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O Congresso impôs uma derrota acachapante ao governo Lula na noite da quarta-feira (25), ao derrubar o decreto do IOF. Foi a primeira vez desde 1992 que parlamentares derrubaram um decreto presidencial. Ministros do governo estão divididos sobre levar ou não o caso ao STF – a oposição diz que, caso recorra ao Supremo, o governo vai ampliar a crise em Brasília. Com a queda do decreto, o Congresso sustou a ideia do governo de arrecadar R$ 10 bilhões a mais e, com isso, ficar mais perto de atingir a meta fiscal. O impacto da batalha política, portanto, tem consequências fiscais graves. Economistas alertam que o Estado brasileiro corre o risco de ficar paralisado em 2026 caso as contas públicas não sejam equilibradas. Para explicar a gravidade da situação em Brasília, Natuza Nery recebe Flávia Oliveira. “Foi mais do que um tratoraço. Foi um rolo compressor”, resume a comentarista da GloboNews, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Para ela, mais do que uma derrota do governo, o que se passa em Brasília é “uma derrota para país. É um Congresso que tem agido e votado em proveito próprio”. Depois, Natuza Nery fala com o cientista político e sociólogo Sérgio Abranches. Criador do termo “presidencialismo de coalizão”, no fim da década de 1980, Sérgio avalia o momento político atual. “O sistema de governo está disfuncional. É um Congresso que não representa. E um Executivo que não consegue mais governar”, afirma.
Quase 5 dias depois de ter despencado cerca de 200 metros dentro da cratera de um vulcão na Indonésia, o corpo da jovem brasileira de 26 anos foi resgatado nesta quarta-feira (26). O corpo dela foi encontrado por socorristas voluntários, a 600 metros da trilha que ela fazia rumo ao topo do Monte Rinjani. A família de Juliana Marins diz que, antes do acidente, ela foi deixada sozinha pelo guia do grupo – o alerta às autoridades foi enviado apenas 5 horas depois. A família de Juliana acusa as autoridades da Indonésia de negligência. Para explicar as particularidades do monte e apontar possíveis erros que podem ter levado à morte da brasileira, Natuza Nery ouve Carlos Santalena, escalador e guia de expedições. Carlos, que já escalou o Monte Everest quatro vezes e subiu o Rinjani em 2015, relata sobre como é subir o monte em que Juliana estava e fala sobre os sinais de que houve negligência no resgate. Depois, Natuza ouve Silvio Neto, presidente da Associação Brasileira de Guias de Montanha. Ele fala sobre como deve ser a capacitação de guias para fazer turismo de aventura, o tipo de informação que as pessoas precisam ter para praticar atividades de escalada em segurança.
Nesta terça-feira (24), Mauro Cid e Braga Netto se sentaram cara a cara em uma sala do Supremo Tribunal Federal. Réus no processo sobre a tentativa de golpe de Estado, o ex-ajudante de ordens e o ex-ministro da Defesa e Casa Civil de Jair Bolsonaro deram suas versões sobre uma mesma acusação: uma reunião conspiratória na casa de Braga Netto e uma quantia que teria financiado a organização criminosa golpista. Ao serem confrontados, ambos mantiveram seus depoimentos anteriores. Depois deles, foi a vez do ex-ministro Anderson Torres se sentar frente a frente com o ex-comandante do Exército Freire Gomes, testemunha no caso. Neste episódio, Natuza Nery recebe Fernando Abrucio para explicar como a acareação mexe com o processo. Professor da FGV, comentarista da GloboNews e colunista do jornal Valor Econômico, Abrucio relembra o papel de Mauro Cid, Braga Netto e de Anderson Torres na trama golpista e analisa as versões apresentadas pelos réus. Ele avalia ainda como o entorno dos réus e do ex-presidente se movimentam para impedir ou reverter uma provável condenação no Supremo.
Em 2022, a Rússia atacou e invadiu a Ucrânia sob o argumento que estava se defendendo contra eventuais ameaças ucranianas. No ano seguinte, o ataque do grupo terrorista Hamas deixou um rastro de morte e violência em Israel; a resposta israelense promoveu na Faixa de Gaza uma crise humanitária que contabiliza pelo menos 55 mil mortes. Há menos de duas semanas, o programa nuclear iraniano serviu de pretexto para ataques aéreos de Israel e, depois, dos Estados Unidos. Diante de um mapa mundi tomado por pontos em chamas, algo em comum: a primazia do uso de armas sobre o diálogo. O belicismo se apresenta também na organização do comércio mundial, onde ainda são incertos os efeitos do tarifaço anunciado por Donald Trump. Em entrevista à GloboNews, Celso Amorim, ex-chanceler e conselheiro especial para assuntos internacionais da Presidência, falou em “desmoralização do sistema internacional” e um “ataque à ordem mundial”. Para o historiador e diplomata de carreira Rubens Ricupero, que foi embaixador do Brasil em Washington, Roma e nas Nações Unidas, trata-se de “um momento de fragilização dos recursos diplomáticos”. Neste episódio, Rubens Ricupero, que também foi subsecretário geral da ONU (1995 a 2004) e hoje é conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, é o entrevistado de Natuza Nery. Ele analisa a crise na diplomacia mundial e explica por que os instrumentos clássicos nas relações entre os países estão perdendo espaço num momento da história marcado por decisões unilaterais e guerras. “Eu não vejo o caso do Irã como capaz de provocar uma guerra nuclear e mundial”, afirma.
Era madrugada de domingo no Irã quando os EUA lançaram uma ofensiva contra três instalações nucleares iranianas. Depois de dias de suspense sobre a entrada ou não no conflito entre Israel e o regime de Teerã, Donald Trump anunciou que as instalações de Fordow, Natanz e Esfahan tinham sido alvo de ataques aéreos americanos. Como resposta, o parlamento iraniano aprovou fechar o Estreito de Ormuz, responsável por 20% da rota mundial de petróleo. Na primeira parte deste episódio de O Assunto, Natuza Nery conversa com Oliver Stuenkel para analisar as consequências imediatas da entrada dos EUA na guerra. Oliver, que é professor de Relações Internacionais da FGV e pesquisador de Harvard e do Carnegie Endowment, responde a quais riscos Trump se submeteu ao atacar o Irã, e as possíveis respostas de Teerã. Ele avalia ainda os prováveis efeitos econômicos caso o fechamento do Estreito de Ormuz se concretize. Depois, Natuza recebe Samy Adghirni, jornalista da Bloomberg baseado em Paris que foi correspondente no Irã de 2011 a 2014. Autor do livro “Os Iranianos”, Samy traça a riqueza da história persa e os motivos pelos quais os iranianos são tão orgulhos de sua cultura: “O Irã mais do que um país, é uma civilização”. Ele apresenta também um panorama sobre as contradições atuais do país: uma sociedade moderna que coexiste com um regime teocrático, opressor e violento – especialmente com as mulheres. “A situação atual do Oriente Médio mostra o aumento da fraqueza desse regime”, conclui.
A instabilidade é permanente e se espalha por vários territórios. Na Faixa de Gaza, uma guerra que já dura mais de 600 dias e que provoca uma crise humanitária sem precedentes. No Líbano, a população vive sob os ataques do grupo Hezbollah e do exército israelense. Na Síria, o fim de uma longa ditadura deu lugar a um país cujo comando está fragmentado. No Iêmen, os rebeldes Houthis também estão envolvidos em conflitos. Agora, desde o início da troca de bombardeios entre Israel e Irã, a tensão escalou para a iminência de uma guerra total entre os dois países militarmente mais poderosos da região -- um risco que cresce com os sinais enviados por Donald Trump de que os EUA podem entrar no conflito. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Guga Chacra para explicar as origens dessas instabilidades. O comentarista da Globo, da GloboNews, da CBN e colunista do jornal O Globo reconta a história dos insucessos nas tratativas de paz das últimas décadas, analisa os atuais pontos de maior tensão e tenta responder à pergunta: o que fazer para pacificar o Oriente Médio?
Assim que os primeiros bombardeios israelenses atingiram o território iraniano, o secretário de Estado dos EUA se apressou em negar a participação americana no ataque. O presidente Donald Trump também se apresentou para defender uma solução diplomática e disse que estava perto de um acordo para o programa nuclear do Irã. Menos de uma semana depois, tudo mudou. Primeiro, Trump subiu o tom num ultimato contra o Irã, exigindo que o regime desista totalmente de seu programa nuclear. Depois, foi ainda mais longe. O presidente americano falou como se os próprios EUA já estivessem dentro da guerra, afirmou ter controle total e completo dos céus iranianos e ameaçou: “Não vamos matar o Líder Supremo [o aiatolá Ali Khamenei, chefe de Estado do Irã]. Por enquanto”. Para explicar o que quer Donald Trump com esse vaivém e quais são os objetivos americanos no conflito, Natuza Nery entrevista Fernando Brancoli, professor de Segurança Internacional e de Geopolítica da UFRJ. Fernando analisa também quais as consequências de uma eventual entrada americana na guerra: “Se a gente olha as invasões americanas no Oriente Médio, o que acontece é uma guerra assimétrica com morte de civis e destruição de infraestrutura”.
Foi de frente para o Mar Mediterrâneo que mais de 50 chefes de Estado e de governo se reuniram na semana passada para discutir ações de proteção dos oceanos. O Brasil, com um espaço marítimo que ocupa 5,7 milhões de km², área comparável à da Amazônia, esteve presente na Conferência dos Oceanos do ONU, sediada em Nice, na França. Em seu discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu dar ênfase à conservação e ao uso sustentável do oceano e ampliar de 26% para 30% a cobertura das áreas marinhas protegidas, cumprindo a meta do Marco Global para a Biodiversidade. Lula também fez críticas ao uso do plástico, mas deixou o país de fora de um acordo chamado "apelo de Nice", em prol do banimento gradual do plástico descartável de uso único. A Conferência também marcou a estreia do documentário "Quanto Vale o Azul", de Ricardo Gomes, biólogo marinho e diretor do Instituto Mar Urbano. Ele, que esteve em Nice e nas outras duas Conferências, em Portugal (2022) e EUA (2017), conta o que mudou de lá pra cá. Depois, Natuza Nery recebe Rodrigo Cebrian, cofundador do Movimento EUceano.org e diretor e apresentador da série "Euceano", disponível no Globoplay. Ele explica o termo "economia azul" e fala sobre formas de usar os recursos marítimos de maneira sustentável.
Era madrugada de sexta-feira, no horário local, quando uma ofensiva israelense mirou o “coração do programa de armamento nuclear” do Irã. Os bombardeios de Israel atingiram pelo menos três instalações nucleares e mataram chefes militares e cientistas. As forças israelenses afirmam que o objetivo da operação era impedir o avanço do programa nuclear iraniano. Menos de 24 horas depois, o contra-ataque iraniano começou: as cidades de Tel Aviv e Jerusalém foram alvo. A escalada de ataques entre Israel e Irã reacende o temor de um conflito nuclear, além do risco de um conflito generalizado no Oriente Médio. Neste episódio extra de O Assunto, Natuza Nery recebe Tanguy Baghdadi e Hussein Kalout para explicar os motivos que levaram ao ataque israelense, e o que esperar da resposta iraniana. Tanguy Baghdadi, professor de política internacional e fundador do podcast Petit Journal, detalha os elementos que levaram à ofensiva israelense neste momento: a situação política do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a queda de importantes apoiadores do regime iraniano e a crise interna no governo de Teerã. Ele relembra que o programa nuclear iraniano foi incentivado pelos próprios EUA, ainda na década de 1950, e justifica porque não interessa ao Irã que os americanos entrem nesta guerra. “Agora temos uma guerra de um para um”, diz, ao falar dos riscos de a guerra se espalhar. Depois, Hussein Kalout, cientista político e conselheiro do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), avalia que o Irã está “emparedado” por dois motivos: o isolamento regional, depois de não responder aos ataques israelenses contra importantes aliados, e o risco interno de ver surgir um levante contra o regime. Por fim, ele conclui quais são os interesses dos EUA no conflito.
Na quinta-feira (12), o ministro do STF Alexandre de Moraes deu o sétimo voto a favor para que empresas de tecnologia sejam responsabilizadas pela publicação de conteúdos ilegais ou criminosos. No dia anterior, o Supremo já havia formado maioria para mudar a interpretação do artigo 19 do Marco Civil da Internet. Os ministros Edson Fachin, Cármen Lúcia e Nunes Marques ainda precisam votar. O julgamento está marcado para recomeçar no dia 25 de junho. A Corte caminha para definir que não é mais necessária uma decisão judicial para que as plataformas tirem do ar conteúdos ilegais ou criminosos – regra em vigor desde 2014, quando o Marco Civil foi sancionado e criou as bases legais para o uso da internet no Brasil. Para entender o que está em jogo na discussão no Supremo, Natuza Nery conversa com Nuria López, sócia de tecnologia da Daniel Advogados e doutora em Teoria e Filosofia do Direito pela PUC de São Paulo. Nuria detalha o que diz o artigo 19 e porque ele está sendo rediscutido agora. Ela relembra os casos concretos que levaram essa discussão à Suprema Corte, entre eles um envolvendo o finado Orkut. Na conversa, Núria explica os novos modelos de regulação de redes sociais, entre eles o chamado ‘notice and takedown', mecanismo pelo qual as redes ficam responsáveis pelo conteúdo a partir do momento em que são notificadas.
Em meio a uma onda de protestos contra as prisões feitas pelo ICE (Immigration and Customs Enforcement), a polícia da imigração dos Estados Unidos, a prefeita de Los Angeles, uma das cidades mais importantes da Califórnia, nos EUA, decretou toque de recolher. A medida da democrata Karen Bass foi tomada para conter a violência. Desde meados da semana passada, manifestantes bloquearam vias e queimaram veículos, principalmente em locais próximos de prédios públicos. A polícia local usou bombas de efeito moral e balas de borracha. Com a escalada de tensão, Trump enviou agentes da Guarda Nacional para o estado da Califórnia, mesmo sem o pedido do governador, o democrata Gavin Newsom. Quem explica o embate político e pessoal por trás disso é Guga Chacra, comentarista da Globo, da Globonews, da CBN e colunista do jornal O Globo. "Trump quer transformar os EUA em uma espécie de regime autoritário. Ele sabe que não vai conseguir ir tão longe, mas a democracia está se deteriorando." Antes, para entender a importância dos imigrantes para Los Angeles, Natuza Nery recebe Felippe Coaglio, correspondente da Globo e GloboNews nos Estados Unidos, que fala direto da cidade. Coaglio conta como age o ICE e como os protestos se espalharam para outros locais do país. "Essa ação do ICE está chamando a atenção pela amplitude do que está acontecendo e, claro, pela forma mais truculenta do que o usual."
Durante duas horas e 9 minutos, Jair Bolsonaro foi interrogado na ação penal sobre a tentativa de um golpe de Estado. Sentado frente a frente com Alexandre de Moraes, o ex-presidente negou a existência de um plano de golpe e admitiu ter conversado com militares sobre o que chamou de “saídas dentro da legalidade” para o resultado das urnas. Bolsonaro disse que “não havia clima” para um golpe. E negou ter enxugado a chamada minuta do golpe. O ex-presidente pediu desculpas a Moraes quando foi questionado sobre ter insinuado que ministros do Supremo recebiam propina durante as eleições. Ele ainda negou ter estimulado manifestações ilegais e chamou de “malucos” aqueles que pedem um novo AI-5 ou uma intervenção militar. Para detalhar e analisar os significados políticos do interrogatório de Jair Bolsonaro, Natuza Nery recebe a jornalista Vera Magalhães, colunista do jornal O Globo, âncora na rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura. Juntas, elas avaliam a postura adotada pelo ex-presidente no Supremo: no esperado encontro com Alexandre de Moraes, teve até clima de descontração – Bolsonaro “convidou” Moraes para ser seu candidato a vice em 2026; o ministro declinou. Vera também responde em quais momentos Bolsonaro se complicou e em quais outros apresentou contradições. Depois, Natuza Nery recebe Eloísa Machado, professora de Direito da FGV-SP e coordenadora do grupo de pesquisa Supremo em Pauta. Eloísa avalia as consequências do depoimento para o futuro jurídico de Bolsonaro. Para ela, durante o interrogatório no Supremo, Bolsonaro se defendeu, mas também fez “palanque”, com afirmações direcionadas para sua base de apoio. Ela explica ainda os próximos passos da ação no Supremo Tribunal Federal.
Por quase 4 horas, Mauro Cid se sentou frente a frente com Alexandre de Moraes no primeiro dia dos depoimentos dos 8 réus no julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado. Também réu no processo, o ex-presidente Jair Bolsonaro acompanhou tudo o que seu ex-ajudante de ordens falou. Cid confirmou que Bolsonaro leu e editou na chamada minuta do golpe — documento que previa medidas autoritárias para reverter o resultado das eleições de 2022. Cid colocou o general Braga Netto como personagem central na trama golpista. Diante de Moraes, Cid confirmou a acusação feita pela PGR e declarou ter “presenciado grande parte dos fatos, mas sem participar diretamente deles”. Em vários momentos, o tenente-coronel disse não se lembrar de detalhes de reuniões entre os réus do caso. Neste episódio, Natuza Nery recebe Octávio Guedes. Juntos, eles passam pelos principais pontos do interrogatório de Mauro Cid. Comentarista da GloboNews e colunista do g1, Octávio analisa se Mauro Cid parece, mesmo sendo delator, preservar o ex-chefe. E responde como as declarações do tenente-coronel complicam Bosonaro e Braga Netto. Ele conclui também sobre como as perguntas feitas pela defesa do ex-presidente fazem parte de uma estratégia de carimbar “mentiroso” na testa de Mauro Cid.
Os dados do Censo 2022 sobre a religião dos brasileiros, divulgados na última sexta-feira (6) pelo IBGE, confirmam uma tendência observada nas últimas décadas: o crescimento da população evangélica, que chegou a 26,9% - no Censo anterior, de 2010, o índice era de 21,6%. O que surpreendeu os especialistas foi o ritmo desse crescimento, menos acelerado do que se previa. O catolicismo continua como religião mais popular entre os brasileiros. De acordo com os dados do IGBE, 56,6% afirmam ser católicos: embora ainda maioria absoluta, é o menor percentual desde a primeira pesquisa sobre o tema realizada no Brasil, em 1872 - à época, o índice era de 99,7%. O Censo aponta ainda que a parcela de brasileiros que se declara como praticante da umbanda ou candomblé mais que triplicou (de 0,3% para 1%) e que o número de espíritas caiu (2,2% para 1,8%) de 2010 para cá. Brasileiros sem religião declarada agora são 9,3%, um recorde na série histórica. Para destrinchar esses números e explicar o que está por trás das mudanças na fé dos brasileiros, Natuza Nery entrevista Ana Carolina Evangelista, cientista política e diretora-executiva do Iser, o Instituto de Estudos da Religião.
O presidente dos EUA e o homem mais rico do planeta protagonizaram nesta quinta-feira um bate-boca público para o mundo inteiro ver, e ler. Primeiro, Trump disse estar decepcionado com Musk, que nos últimos dias fez uma série de críticas ao megaprojeto de lei orçamentária que o presidente dos EUA quer fazer passar no Congresso. A resposta do bilionário veio via X: o empresário disse que, sem sua ajuda, o republicano não teria sido eleito e ameaçou cancelar o uso público de foguetes da Space X. Musk ainda endossou uma publicação que pedia o impeachment de Trump. E, sem apresentar provas, ligou o nome do presidente dos EUA ao escândalo sexual envolvendo Jeffrey Epstein – empresário condenado por tráfico sexual de menores que morreu dentro da prisão. Do outro lado, o presidente dos EUA ameaçou cortar subsídios e contratos do governo com empresas de Musk. Após a discussão pública, as empresas do empresário perderam US$ 148 bilhões em valor. Neste episódio, Natuza Nery recebe Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV, pesquisador de Harvard e do Carnegie Endowment, nos EUA. Oliver detalha os efeitos de cada fase da épica discussão pública. “Musk corre o risco de destruir suas próprias empresas”, avalia Oliver, ao citar os impactos econômicos da briga. O professor fala também das chances de um pedido de impeachment contra Trump prosperar e os efeitos políticos para o presidente americano.
Por 14 dias, o ministro do STF Alexandre de Moraes interrogou as 52 testemunhas no julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado, investigada após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A íntegra do que foi dito se tornou pública na última terça-feira e revela, além do que disseram as testemunhas, a reação do ex-presidente Jair Bolsonaro ao ouvir os depoimentos. Bolsonaro é um dos 8 réus que, a partir da semana que vem, vão ser interrogados na ação da trama golpista que tinha como objetivo manter o ex-presidente no poder, mesmo após a derrota nas eleições de 2022. Para detalhar o que as testemunhas falaram, Natuza Nery recebe Flávia Maia, analista de judiciário na plataforma Jota. Ela, que acompanhou de perto todos os depoimentos, destaca o que disseram o ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Júnior e o ex-chefe do Exército Freire Gomes. Ela conta os bastidores dos depoimentos e as reações de Jair Bolsonaro ao ouvir as testemunhas de defesa e acusação. Depois, para entender como as falas das testemunhas podem implicar o ex-presidente e dos outros réus, o convidado é Gustavo Sampaio. Professor de Direito Constitucional da Universidade Federal Fluminense, ele explica também os próximos passos do processo.
Condenada a 10 anos de prisão pelo STF no mês passado, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou na terça-feira (3) que está fora do país. Sem informar seu paradeiro, Zambelli disse que pedirá licença do mandato de deputada para ficar baseada na Europa. A Procuradoria-Geral da República pediu a prisão preventiva de Zambelli, além da inclusão do nome dela na lista de procurados da Interpol. A fuga de Zambelli do Brasil foi noticiada primeiro pelos jornalistas Andréia Sadi e Octávio Guedes. Durante a terça-feira, em entrevista a uma rádio, Zambelli justificou a evasão. Ela citou um tratamento médico, e foi além: alegou motivos políticos e falou em “perseguição”. Em conversa com Natuza Nery neste episódio, o repórter do g1 Reynaldo Turollo Jr. relembra as provas que pesam contra Carla Zambelli no processo em que ela foi condenada por participar da invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça e falsificar documentos. Ele explica por que o passaporte de Zambelli não estava retido e quais as implicações jurídicas da saída dela do país. Depois, Natuza recebe o jornalista Bernardo Mello Franco. Colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN, Bernardo traça as consequências políticas da fuga da deputada bolsonarista do Brasil. E conclui que a saída dela serve de alerta para o Supremo Tribunal Federal às vésperas do julgamento dos acusados pela tentativa de golpe.
Foram 18 meses de preparação. A Ucrânia lançou, no fim de semana, um ataque sem precedentes a bases militares russas em 5 diferentes regiões. Com 117 drones acionados remotamente, aviões de guerra da Rússia foram atingidos. O surpreendente: os drones estavam camuflados em caminhões estacionados em solo russo, posicionados estrategicamente perto dos alvos. E ainda mais surpreendente: os drones custaram apenas US$ 500 dólares cada, e causaram um prejuízo de US$ 7 bilhões de dólares, segundo o governo ucraniano. Tudo foi feito às vésperas de uma reunião que buscou um cessar-fogo entre os governos de Moscou e de Kiev. Nesta segunda-feira (2), autoridades dos dois países se sentaram para negociar em Istambul, na Turquia. Os dois países concordaram em trocar prisioneiros e corpos de 6 mil soldados de cada lado, mas não avançaram em uma trégua concreta e duradoura. Para explicar o status do conflito após mais de três anos de guerra e o momento das negociações, Natuza Nery conversa com Feliciano de Sá Guimarães, professor do Instituto de Relações Internacionais da USP. Ele analisa as estratégias da Ucrânia, um dos principais fabricantes de drones do mundo no momento. Para Feliciano, o ataque “dificilmente foi feito sem a inteligência dos EUA”. O professor também expõe o que é preciso para que os dois países cheguem a um acordo prolongado de paz.
Hoje, mais de 39 milhões de pessoas têm carteira assinada no país. Mas um movimento tem chamado atenção: a aversão de jovens à carteira assinada. No discurso de quem rejeita a CLT está a visão de que, sem vínculos empregatícios, há mais flexibilidade de horários, e livra o trabalhador de longos deslocamentos em transporte lotado e de broncas de chefes. O sonho, vendido em redes sociais, é que é possível empreender e ter sucesso fácil na internet. Alguns até conseguem, mas a maioria ainda, se pudesse, voltaria ao mercado formal – como aponta uma pesquisa feita pela FGV em 2024. Criada em 1943, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) regula as relações entre empregado e empregador. Um contrato CLT garante férias com salário, 13° salário, FGTS, licenças remuneradas, seguro-desemprego em caso de demissão e outros direitos trabalhistas. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Carolline Leite, diretora e roteirista da série “Viração - novos empreendedores”, que estreia na GloboNews nesta segunda-feira (2). Carolline conta o que ouviu de trabalhadores que optaram por deixar a carteira assinada de lado. Ela relata como a gestão do tempo e o salário estão no centro dessa discussão. Depois, Natuza fala com Wagner Guilherme Alves da Silva. Pesquisador do DeepLab da Universidade de Dublin, na Irlanda, ele explica como a rejeição de parte dos trabalhadores à CLT tem crescido ao longo dos anos. O antropólogo responde também do que as pessoas estão abrindo mão - voluntariamente ou não - ao rejeitar a CLT.
Desde a eleição de Donald Trump, era certo que homem mais rico do mundo teria uma posição de destaque no governo americano. Elon Musk, de fato, assumiu o cargo especial de conselheiro e líder do Departamento de Eficiência Governamental (conhecido pela sigla em inglês DOGE). Mas, cinco meses depois, ele deixa a função com a imagem desgastada. Musk anunciou a saída do governo na noite de quarta-feira (28), dois dias antes da data limite prevista para quem ocupa seu cargo, de 130 dias. Neste período, o bilionário acumulou brigas com figuras do alto escalão da gestão Trump, viu o lucro e o valor de mercado de suas empresas derreterem e ficou longe de cumprir sua maior promessa ao assumir o DOGE: ele queria cortar o déficit público em USS 2 trilhões, mas conseguiu uma economia de US$ 175 bilhões. Para explicar o que deu errado na administração Musk, o que deve acontecer com o programa de corte de gastos nos EUA e como fica a relação dele com Donald Trump, Natuza Nery entrevista com Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington, nos Estados Unidos. "Todo mundo se questionava como é que os egos do Trump e do Musk iam conviver. A aposta generalizada foi justamente o que aconteceu, que não ia durar", resume. Na conversa, Mauricio comenta também as ofensivas de Trump sobre as universidades e os estudantes estrangeiros, em especial os chineses, o vaivém do tarifaço e o status da baixa popularidade do presidente americano.
A investigação sobre o assassinato de Vinicius Gritzbach revelou um esquema criminoso complexo envolvendo as duas maiores facções do país e alguns policiais militares e civis de São Paulo. Gritzbach era delator do PCC e do Comando Vermelho e havia, em seus depoimentos, acusado policiais de corrupção. Para a Polícia Civil de São Paulo, o caso está esclarecido: o assassinato dele, em plena luz do dia, no maior aeroporto do país, foi ordenado por criminosos ligados ao PCC e ao CV, com participação de agentes de segurança -- um caso que revela o status da relação entre as facções. Um levantamento exclusivo do g1 com base nas investigações mostrou o envolvimento de ao menos 27 policiais de São Paulo com as duas facções criminosas. Quem explica como o caso Gritzbach revelou o envolvimento de policiais corruptos com o crime é o repórter Kleber Tomaz. Ele responde qual era a relação entre esses policiais e as facções e porque Gritzbach era considerado uma “galinha dos ovos de ouro”. Depois, Natuza Nery conversa com Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP e autor do livro “A guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil". Bruno relembra como as duas maiores facções do país, historicamente rivais, chegaram a anunciar em conjunto uma trégua no início do ano. E aponta como o crime organizado brasileiro se capilarizou até para além das fronteiras do país.
Desde o anúncio de mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), na última quinta-feira (22), agentes do mercado financeiro e do setor produtivo fazem o coro para barrar o aumento das alíquotas do imposto. No Congresso, já são 19 propostas para derrubar o decreto do governo federal. A equipe econômica anunciou a medida com o objetivo de aumentar a arrecadação para equilibrar as contas públicas e atingir a meta do arcabouço fiscal neste ano. Mas o aumento no IOF pegou tão mal que, no mesmo dia no anúncio, houve um recuo parcial: foi retirada do texto a alíquota de aplicação de investimentos de fundos nacionais no exterior, mas mantida a alta nas operações em moeda estrangeira, como a compra de dólares para viagens. Para explicar o que é o IOF, o que muda na prática e o que motivou a forte reação dos agentes econômicos, Natuza Nery entrevista Bernardo Guimarães, doutor em Economia pela Universidade Yale e professor da FGV-SP. Natuza conversa também com Gerson Camarotti, comentarista da Globo e da GloboNews e colunista do g1. Ele revela os bastidores do anúncio da medida e do recuo posterior e as batalhas entre alas do governo e da própria equipe econômica.
O ministro do STF Alexandre de Moraes acolheu um pedido do Procurador-Geral da República para abrir uma investigação contra o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por indícios dos crimes de coação e obstrução de investigações. No pedido, o procurador-geral Paulo Gonet alega que Eduardo age para atrapalhar as investigações do 8 de janeiro. A PGR citou posts e entrevistas de Eduardo Bolsonaro e afirmou que o deputado licenciado tenta conseguir que o governo de Donald Trump imponha sanções a integrantes do Supremo. Na semana passada, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, foi questionado por um deputado republicano se os EUA avaliam sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. Rubio foi direto: “há uma grande possibilidade de que aconteça”. Neste episódio, Natuza Nery recebe a jornalista Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo, e o cientista político Guilherme Casarões, professor da FGV-SP e pesquisador do Observatório da Extrema-Direita. Malu Gaspar relembra os argumentos usados por Eduardo Bolsonaro para pedir licença do cargo e ir aos EUA, onde está desde fevereiro. Ela conta quais falas de Eduardo acenderam o alerta na PGR, a reação dos ministros do Supremo e as consequências políticas da investigação. Depois, Guilherme Casarões responde quais os reflexos do caso para a relação entre Brasil e EUA. Casarões analisa qual o peso político de aplicar sanções a autoridades de outro país. Ele afirma que “os EUA não podem, em tese, alegar que uma decisão tomada pela Suprema Corte brasileira está certa ou errada”.
A Câmara pode analisar nesta semana o Projeto de Lei que afrouxa as regras para licenciamento ambiental. Na última quarta-feira (21), o Senado já aprovou o texto com ampla maioria: 54 senadores votaram a favor; apenas 13 votaram contra. Criticado por ambientalistas e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ele foi apelidado de “PL da Devastação”. Já os defensores do projeto, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, veem uma oportunidade para destravar obras. O projeto facilita a liberação de licença ambiental para empreendimentos com potencial de impacto no meio ambiente (caso de viadutos, pontes, hidrelétricas, barragens de rejeitos, por exemplo); dispensa a licença para obras e para atividades como agricultura tradicional e pecuária de pequeno porte; e cria a Licença por Adesão e Compromisso (LAC), um tipo de licenciamento automático por autodeclaração. Para explicar como um projeto que tramita há mais de 20 anos ganhou urgência no Congresso, Natuza Nery conversa com Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima. Astrini comenta o contexto político da votação no Senado e alerta sobre os impactos ambientais que podem refletir em toda a sociedade – e como isso mexe na imagem do país às vésperas da COP30, que acontece em novembro, em Belém.
Dois funcionários da embaixada de Israel foram mortos a tiros na capital dos EUA na noite da quarta-feira (21). Sarah Milgram e Yaron Lischinsky foram baleados do lado de fora do Museu Judaico de Washington – eles tinham acabado de sair de um evento quando foram baleados por um homem identificado como Elias Rodríguez. O atirador foi preso. Após o ataque, o governo dos EUA classificou o caso como antissemitismo. Líderes mundiais repudiaram o crime e também afirmaram se tratar de antissemitismo. Em conversa com Natuza Nery neste episódio, Michel Gherman explica os significados da palavra antissemitismo. Ele, que é professor do Núcleo de Estudos Judaicos da UFRJ e pesquisador do Centro de Estudos do Antissemitismo da Universidade Hebraica de Jerusalém, relembra como judeus foram, ao longo da história, vítimas de perseguição. Gherman responde ainda qual a diferença entre antissemitismo e antisionismo, e fala dos riscos de o atual momento da guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas intensificarem atos contra judeus.
Em 2022, um homem com documentos brasileiros tentou conseguir um estágio no Tribunal Penal Internacional, em Haia. O serviço de inteligência holandês barrou sua entrada, Victor Muller Ferreira foi extraditado e mandado de volta ao Brasil, onde está preso até hoje. Victor, na verdade, é Sergey Cherkasov. Ele e pelo menos outros oito agentes secretos russos usaram o Brasil para “lavar” suas identidades e, aos olhos do mundo, serem considerados brasileiros. A história de Sergey Cherkasov é acompanhada de perto há mais de três anos pelo jornalista Álvaro Pereira Jr, convidado de Natuza Nery neste episódio. Repórter especial do Fantástico, Álvaro relembra como Victor e outros russos se passavam por brasileiros enquanto atuavam como agentes secretos de Vladimir Putin. Nesta quarta-feira (21), o jornal americano The New York Times expôs como o Brasil se tornou uma “fábrica de espiões” do governo de Moscou. Álvaro conta bastidores de como encontrou os documentos usados pelos espiões de Putin, e como um deles fez até aulas de forró para não levantar suspeitas sobre sua brasilidade. Ele detalha o minucioso trabalhado da Polícia Federal para desmantelar esse “celeiro” de espiões. E conclui como a invasão da Ucrânia pelo exército de Putin impulsionou investigações que encontraram espiões russos mundo afora.
Depois de dois meses e meio, cerca de 100 caminhões com suprimentos chegaram à Faixa de Gaza nesta terça-feira (20). O desbloqueio da ajuda humanitária foi feito no mesmo dia em que a União Europeia e o Reino Unido engrossaram a pressão internacional para que Israel permitisse ajuda a Gaza. Para Israel, os bloqueios servem como forma de forçar o Hamas a libertar os reféns que estão sob poder do grupo terrorista desde os ataques de 7 de outubro de 2023. A situação de Gaza é tão crítica que a fez a ONU alertar que 14 mil bebês poderiam morrer em 48 horas caso a ajuda não chegasse. Depois da pressão internacional e do apelo da ONU, cerca de 100 caminhões com ajuda humanitária entraram no território. “Estão atacando a gente com fome, com sede”, relata a palestina Assmaa Abo Eldijian em conversa com Natuza Nery neste episódio. Nascida nos Emirados Árabes, Assmaa viveu no Brasil dos 4 aos 20 anos de idade. Morando em Gaza desde 2006, onde se casou e vive com os filhos, a palestina conta como é lidar com o conflito que já dura quase 600 dias e já deixou mais de 50 mil mortos. Natuza fala também com João Koatz Miragaya, que fala direto de Israel. Mestre em História pela Universidade de Tel Aviv, Miragaya responde como a população israelense vê a guerra contra o Hamas neste momento. Ele relembra como o bloqueio de ajuda humanitária foi uma das primeiras repostas de Israel ao ataque do Hamas que matou mais de 1,4 mil israelenses. E conclui como a percepção da população israelense sobre a guerra mudou desde a última troca de reféns, em fevereiro.
Terceiro maior produtor de aves do mundo, o Brasil conseguiu manter a gripe aviária longe de suas granjas comerciais desde que confirmou o vírus em uma ave silvestre, em 2023. Até que, no fim da semana passada, um caso foi detectado em Montenegro, no Rio Grande do Sul. Desde então, mais de 15 países e a União Europeia fecharam seus mercados para a carne de frango brasileira. Em circulação desde a década de 1990, o vírus da gripe aviária nunca teve a transmissão comprovada entre humanos. Há risco para pessoas que trabalhem diretamente com animais contaminamos. Especialistas dizem que consumir carne de frango e ovos é seguro. Esses alimentos devem ser bem cozidos antes de ingeridos. Nesta segunda-feira (19), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o país precisa de 28 dias para ser considerado livre do vírus H5N1 de novo. Até a noite da segunda-feira, outros quatro casos eram investigados. Em conversa com Natuza Nery neste episódio, o economista José Roberto Mendonça de Barros diz que a expectativa é que os casos sejam isolados e não causem grandes turbulências na economia brasileira. Fundador e sócio da MB Associados, o economista explica como a carne de frango e o sistema de vigilância brasileiro são bem-vistos mundo afora. Ele diz que a situação brasileira é bem diferente do que acontece nos EUA, onde mais de 150 milhões de aves foram sacrificadas. E explica como a queda nas exportações pode deixar o frango mais barato no mercado nacional. Participa também do episódio Paula Salati, repórter de Agro do g1. Paula relembra como o vírus já circulava em aves silvestres há dois anos e conta as medidas tomadas por produtores e pelo governo para conter o vírus H5N1.
O uso da biometria acelerou e facilitou, e muito, a vida de muita gente: desbloquear o celular, acessar a conta do banco, entrar em prédios e até em estádios. A tecnologia usa características do rosto de cada pessoa como uma espécie de “senha”. Um avanço que traz benefícios, mas também riscos. Na semana passada, a PF prendeu criminosos que burlavam um sistema de biometria para acessar a conta de usuários na plataforma gov.br. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Ronaldo Lemos, cientista-chefe do Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro. Ronaldo expõe como o rosto de cada pessoa é um “dado sensível” e requer um nível de proteção elevado, como dados bancários. Ele responde em quais casos é possível negar o uso do próprio rosto para acessar determinados ambientes. Ronaldo Lemos indica como se proteger e cita bons exemplos de uso de identificação, como é o caso da Índia. Com mais de 1,4 bilhão de habitantes, o país criou um sistema de reconhecimento individual através da íris dos olhos e das digitais das mãos. Depois, a conversa é com Álvaro Massad Martins, diretor-executivo da IT By Insight, e coordenador do MBA em Cibersegurança da FGV. Ele detalha como os sistema de biometria funcionam e dá dicas do que fazer para se proteger de possíveis fraudes.
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil é celebrado no próximo domingo, 18 de maio. No Brasil, 13 crianças e adolescentes são vítimas de algum tipo de violência sexual, física ou psicológica a cada hora. São mais de 115 mil vítimas por ano, segundo o Atlas da Violência 2025, divulgado nesta semana pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Neste episódio, Natuza Nery ouve o relato de uma dessas vítimas, a artista Georgia Bergamim. Aos 34 anos, Georgia teve sua história contada no documentário ‘Apesar de'. No Assunto, ela relembra quando percebeu que era vítima do padrasto e como foi silenciada por pessoas próximas. “Enquanto eu era criança, nunca senti confiança em poder falar sobre isso”, diz, ao lembrar como “emitia sinais” de que havia algo errado. Ela fala como a rotina de abusos marcou a forma com que ela lida com o próprio corpo. E relembra os mecanismos que a ajudaram a lidar com o trauma. Participa também do episódio a advogada Luciana Temer, diretora-presidente do Instituto Liberta, que atua no enfrentamento da violência sexual contra menores. Luciana expõe a existência de uma “epidemia de abusos” que pode ser ainda maior: segundo ela, apenas 11% dos casos são denunciados.
Na semana passada, uma decisão do Plenário da Câmara dos Deputados suspendeu a ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), réu por tentativa de golpe. Desde então, Câmara e Supremo voltaram a um “estica e puxa”: os cinco ministros da 1ª Turma do Supremo derrubaram a decisão da Câmara. Na sequência, o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), entrou com um recurso no Supremo pedindo que o caso seja analisado pela integralidade da Corte. O caso reacende uma crise institucional entre Legislativo e Judiciário, como explica neste episódio Natuza Nery em conversa com Fernando Abrucio. Professor da FGV-SP e comentarista da GloboNews, Abrucio detalha os sentidos, políticos e jurídicos, da decisão da Câmara e a resposta do Supremo. É ele quem avalia o atual status da relação entre parlamentares e ministros da Suprema Corte. Para Abrucio, apesar do atual tensionamento, a relação entre os dois poderes está na “fase fácil”: ele responde quais são as perspectivas de uma crise ainda maior. E conclui qual a intenção de Hugo Motta ao dobrar a aposta e recorrer da decisão do Supremo no caso Ramagem. Abrucio aponta que o presidente da Câmara sinaliza a seus pares que, no futuro, poderá defender cada um deles.
