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Culture en direct
Critique musique : La co[opéra]tive ressuscite "Cendrillon", le bijou de Pauline Viardot retrouve ainsi la scène

Culture en direct

Play Episode Listen Later Dec 1, 2025 15:58


durée : 00:15:58 - Les Midis de Culture - par : Marie Labory - La co[opéra]tive ressuscite le "Cendrillon" de Pauline Viardot dans une version lumineuse mise en scène par David Lescot et dirigée au piano par Bianca Chillemi, pour une large tournée accessible à tous les publics. - réalisation : Laurence Malonda - invités : Zoé Sfez Productrice de La Série musicale sur France Culture; Emmanuelle Giuliani Journaliste à La Croix

Pergunta Simples
Como se filma uma boa história? Manuel Pureza

Pergunta Simples

Play Episode Listen Later Nov 26, 2025 56:11


Há criadores que operam dentro das fronteiras técnicas do seu ofício. E há outros que as redesenham. Manuel Pureza pertence à segunda categoria — a dos artistas que não apenas produzem obras, mas insinuam uma forma diferente de olhar para o mundo. Ao longo da última década, Pureza foi aperfeiçoando um dialeto visual singular: um equilíbrio improvável entre humor e melancolia, entre disciplina e improviso, entre ironia e empatia. Cresceu no ritmo acelerado das novelas, onde se aprende a filmar com pressão, velocidade e um olho permanentemente aberto para a fragilidade humana. Dali trouxe algo raro: um olhar que recusa o cinismo fácil e que insiste que até o ridículo tem dignidade. Na televisão e no cinema, a sua assinatura tornou-se evidente. Ele filma personagens como quem observa amigos de infância. Filma o quotidiano com a delicadeza de quem sabe que ali mora metade das grandes histórias. Filma o absurdo com a ternura de quem reconhece, nesse absurdo, o lado mais honesto do país que habita. Um humor que pensa Pureza não usa humor para fugir — usa humor para iluminar. Em “Pôr do Sol”, o fenómeno que se transformou num caso sério de análise cultural, a comédia deixou de ser apenas entretenimento. Tornou-se catarse colectiva. Portugal riu-se de si próprio com uma frontalidade rara, quase terapêutica. Não era paródia para diminuir; era paródia para pertencer. “O ridículo não é destrutivo”, explica Pureza. “É libertador.” Essa frase, que poderia ser um manifesto, resume bem o seu trabalho: ele leva o humor a sério. Independentemente do género — seja melodrama acelerado ou ficção introspectiva — há sempre, no seu olhar, a ideia de que rir pode ser um acto de lucidez. Num país onde o comentário público tantas vezes se esconde atrás da ironia amarga, Pureza faz o contrário: usa a ironia para abrir espaço, não para o fechar. A ética do olhar Filmar alguém é um exercício de confiança. Pureza opera com essa consciência. Não acredita em neutralidade — acredita em honestidade. Assume que cada plano é uma escolha e que cada escolha implica responsabilidade. Entre atores, essa postura cria um ambiente invulgar: segurança suficiente para arriscar, liberdade suficiente para falhar, humanidade suficiente para recomeçar. Num set regido pelo seu método, a escuta é tão importante quanto a técnica. E talvez por isso os seus actores falem de “estar em casa”, mesmo quando as cenas são emocionalmente densas. A câmara de Pureza não vigia: acompanha. É aqui que a sua realização se distingue — não por uma estética rigorosa, mas por uma ética clara. Filmar é expor vulnerabilidades. E expor vulnerabilidades exige cuidado. Portugal, esse laboratório emocional O país que surge nas obras de Pureza não é apenas cenário: é personagem. É o Portugal das contradições — pequeno mas exuberante, desconfiado mas carente de pertença, irónico mas sentimental, apaixonado mas contido. É um país onde a criatividade nasce da falta e onde o improviso se confunde com identidade. Pureza conhece esse país por dentro. Viu-o nos sets frenéticos das novelas, nos estúdios apressados da televisão generalista, nas equipas improváveis de produções independentes. E filma-o com um olhar feito de amor e lucidez: nunca subserviente, nunca destructivo, sempre profundamente humano. Há nele uma capacidade rara de observar sem desistir, de criticar sem amargar, de rir sem ferir. Infância, imaginação e paternidade Numa das passagens mais íntimas desta conversa, Pureza regressa à infância — não como nostalgia decorativa, mas como território de formação. A infância, para ele, é o sítio onde nasce a imaginação, mas também o sítio onde se aprende a cair, a duvidar, a arriscar. Esse lugar continua a acompanhar o seu trabalho como uma espécie de bússola emocional. Falar de infância leva inevitavelmente a falar de paternidade. Pureza rejeita a figura do pai iluminado, perfeito, imune ao erro. Fala antes da paternidade real: aquela onde se erra, se tenta, se repara, se adia, se volta a tentar. A paternidade que implica fragilidade. A paternidade que obriga a abrandar num mundo que exige velocidade. Talvez seja por isso que, quando dirige, recusa o automatismo: a vida, lembra, é sempre mais complexa do que aquilo que conseguimos filmar. Escutar como acto político Se há uma frase que atravessa toda a conversa, é esta: “Nós ouvimos pouco.” No contexto de Pureza, ouvir é um verbo político. Num país saturado de ruído, opiniões rápidas e indignações instantâneas, escutar tornou-se quase um acto contracultural. Ele trabalha nesse espaço de atenção — aquele que permite às pessoas serem pessoas, antes de serem personagens, headlines ou caricaturas. É por isso que o seu trabalho ressoa: porque devolve humanidade ao que, tantas vezes, o discurso público reduz. O que fica No final, a impressão é clara: Manuel Pureza não realiza apenas obras. Realiza ligações. Realiza espelhos que não humilham. Realiza pontes entre o ridículo e o sublime. Realiza histórias que, ao invés de nos afastarem, nos devolvem uns aos outros. Há artistas que acrescentam ao mundo um conjunto de imagens. Pureza acrescenta uma forma de ver. E num tempo em que olhar se tornou um acto cada vez mais acelerado — e cada vez menos profundo — isso não é apenas uma qualidade artística. É um serviço público da imaginação. LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO Esta transcrição foi gerada automaticamente. A sua exatidão pode variar. 0:12 Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação? Hoje recebemos alguém que não apenas realiza séries e filmes, mas realiza no sentido mais profundo do termo, a forma como olhamos para nós próprios, a maneira como nos espelhamos. 0:28 Manuel pureza é daqueles criadores que trabalham com rigor e com leveza, com inteligência, com humor, com disciplina e com um caos. Ele cresceu nas novelas, aprendeu a filmar sob pressão, descobriu um olhar que combina ternura com ironia e tornou se uma das vozes mais originais da ficção portuguesa. 0:46 E é capaz de pegar no ridículo e transformá lo em verdade, de pegar no quotidiano e transformá lo em drama, de pegar no drama e transformá lo em riso. Tudo sem perder a humanidade, o coração e a ética de quem sabe que filmar é escolher, ter um ponto de vista e que escolher é sempre um ato moral. 1:06 Neste episódio, abrimos as portas ao seu processo criativo, às dúvidas e às certezas, às dores e às gargalhadas, às memórias da infância e às inquietações da idade adultam. Falamos de televisão como um espaço de comunhão. Das novelas como um ginásio, do humor, como o pensamento crítico da arte de ouvir e de ser pai no mundo acelerado, da vulnerabilidade que existe por detrás de uma Câmara e, claro, de Portugal, este país pequeno, cheio de afetos e de feridas, onde tudo é simultaneamente muito absurdo e muito verdadeiro. 1:38 Pureza fala com profundidade e como honestidade às vezes. Desconcertante é uma dessas conversas em que senti que estamos a ver para além do artista, estamos a ver a pessoa, a sensibilidade das dúvidas, a Esperança e a inquietação de alguém que pensa o mundo através das histórias que nos conta. 2:05 Ao longo desta conversa, percebemos como as histórias, para Manuel pureza, não são apenas entretenimento. São uma estrutura emocional de uma forma de organizar o caos, uma linguagem antiga que herdamos mesmo antes de sabermos ler ou escrever. Falamos do poder das narrativas para dar sentido à vida, mas também do seu lado perigoso, porque todas as histórias têm um ponto de vista, todas têm escolhas e omissões, todas moldam a forma como vemos o que é real. 2:33 E ele, pureza. Assume isto sem medo. Assume que filma com olhar assumidamente subjetivo e que essa subjetividade é precisamente a sua assinatura. Não procura parecer neutro, procura ser honesto. Também exploramos a sua relação com o humor. 2:49 O humor que nunca é cínico, nunca é cruel, nunca é gratuito. O ridículo não é uma arma para diminuir os outros. É uma maneira de libertar, de expor o que há de comum entre nós, de desmontar o que é pomposo e de aliviar o peso de viver. 3:04 Diz na própria conversa que tudo pode ser ridículo e isso é uma forma de Redenção. O riso organiza o pensamento, afia o espírito, desarma o mundo e, talvez por isso, o pôr do sol. A série tem sido mais do que um fenómeno cômico, foi um fenómeno emocional quase terapêutico. 3:20 Um espelho carinhoso onde Portugal se reviu e se perdoou, um bocadinho. Falamos da ética, da ética, do olhar, de como se almar alguém. É sempre um ato de intimidade. De como se cria confiança dentro de um set de filmagens, como se dirige atores diferentes, como se acolhe fragilidades? 3:38 Várias. E falamos da amizade e esse tema que atravessa todo o trabalho de pureza, porque para ele, realizar não é apenas uma técnica, é uma escuta, uma presença, um cuidado. Ouvimos muitas vezes ao longo deste episódio, uma afirmação quase simples. Nós ouvimos pouco. 3:55 E quando alguém é capaz de. A olhar tanto e nos diz que ouvimos pouco. Vale a pena parar para escutar. E, claro, falamos de Portugal, um país pequeno, por vezes cínico, com uma profunda tendência para desconfiar do sucesso alheio. Um país que pureza filma com ironia, amor e lucidez. 4:14 E da inveja. Claro que falamos da inveja no país das novelas, do improviso, da criatividade teimosa, das personagens maiores que a vida. O país que ele conhece por dentro e por fora, e que aprende a amar com o humor, mesmo quando o humor é a única forma de suportá lo. Num dos momentos mais belos da conversa, falamos da infância, esse lugar de Liberdade, de curiosidade, de imaginação que pureza tenta manter vivo dentro de si. 4:39 E falamos também do que é ser pai, dos medos que isso acende, da responsabilidade que isso traz. Da paternidade iluminada, mas da paternidade real, onde se falha, se tenta, se repara, se ama e se recomeça. É um episódio cheio de emoções, pontos de vista e algumas surpresas. 5:01 Viva. Manuel pureza, olá, nós encontramo nos e na realidade, temos que dizer às pessoas desde já que há 2 características que nos unem na vida OKA primeira, gostar de pessoas. A segunda, sermos hipocondríacos. Ah, poças? 5:17 Bom, estou em casa sim, sim, sim. Poça altamente hipocondríaco? Sim. Olha, fala me das pessoas, para quem? Para quem não te conhece. Tu és realizador, és um dos mais originais e interessantes realizadores da ficção portuguesa, nomeadamente essa telenovela que subitamente se transformou num objeto de culto, uma coisa chamada pôr do sol. 5:40 Já agora digo te eu, a primeira vez que vi o pôr do sol, o primeiro episódio foi dos enganados. Achavas que era verdade. Pensei assim, é pá, mas o que é isto? Mas o que é que isto está? Mas, mas, mas, mas que coisa tão. EE depois. Lá está à terceira cena. 5:56 É aquela parte do ainda bem que ninguém ouviu o meu pensamento, claro, fala, me fala me desse fenómeno. Então esse fenómeno foi. Uma pulga, uma pulga, uma pulga, várias pulgas. Aliás, eu, eu, enquanto realizador, antes de começar a assinar as minhas séries, fiz 10 anos de telenovelas e fi Los numa lógica de ginásio. 6:22 Eu costumo dizer isto, ou seja, é uma tarefa difícil. É uma tarefa que luta contra. Vários tipos de preconceitos, não só meus, como de quem vê. É uma fábrica? É uma fábrica, sim. Aliás, será a coisa mais próxima de uma indústria audiovisual que nós temos em Portugal. 6:39 É, é, são as novelas. Não é? E isso filma se de que, de, de, de, de que horas? Até que horas? Filma se em horários que AACT se funcionasse não IA não preço, iria sim, iria tudo preço, não em boa verdade, até até podemos falar sobre isso mais à frente que é, eu estive envolvido nalgumas lutas laborais em relação à Malta, que faz novelas em Portugal. 6:58 Porque é pá, chega se a trabalhar trabalhava, se na altura 11 horas mais uma, quer dizer, IA receber colegas meus a receberem me francamente pouco, numa lógica de fazer 40 minutos diários de ficção útil, que é uma enormidade, uma alarvidade e que e que muitas vezes depois tem um efeito nefasto de das pessoas em casa. 7:17 Dizer assim é pá, isto é uma novela, isto não vale nada, mas o esforço das pessoas que estão a fazê la é hercúleo, é desumano. Não tem de ser forçosamente 11. Não tem furiosamente de levar as pessoas a apreciarem esse esforço como sinónimo de qualidade, porque muitas vezes as novelas não têm essa qualidade. 7:35 Portanto, não há tempo no fundo para respirar, para o tédio, para a repetição, para o prazer. Não, nem nem nem. Então por acaso que seja essa a função das novelas, até um certo ponto. As novelas historicamente são feitas para serem ouvidas, não para serem vistas, não é? Ou seja, não em países, não só Portugal, mas outros países machistas, em que as mulheres ficavam a tomar conta da casa e dali da casa, e não tinham trabalho. 7:57 Tinha uma televisão ligada para irem ouvindo. Por isso é que a novela é repetitiva. A novela é. Reiterativa há uma há uma métrica de comunicação. De comunicação, sim. E, portanto, se temos avançado tecnicamente e até qualitativamente nas novelas nos últimos 20 anos, porque temos? 8:13 Ainda estamos nos antípodas do que? Do que uma novela pode ser? A novela pode ser uma arma de educação fantástica. A novela pode ser um retrato. Quase numa perspetiva arqueológica do que é ser português em 2025. E não é disso que estamos a falar. Em quase nenhuma novela falamos disso, não é? 8:30 Talvez tenhamos 2 ou 32 ou 3 casos honestos de portugalidade nas novelas recentes. Ainda estou a falar, por exemplo, de uma novela que eu, eu não, eu não, não sou consumidor de novelas, confesso que não sou. Mas há uma novela que da qual me lembro da premissa que me pareceu interessante, que é uma coisa chamada golpe de sorte. 8:46 Uma mulher numa aldeia que ganhou o euromilhões. Isso pode ser bastante português. Parece me bem. Pode ser bom e tive um sucesso bastante grande e foi uma coisa honesta. Não era de repente alguém que é salvo por uma baleia no ataque de 2 tubarões e sobrevive porque foi atirada? Espera, enfim, ainda vou continuar, porque isso é uma realidade que acontece. Olha, porque é que nós, seres humanos, precisamos tanto de histórias para compreender o mundo? 9:08 Olha, eu acho que as histórias são o que nos estrutura, são aquilo que nos garante a sobrevivência. Até um certo.eu falo disto com os meus alunos. Eu às vezes dou uns workshops para atores e não só é só a palavra workshop dá me logo aqui, carrega me logo aqui umas chinetas um bocado estranhas. 9:24 O workshop downshoising downgraving assim não interessa estamos. Todos AAA praticar o inglês. O inglês neologisticamente falamos. A bom, a bom notícia é que nós, como falamos mal inglês, damos uns pontapés no inglês também terríveis, não é? Sim, sim, sim, mas sim, mas está o inglês. O inglês passou a ser uma espécie de língua Franca, exato, EEA. 9:41 Gente tem palavras bonitas para dizer. EEEEE não, diz. Voltamos às histórias, as histórias. E costumo falar disso com os meus alunos, que é que que passa por nós. Nós não nascemos com direitos humanos, não é? Não nascemos dentro do nosso, do nosso corpo. Não há aqui 11, saca com direitos humanos. 9:56 Houve alguém que inventou essa história e a escreveu numa numa carta universal dos direitos humanos e, portanto, a partir dessa narrativa de que as pessoas têm direito a ser felizes, direito a ter uma casa feliz, direito a ter uma família, direito a ser. A ter um trabalho, et cetera, essa narrativa e estou estou a, estou a, estou AA alargar Oo conceito, evidentemente essa narrativa salva nos todos os dias mais a uns do que a outros, infelizmente. 10:20 Então os dias correm, isso é muito frequente. Há há há zonas do mundo em que essa história não chega, não é? Essas histórias não chegam. A fantasia não chega. A fantasia, sobretudo, é essa coisa mais prática de, de, de, de nos regermos por aquela célebre história do Mello Brooks, não é? A Mello Brooks faz a história mais louca do mundo. 10:36 E o Moisés sobe ao sobe ao ao Monte e Deus dá lhe 15 mandamentos. Só que há uma das pedras que se parte. Ele diz, bom, ele deu me só 10. Inventou um bocado. Isto inventou mas 10 por acaso até um número melhor do que 15. Sim, 15 não dava. Jeito o marketing, ele lá da altura, o homem do marketing, disse disse 15. 10:53 Não dá jeito nada de ser mais redondo que não podem ser 17 nem 13. Não, não. Nem convém, não é para a enologia? Acho que não, não, não, não te ajuda nisso, mas eu acho que sim. As as histórias, sobretudo acima de tudo. Eu sou pai de 3 crianças. Uma criança mais velha que tem 14 anos e outra que tem 3 e outra que tem 11 ano e meio. 11:10 Já tens bom treino de conta histórias. Voltei a recuperá lo, não é? Ou seja, eu sempre andei sempre a treiná lo, porque esta é a minha profissão e é isso que me me entusiasma, não é? Ou seja, mais do que ter um ator que diz bem o texto que lá está e que o diz ipsis verbis como lá está, interessa me um ator que perceba o que é que quer ser dito e que o transforma numa história compreensível e emotiva. 11:29 Ou seja, no limite, é o que o Fellini diz, Oo Fellini diz. Oo cinema serve para para emocionar, seja para eu rir ou para chorar, serve para emocionar. EEO emocionar tem a ver com essa coisa das histórias. Quantas vezes é que tu não vês um é pá, o testemunho de alguém, uma carta que tu descobres 11 texto bonito, um poema simples ou soberbo, ou ou ou o que é que? 11:50 O que é que é uma boa história para mim, sim. Uma boa história é aquela que me lança perguntas, que te provoca sim, que me provoca perguntas, eu faço isso aos meus alunos lhe perguntar, qual é a tua história? E regregelas, confundem, qual é a tua história, qual é que é o meu bilhete de identidade? Então começam, Ah, nasci na amadora, depois foi não sei quê, depois não sei quantos, depois não sei quê, EEA mim, não me interessa, não me interessa mesmo saber se eles vieram da amadora ou não interessa me mais saber. 12:14 No outro dia, uma aluna dizia uma coisa fantástica, eu estou, eu estou aqui porque o meu irmão lê mal, é incrível, uau. E eu disse, então porquê? Eu já quero saber tudo sobre. Essa tua aluna? Queres ver o próximo episódio? Como é? A lógica é essa. Ou seja, eu acho que quando os miúdos estão a ler uma história como a Alice, querem saber quando é que ela cai no fundo do poço que nunca mais acaba. 12:31 Porque é que o poço nunca mais acaba? Porque é que no meio do poço se vão descobrindo retratos e coisas. E que poço é este? Que que coelho é este? Que coelho é que apareceu aqui a correr? E em princípio, não faz sentido nós, mas depois nós, nós nós entramos e embarcamos nesta história. E somos nós que a que a que a construímos. 12:47 Não é na nossa cabeça. Sim, sim. Na nossa cabeça, no nosso coração, de alguma maneira. Quer dizer, pensando, por exemplo, a minha experiência, a minha primeira experiência, aliás, a experiência que definiu a minha. Vontade de ir para para cinema e para o conservatório, et cetera. Conta te quando é que tu descobriste? 13:02 Foi haver uma lodon drive do David Lynch, eu tinha 15 anos. Que é um filme. Estranhíssimo, para filme extraordinário. Eu, eu não o entendo, lá está. Mas estás a ver? Portanto, mudou a tua vida e eu estou a sentir me aqui, o tipo mais perdido do mundo. Não, eu nem entendi o que é que eles estavam a falar. Não. A coisa fantástica desse filme é que é um filme absolutamente clássico, mas não está montado de maneira normal. 13:21 Ou seja, não há princípio, meio e fim por essa ordem. Mas ele é absolutamente clássico. É sobre a cidade dos sonhos, não é? É sobre um sonho. Sobre um sonho de uma mulher que desceu ao mais, mais mais horrível dos infernos de de Hollywood. E, portanto, aí eu vi me obrigado a participar nessa história. 13:39 Estás a ver? Tiveste que montar a história conforme estás a ver. Sim, e acho que isso é isso, é o que determina o que o que é uma boa história e o que é mero, no pior sentido de entretenimento. Podemos estabelecer aqui a diferença entre o que é que é uma. Uma história mais funcional, de uma história que nos que nos expande, porque todos nós, todos nós, temos a história. 14:01 Então, mas como é que foi? Olha o meu dia, eu vim para aqui, trabalhei, sentei, me e escrevi ao computador. E eu digo assim, não quero saber nada dessa história, quero mudas de canal, já não quero saber em cada muda de canal, às vezes mudamos até de conversa. Há há 27 páginas da literatura portuguesa que são muito características e toda a gente se lembra que é AAA caracterização da frente de uma casa chamada ramalhete. 