POPULARITY
Na estante desta semana temos “Luto Sem Bússola”, o ensaio para uma despedida da viúva do escritor Javier Marías, Carme López Mercader; “Destroçados”, de Hanif Kureishi, o escritor tetraplégico que tem de ditar os seus textos; a “Singela Proposta e Outros Textos Satíricos”, de Jonathan Swift, na edição da Antígona, como forma de homenagem a Luís Oliveira, que morreu esta semana e que fundou uma das editoras de referência do panorama editorial português; e “Mania”, de Lionel Schriver, uma sátira às guerras culturais em curso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Houve quem desse baile e houve quem levasse baile. Mas a pergunta que todos fazem é esta: dançará o país a compasso com a música do bailinho da Madeira? O primeiro-ministro quer ver um cartaz retirado de circulação. E pode? O PCP prometeu accionar meios legais contra a RTP por causa de uma entrevista monotemática. E pode? No Bloco de Esquerda a idade volta a ser um posto. Os fundadores vão regressar ao activo nas eleições de 18 de Maio. Como o mundo, reguila, não pára de nos surpreender, uma história que até parece mentira mas é verdade: os mais altos responsáveis da Casa Branca convidaram inadvertidamente um jornalista para o grupo, numa rede social, em que estavam a discutir os planos para bombardear o Iémen. Hilary Clinton resumiu tudo numa frase curta: “This is just dumb” (isto é simplesmente estúpido). Talvez seja também perigoso.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Esta semana, na estante, encontramos “Humano, Demasiado Humano”, um ensaio sobre inteligência artificial de Neil D. Lawrence; há também um relato, publicado originalmente nos anos 50 do século passado, sobre como o nazismo tomou conta da Alemanha: “Eles Pensavam que Eram Livres”, de Milton Mayer; folheamos a memória de um título já esgotado - Pudor e Dignidade - como forma de homenagem ao escritor norueguês Dag Solstad, falecido esta semana; e, em plenas comemorações do bicentenário camiliano, abrimos o monumental “Vivências de Camilo Castelo Branco a partir da sua correspondência”, um estudo de José Manuel de Oliveira.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O governo caiu. O regateio parlamentar tentado pela maioria foi inútil. Vêm aí eleições, precisamente um ano depois das últimas. A campanha eleitoral já começou. Os líderes das duas principais forças políticas foram mostrar-se à Bolsa de Turismo de Lisboa. Quisemos seguir-lhes o exemplo. Também foi lá que estivemos esta semana, no pavilhão do Centro de Portugal. Com Francisco Mendes da Silva no lugar de Pedro Mexia, temporariamente ausente.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na estante, esta semana, temos “Paz ou Guerra. A Rússia e o Ocidente: uma abordagem”, de Mikhail Shishkin, “Uma História Simples”, de Leonardo Sciascia, “Terapia para Cínicos”, de Jamil Zaki, e “Semper Dolens, história do suicídio no Ocidente”, de Ramón Andrés.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Em cada dia, Luís Caetano propõe um poema na voz de quem o escreveu.
