Podcasts about Samora Machel

  • 39PODCASTS
  • 63EPISODES
  • 36mAVG DURATION
  • 1EPISODE EVERY OTHER WEEK
  • Jun 26, 2025LATEST
Samora Machel

POPULARITY

20172018201920202021202220232024


Best podcasts about Samora Machel

Latest podcast episodes about Samora Machel

Nuus
Onwettige kragverbindings, kerse vuur hut-brande aan

Nuus

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 0:38


Die Stad Windhoek het 42 brande en vier sterftes in informele nedersettings tussen Januarie en Junie aangeteken. Die meeste voorvalle het in Tobias Hainyeko, Moses Garoeb en Samora Machel plaasgevind. Die meeste brande, 14, was in Januarie, terwyl 18 brande en vier sterftes in die afgelope drie maande aangemeld is. Kosmos 94.1 Nuus het gesels met Fillipus Sikongo, senior stasiebeampte van die Stad Windhoek se Brandweer, oor wat die brande veroorsaak.

Invité Afrique
Fernando Lima, journaliste: «L'alternance démocratique n'existe pas encore au Mozambique»

Invité Afrique

Play Episode Listen Later Jun 25, 2025 5:17


Cinquante ans après l'indépendance du Mozambique, les uns se félicitent que la guerre civile soit terminée depuis 1992. Mais les autres déplorent que la démocratie et la prospérité, promises par Samora Machel en 1975, ne soient toujours pas au rendez-vous. À Maputo, Fernando Lima est le rédacteur en chef du média indépendant Zitamar News. En ligne de la capitale mozambicaine, il répond aux questions de Christophe Boisbouvier. RFI: Fernando Lima, le drapeau du Mozambique présente l'image d'un fusil automatique Ak-47, pourquoi cette singularité ? Fernando Lima : C'est très simple, c'est parce que le fusil représente la lutte armée pour la libération des Mozambicains. Alors c'est pour ça qu'on a décidé de faire un drapeau comme ça. Même s'il y a présentement dans le pays des secteurs qui s'opposent à cette représentation, qui se maintient encore sur le drapeau national. Il y a maintenant des Mozambicains qui demandent à ce qu'on enlève le fusil du drapeau ? Mais oui, parce qu'une partie des Mozambicains sont très saturés des différentes guerres pendant les 50 années d'indépendance du pays. Alors, comme l'Angola, le Mozambique a conquis son indépendance en pleine guerre froide. D'où une guerre civile qui a duré jusqu'en 1992. Est-ce que le Mozambique d'aujourd'hui garde encore des stigmates de cette période de guerre fratricide entre le Frelimo et la Renamo ? C'est très clair que les signes sont là. On peut rappeler par exemple toutes les confrontations pendant les dernières élections générales, et même le sens des hostilités vers l'opposition et vers le principal leader de l'opposition, Venancio Mondlane. Et le parti Frelimo continue de refuser d'accueillir l'opposition au sein du gouvernement et des institutions officielles. C'est-à-dire que, 50 ans après l'indépendance, l'ancien mouvement de libération Frelimo continue de revendiquer le pouvoir sans partage ? Oui, à mon avis, c'est ça qui se passe. Il y a toujours ce sentiment d'un héritage du parti unique qui se maintient, même si la Constitution a changé. L'alternance démocratique n'existe pas encore au Mozambique. À écouter aussiMozambique : la promesse trahie de l'indépendance Alors, vous parliez de l'opposant Venancio Mondlane. À la présidentielle du mois d'octobre dernier, le candidat du Frelimo. Daniel Chapo a officiellement gagné avec 70 % des voix. Mais l'opposant Venancio Mondlane, qui a fait une grande campagne anti-corruption, a revendiqué la victoire et la répression des manifestations a causé la mort, selon l'ONG Plataforma Decide, de plus de 390 personnes. Comment sortir de cette crise aujourd'hui ? À mon avis, je pense qu'il faut parler et avoir un dialogue constructif avec Venancio, pas simplement d'une façon protocolaire ou d'une façon formelle. Mais il faut démontrer que des propositions de Venancio sont incluses dans un programme de gouvernement pour l'avenir du pays. Mais vous pensez que le Frelimo de Daniel Chapo pourrait un jour accepter de partager le pouvoir ? Je pense que, même s'il y a des secteurs au Frelimo qui ne sont pas d'accord avec ce partage pragmatique, le parti Frelimo va être forcé d'accueillir les partisans de Venancio parce que, s'il refuse, ça sera catastrophique et désastreux pour le pays. Depuis cinq ans, une insurrection jihadiste a causé la mort de plus de 6000 Mozambicains dans la province du Cabo Delgado, à l'extrême-nord de votre pays, est-ce qu'il y a une solution ? Oui, je pense qu'il y a des solutions. Le problème, c'est que jusqu'à présent, il y a seulement une solution militaire. À mon avis, il faut trouver d'autres mesures sociales et économiques qui assurent la stabilité de cette province, du Cabo Delgado en particulier. C'est-à dire-que le soutien militaire du Rwanda et de la SADEC, le soutien financier de l'Union européenne, tout cela, c'est bien, mais ça ne suffit pas ? Mais oui, il ne faut pas que la population soit seulement spectatrice de la situation dans cette province. Si tu peux y voir du développement, si ton fils va à l'école, si les familles peuvent avoir des médecins, des hôpitaux, alors ça peut améliorer la situation dans ce territoire. À lire aussiMozambique: 25 juin 1975, le crépuscule de cinq siècles de colonisation portugaise

Convidado
O cinejornal Kuxa Kanema, os filmes e arquivos da independência

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 22, 2025 20:21


Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No oitavo episódio desta digressão, evocamos o cinema, os documentários e reportagens que se produziram na época da independência. Logo após a independência, o novo poder chefiado por Samora Machel entende que o país doravante livre precisa edificar-se sobre pilares comuns comuns. Um deles é a informação e o cinema. Neste sentido, é fundado o Instituto Nacional de Cinema e pouco depois, em 1976 começam a circular por todo o país unidades móveis de cinema que vão mostrar à população o jornal cinematográfico Kuxa Kanema, denominação que significa ‘o nascimento do cinema'. O objectivo é múltiplo : filmar os moçambicanos e ao mesmo tempo dar o seu reflexo, informá-lo, educá-lo e uni-lo em torno de uma mesma mensagem, evidentemente revolucionária. Desta época amplamente filmada e documentada, pouco resta, um incêndio tendo em 1991 reduzido a cinzas uma parte substancial dos arquivos do que se tornou o Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas. Restam os testemunhos daqueles que viveram esse período e filmaram tudo. Um deles, Gabriel Mondlane, dirigente da AMOCINE, Associação Moçambicana de Cineastas, recorda como foi parar a esse universo. "Tenho muita sorte de ter pertencido a essa primeira leva de gente que trabalhou no cinema. Eu acho que aquilo foi muito importante porque, na óptica dos políticos, no momento em que a independência chega, depois há a necessidade de restaurar muitas coisas. Estou a falar de sector económico que não estava a funcionar, no sector de comunicação e também no próprio Governo que acabava de se instalar em Moçambique. Precisava que o sector do cinema dinamizasse um pouco a área social, particularmente nas zonas rurais, onde as pessoas não percebiam muito bem o que estava a acontecer. Então, começamos a trabalhar e fundou-se aquele cinejornal que também, ao mesmo tempo, nos proporcionou a aquisição de equipamento para a projeção, como no caso da Caravana Cinema Móvel que andou pelas províncias e distritos. Portanto, eu comecei a trabalhar no cinema. O Kuxa Kanema foi um jornal que estava muito mais ligado àquilo que eram os objectivos do partido no poder. Acho que isso se deu bem porque contribuiu para aquilo que chamou se de ‘unidade nacional', porque as pessoas começaram a se conhecer através da imagem e isso foi muito bem. E também para a minha parte, foi muito positivo, porque foi um processo de aprendizagem muito positivo", começa por contar o realizador. Cinéfilo, apreciador de filmes de Kung-Fu e de cowboys, nada parecia predispor Gabriel Mondlane a enveredar por um percurso no mundo das salas obscuras. "Caí assim tipo paraquedas, porque eu nasci numa zona em que o cinema se falava muito pouco. E ao mesmo tempo, quando entro para aqui, foi uma espécie de uma escolha meio forçada, sem saber onde é que eu ia. Foram buscar-me na escola e depois levaram-me. Eu nem sabia o que é que era isto. Sabia do cinema, da projeção. Mas cinema atrás das câmaras? Nunca na vida tinha pensado que podia cair aqui. Mas pronto, foi o destino. Eu fui levado e comecei a fazer os cursos. Quando pouco a pouco, fui percebendo como é que é, hoje até digo ‘obrigado' a eles, porque eu nunca estaria a trabalhar numa coisa de que hoje gosto. Trabalhar no cinema. Eu estou aqui já há muitos anos. Não sei mais outra coisa a não ser fazer cinema. Então digo ‘obrigado' a eles", diz o cineasta. Ao recordar que, jovem, tinha um preconceito relativamente ao universo do cinema, Gabriel Mondlane refere que ia ao cinema "de forma irregular". "Aquilo no tempo colonial, nas salas de cinema, tinha que se ir com uma determinada idade. Então, às vezes, nós mentíamos sobre as nossas idades para poder entrar ali. Às vezes apanhávamos o fiscal que nos arranjava problemas. (…) Nós contribuíamos com um determinado dinheirito e algumas moedas e dávamos a um membro do grupo para entrar lá na sala para ver o filme, para depois contar aos outros, porque não tínhamos dinheiro para todos. Então aquele que fosse para lá dentro da sala, voltava com o filme todo na cabeça. Tinha que contar tudo com som, com gestos, com todo aquele clímax dramático que o filme dá. Então fui habituado a fazer isso. É isso que eu conhecia dos filmes. E também quando me pergunta se eu gostava ou não, eu não gostava porque eu detestava aqueles guardas. (…) Então pensávamos que o trabalho do cinema era aquilo. Era naquela sala. Então, quando eu fiquei a saber que vou trabalhar para o cinema, eu senti que iam levar-me para uma coisa de que não gosto, ter que andar atrás dos miúdos, a correr atrás dos outros. Mas pronto, depois foi tudo ao contrário. Na primeira entrevista que eu tive, fizeram-me perguntas para ver como é que nós estávamos em termos de conhecimentos na área do cinema. Eu disse que eu conheço cinema. ‘O que é que tu entendes de cinema?' Eu sei é que eu tinha que contar. Contei os filmes de kung-fu, de Bruce Lee e tal. Puseram-se a rir. Não percebi porque estavam a rir. Estavam a dizer que não era aquilo que queriam saber, era outra coisa. Só agora que estou um bocadinho mais maduro, percebo que falei besteira. Não era aquilo, pois não sabia do outro lado", conta o realizador. Ao recordar a época em que começou a aprender como se faz cinema, Gabriel Mondlane refere que "a formação séria mesmo foi a formação feita pelo Instituto Nacional de Cinema. Essa formação levou um ano intensivo. E isso foi bom porque os formadores eram estrangeiros, eram canadianos, britânicos. São eles que nos introduziam para as novas tecnologias, novos pensares do cinema." A seguir à formação, Gabriel Mondlane acompanha Samora Machel em comícios e reuniões que são invariavelmente fixadas em banda magnética para sua posterior difusão ou arquivamento. "Na verdade, eu comecei mais na área de sonoplastia e eu acompanhei Samora Machel. Na maior parte das vezes, eu viajei com Samora Machel até à morte dele. De uma forma estranha. Eu não fui na última viagem de Samora Machel. Isso é uma coisa estranha, mas todas as outras, maior parte das viagens, eu fui. Também porque nós éramos poucos que trabalhávamos nessa área. E então a alternância entre nós era muito pouca. Se eu não vou numa viagem, a próxima a seguir tinha que ir. Sempre viajei com Samora Machel", recorda o cineasta. Questionado sobre o objectivo de Samora Machel ao pretender guardar filmes de todos os acontecimentos em que participava, Gabriel Mondlane declara que ele "tinha uma outra visão sobre a história e sobre o arquivo. Se a gente quer revisitar a nossa história, só podemos rever a nossa história a partir desse arquivo aqui que foi criado no tempo de Samora. Depois do Samora morrer (em 1986), o Instituto Nacional de Cinema deixou de desempenhar o papel que estava a fazer. O arquivo também parou. Quer dizer, não há nenhum arquivo. Não está sendo apetrechado periodicamente. Não existe em Moçambique uma equipa que se ocupe só para a recolha de assuntos históricos. Não existem. Isso é que é um erro. É um erro grave. A história parou então, com Samora Machel ". "Para além dessas viagens, nós filmávamos todos os discursos que eram feitos. Naturalmente, havia discursos que chamavam de ‘material sensível' e que não podia passar para as pessoas. Naturalmente, havia uma espécie de censura. (…) Era necessário que viesse um chefe de departamento ideológico do partido para ir verificar se a linha política está lá ou não está. Mas o que interessa mais para mim é que a maioria do material que não entrou na divulgação está guardada. Mas e aquele material que se chamava ‘Segredo de Estado'? Esse material ‘Segredo de Estado', não sai. Então, havia duas formas de guardar esse material. Uma que acho que foi pensada, mas acho que não foi muito correcta, porque houve alguns discursos um pouco quentes que a gente gravava. Esse aí foi guardado de uma forma um pouco mais sigilosa. Mas havia materiais que nós gravávamos que tínhamos que entregar directamente à segurança. Logo que terminasse, a segurança levava. No meu ponto de vista, esse material perdeu-se porque eles não tinham laboratórios. (…) Então há materiais que a gente ficou sem saber onde que estão. Já não vale a pena contar com esses materiais porque passado mais de cinco anos, é o fim", refere o realizador. Para além do objectivo propagandístico do cinema daquela época, Gabriel Mondlane recorda que as autoridades pretendiam igualmente, através dos meios audiovisuais criar uma união dos moçambicanos em termos culturais. "O conceito era de criar uma identidade nacional através do cinema. É por isso que se testemunha o filme ‘Tempos de leopardos', fala sobre a luta armada. Essa história realmente era para mostrar quão as forças de libertação nacional conseguiram vencer uma grande máquina, a máquina colonial. Isso é um caso. Outros casos, os documentários que nós fazíamos eram documentários que tinham também um condão político. (…) Samora Machel não era pessoa de esconder a sua visão sobre as coisas. Havia outras coisas que não eram boas, como por exemplo, nos anos 80, Moçambique tinha dificuldade de alimentação. A economia estava completamente rebentada e não havia nada nas prateleiras das lojas. Mas mesmo assim nos deixou filmar e nós filmamos isso. Se fosse um outro regime, não deixaria a gente filmar aquilo porque era uma grande vergonha. Mas nos deixou filmar, como também ele mesmo nos convidou a filmar aquilo que chamou de ‘política ofensiva', ‘política organizacional', que se traduziu num documentário muito interessante, onde o Presidente Samora foi de armazém e armazém, a andar de loja em loja, verificar como é que as coisas estavam, como é que as comidas eram distribuídas ao povo, etc", relembra o cineasta. Por fim, ao lamentar a destruição de boa parte dos arquivos cinematográficos do país após um incêndio em 1991, nas instalações do actual Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema de Moçambique, Gabriel Mondlane também dá conta das dificuldades atravessadas actualmente por ele e pelos seus pares. "A única coisa que já começou a ser difícil realmente é conseguir fundos. Nós temos que batalhar muito e conseguir ter amigos estrangeiros. Tu não tens amigos lá no estrangeiro, é difícil ter fundos aqui, sobretudo para filmes grandes. Talvez uma curta-metragem consiga alguma coisinha, com um agente económico aqui ou ali. Mas filmes grandes têm que procurar fora", diz o realizador. Podem ouvir o nosso entrevistado na íntegra aqui: Vejam aqui uma pequena visita guiada do museu do cinema em Maputo:

Convidado
As mulheres durante a luta de libertação de Moçambique e depois

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 22, 2025 20:39


Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No nono episódio desta digressão, debruçamo-nos sobre o estatuto da mulher durante a luta de libertação, até aos dias de hoje em Moçambique. Quando se fala das mulheres nos tempos da luta é inevitável lembrar a figura de Josina Machel, primeira mulher do Presidente Samora Machel e também heroína da guerra de libertação. Nascida em 1945 em Vilankulos, no sul do país, no seio de uma família que se opõe ao colonialismo, Josina Machel ingressa na resistência em 1964. Envolvida em actividades de formação na Tanzânia, a jovem activista rejeita uma proposta de bolsa de estudos na Suíça para se alistar em finais dos anos 60 no recém-criado destacamento feminino da Frelimo, Josina Machel militando para que as mulheres tenham um papel mais visível na luta de independência. Ela não terá contudo oportunidade de ver o seu país livre. Dois anos depois de casar com Samora Machel com quem tem um filho, ela morre vítima de cancro aos 26 anos no dia 7 de Abril de 1971, uma data que hoje é celebrada como o dia da mulher moçambicana. Símbolo de resistência no seu país, Josina Machel ficou na memória colectiva como a encarnação do destacamento feminino. Óscar Monteiro, membro sénior da Frelimo, recorda as circunstâncias em que ele foi criado em 1966. "No processo político que nós vivemos em Moçambique, houve um momento em que as pessoas pensavam ‘nós temos uma linha política clara, justa, avançada'. E uma das questões muito importantes, era a atitude em relação às mulheres. Era normal, pela tradição que as mulheres fossem consideradas disponíveis como amantes. Quando Samora assume a direção, ainda me recordo de uma frase e se formos procurar esse documento, está lá a frase. Nós tínhamos criado o destacamento feminino em 1966, Samora tinha sido o instrumento disso. Então há uma frase que ele medita nessa altura. E a frase está lá. ‘Não criamos o destacamento feminino para fornecer amantes aos comandantes'. Estava só nesta frase. Já está aqui todo um programa que nós chamamos de emancipação da mulher, mas que é, no fundo, de igualdade de qualidade política da vida. Quer dizer, tu estás a fazer a luta de libertação. Isso não te permite fazer não importa o quê. Tu tens que ser uma pessoa diferente, uma pessoa melhor", explicita o responsável político. As mulheres que combateram foram uma faceta da condição feminina durante os anos de luta. Outros rostos, menos conhecidos e bem menos valorizados, são aqueles das chamadas ‘madrinhas de guerra'. Para dar alento aos soldados portugueses que partiam para a guerra sem saber se haveria regresso, o Estado Novo promoveu a correspondência entre milhares de mulheres e militares. Numerosas relações epistolares acabaram em casamento. Em Portugal, houve muitas. O que não se sabe tanto, é que em Moçambique também houve ‘madrinhas de guerra'. Um jovem antropólogo e fotojornalista moçambicano, Amilton Neves, conheceu-as e retratou as duras condições de vida que conheceram depois da independência. "Comecei a trabalhar sobre as ‘madrinhas de guerra' em 2016. Isso porque já pesquisava e encontrei um discurso do Presidente Samora que dizia que as ‘madrinhas de guerra' são ‘meninas retardadas'. Interessei-me por isso. Porquê as ‘madrinhas de guerra'? Que é isto? Então fui ao Arquivo Histórico, até à Torre do Tombo, em Lisboa, para perceber melhor. Porque as ‘madrinhas de guerra' não começam aqui. Começam em 1916 com a Grande Guerra em Portugal. E descobri que algumas ‘madrinhas de guerra' viviam aqui em Maputo, numa zona só. (…) Então, quem eram as ‘madrinhas de guerra'? Eram miúdas que eram recrutadas para escrever cartas para os militares de forma a incentivá-los e dizer que ‘não te preocupes, quando voltares da guerra, nós vamos casar. O Estado português sempre vai ganhar.' Então, neste exercício de troca de cartas, quando houve a independência, em 1975, as madrinhas de guerra foram perseguidas pelo novo regime. Então eu fui atrás dessas senhoras. Consegui identificá-las. Levou tempo porque elas estavam traumatizadas", refere o jovem fotojornalista. "As motivações dessas mulheres eram de fazer parte da classe alta naquela altura. Porque elas tinham acesso aos bailes, ao centro associativo dos negros, nesse caso, ao Centro associativo dos Mulatos, às festas que davam na Ponta Vermelha. Elas faziam parte da grande sociedade. Não era algo que poderíamos dizer que tinham algo benéfico em termos de remuneração. Acredito que não ", considera o estudioso referindo-se às razões que levaram essas pessoas a tornarem-se ‘madrinhas de guerra' que doravante, diz Amilton Neves, "vivem traumatizadas. Algumas se calhar foram a Portugal porque tinham uma ligação. Casaram. Mas a maioria ficou em Maputo" e sofreram uma "perseguição" que "não foi uma perseguição física, foi mais uma questão psicológica". Hoje em dia, muitas heroínas esquecidas de forma propositada ou não, ficam por conhecer. A activista política e social moçambicana, Quitéria Guirengane, considera que a condição das mulheres tem vindo a regredir em Moçambique. "Quando nós dizemos que há mulheres invisibilizadas pela História, vamos ao Niassa e vemos histórias como da Rainha Achivangila. Mulheres que na altura do tráfico de escravos conseguiram se opor, se posicionar, salvar, resgatar escravos e dizer ‘Ninguém vai escravizar o meu próprio povo'. Mas nós não colocamos nos livros da nossa história essas rainhas. Nós precisamos de ir ao Niassa descobrir que afinal, há mulheres que foram campeãs neste processo de luta. Estas histórias têm que ser resgatadas. Depois começamos a falar da Joana Simeão. Ninguém tem coragem de falar sobre isso. É um tabu até hoje. E você é visto como um leproso se tenta levantar este tipo de assuntos. E não estamos a dizer com isto que vamos esquecer a luta histórica de Eduardo Mondlane, que vamos esquecer a luta histórica de Samora Machel. Não. Eu não sou por uma abordagem de dizer que a história toda está errada. Todo o povo tem a sua história e tem a sua história oficial. Mas esta história oficial tem que se reconciliar, para reconciliar o povo, trazer as mulheres invisibilizadas pela história, mas também trazer todos os outros", diz a activista. Olhando para o desempenho das mulheres durante a luta de libertação, Quitéria Guirengane considera que elas "têm um papel incrível. Tiveram, tem e sempre terão um papel na luta de libertação. Terão um papel sempre activo no ‘peace building', no ‘peace making' no ‘peace keeping'. E é preciso reconhecer desde a mulher que está na comunidade a cozinhar para os guerrilheiros, desde a mulher que está na comunidade a informar os guerrilheiros, à mulher que está na comunidade a ser usada como isca para armadilhas, a mulher que está na comunidade a ser sequestrada, a ser alvo até de violações sexuais. Essas mulheres existem. Mas também aquelas mulheres que não são vítimas, não são sobreviventes, são as protagonistas do processo de libertação. E o protagonismo no processo de libertação, como eu disse, começa pelas rainhas míticas da nossa história, que não são devidamente abordadas. O reconhecimento deriva do facto de que, em momentos em que era tabu assumir um papel forte como mulher, elas quebraram todas essas narrativas e se posicionaram em frente à libertação. Depois passamos para esta fase da luta de libertação, em que se criam os famosos destacamentos femininos em que mulheres escolhem a linha da frente, escolhem a esperança em vez do medo e se posicionam", refere a também militante feminista. Volvidos 50 anos sobre a luta de libertação, apesar de ter formulado naquela época a vontade de fazer evoluir o papel da mulher na sociedade, Quitéria Guirengane considera que "se continua a travar as mesmas lutas". "A mulher ainda tem que reivindicar um espaço. É verdade que nós temos consciência que as liberdades, tal como se ganham, também se perdem. E que nenhum poder é oferecido, que nós temos que lutar. Mas é tão triste que as mulheres tenham sempre que lutar para fazer por merecer e os homens não tenham que fazer a mesma luta. Nós não só temos que lutar para chegar, mas também temos que lutar para manter e muitas das vezes colocadas num cenário de mulheres a lutarem contra mulheres", lamenta a activista. "Quando fazemos uma análise, uma radiografia, vamos perceber que a maior parte dos processos de paz foram dominados por homens. Quando nós tivemos no processo de paz, em 2016, finalmente duas mulheres na mesa, isso foi fruto do barulho que a sociedade civil fez naquela altura. A sociedade civil fez muito barulho e resultou numa inclusão de duas mulheres, uma da parte da Renamo, uma da parte do governo. Na mesa negocial entre uma dezena de homens que fez com que elas fossem apenas 12,58% de todo o aparato negocial do processo da paz. O que é que isto implica? Quando passamos para o processo de DDR, as comissões de negociação de DDR eram masculinas, todas elas homens. A desmilitarização foi entendida como um assunto de homens. A comissão sobre assuntos legais também era de homens, não havia mulheres. Quando nós olhamos para o processo de desmilitarização e ressocialização, nós percebemos que tínhamos 253 mulheres militares a serem desmobilizadas. E nesse processo, notava-se que foi pensado numa perspectiva de homens, não de compreender as especificidades e necessidades particulares", diz. Em jeito de conclusão, a activista muito presente na defesa dos Direitos das mulheres e liberdades cívicas, mostra-se "preocupada com as realidades da mulher com deficiência, da mulher na área de extractivismo, da mulher deslocada de guerra, da mulher deslocada por exploração mineira, da mulher rural, da mulher na agricultura, da mulher no sector informal, da mulher empresária. São realidades diferentes. Então não podemos meter num pacote de ‘one size fits all' e achar que as demandas são iguais. (…) Pior ainda : nos últimos seis meses da tensão social, a vida deixou de ser o nosso maior valor. Mulheres foram mortas, mulheres perderam os seus maridos, seus pais, seus filhos. Têm que acompanhar, levar comida para o hospital ou para as cadeias, sem nenhum apoio. E ninguém pensa nesta reparação. Então voltamos muito atrás. Eu diria que regredimos", afirma Quitéria Guirengane. Podem ouvir os nossos entrevistados na íntegra aqui: Vejam aqui algumas das fotos de Amilton Neves:

Convidado
Moçambique 50 anos: a ocupação efectiva do país e a segregação

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 21, 2025 20:00


Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No segundo episódio desta digressão, evocamos as circunstâncias em que se deu a ocupação efectiva de todo o território que viria a ser Moçambique. Após séculos de ocupação muito relativa de Moçambique, os portugueses, mais concentrados até agora no comércio de matérias-primas e de mão-de-obra escrava -apesar da abolição da prática no decurso da primeira metade do século XIX- enfrentam a concorrência cada vez mais feroz de outras potências coloniais, em particular da Grã-Bretanha. No âmbito da conferência de Berlim de 1884-1885 em que os regimes coloniais europeus repartiram entre eles os territórios africanos, Portugal apresentou o que ficou conhecido como o “Mapa cor-de-rosa”, um projecto estabelecendo novas fronteiras para o império africano português e em que Angola ficava ligada a Moçambique. Só que a coroa britânica tinha a ambição de ligar por via-férrea a África do Sul ao Egipto. A Rainha Vitória lançou então um ultimato a Portugal em 1890, recorda o académico moçambicano Luís Covane. “Portugal queria, por exemplo, ter uma colónia em África. Como Angola e Moçambique apareciam ligados e era chamado para o “mapa cor-de-rosa”, que não foi negociado nem com os franceses nem com os ingleses, e deu logo com um projecto britânico de construir uma linha férrea que ligaria o Cabo ao Cairo, em território britânico. Esse era um projecto também alimentado por sacerdotes e isso resultou num ultimato muito agressivo contra Portugal”, conta o historiador referindo que “Portugal teve que se encolher e abandonar as terras que reclamava como suas.” Na ânsia de evitar os crescentes apetites dos restantes impérios sobre os territórios que controlava, Portugal adopta uma política de conquista e ocupação efectiva de Moçambique, não sem enfrentar resistência. O caso mais emblemático será o do imperador de Gaza, Ngungunhane, que tentou lutar contra a ocupação portuguesa mas acabou por ser capturado em 1895 pelo oficial Mouzinho de Albuquerque, sendo em seguida levado para Lisboa onde foi exibido perante a multidão, antes de ser deportado para os Açores onde faleceu em 1906. “Ngungunhane é neto daquele que construiu o Império de Gaza, que veio da Zululândia, parte da África do Sul, nas primeiras décadas do século XIX. Invadiram o território. Encontraram um território sem grandes unidades políticas, pequenos reinos, pequenas unidades políticas. E eles eram guerreiros.”, recorda Luís Covane. “Quando se realiza a Conferência de Berlim e a pressões sobre Gaza, os protugueses avaliaram Gaza. Era um grande império, com uma força militar tremenda e Portugal sentia-se inferior. Quis assinar um tratado de vassalagem. Dizer que ‘vocês fazem parte de Portugal'. (...) A coisa não correu lá muito bem e esse fracasso cimentou nas lideranças militares e civis portuguesas que era necessário ir para o conflito armado. E Mouzinho de Albuquerque é aquele que comandou as forças portuguesas para a conquista de Gaza. E quando ele vai para onde ele (Ngungunhana) estava baseado (...) ele levou a tropa portuguesa para o combate. A sorte dele é que, de facto, a povoação estava desguarnecida. Até o chefe do exército não estava lá e não teve como enfrentar aquela força. Foi assim que Ngungunhane é preso em Chaimite por Mouzinho de Albuquerque que foi celebrado como um combatente muito valente”, recorda o universitário. Dez anos após a independência de Moçambique, o executivo português restituiu os restos mortais de Ngungunhane ao seu país, a pedido de Samora Machel que o apresentou como um herói. Esta não deixa contudo de ser uma figura controversa, dado o rasto de crueldade que marcou o seu reinado, com refere outro estudioso, Egidio Vaz, também parlamentar da Frelimo no poder. “Depois de o Presidente Samora Machel reclamar a suas ossadas, vieram para Moçambique. E depois há uma história muito interessante que aconteceu em Gaza, onde alegadamente se ergueu um busto em sua memória. Porque ele é controverso, no seu último bastião, as pessoas tinham percepções diferentes das oficiais. Então as pessoas usavam o busto de Gungunhana para sacudir enxadas ou afiar catanas quando fossem às machambas. O que significa, por outras palavras, que existe uma percepção diferente de um sanguinário, de um Ngungunhana déspota, de um Ngungunhana que se impôs pela força. Ora, a historiografia moçambicana começa com, diríamos nós, um embuste. Das duas uma, ou Ngungunhana é importante por ter sido capturado pelos portugueses e desterrado para os Açores, onde cuidaram dele até à sua morte. Ou, eventualmente, todos temos uma percepção um pouco mais diferente. Mas qual era o desafio dos historiadores de então, quando se estava a criar uma Nação? Porque este Moçambique é um Estado com várias nações lá dentro, mas que depois, com um objectivo eventualmente de representação e simbolismo”, optou-se por apresentar Ngungunhane como um herói, diz Egidio Vaz que vê na celebração dos 50 anos da independência de Moçambique um oportunidade para “olhar a história de forma crítica”. Entretanto, nos primórdios do século XX, apesar de a escravatura já não existir oficialmente, o trabalho forçado torna-se prática corrente, refere Luís Covane. “Com essa incapacidade de fazer investimentos em áreas de produção mais avançadas, vai-se olhar para o homem como única máquina que pode ser usada. (...) E foi assim criar-se um imposto que tem de ser pago em dinheiro. E o dinheiro só pode ser ganho numa plantação, porque o trabalho é importante, mas a pessoa só vai trabalhar voluntariamente quando é capaz de resolver problemas. Mas o Estado colonial foi capaz de criar problemas que só podiam ser resolvidos com dinheiro. Criar problemas para indígenas, dizer que ‘você tem que pagar imposto em dinheiro'”, explica o historiador ao referir que “o objectivo é de facto colectar o imposto para assegurar mão-de-obra nas plantações dos colonos portugueses que não tinham capacidade de pagar salários. E depois há outra forma que é a introdução de culturas forçadas. Por exemplo, o algodão. As pessoas não comem algodão. E o benefício imediato do algodão, também não o conseguem ver. A indústria têxtil portuguesa precisava de algodão em quantidades cada vez mais crescentes para produzir têxteis a um preço altamente competitivo. Conseguir mão-de-obra, conseguir matéria prima das colónias muito abaixo do mercado internacional para produzir os textéis e vender nas colónias a preços muito acima dos preços praticados. Foi essa lógica”, diz Luis Covane ao referir que a situação torna-se a tal ponto insustentavel que por altura dos anos 60, evita-se ao maximo o convivio entre comunidades em Moçambique. O facto é que a chegada de Salazar ao poder em 1933 em Portugal vem acrescentar o fascismo ao colonialismo, Moçambique vivendo num regime instituindo os privilégios dos colonos face aos assimilados e aos indígenas, recorda o estudioso moçambicano Calton Cadeado. “Do lado do colonizador em relação ao colonizado, por exemplo, havia histórias que se contam sobre a forma como agente colonial não permitia que os moçambicanos negros nativos tivessem acesso a educação, que fosse uma educação de progresso. Havia limitações no acesso à educação para os negros e o limite máximo que alguém podia ir à escola em termos de educação, por vezes não passava da quarta classe e se passasse da quarta classe, era um privilegiado. Há muita gente que nem sequer teve possibilidade de chegar a esta quarta classe porque não era de acesso universal à educação. Essa é uma das formas que as pessoas retratam a violência. Negaram o direito ao conhecimento. Mas, mais do que isso, era também a forma como a polícia, a forma como os serviços de segurança, na altura a PIDE, depois a DGS, perseguia, torturava todos aqueles que tivessem opinião diferente ou ousassem questionar seja o que fosse ligado a aspectos políticos aqui em Moçambique”, refere o estudioso. Num contexto em que lá fora, no resto do mundo, antigas colónias acediam à liberdade, Portugal mantinha com mão de ferro um sistema em que eram muito poucos aqueles que tinham acesso à educação, a empregos assim como à saúde, recorda Helder Martins, ministro da Saúde do primeiro governo de Moçambique independente. “A época colonial, era uma quase escravatura, uma escravatura disfarçada porque, primeiro, às populações, não lhes eram reconhecidos direitos cívicos nenhuns. Havia uma distinção entre os chamados ‘indígenas' e os ‘cidadãos' e, teoricamente, a missão de Portugal, dita civilizadora, entre aspas, consistia no processo de assimilação. Mas em 500 anos de colonialismo, os assimilados foram só 1% da população. Portanto, isto diz tudo. Segundo, havia trabalho forçado, havia por legislação, porque partia-se do princípio que o indígena era preguiçoso e que, portanto, era preciso obrigá-lo a trabalhar e todas as outras coisas, a discriminação racial, etc. Agora na área da saúde, a saúde colonial era do mais incrível que se pode imaginar. Não só era altamente discriminatória, como era discriminação racial descarada, discriminação socioeconómica e discriminação geográfica. Porque a população que vivia nas zonas rurais, naquela altura, 90% da população vivia nas zonas rurais, praticamente não havia infraestruturas de saúde nenhuma. As infraestruturas de saúde estavam nas principais cidades onde viviam os colonos e nas zonas rurais só havia uma delegacia de saúde onde houvesse cinco brancos funcionários públicos. A população não interessava em termos de planificação de saúde. Em qualquer livro de planificação de saúde fica claro que o critério que deve presidir à planificação de saúde é a população. Mas isso nunca foi no tempo colonial. Por outro lado, do ponto de vista técnico, era um sistema anacrónico, atrasado. Bom, Portugal naquela altura era um país atrasado sobre todos os pontos de vista e sob o ponto de vista tecnológico também. E na área da saúde também era. (...) O pouco que havia era os programas de combate às grandes endemias. Mas mesmo isso era anacrónico na sua organização, porque havia diversos programas. O da malária e da tuberculose, ou da lepra, ou da tripanossomíase. Os directores desses serviços dependiam directamente do governador-geral e não do director dos serviços de saúde. Então, não havia coordenação nenhuma. Quer dizer, isto era completamente anacrónico”, conta o antigo governante. Podem ouvir os nossos entrevistados na íntegra aqui:    

Convidado
As negociações e a proclamação da independência de Moçambique

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 21, 2025 20:46


Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No quinto episódio desta digressão, evocamos a independência de Moçambique. Após vários anos em várias frentes de guerra, capitães das forças armadas portuguesas derrubam a ditatura no dia 25 de Abril de 1974. A revolução dos cravos levanta ondas de esperança em Portugal mas também nos países africanos. A independência pode estar por perto, mas é ainda preciso ver em que modalidades. Óscar Monteiro, militante sénior da Frelimo e um dos membros da delegação que negociou os acordos de Lusaka juntamente com Portugal, recorda como recebeu a notícia. “No dia 25 de Abril, tenho a primeira notícia sobre o golpe de Estado em Portugal, quando procurava ouvir a Rádio França Internacional. Nós estávamos num curso político e eu estava à procura do noticiário da RFI quando ouço ‘Cette fois, c'est pour de bon' (desta vez, é a valer). Então parece que houve mesmo qualquer coisa em Portugal e a partir daí começamos a procurar informações. No dia 27, nós produzimos uma declaração que eu acho que foi dos mais bonitos documentos políticos em que participei. Continuamos a dar aulas porque era a nossa tarefa. A luta não termina só assim. Mas à tarde o Samora chamou-nos, nós tínhamos um telefone de campanha daqueles com manivela. ‘Venham cá porque a coisa parece ser séria'. Então fomos para lá e começamos a produzir. Devo dizer que estávamos num muito bom momento politicamente e por isso que não ficamos perturbados. Dissemos ‘Sim senhor, muito bem. Felicitamo-nos por esta vitória do povo português, mas a nossa luta é pela independência.' (...) Sabe que o Manifesto das Forças Armadas tinha só uma linha, a linha final, que dizia depois de 20 e tal pontos sobre a democratização de Portugal, dizia que ‘a solução do problema do Ultramar é política e não militar.' Quer dizer, foi agarrados nessa linha que nós começámos as primeiras conversações. Aí devo dizer e relevar que nós nunca falamos suficientemente do papel do Dr. Mário Soares, que propõe logo conversações com os movimentos de libertação. E, portanto, estamos a falar logo no dia 5 de Maio por aí. Ele vem a Lusaka. Nós ensaiamos esse momento. Então vamos para lá, mas como é que cumprimentamos? Então dissemos ‘Não vamos cumprimentar, dizendo o seguinte -até me recordo da frase- Apertamos a mão porque o senhor representa um Portugal novo'. Sabe que para evitar intimidades excessivas, até pedimos aos zambianos, porque as conversações foram em Lusaka para não os forçar a vir a Dar-es-Salaam, que era muito conotado com o apoio aos movimentos de libertação. E ele surpreendeu-nos quando nós começamos com a nossa expressão ‘saudamos o novo Portugal'. Ele disse ‘deixe-me dar-lhe um abraço' e atravessou a mesa que nós tínhamos posto para separar e dá um abraço ao Presidente Samora. Eu acho que isso foi de uma grande generosidade humana, porque a opinião pública portuguesa não estava preparada para aceitar a independência. Nós éramos os ‘terroristas', nós éramos ‘os pretos', nós éramos ‘os incapazes.' Como é que eles vão ser capazes de governar? O que explica depois o abandono em massa dos colonos. Portanto, nós começamos este período de negociações com muitos factores contra nós. Eu acho que foi a qualidade e a generosidade dos moçambicanos que permitiu que este processo tivesse andado bem. (...) Eu sei que a solidariedade da opinião pública portuguesa, não da classe política mais avançada, não do Movimento das Forças Armadas, foi mais para com os colonos do que para connosco. E houve a ideia de que nós, intimidamos os colonos. Não. Os colonos, intimidaram-se com o seu próprio passado. Quer dizer, cada um deles pensava como tinha tratado o seu empregado doméstico, como tinha tratado o negro no serviço e fugia, fugia de si-próprio, não fugia de perseguições. Nessa altura, e honra seja feita ao Presidente Samora, ele desdobrou-se em declarações até que, a um certo ponto algumas pessoas disseram Mas olha lá, vocês estão sempre a falar da população portuguesa que não deve sair, que são tratados como iguais. Vocês já nem falam muito a nós moçambicanos negros. Mas era deliberado, era deliberado porque nós sabíamos que a reconstrução do país só com moçambicanos negros ia ser muito difícil. E felizmente -é um ponto que vale a pena neste momento focar- houve muitos jovens, a nova geração, brancos, mulatos, indianos que eram estudantes da universidade, que tinham criado um movimento progressista e que foram eles, naquela fase em que era preciso pessoas com alguma qualificação, que foram os directores, os colaboradores principais dos ministros. E é momento também de prestar homenagem a essa nova geração. Foi um grupo progressista que se pôs declaradamente ao lado da independência. Também tiveram as suas cisões. Houve outros que foram embora. São transições sociais muito grandes. Nós próprios estamos a passar transições muito grandes”, diz Óscar Monteiro. Pouco depois do 25 de Abril, as novas autoridades portuguesas e a Frelimo começaram a negociar os termos da independência de Moçambique. O partido de Samora Machel foi reconhecido como interlocutor legítimo por Portugal e instituiu-se um período de transição num ambiente de incerteza, recorda o antigo Presidente Joaquim Chissano. “A nossa delegação veio com a posição de exigir uma independência total, completa e imediata. Mas pronto, tivemos que dar um conteúdo a esse ‘imediato'. Enquanto a delegação portuguesa falava de 20 anos, falávamos de um ano e negociamos datas. Deram então um consenso para uma data que não feria ninguém. Então, escolhemos o 25 de Junho. Daí que, em vez de um ano, foram nove meses. E o que tínhamos que fazer era muito simples Era, primeiro, acompanhar todos os preparativos para a retirada das tropas portuguesas com o material que eles tinham que levar e também em algumas partes, a parte portuguesa aceitou preparar as nossas forças, por exemplo, para se ocupar das questões da polícia que nós não tínhamos. Houve um treino rápido. Depois, na administração, nós tínhamos que substituir os administradores coloniais para os administradores indicados pela Frelimo. Falo dos administradores nos distritos e dos governadores nas sedes das províncias. Nas capitais provinciais, portanto, havia governadores de província e administradores de distritos e até chefes de posto administrativo, que era a subdivisão dos distritos. E então, fizemos isso ao mesmo tempo que nos íamos ocupando da administração do território. Nesses nove meses já tivemos que tomar conta de várias coisas: a criação do Banco de Moçambique e outras organizações afins, seguros e outros. Então houve uma acção dos poderes nesses organismos. Ainda houve negociações que foram efectuadas em Maputo durante o governo de transição, aonde tínhamos uma comissão mista militar e tínhamos uma comissão para se ocupar dos Assuntos económicos. Vinham representantes portugueses em Portugal e trabalhavam connosco sobre as questões das finanças, etc. E foi todo um trabalho feito com muita confiança, porque durante o diálogo acabamos criando a confiança uns dos outros”, lembra-se o antigo chefe de Estado moçambicano. Joaquim Chissano não deixa, contudo, de dar conta de algumas apreensões que existiam naquela altura no seio da Frelimo relativamente a movimentos contra a independência por parte não só de certos sectores em Portugal, mas também dos próprios países vizinhos, como a África do Sul, que viam com maus olhos a instauração de um novo regime em Moçambique. “Evidentemente que nós víamos com muita inquietação essa questão, porque primeiro houve tentativas de dividir as forças de Moçambique e dar falsas informações à população. E no dia mesmo em que nós assinamos o acordo em Lusaka, no dia 7 de Setembro, à noite, houve o assalto à Rádio Moçambique por um grupo que tinha antigos oficiais militares já reformados, juntamente com pessoas daquele grupo que tinha sido recrutado para fazer uma campanha para ver se desestabilizava a Frelimo”, diz o antigo lider politico. A 7 de Setembro de 1974, é assinado o Acordo de Lusaka instituindo os termos da futura independência de Moçambique. Certos sectores politicos congregados no autoproclamado ‘Movimento Moçambique Livre' tomam o controlo do Rádio Clube de Moçambique em Maputo. Até serem desalojados da emissora no dia 10 de Junho, os membros do grupo adoptam palavras de ordem contra a Frelimo. Na rua, edificios são vandalizados, o aeroporto é tomado de assalto, um grupo armado denominado os ‘Dragões da Morte' mata de forma indiscriminada os habitantes dos bairros do caniço. O estudioso moçambicano Calton Cadeado recorda esse momento. “Foi notório, naquela altura, que havia uma elite branca colonial que percebeu que ia perder os seus privilégios e ia perder poder. Isto é mais do que qualquer coisa, poder, influência, que eles tinham aqui, poder económico. Não estavam predispostos a negociar com a nova elite dirigente do Estado e temiam que eles fossem subalternizados. Então construíram toda uma narrativa de demonização da independência e das futuras lideranças, a tal ponto que criou um certo ódio dentro da sociedade portuguesa. E vale dizer que este ódio não era generalizado. Podemos ir ver nos jornais de 1974, temos o retrato de pessoas que vivenciaram abraços entre militares da Frelimo e militares portugueses que estavam a combater juntos e que diziam que não percebiam o motivo de tanta matança que existia entre eles, mas fizeram um abraço e estavam dispostos a fazer a reconciliação. Mas a elite branca e económica que tinha perdido e sentia que ia perder os privilégios, os benefícios, criou esta narrativa e esta narrativa foi consumida por algumas pessoas também dentro do círculo de defesa e segurança. Estou a falar da PIDE e da DGS a seguir. Não é toda a gente. Houve alguns círculos que conseguiram mobilizar algumas pessoas para fazer a desordem que aconteceu a seguir ao dia 7 de Setembro, que é a tomada do Rádio Clube. Depois tivemos o dia 21 de Outubro, que foi um dia sangrento, violento na história aqui em Moçambique. E quem estiver aqui em Maputo e for visitar a Praça 21 de Outubro e conversar com as pessoas que viviam naquelas zonas, percebem a violência que foi gerada. Infelizmente, essa foi uma violência que tomou conotações de cor de pele. Que era matar o branco, matar o negro. Mas foi uma coisa localizada, de curta duração, que não foi para além daqueles dias, porque a euforia da preparação e da visão da independência que vinha ali era mais forte do que o contágio de ódio que foi gerado entre estes grupos. Entretanto, não podemos menosprezar esse ódio que foi gerado. Essas perdas foram geradas porque as pessoas que perderam os privilégios não se resignaram, não se conformaram e, por causa disso, saíram de Moçambique. Foram se juntar a outros e fizeram o estrago que fizeram com a luta de desestabilização de 1976 a 1992, que aconteceu aqui”, conta Calton Cadeado. Vira-se uma página aos solavancos em Moçambique. Evita-se por pouco chacinas maiores. Antigos colonos decidem ficar, outros partem. Depois de nove meses de transição em que a governação é assegurada por um executivo hibrido entre portugueses e moçambicanos, o país torna-se oficialmente independente a 25 de Junho de 1975. Doravante, Moçambique é representado por um único partido. Uma escolha explicada por Óscar Monteiro. “Pouco depois do 25 de Abril. Começam a pulular pequenos movimentos. Há sempre pessoas que, à última hora, juntam algumas iniciais e criam um partido político. Houve quantidades de organizações e uma parte poderia até ser genuína, mas nós sentimos que essa era a forma de tentar frustrar a independência. Isso foi a primeira fase. Depois, houve outra coisa. Agora é fácil falar dessa época, mas naquele momento, nós estávamos a cravar um punhal no coração da África branca, e essa África branca ia reagir. Portanto, tínhamos a oeste, à Rodésia, tínhamos a África do Sul, Angola tinha Namíbia e África do Sul. Então, é neste contexto que nós temos que preparar uma independência segura, uma independência completa, Porque esta coisa de querermos ser completamente independentes é um vício que nos ficou mesmo agora. Nós queremos ser independentes”, explica o membro sénior da Frelimo ao admitir que ao optarem pelo monopartidarismo os membros da sua formação demonstraram “um bocado de autoconfiança excessiva e mesmo uma certa jactância”.

Convidado
Os primórdios de Moçambique independente e a "Geração de 8 de Março"

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 21, 2025 20:26


Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No sexto episódio desta digressão, evocamos a chamada ‘Geração de 8 de Março'. Depois da independência, as autoridades moçambicanas enfrentaram vários desafios. O mais imediato era o de fazer funcionar um aparelho de Estado com verbas limitadas. Helder Martins que foi o ministro da saúde do primeiro governo de Moçambique recorda como foram os primeiros tempos. “A primeira coisa que eu fiz quando cheguei ao ministério, depois de tomar posse, foi perguntar ao funcionário responsável da administração e Finanças qual é que era o orçamento, porque o orçamento tinha sido aprovado em Fevereiro durante o governo de transição. Eu não tive conhecimento naquela altura. Era 1,7 Dólares por habitante, por ano. Mas metade daquele dinheiro era gasto no Hospital Central de Lourenço Marques naquela altura. Só se passou a chamar Maputo mais tarde. Os outros hospitais, todos juntos, tinham 0,85 Dólares. Quando você tem um orçamento desta natureza, tem que ver o que é que pode fazer com o melhor resultado e o menor custo. Então, para isto, eu acho que um dos grandes sucessos da minha administração foi ter sabido fazer uma investigação sobre os determinantes da saúde, saber quais são as influências positivas e quais são as influências negativas. Porque uma correcta política de saúde, seja em que parte do mundo for, tem que tentar eliminar -e se não conseguir, eliminar- minimizar os factores negativos. A questão mais importante -e isto era uma experiência que a gente tinha da luta armada- eu também fui o criador do serviço de saúde durante a luta de libertação, portanto, tinha a experiência, que era a participação popular. Você, por exemplo, pode ter o programa mesmo mais medicalizado que quiser. Um dos programas preventivos mais medicalizado são as vacinações. Se você não mobilizar as pessoas, pode criar um programa muito bonito, mas não vai ter uma taxa de cobertura alta. Segundo, nós tivemos que dar a máxima prioridade à medicina preventiva e pôr a ciência no posto de governação. Nós fizemos um estudo sobre os determinantes da saúde e definimos uma política nessa base científica. Nós criamos estruturas no ministério para estudar os problemas. Tivemos também uma comissão técnica para a área farmacêutica. Criamos um Formulário Nacional de medicamentos. Foi publicado no Boletim da República no dia 25 de Dezembro de 1976. A OMS publicou a lista de medicamentos essenciais em Outubro de 1977, dez meses depois. Os critérios da lista eram os mesmos que os nossos critérios”, sublinha o antigo governante. Outro desafio era a necessidade de formar técnicos para as mais diversas áreas que eram necessárias para o funcionamento do país. Foi neste contexto que no dia 8 de Março de 1977, o Presidente Samora Machel lançou um repto aos jovens moçambicanos para suprir as falhas que existiam naquela altura. Yolanda Mussá, então jovem militante -hoje Presidente da Associação da Geração 8 de Março- respondeu ao chamamento. “Depois do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974, e sobretudo depois da assinatura dos Acordos de Lusaka e a tomada de posse do Governo de transição a 20 de Setembro do mesmo ano, assistiu-se, sobretudo aqui em Moçambique, a uma fuga massiva de técnicos portugueses que trabalhavam em diferentes áreas, não só no sector público como também no sector privado. Então, havia a necessidade de suprir essa lacuna que foi deixada por esses especialistas e por esses técnicos portugueses. Então, desde essa altura, a Frente de Libertação de Moçambique e o Governo moçambicano, posteriormente, chamou adolescentes e jovens para serem formados, para serem treinados para suprir essas lacunas. Este processo foi formalizado no dia 8 de Março de 1977, quando o Presidente Samora Machel incitou os jovens a responderem ao chamamento à Pátria. E naquela altura estamos perante uma situação que exige que nos manifestemos na essência daquilo que era o nosso patriotismo. O país é nosso e como o país é nosso, nós é que temos que assegurar a edificação da Nação moçambicana. Portanto, esse é que era o desafio. Havia carências nas diferentes áreas. Havia carências na área de educação, na área da economia, na área da administração pública. Então, os jovens e os adolescentes foram chamados a interromper, sobretudo aqueles que estavam na 9.ª classe, na 10.ª, na 11.ª classe, os seus estudos. E nós fomos orientados para as tarefas que foram consideradas prioritárias pelo governo moçambicano. A nível da cidade de Maputo, criou-se o Centro 8 de Março, onde nós fomos orientados e internados. Uns foram para o Propedêutico. Eu, por exemplo, fui orientada para o curso de formação de professores. E qual era a nossa função? Fomos formados, portanto, na Escola central do partido, mas sobretudo para aprender a história de Moçambique, porque sabe-se perfeitamente que, quer no ensino primário, quer no ensino secundário, o que se estudava era a história portuguesa. Então nós fomos orientados para estudar sobretudo a história de Moçambique e estudar a política de Moçambique para, a partir daí, podermos defender aquilo que eram os ideais da Nação moçambicana”, recorda Yolanda Mussá. Questionada sobre os critérios adoptados para orientar os jovens para determinada area, a dirigente associativa refere que as preferências de uns e de outros nao eram decisivos. “No dia em que fui para o painel de Orientação, estava com um colega. Nós éramos provenientes do antigo Liceu António Enes, que agora é Escola Secundária Francisco Maianga. Ele queria seguir matemáticas. A verdade é que depois das entrevistas, eles simplesmente disseram que ele não ia ser orientado para as matemáticas, mas que ele tinha que ser integrado no curso de formação de português. Então, o que contava naquela altura não era o que nós queríamos, mas é o que era considerado prioritário”, conta Yolanda Mussa. Alberto Simão, então jovem estudante de 19 anos, destinava-se à área de engenharia, mas acabou por enveredar por outra área, sendo actualmente economista. “Na altura tinha 19 anos e era estudante, digamos, no ensino técnico. Era do interesse dos meus pais, essencialmente, que eu seguisse a área de engenharia. Portanto, quando eu sou solicitado a integrar as tarefas do 8 de Março, fui exercer as tarefas de docência. Foi a minha primeira profissão. Mais tarde, quando eu voltei e retomei os meus mesmos estudos, decidi-me por uma outra área que foi a área económica”, começa por recordar o antigo docente. “Foi uma fase muito intensa, por assim dizer, e marcante também para os jovens estudantes, porque, na verdade, quase que sem nos apercebermos, passamos para a vida adulta, independentemente da nossa idade cronológica. Nessa altura, ficou claro que as responsabilidades a que nós tínhamos que fazer face, eram responsabilidades de adultos e tínhamos que responder como adultos e, sobretudo, também responder pelos resultados. Portanto, tivemos que crescer muito depressa em termo de crescimento ou em termos comparativos. O tempo de juventude foi relativamente curto, comparativamente com os tempos de hoje”, considera Alberto Simão que diz não ter sentido frustração naquela altura, mas antes uma “sensação de insegurança, porque, na verdade, ninguém estava preparado para assumir responsabilidades de tão alto nível.” Arão Nhacale, antigo autarca da Matola, também respondeu ao apelo de Samora Machel. Apesar de ter uma preferência pela química, acabou por ser dirigido para o ensino. “Eu lembro-me que quando, lá no bairro onde vivia com os meus pais, chegou a convocatória para me apresentar num determinado sítio aí do partido a nível central, eu fui dizer à minha mãe que ‘olha, eu fui chamado pela Frelimo'. E a minha mãe chorou. Não quis deixar que eu fosse, porque não sabia o que é que iria acontecer comigo. Para onde é que eu iria? O que é que eu fiz de errado? Mas eu disse à minha mãe que ‘olha, não se preocupe, porque não há nada de mal aqui. E se me chamam, eu saberei lá.' E fui, deixando a minha mãe triste. Cheguei lá, fui recebido por uma senhora e a conversa foi de muito pouca duração. Quis certificar se era eu. Era. E então deu-me uma guia para me apresentar na Escola Comercial de Maputo. Eu, na altura, era estudante do curso de Química. O meu sonho era formar-me em Química, tornar-me engenheiro de Química, com muita paixão por Química Tecnológica. E queria me formar ao mais alto nível na área de Química. E isso não aconteceu porque recebi esse chamamento e fui dar aulas em 1977, com cerca de 20 anos, na Escola Comercial de Maputo. É a disciplina que me coube. Isto marcou-me muito, porque é com uma certa dose de patriotismo que assumi e aceitei. Tive várias formações na área da educação. Dediquei-me ao ensino durante muitos anos e eu, felizmente, hoje posso dizer que muitos quadros seniores, jovens quadros seniores que temos no país em diversas áreas, alguns ministros, alguns directores na área de defesa de segurança, relações internacionais, industriais, em muitas áreas, alguns deles foram meus alunos. Isso cria em mim um certo -não é orgulho só, não é suficiente- muito mais do que orgulho, porque vejo que valeu a pena o chamamento”, considera o antigo professor. Esta operação que durou até ao começo dos anos 90 envolveu centenas e centenas de jovens, bem como formadores nacionais e estrangeiros, recorda Yolanda Mussa. “Havia formadores moçambicanos, mas para além dos formadores moçambicanos, o governo, na altura, contou com a colaboração de vários países. Por exemplo, eu tive professores de matemática que eram da Guiné-Conacri. Falo da Guiné-Conacri, como também poderia falar de outros países, na altura, de orientação socialista. Tivemos professores que vinham da antiga RDA, que vinham da Bulgária, que vinham da antiga União Soviética”, recorda a dirigente associativa ao referir que foram orientados para “quase todas as áreas”. Olhando retrospectivamente para aquela época, Alberto Simão considera que os jovens da sua geração amadureceram sob o impulso da urgência. “Impelia-nos o sentimento de que esta obrigação era eminentemente nossa, porque o processo de descolonização foi um processo visível. Foi um processo que nós vivenciamos e acompanhámos porque inclusivamente colegas nossos, que eram colegas de carteira, estudantes, etc, uns despediam-se, outros iam embora sem se despedir. E praticamente todos abalavam em massa. Então nós sentíamos que havia um vazio. Aliás, nessa altura, alguns dos serviços que deveriam ter sido prestados por alguns sectores do Estado e mesmo até privados, começaram a entrar assim numa espécie de falência. (…) E os tais quadros potenciais na altura, na verdade éramos nós então. Lá fomos porque também uma coisa vantajosa em ser jovem é que as situações apanham-nos às vezes de surpresa, mas fica também patente a ideia de que o espírito de aventura, também de participação, de fazer as coisas acontecerem e de mostrar um pouco do nosso valor, está lá, presente. Isso impele-nos e não temos tanto as hesitações que talvez o adulto normalmente tem. O jovem vai para a frente. Foi o que nós fizemos”, conclui o economista moçambicano. Podem ouvir os nossos entrevistados na íntegra aqui:

Convidado
A música como vector de identidade e de união no novo Moçambique

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 21, 2025 20:25


Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No sétimo episódio desta digressão, evocamos a música que se produziu na época da independência. Depois de séculos de ocupação portuguesa, Moçambique independente surge como uma entidade por reformular mentalmente e culturalmente. O imperativo das novas autoridades é criar um homem novo, com uma identidade própria, num país múltiplo mas unido. A música será um dos vectores desta nova identidade. Haverá hinos, músicas revolucionárias, sonoridades que são agora associadas à época da independência. Rufus Maculuve, membro do grupo Kapa Dech, produtor e estudioso recorda esse período. "Eu creio que, primeiro, a música serviu de ferramenta de reivindicação, primeiro, através das letras. As músicas todas traziam esta dimensão. Mas também serviu de ferramenta de unidade, porque Moçambique é um país culturalmente diverso. E também acredito que a música serviu de alento. Quando eu digo que ela serviu de elemento unificador é porque eu podia não falar uma língua e podia entrar para essa língua através da música. Aliás, eu nasci no tempo da luta armada, mas as músicas da luta armada, quando eu estava a crescer, ouvíamos na rádio. E ouvindo essas músicas na rádio. Até hoje eu não sei o que muitas delas dizem, porque algumas são cantadas em línguas que eu não entendo. (…) Mas ao mesmo tempo, tínhamos as músicas em português que eu entendia, ou músicas em changana ou qualquer outra língua do sul que eu entendo. Então acho que a música teve muito este papel. Eu não sou militar, mas acredito que quando alguém vai à guerra, canta uma música, sente-se mais forte", diz o músico. Nessa época, um dos vectores da informação e também da música revolucionária era a rádio. Ao recordar algumas das sonoridades que se ouviam no posto emissor, Rufus Maculuve cita hinos como ‘Kanimambo Frelimo' (Obrigada Frelimo). "‘Kanimambo Frelimo' era uma das músicas. Facto interessante é que estas músicas todas vieram das matas para as rádios. Então, acho que, mesmo não sabendo o que elas dizem, todas essas músicas vieram para a rádio, foram gravadas, algumas, acredito que foram regravadas e a gente cantava. Era criança, praticamente um bebé. Muita das vezes acho que cantava de uma forma inocente e acho que anos mais tarde, trabalhando numa produção, acho que aquando dos 45 anos de independência, comecei a ter consciência de que tudo aquilo, do que aquelas músicas diziam", recorda o produtor. Questionado sobre o ambiente que reinava em termos culturais antes da independência e imediatamente depois, Rufus Maculuve distingue dois momentos distintos. "Antes da independência, começaram a uma dada altura, provavelmente com o surgimento da Marrabenta e com o programa ‘Hora Nativa', que era um programa que passava música moçambicana, eu acho que este foi um momento interessante em termos de criação musical. (…) Mas quando chega a independência, houve uma ruptura com todo esse repertório. Aliás, a gente não fala muito disso, mas a Marrabenta acabou também sofrendo disto porque houve a necessidade de criar esta dita música ligeira moçambicana", lembra o estudioso. Questionado sobre a chamada ‘música ligeira moçambicana', o produtor considera que se trata de uma "estilização de vários estilos tradicionais moçambicanos". "Surge essa necessidade de alimentar o catálogo da rádio, que é para tocar o suficiente de música moçambicana e acho que foi uma fase em termos de quantidade e até de muita qualidade, devo dizer. Produziu-se muito. E acho que das músicas mais icónicas posso olhar para o poema ‘À espera' do Salvador Maurício. Posso olhar para ‘Os verdes campos' do grupo 1° de Maio. Há muitas músicas nesse tempo. E depois surge este fenómeno que é Marrabenta Star, que depois de um período de quase de ruptura, surge um grupo que é a Orquestra Marrabenta Star. E esta Orquestra quase que nem compõe. Vai buscar do cancioneiro", diz o universitário. "Acho que a música anda em várias direcções e isso vai mais ou menos até ao início dos anos 90, quando começamos a ter a dita ‘música jovem'. Isto é um pouco irónico, como quem diz que os que faziam música antes não eram jovens, o que não é verdade. Os Ghorwane, quando gravaram nos anos 80, eram bastante jovens, mas surge a tal dita ‘música jovem', que era um pouco quebrar do paradigma desta imposição estética, porque já não dependia da Rádio Moçambique para gravar, onde havia alguma selecção do que se podia gravar na rádio. Então, anos 90, começa a haver esta mutação. Os jovens começam a dizer ‘Ok, nós queremos coisas de inspiração americana, de inspiração PALOP'. E o hip hop também começa aos poucos a ganhar forma. E acho que quando chegamos nos anos 2000, o Hip-Hop também afirma-se como um estilo. Mas nesta época também temos artistas, não necessariamente grupos, artistas que fazem a passagem. Temos artistas que fazem rock como os ‘Rockefellers' e acho que é na mesma altura, finais dos anos 90, que surge os ‘Kapa Dech' (o grupo do qual faz parte) , que era uma outra proposta neste quadro bastante rico em termos de escolhas sonoras. Kapa Dech, para mim também faz muita fusão com matriz moçambicana, mas faz muito a fusão de estilos musicais", diz o artista. Referindo-se ao Hip-Hop, o artista refere que este género "tem o mérito de vir a ser este espaço onde a juventude tem voz. Eu costumo dizer que se nós quisermos ver a verdadeira sociedade civil em Moçambique, pelo menos Moçambique independente, ela está na música ou está nas artes. Mas a música destaca-se porque há muitas mensagens que são passadas mesmo na dita Primeira República de 75, 85, 90, com a aprovação da nova Constituição. Há muita música que era crítica ao sistema que passou, como ‘Mercandonga' de Chico António. E era uma música que criticava bastante o que estava a acontecer. O próprio Presidente Samora adopta os Ghorwane como sendo ‘os bons rapazes'. E ele dizia que são ‘bons rapazes' porque eles dizem o que não está bem no país. Sempre houve este espaço cívico. E havia censura? Sim, havia. Apesar de nós nunca termos tido um órgão oficial de censura, nem todas músicas passaram na rádio". Questionado sobre a tradição e o percurso da música interventiva de Moçambique, Rufus Maculuve evoca o Rap e mais precisamente o rapper moçambicano mais conhecido, Azagaia. "Eu acho que Azagaia acaba sendo esta voz de uma geração pela coragem que ele mostra, pela verticalidade nos temas que ele aborda e pela ressignificação de alguns discursos. Porque eu não sei quem disse ‘Povo no poder' pela primeira vez no mundo, mas em Moçambique, um discurso icónico de Samora Machel é ‘o povo no poder'. Então o Azagaia ressignifica este discurso ao ponto de, inclusive, criar uma amnésia em nós. Há gente que provavelmente nem imagina de onde é que vem a ideia do ‘povo no poder'. Eu acho que uma das coisas importantes é que ele mostra que a música, apesar de não ser um estilo de matriz moçambicana e as pessoas sempre questionam ‘mas isto não é bem nosso?' Mas o que é que é nosso? E são outras conversas. Então ele aparece e -é engraçado- durante muito tempo ele não domina o mercado do hip hop e circulou um documento que dizia que a música dele não podia ser tocada na Rádio Moçambique na altura. E foi inclusive até quando eu analiso, eu vejo que provavelmente nem foi muito isso. A ideia é que não ia tocar na emissão nacional, ia tocar na Rádio Cidade porque a Rádio Cidade era a Rádio da Juventude. E eu acho que há uma capitalização nisso. E depois, com toda a pressão que Azagaia sofre das estruturas políticas, vai à Procuradoria e ele resiste a isso. Então ele acaba sendo esta voz dos excluídos e é uma bandeira para uma geração, e nós vimos todo o movimento que houve à volta do funeral, todo o movimento que houve após a morte dele. (…) Acho que não se vai falar de música em Moçambique, não se vai se falar de movimentos socioculturais, políticos sem se falar do Azagaia e da sua música", conclui o produtor e estudioso moçambicano. Podem ouvir o nosso entrevistado na íntegra aqui:

Nuus
Stad Windhoek gesels oor hevestigingspogings na kitsvloede

Nuus

Play Episode Listen Later Jan 7, 2025 0:37


Oorstromings wat die naweek deur swaar reën veroorsaak is, het talle inwoners van Windhoek se informele nedersettings dakloos gelaat. Die gebiede wat die swaarste getref is sluit in Otjomuise in die Khomasdal-kiesafdeling, asook Goreangab en Havana in die Samora Machel-kiesafdeling. Lydia Amutenya, woordvoerder van die Stad Windhoek, het aan Kosmos 94.1 Nuus gesê planne vir die hervestiging van slagoffers en inwoners in gevaar word oorweeg. Die hervestigingsplanne sal afhang van verskeie faktore, soos beskikbare hulpbronne, geskikte alternatiewe behuising en insette van die geaffekteerde gemeenskappe. Amutenya het meer.

Convidado
Museu Mafalala: o guardião da história do mais icónico bairro de Moçambique

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 14, 2024 14:22


O Bairro da Mafalala é uma zona histórica, berço de resistências políticas e culturais. Daqui saíram os antigos presidentes moçambicanos Samora Machel e Joaquim Chissano, o futebolista Eusébio, os escritores José Craveirinha e Noémia de Sousa, e tantas outras personalidades, algumas das quais retratadas em murais pelo bairro. Em 2019, nasceu o Museu Mafalala que tem promovido actividades para continuar a dinamizar a história deste bairro. Fomos à descoberta deste “caldeirão cultural” com Ivan Laranjeira, o director do museu. Bem-vindos ao Museu Mafalala, no coração de Maputo. Um labirinto vibrante de vozes, pessoas e cores que sobressaem das ruelas e becos, barracas e bancas, casas precárias com chapas de zinco e alguns murais a homenagearem personalidades locais. Aqui vivem cerca de 20 mil pessoas de diferentes etnias e religiões.Estamos no Bairro da Mafalala, uma zona histórica que foi - e é - berço de resistências políticas e culturais. Daqui saíram, por exemplo, os antigos presidentes moçambicanos Samora Machel e Joaquim Chissano, o futebolista Eusébio, os escritores José Craveirinha e Noémia de Sousa.Ainda hoje, o bairro continua a ser um caldeirão cultural que cozinha páginas de história e, para as concentrar, nasceu, em 2019, o Museu Mafalala, dirigido por Ivan Laranjeira, um filho do bairro, que nos levou por caminhos inesperados até aos murais de homenagem às persononalidades históricas.Ivan Laranjeira resume que o bairro é que é o museu e o museu que ele dirige é simplesmente o guardião da memória que acolhe exposições, actividades culturais e uma biblioteca. É neste edifício que conversámos sobre a importância da Mafalala para o país.RFI: O que é o Museu Mafalala?Ivan Laranjeira, Director do Museu Mafalala: O Museu Mafalala é um centro de interpretação, é um lugar onde as pessoas podem interagir com a história do bairro da Mafalala e podem, sobretudo, ter um contacto nas várias épocas em que o bairro e a cidade foram evoluindo. Ter uma noção mais concreta daquilo que é a história da Mafalala e das pessoas e das personalidades que daqui saíram.Quais foram essas personalidades que daqui saíram? Há muitas importantes para a história de Moçambique e algumas estão representadas em murais aqui no bairro...A Mafalala é orgulhosa em dizer que produziu dois presidentes de Moçambique, Samora Machel e Joaquim Chissano, um primeiro-ministro Pascoal Mucumbi, o maior jogador de futebol de todos os tempos, Eusébio da Silva Ferreira, os maiores músicos e poetas de Moçambique, casos de Fany Mpfumo, de José Craveirinha, Noémia de Sousa, Rui de Noronha e o toureiro Ricardo Chibanga. Todos da Mafalala para mencionar alguns porque é uma lista interminável e até hoje o bairro continua a produzir grandes personalidades do país, gente que cria tendência e que ajuda a criar este orgulho da moçambicanidade.Como é que se explica que haja esta efervescência que faz com que daqui saiam estas personalidades que vão marcar a história de Moçambique? Penso que tem muito a ver com a característica do próprio bairro. É um autêntico caldeirão cultural. Temos aqui gente de toda a parte de Moçambique, da região austral, da costa suaíli, pessoal de Zanzibar, das Comores. Isto contribui imenso para a forma de ser, de estar do bairro da Mafalala e para a capacidade inventiva e criativa dos que aqui vivem. Tudo isto foi sempre assim ao longo dos anos e dos tempos e continua a ser sempre uma referência, a Mafalala, por ser também o único bairro na periferia que dialoga com o centro e com o resto. Portanto, a sua localização também é estratégica e faz com que toda a gente queira cá estar. Isto contribui para a miscigenação e dessa miscigenação cria-se este sentido de nação e criam-se também grandes homens.Esses grandes homens marcaram a resistência. Este bairro é conhecido por ter sido também um foco de resistência contra o colonialismo e eu queria que fôssemos à história do bairro…Nós temos dois grandes momentos políticos na história de Moçambique: um que é a queda do Império de Gaza, no final do século XIX, e outro que é a criação da Frente de Libertação de Moçambique em 1962. Entre uma coisa e outra, há um hiato de perto de 70, 80 anos que é preenchido precisamente por estes movimentos que têm lugar na Mafalala, que são movimentos de consciência política, são movimentos nacionalistas, diria até proto-nacionalistas, que começam a discutir a ideia de Moçambique independente e de Moçambique como nação, que trabalham na questão da cidadania e dos direitos civis e influenciam uma geração mais nova que mais tarde cria a Frente de Libertação de Moçambique.Esse é que é o grande contributo da Malala para este processo independentista. Anos depois, quando começa a luta armada, o bairro também albergou aqui várias bases clandestinas do movimento de libertação e tem lugares que são históricos, que desempenharam um papel importante, sobretudo no 7 de Setembro [de 1974]. Temos aqui a Base Galo, que é uma base que teve um papel extremamente importante após a assinatura dos Acordos de Lusaka em 1974, em que há um levantamento de alguns colonos portugueses que não concordavam com a passagem do poder para a Frelimo e, nesse processo, há uma tentativa de golpe de Estado e é daqui da Mafalala que sai um grupo de guerrilheiros na clandestinidade, com a missão de apaziguar a situação. Só depois dessa missão é que o Presidente Samora Machel faz a viagem triunfal do Rovuma a Maputo e proclama a independência em Junho de 1975. Portanto, é um espaço que reverbera um pouco de história por todos os poros e que mantém viva essa tradição e esse orgulho. Esse é que é o grande contributo para o processo nacionalista, mas acho que o sentido de identidade, de moçambicanidade, é o grande contributo que a Mafalala faz para o processo anticolonial.Tantos anos depois, como é que nasce o museu?Nós, na verdade, achamos que o museu é o bairro, é o museu vivo. Esta instalação que aqui está é um centro de interpretação e de documentação, onde se pode interagir e ter um ponto de referência sobre aquilo que é a história da Mafalala. Nós começámos há 15 anos, a trabalhar no âmbito do património no seu todo. Desenvolvemos uma rota que é o “Mafalala Walking Tour”, onde vamos explicando e passando por vários pontos de interesse histórico e cultural do bairro da Mafalala. Falo das casas onde estas personalidades todas viveram, falo de lugares de convívio social e religioso, como mesquitas, igrejas, o campo de futebol e todos esses lugares que representam a história e a dinâmica social aqui da comunidade.A partir desse pressuposto, nós embarcámos num compromisso de preservar a história da Mafalala e de garantir o restauro, de certa forma, desse passado e legado histórico. Isso contemplou acções para o reconhecimento do bairro como sendo um conjunto patrimonial histórico e protegido da cidade de Maputo - fizemos isso em 2016 - e mais tarde, a própria construção do museu que iniciou em 2018 e concluímos em 2019. Portanto, o museu já tem cinco anos de vida, é uma criança que já fala, que está para entrar para a escola primária e que tem muitos sonhos e ambições e que vê cada vez mais um futuro risonho a partir do trabalho que a gente desenvolve.Desenvolvem também actividades no próprio museu, não é?Sim, sim, claramente. O museu é uma infra-estrutura ecléctica, tem aqui vários serviços disponíveis para a comunidade e não só. Tem a componente de museu, temos uma galeria de arte onde recebemos vários artistas. Temos um espaço para concertos, música, teatro, dança. Temos uma biblioteca e temos igualmente um restaurante e um serviço de acomodação. As pessoas podem-se hospedar aqui. Estamos também no booking.com - passo a publicidade - e estamos no mundo, não é? Há muitos grupos de turistas, de pessoas interessadas em conhecer a Mafalala e ter uma experiência no bairro, que vêm e hospedam-se aqui no museu. Temos também muitos pesquisadores que vêm cá com interesse de estudar a Mafalala e outros temas que também vêm e se hospedam cá. Há muitos artistas que vêm em residência e ficam cá também para se inspirar. Nós, como museu, também damos alguma orientação nesse sentido. É um espaço que é transversal naquilo que é a sua missão e naquilo que é a possibilidade de acolhimento que a gente dá.Além de ser um bairro muito vivo pelas pessoas, pelas crianças, pelos ruídos, pelos cheiros, também é muito apelativo pelas cores e pelos murais. Como foi o processo de criação dos murais?Nós temos um projecto que é o Mafalala Artivismo e é um projecto que surge no âmbito da ideia de garantir e manter viva a memória do bairro da Mafalala. A Mafalala é este lugar com muita história, é um lugar culturalmente rico, com heróis moçambicanos que por aqui passaram, mas ao andar pelo bairro, nós não temos nenhuma referência, nenhum símbolo, nenhum monumento que personifique essa história, esse passado cultural importante.Como museu, como associação Iverca, nós iniciámos um trabalho com a comunidade, que era precisamente o Mafalala Artivismo em que convidávamos artistas plásticos para dialogar com a comunidade sobre o que é que a Mafalala representava para esta comunidade. As pessoas diziam que a Mafalala é um lugar de craques da bola, é um lugar da marrabenta, é um lugar de diversidade cultural, é um lugar de poetas, de revolucionários e por aí fora. Com cada uma destas respostas nós assumimos um compromisso de fazer intervenções artísticas em espaços públicos que pudessem reflectir este sentimento da comunidade. Estas intervenções seriam, então, os nossos monumentos informais. Nós fizemos até ao momento três murais.Temos o Mural dos Poetas, que tem lá representados José Craveirinha, Noémia de Sousa, Rui de Noronha e João Albasini, e que muito recentemente, em 2022, foi restaurado por ocasião dos 100 anos de José Craveirinha. E depois fizemos um mural que é o mural do desporto, em que temos representado o Eusébio, o Hilário da Conceição, o Arsénio Esculudes e o Ricardo Chibanga. Este mural está localizado precisamente no campinho da Mafalala e também reflecte esta heroicidade do desporto e dos desportistas aqui da Mafalala que é uma cultura que se mantém bastante viva. Finalmente, fizemos uma ode às mulheres e, sobretudo, a esta diversidade cultural que está presente no bairro e que se reflecte muito na cultura macua da ilha de Moçambique. Este mural é uma pintura do Tufo da Mafalala.Todos estes murais têm curadoria do museu Mafalala e foram um processo participativo em que a comunidade também deu a sua opinião, tendo sido colocados estrategicamente em zonas também simbólicas que representam muito para o conteúdo que aí está.Agora, estes murais, para além deste papel simbólico e cultural, têm igualmente um papel ambiental e urbanístico muito grande porque à volta deles o ambiente muda, transforma-se para o positivo. Escolhemos de propósito os lugares que eram degradados e , a partir do momento em que houve esta intervenção, ganharam vida, temos pequenos negócios à volta, tornaram-se lugares de referência, as pessoas concentram-se, juntam-se aí. Então, é um ganho a dobrar naquilo que é a missão da arte. E a arte cura, não é? Sentimos que, de certa forma, este objectivo foi alcançado.

Convidado
Moçambique: Eleitores afluem às urnas “faça sol ou faça chuva”

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 9, 2024 12:10


Os eleitores moçambicanos votam, esta quarta-feira, nas eleições gerais. Muitos madrugaram, outros sonharam com o voto, uns votam pela primeira vez e alguns agradecem ainda poderem votar. “Eu não quis perder isto por nada! Faça sol ou faça chuva! Com ou sem bebé às costas”, resumiu uma jovem mamã. Ainda as mesas de voto não tinham aberto e já se faziam filas na Escola Secundária Josina Machel. Os eleitores fizeram questão de madrugar para ir exercer o seu direito de voto. Foi o caso de Vasco, de 57 anos, o primeiro a chegar às 4h30 da manhã, ainda a escola estava fechada. Duas horas e meia depois, Vasco leu um bom pedaço do livro que tem nas mãos.Eu fui o primeiro a chegar. Cheguei às quatro e meia, ainda não estava ninguém, estava tudo fechado, depois apareceu a polícia e apareci eu! Estou aqui a ler para ver se o tempo passa rápido. Estas eleições representam uma viragem, estamos a sair de um determinado ciclo de governação para um novo. Teremos um novo Presidente, seja ele qual for, teremos uma assembleia totalmente diferente e nova. É uma viragem completamente grande.Na linha da frente de uma das filas, está Jean Claude, de 22 anos, que vai votar pela primeira vez em eleições gerais, num país onde cerca de 80% da população tem menos de 35 anos.Esta é a primeira vez que voto em eleições gerais. O voto é importante porque ajudará na definição dos próximos cinco anos de governação do nosso país. Espero que o candidato que for eleito seja um candidato que apoie os jovens, dê mais oportunidades e que os próximos cinco anos sejam anos que possam ajudar a defender uma geração inteira para que possamos desenvolver Moçambique.A afluência à Escola Secundária Josina Machel foi-se acentuando durante a manhã, mas mais vale esperar sentada e foi o que fez Josina Nachaqui, 60 anos. Chegou às cinco da manhã e não pregou olho durante a noite porque só pensava em ir votar.Quando dormia só sonhava em vir aqui votar ! Eu estou feliz hoje! Estou feliz por votar!Com tantos eleitores, havia alguma descoordenação para se saber onde votar. De bebé de nove meses nas costas e uma menina de dois anos a passear por entre as dezenas de pessoas, Andreia Cossa, 34 anos, procurava a sua mesa de voto com um ar meio perdido, mas estava mais motivada que nunca. Nem a chuva, que acompanhou a abertura das urnas, fez Andreia esperar para ir votar.Não quis perder esta oportunidade. Acho que é importante também para mostrar à nossa geração que a decisão do nosso país está nas nossas mãos. Então não quis perder isto por nada! Faça sol, faça chuva, com bebé nas costas ou não, estou aqui!Também feliz estava a antiga primeira-dama, Graça Machel, que foi esposa do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, e que votou na Escola Secundária da Polana.É um sentimento de dever cumprido. Faz parte da nossa escolha. Daquilo que nós queremos que seja o futuro, em particular dos nossos filhos, dos nossos netos e bisnetos. Por isso, eu estou feliz de ter vivido o suficiente para, mais uma vez, exercer este direito.Para acompanhar estas eleições há 11.516 observadores nacionais e 412 observadores internacionais, incluindo Missões de Observação Eleitoral da União Europeia, da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, da União Africana e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, entre outras organizações.Há, também organizações da sociedade civil, como o Conselho Nacional da Juventude que tem 500 observadores mobilizados em todo o país neste dia eleitoral. Um deles é Alexandre Mano, que encontrámos na Escola Secundária da Polana e falou em “afluência massiva às urnas”, maior do que nas eleições precedentes.Também a observar na Escola Secundária da Polana está Sheila Massuque, da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, que nos descreveu uma abertura das urnas "ordeira" .Há mais de 184.500 membros de mesas de voto, distribuídos pelos 154 distritos do país e fora do país. Em Moçambique, no dia da votação, vão funcionar 8.737 locais de voto e no estrangeiro 334, correspondendo a 25.725 mesas de assembleia de voto em território nacional e 602 assembleias no exterior, cada uma com sete elementos.Mais de 17 milhões de eleitores são chamados às urnas, incluindo acima de 300 mil recenseados no estrangeiro para escolher o Presidente da República, as assembleias provinciais e respectivos governadores, bem como 250 deputados da Assembleia da República. Na corrida à presidência, estão quatro candidatos: Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, no poder; Ossufo Momade, apoiado pela Renamo, principal partido de oposição; Lutero Simango, apoiado pelo MDM, terceira força parlamentar; e Venâncio Mondlane, apoiado pelo Podemos, sem representação parlamentar.

Africanist Press Podcast Service
African History Series: Samora Machel and the Struggle for Mozambique

Africanist Press Podcast Service

Play Episode Listen Later Jul 21, 2024 24:07


Samora Machel was the first President of Mozambique, serving from the country's independence in 1975 until his untimely death in 1986.  A leading figure in the struggle for Mozambique's independence from Portuguese colonial rule, Machel played a significant role in FRELIMO's struggle for power in Mozambique.  As president, he embarked on socialist reforms and efforts to modernize Mozambique. However, his tenure was marked by economic difficulty, owing mostly to external interventions from the neighboring apartheid regime in South Africa, and a devastating civil war fueled by a western-backed insurgency led by RENAMO. In 1986,  Machel died in a mysterious plane crash in South Africa while returning to Mozambique from Zambia. Many accused  South Africa's apartheid government for the plane crash, although apartheid leaders continuously denied any involvement or knowledge of the fatal incident.  This episode features an exclusive report and testimony of a former South African Special Forces operative who allegedly participated in planning the assassination of Samora Machel.  Material for this episode was adapted from the 2011 Journeyman Pictures documentary, “Was Samora Machel Assassinated by a Conspiracy?” 

Africa Daily
Are liberation movements still relevant in Africa?

Africa Daily

Play Episode Listen Later Jun 24, 2024 19:35


Today Alan Kasujja sits down with Dr.Philbert Komu from the University of Dar es Salaam and Dr. Gideon Chitanga of the University of Johannesburg in South Africa. They are discussing the role of former liberation movements in Africa's contemporary politics. Is their performance in line with the expectations of their nations? The conversation was sparked by the dismal showing of the African National Congress in South Africa's May 2024 elections. Others like Zanu-PF in Zimbabwe have also lost support over the years, relying on rural votes to remain in power. Although icons like Jomo Kenyatta, Julius Nyerere and Samora Machel are still celebrated to this day, Alan attempts to understand if their ideas still work.

Nuus
Samora Machel moet verdeel word, te veel mense

Nuus

Play Episode Listen Later Jun 14, 2024 0:36


Die Khomas-streeksraad stel voor dat die Samora Machel-kiesafdeling in twee verdeel word. Dit is omdat dit die grootste bevolking in die streek het, met meer as 92 000 inwoners. Khomas goewerneur Laura McLeod-Katjirua voer aan dat die groot bevolking dit moeilik maak om voldoende dienste te lewer. Sy sê die voorgestelde nuwe kiesafdeling moet Otto Nankudhu genoem word. Die goewerneur het 'n voorlegging gedoen aan die vyfde Grensafbakening-kommissie, gelei deur waarnemende regter Petrus Unengu.

Ciência
Em África "quando se fala em Clean Cooking, fala-se de mulher"

Ciência

Play Episode Listen Later May 28, 2024 7:39


Um terço da população mundial confecciona os alimentos com recurso a fogões rudimentares. Quatro em cada cinco pessoas em África utilizam fogões abertos e tradicionais a combustíveis poluentes, como carvão e lenha. A falta de acesso a uma confecção limpa de alimentos tem consequências na saúde, educação, clima e também na igualdade de género. A activista Graça Machel defendeu, em Paris, que as mulheres devem ser parte activa destas políticas e não meras receptoras ou beneficiárias.  Actualmente, um terço da população mundial confecciona os seus alimentos com recurso a fogões rudimentares. Quatro em cada cinco pessoas em África utilizam fogões abertos e tradicionais que funcionam a combustíveis poluentes, como carvão e lenha.A falta de acesso a uma cozinha limpa é a segunda maior causa de morte prematura em África, afectando principalmente mulheres e crianças de África subsaariana. Meio milhão de crianças e mulheres morrem prematuramente por ano em África por falta de acesso a energias limpas para cozinhar.Em África, por dia, em média, meninas e mulheres perdem duas horas para recuperar combustível, como carvão ou lenha, e três horas para confeccionar a comida, a situação afasta-as da escola, das perspectivas de futuro, e coloca-as em posições de grande vulnerabilidade a ataques e violações. Numa tentativa de colocar a Clean Cooking na agenda climática, a Agência Internacional de Energia promoveu em Paris, a meio deste mês de Maio, uma cimeira alusiva ao tema, onde foram arrecadados mais de 2,2 mil milhões de dólares em promessas de financiamento. A falta de acesso a uma confecção limpa de alimentos tem consequências para a saúde, educação, para o clima e também para a igualdade de género.A participar no encontro esteve activista Graça Machel que defendeu, em Paris, que as mulheres devem ser parte activa destas políticas e não meras receptoras ou beneficiárias. A mulher de Nelson Mandela, e antes do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, lembrou que no “continente africano, quando se fala em cozinha, fala-se de mulher. São as mulheres que cozinham.”É preciso olhar para a magnitude do problema que estamos a falar e, se o objectivo é 2030, a atribuição de recursos deve corresponder à magnitude do problema. É possível atingir esse objectivo em seis anos. Gostaria de sublinhar o facto de estarmos a falar de cozinha limpa, Clean Cooking. Por isso, todos têm de ter em mente quem cozinha. E, nestas discussões ouvimos falar de política, de sector privado... Mas o meu ponto principal são as próprias mulheres.Sim, precisamos de políticas e do sector privado, mas precisamos de reforçar a capacidade das próprias mulheres para que não se tornem meras receptoras, mas que participem activamente e absorvam as tecnologias que são necessárias. Portanto, uma perspectiva de género no desenvolvimento e na atribuição de recursos a nível global. Depois, passamos ao nível nacional. Nós, como mulheres africanas, estamos a colocar em cima da mesa a consideração de que queremos ser investidoras, empresárias, gestoras e queremos ser, obviamente, as clientes, aquelas que utilizam a tecnologia. Por isso, qualquer política de qualquer governo tem de ter o rosto das mulheres na construção da capacidade de resposta. Mais uma vez, tendo em conta a magnitude do problema, somos milhões de mulheres em cada um dos nossos países. Não podemos ser vistas como marginais, porque nem governo nem o sector privado serão bem-sucedidos sem nós. Para sermos bem-sucedidos, temos de incluir as próprias mulheres nestas diferentes categorias, em toda a cadeia de valor, para que as mulheres participem activamente. Clean Cooking, cozinhar com recurso a energias limpas, é essencialmente sobre mulheres, mulheres africanas, a maioria delas residentes em zonas urbanas, que são pobres e não podem pagar, outras nas zonas rurais que são ainda mais pobres. Alberto Maverengue Augusto, embaixador de Moçambique em França, sublinhou tratar-se de um tema extremamente importante para Moçambique. Ressalva que o país ainda carece de infra-estruturas, todavia têm vindo a ser dados passos para suprir as carências energéticas. Creio que é um tema extremamente importante para nós. Certamente que temos alguns desafios. Temos de ter energia suficiente.Estamos no processo de electrificação de todo o país. (...) Precisamos de mais barragens e de mais estradas.Na Cimeira Clean Cooking in Africa, cozinhar com recurso a energias limpas em África, foram mobilizados 2,2 mil milhões de dólares em financiamento e investimentos provenientes de fontes governamentais e do sector privado.

It's a Continent
Samora Machel's Legacy in Mozambique

It's a Continent

Play Episode Listen Later Oct 23, 2023 24:58


Samora Machel's legacy is rich and far reaching - he was a revolutionary leader, playing a vital role in Mozambique's road to independence. His work symbolised the end of Portuguese colonial domination, heralding a new era. We discuss Machel's upbringing, socialist policies and his suspicious demise in a plane crash. Follow us on IG: itsacontinentpod and Twitter: itsacontinent. It's a Continent (published by Coronet) is available to purchase: itsacontinent.com/book   We're on Buy me a Coffee too: https://www.buymeacoffee.com/itsacontinent Visit our website: itsacontinent.com Artwork by Margo Designs: https://margosdesigns.myportfolio.com Music provided by Free Vibes: https://goo.gl/NkGhTg Warm Nights by Lakey Inspired: https://soundcloud.com/lakeyinspired/... Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices

Archives d'Afrique
Au Mozambique, disparition du leader charismatique Samora Machel (7&8)

Archives d'Afrique

Play Episode Listen Later Sep 29, 2023 49:00


En cette année 1985, le Mozambique est au plus mal. Les accords de N'Komati signés quelques mois plus tôt n'ont pas permis de ramener la paix, et la guerre civile et son cortège de mutilations ont quasiment vidé le pays de sa population. Le développement promis lors de l'accession à l'indépendance semble bien loin au regard de cette famine qui frappe durement le pays. Au regard aussi de l'insécurité qui touche désormais la capitale Maputo.

Doings of Doyle
Something of Themselves, with Sarah LeFanu

Doings of Doyle

Play Episode Listen Later Sep 27, 2023 53:30


This episode, we welcome to the podcast biographer Sarah LeFanu whose wonderful book Something of Themselves: Kipling, Kingsley, Conan Doyle and the Anglo-Boer War was released in 2020. About Sarah LeFanu Sarah lives near Bristol in North Somerset and is a biographer whose subjects include the English writer and traveller Rose Macaulay; Samora Machel, the liberation leader and first president of Mozambique; and Marjorie Blandy, one of the early women who qualified as a doctor and who went to France in 1914 with the Women's Hospital Corps. More recently, Sarah added Conan Doyle to her growing list of subjects when he featured as one of three writers in Sarah's group biography, Something of Themselves: Kipling, Kingsley, Conan Doyle and the Anglo-Boer War, which was published in 2020 and the following year shortlisted for the prestigious Elizabeth Longford Prize for historical biography. She has recently completed an account of her research and writing of that book, which will be published in October this year - Talking to the Dead: Travels of a Biographer. https://sarahlefanu.wordpress.com/ Something of Themselves: Kipling, Kingsley, Conan Doyle and the Anglo-Boer War (Hurst Publishing, 2020) In early 1900, the paths of three British writers—Rudyard Kipling, Mary Kingsley and Arthur Conan Doyle—crossed in South Africa, during what has become known as Britain's last imperial war. Each of the three had pressing personal reasons to leave England behind, but they were also motivated by notions of duty, service, patriotism and, in Kipling's case, jingoism. Sarah LeFanu compellingly opens an unexplored chapter of these writers' lives, at a turning point for Britain and its imperial ambitions. Was the South African War, as Kipling claimed, a dress rehearsal for the Armageddon of World War One? Or did it instead foreshadow the anti-colonial guerrilla wars of the later twentieth century? Weaving a rich and varied narrative, LeFanu charts the writers' paths in the theatre of war, and explores how this crucial period shaped their cultural legacies, their shifting reputations, and their influence on colonial policy. (Source). You can buy the book here. Next time on Doings of Doyle Our return to Baker Street coincides with that of Sherlock Holmes in ‘The Adventure of the Empty House' (1903). You can read the story here: https://www.arthur-conan-doyle.com/index.php/The_Adventure_of_the_Empty_House Acknowledgements Thanks to our sponsor, Belanger Books (www.belangerbooks.com), and our supporters on Patreon and Paypal. Image credits: Thanks to Alexis Barquin at The Arthur Conan Doyle Encyclopaedia for permission to reproduce these images. Please support the encyclopaedia at www.arthur-conan-doyle.com. Music credit: Sneaky Snitch Kevin MacLeod (incompetech.com). Licensed under Creative Commons: By Attribution 3.0 License. http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ YouTube vide created by @headlinerapp.  

Archives d'Afrique
Samora Machel au Mozambique: les défis de l'indépendance (5&6)

Archives d'Afrique

Play Episode Listen Later Sep 22, 2023 49:00


Le 25 juin 1975, le Mozambique accède à l'indépendance. Samora Machel, l'ancien guérillero qui proclame l'accession du pays à la souveraineté internationale, hérite d'un territoire de plus de 9 millions d'habitants et d'une économie en ruine. 90% de la population est analphabète et les cadres manquent cruellement pour reconstruire la nation après le départ de la majorité des colons blancs. Une priorité s'impose : l'enseignement pour tous.

Archives d'Afrique
Samora Machel: la lutte indépendantiste au Mozambique à l'heure de la révolution des Œillets (3&4)

Archives d'Afrique

Play Episode Listen Later Sep 15, 2023 49:00


Au Mozambique, en cette première moitié de la décennie 70, le climat est particulièrement tendu entre les différentes communautés. Face à l'intransigeance et à la surdité de Lisbonne, les nationalistes sont plus que jamais déterminés à conquérir leur liberté par les armes. Tandis que les combats s'intensifient, un évènement va venir précipiter les choses : la révolution des Œillets et la chute de la dictature de Salazar au Portugal…

Archives d'Afrique
Au Mozambique, l'engagement nationaliste de Samora Machel (1&2)

Archives d'Afrique

Play Episode Listen Later Sep 8, 2023 49:00


Dans l'ambiance des indépendances qui se succèdent, le jeune Mozambicain Samora Machel est séduit par le combat. Le déclenchement de la lutte de libération en Angola en 1961, puis l'accession à l'indépendance du Tanganyika, vont l'amener à quitter la vie civile pour s'engager dans la lutte nationaliste. Qui est ce personnage qui ose défier ainsi le Portugal de Salazar ?

The Wheeler Centre
A Lifetime of Advocacy: An Evening with Dame Graça Machel

The Wheeler Centre

Play Episode Listen Later Jul 14, 2023 68:45


Dame Graça Machel is one of the world's leading humanitarians and political activists. She was the first Education Minister of Mozambique, the co-founder and deputy Chair of The Elders, and has spent decades fighting for the rights of marginalised communities, earning international recognition and accolades. In 2010 she established the Graça Machel Trust as a Pan-African advocacy organisation focused on child health and nutrition, education, women's economic and financial empowerment, leadership and good governance. She is also the only woman in modern history to have served as the First Lady of two countries, alongside Samora Machel and Nelson Mandela. At this exclusive World of Words event, Machel was in conversation with Dr Kudzai Kanhutu. Together they reflect on Machel's remarkable life and work, and her lifelong devotion to advocating for women's and children's rights. Donations to Dame Graça Machel's work Empowering and Educating African Women can be made via Rotary Australia here. This event was presented in partnership with Igniting Change and supported by the Melbourne City Revitalisation Fund, a Victorian Government and City of Melbourne partnership. It was recorded on Tuesday 6 June 2023 at the Wheeler Centre as part of World of Words. Featured music is Living in a Fantasy by Pulsed.Support the Wheeler Centre: https://www.wheelercentre.com/support-us/donateSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Cosmopod
The People's Republic of Mozambique with Colin Darch

Cosmopod

Play Episode Listen Later Jun 26, 2023 94:45


Rudy joins Colin Darch, author of several books on Mozambique and curator of Mozambique History Net for a discussion on Mozambique from the colonial period to the unraveling of the socialist period. We discuss Portuguese colonialism and the economic system the country had, the liberation movement FRELIMO with attention to its origins and its historical leader Eduardo Mondlane, before talking about Samora Machel, the first leader of an independent Mozambique. We discuss the Machel period and its achievements, and also what changes after Machel's death and Joaquim Chissano's take over.

50 anos de Expresso

O resumo das principais notícias de 1986, pela voz de Isabel Vicente, jornalista do Expresso. O texto é de José Cardoso, a edição do áudio pertence a João Martins e a sonoplastia a João Luís Amorim. A coordenação é de Mónica Balsemão e Joana Beleza. See omnystudio.com/listener for privacy information.

The Cadre Journal
Sowing the Seeds of Revolution: Samora Machel Speech Read Aloud

The Cadre Journal

Play Episode Listen Later Dec 27, 2022 22:21


We read the speech "Sowing the Seeds of Revolution" by Samora Machel, leader of FRELIMO in Mozambique. --- Support this podcast: https://anchor.fm/cadre-journal/support

Convidado
Moçambique: "para chegar à Paz é preciso negociar"

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 2, 2022 9:00


"O sistema democrático em Moçambique não pode funcionar com base na desconfiança", alerta o historiador moçambicano, António Sopa, lembrando que "ainda existe muita desconfiança entre os partidos políticos do país". RFI: Moçambique tem vários partidos políticos, mas podemos dizer que durante muitos anos foi bipartidário e que esta cultura de concentração de poder uma só figura advém do colonialismo ditatorial, da concentração de poderes que teve Samora Machel? António Sopa: Eu acho que era o modelo socialista da época, não havia outro não havia outra referência e a gente queria tirar uma imagem diferente do sistema colonial. Caímos depois no outro lado, mas hoje mudou mas as coisas concentraram-se aí. A Frelimo tem muita dificuldade nesta coisa de partilhar o poder, vai ser o extremamente difícil e os partidos da oposição são de uma fragilidade extrema. Acho que temos dois partidos porque todo o resto é mais ou menos um carnaval político, que não tem nenhuma expressão e serve um bocado para encher as páginas dos jornais. A Renamo, sem querer, é muito herdeira também dos métodos do partido Frelimo, muita gente saiu da frente entrou nesse partido. A máquina de funcionamento é muito semelhante. A Renamo é ofuscada pela Frelimo? Eu acho que a Renamo tem o seu espaço, e ainda não sabemos muito bem se as nossas eleições são realmente os votos são contados realmente ou não, mas acho que tem um espaço e tem o seu leque de aderentes e está presente. Mal ou bem são eles que realmente levantam às questões e as questões vêm para a rua e são batidas Mas, por exemplo, toda esta passagem agora dos últimos acordos entre a Frelimo e Renamo é muito difícil. É  um processo que vai vagarosamente e reflecte as muitas confianças que existem. O sistema democrático não pode ser nesta base e reflecte-se depois na desconfiança existe entre as pessoas. Isso reflecte-se na vida e condições que têm os habitantes de Moçambique? Eu acho que o cidadão percebe que tem de tratar da sua vida e que aquela ideia que a Frelimo, quando chegou que tratava da vida da pessoa desde nascer até morrer e isso acabou, hoje ninguém apoia ninguém. Todo o apoio social desapareceu porque era colonial, mas não foi criado praticamente nada para substituir. Portanto, hoje, um cidadão que é pobre enfrenta as mesmas condições e os mesmos problemas qu e um cidadão rico.. em relação à farmácia pagam medicamento pelo mesmo preço. As pessoas sabem que têm que sobreviver de qualquer maneira. Eu acho que muitos problemas sociais que existem em Moçambique são o resultado desta insegurança que as pessoas têm, tem que lutar pela vida e não sabe o que é que pode acontecer amanhã. O que é que mudou em 50 anos? Eu acho que é uma coisa que a gente às vezes não tem consciência, mas que está presente... é que o país é gerido por moçambicanos e muitas vezes não temos consciência disso, mal ou bem são os moçambicanos que estão à frente das coisas. Moçambique é um Estado soberano. Sim é isso. E essa é grande conquista que nós tivemos. Depois há toda uma serie de problemas, mas não quer dizer que não haja tensões para melhorar coisas dentro das instituições, existem, mas as coisas não são tão rápidas como nós queremos. Por que motivo é que não são tão rápidas é por causa desta concentração de poderes. A juventude do partido no poder, a Frelimo, quer que o Presidente Filipe Nyusi se mantenha com um terceiro mandato. Essa questão está em cima da mesa? Essa questão está sempre em cima da mesa, mas não é uma questão particular de Moçambique porque esta questão da mudança das lideranças impõe-se sempre com muita agoniza porque à volta das figuras há toda uma elite que funciona e que governa e sempre que essa figura muda é preciso criar outra vez uma nova estabilidade, com outras figuras. E isso é uma coisa muito complicada, muito demorada sempre que há eleições levanta-se essa questão. A questão aqui também é será que o partido no poder, a Frelimo, tem alguém preparado para suceder Filipe Nyusi? A Frelimo, bem ou mal, tem os melhores políticos do país. Podem existir confrontos internos para escolher a figura que vai ser apresentado, mas que figuras existem, existem, não não tenho dúvidas sobre isso. Uma revisão constitucional é solução? Acho que não há coragem para fazer isso. Não se sabe muito bem o que é que isso vai levantar em termos de oposições e ninguém terá muita coragem de levantar isto. Eu acho que, pelo menos desta vez, essa questão coloca-se para ver as reacções e as reacções na rua são sempre contra essa revisão constitucional. Filipe Nyusi herdou de uma guerra no norte do país, uma guerra que se tem vindo a prolongar há décadas e que se intensificou com ataques e violências cada vez mais recorrentes no último mandato do Presidente. Acho que foi um projecto que alguém montou para conseguir criar uma zona de influência e depois desembocou nesta guerra. Isto é uma guerra que penso que vai transcender o mandato do Presidente Nyusi e de quem vier a seguir. Vai ser uma situação muito complicada e não sei como é que vai evoluir, mas neste momento a situação não está controlada e os ataques continuam pequenos ou grandes. Isto gera instabilidade que não se quer. O projecto o gás vai para a frente quando houver estabilidade se não existir vai continuar a ser adiado. Como é que se pode chegar à Paz? Uma parte já está a ser lançadas as semente que é projectos de desenvolvimento. A zona norte foi sempre a zona que ficou mais atrasada. Quando o eixo económico da colónia se deslocou da ilha de Moçambique para Lourenço Marques, naquela altura, aquela parte ficou mais abandonada. É preciso dar-lhe um imput qualquer económico. A questão militar impõe-se e é preciso controlar com ordens militares... E está a ser feita com forças do Ruanda e da SADC... Mas falta uma coisa negociar com quem ? Quem são as figuras, não se vê ninguém, quer dizer falta essa componente não é para chegar à Paz é preciso negociar. Não sei como é que é possível fazer essa paz, não sei se alguém subterrâneo está a fazê-lo. Não sei se haverá algum também com algum empenho político em fazer esse diálogo porque são terroristas, logo isso à partida estabelece um distanciamento. Que terroristas são esses? Ali naquela zona há muita gente. África um é um continente poroso, as fronteiras existem, mas as pessoas circulam pelo continente. Aqui, sistematicamente, quase todas as semanas, são presos ilegais, pessoas que vêem não sei aonde, e que são presos. As fronteiras existem, mas as pessoas passam com uma facilidade incrível portanto há gente em todas as partes. Na semana passada, registaram-se incidentes em cinco distritos no norte de Moçambique, desde de ataques a veículos a escaramuças de pequena escala. Houve também sinais de alguma sofisticação técnica por parte dos insurgentes, foi avistado um drone em Pemba, e um dispositivo explosivo improvisado na N380. O historiador moçambicano António Sopa descreve um processo rápido e violento que gera reacções em cadeia.

BookRising
Radical Publishing Futures 1: Mkuki na Nyota

BookRising

Play Episode Listen Later Feb 20, 2022 61:50


In this episode, host Meg Arenberg chats with Walter Bgoya, towering Tanzanian intellectual, long time progressive publisher, and founder of the country's long-running independent press, Mkuki na Nyota (Spear and Star). Bgoya describes his early years as a publisher amid the radical ferment of Dar es Salaam in the 1970s and the porous boundaries between publishing, activism, and public intellectualism. As director of the parastatal Tanzania Publishing House from 1972 to 1990, Bgoya oversaw the publication of such influential anti-imperialist texts as Walter Rodney's How Europe Underdeveloped Africa, Agostinho Neto's Sacred Hope, Samora Machel's Establishing People's Power to Serve the Masses, and Issa Shivji's Class Struggle in Tanzania. He is also a founding member of the African Books Collective, a member-owned international distribution collective for African publishers across the continent. Joined by his son and successor, Mkuki na Nyota's Creative Director Mkuki Bgoya, midway through the interview, the discussion shifts to the press's more recent projects, the challenges and opportunities of the digital age, audio books, film adaptations, and the dynamic duo's ideas for strengthening independent publishing and building reading culture in Tanzania and across the continent.  https://mkukinanyota.com/ (https://mkukinanyota.com/) https://www.africanbookscollective.com/ (https://www.africanbookscollective.com/) Meg Arenberg is the Managing Director of the Radical Books Collective and the host for their BookRising podcast.

Plane Crash Diaries
Episode 26 - VOR confusion in 1986: The Tupolev crash that killed Mozambique President Samora Machel

Plane Crash Diaries

Play Episode Listen Later Feb 5, 2022 28:08


This is episode 26 and we're focusing on one of the most conspiracy-theory speckled accidents in history, the October 1986 crash of a Tupolev TU-134 jetliner that was carrying Mozamibican president Samora Machel. 37 of the 43 aboard died. To say that the accident is shrouded in controversy is a bit like asking if Vladimir Putin thinks he's Catherine the Great. Affirm. This is one of those incidents where correlation does not prove causation unless of course you're prone to conspiracy theories. A lot that could go wrong during a flight did on the Tupolev that day and it led to the death of a man who was a symbol of post-colonial rebellion. This amplified the conspiracy theory avalanche of course and has driven folks into paroxysms of perpetual pontification. The plane deployed to transport Mozambique's president that October day was a Tupolev manufactured in 1980 – registration C9-CAA. It had flown about 1,100 flying hours since it rolled off the production line and had undergone its last major inspection in August 1984 in the Soviet Union. The number of flight crew on the deck was substantial and they were all Russian. The Tupolev operated with a crew of five, which on the night of 19th October 1986 included 48 year old Captain Yuri Viktorovich Novodran, co-pilot 29 year-old Igor Petrovish Kartamyshev, flight engineer 37 year-old Vladimir Novolesov, navigator 48 year-old Nikolaevich Kudryashov and 39 year-old radio operator Anatoly Shulipov. The crew was experienced in Africa aviation as had logged many landings at Maputo Airport both day and night. Judge Cecil Margo chaired the six member body and the hearings were public between January 20th and 26th 1987. He'd soon chair another investigation into the crash of South Afrcan Airways flight 295 in 1988 – the Heidelberg accident we heard about in an earlier episode. The Machel inquiry rapidly threw out any suggestion of a bomb causing the crash and found that the 37 degree turn was initiated by the navigator using the autopilot's Doppler navigation mode. That's crucial. He did so because he saw a VOR signal indicating that the aircraft had intercepted Maputo's VOR 45 degrees radial which is its compass direction from Maputo which the crew needed to intercept in order to approach to land on runway 23.

East Side Freedom Library
Samora Machel: The Struggle Against Colonialism

East Side Freedom Library

Play Episode Listen Later Nov 24, 2021 95:40


The East Side Freedom Library invites you to Samora Machel: The Struggle Against Colonialism, featuring Allen Isaacman and Barbara Isaacman authors of the new book, SAMORA MACHEL: A LIFE CUT SHORT, in conversation with Rose Brewer and August Nimtz, Jr. Samora Machel (1933–1986), the son of small-town farmers, led his people through a war against their Portuguese colonists and became the first president of the People's Republic of Mozambique. Machel's military successes against a colonial regime backed by South Africa, Rhodesia, the United States, and its NATO allies enhanced his reputation as a revolutionary hero to the oppressed people of Southern Africa. In 1986, during the country's civil war, Machel died in a plane crash under circumstances that remain uncertain. Allen and Barbara Isaacman lived through many of these changes in Mozambique and bring personal recollections together with archival research and interviews with others who knew Machel or participated in events of the revolutionary or post-revolutionary years. Allen is the Regents Professor of History at the University of Minnesota and Extraordinary Professor at the University of the Western Cape in South Africa. He is the author of seven books exploring African history. Barbara Isaacman is a retired criminal defense attorney in Hennepin County. She worked with the Mozambican Women's Movement and taught at the law faculty of the Universidade Eduardo Mondlane while living in Mozambique in the late 1970s. Rose Brewer and August Nimtz, Jr., are models of scholar-activists. Dr. Brewer is Morse Alumni Distinguished Teaching Professor in the Department of African American and African Studies at the University of Minnesota. She has won many teaching awards, has worked on curricular transformation, and has published widely in both academic and activist platforms. Dr. Nimtz is a Professor of Political Science and African American and African Studies at the University of Minnesota. He has published widely in African American political thought, and he has been active in building bridges between local communities and Cuban activists. View the video here: https://youtu.be/pp_6S5dV1fk 0 Comments

BGlocal Podcast
What's in a language - "Kill the tribe to build the nation?"

BGlocal Podcast

Play Episode Listen Later Nov 1, 2021 40:10


Africa has over 1000 native languages (some are on the verge of extinction) and because of colonialism European languages are also spoken. Our multilingual guest speakers Bagou (Guinea, Conakry), Nzinga (Angola) and Wilson (Mozambique) helped us tackle this topic. In this episode, we tackle the importance of learning one's local language and why these shouldn't be repressed in modern day Africa. We also discuss two opposing concepts that illustrate the role of language; "Kill the tribe to build the nation" by Samora Machel (signifying unity) or "We shall return" by Agostinho Neto (signifying identity). You can find this episode on youtube, please subscribe, share, like and comment. https://youtu.be/LgKgfForPks

You're the designer of your life
• Do women expect a chivalrous man in 2021 without them as women having traditional values? Allflavasradio show 64

You're the designer of your life

Play Episode Listen Later Nov 1, 2021 119:57


It is WORLD PAEDIATRIC BONE AND JOINT DAY, We speak on Samora Machel, Born: September 29, 1933Mozambique Died: October 19, 1986 (aged 53) our special guest is Targae and we ask the questions: Do women expect a chivalrous man in 2021 without them as women having traditional values? Can you live without WhatSaap? Join in on the conversation at: Radio station: https://allflavasradio.com Here at “ALL FLAVAS RADIO” we provide a variety of musical genres, breaking news, current affairs and live interviews from around the world. ” Yes a new community to radio!” Why Not? We were tired of the way in which radio stations structure their shows and decided to recruit DJ's and Presenters from around the world to schedule live shows, reaching a global audience and bringing different cultures together. Presenters Natasha John-Baptiste AKA @wimbo77 https://www.instagram.com/wimbo77/ https://www.onethingabouthistory.com @naturally_lele https://www.instagram.com/naturally_l... --- Send in a voice message: https://anchor.fm/onethingabouthistory/message

The History Hour
The Greenham Common women's peace camp

The History Hour

Play Episode Listen Later Oct 23, 2021 50:12


The anti-nuclear weapons protest began in 1981 and lasted nineteen years. Also the first transgender priest in the Church of England, WW2 Polish refugees in Africa, plus why lesbian mothers caused such a stir in the 1970s and was the untimely death of Mozambique's President Samora Machel an assassination? Photo: Women from the Greenham Common peace camp blocking Yellow Gate into RAF Greenham Common , 1st April 1983 . (Photo by Staff/Reading Post/MirrorpixGetty Images)

church england africa mozambique greenham common peace camp samora machel greenham common women photo women
Witness History
The Mysterious Death of Samora Machel

Witness History

Play Episode Listen Later Oct 19, 2021 9:07


When the socialist leader of Mozambique and some of his senior advisers were killed in a plane crash on the border with South Africa, many were suspicious. It was October 19th 1986 and the two countries were divided over Apartheid. The plane made a sudden direct turn straight into a range of mountains, and one of the air crash investigators at the scene, Dr Alan Diehl, told Rebecca Kesby there are reasons to suspect the plane was deliberately diverted off course. (PHOTO: The socialist leader of Mozambique Samora Machel delivers a speech. Credit: Getty Images.)

Convidado
Convidado - Moçambique continua à espera da missão da SADC e sociedade civil interroga-se

Convidado

Play Episode Listen Later Jul 23, 2021 11:10


Praticamente duas semanas depois da chegada do contingente de cerca de mil homens enviados pelo Ruanda no intuito de apoiar as forças moçambicanas no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, e quando já se passaram vários dias desde a data em que supostamente deveriam ter chegado a totalidade das forças da SADC, sem que até ao momento tal tenha acontecido, o governo moçambicano reiterou nesta quinta-feira que está disponível para a sua chegada. Ao informar que uma "equipa de avanço" dessas forças já se encontram no terreno na óptica de preparar a sua missão, o Ministério moçambicano da Defesa garantiu que quando o efectivo militar da SADC desembarcar, a população vai tomar conhecimento, por se tratar de um contingente numeroso. Apesar de não haver dados exactos e oficiais, sabendo-se apenas que a missão tem uma duração inicial de 3 meses e que é orçada em 12 milhões de Dólares, peritos militares avançam que os efectivos da força regional poderiam elevar-se a três mil homens. Além disso, pouco mais se sabe. A sociedade civil tem colocado as suas interrogações sobre o perímetro de acção das forças estrangeiras, quem vai pagar e quais os interesses em jogo. Tal é o caso nomeadamente sobre a presença ruandesa no terreno. João Feijó, investigador e coordenador do Conselho Técnico do Observatório do Meio Rural em Maputo considera que ao envolvimento de Kigali nesta problemática, não estará alheia a defesa dos interesses franceses. "Há relações antigas (entre Moçambique e Ruanda), no tempo de Samora Machel, houve uma colaboração militar, mas uma coisa de curta duração", recorda o estudioso para quem "o surgimento do Ruanda, pode ser entendido no quadro de uma relação tripartida entre Moçambique, a França e o Ruanda, na sequência da interrupção do projecto da Total em Afungi." Na óptica do investigador, "o que poderá acontecido, cruzando um conjunto de factos nomeadamente a visita do Presidente Macron e do Presidente Nyusi ao Ruanda, juntamente com os encontros que aconteceram em França entre o Presidente de Moçambique e o Presidente francês, inclusivamente as reuniões que aconteceram com a Total, é que a solução encontrada para garantir a segurança do projecto económico da Total em Afungi passa pela utilização do exército ruandês". João Feijó julga que "o mais provável é que o exército ruandês tenha sobretudo como função 'limpar' a zona ali à volta do projecto de Afungi, estender o perímetro de segurança e garantir a viabilidade do projecto económico". Ao sublinhar que não foi dada informação prévia sobre a chegada das tropas ruandesas, o estudioso considera que "esta decisão implicaria a consulta da Assembleia da República e do Conselho de Estado que nunca se reuniram. Nunca houve apresentação. Ficou-se a saber desta decisão, sobretudo através do estrangeiro e através de um comunicado que o Presidente Nyusi depois fez em Mueda perante antigos combatentes e as forças de segurança que foi depois transmitido pela TVM, mas não há informação sobre este assunto". Para João Feijó, a decisão de recorrer ao apoio das tropas ruandesas "merecia ser melhor escrutinada, nomeadamente quem vai pagar, qual é a respectiva missão, a quem vão ser atribuídas responsabilidades, qual é o grau de autonomia, quem é que comanda isto", o investigador focando igualmente a sua atenção sobre a questão da contra-insurgência militar. A seu ver, "era suposto que numa altura em que se vão intensificar estas operações contra o terrorismo, que estivesse já preparado no terreno todo o aparato para acções de contra-insurgência, de desenvolvimento económico e de assistência humanitária a populações que se prevê que nos próximos dias vão fugir dali. Era suposto que por exemplo, a ADIN (Agência de Desenvolvimento Integrado da Região Norte), estivesse a fazer uma grande publicidade das suas acções no terreno de forma a diminuir a pressão sobre as populações porque o que vai acontecer com isto é o aumento do ciclo vicioso da violência". Relativamente à ausência da Tanzânia que em Maio deixou claro que não participaria em nenhuma força regional e que, segundo o ACNUR, entre Janeiro e Junho deste ano, repeliu pelo menos 9.500 refugiados moçambicanos que fugiam da violência, João Feijó refere que "atendendo ao facto de grande parte dos insurgentes serem tanzanianos", lhe parece que "a Tanzânia está a adoptar uma atitude de 'varrer' o problema para Moçambique, no sentido de conter a insurgência na margem sul do rio Rovuma e aproveitar esta oportunidade de instabilidade a sul para fazer avançar os seus projectos a norte." Quanto aos percalços que impediram até ao momento o começo efectivo e pleno da missão militar da SADC, o investigador salienta que "a África do Sul é a grande potência regional, é a grande força da SADC, é um país que tem o exército mais capacitado e é um país que há muito que tem interesses de segurança marítima na zona." Na sua óptica, esse país "pretende manter a sua influência regional e não viu com bons olhos naturalmente a chegada de um novo parceiro e de uma solução bilateral sem a SADC ter sido consultada." Recorde-se que Cabo Delgado, no norte de Moçambique, tem sido desde 2017 o palco de ataques de grupos armados que causaram mais de 2.800 mortos e 732 mil deslocados, segundo dados das Nações Unidas que tem tecido múltiplos alertas sobre a situação humanitária das populações que foram obrigadas a fugir das suas zonas de origem e que, salvo raras excepções, permanecem sem perspectivas claras sobre o seu futuro.

Soundcheck
Samora Pinderhughes Poetically Merges Art and Urgent Protest

Soundcheck

Play Episode Listen Later Jun 17, 2021 34:56


Composer, pianist, and vocalist Samora Pinderhughes writes urgent, poetic and immersive music that responds to the times and fits neatly into no genre, all while putting his heart right on the table. His large-scale projects frequently marry art song, protest song, and raw honesty. San Francisco-born Samora Abayomi Pinderhughes (named for the political leader in Mozambique, Samora Machel) is committed to liberation and art as a foundational part of movement-building, on a similar path of artists from Fela Kuti to Nina Simone, Pete Seeger, and Miriam Makeba. Samora hears music everywhere, and his work often weaves poetry, music, and theatre together as he addresses big ideas like prison reform, racial capitalism, and police brutality in his lyrical and direct radical songwriting. He studied composition at Juilliard, and also worked with the late pianist and educator Frank Kimbrough, who emphasized to him that the “inner voices are where the tension is at,” which could be applied to both piano arrangements as well as his art. Pinderhughes gravitates toward “take my heart and put it on the table” artists like Thom Yorke and Bjork, as he is also exploring the sonority of Martin Luther King Jr. and Malcolm X's speaking voices and what the voice can reveal. For him, singing was an accident, because he loved to write. Lately, he has written for string quartet (Grief) and incorporated recorded speech as he recast “The Star-Spangled Banner”, in addition to poignant and beautiful raw songs like “Process” and “No PLCE.” Samora Pinderhughes joins us remotely to perform recent work from his Black Spring EP, along with new work from his song cycle “Grief.” Set list: “Stare Straight Ahead,” “Gatsby,” “KillWar” "Stare Straight Ahead":  Pinderhughes is currently pursuing his PHD in Creative Practice and Critical Iniquiry with Vijay Iyer at Harvard and recently presented “Grief” – a Cycle of Abolitionist songs from Carnegie Hall's Voices of Hope, along with a recent appearance on The Kennedy Center's #ArtsAcrossAmerica exploring Music for Abolition. - Caryn Havlik "Gatsby": "KillWar": 

Fumaça
Maria Paula Meneses sobre os movimentos de libertação africanos e o 25 de Abril (É Apenas Fumaça)

Fumaça

Play Episode Listen Later Apr 22, 2021 73:48


Entrevista à historiadora Maria Paula Meneses, coordenadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Uma reflexão sobre o papel dos movimentos de libertação africanos em tempos de Guerra Fria e de como foram determinantes para que o 25 de Abril de 1974 tivesse derrubado a ditadura e o império portugueses. Dos “três D” proclamados pelo Movimento das Forças Armadas – Democratizar, Descolonizar, Desenvolver –, entende que Portugal nunca cumpriu o da Descolonização. Analisa também o apoio da Europa ao projeto colonial em África, cujo “último representante da supremacia branca era o regime sul-africano”. É por essa razão, defende, que a guerra foi tão longa e que “Portugal não podia sair de Angola e de Moçambique”. Ouve aqui. Ajuda-nos a ser o primeiro projeto de jornalismo português totalmente financiado pelas pessoas: https://www.fumaca.pt/contribuir See omnystudio.com/listener for privacy information.

Artes
Artes - Performance "Fé-Menina" marca dia da Mulher Moçambicana

Artes

Play Episode Listen Later Apr 6, 2021 11:13


Nesta quarta-feira, Moçambique assinala o dia da mulher moçambicana, na data do aniversário da morte, a 7 de Abril de 1971, de Josina Machel, esposa de Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique, mulher que se ilustrou como militante feminista e independentista que se envolveu na Luta Armada de Libertação Nacional. Para marcar esta data num contexto em que a covid-19 impõe limitações, a Fundação Fernando Leite Couto, em Maputo, programou a difusão no Facebook e na Youtube de uma performance intitulada "Fé-Menina", juntando textos das poetisas Melita Matsinhe e Hirondina Joshua declamados pela actriz Lucrécia Paco, conhecida do grande publico nomeadamente pela sua participação naquela que foi a primeira novela moçambicana "Nineteens". Nesta performance, é acompanhada pela cantora Lenna Bahule que se notabilizou pelo seu projecto musical, centrado sobre o trabalho da voz como instrumento musical, intitulado "Nômade". Em entrevista concedida à RFI, a jovem artista falou da sua prática em tempos conturbados e contou como nasceu a performance com Lucrécia Paco.

ShaneCast
Jay Arghh - Episode 11

ShaneCast

Play Episode Listen Later Mar 15, 2021 59:10


Kmk pessoal Recebi o Jay Argh aqui no Shanecast e a malta teve uma conversa muito dope a cerca da trajetória dele no music game desde os times da New Joint até a sua carreira a solo. Hope you guys enjoy it! Santorini Av. Samora Machel 393 +258843333503 Socials tt: @trashandsure insta: @allanshane Jay Argh Socials tt: @JayArghh_ insta: jr_newjoint facebook: Jay Arghh

ShaneCast
Nicko Journey - Episode 10

ShaneCast

Play Episode Listen Later Mar 10, 2021 68:44


Got to have a chat with Nicko Journey, this had been a long time coming we spoke about music, the game and many other things. Santorini Av. Samora Machel 393 +258843333503 Socials: tt: @trashandsure Insta: allanshane e-mail: allanshanem@gmail.com Nicko Journey tt: @nickojourney Insta: @rapkurt Youtube: @nickojourney

Creative + Cultural
280 - Jennifer D. Keene, Stephanie Takaragawa, and Prexy Nesbitt

Creative + Cultural

Play Episode Listen Later Feb 13, 2021 34:41


Jennifer D. Keene, Ph.D. is a professor of history and dean of the Wilkinson College of Arts, Humanities, and Social Sciences at Chapman University. She is a specialist in war and society studies, and has written extensively on World War I, especially on race relations and African American soldiers’ experiences. A past-president of the Society for Military History, Dr. Keene is also the lead author for an American history textbook, Visions of America: A History of the United States that uses a visual approach to teaching students U.S. history.Stephanie Takaragawa is Associate Dean of the Wilkinson College of Arts, Humanities and Social Sciences, and Associate Professor of Sociology at Chapman University. She is a cultural anthropologist and her research areas examine race, visual media and American culture broadly, with an emphasis on Asian American and Japanese-American identity issues. She was the co-directorof the Engaging the World: Leading the Conversation on Race series.Prexy Nesbitt holds the position of Presidential Fellow in Peace Studies at Chapman University. Born on Chicago’s West Side, “Prexy” (Rozell W.) Nesbitt has spent more than five decades as an educator, activist, and speaker on Africa, foreign policy, and racism. Prexy has had the honor of knowing and working for the late Dr. Martin Luther King, Eduardo Mondlane, Samora Machel and Mayor Harold Washington. Additionally, he has worked closely with Amilcar Cabral, Julius Nyerere, Nelson Mandela, and Graca Machel.Engaging the World: Leading the Conversation on the Significance of Race is a ten-part podcast series of informed and enriching dialogues to help us better understand our world – how we got here, who we are, and where we are going as a society. This series engages in conversations with scholars, artists, filmmakers, and activists to investigate racial inequality, systemic racism, racial terrorism, and racial justice and reconciliation. Through education, art, and storytelling, we can all learn to be allies and engage the world to help evolve to a place of compassion and social equity.Guest: Jennifer D. Keene, Stephanie Takaragawa, and Prexy NesbittHost: Jon-Barrett IngelsProduced by Public Podcasting in partnership with Wilkinson College of Arts, Humanities, and Social Sciences at Chapman University.

Artes
Artes - Fotógrafo Mauro Pinto integra livro "Atlântica: Contemporary Art from Mozambique and its Diaspora"

Artes

Play Episode Listen Later Dec 1, 2020 9:04


O fotógrafo moçambicano Mauro Pinto é um dos 14 artistas contemporâneos moçambicanos, seleccionados pela editora portuguesa Hangar Books, para figurar no livro "Atlântica: Contemporary Art from Mozambique and its Diaspora" lançado em Lisboa a 27 de novembro, ou a arte como "ferramenta de resistência e rebelião", um livro que associa artistas a investigadores e curadores "sinergias que podem alavancar mais as artes" segundo Mauro Pinto, que nos fala também das suas últimas exposições "Blackmoney" e "Dá licença". Um livro que reúne 14 histórias de resistência de artistas contemporâneos, em Moçambique e na diáspora, lançado na sexta-feira, 27 de novembo, em Lisboa, pela Hangar Books, para promover a visibilidade de um trabalho "ainda pouco conhecido" a nível internacional. Intitulado "Atlântica: Contemporary Art from Mozambique and its Diaspora" este é o segundo livro da editora Hangar Books - Centro de Investigação Artística, especializada em publicações no contexto das artes contemporâneas, o primeiro em 2019 foi dedicado a Angola e seguir-se-á um terceiro, dedicado a Cabo Verde e Guiné-Bissau, sempre com a referência "Atlântica". A obra, concebida e desenvolvida por artistas em conjunto com teóricos, curadores e investigadores, reúne o trabalho desenvolvido por uma seleção de artistas moçambicanos a viver dentro e fora do país, e ensaios de diversos formatos. Maimuna Adam, Filipe Branquinho, Jorge Dias, Ângela Ferreira, Gemuce, Eurídice Kala, Camila Maissune, Gonçalo Mabunda, Mário Macilau, Celestino Mudaulane, Félix Mula, Eugénia Mussa, Marilú Námoda e Mauro Pinto são os artistas moçambicanos representados. Os ensaios são assinados por curadores e investigadores portugueses e estrangeiros como Storm Janse Van Rensburg, Raquel Schefer, Álvaro Luis Lima, Alda Costa, Drew Thompson, António Pinto Ribeiro, Ana Balona de Oliveira, Afonso Dias Ramos, Nomusa Makhubu, João Silvério, Maria do Mar Fazenda, Rui Assubuji, Nkule Mabaso, Paula Nascimento, Dellinda Collier, Azu Nwagbogu, e Sihle Motsa. Mauro Pinto fala-nos ainda da recente exposição "Blackmoney" que esteve patente ao público até 9 de novembro na Galeria 111 em Lisboa, com fotografias de trabalhadores moçambicanos nas minas de carvão em Tete e de"Dà licença" uma exposição inaugurada a 11 de novembro na Fundação Fernando Leite Couto, em Maputo, onde ficará até 12 de dezembro, com imagens de interiores de casas no Bairro da Mafalala, em Maputo, um bairro popular icónico que foi berço de poetas como José Craveirinha e Noémia de Sousa, mas também de Eusébio, Samora Machel, Joaquim Chissano e muitos outros.    

Moments in South African History
Nelson Mandela & Africa

Moments in South African History

Play Episode Listen Later Jul 31, 2020 11:24


Ché Guevara, Amilcar Cabral, Agostinho Neto and Samora Machel. These are just some of the well-known freedom fighters with whom Nelson Mandela secretly trained in 1962 in northern Africa. There, they learnt the art of guerrilla warfare to liberate their countries. When Mandela was released from jail about 30 years later, he first revisited the continent to thank his African allies for their support and solidarity. Miranda Strydom and Angie Kapelianis compiled this feature on Mandela and Africa. Credits: Miranda Strydom, Angie Kapelianis, Habs Habedi, Danny Booysen and the SABC Media Library © SABC 2020. No unauthorised use, copying, adaptation or reproduction permitted without prior written consent of the SABC.

DW em Português para África | Deutsche Welle
25 de Junho de 2020 - Manhã

DW em Português para África | Deutsche Welle

Play Episode Listen Later Jun 25, 2020 19:54


45 anos de (in) dependência de Moçambique: Dos novos opressores à necessidade de reformas. Oposição moçambicana lembra que, 45 anos depois, continuam a faltar bens primários no país. Covid-19 trará recessão ao continente africano, mas também oportunidades.

Early Breakfast with Abongile Nzelenzele
Job creation during Covid-19

Early Breakfast with Abongile Nzelenzele

Play Episode Listen Later May 11, 2020 9:05


Local businessman, Sibu Dyums, has always been an innovator. Being robbed and paralyzed back in 2008 has not stopped him from living and working independently while in a wheelchair. He currently runs a small business in Samora Machel where he cleans bins. The Covid-19 pandemic has helped him shift his focus to creating a fully functioning business hub in Samora Machel.   Guest: Sibu Dyums, Local Businessman Topics: Job creation during Covid-19

The Michael Brooks Show
Teaser - 138(P) - Part 2: Revolution in Mozambique & Rhodesian Reaction ft. Brian Mier

The Michael Brooks Show

Play Episode Listen Later Apr 5, 2020 2:42


This is the free weekly edition of TMBS. To support the Michael Brooks Show on Patreon and receive hours of weekly members-only content, subscribe at Patreon.com/tmbs  Brian Mier of Brazil Wire joins us for part two of our discussion of the Portuguese colonization of Mozambique and life of Samora Machel. The struggle to remove the Portuguese colonial government. The enactment of Machel's education principles and the mobilization of Rhodesia's racist shock troops. RENAMO, the Heritage Foundation, and the fascist international. The ultimate corruption of FRELIMO.

The Michael Brooks Show
Teaser - 137(P) - Part 1: Portugal Colonizes Mozambique & Samora Machel ft. Brian Mier

The Michael Brooks Show

Play Episode Listen Later Apr 3, 2020 2:59


This is the free weekly edition of TMBS. To support the Michael Brooks Show on Patreon and receive hours of weekly members-only content, subscribe at Patreon.com/tmbs Brian Mier of Brazil Wire joins us to discuss the colonization of Mozambique and Samora Machel. The brutal Portuguese colonization model. "Non-renumerated labor," until 1961. The anti-colonial push. Where did Samora Machel come from and what was his approach to anti-colonialism?

Brasil-África
Brasil-África - Brasileira cria projeto para empoderar mulheres em favelas sul-africanas

Brasil-África

Play Episode Listen Later Aug 18, 2019 3:05


Inicialmente era só uma viagem para estudar inglês, em 2004. Mas a brasileira Mila Moreano, hoje com 46 anos, acabou ficando permanentemente na África do Sul. E o tempo mostrou que esta decisão fez (e tem feito) a diferença nas vidas dela e de centenas de mulheres pobres da Cidade do Cabo. Vinicius Assis, correspondente da RFI na África do Sul Mila diz sempre ter procurado fazer da solidariedade uma prática cotidiana. Na África do Sul, criou um projeto que ensina, além de corte e costura, empreendorismo a mulheres de comunidades carentes. Mas para fazer isso, a brasileira foi além dos cartões postais da paradisíaca cidade. “A desigualdade me incomoda e a África do Sul é o país mais desigual do mundo. A diferença entre o rico e o pobre é imensa. Para mim a fome era só uma estatística. Nunca tinha visto pobreza tão perto de mim até que uma aluna me disse que não comia há dois dias, estava só tomando chá”, disse a brasileira, que passou a lidar diariamente com gente que nem sempre sabia quando seria a próxima refeição. Além do mais, abusos sexuais e violência doméstica faziam parte da história de vida de praticamente todas as mulheres pobres com as quais Mila passou a ter contato.  O incômodo diante dessa realidade não a impediu de tentar empoderá-las. “Sou privilegiada e sinto que tenho obrigação de compartilhar o que tenho com quem tem menos do que eu”, completou. Ela nasceu em Paty do Alferes, interior do Rio de Janeiro. Jornalista por formação, trabalhou em redações de TV e rádio no Brasil. Até que em 2015 resolveu voltar a estudar e se tornar professora. Foi quando começou a fazer pós-graduação em Pedagogia especializada em Educação para Adultos na Universidade da Cidade do Cabo. Montou seu local de pesquisa em uma casinha feita com telhas de zinco na comunidade Samora Machel, que fica em Philippi, uma das áreas mais perigosas da Cidade do Cabo. Inicialmente ela dava só aulas de inglês (nem todas as pessoas de baixa renda neste país, onde existem 11 idiomas oficiais, são fluentes em inglês). Depois começou a mostrar um caminho profissional a essas mulheres que não tinham muita esperança de futuro melhor. Aprendendo juntas “Comecei a dar aulas de costura à mão. Depois eu levei duas máquinas que eu tinha na garagem. Sei pouco de costura, o básico. Fomos aprendendo juntas, pesquisando no youtube“, disse. As alunas treinam produzindo peças, como mochilas, roupas e cooking bags, usando coloridos tecidos tradicionais africanos. “Elas têm tantos talentos! Existe um conhecimento nato que só precisa ser incentivado. Basta uma chance. Sabem mais do que imaginam. Foram sempre tão oprimidas que nem acreditam nos resultados”, orgulha-se. Depois das aulas essas mulheres se tornam professoras e costureiras profissionais nas suas comunidades. “Quero que elas tenham todo o conhecimento de como gerenciar um negócio para que elas possam ampliar. Podem ter uma clientela no bairro onde moram, na escola do filho, na igreja. A costura não morreu! O pobre ainda costura muita roupa em casa, faz reparos. É mais barato”, lembrou. A brasileira lembra que, no início, todas essas mulheres estavam desempregadas. Hoje não dependem tanto dos maridos. E em alguns casos são essas mulheres que atualmente sustentam seus lares, já que a África do Sul tem hoje uma das mais altas de desemprego do mundo. A vantagem é que são incentivadas a trabalhar a maior parte do tempo em casa, sem o custo e os perigos de encarar transporte público todos os dias, tendo que passar por ruas escuras ao anoitecer. O grande desafio é fazê-las entender que precisam se ver como mulheres de negócios. Um grande avanço foi fazer com que elas abrissem suas próprias contas bancárias. No início, quando precisavam de uma conta para receber um pagamento usavam as dos maridos. Nem sempre havia a garantia de que todo o dinheiro chegaria realmente a suas mãos. “Quando uma delas fala para mim 'você quer que viremos mulheres de negócios, mas a gente nunca teve isso na nossa família', eu falo: não tem problema. Você vai ser a primeira! Eu as levo a feiras e bazares para que tenham contato com clientes, aprendam a calcular descontos, dar troco, mostrar as opções, calcular preços dos produtos. Assim eu tento dar uma noção geral para elas”, contou. Projeto já beneficiou centenas de mulheres O projeto foi batizado de Yes, We Can! (Sim, Nós Podemos!) e já beneficiou aproximadamente 500 mulheres nesses quase quatro anos de existência. Cresceu sem investimentos em ações de marketing. Foi tudo graças ao famoso boca a boca, com uma amiga falando para outra. As professores – que também um dia foram alunas da brasileira – agora têm cartões de visitas e panfletos para divulgar as aulas, que hoje custam cerca de R$25 por 4 horas. Praticamente um valor que só cobre o material usado na produção das peças que, depois, podem ser vendidas ou usadas por elas. Atualmente o escritório central funciona em um dos conteîneres de um complexo criado por fundações para desenvolver pequenos negócios na comunidade Philippi. A condição para se pagar um aluguel menor é, por mês, dar aulas a 10 mulheres de graça. O espaço já está pequeno. Das quase 15 máquinas, quatro foram doadas. As outras elas vieram comprando aos poucos, às vezes de segunda mão. As aulas também são dadas em bibliotecas públicas pela Cidade do Cabo. No fundo do conteîner onde funciona a sede ficam os tecidos e todos os outros materiais usados nas aulas e para a confecção das peças. É principalmente com a venda desses produtos que o Yes, We Can se mantem e Mila consegue fazer com que as seis professoras e principais costureiras ganhem cerca de 700 Rands por semana (cerca de R$ 180). “Quando elas recebem o dinheiro falam 'oh, vou comer frango hoje à noite', 'vou comprar o uniforme do meu filho', 'o sapato da escola', 'o pijama da minha filha'. Quando você empodera uma mulher está empoderando a família e a sociedade”, orgulha-se. Mas a brasileira faz questão de afastar de si o estigma de “estrangeira branca usando mão de obra barata negra”. Projeto pode virar ONG “Existe este estigma e tento quebrá-lo através do meu trabalho , mostrando que sou genuína. Não temos nada em consignação. Tudo pertence ao projeto. As costureiras são todas pagas. E elas estão sempre satisfeitas pelo valor pago pelo produto. Tenho a preocupação em pagar bem, pois é produto feito um a um, nao é série. Agora me incomoda que me vejam como o caixa eletrônico delas. Sou a gerente, criadora de um projeto que gera renda para essas mulheres. Mas elas estão aprendendo que isso não é uma empresa onde elas costuram, vendem e vão embora,” afirmou, se colocando numa posição de coordenadora e não de patroa. O projeto ainda é totalmente informal. Mila conta que estão amadurecendo a ideia sobre criar uma ONG. O fato é que o Yes, We Can! ainda não dá lucro para a brasileira, que tem um imóvel perto da casa onde mora e o aluga para turistas. Esta é sua princial fonte de renda. A dedicação ao projeto vai além do retorno financeiro, que um dia ela espera ter. “Tento pelo menos recuperar o que invisto, mas isso não me dá lucro. O que ganho coloco no negócio. A ideia é, sim, que eu consiga também ter uma retirada, que seja sustentável. Não estou fazendo caridade. É empoderamento e treinamento de mão de obra. Então eu também tenho que ser paga por isso. Vamos chegar lá. Só uma questão de tempo”, conta. O tempo também constrói a confiança necessária para este tipo de trabalho. “Negros africanos acham que todo branco têm dinheiro. Mas acho que é um aprendizado. Confiança vem através do tempo. Acho que por causa do passado na África do Sul não existe muita confiança. As pessoas estão sempre tentado uma passar a perna na outra, vendo quem tira mais vantagem. O mundo está virando uma selva! E a gente conversa sobre esses assuntos delicados nas nossas reuniões semanais”, disse. As lições são muitas e diárias para a brasileira, que não era expert em costura nem em negócios. “Elas me empoderam muito mais. Eu as empodero de uma forma muito real, com o dinheiro que vira comida, roupa, mas elas me ensinam muito a praticar a generosidade, ser paciente. E me faz bem saber que eu trago algum sentido para a vida de alguém, que eu acrescento. Nem que seja um pequeno legado, mas sei que minha vida nao foi em vão. A minha existência ajuda ouras pessoas a existir. Isso me traz satisfação pessoal”, conta antes de lembrar que o requisito para participar deste projeto é assumir o compromisso de passar adiante o que se aprende aqui. Essa é a missão do trabalho: fazer essas mulheres acreditarem que elas conseguem!

Africa Rise and Shine
Africa Rise and Shine

Africa Rise and Shine

Play Episode Listen Later Oct 19, 2018 58:58


TOP STORIES ON AFRICA RISE AND SHINE THIS HOUR... *** UN calls for release of hundreds of people abducted in South Sudan... *** Mozambique remembers late former President Samora Machel.... *** In Economics: Nigeria 's NNPC extends oil swap contracts by 6 months.... *** And I Sports: Athletics South Africa welcomes decision to delay IAAF gender rule......

Voices from SA
29: Dan Moyane-Broadcaster and Communications Executive

Voices from SA

Play Episode Listen Later Aug 22, 2018 60:43


Dan Moyane started his media career with the English-language service of Radio Mozambique in 1979 after fleeing South Africa, the security police on his tail. On returning from exile in 1991 Dan worked for independent Talk Radio 702. He has held a number of roles in South African broadcasting and is currently co-host of Morning News Today on eNCA four days a week. He is also head of Public Affairs for MMI Holdings. In this episode we chat about growing up in apartheid South Africa, the Soweto Uprising, the death of Samora Machel, the challenges facing post-liberation South Africa, the state of the ANC and racism in business.

200 Women: The Listening Ground by Westpac

Change is scary but often worth it. In fact for the world to move on, to be propelled forward, change is exactly what we need. Listen to inspiring women talk about the change we still need in terms of gender pay disparity, sexual assault, human rights and women in the workplace. Maybe it will inspire you to be the change that is needed. In this episode, you’ll hear from: Karen Mattison, an advocate for quality, flexible work arrangements for mothers. Alexandra Paul, an actor and environmental and animal rights activist whose activism has resulted in numerous arrests. Kyah Simon, a member of the Matildas, the Australian Women’s National Football Team. Lennie Goodings, who has worked in editorial roles for nearly 40 years at feminist publishing house, Virago. Louise Nicholas, a sexual violence survivor and anti-sexual violence activist. Graça Machel, an African stateswoman and the widow of two former presidents, Mozambique’s Samora Machel and South Africa’s Nelson Mandela. Fereshteh Forough, the founder of Code to Inspire, the first computer coding school for women in Afghanistan. Pamela Novo, a scholar and educator. Vidya Balan, a Bollywood actor and human rights activist. Sapana Thapa, a Nepalese social worker. Ann Sherry, a businesswoma and former head of Australia’s Office of the Status of Women. Inna Modja, an acclaimed musician based in France. She was born in Mali, and is a survivor of female genital mutilation. Sara Khan, an author and speaker, and co-founder of Inspire, a counter-extremism and women’s-rights organisation. Gail Kelly, former CEO of Westpac Group. Marian Wright Edelman, founder of the Children’s Defence Fund, and recipient of the American Presidential Medal of Freedom. Margaret Atwood, a critically acclaimed author and conservationist. The Emmy Award-winning series The Handmaid’s Tale, is based on her novel of the same name. Laura Dawn, a political activist, writer, musician and filmmaker. Jude Kelly, an award-winning British theatre and opera director.

The History Hour
The 43 Group: Battling British Fascists

The History Hour

Play Episode Listen Later Oct 21, 2017 54:01


How Jewish veterans fought fascism in post war Britain; plus investigating the death of Mozambique's president Samora Machel, we hear from a survivor of the Moscow theatre siege, inside the Cuba Missile Crisis and the mystery of Booker prize winner JG Farrell. Photo:British Fascist Sir Oswald Mosley speaking at a rally, Hertford Road, Dalston, London, May 1st 1948. (Getty Images)

Witness History
The Mysterious Death of Samora Machel

Witness History

Play Episode Listen Later Oct 19, 2017 9:35


When the socialist leader of Mozambique and many of his senior advisers were killed in a plane crash on the border with South Africa, many were suspicious. It was October 19th 1986 and the two countries were divided over Apartheid. The plane made a sudden direct turn straight into a range of mountains, and one of the air crash investigators at the scene, Dr Alan Diehl, told Rebecca Kesby there are reasons to suspect the plane was deliberately diverted off course.(PHOTO: The socialist leader of Mozambique Samora Machel delivers a speech. Credit: Getty Images.)

Witness History: Witness Archive 2017
The Mysterious Death of Samora Machel

Witness History: Witness Archive 2017

Play Episode Listen Later Oct 19, 2017 9:35


When the socialist leader of Mozambique and many of his senior advisers were killed in a plane crash on the border with South Africa, many were suspicious. It was October 19th 1986 and the two countries were divided over Apartheid. The plane made a sudden direct turn straight into a range of mountains, and one of the air crash investigators at the scene, Dr Alan Diehl, told Rebecca Kesby there are reasons to suspect the plane was deliberately diverted off course. (PHOTO: The socialist leader of Mozambique Samora Machel delivers a speech. Credit: Getty Images.)

Pan-African Journal
Pan-African Journal: Worldwide Radio Broadcast

Pan-African Journal

Play Episode Listen Later May 25, 2017 180:00


Listen to the Thurs. May 25, 2017 edition of the Pan-African Journal: Worldwide Radio Broadcast hosted by Abayomi Azikiwe, editor of the Pan-African News Wire. The program will feature our regular PANW report with dispatches on the current political situation prevailing in light of the 54th anniversary of the formation of the Organization of African Unity (OAU), popularly known as Africa Liberation Day; in Bolivia President Evo Morales has warned against the spread of international racism; people in Brazil are protesting against the imposition of a neo-colonial regime in the aftermath of the political coup against former Worker's Party government of President Dilma Rousseff; and the South American state of Venezuela is fortifying its position against the United States coordinated destabilization project now impacting the oil-rich state. In the second we focus on the global commemorations of Africa Liberation Day with a tribute to Samora Machel. Finally we continue our monthlong recognition of the 92nd birthday of Malcolm X (El Hajj Malik Shabazz).

Thinking Sideways Podcast
Thinking Sideways: Death of Samora Machel

Thinking Sideways Podcast

Play Episode Listen Later Nov 10, 2016 97:27


On October 19th 1986 Mozambican president Samora Machel and his staff were flying to the capital city when their plane changed course and subsequently crashed in South Africa. The crash killed Machel and 33 others who were on-board. Was it an accident or was it an amazingly executed assassination plot straight out of a Die Hard movie?

Update@Noon
Mozambique commemorates 30 years since President Samora Machel died

Update@Noon

Play Episode Listen Later Oct 20, 2016 4:25


Hundreds of Mozambican nationals gathered at the heroes square in the country's capital city Maputo for the 30th commemoration of the death of president Samora Machel. President Machel and other officials were returning from a summit in Zambia when their plane crashed at Mbuzini village near the border of Mozambique and Swaziland south east of Mpumalanga. Machel and 34 others were killed. Vusi Twala reports..

Africa Rise and Shine
Africa Rise and Shine

Africa Rise and Shine

Play Episode Listen Later Oct 19, 2016 59:56


TOP STORIES ON AFRICA RISE AND SHINE THIS HOUR... *** Kenyan President Uhuru Kenyatta blames agencies for sluggish anti-corruption fight... *** US President Barack Obama tells Donald Trump to stop whining.... *** Mozambique marks 30th anniversary of President Samora Machel's death.... *** In Economics: South African Airways bans Samsung Galaxy Note 7 smartphone.... *** And In Sports: South Africa's Banyana Banyana prepares for Egypt friendly....

Update@Noon
Mozambique and South Africa unite over Samora Machel

Update@Noon

Play Episode Listen Later Oct 18, 2016 2:32


The 30th commemoration of the death of Mozambican President Samora Machel was characterised by the showcasing of the diverse traditions of both Mozambique and South Africa. Dignitaries, ordinary people and traditional dancers came together at the Samora Machel Monument in Mbuzini, Mpumalanga, to celebrate the life of the late freedom fighter. Vusi Twala filed this report.....

Update@Noon
Mozambique commemorates 30 years since passing of Samora Machel

Update@Noon

Play Episode Listen Later Oct 18, 2016 2:25


The tragic death of former President of Mozambique Samora Machel along with 34 other passengers in October 1986, has been described as a strong fountain for a democratic Africa. Thousands gathered in Mbuzini yesterday to commemorate 30 years since the passing of the liberation struggle hero. His son Samora Machel Junior paid tribute to his father and those who died with him. Abongile Dumako reports....

Africa Rise and Shine
Africa Rise and Shine

Africa Rise and Shine

Play Episode Listen Later Oct 17, 2016 59:59


_________________________________________________ TOP STORIES ON AFRICA RISE AND SHINE THIS HOUR... *** Burundians march in support of governments decision to quit the ICC.... *** South Africa remembers late Mozambican president Samora Machel.... ***In Economics: BRICS leaders agree to implement measures to enhance trade cooperation........ *** And In Sports: South African Football Association Technical Director suffers a heart attack....

Pan-African Journal
Pan-African Journal: Worldwide Radio Broadcast

Pan-African Journal

Play Episode Listen Later Oct 2, 2016 171:00


Listen to this edition of the Pan-African Journal: Worldwide Radio Broadcast hosted by Abayomi Azikiwe, editor of the Pan-African News Wire. The program features our regular PANW report with dispatches on the current situations Zimbabwe where the ruling ZANU-PF party has stressed that it has taken a unified position on fundamental issues impacting the country; the International Criminal Court says it will look into the unrest following the disputes surrounding the recent elections; the Democratic Republic of Congo is opposing the sanctions imposed by the United States; and the people of Mozambique and other Southern African states are commemorating the upcoming 30th anniversary of the assassination of former President Samora Machel. During the second hour we will begin a monthlong recognition of the 50th anniversary of the founding of the Black Panther Party for Self-Defense. We will revisit audio files from the history of the organization and its significance in the present era.

Black History Podcast
Thomas Sankara - The African Che Guevara

Black History Podcast

Play Episode Listen Later Jan 11, 2016 47:31


Burkina Faso is a landlocked country in West Africa surrounded by six (6) countries. As of 2014 the population of the country hovered just over 17.3 million. Not a tiny country, but definitely not very large either. Originally known as the Republic of Upper Volta, Sankara renamed the country “Burkina Faso” in August of 1984. Thomas Isidore Noél Sankara was born December 21, 1949 in Yako, Burkina Faso as the son of Marguerite Sankara and Sambo Joseph Sankara. In high school, Sankara attended basic military training, and in 1966, he began his military career at the age of 19. Sankara was originally trained as a pilot in the Upper Volta Air Force. During this time, Sankara immersed himself in the works of Karl Marx and Vladmir Lenin. He would go on to become a very popular figure in the capital city, and his charisma would surely serve him well. Sankara wasn’t just a military figure, he was also a pretty good guitarist, and played in a band call “Tout-å-Coup Jazz”; and his vehicle of choice was a motorcycle. The military career, accolades, honors, and private passions would serve to make Sankara a very influential image that would be admired by many. Sankara would become military commander of the Commando Training Center in 1976; and in the same year met a man named Blaise Compaoré in Morocco. In November 1982, a political coup brought Major-Doctor Jean-Baptiste Ouédraogo to power, and Sankara was asked to serve as Prime Minister in January 1983. This position allowed him an entry into the realm of international politics and a chance to meet with other leaders of the non-aligned movement including Fidel Castro [of Cuba], Samora Machel [of Mozambique] and Maurice Bishop [of Granada]. On August 4, 1983 a coup d’etat supported by Libya, would result in the formation of the National Council of the Revolution and rise Sankara to President of the country at the age of only 33. Sankara viewed himself as a revolutionary and was inspired by the examples set by Fidel Castro in Cuba, Che Guevara and Ghana’s military leader Jerry Rawlings. As President, Sankara promoted the “Democratic and Popular Revolution” with the ideology of the Revolution, as defined by Sankara, to be anti-imperialist. Sankara’s primary policies were directed at fighting corruption, reforestation, averting famine, and re-shifting political focuses to make education and health real priorities. On the first anniversary of his presidency, Sankara took the bold move of renaming the country from Upper Volta to Burkina Faso, which in the two major languages of the country, Moré and Djula, means “the land of upright people”. Sankara stripped away much of the powers that tribal chiefs held in the country. This act actually served a dual purpose for the country; first, it created an average higher standard of living for the average Burkinabe; and second, it created the most optimal situation to encourage Burkina Faso into food self-sufficiency. Sankara would be quoted as saying: “Our country produces enough to feed us all. Alas, for lack of organization, we are forced to beg for food aid. It’s this aid that instills in our spirits the attitude of beggars.” Burkina Faso reached not only food sufficiency, but had actually reached a food surplus. Sankara launched mass vaccination programs all in an attempt to eradicate the country of polio, meningitis and measles as well. In one week alone, in the country of 17 million, 2.5 million Burkinabé were vaccinated, getting acclaim from the World Health Organization. Sankara’s administration was also the first African government to publicly recognize the AIDS epidemic as a major threat to Africa. On a philosophical level, Guevera and Sankara were both Marxist revolutionaries, who believed that an armed revolution against imperialism and monopolized capitalism was the only way for mass progress. They both denounced financial neo-colonialism before the United Nations and held up agrarian land reform and literacy campaigns. On October 15, 1987, Thomas Sankara was killed by an armed group along with about twelve (12) other government officials in coup d’état organized by his former partner, Blaise Compaoré. Sankara’s body was dismembered and he was unceremoniously buried in an unmarked grave, while his widow and two (2) children fled the country. by the evening of the assassination, Compaoré was installed as the new president. . On December 22, 2015, so just mere 2 weeks ago; Al Jazeera ran an article that you can find relating that Burkina Faso had issued an international arrest warrant for Compaoré in connection with the murder of Thomas Sankara. Collections of Thomas Sankara’s speeches were published following his death, including Thomas Sankara Speaks: The Burkina Faso Revolution 1983-1987; Women’s Liberation and the African Freedom Struggle; and We are the Heirs of the World's Revolutions. On October 9th, Sankara gave a speech marking and honoring the 20th anniversary of Guevera’s execution. Just a mere week before his death, in the same speech for Guevara Thomas Sankara addressed his people and proclaimed, “while revolutionaries as individuals can be murdered, you cannot kill ideas.” Thomas Sankara belongs to the group of African leaders who wanted to give the continent in general and their countries in particular a new socio-political dimension. He was the hope of the African youth before being coldly murdered.

Witness History: Archive 2012
The Assassination of Ruth First

Witness History: Archive 2012

Play Episode Listen Later Aug 17, 2012 8:59


Former anti-apartheid activist Alpheus Manghezi recalls the day in August 1982 when his colleague Ruth First was killed by a parcel bomb delivered to her office. Both Manghezi and First were living in exile in Mozambique. Manghezi describes how he visited the scene together with the Mozambican president, Samora Machel. The assassins were later identified as agents of the South African state. (Image: Former South African president Nelson Mandela unveiling a plaque dedicated to Ruth First and Joe Slovo in London. Credit: Getty Images)