Para mudar o mundo, eles mantêm-se na sombra. Um programa da SIC Notícias com João Miguel Tavares, Pedro Mexia, Ricardo Araújo Pereira e coordenação de Carlos Vaz Marques
“Linguagens da Verdade”, textos escritos por Salman Rushdie entre 2003 e 2020, um livro de viagens de André Gide, prémio Nobel em 1947, um livro sobre Vladimir Putin escrito por Martin Galeotti e um livro de diários de Rentes de Carvalho.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Nada como um pouco de distracção. Olhem o céu, está tão bonito. Agora o que ia bem era um geladinho; três sabores: limão, framboesa e chocolate. Assim se refresca um pouco o ambiente político tórrido na semana rocambolesca que colocou Costa e Marcelo em rota de colisão. Costa, o habilidoso, que derrotou as previsões de todo o comentariado. Marcelo, o hiperactivo, que promete estar a partir de agora “ainda mais atento”. Para quando declarações políticas às três da madrugada? Os reis da táctica estão bem um para o outro. Enquanto isso, um youtuber foi insultar o primeiro-ministro na tribuna do hemiciclo de S. Bento a convite da Iniciativa Liberal; o partido que há uma semana se indignou por o terem acusado de imaturidade. E o presidente da câmara de Lisboa, tão honrado e satisfeito, há menos de um ano, com um iniciativa para homenagear Vasco Gonçalves, está agora muito indignado com a ideia. Talvez tenha ido à Wikipédia.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Um grande livro sobre ninharias de um autor de culto, a biografia de um figura bigger than life do tempo da outra senhora, reflexões sobre cinema e os arquivos do teatro de revista.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A fúria serve-se fria. Fria, não, gelada, garantiu Santos Silva no petit comité das mais altas figuras do Estado. É certo que faltou “urbanidade, cortesia e educação” na sessão solene de recepção ao Presidente brasileiro, mas sobraram motivos de controvérsia. Entre eles, a conversa supostamente privada que teve transmissão no Canal Parlamento. A arruaça protagonizada por doze deputados com as caras atrás de cartazes e as reacções subsequentes do Presidente da Assembleia da República concentraram as atenções, em mais um aniversário do 25 de Abril. O caso está para durar. Talvez não tanto, contudo, como a saga do novo aeroporto. Depois de mais de setecentas propostas ficaram 17 e, esta semana, das 17 ainda sobraram nove. Também está para durar, mas ao fim de 50 anos já qualquer espera adicional será curta. Fala-se ainda, esta semana, da eleição do presidente do Tribunal Constitucional, depois de um impasse duradouro, e da confirmação de que, na América, a política não é para novos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Antecipando a comemoração de mais um aniversário do 25 de Abril recupera-se o humor corrosivo dos cartoons de João Abel Manta e do gin tónico de Mário-Henrique Leiria, que nascem há cem anos. Os viciados na política têm agora em português de Oxford com O Essencial da Política Portuguesa. E a literatura sem ficção tem um novo título de Susana Moreira Marques interrogando a condição feminina na esteira de Maria Lamas. See omnystudio.com/listener for privacy information.
O governo recusou-se a entregar ao Parlamento o parecer com a fundamentação para despedir os mais altos responsáveis pela TAP, mas entretanto lembrou-se de que o parecer que não queria entregar afinal não existe. A despesa estrutural do Estado não podia aumentar, mas afinal vai haver um aumento extraordinário de pensões, que há-de permanecer para o futuro. E a eliminação do IVA em certos produtos alimentares, que era uma péssima ideia, segundo o ministro das Finanças, entrou esta semana em vigor. Tudo isto na semana em que o PS completou meio século de existência, António Costa retirou a José Sócrates a medalha de pioneiro das maiorias absolutas à esquerda e um grupo de activistas, num protesto climático, baixou as calças durante a festa de anos socialista. O clima não está fácil.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na estante do Governo Som…, perdão, do Programa Cujo Nome, etc. e tal, temos esta semana Karen Armstrong entre a natureza e o sagrado, um Florilégio poético, ilustração portuguesa e um oportuno enquadramento teórico de Boaventura Sousa Santos e Bruno Sena Martins.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Será desta que temos um #MeToo à portuguesa? As paredes de Coimbra começaram a falar em 2018 mas até agora ninguém lhes tinha dado ouvidos. Quem terá feito tais denúncias? Já que o neo-liberalismo foi entretanto chamado ao caso, será de considerar suspeita a “mão invisível” de Adam Smith? A vida política tem sido fértil em casos e descasos. Esta semana, foi a mulher de um ministro a ser trazida à boca de cena. E ainda não se sabe bem quem convocou, afinal, a reunião preparatória da audição da CEO da TAP na comissão parlamentar de economia. Estamos em clima de política de algibeira. O Presidente e o líder do PSD trocam apropriadamente indirectas sobre quem estará, afinal, no bolso de quem. É caso para perguntar se a política portuguesa corre o risco de vir a cair nas mãos de um vulgar carteirista? See omnystudio.com/listener for privacy information.
