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Retratos de Abril
As Origens Intelectuais do 25 de Abril (IV): em que medida os poetas, escritores e dramaturgos portugueses ajudaram a produzir as sementes da revolução?

Retratos de Abril

Play Episode Listen Later Apr 22, 2025 97:16


Neste quarto episódio sobre as origens intelectuais da Revolução Portuguesa foram escolhidas cinco obras do campo do teatro, da poesia e da ficção como maneira de interrogar a relação entre os livros e o 25 de Abril. A professora Ana Isabel Queiroz traz para a mesa as 'Terras do Demo', de Aquilino Ribeiro, e a investigadora Ana Margarida Martins analisa 'As Novas Cartas Portuguesas', de Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno. O sociólogo João Pedro George fala sobre “O libertino passeia por Braga a Idolátrica o seu Esplendor”, de Luiz Pacheco. Rui Lopo destaca o trabalho de Natália Correia na organização da 'Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica'. E, por fim, Rui Pina Coelho destaca a importância da obra “Teatro Moderno, caminhos e figuras”, de Luís Francisco Rebello, a mais importante história do Teatro da primeira metade do Século XX. São cinco livros, mas são mais autores, uma vez que em dois casos se trata de antologias e, portanto, estão aqui representadas muitas vozes e textos, tentando responder a várias interrogações: Em que medida estes poetas, escritores e dramaturgos produziram ou ajudaram a produzir as sementes da revolução de abril? E em que medida os seus personagens, contextos, paisagens e temas foram criadores de novidade, agitação, rutura, novo pensamento ou até denúncia de um certo país ocultado? É o que vamos descobrir, neste debate moderado por Inês Brasão na Biblioteca Nacional.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Convidado
Livro que abalou ditadura portuguesa tem nova tradução em França

Convidado

Play Episode Listen Later Apr 22, 2025 17:15


Mais de meio século depois da publicação do livro que abalou a ditadura portuguesa, “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, há uma nova edição em francês. “Nouvelles Lettres Portugaises” é uma tradução de Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levécot e espera fazer redescobrir a intemporalidade de uma obra que foi revolucionária. A RFI conversou com Agnès Levécot neste programa. “Eu acho que, naquela altura, em Portugal, não era nada estranho que este livro tivesse esse efeito de bomba”, contava à RFI, há um pouco mais de um ano, Maria Teresa Horta, uma das autoras das “Novas Cartas Portuguesas”, que nos recebeu, em sua casa, em Lisboa, nas vésperas dos 50 anos da Revolução dos Cravos e que nos deixou em Fevereiro de 2025, aos 87 anos.A obra de Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, publicada em 1972, foi uma revolução literária e feminista que denunciou ao mundo o regime fascista português, o colonialismo, o racismo, o machismo, a violência sobre as mulheres, ao mesmo tempo que subvertiam as noções de autoria e de género na literatura.A ditadura do Estado Novo considerou o livro como “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública”, abrindo um processo judicial contra as escritoras que ficaram ameaçadas com uma pena entre seis meses a dois anos de prisão. Seguiu-se uma onda de solidariedade internacional e o livro chegou a todo o mundo, incluindo a França, onde em 1974 é publicada a tradução de Monique Wittig e Evelyne Le Garrec.Mais de meio século depois, e perante uma edição há muito esgotada, surge agora nova tradução, “Nouvelles Lettres Portugaises”, de Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levécot, editado pela Ypsilon, que chega às livrarias francesas a 7 de Maio e que é apresentada esta sexta-feira, 25 de Abril, em Paris.Fomos conversar com Agnès Levécot para perceber “o que podem [ainda] as palavras” das Três Marias.“Essa é uma pergunta complicada porque as próprias escritoras, as três, no fim do livro, ainda fazem a pergunta. Realmente um dos aspectos literários desta obra é o questionamento do acto da escrita e até ao fim, nas últimas cartas, elas continuam a pôr a questão ‘o que podem as palavras?' Quanto a nós, como tradutoras, chegámos à conclusão também que todos os aspectos políticos e históricos que são denunciados nas cartas continuam actuais. Esse é o problema. A questão do colonialismo continua actual. A questão da repressão continua. A questão feminista também. Estamos a ver, no mundo actual, um retrocesso em relação a esse aspecto. Portanto, continua completamente actual”, explica Agnès Levécot.Em plena ditadura, “Novas Cartas Portuguesas” era uma obra literária inédita que esbatia noções de autoria e de género e que era assinada colectivamente por três autoras que escreviam, sem tabus, sobre o corpo, o desejo, mas também sobre a violência de que eram vítimas as mulheres. Denunciavam, ainda, a guerra colonial, a pobreza, a emigração, a violação sexual, o incesto, o aborto clandestino. O livro era, assim, um perigo para o regime repressivo, retrógrado e fascista português. Pouco após o seu lançamento, em 1972, os exemplares foram recolhidos pela censura e o Estado português movia um processo judicial contra as “Três Marias”. Perante as ameaças de prisão e a tentativa de silenciamento das autoras, nasce um movimento de solidariedade internacional. Meses depois de ter sido publicado, em 1972, o livro chega às mãos da escritora francesa Christiane Rochefort e, através dela, ao grupo feminista Movimento de Libertação das Mulheres. Seguem-se várias acções de luta, nomeadamente em França, e que envolvem nomes como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras. Há distribuição de panfletos, recolha de assinaturas para um abaixo-assinado entregue na Embaixada de Portugal em Paris e uma procissão de velas diante da Catedral de Notre-Dame. Outro momento emblemático é a leitura-espectáculo “La Nuit des Femmes”, a 21 de Outubro de 1973, no Palais de Chaillot, em Paris, que deu origem ao documentário “Les Trois Portugaises”, de Delphine Seyrig (1974).“Monique Wittig e Evelyne Le Garrec pegaram no texto e fizeram uma primeira tradução que foi publicada em 1974. Entretanto, tinha havido excertos traduzidos para artigos e espectáculos porque houve uma série de espectáculos e movimentações de apoio às Três Marias quando estavam no julgamento. Houve uma noite que ficou muito famosa que foi ‘La Nuit des Femmes' em que leram alguns excertos”, relembra Agnès Levécot, sublinhando que “o aspecto literário quase não foi abordado na altura”.O aspecto literário é precisamente “uma coisa fora do comum”, acrescenta a especialista em literatura lusófona. Três mulheres escrevem colectivamente uma obra literária e política, depois de terem publicado livros que não agradaram à ditadura patriarcal portuguesa. Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno tinham lançado, em anos anteriores, livros que denunciavam a opressão e a secundarização da mulher: Maina Mendes (1969) e Os Legítimos Superiores (1970). Em 1971, Maria Teresa Horta também publicava Minha Senhora de Mim e escrevia abertamente sobre o desejo, algo considerado escandaloso pelos fascistas.“São três mulheres que já eram escritoras, que já tinham publicado obras bastante feministas, que se juntaram e decidiram escrever um livro a três. Começaram a reunir-se todas as semanas num restaurante em Lisboa. Todas as semanas traziam um texto que elas tinham escrito e trocavam ideias a propósito dos textos, mas não os modificavam. A certa altura, começaram a pensar na figura de Mariana Alcoforado, a religiosa portuguesa, e começaram a escrever cartas. Globalmente, são chamadas cartas, mas não são só cartas, tem vários géneros: poesia, ensaios, supostos artigos de jornal, textos teóricos... Elas escreveram cartas a uma Mariana, mas são as descendentes de Mariana, ou seja, as várias Marianas que vieram depois. Portanto, têm cartas de vários séculos a acompanhar o percurso de uma suposta Mariana”, acrescenta Agnès Levécot.No posfácio de “Nouvelles Lettres Portugaises”, Agnès Levecot e Ilda Mendes dos Santos recordam, justamente, a importância da figura de Mariana Alcoforado, suposta autora das “Cartas Portuguesas”, de 1669, “apresentada por alguns como o arquétipo da mulher portuguesa” e a partir da qual “as Três Marias trabalham a questão da autoridade e do poder, o exercício da violência e da dominação, assim como, o poder da palavra”.Agnès Levecot, que já tinha participado no livroNovas Caras Portuguesas entre Portugal e o Mundo, que foi publicado depois de uma pesquisa internacional sobre a recepção das "Novas Cartas Portuguesas" no mundo, foi convidada por llda Mendes dos Santos para se juntar a ela na tarefa de traduzir a obra. “As principais dificuldades estavam no facto de serem textos completamente diferentes do ponto de vista do género, da tonalidade, da língua usada. Portanto, temos textos a imitar o estilo do século XVII ou XVIII, e aí a Ilda teve um papel muito importante porque ela trabalha muito sobre esses séculos. Foi sobretudo adaptar-se, tentar encontrar um estilo para cada momento e cada época. Depois, nós íamos oferecer uma tradução francesa a franceses e forçosamente tínhamos que encontrar uma maneira de passar certos elementos históricos, geográficos, políticos para o público francês perceber, porque são textos que estão muito impregnados de referências intertextuais portuguesas e internacionais de textos muito conhecidos e outros muito menos conhecidos, mas bem conhecidos dos portugueses. Referências políticas, nomes também, ou seja, elementos que nos levaram a acrescentar 200 e tal notas no fim do livro”, acrescenta.“Nouvelles Lettres Portugaises” chega às livrarias francesas a 7 de Maio e é apresentada esta sexta-feira, 25 de Abril, na livraria Les Nouveautés, em Paris. Uma data simbólica para Agnès Levécot que estava em Portugal no 25 de Abril de 1974 e ainda guarda, em casa, um cravo desses tempos revolucionários que marcariam, para sempre, o seu percurso pessoal e profissional.

