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Convidado
Rádio Libertação, Escola-Piloto e hospitais: as outras armas da luta

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 24:54


Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica várias reportagens sobre o tema. Neste sétimo episódio, falamos sobre outras armas da luta de libertação: a Rádio Libertação, a Escola-Piloto e a rede de cuidados de saúde. Oiça aqui a reportagem com Amélia Araújo, Teresa Araújo, Josefina Chantre, Maria Ilídia Évora, Ana Maria Cabral, Manuel Boal e Sara Boal. Amélia Araújo era "a voz da luta", a locutora das emissões em português da Rádio Libertação. Ela recebe-nos em sua casa, na cidade da Praia, para nos recordar um pouco o papel desta rádio, descrita por Amílcar Cabral como o “canhão de boca” da luta pela independência. O “Comunicado de Guerra” e o “Programa do Soldado Português” eram as produções mais ouvidas. A primeira incitava os militares à resistência e à revolta contra uma guerra que não era deles. A segunda apresentava os combates ocorridos nas várias frentes e divulgava a lista dos soldados portugueses mortos, lida de uma forma muito lenta para tornar o momento mais pesado. A Rádio Libertação era uma importante arma e conseguiu fazer com que alguns soldados portugueses desertassem. “A Rádio Libertação foi um instrumento que nos ajudou a transmitir as nossas opções, os nossos princípios e aquilo que nós queríamos para nós, para os nossos países: liberdade, independência. Nós fazíamos cópias dos programas e mandávamos para Dakar, para o Gana e para Angola também. Era muito divulgado e deu o seu contributo para a luta de libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde”, conta Amélia Araújo, lembrando que os portugueses a chamavam de “Maria Turra” convictos que estavam que ela era portuguesa. Foi a 16 de Julho de 1967 que a “Rádio Libertação” começou a emitir, a partir de Conacri. As primeiras experiências tinham começado em 1964, mas o emissor era muito fraco. Em 1966, Amélia Araújo e outros companheiros foram enviados para uma formação de alguns meses na ex-URSS e regressam a Conacri com um emissor portátil oferecido pelos russos. Mas a rádio era ainda pouco ouvida devido à fraca potência e, em 1967, a Suécia oferece-lhes um estúdio e um emissor moderno. Começavam as emissões e eram em varias línguas: português, crioulo, balanta, fula, mandinga e beafada. Josefina Chantre fazia as emissões em crioulo de Cabo Verde e também trabalhava no Jornal Libertação. “O jornal, a rádio foram uma parte essencial para mobilizar também Cabo Verde. Cabral dizia que não valia a pena lutar se nós não fossemos capazes de divulgar cá para fora a nossa luta. Porque, como sabe, o regime colonial português dizia que éramos um bando de terroristas, que não tínhamos zonas libertadas, etc, etc”, recorda Josefina Chantre. Informar era a arma de Josefina Chantre e de Amélia Araújo, mas a rádio e a cultura também contaminou os mais pequenos. A filha de Amélia, Teresa Araújo, conhecida como Terezinha, tinha três meses quando começou a viagem rumo à independência, ao lado da mãe, com quem foge de Portugal. Iriam juntar-se a José Araújo, dirigente do PAIGC, responsável de propaganda, comissário político na Frente Sul e colaborador da Rádio Libertação e do boletim em francês "PAIGC Actualités". Ajudada pela mãe, Terezinha participou no programa de rádio, "Blufo", dirigido a crianças e jovens e que tinha como locutores alunos da Escola-Piloto do PAIGC. “O programa era para os outros alunos das outras escolas e internatos espalhados nas zonas libertadas. Contávamos a história do que nós fazíamos e também recebíamos alguns depoimentos de alunos do interior da Guiné das zonas libertadas. Também contávamos os episódios que se passavam e nas datas comemorativas, como 1 de Junho, 19 de Setembro, também por altura do Natal, datas de final do ano, fazíamos programas alusivos a essas datas. No início, nós tivemos que ser preparados pela minha mãe, a dicção correcta, como falar para a rádio e aprendemos bastante. Foi muito interessante”, conta Teresa Araújo. Terezinha cresce em Conacri, frequenta a Escola-Piloto desde pequenina - dos tempos em que os pais eram também la professores - e foi aí que começou a cantar e a criar os primeiros espectáculos. “Fidju Magoado” era a morna favorita de Amílcar Cabral, revela a cantora que, anos mais tarde, se tornaria numa voz incontornável de Cabo Verde com o grupo Simentera. Em 2004, gravou o disco “Nôs Riqueza”, com mornas do pai, mas também “Fidju Magoado”. Foi na Escola-Piloto que os palcos se abriram para Terezinha, com as crianças a levarem a mensagem da luta contra o colonialismo e pela emancipação de um povo a outros países. Com o grupo de teatro de crianças e jovens, em que cantava e dançava as danças tradicionais da Guiné e de Cabo Verde, além de participar nas peças de teatro, ela actuou, em 1970, no Palácio do Povo em Conacri, tendo na primeira fila a cantora sul-africana Miriam Makeba. Em 1971,72, grupo vai em digressão a Dacar, Ziguinchor e Teranga, no Senegal, Banjul, na Gâmbia, e Nouakchot, Nouadibou e Attar, na Mauritânia. Em 1973, as crianças ficam três meses na Escola-Piloto de Teranga a prepararem a participação num Festival Internacional da Juventude em Berlim, onde Terezinha canta ao lado de Miriam Makeba. De toda esta época, é com muita ternura que recorda Amílcar Cabral. “A Escola-Piloto era a menina dos olhos dele. Era a referência, então ele levava sempre delegações que vinham visitar o PAIGC. Fazia questão de as levar à Escola-Piloto. Mas, além disso, a presença dele era diária. Só mesmo quando não pudesse ir por causa de algum trabalho é que não ia. Ia cedo de manhã e assistia à nossa preparação física e, às vezes, entrava mesmo na competição. Nós tínhamos um jogo do lenço e ele nunca perdia. Era muito bom. Ele aproveitava esses momentos também para nos ensinar outros jogos. Escutava os alunos, perguntava às crianças se estavam a ser bem tratadas, se estavam a ter comida boa. Ele queria mesmo verificar que as crianças estavam a ser bem tratadas, porque, como ele dizia, as crianças eram as flores da revolução e a razão da luta”, recorda, nostálgica, a cantora. A Escola-Piloto ia até ao 5º ano e para continuar os estudos, como muitas outras crianças e jovens guineenses, Terezinha foi enviada com 12 anos para a Escola Internato Internacional Elena Dimitrievna Stásova, na cidade de Yvanovo, a uns 300 quilómetros de Moscovo. Alguns anos antes, Iva Cabral, filha de Amílcar Cabral, também foi para lá estudar e conta-nos esses tempos. “Eu fui com uns oito, nove anos. Aprendíamos em russo, claro, e aprendíamos tudo que os russos aprendiam. E também tínhamos aulas na nossa língua. Era um internato que tinha teatro todos os meses, que todos os fins-de-semana tinha cinema. Era um grande internato”, começa por contar, admitindo que a formação de quadros era mais uma arma da luta. “Era para isso, para se poder tomar nas próprias mãos o destino do país. Quando a luta começou, havia dois engenheiros agrónomos na Guiné e um deles era o meu pai. Quadros superiores, acho que eram uns 14, se não me engano. Por isso, a luta trouxe conhecimento para os povos da Guiné e Cabo Verde. Na independência, já tínhamos vários quadros guineenses e cabo-verdianos que puderam então iniciar a construção do Estado”, acrescenta. Não valia a pena lutar com armas para liderar um país, se não houvesse quadros para o dirigir. Era o que defendia Amílcar Cabral que abriu várias frentes na luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde. Para além do conflito armado na Guiné, da luta subterrânea na clandestinidade e da actividade diplomática, houve uma revolução sociopolítica nas “regiões libertadas” depois do primeiro congresso de Cassacá, em 1964, quando Amílcar Cabral defendeu a sua teoria da criação do "homem novo", emancipado do sistema de ensino e de valores do colonizador. O líder do PAIGC quis mostrar que a luta era feita por “militantes armados e não militares” e ensaiou todo um novo sistema judicial, de saúde, educativo e económico, com escolas, serviços sanitários e hospitais de campanha. Amílcar Cabral dizia que "se pudesse, fazia uma luta só com livros, sem armas", que “não é com tiros que se liberta uma terra” e que “a maior batalha é contra a ignorância e o medo”. Era assim que nascia, em 1964, a Escola-Piloto, instalada em Conacri, para apoiar os filhos dos combatentes e os órfãos de guerra. Descrita como “a menina dos olhos de Amílcar Cabral”, a Escola-Piloto tinha como professores os próprios combatentes. Um deles foi a segunda esposa do líder do PAIGC, Ana Maria Cabral. “Quando eu cheguei, puseram-me a trabalhar na Escola-Piloto. Já havia áreas libertadas, a direcção do PAIGC criou escolas. Todos os que sabiam ler e escrever deveriam ensinar aos que não sabiam. Portanto, o princípio era esse. Fui professora na Escola-Piloto e fizemos os nossos manuais escolares. Claro, tivemos que dar uma volta por vários países, ir ao Senegal, Conacri, a Cuba, inspirar-nos para conseguir fazer os nossos manuais que mostravam a nossa história, a nossa realidade”, conta Ana Maria Cabral, num café em frente ao mar, na cidade da Praia. A partir de 1969, a Escola-Piloto é dirigida por Maria da Luz Boal, ou Lilica Boal, e a sua filha, Sara, também ali estudou e recorda alguns dos episódios que mais a marcaram. “Todos os dias de manhã, acordávamos cedo, tínhamos ginástica e depois do pequeno-almoço tínhamos as aulas. O programa que nós tínhamos de formação tinha disciplinas como a Língua Portuguesa, a História - que, aliás, era ministrada pelo António Mascarenhas Monteiro, que foi Presidente de Cabo Verde. Tínhamos aulas de Matemática, tínhamos Química e Física, tínhamos Ciências Sociais e tínhamos também trabalhos manuais. As refeições eram confeccionadas por nós. Todos os dias havia um grupo de serviço na cozinha que era composto por uma aluna mais velha, que era chefe de cozinha, digamos assim, por duas meninas mais pequenas e dois rapazes. Cabral ia-nos visitar na escola sempre que ele pudesse. Ele tinha muito orgulho em convidar pessoas para ir visitar a Escola-Piloto. Eu lembro-me de termos recebido, por exemplo, a Angela Davis nos anos 70 ou 71”, recorda Sara Boal. Em Conacri também existia um jardim de infância para os órfãos ou filhos dos trabalhadores do partido que viviam na cidade. Na Guiné, nas chamadas “zonas libertadas”, foi montado todo um sistema de ensino. Remonta ao ano lectivo de 1964-1965 a instalação das primeiras escolas nas regiões sob controlo do PAIGC. Em 1972-73, havia 164 escolas de tabanca, tendo em conta que as crianças tinham de andar longos trajectos e enfrentavam riscos de bombardeamentos. Havia, ainda, quatro internatos: dois na frente Norte, um na frente Sul e um no Leste, inicialmente destinados aos filhos dos combatentes falecidos. Para além dos estudos, havia tarefas domésticas e outras ligadas ao trabalho agrícola. Em 1972, o sistema de ensino do PAIGC tinha 250 professores e 20 mil alunos. No inicio dos anos 70, também se criaram novos livros escolares para as crianças do ensino primário. Os manuais foram feitos pelas equipas de professores e impressos em Conacri e na Suécia. Desde 1966, o partido também tinha começado a formar professores para as suas escolas no Centro de Aperfeiçoamento de Professores da Escola-Piloto e, depois, foi criado o Centro Permanente de Professores. Em 1972, metade dos professores das escolas nas regiões libertadas tinham sido formados pelo PAIGC. O pai de Sara Boal, Manuel Boal, angolano, saiu de Portugal com Lilica Boal, cabo-verdiana, em Julho de 1961, na histórica fuga de estudantes africanos. Passou por Léopoldville, onde acabou o curso de medicina, prestou assistência de saúde a refugiados e militou no MPLA. Em 1963, aderiu ao PAIGC, foi para a Guiné e, como era médico, a sua luta foi a da saúde. Começou por ser responsável por um centro de apoio e tratamento a doentes e feridos de guerra em Ziguinchor, no sul do Senegal, de onde se transferiam para os hospitais senegaleses os casos mais graves. Depois, foi enviado para Conacri para racionalizar o apoio logístico dos postos sanitários e dos hospitais de campanha do interior do país. A seguir esteve no hospital de Boké, na Guiné-Conacri. Ele contou-nos os momentos mais difíceis. “O mais difícil foi socorrer populações das zonas libertadas, bombardeadas pela aviação portuguesa e bombardeadas com napalm, gente queimada E nós sem os meios necessários para fazer o essencial. Segundo aspecto difícil era o transporte ao ombro de macas com doentes em quilómetros e quilómetros de distância, antes de serem transportados em ambulâncias até Buké ou da fronteira até Koundara, estes momentos eram dolorosos e difíceis. Nós temos que fazer uma vénia àqueles que faziam esse trabalho: os socorristas, muitas vezes membros da população, que se ofereciam sem qualquer recompensa para fazer esse duro trabalho. Isso nunca me esqueci, nem nunca me esquecerei desses sacrifícios”, conta Manuel Boal. Também a trabalhar nos hospitais, esteve Maria Ilídia Évora, conhecida como Tutú, que tinha sido a única mulher no grupo de cabo-verdianos treinados em Cuba para um eventual desembarque e inicio de luta armada em Cabo Verde. Mas como isso não aconteceu, a sua luta passou a ser também nos cuidados de saúde. É destacada para os hospitais de Boké e Koundara e, mais tarde, foi para a antiga RDA para uma formação mais completa em enfermagem. “Muito difícil Koundara. Ao que parece era um hospital, mas quando eu cheguei lá e vi, eu disse: ‘Hospital? Isso é hospital?' A gente teve mais de uma semana a limpar aquilo para deixar mais ou menos porque em Koundara nem sequer tínhamos água”, conta Maria Ilídia Évora, em sua casa, no Mindelo. Havia ainda muitas outras frentes de batalha, como a formação de uma nova classe politica que dirigiu a luta armada e tomou o poder após a independência nos dois países. Foi aberta, por exemplo, em Conacri, uma escola de formação política. O povo deveria participar em todas as decisões que lhe dissessem respeito e, na Guiné, foram criados comités de tabanca, órgãos políticos de base do PAIGC, mas também tribunais populares ou lojas Armazéns do Povo, onde se fazia um comércio baseado na troca e a população podia adquirir alimentos enlatados, cigarros, tecidos, cobertores, em troca de animais domésticos e arroz lavrado nas bolanhas, por exemplo. Toda esta revolução sociopolítica nas “regiões libertadas” foi reconhecida a nível internacional com, nomeadamente, a visita da missão da ONU às áreas libertadas em 1972. As próprias eleições para a Assembleia Nacional Popular, entre Agosto e Outubro de 1972, com 83 mil eleitores a participarem, contribuíram para esse reconhecimento internacional, e seria essa Assembleia a proclamar, a 24 de Setembro de 1973, a independência da Guiné-Bissau. Uma primeira vitória do PAIGC a que os cabo-verdianos assistiam à espera da sua hora. E essa hora chegaria a 5 de Julho de 1975. Em conclusão, a historiadora Ângela Benoliel Coutinho, autora de “Os Dirigentes do PAIGC – Da Fundação à Ruptura 1956-1980”, sublinha à RFI que “Amílcar Cabral dizia que se a independência não servisse para melhorar a vida das pessoas, não valia a pena lutar pela independência”, ou seja, “o PAIGC tinha como projecto político revolucionar estas sociedades africanas, não era só libertar-se do jugo colonial”. “O PAIGC criou um sistema de educação que não se limitava às escolas, passava pela criação de jornais, pela criação de uma rádio que emitia programas em diversas línguas da Guiné-Bissau, pela projeção de filmes com debates. Portanto, há toda uma educação militante para preparar as pessoas para uma revolução social”, acrescenta Ângela Benoliel Coutinho.   

