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"Rezemos por Moçambique", é um dos hinos dos que contestam a fraude eleitoral. À DW, o artista compara o papel de Venâncio Mondlane ao do falecido Azagaia. No distrito de Mogovolas, na provincia de Nampula, aumenta o número de mortes por cólera. Analisamos o impacto que a vitória da oposição nas eleições do Gana pode ter em África e no futebol, arranca hoje a 14ª jornada da Bundesliga.
Paris foi palco de uma manifestação da diáspora moçambicana, em frente à Praça da Bastilha, esta tarde. Tal como em Maputo e em outras partes do mundo, os manifestantes juntaram-se para contestar os resultados das eleições gerais de 9 de Outubro e para denunciar a repressão policial nas manifestações em Moçambique. Nas ruas de Paris ouviram-se coros de “povo no poder”. A mensagem dos moçambicanos em protesto chegou à capital francesa, junto à simbólica Praça da Bastilha. Um grupo de mais de 20 pessoas empunhou cartazes com palavras de ordem e exibiu bandeiras de Moçambique, mas também cantou o hino moçambicano a “Pátria Amada”.Laura Chirrime pertence ao grupo Indignados – Sociedade Civil dos Moçambicanos da Diáspora, um movimento que organizou em Paris e em várias outras cidades manifestações, esta quinta-feira, para pedir justiça eleitoral e para denunciar a violência policial nos protestos em Moçambique.Pretendemos mostrar ao mundo o que está a acontecer em Moçambique. O mundo não sabe o que se passa. Sabemos que muitas organizações estão aqui em Paris, muita gente vai-nos ver. Estamos a gritar ao mundo ‘Socorro, por favor, ajudem-nos, Moçambique não está nada bem.Nos cartazes dos manifestantes podia-se ler, em português e francês, "Povo no poder", “Liberdade para o povo”, “Moçambique igual para todos" e “Voto não é atestado de óbito”, mas também se liam críticas à Frelimo, partido no poder desde 1975.Entre os manifestantes, a cantora Assa Matusse destacou que os artistas também têm o dever de se mobilizar.É a primeira vez, na verdade, que me envolvo desta forma, sempre disse para mim mesma que jamais me iria posicionar politicamente porque a minha missão nesta terra é fazer música, mas chegam situações em que se ultrapassa a arte, ultrapassa todos os limites.Outro artista presente era o músico Samito Tembe que empunhava o cartaz com a frase popularizada pelo rapper Azagaia, “Povo no poder”.Eu não tenho medo. Povo no poder. Povo no poder. Povo no poder todos os dias. Eu não percebo como é tu votas, os dirigentes vivem à custa dos nossos impostos e não podemos reclamar se alguma coisa está mal. Não compreendo. Não vejo porque é que nos estão a atirar gás lacrimogéneo em Moçambique, estão a matar pessoas, não percebo...“Alô mundo, alô Paris, alô França!”, gritou o investigador Anésio Manhiça, de passagem por Paris, que também agarrou no megafone para lembrar que os moçambicanos se reuniram nesta manifestação “por uma questão de direitos humanos e de justiça em Moçambique”.Podemos falar e manifestar em Paris. Aqui, não corremos nenhum perigo, ao contrário dos nossos irmãos que estão em Moçambique. Estamos aqui para lançar esta voz contra a injustiça social em Moçambique, a injustiça eleitoral, os direitos humanos que estão a ser feridos em Moçambique, incluindo direito de liberdade até digital. Estamos aqui para lançar esta voz, ver se somos ouvidos e para poder ver alguma mudança política e social em Moçambique.Entre os manifestantes havia também angolanos, como Lucas dos Santos, movido pela solidariedade com o povo moçambicano e pela luta pela justiça.Somos todos africanos. Temos muitos laços que nos unem, começando pela língua portuguesa porque fomos colónia portuguesa. Somos a favor da liberdade. É injusto aquilo que se vive em Moçambique numa fase como esta. O poder é do povo e o povo é que deve escolher as pessoas que devem governar. Estamos aqui para dizer abaixo os assassinatos, abaixo a ditadura. Como angolanos temos que estar solidários, como sempre estivemos, com o povo moçambicano.Além de Paris, os pedidos de justiça eleitoral e respeito pelos direitos humanos em Moçambique foram repetidos em várias outras cidades onde há diáspora moçambicana e em Maputo, o epicentro das manifestações.Foi o candidato presidencial Venâncio Mondlane, principal rosto da oposição, que convocou, pelas redes sociais, a paralisação geral de sete dias que culminou, esta quinta-feira, com uma manifestação nacional em Maputo e acções na diáspora, naquela que ele descreveu como a “terceira etapa” da contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de Outubro. Estes resultados, que ainda devem ser validados pelo Conselho Constitucional, dão a vitória a Daniel Chapo, candidato presidencial da Frelimo, partido no poder, com 70,67% dos votos, enquanto Venâncio Mondlane aparece em segundo lugar, com 20,32%. O candidato apoiado pelo Podemos rejeita os resultados, assim como os outros candidatos na corrida à presidência Ossufo Momade e Lutero Simango.