Enterrados no Jardim
Jornais, orquestras, tripulações e naufrágios. Uma conversa com João Sedas Nunes

Enterrados no Jardim

Play Episode Listen Later Mar 7, 2025 226:09


Uma boa redacção é um cruzamento entre um navio daqueles do século XVII e uma tremenda orquestra, um sítio que em si mesmo vai a caminho, e transporta um profundo tumulto, esperanças, fúrias, um convívio pouco vigiado, alentado por todo o género de substâncias, quimícas, imaginárias, o raio, é um sítio laborioso, grave, atarefado, às vezes absurdamente tenso, outros explodindo de ânimo, risos, e que está sempre a tremer no ar do dia seguinte. É uma catedral onde buscam refúgio os seres que não estão bem com a vida como ela é, e querem enganá-la, produzir-lhe uma ilusão menos mesquinha. Combinam-se ali todas as influências, planos doentios, os mais ingénuos activismos, tudo num romance agitado, e sempre convencidos de que de uma frase que se escreva ali pode gerar-se alguma convulsão, arrancar um gemido às fundações desta porra. De algum modo, nos jornais tenta-se abrir uma jazida a partir do inexistente, convocar outras relações de ordem. Às vezes até há quem abra um livro da Llansol, e leia alto para acicatar os demais: "Sempre a inexistência tem mais força?" E depois, algum outro assente e prossegue: "No fundo o que existe provou já a sua fraca intensidade. Depois da infância o universo só interessa aos distraídos. Pois bem: acolher o invisível como a única notícia insólita” (Gonçalo M. Tavares). Anda-se ali a trabalhar para que o esforço e o talento combinado daquelas paixões e ódios revezando-se possa dar origem a um órgão para sempre inacabado, como uma força de impulsão que relembre como o momento mais importante é esse em que se admite que o principal ainda não foi feito, que, no fundo, ainda está tudo por fazer. Para lá de uma certa superfície de mundanidade, o mais importante é mergulhar para além dessa censura dissimulada das expectativas, ter a audácia de decepcionar repetida e magnificamente aqueles que só esperam dos jornais que produzam o ruído de fundo que dá a sensação de que tudo segue normalmente. Como se lê numa das casas pardas, “o mau é cada um ao seu, quem não gosta do que há devia ser do toma lá, dá cá”. A propósito da morte de José António Saraiva, lançamo-nos nalgumas considerações sobre aquilo que tem restado por aí, com dificuldade em salvar-se dos interesses e da propaganda, esse vago panteão de figuras enterradas em vida, que resistiram como podiam, alguns virando-se para aquele quixotismo alucinado, outros servindo-se desse handicap de crepúsculo dos deuses nada wagneriano para se entregarem a uma barafustação umas vezes melancólica, outras raivosa, mas apropriada a um animal acossado e já moribundo. Algum do melhor jornalismo degenera num monólogo irado, mas, por estes dias, essas tripulações parecem ter debandado, espalharam-se, adoeceram, estão trancados alguns com os vícios que lhes restaram nalgum buraco, e os vizinhos poderão escutá-los no corredor: "nunca faltei à verdade, mas rais parta a vida que quanto mais abro os olhos mais nojo me dá, que ele não falta aí gente a quem se demoramos o olhar logo lançam em tom de desabafo que isto tem que levar uma volta, ó se tem, mas uma volta?, isto precisa é de um naufrágio de todo o tamanho, para levar daqui a merda dos que nem se agacham para cagar..." O que restou desse ânimo, encontra-se ainda nalguns desses livros que pareciam nascer contagiados como sinfonias daquela convivência toda, livros que parecem estar para ali numa luta consigo próprios, a tentar segurar-se. E o que neles mais nos convence é como mordem a mão que se lhes chega, que abre aquilo ao meio para o olhar logo se ver assaltado por uma frase que, de mangas arregaçadas, num impulso medonho, está ali a digerir uma intriga dos diabos, e mesmo se o largamos, o livro põe-se a pulsar a um canto, e mal te agarra de novo continua louco e amotinado ao fim de tantas páginas, a ponto de o seu ritmo se te meter na corrente. Mas o tão frágeis, o tão desligados que andamos vem de nos assuntar a ideia não só dos jornais como esses livros feitos em comum, não só dessa actividade dos espíritos em que a todo o momento fica claro como os nomes cedem e o que importa são os turnos, como se lida com as vagas também num quadro de sucessão, como este reforça aquele, pega onde o outro deixou a coisa e adianta mais uns metros ou quilómetros. A ambição era essa, gestos em comum, alargados, assumindo maior alcance, outra repercussão, podendo sempre ser retomados, revistos, corridos e transformados. Mas há uma espécie de terror de uma cultura desabrida, e desse efeito de refracção e mutação imparável. "Poderíamos, enfim, ser mais os poetas nados e criados, se não te temeras tanto da corporalidade extrema de toda a mutação, mudança que valha", escreve Maria Velho da Costa. E neste episódio João Sedas Nunes, filho da escritora, ele mesmo um espírito bastante inquieto, que se tem dedicado à sociologia e assume o gosto por explorar temas tantas vezes ingratos, as feridas nas relações sociais, estendendo as interrogações sobre o trabalho e as questões de inserção, a juventude, o desporto, e o futebol em particular, veio para que discutíssemos algumas dificuldades e apreensões, os dilemas da senescência nos nossos dias, do desconjuntamento económico, mas também a nossa admiração a diferentes níveis pela autora de "Maina Mendes".

