Podcasts about escrevemos

  • 23PODCASTS
  • 25EPISODES
  • 24mAVG DURATION
  • ?INFREQUENT EPISODES
  • Dec 19, 2024LATEST

POPULARITY

20172018201920202021202220232024


Best podcasts about escrevemos

Latest podcast episodes about escrevemos

Convidado
Realizadores franceses querem devolver "O Canto das Roças" a São Tomé e Príncipe

Convidado

Play Episode Listen Later Dec 19, 2024 10:56


Romain de l'Ecotais e Damien Miloch realizaram há seis anos o filme "O Canto das Roças" e ficaram marcados pelas paisagens naturais, mas sobretudo pela resiliência dos são-tomenses e as suas histórias ligadas a um pesado passado colonial que esta população tenta ultrapassar. Estes dois realizadores franceses querem agora voltar ao arquipélago para mostrar o seu filme.  Em 2013, Romain de l'Ecotais e Damien Miloch, uma equipa de documentaristas franceses, chegou pela primeira vez a São Tomé e Príncipe. O arquipélago nunca mais lhes saiu do espírito e em 2017 voltaram para filmar o documentário o “Canto das Roças” que fala sobre o passado colonial destas ilhas, mas também o que aconteceu no pós-independência a estas estruturas que representam, por um lado, a brutalidade de um sistema de escravatura e, por outro, a riqueza da terra.Em entrevista à RFI, Romain de l'Ecotais começa por nos explicar de como surgiu este encantamento por São Tomé e Príncipe."Fomos a São Tomé em 2013 para um filme que nos tinha sido encomendado sobre a produção de pimenta, que nessa altura estava em processo de revitalização. Ficámos logo assim que chegámos impressionados com as roças, como realizadores, com o potencial cinematográfico, tanto visualmente como em termos de história. E acabámos essa primeira viagem com a firme intenção de fazer um filme sobre as roças. Ficámos ainda algum tempo a procurar locais para filmar, encontrar as personagens que aparecem no filme final e concordámos na ideia de contar a história das roças através da vida das pessoas de hoje que ainda vivem nessas estruturas e tentam conservá-las. Escrevemos o filme e, cinco anos depois, pudemos voltar então a São Tomé para o realizar", disse Romain de l'Ecotais.Os dois documentaristas foram a várias roças, muitas delas agora transformadas em comunidades onde vivem dezenas de famílias e o documentário é guiado por várias personagens desde líderes comunitários, a músicos, a agricultores que tentam organizar-se para melhorar as condições de vida da população. Damien Miloch detalhou o que encontrou no terreno."Cada roça é diferente, cada roça tem a sua própria comunidade. Cada Roça tinha a sua própria actividade, o seu próprio produto. Todas elas estavam ligadas entre si para fazer de São Tomé o maior produtor de cacau do mundo, no início do século XX. Pode até ser um termo um pouco duro, mas muitas delas assemelhavam-se a campo de trabalho forçado e outras eram lugares fantásticos de produção. Em todo o caso, há um enorme potencial cinematográfico e depois há também o potencial em termos de história de vida, história da colonização, da escravatura e foram todos esses destinos que quisemos destacar neste filme. Em todo o caso, as roças abrangem muitos temas históricos e contemporâneos extremamente interessantes. Foi isso que nos interessou enquanto realizadores: o conteúdo e a forma. Tínhamos o cenário quando vimos as roças, e quando se mergulha neste país, surgem histórias de vida que nos falam a nós e a toda a gente", indicou.Em muitas das entrevistas com vários são-tomenses o sistema das roças é lembrado com algum saudosismo. No entanto, os realizadores dizem que se trata de uma nostalgia face a uma realidade actual onde os cuidados de saúde são precárias, onde há falta de emprego e onde a pobreza se tornou a regra."Acho que a primeira coisa que nos impressionou foi o facto de não haver um verdadeiro ódio pelo passado, pelos portugueses que ainda hoje em dia lá podem ir. E, de facto, o que obviamente nos chocou no início foi uma certa nostalgia e a total liberdade de expressão para dizer que, naquele tempo, havia coisas que funcionavam e que, de facto, gostaríamos que fosse assim hoje. Portanto, é verdade que tivemos de nos perguntar, intelectualmente falando, até que ponto podíamos transmitir essa mensagem, mas, na realidade, era o que as pessoas diziam e não quer dizer que quisessem trocar a sua liberdade para voltar a um sistema como o de antigamente, mas conseguiam perceber o que não tinham desde a independência", considerou Romain."O problema que ao qual muitas pessoas se vêm confrontadas é que se dizem: antes não éramos livres, mas tínhamos trabalho, tínhamos uma identidade, tínhamos sistemas de produção, tínhamos um hospital a funcionar e as crianças iam à escola. Não éramos livres, mas as coisas funcionavam. Agora somos livres mas somos pobres. Este tipo de pensamento deixa a população de São Tomé e Príncipe nostálgica. Mas isso não quer dizer que os são-tomenses queiram trocar a liberdade pelas condições que tinham antes, trata-se da tal nostalgia, de uma certa saudade, se quisermos chamar assim, em relação a esse período", acrescentou Damien.O filme mostra como as populações tentam encontrar soluções não só para melhorar as suas vidas, por exemplo, através do cultivo da pimenta ou do cacau de alta qualidade, bens valorizados para a exportação, mas também para conviverem com a natureza à sua volta. Uma perpectiva que valoriza as capacidades de adaptação dos são-tomenses face a um Mundo cada vez mais globalizado."O ângulo que tentámos escolher para o filme é não dar a mesma abordagem pessimista de África que podemos ver noutros documentários. Por isso, concentrámo-nos na história, mas também nos pontos positivos actuais. E um dos pontos positivos é a literacia e as crianças que vão muito à escola e que, por isso, na sua grande maioria são alfabetizadas. Quisemos mostrar isso e, de facto, entre os que sabem mais e viajam mais e aprendem mais e entre os que sabem menos há realmente uma entreajuda que se vê no filme, nomeadamente na produção de pimenta", declarou Damien."O que também é destacado nas histórias que escolhemos contar é o desejo de recuperar a terra através da agricultura, porque é isso que mostramos. Claro que há também a educação, tanto na escola ou através de iniciativas como a capoeira nas roças. Mas é claro que isso não se aplica a toda a ilha e sabemos que há uma alta taxa de natalidade. Tivemos a sorte de ter viajado para São Tomé pela primeira vez em 2013 e, nessa altura, quase ninguém tinha telemóvel com redes sociais. Hoje estamos em 2024 e a última vez que lá estivemos foi há cinco anos. Sabemos que agora toda a gente tem um telemóvel, por isso, também veem o que está a acontecer e o que se passa noutros locais. Dizer que o futuro da ilha passa necessariamente por recuperar os seus meios de produção e a sua riqueza natural, que é a terra, é algo óbvio para mim, mas acho que certamente muitos jovens vão querer sair de lá e experimentar a vida no estrangeiro. Sei que há muitos, muitos jovens que vão para Portugal e espero que neste contexto, de facto, tenham uma perspetiva real e que não vão à procura de uma miragem, como muita gente que faz este tipo de viagem", completou Romain.O projecto agora para 2025 é mostrar o filme em São Tomé e Príncipe e Damien pensa que o quadro ideal seria projectá-lo nas roças onde ele foi filmado, para devolver às populações estes testemunhos."Algo que pensamos muito enquanto realizadores de documentários é como é que vamos devolver às nossas personagens o que nos deram durante as filmagens. Algo que ocupou o seu tempo, o seu conhecimento. Eles dão-nos a sua opinião, um pouco da sua intimidade e até momentos em que deveriam estar a trabalhar e acabaram por nos dedicar esse tempo. Uma das formas que temos de lhes pagar toda essa atenção é mostrar o filme, fazer um filme à altura daquilo que eles partilharam connosco. Conseguimos a muito custo que o filme passasse num canal de televisão em São Tomé. Mas o objetivo é fazer uma projeção pública nas roças. Isso seria óptimo, talvez através da Aliança Francesa. Seria uma ocasião bastante folclórica e sobretudo poderia ser extremamente animado ver as pessoas que filmámos, as suas famílias e outras pessoas a verem o documentário. É algo que gostaríamos muito de fazer e que estamos a tentar organizar há muito tempo. Mas é verdade que se trata de um território muito remoto e vamos ter de nos organizar para isso", explicou Damien.Quase sete anos depois de ter filmado este documentário, a dupla de franceses continua a pensar em São Tomé, nas suas paisagens e nas suas gentes. Mas porquê?"Essa é uma pergunta muito interessante, porque São Tomé ficou realmente inscrito em nós, ficou profundamente dentro de nós. Não há um momento em que esteja a ver o filme com o Romain e que não pensemos: " Queremos voltar lá”. Além disso, não é só uma coisa que dizemos, é mesmo algo que queremos. Talvez seja um pouco louco, mas queremos voltar por causa da beleza das paisagens, mas também da beleza dos sorrisos, da bondade da pessoas. Há qualquer coisa de estranho, de fantasmagórico, de fresco, de sincero e, ao mesmo tempo, de brutal. É uma enorme, concentração de adjectivos em termos de experiência de vida, e é algo que teve um efeito profundo em nós. Nós estivemos lá, passámos lá um mês três vezes e não me lembro de um único minuto em que nos tenhamos aborrecido. É realmente algo que ficou connosco. Então, como é que o podemos expressar? Um pouco de nostalgia, um pouco de saudade, um pouco, não sei, mas em todo o caso, acho que não há uma semana que passe que não pense, de uma forma ou de outra, e que eu não pense como arranjar uma maneira de volta a São Tomé", justificou Damien."Penso que sempre que saímos para filmar, voltamos enriquecidos e a nossa experiência é enriquecida. E, de facto, isso faz-nos mudar e evoluir muito. Acho que se há uma coisa que me faz pensar nas pessoas que conheci em são Tomé, seria a sua vontade, a sua resiliência e a abertura de espírito que foram capazes de manter e partilhar connosco", concluiu Romain.