Esta semana no Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer, Carlos Vaz Marques traz Beat, uma pequena antologia poética, João Miguel Tavares traz Sardinha, o Sem Fim da Pesca do Cerco, de Hélder Luís, sobre "a pesca das pescas do mar português". Pedro Mexia traz a Voz do Dono, de Stanislaw Lem, um "livro de ficção científica de pendor filosófico" e Ricardo Araújo Pereira aconselha Amor, um ensaio de Jorge de Sena, que fica "entre a literatura, o amor, o obsceno e o sexo"See omnystudio.com/listener for privacy information.
Reuniões secretas, preparação de testemunhas, troca de acusações, emails e ésseémeésses. A inquirição à crise na TAP fez do caso um folhetim que está a expor zonas de sombra perigosas nas relações da tutela política com a administração da empresa pública. Até o Presidente da República, à sua própria revelia, já foi convocado para o turbilhão do “pior pesadelo”. E tudo indica que isto ainda poderá ser só o início. A reunião desta semana tem o alto patrocínio da “comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP”See omnystudio.com/listener for privacy information.
Um crime de delito comum faz salivar qualquer populista que se preze. Se envolver um refugiado, pior ainda; “melhor ainda”, dirá o populista sem escrúpulos. O caso da semana não foi excepção. Entretanto, foi aprovado o cabaz. O IVA zero - ainda há quinze dias rejeitado pelo governo - passa a vigorar em 44 produtos. Mas é capaz de faltar um: coerência. Ao largo da Madeira, continua a saga do Mondego. Parece uma erro de geografia mas é só mais um capítulo de uma crónica cómico-marítima, que alguém há-de escrever um dia. Enquanto isso, a França está a ferro e fogo e Trump, acusado judicialmente, conta também com os ânimos incendiário dos seus apoiantes para transformarem essa acusação num troféu. Quanto a Agatha Christie, que nos livros que escreveu matou gente com fartura, viu chegada a altura (é uma forma de dizer, uma vez que já cá não está para isso) de ser ela a vítima. Não de um qualquer crime de delito comum, mas do lápis azul dos chamados leitores de sensibilidade. Será que a moda chega um dia destes até nós? Para já, não há notícia disso, mas não é de desprezar o inegável potencial da globalização do disparate.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Citando João César Monteiro, o que nos cabe em sorte, em termos náuticos, é “o cacilheiro de Potemkin”; com mais revolta ou menos revolta, ainda estamos à espera do desenlace no caso do Mondego que mete água e do almirante a navegar com os olhos postos na estrelinha de Belém. Mas esse é um folhetim que já vem da semana passada. Esta semana, tivemos o Presidente da República a desfazer o melão, que antes admitiu ser preciso provar, e o primeiro-ministro a citar um sketch famoso para gozar com quem não trabalha e, segundo ele, só fala, fala, fala. Também tivemos a revelação de que os juízes do Tribunal Constitucional, coisa que nem aos iogurtes toleramos, estão fora de prazo. Ainda na Justiça, há uma dúvida sobre se Sócrates está a beneficiar de uma ajudinha deliberada ou de simples incompetência; como se costuma dizer: enquanto o incidente de recusa vai e vem, folga o acusado - que talvez nunca chegue a ir a julgamento. E está aí uma nova aventura de Enyd Blyton: os cinco e o leitor de sensibilidade. Para já não falar da cigana que rogou uma praga a Ventura. Há burlesco com fartura para todos os gostos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Parece que o Mondego mete água. Os marujos insubordinaram-se e ficaram em terra. À hora do jogo do Benfica. Com russos ao largo. Está, pois, montado o folhetim em que o protagonista é agora um proto-candidato presidencial. Dois campeões de atletismo desentenderam-se em público. Aguarda-se o torneio que dirima o conflito, com um deles a saltar de leggings e chapéu. As perninhas dos banqueiros tremeram, esta semana. Como o sistema bancário é uma ciência oculta, quem souber rezar que reze. Rezar pelo controlo do preço das cebolas e das cenouras é que não vale a pena. Até porque o Governo anunciou a criação de um Observatório dos Preços - que já criou em 2015.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O ministro das finanças promete seriedade, daqui em diante, na TAP; estaria a sugerir que até aqui a taxa de alcoolémia explica o que se passou até agora na Transportadora Aérea (ainda) Portuguesa? A semana foi horribilis para a cúpula da Igreja Católica. Ainda haverá remissão possível, depois da incapacidade da conferência episcopal para tirar conclusões do relatório devastador onde se revelaram os abusos do clero? Nos Açores, há borrasca política e o Presidente da República acha a maioria de Governo “requentada” e “cansada”. Animação não falta.See omnystudio.com/listener for privacy information.
