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Foi de frente para o Mar Mediterrâneo que mais de 50 chefes de Estado e de governo se reuniram na semana passada para discutir ações de proteção dos oceanos. O Brasil, com um espaço marítimo que ocupa 5,7 milhões de km², área comparável à da Amazônia, esteve presente na Conferência dos Oceanos do ONU, sediada em Nice, na França. Em seu discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu dar ênfase à conservação e ao uso sustentável do oceano e ampliar de 26% para 30% a cobertura das áreas marinhas protegidas, cumprindo a meta do Marco Global para a Biodiversidade. Lula também fez críticas ao uso do plástico, mas deixou o país de fora de um acordo chamado "apelo de Nice", em prol do banimento gradual do plástico descartável de uso único. A Conferência também marcou a estreia do documentário "Quanto Vale o Azul", de Ricardo Gomes, biólogo marinho e diretor do Instituto Mar Urbano. Ele, que esteve em Nice e nas outras duas Conferências, em Portugal (2022) e EUA (2017), conta o que mudou de lá pra cá. Depois, Natuza Nery recebe Rodrigo Cebrian, cofundador do Movimento EUceano.org e diretor e apresentador da série "Euceano", disponível no Globoplay. Ele explica o termo "economia azul" e fala sobre formas de usar os recursos marítimos de maneira sustentável.
Todos os países lusófonos em África marcaram presença na 3.ª Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano, onde mostraram os seus avanços na acção para a preservação dos mares. Esta semana ficou marcada pela 3.ª Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano, que decorreu na cidade francesa de Nice e onde estiveram presentes todos os países africanos de língua portuguesa. A jornalista Cristiana Soares este neste evento e entrevistou vários intervenientes lusófonos Em França, Angola reafirmou o seu compromisso com a protecção dos oceanos e a mitigação das alterações climáticas. A ministra do Ambiente de Angola, Ana Paula de Carvalho, avançou ainda que o processo de criação da primeira área de conservação marinha do país “está numa fase avançada", quase concluído. Também a ministra das Pescas e dos Recursos Marinhos de Angola, Carmen Sacramento dos Santos esteve em Nice e alertou para os perigos da pesca ilegal, admitindo que fiscalizar os 1.650 km da costa angolana é um desafio devido à falta de meios. O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, proferiu um discurso na abertura desta cimeira admitiu que a humanidade está confrontada com um desafio existencial, a preservação da integridade dos oceanos. Os oceanos têm um lugar central na Guiné-Bissau, lembrou o ministro do Ambiente, Biodiversidade e Acção Climática guineense, Viriato Cassamá, mas o país também tem levado a cabo outros esforços ambientais, nomeadamente de preservação das florestas, dando-lhe créditos de carbono, resultado de um projecto iniciado em 2006 para quantificar o carbono armazenado nas florestas nacionais. A ministra do Ambiente, Juventude e Turismo Sustentável de São Tomé e Príncipe, Nilda Borges da Mata, também esteve em Nice e não só anunciou a recém criação de oito áreas marinhas protegidas, como falou sobre a importância de o país passar a sediar o secretariado da Economia Azul da CEEAC. Cabo Verde também se afirmou nesta cimeira, com o Ministro do Mar, Jorge Santos, a defender a criação de centros de excelência nos países lusófonos insulares para uma liderança partilhada e sustentável da economia azul. Guiné-Bissau Esta semana, os sindicatos queriam paralisar a educação e a saúde na Guiné-Bissau, com uma greve que durava desde segunda-feira. No entanto, para substituir os profissionais de saúde em greve, foram destacados militares, algo que desagradou a central sindical Frente Social, como denunciou Yoyo João Correia, porta-voz da Frente social, em declarações a Miguel Martins. Poucos dias depois, o Presidente Umaro Sissoco Embaló declarou ter sido ele a decidir esta substituição como nos relatou o nosso correspondente Mussá Baldé. São Tomé Em São Tomé e Príncipe arrancaram esta semana oficialmente as celebrações dos 50 anos da Independência do país, com o Presidente, Carlos Vilas Novas, a traçar as suas prioridades a partir da ilha do Príncipe, como nos relatou Maximino Carlos. Cabo Verde Em Cabo Verde, o governo vai regularizar as dívidas dos estudantes para com as universidades no último ano da licenciatura. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia, como nos explicou Odair Santos Angola Em Angola, o Governo vai contratar mais de mil médicos cubanos para reforçar a capacidade de resposta do sector da saúde, confrontado com a falta de recursos humanos especializados. Avelino Miguel deu-nos mais detalhes a partir de Luanda.
A Guiné-Bissau, país costeiro e arquipelágico, tem nos oceanos um eixo vital para a população, desde a subsistência alimentar até à mobilidade entre ilhas. As declarações são do ministro do Ambiente, Biodiversidade e Acção Climática da Guiné-Bissau, Viriato Cassamá, que participa na Cimeira da ONU sobre o Oceano, que decorre até sexta-feira, 13 de Junho, em Nice, França. “Os oceanos são fontes da nossa vida”, afirmou ao microfone da RFI o ministro do Ambiente, Biodiversidade e Acção Climática da Guiné-Bissau, Viriato Cassamá, que acrescenta que esta relação vital está sob ameaça devido à subida do nível médio do mar e à erosão costeira que colocam o país entre os mais vulneráveis às alterações climáticas. A problemática ambiental intensifica-se com a crescente poluição plástica. Embora o país não produza plástico, é um consumidor significativo e carece de meios técnicos para o tratamento adequado dos resíduos. “Esses plásticos, grande parte deles, são deixados na lixeira a céu aberto” explicou o ministro. A poluição plástica tem impacto directo nos rios, na rede de esgotos urbanos e na fauna marinha. Apesar de, desde 2013, estar em vigor uma legislação que proíbe a importação e uso de sacos plásticos não biodegradáveis, Viriato Cassamá reconheceu que é preciso “redobrar os esforços, porque essa luta é uma luta comum”. Por outro lado, a Guiné-Bissau registou recentemente um marco importante: a geração de aproximadamente 4 milhões de dólares com a venda de créditos de carbono, resultado de um projecto iniciado em 2006 para quantificar o carbono armazenado nas florestas nacionais. “Fui coordenador do projecto durante quatro anos”, referiu Viriato Cassamá, que destaca a importância de manter a preservação ambiental para garantir a continuidade desses ganhos. “Nós não podemos estar a gerar crédito de carbono durante três anos e depois começar a cortar as nossas matas”, advertiu. O ministro defende a necessidade de incluir a dimensão ambiental em todas as políticas públicas, sobretudo no sector primário. Nesse contexto, os mangais surgem como uma das maiores riquezas ecológicas do país. Segundo o Cassamá, “a Guiné-Bissau tem 10% do seu território nacional coberto por mangal”, sendo este considerado como floresta no contexto do Protocolo de Quioto. Estes ecossistemas têm um papel crucial na protecção da costa, reprodução de espécies marinhas e armazenamento de carbono, além de representarem uma oportunidade concreta para o país fortalecer a sua inserção na economia azul. Já no discurso de abertura da Cimeira do Oceano, o Presidente guineense tinha enfatizado a necessidade da preservação dos oceanos. Umaro Sissoco Embaló garantiu que o seu país fará o possível em prol da preservação dos oceanos, mas apelou a uma cooperação internacional nesse sentido por nenhum país, isoladamente, conseguir vencer os desafios com que a humanidade se defronta. Em relação ao alcance da meta 30X30 (até 2030 garantir a protecção de 30% dos oceanos) o chefe de Estado guineense enfatizou a importância de se declarar o arquipélago dos Bijagós como património mundial da humanidade e a criação de uma segunda reserva na região de Cacheu, em Pecixe, duas iniciativas levadas a cabo pelas autoridades deste país da África ocidental.
Angola reafirmou o seu compromisso com a protecção dos oceanos e a mitigação das alterações climáticas durante a 3.ª Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), que decorre até sexta-feira, 13 de Junho, em Nice, França. A ministra do Ambiente de Angola, Ana Paula de Carvalho, avançou ainda que o processo de criação da primeira área de conservação marinha do país “está numa fase avançada, quase concluído. Falta a consulta pública e posterior aprovação em Conselho de Ministros”. A participar na 3.ª Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), que decorre até sexta-feira, em Nice, a ministra do Ambiente de Angola, Ana Paula de Carvalho, reforçou o apoio do país aos temas centrais da conferência: biodiversidade marinha, poluição por plásticos e o Tratado sobre a Biodiversidade em Áreas Fora da Jurisdição Nacional (Tratado BBNJ). A costa angolana, com seus 1.650 km de extensão entre Cabinda e Namibe, enfrenta crescentes desafios ambientais. Segundo a ministra do Ambiente de Angola, a subida do nível do mar e a acidificação das águas são consequências directas das alterações climáticas que já afectam a região. Fora da zona costeira, o sul do país sofre com secas severas, particularmente nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe. Para combater a escassez hídrica, o Governo implementou projectos de captação e canalização de água, essenciais para abastecimento humano e agro-pecuário. Fizemos um grande esforço para levar água ao Cunene e já começámos intervenções similares no Namibe, com planos futuros para a Huíla. A vida das comunidades depende disso. Angola está a implementar um Plano de Ordenamento da Orla Costeira que visa uma gestão integrada e sustentável do litoral. Em paralelo, está em curso um Plano de Eliminação Progressiva dos Plásticos de Uso Único, aprovado por despacho presidencial, com acções de curto, médio e longo prazo, que passam pela promoção de sacos reutilizáveis, a substituição de embalagens plásticas por materiais biodegradáveis e campanhas de sensibilização junto da indústria e da população. Criámos um plano de eliminação progressiva do plástico, com enfoque no curto prazo. Iniciámos uma campanha de sensibilização para preparar a indústria e a sociedade para esta transição ecológica. Entre as medidas práticas estão o aumento da espessura dos sacos plásticos, o estímulo ao uso de materiais biodegradáveis e a substituição de copos, palhinhas e cotonetes por alternativas sustentáveis. Além disso, os sacos plásticos nos supermercados vão começar a ser pagos, para incentivar o uso consciente. Ao pagar pelo saco, a população começa a levar o seu saco de casa. Já vemos sacos de pano nas padarias de algumas províncias. Isto também cria oportunidade para a economia local. (...) Estamos a preparar o sector produtivo para essa transição, garantindo tempo e condições para a adaptação. A prioridade, neste momento, é a sensibilização e a introdução de alternativas viáveis. Primeira área de conservação marinha Um dos marcos mais relevantes para Angola é a criação da primeira área de conservação marinha do país, na Baía dos Tigres, província do Namibe. A zona, agora transformada numa ilha devido à erosão costeira, combina características de deserto e mar. O documento visa estabelecer regras claras para restringir a pesca e regular o turismo na Baía dos Tigres, protegendo os ecossistemas vulneráveis da região. A Baía dos Tigres é uma área única, entre o deserto e o mar. O processo está numa fase avançada, quase concluído. Falta a consulta pública e posterior aprovação em Conselho de Ministros. A ciência precede a política. Só após os estudos é que criamos o decreto que estabelece as balizas da protecção.
Arranca esta segunda-feira, em Nice, França, a 3.ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas (UNOC3). Em cima da mesa o reforço da mobilização global para a preservação e uso sustentável dos oceanos. A UNOC3 é co-presidida pela França e pela Costa Rica. Os Estados Unidos são os grandes ausentes da cimeira. O presidente da associação ambientalista portuguesa ZERO, Francisco Ferreira defende que esta conferência “é uma oportunidade de acção” para “dar prioridade àquilo que o oceano representa”. RFI: O que é que a ZERO espera desta terceira conferência sobre os Oceanos?Francisco Ferreira: Nós achamos que esta conferência será, sem dúvida, mais um marco importante de discussão e, acima de tudo, de dar relevo e prioridade àquilo que é o oceano, quer do ponto de vista dos serviços que nos presta, quer da absoluta necessidade da sua salvaguarda e protecção e também do “sofrimento” que o oceano, com as grandes crises climática, da biodiversidade, da exploração de recursos, tem sofrido.Se não fosse o oceano, a temperatura da nossa atmosfera não estaria apenas a 1,6 graus acima da era pré-industrial, como esteve em 2024, mas muitos mais graus acima porque tem sido o oceano, através do seu aquecimento, com consequências dramáticas - nomeadamente para os bancos de coral, para o oxigénio que consegue estar dissolvido nos oceanos - que tem acomodado esse aumento temperatura.Portanto, o oceano tem de ser salvo e nós precisamos de o proteger e salvaguardar.Esta conferência, apesar de não se esperar realmente resoluções vinculativas e é algo que decorre da sua própria natureza, vai, sem dúvida, juntar um conjunto de líderes e uma oportunidade de acção que para nós é extremamente importante. Esperamos o estímulo ao aumento das ratificações para conseguirmos a entrada em vigor do Tratado do Alto Mar. Estamos com 29 países que já ratificaram. E são precisos 60 para a ratificação do Tratado do Alto Mar?Exactamente. Estamos a falar de um território que representa mais de 70% do oceano e que é fundamental ser reconhecido como bem comum da humanidade e gerido com base na ciência, e com base também na equidade entre os vários países.Por outro lado, também é crucial que tenhamos, do ponto de vista científico, esta possibilidade- de tal como para o clima- termos um Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, para a Biodiversidade também um painel semelhante, dedicarmos o mesmo tipo de relevo, de juntar os melhores cientistas e a melhor informação e conhecimento para gerir o oceano. E essa plataforma para nós é, sem dúvida, um aspecto muito relevante.Há, ainda, outros aspectos que achamos cruciais: a participação de grupos minoritários que são cruciais para a sua sustentabilidade económica e social na gestão do oceano - os pescadores de pequena escala, os povos indígenas - e, por outro lado, ainda, a necessidade de darmos um relevo realmente muito maior ao oceano no quadro das alterações climáticas.À semelhança daquilo que acontece com as diferentes COP, Cimeira das Nações Unidas para o Clima, não podemos ter aqui mais do mesmo? Os documentos que saem destas conferências não são vinculativos, o que faz com que não haja consequências para os países que não os respeitem.Essa, aliás, a principal crítica da parte da Zero e também da Oikos, uma outra organização mais ligada ao desenvolvimento - estamos a acompanhar juntos esta conferência - é que realmente podemos ter determinadas acções que têm um peso vinculativo grande, como é o caso do Tratado do Alto Mar, mas muitas das outras decisões, inclusive aquilo que venha a ser a adopção do “Plano de Acção de Nice para o Oceano”, a “Declaração do Nice para a Acção no Oceano”, tudo isso, pura e simplesmente, poderá passar não mais do que meras intenções.De boa vontade?De boa vontade e não vincular realmente os países. Sem dúvida que, para nós, é esta discussão multilateral entre os vários países que é fundamental fazer e, portanto, a conferência é, sem dúvida alguma, uma enorme mais-valia. Perde por, no quadro internacional, não ter uma expressão vinculativa, principalmente no que diz respeito à mobilização de recursos financeiros, no que diz respeito às metas de protecção e salvaguarda, mas indirectamente -e esse é o nosso apelo - há tratados, convenções, essas sim, com um espírito mais vinculativo. Por exemplo, a Convenção da Biodiversidade ou da Diversidade Biológica e a própria Convenção do Clima, onde poderei integrar a valência dos oceanos de uma forma muito mais importante do que tem acontecido, principalmente no clima. Na Convenção do Clima, os oceanos têm tido uma menção e uma é uma atenção muito reduzida face aquilo que tem sido o papel dos oceanos, quer na redução dos impactos quer nas consequências para o oceano de termos temperaturas mais elevadas e mais dióxido de carbono na atmosfera.Em relação a Portugal, qual é o ponto da situação das políticas em relação precisamente à protecção do oceano?Portugal ratificou recentemente o Tratado para o Alto Mar e, portanto, é uma excelente notícia. Mas, por outro lado, no que diz respeito à limitação de várias áreas em termos de conservação da natureza nas zonas costeiras do continente e, por outro lado, também naquilo que são ameaças em relação a áreas que foram recentemente anunciadas, como foi o caso das áreas marinhas protegidas dos Açores e onde se quer flexibilizar determinada pesca - e o mesmo se passa na Madeira - temos aqui uma certa contradição entre alguma ambição que Portugal tem demonstrado e ameaças ou a falta de concretização daquilo que Portugal já deveria ter feito e assegurado de forma muito clara em termos de apoio.Há um outro aspecto também importante, Portugal alinhou naquilo que respeita à exploração dos fundos marinhos numa moratória para até 2050 - infelizmente não é para sempre - não embarcar nesse tipo de exploração, nomeadamente de materiais críticos no fundo do mar, na zona da sua jurisdição.
Alô, Alô! Você já parou pra pensar em como nós, seres humanos, interferimos na evolução de outras espécies? É com essa pergunta em mente que estamos de volta com a temporada "Nós na Evolução", série narrativa de seis episódios com uma pitada de causos, relatos pessoais e entrevistas, na qual vamos passear por temas como defaunação, domesticação de cachorros e de plantas, evolução urbana, superbactérias e mudanças climáticas. Nesse episódio, Amanda Guedes conversa com Felipe Elias e Mauro Galetti sobre a influência dos seres humanos nas extinções do passado e o que olhar para trás nos ensina sobre a conservação da vida selvagem nos dias de hoje. Assuntos abordados:00:00 - Intro: Visita ao Museu01:39 - Extinção das preguiças-gigantes08:02 - Humanos: predadores implacáveis14:12 - O Antropoceno20:58 - O balanço de vida na Terra25:03 - Floresta vazia, defaunação e refaunação33:47 - Adiando o fim do mundo: o que eu tenho a ver?Referências e links: O livro “Um naturalista no Antropoceno: um biólogo em busca do selvagem”, de Mauro Galetti, foi a principal inspiração para esse episódio. Vencedor do Prêmio Jabuti Acadêmico em 2024, o livro traz uma narrativa leve e descontraída, que reúne os relatos do Mauro, um dos cientistas mais citados do mundo, sobre sua trajetória acadêmica, suas viagens e pesquisas pelo mundo e também sobre as reflexões a respeito do papel dos seres humanos no planeta Terra. O livro é um convite a pensar em como nós impactamos a natureza e discute maneiras de como podemos sobreviver ao Antropoceno. A versão digital do livro é gratuita e a versão física está disponível para venda no site da Editora Unesp (@unespeditora). Extra! Apoiadores do Alô vão concorrer ao sorteio de dois exemplares do livro. Fique atento ao Alô no Instagram! Livro: Os Mastodontes de Barriga Cheia e Outras Histórias. Crônicas de Biologia e Conservação da Natureza (Fernando Fernandez) Vanishing Fauna (Science) Wild Mammals make up only a few percent of the world's mammals (Our World in Data) The Empty Forest - Kent Redford This Is Martha, the World's Last-Known Passenger Pigeon (Smithsonian) Defaunation in the Antropocene (Science) Vídeo: O que as extinções do final do Quaternário podem nos ensinar sobre o presente? (Fernando Fernandez) https://www.youtube.com/watch?v=GKZJD16DPgw&ab_channel=FernandoFernandez
Podcast aborda o crescimento do número de alunos indígenas no ensino superior brasileiro e os obstáculos que eles enfrentam na vida universitária. E mais: cogumelos silvestres; eventos extremos; engajamento acadêmico
Decorre de 09 a 13 de Junho, na cidade de Nice, França, a terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3). Localizado em pleno Atlântico Norte, o arquipélago dos Açores aparece com um papel de destaque: possui uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas da Europa e tem vindo a consolidar-se como exemplo de compromisso com a conservação marinha. Decorre de 09 a 13 de Junho, na cidade de Nice, França, a terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3). Líderes políticos de todo o mundo, cientistas, organizações da sociedade civil e sector privado juntam-se para debater soluções concretas para a preservação e uso sustentável dos oceanos.Localizado em pleno Atlântico Norte, o arquipélago dos Açores aparece com um papel de destaque: possui uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas da Europa e tem vindo a consolidar-se como exemplo de compromisso com a conservação marinha. Precisamente, exemplo disso é o programa Blue Azores, uma iniciativa do Governo Regional dos Açores, em parceria com a Fundação Oceano Azul e a organização internacional Waitt Institute, como explicou à reportagem da RFI Luís Bernardo Brito e Abreu, Assessor do Presidente do Governo dos Açores e Coordenador do Programa Blue Azores.RFI: Em que consiste o programa Blue Azores?Luís Bernardo Brito e Abreu, Coordenador do Programa Blue Azores: O programa Blue Azores faz parte de uma visão comum entre o Governo Regional dos Açores e os nossos parceiros, a Fundação Oceano Azul e o Waitt Institute, sobre uma grande temática que é a protecção do Oceano e especificamente do Mar dos Açores. Tendo como objectivo principal a sua protecção, valorização e promoção enquanto activo.O programa iniciou-se ainda em 2019, como o primeiro memorando de entendimento que foi assinado, na altura, com o Governo Regional e estes dois parceiros. Mas, resulta, também, de algum trabalho preliminar, nomeadamente com duas expedições científicas que foram feitas em 2016 e 2018.É um processo que se baseia no cumprimento dos objectivos internacionais para a protecção do oceano a nível mundial e, também, a nível europeu. Segue as metas previstas quer no quadro mundial de Biodiversidade, quer na Estratégia Europeia para a Biodiversidade 2030 e também na Estratégia Nacional para o Mar 2030.De uma forma muito resumida, esses objectivos concretos passam por proteger 30% do mar sob jurisdição nacional, no nosso caso a subárea Açores, que tem um milhão de quilómetros quadrados, portanto mesmo a nível global tem uma expressão bastante grande, sobretudo no Atlântico Norte. E esse objectivo é proteger legalmente 30% dessa área, com pelo menos 10% de protecção total, ou seja, sem nenhuma actividade extractiva. Que políticas têm sido desenvolvidas no âmbito da protecção dos oceanos, concretamente nos Açores?Blue Azores foi o programa que materializou essas políticas públicas. Portanto, foi um processo bastante longo, muito participado e que se baseou basicamente em três pilares. O primeiro pilar foi a utilização do melhor conhecimento científico disponível. Portanto, foi a ciência que nos disse, mapeou e criou cenários de conservação. O segundo pilar baseou-se na participação pública das partes interessadas. Portanto, houve um processo inédito que durou 18 meses, com mais de 40 reuniões com os stakeholders, com as partes interessadas, desde o sector da pesca, ao sector turístico, às autoridades, às ONG's. Portanto, foi um trabalho de co-criação do desenho destas áreas, com base no que a ciência nos identificou. E um terceiro pilar de decisão política. Portanto, ouvidas as partes, devido à ciência, houve uma tomada de decisão por forma a cumprir os objectivos internacionais, as políticas do governo e tentar arranjar um compromisso que cumprisse os objectivos de conservação e que, de alguma forma, também minimizasse os impactos socioeconómicos com estas medidas. Materializou-se em Outubro de 2024, na aprovação, na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, de um decreto legislativo regional que cria o novo Parque Marinho e a Rede de Áreas Marinhas Protegidas dos Açores.A nível legislativo foi um processo difícil? Há dificuldades específicas por se tratar do mar?Este diploma, é importante referir, cria as bases para a sua gestão efectiva. Um dos grandes riscos a nível mundial deste tipo de processo é as áreas ficarem apenas no papel e, portanto, elas só são efectivamente geridas e funcionam se fazem o seu trabalho, se tiverem planos de gestão, planos de ordenamento e tiverem uma aplicabilidade e a sua própria sustentabilidade financeira.Existem aqui vários, várias etapas. Daí ter sido importante aprovar este diploma com tempo suficiente para se poderem concluir as restantes etapas até 2030. Este é o percurso que estamos a fazer.Existem outros processos que acabam por ser decorrentes dessa mudança, nomeadamente a nível do sector da pesca, tem de haver uma adaptação, tem de haver uma transição assistida ao sector para se adaptar a esta nova realidade, porque alguns segmentos do sector da pesca vão ser altamente impactados com uma retracção da actividade em algumas áreas.Quais são as grandes ameaças ao ecossistema do mar dos Açores?A nível global existem três grandes ameaças: poluição marinha, sobretudo a nível de microplásticos; alterações climáticas - o oceano está a aquecer, a ficar mais ácido, com menos capacidade de absorver dióxido de carbono e, portanto, está a perder a sua resiliência, a sua capacidade de reagir às pressões. E uma terceira [ameaça] é uma perda de biodiversidade a um ritmo muito acelerado.Essa perda de biodiversidade deve-se, também, à pesca intensiva aqui nos Açores?Algumas espécies - foi publicado muito recentemente um artigo pela Universidade dos Açores - estão sob grande pressão e, portanto, não estão a conseguir recuperar o ritmo da sua extracção.As áreas marinhas protegidas, na sua génese, não são áreas de gestão de pesca, portanto, existem para proteger ecossistemas vulneráveis [específicos de uma determinada área]. Mas, também sabemos que são das principais ferramentas para a recuperação dos stocks de pesca, uma vez que as áreas são protegidas. Normalmente estamos a falar de fontes hidrotermais, de corais, de profundidade, de esponjas. Podemos estar a falar de ecossistemas que não são necessariamente os stocks que são pescados comercialmente.A verdade é que esses stocks acabam por recuperar e, a médio prazo, as áreas marinhas geram benefícios para a própria pesca por efeito de transbordo de stocks.Como é que se faz a fiscalização para que os limites não sejam ultrapassados? Há aqui um grande acréscimo a nível de área de protecção. Temos cerca de 287.000 quilómetros quadrados de novas áreas marinhas que vão ter de ser fiscalizadas. Portanto, a resposta muito rápida a essa pergunta é: não se vai conseguir fiscalizar apenas com os meios tradicionais que já existem.Consegue-se através, sobretudo, de um panorama situacional marítimo esclarecido. Isto é feito com a ajuda de recursos de observação da terra pelo espaço, nomeadamente informação satélite. Depois, cada vez mais perto da costa, consegue-se com aeronaves, tripuladas ou não, com partilha de informação entre as várias entidades.Também com o apoio da inteligência artificial?Há algoritmos muito importantes para analisar a diversa informação que conseguimos receber a nível satélite e, portanto, quer seja a informação ou identificação específica das embarcações, quer seja por uma análise espectral da superfície e de imagem, toda esta informação deve ser tratada e deve ser analisada de uma forma conjunta.O maior desafio, neste caso, para todos os países que estão neste processo, - e se pensarmos também numa futura fiscalização, quando estiverem activas as áreas marinhas protegidas do alto mar, do BBNJ, do Tratado da Biodiversidade para além de jurisdição nacional - é a nível de coordenação entre entidades e o enquadramento legal para que estes dados sejam usados como meio de prova, como meios de auto de notícia.A cidade de Nice, em França, organiza a Cimeira das Nações Unidas sobre o Oceano. Que exemplo pode dar os Açores nesta matéria?Os Açores e sobretudo, o presidente do Governo Regional, Dr. José Manuel Bolieiro, tem vindo nestes fóruns internacionais, praticamente desde que tomou posse, a assumir pessoalmente este compromisso de proteger o mar dos Açores. Portanto, fez a sua primeira declaração pública, exactamente na Conferência da ONU do Oceano, em Lisboa, em 2022, em que se comprometeu, muito antes de 2030, a proteger legalmente o mar dos Açores.Portanto, este tem sido um compromisso sobretudo pessoal e tem vindo a afirmar nestas conferências que os Açores devem liderar pelo exemplo a nível internacional. Explicar como uma região ultraperiférica, com uma dimensão demográfica e territorial bastante pequena, mas com uma dimensão de riqueza e de tamanho oceânico bastante grande, pode criar um mapa, um padrão que as outras regiões devem seguir. Ele reafirmou este compromisso na conferência Our Ocean, do ano passado, em Atenas e, portanto, agora em Nice, a sua presença será exactamente para explicar que o objectivo foi cumprido e que isto é apenas o primeiro passo. O caminho é longo até à sua implementação total e, portanto, o compromisso agora dos Açores, uma vez aprovada esta designação com 30% do mar dos Açores protegidos, é não baixamos os braços e a implementação num espaço de tempo útil vai ser bastante exigente. Vai ter que ter o esforço de muitas entidades e que os outros territórios deviam seguir este exemplo.
