Podcasts about Estado Novo

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Latest podcast episodes about Estado Novo

Jones Manoel
Lula convidará Boulos. PSOL resiste | Pela 1ª vez, Bolsonaro acena com candidatura de Michelle |15.5

Jones Manoel

Play Episode Listen Later May 15, 2025 192:39


O Manhã Brasil desta quinta (15), com o jornalista Mauro Lopes como âncora, tem os seguintes destaques: 1) Lula deve formalizar convite a Boulos para o Ministério. Boulos quer, diz que abrirá mão de candidatura em 2026, mas há oposição no PSOL; 2) Em entrevista ao UOL, apesar das tergiversações, Bolsonaro jogou a toalha em relação a 2026 e, pela primeira vez, acenou com o nome de Michelle; 3) Governo fará mais cortes no orçamento ainda este mês, sufocando o Estado brasileiroPessoas convidadas:João Claudio Pitillo, doutor em história pela UNIRIO, mestre em história comparada pela UFRJ. Historiador e professor de história especializado em história militar, com destaque para a participação soviética na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e na política externa do Estado Novo brasileiro durante o conflito.Fernanda Melchionna, deputada federal (PSOL-RS)

ESCS FM
De Paulo de Carvalho a Zeca Afonso: a Rádio como gatilho de Abril

ESCS FM

Play Episode Listen Later May 11, 2025 18:49


Há 51 anos o povo português libertava-se das amarras da ditadura. Numa madrugada histórica, a rádio foi o primeiro sinal de que algo estava a mudar. Às 22h55 do dia 24 de abril de 1974, “E Depois do Adeus” dava início à revolução. Momentos depois, já no dia 25, a “Grândola, Vila Morena” tirava as dúvidas aos mais céticos: o golpe de estado estava em curso. Foi pelas ondas da rádio que o Movimento das Forças Armadas recebeu a luz verde para derrubar o Estado Novo e devolver a liberdade aos portugueses. João Paulo Diniz, Nelson Ribeiro, Pedro Leal e Celeste Silva partilham a memória coletiva do 25 de abril e um gosto pela rádio. Desde o jornalismo sujeito à censura até à escolha simbólica das músicas que serviram como senha, destacam a influência deste meio de comunicação na defesa pela liberdade. Nesta reportagem, produzida pela ESCS FM em parceria com o PÚBLICO, os estudantes Ana Bárbara Duarte, Marta Nobre, Nuno Grave e Teresa Freire traçam o percurso da rádio antes, durante e depois da Revolução dos Cravos. Reportagem de Ana Bárbara Duarte, Marta Nobre, Nuno Grave e Teresa Freire. Coordenação de Marta Pinto. Genérico de Luís Batista e design de Carlota Real e Cláudia Martina.

Expresso - Expresso da Manhã
Episódio Extra com José Gil: “A vocação dos neofascistas é rebentar com o que a Liberdade prometia”

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Apr 25, 2025 10:51


Hoje é o Dia da Liberdade. O que fazemos com ela? O que fizemos com ela de 1974 até agora? Que perigos a rodeiam num tempo em que a extrema-direita cresce em toda a Europa, impulsionada pela vitória de Donald Trump. Se são os que no exercício do poder mais violentam a liberdade de quem pensa diferente, como Bolsonaro ou Trump, a usar o território democrático para se apresentarem como defensores de todas as liberdades, pode acontecer que a Liberdade esteja a precisar de quem a defenda de si própria? Temos de saber antes demais o que falhou. O que define liberdade? Que expectativas criamos à volta do que ela nos podia dar e não foi cumprido. Para que os extremismos, a que José Gil chama neofascismos, cresçam é preciso que as relações de uns com os outros não floresçam num mundo harmonioso, como prometia a modernidade, diz-nos o filósofo e ensaísta com quem fizemos uma viagem à procura de perceber a liberdade, conversa que vamos poder ouvir na integra no dia 1 de Maio. Por agora, neste 25 de abril, propomos que escute um pequeno trecho dessa viagem. Um espaço onde José Gil fala da decência que é posta em causa pela grosseria e brutalidade, porque a vocação dos neofascistas é rebentar com aquilo que a liberdade prometia.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Favas Contadas
A revista de culinária que acabou com o 25 de Abril

Favas Contadas

Play Episode Listen Later Apr 22, 2025 22:15


Foi a primeira revista de culinária portuguesa e uma referência durante o Estado Novo. Mas acabou logo a seguir ao 25 de Abril. Conheça a história da Banquete, a revista que nasceu para vender fogões a gás.

Convidado
Livro que abalou ditadura portuguesa tem nova tradução em França

Convidado

Play Episode Listen Later Apr 22, 2025 17:15


Mais de meio século depois da publicação do livro que abalou a ditadura portuguesa, “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, há uma nova edição em francês. “Nouvelles Lettres Portugaises” é uma tradução de Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levécot e espera fazer redescobrir a intemporalidade de uma obra que foi revolucionária. A RFI conversou com Agnès Levécot neste programa. “Eu acho que, naquela altura, em Portugal, não era nada estranho que este livro tivesse esse efeito de bomba”, contava à RFI, há um pouco mais de um ano, Maria Teresa Horta, uma das autoras das “Novas Cartas Portuguesas”, que nos recebeu, em sua casa, em Lisboa, nas vésperas dos 50 anos da Revolução dos Cravos e que nos deixou em Fevereiro de 2025, aos 87 anos.A obra de Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, publicada em 1972, foi uma revolução literária e feminista que denunciou ao mundo o regime fascista português, o colonialismo, o racismo, o machismo, a violência sobre as mulheres, ao mesmo tempo que subvertiam as noções de autoria e de género na literatura.A ditadura do Estado Novo considerou o livro como “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública”, abrindo um processo judicial contra as escritoras que ficaram ameaçadas com uma pena entre seis meses a dois anos de prisão. Seguiu-se uma onda de solidariedade internacional e o livro chegou a todo o mundo, incluindo a França, onde em 1974 é publicada a tradução de Monique Wittig e Evelyne Le Garrec.Mais de meio século depois, e perante uma edição há muito esgotada, surge agora nova tradução, “Nouvelles Lettres Portugaises”, de Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levécot, editado pela Ypsilon, que chega às livrarias francesas a 7 de Maio e que é apresentada esta sexta-feira, 25 de Abril, em Paris.Fomos conversar com Agnès Levécot para perceber “o que podem [ainda] as palavras” das Três Marias.“Essa é uma pergunta complicada porque as próprias escritoras, as três, no fim do livro, ainda fazem a pergunta. Realmente um dos aspectos literários desta obra é o questionamento do acto da escrita e até ao fim, nas últimas cartas, elas continuam a pôr a questão ‘o que podem as palavras?' Quanto a nós, como tradutoras, chegámos à conclusão também que todos os aspectos políticos e históricos que são denunciados nas cartas continuam actuais. Esse é o problema. A questão do colonialismo continua actual. A questão da repressão continua. A questão feminista também. Estamos a ver, no mundo actual, um retrocesso em relação a esse aspecto. Portanto, continua completamente actual”, explica Agnès Levécot.Em plena ditadura, “Novas Cartas Portuguesas” era uma obra literária inédita que esbatia noções de autoria e de género e que era assinada colectivamente por três autoras que escreviam, sem tabus, sobre o corpo, o desejo, mas também sobre a violência de que eram vítimas as mulheres. Denunciavam, ainda, a guerra colonial, a pobreza, a emigração, a violação sexual, o incesto, o aborto clandestino. O livro era, assim, um perigo para o regime repressivo, retrógrado e fascista português. Pouco após o seu lançamento, em 1972, os exemplares foram recolhidos pela censura e o Estado português movia um processo judicial contra as “Três Marias”. Perante as ameaças de prisão e a tentativa de silenciamento das autoras, nasce um movimento de solidariedade internacional. Meses depois de ter sido publicado, em 1972, o livro chega às mãos da escritora francesa Christiane Rochefort e, através dela, ao grupo feminista Movimento de Libertação das Mulheres. Seguem-se várias acções de luta, nomeadamente em França, e que envolvem nomes como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras. Há distribuição de panfletos, recolha de assinaturas para um abaixo-assinado entregue na Embaixada de Portugal em Paris e uma procissão de velas diante da Catedral de Notre-Dame. Outro momento emblemático é a leitura-espectáculo “La Nuit des Femmes”, a 21 de Outubro de 1973, no Palais de Chaillot, em Paris, que deu origem ao documentário “Les Trois Portugaises”, de Delphine Seyrig (1974).“Monique Wittig e Evelyne Le Garrec pegaram no texto e fizeram uma primeira tradução que foi publicada em 1974. Entretanto, tinha havido excertos traduzidos para artigos e espectáculos porque houve uma série de espectáculos e movimentações de apoio às Três Marias quando estavam no julgamento. Houve uma noite que ficou muito famosa que foi ‘La Nuit des Femmes' em que leram alguns excertos”, relembra Agnès Levécot, sublinhando que “o aspecto literário quase não foi abordado na altura”.O aspecto literário é precisamente “uma coisa fora do comum”, acrescenta a especialista em literatura lusófona. Três mulheres escrevem colectivamente uma obra literária e política, depois de terem publicado livros que não agradaram à ditadura patriarcal portuguesa. Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno tinham lançado, em anos anteriores, livros que denunciavam a opressão e a secundarização da mulher: Maina Mendes (1969) e Os Legítimos Superiores (1970). Em 1971, Maria Teresa Horta também publicava Minha Senhora de Mim e escrevia abertamente sobre o desejo, algo considerado escandaloso pelos fascistas.“São três mulheres que já eram escritoras, que já tinham publicado obras bastante feministas, que se juntaram e decidiram escrever um livro a três. Começaram a reunir-se todas as semanas num restaurante em Lisboa. Todas as semanas traziam um texto que elas tinham escrito e trocavam ideias a propósito dos textos, mas não os modificavam. A certa altura, começaram a pensar na figura de Mariana Alcoforado, a religiosa portuguesa, e começaram a escrever cartas. Globalmente, são chamadas cartas, mas não são só cartas, tem vários géneros: poesia, ensaios, supostos artigos de jornal, textos teóricos... Elas escreveram cartas a uma Mariana, mas são as descendentes de Mariana, ou seja, as várias Marianas que vieram depois. Portanto, têm cartas de vários séculos a acompanhar o percurso de uma suposta Mariana”, acrescenta Agnès Levécot.No posfácio de “Nouvelles Lettres Portugaises”, Agnès Levecot e Ilda Mendes dos Santos recordam, justamente, a importância da figura de Mariana Alcoforado, suposta autora das “Cartas Portuguesas”, de 1669, “apresentada por alguns como o arquétipo da mulher portuguesa” e a partir da qual “as Três Marias trabalham a questão da autoridade e do poder, o exercício da violência e da dominação, assim como, o poder da palavra”.Agnès Levecot, que já tinha participado no livroNovas Caras Portuguesas entre Portugal e o Mundo, que foi publicado depois de uma pesquisa internacional sobre a recepção das "Novas Cartas Portuguesas" no mundo, foi convidada por llda Mendes dos Santos para se juntar a ela na tarefa de traduzir a obra. “As principais dificuldades estavam no facto de serem textos completamente diferentes do ponto de vista do género, da tonalidade, da língua usada. Portanto, temos textos a imitar o estilo do século XVII ou XVIII, e aí a Ilda teve um papel muito importante porque ela trabalha muito sobre esses séculos. Foi sobretudo adaptar-se, tentar encontrar um estilo para cada momento e cada época. Depois, nós íamos oferecer uma tradução francesa a franceses e forçosamente tínhamos que encontrar uma maneira de passar certos elementos históricos, geográficos, políticos para o público francês perceber, porque são textos que estão muito impregnados de referências intertextuais portuguesas e internacionais de textos muito conhecidos e outros muito menos conhecidos, mas bem conhecidos dos portugueses. Referências políticas, nomes também, ou seja, elementos que nos levaram a acrescentar 200 e tal notas no fim do livro”, acrescenta.“Nouvelles Lettres Portugaises” chega às livrarias francesas a 7 de Maio e é apresentada esta sexta-feira, 25 de Abril, na livraria Les Nouveautés, em Paris. Uma data simbólica para Agnès Levécot que estava em Portugal no 25 de Abril de 1974 e ainda guarda, em casa, um cravo desses tempos revolucionários que marcariam, para sempre, o seu percurso pessoal e profissional.

Retratos de Abril
As Origens Intelectuais do 25 de Abril (III): a História e as Ciências Sociais foram uma arma contra o Estado Novo?

Retratos de Abril

Play Episode Listen Later Apr 15, 2025 80:52


Neste episódio especial, gravado ao vivo na Biblioteca Nacional, exploramos as raízes intelectuais que moldaram a Revolução de 25 de Abril de 1974. Com a moderação de Victor Pereira, o debate reúne os ilustres convidados João Leal, Jorge Pedreira, Maria de Lurdes Rosa e Miriam Halpern Pereira para discutir as influências e inovações historiográficas que desafiaram o regime ditatorial do Estado Novo. O ponto de partida é o manifesto de Ernesto Melo Antunes, lido em Cascais a 5 de março de 1974, onde se defende que a solução para o problema ultramarino é política e não militar. Esta ideia, também expressa por António de Spínola em "Portugal e o Futuro", reflete os verdadeiros interesses do povo português e os seus ideais de justiça e paz. Durante o Estado Novo, muitos cientistas sociais, tanto em Portugal como no exílio, desafiaram a visão imposta pela ditadura. Eles investigaram a história e a sociedade portuguesa, desvendando os bloqueios e desigualdades, e desconstruindo a propaganda do regime. Apesar das adversidades, as suas obras circularam amplamente, influenciando o pensamento crítico e preparando o terreno para a revolução. Neste episódio, discutimos as contribuições de António Borges Coelho, António Henrique de Oliveira Marques, Miriam Halpern Pereira e Vitorino Magalhães Godinho, e como as suas pesquisas moldaram a compreensão da história de Portugal durante um período de grandes mudanças sociais e económicas. Também exploramos a recepção dessas obras nas vésperas do 25 de Abril e o impacto duradouro que tiveram na sociedade portuguesa. Oiça aqui o debate gravado na Biblioteca Nacional.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Brazalete Negro
Cândido, el espía que me entrenó

Brazalete Negro

Play Episode Listen Later Apr 11, 2025


Norte de Portugal, 1 de marzo de 1942. Antonio Roquete, uno de los principales torturadores de la dictadura de António de Oliveira Salazar, dirige una redada contra opositores al régimen. Entre ellos se cuenta un viejo conocido suyo. Porque Roquete, antes que esbirro del Estado Novo, ha sido jugador. Y quien queda detenido, expuesto a abusos y encerrado en un campo de concentración en Cabo Verde no es otro que Cândido, su antiguo entrenador. Nacido cerca de la frontera con Badajoz, Cândido de Oliveira lo ha sido todo en el el fútbol portugués: capitán en el debut histórico de la selección, cronista, técnico campeón de liga e incluso seleccionador. Pero además es un ciudadano comprometido con la democracia en plena Segunda Guerra Mundial. Sus contactos con el fútbol inglés le sirven para entrar como agente del espionaje británico a las órdenes de Ian Fleming. Esas noches de cócteles, póker y enigmas en el Casino de Estoril le servirán a Fleming para construir un personaje de ficción llamado Bond, James Bond. Miguel Lourenço Pereira, periodista y escritor portugués, nos guía por las rendijas biográficas de Cândido de Oliveira, una de las figuras más apasionantes del fútbol europeo en uno de los momentos más tenebrosos de la historia. Accede a contenido exclusivo sobre este capítulo en nuestra newsletter: www.brazaletenegro.com Youtube: https://www.youtube.com/@brazaletenegro Twitter: https://twitter.com/brazaletenegro Instagram: https://instagram.com/brazaletenegropodcast Brazalete Negro, el true crime del fútbol. Y, recuerda, Bill Shankly no tenía razón.