Levo na bolsa
Episódio 002 – Quando escrevemos conversamos com quem somos

Levo na bolsa

Play Episode Listen Later Oct 2, 2023 42:20


A escritora Cris Paz é a entrevistada deste episódio. A mineira e Ana Holanda navegaram por assuntos diversos como envelhecimento, amores e escolhas. Tudo isso entremeado pela escrita.

Pergunta Simples
Márcio Barcelos | Como fazer um bom podcast?

Pergunta Simples

Play Episode Listen Later Feb 1, 2023 50:39


Hoje é dia de falar de conteúdo. Pode ser recheio. Pode ser enchimento. Pode ser narrativa. Podem ser boas histórias. No fundo, conteúdo é uma expressão da gíria da comunicação que quer dizer o que se diz, faz, pinta, fotografa, relata, escreve ou filma. O conteúdo é a mais importante parte de um qualquer programa ou evento. Gosto de lhe chamar “carninha para o assador”. Tenho um amigo que se refere às longas horas em que é preciso inventar, literalmente, conteúdo para ocupar tempos de televisão ou rádio com a expressão “há que alimentar o cavalo”. Entenda-se falar, falar, falar. Ocupar espaço em antena. No fundo, conteúdo é a base. E esse conteúdo tem depois uma forma. Escrevemos um livro ou fazemos um programa de televisão? Fazemos uma foto ou pintamos um quadro? Este programa pode parecer um episódio sobre ‘podcasts'. Mas é, de facto, uma conversa sobre como criar e alimentar a comunidade com bons conteúdos. Neste caso, conteúdos para serem ouvidos. Por exemplo, os ‘podcasts' são uma forma nova de fazer rádio? Ou uma maneira de juntar pessoas que se interessam pelo mesmo tema de conversa? Estas duas perguntas navegam na conversa que mantive com Márcio Barcelos. Ele desenvolveu durante os últimos cinco anos um Festival chamado Podes. A sua vertente mais conhecida culmina na atribuição de prémios aos melhores ‘podcasts' portugueses. São 15 categorias para os 15 melhores ‘podcasts' portugueses, por votação de um júri independente e numa das categorias, pelo público. Por exemplo, o prémio do melhor ‘podcast' do ano foi atribuído ao 45 graus de José Maria Pimentel. O tema dos ‘podcasts' é um pretexto para falarmos de criação de conteúdos, de discussão pública e do sentido de comunidade. Nesta edição passamos pelos melhores entre os melhores mas também por programas com menos qualidade. Ou qualidade de som, ou, pior ainda, falta de bom conteúdo. Por isso e desde já arrumamos esses programas sem bom som nem boa palavra. Sobrando a pergunta: como se faz um bom programa? Um bom ‘podcast'. Os bons programas ficam sempre na memória. Porque são bons. Porque nos disseram algo que nos marcou. Porque quando estivemos a partilhar um bom conteúdo sentimos-nos especiais. É que para conseguir oferecer essa sensação alguém pensou entregou algo bom para o nosso ouvido. Para o nosso cérebro. Para o nosso coração. Festival Podes - Melhores podcasts 2023 Podcast do Ano: 45 Graus Narrativa: Noite sangrenta Ciência, tecnologia e educação: 110 Histórias | 110 ObjetosNarrativa: Noite SangrentaEntrevista: Humor à Primeira vistaLifestyle: Cartão de Embarque:o podcast de todos os destinosRádio: Fala com ElaJogos e Passatempos: SupermegabitHumor: Duas Pessoas a conversarDesporto: MatraquilhosPolítica, Economia e Informação: 45 GrausCinema e Televisão: In VitroQuestões Sociais: O Ar é de TodosArte e Cultura: PBXPrémio Vozes: Um Género de ConversaPrémio do Público: IncompletaMente https://vimeo.com/794421643

Imposturas Filosóficas
#194 tá parecido, mas é diferente

Imposturas Filosóficas

Play Episode Listen Later Jan 20, 2023 65:11


A escrita é tão antiga quanto a roda e cumpre sua função social, mas vai muito além dela. Informar, descrever, comunicar não é tudo. Escrevemos também a partir do que não sabemos. O que significa tornar-se autor? Aceitar o estranho desafio de colocar em palavras uma multiplicidade irredutível. Neste caso, o ato de escrever é em um ato performativo que denota a transformação daquele mesmo que escreve. Esta sexta, nosso primeiro podcast do ano traz uma reflexão sobre a estranheza do escrever. Ele "tá parecido, mas é diferente".ParticipantesRafael LauroRafael TrindadeLinksTexto lidoToda Segunda na TwitchOutros LinksFicha TécnicaCapa: Felipe FrancoEdição: Pedro JanczurMailing: Adriana VasconcellosAss. Produção: Bru AlmeidaCortes: Marcelo StehlickGosta do nosso programa?Contribua para que ele continue existindo, seja um assinante!Support the show

Horizontes: Reflexão e Devoção para vida
| EVANGELHO - Plena alegria: Exposição de 1João 1.1-4

Horizontes: Reflexão e Devoção para vida

Play Episode Listen Later Mar 12, 2022 23:24


João, em 1João 1.1-4, justifica suas palavras desse modo: “Escrevemos estas coisas para que a nossa alegria seja completa.” Alegria plena, completa, um estado de felicidade que preenche todos os espaços, alegria que toma a vida da gente por inteiro, integralmente... Foi justamente isso que o pecado roubou do homem lá no jardim do Éden quando a serpente seduziu a Eva e o Adão... É precisamente isso que o Evangelho devolve à todo aquele que se rende a Jesus e confia Nele! Qual o protocolo de recuperação da plena alegria? Através do que se alcança plena alegria? Nas narrativas dos Evangelhos, a caminhada de qualquer pessoa com Jesus partia de um “encontro com Ele”! É nesse encontro que havia a percepção de quem Ele era, que se ouvia o chamado Dele dizendo “segue-me”, que existia a possibilidade de ser tocado por Ele e experimentar algo extraordinário acontecendo... Em vários desses encontros a pessoa chegava sem fé e saía transformada e apaixonada por Jesus... A tristeza, o abatimento, o desânimo se convertiam em uma explosão de alegria! --- Support this podcast: https://anchor.fm/lazarinineto/support

Artes
Dançar contra o racismo no século XXI

Artes

Play Episode Listen Later Feb 21, 2022 8:11


Chloé e Isaac Lopes Gomes sao dois irmãos franceses, com origens cabo-verdianas, que denunciaram o racismo no ballet. Chloé fê-lo na prestigiada companhia Staastballet de Berlim, Isaac fê-lo no ballet da Ópera de Paris. Os dois foram os precursores de um #metoo no mundo da dança clássica e a sua luta começa a dar frutos.  Chegam luminosos e a sorrir. Falam de lutas e projectos, sonhos e saudades, França e Cabo Verde, numa esplanada junto ao Palais Garnier - Ópera de Paris. O sorriso nunca se apaga mesmo quando o semblante se crispa para falar de racismo. Chloé, de 31 anos, e Isaac, de 26, são dois irmãos prodígio no mundo da dança clássica e deram os primeiros passos para eliminar a discriminação racial no ballet. Têm um apelido lusófono, Lopes Gomes, herdado da família paterna, mas nasceram em França e lamentam não falar português, ainda que esperem vir a aprender. Chloé começou a dança clássica ainda menina e aos oito anos entrou no Conservatório de Nice. Depois foi para a Escola Nacional Superior de Dança de Marselha e, aos 14 anos, entrou para o célebre Ballet Bolshoi de Moscovo, onde ficou quatro anos, que descreve como os melhores da sua vida. Em 2018, integrou o prestigiado Staatsballett de Berlim e foi a primeira pessoa negra a entrar na companhia. Isaac chegou a fazer parte da equipa júnior do Olympique de Marselha, mas aos seis anos trocou o futebol pela dança e entrou na Escola de Dança de Marselha. Aos 11, foi para a Escola da Ópera de Paris e aí fez a sua formação, fazendo hoje parte do Ballet da Ópera de Paris. É "uma das cinco pessoas de cor numa companhia com 154 bailarinos". Em 2018, ambos foram os precursores de um #MeToo contra o racismo no universo da dança clássica. A história de Chloé correu jornais de todo o mundo. Em causa, a forma como foi tratada no Staatsballett de Berlim, onde foi constantemente alvo de comentários e piadas racistas da parte da sua professora de ballet que a chegou mesmo a obrigar a usar pó branco para clarear a pele. “Em 2018, entrei no Staatsballett de Berlim. Eu era a única pessoa de cor em 98 bailarinos. Uns jornalistas do Berliner Zeitung vieram fazer uma reportagem sobre O Lago dos Cisnes, viram-me e contaram-me que eu era a primeira rapariga de cor a entrar em 2018 e eu fiquei surpreendida, mas não queria que falassem da minha cor de pele, que fizessem uma reportagem só por causa da minha cor. Eu estava sob a supervisão de uma professora de ballet que vinha da Alemanha de Leste e que nunca teve pessoas de cor na sua companhia e para ela uma rapariga negra não tinha lugar num corpo de ballet branco porque quebrava a homogeneidade da companhia. Ela foi contra a minha contratação e dizia-me várias vezes que aquele não era o meu lugar. Havia piadas e comentários racistas diante de todos. Toda a gente sabia.” Chloé Lopes Gomes decidiu, então, denunciar o caso: “Inicialmente, ao fim de dois meses, falei com a direcção que ficou chocada, mas o director da altura disse-me que não podia fazer algo contra ela porque estava protegida por um contrato sem termo, ou seja, não podia ser despedida. Tentei denunciar o seu comportamento no ministério da Cultura, disseram-me que iam ser tomadas medidas, que ela ia ser suspensa e que ia fazer um workshop para a educar, mas nada foi feito... Como se fosse possível educar uma pessoa contra o racismo aos 50 anos. Mas nada foi feito e, por isso, fui falar com a imprensa.” Em 2020, alegadamente devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19, Chloé foi dispensada e aí decidiu falar aos jornais e ameaçou ir a tribunal. Oito meses depois, o Staatsballett e a bailarina chegaram a acordo, o contrato foi renovado e a companhia deu-lhe uma compensação financeira. Uma vitória que não a impediu de deixar o Staatsballett já que a professora continua a exercer as suas funções. Agora, Chloé está a escrever um livro sobre o mundo da dança e promete não se calar porque vale a pena. “Em Berlim, ganhei o meu processo, foi importante, mas não podia ficar e continuar a trabalhar com ela. Preferi partir. Lutei pelo que achava justo e para eles não mudou nada porque agora não há nenhuma pessoa de cor (porque a única pessoa de cor era eu e fui embora). Não sei se melhorámos as condições das pessoas de cor na dança, mas sinto que os bailarinos não se deixam tanto abusar, se há maus tratos e racismo eles vão falar logo à direcção, enquanto antigamente as pessoas tinham imenso medo de falar”, conta. Questionados sobre se foram os precursores de um #MeToo na dança, Isaac responde: “Era preciso que alguém o fizesse, era bom que o tivessem feito antes de nós, mas coube-nos a nós fazer o trabalho, também para as próximas gerações, não apenas para nós.” Chloé acrescenta: “A arte sempre soube representar a evolução e os costumes da sociedade e a sociedade hoje mudou imenso, vivemos numa sociedade multicultural que o vai ser ainda mais daqui a uns anos. A arte, nomeadamente a dança clássica, deve representar cada um de nós, por isso tem de ser mais mestiçada.” A dança está-lhes no sangue e a luta também. Em Outubro de 2018, Isaac lançou um manifesto pela diversidade no Ballet da Ópera de Paris, pedindo coisas como maquilhagem e produtos de cabelo adaptados ao tom de pele de todos.  “Foi um pouco a mesma problemática que a minha irmã Chloé. Somos muito poucas pessoas de cor na Ópera, somos cinco em 154 bailarinos, somos mestiços. Havia coisas que não estavam bem na Ópera. Escrevemos o manifesto para denunciar aquilo que nos fazia falta enquanto bailarinos de cor na Ópera, por exemplo, a maquilhagem. Não havia maquilhagem adaptada ao nosso tom de pele e tínhamos de fazer misturas, juntar branco com preto muito escuro, e no fim ficávamos cinzentos. Os penteados, não havia cremes, eu não posso pôr lacas e géis, coisas para os cabelos lisos, nada adaptados aos cabelos crespos, e os cabeleireiros não têm formação para os nossos cabelos. A cor dos collants para as mulheres eram cor de pele mas para mulheres brancas. Por isso, fizemos este manifesto para denunciar e para que eles reagissem e se adaptassem”, relembra o bailarino. Para Isaac, o resultado foi positivo e os pedidos foram todos atendidos. Ainda assim, durante as suas lutas, além das mensagens de apoio, Chloé e Isaac receberam também muitas mensagens de ódio e racismo. Palavras que não os calaram, que mais os motivaram a falar e a incentivar outros a romperem o silêncio sobre as discriminações raciais em pleno século XXI.  

aquele que habita os céus sorri
se a palavra se fez carne, escrevemos com o corpo | Domingo III do Tempo Comum C

aquele que habita os céus sorri

Play Episode Listen Later Jan 23, 2022 16:37


breve comentário aos textos bíblicos lidos em comunidade | Domingo III do Tempo Comum C | Hospital de Santa Marta, Lisboa, 22 de Janeiro de 2022. Neemias 8,2-10; 1 Coríntios 12,12-30 e Lucas 1,1-4; 4,14-21. Instagram © Mário Laginha e Bernardo Sassetti, Mário Laginha – Bernardo Sassetti (edição de autor, 2003) – Improviso Nº 3 © Mammal Hands, Shadow Work (Gondwana Records, 2017) – Near Far António Pedro Monteiro | e-mail

Notícias Brasil de Fato MG
Três pessoas são detidas em BH em protesto por reabertura de escola

Notícias Brasil de Fato MG

Play Episode Listen Later Dec 7, 2021 2:56


Três manifestantes foram detidos na tarde desta sexta-feira (3) no bairro Santo André, Pedreira Prado Lopes, uma das favelas mais antigas de Belo Horizonte (MG). O ato, que iniciou às 16h em frente à Escola Municipal Carlos Góis, reivindica a reabertura da instituição. Em reunião com representantes da prefeitura, moradores receberam a notícia de que a escola passará por uma reforma e será reaberta apenas em 2023. Durante o ato, manifestantes escreveram nas paredes da escola frases como “abre Kalil”, “educação já” e “escola aberta já”. As três pessoas acusadas pela pichação foram levadas para o Juizado Especial Criminal, no bairro Coração Eucarístico. A Polícia Militar alegou o crime de pichação, que se enquadra na Lei de Crimes Ambientais. O militante Vinícius Moreno Nolasco, integrante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), avalia a detenção como desproporcional. “Escrevemos nos muros no intuito de informar a comunidade de que a escola está fechada e cobrar da prefeitura a reabertura. Muitos moradores não sabem o que vem acontecendo”, explica. Reforma pode durar mais de um ano O principal motivo do protesto é a demora para a reabertura da Escola Municipal Carlos Góis. Segundo Vinicius, em reunião com representantes da Prefeitura de BH Regional Noroeste, na última quarta-feira (1), moradores da Pedreira Prado Lopes ficaram sabendo que a escola passará por uma reforma e tem previsão de ser reaberta somente em 2023. O edital para escolha das empresas para realizarem a reforma, por exemplo, seria lançado apenas em abril de 2022. A Escola Carlos Góis foi interditada após as chuvas de fevereiro de 2020 por orientação da Defesa Civil, por estar em uma área de risco geológico. Os prazos são questionados pela comunidade escolar, que pode completar quatro anos com a escola fechada.

Acordei inspirado por Guilherme Fraenkel
vida: do roteiro à crítica

Acordei inspirado por Guilherme Fraenkel

Play Episode Listen Later Nov 23, 2021 5:57


já pensou na vida como um ato no palco? Escrevemos o roteiro, dirigimos e atuamos! Mas como nos posicionamos com frequência? Como recebemos as críticas? Seremos atores primcipais ou coadjuvantes?

seremos roteiro escrevemos
Terapia de Casal
TdC #100 - Sobre lançar um livro

Terapia de Casal

Play Episode Listen Later Oct 18, 2021 32:08


"Leiam, suas porcas" - Rita da Nova, 2021 Quem é que vos ajudou nas prendas de natal e lançou um livro, quem foi? Ah, pois. É verdade. Escrevemos um livro e agora vamos andar a lançá-lo às pessoas pelo país. Corram neste momento à ticketline e comprem bilhetes para as datas que lá estão. Não percam esta oportunidade mágica e única de ver a Rita fora de casa depois das 19h. Para a semana voltamos com convidado mas não se esqueçam de continuar a enviar os vossos emails para terapiadecasalpodcast@gmail.com. E leiam, porcas. ________________ Terapia de Casal é o podcast que pode acabar com o casamento do Guilherme Fonseca e da Rita da Nova. Enviem as vossas questões/inquietações/dúvidas amorosas para terapiadecasalpodcast@gmail.com que nós respondemos. Sigam-nos nas redes: @guilhermefon @ritadanova Música de Vitor Teixeira. Imagem de Carolina Costa. Fotografia de Inês Costa Monteiro. Obrigado por ouvirem.

Secos e molhados
2x3: Micaela Santos - "Temos que encontrar o impacto social em tudo que escrevemos"

Secos e molhados

Play Episode Listen Later Sep 27, 2021 60:14


Micaela Santos, quando deu essa entrevista, era repórter da Época Negócios. Hoje, é Editora de Conteúdo do Meio. Antes, foi repórter da Agência Mural de Jornalismo das Periferias. Ela escreve sobre negócios, diversidade, cotidiano, sempre com um olhar social. Secos e Molhados é um podcast sobre Jornalismo apresentado por Caio Maia e Felipe Lobo, com produção de Thaís Chaves e edição de Leopoldo Cavalcante.

Liçoes Da Bíblia, Escola Sabatina, Comentários, Mensagens e Oração Diária.
Lição 13 | A vida na nova aliança | Alegria | 20.06.2021

Liçoes Da Bíblia, Escola Sabatina, Comentários, Mensagens e Oração Diária.

Play Episode Listen Later Jun 20, 2021 3:54


"Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância." João 10:10 "Escrevemos estas coisas para que a nossa alegria seja completa." 1 João 1:4

Metal Mantra Podcast
James Hetfield revela dificuldade para compor novas músicas do Metallica: “Muito bizarro” - Ritual Metal Mantra #079

Metal Mantra Podcast

Play Episode Listen Later Jun 3, 2021 16:29


James Hetfield revela dificuldade para compor novas músicas do Metallica: “Muito bizarro” - Ritual Metal Mantra #079 ********************* Saudações metaleiros, você acaba de aterrissar no Ritual do Metal Mantra, o seu Podcast diário com as notícias do mundo do Heavy Metal, e no ritual de hoje, vamos falar sobre: James Hetfield revela dificuldade para compor novas músicas do Metallica: “Muito bizarro” A trilha sonora desse episódio foi We Are the Others do Delain ********************* ➡️ James Hetfield revela dificuldade para compor novas músicas do Metallica: “Muito bizarro”

FWC - Tecnologia em Pauta
4 pontos em que a Cloud Computing auxilia na Gestão Fiscal das empresas | Blog em áudio #023

FWC - Tecnologia em Pauta

Play Episode Listen Later May 25, 2021 4:31


Você sabia que a Cloud Computing também proporciona modernização e mais eficiência para o setor fiscal das empresas? Escrevemos sobre isso lá no nosso blog, acesse o link abaixo e confira esse material: https://bit.ly/3uf9gT1

REFRESHER FreshCAST
Gestão de processos na operação de escritórios de Design e Arquitetura (2/4) [FreshCAST #10]

REFRESHER FreshCAST

Play Episode Listen Later Mar 11, 2021 7:36


Escrevemos um livro sobre otimização de processos (https://refreshertrends.com.br/metodo) e frequentemente revisitamos esse assunto porque o consideramos de extrema importância para que você possa projetar com maior eficiência, ganhar mais dinheiro, surpreender seu cliente com soluções inovadoras, além de economizar tempo de vida dele. Na aula passada, demos mais uma "cutucada no vespeiro" ao falar sobre a criação de um plano de ação baseado na ferramenta 5W2H e Nessa aula, daremos continuidade ao tema abordando mais uma importante ferramenta: os KPI's ou indicador-chave de desempenho, afinal o que não pode ser medido, não pode ser melhorado! Lembre-se que organizar os seus processos internos lhe ajudarão na criação de um fluxo de trabalho organizado, fácil de ser seguido e altamente eficiente para atingir melhores resultados para o seu negócio. E para potencializar os seus resultados, você pode contar também com a mentoria de negócios do REFRESHER, onde temos a missão de fazer o seu escritório de Arquitetura e Design decolar em 6 meses. Acesse https://refreshertrends.com.br/mentoria/ para saber mais e solicitar o contato de um consultor da nossa equipe.

BOM DIA AMIGO
BOM DIA AMIGO, 2963 — A lista

BOM DIA AMIGO

Play Episode Listen Later Nov 26, 2020 2:32


“Quão feliz é uma pessoa depende da profundidade de sua gratidão.” (John Miller) A lista Fomos desejados e nascemos. Os álbuns nos mostram nosso corpo guardado no ventre, o berço em que habitaríamos, o quarto decorado na maternidade, o primeiro brinquedo. Depois crescemos Aprendemos. Em casa. Na escola. Na piscina. Na pista. Aprendemos letras, números, movimentos, palavras. Corremos. E houve a primeira vez que não caímos ao andar. Não derramamos a água ao beber. Não tropeçamos nas palavras ao falar. Abraçaram-nos muito. Mamãe. Papai. Vovó. Vovô. Desejaram-nos tantas coisas boas e muitas aconteceriam. São lembranças que ainda nos fazem rir. Exploramos o mundo, o quintal, a rua, as esquinas. Descobrimos outras pessoas. Cantamos. Brincamos. Brigamos, mas logo passou. Estudamos. A cada ciclo concluído fazíamos uma festa. E já começávamos outro. Até hoje aprendemos. Na escola, nos livros, nos celulares, nas rodas. Fizemos. Fazemos. Se arrolarmos o que fizemos, veremos que mudamos coisas, mudamos nossas histórias. Mudamos de casa, cidade, país ou continente. Escrevemos. Moldamos. Compusemos. Operamos. Ganhamos dinheiro. Doamos. Vendemos. E o que não fizemos? Faremos, se quisermos. E viajando pelas asas da imaginação, chegaremos ao dia extraordinário em que o Pai, o Filho e o Espírito Santo decidiram criar os seres humanos e, tendo-os feito, sentiram grande alegria. Com os mesmos olhos, veremos tristeza no céu, por nos termos afastado da rota da felicidade, até o Filho dizer ao Pai. — Envia-me. Ele veio e toda a Trindade habitou entre nós. Não tem fim a lista do que recordar para dar “Graças a Deus”. “Bendiga, minha alma, o SENHOR, e não se esqueça de nem um só de seus benefícios. Ele é quem e coroa você de graça e misericórdia”. (Salmo 103.2 e 4) Bom dia!!!! Israel Belo de Azevedo

Growthaholics
Ep. 58 - Transformação Radical: Por que escrevemos esse livro?

Growthaholics

Play Episode Listen Later Oct 22, 2020 55:16


Nesse episódio converso com meus amigos e sócios Sulivan Santiago e Victor Navarrete sobre um projeto que desenvolvemos juntos: nosso livro Transformação Radical. Nele, separamos vários dos frameworks, canvas e metodologias que usamos aqui na ACE Cortex, para você poder inovar e aplicar os conhecimentos na sua empresa!

Poetizando com Letras
Crônica: "O pequeno vendedor de flôres", De Miguel Sanches. Por Vera Borges - Bibliotecária.

Poetizando com Letras

Play Episode Listen Later Sep 12, 2020 10:09


Crônica: "O pequeno vendedor de flôres", De Miguel Sanches. Ed. Aymará. Por: Vera Borges - Bibliotecária - Bauru - SP. Extraída do livro: Um camponês na capital. "O cronista é um escritor consciente de sua responsabilidade com a memória. Tendo vivido com intensidade outras experiências de tempo, ele dá o seu testemunho ficcional e literário. Escrevemos crônicas principalmente para acrescentar aos dias de hoje o que ficou retido em nosso passado pessoal. Entre todas estas realidades perdidas, figura como algo comum a um grande número de pessoas a valiosa experiência rural, ou apenas interiorana. Até algumas décadas atrás, a vida periférica mantinha características próprias. Com a integração do planeta pela comunicação e pelo consumo, estas outras formas de ser podem desaparecer completamente. Daí a importância da crônica. Por meio de um verbo enraizado no chão da memória, o cronista tenta eternizar o que já não existe na realidade. Mas ele é um ser em conflito. Vive o presente, sua atual pátria, sem se desligar do passado, país estrangeiro para onde sempre viaja em deslocamentos rápidos. Homem de dois mundos, de dois tempos, o cronista cultiva sua antiga lavoura num jardim de cimento". (Miguel Sanches Neto).

BOM DIA AMIGO
BOM DIA AMIGO 2859_A festa dos talentos (Histórias de Jesus, 1)

BOM DIA AMIGO

Play Episode Listen Later Jul 30, 2020 2:23


“Não é suficiente ter uma boa mente: o principal é usá-la bem”. (René Descartes) A festa dos talentos (Histórias de Jesus, 1) Um homem, precisando viajar, convocou três dos seus funcionários. Na expectativa que cuidassem bem dos seus recursos, a um deu cinco talentos, uma das moedas conhecidas à época, a outro entregou dois talentos e com o terceiro deixou um talento. E viajou. Quando retornou, descobriu, no acerto de contas, que o terceiro, por medo, maldade e preguiça, nada fizera com o seu talento. Ficou sem nada e sozinho. Os outros dois dobraram o que administraram. Foram elogiados como bons e fiéis e convidados para a festa que não acaba. Jesus nos ensina (Mateus 25.14-30) que todos recebemos talentos, palavra que passou a significar habilidades, competências. A vida é o que fazemos com os talentos que recebemos. Recebemos dinheiro para vivermos bem e ajudarmos outros a viverem bem. Sabemos falar para falarmos a verdade, inspirarmos sonhos, argumentarmos a favor da justiça. Fazemos parte de uma rede de pessoas, para usarmos nossa influência para resgatar, sejam animais do abandono, sejam humanos da indigência. Escrevemos bem, levemos nossas letras para que, nas cavernas, sejam tochas que conduzam pessoas à liberdade. Manejamos bem os equipamentos, seja um instrumento, um pincel, um estetoscópio, um avental, um giz, um microscópio, uma calculadora, um celular, uma enxada, um telescópio, para inspirarmos, encantarmos, salvarmos, alegrarmos, ensinarmos, pesquisarmos, enriquecermos, compartilharmos, plantarmos, descobrirmos vidas com sentido. Quem usa bem seus talentos participa da festa para a qual Deus capacita e convida. (Este foi para o talentoso Antonino Mello Santos, que desde ontem participa da festa-sem- fim) “Então o senhor disse: “Muito bem, servo bom e fiel; você foi fiel no pouco, sobre o muito o colocarei; venha participar da alegria do seu senhor”. (Mateus 25.23) Bom dia!!! Israel Belo de Azevedo

aquele que habita os céus sorri
vida é a narrativa que escrevemos em permanente risco | Quaresma I – Terça-feira

aquele que habita os céus sorri

Play Episode Listen Later Mar 3, 2020 10:18


breve comentário bíblico e teológico | Quaresma I – Terça-feira | Lisboa, 3 de Março de 2020. Isaías 55,10-11 e Mateus 6,7-15. © Nick Cave & The Bad Seeds, Ghosteen (Ghosteen Bad Seed, 2019) – Bright Horses © Mammal Hands, Shadow Work (Gondwana Records, 2017) – Near Far António Pedro Monteiro

Cultura
Cultura - Chega ao Brasil romance premiado de escritora francesa que viveu 2 anos como prostituta em Berlim

Cultura

Play Episode Listen Later Jan 31, 2020 6:32


Aos 31 anos, a escritora Emma Becker acaba de entrar para o primeiro escalão do mercado editorial francês com o romance La Maison, que recebeu o prestigioso Prix du Roman des Étudiants da rádio France Culture e da revista Télérama. O novo livro, publicado pela editora Flammarion, na França, segue o sucesso dos dois anteriores, Mr e Alice, que receberam elogios da quase sempre severa crítica especializada, além de traduções em mais de 14 países. Sem afetação e abrindo mão dos tradicionais clichês sobre o assunto, Becker aborda em La Maison os dois anos e meio que trabalhou como prostituta em dois prostíbulos de Berlim. - “Ela vai demorar uns minutinhos, é por causa da greve”. A assessora da editora Flammarion, cuja sede no elegante 6° distrito de Paris não esconde sua posição entre os cinco maiores grupos editorais franceses, tenta explicar o atraso da escritora Emma Becker. Nesta manhã fria do fim de janeiro, ela “vem direto da casa da avó, que mora no subúrbio, os trens circulam com dificuldade”. A escritora, que acaba de receber o prestigioso Prix du Roman des Étudiants France Culture – Télérama, foi também indicada a outros prêmios literários de peso, como o Renaudot, por seu teceiro livro, La Maison. Becker não tarda a chegar para a entrevista, rápida, os olhos claros brilhantes, fone de ouvido, casaco escuro sobre calça jeans e agasalho de malha, além do verbo afiado. Ela é o retrato de uma geração de escritoras que se vê dentro e além do espelho #MeToo. Sua fala é ligeira, precisa e direta como um "strike", assim como sua escrita. O elogio da crítica especializada não é novidade para a francesa, saudada já em seus dois primeiros romances – Mr e Alice, ambos pela editora Denöel – como uma jovem promessa. Mr, seu livro de estreia de 2011, lançado quando tinha apenas 22 anos, já mostrava a que veio, inspirado pela relação com um homem 25 anos mais velho. Um “romance-confissão” de uma “Lolita contemporânea”, traçando contornos de seus temas de predileção: desejo, sexo, jogos de poder, ou o que chama, pertinentemente, de “teatro da sexualidade”. No entanto, o sucesso de La Maison é inédito para a autora, e catapultou Becker a estrela de sua primeira “rentrée littéraire”, a aguardada temporada literária do mercado editorial francês. Para escrever o livro, a autora viveu durante dois anos e meio como prostituta em dois diferentes prostíbulos de Berlim. “Tive a sorte de ter uma enorme cobertura da mídia, falou-se muito do livro, com muitas discussões sobre ele. Tive a sorte também de receber um tratamento literário para esse livro, ele não foi tratado como um simples testemunho, o que é muito importante”, pondera a escritora. “Penso que isso abriu uma conversa honesta com meus leitores sobre a prostituição, um tema sobre o qual todos têm uma opinião, mas raros são aqueles que conhecem a profissão ou pessoas que praticam essa profissão. Houve uma possibilidade de discutir esse assunto individualmente, sem histeria ou agressividade, mas é verdade que, no fundo, há sempre esse mal-entendido, não sobre o tema da prostituição, mas sobre o sexo”, diz Becker. "A questão é como as pessoas pensam o sexo e porque, bruscamente, a emergência da questão financeira dentro da relação sexual faz com que a mesma se torne suja, violenta, nojenta, sendo que, quando é gratuito, não temos nenhum problema em relação a isso", afirma a autora, que diz ter descoberto, durante suas andanças por dois prostíbulos da capital alemã, que "quem realmente detinha o poder nesta relação tarifada era a mulher paga para fazer sexo". Origens Vinda da classe média branca da região parisiense (Hauts de Seine), com um pai pequeno empresário e mãe psicóloga, e nascida numa família onde predominam as mulheres - cúmplices e "melhores amigas", as duas irmãs se mudaram com ela para Berlim - Emma Becker passou pelo rigor de um colégio particular católico e chegou a estudar Letras na prestigiosa universidade Sorbonne. Ela também frequentou o célebre curso preparatório Hypokhâgne, que abre portas para as principais universidades e escolas da elite francesa, na área de Literatura. Mas abandonou tudo com a mesma desenvoltura que entrou: "Achei essa abordagem da literatura muito árida, quase científica. Nunca imaginei fazendo outra coisa que não fosse escrever, preferi fazer pequenos trabalhos enquanto escrevia", diz a autora. "Acho que essa é uma questão importante para as mulheres. Num mundo onde somos constantemente forçados a consumir, e precisamos constantemente de mais dinheiro, me parece evidente que mães solteiras, por exemplo, ou mulheres artistas que não ganham muito, escolham fazer pequenos trabalhos paralelos para economizar tempo para o que realmente lhes interessa. Nem todo mundo está disposto a fazer um trabalho que não aprecia de verdade", afirma. "O que é interessante é que essa maneira de pensar, tão comum aos homens, se torna uma espécie de pecado blasfematório quando utilizada pelas mulheres", diz. "Essa é a diferença de tratamento entre homens e mulheres no mundo do trabalho. Como as mulheres possuem ou não o direito de trabalhar. E por que esse serviço sexual só é considerado válido quando ele é gratuito?", questiona a francesa. Subversões e inspirações "Acredito que a subversão de La Maison não está no livro, mas no olhar do leitor. Não tenho a impressão de ter escrito um livro subversivo. Escrevemos normalmente numa perfeita tranquilidade, com a sensação de estarmos inteiros naquilo. Depois, efetivamente, a coisa se torna problemática quando o livro se torna também de outras pessoas, que tentam colar os afetos delas aos seus", analisa. A autora de La Maison se diz diretamente influenciada por autores que sempre fizeram parte de sua biblioteca como Guy de Maupassant, Sade, Louis Calaferte (cujas citações abrem La Maison) e Émile Zola. Todos homens? "Voilà !", exclama com consternação a jovem escritora francesa. "Acredito que, para as mulheres, escrever ainda é um ato político. Percebemos rapidamente a diferença de tratamento entre um livro escrito por uma mulher e outro escrito por um homem", diz. "Quando somos mulheres, e temos menos de 60 anos, somos quase sempre redirecionadas a nosso físico, à nossa educação, a nossos pais, à sua família. Quantas vezes não me perguntaram em entrevistas o que meus pais acharam do livro?", questiona Becker. "Tenho certeza que não perguntariam isso a um homem. Como se o olhar masculino fosse universal e que uma mulher que escreva sobre o desejo ou sobre o amor o faz sob uma 'perspectiva feminina'. Fica muito mais fácil nos etiquetar, afinal, uma mulher que escreve sobre si, sobre seu corpo, sobre seu desejo, é uma mulher que não corresponde a nenhum rótulo e que coloca em xeque todo o sistema onde cresceu", diz. Emma Becker se diz também claramente influenciada por outra escritora, uma das primeiras mulheres a falar sobre prostituição em primeira pessoa na França, a premiada Virginie Despentes, autora, entre outros, do manifesto feminista Teoria King Kong (N-1 Edições, 2016) e do romance A Vida de Vernon Subutex (Cia das Letras, 2018), best-seller e verdadeira coqueluche dos leitores franceses. "Li Teoria King Kong quando estava escrevendo meu livro. Isso me deu um poder, me senti bruscamente investida do mesmo poder que Virginie quando ela escreve o manifesto. Achei o livro tão poderoso, que, quando o li, pensei - publique seu livro, não tenha vergonha, se ela não teve medo, porque você teria? Tirei de Teoria King Kong a confiança e a força para ir até o final do meu processo de redação de La Maison", conta. A autora se declara também fascinada pelo universo queer e militante do filósofo trans Paul Preciado, com quem participou de discussões em evento recente na cidade de Toronto, no Canadá. "Acho Preciado comparável a Derrida, a Foucault. É impressionante. Tenho certeza que, daqui a 50 anos, contarei para meus netos que assisti pessoalmente conferências desse filósofo gigantesco", elogia Becker, que acaba de ler o último livro de Preciado, Um apartamento em Urano (Grasset, 2019), uma compilação de ensaios literários. Brasil? Mas se o livro La Maison acaba de ter seus direitos comprados pela editora brasileira Record, Emma Becker confessa não saber muita coisa sobre o país governado por Jair Bolsonaro. "Nunca estive no Brasil, o único eco que tenho do país são as lembranças da minha mãe que esteve lá há mais de 20 anos. Quando eu penso sobre o Brasil, é engraçado, penso na vegetação, na floresta. Sei que parece banal, mas o Brasil me evoca o sol e a vegetação. Me evoca também [o escritor, que se instalou e posteriormente se suicidou com sua mulher no Brasil] Stefan Sweig. Estou muito curiosa, nunca coloquei os pés no Brasil", diz a autora. Sobre a recente proposta de uma possível política pública de "abstinência sexual", vinda da ministra brasileira Damares Alves, para combater os altos índices brasileiros de gravidez na adolescência, Becker diz estar "de queixo caído". "Embora isso já não me surpreenda tanto", admite. "Depois que meu livro foi publicado, tenho assistido a uma série de discussões agressivas com um tipo de feministas radicais [as chamadas Rad Fem] que exclui completamente as trabalhadoras do sexo e as pessoas trans, pro exemplo. Elas militam pela abolição da pornografia e da prostituição. Fico de queixo caído de pensar, que, entre elas, não existe uma que consiga ver que é impossível abolir o sexo. A única coisa que podemos fazer é fingir que isso não existe", diz a escritora. "Nunca conseguiremos abolir um fenômeno, tão velho quanto o mundo, como a prostituição. Não poderemos abolir o desejo dos homens pelas mulheres, a necessidade que as mulheres têm de ganhar a vida, a necessidade que as pessoas têm de ver imagens ou representações sexuais, ou o teatro sexual, como o proposto pela pornografia. Como é que se coloca em prática a abstinência sexual? Esse tipo de proposta reflete uma cegueira que começa a se tornar um valor político. É engraçado como, no final, as propostas dos evangélicos e de algumas feministas radicais se encontram no mesmo caminho", ironiza. "Os argumentos das Rad Fems num determinado momento ecoam os argumentos dos trumpistas, que possuem preconceitos absolutamente abomináveis sobre as mulheres. Essa necessidade de instrumentalizar as mulheres, e as infantilizar, são argumentos que aparecem tanto na corrente [histórica] das radicais feministas, quanto nos reacionários mais duros", critica a autora. Heterossexualidade e desejo Sobre seu lugar de fala enquanto escritora, Emma Becker diz que questiona sua "posição." "Porque é verdade que sou uma mulher cisgênera e hétero. Mesmo com todas as subtilidades que isso traz, é verdade que eu cresci num mundo onde não era preciso me questionar. Porque estou dentro da norma, e é uma norma confortável e, mesmo se me encontro numa situação minoritária, porque sou mulher, continua sendo uma posição mais confortável do que a de alguém que se pergunta qual é seu gênero e como se posicionar", afirma. "Isso dito, é interessante também se perguntar qual é a parte de escolha dentro da heterossexualidade, e qual é a parte de condicionamento. E como é que uma mulher hétero interioriza uma sexualidade masculina que não lhe convém forçosamente", pontua Becker, que acredita que, mais do que um livro sobre o poder das mulheres, La Maison é também um retrato da solidão masculina. "A fragilidade masculina é um fato, seja num bordel ou fora dele. Eu já tinha consciência disso, mas é verdade que o bordel funciona como uma lente de aumento dessa realidade. Neste contexto, são verdadeiras a fragilidade, a solidão e a falta de referências masculinas. A dificuldade deles de se posicionarem em relação ao poder sexual e erótico das mulheres é algo que salta imediatamente aos olhos", diz a autora, refletindo sua própria experiência em Berlim. "Existe um espelho entre a fragilidade dos homens nesse contexto e o poder das mulheres que conheci no contexto de prostituição. Que não resume a prostituição como um todo, mas que é uma realidade. Descobri que as relações de poder se invertem com frequência, contrariamente ao que nos dizem e ao que imaginamos sobre a prostituição de maneira geral", afirma a francesa. "O desejo é uma coisa que sempre me apaixonou. O que quer dizer ser uma mulher, se é que isso ainda quer dizer alguma coisa? Como nos posicionamos em relação aos homens? Quais são as diferenças entre os desejos masculino e feminino, e o que tentam nos ensinar sobre nosso próprio desejo? Isso é uma coisa que sempre me interessou mais do que o sexo em si. Não é o sexo meu terreno de experimentação, é o desejo, e como chegamos ao sexo. E também como nos livramos dele", conclui Becker.

Gente Que Escreve
Gente Que Escreve – 056 – Por que Escrevemos?

Gente Que Escreve

Play Episode Listen Later May 8, 2019 26:30


Fábio M. Barreto invoca as declarações e confissões de vários autores fundamentais para a literatura moderna como George Orwell, Sylvia Plath, Flannery O'Connor, Chuck Palahniuk e Harper Lee para tentar responder à pergunta. mais O post Gente Que Escreve – 056 – Por que Escrevemos? apareceu primeiro em Fábio M. Barreto.

Stereo Hearts
Ep. 2 - Por que escrevemos sobre amor?

Stereo Hearts

Play Episode Listen Later Apr 5, 2018 61:07


Segundo episódio do podcast Stereo Hearts, um projeto da página My Future Someone(fb.com/myfuturesomeone). Nosso email está aberto para criticas, conselhos, pedidos de ajuda, qualquer tipo de mensagem. Email: oistereohearts@outlook.com Participantes: Wesciley Junio: facebook.com/wesciley instagram.com/wesciley Isabela Fatel: www.facebook.com/isabela.fatel Lucas Sakamoto: www.facebook.com/LucasSakaSoa Charles Cavalcanti: instagram.com/chadochay Editor: Vinicius Flávio: www.facebook.com/vinicius.flavio.5

amor segundo nosso escrevemos stereo hearts
Contrafactual
Contrafactual #28: E se os Mouros tivessem vencido em Poitier?

Contrafactual

Play Episode Listen Later Jun 18, 2017 34:22


Os Árabes venceram! A Cavalaria Moura se mostrou forte e invencível! Como isso impactaria na conformação dos impérios europeus? Quais seriam os limites das conquistas árabes? Quais as influências sobre as grandes navegações e sobre as línguas que falamos hoje? Escrevemos a história novamente partindo deste grande evento que poderia mudar tudo e todos no mundo, para sempre!

os quais vencido poitier mouros escrevemos contrafactual
ASTERISCO do JUDAO.com.br
Lidando com críticas

ASTERISCO do JUDAO.com.br

Play Episode Listen Later Nov 6, 2016 59:06


Escrevemos duas resenhas sobre Doutor Estranho, cobrindo não só os principais pontos do filme, como opiniões divergentes. Um gostou, o outro não. Um gostou, ponto. O outro não achou ruim, só... fraco. Mas não foi pra dizer só isso que os textos foram escritos. No Asterisco dessa semana, recebemos no estúdio Sócrates Brasileiro da Central 3 o leitor/ouvinte Rew Koike, além do Bento e o Fábio do Sioux 66, banda que abriu o show do Aerosmith em São Paulo e ajudou a complicar ainda mais o gramado