Esta semana temos uma história alternativa da matemática em “As Vidas Secretas dos Números”; uma novela curta, prestes a tornar-se um filme, sobre o silêncio em torno dos abusos num convento católico irlandês: “Pequenas Coisas Como Estas”, de Claire Keegan; uma obra colectiva reunindo “variações sobre o ócio e a demora”: “Vida Horizontal”, sob a organização de Nuno Costa Santos e João Pereira Coutinho; e a mais recente colaboração entre Gonçalo M. Tavares e o colectivo Os Espacialistas: “Museu Imaginário da Europa e outras ideias”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O desarrazoado sobre uma rixa animou o campeonato político das percepções. O anúncio da cabeça de lista socialista à câmara de Lisboa trouxe para a ribalta a percepção de que afinal as autárquicas também importam. Mas a desistência de Centeno manteve as presidenciais na primeira linha das percepções relevantes da actualidade. A educação tem lugar cativo no topo das preocupações, como não podia deixar de ser. Ainda para mais no congresso da Federação de Associações de Pais de Vila Nova de Gaia, onde decorre, ao vivo, a emissão desta semana.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na estante desta semana, temos uma memória familiar que resultou num filme de sucesso: “Ainda Estou Aqui”, de Marcelo Rubens Paiva, que deu origem à película com que Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro de melhor actriz; há também um livro que percorre a Nacional 2 em fotografias a preto e branco: “N2, O Signo e a Paisagem”; e recomenda-se ainda o romance que conquistou o prémio Booker Internacional: “Kairos”, de Jenny Erpenbeck.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Eça já está no Panteão. E o que ele se riria disso. Ou não. * Ventura esteve aos gritos no Parlamento. Até que o microfone o calou. * Trump quer a Gronelândia. E etc. * Em Moçambique, há agora dois presidentes. Um deles auto-proclamado sobre uma carrinha de caixa aberta. * A comédia do mundo mereceria bem uma crónica queirosiana. Mas já chegámos tarde. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Jornalista, crítico literário, cronista, diarista, tradutor, poeta. Não necessariamente por esta ordem. O que escolheu o Pedro Mexia, entre tantos livros que diariamente o rodeiam e porque tem o T.S. Eliot um lugar especial? É um dos rostos do programa "Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer" (eu não tenho medo: Voldemort!), anteriormente conhecido como "Governo Sombra". Os livros que o Pedro escolheu: O Cerejal, Anton Tchekhov A Terra Devastada,T. S. Eliot Ofício de Viver, Cesare Pavese Fiesta (O sol nasce para sempre), Ernest Hemingway Outras referências na conversa: A. Tchekhov: A Gaivota; Três Irmãs; O Vizinho Vânia. T.S. Eliot: A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock; “Os quatro quartetos” lidos pelo actor Jeremy Irons O Adeus às Armas, E. Hemingway. O mais recente que publicou: Poemas Reunidos. O que recomendei: Reviver o passado em Brideshead, Evelyn Waugh; O meu irmão Serge, Yasmina Reza; Encontro, Natasha Brown. O que ofereci: A Subtração, Alia Trabucco Zeran. Filme referido: Quem tem medo de Virginia Woolf? Os livros aqui: www.wook.pt
Esta semana, na estante do Governo Sombra, há um livro sobre grandes artistas que são más pessoas: “Monstros”, de Claire Dederer; uma reunião de caricaturas de escritores com o traço de André Carrilho: “Linha, Ponto e Vírgula”; dois livros em que protagonista é Camões: o “Teatro” do poeta e a biografia que Aquilino Ribeiro lhe dedicou; por fim, três livros infantis: “Olívia e as Princesas”, “Brincamos na Neve”, de Verónica Fabregat, e “Como Criar uma Biblioteca”, de Inês Fonseca Santos e André Letria.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A família Assad já não mora em Damasco. O mundo divide-se entre os que vêem a queda do ditador sobretudo como um motivo de celebração ou acima de tudo com inquietação quanto ao futuro. A actualidade política nacional da semana ficou marcada, por sua vez, pela troca de acusações entre ministros da cultura: a atual e o antecessor. Falou-se de compadrio, mas há que veja o episódio, acima de tudo, como uma guerra de comadres. Entretanto, o Chega foi protagonista de dois episódios parlamentares caricatos. Entregou um relatório elogiando uma nomeação, querendo no dia seguinte retirá-lo para dizer que a dita nomeação é péssima. Foi um engano, esclareceu o partido; “fizemos copy/paste do texto errado”. Na segunda situação, o Chega - que prometera ser duro nas perguntas que faria ao antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa Pedro Santana Lopes - não vai afinal fazer pergunta nenhuma: esqueceu-se de enviar as questões dentro do prazo previamente estipulado. Facto curioso: Santana Lopes foi esta semana o convidado de honra das jornadas parlamentares do Chega. Sabendo-se que Santana Lopes quer ser candidato a qualquer coisa e que o Chega procura candidatos a uma coisa qualquer, que cada um tire as suas conclusõezinhas.