“Hélas! O que já está, já está.” Foi com esta exclamação que Manuel Pinho confessou ter cometido o crime de fraude fiscal. Toda a gente o fazia, desculpa-se o antigo ministro de Sócrates. Ao ex-primeiro ministro é que ninguém arranca confissões. Tudo o que se investigue sobre ele é, para ele, uma devassa da vida privada. Mesmo a curiosa bandeirada das contratações suspeitas. A mais recente, já posterior à Operação Marquês. Serviços que não se conhecem pagos ao mesmo preço de outra contratação duvidosa anterior: 12500 euros mensais. E como o trunfo esta semana é trafulhice (sejamos rigorosos: alegada trafulhice) há também o espantoso caso do clube que era (alegadamente) roubado pelos próprios dirigentes. Para onde ia o dinheiro é coisa que se há-de apurar. Mas ver um actual dirigente do Benfica continuar em funções mesmo depois de suspeitas sobre um passado recente muito pouco glorioso, talvez torne pertinente a pergunta: o que saberá do que se passava sobre o que já está, já está? Hélas?See omnystudio.com/listener for privacy information.
Ruy Belo publicou O Problema da Habitação em 1962, mas sessenta anos depois ele continua por solucionar. A controvérsia ja chegou à Venezuela e à antiga RDA, com melões metafóricos à mistura. Teremos aqui a questão que há-de desempatar as intenções de voto em futuras sondagens? Uma coisa parece certa: ainda não é desta, apesar dos “casos e casinhos”, que os portugueses dão guia de marcha ao governo. Também se fala do anticristo, também se analisa a proibição de palavras como “feia” e “gordo”. Também se passa pelas acusações de corrupção ao Benfica. Mas o prato de resistência é a guerra. De resistência, sim. Um ano depois a invasão os ucranianos resiste.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Enquanto noutras latitudes se derrubam estátuas, Lisboa exalta a saga colonial na arte da calçada portuguesa. Os brasões em topiária (é permitido consultar o dicionário) estão agora gravados na pedra. O assunto, que já foi polémico, parece no entanto um irrisório fait divers perante os crimes cometidos em surdina e de sotaina no seio da Igreja Católica: que Deus lhes perdoe; se puder. Também ficará para memória futura a despedida anunciada de Catarina Martins, depois de uma década à frente do Bloco de Esquerda. O que esperar da senhora que se segue? Do que não se estava à espera era do momento de fricção a que se assistiu esta semana entre o Presidente da República e o Presidente da Câmara de Lisboa. Marcelo deu um puxão de orelhas, em público, a Moedas e Moedas não se ficou. Mas que haverá de comum entre o “emigrante” Moedas e os imigrantes-vítimas que têm sido notícia, ultimamente, pelas piores razões?See omnystudio.com/listener for privacy information.