Convidado
As histórias dos que combateram na Guiné pela independência também em Cabo Verde

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 20:17


Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica e difunde várias reportagens sobre este tema. Neste terceiro episódio, fomos à procura de antigos combatentes que agarraram nas armas na Guiné para obter a independência dos dois territórios: Guiné e Cabo Verde. As armas, as formações, as viagens, as frentes de batalha e os momentos históricos decisivos, como a tomada de Guilege, são aqui contados por Pedro Pires, Silvino da Luz, Osvaldo Lopes da Silva e Amâncio Lopes. A 5 de Julho de 1975, no Estádio da Várzea, na cidade da Praia, era hasteada a primeira bandeira de Cabo Verde. O país obtinha a sua independência, sem ter tido luta armada nas suas ilhas. Houve planos para o fazer, mas acabaram por não se concretizar, o que levou os cabo-verdianos a agarrarem em armas e a irem lutar pela independência nacional a partir do continente africano, contribuindo também para a libertação do povo guineense. O combate foi liderado por Amílcar Cabral, sob a bandeira da “unidade e luta”, no seio do PAIGC, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde. Foi esta aliança que se revelou determinante para escrever a história contemporânea de Cabo Verde, considera o comandante e destacado dirigente político-militar do PAIGC, Pedro Pires, lembrando, por exemplo, o papel decisivo dos artilheiros cabo-verdianos nas matas da Guiné. “Sem o PAIGC ou sem essa aliança entre Guiné e Cabo Verde, a independência de Cabo Verde seria complicada. Isso, em certa medida, permitiu as vitórias ou a vitória final, se quiser dizer isso, na Guiné. A introdução dos artilheiros cabo-verdianos acrescentaram um pouco, melhoraram a capacidade da artilharia que era a arma que fustigava mais os quartéis e podia destruir os quartéis. Essa chegada e introdução dos artilheiros cabo-verdianos foi um factor de mudança. Um factor de mudança favorável à melhoria das capacidades das Forças Armadas do PAIGC”, testemunha Pedro Pires. A guerra na Guiné tinha começado em 1963. Nesse ano, esboça-se um projecto para desencadear também a luta armada em Cabo Verde, mas perante a suspensão do desembarque de guerrilheiros treinados em Cuba e depois de mais formação militar na antiga União Soviética, os cabo-verdianos entram realmente em cena na Guiné em 1969 e vários participam na tomada de Madina do Boé. O comandante de artilharia Osvaldo Lopes da Silva considera que “o quadro se altera completamente” com a entrada da artilharia nas mãos dos cabo-verdianos. Ele estava a estudar na Universidade de Coimbra, quando, em 1961, juntamente com Pedro Pires e tantos outros, fugiu de Portugal para se ir juntar a Amílcar Cabral e à luta independentista. Continuou os estudos em Moscovo e ingressou na luta armada como comandante de artilharia, depois de se ter formado em manejo de mísseis terra-terra GRAD. “Um guerrilheiro podia facilmente transportar o tripé, um outro transportava o tubo e mesmo o míssil era decomposto: a parte explosiva e a parte propulsora. Até 1968, a manobra da parte inimiga foi ocupar o terreno, ou seja, dispersou as suas forças e a missão principal do dispositivo português era garantir os quartéis. Já com o general Spínola, um militar mais evoluído, ele cria forças de intervenção. Já não era só a defesa dos quartéis, mas forças que tentaram recuperar o terreno. É nessa altura que foi importante a presença de mísseis para neutralizar a acção do Spínola, com grande utilização de helicópteros, maior mobilidade, mas o quadro alterou-se completamente com a entrada da artilharia já nas mãos dos cabo-verdianos”, conta Osvaldo Lopes da Silva. O governador António de Spínola tinha entrado na Guiné em fins de Maio de 1968 para conter o avanço do PAIGC e, de facto, dificultou muito as coisas. O PAIGC estava numa fase de desgaste militar e psicológico, algo que se vai arrastar até ao assassínio do seu líder, Amílcar Cabral, em Janeiro de 1973. Spínola utiliza meios militares e psico-sociais, consegue um aumento do efectivo militar e acentua a africanização da tropa com a incorporação de elementos guineenses nas fileiras do exército português. Além disso, acentuou as manobras de acção psicológica contra os guerrilheiros e a população ao contra-atacar a aceitação do PAIGC junto da população com o plano que chamou “Por uma Guiné melhor” e que consistiu em tentar conquistar o apoio dos habitantes com postos sanitários, escolas, apoio aos camponeses, Congressos do Povo, etc. Amâncio Lopes fez parte do grupo de 31 cabo-verdianos formado em Cuba, entre 1967/68, para um desembarque em Cabo Verde, mas perante o adiamento do projecto, acaba por ir para a União Soviética formar-se em artilharia e vai participar na luta armada na Guiné. Ele recorda-se do poder dissuasivo dos mísseis GRAD soviéticos e sublinha que o objectivo era levar o seu compromisso até ao fim, sabendo que o contributo na Guiné seria também para a libertação de Cabo Verde. “Cabral dizia: ‘Nós vamos utilizar essa arma para demonstrar ao inimigo que podemos fazer mal, mas não vamos fazer mal porque os portugueses estão no meio da nossa população e se procurarmos fazer mal aos portugueses vamos fazer mal também à nossa população'. Para ver o conceito do homem, o pensador, o dirigente, ele dizia: ‘Nós vamos tomar a nossa terra e ser nação com a nossa gente e, portanto, não vamos destruir a nossa gente”, conta Amâncio Lopes. Questionado sobre se não era estranho estar a combater em solo estrangeiro pela independência de Cabo Verde, o combatente responde que depois de ter sido mobilizado na emigração e de ter perdido o estatuto de emigrante, tinha de cumprir o “compromisso até ao fim” e que esteve na Guiné “por convicção, não por valentia”. Por maior que seja a convicção, a guerra deixa marcas para sempre. O comandante Silvino da Luz não esquece os horrores da luta armada. Por exemplo, na sua primeira missão na Guiné, em que foi “encarregado de continuar o fustigamento à volta do quartel de Madina Boé”, viu três companheiros “amputados para vida” num terreno minado. Noutra altura, viu um camarada morrer ao ser atingido por uma bala na cabeça mesmo ao seu lado… Arriscar a vida era o preço a pagar para ver Cabo Verde e a Guiné livres do jugo colonial. A chegada dos cabo-verdianos correspondeu à passagem da luta armada “a uma fase superior” na Guiné, considera também Silvino da Luz, que tinha tido formação em guerrilha na Argélia, depois nova preparação na China e, em 1966, foi incluído no grupo de cabo-verdianos que em Cuba se preparou para um eventual desembarque em Cabo Verde. Conta que, depois, continuou formação militar na antiga União Soviética e entrou na Guiné. “Entrámos na luta armada para a passagem da luta na Guiné a uma fase superior que viria a terminar com o que originou grandemente o afastamento de Spínola, o governador da Guiné. Caíram três campos fortificados em operações dirigidas na artilharia por cabo-verdianos. Os portugueses chamam a isso “os três G”: Guilege, Gadamael e Guidage”, acrescenta Silvino da Luz. Guilege foi determinante na história da luta de libertação, confirma Osvaldo Lopes da Silva. Ele tinha frequentado um curso de marinha para uma tripulação de cabo-verdianos na Escola Naval de Odessa. Depois, liderou um grupo de militantes na Marinha Nacional Popular que aí se sentiram hostilizados por elementos guineenses e o projecto de formar uma marinha de guerra com cabo-verdianos não se concretizou. O grupo foi disperso e Osvaldo Lopes da Silva confrontou o secretário-geral do PAIGC, Amílcar Cabral, sobre o que pretendia fazer relativamente a Cabo Verde. “Esse grupo que veio já não foi utilizado na Marinha. Fomos dispersos e eu era um quadro qualificado da artilharia e Cabral põe-me o problema: ‘Tu, o que é que queres, ao fim e ao cabo?' E eu digo: ‘Eu quero é regressar ao mato, não quero ficar em Conacri. Para mim é a artilharia, se não é possível trabalhar na Marinha e a Marinha como está não é possível.' Ele traz o mapa e diz: “Estás a ver esse quartel? Esse é o quartel mais fortificado da Guiné.' Eu digo que ‘sou capaz de destruir qualquer quartel que ele me indicar.' E ele: ‘Podes destruir Guilege? É mesmo fortificado, é rodeado por uma mata densa'. Eu disse: ‘Posso destruir. Desde que eu tenha tempo e meios suficientes, eu destruo', afirma. Osvaldo Lopes da Silva sublinha que depois de Guilege “surge o movimento do 25 de Abril porque havia a ameaça de derrocada militar”. A tomada de Guilege, em Maio de 1973, foi realmente um momento decisivo graças à utilização de misseis antiaéreos portáteis Strella 2. No fundo, ditaram o fim da supremacia aérea das Forças Armadas Portuguesas, resume Pedro Pires, responsável pela logística da operação, sublinhando que outro momento importante no conflito armado foi a visita do Comité de Descolonização da ONU às regiões libertadas, em Abril de 1972.  “Um sucesso político extraordinário, num quadro de guerra, em que o próprio sucesso foi uma operaçao mais ou menos militar foi a missão das Nações Unidas à Guiné em Abril de 1972. Ao realizar ou permitir a realização dessa missão com sucesso, abriram-se possibilidades políticas enormes”, descreve Pedro Pires que, entre 1968 e 1974, esteve integrado nas estruturas político-militares do PAIGC, na frente da Guiné, e exerceu elevadas responsabilidades nos planos político e militar, como membro do Comité Executivo da Luta e do Conselho de Guerra e como Comandante de Região Militar. “A possibilidade militar que veio facilitar tudo isso começou quando pudemos utilizar os mísseis antiaéreos portáteis Strella 2. Isso teria sido o momento decisivo de facto, em Abril, Maio de 1973. Foi o momento decisivo em que as nossas forças abateram três ou quatro aviões MiG, os melhores que a aviação portuguesa possuía na Guiné. E dos momentos mais terríveis para as Forças Armadas Portuguesas foi quando foi derrubado o avião do chefe de Estado-Maior da aviação ou comandante da aviação militar na Guiné. A mudança que teve lugar é a seguinte: se antes era lançar o ataque e fugir para não ser surpreendido pela aviação, a partir daí passámos a lançar o ataque e a permanecer porque a aviação já não tinha capacidade para liquidar ou provocar baixas às nossas forças. E os aviadores passaram a ter medo da arma. O aviador tinha medo da arma, os pilotos de helicóptero tinham medo da arma, era impossível fazer a evacuação de feridos de helicóptero. A situação ficou complicada porque limitou grandemente, ou de sobremaneira, a mobilidade e a capacidade aérea das Forças Armadas Portuguesas”, acrescenta o comandante que viria a ser Presidente de Cabo Verde entre 2001 e 2011. Esta foi uma importante vitória política e militar, pouco tempo depois do assassínio de Amílcar Cabral, a 20 de Janeiro de 1973, em Conacri. Em Fevereiro de 1973, os membros do Conselho Executivo da Luta e do Conselho Superior da Luta do PAIGC tinham intensificado a luta armada em todas as frentes e avançado com a Operação Amílcar Cabral, tendo justamente um dos momentos culminantes sido a tomada de Guilege, em Maio de 1973, e a proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau, a 24 de Setembro de 1973. Embalado pelas vitórias de 1973, o PAIGC sabia que tinha conseguido o fim do domínio aéreo e da liberdade de acção portuguesas. Marcello Caetano não aceitava qualquer cedência política e deu ordens para “resistir até à exaustão de meios”, o que levaria à Revolução dos Cravos. Para Amâncio Lopes, a melhor missão foi a 25 de Abril de 1974. “Para mim, a maior missão que eu tive na Guiné foi o 25 de Abril porque fomos lá com GRAD, nessa altura já fazíamos missão durante o dia porque já tínhamos recebido os Strella. Eram 11 horas, lembro-me. Quando voltávamos, recebemos a notícia que os portugueses tinham dado golpe de Estado. Isso não nos disse nada porque com os portugueses ninguém fazia cálculo de nada, mas tivemos mais ou menos uma percepção porque foi dado um golpe de Estado. Enquanto a guerra está andando, o combatente, principalmente o artilheiro, não tem percepção de qual é a melhor missão, pode considerar a missão que fez mais estragos, mas não prevê o fim. Por isso, a melhor missão é aquela que é feita no fim”, conclui Amâncio Lopes.   Esse “fim” seria o início da abertura das negociações para a independência de Cabo Verde que resultaria na proclamação da “República de Cabo Verde como Nação Independente e Soberana”, a 5 de Julho de 1975.   Pode ouvir aqui as entrevistas integrais feitas aos diferentes convidados.

Sem Moderação
A guerra começou ou nunca acabou? O Irão como último obstáculo ao poder de Israel

Sem Moderação

Play Episode Listen Later Jun 25, 2025 22:01


Guerra Israel-Irão: afinal, o que se passa? O que vai acontecer daqui para a frente? Daniel Oliveira e Francisco Mendes da Silva analisam o conflito Israel-Irão e a posição dos EUA como mediação, no Antes Pelo Contrário em podcast. Israel, com o apoio dos Estados Unidos, concretizou uma ofensiva que destruiu importantes instalações nucleares iranianas, num movimento que resultou num ganho político claro para Donald Trump. A operação contou com o envio de bombardeiros B-2 americanos e fragilizou o eixo antiocidental, reforçando a posição global dos EUA. A China e a Rússia optaram por não intervir, deixando o Irão isolado e questionando a credibilidade destas potências como aliadas estratégicas noutras regiões. Moscovo expressou apoio ao Irão, mas sem sinais de envolvimento direto, preocupada com o risco de colapso do regime iraniano. O receio de uma operação militar prolongada EUA-Israel, que destrua a economia iraniana, paira sobre o Kremlin. Ao mesmo tempo, os sucessos de Israel devem-se em larga medida à eficácia da espionagem, revelando fragilidades internas graves no sistema de segurança iraniano. O Antes Pelo Contrário foi emitido a 24 de junho na SIC Notícias.See omnystudio.com/listener for privacy information.

A História do Dia
As armas de Putin para controlar a Ucrânia ocupada

A História do Dia

Play Episode Listen Later Jun 24, 2025 16:12


Moscovo tem uma receita que repete nos territórios ocupados para os integrar na Federação Russa. Vai desde tornar a vida dos habitantes num pesadelo legal até torturar os dissidentes.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Conversas à quinta - Observador
A Vida em Revolução. João Soares, parte II: “Quem derrotou o PCP nas ruas e nas urnas foi o PS. O resto é treta”.

Conversas à quinta - Observador

Play Episode Listen Later Jun 23, 2025 41:52


“O PCP não levou arquivos para Moscovo”, mas controlava a comissão de extinção da PIDE, que “estava um bocadinho em regime de regabofe”. A carga de pancada dos PIDES no aeroporto. O conselho do avô: “À frente dos PIDES não se chora”. A coragem física de Mário Soares e Salgado Zenha. Spínola e a “matança da Páscoa, uma coisa de doidos”. O DN de Saramago, “uma coisa do pior que se possa imaginar”. E o grande negócio com o livro “O Triunfo dos Porcos”. Segunda parte da conversa com João Soares.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Conversas de Fim de Tarde
A Vida em Revolução. João Soares, parte II: “Quem derrotou o PCP nas ruas e nas urnas foi o PS. O resto é treta”.

Conversas de Fim de Tarde

Play Episode Listen Later Jun 23, 2025 41:52


“O PCP não levou arquivos para Moscovo”, mas controlava a comissão de extinção da PIDE, que “estava um bocadinho em regime de regabofe”. A carga de pancada dos PIDES no aeroporto. O conselho do avô: “À frente dos PIDES não se chora”. A coragem física de Mário Soares e Salgado Zenha. Spínola e a “matança da Páscoa, uma coisa de doidos”. O DN de Saramago, “uma coisa do pior que se possa imaginar”. E o grande negócio com o livro “O Triunfo dos Porcos”. Segunda parte da conversa com João Soares.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - O mundo a seus pés
“A Ucrânia atingiu o núcleo duro da dissuasão nuclear russa”. Análise ao alcance do ataque ucraniano à Rússia

Expresso - O mundo a seus pés

Play Episode Listen Later Jun 9, 2025 41:30


O que é que já se sabe (mesmo) sobre a operação Teia de Aranha, um ataque maciço com drones conduzido a partir de solo russo por forças especiais ucranianas. Que aviões foram realmente destruídos, e o que é que isso diz do conhecimento ucraniano sobre o arsenal russo? A Rússia está a pensar duas vezes nos ataques que realiza, ficou ferida na sua capacidade de defender Moscovo com a perda de dois dos seus principais “radares aéreos” montados nos aviões A-50? Quais serão as consequências imediatas deste ataque? A Rússia vai retaliar com violência ou manter a narrativa de que este ataque não foi nada de especial?See omnystudio.com/listener for privacy information.

Café Europa
A Guerra Traduzida. Rússia "admitiu ter raptado crianças" ucranianas

Café Europa

Play Episode Listen Later Jun 3, 2025 6:21


Zelensky garante que delegação russa assumiu que levou forçadamente menores para Moscovo. Russos dizem que queixas da Ucrânia servem para impressionar "mulheres europeias sem filhos".See omnystudio.com/listener for privacy information.