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na estante do Governo Sombra, esta semana, encontramos a reedição do último livro de Joseph Roth, “A Lenda do Santo Bêbedo”; uma colecção de crónicas - “Prova de Vida”, de António Araújo - sobre figuras públicas afastadas de ribalta; um ensaio literário já antigo, mas só agora publicado em Portugal, da poeta canadiana Ann Carson intitulado “Eros”; e o catálogo da exposição “Livre”, dedicada a João Abel Manta.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A sabedoria popular oferece adágios para todas as ocasiões. Diz-se, por exemplo, que “candeia que vai à frente alumia duas vezes”. Mas também se garante que “o primeiro milho é dos pardais”. Qual dos provérbios reflectirá melhor o ponto de situação nos preparativos para a corrida a Belém? O Almirante parece firme ao leme, mas até um palhaço já entra nas contas. Assim, fica difícil levar a sério os estudos de opinião. Enquanto isso, no PS começa a haver vozes sugerindo que os socialistas devem inclinar-se ao lado para que sopra o vento. O importante é perceber com quem está o povo. No folhetim do medicamento caro administrado às gémeas luso-brasileiras, a comissão parlamentar de inquérito continua a produzir versões contraditórias. Em todo o caso, já há pelo menos um suspeito designado: o antigo secretário de estado da saúde não sairá desta investigação com a reputação intacta.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Foi uma semana daquelas em São Bento. Ventura decidiu poluir a fachada do Palácio. O primeiro-ministro rodeou-se de fardas no Palacete, em horário nobre. E o Parlamento celebrou em sessão solene uma data redonda, redondinha: os 49 anos do 25 de Novembro. E há quem já tenha os olhos noutro Palácio: o almirante vai abandonar o barco do serviço militar para se atirar ao mar encapelado da política; e António José Seguro levou a sério o facto de Pedro Nuno Santos o ter incluído numa lista de presidenciáveis. Problema: o secretário-geral do PS (o actual) fez saber esta semana que já se arrenpendeu de ter divulgado o conjunto de nomes em que meteu ao barulho o pretérito secretário-geral socialista. Ouça a versão podcast do Programa Cujo Nome Estamos Legalmente impedidos de Dizer, emitido na SIC Notícias a 29 de novembro.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Qual a pergunta certa: ‘como é que Trump ganhou' ou ‘como é que os democratas perderam'? Vamos ter pela frente quatro anos para encontrar a resposta. Numa coisa a eleição do futuro inquilino da Casa Branca foi diferente da anterior: os vencidos aceitaram a derrota sem ranger de dentes nem violência. Na realidade mais comezinha da política nacional, uma deliberação autárquica controversa desencadeou uma sarrafusca interna entre socialistas. Com o regresso a uma animosidade evidentemente, mas não nomeada, entre o anterior e o actual secretários-gerais do PS. Enquanto isso, há duas ministras na corda-bamba. Começa a pairar o fantasma da remodelação governamental, o que já obrigou o primeiro-ministro, em ambos os casos, a vir defendê-las em público. Em Espanha, nem uma tragédia com mais de duzentos mortos fez esquecer a guerrilha política entre o governo socialista e o poder autonómico que reúne a direita tradicional e a extrema-direita.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Esta semana, na estante do Governo Sombra, encontramos uma memória pessoal da ditadura de Enver Hohxa, no livro “Livre”, de Lea Ypi; uma “História de Arte”, assinada por Katy Heller, diferente de todas as outras: “Sem Homens”; as entrevistas de Maria João Avillez a grandes protagonistas políticos portugueses em “Eu Estive Lá”; e um clássico da literatura latina: “Remédios Contra o Amor”, de Ovídio.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Sabemos como começam fenómenos destes, não podemos saber como acabam. Um homem morreu numa intervenção da polícia. Ainda antes de qualquer inquérito concluído, a PSP emitiu um comunicado justificando a acção policial. O homem estaria armado com uma faca e o agente da autoridade agiu em legítima defesa perante uma arma branca. Versões posteriores contradizem esta narrativa. A polícia, além de matar, mentiu? Na periferia de Lisboa a dúvida foi pretexto para quatro noites de violência e vandalismo. Foram queimados vários autocarros e há um motorista da Carris internado em estado grave. Perante este quadro que aconselharia prudência e responsabilidade, o líder parlamentar do terceiro maior partido na Assembleia não se coíbe de dizer que “se calhar, se (os polícias) disparassem mais a matar o país estava mais na ordem”. O mundo está perigoso. Perante isto o episódio dos insultos do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros ao Chefe de Estado-Maior da Força Aérea parece uma brincadeira. Mas não é. Como não foi a brincar que o primeiro-ministro desfraldou a bandeira política do combate à disciplina de educação para a cidadania sob uma ovação do congresso do PSD. Quem parece ter sido apanhado na curva foi o ministro da Educação, admitindo que este não é o problema mais importante na área que tutela. São as guerras culturais a que temos direito. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na estante desta semana, vamos do excesso de informação a um compêndio de trica política, passando por um belo livro infantil e por uma reflexão sobre os 50 anos da Revolução. Neste caso, António Barreto reúne um conjunto de textos e intervenções no volume ‘Abril'. A respeito do mesmo período, o meio século de democracia, Liliana Valente e Filipe Santos Costa investigaram e reuniram episódios saborosos de pequena política (com um protagonista em destaque: Marcelo Rebelo de Sousa). O ensaísta francês Bruno Patino faz, num ensaio significativamente intitulado ‘Submersos', um diagnóstico preocupado da sobrecarga de estímulos e informação com que estamos confrontados na sociedade contemporânea. Por fim, para não nos acusarem de sermos (apenas) cínicos, fica a recomendação de um belo livro infantil com mais de meio século e pela primeira vez traduzido e editado em Portugal: ‘Harold e o Lápis Púrpura', de Crockett Johnson.See omnystudio.com/listener for privacy information.
E daqui em diante como viveremos nós sem a novela do orçamento? Ainda há a das gémeas, é certo. Temos agora a do julgamento do caso BES (mas com 18 arguidos, estando em causa 300 crimes e arroladas 700 testemunhas, são tantas as personagens que rapidamente perderemos o fio à meada). E há a corrida à Casa Branca, que promete emoção (e angústia) até ao fim. Enquanto isso, com o orçamento virtualmente aprovado, em breve se verá como evolui a relação de Pedro Nuno Santos com os comentadores socialistas (desalinhados) no seu “pedestal”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Jogar com uma tripla nem sempre é garantia de que se acerta. Montenegro entrou na nova temporada política a distribuir promessa. Em três sectores: saúde, transportes e pensões. Haverá eleições no horizonte? Por vezes, se toda a gente esticar a corda ao mesmo tempo, ela acaba por partir. O que torna desafiadora esta rentrée é a quantidade de incógnitas com que nos deparamos: as guerras trágicas na Ucrânia e no Médio Oriente, as dramáticas eleições americanas e algumas comédias caseiras, como os folhetins em torno do orçamento para 2025 e das presidenciais de 2026.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A tribo da leitura juntou-se no Museu do Oriente. A segunda edição do encontro Book 2.0, iniciativa da APEL, convocou especialistas, nacionais e internacionais, e vários altos dignitários: do Presidente da República ao ministro dos negócios estrangeiros. Mas também baixos dignitários: um ministro das badanas, um ministro das estantes e um ministro das estrelas (daquelas com que se avaliam livros no pouco espaço que ainda lhes é dedicado na imprensa). Leitores de todo o mundo, uni-vos (mas em silêncio para não incomodarem quem está a ler).See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na estante desta semana, só com três livros, para se dar lugar também a uma exposição (Spam Cartoon, no Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa), há uma pequena enciclopédia sobre as propriedades da Canábis - Maldita é Maravilhosa; as memórias de um polícia, o responsável por três grandes operações policiais (Apito Dourado, Face Oculta e Aveiro Connection), com um cognome que dá título ao livro: Insubmisso; e os contos de Sherwood Anderson, em Morte na Floresta e Outras Histórias.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Quem são os santos e os pecadores, na Santa Casa? O caso será apenas de gestão, será uma questão de ordem política ou pode vir a assumir contornos judiciais? As mesmas dúvidas se colocam relativamente ao legado orçamental do governo anterior: Medina maquilhou as contas ou Sarmento está à procura de uma narrativa que permita a Montenegro escapar às promessas eleitorais? E a nível táctico: a vitimização do governo perante as votações conjuntas de PS e Chega será uma boa arma política ou uma confissão de impotência? Já agora: quando é que Pinto da Costa entrega as chaves? E quando é que Ventura admite que a acusação de traição ao Presidente da República era a gozar? E quando é que celebramos o nosso genial zarolho?See omnystudio.com/listener for privacy information.