O Centro para Democracia e Direitos Humanos publicou nesta segunda-feira, 5 de Agosto, um relatório onde se refere à situação dos direitos humanos em Moçambique como “sombria e crítica”, denunciando a morte de mais de 20 pessoas devido à violência pós-eleitoral em 2023. Em entrevista à RFI, o director executivo da organização não-governamental, Adriano Nuvunga, acusa o Estado de ser o principal violador dos direitos humanos em Moçambique. RFI: Quais são as principais conclusões deste relatório? Adriano Nuvunga, director executivo do Centro para Democracia e Direitos Humanos de Moçambique: as principais conclusões deste relatório revelam que o Estado, através da polícia em Moçambique, continua a ser o principal violador e abusador de direitos humanos, incluindo assassinatos. A polícia assassinou nas esquadras de Nampula, na metrópole em particular, e algumas esquadras da cidade de Maputo. A polícia impediu a realização de direitos fundamentais, como o direito à manifestação, respondendo sempre de forma muito bruta. [A repressão policial] culminou na morte de 21 pessoas, 1050 ficaram feridas e cerca de 250 foram arbitrariamente detidas.Estas violências foram cometidas, na sua maioria, no período pós-eleitoral?Antes, durante e no período pós-eleitoral. Por exemplo, nas manifestações pacíficas de celebração à vida e obra do Azagaia, que decorreram em Abril, a polícia respondeu com muita violência. No período anterior ao período eleitoral, durante as eleições e depois a seguir às eleições. Todavia, foi sobretudo depois das eleições onde a polícia respondeu com brutalidade e disposição para matar.No relatório, acusam os órgãos de Estado de ameaçarem os cidadãos. Como é que justificam estas acusações?Há aqui uma primeira dimensão, a do custo da corrupção, que é exactamente a deterioração das condições de vida dos moçambicanos. Os moçambicanos que estão na miséria, por causa da corrupção dos dirigentes, estão mais disponíveis para manifestarem e votarem contra o Governo da Frelimo. E o que faz o Governo, através da polícia? Responde violentamente, com brutalidade e predisposição para matar, negando o exercício dos direitos fundamentais, que são um instrumento de expressão da insatisfação causada pela corrupção.O Centro para Democracia e Direitos Humanos indica, no relatório, que a polícia “evidenciou-se como os maiores violadores dos direitos humanos e dizem que o Estado não garante um efetivo acesso à justiça, às vítimas de violações e abusos de direitos humanos”…Claramente. Aqui a Procuradoria-Geral da República de Moçambique, que tem o mandato de agir, aparece como aquela instituição que impede o acesso à justiça. Um exemplo muito terrível, que chocou a sociedade moçambicana, foi aquele em que a polícia da 3ª esquadra, na cidade de Maputo, matou nas celas um jovem chamado “Cebolinha” e a digníssima procuradora reconheceu o episódio na Assembleia da República – que o cidadão foi assassinado pela polícia nas celas da esquadra, mas não moveu nenhuma acção.Como é que se explica esta desresponsabilização das autoridades?A Procuradoria faz parte dos órgãos que impedem o acesso à justiça, promovendo uma justiça selectiva. [Procuradoria] está apenas disposta a mover acções contra activistas, os defensores dos direitos humanos, protegendo aqueles que promovem a impunidade.Não estão a ser feitas investigações para apurar esses crimes que o relatório coloca em evidência?Nada está a ser feito. Por exemplo, no caso de Nampula, onde a polícia matou indiscriminadamente cidadãos indefesos, o CDD apresentou uma acção criminal à Procuradoria Provincial de Nampula, em Fevereiro deste ano. Foi submetida uma petição e, até ao dia de hoje a Procuradoria-Geral da República está a engavetar um processo que procura justiça para as vítimas da acção da polícia. Há cerca de 21 pessoas que foram assassinadas pela polícia.Qual é que é o objectivo desta inacção das autoridades?O objetivo dessa inacção é a proteção do status quo. A polícia e a Procuradoria vêem-se como agentes de protecção o poder fraudulento que a Frelimo exerce, ao invés de atender os ditames da Constituição da República de proteger a cidadania, as liberdades e os direitos dos moçambicanos. Só através da promoção destes direitos poderemos ter uma democracia plena em Moçambique, colocar um fim nesta situação de tirania. E falo de situação de tirania porque não são aqueles que venceram as eleições que nos estão a governar. É essa tirania que enfurece os cidadãos que vão para a rua manifestar e, em resposta, a polícia atira para matar.No relatório lê-se que “a polícia usou de forma excessiva a força, abusou da autoridade, praticou detenções ilegais, resultando grande parte dessas ações em mortes e lesões corporais e mentais graves”. São acusações muito fortes…É a nossa realidade. Na cidade de Nampula, a polícia disparou indiscriminadamente, balas de guerra, contra jovens que estavam a manifestar-se. O relatório enumera as vítimas mortais da acção da polícia e essas pessoas não foram vitimadas de balas perdidas. Foram balas disparadas à queima roupa contra jovens que participavam na manifestação.Este relatório, que começou a ser preparado em Dezembro, é tornado público numa altura em que Moçambique se prepara para viver um período eleitoral, com as eleições gerais em Outubro. Trata-se de uma coincidência?O timing da publicação do relatório é espectacular. O actual chefe de Estado, Filipe Nyusi, vai amanhã pela última vez à Assembleia da República e queremos ver o que ele vai dizer sobre esses casos onde a polícia matou cidadãos moçambicanos. Isto porque o Presidente da República é a pessoa que tem a responsabilidade de garantir a vida, um direito plasmado na Constituição da República, por um lado.Por outro lado, é o timing da realização das eleições. Como dissemos, foi o período eleitoral que mais criou condições para a violação de direitos humanos, no período anterior, durante pós-eleitoral. Pretendemos obter justiça para as vítimas.Trata-se de prevenir que situações semelhantes voltem a acontecer?Precisamente, para que situações como estas não voltem a acontecer. As eleições não podem ser um momento para que Moçambique fique de luto. As eleições devem ser o momento para o exercício dos direitos fundamentais plasmados na Constituição da República.