Artes
Filme “As Fado Bicha” é “um suspiro de utopia” no mundo do fado e do cinema

Artes

Play Episode Listen Later Apr 11, 2025 23:27


O documentário “As Fado Bicha”, realizado por Justine Lemahieu, chega às salas de cinema em Portugal a 17 de Abril. O filme acompanha Lila Tiago e João Caçador, a dupla do projecto musical e activista que revolucionou o fado nos últimos anos e o devolveu às suas próprias raízes dissidentes. A RFI falou com Justine Lemahieu, Lila Tiago e João Caçador sobre o documentário descrito como “um suspiro de utopia” e “uma possibilidade de estender pontes”. O projecto Fado Bicha inscreveu no património da canção portuguesa as vivências de uma comunidade LGBTQIA+ invisibilizada, quebrando e questionando barreiras e normas musicais, de género, de sexualidade e de linguagem. Ao filmar os bastidores, os ensaios, as sessões de maquilhagem, as performances e os momentos de reflexão de Lila Tiago e João Caçador, Justine Lemahieu retrata também o impacto estético, social e político das Fado Bicha. Tudo começou quando a realizadora franco-portuguesa, a viver em Lisboa há vinte anos e que trabalha sobre lutas e formas de resistência, assistiu a um concerto de Fado Bicha, no seu bairro, e soube que queria fazer um filme sobre o que estava a ver e a sentir.“Tudo isto começou porque assisti a um concerto das Fado Bicha no meu bairro, num pequeno bar. Foi assim que eu conheci a banda. Fiquei muito cativada pelo trabalho delas. Fiquei bastante emocionada pela música, pela performance. Senti uma beleza e senti vontade de partilhar essa emoção e a beleza que encontrei. Também senti que essas artistas estavam a fazer um trabalho importante relativamente à reflexão, ao questionamento sobre as normas de género. Também gosto muito de fado e senti que elas estavam a mexer num lugar muito complexo da cultura portuguesa, que estavam a quebrar barreiras e a fazer um trabalho bastante subversivo, politicamente muito forte”, explica a realizadora.Justine Lemahieu ficou particularmente sensibilizada com a canção “Crónica do Maxo Discreto”, na qual encontrou, pela primeira vez, “pessoas que quebravam o tabu das sexualidades escondidas”. Admirativa dessa “coragem de quebrar tabus” e de trazer para cima do palco tantos temas silenciados, não faltaram à cineasta mais razões para querer conhecer e filmar o projecto. Outro motivo com o qual se identificou foi o facto de as artistas cruzarem questões políticas de género com discriminações ligadas à classe social. Depois, a realizadora deixou-se levar pela própria ligação com a cultura portuguesa e quis reflectir sobre o espaço que o fado aí ocupa.“Ocupação” foi justamente o título do disco de estreia, editado em 2022, no qual as Fado Bicha resgataram um espaço queer no Fado. Essa ocupação chega agora ao cinema e quando questionadas sobre o que isso representa, Lila responde que é “estender pontes de identificação”, enquanto João fala em “suspiro de utopia”.“Representa um suspiro de utopia. Nos dias que correm - e no tempo todo que já vivemos, não só nós enquanto pessoas, mas a nossa ancestralidade - poder ver, numa sala de cinema, alguma representação mais pessoal, um olhar mais íntimo sobre a nossa existência, eu acho que traz um rasgo de utopia e também de olhar para o futuro. É, finalmente, também estarmos nesses lugares e sermos representados. A mim deixa-me muito comovido”, conta João Caçador.“É também uma possibilidade de estender pontes. Não é só estender pontes para outras pessoas queer como nós, é estender pontes de identificação, estender pontes de comunidade, de entendimento, a pessoas que não têm qualquer relação connosco, que não tem qualquer relação com a arte queer, com o pensamento queer, que não vêem isso à sua volta, que acham que é uma ficção do estrangeiro. A Justine tem esse lado muito conciliador, muito intimista, muito de nos entender a nós, enquanto pessoas, as nossas inquietações, aquilo que nos move. Então, também permite a pessoas que não têm, se calhar, sensibilidade, porque nunca conheceram ou acham que nunca conheceram ninguém queer. É também estender uma ponte, dizer: ‘Consegues encontrar-te na nossa humanidade também? Se calhar também consegues.' E isso é muito potente”, diz Lila Tiago.O documentário começa com a realizadora a perguntar: “Dizemos as Fado Bicha e não os Fado Bicha. Porquê?” Lila responde: “Dizemos o Fado Bicha ou as Fado Bicha. Usamos o plural feminino como forma alternativa, reparação histórica.” Esta é a chave com a qual entramos no filme, o que nos leva ao peso simbólico da “reparação histórica” através da arte, da música e da língua.“É entender como a linguagem e a língua portuguesa - e qualquer outra - encerra uma série de enigmas que nem sequer estão visíveis a uma pessoa que não queira procurar por eles. Um deles, por exemplo, é a forma como o género está inscrito na língua, temos coisas como o masculino universal, tanto no plural como no singular. Então começámos a usar o plural feminino. Eu utilizo pronomes femininos também e o João utiliza pronomes neutros ou masculinos. Essa noção de reparação histórica é um bocadinho isso, tem um lado recreativo, tem um lado provocador, mas também tem um lado intelectual muito particular, que é de olharmos para a língua e percebermos que, durante séculos, para estes dois corpos - o meu e do João ou quaisquer outras combinações de corpos em que houvesse pelo menos um homem - seria utilizado o plural masculino, por mais que fossem mil mulheres e um homem apenas. Então, nós utilizamos o plural feminino como uma provocação para fazer as pessoas pensar e criar uma disrupção”, explica.A disrupção passa também pela transformação da palavra “bicha”, carregada durante décadas de conotações pejorativas e discriminatórias. No filme, a dada altura, vemos a mão tatuada de Lila e lemos a palavra “bicha”. Ela diz: “A palavra bicha é super importante para mim. É tatuar no corpo de uma forma visível a minha identidade e que ela faça parte da forma como sou vista e lida”. João também tem a palavra tatuada no corpo e explica-nos como é que se trata de mais um gesto artivista.“A palavra bicha passou muito tempo nas nossas vidas como uma identidade que nós tentámos esconder durante muito tempo e, de muitas formas, tivemos vergonha dela e foi usada contra nós de muitas formas. Ao escrevê-la no nosso corpo, é uma espécie de fim de uma negação e de um compromisso social e pessoal porque mesmo que nós queiramos esconder, ela está visível. A Lila tem-na inscrita na sua mão, a minha está inscrita num braço e eu senti que era importante não haver espaço para dúvidas da minha identidade e deixá-la inscrita e visível”, resume.O projecto “Fado Bicha” tatuou também a história recente do Fado, um espaço onde sempre existiram pessoas queer - artistas, fadistas, letristas, poetas - mas sem que isso se reflectisse, por exemplo, nas letras das canções. Com Fado Bicha, isso mudou.“O fado carrega, ainda hoje em dia, 51 anos depois do 25 de Abril, o peso e o impacto que o Estado Novo teve no género do fado. O fado tem uma tradição antes do Estado Novo, até antes mesmo da ditadura militar e até antes mesmo da implantação da República em Portugal, que foi em 1910. Tem uma tradição de dissidência e de intervenção social muito forte, que é uma coisa que a maioria das pessoas não sabe, mesmo na viragem do século XIX para o século XX. Há uma tradição muito forte de fado republicano, de fado anarquista, mesmo durante o século XIX. Tendemos a pensar que o fado sempre foi sobre saudade e marinheiros, mas no século XIX era um fado contra a miséria, contra a Igreja, contra o abuso laboral. Portanto, quando nos acusam que estamos a corromper as bases fundamentais do fado, na verdade, nós estamos a honrá-las porque estamos a ir buscar outra vez esse lado de denúncia e de intervenção social”, sublinha Lila Tiago.Porém, “Fado Bicha” causa ainda “muito desconforto a uma série de pessoas”, acrescenta a artista. A ilustrar isso mesmo foi o facto de Justine Lemahieu ter sido obrigada a retirar uma sequência do filme relativa ao videoclip “Lila Fadista”, uma adaptação do fado “Júlia Florista”. Os herdeiros de um dos autores deste fado recusaram ver o documentário e não licenciaram os direitos da canção. Lila e João são várias vezes confrontadas com este tipo de situações, ainda que faça parte da própria tradição do fado a interpretação de canções que já existem.O documentário “As Fado Bicha” chega aos cinemas portugueses a 17 de Abril, depois de ter passado nos festivais IndieLisboa e no Queer Porto em 2024 e no Thessaloniki Documentary Festival este ano.[Além da entrevista a propósito do filme, pode ouvir, abaixo, outra das entrevistas que as Fado Bicha deram à RFI, em Maio de 2022, na qual tocaram, por exemplo, “Crónica do Maxo Discreto”.]

Geschichte der kommenden Welten
GKW36 Die Nelkenrevolution in Portugal 1974

Geschichte der kommenden Welten

Play Episode Listen Later Mar 20, 2025 93:08


Ein Lied, das im Radio gespielt wird, gibt das Zeichen zum Aufstand. Am 25.04.74 stürzen Militärs die grausame Diktatur des Estado Novo. Die Straßen von Lissabon füllen sich mit Zehntausenden Menschen, die die Freilassung der politischen Gefangen fordern und den aufständischen Soldaten rote Nelken schenken.Doch hat die Revolution erst an jenem Morgen begonnen, oder bereits über zehn Jahre zuvor, mit den antikolonialen Aufständen in Mosambik, Angola und Guineau-Bissau? Und ist die Nelkenrevolution mit dem Sturz der Diktatur schon vorbei, oder hat sie gerade erst angefangen?Quellen:Urte Sperling: Die Nelkenrevolution in Portugal.Phil Mailer: Portugal – Die unmögliche Revolution?Support the showSchickt uns Feedback an hallo-gkw@riseup.net Abonniert unseren Telegram-Kanal @linkegeschichte um die Fotos zu sehen und keine Folge zu verpassen. t.me/linkegeschichte Unterstützt diesen Podcast mit einer Spende: https://steadyhq.com/de/linkegeschichte/about

Fundação (FFMS) e Renascença - Da Capa à Contracapa
Quem são os salatinas de Coimbra?

Fundação (FFMS) e Renascença - Da Capa à Contracapa

Play Episode Listen Later Feb 25, 2025 30:25


Em meados do século XX, a construção da Nova Cidade Universitária de Coimbra implicou a demolição da Alta de Coimbra. Três mil pessoas foram distribuídas por vários bairros da cidade dos estudantes. Mas a memória dos habitantes da Alta – os chamados salatinas – permaneceu nas novas comunidades e vive hoje os momentos mais evocativos das últimas décadas. O que resta desse tempo de Coimbra? Que futuro tem este património afetivo da cidade? Rafael Vieira, o autor do livro «Os Salatinas, Coimbra da Saudade», junta-se à conversa com Maria de Lurdes Dias, uma das sobreviventes dos salatinas do século XX.O Da Capa à Contracapa é uma parceria da Fundação com a Renascença. 

