Este é o podcast do canal de YouTube O PLANETA AZUL. Toda segunda-feira, um novo episódio sobre o que está acontecendo de mais importante no Brasil e no mundo, além de entrevistas inéditas.
O Telescópio Gigante Magalhães anunciou a fabricação do sexto dos sete maiores espelhos monolíticos do mundo. Eles vão permitir que astrônomos enxerguem o Universo de maneira mais detalhada e ainda mais longe. Com 8 metros e meio de diâmetro, o equivalente a um prédio de dois andares, o espelho está sendo produzido na Universidade do Arizona. A fundição do espelho é considerada uma maravilha da engenharia moderna. O Telescópio Gigante Magalhães é fruto de um consórcio internacional de universidades e instituições científicas de ponta. O Brasil é um dos sócios fundadores, por meio de financiamento da Agência de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que está investindo 40 milhões de dólares, o equivalente a 4% do tempo de operação anual do telescópio. Confira a nossa reportagem.
A opção por viver em grandes centros urbanos está em xeque desde março de 2020, com o início da pandemia. Muitas Empresas fecharam temporariamente os seus escritórios e mandaram os funcionários trabalhar em casa, de forma remota. De acordo com pesquisa da empresa especializada em recrutamento Robert Half, 95% dos empregadores concordam que equipes híbridas, aquelas que se dividem entre o escritório e a casa, vieram para ficar. E 84% destes empregadores não veem nenhum problema em que os seus funcionários morem em outras cidades. A pesquisa Viver em São Paulo – Qualidade de Vida, da Rede Nossa São Paulo, mostra que 78% dos paulistanos têm orgulho da cidade. Mesmo assim, 60% não hesitariam em deixá-la se pudessem. E quais são os motivos para esse desejo? 74% dos paulistanos estão insatisfeitos com a qualidade de vida na cidade. Esse é o principal motivo que tem levado muitas pessoas a saírem da capital paulista. O Planeta Azul conversou com algumas dessas pessoas que já colocaram seus planos em prática. Elas reduziram as despesas, encontraram novas oportunidades de trabalho e até conseguiram realizar o sonho da casa própria. Veja o que elas dizem.
A pandemia de Covid-19 causou uma crise econômica mundial, gerando uma massa de desempregados. Mas, em meio a isso, um fenômeno improvável está acontecendo. Uma onda de pedidos de demissão está sendo registrado em diversos países. As demissões, que superam os níveis pré-pandêmicos, vem chamando a atenção de especialistas no mercado de trabalho. Nos EUA, por exemplo, quase 4 milhões de norte-americanos pediram demissão somente no mês de abril. O fenômeno, no entanto, não se restringe aos Estados Unidos. Segundo pesquisa recente, 41% dos trabalhadores do mundo estão considerando deixar seu atual emprego ainda neste ano. Veja as causas disso em nossa reportagem.
No dia 13 de junho o Parlamento de Israel encerrou o mandato de Benjamin Netanyahu. Ele esteve 12 anos como primeiro-ministro, nos quais se aproximou de líderes populistas e conservadores, como Donald Trump. Sob seu comando, houve um aumento de ofensivas contra o estado Palestino e a quebra de acordos de paz. Apesar de ser o político israelense mais dominante de sua geração, o ex-primeiro-ministro, de 71 anos, fracassou na formação de um governo após as eleições em 23 de março, a quarta em dois anos. O novo governo israelense, liderado por Naftali Bennett, inclui legisladores de esquerda, de centro e árabes, que ele agrupou com o líder de oposição Yair Lapid. Bennett, de 49 anos, um judeu ortodoxo, será o premiê por dois anos antes de Lapid, um ex-apresentador de televisão, assumir o cargo. Com poucas perspectivas de progresso em relação à resolução do longo conflito com Israel, muitos palestinos provavelmente continuam impassíveis com a mudança de governo, dizendo que Bennett irá provavelmente seguir a mesma agenda de Netanyahu. Para falar sobre essa mudança de governo em Israel, O Planeta Azul conversou com Moises Rabinovici, jornalista especialista no Oriente Médio e correspondente internacional do jornal O Estado de São Paulo. Ele fala sobre os motivos dessa coalização inédita para retirar Netanyahu do poder, o julgamento por corrupção do ex-primeiro ministro e as perspectivas para a região com essas mudanças.
Em pouco mais de um ano, a China passou de epicentro da pandemia de Covid-19 a recordista na vacinação contra o vírus. Em junho, o país bateu a marca de um bilhão de doses aplicadas em sua população. O gigante asiático tem outro recorde impressionante: mais de 20 milhões de doses de vacina aplicadas em um único dia. Qual é o segredo de uma nação com 1 bilhão e 400 milhões de habitantes para conseguir imunizar sua população de forma tão acelerada e assim deter a propagação do vírus? Como está a vida no país onde foi identificado o primeiro caso de Covid-19? Assista a nossa reportagem.
Primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no fim da década de 1970, o economista Roberto Teixeira da Costa lançou o livro “O Brasil tem medo do mundo? Ou o mundo tem medo do Brasil? - Reflexões e comentários sobre o Isolamento Internacional do País Pré e Pós-Pandemia". Em entrevista exclusiva ao Planeta Azul, Teixeira debate o que ele chama de “medo nacional” do processo de globalização, critica o Papa Francisco e fala dos desafios do Brasil para 2022.
A pandemia de Covid-19 afetou a vida de todos nós. Para a maioria, significou dias difíceis, com o aumento do desemprego e do preço dos alimentos, por exemplo. No entanto, para uma pequena parcela da população mundial, o último ano trouxe grandes ganhos financeiros. Desde o início da pandemia, o mundo tem cinco milhões de novos milionários. Confira em nossa reportagem.
O Brasil vem passando por um período complexo. Além das questões de saúde e uma crise econômica mundial, as instituições democráticas vêm sendo sistematicamente desafiadas. Quais as consequências do crescimento de setores da direita e como isso pode influenciar nas eleições de 2022. Outros países sinalizaram que queriam uma mudança de rumo, com a derrota de Trump nas eleições americanas e uma coalização ampla em Israel com principal objetivo de retirar Benjamin Netanyahu do poder. O professor de ciência política do INSPER e colunista do Estadão, Carlos Melo, fala sobre esses assuntos e comenta as consequências dessas mudanças recentes.
O envelhecimento já é um problema na China. O país, que durante muito tempo não permitiu que as famílias tivessem mais do que 2 filhos, agora quer um crescimento populacional maior. Para alcançar esse objetivo, os casais chineses poderão ter até 3 filhos. O país tem mais de um bilhão e quatrocentos milhões de habitantes. Desde os anos 80, o Partido Comunista Chinês tem controlado o número de filhos das famílias em uma tentativa de conter o rápido crescimento de sua densidade populacional. Até que ponto pode crescer a população chinesa, a maior do mundo? Historicamente, o controle de natalidade surtiu efeito?
Pela primeira vez, cientistas usaram um sensor implantado para registrar sinais cerebrais associados à escrita à mão. Esses mesmos sinais também são usados para criar texto em um computador. Tudo isso em tempo real. Os pesquisadores relataram que um participante, com lesão da medula espinhal cervical, usou o sistema para "digitar" palavras em um computador a uma taxa de 90 caracteres por minuto. Isso é mais do que o dobro do registro anterior para digitação com uma interface entre o cérebro e o computador. O participante tinha apenas que pensar sobre os movimentos das mãos envolvidos no ato de escrever para completar a tarefa. Este estudo inovador faz parte do projeto BrainGate, da Escola de Engenharia da Brown University, nos Estados Unidos. A equipe de pesquisa tem esperança de que esse sistema possa ajudar a restaurar a capacidade das pessoas de se comunicarem após paralisia causada por lesão ou doença. Um dos principais objetivos do projeto é restaurar a comunicação rápida e intuitiva dessas pessoas. Os cientistas do projeto BrainGate trabalharam por anos em sistemas que permitem às pessoas escrever textos por meio do controle direto do cérebro. Versões anteriores conseguiram com que participantes dos testes conseguissem apontar e clicar em letras de um teclado virtual usando o pensamento. Esse sistema permitia que um participante digitasse até 40 caracteres por minuto, que era a velocidade recorde anterior. O novo sistema usa a atividade neural registrada por eletrodos intracorticais junto com modelos de linguagem. Dessa maneira eles conseguem aplicar um software que decodifica como as letras são formadas no cérebro humano, criando um texto rápido e preciso. Um voluntário do teste, de 65 anos, estava paralisado do pescoço para baixo por uma lesão na medula espinhal. Como parte do teste clínico, foram colocados dois eletrodos minúsculos, do tamanho de uma aspirina, em uma parte de seu cérebro associada ao movimento de seu braço e mão direita. Usando sinais que os sensores captaram de neurônios individuais quando o homem se imaginou escrevendo, um algoritmo de aprendizado de máquina reconheceu os padrões que seu cérebro produzia com cada letra. Com esse sistema, o homem poderia copiar frases e responder perguntas em um ritmo semelhante ao de alguém da mesma idade digitando em um smartphone. O sistema é tão rápido porque cada letra tem um padrão de atividade altamente distinto, tornando relativamente fácil para o algoritmo distinguir um do outro, segundo os pesquisadores. O BrainGate é mais um avanço no crescente campo da tecnologia de interfaces neurais, que tem atraído um grande número de interessados. Um deles é Elon Musk. Em reportagem recente, mostramos como um projeto do bilionário americano, a NeuraLink, implantou chips em cérebros de animais para que eles interagissem com aparelhos eletrônicos. Agora, a humanidade está dando mais um passo para garantir a comunicação entreis seres humanos, independente de sua condição de saúde.
A crescente influência dos evangélicos neopentecostais no Brasil tem despertado a atenção e a preocupação de quem estuda os fenômenos da religião e a sua relação com o poder político. Para entender mais sobre como funciona a Igreja Universal do Reino de Deus e o papel de Edir Macedo, Rodolpho Gamberini e Marco Piva entrevistam o jornalista Gilberto Nascimento, autor de "O reino: a história de Edir Macedo e uma radiografia da Igreja Universal", lançado pela Companhia das Letras. Setenta pessoas foram entrevistadas em quatro anos. Entre elas figuram ex-bispos, ex-pastores, ex-funcionários de empresas ligadas ao grupo, empresários, representantes do Ministério Público, estudiosos da religião e profissionais de comunicação. Confira.
Uma nova pesquisa da Organização Mundial da Saúde e da Organização Internacional do Trabalho trouxe novos dados para entendermos a relação entre longas jornadas de trabalho e o desenvolvimento de doenças. As informações são preocupantes. No período analisado, entre 2000 e 2016, os pesquisadores identificaram um aumento de 29% das mortes por doenças cardíacas e derrame entre aqueles que trabalham mais de 55 horas semanais, carga considerada excessiva. Apenas em 2016, 488 milhões de pessoas, ou quase 9% da população mundial, foi exposta a horas de trabalho excessivas. Dessas, 745 mil morreram por complicações acarretadas pelas longas jornadas. Os números são a ponta final de um problema que cresceu durante os 16 anos analisados na pesquisa. No período, o número de mortes por problemas cardíacos aumentou 42%, enquanto as provocadas por derrame subiram 19%. O estudo também apontou os mais afetados pelas doenças causadas pelas longas jornadas de trabalho. Os homens representam 72% das mortes, com destaque para aqueles de meia idade e que vivem em regiões do Pacífico Ocidental e do sudeste asiático. Os destaques negativos ficam para Mianmar e Indonésia. Em relação à idade, a maioria dos óbitos aconteceu na faixa dos 60 a 79 anos de idade. Essas pessoas trabalharam mais de 55 horas semanais quando tinham entre 45 e 74 anos. O estudo concluiu que, de forma geral, as longas jornadas de trabalho estão associadas a um risco 35% maior do trabalhador apresentar casos de derrame e 17% maior de falecer por complicações cardíacas. Uma outra questão levantada é o aumento da carga de trabalho por conta da pandemia de coronavírus. Já se sabe que 9% da população mundial está trabalhando mais horas e se colocando em risco de desenvolver doenças ocupacionais. De acordo com a OMS, as novas formas de trabalhar, que incluem o teletrabalho, e a desaceleração econômica global, são fatores de risco para a saúde. A OMS e a OIT apontaram algumas medidas que podem ser adotadas para combater essa realidade. A primeira ficaria por conta dos governos, que devem criar e fazer cumprir leis trabalhistas que regulem o tempo de trabalho máximo permitido e proíbam as horas extras. Acordos coletivos de trabalho entre empregadores e sindicatos de trabalhadores podem auxiliar na diminuição da carga de trabalho e flexibilizar os horários. Por fim, outra ideia apontada pelos pesquisadores é que os próprios funcionários podem compartilhar entre si o número de horas de trabalho, para garantir que ninguém trabalhe mais de 55 horas na semana. Os pesquisadores afirmam que as longas jornadas de trabalho representam um terço da carga potencial de doenças relacionadas ao trabalho. Em outras palavras, trabalhar muitas horas é um grande fator de risco no desenvolvimento de doenças ocupacionais. Os resultados do estudo são tão preocupantes que a ONU apelou para que países de todo o mundo revisem suas regulamentações trabalhistas. Os investigadores esperam que esses resultados possibilitem repensar o trabalho a partir desse novo fator de risco e a partir de um nível psicossocial, que leve mais em conta a saúde dos trabalhadores.
A pandemia do novo Coronavírus, que já matou quase meio milhão de pessoas no país, tem sobrecarregado hospitais públicos e privados. As enfermarias e UTIs trabalham com a sua capacidade máxima. Esse cenário mostra a importância do Sistema Único de Saúde. Criado para dar assistência gratuita e universal a toda a população, o SUS atende especialmente aos 150 milhões de brasileiros e brasileiras que não têm plano de saúde privado. Isso representa 70% da população. Graças a sua estrutura descentralizada nos estados e municípios, durante a pandemia foram criados quase uma centena de hospitais de campanha e 3 mil e 100 vagas extras em UTIs nos hospitais públicos. Equipes de vigilância sanitária trabalham para fiscalizar o cumprimento de medidas de distanciamento social, enquanto 3,3 mil equipes do Serviço de Atendimento Médico Móvel de Emergência, o Samu, atendem e transportam doentes. O desafio atual é fazer com que a vacina chegue ao maior número de pessoas no menor tempo possível. Conheça mais sobre o SUS em nossa reportagem feita em parceria com a Agência FAPESP.
Computadores, notebooks, smartphones, tablets, relógios e até geladeiras. Hoje está cada vez mais fácil estar conectado à internet e ao mundo virtual. Mais do que isso, se tornou imprescindível o acesso à rede para trabalhar, estudar e socializar. No entanto, ao mesmo tempo que as possibilidades de acesso se multiplicam, o abismo da desigualdade digital se abre. Enquanto o número de residências conectadas aumenta, quem são aqueles que permanecem desconectados? Hoje, de acordo com dados da agência We Are Social, 150 milhões de brasileiros têm acesso à internet, ou três em cada quatro pessoas. Isso significa também que temos 70% da população conectada. Esses números, por mais animadores que sejam, escondem outra realidade. Vamos olhar de outra forma e entender o Brasil desconectado. São 46 milhões de brasileiras sem acesso à internet, segundo a pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Centro Regional de Estudos para Desenvolvimento da Sociedade da Informação, o CETIC.
Até janeiro de 2020, a Agência Espacial Europeia estimava a existência de até 30 mil objetos espaciais em órbita lançados por diferentes países. Desse total, cerca de 3400 estão em órbita da Terra. Mas, somente nove são brasileiros — sendo que apenas seis são satélites grandes; os outros são nanossatélites, usados principalmente para fins educacionais. Este ano, porém, o Brasil deu mais um passo em seu programa de exploração espacial: nosso país vai ter o primeiro satélite de observação completamente projetado, integrado, testado e operado por brasileiros. Tudo começou em 2002, com um projeto para a criação de uma Plataforma Multimissão, mais conhecida pela sigla PMM. Trata-se do módulo de serviço de um satélite, responsável por fornecer energia elétrica e os sistemas de transmissão de dados que dão suporte à missão. Se satélites fossem caminhões, a PMM seria a cabine na qual é possível acoplar diferentes tipos de chassis para diferentes cargas — um furgão, um frigorífico ou uma caçamba aberta. Ou seja, essa espécie de cabine pode ser usada em diferentes missões. O INPE e a Agência Espacial Brasileira, responsáveis pelo projeto, superaram o desafio de construir um satélite apenas para uma única missão. No dia 28 de fevereiro, o satélite brasileiro Amazônia-1 foi lançado à órbita. As primeiras imagens do satélite foram recebidas no dia 3 de março. No dia 10 de março, imagens mostravam a reserva nacional de vida silvestre, na Amazônia boliviana. O equipamento é o terceiro a formar o sistema Deter e vai auxiliar na observação e no monitoramento do desmatamento na região amazônica. O equipamento é coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e faz parte da Missão Amazônia, que busca monitorar a agricultura e o desmatamento no território brasileiro. Como o Brasil não possui estruturas de lançamento para colocar satélites em órbita, por isso o Amazônia-1 precisou ser lançado da Índia. Além da função principal de sensoriamento remoto, o Amazônia-1 servirá para avaliar a Plataforma Multimissão. Essa plataforma poderá servir de base para o desenvolvimento de novos satélites com diferentes funções. A missão deve durar quatro anos. Ao fim desse período, serão feitas avaliações para verificar a viabilidade de manter o satélite por mais tempo em órbita. Caso a missão seja finalizada, o Brasil terá um prazo de 25 anos para tirar o satélite do espaço. Normalmente esses objetos espaciais acabam caindo na Terra, e isso é feito, em geral, sobre o Oceano Pacífico, para que eventuais restos que não desintegraram não provoquem acidentes em solo. É importante que as políticas públicas estejam adequadas às informações fornecidas pelo Amazônia-1. O controle do desmatamento e os sistemas de comunicação são alguns bons exemplos. O equipamento é projetado para gerar imagens do planeta a cada cinco dias e, sob demanda, pode fornecer dados de um ponto específico em dois dias. Em caso de um eventual desastre ambiental, por exemplo, como o rompimento da barragem em Mariana, em 2015, o monitoramento poderá ser ajustado para o local. Focos de queimada também poderão ser visualizados. Assim, o satélite vai ter um papel de destaque na preservação do meio ambiente e no monitoramento do desmatamento ilegal, contribuindo para a preservação da Amazônia.
O mar sempre fascinou a humanidade. Durante séculos, muitos se aventuraram em oceanos ainda desconhecidos. E esse fascínio gerou diversas aventuras e histórias. O jornalista Jorge de Souza resgatou várias delas em seu site, onde publica novas histórias náuticas verídicas todos os dias. As pesquisas para essas histórias deram origem a seu livro (https://historiasdomar.com), também chamado "Histórias do Mar - 200 casos verídicos de façanhas, dramas, aventuras e odisseias nos oceanos", lançado em abril de 2019. Confira a entrevista exclusiva feita por Rodolpho Gamberini.
O Brasil tem 4,9 milhões de quilômetros quadrados (km2) de florestas, área maior do que a dos países que compõem a União Europeia. Monitorar a extensão desses biomas e compreender a riqueza contida neles foi, por muito tempo, tarefa para satélites distantes da mata ou para profissionais mergulhados nela. Nos últimos anos, uma nova tecnologia passou a contribuir para essa missão: os veículos aéreos não tripulados (vants), também conhecidos como aeronaves remotamente pilotadas ou, mais popularmente, drones.Essas máquinas voadoras têm sido usadas para diversas finalidades, entre elas a identificação de focos de desmatamento, a fiscalização da exploração madeireira, o cálculo do volume de toras retiradas de uma área qualquer, a prevenção de incêndios e, principalmente, a realização de inventários florestais, trabalho que consiste em coletar dados sobre as espécies vegetais existentes em determinado território.“Tecnologias para imageamento de espécies de árvores e outras plantas e aferição do volume de vegetação, entre elas radares laser [lidar, de light detection and ranging ou detecção de luz e medida de distância] e sensores infravermelhos, já existem há algum tempo. A inovação é ter esses sistemas embarcados em um drone, que pode voar perto do topo das florestas e pairar no ar”, explica o físico Marco Aurélio Nalon, pesquisador do Instituto Florestal (IF) de São Paulo. “Como esses aparelhos são equipados com GPS, é possível fazer uma programação prévia de voo e geolocalizar cada árvore fotografada.”Coordenador do Inventário florestal do estado de São Paulo, Nalon vem testando o uso de drones em parceria com o Instituto de Botânica, também do governo paulista, que tem adquirido esses equipamentos para a realização de levantamentos florestais. AA vantagem dos drones é poder fazer a tarefa dos satélites voando próximo da copa das árvores. No futuro, espera-se que também realizem o trabalho humano, percorrendo o interior das matas com rapidez. Em ambos os casos, o detalhamento de imagens e o volume de informações obtidas são superiores aos demais métodos e custam menos.A unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Acre é uma das pioneiras no uso de drones para monitoramento de florestas no país. O engenheiro-agrônomo Evandro Orfanó relata que a instituição faz desde 2015 o manejo florestal de precisão com drones. Os dados de imagem do solo da floresta eram, até pouco tempo atrás, descartados. O algoritmo de inteligência artificial era treinado para ignorar essa informação – o que tornava mais ágil o processamento dos dados das árvores e gerava economia de espaço para sua armazenagem. Até que, em conversas com autoridades florestais, Nardari e os colegas descobriram que o chão fornece informações importantes para a prevenção de incêndios. Imagens do solo podem revelar o volume de folhagem e de ramas, indicando maior ou menor risco de fogo.O pesquisador ressalva, contudo, que é difícil saber se a tecnologia em seu estado atual funcionaria em uma floresta natural, onde o espaço para o drone voar é muito menor. “Especialistas florestais me disseram que às vezes é difícil até para humanos transitarem em florestas muito densas. Estamos procurando entender o problema para saber que adaptações teremos que fazer nos algoritmos e no hardware. Esse é o nosso desafio atual.”
A escala planetária da pandemia e os desafios complexos que ela impõe em áreas tão distintas quanto a saúde e a economia não pode ser administrada com políticas nacionais isoladas. É o que diz Dawisson Belém Lopes, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em entrevista exclusiva a Rodolpho Gamberini para O Planeta Azul. A covid-19 é um exemplo bem acabado do que especialistas em relações internacionais chamam de “desafio global”. Como o sentido leigo da expressão sugere, um “desafio global” é um problema que transcende fronteiras. Mas não apenas. Academicamente, o conceito diz respeito à concertação entre complexas estruturas de poder que por vezes podem se chocar, se limitar ou competir entre si na hora de estabelecer políticas coletivas, num contexto em que a soberania nacional não desaparece, mas pode se ver relativizada. Há vários dados simultâneos que contribuem para desgastar a imagem do País no mundo. O Brasil atravessa um dos maiores retrocessos econômico e social da sua história e está se afastando do clube dos países mais ricos. Na contramão da economia mundial, é o único país em desenvolvimento com desaceleração do crescimento no primeiro trimestre, segundo a OCDE. De sexta maior economia do mundo em 2011, hoje ocupa a 13ª posição, pelo critério de PIB em dólares. E o governo entregará, até o final deste ano, uma economia menor daquela que herdou do governo de Michel Temer. O Brasil conclui a segunda década perdida desde a redemocratização, com queda na renda per capita de 8%. No ranking do FMI, o Brasil caiu da 77ª posição para a 85ª entre 191 países. A diplomacia adotada pelo presidente Jair Bolsonaro tem afastado o Brasil dos organismos internacionais e da possibilidade de integrar blocos comerciais relevantes. O governo norte-americano colocou um freio de mão na pretensão brasileira de ingressar na OCDE por conta da política ambiental de Bolsonaro. E a zona de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que era a principal aposta do governo para impulsionar o crescimento a médio prazo, já faz água pelas críticas ácidas aos líderes europeus, que estão cada vez mais pressionados em seus países para seguir compromissos climáticos. O Brasil era o condutor do Mercosul. Agora, virou um obstáculo para os seus vizinhos, que preferem negociar sem o parceiro problemático. Historicamente, é a primeira vez que o Brasil deixa de exercer sua liderança natural na América do Sul.
O turismo espacial é uma realidade prometida há muitos anos. A possibilidade de pessoas comuns visitarem o espaço circula pela imaginação das pessoas e desperta sonhos em muitos. Hoje em dia, motiva uma nova corrida espacial entre empresas privadas. A companhia Blue Origin, do bilionário Jeff Bezos, anunciou que irá leiloar um assento em seu primeiro voo espacial comercial. A aeronave New Shepard irá decolar já em 2021, no dia 20 de julho. O anúncio do leilão veio após um voo teste bem sucedido em abril. O foguete New Shepard decolou de uma base em Van Horn, no Texas. Foi o décimo quinto teste de decolagem da empresa, que pela primeira vez testou a cápsula de transporte de astronautas, acoplada no topo do lançador reutilizável. O teste, assim como nos lançamentos anteriores, não tinha tripulantes a bordo. O New Shepard decolou até chegar a mais de 100 km acima da superfície terrestre. Nesta altura, a cápsula foi liberada, enquanto o foguete iniciou a viagem de volta ao solo, pousando de maneira segura em uma área bem perto da plataforma de lançamento. A cápsula carregava um boneco conhecido como “Mannequin Skywalker”, em homenagem ao personagem da série Star Wars. O dispositivo flutuou na borda do espaço durante cerca de três minutos, quando iniciou o seu retorno à Terra. O pouso envolveu o acionamento de três paraquedas e ocorreu de forma tranquila, de acordo com a empresa. Esse teste trazia algumas novidades essenciais para os sortudos futuros vencedores do leilão. A missão de número catorze inaugurou pequenas telas e botões de comunicação para cada um dos seis assentos da cápsula. Já a missão de abril de 2021 trouxe como novidade microfones e alto-falantes para os testes dos sistemas de comunicação com os astronautas e de alerta de segurança, além de controles para regular a temperatura e a acústica da nave. Após o sucesso nos testes, a empresa já inicia a primeira fase do leilão do assento de sua primeira viagem espacial tripulada. A última etapa será no dia 12 de junho, quando os competidores finais irão participar de um evento online ao vivo para concluir a disputa para ver quem será o primeiro turista espacial. No total, serão seis tripulantes que, assim como no último teste, chegarão a 100 km acima da superfície da Terra, o que, na teoria, alcançaria o espaço suborbital do planeta. É uma região na qual a atmosfera está cruzada, o que significa que não é possível orbitar continuamente, mas permite experimentar a gravidade zero sem complicações no retorno a terra firme. De acordo com a Blue Origin, o dinheiro arrecadado com o leilão será doado integralmente ao Club for the Future, sua fundação focada no ensino de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Leva apenas 3,7 segundos de áudio para clonar uma voz. Esta façanha impressionante, e preocupante, foi anunciada pela chinesa Baidu, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Um ano atrás, a ferramenta de clonagem de voz da empresa chamada Deep Voice exigia 30 minutos de áudio para fazer o mesmo. Isso mostra o quão rápido a tecnologia para criar vozes artificiais está se acelerando. Em pouco tempo, os recursos de geração de voz de Inteligência Artificial se expandiram e se tornaram mais realistas, o que torna fácil o uso indevido da tecnologia. Como todos os algoritmos de inteligência artificial, quanto mais dados as ferramentas de clonagem como Deep Voice receberem para treinar, mais realistas vão ser os resultados. Recentemente, o Google revelou o Tacotron 2, um sistema de conversão de texto em fala, e o método de geração de voz WaveNet. O WaveNet analisa uma representação visual de áudio, chamada espectrograma. Esse sistema gera o áudio. Ele é usado para gerar a voz para o Google Assistente. Esta tecnologia é tão realista que é quase impossível dizer o que é gerado por IA e qual voz é gerada por humanos. O algoritmo aprendeu como pronunciar palavras e nomes desafiadores que seriam um sinal revelador de uma máquina, bem como enunciar palavras com mais naturalidade. Essa tecnologia avançada abre as portas para empresas fornecerem novos serviços e produtos. A Lyrebird, por exemplo, usa inteligência artificial para criar vozes para chatbots, audiolivros, videogames, leitores de texto e muito mais. Eles reconhecem em seu site que “com uma grande inovação vem uma grande responsabilidade”, ressaltando a importância dos pioneiros dessa tecnologia tomarem muito cuidado para evitar o uso indevido da tecnologia. Semelhante a outras novas tecnologias, a voz artificial pode ter muitos benefícios, mas também pode ser usada para enganar indivíduos. À medida que os algoritmos de IA ficam melhores e fica difícil discernir o que é real e o que é artificial, haverá mais oportunidades de usá-los para fabricar a verdade. De acordo com pesquisas, nossos cérebros não registram diferenças significativas entre vozes reais e artificiais. Na verdade, é mais difícil para nosso cérebro distinguir vozes falsas do que detectar imagens falsas. Agora que esses sistemas de inteligência artificial requerem apenas uma pequena quantidade de áudio para criar uma voz artificial que imite o estilo de fala e o tom de um indivíduo, a oportunidade de abuso aumenta. Até agora, os pesquisadores não foram capazes de identificar uma distinção neural de como um cérebro pode distinguir entre o real e o falso. Imagine como vozes artificiais poderiam ser usadas em uma entrevista, notícias ou conferência de imprensa para fazer os ouvintes acreditarem que estão ouvindo uma figura de autoridade no governo ou um CEO de uma empresa. Aumentar a conhecimento sobre essa tecnologia e como ela funciona é o primeiro passo para evitar que os ouvintes acreditem em vozes artificiais quando elas são usadas para nos enganar. O principal receio é que as pessoas possam ser enganadas se agirem com base em algo falso porque parece que vem de alguém real. Algumas pessoas estão tentando encontrar uma solução técnica para nos proteger. No entanto, uma solução técnica não será 100% infalível. Nossa capacidade de avaliar criticamente uma situação, avaliar a fonte de informação e verificar sua validade se tornará cada vez mais importante.
A vacina contra o coronavírus chegou para grande parte do mundo, mas a velocidade e a eficiência na aplicação das doses tem variado muito. Os Estados Unidos e a China, por exemplo, são responsáveis por mais de 45% das doses já administradas em todo o planeta. Enquanto isso, Israel aplicou 120 vacinas para cada 100 habitantes. Nosso vizinho, o Chile, também tem avançado na vacinação, com 74 pessoas a cada 100 habitantes. No Brasil, a demora da vacinação tem levado algumas pessoas a buscarem alternativas individuais para se proteger da contaminação. Uma delas é viajar para países onde é possível ser vacinado sem necessidade de comprovação de residência. Um dos principais destinos dos brasileiros são os Estados Unidos, onde as doses estão sendo aplicadas sem muita burocracia. Na Flórida, cerca de 52 mil pessoas de fora do estado tinham sido vacinadas até o final de abril. Já em Nova Iorque, as autoridades locais estimam que 25% das vacinas foram aplicadas em pessoas não residentes no estado. Diante disso, estados como Texas e Califórnia passaram a exigir comprovantes de residência para a aplicação da vacina. A entrada dos brasileiros nos Estados Unidos, na realidade, está dificultada desde maio de 2020. Para quem tem residência, cidadania ou familiares que moram no país, a viagem para o país fica mais fácil. Já para os brasileiros que podem pagar a passagem, a alternativa é fazer quarentena em outros países. É o caso do México, onde os “turistas da vacina” vão em direção ao norte. Os mexicanos são maioria entre esses turistas da vacinação, tendo em vista que o país vacinou apenas 6% da sua população. Os brasileiros e os mexicanos não são os únicos que estão pagando para viajar para o exterior e se vacinar. A Alemanha passa por uma situação parecida. O país está avançando muito lentamente na vacinação em comparação com seus vizinhos europeus. Curiosamente, essa situação tem impulsionado até mesmo novos negócios. Aproveitando a oportunidade, agências de turismo da Alemanha estão oferecendo pacotes de viagem para países com vacinação facilitada, unindo atividades como praias e surfe à aplicação da dose do imunizante. Outro problema é que a falta de vacinas em alguns países mais pobres é ocasionada pelo monopólio de doses pelos países ricos, o que contribui para o turismo de vacinação irregular, como o dos brasileiros que vão para os Estados Unidos. Frente a esse problema, o presidente americano Joe Biden anunciou que irá doar sessenta milhões de doses do imunizante AstraZeneca, que ainda não foi aprovado pelas autoridades de saúde locais, para países que necessitem, mas não especificou quando nem como isso vai acontecer. O governo americano tem sido criticado por monopolizar vacinas e colaborar pouco com a imunização internacional, enquanto Rússia e China estão apostando na doação de doses para nações mais necessitadas. Resta ver como os países receberão essa nova categoria de turismo e se isso irá ajudar na aceleração da imunização mundial contra a COVID-19.
A Colômbia está em chamas. Uma proposta de reforma tributária do presidente Iván Duque provocou uma onda de protestos de rua nas principais cidades do país. Em Cali, dezenas de pessoas foram mortas nos conflitos entre manifestantes e forças policiais e há registros de centenas de feridos. O que está acontecendo nesse país que registra uma história de violência que passa por guerrilhas, tráfico de drogas, corrupção e pobreza? A Colômbia vive atualmente uma instabilidade política agravada pela pandemia, que aprofundou a crise social. O governo quis aprovar uma lei de arrecadação de impostos que conseguiu desagradar a muita gente porque, na prática, era um Robin Hood às avessas: tirava mais dinheiro da classe média e dos pobres e menos das classes mais favorecidas. A repercussão foi imediata e a crise foi parar nas ruas. O governo retirou a proposta, mas os protestos continuam. O Planeta Azul acompanha a situação colombiana e traz depoimentos de quem é de lá.
Com o início da pandemia, muita gente passou a trabalhar em casa, na modalidade teletrabalho, que no Brasil ficou conhecida como home office. Essa tendência que já despontava como alternativa antes da COVID-19, hoje se tornou praticamente normal em todo o mundo. Junto com o trabalho online vieram também as reuniões remotas. A palavra “invite” entrou em moda. São reuniões quase sequenciais, onde os horários vão se estendendo entrando, muitas vezes, madrugada adentro. Estudos recentes mostram que essas reuniões, que poderiam facilitar nossas vidas, estão, na verdade, causando uma sobrecarga de trabalho. Essa nova rotina tem gerado, segundo pesquisa da Microsoft, uma fadiga de reuniões. O campo da pesquisa foi a própria empresa que acompanhou a rotina de catorze funcionários. Eles participaram de reuniões virtuais usando um aparelho de eletroencefalograma, que é capaz de captar sinais elétricos emitidos pelo cérebro. Em um dia, os voluntários participaram de quatro reuniões seguidas de meia hora, que tratavam sobre assuntos diferentes. Em outro dia, os participantes também entraram em outras quatro reuniões de trinta minutos, mas dessa vez fizeram um intervalo de dez minutos entre cada uma. Durante a pausa, os participantes meditaram usando um aplicativo. A partir da avaliação da atividade cerebral dos voluntários, a primeira conclusão do estudo é que as pausas podem reiniciar o cérebro, evitando, assim, o acúmulo de estresse gerado pelo longo período conectado às plataformas virtuais. Isso é visível pelo nível de ondas do tipo beta, que são geradas pelo estresse. Com a pausa, fica visível uma queda na atividade das ondas beta, o que permite iniciar a próxima reunião em um estado mais relaxado. Além de gerar estresse, o acúmulo de reuniões pode afetar diretamente a qualidade do trabalho. Isso pode ser medido pela atividade assimétrica no córtex frontal do cérebro, que está ligada à nossa capacidade de focar e participar de forma ativa de uma reunião. Sem pausas, os voluntários da pesquisa se mostraram menos participativos nos encontros. Além disso, a migração de uma reunião diretamente para outra se mostrou uma fonte a mais de estresse nos participantes. Por fim, os pesquisadores apontam um fator menos óbvio. As videoconferências exigem mais esforço cognitivo ao não permitir que ocorra uma comunicação não-verbal paralela, algo extremamente natural em encontros presenciais. A modalidade virtual exige que os participantes se esforcem para enviar e interpretar sinais de seu interlocutor. As pausas entre reuniões se mostraram essenciais para a saúde mental dos funcionários e para um bom desempenho no trabalho. Ambos estudos encorajam que as pessoas avaliem as fontes de estresse no trabalho remoto e busquem realizar mudanças, além de incluir na rotina atividades que ajudam no relaxamento entre reuniões. Meditar, caminhar, desenhar e ler são algumas das sugestões apontadas. Resta saber agora o que acontecerá com as relações de trabalho quando a pandemia chegar ao fim.
O número de mortes de gestantes e de mães de recém-nascidos (puérperas) por Covid-19 mais do que dobrou em 2021 em relação à média semanal de 2020, apontam dados do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19. Segundo o levantamento, no ano passado foram registradas 453 mortes. Em 2021, até a primeira semana de abril, foram 289 mortes. Para explicar os riscos de uma gravidez durante a pandemia, O Planeta Azul entrevistou o ginecologista e professor Thomaz Gollop. Confira.
Uma pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas mostrou que a pobreza no Brasil vem aumentando rapidamente. Em apenas seis meses o número de brasileiros que vivem na pobreza, ou seja, com renda de menos de 440 Reais por pessoa, quase triplicou. O número de pobres saltou de 9,5 milhões em agosto de 2020 para mais de 27 milhões em fevereiro de 2021. Para piorar a situação, a alta de preços nos alimentos dificultou a vida de quem mais precisa. Por conta disso, está faltando comida na mesa de muitos brasileiros. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, realizada na pandemia e divulgada em março de 2021, apontou que mais de 11 milhões de brasileiros não fazem uma das três refeições básicas diárias. O motivo é a escassez de dinheiro. Segundo o economista Marcelo Nery, da FGV Social, em março deste ano, sem auxílio emergencial, o Brasil passou a viver o pior nível de pobreza de toda a série histórica que começa em 2012. Além do aumento de brasileiros em situação de pobreza, também aumentou a quantidade de famílias em situação de extrema pobreza, ou seja com renda mensal per capita inferior a 140 Reais. Outro estudo feito pela Fundação Getulio Vargas e divulgado em março, mostrou que 67,9 milhões de brasileiros receberam o auxílio emergencial. Após o fim da concessão do benefício, 13,7 milhões de pessoas passaram a viver em situação de extrema pobreza no país. E tão aguardada volta do auxílio emergencial não deve ser suficiente para melhorar a vida destas pessoas. O governo federal confirmou o retorno do pagamento do auxílio emergencial, que será concedido a uma pessoa por família, mas com valores menores do que em 2020. Serão quatro parcelas no valor de R$ 250 cada. Para mulheres que são chefes de família, o montante será de R$ 375. Pessoas que vivem sozinhas receberão R$ 150 por mês. O pagamento deve começar em abril. A análise de especialistas é que a situação pode piorar se a pandemia do novo coronavírus não for rapidamente controlada.
O coração da floresta amazônica está em perigo devido ao crescente número de incêndios e ao desmatamento acelerado. A floresta está sofrendo uma transformação preocupante e irreversível, segundo estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina em parceria com uma universidade dos Países Baixos. Áreas verdes estão, aos poucos, se tornando savanas, que são terrenos de área branca e pouca vegetação, como ilhas em meio à imensidão da floresta. Imagens de satélite coletadas ao longo de 40 anos mostram claramente a rápida ampliação do desmatamento da Amazônia. O processo é chamado pelos autores do estudo de “savanização” da Amazônia. Ao contrário da preocupação com o entorno da região amazônica, onde a fronteira agrícola avança e promove o desmatamento, as savanas aparecem no interior da floresta. A floresta amazônica é formada por diferentes ecossistemas. Entre eles, estão as savanas, que, vistas do alto, parecem clareiras no meio da floresta. Por serem mais antigas, são diferentes do Cerrado brasileiro e menos ricas em biodiversidade. Essas áreas, também conhecidas como campinas, ocupam cerca de 11% da floresta e têm avançado nos últimos anos. O crescimento se dá porque as sementes desse tipo de vegetação se adaptam muito melhor a solos queimados do que a vegetação do restante da floresta. Com o aumento das queimadas, se criam espaços promissores para o avanço das savanas e suas manchas de areia branca. Os cientistas destacam que as áreas que correm maior risco de se tornarem savanas são as de floresta inundável. Também conhecidas como florestas de igapó ou de igaparé, essas áreas são menos resistentes que áreas de terra firme. Queimam mais facilmente e, uma vez queimadas, a presença de água contribui para degradar ainda mais o solo. No médio Rio Negro, perto do município de Barcelos, a 400 quilômetros de Manaus, esse processo é claramente visível. A causa, apontam os pesquisadores da Universidade Fewderal de Santa Catarina, é o aumento do número de incêndios na região. Para o estudo, os pesquisadores usaram imagens de satélite coletadas ao longo de 40 anos. Eles alertam para o aumento acelerado de incêndios e, principalmente, para as alterações que esses incêndios têm causado na vegetação. A principal consequência do avanço das savanas na floresta amazônica é o clima mais seco e incêndios mais frequentes. Isso significa um aumento na emissão de gás carbono e uma perda na disponibilidade de recursos para as populações ribeirinhas. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, realizou uma cúpula para discutir a mudança climática com a participação dos principais países do planeta. A importância do Brasil ficou muito evidente na reunião. O que não ficou claro é se o nosso país conseguirá fazer a lição de casa que é cobrada pela comunidade internacional. Como mostra a pesquisa, é urgente garantir a preservação das áreas remotas da floresta e implementar medidas de contenção e prevenção aos incêndios, se quisermos manter a diversidade amazônica em benefício do desenvolvimento sustentável.
Em nosso centésimo episódio, trazemos uma entrevista especial com o economista Ladislau Dowbor. O Brasil tem recursos para garantir a volta do auxílio emergencial de R$ 600, segundo o economista e professor da PUC de São Paulo, Ladislau Dowbor. Além disso, também seria possível estabelecer uma Renda Básica Universal que geraria efeitos multiplicadores na economia global. De acordo com o professor, se dividíssemos o PIB mundial, hoje na ordem de US$ 83 trilhões, daria R$ 18 mil por mês para cada família de quatro pessoas em todo o planeta durante um bom tempo. Para Dowbor, nossos problemas não são econômicos, mas de organização político-social, o que está levando o país e o mundo ao limite de uma crise sem precedentes.
O jumento, um dos grandes símbolos do Nordeste brasileiro, corre o risco de desaparecer. O animal virou alvo da cobiça econômica do mercado chinês. A espécie, originária da Ásia, foi Introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses. Durante séculos foi muito usada na agricultura e no transporte de carga. Com a modernização dos equipamentos agrícolas e a ampliação do uso de veículos motorizados, o jumento foi sendo substituído no dia a dia e deixou de ser útil para os nordestinos, já que sua carne não é consumida. Com o tempo foi ficando cada vez mais comum ver animais abandonados, perambulando por campos e estradas, em busca de alimento. Muitos acabam morrendo de fome e de sede. Até que foi descoberto um novo nicho para esses animais. Desde 2016, o Brasil se tornou um exportador de couro de jumento para a China. Há um grande interesse no país asiático pelo couro do animal. Com ele é feito o “Ejiao”, uma gelatina usada na indústria farmacêutica e de cosméticos. Na medicina tradicional chinesa, o “Ejiao” é considerado um remédio para diversos problemas de saúde: menstruação irregular, anemia, insônia e impotência sexual. Cada jumento é vendido a preços que variam de 30 a 150 reais, o que tem causado o abate acelerado do animal. Os compradores são chineses que arrendam fazendas, principalmente na Bahia e no Ceará. Em 2019, o Brasil exportou 200 mil animais, um número alto, mas longe de atender a demanda chinesa, de um milhão de animais ao ano. Com o crescimento da demanda, os jumentos livres começaram a ser caçados nas estradas, enquanto pequenos agricultores passaram a vender seus animais para as fazendas controladas pelos chineses. Porém, os criadores asiáticos não costumam tratar bem dos seus animais e muitos jumentos morrem de fome e sede. Em setembro de 2018, duzentos jumentos foram encontrados mortos em uma fazenda em Itapetinga, sudoeste da Bahia. Os animais pertenciam a uma empresa chinesa e eram abatidos por um frigorífico da região. Em dezembro do mesmo ano uma liminar da Justiça Federal proibiu o abate de jumentos no estado da Bahia. Em setembro de 2019 a liminar foi suspensa pelo Tribunal Regional Federal. Finalmente, em abril de 2020, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia regulamentou o abate dessa espécie de animal. A nova regulamentação proíbe o abate de animais com menos de cem quilos, de fêmeas no último terço da gestação e estabelece o limite de abate de até 40% das fêmeas por lote. No entano, as medidas ainda não são suficientes para impedir uma possível extinção da espécie, de acordo com entidades de proteção dos animais. A Frente de Defesa dos Jumentos estima que até 2024 o animal estará extinto no Brasil, seja pelo abate em massa ou por maus tratos. Além da luta contra o abate, a Frente também atua na criação de santuários para ajudar na preservação da espécie. Um deles é o Parque Padre Antônio Vieira, na cidade de Santa Quitéria, no Ceará, que abriga mais de três mil jumentos. Mesmo com a ameaça de extinção, dificilmente o abate será interrompido. Muitas pessoas dependem desse comércio para sobreviver. As organizações da sociedade civil seguem na luta pela preservação dos animais. O jumento, símbolo de uma cultura tipicamente nordestina, pode se transformar em pouco tempo em apenas mais uma lembrança.
Aproximadamente 170 milhões de pedaços de equipamentos construídos pelo homem estão orbitando a Terra neste exato momento, de acordo com estimativas da Agência Espacial Europeia (ESA). Com satélites lançados desde 1957, estima-se que 9.000 toneladas de lixo espacial, em milhões de pedaços, ficam dando voltas em torno da Terra. Estes detritos, principalmente pedaços de espaçonaves, partes de foguetes e satélites que não são mais utilizados, já são considerados um problema sério pelas agências espaciais. O lixo espacial, como esse material é chamado, circula no nosso planeta a uma velocidade de até 29 mil quilômetros por hora, ou seja, dez vezes mais rápido do que uma bala de arma de fogo. Enquanto alguns pedaços são tão grandes quanto um caminhão, outros são muito pequenos, mas, ainda assim, representam um risco enorme de colisão com satélites e naves espaciais. Por isso, existem missões que vão ao espaço somente para recolher esses detritos. Alguns materiais são caros e sua recuperação compensa o investimento em uma missão. As peças de segunda mão, por assim dizer, são usadas na construção de novos foguetes e satélites. E por que é importante eliminar o lixo espacial? A agência espacial norte-americana, a NASA, alerta para a concentração de lixo no espaço, considerando o crescente número de lançamento de satélites. Segundo o documento, são 6 mil pedaços de lixo do tamanho de uma bola de tênis, ou maior, que podem se chocar contra um satélite e destruí-lo. Também há mais de 500 mil objetos do tamanho de uma bola de gude, tamanho suficiente para causar danos a espaçonaves. E são mais de 100 milhões do tamanho de um grão de sal que poderiam perfurar um traje espacial. Para ajudar a colocar ordem no espaço, uma missão espacial japonesa vai tentar recolher os detritos com a ajuda de ímãs. A tecnologia, chamada ELSA, foi desenvolvida pela Astroscale, empresa com sede no Japão e é uma sigla que significa End of Life Services by Astroscale. A tecnologia usa dois satélites, um chamado de servidor e outro, de cliente. Eles foram lançados juntos em um foguete diretamente do Cazaquistão, mas vão trabalhar separados. No espaço, o cliente tem a função de buscar os detritos. Quando achar, o servidor vai encontrá-lo por meio de sensores e se acoplar pelo encaixe magnético. Depois, o cliente será liberado para voltar a recolher mais lixo espacial. A expectativa é que o ELSA opere por seis meses. No final, os dois satélites serão trazidos novamente para a Terra e queimados com o que não for reciclado.
Os Estados Unidos devem passar por uma mudança que pode alterar a cara do capitalismo mundial. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou um pacote de investimentos estatais de US$ 2,2 trilhões. A expectativa é de que essa seja apenas a primeira parte de um plano maior, que ainda terá investimentos voltados para a área de saúde e, especialmente, da pesquisa científica. O investimento deve ser executado ao longo de oito anos. Para financiar o projeto, a intenção de Biden é elevar o imposto das empresas de 21% para 28%. Além da elevação de impostos, que será a principal fonte de recursos, o presidente norte-americano também pretende adotar medidas destinadas a impedir o deslocamento de lucros para outros países. A ideia é incentivar as empresas a manter suas operações nos Estados Unidos e, consequentemente, elevar a arrecadação em território nacional. Esse pacote vai investir cerca de 1% do PIB por ano ao longo de oito anos para atualizar a infraestrutura dos Estados Unidos, revitalizar a manufatura, investir em pesquisas científicas e fortalecer cadeias de abastecimento. Biden fez o anúncio em sindicato de trabalhadores em Pittsburgh, sua cidade natal. Ele disse que o pacote é uma forma de criar “a economia mais forte, mais resistente e inovadora do mundo”, além de “milhões de empregos bem remunerados”. E o que isso pode significar para o mundo? Será um “new Deal” para mudar a cara do capitalismo? E quais as possíveis repercussões para o Brasil, que possui um teto de gastos no orçamento é uma economia fragilizada? Para falar sobre o pacote de Joe Biden, O Planeta Azul organizou um debate com o presidente do Conselho Federal de Economia, Antonio Correa de Lacerda, e o jornalista e economista José Paulo Kupfer. Segundo Kupfer, uma das maiores travas do teto de gastos brasileiro é não seguir o ciclo político, que seria de 5 a 6 anos. Além disso, nas legislações de outras nações o teto de gastos não é em detrimento do investimento público. No Brasil, sim. O investimento dentro do teto é uma incompreensão de como funciona a economia de um país, diz Kupfer. Por isso uma reforma tributária é tão necessária. Para Antônio Correia de Lacerda, nenhuma proposta de reforma atual contempla os temas realmente necessários. Os dois economistas concordam que, diferente de exemplos usados comumente, o Estado não pode ser comparado a uma empresa ou uma família, para quem faz sentido cortar gastos durante uma crise. O governo pode e deve gastar. O teto de gastos é, na prática, um programa de redução do tamanho do Estado, que faz com que ele opere menos em áreas previstas na Constituição, abrindo espaço para o setor privado. A necessidade de uma reforma urgente no sistema tributário brasileiro foi o ponto comum dos dois economistas. A reforma serviria para corrigir distorções que fazem pessoas com menor renda pagar, comparativamente, mais impostos do que as pessoas de renda mais alta.
Com centenas de milhares de óbitos causados pela pandemia da Covid 19, o Brasil está diante de um novo e grave problema: a superlotação dos cemitérios. Especialistas já apontam para uma crise sanitária e ambiental que pode ser desencadeada pela decomposição de corpos humanos em necrópoles, em especial naquelas ao lado de bairros residenciais. Diante de uma média móvel altíssima de mortes diárias, o que fazer? Desde a primeira morte pela Covid-19 no Brasil, em março de 2020, a realidade dos cemitérios é mais uma imagem dramática da tragédia que vivemos no país. Com o avanço da pandemia e do número de mortos, a grande preocupação é com o impacto na saúde pública e no meio ambiente que os cemitérios podem causar em um futuro próximo. Os perigos, no entanto, não são novidade. A Organização Mundial da Saúde identifica os cemitérios urbanos como potenciais criadouros de bactérias, além de fonte de contaminação de recursos naturais pelo processo de decomposição dos corpos. Isso porque, ao se decompor, corpos humanos produzem o chamado necrochorume, um líquido que pode penetrar e contaminar o solo e as fontes de água. Segundo a Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário, em março de 2021 já havia um aumento de 30% no número de enterros. Essa cifra pode chegar a 60% de aumento real com o agravamento da pandemia. As empresas funerárias tiveram de alterar seus protocolos de funcionamento desde o começo da pandemia para dar conta da demanda. Agora, os enterros são mais curtos e podem ser realizados à noite. Frente aos números de mortos, é necessário, agora, o aumento do monitoramento dos enterros e da fiscalização dos locais. No entanto, desde o começo da pandemia, o Ministério do Meio Ambiente não se posicionou em relação à situação dos cemitérios e as consequências que teremos de enfrentar no pós- pandemia.
A Tecnologia da Informação pode ser uma ferramenta poderosa para a preservação das funções cognitivas de pessoas com mais de 60 anos. Adaptar-se à nova realidade imposta pela pandemia não é uma tarefa fácil. Deixar de ver a família e os amigos é uma escolha complicada, especialmente quando se fala de deixar de abraçar os avós. Pensando em ajudar as pessoas com mais de 60 anos a se distraírem e manter a capacidade cognitiva em dia, mesmo que à distância, o aplicativo Cérebro Ativo foi lançado em 2020 no mercado brasileiro. Desenvolvido pela International School of Game com o apoio do Programa PIPE-FAPESP, o aplicativo usa jogos especialmente desenvolvidos para a terceira idade como uma plataforma para melhorar a qualidade de vida dessa população. E tudo isso ao alcance dos dedos. Agora, esse aplicativo ganhará uma nova funcionalidade: vai monitorar a saúde dos usuários em isolamento social durante a pandemia da COVID-19. O aplicativo vai gerar um relatório que poderá ser enviado a um médico ou a familiares do idoso que estiver em confinamento social. Confira neste episódio.
A imagem internacional do Brasil no exterior sofreu abalos nos últimos anos. Parte disso é consequência de uma política externa que apostou num alinhamento automático com o governo Trump, potencializando uma polarização política que afastou nosso país de outras potências. A forma de tratar a pandemia também vem prejudicando nossa imagem internacional. A recente troca ministerial, que incluiu o chanceler Ernesto Araújo e o alto comando das Forças Armadas, colocou um degrau a mais na escalada da crise política. Para falar sobre esse cenário e suas implicações internas e externas, conversamos com Guilherme Casarões, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.
Em 22 de fevereiro, a sonda Perseverance, da NASA, a agência espacial americana, pousou em Marte. O objetivo da missão é buscar indícios de vida antiga no planeta vermelho. A Perseverance tem como alvo o antigo leito de um lago, com 45 quilômetros de largura, e é o local mais desafiador por que uma nave da Nasa já passou em Marte. Em vez de plano e liso, está repleto de dunas de areia, chamadas barcanas, penhascos e pequenas crateras. A sonda possui adaptações para ajudá-la a navegar por esses obstáculos. Para poder se movimentar de maneira autônoma em um terreno tão acidentado, foram necessários anos de pesquisa em diversas áreas. E o Brasil tem participação no estudo de um elemento importante da geografia marciana: a formação das dunas. As barcanas são dunas de areia no formato de lua crescente. Elas podem aparecer em diversos ambientes, desde o interior de tubulações de água e fundos de rio, onde apresentam tamanhos de até 10 centímetros, até em desertos terrestres, onde excedem 100 metros. E também estão na superfície de Marte, onde alcançam extensões de um quilômetro ou mais. As menores podem se formar em poucos minutos e as maiores em até centenas de anos, como no caso marciano. Elas são formadas pela interação entre o escoamento de um fluido, que pode ser gasoso ou líquido, e um material granular, normalmente areia. Apesar das diferenças de escala, as barcanas tem dinâmicas de formação e interação muito parecidas. Isso possibilita que o estudo em laboratório gere modelos sobre a evolução das dunas dos Lençóis Maranhenses ou saber como se constituiu o relevo de Marte. E é exatamente isso que um grupo de pesquisadores brasileiros está fazendo. Confira aqui neste episódio, com informações da Agência FAPESP.
A pandemia do coronavírus fez de 2020 um ano conturbado para o mundo. Estados Unidos e Brasil, liderados por presidentes com visões semelhantes sobre a doença, acentuaram muito mais os aspectos econômicos do que a questão da saúde, na contramão da maioria dos países. Na eleição de novembro passado, os estadunidenses votaram pela saída de Donald Trump. Joe Biden foi eleito prometendo maior atenção no combate à pandemia e a retomada da cooperação multilateral. Além das inúmeras crises que marcaram o governo brasileiro em 2020, a derrota de Trump, a quem Jair Bolsonaro se alinhava de maneira incisiva, enfraqueceu o presidente. Some-se a isso, os atritos com a China e a visão do Brasil nas organizações internacionais. Em entrevista ao Planeta Azul, Ricardo Sennes, economista e analista político, fala o que se pode esperar dessa nova ordem mundial e quais seus reflexos para o Brasil em meio à pandemia
A depressão é um problema sério no Brasil. De acordo com dados da OMS, a Organização Mundial da Saúde, a doença afeta 5,8% da população, um índice maior do que a média mundial de 4,4% e a maior da América Latina. Para falar sobre esse tema, conversamos com Christian Dunker, psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da USP, que acabou de lançar o livro "Uma Biografia da Depressão". No livro, Dunker narra como a depressão, que por muitas décadas ocupou uma posição menor entre os transtornos mentais, se tornou, a partir dos anos 1970, a grande protagonista dos discursos sobre o sofrimento psíquico. Ele encontrou diversas explicações contemporâneas para o agravamento do transtorno: dos discursos neoliberais de meritocracia — em que sucesso e fracasso tendem a ser individualizados — à crise dos últimos anos em que os horizontes prometidos deixaram de ser cumpridos. Deparou-se também com questões como a ascensão do neopentecostalismo, com igrejas vendendo a ideia de prosperidade.
Em meio ao atual cenário da pandemia, o retorno às aulas presenciais cada vez mais se torna uma dúvida para pais, alunos e profissionais da educação. Desde o início do ano letivo, há diversos relatos de infecções pelo novo coronavírus e até mortes registradas após o retorno das atividades presenciais nas unidades de ensino. O ensino presencial virou alvo de debates constantes. Muitos profissionais da educação relatam o temor da covid-19 e, por isso, defendem que o ensino remoto seja adotado integralmente no atual período. Porém, há segmentos que defendem que é possível retomar a educação presencial com segurança e argumentam que a volta às salas de aula é fundamental para que os estudantes possam ter um melhor desempenho. Uma das motivações para a volta ao ensino presencial são os levantamentos que apontam que a pandemia pode causar perda de aprendizagem na média do brasileiro, em razão do ensino remoto. Muitos estudantes sofrem com acesso precário à internet ou falta de aparelhos eletrônicos para acompanhar as aulas virtuais. Além disso, há uma preocupação intensa com a evasão escolar em decorrência das aulas virtuais. No Estado de São Paulo, um monitoramento feito pela Secretaria Estadual de Educação apontou que foram registrados 4.084 casos de Covid-19 em escolas públicas e particulares entre 3 de janeiro e 6 de março deste ano. No período, foram registradas 21 mortes pelo coronavírus na rede de ensino — sendo dois alunos e 19 servidores. A divergência sobre o retorno ao ensino presencial é ilustrada pelos posicionamentos de duas entidades nacionais. No início de março, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) defendeu a suspensão das atividades presenciais nas escolas para conter o avanço do novo coronavírus. Mas o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) afirmou, em nota, estar preocupado com a defesa da "suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país". Para falar sobre esse impasse, entrevistamos Daniel Cara, educador, professor da Faculdade de Educação da USP e coordenador da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação.
A troca repentina no comando da Petrobras provocou uma grande agitação no mercado. As ações da empresa sofreram uma queda histórica. Por decisão do presidente Jair Bolsonaro, o general da reserva Joaquim Silva e Luna substituiu Roberto Castello Branco, homem de confiança do ministro da Economia, Paulo Guedes. A queda das ações da estatal alcançou 21%, algo em torno de R$ 102,5 bilhões. Por trás dessa troca está a insatisfação do presidente com os reajustes no preço dos combustíveis, que são sentidos diretamente no bolso de milhões de brasileiros, o que impacta a popularidade do governo. A decisão levou economistas e políticos a comparar Bolsonaro à ex-presidente Dilma Rousseff, que durante seu governo impediu reajustes nos preços dos combustíveis, de olho no controle da inflação. Para falar sobre o assunto, entrevistamos o ecnomomista e professor da Sociologia e Política- Escola de Humanidades, William Nozaki.
350 brasileiros são beneficiários de 112 bilhões de euros, cerca de 722 bilhões de Reais. Esse valor equivale a quase três vezes o deficit da Previdência. Entre esses bilionários estão políticos, empresários, banqueiros e doleiros, alguns envolvidos em conhecidos casos de crime e corrupção no Brasil. Mas, também existem os anônimos e famosos sem passagem pelo noticiário policial. Eles são donos de 448 empresas registradas em Luxemburgo, minúsculo país europeu conhecido como um paraíso fiscal, com pouco ou nenhum controle sobre a origem do dinheiro em seu território. Essas informações são resultado de uma investigação internacional do projeto Open Lux, de jornalismo investigativo e foram obtidos pelo jornal francês Le Monde. Confira quem são esse bilionários misteriosos em nossa reportagem exclusiva.
Uma epidemia silenciosa mata cerca de 51 mil brasileiros todos os anos e para combatê-la é preciso uma política pública bem planejada. Atualmente, o Brasil não monitora o ar com os exigentes padrões de outros países. Em nosso país, os critérios são mais permissíveis do que os recomendados pela Organização Mundial da Saúde e não há penalidades caso sejam descumpridos. A ciência traz dados para que o assunto seja tratado com seriedade, além de possíveis caminhos para solucionar a questão. Os impactos da poluição do ar na saúde estão conectados com a incidência de mortes prematuras, doenças pulmonares, cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais, disposição ao câncer e ao diabetes, além de prejuízo do desenvolvimento cognitivo em crianças e demência em idosos. Em apenas seis regiões metropolitanas brasileiras, onde vive 23% da população do país, se os padrões de poluição continuarem os mesmos de 2016, ocorrerão cerca de 128 mil mortes precoces entre 2018 e 2025, que representarão um custo de R$ 51,5 bilhões em perda de produtividade, segundo estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade. Haverá ainda 69 mil internações públicas a um custo de R$ 126,9 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). A estimativa foi feita antes dos efeitos da pandemia de Covid-19, que pode inclusive agravar esse quadro. A boa notícia para o país, em especial para os tomadores de decisão, é que combater a poluição do ar faz sentido também do ponto de vista econômico. Estima-se que os custos associados a mortes prematuras em função do ar poluído equivaleram, em 2015, a 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O impacto negativo na economia brasileira ocorre em função da queda de produtividade de trabalhadores, das mortes prematuras, das limitações para a aquisição de habilidades cognitivas relevantes para educação causada pela exposição aos poluentes e das perdas na produtividade agrícola. Recentemente, um grupo de 14 especialistas realizou a sistematização mais abrangente de estudos sobre a qualidade do ar no país. Conversamos com o economista e especialista em qualidade do ar, Walter de Simoni, que coordenou esse estudo.
Programadores russos usam conversas em celular e rede neural para criar um chat bot com personalidade de amigo morto É comum pensar nos russos como pessoas frias. Porém, um grupo de jovens de Moscou mostrou que a emoção vale muito a pena. Para lidar com a morte prematura de um amigo, os jovens criaram um chat bot, um robô com inteligência artificial baseada na personalidade do amigo morto. Roman Mazurenko morreu aos 34 anos após ser atropelado por um carro. Seus amigos criaram então um robô virtual para simular algumas de suas ações, responder a comandos de voz e mensagens de texto. Para criar um banco de dados que tornasse isso possível, reuniram um conjunto de mensagens enviadas pelo amigo. Baseado na personalidade de Roman, o robô utiliza a inteligência artificial e uma rede neural para responder como se fosse ele. A combinação das frases mais usadas pelo morto cria diferentes respostas de acordo com as perguntas feitas. Os amigos de Roman dizem que ficaram emocionados ao conseguir conversar de novo com o amigo. Ao criar a inteligência artificial baseada no amigo, os programadores receberam críticas, dizendo que o robô é assustador e que isso os impediria de seguir com suas vidas. Mas, eles alegam que essa dfoi a maneira que encontraram para colocar em prática os desejos que Roman tinha em vida. Para Eugenia Kuyda, uma das desenvolvedoras do chat bot e programadora na área de inteligência artificial, seria uma ingratidão esquecer o amigo. Curiosamente, uma das amigas de Roman diz que, meses antes de falecer, ele estava bastante interessado em debater o tema da morte. Assim, o Roman Bot seria um memorial permanente para seu amigo. Além de conseguir interagir com uma versão virtual do amigo, os jovens russos trouxeram também uma discussão complexa sobre como a tecnologia pode ter um papel importante na recuperação de uma perda emocional. Ni final das contas, russos parecem não ser tão frios assim.
Aparelho criado no Brasil traz recuperação mais rápida para e eficiente para casos de AVC Após passar por um AVC (Acidente Vascular Cerebral), também chamado popularmente de derrame, a maior dificuldade de um paciente é a recuperação. Isso acontece porque esse tipo de acidente pode deixar sequelas como a limitação ou perda dos movimentos. De acordo com o Ministério da Saúde, todos os anos 100 mil brasileiros morrem em no país por causa do AVC. Apesar de atingir com mais frequência quem está acima dos 60 anos, o AVC pode ocorrer em qualquer idade. Pesquisas apontam um crescimento na incidência de AVC nas pessoas com menos de 45 anos, o que provavelmente se deve ao atual estilo de vida urbana. Além disso, o AVC é a primeira causa de incapacidade no Brasil. Por isso, as pesquisas de alternativas de recuperação e tratamento são muito importantes. Pensando em como recuperar as habilidades motoras, pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo desenvolveram um exoesqueleto robótico. O exoesqueleto foi desenvolvido como um auxílio dos profissionais da saúde no tratamento das vítimas de AVC. Baseado na força que o paciente faz durante um exercício, o equipamento identifica com precisão em qual parte do membro inferior ele apresenta mais dificuldades.. Segundo Adriano Almeida Gonçalves Siqueira, coordenador do trabalho e professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia de São Carlos, “um dos diferenciais do exoesqueleto em relação aos disponíveis no mercado é que ele pode ser configurado para tratar simultaneamente uma ou mais articulações da perna do paciente como tornozelo, joelho e quadril. Com essa possibilidade, nós conseguimos proporcionar ao usuário uma recuperação muito mais rápida e eficiente”. Os movimentos do Exoesqueleto Modular de Membros Inferiores (EMMI) são controlados por algoritmos que medem a força que o paciente usa nas pernas, definindo como deve ser a ação do equipamento e auxiliando em tarefas como sentar, levantar, subir e descer escadas. O aparelho pesa cerca de 11 kg e é fixado no tronco do paciente por meio de um cinto. Ele possui sensores de força e motores que impulsionam o movimento. Dessa forma, o aparelho atua automaticamente na região afetada e permite que o usuário complete o movimento, o que seria impossível sem esse "empurrãozinho". Durante os testes feitos com uma pessoa saudável em cima de uma esteira elétrica, os resultados indicaram estabilidade e segurança do contato entre o ser humano e o robô, além de alto desempenho na transmissão dos dados referentes à força exercida pelo usuário. O aparelho também ajustou o nível de assistência necessária. E o mais importante: é uma pesquisa 100% nacional.
A Coreia do Sul inteira já conta com a rede 5G desde 2020. Nos Estados Unidos, algumas cidades já desfrutam da velocidade da nova tecnologia, que pode ser até 100 vezes mais rápida que a 4G. A China e o Japão também devem estrear seus sistemas 5G em breve. Quando o Brasil vai entrar na era da ultravelocidade da internet móvel? O 5G não é apenas uma rede celular mais rápida para você poder ver filmes em HD no seu celular, onde quer que esteja. Ele também traz uma série de vantagens que farão deslanchar tecnologias que até hoje estão represadas por falta de uma rede estável, barata e com grande cobertura. A Internet das Coisas, ou IoT, do inglês “Internet of Things”, é a principal delas. Veja mais em nossa reportagem:
Um novo vazamento de dados pode ter exposto mais de 100 milhões de contas de celular no Brasil, segundo a empresa de cibersegurança PSafe. Entre as informações vazadas estão o número de celular do presidente Jair Bolsonaro e da apresentadora Fátima Bernardes, por exemplo. A estimativa das operadoras de telefonia móvel é que existam quase 230 milhões de linhas ativas no país. O marco civil da Internet entrou em vigor em 2014 (Lei 12.964). Foi o primeiro passo do país rumo à regulamentação do uso da internet em território nacional. No entanto, as tecnologias da informação são dinâmicas. Essa realidade obrigou a criação de outra lei no Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou parcialmente em vigor em 2020, alterando alguns pontos do Marco Civil da Internet e reforçando outros. Mesmo assim, a velocidade dessas transformações estão em descompasso com as leis e regras, como as que delimitam as chamadas "fake news", as redes informais de informação e a influência do poder econômico nas eleições. As eleições de 2018 no Brasil e de 2020 nos EUA foram um marco nesse novo cenário. Na política, esse poder adquire uma importância ainda maior. As chamadas fakenews são capazes de transformar uma mentira numa inquestionável verdade. Recentemente o ex-presidente norte-americano Donald Trump foi excluído de algumas plataformas após ter incitado ataques ao Congresso de seu país e se recusar a admitir a derrota nas eleições. Essa proibição reacendeu o debate sobre a liberdade de expressão nas redes sociais e a regulação da mídia digital. Como o mundo digital reorganiza a lógica da política dos marcos jurídicos que servem para garantir igualdade de direitos e a liberdade de expressão? O Planeta Azul conversou sobre segurança digital e privacidade online com a pesquisadora Bia Barbosa, atual representante da sociedade civil no Comitê Gestor da Internet do Brasil.
A Covid-19 mudou radicalmente o cotidiano das pessoas. Trabalho, cultura, lazer e turismo são atividades que vem sofrendo grandes transformações. Mas, é na educação que acontecem as maiores mudanças. De uma hora para outra, a sala de aula tradicional foi substituída pelo ambiente digital, exigindo um grande esforço de adaptação de professores e alunos. As novas tecnologias estão sendo incorporadas na rotina de todos. Nem todos se adaptaram a essa nova realidade. A evasão escolar é um dos problemas graves já identificados e que deverá ser enfrentado. Para debater as mudanças pedagógicas, O Planeta Azul entrevista o secretário municipal da Educação, Fernando Padula. Ele fala da polêmica sobre a volta às aulas e das perspectivas de aprendizado numa cidade como mais de um milhão de alunos.
Milhões de pessoas contaminadas no mundo e centenas de milhares de mortes. Economia mundial paralisada. Esse é o cenário da pandemia do novo coronavírus, cuja cura parece ainda está distante. Mas, pouco se fala das pessoas que passaram por essa terrível doença e sobreviveram. No Brasil, pouco mais de 8 milhões de pessoas sobreviveram à COVID-19. Mesmo com o início da vacinação, a situação ainda é preocupante. Nesta edição, O Planeta Azul traz dois exemplos de pessoas sobreviveram à Covid-19. A empresária Cristina Bauer, que se recuperou, mas perdeu o marido, e o médico infectologista Hélio Bacha, uma das maiores autoridades brasileiras no assunto. Acompanhe essas histórias.
Um cabo submarino de fibra óptica, ligando o Ceará a Portugal, ancorou na Praia do Futuro, em Fortaleza, em dezembro de 2020. O cabo ainda vai seguir viagem. Ele se estenderá para pontos no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de conexões na África e outros países europeus, ilhas do Atlântico e Guiana Francesa. A instalação do cabo, que deve custar 1 bilhão de reais à empresa privada Ellalink, vai possibilitar o tráfego de dados a 72 terabits por segundo e latência de 60 milissegundos. O novo cabo tem 6 mil quilômetros de extensão, podendo alcançar 5 mil quilômetros de profundidade em seu trajeto pelo mar. Ele vai substituir outro cabo, que liga a Europa ao Brasil, mas que passa pelos Estados Unidos, percorrendo o dobro da distância, 12 mil quilômetros. O cabo também deve dar suporte à chegada do 5G ao país. É provável que você já tenha ouvido falar de cabos submarinos, mas, você sabe como eles funcionam? Eles costumam ser utilizados em redes internacionais de telecomunicações para interligar países e continentes. No Brasil, o sistema é utilizado para conectar toda a costa nacional. O primeiro cabo telegráfico submarino foi lançado em 1851 no canal de Dover. Logo em seguida, surgiu a ideia de criar uma rede que atravessasse o Atlântico e permitisse que a tecnologia fosse usada para interligar diferentes continentes. Depois disso, muitos outros cabos submarinos metálicos foram instalados, mas ainda eram usados apenas para a transmissão de mensagens telegráficas. Foi necessário quase um século até a invenção do cabo submarino coaxial, em 1956. Com ele, tornou-se possível a comunicação entre vários indivíduos simultaneamente. Pouco mais de uma década depois, nos anos 1970, foram criados os cabos ópticos que estão em uso atualmente. No Brasil, o primeiro cabo submarino foi inaugurado em 1857, ligando por telégrafo, o Rio de Janeiro e a cidade de Petrópolis. Em 1875, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, participou da organização e do financiamento da instalação do nosso primeiro cabo submarino internacional conectando o Brasil a Portugal. Atualmente, os cabos submarinos são de fibra óptica e transmitem informações digitais. Todos os continentes, exceto a Antártida, são ligados por eles. A evolução fez o tempo de transmissão dos sinais, que antes era medido em minutos, cair para milissegundos com o uso da fibra óptica. O maior cabo óptico submarino do mundo tem 38 mil quilômetros de extensão e conecta 32 países do Sudeste Asiático, do Oriente Médio e da Europa. Com a instalação deste novo cabo submarino, o Brasil entra em uma nova era das comunicações instantâneas. O futuro não para de acontecer.
O marco civil da Internet entrou em vigor em 2014 (Lei 12.964). Foi o primeiro passo do país rumo à regulamentação do uso da internet em território nacional. No entanto, as tecnologias da informação são dinâmicas. Essa realidade obrigou a criação de outra lei no Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou parcialmente em vigor em 2020, alterando alguns pontos do Marco Civil da Internet e reforçando outros. Mesmo assim, a velocidade dessas transformações estão em descompasso com as leis e regras, como as que delimitam as chamadas "fake news", as redes informais de informação e a influência do poder econômico nas eleições. As eleições de 2018 no Brasil e de 2020 nos EUA foram um marco nesse novo cenário. Como o mundo digital reorganiza a lógica da política dos marcos jurídicos que servem para garantir igualdade de direitos e a liberdade de expressão? A jornalista e pesquisadora Bia Barbosa, atual representante da sociedade civil no Comitê Gestor da Internet (CGI) no Brasil, fala com exclusividade ao Planeta Azul. Confira.
A Escola de Engenharia de São Carlos da USP divulgou um estudo que mostra uma triste realidade: homens mais jovens são os que mais se arriscam e morrem no volante de um carro. Dados da Polícia Rodoviária Federal mostram que 94% dos condutores envolvidos em acidentes de colisão frontal no Brasil são homens. E a maioria tem entre 18 e 25 anos. Esse comportamento coloca em risco não só a vida dos condutores, mas também a de outras pessoas. O perigo está em toda parte. Veja na reportagem do Planeta Azul em parceria com a Agência FAPESP.
A decisão da Ford de encerrar a produção de veículos no Brasil pode ser apenas o início da fuga de multinacionais do Brasil. O ambiente de negócios do país se tornou nocivo pois tem à frente um governo que empreende uma ofensiva contra essas empresas. É o que diz nosso entrevistado, o economista e professor da USP Paulo Feldmann. A nova tendência corporativa de empresas saírem de países como o Brasil que já vem sendo adotada por muitas multinacionais. Além das dificuldades econômicas locais, isso se deve aos avanços tecnológicos, como as impressoras 3D, ou impressoras aditivas. Com elas, tornou-se possível fabricar peças e componentes nos próprios locais onde eles são necessários. Com isso, um dos princípios básicos da globalização, cadeias de valores espalhadas pelo mundo, está em xeque. Montadores de automóveis, por exemplo,fabricavam cada parte ou peça dos veículos na região ou país que oferecia as maiores vantagens competitivas. Isso deixará de existir, com as impressoras 3D, esses componentes poderão ser feitos no país da matriz da empresa, sem depender de reviravoltas econômicas de outros países.
Em 2017, a Organização das Nações Unidas declarou que o período de 2021 a 2030 será dedicado à Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. E agora, depois de uma longa mobilização da comunidade científica e ativistas, está chegando o momento de todo mundo falar mais sobre os oceanos que cobrem 70% do planeta. A ideia de declarar uma década dedicada a um tema surgiu na ONU nos anos 60 e, desde então, vários foram os temas abordados: desarmamento, mulheres, combate ao racismo e educação, entre outros. A escolha de um tema para um período de dez anos tem o objetivo de voltar as atenções e os esforços dos países membros da ONU para uma meta comum. A ideia é promover a conscientização da sociedade e possibilitar o desenvolvimento de ações coordenadas para mitigar um determinado problema global, além de difundir os propósitos da ONU na sociedade. No período de 2021 a 2030 será promovida a ampliação da cooperação internacional em pesquisas para a preservação dos oceanos e o gerenciamento dos recursos naturais de zonas costeiras. As atividades da década serão lideradas pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, órgão da ONU responsável por apoiar a ciência e os serviços oceânicos globais. No Brasil, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação está coordenando a iniciativa nacional e desenvolvendo o Plano Nacional para a Década do Oceano. A exploração de recursos minerais e combustíveis fósseis que garantem o funcionamento de cidades, indústrias, movimentação de veículos e transporte marítimo geram alterações no ambiente natural. Estas alterações produzem resíduos e influenciam as mudanças climáticas, contaminação de corpos d'água por dejetos urbanos, industriais ou agrícolas, perda de biodiversidade, ou seja, fatores que culminam na degradação da capacidade de funcionamento, provisão e mesmo na saúde do oceano. Quando Julio Verne escreveu “20 mil léguas submarinas”, a ficção não estava longe da realidade. Segundo a Agência de Administração Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos, mais de oitenta por cento do oceano nunca foi mapeado, observado ou explorado. Quantos mistérios o homem poderá desvendar aumentando a investigação científica dos oceanos? O que os oceanos escondem ainda não sabemos, mas a degradação é visível e todos nós sabemos disso. No entanto, pouco conhecemos sobre esse ambiente aquático que cobre mais de 70% do planeta Terra. Estas são as principais razões para que a década decretada tenha um olhar para o desenvolvimento da ciência oceânica. E, como desafio, fortalecer a integração e comunicação entre pesquisas científicas, sociedade e governantes. Hoje apenas 4% do total de gastos com pesquisa e desenvolvimento em todo o mundo são direcionadas para a ciência oceânica. Ter uma década dedicada ao tema do oceano vai ajudar a mobilizar parcerias e aumentar o investimento em áreas prioritárias, estimulando o desenvolvimento da capacidade científica global e de recursos humanos para trabalhar por ela. Não é a toa que o lema é “a ciência que precisamos para o oceano que queremos”.