Podcast by Gama Revista
Como a ideia de soberania se conecta com uma identidade nacional, com uma essência compartilhada por uma maioria e que poderia ajudar a definir um país? "O imaginário é o fermento do nacionalismo. Trata-se de conceber uma história, de conceber um passado, uma essência nacional expressa pela cultura, pelos valores", diz Lilia Schwarcz, entrevistada deste episódio do Podcast da Semana, da Gama. "E o outro lado do espelho do nacionalismo é a soberania. Você exalta a construção e uma cultura particular, de uma cultura própria que unificaria todos os estados e passa por cima das especificidades."Na conversa com Gama, a historiadora e antropóloga volta na história do Brasil para explicar como e quando começamos a forjar essa identidade nacional. Ela mostra também como a ideia de soberania foi se modificando. Se antes era relacionada principalmente ao território, hoje podemos falar até de uma soberania virtual.Lilia Moritz Schwarcz é professora titular no Departamento de Antropologia da USP e Global Scholar na Universidade de Princeton e laureada por diversas vezes com o Prêmio Jabuti. É autora de, entre outros livros, de "Brasil: uma biografia" (com Heloisa Murgel Starling; Companhia das Letras, 2015), "Lima Barreto: triste visionário" (Companhia das Letras, 2017) e "Sobre o Autoritarismo Brasileiro" (Companhia das Letras, 2019).Neste episódio, Schwarcz explica ainda por que a soberania permanece uma ideia utópica, aponta as principais frentes em que o Brasil tem dificuldade de se firmar como um país soberano e destaca o caráter inédito do julgamento de militares e de Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado que culminou nos atos de 8 de janeiro de 2023. "Com isso, você derruba essa imagem de que o exército é sempre esse órgão racional, esse órgão que nos defende, que nos protege, quando a história demonstra o oposto", diz a Gama.Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
A mais recente edição do Ciclo Gama de Debates aconteceu na Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty. Agora, essas conversas foram editadas em formato de podcast.A mesa “Como a periferia lê o centro e como o centro lê a periferia?” teve a participação da jornalista e escritora Cecília Olliveira (@olliveira_cecilia), autora de “Como Nasce um Miliciano” (@bazardotempo, 2025); o sociólogo e pesquisador Luiz Augusto Campos (@luizaugustocam), coautor de “O Impacto das Cotas” (@autenticaeditora, 2025); e o advogado Pedro Abramovay (@abramovay), autor de “A Democracia Equilibrista: Políticos e burocratas no Brasil” (@companhiadasletras, 2022).Pelo terceiro ano consecutivo, Gama se juntou ao Coletivo Sete Selos (@seteselos.editoras) para organizar uma programação que rendeu conversas imperdíveis. O coletivo é formado pelas editoras Bazar do Tempo, Carambaia, Círculo de Poemas, Cobogó, Fósforo, Ubu e Seiva — ao lado da livraria Megafauna, da editora de audiolivros Supersônica e da Gama revista.O Ciclo Gama de Debates teve apoio da Fundação Itaú e contou com outras duas mesas que serão lançadas em formato podcast nas próximas semanas. São elas:“Padrões de gênero, infâncias e juventudes LGBTQIAPN+” (já disponível em podcast)Com Angélica Freitas, poeta e tradutora; Felipe Haiut, ator, diretor criativo e dramaturgo; e Shi Menegat, artistaMediação: Luara Calvi Anic"A palavra e suas funções: uma conversa sobre literatura, psicanálise e as narrativas possíveis" (em breve, disponível em podcast)Com Vera Iaconelli, psicanalista e Sergio Rodrigues, jornalistaMediação: Luara Calvi Anic
A diversidade da mesa paraense é enorme. Tem muitos frutos, raízes, ervas, castanhas, sementes, especiarias, peixes únicos. Neste ano, em que a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP30, vai ser realizada em Belém (PA), o Podcast da Semana aproveita a oportunidade para falar dessa riqueza toda com duas entrevistadas: Joanna Martins, pesquisadora em cultura alimentar e alimento amazônico e sócia da marca de alimentos Manioca, além de diretora no instituto Paulo Martins, de difusão dessa cultura alimentar; e a chef Bel Coelho, pesquisadora de longa data dos sabores da Amazônia e chef dos restaurantes Cuia e Clandestina, em São Paulo."As palavras que pra mim vêm à cabeça primeiramente são sofisticação e complexidade de sabores. Claro, tem a diversidade, é uma biodiversidade imensa, e aí também a possibilidade de, consumindo esses produtos, contribuir para a conservação da biodiversidade, do bioma amazônico, mas do ponto de vista do gosto mesmo, é muito complexo, muito mágico, muito sofisticado”, diz Coelho na entrevista.A conversa gira em torno da cozinha, dos preparativos para a conferência, para a retomada do Festival Ver-o-Peso, que volta a ser realizado em setembro deste ano depois de ser suspenso em 2020, e para os lançamentos de livro e filme da cozinheira. O documentário “Floresta na Boca” tem direção de Carol Quintanilha e será lançado na COP.Na entrevista, Joanna Martins comenta como, apesar dessa cultura local tão forte, Belém viu o açaí ser proibido na alimentação oficial da COP, medida revogada poucos dias depois de seu anúncio. Para Martins, a causa da proibição era o preconceito.“Achar que a gente não tá preparado para servir esses alimentos tradicionais em um ambiente seguro é muito desconhecimento e chega a ser preconceito”, afirma a pesquisadora que retoma, em setembro, o Festival Ver-o-Peso, evento emblemático que apresentou ao Brasil e ao mundo ingredientes locais nos anos 2000 e que foi fundado por seu pai, Paulo Martins.Nesta edição do Podcast da Semana, Bel Coelho e Joanna Martins falam ainda da "açaízação" da Amazônia, de como a fruta vem se tornando uma monocultural na região e os perigos disso, discutem que outros ingredientes têm potencial de deixar os brasileiros apaixonados e de como é importante manter a diversidade do bioma amazônico com um desenvolvimento sustentável.Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
A mais recente edição do Ciclo Gama de Debates aconteceu na Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty. Agora, essas conversas imperdíveis foram editadas em formato de podcast. A mesa “Padrões de gênero, infâncias e juventudes LGBTQIAPN+” teve a participação da poeta e tradutora Angélica Freitas, autora de “Monstra Monstra” (Círculo de Poemas, 2025); do ator, diretor criativo e dramaturgo Felipe Haiut, autor da peça “Selvagem”, com dramaturgia publicada pela Cobogó (2024). E da artista e atuante Shi Menegat que é e voz do audiolivro “A Queda para o Alto”, de Anderson Herzer, lançado pela Supersônica (2025).Pelo terceiro ano consecutivo, Gama se juntou ao Coletivo Sete Selos para organizar uma programação que rendeu conversas imperdíveis. O coletivo é formado pelas editoras Bazar do Tempo, Carambaia, Círculo de Poemas, Cobogó, Fósforo, Ubu e Seiva — ao lado da livraria Megafauna, da editora de audiolivros Supersônica e da Gama revista.O Ciclo Gama de Debates teve apoio da Fundação Itaú e contou com outras mesas que serão lançadas em formato podcast nas próximas semanas. São elas:"A palavra e suas funções: uma conversa sobre literatura, psicanálise e as narrativas possíveis"Com Vera Iaconelli, psicanalista e Sergio Rodrigues, jornalistaMediação: Luara Calvi Anic“Como a periferia lê o centro e como o centro lê a periferia?”Com Cecília Olliveira, jornalista, Luiz Augusto Campos, sociólogo e Pedro Abramovay, advogadoMediação: Paula Miraglia
Como vivem, como se vestem, por onde circulam os ricos brasileiros. E quem são essas pessoas, já que boa parte dos endinheirados brasileiros não se consideram ricos, segundo pesquisa do antropólogo Michel Alcoforado, entrevistado deste episódio. “Rico é sempre o outro”, diz a Gama. É que sempre haverá o argumento de que é o outro que tem mais dinheiro, mais pompa, mais patrimônio. Até porque, em um país desigual como o Brasil, os 10% mais ricos formam um grupo em torno de 21 milhões de pessoas. Não é pouca gente. Para o seu livro que já é best-seller, “Coisa de Rico: a vida dos endinheirados brasileiros” (Todavia, 2025), Alcoforado escolheu falar com aqueles que ganham mais de 50 mil reais por mês.“E quando eu converso com essas pessoas elas dizem ‘a gente não é rico, rico é fulano que ganha 100 mil por mês'”, diz em entrevista ao Podcast da Semana, da Gama. “Até o momento que eu chego nas listas dos bilionários brasileiros, que também não conseguiam se considerar como ricos.”O convidado deste episódio é doutor em Antropologia Social e há anos se dedica a pesquisar o impacto do consumo na vida dos brasileiros. Isso por meio do grupo Consumoteca, um hub de empresas de pesquisa de mercado e consultoria de tendências. Alcoforado é comentarista de cultura da radio CBN e host do podcast É Tudo Cupa da Cultura.Na conversa com Gama, o convidado deste episódio fala do perfil dos ricos brasileiros, revela o que descobriu na sua tentativa de adentrar esse mundo para sua pesquisa, fala de desigualdade e concentração de renda e ainda traça que tipo de rica é Odete Roitiman e a Tia Celina, da novela “Vale Tudo”, da Globo.Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
Você está preocupado em comer mais proteína? Acha que não está batendo a meta? As pesquisas dizem que não é preciso se preocupar:“O que os dados populacionais dizem é que a nossa alimentação [a brasileira], em média, já supre as quantidades necessárias de proteína, inclusive para fins de incremento de massa muscular”, diz a nutricionista Nadine Marques, pesquisadora especialista em psicobiologia e exercício e doutora em Saúde Pública. Marques é a convidada do Podcast da Semana sobre proteínas.Pesquisadora assistente na Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis, e mentora no Núcleo de Pesquisa e Extensão Sustentarea, ambos da Faculdade de Saúde Pública da USP, Marques faz parte do grupo de pesquisadores que analisou os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2017-2018) e apontou que mesmo entre os 20% de menor renda da população brasileira, é ínfima a proporção dos que têm insuficiência de proteína, de acordo com os parâmetros da Organização Mundial da Saúde.Na entrevista a Gama, ela explica que desde os anos 1970 a proteína foi alçada ao posto de nutriente nobre também para suprir necessidades da indústria, que tinha um excedente de soro de leite, depois da produção de queijos.O boom da proteína de hoje tem a ver ainda com a febre de exercícios e a busca por um corpo musculoso. “É como um kit, você precisa da roupa da academia, do tênis e do whey”, diz a pesquisadora, que também apresenta dois podcasts, o "Boletim Alimentação e Sustentabilidade", uma parceria da Cátedra Josué de Castro com a Rádio USP; e o "Comida que Sustenta", produzido pelo Sustentarea, Núcleo de Pesquisa e Extensão da USP. “É necessário a gente entender qual é a realidade de cada pessoa, dependendo da fase de vida e do nível mesmo de exercício físico que ela faz. É diferente falar de um atleta e de um praticante de exercício físico. Partir do princípio de que, se faz exercício, precisa de mais proteína, é um raciocínio errôneo. É preciso avaliar como é que já está a alimentação dessa pessoa”, diz.Na entrevista, Marques fala ainda sobre como nem mesmo os vegetarianos têm déficit proteico e o que é que está realmente faltando na dieta do brasileiro.