Artes
Delegação em França da Gulbenkian apresentou programa dos 60 anos

Artes

Play Episode Listen Later Mar 3, 2025 10:14


A delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian faz 60 anos e o programa de aniversário apoia vários eventos com artistas lusófonos. Há parcerias com o Festival de Avignon, o Festival de Outono, o Théâtre de la Ville de Paris e a Bienal de Dança de Lyon, mas há, também, dois novos festivais: um de músicas da diáspora ("Lisboa nu bai Paris") e outro de dança, filme e artes visuais ("Les Jardins de l'Avenir"). Na prática, a agenda cultural francesa vai contar, ao longo do ano, com nomes como Marlene Monteiro Freitas, Tânia Carvalho, Vera Mantero, Joana Craveiro, Dino D'Santiago, Branko, Maro, Camané, Mário Laginha, B Fachada e muitos mais. O programa foi apresentado esta segunda-feira, no Théâtre de la Ville, em Paris, por Miguel Magalhães, director da delegação em França da Fundação Gulbenkian. Há teatro e dança, com Marlene Monteiro Freitas, Tânia Carvalho, Vera Mantero e Joana Craveiro, música com Dino D'Santiago, Branko, Maro, Camané, Mário Laginha e B Fachada. Há, ainda, cinema, conferências, residências e exposições, entre muitos eventos.Um dos momentos centrais é o apoio ao espectáculo de Marlene Monteiro Freitas que vai abrir a edição deste ano do Festival de Avignon, dirigido pelo português Tiago Rodrigues. A peça vai estar, mais tarde, no Festival de Outono, em Paris, com o qual a delegação francesa da Gulbenkian volta a colaborar. Além da programação de Marlene Monteiro Freitas nesse festival, há, ainda, um espectáculo de dança de Tânia Carvalho e Israel Galvan e outra performance encenada por Tânia Carvalho com alunos dos conservatórios de Paris e Lyon em torno do centenário de Pierre Boulez.No Théâtre de la Ville - Sarah Bernhardt, a Gulbenkian vai apoiar o festival de artes do palco Chantiers d'Europe, que nesta edição reúne artistas de sete países, incluindo de Portugal. A 9 de Junho, o Théâtre de la Ville –Sarah Bernhardt, é palco de um encontro entre música clássica e fado tradicional, com a Orquestra Filarmónica Portuguesa, Camané e Mário Laginha. O autor e compositor B Fachada sobe a palco a 5 de Junho no Théâtre de la Ville-Les Abbesses. De 10 a 15 de Junho, Joana Craveiro apresenta-se, pela segunda vez, neste festival, agora com a peça de teatro “Intimidades com a Terra”. Na dança, Tânia Carvalho e um bailarino do Ballet National de Marselha / (La) Horde sobem ao palco a 28 e 29 de Junho.Ainda no Théâtre de la Ville - Sarah Bernhardt, em Maio e Setembro, estão previstas leituras, encontros e criações em torno da obra que, em 1972, abalou e foi proibida pela ditadura - “Novas Cartas Portuguesas” - de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. A delegação em França da Gulbenkian também apoiou uma nova tradução para francês da obra, por Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levecot, a qual chega às livrarias a 18 de Abril.A 7 e 8 de Junho, no Parque Enclos Calouste Gulbenkian, em Deauville, acontece a primeira edição de “Les Jardins d'Avenir”, um festival entre dança, filme e artes visuais. Nestes jardins, vão ser apresentadas, por exemplo, a peça “L'oracle végétal” das coreógrafas Ola Maciejewska e Vera Mantero e a performance participativa de Ana Rita Teodoro e Alina Folini. Há, ainda, uma projeção de filmes de Jorge Jácome e Ana Vaz e obras plásticas de Christodoulos Panayotou e Elsa Sahal.A encerrar o programa de aniversário, está o festival de músicas urbanas de inspiração africana “Lisboa nu bai Paris”, comissariado por Dino D'Santiago e que vai decorrer na Gaité Lyrique, em Paris, no final do ano.Nas artes visuais, a delegação promove várias residências artísticas e curatoriais em França para artistas e comissários lusófonos. Este ano, por exemplo, a artista moçambicana Lizette Chirrime vai estar três meses em Paris no âmbito do programa Gulbenkian -Thanks for Nothing.Para reforçar a divulgação da criação portuguesa em França, a delegação continua o programa “Expositions Gulbenkian”, um apoio que se destina às instituições culturais que pretendam mostrar artistas portugueses.A Biblioteca Gulbenkian de Paris vai organizar, ainda, conferências e jornadas de estudo em torno dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões. Por outro lado, a realizadora francesa Claire Denis está a preparar um filme sobre a “Ode Marítima” de Fernando Pessoa.A agenda dos 60 anos conta, também, com o lançamento do podcast “Parcours d'artistes”, uma série sobre histórias de artistas portugueses que viveram ou vivem entre Paris e Lisboa.

Em directo da redacção
Delegação em França da Gulbenkian apresentou programa dos 60 anos

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Mar 3, 2025 10:14


A delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian faz 60 anos e o programa de aniversário apoia vários eventos com artistas lusófonos. Há parcerias com o Festival de Avignon, o Festival de Outono, o Théâtre de la Ville de Paris e a Bienal de Dança de Lyon, mas há, também, dois novos festivais: um de músicas da diáspora ("Lisboa nu bai Paris") e outro de dança, filme e artes visuais ("Les Jardins de l'Avenir"). Na prática, a agenda cultural francesa vai contar, ao longo do ano, com nomes como Marlene Monteiro Freitas, Tânia Carvalho, Vera Mantero, Joana Craveiro, Dino D'Santiago, Branko, Maro, Camané, Mário Laginha, B Fachada e muitos mais. O programa foi apresentado esta segunda-feira, no Théâtre de la Ville, em Paris, por Miguel Magalhães, director da delegação em França da Fundação Gulbenkian. Há teatro e dança, com Marlene Monteiro Freitas, Tânia Carvalho, Vera Mantero e Joana Craveiro, música com Dino D'Santiago, Branko, Maro, Camané, Mário Laginha e B Fachada. Há, ainda, cinema, conferências, residências e exposições, entre muitos eventos.Um dos momentos centrais é o apoio ao espectáculo de Marlene Monteiro Freitas que vai abrir a edição deste ano do Festival de Avignon, dirigido pelo português Tiago Rodrigues. A peça vai estar, mais tarde, no Festival de Outono, em Paris, com o qual a delegação francesa da Gulbenkian volta a colaborar. Além da programação de Marlene Monteiro Freitas nesse festival, há, ainda, um espectáculo de dança de Tânia Carvalho e Israel Galvan e outra performance encenada por Tânia Carvalho com alunos dos conservatórios de Paris e Lyon em torno do centenário de Pierre Boulez.No Théâtre de la Ville - Sarah Bernhardt, a Gulbenkian vai apoiar o festival de artes do palco Chantiers d'Europe, que nesta edição reúne artistas de sete países, incluindo de Portugal. A 9 de Junho, o Théâtre de la Ville –Sarah Bernhardt, é palco de um encontro entre música clássica e fado tradicional, com a Orquestra Filarmónica Portuguesa, Camané e Mário Laginha. O autor e compositor B Fachada sobe a palco a 5 de Junho no Théâtre de la Ville-Les Abbesses. De 10 a 15 de Junho, Joana Craveiro apresenta-se, pela segunda vez, neste festival, agora com a peça de teatro “Intimidades com a Terra”. Na dança, Tânia Carvalho e um bailarino do Ballet National de Marselha / (La) Horde sobem ao palco a 28 e 29 de Junho.Ainda no Théâtre de la Ville - Sarah Bernhardt, em Maio e Setembro, estão previstas leituras, encontros e criações em torno da obra que, em 1972, abalou e foi proibida pela ditadura - “Novas Cartas Portuguesas” - de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. A delegação em França da Gulbenkian também apoiou uma nova tradução para francês da obra, por Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levecot, a qual chega às livrarias a 18 de Abril.A 7 e 8 de Junho, no Parque Enclos Calouste Gulbenkian, em Deauville, acontece a primeira edição de “Les Jardins d'Avenir”, um festival entre dança, filme e artes visuais. Nestes jardins, vão ser apresentadas, por exemplo, a peça “L'oracle végétal” das coreógrafas Ola Maciejewska e Vera Mantero e a performance participativa de Ana Rita Teodoro e Alina Folini. Há, ainda, uma projeção de filmes de Jorge Jácome e Ana Vaz e obras plásticas de Christodoulos Panayotou e Elsa Sahal.A encerrar o programa de aniversário, está o festival de músicas urbanas de inspiração africana “Lisboa nu bai Paris”, comissariado por Dino D'Santiago e que vai decorrer na Gaité Lyrique, em Paris, no final do ano.Nas artes visuais, a delegação promove várias residências artísticas e curatoriais em França para artistas e comissários lusófonos. Este ano, por exemplo, a artista moçambicana Lizette Chirrime vai estar três meses em Paris no âmbito do programa Gulbenkian -Thanks for Nothing.Para reforçar a divulgação da criação portuguesa em França, a delegação continua o programa “Expositions Gulbenkian”, um apoio que se destina às instituições culturais que pretendam mostrar artistas portugueses.A Biblioteca Gulbenkian de Paris vai organizar, ainda, conferências e jornadas de estudo em torno dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões. Por outro lado, a realizadora francesa Claire Denis está a preparar um filme sobre a “Ode Marítima” de Fernando Pessoa.A agenda dos 60 anos conta, também, com o lançamento do podcast “Parcours d'artistes”, uma série sobre histórias de artistas portugueses que viveram ou vivem entre Paris e Lisboa.

Em directo da redacção
Morreu a escritora portuguesa Maria Teresa Horta

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Feb 4, 2025 23:20


A escritora Maria Teresa Horta, uma das “Três Marias” do livro revolucionário “Novas Cartas Portuguesas”, morreu esta terça-feira, aos 87 anos. Há um ano, Maria Teresa Horta recordava à RFI como essa obra fez tremer a ditadura, num programa que aqui voltamos a publicar. O livro “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, foi uma revolução que, em 1972, ajudou a denunciar o regime ditatorial português ao mundo. A obra foi apreendida e as “Três Marias” foram para tribunal. A 5 de Fevereiro de 2024, aos 86 anos, Maria Teresa Horta recebeu a RFI na sua casa em Lisboa e falou-nos sobre os tempos em que as suas palavras tiveram um “efeito de bomba” sobre o fascismo. Um programa feito no âmbito dos  50 anos do 25 de Abril, em que a RFI falou com vários resistentes ao Estado Novo. “Eu acho que, naquela altura, em Portugal, não era nada estranho que este livro fosse tivesse esse efeito de bomba”, começa por dizer Maria Teresa Horta. E, de facto, o livro Novas Cartas Portuguesas, escrito por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, teve o “efeito de uma bomba” durante o Estado Novo. Foi uma revolta sem armas que ajudou a denunciar o regime fascista português ao mundo.A obra foi publicada em 1972 e, pouco depois do lançamento, a primeira edição foi recolhida e destruída pela censura, dando origem ao processo judicial das “Três Marias”, movido pelo Estado português. A ditadura considerou o livro como “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública” e as autoras estavam ameaçadas com uma pena entre seis meses a dois anos de prisão.Em causa, uma obra literária em que as mulheres falavam sem tabus do seu corpo, do desejo, mas também da violência e do estatuto social e político inferior de que eram vítimas. Denunciavam, também, a guerra colonial, a pobreza, a emigração, a violação sexual, o incesto, o aborto clandestino. O livro era, por isso, um perigo para o regime repressivo, retrógrado e fascista português e fez tremer o tecido político e social do país.Este livro, para mim, continua a ter o efeito da claridade. Naquela altura, num país fascista em que, na realidade, todos nós tínhamos uma tristeza intrínseca, uma revolta interior imensa, e exterior, nós só demos por que este livro até poderia ser perigoso, entre aspas, para nós, depois de ele ter sido proibido e ter havido aquilo tudo.As autoras de Novas Cartas Portuguesas já tinham publicado livros que considerados ousados no que toca àquilo que era esperado das mulheres. Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno tinham lançado, em anos anteriores, livros que denunciavam a opressão e a secundarização da mulher: Maina Mendes (1969) e Os Legítimos Superiores (1970). Em 1971, Maria Teresa Horta também publicava Minha Senhora de Mim e desafiava a moral e os bons costumes do regime fascista com uma escrita revolucionária e erótica. Por causa da sua poesia, Maria Teresa Horta foi perseguida pela PIDE, violentamente espancada por três homens e foi parar ao hospital. Em vez de a calar, o episódio bárbaro foi um motor de revolta e incitou a escrita de Novas Cartas Portuguesas. “É um livro político, essencialmente político, feito num país fascista"“Quanto mais me proíbem, mais eu faço”, resume Maria Teresa Horta na sua sala estofada de livros, em Lisboa. O livro “parte de uma realidade horrível” que foi simplesmente esta: “No tempo do fascismo, eu fui espancada na rua pelos fascistas”. Depois, no encontro semanal com as amigas Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, ela contou-lhes o que aconteceu e, na semana seguinte, surge o primeiro texto de Novas Cartas Portuguesas. Assim começava a aventura literária e política desta obra escrita a seis mãos.A partir daqui partem as ‘Novas Cartas Portuguesas'. O começo é este. É muito importante. Não é um começo intelectual. É, na realidade, aquilo que o livro tem de mais interessante porque é realmente um livro de ficção, porque é realmente um livro intelectual, mas se for ver bem - e não é preciso vasculhar muito - é um livro político, essencialmente político, feito num país fascista.Em Maio de 1971 começa o processo de escrita do livro que durará nove meses. Em Abril de 1972 eram publicadas as Novas Cartas Portuguesas, pela editora Estúdios Cor, sob a direcção literária de Natália Correia, a escritora que em 1966 tinha sido condenada a três anos de prisão com pena suspensa pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada “ofensiva dos costumes”. Ou seja, a obra que faz tremer o regime é escrita por três mulheres e editada por outra mulher. “Se a mulher se revolta contra o homem, nada fica intacto”, lê-se numa das cartas...“O livro foi feito por três mulheres e publicado por outra mulher e, naquela altura, estamos a falar de fascismo. Era fascismo puro e não havia mais ninguém que fosse capaz de fazer uma coisa dessas [publicar o livro] a não ser uma mulher”, acrescenta Maria Teresa Horta, lembrando que “as mulheres eram consideradas perigosas” se fugissem ao que se esperava delas socialmente.Recuemos no tempo: naquela altura [passaram pouco mais de 50 anos], na escola, a quarta classe apenas era obrigatória para os rapazes e os conteúdos curriculares reproduziam a lógica de submissão da mulher à esfera do lar e ao marido. Várias profissões estavam vedadas às mulheres, como a magistratura, a aviação e as forças de segurança. As discriminações salariais estavam consagradas na lei e o marido podia ficar com o ordenado da mulher e até proibi-la de trabalhar. Em 1946, o direito de voto foi alargado às mulheres chefes de família, mas retirado às mulheres casadas; o Código Civil de 1967 definia a família como chefiada pelo marido; era proibido o divórcio no casamento católico; a mulher precisava de autorização do marido para pedir passaporte e sair do país e a violência sobre as mulheres e as crianças não era criminalizada.Não espanta, por isso, que a censura se tenha apressado a retirar e a proibir Novas Cartas Portuguesas pouco depois da publicação. A seguir, “foi uma loucura”. Maria Teresa Horta recorda-se de ter sido surpreendida, na televisão, pelas palavras do presidente do Conselho, Marcello Caetano, no programa “Conversa em Família”. A poeta estava, precisamente, em família e ficou incrédula com o que ouviu.Marcello Caetano estava a fazer a ‘Crónica em Família', como se chamava e, de repente, diz: ‘Mas hoje tenho outra coisa a dizer: há três mulheres que não são dignas de ser portuguesas, Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa, que publicaram um livro que é uma vergonha para qualquer português'... Extremamente indignada, foi aí que Maria Teresa Horta percebeu que “isto vai dar um sarilho desgraçado”. Mas foi muito mais do que um sarilho. Foi a tal bomba contra o regime e respondeu a uma das perguntas que as autoras deixam no livro “O que podem as palavras?” Vitória literária e política contra a ditaduraDepois da censura, da proibição e do processo judicial instaurado contra Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa, surgiu uma enorme solidariedade que ultrapassou fronteiras e desencadeou protestos em vários países. Depois de banido, o livro foi imediatamente traduzido em França, Itália, Alemanha, Estados Unidos e é, até hoje, uma das obras portuguesas mais traduzidas em todo o mundo.Em França, Simone de Beauvoir, Marguerite Duras e Christiane Rochefort promoveram várias acções de luta, como a distribuição de panfletos, recolha de assinaturas para um abaixo-assinado entregue na Embaixada de Portugal em Paris e uma procissão das velas diante da Catedral de Notre-Dame. Também nos Estados Unidos e na Suécia se realizaram manifestações de apoio às “Três Marias”, e, nos Países Baixos, houve mulheres a ocuparem a Embaixada de Portugal. Em Junho de 1973, em Boston, na Conferência Internacional da National Organization of Women, em que participaram cerca de 400 mulheres, a luta das “Três Marias” constituiu-se como “a primeira causa feminista internacional”. Outro momento emblemático foi a leitura-espectáculo, a 21 de Outubro de 1973, “La Nuit des Femmes”, no Palais de Chaillot, em Paris, que deu origem ao documentário “Les Trois Portugaises” Delphine Seyrig (1974).A primeira sessão do julgamento decorreu no Tribunal da Boa Hora, em Lisboa, em Julho de 1973. No dia seguinte, começavam as férias judiciais, por isso, durante três meses as escritoras não voltaram ao tribunal. O início oficial ficou marcado para 25 de Outubro e a imprensa internacional estava de olhos postos nas “Três Marias”.Após sucessivos incidentes e adiamentos, o julgamento acabou por não acontecer graças à Revolução dos Cravos. Poucos dias depois do 25 de Abril de 1974, a 7 de Maio, a sentença foi lida, determinando a absolvição das “Três Marias”. O juiz Acácio Lopes Cardoso defendeu, então, que “o livro não é pornográfico, nem imoral” mas sim “obra de arte, de elevado nível, na sequência de outros que as autoras já produziram”.Para a história, ficou uma vitória literária e política de um livro escrito por três mulheres, com textos que cruzam poesia, romance, ensaio, contos e cartas, esbatendo noções de autoria e géneros literários e denunciando todos os temas censurados em plena ditadura.