Neste episódio, conversamos com Gabi Rodrigues, produtora rural da Palmitolândia em Iporanga, que está redefinindo o futuro do palmito pupunha. Gabi compartilha sua visão de uma agricultura sustentável e inovadora, onde cada parte da palmeira é valorizada, dando origem a produtos surpreendentes como cerveja, brigadeiro e até materiais de construção. Descubra como o turismo rural na fazenda tem transformado a percepção das pessoas sobre o palmito e impulsionado a economia local, em uma história de paixão, colaboração e crença em um mundo melhor. Este episódio foi gravado na Agrishow, a maior feira do agronegócio da América Latina, diretamente do estande do Grupo Piccin. PARCEIROS DESTE EPISÓDIO Este episódio foi trazido até você pela SCADIAgro! A SCADIAgro trabalha diariamente com o compromisso de garantir aos produtores rurais as informações que tornem a gestão econômica e fiscal de suas propriedades mais sustentável e eficiente. Com mais de 30 anos no mercado, a empresa desenvolve soluções de gestão para produtores rurais espalhados pelo Brasil através de seu software. SCADIAgro: Simplificando a Gestão para o Produtor Rural Site: https://scadiagro.com.br/Podcast Gestão Rural: https://open.spotify.com/show/7cSnKbi7Ad3bcZV9nExfMi?si=766354cb313f4785Instagram: https://www.instagram.com/scadiagro/LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/scadiagroYouTube: https://www.youtube.com/channel/UCQxErIaU0zBkCAmFqkMohcQ Este episódio também foi trazido até você pela Nutripura Nutrição e Pastagem! A Nutripura, que tem como base valores como honestidade, qualidade e inovação nos produtos e excelência no atendimento, atua há mais de 20 anos no segmento pecuário, oferecendo os melhores produtos e serviços aos pecuaristas. Fique ligado nos artigos que saem no Blog Canivete e no podcast CaniveteCast! Com certeza é o melhor conteúdo sobre pecuária que você irá encontrar na internet. Nutripura: O produto certo, na hora certa. Site: http://www.nutripura.com.brBlog Canivete: https://www.nutripura.com.br/pub/blog-canivete/Instagram: https://www.instagram.com/nutripura/Facebook: https://www.facebook.com/Nutripura/LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/nutripura/YouTube: https://www.youtube.com/user/TvNutripura Este episódio também foi trazido até você pelo Grupo Piccin! O Grupo Piccin, que hoje contempla o foco de trabalho em equipamentos, componentes e inovação, começou com o trabalho de um homem, Santo Piccin. Com a evolução da agricultura, os desafios se tornaram mais complexos, exigindo a utilização de implementos agrícolas mais eficientes. Grupo Piccin: excelente em produzir o melhor para o campo. Site: https://piccin.com.br/Instagram: https://www.instagram.com/grupopiccinFacebook: https://www.facebook.com/grupopiccinLinkedIn: https://www.linkedin.com/company/piccin-máquinas-agrícolas-ltdaYouTube: https://www.youtube.com/channel/UCk4BdnkZnq7gObUiR0XQR7g INTERAJA COM O AGRO RESENHAInstagram: http://www.instagram.com/agroresenhaTwitter: http://www.twitter.com/agroresenhaFacebook: http://www.facebook.com/agroresenhaYouTube: https://www.youtube.com/agroresenhaCanal do Telegram: https://t.me/agroresenhaCanal do WhatsApp: https://bit.ly/arp-zap-01 E-MAILSe você tem alguma sugestão de pauta, reclamação ou dúvida envie um e-mail para contato@agroresenha.com.br QUERO PATROCINARSe você deseja posicionar sua marca junto ao Agro Resenha Podcast, envie um e-mail para comercial@elodigital.net.br FICHA TÉCNICAApresentação: Paulo OzakiProdução: Agro ResenhaConvidado: Gabi RodriguesEdição: Senhor A - https://editorsenhor-a.com.brSee omnystudio.com/listener for privacy information.
Neste episódio, conversamos com Gabi Rodrigues, produtora rural da Palmitolândia em Iporanga, que está redefinindo o futuro do palmito pupunha. Gabi compartilha sua visão de uma agricultura sustentável e inovadora, onde cada parte da palmeira é valorizada, dando origem a produtos surpreendentes como cerveja, brigadeiro e até materiais de construção. Descubra como o turismo rural na fazenda tem transformado a percepção das pessoas sobre o palmito e impulsionado a economia local, em uma história de paixão, colaboração e crença em um mundo melhor. Este episódio foi gravado na Agrishow, a maior feira do agronegócio da América Latina, diretamente do estande do Grupo Piccin. PARCEIROS DESTE EPISÓDIO Este episódio foi trazido até você pela SCADIAgro! A SCADIAgro trabalha diariamente com o compromisso de garantir aos produtores rurais as informações que tornem a gestão econômica e fiscal de suas propriedades mais sustentável e eficiente. Com mais de 30 anos no mercado, a empresa desenvolve soluções de gestão para produtores rurais espalhados pelo Brasil através de seu software. SCADIAgro: Simplificando a Gestão para o Produtor Rural Site: https://scadiagro.com.br/Podcast Gestão Rural: https://open.spotify.com/show/7cSnKbi7Ad3bcZV9nExfMi?si=766354cb313f4785Instagram: https://www.instagram.com/scadiagro/LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/scadiagroYouTube: https://www.youtube.com/channel/UCQxErIaU0zBkCAmFqkMohcQ Este episódio também foi trazido até você pela Nutripura Nutrição e Pastagem! A Nutripura, que tem como base valores como honestidade, qualidade e inovação nos produtos e excelência no atendimento, atua há mais de 20 anos no segmento pecuário, oferecendo os melhores produtos e serviços aos pecuaristas. Fique ligado nos artigos que saem no Blog Canivete e no podcast CaniveteCast! Com certeza é o melhor conteúdo sobre pecuária que você irá encontrar na internet. Nutripura: O produto certo, na hora certa. Site: http://www.nutripura.com.brBlog Canivete: https://www.nutripura.com.br/pub/blog-canivete/Instagram: https://www.instagram.com/nutripura/Facebook: https://www.facebook.com/Nutripura/LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/nutripura/YouTube: https://www.youtube.com/user/TvNutripura Este episódio também foi trazido até você pelo Grupo Piccin! O Grupo Piccin, que hoje contempla o foco de trabalho em equipamentos, componentes e inovação, começou com o trabalho de um homem, Santo Piccin. Com a evolução da agricultura, os desafios se tornaram mais complexos, exigindo a utilização de implementos agrícolas mais eficientes. Grupo Piccin: excelente em produzir o melhor para o campo. Site: https://piccin.com.br/Instagram: https://www.instagram.com/grupopiccinFacebook: https://www.facebook.com/grupopiccinLinkedIn: https://www.linkedin.com/company/piccin-máquinas-agrícolas-ltdaYouTube: https://www.youtube.com/channel/UCk4BdnkZnq7gObUiR0XQR7g INTERAJA COM O AGRO RESENHAInstagram: http://www.instagram.com/agroresenhaTwitter: http://www.twitter.com/agroresenhaFacebook: http://www.facebook.com/agroresenhaYouTube: https://www.youtube.com/agroresenhaCanal do Telegram: https://t.me/agroresenhaCanal do WhatsApp: https://bit.ly/arp-zap-01 E-MAILSe você tem alguma sugestão de pauta, reclamação ou dúvida envie um e-mail para contato@agroresenha.com.br QUERO PATROCINARSe você deseja posicionar sua marca junto ao Agro Resenha Podcast, envie um e-mail para comercial@elodigital.net.br FICHA TÉCNICAApresentação: Paulo OzakiProdução: Agro ResenhaConvidado: Gabi RodriguesEdição: Senhor A - https://editorsenhor-a.com.brSee omnystudio.com/listener for privacy information.
Domingão do Carlão conversa com Ben Valks, empresário holandês, escritor e fundador da Black Jaguar Foundation, direto da Agrishow, em Ribeirão Preto.Na entrevista, Ben contou sua trajetória de vida marcada por propósito e coragem. Fundador da Black Jaguar Foundation, ele lidera um dos maiores projetos de reflorestamento do mundo, com foco na recuperação do Corredor de Biodiversidade do Araguaia, iniciativa que conecta produção agropecuária com responsabilidade ambiental em larga escala.Com visão global e atuação local, Ben mostrou como o agro pode, e deve, caminhar lado a lado com a preservação. Uma conversa que inspira e prova que o Brasil está no centro das soluções para os grandes desafios ambientais do planeta.Mais um encontro poderoso no Domingão do Carlão, direto de onde a sustentabilidade deixa de ser discurso e vira ação.Conheça a Employer - Tudo do RH:https://bit.ly/EmployerNoDomingaoFacebook: https://www.facebook.com/Employer.RHInstagram: https://www.instagram.com/rhemployer/YouTube: https://www.youtube.com/EmployerTudodoRH
O montado de sobro e azinho alberga uma heterogeneidade de espécies, que podem ficar ameaçadas pela indústria mineira. Há um novo pedido de prospeção na região de Montemor-o-Novo com interesse nos depósitos de ouro. António Mira do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Évora opõe-se a estes trabalhos de pesquisa, com receio de que a extração acabe por avançar no território. Neste episódio do podcast Biosfera saiba os impactos da contaminação mineira no solo e nas linhas de água.
Neste episódio, conversamos com Salim Jacaúna, engenheiro agrônomo e professor na Universidade Federal do Pará sobre a pecuária na Amazônia. Salim compartilha sua trajetória e expertise, abordando as particularidades da região, o crescimento do rebanho, os desafios ambientais e fundiários, e a importância da sustentabilidade. Descubra como a pecuária na Amazônia, com sua tradição centenária, se equilibra com a preservação ambiental e vislumbra um futuro promissor, impulsionada pela produção de grãos e novas tecnologias. Acompanhe essa conversa rica em informações e perspectivas sobre o agronegócio brasileiro e o desenvolvimento da Amazônia. PARCEIROS DESTE EPISÓDIO Este episódio foi trazido até você pela SCADIAgro! A SCADIAgro trabalha diariamente com o compromisso de garantir aos produtores rurais as informações que tornem a gestão econômica e fiscal de suas propriedades mais sustentável e eficiente. Com mais de 30 anos no mercado, a empresa desenvolve soluções de gestão para produtores rurais espalhados pelo Brasil através de seu software. SCADIAgro: Simplificando a Gestão para o Produtor Rural Site: https://scadiagro.com.br/Podcast Gestão Rural: https://open.spotify.com/show/7cSnKbi7Ad3bcZV9nExfMi?si=766354cb313f4785Instagram: https://www.instagram.com/scadiagro/LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/scadiagroYouTube: https://www.youtube.com/channel/UCQxErIaU0zBkCAmFqkMohcQ Este episódio também foi trazido até você pela Nutripura Nutrição e Pastagem! A Nutripura, que tem como base valores como honestidade, qualidade e inovação nos produtos e excelência no atendimento, atua há mais de 20 anos no segmento pecuário, oferecendo os melhores produtos e serviços aos pecuaristas. Fique ligado nos artigos que saem no Blog Canivete e no podcast CaniveteCast! Com certeza é o melhor conteúdo sobre pecuária que você irá encontrar na internet. Nutripura: O produto certo, na hora certa. Site: http://www.nutripura.com.brBlog Canivete: https://www.nutripura.com.br/pub/blog-canivete/Instagram: https://www.instagram.com/nutripura/Facebook: https://www.facebook.com/Nutripura/LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/nutripura/YouTube: https://www.youtube.com/user/TvNutripura INTERAJA COM O AGRO RESENHAInstagram: http://www.instagram.com/agroresenhaTwitter: http://www.twitter.com/agroresenhaFacebook: http://www.facebook.com/agroresenhaYouTube: https://www.youtube.com/agroresenhaCanal do Telegram: https://t.me/agroresenhaCanal do WhatsApp: https://bit.ly/arp-zap-01 E-MAILSe você tem alguma sugestão de pauta, reclamação ou dúvida envie um e-mail para contato@agroresenha.com.br QUERO PATROCINARSe você deseja posicionar sua marca junto ao Agro Resenha Podcast, envie um e-mail para comercial@elodigital.net.br ACOMPANHE A REDE AGROCASTInstagram: https://www.instagram.com/redeagrocast/Facebook: https://www.facebook.com/redeagrocast/Twitter: https://twitter.com/redeagrocast FICHA TÉCNICAApresentação: Paulo OzakiProdução: Agro ResenhaConvidado: Salim JacaúnaEdição: Senhor A - https://editorsenhor-a.com.brSee omnystudio.com/listener for privacy information.
Neste episódio, conversamos com Salim Jacaúna, engenheiro agrônomo e professor na Universidade Federal do Pará sobre a pecuária na Amazônia. Salim compartilha sua trajetória e expertise, abordando as particularidades da região, o crescimento do rebanho, os desafios ambientais e fundiários, e a importância da sustentabilidade. Descubra como a pecuária na Amazônia, com sua tradição centenária, se equilibra com a preservação ambiental e vislumbra um futuro promissor, impulsionada pela produção de grãos e novas tecnologias. Acompanhe essa conversa rica em informações e perspectivas sobre o agronegócio brasileiro e o desenvolvimento da Amazônia. PARCEIROS DESTE EPISÓDIO Este episódio foi trazido até você pela SCADIAgro! A SCADIAgro trabalha diariamente com o compromisso de garantir aos produtores rurais as informações que tornem a gestão econômica e fiscal de suas propriedades mais sustentável e eficiente. Com mais de 30 anos no mercado, a empresa desenvolve soluções de gestão para produtores rurais espalhados pelo Brasil através de seu software. SCADIAgro: Simplificando a Gestão para o Produtor Rural Site: https://scadiagro.com.br/Podcast Gestão Rural: https://open.spotify.com/show/7cSnKbi7Ad3bcZV9nExfMi?si=766354cb313f4785Instagram: https://www.instagram.com/scadiagro/LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/scadiagroYouTube: https://www.youtube.com/channel/UCQxErIaU0zBkCAmFqkMohcQ Este episódio também foi trazido até você pela Nutripura Nutrição e Pastagem! A Nutripura, que tem como base valores como honestidade, qualidade e inovação nos produtos e excelência no atendimento, atua há mais de 20 anos no segmento pecuário, oferecendo os melhores produtos e serviços aos pecuaristas. Fique ligado nos artigos que saem no Blog Canivete e no podcast CaniveteCast! Com certeza é o melhor conteúdo sobre pecuária que você irá encontrar na internet. Nutripura: O produto certo, na hora certa. Site: http://www.nutripura.com.brBlog Canivete: https://www.nutripura.com.br/pub/blog-canivete/Instagram: https://www.instagram.com/nutripura/Facebook: https://www.facebook.com/Nutripura/LinkedIn: https://www.linkedin.com/company/nutripura/YouTube: https://www.youtube.com/user/TvNutripura INTERAJA COM O AGRO RESENHAInstagram: http://www.instagram.com/agroresenhaTwitter: http://www.twitter.com/agroresenhaFacebook: http://www.facebook.com/agroresenhaYouTube: https://www.youtube.com/agroresenhaCanal do Telegram: https://t.me/agroresenhaCanal do WhatsApp: https://bit.ly/arp-zap-01 E-MAILSe você tem alguma sugestão de pauta, reclamação ou dúvida envie um e-mail para contato@agroresenha.com.br QUERO PATROCINARSe você deseja posicionar sua marca junto ao Agro Resenha Podcast, envie um e-mail para comercial@elodigital.net.br ACOMPANHE A REDE AGROCASTInstagram: https://www.instagram.com/redeagrocast/Facebook: https://www.facebook.com/redeagrocast/Twitter: https://twitter.com/redeagrocast FICHA TÉCNICAApresentação: Paulo OzakiProdução: Agro ResenhaConvidado: Salim JacaúnaEdição: Senhor A - https://editorsenhor-a.com.brSee omnystudio.com/listener for privacy information.
Podcast aborda as origens e as transformações do futebol de várzea no Brasil. E mais: queda de letalidade; mancha de floresta; inteligência artificial
Podcast mostra como caminhões autônomos já operam em ambientes experimentais e discute os obstáculos para que ganhem as estradas. E mais: criação de peixes; cervídeos ameaçados; comprometimento cognitivo
Podcast discute estratégias para reduzir o consumo de energia e água e as emissões de carbono gerados por sistemas computacionais. E mais: floresta madura, sensoriamento, polpa dentária
Faz mais de 30 anos que o antropólogo Eduardo Bronzidio pesquisa as interações entre os humanos e o ambiente na Amazônia. Seus estudos junto a comunidades indígenas e ribeirinhas, mas também urbanas, nas cidades amazônicas, acabam de ser reconhecidos pelo mais importante prêmio internacional para as ciências ambientais, o Tyler Prize. Lúcia Müzell, da RFI em ParisPela primeira vez desde a sua criação, em 1973, o "Nobel ambiental” é atribuído a cientistas latino-americanos – Bronzidio dividiu a premiação com a ecóloga argentina Sandra Días. "A gente tenta trazer a realidade que é vivida no chão por essas populações. Não só suas contribuições, mostrando o valor dos seus conhecimentos, o valor das suas atividades e tecnologias para a economia regional e a conservação da região. Mas também trazer os problemas que enfrentam, suas carências, as pressões que sofrem”, salienta o brasileiro.E é com preocupação que o cientista, professor da Unicamp e da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, vê o andamento do projeto do governo federal de abrir uma nova frente de exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas. Em entrevista à RFI, Bronzidio constata que, assim como em Brasília, o plano desperta paixões contraditórias na região. "A reação das pessoas é aquela que a gente encontra em muitas situações parecidas, onde se cria uma polarização entre, por exemplo, meio ambiente e emprego. Acaba criando divisões e simplificações do problema. É uma tática muito antiga de avançar esse tipo de agenda, na qual se colocam dicotomias que na verdade são simplificações de um problema maior, pela carência da região e a insolvência, na verdade, dos municípios”, afirma. Como antropólogo, entretanto, é a configuração natural da Amazônia que mais o preocupa, frente à possibilidade de um acidente que leve a derramamento de óleo no Delta do Amazonas. Ele explica que a pluma do rio alcança a costa do Pará, Maranhão e Amapá e sobe para as Guianas, com um forte sistema de marés que invade, diariamente, territórios adentro. “A vida nessa região é regrada por maré. É um esquema de pulsação ali onde eu fico imaginando que a escala de um desastre de derramamento de óleo de explosão da exploração, como aconteceu no Golfo do México”, afirma. “Ela pode ter uma distribuição numa escala gigantesca por causa desse fluxo de maré. Então, eu tenho a preocupação em particular pelo tipo de risco, que é muito diferente dos tipos de risco que se tem em outras plataformas costeiras isoladas”, indica.Eduardo Bronzidio foi copresidente do relatório de Avaliação Global sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos do IPBES, da ONU. O documento foi um dos que embasou o acordo de Kunming-Montreal de preservação da Biodiversidade, com metas para 2030.Leia abaixo os principais trechos da entrevista. A sua vitória a este prêmio ilustra uma mudança de paradigma: dois pesquisadores latino americanos vencem pela primeira vez o Tyler Prize. Você fez carreira compreendendo e interpretando os conhecimentos dos povos tradicionais da Amazônia. Indiretamente, ribeirinhos e os indígenas são também vencedores? Os conhecimentos deles são de fato mais reconhecidos pela ciência mundial?Eu espero que todos se sintam reconhecidos, porque o que a gente tenta fazer, ao longo de 30 e poucos anos, é trazer a realidade vivida no chão por essas populações. Não só suas contribuições para uma região como a Amazônia, e também a nível global, mas os problemas que enfrentam, suas carências, as pressões que sofrem. Então, eu espero que isso se reflita também e que muitos se sintam agraciados com parte desse prêmio, porque muito do que aprendi vem deles. Uma das suas áreas de estudo é como os povos tradicionais cuidam, produzem, vivem na Amazônia sem destruí-la. O desenvolvimento de uma bioeconomia amazônica é central, inclusive para ajudar a preservar esse imenso território, e será levada pelo Brasil na COP30 em Belém. É possível e é desejável dar escala às produções locais?Eu acho que, por um lado, já existe uma escala dessa sociobioeconomia, porém ela é estatisticamente invisível. Nós temos um problema de contabilidade, de realmente compreender quem faz a economia da região, quem produz alimentos, dá emprego, maneja e protege as florestas. Quem está produzindo uma infinidade, trazendo uma infinidade da biodiversidade regional para populações da região, nacional e internacionalmente. A gente precisa reconhecer essas escalas, dar apoio para que elas se mantenham. A maneira que eu vejo isso é como que a gente pode ajudar a consolidar e avançar o que já é feito, nos lugares onde acontecem, e fazer com que eles tenham também uma sustentabilidade econômica. Hoje, um dos maiores problemas das economias, mesmo as mais bem sucedidas – seja no açaí e de outros frutos como cacau, seja no manejo pesqueiro ou manejo sustentável de florestas – é que elas geram produtos que têm imenso valor, porém, elas têm a menor fatia do rendimento econômico. Conseguir abrir caminhos de mercados na região e fora da região, onde o rendimento se torne mais para onde está sendo produzido, para as comunidades, para os municípios, é tão importante quanto a escala que ela pode ganhar, do ponto de vista de extensão.O que torna essa economia local invisível? São as camadas que existem entre esses produtores e onde vão parar as produções deles? Eu acho que tem várias questões históricas, sociais, culturais e econômicas que constroem essa invisibilidade. Uma é no reconhecimento dessas populações ribeirinhas, quilombolas, indígenas e produtores de pequena escala como agentes ativos da economia regional.Muitas vezes, a gente fala e pensa como se fossem anacrônicos, como se fossem tecnologias que estão aí ainda resistindo, mas que deveriam ter ficado para trás. A gente tem uma visão de inclusão e de transformação social que, na verdade, exclui essas populações dessa trajetória do desenvolvimento, que é tão arraigada na maneira que a gente pensa na economia e no desenvolvimento nacional. Elas são populações ativas, estão contribuindo, produzindo alimentos e todo tipo de recurso para exportação, mas não necessariamente são vistas como esses atores ativos que são.O outro aspecto é a invisibilidade estatística. Nós não temos nem bons dados, nem categorias apropriadas para realmente saber entender a escala dessas economias. Eu digo escala em termos de manejo, do produto que geram e em termos dos empregos. Essa deficiência acaba invisibilizando muito dessa economia que está acontecendo na floresta. A gente não sabe realmente o peso dela e isso acaba tendo outras implicações. Ao visibilizar, não se pensa em políticas públicas que realmente possam alavancar essa economia já existente. Também se tem carência de extensão rural, carência logística, dependência de intermediários. Você tem uma série de problemas que tira a riqueza que elas produzem das áreas, das pessoas e das localidades onde são produzidas.Essas economias geram economias bilionárias, porém, elas passam em uma outra parte da invisibilidade. Elas passam por cadeias informais fragmentadas, entre mãos de produtores, intermediários, corporações, uma série de condições subjacentes a essa não-visibilidade. Sobre esse aspecto que você mencionou da carência logística, muitas organizações ambientalistas buscam combater projetos nesse sentido, porque alegam que redes criminosas que atuam por ali também vão acabar se beneficiando – talvez até mais do que as comunidades locais. Você concorda? Logística é um tema difícil, porque já motiva visões e emoções na cabeça das pessoas que estão geralmente ligados a obras grandes, de impacto, ou a grandes setores. Essa é uma maneira de logística, mas a gente não precisa de logística só dessa maneira. Se a gente pega os últimos 30 anos, você vê um avanço muito grande numa série de passos: o reconhecimento territorial de populações indígenas, áreas de uso sustentável de reservas extrativistas, reforma agrária. Você tem um grande avanço no sentido de consolidar áreas com direitos onde se manejam, se constroem essas economias.Se teve, num primeiro momento, muito investimento nos sistemas produtivos, como um modelo de desenvolvimento. Isso avançou bastante. Porém, com o tempo, foi se vendo que esses avanços acabam sendo limitados por questão de gestão e de acesso a mercado. A gente conseguiu muitos avanços na área de produção, de manejo sustentável, de restauração. Conseguiu bastante avanço na parte de organização social, de formação de associações de cooperativas, e progressivamente avanços na área de acesso ao mercado.Hoje, o que a gente tem notado trabalhando em várias partes da região, com comunidades que estão baseadas na produção de frutos ou produtos essenciais à floresta, como óleos, madeira, produtos da pesca, é que a conta não fecha. Você tem um produto valiosíssimo, que tem um mercado que paga muito e é um produto inclusivo, onde populações locais, mulheres, homens, associações, cooperativas estão produzindo, mas você tem entre esses dois uma deficiência muito grande.Todos esses esforços de sustentar esses territórios, que têm sido tão importantes na região para bloquear o desmatamento, manter a saúde dos rios e da floresta, acabam, sim, sendo desafiados nesse momento. O custo de produção acaba sendo alto pelas questões de contexto local. O custo de comercialização acaba sendo altíssimo e, dependendo de intermediário, também por essas carências.E aí você também tem uma falta de outras logísticas que permitem alcançar mercados intermediários, por exemplo, de armazenamento, câmara fria. Então, eu acho que é realmente uma área onde precisa se colocar esforço.Nós documentamos centenas de milhares de iniciativas locais nos últimos anos, e isso só foi a ponta do iceberg. Tem milhares de iniciativas na região que estão ali, avançando, mas precisam de um apoio mais consolidado na parte de acesso ao mercado, na parte de crédito, na parte de extensão rural também.Na Europa, mas não só, existe a ideia de que a Amazônia deveria ser um santuário do mundo, pela sua floresta abundante, sua riqueza biodiversa. Mas a gente sabe que isso não vai acontecer – pelo contrário, sem um plano de desenvolvimento, atividades ilegais e predadoras da floresta proliferam. A visão da região como um santuário não é só europeia. No Brasil também é parte das ideias. Eu acho que a gente tem um legado histórico de imaginários da Amazônia e eles continuam sendo muito mais fortes do que a realidade da Amazônia. Você tem vários imaginários que vêm desde o Eldorado ao imaginário do pulmão do mundo. O imaginário da cesta de commodities que vai alavancar o desenvolvimento nacional, o do agro tecnológico, de uma grande monocultura regional exportando commodities para o mundo.A região tem vários imaginários que são ainda predominantes, de como a gente vê a região e a sua população. Eles escondem uma realidade e, ao escondê-la, fica muito difícil você pensar em caminhos de desenvolvimento, porque é uma ideia de desenvolvimento regional que é feita distante da realidade. É uma ideia que não vai nem refletir os ensejos da população local, nem lidar com os problemas de lá.Leia tambémFloresta desmatada para abrir avenida: obras em Belém para a COP30 falham na sustentabilidadeO problema, por exemplo, do imaginário do santuário, da floresta intocável, é que nem leva em consideração os milênios de manejo e domesticação daquela floresta por populações, que hoje transferem essa floresta rica para a gente. Rica em muitas espécies domesticadas que geram riqueza no mundo inteiro, mas esse imaginário desconsidera a cultura da floresta amazônica, e também desconsidera a escala de degradação que se atingiu na Amazônia e que, dependendo de onde você olha, você vai achar até 50% da região numa escala degradada.Eu acho que a gente precisa repensar o que é um santuário, no sentido de valorizar a floresta que está lá: manter a saúde do ecossistema de rios saudáveis, florestas saudáveis e populações saudáveis.Que caminhos você vê para um desenvolvimento sustentável da região amazônica, inclusive das áreas urbanas que, em sua maioria, são marcadas por uma pobreza grande, déficits importantes de infraestruturas mínimas para as populações? A primeira questão para a gente ver o futuro da Amazônia é encarar a realidade dela. É encarar que os nossos imaginários não representam essa realidade. Só assim a gente pode pensar num desenvolvimento sustentado que começa a lidar com os problemas da região.A outra é que para pensar o futuro da região, a gente primeiro tem que encarar a coevolução das várias frentes de desenvolvimento que hoje estão criando fricções umas com as outras, e a realidade urbana que se evoluiu nesses últimos 30 anos. Não dá para pensar em desenvolvimento regional isolando da transformação da paisagem rural, indígena e da paisagem urbana.Desde os anos 1990, você tem um enorme avanço na região, que é reconhecimento de direitos territoriais, de populações indígenas, populações rurais tradicionais e rurais em geral, em áreas indígenas, reservas extrativistas, áreas de uso sustentável e algumas áreas protegidas. Só no Brasil são mais ou menos 45% da região que estão nessas áreas. Foi um avanço gigante, que serviu para controlar o desmatamento e para garantir o direito das populações da região.Esse modelo, que eu chamo modelo de nível único, de nível territorial, chegou num limite para partes da região, porque essas áreas que são muito bem governadas por dentro, pelas comunidades que estão lá, estão sendo erodidas por fora. Hoje você tem toda a parte sul da bacia, uma situação de formação de ilhas de biodiversidade, de diversidade cultural, onde o sistema bem sucedido de governança interna não pode lidar com os problemas externos.Em todas aquelas ótimas florestas protegidas, aquele limite bem claro onde o desmatamento começa, você tem ilhas protegidas que estão recebendo de fora poluição de pesticida, rios sedimentados, mercúrio, fumaça, fogo que escapa e entra nessas áreas, além do crime organizado e da economia ilegal, que saiu do controle na região nos últimos anos.Então, para pensar o desenvolvimento regional, temos que pensar no desenvolvimento para conectividade, onde a saúde ambiental da região está dependendo muito mais de atores dentro de uma reserva do que uma ponte social, que se cria entre diferentes atores para que se mantenha a conectividade da paisagem e dos rios, e se controle a distribuição dos impactos da região.Teria que pensar um desenvolvimento que encara essa realidade e tenta criar um contrato comum, que hoje nós não temos. Você tem a polarização de populações indígenas tradicionais, do agro e outras populações, e do outro lado, toda a questão urbana.Que tipo de cidades precisamos visar na Amazônia para preservá-la? A região, do ponto de vista urbano, hoje é completamente diferente do que era há 20 ou 30 anos. Não só você tem uma grande expansão de novas áreas urbanas a partir da Constituição de 1988, mas teve uma transformação na maneira de articulação dessas áreas.Nós fizemos uma análise publicada há muitos anos sobre a articulação urbana da região nos anos 2000, na qual a gente mostra que era uma urbanização desarticulada: você tinha centros urbanos regionais que tinham suas áreas satélites e formam uma rede urbana de um centro maior até as vilas rurais. Hoje em dia, já tem uma articulação em boa parte da bacia entre esses grupos de centros urbanos. Criou-se uma conexão por estradas e outros mecanismos, e essa rede continua se expandindo. Ela está articulando toda a ocupação regional e a distribuição dos impactos na região. Então, temos que pensar de uma maneira conjunta entre as áreas mais protegidas, diferentes tipos de áreas com diferentes grupos indígenas.Essas áreas agrárias e as áreas urbanas estão conectadas. O impacto que sai de uma está indo para outra. E dentro de todos esses imaginários que a gente está falando da Amazônia, um que não cabe em lugar nenhum é o urbano. Ele acaba sendo o mais invisível e é onde os maiores problemas, de certa maneira, estão.Você já trabalhou a questão da possibilidade de exploração de petróleo na Foz do Amazonas? Como as comunidades locais e urbanas percebem esse projeto? Com medo ou entusiasmo? É visto como uma ameaça ou uma oportunidade?Eu nunca trabalhei diretamente com a questão de óleo na região. Acompanhei por um tempo que eu tive alunos trabalhando no Equador, inclusive em comunidade indígena. Lá tem uma história muito impactante do óleo. Eu acho que a gente precisa lembrar dessas histórias de outras regiões que foram impactadas pelo mesmo processo que está acontecendo agora, para a gente pensar nas implicações de óleo para Amazônia.A reação das pessoas que eu tenho acesso é aquela que a gente encontra em muitas situações parecidas, onde se cria uma polarização entre, por exemplo, meio ambiente e emprego, ou as necessidades básicas de um município. É uma maneira de levar essas questões que acaba criando divisões e simplificações do problema. Eu acho que isso tem acontecido bastante na região. É uma tática muito antiga de avançar esse tipo de agenda, na qual se colocam dicotomias que na verdade são simplificações de um problema maior, pela carência da região e pela insolvência dos municípios.Tem muitas dúvidas também. As pessoas estão vendo projetos de milagres e desenvolvimento há 50 anos. As pessoas não são tão inocentes de que essas grandes ideias farão um milagre, resolvam problemas que são estruturais na região. Então, é um momento difícil. Eu me sinto bastante preocupado com esse tipo de investimento, porque é uma energia enorme para investir em mais emissões, para investir em exploração de óleo, quando a gente tem a oportunidade de pensar em alternativas e outros caminhos e realmente enfrentar a mudança climática com o corte de emissões. Sobretudo para alguém como você, que conhece tão bem os outros potenciais invisíveis da Amazônia, como você mencionava. Exatamente, toda a economia que tem e que pode ser alavancada para gerar uma grande economia, que não é gerada. Hoje, as riquezas bilionárias das regiões passam por cima dos municípios. Não se consegue captar imposto, não se consegue processar e agregar valor nos lugares onde elas são produzidas.Agora, o que me preocupa são os riscos potenciais associados a vazamento e outros problemas, que a gente vê tão frequentemente em tanto lugares. Nesse tipo de contexto, como é aquela região do Delta do Amazonas e aquela plataforma costeira, é uma região muito particular por causa da pluma do rio e do alcance que ela tem. Ela pega todo o Salgado, da costa paraense para costa maranhense, pega toda a região costeira do Amapá e sobe para as Guianas. Ela é uma pluma de uma influência gigantesca no contexto regional continental.Nessa pluma você também tem um sistema de maré dos mais fortes que existem. A vida nessa região é regrada por maré. É uma vida onde, duas vezes por dia, a maré entra e sobe dois metros, senão três metros. A maré entra na região tanto pelo Canal Norte como pelo Canal Sul, embaixo do Marajó, o Tocantins e outros rios, e adentra até atrás do Marajó.É um esquema de pulsação que eu fico imaginando que a escala de um desastre de derramamento de óleo, de explosão da exploração, como aconteceu no Golfo do México, pode ter uma distribuição gigantesca por causa desse fluxo de maré. Ela vai impactar não só grandes regiões de manguezais na costa do Amapá e na costa do Salgado, que são viveiros da ecologia pesqueira da região, como vai se penetrar ali por todas as cidades, igarapés e rios, onde as pessoas dependem da água para tudo e onde toda a economia funciona em torno da água.Eu tenho a preocupação em particular pelo tipo de risco, que é muito diferente dos tipos de risco que se tem em outras plataformas costeiras isoladas, por exemplo. Eu acho que ali na região você tem esse risco acentuado.Você, como antropólogo, tem acompanhado o aumento dessas pressões humanas sobre a Amazônia e os seus recursos nas últimas décadas. Em paralelo, as pesquisas climáticas sobre o ponto de não retorno da floresta alertam sobre o grande risco que ela já corre. Que futuro você visualiza para a Amazônia? Consegue olhar para frente com otimismo?Eu tento ter pelo menos o que eu chamo de otimismo crítico. Eu tenho um olhar otimista na floresta porque eu trabalho no chão, com comunidades, com associações, com cooperativas e com organizações que estão lá lutando e fazendo a diferença, e conseguindo resultados no dia a dia. Eu nem me sinto numa posição de não ter esperança.Quando pessoas que estão enfrentando situações muito difíceis, muito mais carentes, estão lá buscando soluções e buscando caminhos para a região, eu me sinto privilegiado de poder ver, acompanhar e participar. E isso me dá essa energia, me dá um encorajamento de que, sim, nós temos soluções para Amazônia.As soluções já estão lá. Em muitos casos, a gente precisa abrir a copa da floresta, ver essas soluções e dar força para que elas ganhem mais escala, que saiam daqueles, em muitos casos, nichos isolados, numa paisagem cercada de tudo que é contrário, para ser parte dominante dessas paisagens.Sobre o ponto biofísico de inflexão, é uma realidade que está se aproximando muito rapidamente da região, que vem dessa coevolução de forças ocupando a paisagem e que hoje estão tendo fricções umas com as outras. Acontece que esse processo de ocupação foi não só criando áreas abertas imensas, quebrando a chamada bomba d'água da floresta e do clima da Amazônia. Isso volta ao ponto que eu estava falando, da importância de a gente pensar numa Amazônia pela conectividade. É restaurando áreas, e eu acho que a gente tem que privilegiar a conectividade dos rios e a saúde deles, que conectam esses vários sistemas de uso e governança da terra, buscando restaurar a fragmentação da floresta também.Tem oportunidades de se buscar uma restauração mais produtiva. A improdutividade da maioria dos pastos da região é o dominante na região. Boa parte dos 60% de áreas desmatadas que estão em pasto são extremamente improdutivas. A gente recentemente fez uma análise desses pastos, onde a produtividade por hectare chega a ser uma cabeça por hectare, às vezes menos. As melhores estão em 1,4 ou 1,5 por hectare. São terras extremamente improdutivas que têm valor como terra, e que também podem ser sujeitos a transições que a levem a ser mais produtivas.Também precisa que se regenere áreas, que se cumpra a lei de áreas de preservação permanente. Tem muitos caminhos que podem reconciliar esses esforços, mas eu acho que antes de tudo, a gente precisa garantir os avanços que foram feitos: garantir a integridade das áreas indígenas, das reservas extrativistas, das áreas protegidas, das áreas de usos sustentáveis, que hoje estão extremamente ameaçadas.
O BioCatalog do Instituto de Engenharia e Ciências do Mar, da Universidade Técnica do Atlântico é um projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde e visa coleccionar todos os espécimes existentes no arquipélago. O BioCatalog é coordenado pelo Professor e Investigador especializado em Biologia Marinha, com Doutoramento em Biodiversidade, Genética e Evolução, Evandro Lopes. À RFI, o professor universitário explicou em que consiste, o projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde que pretende contribuir para implementação de um Museu de História Natural do país“O projecto BioCatalog é financiado pelo Fundo do Ambiente de Cabo Verde. Foi submetido pelo Centro de Observação e Investigação Ambiental, que é um centro de biólogos que está dentro da UTA. A partir daí, sediamos o projecto dentro da UTA para dar vazão à investigação científica que nós estamos a desempenhar desde há muitos anos. E o projecto visa coleccionar todos os espécimes e dar aquele carácter mais científico de identificação da biodiversidade de Cabo Verde e partilha da informação sobre a distribuição, localização e número de espécies que nós temos em Cabo Verde”. O biólogo, Evandro Lopes, adiantou que o projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde surgiu de uma necessidade do país ter um espaço de caracter museológico para acondicionar as amostras recolhidas“O BioCatalog foi criado por uma necessidade. Muitos investigadores que vinham para Cabo Verde faziam a colecta e depois não tinham onde colocar as amostras. Também nós que trabalhamos no campo, muitas vezes não tínhamos onde colocar as amostras. Então surgiu com uma necessidade de ter um espaço com um carácter museológico para que nós possamos condicionar as amostras e que possam ser utilizadas para teses, para doutoramento, mestrado, outros cientistas que possam nos usufruir esse material” sendo que “o projecto começou com espécies marinhas, seguimos para espécimes terrestres, com roedores, neste momento estamos à volta de 700 espécimes, mas em termos de tecidos já estamos para mais de 3 mil amostras de tecidos, porque nós coleccionamos, tanto os tecidos como espécime,s e espécimes muito grandes, tipo atuns. Nós temos gatos, coelhos, muitas vezes não dá para colocar todos os espécimes num museu basicamente, mas colocamos também um tecido de cada um. Todos os espécimes que temos aqui em colecção são só espécimes que encontramos sem Cabo Verde, isso não quer dizer que nós temos espécimes que não possam estar em outro local, por exemplo, nós estamos num ecossistema muito interessante que é a Macaronésia, e dentro da Macaronésia tem muitas espécies que estão, por exemplo, em Madeira, Açores, e que chegam até a Cabo Verde”. As amostras foram todas recolhidas de Santo Antão a Fogo. Neste momento, os investigadores recolham amostras na ilha Brava e nos ilhéus Rombos. Evandro Lopes explicou que há perspetiva de transformar o BioCatalog num museu com a construção do novo campus da UTA para receber espécimes maiores “como tubarão ou uma lula gigante”e mostrar tudo o espólio existente atualmente.O primeiro espécime do projecto de catalogação da biodiversidade do Instituto de Engenharia e Ciências do Mar, da Universidade Técnica do Atlântico é o Lagarto Gigante - Chioninia coctei, uma espécie de réptil endémica de Cabo Verde que se extinguiu no século XX e que foi restituído ao país em Setembro de 2017 pelo Príncipe Alberto II do Mónaco e, desde então, permaneceu sob a tutela da Presidência da República, na cidade da Praia, mas que o actual Chefe de Estado, José Maria Neves, entregou no mês passado à Colecção BioCatalog da UTA.O espaço que recebe visita durante a semana de curiosos, estudantes ou investigadores, mas “para usar o espécime para fazer algum estudo deve ser feito um requerimento e damos apoios pode fazer a sua análise, depois o espécime continua aqui no laboratório” explicou Evandro Lopes que adiantou que há amostras repetidas temporalmente e repetidas geograficamente “Repetidas geograficamente, nós estamos a pensar uma amostra de uma espécie que foi capturada em São Vicente, muitas vezes tem alguma diferença genética com uma espécie que foi capturada na Ilha de Santiago, então a ideia é ter toda a diferenciação genética e a diferenciação fenotípica também a nível do arquipélago. A ideia é ter pelo menos uma espécie de cada local; mas também, nós muitas vezes temos espécimes que nós colectamos temporalmente, muitas vezes apanhamos um espécime num ano e, depois no outro ano, vamos apanhar outra vez e por aí adiante. Nós estamos a falar, por exemplo, de invertebrados que a nível genético muitas vezes podem alterar ano para ano, nós podemos ter a diferenciação genética. Até a nível dos peixes, para ver o stock, nós temos de apanhar todos os anos para ver como é que está a evoluir a diversidade genética, porque tem uma relação directa com a sobrepesca, a diversidade genética aumenta quando a pesca diminui, por exemplo, então há muito mais informação quando nós apanhamos muitos indivíduos do que quando apanhamos somente um”.O projecto Biocatalog nasceu a partir do Centro de Observação e Investigação Ambiental do ISECMAR - Instituto de Engenharia e Ciências do Mar da Universidade Técnica do Atlântico que tem a sua sede na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente. Centro que segundo o director do Biocatalog dá vazão a projectos direccionados a associações, visto que a universidade não consegue aceder a fundos direccionados às organizações não governamentais. O biólogo, Evandro Lopes disse ainda que o projecto de catalogação da biodiversidade de Cabo Verde consegue boas parcerias com universidades internacionais.“A nível internacional o projecto é visto com bons olhos e nós temos parcerias principalmente com Portugal – universidades do Porto e do Algarve e outras universidades europeias como de La Laguna, Las Palmas de Gran Canária, de Barcelona, de Vigo e de Mónaco. A Universidade Nova de Lisboa (Portugal) já está muito interessada em enviar alguma coisa aqui também para o BioCatalog para manter o projecto, dar mais visibilidade ao projecto”.Em Janeiro deste ano, o biólogo Evandro Lopes, Professor e Investigador do Instituto de Engenharia e Ciências do Mar da Universidade Técnica do Atlântico (ISECMAR-UTA), conquistou o prémio Cabo Verde Global Scientific Prize promovido pela Secretaria de Estado do Ensino Superior que reconhece projectos de investigação liderados por investigadores cabo-verdianos, tanto no país como na diáspora.O prémio foi atribuído ao projecto Biocatalog que tem como principal objectivo sistematizar informações e criar condições para uma partilha democrática e equitativa do conhecimento sobre a biodiversidade do arquipélago.
Mobilizar 200 bilhões de dólares por ano para preservar e recuperar a biodiversidade em países em desenvolvimento até 2030 e o acordo para a criação de um “arranjo permanente” para o financiamento da biodiversidade: essas foram as principais manchetes da COP 16 da biodiversidade, que terminou em Roma no fim de fevereiro. Numa época em que o multilateralismo está em crise, um consenso entre mais de 150 países merece ser comemorado. Mas ainda há muito a ser feito até que essas definições saiam do papel. O pano de fundo das negociações são as metas ambiciosas do Marco Global da Biodiversidade, com as quais os países já se comprometeram. Um dos objetivos é proteger 30% do meio ambiente terrestre e marinho até 2030 - mas, até agora, poucos começaram a se mobilizar para que isso seja atingido. Neste episódio, eu converso com Giuliane Bertaglia, pesquisadora na consultoria Agroicone que acompanhou, em Roma, o desenrolar da COP. Ela conta o que aconteceu por lá e quais são os próximos passos.Support the show
Importância da biodiversidade by Rádio BandNews BH
Podcast discute os impactos e as demandas de startups brasileiras de forte base científica, as deep techs. E mais: vida selvagem; saúde mental; resistência à insulina
A 16.ª Conferência da Convenção das Nações Unidas sobre Biodiversidade, suspensa em 2024 na Colômbia por falta de quórum, retomou esta terça-feira, 25 de Fevereiro em Roma, com foco no financiamento da proteção da natureza. A comissária da Agricultura e do Ambiente da União Africana, Josefa Sacko, descreve os desafios do continente africano na conferência sobre biodiversidade, destacando a importância da preservação da biodiversidade para a segurança alimentar. RFI: Quais são os desafios desta reunião em Roma para o continente africano? Josefa Sacko: Neste momento, conseguimos elaborar a nossa estratégia sobre a biodiversidade. Essa estratégia foi adoptada no ano passado e está sendo popularizada. O segundo ponto é a mobilização de recursos financeiros para podermos implementar a estratégia.Em que consiste essa estratégia?A importância dessa estratégia é a conservação da nossa biodiversidade, tanto a vida na Terra como nos oceanos. Temos os recursos naturais que precisamos preservar, e esses recursos naturais também nos servem para a nossa subsistência. A preservação da biodiversidade é muito importante para nós no continente africano.Porque a biodiversidade é importante para a segurança alimentar e para a transformação dos sistemas agroalimentares?Sim, é muito importante porque vivemos dos nossos recursos naturais e, se fizermos a conservação e a preservação desses recursos naturais, não teremos problemas de segurança alimentar, pois isso contribui para a segurança alimentar no continente.Quais podem ser as implicações se não se chegar a um consenso sobre a criação de um novo fundo para a biodiversidade?Não estamos apenas a falar de financiamento, mas a nível do nosso continente, estamos empenhados para que haja mobilização doméstica para a conservação da biodiversidade. Não dependemos muito do exterior, mas assumimos as nossas responsabilidades e continuamos a preservar a nossa biodiversidade, pois também é uma garantia para o futuro da África e das futuras gerações, bem como a nível mundial.Será que os países africanos, mas não só, os países em desenvolvimento, por exemplo, na América Latina, vão conseguir pressionar de forma eficaz para que sejam criados novos mecanismos financeiros?Eu acredito que sim. Essa é a importância desses encontros e desse tipo de diálogo entre as partes. Portanto, deve haver sensibilidade. Temos que olhar para a sustentabilidade do ser humano e do planeta. São questões que não podemos ignorar. São extremamente importantes e prioritárias para nós, principalmente no continente africano, uma vez que estamos a perder a nossa biodiversidade devido à urbanização, à industrialização e também à agricultura, com práticas agrárias que não são sustentáveis.Esta questão da degradação ambiental preocupa-a?Preocupa-nos muito. A degradação ambiental preocupa-nos muito, porque o nosso continente, felizmente ou infelizmente, não é um dos grandes poluidores. No entanto, estamos a sofrer bastante com o problema das alterações climáticas e a perda da nossa biodiversidade. Os impactos são realmente muito grandes, e acreditamos que as soluções não podem ser tomadas de forma isolada. Todos temos que colaborar. Precisamos de uma plataforma de colaboração para encontrar formas de preservar a nossa biodiversidade.Diz que o continente africano não é poluidor, mas sofre com asconsequências das alterações climáticas. Isso vê-se, por exemplo, nos países afro-lusófonos, como Moçambique, que tem sido devastado por ciclones.Sim, para nós isso é muito importante. Como se vê em Moçambique. A nível do nosso departamento, temos Moçambique como um campeão da redução das catástrofes naturais. O novo Presidente, com quem tive um encontro sobre essa situação na semana passada, está a trabalhar para mobilizar mais recursos, a fim de mitigar os efeitos das alterações climáticas, como as inundações, as secas e os ciclones.O sul de Angola sofr também com a seca...Sim, a seca no sul de Angola. Moçambique também enfrenta secas. No Corno de África também há seca. Portanto, muitos países no sul de Angola e na SADC estão afectados pela seca, como a Namíbia e Botsuana.As discussões em Roma marcam o primeiro encontro internacional deste ano dedicado ao meio ambiente e acontece num contexto internacional complicado. Os Estados Unidos não são membros da Convenção sobre Diversidade Biológica, e o Presidente Trump não se pode retirar do Acordo de Kunming-Montreal da mesma forma que saiu do Acordo Climático de Paris. No entanto, os Estados Unidos participam das discussões da convenção como observador e financia vários programas de biodiversidade. Este contexto internacional pode também afectar as questões ambientais?Sim, isso vai afectar, certamente. Temos os nossos planos de adaptação e mitigação para resolver esses problemas. No entanto, com a decisão dos Estados Unidos de se retirar da agenda ambiental, isso terá, sem dúvida, um grande impacto na implementação dos nossos programas.
Encontro prossegue com conversações suspensas ano passado em Cali, na Colômbia; países estarão focados em garantir mecanismos de financiamento para conservar espécies animais e vegetais; especialistas ressaltam precedente positivo de fundo criado para compartilhar benefícios do uso de informações genéticas.
Podcast mostra iniciativas de cientistas para ampliar e disseminar o conhecimento sobre a Antártida. E mais: patrimônio em risco; a lagarta e a formiga; mapeamento por GPS
A Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento (USAID, na sigla em inglês) está na mira da extrema direita americana e mergulhou em um mar de incertezas milhares de projetos ambientais espalhados pelo mundo, financiados pelo organismo. A cooperação com organizações brasileiras é histórica e ajudou a desenvolver o conhecimento sobre a Amazônia. Coube ao bilionário Elon Musk, antigo crítico da agência, anunciar que ela iria “fechar”. Na segunda-feira, os empregados da USAID receberam ordens por e-mail para não comparecerem aos seus escritórios. Antes, o presidente Donald Trump havia declarado que a entidade era administrada "por um bando de lunáticos extremistas” e avisou que os funcionários seriam “demitidos”.A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional é uma entidade independente criada por um ato do Congresso americano, no auge da Guerra Fria, em 1961. Por décadas, foi um importante instrumento de soft power americano na América Latina e acusado de influenciar diretamente a política interna dos países beneficiados.Nas últimas décadas, entretanto, passou a priorizar parcerias com organizações internacionais e não diretamente com governos. Como os Estados Unidos são o maior provedor de ajuda humanitária e de desenvolvimento do mundo, a ideia de que a agência possa fechar traz consequências devastadoras para organizações e para os países mais pobres, em áreas diversas como educação, saúde, governança ou proteção de minorias.Orçamento maior do que muitos PIBsO orçamento anual do organismo é maior do que o PIB de muitos destes países beneficiados: US$ 40 bilhões. A USAID emprega cerca de 10.000 pessoas, dois terços delas no exterior.Cada vez mais, os projetos pelo mundo têm a preservação ambiental e a sustentabilidade como um pilar. “Existem programas diretamente dedicados às mudanças climáticas, ou seja, dinheiro que financia medidas de mitigação e adaptação em países em desenvolvimento. Mas além desses projetos específicos, quase todos os programas da USAID — por exemplo, aqueles dedicados à segurança alimentar ou à saúde global — têm um componente climático, simplesmente porque os efeitos do aquecimento global influenciam os resultados desses projetos”, salienta o diretor nos Estados Unidos do Instituto Ambiental de Estocolmo Ed Carr, ex-funcionário da USAID, em entrevista à redação de Meio Ambiente da RFI.“Quando a USAID tenta melhorar a resiliência de agricultores africanos, diante das mudanças climáticas, essa também é uma forma de proteger o sistema alimentar global. Interromper este programa terá, portanto, um impacto indireto em cada um de nós”, afirma Carr. “O governo Trump deixou claro que está mirando programas de mudança climática em particular, porque acredita que o dinheiro não está sendo bem gasto. Portanto, o que fica claro é que os programas de mudança climática serão alvos específicos, independentemente do resultado da situação atual que vemos na USAID.”Projetos no BrasilNo Brasil, a cooperação com a agência começou há 50 anos e, desde 2013, os projetos na Amazônia ganham destaque. A Parceria para Conservação da Biodiversidade na Amazônia é um exemplo, ao trazer uma abordagem holística, aliando proteção ambiental com capacitação das comunidades locais e inclusão social.O site do projeto no Brasil agora está fora do ar, a exemplo de pelo menos 350 outros endereços ligados à USAID no mundo, conforme contagem da agência de notícias AFP. A agência ressalta que é “impossível” saber quando exatamente eles foram desativados e se foi por ordem expressa do presidente americano.Outras organizações brasileiras que desenvolvem projetos financiados pela USAID são o Instituto Socioambiental (ISA), o Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN), Instituto Ouro Verde (IOV), a WWF-Brasil e o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).Leia tambémCorte de ajuda dos EUA em programas contra Aids pode levar mundo de volta à década de 80, alerta OMS
Podcast discute o alcance de bancos comunitários e moedas sociais existentes no país. E mais: boca de corneta; ciência cidadã; papelão com amido
Podcast mostra como universidades buscam melhorar a integração de alunos pretos e pardos e ampliar suas chances de sucesso acadêmico. E mais: peixe das nuvens; fazenda experimental; vibrações
Podcast aborda o interesse crescente da academia em investigar os problemas enfrentados por transgêneros e travestis e buscar soluções para eles. E mais: audição, árvores, dieta
Podcast discute estratégias brasileiras para gerar conhecimento e aplicações em inteligência artificial. E mais: vendedores ambulantes; miniaturização; higiene do sono
Segundo Isabel Garcia Drigo, a diversidade de espécies da flora e da fauna no ambiente agropecuário é fundamental para uma produção viável
A COP 16, a décima sexta Conferência da Biodiversidade da ONU, terminou em uma espécie de limbo. As negociações, que se estenderam madrugada adentro na sexta-feira, foram suspensas pela presidente da COP e ministra da sustentabilidade da Colômbia, Susana Muhamad, na manhã do último sábado.Como resultado, não há um texto final, e os países permanecem distantes de um acordo — especialmente no que se refere aos US$ 200 bilhões necessários para cumprir as metas estabelecidas pelo Marco Global da Biodiversidade, definido na COP anterior.Neste episódio, eu converso com Ilana Cardial, repórter do Reset, que passou as últimas duas semanas acompanhando as negociações de perto em Cali, na Colômbia. * Para entrar em contato, meu email é podcast@economiadofuturo.com** Veja a cobertura do Reset soBre a COP 16 aqui: www.capitalreset.com Support the show
A 16ª Conferência da ONU sobre a Diversidade Biológica se encaminha para o fim nesta sexta-feira (1º) em Cali, na Colômbia, com um impasse sobre a delicada questão da repartição dos benefícios genéticos da natureza. Os países megadiversos, como o Brasil, insistem para a criação de mecanismos justos de compensação pelo uso desses recursos naturais – com os quais multinacionais agroalimentares, farmacêuticas ou cosméticas fazem fortunas, principalmente nos países desenvolvidos. Lúcia Müzell, da RFI em ParisA solução não poderia ser simples para um problema que, com o avanço das tecnologias, se tornou ainda mais complexo. O sequenciamento genético digital (DSI, na sigla em inglês) de plantas, animais e microrganismos, postos à disposição da comunidade científica, agora dispensa que eles sejam extraídos diretamente da natureza para serem utilizados pelas diferentes indústrias e pela academia, em pesquisas científicas.“Se, antes, existia a prática de biopirataria de ir a um país como o Brasil e pegar uma determinada semente, como aconteceu bastante no passado, e levá-la para um outro país, desenvolver um novo produto e patenteá-lo, hoje isso não acontece mais”, explica a advogada Bruna Maia, que desenvolve uma tese sobre este assunto na universidade Panthéon-Assas, em Paris, e é consultora jurídica da 3Bio, especializada em regulação internacional de biotecnologia.“Hoje, os cientistas codificam o genoma de toda essa semente, de uma planta, um animal ou, muitas vezes, um microrganismo, que eles armazenam em nuvens em depositários internacionais e, para desenvolver novos produtos, as empresas simplesmente usam esse sequenciamento genético. Muitas empresas do agronegócio, como Syngenta ou Bayer, fazem uso intensivo disso e não precisam mais de recursos físicos”, complementa Maia. “Elas não precisam mais de uma semente de tomate: precisam simplesmente do código genético da variedade dele e desenvolvem novas, que podem ser, por exemplo, resistentes à seca.”Novas regras para atualizar Protocolo de NagoyaOs três principais bancos de dados ficam na Inglaterra, no Japão e nos Estados Unidos. Esta configuração obriga as 193 nações signatárias da Convenção sobre a Diversidade Biológica, assinada em 1992, a encontrarem novas formas de retribuir os países que abrigam e conservam estes valiosos recursos na natureza.A repartição dos benefícios está prevista no Protocolo de Nagoya, de 2010, mas o documento se aplica apenas ao material genético físico. Na última COP, em 2022, ao assinarem o primeiro Marco Global da Biodiversidade, os países concordaram com a criação de um mecanismo multilateral para a repartição dos benefícios, “incluindo um fundo global”. Até agora, entretanto, as discussões em Cali não chegaram a um consenso.Sobre a mesa, encontram-se alternativas como a instauração de uma taxa de até 1% sobre o valor de varejo destes produtos, ou um percentual inferior sobre os lucros anuais das multinacionais que utilizam sequenciamentos genéticos da natureza. Também está em aberto como esta compensação seria efetivada: se por meio de projetos específicos de proteção da biodiversidade ou por financiamento direto aos países detentores das riquezas. Pressa por decisão O tema é prioritário para as nações florestais, como a anfitriã, Colômbia, o Brasil, que abriga a maior área de floresta tropical e a maior biodiversidade do mundo, mas também os países africanos e do sudeste asiático. A negociação envolve, ainda, as comunidades locais e indígenas, que preservam muitos destes recursos.“A negociação de DSI está muitíssimo intensa. Tive acesso ao último rascunho de acordo, mas eles já incluíram uma nova possibilidade – o que mostra que está ficando cada vez mais complexo”, nota Bruna Maia. “É difícil ter uma decisão até sexta, mas, ao mesmo tempo, percebo que existe uma vontade política muito grande para que saia algum resultado nesta COP. O meu medo é que saia uma decisão, porém não seja a melhor possível, principalmente para os países detentores de biodiversidade. De sair qualquer coisa, só porque querem decidir alguma coisa”, salienta a especialista.Um dos argumentos dos lobbies industriais e alguns países ricos para não compensar financeiramente os países florestais é que são eles próprios que sustentam a existência dos bancos de dados genéticos, para o benefício de toda a comunidade internacional. Outros, como a Suíça ou o Japão, têm batalhado para que a repartição dos benefícios seja voluntária, uma alternativa amplamente rejeitada pelos países em desenvolvimento.
Olá, eu estou passando aqui no seu feed hoje, quinta-feira, o dia em que você normalmente encontraria um episódio novo, para avisar que o ritmo de publicações no Economia do Futuro está mudando temporariamente. Vai começar a cobertura especial das COPs, as Conferências das Nações Unidas, que eu faço, como sempre, em parceria com o Reset. Na segunda-feira, dia 4 de novembro, você encontrará aqui um episódio com a Ilana Cardeal, repórter do Reset, analisando os resultados da COP 16, da Biodiversidade, direto de Cali, na Colômbia. E na segunda- feira seguinte, dia 11, começa a cobertura da COP 29, a Conferência Clima. O Sérgio Teixeira, que você já conhece, estará em Baku, no Azerbaijão. Ele vai entrar no seu feed algumas vezes, normalmente às segundas, até o fim da conferência. Então é isso, fica de olho no seu feed que a agenda internacional do clima esquenta bastante agora no fim do ano. Essas conferências da ONU são decisivas para definir as ambições humanas para reagir às mudanças climáticas. Até lá! Support the show
Conferência da Biodiversidade reúne mais de 190 países; secretário-geral da ONU discursa na abertura da sessão de alto-nível do evento; acordos são focados em proteção do meio ambiente, financiamento e monitoramento de ações, recursos genéticos e valorização dos povos indígenas.
Evento reunirá mais de 15 mil participantes, incluindo 12 chefes de Estado e 103 ministros; temas centrais serão financiamento para evitar perda da fauna e da flora e cumprimento do Quadro Global para a Biodiversidade Kunming-Montreal; 20% dos países apresentaram planos nacionais relacionados à estratégia.