Como melhorar sua criatividade, ter ideias brilhantes, tirar do papel aqueles projetos que tão parados há tanto tempo. E, se você já tem mil ideias, como acreditar nelas, ter coragem de botá-las pra fora. O entrevistado deste episódio, Tiago Henriques, é especialista no tema e traz caminhos para um processo criativo mais eficiente e prazeroso. "As pessoas que mais me inspiram são aquelas que tem um combustível chamado curiosidade abastecendo a criatividade delas", diz a Gama.Formado em design pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (FRJ), ele é criador do perfil Tira do Papel, hoje com mais de 250 mil seguidores no Instagram. para suas redes, cria ilustrações e conteúdos com o objetivo de ajudar as pessoas a tirarem suas ideias do papel. Além de cursos em que apresenta técnicas para desbloquear o processo criativo.Na conversa com Gama, Henriques fala dos principais entraves na hora de criar, da importância do rascunho e de ter com quem trocar ideias sobre um projeto. "É importante ter pessoas que são espaços seguros para expor ideias, de uma forma mais desinibida", diz. Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
O que você sabe sobre a China? E o que está perdendo ao não saber mais sobre ela? É sobre essas questões que o jornalista Igor Patrick, mestre em Estudos da China pela Academia Yenching (Universidade de Pequim) e em Assuntos Globais pela Universidade Tsinghua, fala ao Podcast da Semana."A China é o país que mais inova no mundo, que mais investe em ciência e tecnologia, em produção de conhecimento, que vai liderar áreas que são cruciais para o desenvolvimento econômico e até da civilização humana, como a de transição energética", afirma Patrick, que é correspondente do jornal South China Morning Post e colunista da Folha de S.Paulo, onde analisa o noticiário sobre o país.Nesta entrevista, Patrick fala um pouco da ideia do sonho chinês e de como o Estado é central no conceito. "Na China, a prosperidade está muito ligada também à prosperidade do povo, da China enquanto nação, enquanto civilização. É uma coisa bastante concentrada, inclusive, na figura do Partido Comunista, enquanto no sonho americano a gente tem o Estado ali quase como uma peça acessória."O jornalista fala sobre como vê a ideia de uma nova ordem mundial em que a China é a principal potência do planeta, fala sobre desafios e contradições do país, e dá até dicas de leituras para quem quer aprender um pouco mais sobre a cultura chinesa."A China priorizou e prioriza bastante a educação. Durante muito tempo, despejou caminhões de dinheiro na produção de ciência e na abertura de universidades. E é óbvio que nenhuma economia consegue absorver uma quantidade tão grande de pessoas num espaço tão curto de tempo", diz sobre mais jovens qualificados que vagas de trabalho."Entre sinólogos tem uma brincadeira que fala que quando você chega na China, na sua primeira semana, você quer escrever um livro; no seu primeiro mês você quer escrever um artigo; no seu primeiro ano você percebe que você não consegue escrever nenhuma frase. Existem várias Chinas dentro da China, muitas delas são contraditórias."
Psicanalista fala de livro em que compartilha a história de sua família e dos caminhos possíveis para lidarmos melhor com nossas questões. Ela é uma das convidadas do Ciclo Gama de Debates, na Flip
Aline Bei é uma escritora, mas é também uma febre. Com um estilo de prosa poética bem marcado, seu texto é recorrentemente usado em citações na internet e seus leitores são do tipo que não conseguem largar os livros, devorados em pouco tempo. No centro de seu novo livro, “Uma Delicada Coleção de Ausências”, que acaba de ser lançado pela Companhia das Letras, está a relação de uma neta com a avó que a criou. É sobre esse tema, os avós, e o livro que falamos com Aline Bei nesta edição do Podcast da Semana.“Comecei a escrever o livro a partir da inquietação inicial de uma relação de uma avó e uma neta, uma relação que tivesse sempre essa questão de um tempo que não se une, uma distância que nunca vai se curar”, conta Bei na entrevista a Gama. “Alguma coisa de duas mulheres em pontas tão diferentes da vida, que desejam um tanto estar mais perto, mas que tem essa questão geracional que, em alguma medida, as separa.”Nascida em São Paulo, em 1987, Bei é formada em letras pela PUC de São Paulo e em artes cênicas pelo Célia Helena Centro de Artes e Educação. Fez ainda pós-graduação em escritas performáticas pela PUC do Rio. É autora de três romances, que involuntariamente formaram uma trilogia: “O Peso do Pássaro Morto”, vencedor do prêmio São Paulo de Literatura (2017); “Pequena Coreografia do Adeus”, finalista do prêmio Jabuti (2022); e “Uma Delicada Coleção de Ausências”, lançado neste ano. Os três fazem parte do catálogo da Companhia das Letras.“Eu sou uma grande curiosa das humanidades. Então, eu adoro construir personagens com camadas que são complexas, que vão trazer pontos de vista que, às vezes, inclusive, se contradiz”, afirma na entrevista.Nesta edição do podcast da semana, Bei conta sobre como criou a personagem da avó do seu livro mais recente, quais as referências que usou para conceber essa avó literária — de Doris Lessing a Agnès Varda —, e sobre como prefere imaginar a usar a sua própria vida para criar suas histórias. "O modo como eu escrevo sempre descolada da minha biografia, isso não quer dizer que eu não use emoções, porque não são muito as coisas que me aconteceram, mas o modo como eu absorvi as coisas que me aconteceram me aproximam às vezes das minhas personagens."A escritora também fala sobre a proximidade com os leitores, sobre como recebe as críticas e o que espera de sua hipotética versão avó.
Pesquisador explica as razões dos altos números de casos de ansiedade e depressão nos adolescentes e traz a importância do olhar atento de pais e cuidadores
Quanta história uma única palavra carrega, há quantos milhões de anos ela começou a ser usada e por que, do nada, uma palavra se torna desgastada, perde a força, perde o charme, ninguém aguenta mais ouvir falar dela? Esses e outros questionamentos estão na cabeça de Gregório Duvivier e conduzem a peça “O Céu da Língua", que investiga a origem das palavras de língua portuguesa e já foi exibida nas principais capitais do país, e também em Portugal. O espetáculo segue em cartaz."As palavras são um prazer gratuito, lúdico e que une gerações. Todo ser humano que eu conheço gosta de brincar com as palavras", diz o convidado deste episódio do Podcast da Semana, da Gama.Duvivier, 39, é ator, escritor, poeta, roteirista, humorista, um dos criadores dos programas "Porta dos Fundos"e "Greg News". Entre outros projetos, é autor de livros como "A Partir de Amanhã eu Juro que a Vida Vai ser Agora" (7 Letras, 2008); "Ligue os Pontos: poemas de amor e big bang" e "Put some Farofa"(Companhia das Letras, 2013 e 2014 ).Na conversa com Gama, o carioca lista as coisas que ele ama e odeia na poesia e no teatro, conta foi chegar a um formato de peça que reunisse todos os seus interesses e fala do futuro da escrita em tempos de Inteligência Artificial. "A Inteligência Artificial me deprime profundamente, sobretudo a maneira como ela lida com linguagem. Ela produz textos que para mim são o exemplo do que tem de pior em geral -- que é aquele suco de obviedade, um processador de tudo que já foi dito", afirma.Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
O que você faz quando não dá para viajar nas férias? O poeta Fabrício Corsaletti sabe como dar um jeito: ele viaja dentro da própria cidade. Escolhe um bairro, se hospeda em um hotel da região e conhece a fundo aquele pedacinho de cidade. Desta forma, já viajou à Barra Funda e à Liberdade, bairros de São Paulo, onde vive. Corsaletti é o convidado da edição do Podcast da Semana sobre viagem e férias e conta essas e outras histórias no episódio.“Sair de casa, ver o mundo, voltar com a cabeça abarrotada de imagens, sons e uns fiapos de sentido tem sido toda a minha fé nos últimos 30 anos”, escreve Corsaletti, em “Um Milhão de Ruas” (Editora 34, 2025), que reúne contos, crônicas e poemas. Na entrevista, ele fala sobre como a escrita de viagem aparece neste e em outros livros seus, como “Engenheiro Fantasma” (Companhia das Letras, 2022), “São Sebastião das Três Orelhas” (Círculo de Poemas, 2023) e “Golpe de Ar” (Editora 34, 2009). Nascido em Santo Anastácio (SP), além da capital, já morou em Buenos Aires e sempre aproveita uma viagem de trabalho para conhecer bem uma cidade.“Tem uma ideia meio preconceituosa com o turismo, o turista é o viajante meio bobo, que vê tudo superficialmente, e o viajante seria o turista que vê tudo em profundidade. (...) Já o poeta é o cara que vê o mundo pela primeira vez”, diz Corsaletti na entrevista.“Essas três figuras — o turista, o viajante, o poeta — se confundem, e o ideal é você conseguir pegar um pouco de cada um, poder conhecer lugares, se aprofundar nos lugares que você conhece, na sua própria cidade. No meu caso, tentar transformar isso em literatura”, afirma a Gama.Na entrevista ao Podcast da Semana, Corsaletti conta o que gosta de fazer nas viagens, como guarda as memórias e as utiliza depois em sua escrita, e fala dos bares que ele encontra no meio do caminho. Para ele, são como joias urbanas.“Os bares são joias incrustadas nas cidades, como aquele pomar em que o Aladim entra e colhe 40 baldes de joias preciosas. Os bares para mim são isso, você está andando em uma cidade que você não conhece muito bem e, de repente, você entra em uma porta e está nessa coisa ambígua, que é privada, mas também é pública, que é um bar.”Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
No mês do orgulho LGBTQIAPN+ é importante celebrar a força dessa população e tudo o que foi conquistado até agora. Mas ainda há o que ser alcançado em um país que está entre os que mais matam pessoas LGBT+ no mundo, que lida com uma realidade de direitos ainda frágeis e que segue vulnerável às disputas políticas e aos discursos de ódio. "De um lado, uma comunidade que conseguiu muita visibilidade e reconhecimento nos últimos anos, inclusive com reconhecimento formal de direitos. E, de outro, a gente vê ainda uma violência persistente", diz Renan Quinalha, entrevistado deste episódio do Podcast da Semana, da Gama.Quinalha é professor de Direito da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), autor de “Contra a Moral e os Bons Costumes: a ditadura e a repressão à comunidade LGBT" (Companhia das Letras, 2021), "Movimento LGBTI+: Uma breve história do século XIX aos nossos dias" (Autêntica, 2022), entre outros livros. É colunista da revista "Quatro Cinco Um".Na conversa com Gama, o pesquisador explica por que os direitos LGBT não estão garantidos, lista o que ainda falta conquistar, fala do filme "Homem com H" (2025), sobre Ney Matogrosso, e traz um panorama da realidade dessa população no Brasil e no mundo. "Nós precisamos de uma vida digna, em sentido amplo, em todas as suas esferas", diz.Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
A morte não é um assunto que costuma ser tratado com naturalidade. Mas se tivéssemos mais proximidade com ela, se lêssemos, discutíssemos e pensássemos mais sobre o nosso fim, viveríamos melhor. Quem defende essas ideias é a médica geriatra e especialista em cuidados paliativos Ana Claudia Quintana Arantes, entrevistada da edição sobre despedida do Podcast da Semana.“A morte é uma amiga muito sensata, ela te liberta de amarras desprezíveis que a gente cultiva ao longo de toda a vida. E aí quando você pega um diagnóstico de uma doença grave, você fala: ‘Ufa, que horror, mas não vou precisar mais disso'”, diz Arantes na entrevista a Gama. “Falar sobre a morte te dá mais consciência sobre a importância das relações, nós somos mais do que nós mesmos.”Com especialização em cuidados paliativos pelo Instituto Pallium e pela Universidade de Oxford, a médica é também uma autora best-seller de livros como “A Morte É um Dia que Vale a Pena Viver” (Sextante, 2019) e “Cuidar Até o Fim” (idem, 2024). Agora, ela lança seu primeiro livro infantil, "Onde Fica o Céu?", para expor o tema às crianças. “As crianças fazem perguntas que têm respostas e isso é a maior dificuldade dos adultos, porque as perguntas são feitas com excelência, mas o adulto não tem coragem de responder o que a criança perguntou”, diz.Neste episódio, a médica Ana Claudia Quintana Arantes discute a evolução da percepção da morte, o aprendizado sobre a vida a partir da finitude, a centralidade das relações humanas dos momentos de despedida e como a morte pode motivar uma reavaliação da existência.Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Maria Flor e Emanuel Aragão, do canal “Flor e Manu”, falam de crises no casamento, de relacionamento aberto e do grande interesse das pessoas em falar de amor
O que você faria por um amigo? Neste episódio do Podcast da Semana, Gama traz a história de uma amizade extraordinária, um amigo que deu a possibilidade da vida ao outro. O ator Thiago Amaral doou um rim para o dramaturgo e músico Vinicius Calderoni.Calderoni havia sido diagnosticado com uma doença genética que afeta os rins, a síndrome de Alport, que evoluiu para a necessidade de um transplante. Enquanto estava na fila da doação, a doença avançava rápido e dois amigos se dispuseram a doar. Um deles era Amaral, que foi confirmado como doador após todos os testes. O transplante ocorreu há três meses e foi bem sucedido.Ao Podcast da Semana, eles contam os detalhes dessa história e dizem como passaram a ver as amizades depois desse evento. Antes amigos, os dois, que são filhos únicos, agora se consideram irmãos.“A noção da amizade como um cultivo deixou de ser uma frase feita e virou uma coisa muito urgente e presente para mim desde então. Olho cada mensagem recebida, cada conversa, cada encontro com o tamanho que isso tem”, afirma Calderoni.“Os nossos grupos de amizade se juntaram e teve um momento em que cresceram para além da gente — virou uma coisa coletiva, uma sensação muito fortificante”, afirma Amaral.Agora, o ator e o dramaturgo trabalham juntos em um projeto que conta a história da doação no teatro. Os dois dizem que se tornaram ativistas pela doação de órgãos. “Doar é uma maneira de viver feliz num mundo em desencanto. É uma coisa meio contraintuitiva, porque as pessoas acham que o mundo está em dívida com elas. Ao doar, parece que você está subtraindo uma coisa de você, mas você está se preenchendo”, diz Calderoni.Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Todos nós temos traços narcisistas. Desde a infância, essas características aparecem não imediatamente como parte da personalidade, mas como uma condição para o nosso desenvolvimento psíquico. A psicanalista Ana Suy, entrevistada deste episódio, lembra que na infância somos suscetíveis à necessidade do olhar e da validação do outro – mas que com o tempo, no geral, vamos abandonando essas demandas."A gente precisa da validação dos outros, especialmente daqueles que nos são mais caros. Mas se ficamos nessa posição muito pedinte de validação, vamos nos afastando da gente mesmo por essa tentativa de nos encaixar [aos padrões externos]", diz ao Podcast da Semana. Ainda que algumas características narcisistas permaneçam na vida adulta, há casos raros em que esse narcisismo se torna patológico, como ela explica na conversa com Gama.Ana Suy é psicanalista, escritora, doutora em pesquisa e clínica em psicanálise pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), idealizadora dos estudos "Lendo Freud Hoje" e "Clube de Palavras" e autora dos livros "A Gente Mira no Amor e Acerta da Solidão" (Paidós, 2022) e "Não Pise no Meu Vazio" (Paidós, 2023). E o mais recente, “Eu só Existo no Olhar do Outro” (Planeta, 2025), em parceria com o também psicanalista Christian Dunker.Neste epissódio ela fala de como o tema do narcisismo está presente na nossa trajetória e nas relações do dia de hoje.Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
Você já se deu conta de quanta coisa de plástico tem ao seu redor? E já pensou em como esse plástico chegou até você, de onde ele veio? Pior ainda, o que é que vai acontecer com esses plásticos no futuro? É sobre os plásticos e principalmente o efeitos dos microplásticos à saúde humana que o Podcast da Semana fala com a médica patologista e pesquisadora Thaís Mauad, doutora pela Faculdade de Medicina da USP.Líder do estudo que identificou fibras e partículas de microplásticos no bulbo olfatório, região do sistema nervoso central responsável por processar odores, Mauad aponta para o risco de problemas cardiovasculares. “Estamos expostos a muitos tipos de plástico em muitas situações. Nossa roupa é de material polimérico, a nossa comida vem embalada em plástico. Mas não dá para saber o quanto tem dentro da gente, no futuro saberemos”, afirma a pesquisadora ao Podcast da SemanaPodemos tentar evitar o uso do plástico principalmente na cozinha porque, além do microplástico, existe um outro problema muito grave que são os aditivos. São 13 mil substâncias que podem ser adicionadas, das quais só 4 mil são estudadas. E 1.500 delas sabe-se que tem efeito cancerígeno ou disruptor endógeno”, afirma.Mauad é autora de outra pesquisa que já tinha detectado partículas de microplásticos no pulmão humano e conta que sua pesquisa foi um caminho natural do seu ativismo. Há mais de 20 anos estuda poluição e ressalta que os microplásticos estão até no ar.“Temos que lutar para acabar com o uso de plástico. Quarenta por cento do que está no mar é plástico não essencial”, afirma a pesquisadora que diz que única saída é reduzir consumo.Na entrevista, Mauad fala sobre as pesquisas que conduz na USP, sobre os efeitos desses materiais na saúde humana, o que podemos fazer para nos proteger e da necessidade de políticas públicas que proíbam a fabricação e a utilização de plásticos não essenciais.Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Autora de "Suíte Tóquio" fala dos medos e prazeres da maternidade, da relação com a mãe depois do nascimento da filha e traz um pouco do tema de seu novo livro, "Batida Só"
Se você não aguenta mais o volume de trabalho, fazer tantas coisas diferentes ao mesmo tempo, se está se sentindo esgotado, provavelmente não é o único. Olhe ao redor e veja como estão seus familiares e amigos. Quem propõe o exercício é o psicólogo Alessandro Marimpietri, graduado pela Universidade Federal da Bahia, doutor em Ciências da Educação pela Universidad Nacional de Cuyo, na Argentina. É ele o convidado da edição sobre trabalho e saúde mental do Podcast da Semana.Marimpietri, que também tem formação em neuropsicologia pela USP e prepara um livro, pela editora Vestígio, com reflexões sobre a vida na contemporaneidade, fala que a melhor imagem para nos entender na contemporaneidade é a do malabarista.“O malabarista é bonito de ver, mas ele é escravo de uma lógica perigosa: tem sempre mais malabar do que mão, não dá conta de segurar tudo e é obrigado ao movimento ininterrupto, ou tudo aquilo desmorona", afirma na entrevista. "Esse é o sujeito da contemporaneidade. Faz alguma beleza? Faz, mas a custa de um esgotamento, de um tipo de vida que definitivamente precisa ser repensado.”Marimpietri joga luz sobre o fato de ser o ambiente atual que nos impõe esse sistema de trabalho, mas aponta caminhos para nos desviarmos dele. "Temos que achar fissuras, saídas, caminhos, estrias por onde a gente consiga fazer algum tipo de reinvenção da nossa própria vida. O sujeito contemporâneo é muito impelido a reinventar a própria vida, porque é um cenário de muita incerteza, de muita velocidade, de muito trabalho, de muito cansaço e de muita informação", diz na entrevista."A grande variável decisiva para a felicidade e saúde é a qualidade de relacionamentos, a gente ter capacidade de estabelecer com as pessoas bons relacionamentos", afirma. O psicólogo fala sobre a importância de nos darmos tempo e espaço e de impor limites. Comenta ainda as diferenças de visão sobre a vida profissional das diferentes gerações e como é importante falar para as crianças sobre o que fazemos.Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Escritora e enfermeira trata de preconceito com bairros mais distantes da região central e de transformar o entorno em criação literária
A escrita sobre uma experiência vivida ou sobre seus pensamentos é uma ferramenta importante para a construção da subjetividade. É partindo dessa ideia que a escritora, jornalista e pesquisadora Bianca Santana fala neste episódio do Podcast da Semana sobre a "escrita de si"."Nós costumamos utilizar a escrita como possibilidade de elaboração, mesmo que a gente não perceba. Se alguma coisa me irritou muito, eu não quero falar disso com ninguém, eu escrevo. Eu salvo um rascunho de e-mail, mando uma mensagem de WhatsApp para mim mesma. E, quando a gente estuda essa escrita de si, e colocamos a intenção nela, a coisa fica mais interessante", diz Santana ao Podcast da Semana.Bianca Santana conta que desde que teve contato com a obra de Sueli Carneiro passou a pensar sobre a escrita de si. Quando passou a dar aulas em oficinas de escrita para mulheres negras, ela entendeu que as memórias dessas mulheres eram também memórias coletivas e entendeu o interesse das histórias pessoais como algo que pode contar a história de uma época e de um lugar."A escrita em primeira pessoa de uma mulher negra da periferia da Amazônia é também uma escrita universal porque ela vai mergulhar em temas que dizem respeito às pessoas que vivem em qualquer lugar do mundo. Ao mesmo tempo em que ela vai contar particularidades do seu tempo e da sua região que precisam ser conhecidas por mais pessoas. Tem o poder de identificação, tem o poder também da curiosidade. A gente adora saber da vida dos outros, não é?", provoca.Autora de livros como “Quando me Descobri Negra” (Fósforo, 2023), “Arruda e Guiné: Resistência negra no Brasil contemporâneo” (Fósforo, 2022) e "Continuo Preta: A vida de Sueli Carneiro" (Companhia das Letras, 2021), ela é parceira da Gama em seu primeiro clube do livro e vai ser a facilitadora dos encontros. Com o nome de Leitura de Si, ela propõe que coletivamente os participantes leiam textos de autores como Conceição Evaristo, Marcelo Rubens Paiva, Abdias Nascimento e Natália Timerman, entre outros.Doutora em ciência da informação e mestra em educação pela Universidade de São Paulo, Santana estudou jornalismo na Faculdade Cásper Líbero e é colunista da Folha de S.Paulo, comentarista do Jornal da Cultura e professora da Faap.Nessa edição do Podcast da Semana, além da escrita de si, Santana comenta o fenômeno dos clubes de leitura como uma resposta à solidão e ao mundo acelerado de hoje e conta sobre o novo clube da Gama.
Um relacionamento não é estático, livre de mudanças. Mas, às vezes, temos medo delas — ou não sabemos como implementá-las. Nesta edição do Podcast da Semana, a psicanalista Cauana Mestre fala sobre a importância das transformações dentro de relacionamentos amorosos e os desafios que enfrentamos ao lidar com elas.“Não existe um relacionamento que não passe por lutos, por finais, por términos, por separações. Um casal que se uniu há 20 anos atrás certamente não é o mesmo de agora. Essas pessoas não são as mesmas. A lógica não é a mesma”, afirma Mestre na entrevista.Segundo ela, a resistência à mudança ocorre porque em algum momento internalizamos que aquilo era bom. “Encontrar uma outra forma de fazer parceria amorosa, um outro jeito de amar, requer que a gente abra mão, que a gente suporte perder uma parcela dessa satisfação que a gente encontrava lá atrás no amor.”Graduada em Psicologia e mestra em Literatura, a psicanalista é conhecida pelas análises que faz de produtos culturais — livros, filmes, séries — nas redes sociais, partindo de personagens do cinema e da literatura para falar de psicanálise. No episódio desta semana, ela fala de séries como “White Lotus”, da Max, “Adolescência” e “Invejosa”, ambos da Netflix.Este último é usado para ilustrar certas idealizações feitas sobre o relacionamento amoroso. “A idealização que ela faz do que é um casamento é tão grande, é tão consistente, que a impede de ver toda a série de coisas incríveis que estão acontecendo à volta dela. E quando, a partir do trabalho de análise, com muito custo, porque ela é uma paciente muito resistente, a idealização se dissolve um pouco, ela percebe como tudo aquilo que ela imaginou não faz o menor sentido. Como não é isso que, no fim das contas, ela deseja”, afirma.Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
A vida de Tati Bernardi é quase toda pública, basta ler seus livros e suas crônicas ou ouvir seus podcasts que logo descobrimos muito sobre ela. Mas o seu livro mais recente, "A Boba da Corte" (Fósforo, 2025), vai mais fundo. Seguindo o gênero da autoficção, tão bem explorado por nomes como Annie Ernaux e Édouard Louis, com esse lançamento o leitor entende de onde veio Tati Bernardi e pra onde ela sempre quis ir. Acontece que ela chegou lá, mas não se sentiu exatamente confortável, como ela conta neste episódio do Podcast da Semana.Além de escritora, Bernardi é roteirista e colunista da Folha de S. Paulo há mais de uma década. Aos 45 anos, já trabalhou com publicidade, com roteiro na Globo, escreveu livros como “Depois a Louca Sou Eu” (2016) e “Você Nunca Mais Vai Ficar Sozinha” (2020), ambos pela Companhia das Letras. E sua voz e ideias são ouvidas nos podcasts Desculpa Alguma Coisa, Calcinha Larga e Meu Inconsciente Coletivo.Na conversa com Gama, e em seu novo livro, Bernardi fala da trajetória de sair do Tatuapé, bairro de classe média da Zona Leste de São Paulo, até comprar um apartamento em Higienópolis, região de alto poder aquisitivo da cidade. Com observações afiadas sobre a elite intelectual e econômica que ela passou a frequentar, o livro rende boas risadas e traz as dores de alguém que nunca se sentiu aceita nesse novo lugar e classe social que ocupa, mas que jamais deixou de fazer piada disso.Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
Médica do esporte e nutróloga fala dos métodos e da importância de construir músculos por meio de atividade física e alimentação adequada, com foco em longevidade e qualidade de vida
“Eu era o pai de uma senhora de 75 anos, que vivia a fase final de sua vida com uma doença incurável, que se despedia de sua própria imagem no espelho. A minha missão não era tirar aquilo que lhe trazia prazer, mas fazer com que ela pudesse se despedir da vida sendo quem ela sempre foi. Minha grande missão era preservar a identidade dela.”O depoimento acima é de Fernando Aguzzoli Peres, escritor e comunicador que cuidou da avó, Nilva Aguzzoli desde que foi diagnosticada com Alzheimer até sua morte cinco anos depois, em 2013. O escritor ainda era um adolescente quando o diagnóstico chegou, mas mesmo assim foi quem se responsabilizou por seus cuidados. Esse mergulho naquela nova realidade e na demência, acabou por transformar a vida do jovem para sempre.Aguzzoli escreveu cinco livros sobre demência e tornou-se uma voz importante para os que têm o Alzheimer na família. É parceiro do Centro Internacional de Longevidade e faz parte do World Young Leaders in Dementia (WYLD), uma organização mundial para a conscientização sobre a demência. Entre seus livros, estão “Quem, Eu?” (Paralela, 2015) e “Alzheimer não é o Fim: Estratégias para familiares e amigos” (Fontanar, 2020), além de títulos voltados para crianças.Na entrevista ao Podcast da Semana, Aguzzoli fala sobre como é viver com a demência dentro de casa, sobre a invisibilidade do cuidador e como é difícil que encontrem tempo para que consigam cuidar de si também, sobre como as políticas públicas brasileiras que dizem respeito à demência ainda podem melhorar muito e sobre como ter um diagnóstico de Alzheimer na família não é o fim da vida.Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Que tipo de fã é você? Que tipo de fã é o brasileiro, esse que faz de tudo para que seu ídolo brilhe, tenha o maior número de seguidores, vença o álbum do ano e leve a estatueta do Oscar?"A gente tem uma coisa muito particular, fala apaixonadamente sobre as coisas, como se fosse algo de propriedade nossa", diz o jornalista e crítico de cinema Marcelo Hessel, convidado deste episódio do Podcast da Semana, da Gama. Apesar de toda essa dedicação, o fã brasileiro tem também seu lado obscuro. "Ao mesmo tempo, está sempre à beira de linchar o ator na fila do supermercado porque ele faz um vilão da novela", diz. No Omelete desde 2001, além de crítico e editor, Hessel fez parte da Associação Paulista dos Críticos de Arte, a APCA, e já integrou o quadro de críticos do Guia da Folha. Hoje é também apresentador do OmeleTV. É co-autor de livros como o "Almanaque do Cinema" (Ediouro, 2009).Na conversa com Gama, ele explica o poder dos fandoms -- esse grupos de fãs com influência nas redes, nos estúdios de Hollywood e na vida de seus ídolos -- trata da presença do conservadorismo nesse meio e traça as principais características do fã brasileiro. Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
Como é possível engatar um novo relacionamento com alguém se a gente vive a lógica da rapidez das redes e uma crise de atenção generalizada? Ajustar o foco e controlar a própria ansiedade são dois passos importantes, segundo a psicanalista e pesquisadora das relações amorosas Carol Tilian. É ela a entrevistada da edição sobre relacionamento do Podcast da Semana.“Tente entender menos e criar menos regras, estar mais presente. Preste atenção também se a pessoa é interessada, além de interessante. Vejo que, nesse início de relação, há um encantamento que vem pela construção da fantasia que fazemos a partir dos primeiros encontros e da nossa coleta de dados digitais”, diz na entrevista a Gama. “Nos apaixonamos pela ideia da pessoa e por como a gente se sente por estar ali com ela, sem perceber que talvez ela não esteja interessada na sua vida.”Na entrevista, Tilkian fala sobre o que se deve e o que não se deve fazer para que uma série de encontros vire um relacionamento. Responde também sobre o desejo de muitos de ter uma “relação leve”.“As pessoas dizem que querem uma relação leve como quem diz ‘eu não quero problema', como se relação fosse sinônimo de problema. Na verdade não existe essa leveza que se busca. Parte desse discurso é o que tem causado a gente viver essa epidemia de solidão”, afirma.Colunista do jornal Folha de S.Paulo, onde responde a perguntas dos leitores numa espécie de consultório amoroso, e comentarista da rádio CBN, ela também dá cursos na Casa do Saber sobre os relacionamentos hoje. Ao Podcast da Semana, falou ainda sobre como continuar apostando no amor mesmo depois de tantas desilusões.Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Um dos criadores do bloco paulistano Acadêmicos do Baixo Augusta, músico fala das transformações da festa e da cidadeRoteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
Por que brasileiros sem visto se submetem a tanto risco para imigrar para outros países? Para o cientista social Gustavo Dias, professor da Universidade Estadual de Montes Claros, em Minas Gerais, e pesquisador da imigração, a resposta tem a ver com um desmonte dos investimentos em saúde e educação no Brasil, uma desindustrialização do país e uma afinidade à agenda neoliberal.“Só que isso é uma questão que a gente não discute. A gente foca no sujeito como se o problema fosse aquele imigrante que saiu daqui para trabalhar. Ninguém atravessa o deserto porque gosta”, afirma o convidado da edição sobre imigração do Podcast da Semana.Para Dias, é importante lembrar que não há um grupo homogêneo de “imigrantes brasileiros”, porque são diferentes os perfis e os tipos de imigração hoje. Na entrevista a Gama, ele recupera um histórico de 40 anos de brasileiros que vão para fora do país em busca de trabalho e uma vida melhor. Explica ainda por que tem imigrante apoiador de Donald Trump com risco de ser deportado e porque o presidente dos Estados Unidos tem transformado deportações em espetáculo."Chegamos a esse paradoxo. Eu apoio o governo Trump, por quê? Porque eu parto do pressuposto de que estou indo para os Estados Unidos e vou agir legalmente. É uma ideia de mérito. Como se o Trump estivesse olhando para o João, para o Beltrano, para o fulano. Ele não está olhando para isso, ele está olhando para números. E, no final das contas, você é latino como qualquer outro."Apesar da política republicana ser mais agressiva em relação aos imigrantes, Dias lembra ainda que os democratas da gestão anterior não eram mais brandos, apenas não publicizavam as medidas.Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
O que se ganha e o que se perde com a maternidade? Muitas coisas. Mas o interessante é que tudo o que se ganha, e tudo o que se perde vem com alguma dose de nostalgia. Seja porque as fases mais lindas de uma criança passam rápido demais. Seja porque o que você foi antes de ser mãe, também dá saudade. É dessa grande mistura de paixão, alegria, perdas e ganhos que nasce essa experiência intensa de se tornar mãe.É sobre isso a conversa com Martha Nowill, convidada deste episódio do Podcast da Semana que acaba de lançar um livro sobre a sua experiência com a maternidade, após o nascimento dos gêmeos Ben e Max, de quatro anos. Nowill é formada em cinema e em teatro, é atriz, roteirista, dramaturga. Já atuou em inúmeras produções audiovisuais, como as séries "Pedaço de Mim" (2024) e "5 x Comédia" (2021). E também nos filmes "Vermelho Russo" (2016) e "Entre Nós" (2013). Além de peças como "Pagú - Até onde ela chega", em que atuou e assinou a dramaturgia. Aos 44 anos, acaba de lançar o livro "Coisas Importantes Também Serão Esquecidas: um diário" (Companhia das Letras, 224 págs), em que conta as belezas e as dificuldades de engravidar, parir e as transformações pela quais ela passou. Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
“Já estou aí há dois anos nessa jornada menopáusica. Agora eu já consigo rir com isso, me divertir, superar alguns sintomas, mas sigo tentando entender o que está acontecendo.” Foi assim que a apresentadora de TV Fernanda Lima começou a conversa do Podcast da Semana sobre perimenopausa. Apresentadora também do podcast "Zen Vergonha", cuja primeira temporada é dedicada a essa fase da vida da mulher, ela contou um pouco sobre a própria experiência e os caminhos que encontrou depois de ouvir outras mulheres.Lima entrou na perimenopausa aos 45 anos, em 2022. E a partir daí começou uma investigação sobre o período que antecede a última menstruação e o fim do período fértil feminino. Para ela, o assunto, que sempre foi tratado como tabu, se populariza hoje porque é mais debatido. “Nós, mulheres, estamos em grande transformação, uma semeando na outra essa grande transformação. É assim que a gente quebra os tabus”, afirma.Ao Podcast da Semana, a apresentadora revela estratégias como reduzir o consumo calórico à noite, como começou a vestir-se como “cebola” para despir-se rapidamente na ocasião de um “fogacho”, e como passou a pesar sua disposição para entrar em discussões que poderiam ser evitadas. Segundo ela, nessa fase da vida, é importante evitar o estresse.Lima é otimista sobre o envelhecimento e diz que é um período criativo, em que pode-se recalcular rotas e realizar projetos que tem mais a ver com cada uma. “A mulher nessa idade ela está em plena atividade, em plena maturidade, muitas mulheres se sentem muito melhores do quando tinham 20 anos”, afirma.Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Os efeitos do uso de celular nas crianças são um dos assuntos mais quentes do momento. E o que acontece quando não é mais possível utilizá-lo nas escolas de todo o país? Em janeiro, foi sancionada a Lei Nº 15.100, que diz que "fica proibido o uso, por estudantes, de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante a aula, o recreio ou intervalos entre as aulas, para todas as etapas da educação básica". Há exceções, como nas situações de "estado de perigo, de necessidade ou caso de força maior"; para garantir direitos fundamentais; para fins estritamente pedagógicos; e para garantir acessibilidade, inclusão, e atender às condições de saúde dos estudantes. Para a assessora escolar e pedagoga Andrea Nasciutti, convidada do Podcast da Semana, com a nova lei, até os casos de bullying devem cair. “O fato dos estudantes terem o celular à mão na escola amplia muito a possibilidade de mandarem mensagens durante os intervalos, de filmarem situações indevidas, fotografarem, depois divulgarem”, afirma. “O cyberbullying é mais cruel e devastador do que o bullying presencial, justamente pelo alcance. Uma das características do bullying é que ele seja repetitivo. O cyberbullying precisa ser repetitivo, pois pela própria característica ele se propaga de forma muitas vezes incontrolável. E com alcance gigantesco. Então é uma medida de contenção de bullying e cyberbullying com toda certeza.” Com 20 anos de experiência em educação, Nasciutti é também psicopedagoga e integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Moral da UNICAMP/UNESP e do Laboratório de Educação em Valores e Socioemocional da USP. Ao Podcast da Semana, ela afirma acreditar que a transição vai ser intensa e rápida, com os maiores efeitos já no primeiro semestre deste ano. Na entrevista, ela fala sobre possíveis crises de abstinência das crianças e adolescentes e como lidar com elas, sobre a complexidade que envolve a situação de alunos com menos conectividade, e frisa que os efeitos positivos devem superar os negativos, com mais sociabilidade e menos problemas no aprendizado. Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Historicamente, são as religiões de matriz africana as que mais sofrem com a intolerância religiosa, muitas vezes de maneira explícita, como é o caso dos inúmeros ataques à terreiros noticiados nos últimos anos, até as falas preconceituosas de políticos, de líderes religiosos e até de artistas. Só em 2024, o Disque 100, canal criado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania para atender casos de intolerância religiosa, registrou 2.472 denúncias. Foi um aumento de quase 70% em relação ao ano anterior. "O problema do racismo religioso é que ele é um tipo de intolerância que mata, que destrói, que segrega famílias, comunidades inteiras, que obriga pessoas a deslocamentos geográficos", diz o professor e babalorixá Sidnei Barreto Nogueira, entrevistado deste episódio do Podcast da Semana. Mestre e doutor em semiótica e linguística pela Universidade de São Paulo (Usp), Nogueira é autor de livros como "Intolerância Religiosa" (Pólen Livros, 2020), que faz parte da coleção Feminismos Plurais, editada por Djamila Ribeiro e finalista do Prêmio Jabuti, em 2021. É ainda coordenador do Instituto ILÈ ARÁ - Instituto Livre de Estudos Avançados em Religiões Afro-brasileiras. Na conversa com Gama, Nogueira define o racismo religioso, discute por que as mulheres são as mais prejudicadas nesse cenário, trata da Lei nº 10.639, que obriga o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas, traz ensinamentos do terreiro e termina o papo com dois provérbios que ele deixa especialmente para os ouvintes do podcast.
Você já pensou em abrir seu próprio negócio? Para muita gente, ser empreendedor não é uma escolha, mas a única opção disponível. Há quem veja no empreendedorismo a chance de ter flexibilidade de horário ou a possibilidade de novos ganhos. Mas o que a entrevistada deste episódio, Natália Rodrigues, mais conhecida como Nath Finanças, sugere, é não romantizar. "Empreender é trabalhar 24 horas por dia. Como CLT, você tem horário de entrada e de saída", diz. Ela acaba de lançar “Precisa dar Certo: um guia para empreendedores reais” (Instrínseca, 2024), em que traz os fundamentos básicos para a administração de uma empresa, como se organizar financeiramente, preficificar o que você tem a oferecer. Seu perfil no Instagram, o Nath Finanças, surgiu com a proposta de auxiliar especialmente a população de baixa renda a organizar as finanças, investir, ter uma reserva de emergência. Hoje ela conta com mais de 850 mil seguidores. Aos 26 anos, é especialista em gestão financeira pela Fundação Getúlio Vargas e criadora da edtech Nath Play, uma plataforma de streaming sobre o tema. Na conversa com Gama, fala da importância de identificar seu público-alvo, das principais dificuldades de abrir uma empresa, traz caminhos possíveis e discute as diferenças entre o emprego informal e o empreendedorismo Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
O que o neoliberalismo tem a ver com o jeito com que malhamos? Para o Bruno Gualano, professor do Centro de Medicina do Estilo de Vida da Faculdade de Medicina da USP, tudo a ver. "Os discursos do mundo fitness são individualizantes, egoístas, focados exclusivamente no eu, na pessoa, que se tem vontade, alcança o objetivo. Se tem disciplina, se tem foco, força e fé, que é um dos lemas mais comuns que a gente ouve por aí, ela consegue prosperar. Eu brinco que o foco, força e fé é a teologia da prosperidade aplicada ao corpo humano", afirma o pesquisador, que é o convidado da edição sobre vaidade no Podcast da Semana. Membro da Academia Brasileira de Ciências, ele diz que essas noções criadas sobre saúde e bem-estar são enganosas e, na verdade, prejudiciais ao corpo e à mente. "As cirurgias cosméticas, o uso de esteroides anabolizantes, chip da beleza, lift de bumbum, é tanta bobagem que a gente vê por aí em busca da estética e não tem nada de saúde nisso, não tem nada de saúde física e nem saúde mental", afirma. Segundo ele, é importante que o corpo ideal seja inalcançável para que continuemos consumindo sempre os produtos desse mercado. "O mundo fitness muda o sabor dos corpos ideais. Já tivemos a magreza extrema como modelo a ser perseguido. Agora temos corpos definidos, anabolizados, hipertrofiados, tanto para homens quanto para mulheres, uma coisa muito curiosa, um símbolo do sucesso. E aí os produtos também giram em torno desses corpos ideais", afirma. Na entrevista, Gualano, que é coordenador do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia (HCFMUSP), fala ainda a respeito dos remédios usados para combater a obesidade e sobre como influenciadores fitness são inimigos da saúde pública. Ele defende que uma rotina de exercício físicos seja estimulada por políticas públicas e diz que práticas de atividades mais moderadas são muito válidas. Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
O verão é sinônimo de mais diversão, aventura, amor e festa para muita gente. É também para o músico e compositor Marcos Valle, que aos 81 anos comemora 60 anos de carreira com a autoria de algumas composições que são a cara da estação. "O melhor do verão é a possibilidade das pessoas poderem se divertir mais", ele conta ao Podcast da Semana da edição especial sobre o calor do verão. "Eu fico torcendo para que o mar esteja bom, que todo mundo possa entrar. Sem elitismo, sem nada. Ali não adianta ficar fingindo que alguém é melhor que o outro. Está todo mundo curtindo a mesma água. É um momento maravilhoso da vida", afirma. Um apaixonado pela natureza ("o lugar mais próximo de Deus", segundo ele), pelo surf e por outros esportes praticados ao ar livre, ele sempre fez da estação um tema das suas composições. Uma das primeiras músicas que criou foi batizada justamente de "Samba de Verão" (1964), sucesso mundial que marcou a bossa nova. É dele também a música "Estrelar" (1983), uma mistura de funk com baião, que fala que o verão tá chegando e tem que malhar, tem que suar. Nesse episódio, Valle fala sobre a sua relação com a estação, sobre a história de seus hits e como faz para, do alto de oito décadas de vida, levar a juventude a dançar loucamente em seus shows no Brasil e fora dele. O músico diz ainda o que espera do verão de 2025: "As pessoas têm que celebrar a vida, têm que entender que não podem deixar de valorizar, comemorar os momentos juntos, todo mundo igual".
No topo da lista de resoluções de ano novo é comum que esteja a frase "começar a fazer exercício". Ter um corpo mais em forma, ser mais saudável. Mudar o estilo de vida é algo que muita gente planeja mas tem dificuldade de colocar em prática. Como escolher então por onde começar? "O exercício bom é aquele exercício que você faz. É muito mais fácil fazer alguma coisa que você gosta do que o que não gosta", afirma Fernanda Queiroz, personal trainer há quase 20 anos e entrevistada do Podcast da Semana. Para ela, o começo de um ano pode ser um marco eficiente para começar a fazer exercícios. Já para manter a rotina, um dos segredos é ter um amigo que nos incentive a seguir nos treinos, mesmo que essa pessoa interaja apenas à distância. O que não pode é se iludir pelo o que está nas redes sociais. "As pessoas estão ficando meio doidas de ficar se comparando, de querer um corpo que não é atingível, que não dá para ser construído naturalmente", afirma Queiroz. Conhecida por seu trabalho nas redes sociais e com formação em educação física pelas Faculdades Integradas de Santo André (Fefisa), Queiroz, que também é empreendedora do meio fitness (já criou vários aplicativos e treinos online), hoje tem atendido mais mulheres e especialmente gestantes e as que estão no puerpério. Ela faz um alerta sobre a volta da busca feroz pela magreza: "As pessoas que já eram magras estão muito mais magras", alerta.
Uma boa festa tem que ter música, tem que ter diversidade, tem que ser em um lugar interessante e acessível e tem que ter algum motivo a ser celebrado. Essas são algumas das premissas para um festão segundo o relações públicas Léo Galvão, um piauiense de 35 anos que chegou em São Paulo há uma década e se tornou o RP mais requisitado por diferentes marcas, festivais e eventos. "Eu gosto de fazer gente feliz, tem uma hora que eu chego no canto, olho e está todo mundo dançando, todo mundo se jogando, todo mundo aproveitando. Fico tão realizado", diz em entrevista ao Podcast da Semana. Seu trabalho consiste, entre outras coisas, em fazer um evento acontecer -- na grande maioria das vezes pra uma marcas. Pra isso, ele precisa ter repertório pra saber quem são as pessoas que tem tudo a ver com essa festa, quem é o DJ ou a banda que vai fazer um clima legal acontecer. Como RP, precisa criar conexões, desejo, mapear tendências conhecer gente. Muita gente. Galvão se formou em publicidade e jornalismo em Teresina, onde nasceu e cresceu. É sócio da agência PBPR onde atende clientes de marcas de luxo, de bebida, eventos de de arte, de esporte como a Fórmula 1, os principais festivais de música do país, camarotes do Carnaval do Rio de Janeiro e São Paulo. E até eventos infantis. Na conversa com Gama, compartilha um pouco da sua rotina -- recheada de mais de 250 eventos por ano -- de como ele lida com a ansiedade e a pressão dos clientes. E a partir dessa experiência, dá a receita para fazer um festão, para conectar pessoas. Ele também analisa o momento dos influenciadores e dá um panorama do mercado de relações públicas nos dias de hoje. Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
A velejadora e escritora Tamara Klink, 27, passou oito meses em uma invernagem na Groenlândia, a bordo de seu veleiro. Ela chegou na região, ancorou o seu barco e esperou o mar ao seu redor congelar totalmente. Suportou temperaturas de -40oC e três meses sem luz solar. Com esse feito, se tornou a primeira mulher do mundo a passar um inverno sozinha, dentro de um barco (mas fora também), no Ártico. Antes, ela cruzou o Atlântico Norte, navegando de Paris, na França, até Recife, no Brasil. E, ainda na infância, viajou com sua família para a Antártica, em uma das expedições lideradas por seu pai, Amyr Klink, e na companhia de suas irmãs e a mãe, a fotógrafa, Marina Bandeira Klink. Viver isolada, trabalhando diariamente para sobreviver, transformou o jeito da Klink ver e estar no mundo. A leitura, a escrita e também os podcast sempre fizeram parte do seu cotidiano. Durante suas viagens, ela registrava seus sonhos e experiências. Esse material resultou em seus livros: "Mil Milhas" (2021) e "Um Mundo em Poucas Linhas" (2021) e também o infantil "Férias na Antártica" (2014), todos lançados pela Editora Peirópolis. Em 2024, lançou "Nós: o Atlântico em Solitário" (Companhia das Letras). Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
Quem segue a psicóloga, ativista indígena Guarani e escritora Geni Nuñez no Instagram reconhece que ela é uma voz importante na defesa da não monogamia. Geni escreve de maneira simples e direta sobre o tema, apresentando a filosofia dessa forma de se relacionar. O que ela também fez em livros. Em “Descolonizando Afetos — Experimentações sobre outras formas de amar” (Paidos, 2023), faz uma vasta pesquisa histórica e política da monogamia e apresenta a não monogamia como alternativa. Num passado pré-colonização, no Brasil, o comum era ser não monogâmico. Até que os portugueses chegaram e, com a catequização, instauraram a monogamia. A psicóloga, que tem doutorado no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina, escreve que “ser monogâmico era parte de um projeto de civilização. Outras práticas que fugissem desse modelo eram vistas como atrasadas, selvagens, como animalescas, como algo da ordem de uma heresia”. Trazendo a discussão pro século 21, Nuñez acha que a não monogamia entrou em debate mais acalorado por “uma certa crise dos paradigmas hegemônicos”. “A gente vê, por exemplo, debates sobre a questão ambiental, sobre as questões de gênero, sexualidade, a luta antirracista, a luta pelos direitos ao território. Tudo isso faz parte de um contexto político que, de alguma maneira, possibilita que alguns debates, que antes eram mais silenciados do que hoje, possam ter alguma reverberação.” Para a pesquisadora, a monogamia tem relação direta com uma moral cristã herdada da colonização. “O que a monogamia traz, junto de todo esse moralismo cristão que permanece no nosso território, é uma obsessão com a sexualidade”, afirma. “É difícil pensar que é uma escolha pessoal você decidir o que outra pessoa vai fazer da sexualidade dela. (…) A ideia de traição é referendada por aquilo que o outro fez do próprio corpo.” Em seu último lançamento, "Felizes por Enquanto: Escritos sobre outros mundos possíveis" (Planeta, 2024), Nuñez aborda o tema de forma ainda mais fácil, por meio de poemas. Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Como criar conexão com os filhos, lidar da melhor maneira possível com as diferentes fases da infância quando estão todos sobrecarregados? Como manter a calma diante dos desafios da criação? “É preciso saber reparar as coisas, sem se afundar na culpa”, diz a Gama a psicanalista e especialista em psicopedagogia, Thais Basile. Basile acredita que é possível criar filhos fora da ideia de uma educação “tradicional”, muitas vezes baseada em gritos, ameaças, críticas e medo. É sobre esse tema que ela escreve em “Atravessando o deserto emocional: Os impactos de fazer parte de uma família” (Paidós, 2024), em que mostra como o que somos é causa e efeito dos cuidados que recebemos. Na conversa com o Podcast da Semana, da Gama, ela discute como fazer escolhas que melhorem o tempo que estamos com os filhos, trata da importância de lembrar da nossa infância e nomear o que vivemos — “É bom que a gente investigue também quais as transferências e projeções que a gente tá fazendo com essa criança”, diz — e, entre outros temas, trata da criação de vínculos na formação das crianças. Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
Tentar ficar focado o tempo todo pode ser contraproducente. Isso porque a atenção total é algo que nos exige muito fisicamente. O melhor é saber alternar períodos de foco e de descanso. A opinião é da psicóloga clínica do esporte Aline Wolff, que é coordenadora de preparação mental do Comitê Olímpico Brasileiro, o COB, e responsável pelo atendimento da ginasta medalhista Rebeca Andrade. Wolff é a entrevistada da edição sobre foco e atenção do Podcast da Semana “A nossa capacidade de atenção é limitada. As pessoas acham que a gente consegue ficar atento por horas e horas. Isso não é verdade. Gasta energia física. Quando a gente precisa fazer uma tarefa que nos exige muita atenção, a gente fica exausto depois. O cansaço é real. Parece que alguma coisa passou por cima da gente”, afirma Wolff. Ao comentar a declaração de Andrade sobre pensar em receitas minutos antes de se apresentar nas Olimpíadas de Paris, Wolff afirma que ela estava “economizando foco" e que desse jeito ficava com o “foco muito mais limpo na hora que realmente importa”, diz. Wolff disse que o fato da ginasta brasileira não ter colocado a atenção de seu treinamento e apresentação na norte-americana Simone Biles foi fundamental para seu sucesso e que isso vem do seu autoconhecimento. “Ela está focada no que ela pode controlar. Ela está focada nela mesma. Ela sabe o que ela pode”, afirma. Autora de “Pensamento Campeão: Melhorando o desempenho esportivo por meio da preparação mental” (Editora Cognitiva, 2015), Wolff fala sobre a importância do descanso para ter foco e atenção de qualidade. “Se há uma demanda e não há um terreno fértil, que é um corpo descansado, uma mente mais fresca, com boas noites de sono, esse foco não vai fluir. E aí o que gera isso? Frustração. A pessoa começa a se sentir incompetente." Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Será que você respira bem enquanto dorme? Ronca? Tem apneia? Essas e outras questões atrapalham um sono de qualidade, aquele que nos restaura para o dia seguinte. "É preciso ter uma quantidade adequada de sono profundo. Se você tem uma respiração inadequada, ruidosa, nariz entupido, isso atrapalha, faz com que a respiração não seja normal", diz a convidada do Podcast da Semana, a otorrinolaringologista Sandra Doria Xavier. Sendo uma função vital, ao não respirarmos adequadamente o corpo entende que algo está errado, o que interfere no sono de quem dorme -- e no do companheiro ou companheira ao lado, caso haja ronco. Daí a importância de procurar um especialista. "Ronco tem cura e o médico otorrinolaringologista poderá avaliar as vias aéreas e entender se existe alguma obstrução", diz Xavier a Gama. A especialista é certificada em medicina do sono pela Associação Médica Brasileira, com doutorado em otorrinolaringologia. É professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e pesquisadora do Instituto do Sono. Na nossa conversa com Gama, alerta que o ronco não é normal em nenhuma idade, explica como uma respiração inadequada atrapalha a qualidade do sono e a nossa saúde e propõe caminhos e razões para convencer os roncadores a procurarem ajuda médica. "O ronco superficializa o sono", diz.
É possível identificar o que apenas você consegue fazer profissionalmente, algo que seja seu diferencial? Para a consultora, empresária e comunicadora Vivi Duarte, entrevistada deste episódio, saber quem você é ajuda a fazer as escolhas certas, a mudar de trabalho e de área quando sentir que é a hora. "Quando a gente consegue agarrar os nossos pontos fortes, consegue encerrar ciclos sem sofrimento", diz a Gama. Viviane Duarte é fundadora e CEO da Plano Feminino - consultoria que há 14 anos trabalha com diferentes marcas na construção de narrativas e projetos que promovam equidade de gênero e a diversidade. Ela é presidente do Instituto Plano de Menina, projeto social com foco em capacitar e conectar meninas a oportunidades de trabalho e bolsas de estudo. É autora do livro "Quem é você na fila do pão?" (Planeta, 2021), um manual para quem quer tirar os planos do papel. Na conversa com Gama, Duarte traz técnicas e caminhos para quem quer avançar na carreira, fazer diferente, criar novos projetos e fortalecer sua marca pessoal. "Quando você é líder da sua própria vida e sabe quem você é no mundo, não é uma cadeira, um crachá, não são esses títulos que vão te segurar nesses lugares, mas o teu propósito", diz ao Podcast da Semana, da Gama. Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
“Achar que dá para viver sem culpa é uma fantasia. A culpa é um sinal fundamental de que existem regras e a gente não vive sem regras.” A afirmação é do filósofo, escritor e psicoterapeuta Emanuel Aragão, convidado do Podcast da Semana da edição sobre culpa. Segundo ele, esse sentimento é "estruturante". "Dizer que você vai viver sem culpa é a mesma coisa que dizer que você vai viver sem lei."Autor do livro “Dez Princípios Antes do Fim: Enunciado para uma vida possível” (Maquinaria Editorial, 2024), em que parte da experiência do luto para falar de sentimentos comuns a todos nós. "A culpa é um processo muito importante no luto porque mostra que você está tentando se defender daquilo que é inexorável, que é o fim." Aragão, que mantém um canal no YouTube em que debate a neuropsicanálise, interseção da neurociência com a psicanálise a que dedica seus estudos e trabalho, já havia se dedicado ao tema da culpa em vídeos também. No Podcast da Semana, ele fala sobre a culpa pode aparecer nas relações amorosas e que é algo que experimentamos desde a infância. “Qualquer coisa que ameaça o seu sistema de vínculo vai surgir para você como um sinal de culpa. A culpa também é, como eu digo sempre, uma ferramenta de pesquisa. Então, não é algo que a gente tenha que se livrar ou a que se submeter, mas indica algum desejo”, afirma na entrevista que você ouve no player abaixo. Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Sonia Guimarães é uma pioneira. É a primeira mulher negra doutora em física do Brasil e a primeira também a lecionar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), antes mesmo que fosse permitido que alunas mulheres estudassem na instituição. Apesar de dar aulas há décadas, ela não perde o entusiasmo quando fala sobre a prática: “É o ensino que me dá forças”, disse ao Podcast da Semana especial do Dia dos Professores. Guimarães diz que sua “missão de vida” é levar mais alunos para as ciências. Ela também não se intimida com inovações tecnológicas e vem atualizando sua forma de ensinar. A inteligência artificial, por exemplo, fez com que ela passasse a pedir que em vez de textos os alunos entregassem vídeos ou fizessem experimentos. “Agora eu quero opiniões, as minhas respostas têm que ser uma coisa da pessoa, não aquela coisa que já está nas enciclopédias, que já está no chat GPT”, afirma a professora doutora em física pela Universidade de Manchester, no Reino Unido.Expansiva e apaixonada, a docente conta casos de pessoas mais jovens que dizem que ela abriu caminho para elas. Mas conta também que paga um preço alto por ser a primeira e como sente o racismo. “Esse pioneirismo foi a pior coisa que me aconteceu. Eles não me querem… Até hoje, eu tenho colega de trabalho que entra correndo na sala pra não me dizer bom dia. Tem a ver com que eu não deveria estar aqui. Eu não sou o tipo, né? Eu não sou homem, branco, eu não deveria estar dando aula nesse instituto”, afirma. Na entrevista, Guimarães fala sobre sua trajetória, sobre a paixão pelas ciências e sobre o que faz de alguém um bom professor. Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
A mineira Carla Madeira é a escritora mais vendida no Brasil. Ainda assim, ela conta que não sente a pressão do pódio ao escrever, nem tem o leitor na cabeça quando põe no papel uma nova história. Seu quarto livro, ainda sem nome, está em processo de escrita desde que Madeira viveu uma combinação de muitos lutos: da mãe, do psicanalista, de uma amiga-irmã. Ao visitá-la em fase terminal de um câncer no pâncreas, disse ter sentido um ímpeto de começar uma nova história. “É muito nítido esse lugar da literatura para lidar com o real”, ela afirma ao Podcast da Semana sobre literatura, da qual é a convidada. “A ficção vaza. Imaginar é sempre revelar um pouco de si mesmo, não tem jeito. Vai uma dose enorme de inconsciente.” Madeira é autora de "Tudo É Rio" (Record, 2021), seu primeiro romance e um best-seller. Ele conta uma história de amor que se desfaz num ato brutal de violência e dá espaço para um triângulo amoroso com muito sexo. Depois dele, a escritora e publicitária lançou outros dois títulos, “Véspera” (2021) e "A Natureza da Mordida" (Record, 2022), todos publicados pela editora Record. Agora, ela se prepara para encerrar a Festa Literária Internacional de Paraty de 2024, em uma mesa sobre a invenção e a linguagem do romance, ao lado de Mariana Salomão Carrara e de Silvana Tavano. Ao Podcast da Semana, Madeira afirma que é uma escritora muito focada em acontecimentos e não gosta de usar seus personagens para assumir suas inquietações. “Não dá para entrar numa lógica dos personagens começarem a ocupar um lugar de recado porque você pode entrar num caminho meio moralista, ou meio “sabidão”, na vibe quase que do conselho, da moral”, afirma. Na conversa, Madeira fala sobre seu processo criativo, sobre a importância do ritmo no texto, de suas ideias para o futuro do romance e dá ainda três dicas dos livros de que mais gostou em 2024. Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Estamos atentos aos sinais que nossos filhos ou alunos nos trazem? Para que a saúde mental dos mais jovens esteja em dia, é importante que pais, cuidadores e a comunidade escolar como um todo observe não apenas o que a criança diz, mas os diferentes sinais que ela nos traz. "A atenção vai mostrar que tem algo diferente", diz a psicanalista Elisama Santos ao Podcast da Semana, da Gama. "Do contrário, na pressa que a gente tem vivido, eles viram mais um item na lista de obrigações." Comunicadora com mais de 350 mil seguidores no Instagram, Elisama Santos é psicanalista, escritora e autora de best sellers como "Educação não Violenta" (2019), "Por que Gritamos" (2020) e "Vamos Conversar" (2023), publicados pela editora Paz e Terra. Ela é também apresentadora do programa SAC das Emoções, no canal GNT e do podcast Vai Passar, do Spotify. Pós-graduada em saúde mental pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, é especialista em comunicação não-violenta e educação não-violenta. Na conversa com Gama, Santos fala das mudanças pelas quais as escolas vem passando e qual o seu papel na formação de futuros cidadãos. Traz ainda caminhos para ampliarmos o diálogo e a escuta das novas gerações. Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
“A tragédia climática vai acontecer com todo mundo; não tem o que nos salve disso.” A frase, que pode soar pessimista e catastrófica, é de alguém que viu a própria casa inundada, a escritora gaúcha Julia Dantas. Durante as enchentes de maio de 2024, Dantas teve o apartamento tomado pela água, apesar de seus esforços para contê-lo. “Tenho agora uma maior preocupação no sentido da urgência. Tudo o que já se previa que ia acontecer, está acontecendo muito antes do que se imaginava. O que se pensava para 2050, 2080, está acontecendo agora em 2024”, disse em entrevista ao Podcast da Semana sobre as cidades e a mudança climática. Autora de ficção com três livros publicados, entre eles o mais recente “A Mulher de Dois Esqueletos” (Dublinense, 2024), Dantas escreveu três relatos sobre o que viveu nas enchentes. A experiência também será debatida na Festa Literária Internacional de Paraty, em outubro, na mesa Não Existe Mais Lá, junto ao palestino Abu Atef Saif. Ao Podcast da Semana, ela revela que segue descobrindo o que perdeu no alagamento. Conta também como a experiência mudou o seu jeito de escrever, de olhar pra literatura, e até a relação com a cidade. “Para nós não acabou, a enchente ainda perdura até hoje, tanto no que a gente está esperando reconstruir, quanto no que a cidade ainda tem por fazer. E, evidentemente, ainda há o medo do que vai acontecer neste mês de setembro, em novembro, que são épocas de chuva. Tenho vontade de continuar escrevendo também por isso, para marcar que essa história não ficou restrita a maio; ela continua.”