Quantas vezes já todos dissemos “se eu soubesse o que sei hoje”? O ministro dos Negócios Estrangeiros, que também já foi da Defesa, pôs-nos a pensar na sopa que não comemos na infância. A pertinência política desta associação de ideias pode não ser muita, mas demonstra uma vez mais que o fundamental num programa como este é por vezes acessório. O Bloco de Esquerda, que em tempos quis mudar o nome do cartão de cidadão para o tornar mais inclusivo, promete agora dedicar-se apenas ao “fundamental”. Veremos se a decisão será fracturante no interior do próprio partido e como reagirão os adeptos de certas causas e causinhas. Uma coisa é certa: Catarina Martins tem imunidade absoluta para exprimir as opiniões políticas que entender. Até mesmo ao chamar racista a quem já foi condenado em tribunal por descriminação racial. E o caso que há entre Montenegro e Rui Moreira ainda é só flirt ou já se poderá chamar namoro? A questão poderá parecer acessória mas para o futuro do PSD talvez venha a revelar-se fundamental.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Os custos do altar-palco acenderam a luz para o quarto escuro onde estava a ser preparada a vinda do Papa a Portugal. E o que se percebeu de repente é que vigorava a velha táctica do “tudo ao molho e fé em Deus”. Não está a ser bonito de se ver. A lei dos metadados, assunto árido, voltou esta semana à ribalta num caso afinal sem qualquer aridez teórica, extremamente concreto e de contornos dramáticos. Metadados metadoidos. A ambiguidade do PSD em relação ao Chega é cada vez mais um gato escondido com rabo de fora. O partido de Ventura ataca o partido de Montenegro mas Montenegro não se sente na obrigação de fechar a porta na cara a Ventura. Posto isto, a semana ficou marcada por uma bizantina questão gramatical, depois de o Tribunal Constitucional ter devolvido à procedência a despenalização da eutanásia. Podemos não saber nada de leis, mas todos nos vemos obrigados a discutir a Constituição como totós.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O protesto trans subiu ao palco. A forma intempestiva e controversa como ganhou visibilidade terá ajudado a causa ou posto em causa o modo como ela é vista? E que dizer do espectáculo de passa-culpa em cena no altar-palco da vinda do Papa a Portugal? Ainda mais uma dúvida: será que depois de decisões de Estado formalizadas por WhatsApp ainda veremos chegar o dia em que se governará com emojis? Seja como for, para não dizerem que isto são só perguntas inconsequentes, deixemos aqui duas afirmações contundentes: se quiser corromper alguém não conte isso a ninguém pelo telefone; e cuidado com a roupa suja.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Há greves e greves. Há anões e gigantes. Há canhões e cabrões. De tudo isto se fez a semana e se faz uma conversa por onde passa a indignação dos professores e a inquietação do governo. Inquietação não só com os tumultos no sistema educativo, mas também com as suspeitas que recaem sobre dois antigos autarcas agora em funções governativas; um deles, ministro das Finanças. No capítulo de anões e gigantes fala-se dos almoços de Passos Coelho que estão a alimentar especulações políticas. Quanto a canhões e cabrões, pode não parecer mas o que está em causa é o hino nacional. Às almas! Às almas!See omnystudio.com/listener for privacy information.
A máxima latina “dura lex, sed lex” não foi criada a pensar na lei das incompatibilidades. Era mais eficaz uma proibição de sobremesa durante três anos. Em Espinho, a passagem de testemunho entre mandatos autárquicos foi um sucesso; mesmo entre presidentes de cores políticas diferentes. No Brasil, foi o que se viu: como a experiência de assalto ao Capitólio tinha corrido bem os bolsonaristas acharam por bem repeti-la. E o léxico político português dispõe agora de uma nova palavra: “vetting”. Mas em vez do questionário de 36 perguntas, talvez bastasse só uma. Quem ouvir esta emissão ficará a saber qual.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O secretário de estado adjunto resistiu umas semanas, a secretária de estado do tesouro aguentou uns dias, a secretária de estado da agricultura só umas horas. Com treino o governo está a tornar-se mais rápido a reagir às controvérsias que surgem a cada nova nomeação. O ano de 2022 terminou com turbulência política e o ano de 2023 nasceu sob um signo politicamente turbulento. A máxima “ano novo, vida nova” perdeu o sentido. O que nos conforta e reconcilia com a maioria absoluta é a garantia do deputado Porfírio de que “não há socialistas gananciosos”. Viva a estabilidade!See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na despedida de 2022, olhamos o ano que está a chegar e dedicamo-nos a uma tradição própria do réveillon: expressar doze desejos para 2023. As vontades pessoais ficam no foro íntimo, mas há desejos públicos e públicas vontades. Partilhamo-las com o protagonista-surpresa da política portuguesa em 2022. Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, é o convidado especial da última emissão do ano do Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer, já com os olhos no ano que está prestes a chegar. See omnystudio.com/listener for privacy information.
O que há de comum entre Gandhi e Manuel Pinho? Responda quem souber. E ser PC, o que poderá ser para além da sigla de um determinado partido? Como poderá Pombal transformar-se em pimbal? A atualidade da semana até poderá ser estimulante, mas como pode competir com o líder de uma super-potência a ameaçar recorrer a armas nucleares? E com a farsa de um chefe de estado a desafiar outro para uma luta corpo a corpo num ringue? Trezentos dias depois da invasão da Ucrânia pelas tropas russas, a ameaça Putin continua ativa. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Quem se lembra ainda da promessa de uma “maioria absoluta de diálogo”? Será o autor de tal expressão o mesmo primeiro-ministro que esta semana identificou, na oposição à direita, “queques” que “guincham”? Uma questão da semana que ficou por resolver foi a de saber quem devia ter telefonado a quem: o primeiro-ministro ao presidente da Câmara de Lisboa ou o presidente da Câmara de Lisboa? Eis o tipo de assuntos que consomem a atenção do painel deste programa. Deixamos a discussão de planos de drenagem a amargo de quem não está preparado para as minúcias da trica política. Quem quiser debater os projectos de combate à corrupção na União Europeia também não poderá contar connosco, mas as qualidades estéticas de figuras acusadas de escândalos de corrupção e de guardarem em casa sacos de dinheiro sujo talvez já possam merecer alguma da nossa atenção. Habituem-se.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O mundo anda agitado. Putin avisa que o perigo de um conflito nuclear está a aumentar. O presidente do Peru, a quem o poder que tinha não chegava, quis tornar-se ainda mais poderoso com um golpe de Estado. Um príncipe alemão de extrema-direita também achou que estava na altura de tomar o poder pela força. Houve um temporal em Lisboa, com inundações que só surpreendem quem tem a memória fraca, mas desta vez com uma justificação de pronto-a-vestir: as alterações climáticas. E com tudo isto a acontecer, o protagonista da semana foi… Cristiano Ronaldo. E se o psicodrama de Cristiano Ronaldo fosse ter-se convencido de que é… Cristiano Ronaldo?See omnystudio.com/listener for privacy information.
O governo ainda é recente, mas já é outro. Em oito meses, houve oito alterações na equipa governamental. A última teve como ponto de partida o despedimento de dois secretários de estado. Ambos desautorizaram o ministro da economia, que os tutelava. Aconteceu há dois meses, mas só esta semana o primeiro-ministro os demitiu. Qual era a pressa? António Costa faz política tântrica. Enquanto isso, multiplicam-se os problemas nas urgências hospitalares, mas com a mudança de ministro, a avaliação da situação mudou. Marta Temido considerava que o problema é “estrutural”; o novo ministro, Manuel Pizarro, fala, por sua vez, de problemas “crónicos e sistémicos”. A diferença parece mínima, mas um analista subtil dar-se-á conta do que está em causa. Sendo os termos “crónicos” e “sistémicos” palavras proparoxítonas, e sendo a designação “proparoxítona” tão esdrúxula como o nome de qualquer antibiótico, está encontrada a terapêutica a adoptar. Confusos? Esqueçam lá isso, é Natal. E as iluminações da quadra festiva são agora arte urbana. Pelo menos nas autarquias onde há presidentes de câmara que são verdadeiros artistas. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Portugal está representado ao mais alto nível institucional no campeonato do mundo de futebol. Nem podia ser de outra maneira. No próximo jogo, frente ao Uruguai, já está preparado o momento motivacional, com os jogadores em círculo, antes de entrarem em campo, a gritar: “E pelo Augusto, não vai nada, nada, nada? Tudo!” Está no papo! Já que somos cada vez menos, em Portugal, como revelaram os resultados dos Censos, que sejamos ao menos os melhores no impoluto ludopélio. Ainda assim, para compensar, vamos ter de continuar a importar (e ao que tudo indica, a explorar) mão de obra capaz de tratar daquilo que cá não há quem queira tratar. Ironias à parte, ainda se faz o elogio da liberdade de expressão, o acompanhamento dos casos judiciais protagonizados por autarcas e uma referência a mais um aniversário do 25 de Novembro. Um pratinho cheio.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Costa diz que Costa lhe disse, mas Costa diz que não disse a Costa o que Costa diz ter-lhe sido dito por Costa. E vai tudo para tribunal. Enquanto isso, foi criado mau ambiente por razões ambientais; e a polícia até voltou a entrar na Faculdade de Letras, como outrora. Será caso para citar Mateus, 21:16 e dizer que “da boca dos pequeninos sai o perfeito louvor” ou para recorrer a Slavoj Žižek e perguntar: “what happens the day after the revolution?”? Também se fala de Trump, Putin, Arménio Carlos, mas agora que vai começar o mundial de futebol, citando o mais alto magistrado da nação a respeito dos direitos humanos no Qatar, “esqueçamos agora isso, concentremo-nos na equipa”. See omnystudio.com/listener for privacy information.
O secretário de Estado queixou-se do “preconceito da corte da bolha mediática”, no princípio da semana, e no final da semana já não era secretário de Estado. Será isto a prova provada do poder da bolha? Marcelo puxou as orelhas a uma ministra e o primeiro-ministro desvalorizou falando da “criatividade” do Presidente. Teria em mente a ideia de que o mais alto magistrado da nação “é um grandessíssimo artista”? (Curioso, como a palavra “artista” pode ter, em português, o seu quê de insultuoso.) Putin está a perder, Trump também não ganhou e o gonçalvismo no PSD está pelas ruas da amargura. Tudo isto na semana em que a poesia de Carlos Drummond de Andrade serve que nem uma luva para comentar as novidades da política interna do PCP: “Mundo, mundo, vasto mundo / Se eu me chamasse Raimundo / Seria uma rima, não seria uma solução”.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Bolsonaro não assumiu a derrota e fez questão de demonstrar que só com a palavras dele o circo não pega fogo. Foi preciso o presidente derrotado vir pedir aos camionistas que respeitem o direito de ir e vir para terminarem os bloqueios de estradas e a ameaça à ordem pública. Os 60 milhões de votos de Lula estão sob ameaça dos 58 milhões de votos de Bolsonaro. Os próximos capítulos são politicamente imprevisíveis. Enquanto isso, Centeno demarcou-se de Costa e já se fala da possibilidade de uma candidatura presidencial do antigo ministro das Finanças do superávit. E por quanto tempo mais haverá vistos gold? E quando se dignará o Secretário de Estado adjunto do Primeiro Ministro dar ao país uma resposta a respeito do caso obscuro que levou o Ministério Público a abrir uma investigação?See omnystudio.com/listener for privacy information.
Ventura quer fiscalizar o modo como os cidadãos gastam o dinheiro do apoio extraordinário do Estado para combater a inflação. Sugere-se a criação de uma nova entidade de Pesquisadores de Investimento e Desenvolvimento Económico (olha, que curiosa sigla!). O orçamento foi aprovado na generalidade (oh, surpresa!) mas nem por isso a discussão foi inócua. Costa, em modo de “animal feroz” atirou-se à jugular de bloquistas e liberais. Então não é que a Iniciativa Liberal está a tentar competir com o Chega em vozearia? Mas ainda têm muito que pedalar para isso, declarou o analista político que Costa esconde dentro de si. É verdade que os liberais andam há procura de um novo líder. Querem tornar-se mais populares, de acordo com o seu atual chefe demissionário. A semana política teve ainda, entretanto, um Cerejo no topo do bolo (não é gralha!). A investigação do jornalista José António Cerejo para o Público descobriu a história de um contrato “duvidoso” envolvendo o atual braço direito do primeiro-ministro, o mais recente secretário de Estado e antigo autarca minhoto Miguel Alves. O Ministério Público achou que havia matéria para abrir um inquérito. Será caso para trocadilhos com maus lençóis e a ameaça de que possa ser-lhe feita a CaminhaSee omnystudio.com/listener for privacy information.
Marcelo apresentou Passos Coelho como “senhor sempre primeiro-ministro” e criou um facto político; ele que foi o criador do conceito de facto político. Moedas voltou a exclamar “aqui estou”; falta saber com que intenções. OS e PSD trocaram de posições a respeito das contas públicas; uma dança em que por vezes se tem dificuldade em perceber quem é quem. E nesta conversa há sopa de tomate e girassóis. Talvez um dia destes ocorra a um qualquer grupo activista atirar girassóis à lata de sopa de tomate de Andy Wharol. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Marcelo, o comentador-geral da república, teve uma semana horribilis. O que está por esclarecer é se a solidariedade que Costa lhe declarou foi um bálsamo para o Presidente ou a suprema expressão do mal que lhe correram os últimos dias. Quanto ao Igreja Católica, está confrontada com a escolha entre o “na” e o “da”. Também se fala do orçamento (pouco), da concertarão social (ainda menos) e do kiwi como uma espécie de batata com ou pelos. Tudo isto ao vivo no Festival Internacional de Ciência, o FICA, em Oeiras.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Não falemos da mulher de César. Falemos de incompatibilidades e meteoritos. Não é a mulher de César que está em causa, mas os casos da semana, com abusos, abafos e amizades. Por um lado, os pauzinhos na engrenagem da maioria absoluta. Por outro, o modo como os altos dignitários da Igreja estão a reagir ao escândalo dos abusos sexuais. Há mesmo um bispo que ainda não percebeu que o que está em causa é um crime público. E há ainda os cartazes do Marquês, a frota automóvel da TAP, as eleições brasileiras e uma primeira-ministra inglesa “trussidada” (com um pedido de perdão pelo trocadilho duvidoso).See omnystudio.com/listener for privacy information.
Uma deputada quis rasurar da acta a intervenção de um outro deputado. O marido de uma ministra obteve fundos tutelados pela dita ministra. O descendente de um “benemérito ilustre” da Universidade Católica tem lugar assegurado na dita universidade. A esquerda francesa está a braços com a indignação feminista por ter uma prática sobre a violência de género contrário à sua retórica política a esse respeito. E em Itália a direita radical, coligada, conquistou o poder. Falta saber por quanto tempo se manterá o casamento. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Há quem procure na internet instruções para partir um braço. É uma forma de resistência à mobilização militar decretada por Putin. Enquanto isso, continua a haver na imprensa portuguesa figuras públicas a sugerir aos ucranianos - sem ironia - que se rendam para evitar o aumento do nosso custo de vista. Para lá da guerra, o governo português parece estar em apuros. Com a oposição? Não. Com as dificuldades de comunicação entre a economia e as finanças. E mesmo entre um ministro e um secretário de estado sob a sua tutela. Que não falte sentido de Estado, dir-se-á. Mas para isso cuidado com as redes sociais e com a mixórdia de política com futebol.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Havia o caminho das borboletas, agora há o caminho das varejeiras. O caminho das spyflugas, em sueco. O futuro da Europa talvez passe por aqui. Pelo modo como a extrema-direita sueca será acolhida pela solução de governo saída de umas eleições que determinaram uma geringonça nórdica. A social-democracia ganhou mas perdeu. Além disso, há educação low tech, num ano lectivo a que faltam professores de informática. Há uma retirada abrupta, um palco de incógnitas sobre o modo como Putin poderá vir a reagir em desespero de causa. E há os famigerados truques; para quando o passe de mágica que derrote a malfadada inflação?See omnystudio.com/listener for privacy information.
O último acto público de Isabel II foi dar posse a uma nova chefe de governo: haverá alguma relação de causa-efeito entre os dois factos? Será de ter em conta esse último acto oficial? De que modo virá a nova primeira-ministra britânica a relacionar-se com a memória do tempo em que exibia publicamente o seu horror à monarquia. É este, claro, o assunto central da semana. Mas também se fala de outros assuntos bem mais plebeus: do pacote de Costa (salvo seja), da carta de um músico à primeira dama ucraniana, da escolha do novo ministro das Finanças e do merchandising da Festa do Avante.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Já houve um tempo em que Agosto era a chamada “época tonta”, um mês marcado pelos chamados “factos diversos” (soa melhor em francês) e por notícias irrelevantes. Agora, há uma guerra em curso, escândalos políticos, demissões de ministros e o diabo a quatro. Será isto também um dano colateral das alterações climáticas? O programa cujo nome toda a gente, excepto os quatro intervenientes, pode continuar a dizer esteve parado em Agosto. Mas o mundo continuou a girar e não foi para melhor, pelo que se impõe um balanço deste tempo de ausência. É caso para dizer que a silly season está de regresso e é aqui, todas as semanas. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na última emissão desta temporada do programa que só quem vê e ouve pode nomear há um sururu com tranças, uma zaragata promovida por uma minoria que gosta de zaragatas, a sugestão de juntar à expressão ‘batata quente' (aquele assunto que ninguém quer ser obrigado a resolver) a expressão ‘batata grelada' (o assunto que ninguém quer resolver mas que não é de hoje, nem de ontem, tem décadas); há ainda a sugestão de uma solução capitalista para quem esteja com dúvidas em aceitar um convite para actuar na festa do Avante!, e, claro, há uma oração pela alma da Igreja Católica, porque pecados talvez Deus perdoe, mas crimes a Justiça não pode perdoar.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O estado da nação não se recomenda. O governo, se houvesse hoje eleições, já não teria maioria absoluta no parlamento. O proto-candidato socialista não chega aos dez por cento das intenções de voto. O povo desespera com a inflacção. O governo diz não querer ser feitos. A ministra mais popular do governo passou a ser agora a mais impopular. E há almirante a que os portugueses atribuem prioridades curativas. A vacina anti-política é desejada por muita gente. Só não se saber se Gouveia e Melo está disposto a administrá-la.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Os incêndios? É um problema estrutural. O PSD? O problema é estrutural. O novo aeroporto? Uma questão estrutural. O que é preciso fazer? Um debate alargado. Com que objetivo? Alcançar um amplo consenso. Neste programa há um elefante na sala, o corpo de um falecido em disputa e a sigla TVDE: Totalmente Vocacionado para o Desenvolvimento de Empresas. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Zedu morreu, Boris foi-se, um antigo primeiro-ministro japonês viu a vida pelas costas. O que contam os pequenos casos perante os grandes momentos decisivos? Há o congresso do PSD, sim senhor. E as suspeitas trafulhices com dinheiro do Banco de Fomento. Mas, e o Boris, mais as suas festas e as suas demissões? E as outras coisas todas que a semana nos dá? Bênçãos para continuarmos a sentir-nos vivia, por entre este calor de ananases See omnystudio.com/listener for privacy information.
Pedro Nuno Santos esteve quase a despenhar-se, mas numa manobra in extremis, com uma confissão de culpa na praça pública, acabou por conseguir fazer uma aterragem de emergência. Continua no governo depois de o gabinete do primeiro-ministro ter feito constar que ou ele se demitia ou seria demitido. A animação segue dentro de momentos. Ao mesmo tempo, a discussão sobre o aborto, que nos Estados Unidos, move juizes do Supremo e personalidades de todos os quadrantes políticos, é protagonizada em Portugal por um empresário de suplementos alimentares em confronto com um grupo de influencers. É para a farsa ser completa, temos arte contemporânea marota em Santa Cruz da Trapa. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Coisas que se ouvem num programa de televisão que já teve outro nome: A Justiça não é morosa, isso é mito. Os anões também têm direito à arena. Os franceses entalaram Macron entre Le Pen e Mélenchon. Depois do 31 de Julho entra Agosto (isto por acaso já tinha sido afirmado na lírica popular). Cada português fará um esforço para não estar doente. E fica ainda o diagnóstico que faltava para um problema candente: o culpado pela crise no SNS é o bacalhau à brás. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Marcelo beijou a barriga de uma grávida na semana em que o país discutiu a ruptura nas urgências de obstectrícia. Onde começa o afecta e termina a mensagem política de um político conhecido por não dar ponto sem nó? Sócrates deu uma entrevista à SIC, explicando porque não responde aos tribunais: sem “bons modos” não cumpre obrigações legais. E na guerra de Putin contra a Ucrânia, Costa ficou a falar sozinho: por inépcia ou por opção? See omnystudio.com/listener for privacy information.
No dia de Camões, há quem proponha vieirismo. Mas o do Padre António Vieira; é de outro estilista da língua que se fala, a propósito da derrocada do vieirismo-costismo no Benfica. O antigo presidente queixa-se do atual, que por acaso foi ele que escolheu. Assim como o PCP denuncia uma “operação global” contra o partido. Terá genuínas razões de queixa ou está a construir uma teoria da conspiração para se defender de quem o crítica? Merkel, também muito criticada por ter tentado apaziguar Putin, veio esta semana justificar-se pela primeira vez desde o início da guerra. Uma semana marcada pela morte de Paula Rego, que pintava “para dar uma face ao medo” See omnystudio.com/listener for privacy information.
Cavaco, “colega” de Costa (e de Sócrates, na verdade), afinal até tem boa imprensa - quando é ele a escrever sobre si próprio. Sócrates continua a recorrer demonstrando ter vastos recursos. A rainha de Inglaterra, que nunca fez nenhum, segundo Ricardo Araújo Pereira, juntou à família à varanda para uma cerimónia de Estado, mas foram as caretas do bisneto que captaram as atenções. Realidades comezinhas enquanto na Ucrânia a guerra a que Putin se recusa a chamar guerra já dura há cem dias. See omnystudio.com/listener for privacy information.
No laranjal sem sumo, não houve tempo sequer para um debate entre os dois candidatos que querem suceder a Rui Rio. Montenegro acha que está no papo e como Moreira da Silva teve Covid ficou cada um a falar para seu lado, na campanha das directas. Mas a controvérsia da semana fez-se em torno do “mau conselheiro”; uma polémica que trouxe à tona uma acentuada tendência para a partidarite no Tribunal Constitucional. Enquanto isso, cumpriram-se três meses sobre a guerra de Putin a que Putin não chama guerra; e a inteligência cínica do quase centenário Kissinger, que quis transformar Portugal na “vacina da Europa” e que apoiou a anexação de Timor pela Indonésia, voltou a fazer doutrina, para gáudio daqueles que recorrem à palavra “paz” como sinónimo de rendição ucraniana a Putin. See omnystudio.com/listener for privacy information.