As finanças vão de vento em popa ou estão um desastre? Sarmento e Medina desentenderam-se. Nós, os leigos, ainda estamos a tentar perceber a diferença entre contabilidade pública e contabilidade nacional. Outro desentendimento - este, na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa - levou a ministra do Trabalho a despedir a provedora, considerando-a incompetente para o cargo. Apesar disso, obriga-a a manter-se em funções, provavelmente para continuar a assegurar, com igual incompetência, a gestão corrente. Ao mesmo tempo que o Chega se junta aos partidos de esquerda para acabar com as portagens das antigas SCUT. O Governo está isolado no seu labirinto. E até quando um governante decide apostar numa ideia nova a coisa corre mal. O ministro da Defesa quis inovar por duas vezes, esta semana: propondo a reinserção de jovens institucionalizados por pequenos delitos, integrando-os no Exército, e dando um novo significado à sigla NATO (em português, OTAN): Organização do Tratado do Atlético (!!!) Norte. Ambos os esforços de imaginação de Nuno Melo foram mal recebidos. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Já há governo e agora é esperar para ver. PSD e PS estão convencidos de que vai durar quatro anos. Até se entenderam para uma partilha do lugar destinado à segunda figura do Estado. Se não se tivessem entendido, talvez os deputados ainda continuassem agora em sucessivas rondas de votação. Houve votos em branco e houve votos em Branco. E uma birra do Chega que paralisou a Assembleia por causa do significado da palavra ‘acordo'. Entretanto, Marcelo, o dissolvente, voltou a dissolver. Costa despediu-se de forma “inchiunal”. E a TAP registou o maior lucro de sempre. A semana pascal foi animadíssima.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Os resultados eleitorais viraram a política portuguesa de pantanas. A AD ganhou à tangente, o PS perdeu mais de 40 deputados e o Chega quadruplicou a representação parlamentar. André Ventura, com os 18% que obteve, foi declarado o grande vencedor e foi rápido a exigir ter uma voz activa no que aí vem. Esquece, no entanto, que 82% do eleitorado não só não votou nele como explicitamente o rejeita. Luís Montenegro mantém-se fiel ao “não é não” e vê-se obrigado a encontrar uma solução de governo, mesmo antes de contados todos os votos. Até porque Pedro Nuno Santos, numa espécie de jogo do quem perde-ganha, teve pressa em declarar-se derrotado. Os próximos tempos vão ser animados.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na estante desta semana, a escolha recai sobre os textos de Hélder Macedo reunidos no volume intitulado Pretextos, inclui a biografia de Lucas Pires por Nuno Poças Falcão com o título O Príncipe da Democracia, tem também a novela gráfica Patos, de Kate Beaton, e aproxima-se do silêncio com a poesia zen do mestre japonês Ryokan na antologia Tal Como És. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Passos Coelho, o aborto e uma lata de tinta verde entram numa campanha eleitoral. Não é uma anedota, é o resumo possível da primeira semana de caça oficial ao voto. A AD esteve no centro do debate. Por boas ou más razões, é o que cada eleitor decidirá por si próprio. See omnystudio.com/listener for privacy information.
O poeta, cronista, crítico literário e tradutor Pedro Mexia é o convidado do sexto episódio de “A Descoberta do Som” com Filipe Melo. Uma conversa que cruza a arte, a poesia, o cinema e a música. Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.
As ilhas estão na berlinda. Montenegro foi para os Açores mesmo sem ter sido convidado. Os resultados de domingo terão inevitavelmente leituras nacionais. Tal como a investigação judicial na Madeira. Enquanto a macroeconomia sorri, com uma descida histórica da dívida pública e um valor recorde do crescimento, a insatisfação de polícias e agricultores volta a tomar as ruas. Ouça O Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer em podcast.See omnystudio.com/listener for privacy information.
À justiça o que é da política e à política o que é da justiça. A máxima de Costa não era bem esta, mas é agora esta que está em vigor. Uma investigação judicial entrou pela política madeirense adentro e a política madeirense, tal como a política açoriana, está a ter também o seu papel na política nacional em período de pré-campanha legislativa. O papel de Miguel Albuquerque é que já não é o que era. Em simultâneo, Sócrates voltou à ribalta e o processo Marquês, depois de ter ficado moribundo por acção do juiz Ivo Rosa, regressa agora em força com a recuperação das acusações de corrupção ao antigo primeiro-ministro. E com eleições no horizonte Nuno Melo desmentiu Nuno Melo.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A semana não correu bem ao Ministério Público e a Procuradora-Geral da República continua em silêncio. Mesmo depois de se saber que foi de sua autoria o parágrafo que António Costa invocou para se demitir. Mesmo depois dos erros detectados no processo de investigação. Incompetência ou malevolência? Calma, talvez a procissão ainda vá no adro. E com tudo o que esta crise política tem de original, houve esta semana uma originalidade adicional: um ministro a demitir-se de um governo, ele próprio, demissionário. Enquanto isso, os socialistas preparam-se para praticar a velha máxima de “rei morto, rei posto” e animam-se na escolha do sucessor de Costa. Pelo mundo, as guerras continuam, agora já quase só em rodapé, e em Espanha há uma geringonça que inclui gente até ainda há bem pouco tempo fugida à polícia. See omnystudio.com/listener for privacy information.
O Ministério Público entrou pela residencial Primeiro Ministro adentro e descobriu o pé-de-meia do chefe doo gabinete guardado em livros e caixas de garrafas de vinho. Foi o parágrafo, no entanto, que precipitou a demissão de António Costa e, com ela, a decisão do Presidente da República de deitar abaixo a maioria absoluta socialista. Quanto saberia Costa do que se passava no seu círculo mais próximo é a questão que cabe à Justiça apurar. E ao Ministério Público cabe provar que estão reunidas provas sólidas para que tenha sido possível derrubar o governo. Enquanto isso, as máquinas partidárias já estão a aquecer os motores para uma corrida eleitoral que será longa. Consequência imediata da crise política: as guerras acabaram (nas televisões).See omnystudio.com/listener for privacy information.
Há quem tenha dificuldade em chamar massacre a um massacre. O estado de guerra no Médio Oriente trouxe à tona velhas clivagens e reactivou uma animosidade malsã. Enquanto, no xadrez geopolítico, há agora mais uma guerra a pôr em causa a precária estabilidade mundial, nós por cá entretemo-nos com as minudências da chamada bolha político-mediática. O orçamento da maioria absoluta - entregue desta vez a tempo e horas e em horário diurno - deixou a direita à procura de discurso. O PSD, pela voz de Montenegro, encontrou-o na palavra pipi. Mas como adjectivo, atenção, não enquanto substantivo. Também se fala de elogios envenenados, de sondagens e do ex-ministro ainda a aprender a ser comentador.See omnystudio.com/listener for privacy information.
