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O artista fala sobre o ABC, fase pós-Exaltasamba, impacto do álcool, perda de 50kg, reencontro com Angola e o envelhecer “Aos 55 anos, encaro a finitude como algo inevitável. A certeza é que a gente vai permanecer de alguma forma, seja através dos filhos, da obra, dos frutos que deixamos. Quando pensamos assim, a morte deixa de ser um tabu", diz Péricles. Dono de uma das vozes mais marcantes do samba e do pagode brasileiros, ele bateu um papo sincero com Paulo Lima no Trip FM. Na conversa, que vai muito além da música, Péricles fala sobre saúde, paternidade, racismo, espiritualidade, reinvenção e legado – sempre com a generosidade de quem não tem medo de se mostrar por inteiro. O artista também relembra sua infância no ABC paulista e divide momentos delicados como o impacto do álcool em sua vida. “A bebida por muito tempo foi uma fuga. Mas não dá pra você se esconder nisso durante muito tempo porque a vida segue e você tem que continuar, senão fica para trás”, afirma. O músico também compartilha a experiência emocionante de uma viagem a Angola – um reencontro com suas raízes: “Era como se as pessoas fossem meus primos, meus irmãos. Minha família veio de Angola, é algo que mexe muito com a gente. Mas aqui é o meu lugar, foi onde eu nasci. E é aqui que eu tenho que fazer a minha revolução." [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/05/682f838d07b3b/pericles-cantor-samba-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Rodolfo Magalhãe / Divulgação; LEGEND=Péricles; ALT_TEXT=Péricles] Você já falou sobre a importância de parar para se cuidar. Quando isso virou uma urgência para você? Péricles. Eu precisava parar para poder me cuidar. A gente entrou numa... como é que eu posso dizer... a gente estava no olho do furacão, emendando um trabalho no outro, e eu não conseguia parar. Quando a Maria Helena nasceu, eu entendi que precisava ter saúde para cuidar dela. Como foi passar por isso durante a pandemia? Eu peguei Covid, como várias outras pessoas. Na primeira vez, fiquei 20 dias isolado, sem falar com ninguém. Assim que melhorei, minha esposa ficou mais 15 dias isolada. E tudo isso aconteceu bem na época do nascimento da nossa filha. Foi aí que você decidiu mudar de vida? Sim. Foi nesse momento que a gente reciclou as ideias. Comecei a me cuidar mais, com acompanhamento médico. E aprendi que não existe fórmula mágica: alimentação, exercício e cuidado médico. Esse é o tripé. Não conheço outra forma de vencer. Você cresceu no ABC paulista. Como foi esse ambiente na sua formação? Fui criado num bairro perto de várias saídas do ABC para São Paulo. Tinha de tudo: espanhóis, italianos, nordestinos, negros. E a gente era criado igual. Só anos depois fui entender o que era o preconceito. Na infância, isso não existia pra gente. Você já falou abertamente sobre o álcool. Como foi esse processo? Bebi muito. Durante um tempo, a bebida foi uma fuga. Mas a verdade é que isso não funciona. Quando você começa a perder rendimento, percebe que essa fuga não resolve. Você acorda todo dia e a vida continua. Se você não continua também, fica pra trás.
O local onde um eurodeputado tentou fugir de uma orgia gay em Bruxelas tornou-se um ponto turístico, ícone artístico e símbolo de protesto contra a repressão na Hungria. De Bruxelas, Artur CapuaniUm simples cano de esgoto em uma das esquinas da Rue des Pierres, no centro de Bruxelas, poderia passar despercebido como qualquer outro. Mas os adesivos, rabiscos e turistas que posam sorridentes para fotos ao seu redor revelam que ali se esconde uma história surpreendente. Esse simples encanamento tornou-se um símbolo da causa LGBTQIA+ e, de forma inesperada, um ponto de referência para visitantes da Hungria.“Sempre que meus amigos húngaros visitam Bruxelas, eles perguntam: ‘Onde fica o cano de esgoto?'”, conta o jornalista húngaro Roland Papp, correspondente do jornal Népszava (A Voz do Povo, em português) na capital belga. “Ele vai estar sempre coberto de adesivos, bilhetes e mensagens de húngaros.”A origem dessa curiosa devoção está ligada à figura de József Szájer, um dos fundadores do partido ultraconservador Fidesz e ex-eurodeputado aliado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. Szájer foi um dos principais articuladores das profundas reformas políticas realizadas na Hungria. Desde 2010, o governo nacionalista de Orbán tem ampliado seu controle sobre instituições, veículos de imprensa e restringido liberdades civis.Membro da União Europeia, a Hungria entrou em rota de colisão com a cúpula do bloco, que acusa o regime húngaro de violar os princípios democráticos e o Estado de Direito. A repressão ganhou novos contornos este ano com uma emenda constitucional que proíbe a realização da Parada do Orgulho LGBT em Budapeste, sob o argumento de "proteger as crianças".“A nova lei permite que as autoridades proíbam qualquer evento considerado contrário à chamada lei de proteção à criança”, explica Papp. “Este é o pretexto usado para tentar proibir a Parada de Budapeste — que ocorre há muitos anos.”A política conservadora de Orbán sofreu um forte revés em novembro de 2020, quando Szájer renunciou repentinamente a todos os seus cargos. Inicialmente, a motivação da renúncia foi ocultada sob o pretexto de “motivos familiares”, mas a verdade veio à tona poucos dias depois.O então eurodeputado foi flagrado tentando escapar de uma orgia gay, com pelo menos 25 pessoas, no centro de Bruxelas — em pleno lockdown da pandemia de Covid-19. Segundo noticiou a imprensa europeia, Szájer tentou fugir descendo por um cano de esgoto, do primeiro andar do prédio onde acontecia a festa, mas foi detido pela polícia na rua, carregando uma mochila com comprimidos de ecstasy.O episódio chocou a opinião pública húngara e europeia, revelando o contraste gritante entre a vida privada do político e as bandeiras anti-LGBT que defendia publicamente. Hoje, o cano de esgoto usado por Szájer tornou-se um inesperado ponto de resistência LGBTQIA+ e um lembrete irônico das contradições políticas da extrema direita europeia. Mais do que um escândalo pessoal, o episódio provocou um debate sobre hipocrisia institucional, repressão sexual e direitos civis.Cinco anos após o escândalo, József Szájer tenta se reerguer politicamente. Ele agora lidera um think tank ultraconservador na Hungria, ligado a Orbán. Enquanto isso, o país se prepara para uma das maiores mobilizações LGBTQIA+ de sua história: a próxima Parada do Orgulho em Budapeste, marcada para o dia 28 de junho, que promete ser a mais emblemática de 2025.Arte como respostaO caso de József Szájer inspirou o artista português Luís Lázaro Matos, que transformou o episódio no ponto de partida para uma obra crítica e simbólica, atualmente exposta no Museu de Arte Contemporânea de Gante, na Bélgica. No centro do mural, surge uma paisagem surrealista inspirada em Magritte, onde a bandeira da União Europeia aparece com suas estrelas substituídas por espermatozoides.“Esses espermas não estão à procura de um óvulo. Eles não representam reprodução no sentido heteronormativo”, explica o artista. “É uma imagem metafórica, quase fantasiosa, de uma União Europeia homossexual.” A composição inclui ainda cinco pinturas com figuras de ratazanas em posições ambíguas, suspensas em torno de canos de esgoto. A ideia surgiu enquanto o artista vivia em Paris, onde se deparava frequentemente com ratos nas margens do Sena.“Comecei a pensar neles como animais que vivem no submundo”, conta Matos. “É algo que dialoga com meu trabalho em geral, que muitas vezes usa animais como representação de características humanas.” Para o artista, no entanto, o projeto está longe de ser uma sátira ao político húngaro. “Não é uma crucificação do Szájer. Já houve muita gente que fez isso nos jornais e nas redes. É mais uma reflexão sobre a condição do homem gay no armário — que vive uma vida dupla, que politicamente defende uma coisa e, na vida privada, faz outra.”
Anabela garante que a música é a sua grande paixão, mas assume que sempre teve um fascínio pela psicologia. A cantora e atriz de teatro musical junta as duas áreas num só projeto dedicado aos idosos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O peso da perda da mãe marcou o ator, que lapidou sua leveza no humor, ganhou projeção no Porta dos Fundos e agora se destaca em "Vale Tudo" No ar no remake de “Vale Tudo”, na TV Globo, Luis Lobianco já interpretava diversos papéis desde pequeno, imaginando-se caçador ou cirurgião plástico. Foi no teatro que ele encontrou um lugar de cura quando a perda da mãe marcou profundamente sua infância. "Fui precoce em muitos sentidos, mas também fiquei uma criança eterna, precisando de colo, de amor", diz o ator e humorista. "É uma reconstrução mesmo — de identidade, de autoestima, de se perceber no mundo com esse buraco." Em um papo com Paulo Lima no Trip FM desta sexta-feira (4), Luis relembra sua trajetória pessoal e artística, revelando bastidores do Porta dos Fundos, produtora que o projetou nacionalmente. “O Porta era um grupo de pessoas inadequadas para o mercado. Ninguém imaginava que ia virar o que virou”, conta. Entre risos, memórias e reflexões, ele também reforçou o compromisso de usar sua visibilidade na luta contra a discriminação: "Comecei a construir a minha sexualidade, a entender o que eu era, o que eu gostava, só quando eu saí da escola. É tão injusto largar tão atrás... Um desejo que eu tenho é que crianças e adolescentes possam se expressar livremente, porque isso é um grande adianto na vida, na autoestima, na construção da identidade." O programa fica disponível no Spotify e no site da Trip! [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/04/67eeff53f2456/luis-lobianco-ator-vale-tudo-globo-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Luis Lobianco; ALT_TEXT=Luis Lobianco] Trip. De que forma a perda da sua mãe impactou sua infância e autoestima? Com a morte da minha mãe, eu fui uma criança precoce em muitos sentidos. Sei lá, oito anos, eu ia sozinho pra escola, pagava conta no banco. Por outro lado, paralelo a isso, também ficou uma criança eterna, precisando de colo, precisando de amor, querendo que alguém pegue no colo. O mais duro é que você perde completamente a sua autoestima, porque você imagina: você está na escola, todo mundo tem mãe, você não tem. Eu tinha muita vergonha de falar que eu não tinha mãe quando era criança. Eu não falava, sabe? Eu evitava esse assunto. Porque é uma reconstrução mesmo, de identidade, de autoestima, de se perceber no mundo com esse buraco, né? Para onde vai esse luto que se cria na cabeça da criança? Que sinapse que faz ali que depois você não consegue desfazer nunca mais, entendeu? Como foi a sua vivência afetiva e o processo de descoberta da sexualidade na adolescência? Eu não tinha uma vivência que os meus outros amigos e amigas tinham de ter um namorado, uma namorada, ficar apaixonado, escrever no diário. Todo mundo quer um momento dessa descoberta, mas é muito cruel que a gente não podia expressar isso de forma alguma. Eu comecei a construir isso, a minha sexualidade, entender o que eu era, o que eu gostava, quando eu saio da escola. Mas olha só que droga largar tão atrás. É tão injusto. Um desejo que eu tenho é que crianças e adolescentes possam se expressar livremente quando for o momento de ter as primeiras sensações da sexualidade, da orientação, do gênero. Porque isso é um grande adianto na vida, entendeu? É um grande adianto na autoestima, na construção da identidade. Como foi o início da sua trajetória no Porta dos Fundos e o impacto do grupo na sua carreira? Em 2012, YouTube era tudo mato. Fui convidado para o Porta e pensei: 'Olha mais um grupo se reunindo para fazer uma coisa sem dinheiro'. Quase que eu não fui. O Porta era um grupo de pessoas inadequadas para o mercado, porque o mercado não absorvia e não investia nesses atores, autores, diretores, ideias e nesse humor. A gente se juntou para fazer algo que fazia sentido para a gente. O humor, até pela possibilidade do improviso, são palcos mais generosos. Ninguém imaginava que ia virar o que virou. O Porta estreou e, em poucos dias, todas as TVs estavam ligando com convites. Finalmente consegui entrar na bolha do audiovisual. Você acredita que a arte tem um papel de cura? A gente teve um belo demonstrativo aí, na pandemia, do que a arte pode fazer pelas pessoas. A arte no sentido de cura mesmo. E ouvi algumas vezes coisas do tipo: ‘eu pensei em me matar, mas eu assisti o programa, eu vi uma cena, eu vi isso e aí eu ri e aí eu vi que a vida vale a pena'. A gente sabe onde a gente encontra cura. A gente só tem que ceder menos ao medo e ao ódio. E aí a gente tem alguma chance.
Durante quatro meses, o brasileiro Luckas Viana Santos foi forçado a trabalhar diariamente 17 horas por dia em Mianmar. Aos 31 anos, ele aceitou uma oportunidade de emprego na Tailândia e foi levado, sem saber, para o país vizinho. Luckas foi preso e torturado, sem poder se comunicar com a família. Ele é o convidado de Natuza Nery neste episódio. Luckas conta em detalhes como foi parar em um local com mais de 5 mil vítimas de tráfico humano, as condições a que foi submetido e uma rotina de ameaças. O trabalho, na verdade, consistia em aplicar golpes seduzindo “clientes”. A remuneração prometida de US$ 1.500 era falsa, e o salário recebido dava apenas para comprar itens básicos, como sabonete. O brasileiro relembra em detalhes como foi a fuga, no último dia 8 de fevereiro. Com a ajuda de uma filipina, um paquistanês e um queniano, o grupo de 60 pessoas bolou um plano para escapar do complexo durante uma madrugada. “Comecei a correr, correr, correr”, relembra, mas, após dias de maus-tratos, não conseguiu ir muito longe. “É algo que vai ficar sempre na minha mente”, diz. A história de Luckas retrata um crime do qual crianças, mulheres e homens são vítimas, atraídos por falsas promessas de emprego. Segundo um relatório divulgado pela ONU em dezembro do ano passado, mais de 200 mil pessoas foram vítimas de tráfico humano entre 2020 e 2023 no mundo inteiro. Natuza entrevista também Cintia Meireles, coordenadora da ONG internacional The Exodus Road, grupo que ajudou no resgate de Luckas e de outros brasileiros. Cintia explica o que caracteriza o crime de tráfico humano, os danos físicos e psicológicos com os quais as vítimas lidam após serem resgatadas e como é possível combater esquemas deste tipo de crime.
O Jiu-Jitsu brasileiro é cada vez mais presente em Portugal. O esporte registrou um crescimento de 20%, segundo a ISBJJA (International Sports Brazilian Jiu-Jitsu Association). E esse interesse deve ser ampliado este ano com a realização da World Cup, a primeira Copa do Mundo de Jiu-Jitsu em Portugal. Lizzie Nassar, correspondente da RFI em Lisboa“Portugal já é a casa do Jiu-Jitsu brasileiro na Europa”, resume o faixa-preta Oscar Daniotti, presidente da ISBJJA. Segundo ele, a cultura compartilhada, a língua e a presença de muitos brasileiros têm contribuído para o país se tornar um dos maiores centros da modalidade no Velho Continente. “Muitos brasileiros aqui estão dando aula e espalhando a paixão pelo esporte”, acrescenta. A realização da World Cup em Cascais, nos dias 19 e 20 de abril, promete atrair mais de mil atletas e movimentar ainda mais a comunidade em torno da modalidade. “Este evento será um marco para o Jiu-Jitsu em Portugal, reforçando nossa posição como epicentro do esporte na Europa", frisa Daniotti.A popularidade do Jiu-Jitsu em Portugal também tem sido impulsionada pelo exemplo de atletas como Renan Bernardes, faixa-roxa e atual líder do ranking mundial na sua categoria pela IBJJF. Renan, que vive em Portugal há nove anos e trabalha na área de relações internacionais de uma universidade, afirma que o esporte transformou sua vida."Eu costumo dizer que não procurei o esporte, eu esbarrei com ele. Comecei aos 33 anos e encontrei o grande amor da minha vida. Adoro o Jiu-Jitsu e não falto em treino por nada. Esse esporte me trouxe muito mais do que eu poderia imaginar”, constata.Integração culturalAlém do alto nível competitivo, o Jiu-Jitsu também é uma ferramenta de integração cultural. Oscar Daniotti menciona que campeões do circuito europeu ganham passagens para competir no Brasil e vice-versa, criando uma sólida conexão entre os dois países. Renan completa: "O Jiu-Jitsu tem um componente muito forte de acolhimento e amizade. As pessoas fazem do Jiu-Jitsu algo que vai além do tatame."Entretanto, viver da modalidade na Europa ainda é algo desafiador, especialmente para quem chega no Velho Continente sem uma estrutura pré-estabelecida. “Quem chega na Europa não vai conseguir viver do Jiu-Jitsu de imediato”, alerta Daniotti. “Sem uma academia estruturada, é necessário ter um trabalho extra para garantir o sustento." Renan também confirma, dizendo que não consegue viver da prática esportiva. “Trabalho numa universidade e, como atleta, é muito difícil", admite.Apesar dos obstáculos, o Jiu-Jitsu continua a crescer, e novas gerações de atletas estão rompendo estigmas antigos. "As cidades estão oferecendo o apoio necessário para que o Jiu-Jitsu esteja cada vez mais presente, e isso é ótimo para nós, brasileiros, pois podemos compartilhar a nossa cultura", afirma o presidente da ISBJJA.Fundada em 2022, a ISBJJA é uma extensão da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Desportivo (CBJJD) na Europa, e tem feito um trabalho significativo na organização de eventos. Com o apoio de grandes equipes brasileiras, a associação já está consolidada e com boa aceitação no continente. "A nossa parceria com a Confederação Brasileira tem sido fundamental. Quando chegamos, trouxemos uma estrutura já reconhecida no Brasil, e isso ajudou muito no nosso sucesso aqui", explica Daniotti.Além da World Cup, também estão previstos outros eventos importantes, como o campeonato nacional em Coimbra (19 de junho), Torres Novas (julho), a Eurocamp na Galícia (outubro), e mais eventos em Coimbra em novembro.