Witness History
The ‘Three Marias'

Witness History

Play Episode Listen Later Dec 4, 2024 9:58


In May 1974, people gathered in Lisbon, Portugal, to see whether three women would be sent to jail for writing a book. Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa and Maria Isabel Barreno's ‘Novas Cartas Portuguesas' was banned after it was published and they were put on trial. The case of the ‘Three Marias' became famous around the world. Laura Jones listens to an archive interview of Maria Teresa Horta, who is now 87. Archive audio is courtesy of Tommaso Barsali and Riccardo Bargellini, at Valigie Rosse from 2018.Eye-witness accounts brought to life by archive. Witness History is for those fascinated by the past. We take you to the events that have shaped our world through the eyes of the people who were there. For nine minutes every day, we take you back in time and all over the world, to examine wars, coups, scientific discoveries, cultural moments and much more. Recent episodes explore everything from football in Brazil, the history of the ‘Indian Titanic' and the invention of air fryers, to Public Enemy's Fight The Power, subway art and the political crisis in Georgia. We look at the lives of some of the most famous leaders, artists, scientists and personalities in history, including: visionary architect Antoni Gaudi and the design of the Sagrada Familia; Michael Jordan and his bespoke Nike trainers; Princess Diana at the Taj Mahal; and Görel Hanser, manager of legendary Swedish pop band Abba on the influence they've had on the music industry. You can learn all about fascinating and surprising stories, such as the time an Iraqi journalist hurled his shoes at the President of the United States in protest of America's occupation of Iraq; the creation of the Hollywood commercial that changed advertising forever; and the ascent of the first Aboriginal MP.(Photo: Women in Los Angeles, USA protesting about the 'Three Marias' being on trial in Portugal. Credit: Los Angeles Times/Getty Images)

velho amigo
conversa c/ Ricardo Maria | velho amigo #32

velho amigo

Play Episode Listen Later Oct 23, 2024 50:51


Comprem bilhetes para ver o Ricardo: https://ticketline.sapo.pt/evento/falha-minha-de-ricardo-maria-86335

Leituras à Solta
Leituras à Solta - Junho de 2024

Leituras à Solta

Play Episode Listen Later Jul 18, 2024 17:01


Inspirados pela comemoração dos 50 anos do 25 de abril, no presente ano letivo, todos os programas terão como tema a “Liberdade”. Todos os meses escolhemos um autor português diferente. No mês de junho escolhemos textos das Três Marias, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa.

Leituras sem Badanas
Livros censurados

Leituras sem Badanas

Play Episode Listen Later Apr 17, 2024 26:27


Livros mencionados: O Monte do Silêncio, Francisco Camacho; Niassa, Francisco Camacho; A Month in the Country, J.L.L. Carr; A Paixão do Jovem Werther, Johann Wolfgang von Goethe; Novas Cartas Portuguesas, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa; Madame Bovary, Gustave Flaubert; Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta; Uma Cana de Pesca para o Meu Avô, Gao Xingjian; Lolita, Vladimir Nabokov. Sigam-nos no instagram: @leiturasembadanas Qualquer dúvida ou ideia: leiturasembadanas@leya.com Edição de som: Tale House

Enterrados no Jardim
Quem se destrói não se cansa. Uma conversa com Nuno dos Santos Sousa

Enterrados no Jardim

Play Episode Listen Later Apr 5, 2024 224:12


Na década de 1960, José Gomes Ferreira falava de "cerca de trezentas pessoas heróicas que andam de um lado para o outro, em Lisboa, a fingir cultura". Não estamos seguros sobre os números actuais, uma vez que se tornou bastante difícil realizar censos num tempo de tal modo desvitalizado, sem recreios, ringues ou arenas, e é, de resto, esse um dos aspectos que provocam mais frio, a sensação de não sabermos quantos somos, nem com o que contamos. E se não falta garganta aos actuais mestres de cerimónia, depois se nos deixamos levar e entramos por aquelas espeluncas a dentro é tudo demasiado confrangedor, acabamos por ver a noite desfeita e esparvoada diante de uns espectáculos de striptease em que os clientes às tantas pagam é para aquelas aberrações de feira vestirem qualquer coisa. Todos acusam a ausência disto e daquilo, e se se fala muito em jovens promessas, tarda em ouvir-se esse ronco instigante da magnífica fome nova. Mas como lembrava o Macaco, mesmo essa obsessão com o "novo" ("novos espaços", "novas formas", "novas linguagens") é acima de tudo um sintoma do desespero reinante, onde todos rezam pelo surgimento de um novo produto que se inscreva num registo alternativo ao do desastre em curso. Naturalmente, isto só abre margem para um tráfico de distracções. Quanto aos elementos de regeneração e aos gestos próprios da juventude, tudo isso parece ter-se eclipsado, depois dessa forma de condicionamento para trocar a vida por ambições e resumi-la com base em formas de subjugação consentida, andando todos embarcados nos delírios cretinizantes do empreendedorismo. Se antes os jovens detestavam o trabalho, e se entregavam a algum enredo perdulário, estimando os seus hábitos de renúncia e de tédio, que deixava a vista desimpedida de forma a reunirem essa "astronomia de imagens essenciais", de que falava Herberto Helder, hoje gostam muito de falar e de exprimir sentimentos estrondosos de forma a se isentarem de qualquer tipo de acção ou compromisso mais severo. Se antes olhavam para as mãos, com um desprendimento íntimo, vagaroso, quase sardónico, agora fazem contas, desenham soluções de investimento, estimam os juros que irão auferir seguindo este ou aquele plano de valorização pessoal. Num país cada vez mais condenado a si mesmo, as redes de competição dominam todos os aspectos da nossa existência, e aqueles que patrulham as zonas comuns do campus cultural "só se apertam para cumplicidades relezinhas", como vincava Maria Velho da Costa. "País onde tudo o que é comunal e fecundo é maldito. Terra que não aguenta expressas a raiva e a maldade que estão também em toda a criação conjunta. Canteirinho de sentimentos bons onde ninguém sabe gerir a violência senão pela paixão ou a ruptura. Onde cada um não aguenta a mesquinhez dos outros por demasiado terror da própria. Onde todo aquele que intervém a criar é melhor que todo aquele que intervém a criar e por isso só os que estão para conservar e destruir, esses, estão juntos." Vai ser preciso não um projecto de salvação, mas uma doença fabulosa, que reponha o sentido das coisas, algo como um "cancro novo em corpo de lepra lenta". Por agora, predomina a morbidez da vaidade, "a mesma ordem de matar de manso em tudo e todos", de abafar, de gerir um imenso pacto no sentido de silenciar quem quer que não se limite a este triste esquema de engodar a própria morte, fazer dela um patético número de cabaré. E se a universidade, como sempre, encolhe os ombros, à volta anda tudo desavindo, nuns perpétuos amuos que não dão margem a qualquer espécie de jogo. Este regime de castração química de todos os intervenientes que ofendam o protocolo e código cerimonioso, tem-nos a todos de castigo. Querem vir para a literatura como quem se tranca no quarto e não quer ouvir falar do mundo, e tremem sempre que algum rumor atravessa as paredes. Se Velho da Costa notava que antes se escrevia sobre o papel, do lado de fora do corpo, hoje tudo faz parte do corpo, e tomam a crítica por "body shaming". Escrevem como quem faz momices frente ao espelho, e só aceita reflexos ou ecos de ordem publicitária. Neste episódio, mandámos vir especialmente dos subúrbios nortenhos um espécime dessa raça praticamente extinta do jovem poeta que aperfeiçoou a letra, a paixão e a fúria copiando à vista os bestiais da tradição, pondo a admiração a uma boa distância do próprio ego, e aprendendo a cercar e dar caça à matéria que fala. Nuno dos Santos Sousa não vem nas listas, não entra nos greatest hits da parolagem, mas integra esse núcleo duro dos que gostam de estudar os passos morosos e ilegíveis dos nossos mais sinuosos perfis, num tempo em que ainda é com os fantasmas que se consegue manter uma conversa enquanto se deixa a noite trabalhar expondo os seus finais mais impiedosos. 

Retratos de Abril
Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa: As “três Marias”

Retratos de Abril

Play Episode Listen Later Apr 4, 2024 14:09


Em 1972, Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa publicaram o livro “Novas cartas portuguesas”. As autoras ficaram conhecidas por “três Marias” e o livro foi muito falado sem, contudo, ser lido, pois foi apreendido pela censura três dias após a sua publicação. As autoras foram a julgamento em novembro de 1973, acusadas de atentado contra a moral pública  mas viriam a ser absolvidas a 7 de maio de 1974, ajudadas pelo 25 de Abril que trouxe, finalmente, a liberdade de expressão e o fim da censura. Qual o percurso das “três Marias” e o que contavam as “Novas cartas portuguesas”?  See omnystudio.com/listener for privacy information.

Vale a pena com Mariana Alvim
T2 #40 Dalila Carmo

Vale a pena com Mariana Alvim

Play Episode Listen Later Dec 12, 2023 39:14


A Dalila gosta de ler sobre neurociência e neurologia. Fã de ciência, da natureza, de viagens. Aventureira, poética e doce. Quem conhece a Dalila leitora? Os livros que a actriz escolheu: O Ano do Pensamento Mágico, Joan Didion; As Luzes de Leonor, Maria Teresa Horta; Pela Estrada fora, Jack Kerouac; "Lettres D'Amour”, Jean Claude Carriére. O livro que estava a ler durante a conversa: O perigo de estar no meu perfeito juízo, Rosa Montero; Outros referidos: A louca da casa, Rosa Montero; Novas Cartas Portuguesas, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa (as “Três Marias”); Sentir e saber, António Damásio. Autores referidos: António Damásio; Oliver Sacks; Susan Sontag; Sophia de Mello Breyner. O que ofereci (sugestão Wook): Tempo do coração, Ingborg Bachmann e Paul Celan.

Leituras sem Badanas
Recomendações Feira do Livro

Leituras sem Badanas

Play Episode Listen Later May 24, 2023 33:01


Livros do Dia: 25 de Maio: Torto Arado, Itamar Vieira Junior Um Espião Entre Amigos, Ben Macintyre; Novas Cartas Portuguesas, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa; As Velas Ardem Até ao Fim, Sándor Márai; Porquê Ler os Clássicos, Italo Calvino; 26 de Maio: O Meu Irmão, Afonso Reis Cabral; 27 de Maio: Amor nos Tempos de Cólera, Gabriel García Márquez; Monte dos Vendavais, Emily Brontë; 29 de Maio: O Fio da Navalha, Somerset Maugham; A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera; 31 de Maio: Eragon, Christopher Paolini; 2 de Junho: Stoner, John Williams; Contos, Miguel Torga; 3 de Junho: Ecologia, Joana Bértholo; 6 de Junho: Rio Profundo, Shusako Endo; 8 de Junho: Deus das Moscas, William Golding; Recomendações gerais: Duas Solidões, Mário Vargas Llosa e Gabriel García Márquez; Encruzilhadas, Jonathan Franzen O Pináculo, William Golding; Imperatriz, Pearl S. Buck; As Enviadas Especiais, Judith Mackrell; O Banqueiro de Hitler, Jean-François Bouchard Qualquer dúvida ou ideia: leiturasembadanas@leya.com

Vale a pena com Mariana Alvim
T2 #5 Joana Bértholo

Vale a pena com Mariana Alvim

Play Episode Listen Later Apr 10, 2023 45:17


A Joana tem o dom da palavra na escrita, mas também da falada. Que excelente comunicadora e convidada que, sem dúvida, vale a pena ouvir e até viajar. Os livros que a escritora escolheu: Conduz o teu arado sobre os ossos dos mortos, Olga Tokarczuk; Myra, Maria Velho da Costa; O homem que dorme, Georges Perec; Paz doméstica, Teresa Veiga. As minhas sugestões: De quase nada a quase Rei, a biografia do Marquês de Pombal, Pedro Sena Lino; O meu corpo humano, Maria do Rosário Pedreira; Um cão no meio do caminho, Isabela Figueiredo. O que ofereci: Todos os homens são mentirosos, Alberto Manguel. A Joana ofereceu-me: Havia, da própria. Outros que referiu: Tentativa de esgotamento de um local parisiense, Georges Perec; Perto do coração selvagem, Clarisse Lispector; O Jacobo e outras histórias, Teresa Veiga; A noite e o riso, Nuno Bragança; O jogo da amarelinha, Julio Cortázar; A corazón abierto, Elvira Lindo (não há tradução).

Expresso - A Beleza das Pequenas Coisas
*Especial Natal* Maria Teresa Horta: “Os poemas continuam a assaltar-me em alturas impróprias”

Expresso - A Beleza das Pequenas Coisas

Play Episode Listen Later Dec 23, 2022 86:36


Voltamos a republicar uma das conversas mais marcantes do podcast “A Beleza das Pequenas Coisas”, com a escritora e poetisa Maria Teresa Horta, gravada em novembro de 2019, na sala da sua casa. Feminista e insubmissa, ela é uma das poucas poetisas portuguesas a afirmar o desejo na sua escrita, e sempre lutou pela liberdade. Autora de obras polémicas, como “Ambas as Mãos sobre o Corpo”, “Minha Senhora de Mim” e “Novas Cartas Portuguesas” (esta última assinada com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, conhecidas como “As Três Marias”), que escandalizaram um certo Portugal puritano, valeram à escritora um espancamento na rua e a quase prisão. Diversas vezes premiada, aqui fala do último livro “Quotidiano Instável”, que reúne as crónicas que escreveu no jornal “A Capital” entre 1968 e 1972. Um quase romance, que descola da realidade para contar vida(s). E, neste episódio, a poetisa fala do seu desassossego que a deixa acordada a escrever madrugadas inteiras e conta algumas páginas do bom livro que a sua vida de daria. Boas escutas!See omnystudio.com/listener for privacy information.

O Que os Outros Dizem de Nós
"Novas Cartas Portuguesas" nos Estados Unidos

O Que os Outros Dizem de Nós

Play Episode Listen Later Oct 18, 2022 7:34


O jornal The Herald News dá conta da palestra online de Anna M. Klobucka, professora da UMass Dartmouth, sobre "Novas Cartas Portuguesas", livro de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa.

Vamos Todos Morrer
Maria Velho da Costa

Vamos Todos Morrer

Play Episode Listen Later May 23, 2022 8:28


A escritora portuguesa Maria Velho da Costa morreu faz hoje 2 anos.

costa da costa maria velho
O Som que os Versos Fazem ao Abrir
Passam 50 anos da publicação de Novas Cartas Portuguesas

O Som que os Versos Fazem ao Abrir

Play Episode Listen Later May 4, 2022 15:15


Passam 50 anos da publicação de Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. Razão para o regresso à conversa de Ana Luísa Amaral e Luís Caetano.

O Som que os Versos Fazem ao Abrir
50 anos depois: Novas Cartas Portuguesas - O Corpo

O Som que os Versos Fazem ao Abrir

Play Episode Listen Later Apr 27, 2022 20:19


Nos 50 anos de Novas Cartas Portuguesas, livro de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. Ana Luísa Amaral e Luís Caetano conversam sobre poesia

Do Género
Sandra Pereira. Os direitos das mulheres são “daqueles que nunca estão garantidos”

Do Género

Play Episode Listen Later Apr 25, 2022 26:12


Conversas sobre igualdade no dia-a-dia, por Aline Flor.Neste episódio do podcast Do Género, continuamos o ciclo de conversas com eurodeputadas com Sandra Pereira, eleita pelo PCP, que faz parte do grupo da Esquerda Europeia.Em conversa com a jornalista Aline Flor, Sandra Pereira fala sobre os principais desafios identificados no relatório que coordenou no ano passado sobre igualdade de género na União Europeia, as grandes questões levantadas no “relatório Matic” (em que foi relatora-sombra) sobre saúde e direitos sexuais e reprodutivos - durante a elaboração deste relatório, chegou a receber uma caixinha com um feto de grupos anti-aborto -, e ainda o modo como os direitos das mulheres podem ser abordados em outras comissões do Parlamento Europeu, em matérias como o emprego ou a transição ecológica.Sandra Pereira integra várias comissões do Parlamento Europeu, actuando como efectiva na comissão dos Direitos das Mulheres e da Igualdade dos Géneros e na comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais, e ainda como suplente na comissão da Indústria, da Investigação e da Energia.A fechar o episódio, iniciamos uma nova rubrica do podcast, com leituras de manifestos feministas. Neste 25 de Abril, ouvimos Sofia Branco, antiga presidente do Sindicato dos Jornalistas, que actualmente faz parte da equipa que organiza as comemorações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril. Respondendo ao desafio do Do Género, escolheu ler os seus excertos preferidos das Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa.Siga o podcast Do Género no Spotify, Apple Podcasts, SoundCloud ou outras aplicações para podcasts. Se gostou, deixe-nos uma classificação.Conheça os podcasts do PÚBLICO em publico.pt/podcasts.

Rádio Barboza, poesia diária ...
317 EPISÓDIO MARIA TERESA HORTA JOELHO

Rádio Barboza, poesia diária ...