Convidado
Angola: a literatura ao serviço da história

Convidado

Play Episode Listen Later Feb 24, 2025 9:26


A Ficção como História - este é o título e a premissa do livro de Dorothée Boulanger agora publicado em português, depois de uma primeira edição em inglês. A académica francesa analisou mais de 20 romances de autores angolanos como Pepetela, Manuel dos Santos Lima, Ondjaki, José Eduardo Agualusa ou Sousa Jamba, todos publicados no período pós-colonial. O objectivo era tentar perceber o papel da literatura na formação da identidade nacional nos primeiros anos da independência. O trabalho é o resultado de uma investigação durante o doutoramento na Universidade de Oxford, onde continua como professora. O que levou a Dorothée a viver e a trabalhar em Angola e como é que esse período influenciou esta investigação? Eu morei em Angola de 2009 a 2011, na cidade de Lobito. Foi, primeiro, uma oportunidade pessoal e familiar, mas, anteriormente, tinha-me formado em relações internacionais e estudos de género, especializando-me no assunto dos conflitos armados em África e em assuntos de pós-conflito, reconstrução, reconciliação. Por isso, o contexto angolano era muito interessante para mim. A guerra civil parou menos de uma década antes da minha chegada em Lobito. Morar mais de dois anos nessa cidade foi uma oportunidade preciosa para o meu trabalho, porque eu quero pensar a literatura como uma intervenção estética e política num contexto específico. A minha leitura das obras fez-se a partir da situação do país. Deu-me a possibilidade de ver a especificidade do discurso literário angolano e os desafios que a população enfrentava acerca da liberdade de expressão e da memória da guerra.O que faz de Angola especial para que a literatura de ficção seja útil como fonte da história do país?O papel de muitos escritores angolanos durante a guerra anticolonial, a sua participação na luta armada e dentro do MPLA, tornou-os atores políticos importantes e também testemunhas privilegiadas deste período. Por isso, as narrativas que eles fizeram têm um valor histórico. Também gozavam de um grande prestígio social. O primeiro presidente, Agostinho Neto, era chamado presidente-poeta. E a União dos Escritores Angolanos foi a primeira associação criada pelo Estado independente. Dentro do primeiro governo Neto, havia muitos escritores com função de ministros na saúde, como o Uanhenga Xitu, na cultura, como o António Jacinto. Então, realmente, os escritores estavam dentro do aparelho do poder.O que é que os romances de ficção angolanos ensinam sobre Angola que não está nos manuais de história? Uma das contribuições da literatura angolana é de oferecer um discurso angolano sobre a história do país. Um discurso angolano que se distancia do discurso oficial do regime, que fala das tensões dentro do MPLA, do oportunismo das elites pós-coloniais, das purgas. É importante ter vozes angolanas para contar esta história, centrando perspectivas autóctonas e referências culturais e linguísticas angolanas. Os escritores nem sempre concordam na sua maneira de contar ou analisar certos eventos históricos. Ver estes desacordos e estes conflitos é importante para deixar a história aberta e evitar mistificações. A literatura de ficção permite também transmitir de maneira clara, muito pedagógica, trajetórias históricas complexas, influências múltiplas que construíram a sociedade angolana desde o período da escravidão até hoje. A literatura torna-se um arquivo precioso do período revolucionário angolano. Estou pensando nas histórias de infância do Ondjaki, em Luanda, nos anos 1980, quando a cidade e o país eram fechados ao mundo. O romance de Pepetela, "O Planalto e a Estepe", por exemplo, fala das redes revolucionárias dos anos 1960 e 1970, de Cuba à Argélia e à União Soviética.    Por outro lado, às vezes, é nos seus silêncios que a literatura angolana nos ensina muito sobre o papel dos intelectuais. A dificuldade, por exemplo, de falar da tentativa de golpe de Estado do 27 de maio de 1977 por parte dos escritores mais próximos do poder, mostra a dificuldade dos intelectuais em pensar também na sua cumplicidade com a violência do Estado.O que é que descobriu que não estava à espera? Tive várias surpresas. Eu acho que a primeira surpresa foi durante a minha primeira leitura dos romances, num contexto em que a população angolana não se sentia à vontade para falar da guerra ou do governo. Pelo contrário, os escritores contavam histórias difíceis, complexas, faziam acusações a propósito do papel das elites, também sobre a herança da escravidão, a falta de integridade ideológica e ética de muitos líderes políticos ou religiosos. Havia esta liberdade de tom dentro da literatura. A segunda surpresa foi realizar, mais tarde, após ler muitos romances, a centralidade das perspectivas masculinas e a falta de substância de muitos personagens femininos, sobretudo com os escritores da geração da independência. Os seus romances eram anticoloniais, anti-racistas, que denunciam a dominação portuguesa e a propaganda do Estado Novo. Por isto, não pensava que adotariam com tamanha facilidade estereotipos sexistas. Ademais, o MPLA tinha um discurso de inclusão das mulheres na luta. Mas era só isso, discurso. Os romances angolanos revelam que a emancipação das mulheres e o privilégio masculino são pontos cegos para estes autores, todos homens. Estou pensando em "Sim Camarada!", de Manuel Rui, ou "Mayombe", de Pepetela, que são obras sexistas. Mas o que é muito interessante é que parece que estes autores depois tentaram corrigir um pouco esta propensão. "Lueji: O Nascimento de um Império", de Pepetela, "Rioseco", de Manuel Rui, tentam celebrar o papel das mulheres nas lutas e nas guerras em Angola. Mas até hoje há muito pouco mulheres escritoras no país, o que sublinha, eu acho, a persistência de uma atmosfera masculina acerca da literatura.Há aqui um modelo para analisar a história de outros países da África lusófona da perspetiva da literatura? Sim, a literatura africana sempre teve essa vontade de responder ao discurso colonial, de contar a história na perspectiva dos africanos e das africanas. Um dos aspectos do discurso colonial era negar a história africana, dizendo que a sua história começou com a chegada dos europeus. Muitos escritores africanos - Yvonne Vera, Ngugi wa Thiong'o, Assia Djebar e muitos outros - escreveram para contar a sua própria história e revelar a violência e a regressão histórica que constituiu a ocupação europeia do continente africano. Isto sendo dito, eu acho que o caso angolano tem as suas especificidades. No contexto do Estado Novo, a censura política, a propaganda portuguesa deram à literatura um papel importante para fazer ressoar o discurso anticolonial e nacionalista. Daqui, os escritores angolanos, que por razões sociais, familiares, tinham laços fortes com o MPLA, participaram fortemente na luta anticolonial, como escritores e como militantes, às vezes como guerreiros. Esta proximidade com a luta e depois com o aparelho de Estado dá este valor histórico à literatura angolana e à sua especificidade.  Analisou a literatura pós-colonial, de 1960 a 2010. A literatura angolana, ou africana em geral, é hoje menos ativista politica e socialmente?  É uma pergunta interessante, mas é uma pergunta difícil, porque, como eu expliquei, a literatura africana, de forma geral, tem esta dimensão política. Não se reduz a este discurso político, mas tem essas preocupações com o poder, as desigualdades, a dominação histórica. Eu acho que hoje esta dimensão combativa da literatura africana pode encarnar-se em outras lutas de género ou ambientais. Mas, no caso da literatura angolana, acho que é verdade que não encontramos o mesmo dinamismo, a mesma criatividade que há 30 anos. Angola teve uma geração excepcional de escritores desde os anos 60. É indisputável. Hoje em dia, não são tantos, e a luta encarna-se em outras formas de arte, como o hip-hop, por exemplo. A expressão crítica e criativa faz-se através das redes sociais. E temos também que dizer que a negligência do Estado angolano com a educação e a cultura não permitiu um forte desenvolvimento da leitura e da literatura dentro das gerações mais jovens.O livro "A Ficção como História - Resistência e Cumplicidades na Literatura Angolana Pós-Colonial" publicado pela editora Mercado de Letras vai estar à venda em Angola a partir de Março e vai ficar disponível mais tarde em versão digital graças a uma parceria com a editora francesa Africae. 

E o Resto é História
Caetano e Tomás nunca foram julgados. Porquê?

E o Resto é História

Play Episode Listen Later Feb 19, 2025 52:07


Após o 25 de Abril, o novo regime democrático preferiu exilar as principais figuras do Estado Novo, e a transição de poder acabou por se fazer sem julgamentos de ministros. A que se deveu essa opção?See omnystudio.com/listener for privacy information.

Em directo da redacção
Morreu a escritora portuguesa Maria Teresa Horta

Em directo da redacção

Play Episode Listen Later Feb 4, 2025 23:20


A escritora Maria Teresa Horta, uma das “Três Marias” do livro revolucionário “Novas Cartas Portuguesas”, morreu esta terça-feira, aos 87 anos. Há um ano, Maria Teresa Horta recordava à RFI como essa obra fez tremer a ditadura, num programa que aqui voltamos a publicar. O livro “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, foi uma revolução que, em 1972, ajudou a denunciar o regime ditatorial português ao mundo. A obra foi apreendida e as “Três Marias” foram para tribunal. A 5 de Fevereiro de 2024, aos 86 anos, Maria Teresa Horta recebeu a RFI na sua casa em Lisboa e falou-nos sobre os tempos em que as suas palavras tiveram um “efeito de bomba” sobre o fascismo. Um programa feito no âmbito dos  50 anos do 25 de Abril, em que a RFI falou com vários resistentes ao Estado Novo. “Eu acho que, naquela altura, em Portugal, não era nada estranho que este livro fosse tivesse esse efeito de bomba”, começa por dizer Maria Teresa Horta. E, de facto, o livro Novas Cartas Portuguesas, escrito por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, teve o “efeito de uma bomba” durante o Estado Novo. Foi uma revolta sem armas que ajudou a denunciar o regime fascista português ao mundo.A obra foi publicada em 1972 e, pouco depois do lançamento, a primeira edição foi recolhida e destruída pela censura, dando origem ao processo judicial das “Três Marias”, movido pelo Estado português. A ditadura considerou o livro como “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública” e as autoras estavam ameaçadas com uma pena entre seis meses a dois anos de prisão.Em causa, uma obra literária em que as mulheres falavam sem tabus do seu corpo, do desejo, mas também da violência e do estatuto social e político inferior de que eram vítimas. Denunciavam, também, a guerra colonial, a pobreza, a emigração, a violação sexual, o incesto, o aborto clandestino. O livro era, por isso, um perigo para o regime repressivo, retrógrado e fascista português e fez tremer o tecido político e social do país.Este livro, para mim, continua a ter o efeito da claridade. Naquela altura, num país fascista em que, na realidade, todos nós tínhamos uma tristeza intrínseca, uma revolta interior imensa, e exterior, nós só demos por que este livro até poderia ser perigoso, entre aspas, para nós, depois de ele ter sido proibido e ter havido aquilo tudo.As autoras de Novas Cartas Portuguesas já tinham publicado livros que considerados ousados no que toca àquilo que era esperado das mulheres. Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno tinham lançado, em anos anteriores, livros que denunciavam a opressão e a secundarização da mulher: Maina Mendes (1969) e Os Legítimos Superiores (1970). Em 1971, Maria Teresa Horta também publicava Minha Senhora de Mim e desafiava a moral e os bons costumes do regime fascista com uma escrita revolucionária e erótica. Por causa da sua poesia, Maria Teresa Horta foi perseguida pela PIDE, violentamente espancada por três homens e foi parar ao hospital. Em vez de a calar, o episódio bárbaro foi um motor de revolta e incitou a escrita de Novas Cartas Portuguesas. “É um livro político, essencialmente político, feito num país fascista"“Quanto mais me proíbem, mais eu faço”, resume Maria Teresa Horta na sua sala estofada de livros, em Lisboa. O livro “parte de uma realidade horrível” que foi simplesmente esta: “No tempo do fascismo, eu fui espancada na rua pelos fascistas”. Depois, no encontro semanal com as amigas Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, ela contou-lhes o que aconteceu e, na semana seguinte, surge o primeiro texto de Novas Cartas Portuguesas. Assim começava a aventura literária e política desta obra escrita a seis mãos.A partir daqui partem as ‘Novas Cartas Portuguesas'. O começo é este. É muito importante. Não é um começo intelectual. É, na realidade, aquilo que o livro tem de mais interessante porque é realmente um livro de ficção, porque é realmente um livro intelectual, mas se for ver bem - e não é preciso vasculhar muito - é um livro político, essencialmente político, feito num país fascista.Em Maio de 1971 começa o processo de escrita do livro que durará nove meses. Em Abril de 1972 eram publicadas as Novas Cartas Portuguesas, pela editora Estúdios Cor, sob a direcção literária de Natália Correia, a escritora que em 1966 tinha sido condenada a três anos de prisão com pena suspensa pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada “ofensiva dos costumes”. Ou seja, a obra que faz tremer o regime é escrita por três mulheres e editada por outra mulher. “Se a mulher se revolta contra o homem, nada fica intacto”, lê-se numa das cartas...“O livro foi feito por três mulheres e publicado por outra mulher e, naquela altura, estamos a falar de fascismo. Era fascismo puro e não havia mais ninguém que fosse capaz de fazer uma coisa dessas [publicar o livro] a não ser uma mulher”, acrescenta Maria Teresa Horta, lembrando que “as mulheres eram consideradas perigosas” se fugissem ao que se esperava delas socialmente.Recuemos no tempo: naquela altura [passaram pouco mais de 50 anos], na escola, a quarta classe apenas era obrigatória para os rapazes e os conteúdos curriculares reproduziam a lógica de submissão da mulher à esfera do lar e ao marido. Várias profissões estavam vedadas às mulheres, como a magistratura, a aviação e as forças de segurança. As discriminações salariais estavam consagradas na lei e o marido podia ficar com o ordenado da mulher e até proibi-la de trabalhar. Em 1946, o direito de voto foi alargado às mulheres chefes de família, mas retirado às mulheres casadas; o Código Civil de 1967 definia a família como chefiada pelo marido; era proibido o divórcio no casamento católico; a mulher precisava de autorização do marido para pedir passaporte e sair do país e a violência sobre as mulheres e as crianças não era criminalizada.Não espanta, por isso, que a censura se tenha apressado a retirar e a proibir Novas Cartas Portuguesas pouco depois da publicação. A seguir, “foi uma loucura”. Maria Teresa Horta recorda-se de ter sido surpreendida, na televisão, pelas palavras do presidente do Conselho, Marcello Caetano, no programa “Conversa em Família”. A poeta estava, precisamente, em família e ficou incrédula com o que ouviu.Marcello Caetano estava a fazer a ‘Crónica em Família', como se chamava e, de repente, diz: ‘Mas hoje tenho outra coisa a dizer: há três mulheres que não são dignas de ser portuguesas, Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa, que publicaram um livro que é uma vergonha para qualquer português'... Extremamente indignada, foi aí que Maria Teresa Horta percebeu que “isto vai dar um sarilho desgraçado”. Mas foi muito mais do que um sarilho. Foi a tal bomba contra o regime e respondeu a uma das perguntas que as autoras deixam no livro “O que podem as palavras?” Vitória literária e política contra a ditaduraDepois da censura, da proibição e do processo judicial instaurado contra Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa, surgiu uma enorme solidariedade que ultrapassou fronteiras e desencadeou protestos em vários países. Depois de banido, o livro foi imediatamente traduzido em França, Itália, Alemanha, Estados Unidos e é, até hoje, uma das obras portuguesas mais traduzidas em todo o mundo.Em França, Simone de Beauvoir, Marguerite Duras e Christiane Rochefort promoveram várias acções de luta, como a distribuição de panfletos, recolha de assinaturas para um abaixo-assinado entregue na Embaixada de Portugal em Paris e uma procissão das velas diante da Catedral de Notre-Dame. Também nos Estados Unidos e na Suécia se realizaram manifestações de apoio às “Três Marias”, e, nos Países Baixos, houve mulheres a ocuparem a Embaixada de Portugal. Em Junho de 1973, em Boston, na Conferência Internacional da National Organization of Women, em que participaram cerca de 400 mulheres, a luta das “Três Marias” constituiu-se como “a primeira causa feminista internacional”. Outro momento emblemático foi a leitura-espectáculo, a 21 de Outubro de 1973, “La Nuit des Femmes”, no Palais de Chaillot, em Paris, que deu origem ao documentário “Les Trois Portugaises” Delphine Seyrig (1974).A primeira sessão do julgamento decorreu no Tribunal da Boa Hora, em Lisboa, em Julho de 1973. No dia seguinte, começavam as férias judiciais, por isso, durante três meses as escritoras não voltaram ao tribunal. O início oficial ficou marcado para 25 de Outubro e a imprensa internacional estava de olhos postos nas “Três Marias”.Após sucessivos incidentes e adiamentos, o julgamento acabou por não acontecer graças à Revolução dos Cravos. Poucos dias depois do 25 de Abril de 1974, a 7 de Maio, a sentença foi lida, determinando a absolvição das “Três Marias”. O juiz Acácio Lopes Cardoso defendeu, então, que “o livro não é pornográfico, nem imoral” mas sim “obra de arte, de elevado nível, na sequência de outros que as autoras já produziram”.Para a história, ficou uma vitória literária e política de um livro escrito por três mulheres, com textos que cruzam poesia, romance, ensaio, contos e cartas, esbatendo noções de autoria e géneros literários e denunciando todos os temas censurados em plena ditadura.

Artes
BD recorda tempos em que os clandestinos eram os portugueses

Artes

Play Episode Listen Later Jan 8, 2025 12:48


“Em Silêncio” é uma banda desenhada de Adeline Casier que ilustra o que foi o “salto”, ou seja, a emigração clandestina para França de milhares de portugueses durante a ditadura do Estado Novo. Entre 1957 e 1974, 900 mil portugueses foram para França e milhares atravessaram as fronteiras sem passaporte. Foi o caso do avô da autora, cuja viagem clandestina para França é retratada na obra e mostra que os dramas da imigração ilegal continuam, só mudaram as nacionalidades dos protagonistas. A história de “Em Silêncio” começa com disparos sobre homens que caminham em fila algures nas montanhas dos Pirinéus. Estamos em Novembro de 1962 e a miséria, a falta de trabalho e a ameaça de mobilização para a guerra colonial obrigam João a deixar as filhas e a esposa na aldeia de Arnozela, no norte de Portugal, para procurar sustento em França. João vai à procura de uma vida melhor e mergulha numa viagem para o desconhecido depois de pagar a um passador. A sua história ecoa com as de tantos milhares de portugueses que a viveram e com as de tantos outros que hoje a repetem a partir de outros países.“Através da história do meu avô, espero que os leitores se possam identificar com uma história mais universal que é a da imigração ilegal”, conta a autora, que nos começa por explicar o porquê do título “Em Silêncio”. Esta história é baseada no testemunho do meu avô, mas eu criei uma parte. Há uma personagem que eu inventei e que não fez parte do seu testemunho. Existem também cenas que acrescentei para fins narrativos e para o argumento. De qualquer forma, no seu testemunho, o que aparecia muito era que nesta travessia que ele fez, havia esta coisa de se esconder sempre, de não fazer barulho, como se tivéssemos de ser um pouco transparentes... Esconder-se nas granjas, nas rochas, na natureza. E tudo porque ele atravessou a Espanha a pé.E depois, ‘Em Silêncio' porque, na minha história, o meu avô teve uma espécie de vergonha em relação ao que viveu e há toda uma reflexão em torno do facto de ter passado por tudo aquilo para chegar a um país onde não se sentia necessariamente confortável ​​ou não foi bem-vindo como esperava. É como um sonho desfeito. Esperávamos encontrar logo um trabalho, ter dinheiro, ter uma vida confortável e acaba por ser um pouco mais complicado do que isso. Também noutros testemunhos de migrações, ouvi muito sobre o medo de contar à família tudo por que se passou, tudo o que se viveu e que quando lá se chegou, foi difícil e houve uma espécie de desilusão. Foi aos 23 anos que Adeline pediu ao avô para lhe contar o que viveu e agora, com 27, publica a BD. O objectivo não é fazer do avô um herói, mas mostrar a dimensão universal e intemporal da emigração. Desde pequena, ela sempre ouviu os relatos da mãe, de onde sobressaía a imagem do avô a entrar em França escondido numa carrinha carregada de porcos que iam para o matadouro. Esta é a história do meu avô. Pedi-lhe para me contar a sua história, como chegou a França. Tudo começou porque a minha mãe me contava uma pequena parte dessa história que é o momento em que o meu avô teve de atravessar a fronteira entre Espanha e França. Como havia o risco de controlos da alfândega, ele escondeu-se num camião de porcos com outras pessoas que emigravam. Tiveram que se esconder porque isso evitava que a alfândega revistasse os camiões e também porque conseguiam estar no quentinho porque era no inverno.Por isso, sempre tive esta história na cabeça, desde a minha infância, e quis saber mais. Então, pedi ao meu avô que me contasse a sua história e decidi fazer um livro. É preciso ver que as histórias de imigração ilegal são muito contemporâneas.  Ainda que esta história conte momentos vividos que podem ser muito diferentes de alguém que hoje migre de um país africano para França, penso que se encontram imensas dificuldades para se chegar a este país e para se ser acolhido como se deve, com respeito. Há, ainda, um certo "silêncio" em torno da história da emigração portuguesa para França durante a ditadura do Estado Novo. Nos últimos anos, o tema começou a ser mais tratado em filmes, livros, estudos académicos e isso contribuiu para se começar a falar mais no seio das próprias famílias, até graças à curiosidade das gerações mais novas que procuram as raízes. Foi o que aconteceu, também, com Adeline. Antigamente, tinha-se medo de falar. Não era bem medo, eu diria que não nos atrevíamos a falar das dificuldades da vida, de quando chegávamos ao país de destino e vivíamos na pobreza ou não era o que esperávamos. Talvez tivéssemos medo do olhar dos outros, que dissessem “foi para isso que saíram do país”…. E depois há muitos portugueses que tiveram a impressão de que essas pessoas que partiram traíram o país. Bem, foi o que ouvi, não é o que penso, mas foi o que ouvi. Acho que isso também deve ter contribuído para o facto de não se querer contar esta história.Além disso, em França ouvi muito a frase ‘Ah, os portugueses são mesmo bons trabalhadores, nunca dizem nada, nunca se queixam'. Mas acho super hipócrita dizer-se isto porque mostra que os portugueses não tinham meios para falar e dizer o que sentem ou não podiam porque se o fizessem o patrão poderia dizer-lhes: "Então amanhã não venha trabalhar' e se não houver emprego, não há papéis. Isso colocava as pessoas em situações muito complexas e em que não tinham voz. Fazer este livro foi também uma forma de dar voz ao meu avô, de o homenagear e de lhe dar a voz que ele talvez não tenha tido naquela altura.Ele saiu de Portugal porque havia a ditadura salazarista e porque houve mobilizações para levar pessoas para Angola, para Moçambique. Depois, a França beneficiou bastante porque houve muitos portugueses que vieram para França sabendo que o país tinha de ser reconstruído depois da guerra e que encontrariam trabalho imediatamente. Este foi também o caso dos italianos durante um período e os patrões beneficiaram porque tinham mão-de-obra barata que podia realizar trabalhos difíceis. A história do avô e dos seus companhieros de viagem é uma longa travessia que dura noites e dias. São quilómetros e quilómetros e quilómetros a caminhar imenso a pé, a dormir ao relento e em granjas, sempre escondidos, à mercê do frio, dos passadores e da eventual solidariedade de quem cruzassem. Pelo caminho, perde-se a noção de tempo e espaço, há fome, sapatos rotos, encontros e desencontros. Os contrastes dos desenhos, a preto e branco, acentuam as paisagens interiores e exteriores que acompanham as personagens. Gosto muito de trabalhar a preto e branco. Tentei trabalhar com cor, mas não funcionava. O preto e branco e os contrastes que posso obter com o meu lápis também me permitem usar esses ambientes cinzentos como uma ferramenta para contar histórias. Na verdade, não é só dar a atmosfera de uma cena, a luz, é também a forma como conto uma história, como posso intensificar a emoção de uma personagem, por exemplo, ou destacar um elemento graficamente para reforçar algo. Na verdade, o meu preto e branco, os meus contrastes são uma ferramenta gráfica da narrativa.Como o meu avô me contou a sua história, eu quis conseguir transcrever pela narração os seus sentimentos. A certa altura, havia realmente uma noção de perda de tempo porque ele tinha constantemente de atravessar caminhos de montanhas, vales, e esconder-se… Por vezes podia ser recuperado por um passador a meio da noite ou a horas completamente aleatórias porque era perigoso e talvez fosse melhor atravessar à noite porque havia menos risco de se encontrarem pessoas ou porque os passadores só podiam chegar nessa altura - muitas vezes eram pessoas que faziam outras coisas em paralelo.O meu avô contou-me que, quando ele fez a travessia, houve pessoas que não chegaram ao fim. Há, ainda, os ecos da “fotografia rasgada” a recordar a forma como se pagava aos passadores e em homenagem ao trabalho do cineasta que mais retratou a emigração portuguesa em França, José Vieira. Também se vê a pobreza dos bairros de lata desenhados a partir das imagens de Gérald Bloncourt, o fotógrafo franco-haitiano que também escreveu um capítulo da história dessa emigração.Através da história do meu avô, espero que os leitores se possam identificar com uma história mais universal que é a da emigração ilegal (…) Espero que isto possa criar uma reflexão sobre as migrações e sobre a visão que temos em relação às pessoas que consideramos estrangeiras no nosso país. Bem, não tenho a certeza que a palavra ‘estrangeiro' seja uma boa palavra porque podemos não ter exactamente as mesmas culturas, mas somos todos seres humanos que sentem coisas, que experienciam coisas e somos, um pouco, todos iguais.Há pouco mais de 50 anos, milhares de pessoas fugiam de Portugal, onde estavam privadas de tudo, incluindo das necessidades mais básicas como o pão, a saúde, a educação e a liberdade. A BD “Em Silêncio” recorda-nos que ontem eram os portugueses a atravessarem fronteiras sem documentos e que hoje são tantos outros povos a entregarem-se a passadores e a rotas desconhecidas para tentarem, simplesmente, uma vida melhor.

Gas Giants
Xmas Special ! Crate Diggin' With Luca from 8mm Records!

Gas Giants

Play Episode Listen Later Dec 20, 2024 60:15


One of the first things that Luca turned up was this rarity, which features the father of Jamiroquai's Jay Kay….but which one of those masked men is he?The Businesses* 8mm Records itself is all over Instagram, but you can see their Discogs page HERE. * Fiasco Porto is a Tokyo Jazz Kissaten in the Heroismo quarter of Porto. HERE is an article from a Portuguese lifestyle magazine, which has some great photos.* HERE is the Discogs page for 8mm records, the label.* 8mm in Barcelona can be located through their instagram 8mm_bcn. * From Jan 1st the new website should be up. Link HEREThe MusicWe talked a lot of Music with Luca and it would be impractical to list everything, but there are some highlights to point out…* HERE is a long dissertation about New Music during the Estado Novo, which we touched upon during our conversation.* * Miles plays Cascais…* …then Charlie Haden plays Cascais with Ornette Coleman and runs in to a little problem with the PIDE…* We also mentioned Sonoscopia, which has done a lot for “Outsider” Music. Link HERE* A record from the Quarteto Smoog turned up in a crate……and this one is planned as a reissue.Other Record Shops in PortoAside from Luca's operation, the invincible city has much to offer the record collector. Here are some of Gav's favourites…* Porto Calling. A great city centre shop tucked into a 60's era arcade. Good selection of second hand and new vinyl, which changes regularly. Great website with a full mail order catalogue available HERE. * Discos do Bau. Not far from the Miquel Bombarda gallery quarter. Good selection of Rock, Pop, Jazz and even some Classical; all second hand. Full website available HERE.* Louie Louie, also city centre location. I have yet to go into this shop without coming out with something. Website HERE.* Away from Porto, we also mentioned this combination of Air bnb and Record shop in London, HERE.Subscribe to Gas GiantsRSS https://api.substack.com/feed/podcast/311033.rss This is a public episode. If you would like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit gasgiants.substack.com

Convidado
Documentário francês recorda jogo duplo de Salazar na Segunda Guerra Mundial

Convidado

Play Episode Listen Later Dec 12, 2024 13:42


O filme “Salazar - Le Portugal à quitte ou double”, de Bruno Lorvão e Christiane Ratiney, que vai ser difundido no canal France 5, a 22 de Dezembro, recorda o papel de Portugal durante a Segunda Guerra Mundial e como é que Salazar mantinha relações diplomáticas e comerciais tanto com Winston Churchill quanto com Adolf Hitler. Bruno Lorvão falou-nos sobre "o país esquecido na Segunda Guerra Mundial" e como o conflito permitiu a Salazar consolidar a ditadura que viria a ser a mais longa da Europa. RFI: O filme chama-se “Salazar - Le Portugal à quitte ou double”. Queria que nos explicasse o título e a partir daí fizesse um pequeno resumo do filme...Bruno Lorvão, Realizador: "O título está ligado ao póquer, ao jogo de cartas, e em português pode-se-ía traduzir por tudo ou nada. A situação de Portugal era uma situação rara no continente europeu, era um país que conseguiu ter relações comerciais e políticas com os dois blocos que se enfrentavam. É um país esquecido na história da Segunda Guerra Mundial e esse papel de neutralidade teve alguma importância no decorrer da guerra."Porque decidiu fazer um filme sobre Salazar, o homem que implementou a ditadura mais longa da Europa? Não é, de certa forma, dar palco a um ditador?"É dar chaves de compreensão sobre o que se passou naqueles anos em Lisboa e em Portugal. É uma história desconhecida fora de Portugal e muito pouco conhecida em Portugal. Por isso, são duas boas razões para contar essa história e para sabermos mais sobre o nosso país e sobre a história de Salazar também."Contou-me, nos bastidores, que é um dos primeiros filmes que fala especificamente sobre este tema. Quer explicar-nos?"Exacto. Há um filme documentário só de arquivos chamado “Fantasia Lusitana” que é um filme muito bonito que fala de Lisboa durante a Segunda Guerra Mundial e, de alguma forma, também de Salazar. O nosso é inédito pelo facto de, pela primeira vez, um filme ir buscar o trabalho histórico feito pelos historiadores e tenta sintetizar esses cinco anos de história de Lisboa durante a Segunda Guerra Mundial, que é uma história de diplomacia, uma história de relações económicas, uma história complexa que não foi nada fácil de sintetizar em 52 minutos com a Christiane Ratiney. É um filme que vale a pena quando nos interessamos pela Segunda Guerra Mundial. Vale a pena descobrir."O filme tem imagens de arquivo, ilustração, fotografias… Sabendo que Salazar era conhecido como um ditador austero que fugia das câmaras, de onde vêm estas imagens e como é que construíram este documentário?"Grande parte dos arquivos vêm da Cinemateca Portuguesa e das produções do Estado Novo, dos boletins informativos que eram da propaganda. E aí encontramos as poucas imagens de Salazar, de Carmona, que era o Presidente da República na época, e fomos buscar alguns arquivos à BBC, e alguns arquivos privados.É um filme feito com 100% de arquivos, mas tivemos que recorrer à animação para entrar no escritório de Salazar, no Palácio de São Bento, a residência oficial dos primeiro-ministros. E aí desenhámos um Salazar, inventámos um Salazar, um escritório como era naquela época, para podermos contar aquela pressão que Salazar teve durante estes três, quatro anos e que são chaves para perceber a duração de Salazar nos 30 anos que se seguiram. Ou seja, se Salazar chegou até ao fim dos anos 60 ileso, foi graças, em grande parte, ao papel que ele teve na Segunda Guerra Mundial."Quais são os principais factos que vocês contam no documentário e que, como dizia, não são assim tão conhecidos? Como é que Salazar conseguiu fazer este jogo duplo com os Aliados e com a Alemanha nazi?"Factos há vários. Há fases. A primeira fase é a fase dos refugiados, várias dezenas de milhares de refugiados que chegaram a Portugal e a Lisboa, que tiveram um impacto forte, muitos deles judeus. Um outro facto é que Portugal tinha volfrâmio, que era um mineral importante para a indústria militar alemã, e as minas mais importantes de volfrâmio na Europa do Oeste eram em Portugal. A partir daí, a Alemanha precisava de Salazar e de ter relações económicas com Salazar. Depois houve outro tema que era que Franco ameaçou invadir Portugal. Salazar foi jogando aquele jogo, sendo Portugal o mais velho aliado dos ingleses e o regime sendo de cultura fascista - que tinha relações com Franco, Mussolini e Hitler - ele foi ali tendo relações com as duas frentes."No início do filme, a narradora conta que em Junho de 1940 Salazar sabe que a independência de Portugal está ameaçada porque o país é só um peão no tabuleiro das grandes potências, numa altura em que a Europa está a ferro e fogo e só Churchill resiste ainda a Hitler. Salazar, ditador fascista mas aliado histórico de Inglaterra, acaba por transformar esta fragilidade numa força…"Também vemos que Lisboa é a única capital do mundo onde temos alemães e ingleses e onde se pode apanhar um avião - se as pessoas tiverem boas relações, claro - de Berlim até Lisboa, passando por Barcelona e depois apanhar um avião de Lisboa até Londres."Como é que isso acontece e até que ponto é que realmente Portugal foi neutro? Que neutralidade era esta? "A neutralidade é muito relativa, mas Salazar percebeu que nem os Aliados nem o Eixo queriam abrir uma nova frente militar porque abrir uma frente militar na Península Ibérica era pedir um esforço a mais às estruturas militares de cada uma das frentes. A partir daí, Salazar sabia que tinha ali um espaço de negociação com Hitler e com Churchill. A única preocupação que ele teve foi com Franco nos primeiros meses. Salazar não deixa de ser uma personagem intrigante na maneira como ele conseguiu organizar este papel bem particular de Portugal durante a Segunda Guerra Mundial."Voltemos aos cerca de 20.000 refugiados europeus que chegam a Portugal. No filme, contam que Lisboa era “uma sala de espera a céu aberto” de milhares de pessoas que esperavam ir para a América.  Lisboa era mesmo considerada “o último porto livre da Europa”, mesmo com os portugueses sob o jugo fascista? "Sim, era, e o que foi interessante foi o encontro desses dois mundos: um Portugal ainda com dois pés no século XIX e uma burguesia - porque muitos dos refugiados eram pessoas que tinham dinheiro - com senhoras que tinham o cabelo desfeito, umas saias um bocado curtas. Houve ali um encontro de dois mundos... E essas questões de moralidade foram de alguma preocupação para o regime conservador de Salazar."Isso não foi um “murro no estômago” para os portugueses que, de repente, viram aquele outro mundo mais aberto? Como é que isso não abalou a ordem social e moral em Portugal?"Salazar conseguiu porque tinha a polícia política ao seu lado e tinha a Legião Portuguesa também e os militares, de alguma forma, com ele. Mas não deixa de ser verdade que nestes anos de guerra, graças aos refugiados, pela questão cultural e, de certo modo, pela liberdade que trouxeram à cidade de Lisboa, as pessoas descobriram o que era ser moderno. Houve também revoltas de fome no país, no fim da guerra, ou seja, os anos de guerra em Portugal que aparecem como anos de estabilidade, afinal foram anos de grande tensão e de alguma instabilidade para o regime de Salazar."No filme contam que Lisboa era considerada “a nova cidade-luz”. Porquê? "Nessa altura havia actores alemães, havia actores americanos, franceses, escritores ingleses que vinham passar férias em Portugal. As pessoas ligadas a Hollywood para irem para Londres tinham que passar por Lisboa. Ou seja, apanhavam um avião transatlântico que fazia uma escala nos Açores. Depois paravam em Lisboa e em Lisboa apanhavam outro avião. Então Lisboa era o centro nevrálgico que ligava Londres aos Estados Unidos e, a partir daí, todas as vedetas do mundo do cinema europeu e do cinema americano, muitas, passaram por Lisboa."Queria que voltássemos ao alegado projecto de invasão espanhola de Portugal, apoiado por Hitler para enfraquecer Churchill. Que plano foi este e como é que Salazar o consegue contornar? "Havia a chamada “Operação Félix”, que era uma operação para pôr a mão no estreito de Gibraltar, onde havia uma base britânica. Mas entrar em Gibraltar implicava invadir Portugal, mesmo Portugal sendo um país fascista. A partir daí, alguns membros do governo de Franco pensaram seriamente em invadir Portugal e foram para Berlim ver se Hitler apoiava o projecto. Não foi por muito que escapámos a uma nova invasão dos nossos queridos irmãos ibéricos…"Qual foi a estratégia de Salazar? "Salazar conhecia muito bem a situação em Espanha e explicou a Churchill que os espanhóis estavam a passar fome e que Franco estava à rasca, não tinha como alimentar a população, mas que se lhe desse trigo, safava-se com a Península Ibérica e com Franco. Enquanto desse trigo, Franco não podia ir contra Portugal e como Hitler não ajudou Franco como Franco queria, a partir daí a situação estabilizou."Vocês abordam, ainda, a batalha do Atlântico e o papel dos Açores. Qual foi o papel dos Açores e como é que os Açores serviram de moeda de troca para assegurar a sobrevivência da ditadura portuguesa depois da guerra?"Os Açores foram o trunfo final de Salazar e a carta maior de Salazar durante a Segunda Guerra Mundial, aquela que ele usou mesmo no último instante da guerra. Ele sabia que os Aliados precisavam dos Açores para estabilizar o Atlântico Norte, com os u-boots alemães que afundavam barcos aliados e precisavam dos Açores para fazer uma ponte aérea para fornecer Inglaterra em homens e armamento, etc. Ele negociou esta carta durante três anos e só autorizou os ingleses e depois os americanos instalarem uma base nos Açores nos momentos finais da guerra, quando Salazar ainda negociava volfrâmio com Hitler e fazia comércio com Hitler.Depois, houve ali um momento em que os Estados Unidos já não podiam com Salazar, ameaçaram depô-lo e contactaram a filha do Presidente Carmona para ver se havia uma maneira. Então, Salazar percebeu que já não podia esticar a corda e autorizou a instalação dos britânicos e depois dos americanos nos Açores. Hitler morre, a guerra acaba e ele sai completamente ileso dessa Segunda Guerra Mundial e até sai reforçado. Ou seja, a guerra permitiu a Salazar instalar de vez o Estado Novo."Este é o seu segundo filme difundido este ano na televisão francesa, no ano do cinquentenário da Revolução dos Cravos. O primeiro foi “La Révolution des Oeillets”, agora este sobre Salazar e a Segunda Guerra Mundial. Porquê apostar na história portuguesa contemporânea para um público francófono?O meu combate é sempre o mesmo. Somos um país pequenino, com uma produção audiovisual que produz coisas, mas que não tem os meios da produção francesa, a qual tem alguma abertura que permite contar histórias que não são histórias unicamente francesas. Com os mais de um milhão de franco-portugueses que há neste país, há um espaço para falar da história de Portugal aqui em França e também para os portugueses. Haverá outros projectos, com certeza, e agradeço à France Télévisions e ao sistema audiovisual francês por nos permitir produzir este tipo de projectos, porque projectos feitos só de arquivos são  complicados e só se podem fazer em boas condições.

Favas Contadas
Porque no Natal se come polvo no Minho e bacalhau no resto do país?

Favas Contadas

Play Episode Listen Later Dec 10, 2024 17:30


Em Portugal, toda a gente come bacalhau na Consoada. A não ser uma pequena região no Norte do país que insiste em comer polvo. Mesmo quando tinha de o trazer em contrabando para fugir às proibições do Estado Novo. Saiba como surgiu e como se manteve a tradição do polvo no Minho, durante o Natal.

Expresso - Humor à Primeira Vista
Jovem Conservador de Direita: “Tal como faziam piadas sobre o Nilton, agora é fixe fazer sobre o Diogo Faro. Para não ficar de fora da matilha os humoristas vão lá bater”

Expresso - Humor à Primeira Vista

Play Episode Listen Later Dec 10, 2024 59:41


No novo espetáculo de stand-up comedy, “Em cada esquina um Salazar”, o Jovem Conservador de Direita homenageia o Dr. Salazar, o Estado Novo, e os saudosistas pelo passado. Bruno Henriques e Sérgio Duarte, os humoristas responsáveis pela personagem, preparam-se para celebrar dez anos desta criação em 2025. Desde então, o contexto político português e internacional alterou-se ao ponto de as supostas barbaridades que o Doutor diz serem agora superadas por políticos e cronistas, sem qualquer ironia ou sarcasmo. No Humor À Primeira Vista, com Gustavo Carvalho, os humoristas refletem sobre o espaço da personagem quando a realidade ultrapassa a ficção, revelam as dificuldades de construir um projeto independente fora de Lisboa, explicam porque a competitividade do meio os afasta da stand-up comedy e afirmam que falar sobre Diogo Faro já se tornou uma piada habitual na comédia portuguesa.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Fundação (FFMS) - [IN] Pertinente
EP 192 | POLÍTICA: política e religião

Fundação (FFMS) - [IN] Pertinente

Play Episode Listen Later Dec 6, 2024 46:40


Em época natalícia, o politólogo João Pereira Coutinho e o humorista Manuel Cardoso reúnem-se para falar de política e religião.Neste episódio, trazem-nos conceitos da teoria política e exploram as razões por trás do declínio da influência da religião no Ocidente.Falam depois da relação entre a fé e a democracia: poderá este regime político conviver com a religião? Alexis de Tocqueville, pensador político e historiador francês do século XIX, defendia que sim, mas estaremos hoje a ficar menos democratas e mais próximos do fanatismo religioso?Mas a dupla vai falar também desta realidade em Portugal. Viaja pelo calor da Primeira República anticlerical e urbana num país fortemente católico e discute a ambiguidade tática de Salazar, com o seu lema ‘Deus, Pátria e Família'.Chegaremos, por fim, à atualidade e às recentes decisões relacionadas com a interrupção voluntária da gravidez, a eutanásia ou o tão falado palco das Jornadas Mundiais da Juventude.REFERÊNCIAS E LINKS ÚTEISBibliografia:Aron, Raymond, «L'opium des intellectuels» (Fayard)Cruz, Manuel Braga Da, «Os Católicos, a Sociedade e o Estado» (UCP)Dusenbury, David Lloyd, «The Innocence of Pontius Pilate» (C. Hurst)Lilla, Mark, «The Stillborn God: Religion, Politics and the Modern West» (First Vintage)Lindsay, A.D., «The Modern Democratic State» (Oxford University Press)Tocqueville, Alexis De, «Da Democracia na América» (Relógio D'Água)Filmes:«Um Homem para a Eternidade», de Fred Zinnemann (1966)«Persépolis», de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi (2007)BIOSMANUEL CARDOSOÉ humorista e um dos autores do programa de sátira política «Isto É Gozar com Quem Trabalha», da SIC. Faz parte do podcast «Falsos Lentos», um formato semanal de humor sobre futebol. É o autor da rubrica radiofónica «Pão Para Malucos», que esteve no ar diariamente na Antena 3 de 2018 a 2021JOÃO PEREIRA COUTINHOProfessor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, onde se doutorou em Ciência Política e Relações Internacionais. É autor dos livros «Conservadorismo» (2014) e «Edmund Burke – A Virtude da Consistência» (2017), publicados em Portugal e no Brasil. 

45 Graus
#176 Nuno Palma - “As Causas do Atraso Português”

45 Graus

Play Episode Listen Later Dec 4, 2024 129:15


Nuno Palma é Professor Catedrático no Departamento de Economia da Universidade de Manchester, no Reino Unido, e Diretor do Arthur Lewis Lab for Comparative Development, da mesma universidade. Investigador do Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa, e do Centre for Economic Policy Research, Londres. Galardoado com vários prémios internacionais, incluindo o Prémio Stiglitz, atribuído pela International Economic Association. Licenciado pela Universidade de Lisboa e doutorado pela London School of Economics. -> Apoie este podcast e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em: 45grauspodcast.com -> Deixe o seu email aqui para ser informado(a) do lançamento do Curso de Pensamento Crítico. _______________ Índice: (0:00) Introdução (4:13) Início | Livro do convidado: «As Causas do Atraso Português» | Evolução do PIB per capita de Portugal nos últimos séculos (8:36) A importância das instituições no desenvolvimento. | Prémio Nobel Economia 2024: Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson (13:42) Período entre 1640 e as Invasões Francesas de 1808-14 | Artigo sobre capacidade orçamental do Estado (26:01) O puzzle do fiasco da Monarquia Liberal (40:06) Primeira República | A. H. de Oliveira Marques (48:18) Estado Novo (1:03:50) Como é que uma ditadura pôde gerar desenvolvimento? (1:19:46) Transição para a democracia | O efeito do PREC (1:26:48) A Democracia | Worldwide Governance Indicators | O problema da Justiça  | Evolução do nr de alunos no ensino secundário (1:46:37) Como é que o aumento da escolarização não tem gerado crescimento? | Literacia financeira  1:53:46 Desigualdade | Maldição dos Fundos Europeus? ______________ Esta conversa foi editada por: DBF Estúdio

Convidado
Marias de Abril: As vozes silenciadas na luta pela liberdade

Convidado

Play Episode Listen Later Dec 4, 2024 31:22


A exposição "Marias de Abril: o cravo no feminino" é inaugurada esta quarta-feira, 4 de Dezembro, na Casa de Portugal André de Gouveia, na cidade universitária de Paris. O vernissage junta a artista plástica Melanie Alves e a cantora A Garota Não, nome artístico de Cátia Oliveira. A exposição homenageia mulheres que resistiram à ditadura do Estado Novo, muitas vezes esquecidas pela história, incluindo pintura, instalações, bordados ou ainda cerâmicas. RFI: Como é que surge este encontro entre os vossos trabalhos?Melanie Alves: Eu acho que é quase o destino. Quando começámos a falar com a Maison du Portugal acerca de fazer uma exposição, e com o aniversário dos 50 anos do 25 de Abril, comecei a ver que não havia vozes de mulheres. A história era sempre contada no masculino. Eram sempre generais, políticos,  polícias, o ditador. Quando comecei a procurar, achei que fazia todo o sentido fazer esta homenagem a mulheres e retirá-las da sombra. Dizem que atrás de um grande homem está sempre uma grande mulher. Comecei a questionar onde é que estavam as grandes mulheres. Sinto que há uma grande ligação com a Cátia, admiro imenso o trabalho dela - ela sabe-o e para mim é importante contar histórias, tentar mexer com as pessoas, tentar mostrar a importância e a valorização da vida humana e neste caso das mulheres, fazer realmente com que haja outras perspectivas, outros pensamentos ou unir comunidades. E sinto que a Cátia fala disto muito bem nas suas canções.Cátia, como recebeu este convite por parte da Melanie?Cátia Oliveira: Tenho de confessar logo à partida que não conhecia de todo a obra da Melanie, muito infelizmente, mas cheguei, como se diz; tarde, mas com muita vontade. Este e-mail da Melanie e da sua produtora fez-me sentir muito lisonjeada. Não é a minha primeira vez em Paris, mas é a primeira vez em Paris no sentido em que vim convidada para trabalhar. Depois lisonjeou-me sobretudo a ideia de poder fazer parte de um encontro que também a mim me significava muito. Não era a ideia de só vir dar um pequeno concerto em Paris. Não era esse o deslumbre, mas era a ideia de vir participar num encontro onde as peças, a ideologia por detrás das peças, a preocupação ambiental, a preocupação activista com o papel da mulher no que é que foi e no que é agora e no que nós queremos que seja agora o papel da mulher.Depois de perceber o percurso da Melanie porque eu também sou um bocadinho exigente com as parcerias que faço, e não tem nada a ver com vaidade, mas com a ideia de precisar de perceber se o nosso encontro vai ser um encontro de almas. Não tem a ver com estatuto ou não ter estatuto. Pode ter começado agora, mas se tem a ideia, se tem a beleza do que quer passar, se me faz sentido, se tem intenção, para mim está tudo bem. Quando fui um bocadinho ao passado da caminhada artística que a Mélanie tem feito, percebi que ela também tem este trabalho muito envolvido com o trabalho social, com esta matriz transformadora do tempo. Um dos projetos que me tocou, que ela tinha feito anteriormente, foi um trabalho grande com mulheres reformadas, com um projecto sobre a terceira idade.Melanie: O projecto As vozes da Avó.Cátia: Esta consciência e este desejo de fazer um trabalho artístico e consequente. Esta parte para mim é que é a ponte que nos faz trabalhar em conjunto aqui em Paris. Depois há uma coisa muito curiosa: num mundo tão imenso e a Melanie é misturada, todos somos, mas ela poderá falar disso melhor, mas viveu muito tempo fora de Portugal, mas somos curiosamente da mesma cidade, Setúbal, que é a coisa curiosa. Temos a mesma idade....Melanie: Temos a mesma idade, somos da mesma cidade, provavelmente até temos as mesmas referências de crescer lá da zona. Dou por mim a pensar que nos cruzamos nos sítios sociais, não no Liceu, mas se calhar nos sítios de convívio. É muito interessante. O destino tem destas coisas.Parte destas oito mulheres que tomaram a palavra a dada altura na História. Estas mulheres representam aquelas que não puderam fazê-lo?Melanie: Com a escolha destas mulheres, tentei demonstrar que no mundo de hoje estamos todos em correria, estamos todos demasiado estimulados pela tecnologia, pelos media, pelas redes sociais e tudo mais, estamos cada vez mais individualistas e estamos a perder o toque humano. Estamos a desvalorizar a vida humana.Acho que ainda há muitas grandes mulheres para saírem da sombra do Estado Novo. Estas foram as que mais tocaram, que mais me intrigaram por certos detalhes, mas o que acho que é importante realçar é que, cada uma à sua maneira, directa ou indirectamente, mais ou menos conhecida, cada uma tem a sua história com valor e importância. Não é só a escritora mais conhecida ou a poeta mais impactante, que realmente tem uma história importante para ser contada.Temos o caso de, por exemplo, da Conceição Ramos, cuja história é pouco conhecida. Ela foi praticamente a vida toda criada de serviço, antes disso trabalhou no campo, desde os 14 anos. No entanto, foi tentando perceber como ajudar, foi encontrando a sua comunidade até na sua paróquia, na igreja e fundou o Sindicato do Trabalho Doméstico. Não estamos a falar de uma pessoa que foi à faculdade, que estudou, que tinha influências a nível familiares, ou seja o que for, não: ela disse basta! E defendeu que ser criada de serviço é um trabalho que decidiu fazer, um trabalho digno...Cátia: Um trabalho com horários e que não implica extras sexuais.Mélanie: Exactamente! Com direitos, defendendo que tinha de haver regras e respeito. Hoje em dia ainda se vê muito isto, infelizmente. Mas é preciso perceber, para o motor gigante do mundo consiga rodar a 24 horas, que todos os trabalhos são importantes; desde a empregada doméstica até ao Presidente da República.No vosso trabalho vocês também dizem basta?Cátia: Dizemos todos os dias. Posso falar com mais propriedade sobre a música e menos das artes plásticas ou de outro sector das artes. Sinto que enquanto música, para ser a música que quero ser, abdico de muita coisa. Também digo que não a muita coisa e isso faz com que as consequências a seguir sejam que haja menos disponibilidade para nos receber, menos visibilidade dada ao trabalho. Fala-se do assédio sexual no cinema, por exemplo, mas também na música. Isto é muitíssimo sentido.Começa a falar-se e, mais recentemente, no jazz português...E o jazz português é um exemplo tristíssimo porque é uma coisa muito mais transversal a qualquer género porque aquilo não é só na casa do jazz. Nós vamo-nos conhecendo enquanto artistas, vamos marcando uma espécie de identidade. É o que tenho de fazer. Muitas vezes é preciso perceber que não quero tocar no Festival X porque aquele festival, para mim, não cumpre nenhum papel cívico, consciente, constructivo, transformador, alargador de consciência.As ligações de que falava no início da entrevista?Sim, claro. Porque determinado evento é patrocinado por pelo banco Y ou pela gasolineira tal. Eu até posso ir a esse festival, mas é importante que eu diga nesse festival que a gasolineira tal me envergonha enquanto cidadã, pelos lucros multimilionários que têm anualmente num país que está a viver com tantas dificuldades e tantas misérias. Depois percebo que isto há de ter consequências.Tem consequências?Sim. Esse festival, por exemplo, a que me refiro, duvido que mais algum dia me convidem para fazer um concerto, mas fico muito mais tranquila se pensar que cumpri o meu papel de artista. Para mim, ser artista tem que ter algum papel de transformação e de provocação.Neste ano em que se assinalam 50 anos de liberdade em Portugal, o que significa para vocês a palavra a liberdade?Melanie: Tenho assim, como se diz em inglês mixed feelings, por um lado, dou graças às mulheres e homens que lutaram, que foram oprimidos, que foram agredidos, que lutaram por nós para pavimentar o nosso caminho, para nós podermos sentir que somos livres hoje. Por outro lado, às vezes sinto-me um bocado desiludida. Sinto-me desiludida de termos que continuar a falar sobre igualdades. Sinto-me um bocado desiludida de sentir que quando estamos a falar de igualdade de direitos estamos a falar de igualdade de direitos perante homem e mulher. Mas eu estou a falar de igualdade perante; empregada doméstica e político. Percebemos que as coisas são diferentes e que isto é tudo muito complexo. Tudo bem que as coisas têm hierarquias diferentes, mas eu acho que há um grande basta: Como é que falamos sobre liberdade e, no entanto, vemos situações no nosso país, em Portugal, de pessoas por causa de taxas, por causa de inflação, seja por que razão, perdem empregos, não podem pagar rendas. Ainda há uma situação muito complexa e sinto-me desiludida por não estar resolvida, passados 50 anos.Cátia, sente que ainda hoje, o impacto da censura e das desigualdades do Estado Novo se refletem nas nossas gerações, 50 anos depois?Cátia: É que nem consigo comparar. Se eu pensar na música e pensar no percurso como o do Zeca Afonso, do Sérgio Godinho, doJosé Mário Branco que tiveram que sair do país porque ali a palavra deles era terminantemente proibida. Acho que não estou num momento em Portugal em que possa sequer comparar. Daí que eu até tenho aqui um problema quando me apresentam como cantora de intervenção, fico com um bocadinho de desconforto porque cantor de intervenção, para mim tem este período cronológico muito marcado e está muito associado àquela pré 25 de Abril, toda aquela fase final da ditadura pela qual contra a qual esta gente lutou muito.Para preparar esta entrevista e ao descobrir este trabalho da Melanie Alves foi impossível não pensar no trabalho do livro pioneiro As mulheres do meu país de Maria Lamas e mais recentemente no filme de Marta Pessoa Um nome para o que sou e no livro da Susana Moreira Marques Lenços Pretos, Chapéus de Palha e Brincos de Ouro. São mulheres que viajaram com um livro para perceber a própria história. É isso que também procura fazer? Mélanie: A certa altura da minha vida não fazia sentido continuar a fazer arte que fosse o eu e eu e o que me acontece a mim mesmo, sentia que faltava qualquer coisa e foi aí que comecei a virar-me para os problemas sociais e para o que acontece em tanto sítios onde estou, como no mundo. Começo logo a sorrir, a pensar nas mulheres do meu país, porque eu sinto uma grande proximidade, relativamente ao facto de Maria Lamas ter dito um basta. Foi um basta também porque estava a ser censurada, simplesmente por estar a demonstrar que a mulher portuguesa era maioritariamente analfabeta camponesa, vivia em situações precárias e trabalhava imenso. Foi censurada por isso e decidiu durante dois anos viajar de norte a sul e descrever essa realidade.Até me arrepio porque quando eu acabei as vozes da avó, essa era a minha ideia; fazer dois anos e provavelmente ainda vai acontecer, mas como eu sentia que os avós e os senhores estavam tão isolados, queria ir de norte a sul as aldeias assim mais remotas, falar e entrevistar e dar a conhecer a história.A exposição para mim não é para ter simplesmente a minha perspectiva ou a minha retórica. É para intrigar e para fazer as pessoas pensar, para terem curiosidade. Porque quando decidi fazer esta exposição sobre as mulheres conhecia muito poucas mulheres que tinham lutado contra a opressão da ditadura. Dei por mim a achar que era ignorância minha de realmente conhecer tão poucas. Mas quanto mais pesquisei, estudei e mais comecei a falar com o meu núcleo de pessoas, notei que não era só minha ignorância. Há uma ignorância geral, muita gente não conhece até os nomes mais mediáticos.Cátia: A Maria Barroso, por exemplo.Mélanie:A Maria Barroso é completamente uma mulher sombra. Ainda hoje, a maioria de nós ainda pensa nela como a primeira-dama, mulher de Mário Soares, mãe de João Isabel. Não fazia ideia que ela foi a única mulher e co-fundadora do Partido Socialista na Alemanha. Pensava que era erro meu, ignorância minha, mas afinal não. É somente isso que eu quero com esta exposição: apreciarmos, ouvirmos, haver mais união, haver mais conversa e intrigar as pessoas para que tenham realmente vontade de saber. Levar as pessoas a querer pesquisa mais acerca da Conceição, da Celeste ou da Maria Barroso.  Até posso lançar aqui um desafio para quem nos estiver a ouvir: pesquisar ainda mais, mais mulheres de Abril, mais Marias de Abril. Porque decerto e eu acredito piamente nisto, que todos temos uma história importante para ser contada. Há aí mais mulheres à espera para serem reveladas.Canta como se nos estivesse a fazer uma confidência, com uma entoação que revela tanto vulnerabilidade como uma força ou uma impulsão. De onde é que vêm?Cátia: Eu acho que até a maior parte das canções que escrevo vêm exactamente desse lugar de vulnerabilidade. Acho muitas vezes que a música salva-me de lugares muito angustiados. Falava há pouco de uma certa desilusão e às vezes a desilusão também me angustia muito. Acho que sou um bocadinho fantasiosa sobre o poder popular e o poder do colectivo. E depois também me desiludo com alguma frequência. Acho que a maneira de transformar isto é fazer canções que possam ser um reflexo ou que possam ter um reflexo disto, mas que sejam as canções que contenham uma certa dose de esperança para não cantar só a angústia e o desespero e o mal-estar, acho que o activismo na música também não passa por aí e eu não penso nada em mim como uma activista, mas estou a pegar mais nisto, até porque é uma palavra que a Mel usa bastante e estou a pregar por aí. Sinto que sim, que a música acaba por reflectir a forma como eu apreendo o mundo e como movimento no mundo. Há muita vulnerabilidade e, às vezes, instabilidade, mas também há uma grande vontade de que isto possa ser sempre um dia melhor.A Cátia Oliveira é hoje uma das cantoras mais ouvidas em Portugal. Ganhou o prémio de Melhor Trabalho Popular em 2024 da Sociedade Portuguesa de Autores. O último trabalho de 2 de Abril foi considerado um dos melhores discos do ano. O que é que este reconhecimento, o que é que estes prémios acrescentam, mudam alguma coisa?Não mudam nada. Não vou dizer que também não sabem nada porque todos nós precisamos de alguma espécie de validação e aquela validação que nos chega no mais imediato. Comigo funciona em mandar música ao meu pai, eu mando um texto que escrevi ao meu pai e ele é um barómetro muito interessante e muito curioso. A validação dele importa. Às vezes não é validação, é opinião dele. O que é que ele sente sobre aquilo porque ele sente bem a coisa, percebe quando a música tem alguma coisa que possa ser interessante.A música chega a si pelo seu pai?Não, acho que vem mais da minha mãe. Eu acho que a minha mãe usava muita música para cantar aquele dia a dia difícil.Cantava?Cantava muito, cantava a fazer a lida da casa, trabalhar na costura. Ela teve tantas amarguras, tantas agruras na vida que o canto realmente espanta alguns demónios. E as mulheres da minha família tem muito isso. A minha avó também adora cantar. Às vezes o mundo estava a cair dentro de casa, mas ela ia para o postigo, no bairro de pescadores, lá em Setúbal, abria o postigo e cantava e as vizinhas juntavam se à porta. É muito engraçado porque há vizinhas que ainda me dizem a tua avó cantava tão bem e às vezes lá dentro aquilo estava tudo assim, muito frágil. Acho que também herdei um bocadinho isso, mas pronto. Voltando à questão dos prémios, não mudam nada, mas há sempre um certo sentimento de que eu, na verdade, só tenho 30.000 ouvintes nas plataformas digitais, o que é um número irrisório para uma população como a de Portugal.As plataformas e o número de seguidores dizem muito?Até diz sobre a minha música e sobre aquilo que eu escrevo, o que é que representa para o outro. Se há 30.000 pessoas a ouvir.30.000 pessoas que têm acesso, mas há quem não tenha acesso ou quem use outras formas para ouvir música?Também e eu vendo muitos CDS. Não muda nada, mas acaba por dar uma espécie de conforto de olha, não tens muitos ouvintes, não tens muitos seguidores, mas há sempre alguém que acha que aquilo que tu estás a fazer é importante e pode acrescentar alguma coisa. Eu acho que é isso.

Fronteiras no Tempo
Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #32 A Revolução de 1930 em Santa Catarina

Fronteiras no Tempo

Play Episode Listen Later Nov 13, 2024 12:54


O Fronteiras no Tempo: Giro Histórico em seu 33º episódio conta e analisa a história dos impactos, resistências e transformações políticas no Estado de Santa Catarina na Revolução de 1930, que deu início a chamada Era Vargas. Quem conta essa história para nós é o historiador Willian Spengler, o camisa 10 da nossa equipe!   Nova campanha de financiamento coletivo: https://apoia.se/fronteirasnotempo Artes do episódio: Augusto Carvalho Mencionado no Episódio Vídeo: Combate na Serra da Garganta - 1930 Trilogia de 5 episódios sobre a Era Vargas Fronteiras no Tempo #41 A Era Vargas parte 1: A Revolução de 1930 Fronteiras no Tempo #48 A Era Vargas parte 2: 1930-1937 Fronteiras no Tempo #50 A Era Vargas parte 3: O Estado Novo (1937-1945) Fronteiras no Tempo #56 A Era Vargas parte 4: o fim do Estado Novo e a redemocratização Fronteiras no Tempo #57 A Era Vargas parte 5: o segundo governo (1950-1954) Fronteiras no Tempo: Historicidade #29 Ação Integralista Brasileira Financiamento Coletivo   Existem duas formas de nos apoiar Pix recorrente – chave: fronteirasnotempo@gmail.com Apoia-se – https://apoia.se/fronteirasnotempo INSCREVA-SE PARA PARTICIPAR DO HISTORICIDADE   O Historicidade é o programa de entrevistas do Fronteiras no Tempo: um podcast de história. O objetivo principal é realizar divulgação científica na área de ciências humanas, sociais e de estudos interdisciplinares com qualidade. Será um prazer poder compartilhar o seu trabalho com nosso público. Preencha o formulário se tem interesse em participar. Link para inscrição: https://forms.gle/4KMQXTmVLFiTp4iC8 Selo saberes históricos Agora o Fronteiras no Tempo tem o selo saberes históricos. O que é este selo? “O Selo Saberes Históricos é um sinal de reconhecimento atribuído a:● Práticas de divulgação de saberes ou produções de conteúdo histórico ou historiográfico● Realizadas em redes sociais ou mídias digitais, voltadas para públicos mais amplos e diversificados● Comprometidas com valores científicos e éticos.”Saiba mais: https://www.forumsabereshistoricos.com/ Redes Sociais Twitter, Facebook, Youtube, Instagram Contato fronteirasnotempo@gmail.com Como citar esse episódio Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #32 A Revolução de 1930 em Santa Catarina. Locução Cesar Agenor Fernandes da Silva e Willian Spengler. [S.l.] Portal Deviante, 13/11/2024. Podcast. Disponível em: https://www.deviante.com.br/?p=63826&preview=true Expediente Produção Geral, Host e Edição: C. A. Arte do Episódio: Augusto Carvalho Trilha sonora utilizada Birds – Corbyn Kites Wolf Moon – Unicorn Heads Madrinhas e Padrinhos Apoios a partir de 12 de junho de 2024  Alexsandro de Souza Junior, Aline Silva Lima, André Santos, André Trapani, Andréa Gomes da Silva, Andressa Marcelino Cardoso, Augusto Carvalho, Carolina Pereira Lyon, Charles Calisto Souza, Elisnei Menezes de Oliveira, Erick Marlon Fernandes da Silva, Flávio Henrique Dias Saldanha, Gislaine Colman, Iara Grisi, João Ariedi, João Luiz Farah Rayol Fontoura, Juliana Zweifel, Klaus Henrique de Oliveira, Manuel Macias, Marlon Fernandes da Silva, Pedro Júnior Coelho da Silva Nunes, Rafael Henrique Silva, Raul Sousa Silva Junior, Renata de Souza Silva, Ricardo Orosco, Rodrigo Mello Campos, Rubens Lima e Willian SpenglerSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Podcast – Fronteiras no Tempo
Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #32 A Revolução de 1930 em Santa Catarina

Podcast – Fronteiras no Tempo

Play Episode Listen Later Nov 13, 2024 12:54


O Fronteiras no Tempo: Giro Histórico em seu 33º episódio conta e analisa a história dos impactos, resistências e transformações políticas no Estado de Santa Catarina na Revolução de 1930, que deu início a chamada Era Vargas. Quem conta essa história para nós é o historiador Willian Spengler, o camisa 10 da nossa equipe!   Nova campanha de financiamento coletivo: https://apoia.se/fronteirasnotempo Artes do episódio: Augusto Carvalho Mencionado no Episódio Vídeo: Combate na Serra da Garganta - 1930 Trilogia de 5 episódios sobre a Era Vargas Fronteiras no Tempo #41 A Era Vargas parte 1: A Revolução de 1930 Fronteiras no Tempo #48 A Era Vargas parte 2: 1930-1937 Fronteiras no Tempo #50 A Era Vargas parte 3: O Estado Novo (1937-1945) Fronteiras no Tempo #56 A Era Vargas parte 4: o fim do Estado Novo e a redemocratização Fronteiras no Tempo #57 A Era Vargas parte 5: o segundo governo (1950-1954) Fronteiras no Tempo: Historicidade #29 Ação Integralista Brasileira Financiamento Coletivo   Existem duas formas de nos apoiar Pix recorrente – chave: fronteirasnotempo@gmail.com Apoia-se – https://apoia.se/fronteirasnotempo INSCREVA-SE PARA PARTICIPAR DO HISTORICIDADE   O Historicidade é o programa de entrevistas do Fronteiras no Tempo: um podcast de história. O objetivo principal é realizar divulgação científica na área de ciências humanas, sociais e de estudos interdisciplinares com qualidade. Será um prazer poder compartilhar o seu trabalho com nosso público. Preencha o formulário se tem interesse em participar. Link para inscrição: https://forms.gle/4KMQXTmVLFiTp4iC8 Selo saberes históricos Agora o Fronteiras no Tempo tem o selo saberes históricos. O que é este selo? “O Selo Saberes Históricos é um sinal de reconhecimento atribuído a:● Práticas de divulgação de saberes ou produções de conteúdo histórico ou historiográfico● Realizadas em redes sociais ou mídias digitais, voltadas para públicos mais amplos e diversificados● Comprometidas com valores científicos e éticos.”Saiba mais: https://www.forumsabereshistoricos.com/ Redes Sociais Twitter, Facebook, Youtube, Instagram Contato fronteirasnotempo@gmail.com Como citar esse episódio Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #32 A Revolução de 1930 em Santa Catarina. Locução Cesar Agenor Fernandes da Silva e Willian Spengler. [S.l.] Portal Deviante, 13/11/2024. Podcast. Disponível em: https://www.deviante.com.br/?p=63826&preview=true Expediente Produção Geral, Host e Edição: C. A. Arte do Episódio: Augusto Carvalho Trilha sonora utilizada Birds – Corbyn Kites Wolf Moon – Unicorn Heads Madrinhas e Padrinhos Apoios a partir de 12 de junho de 2024  Alexsandro de Souza Junior, Aline Silva Lima, André Santos, André Trapani, Andréa Gomes da Silva, Andressa Marcelino Cardoso, Augusto Carvalho, Carolina Pereira Lyon, Charles Calisto Souza, Elisnei Menezes de Oliveira, Erick Marlon Fernandes da Silva, Flávio Henrique Dias Saldanha, Gislaine Colman, Iara Grisi, João Ariedi, João Luiz Farah Rayol Fontoura, Juliana Zweifel, Klaus Henrique de Oliveira, Manuel Macias, Marlon Fernandes da Silva, Pedro Júnior Coelho da Silva Nunes, Rafael Henrique Silva, Raul Sousa Silva Junior, Renata de Souza Silva, Ricardo Orosco, Rodrigo Mello Campos, Rubens Lima e Willian SpenglerSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Zuga Podcast
Os Mitos e Verdades do Estado Novo c/ Paulo Almeida, Alexandre e Francisco - Zuga Podcast #157

Zuga Podcast

Play Episode Listen Later Nov 1, 2024 130:46


Convidados: Paulo Almeida Alexandre Sarmento Francisco Peixoto ENTRA AGORA NA NOSSA COMUNIDADE NO WHATSAPP: https://chat.whatsapp.com/KLtGO6FntdKKk4i5Tdc1fe TORNA-TE MEMBRO E TEM ACESSO A LIVES EXCLUSIVAS: https://www.youtube.com/channel/UCPvHjnk3mt4jrGSvQkUSBWA/join LOJA DO ZUGA: https://loja.zugatv.com/ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Se desejas contribuir para o canal podes fazê-lo utilizando uma das opções abaixo: Muito obrigado pela tua ajuda! PIX: 11716796709 MBWAY: +351 915 681 634 Paypal: https://www.paypal.com/donate?hosted_button_id=H6PFSR9EE9T5L Bitcoin Address: 15LCdXiRWBZGVFtFLU2Riig7poZKDQ35L3 Ethereum Address: 0x69f7f2732CB0111c249765ea5631fC81dFF23dB4 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ANFITRIÕES: Rodrigo: https://www.instagram.com/rodrigofront Marco: https://www.instagram.com/marcoacpinheiro Luís: https://www.instagram.com/iamalfaia/ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ CONTATO: zugapodcast@gmail.com _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ O Zuga Podcast é uma produção original Estúdio Zuga Produções Audiovisuais. Estamos em Vila Nova de Famalicão - Braga - Portugal. Para maiores informações: E-mail: estudiozuga@gmail.com Telemóvel/Whatsapp: +351 914374850

Historia en Podcast
176. La Revolución de los Claveles

Historia en Podcast

Play Episode Listen Later Oct 27, 2024 40:12


VISITÁ NUESTRA WEB: https://www.historiaenpodcast.com.ar/ Abril de 1974, Portugal, primavera; renacer de la naturaleza, de los claveles y también de la vida política. La dictadura del Estado Novo llegaba a su fin después de más de cuatro décadas en el poder, con su líder omnipresente: Antonio de Oliveira Salazar. Esta revolución, con claveles en la boca de los fusiles, representó un hecho clave en la historia política del siglo XX. Que lo disfrutes... Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices

O Sargento na Cela 7
Episódio 2: A mãe de família que esconde comunistas em casa | A Grande Provocadora

O Sargento na Cela 7

Play Episode Listen Later Oct 7, 2024 33:37


Muito antes de se tornar Vera Lagoa, Maria Armanda Falcão participou em várias ações de oposição contra a ditadura do Estado Novo. Apoiou a campanha do general Humberto Delgado à Presidência da República, que iria abalar o regime em 1958. A casa de Maria Armanda era um centro de atividades subversivas, que passavam também por esconder dissidentes perseguidos pela ditadura. É casada com José Manuel Tengarrinha, jornalista e opositor ao regime. E uma enorme tragédia vai abalar a família. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Piratinha do Ar
Episódio 2: A mãe de família que esconde comunistas em casa | A Grande Provocadora

Piratinha do Ar

Play Episode Listen Later Oct 7, 2024 33:37


Muito antes de se tornar Vera Lagoa, Maria Armanda Falcão participou em várias ações de oposição contra a ditadura do Estado Novo. Apoiou a campanha do general Humberto Delgado à Presidência da República, que iria abalar o regime em 1958. A casa de Maria Armanda era um centro de atividades subversivas, que passavam também por esconder dissidentes perseguidos pela ditadura. É casada com José Manuel Tengarrinha, jornalista e opositor ao regime. E uma enorme tragédia vai abalar a família. See omnystudio.com/listener for privacy information.

O Encantador de Ricos
Episódio 2: A mãe de família que esconde comunistas em casa | A Grande Provocadora

O Encantador de Ricos

Play Episode Listen Later Oct 7, 2024 33:37


Muito antes de se tornar Vera Lagoa, Maria Armanda Falcão participou em várias ações de oposição contra a ditadura do Estado Novo. Apoiou a campanha do general Humberto Delgado à Presidência da República, que iria abalar o regime em 1958. A casa de Maria Armanda era um centro de atividades subversivas, que passavam também por esconder dissidentes perseguidos pela ditadura. É casada com José Manuel Tengarrinha, jornalista e opositor ao regime. E uma enorme tragédia vai abalar a família. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Estação Brasil
059 - O Brasil na Segunda Guerra Mundial

Estação Brasil

Play Episode Listen Later Sep 19, 2024 60:18


Olá, ouvintes! Neste episódio, vamos falar sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial. Como o Brasil saiu da neutralidade inicial para uma declaração de guerra ao Eixo? Como se deu o alistamento dos combatentes durante o período ditatorial do Estado Novo? O governo autoritário foi ou não foi bem sucedido nas suas pretensões? E como foi a participação das forças brasileiras nos combates contra os nazistas na Itália? Encontraram muitas dificuldades guerreando em terras estrangeiras? Conseguiram cumprir os seus objetivos? Se você ficou interessado em saber as respostas para essas perguntas, bote o seu fone e dê o play neste novo episódio do Estação Brasil. Se você gostar do conteúdo do episódio, considere tornar-se um apoiador e/ou contribuir de alguma forma para manter o Estação no ar. Pix: estacaobrasilfm@gmail.com Ou torne-se membro em: apoia.se/estacaobrasilfm

Carioca Connection: Brazilian Portuguese Conversation.
25 de Abril com Marco Antonio

Carioca Connection: Brazilian Portuguese Conversation.

Play Episode Listen Later May 9, 2024 13:21 Transcription Available


Get the worksheets & complete show notes for this episode at https://cariocaconnection.comIn this episode of Carioca Connection, Alexia discusses an important historical event with her father Marco Antonio - the Carnation Revolution that ended Portugal's dictatorship in 1974.Through their engaging conversation, you'll learn fascinating details about this peaceful transition to democracy. Pay close attention as they use authentic Brazilian Portuguese to describe the military's role, the oppressive Estado Novo regime, and the struggles faced by women at that time.This is an excellent opportunity to hear natural speech filled with slang, idioms and cultural insights. Whether you're studying Portuguese or simply love history, this educational yet entertaining episode is not to be missed!E agora em português...Nesse Carioca Connection, Alexia conversa com o pai Marco Antônio sobre um evento histórico importante - a Revolução dos Cravos que encerrou a ditadura em Portugal em 1974.Através do papo divertido dos dois, você vai aprender detalhes fascinantes sobre essa transição pacífica para a democracia. Fique ligado ao português autêntico enquanto eles descrevem o papel dos militares, o regime opressivo do Estado Novo e as dificuldades enfrentadas pelas mulheres naquela época.Uma ótima oportunidade de ouvir a fala natural, repleta de gírias, expressões e insights culturais. Seja você estudante de português ou apenas amante da História, este episódio educativo não pode ser perdido! Ready to massively improve your Brazilian Portuguese in 2024?

Favas Contadas
Como nasceu o maior livro de cozinha português

Favas Contadas

Play Episode Listen Later Apr 30, 2024 21:06


Quando casou, aos 15 anos, não sabia estrelar um ovo. Mas construiu um império de cozinha e cosmética no meio da sociedade machista do Estado Novo. Pelo meio ainda foi cantora lírica e compositora de música clássica. Conheça a incrível história de Bertha Rosa-Limpo, a autora do famoso Livro de Pantagruel. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/casal-mistrio/message

Expresso - Expresso da Manhã
“O Rochedo e a Onda” lembra-nos que Abril é esperança

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Apr 24, 2024 13:34


Esta noite e amanhã à noite, a RTP2 passa uma mini-série de animação de 2 episódios de 26 minutos cada de José Bandeira e Humberto Santana. O filme foi feito em plena pandemia e esse momento, onde curiosamente também estivemos com a nossa liberdade condicionada, acabaria por fazer parte deste filme. Começa no dia 24 de Abril de 1974 e acaba no dia de hoje. Ver também é celebrar Abril. Neste episódio, falamos com os autores.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Kontinent
50 Jahre Nelkenrevolution - Der Sound des Aufstands

Kontinent

Play Episode Listen Later Apr 23, 2024


Vor 50 Jahren nahm die Nelkenrevolution in Portugal ihren Anfang. Wie es zu dem nahezu unblutige Aufstand gegen den diktatorischen "Estado Novo" kam und welche Rolle dabei Musik spielte, ist Thema dieser Ausgabe.

Falando de História
#82 50 anos do 25 de Abril - parte 3: a Operação Fim-Regime de 25 de Abril de 1974

Falando de História

Play Episode Listen Later Apr 22, 2024 64:40


Na terceira parte da nossa série para comemorar os 50 anos do 25 de Abril falamos com Irene Pimentel, investigadora do Instituto de História Contemporânea (FCSH-NOVA), sobre o próprio dia da Operação Fim-Regime de 25 de Abril de 1974. Procuramos compreender as anteriores tentativas de derrube do Estado Novo, o surgimento do Movimento das Forças Armadas e quais as suas reivindicações, como é que planearam o golpe militar e como se deu a queda do regime. Sugestões de leitura 1. José Medeiros Ferreira - A Revolução do 25 de Abril. Ensaio histórico. Lisboa: Shantarin, 2023. 2. Hannah Arendt - As Origens do Totalitarismo. Lisboa: Dom Quixote, 2024. 3. Susan Neiman - A Esquerda Não é Woke. Lisboa: Editorial Presença, 2024.  4. Irene Pimentel - Do 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975 - Episódios menos Conhecidos. Lisboa: Temas e Debates, 2024. 5. Irene Pimentel - O Essencial sobre a PIDE. Lisboa: INCM, 2024, disponível online: https://imprensanacional.pt/?w3n_livros_pdf=o-essencial-sobre-a-pide ----- Obrigado aos patronos do podcast: Andrea Barbosa, Bruno Ricardo Neves Figueira, Isabel Yglesias de Oliveira, Joana Figueira, NBisme, Oliver Doerfler; Alessandro Averchi, Alexandre Carvalho, Daniel Murta, David Fernandes, Francisco, Hugo Picciochi, João Cancela, João Pedro Tuna Moura Guedes, Jorge Filipe, Manuel Prates, Patrícia Gomes, Pedro Almada, Pedro Alves, Pedro Ferreira, Rui Roque, Vera Costa; Adriana Vazão, André Abrantes, André Chambel, Andre Mano, André Marques, André Silva, António Farelo, Beatriz Oliveira, Carlos Castro, Carlos Martinho, Diogo Freitas, Fernando Esperança, Filipe Paula, Gn, Hugo Vieira, João Barbosa, João Canto, João Carlos Braga Simões, João Diamantino, João Félix, João Ferreira, Joel José Ginga, José, José Santos, Luis, Miguel Gama, Miguel Gonçalves Tomé, Miguel Oliveira, Nuno Carvalho, Nuno Esteves, Pedro Cardoso, Pedro L, Pedro Oliveira, Pedro Simões, Ricardo Santos, Rúben Marques Freitas, Rui Magalhães, Rui Rodrigues, Simão Ribeiro, Sofia Silva, Thomas Ferreira, Tiago Matias, Tiago Sequeira, tope steffi. ----- Ouve e gosta do podcast? Se quiser apoiar o Falando de História, contribuindo para a sua manutenção, pode fazê-lo via Patreon: https://patreon.com/falandodehistoria ----- Música: “Five Armies” e “Magic Escape Room” de Kevin MacLeod (incompetech.com); Licensed under Creative Commons: By Attribution 4.0 License, ⁠http://creativecommons.org/licenses/by/4.0⁠ Edição de Marco António.