✨ Episódio Novo no Ar! ✨"Quantas vezes disseste 'sim' e depois te arrependeste profundamente?"Neste episódio do podcast O dia que comecei a dizer Não!!, conto como aprendi a dizer "não" e o impacto transformador que isso teve na minha vida.Partilho estratégias práticas para:✔️ Priorizar o que realmente importa.✔️ Dizer "não" sem culpa.✔️ Recuperar tempo para ti mesma.
Começou no Direito, mas rapidamente percebeu que a sua carreira passava pelo Jornalismo. Mafalda tem a observação como superpoder. Quando era miúda, gostava de olhar o céu estrelado. Hoje, olha o mundo todos os dias com espanto e curiosidade. Mãe de quatro filhos, a ideia para o seu novo livro, “Carta a um jovem decente” (editado pela Contraponto, no final de 2024), surge depois de ter escrito cartas aos seus filhos quando estes atingiram a maioridade. Os ensinamentos que vinham nessas páginas deram um livro e são agora o mote para este episódio do podcast literário “Ponto Final, Parágrafo”. Em entrevista a Magda Cruz, explica as origens do conceito de decência, como políticos como Donald Trump subvertem as regras da decência e que livros, sobretudo cartas, a inspiraram para a escrita deste novo título. O livro é destinado a jovens, mas pode ser lido por pais e mesmo avós. Artigo mencionado por Mafalda Anjos: https://leitor.expresso.pt/semanario/semanario2715/html/ideias/capa/adeus-decencia-ate-depois-2
A cantora franco-brasileira, Gildaa, actuou no concerto comemorativo dos 10 anos da Session UNIK da rádio FIP, no estúdio 104 da Maison de la Radio, em Paris. A cantora explora a memória ancestral e a espiritualidade, a dualidade entre Camille e Gildaa, misturando samba, R&B ou ainda jazz numa criação musical livre e sem fronteiras. O concerto celebrou uma década de sessões Unik da FIP que imortalizam duetos de cantores inéditos, gravando-os directamente num suporte vinil. Os duetos prensados em séries limitadas - cerca de trezentas exemplares - em discos de 45 RPM, costumam ser vendidos durante o Record Store Day, o dia dedicado às lojas de discos independentes.A primeira edição, em 2014, contou com o dueto Jane Birkin e Emily Loizeau, seguiram-se Philippe Katerine e o colectivo Catastrophe, Arthur Teboul e Alain Chamfort ou Angélique Kidjo e Catherine Ringer.No dia 17 de Dezembro, MC Solaar revisitou o seu “New Western” com o grupo de rock The Limiñanas; a cantora Yael Naim retomou “Shine” ao lado da multi-instrumentista franco-brasileira Gildaa e “I love you” de Billie Eilish foi reinterpretada pela harpista soul Sophie Solyveau e pelo saxofonista Laurent Bardainne.Gildaa, nome artístico de Camille da Silva, subiu ao palco com uma dezena de artistas para este concerto comemorativo dos 10 anos da Session Unik.Na sua primeira entrevista em língua portuguesa, à RFI, a cantora franco-brasileira Gildaa confessa ter ficado "espantada com o convite”, confessa, explicando que seu nome chegou até os organizadores por indicação da amiga, Sophie Solyveau.Embora tenha começado no teatro, Gildaa explica que a sua identidade musical nasceu de uma necessidade de autenticidade. “Camille já é outra pessoa, e nós convivemos juntas”, diz, referindo-se à sua faceta teatral: Camille, a actriz que compunha para outros, cedeu espaço a Gildaa, a cantora que agora expressa sua própria voz. "Foi assim que comecei a escrever, procurando uma forma de dizer o que não conseguia na técnica com que trabalhava", conta-nos.A procura pela memória e pela espiritualidade é outro ponto central na música de Gildaa, para quem a arte é um processo de coexistência entre diferentes mundos. “É um cruzamento de universos”, diz-nos, lembrando que entrelaça cultura brasileira e ocidental. “O importante não é saber quem somos, mas viver o caminho”, afirma."Comecei numa cozinha onde a minha mãe faz festas com todo o povo brasileiro em Paris", conta. A sua música mistura de samba, jazz e R&B, uma "feijoada" de influências culturais que se reflectem na liberdade criativa com que compõe.“A poesia brasileira tem uma forma única de dizer o que não pode ser dito abertamente, enquanto o francês tem mais palavras, mais camadas”, descreve Gildaa, destacando o cruzamento de línguas, que se tornam numa das suas riquezas.Gildaa vai estar em cena no centro cultural 104 nos dias 14, 15 e 16 de Janeiro e entre os dias 21 a 30 de Janeiro no teatro do Rond Point, em Paris.
Nesse episódio eu, Lucas, vou contar para vocês os locais que trabalhei e os prós e contras de cada tipo de serviço que fiz. Isso pode ser de muita ajuda para quem ainda está perdido (a) no fim do R3 e início da vida profissional. Espero que gostem. Episódio patrocinado pela equipe MedCof e com o cupom ESPECULANDO vocês conseguem R$300 de desconto nos cursos para R+ de GO, Mastologia e para o TEGO: https://tego.grupomedcof.com.br
Bem-vindo à Rádio Minghui. As transmissões incluem assuntos relativos à perseguição ao Falun Gong na China, entendimentos e experiências dos praticantes adquiridas no curso de seus cultivos, interesses e música composta e executada pelos praticantes do Dafa. Programa 1166: Experiência de cultivo da categoria Benefícios à saúde, intitulada: "Minha depressão desapareceu depois que comecei a praticar Falun Dafa", escrita Ruyu, uma praticante do Falun Dafa na China.
A exposição "Marias de Abril: o cravo no feminino" é inaugurada esta quarta-feira, 4 de Dezembro, na Casa de Portugal André de Gouveia, na cidade universitária de Paris. O vernissage junta a artista plástica Melanie Alves e a cantora A Garota Não, nome artístico de Cátia Oliveira. A exposição homenageia mulheres que resistiram à ditadura do Estado Novo, muitas vezes esquecidas pela história, incluindo pintura, instalações, bordados ou ainda cerâmicas. RFI: Como é que surge este encontro entre os vossos trabalhos?Melanie Alves: Eu acho que é quase o destino. Quando começámos a falar com a Maison du Portugal acerca de fazer uma exposição, e com o aniversário dos 50 anos do 25 de Abril, comecei a ver que não havia vozes de mulheres. A história era sempre contada no masculino. Eram sempre generais, políticos, polícias, o ditador. Quando comecei a procurar, achei que fazia todo o sentido fazer esta homenagem a mulheres e retirá-las da sombra. Dizem que atrás de um grande homem está sempre uma grande mulher. Comecei a questionar onde é que estavam as grandes mulheres. Sinto que há uma grande ligação com a Cátia, admiro imenso o trabalho dela - ela sabe-o e para mim é importante contar histórias, tentar mexer com as pessoas, tentar mostrar a importância e a valorização da vida humana e neste caso das mulheres, fazer realmente com que haja outras perspectivas, outros pensamentos ou unir comunidades. E sinto que a Cátia fala disto muito bem nas suas canções.Cátia, como recebeu este convite por parte da Melanie?Cátia Oliveira: Tenho de confessar logo à partida que não conhecia de todo a obra da Melanie, muito infelizmente, mas cheguei, como se diz; tarde, mas com muita vontade. Este e-mail da Melanie e da sua produtora fez-me sentir muito lisonjeada. Não é a minha primeira vez em Paris, mas é a primeira vez em Paris no sentido em que vim convidada para trabalhar. Depois lisonjeou-me sobretudo a ideia de poder fazer parte de um encontro que também a mim me significava muito. Não era a ideia de só vir dar um pequeno concerto em Paris. Não era esse o deslumbre, mas era a ideia de vir participar num encontro onde as peças, a ideologia por detrás das peças, a preocupação ambiental, a preocupação activista com o papel da mulher no que é que foi e no que é agora e no que nós queremos que seja agora o papel da mulher.Depois de perceber o percurso da Melanie porque eu também sou um bocadinho exigente com as parcerias que faço, e não tem nada a ver com vaidade, mas com a ideia de precisar de perceber se o nosso encontro vai ser um encontro de almas. Não tem a ver com estatuto ou não ter estatuto. Pode ter começado agora, mas se tem a ideia, se tem a beleza do que quer passar, se me faz sentido, se tem intenção, para mim está tudo bem. Quando fui um bocadinho ao passado da caminhada artística que a Mélanie tem feito, percebi que ela também tem este trabalho muito envolvido com o trabalho social, com esta matriz transformadora do tempo. Um dos projetos que me tocou, que ela tinha feito anteriormente, foi um trabalho grande com mulheres reformadas, com um projecto sobre a terceira idade.Melanie: O projecto As vozes da Avó.Cátia: Esta consciência e este desejo de fazer um trabalho artístico e consequente. Esta parte para mim é que é a ponte que nos faz trabalhar em conjunto aqui em Paris. Depois há uma coisa muito curiosa: num mundo tão imenso e a Melanie é misturada, todos somos, mas ela poderá falar disso melhor, mas viveu muito tempo fora de Portugal, mas somos curiosamente da mesma cidade, Setúbal, que é a coisa curiosa. Temos a mesma idade....Melanie: Temos a mesma idade, somos da mesma cidade, provavelmente até temos as mesmas referências de crescer lá da zona. Dou por mim a pensar que nos cruzamos nos sítios sociais, não no Liceu, mas se calhar nos sítios de convívio. É muito interessante. O destino tem destas coisas.Parte destas oito mulheres que tomaram a palavra a dada altura na História. Estas mulheres representam aquelas que não puderam fazê-lo?Melanie: Com a escolha destas mulheres, tentei demonstrar que no mundo de hoje estamos todos em correria, estamos todos demasiado estimulados pela tecnologia, pelos media, pelas redes sociais e tudo mais, estamos cada vez mais individualistas e estamos a perder o toque humano. Estamos a desvalorizar a vida humana.Acho que ainda há muitas grandes mulheres para saírem da sombra do Estado Novo. Estas foram as que mais tocaram, que mais me intrigaram por certos detalhes, mas o que acho que é importante realçar é que, cada uma à sua maneira, directa ou indirectamente, mais ou menos conhecida, cada uma tem a sua história com valor e importância. Não é só a escritora mais conhecida ou a poeta mais impactante, que realmente tem uma história importante para ser contada.Temos o caso de, por exemplo, da Conceição Ramos, cuja história é pouco conhecida. Ela foi praticamente a vida toda criada de serviço, antes disso trabalhou no campo, desde os 14 anos. No entanto, foi tentando perceber como ajudar, foi encontrando a sua comunidade até na sua paróquia, na igreja e fundou o Sindicato do Trabalho Doméstico. Não estamos a falar de uma pessoa que foi à faculdade, que estudou, que tinha influências a nível familiares, ou seja o que for, não: ela disse basta! E defendeu que ser criada de serviço é um trabalho que decidiu fazer, um trabalho digno...Cátia: Um trabalho com horários e que não implica extras sexuais.Mélanie: Exactamente! Com direitos, defendendo que tinha de haver regras e respeito. Hoje em dia ainda se vê muito isto, infelizmente. Mas é preciso perceber, para o motor gigante do mundo consiga rodar a 24 horas, que todos os trabalhos são importantes; desde a empregada doméstica até ao Presidente da República.No vosso trabalho vocês também dizem basta?Cátia: Dizemos todos os dias. Posso falar com mais propriedade sobre a música e menos das artes plásticas ou de outro sector das artes. Sinto que enquanto música, para ser a música que quero ser, abdico de muita coisa. Também digo que não a muita coisa e isso faz com que as consequências a seguir sejam que haja menos disponibilidade para nos receber, menos visibilidade dada ao trabalho. Fala-se do assédio sexual no cinema, por exemplo, mas também na música. Isto é muitíssimo sentido.Começa a falar-se e, mais recentemente, no jazz português...E o jazz português é um exemplo tristíssimo porque é uma coisa muito mais transversal a qualquer género porque aquilo não é só na casa do jazz. Nós vamo-nos conhecendo enquanto artistas, vamos marcando uma espécie de identidade. É o que tenho de fazer. Muitas vezes é preciso perceber que não quero tocar no Festival X porque aquele festival, para mim, não cumpre nenhum papel cívico, consciente, constructivo, transformador, alargador de consciência.As ligações de que falava no início da entrevista?Sim, claro. Porque determinado evento é patrocinado por pelo banco Y ou pela gasolineira tal. Eu até posso ir a esse festival, mas é importante que eu diga nesse festival que a gasolineira tal me envergonha enquanto cidadã, pelos lucros multimilionários que têm anualmente num país que está a viver com tantas dificuldades e tantas misérias. Depois percebo que isto há de ter consequências.Tem consequências?Sim. Esse festival, por exemplo, a que me refiro, duvido que mais algum dia me convidem para fazer um concerto, mas fico muito mais tranquila se pensar que cumpri o meu papel de artista. Para mim, ser artista tem que ter algum papel de transformação e de provocação.Neste ano em que se assinalam 50 anos de liberdade em Portugal, o que significa para vocês a palavra a liberdade?Melanie: Tenho assim, como se diz em inglês mixed feelings, por um lado, dou graças às mulheres e homens que lutaram, que foram oprimidos, que foram agredidos, que lutaram por nós para pavimentar o nosso caminho, para nós podermos sentir que somos livres hoje. Por outro lado, às vezes sinto-me um bocado desiludida. Sinto-me desiludida de termos que continuar a falar sobre igualdades. Sinto-me um bocado desiludida de sentir que quando estamos a falar de igualdade de direitos estamos a falar de igualdade de direitos perante homem e mulher. Mas eu estou a falar de igualdade perante; empregada doméstica e político. Percebemos que as coisas são diferentes e que isto é tudo muito complexo. Tudo bem que as coisas têm hierarquias diferentes, mas eu acho que há um grande basta: Como é que falamos sobre liberdade e, no entanto, vemos situações no nosso país, em Portugal, de pessoas por causa de taxas, por causa de inflação, seja por que razão, perdem empregos, não podem pagar rendas. Ainda há uma situação muito complexa e sinto-me desiludida por não estar resolvida, passados 50 anos.Cátia, sente que ainda hoje, o impacto da censura e das desigualdades do Estado Novo se refletem nas nossas gerações, 50 anos depois?Cátia: É que nem consigo comparar. Se eu pensar na música e pensar no percurso como o do Zeca Afonso, do Sérgio Godinho, doJosé Mário Branco que tiveram que sair do país porque ali a palavra deles era terminantemente proibida. Acho que não estou num momento em Portugal em que possa sequer comparar. Daí que eu até tenho aqui um problema quando me apresentam como cantora de intervenção, fico com um bocadinho de desconforto porque cantor de intervenção, para mim tem este período cronológico muito marcado e está muito associado àquela pré 25 de Abril, toda aquela fase final da ditadura pela qual contra a qual esta gente lutou muito.Para preparar esta entrevista e ao descobrir este trabalho da Melanie Alves foi impossível não pensar no trabalho do livro pioneiro As mulheres do meu país de Maria Lamas e mais recentemente no filme de Marta Pessoa Um nome para o que sou e no livro da Susana Moreira Marques Lenços Pretos, Chapéus de Palha e Brincos de Ouro. São mulheres que viajaram com um livro para perceber a própria história. É isso que também procura fazer? Mélanie: A certa altura da minha vida não fazia sentido continuar a fazer arte que fosse o eu e eu e o que me acontece a mim mesmo, sentia que faltava qualquer coisa e foi aí que comecei a virar-me para os problemas sociais e para o que acontece em tanto sítios onde estou, como no mundo. Começo logo a sorrir, a pensar nas mulheres do meu país, porque eu sinto uma grande proximidade, relativamente ao facto de Maria Lamas ter dito um basta. Foi um basta também porque estava a ser censurada, simplesmente por estar a demonstrar que a mulher portuguesa era maioritariamente analfabeta camponesa, vivia em situações precárias e trabalhava imenso. Foi censurada por isso e decidiu durante dois anos viajar de norte a sul e descrever essa realidade.Até me arrepio porque quando eu acabei as vozes da avó, essa era a minha ideia; fazer dois anos e provavelmente ainda vai acontecer, mas como eu sentia que os avós e os senhores estavam tão isolados, queria ir de norte a sul as aldeias assim mais remotas, falar e entrevistar e dar a conhecer a história.A exposição para mim não é para ter simplesmente a minha perspectiva ou a minha retórica. É para intrigar e para fazer as pessoas pensar, para terem curiosidade. Porque quando decidi fazer esta exposição sobre as mulheres conhecia muito poucas mulheres que tinham lutado contra a opressão da ditadura. Dei por mim a achar que era ignorância minha de realmente conhecer tão poucas. Mas quanto mais pesquisei, estudei e mais comecei a falar com o meu núcleo de pessoas, notei que não era só minha ignorância. Há uma ignorância geral, muita gente não conhece até os nomes mais mediáticos.Cátia: A Maria Barroso, por exemplo.Mélanie:A Maria Barroso é completamente uma mulher sombra. Ainda hoje, a maioria de nós ainda pensa nela como a primeira-dama, mulher de Mário Soares, mãe de João Isabel. Não fazia ideia que ela foi a única mulher e co-fundadora do Partido Socialista na Alemanha. Pensava que era erro meu, ignorância minha, mas afinal não. É somente isso que eu quero com esta exposição: apreciarmos, ouvirmos, haver mais união, haver mais conversa e intrigar as pessoas para que tenham realmente vontade de saber. Levar as pessoas a querer pesquisa mais acerca da Conceição, da Celeste ou da Maria Barroso. Até posso lançar aqui um desafio para quem nos estiver a ouvir: pesquisar ainda mais, mais mulheres de Abril, mais Marias de Abril. Porque decerto e eu acredito piamente nisto, que todos temos uma história importante para ser contada. Há aí mais mulheres à espera para serem reveladas.Canta como se nos estivesse a fazer uma confidência, com uma entoação que revela tanto vulnerabilidade como uma força ou uma impulsão. De onde é que vêm?Cátia: Eu acho que até a maior parte das canções que escrevo vêm exactamente desse lugar de vulnerabilidade. Acho muitas vezes que a música salva-me de lugares muito angustiados. Falava há pouco de uma certa desilusão e às vezes a desilusão também me angustia muito. Acho que sou um bocadinho fantasiosa sobre o poder popular e o poder do colectivo. E depois também me desiludo com alguma frequência. Acho que a maneira de transformar isto é fazer canções que possam ser um reflexo ou que possam ter um reflexo disto, mas que sejam as canções que contenham uma certa dose de esperança para não cantar só a angústia e o desespero e o mal-estar, acho que o activismo na música também não passa por aí e eu não penso nada em mim como uma activista, mas estou a pegar mais nisto, até porque é uma palavra que a Mel usa bastante e estou a pregar por aí. Sinto que sim, que a música acaba por reflectir a forma como eu apreendo o mundo e como movimento no mundo. Há muita vulnerabilidade e, às vezes, instabilidade, mas também há uma grande vontade de que isto possa ser sempre um dia melhor.A Cátia Oliveira é hoje uma das cantoras mais ouvidas em Portugal. Ganhou o prémio de Melhor Trabalho Popular em 2024 da Sociedade Portuguesa de Autores. O último trabalho de 2 de Abril foi considerado um dos melhores discos do ano. O que é que este reconhecimento, o que é que estes prémios acrescentam, mudam alguma coisa?Não mudam nada. Não vou dizer que também não sabem nada porque todos nós precisamos de alguma espécie de validação e aquela validação que nos chega no mais imediato. Comigo funciona em mandar música ao meu pai, eu mando um texto que escrevi ao meu pai e ele é um barómetro muito interessante e muito curioso. A validação dele importa. Às vezes não é validação, é opinião dele. O que é que ele sente sobre aquilo porque ele sente bem a coisa, percebe quando a música tem alguma coisa que possa ser interessante.A música chega a si pelo seu pai?Não, acho que vem mais da minha mãe. Eu acho que a minha mãe usava muita música para cantar aquele dia a dia difícil.Cantava?Cantava muito, cantava a fazer a lida da casa, trabalhar na costura. Ela teve tantas amarguras, tantas agruras na vida que o canto realmente espanta alguns demónios. E as mulheres da minha família tem muito isso. A minha avó também adora cantar. Às vezes o mundo estava a cair dentro de casa, mas ela ia para o postigo, no bairro de pescadores, lá em Setúbal, abria o postigo e cantava e as vizinhas juntavam se à porta. É muito engraçado porque há vizinhas que ainda me dizem a tua avó cantava tão bem e às vezes lá dentro aquilo estava tudo assim, muito frágil. Acho que também herdei um bocadinho isso, mas pronto. Voltando à questão dos prémios, não mudam nada, mas há sempre um certo sentimento de que eu, na verdade, só tenho 30.000 ouvintes nas plataformas digitais, o que é um número irrisório para uma população como a de Portugal.As plataformas e o número de seguidores dizem muito?Até diz sobre a minha música e sobre aquilo que eu escrevo, o que é que representa para o outro. Se há 30.000 pessoas a ouvir.30.000 pessoas que têm acesso, mas há quem não tenha acesso ou quem use outras formas para ouvir música?Também e eu vendo muitos CDS. Não muda nada, mas acaba por dar uma espécie de conforto de olha, não tens muitos ouvintes, não tens muitos seguidores, mas há sempre alguém que acha que aquilo que tu estás a fazer é importante e pode acrescentar alguma coisa. Eu acho que é isso.
