Leitura de Ouvido é o podcast que transforma linhas em ondas sonoras, criado por Daiana Pasquim e Lucas Piaceski. Contos e poesias, nacionais e internacionais, em domínio público. Gravação do texto interpretado em áudio drama e com sonorização cinematográfica. Crítica literária descontraída sobre o texto, escola literária e autor, ao final do episódio. Todas as sextas-feiras, um novo episódio. Boa leitura! Contato leituradeouvido@gmail.com
“Um poeta lírico” (1880) é conto de Eça de Queirós (1845-1900) para conhecermos a história de Korriscosso, um jovem grego poeta apaixonado que, por uma série de fatores, acaba tendo que trabalhar servindo no restaurante de um hotel, em Londres. É ali que o nosso narrador viajante vai conhecer o rapaz, que "era um carão longo e triste, muito moreno, de nariz judaico e uma barba curta e frisada, uma barba de Cristo em estampa romântica”. Aqui se tem uma das tiradas descritivas de Eça, mas o texto é repleto delas, pois é muito bem ambientado em cenários e personagens. Faz envolventes descrições da guarda-livros do hotel, do amigo Bracolletti, de Fanny, por quem Korriscosso está apaixonado. Mas a frase mais pungente do texto é: "o serviço impede-lhe o trabalho.” Ao narrar a desventura do poeta frustrado, leva o leitor a refletir sobre todos os serviços que impedem uma pessoa de fazer o que realmente gosta. O narrador viajante de Eça irmana-se muito com o próprio autor, pois Eça foi um escritor muito viajado e as suas obras são repletas de descrições de viagens. O conto tem a potência de inserir o leitor em um domingo ou em uma estadia, em Londres. Boa leitura! Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“O sonho”, “Conselhos a seus filhos” e o soneto "Amada filha, é já chegado o dia”, são poesias da mineira Bárbara Heliodora (1759-1819), a primeira poetisa brasileira, além de ativista política e mineradora. Ela destacou-se no período setentista mineiro, foi a companheira do famoso poeta do Brasil Colônia e inconfidente, Alvarenga Peixoto (1744-1792), que foi preso e degredado para Angola, por conta da Inconfidência Mineira. O casal emprestava a sua casa para reuniões deste movimento político separatista, organizado pela elite socioeconômica da Capitania de Minas Gerais. Antes de ir para a África, quando ainda na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, Alvarenga Peixoto escreveu-lhe o poema: "Bárbara Bela do Norte estrela que o meu destino sabes guiar”, que produzimos no desfecho deste episódio, como forma de evidenciar a fundamentalidade de Bárbara em sua vida, um poema que, nas entrelinhas, pode revelar traços biográficos da autora. Haverá no Leitura de Ouvido este único episódio sobre Bárbara Heliodora. Pois não há dela mais escritos que tenham ficado na história, embora ela já fosse poeta, quando se uniu a Alvarenga Peixoto, que conheceu antes dos 20 anos. Seus cadernos de poesias foram destruídos pelos soldados, quando invadiram a residência do casal para prender Alvarenga Peixoto e buscar provas cabais contra a Inconfidência Mineira. Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“Angústia” (1886), de Anton Pavlovitch Tchekhov (1860-1904) é uma história que privilegia a interação social para a experiência humana infalível a todos: o luto. O conto, que começa no crepúsculo, vai nos envolvendo na atmosfera de escurecimento que acometeu o personagem, o cocheiro Yona Potapov, há quase uma semana, desde o falecimento de seu filho. Fisicamente, ele e sua égua estão “enterrados” em vida, pela neve incessante que cai sobre suas cabeças e ombros. A narrativa nos conta algumas horas na vida do cocheiro, pelas ruas de Petersburgo com sua égua, única real companheira. Inclusive, o narrador promove certa humanização no animal, quando afirma que a égua estava mergulhada em pensamento. Sua angústia da perda só é ligeiramente aplacada quando leva algum passageiro. Tudo o que Yona mais quer é uma pessoa que possa escutá-lo. Mas diante da multidão, não encontra ninguém solícito a isso. Ao contrário, a postura dos passageiros, mesmo quando ele revela que está de luto pelo filho, é extremamente dura e insolente, chegando a animosidade até mesmo no maltrato físico, quando o grupo de jovens que ele transporta ameaçam lhe dar um “pescoção”. Estranhamento, mesmo xingado, ele sai momentaneamente da solidão: “Que senhores animados!” Em pleno século XIX, a pauta mais presente no conto de Tchekhov é a de que ninguém está interessado no outro. O que ele narraria hoje? Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“O futuro presidente” (1889) é um dos 30 contos de Julia Lopes de almeida (1862-1934) em Ânsia Eterna (Garnier, 1903). A história perpassa duas horas de devaneio de uma mãe muito apaixonada por seu filho. A mulher é inominada, mas tem uma descrição que se encaixa em muitas: "uma mulher maltratada, magra, de olheiras fundas e dedos calejados, curvava-se para diante, pregando botões numa camisa para o Arsenal”. O fato de não dar nome à sua personagem amplifica o engajamento do leitor com a história, por poder imaginar o nome que quiser, de uma pessoa de perfil bem parecido que conhecera na vida. Faz bem dizer que a história enlaçada por Júlia está depositando esperanças na mudança de regime, posto que a República tem como pressuposto a democracia, uma igualdade maior entre os povos. A mulher está muito dedicada a uma costura, até altas horas da noite, maior meio de subsistência da família que tem um bebê na mais tenra idade, cujo pai tem restrições laborais, por conta do acidente que o invalidou parcialmente. Enquanto o bebê apenas dorme serenamente, destaca-se com bonitas descrições a vontade materna: "meu filho há de ser bom”, quando o devaneio da costureira é tido como douradas quimeras, sonhos que voavam pelo azul de sua fantasia. Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“Última noite” é um comovente texto de crítica social de João do Rio (1881-1921), que está no livro Dentro da Noite (1910). O conto é um dos mais aclamados do escritor e nos apresenta o jovem português Armando que, aos 20 anos é sem trabalho, sem teto, sem alimentação correta, que cultiva um estômago sem exigências - pois já perdeu a noção do almoço; e que arranja-se para dormir de favor no camarim do teatro, durante os espetáculos ou no trem, durante o percurso de uma passagem de ida e volta, com o pouco dinheiro que arranja em jogos; e, para jogar, muitas vezes ele ainda empresta dinheiro. Como que o rapaz chegou a essa situação de fome, miséria e morador das ruas do Rio de Janeiro? Veio de Portugal para ficar com o tio padre, mas este estava amancebado com uma mestiça, o que forçou o garoto a sair de casa. Armando “descia a rampa da vida”, pálido, mas "ainda tinha o tipo sensual adolescente”. Entre enleias sociais e desvelos do destino, João do Rio vai nos apresentar um desfecho, como o próprio título indica, tratando ao mesmo tempo a tragicidade com a prosa poética, enquanto Armando caminha desolado sob o luar e a poesia misteriosa de sua luz. É uma história comovente. Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“O descendente" é um conto de H.P. Lovecraft (1890-1937) que se debruça sobre o mistério do livro de horror escrito em letras góticas, o Necronomicon, do árabe louco Abdul Alhazred, surgido em 730 a.D. Centra-se na vida de lorde Northam, que tem uma história muito remota e sinistra e, já na velhice, é um homem que vive com um gato em uma pousada e que grita, quando ouve os sinos da igreja. Vamos compreender como ele é “O Descendente”, tendo sido um estudante e pesquisador na juventude, erudito e esteta, que esgotou, uma por uma, as fontes da religião formal e do mistério oculto. Sobre o castelo que ele herda de sua família, no litoral de Yorkshire, contam-se muitas histórias estranhas. Um dos pontos mais surpreendentes de “O descendente” é a revelação ao leitor, que se trata do mesmo protagonista de “A cidade sem nome”, produção que você pode conferir no primeiro ano do podcast. Isso revela-nos o projeto da obra lovecraftiana e, portanto, produzimos o conto que vem em seguida no livro “A história do Necronomicon”, que encerra com a cronologia da obra, dando várias pistas soltas sobre a escritura, traduções e o paradeiro atual dos poucos exemplares que restaram, ao longo dos séculos. Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