Entramos no final do ano de 2023 e, na hora dos balanços, este ano será lembrado como um momento de dor em que o mundo continuou a sentir os efeitos da guerra na Ucrânia e agora também no Médio Oriente. Em África, estas crises não deixaram de ter impacto designadamente em termos de aumento do custo de vida, o continente tendo visto igualmente surgir ou ressurgir novos focos de instabilidade. Um dos pontos do continente onde a situação tem sido difícil é o Sudão onde, em Abril, um conflito entre o chefe do exército Abdel Fattah al-Burhane e o seu antigo adjunto, doravante rival, o general Mohamed Hamdane Daglo degenerou em guerra civil. Até ao momento, de acordo com a ONU, este conflito que se segue a anos de instabilidade e a um golpe de Estado em 2021, causou pelo menos 12 mil mortos e mais de 6 milhões de deslocados.Também na Etiópia, a instabilidade continuou a ser uma realidade neste ano de 2023, com o surgimento de um conflito entre o governo central e a região Amhara no norte do país. Situações particularmente preocupantes do ponto de vista do especialista do Corno de África, Manuel João Ramos."Tanto o que está a acontecer no Sudão, como na Etiópia, é muito grave e é trágico (...), são duas guerras que passam muito sob o radar mediático. Parece que as pessoas não sabem o que está a acontecer. Estamos todos focados nos efeitos mediáticos da guerra da Ucrânia e sobretudo, hoje em dia, no conflito em Gaza. A verdade é que estes dois conflitos que, tendo motivos e factores internos, são também eco de convulsões geoestratégicas muito importantes. O Corno de África fica na margem ocidental do Mar Vermelho que é hoje um centro de uma espiral de conflito e de tensão extrema, como tem sido noticiado, com os ataques iemenitas a navios mercantes", observa Manuel João Ramos.Outra tragédia marcou 2023, desta vez em Marrocos onde na noite do 8 de Setembro, um violento terramoto atingiu a região de Marraquexe, causando cerca de 3.000 mortos e mais de 5.600 feridos. Na altura deste acontecimento, Mama Saliu Tala Djob, secretário-geral da Associação de Estudantes e Estagiários Guineenses no Reino de Marrocos falou com a RFI e deu conta da situação então vigente. "De uma forma geral, a população está aflita. Pode encontrar população na rua, a dormir no acampamento ou no jardim" relatou o estudante dando todavia conta de um forte movimento de solidariedade para acudir os sinistrados.Entretanto, na África do oeste, 2023 marcou o alastramento da instabilidade já vigente em alguns países da região.No dia 26 de Julho, um grupo de militares tomou o poder no Níger, aprofundando um pouco mais a fractura na África do Oeste entre os países liderados por poderes civis e os regimes resultantes de golpes de Estado militares. Uma fractura que se materializou nomeadamente com a assinatura em Setembro de um acordo de defesa mútua entre o Níger, o Mali e o Burkina Faso, todos eles países dirigidos por juntas militares. Em entrevista à RFI, o analista guineense Armando Lona falou em "região em clara ebulição".Ao considerar que os recentes golpes "testemunham uma certa vontade pela mudança na África ocidental", o analista nota que "assistimos também a contestação de natureza política e social em diferentes países, nomeadamente no Senegal que tem sido um país animado por um movimento político-social através da liderança do opositor Ousmane Sonko que, neste momento, está na cadeia".Na vizinhaGuiné-Bissau, este ano foi marcado pelas legislativas de Junho e a vitória da coligação PAI Terra Ranka, com a instalação de um governo e de um parlamento resultantes desta nova configuração. Mas a 4 de Dezembro, o Presidente Umaro Sissoco Embalo decidiu dissolver o parlamento depois de confrontos entre elementos da guarda nacional e membros do batalhão presidencial na madrugada de 1 de Dezembro que consubstanciaram, na sua óptica, uma "tentativa de golpe de Estado". Depois de um momento de esperança, veio "um retrocesso em termos de Estado de Direito democrático", diz Fodé Mané para quem este momento representou um "desrespeito da vontade popular" porque "o parlamento que representava a vontade popular foi impedido de funcionar através de um acto ilegal".Ao tecer críticas à reacção prudente da CEDEAO a respeito desta nova crise, o activista considera que "esta instituição existe formalmente" mas que não é "nem dos povos, nem dos governantes, mas de um núcleo restrito de pessoas que sequestraram o poder nos seus países".Noutras latitudes, em Moçambique, deram-se em 2023 dois momentos marcantes, nomeadamente a morte em Março do rapper Azagaia. As marchas de homenagem ao artista que era também um activista muito crítico em relação ao poder, foram severamente reprimidas pela polícia, tendo havido registo de vários feridos.Meses depois, em Outubro, por altura das autárquicas, o país conheceu um segundo momento de tensão, com um forte movimento de contestação aos resultados oficiais que deram a vitória ao partido no poder na maioria das 65 autarquias do país, apesar de indícios de irregularidades. Adriano Nuvunga, dirigente do Centro Para Democracia e Direitos Humanos, guarda deste ano a "imagem de abuso e violação dos Direitos Humanos".Ao recordar os incidentes ocorridos durante as marchas de homenagem a Azagaia, o activista social mostra-se chocado com a "forma como o Estado moçambicano reprimiu usando gás lacrimogéneo contra os manifestantes que simplesmente estavam a celebrar a vida e a obra do Azagaia". Mesmo choque é expressado por Adriano Nuvunga quando alude às manifestações de contestação dos resultados das autárquicas de Outubro e recorda "a forma como as autoridades, incluindo o Presidente da República reagiu, dando a ideia de que os culpados eram os manifestantes e não a polícia que agiu à margem da lei".Noutro aspecto, o activista também evoca a situação de Cabo Delgado onde as tropas moçambicanas apoiadas por militares do Ruanda e de outros países da região têm combatido os grupos terroristas activos desde 2017 naquela região do extremo norte do país. Ao dar conta de algumas vitórias neste domínio, Adriano Nuvunga considera todavia que "não há sinais claros de que se está a melhorar o sector da segurança em Moçambique. Com a corrupção, os soldados não têm aquilo de que necessitam para fazer o seu trabalho (...). Isso faz com que esta relativa estabilidade não se consiga consolidar".Em Angola, este foi mais um ano de dificuldades, com a diminuição do poder de compra e greves no sector público. Contudo, a recente visita do Presidente Angolano aos Estados Unidos suscitou a esperança de um impulso económico no país, refere o líder associativo Rui Mangovo. "Fala-se de mais de 2 biliões de Dólares que os Estados Unidos pretendem investir em Angola, para o Corredor do Lobito, para a reabilitação daquela infra-estrutura e também no âmbito das energias renováveis em que os Estados Unidos também estão a estreitar a sua parceria com Angola", observa Rui Mangovo."Resiliência" também poderia ser a palavra-chave para descrever o ano de 2023 em Cabo Verde, onde a população continua a enfrentar o aumento do custo de vida. "Tudo aumentou", diz Daniel Medina, director da Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes da Universidade de Cabo Verde. "É um povo que não se sabe como é que tem conseguido sobreviver com uma mensalidade mínima de 13 a 15 mil Escudos por mês (entre um pouco mais de 116 e 134 Euros). Quando a gente diz isso a um estrangeiro (...), as pessoas põem as mãos à cabeça", diz o universitário.Em São Tomé e Príncipe, a estagnação e as dificuldades económicas continuaram a ser o quotidiano da população, segundo o sociólogo são-tomense Olívio Diogo. "Foi o ano em que houve uma promessa directa para que houvesse um acordo de cerca de 150 milhões (de Dólares) com o FMI que não se concretizou porque o Estado são-tomense não consegue chegar a uma plataforma de entendimento com o FMI para se concretizar este aspecto", refere o estudioso.Noutro quadrante, ao notar o aumento importante do custo de vida no seu país, o sociólogo também enfatiza que "este é um ano, foi o ano em que mais são-tomenses saíram do país. São pessoas que, muitas delas, são quadros da educação, são quadros do Ministério da Saúde (...). Não podemos deixar de sublinhar isso porque é a economia, são aspectos sociais, é o aspecto educacional, é a saúde, que se ressentiram bastante com esta situação de emigração", sublinha ainda o estudioso que alimenta a esperança de dias melhores para 2024, nomeadamente com a concretização do acordo com o FMI e a implementação de medidas para estancar a onda de emigração que o país tem conhecido nestes últimos meses.