14:24 E na altura, quando tínhamos 1415 anos, a dor achámos que era uma dor. Mas se se recuperarmos isso é provavelmente as coisas mais brilhantes, porque mistura precisamente o que tu estás a dizer, ou seja, uma coisa meramente funcional, não é? É. Esta era a casa e são 27 páginas e, ao mesmo tempo, essa casa é metáfora para o que se vai para o que se vai passar nos capítulos à frente é o. 14:47 Cenário. É EE, mais do que o cenário. É um personagem, não é aquela casa, é uma personagem. Porque os objetos podem ser personagens. Podem? Então não podem? Claro que sim. A Sério? Para mim, sim, claro que sim. Sem falar. Sem falar às vezes, eu prefiro atores que não falam do que com. Atores que? Não, eu digo isto muito dos meus atores. 15:03 É, prefiro filmar te a pensar do que a falar, porque. Porque isso é uma regra antiga do do cinema e da televisão, da ficção para televisão que é mostra me não me digas, não é? As as novelas são reiterativas, porque tem de ser tudo dito. A pessoa entra, diz, faz e pensa a mesma coisa. 15:19 E também não há muito dinheiro para para mostrar com com a qualidade e com é, dá. Há, não há é tempo. Talvez isso seja um sinónimo. Não havendo, se se houvesse mais dinheiro, haveria mais tempo e, portanto, eu acho que ainda assim seria absolutamente impossível alguém humano e mesmo desconfio que o site GPT também não é capaz de o fazer de escrever 300 episódios de uma história. 15:38 Eu estou. Eu estou a pensar aqui. Eu. Eu ouvi alguém a dizer, não me recordo agora quem, infelizmente, que era. Quando quando se faz um roteiro, aquilo que está escrito para se filmar uma determinada coisa, que todos os adjetivos que que lá estão escritos têm que ser mostrados, porque não adianta nada dizer. 15:55 Então entrou agora na cena, EEEE salvou a velhinha, certo? Está bem, mas isso não chega, não é? Sim, eu até te digo, eu, eu prefiro. Regra geral, os argumentos até nem são muito adjetivos, os argumentos, ou seja, o script nem é muito adjetivado. É uma coisa mais prática. Eu acho que essa descoberta está. 16:13 Não sei. Imaginem, imaginem a leres Oo estrangeiro do camus, não é? Tem Montes de possibilidades dentro daquele não herói, dentro daquela vivência, daquela existência problemática. Não é porque não se emociona, et cetera e tudo mais. 16:29 Como é que tu imagina que tinhas um argumento ou um script sobre sobre Oo estrangeiro? Eu acho que seria importante discuti lo profundamente com os atores. Tu fazes isso porque queres ouvir a opinião deles? Quero sempre eu acho que os atores que se os atores e as atrizes que são atores e atrizes, não são meros tarefeiros. 16:52 Qual é o fator x deles? O fator x? Deles, sim. O que é? Eu estou. Eu tive aí uma conversa aqui Na Na, neste, exatamente neste estúdio com com a Gabriela Batista, com a com a com a com a Gabriela Barros. E eu não preciso de saber e não sei nada sobre técnica, mas. 17:09 Eu, eu, eu imagino que qualquer munição que se dei àquela mulher, que ela vai transformar aquilo noutra coisa completamente diferente. O Woody Allen dizia uma coisa muito interessante que Era Eu sempre odiei ler e depois percebi que para conhecer mulheres interessantes, precisava de ler 2 ou 3 livros. 17:27 Para ser um pronto atual à certa. O que é que acontece com a Gabriela? A Gabriela é uma pessoa interessante. Os atores e as atrizes que são atores e atrizes são pessoas interessantes porque são inquietas, porque são atentas, porque percebem, porque conseguem. Conseguem ler não só uma cena, mas as pessoas que estão em cena com elas conseguem ler um realizador, conseguem ler uma história e, sobretudo, perceber. 17:50 Imagina se pensares no rei leão? Muitas vezes a pergunta sobre o que é que é O Rei Leão? As pessoas menos, menos levadas para as histórias dizem, Ah, é sobre um leãozinho. Que sofre? Não, não, não é sobre isso, é sobre família, é sobre herança, é sobre poder, é sobre legado, é sobre. No fundo, é sobre todos os conceitos que qualquer drama shakespeariano ou tragédia shakespeariana também é. 18:14 E, portanto, eu acho que quando tu encontras atores e atrizes a Sério, o fator x é serem interessantes porque têm ideias e porque pensam. Não se limitam a fazer pá. Um ator que se limita a fazer e diz o textinho muito, muito, muito certinho. É um canastal enerva me enerva, me dá vontade de lhes bater. 18:30 Não, não gosto disso, não me interessa. E isso não é sinónimo de desrespeito pelo argumento. É sublimar o argumento ou sublimar o scripta, a outra coisa que não é lida. É fermentar aquilo? Sim, eu diria que sim. É regar? Sim. Olha, eles oferecem te obviamente maneiras de fazer e a interpretação do texto, mas. 18:50 E tu tens a tua parte e a tua parte é aquilo que eu posso te chamar a ética do olhar, que é o teu ponto de vista o ponto de vista como eu queria dizer, como é que tu defines o ponto de vista? Como é que tu escolhes? Se queres fazer uma coisa mais fechada, mais aberta, de cima, de lado, o que é esse? E tu pensas nisso para além da técnica. 19:09 Sim, penso eu acho que o meu trabalho, Oo trabalho do realizador, no geral, é essa filtragem da realidade. Para, para encaminhar. Para encaminhar a história e encaminhar quem a vê ou quem, quem está a ver, para uma determinada emoção ou para uma determinada pergunta ou para determinada dúvida. 19:31 Para lançar de mistério. Enfim, eu, eu tenho. Eu sinto que eu tenho 41 anos, tenho já alguns anos de de realização, mas sinto que estou sempre não só a aprimorar, mas a encontrar melhor. Qual é a minha linguagem. 19:47 O pôr do sol não tem qualquer espécie de desafio do ponto de vista da linguagem. Ele é a réplica de uma de uma linguagem televisiva chata de de planos abertos, o plano geral. E agora vem alguém na porta, plano fechado na porta, plano fechado na reação, plano fechado na EE. Isso para mim, enquanto realizador, não foi um desafio maior. 20:05 Talvez tenha sido o desafio do corte, o desafio. Do ritmo da cena, da marcação da cena. Para, por exemplo. Há uma coisa que eu digo sempre e que é verdade no pôr do sol, sempre que as pessoas pensam, vão para o pé das janelas. Porque é uma cena de novela, não é? Eu vou aqui passar ao pé de uma janela e põem, se encostadas às janelas a pensar, não é pronto. 20:21 Isso tem muita. Influência olhando para o Horizonte? Horizonte longico não é essa aquelas coisas. Portanto, isso tem muita influência dos Monty Python, tem muita influência dos dos dos Mel Brooks, da vida, et cetera, porque eu, porque eu sou fã incondicional de tudo o que surge dessas pessoas. Mas, por exemplo, se me perguntares em relação à série que eu fiz sobre o 25 de abril, o sempre já é outra coisa, já não tem, já não há brincadeira nesse sentido. 20:45 E como é que eu conto? Como é que eu conto a história das pessoas comuns do dia mais importante para mim enquanto português, da nossa história recente para mim? E, portanto, essa filtragem, essa escolha, essas decisões têm a ver com. 21:03 Eu, eu. Eu sinto que sou um realizador hoje, em 2025, final de 2025, sinto que sou um realizador que gosta que a Câmara esteja no meio das personagens. No meio, portanto, não como uma testemunha afastada. Exato, não como uma testemunha, mas como uma participante. 21:18 Pode ser um, pode ser um personagem da minha Câmara. Pode, pode. Eu lembro me quando estava a discutir com o meu diretor de fotografia com o Vasco Viana, de quem? De quem sou muito amiga e que é uma pessoa muito importante para mim. Lembro me de estar a discutir com ele. Como é que íamos abordar a Câmara na primeira série que nós assinámos coiote vadio em nome próprio que se chama, até que a vida nos cepare era uma série sobre uma família que organizava casamentos e eram eram 3 visões do amor, os avós dessa desse casal que tinha essa quinta de casamentos, que vivia também nessa quinta, esse casal de avós, para quem o amor era para sempre o casal principal nos seus cinquentas, para quem o amor está a acabar por razão nenhuma aparente. 21:56 Desgaste, talvez. O amor às vezes acaba e é normal, e em baixo os filhos. Para ela, o amor às vezes, e para ele o amor é um lugar estranho, ou seja, repara. São uma série de aforismos sobre o amor que eu vou ter de filtrar com a minha Câmara. 22:11 Portanto, a maneira como eu filmo uso a voz em que o amor é para sempre está dependente de toque da mão que se dá da dança que se surge no Jardim dele, acordar a meio da noite, sobressaltado porque ela está junto à janela, porque está a começar a sofrer. De uma doença neurológica e, portanto, ele está a sarapantado e vai ter com ela e cobra com um cobertor. 22:31 Portanto, todos estes toques diferentes. No caso do casal principal que se estava a separar, eles nunca param muito ao pé um do outro e, portanto, a Câmara tem de correr atrás de um para alcançar o outro e nunca lá chega. Há uma tensão. Sim, há sempre uma tensão. E depois nos no. No caso dos mais novos, ainda era o mais específico. Mas diria que o Vasco sugere me e se falemos os 2 sobre isto. 22:51 E se a Câmara não for entre pé? E for respirada, não é, não é não é Câmara mão agitada, mas é eu sentir que há uma respiração Na Na lente que ela está um ligeiramente abanada. É o suficiente para, se eu estiver a esta distância da personagem e a Câmara estiver mais ou menos a respirar, eu sinto que eu próprio o espetador. 23:10 Estou sentado naquele sofá a olhar para aquela pessoa, a olhar para aquele, para aquela pessoa, para aquela realidade, para aquela família, para para aquelas ideias, não é? E para essa ideia? Que se tenta explanar, em 3 gerações, o que é o amor? A pergunta mais inútil que eu tenho para te fazer é, o que raio faz um diretor de fotografia num? 23:28 Filme, então o diretor de fotografia, para quem não sabe, é é Quem é Quem. No fundo, comigo decide a estética. Da imagem, a luz, a luz acima de tudo. Eu trabalhei já com vários direitos da sociografia, de quem gosto muito. O Vasco Viana é um deles, o Cristiano Santos é outro, porque é uma porque é. 23:44 Que se gosta de um e não se gosta tanto de outro? Não. Às vezes não tem a ver com isso. Eu não me lembro de um. Talvez em novelas que tenham trabalhado com diretos de sociografia, que, enfim, que foram bons, outros nem tanto. Mas eles constroem uma estética, constroem uma luz, um ambiente. Nas séries, sim. Não é no cinema, sim. 24:00 Na televisão. Acho que é muito complicado porque. Porque se obedece a critérios, sobretudo dos canais. Que vêm com uma frase, quando eu comecei a fazer novelas, ainda estávamos a discutir se a coisa havia de serem 16:9 ou 4 por 3. Portanto, parecia que ainda estávamos a quase na Roménia dos anos 60. 24:16 EEE não estávamos e, ao mesmo tempo, estávamos muito próximos disso. EEE. No fundo, o que o diretor da fotografia faz é essa escolha da cor, da luz, do enquadramento, claro que em concordância com aquilo que eu pensei, mas é a primeira pessoa que consegue consubstanciar. 24:35 A minha visão sobre a história é isso. Olha, OOA, escolha de um plano para filmar é uma escolha moral. Também estava te a ouvir, agora a falar do 25 de abril e de e, portanto, 11. A ideia que tu tens sobre as coisas depois interfere também na maneira como tu escolhes um plano. 24:51 O que é que vais filmar ou como é que vais? Filmar, eu acho que, sobretudo, tem a ver com o eco que a história tem em ti. Não é uma coisa acética nem agnóstica. É uma coisa implicada, não é uma coisa implicada, isto é, se há uma ideia tua enquanto autor. Sobre a história, que vais esmiuçar em imagens, é mais ou menos a mesma coisa. 25:11 Que tu sabes que a Sophia de Mello breyner aprendeu gramática na escola. Eventualmente português teve aulas de português. Suspeitamos que. Sim, pronto. Aprendeu a escrever, mas ninguém a ensinou a fazer poemas. Vem dela. E essa implicação na escolha das palavras, da métrica do soneto ou do verso, et cetera, ou da ou da Quadra, ou, enfim, seja o que for. 25:30 É uma coisa que lhe vem de uma decisão. Não é de uma decisão, nem que seja do espírito, não é? Eu acho que o realizador tem a mesma função quando quando se permite e, acima de tudo, quando se assume como realizador e não um tarefeiro a mesma coisa que o ator. 25:46 Olha, como é que tu estás a falar de ficção? Obviamente, mas a ficção tem um poder secreto que é alterar a realidade ou a nossa perspetiva sobre a realidade ou não. Quando eu vejo, quando eu vejo que tu filmas uma determinada coisa num determinado prisma, com uma determinada ideia, eu, eu já quase não consigo ver a realidade como a realidade é eu, eu, eu já já tenho mais uma camada de tu vais me pondo umas lentes, não é? 26:15 Quer dizer, olha para aqui, olha para acolá. Sim, mas repara, os livros têm o mesmo poder, não é? Desde que tu te deixes contagiar com uma ideia, a arte. A arte, seja ela. Seja ela sobre a forma de uma Mona lisa ou de uma comédia, não é é essa reconfiguração do real para ser percecionada pelo outro. 26:40 E o outro pode se deixar contagiar ou não se deixar contagiar. Imagina que tu não achavas piada nenhuma ao pôr do sol? Há pessoas que não acharam piadinha nenhuma ao pôr do. Sol desligas te não vais ver? Sequer. Mas não vais ver isso? O teu real continua, ou seja, a minha. A minha pretensão com o pôr do sol não é mudar o mundo. Não é mudar, é divertir, me em primeiro lugar e achar que isto pode pode divertir. 27:02 Pessoas pode fazer umas cócegas à moda? Pode fazer cócegas à moda, aliás, pode pôr o dedo na ferida até rir. Estás a ver. Sim, porque depois tu é assim aqui. A história obviamente é engraçada. EE aquilo dá vontade de rir, mas tu gozas com todo o tipo de preconceitos e mais algum que lá estão em cima da mesa. 27:17 Claro. E esse EE aí também se tem de fazer jus ao ao texto que me chega do Henrique dias. Ou seja. Eu, o Rui e o Henrique discutimos a ideia. Eu e o Rui tínhamos uma lista extensa de tudo o que se passa em novelas, quem é a esta hora, quem é que Há de Ser no meu telemóvel, beber copos, partir, copos, cavalos, bem, famílias ricas, et cetera. 27:36 Mas depois o Henrique tem esse condão de agarrar nessas ideias e de algumas de algumas storylines que nós vamos lançando, é pá. E fazer aqueles diálogos que são absolutamente fabulosos, não é? Quer dizer, lembro, me lembrei, me. Lembro me sempre de vários, mas há uma, há um, há um apidar no na primeira temporada, que é talvez o meu plano favorito, que é um dos membros da banda que vem a correr desde o fundo do plano e que cai em frente à Câmara e diz, não, não, eu estou bem. 27:59 Dê me um panado e um local que eu fico logo bué, pronto. Isto é uma coisa muito nossa, muito proximidade, que tem graça porque tu já ouviste alguém dizer isto e pronto. E quando se tem essa, quando se tem essa junção porreira de de sentidos, de humor. 28:17 A tendência é que isso crie, crie qualquer coisa de reconhecimento. O que nós encontrámos com o pôr do sol foi um reconhecimento, é pá, surpreendeu, me surpreendeu me ao máximo e depois açambarcou nos a todos e foi a Suburbano a sobrevoou me de uma maneira assustadora, foi, imagina, eu tive um acidente de Mota pouco tempo depois da primeira temporada acabar, fui ao chão e fiquei, fiquei magoado e fiz me nada de especial, estava no hospital. 28:46 E o enfermeiro chefe dizia, sistema anel, pureza, agora vou pôr aqui um megaze, não sei quê. Ou sistema anel, pureza, não sei quê, mas assim. 11 trato espetacular. Uma coisa muito, muito solene, muito solene, e é. Pá e nas tantas ele estava a fazer o tratamento e disse assim, é pá e vê lá se tens cuidado e eu, espera aí, houve aqui qualquer coisa, houve aqui um problema na Matrix ou então não sei o que é que aconteceu e o gajo diz, desculpe, desculpa, é que eu sou de massamá e eu sei o que é que é cheirar AIC 19, todos os dias que é uma tirada do pôr do sol posso chamar os meus colegas assim? 29:12 O que é que se passa? Entraram para aí 5 ou 6 enfermeiros. Dizer é pá, obrigado. Pelo pôr do sol, por isso é convidada, portanto, Na Na enfermaria. Todo todo arrebentado. E eles todos quando em dia e eu percebi pronto, isto bateu, bateu a um nível de podemos reconciliar a televisão com uma certa cultura pop que teve alguns exemplos extraordinários na comédia ao longo da nossa história. 29:34 Temos o Raul solnado, temos o Herman José, temos Oo Ricardo Araújo Pereira e o gato fedorento, o Bruno Nogueira. Esses. Esse, atualmente, o Bruno Nogueira e o Ricardo Araújo Pereira continuarão a? Fazer são fundações, no fundo, são coisas que a gente olha e diz assim, uou. Eu acho que experimentei um bocadinho disso. Ele experimentava esta equipa, experimentou um bocadinho disso, quando de repente temos pá, um Coliseu de Lisboa cheio para ver uma banda que está a fazer playback. 29:56 Nós fizemos isso com Jesus Cristo, não é? A banda do pôr do sol foi tocar, não tocou nada, ninguém deles. Nenhum dos tocou, não sabem tocar e. Esgotámos OOO Coliseu para ouvirmos uma cassete em conjunto e as pessoas foram. Para participar num episódio ao vivo que não era episódio, não estava a ser. Filmado sequer tu vendeste, tu vendeste uma fantasia que toda a gente sabe que não existia, mas a ideia de comunhão. 30:16 Foi nessa narrativa e eu acho que isto é uma coisa que nos anda a faltar cada vez mais, não é? Nós nós não temos essas comunhões. Tu vês uma série? Ou melhor, é mais frequente teres um diálogo com um amigo e diz assim, pá, tens de ver aquela série, não sei quê, é espetacular, não sei quê quantos episódios, viste? Vi meio, mas é espetacular. 30:32 E já não é aquela coisa de Bora fazer um? Serão lá em casa, em que juntamos amigos e vemos um filme? Como aconteceu antigamente, antes da televisão se alinear? Antes de antes da da televisão te permitir uma ilusão de poder da escolha, não é? Eu agora escolho o que vejo. E a televisão morreu? Nada, não. 30:49 Nem vai morrer. É como a rádio morreu, não é? Quer dizer, a gente volta e meia a rádio a. Rádio a rádio tem mais vidas que um gato. Não é pronto porque a rádio foi ver o apagão, não é? O apagão foi uma. O apagão foi um delírio. Apagou tudo para. Os da rádio? Claro, claro. Evidentemente, isso era o que havia. E isso é extraordinário, porque isso faz, nos faz nos perceber que a volatilidade das das novas tecnologias etcétera, pá, é porreiro, é óbvio. 31:11 Então agora temos aqui 2 telemóveis, estamos anão é? Estamos aqui a filmar. Temos boa parafernália, mas mas. No limite. Naquele momento em que achávamos todos que a Rússia atacar e não era nada disso, o que queríamos era ouvir alguém a falar. Connosco o fenómeno dos podcasts como este é eu, eu dou por mim assim que é. 31:30 Eu gosto de ouvir pessoas à conversa, porque me acalma e me baixa o ritmo do scroll. Há uma. Música, não é? E é EEEE, aprendes qualquer coisa. E por isso é que eu gosto de pessoas. Estás a ver quando eu, eu houve uma vez 11 coisa que me aconteceu que eu acho que que é pá, que eu nunca mais me esqueci, que foi um amigo meu. 31:48 Que, entretanto, nunca mais falámos, é um facto. As histórias foram para os sítios diferentes, mas um dia entrou me para casa, à dentro. Eram para aí 10 da noite e diz me assim, preciso de conversar. E perguntei, lhe mas o Gonçalo de quê? Não, pá de nada, preciso só de conversar. Tens tempo para conversar e eu fiquei. 32:07 Isso é uma grande declaração, isto é. Extraordinário. Pouco tempo depois, estava em Angola a fazer uma série, uma novela. Perdão, uma. A melhor novela que eu fiz na vida é que foi uma novela para Angola, uma coisa chamada jikounisse. E há um assistente meu, Wilson, que chega 2 horas atrasado ao trabalho, é pá e era um assistente de imagem, fazia me falta. 32:25 Ele chega, Ah, presa, peço desculpa, cheguei atrasado e tal só para o Wilson 2 horas atrasado, o que é que aconteceu? Tive um amigo que precisou de falar e eu juro te que me caiu tudo, eu não lhe. Eu quero ter um amigo assim, eu não. Posso, sim. Eu não me lembro disto acontecer em Portugal. 32:42 Para mim, disse. Para mim mesmo, eu não me lembro. De. De. De dar prioridade a um amigo em detrimento do trabalho. Porque o trabalho me paga as contas e os filhos e não sei quê. E o ritmo e a carreira. E eu reconheci me e de repente há um amigo meu que precisa de conversar. 32:58 Estamos a ouvir pouco. Então, não estamos eu acho que estamos. Estamos mesmo muito. Temos mesmo muito a ouvir, a ouvir muito pouco, acho mesmo, acho mesmo. Isso isso aflige me sobretudo porque há um, há um é pá. Eu estou sempre a dizer referências, porque eu, de repente, nestas conversas, lembro me de coisas. O Zé Eduardo agualusa assina 11 crónica, creio no público há, há uns anos, largos da importância de, de, de, de de fazer mais bebés, porque o mundo está tão perdido que só trazendo gente boa, muita gente boa de uma vez em catadupa. 33:29 É que isto melhora e eu acho, essa visão. Uma chuva de. Bebés uma chuva de bebés, mas de, mas de bebés bons, de bebés, inquietos, de bebés que fazem birras pelas melhores razões de bebés, que brincam sem computadores, sem coisas que que se que chafurdam na, na lama, et cetera, fazem asneiras. 33:45 Sim, sim, eu, eu, eu gosto muito de ser pai, mais até do que ser realizador, gosto muito de ser pai e acho que isso é é precisamente por essas, pelos meus filhos, claro que são os meus, mas se tivesse, se houvesse outras crianças. De que eu tomasse conta? Acho que era isso que é. 34:01 Tu perceberes que até uma certa idade nós não temos de nos armar noutra coisa que não ser só crianças. E acho que eu pessoalmente, acho que tenho 41 anos e às vezes sinto uma criança perdida até dizer chega EE, acho que pronto. 34:18 Enfim, o tempo vai adicionando, adicionando te camadas de responsabilidade. Agora temos temos de saber mexer microfones, inverter a água, et cetera, e meter fones, et cetera. Mas, no fundo, somos um bocado miúdos perdidos a quem? A quem se chama pessoas adultas porque tem de ser, porque há regras, porque há responsabilidades e coisas a cumprir. 34:35 Acho que só o Peter Pan é que se conseguiu livrar dessa ideia de poder. Crescer, coitado. Já viste? Pois é mesmo o Peter Pan sem andar com aquelas botas ridículas também. Exato. EE, qual é? Sabemos. E o capitar, não é? Pensando bem, a história dramática é o que quando estás com neuras a tua vida é um drama refugias te na comédia fechas te de ti próprio. 34:55 Não queres falar com ninguém? Quando estou com. Que é frequente é. Frequenta é? Então, o que é que te bate? O que é que te faz o. Que me bate é nos dias que correm e não só não conseguir tocar à vontade na minha função enquanto artista. 35:15 Isto eu vou te explicar o que é. Os artistas não precisam de ser de um quadrante político ou de outro. Eu eu sou de esquerda, assumidamente de esquerda. EEE, defenderei até à última este esses ideais. Ainda à esquerda, direita. Há, há, há. Eu acho que há, há. É cada vez menos gente com quem se possa falar de um lado e de outro. 35:32 Há uma. Polarização sim, sim, porque porque, enfim, isso são são outras conversas, mas o os artistas, no meu entender, estão a perder a sua perigosidade isso enerva me, ou seja, eu às vezes sinto que não estou anão, não estou a transgredir. 35:49 Não estou a ser perigoso, não estou a questionar, não estou. Estou a ir ao sabor de uma coisa terrível, que é ter de pagar as minhas contas. É o rame. Rame mais do que isso é eu deixar me levar pela corrida que é. Tenho de ter mais dinheiro, tenho de conseguir a casa, tenho de conseguir a escola dos putos tenho, não sei quê. 36:07 Devias ser mais um moscado, aquele que que dava umas picadelas aqui à. Eh pá devia questionar. Devia. Os artistas são se nasceram para isso e eu se me se eu me considero artista e às vezes isso é difícil. Dizer isso de mim, de mim para comigo. Eu imagina o Tiago Pereira, o Tiago Pereira que anda AA fazer um acervo da música portuguesa, a gostar dela própria, pelo pelo país todo, com gente antiga, com gente nova, com com gente toda ela muito interessante. 36:36 A importância de um Tiago Pereira no nosso, no nosso país, é é inacreditável. Quantas pessoas é que conhecem o Tiago Pereira? E, pelo contrário, não estamos focados Na Na última Estrela do ou do TikTok ou do big Brother ou de outra coisa qualquer. 36:51 Até podia ser uma coisa boa, estás a ver? Ou seja. Complementar uma coisa e outra. Sim, ou seja, eu, eu. A coisa que mais me interessa é saber quem é que com 20 anos, neste momento está a filmar em Portugal e há muita gente boa. Tu vês os projetos da RTP play e da RTP lab? E é gente muito interessante. Então, e porque é que? 37:06 Nós não estamos a estornar essa gente? E a e a potencial? Porque, porque a corrida? É mais importante, ou seja, tu queres a. Corrida dos ratos Na Na roda. É e é coisa de chegar primeiro, fazer primeiro, ganhar mais que o outro, não a solidariedade é uma, é uma fraqueza AA generosidade é uma fraqueza aplaudires alguém que é teu par é mais, é mais um penso para a tua inveja do que propriamente uma coisa de quem é que ganhamos? 37:34 Todos vamos lá. OOOO rabo de peixe, por exemplo, é um é um caso lapidar nesse sentido. Que é o rapaz? É extraordinário. É extraordinário neste sentido, eu? Posso? A primeira série é uma pedrada No No charco, que é uma coisa mágica o. 37:50 O Augusto Fraga, que é uma pessoa que eu, de quem eu gosto bastante e conheço o mal, mas gosto bastante, assina uma série que a primeira coisa que foi vista sobre essa série, ainda que estivéssemos a com 35000000 de horas ou 35000000 de horas, sim, vistas por todo o mundo. 38:08 Ah, não sei quantas pessoas, minhas colegas, tuas colegas, enfim, colegas de várias pessoas que estão a ver este mote caso dizem assim, ó, mas eles nem sequer fizeram o sotaque açoriano. Ah, e aquela e aquela ideia de não contrataram só atores açorianos? Pronto, sim, vamos ver uma coisa, porque porque é que vamos sempre para essa zona precisamente por causa da corrida, porque isto é importante. 38:32 A inveja é lixada? Nada. Fraga sim, a inveja é lixada e mais do que isso, esta inveja. É patrocinada pelo sistema, o sistema, o sistema sublima. Quando nós achamos que quem, quem, quem é nosso inimigo é quem faz a mesma coisa do que nós, nós temos menos de 1% para a cultura neste país. 38:50 E quando há dinheiro, quando há dinheiro, nós andamos a tentar queimar o outro para conseguirmos chegar ao dinheiro, ou seja, perante as migalhas. Nós não nos organizamos, a dizer assim. Pá a mão que está a dar as migalhas é que está errada. 39:05 Não. O que acontece é não. Mas eu já discutimos isso. Primeiro eu preciso de de amoedar as migalhas para mim e depois então discutimos, é uma. Corrida mal comparado de esfomeados. É, mas em vários. Mas é. Não estou a ver só na cultura, não é? Não é só na cultura. E. Já dizia o Zé Mário branco, arranja me um emprego. 39:22 O Zé Mário branco dizia tanta coisa tão mais importante, tão tão tão importante nos dias que correm, o Zé Mário branco, enfim. Mas eu até diria que isto, que este país que é pequeno. Que é pequeno em escala. Que é pequeno, que é pequena escala. 39:39 Podia ver nisso uma vantagem. Podíamos ver nisso uma vantagem, porque eu acho que o país somos nós e acho que as pessoas não. Não temos essa noção, não é EE essa e essa noção de que não dedicamos tempo suficiente a estarmos uns com os outros e de ligarmos as peças boas e de tornar isto uma coisa mais interessante, claro. 39:57 Interessa me, interessa me. Muito há uma cultura de mediocridade, não? Isso eu acho que não, o que eu acho é que há. Ou melhor, como é que se compatibiliza esse essa corrida dos ratos na roda, em busca da última migalha com coisas de excelência que subitamente aparecem? 40:13 Eu acho que quando tu sentes que isso é um acidente, rapaz, isso é um acidente, não é? É um acidente. Antes tinha tinha havido o Glória e nós tínhamos achado. Tio Glória era a primeira coisa da Netflix. Parece um bocado aquela coisa de o ator que é pá. 40:29 Eu sou um grande ator. Eu fiz uma formação no Bahrain para aprender a ser a fazer de post. Foi uma formação de meia hora, chega cá e dentro e vai dizer assim, é pá. Este gajo é bom meu. O gajo esteve no barrain. Vende-se bem este. Gajo é bom, não é? E de repente não. Ele esteve no barém a fazer de post e é melhor do que um puto que veio da PTC ou 11 miúda que veio da STCE está a tentar vingar. 40:50 Eu tive agora uma conversa por causa da da dos encontros da GDA para para o qual foi foi gentilmente convidado e foi foi incrível estar à conversa com Malta nova. Não é assim tão nova quanto isso, mas Malta entre os 25 e os 35 anos, atores e atrizes, em 4 mesas redondas em que IA assaltando eu, o António Ferreira, a Soraia chaves e a Anabela Moreira, é pá EEAEA dúvida é a mesma de que se houvesse uma mesas redondas de veterinários, de veterinários ou de médicos, ou de ou de assistentes sociais, que é como é que eu começo isto? 41:20 Como é que eu faço isto? Qual é o percurso, onde é que está? O repente GDA faz uma coisa incrível que é, vamos pôr as pessoas a conversar. É um bom início, pá, é um. Excelente início. E nós não andamos a fazer isso, não andamos a fazer isso, por mais associações que haja, por mais coisas, et cetera. E há gente a fazer este, a tentar fazer este trabalho. 41:38 Não há um sindicato da minha área que funcione. O sindicato dos criativos pode ser então? O sindicato, o Sena, o sindicato Sena. As pessoas queixam se que não é um sindicato, mas não estão nele. Quando eu digo que não há um sindicato, é o sindicato, existe. As pessoas é que não vão para lá e queixam se das pessoas que lá estão. 41:55 Isto não faz sentido nenhum. Ou seja, nós estamos sempre à espera que nos dêem. Mas é aquela coisa velha, essa coisa que foi o Kennedy, que disse não é não, não perguntes. O que é que o teu país pode fazer por ti? Pergunta te, o que é que tu podes fazer pelo teu? Portanto, não temos uma mecânica por um lado de devolução à sociedade daquilo que nós estamos AA receber e, por outro lado, de de agregação, num interesse comum, ou numa imaginação comum, ou em alguma coisa que podemos fazer juntos. 42:17 Eu, eu acho que, sobretudo, tem a ver com celebramos? Não, acho que não. Até porque é tudo uma tristeza, não? É, não, não, não. Eu acho que é assim. Eu acho é que é tudo muito triste porque não nos celebramos. Porque há razões enormes para nos celebrarmos, há razões mesmo boas, para nos celebrarmos. Bom, mas eu não quero deprimir te mas um tipo que chuta 11 coisa redonda de couro e que acerta numa Baliza é mais valorizado do que um poeta que escreveu o poema definitivo sobre o amor ou sobre a vida? 42:43 Mas isso, pão e circo? Isso pão e circo. E isso a bola também é importante. E está tudo bem? Eu sou. Mas tão importante. Não é? Porque eu eu gosto de futebol, gosto. Eu gosto de futebol, sou um, sou um. Sou um fervoroso adepto da académica de Coimbra e do. Falibana do Benfica, da da académica, sou da académica. 43:00 Está péssima, não é? A académica está terrível, mas é isso. Ou seja. Eu acho que tem, Maura continua, tem? Maura, claro. E terá sempre. Eu sou, sou, sou da briosa até morrer, mas. Mas de qualquer das maneiras, sinto que essa coisa que é, há espaço para tudo. Eu acho que eu o que faz falta? E animar a Malta? 43:17 É educar a Malta? É educar a Malta. Faz muita falta. Eu acho que faz muita falta a educação neste país. E isso tem a ver com política, tem a ver com escolhas, tem a ver com coragem. EAAA educação não tem sido muito bem tratada nos últimos tempos. 43:35 Se há gente que se pode queixar são os professores e os. Alunos, porque nós só descobrimos daqui a 10 anos ou 20 que isto não correu bem. Claro, mas já estamos a descobrir agora, não é? Depois, já passaram algum tempo sim. Quais é que são as profissões de algumas das pessoas que estão no hemiciclo que tu reconheces profissões não é? 43:52 De onde é que vêm? Vêm das jotas vêm. São juristas, normalmente economistas, certo? Mas um médico. Há um ou 2? Há um ou 2, há alguém que tu, um professor? Deixa de ser atrativo. A política devia ser essa coisa de eu reconhecer. 44:10 Figuras referenciais. Os melhores entre nós que que escolhidos para liderarmos, sim. Escolhidos por nós. Ou seja, porque é que eu acho isto? Mas eu acho isto desde sempre, sempre, sempre. Eu sei isto. Aliás, eu venho de uma casa que é bastante politizada. A minha casa, a minha família é bastante politizada. O apelido. 44:27 De pureza não engana. Pois não engana. Às vezes acham que ele é meu irmão, mas é meu pai. EE pá é um gajo novo. De facto, é um gajo novo. Mas é isso que é caneco. Quem são estas pessoas? Porque é que eu vou votar nestas pessoas, estas pá. A prova agora de Nova Iorque não é 11 Mayer de 34 anos, chamado zoranmandani, que de repente ganha as eleições sem os mesmos apoios, que teve outro candidato. 44:50 Não houve Bloomberg, não houve Trump, não houve nada. Houve um tipo que veio falar para as pessoas e dizer lhes o que é que vocês precisam, de que é que precisam, o que é que vos aflige, de que é que têm medo, que sonhos é que vocês têm? Isso é tão importante e tão raro. 45:06 Afinal, o método que funciona sempre não é fala com pessoas, conta uma história ou houve cria uma expectativa? Olha, porque é que o humor explica tão bem o mundo? Eu sei, também há o choro, porque é que o humor explica tão bem? Porque tudo pode ser ridículo. E é e é tão ameaçador, não é? 45:22 Claro, claro, claro. Olha o Rio, vai nu. Exatamente tal e qual tem a ver com isso, não é? E mais do que isso, é eu, eu acho. Eu sinto que nós vivemos num país que não tem assim tanto sentido de humor. E explico porquê nós não nos rimos tanto de nós. Rimos mais dos outros quando nos rimos de nós? 45:39 É é tipo, Ah, então, mas mas estão a falar de mim. Rimos de escárnio. Sim, os os melhores, as melhores pessoas, as melhores pessoas portuguesas a terem sentido humor são os alentejanos. Porque são eles que têm as melhores notas sobre eles. Que eles próprios contam? Exatamente quando tu tens um. 45:54 Eu não sou lisboeta, portanto, posso dizer mal à vontade de vocês todos que estão a ouvir. Quando o lisboeta disse assim também. Sou alto minhoto, portanto, já estamos. Estás à vontade, não é pronto quando o lisboeta disse. Tudo que seja abaixo, abaixo, ali do cavado é soul. É soul? Exatamente. Está resolvido, pá. A minha cena é coisa do quando o lisboeta diz, tenho aqui uma nota sobre alentejana dizer, Hum. 46:11 A minha família toda alentejana, pá. Não, não acho que acho que não é bem a coisa eu diria isso, ou seja, porque é que o amor explica tão bem o mundo, explica no sentido em que, de facto, isto esta frase não é minha, é do Henrique dias. E ele acho que acho que ressintetiza isto muitíssimo bem. O argumentista do pôr do sol, que é tudo, pode ser ridículo. 46:28 O gajo da bola de couro, um círculo de de de couro que é chutado para uma Baliza, é tão ridículo como é eventualmente alguma. De algum ponto de vista sobre a religião, sobre a política, sobre a economia, sobre os cultos? 46:46 Não é os cultos pessoalizados em líderes que de repente parece que vêm resolver isto tudo e são ridículos. Quer dizer, são ridículos acima de tudo. O mito do Salvador da pátria. O mito do Salvador da pátria não é? Depois ficou substanciado em 60 fascistas. Isso é para mim. Era expulsos ao ridículo. 47:02 Incomoda os imensos. Mas a gente já viu isto em vários momentos, desde momentos religiosos até momentos políticos que é. E este vem lá ao Messias, vem lá ao Messias. E o cinema português também. O próximo filme vem sempre salvar isto tudo. E é só um filme percebes o que eu estou a dizer? Ou seja, não. 47:18 Este é que é o filme que toda a gente vai ver e vai rebentar com as Caldas. Não, não tem de ser assim, é só um filme. Só me lembro da Branca de Neve, do João César Monteiro, não é que filmou uma coisa para preto, para negro? Sim, mas mais do que isso, estava a falar de termológica comercial que é, os exibidores estão sedentos? 47:35 Que venham um filme que faça muitos números e que salve o cinema, et cetera. A pressão que se coloca, se fosse fácil fazer um filme desses, até eles próprios administradores teriam ideias. Sim, faz mesmo. A campanha viral lembro me sempre é. Faz uma coisa que vai ocupar toda a gente vai falar exatamente e que vai ser uma coisa. 47:51 Extraordinária. Um escândalo, no melhor sentido. Não sei quê, não sei quê e depois não acontece porque não é assim que as coisas não é, as pessoas não vão, não vão. Nessas modas, aliás, as pessoas estão cada vez mais dentro. O paradoxo é que as pessoas estão cada vez mais exigentes. O que é bom? Sim, mas dentro desta lógica que temos falado, que é tiktoks, et cetera, volatilidade é uma coisa superficial e de repente já nem tudo cola. 48:12 O humor repara o humor. O Bruno Nogueira, por exemplo, é um bom exemplo disso que é o Bruno Nogueira faz 111 programa extraordinário vários. Faz os contemporâneos, faz o último a sair, depois faz o princípio meio e fim, que é uma coisa arrojadíssima. Sim, ele faz coisas sempre diferentes. 48:28 Não é ele. Ele. Ele quebra os padrões sempre. Mas se reparares agora, neste, no, no, no ruído, ele já não é a mesma coisa. É um programa de Sketch que tem lá uma história que num tempo distópico em que. Sim, mas aquilo resolve se a um conjunto de de Sketch e as. 48:45 Pessoas aderiram massivamente, portanto, eu acho que isto é assim. A roda vai dando voltas. Depois voltamos um bocado à mesma coisa. O Herman, por exemplo, o Herman que é um dos meus heróis da televisão. O Herman andou por todas essas ondas e agora está numa onda de conversa e tudo mais. 49:04 E continua a ter imensa. Graça mas ele pode fazer tudo o que? Quiser, não é? Pode. Chegou este mundo do mundo para poder fazer tudo. Sim, talvez não chegue a todas as gerações como chegava. Não é dantes. Eu lembro me, por exemplo, No No no célebre Sketch da da última ceia, não é? 49:20 Ele chegou a todas as gerações, houve umas gerações que odiaram isso foi incrível, eu adorei, eu adorei esse momento iá, e ele é também um dos meus heróis por causa desse momento, porque, porque, enfim, porque qual que lá está transgressor, perigoso artista? 49:38 O Herman é tudo isso sim. Pode a qualquer momento fazer dinamitar isto olha fora o humor, tu tens, posso chamar lhe maturidade emocional entre o felps e os infanticidas. O que, o que muda no teu olhar quando quando tu transpassas da comédia para, para, para o drama, o humor e a dor são são irmãos. 49:58 O sim, diria que sim, mas mais do que isso, é há coisas que me que me inquietam, não é? Eu com 41 anos e 3 filhos, EEE uma história já muito porreira. O que? É que te inquieta. Várias coisas. Olha esta coisa da do dos artistas, esta coisa da sociedade portuguesa, esta coisa de o que é que é ser português em 2025, o que é que é ter 41 anos em 2025? 50:21 A amizade, a amizade inquieta me há amigos que desaparecem e não é só porque morrem, há há. Há outros que desaparecem porque. Perdemos lhe o rasto. Ou isso, ou porque nos zangamos EEA coisa vai de vela e é assim. E a vida é dinâmica e. E às vezes questiono, me, não é? 50:37 Questiono me sobre quanto é que vale uma amizade, por exemplo, os enfatisídeos é sobre isso, não é? Ou seja, 22 amigos de 2 amigos de infância que aos 17 anos dizem, se aos 30 anos não estivermos a fazer aquilo que queremos fazer, matamo nos daquelas promessas adolescentes e de repente um deles apaixona se e casa se. 50:57 E ele às vezes não quer morrer e a amizade vai à vida. E aquele que ficou para sempre com 17 anos, que sou um bocado eu, não é? Porque eu acho os problemas aos 17 anos é que são os verdadeiros problemas da existência humana. Os outros são chatices da EDPE da epal estás a ver isso? São outros chatices pagar as contas, pagar contas é só isso, porque tudo o resto é só o que é que eu estou aqui a fazer? 51:17 Porque é que eu me apaixonei, porque é que ninguém gosta de mim, porque é que essas coisas são tão ricas, são tão boas de testemunhar eu tenho. Tenho um exemplo incrível de ter 11 filho extraordinário chamado Francisco, que tem 14 anos e que tem umas inquietações muito. 51:34 Muito boas pá, muito, muito poéticas, muito. É uma idade difícil. E boa. E tão boa. E tenho. Tenho muita sorte. Francisco é um miúdo incrível. Mas mesmo que não fosse, eu diria assim. Para ele e tu e tu estimulas ou acalmas as ânsias dele. Eu eu acho que sou eu e a mãe dele, acho que somos estimuladores da sua, das suas várias consciências, social, política, artística. 52:02 Mas temos uma, o respaldo que encontrámos naquele naquele ser humano, foi maior do que qualquer um incentivo que nós pudéssemos dar. Ou seja, nós lançámos um bocadinho, as paisadas para os pés dele e ele de repente floresceu. E é hoje em dia uma pessoa é um ser humano extraordinário e pronto. 52:19 E eu costumo dizer aos meus amigos que o primeiro filho muda a nossa vida, o segundo acaba com ela, uma terceira. Esta turística, sim, é pá. Eu acho que os 3 deram um cabo da minha vida. É uma dinâmica diferente, não é? 3. É, é ainda por cima estão os passados, não é? Um tem 14, outro tem 3, outro tem 1 ano e meio e para o ano provavelmente quero ter mais um filho, porque acho que é lá está eu estou com água, luz a tatuar aqui, algures, portanto, tu. 52:43 Vais salvar o nosso problema de de de naturalidade e demográfico. Eu espero que sim, eu já sou Oo chamado povoador dos olivais. Portanto, vão para sim, sim, olha o que é que te falta fazer para fecharmos o que é que anda o que é que andas a escrever o que é que anda, o que é que te anda a inquietar o que é que te anda aí a. 53:01 Debaixo do teu olho. Olha, estou concorri a uma bolsa para escrever um livro. Pode saber sobre o quê? Sim, sim, é um filme que eu não, que eu não tenho dinheiro para fazer e, portanto, vou fazer o livro. E depois pode ser que o livro reúna. E os bons livros dão sempre grandes filmes. 53:17 Ao contrário, os maus livros, eu sei que eu sei que vou ser fraquinha e, portanto, os maus livros dão bons filmes, os bons livros. Portanto, a tua expectativa é que o livro seja mau que é um grande filme? Sim, sim, não. Mas pelo menos seja seja livro. Isso é importante. Eu gosto imenso de livros. Gosto imenso de ler. É das coisas que eu mais gosto de fazer, é de ler. Fiz isso candidatei me EE. 53:33 Entretanto, estou a preparar uma série de outro género, completamente diferente, que é uma série de de fantástico de terror, escrita por 5 amigos, de que eu tenho muita estima. Por quem tenho muita estima, o Tiago r Santos Oo Artur, o Artur Ribeiro, o Luís Filipe Borges, o Nuno Duarte e o Filipe homem Fonseca. 53:51 Que é uma série chamada arco da velha, que terá estreia na RTPE, que se passa entre Portugal e a galiza e também vai ter uns toques de Brasil. E estou também a preparar outro projeto lá mais para a frente, que é provavelmente os projetos que eu mais quero fazer na vida até hoje, que estou a desenvolver com a Ana Lázaro, com a Gabriela Barros e com o Rui Melo. 54:13 É impossível falhar, já ganhaste. Completamente impossível falhar porque esta ideia original é da Gabriela e do Rui. Ei, e eles vieram ter comigo. E eu fiquei para já muito conten

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Filhologico
Aprovação em concurso público

Filhologico

Play Episode Listen Later Nov 15, 2025 5:20


Minha vida é um testemunho de que a conquista exige suor, luta e trabalho. Nada,absolutamente nada, foi fácil. Minha jornada rumo à aprovação em um concurso público foi umcaminho longo e árduo, que se estendeu por oito anos, recheado de estudos intensivos e,inevitavelmente, reprovações, até que o sucesso finalmente chegasse.A luta começou em meados de 2010. Naquela época, eu estava concluindo o Ensino Médio naEscola Estadual Dr. Fontes Ibiapina e, naquele mesmo ano, obtive a aprovação no vestibularda UFPI (o antigo PSIU Geral) para o curso de Licenciatura em Matemática.Motivado, iniciei a empreitada nos concursos públicos. O primeiro que prestei foi o concursomunicipal da Cidade de União, no Piauí, com a banca Machado de Assis, resultando naprimeira reprovação. Em seguida, fiz o concurso municipal para a cidade de Esperantina, PI. Abanca continuava sendo a mesma e, mais uma vez, fui reprovado.O concurso de Esperantina, no entanto, foi peculiar e marcou profundamente minha memória.Viajei para a cidade apenas com o dinheiro da passagem. Chegando lá, sem condições depagar um hotel, pedi informações aos policiais sobre um local público para passar a noite. Elesme acolheram, permitindo que eu dormisse na delegacia. No dia seguinte, tomei café com ospoliciais, e eles me levaram até o local de prova. Mesmo com todo esse esforço e ajuda, fuireprovado.As tentativas continuaram. No concurso municipal de Luzilândia, PI, havia 15 vagas e 3.000pessoas disputando o meu cargo. Conquistei o 16º lugar, ficando fora da quantidade de vagasofertadas e, novamente, sendo reprovado. Prestei o concurso do Banco do Brasil com lotaçãopara Teresina-PI e não obtive êxito.Avançando para as esferas federal e estadual, fiz o concurso público para a Polícia RodoviáriaFederal, com lotação em Teresina-PI, onde fui classificado, mas nunca fui convocado. Prestei oconcurso público municipal da Câmara de Piripiri-PI, sendo classificado, mas igualmente nuncaconvocado. A decepção se repetiu no concurso público estadual do Conselho Federal deMedicina do Maranhão, com lotação para Caxias, Maranhão. Eram apenas quatro vagas e aprova foi realizada em São Luís. Fiquei empatado em quarto lugar, mas os critérios dedesempate me levaram a mais uma reprovação.Finalmente, o ano de 2018 chegou. Nesse mesmo ano, fui aprovado no vestibular específico doIFPI para o curso técnico em contabilidade. Foi então que saiu o edital do concurso públicomunicipal da prefeitura de Caxias, Maranhão. Adivinha a banca? Era a mesma, a Machado deAssis, que já havia me reprovado diversas vezes.Desta vez, minha estratégia foi diferente. Resolvi as provas dos anos anteriores, dediquei maisde seis horas de estudo por dia, assisti a todas as aulas disponíveis no YouTube e pesquiseiexaustivamente assuntos relacionados à prova.Mesmo com toda a preparação, o destino tentou me impedir de realizar a prova. O ano foimarcado pela greve dos caminhoneiros, que paralisou o país. Lembro-me de ter passado o diatodo trabalhando e, ao final do expediente, ter que viajar para Caxias-MA. A dificuldade parachegar à rodoviária de Timon, Maranhão, foi terrível. Encontrei a mesma dificuldade paracomprar a passagem e chegar a Caxias, pois as estradas estavam sendo paralisadas. Mesmoassim, com imensa dificuldade, consegui a passagem e cheguei em Caxias à meia-noite.A prova aconteceria no domingo pela manhã. Eu estava muito confiante, apesar da alta concorrência para o cargo de Operador de Infraestrutura (50 vagas). Desta vez, foi diferente:eu já conhecia a banca, e o esforço foi recompensado. Fiquei classificado na 36ª posição,obtendo a tão sonhada aprovação.Oito anos de luta encontraram seu final, mas a espera não havia terminado. Tive que aguardarlongos quatro anos pela nomeação. Finalmente, no dia 2 de março de 2023, tomei posse noauditório da prefeitura municipal de Caxias, no Maranhão, concluindo a jornada com a certezade que cada reprovação, cada noite mal dormida....

Saúde do Fígado
Fibroscan no acompanhamento das doenças hepáticas! Participação do Dr. Eduardo Emerim

Saúde do Fígado

Play Episode Listen Later Nov 13, 2025 49:17


Tive a alegria de receber meu colega Dr. Eduardo Emerim, hepatologista em Porto Alegre, para uma conversa especial sobre o FibroScan e seu papel no acompanhamento das doenças do fígado. Falamos sobre quando o exame é indicado, como ele funciona na prática e de que forma ele ajuda a avaliar fibrose e esteatose de maneira segura, rápida e sem necessidade de biópsia. Foi um encontro rico em informação, pensado para quem deseja entender melhor o cuidado moderno com a saúde hepática.Se você ainda não assistiu, não perde... tenho certeza de que esse conteúdo vai te ajudar a compreender com mais clareza como monitoramos a evolução das doenças do fígado e como o FibroScan contribui nesse processo.Aperte o play e confira a conversa completa!

Reportagem
Cerimônia em Paris marca os 10 anos dos ataques terroristas mais violentos da história da França

Reportagem

Play Episode Listen Later Nov 13, 2025 14:06


A França presta homenagem nesta quinta-feira (13) às vítimas dos ataques de 13 de novembro de 2015 em Paris. Os dez anos dos atentados mais violentos da história recente do país serão marcados pela inauguração de um jardim memorial na praça Saint-Gervais, no centro da capital, com presença da prefeita Anne Hidalgo e do presidente Emmanuel Macron. A cerimônia laica será transmitida pela televisão.  Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris  O jardim, projetado pelo paisagista Gilles Clément, é composto por vários blocos de granito azul esculpidos, que representam os locais dos ataques terroristas e onde estão inscritos os nomes das vítimas.   O evento, com música e momentos de reflexão, tem direção artística de Thierry Reboul, conhecido por ter coordenado as cerimônias dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024.   O público poderá acompanhar a cerimônia em telões instalados em frente à Prefeitura e na Praça da República, onde foi montada uma exposição fotográfica, e os parisienses poderão depositar flores ou velas em homenagem às vítimas da tragédia.   Há exatos dez anos, a reportagem da RFI relatava ao vivo o que ninguém poderia imaginar: ataques coordenados em diversos pontos de Paris deixaram, no total, 130 mortos e cerca de 400 feridos.  O primeiro local atacado foi o Stade de France, onde 80 mil pessoas assistiam ao jogo de futebol entre França e Alemanha. O jornalista que cobria o duelo em campo passou imediatamente a relatar o susto dos torcedores que ouviram explosões. “Os espectadores ouviram, durante o primeiro tempo da partida, três grandes explosões, com intervalo entre cada uma, mas ninguém sabia exatamente o que estava acontecendo", relatou. A polícia e os socorristas se mobilizaram para chegar a outros locais atingidos por comandos terroristas armados: bares, restaurantes e a casa de shows Bataclan, lotada com fãs do grupo Eagles of Death Metal.  A contagem das vítimas parecia impressionar mesmo as forças de segurança. O depoimento de um policial, o primeiro a entrar no Bataclan, apontava dezenas de mortos.  O presidente François Hollande, que governava o país na época, correu para estar junto dos franceses. “Nós quisemos estar perto de todos os que viram essas atrocidades para dizer que iremos travar uma batalha impiedosa,” disse o chefe de Estado aos jornalistas, no local da tragédia.  Após uma reunião de crise, o governo declarou estado de emergência no país, convocou todas as forças de ordem e determinou o fechamento do espaço aéreo francês.  Ao ser citado como testemunha no julgamento do caso, em 2021, François Hollande falou sobre a sua função como chefe de Estado naquela noite fatídica de 13 de novembro de 2015. “Este grupo nos atingiu não pelo nosso modo de atuação no exterior, mas sim pelo nosso modo de vida aqui”, sublinhou  Hollande. “A democracia será sempre mais forte do que barbárie", acrescentou. "Carnificina" No Bataclan, casa de shows invadida pelos terroristas, os sobreviventes estavam em choque diante dos corpos das vítimas.  Um dos primeiros a chegar ao local foi o jornalista da RFI, Pierre Olivier. “Eu fui até lá tomando muito cuidado, porque não sabíamos naquele momento o que realmente estava acontecendo", disse em entrevista para marcar os dez anos do caso. "Saí de casa, andei por uns cinco minutos e cheguei em frente ao Bataclan, onde a polícia estava chegando quase ao mesmo tempo que eu. Não havia nenhuma faixa de sinalização impedindo o acesso", continua.  "E gradualmente, a polícia e os bombeiros chegaram. Cada vez nos pediam para recuar mais. Mas quando cheguei, eu estava bem em frente ao Bataclan, e foi aí que comecei a ligar para a redação do meu celular e a reportar ao vivo. E fiz isso por quase três horas, a noite toda," relata.   "Uma mulher me disse que tinha sido uma carnificina, foi horrível. Todos estavam em choque e não queriam conversar. Isso é normal. Naquele momento, não sabíamos realmente o que estava acontecendo lá dentro, mas tínhamos pistas de que era muito sério e que havia mortes, muitas mortes," completa o jornalista.   Dez anos depois, as lembranças permanecem vivas em sua memória.  "Ainda há coisas que permanecem. Quando passo pelo Bataclan, revejo certas cenas. Já se passaram dez anos. E cada vez que passo por ali, lembro daquela noite, revejo pessoas, uma parede, uma vitrine, onde vi uma mulher em seu cobertor de emergência, coisas assim."  Depois de ouvir todos esses depoimentos e de entrevistar sobreviventes, o jornalista desenvolveu uma forma de estresse. "Quando eu entrava em um restaurante, em um bar, em uma casa de espetáculos, ou onde quer que fosse, eu sempre olhava para ver se havia janelas, uma porta de saída e como me sentar, para acessar facilmente a porta. Afinal, nunca se sabe, e se fosse como no Bataclan e um grupo de terroristas chegasse?", ele questiona.  A RFI também conversou com Elsa, uma francesa que assistia ao show na casa noturna Bataclan, quando foi ferida. "Quando fui atingida pela bala, me lembro muito bem da sensação no corpo. Foi tão irreal que ri, pensando: 'Ah, é mesmo como nos filmes'. Mas, falando sério, doeu."  "Eu me agachei e pensei: 'Não vou conseguir correr'. E racionalizei absolutamente tudo o que estava acontecendo. Disse a mim mesma: não posso sentir dor," lembra.   "Na hora você esquece a dor. Eu procurei me colocar em uma posição segura, apesar da multidão passando em cima de mim," relata a sobrevivente.  Passada uma década, Elsa pretende contar sua experiência em um espetáculo. "Eu queria fazer um projeto em torno da dança, não apenas para contar a minha história, mas através da dança, e não apenas em um testemunho que eu poderia ter escrito em um livro ou algo assim. Mas isso me toca menos, pareceu menos relevante para a minha relação com o corpo que eu tinha antes de tudo isso", explica.   Brasileiros entre as vítimas Entre os sobreviventes dos ataques de 13 de novembro de 2015 também há brasileiros. A RFI conversou com Diego Mauro Muniz Ribeiro, arquiteto que, naquela noite, celebrava com amigos no restaurante Le Petit Cambodge, no 10º distrito de Paris.   “A minha recordação foi de ouvir uns barulhos, mas que eu não entendia muito bem. E quando olhei à direita, vi luzes. Não estava entendendo que aquilo eram tiros vindo na minha direção. Minha reação foi me jogar no chão. Me levantei na sequência e saí correndo. A lembrança que eu tenho é de que corri por muito tempo até entrar num supermercado,” lembra o arquiteto.  Diego passou por acompanhamento com psiquiatra e psicanalista para seguir em frente. Ele voltou a Paris três vezes para compromissos relacionados aos atentados, seja para dar depoimentos ou participar de solenidades públicas.   “Na França, existe uma solenidade em homenagem às vítimas, e foi muito impactante para mim. É uma cerimônia extremamente sóbria, silenciosa, e isso é muito respeitoso. Então, fiquei muito emocionado na primeira vez que fui", conta o arquiteto que hoje vive em São Paulo. "Estamos, dentro do possível, bem, mas ainda é um processo de elaborar essas questões, essa violência que, para mim, soa como gratuita”, analisa.  Naquela noite, Diego estava acompanhado de outro arquiteto brasileiro, Guilherme Pianca, com quem a RFI também conversou. Ele visitava Paris pela primeira vez, graças a uma bolsa de estudos, e conta que hoje em dia tem sentimentos ambíguos em relação à cidade.   “Tive alguns momentos de retorno pelo próprio processo e avaliação psiquiátrica que o governo francês fez. Acho que eles foram bem atentos e lidaram com muito cuidado nesse assunto. Esse trauma está sendo constantemente elaborado. Acho que é uma coisa que se dá no longo prazo. São várias camadas que um evento desses significa. Este ano vão inaugurar um jardim em homenagem às vítimas. Acho que existe um esforço bem grande da prefeitura e do próprio Estado francês para lidar com esse assunto.”       O julgamento  Os ataques terroristas de 13 de novembro de 2015 em Paris foram reivindicados pelo grupo Estado Islâmico.  O processo dos terroristas na Justiça francesa durou dez meses. Nenhum dos 20 acusados recorreu da decisão, e o julgamento foi encerrado oficialmente em 12 de julho de 2022.  O único participante ainda vivo do comando jihadista que organizou os ataques em diferentes locais de Paris e arredores, Salah Abdeslam, foi condenado à prisão perpétua. Ele "acatou o resultado", explicaram, à época, seus advogados.  Salah Abdeslam foi o terrorista que não levou seus atos até o fim. Ele afirmou no julgamento ter "desistido" de acionar os explosivos em um bar parisiense por "humanidade". Em outro momento, declarou: “Eu apoio o grupo Estado Islâmico e os amo, porque eles estão presentes no cotidiano, combatem e se sacrificam”. O depoimento chocou familiares das vítimas.  O dispositivo com explosivos foi encontrado dentro de uma lata de lixo. No entanto, em sua deliberação final, os juízes concluíram que o colete explosivo que Abdeslam carregava "não era funcional", colocando seriamente em questão suas declarações sobre a sua suposta "desistência".  A Justiça determinou que o francês, de 32 anos à época, era culpado de ser o "coautor" de uma "única cena de crime": o Stade de France, os terraços parisienses metralhados e a sala de concertos Bataclan.  Os outros 19 corréus, alguns presumivelmente mortos, foram julgados e condenados a penas que variam de dois anos à prisão perpétua.    Os atentados em Paris foram considerados uma retaliação à participação da França na coalizão internacional contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.  Ameaça continua presente Atualmente, a organização terrorista continua representando uma ameaça à segurança do país, embora sua presença não se configure como uma estrutura organizada e visível como nos anos de seu auge (2014–2017). A atuação atual se dá principalmente por meio de células descentralizadas, recrutamento online e influência ideológica, como explicou à RFI Victor Mendes, professor de Relações Internacionais do Ibmec e especialista formado no Instituto Superior de Guerra do Ministério da Defesa do Brasil.  “Hoje, especialmente após a perda de territórios e de combatentes do Estado Islâmico, depois das operações militares ocidentais contra o grupo no Iraque e na Síria, que resultaram no fim declarado do Estado Islâmico em 2019, o grupo atua de forma mais descentralizada do que já atuava anteriormente", diz.  De acordo com o especialista, o Estado Islâmico continua sendo um dos principais grupos terroristas a atuar na Europa, apesar do número reduzido de ataques.   “Na Europa especificamente, uma das tendências, resultado do avanço tecnológico e da comunicação, é que o grupo hoje recruta muitos combatentes principalmente através de redes sociais e plataformas digitais, especialmente menores de idade", diz Victor Mendes.   O especialista alerta para os riscos ainda presentes. “O risco sempre vai existir, principalmente pelo fato de a França ainda ter muitos combatentes que se aliam a esses grupos e pelo fato de, muitas vezes, eles serem cidadãos franceses. Então, não é necessariamente uma questão de imigração”, conclui.     Só em 2024, o terrorismo jihadista foi responsável por 24 ataques na União Europeia, sendo cinco deles com vítimas fatais. A Europol confirma o envolvimento crescente de jovens radicalizados online, inclusive menores de idade, e o uso do conflito na Faixa de Gaza como instrumento de mobilização por grupos como o Estado Islâmico, que denuncia os bombardeios israelenses, descrevendo a população palestina como “mártir”. 

Amorosidade Estrela da Manhã
ANDO DEVAGAR, PORQUE JÁ TIVE PRESSA, E LEVO ESSE SORRISO PORQUE JÁ CHOREI DEMAIS. HOJE ME SINTO MAIS FORTE, MAIS FELIZ, QUEM SABE, SÓ LEVO A CERTEZA DE QUE MUITO POUCO SEI, OU NADA SEI

Amorosidade Estrela da Manhã

Play Episode Listen Later Nov 11, 2025 4:03


Musique matin
La Co[opéra]tive donne un coup de baguette sur Cendrillon de Pauline Viardot

Musique matin

Play Episode Listen Later Nov 3, 2025 6:08


durée : 00:06:08 - Pourquoi et comment exhumer un ouvrage méconnu ? - par : Sofia Anastasio - Pour sa nouvelle production, la Co[opéra]tive nous fait découvrir « Cendrillon », œuvre méconnue de Pauline Viardot. Composée en 1904, cette nouvelle lecture du conte de Perrault est ici mise en scène par David Lescot, avec une adaptation musicale signée Jérémie Arcache. Reportage en répétition. Vous aimez ce podcast ? Pour écouter tous les autres épisodes sans limite, rendez-vous sur Radio France.

Podcast do Ladeira
Ep. 374 - Fiz atendimentos, 3 vendas. 100% de conversão

Podcast do Ladeira

Play Episode Listen Later Nov 2, 2025 46:18


O principal bloqueio dos empreendedores, sejam eles iniciantes ou já estabelecidos (como a Liz e o Yuri), não é a falta de produto ou mercado, mas sim a paralisia causada pela confusão e pelo medo.Conhecimento é o ativo mais valioso, e a estrutura para vendê-lo em escala é o caminho para a verdadeira riqueza.Além da consultoria gratuita, esse episódio é uma completa aula de vendas. Tive 100% de conversão. Ouça até o final e se surpreenda. Se inscreva na Ultra Black Friday Infinita:http://vtsd.com.br/quero-bf-ep374 Me siga no Instagram:https://bit.ly/Insta-Leandro-LadeiraConheça o canal principal:https://bit.ly/Canal-Metodo-VTSDOuça nosso podcast:https://bit.ly/Podcast-do-Ladeira-no-Spotify

Boletim de Tecnologia
Affinity do Canva grátis; 10 anos de NewPipe; Senhas vazadas do Gmail

Boletim de Tecnologia

Play Episode Listen Later Nov 1, 2025 16:32


Convidado
Lutero Simango: É preciso "garantir a transparência" do contrato com a TotalEnergies