Aos 89 anos, Pepe Mujica morreu na terça-feira (13) vítima de um câncer no esôfago. Mujica lutou contra a ditadura uruguaia e sofreu tortura durante os mais de 10 anos em que ficou preso. Anistiado e livre em 1985, entrou para a vida partidária. Eleito presidente em 2010, governou o país até 2015, e depois atuou como senador até se aposentar da política. No fim de 2024, fez seu último discurso em um comício: “sou um ancião que está muito perto de se retirar para um lugar que não se tem mais volta”. Para relembrar a trajetória de Mujica e como ele foi de guerrilheiro a “ícone pop”, Natuza Nery conversa com Ariel Palácios, correspondente da Globo em Buenos Aires. Ariel, autor do livro “América Latina, Lado B”, relembra encontros que teve com Mujica, e o dia em que foi guarda-costas do ex-presidente uruguaio. Ariel detalha a vida política do ex-presidente uruguaio, dos tempos de guerrilheiro à aposentadoria, e o que o diferenciava de outros líderes. “Ele não era um político clássico. Era como a figura do avô, sem ser uma figura paternal e populista”, afirma. Ariel destaca o perfil simples de Mujica, em consonância com a cultura uruguaia, onde a ostentação é desvalorizada. E conclui qual o legado de Pepe Mujica: “ele mostrou que um político pode viver de maneira austera”.
Depois de meses de escalada na disputa tarifária, Estados Unidos e China anunciaram, em conjunto, uma trégua de 90 dias nas tarifas recíprocas entre os dois países. Assim, as tarifas dos EUA sobre as importações chinesas vão cair de 145% para 30%. E as taxas da China sobre os produtos americanos serão reduzidas de 125% para 10%. Para explicar como os dois lados chegaram ao acordo – divulgado após uma série de reuniões entre autoridades comerciais durante o fim de semana na Suíça -, Natuza Nery conversa com o economista Otaviano Canuto. Professor na Universidade George Washington, nos EUA, Canuto detalha como as tarifas de Donald Trump refletiram na economia americana. Ele, que foi vice-presidente do Banco Mundial e diretor-executivo do FMI, analisa se a trégua entre EUA e China afasta o temor de recessão. Direto da China, o professor Marcus Vinicius de Freitas detalha os efeitos do tarifaço no país asiático, e quais as respostas do governo de Pequim. Ele, que dá aulas na Universidade de Relações Exteriores da China, fala sobre como foram as negociações entre as duas partes. Marcus Vinicius fala ainda sobre o que esperar do encontro entre Lula e Xi Jinping, marcado para esta terça-feira, e o qual o status da relação entre Brasil e China.
Fincada no coração das cordilheiras do Himalaia, a região da Caxemira é rica em belezas naturais e em recursos hídricos. Um lugar estratégico onde os interesses de três países colidem: Paquistão, Índia e China. E palco de três guerras entre paquistaneses e indianos, em um conflito que dura quase 80 anos. A tensão histórica reacendeu em meados de abril, quando um ataque na região indiana da Caxemira deixou 26 turistas mortos, a maioria hindus. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, acusou o Paquistão pelo ataque. Do outro lado, o governo paquistanês negou e iniciou uma ofensiva contra o país vizinho. No sábado (10), o presidente americano Donald Trump anunciou uma trégua no conflito, mas, horas depois, Índia e Paquistão trocaram acusações de desrespeito ao cessar-fogo. As hostilidades colocam o mundo em alerta, já que os dois países têm armas nucleares. Para explicar as origens da disputa na Caxemira e o risco de uma escalada no conflito entre Índia e Paquistão, Natuza Nery recebe Gunther Rudzit. Doutor em Ciência Política pela USP e professor de Relações Internacionais da ESPM, Rudzit detalha o status da tensão recente entre os dois países, qual o tamanho do arsenal nuclear de cada lado, e como a China tem papel importante nesta história.
Passava das 18h no horário local, quando a esperada fumaça branca começou a sair da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano. No segundo dia de conclave, era o sinal que o mundo esperava: os 133 cardeais reunidos tinham um consenso sobre o novo papa. Nascido nos EUA, Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito e escolheu o nome de Leão XIV. A vaticanista Mirticeli Medeiros descreve quem é Prevost – foi ela que, no Assunto da última quarta-feira (7), data de início do conclave, alertou sobre a possibilidade de ele ser o novo papa. Direto da Praça de São Pedro, no Vaticano, Mirticeli volta a conversar com Natuza Nery para relembrar quem é Prevost e os significados em torno da escolha do nome Leão XIV. Ela responde se o novo papa representa continuidade em relação a Francisco, seu antecessor. E analisa os sinais dados por Leão XIV em seu primeiro discurso. Participa também, direto do Vaticano, o jornalista Gerson Camarotti. Comentarista da TV Globo, da GloboNews e colunista do g1, Camarotti relata como foi a campanha feita a favor de Prevost, cardeal que se naturalizou peruano. Camarotti relembra como Prevost atuou dentro da Igreja Católica e o que esperar da relação entre Leão XIV e o presidente dos EUA, Donald Trump, criticado por Prevost por sua política de imigração.
Em 2023, uma decisão unânime dos ministros do Supremo Tribunal Federal determinou que o Congresso redistribuísse as 513 vagas da Câmara com base nos dados do Censo de 2022 – o número de deputados é proporcional à população de cada estado. O STF deu até o dia 30 de junho deste ano para que a redistribuição fosse feita. Caso contrário, o TSE deveria fazer a redivisão. Com a aproximação do prazo final, a Câmara aprovou na última terça-feira (6), um projeto que amplia de 513 para 531 o número de deputados federais. Foram 270 votos a favor e 207 contra. Agora, o texto segue para o Senado. Para explicar os impactos políticos e econômicos do projeto, Natuza Nery recebe Lara Mesquita. Doutora em Ciência Política e professora na Escola de Economia da FGV de São Paulo, Lara detalha o que prevê o projeto e analisa se ele corrige, ou não, distorções de representatividade na Câmara dos Deputados.
"Extra omnes". Estas são as palavras ditas por um oficial do Vaticano ao fechar as portas da Capela Sistina. Do latim “todos para fora”, elas dão início ao processo sigiloso que, a partir da manhã desta quarta-feira, vai eleger o sucessor do Papa Francisco. A eleição do sumo pontífice terá a presença de 133 cardeais de 70 países – para que o novo papa seja eleito, é preciso que ele tenha 89 votos. Sem candidatos oficiais, o processo pode levar dias, como explica a vaticanista Mirticeli Medeiros em conversa com Natuza Nery neste episódio. Ph.D em história do catolicismo pela Universidade Gregoriana e correspondente da GloboNews na Itália, Mirticeli lista quais são os nomes cotados para ser o novo Papa e as chances de um cardeal brasileiro ser o escolhido por seus pares: “é improvável, mas não impossível”, diz. Direto de Roma, Mirticeli relata qual o clima na cidade e como o processo de “internacionalização” do colégio de cardeais pode dificultar um consenso. “Muitos nem se conhecem e há barreiras linguísticas”, diz. Ela conta quais temas foram discutidos nas reuniões pré-conclave e dá detalhes sobre figuras pouco conhecidas, os chamados “pope makers”, uma espécie de “cabo eleitoral” que ajuda cardeais indecisos a escolher um candidato.
A fraude bilionária que derrubou Carlos Lupi (PDT) do Ministério da Previdência abriu uma nova crise dentro do governo Lula. A oposição promete para esta semana a abertura de uma CPI para investigar o esquema que pode ter desviado mais de R$ 6 bilhões e atingido mais de 4 milhões de pessoas. Enquanto isso, o governo promete para os próximos dias o plano para ressarcir aposentados e pensionistas que foram lesados. Em conversa com Natuza Nery neste episódio, o repórter da GloboNews Guilherme Balza traça a linha do tempo desta fraude sem precedentes no INSS. Balza, que acompanha de perto o escândalo, relembra os sinais que mostram como o agora ex-ministro Carlos Lupi foi omisso sobre o esquema. Ele explica também como, em apenas um ato, o INSS liberou o desconto irregular em benefícios de mais de 34,5 mil aposentados. Para explicar os efeitos políticos da fraude, Natuza Nery recebe também a jornalista Daniela Lima. Colunista do g1 e apresentadora da GloboNews, Daniela revela como a investigação sobre esse caso pode ir além dos descontos em folha e o quais desdobramentos foram descobertos pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Daniela analisa ainda a dimensão política do caso e os possíveis desdobramentos de uma CPI sobre o escândalo.
Na semana em que a TV Globo comemora 60 anos, O Assunto reprisa o episódio especial sobre a novela Vale Tudo. Originalmente exibida entre 1988 e 1989, a trama marcou a história da televisão brasileira a partir do conflito ético: vale tudo para se dar bem? Escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, a novela aborda também aspectos fundamentais da sociedade brasileira. O remake de Vale Tudo, no ar desde o último dia 31 de março na TV Globo e no Globoplay, revisita os mesmos dilemas, mas sob a perspectiva do Brasil de hoje. A autora da nova versão, Manuela Dias, enfatiza o desafio de equilibrar o reconhecimento da obra original com a necessidade de surpreender o público, incorporando as inúmeras atualizações tecnológicas, culturais e sociais ocorridas desde então. “O maior desafio será matar Odete Roitman”, afirma Manuela, em entrevista a Natuza Nery - ela revela, inclusive, que já tem um suspeito em mente para assumir o assassinato. A dramaturga conta como fez para atualizar a trama ao mundo de 2025 sem descaracterizar personagens icônicos como a própria Odete Roitman, além de Raquel e Maria de Fátima. E para explicar a importância de "Vale Tudo" para a teledramaturgia e para a cultura brasileira, Natuza conversa também com a historiadora Martina Spohr, professora e coordenadora do laboratório de estudos sobre Estado, poder e sociedade da Escola de Ciências Sociais/CPDOC, da FGV do Rio de Janeiro.
Mark Carney, do Partido Liberal, conquistou nas urnas o direito de seguir como primeiro-ministro do Canadá, num pleito que teve quantidade recorde de votantes. A vitória de Carney consolida uma reviravolta no cenário político do país – até janeiro deste ano, as pesquisas apontavam favoritismo de até 80% para a oposição. Na linha do tempo eleitoral canadense, o ponto de inversão é claro: a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, em janeiro. “Ele foi o anti-cabo eleitoral”, resume Maurício Moura, professor da Universidade George Washington, com quem Natuza Nery conversa neste episódio. Assim que assumiu o cargo, Trump disparou uma série de provocações ao país vizinho, entre elas a ameaça de anexar o Canadá como o 51º estado americano. E mudou o foco da eleição. As críticas ao ex-primeiro-ministro Justin Trudeau foram suplantadas pelo discurso anti-Trump adotado por Carney – sucessor de Trudeau, que renunciou em março para evitar que o Partido Liberal perdesse o controle do Parlamento. A eleição no Canadá, explica Maurício Moura, é o ápice do “efeito Trump” até aqui: líderes que rivalizam com o americano vêm sua popularidade aumentar mundo afora.
Crise com imigrantes, ameaça de anexar o Canadá, saída da OMS, ofensiva contra universidades, declarações polêmicas sobre a Faixa de Gaza e a Ucrânia... A lista de ações nos 100 primeiros dias deste segundo mandato de Trump inclui brigas públicas, a abertura de uma guerra comercial contra os principais parceiros dos EUA e a desorganização de alianças históricas. Cem dias depois de sua volta à Casa Branca, pesquisa divulgada nos últimos dias pelo jornal The Washington Post, pela ABC News e pelo instituto Ipsos apontou que 55% da população desaprova seu governo. É o pior índice em 80 anos para um presidente nos 100 primeiros dias de mandato. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Felippe Coaglio, correspondente da Globo nos EUA. Ele fala direto de Iowa, estado que deu larga vitória a Trump e um dos pilares do agronegócio americano. Felipe relata o que escutou de fazendeiros sobre a guerra tarifária do presidente dos EUA: “há um clima de incerteza e estão penando com mão-de-obra", diz, ao citar a política anti-imigração do atual governo. Depois, Natuza recebe Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV, pesquisador da Universidade Harvard e do Carnegie Endowment. Oliver analisa quais foram as transformações profundas, dentro e fora dos EUA, que Trump colocou em curso em seus 100 primeiros dias na presidência. Para ele, a democracia americana enfrenta “a maior ameaça e o maior desafio” em mais de um século.
Fundada em 1636, a Universidade Harvard nasceu antes mesmo da Independência dos EUA (1776). Com 388 anos de vida, agora a prestigiosa instituição de ensino é considerada uma “ameaça à democracia” pelo presidente Donald Trump. Em mais um capítulo da batalha entre o presidente dos EUA e universidades do país, Harvard entrou com um processo contra o governo americano para impedir o congelamento de mais de US$ 2,2 bilhões em subsídios. No pano de fundo dessa disputa estão exigências feitas pelo governo Trump às universidades. Para a comunidade acadêmica e outras universidades do país, o que está em curso é a tentativa de interferência política. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Guga Chacra para explicar o que Trump quer e qual a resposta da universidade mais respeitada dos EUA. Comentarista da Globo em Nova York e colunista do jornal O Globo, Guga relembra como o presidente dos EUA usa o argumento de que as universidades americanas são palco de antissemitismo para pressionar por alinhamento político. Guga responde se o governo americano tem poder para impedir que Harvard aceite matrículas de alunos estrangeiros, uma das ameaças feitas por Trump a Harvard. Na conversa, Guga explica também o que permitiu que Harvard resistisse, ao contrário da postura adotada por Columbia, outra instituição que figura entre as mais respeitas do país. Ele analisa ainda as chances de o processo aberto por Harvard chegar à Suprema Corte dos EUA.
Um dia depois de a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União realizarem uma operação que acabou com o presidente do INSS demitido, o governo suspendeu o repasse para entidades e disse que aposentados e pensionistas prejudicados vão receber o dinheiro de volta. O caso revelado por uma operação na quarta-feira (23) é o início de um “escândalo”, afirma a jornalista Camila Bomfim em conversa com Natuza Nery neste episódio. Na quarta-feira, o agora ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto e outros integrantes da cúpula do instituto foram alvo de uma operação que, segundo as investigações, beneficiava pelo menos 11 entidades suspeitas de descontar indevidamente o benefício de aposentados e pensionistas. A suspeita é que, entre 2019 e 2024, os desvios podem ter chegado a mais de R$ 6 bilhões. Colunista do g1 e apresentadora da GloboNews, Camila Bomfim lembra o que pesou contra Stefanutto e os indícios de que o caso pode levar a um escândalo ainda maior. Camila relata como o INSS, cujos dois últimos presidentes foram indicados pelo Ministro da Previdência, Carlos Lupi, se tornou uma fonte de preocupação para o governo do presidente Lula. “O que o Lupi entregou até agora foi problema”, diz, ao relembrar como a promessa de Lula de zerar a fila do INSS está longe de ser cumprida. Natuza Nery conversa também com Diego Cherulli, advogado e presidente do IBDP, o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário. Ele explica como, ao coordenar benefícios de milhões de brasileiros, o INSS é uma fonte de fraudes. “Os bloqueios a repasses a entidades deviam ter sido feitos já no ano passado”, diz, ao lembrar denúncias de fraudes escancaradas no instituto. Cherulli responde o que pode ser feito para evitar novos esquemas de corrupção no instituto e o que beneficiários podem fazer para se proteger.
Em 2024, a Justiça do Trabalho registrou mais de 258 mil processos de trabalhadores que pedem reconhecimento de vínculo empregatício. Trata-se de um aumento de 57% em relação ao ano anterior. E um número que reforça a tendência de crescimento da judicialização das relações empregador-empregado desde que a reforma trabalhista entrou em vigor, em 2018. O volume de ações sobrecarrega o sistema judiciário. Apenas no Supremo Tribunal Federal, a alta foi de 76% entre 2023 e 2024. Sob essa justificativa, o ministro Gilmar Mendes decidiu, no dia 14 de abril, paralisar todos os processos trabalhistas até que a Corte tome uma decisão colegiada sobre a modalidade de contratação de funcionários como Pessoa Jurídica, os chamados ‘PJs'. Para explicar as teses que irão pautar os votos dos ministros do Supremo no caso de repercussão geral a respeito das contratações em regime de Pessoa Jurídica, Natuza Nery entrevista Olívia Pasqualeto, professora de Direito do Trabalho da FGV-SP. Também neste episódio, Nelson Marconi, professor de Economia também da FGV-SP, apresenta os resultados da pesquisa que realizou sobre os impactos da pejotização.
A proposta nasceu em 2022, para poupar os manifestantes presos em protestos desde o resultado das últimas eleições presidenciais. Ela cresceu, acolheu outros projetos de lei e ampliou seu escopo: agora, quer perdoar toda e qualquer pessoa que tenha participado dos atos golpistas de 8 de janeiro – seja antes, durante ou depois daquele dia; um perdão que alcançaria o ex-presidente Jair Bolsonaro, denunciado pela PGR por tentativa de golpe de Estado . Nas últimas semanas, a oposição concentrou esforços em fazer o texto avançar na Câmara dos Deputados e conseguiu colher 262 assinaturas de deputados – o número mínimo são 257 – para protocolar o pedido de urgência na tramitação do Projeto de Lei. Agora é o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que decide se dá ou não prosseguimento à proposta. O governo trabalha para reverter parte do apoio à anistia: Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais, questionou parlamentares que integram a base aliada e votaram em favor do projeto. O governo espera também que, caso o PL passe na Câmara, seja barrado no Senado e considerado inconstitucional pelo Supremo. Para analisar as reais chances de a anistia avançar no Congresso e explicar as contradições no texto do Projeto de Lei, Natuza Nery conversa com Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN.
“Hoje é a lei da selva”. É assim que o embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor da Organização Mundial do Comércio, define o atual status das relações comerciais entre países. Convidado de Natuza Nery neste episódio, Azevêdo avalia como a OMC foi perdendo força ao longo dos anos. Ele analisa o papel da organização em meio à guerra comercial aberta por Donald Trump. Azevêdo, diretor-geral da OMC entre 2013 e 2020, conta como a organização foi criada para ser um espaço internacional de diálogo e solução de conflitos comerciais entre países. E relembra os alertas que fez sobre a necessidade de atualizar os sistemas de negociação da instituição. “O sistema multilateral ruiu, ele hoje não está funcionando", avalia. O embaixador analisa o recuo anunciado por Donald Trump, que nesta quarta-feira (9) reduzir para 10% as tarifas recíprocas a outros países pelo prazo de 90 dias. A exceção é a China, que retaliou as tarifas aplicadas pelos EUA, e agora terá taxas de importação de 125%. Azevêdo conclui ainda sobre quais as consequências globais da guerra comercial que parece escalar a cada dia.
Indiciado pela PF em junho de 2024, Juscelino Filho viu sua situação no governo ficar insustentável na manhã desta terça-feira (9), ao ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao STF. Ele é acusado de participar de um esquema de desvio de emendas parlamentares - quando era deputado federal - para a cidade de Vitorino Freire, no interior do Maranhão, onde a irmã dele é prefeita, e onde o pai já foi prefeito duas vezes. Denunciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o político do União Brasil pediu demissão em uma carta aberta divulgada no início da noite. Convidada de Natuza Nery neste episódio, a jornalista Ana Flor conta como foram as últimas horas de Juscelino Filho no governo e o que pesou para que a demissão fosse agora. Juntas, Natuza Nery e Ana Flor analisam como a troca de ministros pode afetar a popularidade de Lula. Ana conta também quem é o mais cotado para assumir o ministério, cargo que cumpre a cota do União Brasil no governo. Elas avaliam ainda como fica a relação do Executivo com o partido de Juscelino e com outras siglas do Centrão.
A segunda-feira (7) foi de sobe e desce nas bolsas de valores pelo mundo. Resultado das incertezas provocadas pela guerra comercial aberta por Donald Trump. Nesta segunda, o presidente dos EUA dobrou a aposta e afirmou que pode taxar produtos chineses em mais 50% a partir da quarta-feira (9), o que elevaria para 104% a taxação total em relação aos produtos que entram nos EUA vindos da China. Enquanto Trump vê o tarifaço como um “remédio” para fortalecer a economia americana, as bolsas ao redor do mundo derreteram. Nos EUA, grandes investidores deram declarações preocupadas sobre os rumos da economia e alertaram para a necessidade de uma pausa nas tarifas para negociações com parceiros comerciais. Para explicar o que fez os mercados terem um dia de pânico, Natuza Nery recebe Daniel Sousa. Comentarista da GloboNews e professor de Economia do Ibmec, Daniel analisa o ambiente de incerteza generalizada. Ele traça paralelos entre o momento atual e o Brexit (quando o Reino Unido saiu da União Europeia), e analisa se Trump está ou não “blefando” ao anunciar novas tarifas. "Isso seria Donald Trump voltando um pouco mais à programação normal, ou seja, alguém que tensiona com o objetivo de conseguir acordos melhores para os seus objetivos”, conclui.
Originalmente exibida entre 1988 e 1989, a novela marcou a história da televisão brasileira a partir do conflito ético: vale tudo para se dar bem? A trama escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères aborda também aspectos fundamentais da sociedade brasileira, como conflito de classes sociais, crises econômicas e impunidade contra a corrupção, no período histórico de redemocratização do país, depois de 20 anos de ditadura militar e durante a construção da nova Constituição Federal. O remake de Vale Tudo, no ar desde o último dia 31 de março na TV Globo e no Globoplay, revisita os mesmos dilemas, mas sob a perspectiva do Brasil de hoje. A autora da nova versão, Manuela Dias, enfatiza o desafio de equilibrar o reconhecimento da obra original com a necessidade de surpreender o público, incorporando as inúmeras atualizações tecnológicas, culturais e sociais ocorridas desde então. “O maior desafio será matar Odete Roitman”, afirma Manuela, em entrevista a Natuza Nery para este episódio -- ela revela, inclusive, que já tem um suspeito em mente para assumir o assassinato. A dramaturga conta como fez para atualizar a trama ao mundo de 2025 sem descaracterizar personagens icônicos como a própria Odete Roitman, além de Raquel e Maria de Fátima. E para explicar a importância de "Vale Tudo" para a teledramaturgia e para a cultura brasileira, Natuza conversa também com a historiadora Martina Spohr, professora e coordenadora do laboratório de estudos sobre Estado, poder e sociedade da Escola de Ciências Sociais/CPDOC, da FGV do Rio de Janeiro.
Para o presidente dos Estados Unidos, o 2 de abril de 2025 entrou para a história como o "Dia da Libertação" — a revista britânica "The Economist" usou o termo "Dia da Ruína". Sob aplausos na Casa Branca, Donald Trump deu detalhes de um tarifaço ventilado desde a campanha eleitoral e anunciado a conta-gotas nos primeiros meses de mandato. A taxa mínima sobre produtos importados será de 10%, com alíquotas maiores para alguns países que, segundo ele, cobram mais do que é produzido nos Estado Unidos. O Brasil se enquadrou na tarifa mínima, o que pode abrir oportunidades para o país, como explica Assis Moreira em conversa com Natuza Nery neste episódio. Correspondente do jornal Valor em Genebra desde 2005, Assis analisa como as medidas de Trump afetam a União Europeia, a China e outros mercados. E detalha de que maneira o tarifaço inaugura uma nova ordem mundial no comércio entre países. Depois, Natuza Nery conversa com o embaixador Mauricio Carvalho Lyrio, Secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty e negociador do Brasil para G20 e BRICS. É ele quem fala quais são as dificuldades atuais para chegar a acordos com os EUA sob o governo de Donald Trump.