontece, em 2022, não vivia na Guiné-Bissau, não era candidato em nenhuma eleição, de certa forma, não representava um perigo iminente para o poder na Guiné-Bissau. Porque razão foi vítima de uma tentativa de assassínio, como alega?Sana Canté: Não era candidato, mas representava um perigo devido a todas as minhas acções contra o regime que se instalou no país, e que continua até agora com muito medo do poder da manifestação popular. Eu liderava na altura o maior movimento da sociedade civil, o MCCI (Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados). O MCCI conseguiu mobilizar a maior manifestação contra este regime, representado agora na figura do Sissoco, mas que na altura estava a ser representado pelo JOMAV (José Mário Vaz). Na altura, Sissoco era Primeiro-ministro e não nos conseguiu demover. Tentou-nos subornar de todas as formas. Não conseguiu. Tivemos, na altura, uma audiência no gabinete do Primeiro-ministro, em que ele me ofereceu somas avultadas em dinheiro que eu recusei.Disse-me que seria capaz de me mandar de férias para qualquer país do mundo que eu quisesse. Mas estou aqui em Paris, sem qualquer subordinação. E portanto, esta capacidade de mobilização, a nossa forma de abordar a crise, de opinar sobre o que tem feito para destruir o nosso país e que sempre incomodou. Por isso fui sempre visado e não pouparam esforços para me atingir.RFI: Houve na altura alguma reacção política ao seu sequestro?Sana Canté: Sim, teve o envolvimento da Liga Guineense dos Direitos Humanos, da Diocese, das Nações Unidas.RFI: E do Governo da altura?Sana Canté: Não, não. O Governo, pelo contrário, esteve engajado em boicotar a emissão do meu passaporte. No sequestro retiraram-me todas as documentações. Depois de terem descoberto que afinal eu não tinha morrido, que precisava de ser evacuado com muita urgência para Portugal, resolveram boicotar a emissão do meu novo passaporte.RFI: Relata no livro os obstáculos administrativos ao fornecimento do seu passaporte, e conta que evocou a possibilidade de utilizar o passaporte do seu irmão gémeo para poder sair do país, tendo em conta as dificuldades. Sana Canté: Foi uma das opções, na altura. Dada a urgência, avaliámos a possibilidade de fazer uma fuga através da via terrestre. mas não foi possível devido ao meu estado de saúde. Então acabámos por nos manter intransigentes na emissão do passaporte e graças ao envolvimento do Departamento dos Direitos Humanos das Nações Unidas é que foi possível, finalmente, obter o documento.RFI: Conta que o chefe de Estado "tentou comprar a sua consciência por uma avultada soma em dinheiro". Qual era a intenção?Sana Canté: A intenção era colaborar com ele [Umaro Sissoco Embaló]. A proposta era clara, tratava-se de permitir a visita do então presidente do Senegal, Macky Sall, com quem Sissoco queria rubricar um acordo de exploração do nosso petróleo, uma coisa totalmente ilegal. Nós não aceitámos. E Sissoco estava disposto, naquele preciso momento, a entregar-me qualquer montante que eu pedisse, sem necessidade de ir ao banco.RFI: De que tipo de colaboração se tratava em troca?Sana Canté: Colaboração com o seu regime. Comigo não conseguiu, mas infelizmente conseguiu com vários dos meus colegas que eu aqui dispenso mencionar os nomes para não dar importância a este grupo de - infelizmente, traidores da causa que temos vindo a ter que defender.Mas entretanto, este episódio foi em 2017, na altura em que Sissoco era Primeiro-ministro. A nossa perseguição já vinha desde 2016 com JOMAV. Com a chegada de Sissoco como Primeiro-ministro, intensificou-se. Depois, quando assumiu a Presidência da República, teve cheque em branco para fazer o que quisesse. Não fui a primeira vítima nem a última.RFI: Continua a receber ameaças, ainda hoje? Sana Canté: Sim, sim. Continuam a enviar-me recados através dos tradicionais canais. Um dos recados que recebi, e aqui agora revelo publicamente pela primeira vez, foi através do seu actual ministro dos Negócios Estrangeiros.Foi quando o PAIGC ganhou as eleições legislativas em 2023, o governo do PAIGC queria colaborar comigo. E Sissoco fez tábua rasa a essa possibilidade. Foi através de Carlos Pinto Pereira, que era na altura meu grande amigo, alguém que eu apreciava muito, sobretudo na advocacia, mas infelizmente fica aqui a minha decepção registada. Foi através dele que me passou o recado. RFI: Qual era o recado? Sana Canté: Que ainda ia me conseguir pegar... A intenção era clara e continua a ser essa a sua intenção, me matar. Eu não tenho dúvida disso.RFI: Neste contexto, ir a Bissau é viável? Sana Canté: Se dependesse só de mim, já estaria lá. Não temo pela minha vida. A causa é que me importa mais. De momento ainda estou a recuperar deste sequestro. Essa é a única razão. Senão já estaria lá. Mas que Sissoco fique tranquilo que a causa não é Sana Canté. Mesmo que morra, isto já ganhou um ritmo que não há como voltar atrás.RFI: Há um detalhe intrigante no seu livro é que todos os nomes próprios têm maiúscula, menos o nome de Umaro Sissoco Embaló e dos seus próximos e aliados.Sana Canté: Ainda bem que notou este detalhe. Foi propositado. Não merecem maiúsculas. Temos que fazer essa menção devidamente quando se trata de humanos, de pessoas com dignidade. Mas quando falta este carácter... O mínimo que eu podia fazer em respeito aos meus leitores era este truque académico. RFI: Estudou na Faculdade de Direito de Bissau, foi presidente do Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados (MCCI). Na altura, José Mário Vaz era Presidente, Botche Candé era e ainda é ministro do Interior. Já naquela altura havia relatos de espancamentos. As manifestações eram proíbidas, eram dispersadas pela polícia a gás lacrimogéneo, granadas e bastonadas. O que é que mudou e qual é a diferença com o actual poder de Umaro Sissoco Embaló?Sana Canté: Não, nada mudou. Eu continuo a insistir de que se trata do mesmo regime. O regime que sequestrou o país em 2015 é o mesmo regime que se mantém até agora. Apenas mudou a figura. JOMAV foi substituído por Sissoco.Mas o modus operandi continua igual. Nós fomos vítimas de tentativas de sequestro. As técnicas de segurança que utilizamos para escapar dessas tentativas de sequestro, e que relatei no livro, foram instruções dadas por uma célula que as Nações Unidas tinha na Guiné-Bissau.Portanto, o regime apenas substituíu um dos seus elementos. Estão agora a tentar substituir o Sissoco, e ele está a tentar resistir a essa substituição, pelo Nuno Gomes Nabiam, que aqui participou na assinatura do Acordo de Paris, ou pelo Braima Camará ou por um dos seus elementos. Temos a obrigação de continuar a chamar a atenção da opinião pública para todas estas manobras.RFI: No seu livro tecem ainda uma crítica social. Relata que, para além das perseguições políticas e da violência contra activistas políticos, quem sofre na realidade, é a maioria da população. Escreve que "o sistema educativo está completamente inerte. A pobreza é extrema. Morrem crianças nos hospitais por falta de médicos ou morrem em casa por falta de hospitais. Morrem mulheres grávidas por falta de oxigénio ou de ambulâncias. A média da esperança de vida é das mais baixas do mundo". Chega apenas aos 64 anos, de acordo com a ONU. Apesar de tudo, ainda há esperança?Sana Canté: É o que diz o livro "Quando desistir não é opção". Isto não é possível. As pessoas morrem de fome. Neste momento estamos a falar e há quem já morreu porque faltou dinheiro para comprar medicamento, ou porque na sua tabanca nem sequer tem hospital, quanto mais um médico. Precisamos de salvar o nosso país. Portanto, se do regime colonial conseguimos nos livrar... Obviamente que face a este grupinho de  -desculpem-me a expressão, de delinquentes, vamos nos bater para resgatar o nosso país.RFI: E no entanto, reconhece que "é compreensível a falta de esperança do povo que guarda na sua memória colectiva as consequências da luta armada, da guerra civil e dos frequentes golpes de Estado".Sana Canté: Exactamente. A independência trouxe muita esperança. Uma exagerada esperança que, de certa forma, não andou no mesmo ritmo que a realidade, não é? E isto acabou por se frustrar com o golpe de Estado de 1980. Iamos correr com os "tugas", agora com o que é que ficamos?Claro que muita coisa melhorou. Claro que temos agora médicos que com a colonização não tínhamos. Mas entretanto, essa esperança não se concretizou. Faltou aqui uma oportunidade que nós nunca tivemos. A oportunidade de uma liderança estável, capaz de proporcionar o mínimo necessário para o nosso povo. Que o povo não esteja a bater-se tanto para conseguir alguma coisa para comer. Que não tenha dificuldade de recorrer ao hospital quando precisa, ou à escola. Ou seja, o nosso país não está neste mundo.E tudo isto leva as pessoas a não acreditar em ninguém. Qualificam os políticos como farinha do mesmo saco. Essa falta de esperança faz com que o povo não esteja fortemente determinado em acabar com este regime. Essa falta de esperança está a cansar também.Se o povo tivesse experimentado boa vida, desenvolvimento, o mínimo necessário, ninguém estaria em condição de enganar a população, como agora fazem.Sabe o que é que o Sissoco disse durante a sua campanha? Que ia levar um cheque um bilhão e meio de dólares, em quatro aviões. E a maioria dos seus eleitores acreditou.RFI: Que olhar tem sobre a actual oposição política guineense?Sana Canté: De momento, não temos oposição. O que temos é um país cujas instituições democráticas, todas elas, foram sequestradas. A oposição só existe num Estado de direito democrático. Neste momento, perante a realidade do meu país,tenho dificuldades técnicas de qualificar quem é oposição perante quem. RFI: Olhando para as eleições gerais, fixadas por Umaro Sissoco Embaló para Novembro, o que considera que a oposição deveria fazer? Boicotar as eleições? Participar?Sana Canté: Várias possibilidades. Na minha opinião, boicote não resultaria em nada. O que eu acho que a oposição deveria fazer é aplicar o princípio da igualdade de armas. Se Sissoco usa a violência, então usem a violência. O uso da violência é um direito institucionalizado democraticamente. Mas quando é usado fora das regras constitucionais, estás a fazer uma vindita privada, estás a seguir interesses anticonstitucionais. E a reposição da ordem constitucional, quando é urgente, legítima também a oposição a fazer uso desse princípio da igualdade das armas. Se não consegue, tudo bem.Mas a oposição reuniu-se aqui em Paris e assinou o Acordo de Paris, com participação do PAIGC, o meu partido. Acho que faltou muita coisa nesse acordo. O quê? Primeiro, perante a realidade que se está a viver no país, tinham que apresentar um candidato comum logo na primeira volta. E não andar a equacionar a possibilidade de se candidatar individualmente para depois se juntarem na segunda volta... Tinham que definir um único candidato. Dava mais força.Segundo, reconhecem que o Sissoco é ex-Presidente da República. Tudo bem. Sendo ex-presidente, quem é o Presidente da República interino? É o presidente da Assembleia Nacional Popular. Tinham que declarar que reconhecem Domingos Simões Pereira, como Presidente da República da Guiné-Bissau. Faltou também este elemento no Acordo de Paris.Precisavam de ter muita coragem. O que me leva a acreditar que eles não querem o Sissoco mas também não querem o Domingos Simões Pereira, nem querem a verdade.O nosso problema é que culpamos Sissoco de tudo. Mas Sissoco não é detentor da força, do poder que existe na Guiné-Bissau. Nem o JOMAV era detentor desse poder.Na altura, já dizíamos Dissemos que a luta contra JOMAV tinha que ser contra o regime. E agora alguns combatentes, como gostamos de nos chamar, estão a traduzir o regime numa luta pessoal contra Sissoco.Mas se Sissoco for substituído por um dos seus agentes do regime, Nuno Gomes, Braima Camará ou Fernando Dias -que agora felizmente parece estar a seguir pelo caminho da democracia... Tudo isto não passa de estratégias políticas, não estamos propriamente a agir em defesa da ordem constitucional e da verdade.RFI: Fala no seu livro de responsabilidade geracional. O que diria hoje à juventude da Guiné-Bissau que poderá ter perdido a confiança na política?Sana Canté: Como diz o presidente brasileiro Lula, se perdeu a confiança na política, então faz política. Se acha que os políticos actuais não são adequados, então esse político poderás ser tu. Não nos podemos distrair com desânimos, com críticas desnecessárias. Temos que estar comprometidos com a solução dos problemas. A nossa geração, a juventude, sobretudo, não pode ser infiel à sua própria essência. A juventude nunca deve ter medo de enfrentar um problema, Nunca deve ter medo de usar todos os meios necessários para mudar o mal. A juventude tem que ter a coragem de expressar isto.  Ouça a versão curta da entrevista com Sana Canté: 

COMO ENRIQUECER
Tentei Viver Como um Milionário com Apenas R$10 por Dia – Veja o Que Aconteceu - IGTV

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Play Episode Listen Later May 8, 2025 1:54


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Cultura
Lucas Arruda expõe paisagens em diálogo com mestres do impressionismo no Museu d'Orsay, em Paris

Cultura

Play Episode Listen Later Apr 12, 2025 6:07


Convidado para expor no templo dos impressionistas, o Museu d'Orsay, em Paris, o artista plástico Lucas Arruda concebeu “Que importa a paisagem” como parte da Temporada França-Brasil 2025. Em suas paisagens, ele fala através de luzes, pinceladas, gestos e memória. Patrícia Moribe, em Paris“Fiquei muito feliz pelo convite”, conta Lucas Arruda, o primeiro artista brasileiro contemporâneo a exibir no Orsay. “Acho que também tive uma certa ansiedade, um certo nervosismo, um certo medo de ter algum aspecto pretensioso em estar aqui. Mas aí, aos poucos, eu fui achando essas relações [entre os quadros] e percebendo que daria para construir algo que não confrontasse, mas que sim, respeitasse e continuasse.”A ideia de trabalhar com Lucas Arruda já estava em pauta há algum tempo, conta o co-curador Nicolas Gausserrand. "Quando estamos diante de uma tela de Lucas Arruda, temos a impressão de que ela nos é familiar, e é o poder da paisagem de nos dar a sensação de que já a vimos", observa."Seja na realidade ou na pintura, as pinturas de Lucas Arruda parecem se inserir perfeitamente nessa continuidade, que é importante no Museu d'Orsay, ao mesmo tempo, trazendo uma contribuição nova, que é o fato de que ele não pinta, ao contrário dos impressionistas, diante da cena que vê. Todas essas telas são imaginadas e são totalmente ideais de paisagens feitas em sua mente.”“Há algo bastante didático na progressão da exposição, falando primeiro sobre paisagens, em um encontro que não é conflituoso, mas organizado de maneira bastante elegante, tanto para as obras das coleções - Rousseau, Corot, Boudin, Pissarro – como para as obras de Lucas Arruda”, explica Gausserrand.“Há também um deslocamento bastante excepcional do Mar Tempestuoso, de Courbet, para a galeria impressionista. E a conversa acontece de maneira bastante fluida com a paisagem como tema”, acrescenta Gausserrand.“Que importa a paisagem”, frase tirada de um poema de Manuel Bandeira, trafega por três salas. A primeira, com vários expoentes do impressionismo; depois, uma ala só com as séries de Arruda, que funciona como uma quebra e a continuidade do diálogo.Há mais de 15 anos, Lucas Arruda vem trabalhando paisagens em quadros de pequeno formato, da série Deserto-Modelo. O formato reduzido parece concentrar e, ao mesmo tempo, aumentar essa realidade virtual. O visitante precisa auscultar traços e matizes, guiado pelas luzes e memórias de Arruda.Depois, na sala de Claude Monet, cinco versões da catedral de Rouen inspiraram Arruda a buscar cinco imagens de florestas.“Tentei achar cinco matas que tivessem luzes diferentes, construções diferentes. Então foi tudo um pouco pensado, com o entorno, com algumas limitações”, explica.Ele fala sobre a influência dos impressionistas, mas sua obra vai além, com imagens que remetem a outras gerações de artistas, como William Turner, Joseph Constable, Mark Rothko, ou ainda as fotografias de Hiroshi Sugimoto.O artista explica ainda a admiração pelo trabalho de Alfredo Volpi, um dos grandes nomes do modernismo brasileiro. “A luz que vem de trás da têmpera do Volpi tem essa transparência, essa pincelada aberta, que não fecha, que não sela. É uma pincelada que, ao mesmo tempo em que ela deposita, ela também abre luz de trás.”“Que importa a paisagem”, de Lucas Arruda, fica em exposição no Museu d'Orsay, em Paris, até 20 de julho de 2025.

