Eu sou Ailin Aleixo, jornalista gastronômica, e este é o #VaiSeFood, um podcast sobre o tema mais essencial, delicioso e complexo do planeta: comida. Vamos falar sobre o impacto ambiental dos agrotóxicos? Sem dúvida. E sobre a relevância ou não de listas e premiações para o mundo da gastronomia? Claro. E vão rolar temas polêmicos como diminuição do consumo de alimentos derivados de animais X sustentabilidade, desmatamento, extermínio das abelhas? Opa, mas evidente: tô aqui pra isso!
Se você já foi internado ou acompanhou alguém que foi, deve ter reparado que comida de hospital (público ou privado) é REPLETA de ultraprocessados. Chega a hora da refeição e é aquele mar de biscoitos salgados e doces, bolos de pacotinho, margarina, gelatina rosa, suco de caixinha, pão de forma… Isso é, no mínimo, um contrassenso, visto que não faltam estudos apontando os problemas dos ultraprocessados na alimentação, como este da USP, publicado em dezembro de 2022: Ingestão diária superior a 20% de alimentos ultraprocessados por idosos e adultos de meia-idade foi associada ao aumento do risco de declínio cognitivo acentuado.Hospitais, locais nos quais se deve cuidar da saúde e aprender a fazê-lo, tratam a alimentação com certo desdém e dão MUITO mais importância aos medicamentos do que à dieta do paciente. Mas não existe cura ou melhora que não passe pelo que comemos.Para entender melhor como normalizamos a comida de hospital não-saudável, os processos de preparo e maneiras de melhorá-la ao valorizar agricultores familiares e agroecológicos, minha convidada é a nutricionista Weruska Davi Barrios. Nutricionista Doutoranda em Nutrição e Saúde Pública pela USP, Weruska atuou em Nutrição Hospitalar nos últimos 17 anos, passando pelo Hospital do Coração (Hcor), Samaritano e Beneficência Portuguesa de SP. É consultora em Nutrição Hospitalar e Sustentabilidade e pesquisadora da equipe ECCCO - Equipe Ciência Cultura e Comida da Faculdade de Saúde Pública da USP.Support the show
Se fosse um país, a carne bovina brasileira seria a sétima maior emissora de gases de efeito estufa do planeta, à frente do Japão. O desmatamento responde por 70,6% das emissões da carne, seguido pelas emissões diretas do rebanho (29,2%), o metano liberado pelo sistema digestivo do animal. Esse é um dados importantíssimos trazidos pelo estudo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima.Enquanto a média mundial de emissões de gases de efeito estufa relativas aos sistemas alimentares - produção de comida - gira em torno de 37%, no Brasil, esse número é 74%: e 78% delas vem da cadeia da carne bovina. A razão? O desmatamento realizado para abrir pastagens e/ou novas áreas para monoculturas extensivas de grãos voltados a alimentação animal (70,6% das emissões da carne). O grande agro segue dizendo que nossa produção é a mais "verde" e sustentável do mundo, mas a ciência aponto o contrário - e em tempos de colapso climático, isso não é nada, nada bom.Para conversar sobre o tema, meu convidado David Shiling Tsai, um dos autores do estudo. David é engenheiro químico, atual coordenador do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima e gerente de projetos no Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), onde atua desde 2007.Support the show
Colapso climático fazendo rios caudalosos na Amazônia se transformarem em desertos, enquanto o Sul do Brasil fica debaixo de água e o Centro-Oeste vira um forno, com termômetros batendo 44 graus em diversas cidades, por dias consecutivos.Cerrado se tornando uma maciça monocultura extensiva de soja, o que compromete todo o abastecimento de água do país, produção de energia e a sobrevivência do Pantanal e da Bacia do Rio São Francisco, entre outras.Agrotóxicos contaminando a água "potável" da população.Oceano batendo recordes de temperatura, desestabilizando o clima e causando de tufões à mortandade em massa da vida marinha.Aquecimento global derretendo geleiras e permafrost mais rápido do que qualquer cientista previu e "revivendo" vírus desconhecidos que estavam dormentes há mais de 40 mil anos.Enquanto tudo isso acontece, a humanidade começa mais uma guerra.Há pouquíssimo tempo para salvar o planeta (nossa única casa) do que nós próprios estamos causando, e o que fazemos? Matamos uns aos outros.Nossa espécie deu errado? Support the show
"O Chão é uma associação de trabalhadores, sem fins lucrativos, que se movimenta para o aprofundamento da consciência crítica, da democracia e da igualdade de direitos. Buscamos uma democracia real: tudo é decidido em assembléias semanais, divide-se as funções de forma conjunta, recebe-se igualmente e apenas pelo trabalho, não remunera-se capital. Não há relação de exploração. Seguimos os princípios da Economia Solidária, tendo as pessoas como sujeito e finalidade da atividade econômica. Articulamos e integramos redes que fomentam a autonomia, o cooperativismo, a autogestão, o antirracismo, o feminismo, o antifascismo, o anti capacitismo e a redistribuição radical de renda. Visando a equidade e a horizontalidade, o Chão não tem dono, nem hierarquia.Aliando-se a movimentos sociais, comunidades tradicionais e outras instituições, lutamos pela reforma agrária e urbana, agroecologia, educação pública, saúde pública, combate à fome, biodiversidade e preservação ambiental e soberania alimentar. Em busca do fortalecimento de todos os componentes da cadeia produtiva, valorizamos economicamente produtores, trabalhadores e tornamos o preço mais acessível dos alimentos agroecológicos para todos. Os produtos são vendidos pelo preço de custo (preço de nota, frete e perdas). Todo mês fazemos uma previsão de custos e uma previsão de vendas e, a partir disso, sugerimos aos frequentadores, a cada compra, um percentual de contribuição para que possamos manter o espaço funcionando. Ao longo dos anos esses valores foram se estabilizando e, hoje, nossa necessidade mínima é de 25% e a sugestão de 30% sobre o valor dos produtos.O Chão é um lugar de construção cotidiana de um outro mundo necessário. Uma associação autogestionária que funciona como grupo de consumo aberto, financiado coletivamente. Temos um sítio, uma livraria, uma feira e uma mercearia com produtos agroecológicos, orgânicos e artesanais"O texto acima, parte da apresentação do Chão, deixa claro o modelo nada convencional do Instituto, que funciona desde 2015 na Vila Madalena, em SP - começou em um pequeno depósito e hoje já abrange mais 6 imóveis, com muitas centenas de itens. Sou cliente do Chão e admiradora confessa do trabalho deles.O episódio dessa semana, claro, é sobre o Chão. Support the show
O atual modelo de produção de alimentos - monoculturas extensivas, agrotóxicos, desmatamento, degradação do solo, uso excessivo de água, extermínio de polinizadores - não é o único possível para alimentar 8 bilhões de pessoas (e mais de 70 bilhões de animais terrestres voltados ao consumo humano por ano). A agricultura regenerativa prova que é possível produzir alimentos enquanto se recupera a terra e se preserva o meio ambiente, restaurando solos degradados, conservando espécies polinizadoras (especialmente abelhas), aumentando a captura de carbono e a retenção de água. A ideia é manter o solo produtivo pelo maior tempo possível, evitando as expansões para novas áreas. Na agricultura regenerativa, se objetiva:1. Frear práticas que promovam o revolvimento do solo, eliminando o tratamento mecânico, químico e físico do campo.2. Investir em culturas de cobertura, palhada, durante o ano todo para reduzir ou eliminar a chance de ocorrência de erosão.3. Dedicar-se à construção da biodiversidade por meio de técnicas, como a rotação de culturas 4. Preservar raízes vivas no solo para a retenção de água e nutrientes e a realização da fotossíntese durante todo o ano.5. Diminuir ou restringir o uso de pesticidas na lavoura.6. Garantir ganho justo para os trabalhadores do campo.Mas dá mesmo pra ter um negócio no setor de alimentos baseado na Agricultura Regenerativa?Há volume e constância? O preço final é competitivo? Opa, se dá. E minha entrevistada de hoje é prova disso: Romanna Remor dedicou uma década de sua atuação profissional como pesquisadora, professora universitária e consultora nas áreas de políticas públicas, gestão estratégica e inovação.Empreendedora desde 2015 no segmento de alimentos saudáveis, Romanna é sócia-fundadora da Regenera Ventures, onde atua como Head de Conceito e Inovação. A Regenera é a controladora das marcas Viva REGENERA e Plantopia e do ecommerce Viva FLORESTA, todas baseadas na Agricultura Regenerativa, na Agroecologia e no Extrativismo Sustentável.Support the show
Um dos maiores problemas para o enfrentamento do colapso climático é o modelo atual de agricultura. Alguns dados recentes?O Brasil tem 100 milhões de hectares de pastagens degradadas (fonte: Projeto Pasto Forte). Nessa condição, o solo passa a não sequestrar gases do efeito estufa e colabora para o colapso climático.Mesmo se todas as emissões de combustíveis fósseis fossem imediatamente zeradas, seria impossível cumprir a meta por conta das emissões geradas pelo sistema alimentar global sozinho. (Fonte: Global food system emissions could preclude achieving the 1.5° and 2°C climate change targets)A carne bovina já é um dos principais motores do desmatamento hoje. Isso leva à destruição dos meios de subsistência de comunidades indígenas e de pequenos agricultores. Na Amazônia, o gado pasta em 63% de todas as terras desmatadas (Fonte: Meat Atlas 2021)A agropecuária brasileira é o segundo setor que mais emite gases de efeito estufa (GEE) no Brasil, respondendo diretamente por aproximadamente 27% de todas as emissões no País. Dentro do setor, quase 70% dessas emissões em 2020 vieram da pecuária, seja pela chamada fermentação entérica - o ruminar do gado - ou pelo manejo de dejetos de animais (Fonte: Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa)Como, ao olhar essa situação, um casal de ativistas veganos agiu? Criando uma marca de lácteos vegetais cuja matéria prima tenha o mínimo possível de impacto e ajude na renda de dezenas de produtores sustentáveis e agroflorestais, possa ter ganho de escala enquanto ajuda a melhorar a condição do solo, tenha preço competitivo e seja nutricionalmente rico. Mas isso não bastava: também era preciso provar que os pastos degradados pela atividade de pecuária leiteira poderiam se tornar áreas de extrema abundância alimentar, gerar muito mais ganho a médio prazo para os "homens do leite" (e tornar a prática obsoleta para a região) e, ainda, recuperar as nascentes de água e trazer de volta a biodiversidade. Então, compraram 220 hectares do pasto mais degradado possível bem no meio da área mais tradicional de pecuária de leite de Minas Gerais e estão transformando uma parte da propriedade em agrofloresta e recuperando a vegetação nativa da outra.A história inspiradora é real e vivida pelo casal Felipe Ufo e Alexandra Soderberg, minha convidada de hoje. Alexandra é sócia-fundadora de marca de lácteos vegetais Naveia. Formada em Gestão de Recursos Naturais com foco em ciências do solo, Alex tem vasta experiência com agricultura sustentável e indústria de alimentos.Support the show
Colapso climático, poluição, desperdício, desmatamento, mais de 800 milhões de pessoas em situação de fome no planeta (dados da ONU), perda de biodiversidade: "parece" que a forma que a humanidade estruturou a economia não deu muito certo… O que vemos hoje, e que começou logo após a Revolução Industrial, se chama Economia Linear e funciona assim: extrair a matéria-prima, fabricar, consumir e jogar fora.Mas esta não é a única maneira: a Economia Circular está aí pra provar que, sim, é possível movimentar a roda do capitalismo AO MESMO TEMPO em que cuidamos da saúde do planeta (e, por consequência, da nossa existência aqui). E é aqui que entra outro conceito, o de Design Circular de Alimentos: produzir comida limpa, que regenere o solo e sequestre carbono da atmosfera, colabore e promova a diversidade alimentar local, garanta vida digna aos trabalhadores do campo, alimente os grandes centros de forma nutritiva e gere zero desperdício. Para falar sobre o tema, minha entrevistada é Luísa Santiago, líder da Ellen MacArthur Foundation na América Latina. Luísa colabora com líderes, empresas, governos e academia para expandir o conhecimento e a ação na economia circular na região. Possui mestrado em Práticas em Desenvolvimento Sustentável, pós-graduação em Gestão Ambiental e Bacharelado em Comunicação Social.Support the show
O que a devastação do Cerrado tem a ver com a minha vida?Qual a relação entre as imensas monoculturas de soja que dominam o bioma com a água que eu bebo e com a comida no meu prato?Porque raios eu deveria me preocupar com a população de lobo guará ou com a extinção do buriti? A verdade é que quase nenhum de nós foi educado para pensar de maneira sistêmica - ou seja, compreender as intrincadas relações de causa e efeito entre fenômenos ambientais, sociais e climáticos. Entre o aumento PIB do agro e o aumento da violência no campo. Entre hábitos alimentares e emergência climática.O modelo atual de produção de alimentos derivados de animais é dos maiores vilões da mudança climática e da soberania alimentar- até mais do que os tão comentados combustíveis fósseis. E não se trata da história do arroto do boi, não. O negócio é muito mais complexo. Segundo a ONU, a indústria pecuária global é o terceiro maior poluidor do efeito estufa do mundo. Essa mesma indústria é a maior desmatadora dos nossos biomas (como Amazônia, Cerrado e Pampas) - o que causa emissão de gases do efeito estufa e, ao mesmo tempo, diminui a capacidade de retirá-los da atmosfera, trabalho feito pelas árvores -, na mudança da paisagem e uso do solo (onde antes havia mata ou dezenas de pequenos agricultores plantando comida, hoje existe apenas soja), na contaminação de solo e água (por conta do uso intensivo de agrotóxicos), entre outros fatores. O Cerrado é, hoje, o bioma mais ameaçado do país. A razão? Tudo está virando soja para alimentar porco, galinha, vaca, ovelha, cabra, peixe…Para conversar sobre a importância vital (literalmente) do Cerrado, minha entrevistada é Isabel Figueiredo. Formada em Ecologia pela UNESP, com mestrado em Ecologia pelo Universidade de Brasília e trabalha há 20 anos no Cerrado junto à povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares para a conservação do bioma e a melhoria da qualidade de vida dos povos. Trabalha, desde 2006, no Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), atualmente coordenando o Programa Cerrado e Caatinga.Support the show
Quanto vale a saúde, a capacidade de aprendizagem e o desenvolvimento de uma criança? Se pegarmos os valores que o governo federal repassa para municípios, vale R$ 0,50: sim, esse é o montante de dinheiro alocado, por dia, por criança, para alimentação escolar do ensino fundamental e médio (e isso porque, neste ano, teve aumento, o que não acontecia desde 2017!).No papel, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um exemplo: "O PNAE oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública". A realidade, porém, é bem diferente: desvio de verbas por falta de fiscalização, compra de itens saudáveis que simplesmente não são servidos, uso e abuso de ultraprocessados, entre outros "acontecimentos".Mas existem pessoas e organizações que nadam contra a corrente e implementam treinamento das cozinheiras, ensinam o uso total dos alimentos e lutam, na prática, por uma alimentação escolar de qualidade. Uma dessas pessoas é minha convidada de hoje, Lidi Barbosa. Lidi é chef de cozinha com especializações na área da gastronomia voltada para saúde (Le Cordon Bleu, em Paris e Natural Gourmet Institute, entre outras) e Presidente do Instituto Crescer que executa o Projeto Crescer e Semear, que tem como intuito levar informação, educação para promover a transformação para as cozinheiras da alimentação escolar, além de levar educação nutricional e alimentar para as crianças e pais, em escolas públicas de todo país. E em 2021 o Instituto deu início ao Projeto Crescer e Acolher que trabalha a gastronomia como forma de empreendimento social. A Chef e outros voluntários da área da gastronomia, nutrição e administração, ensinam mulheres em situação de violência doméstica e vulnerabilidade social a empreenderem no mundo da culinária saudável.Support the show
Por que você come o que come? O que o move a escolher o que comer, quando comer, quanto comer?Qual o papel da comida na sua vida?Você conhece mesmo os efeitos dela em seu corpo e mente? Sabe que sua digestão é um grande regulador da qualidade do seu sono, da presença ou não de ansiedade/depressão e até do seu desempenho no trabalho?Para conversar sobre o tema, meu convidado é Matheus Macêdo.Matheus é idealizador do Vida Veda, o maior portal de Ayurveda do Brasil, e o primeiro brasileiro a concluir o bacharelado de Ayurveda, Medicina e Cirurgia (BAMS) na Índia, país em que viveu por 7 anos, É membro da Ayurveda Academy da Bangalore e fez residência clínica no hospital Vaidyagrama, em Coimbatore, e em diversas universidades na Índia e nos EUA. Acaba de lançar, pela Editora Academia, seu primeiro livro, Os 4 Pilares da Saúde.Support the show
O mundo é dos fungos.Eles estão em centenas de de alimentos e bebidas - leveduras, que são tipos de fungos, são indispensáveis para a produção de cerveja , vinho , saquê , uísque , cachaça, pão, queijo roquefort e camembert, ácido cítrico... Aquele shimeji na manteiga ou portobello recheado e outros cogumelos, são fungos.A existência de liquens - associação de algas e fungos - permite a colonização de novos ambientes, já que estes organismos degradam rochas e auxiliam na formação do solo, propiciando o estabelecimento de novas espécies ao longo do tempo. Liquens, ainda, têm capacidade antibacteriana, e são utilizados como matéria prima na fabricação de corantes, perfumes finos, geleias.E de micélio, você já ouviu falar? Micélio, o “corpo” ou a “raiz” dos fungos, é formado por milhares de pequenos fios, as hifas. As hifas são redes que os fungos formam debaixo da terra e não apenas ajudam as árvores a buscar água, como também cria conexão entre elas, tornando possível, literalmente, alertarem umas as outras sobre possíveis perigos. Além de tudo isso, o micélio vem se tornando uma opção mega saudável de alimento análogo a carne - sim, análogo a carne!Para conversar sobre a carne de micélio (ou, em inglês, mush based meat), nosso convidado é Eduardo Sydney. Engenheiro de formação e com dupla diplomação de doutorado (Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia pela Universidade Federal do Paraná e Engenharia de Processos pela Université Blaise Pascal - Clermont-Ferrand, França), Eduardo trabalha com desenvolvimento de biotecnologias para valorização de resíduos agroindustriais e, desde 2021, é diretor de tecnologia da Typcal, atuando no desenvolvimento de produtos alimentícios a base de micélio.Support the show
Em um mundo com mais de 8 bilhões de habitantes, enfrentando os efeitos da mudança climática causada pela humanidade, com volume e modelo de produção de animais para consumo humano completamente insustentáveis - desmata mais do que qualquer outra atividade, utiliza 70% da água doce do planeta, polui com agrotóxicos e gera resistência bacteriana por conta da administração desmedida de antibióticos, entre outros fatos -, é urgente rumarmos rapidamente em direção a uma matriz alimentar que supra nossas necessidades nutricionais, tenha mínimo impacto nos recursos naturais, seja regenerativa e saborosa. Em suma: falar sobre o protagonismo do universo vegetal na alimentação é uma demanda urgente do nosso tempo. Mas dá pra fazer isso sem perder o prazer de comer? Sem deixar de lado tradições alimentares? Sem ser elitista? Para conversar comigo sobre o tema, meu convidado é o chef especializado em gastronomia vegetal, Thiago Medeiros. Thiago é formado em gastronomia pela Universidade Anhembi Morumbi, vegetariano e amante da agricultura brasileira. Atualmente, seu foco está voltado ao seu projeto de experiências gastronômicas - Respiro ™ - e também às consultorias e desenvolvimento de produtos baseado em vegetais.Support the show
De 20 anos pra cá, pensar em gastronomia é pensar em elitização. Em listas de "melhores". Em documentários cinematográficos sobre chefs tatuados dissertando sobre sua trajetória tocante.É pensar em técnicas francesas, ingredientes italianos, vinhos espanhóis, tradição japonesa.É o raro, caro, o que quase ninguém pode ter.Com a proliferação dos reality shows culinários, a exaltação midiática aos chefs (em sua maioria, homens e brancos) e premiações de todos os tipos o tempo todo, a gastronomia tornou-se algo nocivamente desejável e imensamente distante, como se fazer e servir comida de qualidade estivesse diretamente associado a cozinhas com equipamentos de centenas de milhares de dólares, jantares de 12 etapas, filas de espera de meses e jornadas de trabalho insalubres.Mas gastronomia não é isso.Gastronomia é cultura. É o hoje, é a tradição.É conversa cotidiana com as raízes de um povo, é conexão com a sazonalidade, é solo, é clima.É gente. Para conversar sobre a gastronomia como ferramenta de conscientização socioambiental, nossa convidada é Adélia Rodrigues. Adélia é cofundadora e gestora da Gastronomia Periférica, negócio social que busca transformar a vida das pessoas das periferias por meio da gastronomia. Motivados por formar profissionais de cozinha aptos a realizar suas funções de acordo com as necessidades do mercado e no âmbito social, o curso da Gastronomia Periférica oferece alternativas de mudanças efetivas de suas realidades pessoais e coletivas, permitindo minimizar aspectos de violência, criminalidade e exclusão.A escola da Gastronomia Periférica profissionaliza moradores das periferias - em especial, as mulheres pretas-, é 100% gratuita e engloba auxílio-internet, ajuda de custo para compra de insumos e mentoria/tutoria durante todo o curso.Support the show
Comecei minha carreira no jornalismo no ano 2000 e, desde então, escrevo sobre gastronomia - porém, apenas muito mais recentemente passei a escrever sobre comida.A diferença? Enquanto a crítica gastronômica é superficial e trata o alimento, muitas vezes, como coadjuvante (o principal são os chefs e os prêmios), fazer jornalismo focado em comida exige dedicação e estômago para encarar os imensos problemas socioambientais causados pelo atual modelo de produção de alimentos, especialmente aqueles de origem animal, e compreender a gigantesca cadeia de impacto do que está em nossos pratos: monoculturas extensivas mantidas a base de agrotóxicos, desmatamento de Cerrado e Amazônia, supressão da biodiversidade, uso massivo de antibióticos, aquecimento global, surgimento de pandemias, entre outros. Neste episódio, conto um pouco sobre como, no momento em que notei não saber nada sobre o que acontecia antes do restaurante para que aquela comida que avaliava chegasse até mim, passei a visitar matadouros, aviários, cafezais, criação de peixes, fazendas de cacau… passei a entrevistar agrônomos, biólogos, climatologistas, historiadores, zoólogos, cientistas, virologistas… e isso me fez mudar o rumo da minha vida profissional e a forma de me alimentar. Support the show
Sobrepesca, poluição, contaminação por microplásticos, aquicultura, aquecimento global: o cenário atual dos pescados, de água doce e salgada, não é nada bom. Alguns dados:Já perdemos metade dos nossos recifes de corais e manguezais – alguns dos habitats mais produtivos da Terra. E levamos muitos estoques de peixes cruciais ao ponto de colapso, ameaçando os meios de subsistência e a segurança alimentar das pessoas – e prejudicando outras espécies, incluindo aves marinhas, tartarugas e golfinhos. (fonte: WWF)O consumo global de alimentos aquáticos aumentou a uma taxa média anual de 3,0%, desde 1961 – quase o dobro da taxa de crescimento anual da população mundial – e atingiu 20,2 kg per capita, mais que o dobro do consumo na década de 1960. (Fonte: Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação)O número de estoques sobrepescados em todo o mundo triplicou em meio século e hoje um terço das pescarias avaliadas no mundo estão sendo empurradas além de seus limites biológicos. (Fonte: Our World in Data) Globalmente, jogamos cerca de 10% dos peixes e animais marinhos que capturamos de volta ao oceano (em sua maioria, mortos). Somado a isso, as perdas e desperdícios na cadeia chegam a 35% do volume pescado. (Fonte: A 20-year retrospective review of global aquaculture)Brasil está entre os 20 países no mundo que mais contribuem para a poluição plástica nos oceanos. Um estudo inédito, disponibilizado pelo projeto, aponta que cada brasileiro pode ser responsável por 16 quilogramas de resíduos no mar por ano. A ingestão de alimentos e água contaminados com microplásticos é a principal via de exposição humana. Os produtos da pesca são uma importante fonte de microplásticos na dieta humana.(Fonte: Rede Blue Keepers)Minha entrevistada é Cintia Miyaji, bióloga, mestre e doutora em Oceanografia Biológica pela Universidade de São Paulo, idealizadora do primeiro Guia de Consumo Responsável de Pescado do Brasil e fundadora da Aliança Brasileira pela Pesca Sustentável. Também é fundadora da Paiche Consultoria e Treinamento e membro da Conservation Alliance for Seafood Solutions.Support the show
Turismo de massa é uma atividade com grande valor econômico para diversas cidades e regiões no mundo, porém possui efeitos destruidores, com grandes impactos ambientais e sociais. Alguns efeitos do overtourism (turismo em excesso): moradores são “expulsos” porque os aluguéis por temporada dominaram a área ou elevaram os preços de forma insustentável; negócios locais (como padeiros e floriculturas) fecham as portas por não conseguirem competir com lojas de cadeias internacionais; a construção de resorts e condomínios de casas causam desmatamento e uso indevido dos recursos naturais, como a água.Mas há outras formas de turismo, como o Regenerativo. O turismo regenerativo analisa o ecossistema local e cria benefícios tais como gerar emprego e condições de trabalho decentes para a comunidade em questão; desenvolve relações com a população do lugar e favorece a conexão do turista consigo mesmo e com a região em que está visitando; incentiva práticas ligadas à agricultura local, que melhoram a fertilidade do solo e garantem o acesso à alimentação para a comunidade; cultiva condições para que todos os integrantes desse ecossistema desenvolvam seu potencial. Ou seja: além de possuir a natureza como eixo central, o turismo regenerativo leva em consideração os pilares social, econômico, político e espiritual. Para conversar sobre turismo regenerativo, meu convidado é Pedro Treacher. Pedro é turismólogo e trabalha na área desde 2004. Já foi representante de vendas de resorts nacionais, teve uma pequena agência de ecoturismo e cuidou de operações de enormes grupos para Europa. Atualmente, dirige hotelaria do grupo que administra as Pousadas Trijunção, no Cerrado; Pousada Tutabel, em Trancoso; a Pousada Literária e a Fazenda Bananal em Paraty (além de outros empreendimentos com foco em conservação e sustentabilidade) e é Vice-presidente de sustentabilidade da BLTA (Brazilian Luxury Travel Association).Support the show
"Neste ano, a produção gaúcha de arroz deverá ser 100 mil hectares menor do que a do ano passado, justamente pela maior atratividade de culturas destinadas à exportação. Enquanto a produção de arroz e de feijão caiu, a da soja cresceu 159% e a do milho 138%". (Fonte: Folha de São Paulo)Não é à toa que os preços de alimentos como arroz, feijão e mandioca tem aumentado vertiginosamente nos últimos anos: tanto as políticas públicas quanto o mercado financeiro jogam bilhões de reais na produção de commodities - como soja e milho voltados à exportação, cujo objetivo é alimentar porcos, galinhas e outros animais de criação - em detrimento dos plantios de grãos, legumes, verduras e frutas voltados a alimentação humana. Mesmo com o efeito devastador do avanço das monoculturas (desmatamento, desertificação, expulsão de povos originários e quilombolas de seus territórios, uso massivo de agrotóxicos, uso desmedido dos lençóis freáticos para irrigação, entre outros), isso não importa para o mercado financeiro, que comemora as 'safras recorde' de soja enquanto ignora os 33 milhões de famintos no Brasil.Como o mercado financeiro molda o sistema alimentar atual? Qual a participação dele na desigualdade social e no caos climático? É sobre isso meu papo com João Paulo Pacífico, CEO de Investimentos de Impacto do Grupo Gaia.João Paulo atua exclusivamente com investimentos de impacto socioambiental e realizou operações financeiras inovadoras, como o investimento em Cooperativas MST. Também é Cofundador da Gaia+, ONG de educação socioemocional que atua com professores e alunos de todo o país, Conselheiro do Greenpeace Brasil e autor dos livros Onda Azul e Seja Líder como o Mundo Precisa.Support the show
Há tempos queria fazer um episódio do @vaisefood sobre as mentiras que nos contam sobre o vinho, a tal bebida dos deuses: é saudável, faz bem pro coração, carrega todo o terroir de onde veio, blá-blá-blá. Só “esquecem” de dizer COMO a maior parte dos vinhos industriais é produzido, desde o campo até a garrafa. “Esquecem” porque o negócio não tem NADA de sublime.São centenas de pesticidas, acaricidas, fungicidas e herbicidas autorizados no cultivo da uva - e não só no Brasil, não.Na vinificação, a lei brasileira permite usar albumina de ovo, leite desnatado, gelatina e até bexiga natatória de peixe pro vinho ficar “limpo” e transparente. Detalhe: NADA disso precisa vir descrito na lista de ingredientes. * Para acessar o documento do MAPA sobre aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia, clique aqui* Para acessar o documento da EMBRAPA Agrotóxicos registrados para a cultura da Videira - Safra 2021/22, clique aquiSupport the show
O Brasil é o maior produtor de café do planeta - seguido por Vietnã, Colômbia, Indonésia e Etiópia - mas isso não significa que a bebida que tomamos seja de boa qualidade. Na verdade, grande parte do café vendido no país é de qualidade, no mínimo, questionável. Por séculos, o Brasil exportou seus melhores grãos e deixou por aqui o que "sobrava". Com isso, nosso paladar se acostumou a um café feito com grãos ruins, torrado excessivamente (para homogeneizar o sabor) e vendido, em sua maioria, já moído, o que impede o consumidor de saber exatamente o que existe ali. Exemplo? A lei da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que regula sujidades toleradas em alimentos, permite que cada 25 gramas de café torrado e moído possa conter até 60 fragmentos de insetos e que até 1% do volume do pacote seja "casca, pau e detritos provenientes do cafeeiro"; tem produtor que aproveita para elevar esse índice para até 3% e dar uma 'reforçada' com milho, cevada, triguilho, açúcar mascavo e soja.Esse cenário começou a mudar há cerca de 20 anos, quando surgiu por aqui o conceito de "café especial". O café especial tem valores de saca bem maiores do que os do café commodity, é sensorialmente muito mais complexo, tem cadeia de produção rastreável e segue parâmetros sócio-ambientais (nada de trabalho análogo a escravidão, uso intensivo de agrotóxicos ou desmatamento). Com a valorização desse produto tão importante - Segundo a Organização Mundial do Comércio, o café é a segunda mercadoria mais valiosa exportada pelos países em desenvolvimento, depois do petróleo -houve um boom de boas cafeterias e torrefadores pelo país, centenas de lojas online especializadas em cafés especiais surgiram e a valorização dos produtores de grãos de excelência veio para ficar. Para aprendermos mais sobre o que separa um café padrão de um especial, minha convidada é um ícone do setor, Isabela Raposeiras. Barista, mestre de torra e proprietária do Coffee Lab (cafeteria multipremiada e a maior escola de baristas do mundo), em São Paulo, Isabela foi pioneira ao pagar o valor merecido (até cinco vezes mais que a média) aos produtores de cafés de qualidade e criou métodos de torra adaptados aos cafés especiais que garimpava pelo Brasil. Foi ela também quem, pela primeira vez, colocou os produtores como protagonistas, estampando nas embalagens seus nomes, a variedade de café e o tipo de torra. Support the show
Apiaká, Baniwa, Guajajara, Jiripancó, Krenak, Miranha, Kanindé, Pataxó, Xukuru, Yanomami: esses são apenas alguns dos 266 povos indígenas que vivem hoje no Brasil (Fonte: Instituto Socioambiental), em um território de mais de oito milhões de quilômetros quadrados. Portanto, falar de cultura alimentar indígena significa falar de pluralidade de rios, mares, chapadas, florestas, caças, peixes, tubérculos, frutas, raízes… Significa falar de milhares de anos de tradição, de aprendizado, de relação equilibrada com a natureza, de saberes ancestrais. Se você aprendeu que a "comida básica de índio" era a mandioca, bom, taí um erro comum: apesar de mandioca e seus derivados serem a base da alimentação de diversos povos da Amazônia - e com eles, os povos não-indígenas terem aprendido a comer farinha, a usar tucupi e a preparar tapioca -, há povos em outras partes do Brasil que tinham sua principal fonte alimentar no milho e na batata-doce, por exemplo. Fato: sabemos pouco demais sobre os povos originários do Brasil e sua relação com o alimento e, como colonizados, damos muito mais crédito aos imigrantes europeus e japoneses pela construção do que chamamos hoje de culinária brasileira do que aos africanos escravizados e aos indígenas, as bases da nossa cultura alimentar. Indígenas sabem plantar ou são só coletores-caçadores?Produzem alguma coisa? Para abordar esses e outros temas, minha convidada é Deborah Martins. Inndígena do povo Pataxó, Deborah é chef de cozinha, formada em Direito, graduanda em Gastronomia, ativista pela soberania alimentar dos povos indígenas, pelo Direito Humano à Alimentação Adequada e por uma gastronomia política.Support the show
Em fevereiro de 2023, uma operação resgatou de condições análogas às de escravo 207 pessoas que atuavam na colheita e carga e descarga de uvas em Bento Gonçalves (RS): os trabalhadores denunciaram que foram vítimas de ameaças e maus tratos, incluindo o uso de choques elétricos e spray de pimenta. O caso ganhou atenção da mídia e ampla repercussão pública. Contudo, também em 2023:- fiscalização resgata 16 trabalhadores após cinco meses em situação análoga à escravidão em fazenda de soja no Sul do Piauí: quinze homens adultos e um adolescente viviam em barracas de lona, sem acesso a banheiros.- operação resgata 56 pessoas (entre elas, adolescentes com idades de 14 a 17 anos) em condição análoga à escravidão em fazendas de arroz em Uruguaiana, RS Em 2022:- operação resgatou 27 vítimas de trabalho análogo a escravidão nas Fazendas Olhos D'Água e Klem, ambas com selos de boas práticas socioambientais na produção de café.- trabalho análogo à escravidão em pomar em Bom Jesus, Rio Grande do Sul, que abastecia ‘líder em maçãs' , acende alerta sobre condições na colheita do fruto.O fato é que trabalho análogo a escravidão no setor de produção de alimentos não é, infelizmente, um caso isolado no Brasil: ao todo, 2.575 trabalhadores foram encontrados nessa situação em 2022. Mas como, em pleno 2023, essa prática vil ainda é comumente utilizada no Brasil? Qual a punição prevista em lei para quem comete esse crime? Como saber se os produtos que colocamos em nossas mesas tem envolvimento com trabalho escravo? Para conversar sobre o tema, nossa convidada é Simone Henrique, advogada especialista em Compliance pelo IBCCRIM e Universidade de Coimbra e Mestra em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.PARA ACESSAR A LISTA DAS EMPRESAS QUE FORAM FLAGRADAS UTILIZANDO TRABALHO ANÁloGO A ESCRAVO, CLIQUE AQUISupport the show
Você também cresceu ouvindo que os movimentos sociais eram formados por “um bando de bandidos”, que invadiriam sua casa e jogariam o país no caos comunista? Que "esse povo" não produz nada e ainda quer tomar o que é dos outros? Pois é, esse papo é tão velho e embolorado quanto mentiroso e surtado…. Até a ONU já sabe disso.Em dezembro de 2022, o prêmio global Healthy Childhood Challenge, promovido pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância, criado pela ONU) em parceria com a Novo Nordisk, foi para o projeto Cozinhas Solidárias do MTST, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto. A premiação, de 100 mil dólares, objetiva financiar a manutenção e expansão do projeto. As Cozinhas Solidárias começaram na época da pandemia de COVID-19 para acolher pessoas em situação de vulnerabilidade social que não tinham mais condições de comprar comida e/ou gás. Hoje, o projeto conta com 31 cozinhas solidárias espalhadas pelas principais capitais brasileiras e já serviu mais de 1,5 milhão de refeições, fortalecendo o combate à fome em um Brasil que hoje tem 33 milhões de pessoas passando fome, além de 125 milhões em situação de insegurança alimentar (Fonte: Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, Penssan)Para conversar sobre o tema, nossa convidada é Juliana Bruno. Juliana é Coordenadora das Cozinhas Solidárias e militante do MTST.Para contribuir com as Cozinhas Solidárias, clique em https://apoia.se/cozinhasolidaria Support the show
E se você pudesse comer toda carne que quisesse sem nenhum animal ter que nascer nem morrer? Sem que nenhuma monocultura - pra virar ração - precisasse existir? Sem que nenhum agrotóxico precisasse ser aplicado? Sem que nenhuma floresta precisasse ser derrubada para virar pasto? Sem o uso de antibióticos? Parece ilusão, mas é uma realidade que está mais próxima do que imaginamos.A tecnologia da carne cultivada - carne de verdade, de bicho, com mesma textura e gosto, feita em laboratório a partir de uma célula animal - está cada dia mais acelerada. São mais de 150 empresas em todo o mundo desenvolvendo carne cultivada de boi, porco, frango, peixe, codorna… A venda de carne cultivada está em fase de aprovação em países como Israel e EUA e já foi liberada em Singapura. POr aqui, ao que tudo indica, estará disponível no final de 2024. Para falar sobre o tema, nossa convidada é Amanda Leitolis, Especialista em Ciência e Tecnologia do The Good Food Institute Brasil. Ph.D em Biologia Celular e Molecular, com mais de 10 anos de experiência em pesquisa laboratorial e 5 anos de experiência no cultivo celular e em engenharia de tecidos.O The Good Food Institute é uma instituição internacional cujo objetivo é criar cadeia de alimentos mais saudável, segura, justa e sustentável através de apoio às indústrias que visam criar alternativas ao uso de ingredientes com origem animal, seja em tecnologias de base vegetal ou de tecidos cultivados. Support the show
Torresmo na feijoada, linguiça no boteco, presunto no misto quente, bacon no hambúrguer, tender no final do ano: não há como negar que a carne de porco é parte do cotidiano de milhões de brasileiros e vem sendo, ano a ano, cada vez mais consumida.Mas o que sabemos sobre a produção dela?Praticamente nada.Neste episódio, falamos sobre as regras brasileiras na produção de suínos e como procedimentos como castração e corte de rabo de leitões sem anestesia e baias parideiras nas quais a leitoa não consegue se levantar/virar estão dentro da lei e são consideradas 'Padrão'.Também abordamos a relação entre confinamento de porcos - a principal forma de criação no Brasil e no mundo - e surgimento de novas pandemias, uso dos dejetos (fezes e urina) como fertilizantes em plantações, entre outros pontos igualmente alarmantes e desconhecidos.As fontes usadas neste episódio:Manual Brasileiro de Boas Práticas agropecuárias na produção de suínos, Associação Brasileira de Criadores de SuínosTecnologia de abate e inspeção de suínos MAPA, Ministério da Agricultura e PecuáriaManejo pré-abate de suínos do Instituto Federal de Educação, ciência e tecnologia de São Paulo, campus BarretosBem estar animal na produção de suínos, EMBRAPASupport the show
"O maior problema que passamos a enfrentar quando nos tornamos sedentários e começamos e desenvolver técnicas de agricultura foi, justamente o de estocar o excedente de nossa produção agrícola a cada colheita. Isso se deu há mais de 10 mil anos e, naquela época, não havia geladeira, irradiação ou uma indústria química sempre disposta a inventar novas formas de aniquilar a vida contida no alimento recém- produzido". Esse trecho do livro Açúcar, Álcool e Vinagre: celebrando a arte da fermentação, nos dá uma rápida ideia de como a fermentação foi e é essencial para humanidade - não apenas para preservar, como também para produzir alimentos como pão, cerveja, vinho, café, chocolate...Para conversar sobre o papel dos açúcares na fermentação (são muitos tipos), como quatro reinos de degladiam para ela acontecer (Bacteria, Archea, Protoza e Fungi), a produção de álcool com decorrência do processo e os muitos tipos de ácidos resultantes dele (e suas diferenças sensoriais e de usos na gastronomia), nosso convidado é Fernando Goldenstein.Fernando é Bacharel em física e mestre em biofísica (ambos pela USP) e fundador da Companhia dos Fermentados, indústria de comidas e bebidas que faz o resgate de técnicas antigas de produção de alimentos de forma artesanal e natural. Também é fundador e professor da Escola Fermentare - que conta com mais de 18 cursos sobre os mais variados assuntos relacionados com o tema e ministra cursos por todo o Brasil nos SESCs, SENACs, escolas, restaurantes, indústrias e universidades de gastronomia ( além do próprio espaço em são Paulo) e autor do livro recém lançado Açúcar, Álcool e Vinagre: celebrando a arte da fermentação, da Editora Fermentare.Support the show
Nas redes sociais, quem te influencia quando o tema é comida? Entendem sobre o tema do qual são influenciadores? Pagam a conta dos restaurantes que 'avaliam' ou os indicam por que estão comendo de graça?O mundo dos influencers de comida é bem indigesto... Tem aqueles que começam a escrever sobre isso porque desejam ser convidados para rangos na faixa; aqueles que detonam um estabelecimento para, depois, venderem consultoria; aqueles que usam palavras difíceis e citações de livros de gastronomia com o objetivo de serem levados a sério por chefs e assessorias e afagarem o próprio ego. Tem de tudo, até quem estude a vida inteira e produza conteúdo que contenha... conteúdo.Quem te influencia?Support the show
Há quem afirme que o pão é feito e consumido há 8 mil anos. Outros, levam essa data para 10 mil anos. Há os que asseguram: a produção e consumo de pão só passou a existir depois que os homens e mulheres deixaram de ser nômades e passaram a dominar a agricultura, no Egito antigo. Mas tudo isso se mostrou errado quando, em 2018, uma escavação na Jordânia encontrou restos de pão carbonizado de 14 mil anos - e de uma população nômade. Pois é: somos padeiros antes de sermos agricultores.O trigo - não o que conhecemos hoje, domesticado e selecionado para ser altamente produtivo, mas sim as variedades ancestrais - é um grão de imensa importância histórica, alimentar e cultural. Originária da Mesopotâmia, se espalhou por diversas partes do planeta com a nossa migração e, encontrando condições favoráveis, se multiplicou.Porém, o que conhecemos como farinha e pão durante toda a história da humanidade não é nada parecido com o que comemos hoje, especialmente quando se fala em produção industrial… As farinhas tem alvejantes e conservantes, os pães estão cheios de espessantes e conservantes - consumimos, em geral, 'pão morto".Para conversar sobre pão de verdade, entender as diferenças entre fermentação natural biológica e lenta e mais um mundão de assuntos, nosso convidado é Luiz Américo Camargo. Luiz é palestrante e consultor gastronômico. Pesquisa a panificação caseira desde a década de 1990, é autor dos livros “Pão Nosso” e “Direto ao Pão”, ambos lançados pelo Panelinha/ Senac. Também é criador do evento Pão com Pão e do podcast Pão Nosso. Escreve sobre fermentação natural desde 2009, no seu blog Eu só queria jantar, no estadao.comSupport the show
Você conhece a relação entre desmatamento e falta de comida? De modo bem resumido:Sem a evapotranspiração da floresta Amazônica (árvores jogam umidade na atmosfera), fenômeno conhecido como 'rios voadores', o fluxo e intensidade de chuvas diminuirá em toda América Latina. Os rios voadores são imensos volumes de vapor de água que vem do oceano Atlântico, se precipitam sob a forma de chuva na Amazônia – onde ganham corpo – e seguem até os Andes, encontrando a muralha rochosa presente nessa região, que os faz desviar e flutuar sobre a Bolívia, o Paraguai e os estados brasileiros de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo (às vezes alcançando até o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul)Sem o Cerrado preservado, a falta de água castigará o Brasil todo: é no bioma que nascem oito das doze regiões hidrográficas brasileiras. Além disso, é no Cerrado que ficam três dos principais aquíferos do país: Bambuí, Urucuia e Guarani. A contribuição hídrica do Cerrado para a vazão da bacia do Paraná chega a 50%, para a bacia do Tocantins chega a 62% e é de 94% para a bacia do São Francisco; o Pantanal é totalmente dependente da água nascida no Cerrado; grande parte da energia consumida no Brasil é gerada com as águas do Cerrado. E o que permite que a água seja levada até os lençóis freático? Solo permeável (não-desmatado) e as raízes profundas da vegetação nativa. Sem água no subsolo e com menos água caindo do céu, o resultado é óbvio: lavouras secas e fome. Então sabe para quem interessa a preservação ambiental? Só para quem come e bebe água.. . E é para entender mais sobre tema vital que convidamos Argemiro Teixeira. Argemiro é Doutor em Análise e Modelagem Ambiental, Mestre em Meteorologia Aplicada, Engenheiro Florestal e um dos autores do estudo "Agronegócio brasileiro pode perder até R$ 5,7 bilhões por ano com desmatamento na Amazônia", resultado da parceria entre o Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Universidade de Bonn, na Alemanha. Support the show
Carqueja, jurubeba, catuaba, sassafrás, milome, mastruz. Alguns desses nomes são familiares a você? Não estranharia se não fossem… Nossas plantas, ervas, frutas, cascas e raízes nativas vem sendo usadas há milênios pelos povos originários e há várias centenas de anos pelos quilombolas para curar, reverenciar e embriagar.Toda essa cultura e esses saberes, porém, estão, pouco a pouco, desaparecendo em um planeta de consumo maciço - de informação à comida.Vem desaparecendo por conta do desmatamento (muitas dessas plantas são encontradas apenas "no mato"), da falta de valorização ao que é nosso. Vem desaparecendo por conta da reverência ao importado, ao farmacêutico, ao global.E o que isso tem a ver com coquetelaria? Tudo.Nesse episódio conversamos com Néli Pereira, autora do livro "Da Botica ao Boteco: plantas, garrafadas e a coquetelaria brasileira". Neli é jornalista, mixologista, pesquisadora de brasilidades e mestre em estudos culturais latino-americanos pela University of London. Support the show
Ovo orgânico, caipira, sustentável, convencional: quais as diferenças?O que determina a cor da casca do ovo? E da gema?Como são criadas as galinhas poedeiras no Brasil? Você já ouviu falar do descarte dos pintinhos machos de um dia da linhagem de poedeiras?Hoje, no Brasil, existem 252,571 milhões de aves poedeiras (IBGE), sendo 99% delas criadas em gaiolas - prática já proibida em diversos países. Essas aves comem ração com antibióticos, tem seus bicos cortados para evitar canibalismo causado pelo estresse e são descartadas com 90 semanas de vida, quando sua produtividade cai (viram farinha de pena e de vísceras para ração de animais de estimação). Vamos aprender mais sobre a proteína animal mais consumida pelos brasileiros?Nosso entrevistado é Luis Barbieri, formado em engenharia de produção, trabalha há quase 20 anos no setor de grãos e há 3 anos fundou, com mais quatro sócios, a Raiar Orgânicos, empresa de proteínas animais e vegetais orgânicas.Support the show
Muitos ingredientes fazem parte do nosso cotidiano mas não temos a mínima noção de onde eles vem. Um deles, sem dúvida, é a baunilha. Nativa da América Central e do Caribe, a baunilha é usada numa infinidade de produtos alimentícios (sorvetes, cremes, biscoitos…) e de perfumaria.Por ser a especiaria mais cara do planeta, a grande maioria da “baunilha” utilizada pela grande indústria de alimentos é sintética (extraída de resíduos de celulose) porque a natural dá um tremendo trabalho de se produzir, leva bastante tempo e envolve muito conhecimento e técnica.Ah, sim: baunilha é a fava de algumas variedades de orquídea que, após noves meses crescendo e mais uns seis meses sendo “curada” (fermentada), resultam no produto que a gente conhece. Há vários anos, as baunilhas mais famosas são as de Madagascar porque o mercado internacional convencionou que seu sabor é superior ao das outras. Bobagem. As baunilhas brasileiras - sim, temos muitas! - pra mim, são muito mais interessantes e aportam notas mais complexas como de cravo, rum… Só aprendi isso - e muito mais- porqueqfui para a estonteante Chapada dos Veadeiros fazer uma imersão no universo das baunilhas com nossos dois entrevistados desse episódio, Luiz Camargo e Daniel Simas. Luiz Camargo é especialista em biodiversidade e gastronomia brasileira, atua na cadeia da baunilha há mais de 10 anos, como foco em produção, beneficiamento de produtos e comércio justo. Também é fundador da @escolhadabaunilha e da @bauni.Daniel Simas é Químico Industrial pela UFRRJ, Mestre em Química com ênfase em Ecologia Química, Doutor em Química de Produtos Naturais e tem estágio de pós doutorado em Biotecnologia Farmacêutica na Faculdade de Farmácia.Support the show
Frango assado, costela no bafo, leitão à pururuca, paçoca de carne seca: tudo isso se enquadra na tal “comida de verdade”?Tudo bem a produção da “comida de verdade” das aquela ajuda para colapsar o planeta?Tudo bem a “comida de verdade” colaborar para o surgimento de pandemias?Tudo bem a “comida de verdade” ser a causa do uso maciço de agrotóxicos?2022.Mesmo com todas as evidências dos imensos impactos sócio-ambientais da cadeia de produção de alimentos derivados de animais, a maioria dos chefs celebridades e influencers de gastronomia continuam ensinando TODO SANTO DIA receitas com carne, queijo, ovos e leite como se estivéssemos em 1940 e o planeta, sossegado, sem sobrecarga. Como se os animais de criação voltados a consumo humano, fossem criados soltos e sem antibióticos. Está na hora de sair desse surto. A realidade não aceita mais esse negacionismo hedonista - o mundo está aquecendo, as epidemias estão surgindo, a desertificação está se tornando cada vez mais presente e as imensas monoculturas voltadas a alimentar animais de criação estão varrendo do mapa Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. É fato: a forma como nos alimentamos está colapsando o planeta. E, sim, seu bife à milanesa tem a ver com isso. Te convido a vir comigo dar uma rápida olhada nos impactos da produção de alimentos derivados de animais - demora menos do que preparar um omelete com ovos de galinhas felizes (coisa que não existe, aliás, na produção industrial). Support the show
Todos sabemos que o mar está cheio de lixo plástico e que diversas espécies marinhas estão entrando em extinção por conta da pesca industrial altamente predatória. Mas e a tal pesca artesanal, é garantia de sustentabilidade, qualidade e frescor do peixe? A resposta é não.Mais de metade do consumo de peixes e frutos do mar no Brasil vem da chamada pesca artesanal. Contudo, não fazemos ideia da situação real das populações marinhas porque, há quase 15 anos, o governo brasileiro não faz nenhum tipo de controle nesse sentido.Outro ponto grave é que o controle da cadeia do pescado não é nada confiável: com o excesso de atravessadores entre o pescador e o consumidor final e a falta de qualificação e acesso a recursos por parte dos profissionais da pesca - que, por vezes, não tem nem gelo para colocar no barco, o que ajudaria no abate menos doloroso (em vez de morrer de cansaço, de tanto se debater, o peixe ficaria imediatamente "anestesiado") e na conservação do animal - , grande parte do pescado brasileiro acaba por ter qualidade muito ruim.Como se não bastasse, comemos MUITO peixe fraudado, inclusive em restaurantes: são vendidos como uma determinada espécie mas são de outra. O famoso "gato por lebre".Mas não precisa ser assim. Rodolfo Vilar, nosso entrevistado deste episódio, é o idealizador do Projeto A.Mar, que trabalha junto a comunidades pesqueiras tradicionais de Ilhabela ensinando melhores e simples práticas de despesca (tudo o que acontece assim que o peixe é retirado da água), processos de cura, defumação e fermentação (todas possíveis de serem feitas sem luz elétrica, realidade de diversas dessas comunidades) - o que aumenta o valor agregado do produto e também seu tempo de prateleira- e rastreabilidade total, tanto do tipo de pescado quanto do processo a que foi submetido.Support the show
"Mas vai ficar com deficiência de ferro e B12! De onde vai tirar as proteínas?! Vai ter anemia!Sem carne essa criança não vai ter desenvolvimento cerebral adequado! Proteína vegetal não é tão biodisponível quanto a da carne!"Essas são algumas das frases chocadas que se ouve quando alguém diz que uma criança é vegetariana (ou vegana). Todas, aliás, errôneas.O fato é que extensas e recentes pesquisas, além de estudos in loco em consultórios de nutricionistas, indicam que dieta vegetariana equilibrada é segura e saudável para qualquer idade, inclusive para gestantes. Por "equilibrada" leia-se variada (frutas, verduras, legumes, grãos, leguminosas, tubérculos, etc), repleta de alimentos in natura, pouco ou nenhum superprocessado e baixa ingestão de açúcar - o que, convenhamos, é a recomendação da OMS para QUALQUER tipo de dieta… A Academy of Nutrition and Dietetics, American Dietetic Association e a Dietitians of Canada ressaltam que há benefícios na alimentação vegetariana na infância como menores chances de obesidade e sobrepeso, redução significativa de doenças crônicas não transmissíveis, menor ingestão de doces e menor ingestão de gordura total e saturada; bebês vegetarianos que recebem quantidades adequadas de leite materno ou fórmula infantil e tem dieta com boas fontes de energia e nutrientes como ferro, vitamina B-12 e Vitamina D, tem o crescimento normal ao longo da infância. Para conversar sobre esse tema ainda tão tabu, nossa convidada é Ana Ceregatti. Nutricionista há 30 anos, Ana é pós graduada em nutrição clínica, atua nas areas de nutrição vegetariana e materno infantil e é idealizadora do projeto de educação nutricional popular Escola de Nutrição.Para quem quiser se aprofundar no assunto, aqui está o LINK para acessar o material sobre Vegetarianismo na Infância, produzido pela Sociedade Vegetariana Brasileira. Support the show
Das 140 milhões de toneladas de alimentos produzidos por ano no Brasil, 26 milhões são jogados no lixo, de acordo com o estudo “Mitigação do desperdício de alimentos: práticas e causas na díade fornecedor-supermercado”, realizado pela professora e pesquisadora Camila Moraes na UFSCar. Uma das principais razões chega a ser bizarra: pressão estética.“Há pressão estética em frutas, verduras e legumes, e a natureza não nos proporciona isso. Há essa demanda do lado do consumidor, o supermercado cria esses critérios de recebimento e leva o problema para fornecedores”, afirma a pesquisadora. Batata doce grande demais? Vai pro lixo porque o produtor não consegue vender para redes de supermercados que só trabalham com produtos "padronizados". Cenoura torta? Lixo. Morango bifurcado? Lixo. Ou seja: olhamos para frutas, legumes e verduras de forma industrial, querendo todos iguais, quando não existe linha de produção na natureza... A pressão estética - compra baseada exclusivamente no “padrão” de tamanho e formato - faz o Brasil desperdiçar cerca de 25% das raízes, frutas, hortaliças e sementes oleaginosas... (Fonte: Programa Mesa Brasil) - e 15% disso acontece no varejo.Para combater esse desperdício dos alimentos "fora de padrão", garantir a compra dos que seriam jogados fora e ainda conseguir vender a preços menores para o consumidor final surgiu o Mercado Diferente. O Mercado Diferente vende assinaturas de cestas de frutas, legumes e verduras produzidas por produtores de orgânicos certificados entregues em domicílio. Essas cestas podem ser compostas por até 50% de alimentos fora do padrão, o que ajuda a combater o desperdício em toda a cadeia de produção além de permitir que custem até 40% menos do que custariam no mercado.Para conversar como foodtechs podem melhorar a vida no campo, estimular a produção limpa e educar o consumidor, conversamos com o CEO do Mercado Diferente, Eduardo Petrelli.Support the show
Planta nativa da Mata Atlântica brasileira, a palmeira juçara faz parte da cadeia alimentar de diversas espécies da fauna silvestre. Aves como tucanos, jacutingas, jacus, sabiás e arapongas são os principais responsáveis pela dispersão das sementes, e mamíferos como cotias, antas, catetos se beneficiam das suas sementes e frutos. Em decorrência de exploração descontrolada para a retirada do palmito, especialmente entre as décadas de 1970 e 1980, a palmeira tornou-se restrita a poucas Unidades de Conservação e áreas protegidas particulares e, seu corte, virou crime. Com isso, nem quem vive no campo, nem o consumidor, sabia mais que ela guarda uma joia ainda maior que o palmito: seus frutos.Os frutos da Juçara (prima-irmã do açaí) são as estrelas da marca Juçaí, sorbet produzido com juçara orgânica proveniente de agroflorestas nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. A colheita é feita direto da juçara silvestre, de maneira sustentável: 33% dos frutos são deixados para garantir a alimentação da fauna. Hoje, mais de 800 famílias tiram seu sustento da extração e processamento da juçara - enquanto mantém a mata em pé.Para conversar como a biodiversidade pode ser um tremendo negócio, conversamos com Roberto Haag, Diretor Geral da Juçaí.
Num planeta profundamente impactado pelas mudanças climáticas causadas pelo homem, no qual centenas de milhões de pessoas passam fome ou não tem acesso regular a alimentos, empresas tem obrigação de atuar nas questões sociais e ambientais? Em um mundo no qual florestas estão virando pasto e monoculturas de soja e os lucros das commodities são mais importantes do que a manutenção de condições decentes de sobrevivência para a população, é possível expandir uma marca e, ao mesmo tempo, ampliar o impacto positivo da cadeia de produção de sua matéria-prima? Dá para ter lucro tendo premissas sustentáveis e regenerativas em um negócio? A resposta para todas as perguntas é "SIM".Neste e nos próximos episódios do Vai Se Food, traremos exemplos de empresas pautadas pelas questões sócio-ambientais e que, sim, dão $$$.Hoje, nosso convidado é Estevan Sartoreli, CEO e cofundador da Dengo. A marca de chocolates e cafés, lançada em 2017 como um negócio de impacto social, adota práticas de plantio que conservam as florestas e a boa qualidade das áreas produtivas - visando à restauração agrícola das áreas de plantação degradadas-, paga aos produtores de cacau valores até 91% acima do preço de mercado e fornece capacitação técnica gratuita para os agricultores que desejam melhorar suas práticas. Como? Ouça e descubra!
Em julho de 2021, o IDEC (Instituto de Defesa do Consumidor) publicou um estudo sobre os resíduos de agrotóxicos em alimentos superprocessados, especialmente aqueles com maiores teores de açúcar, trigo, milho e soja e/ou com apelo para o público infantil. O resultado foi assustador: 59,3% dos produtos analisados apresentaram resíduos de pelo menos um tipo de agrotóxico.Agora, o mesmo Instituto lança a segunda parte do estudo, com foco nos resquícios de agrotóxicos em alimentos superprocessados derivados de animais. Foram testados: Linguiça suína, Salsicha, Mortadela, Hambúrguer bovino, Empanado de frango, Iogurte, Bebida láctea sabor chocolate e Requeijão. Novamente, os resultados são alarmantes: todas as categorias de produtos cárneos apresentaram resíduos agrotóxicos e duas das três marcas de requeijão, também.Isso prova que o uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil contamina todos os tipos de alimentos, não "apenas" os vegetais, e que não estaremos seguros até que existam políticas públicas sérias que defendam a saúde pública e ambiental dos brasileiros.Para conversar sobre o tema, nosso convidado é Rafael Arantes, Coordenador do Programa de Consumo Sustentável do IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumido).Gosta do Podcast? Apoie!
A diáspora africana ocorreu entre 1500 e 1800. Neste longo período, mais de 13 milhões de africanos foram brutalmente arrancados de suas terras e, amontoados em navios de forma desumana, trazidos para as Américas a fim de servir de mão de obra gratuita para os colonizadores europeus. Os africanos escravizados trouxeram consigo seus saberes, tecnologias e culinária. Ao longo dos séculos, porém, essa carga cultural foi sendo apagada dos livros de história, majoritariamente escritos por europeus brancos. Hoje, nem pensamos e/ou sabemos o quanto os povos africanos colaboraram para a formação da cultura e da gastronomia de toda a América, especialmente do Brasil, o país com o maior número de escravizados.Quitutes de tabuleiro, comidas moles.Técnicas seculares de lida nas plantações de café.Metalurgia.Mineração.Fermentação.Produção de vinhos de frutas.Essa são apenas algumas das contribuições do povo africano no Brasil.Para conversar sobre o tema, nossa convidada é Patty Durães.Formada em Relações Internacionais, Produtora e Pesquisadora de Culturas Alimentares, Patty também é Mentora de projetos de afro empreendedores de gastronomia, curadora da Feira Preta e Idealizadora do curso auto formativo Muito Além da Boca: um passeio transatlântico pela comida afrodiasporica no Brasil, disponível gratuitamente na plataforma do Itaú Cultural.Gosta do Podcast? Apoie!
Para onde se olha, elas estão lá: as proteínas. Pode reparar: proteínas são onipresentes no mercado. Além das já tradicionais barras de proteína, hoje há pães, biscoitos, iogurtes, achocolatados e balas, entre outros, com proteínas adicionadas. E o tanto de whey protein?!Há uma loucura por proteínas, mas, na verdade, precisamos de tanta assim?Para que elas servem, afinal?Proteínas só existem em alimentos derivados de animais como leite, carne e ovo?Quanto mais proteína, melhor?Para falar mais sobre as tão famosas proteínas, nossa entrevistada é Débhora Medeiros. Débhora é nutricionista Funcional, Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional + Pós-graduada em Bioquímica e Nutrigenômica + Nutrição Esportiva Funcional + Fitoterapia Funcional + Professora de Pós-Graduação em Nutrição Vegetariana. Colaboradora do Guia Internacional de Nutrição Vegana para adultos pela União Vegetariana Internacional – IVU – 2022.Gosta do Podcast? Apoie! http://orelo.cc/vaisefood/apoios
Bife à parmegiana, Capeleti à romanesca, Fogazza, Polpetone recheado de muçarela, Lasanha à bolonhesa, Galeteria: você sabe o que todos eles tem em comum? Nenhum existe na Itália… O Brasil foi um dos países - ao lado dos EUA - que mais recebeu imigrantes italianos entre as décadas de 1880 e 1910 e, posteriormente, na década 1950, no pós-guerra. . Provenientes de diversas partes da Itália, quando aqui chegaram, não encontraram diversos dos ingredientes com os quais estavam acostumados e conheceram outros sobre os quais jamais haviam ouvido falar. Dessa adaptação e criação de pratos com insumos da "nova Terra", misturada ao receituário centenário e carregado de afeto e cultura, nasceu a cozinha de imigrante e a cozinha ítalo-brasileira. Ambas criaram raízes nas regiões Sul e Sudeste do Brasil a ponto de se tornarem tão cotidianas como o arroz e o feijão.Para conversar mais sobre o nascimento da cozinha ítalo-brasileira, nosso convidado é Gerardo Landulfo. Gerardo é Delegado da Accademia Italiana della Cucina, em São Paulo: a Accademia é uma instituição cultural reconhecida pela República Italiana, sem fins lucrativos, com sede em Milão e 292 delegações espalhadas pelo mundo.Gosta do Podcast? Apoie! http://orelo.cc/vaisefood/apoios
33,1 milhões de brasileiros passam fome em pleno 2022. Destes, 15,9 milhões afirmam que tiveram que adotar estratégias consideradas inaceitáveis ou vergonhosas para não morrer, como disputar restos de ossos ou pegar comida no lixo. A fome no Brasil voltou ao patamar de 30 anos atrás.Os números são do levantamento que investiga a segurança alimentar no contexto da pandemia, realizado este ano pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan). A Penssan, que reúne pesquisadores de universidades e instituições de todo o país, é uma referência no monitoramento da fome no Brasil.Além dos milhões que passam fome, mais da metade da população do país está em insegurança alimentar: são cerca de 125 milhões de brasileiros que não têm comida garantida todo dia. Para conversar sobre como a pandemia, o desmantelamento das políticas públicas voltadas a segurança alimentar, o fim dos estoques reguladores de comida, a crise econômica e o modelo de agronegócio influenciam, criam e aumentam a fome do país, nossa convidada é Adriana Salay. Adriana é historiadora, professora universitária e faz doutorado sobre a fome no Brasil.
Em um país com altas taxas de desemprego e violência, especialmente entre a população de menor poder aquisitivo, a escassez de oportunidades de carreira (assim como de cursos profissionalizantes), traz tremenda desesperança no futuro. Como mudar esse cenário, especialmente entre jovens dos 17 aos 25 anos? Através da gastronomia.O Chef Aprendiz é um projeto de desenvolvimento humano que usa a gastronomia como a principal ferramenta para capacitar jovens entre 17 a 24 anos em situação de vulnerabilidade social para que trabalhem em cozinhas de restaurantes e estabelecimentos parceiros (grande parte deles como um primeiro emprego). O projeto é itinerante e conta com o apoio de uma organização local para a realização das oficinas semanais ao longo de 6 meses. Os jovens vivenciam aulas teóricas e práticas sobre técnicas básicas de cozinha, história da gastronomia, alfabetização emocional, sustentabilidade, autodesenvolvimento e preparo para a vida e mercado de trabalho. As oficinas acontecem no contraturno escolar e contam com a participação de facilitadores e parceiros que compartilham seus conhecimentos com os participantes. Uma competição final a la Masterchef encerra o processo com chave de ouro e os jurados presentes oferecem vagas de empregos para os jovens que querem iniciar uma carreira como auxiliar de cozinha.Nossa entrevistada é Beatriz Mansberger, indicada para a Forbes Under 30, é idealizadora e gestora do Chef Aprendiz, projeto voltado à inserção socioeconômica de jovens em situação de vulnerabilidade social, que usa a gastronomia como linguagem para o desenvolvimento.
O modo atual de produção de alimentos, intensamente baseado em agrotóxicos, transgênicos e imensas monoculturas, NÃO ALIMENTA O MUNDO - mais de 811 milhões de pessoas passam fome, sendo 33 milhões delas no Brasil (Fonte: O Estado da Insegurança Alimentar e Nutrição no Mundo; ONU) - e ainda é dos principais emissores de gases do efeito estufa e o maior responsável pelo desmatamento, desertificação e contaminação das águas por agrotóxicos e antibióticos. Mas existem formas mais limpas e sustentáveis de produzir comida para quase 8 bilhões de pessoas? Sim, existem. As produções orgânica, agroflorestal e agroecológica são algumas delas.
Este episódio de número 100 é sobre uma instituição que ganhou os prêmios Chapin Awards - da organização americana WhyHunger - de conservação ambiental (2016), por Produção Sustentável do Community Food Security Coalition (2011) e do Whitley Gold Award (2002), um dos mais importantes prêmios ambientais do mundo. Também é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina e de hortifruti orgânicos do Brasil; sua estrutura é organizada em 100 cooperativas, 96 agroindústrias e 1,9 mil associações, envolvendo cerca de 350 mil famílias em 700 municípios brasileiros. Essa instituição não é uma startup unicórnio nem uma multinacional com práticas ESG - estou falando do MST. O tão demonizado Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra é um dos grandes realizadores da agroecologia no Brasil, produzindo toneladas de alimentos livres de venenos em centenas de assentamentos. Alguns são tão bem organizados que lançam marcas próprias, como os assentadas da Reforma Agrária no Rio Grande do Sul que, em 2021, colocaram no mercado sua marca de alimentos orgânicos Terra LIvre, que inclui arroz, sucos, geleias, molho e extrato de tomate. O MST conta também com os Armazéns do Campo, lojas que vendem seus produtos a preços acessíveis (e funcionam como ponto de encontro e troca de informação entre os agricultores), além de mercado online (armazemdocampo.com.br/). Mas e esse papo deles roubarem terra que tem dono? De serem arruaceiros que querem implementar o comunismo? Bom, nada melhor para combater fake news do que os fatos. Para isso, conversamos com Carla Bueno, engenheira agrônoma. Carla colabora no Setor de Produção do Movimento Sem Terra, faz parte das Campanhas Permanente contra os Agrotóxicos e Gente é pra Brilhar , não pra morrer de Fome e Compõe o Grupo de Trabalho em Biodiversidade da Articulação Nacional de Agroecologia do movimento.
"A agropecuária brasileira não é sustentável. Essa afirmação baseia-se em conceitos, fatos e realidade de nosso país e do setor. Como afirmar que a agropecuária brasileira é sustentável se engenheiros agrônomos e agrícolas, zootecnistas e médicos veterinários, sendo os profissionais com a maior responsabilidade em fomentar a sustentabilidade nos territórios rurais, possuem, em sua maioria, apenas uma visão produtivista do empreendimento rural? Desconhecem definições básicas necessárias ao manejo ambiental, como unidade hidrográfica, ciclos biogeoquímicos, métodos de avaliação de impacto ambiental, eficiência no uso de nutrientes, fonte de poluição pontual e difusa, sistemas de armazenamento e tratamento de resíduos etc. Desconhecem as leis ambientais que incidem nas atividades agropecuárias. Não dominam da forma necessária as ciências ambientais, econômicas e sociais. Acreditam que a sustentabilidade pode ser atribuição de um único profissional, quando ela só será atingida se houver a atuação multidisciplinar de vários profissionais." Esse texto não é de um ambientalista nem um ativista ou de um climatologista - esse texto foi escrito por Julio Cesar Pascale Palhares, zootecnista e Diretor de Pecuária da Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial e Pesquisador Embrapa Pecuária Sudeste. Tornou-se padrão chamar tudo de sustentável: carne, ovos, leite, sapato, sacola. Mas quando se fala em criação animal, a aplicação do termo é complicada desde o começo da história: o quanto os animais ingerem de calorias e o quanto "devolvem" para os humanos em forma de alimento. O gado leiteiro precisa de cerca de 12kg de ração ou grãos para produzir 1kg de produtos lácteos. Com relação ao gado de corte, são necessários em torno de 6kg de ração ou grãos para produzir 1kg de peso vivo. Vale dizer que 64% do peso vivo do animal corresponde a ossos, sangue e subprodutos (comestíveis e não comestíveis): apenas 36% do peso vivo do gado de corte é carne. (Fontes: CE Delft, Rendimento integral de bovinos após abate por Ivan Luz Ledic, Médico Veterinário e D.Sc. Melhoramento Animal) Para falar sobre a tal sustentabilidade na criação animal, entender o que é crédito de carbono e carbono neutro e não cair mais na lavagem verde de alguns atores da indústria, nosso convidado é Julio Cesar Pascale Palhares.
O que é determinante para você ao pedir comida em casa: o preço, o sabor, o tipo de embalagem usada? Segundo pesquisa do IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), 72% dos participantes sinalizaram querer receber seus pedidos de delivery sem os itens de plástico; 15% afirmam já terem desistido de pedir comida em determinado restaurante por conta das embalagens plásticas. Ainda segundo a pesquisa, 77% dos consumidores acreditam que os aplicativos deveriam se comprometer com metas de redução de itens de plástico descartável nos pedidos de refeições prontas. Cada vez mais gente está pedindo comida em casa e isso significa toneladas de lixo plástico (as embalagens mais usadas e baratas) se acumulando, sem parar. Sim, plástico é reciclável, mas apenas 2% do plástico que circula no Brasil é reciclado por ano… Chegamos num ponto de poluição em que não é possível os empreendimentos alimentícios e os aplicativos não pensarem - e agirem - em relação a sustentabilidade das embalagens. Mas será que dá para manter preços razoáveis, servir comida boa e ainda ser ambientalmente responsável? Sim, dá, e a prova é a empresa do nosso entrevistado, Bruno Sindicic. Reconhecido pelo prêmio Forbes Under 30 como um dos jovens mais promissores do Brasil, Bruno é sócio da startup de alimentos Olga Ri, que recicla 200% de todo papel e plástico que utiliza, usando o sistema de logística reversa. A startup também é parceira Musa, empresa de gestão de resíduos, que dá a destinação correta a todo o lixo, garantindo que 100% dele não vá para aterros sanitários: resíduos orgânicos geram adubos, rejeitos geram energia e o lixo reciclável vai para cadeia de reciclagem.
Enquanto assistimos a maior devastação da história da Amazônia pelas mãos de grileiros, pecuaristas e garimpeiros - e gastamos toda a energia tentando impedir essa barbárie-, perdemos a oportunidade de criar e implementar soluções econômicas sustentáveis e harmônicas com a natureza e os povos originários. Sim, elas existem e tem até nome: Economia da Floresta em Pé. É para falar um pouco sobre as diferenças de abordagem da Colômbia e do Brasil em como "ganhar dinheiro" na floresta (ou com ela) que convidamos Anna Guasti. Anna Guasti é fotógrafa, designer, ativista pela inclusão da biodiversidade no nosso prato e sócia da Casa Guasti, escritório de comunicação focado em sociobiodiversidade e na busca de soluções para criar laços entre produtores e consumidores via comércio justo. É para falar um pouco sobre as diferenças de abordagem da Colômbia e do Brasil em como "ganhar dinheiro" na floresta (ou com ela) que convidamos Anna Guasti. Anna Guasti é fotógrafa, designer, ativista pela inclusão da biodiversidade no nosso prato e sócia da Casa Guasti, escritório de comunicação focado em sociobiodiversidade e na busca de soluções para criar laços entre produtores e consumidores via comércio justo. Ei! Já está sabendo sobre minha COMUNIDADE VAI SE FOOD e sobre o CURSO EXCLUSIVO que vai rolar por lá? Lives comigo, interação com especialistas, dados sobre produção de alimentos e sustentabilidade, áudios com comentários sobre notícias relevantes… tudo num só lugar! Aproveite para participar com desconto, utilizando o cupom IMPACTO https://pay.hotmart.com/L70696470W?off=xaky65ef
É possível ganhar dinheiro combatendo o desperdício de alimentos? É viável vender com desconto excedentes de produção que iriam para o lixo, mesmo estando perfeitos para consumo? Existe capitalismo que alimenta, enquanto gera lucro? A resposta é SIM, para todas as perguntas. O episódio de hoje traz uma startup social que destina centenas de toneladas de comida e auxilia estabelecimentos de alimentação a diminuírem o prejuízo e manterem um negócio com olhar voltado ao social. A Food to Save trabalha com um modelo simples e sustentável: os excedentes de produção e/ou produtos próximos à data de validade de estabelecimentos parceiros (que estão em perfeitas condições de serem consumidos), são comercializados e ganham uma nova oportunidade de compra com até 70% de desconto pelo consumidor final. Além disso, os pontos de venda também ganham a possibilidade de conquistar outro tipo de cliente, que normalmente não consumiria os produtos com o preço cheio. A venda desses produtos é feita por meio de “sacolas surpresa”, que podem ser adquiridas via delivery ou retiradas diretamente nos estabelecimentos escolhidos. Para conversar sobre o tema, nosso convidado é Lucas Infante, CEO e co-fundador da startup Food to Save.
É muito mais eficientes bilhões de pessoas fazendo ações imperfeitas em prol da sustentabilidade do que meio dúzia exalando perfeição: num momento em que o planeta está aquecendo, nossos biomas estão virando pasto, a comida fica cada vez mais cara, o mais importante é entender as razões e as conexões disso tudo para agir, o melhor possível, cotidianamente.
“Os ou bioinsumos são produtos agrícolas desenvolvidos a partir de um ingrediente ativo com origem natural. O uso desses insumos têm o objetivo de eliminar alvos (doenças ou pragas) que estejam prejudicando a lavoura, mas sem agredir o meio ambiente.” “O controle biológico é um método de equilíbrio de pragas agrícolas através da utilização de seus inimigos naturais. Todas as espécies de praga, plantas e patógenos possuem em alguma parte do seu desenvolvimento um predador, ou seja, um inimigo natural que podem ser insetos predadores, parasitóides e microrganismos (fungos, bactérias e vírus). O gerenciamento biológico tem sido cada vez mais difundido na agricultura brasileira, que busca combater doenças e pragas nas lavouras através desse recurso” Se há a possibilidade de usar ativos que não causam câncer, doenças neurológicas e reprodutivas e não contaminam terra e água, porque usamos tantos agrotóxicos no Brasil? Para conversar sobre o tema, nosso convidado é Luís Carlos Demattê, CEO da Korin Alimentos, Doutor em Ecologia Aplicada e Mestre em Zootecnia.