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 31, 2025 21:18


Lutero Simango, líder do MDM, Movimento Democrático de Moçambique, na oposição, esteve em Paris nestes últimos dias para participar nomeadamente no Fórum para a Paz organizado pelo executivo francês, com na ementa questões como a protecção do meio ambiente ou ainda o multilateralismo num mundo fragmentado. Nesta quinta-feira 30 de Outubro, o líder do quarto partido mais votado nas eleições gerais de 2024 em Moçambique esteve nos estúdios da Rádio França Internacional. Lutero Simango abordou com a RFI alguns dos destaques da actualidade do seu país, designadamente a situação em Cabo Delgado e o regresso da TotalEnergies anunciado há uma semana. Ele sublinhou a este respeito a necessidade de se conhecer os termos exactos do contrato existente entre o Estado Moçambicano e o gigante dos hidrocarbonetos. Neste sentido, ele vincou que é preciso "garantir a transparência". O responsável político evocou igualmente o contexto económico e social um ano depois da crise pós-eleitoral, com dados oficiais a indicarem que cerca de 3 mil pessoas permanecem sem emprego nem compensações depois da vandalização das suas empresas. Um desafio perante o qual Lutero Simango considera que é preciso criar um ambiente de negócios mais atractivo, para impulsionar a economia. "Nós temos que criar um ambiente em que a população tenha acesso ao emprego, que a população tenha acesso aos alimentos e que a população também tenha acesso à dignidade", insistiu. Antes destes aspectos, o líder do MDM começou por evocar de forma breve o motivo da sua deslocação a Paris. RFI: Esteve nestes últimos dias aqui em Paris, a participar, designadamente no Fórum para a Paz. Como é que foi este fórum? Lutero Simango: Foi interessante e esse fórum teve o lema de reinventar a diplomacia em fase de mudanças. RFI: Relativamente ainda à sua estadia aqui em Paris, manteve também encontros com as autoridades aqui em França. Lutero Simango: Sim. Tive um encontro no Ministério dos Estrangeiros, nomeadamente no Departamento africano. RFI: E, portanto, qual é o balanço que faz deste encontro? Alguma novidade? Lutero Simango: Novidades como tal ainda não existem, mas foi importante de partilhar o nosso pensamento sobre a situação política socioeconómica de Moçambique. E também falámos sobre a situação mundial e do papel que o MDM está a desempenhar no processo do Diálogo nacional inclusivo em Moçambique. RFI: Antes de evocarmos essa questão, se calhar iríamos fazer um pouco um balanço deste ano que passou. Há precisamente um ano, estávamos em plena crise pós-eleitoral. Um ano depois, qual é o balanço preliminar que se pode fazer? Lutero Simango: Um balanço? É difícil fazer. Mas o que se pode assegurar é que a situação está calma. Mas essa acalmia não significa que o descontentamento não existe. Ainda persiste. As pessoas estão saturadas e os níveis da pobreza tendem a subir. Como é sabido, já há dez anos atrás os níveis andavam em 40% e ultimamente andam na casa de 60 a 70%. Há duas semanas foi publicado o índice da pobreza e a posição em que se encontra Moçambique não é boa e também não podemos ignorar os níveis de corrupção generalizada que persiste e os níveis de desemprego. Tudo isto cria uma situação difícil para a nossa população. RFI: Nestes últimos dias foram publicados dados sobre o balanço para a população de Moçambique de todos estes incidentes e nomeadamente, o facto de persistirem 3 mil pessoas sem indemnizações, sem emprego, depois de as suas empresas terem sido destruídas. Lutero Simango: É isso mesmo. Essa é uma situação dramática. É uma situação difícil que nós vivemos. Para ultrapassar, isso requer políticas de reformas e, acima de tudo, requer que o governo assuma o compromisso de um combate real à corrupção e também crie um ambiente propício para os negócios. Porque neste momento que estou a falar aqui consigo, torna-se muito difícil investir em Moçambique pelos níveis de corrupção, pelos níveis de sequestro e rapto, pelos níveis da criminalidade. No entanto, é preciso que se dê uma volta em relação a tudo isto. Nós precisamos de criar um ambiente de segurança e também criar um ambiente de confiança nas instituições públicas. RFI: A União Europeia retirou nestes últimos dias Moçambique da sua "lista cinzenta" em termos de criminalidade ligada, por exemplo, com lavagem de capitais. Julga que isto pode ser um bom sinal? Lutero Simango: Bem, eu também vi a retirada da "zona cinzenta", mas o problema não está por aí, porque nós temos que criar um ambiente em que a população tenha acesso ao emprego, que a população tenha acesso aos alimentos e que a população também tenha acesso à dignidade. Nós sabemos de antemão que em Moçambique muitos trabalham de um dia para se alimentar no dia seguinte. E há níveis de corrupção. E também a nossa economia não está a gerar oportunidades de negócios, muito menos de emprego. E a pergunta se coloca é esta como é que as pessoas estão a sobreviver? Quais são os meios que usam para a sua sobrevivência? Portanto, eu penso o grande desafio que nós temos todos fazer, é trabalhar, é criar um ambiente para que a nossa economia seja, de facto, uma economia vibrante. É a condição necessária de criar oportunidades e emprego aos cidadãos. Quando o índice de desemprego tende a aumentar cada vez mais, cria um maior espaço para o branqueamento do capital. Cria maior espaço para o desemprego. Portanto, eu penso que não basta retirar Moçambique da "zona cinzenta". É preciso criar condições para que a nossa economia possa potenciar as pequenas e médias empresas. Esta é a condição necessária de promover o emprego aos cidadãos. RFI: Entretanto, o Governo também diz que está a envidar esforços, designadamente com gabinetes exteriores, para tornar a dívida do país mais sustentável. O que é que acha deste anúncio? Lutero Simango: A dívida, para que ela seja sustentável, mais uma vez, requer que tenha uma economia vibrante. Enquanto o Estado moçambicano continuar a criar empréstimos junto dos bancos comerciais para garantir salários aos funcionários públicos, torna-se muito difícil atingir esse objectivo. Enquanto o Estado moçambicano não conseguir reembolsar o IVA aos empresários a tempo útil, torna-se muito difícil atingir esse objectivo. Portanto, mais uma vez, nós precisamos estabelecer uma estratégia que possa garantir incentivos para as pequenas e médias empresas. E temos que ter uma estratégia que possa garantir uma revisão da política fiscal que não seja uma política fiscal punitiva, mas sim, promova a entrada dos investimentos nacionais e estrangeiros. RFI: Relativamente à qualidade do diálogo entre o partido no poder e os restantes partidos, como é que estamos neste momento? Lutero Simango: Até esse momento, o diálogo está no seu curso. Está-se a realizar a auscultação pública e, acima de tudo, esse diálogo vai requerer e vai exigir a todos nós, a vontade política de assumirmos de que temos que fazer as reformas no nosso país. Esta é a condição necessária para devolver a confiança nas instituições à população moçambicana. É a condição necessária de garantir que as liberdades e a democracia sejam respeitadas. E, por isso, o grande desafio que nós temos ao longo deste diálogo nacional inclusivo, é assumirmos de que temos que fazer as reformas, quer na área constitucional, quer no pacote dos assuntos eleitorais e também no sistema judiciário. E acordarmos sobre as grandes políticas públicas na educação, saúde, na exploração dos nossos recursos e na política fiscal, em que o rumo nós queremos que o nosso país possa e deve seguir. Porque nós não podemos pensar só em nós. Temos que começar a montar as bases para que as futuras gerações possam ter um ambiente de dignidade, de felicidade e o bem-estar. RFI: Tem alguma proposta concreta em termos de reformas? Lutero Simango: Claro. O meu partido tem propostas concretas e nós sempre debatemos ao longo desses últimos anos, desde a nossa criação, de que nós precisamos ter uma Comissão da República que respeite os princípios e os valores de um Estado de Direito, que respeite os princípios da separação dos poderes, em que nós tenhamos um sistema judiciário com autonomia administrativa e financeira e que os presidentes dos tribunais sejam eleitos entre os seus pares e não na base de uma confiança política. E também nós somos pela revisão da política fiscal. E também defendemos de que é preciso despartidarizar o Estado moçambicano. Nós não podemos continuar a ter um Estado moçambicano que dependa de um partido político. Nós queremos que tenhamos um Estado moçambicano que não esteja sob o controlo de um partido político, porque a democracia é isso. A democracia que nós queremos é que haja, de facto, alternância democrática. E essa alternância democrática tem que ser via as urnas e não por uma imposição. Portanto, o desafio que nós todos temos é que as reformas sejam feitas como a condição necessária de garantir a paz efectiva, a estabilidade, para que se torne Moçambique numa sociedade dialogante, inclusiva e participativa. E pessoalmente, tenho a fé e tenho a confiança que é possível fazer. E se não o fazemos agora, vamos perder a grande oportunidade de resolver os nossos problemas. E se não fizermos as reformas agora, nas próximas eleições corremos o risco de transformar o país num caos e entrar num novo ciclo da violência. RFI: O governo disse ultimamente que iria fazer um balanço do que sucedeu, que vai fazer um relatório sobre os Direitos Humanos em Moçambique. Julga que isto, de facto, vai ser fiel aos acontecimentos? Lutero Simango: O relatório não pode ser elaborado por quem é um actor do processo. Seja qual for o relatório, para que seja um relatório independente, que dê garantia, que dê confiança, tem que ser feito por uma entidade independente, por uma entidade que não tem interesse no processo. RFI: Ainda relativamente à questão dos Direitos Humanos, fez este mês oito anos que começou a onda de violência em Cabo Delgado. Nestes últimos meses, esta situação tem vindo a piorar e inclusivamente estendeu-se também à zona de Nampula. Qual é a avaliação que se pode fazer da situação neste momento no norte de Moçambique? Lutero Simango: É uma situação difícil. É uma situação complexa. É uma situação que nos remete a uma análise profunda, objectiva e mais realística, porque a experiência da vida nos ensina que um qualquer movimento de guerrilha ou uma insurreição armada, quando consegue sobreviver a esse tempo, neste caso concreto, de oito anos, temos que nos questionar e temos que perceber que, queiramos ou não acreditar, tem um certo apoio da base local. Nenhum movimento de guerrilha sobrevive muito tempo se não tiver apoio local. Eu, muitas vezes, dou um exemplo concreto do Che Guevara quando tentou lançar a guerrilha na Bolívia, não sobreviveu porque não teve apoio local. Vamos ser honestos, quem consegue conduzir essa insurreição armada durante oito anos, sobrevive e não consegue ser eliminado, tem apoio local. Então, temos que ter a coragem de usar a nossa inteligência para perceber e compreender qual é a motivação deste conflito e quem são as pessoas que apoiam e qual é a sua retaguarda segura em termos de logística, em termos do apoio e também de treinamento. Em função disso, tomar uma decisão política que para mim, passa necessariamente em abrir uma janela de diálogo. Temos que abrir uma janela de diálogo. RFI: Mas dialogar com quem? Lutero Simango: É por isso que a nossa inteligência tem que investigar para perceber qual é a motivação, qual é a origem deste movimento e qual é a sua retaguarda de apoio. E é possível encontrar com quem se dialogar. RFI: Há também quem acredite que, paralelamente, lá está, a todo esse trabalho de inteligência, é preciso também criar condições socioeconómicas para incentivar a juventude de Cabo Delgado a não ir para as fileiras dos jihadistas. Lutero Simango: Concordo. E é por isso eu disse de que se esse movimento conseguiu sobreviver a esses oito anos, é porque teve ou continua a ter um certo apoio local. E esse apoio local resulta pela incapacidade do Estado moçambicano em satisfazer as condições básicas da população destas zonas de conflito. E por isso é que a nossa inteligência tem que ser muito hábil para responder a essas questões que eu coloquei. E em função disso, temos que abrir uma janela de diálogo e o diálogo é importante para resolver o problema. RFI: Quanto à vertente militar? Lutero Simango: Na vertente militar, nós temos que ter a coragem de reconhecer de que o nosso exército precisa de mais formação, precisa de equipamento e também voltamos à base das reformas. Temos que ter a coragem de fazer reformas nas nossas forças de defesa e segurança. Temos que ter um exército terrestre com capacidade combativa. Temos que ter uma Força Aérea e temos de ter uma força naval e para isso temos que criar condições para isso. O que significa também que é preciso encontrar recursos, não só recursos humanos, que já existem, mas também os recursos financeiros. Portanto, nós temos que discutir seriamente que tipo de exército, que tipo de forças Armadas, nós precisamos para Moçambique. E não podemos esquecer que Moçambique possui uma longa costa e que ela tem que ser protegida. RFI: Julga que há vontade política para apostar em mais meios para, de facto, tirar Cabo Delgado dessa espiral de violência? Lutero Simango: Aqui não se trata de vontade política. Trata-se de uma questão de soberania e da segurança do nosso povo. Se nós queremos ter a garantia da nossa soberania, se nós queremos garantir a segurança para a nossa população, então temos que ter as forças de segurança em altura para garantir a segurança, a estabilidade, a paz em Moçambique. RFI: Entretanto, é precisamente nesse contexto delicado que a TotalEnergies levanta a cláusula da "força maior" através da qual manteve as suas actividades suspensas desde 2021. Portanto, está prestes a retomar as suas actividades em Cabo Delgado. A seu ver, como é que se pode explicar essa escolha numa altura em que há violência em Cabo Delgado? Lutero Simango: Parece que eles têm a certeza de que a existência das tropas estrangeiras, nesse caso, as tropas ruandesas, garantem a segurança. Mas eu gostaria de olhar em relação a esse assunto de uma forma global, porque Cabo Delgado faz parte de Moçambique. Cabo Delgado é um território dentro do território moçambicano. Então, quando nós falamos da segurança e da soberania, estamos a falar do todo o território nacional, do Rovuma ao Maputo, do Zumbo ao Índico. Portanto, eu prefiro discutir o assunto no âmbito da segurança geral do país em defesa da nossa soberania. RFI: A TotalEnergies tornou pública uma carta que mandou às autoridades, condicionando o seu regresso à concessão de mais de dez anos para explorar o gás em Cabo Delgado. O que é que acha dessa iniciativa? Lutero Simango: Ela pode ser boa ou pode ser má. O dilema que nós temos relativamente a todo o processo de exploração dos nossos recursos é a ausência de transparência. Eu não conheço o contrato que foi assinado, nem sei em que termos foi assinado, em que condições foi assinado. Portanto, é importante que, quando se trata desses grandes negócios, haja transparência. É com a transparência no domínio dos contratos que todos nós estaremos em condições de dar uma opinião mais correcta. Agora, se quer ficar mais dez anos, o que implica isso? Dêem-nos o contrato para a gente ter acesso e para podermos falar. RFI: ONGs consideram que a TotalEnergies está praticamente a fazer Moçambique refém das suas vontades. Lutero Simango: Isso só pode acontecer se não houver transparência. E por isso, eu estou a falar aqui de que nós temos que conhecer os contratos. Temos que conhecer o conteúdo, os termos de referência, para podermos estar à altura, para dar uma opinião mais justa. E também há outro elemento que é sabido e que o MDM sempre defendeu em particular. Quando eu fui candidato às presidenciais, defendi com muita garra que é preciso renegociar os contratos. Entretanto, se quiserem ficar mais dez anos, então vamos renegociar o contrato e estabelecer os novos termos, as novas modalidades. RFI: Pensa que as autoridades neste momento instaladas em Maputo, terão mais abertura, mais condições para efectivamente tornar públicas ou, pelo menos, divulgar aos deputados aquilo que foi acordado com a TotalEnergies? Lutero Simango: Têm a obrigação. Porque se não divulgarem, se não tornarem o contrato do domínio público, ninguém vai acreditar no posicionamento do governo. Portanto, a melhor forma de resolver esse problema é tornar o contrato público, é garantir a transparência e também poderá ser o grande instrumento de combate à corrupção. RFI: De forma mais global, e para concluirmos esta entrevista, como é que olha para a actualidade do seu país neste momento? Lutero Simango: Nós todos temos que trabalhar no sentido de renovar a esperança. Nós temos que renovar a esperança nos moçambicanos e por isso estamos engajados neste processo de diálogo nacional inclusivo e queremos que todos tenham a vontade política de resolver os nossos problemas. E os moçambicanos devem participar de uma forma activa e devemos evitar diabolizar o processo. Se diabolizarmos o processo, estaremos a cometer o mesmo erro que foi cometido em 1974 e 1975 quando Moçambique estava num processo para alcançar a sua independência nacional. É por isso que esse processo tem que ser inclusivo, tem que ser participativo e ninguém deve ficar fora. E ninguém deve diabolizar o outro, para permitir que todos os moçambicanos participem de uma forma efectiva, para que as reformas possam ocorrer. E nesse processo, não pode haver os mais importantes, os menos importantes. Todos temos responsabilidades, todos temos o dever e o direito de contribuir para que Moçambique possa atingir as reformas que se pretendem, pôr Moçambique nos carris do desenvolvimento, da paz, da estabilidade e da segurança para todos.

Estadão Notícias
Satisfatório para o Brasil. Ótimo para Lula. Péssimo para o bolsonarismo | Estadão Analisa

Estadão Notícias

Play Episode Listen Later Oct 27, 2025 46:04


No “Estadão Analisa” desta segunda-feira, 27, Carlos Andreazza fala sobre o anúncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que disse nesta segunda-feira, que em breve não haverá mais problemas entre EUA e Brasil. Lula ainda não conseguiu convencer Trump a pausar o tarifaço sobre as exportações brasileiras, o que deve seguir para um período de negociação mais longo. “Tive uma boa impressão de que logo logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil”, disse Lula. “Estou convencido de que em poucos dias teremos uma solução definitiva entre EUA e Brasil”. Assine por R$1,90/mês e tenha acesso ilimitado ao conteúdo do Estadão.Acesse: https://bit.ly/oferta-estadao O 'Estadão Analisa' é transmitido ao vivo de segunda a sexta-feira, às 7h, no Youtube e redes sociais do Estadão. Também disponível no agregador de podcasts de sua preferência. Apresentação: Carlos AndreazzaEdição/Produção: Jefferson PerlebergCoordenação: Leonardo Cruz e Everton OliveiraSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Bate Pé
KIKO IS HOT - "Nunca tive uma relação amorosa"

Bate Pé

Play Episode Listen Later Oct 26, 2025 56:38


Alguém melhor para se sentar à nossa frente do que Kiko is Hot? Para nós não. Uma daquelas conversas macacas que estão habituados mas com alguém que entra connosco na macacada. Falamos de histórias antigas, de não conseguir manter amizades, da vibe dos 30 anos, sonhos impossíveis, rebranding, relações que evoluem e muitos ataques de riso. Obrigada ao Kiko por esta conversa sincera e leve. REDES SOCIAISMafalda Castro: https://www.instagram.com/mafaldacastroRui Simões: https://www.instagram.com/ruisimoes10Bate Pé instagram: https://www.instagram.com/batepeclipsBate Pé Tiktok: https://www.tiktok.com/@bate.pe#Kikoishot#MafaldaCastro#RuiSimõesAPOIOSEste podcast tem o apoio do ActivoBank

Miguel Sousa Tavares de Viva Voz
“Francisco Pinto Balsemão foi o melhor patrão que tive até hoje. À frente do grupo estava alguém que tinha o jornalismo como primeiro e único objetivo”

Miguel Sousa Tavares de Viva Voz

Play Episode Listen Later Oct 21, 2025 1:23


Em declarações em direto à SIC por telefone, Miguel Sousa Tavares recorda o papel de Francisco Pinto Balsemão, fundador do Expresso e da SIC falecido hoje aos 88 anos, no jornalismo em Portugal e na liberdade de imprensa.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Emissão Especial
António Capucho. "Eu tive uma ligação muito próxima com ele"

Emissão Especial

Play Episode Listen Later Oct 21, 2025 3:47


O Ex-Secretário Geral do PSD relembra a proximidade que teve com Pinto Balsemão, quando fez parte do governo do ex-Primeiro Ministro. Ainda, lembra o peso de ter substituído Sá CarneiroSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Convidado
Entrada de Sarkozy na prisão é "chocante", mas é sintoma "que a democracia funciona"

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 21, 2025 6:49


O antigo Presidente Nicolas Sarkozy foi encarcerado esta manhã numa prisão em Paris. Para Rafael Lucas, professor catedrático na Universidade Bordéus III, tratou-se de um “espectáculo lamentável”, mas justificado já que se trata da democracia a funcionar.   Uma multidão esperava esta manhã o antigo Presidente Nicolas Sarkozy, à saída da sua casa, no exclusivo 16º bairro de Paris, para o verem uma última vez antes da sua entrada na prisão de la Santé, a apenas alguns quilómetros de distância também na capital francesa. Entre gritos de apoio da multidão e lágrimas dos filhos, o antigo líder francês escreveu nas redes sociais que a justiça estava a prender não um antigo Presidente, mas sim um inocente.  Estas imagens mantiveram os franceses agarrados aos ecrãs na manhã desta terça-feira, já que muitos pensavam não ser possível ver um antigo Presidente a ir para a prisão. Para Rafael Lucas, professor catedrático na Universidade Bordéus III, tratou-se de um “espectáculo lamentável”, mas justificado já que se trata da democracia a funcionar. "Tive duas sensações muito fortes. Primeiro, é a primeira vez que eu vejo um um Presidente ou o responsável supremo do Estado a entrar na prisão como um delinquente. De qualquer maneira, há um choque, uma comoção ver isto. Então, por um lado, é um espetáculo lamentável. Às vezes até tenho certa compaixão pela situação do alto responsável assim encarcerado. Mas por outra parte, é a democracia na mesma, porque já se vivemos num regime monárquico ou num regime autoritário, isto seria impossível", explicou o académico. Logo após a sentença, há cerca de duas semanas, numa sondagem para a televisão, 72% dos franceses disseram-se chocados com a possibilidade de ver um antigo Presidente na prisão, mas estavam divididos quanto ao facto de a sua condenação ser justa. Na prisão, Nicolas Sarkozy vai ficar sozinho na cela, devido ao seu estatuto, e poderá sair todos os dias para o pátio. A prisão de la Santé, em Paris, é conhecida por acolher figura de relevo no panoramo político e mediático em França. A condenação de um Presidente aliada à "crise generalizada" vivida no país, leva muitos analistas a questionarem o papel do Presidente e se não seria benéfico rever o sistema presidencialista gaulês, em que o Presidente detém muitos dos poderes, incluindo a escolha do primeiro-ministro. "Este regime presidencial à francesa, em que o Presidente é como um monarca republicano porque há um primeiro ministro, mas que é como um chefe de gabinete, é muito diferente das democracias modernas, em que o primeiro ministro assume a direcção e a responsabilidade do Governo e o Presidente tem mais um papel simbólico honorífico, como é o caso em em Portugal e em vários países. Em França, não. O presidente é o chefe [...] A França está a chegar a um ponto de esgotamento e a França vai ter que fazer aceitar uma espécie de revolução institucional para fazer como outros países, como Alemanha, por exemplo, em que eles já adquiriram uma cultura de coligação, em que não há uma figura tutelar assoberbando o resto da paisagem política, como é o caso com os presidentes franceses", concluiu Rafael Lucas.

Convidado
"A auto-ilusão faz com que os europeus não mudem a postura em relação a África"

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 17, 2025 12:31


“África-Europa: Acabar com a Dependência Estrutural: o Momento da Verdade face à Auto-ilusão” é o novo livro do economista guineense Carlos Lopes, que ocupou o cargo de Alto Representante da União Africana para as Parcerias com a Europa. A obra aborda a dependência estrutural nas relações entre África e Europa, propondo uma reflexão sobre a auto-ilusão e a necessidade de mudanças nas abordagens de ajuda e desenvolvimento. No livro, fala sobre a dependência estrutural nas relações entre África e Europa. De que forma se pode acabar com essa dependência? Essa dependência não pode ser explicada apenas com factos políticos ou com teoria económica. Necessita de mais profundidade para se poder entender que as narrativas foram construídas através de uma história muito complexa, dos dois lados, e que leva a que haja um determinado número de condicionalismos que fazem crescer uma mentalidade difícil de mudar. Tive de recorrer à psicologia para poder explicar alguns destes fenómenos. É por isso que o título do livro inclui a expressão "auto-ilusão", um fenómeno estudado na psicologia: quando as pessoas enfeitam a realidade e utilizam técnicas manipuladoras para que essa "verdade" construída seja a que prevalece. Infelizmente, encontrei esse defeito, se assim lhe podemos chamar, dos dois lados da equação: tanto do lado dos europeus, como do lado dos africanos. Por razões diferentes, evidentemente, mas ambos confortáveis com esta forma de interpretação das relações, o que impede a tal transformação estrutural. Fala na fragmentação das abordagens africanas, que têm sido estrategicamente exploradas pela Europa nas negociações. Como se pode ultrapassar essa divisão interna e criar uma posição mais forte entre os países africanos? Essa divisão dos africanos já é uma consequência. O principal problema é a ideia de que se pode, com altruísmo e uma certa forma de compensação pelos erros do passado, tirar os países africanos da sua condição de menos desenvolvidos. É essa a justificação ideológica da ajuda ao desenvolvimento. Pensa-se que, através dessa ajuda, se podem operar grandes modificações. Na realidade, essa ajuda insere-se num sistema que não permite mudanças estruturais, a não ser em casos muito excepcionais. Defende uma diplomacia africana mais proactiva. O que tem impedido os países africanos de adoptarem essa postura mais assertiva nas negociações com a União Europeia? O que impede é o facto de, devido às características que mencionei, a União Europeia conseguir escolher facilmente os interlocutores que falarão como gostaria de ouvir. Portanto, há auto-ilusão. Escolhem-se os países para determinados tipos de reuniões, conferências, eventos, dando-se atenção àqueles que se comportam "bem", para usar uma linguagem simples. As pessoas pensam que, ao fazerem aquilo que lhes pedem, vão receber compensações: mais ajuda, mais acesso, mais visibilidade, mais protagonismo. Este jogo faz com que África apareça sempre dividida. É evidente que os africanos poderiam ter o à-vontade político para superar isto, mas é preciso ver que estas divisões têm raízes históricas muito profundas, que descrevo em detalhe no livro, e que são difíceis de mudar. O conceito de “auto-ilusão” é central no livro. Pode explicar o impacto dessa “auto-ilusão” nas decisões políticas no continente africano e como se reflecte nas relações com a Europa? Esse conceito faz com que os europeus não mudem a sua postura em relação a África, e, portanto, estejam a perder terreno. Outros parceiros do continente, que não têm esse tipo de dificuldade nem esse “pedigree” histórico, abordam as coisas de forma diferente. No lado africano, como a Europa continua a ser o principal doador, o bloco com mais comércio e onde existe mais investimento (em termos de stock, não necessariamente em novos investimentos), a falta de uma relação clara e transparente com a Europa afecta também as relações com os outros parceiros. Essa é, digamos, a perenidade do problema. Temos de o superar através de várias formas de negociação, que tentei introduzir enquanto Alto Representante da União Africana, mas falhei. Por isso, senti a obrigação de explicar as razões mais profundas. Daí a ideia do livro. Estas razões passam também pelo legado colonial, tema presente no livro. De que forma as narrativas colonialistas moldam ainda hoje as relações entre os dois blocos, sobretudo em matéria económica? Sobretudo em matéria económica. Por exemplo, temos a teoria das vantagens comparativas, que é conhecida dos economistas, mas que no caso africano é usada para perpetuar a ideia de que as vantagens comparativas africanas são a exportação de matérias-primas, exactamente o modelo colonial. Mantém-se uma estrutura económica colonial que se traduz em várias práticas: em matéria de transportes, os investimentos mais importantes continuam a ser os que facilitam a exportação de matérias-primas para os portos, e não para servir a economia doméstica; as políticas macroeconómicas visam sobretudo garantir o cumprimento das obrigações internacionais e não necessariamente reduzir a pobreza da população. Acabamos por ser reféns de uma ideia colonial, apenas com uma nova roupagem. Critica a ajuda internacional e sugere que ela perpetua o subdesenvolvimento. Quais seriam, na sua opinião, os mecanismos mais eficazes para que a ajuda se torne uma força real para o desenvolvimento sustentável? Para mim, é relativamente fácil dizer onde a ajuda poderia ser importante, transformadora e significativa: na regulação internacional. Por exemplo, em matéria de comércio: os países africanos são penalizados de várias formas. A “Rodada de Doha”, aprovada há 17 anos na OMC, visava fazer do comércio um instrumento de desenvolvimento, mas nunca foi implementada, em parte por oposição de países europeus. Outro exemplo: a regulação financeira. Os países africanos enfrentam avaliações de risco que não condizem com a realidade. Comparando os dados macroeconómicos de África com os da América Latina ou da Ásia, vemos que as taxas de juro para os empréstimos africanos são muito mais elevadas, apesar de os indicadores africanos, por vezes, serem melhores. Também em matéria de investimento: o retorno sobre o investimento em África é dos melhores, segundo a Organização do Comércio das Nações Unidas. Mas isso não se traduz em mais investimento. Este ano, por exemplo, as projecções do Banco Mundial e do FMI indicam que África será o continente que mais crescerá, pela primeira vez, ultrapassando a Ásia. Mas esta não é a percepção generalizada. A França tem tido influência sobre muitos países africanos e é muitas vezes acusada de manter dinâmicas neocoloniais. Como vê actualmente a posição da França em relação a África? Vejo uma posição de perda de influência. Numa altura em que a França se dá conta de que deveria mudar a sua postura ,por ser considerada excessivamente marcada por uma visão neocolonial, fá-lo de forma atabalhoada, o que provoca o efeito contrário: um afastamento ainda maior. É um lugar-comum, mas os jovens africanos vêem a atitude francesa como demasiado intrusiva nos processos políticos dos seus países. Lamentavelmente, a França está em perda. E nos sistemas políticos não existe vácuo, esse espaço é rapidamente ocupado por outros. Mas existe espaço para uma mudança genuína na abordagem da França? Existe. Claro que sim. Bastava, por exemplo, que os bancos franceses mais importantes vissem em África como os turcos, chineses, vietnamitas ou indianos estão a ver: uma oportunidade de expansão. Mas, em vez disso, os bancos franceses estão a retirar-se. Isso revela uma percepção de risco contrária à tendência mundial. Sugere que África deveria explorar o seu potencial em comércio, tecnologia e ambiente. Quais são os obstáculos actuais para o continente afirmar-se internacionalmente? Antes de mais, é preciso reconhecer que, em qualquer das megatendências mundiais, demográfica, climática ou tecnológica, o mundo precisa de África. Demografia: o envelhecimento da população mundial favorece o crescimento do consumo em África, onde a população continua a crescer. O Clima: em energias renováveis e minerais críticos, África é essencial para a transição ecológica; Tecnologia: apesar da inovação não estar centrada em África, a complexidade crescente das tecnologias torna-as mais difíceis de absorver por populações envelhecidas. Ora, os nativos digitais do futuro estão em África. Em 2050, um em cada dois jovens no mundo será africano. Temos de repensar o conceito de risco. Este ainda é avaliado com base em parâmetros ultrapassados pelas megatendências actuais. Enquanto isso não mudar, continuaremos a negligenciar o papel central que África terá no futuro. Qual seria, a seu ver, o maior passo a ser dado pelos líderes africanos e europeus para garantir que as futuras gerações não herdem estas dinâmicas de poder desigual que ainda dominam estas relações? Acabar com a auto-ilusão. E isso começa por ter a noção de que a maioria dos conceitos que utilizamos hoje para interpretar o processo de desenvolvimento está errada. São conceitos que devem ser cada vez mais ancorados nas experiências recentes, nomeadamente nas transições bem-sucedidas dos países da Ásia, do Sudeste Asiático e, mais recentemente, da Índia. Temos, portanto, um corpo de conhecimento que nos permite sair da auto-ilusão com factos reais. Como foi possível, por exemplo, que um país como o Vietname se transforme num colosso exportador, como é hoje? Como foi possível que um país com índices de pobreza muito elevados, como o Laos, consiga alcançar, digamos, patamares aceitáveis de desenvolvimento? Como é que um país como Bangladesh, que era um dos países com maior densidade populacional entre os menos desenvolvidos, seja hoje uma potência industrial? Portanto, temos exemplos concretos. E esses exemplos, infelizmente, não são frequentemente encontrados em África.

TransLash Podcast with Imara Jones
Transgender Ideology-Inspired Violence and Extremism (TIVE)

TransLash Podcast with Imara Jones

Play Episode Listen Later Oct 16, 2025 58:28


Last month, reports surfaced that the FBI is considering a new domestic terrorism category: “Transgender Ideology-Inspired Violence and Extremism,” or TIVE. In today's episode, Imara unpacks what that means—and why it's so dangerous. First, Dr. Cynthia Miller-Idriss lays out the state of violent extremism across the political spectrum and why the far-right has turned trans people into scapegoats. Then, R.G. Cravens from the Southern Poverty Law Center discusses how a TIVE designation could create permission structures for white supremacist and anti-LGBTQ violence. Despite their dire warnings, both guests also share where they're finding hope in the fight against domestic violent extremism and disinformation.Check out Season 3 of the Anti-Trans Hate Machine here.Send your trans joy recommendations to translash_podcast @ translash [dot] org Follow TransLash Media @translashmedia on TikTok, Instagram, Threads, Bluesky, X, and Facebook.Follow Imara Jones on Instagram (@Imara_jones_), Threads (imara_jones_), Bluesky (imarajones.bsky.social), X (@ImaraJones)TransLash Podcast is produced by TransLash Media. Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.

Desabafo
Tive o ROSTO DESTRUÍDO por uma STALKER

Desabafo

Play Episode Listen Later Oct 16, 2025 106:01


Lívia achava que tinha encontrado o amor da vida dela em um aplicativo, mas o que parecia o início de um conto de fadas virou o pior pesadelo da sua vida.A ex-companheira dele nunca aceitou o fim da relação — e movida por ciúmes, obsessão e raiva, transformou a vida de Lívia em uma sequência de ameaças, perseguições e ataques.Essa é uma história real sobre obsessão amorosa, trauma, sobrevivência e justiça.Um relato de uma mulher que enfrentou o medo, as marcas físicas e emocionais, e encontrou força para se reerguer.Entre o amor e o ódio, entre o perdão e a vingança, essa história mostra até onde pode chegar uma pessoa quando o amor vira doença.

Família Hoje
Sou casada há 15 anos e não tive filhos

Família Hoje

Play Episode Listen Later Oct 13, 2025 6:03


Episódio do dia 13/10/2025, com o tema: Sou casada há 15 anos e não tive filhos. Apresentação: Kléber Lima e Kaká Rodrigues Cada pessoa, cada casal e cada família têm a sua própria história. E para todos os casos, o Senhor reserva experiências maravilhosas. See omnystudio.com/listener for privacy information.

NO LIMITE DO STRESS
Nunca fui workaholic e tive um burnout

NO LIMITE DO STRESS

Play Episode Listen Later Oct 12, 2025 14:12


6 COISAS IMPORTANTES:1 - AULÕES PARA RESOLVER ESSE BURNOUT AÍ:Aulão TENHO BURNOUT: E AGORA?E aulão ESTILO DE VIDA NO BURNOUTTodas as informações e links dos dois aulões aqui: https://abreai.com/auloesdaroberta2 - DESCONTO E BENEFÍCIOS PARA ASSINAR O LOJONG:Assine o Lojong com TRINTA dias de teste gratuito e descontão (e pode parcelar em 12 vezes) usando esse link: ⁠https://lojongapp.com/af/ROBERTACARUSI⁠ (pagamento pela Hotmart);Ou vc pode usar o cupom ROBERTACARUSI, dentro do próprio app, se tiver Android. Mas, se vc tiver IOS, para usar o cupom dentro do app é preciso ir por esse link: https://lojongapp.com/convite3 – MANDE SEU DEPOIMENTO PARA O QUADRO “NÃO É SÓ COM VC”: https://abreai.com/depoimento4 - SE INSCREVA LÁ NO INSTAGRAM: @robertacarusi5 – CONHEÇA MEUS CANAIS NO YOUTUBE”- canal de vídeos: https://www.youtube.com/@robertacarusi1- canal de aulas: https://www.youtube.com/@RobertaCarusi36 - COMPRE MEUS LIVROS:- No Limite do Stress (2018): https://abreai.com/nolimite- Pequeno Manual do Burnout (2024): https://abreai.com/pequenomanualEspero que esse vídeo tenha te ajudado de alguma forma :)

Alta Definição
Eduardo Sá: “Ensinei toda a minha vida o sistema nervoso. Quando desmaiei e tive o azar de fraturar a coluna percebi o que tinha em mãos, fiquei absolutamente imóvel”

Alta Definição

Play Episode Listen Later Oct 11, 2025 56:32


Eduardo Sá, psicólogo clínico e psicanalista, é o convidado de Daniel Oliveira no Alta Definição. Recorda a infância e o sonho de ser escritor, até que uma professora o fez despertar para a psicologia. Com vários livros publicados sobre educação, acredita que um bom pai é “alguém que faz uma asneira de oito em oito horas, um bocado como os antibióticos”. “Os pais às vezes educam as crianças para serem grandes, quando as deviam educar para serem capazes de crescer”, reforça o psicólogo, que aponta ser essencial as crianças brincarem. Durante a pandemia, um acidente em casa fez com que ficasse numa cadeira de rodas. “Fiz questão de ter alta numa sexta-feira 13. É uma maneira de dizer: ‘Se isto foi uma questão de azar, vamos ver quem manda nisto’”, afirma Eduardo Sá. O psicólogo critica ainda a falta de acessibilidade que existe por todo o país para quem está numa cadeira de rodas. Ouça a conversa intimista no Alta Definição, em podcast, emitido na SIC a 11 de outubro.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - A Beleza das Pequenas Coisas
Kiko is Hot (parte 2): “Nunca tive escolha de só fazer rir sem levantar punho sobre questões fraturantes porque nunca encaixei num molde”

Expresso - A Beleza das Pequenas Coisas

Play Episode Listen Later Oct 11, 2025 56:46


Nesta segunda parte da conversa do podcast “A Beleza das Pequenas Coisas”, o apresentador, influencer e criador de conteúdos Kiko is Hot fala do tempo excessivo que ele e muitas pessoas da sua geração passam agarradas ao ecrã num scroll infinito, reflete sobre o impacto que isso tem na saúde mental e revela que foi diagnosticado há uns anos com uma depressão que tem tratado com terapia e medicação. “Ajudou-me a sair de um lugar muito difícil.” E aqui revela sobre como olha para o seu futuro e o programa de rádio que este ano irá conduzir na Cidade FM. Depois partilha as músicas que o acompanham, lê um excerto de um texto que o tocou em particular e deixa algumas sugestões culturais. Boas escutas!See omnystudio.com/listener for privacy information.

… em 40 minutos
Mickael Carreira: ​​"Quando parei, tive medo que o público se esquecesse de mim"

… em 40 minutos

Play Episode Listen Later Sep 28, 2025 42:05


Cresceu a viver comparações e a carregar um apelido pesado. Do medo de parar ao privilégio de escrever a sua história à sua maneira, Mickael Carreira abre o coração sobre o palco, o amor e o futuro. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Conversas de Fim de Tarde
Mickael Carreira: ​​"Quando parei, tive medo que o público se esquecesse de mim"

Conversas de Fim de Tarde

Play Episode Listen Later Sep 28, 2025 42:05


Cresceu a viver comparações e a carregar um apelido pesado. Do medo de parar ao privilégio de escrever a sua história à sua maneira, Mickael Carreira abre o coração sobre o palco, o amor e o futuro. See omnystudio.com/listener for privacy information.

The Logistics of Logistics Podcast
How Tive is Making Supply Chain Safer and Smarter with Richie Daigle

The Logistics of Logistics Podcast

Play Episode Listen Later Sep 23, 2025 60:23


In “How Tive is Making Supply Chain Safer and Smarter”, Joe Lynch and Richie Daigle, Enterprise Account Executive at Tive, discuss how Tive's comprehensive solution of hardware, software, and 24/7 monitoring provides real-time, end-to-end visibility for sensitive and high-value cargo to prevent theft, damage, and spoilage through data-driven decisions and proactive intervention. About Richie Daigle Richie Daigle has an extensive experience in the transportation and supply chain data visibility space—from podcast host to blog writer to all-around industry resource. Richie actively listens to what his customers need and helps them identify the best use case to suit their needs. Prior to Tive, Richie was the SONAR Enterprise Account Executive at FreightWaves, where he was the only account executive to meet quota two years in a row. In his younger days, Richie was a pitcher in the San Diego Padres system: from 2005 until 2008, he played for the Lake Elsinore Storm (CA) and Portland Beavers in the minor leagues. The skills he learned playing baseball—including character traits such as honesty, integrity, loyalty, perseverance, self-control, and personal initiative—continue to drive Richie to this day. About Tive Founded in 2015, Tive is the global leader in supply chain and logistics visibility solutions. More than 1,000 global shippers, logistics service providers, and retailers use Tive to monitor shipment location and condition in real time, gain actionable insights, and ensure end-customer satisfaction. Tive's cloud platform, patented sensor technology, and 24/7 Live Monitoring services reduce excursions and delays, minimize rejected loads, and decrease theft, damage, and spoilage. Customers count on Tive to ensure that shipments are delivered on time and in full—because every shipment matters. For more information, visit www.tive.com. Key Takeaways: How Tive is Making Supply Chain Safer and Smarter Focus on Sensitive and High-Value Cargo: Tive's solutions are tailored for industries where shipment integrity is critical, including perishable goods like produce, pharmaceuticals, and high-value freight that is susceptible to theft. Comprehensive Condition Monitoring: The Tive tracker goes beyond location tracking to provide crucial data on the environmental conditions of a shipment, including temperature, humidity, shock/drop, and light. Proactive Security: Instead of just reacting to issues, Tive's layered solution provides real-time alerts that allow businesses to intervene and prevent problems—like theft, spoilage, or damage—before they escalate. The Tive Solution is a Trio of Components: Tive provides a complete solution that combines three essential elements: compact tracker hardware, a robust cloud-based software platform for insights, and a dedicated team for 24/7 live monitoring. Preventing Cargo Theft: By providing continuous visibility, data, and proactive alerts, Tive's solutions are a powerful tool against cargo theft, helping to identify suspicious activity and deter criminals. End-to-End Visibility: The combination of hardware, software, and live monitoring ensures a comprehensive, end-to-end view of the shipment's entire journey, from origin to destination. Empowering Data-Driven Decisions: The data collected by Tive's sensors gives businesses the insights needed to make informed decisions, optimize their supply chains, and improve overall operational efficiency. Learn More About Supply Chain Safer and Smarter with Richie Daigle Richie Daigle | Linkedin Tive | Linkedin Tive The State of Visibility 2025 report How Pharma Supply Chain Leaders are Mitigating Rising Security Risks with Visibility Technology The Logistics of Logistics Podcast If you enjoy the podcast, please leave a positive review, subscribe, and share it with your friends and colleagues. The Logistics of Logistics Podcast: Google, Apple, Castbox, Spotify, Stitcher, PlayerFM, Tunein, Podbean, Owltail, Libsyn, Overcast Check out The Logistics of Logistics on Youtube  

Em directo da redacção
“A dança em Moçambique está a ferver”

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Sep 23, 2025 9:53


A frase é dita por uma bailarina e coreógrafa, ainda que a própria reconheça que elas “são poucas em Moçambique e até em África”. É durante a Bienal de Dança de Lyon, que decorre até 28 de Setembro, que Janeth Mulapha nos lembra que “a dança em Moçambique está a ferver” e não é de agora. Nesta conversa sobre dança contemporânea, mulheres, arte e mercados, Janeth Mulapha desafia os programadores a sairem da zona de conforto e a olharem para Moçambique. Há dois anos, na Bienal de Dança de Lyon, Quito Tembe, o director artístico do festival moçambicano Kinani, dizia-nos que se estava a viver “um momento histórico” para Moçambique na dança contemporânea. Nesta edição, Quito Tembe trouxe Ídio Chichava, o coreógrafo moçambicano que tem corrido palcos internacionais, nomeadamente os franceses, e que é um dos destaques no programa desta Bienal de Lyon, um dos maiores eventos da dança contemporânea. “A dança em Moçambique está a ferver”, diz-nos a coreógrafa e bailarina Janeth Mulapha, que aguarda pela sua oportunidade para mostrar o seu trabalho em Lyon e que lembra que Moçambique está a fazer história há bastante tempo, mas as atenções não estavam para ali viradas. Janeth Mulapha lembra que “a semente” lançada por Ídio Chichava também tinha sido semeada pelos coreógrafos Panaibra Gabriel, Horácio Macuacua e Augusto Cuvilas. Ela trabalhou com todos como bailarina, mas também é coreógrafa e as suas criações olham para a vida das mulheres em Moçambique. Janeth Mulapha lembra que artistas bailarinas e coreógrafas “são poucas em Moçambique e até em África”, mas são essas lutas quotidianas das mulheres que fazem “ferver” as suas peças e alimentam as suas criações. No final de Novembro, uma delas, “Filhas do Índico-NZULA”, poderá ser vista no Kinani, em Maputo. Nesta conversa realizada nos corredores da Bienal de Dança de Lyon, Janeth Mulapha lembra que o mundo não é feito de uma só cor e desafia os programadores a sairem da zona de conforto, a olharem para novos talentos e a arriscarem em Moçambique.   RFI: Veio a esta Bienal de Dança de Lyon à procura de oportunidades? Ou para vincar que este lugar também é vosso e que a dança moçambicana está a impor-se, nomeadamente com o Ídio Chichava a apresentar aqui uma peça que já rodou em várias outras cidades francesas, incluindo em Paris? Janeth Mulapha, coreógrafa e bailarina: “Estar na Bienal é vir ver as propostas que a bienal contém e levar daqui um aprendizado de como é estar nestes mercados. Sim, estamos aqui representados pelo Ídio Chichava, mas creio que serei a próxima a fazer aqui a minha apresentação também dos meus trabalhos e que a dança em Moçambique está a ferver. De facto, estamos há bastante tempo nessa afirmação e satisfatoriamente podemos dizer hoje que sim, Moçambique existe, porque existimos já há um tempo, mas é continuar a dizer que estamos ali firmes e que não estamos a abandonar este assunto que levamos muito a sério. É uma forma de vir aqui afirmar que existe um lugar onde tem que se ir, que é Moçambique, que a dança em Moçambique fala também a voz do mundo.” A Janeth Mulapha é uma das vozes e um dos corpos que fazem ferver essa dança em Moçambique. Quer falar-nos de si e do trabalho que tem desenvolvido? “Sim, eu e o Ídio praticamente trabalhamos de forma meio parecida, mas eu sou mais à procura do género, eu estou mais no género feminino, sou mulher e somos poucas em Moçambique, e até em África, como bailarinas e coreógrafas porque não é fácil. Eu sou mãe, sou esposa, são multitarefas que eu tenho para além de ser artista. Ser artista em África e, ao mesmo tempo, poder fazer as outras tarefas, eu sempre digo que ser mulher é uma empresa, é criar uma empresa, e empresa não é para pequena gente. Para mim, como Janeth, eu estou mais na afirmação do género, trabalho muito com mulheres. Em África dançamos todos os dias, acordamos dançando, as mulheres dançam, vão ao mercado e dançam, estão a cozinhar e dançam. Eu  não vou à procura da estética de alguém que tem uma estética para ser bailarino. Não. Para mim, todo o mundo pode dançar e a partir do momento em que elas podem dançar, eu danço com elas e procuro nelas esses desafios todos que nós enfrentamos diariamente porque acordamos muitas vezes com muitas incertezas, não sabemos se voltamos com alguma coisa para casa. Eu danço essas coisas, danço essa vivência, danço esse quotidiano feminino.” Há temas específicos à identidade, entre aspas, moçambicana feminina? “Existem, sim. Eu, por exemplo, neste último trabalho que vou fazer e que vou apresentar na Bienal da Dança em Moçambique é a partir de uma dança tradicional moçambicana que se chama Tufo, do Norte de Moçambique, da Ilha de Moçambique, que é feita por mulheres. Neste projecto, trabalho muito com senhoras com idade muito avançada que cantam, dançam e estamos ali sem rigidez. Nós dançamos a vida, dançamos o que a gente sente, o que a gente chora, o que a gente contempla, o que a gente agradece. A gente dança o nascimento de uma criança, a gente dança os nossos divórcios, a gente dança os nossos encontros.” Numa conferência na Bienal, o Ídio Chichava dizia que a Janeth Mulapha é como ele no que toca ao abrir a casa às pessoas para elas entrarem e dançarem. É assim que funciona este processo de criação? É na partilha? “Claramente, o Ídio disse tudo. Nós, em Moçambique abrimos as portas, muitas vezes eu, como coreógrafa, procuro um espaço, pago o tal espaço, mas abro exactamente para que tenha mais meninas que venham estar connosco nestas partilhas. É partilha mesmo porque do mesmo jeito que eu dou, também recebo. Muitas vezes as criações vão surgindo dessa forma, a gente vai criando com base naquilo que está ali e experiencia. Alguém que chegou é nova, mas não é nova, porque traz uma bagagem de história que podemos partilhar e fazemos dessa partilha alguma coisa que depois misturamos e cozinhamos ali qualquer coisa. Eu vou para as práticas do Ídio, eu vejo as bailarinas, ele também vem para as minhas práticas, espreita também. Então, há muita coisa de família, de estarmos ali. Não procuramos o perfeito porque para mim todos dançamos. Seguimos essas sinergias de estarmos todos juntos sempre e partilharmos. E sim, eu sou resiliente porque muitas vezes não tenho nada para oferecer, às vezes, só uma garrafa de água e ficamos ali a partilhar cinco litros de água e cada um vai bebendo e vamos continuar com nossas práticas. Nós abrimos as portas para todo o mundo e damos aquilo que nós também já vimos aprendendo ao redor do mundo porque também trabalhei com uma companhia por muito tempo. Neste processo de pesquisa e tudo o mais, gostamos muito e vamos partilhando com a nova geração. Nova geração, entre aspas, porque estou a trabalhar agora com senhoras de 60 e 50 anos, não é nenhuma nova geração, mas são pessoas que são novas no estilo de dança que fazemos que é a dança contemporânea, mas tem tradição. Então, a partir da sua tradição, das danças tradicionais, vamos seguindo para uma viagem em que descobrimos que afinal o Tufo tem variantes, que é o tal contemporanizar o próprio Tufo, sem destruir aquilo que é o tradicional.” Que oportunidades é que esta bienal europeia pode trazer? “Há muita coisa boa a andar pelo mundo, que está no mundo e que está muito fechado, precisa de oportunidades, precisa de ser visto. Para mim, estar aqui foi muito mais do que pensar em essas oportunidades de circulação. Eu preciso circular, quero circular. Eu vejo aqui a oportunidade de poder pôr o meu trabalho na estrada, de poder circular, de poder também fazer residências, de poder ver se aperfeiçoo.” Esta Bienal de Dança de Lyon abriu portas? “Eu acho que abriu. Tive muitos encontros, muita gente com muito interesse em perceber quem sou eu e onde estou naquele lugar, por exemplo, que o Ídio já abriu, que é essa semente que ele lançou e que é que estamos em Moçambique e que já vinha sendo lançada por outros, pelo Panaibra Gabriel, pelo Horácio Macuacua. Fiz parte desses grupos desses dois coreógrafos pioneiros. Depois, com o Ídio e mesmo com o falecido Augusto Cuvilas, estamos mesmo com uma espécie de uma estrada, uma estrutura meio organizada. Estar aqui, para mim, é dizer que, sim, nós existimos  e olhem para estas novas coisas que existem.” Até agora, a Bienal de Dança de Lyon e outros festivais europeus não estavam voltados para Moçambique? “Eu não sei dizer se não estavam ou se é porque tinham algumas coisas quadradas. Os programadores vão ao festival e já sabem exactamente o que querem, sem sequer darem a oportunidade de ver também o que existe de novo porque têm uma aliança com algumas pessoas que já estão super estabelecidas e têm a certeza que elas não desiludem no trabalho final que entregam. Eu acho que há falta de vontade em se arriscar nos novos talentos. Eu acho que os que já estão estabelecidos devem poder dar a oportunidade aos novos para que a coisa continue a refrescar. Eu acho que precisamos de fazer com que essa roda não pare. Hoje foi você, amanhã o fulano e eu refresco-me com base naquilo que eu vejo que você trouxe de modo a que o mundo não fique com uma só cor porque parece que estão a pintar com uma única cor e, no entanto, tem várias cores a serem usadas, o mundo é super colorido, então não entendo como é que se fixa muito. Não digo que está errado, mas acho que é só uma questão de segurança, sabem o que é que vai dar, sabem qual é o deliver, mas eu acho que é preciso arriscar e estamos aqui prontas para isso.”

Convidado
“A dança em Moçambique está a ferver”

Convidado

Play Episode Listen Later Sep 23, 2025 9:53


A frase é dita por uma bailarina e coreógrafa, ainda que a própria reconheça que elas “são poucas em Moçambique e até em África”. É durante a Bienal de Dança de Lyon, que decorre até 28 de Setembro, que Janeth Mulapha nos lembra que “a dança em Moçambique está a ferver” e não é de agora. Nesta conversa sobre dança contemporânea, mulheres, arte e mercados, Janeth Mulapha desafia os programadores a sairem da zona de conforto e a olharem para Moçambique. Há dois anos, na Bienal de Dança de Lyon, Quito Tembe, o director artístico do festival moçambicano Kinani, dizia-nos que se estava a viver “um momento histórico” para Moçambique na dança contemporânea. Nesta edição, Quito Tembe trouxe Ídio Chichava, o coreógrafo moçambicano que tem corrido palcos internacionais, nomeadamente os franceses, e que é um dos destaques no programa desta Bienal de Lyon, um dos maiores eventos da dança contemporânea. “A dança em Moçambique está a ferver”, diz-nos a coreógrafa e bailarina Janeth Mulapha, que aguarda pela sua oportunidade para mostrar o seu trabalho em Lyon e que lembra que Moçambique está a fazer história há bastante tempo, mas as atenções não estavam para ali viradas. Janeth Mulapha lembra que “a semente” lançada por Ídio Chichava também tinha sido semeada pelos coreógrafos Panaibra Gabriel, Horácio Macuacua e Augusto Cuvilas. Ela trabalhou com todos como bailarina, mas também é coreógrafa e as suas criações olham para a vida das mulheres em Moçambique. Janeth Mulapha lembra que artistas bailarinas e coreógrafas “são poucas em Moçambique e até em África”, mas são essas lutas quotidianas das mulheres que fazem “ferver” as suas peças e alimentam as suas criações. No final de Novembro, uma delas, “Filhas do Índico-NZULA”, poderá ser vista no Kinani, em Maputo. Nesta conversa realizada nos corredores da Bienal de Dança de Lyon, Janeth Mulapha lembra que o mundo não é feito de uma só cor e desafia os programadores a sairem da zona de conforto, a olharem para novos talentos e a arriscarem em Moçambique.   RFI: Veio a esta Bienal de Dança de Lyon à procura de oportunidades? Ou para vincar que este lugar também é vosso e que a dança moçambicana está a impor-se, nomeadamente com o Ídio Chichava a apresentar aqui uma peça que já rodou em várias outras cidades francesas, incluindo em Paris? Janeth Mulapha, coreógrafa e bailarina: “Estar na Bienal é vir ver as propostas que a bienal contém e levar daqui um aprendizado de como é estar nestes mercados. Sim, estamos aqui representados pelo Ídio Chichava, mas creio que serei a próxima a fazer aqui a minha apresentação também dos meus trabalhos e que a dança em Moçambique está a ferver. De facto, estamos há bastante tempo nessa afirmação e satisfatoriamente podemos dizer hoje que sim, Moçambique existe, porque existimos já há um tempo, mas é continuar a dizer que estamos ali firmes e que não estamos a abandonar este assunto que levamos muito a sério. É uma forma de vir aqui afirmar que existe um lugar onde tem que se ir, que é Moçambique, que a dança em Moçambique fala também a voz do mundo.” A Janeth Mulapha é uma das vozes e um dos corpos que fazem ferver essa dança em Moçambique. Quer falar-nos de si e do trabalho que tem desenvolvido? “Sim, eu e o Ídio praticamente trabalhamos de forma meio parecida, mas eu sou mais à procura do género, eu estou mais no género feminino, sou mulher e somos poucas em Moçambique, e até em África, como bailarinas e coreógrafas porque não é fácil. Eu sou mãe, sou esposa, são multitarefas que eu tenho para além de ser artista. Ser artista em África e, ao mesmo tempo, poder fazer as outras tarefas, eu sempre digo que ser mulher é uma empresa, é criar uma empresa, e empresa não é para pequena gente. Para mim, como Janeth, eu estou mais na afirmação do género, trabalho muito com mulheres. Em África dançamos todos os dias, acordamos dançando, as mulheres dançam, vão ao mercado e dançam, estão a cozinhar e dançam. Eu  não vou à procura da estética de alguém que tem uma estética para ser bailarino. Não. Para mim, todo o mundo pode dançar e a partir do momento em que elas podem dançar, eu danço com elas e procuro nelas esses desafios todos que nós enfrentamos diariamente porque acordamos muitas vezes com muitas incertezas, não sabemos se voltamos com alguma coisa para casa. Eu danço essas coisas, danço essa vivência, danço esse quotidiano feminino.” Há temas específicos à identidade, entre aspas, moçambicana feminina? “Existem, sim. Eu, por exemplo, neste último trabalho que vou fazer e que vou apresentar na Bienal da Dança em Moçambique é a partir de uma dança tradicional moçambicana que se chama Tufo, do Norte de Moçambique, da Ilha de Moçambique, que é feita por mulheres. Neste projecto, trabalho muito com senhoras com idade muito avançada que cantam, dançam e estamos ali sem rigidez. Nós dançamos a vida, dançamos o que a gente sente, o que a gente chora, o que a gente contempla, o que a gente agradece. A gente dança o nascimento de uma criança, a gente dança os nossos divórcios, a gente dança os nossos encontros.” Numa conferência na Bienal, o Ídio Chichava dizia que a Janeth Mulapha é como ele no que toca ao abrir a casa às pessoas para elas entrarem e dançarem. É assim que funciona este processo de criação? É na partilha? “Claramente, o Ídio disse tudo. Nós, em Moçambique abrimos as portas, muitas vezes eu, como coreógrafa, procuro um espaço, pago o tal espaço, mas abro exactamente para que tenha mais meninas que venham estar connosco nestas partilhas. É partilha mesmo porque do mesmo jeito que eu dou, também recebo. Muitas vezes as criações vão surgindo dessa forma, a gente vai criando com base naquilo que está ali e experiencia. Alguém que chegou é nova, mas não é nova, porque traz uma bagagem de história que podemos partilhar e fazemos dessa partilha alguma coisa que depois misturamos e cozinhamos ali qualquer coisa. Eu vou para as práticas do Ídio, eu vejo as bailarinas, ele também vem para as minhas práticas, espreita também. Então, há muita coisa de família, de estarmos ali. Não procuramos o perfeito porque para mim todos dançamos. Seguimos essas sinergias de estarmos todos juntos sempre e partilharmos. E sim, eu sou resiliente porque muitas vezes não tenho nada para oferecer, às vezes, só uma garrafa de água e ficamos ali a partilhar cinco litros de água e cada um vai bebendo e vamos continuar com nossas práticas. Nós abrimos as portas para todo o mundo e damos aquilo que nós também já vimos aprendendo ao redor do mundo porque também trabalhei com uma companhia por muito tempo. Neste processo de pesquisa e tudo o mais, gostamos muito e vamos partilhando com a nova geração. Nova geração, entre aspas, porque estou a trabalhar agora com senhoras de 60 e 50 anos, não é nenhuma nova geração, mas são pessoas que são novas no estilo de dança que fazemos que é a dança contemporânea, mas tem tradição. Então, a partir da sua tradição, das danças tradicionais, vamos seguindo para uma viagem em que descobrimos que afinal o Tufo tem variantes, que é o tal contemporanizar o próprio Tufo, sem destruir aquilo que é o tradicional.” Que oportunidades é que esta bienal europeia pode trazer? “Há muita coisa boa a andar pelo mundo, que está no mundo e que está muito fechado, precisa de oportunidades, precisa de ser visto. Para mim, estar aqui foi muito mais do que pensar em essas oportunidades de circulação. Eu preciso circular, quero circular. Eu vejo aqui a oportunidade de poder pôr o meu trabalho na estrada, de poder circular, de poder também fazer residências, de poder ver se aperfeiçoo.” Esta Bienal de Dança de Lyon abriu portas? “Eu acho que abriu. Tive muitos encontros, muita gente com muito interesse em perceber quem sou eu e onde estou naquele lugar, por exemplo, que o Ídio já abriu, que é essa semente que ele lançou e que é que estamos em Moçambique e que já vinha sendo lançada por outros, pelo Panaibra Gabriel, pelo Horácio Macuacua. Fiz parte desses grupos desses dois coreógrafos pioneiros. Depois, com o Ídio e mesmo com o falecido Augusto Cuvilas, estamos mesmo com uma espécie de uma estrada, uma estrutura meio organizada. Estar aqui, para mim, é dizer que, sim, nós existimos  e olhem para estas novas coisas que existem.” Até agora, a Bienal de Dança de Lyon e outros festivais europeus não estavam voltados para Moçambique? “Eu não sei dizer se não estavam ou se é porque tinham algumas coisas quadradas. Os programadores vão ao festival e já sabem exactamente o que querem, sem sequer darem a oportunidade de ver também o que existe de novo porque têm uma aliança com algumas pessoas que já estão super estabelecidas e têm a certeza que elas não desiludem no trabalho final que entregam. Eu acho que há falta de vontade em se arriscar nos novos talentos. Eu acho que os que já estão estabelecidos devem poder dar a oportunidade aos novos para que a coisa continue a refrescar. Eu acho que precisamos de fazer com que essa roda não pare. Hoje foi você, amanhã o fulano e eu refresco-me com base naquilo que eu vejo que você trouxe de modo a que o mundo não fique com uma só cor porque parece que estão a pintar com uma única cor e, no entanto, tem várias cores a serem usadas, o mundo é super colorido, então não entendo como é que se fixa muito. Não digo que está errado, mas acho que é só uma questão de segurança, sabem o que é que vai dar, sabem qual é o deliver, mas eu acho que é preciso arriscar e estamos aqui prontas para isso.”

Ciência
"Não existe na Guiné-Bissau nenhuma organização que lida com segurança digital"

Ciência

Play Episode Listen Later Sep 15, 2025 10:22


Neste magazine 'Ciência', abordamos os desafios colocados pelo uso das tecnologias informáticas e pela internet na Guiné-Bissau com um jovem engenheiro, Jeremias Nicolau Fernandes, que acaba de lançar em Agosto, juntamente com uma equipa de informáticos, a ONG 'Jovens Embaixadores da Segurança Digital'. Esta iniciativa educativa e comunitária sem fins lucrativos tem por intuito promover o uso ético da internet e habilitar os jovens face a práticas como o ódio em linha, fraudes como o 'phishing' ou ainda as 'fake news', numa altura em que segundo dados da ONU, quase 60% dos utentes da internet, a nível mundial, estão preocupados com a questão da desinformação. Apaixonado pela informática, Jeremias Nicolau Fernandes cedo se apercebeu que existe ainda alguma reticência geral em usar os meios informáticos nomeadamente para guardar e classificar dados. Ele também refere ter percebido as vantagens que a internet oferece, mas igualmente os perigos a que podem ficar expostos os seus utentes. "As pessoas não estão a usar esse sistema, principalmente o governo. As pessoas têm medo de ser controladas pelo sistema. Há muitas coisas que devem ser informatizadas, que não estão a ser informatizadas, porque as pessoas têm medo de usar internet. Nesse momento, a Guiné-Bissau devia estar noutro nível, porque até agora, a maioria das instituições da Guiné-Bissau não têm banco de dados, não tem um sistema para guardar dados", começa por referir o engenheiro informático. "Tive o privilégio de estudar e lidar com um computador muito cedo, desde 2010. E aí eu fiquei apaixonado. Eu fiz informática básica, depois intermédia. Isso me levou a fazer engenharia informática. E quanto a essa associação, eu estava fazendo pesquisa sobre um outro assunto e deparei-me com esse problema de que não existe nenhuma organização aqui em Guiné-Bissau que lida com esse assunto de segurança digital. É um problema muito sério, mas nos outros países já se trata isso como se fosse um tipo de droga. Aí pensei com a situação que estamos a passar aqui em Guiné-Bissau, vi que é necessário criar essa ONG para sensibilizar, conscientizar a sociedade, dar formação sobre o uso da internet, porque as pessoas são analfabetas sobre o assunto digital. Mesmo as pessoas que se formaram e se tornaram hoje doutores, são analfabetos em assuntos digitais. Não têm noção de que estão a fazer na internet", constata o líder associativo. "A internet hoje está a propagar o discurso de ódio, 'cyberbullying' e está a acontecer neste momento o 'phishing'. As pessoas que estão por trás criam uma conta falsa para atrair outras pessoas. Isso está a afectar as pessoas aqui em Guiné-Bissau, porque há muito desemprego. As pessoas criam uma conta ou um 'site' falso. Eles postam esse anúncio para atrair as pessoas, enquanto têm uma outra intenção", refere Jeremias Nicolau Fernandes. É neste contexto que surge a ideia de criar a ONG 'Jovens Embaixadores da Segurança Digital', o engenheiro informático referindo ter uma equipa à volta dele, com o projecto de trabalhar em todo o país e "não exclusivamente em Bissau". Apesar de não beneficiar ainda de apoios, por "estar ainda a criar esse movimento", o coordenador desta associação que pretende, para já, dar formações de dois dias por cada grupo, mostra-se convicto de que "esse projecto será uma ponte". "Vamos começar com a formação de jovens como multiplicadores, porque vamos formar esses jovens líderes que vão poder multiplicar para formar outros jovens também nas comunidades. Logo, vamos começar com pequenos grupos de jovens nas comunidades, dar uma formação, pode ser também em escolas", refere ainda o engenheiro informático ao indicar estar em contacto com o Ministério da Educação neste âmbito. "O meu sonho é de de formar, de mudar a sociedade, porque esse é o objectivo, de fazer com que as pessoas entendam realmente o que é a internet. Espero que isso mais tarde, possa impactar a sociedade, possa educar, porque é um assunto muito importante", remata Jeremias Nicolau Fernandes.

Beercast Brasil
BC#613 – Valentine Mangez, Cônsul Geral da Bélgica em São Paulo

Beercast Brasil

Play Episode Listen Later Sep 9, 2025 37:15


Tive a grande honra de visitar a residência consular da Bélgica em São Paulo para entrevistar simpaticíssima Cônsul Geral, Valentine Mangez. Com a participação de Marcel Ocampo, falamos a respeito dos trabalhos inerentes a diplomacia e, claro, sobre cerveja.

Medicos Hands-on
Eu era uma PESSOA NORMAL antes do AVC! @juliaguglielmi

Medicos Hands-on

Play Episode Listen Later Sep 6, 2025 77:07


Julia Guglielmi, médica formada pela Faculdade de Medicina do ABCDr Marcelo de Lima Oliveira, neurocirurgião, Doutor pelo HCFMUSPDr Edson Bor-Seng-Shu, Professor Livre Docente HCFMUSP Em 14 de dezembro de 2014, minha vida mudou. Eu tive o derrame cerebral (AVC isquêmico) extenso que me deixou afásica e com o lado direito do corpo paralisado. Além disso, passei por uma cirurgia para tirar um pedaço do osso no lado esquerdo da cabeça a fim de evitar aumento da pressão intracraniana. Fiquei monossilábica: só falava sim e não e aos poucos recuperei parcialmente a capacidade de falar e os movimentos no lado paralisado. O derrame cerebral me ensinou sobre fragilidade, força e resiliência. O caminho foi longo, cheio de desafios, incertezas e pequenas vitórias diárias. E hoje, olhando para trás, vejo que cada passo valeu a pena. Tive o AVC no quarto ano do curso de medicina. Quinze dias depois da alta hospitalar voltei para a faculdade com incentivo do meu neurologista: se eu quisesse melhorar deveria frequentar as aulas e foi o que eu fiz. Cheguei lá e foi um choque: não conseguia entender absolutamente nada! Aos poucos, com ajuda dos meus colegas, professores, com incentivo da minha avó e dos meus pais fui gradativamente recuperando a minha cognição e a capacidade de entender as coisas. Além disso, houve tratamento intenso de fisioterapia e fonoaudiologia. Foram 9 anos para concluir minha graduação de medicina. Foram anos difíceis e Agora, eu sou finamente sou médica! A próxima etapa é passar na prova de residência média para radiologia, já que por estar com um lado do corpo mais fraco, não poderei ser cirurgiã que era meu objetivo.A vida é um presente, e cada conquista, uma prova de que nada é impossível. #avcisquemico #sequelas

Presente Diário
Para o bem?!

Presente Diário

Play Episode Listen Later Sep 3, 2025 3:27


Devocional do dia 03/09/2025 com o Tema: “Para o bem?!”Minha recente viagem à África não começou bem. Tive problemas no guichê, meu voo atrasou e perdi a conexão na Alemanha. Chegando em Frankfurt, soube que o próximo avião partiria em 12 horas! Recebi vouchers para uma noite no hotel e dois táxis, de ida e volta. Confesso que relutei em aceitar que “todas as coisas cooperam para o bem”.LEITURA BÍBLICA: Romanos 8.28-30 Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28, ARA). See omnystudio.com/listener for privacy information.

Fala Agora
EP 282 - Bombeiro da Madeira, Amar Tascas Portuguesas, Barbeiros estão descontrolados e ser Pai de um apêndice.

Fala Agora

Play Episode Listen Later Sep 1, 2025 21:51


Yooo, mékié? Tive aí uma semana chill intercalada com alguns ataques de pânico, o normal. Fui muito feliz a comer e isso é o mais importante. Também falei de idas ao barbeiro que estão descontroladas e do Bombeiro da Madeira. Para a semana já devo trazer aí novidades fixes. Ou então é só mais um bait.Links homeopáticos -⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠https://linktr.ee/joaonunogoncalo⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠Sem preciosas perguntas

Expresso - Blitz Posto Emissor
Os mais ouvidos de 2025, com Bárbara Bandeira: “Deixei os estudos assim que pude. Não é bom exemplo, mas tive péssimas experiências na escola”

Expresso - Blitz Posto Emissor

Play Episode Listen Later Aug 22, 2025 79:58


Na pausa de agosto do Posto Emissor, recordamos algumas das edições mais ouvidas ao longo do ano. Em março, quando dava início do projeto “Lusa”, Bárbara Bandeira foi convidada do podcast da BLITZ, tendo abordado o sonho da internacionalização, o convite inesperado dos Coldplay, as amizades com Carminho e Carolina Deslandes e o ‘bullying’ que sofreu na escola.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Bom Sai
T2 | Ep.50 - Ficar sem sanita e comemorar o aniversário

Bom Sai

Play Episode Listen Later Aug 21, 2025 21:51


Tive um dia feliz - fui obrigada a ser adulta, de uma forma que até foi leve e rápida - não posso pedir mais. Estas e outras histórias (incluindo uma queda aparatosa) estão aqui para vos fazer companhia! -- PICNIC COMUNIDADE VEGETAL: 31 de agosto Envia email para info@anaruasmelonutricionista.pt para saberes mais anaruasmelonutricionista.pt/ www.instagram.com/anaruasmelo.nutricionista/ www.facebook.com/anaruasmelo.nutricionista/ Contacto: info@anaruasmelonutricionista.pt

PVD Horror
Cogn-AI-tive - Interview with filmmaker Tommy Savas

PVD Horror

Play Episode Listen Later Aug 20, 2025 28:41


Send us a textDirector, writer, producer, and actor Tommy Savas joins us to discuss his upcoming film, Cogn-AI-tive, which will be premiering at FrightFest in London this August. The horror/thriller explores some of the dangers of AI which we dig into as well as Tommy's studio Reckless Content, his acting career, and what it's like to work with your spouse.  Follow us on Social Media: @pvdhorror Instagram, X, TikTok, FacebookWatch us on YouTube: www.youtube.com/@pvdhorrorSpecial thanks to John Brennan for the intro and outro music. Be sure to find his music on social media at @badtechno or the following:https://johnbrennan.bandcamp.com

Without Your Head
Without Your Head : FRIGHTFEST's director Tommy Savas "Cogn-AI-tive"

Without Your Head

Play Episode Listen Later Aug 19, 2025 64:24


Without Your Head Podcast with host Nasty Neal and Tommy Savas director of Cogn-AI-tive premiering at Frightfest!

O Antagonista
Cortes do Papo - Jair Bolsonaro interfere porque precisa de Tarcísio

O Antagonista

Play Episode Listen Later Jul 16, 2025 9:57


Após reclamar da postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no caso do ‘tarifaço', o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) mudou o tom em relação ao ex-ministro:“Tive uma boa e longa conversa agora com o governador Tarcísio de Freitas intermediada pelo Paulo Figueiredo. De lado a lado foram expostos pontos de vista e a conclusão de que ambos atuam na melhor das intenções do interesse dos brasileiros.Visões de mundo diferentes são normais e saudáveis, bem como esta comunicação direta. Vamos adiante debater o que interessa”, afirmou Eduardo no X. Na terça-feira, 15, Bolsonaro já havia dito que estava tudo “pacificado” entre Eduardo e Tarcísio.Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Dennys Xavier comentam:Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do   dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.     Apresentado por Felipe Moura Brasil, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade.     Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.     Ao vivo de segunda a sexta-feira às 18h.    Apoie o jornalismo Vigilante: 10% de desconto para audiência do Papo Antagonista  https://bit.ly/papoantagonista  Siga O Antagonista no X:  https://x.com/o_antagonista   Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp. Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.  https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344  Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br 

Quem Ama Não Esquece
A FILHA QUE EU NUNCA TIVE - HISTÓRIA DO IGOR | QUEM AMA NÃO ESQUECE 10/07/2025

Quem Ama Não Esquece

Play Episode Listen Later Jul 10, 2025 20:39


O Igor se apaixonou pela Lara e o namoro era intenso, mas com o tempo, ela passou a pressionar por casamento e filhos, enquanto ele só queria viver o presente. As brigas foram aumentando, até que o relacionamento chegou ao fim. Igor sofreu, mas acabou conhecendo a Luiza, que o ajudou a se reencontrar. Eles estavam bem, até que ex reapareceu grávida e dizendo que o filho era dele. O Igor ficou confuso, terminou com a Luiza e voltou com a Lara, decidido a tentar formar a família que ela sempre quis. Quando a filha nasceu, ele se entregou por completo, mas semanas depois, veio a verdade: a menina não era dele. O Igor perdeu tudo de novo, o amor, a paz e a confiança e hoje está completamente sozinho, sem Luíza, sem sua família, sem nada…

Dicas Apple by Micro Import
Depoimento Pessoal – Um dos Projetos Mais Maravilhosos que Já Realizei

Dicas Apple by Micro Import

Play Episode Listen Later Jul 3, 2025 7:31


Continuando sobre a ADEVIRP, quero compartilhar um dos trabalhos mais emocionantes e significativos que já fiz com automação residencial: a automação com acessibilidade para pessoas com deficiência visual. Tive a honra de participar desse projeto pensando em cada detalhe para tornar o dia a dia dos alunos mais prático, autônomo e seguro. Quando a equipe da ADEVIRP realiza o plano de atendimento individual, conseguimos personalizar os recursos de automação para atender às necessidades específicas de cada pessoa — e isso ... Saiba Mais > The post Depoimento Pessoal – Um dos Projetos Mais Maravilhosos que Já Realizei appeared first on Micro Import.

Quem Ama Não Esquece
EU TIVE UM CASO SECRETO - RAFAEL | QUEM AMA NÃO ESQUECE 19/06/2025

Quem Ama Não Esquece

Play Episode Listen Later Jun 19, 2025 19:56


O Rafael ficou com a Júlia no passado, mas os dois terminaram e seguiram suas vidas. Mais tarde, o seu melhor amigo disse que estava namorando ela e depois que eles iriam se casar. Por ser próximo, Rafael foi chamado para padrinho, só que, no dia do casamento, a Júlia bebeu demais e acabou dando um beijo nele. Depois de trair o melhor amigo, eles passaram a se encontrar escondidos e ambos não conseguiam se afastar. Tudo acabou quando ela ficou grávida, além da dúvida de quem era o pai, o amor deles acabou depois que a criança nasceu. Hoje, ele não se falam, mas Rafael carrega para sempre o peso da traição e do amor proibido.

Ponto Final, Parágrafo
Episódio 91 - Nuno Duarte, Prémio LeYa 2024: “Até há seis meses nem era escritor. Tive o atrevimento e correu bem”

Ponto Final, Parágrafo

Play Episode Listen Later Jun 16, 2025 54:31


Nuno Duarte passou de desconhecido do público leitor a vencedor do Prémio LeYa. Em 2024, foi o escolhido pelo júri com o seu primeiro livro, “Pés de Barro”, em que ficciona a construção da Ponte sobre o Tejo - hoje Ponte 25 de Abril -, a partir de um pátio em Alcântara, onde vive Victor, que vem trabalhar na ponte, e Dália, a muda que cheira a chocolate.A que chegou a ser Ponte Salazar era, para o escritor, o “símbolo máximo do Estado Novo”. E, nesta entrevista a Magda Cruz, deixa um ponto assente: não podia escrever um livro passado durante o Estado Novo que não batesse no regime. Nuno Duarte nasceu anos antes da Revolução dos Cravos, detesta a ditadura e sublinha que é um tempo a que não quer voltar, apesar de sentir algum saudosismo, nos dias de hoje, vindo de algumas pessoas.Neste episódio do “Ponto Final, Parágrafo”, Nuno Duarte reflete sobre a importância do Prémio LeYa, sobre se tornar escritor e sobre como não sente pressão do mercado editorial para escrever um novo romance. Aliás, já escrevia o segundo livro quando nem sabia da atribuição do prémio, e ideias para três ou quatro livros não lhe faltam, garante.Considera apoiar o podcast no Patreon: patreon.com/pontofinalparagrafoContacto do podcast: ⁠⁠pontofinalparagrafo.fm@gmail.com⁠⁠Segue o Ponto Final, Parágrafo nas redes sociais: Instagram, Twitter e FacebookProdução, apresentação e edição: Magda CruzGenérico: Nuno ViegasLogótipo: Gonçalo Pinto com fotografia de João Pedro Morais

FreightCasts
WHAT THE TRUCK?!? EP847 Autonomous vehicles enter the protest; UNFI cyberattack; tracking freight theft

FreightCasts

Play Episode Listen Later Jun 9, 2025 45:31


On Episode 847 of WHAT THE TRUCK?!?, Dooner is talking about a cyberattack that currently has truckers stuck at United Natural Foods (UNFI), one of America's largest food distributors. How much will it hurt the food supply chain? Autonomous Waymos are being exploited in Los Angeles by protesters who summon them then set them on fire. We'll look at whether autonomous trucks will be exploitable in the future.  According to CargoNet, freight thefts were up 27% from 2023 to 2024. Tive's Richie Daigle stops by the studio to talk about how the company's trackers are recovering stolen loads. Train travel has really fallen off this century, but a new company has eyes on making it great again. Dreamliner's Joshua Dominic tells us about a luxury overnight train from Los Angeles to San Francisco that the company plans to launch prior to the 2028 Olympics. Plus, FMCSA ends DEI rules for CDLs; project44's ambitious new plan; and more.  Catch new shows live at noon EDT Mondays, Wednesdays and Fridays on FreightWaves LinkedIn, Facebook, X or YouTube, or on demand by looking up WHAT THE TRUCK?!? on your favorite podcast player and at 5 p.m. Eastern on SiriusXM's Road Dog Trucking Channel 146. Watch on YouTube Check out the WTT merch store Visit our sponsor Subscribe to the WTT newsletter Apple Podcasts Spotify More FreightWaves Podcasts Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices

What The Truck?!?
Autonomous vehicles enter the protest; UNFI cyberattack; tracking freight theft

What The Truck?!?

Play Episode Listen Later Jun 9, 2025 45:31


On Episode 847 of WHAT THE TRUCK?!?, Dooner is talking about a cyberattack that currently has truckers stuck at United Natural Foods (UNFI), one of America's largest food distributors. How much will it hurt the food supply chain? Autonomous Waymos are being exploited in Los Angeles by protesters who summon them then set them on fire. We'll look at whether autonomous trucks will be exploitable in the future.  According to CargoNet, freight thefts were up 27% from 2023 to 2024. Tive's Richie Daigle stops by the studio to talk about how the company's trackers are recovering stolen loads. Train travel has really fallen off this century, but a new company has eyes on making it great again. Dreamliner's Joshua Dominic tells us about a luxury overnight train from Los Angeles to San Francisco that the company plans to launch prior to the 2028 Olympics. Plus, FMCSA ends DEI rules for CDLs; project44's ambitious new plan; and more.  Catch new shows live at noon EDT Mondays, Wednesdays and Fridays on FreightWaves LinkedIn, Facebook, X or YouTube, or on demand by looking up WHAT THE TRUCK?!? on your favorite podcast player and at 5 p.m. Eastern on SiriusXM's Road Dog Trucking Channel 146. Watch on YouTube Check out the WTT merch store Visit our sponsor Subscribe to the WTT newsletter Apple Podcasts Spotify More FreightWaves Podcasts Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices

Ponto Final, Parágrafo
Episódio 89 - Inês Meneses: «Já que tive a sorte de fazer da rádio o meu trabalho, que me dê prazer. O segredo da vida é: “Vai sempre atrás do prazer. Se não te dá prazer, não faças”»

Ponto Final, Parágrafo

Play Episode Listen Later May 19, 2025 63:56


No ano em que o programa de rádio “Fala com ela” faz 20 anos, Inês Meneses vem falar-nos deste espaço em que passa todo o tipo de pessoas e de qual o segredo para a continuidade. Como se mantém um programa durante duas décadas? A autora e comunicadora responde que o que a alimenta é o prazer e a curiosidade.À jornalista Magda Cruz, Inês conta que a pergunta é o âmago do seu trabalho. Mantém o programa “O Amor É”, com o psiquiatra Júlio Machado Vaz, a crónica “O Coração ainda bate” e o podcast “Cultas e Vinho Verde”. Inês desdobra-se em vários formatos, mas é a pergunta que, de uma maneira ou de outra, sempre lá está.Neste episódio do podcast “Ponto Final, Parágrafo”, falamos do seu novo livro, “Linhas de valor acrescentado”, um título que surgiu durante uma insónia, e onde fala muito sobre a vida, o amor e a amizade. Considera apoiar o podcast no Patreon: patreon.com/pontofinalparagrafoContacto do podcast: pontofinalparagrafo.fm@gmail.comSegue o Ponto Final, Parágrafo nas redes sociais: Instagram, Twitter e FacebookProdução, apresentação e edição: Magda CruzGenérico: Nuno Viegas

Metadoxos
EP12 - Deep listening to the near future with Paul Zonneveld #METACRISIS

Metadoxos

Play Episode Listen Later May 2, 2025 62:13


PortugueseNeste episódio, recebemos Paul Zonneveld para uma conversa potente sobre as forças invisíveis que moldam os padrões sistêmicos — dentro e fora das organizações. Com uma trajetória que integra inteligência sistêmica, Paul nos convida a enxergar os padrões que se repetem, as exclusões que estagnam e as histórias que seguem atuando, mesmo quando não são contadas — desaguando em traumas geracionais que moldam fusões fracassadas, sucessões familiares conturbadas e lideranças enfraquecidas.Ele afirma: “Os problemas sistêmicos não querem ser resolvidos, mas compreendidos.” E é nesse contexto que os princípios de pertencimento, ordem e equilíbrio atuam como bússolas diante da complexidade. Juntos, debatemos como o propósito pode ser a força vital das organizações — ainda que, muitas vezes, se perca nas engrenagens do mercado.Tive a alegria de ser apresentado ao Paul pelo meu amigo Eduardo Tinoco — que também participa da conversa e traz uma pergunta poderosa: como estar cada vez mais consciente das dinâmicas organizacionais? O conselho que Paul oferece talvez sirva a todos nós.Essa é uma conversa que atravessa corpo, alma e sistemas coletivos. Um convite à escuta daqueles sinais sutis que revelam que talvez o que precise mudar não seja a estrutura, mas o olhar.

Inglês Todos os Dias
Se ao menos… | Inglês Todos os Dias #618

Inglês Todos os Dias

Play Episode Listen Later Apr 1, 2025


Tive que ouvir os conselhos de um coach de relacionamentos para poder te ensinar a dica no mini-podcast de hoje: Como dizer “se ao menos” em inglês. Veja se você já conhece a estrutura gramatical usada para expressar essa ideia em inglês. FRASES NO MINI PODCAST DE HOJE: They would be an amazing partner if […] The post Se ao menos… | Inglês Todos os Dias #618 appeared first on Domine Inglês.

The Freight Pod
Ep. #58: Krenar Komoni, CEO & Founder of Tive

The Freight Pod

Play Episode Listen Later Mar 18, 2025 88:16 Transcription Available


Andrew welcomes Krenar Komoni, CEO and founder of Tive, to The Freight Pod. Krenar left Kosovo at 17 years old to pursue his education in the U.S., but the aspiring entrepreneur knew he'd be back one day to create jobs in his home country. Krenar went on to earn degrees in computer engineering, math, and electrical engineering and discovered a passion for radio frequencies and wireless communication systems. But it was his father-in-law's trucking company and the constant tracking calls — where's the truck? Will it be on time? — that led Krenar to build him a GPS tracker. And that's how Tive started in 2015. Today, Tive supports more than 900 customers from its offices in Norway, Mexico, South Africa, Boston — and Kosovo.In this episode, Krenar also shares:The early days of Tive: bootstrapping, landing the first customer, and building Tive's innovative trackers.Tive's near-collapse in 2019 and the moment that turned things around.Building a global, remote team and culture across Tive's offices.The biggest mistakes a CEO or founder can make, Krenar's advice for founders and entrepreneurs, the journey to product-market fit, and how Tive has built a moat around its tracking capabilities.Krenar's vision for the future of visibility and AI, and what's next for Tive.Follow The Freight Pod and host Andrew Silver on LinkedIn.*** This episode is brought to you by Rapido Solutions Group. I had the pleasure of working with Danny Frisco and Roberto Icaza at Coyote, as well as being a client of theirs more recently at MoLo. Their team does a great job supplying nearshore talent to brokers, carriers, and technology providers to handle any role necessary, be it customer or carrier support, back office, or tech services. Visit gorapido.com to learn more. *** A special thanks to our additional sponsors: Cargado – Cargado is the first platform that connects logistics companies and trucking companies that move freight into and out of Mexico. Visit cargado.com to learn more. Greenscreens.ai – Greenscreens.ai is the AI-powered pricing and market intelligence tool transforming how freight brokers price freight. Visit greenscreens.ai/freightpod today! Metafora – Metafora is a technology consulting firm that has delivered value for over a decade to brokers, shippers, carriers, private equity firms, and freight tech companies. Check them out at metafora.net. ***

The VentureFizz Podcast
Episode: 369: Krenar Komoni - CEO & Founder, Tive

The VentureFizz Podcast

Play Episode Listen Later Feb 16, 2025 54:05


Episode 369 of The @Venturefizz Podcast features Krenar Komoni, CEO & Founder of Tive. The question: “What led you down the path to start this company?” is always interesting, as you never know what ultimately inspired the entrepreneur. It could be years of experience working in an industry, maybe it is a personal experience, or it could be a tremendous amount of research to find a problem that's worth solving… or in the case of Krenar and Tive, it could be your family as the idea stems from his father-in-law's trucking company and the manual process of located its drivers. From Krenar's point of view, it is a problem that could be fixed with a tracking system and oh… it is a problem that Krenar just happens to be uniquely qualified to solve based on his expertise and background with wireless connectivity, hardware, and chipsets. Fast forward to today, Tive is a leading provider of supply chain and logistics visibility technology. Trusted by over 900 customers, the company recently announced a $40M Series C round of funding led by WiL (World Innovation Lab) and Sageview Capital. Chapters 00:00 Intro 02:23 Advice for Raising Follow On Rounds of Venture Capital 08:47 Krenar's Background Story in Kosovo 11:11 Landing in Vermont & Experience at Startups 19:45 Background Story of Tive 23:32 Industry Trends 25:22 Naming the Company 28:25 Landing First Customers 30:50 Early GTM Approach & Learning from the Sales Team 36:08 Picking the Right Industry Vertical 43:19 The Latest at Tive 46:35 The Question that Entrepreneurs Need to Ask Themselves. 48:09 The Culture at Tive 48:20 New Chapter 50:06 Apps & Book Recommendations

The Hard Corps Marketing Show
Why ABM Platforms Are Wasting Your Time! ft. Steve Bonadio | Hard Corps Marketing Show | Ep. # 391

The Hard Corps Marketing Show

Play Episode Listen Later Jan 2, 2025 49:50


In this action-packed episode of The Hard Corps Marketing Show, I sit down with Steve Bonadio, VP of Global Marketing at Tive, to uncover the truth behind common misconceptions in B2B marketing. Steve, with over 25 years of experience, dives into the real challenges marketers face, including the overhyped promises of ABM (Account-Based Marketing) platforms, and the importance of focusing on orchestration, data quality, and a back-to-basics approach.One of the key takeaways in this episode is how relying too heavily on ABM platforms and Martech tools can lead to disconnected, siloed marketing efforts that fail to connect with the customer journey. Steve emphasizes the critical need for a more integrated, human-centered approach to marketing — one that focuses on orchestration, clear messaging, and truly understanding your Ideal Customer Profile (ICP). We explore key topics like:The truth about ABM platforms: Overpromised, underdelivered?The power of marketing orchestration and data qualityBuilding a strong foundation with your Ideal Customer Profile (ICP)The evolving Martech landscape and where to focus your effortsReal-world advice for refining your B2B marketing strategyWhether you're a seasoned marketer or just starting out, this episode is packed with actionable insights, candid opinions, and strategies to help you elevate your B2B marketing game.

Supply Chain Now Radio
Confronting Ever-Changing Dynamics in Freight Security

Supply Chain Now Radio

Play Episode Listen Later Nov 6, 2024 53:38 Transcription Available


In this episode of Supply Chain Now, hosts Scott W. Luton and Karin Bursa are joined by Richie Daigle, Enterprise Account Executive at Tive, and David Shillingford, Co-founder of Everstream Analytics. Together, they discuss the critical challenges of freight security and how the ever-evolving threat landscape impacts global supply chains.Richie and David share their expertise on the latest trends in cargo theft, the importance of building strategic technology stacks, and how digitization and IoT devices are revolutionizing freight visibility. The discussion also covers the vital role of partnerships and trust across the supply chain ecosystem and how a culture of awareness and collaboration is vital to staying ahead of opportunistic and organized cargo thieves.Tune in to learn actionable insights on improving supply chain resilience, protecting high-value freight, and responding effectively to rising security threats with advanced technology and strategic planning.Jump into the conversation:(00:00) Intro(02:06) Addressing freight risks in supply chain(06:38) Rising cargo theft and security trends(10:41) Case study: cargo theft in Illinois(14:18) Technology's role in preventing cargo theft(19:22) Digitization and its impact on freight security(24:26) Building a strategic tech stack for security(29:01) Enhancing visibility and quick response(34:42) The cultural element of security awareness(38:17) Data analytics and predictive capabilities in freight security(40:12) Implementing standard operating procedures for security(44:29) The importance of partnering with external experts(48:49) Success stories and overcoming security challengesAdditional Links & Resources:The ABCs of Cargo Security and Loss Prevention webinar: https://bit.ly/3zAirpTConnect with Richie Daigle: https://www.linkedin.com/in/richiedaigle/Connect with David Shillingford: https://www.linkedin.com/in/shillingford/Learn more about Tive: https://www.tive.com/Learn more about Everstream Analytics: https://www.everstream.ai/Connect with Karin: https://www.linkedin.com/in/karinbursa/Connect with Scott: https://www.linkedin.com/in/scottwindonluton/ Learn more about Supply Chain Now: https://supplychainnow.com Watch and listen to more Supply Chain Now episodes here: https://supplychainnow.com/program/supply-chain-now Subscribe to Supply Chain Now on your favorite platform: https://supplychainnow.com/join Work with us! Download Supply Chain Now's NEW Media Kit: https://bit.ly/3XH6OVkWEBINAR- Supply Chain in 2025: Top 5 Labeling and Packaging Artwork Trends to Watch: https://bit.ly/3Y9FWiZWEBINAR- Future-Proof Your Logistics: AI-Powered Solutions for Competitive Edge: https://bit.ly/3BouB5EWEBINAR- The Cold Chain Dilemma: Why Visibility Falls Short and What Really Works: https://bit.ly/4hpu8k9This episode was hosted by Scott Luton and Karin Bursa, and produced by Amanda Luton. For additional information, please visit our dedicated show page at: https://supplychainnow.com/confronting-ever-changing-dynamics-freight-security-1347