Continua por finalizar o processo eleitoral das autárquicas de 11 de Outubro em Moçambique, o país estando de olhos postos sobre a decisão a ser tomada pelo Conselho Constitucional, depois de a Comissão Nacional de Eleições de Moçambique ter validado e apresentado na semana passada resultados dando a vitória da Frelimo no poder em 64 dos 65 municípios do país, apesar de uma forte contestação por parte da oposição e de observadores da sociedade civil. Na sexta-feira, a contestação dos resultados oficiais ocasionou manifestações de protesto em alguns pontos do país, nomeadamente Nampula e Nacala no norte, assim como em Maputo, a capital. Foi avançado pela sociedade civil um balanço de 6 mortos e 15 feridos graves. A polícia, por sua vez, não fala em óbitos, mas admite que houve feridos e mais de cem detidos a nível nacional.Fontes oficiosas indicam que pelo menos 38 pessoas terão sido detidas em Maputo e foram levadas para diferentes esquadras da capital. Ontem, familiares dessas pessoas denunciaram as condições de detenção dos presos, alegando que estes últimos não têm a possibilidade de receber visitas.Ainda antes de a justiça decidir a absolvição de 17 desses detidos esta tarde e antes, também, de a Renamo anunciar que vai convocar uma nova marcha na próxima quinta-feira e que vai processar o Estado por "detenções arbitrárias", a RFI falou com Elvino Dias, um dos advogados de defesa das pessoas que foram presas em Maputo. Ele confirmou à RFI que não teve acesso aos seus clientes antes de serem apresentados ao juiz e considera que estas detenções foram ilegais.RFI: Chegou a ter acesso a algumas das pessoas detidas?Elvino Dias: Eu não tive acesso porque não estão a deixar-nos falar com elas. Havia uma orientação clara por parte das autoridades policiais para não deixar nenhum advogado falar com elas. Logo no próprio dia em que ocorreram as manifestações, todos fomos ver se conseguíamos falar com eles. Exibi a minha carteira profissional porque nos termos da nossa Constituição, o advogado tem o direito de conversar livremente com o seu cliente. Estranhamente, para este caso em particular, havia uma orientação clara do Comando da Polícia de Maputo dizendo que as pessoas não podiam conversar nem com familiares e muito menos com advogados até serem levadas a tribunal. Por isso mesmo, não tivemos acesso a nenhum daqueles detidos. Tanto é que eles não nos forneceram os nomes das pessoas que estão detidas.RFI: Essas pessoas já compareceram perante a justiça?Elvino Dias: Neste momento (esta manhã), uma parte das pessoas está no tribunal. As outras ainda estão nas celas do porto de Maputo e ainda não chegaram ao tribunal. Ainda estão lá.RFI: Em termos de prazos e de legalidade das detenções dessas pessoas, como é que estamos?Elvino Dias: Não restam dúvidas de que os prazos foram altamente ultrapassados porque, nos temos da nossa lei processual penal, o indivíduo que está sob detenção deve no máximo permanecer 48 horas e, dentro desse prazo, encontrar-se com um juiz que irá ouvi-lo para formalizar ou não a sua detenção. Estranhamente, desde sexta-feira, já passaram mais de 48 horas e nem água vai, nem água vem.RFI: Sabe do que é que essas pessoas são acusadas?Elvino Dias: Na verdade, nós não sabemos. O que estranhei é que ontem quando estava no tribunal judicial do distrito de Kampfumo, encontrei lá na relva do tribunal, no pátio, 5 pneus e um balde contendo garrafas. Diziam supostamente que aqueles pneus e as garrafas tinham sido usados pelos indivíduos que estão detidos porque, na verdade, eles estavam a manifestar. Só que durante a manifestação, a polícia lançou gás lacrimogéneo e isto, depois, gerou esta agitação toda e fez com que algumas pessoas incendiassem pneus ao longo da estrada e tudo. Mas os que estão detidos afirmam com todas as letras que em nenhum momento tocaram em algum pneu e muito menos em garrafas que trouxeram. Tanto é que existe uma fundada dúvida se aquelas garrafas foram trazidas pela polícia ou não. As pessoas afirmam que não levaram e não foram encontradas com nenhum material. A polícia também não sabe explicar com clareza quem, entre os detidos, foi encontrado com esse material.RFI: A polícia diz que há pessoas que estavam a manifestar que usaram bombas artesanais. Tem indicação disso?Elvino Dias: Não tenho indicação e também não constitui a verdade. Talvez noutra parte do país, porque vi que na província de Nampula, há um polícia que foi ferido por conta dessa bomba artesanal. Mas cá em Maputo, não houve nenhuma bomba artesanal e também não foi uma manifestação assim tão violenta como a polícia pretende transmitir. Tanto é que em menos de 30 minutos depois do início daquela pequena agitação, tudo ficou controlado e até hoje não está a acontecer nada de estranho. Não foi uma manifestação tão violenta que até justificasse essa actuação brutal da polícia.RFI: Elvino Dias não teve acesso às pessoas que representa. Há familiares dessas pessoas que têm vindo a público denunciar as condições de detenção desses presos. Tem conhecimento das condições efectivas em que estão essas pessoas?Elvino Dias: Não tenho conhecimento preciso. Porém, ontem aproximei-me da cela em que estavam a aguardar para ser julgados. Infelizmente, o julgamento não decorreu. Primeiro, é uma cela minúscula, é muito reduzida para o número de detidos. Depois, exalava um cheiro nauseabundo e estava próxima de uma fossa. Estou-me a referir à cela do tribunal de Kampfumo. Mas, lá na sexta esquadra onde estavam, as condições eram ainda mais deploráveis porque estavam na mesma cela e, nesta mesma cela, todas as necessidades fisiológicas deviam ser satisfeitas lá na cela, em condições desumanas.RFI: Como é que encara esta situação?Elvino Dias: Eu encaro como uma grave violação dos Direitos Humanos por parte dos que deviam proteger e promover tais direitos, neste caso, o Estado moçambicano. Nós todos sabemos como é que este problema começou e qual é a razão que está por detrás desta confusão toda, porque os que está por detrás