Neste episódio do Alta Definição, Victoria Guerra partilha as suas experiências de vida e carreira, fala sobre a influência da sua família, o apoio que teve dos pais, mas também o luto - do pai e de dois irmãos bebés. A atriz sublinha a importância da liberdade e da criatividade, e como a estabilidade pode ser um inimigo do crescimento. Vitória também reflete sobre a pressão da aparência na indústria do entretenimento. Em conversa com Daniel Oliveira, aborda ainda a influência das redes sociais nas gerações mais novas e a importância de manter os pés no chão. O Alta Definição foi emitido a 30 de novembro de 2024.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Fomos completamente influenciadas por um post da @ananascanread e não podíamos deixar de explorar as nossas jornadas literárias. Digam-nos se gostariam que repetíssemos o formato com mais temas! Livros mencionados neste episódio: - The Happy Couple (O Casal Feliz), Naiose Dolan (2:12) - What Moves the Dead, T. Kingfisher (3:20) - O Pacto, Jodi Picoult (8:37) - The Bee Sting (A Picada de Abelha), Paul Murray (9:15) - Hello Beautiful (Olá, Linda), Ann Napolitano (9:40) - Little Fires Everywhere (Pequenos Fogos em Todo o Lado), Celeste Ng (9:56) - Blue Sisters (Irmãs Blue), Coco Mellors (11:11) - What We Talk About When We Talk About Love (De Que Falamos quando Falamos de Amor), Raymond Carver (12:00) - Things We Do Not Tell the People We Love, Huma Qureshi (12:36) - Free Therapy, Rebecca Ivory (12:50) - A Man Called Ove (Um Homem chamado Ove), Fredrik Backman (14:20) - Autumn (Outono), Ali Smith (14:43) - E Se Eu Morrer Amanhã?, Filipa Fonseca Silva (15:30) - Fazes-me Falta, Inês Pedrosa (16:57) - The Great Believers (Os Otimistas), Rebecca Makkai (17:18) - A Little Life (Uma Pequena Vida), Hanya Yanagihara (17:42) - Mythos, Stephen Fry (18:44) - The Song of Achilles (O Canto de Aquiles), Madeline Miller (19:57) - Clytemnestra, Costanza Casati (20:49) - A minha Pequena Livraria, Wendy Welch (21:50) - The Princess Diarist (Os Diários da Princesa), Carrie Fisher (22:20) - I'm Glad My Mom Died (Ainda Bem que a Minha Mãe Morreu), Jennette McCurdy (22:51) - Tetralogia Napolitana, Elena Ferrante (24:02) - Conversations With Friends (Conversas entre Amigos), Sally Rooney (25:43) - Best of Friends, Kamila Shamsie (26:50) - O Diário da tua Ausência, Margarida Rebelo Pinto (27:56) - Talking at Night (Falar Pela Noite Dentro), Claire Daverley (28:28) - Normal People (Pessoas Normais), Sally Rooney (28:46) - Sharp Objects (Objetos Cortantes), Gillian Flynn (29:38) - Bunny, Mona Awad (30:03) - Boy Parts, Eliza Clark (30:50) - My Husband's Secret (O Segredo do Meu Marido), Liane Moriarty (31:46) - Ask Again, Yes (Direi Sempre que Sim), Mary Beth Keane (32:06) - The Happy Couple (O Casal Feliz), Naiose Dolan (32:19) - Pizza Girl, Jean Kyoung Frazier (33:44) - White Nights (Noites Brancas), Fyodor Dostoyevsky (34:28) - A Origem dos Dias, Miguel d'Alte (35:00) - Single for the Summer, Mandy Baggot (37:25) - This Summer will be Different (Este Verão vai ser Diferente), Carley Fortune (37:57) - People We Meet on Vacation (Pessoas que Conhecemos nas Férias), Emily Henry (38:29) - The Bell Jar (A Campânula de Vidro), Sylvia Plath (39:39) - Panenka, Rónán Hession (40:13) - Day (Dia), Michael Cunningham (41:16) - The Rosie Project (O Projeto Rosie), Graeme Simsion (42:20) - The Hating Game (Odeio-te e Amo-te), Sally Thorne (43:07) - Book Lovers (Doidos por Livros), Emily Henry (44:10) - Daisy Jones and the Six, Taylor Jenkins Reid (44:42) - The Friend (O Amigo), Sigrid Nunez (45:32) - We All Want Impossible Things, Catherine Newman (46:01) - Intermezzo, Sally Rooney (46:38) ________________ Enviem as vossas questões ou sugestões para livratepodcast@gmail.com. Encontrem-nos nas redes sociais: www.instagram.com/julesdsilva www.instagram.com/ritadanova twitter.com/julesxdasilva twitter.com/ritadanova Identidade visual do podcast: da autoria da talentosa Mariana Cardoso, que podem encontrar em marianarfpcardoso@hotmail.com. Genérico do podcast: criado pelo incrível Vitor Carraca Teixeira, que podem encontrar em www.instagram.com/oputovitor.
Olá, eu chamo-me José Alberto Macedo Silva, ou @josezerosilva nas redes, nasci no dia 24 de Setembro de 1993 e tenho TRINTA.TRINTA é uma ideia original de @josezerosilva.A foto da capa é da autoria de @mikes_dasilva.A música é "30" do Bo Burnham.Logótipo MEATO PODCASTS: @sararocha_dgMeato... fica no ouvido.Patreon: www.patreon.com/oPutoDeBarba
Cresceu a cantar em casa e com lendas do futebol na plateia. Ao andar no bairro de Santa Cruz, ele agitava e segredava o seu nome. As aventuras, o novo disco e a rebeldia de Lena d'Água em 40 minutos.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A Sorbonne, criada no século 13 e uma das universidades mais antigas do mundo, celebra em 2024 a cátedra de História do Brasil, com uma homenagem especial aos professores Katia de Queirós Mattoso (1931-2011), Luiz Felipe de Alencastro e Laura de Mello e Souza, que a conduziram durante as últimas quatro décadas. Criada em 1988, a disciplina formou gerações de brasilianistas e transformou o olhar crítico de se pensar a historiografia brasileira a partir da Europa. A criação da Cátedra de História do Brasil na Sorbonne, na década de 1980, foi um marco emblemático no aprofundamento do debate de ideias e na disseminação do conhecimento sobre a historiografia brasileira na França e em toda a Europa.Presente durante a cerimônia de abertura da homenagem na Sorbonne, em Paris, o ministro André Dunham Maciel, representante da Embaixada brasileira na capital francesa, lembrou que a disciplina se tornou uma "referência internacional, ao longo de seus 40 anos de existência". "Os brasilianistas desempenham um papel essencial na desconstrução de estereótipos sobre o Brasil e no desenvolvimento de pensamento crítico sobre a realidade brasileira", destacou Maciel em seu discurso na Sorbonne. Em declaração à RFI, o embaixador Ricardo Neiva Tavares sublinhou que "a cátedra de História do Brasil na Sorbonne reflete o interesse da França pela nossa história e tem sido central na formação de especialistas e no intercâmbio acadêmico entre os dois países". "Hoje, as relações entre o Brasil e a França estão em momento muito positivo, impulsionadas pelos encontros entre os presidentes Lula e Macron, e pelos preparativos do ano cultural 2025, que celebrará 200 anos de nossas relações diplomáticas", enfatizou Tavares.CoerênciaPrimeira mulher do mundo a receber, em 2024, o prestigioso Prêmio do Comitê Internacional de Ciências Históricas, a historiadora Laura de Mello Souza falou sobre a genealogia do ensino dessa cátedra ao longo de décadas, e a coerência de sua abordagem."Eu vejo até uma linha de continuidade, porque a Katia de Queirós Mattoso sempre se preocupou com aspectos das camadas ditas subalternas", lembra a pesquisadora, historiadora e escritora brasileira. "Ela tem um livro importante, Être esclave au Brésil (Ser escravo no Brasil), que foi publicado antes na França do que no Brasil. E ela fez demografia, ela fez uma história também das elites. Ela também organizou vários colóquios mesmo antes de eu ser professora aqui na Sorbonne", conta a historiadora. Mattoso, autora de dez livros, vários deles sobre a sociedade baiana no século 19, faleceu em Paris, em 2011."Desde os anos 1990, eu frequento essa cátedra na forma de seminários, colóquios e tenho uma relação antiga com a com a Katia. Nesse sentido, quer dizer, o Luiz Felipe (Alencastro) recupera a questão da escravidão. Ele é um dos maiores historiadores do assunto", ressalta. "Comecei minha carreira trabalhando com grupos socialmente desclassificados e continuei com isso através de documentação da inquisição. Isso sempre foi uma preocupação. Talvez, as metodologias, as preocupações centrais das historiografias tenham se alterado, mas no que diz respeito à cátedra, acho que há um denominador comum, uma linha que diz respeito a essa preocupação com uma história social e cultural", conclui Mello e Souza. Laura, assim como outros historiadores, ressalta a importância de desmistificar o olhar estrangeiro sobre o Brasil. "Eu acho que esse é um esforço nosso de mostrar como há uma continuidade no ensino dessa cátedra, de conflito, de violência em uma sociedade escravista e marcada pela escravidão, como é o caso da sociedade brasileira. Ela é indelevelmente destinada à violência. Essas marcas da sociedade escravista estão presentes na desigualdade social imensa que há no nosso país, na criminalidade e na violência cotidiana", afirmou a historiadora, professora na Sorbonne e na Universidade de São Paulo.Historiografia brasileiraA historiadora francesa e organizadora do colóquio que homenageou a cátedra de História do Brasil na Sorbonne, Charlotte de Castelnau-L'Estoile, que hoje dirige a disciplina, falou sobre a atuação da França na produção de uma historiografia brasileira."Também se tornou importante para nós existirmos, nos misturarmos, apresentarmos ideias, e acho que, em um contexto anglo-saxão totalmente dominante, a França agora também tem um papel a desempenhar na preservação de uma forma de herança que tem sido importante sobre a historiografia brasileira", afirmou. "Há muita reflexão sobre o Brasil aqui, e tenho até amigos portugueses que acham que se fala mais sobre o Brasil na França do que em Portugal. Portanto, essa tradição existe e acho que é importante", destacou.Segundo informações da Embaixada Brasileira em Paris, a França é hoje um dos principais parceiros científicos e universitários do Brasil. Dados oficiais mostram que existem atualmente mais de 5.600 estudantes brasileiros em território francês. Os dois países contam com mais de 1.300 acordos universitários bilaterais em atividade.
O pianista português João Costa Ferreira lança o seu mais recente disco, José Vianna da Motta, Poemas Pianísticos, vol 2, no próximo dia 26 de Outubro, em Portugal. Nos nossos estúdios, João Costa Ferreira destacou a importância de reabilitar o património musical português e partilha o "meticuloso processo de edição inerente à gravação" deste disco. O álbum é composto por 12 obras inéditas de José Vianna da Motta que o compositor escreveu entre os seus 5 e os 14 anos. RFI: Antes de falarmos da relação que tem com a obra de José Vianna da Motta, vamos falar da peça"Resignação", uma peça escrita para ser tocada com a mão esquerda. Apesar de existir um vasto repertório clássico de obras para a mão esquerda, continua a ser curioso ver um pianista a tocar apenas com a mão esquerda. De onde é que vem esta tradição ?João Costa Ferreira: Há toda uma tradição, sobretudo no século XX, quando vários compositores célebres como Ravel ou Prokofiev compuseram obras para o pianista Paul Wittgenstein. A partir daí começou a surgir mais reportório. Mas antes da primeira metade do século do século XX, já havia este repertório composto apenas para a mão esquerda e as razões são diversas: podia estar relacionado com alguma lesão física no braço direito, podia estar apenas relacionado como um desafio composicional. No caso do Vianna da Motta, não conheço a razão que o levou a compor esta obra "Resignação". O título em si carrega algo de negativo, portanto, é possível, e é apenas uma hipótese, que possa estar associado a algum problema que ele teve com o braço direito. O que, por exemplo, é possível de notar quando lemos os diários dele. Embora ele só tenha começado a escrever os diários depois de compor esta peça. Durante muitos anos, durante quatro ou cinco anos, ele refere-se - por mais de 30 vezes - a dores nos dedos e por uma dessas vezes refere-se ao dedo mindinho da mão direita. Pode ser apenas uma hipótese, que ele possa de facto ter tido um problema no braço direito, mas não é de descartar essa possibilidade, até porque nos diários que eu estava a referir, escritos entre 1884 e 1890, ele escreve sobre sobre essa lesão na mão direita. Em 1907 e 1908 encontramos também cartas que ele escreveu a Margarethe Lemke, onde ele continua a insistir sobre problemas que ele tem nas mãos. Portanto, esse problema era recorrente.Há desafios técnicos para tocar esta peça? Normalmente, a melodia é tocada pela mão direita e o acompanhamento pela mão esquerda. Há uma complexidade técnica quando se toca apenas com uma mão?Sim, há uma complexidade associada a isso. O repertório para piano é composto no sentido de conferir à mão esquerda a melodia e o acompanhamento à mão direita. Isto é uma regra geral. Obviamente que há muitas excepções e no caso do repertório para a mão esquerda, acaba por ser muitas vezes o polegar que tem a função de produzir a melodia, uma vez que é ele que está próximo dos agudos, embora muitas vezes a melodia esteja nos graves, nem que seja para imitar um instrumento grave, como o violoncelo, por exemplo. Isso, de facto, traz um desafio que é diferente, uma vez que é confiada a uma mão apenas duas funções diferentes, isto é, o acompanhamento e a melodia.Isso muda a dinâmica da interpretação?Sim, de certeza. Quando temos que tocar um baixo muito grave e a seguir uma melodia é diferente de tocar com as duas mãos porque podíamos tocar ao mesmo tempo. Quando se trata de tocar com uma mão apenas, temos que fazer aquilo que nós chamamos arpejos, isto é, tocar primeiro baixo e depois tocar o agudo. E isso acaba até por ter repercussões na expressão musical, acaba por ser diferente do ponto de vista estritamente técnico, mas também do ponto de vista musical. Acaba por ter consequências que muitas vezes são consequências, aliás, que eu diria automaticamente positivas porque num arpejado há uma conotação da expressão associada.Lança o seu mais recente disco, José Vianna da Motta, Poemas Pianísticos, vol 2. O que é que o motiva a continuar a aprofundar a obra de José Viana da Motta e a publicar este segundo volume?Já tinha publicado um primeiro volume e não podia deixar de publicar um segundo. Este foi um receio que tive durante muito tempo. Será que um dia vai haver um segundo volume? É estranho haver apenas um primeiro volume. Era para mim uma vontade muito grande de publicar este segundo volume. O que é interessante no meu ponto de vista, do ponto de vista da reabilitação do património musical português, que é o trabalho que eu tenho vindo a fazer em torno da obra de Vianna da Motta e não só, mas sobretudo de Vianna da Motta. O interessante na publicação deste volume é que dá a conhecer mais 12 obras inéditas, que eram inéditas até há bem pouco tempo. Comecei primeiro por uma fase de revisão dos manuscritos e edição musical porque as obras nem sequer estavam publicadas e nenhuma delas estava gravada. Há a edição musical e depois a edição discográfica que é, aliás, feita para também dar a ouvir esta música a um público mais alargado porque nem toda a gente sabe ler música e pode ler uma música e tocá-la ao piano. Vejo isto como uma missão e estas 12 obras vêm também mostrar até que ponto Vianna da Motta era uma criança prodígio, fora de série, porque são obras compostas entre os seus cinco e os 14 anos, mas que não parecem nada terem sido compostas em tão tenra idade. É um trabalho do qual eu me orgulho muito, na verdade, e que espero que venha a mostrar uma faceta de Viana da Motta. Uma faceta estonteante, inacreditável. Mais uma faceta de Viana da Motta que valoriza o pianista que ele foi, mas também o compositor.O critério para a escolha destas 12 peças foi o facto de terem sido escritas neste período entre os cinco anos e os 14 anos. Hoje parece difícil perceber como é que uma criança de cinco anos consegue compor uma obra como algumas destas que integram este álbum...Sim, isso explica a razão pela qual, quando o pai do Vianna da Motta o levou à corte para tocar perante o Dom Fernando II e a condessa d'Edla, a família real não hesitou em financiar os estudos de Vianna da Motta no antigo Conservatório Real de Lisboa e depois até mais tarde, quando ele partiu para Berlim, em 1882, também no Conservatório ele continua a beneficiar do mecenato e foi sempre muito acompanhado pela família real. Era de facto uma criança excepcional, mesmo no seu tempo, muito embora talvez na altura as crianças chegassem a um grau de maturidade mais cedo. Mas mesmo assim, para ter tido tanta atenção por parte da família real, durante tantos anos, é porque de facto se tratava, apesar de tudo, de uma criança excepcional, mesmo no seu tempo.Quando procura o repertório de Vianna da Motta, onde é que se encontram as partituras?O espólio de Vianna da Motta encontra-se na Biblioteca Nacional de Portugal. Foi lá que eu trabalhei a maior parte do tempo na realização do meu doutoramento em Musicologia na Sorbonne Université. O trabalho que apresento agora é fruto de cerca de dez anos de investigação, embora já tenha havida outros discos, editado partituras. Foi na Biblioteca Nacional de Portugal, onde a maior parte das coisas de Vianna da Motta estão, que eu encontrei estas obras. Foi uma descoberta no sentido musical porque eram obras que estavam lá, às quais as pessoas tinham acesso e podiam abrir o livro, mas se calhar o interesse não foi despertado para que elas experimentassem ao piano e vissem qual era o interesse musical. Foi o que eu descobri. Foi compreender o interesse musical e trazê-las à luz do dia.E qual é então, portanto, o interesse musical? O facto destas obras serem inéditas, a complexidade ou até mesmo imagino, os desafios da interpretação?Eu não posso nunca deixar de ficar deslumbrado pelo facto de serem obras que exigem uma grande capacidade técnica e musical, tendo em conta a idade que ele tinha quando compôs. Do ponto de vista da revolução ou de algo que ele tenha trazido à música: ele compôs já tarde no seu tempo, num estilo romântico que era um estilo muito próprio da primeira metade do século XIX; a música de Vianna da Motta, mas, como aliás, a maior parte da música dos compositores da época, não foi uma música que permitiu uma revolução na história da música. Mesmo no final do século XIX, já havia compositores que estavam a experimentar outras linguagens musicais, enquanto Viana da Motta ficou sempre muito agarrado ao romantismo do início do século. Talvez isso explique uma porque é que a sua obra tem vindo a ser esquecida ou praticamente ignorada.Porque é tardia?Sim, exactamente. Mas se nós formos a pensar noutros compositores românticos que até no século XX compuseram, embora com traços impressionistas, traços mais modernos e que acabaram por ficar muito célebres. O próprio amigo dele, o Ferruccio Busoni, é pianista e compositor italiano. Viana da Motta tem três fases criativas. Esta série discográfica é dedicada à primeira fase criativa, que é as obras de infância. A terceira e última fase criativa de Vianna da Motta é a fase nacionalista, isto é, da música de carácter nacional.A fase mais conhecida...Sim, é mais conhecida e nesse sentido Vianna da Motta terá tido um papel importante para aquilo que foi a evolução da história da música em Portugal. Embora já nos outros países em toda a Europa já se fizesse isso, isto e os compositores inspiravam-se imenso, sobretudo na música popular portuguesa, introduziam nas suas obras. Vianna da Motta foi, nesse aspecto, um pioneiro em Portugal e ele foi importante para abrir portas para que se desenvolvessem escolas de composição em Portugal. Escolas no sentido estético que abriram portas a Luís Freitas Branco ou Fernando Lopes Graça, Francisco Lacerda. Para a composição de obras inspiradas no folclore ou na música popular portuguesa. Tendo em conta o conjunto geral da obra de Vianna da Motta, é inegável a importância que ele teve para a história da música em Portugal.As obras de infância são mais uma espécie de reprodução daquilo que já se fazia em termos de danças; danças de salão, valsas, polacas, mazurcas, mas também muitas marchas. O primeiro disco, tinha sobretudo polacas, mazurcas que este disco já não tem e esses géneros musicais foram substituídos aqui por marchas, mas também tem valsas e músicas inspiradas em temas de óperas, por exemplo, que era algo que se fazia muito na época e obras que reflectem, aliás, o quotidiano de Vianna da Motta na vida lisbonense. Temos duas obras, por exemplo, neste disco, inspiradas no universo hípico, nas primeiras corridas de cavalos que tiveram lugar no antigo Jockey Club de Lisboa, que é onde hoje se encontra o Hipódromo do Campo Grande, por exemplo. Mesmo a própria gaité que é um galop, um galope, uma dança também frenética, também é inspirada nesse universo hípico dos cavalos.Estas obras são importantes porque, por um lado, embora não sejam revolucionárias, e eu insisto, houve muito poucas obras a serem revolucionárias na época. Para além de serem estonteantes, tendo em conta a idade dele, reflectem aquilo que ele era capaz de fazer e o quotidiano lisbonense que ele frequentava.De que forma é que este segundo volume se diferencia do primeiro?Para além do facto de já não ter as danças, as polcas, mazurcas, a marcha é mais a música de rua. Tem também uma fantasia inspirada numa ópera que o primeiro volume não tinha. Tinha, sim, uma obra dramática também nesse sentido, mas que era inspirada numa catástrofe que aconteceu na região de Múrcia, no sul de Espanha. E tem uma obra também incrível que é a última faixa As Variações sobre um tema original - ele compôs um tema e a partir dele escreveu várias variações. Isto é o mesmo tema, mas com outra decoração, com outra decoração que revela muitas capacidades, não apenas do ponto de vista composicional, mas pianístico, uma vez que ele tocava as obras que compunha, é por isso que eu falo da questão pianística. Ele compunha as obras ao piano. Essa obra, por exemplo, revela várias capacidades, uma vez que cada uma das 13 variações exige algo do ponto de vista técnico muito, muito diferente. Seja arpejos, seja acordes, seja oitavas. É como se ele ali explorasse as diferentes dificuldades técnicas que ele acharia que seriam necessárias a desenvolver. Até pode ser visto quase como aquilo que nós chamamos um estudo para piano, isto é, uma obra composta para desenvolver um determinado tipo de jogo, de forma de tocar.Há também uma faixa que se chama Praia das Conchas, Praia das Conchas e uma praia que se situa no distrito de Lobata, na ilha de São Tomé em São Tomé e Príncipe, onde Viana da Motta nasce e vive há alguns anos. Viana da Motta vai guardar memórias que consegue depois transpor na sua música.A Praia das Conchas é a única obra que o Viana da Motta compôs, inspirado no local do nascimento que é São Tomé. É uma obra que é uma quadrilha de contradanças, portanto origem popular da dança, em que ele escreve cinco danças e cada uma delas tem o nome de uma outra praia: a praia Mutamba. Há duas praias que eu não encontrei o nome que é Praia Soares, Praia do Sal. Sei que há muitas salinas no norte, mas são tudo praias ali perto da praia, porque há a praia, Mutamba, a praia do mouro também, acho que hoje é a praia dos Tamarindos. E depois há duas praias que eu não consegui encontrar. Andei à procura nos mapas e não consegui encontrar. Pode acontecer que estes nomes não existissem na época, que eram falados pela população local apenas e que nunca tinham sido registados. Vianna da Motta terá não lembrado das praias, uma vez que ele saiu de São Tomé muito cedo, mas penso que terá sido o pai. Na minha opinião, terá sido o pai a falar daquelas praias que ele provavelmente frequentava quando morava em São Tomé e Príncipe. E foi a partir daí que o Viana da Motta compôs estas cinco danças, inspiradas nas praias que eu acredito que sejam todas as praias no norte temos que encontrar a Praia Soares e a Praia do Sal.Como é que correu o processo de gravação deste disco; a elaboração, a escolha das peças, o estudo das obras seleccionadas e depois a gravação?Este é um objecto pequeníssimo e por trás dele está todo um trabalho absolutamente estonteante. Foram três anos de trabalho, sem contar, obviamente, com os dez anos que eu falei há bocadinho de investigação do doutoramento, os outros discos que eu gravei antes disto. Obviamente que isto também é um bocado fruto desse trabalho. Não foi tudo feito em três anos, mas entre o lançamento do primeiro volume desta série discográfica e este agora, passaram-se praticamente três ou quatro anos. Durante esse tempo houve tanta edição musical, a tal revisão dos manuscritos, que foi essencial porque há manuscritos que estão num estado muito difícil de descodificar, partes que estão rasgadas, um pedaço que está aqui, outro pedaço que está ali.E o que é que se faz nessas situações?É preciso compreender e conhecendo a linguagem da composição de Vianna da Motta. É importante para saber também avaliar e tentar perceber aquilo que ele queria. Conhecer a própria linguagem de Vianna da Motta, a linguagem romântica e trabalhar a partir daí, encontrando a forma como o Vianna da Motta imaginou e concebeu a sua obra. Não há assim tantos pedaços rasgados e perdidos. Apesar de tudo são desafios porque antes de tomar uma decisão é preciso ter mesmo a certeza daquilo que se está a fazer. Muitas vezes não se tratava de pedaços perdidos, mas, por exemplo, numa mesma página, várias versões escritas uma por cima das outras. Era preciso perceber cronologicamente aquilo que aconteceu. E muitas vezes havia indícios. Havia uma coisa feita a caneta, outra coisa feita a lápis, por exemplo, coisas feitas com canetas diferentes ou, aliás, com pontas de canetas diferentes. Houve esse trabalho quase de detective que faz parte do meu trabalho como investigador que foi a edição musical e a publicação. Depois a gravação em estúdio, foram cerca de 20 horas em estúdio. Foi um mês a fazer uma pré montagem de 8 horas todos os dias, a trabalhar numa pré-montagem apenas. Depois foram mais uns cinco ou seis dias de montagem. E depois as ilustrações que também não posso esquecer, uma ilustração para cada uma das faixas feitas pela artista portuguesa Mariana Miserável, que é o nome artístico de Mariana Santos e pôs todo o trabalho também do design gráfico e a produção, encontrar financiamentos junto de várias entidades. Tudo isto é um trabalho colossal, de facto, e que explica a razão pela qual só quatro anos depois de ter lançado o primeiro volume, é que lança agora este segundo.Talvez um próximo volume dedicado à fase mais conhecida de Vianna da Motta, a música mais nacionalista?Já lancei um dedicado às cinco rapsódias portuguesas, que se inspiram em 17 temas populares portugueses. Creio que dessa fase, como disse há pouco e muito bem, é a fase mais conhecida do Viana da Motta, ou já muitas coisas foram gravadas, aliás praticamente tudo. Tenho mais interesse para já em acabar as obras desta fase. E a haver um próximo disco, será um terceiro volume dedicado também à obra de infância, mas o qual terá não apenas obras para piano solo, mas também música de câmara.Nesta fase criativa, portanto, até aos 14 anos, até 1882, que é o período em que ele vai para Berlim e depois muda completamente a sua estética. Nesta fase criativa existe ainda todo um vasto repertório para piano solo, mas obras bastante grandes e exigentes do ponto de vista técnico e físico, mas também música de câmara. Tem piano para seis mãos, ou seja, três pessoas ao piano a tocar uma mesma obra, inspirada numa obra do compositor Meyerbeer, Robert le Diable. Tem também uma grande sonata para piano e flauta. Tenho a partitura a descobrir uma vez mais no sentido musical: abrir a partitura, tocar e tentar perceber porque é muitas vezes aí que se encontra e que reside a descoberta. A haver um terceiro volume, será um volume com uma ou duas obras ainda de piano solo e o resto é música de câmara.
Vingadores part 8. Spin-off. Desvio. Adendo. Comecei falando as únicas coisa ruins pois o resto de Vingadores Eternamente é um absurdo e incrível.
Dona de um extenso currículo no cinema e na televisão, atriz colhe os frutos de seu primeiro filme como diretora “Comecei a perceber que tenho uma representatividade como amazônida, mas sou de uma brasilidade que alcança esse país inteiro. São 42 longas-metragens plurais. Agora, quando se fala em TV, só a partir de 2022 o olhar do protagonismo começou a ser ampliado dessa beleza importada que a gente vê por aí”, diz Dira Paes. Dona de um extenso currículo no cinema e na televisão, a convidada do Trip FM vive a emoção de colher os frutos de seu primeiro filme como diretora, que também é roteirizado e protagonizado por ela. Em cartaz nos cinemas brasileiros, “Pasárgada” acompanha o dilema de Irene, uma solitária ornitóloga, profissional dedicada ao estudo de aves, que, durante uma viagem de pesquisa numa floresta remota, passa a questionar sua ligação com o tráfico internacional de animais. “Eu queria abordar o absurdo do Brasil ser esse grande fornecedor de animais silvestres e pássaros para o tráfico internacional. É um fetiche até hoje. A gente convive com gaiolas e não se admira”, afirma a atriz. “Essa personagem me trouxe outro movimento, algo que não sou muito convidada a fazer. Eu queria essa vilania.” Dira também está no elenco de “Manas”, longa-metragem premiado no Festival de Veneza que fará sua estreia nacional no Festival do Rio neste final de semana. Gravado na região amazônica, o filme acompanha uma jovem em meio ao cenário de violência na Ilha do Marajó, no Pará. Na conversa com Paulo Lima, Dira também falou sobre seu ativismo, que precede a carreira artística. “Como vamos dar conta das demandas do Brasil se ficarmos passivos às demandas governamentais? Como vamos transformar alguma coisa se não somos ativistas capazes de criar demandas? O que eu vejo hoje é que a Amazônia precisa ser ouvida através dos amazônidas: artistas, cientistas, todas as excelências do mundo. Não dá pras pessoas irem lá pra falar o que a gente precisa fazer.” Você pode ouvir esse papo no Spotify e no play aqui em cima. Trip. Porque decidiu partir agora para a direção? Dira Paes. Eu queria estar presente em todas as etapas da feitura de um filme. Encarei essa minha primeira aventura cinematográfica como uma graduação, quando é preciso estar a par de toda a artesania do processo. Eu estou muito realizada: colocar um filme na praça é um grande desafio. É um trabalho de uma apropriação do seu desejo ao ponto de você contaminar todos que estão à sua volta. Como foi desenvolver uma personagem para você mesma interpretar? Eu estava pensando um lado meu mais lunar – justo eu que sou uma pessoa extrovertida, fui buscando meus avessos. Essa personagem me trouxe outro movimento, algo que não sou muito convidada pra fazer. Eu queria essa vilania. Com o tempo, sua beleza virou um ativo muito forte, mas imagino que no começo, quando o padrão de beleza era muito mais europeu, você tenha tido mais dificuldade. No começo da carreira eu achei que esse meu lado Amazônia era algo que me deixaria em um nicho. Hoje me orgulho de ser um farol para muita gente. Nós não éramos um padrão de beleza, era uma coisa exótica. Mas eu sempre tive minha autoestima muito bem resolvida, e sempre me achei muito especial. Comecei a perceber que tenho uma representatividade como amazônida, mas sou de uma brasilidade que alcança esse país inteiro. São 42 longa-metragens plurais. Agora, quando se fala em TV, só agora a partir de 2022 o olhar do protagonismo começou a ser ampliado dessa beleza importada que a gente vê por aí. O quanto você mergulhou nesse mundo do estudo dos passarinhos para fazer esse filme? Eu queria abordar com esse filme o absurdo que é o Brasil ser esse grande fornecedor de animais silvestres e pássaros para o tráfico internacional. É um fetiche até hoje. A gente convive com gaiolas e não se admira. Não acha um absurdo que eles se autodenominem passarinheiros. Eles são gaioleiros. Os pássaros não nasceram para ficarem na gaiola e nem sozinhos. São animais que vivem em dupla a vida inteira. Dentro de uma gaiola eles não estão cantando, eles estão chorando, sofrendo. Imagine um bicho que nasceu para voar sobre uma floresta, ficar preso. Como nós vamos monitorar a Amazônia se não for com a ajuda do terceiro setor? Como vamos dar conta das demandas do Brasil se a gente ficar passivo às demandas governamentais? Como vamos transformar se não somos ativistas capazes de fazer demandas? Hoje o que eu vejo é que a Amazônia precisa ser ouvida através dos amazônidas: artistas, cientistas, todas as excelências desse mundo.
Dona de um extenso currículo no cinema e na televisão, atriz colhe os frutos de seu primeiro filme como diretora “Comecei a perceber que tenho uma representatividade como amazônida, mas sou de uma brasilidade que alcança esse país inteiro. São 42 longas-metragens plurais. Agora, quando se fala em TV, só a partir de 2022 o olhar do protagonismo começou a ser ampliado dessa beleza importada que a gente vê por aí”, diz Dira Paes. Dona de um extenso currículo no cinema e na televisão, a convidada do Trip FM desta sexta-feira vive a emoção de colher os frutos de seu primeiro filme como diretora, que também é roteirizado e protagonizado por ela. Em cartaz nos cinemas brasileiros, “Pasárgada” acompanha o dilema de Irene, uma solitária ornitóloga, profissional dedicada ao estudo de aves, que, durante uma viagem de pesquisa numa floresta remota, passa a questionar sua ligação com o tráfico internacional de animais. “Eu queria abordar o absurdo do Brasil ser esse grande fornecedor de animais silvestres e pássaros para o tráfico internacional. É um fetiche até hoje. A gente convive com gaiolas e não se admira”, afirma a atriz. “Essa personagem me trouxe outro movimento, algo que não sou muito convidada a fazer. Eu queria essa vilania.” Dira também está no elenco de “Manas”, longa-metragem premiado no Festival de Veneza que fará sua estreia nacional no Festival do Rio neste final de semana. Gravado na região amazônica, o filme acompanha uma jovem em meio ao cenário de violência na Ilha do Marajó, no Pará. Na conversa com Paulo Lima, Dira também falou sobre seu ativismo, que precede a carreira artística. “Como vamos dar conta das demandas do Brasil se ficarmos passivos às demandas governamentais? Como vamos transformar alguma coisa se não somos ativistas capazes de criar demandas? O que eu vejo hoje é que a Amazônia precisa ser ouvida através dos amazônidas: artistas, cientistas, todas as excelências do mundo. Não dá pras pessoas irem lá pra falar o que a gente precisa fazer.” O Trip FM fica disponível no Spotify e aqui no site da Trip. Trip. Porque decidiu partir agora para a direção? Eu queria estar presente em todas as etapas da feitura de um filme. Encarei essa minha primeira aventura cinematográfica como uma graduação, quando é preciso estar ao par de toda a artesania do processo. Eu estou muito realizada: colocar um filme na praça é um grande desafio. É um trabalho de uma apropriação do seu desejo ao ponto de você contaminar todos que estão à sua volta. Como foi desenvolver uma personagem para você mesma interpretar? Eu estava pensando um lado meu mais lunar, justo eu que sou uma pessoa extrovertida, fui buscando meus avessos. Essa personagem me trouxe outro movimento, algo que não sou muito convidada pra fazer. Eu queria essa vilania. Com o tempo você a sua beleza virou um ativo muito forte, mas imagino que no começo, quando o padrão de beleza era muito mais europeu, você tenha tido maior dificuldade. No começo da carreira eu achei que esse meu lado Amazônia era algo que me deixaria em um nicho. Hoje me orgulho de ser um farol para muita gente. Nós não éramos um padrão de beleza, tínhamos uma coisa exótica. Mas eu sempre tive minha autoestima muito bem resolvida, e sempre me achei muito especial. Comecei a perceber que tenho uma representatividade como amazônida, mas trabalhei no Brasil inteiro, eu sou de uma brasilidade que alcança esse país inteiro. São 42 longa metragens plurais. Agora quando se fala em TV, só agora a partir de 2022, o olhar do protagonismo começou a ser ampliado dessa beleza importada que a gente vê por aí. O quanto você mergulhou nesse mundo do estudo dos passarinhos para fazer esse filme? Eu queria abordar com esse filme o absurdo que é o Brasil ser esse grande fornecedor de animais silvestres e pássaros para o tráfico internacional. É um fetiche até hoje. A gente convive com gaiolas e não se admira. Não acha um absurdo que eles se autodenominem passarinheiros. Eles são gaioleiros. Os pássaros não nasceram para ficarem na gaiola e nem sozinhos. São animais que vivem em dupla a vida inteira. Dentro de uma gaiola eles não estão cantando, eles estão chorando, sofrendo. Imaginem um bicho que nasceu para voar sobre uma floresta, ficar preso. Como nós vamos monitorar a Amazônia se não for com a ajuda do terceiro setor? Como vamos dar conta das demandas do Brasil se a gente ficar passivo às demandas governamentais? Como vamos transformar se não somos ativistas capazes de fazer demandas? Hoje o que eu vejo é que a Amazônia precisa ser ouvida através dos amazônidas: artistas, cientistas, todas as excelências desse mundo.
Comecei falando sobre o pedido de troca de Davante Adams e os destinos possíveis (00:00:00). Depois recebi Caio Miari, editor do The Score, para falar sobre a rodada dupla do Monday Night Football (00:06:45), crise dos Eagles (00:25:05), problemas no ataque dos Chiefs (00:38:05) e MVP do mês de setembro (00:59:49) - Mande "Quero Receber" e adicione o Cara dos Sports aos contatos no WhatsApp para receber alertas de podcasts e muito mais por lá! Número é 21 99747-4693, link para abrir a conversa: https://wa.me/message/XOKZQKSVXB3SK1
Comecei falando sobre a vitória dos Jets sobre os Patriots no TNF (00:00) e depois passei pelos principais pontos do restante da semana 13 da NFL (13:28) PROMOÇÃO Acesso aos podcasts exclusivos para apoiadores até o fim da temporada regular da NFL por apenas R$50! Faça o pix para: caradossports@gmail.com Mande o comprovante para: (21) 99747-4693 ou clicando nesse link https://wa.me/message/XOKZQKSVXB3SK1 Já envie o seu e-mail Google para acesso ao Drive com os episódios
Comecei a gravar o episódio na rua. O livro de que falo é A City on Mars. This is a public episode. If you would like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit www.pilhadelivros.pt
Comecei falando sobre o calendário dos times da NBA (02:40) e o suposto interesse de Jeff Bezos em comprar o Boston Celtics (04:38). Depois respondi as perguntas enviadas por vocês, que foram: (08:47) Qual time mais evoluiu? (13:15) Tatum/Brown e seleção dos EUA (16:17) Expectativa para OKC (18:28) Rockets brigariam por título com Durant? (21:58) Futuro dos Nuggets e encaixe de Westbrook (27:32) Kobe é superestimado? Saiba como se tornar apoiador(a): https://medium.com/caradossports/se-torne-apoiador-do-cara-dos-sports-be39780355a3 Me adicione aos contatos e mande "Quero Receber" no WhatsApp por esse link: https://wa.me/message/KJUUATARPUL4K1 adicionando esse número: (21) 998963383 Me siga no Instagram: https://www.instagram.com/caradossports/ Siga o meu canal na Twitch: https://www.twitch.tv/caradossports
Sara Correia, nascida e criada em Chelas, é uma das mais promissora vozes da atualidade. A fadista conta a Daniel Oliveira que já na barriga da sua mãe sentia a música, carreira que iria seguir desde nova. Por causa do fado, Sara sente que lida com “a tristeza e a amargura de uma forma mais leve”. Sem nunca esquecer o “calão” de bairro, a cantora revela os momentos mais marcantes da sua infância, especialmente o divórcio dos seus pais, quando tinha 10 anos. Esse divórcio foi também o catalizador para a pequena Sara começar a cantar para ajudar a família. O Alta Definição foi exibido a 13 de julho na SIC.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Percebi que o motorista de aplicativo do carro que eu estava não parava de olhar para mim. Comecei a tocar uma para ele enquanto conversávamos. O safado ficou excitado, parou o carro em uma rua menos movimentada e pulou o banco para brincar junto comigo. Fui à loucura com as coisas que ele sabia fazer. O homem era experiente e me fez gozar várias vezes. Cheguei em casa de perna bamba. Essa viagem com certeza ganhou cinco estrelas. Conto erótico narrado. Locução: @ouveamalu
Comecei falando sobre a vitória dos Celtics contra os Pacers no jogo 1 da final do leste (00:00:00). Depois recebi o Vitor Buratini, jornalista do Camisa 23, para falar sobre os principais jogadores que estarão disponíveis no mercado após o término da temporada (00:10:50), terminando falando sobre a final do oeste entre Wolves e Dallas (00:56:45). Escute! Saiba como se tornar apoiador(a): https://medium.com/caradossports/se-torne-apoiador-do-cara-dos-sports-be39780355a3 Me adicione aos contatos e mande "Quero Receber" no WhatsApp por esse link: https://wa.me/message/KJUUATARPUL4K1 adicionando esse número: (21) 998963383 Me siga no Instagram: https://www.instagram.com/caradossports/ Siga o meu canal na Twitch: https://www.twitch.tv/caradossports
Comecei falando sobre a vitória de Dallas contra OKC (00:00:00) e a classificação dos Celtics (00:08:35) Depois recebi o Ricardo Stabolito Jr. (@StabolitoJumper) para falar sobre o futuro de Bronny e LeBron (00:10:25), Denver/Minnesota (00:35:46) e Knicks/Pacers (00:54:16) Saiba como se tornar apoiador(a): https://medium.com/caradossports/se-torne-apoiador-do-cara-dos-sports-be39780355a3 Me adicione aos contatos e mande "Quero Receber" no WhatsApp por esse link: https://wa.me/message/KJUUATARPUL4K1 adicionando esse número: (21) 998963383 Me siga no Instagram: https://www.instagram.com/caradossports/ Siga o meu canal na Twitch: https://www.twitch.tv/caradossports
Comecei o programa falando sobre a vitória dos Knicks no jogo 2 e o prêmio de MVP (00:00). Depois recebi o Mateus Vaz (@NBAdoPovo) para falar sobre Denver x Minnesota (09:19), OKC x Dallas (25:08) e Boston x Cavs (34:43) Saiba como se tornar apoiador(a): https://medium.com/caradossports/se-torne-apoiador-do-cara-dos-sports-be39780355a3 Me adicione aos contatos e mande "Quero Receber" no WhatsApp por esse link: https://wa.me/message/KJUUATARPUL4K1 adicionando esse número: (21) 998963383 Me siga no Instagram: https://www.instagram.com/caradossports/ Siga o meu canal na Twitch: https://www.twitch.tv/caradossports
O "Ulrich Responde" é uma série de vídeos em que respondo perguntas enviadas por membros do canal e seguidores onde abordo diversos tópicos relacionados à economia, finanças e investimentos. Nesse formato de vídeo falamos sobre política econômica, inflação, taxas de juros, até investimentos em criptomoedas e ações, oferecendo uma análise aprofundada e bem fundamentada em cada episódio, trazendo informação para quem busca entender melhor a economia e tomar decisões financeiras mais informadas. 00:00 - No episódio de hoje… 00:25 - Introdução 00:58 - O que você acha da fala do Saylor de que não existe segunda melhor opção depois do Bitcoin e que quem não tem 100% do patrimônio investido em BTC está jogando dinheiro fora? 05:51 - E até da Black Rock entrando de cabeça enquanto os bilionários estão se desfazendo de ações? 10:08 - Como um narrow bank obtém lucro? 12:07 - Achei que urânio subiria mais, ainda tem chão na tese, mas tá demorando muito pra subir o que se falava, acabei vendendo minha posição em URNM e aportando em cripto, andou bem mais... 12:50 - Aproveitando a tua viagem à Europa, como funciona o sistema de compensação de exportações/importações dentro dos países do Euro? Quem paga a empresa exportadora se os países ficam com o "crédito em aberto" (livro a tragedia do Euro)? 15:52 - Quais ações anti-frágeis no Brasil? Se beneficiam mesmo sem a alteração da Selic, e não são prejudicadas pela alta do dólar? 17:12 - Temos que considerar o possível cenário da Terceira Guerra Mundial nas nossas decisões de investimento? 19:52 - Comecei a assinar o canal tem pouco tempo e estou achando o conteúdo excelente! A pergunta é: Existem outras opções na bolsa americana para exposição na tese de chips, que ainda não estão tão valorizadas como a NVIDIA? 21:42 - Qual a diferença entre uma emissão de novo dinheiro a partir de reservas fracionárias e falsificação de cédulas (para efeitos econômicos)? 25:10 - Em um padrão BTC, bancos funcionariam exatamente como o banco de Amsterdam funcionava? 27:11 - Você acha que há muito extremismo na forma como as pessoas enxergam o Bitcoin? 27:41 - Halving chegando? 29:51 - Bora jogar beach tênis valendo SATS no Bitcoin Spring Festival Rolante? 30:12 - Declarou seus Bitcoins e os endereço(s) da(s) sua(s) carteira(s) a Receita Federal? 31:59 - Argentina registra segundo superávit nominal seguido, e a mídia tradicional calada. 32:49 - O que os "faria limer" ao teu redor, estão achando do movimento da BlackRock sobre BTC? 34:08 - A robótica/lA pode ter um papel central no cenário de inversão da pirâmide etária? Invisto? 35:35 - Fora o Bitcoin existe alguma outra cripto que traz algum valor real para sociedade, ou só distrações? 36:39 - Com o aumento da população mundial, podemos dizer que o valor do Bitcoin não tem limite? 37:30 - Nvidia é a nova vendedora de pá na corrida das IAs? 37:39 - Acha que teremos liquidez nos contratos futuros do Bitcoin na B3? 37:53 - Quais os mercados/jurisdições internacionais podemos considerar mais seguros, além do americano? 38:34 - Como explicar para um petista sobre a curva de laffer? 39:29 - Segundo Haddad, Lula atuará como controlador de preços da Petrobras. Já é certeza de prejuízo? 39:52 - Pra quem mora fora compensa investir no Brasil? E não pretende voltar 40:06 - O Governo Lula se preocupa com as contas públicas ou não tá nem aí? 40:25 - Seria viável para a Argentina cortar 3 zeros da moeda? Por que não fazer? 40:49 - Quais plataforma de IA você usa? Para editar, thumb, etc 41:20 - Admiro sua consistência em criar vídeos de qualidade por tantos anos. 42:21 - O que é a Páscoa pra você? 42:46 - Pergunta pessoal: você já tem dois filhos, correto? Tem vontade de ter mais? 43:33 - Você sempre teve essa oratória que você tem? 45:14 - Qual foi o assunto/tema mais difícil de você entender?