Há dúvidas quanto a autoria completa de Tomás Antonio Gonzaga quanto à Terceira Parte de Marília de Dirceu, dizem que os versos foram atribuídos a ele. A Terceira parte é formada por nove liras, uma canção, 14 sonetos e uma ode. Dirceu se despede de Marília em “A uma despedida”, quando condenado e na iminência da partida para o degredo Africano para a Ilha de Moçambique. Aqui, a lira canta em repetição, por 12 vezes: “Ah! não posso, não, não posso dizer-te, meu bem, adeus!” Na Lira I, o eu-lírico faz um diálogo com Cupido, uma vez que vai visitar seu castelo e por seus olhos se descortinam as maiores histórias de amor que já se teve notícia no mundo da mitologia, com direito a artimanhas para conquistar. Nesta parte final, nota-se que fora escrita um tanto fora de época, ou até mesmo antes das liras, sonetos mais precedentes, onde cita outros amores. Uma prova é a mudança da grafia de “oiro” para “ouro”, bem como seus derivados, como “tesoiro" para “tesouro”. A Terceira Parte termina com uma Ode que enlaça o Rio Jaquitinhonha, o rio que nasce em Minas Gerais e vai dar no Oceano Atlântico, depois de atravessar a Bahia. É personagem homenageado Luís Beltrão de Gouveia, fiscal dos diamantes em Minas, na época, a quem ele dedica a Ode. Nela, Gonzaga enaltece a riqueza do estado, superior às maiores riquezas. Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
Com o amor entre Tomás Antonio Gonzaga e Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão (Vila Rica, 8 de novembro de 1767 - Vila Rica, 9 de fevereiro de 1853), ela foi uma das mulheres envolvidas na Inconfidência Mineira. À época da prisão de Tomás Antônio Gonzaga, eles eram noivos. Ele, inconfidente, foi preso em 23 de maio de 1789, em Vila Rica, por suposto envolvimento na Conjuração Mineira. Neste momento, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, já havia sido morto e esquartejado há um mês, em 21 de abril de 1789. Também conhecida como Inconfidência Mineira, foi um movimento separatista que ocorreu em 1789 na capitania de Minas Gerais, com o objetivo de conquistar a independência de Minas Gerais da Coroa Portuguesa. A primeira lira começa esperançosa, apesar da prisão, ele promete que pintará um novo quadro. Mas passa por muitos momentos de dúvidas e desesperança. A palavra morte entra várias vezes, enquanto Gonzaga se agarra à figura do Cupido, como forma de se manter firme no amor por ela. Refere-se à passagem do tempo, as estações, as mudanças da natureza: “mudam-se a sorte dos homens; só a minha sorte não? Emenda falando de seu envelhecimento e perecimento da juventude, pois está longe de Marília. Ele narra os infortúnios e queda: “Tiraram-me o casal e o manso gado, nem tenho, a que me encoste, um só cajado”. Encaminhando-se para o desfecho da segunda parte, Dirceu canta a lira XXXIV, voltada ao casamento deles. “Pintam que entrando vou na grande Igreja: pintam que as mãos nos damos, e aqui vejo subir-te à branca face a cor mimosa, a viva cor do pejo”. A última lira desta parte é feita de uma extensa interlocução com a deusa cega, a Justiça - e marcada por muitas perguntas, tanto da parte da juíza, quanto do réu. E a conclusão, é que é tempo perdido. Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
Marília de Dirceu (1792) são liras de Tomás Antonio Gonzaga (1884-1810), que começaram a ser publicadas em 1792, ano em que o amor entre o poeta luso-brasileiro e a moça mineira Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão já existia há uma década. No início da paixão, a moça era uma adolescente de apenas 15 anos, enquanto ele tinha 38 e já era magistrado, com obras publicadas. Era comum os poetas árcades escreverem com pseudônimos. Gonzaga escrevia com o pseudônimo Dirceu. Sua amada, portanto, passa a ser sua Marília, ambos colocados na condição de pastores, contemplando os campos e convivendo com os animais, cultivando amor. Fundamental para compreender as Liras é situar que essas belas letras produzidas no Estado do Brasil, colônia do Império Português, compreendem-se no período histórico conhecido como “Arcadismo” ou Neoclassicismo. E é justamente a condição de colônia e tudo a que a força lusitana impunha é que o amor entre ambos não se pode realizar, uma vez que no meio do caminho, há a Inconfidência Mineira, quando o poeta é preso, condenado e degredado na África para o resto de sua vida. Se o fato histórico separou seus corpos, a força dessas liras prova a força as quais estavam ligadas essas almas, a profunda força do Amor. Aqui no Leitura de Ouvido, você terá a oportunidade de contemplar e aprender o livro inteiro, em especial em nossas Notas de Rodapé. Em três semanas, concomitantemente, até 18 de abril. A Primeira é composta por 33 liras, de caráter bucólico e idealizador, em que o eu lírico fala de seu amor por Marília e elogia sua amada.Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“Os cavalos de Abdera” (1906) é o conto do escritor argentino Leopoldo Lugones (1874-1938) que incorpora ao idioma espanhol o conto fantástico, ao feitio de Edgar Allan Poe. Para seu contemporâneo e admirador, Jorge Luís Borges (1899-1986), “Os cavalos de Abdera” resultam em umas das páginas mais bem logradas das literaturas de língua espanhola. Trata da história de Abdera, cidade trácia do Egeu, no Egito, que atualmente é Balastra. Esta cidade eleva o adestramento aos cavalos a nível supremo, com educação tão esmerada que, ao ter sua inteligência elevada, além de sentarem-se à mesa e exigir peixes e cânhamo (planta de Cannabis composta por suas sementes, fibras e caule), os cavalos começam a se rebelarem contra os homens, cercando suas muralhas. Com as exigências e violências insurgidas pelas animais, a cidade e a civilização inteira fica à beira da catástrofe, à mercê da massa, da multidão urbana inquieta e logo revoltosa. O desfecho que Lugones aplica para essa humanização da raça equina - que inclusive usa cobertores de lã, possui cemitério com pompas burguesas e obras de arte, tem nomes de pessoas e se comunica pela palavra - é a aparição de um ser místico e mitológico, por sobre a copa das árvores na floresta. É como se a civilização fosse resgatada "pela intervenção de um super-homem, um duce, cuja aparição causa alívio e pavor em igual medida”. (Samuel Titan Jr., 2006) Inicialmente na forma de um leão, o ser herói é compreendido como Hércules. Podemos nós interpretar como se, ao domar os cavalos, ele tivesse cumprindo um 13º trabalho? Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“Al Aaaraaf” é o poema mais longo do então jovem escritor norte-americano Edgar Allan Poe (1809-1849) e foi publicado em 1829, na antologia poética Al Aaraaf, Tamerlane and Minor Poems, sendo uma de suas produções poéticas mais precedentes, quando o autor tinha 20 anos. A inspiração e o título refere-se a um fato ocorrido em 1572, quando o astrônomo dinamarquês Tycho Brahe descobriu uma estrela que apareceu subitamente nos céus, atingiu em poucos dias um brilho que ultrapassava o de Júpiter e depois desapareceu, de repente, nunca mais sendo vista. A última referência à estrela é de 1574. Juntamente com Tamerlane, Al Aaraaf é o poema mais extenso de Poe. No princípio, recebeu críticas negativas pela sua complexidade, referências obscuras e estrutura estranha. Hoje é considerado um poema épico de singular estilo de escrita, pois explora o misticismo de muitas flores e plantas e também outras questões celestes. Como a que, para os árabes, existe um intervalo entre o Céu e o Inferno, onde os homens não sofrem castigos, embora, contudo, não atinjam aquela tranquila e perene felicidade que supõem ser característica dos prazeres celestiais. Poe cria a personagem mística Nesace (do grego, pequena ilha), anjo governante que toma banho na luz de quatro sóis e prepara-se para orar, de forma silenciosa e espiritual. Suas orações são levadas ao céu pelos odores das muitas flores catalogadas pelo poeta. Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“Montaigne" é um dos ensaios de Virginia Woolf (1882-1941) em O Sol e o Peixe que abre seu livro e compõe a parte I: A vida e a arte. É como se o texto refrescasse as ideias do autor do século XVI, debruçando-se sobre algumas das principais conceituações do “grande mestre da arte da vida”. No século XX, Virginia entrecruza suas reflexões com as do autor francês. Les Essais foram publicados por Michel de Montaigne (1533-1592) em 1580. “Seu livro era ele próprio”, afirma ela. A interpretação é de uma beleza esplêndida. Virginia explica os bons riscos que fazem a vida valer ainda mais. Afirma que retratar a si mesmo é lícito, contudo, escrever sobre si, entender a si mesmo, comunicar verdadeiramente o que se é, seja empreendimento espinhoso. A autora inglesa também dá seus conselhos, como o de que, ao escrever, se evite a rapsódia e a eloquência, enquanto que a melhor prosa é a mais plena de poesia. Questiona: “é razoável que a vida de um sábio dependa do julgamento dos tolos?” e explana sobre a L'âme bien née, pois a verdade só pode ser conhecida pela alma bem nascida. E por isso, devemos dizer abertamente aos nossos amigos o quanto deles gostamos. Ao viajar, lembre-se que o caminho é tudo e que o prazer deve ser partilhado. Ela faz críticas àqueles que viajam apenas para voltar e também aos excessos de manias. Em resumo, comunicar é a nossa principal tarefa e nada mais importa, a não ser a vida. “Que a morte nos encontre plantando nossas couves”, deseja. Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“Na floresta do alheamento” é um dos escritos da Parte II - Grandes Trechos, de O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa. A Parte I - Diário de Bernardo Soares, é atribuída ao seu semi-heterônimo e desta, já realizamos um episódio. Ao longo da vida, Fernando Pessoa publicou apenas doze trechos do Livro do Desassossego. O primeiro foi “Na Floresta do Alheamento”, na revista A Águia, em agosto de 1913. O livro é um incrível diário íntimo, poético, metafísico e psicológico do autor português. “Na floresta” traz uma cadência de palavras arrebatadoras, de ampla beleza natural: “(…) instantes flores, minutos árvores (…) e do perfume de flores, e de perfume do nome de flores” entrecruzadas com as verdades internas de um homem, mas também de uma mulher, posto que ele a percebe avistando a floresta junto de si. O que é muito curioso, pois ‘alheamento' vem de alhear-se, que é verbo pronominal: 4. Tornar-se alheio ou indiferente a tudo; ficar como fora de si. = desinteressar-se; 5. Apartar-se, desviar-se. É deste momento em diante que o narrador migra da primeira pessoa do singular: “Sei que despertei e que ainda durmo”, para a primeira pessoa do plural: “Passeávamos às vezes, braço dado, sob os cedros e as olaias e nenhum de nós pensava em viver”. Ele descreve um jardim - que chama de “nosso” e é como se conciliasse a verdade de que nenhuma pessoa é um único ser, mas está em construção constante com outros, detentor de todos os gêneros. Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“A fera na caverna” é um conto de H.P. Lovecraft (1890-1937) que leva a refletir sobre o sentido da existência e os parâmetros da humanização e da civilização. Trata-se de uma aventura, onde um narrador-personagem inominado está fazendo uma excursão na Caverna Mamute, desgarra-se do grupo e se perde nas estruturas internas das entranhas da terra. Quando sua tocha está se extinguindo e ele recebe um abraço da escuridão, grita desesperadamente por socorro e o seu apelo é ouvido por um antagonista, antes que pelo resgate. Ele traça um plano para enfrentar a fera que ouve se aproximar, em passos que julga ser de quatro patas e não de dois pés. Após lutar com a fera e ter a oportunidade de enxergar suas formas, cores e texturas, passa a descrever os cabelos, os olhos, os membros, as mãos e os pés, bem como os sons que a criatura fazia. Encontrar-se perdido na caverna fez o homem aperfeiçoar seu olfato, dominar a escuridão, ficar com a adição aguçada capaz de abstrair o silêncio completo e contínuo. E a quem lê, aperfeiçoa-se a forma de tomar respeito pela vida humana. A Caverna Mamute citada no texto fica em Kentucky, nos Estados Unidos e hoje é o Parque Nacional Mammoth Cave, patrimônio da Unesco desde 1981 que detém as profundezas subterrâneas do maior labirinto cavernoso do mundo (são quase 600 quilômetros de cavernas) em mais de 21 mil hectares de parque. Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“Carnaval 1910” e “Carnaval" são duas crônicas do escritor nordestino Graciliano Ramos (1892-1953). A primeira, publicada em março de 1941, referindo-se aos hábitos passados há três décadas antes da publicação. O último, publicado posteriormente, dado o teor da narrativa, uma vez que no primeiro, ainda não se tinha automóveis e, no segundo, a cidade já era tomada deles; além da própria natureza da folia, que evoluiu. Ambos estão O Carnaval é uma expressão da história, da cultura e da identidade do Brasil e deriva da mistura das culturas africanas, indígenas e européias. Ironia é que a festa é tradicionalmente ligada ao catolicismo, uma vez que sua celebração antecede a quaresma, justamente para canalizar os “impulsos carnais dos fiéis”, antes do período de jejum e introspecção para preparação da Páscoa. A conexão com o carnaval dos dias atuais é inevitável, principalmente no Brasil, onde é a maior festa popular, e tem origem no entrudo (entrada, começo), festa popular trazida pelos portugueses ao Brasil em 1641; e nas mascaradas italianas Renascentistas. Ao longo do tempo, a tradição foi incorporando influências africanas e indígenas. Hoje, mais do que nunca, o carnaval é celebrado de várias formas em cada região do país: música, shows, festivais, desfiles e blocos de rua; trios elétricos; desfiles de escolas de samba; fantasias, alegorias e samba-enredo, com histórias profundas e fundamentadas surgindo, ano a ano. As principais cidades carnavalescas são São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife. Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“Atrás da Catedral de Ruão” é um conto icônico de Mário de Andrade (1893-1945) que apresenta a professora de francês, virginal, Mademoseille Lisette, dama-de-companhia de Lúcia e Alba, filhas adolescentes de dona Lúcia. "Nos seus quarenta e três anos de idade, Mademoiselle estava tomada por um vendaval de mal de sexo” e entre essa condição e o ensino de francês, "era ela a concluir em malícia as frases inventadas pelas alunas”. O texto é muito divertido por explorar a linguagem e a sexualidade, com humor e trabalhando com um perfil da época, quando as mulheres na faixa dos quarenta eram consideradas “velhotas”. Com tantas fantasias reprimidas, Mademoseille devaneia com o namoro atrás da igreja. Por isso, "Não vê igreja solta, que não lhe brote a fatalidade de passar por detrás. A desilusão não a desilude nunca”. Pois que "o mal de sexo já está grande por demais, e Mademoiselle precisa duma experiência maior pra alcançar a verdade”. Boa parte do conto se passa na cabeça de Mademoiselle, imaginando liberdades que homens poderiam querer tomar com ela, ou ainda, ser perseguida ao andar pela rua, como no desfecho da história. Os primeiros esboços de “Atrás da Catedral de Ruão” datam de 1927, mas a versão definitiva é de julho de 1944. Quanto ao francês generosamente utilizado, possivelmente pudera ser bem lido pelos brasileiros, pois, à época, era ensinado na escola. Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
Mármores (1895) é o primeiro livro de Francisca Julia da Silva (1871-1920) que a autora lançou aos 24 anos, quando seus poemas espraiavam-se em jornais e causavam admiração. O livro veio para eternizá-la, congregando seu estilo de parnasianismo francês, com marcada impessoalidade, domínio de emoções, palavras medidas e grande sonoridade. Mármores foi elaborado em quatro capítulos, sendo que neste episódio, trazemos o último deles: “Balada”, com 18 poemas. A publicação teve grande sucesso no meio cultural, recebendo críticas consagradas de Olavo Bilac e Araripe Junior. Neste episódio, você vai ouvir: I Balada, II A florista, III Inconsoláveis, IV Estela, V De joelhos, VI No boudoir, VII D. Alda, VIII No baile, IX Mudez, X Pérfida, XI Laura, XII As duas irmãs, XIII A uma criança, XIV Quadro incompleto, XV Prece, XVI Mãe, XVII Egito, XVIII Musa impassível. Boa leitura!Conheça o #Desenrole seu Storytelling, curso de Daiana Pasquim:https://bit.ly/desenrolecomleituraPara adquirir o Trincas e/ou o Verde Amadurecido, escreva para leituradeouvido@gmail.com
“A prisão” (1892) é um dos contos do escritor norte-americano Ambrose Bierce (1842-1914) que explora o realismo de terror psicológico. Nos é apresentada a história de Orrin Brower, de Kentucky, foragido da justiça, por um narrador observador um tanto sátiro. O conto tem todos os ares daquela narrativas orais contadas ao redor do fogo, com um narrador que faz interlocução com seus ouvintes, como na frase: "Mas o que querem vocês? Quando um homem valente é vencido, tem que se submeter.” O fato é que para fugir da prisão onde aguardava julgamento, Orrin Brower golpeou a cabeça o carcereiro Burton Duff, com uma barra de ferro. Seria seu segundo assassinato? Na floresta, enquanto se escondia sem qualquer arma de fogo para se defender, sua consciência deu lugar à aceitação de que suas chances de escapar eram mínimas e, quando uma sombra apareceu em seu encalço, ele cooperou com o homem que viera para recapturá-lo. Sem revidar, Orrin caminhou cada passo, até retornar à prisão. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com
“A cartomante” é um conto de Lima Barreto (1881-1922), no qual o escritor brasileiro explora o inesperado. Apresenta as agruras de um homem que narra a sua história e quando toda a sequência de tentativas de sua vida fracassam, ele chega à conclusão de que algo misterioso influenciava-o ao enfado. O homem enaltece que a salvadora do lar é sua esposa, tão esforçada que ficara velha antes do tempo, pois todos os dias saía cedo e virava a cidade, buscando suas costuras. É quando decide procurar uma cartomante para desfazer o feitiço maligno que está atrasando a sua vida por tanto tempo. A caminho de lá, já lhe começam a vir os sonhos de que a abastança voltaria à casa. Nesta história, Lima explora o poder das revelações, da ignorância e do vitimismo. É inevitável tentarmos traçar um paralelo entre “A cartomante” de Lima Barreto e o homônimo conto de Machado de Assis (1884). Contudo, em Machado um narrador observador nos revela um triângulo amoroso que se desfecha, a partir da interferência da cartomante italiana que canta uma bancarrota. Em Lima, a cartomante Madame Dadá tem sua verdadeira identidade revelada na cartada final do conto. Certamente que Lima havia lido Machado, contudo as produções só têm de igual, o próprio nome. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com
“Aos vinte anos” (1865) é um dos contos de Aluísio Azevedo (1857-1913), com a pegada “comédia da vida privada”. Narrado pelo personagem que conhecemos pela idade 20 anos e a paixão de juventude, vai explanar seu envolvimento com a vizinha Ester, que tem 16 anos e os cabelos mais lindos do que aqueles com que Eva escondeu o seu primeiro pudor no paraíso. Podemos dizer que é um conto “aquecimento" para todas as produções importantes e famosas que o autor faria depois, como Casa de Pensão (1890), O Cortiço (1890) e Girândola de amôres (1900). Neste ínterim, houve ainda o emblemático conto em 12 capítulos “Demônios" (1891), que foi o episódio 189 do Leitura de Ouvido. Mas se “Aos vinte anos” é um conto simples, congrega a qualidade de ser picaresco e divertido. Caricaturista que era, nota-se que Azevedo pincelou no personagem do comendador José Bento Furtado estas tintas: velhote, de rodaque branco, chinelas, sem colete, palitando os dentes”. (AZEVEDO, 2016, posição 766) Nosso jovem narrador passa das perguntas retóricas aos seus planos de ação truncados e apaixonados. Ao final, Azevedo arranca uma bela gargalhada de seu leitor. Esperamos que goste. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com
“A boa vista” (1867) é uma das poesias saudosistas mais famosas de Castro Alves (1847-1871) e remete à propriedade da família em Salvador, a qual o poeta passou boa parte de sua infância; e, na ocasião da inspiração poética, havia voltado a morar no casarão da Quinta da Boa Vista com a mulher que mais amou na vida: Eugênia Câmara. Nesse retorno ao solar semiabandonado pela família, houve o momento em que bateu forte a falta de seus entes queridos e a solidão. Por isso, a poesia é uma elegia comovente, na qual flui livremente o vocabulário saudosista. Versos citam a alta torre da quinta, que por sua origem, fora construída para servir de mirante e vigiar o mar e a chegada de Navios Negreiros. Comovido, o poeta em seus versos quer chorar e espanta-se com as mudanças que denotam o abandono da propriedade, com o jardim descuidado, ervas daninhas, teia de aranha na estátua caída. Um jardim de onde as borboletas fogem e os grilos se calaram. Dentro da casa, por sua vez, há ecos, o que relaciona-se ao vazio que o poeta sentia. Aos 20 anos, quando escreveu, ele já havia perdido a mãe, o irmão, o pai e a própria meninice, que o casarão o faz lembrar. Ele fecha de forma metafórica, com as saudades como aves, um bando alado que roça nele suas asas, voando para o passado. Trazendo para os dias atuais, Boa Vista tornou-se uma péssima vista. Em 4 de janeiro deste ano, moradores realizaram protesto em frente ao Parque Solar Boa Vista, que pertence ao governo de Estado desde 1896, exigindo a revitalização do espaço. Eles denunciaram a degradação total do ambiente, com portas e janelas destruídas e escancaradas, a pixação em paredes, a demolição de muitas estruturas, o mato tomando conta, a história jogada ao chão. Lamentável! Cremos que esse episódio possa somar-se ao protesto. Imagine o que Castro Alves escreveria, diante desse cenário apocalíptico? Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com
“A queda da casa de Usher” é um dos contos mais famosos de Edgar Allan Poe (1809-1849), auge do gênero gótico, conjurando temas profundos: o duplo na literatura, loucura, família, isolamento e identidades metafísicas. Narrado pelo inominado amigo de infância de Roderick Usher com seus fluxos de consciência e perguntas retóricas, desperta sentimentos antagônicos, em especial quando os personagens estão frente a frente com o silêncio. Ao descrever o amigo, o leitor percebe que Usher tem seus cinco sentidos alterados, um homem com radiação de tristeza e que derrama lágrimas passionais por Lady Madeline, sua irmã. São gêmeos intrinsicamente ligados, de corpo e alma. Morando por todas as gerações numa casa imensa e macabra, que guarda em suas pedras as energias de todos os antepassados, sempre em linha direta de descendência, uma hereditariedade invariável. Justamente essa descendência colateral é o que pode ter causado o comportamento e a vivência patológicos. Assim, as ruínas anunciadas no título do conto não se referem apenas à residência dos Usher, mas também a esta própria relação estranha e condenada entre os irmãos. "A Queda da Casa de Usher" foi publicado pela primeira vez em setembro de 1839 na Burton's Gentleman's Magazine. Hoje, publicamos a nova produção de nosso conto piloto do LdO, agora com a tradução do carioca Romildo Muniz. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com
Retrospectiva: era 26 de janeiro de 2024 quando decidimos fazer um projeto de sete semanas e um livro inteiro. Assim, em fevereiro concluímos Noite na Taverna (1855), publicando, semana a semana, cada um dos seus sete capítulos. Agora, pensamos que, ao invés de pular uma semana sem publicação de episódio aqui no Leitura de Ouvido, ao final desta quinta temporada vamos agir diferente. Renderizamos o livro inteiro e publicamos hoje, pelo garbo desta obra na literatura brasileira e dos frutos e depoimentos que tivemos sobre ela, ao longo do ano. Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“O carbúnculo azul” é um dos doze contos de As Aventuras de Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930) e acontece exatamente num Natal do século XIX. O sinistro começa dia 22, com o sumiço de uma pedra preciosa diferenciada, da condessa de Morcar, roubada no Hotel Cosmopolitan, em Londres. Eis que o chamado carbúnculo azul vai parar justamente na goela de uma ave de Natal, que na história é chamada de ganso. E um jovem encanador vai preso. Um chapéu é perdido. Diante de todas essas pontas soltas, o conto inicia com a clássica conversa entre os dois amigos, Watson e Sherlock, no apartamento 221B, de Baker Street, apresentando os fatos concretos que temos e as valorosas deduções deste que é um dos detetives mais famosos da literatura mundial. Os jornais são pauta de pesquisa e investigação, acompanhados da infalível técnica dedutiva e da a incisiva postura: “Meu nome é Sherlock Holmes e meu trabalho consiste em saber o que os outros não sabem”. Nesta história, em suas próprias palavras, o acaso trouxe à dupla um problema dos mais curiosos e caprichosos. “Só o fato de o ter resolvido é satisfação”. A revelação, ao desvendar o sinistro, é um dos pontos altos para o leitor. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com
“O abeto de Natal” é um conto “exame de consciência”, do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen (1805- 1875). Partindo do hábito de escolher uma nova árvore de Natal a cada fim de ano, o conto desenrola diversas metáforas, a partir da ansiedade e dos desejos desmesurados de uma árvore de abeto. "Oh, como eu desejo! Eu não sei o que se passa comigo!?” Os mais experientes lhe diziam: “Alegra-te em sua juventude”. Mas o abeto era jovem e sem entendimento. Enfim, chega o dia do esplendor do abeto, escolhido para ser árvore de Natal. Mas após a noite brilhosa, ele vive seus exames de consciência: “ele teve muito tempo para sonhar, à medida que os dias e as noites se passavam”. Com esse cenário, esse conto pode nos ajudar a pensar em ansiedades: o que fiz com meu ano? O que estou fazendo da minha vida? Digamos que é um conto: “cuidado com o que deseja” que pode ajudar a tirar viseiras e também a perceber um bocado da lei de Murphy de que “tudo sempre pode piorar”. As metáforas perpassam a lebre, as andorinhas, a cegonha, os raios de sol, os pardais e o ar, a luz do dia e até os ratos; bem como as estações do ano, dando conta de três invernos, além do outono e da primavera. Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“O sobrenatural” é um conto de Florbela Espanca (1894-1930) que versa sobre aventuras da juventude e mistério. Três rapazes, Castro Franco, Paulo Freitas e Mário de Menezes, estavam em uma comemoração, junto com três raparigas “de vida fácil”. Uma delas, era a distinta Gatita Blanca, com seus olhos verdes oblíquos e semi-cerrados. O texto evoca grande fluxo de consciência, enquanto a chuva castigava as vidraças, em especial quando Mário de Menezes retorna a uma história de seus 24 anos, como forma de responder a uma pergunta insistente no gabinete: “o que é um burguês?” Deste território de burguesia aparentemente leviano, o conto florbeliano galga profundezas, para focar em sensações e na apreensão que o desconhecido causa a qualquer pessoa, até o passo do sinistro, para concluir que “o tempo não é de todos os mundos. O sobrenatural não tem lógica nem limites”. O passado contado por Mário de Menezes retorna a um 22 de dezembro e rememora o madeiro de azinho que ardia no fogo, dando o clima para reuniões familiares, em remotos Natais. Até que chega o medo, diante do sobrenatural, em uma noite de Natal. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
"O elixir da longa vida" é do fundador do Realismo francês e criador de A Comédia Humana, Honoré de Balzac (1799-1850). Sete mulheres abrem a cena no palácio de Ferrara, ao lado do príncipe Belvidero, o que nos indica uma das construções históricas de Don Juan. A luxuosa história que põe a mão numa das características da alma humana, trabalhando os liames do bem e do mal, tem aqui um toque de Fantástico. Aliás, para Balzac, nenhum homem ou mulher é totalmente bom ou ruim. É sempre uma mescla desses dois poderes que formam a humanidade. E assim, Bartolomeu Belvidero já era nonagenário quando o filho foi chamado ao seu leito de morte. É nesta cena que ele apresenta a Don Juan o elixir da longa vida, pedindo ao seu herdeiro que seguisse determinados passos e o ressuscitasse, para a vida eterna. Mas ideias suscitam na cabeça desonesta do jovem e uma reviravolta acontece. O conto segue narrando a vida de Don Juan até seus 60 anos, descortinando sua postura com as pessoas e com si mesmo, em especial com as cortesãs que conquistam seu caminho. A Comédia Humana é obra monumental, com 137 livros pensados e 89 executados, contendo mais de 2.500 personagens, dos quais cerca de mil deles passeiam de um livro a outro. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“A felicidade” (1884) é um conto de Guy de Maupassant (1850-1893) que explora o realismo psicológico francês. Narrado por um idoso viajante, vamos conhecer a história do casal formado por um soldado hussardo e uma dama francesa chamada Suzzane de Sirmont, que fugiu da Capital juntos, há 50 anos, para viver um grande amor. O casal vai se refugiar na Córsega, a ilha montanhosa ao sul da França, situada como a 4ª maior do Mar Mediterrâneo. O texto tem ao menos três camadas, começando com os viajantes que teorizam sobre o amor, tomado no segundo momento pela narrativa do idoso que foi testemunha desse exemplo admirável de amor constante; e culminando na própria história de Mademoseille Suzzane na juventude, quando se apaixonou pelo bonito rapaz, filho de lavradores, que vestia seu dólman azul. Assim, o texto que reflexiona sobre ser possível amar uma única pessoa por tantos anos, a partir da pergunta: “poder-se-á amar muitos anos sem cansaço?” tem a resposta nessa história de amor do século XIX e a transformação que esse sentimento foi capaz de gerenciar, uma vez que, "banal e soberano, é o acordo eterno e misterioso entre dois seres com uma emoção profunda e um interesse ardente”. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“A sombra” é um conto misterioso de Coelho Neto (1864-1934) que versa sobre a loucura ao inserir a importância "científica" no nosso cotidiano. Narra a história do médico e cientista Avelar, que matou a esposa “envenenada" por bacilos nocivos à saúde, até que adoecesse e sucumbisse. A motivação, contudo, veio do mundo moral: “o tal micróbio do ciúme. Porque há também micróbios no mundo moral, oh! se os há! São as tais palavras vagas que nos entram n'alma e lá se desenvolvem e proliferam em desconfianças”, justifica-se o personagem. A história é narrada pelo amigo que o visita no Quartel da Brigada e, à medida que se desenrola, mais vai colocando o leitor no papel de detetive. O viés do Naturalismo foi, de fato, o que marcou o início das histórias policiais de Poe, Conan Doyle e Jacques Futrelle. Em 1928, Coelho Neto foi consagrado como “Príncipe dos Prosadores Brasileiros”, escreveu mais de cem livros e aproximadamente 650 contos. Dono de um rico e esplêndido vocabulário deixou-se dominar pela palavra. Sua inclusão entre os pré-modernistas se deve à capacidade imaginadora, à mente intuitiva, que ora se aproxima dos naturalistas, ora se liga aos parnasianos-realistas, ora documenta fatos da República através de uma criação ficcionista vigorosa. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“Eros e Psique” é um dos poemas de Fernando Pessoa (1888-1935) que evoca a lenda de uma princesa encantada que dormia, à espera de um infante que tinha que vencer o mal e o bem. É exatamente o desfecho de O Asno de Ouro de Apuleu (século II d.C.) onde são contadas pela primeira vez as aventuras dos dois, num contexto alegórico-romanesco que se manterá, sob diversas formas, nas adaptações que, ao longo dos séculos, se fizeram desses dois personagens. A figura de Eros preexiste à de Psique, embora à força das produções literárias embebidas na mitologia grega, trabalhe a ideia de ambos como interdependentes. Dito isso, nesse episódio vamos abrir informações sobre a mitologia grega que sustenta o encontro entre esses dois personagens. Aos gregos, Eros é a figura alegórica do amor; Psique é a figura alegórica da alma. Em suas camadas mais profundas, podemos interpretar que Pessoa propõe-se a trabalhar com a ideia de alma gêmea, uma vez que, no último verso, quando Eros encontra Psique, vai enxergar a si mesmo. “E vê que ele mesmo era/ A princesa que dormia”. Esse episódio conta ainda com mais duas poesias de Pessoa datadas de 1935, ano de sua morte: “Azul, ou verde, ou roxo, quando o sol”; e “Começa a ir ser dia”. Nessas, ele continua explorando o mesmo território de Eros e Psique: “quem sabe o que é a alma?” Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“O cemitério” (1924) é um conto com toques realistas e, porque não dizer, naturalistas, de Lima Barreto (1881-1922). Narra uma visita ao cemitério e a observação dos túmulos, gerando sentimentos, como se a matéria fria fosse capaz disso. Nas lápides, o narrador impressiona-se com o esforço manifestado pela implantação de esculturas e investimentos em pirâmides, para tentar manter a diferença social, deixar saber quais são os túmulos pobres e ricos, mas todos são simplesmente, mortos. É um “mudo laboratório de decomposição”. Até que ele enxerga a lápide de uma moça, “bela mulher!” exclama, como se a contemplasse na Rua do Ouvidor. É a partir desse ponto que vem a descrição naturalista, seguido da composição completa que o narrador faz, a partir do par de olhos que contempla no túmulo. No conto, ele segue a "meditar como um cientista-profético-hebraico”, por isso, emerge na história variadas impressionâncias. O cemitério, aliás, é um ambiente sobre o qual Lima versou bastante. Uma de suas obras mais conhecidas é Cemitério dos Vivos, um romance inacabado escrito entre 1919 e 1920. A obra foi publicada postumamente em 1957. Exatamente hoje, 1º de novembro, completa-se 102 anos da morte do autor. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“Poema Negro” é do escritor paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914) com versos que remetem à consciência sobre a finitude da vida e sobre a passagem do tempo. Promove um cenário com “sombria análise das cousas”. Faz parte de sua coleção no solitário livro Eu e outras poesias (1912) e, portanto, é um bom exemplar para ser contemplado e analisado no mês do Halloween. O clima da construção poética é a noite, como já evoca o título, mas do breu, Augusto dos Anjos vai elucidando algumas simbologias que remetem ao seu estado de realidade: “Para iludir minha desgraça, estudo./ Intimamente sei que não me iludo”; bem como ao sonho, sequência marcada a partir do verso: “surpreendo-me sozinho numa cova” e que vai culminar numa viagem para Roma em Sexta-feira Santa e num encontro com Jesus, esquelético. Vem uma estrofe com insistentes repetições, que talvez remetam ao ciclo inerente ao ser humano: caindo (2x) e declínio (3x). Sobre os temas de suas poesias, a morte e toda a energia que esse acontecimento de finitude engloba, é um dos mais presentes. Daí a alcunha “O Poeta da Morte”: Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“O ladrão de cadáveres” (1884) é conto do escritor escocês Robert Louis Stevenson (1850-1894) no qual se tem forte a alegoria do bem e do mal em guerra um contra o outro. É a história do velho bêbado escocês, Fettes, homem de inegável instrução e também de algumas posses, já que vivia na ociosidade. Ao ouvir o nome do médico que viera de Londres, Dr. Wolfe Macfarlane, ele retorna a uma memória da juventude, com quem estudou Medicina em Edimburgo, na posição de monitor da turma. À ocasião, o filtro da ética de Fettes acende-se quando recebe o corpo de uma moça que ele quis namorar no dia anterior e que gozava de perfeita saúde. A isso, Macfarlane avança sobre Fettes com um discurso pesado de profecia, materializada na metáfora de que: de um lado, estão os leões, que têm coragem e sabedoria; e de outro, os cordeiros, que são desrespeitados e assassinados, indo parar na mesa de dissecação. Ao passo que a narrativa revela como ambos foram cúmplices de inúmeros casos ilícitos para obter corpos para os estudos, culminando no clássico caso da “consciência pesada”, emerge a prosa rica e sutil de Stevenson, que dá à história profundo sentido de beleza literária e tensão. A grande conclusão é que “os maus não têm descanso”. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“A dança dos ossos” (1871) é um conto em quatro capítulos de Bernardo Guimarães (1825-1884). O escritor brasileiro faz uma narrativa folclórica e bem-humorada, de aventuras contadas ou ouvidas pelo narrador viajante, que achega-se defronte ao fogo com os caboclos, às margens do Rio Parnaíba, entre Minas Gerais e Goiás. O principal interlocutor do viajante é o barqueiro Cirino, a quem cabe narrar a história da Dança dos Ossos. Ele é comparado à Caronte, barqueiro do submundo da Mitologia Grega. Cirino refere-se à dança dos ossos que ocorre em toda sexta-feira, noite em que não se pode entrar na floresta sem se defrontar com o espetáculo sinistro e horripilante. O causo contado por ele é acompanhado com curiosidade pelo narrador, a que Cirino chama de “Meu Amo” ou de “Vm.". Um dos ensejos é o querer saber "quantos ossos há no corpo humano?" já que os ossos do defunto estão espalhados pela floresta. A resposta, damos nós: são 206 os chamados ossos constantes, em um adulto. O que traz o inverossímil à história é também o fato de que a conversa do barqueiro é regada a “tragos”, o que significa que não estava sóbrio nem quando deparou-se com a caveira, nem no momento em que conta a história. “A dança dos ossos” consta no livro “Lendas e Romances”, publicado em 1871, o menos conhecido de Bernardo Guimarães, no qual faz construções sintáticas e expressões bem brasileiras. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“O fabricante de caixões” (1830) é um dos cinco Contos de Belkin, escritor fictício criado pelo gênio russo Alexander Pushkin (1799-1837), no qual vamos conhecer Adrian Prokhoroff, cuja profissão é mesmo essa. Na Rússia do século XIX, além do caixão ele dispunha de outros estoques mortuários aos seus clientes, como chapéus de luto, mantos e tochas. Como qualquer negócio, ele não poderia deixar de pensar na sustentação do seu, o estranho é o ter que desejar que convalescentes, como a esposa do comerciante, uma vez falecendo, ainda fosse ele a ser procurado para encomendar tudo e não o concorrente. Afinal, “os mortos não podem viver sem caixão”. A história começa com o fabricante de caixões saindo de sua zona de conforto, com a mudança de residência do casebre para a casa maior, com as filhas e a criada. Logo, conhece os vizinhos e é convidado para uma festa. Depois disso e muita bebedeira, bem, quem nunca foi dormir contrariado? O texto de Pushkin cheira temperança no irreverente, fazendo seu narrador conversar diretamente com o leitor. Publicados em 1830, como parte de uma coletânea desse narrador fictício, teriam sido encontrados e complicados em livro por um suposto editor. O feito demonstra a maestria de um dos mais importantes e precursores da literatura russa. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“A dama branca” é um conto da escritora Grazia Deledda (1871-1936), primeira italiana a ser agraciada com o Nobel de Literatura, em 1926. É um dos seus Contos Sardos, local de nascimento de Grazia, que se dedicou a narrar a beleza, o costume, a cultura e o sobrenatural de sua ilha. O nome “A dama branca” remete, de certa forma, à ideia de uma aparição. E esta manifesta-se em sonho, ao vaqueiro Bellia, contando que haveria uma fortuna escondida em determinado local da floresta e que só caberia a ele, em determinado dia, resgatar. Uma série de adversidades se desenrola na história contada pelo velho Salvatore, para quem trabalham os vaqueiros, sendo a narrativa tomada também pelo pároco nonagenário, de posse do testamento que explicaria todo o mistério. É uma trama repleta de camadas com direito a histórias de amor e de crimes e que remonta à história de tesouros escondidos guardados pelo diabo. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“A paixão da leitura” é um ensaio filosófico e bastante didático de Virginia Woolf (1882-1941) sobre a nossa relação com os livros. Logo ao princípio, ela infere o surgimento das bibliotecas e afirma que ler é uma arte muito complexa. Nossa obrigação como leitores são muitas e variadas. Por um lado, devemos nos colocar no banco dos réus e ler sem julgar quem escreveu ou o escrito, mas sim, ler como se estivéssemos escrevendo. Num segundo momento, devemos saber criticar como um juiz, e julgar não apenas os clássicos, mas também os escritores vivos, pois só assim estaremos ajudando a trazer livros bons para o mundo. O ensaio está no livro O Sol e o Peixe, encerrando o capítulo I.A vida e a arte. A relação de Virginia com os livros tem imensas dimensões. Ela escrevia, editava livros à mão, traduzia, debatia e, acima de tudo, ensaiava "Como se deve ler um livro?", em O valor do riso e outros ensaios. Na vertente produção de livros, durante o período entreguerras (1918-1939), o casal Virginia e Leonard Woolf passava o tempo realizando impressão de livros à mão para, alguns anos depois, fundar sua própria editora, a Hogarth Press, que funcionava na sala de estar de casa. Dá para ter uma noção do clima literário a que estavam envolvidos. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“Metafísica das Rosas” é um conto com ares de parábola, de Machado de Assis (1839-1908). Começa com “No princípio, era o Jardineiro”, o que imediatamente nos remete às escrituras da Bíblia Cristã. No conto, Machado explora passagens bíblicas que tratam da criação do mundo: [Gênesis 1:1-3] e [João 1:1-5]. O Bruxo recorre novamente à criação do homem e da mulher, criando ele a partir de um tronco de palmeira e um sopro; e ela, de um tronco de laranjeira e um sopro. O homem e a mulher surge nesse jardim de delícias, o Jardim do Éden, justo quando as rosas (que são os pensamentos do jardineiro) estavam insatisfeitas; tiveram uma mudança de comportamento para o triste, porque desejavam a “contemplação de outros olhos”. Esse é um dos “contos abandonados” do Bruxo do Cosme Velho. O que significa que, após sair na Gazeta de Notícias em 1º de dezembro de 1883, ele não o incluiu nas coletâneas posteriores: “Histórias sem Data” (1884) e “Relíquias de Casa Velha” (1906). O conto voltou a sair após a sua morte, em 1908. Mas ao que tudo indica, alguns desses textos abandonados, possivelmente o foram, pelo fato de que Machado estava empregando ainda mais estudos no assunto. Aqui, por exemplo, há a fixação em Metafísica. Neste texto há muitas camadas, diversas pétalas a se conhecer. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“Patrióticas” são um conjunto de poesias na Parte Terceira de Dias e Noites (1881), livro do escritor sergipano Tobias Barreto, que recebeu o juízo crítico de Silvio Romero. Neste episódio: "À vista do Recife”, “Pernambuco”, “Os leões do norte”, “Sete de setembro”, “Em nome duma pernambucana”, “Versos escritos num dia nacional”, “Capitulação de Montevidéu”, “A volta dos voluntários”, “Decadência”, “A Polônia”, “A escravidão”, e “A viúva e os filhos do Capitão Pedro Afonso”. Trata-se de uma sequência de cânticos marciais que Tobias Barreto compôs em sua segunda fase poética, a pernambucana, que foi de 1862 a 1881, data da publicação do livro. Era um período guerreiro para o país e a poesia acostumou-se ao retintim das armas. O Recife, onde fora estudar Direito, era a passagem de todos os batalhões do norte e o ardor marcial era geral. À época do segundo império, os poetas compunham parte da aristocracia pensante e Tobias Barreto foi um filósofo, escritor e jurista brasileiro, apesar de sentir-se por vezes discriminado, por ser mestiço. Com Silvio Romero, fundou a Escola do Recife, corrente do pensamento social, filosófico, literária e jurídica que agitou a Faculdade de Direito do Recife nas últimas décadas do século XIX. Hoje a Faculdade é consagrada como "A Casa de Tobias”. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Envie seu original para a Editora Litteralux: litteraluxeditora@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“Resistência em musgo” é a história de abertura de Verde Amadurecido, de Daiana Pasquim (1981), livro de contos publicado pela Editora Litteralux, em agosto de 2024. Apresenta um homem de 76 anos, viúvo e que havia desistido de viver. Ele jamais abria as janelas de seu casarão, com três enormes vidraças na frente e frequentemente, fechava as cortinas. Era um saudosista que havia se ramificado em sua própria vida, quando esteve diante da morte, ao se despedir de sua falecida esposa, Adele. A vizinhança também, já o dava como morto. Mas uma única vizinha, uma vez por ano, contratava pessoalmente um serviço de jardinagem para “desenterrar" o vizinho viúvo da grama agigantada, da necessidade de poda das árvores, dos peçonhentos que estavam a invadir. Naquele ano, contudo, a transformação no jardim não aconteceria com naturalidade. Verde Amadurecido recebeu a cuidadosa leitura da premiada escritora Maria Valéria Rezende, que cunhou as seguintes palavras: “(…) Daiana Pasquim explora, nestes contos que transitam pela permeável e vaga fronteira entre concretude e imaginação, com bela sucessão de imagens, riquíssimo vocabulário, inventivas metáforas que nos ajudam a expandir nossa própria imaginação”. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Envie seu original para a Editora Litteralux: litteraluxeditora@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
"A loucura provinda do mar” é o capítulo 3 de “O chamado de Cthulhu” [(1926)1928], de H.P. Lovecraft (1890-1937) quando o narrador vai mais a fundo na investigação, a partir de encontrar um jornal australiano que cita o acidente com o vapor neozelandês, em 1925. Neste capítulo, o herdeiro do antropólogo prof. Angell faz uma extensa acareação de datas, levanta muitos questionamentos e vai concatenando os fatos, a partir do texto escrito por Gustav Johansen, segundo imediato da Escuna Emma, que após deparar-se com uma monstruosa Acrópole, sofre um envelhecimento abrupto. Neste trecho da narrativa há uma correlação com a Odisseia, de Homero, conectada a partir da frase: “como Polifemo amaldiçoando a nau de Odisseu”, relacionando-se ao Ciclope de um olho só que Ulisses enfrenta e mutila. O que os marinheiros de O Chamado de Cthulhu vivem relaciona-se ao poema épico justamente quando aportam num "litoral que é uma mistura de lama, lodo e ciclópica alvenaria limosa que não pode ser nada menos que a essência tangível do supremo terror da terra - a fantasmagórica cidade-pesadelo de R'lyeh". É arrepiante. Boa leitura! Envie seu original para a Editora Litteralux: litteraluxeditora@gmail.com Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
"A narrativa do Inspetor Legrasse" é o capítulo 2 do clássico de terror “O chamado de Cthulhu” [(1926)1928], de H.P. Lovecraft (1890-1937). Este capítulo dá brecha para um amplo debate de racismo, além de perniciosas aventuras das artes das trevas jamais descritas desta forma na literatura mundial. Em primeiro lugar, é preciso dizer que o próprio Lovecraft era mestiço, palavra e pessoas que ele utiliza várias vezes nessa parte da obra, para ancorar a adoração à malígna criatura - cuja descrição minuciosa parte de uma atuação policial do inspetor Legrasse. Cultos secretos são relacionados a negros alados na floresta assombrada, a um fetichismo negro, a negros espíritos e ao Necronomicon, escrito por Abdul Alhazred (que por sua vez, é um dos personagens mais famosos do próprio Lovecraft). O que torna esse miolo da narrativa muito assustador é a impossibilidade de fuga, já que as forças do mal se comunicam por transmissão de pensamento. Os ancestrais formaram o culto em torno de pequenos ídolos trazidos de sombrios astros de remotas eras. O que se espera é o realinhamento dos astros, para liberar essas forças e o Cthulhu reassumir a Terra. Boa leitura! Livro autografado Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“O chamado de Cthulhu” [(1926)1928], de H.P. Lovecraft (1890-1937) introduz uma nova forma de tratar o terror, no mundo. Esse longo conto é o grande responsável, por isso e, a partir de hoje, abre-se aqui no LdO o portal para a Mitologia do Universo de Horror Lovecraftiano, que seguirá nas duas próximas semanas. Começamos com a parte "I. O horror desenhado em argila”. Este é o momento em que Lovecraft “engatilha" a angústia provocada pelo desconhecido que tenta ser explicado por uma palavra inaudita: Cthulhu, uma escultura sinistra recém-saída da mente de um artista que vinha sendo perturbado em sonhos, por tentáculos e gosmas esverdeadas: Henry Anthony Wilcox. O conto é narrado por uma espécie de investigador, que é o sobrinho do cientista que catalogou todas as estranhezas narradas pelo artista. O tio-avô George Gammel Angell, professor emérito de Línguas Semíticas da Brown University, em Providence, Rhode Island, era mundialmente aclamado por ser especialista em inscrições antigas. Quando seu tio-avô morre, aos 92 anos, o jovem narrador, que é responsável pelo espólio do pesquisador, começa a desvelar absurdos que o perturbam e instigam, ao ponto de ele mesmo declarar que nunca deverá revelar o elo desta cadeia mal-apessoada. Boa leitura! Pré-venda do livro Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“O alquimista” é um conto de H.P. Lovecraft (1890-1937) narrado por Antoine, “o último desses infelizes e amaldiçoados condes de C…” aos seus 90 anos de vida, retornando a uma memória de juventude que envolveu o embate com uma maldição que assolava seus antepassados há seis séculos. Só mesmo uma mágica poderia ir contra essa maldição. Por isso, Antoine tornou-se um pesquisador intrigado, um explorador do castelo no qual viveram - e tantos morreram de forma sinistra e insólita - por esses 600 anos. Ele sobreviveu decadente, na miséria, e escolhe termos bem horripilantes para narrar a sua história, mas somente quando detêm-se diante de uma ala completamente deserta do velho castelo, vê-se diante de um homem ou espírito de cabelos longos e barbas flutuantes de cor preta intensa e terrível, de mãos longas e ressequidas, curvadas como garras, olhos como cavernas gêmeas de negrume abissal, que precisamente possuía um tipo de pedra filosofal, ou elixir da longa vida, é que Antoine vai se deparar com a chave da maldição. A história é eletrizante, em toda a sua solidão. Boa leitura! Pré-venda do livro Verde Amadurecido de Daiana Pasquim: escreva para leituradeouvido@gmail.com Curso Desenrole seu Storytelling (cupom LDO50): https://bit.ly/desenrolecomleitura
“Flanando por Londres” (1927) é um ensaio de Virginia Woolf (1882-1941) que, a exemplo de Mrs. Dalloway, onde o pretexto da personagem é sair comprar as flores e - desse portal, viver um fluxo de consciência um dia inteiro ao ponto de virar um emblemático romance da autora inglesa - aqui, a “desculpa" é sair comprar um lápis. O ensaio-conto está no livro O Sol e o Peixe, no capítulo do meio II. A Rua e a Casa. Esse livro é traduzido no Brasil por Tomaz Tadeu e os ensaios são inteligentemente divididos em três blocos, sendo ainda o I.A vida e a arte e o III.O Olho e a mente – cada bloco comporta três textos. Flanar é caminhar sem destino certo. Verbo inexistente em língua inglesa. O título original de Virginia é Street Haunting: a London Adventure”, publicado na Yale Review em outubro de 1927. Aportuguesada por ser muito bem-usada por João do Rio, que flanava pelo Rio de Janeiro para descrever A Alma Encantadora das Ruas, o termo ficou famoso na França do século XIX, com Baudelaire. Ela vaticina, a melhor época para flanar por Londres é o inverno e o melhor horário, entre 16h e 18h, para curtir o entardecer e a chegada da noite. É um ensaio em primeira do plural: “vamos lá, comprar um lápis”. O texto pode ser um passeio meticuloso por Londres, mas é também uma viagem para “o fogo da lareira da mente”, como ela mesma denominou. Boa leitura! Para adquirir o curso #Desenrole seu Storytelling, de Daiana Pasquim, use o cupom: LDO50Página do curso: https://bit.ly/desenrolecomleitura
Para adquirir o curso #Desenrole seu Storytelling, de Daiana Pasquim, use o cupom: LDO50 Página do curso: https://bit.ly/desenrolecomleitura “As três irmãs" é um dos 30 contos de Julia Lopes de almeida (1862-1934) em Ânsia Eterna (Garnier, 1903). A narrativa aborda o envelhecimento com nítida sabedoria, ao promover um reencontro entre três irmãs que não se viam há mais de trinta anos e elenca tudo o que precisa acontecer para seus destinos convergirem novamente. Fica evidente que cada pessoa traça a sua própria história, contudo Julia, nas camadas mais internas da narrativa, reforça o papel da mulher do século XIX, que era o de ser o anjo do lar para seu marido e filhos, vivendo as “sagradas agonias da maternidade”, ao mesmo tempo em que denuncia o patriarcalismo, já que o que diferenciou tanto as irmãs fora o fato de que “cada qual fora educada por um marido”. O texto ainda faz pensar se a vida passa rápido demais e lança a suas ideias ecológicas: “o vestido havia tanto tempo guardado, não podia cheirar a sol, nem a primavera”. Cada uma das irmãs personifica um perfil: a enraizada e saudosista; a viajante que gosta de luxo; e a sociável que valoriza as relações com seus filhos e netos. Com palavras simples, a autora promove a comoção. Boa leitura! Apoie pela chave PIX: leituradeouvido@gmail.com Apoie pelo financiamento coletivo: https://apoia.se/leituradeouvido Livro Trincas, de Daiana Pasquim: https://www.editorapenalux.com.br/loja/trincas Entre em contato: leituradeouvido@gmail.com Instagram e Facebook: @leituradeouvido Direção e narração: @daianapasquim Padrinho: @miltonhatoum_oficial Direção, edição, trilha de abertura e arte de capa: @LPLucas Uma produção @rockastudios
Para adquirir o curso #Desenrole seu Storytelling, de Daiana Pasquim, use o cupom: LDO50 Página do curso: https://bit.ly/desenrolecomleitura “Versos a Corina I”, é um dos poemas de “Crisálidas”, ou “Chrysalidas” (1864), de Machado de Assis (1839-1908). Da primeira fase do Bruxo do Cosme Velho, é totalmente Romântico. O poema de Machado não só tem como musa uma mesma mulher que inspirou o romantismo francês, através de Madame de Staël, como também trata do amor impossível, a exemplo de Corinne ou l'Italie (1807). Machado fez seis capítulos e evoca uma condição: ou a mulher super amada ou a solidão. “Chrysalidas” foi o primeiro livro publicado por ele e contém textos que escreveu dos 19 aos 25 anos. No primeiro capítulo de “Versos a Corina" é apresentada a mulher sonhada pelo “eu lírico”e a pergunta: onde está ela? Em II, o poeta mostra-se imperfeito, fatigado, desiludido e é um momento em que Machado emprega com maestria seu rico vocabulário. Em III, o apaixonado tenta alcançar a sua amada e lhe jura amor eterno, mas ela ainda não é dele. Em IV, emprega diversos argumentos como forma de convencer a sua amada: as brisas, a luz, as águas, as selvas, o poeta e emprega bastante mitologia; em V, considera-se com sorte esquiva, entram muitas dúvidas reforçadas pela decisão Estilística do autor, que é a de fazer repetições de palavras nos versos, como se essa espécie de “confusão" fosse a marca de diversas estrofes. E por fim, VI conclui que enquanto ela é pura luz e alegria, ele é tristeza e desalento. Em Crisálidas, Machado compôs também “Versos a Corina II”, que será motivo de um novo episódio do Leitura de Ouvido. Boa leitura! Apoie pela chave PIX: leituradeouvido@gmail.com Apoie pelo financiamento coletivo: https://apoia.se/leituradeouvido Livro Trincas, de Daiana Pasquim: https://www.editorapenalux.com.br/loja/trincas Entre em contato: leituradeouvido@gmail.com Instagram e Facebook: @leituradeouvido Direção e narração: @daianapasquim Padrinho: @miltonhatoum_oficial Direção, edição, trilha de abertura e arte de capa: @LPLucas Uma produção @rockastudios
Para adquirir o curso #Desenrole seu Storytelling, de Daiana Pasquim, use o cupom: LDO50 Página do curso: https://bit.ly/desenrolecomleitura "A Uma Taça Feita de Um Crânio Humano” é um dos poemas de Lord Byron (1788-1824) traduzido pelo escritor brasileiro Castro Alves (1874-1871) e publicado em seu único livro de poesias Espumas Flutuantes (1870). Esse poema personifica as especulações sobre a sua vida pessoal, ultrapassando as fronteiras da Literatura, uma vez que no século XIX era hábito de alguns romancistas utilizarem crânio humano como taça de vinho, inspirados nos hábitos de Byron. Produzimos também "As trevas", traduzido de Byron por Castro Alves, o que mais uma vez comprova que a literatura pode abrir passagens secretas inimaginadas, já que por estilo, a produção do jovem poeta abolicionista brasileiro compõe a 3ª geração do Romantismo Brasileiro, denominada Hugoniana ou Condoreira. Enquanto os byronianos são precedentes, ou denominados Ultrarromânticos, pois da 2ª geração romântica. Nesse episódio teve o pedido em caixinha de interação, com o poema: “Adeus”, com seus famosos versos “Adeus! e para sempre embora, que seja para nunca mais”. Como brinde, trazemos ainda "Byron", de autoria do próprio Castro Alves. Portanto, quatro poemas para você contemplar. Os escritores brasileiros seguiam os rastros de Byron, intrinsecamente, quando o assunto é Romantismo. Já explanamos vários exemplos no podcast. Hoje é dia de você interagir emitindo as suas Notas de Rodapé. Boa leitura! Apoie pela chave PIX: leituradeouvido@gmail.com Apoie pelo financiamento coletivo: https://apoia.se/leituradeouvido Livro Trincas, de Daiana Pasquim: https://www.editorapenalux.com.br/loja/trincas Entre em contato: leituradeouvido@gmail.com Instagram e Facebook: @leituradeouvido Direção e narração: @daianapasquim Padrinho: @miltonhatoum_oficial Direção, edição, trilha de abertura e arte de capa: @LPLucas Uma produção @rockastudios
Para adquirir o curso #Desenrole seu Storytelling, de Daiana Pasquim, use o cupom: LDO50 Página do curso: https://bit.ly/desenrolecomleitura “O sinaleiro” é um conto de fantasmas, de suspense e de terror, de Charles Dickens (1812-1870). Diferente da tradição do autor, este não se passa no Natal. Narra o encontro entre dois homens, sendo um deles o que trabalhava como sinaleiro e, o outro, como visitante. O insólito é o fio condutor nevrótico da história, pautado num vocativo: “- ALOOÔ! AÍ EMBAIXO!” que abre e fecha as nossas impressões da narrativa. Dito assim mesmo, em forma de grito, o que vai balizar as impressões e as reações dos personagens, construindo um terror gótico na cena. Aliás, essa é uma narrativa de suspense, repleta de cenas mal resolvidas, mas nesse episódio, convido você a desvendar esses mistérios comigo. Uma das anotações está nos sinais, observados pelo visitante do sinaleiro, de virar o rosto para perscrutar o sino, silencioso; de abrir a porta do abrigo para olhar se tem alguém lá fora; e na aparição da luz vermelha. O nosso protagonista não tem medo do fantasma, mas sim, da angústia de não saber o que a aparição significa, de modo que possa agir para evitar tragédias. Apoie pela chave PIX: leituradeouvido@gmail.com Apoie pelo financiamento coletivo: https://apoia.se/leituradeouvido Livro Trincas, de Daiana Pasquim: https://www.editorapenalux.com.br/loja/trincas Entre em contato: leituradeouvido@gmail.com Instagram e Facebook: @leituradeouvido Direção e narração: @daianapasquim Padrinho: @miltonhatoum_oficial Direção, edição, trilha de abertura e arte de capa: @LPLucas Uma produção @rockastudios
Para adquirir o curso #Desenrole seu Storytelling, de Daiana Pasquim, use o cupom: LDO50 Página do curso: https://bit.ly/desenrolecomleitura “A dama de espadas” (1834) é um conto muito bem elaborado do escritor russo Alexander Pushkin (1799-1837). Dividido em seis capítulos, é uma narrativa que perpassa vários ambientes e emoções da convivência social, centrado no hábito do jogo, por dinheiro. O conto russo aborda o despertar da ambição, a ingenuidade do amor, a injustiça e a loucura. Há, inclusive, toques de insólito, regado a todas as belezas da narrativa pushkiniana: “e o veículo começou a rodar suavemente sobre a neve”. Além da bela ambientação, dá detalhes de cenário e figurino. Enfim, é uma história inebriante! O conto foi escrito em 1833 e publicado pela primeira vez na revista literária Biblioteka dlya chteniya, em 1834. Até hoje é reconhecido como um dos melhores contos já publicados. Pushkin explora a natureza da obsessão e a avareza humana de maneira magistral. “A dama de espadas” foi transformado na ópera “The Queen of Spades” do grande compositor clássico Tchaikovsky. Boa leitura! Apoie pela chave PIX: leituradeouvido@gmail.com Apoie pelo financiamento coletivo: https://apoia.se/leituradeouvido Livro Trincas, de Daiana Pasquim: https://www.editorapenalux.com.br/loja/trincas Entre em contato: leituradeouvido@gmail.com Instagram e Facebook: @leituradeouvido Direção e narração: @daianapasquim Padrinho: @miltonhatoum_oficial Direção, edição, trilha de abertura e arte de capa: @LPLucas Uma produção @rockastudios
Para adquirir o curso #Desenrole seu Storytelling, de Daiana Pasquim, use o cupom: LDO50 Página do curso: https://bit.ly/3VohZlt Os Lusíadas é o poema épico de 8.816 versos rimados e metrificados, do consagrado poeta ocidental Luís Vaz de Camões (1524-1580), que homenageia a sua pátria, seus feitos e heróis, por meio e uma imensa aventura, ciceroneada por deuses e mitos. Como se trata de uma epopeia dividida em X Cantos, com 1.102 estrofes, fizemos uma seleção ponderada de alguns versos, no Canto I (estrofes 1-83), que dá abertura para a aventura de Vasco da Gama e no qual aparecem quatro, das cinco partes da obra: proposição, invocação, dedicatória e começa a narração; e produzimos também o Canto IX (estrofes 16-73), que é o mais erótico, quando Vênus pensa em oferecer algum deleite aos portugueses, que tanto sofreram pelas interferências de Baco. Ela determina que no meio das águas seja preparada uma ilha divina com belas e aquáticas donzelas a esperar os fortíssimos barões. Essas ninfas são as Nereidas, as filhas de Nereu, que são atingidas pela flecha do cupido, seu filho. Em termos de estilo narrativo, Os Lusíadas se inicia in media res (no meio da ação), durante a viagem de Vasco da Gama, que é quem narra a história de seu país ao rei de Melinde. No Epílogo, última parte da epopeia, temos o lamento do poeta, que queixa em Portugal um país decadente e enfraquecido, sem a perspectiva de conquistar novas glórias no futuro. Camões morreu em 10 de junho de 1580, por isso, o dia 10 é considerado o Dia de Camões e das comunidades portuguesas. Boa leitura! Apoie pela chave PIX: leituradeouvido@gmail.com Apoie pelo financiamento coletivo: https://apoia.se/leituradeouvido Livro Trincas, de Daiana Pasquim: https://www.editorapenalux.com.br/loja/trincas Entre em contato: leituradeouvido@gmail.com Instagram e Facebook: @leituradeouvido Direção e narração: @daianapasquim Padrinho: @miltonhatoum_oficial Direção, edição, trilha de abertura e arte de capa: @LPLucas Uma produção @rockastudios