Café Europa
A Guerra Traduzida. Guerra diplomática. Os "russos são uns idiotas"

Café Europa

Play Episode Listen Later Jun 3, 2025 6:01


Retirada de militares, Zelensky fora da presidência, regiões oferecidas e afastamento do Ocidente. Moscovo quer cada vez mais e paz está longe de ser alcançada. Lider ucraniano carrega nos adjetivos.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Guerra Fria
Ucrânia entra profundamente em território russo. Estamos perante uma humilhação?

Guerra Fria

Play Episode Listen Later Jun 1, 2025 21:14


A Ucrânia lançou a maior operação especial desde 2022, de uma ousadia tremenda e com impacte maior nas forças estratégicas russas, destruindo entre 40 e 50 bombardeiros estratégicos, que costumam atacar as cidades ucranianas. “A Ucrânia humilhou de forma flagrante os serviços militares e de segurança da Rússia”. Camiões, transportando drones ucranianos, conseguir não só entrar no país, mas chegar a cinco bases aéreas, “é mais uma nódoa na imagem de Putin que não tirou lições de entradas de guerrilheiros chechenos e muçulmanos, armados até aos dentes, em Moscovo e noutras regiões da Rússia”, nas palavras de José Milhazes. Além disso, a Ucrânia tenta mostrar ao mundo que sabe combater. A resposta de Putin poderá ser extremamente vingativa, destruidora. Enquanto a Direita americana continua dividida entre anti-ucranianos e pró-ucranianos, Washington ainda não decidiu como responder a um bloqueio geral das negociações por Moscovo, ou a uma ofensiva russa em maior escala do que a inicial. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Leste Oeste de Nuno Rogeiro
Trump, Putin e as consequências de um sangrento jogo de xadrez bélico

Leste Oeste de Nuno Rogeiro

Play Episode Listen Later May 28, 2025 20:41


Novo capítulo surrealista no Jogo de Poder entre Washington e Moscovo: enquanto Putin bombardeia cidades, Trump chama-lhe louco e este responde – por Peskov interposto – que deve ser da pressão emocional. Que consequências tem tudo isto no sangrento tabuleiro de xadrez actual, referente à Ucrânia? Ouça a versão podcast do programa Jogos de Poder com Nuno Rogeiro, emitido na SIC a 27 de maio. Para ver a versão vídeo deste episódio, clique aquiSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Gabinete de Guerra
Quem vence o título de "o mais perturbado?"

Gabinete de Guerra

Play Episode Listen Later May 27, 2025 13:35


Um título pelo qual Putin e Trump parecem estar a lutar. Irá a Casa Branca deixar-se guiar por Moscovo? O "grande problema", sublinha Bruno Cardoso Reis, é a estratégia dos EUA não estar a funcionar.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Contra-Corrente
Putin humilha Trump e Trump… deixa? — Debate

Contra-Corrente

Play Episode Listen Later May 27, 2025 97:58


Entre “loucura” e “sobrecarga emocional”, é certo: foi a Ucrânia quem mais sofreu com a vontade de Putin de humilhar Trump. Estará o cessar-fogo tão longe quanto o entendimento entre Moscovo e os EUA?See omnystudio.com/listener for privacy information.

A Arte da Guerra
Nas conversas entre Moscovo e Washington “Putin sai quase sempre a ganhar”

A Arte da Guerra

Play Episode Listen Later May 22, 2025 40:09


De vantagens e desvantagens se fala também nessa parte do mundo que não costuma fazer parte do perímetro da "A Arte da Guerra": Portugal. Perdida a maioria sociológica de esquerda em Portugal, é preciso saber-se para que encruzilhada o país caminha.

Gabinete de Guerra
Cessar-fogo. "Zelensky está de boa fé"

Gabinete de Guerra

Play Episode Listen Later May 14, 2025 12:45


Ainda que o ritmo esteja cada vez mais lento na Ucrânia, Orlando Samões sublinha: "Desigualdades entre Kiev e Moscovo mantêm-se". Ainda, o interesse de Trump em tornar os EUA "vendedores" novamente.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Triangulação do Círculo
Ep. 258 - O novo Papa; Greves selvagens da CP; Cartaz do Chega; A parada de Putin

Triangulação do Círculo

Play Episode Listen Later May 11, 2025 46:21


A nomeação do Papa foi política? Será pró-LGBT? Ou esta questão não faz sentido, pelo maniqueísmo que transporta? Não terão sido os Papas mais recentes políticos? No limite, as greves da CP não serão contraproducentes? A privatização resolveria o problema? Ao ter deixado passar o cartaz, os tribunais portugueses permitem que o Chega suba mais patamares? A presença de Lula em Moscovo gera vergonha alheia?

Ideias Feitas
Paulo Raimundo gosta do Ideias Feitas

Ideias Feitas

Play Episode Listen Later May 9, 2025 6:25


Alberto Gonçalves comenta os comentários de Paulo Raimundo ao Ideias Feitas e o encontro de ditaduras em Moscovo.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Convidado
Dia da Vitória: "Objectivo é mostrar que a Rússia controla a agenda do conflito" com a Ucrânia

Convidado

Play Episode Listen Later May 9, 2025 11:51


Neste dia 9 de Maio, a Rússia assinala os 80 anos da vitória das tropas da antiga URSS sobre os Nazis durante a Segunda Guerra Mundial. Uma data celebrada com pompa e circunstância por Vladimir Putin, com um desfile militar em Moscovo com tropas vindas de diversos países próximos do Kremlin e na presença dos chefes de Estado da China, das antigas Repúblicas soviéticas, do Brasil ou ainda da Guiné-Bissau.  Estas comemorações acontecem numa altura em que a Rússia tem estado a ser pressionada no sentido de negociar com a Ucrânia, mas até agora as únicas aparentes cedências do Kremlin têm sido tréguas declaradas unilateralmente na Páscoa e agora por ocasião do 'Dia da Vitória'. Tréguas que não chegaram a ser efectivas segundo Kiev que, por seu lado, tentou introduzir algum ruído na agenda de comunicação de Putin, com bombardeamentos de drones esta semana contra Moscovo.Afinal a guerra não se faz só com as armas, mas também com mensagens, sendo que para Maria Ferreira, professora no Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas da Universidade de Lisboa, a presença de tropas e de dirigentes estrangeiros nas celebrações desta sexta-feira na Praça Vermelha pretende reforçar a ideia de que Putin não está tão isolado quanto o afirma o campo ocidental.RFI: Para além de transmitir um ideia de força militar, as cerimónias do dia 9 de Maio também estão a ser uma ocasião para Putin de fazer passar a ideia de que tem aliados e que está designadamente a reforçar os elos com a China?Maria Ferreira: Eu penso que é de notar a solidariedade que é, na minha perspectiva, tanto estratégica como ideológica por parte dos líderes dos chamados BRICS, que pretendem marcar a agenda internacional. Nota-se, por um lado, uma solidariedade ideológica entre regimes autocráticos, sendo que neste momento o espectro direita e esquerda está a ser substituído pela divisão entre países autocráticos e democráticos. E, nesse sentido, há uma afinidade ideológica entre, por exemplo, a China, Cuba e Rússia. Aliás, sempre foi um objectivo estratégico de Vladimir Putin substituir esta divisão esquerda-direita por uma divisão entre países autocráticos, independentemente de serem regimes autocráticos de direita e de esquerda. Neste sentido, por exemplo, a presença de Lula da Silva na parada militar significa também que há aqui um conjunto de Estados que se incluem nos BRICS que querem sobretudo afirmar uma narrativa sobre a Ucrânia distinta da narrativa ocidental. E por isso, nós vemos o Presidente Lula da Silva em sintonia ideológica, mas também em sintonia estratégica com Putin e com a China de Xi Jinping. E isso leva a, curiosamente, até a uma certa confusão entre os movimentos populistas, quer na Europa, quer nos Estados Unidos, que ficam um pouco divididos entre a solidariedade populista a regimes de direita e a solidariedade populista a regimes de esquerda. É claro que o facto de os Estados Unidos estarem agora a apoiar claramente a Rússia veio ainda mais estabelecer uma confusão de apoios estratégicos e de aliados ideológicos entre os países que está, por exemplo, a colocar a Europa numa posição bastante incómoda na sua posição de apoio tradicional à Ucrânia. RFI: Também fala da mensagem que Vladimir Putin pretende disseminar junto da sua própria população, numa altura em que transparece algum cansaço no seio da população relativamente ao conflito com a Ucrânia e também relativamente à situação económica russa que é difícil. Maria Ferreira: Sim, aliás, Putin propôs agora um cessar-fogo com a Ucrânia, um cessar-fogo que coincidisse com o aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Mas, curiosamente, Volodymyr Zelensky já veio considerar que este autodeclarado cessar-fogo por parte da Rússia é sobretudo um espectáculo de teatro. A proposta norte-americana era de um cessar-fogo 30 dias. Essa proposta foi aceite pela Ucrânia e recusada pela Rússia, que não aceitou a proposta de cessar-fogo de Putin. Aliás, disse que a presença de efectivos internacionais na própria parada militar pode ser considerada como uma extensão da responsabilidade pela guerra na Ucrânia a esses países. Esta proposta de cessar-fogo, penso que pode ser considerada sobretudo como um exercício de propaganda por parte de Moscovo e como mais uma demonstração de força. No fundo, a tentativa russa de enquadrar discursivamente e simbolicamente, segundo a sua própria agenda o 'Dia da Vitória', fazendo a tal articulação entre o 'Dia da Vitória' e o próprio conflito na Ucrânia e de tentar representar esta data de acordo com a agenda política russa. Este gesto está a ser compreendido fundamentalmente como um gesto para consumo interno. Mas também, isto é importante, como um gesto para consumo dos Estados Unidos e da Europa, sinalizando que a Rússia tem a sua própria agenda, tem o seu próprio timing relativamente ao conflito na Ucrânia e que é, de alguma forma, imune a pressões, mesmo a pressões vindas da administração Trump. O objectivo é mostrar que a Rússia controla a agenda do conflito, tem solidariedade internacional em relação à prossecução do conflito. E isto é importante numa altura em que o conflito parece estar num impasse. A Rússia não faz efectivamente grandes avanços territoriais, apesar da grande diferença de capacidades militares que tem em relação a Ucrânia. E isso é claro, que gera descontentamento na população russa e, portanto, Putin está fundamentalmente a tentar mobilizar os russos, mostrando aqui a existência desse tal paralelismo histórico entre o 'Dia da Vitória' e o conflito na Ucrânia, tentando mostrar também que não está sozinho no conflito. RFI: Houve dois sinais enviados por Kiev esta semana. Um primeiro sinal foi o envio de drones, inclusivamente contra Moscovo. Não será uma mensagem directa para os russos para fazê-los provar do próprio veneno e mostrar que eles também não estão em segurança? Maria Ferreira: Sim, mas isso é um objectivo de Volodymyr Zelensky que, desde os princípios do conflito, tenta de alguma forma mobilizar a própria população russa contra o regime russo e demonstrar à população russa os eventuais efeitos negativos do apoio ao regime de Putin. E é bom relembrar que a população russa não tem sido passiva em relação ao apoio à presença russa na Ucrânia e, portanto, tem tudo a ganhar ao provocar uma certa instabilidade em território russo. Provar aos russos que esta guerra, que, segundo Putin, tem sobretudo uma legitimidade ideológica e normativa, porque Putin considera que a Ucrânia pertence ao grande espaço cultural e ideológico russo e que tem o objectivo de provar aos russos que esta narrativa tem falhas e que a guerra pode custar muito à população russa. RFI: Outro sinal enviado também esta semana por Kiev é a ratificação do famoso acordo com os Estados Unidos sobre os minérios. Julga que isto pode também servir de escudo para Zelensky mostrar aos russos que também pode ter Trump como aliado?Maria Ferreira: É muito difícil de fazer uma análise sobre aquilo que pode vir ou não acontecer em relação ao acordo com os Estados Unidos. Aliás, esta semana soube-se que os Estados Unidos pretendem forçar a Ucrânia a receber deportados e imigrantes ilegais que sejam expulsos dos Estados Unidos. Portanto, é muito difícil nós termos uma ideia daquilo que os Estados Unidos pretendem efectivamente fazer em relação ao conflito russo-ucraniano. Parece haver aqui uma visão claramente estratégica e instrumental do conflito, no sentido de beneficiar apenas os interesses estratégicos norte-americanos. E não sei como é que isso vai necessariamente se traduzir em mais apoio para a Ucrânia, se bem que Washington tenha já desbloqueado mais apoio militar. Mas é difícil saber a médio e a longo prazo, como é que Donald Trump vai gerir o seu apoio por um lado, a Putin, de quem é um aliado estratégico e ideológico e, por outro lado, à Ucrânia em relação a quem tem já um histórico de conflito de há vários anos. Por isso é muito difícil fazer previsões sobre qual efectivamente vai ser o apoio norte-americano à Ucrânia, sabendo nós que, neste momento, o Congresso está claramente ao lado de Donald Trump e é, portanto, muito reticente em fazer um 'commitment'. RFI: E a Europa no meio disto tudo? Esta semana foi eleito um novo chanceler alemão. Julga que a chegada de Merz no jogo político vai mudar alguma coisa para a Ucrânia?Maria Ferreira: A própria eleição de Merz foi complexa e, portanto, aquilo que parecia ser um dia de afirmação da força alemã através da eleição de Merz acabou por ser nublada pela questão da não-eleição logo no primeiro acto eleitoral. Portanto, aquilo que poderia ser uma afirmação de força foi temperado pelo facto de se ter que fazer uma segunda votação, o que mostra que os deputados alemães estarão com algumas dúvidas sobre a própria figura de Merz e, portanto, Merz não começa bem enquanto líder alemão. Em relação à Europa e independentemente da eleição mais ou menos atribulada de Merz na Alemanha, é de realçar o facto de neste momento, a Comissão Europeia ter um comissário específico para a Defesa e para o Espaço. É de realçar o facto de a União Europeia ter já um 'Livro Branco' sobre a defesa, em que claramente se apela à construção de uma indústria europeia de defesa e ao fim da dependência estratégica em relação aos Estados Unidos no que toca à aquisição de materiais de defesa. Mais do que a eleição de Merz na Alemanha, isso sim, penso que são boas notícias para Zelensky, porque o 'Livro Branco' sobre a defesa faz uma identificação muito clara das lacunas ao nível das capacidades militares da União Europeia, como a questão dos drones, a questão da artilharia, a questão da mobilização de tropas e de capacidades militares entre os Estados-Membros. O 'Livro Branco' sobre a defesa faz claramente uma alusão à necessidade de haver uma colaboração e dividendos da colaboração entre os Estados-Membros no campo da defesa. E isso, eu penso que são boas notícias para Zelensky, porque qualquer aumento de capacidades por parte da União Europeia poder-se-ia traduzir num aumento de capacidades, por exemplo, no campo da artilharia para a própria Ucrânia. 