Ponto Final, Parágrafo
Episódio 85 - Luísa Sobral: «Gosto de quando a Literatura não me mostra só um lado da história. Não quero que me digam: “É suposto sentires-te assim". No meu romance, tentei dar os dois lados»

Ponto Final, Parágrafo

Play Episode Listen Later Mar 24, 2025 67:16


A reconhecida cantautora portuguesa estreia-se agora com um romance. Depois de dois livros de literatura infantil, Luísa Sobral publica Nem Todas as Árvores Morrem de Pé, editado pela Dom Quixote. Revela que, ao longo da vida, devido à sua profissão de cantora e compositora, desenvolveu uma grande capacidade de se intrometer na vida dos outros, roubando-lhes histórias com a perícia dos carteiristas do elétrico 28. É quase o caso deste romance: o livro que surge de uma notícia partilhada por uma amiga, que contava a história de um casal alemão a viver em Vila Real.Luísa tinha o final da história, bastava-lhe inventar o início. Para isso, rebobina a vida das personagens até à Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial, e monta um enredo junto do Muro de Berlim, que dividiu famílias - incluindo a da protagonista.Neste episódio do podcast “Ponto Final, Parágrafo”, gravado ao vivo na Livraria Buchholz, em Lisboa, Luísa conta-nos como foi o processo de escrita do livro, que desafios teve na construção do seu primeiro romance, que inspirações encontrou - e até canta para o público presente a canção que lhe surgiu antes de escrever a obra.Considera contribuir no Patreon para ter acesso a episódios bónus, crónicas e novas rubricas: patreon.com/pontofinalparagrafoContacto do podcast: pontofinalparagrafo.fm@gmail.comSegue o Ponto Final, Parágrafo nas redes sociais: Instagram, Twitter e FacebookProdução, apresentação e edição: Magda CruzCaptação de áudio: José BarataGenérico: Nuno ViegasLogótipo: Gonçalo Pinto com fotografia de João Pedro MoraisFoto: João Pedro Morais

Fala Agora
EP 257 - Festival da Canção, Casa Nova, pó de obras, marketing de funerárias

Fala Agora

Play Episode Listen Later Mar 10, 2025 22:45


Como é que tamos? Cheio de Eco, ya. Tentei ao máximo que não tivesse este reverb todo, mas pronto. Se me quiserem oferecer tapetes também ajuda. Semana pós férias açorianas então não me chateei muito, só uma beca para não estranharem. Abraço a todos os Deslocados e até pra semana.Links homeopáticos -⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠https://linktr.ee/joaonunogoncalo⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠Sem preciosas perguntas

Ansiedade - Psicóloga Thalita Couto
#145# Como se libertar de vícios

Ansiedade - Psicóloga Thalita Couto

Play Episode Listen Later Feb 18, 2025 24:35


Oi, queridão e queridona! Finalmente saiu o episódio. Tentei gravar tantas vezes, mas dava erro na voz. Depois de gravado, dava erro nas plataformas. Então hoje, depois de entender que precisava descansar de tentar tento, finalmente funcionou! A música de fundo saiu baixa. Mas preferi não gravar de novo por motivos de o feito ser melhor que o perfeito. Desejo muito que essa reflexão te faça sentido. Boa audição!

Alta Definição
Anabela: “No ano em que o meu pai faleceu tive um cancro da mama. Caiu o mundo, chorei, mas tentei levar tudo com mais ligeireza”

Alta Definição

Play Episode Listen Later Feb 15, 2025 50:23


Anabela é a convidada de Daniel Oliveira no 'Alta Definição'. A cantora recorda com saudades as memórias de infância, o prazer que tinha em estar em palco a cantar. Aos 12 anos, num acidente “na estrada onde morreu Carlos Paião”, partiu as pernas. Mas o apoio dos pais foi fundamental para prosseguir uma carreira na música. Relembra ainda a morte do pai, que trouxe “tristeza”, mas também “paz”, por ter conseguido expressar o seu amor e revela ainda que enfrentou um “cancro da mama”, informação que manteve privada até hoje. Um dos mais recentes desafios foi participar no programa “A Máscara”. Tentou disfarçar a voz, mas o próprio filho conseguiu perceber que Anabela estava por trás do Relógio. Oiça aqui a conversa em podcast, emitida na SIC a 15 de janeiro.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Portuguese For Listening With Eli And Friends
Episode 258: An Evening at the Movies

Portuguese For Listening With Eli And Friends

Play Episode Listen Later Jan 30, 2025 52:00


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Artes
BD recorda tempos em que os clandestinos eram os portugueses

Artes

Play Episode Listen Later Jan 8, 2025 12:48


“Em Silêncio” é uma banda desenhada de Adeline Casier que ilustra o que foi o “salto”, ou seja, a emigração clandestina para França de milhares de portugueses durante a ditadura do Estado Novo. Entre 1957 e 1974, 900 mil portugueses foram para França e milhares atravessaram as fronteiras sem passaporte. Foi o caso do avô da autora, cuja viagem clandestina para França é retratada na obra e mostra que os dramas da imigração ilegal continuam, só mudaram as nacionalidades dos protagonistas. A história de “Em Silêncio” começa com disparos sobre homens que caminham em fila algures nas montanhas dos Pirinéus. Estamos em Novembro de 1962 e a miséria, a falta de trabalho e a ameaça de mobilização para a guerra colonial obrigam João a deixar as filhas e a esposa na aldeia de Arnozela, no norte de Portugal, para procurar sustento em França. João vai à procura de uma vida melhor e mergulha numa viagem para o desconhecido depois de pagar a um passador. A sua história ecoa com as de tantos milhares de portugueses que a viveram e com as de tantos outros que hoje a repetem a partir de outros países.“Através da história do meu avô, espero que os leitores se possam identificar com uma história mais universal que é a da imigração ilegal”, conta a autora, que nos começa por explicar o porquê do título “Em Silêncio”. Esta história é baseada no testemunho do meu avô, mas eu criei uma parte. Há uma personagem que eu inventei e que não fez parte do seu testemunho. Existem também cenas que acrescentei para fins narrativos e para o argumento. De qualquer forma, no seu testemunho, o que aparecia muito era que nesta travessia que ele fez, havia esta coisa de se esconder sempre, de não fazer barulho, como se tivéssemos de ser um pouco transparentes... Esconder-se nas granjas, nas rochas, na natureza. E tudo porque ele atravessou a Espanha a pé.E depois, ‘Em Silêncio' porque, na minha história, o meu avô teve uma espécie de vergonha em relação ao que viveu e há toda uma reflexão em torno do facto de ter passado por tudo aquilo para chegar a um país onde não se sentia necessariamente confortável ​​ou não foi bem-vindo como esperava. É como um sonho desfeito. Esperávamos encontrar logo um trabalho, ter dinheiro, ter uma vida confortável e acaba por ser um pouco mais complicado do que isso. Também noutros testemunhos de migrações, ouvi muito sobre o medo de contar à família tudo por que se passou, tudo o que se viveu e que quando lá se chegou, foi difícil e houve uma espécie de desilusão. Foi aos 23 anos que Adeline pediu ao avô para lhe contar o que viveu e agora, com 27, publica a BD. O objectivo não é fazer do avô um herói, mas mostrar a dimensão universal e intemporal da emigração. Desde pequena, ela sempre ouviu os relatos da mãe, de onde sobressaía a imagem do avô a entrar em França escondido numa carrinha carregada de porcos que iam para o matadouro. Esta é a história do meu avô. Pedi-lhe para me contar a sua história, como chegou a França. Tudo começou porque a minha mãe me contava uma pequena parte dessa história que é o momento em que o meu avô teve de atravessar a fronteira entre Espanha e França. Como havia o risco de controlos da alfândega, ele escondeu-se num camião de porcos com outras pessoas que emigravam. Tiveram que se esconder porque isso evitava que a alfândega revistasse os camiões e também porque conseguiam estar no quentinho porque era no inverno.Por isso, sempre tive esta história na cabeça, desde a minha infância, e quis saber mais. Então, pedi ao meu avô que me contasse a sua história e decidi fazer um livro. É preciso ver que as histórias de imigração ilegal são muito contemporâneas.  Ainda que esta história conte momentos vividos que podem ser muito diferentes de alguém que hoje migre de um país africano para França, penso que se encontram imensas dificuldades para se chegar a este país e para se ser acolhido como se deve, com respeito. Há, ainda, um certo "silêncio" em torno da história da emigração portuguesa para França durante a ditadura do Estado Novo. Nos últimos anos, o tema começou a ser mais tratado em filmes, livros, estudos académicos e isso contribuiu para se começar a falar mais no seio das próprias famílias, até graças à curiosidade das gerações mais novas que procuram as raízes. Foi o que aconteceu, também, com Adeline. Antigamente, tinha-se medo de falar. Não era bem medo, eu diria que não nos atrevíamos a falar das dificuldades da vida, de quando chegávamos ao país de destino e vivíamos na pobreza ou não era o que esperávamos. Talvez tivéssemos medo do olhar dos outros, que dissessem “foi para isso que saíram do país”…. E depois há muitos portugueses que tiveram a impressão de que essas pessoas que partiram traíram o país. Bem, foi o que ouvi, não é o que penso, mas foi o que ouvi. Acho que isso também deve ter contribuído para o facto de não se querer contar esta história.Além disso, em França ouvi muito a frase ‘Ah, os portugueses são mesmo bons trabalhadores, nunca dizem nada, nunca se queixam'. Mas acho super hipócrita dizer-se isto porque mostra que os portugueses não tinham meios para falar e dizer o que sentem ou não podiam porque se o fizessem o patrão poderia dizer-lhes: "Então amanhã não venha trabalhar' e se não houver emprego, não há papéis. Isso colocava as pessoas em situações muito complexas e em que não tinham voz. Fazer este livro foi também uma forma de dar voz ao meu avô, de o homenagear e de lhe dar a voz que ele talvez não tenha tido naquela altura.Ele saiu de Portugal porque havia a ditadura salazarista e porque houve mobilizações para levar pessoas para Angola, para Moçambique. Depois, a França beneficiou bastante porque houve muitos portugueses que vieram para França sabendo que o país tinha de ser reconstruído depois da guerra e que encontrariam trabalho imediatamente. Este foi também o caso dos italianos durante um período e os patrões beneficiaram porque tinham mão-de-obra barata que podia realizar trabalhos difíceis. A história do avô e dos seus companhieros de viagem é uma longa travessia que dura noites e dias. São quilómetros e quilómetros e quilómetros a caminhar imenso a pé, a dormir ao relento e em granjas, sempre escondidos, à mercê do frio, dos passadores e da eventual solidariedade de quem cruzassem. Pelo caminho, perde-se a noção de tempo e espaço, há fome, sapatos rotos, encontros e desencontros. Os contrastes dos desenhos, a preto e branco, acentuam as paisagens interiores e exteriores que acompanham as personagens. Gosto muito de trabalhar a preto e branco. Tentei trabalhar com cor, mas não funcionava. O preto e branco e os contrastes que posso obter com o meu lápis também me permitem usar esses ambientes cinzentos como uma ferramenta para contar histórias. Na verdade, não é só dar a atmosfera de uma cena, a luz, é também a forma como conto uma história, como posso intensificar a emoção de uma personagem, por exemplo, ou destacar um elemento graficamente para reforçar algo. Na verdade, o meu preto e branco, os meus contrastes são uma ferramenta gráfica da narrativa.Como o meu avô me contou a sua história, eu quis conseguir transcrever pela narração os seus sentimentos. A certa altura, havia realmente uma noção de perda de tempo porque ele tinha constantemente de atravessar caminhos de montanhas, vales, e esconder-se… Por vezes podia ser recuperado por um passador a meio da noite ou a horas completamente aleatórias porque era perigoso e talvez fosse melhor atravessar à noite porque havia menos risco de se encontrarem pessoas ou porque os passadores só podiam chegar nessa altura - muitas vezes eram pessoas que faziam outras coisas em paralelo.O meu avô contou-me que, quando ele fez a travessia, houve pessoas que não chegaram ao fim. Há, ainda, os ecos da “fotografia rasgada” a recordar a forma como se pagava aos passadores e em homenagem ao trabalho do cineasta que mais retratou a emigração portuguesa em França, José Vieira. Também se vê a pobreza dos bairros de lata desenhados a partir das imagens de Gérald Bloncourt, o fotógrafo franco-haitiano que também escreveu um capítulo da história dessa emigração.Através da história do meu avô, espero que os leitores se possam identificar com uma história mais universal que é a da emigração ilegal (…) Espero que isto possa criar uma reflexão sobre as migrações e sobre a visão que temos em relação às pessoas que consideramos estrangeiras no nosso país. Bem, não tenho a certeza que a palavra ‘estrangeiro' seja uma boa palavra porque podemos não ter exactamente as mesmas culturas, mas somos todos seres humanos que sentem coisas, que experienciam coisas e somos, um pouco, todos iguais.Há pouco mais de 50 anos, milhares de pessoas fugiam de Portugal, onde estavam privadas de tudo, incluindo das necessidades mais básicas como o pão, a saúde, a educação e a liberdade. A BD “Em Silêncio” recorda-nos que ontem eram os portugueses a atravessarem fronteiras sem documentos e que hoje são tantos outros povos a entregarem-se a passadores e a rotas desconhecidas para tentarem, simplesmente, uma vida melhor.