Podcast discute as causas da baixa representatividade feminina em cargos eletivos no Brasil. E mais: bactérias; semiárido, simulações
Esta é a minha conversa mensal com o Reset. Aqui, trazemos para você a análise das principais notícias sobre o clima no Brasil e no mundo.Neste episódio, falamos sobre: a expectativa para a COP da biodiversidade em Cali, na Colômbia; o crescimento da extração ilegal de madeira no Brasil e como isso impacta o comércio legal da commodity; o fim da era do carvão na terra da Revolução Industrial; e o adiamento da lei anti-desmatamento na Europa.Leia o Reset: capitalreset.uol.com.brSupport the show
Setenta por cento dos ecossistemas do planeta já estão degradados, o que ameaça a sobrevivência de 1 milhão de espécies. Para reverter essa tendência, representantes de 196 países voltam a se reunir para negociar a implementação do histórico Marco Global da Biodiversidade, aprovado há dois anos. Lúcia Müzell, da RFI em ParisA 16ª Conferência da Biodiversidade da ONU acontece em Cali, na Colômbia, a partir de segunda-feira (21), durante duas semanas. Será a primeira reunião de cúpula desde a assinatura do tratado, que estabeleceu 23 objetivos a serem cumpridos até 2030 para o mundo reverter a perda da natureza, ameaçada pelo aquecimento global, a poluição, a agricultura e a pesca intensivas e outras intervenções humanas. Neste prazo, os países concordaram em proteger no mínimo 30% dos seus territórios.“Alguns países têm muita biodiversidade e outros têm pouquíssima. Isso dá um sabor diferente aos trabalhos da convenção, porque se você cria metas de conservação muito ambiciosas, quem vai ter que arcar são os países em desenvolvimento. A contraparte para essas metas ambiciosas é ter também ambição em financiamento”, afirma o diplomata Gustavo de Britto Freire Pacheco, coordenador da equipe de negociadores do Ministério das Relações Exteriores do Brasil na COP 16.Em 2022, o acordo de Kunming-Montreal determinou que um financiamento de US$ 20 bilhões por ano deveria ser disponibilizado até 2025 para os países em desenvolvimento, e US$ 30 bilhões anuais até 2030. Dois anos depois, “não estamos sequer perto disso”, garante Pacheco.“Essa é uma situação muito preocupante. Vai ser uma COP importante porque vai definir os rumos da implementação do marco global. Na prática, a gente já vai estar negociando o que a gente combinou na COP15, ou seja, como vai ser implementado aquilo que a gente combinou”, indica.Leia tambémDesequilíbrios na Antártida impactam no clima e ameaçam biodiversidade marinha até no BrasilPreservar custa caroO Brasil é uma das partes mais interessadas nos diálogos de Cali porque faz parte dos 17 países megadiversos do planeta, com cerca de 20% do número total de espécies da Terra nos seus territórios.A redução do desmatamento, por exemplo, custa centenas de milhões de dólares ao Brasil por ano – e os recursos recebidos do exterior estão longe de cobrirem as necessidades específicas da proteção da biodiversidade. Para preencher o buraco financeiro, os países têm apostado, em paralelo, no desenvolvimento de mecanismos de financiamento inovador, como o Fundo Tropical Floresta Para Sempre.“Justamente porque o Brasil está investindo tantos recursos domésticos para reduzir o desmatamento e tantos recursos, inclusive humanos, tempo e energia, em desenvolver mecanismos financeiros inovadores, é que nós nos sentimos muito autorizados a cobrar que os países desenvolvidos façam a sua parte, porque eles não estão fazendo”, salienta Pacheco, à RFI. “Parte do pacote político que levou à aprovação do Marco Global da Biodiversidade foi a criação de um fundo para a implementação dele. Ele foi criado há mais de um ano, e passados 15 meses da sua criação, a situação concreta é que nós temos menos de US$ 200 milhões efetivamente disponíveis.” Distribuição dos benefícios dos recursos genéticos abrigados na naturezaOutro tema prioritário para o Brasil, dono da maior área de floresta tropical e a maior biodiversidade do mundo, é o acesso aos benefícios dos seus recursos genéticos. A repartição justa e equitativa desses benefícios está prevista no Protocolo de Nagoya, assinado em 2010. Mas o avanço da tecnologia tornou as regras do texto obsoletas: as pesquisas científicas e o desenvolvimento de novos produtos pela indústria farmacêutica e cosmética não necessariamente precisam ser feitas in natura. O sequenciamento genético de substâncias animais ou vegetais é cada vez mais realizado à distância pelos laboratórios, com uso de inteligência artificial, e disponibilizado para o conjunto da comunidade científica. Os prêmios Nobel de Medicina e Química deste ano acabam de recompensar cientistas que exploram esse universo, cujo valor econômico potencial é alto e o futuro, ainda desconhecido.“O avanço da tecnologia coloca a necessidade de nós desenvolvermos novas regras para garantir que o uso dos recursos genéticos, agora predominantemente na sua forma digital, gere benefícios e esses benefícios sejam repartidos de forma justa, principalmente com os países onde está concentrada a maior parte da biodiversidade”, sublinha o diplomata brasileiro.A negociação promete ser complexa e envolve também as comunidades locais e indígenas, que preservam estes recursos. A solução pode não ser atingida já na conferência de Cali.O Marco Global da Biodiversidade – equivalente ao Acordo de Paris sobre o Clima – inclui ainda metas como a restauração de 30% das áreas degradadas, a redução pela metade do uso de agrotóxicos e da introdução de espécies exóticas invasoras, que perturbam os ecossistemas.
Podcast aborda a mobilização de pesquisadores para diminuir as emissões de CO2 no campo. E mais: simulação computacional; modulação cardíaca; sensoriamento remoto
A notícia de que a cobertura vegetal do continente antártico se acelerou a um ritmo surpreendente nas últimas décadas chama a atenção para os desequilíbrios em curso no polo sul, até então mais poupado das mudanças climáticas. O que acontece na Antártida, entretanto, tem consequências em todo o planeta – em especial para a regulação do clima e a preservação da biodiversidade marinha. Lúcia Müzell, da RFI em ParisImagens de satélite do continente gelado indicam que as superfícies rochosas da península antártica, ao norte, se tornaram 14 vezes mais verdes nos últimos 35 anos, graças à multiplicação de musgos e líquens, tipos de fungos vegetais. A ampliação das áreas verdes é um símbolo do aquecimento da temperatura na região, nos últimos 60 anos.Nas zonas mais expostas, a alta da temperatura pode atingir 0,34°C por década até o fim deste século. As conclusões dos cientistas da Universidade de Exeter foram publicadas na revista científica britânica Nature Geoscience.A proteção da "Amazônia branca", como apelidou o ativista ambiental brasileiro José Truda Palazzo, está há muito tempo no radar dos defensores de animais como baleias e focas, diretamente atingidos pela crise climática. A redução das emissões de gases de efeito estufa é fundamental para conter o aquecimento global e o derretimento do gelo no continente, mas ele lembra que a biodiversidade marinha em si é um elemento importante para o equilíbrio do clima na Terra."As baleias são a grande sentinela das mudanças que vêm ocorrendo nos oceanos em função do impacto humano. As pesquisas estão mostrando que elas são extremamente importantes no ciclo do carbono dos oceanos, não só por absorverem carbono nos corpos enormes delas, como por fazerem com que haja uma ciclagem de nutrientes capazes de ampliar a capacidade dos oceanos de absorver carbono”, salienta Palazzo, que acompanha há muitos anos as negociações internacionais sobre estes assuntos, como observador.Pesca do krill e criação de novas áreas protegidasNa próxima semana, a Convenção para os Recursos Vivos Marinhos Antárticos volta a se reunir e vai discutir duas pautas prioritárias para a preservação dos seus ecossistemas: a criação de novas áreas protegidas na península antártica e a maior regulação da pesca do krill, crustáceo que se encontra na base da cadeia alimentar na região e que é, ele próprio, uma fonte natural de absorção de CO2.A Rússia e a China têm barrado avanços nestes dois temas. "A frota pesqueira global da China também está se beneficiando do crescimento da pesca antártica, principalmente do krill, mas a China tem se mostrado mais aberta ao diálogo do que a Rússia. Nós esperamos que o Brasil possa envolver os nossos atores políticos, inclusive o presidente Lula, e construir um protagonismo climático voltado também para a conservação da Antártida, a partir das parcerias que mantêm com esses dois países”, indica o ambientalista.“A proteção da Antártida é a nova fronteira importante da proteção das nossas baleias e do ambiente marinho no Brasil, já que os mares austrais se conectam com o brasileiro e o alimentam", salienta Truda Palazzo.Diminuição das placas de geloPela sua posição geográfica e a rotação da Terra, a Antártida até então era mais protegida dos impactos da mudança do clima do que o polo norte, onde seus efeitos são sentidos a uma velocidade seis vezes superior ao restante do mundo. Entretanto, nos últimos anos e em especial desde 2023, as medições das placas de gelo apontam um fenômeno preocupante: dois anos consecutivos de redução surpreendente das suas extensões, que chegou a 3 milhões de quilômetros quadrados a menos de gelo, em pleno inverno austral.“Há fenômenos cruzados entre a atmosfera, o gelo e o oceano. Os três evoluem ao mesmo tempo e não sabemos ainda qual está causando o quê. Parece haver mudanças na estrutura vertical dos oceanos, ou seja, nos movimentos ascendentes e descendentes embaixo das camadas de gelo. Essa alteração poderia explicar um excesso de calor vindo do oceano em direção ao gelo, que está sendo bastante impactado desde 2016”, ressalta Martin Vancoppenolle, pesquisador do Laboratório de Oceanografia e do Clima junto ao respeitado Centro National de Pesquisas Científicas (CNRS), onde é especializado nas interações entre o gelo, o oceano e o clima.“Várias pistas estão sendo consideradas para explicar essa redução recente. A da nossa equipe é que as placas estão ficando mais finas, o que leva ao seu derretimento mais intenso e mais precoce", diz o cientista.Importância do geloO continente gelado modifica o balanço energético do planeta, ao refletir os raios solares e, assim, contribuir para limitar o aquecimento da Terra. Os ciclos de formação e derretimento das placas de gelo também são essenciais para a circulação oceânica, outro componente do clima terrestre.A comunidade científica ainda não dispõe de dados suficientes para atribuir a redução recente das placas de gelo às mudanças climáticas – a extensão delas sempre foi variável.“O derretimento do gelo não é irreversível, até que se prove o contrário. Se voltarmos a níveis de CO2 na atmosfera abaixo dos que temos hoje, em princípio não há razão de ele não se reconstruir rapidamente, porque ele tem no máximo alguns anos de idade, ou seja, é relativamente fácil para ele se recompor, à condição que faça suficientemente frio. Ele é muito diferente das calotas continentais, que precisam de dezenas de milhares de anos para se construir", explica Vancoppenolle.Uma das principais funções das placas de gelo é justamente proteger as calotas polares, formadas por água doce e cujo derretimento causam a elevação do nível do mar.
Esta é uma história bonita, inspirada na vida do Rio Doce que passa pelos estados do Espírito Santo e Minas Gerais. No quadro eco-mundo e eco-letramento saberemos mais sobre Biodiversidade. • Coordenação: Carolina Velho (Oficial de Educação Infantil do UNICEF no Brasil) e Erondina Silva (Oficial de Educação do UNICEF no Brasil) • Produção, criação de conteúdo, roteiro e locução: Mafuane Oliveira e Samara Rosa • Músicos: Vinicius Medrado, Lucas Brogiolo, Alysson Bruno, Leandro Medina, Diego Ribas e Cia Olho d´agua. • Edição final: Lucas Brogiolo e Fernando Cavallaro • Revisão técnica: Rhaisa Pael (Especialista em Educação Infantil) e Diana Salles (Consultora de Educação Ambiental)
Podcast discute potenciais riscos e benefícios de linha de pesquisa que propõe injetar partículas na atmosfera para amenizar a temperatura da Terra. E mais: bifungites; algoritmo; medições
Podcast discute como a insalubridade dos presídios brasileiros amplifica a disseminação de moléstias infecciosas no país. E mais: microbiota da pele; fonte de canabinoides; projetos disruptivos
Podcast discute as causas do recorde de incêndios no bioma no primeiro semestre e as consequências do fogo na biodiversidade. E mais: vida no acostamento; calamidade indígena; bem-estar animal
Podcast aborda a mobilização de pesquisadores para enfrentar fake news sobre vacinas e temas relacionados à ciência. E mais: Antropoceno; vibrações; desmatamento
O governo federal anunciou nesta quarta-feira (5) uma série de medidas voltadas para área ambiental em evento que comemorou o Dia Mundial do Meio Ambiente. As ações foram divulgadas em meio à paralisação dos servidores do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) que começou em janeiro deste ano. O Durma com Essa explica os anúncios para a área e o quadro atual da mobilização dos trabalhadores ambientais. O programa também tem a participação de Julia de Moraes Almeida, do Movimento Pessoas à Frente, falando sobre a equidade de gênero nas lideranças públicas. Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices