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JORNAL DA RECORD
12/05/2025 | 1ª Edição: Lula busca fortalecer laços comerciais na China enquanto São Paulo enfrenta desafios

JORNAL DA RECORD

Play Episode Listen Later May 12, 2025 3:41


Os Estados Unidos e a China anunciaram um acordo para suspender a maioria das tarifas entre os dois países por 90 dias, reduzindo as tarifas de 125% para 10%. O presidente Lula está na China para firmar novos acordos econômicos, participando de seminários e reuniões com empresários e representantes de empresas chinesas. Paralelamente, São Paulo vive dificuldades no trânsito devido ao asfalto cedido na Marginal do Rio Tietê, onde obras de reparação estão em andamento. A cidade também enfrenta baixas temperaturas, com previsão de queda para 13 graus e possibilidade de chuva nos próximos dias.

RW notícias - fique sempre bem informado
EUA e China anunciam redução das tarifas por 90 dias

RW notícias - fique sempre bem informado

Play Episode Listen Later May 12, 2025 2:57


Os Estados Unidos e a China anunciaram um acordo nesta segunda-feira para reduzir, durante 90 dias, as chamadas "tarifas recíprocas" entre os dois países. Com o acordo, as tarifas dos EUA sobre as importações chinesas cairão de 145% para 30%. Já as taxas da China sobre os produtos americanos serão reduzidas de 125% para 10%. O Giro de Notícias mantém você por dentro das principais informações do Brasil e do mundo. Confira mais atualizações na próxima edição.

RW notícias - fique sempre bem informado
EUA e Ucrânia assinam acordo para exploração de minerais raros

RW notícias - fique sempre bem informado

Play Episode Listen Later May 1, 2025 2:48


Os Estados Unidos e a Ucrânia assinaram, na quarta-feira (30), um acordo que dará ao país norte-americano acesso preferencial na exploração de recursos minerais raros ucranianos e irá financiar a reconstrução do país europeu.O Giro de Notícias mantém você por dentro das principais informações do Brasil e do mundo. Confira mais atualizações na próxima edição.

Convidado
Cem dias de Trump: “Está tudo muito mais caótico"

Convidado

Play Episode Listen Later Apr 30, 2025 12:48


Donald Trump cumpriu cem dias do segundo mandato com um comício no Michigan, onde celebrou o que chamou de “vitórias económicas”. Porém, “a recessão parece inevitável”, alerta o investigador João Pedro Ferreira, observando que “do ponto de vista económico, isto é uma experiência laboratorial” e que “as expectativas e a confiança dos consumidores está nos valores mais baixos de sempre”. Basicamente, “a política pode variar consoante o dia, consoante a hora e consoante a vontade” de Trump e “está tudo muito mais caótico”, acrescenta o economista. João Pedro Ferreira diz, ainda, que se está perante “um retrocesso brutal” dos direitos sociais nos Estados Unidos, admite que impera a diplomacia do “show off” e avisa que as ameaças de Trump têm uma “agenda muito forte por trás”. RFI: Como resume os primeiros 100 dias do regresso de Donald Trump ao poder?João Pedro Ferreira, Investigador e professor no Centro de Políticas Públicas da Universidade da Virgínia (Estados Unidos): “Em poucas palavras, a primeira seria caótico, a segunda seria algum revanchismo e a terceira seria retrocesso. Acho que é isto que, mais ou menos, caracteriza o mandato de Donald Trump.”Porquê caótico?“Caótico porque ele está a ser um bocadinho experimental. Ou seja, ele está a fazer coisas que não tem a certeza que pode fazer. É aconselhado por pessoas que também não lhe dão muita certeza e muitas garantias que ele possa fazer o que está a fazer. Os tribunais metem em causa grande parte daquilo que são as suas decisões e, portanto, vemos um processo também de avanços e recuos, muito pouco pensado. A questão das tarifas: aplica as tarifas num dia e retira no outro. Fica assim um bocadinho no ar a ideia se ele está a fazer isto com algum grau de certeza e com algum grau de experiência, se ele pensou que os outros países também lhe respondem às medidas que ele está a aplicar… E, portanto, andamos todos aqui um bocadinho 'pouco eficientes' - para utilizar uma expressão que ele gosta tanto de usar que basicamente resulta de ele também ter contratado o seu amigo Elon Musk para tornar o Estado mais eficiente. Andamos aqui todos muito ineficientes porque a política pode variar consoante o dia, consoante a hora e consoante a sua vontade, não é?"Entre o primeiro mandato e o início deste segundo, até que ponto é que houve uma certa radicalização de Trump?"Uma radicalização absoluta. No primeiro mandato, ele era uma personagem estranhíssima, parecia que não sabia muito bem o que é que estava a fazer e até onde é que podia ir em termos daquilo que eram as funções presidenciais. Agora parece que ele não sabe muito bem o que é que está a fazer, mas a razão fundamental é porque está a ir além daquilo que são as funções típicas de um Presidente e até a pôr em causa aquilo que são alguns direitos e aquilo que está consagrado constitucionalmente."Concretamente, que direitos estão a recuar? Onde é que se sente mais esse retrocesso dentro da sociedade americana?"São os direitos sociais, aquilo que nós chamamos tipicamente os direitos sociais, o direito a uma pessoa ser diferente e estar no seu espaço privado. Quando nós vemos o ataque que está a ser feito às políticas de diversidade e equidade. Quando nós olhamos e percebemos que para as pessoas trans, por exemplo, a vida está mais difícil. Quando nós vemos o ataque a um conjunto de medidas que procuravam alavancar a vida das pessoas que não são brancas, procurar trazer alguma justiça. Já para não falar dos imigrantes. Toda essa área da imigração é um retrocesso brutal porque basicamente voltámos a uma ideia de que o mundo deve funcionar sem qualquer tipo de justiça social. É um salve-se por si próprio e isso para mim é um retrocesso brutal."Também falou em revanchismo. Onde é que se vê esse revanchismo e onde é que está a oposição face a todos estes retrocessos?"O revanchismo é porque ele tem inimigos escolhidos a dedo, pessoas que lhe fizeram a vida difícil, empresas de advogados..."A própria justiça?"Pessoas da justiça, sim. E ele vai mesmo atrás delas. Há aqui uma agenda pessoal também. Ele retirou - pode-se questionar se isso fazia sentido ou não - mas retirou direitos e acesso à informação que antigos Presidentes tinham e antigas figuras do Estado tinham. Quer dizer, é tudo assim: ao mesmo tempo que tem medidas macroeconómicas que criam problemas sérios, também tem estes pequenos apontamentos contra empresas específicas de que não gosta, contra pessoas específicas de que não gosta. Espera-se mais de um chefe de Estado da maior nação ou da maior economia mundial - que já não o é hoje, mas é aquela que ainda domina muitas áreas. Esse seria o revanchismo."Onde é que está o Partido Democrata?"O Partido Democrata está completamente desorganizado nas ruas. Têm acontecido protestos em todo o lado. As pessoas estão a organizar-se nas suas localidades e nas suas comunidades. Do ponto de vista daquilo que é o topo do Partido Democrata, neste momento não existe, à excepção da ala progressista de Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez que têm, de facto, feito um trabalho notável de mobilização em Estados que até são considerados republicanos.Mas o Partido Democrata não existe. Isto não surpreende ninguém porque o Partido Democrata é um dos responsáveis por estarmos onde estamos hoje. Perdeu grandemente contra Donald Trump por causa da forma como se desligou da população americana e como é visto pela generalidade da população americana. Portanto, isso não é surpreendente, nós temos o Partido Democrata a viabilizar o Orçamento Donald Trump e não há muito a dizer, não é? Esta é a melhor caricatura que se pode dizer do Partido Democrata neste momento."Mas é o Presidente Donald Trump que está a aplicar as medidas e que está a registar o menor índice de aprovação das últimas décadas. Como é que, em termos internos, a população vê o Presidente e as medidas que ele está a tomar?"Eu acho que havia um descontentamento muito grande em relação aos democratas. O mandato de Biden não foi um bom mandato. Pode-se pôr aqui em causa se foi culpa dele, se não foi culpa dele, mas, acima de tudo, também a fase final do seu mandato foi uma grande desorganização.Os Estados Unidos têm esta ideia de que são o país que tem que impor aos outros uma certa visão - e há pessoas que acham isso para o bem ou para o mal, eu pessoalmente sou muito crítico disso - mas o que é certo é que aquilo que se passou entre Israel e o genocídio na Palestina e aquilo que se passou internamente do ponto de vista económico, a inflação descontrolada, etc, os americanos são muito críticos disto. Eu acho que havia muito descontentamento com o Partido Democrata, já para não falar da substituição apressada do Biden pela Kamala Harris depois de um debate desastroso. Se nós pensarmos assim, não é surpreendente que o partido que estava no poder fosse penalizado. Eu acho que há um conjunto de pessoas que votou no Donald Trump por descontentamento com o Partido Democrata. Muitos desses agora estão arrependidos porque esperavam que Donald Trump fizesse um bocadinho aquilo que fez no primeiro mandato, que é não cumprir metade das coisas. Mas a verdade é que ele está a cumprir e este é o problema. Eu acho que muitos desses que vêem Donald Trump a cumprir estão um bocadinho desiludidos com o facto de terem votado Donald Trump e estão descontentes com as suas políticas."Em termos económicos, quais são as políticas que estão a ter um maior impacto na opinião pública americana? É o facto de estarem, por exemplo, preocupados com a inflação, com a eventualidade de uma recessão, tendo em conta a guerra comercial ou tarifária que Trump lançou? "É tudo ao mesmo tempo, ou seja, do ponto de vista económico isto é uma experiência laboratorial. Nunca houve uma intervenção tão grande, tão diferente e tão distinta em áreas tão específicas. Nós não sabemos o que está a correr mal na economia porque ele está a tornar totalmente disfuncional o governo federal. Nós não sabemos se é porque ele um dia aplica tarifas de forma tão generalizada e depois as retira no dia a seguir, o que cria instabilidade nos mercados financeiros. Nós não sabemos se é porque os mercados financeiros estão a responder e as pessoas agora já não se podem reformar quando se esperavam reformar porque entretanto perderam parte das suas poupanças. Nós não sabemos se é por causa do Medicare e dos possíveis ataques à Segurança Social. Nós não sabemos porque é tudo a acontecer ao mesmo tempo, a recessão parece inevitável, as expectativas e a confiança dos consumidores está nos valores mais baixos de sempre e, portanto, isto não parece estar a correr bem de todo. Não parece.”Como é que estão os Estados Unidos cem dias depois do regresso de Trump à Casa Branca?"Eu estou neste país há seis anos e passei pelo Covid e acho que, neste momento, está tudo muito mais caótico."Donald Trump também parece ter entrado em guerra contra as universidades que não se alinhem com a política dele. Como é que tem reagido o mundo académico, as universidades que foram acusadas de tolerância para com anti-semitismo, que perderam financiamento? Tem havido alguma oposição e resistência por parte de algumas universidades e estudantes. Como é que estão as coisas também nesse aspecto?"Também muito incertas. Muitas universidades perderam financiamento. Eu conheço vários casos de projectos que foram cancelados e não se percebe muito bem onde é que se vai agora buscar o financiamento de projectos federais. Também não se percebe muito bem se esta administração está disponível para apostar em ciência porque grande parte das coisas que defendem não são propriamente muito científicas e, portanto, isso coloca-nos aqui uma dificuldade que é como é que as universidades se alinham neste processo. Vamos ver, mas por agora tem havido resistências de Harvard, do MIT e de algumas universidades. Outras nao, por diferentes razões têm acatado e têm tido um papel mais permissivo em relação àquilo que tem sido o discurso de Donald Trump. Isto tem a ver também com as políticas internas das próprias universidades. Vamos ver.Mas é, de facto, das universidades que Donald Trump sabe que tem mais resistência porque grande parte daquilo que quer impor e aquilo que ele chama o bom senso - que já J.D. Vance também chama bom senso, como se isso fosse uma coisa em contrapartida à ciência e não é. Vamos ver como é que as coisas resultam, mas as universidades vão ter a vida muito difícil, até por causa da questão dos vistos e do número de estudantes e de investigadores estrangeiros que existem e que são um alvo a abater. Vamos ver como é que as coisas correm a partir de agora."O Presidente americano apresentou-se, digamos assim, como um "construtor de paz". Ele iniciou conversações inéditas com a Rússia, com o inimigo de sempre, o Irão. Também prometeu acabar a guerra na Ucrânia em 24 horas. Não conseguiu. Qual é a avaliação que faz desta parte mais diplomática?"É também negativa porque, mais uma vez, parece um amador a entrar numa sala cheia de adultos. Não sabemos muito bem quais são as intenções quando elas variam tanto. E quando umas vezes parece querer ser o melhor amigo do Vladimir Putin, noutras vezes parece tratar mal o Zelensky, mas depois reúne-se com ele na Basílica de São Pedro naquele momento histórico. É tudo muito estranho, é tudo muito feito para o 'show off', como se isto fosse um enorme programa de televisão. O problema é que nós estamos a assistir e estamos a ser arrastados com ele. Isso é a parte que é um bocadinho difícil de gerir e fica-se sem perceber onde é que as coisas querem ir. Portanto, nós vamos ter seguramente mais quatro anos de instabilidade profunda, motivada simplesmente por aquilo que é o ego de uma pessoa e isso não me parece que seja propriamente a função da política de um líder político."Falou em "show off". A questão da anexação da Gronelândia, do Canadá ou a proposta de construir uma "Riviera do Médio Oriente" na Faixa de Gaza são também "show off" ou são ameaças para levar a sério?"Não são só ameaças. Ou seja, nós precisamos de levar mais a sério Donald Trump. Ele tem uma agenda e tem o poder para isso. E ele o que faz muitas vezes é que não tem problema nenhum de fazer a figura do tipo que é o polícia mau e que vai mais à frente e mais longe do que toda a gente pensou que era possível qualquer pessoa ir.Eu não acho que ele queira invadir a Gronelândia e mandar um exército para a Gronelândia, mas com tanto interesse e com tanta ameaça, provavelmente vai conseguir um melhor negócio para usar as terras raras da Gronelândia do que conseguiria de outra maneira e vai criar instabilidade na própria região. Isso vai ajudar aquilo que são os seus interesses, que são basicamente os interesses e que se alinham com os interesses dos oligarcas da tecnologia nos Estados Unidos, que estão muito preocupados com os minérios e as terras raras, porque não os têm cá. É isso que nós estamos a ver e eu ficaria no meio termo: não é exactamente aquilo que ele diz que vai ser feito, mas aquilo ajuda muito uma agenda que é uma agenda que ele tem por trás e que é uma agenda muito forte, de pessoas com muito poder, que sabem exactamente o que é que andam a fazer."

Paracatu Rural - Jornal do agronegócio
Brasil prepara embarques de soja para a China; asiáticos continuam em impasse com os Estados Unidos

Paracatu Rural - Jornal do agronegócio

Play Episode Listen Later Apr 30, 2025 9:31


Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, chama a atenção para a ocupação dos portos com a oleaginosa. Os embarques de soja do Brasil para a China devem se intensificar ao longo das próximas semanas. Os chineses têm recorrido à produção brasileira em meio à guerra tarifária com os Estados Unidos.

Empiricus Puro Malte
PODCA$T #90 - SUPERAMOS A GUERRA COMERCIAL?

Empiricus Puro Malte

Play Episode Listen Later Apr 25, 2025 41:44


CONHEÇA O VERÃO DEFI: https://emprc.us/V8iMJ1Neste episódio, Larissa Quaresma recebe Matheus Spiess, nosso analista macro.Confira os destaques:

JORNAL DA RECORD NEWS
Explosão em plataforma de petróleo deixa 14 feridos no interior do Rio de Janeiro / China diz que vai retaliar quem fechar acordo com os Estados Unidos

JORNAL DA RECORD NEWS

Play Episode Listen Later Apr 22, 2025 49:39


Confira na edição do Jornal da Record News desta segunda-feira (21): vítima do caso do ovo de páscoa envenenado é extubada e apresenta boa evolução clínica. Explosão em plataforma de petróleo deixa 14 feridos no interior do Rio de Janeiro. E mais: China diz que vai retaliar quem fechar acordo com os Estados Unidos.

Noticiário Nacional
7h Tarifas: Já há conversas entre a China e os Estados Unidos

Noticiário Nacional

Play Episode Listen Later Apr 18, 2025 12:58


Gabinete de Guerra
EUA querem entregar a Ucrânia à sua sorte?

Gabinete de Guerra

Play Episode Listen Later Apr 18, 2025 15:26


Os Estados Unidos dizem-se prontos para seguir em frente caso não se chegue a acordo na Ucrânia, mas que significa isto? Bruno Cardoso Reis fala em imprevisibilidade e num aumento de pressão sob Kiev.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Podcast Internacional - Agência Radioweb
Tarifa de 245%: por que a China enfrenta os Estados Unidos?

Podcast Internacional - Agência Radioweb

Play Episode Listen Later Apr 16, 2025 3:11


Um documento no site oficial da Casa Branca, divulgado na terça-feira, informa que as tarifas de importação dos Estados Unidos para produtos chineses chegam a até 245%. Mas, diferente da maior parte dos parceiros comerciais americanos, que optaram pela negociação para baixar as taxas, a China responde com retaliações.

RW notícias - fique sempre bem informado
EUA elevam tarifa contra China para 245%

RW notícias - fique sempre bem informado

Play Episode Listen Later Apr 16, 2025 2:02


Os Estados Unidos aumentaram as tarifas para os chineses chegando a 245% como resultado das "ações retaliatórias" do país asiático. A informação consta em um documento divulgado pelo governo americano, mas não há detalhes sobre o cálculo que levou ao percentual.O Giro de Notícias mantém você por dentro das principais informações do Brasil e do mundo. Confira mais atualizações na próxima edição.

Jones Manoel
Trump e os Estados Unidos não têm condições de vencer a China e Xi Jinping na guerra econômica

Jones Manoel

Play Episode Listen Later Apr 15, 2025 20:24


Jones Manoel: A guerra econômica movida por Trump a partir do uso de tarifas e protecionismo não tem como vencer a China. A tática de Trump não toca na questão central da disputa entre os dois países. Vamos explicar o tema!

Convidado
Tarifas americanas: "Estratégia arriscada com consequências imprevisíveis"

Convidado

Play Episode Listen Later Apr 9, 2025 10:03


Os Estados Unidos aplicaram esta quarta-feira, 9 de Abril, novos aumentos das taxas aduaneiras sobre produtos provenientes de quase 60 países. Em resposta a essa decisão, as bolsas de valores na Europa e na Ásia abriram em baixa. A guerra comercial iniciada por Donald Trump intensificou-se no sábado, quando o Presidente dos Estados Unidos impôs taxas aduaneiras a cerca de 100 países, incluindo grandes potências económicas, como a China e a União Europeia. "A estratégia é arriscada e pode ter consequências imprevisíveis", defende o economista e professor na Universidade de Paris Dauphine, Carlos Vinhas Pereira. RFI: A guerra comercial iniciada por Donald Trump marca o fim da globalização, a seu ver?Carlos Vinhas Pereira: Acho que não, não podemos dizer isso. Acho que é uma jogada do Presidente Trump, que quer, como anunciou, ou seja, ele está simplesmente a fazer o que anunciou na campanha das eleições. E está também, neste momento, a ver até onde os países do mundo, sejam eles na Ásia, sejam na Europa, podem ir. Estamos a ver que, aparentemente, há mais de 50 países que já pediram um encontro com os serviços do Trump para poder negociar um a um. Ou seja, é ele que o diz: fazer uma negociação sob medida, em função do país, em função do défice que um país tem com o outro. E, a partir daí, vamos ver, dentro de poucos dias, o resultado destas negociações, sabendo que, efectivamente, as bolsas têm que reagir e têm que antecipar. Um dia estão em baixa, outro dia estavam a subir, hoje já estão outra vez a baixar e, até se encontrar um equilíbrio, vai ser assim.Já há consequências destas medidas. Até onde é que pode ir Donald Trump?As consequências é de algumas empresas pararem completamente o negócio, as exportações para os Estados Unidos. Portanto, são perdas de 10, 20, 30% do volume de negócio, directamente. Estas são as consequências imediatas, consequências que estão a ser previstas. Há uma baixa, efectivamente, na taxa de crescimento, tanto da Ásia como da Europa, onde já se prevê uma baixa de 0,5% no crescimento, só impactado pelas medidas do Trump.E para os Estados Unidos?Para os Estados Unidos também é um pouco paradoxal. A estratégia, pelo menos do Trump, pelo menos foi o que ele anunciou, vai ser complicada no início. Ou seja, pode efectivamente perder em termos de taxa de crescimento e até haver uma subida da inflação, até ao momento em que toda a parte da industrialização e da fabricação seja feita a partir dos Estados Unidos. Ou seja, o objectivo dele é contrariar os fornecedores que estão fora e encorajar as empresas americanas a integrar a produção nos Estados Unidos, para poder criar empregos e, novamente, relançar a taxa de crescimento no país.Mas isso é uma aposta a médio ou longo prazo?É uma aposta, efetivamente. O que é dito é que, para poder industrializar novamente ou repatriar, são precisos entre cinco e sete anos.Esta política, a seu ver, é uma ruptura com as políticas económicas liberais de Reagan e de Clinton, por exemplo, ou é uma continuidade disfarçada?Podemos dizer que é uma marca de fábrica do Trump, que sempre pensou de uma maneira um pouco simplista: que bastava aumentar os direitos aduaneiros para poder, pelo menos para já, angariar fundos para os Estados Unidos. Isso é verdade. Eles vão angariar muitos fundos, e, a partir daí, iriam compensar os défices. É verdade que os Estados Unidos, neste momento, têm um défice que é um montante efectivamente muito importante. E eu acho que, em vez de estar a impor este tipo de negociações, podia ter falado antes e realmente não estar a alertar o mundo inteiro, a fazer panicar as bolsas, onde nós sabemos que há até muitos amigos dele que estão em causa. Ou seja, os grandes amigos do Trump perderam muitos biliões nestes dias por causa dele. O que podemos dizer também é que há um factor positivo, mesmo assim: é a baixa do petróleo, que vai permitir, até para nós todos no dia a dia, baixar o custo da energia, mas também - e o que ele também diz - baixar o custo de transporte.Porque o petróleo não está sujeito ao aumento destas tarifas?Não está sujeito. Por isso é que o petróleo está a baixar, porque vai haver um crescimento. Neste momento, as pessoas ou os agentes económicos estão a prever esta baixa, porque os Estados Unidos também vão despejar, podemos dizer, a energia deles. E, até agora, não se falou de aplicar direitos aduaneiros ao gás americano, ao petróleo americano. Portanto, estamos a beneficiar, entre aspas, desta medida, neste momento.A China já contra respondeu às tarifas norte-americanas com o aumento de taxas na ordem de 84%. Hoje, os Estados Unidos aumentam também, mais uma vez, as taxas aos produtos e exportações chinesas nem 104%. A Europa corre o risco também de enfrentar uma recessão económica?Sim. A Europa, neste momento, está a impor-se um tempo de reflexão. Vocês já notaram que não houve aumento das taxas relativamente ao Bourbon, que estava em causa num certo momento. Vão fazer uma proposta, ou seja, vão fazer como os outros 50 países, de poder negociar. Não um por um, porque a Europa quer negociar de uma maneira global, tirando a Itália, que vai ser recebida hoje para poder negociar directamente com o Trump, porque, aparentemente, dão-se bem.Eu acho que, em termos de estratégia, devia ser a Europa, na sua globalidade, e nos 500 milhões de consumidores que ela representa, para poder ter um peso relativamente aos Estados Unidos. Porque, se amanhã - e vai ser o caso - aumentarem os direitos sobre os computadores, os telefones, tudo o que são redes sociais, isso pode ter uma consequência muito importante. E a Europa tem um trunfo nas mãos, que pode utilizar ou não, em função da reação do Trump.E o que é que se pode esperar dos Estados Unidos perante estas represálias de parceiros como a China e a União Europeia?A China também tem um grande trunfo, que são as chamadas terras raras. A China tem um monopólio em algumas terras raras, que permitem a fabricação de telefones, material informático, alta tecnologia. E, efectivamente, os 104% que estão, neste momento, em vigor com a China não fazem sentido, porque seria o fim efectivo do comércio bilateral entre a China e os Estados Unidos. O nosso amigo, entre aspas, Trump também decidiu ontem aumentar as taxas sobre os pequenos pacotes. Está, nomeadamente, a visar as encomendas que são feitas de produtos chineses a baixo custo, e ele quer efectivamente aproveitar, ganhando dinheiro sobre estas entregas - que são em milhões e milhares, dia após dia.Eu acho que, entre a China e os Estados Unidos, vai haver um entendimento, porque a China tem realmente matéria para poder negociar. Agora, cada um deles está a mostrar os músculos. Isto faz parte da diplomacia entre países e grandes potências, porque estamos a falar das duas maiores potências do mundo. A meu ver, isto é realmente um pico, e, a partir daí, só vai haver negociações e só taxas a baixar. Claro que haverá sempre um montante que vai ficar, mas que poderá ser compensado nas margens das empresas.E quem é que fica a ganhar?Neste momento, quem fica a ganhar é o governo americano, que vai diminuir o défice comercial. Tirando os Estados Unidos, os outros países ficam relativamente penalizados nos produtos exportados para os Estados Unidos. O consumidor final não fica a ganhar, porque vai pagar mais - fora a parte energética. É melhor dizer quem é que vai ter que suportar os custos: O custo vai ser suportado entre os consumidores finais, que somos nós, e os intermediários, ou seja, os distribuidores, que vão baixar as margens.Dou-lhe um exemplo: a margem sobre um iPhone é de 47%. É a margem do iPhone, neste momento. Se amanhã impuserem uma taxa de 20%, ele pode muito bem ou diminuir a margem de 20%, ou repartir entre o custo final e também absorver uma parte via margem. Ainda há muita margem antes de chegar ao ponto de aplicar de forma matemática os montantes das taxas directamente ao consumidor final.

Eduardo Oinegue
09/04/2025 - Oinegue: Em 40 anos os Estados Unidos perderam 6 milhões de empregos e 70 mil fábricas

Eduardo Oinegue

Play Episode Listen Later Apr 9, 2025 15:02


Perguntar Não Ofende
José Gomes André: Trump tem raízes na história americana?

Perguntar Não Ofende

Play Episode Listen Later Apr 8, 2025 76:23


A imagem de Trump com uma coroa, partilhada pela Casa Branca, é apenas simbólica? Ou revela uma mudança de natureza no sistema político americano? Os Estados Unidos são o grande laboratório da democracia liberal — mas até onde resiste essa experiência quando posta à prova pelo fenómeno Trump? Neste episódio do Perguntar Não Ofende, exploramos as tensões entre instituições e populismo, entre legalidade e liderança carismática, num sistema pensado para resistir a tudo, menos talvez ao culto do líder. Com José Gomes André, doutorado em Filosofia Política, analisamos o trumpismo à luz da tradição constitucional dos EUA, o papel do Supremo Tribunal como guardião do equilíbrio de poderes, e refletimos sobre o paralelismo europeu: poderá a UE aspirar a um momento constituinte ou estará refém do seu próprio modelo tecnocrático? Uma conversa sobre democracia, federalismo e os desafios do nosso tempo.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Convidado
“A pena de morte é usada sob o falso pretexto de que melhora a segurança pública”

Convidado

Play Episode Listen Later Apr 8, 2025 8:54


O relatório Pena de Morte 2024, da Amnistia Internacional, constata que as execuções a nível mundial atingiram, no ano passado, o valor mais elevado desde 2015, com mais de 1500 pessoas a serem executadas. A China, o Irão, a Arábia Saudita, o Iraque e o Iémen foram os países com maior número de execuções. O director de comunicação da secção portuguesa da Amnistia Internacional, Miguel Marujo, mostra-se preocupado com este aumento, sublinhando que há líderes a usarem a pena de morte com o falso pretexto de que melhora a segurança pública. As execuções a nível mundial atingiram, em 2024, o valor mais elevado desde 2015, com mais de 1500 pessoas a serem executadas. A seu ver, quais são as causas deste aumento?Este aumento parte de um grupo, apesar de tudo minoritário, de países que entende que a pena de morte é a solução. Aquilo que a Amnistia Internacional tem testemunhado são líderes a usarem a pena de morte sob o falso pretexto de que melhora a segurança pública ou incute medo na população. Podemos avaliar dois casos. Por um lado, os Estados Unidos, que têm registado uma tendência constante de aumento das execuções, desde o fim da pandemia da COP 19, invocando repetidamente a pena de morte como ferramenta para proteger as pessoas da criminalidade violenta. Donald Trump, por exemplo, tem feito esse discurso nas últimas semanas. Mas a questão é que isto é uma falsa narrativa, porque a pena de morte não tem um efeito dissuasor único sobre o crime. Por outro lado, em alguns países da região do Médio Oriente, verificamos que as sentenças de morte foram utilizadas para silenciar os defensores dos direitos humanos.Quais são os países onde foram executadas mais pessoas?O conjunto de países que executaram mais pessoas são a China, o Irão, a Arábia Saudita, o Iraque e o Iémen. À excepção da China, de facto, vemos aqui uma prevalência de países do Médio Oriente. Neste número de execuções, é também na China, na Coreia do Norte e no Vietname onde existe uma maior dificuldade para se conhecerem os números exactos. Aquilo que a Amnistia estima é que a China continua a ser o principal país do mundo a executar pessoas; Também na Coreia do Norte e no Vietname há o recurso extensivo à pena de morte, sem que haja dados fidedignos que possam apontar para um número de mortos que foram condenados à pena de morte.Este relatório concluiu ainda que as crises em curso na Palestina e na Síria impediram a Amnistia Internacional de confirmar um número de execuções...Sim, no fundo, os conflitos impediram que fosse possível atestar e confirmar a prática da pena de morte, quer na Palestina quer na Síria. Não há, de facto, dados seguros que possam levar a Amnistia a dizer que o número eventualmente apresentado de casos de pena de morte, de condenações à morte, quer na Palestina, quer na Síria.No entanto, pelo segundo ano consecutivo, os países que fazem execuções mantiveram o número no ponto mais baixo de que há registo. Como é que se explica esta redução?Esta redução deve-se ao facto de existir um movimento, em todo o mundo, favorável à abolição da pena de morte, de tornar as execuções um elemento fora da equação da justiça dos países. Este é o segundo ano consecutivo em que se regista o número mais baixo de que há memória, assinalando um afastamento de uma punição cruel, desumana e degradante. O que vemos é uma minoria de países a praticar a pena de morte e o dado preocupante é que estes 15 países, que praticam a pena de morte, fizeram-no mais. Ou seja, há menos países a executar a pena de morte, mas aqueles que aplicam estão a matar mais.Os países “armam-se com a pena de morte”. É o caso do recém-eleito Presidente Donald Trump, que invocou, repetidamente, que a pena de morte é uma ferramenta para proteger as pessoas. Trata-se de uma afirmação que pode ter consequências graves?Sim, é grave! É uma afirmação desumana e promove uma falsa narrativa de que a pena de morte tem um efeito dissuasor sobre o crime. Os estudos mostram que não é assim e que a pena de morte é usada sob esse falso pretexto de que melhora a segurança pública. Os Estados Unidos são, pelo 16.º ano consecutivo, o único país das Américas, considerando a América do Norte, Central e do Sul, a executar pessoas. O número total de execuções nos Estados Unidos representa o segundo valor anual mais elevado desde 2015. Por isso, aquilo que se verifica é uma tendência crescente, claramente em contra-ciclo com aquilo que tem sido a prática de muitos países, sobretudo de países que dizem defender valores de liberdade e da democracia, como muitos países ditos ocidentais.O relatório da Amnistia Internacional mostra que, nos países da região do Médio Oriente, as sentenças de morte foram utilizadas para silenciar os defensores dos direitos humanos e dissidentes. A pena de morte tenta calar aqueles que desafiam as autoridades?Sim, aqueles que se atrevem a desafiar as autoridades enfrentam esse castigo. É um castigo cruel, especialmente no Irão e na Arábia Saudita. É bom que se registem estes dois países onde a pena de morte é utilizada para silenciar quem tem a coragem de se manifestar. Há também um aspecto relacionado com este aumento do número de execuções na região do Médio Oriente e o uso da pena de morte em crimes relacionados com a droga.Nma clara violação dos direitos humanos...Sim, porque a legislação e as normas internacionais, em matéria de direitos humanos, estabelecem que a aplicação de pena de morte deve ser limitada a crimes mais graves. Embora a Amnistia Internacional defenda que a pena de morte deve ser eliminada totalmente, neste caso, regista que condenar pessoas à morte por crimes relacionados com droga não cumpre este limiar e é imoral. Condenar à morte pessoas por delitos relacionados com droga tem também um impacto desproporcionado sobre as pessoas de meios desfavorecidos e não tem qualquer efeito comprovado na redução do tráfico de droga.O relatório demonstra o poder das campanhas contra a pena de morte e dá o exemplo da Zâmbia e do Zimbabué, Que passos significativos deram estes países? São boas notícias. Em 2024, o Zimbábue avançou com uma lei que aboliu a pena de morte para os crimes comuns, e outros países também anunciaram a intenção de avançar com a abolição da pena de morte. Há também o registo, por exemplo, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em que 2/3 de todos os Estados membros da ONU votaram a favor de uma moratória de aplicação à pena de morte. Isto significa que há um movimento que, apesar de tudo, está a tornar a pena de morte obsoleta, que não quer a pena de morte como um instrumento de justiça nesses países.Menos boas são as notícias de Burkina Faso, República Democrática do Congo, Nigéria, que tomaram medidas susceptíveis a alargar a aplicação da pena de morte...Sim, é aquilo que a Amnistia teme e que, apesar de tudo, esses países sejam levados por um discurso que não tem adesão à realidade. Mais uma vez, esses países estão a pensar em introduzir a pena de morte em questões de criminalidade, onde já se percebeu que não tem impacto significativo na redução da criminalidade.É esta a mensagem que a Amnistia Internacional quer denunciar?Este relatório, obviamente, denuncia toda a situação de países que mantêm este instrumento cruel e desumano. Mas também aponta esse caminho, que é o de que a pena de morte não deve ser aplicada em circunstância alguma. É importante transformar a pena de morte em algo obsoleto, eliminando-a completamente da justiça de todos os países.Num mundo polarizado, esta missão não se torna mais difícil?É uma missão sempre complicada, mas a Amnistia Internacional também tem esperança, porque há casos concretos onde percebemos que as coisas vão mudando. Por exemplo, um cidadão do Japão que esteve mais de cinco décadas no corredor da morte, acabou por ser absolvido finalmente, em Setembro de 2024, de um crime que nunca cometeu.E houve também o caso do cidadão do Alabama…Sim, um homem negro que foi condenado à morte no Alabama e que, apesar de graves falhas no processo, acabou por obter clemência na sequência de apelos da família, de juristas, activistas locais e da comunidade internacional. Mais uma vez, o empenho de milhões de pessoas que se envolveram no caso pela Amnistia Internacional.E que mostra também a importância de as pessoas se envolverrem nestas causas...Sim, podem parecer pequenos gestos, mas são gestos significativos e que têm depois resultado, nem que seja na vida concreta de uma pessoa,mas que altera a vida dessa pessoa. Portanto, não desistimos de insistir com campanhas individuais de libertação de pessoas que foram condenadas à morte.

A Mosca
Guerra comercial

A Mosca

Play Episode Listen Later Apr 4, 2025 0:30


Os Estados Unidos aplicaram tarifas aos produtos vindos dos outros países.

20 Minutos com Breno Altman
Como os Estados Unidos bancam a religião na política? - Rodrigo de Sá Netto – Programa 20 Minutos

20 Minutos com Breno Altman

Play Episode Listen Later Apr 4, 2025 64:39


Neste episódio do Programa 20 Minutos, recebemos Rodrigo de Sá Netto para discutir um tema polêmico e fundamental: a influência financeira e ideológica dos Estados Unidos na relação entre religião e política, especialmente em contextos como o brasileiro.

Juliana Rosa (Economia)
02/04/2025 - Trump oficializa o "tarifaço" contra países que exportam para os Estados Unidos

Juliana Rosa (Economia)

Play Episode Listen Later Apr 2, 2025 6:24


QG - Quarentena Global
11T.EP.02 - A Hipocrisia do Sonho "Americano"

QG - Quarentena Global

Play Episode Listen Later Mar 27, 2025 21:20


Os Estados Unidos da América, nas últimas décadas, vem restringindo suas políticas de migração, dificultando a entrada e/ou permanência de estrangeiros no país - processo muito impactado pelas políticas antiterroristas desde os ataques de 11 de setembro de 2001. Nessa lógica securitária que busca associar o imigrante enquanto uma ameaça nacional, o atual Presidente, Donald Trump, tem chamado atenção pela suas políticas questionáveis de deportação, modificando, inclusive, o status legal de certos indivíduos para retirá-los à força do território norte-americano. No episódio de hoje do QG discutimos as atuais políticas de deportação e a tensão que essas práticas estão provocando em diversos grupos sociais residentes nos Estados Unidos. Além disso, questionamos o famigerado 'Sonho Americano'.Roteiristas: Julia Sório e Mhaisa SantosApresentadoras: Felipe Alcântara e Luiz IoriEdição: Luiz IoriSupervisão: Prof. Dr. Thiago Babo

Convidado
Cessar-fogo no Mar Negro: "Um passo diplomático sem garantias de segurança"

Convidado

Play Episode Listen Later Mar 26, 2025 8:45


Os Estados Unidos anunciaram esta terça-feira, 25 de Março, um acordo entre a Rússia e a Ucrânia para um cessar-fogo marítimo no Mar Negro, após negociações na Arábia Saudita. O Kremlin condiciona o cessar-fogo ao fim das sanções ocidentais sobre cereais e fertilizantes russos. Apesar de a Casa Branca celebrar o acordo, não há garantias de uma trégua efectiva, uma vez que a Rússia continua os ataques terrestres. Sandra Dias Fernandes, especialista da Rússia ligada à Universidade do Minho, afirma que embora este acordo represente "um passo diplomático", não prevê "garantias de segurança". RFI: Quais são as motivações da Rússia ao condicionar o acordo de cessar-gogo ao fim das sanções. Trata-se de uma estratégia para ganhar tempo ou de uma tentativa de enfraquecer a posição ocidental?Sandra Dias Fernandes: De facto, devemos olhar para este aparente resultado negocial no contexto da pressão exercida pela diplomacia da administração norte-americana, liderada por Donald Trump, sobre um cessar-fogo ou, pelo menos, sobre a redução das hostilidades. Temos visto tanto a Rússia como a Ucrânia a tentar não desagradar à diplomacia de Trump e, ao mesmo tempo, não há qualquer alteração na grande desconfiança mútua que existe entre russos e ucranianos.Este é um passo, mas, como sublinhou, não é um passo concreto do ponto de vista da sua implementação. Acontece precisamente neste contexto: dar a Trump a possibilidade de dizer que está a liderar um processo negocial que está a avançar. Mas, ao mesmo tempo, este aparente acordo — ou, pelo menos, a intenção de realizar um acordo — não tem quaisquer garantias de segurança. Ou seja, não há qualquer sanção ou consequência prevista caso uma das partes viole o acordo após a sua entrada em vigor.As condições que a Rússia coloca são, na verdade, as mesmas que levaram ao fim do chamado "Acordo dos Cereais", que vigorou entre o verão de 2022 e o verão de 2023. Esse tipo de acordo já existiu e, aliás, foi um processo bem conduzido diplomaticamente, pois conseguiu pegar num tema em que era possível apresentar resultados, uma vez que já tinha sido praticado no passado: a liberdade de navegação no Mar Negro para que o comércio de cereais pudesse decorrer com mais normalidade.Apesar de a Rússia se ter retirado do acordo dos cereais, no qual a Turquia e as Nações Unidas actuaram como mediadores na altura, os navios ucranianos têm conseguido circular. Ou seja, tem havido capacidade militar para proteger os navios e permitir a sua circulação. Contudo, apesar do sinal político que este novo acordo representa, não há qualquer perspectiva de concretização efectiva, até porque as exigências russas são muito elevadas. A Rússia quer o levantamento de sanções e alega restrições que já tinha alegado em 2023, mas que não estão provadas como existentes de facto. Este é um sinal muito duvidoso.Como é que a União Europeia e outros países ocidentais devem responder a esta negociação? Ceder às exigências russas pode abrir um precedente perigoso?Eu não diria que se trata de um precedente perigoso, mas sim de analisar as condições que estão em cima da mesa e que possam pressionar a Rússia a cessar as hostilidades e a entrar em compromissos para um cessar-fogo.Se retirarmos elementos que são essenciais para pressionar a liderança russa — nomeadamente sanções que limitam a sua capacidade de obter recursos financeiros e materiais para conduzir esta guerra — então, obviamente, estaremos a dar vantagens ao lado russo. O levantamento das sanções representaria uma alteração significativa nas relações de força, algo que a administração Trump já veio modificar, de forma considerável, em desfavor dos ucranianos.Qual é o papel que os Estados Unidos estão a desempenhar neste processo? A administração de Donald Trump está a agir mais a favor da Rússia do que da Ucrânia, como sugerem alguns analistas ?Não se trata apenas de uma sugestão de analistas, mas sim de analisar os factos. A administração americana normalizou as relações com a Rússia e iniciou um processo de finalização da guerra na Ucrânia que não impõe qualquer condição ao lado russo.Mais do que isso, se ouvirmos as palavras do enviado especial de Trump, Sr. Whitcoff, que é um amigo pessoal do Presidente Trump e não um diplomata de carreira, percebemos claramente esta tendência. Numa entrevista que deu há poucos dias à Fox News, ficou evidente que a actual administração americana apropriou-se do discurso da propaganda russa sobre o conflito ucraniano. Ou seja, tem adoptado a perspectiva russa que levou à invasão da Ucrânia e que legitimiza as acções de Moscovo no território ucraniano.Neste momento, a administração americana tem um claro pendor pró-russo, não assumindo uma posição de neutralidade nem defendendo os princípios internacionais de soberania, não agressão territorial ou de não alteração de fronteiras pelo uso da força.Que impacto pode ter a cimeira europeia em Paris nas negociações de paz para a Ucrânia que vai decorrer amanhã na capital francesa. A Europa conseguirá afirmar uma posição autónoma ou continuará a seguir a linha estratégica dos Estados Unidos?A Europa já se posicionou claramente, nomeadamente através de um novo programa político e económico: o programa "Rearmar Europa", anunciado há cerca de duas semanas.O papel da Europa tem sido fundamental para evitar que a Ucrânia entre em isolamento diplomático. Havia esse risco, mas Zelensky tem sido hábil em manter o diálogo com os americanos, mesmo após o incidente na Casa Branca, no encontro presidencial de 28 de Fevereiro.Os europeus estão a preparar-se para desempenhar um papel activo na implementação do cessar-fogo, garantindo a segurança da Ucrânia. O que ainda não está claro é o peso efectivo que conseguirão ter na definição dos termos do cessar-fogo. No entanto, o facto de a Europa estar a organizar-se para desempenhar um papel central nesse processo já é um sinal evidente da sua vontade de acção.Se esse acordo não for implementado devido às condições impostas por Moscovo? Quais podem ser as possíveis consequências para as futuras negociações de paz?A sua questão é difícil de responder porque os acontecimentos internacionais têm evoluído a um ritmo acelerado e há transformações profundas nos alinhamentos geopolíticos.A única resposta possível neste momento é que tudo dependerá do tipo de apoio que a Ucrânia continuar a receber para resistir à invasão russa e também do apoio que a própria Rússia continuar a obter para manter o seu esforço de guerra.Infelizmente, o cerne da questão parece centrar-se na Europa e no risco de um escalamento da guerra no continente.

Resumão Diário
JN: Brasil tem a maior inflação para fevereiro em 22 anos; Receita Federal divulga regras para declaração do Imposto de Renda 2025

Resumão Diário

Play Episode Listen Later Mar 13, 2025 5:30


O Brasil teve a maior inflação para fevereiro em 22 anos. Os Estados Unidos começaram a cobrar 25% de tarifa sobre aço e alumínio. Canadá e União Europeia reagiram com novas taxações. O Brasil afirmou que barreiras unilaterais são injustificáveis e equivocadas. Donald Trump ameaçou com mais sanções se a Rússia não aceitar a proposta de cessar-fogo com a Ucrânia. A Receita Federal divulgou as regras para declaração do Imposto de Renda. Por falta de apoio, Ronaldo Fenômeno desistiu de concorrer à presidência da CBF. Exames de raio-x confirmaram a melhora do estado de saúde do Papa.

Economia
Guerra tarifária de Trump fortalece influência da China no Sul global

Economia

Play Episode Listen Later Mar 12, 2025 6:01


A entrada em vigor das novas taxas alfandegárias entre Estados Unidos e China impacta a economia dos dois países – e uma das estratégias de Pequim para reagir à ofensiva de Donald Trump é reforçar a cooperação e influência chinesas junto aos países em desenvolvimento. Dependente das exportações, a China fortalece os caminhos abertos pelo projeto Novas Rotas da Seda na América do Sul, na África e na própria Ásia. No começo do mês, o presidente americano subiu para 20% as tarifas de importação para todos os produtos chineses. O governo do presidente Xi Jinping respondeu, a partir desta semana, com taxas de 15% direcionadas a setores agrícolas americanos, em especial soja, milho e frango.Os Estados Unidos estão entre os principais clientes da China: compram cerca de 15% das suas exportações. “A China não quis ir além nessa guerra comercial e ressaltou que ela é uma fonte de estabilidade, em um mundo multilateral. Ela se coloca como o país sensato da história”, observa Mary-Françoise Renard especialista em economia do desenvolvimento, com foco na China, e professora emérita da Universidade Clermont Auvergne. “Ela visou setores e empresas que constituem berços eleitorais trumpistas, mas dos quais, Pequim não é muito dependente. Desde a primeira eleição de Trump e ainda mais depois da segunda, ela diversificou muito os seus parceiros comerciais – ela compra bem mais soja do Brasil, por exemplo.”O ambicioso Novas Rotas da Seda, projeto de investimentos em infraestruturas nos países do Sul global, se insere neste contexto – sobretudo depois do primeiro mandato de Trump. Enquanto o presidente americano faz ameaças aos seus parceiros comerciais, Pequim prometeu financiar mais de US$ 50 bilhões em três anos nos países africanos.Em novembro de 2024, poucos dias depois da eleição de Trump para um novo governo, Xi Jinping promoveu um giro pela América Latina e fechou mais de 60 acordos de cooperação. Também inaugurou o que será o maior porto da região, o complexo portuário de Chancay, no Peru, com financiamento chinês.Dinâmica ganha-ganhaNos últimos anos, a maioria dos países latino-americanos e africanos alçou Pequim ao posto de maior parceiro comercial, lembra Benjamin Bürbaumer, professor assistente de Economia Internacional na Sciences Po de Bordeaux, e autor de Chine/ Etats Unis: le capitalisme contre la mondialisation ("China e Estados Unidos, o capitalismo contra a globalização", em tradução livre).“O programa compensa um pouco os desequilíbrios macroeconômicos internos da China, mas ao financiar infraestruturas no resto do mundo, na África, na América Latina ou na Ásia, responde a uma necessidade real desses países. Segundo a ONU, a cada ano faltam entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão de investimentos em infraestruturas, e esse valor foi crescendo justamente depois do Consenso de Washington, nos anos 1980, quando os Estados Unidos passaram a exigir que os países pobres reembolsassem as suas dívidas e adotassem políticas de austeridade”, relembra o especialista. “É esse problema que a China vem, em parte, compensar – e não o faz por caridade, afinal isso a ajuda a reequilibrar a sua própria economia”, salienta.As taxas americanas chegam num momento de desaceleração econômica chinesa, com uma crise imobiliária persistente, consumo interno baixo e nível elevado de poupança, efeitos crônicos das políticas voltadas à exportação das últimas quatro décadas. O governo de Pequim acaba de anunciar um novo plano para estimular o crescimento e a geração de empregos, mas falhou em não oferecer medidas de apoio ao consumo das famílias, avalia Mary-Françoise Renard.“Não foram medidas estruturais. É claro que elas podem apoiar, indiretamente, a demanda, mas para dar uma ideia, o peso da demanda no PIB chinês é de menos de 40% e nos Estados Unidos é de quase 69%”, disse a autora de La Chine dans l'économie mondiale – entre dépendance et domination ("A China na Economia Mundial: entre dependência e dominação”, em tradução livre). “Mesmo que a China conseguisse subir 10 pontos nesse índice, ela ainda seria o país que menos consome”.A equação entre consumo interno baixo e nível alto de investimentos deixa o país intrinsecamente dependente do comércio exterior, frisa a economista. É por isso que, apesar da diversificação de parceiros, Pequim deve continuar buscando trazer Washington para a mesa de negociações.

Fernando Ulrich
A militarização da Europa; A estratégia de Trump para conter Putin; Méliuz comprando Bitcoin

Fernando Ulrich

Play Episode Listen Later Mar 10, 2025 47:38


Os Estados Unidos estão priorizando a reindustrialização e assumindo custos estratégicos para manter sua segurança nacional. Enquanto isso, no Brasil, o mercado já começa a precificar a possibilidade de Lula não se reeleger, impulsionando a bolsa de valores. Neste vídeo, discutimos o impacto da política econômica americana no cenário global, a recessão nos EUA e seus efeitos no Brasil, além da nova postura da Europa diante das mudanças na aliança com Washington. Analisamos também a relação entre tarifas de importação e inflação, o futuro da Ucrânia sem o apoio direto dos EUA, o real impacto do neoliberalismo na desigualdade social e como a geopolítica está influenciando os mercados. Por fim, exploramos a adoção do Bitcoin como reserva de valor por empresas como Méliuz e as mudanças na percepção sobre Elon Musk após sua atuação no Departamento de Justiça dos EUA.00:00 - Hoje no Ulrich Responde...01:16 - Impacto da recessão nos EUA no Brasil?02:47 - Falhas do PIB e indicador substituto?05:54 - Tarifas elevam inflação? Plano do Trump?14:38 - Percentual ideal de ouro na carteira?17:08 - O que significa o salto no juros de 10 anos da Alemanha?23:23 - Neoliberalismo vs. abordagem keynesiana?27:14 - Onde manter caixa sem perder valor frente ao dólar?28:59 - Como foi sua experiência acadêmica na Espanha?30:47 - UE: Rearmamento e reservas de ouro?31:48 - A política dos EUA ameaça o dólar como reserva?35:48 - Festa da Cuca aceitando Bitcoin35:59 - Bitcoin é irreplicável?37:28 - Quantos inimigos Trump fará no ano?37:51 - Sem EUA, Ucrânia ficará sob controle de Putin?39:55 - Méliuz: 10% do caixa em Bitcoin?40:54 - Mercado financeiro tem ligação com produção real?41:42 - Decreto cripto foi jogada populista?42:06 - Banda e filme favoritos?43:08 - Vocação para economia/investimentos?44:12 - Qual raquete usada?44:21 - Experiência em país comunista?44:50 - Dicas para mudança de carreira?45:52 - Quando viu que tinha aptidão por finanças?46:12 - Setor promissor para matemáticos?

Eduardo Oinegue
06/03/2025 - Oinegue: Diante da rivalidade chinesa, os Estados Unidos sentem saudade da extinta União Soviética

Eduardo Oinegue

Play Episode Listen Later Mar 6, 2025 14:09


JORNAL DA RECORD
05/03/2025 | 3ª Edição: Governo da China diz estar pronto para qualquer tipo de guerra contra os Estados Unidos

JORNAL DA RECORD

Play Episode Listen Later Mar 5, 2025 3:53


Confira nesta edição do JR 24 Horas: O governo da China disse estar pronto para qualquer tipo de guerra contra os Estados Unidos. A fala do porta-voz do ministério das relações exteriores chinês veio em resposta ao aumento das tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump sobre as importações chinesas. E ainda: Lula deve receber equipe do filme ‘Ainda Estou Aqui' no Palácio do Planalto, em Brasília (DF).

Convidado
Defesa europeia : "Estamos a falar de uma espécie de apocalipse político na defesa"

Convidado

Play Episode Listen Later Mar 5, 2025 10:11


A Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, anunciou nesta terça-feira um plano orçado em 800 mil milhões de Euros para reforçar a capacidade de defesa da União Europeia, numa altura em que os Estados Unidos estão a operar profundas mudanças na sua política externa e de defesa. Para além de suspender ontem a ajuda militar dos Estados Unidos à Ucrânia, o Presidente americano também deu a entender que a União Europeia vai ter de elevar a sua contribuição para o funcionamento da NATO, instituição que tem garantido a segurança do bloco desde a segunda guerra mundial.É neste contexto que os 27 se preparam para debater amanhã em cimeira sobre o futuro da Ucrânia e também da sua própria segurança.No plano que apresentou ontem, a Presidente da Comissão Europeia deu algumas pistas para o seu financiamento : uma parte dos fundos de coesão ou o levantamento da obrigação de respeitar o patamar dos 3% de défice orçamental vigente entre os 27.Do ponto de vista de Ivo Sobral, coordenador de Mestrado de Relações Internacionais na Universidade de Abu Dhabi, subsistem muitas incógnitas sobre as modalidades deste plano e também a possibilidade de ele recolher o acordo de todos os membros da União Europeia. Neste sentido, o estudioso também especialista de questões de defesa, considera que a Europa tem um longo caminho pela frente, depois de décadas de desinvestimento no sector da segurança.RFI : O que se pode dizer para já sobre o plano apresentado pela Presidente da Comissão Europeia ?Ivo Sobral: É um longo caminho que a Europa tem que fazer e é um caminho a subir. Porque falamos de décadas de desinvestimento de uma Europa economicamente a sair da Guerra Fria que decidiu -muito bem- focalizar a sua lógica de crescimento económico num crescimento pacífico, civil, tecnológico, industrial, enquanto os Estados Unidos se focalizaram num desenvolvimento ‘high tech' militar, assim como a Rússia. Obviamente, o plano, se calhar o mais interessante, seriam os 150 biliões que a Europa quer já gastar rapidamente em projectos comuns de rearmamento da Europa. Coisas como a aquisição comum de drones estratégicos de longo alcance, a aquisição comum de equipamentos antiaéreos. Uma coisa que Portugal, por exemplo, não tem, que são extremamente caros, especialmente neste momento, assim como outras questões mais estratégicas. É um plano interessante, mas que peca por ser muito tardia e peca por ainda precisar de uma série de consensos por dentro da Comunidade Europeia em si.RFI : Pensa, nomeadamente na Hungria?Ivo Sobral: Na Hungria e na Eslováquia. Pelo menos estes dois países, assim como outros países, com divergências nos detalhes. Há aqui a questão de aceitar tudo isto por governos como o da Hungria, da Eslováquia, assim como o que implica este rearmamento europeu. Ou seja, poderá implicar um ‘stand off', uma separação gradual da defesa europeia dos Estados Unidos. Existem países muito importantes da Europa, como a Polónia, que já declararam que isto não seria aceite. E falamos de uma Polónia que não é o governo de extrema-direita anterior que está no poder, mas um governo extremamente aberto a tudo o que está a acontecer neste momento, em particular da Comissão Europeia. Mas mesmo assim, há estas barreiras institucionais, assim como em outros países, inclusive Portugal, que até este momento manteve-se bastante distante de todo este discurso de rearmamento e este discurso de resposta aos Estados Unidos. Portugal tem estado bastante ausente de tudo isto que está a acontecer neste momento, como é normal no que se trata de políticas de defesa.RFI : Mas com essas estocadas todas enviadas por Donald Trump, a NATO ainda existe?Ivo Sobral: Grande pergunta. Sim, a NATO poderá ainda existir. Depende da próxima reunião da NATO que irá acontecer. Tudo é possível neste momento. Se a NATO tivesse um livro de instruções, neste momento, nós estaríamos a pegar nesse livro e a atirarmos o livro pela janela, porque vamos ter que escrever um novo. Tudo o que era válido anteriormente, toda esta estabilidade e segurança que foi providenciada pela NATO para a Europa, pelo menos desde os anos 50, está neste momento em cheque. E se observarmos tudo o que aconteceu até agora, desde as várias reuniões infelizes na Casa Branca, até tudo o que nós vimos que está a acontecer no Médio Oriente, assim como esta nova possível aliança entre os Estados Unidos e a Rússia, portanto, estamos a falar de uma espécie de apocalipse político na defesa e em todo este sistema que existia na Europa. Portanto, é uma reviravolta enorme que não sei se estaremos preparados para afrontar. As capitais europeias, neste momento, estão bastante cinzentas com este pensamento. E quando falo de capitais europeias, falo igualmente de países que não são da União Europeia, como a Inglaterra, inclusive a própria Turquia. Portanto, há aqui muitas incógnitas e uma enorme instabilidade possível. Há cerca de dois anos atrás, alguns políticos europeus referiam a possibilidade de criar uma frota de porta-aviões europeus. O próprio Presidente Macron -temos que dar a mão à palmatória- referiu várias vezes nos últimos dois anos que estava na altura de a Europa adquirir gradualmente a sua independência estratégica da defesa, assim como noutros campos relativamente aos Estados Unidos. E ninguém ouviu o que o presidente Macron disse, nem o que estes políticos europeus disseram sobre a defesa. E agora estamos confrontados com o Presidente americano mais hostil da história em relação à Europa e a Europa está numa fase de reacção, não numa fase de planificação. Ou seja, está a conter os estragos de uma possível falha neste acordo da NATO. Portanto, não há aqui nenhum plano de futuro que irá ser discutido. Mas infelizmente, a natureza própria da Comunidade Europeia, ou seja, de mútua consulta de vários países, todos os mecanismos de decisão da Europa necessitam de vários consensos. Digamos que a Europa está na pior situação possível porque demora em reagir, demora a pensar o seu futuro e, pior ainda, demora a concretizar estas fases para um futuro mais independente dos Estados Unidos. É que a Europa poderá ser possivelmente uma grande potência para o mundo. Penso que uma das questões mais importantes desta semana é que todos nós verificamos que a Casa Branca e o Oval Office são extremamente pequenos para comportar todos os interesses da Europa e de muitos outros países. Estamos numa fase em que temos de construir um outro futuro rapidamente e não temos outra possibilidade a não ser de fazer isso.RFI : Na linha da frente está a Ucrânia. O que é que se pode dizer sobre tudo o que tem acontecido desde sexta-feira, aquele frente-a-frente movimentado entre Zelensky, por um lado, e Donald Trump e J.D. Vance, do outro lado, com a reviravolta de ontem, com Zelensky a dizer que quer negociar agora com Donald Trump ?Ivo Sobral: Infelizmente, é uma situação bastante grave que ajuda somente a Rússia, assim como outros países autocráticos em todo o mundo. Isso demonstra que os Estados Unidos são fortes com os fracos e fracos com os fortes. E neste caso, a Ucrânia está a ser completamente espremida dos dois lados. À sua frente tem o exército russo e na retaguarda, tem a nova presidência americana que vai contra tudo o que foi anteriormente feito pelos Estados Unidos. Eu diria inclusive que há uma traição aos valores constitutivos dos Estados Unidos em termos de política externa relativamente à Europa, em particular depois da Segunda Guerra Mundial. E a Ucrânia, não tem outra possibilidade que não é aceitar o que Trump irá fazer e propor. Ou seja, a exploração dos minérios raros da Ucrânia. Os Estados Unidos aqui estão a aproveitar a situação para extorquir financeiramente mais dinheiro da Ucrânia no futuro, assim como esta possível paz. O acordo será proposto unilateralmente pelos Estados Unidos à Europa e a Europa não terá outra hipótese do que aceitar sem ser consultado, assim como a Ucrânia não será consultada relativamente a este acordo. Portanto, como eu disse, neste momento, todos os livros de diplomacia e relações internacionais têm que ser quase deitados fora para se escreverem novos. Se é possível.

Convidado
COP16: Preservação da biodiversidade é crucial para o futuro de África

Convidado

Play Episode Listen Later Feb 26, 2025 6:18


A 16.ª Conferência da Convenção das Nações Unidas sobre Biodiversidade, suspensa em 2024 na Colômbia por falta de quórum, retomou esta terça-feira, 25 de Fevereiro em Roma, com foco no financiamento da proteção da natureza. A comissária da Agricultura e do Ambiente da União Africana, Josefa Sacko, descreve os desafios do continente africano na conferência sobre biodiversidade, destacando a importância da preservação da biodiversidade para a segurança alimentar. RFI: Quais são os desafios desta reunião em Roma para o continente africano? Josefa Sacko: Neste momento, conseguimos elaborar a nossa estratégia sobre a biodiversidade. Essa estratégia foi adoptada no ano passado e está sendo popularizada. O segundo ponto é a mobilização de recursos financeiros para podermos implementar a estratégia.Em que consiste essa estratégia?A importância dessa estratégia é a conservação da nossa biodiversidade, tanto a vida na Terra como nos oceanos. Temos os recursos naturais que precisamos preservar, e esses recursos naturais também nos servem para a nossa subsistência. A preservação da biodiversidade é muito importante para nós no continente africano.Porque a biodiversidade é importante para a segurança alimentar e para a transformação dos sistemas agroalimentares?Sim, é muito importante porque vivemos dos nossos recursos naturais e, se fizermos a conservação e a preservação desses recursos naturais, não teremos problemas de segurança alimentar, pois isso contribui para a segurança alimentar no continente.Quais podem ser as implicações se não se chegar a um consenso sobre a criação de um novo fundo para a biodiversidade?Não estamos apenas a falar de financiamento, mas a nível do nosso continente, estamos empenhados para que haja mobilização doméstica para a conservação da biodiversidade. Não dependemos muito do exterior, mas assumimos as nossas responsabilidades e continuamos a preservar a nossa biodiversidade, pois também é uma garantia para o futuro da África e das futuras gerações, bem como a nível mundial.Será que os países africanos, mas não só, os países em desenvolvimento, por exemplo, na América Latina, vão conseguir pressionar de forma eficaz para que sejam criados novos mecanismos financeiros?Eu acredito que sim. Essa é a importância desses encontros e desse tipo de diálogo entre as partes. Portanto, deve haver sensibilidade. Temos que olhar para a sustentabilidade do ser humano e do planeta. São questões que não podemos ignorar. São extremamente importantes e prioritárias para nós, principalmente no continente africano, uma vez que estamos a perder a nossa biodiversidade devido à urbanização, à industrialização e também à agricultura, com práticas agrárias que não são sustentáveis.Esta questão da degradação ambiental preocupa-a?Preocupa-nos muito. A degradação ambiental preocupa-nos muito, porque o nosso continente, felizmente ou infelizmente, não é um dos grandes poluidores. No entanto, estamos a sofrer bastante com o problema das alterações climáticas e a perda da nossa biodiversidade. Os impactos são realmente muito grandes, e acreditamos que as soluções não podem ser tomadas de forma isolada. Todos temos que colaborar. Precisamos de uma plataforma de colaboração para encontrar formas de preservar a nossa biodiversidade.Diz que o continente africano não é poluidor, mas sofre com asconsequências das alterações climáticas. Isso vê-se, por exemplo, nos países afro-lusófonos, como Moçambique, que tem sido devastado por ciclones.Sim, para nós isso é muito importante. Como se vê em Moçambique. A nível do nosso departamento, temos Moçambique como um campeão da redução das catástrofes naturais. O novo Presidente, com quem tive um encontro sobre essa situação na semana passada, está a trabalhar para mobilizar mais recursos, a fim de mitigar os efeitos das alterações climáticas, como as inundações, as secas e os ciclones.O sul de Angola sofr também com a seca...Sim, a seca no sul de Angola. Moçambique também enfrenta secas. No Corno de África também há seca. Portanto, muitos países no sul de Angola e na SADC estão afectados pela seca, como a Namíbia e Botsuana.As discussões em Roma marcam o primeiro encontro internacional deste ano dedicado ao meio ambiente e acontece  num contexto internacional complicado. Os Estados Unidos não são membros da Convenção sobre Diversidade Biológica, e o Presidente Trump não se pode retirar do Acordo de Kunming-Montreal da mesma forma que saiu do Acordo Climático de Paris. No entanto, os Estados Unidos participam das discussões da convenção como observador e financia vários programas de biodiversidade. Este contexto internacional pode também afectar as questões ambientais?Sim, isso vai afectar, certamente. Temos os nossos planos de adaptação e mitigação para resolver esses problemas. No entanto, com a decisão dos Estados Unidos de se retirar da agenda ambiental, isso terá, sem dúvida, um grande impacto na implementação dos nossos programas.

A História do Dia
Trump vai entregar a vitória na Ucrânia a Putin?

A História do Dia

Play Episode Listen Later Feb 19, 2025 32:54


Os Estados Unidos estão a pôr a Ucrânia e a Europa de fora de uma solução para acabar com a guerra. Que consequências poderá isso ter? O major-general Arnaut Moreira é o convidado.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Economia Falada
Shot Econômico #121 – EUA podem deixar de ser o paraíso das compras 

Economia Falada

Play Episode Listen Later Feb 17, 2025 2:35


Os Estados Unidos sempre foram referência em preços baixos para eletrônicos. Mas pode estar prestes a mudar. Caso as muitas novas tarifas ameaçadas por Donald Trump tornem-se realidade, os custos de importação vão disparar.   Além disso, com a campanha para deportar imigrantes ilegais e reduzir até a entrada de imigrantes muito qualificados, através da redução de vistos H1B – o visto que eu tinha quando trabalhei nos EUA – o custo de se produzir nos EUA também vai subir. Celulares, computadores e até roupas podem ficar muito mais caros. Se você está pensando em viajar para comprar, é melhor correr. Em breve, os EUA podem deixar de ser o destino mais barato para compras no mundo.  #ricardoamorim #economia #guerraeconômica #comércio #inflação #mercado #importação #tarifas #video #próprio #2m #economiainternacional #vd   Gostou do episódio? Avalie e mande o seu comentário aqui na plataforma.    MINHAS REDES SOCIAIS:   - Instagram: http://bit.ly/ricamnoinsta   - Telegram: https://t.me/ricardoamorimoficial   - Twitter: http://bit.ly/ricamnotwitter   - Youtube: http://bit.ly/youtubericam   - Facebook: http://bit.ly/ricamnoface   - Linkedin: http://bit.ly/ricamnolinkedin   E-MAIL   Mande suas sugestões para marketing@ricamconsultoria.com.br    COTAR PALESTRA:   https://bit.ly/consulte-ricam   CRÉDITOS:   ricamconsultoria.com.br

Meio Ambiente
Inteligência artificial “frugal” busca limitar a disparada exponencial das emissões da tecnologia

Meio Ambiente

Play Episode Listen Later Feb 13, 2025 7:25


Em meio a uma concorrência mundial acirrada pelo desenvolvimento da inteligência artificial (IA), um grupo de países busca impulsionar o chamado uso “frugal” da tecnologia. A diminuição do impacto ambiental da IA foi um dos focos da Cúpula para a Ação sobre a Inteligência Artificial, sediado em Paris esta semana. A declaração final do evento foi clara: prega “uma inteligência artificial sustentável e inclusiva para a população e o planeta”. Os Estados Unidos, em pleno revés ambiental após o retorno de Donald Trump, não assinaram o comunicado, ao contrário de outros 61 países, entre eles o Brasil.Estima-se que a poluição digital pelo uso crescente da internet responda por 4% das emissões mundiais de gases de efeito estufa a cada ano. Mas a IA, em especial a generativa, alça este impacto a um patamar jamais visto, salienta Aurélie Bugeau, pesquisadora em Informática da Universidade de Bordeaux e uma das autoras do texto de referência da Agência Francesa de Normas sobre a inteligência artificial frugal. A França foi pioneira mundial em determinar, no ano passado, parâmetros para limitar o impacto ambiental da IA.“Já temos um crescimento exponencial só nessa fase de treinamentos dos modelos de IA generativa: do número de placas gráficas utilizadas, do consumo de energia. Portanto as emissões de gases de efeito estufa estão também em crescimento exponencial, assim como o esgotamento dos recursos abióticos, ou seja, não vivos, segue nessa mesma trajetória”, explica a especialista.Riscos x benefícios O tema pode ser visto sob dois prismas: se, por um lado, os data centers e os bilhões de cálculos realizados pela IA exigem um uso exponencial tanto de energia e água, quanto de matérias-primas, como metais raros, por outro o avanço da tecnologia oferece um manancial de oportunidades para melhorar a pegada de carbono nos mais variados setores.A IA pode ter aplicações concretas para ajudar a enfrentar os problemas ambientais, como impulsionar energias descarbonizadas, melhorar eficiência energética dos transportes e da agricultura, e assim, cortar emissões.Os seus avanços também poderão ser úteis para ser usada para prevenir enchentes, evitar o desperdício de recursos naturais, detectar escapamentos de metano na indústria fóssil, além de identificar irregularidades em diferentes atividades, como o desmatamento ou a pesca ilegais. Diversas iniciativas são descritas no coletivo Climate Change AI, alimentado por especialistas e pesquisadores.Entretanto, por enquanto, o lado mais visível da moeda é a disparada das emissões das grandes empresas de tecnologia: a Microsoft aumentou 30% entre 2020 e 2023, e a Google chegou a 48%, devido ao desenvolvimento de suas inteligências artificiais. Elas exigem uma alta significativa do consumo de energia para alimentar as máquinas, processadores e chips superpotentes, e de água para resfriar os data centers que abrigam as suas informações.Leia tambémNa corrida mundial pela IA, UE aposta em proteção de dados para se diferenciar de excessos de concorrentesNa Irlanda, os data centers podem, já em 2026, ser responsáveis por nada menos do que 30% do uso total de eletricidade no país. Para países como a França, a saída para compensar este impacto brutal é apostar na descarbonização da energia – mas isso não resolve o gargalo do uso excessivo de água para o resfriamento das infraestruturas.“As empresas alertam que é um verdadeiro desafio para elas conseguirem atingir a neutralidade de carbono que era visada para 2030, afinal a IA traz novos desafios. Por isso que esse imenso consumo de energia pode levar à reabertura de usinas nucleares, como nos Estados Unidos, sob o impulso da Microsoft”, nota Bugeau.'Não precisa de ChatGPT para encontrar um restaurante'A IA frugal aparece como uma espécie de guia para que empresas, governos e instituições busquem desenvolver e utilizar essa tecnologia, porém com os menores danos possíveis ao planeta – de modo que os benefícios da inteligência artificial se sobreponham aos riscos.“Tem muitas e muitas aplicações possíveis, mas hoje não existe, que eu saiba ou meus colegas saibam, avaliações completas sobre os ‘riscos' versus ‘benefícios' da IA para o meio ambiente. Por enquanto, as promessas são apenas promessas e pouco foi provado”, salienta Bugeau. “Nos faltam dados porque falta transparência, da parte dos industriais. Os pesquisadores são obrigados a estimar os dados, pois não têm informações completas sobre toda a cadeia da IA, da fabricação das máquinas passando pelo uso e o fim de vida delas, e que não são divulgadas.”A IA frugal também significa especificar melhor as diferentes utilizações da tecnologia – e inclui aceitar não utilizá-la sistematicamente, apesar das facilidades que ela traz. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a IA generativa consome 10 vezes de vezes mais energia por ser polivalente – combina outras inteligências artificiais especializadas, capazes de executar diferentes tarefas como procurar, traduzir, combinar, resumir, escrever e criar novos dados. Não é necessário recorrer a uma plataforma com capacidades gigantescas como ChatGPT para uma busca simples, que demanda muito menos dados para uma resposta satisfatória – portanto, exige menos infraestruturas e energia do que a gigante mundial da inteligência artificial generativa. “Você não precisa usar o ChatGPT para encontrar um bom restaurante”, disse a ministra francesa da Transição Ecológica, Agnès Pannier-Runacher, à emissora BFMTV.

Economia Falada
Shot Econômico #117 – Os Estados Unidos podem deixar de ser o paraíso das compras. Prepare-se para preços mais altos. 

Economia Falada

Play Episode Listen Later Feb 10, 2025 1:27


Os Estados Unidos sempre foram referência em preços baixos para eletrônicos. Mas isso está prestes a mudar. Com as novas tarifas, os custos de importação vão disparar. Celulares, computadores e até roupas podem ficar muito mais caros. Se você está pensando em viajar para comprar, é melhor correr. Em breve, os EUA podem deixar de ser o destino mais barato para compras no mundo.  #ricardoamorim #economia #importação #compras #preços #eletrônicos #inflação #mercado #tarifas #video #próprio #1m #vd #economiainternacional #trump #usa   Gostou do episódio? Avalie e mande o seu comentário aqui na plataforma.    MINHAS REDES SOCIAIS:   - Instagram: http://bit.ly/ricamnoinsta   - Telegram: https://t.me/ricardoamorimoficial   - Twitter: http://bit.ly/ricamnotwitter   - Youtube: http://bit.ly/youtubericam   - Facebook: http://bit.ly/ricamnoface   - Linkedin: http://bit.ly/ricamnolinkedin   E-MAIL   Mande suas sugestões para marketing@ricamconsultoria.com.br    COTAR PALESTRA:   https://bit.ly/consulte-ricam   CRÉDITOS:   ricamconsultoria.com.br

Direto da Redação
Donald Trump afirma que os Estados Unidos assumirão Gaza

Direto da Redação

Play Episode Listen Later Feb 5, 2025 6:17


Vida em França
França: Desemprego regista maior aumento dos últimos 10 anos

Vida em França

Play Episode Listen Later Feb 5, 2025 7:05


A taxa de desemprego em França registou, no quarto trimestre de 2024, o maior aumento em dez anos, excluindo o período da pandemia de 2019. Os números publicados pelo Ministério Francês do Trabalho revelam que o desemprego subiu 4% e os jovens são a categoria mais afectada. O economista Pascal de Lima afirma que estes dados se devem às medidas de austeridade do executivo francês, sublinhando que a solução passa pelos incentivos à inovação e ao empreendedorismo. Como se explica este aumento da taxa de desemprego em França?Explica-se por vários factores. O Governo implementou medidas de austeridade para reduzir o défice público, o que resultou numa redução das despesas públicas e no aumento da carga fiscal. Assim, essa política desacelerou o crescimento económico e levou a despedimentos em vários sectores. Também temos a incerteza económica global e as tensões geopolíticas, que afectaram o investimento das empresas. Penso que a diminuição dos investimentos das empresas agravou ainda mais a situação do mercado de trabalho.Quais são os sectores mais afetcados?Em primeiro lugar surge o sector da construção, seguido pelo comércio e a indústria automóvel. Vimos muitas empresas de "renome" anunciarem planos de despedimentos em massa, devido à redução da procura e ao aumento dos custos de produção. Há uma retracção no sector da construção, por exemplo, devido à subida das taxas de juro. No comércio, o consumo interno tem sofrido um abrandamento importante, levando à perda do poder de compra das famílias.Qual é o segmento da população mais exposto a este aumento do desemprego?Os jovens são a categoria mais afectada pelo aumento do desemprego. Há um dado, no terceiro trimestre de 2024, que revela que a taxa de desemprego entre os jovens de 15 a 24 anos subiu 1,8%, atingindo os 7%. Este grupo enfrenta claramente dificuldades acrescidas no acesso ao mercado de trabalho, asociadas à falta de experiência e à redução das oportunidades de aprendizagem.A decisão do Governo de reduzir os incentivos às empresas que contratam jovens aprendizes pode contribuir para o aumento do desemprego?Sim, claro. A redução dos incentivos pode agravar o desemprego dos jovens. Muitas empresas recorrem a aprendizes devido às vantagens fiscais e ao apoio do Estado. Com a retirada parcial deste benefício, as empresas podem deixar de contratar jovens em formação, dificultando ainda mais a entrada destes no mercado de trabalho e prolongando também o período de precariedade e inactividade.O patronato francês, vários empresários alertaram para o impacto que o aumento da carga fiscal pode ter nas novas contratações. Quais serão os verdadeiros impactos?Claramente, o aumento da carga fiscal pode desencorajar a criação de novos empregos. As empresas com maiores encargos fiscais veem a sua margem de lucro reduzida, o que as leva a cortar custos, nomeadamente na contratação de novos trabalhadores. É uma lógica económica simples, mas real. Além disso, a pressão fiscal pode também levar algumas empresas a transferir parte das suas operações para países com uma tributação mais favorável.A França é o quinto país mais apelativo no que se refere ao investimento. O aumento da carga fiscal pode levar os empresários a não investirem no país? Á deslocalização de empresas?Sim, pode. A França pode perder atractividade para os investidores, devido ao aumento da carga fiscal. As empresas multinacionais também procuram países onde os custos operacionais e a carga tributária sejam mais baixos. Portanto, se os impostos das empresas aumentam, a França pode perder investimento estrangeiro e assistir à deslocalização das empresas para outro país da União Europeia ou até para outros países da Ásia, por exemplo. Até mesmo para os Estados Unidos.Ao nível da União Europeia, não acha que a regulação deveria ser mais apertada? Porque, de certa forma, parece que os Estados estão sempre reféns das empresas...Claro. No entanto, existem pressões em relação às contas públicas e também precisamos ter as empresas no país para garantir um maior nível de receita fiscal. Portanto, deve haver regulação, sim, mas também um certo proteccionismo para guardar as riquezas e controlar o défice público.Até porque os Estados Unidos já disseram que estão receptivos a receber todas as empresas que queiram investir no país.Exactamente. Os Estados Unidos têm uma política muito eficaz, como por exemplo o Reduction Act, um programa para atrair investimento estrangeiro e desenvolver a economia. Acredito que essa política vai continuar nos Estados Unidos, podendo vir a ser uma referência para a União Europeia em termos de regulação.A França atravessa um período financeiro complicado, onde o equilíbrio das contas públicas é urgente. O reforço da carga fiscal é uma das soluções?O aumento da carga fiscal pode ser uma solução, mas de curto prazo, para equilibrar as contas públicas. No entanto, já percebemos bem as consequências negativas para a economia. As receitas fiscais podem aumentar a longo prazo com uma diminuição dos custos, que é totalmente o oposto. Se os impostos forem excessivos, isso pode desencorajar o investimento, reduzir o consumo das famílias, porque o investimento envolve empresas, salários e o poder de compra. Isso pode levar a uma desaceleração da economia. Portanto, a solução ideal seria um equilíbrio entre medidas de consolidação fiscal e políticas de estímulo ao crescimento. Mas esse equilíbrio, acho eu, é muito teórico.Mas como se consegue esse equilíbrio?Através dos incentivos à inovação e ao desenvolvimento do empreendedorismo. Aposta na criação de empresas, na educação, na formação para tentar acompanhar a transição económica e digital, face à concorrência internacional da China e dos Estados Unidos, líderes noas vários sectores tecnológicos. Portanto, é preciso libertar completamente as empresas para tentar criar riquezas e desenvolver o mercado de trabalho e as profissões do futuro.Refere-se à inteligência artificial?Sim, a inteligência artificial pode enriquecer os empregos da população e o sistema social, particularmente das classes médias, sem substituir o homem. A tecnologia deve substituir as funções intermediárias nas grandes empresas, o que cria desemprego tecnológico, e isso parece ser um ponto essencial.

Fernando Ulrich
China avança na corrida tecnológica e preocupa os Estados Unidos

Fernando Ulrich

Play Episode Listen Later Jan 28, 2025 14:23


Uma startup chinesa lançou seus novos modelos de inteligência artificial e sacudiu a indústria. Avanços importantes foram conquistados surpreendendo os especialistas com enormes ganhos de eficiência. Isso traz implicações para o desenvolvimentos das IAs, à geopolítica e às empresas de tecnologia.

Expresso - Expresso da Meia-Noite
Trump prepara-se para transformar os Estados Unidos numa oligarquia americana como nunca se viu?

Expresso - Expresso da Meia-Noite

Play Episode Listen Later Jan 18, 2025 48:16


Com a tomada de posse de Donald Trump já na próxima segunda-feira, pela segunda vez como presidente dos Estados Unidos, há uma ideia clara de que desta vez será diferente. Lidera, segundo o próprio, uma coligação bastante distinta da que o fez ganhar as eleições em 2016. Também parece estar muito mais preparado e apoiado nas figuras que vão entrar para administração americana e há seguramente uma ideia de que se vai abrir uma nova página no século XXI. Não sabemos se é um novo século XXI, sabemos que é uma fase muito diferente. Porque o que está causa não é apenas uma mudança na política americana, mas na política mundial. Na relação entre os Estados Unidos, a Europa e a China e com implicações para Portugal. Com moderação de Ângela Silva e Ricardo Costa, são convidados Martins da Cruz, embaixador e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros; Raquel Vaz Pinto, comentadora SIC de Assuntos Internacionais; Ana Cavalieri, comentadora SIC; e Francisco Louçã, professor de economia e ex-coordenador do Bloco de Esquerda. O programa foi emitido na SIC Notícias a 17 de janeiro.See omnystudio.com/listener for privacy information.

ONU News
Descendente de Tchaikovsky explica relação do compositor com os Estados Unidos

ONU News

Play Episode Listen Later Jan 6, 2025 2:26


O músico russo ficou muito famoso na América e teve um papel importante na inauguração da casa de show Carnegie Hall; sucesso no país se relacionou com apresentação de seu primeiro concerto e com festival em Nova Iorque. 

Meio Ambiente
As boas notícias de 2024 para o planeta – e como a esperança é motor de ação contra a crise climática

Meio Ambiente

Play Episode Listen Later Dec 26, 2024 14:03


As notícias relacionadas ao meio ambiente costumam não ser das mais animadoras – e em 2024, não foi diferente. Com os alertas sobre o aquecimento global, as mudanças do clima e a degradação da biodiversidade cada vez mais graves, parece difícil olhar para o futuro com otimismo – mas o ano que chega ao fim também foi marcado por uma série de fatos positivos. Lúcia Müzell, da RFI em ParisNo Brasil, em meio a catástrofes como as enchentes históricas no Rio Grande do Sul ou a seca recorde na Amazônia, a notícia da forte redução do desmatamento traz esperança. Os últimos dados oficiais, revelados em novembro pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontam para uma queda anual de 30,6% do desmate da Amazônia em relação ao período anterior, entre 2022 e 2023. Foi o melhor resultado em nove anos, no bioma. Já no Cerrado, a diminuição foi de 25,7%.A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, celebrou os avanços, mas indicou que muito ainda resta a ser feito. “É claro que quando você faz um esforço e consegue um resultado significativo, cada vez mais os esforços vão ficando mais complexos, mais difíceis. Nós ainda temos muito o que evitar de desmatamento até alcançarmos o desmatamento zero. Esse é um esforço em equipe: 19 ministérios trabalhando juntos, e cada vez mais, daqui para a frente, vamos precisar dos ministérios da dinâmica do desenvolvimento, olhando para agricultura, a energia, o transporte”, salientou. “É isso que vai fazer com que o desmatamento tenha uma queda consistente, e não apenas por ação de comando e controle. Mas é muito animador e gratificante verificar que, mesmo com todas as dificuldades, é possível ter política pública que faça o enfrentamento. É assim que quem não é negacionista faz política pública.”Os dados fortalecem a posição do Brasil como presidente da próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, que acontecerá em 2025 na cidade de Belém, no Pará. Trinta e três anos depois da Rio92, o país estará de novo no centro das atenções nas negociações climáticas. Na COP30, os países deverão estabelecer novos objetivos de redução de gases de efeito estufa, que causam o aquecimento anormal do planeta.Brasileira à frente da Autoridade Internacional dos Fundos MarinhosNo ano que passou, a atuação do Brasil na diplomacia ambiental rendeu frutos: em agosto, a oceanógrafa e diplomata Leticia Carvalho foi eleita secretária-executiva da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), braço das Nações Unidas sobre o tema. A sua nomeação trouxe um vento de renovação à entidade, que estava com a credibilidade atingida pela gestão do secretário-executivo anterior.Leia também‘Relevância' de minerais do fundo mar para a transição será decidida pelos países, diz brasileira na ONULeticia Carvalho tem à frente um desafio histórico: obter o consenso dos 168 membros da ISA para a definição de um código da mineração no fundo do mar, já no seu primeiro ano de mandato. Mais de 30 países, como Brasil, França, Suécia ou Guatemala, exigem uma moratória completa das prospecções nessas imensas áreas submarinas, enquanto o impacto ambiental da atividade não for esclarecido pela ciência, de modo independente. Do outro lado, o lobby industrial tem pressa.“Certamente vou levantar-me na defesa de um secretariado muito mais ativo, que busque preencher as lacunas de informação existentes entre os diferentes Estados-membros, ajudando-os a tomar decisões informadas sobre a mineração em água profunda”, disse Carvalho à RFI, em setembro. “No que diz respeito a essas áreas além da jurisdição nacional, eu queria ressaltar que é responsabilidade primária dos Estados decidir coletivamente a melhor forma de equilibrar necessidades de proteção e preservação do meio ambiente marinho e o interesse do uso comercial dos recursos do leito marinho. Não houve mudança no cronograma até agora, então estamos todos observando e trabalhando no sentido da conclusão em 2025”, apontou.“Vovós pelo clima” têm vitória judicial inéditaEssas negociações internacionais costumam ser lentas e causam apreensão e revolta nas populações atingidas pelas mudanças do clima, que não esperam para avançar. Em 2024, o planeta bateu, de novo, o recorde de ano mais quente já registrado e, pela primeira vez, o mundo experimentou o que significa ter temperaturas 1,5C acima das medições no período pré-industrial. Este é o limite de aquecimento que o Acordo de Paris busca garantir – mas, para isso, os países precisarão fazer a sua parte.Um grupo de idosas suíças decidiu cobrar na justiça que o pequeno país europeu faça mais para combater as mudanças do clima, e teve uma vitória inédita. Em abril, a Suíça foi condenada por inação climática e violação dos direitos humanos pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos. A sentença gera jurisprudência e aumenta a pressão sobre os 46 Estados membros do Conselho da Europa.A Corte em Estrasburgo considerou que Berna não está respeitando os seus compromissos assumidos nos acordos internacionais sobre o tema. As 2,5 mil “vovós suíças”, reunidas no coletivo Idosas pelo Clima, alegaram que o aquecimento global já atinge a sua saúde e as ondas de calor, mais frequentes, as colocam em risco de morte.Anne Mahrer, copresidente da entidade, prometeu manter a pressão para a Suíça aplicar a decisão. Entre as medidas necessárias, ela cita a redução do impacto ambiental da construção civil e dos transportes e o fim das energias fosseis, mas também “visar a atuação do sistema financeiro, que continua financiando essas indústrias poluentes”.“São 300 páginas onde está escrito muito claramente tudo que é preciso colocar em prática e que não é feito. Um país como a Suíça não ter orçamento climático, nem objetivos claros para chegar à neutralidade de carbono em 2050, é inacreditável”, disse Mahrer à RFI, em abril. “Um país rico, industrializado há tantas décadas, deveria ser exemplar – e não é. Quem paga mais caro são os países do sul, que menos contribuíram para a catástrofe”, complementou.Reino Unido abandona a energia a carvãoEntre as economias ricas, o Reino Unido deu um exemplo importante: tornou-se o primeiro a se livrar da energia a carvão. A primeira termelétrica do mundo foi aberta justamente em Londres, em 1882. Agora, o país inova mais uma vez ao ser pioneiro no fim da energia mais poluente.A central de Ratcliffe-on-Soar será desmantelada antes do fim da década, para dar lugar a um "centro de energia e tecnologia livre de carbono". O fechamento é um passo fundamental para o cumprimento da promessa britânica de chegar em 2030 com 100% da energia neutra em emissões de CO2 e equivalentes, responsáveis pelo aumento anormal da temperatura na Terra. Até os anos 1980, o carvão representava 70% do aporte de eletricidade do país, mas caiu drasticamente a partir dos anos 2010 – graças, em um primeiro momento, à substituição pelo gás natural do Mar do Norte e, depois, por centrais eólicas e solares.Essa virada foi resultado da Lei de Energia do governo do então primeiro-ministro conservador David Cameron, que limitou a atratividade dos investimentos em fontes fósseis, em especial o carvão, ao mesmo tempo em que estimulou a produção de energias limpas. Hoje, o gás – das fontes fósseis, a menos poluente – representa cerca de um terço da matriz energética britânica. Outro terço vem do petróleo e o restante é dividido entre nuclear e renováveis (17%).“O uso do carvão é problemático na maior parte dos países do mundo, principalmente nos do G20, onde a Índia e a China ainda dependem muito dele. Os Estados Unidos o substituíram por gás natural, mas eles tinham 40% de matriz de carvão, que por sinal é a média mundial. O carvão ainda é muito presente, é uma fonte barata de energia e vai ser uma dificuldade grande continuar tirá-lo de vários desses países”, antecipa Ricardo Baitelo, gerente de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), de São Paulo, e doutor em planejamento energético.Na cúpula do G7 deste ano, as sete economias mais desenvolvidas do globo se comprometeram a eliminar estas usinas até 2035.Outra boa notícia é que, na China, de longe a maior emissora de CO2 do planeta, mais de um quarto da energia consumida já é de fontes descarbonizadas – ou seja, renováveis e nuclear. Um relatório apresentado por Pequim informou que, na última década, estas fontes passaram de 15,5% para 26,4% do mix energético chinês. O país promete estabilizar ou começar a diminuir as suas emissões em 2030.Ansiedade climática abala confiança no futuro, mas pode mover açãoNo cenário global, o ritmo da transição para uma economia de baixo carbono caminha a passos lentos demais, diante do problema. Nas conferências ambientais deste ano, as cifras de financiamento climático oferecidas para os países em desenvolvimento enfrentarem as mudanças do clima decepcionaram. Os países não conseguiram chegar a um consenso sobre como implementar medidas para preservar a biodiversidade ou evitar o aumento das secas, que elevam os riscos de desertificação dos solos. Também adiaram a adoção de um tratado mundial para evitar a poluição por plásticos.Este contexto leva milhões de pessoas pelo mundo, principalmente as próximas gerações, a sofrerem do que a ciência já classifica como “ecoansiedade” ou “ansiedade climática”: o impacto da crise do clima na saúde mental. Um estudo de referência de 2021 da revista Lancet indicou que quase 60% dos jovens interrogados em 10 países, entre eles o Brasil, sentem-se preocupados ou extremamente preocupados com o futuro em um mundo mais quente. Outra pesquisa, publicada por cientistas da Yale-NUS College, em Singapura, revelou o quanto essa preocupação afeta os planos dos jovens de terem filhos.O coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse (Nepte) da PUC do Rio Grande do Sul, Christian Kristensen, trabalhou no apoio psicológico às vítimas das enchentes no Estado este ano, em uma das catástrofes climáticas mais graves já vistas no Brasil.“Já há alguns levantamentos iniciais para mapear a ocorrência desses problemas na população gaúcha, mas há também muitos estudos internacionais, em outras situações de enchentes, que nos sinalizam que esses problemas podem persistir 12, 24 ou até 36 meses”, afirma. “Quando a gente passa por evento climático extremo, isso obviamente mexe muito com as pessoas e pode até alterar a perspectiva de futuro. Isso está relacionado ao aumento das manifestações de ansiedade climática”, observa o professor da PUCRS.Alguns pesquisadores sobre o tema avaliam que a ecoansiedade é um motor de ação: quem não se preocupa não muda os seus hábitos, nem batalha para que os avanços no enfrentamento do problema sejam maiores. Mas, ao mesmo tempo, Kristensen salienta a importância do acesso a informações positivas em meio a um assunto marcado por más notícias.“Quando nós estamos num certo grau de ansiedade significa que nos importamos e isso pode nos mover positivamente na vida. Pode impulsionar a pessoa a se engajar em ações sociais, comunitárias. O problema é quando ela se torna algo tenso, paralisante, e acaba trazendo sofrimento e muitos prejuízos na vida da pessoa”, diz o especialista em trauma.“Existem vários exemplos, e é importante as pessoas saberem e os veículos de comunicação divulgarem, os exemplos positivos tanto de ações individuais, quanto coletivas, comunitárias, que podem transformar esse sentimento de ansiedade e preocupação em uma coisa muito positiva, ao criar um senso de coletividade, de pertencimento”, ressalta Kristensen. “É muito importante a gente se dar conta de que é óbvio que a ação humana sobre o clima é algo inegável, mas nós ainda temos possibilidades de ter ações transformadoras.”Fim de plásticos na África, camada de ozônio se recuperandoOutras boas notícias para o meio ambiente em 2024 no ano foram que a Austrália proibiu a exploração de uma reserva de urânio, uma das maiores do mundo, situada sob uma zona do povo aborígene Mirrar. A reserva fica nas proximidades do Parque Nacional de Kakadu, tombado patrimônio mundial da humanidade.A Nigéria, potência africana, adotou o fim dos plásticos descartáveis na capital, Lagos. Desde janeiro, os comerciantes são obrigados a oferecer alternativas reutilizáveis às sacolas plásticas, por exemplo. Medidas como esta se generalizam pelo continente, onde 34 países já adotaram algum tipo de proibição ou legislação para limitar os plásticos, derivados do petróleo.Leia tambémPor que apenas 9% dos plásticos no mundo são reciclados?Pelo mundo, também proliferaram as iniciativas para controlar o turismo de massa, fonte de poluição e emissões de CO2. De Veneza ao Himalaia, passando por Barcelona, diversas cidades adotaram medidas para compensar o efeito nefasto do turismo excessivo para o meio ambiente.E uma notícia animadora sobre a atmosfera: a concentração do gás HCFC, utilizado em aerossóis e na refrigeração, está baixando mais rapidamente do que os cientistas previam. Um relatório da universidade de Bristol, publicano na revista Nature Climate Change, mostrou que o cumprimento dos compromissos internacionais para reduzir o uso deste gás, nocivo para a camada de ozônio que protege a Terra do sol, resultou em um verdadeiro sucesso.O caso ilustra o quanto a cooperação internacional é fundamental para a preservação da vida no planeta. Segundo as últimas estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), publicadas em 2023, a camada de ozônio, alvo de um protocolo de proteção adotado em 1987, deve se reconstituir plenamente nas próximas quatro décadas.

Carlos McCord
#334 Semana 48 / Quinta - OS ESTADOS UNIDOS JÁ DELEGARAM SUA SOBERANIA - "O Caminho" E. Stanley Jones

Carlos McCord

Play Episode Listen Later Nov 27, 2024 7:00


Compre o livro para acompanhar com os Amigos de Jesus nos seguintes links a seguir. Ed. Ultimato: https://loja.ultimato.com.br/livros/o-caminho Ebook indisponível na Amazon. Mais links: https://linktr.ee/permanecer

Resumão Diário
JN: Agente federal Wladimir Soares depõe sobre planos de assassinar Lula, Alckmin e Moraes; Mauro Cid é intimado a depor de novo

Resumão Diário

Play Episode Listen Later Nov 21, 2024 5:30


O agente federal Wladimir Soares prestou depoimento sobre os planos de assassinar Lula, Alkmin e o ministro Moraes e disse que foi cooptado pelo agente da Abin Alexandre Ramalho, suspeito de usar a agência para espionar autoridades ilegalmente. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolonaro, Mauro Cid, foi intimado a depor de novo por causa de omissões e contradições, e os nossos repórteres mostram o passo-a-passo dos 'kids pretos' nas semanas seguintes à eleição presidencial de 2022. O presidente Lula recebeu o presidente da China, Xi Jinping. A Rússia fez um ataque maciço com drones à capital da Ucrânia. Os Estados Unidos decidiram enviar minas terrestres para Volodimir Zelensky usar contra os russos. Especialistas analisam as regras do futuro mercado de créditos de carbono. Vítimas de intolerância e injúria racial moveram mais de 11 mil processos judiciais no Brasil. E o Dia da Consciência Negra foi lembrado por clubes e jogadores em uma rodada com sete partidas do Campeonato Brasileiro.

JORNAL DA RECORD
20/11/2024 | Edição Exclusiva: EUA fecham embaixada na Ucrânia após ameaça de ataque aéreo

JORNAL DA RECORD

Play Episode Listen Later Nov 20, 2024 3:57


Os Estados Unidos fecharam a embaixada do país em Kiev, capital da Ucrânia, depois que autoridades receberam informações sobre um possível ataque aéreo. Cidadãos americanos foram orientados para que procurassem abrigo na cidade caso fosse emitido alerta. E ainda: Mauro Cid é intimado a prestar esclarecimentos sobre plano de golpe de Estado, que previa o assassinato de autoridades.

Noticiário Nacional
8h Xi Jinping: A China e os Estados Unidos têm de se entender

Noticiário Nacional

Play Episode Listen Later Nov 7, 2024 13:09


Expresso - Expresso da Manhã
Trump à mesa dos líderes europeus, esta quinta-feira, em Budapeste

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Nov 7, 2024 13:52


Confirmada oficialmente a vitória de Donald Trump, o alarme soa na Europa e o assunto Trump será o mais falado no jantar desta quinta-feira entre os líderes europeus. Os Estados Unidos vão mesmo diminuir o compromisso com a NATO e a defesa dos aliados será posta em causa? Washington vai reforçar as taxas alfandegárias para os produtos europeus? A Europa reforça a solidariedade e responde a uma só voz ou Trump acabará por conseguir alimentar as divisões na União Europeia em relação à política externa? Neste episódio, conversamos com Susana Frexes, correspondente da SIC e do Expresso enviada a Budapeste.See omnystudio.com/listener for privacy information.

20 Minutos com Breno Altman
O BRICS PODE DERROTAR OS ESTADOS UNIDOS? - ANÁLISE DE BRENO ALTMAN

20 Minutos com Breno Altman

Play Episode Listen Later Nov 6, 2024 64:52


O BRICS PODE DERROTAR OS ESTADOS UNIDOS? - ANÁLISE DE BRENO ALTMANO BRICS será o novo líder global em 2024? Breno Altman analisa a possibilidade do BRICS ultrapassar os Estados Unidos como potência dominante mundial. Neste vídeo, aprofundaremos as implicações econômicas e geopolíticas de uma potencial mudança na liderança global e exploraremos os factores que poderão contribuir para a ascensão do BRICS à proeminência. Dos acordos comerciais às alianças militares, examinaremos os pontos fortes e fracos do BRICS e os desafios que enfrenta na sua tentativa de se tornar o novo líder global. Junte-se a nós enquanto exploramos o futuro da política e da economia globais.Receba as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp! Siga nosso canal https://omundi.news/zapSiga Opera Mundi no

Alexandre Garcia - Vozes - Gazeta do Povo
A última de Maduro: Lula agora trabalha para os Estados Unidos…

Alexandre Garcia - Vozes - Gazeta do Povo

Play Episode Listen Later Oct 15, 2024 6:52


Alexandre Garcia comenta fala de procurador-geral de Maduro sobre Lula, acusações contra Evo Moraes na Bolívia, e reconstrução do Rio Grande do Sul.

O Antagonista
EUA mandam sistema antimísseis para Israel, Duda Teixeira e Alexandre Borges comentam

O Antagonista

Play Episode Listen Later Oct 14, 2024 2:51


Os Estados Unidos enviarão um sistema antimísseis avançado para Israel após ameaças do Irã. O THAAD (sigla em inglês para Defesa de Área Terminal de Alta Altitude) tem a capacidade de defesa contra mísseis balísticos de longo, médio e curto alcance.Segundo nota divulgada pelo Pentágono, o sistema será usado “para ajudar a reforçar as defesas aéreas de Israel após os ataques sem precedentes do Irã contra Israel em 13 de abril e novamente em 1º de outubro”.Meio-dia em Brasília traz as principais informações da manhã e os debates que vão agitar o dia na capital federal e do mundo.  Apoie o jornalismo Vigilante: 10% de desconto para audiência do Meio-Dia em Brasília   https://bit.ly/meiodiaoa  Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.  Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.   https://whatsapp.com/channel/0029Va2S...   Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.  Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br 

Meio Ambiente
Como o Reino Unido conseguiu ser o primeiro país desenvolvido a se livrar da energia a carvão

Meio Ambiente

Play Episode Listen Later Oct 3, 2024 14:55


O Reino Unido se tornou o primeiro entre os países desenvolvidos a se livrar da energia a carvão – um marco na virada das fontes fósseis, ponto de partida da era industrial moderna, para as energias renováveis, que limitam o aquecimento do planeta. Lúcia Müzell, da RFI em ParisA poucos dias do fechamento da última usina da Inglaterra, o engenheiro ferroviário Ray State se recorda que o sonho de qualquer um na região de Nottingham era ter uma oportunidade de trabalhar no local. A central de Ratcliffe-on-Soar fornecia energia para os britânicos havia quase 60 anos.“Era chamado de 'rei carvão'. A nossa revolução industrial foi baseada no carvão”, contou ele à reportagem RFI. "A nossa luz, as nossas indústrias, tudo funcionava a carvão."A primeira termelétrica do mundo foi aberta em Londres por Thomas Edison, o inventor da lâmpada, em 1882. Agora, o país inova mais uma vez ao ser pioneiro no fim da energia mais poluente.State, hoje aposentado, era um dos responsáveis pelo transporte do carvão até Ratcliffe, inaugurada em 1967. Ele atua como representante dos moradores para garantir que as instalações darão lugar a outro tipo de empreendimento próspero para a comunidade.A companhia alemã Uniper, proprietária da central, afirma que ela será desmantelada antes do fim da década, para dar lugar a um "centro de energia e tecnologia livre de carbono" – cujos detalhes não foram esclarecidos."Não sabemos direito quem vai vir, que tipo de negócio será. E se não for uma empresa interessante, que traga valor para a região, como um centro de distribuição, por exemplo?”, questiona State.Virada para as renováveisApesar das preocupações locais, o fechamento é um passo fundamental para o cumprimento da promessa britânica de chegar em 2030 com 100% da energia neutra em emissões de CO2 e equivalentes, responsáveis pelo aumento anormal da temperatura na Terra. Até os anos 1980, o carvão representava 70% do aporte de eletricidade do país, mas caiu drasticamente a partir dos anos 2010, graças, em um primeiro momento, à substituição pelo gás natural do Mar do Norte e, depois, por centrais eólicas e solares.Essa virada foi resultado da Lei de Energia do governo do então primeiro-ministro conservador David Cameron, que limitou a atratividade dos investimentos em fontes fósseis, em especial o carvão, ao mesmo tempo em que estimulou a produção de energias limpas.Hoje, o gás – das fontes fósseis, a menos poluente – representa cerca de um terço da matriz energética britânica. Outro terço vem do petróleo e o restante é dividido entre nuclear e renováveis (17%)."Mostramos para o resto do mundo que nós realmente podemos fazer isso. Falavam de apagão, de cortes de luz. Hoje, estamos vendo que é possível trocar por renováveis, já que a solar e a eólica estão mais baratas e as baterias para estocar a energia começam a aparecer”, disse Jess Ralston, analista do think tank Energy and Climate Intelligence Unit, à correspondente da RFI na Inglaterra, Emeline Vin. "Colocar um fim do carvão no Reino Unido marca uma virada no mundo”, celebra Ralston.Sair do carvão é desafio para o mundo O governo britânico assegura que o fechamento "marca o fim de uma era", mas também inicia "uma nova”, com a criação de milhares de empregos nas energias solar e eólica e o desenvolvimento de outras, como o hidrogênio."Vamos ter que fazer muito: investir mais em renováveis, em eólicas offshore, garantir que a infraestrutura de transmissão de energia vai suportar esse novo volume na rede. É desafiador, mas muita gente acha que é possível se políticas adequadas forem adotadas”, salienta a analista.Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), ainda restam 9 mil centrais a carvão no mundo, que emitem um terço do total de gases de efeito despejados por ano na atmosfera. Na cúpula do G7 deste ano, as sete economias mais desenvolvidas do globo se comprometeram a eliminar estas usinas até 2035.A Itália promete atingir o objetivo no ano que vem, a França, em 2027, e o Canadá, em 2030. Para a Alemanha, entretanto, a meta ainda parece “irrealista”, conforme definiu o ministro das Finanças do país. Berlim, avessa à energia nuclear, visava o fim do carvão apenas em 2038."O uso do carvão é problemático na maior parte dos países do mundo, principalmente nos do G20, onde a Índia e a China ainda dependem muito dele. Os Estados Unidos o substituíram por gás natural, mas eles tinham 40% de matriz de carvão, que por sinal é a média mundial”, observa Ricardo Baitelo, gerente de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), de São Paulo."O carvão ainda é muito presente, é uma fonte barata de energia e vai ser uma dificuldade grande continuar tirá-lo de vários desses países”, antecipa o doutor em planejamento energético e pesquisador da USP (Universidade de São Paulo).E no Brasil? O desafio é menor no Brasil, cuja matriz energética é majoritariamente renovável, graças à rede hidrelétrica. Mas conforme as necessidades e as condições meteorológicas, o país recorre a mais carvão e, junto com a Argentina, é o único da América Latina que ainda tem planos de construção de novas usinas. A projeto de que regulamenta as eólicas offshore chegou a incluir subsídios às centrais a carvão até 2050."O Brasil vem fazendo uma boa lição de casa na parte das renováveis, crescendo de uma forma bastante intensa em energia eólica e principalmente solar. Dos países do G20, é o que está mais alinhado com a meta de triplicar as renováveis até 2030”, frisa Baitelo. "Por outro lado, a descontinuidade das fontes não está acontecendo. A gente poderia abrir mão do carvão, mas o que está acontecendo é o contrário: o carvão tem um lobby forte no Congresso e conseguiu manter os seus subsídios."A recente promulgação da Política Nacional de Transição Energética pelo governo federal visa atrair R$ 2 bilhões em 10 anos para investimentos na diversificação energética do país. Entretanto, o cronograma e o plano de ação do projeto permanecem vagos quanto à substituição das fontes fósseis, salienta Baitelo.

Tela Azul Empiricus
#04 Nvidia, a empresa de US$ 3 trilhões | Bate-papo com gestor

Tela Azul Empiricus

Play Episode Listen Later Aug 28, 2024 80:42


Conheça o Empiricus Tech select: https://emprc.us/ym4O0rAcesse todos os conteúdos da Empiricus Gestão: https://gestao.empiricus.com.br/conteudos/---------Em 2023, o cenário econômico e tecnológico global foi marcado por eventos significativos.Os Estados Unidos aumentaram as restrições ao TikTok por questões de segurança nacional;Três grandes bancos americanos faliram, criando incertezas no mercado financeiro;O Twitter foi rebatizado como X, enquanto o mercado de criptomoedas sofreu com escândalos que prejudicaram sua imagem.No entanto, o Nasdaq registrou ganhos notáveis, impulsionado pelas tecnologias emergentes. E ninguém se destacou mais do que a Nvidia, uma companhia do setor de semicondutores que alcançou uma capitalização de mercado de mais de US$1 trilhão, consolidando-se como líder absoluto na revolução da inteligência artificial.Hoje Pedro Carvalho recebe João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, para bater um papo sobre essa que é uma das empresas mais icônicas do momento, a Nvidia, que agora em 2024 passou a marca dos US$ 3 trilhões e entrou para o rol das 3 mais valiosas do mundo.Coheça o MoneyBets: https://emprc.us/NwmZ5HConheça o fundo Blockchain: https://emprc.us/oX3Ws7 

Ponte Aérea - André Boaventura e Camilo Pinheiro Machado
Ponte Aérea #410 – Um balanço sobre as Olimpíadas de Paris e a projeção inicial para Los Angeles 2028

Ponte Aérea - André Boaventura e Camilo Pinheiro Machado

Play Episode Listen Later Aug 13, 2024 30:17


Os Estados Unidos levaram a medalha de ouro, mas tiveram mais dificuldades que o esperado durante todo o torneio, França e Sérvia que completaram o pódio mostraram a força de suas equipes, assim como a atual campeã mundial Alemanha. Neste episódio, Camilo Pinheiro Machado, Pedro Maia e João Pedro Brandão trazem um panorama geral da competição, os destaques individuais, as influências e diferenças entre o basquete FIBA e o da NBA. O podcast ainda faz uma projeção para os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. Quem chegará mais forte? Os EUA precisam do time principal para conquistar o ouro? Ainda veremos Curry e Kevin Durant em ação? Para ficar por dentro de tudo é só dar o play!