Miopia
Miopia #268 - Eu tentei

Miopia

Play Episode Listen Later Dec 23, 2024 53:40


Olá, míopes! Para encerrar o ano em grande estilo, Eliabe, Leandro e Luciano falam sobre todas as vezes que eles tentaram fazer algo e falharam miseravelmente, começando em dança de salão, passando pelo Playcenter e chegando em fazer lettering. Míopes do mundo, uni-vos! Junte-se ao grupo mais divertido, embaçado e modesto do WhatsApp. Venha para o grupo de ouvintes do Miopia, o podcast mais embaçado do Brasil! ⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠(clique aqui)⁠

Juntos ao Bilhão Podcast
Me venda essa caneta #vendas #juntosaobilhao #lobowallstreet

Juntos ao Bilhão Podcast

Play Episode Listen Later Dec 16, 2024 10:24


Fala pessoal, Matheus do Juntos ao Bilhão aqui.O vídeo de hoje é de qualidade, como sempre!! Tentei trazer estratégias para vender a caneta, usando o lado da razão e da emoção. Me conte o que achou do vídeo e qual estratégia você usaria vender a caneta?

Artes
Banzo fala sobre o tempo das roças e também "da escravatura moderna e contemporânea"

Artes

Play Episode Listen Later Dec 3, 2024 12:25


O filme Banzo, passado no início do século XX em São Tomé e Príncipe, de Margarida Cardoso estreia este mês em França. No entanto, temas como migrações forçadas, a impossibilidade do retorno e a impotência de quem não detém o poder nem a autoridade são temas cada vez mais actuais. O médico português Afonso Paiva chega em 1907 a São Tomé e Príncipe e é confrontado com uma misteriosa doença, que faz com que um grupo de contratados vindos de Moçambique deixem de comer e passem os seus dias prostrados, sem capacidade para trabalhar. Chamam-lhe a esta doença nostalgia, ou banzo. Um sentimento cunhado pelos escravos levados nos séculos precedentes de forma forçada de África para o Brasil.É assim que começa a história do filme de Margarida Cardoso, Banzo, que foi mostrado em antestreia no Festival Olá Paris!, que decorreu na capital francesa. O filme tem saída oficial em França no dia 25 de Dezembro e a ideia para esta longa-metragem tem como partida relatórios médicos que Margarida Cardoso encontrou enquanto fazia pesquisa sobre a planta de cacau no arquipélago, como descreveu em entrevista à RFI."A ideia deste filme surgiu pelos tempos que passei em São Tomé e Príncipe para fazer um documentário que até na realidade era uma encomenda sobre a planta de cacau e eu comecei a investigar sobre a planta de cacau que veio da Amazónia e depois acabei por passar muito tempo pensando como é que era a relação que tínhamos mais próxima com essa planta e nos arquivos encontrei muitos relatórios médicos onde fiquei intrigada com uma lista que faziam das pessoas que eram internadas nos hospitais, das roças onde havia pessoas que morriam, do que se chamava nostalgia. E aquilo começou intrigar-me. E eu sabia que a nostalgia é o que se chama depressão no fundo. E tentei então fazer este filme inspirado nessa relação, porque a relação das roças também com os hospitais e com a questão de manterem a mão de obra sempre muito oleada é uma coisa que nos faz pensar  sobre estes sistemas coloniais. E foi daí que nasceu essa ideia de criar o Doutor como personagem principal", disse Margarida Cardoso.Mesmo sendo um filme de época, passado no início do século XX, Margarida Cardoso diz que a situação destes contratados forçados a deslocarem-se se assemelha muito aos actuais movimentos de migrações em que quer por razões económicas quer para fugir à guerra, muitas pessoas partem dos seus países em África, Ásia ou América do Sul para tentar uma vida melhor nas potencias ocidentais."Tentei no filme mostrar várias imagens ou algumas analogias com o que se passa hoje. Tanto o barco onde as pessoas estão, como o sistema de 'importação' das pessoas, onde os passadores são pessoas que mudam de nome, mudam de lugar, mas são sempre os mesmos e que, no fundo, todo esse lado mais de escravatura que existe hoje e que é uma escravatura moderna e contemporânea, ela existe exactamente nos mesmos sistemas", declarou.O filme fala também da situação de São Tomé e Príncipe há mais de 100 anos, quando ainda era uma colónia portuguesa e vivia sob o domício das grandes empresas detentoras das roças de cacau,noutra analogia com o que é hoje São Tomé e Príncipe."Eu tenho muita consciência do que se passa em São Tomé. É uma espécie de, pelo menos no meu ponto de vista e pode ser às vezes um pouco injusto, mas é como se fosse um limbo. Está tudo parado e tudo à espera de que alguma coisa se movimente, aconteça e não está a acontecer nada. [...] Eu acho que São Tomé foi quase sempre um entreposto e uma terra que serviu para ser explorada. E hoje, já não havendo essa exploração, acabamos por ficar numa espécie de um limbo, no sítio, em lado nenhum. E eu não vejo muitas perspectivas, mas tenho a certeza que haverá solução para muitas das coisas que acontecem no país", declarou a realizadora.Esta película foi rodada em São Tomé e Príncipe, com a equipa a deslocar-se até lá, levando com ela a logística necessária para filmar. No entanto, a chuva não deu tréguas à rodagem assim como outras peripécias, algo que acabou por unir a equipa e os habitantes locais que participaram no filme."Eu acho que não houve nenhum dia no filme que não houvesse uma grande catástrofe, Mas é mesmo verdade e sempre conseguimos ultrapassar essa catástrofe. E isso foi muito bom. Realmente a nível técnico, fazer chuvas em São Tomé é muito difícil. Chegámos a encher piscinas porque a chuva no cinema não pode esperar, tem de ser contínua. Foi tudo muito difícil, mas a própria natureza às vezes estava contra nós. Mas no fundo, num balanço geral, acho que até esteve a favor", concluiu.O filme tem estreia prevista em São Tomé e Príncipe para o mês de Maio.

A Segunda Mulher de César
Morangos com Açúcar (temporada 4)

A Segunda Mulher de César

Play Episode Listen Later Nov 26, 2024 25:01


Mais uma temporada de Morangos com Açúcar, mais um episódio deste podcast sobre isso, mas hoje para cascar forte e feio. Foi das temporadas mais fracas que já de todas as séries do mundo e claramente a pior de McA de sempre! Assustador. Tentei no final destacar 2 coisas boas para não parecer mal e o Smooth Operator foi fraquinho... 

Te Dou Um Poema
T5. EP 1 - A retomada, com Samuel Beckett e José Saramago

Te Dou Um Poema

Play Episode Listen Later Nov 8, 2024 3:34


Quase ano se passou e muita coisa poderia ter virado episódio. Tentei e falhei, não sei se falhei melhor. Mas tomei a decisão de, após tanta dedicação ao jardim dos outros, não deixar o meu abandonado. Por isso, o Te Dou Um Poema está de volta. Nesta retomada, o irlandês Samuel Beckett, uma referência em dramaturgia, e o português José Saramago, romancista de peso, aparecem na faceta poética.

Tudo Isso é Temporário
#29 Halloween

Tudo Isso é Temporário

Play Episode Listen Later Nov 1, 2024 17:11


Eu não quero que outubro acabee, é tão bom o halloween. Tentei seguir um padrão com roteiro pro podcast mas não deu certo, o negócio aqui é falar livremente Histórias para: tudoissoetemporario@gmail.com Segue nosso insta pra ver carrosséis legais e mais ++ ⁠@tudo_temporario⁠ | Por ⁠@sabrina.maxado⁠

Convidado
“O presidencialismo é uma solução para São Tomé e Príncipe”

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 15, 2024 8:19


O antigo Presidente de São Tomé e Príncipe, Fradique de Menezes, defende que o presidencialismo é uma solução para o país. A questão foi recentemente colocado pelo primeiro-ministro, Patrice Trovoada, admitindo propor a mudança para um regime presidencialista antes das eleições gerais de 2026. Fradique de Menezes considera que o presidencialismo pode clarificar alguns conflitos, quando a instabilidade política e a elevada dívida externa continuam a adiar o desenvolvimento do país. RFI: O senhor mostra-se preocupado com aquilo que considera ser a " dívida externa terrível" de São Tomé e Príncipe e diz que o país, após a independência, não soube fazer as escolhas certas. O que o leva a fazer estas afirmações?Fradique de Menezes, ex-chefe de Estado de São Tomé e Príncipe: Os países que tinham meios para sobreviverem tiveram a sua independência e conseguiram singrar . São Tomé e Príncipe quis fazer o mesmo, mas não nos preocupamos muito com o sector económico para a sustentabilidade da soberania, da independência do país.Quando assumi [o cargo de chefe de Estado], em 2001, o país já tinha uma dívida de quase 400 milhões. Negociamos essa dívida e conseguimos o perdão. Hoje, estamos outra vez mergulhados numa dívida que ronda os 400 milhões de dólares.Mas como é que se explica esse endividamento? O país não produz, não exporta, não tem os mecanismos para procurar meios financeiros adequados. Não soubemos desenvolver outros sectores que nos pudessem ajudar economicamente.Mas refere-se a que sectores?Poderíamos tentar -como falamos tanto sobre as possibilidades deste país- transformar São Tomé e Príncipe num "Hub" para acolher os grupos económicos. Grupos esses que pudessem implemetar uma série de políticas destinadas ao comércio aqui da zona geográfica onde nos encontramos. Esta é uma das possibilidades de um país insular como o nosso, porque o consumo interno é muito fraco.Mesmo se tivéssemos um poder de compra elevado, não seria suficiente para poder fazer funcionar as indústrias locais. Porém não nos preocupamos muito com isso e nem fizemos os devidos investimentos no sector agrícola, nas chamadas roças.O país continua a comprar comida, a comprar medicamentos...Compramos quase tudo. Produzimos, evidentemente, aqueles produtos agrícolas tradicionais como a banana, a fruta-pão, a mandioca e o milho. Mas muito pouco, até porque muitas vezes não encontramos esses produtos no mercado.Isto tudo faz com que hoje, com uma população que não cessa de crescer, uma juventude ávida em ter acesso à educação - como é normal- não consegue ter bolsas de estudo. Ainda continuamos a receber uma ou outra bolsa de estudos, em alguns países, mas tem sido muito difícil.Faltam medicamentos no mercado, peças para fazerem funcionar o aparelho produtivo. Hoje podemos dizer que não adoptamos uma política económica ao mesmo nível da política social e política de discussão [diplomacia]. Porque aí somos bons.Desde a entrada em funções, em Dezembro de 2022, que o Governo são-tomense tem estado a negociar um programa de crédito alargado com o Fundo Monetário Internacional- FMI- num entendimento difícil. Em Setembro, o primeiro-ministro Patrice Trovoada disse que esperava que as negociações evoluíssem. O que espera destas negociações? Segundo as informações que o senhor primeiro-ministro nos trouxe, no seu regresso há dias ao país, parece que as negociações estão a seguir bem e que há uma solução para a assinatura de um acordo. É evidente que esse acordo é importante para São Tomé e Príncipe, um acordo para continuar a ter acesso ao mercado financeiro e para que os possíveis investidores possam continuar a vir ao país.Defende ser necessário um apoio das Nações Unidas para a definição de um programa para transformar o país. Que programa seria esse? Um programa que acabasse com a dependência do país?Exactamente. Penso na ilha das Seicheles, um pequeno Estado, em termos de tamanho São Tomé e Príncipe vem logo a seguir. As coisas que eles fazem. É extraordinário. Se nós próprios não conseguimos, com todos os estudos que fizemos [fazer avançar o país] temos que pedir apoio às instituições. Eu pensei nas Nações Unidas, ou outras instituições que possam ajudar bilateralmente.No passado, Portugal também já tentou, fez vários estudos sobre vários sectores. A França também fez e os Estados Unidos. O problema é aceitar aplicar [aquilo que os países nos aconselham].Mas o problema também não é muitas vezes que o Estado seja o maior empregador num país tão pequeno?Aí está o âmago da questão. O facto de o Estado estar envolvido na gestão económica do país faz com que isto aconteça. O Governo está repleto de funcionários e cada um centraliza também o poder.Por exemplo, o código de investimentos. O investidor chega ao país e ele lê o código de investimentos e vai assinar um acordo com o Governo para investir num sector qualquer. Quando chega o primeiro navio com mercadoria, começa logo a ter problemas na alfândega porque o funcionário diz que desconhece completamente esse código. O próprio investidor vai ter de arranjar as cópias exemplares para ir discutir com o director das alfândegas...Está a dizer que há demasiada burocracia?Muita burocracia e a falta de abertura da pessoa para ter mentalidade que de facto o país precisa que as coisas avancem.O primeiro- ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, afirmou querer alterar a Constituição e adoptar o presidencialismo. Acha que o presidencialismo é a solução para São Tomé e Príncipe?Eu acho que é uma solução para São Tomé e Príncipe, pelo menos no que diz respeito [à gestão] dos conflitos.Neste momento, por exemplo, está aí no ar a hipótese de um conflito entre o senhor Presidente da República, Carlos Vila Nova, e o senhor primeiro-ministro, Patrice Trovoada. Isto porque o senhor Presidente da República acaba de vetar cinco leis para o sector judiciário que foram aprovados pela Assembleia Nacional e propostas pelo Governo. O senhor primeiro-ministro, ao chegar ao país, fez uma declaração que não foi lá muito abonatória em relação à pessoa do senhor Presidente da República.[ Patrice Trovoada defendeu que "tecnicamente, é um veto político, porque se há um problema de constitucionalidade existem prazos para que se possa fazer uma fiscalização preventiva para que o Tribunal Constitucional, que é o único que julga questões de constitucionalidade, pudesse dizer se é constitucional ou não é constitucional"].O senhor considera que um regime presidencialista iria esclarecer este tipo de situações?Ao menos neste aspecto, porque nesse regime o Presidente da República seria também o chefe do Governo. Também seria importante que conseguíssemos, de facto, que o sector judiciário desempenhasse o seu papel verdadeiro. O regime presidencial é importantíssimo, porque os países têm esse regime presidencial não têm esses problemas.O advogado de são-tomense, Mike João, apresentou uma denúncia no Ministério Público contra o primeiro-ministro Patrice Trovoada, assegurando que tem provas "muito contundentes e claras" de que este participou na execução de quatro cidadãos no quartel militar em 2022. O primeiro- ministro são-tomense já veio dizer que espera que o advogado seja condenado por difamação. O senhor já foi Chefe de Estado de São Tomé e Príncipe Que comentário lhe merece esta situação?É mais um dos nossos problemas. O advogado de defesa  faz o seu papel e o primeiro-ministro nega as acusações, dizendo que não tem nada a ver com isso.Tentei evitar fazer comentários sobre esta polémica. Dizer que o senhor primeiro-ministro está envolvido nisto ou não? Francamente, não sei. Não tenho informações claras, nem precisas sobre isso.Mas está preocupado com esta situação?Sim, preocupo-me. Alguns políticos querem tirar algum dividendo desta situação, não há dúvida nenhuma que isto continua a ser um dos assuntos muito falados no país. Ao mesmo tempo, esta situação não vem beneficiar a imagem de São Tomé e Príncipe, sobretudo se pensarmos no sector económico e nos investimentos. O investidor nem quer ouvir falar destas coisas.São Tomé e Príncipe preside actualmente à presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa-CPLP.  Recentemente, o secretário-executivo, Zacarias da Costa- mostrou-se preocupado com aquilo que está a acontecer na Guiné-Bissau. Acredita que neste momento São Tomé e Príncipe se devia posicionar?Com certeza. Não se compreende aquilo que está se a passar na Guiné-Bissau. Quando eu era Presidente da República dizia-se, na altura, que existiam dois países na CPLP -Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe- onde havia instabilidade política constante.Em São Tomé e Príncipe tentou-se tudo para evitar as situações de instabilidade, mas a Guiné-Bissau continua instável. O actual Presidente, Umaro Sissoco Emabaló, tem um feitio, cada um tem o seu feitio, mas o problema é a falta de respeito pela Constituição.

Mensagens do Meeting Point
#15 livres: de dentro para fora

Mensagens do Meeting Point

Play Episode Listen Later Jul 18, 2024 2:02


devocional gálatas leitura bíblica Devido ao vosso desconhecimento de Deus, dantes eram escravos de deuses que não eram realmente deuses. Mas agora que conhecem a Deus, ou melhor, que Deus já vos conhece, como é possível voltarem a ser escravos de coisas fracas e que não prestam para nada? Por que é que dão tanto valor religioso a certos dias, meses, estações e anos? Receio que o meu trabalho no vosso meio tenha sido inútil. Gálatas 4.8-11 devocional Quando não conhecia Deus era dado a paixões assolapadas. Vivia para mim e nada mais. Interessava-me satisfazer cada capricho. Direccionava a atenção apenas para o que desse prazer. Tinha vários deuses e não abdicava de nenhum. Dedicava-lhes horas a fio. Servia-os porque me entretinham. Fui-me apercebendo da escravidão em que estava atolado. Tentei libertar-me com joguinhos religiosos, procurando viver dentro de fronteiras aceitáveis. Valia-me da Lei para tentar aliviar a consciência, que acabava, invariavelmente, por tombar, tal era a culpa que sentia em cima dos ombros. Não houve esforço que me safasse. Os mandamentos indicavam-me o caminho, mas eu não parava de me despistar. Só quando a graça de Deus me atingiu é que me encontrei. Ele achou-me e eu acenei-Lhe. Agarrei-me com unhas e dentes à Sua forte mão. Rendi-me ao Seu amor e não voltarei para trás. Sei bem que não progrido retrocedendo. Não tornarei a “rudimentos fracos e pobres”. Deixei de me reger tanto pelo umbigo como por regras e regrinhas. Já não me divido. Abandonei a compartimentação da fé. Caminho com Deus todos os dias e não há um que não Lhe deseje dedicar. Até porque a Sua obra em mim não é vã. - jónatas figueiredo

Mal Ao Longe
Ep. 25 - coisas que me irritam desde que deixei de beber

Mal Ao Longe

Play Episode Listen Later Jun 12, 2024 37:38


Finalmente, falamos sobre o elefante na sala. Tentei ao máximo não pregar um grande sermão mas a certa altura, descarrilei e já só recuperei depois de fazer feridos. Se se sentiram atacados por alguma destas afirmações, por favor reconsiderem as vossas atitudes para bem dos vossos abstémicos preferidos. Peço também desculpa a todos os vegans que alguma vez critiquei por usarem o rótulo com orgulho - hoje percebo a vossa dor e indignação perante os seres inferiores que não compreendem a vossa causa. De

Convidado
Western português e a mobilização contra o lítio em cartaz, em Cannes

Convidado

Play Episode Listen Later May 19, 2024 13:47


"A Savana e a Montanha" é uma longa metragem do português Paulo Carneiro em exibição na Quinzena dos cineastas, mostra paralela do Festival de cinema de Cannes. Trata-se de um western que retrata a luta da população de Covas do Barrroso, em Trás-os-Montes, nordeste de Portugal... contra o projecto da maior mina de exploração de lítio da Europa, denunciando as consequências para o meio ambiente e os habitantes. O cineasta Paulo Carneiro começa por se referir à sua presença neste prestigioso certame de cinema do sul da França, onde é candidato com "A savana e a montanha" à distinção "Oeil d'Or"."Para nós foi muito importante, porque este filme serve também, desde o início, é uma espécie de um contrato com as pessoas de Covas do Barroso. Era um bocado a ideia de amplificar a luta, aquilo que se está a passar ali na região, porque é algo que de uma grandeza muito, megalómana que nas cidades, mesmo em Portugal, ninguém quase tem ideia do que é. E estar aqui em Cannes acho que pode ajudar bastante ao filme, pode ajudar bastante à causa. Acho que o cinema não tem a capacidade de mudar nada, mas pelo menos que faça com que as pessoas possam discutir o assunto. E depois, quer dizer, as autoridades competentes lá, talvez de alguma maneira tenham a capacidade de reflectir sobre o que se está a passar e aquilo que querem impor a estas gentes, que é o que mostra o filme e que acho que é um bom microfone para isso."É uma matéria prima que serviu também para uma curta metragem portuguesa que está em exibição precisamente aqui na Quinzena dos Cineastas. Refiro-me à obra do Frederico Lobo "Quando a terra foge". Portanto, é possível vir a explorar-se o lítio em Trás-os -Montes, precisamente como dizia em Covas do Barroso, não muito longe da família do seu lado paterno.Você já tinha feito um filme sobre o seu avô, o "Bostofrio", não muito longe de lá. É um filme militante, pergunto eu? E porquê a opção por um western ?"Na verdade é curioso: eu soube do filme do Frederico quando houve a Selecção porque eu não sabia que o Frederico estava a fazer um filme ali, em Trás-os-Montes, a região do Barroso, que são dois concelhos, Boticas e Montalegre. Curiosamente, o Frederico filma em Montalegre e eu filmei em Boticas, o meu pai, é ali efectivamente de perto de Covas do Barroso, de Bostofrio, que fica a cinco quilómetros. Ou seja, é um sítio que eu já conhecia. Quando se começou a especular um bocado em relação a isto, eu ainda não estava tão informado. Tentei-me informar bastante antes mesmo de avançar para a região. Não para fazer um filme. Mas no início o objectivo era criar algum conteúdo para a internet para, de certa maneira, poder partilhar com outras pessoas, como tinha dito, anteriormente, na cidade. Parece-me importante que nós tenhamos a capacidade de nos rirmos de nós mesmos. Acho que o cinema é sério, é um trabalho sério, mas acho que é importante também não nos levarmos, por vezes tão a sério e conseguirmos rirmo-nos de nós mesmos. E foi daí que parte também a ideia do western. As próprias pessoas de Covas do Barroso encetaram esta coisa dos indígenas contra os cowboys, os cowboys contra os indígenas e de repente fizeram esse jogo. Começámos a escrever juntos e perceber de que forma é que as coisas no filme poderiam funcionar para caminhar para o lado do western, mantendo, ainda assim, uma sobriedade de um filme que, apesar de ser um filme militante, acho que continua a querer trabalhar muito. esta ideia do que para nós é o cinema. O gesto de cinema e a forma, e não relegando apenas para o canto do cinema militante, porque, parece-me a mim, muitas vezes, a ideia que surge com com o cinema militante é uma coisa muito de gueto, muito filmada, com uma forma que não interessa tanto e nós tentamos contrariar isso."Porém, as mensagens são muito claras: "A hora é de morrer ou de matar."  "Agora é hora de lutar !" "A voz do povo". Como é que foi escolher as músicas? Como é que foi trabalhar com o Carlos Libo ?"Na verdade, sim. Eu não nego que seja um filme militante. Só não o empurro para o gueto porque acho que é um filme de cinema, no sentido da forma. Só apenas isso. O Carlos Libo foi uma descoberta no início, quando começámos a ir a Covas do Barroso, frequentemente íamos filmando os conteúdos, que é o que se diz de conteúdos, não é para as redes sociais ? Descobrimos o Carlos Libo e eu percebi que ele gostava muito de ler e gostava muito de Zé Mário Branco, do Zeca Afonso. E encontrávamo-nos lá na carrinha dele, das abelhas, os livros do [Miguel] Torga e comecei a perguntar... Depois vi que tinha uma guitarra e começámos a perceber que ele tocava e compunha umas coisas. E instigando-o a criar umas músicas, não pensando que fossem músicas para o filme. Porque são músicas que são filmadas e gravadas ainda antes da existência da próprio ideia de um filme. E depois quer dizer, tudo muito orgânico e com naturalidade. Queríamos criar e quisemos... Não sei se está criado, se não ? Mas quisemos criar este músico que fosse um músico de referência para a luta ali, na região do Barroso, contra a mineração. E que já se amplificou e que já as músicas dele são palavras tidas em conta quando há manifestações sobre sobre outras explorações noutras regiões do país."E como é que se articulou a constituição do elenco para este filme?"Na verdade, a constituição do elenco também foi com muita naturalidade. São as pessoas que estão mais engajadas na luta. Acabam por ser as pessoas que também acabam por se engajar mais no filme. A comprometer -se mais no sentido que para elas era importante a forma que o filme poderia potenciar ou mostrar aquilo que se estava a passar foi muito natural."E aquele debate entre:  "Isto pode constituir oportunidades de emprego para uma terra que tantas necessidades tem." E, eventualmente, a destruição que isso implicará efectivamente para o património natural local, não é? Eu gostaria também que recuasse um bocadinho no tempo. Eu sei que há cerca de dez anos fazia uma curta metragem na Guiné-Bissau. "Água para Tabatô" e os problemas que ocorriam com uma embarcação. Como é que foi esse projecto que o levou à África Ocidental e à Guiné-Bissau?"Eu, na verdade, fui à Guiné-Bissau a trabalhar enquanto assistente de realização num outro filme. Esse filme a que que se está a referir é um filme com 40 e algo minutos e foi uma coisa que aconteceu efectivamente que eu vivi. Ou seja, não foi... também não foi muito planeado e acaba por ser um episódio que aconteceu, mas eu tenho em mim. Sim, isso acontece mesmo. E é o chamado cinema à "vérité", não é? E, na verdade. Quer dizer, depois isso foi durante a rodagem do outro filme em que eu estava a trabalhar como assistente. E depois quer dizer, as minhas ligações com África sempre foram muito próximas porque acabo por ficar com amigos. Alguns estão em Lisboa, outros ainda vivem na Guiné. Eu já fui à Guiné várias vezes e a outros países africanos, tudo um bocado também a trabalhar noutras áreas de cinema e quer dizer, festivais de cinema. Foi acontecendo."No "Bostofrio" já falava, então, da terra da sua costela paterna, não é? Em "Via Norte" você decidiu mesmo ir até à Suíça e falar, nomeadamente do apetite por muitos imigrantes portugueses, pelos automóveis e pelos bólides, não é? Agora, tem "A savana e a montanha". Tem, também, a sua própria produtora. Trabalha muito com o Uruguai. Sei que teve dificuldades para conseguir financiamentos e, uma vez mais, eles vêm também do Uruguai. Como é que isto se articula?"Na verdade o que acontece é que no cinema nós estamos todos muito... Trabalhamos muito com o coração. Não temos uma estratégia muito definida de como é que vamos... É um bocado e as pessoas querem estar perto umas das outras e as coisas vão surgindo. Eu conheço o Alex: o Alex Piperno, co-produtor, em 2019 quando mostro o Bostofrio no Festival do Uruguai. E depois encontrámo-nos novamente na Berlinale. Eu estava no "Talents", que é um programa de talentos do Festival de Berlim e o Alex estava a mostrar o seu primeiro filme no Festival de Berlim. Encontrámo-nos aí novamente. Começámos a discutir ideias de cinema durante a pandemia. Fomos falando sempre muito, muito, muito activa a discussão. E achámos que podia ser uma possibilidade. Os filmes que nos interessa são os mesmos. Ainda nos interessa mais a forma do que a história do que a narrativa. Queremos procurar novas maneiras, se quisermos, de fazer filmes. E abriu-se uma possibilidade: o Uruguai teve interesse. Acaba por financiar este filme. O filme teve financiamento da Câmara de Boticas e do Uruguai. Foi três vezes rejeitado no apoio à pós-produção. Nós não concorremos à produção, ao ICA (Instituto [português] do cinema e do audiovisual), porque, efectivamente, era um temática urgente e não dava para esperar. E foi começar a filmar e fomos fazendo o filme assim. Esta última vez que foi negado foi a mesma montagem que foi aqui aceite na Quinzena. Ficámos quase em último lugar no apoio à pós produção do ICA. Mas quer dizer: os filmes são o que são, têm a vida que têm. E não é por não termos um apoio do Instituto de Cinema que que iríamos desistir. Foi muito difícil, mesmo estar presente aqui em Cannes. Mas quer dizer, agora vamos para a frente e seguiremos com outros projectos, independentemente do que aconteça. Já temos financiamento também para o próximo filme, que temos apoio do Uruguai e aí temos o apoio do ICA, apesar de nos terem só financiado metade do montante a dividir com outro projecto. Mas, quer dizer, acho que o cinema deve ser pago e nós pagamos às pessoas, mas também não vai ser por não ter o apoio do ICA que não vamos fazer o filme."E há boas notícias, não é? O filme vai estrear em França, já é uma garantia, não é?"Sim, sim. Nós assinámos a distribuição comercial."Cannes está a dar já bons frutos !"Sim, sim, acho que sim.E acho que era isso que nós queríamos na verdade, poder mostrar o filme em mais sítios. E estamos muito contentes com isso, obviamente."Conhece bem esta região. Já houve um governo português que acabou por cair, o do governo socialista de António Costa, indirectamente por causa da exploração do lítio. Qual é o diagnóstico que faz de como estão os habitantes desta área actualmente em 2024? É de pessimismo ? Porque já vimos os pareceres da Agência Ambiental, contraditórios... E o projecto vai para a frente. Eles estão derrotistas ? Como é que eles se posicionam neste momento?"O que acontece é que quanto à queda do governo, o nosso filme já estava rodado. Já tínhamos até terminado a montagem. Ou seja, não houve essa intenção. O que eu verifiquei e acho que também é importante referir isso !O que eu verifiquei é que a nível municipal, tanto em Montalegre como em Covas, em Boticas, o que eu verifiquei e continuo a afirmar com muita força é que, de repente não há forças. Ou seja... nestas regiões, que são coisas muito concretas, em que a própria própria instituição "Câmara Municipal" está tão próxima das pessoas do género... o partido parece que fica mais esquecido. Ou seja, não é porque, sei lá ! É quase como dizer: pode ser oposição, sendo ou não sendo a oposição. O presidente da Câmara... neste momento, o lítio, a exploração do lítio, continua a ser uma prioridade para o novo governo AD. Mas o presidente da Câmara Municipal faz parte, tem a mesma cor e não é por isso que dá um passo atrás. Portanto, eu acho que isso é importante referir, até porque em Montalegre era o oposto e também não dá um passo atrás. E isso é importante.  Nos municípios há muito esta política, muito de proximidade."Como é que as pessoas agora, neste momento, olham para o projecto da Savannah Resources, se ele vai mesmo acabar por avançar, se a serra vai continuar a ser destruída ?"O que o que acontece é que neste momento existem máquinas que estão no vale. Foram feitas prospecções. Não se iniciou a extracção. Há máquinas no vale e eles estão a fazer. As pessoas vão estar cá em Cannes... Mas há outras pessoas lá da aldeia que estão a fazer piquete. Há uma tabela com horários e as pessoas estão a fazer piquete para as máquinas não avançarem para cima dos baldios. Porque a empresa quer avançar e estão numa luta de que os terrenos que são da empresa e os terrenos que são parte do baldio. O baldio ainda é nacional, mas é gerido pelas pessoas dali que têm os seus direitos. E enquanto não houver uma espécie de uma nacionalização e... toda a gente vai lutar contra isso, obviamente. A luta agora faz-se no terreno. Então existem piquetes, há uma máquina. Às vezes estão a jogar às cartas com a própria pessoa que trabalha, que trabalharia nessa máquina... que não está a trabalhar. Porque quer dizer isto também há um filme que é isso. É um filme que trabalha nos cinzentos. Não é porque os trabalhadores que estão com a Savannah [Resources, empresa britânica encarregada da prospecção do lítio] também são povo. Também são de outras aldeias ali perto. Nós nunca vemos o Golias, não é? E essa é uma das grandes coisas do capitalismo."

Medicina do Conhecimento
#161 Bom dia Conhecimento Descoberta

Medicina do Conhecimento

Play Episode Listen Later May 12, 2024 2:42


Bom dia Conhecimento ! Nos outros dias da semana, podcasts sobre ciência e qualidade de vida. Na sua manhã de domingo, arte e cultura. Depois de ouvir esse podcast, se você gostar, deixe seu like, seu joinha e também um coração nos comentários! Vamos nos conectar no mundo da poesia e do conhecimento. Com você, um momento do conhecimento, um pouco de arte e cultura a qualquer momento em todo lugar. Eu sou Pablo Gusman, o anestesiador, médico anestesiologista e podcaster do Medicina do Conhecimento. Por aqui, falamos sobre inovação, tendências, dicas e a prática da medicina, além de assuntos sobre qualidade de vida! Por aqui, compartilhar conhecimento não é dividir, mas multiplicar! Escute mais um episódio do Bom dia Conhecimento! Descoberta Escutei doces vozes. Não sabia de onde vinham. Estava escuro e me senti flutuando. Tentei me mexer sem espaço. Voltei no tempo. Lembrei que eu era uma célula. Hoje sou um monte. Prestei atenção no som. Era cândido, musical e me fez feliz. De repente, fui puxado. Vi a luz. Entendi onde estava. Protegido dentro de um útero. Descobri que a voz era de uma mulher. Minha mãe. Parabéns a vcs mulheres e mães que nos fizeram vivos! Impossível não amá-las! Anestesiador 12/5/2024 Locução: Pablo Gusman Música: Someone you love

Arauto Repórter UNISC
Lamento de um rio

Arauto Repórter UNISC

Play Episode Listen Later May 7, 2024 4:02


Me perdoem por toda esta "bagunça"…
Eu só queria passar
Eu não fui feito pra destruir…
Eu só queria passar Já fui esperança para os Navegantes...
Rede cheia para Pescadores...
Refresco para os banhistas em dias de intenso calor
Hoje sou sinônimo de Medo e Dor…
Mas, eu só queria passar… Me perdoem por suas casas
Por seus móveis e imóveis
Por seus animais
Por suas plantações…
Eu só queria passar Não sou seu inimigo
Não sou um vilão
Não nasci pra destruição...
Eu só queria passar Era o meu curso natural
Só estava seguindo meu destino
Mas, me violentaram
Sufocaram minhas nascentes
Desmataram meu leito…
Quando eu só queria passar Encontrei tanta coisa estranha pelo caminho
Que me fizeram Transbordar...
Muros
Casas
Entulhos
Garrafas
Lixo
Pontes
Pedras
Paus...
Tentei desviar…
Porque eu só queria passar Me perdoem por inundar sua história
Me perdoem por manchar esta história...
Eu só estava passando…
Seguindo o meu trajeto
Cumprindo o meu destino:
Passar....

Assunto Nosso
Lamento de um rio

Assunto Nosso

Play Episode Listen Later May 7, 2024 4:02


Me perdoem por toda esta "bagunça"…
Eu só queria passar
Eu não fui feito pra destruir…
Eu só queria passar Já fui esperança para os Navegantes...
Rede cheia para Pescadores...
Refresco para os banhistas em dias de intenso calor
Hoje sou sinônimo de Medo e Dor…
Mas, eu só queria passar… Me perdoem por suas casas
Por seus móveis e imóveis
Por seus animais
Por suas plantações…
Eu só queria passar Não sou seu inimigo
Não sou um vilão
Não nasci pra destruição...
Eu só queria passar Era o meu curso natural
Só estava seguindo meu destino
Mas, me violentaram
Sufocaram minhas nascentes
Desmataram meu leito…
Quando eu só queria passar Encontrei tanta coisa estranha pelo caminho
Que me fizeram Transbordar...
Muros
Casas
Entulhos
Garrafas
Lixo
Pontes
Pedras
Paus...
Tentei desviar…
Porque eu só queria passar Me perdoem por inundar sua história
Me perdoem por manchar esta história...
Eu só estava passando…
Seguindo o meu trajeto
Cumprindo o meu destino:
Passar....

Artes
Soprano Ana Vieira Leite e ópera "Medeia" estreiam-se em Paris

Artes

Play Episode Listen Later Apr 10, 2024 13:32


A cantora lírica Ana Vieira Leite estreia-se esta quarta-feira, 10 de Abril, na Ópera de Paris na adaptação de “Medeia” de Marc-Antoine Charpentier, sob a direcção musical de William Christie. A encenação é de David McVicar que transporta a acção para o período da II Guerra Mundial. A soprano portuguesa interpreta o papel de Creusa, numa ópera em cinco actos. "Medeia" foi escrita em 1693 e chega pela primeira vez ao palco do Palácio Garnier. RFI: Para resumir esta história que atravessou mais de três séculos, Medeia é filha do rei Eetes, do reino da Cólquida, será também a filha da deusa Hécate. Medeia tem poderes mágicos, um dia apaixona-se por Jasão, que tem como missão recuperar o velo de ouro do pai de Medeia. Medeia trai o pai, mata o irmão e foge com Jasão para a Grécia. Aqui começa a ópera de Medeia de Charpentier. Como é que descreveria a história?Ana Vieira Leite: É uma história muito dramática, é verdade. Aqui começamos com a chegada de Jasão e Medeia à Grécia, onde encontram o rei e a Creusa, o Créuse. Aí Jasão apaixona-se pela princesa, pela jovem princesa. É aí que começa a grande trama da história, porque Medeia sente-se extremamente traída, enganada, enfurecida e planeia toda uma vingança. Começa com um envenenamento de um vestido que acaba por dar à morte da princesa. Entre esta história surge uma personagem que é o Oronte, que é alguém que tem interesses políticos com o rei, que tenta casar com Creusa, mas ela está perdidamente apaixonada por Jasão. O amor ali é completamente cego, acaba com ela morta. Jasão, extremamente triste com isto tudo, perdido. Para agravar mais esta história, Medeia acaba por matar os seus próprios filhos e foge para Atenas, enquanto deixa Jasão extremamente miserável e sem nada.Medeia mata o irmão, mata o pai de Creusa, os filhos, mata a amante de Jasão, Creusa, papel que interpreta. Como é que apesar disto tudo, sentimos empatia com esta personagem?Acho que é muito humano. Medeia tem muitas fases. Nós temos todos muitas fases e nós conseguimos sentir esta empatia de que nem sempre está tudo bem e nós estamos sempre a ser enganados constantemente. Como é que nós podemos lidar com essa traição, com o facto de sermos de parte; eu acho que é isso. É a nossa parte humana, a nossa parte de nós queremos sempre vingar-nos por tudo e nunca sabemos até que ponto é que podemos lidar com a desilusão, com a traição. Por muito que que a minha personagem seja bastante....Inocente?Eu acho que ela é inocente, mas neste caso ela está extremamente apaixonada e não consegue ver nada. Ela não consegue ver nada, o que ela quer é o que ela vê. Então tudo o que está ao lado Medeia, ela não repara. Ela é uma criança, tem 16 anos, por isso é o primeiro amor. .. é tudo. Ela não consegue sequer reparar que existe uma mulher e que existe uma família por trás. E isso acontece todos os dias, não é, infelizmente.Esta ópera de Medeia tem uma narrativa movida por emoções. Todas as personagens se movem, cantam, actuam com emoções que são levadas até à exaustão?O libreto é riquíssimo e é incrível...O libreto Thomas CorneilleÉ incrível; está muito bem escrito. As emoções estão todas muito bem descritas, mas a música, que neste caso não é uma música comum francesa porque normalmente estamos habituados a um Rameau, Lully que têm uma forma muito mais normal, entre aspas, de expor uma ópera. Charpentier pega numa tragédia musical e tenta exprimir ao máximo as emoções que estão em libreto sem floreados, sem nada de mais, simplesmente há uma cama musical a todas estas emoções, todos estes sentimentos. Um texto rico, uma música que não se sobrepõe ao texto, mas que só ajuda...Completa-se...Completa-se, sem dúvida.Isso acontece na escrita musical de Charpentier porque Charpentier sempre foi renegado pelo rei Luís XIV que gostava muito do seu compositor Lully, o seu compositor favorito. Charpentier acaba por escrever Medéia sete anos depois da morte de Lully.Eu acho que a música de Charpentier difere também da música de Lully porque era uma música experimental, era fora do comum. Nós aqui não temos árias, por exemplo, que é muito habitual em qualquer ópera, estamos à espera dos recitativos e das árias. Este estilo tem tudo a ver com o texto. É sempre intensificar o que está a acontecer porque normalmente numa área, por exemplo, estando muito habituada muito à música barroca, numa ária da capo temos uma frase e vamos explorá-la duas, três vezes e dando ainda mais intenção. Não, ali é muito simples, temos uma frase e nesta frase temos que está tudo. E é isso que é bom na harmonia de Charpentier, por exemplo, é muito mais harmonia do que propriamente a melodia. É por isso que é tão rico. E na altura simplesmente não se fazia isso. Foi ele que veio trazer assim algo novo e na altura não era ele a estrela. Agora tem o seu valor, principalmente nos ensembles franceses que estão a fazer cada vez mais.Estão a fazer cada vez mais música barroca?Sim, música barroca também está muito na moda, digamos, e eu acho que é a altura de percebemos e de compreendemos o porquê de ter havido estas mudanças na altura de Charpentier.Medeia é uma ópera sobre a paixão que destrói ou sobre a vingança libertadora ?Não sei, consigo ver-me dos dois lados. Se bem que lá está, como estamos a falar, é muito humano. Eu diria que a paixão destrói porque quer de um lado, quer Creuse, por exemplo, super apaixonada acabou destruída, Medeia também acaba destruída.E Jasão?Exactamente o mesmo.A Ana interpreta Creusa, a amante de Jasão. Pode escrever se esta personagem?Créuse é filha do rei Creonte. É uma princesa de 16 anos, muito nova, Ela é muito obediente ao seu pai. Ela tem uma relação muito especial com o pai, às vezes um pouco duvidosa. É uma admiração pelo pai e exactamente o contrário. Eu acho que quando ela vê Jasão, é o seu primeiro grande amor. É não saber explicar. Ela sabe que tem que o ter. Não há outra explicação. Obviamente que é isto que ela quer para a vida dela. É um amor que não sabe descrever por isso tudo o resto é esquecido. A tal inocência de 16 anos, de adolescente, em que não temos muita consciência do que se passa à volta. Nessa altura não há explicação e só vê o fim. Ou seja, a minha personagem é muito interessante. Não é a personagem mais interessante porque eu acho que Medeia é, sem dúvida, a personagem mais humana desta ópera, mas tem um arco muito interessante na medida em que ela começa uma jovem adolescente, a descobrir a vida, a descobrir a vida amorosa, a começar a perceber os seus poderes enquanto mulher e acaba uma mulher a ter que enfrentar outra mulher extremamente poderosa.É assassinada...Exactamente e acaba por ser assassinada pelo seu amor a Jasão ou à pátria. É um pouco de tudo e é muito rica.Esta obra é a expressão da dor sob todas as formas. Como é que se entra e se trabalha para depois se transmitir ao público este sofrimento todo?É um processo complicado porque temos que mexer com muita memória, com muita parte nossa, que às vezes não queremos mexer. Para mostrarmos uma personagem humana tem de ser um bocadinho de nós, por muito que seja alguém de fora, tem que ser um bocadinho de nós. Para mim foi mexer com a dor, mais para a parte final, foi reviver um pouco as memórias. Nós tivemos um mês a trabalhar nesta ópera. É muito cansativo e eu sei que saí e saio, ainda, depois de cada ensaio, completamente vazia. Eu deixo tudo porque sinto que esta personagem também o merece. Às vezes até penso não, se calhar está um bocadinho mais, preserva-te.Como é que se encontra este equilíbrio entre não dar demais e de menos...As últimas semanas de ensaios foi esse o meu propósito. Foi encontrar um equilíbrio porque é muito fácil ultrapassarmos. Mas também quando percebemos que ok, se calhar é demasiado, depois fica seco, fica sem nada, fica sem sumo e eu não consigo dar nada sem sentir que estou a sentir pelas minhas próprias mãos este sofrimento desta personagem. Ou seja, não tenho a resposta certa e eu acho que é mesmo ir experimentando, ir vendo o que é que as pessoas também sentem, se sentem alguma coisa, porque às vezes nós estamos a sentir demasiado e não passa assim tanto.Vocês falam disso nos ensaios? Sim falamos muito e ainda bem que tenho uma ligação muito próxima com quase todos os cantores que estão aqui e músicos de orquestra e vamos falando sobre isso. Se sentem o mesmo que eu, se foi um bocadinho de mais, se não foi e acho que é isso também. Essa troca é muito interessante neste meio.Como é que isto tudo acontece?Confesso que pronto, já tinha visto esta produção que é incrível. Não é normal isto acontecer. Eu já tinha visto esta produção, em 2019, em Genebra e foi o meu primeiro contacto com esta obra. Por não ser uma obra extremamente feita ou conhecida, não tinha qualquer ligação.É uma obra que não foi apresentada durante mais de dois séculos.Exactamente, exactamente, por isso é que é interessante também voltar a pegar nisto e trazer ao público esta história tão interessante. Eu vi essa ópera e tinha-me tocado imenso, tanto é que eu já vi imensas produções e essa ficou me na cabeça. Como já trabalho bastantes vezes com Les Arts Florissants [conjunto musical Barroco], tive o convite para fazer a audição, mas era algo que eu não achava que ia acontecer, sinceramente. Era algo mesmo longínquo. Eu pensei; a Ópera de Paris?Mas tentou...Tentei, tentei, mas sem esperanças. Eu lembro que foi na Bastilha e que estava 'pronto mais uma audição', estamos tão habituados a ouvir não a toda a hora e ia fazer a audição para um papel muito mais pequeno. Até que um dia antes, ligaram-me a dizer 'preparar outra ária, pode ser que dê'. Dois dias depois ligarmos a dizer 'o director da ópera quer que sejas tu, por isso estamos todos de acordo".O que é que se sente nessa altura?Foi sem dúvida o poder da responsabilidade: não consigo isto, foi demasiado para mim. Só dizia, 'não era agora que queria ir para a ópera de Paris, ainda preciso de muitos anos de treino, ainda preciso de evoluir imenso. Não tenho capacidade, o síndrome do impostor que está sempre presente, mas ao mesmo tempo foi um conquistar de algo que é muito importante e que muitos anos de trabalho, muitos anos, muitas horas e por isso foi muito especial e estou muito contente por cá estar.Este espaço carrega um peso histórico e isso também se sente quando se sobe ao palco?Sem dúvida, só entrar e ver as pinturas é tudo... A imponência deste deste edifício também incrível. É muito importante. É uma ópera de referência para a Europa e para o mundo. Historicamente é tudo para mim. É incrível estar aqui.No final, o que é que resta, como é que imagino, ao fim destes dois personagens de Medeia e de Jasão?Jasão e Medeia claramente foi algo que foi furado, que não aconteceu, foi um desgosto imenso de amor. Tenho a certeza que Jasão vai ficar perdido para toda a sua vida, perdeu filhos, perdeu quem amava e Medeia sobrevoa por aí. Volta para um sítio longínquo que tenho a certeza que vai continuar com a sua mágoa.E Ana, depois de Medeia.A Ana, depois de Medeia, continua com este sentido de responsabilidade, mas que foi o trabalho mais duro que já tive, foi o trabalho mais compensador e espero continuar por aí, com mais Medeia ou sem Medeia, mas que continuo por aí.

Nova Vertente
GREGO ANTIGO | Nada Safo Podcast

Nova Vertente

Play Episode Listen Later Mar 6, 2024 50:04


Eu falei sobre o AGORA ser CHATO, conservador dando dinheiro pra uma trans (sem receber o serviço), uso de anabolizantes e TENTEI decifrar a bíblia Canal Nada Safo:    / @nadasafo   E-mail p/ participar do podcast: nadasafopodcast@hotmail.com Siga no Instagram: instagram.com/nadasafopodcast Edição audiovisual: instagram.com/apenaspapo Conheça nosso outro canal NVP Cultural:    / @nvpcultural1542  

Filosofia Socran
Experiências de Quase morte são Alucinações? (Vídeo de 2020)

Filosofia Socran

Play Episode Listen Later Feb 26, 2024 21:25


Experiências de Quase são alucinações, transcendentais ou transcendentes? Apoie o Canal: https://apoia.se/canaldosocran Experiências de Quase Morte: Engano do Cérebro, Transcendência ou Transcendente? Tentei, neste vídeo, abordar o tema conforme os relatos identificados como fenômenos anômalos. Existem milhares de relatos nesse sentido, o que implica que algumas pessoas em estado de morte clínica, que voltaram a viver minutos depois devido aos recursos da medicina atual, manifestam tais experiências... Há algum elemento que podemos dizer, represente uma anomalia perante a teoria atual que nega certo essencialismo? Sim, e é essa ancoragem objetiva dos relatos que vou enfatizar neste vídeo... Adendo: Antes de assistirem esse vídeo é fundamental fazer distinção entre transcendental e transcendente. *A EQM é TRANSCENDENTAL - do eu subjetivo para fora de si (quando a consciência se depara vendo o próprio corpo não por espelho, mas de modo transversal, como um objeto. *Mas também é TRANSCENDENTE, pelo que lida com o numênico (nos termos de um mundo além da imanência). Quando falo transcendental não é necessariamente em sentido kantiano (estruturas a priori), mas da admissão de uma supranaturalidade, não implicando que isto seja fruto de uma razão pura. O transcendental ainda é imanente de fato, mas sendo fora de nós tem intersecção com o transcendente categoria divina, se em admissão a este. Daí quando uso tal categoria não o faço em termos idealistas e kantianos, mas num realismo moderado. Das minhas definições considero: TALIDADE: constituição única e específica de cada objeto ou evento em sua individualidade irrepetível. TRANSCENDENTAL: é o que possibilita o conhecimento de qualquer objeto ou evento individual, mas relativo ao que está fora. TRANSCENDENTE: teologia, seja natural ou revelada.

Cardiopapers
Já tentei aprender ECG e não consegui. E agora?

Cardiopapers

Play Episode Listen Later Jan 2, 2024 2:36


Já tentei aprender ECG e não consegui. E agora? by Cardiopapers

Pilha de Livros
123. Acidentes gramaticais e terraplanismo linguístico

Pilha de Livros

Play Episode Listen Later Nov 17, 2023 14:09


A Zélia sofreu um acidente com um livro (o episódio de hoje inclui uma cena arrepiante) — e eu ponho-me a falar de terraplanismo linguístico. A meio do episódio, o meu filho Simão tenta imitar (sem querer) a mãe. Episódio dedicado à Zélia, que tem de aturar estes meus vícios radiofónicos e ainda leva com gramáticas na cabeça (do dedo).O episódio de hoje arrepia (estais avisados) — conto o que aconteceu à Zélia por causa de uma gramática de Marcos Bagno, que lhe fez uma patifaria (a gramática, não o Marcos). Foi parar ao hospital (a Zélia, não a gramática) — e imagino a cara de espanto do médico ao ouvir dizer que a culpa foi do livro. Ainda dizem que as questões de língua não aleijam ninguém... No episódio, falo de outro problema grave (e doloroso): o terraplanismo linguístico. Descrevo o que me aconteceu num daqueles lençóis de comentários em que, por vezes, caímos. Uma pessoa tentou convencer-me (com insultos pelo meio) de que o imperativo de “admitir” é, na segunda pessoa, “admitas”. Ou seja, se eu quiser pedir a alguém para admitir, não devo dizer “admite” (“admite tu!”), mas “admitas” (o que até estaria bem se estivéssemos a falar da negativa: “não admitas!” — a língua é tramada e nem é preciso ser atacado por uma gramática para o perceber). Tentei dizer que não, que usar “admitas!” não está bem, mas não houve nada a fazer. Ainda tive de ouvir que hoje em dia vale tudo (até usar bem o imperativo!), que não podemos usar a terceira pessoa do singular como forma de tratamento, que há uma conspiração contra a língua desde os tempos do galego-português, que os espanhóis também não sabem escrever nada de jeito e que a culpa não é deles (coitados), mas da espécie tão estúpida que somos. A opinião, no fundo, era esta: convém corrigir a língua, porque quem a fez é estúpido. Tudo opiniões legítimas — excepto a do imperativo, porque não vale tudo. O que fazer perante isto? Não sei. Talvez criar um episódio da Pilha de Livros sobre o terraplanismo linguístico.*Por fim, uma nota: há quem goste de ouvir podcasts, há quem não goste — como em tudo nesta vida. Ora, como já tive pessoas a dizer que gostam muito de ouvir a Pilha de Livros e outras a declarar, honestamente, que não aguentam ouvir tanto tempo a minha voz (incluo-me claramente no segundo grupo), pensei: porque não aproveitar e escrever também textos um pouco maiores sobre alguns dos episódios que vou criando? Se alguém depois ouvir o episódio, perfeito. Caso contrário, amigos como dantes (mas com mais um texto para ler). E, assim, posso continuar alegremente a matar o vício da rádio todos os dias e a pagar tributo aos deuses da escrita, a quem devo obediência.Obrigado por estarem desse lado (a ouvir ou a ler)!Marco This is a public episode. If you would like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit www.pilhadelivros.pt

Arauto Repórter UNISC
Carta a alguém em depressão

Arauto Repórter UNISC

Play Episode Listen Later Nov 13, 2023 5:49


Você está vivendo um episódio de depressão. Eu sei porque já estive aí e pode ser que volte em alguma hora. Bem, quero aproveitar este momento em que me encontro aqui do lado de fora para te escrever esta carta com base no eu que já esteve aí e neste outro que um dia pode voltar. Talvez, enquanto eu fale ou escreva, você continue sentindo uma tristeza, um desânimo e um vazio que te acompanham até demais, só que tudo isso não te impede de trabalhar, de cuidar da vida e fingir que está tudo bem quando a ocasião requer. Ou talvez você esteja paralisado e sozinho, duvidando que possa realmente sair do buraco algum dia. Eu tinha minhas dúvidas quando estava aí onde você está, mas hoje é bastante claro para mim: depressão não é sinal de fraqueza. Pode ser, antes, indício de sensibilidade e de inteligência (ainda que muitas pessoas sensíveis e inteligentes não sofram com ela, felizmente). Não é motivo de culpa, e sim uma enfermidade que pode e deve ser tratada. Num dia de melancolia é possível fazer bem a alguém. Você pode fazer bem a si mesmo, por exemplo, fazendo uma boa refeição, ou se exercitando. Pode ouvir alguém que precise desabafar. Fazer um elogio, encorajar. Então mais vale arriscar e tentar fazer algo de significativo, ainda que seja um passo aparentemente minúsculo. Vai que uma hora saímos desse buraco e voltamos a ganhar bons momentos no tempo que nos resta, quem sabe até fazemos uma diferença positiva na vida de outras pessoas… E o fato é que há grandes chances de isso acontecer. Eu atravessei diversos episódios depressivos desde a adolescência, e o mais recente durou cerca de oito meses. Passei dias inteiros, do nascer ao pôr do sol, dormindo ou olhando pro teto. Deixei de trabalhar. Fui torturado sem trégua por meus pensamentos. Me senti sozinho e incompreendido no meu inferno pessoal. Tentei aguentar, tentei me ajudar, recebi ajuda. E um dia vi que tinha superado o período de depressão. É pouco, reconheço, mas o que tenho de mais importante para te dizer é o que não podia ver aí de dentro: dá para sair. Para mim, faz sentido pensar na depressão como um feitiço ou um pesadelo. Um filme de terror. Um porre brabo, uma pedra no rim. É terrível, mas uma hora acaba (não digo que acabe por si só; é mais provável que requeira um esforço consciente, prolongado e considerável, na maior parte dos casos) Além disso, como em todos esses exemplos, sair da depressão tornou muito claro para mim que eu não sou aquilo que sinto quando estou deprimido. Aqueles pensamentos, emoções e comportamentos são manifestações de um corpo e de uma mente em depressão; não são minha essência. A mente abriga e manifesta outras identidades. Tenho outra coisa para te dizer com franqueza. Ninguém vai te salvar, a não ser você mesmo. Com isso, não quero dizer que não precisamos de ajuda e que não é importante contar com a compreensão, a paciência e a generosidade de familiares, amigos e médicos. Eu não teria conseguido sem eles e tenho gratidão eterna por ter podido receber sua ajuda. O que quero dizer é que todo o apoio dessa rede de pessoas, e mesmo os medicamentos, podem te ajudar até certo ponto. A partir desse ponto, você tem de caminhar sozinho. Esse ponto é aquele em que você decide que vai se ajudar. Não é uma grande e única decisão. São muitas e pequenas escolhas diárias: se abrir com um amigo, pedir ajuda, procurar um psicólogo ou psiquiatra, levantar da cama, dar uma caminhada, passar tempo com quem está disposto a te apoiar, exercitar o corpo, evitar o álcool e outras drogas com efeito depressivo, buscar coisas que te façam brilhar os olhos, prosseguir no caminho sem fim de dar significado à vida. Só você pode fazer essas coisas Há muito que aprender a fim de superar e prevenir a depressão, e, de modo mais amplo, viver melhor. Por exemplo, adquiri o hábito de me lembrar todo dia dos muitos aspectos favoráveis da minha vida, como ela é hoje [...]

Assunto Nosso
Carta a alguém em depressão

Assunto Nosso

Play Episode Listen Later Nov 13, 2023 5:49


Você está vivendo um episódio de depressão. Eu sei porque já estive aí e pode ser que volte em alguma hora. Bem, quero aproveitar este momento em que me encontro aqui do lado de fora para te escrever esta carta com base no eu que já esteve aí e neste outro que um dia pode voltar. Talvez, enquanto eu fale ou escreva, você continue sentindo uma tristeza, um desânimo e um vazio que te acompanham até demais, só que tudo isso não te impede de trabalhar, de cuidar da vida e fingir que está tudo bem quando a ocasião requer. Ou talvez você esteja paralisado e sozinho, duvidando que possa realmente sair do buraco algum dia. Eu tinha minhas dúvidas quando estava aí onde você está, mas hoje é bastante claro para mim: depressão não é sinal de fraqueza. Pode ser, antes, indício de sensibilidade e de inteligência (ainda que muitas pessoas sensíveis e inteligentes não sofram com ela, felizmente). Não é motivo de culpa, e sim uma enfermidade que pode e deve ser tratada. Num dia de melancolia é possível fazer bem a alguém. Você pode fazer bem a si mesmo, por exemplo, fazendo uma boa refeição, ou se exercitando. Pode ouvir alguém que precise desabafar. Fazer um elogio, encorajar. Então mais vale arriscar e tentar fazer algo de significativo, ainda que seja um passo aparentemente minúsculo. Vai que uma hora saímos desse buraco e voltamos a ganhar bons momentos no tempo que nos resta, quem sabe até fazemos uma diferença positiva na vida de outras pessoas… E o fato é que há grandes chances de isso acontecer. Eu atravessei diversos episódios depressivos desde a adolescência, e o mais recente durou cerca de oito meses. Passei dias inteiros, do nascer ao pôr do sol, dormindo ou olhando pro teto. Deixei de trabalhar. Fui torturado sem trégua por meus pensamentos. Me senti sozinho e incompreendido no meu inferno pessoal. Tentei aguentar, tentei me ajudar, recebi ajuda. E um dia vi que tinha superado o período de depressão. É pouco, reconheço, mas o que tenho de mais importante para te dizer é o que não podia ver aí de dentro: dá para sair. Para mim, faz sentido pensar na depressão como um feitiço ou um pesadelo. Um filme de terror. Um porre brabo, uma pedra no rim. É terrível, mas uma hora acaba (não digo que acabe por si só; é mais provável que requeira um esforço consciente, prolongado e considerável, na maior parte dos casos) Além disso, como em todos esses exemplos, sair da depressão tornou muito claro para mim que eu não sou aquilo que sinto quando estou deprimido. Aqueles pensamentos, emoções e comportamentos são manifestações de um corpo e de uma mente em depressão; não são minha essência. A mente abriga e manifesta outras identidades. Tenho outra coisa para te dizer com franqueza. Ninguém vai te salvar, a não ser você mesmo. Com isso, não quero dizer que não precisamos de ajuda e que não é importante contar com a compreensão, a paciência e a generosidade de familiares, amigos e médicos. Eu não teria conseguido sem eles e tenho gratidão eterna por ter podido receber sua ajuda. O que quero dizer é que todo o apoio dessa rede de pessoas, e mesmo os medicamentos, podem te ajudar até certo ponto. A partir desse ponto, você tem de caminhar sozinho. Esse ponto é aquele em que você decide que vai se ajudar. Não é uma grande e única decisão. São muitas e pequenas escolhas diárias: se abrir com um amigo, pedir ajuda, procurar um psicólogo ou psiquiatra, levantar da cama, dar uma caminhada, passar tempo com quem está disposto a te apoiar, exercitar o corpo, evitar o álcool e outras drogas com efeito depressivo, buscar coisas que te façam brilhar os olhos, prosseguir no caminho sem fim de dar significado à vida. Só você pode fazer essas coisas Há muito que aprender a fim de superar e prevenir a depressão, e, de modo mais amplo, viver melhor. Por exemplo, adquiri o hábito de me lembrar todo dia dos muitos aspectos favoráveis da minha vida, como ela é hoje [...]

Portuguese For Listening With Eli And Friends
Episode 238: Scheduling Problems

Portuguese For Listening With Eli And Friends

Play Episode Listen Later Oct 20, 2023 44:43


For conversation classes with likeminded individuals who are learning Portuguese and chattinga lot, visit: https://portuguesewitheli.com/cah And here is the monologue for your benefit: Dizem que brasileiro nunca chega na hora... mas mais difícil que chegar na hora, para mim está sendo encontrar essa hora. Veja bem. Há alguns meses, percebi que precisava de terapia. Sabe, a vida andava tão espinhosa que precisava de alguém com quem desabafar. Depois de muita procura, encontrei uma psicóloga especialista em comportamento que poderia me ajudar. Tentei reservar uma hora para a triagem com ela, mas a secretária pegou e me disse que a psicóloga estava com a agenda lotada até o mês seguinte. Será que eu teria disponibilidade para esperar? Teria, teria sim. Quando foi no dia anterior à consulta, a psicóloga em pessoa me telefonou e disse que infelizmente tinha um compromisso inadiável no dia seguinte e que ia ter de reagendar a consulta pela qual esperei um mês. Bufei e bufei, mas, fazer o quê? Eu estava de mãos atadas. Perguntei para quando ela tinha vaga e ela me pediu um minutinho, só para dar uma espiada na agenda. Tinha como me encaixar na outra semana, será que eu estaria disposto? Estava, estava sim. Chegando o dia, foi a minha vez de ser furão. Acabou que eu tinha me esquecido de que tinha um encontro naquele dia e já fazia tanto tempo que eu estava encalhado que era melhor dar um bolo na doutora que na pretendente. Liguei para o consultório, inventei uma desculpinha boba e perguntei se ainda havia a possibilidade de remarcar, ao que a secretária, audivelmente contrariada, disse que “a doutora está com a agenda cheia, só se atende com marcação prévia” e tal e tal. Depois desse pega-pega telefônico, conseguimos enfim conciliar nossos horários. No dia da consulta, cheguei pontualmente no horário marcado. Na pauta do dia só havia reclamações. Chorei largado, falei de tudo o que me angustiava e a doutora me ouviu compenetrada. Findos vinte minutos, ela me disse que já tinha do que precisava, trocamos um aperto de mãos e fui eu para o meu lado e ela para o dela, mas não sem antes que ela me dissesse: “agora o senhor pode agendar o retorno com a menina da recepção”. E já faz duas semanas que estou tentando marcar esse retorno. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message

Alta Definição
Carolina Carvalho sobre a perda de Sara Carreira: “Tentei proteger o David do mundo exterior. Perguntar-lhe se estava tudo bem era um massacre”

Alta Definição

Play Episode Listen Later Sep 23, 2023 43:43


“Às vezes, a maior ajuda que se pode dar é só estar presente e caminhar ao lado da pessoa”. Numa grande entrevista com Daniel Oliveira, a atriz e namorada de David Carreira revela o quão difícil foi a perda de Sara Carreira. “Queria que ele sentisse que sempre que olhava para o lado eu estava lá. Quando ele quisesse falar, eu estava para ouvir, mas não lhe fazia perguntas. Tentei protegê-lo muitas vezes do exterior. A perda da Sara foi um acontecimento com dimensão nacional. Toda a gente lhe falava sobre isso. Como é que estás? O que é que uma pessoa vai responder?”. Oiça a conversa completa em podcastSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Malhete Podcast
O que a Inteligência Artificial pensa da Maçonaria?

Malhete Podcast

Play Episode Listen Later Aug 29, 2023 7:46


Parece que as manchetes hoje em dia estão repletas de histórias sobre como a Inteligência Artificial vai deixar todos nós sem trabalho. Os geradores de arte de IA roubarão o mercado dos artistas, a escrita de IA deixará os escritores sem trabalho. A IA assumirá o marketing, a redação de discursos, a manutenção de registros e as atividades criativas. Basicamente, o céu está caindo – de novo. Na época em que as televisões foram introduzidas, eles disseram que isso iria matar o rádio. Não mudou – mas o rádio mudou. Quando o Netflix foi lançado – eles disseram que iria matar a TV. Não mudou – mas a TV mudou. Estas “Novas Tecnologias” pelas quais as pessoas se sentem ameaçadas são o que chamamos de “Disruptores”. A nova tecnologia “perturba” os negócios normais. E talvez isso seja uma coisa boa. Essa ideia de “Inteligência Artificial” já existe há muito tempo. Na verdade, o termo foi cunhado em uma conferência de verão no Dartmouth College em 1955. Mas mesmo antes disso, em 1942, o autor Isaac Asimov escreveu o romance “Runaround”. Nesse livro, ele apresentou as 3 leis da robótica que regeriam a “ética” dos robôs. Como isso é relevante para a Maçonaria, você diz? Os robôs provavelmente não invadirão nossas lojas tão cedo. E não vejo a Inteligência Artificial tornando-nos, humanos, “obsoletos” na nossa loja. O efeito mais imediato que a Inteligência Artificial provavelmente terá sobre a Maçonaria é o que ela pensa sobre nós. Em outubro do ano passado, comecei a investigar a IA através de um gerador de imagens. Eu me inscrevi para uma assinatura do “Artssy.co”, que prometia cuspir imagens com base na entrada de texto de humanos. Foram necessárias algumas tentativas e erros para digitar o texto e obter uma imagem que se aproximasse do que eu procurava. Comecei a tentar gerar imagens “esotéricas”. Eles eram estranhos e assustadores. Então comecei a inserir instruções mais “complexas”. Tentei ser mais genérico e pedi à IA que me desse uma imagem de “um grupo de maçons reunidos num local sagrado”. Retornou a imagem do início deste artigo – 5 homens reunidos em torno de um altar. Aparentemente, pensa que a maioria de nós é careca! Em novembro do ano passado (2022), o ChatGPT foi lançado e recebeu muita atenção da mídia. GPT significa “Transformador pré-treinado generativo de bate-papo). Esta nova “IA” foi na verdade baseada em software criado em 2020 pela OpenAI. A “IA” recebe informações humanas e produz “respostas” com base na experiência anterior. O resultado pode incluir escrever um artigo, criar uma imagem ou responder a uma pergunta. E é esse último que nos afetará primeiro. Essas questões colocadas à IA certamente incluirão algumas perguntas sobre a Maçonaria. Curioso sobre a Maçonaria? Pergunte à Inteligência Artificial. Quer saber mais sobre as graduações? Pergunte à IA. A Maçonaria faz parte dos Illuminati? A IA provavelmente saberá. Resolvi conversar com a IA e ver o que ela pensa sobre a Maçonaria. Mais do que apenas responder perguntas, é suposto cuspir pensamentos e resumos complexos. Primeiro fiz uma pergunta básica “O que é a Maçonaria?”. Respondeu: “A Maçonaria baseia-se num sistema de ensinamentos morais e alegóricos, muitas vezes expressos em termos simbólicos, que se destinam a promover o crescimento pessoal, o comportamento ético e a responsabilidade social”. No geral, uma ótima resposta. Eu cavei mais fundo. Perguntei “A Maçonaria é uma religião?” A AI respondeu: “Não, a Maçonaria não é uma religião… Embora a Maçonaria exija que os seus membros acreditem num Ser Supremo, ela não promove nenhuma religião ou doutrina religiosa em particular”. Hum, até aí tudo bem. Eu tentei “Os maçons matam pessoas?” A AI respondeu: “A Maçonaria é frequentemente associada a teorias de sigilo e conspiração, o que alimentou muitos rumores e acusações infundadas sobre as suas atividades”. Dei um passo adiante e perguntei: “O que é o caso Morgan?” A AI respondeu com um relato verdadeiro do que aconteceu, incluindo comentários de que “nenhuma evidência concreta foi encontrada” e “o Caso Morgan prejudicou a reputação da Maçonaria”. Resolvi fazer perguntas ao avô que certamente seriam nossa ruína. “Os maçons também são os Illuminati?”. Preparem-se. A AI respondeu com “Não, os maçons e os Illuminati não são a mesma coisa, não há nenhuma evidência que sugira que eles estejam relacionados de alguma forma”. Boas notícias para nós. Com base na minha interação inicial, parece que a IA tem uma imagem positiva da Maçonaria. Qualquer pessoa que procure informações sobre a Maçonaria através da IA provavelmente obterá respostas reais sobre quem somos, em vez de disparates conspiratórios. Mas isso mudará? Tudo isso depende de onde a IA obtém a “educação” adicional e de quem tem o controle. E se alguém responsável tivesse uma experiência ruim com um maçom, poderia chegar ao ponto de sabotar essa “percepção” da IA? Como qualquer outra coisa, a tecnologia é tão boa quanto aquilo que lhe dizemos para fazer. No momento, devemos estar cientes de que a IA sabe muito sobre nós e as pessoas vão pedir informações a ela. Mas não importa o que a IA divulgue, o primeiro passo será sempre quando um buscador entra em contato com um Maçom para descobrir como ingressar. Portanto, a melhor representação da Maçonaria continua sendo os Maçons. Devemos sempre nos lembrar de melhorar e suavizar nossa pedra bruta. Fraternalmente, Bo Buchanan Editor da Revista Arizona Masonry --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/malhete-podcast/message

Podcast finche
EP. 33 - Mindset

Podcast finche

Play Episode Listen Later Aug 27, 2023 27:17


Afinal, o que é para mim um Mindset finche? Tentei de uma forma leve, e curta, dar alguns exemplos do meu ponto de vista. Um tema, que tem muito por onde viajar. Espero que gostem, com um abraço dos bons, Ângelo. ❤️

Devocionais Pão Diário
Devocional Pão Diário: Ame o Seu Inimigo

Devocionais Pão Diário

Play Episode Listen Later Aug 23, 2023 2:37


Leitura bíblica do dia: Atos 1:1-8 Plano de leitura anual: Salmos 113–115; 1 Coríntios 6; Tentei evitá-la antes de ela me ver, pois não queria lidar com ela naquela época, aliás nunca. Queria ignorá-la, colocá-la em seu lugar. Embora eu estivesse irritado com as atitudes dela, talvez eu a tivesse irritado ainda mais! Os judeus e os samaritanos também se relacionavam com aversão mútua. Sendo um povo de origem mista que adorava seus próprios deuses, os samaritanos, aos olhos dos judeus, tinham deturpado a linhagem e a fé judaicas, erigindo uma religião rival no monte Gerizim (João 4:20). Os judeus desprezavam tanto os samaritanos que seguiam pelo caminho mais longo em vez de tomar a rota direta por esse país. Jesus revelou uma maneira melhor. Ele trouxe salvação para todas as pessoas, incluindo os samaritanos. Ele entrou em Samaria para levar água viva a uma mulher e para a cidade dela (vv.4-42). Suas últimas palavras aos Seus discípulos foi pedir-lhes que seguissem o Seu exemplo. Eles deveriam compartilhar Suas boas-novas com todos, começando em Jerusalém e dispersando-se através de Samaria até chegarem nos “lugares mais distantes da terra” (Atos 1:8). Samaria foi mais do que a próxima sequência geográfica. Foi a parte mais dolorosa da missão. Os discípulos tiveram que superar seus preconceitos para amar as pessoas que não gostavam. Jesus é mais importante do que suas mágoas? Certifique-se. Ame o seu “samaritano”. Por:  Mike Wittmer

PodPasta
101 - CASO LARISSA MANOELA - PAI OU PESTE ??

PodPasta

Play Episode Listen Later Aug 16, 2023 28:16


ESTAMOS DE VOLTA!!! PODPASTA NÃO MORREU, SÓ ADORMECEU! No 101º episódio do Podpasta, vamos matar aqu8lo que está nos matando !! Isso mesmo, a sede de fofoca!! Tentei reunir o máximo de infos disponíveis (e alguns furos que surgiram bem na hora da gravação) sobre o caso Larissa Manoela!! VEEM COMIGO QUE AQUI É JORNALISMO !! TORNE-SE UM APOIADOR DO PODPASTA, ME AJUDE A CONTINUAR COM ESSE PROJETO E RECEBA EPISÓDIOS BÔNUS EXCLUSIVOS (ALÉM DE ENTRAR NO GRUPO DO TELEGRAM): https://apoia.se/podpasta ME ENVIE SUA FIC/SUGESTÃO/PEDIDO DE CONSELHO NO E-MAIL podpastapodcast@gmail.com Edição: Maurício Bierhals. Vinheta: Fungado.

Café Brasil Podcast
Cafezinho 584 - Armadura Emocional

Café Brasil Podcast

Play Episode Listen Later Aug 11, 2023 3:56


Assine o Café Brasil para ter acesso ao bônus do episódio: https://canalcafebrasil.com.br  Almocei com amigos que buscavam me ouvir sobre uma importante decisão: os dois executivos estavam para tomar a decisão de sair da empresa na qual trabalhavam e onde eram bem sucedidos. Um deles, jovem, na casa dos 40 anos. O outro já com 65 anos, prestes a se aposentar. Queriam saber como era. Tentei não ser óbvio...See omnystudio.com/listener for privacy information.

Café Brasil Podcast
Cafezinho 584 - Armadura Emocional

Café Brasil Podcast

Play Episode Listen Later Aug 11, 2023 3:56


Assine o Café Brasil para ter acesso ao bônus do episódio: https://canalcafebrasil.com.br  Almocei com amigos que buscavam me ouvir sobre uma importante decisão: os dois executivos estavam para tomar a decisão de sair da empresa na qual trabalhavam e onde eram bem sucedidos. Um deles, jovem, na casa dos 40 anos. O outro já com 65 anos, prestes a se aposentar. Queriam saber como era. Tentei não ser óbvio...

Cafezinho Café Brasil
Cafezinho 584 - Armadura Emocional

Cafezinho Café Brasil

Play Episode Listen Later Aug 11, 2023 3:56


Assine o Café Brasil para ter acesso ao bônus do episódio: https://canalcafebrasil.com.br  Almocei com amigos que buscavam me ouvir sobre uma importante decisão: os dois executivos estavam para tomar a decisão de sair da empresa na qual trabalhavam e onde eram bem sucedidos. Um deles, jovem, na casa dos 40 anos. O outro já com 65 anos, prestes a se aposentar. Queriam saber como era. Tentei não ser óbvio...See omnystudio.com/listener for privacy information.

Cafezinho Café Brasil
Cafezinho 584 - Armadura Emocional

Cafezinho Café Brasil

Play Episode Listen Later Aug 11, 2023 3:56


Assine o Café Brasil para ter acesso ao bônus do episódio: https://canalcafebrasil.com.br  Almocei com amigos que buscavam me ouvir sobre uma importante decisão: os dois executivos estavam para tomar a decisão de sair da empresa na qual trabalhavam e onde eram bem sucedidos. Um deles, jovem, na casa dos 40 anos. O outro já com 65 anos, prestes a se aposentar. Queriam saber como era. Tentei não ser óbvio...

Café Brasil Podcast
Cafezinho 570 – A nota é DÓ!

Café Brasil Podcast

Play Episode Listen Later May 5, 2023 10:21


- Semana passada meu contador me ligou para dizer que não conseguia completar minha declaração do IR por conta da impossibilidade de emissão do extrato de pagamentos da aposentadoria no INSS. Algum erro no sistema. - Entrei no app para ver o que era, me pediram para atualizar dados do IR. "Você não precisa ir ao INSS" está lá escrito. Não vai, o app ficou indefinidamente girando numa página e a coisa não andou. Tentei pelo site, veio o aviso: "O senhor vai ter de ir à agência do INSS." Tenho de agendar o atendimento. - Atendimento agendado, para hoje pela manhã, lá vou eu para a agência. Até que a fila foi rápida. Aí me atende uma menina, com seus 20 anos, falado baixo, atrás de um vidro e de máscara. Dá uma olhada nos meus dados e balbucia: "O senhor vai ter de agendar para atualizar os dados do imposto..." Ela me diz que eu tenho de fazer aquilo que eu acabei de fazer. Eu estava na agência, na data agendada, para conseguir o meu extrato do IR. E ela diz que eu tinha de agendar de novo. E só tem data dia 18. Peço para chamar alguém que possa ajudar. Vem um garoto com seus 20 anos, pega meu RG e vai lá para dentro. Alguns minutos depois volta com dois papéis impressos, dizendo que eu tenho de agendar para retornar à agência para acertar os dados do IR. Eu argumento que era exatamente isso que eu estava fazendo ali, mas falo com uma porta. Alternativa: dar um murro no balcão, começar a gritar e fazer com que o segurança venha me acalmar. Ou me algemar. Ou entrar numa fila enorme para falar com o caixa, que tem seus 50 anos de idade e talvez possa ajudar. Talvez, sem qualquer segurança. Sistema que não funciona, funcionários desqualificados, NENHUM interesse em resolver o problema... e na fila um monte de velhinhos e velhinhas com suas bengalas e dificuldades de locomoção. Que talvez ouçam um "volte outro dia".  Voltei para casa, sem meu extrato, com a certeza de que não existe a menor possibilidade do Brasil dar certo. Que dó do Brasil.     Esta reflexão continua no vídeo. https://www.youtube.com/watch?v=saCPbjZqFvo Gostou? De onde veio este, tem muito mais. No Café Brasil Premium você se desenvolve como líder nutritivo, que não apenas lidera, mas atrai, inspira, educa e serve como modelo. São textos, livros, palestras, cursos, podcasts, jornadas de aprendizado exclusivas e uma comunidade de líderes e empreendedores nutritivos, criando o lugar ideal para sair da normose. Acesse https://canalcafebrasil.com.br/ e faça parte de uma  comunidade que defende a liberdade!

Cafezinho Café Brasil
Cafezinho 570 – A nota é DÓ!

Cafezinho Café Brasil

Play Episode Listen Later May 5, 2023 10:21


- Semana passada meu contador me ligou para dizer que não conseguia completar minha declaração do IR por conta da impossibilidade de emissão do extrato de pagamentos da aposentadoria no INSS. Algum erro no sistema. - Entrei no app para ver o que era, me pediram para atualizar dados do IR. "Você não precisa ir ao INSS" está lá escrito. Não vai, o app ficou indefinidamente girando numa página e a coisa não andou. Tentei pelo site, veio o aviso: "O senhor vai ter de ir à agência do INSS." Tenho de agendar o atendimento. - Atendimento agendado, para hoje pela manhã, lá vou eu para a agência. Até que a fila foi rápida. Aí me atende uma menina, com seus 20 anos, falado baixo, atrás de um vidro e de máscara. Dá uma olhada nos meus dados e balbucia: "O senhor vai ter de agendar para atualizar os dados do imposto..." Ela me diz que eu tenho de fazer aquilo que eu acabei de fazer. Eu estava na agência, na data agendada, para conseguir o meu extrato do IR. E ela diz que eu tinha de agendar de novo. E só tem data dia 18. Peço para chamar alguém que possa ajudar. Vem um garoto com seus 20 anos, pega meu RG e vai lá para dentro. Alguns minutos depois volta com dois papéis impressos, dizendo que eu tenho de agendar para retornar à agência para acertar os dados do IR. Eu argumento que era exatamente isso que eu estava fazendo ali, mas falo com uma porta. Alternativa: dar um murro no balcão, começar a gritar e fazer com que o segurança venha me acalmar. Ou me algemar. Ou entrar numa fila enorme para falar com o caixa, que tem seus 50 anos de idade e talvez possa ajudar. Talvez, sem qualquer segurança. Sistema que não funciona, funcionários desqualificados, NENHUM interesse em resolver o problema... e na fila um monte de velhinhos e velhinhas com suas bengalas e dificuldades de locomoção. Que talvez ouçam um "volte outro dia".  Voltei para casa, sem meu extrato, com a certeza de que não existe a menor possibilidade do Brasil dar certo. Que dó do Brasil.     Esta reflexão continua no vídeo. https://www.youtube.com/watch?v=saCPbjZqFvo Gostou? De onde veio este, tem muito mais. No Café Brasil Premium você se desenvolve como líder nutritivo, que não apenas lidera, mas atrai, inspira, educa e serve como modelo. São textos, livros, palestras, cursos, podcasts, jornadas de aprendizado exclusivas e uma comunidade de líderes e empreendedores nutritivos, criando o lugar ideal para sair da normose. Acesse https://canalcafebrasil.com.br/ e faça parte de uma  comunidade que defende a liberdade!

Horizonte de Eventos
Horizonte de Eventos - Episódio 42 - 10 Anos do Rover Curiosity Em Marte

Horizonte de Eventos

Play Episode Listen Later Dec 20, 2022 62:34


Nesse episódio vamos comemorar os 10 anos da chegada do rover Curiosity da NASA em Marte, mais precisamente na Cratera Gale. Vamos conversar de maneira geral sobre tudo que ele já fez desde a sua chegada até hoje, as suas grandes descobertas, seus desafios e problemas e o sobre o grande mistério do metano em Marte. Tentei resumir esses 10 anos de história incrível do rover que no momento está escalando uma montanha de 5 km de altura no centro da sua cratera.

Projeto do Coração
Fator 4 – Você é Sua Mente #197

Projeto do Coração

Play Episode Listen Later Dec 2, 2022 37:37


Mente "Ser cristão é estar comprometido com o pensamento, com o aprendizado e com a vida da mente, pelo menos até certo ponto. Não estou me referindo a educação formal, por mais que isso seja importante, mas independente das suas condições, sua mente deve estar sob constante revisão, em construção a todo tempo para ser o que Deus quer que você seja. Por que deve existir essa constante renovação da mente? Porque você está mudando a cada dia, suas circunstancias estão mudando, o mundo está mudando e sua mente é extremamente deficiente. Precisamos de um processo contínuo de renovação da mente guiado por Deus" - trecho retirado do livro "Who God Says You Are" do Klyne Snodgrass Hoje vamos falar sobre a nossa MENTE no podcast e sobre o que a Bíblia nos diz sobre o poder da nossa mente e dos nossos pensamentos. Já aviso que é um episódio só eu comigo mesma, e é um assunto que eu adoro! Tentei organizar meus pensamentos, fiz anotações e tudo mas acho que me empolguei um pouco! Espero que vocês tenham paciência em acompanhar todas as minhas tangentes :)  Recursos Mencionados A série toda é baseada no livro: "Who God Says You Are" do Klyne Snodgrass. Esse livro ainda não tem tradução para o português, mas peçam aí para as editoras brasileiras :)  Também citei os livros: "Pense" do John Piper  e "Gospel Fluency" do Jeff Vanderstelt .

A História do Dia
O Serviço Nacional de Saúde ainda tem salvação?

A História do Dia

Play Episode Listen Later Jun 15, 2022 16:47


Depois de 38 anos, trocou os hospitais públicos pelo privado, “cansado” e “farto”: “Tentei mudar o sistema. Concluí que não era possível”. O que explica o problema nas urgências? E como salvar o SNS?See omnystudio.com/listener for privacy information.

Cardiopapers
Já tentei aprender ECG e não consegui. E agora?

Cardiopapers

Play Episode Listen Later May 30, 2022 2:36


Já tentei aprender ECG e não consegui. E agora? by Cardiopapers

Meio Ambiente
“Lixo não é problema, é solução”, diz engenheiro ambiental que luta pela reciclagem no Líbano

Meio Ambiente

Play Episode Listen Later May 19, 2022 4:59


Ziad Abi Chaker, 53, engenheiro ambiental especializado na reciclagem do lixo, foi um dos candidatos independentes que se apresentaram nas eleições legislativas de 2022 como o rosto progressista da nova política libanesa. Mesmo se não foi dessa vez que conseguiu um assento no Parlamento, sua luta pela conscientização ambiental e pelo desperdício zero, uma bandeira que carrega há mais de 25 anos, quer trazer o Líbano para dentro da luta ambientalista que mobiliza o planeta. Márcia Bechara, enviada especial da RFI ao Líbano Ziad Abi Chaker conversou com a RFI durante um evento de campanha no bairro de Gemmayzeh, no centro de Beirute, todo construído com material feito a partir de reciclagem de embalagens recolhidas em supermercados na capital libanesa. Ele ainda é uma voz quase solitária em seu país, cuja taxa de reciclagem é uma das mais baixas do mundo. “Somos governados por uma mentalidade miliciana”, ataca Chaker. “A milícia nunca te dá nada, ela sempre toma. Ela nunca constrói, ela sempre destrói”, diz. “Estamos lutando por uma mudança total de mentalidade”, pontua. “O problema da [falta de] consciência ecológica desse país é diretamente ligado à crise econômica. Um aspecto positivo da crise econômica [no Líbano] foi que as pessoas começaram a gerar menos lixo, elas perderam poder econômico, o poder de compra. Mas o lado ruim é que ainda nos fiamos a lixões, nossa taxa de reciclagem é muito baixa. É o que estou tentando dizer às pessoas: economia não é mais importante que o meio ambiente”, afirma o ativista libanês. Apenas 9% de reciclagem Chaker contextualiza a questão ambiental no Líbano. “Antes da crise, a média de reciclagem de lixo era de apenas 9%. Isso é uma vergonha real, não podemos continuar desse jeito, e reciclar é uma maneira de relançar a economia. Quando você se encontra numa crise financeira, você precisar usar seus recursos ao máximo, mesmo se for o lixo. Para mim, o lixo é solução, não é um problema”, argumenta. A crise, no entanto, traz alguns benefícios, segundo o ambientalista libanês. “Outro aspecto positivo da crise financeira é que pesticidas e fertilizantes químicos, que são importados, se tornaram muito caros para a agricultura. Por necessidade, muitos fazendeiros pararam de utilizá-los. Eles estão confiando agora em fertilizantes naturais, isso é o que temos sugerido há muito tempo”, diz Chaker. O ambientalista comenta a incrível crise do lixo que durou mais de um ano na região da grande Beirute e deixou a cidade e vilarejos vizinhos cobertos de entulhos. “O que aconteceu em 2015 é que o governo vinha apostando na capacidade de um único lixão, disseram que ele duraria entre três e cinco anos. Eles jogaram lixo lá durante 20 anos. Mas, então, o povo falou um 'basta', fechou a estrada, e impediu os caminhões de lixo de chegarem ao lixão. Como eles não tinham um plano B, o governo ficou bloqueado, e parou de recolher o lixo durante um ano e meio”, relata o engenheiro ambiental libanês. Para ele, a crise do lixo foi uma lição para o país. “A crise do lixo foi um grito de alerta para todo mundo, vimos que estávamos administrando mal nosso lixo. Tentei ter um papel ativo mostrando que, se investirmos em infraestrutura, nosso lixo vai acabar trabalhando para nós, e não o contrário. Nosso lixo pode criar empregos, uma nova agricultura, mais atividade econômica, podemos exportar produtos derivados da reciclagem, precisamos de uma mudança total de paradigma, e é claro que a crise do lixo foi devido à corrupção, o lixo é administrado por meio da corrupção desde 1992”, conclui.

The Crime Brasil
Quem é Lázaro Barbosa de Sousa?

The Crime Brasil

Play Episode Listen Later Jun 29, 2021 29:24


O caso de hoje é atual, sobre um criminoso cruel e que era provavelmente capaz de fazer qualquer coisa para continuar sua fuga histórica pelo país. No dia 28 de junho de 2021 Lázaro foi encontrado e morto pela polícia após 20 dias de fuga. Lázaro mobilizou uma força tarefa de mais de 270 policiais em perseguição constante nesses últimos dias. Foi um final trágico para crimes mais trágicos ainda! Tentei trazer o máximo de informações sobre Lázaro Barbosa de forma responsável e sem sensacionalismo. Em casos nacionais normalmente faço uma complementação mais técnica e jurídica, e claro que nesse não seria diferente! Também dei a minha opinião pessoal acerca do desfecho dessa história. Fontes de pesquisa: https://www.thecrimebrasil.com.br/2021/06/quem-e-lazaro-barbosa-de-sousa.html#more minhas redes sociais: https://lkt.bio/thecrimebrasil

Vamos Tratar de Vida
#42 `Línguas de Perguntador`

Vamos Tratar de Vida

Play Episode Listen Later Jun 23, 2021 80:30


Episódio Especial de “Eu já! Eu nunca!” - Mandei nudes - Fui a um motel - Fingi gostar de um presente - Tentei desbloquear o teu telemóvel - Aceitei fazer publicidade com uma marca que não gostava

Senhor Tanquinho Podcast
Podcast Extra #170 - O Que NÃO Fazer Para Emagrecer: 7 dicas furadas que eu já tentei

Senhor Tanquinho Podcast

Play Episode Listen Later May 7, 2021 19:45


Muito se fala sobre o que fazer para emagrecer - porém, neste vídeo, vou mostrar 7 coisas que você NÃO DEVE FAZER se quer perder peso de maneira saudável e sustentável. Eu mesmo já caí em todas elas, e minha esperança com este vídeo é ajudar você a não cometer os mesmos erros que eu já cometi. Você pode aprender a montar cardápios e pratos realmente emagrecedores no nosso treinamento Cardápio Tanquinho - https://go.hotmart.com/G5396687D?src=podcast ---------- Faça parte de nossa lista VIP de transmissão do Telegram, acesse: https://senhortanquinho.com/telegram Conheça nosso audiobook Saúde Sem Mitos, acesse: https://senhortanquinho.com/audiobook ---------- Agradecimento a nossos patrocinadores: - Loja online Tudo Low Carb: https://materiais.senhortanquinho.com/tudo-low-carb - Medidor de corpos cetônicos via hálito uaiKeto: http://uaiketo.com.br - Programa Guia Dieta Cetogênica: https://go.hotmart.com/S6849571V?src=podcast --- Support this podcast: https://anchor.fm/senhortanquinho/support

para todas as pessoas intensas.
#21 - tentei ser o amor da sua vida.

para todas as pessoas intensas.

Play Episode Listen Later Mar 12, 2021 2:52


quanto mais eu tentava ser o amor da sua vida, menos eu era da minha.