Play Episode Listen Later Dec 14, 2021 1:26


Maria Teresa Mascarenhas Horta é uma escritora, jornalista e poetisa portuguesa. É uma das autoras do livro Novas Cartas Portuguesas pelo qual foi processada e julgada em 1972, ao lado de Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. --- This episode is sponsored by · Anchor: The easiest way to make a podcast. https://anchor.fm/app --- Send in a voice message: https://anchor.fm/josemar-barboza-da-costa/message Support this podcast: https://anchor.fm/josemar-barboza-da-costa/support

Nação Valente
Maria Velho da Costa

Nação Valente

Play Episode Listen Later Jul 20, 2021 1:19


da costa maria velho
O Som que os Versos Fazem ao Abrir
Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. Ana Luísa Amaral e Luís Caetano conversam sobre poesia. No Museu do Aljube, está patente uma exposição sobre o livro: Mulheres e Resistência - Novas Carta

O Som que os Versos Fazem ao Abrir

Play Episode Listen Later May 26, 2021 15:47


Capela do Rato
Sessão 9 - "Caminhos Cruzados" - Curso de Filosofia, Literatura e Espiritualidade

Capela do Rato

Play Episode Listen Later Mar 15, 2021 95:45


Está disponível a sessão de Isabel Allegro de Magalhães sobre a obra "Casas Pardas" de Maria Velho da Costa, no Curso “Caminhos Cruzados”.

Grandes Leitores
O que é um bom livro?

Grandes Leitores

Play Episode Listen Later Mar 12, 2021 67:14


Pergunta para princípio de conversa com Paulo Bugalho que chamou ao microfone o escritor Mário de Carvalho. Há uma resposta? Há pelo menos um conjunto de exemplos e de trocas de leituras que incluem Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, A Tempestade, de Vladimir Sorokin, O Hóspede de Job, de José Cardoso Pires, Casas Pardas, de Maria Velho da Costa ou A Casa Gande de Romarigães, de Aquilino Ribeiro. A lista é longa e tem muitas histórias pelo meio, coisas de leitores.

Ponto Final, Parágrafo
Episódio 40 - Sara Barros Leitão

Ponto Final, Parágrafo

Play Episode Listen Later Mar 10, 2021 109:52


Os livros são amigos próximos desde pequena, altura em que pegou n’Os Maias a achar que seria sobre a sua terra na altura, a Maia. A atriz, dramaturga e criadora do clube do livro feminista Heróides conta-nos histórias fantásticas neste 40º episódio: sobre livros proibidos, sobre centopeias e de uma freira confinada num convento em Beja. Um episódio feminista, como devem todos ser, e muito interessante. Fala-nos também de “O Primo Basílio”, de Eça de Queiroz; de “A Ilíada”, de Homero; e do livro que merecia ter mais atenção em Portugal, “As novas cartas portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. Entrevista RTP às Três Marias: https://arquivos.rtp.pt/conteudos/entrevista-as-tres-marias Assina a newsletter do podcast: https://www.getrevue.co/profile/magdacruz Genérico: Nuno Viegas

Convidado
Convidado - 2020: Um ano para esquecer?

Convidado

Play Episode Listen Later Dec 28, 2020 16:47


A pandemia de Covid-19 dominou o ano que fica para trás, mas as violências policiais, o racismo, os ataques à liberdade de expressão, o afastamento de Donald Trump da Casa Branca e a consumação do divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia foram alguns dos outros temas que marcaram 2020. A activista e professora de Filosofia Luísa Semedo fala em “ano de loucura” que foi “um teste à sociedade”. A pandemia de Covid-19 foi, sem dúvida, o tema incontornável que impôs a todos, e em todo o mundo, um novo glossário quotidiano: coronavírus, pandemia, confinamento, isolamento, recolher obrigatório, distanciamento social, máscaras, gel hidroalcoólico, crise sanitária, crise económica e crise social foram algumas das palavras que passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia. A pandemia fez mais de um milhão e setecentas mil vítimas mortais no planeta, foram registados acima de 80 milhões de casos e começou a primeira fase de vacinação. Algo que fez de 2020 um “ano de loucura” e “um teste à sociedade”, na análise de Luísa Semedo, professora de Filosofia e activista luso-cabo-verdiana a residir em França. “Foi um ano de loucura. Foi um ano completamente inédito. É verdade que já havia algumas previsões de que poderia haver, a dado momento, uma pandemia com vírus etc, mas as previsões são uma coisa e acontecer foi, de facto, inacreditável”, começa por resumir. “Foi também um teste à sociedade que somos, podemos ver a nível internacional tudo o que são questões de cooperação, por exemplo, mas também podemos ver os limites com as fronteiras a fechar, com algum egoísmo em relação à questão das vacinas e também podemos ver quais as funções que eram indispensáveis numa sociedade, ou seja, aquelas pessoas que tiveram de continuar a trabalhar – os enfermeiros, as pessoas dos supermercados, etc, etc.” A crise sanitária provocou uma crise económica devido aos confinamentos mundiais que travaram, sobretudo, o sector do turismo, da restauração e da cultura. Luísa Semedo sublinha que a luta continua em França porque “ainda está tudo fechado a nível da cultura”, algo que se explica não apenas pelas “exigências sanitárias”, mas também pela “vontade política”. “Nem todos os países fecharam a parte cultural. Em França foi visto, de alguma forma, como chocante esta ideia de que alguns domínios eram essenciais, como o tabaco ou a religião e que a cultura não era. Sim, isso causou muita perplexidade num país que se diz um país de cultura”, continuou a professora de Filosofia. Ainda em França, o ano ficou marcado por imagens de violências policiais, nomeadamente contra um produtor de música negro, e pelo polémico artigo 24 do projecto de lei para a segurança global. As violências policiais ecoaram com a morte de George Floyd nos Estados Unidos, em Maio, e que foi seguida por mega protestos e motins. Em Portugal, o actor luso-guineense Bruno Candé também morreu vítima de racismo.  Uma realidade ainda muito presente em 2020. “É uma realidade crua e dura, não nasceu ontem, já vem de há muito tempo, mas agora é filmado e é partilhado pelo mundo inteiro e portanto tem outro impacto. Há também o facto de haver agora uma nova geração mais preparada para não estar só na sobrevivência e poder falar sobre estas questões do racismo”, explica a activista. Quanto à polémica lei para a segurança global que levou milhares de manifestantes para as ruas francesas, Luísa Semedo sublinha que “o governo em vez de tentar que as pessoas que são vítimas de violência sejam protegidas, está a tentar fazer leis para se proteger a ele próprio e às suas forças de segurança”. Ainda em França, houve novos atentados para nos lembrar que a ameaça terrorista não desapareceu. Houve um ataque contra o professor Samuel Paty que mostrou caricaturas do Charlie Hebdo e um novo ataque contra o semanário satírico. Luísa Semedi lembra que o Presidente francês defendeu a liberdade de expressão quando Samuel Paty foi decapitado, mas que está agora a ameaçar essa mesma liberdade com o projecto de lei para a segurança global. O ano fica, ainda, marcado pelo afastamento de Donald Trump da presidência norte-americana, pela vitória do democrata Joe Biden e pela chegada, pela primeira vez, de uma mulher, Kamala Harris, à vice-presidência dos Estados Unidos. No entanto, as perspectivas não são as melhores. “A desinformação está a ser cada vez mais forte nos Estados Unidos e é partilhada pelo ainda Presidente dos Estados Unidos. A desinformação em geral leva a que muitos dos seus apoiantes radicalizem o seu pensamento e os seus actos, a lançarem-se nos braços da internet da desinformação, da manipulação, da extrema-direita, etc. Eu estou muito preocupada com isso. Vai ter de haver um trabalho muito importante da administração Biden para poder tratar desta questão que está a sair fora do controlo completo na América mas também no mundo.” Depois do Brexit a 31 de Janeiro de 2020, o ano ficou também marcado como o período de transição para as negociações sobre a futura relação entre o Reino Unido e a União Europeia, negociações tiradas a ferros. “Em geral, é um problema para a União Europeia apesar de tudo. Há aqui este acordo, mas tem que haver uma reflexão mais profunda para que não volte a acontecer, para que não haja a derrocada da União Europeia e que outros países possam ir pelo mesmo caminho.” O ano foi marcado por perdas de personalidades de vulto, a começar pelo filósofo e ensaísta português Eduardo Lourenço, mas também pela cientista e imunologista Maria de Sousa, o escritor chileno Luís Sepúlveda, o músico camaronês Manu Dibango, o “pai” do Asterix Albert Uderzo, o “pai” da Mafalda - Quino, a escritora portuguesa Maria Velho da Costa, o compositor italiano Ennio Morricone, os cantores franceses Juliette Gréco e Christophe, os actores franceses Michel Piccoli e Michael Lonsdale, o actor britânico Sean Connery, o artista Christo, o estilista japonês Kenzo Takada, o futebolista Diego Maradona, o antigo presidente francês Valéry Giscard d’Estaing, entre muitos outros. Uma das perdas mais marcante é a de Eduardo Lourenço porque simboliza “uma época e uma geração que está a desaparecer e que não pode ser substituída”. “É uma geração que tinha uma relação diferente com o tempo - com o tempo do conhecimento porque o conhecimento leva tempo e não é esta instantaneidade de reacção nas redes sociais. Era uma outra profundidade de pensamento - independentemente de eu estar ou não de acordo com ele - mas era admirativa e continuo a ser admirativa do seu método. É um método que eu gosto, que é o método da Filosofia, que é um método de tempo, de tentar aprofundar as ideias. Também muito interessante era a circulação das ideias. O pensamento de Eduardo Lourenço era lido noutros países, apesar de ele se preocupar com questões da Portugalidade, as suas ideias circulavam pelo mundo, eram muito conhecidas também em França e isso é algo que é muito interessante. Nós estamos a viver com as novas direitas radicais ou extremistas, estamos a viver um momento de anti-intelectualismo que é muito perigoso e, portanto, para mim Eduardo Lourenço era tudo menos isto. Ele era o anti-‘anti-intelectualismo’. É uma perda grande para todos nós”, conclui Luísa Semedo.      