Para ter aulas em grupo e discutir os assuntos do podcast, visite: https://portuguesewitheli.com/cah E aqui está a transcrição para seu proveito! Quando adolescente, tive uma experiência que é ver para crer. Sei que vai parecer que sou pancada, mas aos dezessete anos fui abduzido. Não, não fui raptado... pelo menos não por pessoas. Foi bem bizarro e até eu custo a acreditar, então entendo seu ceticismo ao me ouvir. Mas vou te contar mesmo assim. Era madrugada. Eu estava dormindo. Do nada, acordei atordoado com um zunido forte. De repente, senti um formigamento na minha pele, vi um brilho muito forte e não consegui me mexer. Meus músculos estavam todos retesados. Daí, meu corpo ficou levinho, levinho. Era como se eu pesasse tanto quanto uma pena. Comecei a flutuar. E logo em seguida senti que estava estirado numa mesa lisa – acho que como essas mesas de frigorífico, onde cortam a carne. Engraçado é que eu não tinha entrado em pânico... Ainda. Foi quando senti um toque viscoso no meu braço. Eram dedos finos e pegajosos, e ao toque pareciam lesmas. Eu não conseguia divisar ninguém com aquela luz toda. A mão me puxou, e me sentei. Quem quer que estivesse me segurando pelos braços, me ajudou a me levantar e depois me conduziu para algum lugar. O chão era estranhamente duro e rugoso. Contrastava muito com o liso da mesa. Fui caminhando por um corredor escuro. Depois de um tempo, o chão debaixo dos meus pés foi ficando macio e agradável. Era como estar pisando em grama. Então meus abdutores me levaram a uma mesa repleta de coisas estranhas. Um deles apontou para uma coisa que parecia uma pedra. Eu encostei na coisa. Meu dedo roçou na casca. Tinha um toque áspero, como lixa d’água, mas não era dura. Eu pressionei um dedo contra ela e ela cedeu. Então meu dedo perfurou a coisa e ela parecia esponjosa por dentro, e um suco aguado jorrou de dentro. Tomei um susto. Mas por curiosidade, levei o dedo à boca e, minha nossa, que coisa gostosa! Tinha um sabor indescritível. O ET fez um barulhinho como se estivesse satisfeito. Em seguida, me mostrou mais e fez um gesto. Então finalmente a ficha caiu. Queriam que eu comesse! Eram frutas do planeta deles! Comi uma planta escorregadia que caiu da minha mão três vezes. Tomei um copo de suco que era tão gorduroso que me dava a sensação de estar tomando uma garrafa de óleo. Ao invés de matar minha sede, me deixou ainda mais sedento, com a língua seca como papel. Ao cabo de algumas horas – pelo menos pareceram horas para mim –, meus captores me trouxeram de volta para minha casa. Antes de partirem, estenderam a mão para um aperto, mas eu só acenei. As frutas eram deliciosas e saí de barriga cheia, mas não gostava nada, nada daquele toque viscoso da mão deles. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
Minha amiga me apresentou o namorado e fiquei espantado com a beleza daquele homem. Ele era simplesmente perfeito. Comecei a pensar besteira.
Guitarrista do Sepultura fala da turnê de despedida da banda, sobre a perda da esposa Patrícia e da relação com o álcool Após quatro décadas na estrada, a lendária banda Sepultura está se preparando para encerrar sua jornada. Marcada por ser a primeira grande banda brasileira a conquistar reconhecimento internacional (bem antes de Anitta, eles já colecionavam prêmios no MTV Music Awards), o grupo se despedirá dos fãs em grande estilo. O renomado guitarrista e músico globalmente aclamado, Andreas Kisser, compartilhou detalhes dessa despedida em uma conversa emocionante com o Trip FM. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2024/02/65c66db35aad3/andreas-kisser-sepultura-rock-artista-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Bob Wolfenson; LEGEND=A banda Sepultura; ALT_TEXT=Sepultura] "Não foram um ou dois os sinais para encerrar o Sepultura'', conta Andreas. Num papo sobre o ato de "deixar morrer", ele refletiu sobre a série de eventos que o conduziram a esse momento. Um dos principais foi a perda de sua esposa de mais de 30 anos, Patrícia Kisser, que faleceu em 2022 após uma batalha contra o câncer. "Não foram apenas um ou dois os motivos para encerrar o Sepultura. O confronto com a finitude, a perda da minha esposa Patrícia e todo o trabalho subsequente para abordar a questão da morte no Brasil foram alguns deles. Senti-me totalmente despreparado, como cidadão, para lidar com isso: despreparado para dialogar com médicos, compreender os cuidados paliativos e diversos outros aspectos. Por que não se discute eutanásia no Brasil? Estou aprendendo tanto com a morte da Patrícia quanto aprendi em sua vida. Um filme sem fim não faz sentido. E por que não encarar o fim do Sepultura dessa mesma maneira? Só temos a ganhar com essa abordagem", diz. Andreas também falou sobre sua decisão de abandonar o consumo de álcool, sobre o São Paulo Futebol Clube, do movimento Matricia, em homenagem à esposa, deu recomendações de bandas e muito mais. A entrevista completa está disponível aqui no site da Trip e no Spotify. Trip FM. Você sempre esteve aberto a colaborar com qualquer artista. Já recebeu críticas do universo do metal por isso? Andreas Kisser. Conhecer os artistas por trás da música, com todas as suas fraquezas, me ensinou muito sobre essa profissão, que não é fácil. O artista sobe no palco de peito aberto, numa posição muito frágil. É preciso estar preparado, saber quem você é. É a essência da música. Toquei com a Ivete no ano passado e ouvi muitas críticas. Fiquei surpreso que em 2024 as pessoas ainda estejam presas a esse tipo de limite. Tem sido difícil a decisão de encerrar o Sepultura? Não foram um ou dois os sinais para encerrar o Sepultura. O contato com a finitude, a passagem da minha esposa Patrícia e todo o trabalho que se seguiu para conseguir falar sobre morte aqui no Brasil foi um desses sinais. Me senti muito despreparada como um cidadão ao passar por isso: despreparado para falar com médicos, para entender os cuidados paliativos e muitos outros aspectos. Por que não se fala de eutanásia no Brasil? De testamento vital? Fiquei sabendo de coisas que me deixaram chocado. Não existe cuidado paliativo na maioria dos hospitais do país. Não faz parte nem do currículo na faculdade. Eu estou aprendendo com a morte da Patrícia tanto quanto aprendi em vida com ela. A maneira como ela encarou, como deixou as coisas preparadas. Quando aconteceu todo mundo sabia o que ela queria. Precisamos falar de morte, morte é limite e limite é educação. Um filme sem fim não tem sentido. Tem que ter um encerramento, só há sentido com fim. E por que não encarar o fim do Sepultura dessa forma? A gente só tem a ganhar. O que mais você aprendeu com a Patrícia? A não acreditar muito nesse mito da guitarra, do palco, na forma como as pessoas enxergam você. É perigoso esquecer de onde você veio. É importante sempre lembrar do motivo de estar aqui, de quando eu estava ensaiando no quarto de casa imaginando viajar, tocar com o Ozzy. Conquistei todos os meus sonhos e muito mais. Eu amo guitarra, eu amo música. Outro novo ciclo que se inaugurou na sua vida foi na relação com o álcool? A melhor coisa que fiz na minha vida foi ter largado o álcool. Além da saúde, de desinchar, de economizar dinheiro, o mundo é outro. Para mim o mundo antes era bar. Entrava no aeroporto, bar; no avião, cerveja; futebol, vamos beber; churrasco no fim de semana, beber; tô puto, vou tomar uma; tô feliz, vou tomar uma. O álcool fazia todas as minhas escolhas: qual restaurante, quais férias, tudo. Eu não fui na Disney com a minha família porque não tinha cerveja. E não percebia. A Patrícia falava que eu era um Playmobil com a latinha encaixada na mão. E nunca fui alcoólatra de beber todo dia, mas tudo tinha o álcool. A partir do momento em que essa ficha caiu, percebi que eu era um imbecil. Saiu uma nuvem negra de cima de mim. Comecei a meditar, fazer pilates, estudar mais violão, tomar banho de gelo. Enfrentar uma pandemia, perder minha esposa, reconstruir a minha vida com meus filhos… Tudo foi melhor sem o álcool.
Uma só América unida pelas similaridades e diferenças. O diretor José Eduardo Belmonte expandiu as fronteiras do Brasil em um projeto que combina estratégias de parcerias e ambições artísticas para falar de temas comuns entre cidadãos de qualquer parte do nosso enorme e tão misto continente. Em breve, deve chegar às telas "Quase Deserto", filme dirigido por ele, rodado em um modelo transnacional com equipe e elenco que falam português, espanhol e inglês. Cleide Klock, correspondente da RFI em Los AngelesDurante dois meses o grupo esteve em Detroit, nos Estados Unidos, para rodar essa história que fala sobre imigração e ser estrangeiro. São latinos unidos no sonho norte-americano, no cotidiano e nos conflitos, vendo seus países e compartilhando suas culturas de longe."Eu achei um local que tinha uma metáfora muito grande sobre as crises que a gente está vivendo, sobre recomeço também, com uma cidade de muitos recomeços. Ser imigrante de alguma forma é recomeçar. O filme começa com um dilema ético, são dois imigrantes em situações diferentes, um realmente em uma situação muito crítica e outro não. Depois de um jogo de Brasil e Argentina, que é uma coisa muito comum entre latinos que vão ver os jogos das eliminatórias juntos, eles saem e tem uma dessas blitz que às vezes tem na saída dos bares. Na fuga, acabam ficando de frente para um assassinato e ficam nesse dilema ético, porque viram um crime mas não podem ir para a polícia, mas também não podem ficar omissos. Para mim era muito importante que fosse um projeto transnacional", conta o cineasta.O filme traz um elenco com protagonistas e coadjuvantes de diversos países como a armênio-americana Angela Sarafyan ('Westworld'), o uruguaio radicado na Argentina Daniel Hendler ('Abrazo Partido') e os brasileiros Vinicius de Oliveira, Thaís Gulin, Virginia Lombardo e Alessandra Negrini.O diretor acredita que o Brasil esteve sempre muito de costas para a América Latina com, ainda hoje, pouquíssimas coproduções com os vizinhos em filmes que falam sobre a relação dos brasileiros com seus hermanos."A gente resolveu partir um pouco disso, dos pontos que a gente tem em comum no território estrangeiro. A ideia era falar da América Latina e a relação com a América. Acho que a gente parou de falar sobre o Brasil nos filmes, a gente fala muito sobre os indivíduos e sobre a sociedade. Quando você é estrangeiro inevitavelmente sempre pensa mais no seu país do que quando você estava nele. Comecei a pensar em filmes nesse sentido, colocando o Brasil fora do Brasil para falar sobre ele e para poder falar dele nas relações com o mundo", diz José Eduardo Belmonte.Modelo de negócio transnacionalApesar de ter sido rodado nos EUA, o projeto tem propriedade intelectual brasileira com uma trama que coloca o Brasil no protagonismo, se relacionando com temas de interesse comum a estrangeiros. Para o produtor Rodrigo Sarti Werthein esse fator está à frente deste modelo transnacional defendido por eles. A intenção, além de expandir as fronteiras e dialogar com os vizinhos artisticamente, traz estratégias de negócios sustentáveis."Esse modelo transnacional da gente ir para lá (EUA) tem muito a ver com essa escolha da própria equipe também, do elenco e essa coisa plural. Está no DNA do projeto, do roteiro, na ideia do desenho de produção que a gente fez junto, da lógica de orçamento, de montar a equipe, de levar para lá essa equipe reduzida e montar. Mesmo estando lá, não é uma equipe 100% americana de Detroit. A gente está contando essa história, vendo o Brasil de Detroit através desses vários olhos. Isso foi muito interessante", explica Rodrigo Sarti Werthein.Belmonte e Sarti estão desenvolvendo outros dois filmes neste mesmo modelo de internacionalização, um de terror nos Estados Unidos e outro, no México, sobre a travessia da fronteira, com enredos que sempre justificam essa composição de equipe plural. As produções visam o mercado latino nos Estados Unidos, grande consumidor de audiovisual, mas ainda pouco representado.De acordo com o diretor, esse tipo de filme "é rico em vários sentidos, humanamente, profissionalmente e também como negócio. Você expande, você trabalha com talentos de vários países e com temas que são comuns. Parece ambicioso, mas é muito prático pois são processos que a gente vai conseguindo compor com muitas pessoas"."A questão da parceria internacional é que todo valor agregado que você tem, as experiências de produtor, de como fazer, quais são os contatos, se multiplica exponencialmente", comenta."Primeiro porque você traz seus coprodutores e depois você traz outros idiomas, isso amplifica muitíssimo o mercado e as capacidades de produção inclusive. Porque você consegue diferenciar a necessidade de investimento em diferentes territórios, ou seja, um investimento americano vai ser feito nos Estados Unidos para certas coisas, investimento brasileiro vai ser feito no Brasil para outras. Você começa a parar de enviar dinheiro para um lugar e para o outro, que é algo complicadíssimo no mundo de hoje", conclui o produtor.
A LIVE desta quinta é com Joshua Silveira, senhores. O lutador é mesmo filho do - pai de todos - @conansilveira da @americantopteam. Mas Coninha faz por merecer cada vitória e nunca ficou à sombra da fama do pai. Nascido em Miami, Florida, tem os pais brasileiros, e por isso cresceu com muita cultura brasileira. "Comecei a praticar jiu-jitsu pequeno, mais tarde, aos 16 anos, comecei a lutar wrestling no ensino médio e consegui uma bolsa esportiva para lutar na faculdade. Combinando jiu-jitsu e wrestling, tornei-me um lutador profissional de artes marciais mistas que sou hoje." Atualmente, Coninha luta pela PFL, conhecida como Professional Fighters League. Quer saber mais? Assista a LIVE, desta quinta, no Youtube Compartilha com quem precisa conhecer esse cara incrível que fala a nossa língua e faz sucesso nos Estados Unidos. Apresentadores Juliana Bittencourt: @julianabittencourt12 Gabriel Carvalho: @gabrielcarvalho822 Lili Zucchini: @lili_zucchini Siga o Bubbles no Instagram: @bubblespodcast Seja um patrocinador do Bubbles. Envie um email para contact@eyeseasolutions.com Siga o entrevistado no Instagram: @jmdasilv Conheça a EyeSea Solutions, a melhor agência brasileira de marketing / eventos dos Estados Unidos. Siga no Instagram @eyeseasolutions Inscreva-se também no Cortes do Bubbles para ver os pontos altos das nossas conversas: @CortesdoBubbles Se você quer resolver de vez os seus problemas com o inglês, inscreva-se já no American English Experience, um curso que te leva do zero à fluência em apenas 60 passos. Acesse agora mesmo o site da American English Academy e faça a sua inscrição www.americanenglishacademy.edu Você já conhece a Taptap Send? Você pode enviar dinheiro para o Brasil de maneira rapidíssima e muito econômica. E o destinatário recebe por PIX!!! Baixe o app na App Store ou no Google Play e use o código BP55 Você vai ganhar $20 na sua primeira transferência acima de $25 É muito fácil começar a economizar tempo e dinheiro. Tap, tap, foi! . . . . #bubblespodcast #americantopteam #joshuaconinhasilveira #conansilveira #melhorespodcasts #empreendedorismo #imigrantesbrasileiros #vidanoseua #podcastbrasileiro #brasileirosnoseua #vivernosestadosunidos #melhorpodcastbrasileiro #brasileirospelomundo #vivernoseua #empreendedorismo #marketing #brasileirosnosuldaflorida #suldaflorida #morarnaflorida #mma #pfl #jiujitsu #lutadorbrasileiro #melhoreslutas #joshuasilveira --- Support this podcast: https://podcasters.spotify.com/pod/show/bubblespodcast/support
Neste episódio, entre muita conversa da vida aqui por Cleveland, partilho convosco um desafio que fiz durante 90 dias onde pesei aquilo que comia todos os dias - oiçam tudo para ver como correu!Caso queiram inscrever-se, cliquem no link:Desafio de 90 diasAté ao próximo episódio!Love,SamMúsica: Ruta ContrabandoFollow me!https://www.instagram.com/eatlovewithlove/
For more information, please go to https://portuguesewitheli.com And here is the monologue for your benefit. Quando se é adolescente com um monte de escolhas a fazer, nunca é fácil selecionar a carreira que se vai seguir pela vida toda. Se por um lado o mundo nos oferece um mar de possibilidades, por outro nos joga nas costas tantas responsabilidades que, se dermos um passo em falso, podemos cair num buraco sem fundo. Uma das minhas fontes de inspiração foram meus colegas de escola. Um deles sabia desde sempre que queria ser médico. Além de ser um fã de carteirinha de Grey's Anatomy, ele pensava “fora da caixa” e tinha muita empatia pelas pessoas. Também tinha estômago para ver sangue. Eu não dava para isso. Se eu vejo uma gotinha de sangue que seja, desmaio logo. Outro sujeito via tudo preto no branco. Para ele, pão era pão e queijo era queijo. Ele não lidava muito bem com abstrações filosóficas, então foi estudar engenharia. Minha escolha ficou entre a razão e a emoção: eu não era muito ruim com números, mas tampouco era um Machado de Assis. Se escolhesse algo de Humanas, sabia que tinha pela frente um verdadeiro calvário financeiro. Se escolhesse algo de Exatas, quebraria muito a cabeça no começo, pois só de imaginar meu pensamento já ficava todo emaranhado. Mas a recompensa financeira poderia ser útil para me firmar na vida no futuro. Escolhi Exatas. No primeiro semestre do curso foi um desengano. Meus colegas falavam de funções bijetoras e de cosseno e sei lá mais o quê e eu ficava mais perdido que cachorro em dia de mudança. Quando olhava para aquelas funções na lousa, minha vista ficava turva e eu começava a suar frio. Até entrei para um grupo de estudos, mas o pessoal era muito fera em matemática e não tinham muita paciência com principiantes. Meu desespero chegou ao auge quando fui designado para apresentar um seminário sobre teoria dos Grafos e suas aplicações. Passei horas devorando livros e mais livros, mas nada entrava na minha cabeça. No fim, fui apresentar com os parcos conhecimentos que tinha adquirido. Na hora da apresentação, não conseguia concatenar minhas falas. Estava me borrando todo de vergonha. Todo mundo me olhava cheio de esperança e eu ali, deixando todos na expectativa. No fim, respirei fundo e decidi: se já estava no inferno, que abraçasse o capeta. Comecei a enrolar e enrolar e no fim da apresentação um professor veio trocar um lero comigo. “Você já pensou em cursar filosofia? Você discute abstrações muito bem!” E foi assim que me vi matriculado em filosofia. Agora me sinto entre iguais. Porém, continuo a calcular... mas dessa vez, calculo as probabilidades de arranjar um emprego depois de me formar. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