Diplomatas
A Alemanha tem novo Governo e “Merz quer ser um chanceler da Europa”

Diplomatas

Play Episode Listen Later May 8, 2025 34:23


Pela primeira vez, um chanceler da Alemanha não foi eleito após a primeira votação secreta no Bundestag. Havia um acordo, mas alguém não o cumpriu. Isso, só por si, é notícia; ainda por cima depois de o candidato em causa, o conservador Friedrich Merz, se ter apresentado ao país e à Europa como uma figura de estabilidade. Merz acabou por ser eleito, à segunda tentativa, e encabeça mais uma “grande coligação” entre CDU e SPD no principal motor económico europeu. Pela frente, na oposição, enfrenta uma reforçadíssima AfD, recentemente rotulada de “extremista” e de “ameaça à Constituição” pela secreta interna alemã. No episódio desta semana do podcast Diplomatas, Madalena Meyer Resende, especialista em política alemã e professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da NOVA, ajuda a explicar os planos, os desafios e as principais caras do novo Governo da Alemanha, sem deixar de analisar o “fiasco” da primeira votação. Já a jornalista Teresa de Sousa, comentando sobre a política externa que vai ser seguida a partir de Berlim, acredita num reforço do eixo franco-alemão e diz que Merz “quer ser um chanceler da Europa”. Neste programa também conversámos sobre as celebrações dos 80 anos do fim da II Guerra Mundial, na Europa (esta quinta-feira) e na Rússia (sexta-feira), num contexto de esfriamento das relações transatlânticas e, segundo Madalena Resende, de busca continuada do Kremlin em legitimar a invasão da Ucrânia. A presença esperada de Lula da Silva (Presidente do Brasil), de Xi Jinping (Presidente da China), de Nicolás Maduro (Presidente da Venezuela) e de Robert Fico (primeiro-ministro da Eslováquia), entre outros líderes mundiais, no “Dia da Vitória”, em Moscovo, merece uma nota crítica de Teresa de Sousa.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Gabinete de Guerra
Moscovo continua a pedir demais? EUA diz que sim

Gabinete de Guerra

Play Episode Listen Later May 8, 2025 9:14


Bruno Cardoso Reis afirma que as exigências de Putin são excessivas, mas não surpreendentes. O historiador recorda que JD Vance admitiu finalmente que é necessária uma colaboração entre EUA e Europa.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Gabinete de Guerra
“Ucrânia depende dos EUA para continuar a resistir"

Gabinete de Guerra

Play Episode Listen Later Apr 29, 2025 17:38


Pedro Nascimento garante que EUA são única hipótese de salvação da Ucrânia a curto prazo. O historiador afirma que cedência de terrenos será maior obstáculo a acordo entre Kiev e Moscovo.See omnystudio.com/listener for privacy information.

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Gabinete de Guerra. “Ucrânia depende dos EUA para continuar a resistir"

Zoom

Play Episode Listen Later Apr 29, 2025 17:38


Pedro Nascimento garante que EUA são única hipótese de salvação da Ucrânia a curto prazo. O historiador afirma que cedência de terrenos será maior obstáculo a acordo entre Kiev e Moscovo.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Gabinete de Guerra
"Francisco lembrou sempre zonas de conflito esquecidas"

Gabinete de Guerra

Play Episode Listen Later Apr 21, 2025 19:11


Bruno Cardoso Reis lembra os apelos à paz que Francisco sempre fez. Considera pouco provável que a morte do Papa suspenda ataques russos porque Moscovo resiste a uma aproximação ao Vaticano.See omnystudio.com/listener for privacy information.

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Gabinete de Guerra. "Francisco lembrou sempre zonas de conflito esquecidas"

Zoom

Play Episode Listen Later Apr 21, 2025 19:11


Bruno Cardoso Reis lembra os apelos à paz que Francisco sempre fez. Considera pouco provável que a morte do Papa suspenda ataques russos porque Moscovo resiste a uma aproximação ao Vaticano.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Gabinete de Guerra
Pacote de sanções. "Vai claramente causar problemas"

Gabinete de Guerra

Play Episode Listen Later Apr 15, 2025 10:16


Francisco Pereira Coutinho admite que os EUA estão divididos entre acordos com Moscovo. O especialista em Direito Internacional acredita que o pacote de sanções causará choque entre Hungria e EUA. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - O mundo a seus pés
“O discurso económico em África é o discurso europeu na defesa: maior autonomia dos Estados Unidos”

Expresso - O mundo a seus pés

Play Episode Listen Later Apr 14, 2025 33:11


As tarifas de Donald Trump têm levado muitos governos africanos a reorientar ou consolidar as suas parcerias estratégicas com a China e a Rússia. O vazio deixado pelos Estados Unidos é assim ocupado por Pequim e Moscovo, há muito apostadas na “desdolarização do mercado”, diz Raúl M. Braga Pires, politólogo, arabista e professor no Instituto Piaget de Almada. Mas este também “pode ser um momento de reaproximação de África à Europa”, defende.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Visão Global
Conversações entre os EUA e a Rússia

Visão Global

Play Episode Listen Later Mar 30, 2025 45:20


Continuam as negociações entre Washington e Moscovo sobre o restabelecimento de relações bilaterais e sobre a Ucrânia. Os repatriamentos para o Afeganistão. As manifestações na Turquia. Edição de Mário Rui Cardoso.

Guerra Fria
Putin quer mesmo tudo da Ucrânia. Vai conseguir?

Guerra Fria

Play Episode Listen Later Mar 30, 2025 20:56


No Guerra Fria em podcast, José Milhazes e Nuno Rogeiro analisam os recuos no acordo de paz para a Ucrânia. O que é negociável? O que está fora de questão? No entanto, a Rússia continua interessada em prolongar a guerra. Trump, descontente, ameaça avançar com sanções sobre o petróleo russo. Moscovo exigiu publicamente que quer a ONU a governar Kiev, para existirem eleições livres, mas a organização rejeitou intrometer-se na democracia ucraniana. Enquanto não há acordo, a União Europeia aprovou despesas até 205 milhões para apoio militar à Ucrânia. Ouça aqui o programa emitido a 30 de março na SIC. Para ver este episódio em vídeo clique aquiSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Convidado
Cimeira de Paris quis “fortalecer Ucrânia à mesa das negociações” com a Rússia

Convidado

Play Episode Listen Later Mar 28, 2025 12:58


A cimeira que juntou líderes de 31 países em Paris, esta quinta-feira, pretendeu “fortalecer a Ucrânia à mesa das negociações” com a Rússia. A explicação é dada pelo professor de Relações Internacionais José Palmeira que comentou à RFI as conclusões da reunião, nomeadamente a proposta do envio de uma força de dissuasão para a Ucrânia depois de alcançado um cessar-fogo e o não levantamento de sanções contra Moscovo. RFI: Esta manhã, o Presidente russo Vladimir Putin pediu uma “administração transitória” na Ucrânia, sob a égide da ONU, para organizar o que chamou de “eleições presidenciais democráticas”, antes de qualquer negociação de paz. Como avalia esta proposta?José Palmeira, Professor de Relações Internacionais da Universidade do Minho: “Essa proposta é uma interferência na soberania da Ucrânia. Naturalmente que compete aos ucranianos determinarem, de acordo com as suas próprias regras, designadamente a Constituição, quando é que se realizam as eleições. O que está a acontecer é que a Ucrânia está debaixo de uma lei marcial e, portanto, não há condições, do ponto de vista jurídico, para realizar um acto eleitoral.”Podemos olhar para a proposta como uma tentativa de afastar à força o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky?“Sim, há desde logo um propósito de afastar o actual Presidente. É verdade que a Rússia estará convencida de que, se ele se recandidatar, poderá perder as eleições. Há aqui, de certa forma, um convencimento que as sondagens internas não estão a comprovar, antes pelo contrário. Sobretudo a partir do encontro com Donald Trump na Sala Oval, Zelensky acabou por obter um maior apoio internamente. A questão que se coloca é como é possível realizar um acto eleitoral se a Federação Russa não interromper os ataques à Ucrânia.”Seria mais uma condição para adiar o cessar-fogo? “A não ser que a Rússia garanta que durante o processo eleitoral, quer na campanha, quer nas eleições, não faz qualquer ataque à Ucrânia, não há condições para haver eleições. Um país não pode ir a votos debaixo de fogo, debaixo de bombas.” Esta quinta-feira, na cimeira de Paris, que reuniu 30 países aliados da Ucrânia, não estavam os Estados Unidos. Eram os Aliados, mas sem os Estados Unidos. O que é que representa esta imagem?“Representa, desde logo, que nós não sabemos se vamos poder continuar a usar a palavra Aliados quando falamos dos Estados Unidos e dos países europeus porque aquilo que tem acontecido é que os Estados Unidos se estão a demarcar completamente dos europeus, pondo em causa até a própria continuidade da NATO. A NATO tem um artigo 5° de defesa mútua e o Presidente dos Estados Unidos já disse que poderia não garantir a defesa dos países europeus. Nesse sentido, eu diria que a palavra Aliados pode ser excessiva se os Estados Unidos continuarem a considerar a União Europeia e o Reino Unido não como aliados, mas como adversários, quer no plano económico, quer agora também no plano político.” É uma nova aliança liderada pela França e pelo Reino Unido? O que é que une estes países? “O que une estes países são propósitos que remontam há 80 anos. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial que os países europeus, mais os Estados Unidos e o Canadá, criaram uma aliança para defender os valores da democracia, o respeito pelos direitos humanos, a integridade das fronteiras. O que acontece é que, neste momento, há um Estado, os Estados Unidos da América, que não está alinhado com esse posicionamento. E, portanto, é natural que quem se reúna sejam os países que querem proteger a Ucrânia porque consideram que o ataque à Ucrânia é um ataque à Europa, é um ataque aos valores que o Ocidente defende. Aquilo que mudou foi a posição dos Estados Unidos. Os outros países estão precisamente na mesma situação que estavam desde há 80 anos.”O que é que saiu desta cimeira que tinha como objectivo finalizar as garantias de segurança da Ucrânia, incluindo uma possível mobilização militar europeia? “O principal sinal que os países presentes deram é que continuarão a apoiar a soberania da Ucrânia. Aquilo que está em cima da mesa é a Ucrânia perder território, ora, essa perda de território não pode ser reconhecida porque, caso contrário, abre-se um precedente gravíssimo, uma violação do direito internacional. O que esses países vieram dizer é que nunca levantarão as sanções que aplicam à Federação Russa enquanto a Federação Russa não se retirar dos territórios ocupados. Ora, isto é uma posição diferente dos Estados Unidos, que admitem um levantamento, ainda que não total, mas um levantamento das sanções, um aliviar das sanções. A Europa não. E mais do que isso, a Europa está disponível para também militarmente, apoiar a Ucrânia.”Mas essa mobilização não reúne, aparentemente, consenso. Seria uma força de dissuasão para depois de um cessar-fogo. Que força é essa e quem é que está unido em torno dessa força que seria liderada pela França e pelo Reino Unido? “Os contornos dessa força não estão ainda muito claros porque nós ainda estamos numa situação de guerra aberta. O que acontece é que há países europeus que dizem: ‘Nós vamos procurar aqui uma concertação de posições.' Aquilo que a Federação Russa tem dito é que não quer países da NATO presentes no território ucraniano depois de um cessar-fogo ser estabelecido. A posição de França e do Reino Unido é diferente, diz o seguinte: ‘A Ucrânia é um país soberano, se a Ucrânia quiser, nós enviamos forças para lá, independentemente da vontade do Kremlin'. É essa nuance que existe entre os países europeus que estiveram reunidos em Paris.”Até lá, Vladimir Putin poderia continuar a guerra?“Uma coisa é ceder completamente àquilo que Vladimir Putin pretende. Outra coisa é, neste momento, ter uma posição de força. Dado que o mediador, os Estados Unidos, tem sido forte com a Ucrânia e fraco com a Rússia, aquilo que os países europeus querem é fortalecer a posição ucraniana e não fazer, de imediato - uma vez que estamos numa fase de negociações - cedências a tudo aquilo que Vladimir Putin reivindica. Portanto, é uma posição a favor do fortalecimento da Ucrânia à mesa das negociações.”No final da cimeira, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse lamentar que haja sempre “muitas questões” e “poucas respostas” sobre uma eventual mobilização de um contingente europeu no solo ucraniano. Há um ano, ele pedia tropas para o terreno…“Exacto. É natural que a Ucrânia, que é o país atacado, procure o máximo de apoio, tenha uma posição maximalista para defender os seus interesses. Agora, também é legítimo que os países europeus não atendam necessariamente a esse maximalismo, mas procurem aqui algum equilíbrio. Isto é, se há um objectivo de chegar à paz, tem que haver aqui algum equilíbrio. Nesse sentido, a posição mais ponderada poderá ser a que os países europeus têm defendido que é continuar a apoiar a Ucrânia e depois ver em que quadro é que se estabelece um cessar-fogo e uma paz. Então aí, manifestam a sua disponibilidade para cooperar com esse processo, para dar as tais garantias de segurança que a Ucrânia pretende.”Falou da vontade de fortalecer a Ucrânia, mas até que ponto é que esta cimeira não foi uma tentativa de fortalecer ou despertar a própria Defesa da União Europeia?“Uma coisa está ligada à outra. De facto, é verdade que a Europa, para proteger a Ucrânia, tem também que criar condições para se proteger a si própria. Isto é, tem que haver aqui uma visão integrada e, nesse sentido, aquilo que se pretende é que a Europa desenvolva uma capacidade militar que poderá vir a ser autónoma dos Estados Unidos - essa não é a vontade dos europeus, mas se tiver que assim ser, que seja. Portanto, tem que ter uma autonomia estratégica e para ter autonomia estratégica tem que ter força, tem de ter capacidades militares e é isso que está a acontecer. É verdade que é um processo que não se concretiza de um dia para o outro. A Europa tem também outras necessidades no plano económico. Nesse sentido, aquilo que se procura é, de certa forma, desenvolver a indústria de defesa porque a indústria de defesa também pode ajudar ao crescimento económico da Europa.”A que custo? Mobilizar os fundos para a defesa não implica desviar fundos de outras áreas dos orçamentos nacionais?“É verdade que aqui temos os patamares nacionais e o europeu. A nível nacional, os Estados têm autonomia nos planos da saúde, por exemplo, nos planos sociais, para continuar a desenvolver essas políticas. Aquilo que alguns Estados-Membros têm pedido à União Europeia é que flexibilize as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento para que os países possam dispender mais com a defesa e não serem penalizados a nível europeu por esse investimento. Por outro lado, a própria União Europeia pode criar mecanismos especiais, uma espécie de um PRR, que é um Plano de Recuperação e Resiliência criado a seguir à pandemia, neste caso aplicada a defesa. Portanto, há aqui uma visão integrada. Por outro lado, porventura terá que se chegar ainda mais longe, ao tal exército europeu ou às Forças Armadas Europeias, com o intuito de dar à Europa um comando unificado no plano militar. Tudo vai depender também daquilo que seja o novo Chanceler alemão, que parece estar também ele próprio, bastante virado, digamos assim, para uma Europa da defesa e da segurança. No passado, não foi possível esse entendimento. Hoje, dado o conflito na Ucrânia, se calhar estão criadas as condições para esse passo ser dado.”A Comissão Europeia propôs que os cidadãos europeus tenham um “kit de sobrevivência” de 72 horas. O que pensa destes kits? Estamos a alarmar a população?“Eu não diria alarmar, mas estamos a consciencializar a população de que os dias que vivemos hoje são diferentes dos do passado recente. Isto é, a Europa nunca imaginou que pudesse, no plano militar, vir a ser objecto de uma ameaça externa. Essa ameaça existe, de facto, e, portanto, há que preparar os europeus, desde logo, no plano psicológico. Mais do que testar a eficácia do kit, eu acho que existe essa preocupação de criar o ambiente psicológico, até para os europeus perceberem que, se calhar, vão ter que cortar noutras áreas para canalizar mais meios para a defesa. E isso passa também pelas elites políticas que têm que ser capazes de passar essa mensagem, o que em termos eleitorais, não é fácil...”Não poderia até dar jeito em termos eleitorais?“Não, porque os eleitores podem não querer cortar na segurança social ou na saúde para se gastar mais na defesa…”Mas as guerras não podem criar um certo sentimento de nacionalismo ou união?“Ajudam, mas eu não sei se a opinião pública europeia está suficientemente sensível, sobretudo a do sul da Europa, que vê o conflito na Ucrânia como mais longínquo. Eu diria que isto tem um objectivo, desde logo político, de criar um clima propício para que se avance mais e se invista mais na defesa.” É uma forma de capitalizar o apoio das pessoas para esse investimento e não tanto uma ameaça real?“Ora bem, nós nunca sabemos se a ameaça é real ou não, mas temos que estar preparados para ela. A melhor forma de evitarmos que a ameaça se concretize é fazer ver ao potencial agressor que o custo de abrir um conflito é muito elevado. Se ele tiver a percepção que a Europa está melhor preparada para se defender, naturalmente que, se calhar, não desencadeará essa agressão. No fundo é: se queres a paz, prepara-te para a guerra.”

Convidado
Cessar-fogo no Mar Negro: "Um passo diplomático sem garantias de segurança"

Convidado

Play Episode Listen Later Mar 26, 2025 8:45


Os Estados Unidos anunciaram esta terça-feira, 25 de Março, um acordo entre a Rússia e a Ucrânia para um cessar-fogo marítimo no Mar Negro, após negociações na Arábia Saudita. O Kremlin condiciona o cessar-fogo ao fim das sanções ocidentais sobre cereais e fertilizantes russos. Apesar de a Casa Branca celebrar o acordo, não há garantias de uma trégua efectiva, uma vez que a Rússia continua os ataques terrestres. Sandra Dias Fernandes, especialista da Rússia ligada à Universidade do Minho, afirma que embora este acordo represente "um passo diplomático", não prevê "garantias de segurança". RFI: Quais são as motivações da Rússia ao condicionar o acordo de cessar-gogo ao fim das sanções. Trata-se de uma estratégia para ganhar tempo ou de uma tentativa de enfraquecer a posição ocidental?Sandra Dias Fernandes: De facto, devemos olhar para este aparente resultado negocial no contexto da pressão exercida pela diplomacia da administração norte-americana, liderada por Donald Trump, sobre um cessar-fogo ou, pelo menos, sobre a redução das hostilidades. Temos visto tanto a Rússia como a Ucrânia a tentar não desagradar à diplomacia de Trump e, ao mesmo tempo, não há qualquer alteração na grande desconfiança mútua que existe entre russos e ucranianos.Este é um passo, mas, como sublinhou, não é um passo concreto do ponto de vista da sua implementação. Acontece precisamente neste contexto: dar a Trump a possibilidade de dizer que está a liderar um processo negocial que está a avançar. Mas, ao mesmo tempo, este aparente acordo — ou, pelo menos, a intenção de realizar um acordo — não tem quaisquer garantias de segurança. Ou seja, não há qualquer sanção ou consequência prevista caso uma das partes viole o acordo após a sua entrada em vigor.As condições que a Rússia coloca são, na verdade, as mesmas que levaram ao fim do chamado "Acordo dos Cereais", que vigorou entre o verão de 2022 e o verão de 2023. Esse tipo de acordo já existiu e, aliás, foi um processo bem conduzido diplomaticamente, pois conseguiu pegar num tema em que era possível apresentar resultados, uma vez que já tinha sido praticado no passado: a liberdade de navegação no Mar Negro para que o comércio de cereais pudesse decorrer com mais normalidade.Apesar de a Rússia se ter retirado do acordo dos cereais, no qual a Turquia e as Nações Unidas actuaram como mediadores na altura, os navios ucranianos têm conseguido circular. Ou seja, tem havido capacidade militar para proteger os navios e permitir a sua circulação. Contudo, apesar do sinal político que este novo acordo representa, não há qualquer perspectiva de concretização efectiva, até porque as exigências russas são muito elevadas. A Rússia quer o levantamento de sanções e alega restrições que já tinha alegado em 2023, mas que não estão provadas como existentes de facto. Este é um sinal muito duvidoso.Como é que a União Europeia e outros países ocidentais devem responder a esta negociação? Ceder às exigências russas pode abrir um precedente perigoso?Eu não diria que se trata de um precedente perigoso, mas sim de analisar as condições que estão em cima da mesa e que possam pressionar a Rússia a cessar as hostilidades e a entrar em compromissos para um cessar-fogo.Se retirarmos elementos que são essenciais para pressionar a liderança russa — nomeadamente sanções que limitam a sua capacidade de obter recursos financeiros e materiais para conduzir esta guerra — então, obviamente, estaremos a dar vantagens ao lado russo. O levantamento das sanções representaria uma alteração significativa nas relações de força, algo que a administração Trump já veio modificar, de forma considerável, em desfavor dos ucranianos.Qual é o papel que os Estados Unidos estão a desempenhar neste processo? A administração de Donald Trump está a agir mais a favor da Rússia do que da Ucrânia, como sugerem alguns analistas ?Não se trata apenas de uma sugestão de analistas, mas sim de analisar os factos. A administração americana normalizou as relações com a Rússia e iniciou um processo de finalização da guerra na Ucrânia que não impõe qualquer condição ao lado russo.Mais do que isso, se ouvirmos as palavras do enviado especial de Trump, Sr. Whitcoff, que é um amigo pessoal do Presidente Trump e não um diplomata de carreira, percebemos claramente esta tendência. Numa entrevista que deu há poucos dias à Fox News, ficou evidente que a actual administração americana apropriou-se do discurso da propaganda russa sobre o conflito ucraniano. Ou seja, tem adoptado a perspectiva russa que levou à invasão da Ucrânia e que legitimiza as acções de Moscovo no território ucraniano.Neste momento, a administração americana tem um claro pendor pró-russo, não assumindo uma posição de neutralidade nem defendendo os princípios internacionais de soberania, não agressão territorial ou de não alteração de fronteiras pelo uso da força.Que impacto pode ter a cimeira europeia em Paris nas negociações de paz para a Ucrânia que vai decorrer amanhã na capital francesa. A Europa conseguirá afirmar uma posição autónoma ou continuará a seguir a linha estratégica dos Estados Unidos?A Europa já se posicionou claramente, nomeadamente através de um novo programa político e económico: o programa "Rearmar Europa", anunciado há cerca de duas semanas.O papel da Europa tem sido fundamental para evitar que a Ucrânia entre em isolamento diplomático. Havia esse risco, mas Zelensky tem sido hábil em manter o diálogo com os americanos, mesmo após o incidente na Casa Branca, no encontro presidencial de 28 de Fevereiro.Os europeus estão a preparar-se para desempenhar um papel activo na implementação do cessar-fogo, garantindo a segurança da Ucrânia. O que ainda não está claro é o peso efectivo que conseguirão ter na definição dos termos do cessar-fogo. No entanto, o facto de a Europa estar a organizar-se para desempenhar um papel central nesse processo já é um sinal evidente da sua vontade de acção.Se esse acordo não for implementado devido às condições impostas por Moscovo? Quais podem ser as possíveis consequências para as futuras negociações de paz?A sua questão é difícil de responder porque os acontecimentos internacionais têm evoluído a um ritmo acelerado e há transformações profundas nos alinhamentos geopolíticos.A única resposta possível neste momento é que tudo dependerá do tipo de apoio que a Ucrânia continuar a receber para resistir à invasão russa e também do apoio que a própria Rússia continuar a obter para manter o seu esforço de guerra.Infelizmente, o cerne da questão parece centrar-se na Europa e no risco de um escalamento da guerra no continente.

Appleton Podcast
Episódio 163 – “O curador que faz exposições para escrever sobre artistas” - Conversa com Pedro Lapa

Appleton Podcast

Play Episode Listen Later Mar 24, 2025 123:52


Pedro Lapa é professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi diretor artístico do Museu Coleção Berardo entre 2011 e 2017 e diretor do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, entre 1998 e 2009. Foi também curador da Ellipse Foundation entre 2004 e 2009. É doutorado em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É autor de muitas publicações no domínio da arte moderna e contemporânea, de entre as quais se destacam André Romão. Fauna (2019); Joaquim Rodrigo, a contínua reinvenção da pintura (2016); História e Interregnum. Três obras de Stan Douglas (2015); Arte Portuguesa do Século XX (1910-1960), James Coleman. Mediaespectrologias (2005).Comissariou muitas exposições, das quais se destacam Amadeo de Souza-Cardoso (Museu Pushkin, Moscovo), James Coleman (MNAC-MC), Stan Douglas, Interregnum (Museu Coleção Berardo, Lisboa), Alexandre Estrela. Star Gate (MNAC-MC) ou as coletivas More Works About Buildings and Food (Hangar K7, Oeiras), João Maria Gusmão e Pedro Paiva. Intrusão: The Red Square (MNAC-MC), Disseminações (Culturgest, Lisboa), Ângela Ferreira. Em sítio algum (MNAC-MC) Cinco Pintores da Modernidade Portuguesa (Fundació Caixa Catalunya, Barcelona; Museu de Arte Moderna, São Paulo). Em 2001 foi o curador da representação portuguesa à 49ª Bienal de Veneza com o artista João Penalva. Foi co-autor, em 1999, do primeiro catálogo raisonné realizado em Portugal, dedicado à obra de Joaquim Rodrigo. O Grémio Literário atribuiu-lhe o Grande Prémio de 2008 pelo seu ensaio Columbano Bordalo Pinheiro, uma arqueologia da modernidade. Em 2010 o Ministro da Cultura de França, Frédéric Mitterrand, concedeu-lhe a distinção de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras.Os projetos atuais em realização consistem num livro sobre arte moderna em Portugal, bem como um livro sobre Alexandre Estrela, um artista cujo trabalho acompanha desde os primeiros anos de emergência da sua obra. Links: https://arquivos.rtp.pt/conteudos/pedro-lapa-2/ https://www.youtube.com/watch?v=-HJgEnCUWeQ https://www.artecapital.net/entrevista-143-pedro-lapa http://www.museuartecontemporanea.gov.pt/pt/museu/historia https://arquivos.rtp.pt/conteudos/pedro-lapa/ https://www.rtp.pt/noticias/cultura/pedro-lapa-e-o-novo-diretor-artistico_n427481 https://sicnoticias.pt/cultura/2011-03-25-pedro-lapa-e-o-novo-director-artistico-do-museu-berardo3 https://www.publico.pt/2017/04/06/culturaipsilon/noticia/pedro-lapa-saiu-da-direccao-artistica-do-museu-coleccao-berardo-1767946 https://www.publico.pt/2022/06/21/culturaipsilon/opiniao/bem-desde-coleccao-ellipse-futuro-2010661 https://www.dn.pt/arquivo/diario-de-noticias/colecoes-de-arte-ellipse-e-do-bpp-passam-para-a-tutela-do-estado-15355564.html https://www.publico.pt/2015/03/23/culturaipsilon/noticia/stan-douglas-expoe-em-outubro-no-museu-berardo-1690029 Episódio gravado a 18.03.2025 Créditos introdução: David Maranha - Flauta e percussão Créditos música final: Steve Reich, Music for a Large Ensemble http://www.appleton.pt Mecenas Appleton:HCI / Colecção Maria e Armando Cabral / A2P / MyStory Hotels Apoio:Câmara Municipal de Lisboa Financiamento:República Portuguesa – Cultura / DGArtes – Direcção Geral das Artes © Appleton, todos os direitos reservados

Guerra Fria
Qual é nova estratégia da Europa para a Ucrânia? “Nem tudo vai ser revelado”

Guerra Fria

Play Episode Listen Later Mar 23, 2025 22:47


José Milhazes e Nuno Rogeiro juntam-se em mais uma edição da noite para avaliar os projetos de paz na Ucrânia em discussão. “Os ucranianos não partem com qualquer tipo de esperança”, explicam os comentadores agora que as novas rondas de negociação entre Washington, Kiev e Moscovo começaram. Sergey Beseda, um dos atores responsável pelas invasões, estará presente nas reuniões. “São mas notícias para os ucranianos, mas também são boas esta pessoa mostrou-se extremamente incompetente”. Face a este cenário, onde fica a Europa? Qual vai ser a sua estratégia? “Nem todas as informações vão ser reveladas”, garante. Ouça aqui o programa emitido na noite de 23 de março na SIC. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Diplomatas
Acordo entre Trump e Putin ao telefone: “Não gostam da UE, não gostam da NATO e odeiam Zelensky”

Diplomatas

Play Episode Listen Later Mar 20, 2025 28:41


A muito aguardada chamada telefónica entre Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, na terça-feira, não trouxe nada de significativamente novo sobre o desenrolar da guerra na Ucrânia, sobre a estratégia militar de Moscovo ou sobre as prioridades da diplomacia da nova Administração norte-americana. A Rússia “aceitou” não atacar a infra-estrutura energética ucraniana durante 30 dias, mas mesmo essa “cedência” traz-lhe vantagens no campo de batalha: se Kiev fizer o mesmo, Moscovo pode reforçar as suas linhas e para impedir que os drones ucranianos bombardeiem as suas reservas de petróleo. “O resultado do telefonema foi muito simples: não há cessar-fogo. Quem acha que isto é um acordo ou é louco, ou está claramente a fazer o jogo de Putin. Trump reserva a pressão máxima para [Volodymyr] Zelensky e a pressão mínima ou ausência de pressão para Putin”, resume a Teresa de Sousa. “Há de facto um entendimento entre Trump e Putin”, acrescenta. “Não gostam da União Europeia e querem dividi-la; não gostam da NATO e querem dividi-la; aceitam ambos a ideia de um mundo dividido em zonas de influência pelas grandes potências internacionais – EUA, Rússia e China – (…) e ambos odeiam Zelensky, pela razão simples de que este lhes faz frente”. No episódio desta semana do podcast Diplomatas também conversámos sobre a aprovação da reforma do travão da dívida alemão, em vésperas do Conselho Europeu, que se realiza esta quinta-feira em Bruxelas. Segundo o Carlos Gaspar, trata-se de “sinal muito forte” de Berlim para a UE, para Putin “e para Trump”, já que permite que a Alemanha “ocupe o seu lugar no centro da concertação estratégica com a França e a Grã-Bretanha, que vai ser mais importante nos próximos tempos do que a UE a NATO.” Da Europa, passámos para o Médio Oriente: o regresso da guerra israelita na Faixa de Gaza, assume Carlos Gaspar, também tem uma “dimensão interna” – a necessidade de aprovação do Orçamento do Estado e de reforço da maioria do Governo de Benjamin Netanyahu –, mas enfatiza, sobretudo, que é “absolutamente indispensável que haja uma força internacional que garanta a segurança em Gaza e que impeça o Hamas de restaurar o reino de terror sobre os palestinianos.” Teresa de Sousa traça ainda um “paralelismo impressionante entre a lógica de actuação de Putin e de Netanyahu”, primeiro-ministro de Israel. “Netanyahu quer redesenhar um mapa do Médio Oriente a favor de Israel; e é esse o grande objectivo da sua ofensiva. Putin quer redesenhar um mapa de segurança europeia; é o principal objectivo da guerra da Ucrânia”, considera. “Ambos têm, de alguma maneira, o beneplácito da Administração americana; ambos têm como principal instrumento a guerra. Para os dois a guerra é fundamental; para os dois a guerra não vai parar”.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Gabinete de Guerra
Putin "jogador de xadrez" aproveita-se de Trump

Gabinete de Guerra

Play Episode Listen Later Mar 19, 2025 17:15


Luís Tomé analisa o telefonema "muito bom" entre Trump e Zelensky. Acredita que a Casa Branca tem um "alinhamento" claro com Moscovo. Trump é "falso mediador e pacifista".See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
Vai a Europa impor a paz na Ucrânia contra a vontade dos russos? E Portugal alinha?

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Mar 18, 2025 16:01


Putin fala esta terça-feira com Trump e o receio europeu é que a paz na Ucrânia seja uma cedência em toda a linha aos interesses de Moscovo. A Europa, com destaque para Starmer e Macron, estão empenhados em não deixar que o jogo se faça apenas entre o presidente russo e o presidente norte-americano e estão já a trabalhar, contra a vontade do Kremlin, para criar uma força de paz que garante a segurança da Ucrânia. Não seria uma força de manutenção de paz, mas de imposição de paz que podia não durar muito. Neste episódio, falamos com o coronel Carlos Mendes Dias, comentador da SIC.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
Europa mostra-se disposta a mandar tropas para a Ucrânia, enquanto Putin quer resolver tudo com Trump

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Mar 17, 2025 14:13


As negociações entre a Casa Branca e o Kremlin avançaram durante o fim-de-semana e uma conversa entre Vladimir Putin e Donald Trump ficou agendada para esta semana. A Europa mantém-se firme na defesa da Ucrânia e tanto a França como o Reino Unido anunciaram a disponibilidade para enviar tropas para a Ucrânia, de modo a garantir a paz. Moscovo diz que não aceita, mas Emmanuel Macron avisa que a autorização de Putin não é precisa para nada porque a Ucrânia é um país soberano. Neste episódio, conversamos com Rui Cardoso, comentador de internacional na SIC.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Noticiário Nacional
15h António Costa: Moscovo tem de mostrar que quer cessar-fogo

Noticiário Nacional

Play Episode Listen Later Mar 15, 2025 10:08


Noticiário Nacional
23h Trump acredita que Moscovo vai aceitar acordo de cessar-fogo

Noticiário Nacional

Play Episode Listen Later Mar 14, 2025 9:55


DW em Português para África | Deutsche Welle
12 de Março de 2025 - Jornal da Noite

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Mar 12, 2025 19:59


Influência de João Lourenço abre portas a cessar-fogo no leste da RDC, diz analista. Amnistia Internacional exige investigação a tiroteios contra oposição moçambicana. UNITA distancia-se da detenção do seu secretário provincial. Moscovo equaciona cessar-fogo na Ucrânia.

A História do Dia
Até onde pode chegar a aliança Trump/Putin?

A História do Dia

Play Episode Listen Later Feb 24, 2025 18:18


Três anos depois da invasão russa, Trump aponta culpas a Kiev e aproxima-se de Moscovo. O que acontece se a Ucrânia não ceder? Conversa com João Diogo Barbosa, especialista em assuntos internacionais.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer
Calafrios e segredos mal guardados

Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer

Play Episode Listen Later Feb 22, 2025 50:42


Há o dentro e o fora. As pequenas causas e as grandes cousas. Nestas últimas, enfrentamos o “blitzTrump”: um mês de presidência por decreto em que a Casa Branca até já publicou uma fotografia do Presidente com uma coroa de monarca. O mundo mudou e na Europa, por entre calafrios, não há dúvidas de que terá mudado para pior. Trump, ao mesmo tempo que chama ditador a Zelensky, combina visitar Moscovo para um abraço a Putin. Enquanto estas cousas se passam no mundo, o parlamento português debate a primeira moção de censura a Montenegro. Com ela, durante uns dias não se falou de malas roubadas nem de prostituição de menores por 20 euros. Ao mesmo tempo, Marques Mendes revela as suas causas presidenciais e Gouveia e Melo põe por escrito o seu programa de uma candidatura que é o segredo mais mal guardado da política portuguesa.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Diplomatas
Há uma nova ordem mundial e quem manda nela é Trump, Putin e Xi Jinping

Diplomatas

Play Episode Listen Later Feb 21, 2025 42:26


Na última terça-feira, EUA e Rússia restabeleceram, em Riade, na Arábia Saudita, contactos bilaterais e anunciaram a criação de equipas para negociarem um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. Um dia depois, Donald Trump reagiu às críticas do presidente ucraniano, por ter estado ausente deste encontro. Trump disse que Volodymyr Zelensky poderia ter alcançado um acordo mais cedo, sugeriu que Kiev é responsável pelo início da invasão russa e repetiu um argumento russo, o de que Zelensky não tem legitimidade para negociar, porque o seu mandato presidencial já terminou. Pior do que isso, disse que Zelensky é um ditador, que arrastou os EUA para a guerra. O presidente ucraniano respondeu que Trump está a viver "num espaço de desinformação" e que resgatou Moscovo do isolamento internacional. O mal-estar entre os dois presidentes é evidente. Este roteiro negocial privilegia a posição russa, a quem são concedidas concessões antes do início do próprio processo. A realização de eleições presidenciais na Ucrânia, neste momento, gera preocupações de que a Rússia possa utilizar o voto para destituir Zelensky e instalar um candidato pró-Putin, que concordaria com termos de paz mais favoráveis a Moscovo. Razão para dizer que a agressão compensa. Neste episódio, Teresa de Sousa, jornalista, e Carlos Gaspar, investigador do IPRI, explicam que os EUA deixaram de ter uma aliança com a Ucrânia e passaram a ter uma aliança com a Rússia. Em suma, há uma nova ordem mundial e quem manda nela é Trump, Putin e Xi Jiping. Texto de Amílcar CorreiaSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
A Rússia já está a colonizar a Geórgia. Uma realidade confirmada pela reportagem da SIC

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Feb 20, 2025 14:34


Na capital da Geórgia, quem luta pela liberdade sai todas as noites para se manifestar. A SIC enviou uma equipa de reportagem a Tbilissi e vai mostrar no Jornal da Noite desta quinta-feira como os georgianos resistem a um destino traçado e como os russos estão a ocupar parte do país e as melhores zonas da capital. Neste episódio, conversamos com a jornalista Susana André.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
Negoceia-se a paz mas o que se ouve são os tambores da guerra. Moscovo e Washington discutem em Riade o futuro da Europa

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Feb 18, 2025 14:55


Na cimeira de Paris estiveram os países mais importantes da Europa para falar de segurança, mas a paz na Ucrânia é discutida a dois, entre Estados Unidos e Rússia. Europa e Ucrânia já disseram não aceitar um diktat, mas pouco podem fazer. Neste episódio, conversamos com Pedro Cordeiro, editor de internacional do jornal Expresso.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Eixo do Mal
As negociações sem a Ucrânia, a perceção da corrupção e as remodelações no governo

Expresso - Eixo do Mal

Play Episode Listen Later Feb 14, 2025 51:22


Trump ligou a Putin para e combinaram encontros para negociar a paz, ou um cessar-fogo, na Ucrânia. E se parecia que a Ucrânia iria ficar à porta, afinal parece que vai estar à mesa. Agora, o Secretário da Defesa americano disse esta semana que não era realista imaginar-se uma Ucrânia com as fronteiras pré-2014. E, só isto, é capaz de ser a jogada diplomática pré-negociação, mais inusitada de sempre, para não dizer outra coisa. Admitir ceder antes de começar a negociar. Será que isto quer dizer que já está tudo decidido? É sobre estes temas que vai girar o Eixo do Mal, com Clara Ferreira Alves, Luís Pedro Nunes, Daniel Oliveira e Pedro Marques Lopes. Oiça em podcast o programa emitido na SIC Notícias, dia 13 de fevereiro.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Gabinete de Guerra
"Não há dúvidas: a Ucrânia vai perder a guerra"

Gabinete de Guerra

Play Episode Listen Later Dec 18, 2024 12:24


José Filipe Pinto salienta a atividade dos serviços secretos russos, numa altura em que os ganhos de Moscovo são "pontuais". Conseguirá a Ucrânia sair da guerra sem perdas territoriais como diz Trump?See omnystudio.com/listener for privacy information.

Noticiário Nacional
18h00 Bashar Al Assad em Moscovo

Noticiário Nacional

Play Episode Listen Later Dec 8, 2024 10:11


Gabinete de Guerra
“Consequências práticas para Putin serão nulas”

Gabinete de Guerra

Play Episode Listen Later Dec 5, 2024 11:53


Francisco Pereira Coutinho diz que investigação sobre crianças raptadas na Ucrânia não trará consequências para Moscovo. No Médio Oriente, pode ainda não haver caminho para uma paz duradoura.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Eixo do Mal
Números da semana: 1000 dias de guerra, 10 anos de Operação Marquês e 1 Orçamento do Estado a sair do forno

Expresso - Eixo do Mal

Play Episode Listen Later Nov 22, 2024 51:00


Neste episódio de Eixo do Mal em podcast, Clara Ferreira Alves, Luís Nunes, Daniel Oliveira e Pedro Marques Lopes analisam o marco dos mil (e três) dias de guerra na Ucrânia, um conflito que redefiniu o cenário geopolítico global. Quais os próximos passos para Kiev e Moscovo? Será que vai fazer alguma diferença o facto de Kiev poder usar os tais mísseis de longo alcance em território russo, oferta de Biden, ou, com Trump, o destino da Ucrânia está traçado: fim da guerra e perda de território? E entre arquivamentos e lentidão nos processos, a Operação Marquês faz 10 anos. Que lições se podem retirar após uma década de processos judiciais? O Eixo do Mal teve emissão na SIC Notícias a 21 de novembro.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Noticiário Nacional
11h Moscovo adverte EUA e Ucrânia

Noticiário Nacional

Play Episode Listen Later Nov 18, 2024 10:58