desta confusão são eleições que declararam um vencedor, quando na verdade o vencedor é outro partido. Isto é, o partido derrotado foi declarado vencedor e o partido que venceu, que tem os documentos, os editais e todos os elementos de prova que a lei eleitoral consagra, foi declarado perdedor. Isto gerou uma onda de indignação por parte das pessoas e saíram às ruas para manifestar. As manifestações sempre foram pacíficas. Contudo, no último dia, tornaram-se violentas por conta do comportamento da própria polícia que sem qualquer motivo plausível disparou contra os manifestantes. Por isso mesmo, penso que não resta mais nada senão dizer que há uma grave violação dos Direitos Humanos por parte da polícia, por parte das nossas autoridades, em relação às pessoas que livremente estão a manifestar e este direito está previsto e plasmado na nossa Constituição.RFI: Consta que durante os incidentes de sexta-feira, houve pessoas que foram mortas. Fala-se de dois menores e um polícia. Até agora não houve confirmação.Elvino Dias: Tenho indicação através dos órgãos de comunicação social. Essas mortes não ocorreram cá na cidade de Maputo. Ocorreram, tanto quanto me recordo, em Cabo Delgado, no distrito de Chiúre, e acho que o agente policial ficou ferido na província de Nampula. Não foi cá em Maputo. Aqui apenas houve feridos, alguns com alguma gravidade e outros de forma ligeira na sequência dos disparos que eram efectuados com balas de borracha e com aquelas cápsulas de gás lacrimogéneo. Não posso também omitir que existiram pessoas vestidas à paisana, isto é, sem qualquer uniforme, que estavam munidas de armas de fogo naquele dia das manifestações e foram vistas a circular ao longo da estrada e a disparar de forma indiscriminada. Graças a Deus, ninguém ficou ferido, ninguém morreu, mas todo o mundo viu o indivíduo que estava a disparar. Dizem que é um agente do Sernic (Serviço Nacional de Investigação Criminal), está numa certa esquadra cá em Maputo e foi visto -todos vimos- munido com uma arma de fogo do tipo AKM a disparar de forma indiscriminada, só que as balas não atingiram ninguém.RFI: Isto não está a ser investigado?Elvino Dias: Eu acredito que não, porque em Moçambique há uma cultura de os crimes praticados pela polícia ficarem impunes. Aliás, se se recorda do dia da manifestação em torno do músico Azagaia, também houve muitos feridos e, até hoje, a polícia nunca deu a cara, nunca se responsabilizou e muito menos prestou quer apoio moral, quer apoio material, para os que saíram feridos. Eu sou advogado de dois jovens que estiveram nessa manifestação e que ficaram sem um olho na sequência das balas que foram disparadas pela polícia. RFI: Quais são as suas expectativas relativamente a todo este processo?Elvino Dias: A minha expectativa é que os que estão detidos serão absolvidos sem dúvidas porque, de facto, uma boa parte dos que estão lá, estavam nas paragens de autocarros à espera de transporte, outros estavam a fugir da fúria policial. Há um princípio importante em direito cá em Moçambique que sempre que um juiz está perante uma dúvida se uma pessoa praticou ou não um certo crime, então tem que absolver. Chama-se "In dubio pro reo". Significa que em caso de dúvida, tem que se beneficiar o réu. Para os que estão detidos, com certeza há muitos inocentes. Pode haver um ou outro culpado, mas há muitos inocentes. Por conta disso, acreditamos que a juíza ou o juiz que vai julgar o processo vai acabar absolvendo a todos. Eu não tenho nada a acrescentar senão apenas aproveitar esse momento para pedir às nossas autoridades para ouvir o clamor do povo e que a decisão que ainda não foi tomada em última instância sobre as eleições espelhe a verdade. A decisão da Comissão Nacional de Eleições que declarou um partido vencedor e outros perdedores, quando foi tudo ao contrário, tem de ser anulada para trazer a paz de que estamos a precisar aqui em Moçambique. Desde o anúncio dos resultados eleitorais, praticamente deixamos de viver em paz aqui em Moçambique por conta dessa decisão que foi manifestamente injusta.
Moçambicano que perdeu um olho durante a repressão policial exige indemnização de cinco milhões de euros. Livro "Eduardo Mondlane: Uma Voz Silenciada" traz novos dados sobre o assassinato do primeiro presidente da FRELIMO. Missão de manutenção da paz das Nações Unidas no Mali tem até 31 de dezembro para abandonar o país.
Guiné-Bissau vive ambiente político tenso a poucos dias do início da campanha eleitoral, diz sociedade civil. Em Angola reacende o debate em torno da institucionalização das autarquias locais. Neste jornal não perca também a entrevista com a escritora moçambicana Paulina Chiziane. E ainda o rapper brasileiro, Emicida, que destaca a dimensão internacional da obra de Azagaia.
Mosambikilainen räpartisti Azagaia (6.5.1984–9.3.2023) kuoli maaliskuussa kotonaan Maputossa. Vasta 38-vuotias, erityisesti nuorempien sukupolvien rakastama, Azagaia oli maan tunnetuin räppäri, jota kuunneltiin kaikissa Portugalin entisissä siirtomaissa erityisesti Afrikassa, mutta myös Portugalissa, Brasiliassa ja muualla maailmassa. Hän oli korruption, sodan ja kolonialismin perinnön kärkäs arvostelija. Vuodesta 2010 saakka Mosambikin hiphopia tutkinut antropologi Janne Rantala osoittaa seuraavat muistosanat suoraan Azagaialle.
Da morte do rapper moçambicano Azagaia à passagem de Slow J no A COLORS SHOW, da desilusão de Isaiah Rashad no Lisboa Ao Vivo à expectativa de ver slowthai e Lil Yachty no MEO Kalorama, de Maclib de Madlib e Mac Miller a The Great Escape de Larry June e The Alchemist, passando por ANTI$$OCIAL de LON3R JOHNY e Plutonio.
Os preços dinâmicos dos bilhetes e as ondas de choque da morte de Azagaia.
Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA, garantiu que o cidadão angolano ganhou mais consciência dos seus direitos, fruto dos últimos acontecimentos que de vive no país. Em Lisboa, 22 músicos, entre os quais Valete, prestaram tributo a Azagaia. Reportagem especial do tráfico de droga em Moçambique.
