Podcast sobre Direito e Economia com a professora de Direito Privado da Universidade de Brasília, Ana Frazão.
No episódio, Ana Frazão conversacom João Carlos Ferraz, Professor Titular do Instituto de Economia da UFRJ,sobre os desafios da indústria no Brasil. O professor faz um diagnóstico do cenárioatual, tentando mapear as características da indústria brasileira, bem como osfatores que influenciam na perda progressiva da sua importância no PIB. Dentreos assuntos explorados, encontram-se a importância das políticas industriais eos requisitos para o seu desenho, bem como a sustentabilidade, tanto em termosdos desafios que apresenta, como também das oportunidades.Apresentação: Ana FrazãoProdução e edição: José Jance Marques
No episódio, Ana Frazão conversa com Paulo Tafner, Professor Aposentado e Pesquisador Associado da FIPE/USP e Diretor do IMDS – Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social sobre a importância da mobilidade social. O professor faz um diagnóstico sobre a situação do Brasil, mostrando que a tendência de aumento de mobilidade verificada em boa parte do século XX foi interrompida na década de 80, quando se estagnou, passando a ser decrescente a partir do ano 2000. O professor Paulo Tafner explica os principais vetores para a mobilidade, assim como os principais obstáculos, aprofunda a discussão sobre a interpenetração entre redução de pobreza e redução de desigualdade, trata do papel do Estado e das políticas públicas necessárias para a solução do problema e explora algumas das pesquisas mais importantes do IMDS que auxiliam o melhor diagnóstico da questão no Brasil.
No episódio, Ana Frazão conversa com Felipe Almeida, Professor de Economia da UFPR e um dos criadores e apresentadores do Podcast Economia Undergroud. O Professor Felipe explica inicialmente o que é o institucionalismo original, como ele se diferencia do novo institucionalismo e a importância de Veblen para a fundação dessa abordagem. A partir daí, é explorado o papel da tecnologia e da inovação na análise institucionalista, as relações entre tecnologia e instituições e a importância do encapsulamento das tecnologia pelas instituições sociais. Na parte final da conversa, o entrevistado trata da importância dos smartphones, das redes sociais e das fake news para a economia institucional, mostrando as razões pelas quais os problemas gerados não são propriamente da tecnologia, mas sim das instituições que nos moldam.
No episódio, Ana Frazão conversa com Fabio Giambiagi, economista do BNDES desde 1984, com passagens pela assessoria econômica do Ministério do Planejamento, pelo IPEA e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento em Washington. Além disso, foi professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA-UFRJ) e da PUC-RJ e é autor de diversos livros, dentre os quais “A Vingança de Tocqueville. A importância do bom debate”.Na conversa, o professor Fábio Giambiagi explica porque, no seu entender, “a grande questão com a qual os defensores de reformas econômicas pro-mercado se defrontam no país é: como convencer a população de que um conjunto de políticas baseadas na forte presença do Estado na economia não darão certo, dado que essas políticas, no passado, levaram o país a se desenvolver rapidamente?”. Ao propor uma abordagem mais liberal, o professor demonstra as razões pelas quais o que funcionou no Brasil no pós-1930 por um tempo considerável não funciona mais hoje, o que seria a lógica pró-mercado que deveria prevalecer na atualidade e como se situa o debate entre ortodoxia econômica e heterodoxia. Para fundamentar suas opiniões, o professor demonstra como a economia é também política e como o liberalismo depende de alguns pressupostos, tais como a defesa das liberdades, da democracia, da plena vigência das instituições e da alternância de poder. Ponto alto da conversa diz respeito a saber como avançar no debate econômico no Brasil diante da excessiva ideologização e polarização, que obscurece o debate de ideias e faz com que os lados extremos sofram da mesma miopia.
Neste episódio, Ana Frazão recebe Ladislau Dowbor, economista e professor titular da PUC-SP, para uma conversa aprofundada sobre a Revolução Digital e a necessidade de repensar a função social da economia. Dowbor explora como a atual revolução tecnológica se compara à Revolução Industrial, enfatizando o papel central do conhecimento e da informação na economia contemporânea. A discussão aborda os impactos da financeirização e do rentismo na sociedade atual, destacando como esses fenômenos contribuem para o aumento da desigualdade social e para desafios ambientais. Além disso, analisam a ascensão da indústria da atenção, refletindo sobre como as tecnologias digitais influenciam o comportamento humano e a economia. Na parte final, são apresentadas possíveis soluções para os desafios contemporâneos, ressaltando a importância de resgatar a função social da economia e integrar princípios éticos nas decisões econômicas e institucionais. Para saber mais sobre o trabalho do professor Ladislau Dowbor, visite seu site oficial em dowbor.org.
No episódio, Ana Frazão conversa com Jorge Caldeira, Sociólogo, Cientista Político, Historiador e Jornalista, a respeito de suas principais obras com destaque para a “História da riqueza no Brasil”. O professor esclarece a sua metodologia, a partir do estudo das instituições e da ampla pesquisa de dados analisados a partir de modelos econométricos. Nesse sentido, divide a história do Brasil em períodos, buscando compreender o crescimento econômico em cada um eles. Ao contrário da história tradicional, que tende a amesquinhar o período colonial, normalmente visto a partir da perspectiva de pouco crescimento e de transferência da riqueza para o reino, o professor Jorge Caldeira mostra que a economia colonial era, no final do século XVIII, dinâmica e muito maior do que a da metrópole, não podendo ser considerada uma economia de subsistência. Já o período imperial foi marcado pela estagnação, na medida em que o governo central do Império teria mantido a escravidão e freado o crescimento, jogando o país no atraso. Na primeira república, o professor explica a explosão de crescimento, que teria decorrido da liberação do setor privado, da quebra de isolamento do Brasil em relação ao mundo e da consequente multiplicação de empreendedores. Por fim, o professor analisada o período de 1930-2017, mostrando os seus principais desafios. Ao final, o professor faz uma síntese conclusiva, explorando o potencial do Brasil para o crescimento econômico.
No episódio, Ana Frazão conversa com Rafael Lucchesi, Diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia da CNI e Presidente do Conselho de Administração do BNDES, sobre as causas do processo de desindustrialização do Brasil, assim como sobre as possíveis soluções diante do enorme potencial do Brasil em diversas frentes. Ponto importante da conversa é a relação entre a desindustrialização e as taxas de juros, uma vez que, como cada ponto percentual de juro acima do que seria uma taxa neutra custaria 50 bilhões por ano ao país, tal política de juros altos está associada a um rentismo improdutivo que, implementado pelos bancos em aliança com a mídia, compromete a nossa agenda de desenvolvimento. Outros pontos altos da conversa dizem respeito às relações entre reindustrialização e políticas industriais, bem como entre reindustrialização e sustentabilidade.
No episódio, Ana Frazão conversa com Luiz Gonzaga Belluzzo, Professor Titular de Economia da Unicamp, sobre o seu novo livro em coautoria com Nathan Caixeta “Avenças e Desavenças da Economia”. O professor explica que um dos objetivos do livro é precisamente colocar em xeque os conflitos cognitivos da economia, a fim de proporcionar um contraponto à história da autonomização e da naturalização da economia e à incorporação irrefletida do utilitarismo. Dentre os tópicos explorados, o professor Belluzzo mostra como a economia, embora se apresente como ciência objetiva é técnica, é eivada de valorações e pressupostos não revelados, assim como de tentativas de se ocultar as condições políticas. Também são abordados na conversa os temas relacionados ao papel da crise de 2008 para uma reflexão sobre os pressupostos da economia, as discussões sobre a dívida pública e os efeitos da eleição de Trump sobre vários dos problemas destacados no livro.
No episódio, Ana Frazão entrevista Regina Madalozzo, Economista e Psicóloga, PhD em Economia pela Universidade de Illinois, autora do livro “Iguais e Diferentes”e ganhadora do prêmio Todas de Economista do ano em 2024. Na conversa, Regina esclarece o que é a economia feminista e quais são as suas principais preocupações, assim como explora alguns de seus principais trabalhos, dentre os quais a pesquisa que apontou que as mulheres não se afastam mais do trabalho do que os homens, mesmo incluída a licença maternidade. A entrevista também aborda os principais desafios que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho e na vida econômica de forma geral e os pontos mais urgentes que precisam ser enfrentados. Dentre os tópicos específicos, encontram-se as discussões sobre como os direitos reprodutivos das mulheres, incluindo a questão do aborto, influem na vida econômica das mulheres, bem como as questões sobre interseccionalidades.
No episódio, Ana Frazão entrevista Lena Lavinas, Professora Titular do Instituto de Economia da UFRJ, sobre os efeitos da financeirização no Brasil e no mundo. A entrevistada começa explicando as principais características da financeirização, suas possíveis causas e os impactos na diminuiçao do crescimento econômico, na desindustrialização, na concentração de riqueza e no aumento da desigualdade. A professora também explica a captura das políticas sociais pela financeirização, mostrando os seus desdobramentos sobre o crescente endividamento das famílias. Na parte final da conversa, também são explorados os impactos da financeirização sobre a saúde, a educação e a moradia.
No episódio, Ana Frazão entrevista Eduardo Magalhães, Professor da Universidade Federal do ABC, sobre o poder corporativo no Brasil. O entrevistado inicia tratando da importância de se identificar o controle empresarial, bem como da relação entre o poder econômico e o poder político. Adentrando no exame da realidade brasileira, o professor Eduardo trata dos indicadores do poder econômico (grau de saída, grau de saída ponderado e centralidade de intermediação), mostrando como os grupos privados se estruturam no Brasil e os setores da economia que são mais influenciados por tais agentes. Especial atenção é dada ao setor de saúde privada, em relação ao qual o professor Eduardo explica a atuação e o papel das sete empresas que formam o oligopólio na área e cujo poder transcende o segmento e acaba abrangendo toda a economia brasileira. Também são explorados os temas das implicações concorrenciais da atual estrutura do setor de saúde, as repercussões para o SUS e as deficiências da atuação de autoridades, como a ANS e o CADE. O artigo que deu suporte à entrevista pode ser acesso pelo presente link (Vista do Quem está no comando? Poder entre grupos econômicos hegemônicos no Brasil), assim como o artigo jornalístico do professor Ladislau Dowbor no qual se inspirou o entrevistado para realizar o estudo pode ser acessado pelo presente link O poder corporativo mundial Apresentação: Ana Frazão Produção: José Jance Marques
No episódio, Ana Frazão conversa com Vinícius Centeno, Fernando Fellows e Eduardo Mantoan sobre a financeirizaçao das empresas no Brasil, especialmente partir do artigo que escreveram com o mesmo título no livro Financeirização. Crise, Estagnação e Desigualdade, organizado por Lena Lavinas, Norberto Martins, Guilherme Gonçalves e Elisa Van Waeyenberge. Os autores explicam o que é a financeirização das empresas, quando começa esse processo e quais são as suas principais características e mecanismos, dentre os quais o crescimento do endividamento, o aumento das incorporações hostis e aquisições alavancadas, a expansão da distribuição de dividendos, a recompra de ações, a terceirização de atividades produtivas e a redução do investimento na empresa. Também tratam do papel da teoria da maximização do valor do acionista e do chamado short-termism para a mudança na governança das empresas, assim como exploram as principais consequências do processo de financeirização de setores produtivos, incluindo o feito fuga (crowd out) do investimento. Especial atenção é dada às consequências da financeirização no Brasil e em países em desenvolvimento.
No episódio, Ana Frazão conversa com Daniel de Pinho Barreiros, Professor do Instituto de Economia da UFRJ e autor do livro “Estabilidade e crescimento. A elite intelectual moderno burguesa no ocaso do desenvolvimentismo (1960-69)” O livro trata da “elite intelectual moderno-burguesa”, cuja presença foi marcante no debate econômico brasileiro durante a década de 60 e seguintes, além de ter participado diretamente das reformas implementadas após o golpe militar de 1964. Dentre os seus principais nomes, o livro destaca Eugênio Gudin, Otávio Gouvea de Bulhões, Roberto Campos, Delfim Netto e Mario Henrique Simonsen. Na conversa, o professor Daniel explica o fio condutor que unia tais economistas, ressaltando o papel do pragmatismo, da ética utilitarista e da retórica na aplicação de teorias. Partindo da premissa de que se tratava de um grupo funcional, são explorados o papel da ideologia, das escolhas teóricas e da formação das elites intelectuais, os critérios de acesso, o exercício funcional dos intelectuais no debate econômico e as possibilidades e os limites do projeto retórico. O professor explica também como se estruturou o ataque da elite intelectual moderno-burguesa ao desenvolvimentismo, assim como a importância do princípio da utilidade na luta contra o projeto desenvolvimentista, na própria compreensão de desenvolvimento econômico e na redefinição do tamanho e do papel do Estado e da burocracia, assim como do gasto público. Especial atenção é dada à importância da austeridade e mesmo do sacrifício da população em nome do crescimento econômico. Apresentação: Ana Frazão Produção: José Jance Marques
No episódio, Ana Frazão conversa com Norberto Martins, Professor do Instituto de Economia da UFRJ, sobre o fenômeno da financeirização e de como a lógica financeira passa a ser internalizada no lócus da produção e da valorização dos capitais. O Professor explica as razões e os meios pelos quais a financeirização pode ser vista como resultado de mudanças institucionais que tomaram corpo a partir da década de 80, com o protagonismo crescente do neoliberalismo financeiro ou capitalismo gestor do dinheiro. Um dos focos da entrevista diz respeito aos principais impactos da financeirização, incluindo o crescente papel das instituições financeiras e investidores institucionais, notadamente fundos de investimento e fundos de pensão, que trazem mudanças na gestão empresarial, dentre as quais a priorização do desempenho de curto prazo. O professor também aborda as principais consequências da financeirização no Brasil, tratando da desestruturação de setores como a filantropia, as saúde (pública e privada, a agricultura, a economia dos cuidados, e educação, a moradia, as políticas sociais de combate à pobreza e de inclusão social. Apresentação: Ana Frazão Produção: José Jance Marques
No episódio, Ana Frazão conversa com Bruno Mader, Doutorando em Economia na UFRJ, Mestre em Política Econômica pela Universidade de Genebra (2022) e colunista online da revista Le Monde Diplomatique Brasil. A conversa gira em torno da explicação que Bruno Mader atribui para os juros altos no Brasil: a sua tese é a de que, em nosso país, existe uma coalizão financeira que usa o seu poder político e econômico para elevar juros e garantir receitas em dois importantes mercados: o obrigacionista, no qual se negociam títulos públicos, e o de crédito. Por meio da criação de canais rentistas, o que envolve corrupções institucionais e práticas monopolistas, a coalizão controla os mercados e expropria a renda dos empresários e trabalhadores para si, criando o maior esquema de transferência de renda da história do país. Daí a hipocrisia entre discurso e prática dos agentes financeiros, na medida em que defendem menos Estado, responsabilidade fiscal e concorrência, ao mesmo tempo em que são responsáveis pelo aumento da dívida pública em prol dos rentistas e se beneficiam de estruturas monopolistas. Na conversa, Bruno mostra que, no contexto da financeirização, a verdadeira luta de classes não é entre capital e trabalho, mas sim entre capital financeiro, de um lado, e trabalhadores e capital produtivo de outro. O autor também aborda os principais canais rentistas: (i) influenciar a emissão de títulos pelo tesouro nacional, garantindo que emissões sejam feitas com o objetivo de proteger o setor financeiro de riscos econômicos, (ii) influenciar a definição da taxa Selic, mantendo-a elevada, tal como ocorre com o relatório Focus, que desvia o Banco Central do seu papel democrático, (iii) obstruir a condução da política monetária nacional por meio da indexação financeira, já que, diferentemente de outros países, a maior parte dos títulos emitidos pelo tesouro nacional são indexados ao invés de prefixados e (iv) utilizar o mercado de crédito para sustentar as receitas das instituições financeiras quando a Selic cai, ou seja, quando os três primeiros canais não funcionam. Ao final da conversa, Bruno Mader trata também da autonomia do Banco Central, da insuficiência da redução da Selic para resolver o problema e de possibilidades de soluções estruturais que repensem as instituições monetárias a partir de uma lente democrática. Apresentação: Ana Frazão Produção: José Jance Marques
No episódio, Ana Frazão entrevista João Fragoso, Professor Titular de História da UFRJ e autor de diversos livros, dentre os quais “A Sociedade Perfeita. As Origens da Desigualdade Social no Brasil”. Na conversa, o Professor João Fragoso procura explicar como as desigualdades sociais e políticas que marcaram a formação do Brasil são explicadas pelo pensamento cristão medieval e entendidas como fatos imutáveis do destino: a sociedade perfeita era uma sociedade desigual e criada por Deus, de forma que as diferenças sociais eram vistas com resignação e desejadas. Também são explorados os elementos de pessoalidade entre os desiguais, seja para mostrar como castigos eram aceitos pelos subalternos (pobres, escravos e lavradores), seja para mostrar como estes esperavam de seus senhores os favores. O Professor confere especial atenção não só ao papel da escravidão, mas também das alforrias e dos acessos dos forros à propriedade para a formação da estrutura social brasileira. Ainda que alerte que não está tratando do Brasil contemporâneo, urbano, industrial e do agro, com seus subprodutos de miséria, racismo e machismo, tenta propor algumas formas de reflexão para que possamos entender as associações entre as origens da desigualdade social e o atual estado de coisas. Apresentação: Ana Frazão Produção e edição: José Jance Marques
No episódio, Ana Frazão conversa com Pedro Nery, Doutor em Economia pela Universidade de Brasília – UnB, Consultor Legislativo do Senado Federal e Professor do IDP, sobre o seu novo livro "Extremos: um mapa para entender as desigualdades do Brasil”. A conversa gira em torno das localidades visitadas pelo autor a fim de tensionar os extremos brasileiros: Pinheiros-SP (maior desenvolvimento) x Ipixuna – AM (menor desenvolvimento), Morumbi-SP (maior longevidade) x Mocambinho-PI (menor longevidade), Distrito Federal (maior riqueza) x Maranhão (maior pobreza), Nova Petrópolis (maior número de aposentados) e Severiano Melo (maior número de auxílio emergencial). O Professor Pedro Nery indica os pontos altos da viagem, explicando as razões pelas quais o Brasil sintetiza a desigualdade do mundo e pode ser visto como um verdadeiro microcosmo do planeta: nossos ricos se equiparam aos ricos americanos, chineses ou franceses enquanto os miseráveis se equiparam aos congoleses, indianos ou ubques. O professor Pedro Nery mostra também como a desigualdade é ruim para o crescimento econômico, pois é forma ineficiente de se organizar a economia. Além disso, trata de algumas questões exploradas no livro, tais como a reforma tributária, a reforma administrativa, os programas de distribuição de renda e a educação.
No episódio, Ana Frazão conversa com Fernando Nogueira da Costa, Professor Titular de Economia da Unicamp, sobre suas obras e reflexões, com foco no livro “Métodos de Análise Econômica”. O Professor Fernando explica o que se espera e se exige de um economista, bem como as principais classificações de economistas. Ao tratar dos principais métodos de análise econômica, é ressaltada a importância do método interdisciplinar, com muitas associações entre direito e economia. Por fim, o Professor Fernando ainda compartilha os conselhos que recebeu da sua mentora, a professora Maria da Conceição Tavares, sobre o que se espera e se exige de um grande economista.
No episódio, Ana Frazão conversa com Alysson Portella, Doutor em Economia pelo Insper, onde é igualmente pesquisador de pós doutorado, sobre o livro "Números da Discriminação Racial", em que é autor juntamente com Michael França. A conversa inicia-se com o professor Alysson explicando os propósitos do livro, o papel do movimento negro de trazer as questões abordadas pelo livro para o centro do debate público e as principais contribuições da ciência econômica para o debate racial contemporâneo. Na sequência, o professor Alysson explica o que é raça e por que precisamos falar sobre ela, as principais evidências da discriminação e o que é o viés racial implícito. A partir dessa base conceitual, são trazidos os números da discriminação racial no Brasil, mostrando os seus principais tipos, as relações com a desigualdade, as raízes históricas da desigualdade racial no Brasil, o papel da escravidão para a formação das instituições econômicas brasileiras e os principais mecanismos de perpetuação da desigualdade racial.
No episódio, Ana Frazão conversa com Flávia Ávila, Fundadora e CEO da consultoria InBehavior Lab com mais de 15 anos de experiência em estudos experimentais sobre o comportamento humano (individual e grupo) usando experimentos de laboratório, online e campo. Economista pela Unb (Universidade de Brasília) e mestre em Economia Comportamental pelo CeDEx (Center for Decision Research and Experimental Economics) da University of Nottingham na Inglaterra. Professora em Economia Comportamental e Ciências Comportamentais Aplicadas em cursos de pós-graduaçao, educaçao executiva e InBehavior Academy. Editora-chefe do site EconomiaComportamental.org, destinado a promover a área de Economia Comportamental e Experimental no Brasil desde 2014. Idealizadora e co-organizadora do livro: Guia de Economia Comportamental e Experimental (primeiro material abrangente e gratuito em português sobre as áreas de Economia Comportamental e Experimental, que pode ser baixado em economiacomportamental.org/guia. Na conversa, a Professora Flávia Ávila explica o que é a economia comportamental e como se diferencia da economia tradicional, ressaltando o importante papel de Daniel Kahneman para a consolidação da área. Na sequência, a professora explica as limitações de racionalidade, as heurísticas e os vieses, mostrando que a Economia Comportamental se preocupa igualmente com o contexto em que as decisões são tomadas, o que ressalta os aspectos emocionais, sociais e culturais dos envolvidos. Especial destaque é dado à questão da arquitetura de escolha, parte em que são exploradas as discussões sobre nudges, sludges. Outros pontos importantes da conversa dizem respeito às ciências comportamentais, às diversas aplicações da economia comportamental e aos principais benefícios para as organizações.
No episódio, Ana Frazão conversa com Ana Paula Salviatti, historiadora formada pela Universidade de São Paulo desde 2009, professora licenciada pela mesma instituição. mestre em História Econômica pela USP desde 2013, com a dissertação "A Financeirização do Meio Ambiente: O caso do mercado de créditos de carbono”e doutora em Desenvolvimento Econômico pela Universidade de Campinas desde 2022, com a tese " A Ciranda Financeira no Brasil: Gênese, trajetória e Acumulação Rentista (1964 - 2022). Na conversa, a Professora Ana Paula explica o significado do termo “ciranda financeira” e o papel do rentismo para o capitalismo na periferia, como o caso brasileiro, para a construção de uma dinâmica de concentração e exclusão. Analisando um grande período temporal, que vai de 1964 a 2022, a Professora Ana Paula mostra as razões pelas quais as reformas de 1964-1965, que foram idealizadas para o fomento do crédito produtivo privado de longo prazo, não atingiram esse resultado e ainda favoreceram o comportamento conservador dos detentores de liquidez, assim como os mecanismos pelos quais a ciranda financeira operou durante o período de aceleração inflacionária vivido nas décadas de 70 e 80 e mesmo após a adoção do Plano Real. Parte importante da conversa diz respeito às principais consequências da ciranda financeira no âmbito macroeconômico, em que a Professora Ana Paula tenta explicar porque a institucionalidade da indexação financeira dos títulos públicos em um regime curto prazista e de alta taxa de juros dificulta a realização de políticas macroeconômicas orientadas para o desenvolvimento, assim como dificulta a responsabilidade fiscal. Na parte final, a Professora Ana Paula ainda trata dos seus atuais projetos de pesquisa e da crítica contida no seu Antimanual de Economia. Fundamentos e críticas para não economistas.
No episódio, Ana Frazão conversa com a Professora Vera Rita de Melo Ferreira, Presidente da IAREP-the International Association for Research in Economic Psychology, autora do primeiro livro sobre Psicologia Econômica no Brasil. A Professora Vera Rita explica as origens da psicologia econômica e os caminhos pelos quais se construiu a economia comportamental, destacando as contribuições de Simon, Kahneman e Thaler. Em sua narrativa, é possível perceber como todas essas áreas se integram atualmente na grande área das ciências comportamentais. Dentre os principais pontos da conversa, estão as principais linhas de pesquisa e métodos da psicologia econômica, as principais aplicações da psicologia econômica no mundo e no Brasil, bem como as discussões sobre arquitetura de escolha e o papel dos nudges. A Professora Vera Rita ainda fala do experimento que mais a surpreendeu, bem como das recentes iniciativas governamentais para inserir os conhecimentos da psicologia econômica nas políticas públicas.
No episódio, Ana Frazão conversa com Marcos Hecksher, Pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) no Rio de Janeiro e professor Doutor colaborador do mestrado profissional em Políticas Públicas e Desenvolvimento do IPEA e do programa de mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE) O professor Marcos fala da importância do IPEA, da PNAD contínua e das metodologias que permitem um acompanhamento mais fidedigno dos indicadores mensais de trabalho, renda e pobreza no Brasil. Dentre os temas da conversa estão a desregulação dos mercados de trabalho, o cumprimento do ODS 8 da ONU, as razões que justificam o aumento da renda do trabalho em 2023 e as perspectivas para o futuro. O professor Marcos também explora artigo recente que escreveu com Fernanda de Negri sobre a desoneração da folha salarial, no qual concluem que os setores com folha desonerada não são os que mais empregam. A partir desse exemplo, são discutidas as políticas públicas, tributárias ou não, que deveriam ser implementadas no Brasil para o fomento do emprego.
No episódio, Ana Frazão entrevista Janaína Feijó, Pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, Professora do curso de Ciências Econômicas da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV EPGE), Doutora em Economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e com atuação nas áreas de mercado de trabalho, educação e desigualdades sociais. Na conversa, a professora Janaína trata das principais preocupações da Economia do Trabalho na atualidade, das interseções entre as políticas trabalhistas e as políticas para redução de desigualdade e dos principais gargalos dos mercados de trabalho no Brasil. Dentre os temas mais específicos da conversa, destacam-se as questões de gênero e também os riscos da pejotização representado pelo crescimento desenfreado das MEIs para substituir trabalhos que antes eram realizados por meio do vínculo trabalhista. A professora também explora a questão da desregulação dos mercados de trabalho e dos desafios decorrentes das automação e das plataformas digitais, mostrando a necessidade de se encontrar arranjos que assegurem eficiência e proteção do trabalho.
No episódio, Ana Frazão conversa com Matheus da Costa Gomes, Professor de Economia da UNIP – Ribeirão Preto sobre o tema da sua tese de doutorado: “O impacto de bancos de desenvolvimento sobre os investimentos das empresas: a experiência do BNDES.” O Professor Matheus explica as relações entre crescimento e desenvolvimento econômico e qual é o papel dos bancos de desenvolvimento nessa equação, o cenário mundial atual dos bancos de desenvolvimento e a relação destes com as políticas industriais. Ao adentrar no tema específico da sua tese, o Professor Matheus explica que o seu estudo desafia estudos anteriores que não encontraram efeitos favoráveis na atuação do BNDES, alegando que estes se preocuparam excessivamente com a questão econômica – o investimento – e acabaram negligenciando a questão social. Entretanto, caso considerado o aspecto social, a atuação o BNDES ganha em riqueza e complexidade, apresentando uma avaliação positiva tanto em termos de resultados como em termos de procedimentos. Na parte final da conversa, é explorado o delicado tradeoff entre o social e o econômico e alguns perspectivas futuras de maior equilíbrio entre essas duas dimensões.
No episódio, Ana Frazão conversa com Simão Silber, Professor Sênior de Economia da USP e Doutor pela Universidade de Yale. Um dos fios condutores da conversa foram as razões para o desempenho sombrio da economia brasileira nos últimos 40 anos. Dentre os fatores apontados pelo Professor Simão, estão a falta de investimento público em educação universal de boa qualidade, a ideologia neoliberal que atribui todo o mal ao estado e todas as virtudes ao mercado. Para o Professor, é falso o conflito entre mercado e governo, já que a questão é definir as áreas de atuação de cada um e como interagem. Nesse sentido, explica a importância das políticas econômicas para o crescimento e algumas alternativas para a reindustrialização no Brasil.
No episódio, Ana Frazão conversa com Cristiane Alkmin, Professora Doutora de Economia da FGV. Ex-Secretária de Fazenda, Planejamento e Orçamento de Goiás e Ex-Conselheira do CADE. A professora Cristiane aborda como vê a relação entre Estado e mercado e qual o papel do Antitruste e da Regulação. Com base na sua experiência como Conselheira do CADE, faz uma avaliação do Antitruste brasileiro, explorando os seus pontos fortes e fracos, assim como o seu aprendizado durante o tempo no CADE. Entrando na temática específica da economia digital, a professora Cristiane explora as peculiaridades que impactam na dinâmica concorrencial, sobretudo em face do protagonismo das big techs. Faz uma análise crítica da regulação ex ante para as plataformas digitais, a exemplo do Digital Markets Act europeu, bem como do papel do Antitruste na economia digital. Especial atenção é dada ao contexto brasileiro e as discussões que estão sendo atualmente travadas aqui.
Ana Frazão conversa com Carmen Feijó, Professora Titular de Economia da UFF, sobre diversos temas relacionados aos desafios da reindustrialização no Brasil, à luz do pós-káeynesianismo, que é a vertente teórica adotada pela entrevistada. Antes de ingressar na discussão mais específica, a professora Carmen explica o que é o pós-keynesianismo e a real importância de Keynes para a compreensão dos fenômenos econômicos. Nesse sentido, destaca o imprescindível papel do Estado para a economia não apenas nas crises mas para o próprio funcionamento adequado dos mercados. A professora também aborda o papel das políticas industriais e as conexões entre o pós-keynesianismo e o novo desenvolvimentismo. Passando para a análise mais específica sobre o Brasil, a professora Carmen explora as causas da nossa desindustrialização, mostrando que não se tratou de resultado decorrente das meras forças de mercado, mas sim de uma série de políticas econômicas que privilegiaram o agronegócio e não se preocuparam em criar os devidos incentivos para a indústria. A professora também explora a importância da indústria, as relações entre a desindustrialização e as dificuldades que o Brasil vem enfrentando para o crescimento. A partir daí são abordados os desafios para a reindustrialização, inclusive sob a perspectiva da sustentabilidade e dos óbices da excessiva financeirização do capitalismo brasileiro.
No episódio, ANA FRAZÃO conversa com Fernando Chague, Professor da Escola de Economia da FGV São Paulo, Doutor em Economia pela University of North Carolina at Chapel Hill e autor, juntamente com Bruno Giovannetti, do livro “Trader ou Investidor? Aprenda a investir na Bolsa sem cair nas armadilhas dos vieses comportamentais”. O professor Fernando explica a diferença entre o investidor, que foca o longo prazo (aposentadoria, por exemplo), horizonte em relação ao qual todos tendem a ganhar, e o trader, que foca o curto prazo, horizonte em que o ganho de um vem às custas das perdas dos outros. Sob essa perspectiva, explora as dificuldades dos traders, cujo comportamento tende a ser influenciado por importantes vieses comportamentais, o que faz com que seres humanos sejam piores do que macacos quando operam ações. A conversa trata igualmente do atual estado da arte da economia comportamental, bem como dos principais desafios que se apresentam aos traders: além dos vieses comportamentais, têm que enfrentar diversos custos de transações e ainda competir com agentes qualificados que dispõem de alta tecnologia para operar no mercado. Na parte final, o Professor também aborda o que considera serem os “mandamentos do investidor”, ou seja, as regras a serem seguidas para obter os benefícios dos investimentos em mercado de capitais sem assumir riscos desnecessários.
No episódio, Ana Frazão conversa com o professor Rafael Vasconcelos sobre o problema da má alocação de recursos no Brasil. O professor explica as principais conclusões do seu artigo Misallocation in the Brazilian manufacturing sector, no qual procura mensurar a extensão do problema no período de 1996-2011 e encontrar possíveis explicações para o crescimento da má alocação a partir de 2005. Embora o objetivo do estudo não seja o de encontrar relações causais para o problema da má alocação, o professor Rafael explica o quanto a desigualdade de oportunidades e de acesso à educação pode ser um fator importante para justificar as mazelas brasileiras, mostrando igualmente que a alta carga tributária não pode ser considerada a principal causa do atual cenário, embora distorções tributárias, assim como as concorrenciais, devam ser consideradas como prováveis concausas. O professor situa a discussão sobre a má alocação de recursos no contexto do atual debate a respeito da desindustrialização e das políticas industriais, bem como explica as conclusões de um dos seus artigos mais recentes (The Role of Resource Misallocation in Structural Change), em coautoria com Vladimir Teles, no qual encontram diferentes padrões das mudanças estruturais nos setores industriais nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento. Especial atenção é dada ao papel do Estado para resolver tais problemas, bem como aos riscos de uma intervenção estatal inadequada ou disfuncional. Por fim, o professor Rafael ainda trata da relação entre má alocação e inovação, a partir do interessante estudo de caso da Lei de Genéricos, mostrando a sua influência na alocação de trabalhadores na indústria e a criação de mais patentes na indústria farmoquímica.
No episódio, Ana Frazão conversa com Lorena Hakak, Professora da Fundaçao Getúlio Vargas e Presidente da Sociedade de Economia da Família e do Gênero. A professora Lorena esclarece a importância da Economia da Família e do Gênero, assim como os seus principais eixos e preocupações. Alguns dos pontos altos da conversa são a importância do contexto familiar para a tomada da decisão econômica, a questão do gênero no mercado de trabalho, a chamada penalidade da maternidade e a importância da autodeterminação reprodutiva das mulheres em suas vidas econômicas. A professora Lorena também explica a importância do Prêmio Nobel de Economia de 2023 ter sido concedido à Claudia Goldin, explorando também as principais contribuições da laureada na área de economia do gênero e do trabalho. Produção e trabalhos técnicos: José Jance Marques
No podcast, Ana Frazão conversa com André Lara Resende, um dos principais economistas do país, considerado um dos pais do Plano Real e autor dos livros “Consenso e contrassenso. Por uma economia não dogmática” e “Camisa de força ideológica. A crise da macroeconomia”. Na conversa, André explica por que foi se tornando mais crítico ao longo do tempo em relação a várias das posturas econômicas que, embora contrariadas por evidências, continuam a ser propagadas por muitos economistas e pela grande imprensa. O economista fala também sobre a animosidade que a sua postura crítica gerou entre seus amigos e colegas economistas. O fio condutor da conversa são as razões pelas quais a macroeconomia tradicional está em crise e vem sendo utilizada de forma ideológica para conter artificialmente a ação do Estado e gastos públicos que seriam necessários para o país. Mostrando os impactos da moeda fiduciária e do papel do Banco Central para regular as taxas de juros, André mostra novas perspectivas para que possamos compreender o gasto público, a inflação e as taxas de juros. Não obstante, o autor mostra que, ao contrário do que as evidências justificariam, macroeconomia neoclássica mantém-se intocada, razão pela qual se torna um verdadeiro garrote ideológico, na medida em que não possibilita distinguir entre gastos correntes e gastos de investimento e, com isso, impede que o Estado aja tanto em prol do interesse público como em prol do bom funcionamento do setor privado? Para André, "sem um estado competente e responsável não há como pensar em desenvolvimento, agora com a obrigação de ser socialmente inclusivo e ambientalmente sustentável.” Consequentemente, a ideia de livres mercados é uma fantasia, o que exige que pensemos em relações mais adequadas e realistas entre Estado e mercados. Outro ponto importante da conversa é a parte em que o autor critica o caráter científico, neutro e objetivo da teoria econômica e as tentativas de equipará-la a uma espécie de física social. Ao contrário, como contadores de histórias que são, os economistas também estão sujeitos a modismos e vieses. Daí avançar nas consequências da premissa de que “a teoria econômica é inevitavelmente ideológica. Suas histórias procuram ordenar a sociedade segundo valores e interesses não explícitos”. Por fim, André Lara Resende ainda trata da necessária relação entre economia e política, explorando os impactos que teorias econômicas e suas aplicações podem ter para a democracia.
No episódio, Ana Frazão conversa com Marcelo Medeiros, um dos maiores especialistas em desigualdade no Brasil e que já foi entrevistado no episódio 6, do Direito e Economia. O professor Marcelo volta ao podcast para falar sobre o seu mais recente livro “Os ricos e os pobres. O Brasil e a desigualdade”, que foi lançado recentemente e já é um sucesso de público e de crítica, tendo sido destacado por todos os veículos de imprensa importantes do Brasil. O professor Marcelo explica por que, para entender a pobreza, é preciso olhar para o topo e por que não faz nenhum sentido separar a discussão da pobreza da desigualdade. Nesse sentido, faz um mapeamento da sociedade brasileira, mostrando que há um verdadeiro abismo entre 90% da população brasileira que congrega os extremamente pobres, os pobres e os que poderiam ser considerados classe média e os 10% mais ricos. Aliás, o professor questiona tais segmentações e aponta que, embora haja muita heterogeneidade entre os 10% mais ricos, há considerável homogeneidade entre os 90% restantes, que continuam dependendo de serviços públicos de qualidade. Prosseguindo na conversa, o professor Marcelo tenta definir o que é ser rico, em que medida a renda dos ricos é diferente e como as distinções entre riqueza, renda e consumo impactam sobre a discussão a respeito da desigualdade, inclusive no que diz respeito à tributação. Aliás, um dos pontos de preocupação do professor diz respeito a demonstrar que "a tributação da riqueza não é nada de outro mundo”e que "a fuga de capital não é certa”. Ao tratar dos pobres, o professor apresenta algumas definições de pobreza, as diversas desigualdades de renda e as razões pelas quais não podemos nos focar apenas nos pobres. Também mostra o quanto mesmo políticas públicas baseadas em evidências são também - e precisam ser - baseadas e escolhas políticas e valorativas. Mostra a importância da educação - especialmente a superior - para a redução de desigualdade, mas propõe que o problema não será resolvido sem que todas as políticas públicas considerem os conflitos distributivos e tentem equacioná-los. Ao final, propõe que todos nós sempre pensemos em quem perde e quem ganha com as soluções jurídicas e políticas que vêm sendo propostas nas mais diversas searas e em que medida podemos utilizar as ferramentas que ele propõe para soluções mais consentâneas com a redução da desigualdade no Brasil. Edição e trabalhos técnicos: José Jance Marques
No episódio, Ana Frazão conversa com Cecília Machado, Professora de Economia da FGV-RJ e Economista-Chefe do Bocon BBN, sobre economia, gênero e mercado de trabalho. A professora Cecília explica por que precisamos falar de gênero em questões econômicas e as razões pelas quais a diversidade leva a maior crescimento econômico. Também são explorados os temas relativos aos principais gargalos que as mulheres ainda enfrentam no mercado de trabalho, os problemas da maternidade e os impactos da autodeterminação reprodutiva das mulheres, incluindo o acesso a anticoncepcionais e ao aborto, nos mercados de trabalho. A professora Cecília ainda trata dos desafios das mulheres economistas e da importância do prêmio Nobel de Economia de 2023 ter sido dado a Claudia Goldin em razão da suas pesquisas sobre gênero e mercado de trabalho. Ao final, a professora explica como vê o diálogo entre direito e economia e por que acredita que a discriminação contra mulheres não pode ser resolvida apenas por obrigações cogentes impostas pela lei.
No episódio, Ana Frazão conversa com Sérgio Lazzarini, Professor Titular do INSPER, sobre seu livro mais recente “A privatização certa. Por que as empresas privadas em iniciativas públicas precisam de governos capazes”. O autor explica como o livro encerra uma trilogia, iniciada com o “Capitalismo de laços” e continuada com o “Reinventando o capitalismo de estado”, envolvendo também uma tomada de posição, da sua parte, sobre os temas discutidos nos livros. O professor Sérgio explica por que as reformas de liberalização e privatização não reduziram a importância dos governos, assim como o fato de que a influência estatal na economia não é necessariamente boa nem ruim, uma vez que cada arranjo entre participação pública e privada costuma ter seus méritos e deméritos, como também condições que os fazem funcionar. Consequentemente, “[a] pergunta certa, portanto, não é se a privatização é melhor que a gestão pública, mas quando ela é superior e em quais condições”. Nesse sentido, o autor explica os desafios para a eficácia (qualidade dos serviços) e para a inclusão de serviços públicos, como lidar com a lógica privada de redução de custos. Dentre os pontos principais da conversa encontra-se aquele em que o autor explica o argumento central do livro: privatização não é forma de se livrar de governos ruins e programas de privatização bem sucedidos dependem de governos capazes. Daí a importância de se pensar nas competências governamentais para que as privatizações possam levar aos resultados esperados, bem como nos incentivos para assegurar os resultados sociais. Outro ponto relevante é a supervisão pública dos serviços privatizados, bem como o monitoramento, mensuração e avaliação da qualidade dos serviços, o que requer métricas adequadas e insuscetíveis de manipulação. O autor ainda trata do roteiro que ele propõe no livro para que as privatizações sejam bem sucedidas: a fase preparatória, a fase de implementação e a fase pós-privatização, cada uma delas orientada por uma análise de possíveis falhas, de ações necessárias para mitigar essas falhas e de etapas adicionais, a depender do tipo de privatização.
No episódio, Ana Frazão conversa com Fernanda Estevan, Professora de Economia da FGV, sobre a Economia da Educação e suas interfaces com a Economia do Desenvolvimento e a Economia Pública. A Professora Fernanda explica suas visões sobre o desenvolvimento econômico e a importância da educação para o crescimento de um país. Ponto importante da conversa diz respeito ao papel do Estado para assegurar educação de qualidade, pelo menos no que diz respeito ao financiamento. A Professora também explica as diferenciações entre a educação básica e o ensino superior. Outro importante tópico da conversa diz respeito às ações afirmativas, oportunidade em que a Professora Fernanda explica a importância desse tipo de iniciativa, bem como as suas limitações. Link: https://koalendar.com/e/porta-aberta-estevan
No episódio, Ana Frazão entrevista Cezar Santos, Economista-senior do Departmento de Pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), PhD em Economia pela Universidade da Pennsylvania e professor em diversas instituições. Na conversa, o professor Cezar explora o seu interesse pelas interseções entre Macroeconomia, Desenvolvimento Econômico, Economia do Trabalho e Economia da Família, que têm como fio condutor as suas preocupações com a questão da desigualdade. Nesse sentido, o professor trata dos principais aportes da Economia da Família e da Economia do Trabalho para a maior compreensão da desigualdade no Brasil, antes de adentrar na sua pesquisa sobre juros bancários. Na mencionada pesquisa, o professor Cezar Santos, juntamente com Tiago Cavalcanti, Marco Bonomo, Fernando Chertman, Amanda Fantinatti e Andrew Hannon, chegaram à preocupante conclusão de que, no Brasil, indivíduos com menor renda pagam taxas de juros mais elevadas, independentemente da classificação de risco. Trata-se de estudo com uma amostra muito significativa - 1,36 milhão de pessoas – e por um período de tempo relevante (2013-2019), que descreve a cunha de juros por faixas de salário mínimo e ainda explorando as diferenças entre o empréstimo pessoal e o consignado. Um dos resultados encontrados foi o de que pessoas que ganham entre 1-2 salários mínimos pagam praticamente o dobro de pessoas que ganham acima de 20 salários mínimos, sem que tal número possa decorrer apenas do risco de inadimplência. Outro achado preocupante é que as mulheres também pagam mais juros pelo simples fato de serem mulheres. Daí as preocupações de que tais resultados sejam um fator importante para a manutenção da desigualdade econômica no Brasil, abrindo diversas frentes de reflexões jurídicas e impondo a reflexão sobre critérios mais consistentes para a diferenciação da discriminação abusiva e ilícita.
No episódio, Ana Frazão entrevista Michele Prado, pesquisadora do grupo de pesquisa da USP Monitor do Debate Público no Meio Digital, autora dos livros “Tempestade ideológica-Bolsonarismo: a alt-right e o populismo iliberal no Brasil” e do livro “Red Pill – Radicalização em nome de Deus, dos Homens e da liberdade” (no prelo). Na conversa, Michele explica como foi a sua trajetória até se engajar na luta contra a radicalização no Brasil, assim como explora como acontece a radicalização e qual é o papel da internet, das comunidades virtuais, da desinformação e das teorias conspiratórias. Michele procura diferenciar a direita da extrema direita - esta última caracterizada por ser antidemocrática, populista e antiliberal - enfatizando as técnicas de radicalização da extrema direita pelo mundo e explicando por que o maior risco atual é com o extremismo e direita e não com o extremismo de esquerda. Michele também trata das peculiaridades da extrema direita no Brasil, e de várias técnicas mais suaves que são comumente utilizadas, como o protagonismo de influenciadores moderados. A pesquisadora ainda trata do movimento “red pill” e das estratégias para desradicalizar e preservar a democracia.
No episódio, Ana Frazão conversa com Julia Braga, Professora Associada da Faculdade de Economia da UFF e Coordenadora de Acompanhamento e Estudos da Conjuntura do IPEA. A professora Julia explica por que se tornou economista e especialmente macroeconomista, explicando o que é a macroeconomia, suas vinculações com Keynes e as suas principais premissas. Dentre os assuntos explorados na conversa estão o papel fundamental do Estado para gerir a economia e incentivar o investimento privado, a importância da demanda efetiva e de programas de transferência de renda, o alcance das políticas fiscais e os conflitos distributivos subjacentes. A Professora Julia explica as razões pelas quais a macroeconomia, depois de um período em que permaneceu eclipsada, hoje está em voga, suscitando novas perspectivas sobre diversos assuntos importantes, tais como as políticas industriais e a importância do gasto público para o desenvolvimento econômico. É particularmente interessante a análise da Professora Julia sobre os elementos políticos que explicam por que o Brasil não cresce. A conversa finaliza com a visão que a Professora tem da economia e com a sua explicação de como é possível e necessário unir métodos quantitativos, como a econometria, com a dimensão histórica, social e política da economia.
No episódio, Ana Frazão conversa com Alexandre de Andrade Fonsec, Pesquisador do GAPPE/UFPE, Auditor Fiscal da Receita Federal e Coautor do artigo “Intergenerational Mobility in the Land of Inequality”. Na conversa, Alexandre de Andrade Fonseca mostra como surgiu a ideia de fazer o estudo sobre mobilidade interoperacional no Brasil, os principais desafios de uma pesquisa tão robusta e com uma base de dados impressionante, bem como os principais resultados. Uma das principais descobertas do estudo foi a de que filhos de famílias que ficam nos 20% mais pobres têm apenas 2,5% de chances de chegar ao topo enquanto há considerável persistência nas classes mais altas, assim como é alto o percentual de permanência na classe social em que se nasceu. Além da questão da imobilidade, Alexandre mostra os inúmeros problemas associados à pobreza, tais como má educação, gravidez precoce, índices de mortalidade. Dentre os principais tópicos da conversa, destacam-se os fatores associados a uma melhor mobiliasse social, bem como os problemas das mulheres, pretos, pardos e pessoas nascidas em regiões como o Norte e Nordeste. A conclusão do estudo é a de que o país é uma terra de desigualdades, já que o destino de uma criança depende essencialmente da renda dos seus pais, das conexões e localidade em que nasce e mora. Daí a necessária reflexão sobre o fato de que a meritocracia depende da igualdade de oportunidades.
No episódio, Ana Frazão conversa com Daniel Vargas, Professor da Escola da Economia da FGVSP e da FGV-Direito Rio. Daniel é Mestre e Doutor em Direito pela Universidade de Harvard e também Coordenador tanto do Observatório de Bioeconomia da FGV como do Núcleo de Pesquisas da FGV Agro. Daniel explica o que é a Bioeconomia, a partir das suas diferentes vertentes, incluindo a bioecológica, que continua insistindo em um tradeoff entre crescimento econômico e sustentabilidade, embora procure ressignificar a questão, mostrando como as externalidades negativas e os grandes custos ocultos da deterioração do meio ambiente são nefastos não apenas do ponto de vista ambiental e social, mas também econômico. Ao abordar as demais vertentes, o professor mostra como elas buscam superar o mencionado tradeoff, mostrando como o crescimento e o desenvolvimento na atualidade dependem da sustentabilidade. A partir da integração entre direito, biologia, tecnologia e diversas outras áreas, Daniel nos apresenta as principais preocupações e pautas da Bioeconomia, inclusive oferecendo uma bibliografia básica para os interessados em aprofundar seus conhecimentos no assunto. Dentre as partes mais importantes da conversa, estão os principais desafios e potenciais do Brasil, incluindo a Amazonia, a importância da cooperação entre o Estado e o mercado para a inovação em negócios sustentáveis e a própria ideia de democracia ambiental. Daniel também faz uma interessante análise sobre o papel do Agronegócio no Brasil, mostrando como várias das métricas internacionais não são adequadas para a nossa realidade.
No episódio, Ana Frazão conversa com a Professora Renata Narita sobre as preocupações da Economia do Trabalho, a começar pela necessidade de se entender como os mercados de trabalho se diferenciam dos demais mercados e quye peculiaridades merecem atenção, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil. A professora Renata Narita também aborda as pesquisas empíricas atuais sobre os mercados de trabalho que têm desafiado alguns dos pressupostos da economia mainstream, tais como os de que o aumento do valor do salário mínimo leva ao aumento do desemprego, explorando os estudos que mostram que o aumento do salário mínimo não só não aumenta o desemprego como traz diversos efeitos positivos. A Professora Renata também entra na discussão concernente aos efeitos do poder de monopsônio ou oligopsônio sobre a fixação de salários, assim como mostra, a partir de um importante artigo de sua autoria, que aumentar os custos da informalidade não causa aumento do desemprego e ainda gera efeitos positivos, como aumento de salários e ganhos de bem estar. A conversa ainda aborda as relações entre mercados de trabalho e desigualdade, efeitos da pandemia sobre os mercados de trabalho e os problemas de gênero.
No episódio, Ana Frazão entrevista Adriano Codato, Professor de CIência Política da UFPR, e Mateus de Albuquerque, Analista de Tendências Politicas e Econômicas e Doutor em Ciência Política pela UFPR, ambos organizadores e co-autores do livro “Os mandarins da economia: presidentes e diretores do Banco Central do Brasil”, no qual mapeiam os perfis dos presidentes e diretores do BACEN para entenderem como a sua formação e origem, bem como os seus destinos após os cargos, aí incluído o problema das portas giratórias, podem influenciar na condução da política macroeconômica brasileira. Na conversa, os autores explicam o que são as elites, como estudá-las e em que medida o acesso a cargos públicos estratégicos é fundamental para o exercício do poder. Entrando no objeto do livro, os autores mostram, dentre outras questões, que um perfil ortodoxo aumenta em até 11 vezes as chances de ocupar diretorias do BACEN, assim como o fato de que a autonomia do Banco Central precisa ser vista igualmente sob a dimensão da dependência da burocracia estatal do mercado financeiro. Para os autores, o recrutamento para a presidência e as diretorias do BACEN é uma demonstração da força política do mercado financeiro no Brasil, de forma que, a rigor, não há autonomia diante do mercado. Dentre os pontos interessantes da conversa, encontra-se a definição dos autores do mainstream econômico como sendo algo superior a uma corrente intelectual, correspondendo a uma verdadeira força social, assim como a chamada captura cognitiva dos reguladores, assunto que é explorado também a partir da influência de diversos think tanks de “advocacy”.
Ana Frazão conversa com Ramon Garcia Fernandes, Professor Titular de Economia da UFABC e um dos precursores da Economia Institucional no Brasil. O professor explica o que são as instituições e a economia institucional, buscando diferenciar o institucionalismo originário de novas vertentes que, a exemplo do neoinstitucionalismo, acabaram se esquecendo de preocupações muito presentes nos institucionalistas originais, tais como as relacionadas à justiça social. É por essa razão que o professor explica por que abordagens mais recentes, como as de North e Willianson, falham em não reconhecer aspectos importantes do institucionalismo, tais como as discussões sobre os interesses que devem ser reconhecidos e valorizados, bem como as discussões sobre o poder e as assimetrias daí decorrentes. O professor também explica como a economia institucional dialoga com outras áreas consideradas heterodoxas, explorando a importância da multidisciplinaridade, do pluralismo metodológico e do realismo. Também aborda a importância da retórica para as ciências e especialmente para a ciência econômica. Na parte final da conversa, o professor explora os principais desafios das instituições brasileiras e aponta algumas soluções para as mudanças institucionais de que o país precisa.
No episódio, Ana Frazão conversa com o professor Fernando de Holanda Barbosa sobre o seu livro “O flagelo da economia de privilégios. Brasil, 1947-2020. Crescimento, crise fiscal e estagnação”. Dentre os principais tópicos da conversa, estão a importância das instituições para o crescimento econômico e também para entender as razões pelas quais o Brasil, mesmo sendo um país tão rico em recursos naturais, humanos e culturais, não consegue empreender um projeto de crescimento estável e duradouro. O professor explica por que nossa cultura acabou plasmando instituições extrativas e criando incentivos para um jogo não cooperativo entre diversos agentes da sociedade brasileira, do qual resultou redução da capacidade de poupança e investimento do Estado brasileiro e, consequentemente, em crise fiscal e estagnação. O professor também explica a importância do que chama de “economia social de mercado”, baseada na premissa de que mercado e estado são dois instrumentos necessários para o bem comum. Para o professor, tal conclusão não é apenas teórica ou ideal, mas sobretudo empírica, uma vez que demonstra que todos os países que deram certo e hoje fazem parte do clube dos ricos adotaram uma economia social de mercado, em que o estado cuida da justiça social e o mercado cuida da eficiência, embora a combinação possa variar de país a país.
No episódio, Ana Frazão conversa com o Professor Ronaldo Porto Macedo Jr. sobre consequencialismo, pragmatismo e análise econômica do direito. O professor explica que a postura consequencialista, normalmente vinculada ao utilitarismo, não diz respeito propriamente à consideração das consequências na tomada da decisão, mas sim à consideração exclusivamente das consequências, o que pode ser problemático no direito, uma vez que diversos valores não são suscetíveis de mensuração para efeitos da análise consequencialista. Por essa razão, o Professor entende que as alterações recentes da LINDB não podem ser compreendidas como a introdução do consequencialismo em detrimento da reflexão sobre valores, mas sim como uma ruptura do formalismo, a fim de se criar espaços para a avaliação de consequências, sempre que possível, sem prejuízo da análise dos valores e de outras variáveis que não possam ser mensuradas. O Professor também explica o pragmatismo em suas diferentes correntes, mostrando as dificuldades de uma postura que busca valorizar os fatos, a ação e a concretude sem uma prévia reflexão sobre o que funciona, para quem funciona e para que funciona. Todas essas reflexões são utilizadas para se compreender em que posição teórica e filosófica se encontra a análise econômica do direito, especialmente na versão que é comumente difundida no Brasil. Nesse sentido, o autor explica, a partir da evolução do pensamento de Posner, as relações entre a AED, o consequencialismo e o pragmatismo, ressaltando também os laços políticos e ideológicos da abordagem, bem como os riscos de colonização do direito pela ortodoxia econômica. O Professor mostra a imprescindibilidade do diálogo entre direito e economia, mas sempre a partir de uma perspectiva de muitldisiciplinaridade, pluralismo metodológico e troca e aprendizado recíprocos.
No episódio, Ana Frazão conversa com Luciano D'Agostini sobre o papel do Estado para o crescimento econômico, explorando as razões pelas quais o Brasil não cresce. O professor explica os riscos do que chama de dogmatismo contábil, assim como ressalta a importância do poder de compra, do investimento, do gasto público e da balança comercial, abordando também as relações entre crescimento econômico e política fiscal.
No episódio, Ana Frazão conversa com Maria Clara R. M. do Prado, jornalista e Comentarista Econômica do Valor, sobre a sua trajetória profissional na cobertura dos principais eventos econômicos do Brasil desde o Plano Real. Dentre os pontos importantes da sua biografia, Maria Clara compartilha a sua experiência como assessora do então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso na época do Plano Real, o que resultou no livro “A Real História do Real.” Indo para os temas mais recentes, Maria Clara expõe sua crítica a uma política monetária que se foca apenas na taxa de juros e também suas reflexões sobre o papel dos bancos centrais na atualidade e os parâmetros que deveriam orientar a política monetária e o papel dos bancos centrais na atualidade. Dentre os temas discutidos, estão a autonomia do Banco Central, o saldo negativo do Governo Bolsonaro e as preocupações e horizontes que se abrem com o Governo Lula.
No episódio, Ana Frazão conversa com a professora Brena Fernandes sobre a economia feminista em seus principais desdobramentos: as metodologias, os problemas de pesquisa e as propostas teóricas em prol da igualdade de gênero. São abordadas as diferentes vertentes da economia feminista, o mínimo denominador comum entre todas elas e as principais consequências da introdução do gênero como categoria analítica, dentre as quais a de revelar uma relação assimétrica de poder que tem estado relativamente oculta e que, sendo sustentada por instituições sociais e práticas simbólicas arraigadas, suprime a atividade autônoma de mulheres como assalariadas e/ou profissionais ou mesmo enquanto empresárias. A professora Brena também explica como a economia feminista se insere no debate entre ortodoxia e heterodoxia e como os parâmetros mais caros ao conhecimento científico, especialmente o econômico, foram deformados por valorações androcêntricas e sexistas, depreciativas do sexo feminino. Parte importante da conversa é a que a Professora Brena explica a importância da multidisciplinaridade para o tratamento das questões de gênero, bem como em que medida o neoliberalismo reforça a desigualdade de gênero.
No episódio, Ana Frazão conversa com o “imortal" Edmar Bacha, um dos economistas mais importantes do país. Doutor por Yale, participou da equipe econômica que instituiu o Plano Real. É fundador e diretor do think tank Casa das Garças, instituição dedicada a estudos e debates de economia, no Rio de Janeiro. Além disso, é membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Ciências. Na conversa, Edmar Bacha trata da política econômica brasileira e de suas impressões sobre a participação dos economistas em momentos-chave da trajetória do Brasil nos últimos 40 anos, retratando as visões daqueles que foram os artífices de alguma das decisões mais importantes do Brasil. O autor também compartilha a sua experiência na construção do Plano Real, as suas visões sobre o crescimento econômico no Brasil e a importância da democracia para a economia. Edmar Bacha procura desmistificar o chamado milagre econômico ocorrido na ditadura militar brasileira e mostra como a superação da armadilha da renda média está associada ao aperfeiçoamento democrático dos países.
No episódio, Ana Frazão conversa com o Professor Eugênio Bucci sobre o seu último livro “A Superindústria do Imaginário. Como o capital transformou o olhar em trabalho e se apropriou de tudo que é visível.” Dentre as premissas da obra, estão as de que, para além da extração de dados, o capitalismo atual baseia-se na extração do olhar do usuário, seja para distraí-lo, seja para canalizar a sua atenção, seja para mapear seus desejos secretos. Uma das consequências desse processo é que, para além do trabalho-sombra, estaríamos diante de uma nova forma de escravidão, que atingiria até mesmo as crianças.Ao longo da conversa, o professor explica por que se utiliza do termo superindústria e o que é exatamente o imaginário e suas relações com a construção de narrativas. Um dos pontos altos do episódio é precisamente a parte em que o Professor Bucci explica como a superindústria do imaginário transforma o usuário em uma espécie de trabalhador escravo, na medida em que esse trabalho passa a ocupar toda a sua vida, até mesmo seus momentos de descanso e lazer. Mesmo as crianças estariam engajadas nessa engrenagem, o que despertaria preocupações sobre o próprio trabalho infantil e os reflexos sobre o livre desenvolvimento da personalidade dos menores. Outro ponto alto da discussão são as análises do Professor Bucci sobre as consequências dessa nova forma de capitalismo para a degradação da qualidade de vida, a enorme geração de valor que é apropriada de forma monopolística pelas grandes plataformas, bem como os riscos para a autonomia privada e para a própria democracia. Na parte final, o Professor Bucci explica por que e necessária a regulação jurídica das grandes plataformas e as razões pelas quais é injustificado o receio de censura em um cenário em que as big techs já praticam amplamente a censura privada.