Literatura Oral
#22 O MUTISMO EM A CASA DOS ESPÍRITOS E EM MAINA MENDES

Literatura Oral

Play Episode Listen Later Nov 2, 2020 22:13


Hoje eu trago duas dicas de leitura e destaco uma característica em comum nessas obras. As dicas são Maina Mendes, de Maria Velho da Costa (1969) e A Casa dos espíritos, de Isabel Allende (1982). --- This episode is sponsored by · Anchor: The easiest way to make a podcast. https://anchor.fm/app

Expresso - Palavra de Autor
Maria Teresa Horta: “Era o quotidiano que nos fazia tomar posições feministas”

Expresso - Palavra de Autor

Play Episode Listen Later Jun 4, 2020


Face à morte de Maria Velho da Costa, recordamos o livro “Novas Cartas Portuguesas”, escrito por ela e também por Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta. É esta última que conta a história de um livro que incomodou a ditadura e inspirou os feminismos internacionais da década de 70, numa edição especial do Palavra de Autor, podcast do Expresso sobre livros. Uma conversa de Cristina Margato ao telefone com a escritora e poeta de 82 anos

O Som que os Versos Fazem ao Abrir
Maria Velho da Costa. Ana Luísa Amaral e Luís Caetano conversam sobre poesia.

O Som que os Versos Fazem ao Abrir

Play Episode Listen Later Jun 3, 2020 15:59


SBS Portuguese - SBS em Português
A morte de Maria Velho da Costa, aclamada renovadora da escrita em língua portuguesa

SBS Portuguese - SBS em Português

Play Episode Listen Later May 27, 2020 5:03


Comparada a Proust e Virginia Wolf, a obra da romancista, morta aos 81 anos, cruza o poético e o social.

TSF - A Opinião de Pedro Tadeu - Podcast
O legado de Maria Velho da Costa

TSF - A Opinião de Pedro Tadeu - Podcast

Play Episode Listen Later May 25, 2020


Edição de 25 de Maio 2020

Expresso - A Beleza das Pequenas Coisas
Maria Teresa Horta: “Há quem me veja como uma escritora maldita”

Expresso - A Beleza das Pequenas Coisas

Play Episode Listen Later Nov 8, 2019


A poesia é para ela uma urgência. Feminista, insubmissa e uma das poucas poetisas portuguesas a afirmar o desejo na sua escrita, Maria Teresa Horta sempre lutou pela liberdade. É autora de obras polémicas, como “Ambas as Mãos sobre o Corpo”, “Minha Senhora de Mim” e “Novas Cartas Portuguesas” (esta última assinada com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, conhecidas como “As Três Marias”), que escandalizaram o Portugal puritano e valeram à escritora um espancamento na rua e a quase prisão. Diversas vezes premiada, publica agora “Quotidiano Instável”, que reúne as crónicas que escreveu no jornal “A Capital” entre 1968 e 1972. Um quase romance, que descola da realidade para contar vida(s). E aqui neste episódio em podcast a poetisa conta algumas páginas do livro que a sua vida daria

PPKAS Cintilantes
#03 | Sufrágio Feminino (Short Ep)

PPKAS Cintilantes

Play Episode Listen Later Aug 6, 2018 17:03


Sufrágio é a definição para o direito público de votar e ser votado.Representa uma forma de manifestação do cidadão perante as decisões da vida pública e da sociedade politica. A luta das mulheres pelo direito ao voto.Livros: "Novas Cartas Portuguesas" de Maria Velho da Costa; Maria Teresa Horta; Maria Isabel Barreno."Segundo Sexo" de Simone de Beauvoir "O livro das mulheres: Como entrar em contacto com o poder feminino." de Osho"Contributo para a História do Feminismo." de Karl MarxEfeito de som: Protesto de mulheres no BrasilMúsica: Mulamba; P U T A Fontes: Mundo Educação; Significados; Irish Times; Jugular Blogs

Do Género
Mitos, consentimento e a desconfiança histórica sobre as vítimas de violação

Do Género

Play Episode Listen Later Mar 29, 2018 20:23


Conversas sobre igualdade no dia-a-dia, por Aline Flor. Entrevistámos Isabel Ventura, autora de Medusa no Palácio da Justiça ou uma história da violação sexual, para conhecer mais sobre a história do crime de violação e a forma como a lei tem sido aplicada, tendo em conta as "imagens sobre mulheres, sexualidade e violência" que a socióloga encontrou nos discursos e práticas judiciais em Portugal, durante o seu trabalho de doutoramento. Conversámos sobre o victim-blaming da Medusa, os mitos da violação, as pressões para que as pessoas que sobrevivem a violência sexual não denunciem o crime, a desconfiança histórica sobre as vítimas - em particular as mulheres -, a questão do consentimento e ainda o impacto que este crime tem em homens e crianças. Música: AAAalto, Chad Crouch, Kai Engel, Lee Rosevere, Podington Bear. Leitura: Bárbara Wong, excerto de Novas Cartas Portuguesas (1972), de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa

Biblioteca de Bolso
Ep. 53 - Ana Luísa Amaral

Biblioteca de Bolso

Play Episode Listen Later Jan 23, 2017 34:30


Ana Luísa Amaral é a convidada desta semana, uma lisboeta que vive desde os nove anos em Leça da Palmeira. Professora de Literatura e Cultura Inglesa e Americana na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é também poeta com obra considerável (mais de 15 livros), ficcionista e dramaturga ocasional, autora de livros infantis e tradutora, nomeadamente de Shakespeare, John Updike, Patricia Highsmith e Emily Dickinson, poeta norte-americana sobre a qual escreveu a sua tese de doutoramento. No próximo mês de Abril, poderemos ler o seu novo livro, "What's in a name", a editar pela Assírio & Alvim. Trouxe-nos: Novas Cartas Portuguesas - Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa O Patinho Feio - Hans Christian Andersen Duzentos Poemas - Emily Dickinson

Grandes Cartas de Amor
Novas Cartas Portuguesas

Grandes Cartas de Amor

Play Episode Listen Later Jan 10, 2017 5:24


Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa

Biblioteca de Bolso
Ep. 35 - Maria Teresa Horta

Biblioteca de Bolso

Play Episode Listen Later Sep 4, 2016 40:10


A convidada desta semana é Maria Teresa Horta, escritora, jornalista, mas, acima de tudo, poeta. No início do seu trajecto, pertenceu ao grupo Poesia 61. "Espelho Inicial", o seu primeiro livro de poemas, é de 1960. "Anunciações", o mais recente, sobre o encontro amoroso entre Maria, mãe de Jesus, e o arcanjo Gabriel, foi publicado este ano, em Maio, pela D. Quixote. Assumiu-se sempre como feminista, nas acções cívicas mas também na escrita, sendo uma das três Marias que assinaram as "Novas Cartas Portuguesas", em 1971, juntamente com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno. Publicou também ficção, nomeadamente um romance, "As Luzes de Leonor", em 2012, sobre a extraordinária figura da Marquesa de Alorna, sua antepassada. Trouxe-nos: O Segundo Sexo - Simone de Beauvoir 100 poemas - Emily Dickinson A Ausência de Lol V. Stein - Marguerite Duras