Em Moçambique, o chefe de estado e comandante-chefe das forças de defesa e segurança Filipe Nyusi, ordenou o Ministério do Interior para averiguar as motivações da violência policial contra jovens que saíram a rua em Maputo para homenagear o músico Azagaia. Em Maputo, a polícia usou gás lacrimogénio e disparou balas de borrachas contra cidadãos. A repressão violenta das manifestações da semana passada em homenagem a Azagaia continua a suscitar esta semana reacções de repudio dentro e fora do país. Em resposta às acusações de abusos, o vice-comandante geral da Polícia da Republica de Moçambique (PRM), Fernando Tsucana, disse que as forças da ordem intervieram num contexto de "fortes indícios de transição de uma manifestação pacífica para violenta". O presidente da Assembleia Municipal da Beira e membro do Movimento Democrático de Moçambique, Em Moçambique, Ricardo Lang, que foi detido no domingo quando estava a juntar-se à marcha de homenagem ao rapper Azagaia, nega qualquer tentativa de golpe de Estado por parte dos partidos da oposição e aponta o dedo à FRELIMO na violência policial que fez vários detidos e feridos em todo o país. O Instituto para a Comunicação Social da África Austral –MISA Moçambique- está preocupado com as ameaças da polícia moçambicana à independência dos órgãos de comunicação e ao direito constitucional à manifestação e insta o Ministério do Interior a pronunciar-se sobre a repressão policial.Em Angola, os órfãos das vítimas da purga de 27 de Maio de 1977 em Angola divulgaram esta semana uma carta dirigida aos seus concidadãos comunicando que as ossadas que foram entregues como sendo dos familiares não correspondem aos respectivos ADNs. Nelson Nascimento é membro do colectivo e orfão de Joaquim Maria do Nascimento, deu conta das informações que receberam e explicou o que os levou a escrever esta carta.A Empresa de Água e Electricidade (Emae) de São Tomé admitiu existir uma crise energética há várias semanas por falta de verbas para a importação de gasóleo e avarias de geradores. No final de uma reunião com o primeiro-ministro e alguns membros do governo, o director-geral da Emae, Hélio Lavres, considerou que "a crise energética que o país vive" actualmente "é preocupante", causando constrangimentos aos negócios.O Governo da Guiné-Bissau rubricou um acordo para permitir que a comunidade internacional ajude a financiar as eleições legislativas de 4 de Junho. O Fundo cobre 30% do valor necessário para a realização do escrutínio.O jornalista francês Olivier Dubois foi libertado, esta semana, na segunda feira, ao fim de 711 dias nas mãos de um grupo extremista no Mali. Olivier Dubois aterrou na terça-feira na base militar de Villacoublay, nas imediações de Paris. O francês foi recebido por alguns dos seus familiares e pelo chefe de Estado Emmanuel Macron.
Em Moçambique, Filipe Nyusi reconhece a violência policial nas marchas do último sábado. Passam hoje 15 dias depois da morte do rapper Azagaia. E a luta de Azagaia continua viva, diz Iveth Mafundza. A Guiné-Bissau discute mendicidade nas ruas de Bissau. Adesão de Angola à Zona de Comércio Livre da SADC continua a dividir a opinião pública.
Movimento Democrático de Moçambique confirma conversações para criação de uma coligação da oposição para as próximas eleições no país. Repressão policial espelha medo da FRELIMO de uma possível revolta popular, diz analista. Alemanha e Tanzânia debatem atrocidades cometidas na era colonial.
Quitéria Guirengane, uma das organizadoras das marchas de homenagem ao rapper Azagaia, afirma que os manifestantes em Maputo sofreram terrorismo por parte do Estado e que vai apelar à União Africana e às Nações Unidas para sancionar Moçambique pela violência policial usada contra os seus cidadãos. As manifestações de domingo de homenagem ao rapper Azagaia em Moçambique fizeram vários feridos graves, entre eles duas pessoas perderam um olho, vários tiveram a cabeça partida e pelo menos um manifestante foi atropelado sem qualquer socorro por parte das autoridades.Quitéria Guirengane, que não só ajudou a organizar as manifestações, mas participou também na marcha em Maputo, garantiu que estas foram marchas aprovadas na maior parte das províncias. No entanto, ao chegar ao local, o clima era tenso desde o ínicio."A polícia disse-me 'nós sabemos que vocês estão legais, mas nós temos ordens superiores e temos que defender o nosso pão". Eu disse que nós tínhamos de defender a nossa dignidade e começámos a sentir a preparação para os confrontos. Começaram a lançar gás lacrimogéneo e a disparar contra os cidadãos, mesmo contra quem usava os transportes públicos e dentro de casas", descreveu a activista.Os organizadores consideram que houve uma emboscada contra quem pensa de maneira diferente no país."O que nós vivemos no dia 18 de março foi um verdadeiro terrorismo de Estado e o acender de uma revolta popular sem precedentes nem paralelo na história de Moçambique, uma situação de emboscada que nos foi criada por pessoas que não admitem que haja moçambicanos com consciência própria", declarou Quitéria GuirenganeQuitéria Guirengane espera agora uma acção forte por parte da comunidade internacional face à utilização de violência policial para reprimir as homenagens ao rapper Azagaia em Moçambique, com as vítimas a recorrerem a todas as instâncias nacionais e internacionais para verem reconhecidos os maus tratos pela polícia."Não pode haver impunidade, a culpa não pode morrer solteira. Não se pode governar de forma criminosa, isto foi um golpe contra o Estado de direito democrático. nós vamos avançar com acções criminais e civis pedindo indemnizações para as vítimas, contra a ministra do Interior, contra o Comandante Geral da Polícia, para que eles venham dar o rosto pelas orden superiores. Ações contra o Presidente da República por acção e inacção. Vamos intentar acções dentro do país, mas também vamos usar os mecanismo especiais da União Africana e das Nações Unidas", assegurou a activista.
Polícia moçambicana justifica a sua atuação contra apoiantes de Azagaia no último sábado. Analista moçambicana considera visita de Xi Jinping à Moscovo estratégica. Sociedade civil moçambicana tenta travar aprovação da nova lei do funcionamento das organizações sem fins lucrativo. Em Angola: continua a polémica sobre nomeação de um cidadão já falecido para o setor dos transportes.
Violência policial em Moçambique compromete a imagem do país no Conselho de Segurança da ONU. Comissão eleitoral garante estar tudo pronto para o recenseamento dos moçambicanos. Conflito no leste congolês faz uma nova vaga de refugiados. Prossegue a visita do Presidente chinês a Moscovo.
1- Vertice Xi jinping – Putin. “ discussioni franchi e importanti “ secondo il presidente russo. In cambio di un volume intercommerciale record da 200 mld di dollari il leader cinese chiede a Mosca di porre fine alla guerra in ucraina. 2-L'ironia della storia spagnola. Il parlamento di Madrid sta esaminando la mozione di sfiducia di Vox contro il premier socialista Pedro Sanchez. Il movimento di estrema destra ha proposto al suo posto Ramón Tamames, 89 anni, ex esponente del Partito Comunista diventato simpatizzante dei franchisti. ( Giulio Maria Piantadosi) 3-Stati uniti. Regna l'incertezza sui tempi di arresto di Donald Trump. Dubbi sull'iniziativa del procuratore distrettuale di Manhattan Alvin Bragg che incriminato l'ex presidente. ( Mario Del Pero – Sciences Po) 4- “ razzista, omofoba e misogina” l'indagine choc svela i segreti di Scotland Yard a Londra. ( Martina Stefanoni) 4-La vigilia della giornata mondiale dell'acqua sotto il segno dei fenomeni estremi. Numerosi paesi stanno vivendo la peggiore siccità degli ultimi 60 anni. Il caso Argentina ( Sara Milanese) 5-Ritorno a Antakya, la città turca devastata dal terremoto del 6 febbraio scorso. ( Luca Parena) 6-Mozambico. La polizia reprime violentemente le proteste pacifiche per ricordare Azagaia, il rapper anti regime morto in circostanze misteriose. ( Riccardo Noury – Amnesty Italia)
Polícia moçambicana reprime com violência marchas em homenagem ao rapper Azagaia. Presidente chinês inicia visita oficial à Rússia. Em Angola, sobrelotação das cadeias marca os 44 anos dos serviços prisionais. E um novo capítulo da radionovela Learning by Ear - Aprender de Ouvido.
De acordo com as autoridades provinciais da Zambézia está a ser registado um surto de cólera que provocou seis mortos desde quarta-feir, em Quelimane, capital provincial, onde foram confirmados mais de cem casos. O Ministro moçambicano da Saúde, Armindo Tiago, anunciou que estão ser tomadas medidas para monitorar a situação na capital desta província que foi uma das zonas mais devastadas pelo ciclone Freddy, com um balanço de 66 mortes na semana passada. Em Moçambique, a actual época chuvosa já tirou a vida a perto de 200 pessoas. Um número que aumentou consideravelmente com a passagem, pelo segunda vez, do ciclone Freddy na região de Quelimane. Numa deslocação às localidades afectadas, o Presidente do país Filipe Nyusi anunciou a criação de uma nova comissão técnico-científica ligada às alterações climáticas.Carlos Lima, professor de geografia e director da Faculdade de Educação da Universidade Licungo, em Quelimane na província da Zambézia, admite que há um sério risco de agravamento da insegurança alimentar na região devido ao ciclone Freddy.Ainda esta semana, milhares de pessoas prestaram a ultima homenagem a Azagaia o ícone do rap moçambicano.O Ministério Público são-tomense acusou 23 militares, entre eles, Olinto Paquete, antigo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, e Armindo Rodrigues, actual vice-chefe do Estado-Maior, por 14 crimes de tortura e quatro crimes de homicídio qualificado, na sequência da tentativa de assalto ao quartel militar das Forças Armadas, a 25 de Novembro de 2022.O Sindicato dos Jornalistas de Angola considera que a pressão feita ao proprietário da TV digital Camunda News para suspender a emissão de conteúdos informativos é um abuso de poder e obstrução à liberdade de imprensa. O líder do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, Teixeira Cândido, refere que esta suposta pressão ao responsável da Camunda News atenta contra a liberdade de imprensa e lembra que a lei não proíbe a divulgação de conteúdos por via digital.Angola vai canalizar mais de 11 mil milhões kwanzas, no período de um ano, para o contingente militar que será enviado para a República Democrática do Congo. A proposta passou esta semana na especialidade e generalidade no parlamento. O ministro de Estado e Chefe da Casa Militar da Presidência da República, Francisco Pereira Furtado, garantiu que o contingente angolano está pronto.O Presidente da Guiné-Bissau quer acabar com a mendicidade de crianças nas ruas do país. Umaro Sissoco Embalo considera vergonhosa essa situação e quer medidas urgentes por parte da polícia. Cabo Verde propõe a criação de um eixo entre Guiné-Bissau e Senegal para combater a criminalidade organizada na sub-região africana, como o tráfico de drogas e de pessoas, a lavagem de capitais e o contrabando de migrantes. Uma proposta avançada pela ministra da Justiça cabo-verdiana, Joana Rosa.
Realiza-se, esta terça-feira, o funeral do rapper moçambicano Azagaia. Moçambique ainda contabiliza danos do ciclone Freddy. A invasão russa à Ucrânia estimulou o crescimento das exportações de armas em 2022.
Átrio do Concelho Municipal de Maputo, em Moçambique, enche-se para o último adeus ao rapper Azagaia. Ciclone Freddy pode voltar a Moçambique como depressão tropical, alerta meteorologista. Portugal diz que não recebeu nenhum pedido para devolução de obras de arte africanas do período colonial.
Ciclone Freddy provoca pelo menos 10 mortos em Moçambique. Mais de 250 mil pessoas já foram afetadas só na cidade de Quelimane. Vigília em homenagem ao rapper moçambicano Azagaia é reprimida pelas autoridades em Luanda. Ativista angolano "Gangsta" acusa autoridades de intimidação.
Ciclone Freddy arrasa a cidade de Quelimane. Continua a onda de homenagens ao rapper Azagaia falecido semana passada. Learning by Ear!
Mais de 200 pessoas juntaram-se esta noite numa vigília, em Maputo, em homenagem ao músico Azagaia. Também em Angola, muitos cidadãos têm homenageado o músico. A tempestade tropical Freddy aproxima-se de Moçambique. E a cidade de Quelimane, na província da Zambézia, já foi hoje fustigada. Na Guiné-Bissau, advogado olha com estranheza para todas as remodelações na segurança do estado.
Morreu o músico moçambicano Azagaia, um defensor dos direitos humanos que não tinha medo. Tempestade tropical Freddy volta a ameaçar Moçambique. Presidente do Tribunal Supremo de Angola, Joel Leonardo, diz que continua a ter condições para exercer funções.
Confira aqui o magazine Semana em África, espaço onde fazemos um apanhado das notícias sobre o continente africano que marcaram as nossas antenas. Semana em se assinalou o dia internacional dos direitos da mulher e semana em que a cena musical moçambicana ficou mais pobre com a morte de Azagaia. Da Guiné-Bissau a notícia de mexidas governamentais e também de greves na saúde e educação.Semana de júbilo para Cabo Verde com a película “Omi Nobu” de Yuri Ceunick, a ser premiado no Fespaco 2023 no Burkina Faso.Semana em que o representante do FMI em Angola, Marcos Rietti Souto, se mostrou optimista quanto às projecções económicas para o país. Semana de retoma da ligação marítima entre as duas ilhas de São Tomé e Príncipe.Semana em que novo cessar-fogo previsto para a RDC voltou a não ser respeitado e semana de suspensão do acordo de parceria entre Banco Mundial e a Tunísia, na sequência da crise em torno dos migrantes subsaarianos
Morreu o rapper moçambicano Azagaia aos 38 anos. O anúncio foi feito ontem à noite pela Televisão de Moçambique Não foram avançadas as causas da morte do artista.Azagaia era um nome cimeiro da cena musical moçambicana, nomeadamente do espectro do hip-hop. De seu nome Edson da Luz é autor de letras de intervenção que lhe valeram o título de rapper do povo.As rimas de Azagaia são “dedos na ferida” na governação moçambicana. Em 2008 três dias após violentas manifestações que paralisaram Maputo, devido a aumentos de preços, Azagaia lançou "O povo no poder".Já não caímos na velha história / Saímos para combater a escória / Ladrões / Corruptos /Gritem comigo para essa gente ir embora / Gritem comigo pois o povo já não chora.Isto é Maputo, ninguém sabe bem como / O povo que ontem dormia hoje...perdeu o sono /Tudo por causa desse vosso salário mísero / O povo sai de casa e atira para o primeirovidro / Sobe o preço do transporte, sobe o preço do pão /Deixam o meu povo sem Norte deixam o Povo sem chão.A música e a voz de Azagaia não têm espaço na rádio e televisão públicas. Foi várias vezes acusado de ser intérprete da oposição. Todavia Azagaia nunca poupou nada, nem ninguém nas palavras e nas críticas como se pode ouvir em “As mentiras da verdade”:E se eu te dissesse / Que a oposição neste país não tem esperança /Porque o povo foi ensinado a ter medo da mudança / Mas e se eu te dissesse /Que a oposição e o governo não se diferem / Comem todos no mesmo prato /E tudo está como eles querem.Filho de pai cabo-verdiano e mãe moçambicana, em 2014, Azagaia afastou-se dos palcos e pouco tempo depois anunciou que padecia de um tumor cerebral.Em Abril de 2016, voltou ao palco, mas desde essa altura permaneceu numa posição discreta no panorama artístico.O rapper moçambicano Duas Caras conheceu e trabalhou com Azagaia e ao microfone da RFI fala no desaparecimento de “um dos melhores rapper da lusofonia”.Azagaia é um dos melhores rappers da lusofonia e é uma figura incontornável da sociedade moçambicana.Deixa um grande vazio no hip-hop lusófono e em particular no hip-hop nacional. (...)Era um revolucionário, tinha uma abordagem sociopolítica bastante profunda, bastante abrangente. Em todos os países onde se fala português, praticamente todos conhecem o nome Azagaia. É uma grande perda para a cultura moçambicana, para o activismo político também.É uma voz que se cala, uma voz inconformada com as diferenças sociais no nosso país.Deixa um grande vazio.”Adriano Nuvunga, presidente do Centro Para Democracia e Desenvolvimento, sublinha que o legado de Azagaia irá permanecer para “a eternidade”.O povo moçambicano acordou com um sentimento de profunda tristeza pelo desaparecimento físico do seu mais querido filho que é o Azagaia, que soube pelo seu trabalho, pela sua voz, interpretar o sofrimento diário, a miséria e a fome causadas pela corrupção da liderança, da cúpula política deste país e, por isso, Azagaia é chorado por todos.Autor de músicas emblemáticas, apesar de estar retirado dos holofotes continuava a ser ouvido por toda a gente “e para a eternidade. Azagaia é um ícone da luta, é um ícone da resiliência do povo moçambicano perante as injustiças. As suas músicas são o instrumento que ele utilizava para galvanizar o povo moçambicano para continuar a lutar,” acrescentou. Edson da Luz, o nome do rapper Azagaia, morreu, aos 38 anos, na quinta-feira à noite, em casa, na cidade da Matola, em circunstâncias até agora não esclarecidas.
Morreu Azagaia, ícone da música de intervenção social em Moçambique. Moçambique poderá ser atingida nos próximos dias por uma tempestade tropical severa, ciclone Freddy. Em Angola, o líder do Movimento do Protetorado da Lunda Tchokwe já está em liberdade. Ainda em Angola, os estudantes acusam o Governo de má-fé devido à nova greve dos professores do ensino superior.
Neste episódio de regresso de Mambos Hip Hop da Banda trago a rubrica de notícias Rap Informação onde são mencionados os nomes de Sancadon | Azagaia | Vui Vui | Young Double | Hidra | Paulelson Por favor apoie
Dão ritmo às palavras. Cantam um rap sujo, consciente, um rap de combate. E não nasceram agora, já vêm lá de trás. Alinhamento: Flash Enccy - Venho lá de trás (2019) Azagaia ft. Gina Pena - Só dever (2018) Shackal ft. Bhakka - Dia Lindo (2015) Sick Brain- Madalas (2014) Dj Asnepas ft. Azagaia - Nascido Outra Vez (2019) Pensamento & Órbita - Khanimambo (2019) Órbita ft. Amen Hill- Malele Geração Rap-Consciente (2018) Kadabra MC & Tony Mahune - Estende a tua mão (Ciclone Idai) (2019)
O Lusofonia de hoje é dedicado a África. África minha é o ponto de partida, pretexto para visitar a África dos kotas, para embarcar no vapor da imigração e para voltar a outra África, seja ela em Maputo, no Bairro da Cruz Vermelha, ou em qualquer arredor de Lisboa. Alinhamento Plutónio ft. Bonga - África minha (2016) Bonga - Uengi dia Ngola (1972) Quim dos Santos - O povo é que sofre (2016) Mayra Andrade - Vapor di imigrason (2019) Branko ft. Dino d'Santiago - Tudo Certo (2019) Azagaia ft Gina Pepa - Só dever (2018) Slow J e Stereossauro ft. Papillon e Plutónio - Nunca Pares (2018) Plutónio - Meu Deus (2019)