As propostas de leitura da semana trazem-nos títulos surpreendentes e com que muito se aprende. Aprende-se, por exemplo, que os peixes influenciam a arquitectura, como se descobre em Arquitectura do Bacalhau. Aprende-se, em Ecofagias, de que modo a paisagem natural é mitificada na literatura e nas artes do último século. Também se descobre que há uma componente religiosa na cultura do activismo; ideia expressa em A Religião Woke. E regressa-se com o mesmo prazer de sempre ao panteonável Eça de Queirós numa nova edição de O Conde d'Abranhos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
No meio do entusiasmo pela organização (conjunta) do mundial de futebol de 2030, o ministro da economia não teve acesso ao argumentário oficial e soltou uma das frases da semana: “não é o futebol que nos vai salvar”. A outra declaração dos últimos dias que merece registo é do primeiro-ministro, frustrado por ver que “a realidade” tem sido “muito mais dinâmica do que a capacidade de resposta política”. Será isto humildade ou passa-culpas. Também se falará de mais um momento político-teatral do Chega, do sínodo dos bispos católicos onde pela primeira vez há mulheres com direito de voto e do activismo climático, que se tornou actividade quotidiana. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Um livro sobre o Martim Moniz trazido por Carlos Vaz Marques, Memórias de Gabriel García Marques sugerido por José Miguel Tavares, Cinema Português no Feminino recomendado por Pedro Mexia e memórias de um jornalista como sugestão de Ricardo Araújo PereiraSee omnystudio.com/listener for privacy information.
Na estante desta semana, Carlos Vaz Marques traz O Último Sonho, de Pedro Almodôvar, João Miguel Tavares está a ler O Mundo Vai Continuar a Não Ser Como Era, 100 anos de design gráfico na coleção Carlos Rocha, Pedro Mexia traz um livro sobre o primeiro ludita, o "Ned Ludd e a Rainha Mab", de Peter Linebaugh, e Ricardo Araújo Pereira traz Mark Twain e o livro chama-se "Cartas da Terra"See omnystudio.com/listener for privacy information.
Há silêncios e silêncios. E silêncios que dão que falar. Falemos então do silêncio de Costa e do que se disse sobre ele. Como havemos de falar igualmente do género epistolar. Neste caso não há relutância em meter o nariz em correspondência alheia porque o remetente a fez chegar ao destinatário e a quem a tornasse pública. Do que se continua a falar é de presidenciáveis. Pelo menos desta vez – num país em que tão frequentemente se critica o improviso – as coisas estão a ser preparadas com tempo. Há ainda a questão promiscuidade entre futebol e política; por uma vez, uma oportunidade para a política sair valorizada pela comparação. See omnystudio.com/listener for privacy information.
No regresso depois de um mês de ausência, constatamos que, apesar de nós pararmos, o mundo não abranda. Já que a actualidade cometeu a deselegância de continuar a fornecer material de análise à nossa revelia, passamos em revista, retroactivamente, alguns dos momentos marcantes de Agosto; a apicultura do PS em resposta ao veto presidencial do pacote para a habitação: “tá bem, abelha”; o “índice Pinóquio” com que Moedas respondeu à escassez de notas deixadas pelos peregrinos da Jornada papal no comércio de Lisboa; o modo eficiente como o Kremlin organiza coincidências letais; o “piquito” de um dirigente espanhol do mundo da bola que não sabe comportar-se como o cavalheiro que não é nem na presença da família real; e o extraordinário filme de antecipação política em busca de um inquilino novo para o Palácio de Belém… em 2026. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Nos Livros da Semana do Programa Cujo Nome…, Carlos Vaz Marques traz “Uma História de Repouso”, João Miguel Tavares fala na obra “História Global da Alimentação Portuguesa”, Pedro Mexia divulga “Cultura de Direita” e Ricardo Araújo Pereira refere a obra de Susan Neiman, ainda sem tradução portuguesa, “Left is not Woke”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na estante da semana há uma ciência nova, só para fanáticos da bola, com nome de treinador de futebol: a Schmitologia. Há Proust em registo breve. Há pequenas biografias de grandes figuras por um historiador que oferece melhores serviços do que a Wikipedia. E há a mente tortuosa de uma autora que deixou nos diários pessoais a confissão de que pode ser ténue, por vezes, a fronteira entre o crime e a literatura.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A comissão de inquérito à TAP, conclui-se do relatório preliminar, não encontrou razões para a realização de uma comissão de inquérito. Como também não terá havido razões para a demissão do ministro da tutela que se demitiu. António Costa, que prometeu tirar ilações no fim dos trabalhos, talvez devesse pedir a Pedro Nuno Santos que reconsidere e regresse ao cargo. Em França, a polícia cometeu um crime, a raiva juvenil partiu montras e incendiou carros e durante uma semana houve um cheirinho a guerra civil. Nos Açores, um chefe de gabinete do governo regional não gostou de um livro e ameaçou um escritor. E o bispo que preside à Jornada Mundial da Juventude achou por bem confessar em público os seus delitos automobilísticos à espera de perdão com a vinda do Papa a Portugal. Que ninguém diga deste moscatel (e deste fortimel) não beberei.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Duas reedições de textos já consagrados preenchem metade da estante desta semana. A cidade fantasma de “Pedro Páramo” e o modo como encaramos a doenças, analisado pela inteligência fulgurante de Susan Sontag, são leituras ou releitura sempre oportunas. A descoberta dos ensaios gráfico de um expatriado, dividido entre Portugal e a Inglaterra vai surpreender muita gente. E a desesperançada autobiografia de Nadejda Mandelstam, viúva do grande poeta russo Osip Mandelstam, é a prova de que mesmo a mais feroz ditadura nada pode contra a conjugação da memória com a coragem.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Escoltados pela autoridade do Estado e envergando a farda GNR, sete militares agrediram e humilharam imigrantes estrangeiros em Vila Nova de Milfontes. O tribunal de Beja condenou-os, a relação de Évora reduziu-lhes as penas e considera aceitável que continuem na Guarda. Brincadeiras parvas, disseram eles. E não se estavam a referir à nova sentença. Talvez também tenha sido só uma brincadeira parva, a agressão de um deputado do Chega a um jovem árbitro num jogo dos infantis. Parece que se exaltou por ter um filho em campo. Javardeira no hemiciclo ainda é como o outro, agora ofender assim a dignidade do desporto é que não se aceita. Também se fala, esta semana, de Centeno, Santos Silva e até há espaço para reles uma imitação de Rogeiros e Milhazes. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Carlos Vaz Marques aconselha um livro do pintor e escritor francês Francis Picabia que passou por tudo, pelo dadaísmo, pelo cubismo, até pelo surrealismo e sempre com um espírito provocatório e capaz de dinamitar mesmo aquilo em que se metia. Este livro – “Nada, nada, nada” – reúne textos em prosa do período dadaísta de Picabia e é uma boa introdução ao espírito de um autor ainda hoje desconcertante. Pedro Mexia aconselha “Ensaio Histórico sobre a Revolução de 25 de Abril” de José Medeiros Ferreira, José Miguel Tavares trás o livro de Marco Alves, “Salazar Confidencial” e Ricardo Araújo Pereira aconselha A “Vida Airada de Dom Perdigote” de Paulo Moreiras.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Carlos Vaz Marques traz um livro que é uma coletânea de artigos encontrados no computador de Anna Politkovskaia, a escritora e jornalista russa assassinada à porta de casa, em Moscovo. "Um livro que é uma espécie de libelo póstumo contra Vladimir Putin", diz o moderador do Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer. João Miguel Tavares traz o Árabe do Futuro, uma novela gráfica de Riad Sattouf, Pedro Mexia aconselha Uma Família em Bruxelas e Ricardo Araújo Pereira andou a ler Osip Mandelstam. See omnystudio.com/listener for privacy information.
É caso para dizer que o diabo está nos detalhes. Embora o primeiro-ministro, depois de se ter mostrado agastado com os “casos e casinhos”, queira evitar que se entre na discussão em torno de “horas e horinhas”. Por estas e por outras, Cavaco Silva veio sugerir um acto de eutanásia política a António Costa. A reacção nas hostes socialistas não se fez esperar. Talvez esquecendo o que Mário Soares disse, em tempos, do governo da altura. Para lá disto, há vários cacharoletes na ordem do dia: o tutti-fruti reunindo suspeitas sobre os dois maiores partidos do sistema; aquele que junta vários protagonistas de notícias em que os novos proibicionistas estão nas suas sete quintas; e o de António Costa, ainda ele, vendo populistas em tudo o que mexe.See omnystudio.com/listener for privacy information.