OVT Fragmenten podcast
#1750 - De Anjerrevolutie

OVT Fragmenten podcast

Play Episode Listen Later Apr 21, 2024 14:30


Donderdag 25 april is het vijftig jaar geleden sinds in Portugal de Anjerrevolutie plaatsvond. Op deze dag maakte een militaire staatsgreep een einde aan 48 jaar dictatuur onder het bewind van het Estado Novo-regime. Bijzonder genoeg gebeurde dit zonder bloedvergieten. Vertaalster en literatuurwetenschapper Leonor Raven woonde in Lissabon tijdens deze revolutie, en is te gast.

Favas Contadas
O dia-a-dia de uma mulher antes do 25 de Abril

Favas Contadas

Play Episode Listen Later Apr 16, 2024 26:26


Não podia usar biquíni na praia, não podia sair do país sem autorização do marido e não podia trabalhar se o marido se opusesse. A poucos dias da celebração dos 50 anos do 25 de Abril, e numa altura em que se voltou a discutir os direitos das mulheres, relembramos como era o dia-a-dia de uma mãe de família durante o Estado Novo. --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/casal-mistrio/message

Falando de História
#80 50 anos do 25 de Abril - parte 1: O Estado Novo (1933-1974)

Falando de História

Play Episode Listen Later Apr 8, 2024 61:39


Na primeira parte da nossa série especial para comemorar os 50 anos do 25 de Abril falamos com Yves Léonard, professor na Sciences Po (Paris), sobre o regime que Abril derrubou: o Estado Novo. Tentamos compreender, entre outros, como surgiu, qual o papel do ditador António de Oliveira Salazar, e como é que o regime evoluiu até 1974. Sugestões de leitura 1. António Costa Pinto (coord) - O Estado Novo de Salazar - Uma Terceira Via na Era do Fascismo. Lisboa: Edições70, 2022. 2. Fernando Rosas - Salazar e o Poder. A Arte de Saber Durar. Lisboa: Tinta da China, 2013. 3. Victor Pereira - A ditadura de Salazar e a emigração. O Estado português e os seus migrantes (1957-1974). Lisboa: Temas e debates, 2014. 4. Yves Léonard - Salazar. Lisboa: Edições70, 2023. ----- Obrigado aos patronos do podcast: Andrea Barbosa, Bruno Ricardo Neves Figueira, Isabel Yglesias de Oliveira, Joana Figueira, NBisme, Oliver Doerfler; Alessandro Averchi, Alexandre Carvalho, Daniel Murta, Francisco, Hugo Picciochi, João Cancela, João Pedro Tuna Moura Guedes, Jorge Filipe, Manuel Prates, Patrícia Gomes, Pedro Almada, Pedro Alves, Pedro Ferreira, Rui Roque; Adriana Vazão, André Abrantes, André Chambel, Andre Mano, André Marques, André Silva, António Farelo, Beatriz Oliveira, Carlos Castro, Carlos Martinho, Diogo Freitas, Fernando Esperança, Filipe Paula, Gn, Hugo Vieira, João Barbosa, João Canto, João Carlos Braga Simões, João Diamantino, João Félix, João Ferreira, Joel José Ginga, José, José Santos, Luis, Miguel Gama, Miguel Gonçalves Tomé, Miguel Oliveira, Nuno Carvalho, Nuno Esteves, Pedro Cardoso, Pedro L, Pedro Oliveira, Pedro Simões, Rúben Marques Freitas, Rui Magalhães, Rui Rodrigues, Sofia Silva, Thomas Ferreira, Tiago Matias, Tiago Sequeira, tope steffi. ----- Ouve e gosta do podcast? Se quiser apoiar o Falando de História, contribuindo para a sua manutenção, pode fazê-lo via Patreon: https://patreon.com/falandodehistoria ----- Música: “Five Armies” e “Magic Escape Room” de Kevin MacLeod (incompetech.com); Licensed under Creative Commons: By Attribution 4.0 License, ⁠http://creativecommons.org/licenses/by/4.0⁠ Edição de Marco António.

Falando de História
50 anos do 25 de Abril de 1974

Falando de História

Play Episode Listen Later Apr 3, 2024 1:08


Para comemorar os 50 anos do 25 de Abril de 1974, preparámos um conjunto de vários episódios, consecutivos, a partir da próxima semana, inteiramente dedicados a este tema, onde falaremos com convidados sobre o Estado Novo (1933-1974), a Guerra Colonial (1961-1974), o próprio 25 de Abril de 1974, o PREC (1974-1975) e a Descolonização (1974-1975). Não percam! ----- Ouve e gosta do podcast? Se quiser apoiar o Falando de História, contribuindo para a sua manutenção, pode fazê-lo via Patreon: ⁠https://patreon.com/falandodehistoria⁠ ----- Música: 'Grândola Vila Morena' de José Afonso, do álbum 'Cantigas de Maio, 1971. Edição de Marco António.

O Sargento na Cela 7
Episódio 4: Andam a brincar aos cowboys

O Sargento na Cela 7

Play Episode Listen Later Mar 18, 2024 33:01


Onde está a verdade? Há quatro versões diferentes da obscura Operação Papagaio que chegaram até aos dias de hoje. Em duas delas, o conhecido surrealista Mário-Henrique Leiria é apresentado como o cabecilha do plano. Leiria era declaradamente anti-regime, já tinha sido detido pela PIDE anos antes, e efetivamente participou em reuniões conspirativas na Parede, numa casa que ficava mesmo ao lado da de “Gavroche”. Mas qual a fronteira entre os mitos e a realidade? Os documentos da polícia política do Estado Novo escondidos até hoje na Torre do Tombo desmontam os vários mitos associados nos últimos 64 anos à Operação Papagaio. Perante as desistências de operacionais à medida que a data combinada para o assalto ao Rádio Clube Português se aproxima, novos elementos têm de ser recrutados à última hora para pôr a operação em marcha. Um deles vai ter o nome de código "Júnior". Vai ser um erro de casting mas, como se verá, nem sequer vai ser o único. Certo é que os boatos já correm pelos cafés de Lisboa: "os surrealistas andam a brincar aos cowboys".See omnystudio.com/listener for privacy information.

Piratinha do Ar
Episódio 4: Andam a brincar aos cowboys

Piratinha do Ar

Play Episode Listen Later Mar 18, 2024 33:01


Onde está a verdade? Há quatro versões diferentes da obscura Operação Papagaio que chegaram até aos dias de hoje. Em duas delas, o conhecido surrealista Mário-Henrique Leiria é apresentado como o cabecilha do plano. Leiria era declaradamente anti-regime, já tinha sido detido pela PIDE anos antes, e efetivamente participou em reuniões conspirativas na Parede, numa casa que ficava mesmo ao lado da de “Gavroche”. Mas qual a fronteira entre os mitos e a realidade? Os documentos da polícia política do Estado Novo escondidos até hoje na Torre do Tombo desmontam os vários mitos associados nos últimos 64 anos à Operação Papagaio. Perante as desistências de operacionais à medida que a data combinada para o assalto ao Rádio Clube Português se aproxima, novos elementos têm de ser recrutados à última hora para pôr a operação em marcha. Um deles vai ter o nome de código "Júnior". Vai ser um erro de casting mas, como se verá, nem sequer vai ser o único. Certo é que os boatos já correm pelos cafés de Lisboa: "os surrealistas andam a brincar aos cowboys".See omnystudio.com/listener for privacy information.

E o Resto é História
Salazar foi corrupto ou não?

E o Resto é História

Play Episode Listen Later Feb 28, 2024 49:12


A imagem do ditador humilde e sem posses faz parte da mitologia do Estado Novo. Mas até que ponto corresponde ela à verdade? Uma viagem pela história do compadrio e da troca de favores em PortugalSee omnystudio.com/listener for privacy information.

O Sargento na Cela 7
Estreia. “Operação Papagaio”. Episódio 1: A organização secreta

O Sargento na Cela 7

Play Episode Listen Later Feb 26, 2024 28:01


Abril de 1960. “Gavroche” entra em pânico quando descobre que os antigos companheiros da “organização secreta” a que pertencia foram presos e confessaram o homicídio de um dos membros do grupo, responsável pela obscura “Operação Papagaio”. Desde a adolescência que Gavroche — alcunha pela qual Henrique dos Santos Carvalho é conhecido — está envolvido em movimentos de oposição ao Estado Novo. Mas é só depois das eleições de 1958, em que o General Humberto Delgado desafia o regime, que tem a ideia para um plano mirabolante para pôr fim à ditadura.  É no Café Gelo, ao Rossio, um conhecido pouso de artistas surrealistas por aquela altura, que vai recrutar militantes para um movimento que pretende derrubar Salazar. Até que aparece uma loura misteriosa para dar a volta ao plano.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Conversas à quinta - Observador
Estreia. “Operação Papagaio”. Episódio 1: A organização secreta

Conversas à quinta - Observador

Play Episode Listen Later Feb 26, 2024 28:01


Abril de 1960. “Gavroche” entra em pânico quando descobre que os antigos companheiros da “organização secreta” a que pertencia foram presos e confessaram o homicídio de um dos membros do grupo, responsável pela obscura “Operação Papagaio”. Desde a adolescência que Gavroche — alcunha pela qual Henrique dos Santos Carvalho é conhecido — está envolvido em movimentos de oposição ao Estado Novo. Mas é só depois das eleições de 1958, em que o General Humberto Delgado desafia o regime, que tem a ideia para um plano mirabolante para pôr fim à ditadura.  É no Café Gelo, ao Rossio, um conhecido pouso de artistas surrealistas por aquela altura, que vai recrutar militantes para um movimento que pretende derrubar Salazar. Até que aparece uma loura misteriosa para dar a volta ao plano.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Aprender a Comer
Estreia. “Operação Papagaio”. Episódio 1: A organização secreta

Aprender a Comer

Play Episode Listen Later Feb 26, 2024 28:01


Abril de 1960. “Gavroche” entra em pânico quando descobre que os antigos companheiros da “organização secreta” a que pertencia foram presos e confessaram o homicídio de um dos membros do grupo, responsável pela obscura “Operação Papagaio”. Desde a adolescência que Gavroche — alcunha pela qual Henrique dos Santos Carvalho é conhecido — está envolvido em movimentos de oposição ao Estado Novo. Mas é só depois das eleições de 1958, em que o General Humberto Delgado desafia o regime, que tem a ideia para um plano mirabolante para pôr fim à ditadura.  É no Café Gelo, ao Rossio, um conhecido pouso de artistas surrealistas por aquela altura, que vai recrutar militantes para um movimento que pretende derrubar Salazar. Até que aparece uma loura misteriosa para dar a volta ao plano.See omnystudio.com/listener for privacy information.

E o Resto é História
Estreia. “Operação Papagaio”. Episódio 1: A organização secreta

E o Resto é História

Play Episode Listen Later Feb 26, 2024 28:01


Abril de 1960. “Gavroche” entra em pânico quando descobre que os antigos companheiros da “organização secreta” a que pertencia foram presos e confessaram o homicídio de um dos membros do grupo, responsável pela obscura “Operação Papagaio”. Desde a adolescência que Gavroche — alcunha pela qual Henrique dos Santos Carvalho é conhecido — está envolvido em movimentos de oposição ao Estado Novo. Mas é só depois das eleições de 1958, em que o General Humberto Delgado desafia o regime, que tem a ideia para um plano mirabolante para pôr fim à ditadura.  É no Café Gelo, ao Rossio, um conhecido pouso de artistas surrealistas por aquela altura, que vai recrutar militantes para um movimento que pretende derrubar Salazar. Até que aparece uma loura misteriosa para dar a volta ao plano.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Ideias Feitas
Estreia. “Operação Papagaio”. Episódio 1: A organização secreta

Ideias Feitas

Play Episode Listen Later Feb 26, 2024 28:01


Abril de 1960. “Gavroche” entra em pânico quando descobre que os antigos companheiros da “organização secreta” a que pertencia foram presos e confessaram o homicídio de um dos membros do grupo, responsável pela obscura “Operação Papagaio”. Desde a adolescência que Gavroche — alcunha pela qual Henrique dos Santos Carvalho é conhecido — está envolvido em movimentos de oposição ao Estado Novo. Mas é só depois das eleições de 1958, em que o General Humberto Delgado desafia o regime, que tem a ideia para um plano mirabolante para pôr fim à ditadura.  É no Café Gelo, ao Rossio, um conhecido pouso de artistas surrealistas por aquela altura, que vai recrutar militantes para um movimento que pretende derrubar Salazar. Até que aparece uma loura misteriosa para dar a volta ao plano.See omnystudio.com/listener for privacy information.

História em Meia Hora
Salazarismo

História em Meia Hora

Play Episode Listen Later Feb 14, 2024 32:08


O Estado Novo aqui no Brasil só teve esse nome por causa do Estado Novo que António de Oliveira Salazar teve em Portugal! Separe trinta minutos do seu dia e aprenda com o professor Vítor Soares (@profvitorsoares) sobre a vida de Salazar mas principalmente sobre o Salazarismo. - COSME, Leonel, A separação das águas (Angola 1975-1976), Porto: Campo das Letras, 2007. - CARVALHO, Nogueira e, Era tempo de morrer em África: Angola guerra e descolonização 1961-1975, Lisboa: Prefácio, 2004. - LOUÇÃ, António. Hitler e Salazar: Comércio em tempos de guerra, 1940-1944. Lisboa, Terramar, 2000. - PINTO, António Costa Pinto. Os camisas azuis: ideologia, elite e movimentos fascistas em Portugal, 1914-1945. Lisboa, Editorial Estampa, 1994

E o Resto é História
Tarrafal: a pior prisão do Estado Novo

E o Resto é História

Play Episode Listen Later Feb 7, 2024 65:53


Há 70 anos, a 26 de janeiro de 1954, foi encerrada a mais mortífera prisão do Estado Novo: o campo do Tarrafal, em Cabo Verde, inaugurado em 1936 e onde morreram 34 pessoas. Esta é a sua históriaSee omnystudio.com/listener for privacy information.

E o Resto é História
Marinha Grande: uma revolta contra o Estado Novo

E o Resto é História

Play Episode Listen Later Jan 10, 2024 72:49


Em 1934, poucos meses após o nascimento do Estado Novo, vários sindicatos portugueses tentaram organizar uma greve geral que parasse o país. Sem sucesso. A Revolta da Marinha Grande foi há 90 anosSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Jacobin Radio
Long Reads: Portugal's Revolution w/ Raquel Varela

Jacobin Radio

Play Episode Listen Later Jul 28, 2023 62:52


For almost fifty years, Portugal was ruled by a right-wing dictatorship. There was a military coup against Portuguese democracy in 1926. Antonio Salazar became the leader of the so-called Estado Novo in the same year Franklin Roosevelt entered the White House. His successor Marcelo Caetano was still in power when Richard Nixon was re-elected four decades later.Then, in April 1974, a group of junior army officers made a plan to overthrow the dictatorship. The Carnation Revolution brought down the Estado Novo and kick started a period of intense political upheaval. Its legacy can still be felt in Europe half a century later.Raquel Varela, professor of history at the New University in Lisbon and author of several books, including A People's History of the Portuguese Revolution, joins Long Reads for a discussion about the upheaval and its legacy.Read Raquel's 2019 interview with Jacobin: https://jacobin.com/2019/04/portugal-carnation-revolution-national-liberation-aprilLong Reads is a Jacobin podcast looking in-depth at political topics and thinkers, both contemporary and historical, with the magazine's longform writers. Hosted by features editor Daniel Finn. Produced by Conor Gillies, music by Knxwledge. Hosted on Acast. See acast.com/privacy for more information.