Físico fala da meditação no esporte, psicanálise auxiliada por substâncias psicodélicas, vida, morte e amor Se você também está enfrentando as ondas de calor, vivenciando os tsunamis meteorológicos, ou acompanhou espantado os noticiários sobre os tornados e tempestades na Região Sul do Brasil, certamente ouviu falar da importância da ciência e da necessidade de mudar a relação entre ser humano e natureza. Afinal, o mundo não vai bem. E para debater essa triste realidade, o Trip FM ouviu um dos maiores cientistas do mundo, o físico e astrônomo Marcelo Gleiser, que há anos tem sido uma voz contundente na interpretação das angústias humanas e no futuro da humanidade. "Não tente construir narrativas de imortalidade, porque isso não vai acontecer. O segredo da vida é vivê-la da maneira mais intensa possível, e para isso, é necessário se alimentar bem, exercitar o corpo e a mente. Leia, escreva, jogue xadrez, aprenda uma nova língua para permanecer sempre alerta. Este é o segredo do transumanismo: tornar-se cada vez mais humano”, disse ele. Desde criança, Marcelo nutre uma curiosidade muito grande pelos mistérios do universo. Questões sobre como surgiu tudo o que nos rodeia, a origem da própria vida e a inquietude de querer saber se estamos sozinhos no cosmo ocupavam — e ainda ocupam — sua mente. Em 1981, ele se formou em física na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, fez mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado no King's College de Londres. Desde 1991, é professor e pesquisador no Dartmouth College, nos Estados Unidos. "A gente só aprende porque se questiona sobre as experiências que temos. Se você não tentar aprender com o que está acontecendo, com o que não deu certo, vai continuar errando sempre. Sou um estudioso não só da física, mas um estudioso da vida e, certamente, um estudioso do amor.” No papo, Marcelo falou ainda sobre o esporte como uma forma de meditação, a psicanálise auxiliada por substâncias psicodélicas, a vida, a morte, o amor e muito mais. A entrevista completa está disponível aqui no site da Trip e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/11/655fb9efbdbfd/tripfm-marcelo-gleiser-cientista-mh.jpg; CREDITS=Dartmouth College / Divulgação; LEGEND=Marcelo Gleiser; ALT_TEXT=Marcelo Gleiser] Trip FM. Você é ultramaratonista, como isso ajuda na preservação da sua mente, é também uma forma de meditar? Em uma ultramaratona, tudo dói, você fica desidratado, com câimbra, com fome, mas a medida que o seu corpo quebra, a sua alma se abre. O grande desafio é como você vai sobrepujar o que a cabeça te pede, porque chega uma hora que você nem sabe quem é, entra em sintonia completa com a natureza ao redor: é a exposição ao que melhor existe na essência do ser humano. Nosso corpo foi feito para correr, para estar na natureza. Nas cidades a gente paga um preço emocional muito grande por estar longe da natureza. A ideia da meditação em movimento é a de estar totalmente presente no momento, com foco no movimento. É uma maneira de parar de pensar, o que é inestimável. Em que medida a perda da sua mãe aos seis anos fez parte da sua busca pelo desconhecido? Quando você é uma criança e perde uma mãe, há um vácuo emocional gigantesco. Isso molda quem você é como ser humano. Primeiro eu me senti vitimado: “O que eu fiz para merecer essa vida?”. Ali eu entendi que o tempo é o nosso grande mestre. A mãe é aquela que jamais pode abandonar o filho, mas essa ótica era muito centrada em mim. Com o passar dos anos eu fui começando a entender que a perda foi dela, a dor de perder a vida aos 38 anos foi dela. Comecei a entender esse processo de uma forma mais generosa e menos egoísta. Quando algo acontece com a gente, a tendência é a de se vitimar e esquecer o que aconteceu com as outras pessoas que estão em volta de você. Aprendi que se houvesse alguma coisa a me relacionar com a perda da minha mãe seria dedicar a minha vida a viver o que ela não pode viver. Essa força de explorar o mistério é de uma certa forma uma maneira de me engajar com esse desconhecido. E a morte é esse desconhecido. O que significa ser humano? Somos uns bichos muito estranhos, temos um lado todo animal, a gente precisa comer, secreta o que não precisa no meio ambiente, se reproduz, tem emoções parecidas com as de muitos outros mamíferos. Mas, por outro lado, nós questionamos quem somos, criamos teorias sobre o universo, tentamos entender se existe vida fora da terra, escrevemos sinfonias... Tudo isso é um grande esforço para preservar a nossa presença no mundo. Quando você lê um poema do Vinicius de Moraes, ele está contigo. Você só morre quando ninguém mais lembra que você viveu. Nenhum outro bicho faz isso. O que você pode dizer por essa busca pelo transumano, a busca pela vida eterna? Desde a Idade Média, a expectativa de vida dobrou. A ciência já está aumentando a vida, mas até onde a gente pode ir? Será que a ciência pode conquistar a morte? É o mito do Frankenstein. O transumanismo é a última versão dessa história. São duas correntes: uma de usar implantes no corpo e expandir a sua capacidade de visão, força, etc. E tem essa visão de ficção científica de você se transformar em uma nuvem de informação transportada de máquina em máquina. Não tem nada de científico nisso. O que me interessa é o seguinte: viva a vida da melhor forma enquanto você está vivo. Não tente tecer histórias de imortalidade porque isso não vai acontecer. O segredo da vida é vivê-la da maneira mais intensa e para isso é preciso se alimentar bem, exercitar o corpo e a mente. Leia, escreva, jogue xadrez, aprenda uma língua nova para continuar sempre alerta. Esse é o segredo do transumanismo, ser cada vez mais humano, aqui.
A pesquisadora brasileira e professora emérita da Universidade de São Paulo (USP), Angelita Habr-Gama, foi incentivada por professores a não seguir carreira na área de cirurgia, ouviu pacientes se recusarem a serem operados por uma mulher jovem e, pela família, deveria mesmo era seguir a carreira do magistério. A paraense de origem libanesa deu de ombros e seguiu o que define como ‘vocação'. Considerada em 2022 pela Universidade Stanford como uma das cientistas mais influentes do mundo, a gastroenterologista recebeu outra condecoração: a prestigiosa medalha Bigelow, oferecida pela tradicional Sociedade de Cirurgia de Boston. “Já operei hoje de manhã. Comecei cedinho, antes das 7 horas, para estar pronta para essa entrevista”, revelou a médica que não tem planos de parar de atuar. Ela traçou uma trajetória de sucesso e é referência mundial na especialidade em que atua, a coloproctologia, que estuda as doenças do intestino grosso, do reto e ânus. Em 1952, aos 19 anos, entrou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde alcançou o topo da carreira na docência, como professora titular de cirurgia, por uma carreira marcada pela formação altamente especializada e pela excelência no ensino, na pesquisa e na extensão. Pioneira, a doutora Angelita foi a primeira mulher residente de cirurgia do Hospital das Clínicas (HC), anos mais tarde criou a disciplina de Coloproctologia na unidade, e foi a primeira a chefiar os departamentos de Cirurgia e Gastroenterologia da FMUSP.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A pesquisadora brasileira e professora emérita da Universidade de São Paulo (USP), Angelita Habr-Gama, foi incentivada por professores a não seguir carreira na área de cirurgia, ouviu pacientes se recusar a serem operados por uma mulher jovem e, pela família, deveria mesmo era seguir a carreira do magistério. A paraense de origem libanesa deu de ombros e seguiu o que define como ‘vocação'. Considerada em 2022 pela Universidade Stanford como uma das cientistas mais influentes do mundo, a gastroenterologista está prestes a receber outra condecoração: a prestigiosa medalha Bigelow, oferecida pela tradicional Sociedade de Cirurgia de Boston. “Já operei hoje de manhã. Comecei cedinho, antes das 7 horas, para estar pronta para essa entrevista”, revelou a médica que não tem planos de parar de atuar. A médica traçou uma trajetória de sucesso e é referência mundial na especialidade em que atua, a coloproctologia, que estuda as doenças do intestino grosso, do reto e ânus. Em 1952, aos 19 anos, entrou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde alcançou o topo da carreira na docência, como professora titular de cirurgia, por uma carreira marcada pela formação altamente especializada e pela excelência no ensino, na pesquisa e na extensão. Pioneira, a doutora Angelita foi a primeira mulher residente de cirurgia do Hospital das Clínicas (HC), anos mais tarde criou a disciplina de Coloproctologia na unidade, e foi a primeira a chefiar os departamentos de Cirurgia e Gastroenterologia da FMUSP. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Manuel Cargaleiro é pintor e ceramista e um dos mais conceituados e internacionais artistas plásticos portugueses. Nascido em 1927, encantou-se pela cerâmica ainda em pequeno. No princípio dos anos 50, começou a participar em mostras e exposições em Portugal. Estudou posteriormente em Itália e França, onde foi uma figura de proa da chamada ‘Escola de Paris'. Em Paris, onde vive ainda parte do tempo, foi representado pela famosa Galeria Albert Loeb e é hoje pela galeria Helene Bailly. Na capital francesa, decorou (por duas vezes) uma das estações centrais do metro. Tem também fundações e museus espalhados por Portugal (Castelo Branco) e Itália. -> Apoie este podcast e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45grauspodcast.com -> Registe-se aqui para ser avisado(a) de futuras edições dos workshops. _______________ Índice: O que leva alguém a tornar-se artista? O que procura transmitir com a sua arte? Max Ernst Como foi ser vizinho de Picasso? Quanto da inspiração do artista vem do inconsciente? Formas de convocar a criatividade? Quanto do talento é inato? A importância de usar a cor certa | Jaime Murteira | Monet Como devemos apreciar uma obra de arte? Onde acaba o artesanato e começa a arte? | As mantas de retalho da Mãe Como evoluiu a sua arte ao longo do tempo? A importância da curiosidade e de ler muito para criar algo de diferente O que é especial na cerâmica? | Cerâmica de Iznik (Turquia) | Terapia com jovens toxicodependentes com barro É verdade que “um quadro nunca está terminado; é apenas abandonado”? _______________ No final da temporada passada, antes da pausa de verão, publiquei, se bem se lembram, um episódio em que respondia a algumas perguntas enviadas por vocês. Uma delas questionava porque é que não tenho abordado muito o tema Arte no podcast. Na altura, tentei explicar porque abordava menos a arte, mas a verdade é que fiquei ‘picado' pela pergunta… Porque não, realmente, trazer um artista ao podcast, mas para uma conversa “à 45 Graus”, em vez das entrevistas de vida que habitualmente fazem em programas de cultura? Entretanto, já há algum tempo que Manuel Cargaleiro, o convidado deste episódio, era um tema de conversa recorrente com o meu amigo Luís Plácido Santos, que é seu amigo. Eu já gostava dos quadros de Cargaleiro, mas o que me chamou a atenção nas conversas com o Luís foi um artista de 96 anos (quase 97) não só manter-se no activo como ter ainda a disposição para fazer novos amigos, mesmo com 60 anos menos do que ele! Como estava a pensar trazer um artista ao 45 Graus, dei por mim a pensar, porque não Cargaleiro? O Luís, simpaticamente, fez a ponte, e o resto… é história -- ou, neste caso, conversa. Manuel Cargaleiro é pintor e ceramista e um dos nossos mais conceituados e internacionais artistas plásticos. Nascido em 1927, encantou-se pela cerâmica ainda em pequeno, e no princípio dos anos 50, começou a participar em mostras e exposições em Portugal. Posteriormente, estudou em Itália e França, onde foi uma figura de proa da chamada ‘Escola de Paris'. Em Paris, onde vive ainda parte do tempo, foi representado pela famosa Galeria Albert Loeb e está hoje na galeria Helene Bailly. A sua obra está também em espaços públicos em Portugal e em França — na capital francesa uma das estações centrais do metro foi duas vezes decorada por si. Cargaleiro tem também fundações e museus espalhados por Portugal (Castelo Branco) e Itália. Na nossa conversa, falámos sobre a vida e obra do convidado, dos mistérios da inspiração e da criatividade na arte e de arte em geral. Estes temas entrecruzam-se, e fomos avançando e regressando aos assuntos; por isso desta vez deixo na descrição do episódio apenas a lista de tópicos que abordámos, sem os marcadores de tempo habituais. Comecei por perguntar a Cargaleiro o que leva alguém a tornar-se artista? Daí, falámos da sua obra, de como foi ser vizinho de um Picasso já consagrado (e porque nunca chegou a meter conversa com ele!), dae hábitos de trabalho e do papel do inconsciente na criatividade. Falámos também de arte concreta: como é que um artista decide, por exemplo, as cores certas para usar num quadro? Neste ponto, Cargaleiro citou o pintor francês Monet, fundador do impressionismo. E é curioso, porque é justamente de Monet o quadro (‘O lago Waterlily com a ponte japonesa') que é o postal mais vendido na loja de recordações de um dos principais museus do Mundo, o Metropolitan Museum em Nova Iorque. Não será por acaso… Perguntei-lhe também como devemos nós, público, apreciar uma obra de arte, e sobre o que distingue um objecto artístico de simples artesanato. Esta pergunta veio a propósito de umas mantas de retalho que a Mãe de Cargaleiro tecia, sem qualquer pretensão, mas muito originais, que ele mais tarde divulgou e tornou famosas. Falámos também de outras formas de arte e do seu interesse original pela cerâmica. No final, perguntei-lhe se partilha da angústia perfeccionista de tantos pintores ao longo da história em dar uma obra por terminada. Ao longo desta conversa com Manuel Cargaleiro, embora tenhamos falado da sua vida e obra, tentei seguir (para voltar à minha resposta à pergunta do ouvinte) a abordagem de sempre no 45 Graus -- neste caso: falar do tema, Arte, de uma perspectiva ampla e tentando tirar da experiência do convidado alguns princípios gerais. No caso de Cargaleiro, ouvindo-o descrever o seu percurso, houve sobretudo dois aspectos que me chamaram a atenção como tendo provavelmente contribuído muito para o carácter criativo e inovador da sua obra. O primeiro, o facto de, em miúdo, ter passado horas a fio a observar a flora da zona em que vivia, a absorver todo o detalhe a cambiantes de cores da natureza -- que a comuns mortais como eu passam completamente ao lado. O 2º aspecto que, suspeito, ajudou muito a torná-lo um artista diferenciador é o facto de ter sido sempre (e continuar a ser) alguém imensamente curioso: ao longo da vida, leu avidamente sobre diferentes assuntos (muito para lá da pintura e da cerâmica) e deu-se sempre com todo o tipo de gente, sempre disposto a conhecer pessoas novas. Esta curiosidade e diversificação de interesses está mais do que provada que está associada à criatividade (se tiverem interesse, recomendo o livro Range de David Epstein) e suspeito que a obra de Cargaleiro vive também muito disso. ______________ Obrigado aos mecenas do podcast: Francisco Hermenegildo, Ricardo Evangelista, Henrique Pais João Baltazar, Salvador Cunha, Abilio Silva, Tiago Leite, Carlos Martins, Galaró family, Corto Lemos, Miguel Marques, Nuno Costa, Nuno e Ana, João Ribeiro, Helder Miranda, Pedro Lima Ferreira, Cesar Carpinteiro, Luis Fernambuco, Fernando Nunes, Manuel Canelas, Tiago Gonçalves, Carlos Pires, João Domingues, Hélio Bragança da Silva, Sandra Ferreira , Paulo Encarnação , BFDC, António Mexia Santos, Luís Guido, Bruno Heleno Tomás Costa, João Saro, Daniel Correia, Rita Mateus, António Padilha, Tiago Queiroz, Carmen Camacho, João Nelas, Francisco Fonseca, Rafael Santos, Andreia Esteves, Ana Teresa Mota, ARUNE BHURALAL, Mário Lourenço, RB, Maria Pimentel, Luis, Geoffrey Marcelino, Alberto Alcalde, António Rocha Pinto, Ruben de Bragança, João Vieira dos Santos, David Teixeira Alves, Armindo Martins , Carlos Nobre, Bernardo Vidal Pimentel, António Oliveira, Paulo Barros, Nuno Brites, Lígia Violas, Tiago Sequeira, Zé da Radio, João Morais, André Gamito, Diogo Costa, Pedro Ribeiro, Bernardo Cortez Vasco Sá Pinto, David , Tiago Pires, Mafalda Pratas, Joana Margarida Alves Martins, Luis Marques, João Raimundo, Francisco Arantes, Mariana Barosa, Nuno Gonçalves, Pedro Rebelo, Miguel Palhas, Ricardo Duarte, Duarte , Tomás Félix, Vasco Lima, Francisco Vasconcelos, Telmo , José Oliveira Pratas, Jose Pedroso, João Diogo Silva, Joao Diogo, José Proença, João Crispim, João Pinho , Afonso Martins, Robertt Valente, João Barbosa, Renato Mendes, Maria Francisca Couto, Antonio Albuquerque, Ana Sousa Amorim, Francisco Santos, Lara Luís, Manuel Martins, Macaco Quitado, Paulo Ferreira, Diogo Rombo, Francisco Manuel Reis, Bruno Lamas, Daniel Almeida, Patrícia Esquível , Diogo Silva, Luis Gomes, Cesar Correia, Cristiano Tavares, Pedro Gaspar, Gil Batista Marinho, Maria Oliveira, João Pereira, Rui Vilao, João Ferreira, Wedge, José Losa, Hélder Moreira, André Abrantes, Henrique Vieira, João Farinha, Manuel Botelho da Silva, João Diamantino, Ana Rita Laureano, Pedro L, Nuno Malvar, Joel, Rui Antunes7, Tomás Saraiva, Cloé Leal de Magalhães, Joao Barbosa, paulo matos, Fábio Monteiro, Tiago Stock, Beatriz Bagulho, Pedro Bravo, Antonio Loureiro, Hugo Ramos, Inês Inocêncio, Telmo Gomes, Sérgio Nunes, Tiago Pedroso, Teresa Pimentel, Rita Noronha, miguel farracho, José Fangueiro, Zé, Margarida Correia-Neves, Bruno Pinto Vitorino, João Lopes, Joana Pereirinha, Gonçalo Baptista, Dario Rodrigues, tati lima, Pedro On The Road, Catarina Fonseca, JC Pacheco, Sofia Ferreira, Inês Ribeiro, Miguel Jacinto, Tiago Agostinho, Margarida Costa Almeida, Helena Pinheiro, Rui Martins, Fábio Videira Santos, Tomás Lucena, João Freitas, Ricardo Sousa, RJ, Francisco Seabra Guimarães, Carlos Branco, David Palhota, Carlos Castro, Alexandre Alves, Cláudia Gomes Batista, Ana Leal, Ricardo Trindade, Luís Machado, Andrzej Stuart-Thompson, Diego Goulart, Filipa Portela, Paulo Rafael, Paloma Nunes, Marta Mendonca, Teresa Painho, Duarte Cameirão, Rodrigo Silva, José Alberto Gomes, Joao Gama, Cristina Loureiro, Tiago Gama, Tiago Rodrigues, Miguel Duarte, Ana Cantanhede, Artur Castro Freire, Rui Passos Rocha, Pedro Costa Antunes, Sofia Almeida, Ricardo Andrade Guimarães, Daniel Pais, Miguel Bastos, Luís Santos _______________ Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira
If you'd like to join us in our weekly conversations, please visit https://portuguesewitheli.com/cah. And here is the monologue for your benefit. Sei que vai ficar parecendo uma reunião do AA, mas, oi, bom dia, sou o Luís e estou há cinco meses sem usar o cartão de crédito. Minha história com o cartão começou ainda na universidade. Na época, eu estudava sociologia e não tinha nenhuma preocupação financeira. Na verdade, o único aperto que passava era na hora de subir no ônibus. Então levava uma vidinha boa. Não comprava tudo o que queria, mas tinha tudo de que precisava. Mas como se sabe, o cão está sempre à espreita, para desvirtuar as ovelhas do Senhor. Um dia eu estava passeando no shopping quando uma dessas moças que vendem cartão de crédito me abordou. “O senhor já tem cartão?” Respondi que não, que era apenas um universitário e não tinha renda. Ela sorriu e disse: “Mas o senhor tem crédito pré-aprovado conosco! Só precisa me informar uns dados e vai ter um cartão novinho sem anuidade no primeiro ano.” Pensei: que mal tem? Não ia gastar em muita coisa. Só precisava para uns livros e um cineminha aqui e ali. Então acabei cedendo e fiz o cartão. O limite que me deram era de três vezes o salário-mínimo. Três vezes! Você sabe o que é isso na mão de um jovem inconsequente de 19 anos? Era um convite para a ruína! Jurei para mim mesmo que não o usaria, mas, sabe, quando saiu o novo modelo do iPhone no mercado, todos os meus amigos o tinham. Eu sabia que não precisava, mas podia parcelar em 24 suaves prestações... e caí na tentação de o fazer. Ai, se arrependimento matasse... As três primeiras faturas, paguei antes do vencimento. O banco tomou esse ato por uma capacidade de pagamento maior e me deu mais limite. Me segurei como pude, mas, sabe como é, né? Antes, com os cartões que tinham chip, ainda era necessário inserir o cartão na máquina, mas agora com esses de aproximação... tudo ficou tão fácil. Se dava vontade de tomar sorvete, passava o cartão. Ih, uma visita inesperada? Passa o cartão. Está faltando roupa para a festa? Passa o cartão. E fui passando e passando até que bum! Estourei o limite pela primeira vez. O cartão foi bloqueado. Foi uma miséria. Comecei a pagar só o mínimo todo mês. Entrei no rotativo. E todo mês era mais e mais que tinha de pagar. Virou uma bola de neve. No fim, tive de trancar a faculdade, conseguir um emprego às pressas, fazer outras coisas por fora e quebrar meu cartão, para não fraquejar outra vez. Agora estou empenhado em limpar meu nome e nunca mais contar com esse “fiel escudeiro”, o cartão de crédito. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
For lessons, please go to https://portuguesewitheli.com De vez em quando o pessoal aparece com umas modas que, vou te contar, viu? Recentemente me disseram que eu tinha ludomania. Ludomania? Aí me explicaram: é vício em jogo. Viciado, eu? Toda sexta-feira, depois do expediente, a gente juntava a turma toda para tomar umas e jogar uma partidinha de jogos de baralho. Tinha aposta, mas não era nada de fazer cair o queixo. No máximo, todo mundo contribuía com uns trocados para o bolo, e ninguém era obrigado a apostar. Como era um pouquinho competitivo, sempre apostava. Quando ganhava, era uma alegria só. E eu ganhava muito porque sabia blefar e fazer cara de paisagem. Com frequência, conseguia virar o jogo. Ganhei tanta confiança no meu jogo que podia cantar vitória antes do tempo e não me preocupar. Aí o pessoal foi saindo da nossa mesa, porque diziam: ah, o Arnaldo não sabe jogar. Quem não sabia jogar eram eles. Eles temiam jogar comigo porque sabiam que eu era profissa, tá ligado? Até que chegou uma nova funcionária na nossa mesa – a Carla. Carla tinha começado com as cartelas de bingo e jogo do bicho. Mas virou mestra em pôquer. Fiquei encafifado... como era possível uma mulher ser tão boa jogadora? Eu a desafiei para uma partida de buraco e ela disse que não jogava jogo de criança. Que tal um amistoso de pôquer? Aceitei, mas perdi. Não entendia de pôquer e estava passando por uma maré de azar. Mas não ia deixar barato. Comprei cursos, livros, tudo o que tinha a ver com jogos de azar... até paguei um coach para me ajudar a aprimorar minha jogatina. Quando senti que tinha atingido o nível que almejava, decidi desafiá-la para uma revanche. Coloquei todas as minhas fichas naquela partida: apostei o meu salário do mês. A Carla não titubeou. Ela aceitou a proposta no ato. Todo mundo da empresa apareceu. Começamos a jogar. Até que no final, percebi que a vitória estava no papo. Era impossível perder. Dava para ver nos olhos dela que ela estava desesperada. Eu estava preparado para bater com o Straight Flush, mas no final, sofri um revés: ela apareceu com um Royal flush. Fui derrotado. Todo mundo na mesa vibrou com a vitória da Carla. Eu fiquei com a cara no chão. Agora tinha perdido meu salário. Comecei a chorar. A sorte foi que a Carla levou tudo na boa. Ela disse que não precisava do meu salário. Só queria me mostrar que eu devia me controlar e não ser tão viciado. Disse que eu tinha ludomania. Eu, viciado em jogo? Imagina! Eu sempre soube a hora de parar. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
If you’d like to join us in the conversation club, please visit: https://portuguesewitheli.com/cah for more information. And here is the monologue for your benefit. Minha esposa sempre adorou umas DRs, mas eu fugia disso como o diabo foge da cruz. Sei que a gente tem que discutir a relação de vez em quando para colocar os pingos nos “i”s e passar tudo a limpo, mas eu nunca fui muito de filosofar. Prefiro vivenciar: depois, se eu tiver algo a dizer, digo. Mas minha esposa, não. Com ela, tudo tem que ser minuciosamente analisado. E agora que a gente está dobrando a esquina dos sete anos, ela deu para ficar muito mais ressabiada. Acontece uma coisinha de nada e ela já quer se sentar à mesa, colocar nossas questões em pratos limpos e, se eu dou um passo em falso, ela vai logo ameaçando terminar o relacionamento. Bom, nunca fui o cara mais romântico, mas tentei dar um jeito nisso. Comecei a mandar flores para minha esposa. Comprei o chocolate predileto dela. Até fui deixar o café na bandeja para ela na cama. Ela ficou logo de orelha em pé. “Tá tendo caso?” foi a pergunta dela. “Porque homem para agir assim só quando tem outra.” Eu fiquei pensando: nossa, ela achava que eu podia ser infiel, mas ela era quem tinha fama de namoradeira. Além do mais, sempre fui da opinião de que se for para ter adultério num casamento, melhor é se separar logo. Não vale a pena o desgaste. Depois daquele balde de água fria, pensei que podia fazer algo para reacender a paixão de nossa relação. Quando conheci minha esposa, ela era fogosa e eu não ficava atrás. E uma coisa que a gente tinha era a espontaneidade. Daí, resolvi ser espontâneo e dei um presente para ela em junho, para comemorar o Dia dos Namorados. Sabe o que ela me disse? “Está vendo? Você nunca ligou mesmo para nossa vida conjugal. Nosso aniversário de casamento é só mês que vem!” Não adiantou eu tentar explicar que era presente de Dia dos Namorados. Ela me deixou falando com as paredes. Viu só? Eu tentando aqui fazer média com a patroa e a desgraçada ainda vem com desconfiança para cima de mim. Quer saber de uma coisa? Acho que essa tal crise dos sete anos é verdade mesmo. Antes a gente não estava em crise, mas agora a gente está. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/portuguesewitheli/message
Carlos Guimarães Pinto é doutorado em economia pela Faculdade de Economia do Porto. Foi consultor de estratégia, tendo trabalhado em mais de 20 países, foi também professor universitário e presidente da Iniciativa Liberal entre 2018 e 2019. Em 2021, fundou o think-tank +Liberdade, o maior think-tank português em número de membros. É atualmente deputado e vice-presidente da Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação. -> Apoie este projecto e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45grauspodcast.com _______________ Índice (com timestamps): (4:39) Início — Visão política do convidado. | Da Democracia na América, de Alexis de Tocqueville | Livro: Economics in One Lesson, de Henry Hazlitt | John Locke | Escola Austríaca (19:44) O que dizer da relação ambígua de Friedrich Hayek com a democracia? (22:23) Como foi viver no Dubai, um país autoritário mas em que é possível subir na vida? (31:04) As três principais propostas de CGP para Portugal: baixar a carga fiscal, aumentar a concorrência (tese doutoramento do convidado) e descentralização | O caso da Irlanda | O problema da falta de dados no Estado | Como o IRC desceu na maioria dos países nas últimas décadas. (59:03) No contexto do Mundo, há uma crise do capitalismo? (1:12:19) Porque é difícil haver um partido verdadeiramente liberal em Portugal | As leis portuguesas mais bizarras. (1:19:31) Se defendem a igualdade de oportunidades, porque é que os liberais falam tão pouco de desigualdade económica? | Impacto no apoio dos cidadãos à liberalização económica. | A importância da educação para a mobilidade social | A experiência do convidado na Índia Livro recomendado: Liberalismo e Seus Descontentes, de Francis Fukuyama _______________ O convidado tornou-se conhecido sobretudo enquanto presidente do Iniciativa Liberal, cargo que deixou por iniciativa própria em 2019, logo depois de o partido ter conseguido eleger o primeiro deputado nas eleições legislativas. Para além da actividade política, o convidado foi consultor de estratégia em vários países, professor universitário e doutorou-se em 2020 em economia pela Faculdade de Economia do Porto. Em 2021, fundou o think-tank +Liberdade, “o maior think-tank português em número de membros” (dizem eles, e eu acredito). Comecei por pedir ao convidado para explicar os princípios do liberalismo, tal como ele os entende. Princípios esses com que eu, como sabem, concordo em grande medida. Já tenho mais reservas, porém -- e discutimos sobre isso também -- em relação à colagem de muitos liberais, e do IL em particular, a figuras como Hayek, que tinha uma postura em relação à democracia ambivalente demais para meu gosto. De seguida, discutimos as três grandes medidas que o Carlos propõe para “desbloquear” Portugal: baixar a carga fiscal, aumentar a concorrência e descentralização. São medidas que passam, essencialmente (pelo menos duas delas), por aumentar a liberdade económica em Portugal. Mas a verdade é que, no contexto mais geral do mundo ocidental, o sistema capitalista tem sido cada vez mais criticado nos últimos anos, perante um aumento das desigualdades, a captura dos Estados por interesses privados e uma alegada ênfase exagerada no individualismo. Ainda recentemente Martin Wolf, comentador principal de economia do Financial Times, lançou o livro The Crisis of Democratic Capitalism, em que dá voz a várias destas críticas. Perguntei, por isso, ao Carlos a opinião dele sobre esta discussão, e como é que se pode compatibilizar estas limitações (se é que o são) do capitalismo a nível global com a necessidade de mais liberdade económica em Portugal. No final, confrontei o convidado com uma inquietação que há muito me incomoda: se os liberais defendem tanto a importância da igualdade de oportunidades entre as pessoas, de modo a que possa funcionar o dito “elevador social”, porque é que não defendem medidas para mitigar as óbvias desigualdades de ponto de partida que existem na sociedade? Especificamente, perguntei-lhe o que acharia sobre um imposto maior sobre as heranças. E a verdade é que quase consegui pôr um liberal-clássico, com veia libertária, a defender mais impostos -- quase! _______________ Obrigado aos mecenas do podcast: Francisco Hermenegildo, Ricardo Evangelista, Henrique Pais João Baltazar, Salvador Cunha, Abilio Silva, Tiago Leite, Carlos Martins, Galaró family, Corto Lemos, Miguel Marques, Nuno Costa, Nuno e Ana, João Ribeiro, Helder Miranda, Pedro Lima Ferreira, Cesar Carpinteiro, Luis Fernambuco, Fernando Nunes, Manuel Canelas, Tiago Gonçalves, Carlos Pires, João Domingues, Hélio Bragança da Silva, Sandra Ferreira , Paulo Encarnação , BFDC, António Mexia Santos, Luís Guido, Bruno Heleno Tomás Costa, João Saro, Daniel Correia, Rita Mateus, António Padilha, Tiago Queiroz, Carmen Camacho, João Nelas, Francisco Fonseca, Rafael Santos, Andreia Esteves, Ana Teresa Mota, ARUNE BHURALAL, Mário Lourenço, RB, Maria Pimentel, Luis, Geoffrey Marcelino, Alberto Alcalde, António Rocha Pinto, Ruben de Bragança, João Vieira dos Santos, David Teixeira Alves, Armindo Martins , Carlos Nobre, Bernardo Vidal Pimentel, António Oliveira, Paulo Barros, Nuno Brites, Lígia Violas, Tiago Sequeira, Zé da Radio, João Morais, André Gamito, Diogo Costa, Pedro Ribeiro, Bernardo Cortez Vasco Sá Pinto, David , Tiago Pires, Mafalda Pratas, Joana Margarida Alves Martins, Luis Marques, João Raimundo, Francisco Arantes, Mariana Barosa, Nuno Gonçalves, Pedro Rebelo, Miguel Palhas, Ricardo Duarte, Duarte , Tomás Félix, Vasco Lima, Francisco Vasconcelos, Telmo , José Oliveira Pratas, Jose Pedroso, João Diogo Silva, Joao Diogo, José Proença, João Crispim, João Pinho , Afonso Martins, Robertt Valente, João Barbosa, Renato Mendes, Maria Francisca Couto, Antonio Albuquerque, Ana Sousa Amorim, Francisco Santos, Lara Luís, Manuel Martins, Macaco Quitado, Paulo Ferreira, Diogo Rombo, Francisco Manuel Reis, Bruno Lamas, Daniel Almeida, Patrícia Esquível , Diogo Silva, Luis Gomes, Cesar Correia, Cristiano Tavares, Pedro Gaspar, Gil Batista Marinho, Maria Oliveira, João Pereira, Rui Vilao, João Ferreira, Wedge, José Losa, Hélder Moreira, André Abrantes, Henrique Vieira, João Farinha, Manuel Botelho da Silva, João Diamantino, Ana Rita Laureano, Pedro L, Nuno Malvar, Joel, Rui Antunes7, Tomás Saraiva, Cloé Leal de Magalhães, Joao Barbosa, paulo matos, Fábio Monteiro, Tiago Stock, Beatriz Bagulho, Pedro Bravo, Antonio Loureiro, Hugo Ramos, Inês Inocêncio, Telmo Gomes, Sérgio Nunes, Tiago Pedroso, Teresa Pimentel, Rita Noronha, miguel farracho, José Fangueiro, Zé, Margarida Correia-Neves, Bruno Pinto Vitorino, João Lopes, Joana Pereirinha, Gonçalo Baptista, Dario Rodrigues, tati lima, Pedro On The Road, Catarina Fonseca, JC Pacheco, Sofia Ferreira, Inês Ribeiro, Miguel Jacinto, Tiago Agostinho, Margarida Costa Almeida, Helena Pinheiro, Rui Martins, Fábio Videira Santos, Tomás Lucena, João Freitas, Ricardo Sousa, RJ, Francisco Seabra Guimarães, Carlos Branco, David Palhota, Carlos Castro, Alexandre Alves, Cláudia Gomes Batista, Ana Leal, Ricardo Trindade, Luís Machado, Andrzej Stuart-Thompson, Diego Goulart, Filipa Portela, Paulo Rafael, Paloma Nunes, Marta Mendonca, Teresa Painho, Duarte Cameirão, Rodrigo Silva, José Alberto Gomes, Joao Gama, Cristina Loureiro, Tiago Gama, Tiago Rodrigues, Miguel Duarte, Ana Cantanhede, Artur Castro Freire, Rui Passos Rocha, Pedro Costa Antunes, Sofia Almeida, Ricardo Andrade Guimarães, Daniel Pais, Miguel Bastos, Luís Santos _______________ Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira