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Ridicularizar o Chega não resultou, basta, agora, saber lidar. Ainda, o "chumbo direto" vai para Pedro Nuno, mas não esqueçamos quem empurrou o PS para a cova; virá Costa ao funeral?See omnystudio.com/listener for privacy information.
Há 51 anos o povo português libertava-se das amarras da ditadura. Numa madrugada histórica, a rádio foi o primeiro sinal de que algo estava a mudar. Às 22h55 do dia 24 de abril de 1974, “E Depois do Adeus” dava início à revolução. Momentos depois, já no dia 25, a “Grândola, Vila Morena” tirava as dúvidas aos mais céticos: o golpe de estado estava em curso. Foi pelas ondas da rádio que o Movimento das Forças Armadas recebeu a luz verde para derrubar o Estado Novo e devolver a liberdade aos portugueses. João Paulo Diniz, Nelson Ribeiro, Pedro Leal e Celeste Silva partilham a memória coletiva do 25 de abril e um gosto pela rádio. Desde o jornalismo sujeito à censura até à escolha simbólica das músicas que serviram como senha, destacam a influência deste meio de comunicação na defesa pela liberdade. Nesta reportagem, produzida pela ESCS FM em parceria com o PÚBLICO, os estudantes Ana Bárbara Duarte, Marta Nobre, Nuno Grave e Teresa Freire traçam o percurso da rádio antes, durante e depois da Revolução dos Cravos. Reportagem de Ana Bárbara Duarte, Marta Nobre, Nuno Grave e Teresa Freire. Coordenação de Marta Pinto. Genérico de Luís Batista e design de Carlota Real e Cláudia Martina.
Primeiro episódio da terceira temporada de Bom Partido, uma minissérie de sete conversas. Guilherme Geirinhas conversa com Luís Montenegro. Não perca, ‘Bom Partido’ no canal do You Tube de Guilherme Geirinhas e agora também no formato podcast nos sites da SIC Notícias e do Expresso, em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos e o apoio do MEO. 00:41 Intro super verdadeira01:35 Viver na residência oficial02:36 Não ter cortinados no quarto03:40 A dieta do Luís05:10 Nuno Melo tem canhões06:18 Como é a residência?08:13 Depoimento09:00 Peripécias de viver no Palacete11:07 Senha do wi-fi do Primeiro Ministro13:30 Patuscadas e Tony Carreira15:05 Depoimento16:00 Levar com tinta verde20:15 Depoimento20:46 Luís usa lentes?22:00 Cuidados estéticos23:10 Trabalhar num bar24:20 Exercício de linguagem28:21 CPI41:47 Depoimento42:15 Spinumviva45:15 O filho do Luís46:35 Luís conhece pela primeira vez a nora47:12 Depoimento47:52 Moção de Confiança, em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos51:00 Debate Interno52:27 Geringonças53:55 Luís, és um bom partido?54:22 Luís e Guilherme jogam golfeSee omnystudio.com/listener for privacy information.
Primeiro episódio da terceira temporada de Bom Partido, uma minissérie de sete conversas. Guilherme Geirinhas conversa com Luís Montenegro. Não perca, ‘Bom Partido’ no canal do You Tube de Guilherme Geirinhas e agora também no formato podcast nos sites da SIC Notícias e do Expresso, em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos e o apoio do MEO.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Primeiro episódio da terceira temporada de Bom Partido, uma minissérie de sete conversas. Guilherme Geirinhas conversa com Luís Montenegro. Não perca, ‘Bom Partido’ no canal do You Tube de Guilherme Geirinhas e agora também no formato podcast nos sites da SIC Notícias e do Expresso, em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos e o apoio do MEO. 00:41 Intro super verdadeira01:35 Viver na residência oficial02:36 Não ter cortinados no quarto03:40 A dieta do Luís05:10 Nuno Melo tem canhões06:18 Como é a residência?08:13 Depoimento09:00 Peripécias de viver no Palacete11:07 Senha do wi-fi do Primeiro Ministro13:30 Patuscadas e Tony Carreira15:05 Depoimento16:00 Levar com tinta verde20:15 Depoimento20:46 Luís usa lentes?22:00 Cuidados estéticos23:10 Trabalhar num bar24:20 Exercício de linguagem28:21 CPI41:47 Depoimento42:15 Spinumviva45:15 O filho do Luís46:35 Luís conhece pela primeira vez a nora47:12 Depoimento47:52 Moção de Confiança, em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos51:00 Debate Interno52:27 Geringonças53:55 Luís, és um bom partido?54:22 Luís e Guilherme jogam golfeSee omnystudio.com/listener for privacy information.
Por ocasião do lançamento do 5.º volume da Coleção Compositores Portugueses dos sécs. XX/XXI, foi convidado de Ana Cristina Gonçalves, o maestro da Associação Musical Lisboa Cantat, Jorge Carvalho Alves, mentor deste projeto europeu.No mesmo contexto, e no âmbito das comemorações do aniversário da Revolução dos Cravos, foi promovido o trabalho discográfico da Associação Musical Lisboa Cantat , com temas alusivos a esta efeméride e com lançamento para o mês de maio, em data a anunciar.Acompanhe a atualidade musical da associação através da sua página facebook e instagram.
Neste episódio, falamos sobre o aniversário de 51 anos da Revolução dos Cravos, em Portugal. Valter Pomar comenta os temas da conjuntura nacional. E o companheiro Ismael César trata das perspectivas para a Marcha da Classe Trabalhadora no dia 29, em Brasília, e o 1º de maio.
Este episódio do Podcast Portugal Manual vai para o ar numa sexta-feira que coincide com uma data incontornável da nossa história: 25 de Abril. Há 50 anos, com a Revolução dos Cravos, caía o regime que reduzia as mulheres à condição de mães e donas de casa, impedindo-nos de votar livremente, escolher as nossas profissões ou sair do país sem autorização do marido. A democracia trouxe promessas de liberdade e igualdade — e as mulheres começaram, finalmente, a ocupar espaço, a ter voz e a desafiar as regras.Hoje, apesar das muitas conquistas, a igualdade plena ainda está por alcançar. Mas é justamente nesta tensão — entre o que foi e o que ainda pode ser — que surgem vozes que transformam.Como a da nossa convidada, Ana Rita de Arruda — artista visual, educadora e investigadora que faz do têxtil um território de questionamento e liberdade. Nascida na Covilhã e a viver no Porto, Ana Rita cria esculturas que desafiam os protocolos do fazer têxtil e exploram a plasticidade da matéria em diálogo com o corpo, a memória e o coletivo. Uma conversa sobre arte, ensino, experimentação e o poder de transformar o mundo — um ponto, um fio, uma peça de cada vez.
André Ventura, líder do Chega, pede "soluções em vez de cravos" e questiona: "Afinal, se o ChatGPT já percebeu que Portugal está parado, como é que a inteligência do primeiro Ministro ainda não?"See omnystudio.com/listener for privacy information.
Mais de meio século depois da publicação do livro que abalou a ditadura portuguesa, “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, há uma nova edição em francês. “Nouvelles Lettres Portugaises” é uma tradução de Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levécot e espera fazer redescobrir a intemporalidade de uma obra que foi revolucionária. A RFI conversou com Agnès Levécot neste programa. “Eu acho que, naquela altura, em Portugal, não era nada estranho que este livro tivesse esse efeito de bomba”, contava à RFI, há um pouco mais de um ano, Maria Teresa Horta, uma das autoras das “Novas Cartas Portuguesas”, que nos recebeu, em sua casa, em Lisboa, nas vésperas dos 50 anos da Revolução dos Cravos e que nos deixou em Fevereiro de 2025, aos 87 anos.A obra de Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, publicada em 1972, foi uma revolução literária e feminista que denunciou ao mundo o regime fascista português, o colonialismo, o racismo, o machismo, a violência sobre as mulheres, ao mesmo tempo que subvertiam as noções de autoria e de género na literatura.A ditadura do Estado Novo considerou o livro como “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública”, abrindo um processo judicial contra as escritoras que ficaram ameaçadas com uma pena entre seis meses a dois anos de prisão. Seguiu-se uma onda de solidariedade internacional e o livro chegou a todo o mundo, incluindo a França, onde em 1974 é publicada a tradução de Monique Wittig e Evelyne Le Garrec.Mais de meio século depois, e perante uma edição há muito esgotada, surge agora nova tradução, “Nouvelles Lettres Portugaises”, de Ilda Mendes dos Santos e Agnès Levécot, editado pela Ypsilon, que chega às livrarias francesas a 7 de Maio e que é apresentada esta sexta-feira, 25 de Abril, em Paris.Fomos conversar com Agnès Levécot para perceber “o que podem [ainda] as palavras” das Três Marias.“Essa é uma pergunta complicada porque as próprias escritoras, as três, no fim do livro, ainda fazem a pergunta. Realmente um dos aspectos literários desta obra é o questionamento do acto da escrita e até ao fim, nas últimas cartas, elas continuam a pôr a questão ‘o que podem as palavras?' Quanto a nós, como tradutoras, chegámos à conclusão também que todos os aspectos políticos e históricos que são denunciados nas cartas continuam actuais. Esse é o problema. A questão do colonialismo continua actual. A questão da repressão continua. A questão feminista também. Estamos a ver, no mundo actual, um retrocesso em relação a esse aspecto. Portanto, continua completamente actual”, explica Agnès Levécot.Em plena ditadura, “Novas Cartas Portuguesas” era uma obra literária inédita que esbatia noções de autoria e de género e que era assinada colectivamente por três autoras que escreviam, sem tabus, sobre o corpo, o desejo, mas também sobre a violência de que eram vítimas as mulheres. Denunciavam, ainda, a guerra colonial, a pobreza, a emigração, a violação sexual, o incesto, o aborto clandestino. O livro era, assim, um perigo para o regime repressivo, retrógrado e fascista português. Pouco após o seu lançamento, em 1972, os exemplares foram recolhidos pela censura e o Estado português movia um processo judicial contra as “Três Marias”. Perante as ameaças de prisão e a tentativa de silenciamento das autoras, nasce um movimento de solidariedade internacional. Meses depois de ter sido publicado, em 1972, o livro chega às mãos da escritora francesa Christiane Rochefort e, através dela, ao grupo feminista Movimento de Libertação das Mulheres. Seguem-se várias acções de luta, nomeadamente em França, e que envolvem nomes como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras. Há distribuição de panfletos, recolha de assinaturas para um abaixo-assinado entregue na Embaixada de Portugal em Paris e uma procissão de velas diante da Catedral de Notre-Dame. Outro momento emblemático é a leitura-espectáculo “La Nuit des Femmes”, a 21 de Outubro de 1973, no Palais de Chaillot, em Paris, que deu origem ao documentário “Les Trois Portugaises”, de Delphine Seyrig (1974).“Monique Wittig e Evelyne Le Garrec pegaram no texto e fizeram uma primeira tradução que foi publicada em 1974. Entretanto, tinha havido excertos traduzidos para artigos e espectáculos porque houve uma série de espectáculos e movimentações de apoio às Três Marias quando estavam no julgamento. Houve uma noite que ficou muito famosa que foi ‘La Nuit des Femmes' em que leram alguns excertos”, relembra Agnès Levécot, sublinhando que “o aspecto literário quase não foi abordado na altura”.O aspecto literário é precisamente “uma coisa fora do comum”, acrescenta a especialista em literatura lusófona. Três mulheres escrevem colectivamente uma obra literária e política, depois de terem publicado livros que não agradaram à ditadura patriarcal portuguesa. Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno tinham lançado, em anos anteriores, livros que denunciavam a opressão e a secundarização da mulher: Maina Mendes (1969) e Os Legítimos Superiores (1970). Em 1971, Maria Teresa Horta também publicava Minha Senhora de Mim e escrevia abertamente sobre o desejo, algo considerado escandaloso pelos fascistas.“São três mulheres que já eram escritoras, que já tinham publicado obras bastante feministas, que se juntaram e decidiram escrever um livro a três. Começaram a reunir-se todas as semanas num restaurante em Lisboa. Todas as semanas traziam um texto que elas tinham escrito e trocavam ideias a propósito dos textos, mas não os modificavam. A certa altura, começaram a pensar na figura de Mariana Alcoforado, a religiosa portuguesa, e começaram a escrever cartas. Globalmente, são chamadas cartas, mas não são só cartas, tem vários géneros: poesia, ensaios, supostos artigos de jornal, textos teóricos... Elas escreveram cartas a uma Mariana, mas são as descendentes de Mariana, ou seja, as várias Marianas que vieram depois. Portanto, têm cartas de vários séculos a acompanhar o percurso de uma suposta Mariana”, acrescenta Agnès Levécot.No posfácio de “Nouvelles Lettres Portugaises”, Agnès Levecot e Ilda Mendes dos Santos recordam, justamente, a importância da figura de Mariana Alcoforado, suposta autora das “Cartas Portuguesas”, de 1669, “apresentada por alguns como o arquétipo da mulher portuguesa” e a partir da qual “as Três Marias trabalham a questão da autoridade e do poder, o exercício da violência e da dominação, assim como, o poder da palavra”.Agnès Levecot, que já tinha participado no livroNovas Caras Portuguesas entre Portugal e o Mundo, que foi publicado depois de uma pesquisa internacional sobre a recepção das "Novas Cartas Portuguesas" no mundo, foi convidada por llda Mendes dos Santos para se juntar a ela na tarefa de traduzir a obra. “As principais dificuldades estavam no facto de serem textos completamente diferentes do ponto de vista do género, da tonalidade, da língua usada. Portanto, temos textos a imitar o estilo do século XVII ou XVIII, e aí a Ilda teve um papel muito importante porque ela trabalha muito sobre esses séculos. Foi sobretudo adaptar-se, tentar encontrar um estilo para cada momento e cada época. Depois, nós íamos oferecer uma tradução francesa a franceses e forçosamente tínhamos que encontrar uma maneira de passar certos elementos históricos, geográficos, políticos para o público francês perceber, porque são textos que estão muito impregnados de referências intertextuais portuguesas e internacionais de textos muito conhecidos e outros muito menos conhecidos, mas bem conhecidos dos portugueses. Referências políticas, nomes também, ou seja, elementos que nos levaram a acrescentar 200 e tal notas no fim do livro”, acrescenta.“Nouvelles Lettres Portugaises” chega às livrarias francesas a 7 de Maio e é apresentada esta sexta-feira, 25 de Abril, na livraria Les Nouveautés, em Paris. Uma data simbólica para Agnès Levécot que estava em Portugal no 25 de Abril de 1974 e ainda guarda, em casa, um cravo desses tempos revolucionários que marcariam, para sempre, o seu percurso pessoal e profissional.
Ouça a palavra ministrada pelo Pr. Léo Maia no culto de domingo a noite, em 13/04/2025, na Igreja de Nova Vida em Santa Cândida.Lucas 23.33-37
Quatro jovens morreram no dia 25 de Abril de 1974. Dois deles tinham filhos. O que terá sido feito desses órfãos da revolução? Seis miúdos para quem a liberdade significa também o dia em que o pai morreu .
O livro “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas, conta a história de um jovem e, através dele, de um século marcado por escolhas e rupturas decisivas. Jorge Valadas optou pelo caminho da dissidência e da liberdade nos “anos silenciosos” da ditadura portuguesa. Disse não à guerra colonial e desertou da Marinha. Depois, participou activamente no Maio de 68, em Paris, militou contra a guerra no Vietname nos Estados Unidos, e viveu o período revolucionário em Portugal depois do 25 de Abril de 1974. Cinquenta anos depois, escreve que “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”. O livro “Itinéraires du Refus” é apresentado, esta quinta-feira, em Paris. A ditadura, o medo, o silêncio, a deserção, o Maio de 68, o 25 de Abril e o exílio são alguns dos temas que percorrem “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas. A partir da sua história e das suas escolhas e caminhos a contra-corrente, Jorge Valadas convoca uma história colectiva.“É o percurso da minha vida a partir do momento em que tomei uma decisão de fazer uma ruptura que marcou completamente a minha existência e as minhas relações com o mundo. Foi o momento do abandono da sociedade portuguesa com tudo o que ela me significava de opressivo e de repressivo em circunstâncias históricas particulares que eram as da guerra colonial e do regime salazarista. A minha recusa da sociedade portuguesa abriu-me, de certa maneira, para o mundo”, conta à RFI Jorge Valadas. Contra o silêncio, contra o medo, contra a repressão. Contra a guerra colonial, o colonialismo e a ditadura. Jorge Valadas escreveu e assumiu os seus “itinerários”. Desertou da Marinha porque - como tantos milhares de homens - recusava a guerra contra os que lutavam pela independência. Disse não a todo um sistema repressivo que começava em casa, continuava na rua e se lia nos silêncios e obediências forçadas. No colete de forças da ditadura, “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”, lemos no livro, e “o exílio é um caminho escolhido”. Falar da deserção à guerra colonial é romper silêncios em torno de um tema de que ainda pouco se fala e é também contrariar "um período de amnésia histórica enorme" em Portugal.Meses depois de chegar a França, vive o Maio de 68 e leva em cheio com o contraste entre o silêncio de Portugal e as maiores manifestações em França no século XX. Viveu e participou em tudo intensamente. E recordou-nos algumas das imagens e dos momentos mais marcantes. Nesta conversa, conta-nos também o que fazia junto com os camaradas da “tribo” do grupo Cadernos de Circunstância, em Paris, incluindo o episódio em que enviaram material para Portugal dentro de um “submarino comprado pelo regime fascista português à democracia francesa”. Entre os participantes, dois amigos que integrariam “o sector mais revolucionário do MFA na Revolução dos Cravos".Jorge Valadas também nos recorda sobre como viajou para os Estados Unidos com um passaporte falso feito pelo “aluno português do mestre Kaminsky”, um falsificador mítico, e como aí continuou a viver o seu Maio de 68. Curiosamente, o Maio de 68 continuaria, mais tarde, em Portugal, uma semana após o 25 de Abril de 1974, quando regressa no comboio Sud Express. Antes da efervescência das ocupações e das lutas - sobretudo das mulheres que acompanhou, por exemplo, na fábrica Santogal, no Montijo - há um episódio que Jorge Valadas recorda emocionado e que também conta no livro. É quando chega a Vilar Formoso e um soldado lhe agradece por ter desertado. Graças a ele e a homens como ele, é que se chegou à Revolução, disse o furriel.Ao longo do livro, o tema do exílio é outro fio condutor. “Um exílio que começa em Lisboa”, que é “uma força que liberta mas também que aliena”. Será este livro uma forma de reparar a “ferida do exílio” e de se reconciliar com Portugal? “Foi uma reparação, mas eu regresso a Portugal regularmente e nunca está reparado porque reaparece sempre (...) Reaparece sempre esse desconforto entre o que voltamos a encontrar e que nos reconcilia com o passado e aquilo que não queremos encontrar e que está lá de novo.”“Itinéraires du Refus” é o segundo livro da colecção “Brûle-Frontières” da editora Chandeigne & Lima, depois de “Souvenirs d'un futur radieux” de José Vieira. O livro foi publicado a 21 de Março e é apresentado esta quinta-feira, na Livraria Jonas, em Paris.
O livro “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas, conta a história de um jovem e, através dele, de um século marcado por escolhas e rupturas decisivas. Jorge Valadas optou pelo caminho da dissidência e da liberdade nos “anos silenciosos” da ditadura portuguesa. Disse não à guerra colonial e desertou da Marinha. Depois, participou activamente no Maio de 68, em Paris, militou contra a guerra no Vietname nos Estados Unidos, e viveu o período revolucionário em Portugal depois do 25 de Abril de 1974. Cinquenta anos depois, escreve que “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”. O livro “Itinéraires du Refus” é apresentado, esta quinta-feira, em Paris. A ditadura, o medo, o silêncio, a deserção, o Maio de 68, o 25 de Abril e o exílio são alguns dos temas que percorrem “Itinéraires du Refus”, de Jorge Valadas. A partir da sua história e das suas escolhas e caminhos a contra-corrente, Jorge Valadas convoca uma história colectiva.“É o percurso da minha vida a partir do momento em que tomei uma decisão de fazer uma ruptura que marcou completamente a minha existência e as minhas relações com o mundo. Foi o momento do abandono da sociedade portuguesa com tudo o que ela me significava de opressivo e de repressivo em circunstâncias históricas particulares que eram as da guerra colonial e do regime salazarista. A minha recusa da sociedade portuguesa abriu-me, de certa maneira, para o mundo”, conta à RFI Jorge Valadas. Contra o silêncio, contra o medo, contra a repressão. Contra a guerra colonial, o colonialismo e a ditadura. Jorge Valadas escreveu e assumiu os seus “itinerários”. Desertou da Marinha porque - como tantos milhares de homens - recusava a guerra contra os que lutavam pela independência. Disse não a todo um sistema repressivo que começava em casa, continuava na rua e se lia nos silêncios e obediências forçadas. No colete de forças da ditadura, “desobedecer é o primeiro dever de liberdade”, lemos no livro, e “o exílio é um caminho escolhido”. Falar da deserção à guerra colonial é romper silêncios em torno de um tema de que ainda pouco se fala e é também contrariar "um período de amnésia histórica enorme" em Portugal.Meses depois de chegar a França, vive o Maio de 68 e leva em cheio com o contraste entre o silêncio de Portugal e as maiores manifestações em França no século XX. Viveu e participou em tudo intensamente. E recordou-nos algumas das imagens e dos momentos mais marcantes. Nesta conversa, conta-nos também o que fazia junto com os camaradas da “tribo” do grupo Cadernos de Circunstância, em Paris, incluindo o episódio em que enviaram material para Portugal dentro de um “submarino comprado pelo regime fascista português à democracia francesa”. Entre os participantes, dois amigos que integrariam “o sector mais revolucionário do MFA na Revolução dos Cravos".Jorge Valadas também nos recorda sobre como viajou para os Estados Unidos com um passaporte falso feito pelo “aluno português do mestre Kaminsky”, um falsificador mítico, e como aí continuou a viver o seu Maio de 68. Curiosamente, o Maio de 68 continuaria, mais tarde, em Portugal, uma semana após o 25 de Abril de 1974, quando regressa no comboio Sud Express. Antes da efervescência das ocupações e das lutas - sobretudo das mulheres que acompanhou, por exemplo, na fábrica Santogal, no Montijo - há um episódio que Jorge Valadas recorda emocionado e que também conta no livro. É quando chega a Vilar Formoso e um soldado lhe agradece por ter desertado. Graças a ele e a homens como ele, é que se chegou à Revolução, disse o furriel.Ao longo do livro, o tema do exílio é outro fio condutor. “Um exílio que começa em Lisboa”, que é “uma força que liberta mas também que aliena”. Será este livro uma forma de reparar a “ferida do exílio” e de se reconciliar com Portugal? “Foi uma reparação, mas eu regresso a Portugal regularmente e nunca está reparado porque reaparece sempre (...) Reaparece sempre esse desconforto entre o que voltamos a encontrar e que nos reconcilia com o passado e aquilo que não queremos encontrar e que está lá de novo.”“Itinéraires du Refus” é o segundo livro da colecção “Brûle-Frontières” da editora Chandeigne & Lima, depois de “Souvenirs d'un futur radieux” de José Vieira. O livro foi publicado a 21 de Março e é apresentado esta quinta-feira, na Livraria Jonas, em Paris.
Flores, selos e carnaval no Agora Ia desta semana.
A escritora Maria Teresa Horta, uma das “Três Marias” do livro revolucionário “Novas Cartas Portuguesas”, morreu esta terça-feira, aos 87 anos. Há um ano, Maria Teresa Horta recordava à RFI como essa obra fez tremer a ditadura, num programa que aqui voltamos a publicar. O livro “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, foi uma revolução que, em 1972, ajudou a denunciar o regime ditatorial português ao mundo. A obra foi apreendida e as “Três Marias” foram para tribunal. A 5 de Fevereiro de 2024, aos 86 anos, Maria Teresa Horta recebeu a RFI na sua casa em Lisboa e falou-nos sobre os tempos em que as suas palavras tiveram um “efeito de bomba” sobre o fascismo. Um programa feito no âmbito dos 50 anos do 25 de Abril, em que a RFI falou com vários resistentes ao Estado Novo. “Eu acho que, naquela altura, em Portugal, não era nada estranho que este livro fosse tivesse esse efeito de bomba”, começa por dizer Maria Teresa Horta. E, de facto, o livro Novas Cartas Portuguesas, escrito por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, teve o “efeito de uma bomba” durante o Estado Novo. Foi uma revolta sem armas que ajudou a denunciar o regime fascista português ao mundo.A obra foi publicada em 1972 e, pouco depois do lançamento, a primeira edição foi recolhida e destruída pela censura, dando origem ao processo judicial das “Três Marias”, movido pelo Estado português. A ditadura considerou o livro como “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública” e as autoras estavam ameaçadas com uma pena entre seis meses a dois anos de prisão.Em causa, uma obra literária em que as mulheres falavam sem tabus do seu corpo, do desejo, mas também da violência e do estatuto social e político inferior de que eram vítimas. Denunciavam, também, a guerra colonial, a pobreza, a emigração, a violação sexual, o incesto, o aborto clandestino. O livro era, por isso, um perigo para o regime repressivo, retrógrado e fascista português e fez tremer o tecido político e social do país.Este livro, para mim, continua a ter o efeito da claridade. Naquela altura, num país fascista em que, na realidade, todos nós tínhamos uma tristeza intrínseca, uma revolta interior imensa, e exterior, nós só demos por que este livro até poderia ser perigoso, entre aspas, para nós, depois de ele ter sido proibido e ter havido aquilo tudo.As autoras de Novas Cartas Portuguesas já tinham publicado livros que considerados ousados no que toca àquilo que era esperado das mulheres. Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno tinham lançado, em anos anteriores, livros que denunciavam a opressão e a secundarização da mulher: Maina Mendes (1969) e Os Legítimos Superiores (1970). Em 1971, Maria Teresa Horta também publicava Minha Senhora de Mim e desafiava a moral e os bons costumes do regime fascista com uma escrita revolucionária e erótica. Por causa da sua poesia, Maria Teresa Horta foi perseguida pela PIDE, violentamente espancada por três homens e foi parar ao hospital. Em vez de a calar, o episódio bárbaro foi um motor de revolta e incitou a escrita de Novas Cartas Portuguesas. “É um livro político, essencialmente político, feito num país fascista"“Quanto mais me proíbem, mais eu faço”, resume Maria Teresa Horta na sua sala estofada de livros, em Lisboa. O livro “parte de uma realidade horrível” que foi simplesmente esta: “No tempo do fascismo, eu fui espancada na rua pelos fascistas”. Depois, no encontro semanal com as amigas Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, ela contou-lhes o que aconteceu e, na semana seguinte, surge o primeiro texto de Novas Cartas Portuguesas. Assim começava a aventura literária e política desta obra escrita a seis mãos.A partir daqui partem as ‘Novas Cartas Portuguesas'. O começo é este. É muito importante. Não é um começo intelectual. É, na realidade, aquilo que o livro tem de mais interessante porque é realmente um livro de ficção, porque é realmente um livro intelectual, mas se for ver bem - e não é preciso vasculhar muito - é um livro político, essencialmente político, feito num país fascista.Em Maio de 1971 começa o processo de escrita do livro que durará nove meses. Em Abril de 1972 eram publicadas as Novas Cartas Portuguesas, pela editora Estúdios Cor, sob a direcção literária de Natália Correia, a escritora que em 1966 tinha sido condenada a três anos de prisão com pena suspensa pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada “ofensiva dos costumes”. Ou seja, a obra que faz tremer o regime é escrita por três mulheres e editada por outra mulher. “Se a mulher se revolta contra o homem, nada fica intacto”, lê-se numa das cartas...“O livro foi feito por três mulheres e publicado por outra mulher e, naquela altura, estamos a falar de fascismo. Era fascismo puro e não havia mais ninguém que fosse capaz de fazer uma coisa dessas [publicar o livro] a não ser uma mulher”, acrescenta Maria Teresa Horta, lembrando que “as mulheres eram consideradas perigosas” se fugissem ao que se esperava delas socialmente.Recuemos no tempo: naquela altura [passaram pouco mais de 50 anos], na escola, a quarta classe apenas era obrigatória para os rapazes e os conteúdos curriculares reproduziam a lógica de submissão da mulher à esfera do lar e ao marido. Várias profissões estavam vedadas às mulheres, como a magistratura, a aviação e as forças de segurança. As discriminações salariais estavam consagradas na lei e o marido podia ficar com o ordenado da mulher e até proibi-la de trabalhar. Em 1946, o direito de voto foi alargado às mulheres chefes de família, mas retirado às mulheres casadas; o Código Civil de 1967 definia a família como chefiada pelo marido; era proibido o divórcio no casamento católico; a mulher precisava de autorização do marido para pedir passaporte e sair do país e a violência sobre as mulheres e as crianças não era criminalizada.Não espanta, por isso, que a censura se tenha apressado a retirar e a proibir Novas Cartas Portuguesas pouco depois da publicação. A seguir, “foi uma loucura”. Maria Teresa Horta recorda-se de ter sido surpreendida, na televisão, pelas palavras do presidente do Conselho, Marcello Caetano, no programa “Conversa em Família”. A poeta estava, precisamente, em família e ficou incrédula com o que ouviu.Marcello Caetano estava a fazer a ‘Crónica em Família', como se chamava e, de repente, diz: ‘Mas hoje tenho outra coisa a dizer: há três mulheres que não são dignas de ser portuguesas, Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa, que publicaram um livro que é uma vergonha para qualquer português'... Extremamente indignada, foi aí que Maria Teresa Horta percebeu que “isto vai dar um sarilho desgraçado”. Mas foi muito mais do que um sarilho. Foi a tal bomba contra o regime e respondeu a uma das perguntas que as autoras deixam no livro “O que podem as palavras?” Vitória literária e política contra a ditaduraDepois da censura, da proibição e do processo judicial instaurado contra Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa, surgiu uma enorme solidariedade que ultrapassou fronteiras e desencadeou protestos em vários países. Depois de banido, o livro foi imediatamente traduzido em França, Itália, Alemanha, Estados Unidos e é, até hoje, uma das obras portuguesas mais traduzidas em todo o mundo.Em França, Simone de Beauvoir, Marguerite Duras e Christiane Rochefort promoveram várias acções de luta, como a distribuição de panfletos, recolha de assinaturas para um abaixo-assinado entregue na Embaixada de Portugal em Paris e uma procissão das velas diante da Catedral de Notre-Dame. Também nos Estados Unidos e na Suécia se realizaram manifestações de apoio às “Três Marias”, e, nos Países Baixos, houve mulheres a ocuparem a Embaixada de Portugal. Em Junho de 1973, em Boston, na Conferência Internacional da National Organization of Women, em que participaram cerca de 400 mulheres, a luta das “Três Marias” constituiu-se como “a primeira causa feminista internacional”. Outro momento emblemático foi a leitura-espectáculo, a 21 de Outubro de 1973, “La Nuit des Femmes”, no Palais de Chaillot, em Paris, que deu origem ao documentário “Les Trois Portugaises” Delphine Seyrig (1974).A primeira sessão do julgamento decorreu no Tribunal da Boa Hora, em Lisboa, em Julho de 1973. No dia seguinte, começavam as férias judiciais, por isso, durante três meses as escritoras não voltaram ao tribunal. O início oficial ficou marcado para 25 de Outubro e a imprensa internacional estava de olhos postos nas “Três Marias”.Após sucessivos incidentes e adiamentos, o julgamento acabou por não acontecer graças à Revolução dos Cravos. Poucos dias depois do 25 de Abril de 1974, a 7 de Maio, a sentença foi lida, determinando a absolvição das “Três Marias”. O juiz Acácio Lopes Cardoso defendeu, então, que “o livro não é pornográfico, nem imoral” mas sim “obra de arte, de elevado nível, na sequência de outros que as autoras já produziram”.Para a história, ficou uma vitória literária e política de um livro escrito por três mulheres, com textos que cruzam poesia, romance, ensaio, contos e cartas, esbatendo noções de autoria e géneros literários e denunciando todos os temas censurados em plena ditadura.
O filme “Salazar - Le Portugal à quitte ou double”, de Bruno Lorvão e Christiane Ratiney, que vai ser difundido no canal France 5, a 22 de Dezembro, recorda o papel de Portugal durante a Segunda Guerra Mundial e como é que Salazar mantinha relações diplomáticas e comerciais tanto com Winston Churchill quanto com Adolf Hitler. Bruno Lorvão falou-nos sobre "o país esquecido na Segunda Guerra Mundial" e como o conflito permitiu a Salazar consolidar a ditadura que viria a ser a mais longa da Europa. RFI: O filme chama-se “Salazar - Le Portugal à quitte ou double”. Queria que nos explicasse o título e a partir daí fizesse um pequeno resumo do filme...Bruno Lorvão, Realizador: "O título está ligado ao póquer, ao jogo de cartas, e em português pode-se-ía traduzir por tudo ou nada. A situação de Portugal era uma situação rara no continente europeu, era um país que conseguiu ter relações comerciais e políticas com os dois blocos que se enfrentavam. É um país esquecido na história da Segunda Guerra Mundial e esse papel de neutralidade teve alguma importância no decorrer da guerra."Porque decidiu fazer um filme sobre Salazar, o homem que implementou a ditadura mais longa da Europa? Não é, de certa forma, dar palco a um ditador?"É dar chaves de compreensão sobre o que se passou naqueles anos em Lisboa e em Portugal. É uma história desconhecida fora de Portugal e muito pouco conhecida em Portugal. Por isso, são duas boas razões para contar essa história e para sabermos mais sobre o nosso país e sobre a história de Salazar também."Contou-me, nos bastidores, que é um dos primeiros filmes que fala especificamente sobre este tema. Quer explicar-nos?"Exacto. Há um filme documentário só de arquivos chamado “Fantasia Lusitana” que é um filme muito bonito que fala de Lisboa durante a Segunda Guerra Mundial e, de alguma forma, também de Salazar. O nosso é inédito pelo facto de, pela primeira vez, um filme ir buscar o trabalho histórico feito pelos historiadores e tenta sintetizar esses cinco anos de história de Lisboa durante a Segunda Guerra Mundial, que é uma história de diplomacia, uma história de relações económicas, uma história complexa que não foi nada fácil de sintetizar em 52 minutos com a Christiane Ratiney. É um filme que vale a pena quando nos interessamos pela Segunda Guerra Mundial. Vale a pena descobrir."O filme tem imagens de arquivo, ilustração, fotografias… Sabendo que Salazar era conhecido como um ditador austero que fugia das câmaras, de onde vêm estas imagens e como é que construíram este documentário?"Grande parte dos arquivos vêm da Cinemateca Portuguesa e das produções do Estado Novo, dos boletins informativos que eram da propaganda. E aí encontramos as poucas imagens de Salazar, de Carmona, que era o Presidente da República na época, e fomos buscar alguns arquivos à BBC, e alguns arquivos privados.É um filme feito com 100% de arquivos, mas tivemos que recorrer à animação para entrar no escritório de Salazar, no Palácio de São Bento, a residência oficial dos primeiro-ministros. E aí desenhámos um Salazar, inventámos um Salazar, um escritório como era naquela época, para podermos contar aquela pressão que Salazar teve durante estes três, quatro anos e que são chaves para perceber a duração de Salazar nos 30 anos que se seguiram. Ou seja, se Salazar chegou até ao fim dos anos 60 ileso, foi graças, em grande parte, ao papel que ele teve na Segunda Guerra Mundial."Quais são os principais factos que vocês contam no documentário e que, como dizia, não são assim tão conhecidos? Como é que Salazar conseguiu fazer este jogo duplo com os Aliados e com a Alemanha nazi?"Factos há vários. Há fases. A primeira fase é a fase dos refugiados, várias dezenas de milhares de refugiados que chegaram a Portugal e a Lisboa, que tiveram um impacto forte, muitos deles judeus. Um outro facto é que Portugal tinha volfrâmio, que era um mineral importante para a indústria militar alemã, e as minas mais importantes de volfrâmio na Europa do Oeste eram em Portugal. A partir daí, a Alemanha precisava de Salazar e de ter relações económicas com Salazar. Depois houve outro tema que era que Franco ameaçou invadir Portugal. Salazar foi jogando aquele jogo, sendo Portugal o mais velho aliado dos ingleses e o regime sendo de cultura fascista - que tinha relações com Franco, Mussolini e Hitler - ele foi ali tendo relações com as duas frentes."No início do filme, a narradora conta que em Junho de 1940 Salazar sabe que a independência de Portugal está ameaçada porque o país é só um peão no tabuleiro das grandes potências, numa altura em que a Europa está a ferro e fogo e só Churchill resiste ainda a Hitler. Salazar, ditador fascista mas aliado histórico de Inglaterra, acaba por transformar esta fragilidade numa força…"Também vemos que Lisboa é a única capital do mundo onde temos alemães e ingleses e onde se pode apanhar um avião - se as pessoas tiverem boas relações, claro - de Berlim até Lisboa, passando por Barcelona e depois apanhar um avião de Lisboa até Londres."Como é que isso acontece e até que ponto é que realmente Portugal foi neutro? Que neutralidade era esta? "A neutralidade é muito relativa, mas Salazar percebeu que nem os Aliados nem o Eixo queriam abrir uma nova frente militar porque abrir uma frente militar na Península Ibérica era pedir um esforço a mais às estruturas militares de cada uma das frentes. A partir daí, Salazar sabia que tinha ali um espaço de negociação com Hitler e com Churchill. A única preocupação que ele teve foi com Franco nos primeiros meses. Salazar não deixa de ser uma personagem intrigante na maneira como ele conseguiu organizar este papel bem particular de Portugal durante a Segunda Guerra Mundial."Voltemos aos cerca de 20.000 refugiados europeus que chegam a Portugal. No filme, contam que Lisboa era “uma sala de espera a céu aberto” de milhares de pessoas que esperavam ir para a América. Lisboa era mesmo considerada “o último porto livre da Europa”, mesmo com os portugueses sob o jugo fascista? "Sim, era, e o que foi interessante foi o encontro desses dois mundos: um Portugal ainda com dois pés no século XIX e uma burguesia - porque muitos dos refugiados eram pessoas que tinham dinheiro - com senhoras que tinham o cabelo desfeito, umas saias um bocado curtas. Houve ali um encontro de dois mundos... E essas questões de moralidade foram de alguma preocupação para o regime conservador de Salazar."Isso não foi um “murro no estômago” para os portugueses que, de repente, viram aquele outro mundo mais aberto? Como é que isso não abalou a ordem social e moral em Portugal?"Salazar conseguiu porque tinha a polícia política ao seu lado e tinha a Legião Portuguesa também e os militares, de alguma forma, com ele. Mas não deixa de ser verdade que nestes anos de guerra, graças aos refugiados, pela questão cultural e, de certo modo, pela liberdade que trouxeram à cidade de Lisboa, as pessoas descobriram o que era ser moderno. Houve também revoltas de fome no país, no fim da guerra, ou seja, os anos de guerra em Portugal que aparecem como anos de estabilidade, afinal foram anos de grande tensão e de alguma instabilidade para o regime de Salazar."No filme contam que Lisboa era considerada “a nova cidade-luz”. Porquê? "Nessa altura havia actores alemães, havia actores americanos, franceses, escritores ingleses que vinham passar férias em Portugal. As pessoas ligadas a Hollywood para irem para Londres tinham que passar por Lisboa. Ou seja, apanhavam um avião transatlântico que fazia uma escala nos Açores. Depois paravam em Lisboa e em Lisboa apanhavam outro avião. Então Lisboa era o centro nevrálgico que ligava Londres aos Estados Unidos e, a partir daí, todas as vedetas do mundo do cinema europeu e do cinema americano, muitas, passaram por Lisboa."Queria que voltássemos ao alegado projecto de invasão espanhola de Portugal, apoiado por Hitler para enfraquecer Churchill. Que plano foi este e como é que Salazar o consegue contornar? "Havia a chamada “Operação Félix”, que era uma operação para pôr a mão no estreito de Gibraltar, onde havia uma base britânica. Mas entrar em Gibraltar implicava invadir Portugal, mesmo Portugal sendo um país fascista. A partir daí, alguns membros do governo de Franco pensaram seriamente em invadir Portugal e foram para Berlim ver se Hitler apoiava o projecto. Não foi por muito que escapámos a uma nova invasão dos nossos queridos irmãos ibéricos…"Qual foi a estratégia de Salazar? "Salazar conhecia muito bem a situação em Espanha e explicou a Churchill que os espanhóis estavam a passar fome e que Franco estava à rasca, não tinha como alimentar a população, mas que se lhe desse trigo, safava-se com a Península Ibérica e com Franco. Enquanto desse trigo, Franco não podia ir contra Portugal e como Hitler não ajudou Franco como Franco queria, a partir daí a situação estabilizou."Vocês abordam, ainda, a batalha do Atlântico e o papel dos Açores. Qual foi o papel dos Açores e como é que os Açores serviram de moeda de troca para assegurar a sobrevivência da ditadura portuguesa depois da guerra?"Os Açores foram o trunfo final de Salazar e a carta maior de Salazar durante a Segunda Guerra Mundial, aquela que ele usou mesmo no último instante da guerra. Ele sabia que os Aliados precisavam dos Açores para estabilizar o Atlântico Norte, com os u-boots alemães que afundavam barcos aliados e precisavam dos Açores para fazer uma ponte aérea para fornecer Inglaterra em homens e armamento, etc. Ele negociou esta carta durante três anos e só autorizou os ingleses e depois os americanos instalarem uma base nos Açores nos momentos finais da guerra, quando Salazar ainda negociava volfrâmio com Hitler e fazia comércio com Hitler.Depois, houve ali um momento em que os Estados Unidos já não podiam com Salazar, ameaçaram depô-lo e contactaram a filha do Presidente Carmona para ver se havia uma maneira. Então, Salazar percebeu que já não podia esticar a corda e autorizou a instalação dos britânicos e depois dos americanos nos Açores. Hitler morre, a guerra acaba e ele sai completamente ileso dessa Segunda Guerra Mundial e até sai reforçado. Ou seja, a guerra permitiu a Salazar instalar de vez o Estado Novo."Este é o seu segundo filme difundido este ano na televisão francesa, no ano do cinquentenário da Revolução dos Cravos. O primeiro foi “La Révolution des Oeillets”, agora este sobre Salazar e a Segunda Guerra Mundial. Porquê apostar na história portuguesa contemporânea para um público francófono?O meu combate é sempre o mesmo. Somos um país pequenino, com uma produção audiovisual que produz coisas, mas que não tem os meios da produção francesa, a qual tem alguma abertura que permite contar histórias que não são histórias unicamente francesas. Com os mais de um milhão de franco-portugueses que há neste país, há um espaço para falar da história de Portugal aqui em França e também para os portugueses. Haverá outros projectos, com certeza, e agradeço à France Télévisions e ao sistema audiovisual francês por nos permitir produzir este tipo de projectos, porque projectos feitos só de arquivos são complicados e só se podem fazer em boas condições.
Moçambique vive uma crise que se intensificou desde as eleições gerais de outubro. Esse país lusófono da costa leste do continente africano enfrenta tensões políticas e ideológicas complexas, permeadas por elementos históricos que dividem a nação desde a sua independência, em 1975. Flávio Aguiar, analista políticoEm 9 de outubro realizaram-se eleições gerais em Moçambique, para a presidência da República, a Assembleia Nacional e as dez assembleias provinciais. O Conselho Nacional de Eleições proclamou vencedor o candidato Daniel Chapo, da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e do atual presidente, Felipe Nyusi. A FRELIMO é usualmente apontada como um partido de orientação marxista-leninista. Como já de costume, o principal candidato de oposição, Venâncio Mondlane, do Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) e pela Aliança Democrática, considerado um político pró-Ocidente, não aceitou o resultado e denunciou a ocorrência de fraudes na votação e na apuração. Na sequência, chamou manifestações contra o governo, que vêm ocorrendo desde então, sobretudo na capital, Maputo. Registram-se cotidianamente choques entre a polícia e unidades militares pró-governo e os manifestantes oposicionistas. O número de mortos nestas manifestações sobe a dezenas, bem como o de detidos pela polícia.Os policiais e as unidades militares envolvidas na repressão aos manifestantes são acusados de usarem violência excessiva. Em contrapartida, alegam que, frequentemente, as manifestações degeneram em atos de vandalismo e depredação.A FRELIMO, fundada em 1962 e líder da campanha e da guerra contra o colonialismo português, está no poder desde a independência, em 1975. Contra ela há acusações de autoritarismo crescente, manipulações eleitorais, e de corrupção, provocada por uma aliança de exercício do poder por oligarquias, inclusive familiares, negócios escusos, e tráfico de influência. Dentre os mais de 200 representantes de organizações internacionais, os da União Europeia apoiaram, ainda que de modo moderado, as denúncias de Mondlane, também apoiadas por outros partidos de oposição.Por sua vez, Mondlane é uma personalidade política bastante controversa. Pastor evangélico, recebeu no passado o apoio de remanescentes da RENAMO, Resistência Nacional Moçambicana, fundada em 1977 por apoiadores do colonialismo europeu na África e defensora do apartheid na África do Sul.Todas as suas ligações internacionais são com partidos e políticos de extrema-direita. Elogia Donald Trump e, no Brasil, se diz aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado federal Nikolas Ferreira, do Partido Liberal (PL), de extrema-direita. Em Portugal apoia e tem o apoio do partido CHEGA, fundado em 2019 por André Ventura, também de extrema-direita. Simpatizantes desta tendência afirmam que os problemas de Moçambique decorrem de uma processo de independência mal conduzido pelo “abrileiros” (sic), uma referência à Revolução dos Cravos que em 25 de abril de 1974 derrubou a ditadura salazarista, e sua proximidade em relação à FRELIMO marxista.As manifestações contra o governo e a favor de Mondlane têm tido apoio entre jovens, parcela em que a taxa de desemprego é muito alta, sobretudo nas cidades. A FRELIMO conta com um apoio mais firme em regiões rurais e entre veteranos que viveram o estertor do colonialismo português na África.O escritor angolano José Eduardo Agualusa publicou um artigo com críticas veementes a Mondlane. O escritor moçambicano Mia Couto divulgou uma carta aberta pedindo moderação a todas as partes no tratamento da crise moçambicana, recebendo críticas de oposicionistas que a consideraram omissa em relação às denúncias de violência por parte do governo. Os países africanos vizinhos acompanham atentamente a situação, inclusive a África do Sul, porque Maputo tornou-se um porto importante para o escoamento de seus produtos. Idem a União Europeia, cujos países têm muitos investimentos na região. De toda esta crise, duas conclusões prévias se impõem. A primeira é a de que, como o Brasil, Moçambique não é para principiantes. A segunda é a de que, se a FRELIMO pode ter-se tornado um problema, Mondlane, com suas ligações autoritárias, parece longe de ser uma solução.
Com 46 anos dedicados ao canto coral, a carioca Patrícia Costa criou dois coros na cidade portuguesa de Aveiro: o Relâmpago e o Corisco d'Aveiro. Para o projeto, ela tem atraído portugueses, brasileiros e pessoas de diferentes partes do mundo, com ou sem nenhuma experiência em canto coletivo. De Portugal, Fábia BelémDoutora em Performance Musical pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), a carioca Patrícia Costa construiu, no Brasil, uma carreira sólida e bem-sucedida como professora de música, diretora de coral, arranjadora vocal e diretora de cena para música cênica. Quatro anos atrás, em plena pandemia de Covid-19, ela e o marido trocaram o Rio de Janeiro pela cidade de Aveiro, localizada na região central de Portugal. No final de 2022, ela criou um projeto inovador de canto coletivo, com o apoio do diretor da Oficina de Música de Aveiro (OMA), Zetó Rodrigues.Patrícia lembra exatamente o que sugeriu a Rodrigues dois atrás: “Um coro de prazo curto a que eu vou chamar de ‘Coro Relâmpago'”. O projeto propõe um mês e meio de ensaios semanais, cada ensaio com uma média de duas horas de duração e uma apresentação ao final do projeto.Para a alegria da regente brasileira e da OMA, o Coro Relâmpago deu tão certo que já está na nona edição. Cada vez que as inscrições são abertas, ela consegue juntar de 35 a 40 interessados de diferentes idades e nacionalidades.“Eu tenho cantores portugueses, brasileiros, africanos. Agora, estamos com uma grega, com um venezuelano”, diz. “A ideia é justamente essa mistura. No momento em que o mundo me parece tão tomado por um discurso separatista, eu quero a união, que as pessoas queiram se unir através da música”, explica a regente brasileira.“Acredito que todo mundo pode vir a cantar”Entram no Relâmpago quem já participou de suas edições passadas e quer se manter no coro, e também gente nova – o projeto é aberto a qualquer pessoa que queira experimentar o canto coletivo. “Claro que há umas pessoas que têm mais dificuldades do que outras. Mas eu, de fato, acredito que todo mundo pode vir a cantar”, garante.Ser capaz de cantar foi uma feliz descoberta para o português António Correia, que faz parte do Relâmpago desde a sua quarta edição. Ele conta que sempre gostou muito de música, mas não imaginava que pudesse fazer parte de um projeto musical.“Esta experiência tem mostrado que posso fazer parte disto e que me sinto extremamente feliz. Um ano e meio atrás, se me dissessem que isto iria acontecer, eu diria que não, que era impossível”, ressalta.Já a brasileira Victoria Garbayo dedica-se ao canto coral desde os 9 anos de idade. Ela era aluna da Patrícia Costa no Rio de Janeiro, e juntou-se ao projeto da ex-professora em Portugal, onde mora há sete anos.“Muito bom poder fazer parte desse grupo que está crescendo, se desenvolvendo musicalmente, um grupo unido com pelo menos uma coisa em comum, que é a música”, sublinha.Os ensaios do Coro Relâmpago acontecem na Oficina de Música de Aveiro, que se transformou numa grande parceira da regente brasileira e numa espécie de casa dos coralistas. O repertório reúne músicas de diferentes partes do mundo.Patrícia recorda que, nas comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, em abril deste ano, ela decidiu “pegar algumas músicas portuguesas, africanas e brasileiras, e fazer misturas”. Ela misturou música do português Antônio Variações com canção do brasileiro Cazuza. Fez o mesmo com o cantor português Vitorino e a dupla brasileira formada pelos irmãos Kleiton & Kledir.“Eu faço essa mistura como uma forma de dizer: 'gente, que lindo que é a gente poder misturar as culturas, trazer à tona coisas que tão no sangue'”, explica Patrícia.O projeto tem feito tanto sucesso que no final de agosto deu o primeiro fruto – o coro “Corisco d'Aveiro”, formado por quem já integrou ou ainda faz parte do Relâmpago e quer se dedicar à música vocal brasileira.Assim como o Relâmpago, o Corisco trabalha em curtas temporadas, embora exija mais tempo de quem participa – de dois a três meses”. O novo coral “tem um voo um pouco mais ambicioso, de pegar um repertório, às vezes, um pouco mais puxado em termos musicais”, esclarece Patrícia Costa.Medalha de ouroNo 5º Festival e Concurso Internacional de Coros da Beira Interior, que aconteceu há dois meses, em Portugal, o Corisco d'Aveiro ganhou a medalha de ouro na categoria folclore. “Folclore brasileiro”, salienta.“E voltamos instigadíssimos para fazermos mais”, avisa a regente. Se depender dela, Victoria Garbayo, António Correia e todos os outros coralistas do projeto vão ter muito o que cantar e viver em grupo.“Eu digo que o coral é uma sociedade sã, onde impera a generosidade, o apoio, a acolhida, onde todos se dão as mãos e vão juntos. E é por aí que tem de ser.”Os coros Relâmpago e Corisco d'Aveiro apresentam concertos de Natal neste sábado (07), no Instituto Pernambuco Porto, na cidade do Porto, domingo (08), no Centro Cultural da vila portuguesa de Góis, e segunda (09), na Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro.
Com 46 anos dedicados ao canto coral, a carioca Patrícia Costa criou dois coros na cidade portuguesa de Aveiro: o Relâmpago e o Corisco d'Aveiro. Para o projeto, ela tem atraído portugueses, brasileiros e pessoas de diferentes partes do mundo, com ou sem nenhuma experiência em canto coletivo. De Portugal, Fábia BelémDoutora em Performance Musical pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), a carioca Patrícia Costa construiu, no Brasil, uma carreira sólida e bem-sucedida como professora de música, diretora de coral, arranjadora vocal e diretora de cena para música cênica. Quatro anos atrás, em plena pandemia de Covid-19, ela e o marido trocaram o Rio de Janeiro pela cidade de Aveiro, localizada na região central de Portugal. No final de 2022, ela criou um projeto inovador de canto coletivo, com o apoio do diretor da Oficina de Música de Aveiro (OMA), Zetó Rodrigues.Patrícia lembra exatamente o que sugeriu a Rodrigues dois atrás: “Um coro de prazo curto a que eu vou chamar de ‘Coro Relâmpago'”. O projeto propõe um mês e meio de ensaios semanais, cada ensaio com uma média de duas horas de duração e uma apresentação ao final do projeto.Para a alegria da regente brasileira e da OMA, o Coro Relâmpago deu tão certo que já está na nona edição. Cada vez que as inscrições são abertas, ela consegue juntar de 35 a 40 interessados de diferentes idades e nacionalidades.“Eu tenho cantores portugueses, brasileiros, africanos. Agora, estamos com uma grega, com um venezuelano”, diz. “A ideia é justamente essa mistura. No momento em que o mundo me parece tão tomado por um discurso separatista, eu quero a união, que as pessoas queiram se unir através da música”, explica a regente brasileira.“Acredito que todo mundo pode vir a cantar”Entram no Relâmpago quem já participou de suas edições passadas e quer se manter no coro, e também gente nova – o projeto é aberto a qualquer pessoa que queira experimentar o canto coletivo. “Claro que há umas pessoas que têm mais dificuldades do que outras. Mas eu, de fato, acredito que todo mundo pode vir a cantar”, garante.Ser capaz de cantar foi uma feliz descoberta para o português António Correia, que faz parte do Relâmpago desde a sua quarta edição. Ele conta que sempre gostou muito de música, mas não imaginava que pudesse fazer parte de um projeto musical.“Esta experiência tem mostrado que posso fazer parte disto e que me sinto extremamente feliz. Um ano e meio atrás, se me dissessem que isto iria acontecer, eu diria que não, que era impossível”, ressalta.Já a brasileira Victoria Garbayo dedica-se ao canto coral desde os 9 anos de idade. Ela era aluna da Patrícia Costa no Rio de Janeiro, e juntou-se ao projeto da ex-professora em Portugal, onde mora há sete anos.“Muito bom poder fazer parte desse grupo que está crescendo, se desenvolvendo musicalmente, um grupo unido com pelo menos uma coisa em comum, que é a música”, sublinha.Os ensaios do Coro Relâmpago acontecem na Oficina de Música de Aveiro, que se transformou numa grande parceira da regente brasileira e numa espécie de casa dos coralistas. O repertório reúne músicas de diferentes partes do mundo.Patrícia recorda que, nas comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, em abril deste ano, ela decidiu “pegar algumas músicas portuguesas, africanas e brasileiras, e fazer misturas”. Ela misturou música do português Antônio Variações com canção do brasileiro Cazuza. Fez o mesmo com o cantor português Vitorino e a dupla brasileira formada pelos irmãos Kleiton & Kledir.“Eu faço essa mistura como uma forma de dizer: 'gente, que lindo que é a gente poder misturar as culturas, trazer à tona coisas que tão no sangue'”, explica Patrícia.O projeto tem feito tanto sucesso que no final de agosto deu o primeiro fruto – o coro “Corisco d'Aveiro”, formado por quem já integrou ou ainda faz parte do Relâmpago e quer se dedicar à música vocal brasileira.Assim como o Relâmpago, o Corisco trabalha em curtas temporadas, embora exija mais tempo de quem participa – de dois a três meses”. O novo coral “tem um voo um pouco mais ambicioso, de pegar um repertório, às vezes, um pouco mais puxado em termos musicais”, esclarece Patrícia Costa.Medalha de ouroNo 5º Festival e Concurso Internacional de Coros da Beira Interior, que aconteceu há dois meses, em Portugal, o Corisco d'Aveiro ganhou a medalha de ouro na categoria folclore. “Folclore brasileiro”, salienta.“E voltamos instigadíssimos para fazermos mais”, avisa a regente. Se depender dela, Victoria Garbayo, António Correia e todos os outros coralistas do projeto vão ter muito o que cantar e viver em grupo.“Eu digo que o coral é uma sociedade sã, onde impera a generosidade, o apoio, a acolhida, onde todos se dão as mãos e vão juntos. E é por aí que tem de ser.”Os coros Relâmpago e Corisco d'Aveiro apresentam concertos de Natal neste sábado (07), no Instituto Pernambuco Porto, na cidade do Porto, domingo (08), no Centro Cultural da vila portuguesa de Góis, e segunda (09), na Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro.
Foi em busca do tempo perdido e das memórias quase apagadas que o cineasta francês Pierre Primetens realizou o seu mais recente filme "La Photo Retrouvée" ["A Fotografia Encontrada"]. A obra autobiográfica parte da ausência de imagens da sua mãe e da sua infância para resgatar a sua própria história. É com imagens de arquivos de outras famílias que ele reconstitui um passado do qual não tinha registos, e que lhe foi negado, num percurso de vida que o leva a reencontrar-se com as suas raízes portuguesas. Pierre Primetens nasceu em França, três dias antes da Revolução dos Cravos. Perdeu a mãe portuguesa aos cinco anos e cresceu num ambiente que tentou extinguir a memória materna, as raízes lusas e uma parte da sua identidade. O filme “La Photo Retrouvée” conta essa história e o título responde a outro filme sobre a emigração portuguesa “La Photo Déchirée” [“A Fotografia Rasgada”] de José Vieira, uma referência para Pierre Primetens que, tantos anos depois, acabou por encontrar a fotografia que lhe faltava.O título é uma referência ao filme de José Vieira que é um filme bastante conhecido sobre a emigração portuguesa para França. "La Photo Déchirée" conta que quando uma pessoa ia para França, deixava uma parte de uma fotografia rasgada e quando chegava ao destino, enviava a segunda parte da fotografia à família para mostrar que chegou em segurança. No meu filme uso imagens de outras famílias e só há uma imagem da minha família no fim que é da minha mãe que emigrou para França. Chamei-lhe “La Photo Retrouvée” porque encontrei essa única fotografia dela e o fim do filme é a revelação dessa fotografia.Foi a partir da falta de imagens da mãe que nasceu o filme. Pierre Primetens juntou filmagens em Super 8, rodadas entre 1940 e os anos 70 e reunidas num fundo de arquivos familiares [CICLIC Centre-Val de Loire]. Foi contando a sua história ilustrada com essas imagens alheias que começaram a ser as suas e agora são também do público. E assim foi reconstruindo uma memória retalhada, como uma colagem aleatória que foi ganhando sentido ou como um puzzle que se foi completando com peças oriundas de diferentes colecções. “Não tenho fotografias minhas quando era criança. Há uma falta de imagens na minha família. No filme, conto porque é que esta família não fez nenhuma imagem”, descreve.Pierre Primetens cria um filme com múltiplas leituras e entrelaçamentos, através do cruzamento do texto autobiográfico, com imagens de arquivo de outras famílias, sons também de arquivos, incluindo uma canção de embalar portuguesa, numa associação de ideias e imagens que não pretende ilustrar mas abrir possibilidades. O único fio condutor é a história de um menino de cinco anos que perde a mãe e fica entregue a um pai que decide apagar completamente a mãe das suas vidas, com toda a violência que isso acarreta para uma criança. Até ao dia em que, já adulto, um familiar aparece à procura dele e o reencontro com Portugal acontece.Pierre Primetens já tinha feito uma trilogia autobiográfica com "Un voyage au Portugal", "Des vacances à l'Île Maurice" e "Contre toi", em que já estava inscrita uma certa viagem em busca de quem se é. "La Photo Retrouvée" talvez seja o completar de um ciclo sobre essa tentativa de resgate de memórias e identidade. O filme já foi apresentado nos festivais Chéries-Chéris Paris, Sicilia Queer filmfest 2024, Queer Lisboa 2024, Family Film Project Festival 2024 e États généraux du film documentaire de Lussas 2024.
Que dizer da morte de Celeste Caeiro,mulher que tornou os cravos símbolo da liberdade?Que dizer de ter morrido sozinha numa gélida sala de um hospital? Sem ninguém que a acudisse,lhe tivesse oferecido a sua mão ou 1cravo
Fala, pirataria! Está no mar o nosso novo podcast! Neste episódio, Daniel Gomes de Carvalho (@danielgomesdecr), Rafinha Verdasca (@rafaverdasca) e Fernando Sarti (Unifesp) recebem Lincoln Secco (@lsecco.usp), professor de História Contemporânea da USP, para uma conversa sobre a Revolução dos Cravos Canal do História Pirata no YouTube: www.youtube.com/@historiapirata chave pix: podcast.historiapirata@gmail.com Livro do Prof. Daniel sobre a Revolução Francesa: www.editoracontexto.com.br/produto/rev…esa/5105603 Esse episódio foi editado por: Gabriel Campos (@_grcampos)
A Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris, acolhe, até Dezembro, um ciclo de cinema intitulado “A Revolução das Imagens – Revolução e Descolonização em Portugal (1974-1977)”. A programação conta com filmes feitos por colectivos de cineastas que registaram os primeiros dias da revolução, mas também acompanharam as lutas operárias e as ocupações de fábricas, a reforma agrária e as campanhas de dinamização cultural e alfabetização, entre outras lutas. As escolhas mostram como “o cinema representou a revolução”, mas também como “os modos de representação foram transformados pelo próprio processo revolucionário”, resume Raquel Schefer, co-organizadora do evento e professora na Sorbonne Nouvelle. É um salto no tempo a um tempo de lutas. São histórias que fizeram história e esperanças que ficaram, para sempre, em película. Alguns desses filmes estão a ser exibidos na Universidade Sorbonne-Nouvelle, em Paris num ciclo de cinema intitulado “A Revolução das Imagens – Revolução e Descolonização em Portugal (1974-1977)”. A iniciativa começou a 7 de Novembro e vai ter sessões até 19 de Dezembro.A programação conta com obras feitas por colectivos de cineastas que viveram os primeiros dias da revolução [“As Armas e o Povo”], que acompanharam as lutas operárias e as ocupações de fábricas durante o Período Revolucionário em Curso, [“Applied Magnetics”, “O Caso Santogal” e “Candidinha”], que deram voz aos trabalhadores rurais que protagonizaram a reforma agrária [“A Lei da Terra”] e que acompanharam campanhas de alfabetização [“A Luta do Povo: Alfabetização de Santa Catarina”].Há, ainda, filmes experimentais como “Revolução” de Ana Hatherly, “Destruição” de Fernando Calhau, “Paredes Pintadas da Revolução Portuguesa” de António Campos e “O Parto” de José Celso Martinez Corrêa e Celso Lucas.O ciclo aborda, também, as guerras de libertação, com “Adeus, Até ao meu regresso”, de António-Pedro Vasconcelos, e recorda a figura central do capitão, Salgueiro Maia, com “Capitães de Abril” de Maria de Medeiros, o único filme do ciclo que não foi realizado entre 1974 e 1977.O programa foi organizado pelos investigadores Raquel Schefer, Fernando Curopos e Teresa Castro em colaboração com a Cinemateca Portuguesa e o Instituto Camões. As escolhas dos filmes mostram como “o cinema representou a revolução” e como “os modos de representação foram transformados pelo próprio processo revolucionário”, explica Raquel Schefer.“Tentámos, de alguma forma, oferecer um panorama da diversidade estilística, mas também da diversidade dos modos de produção. Há bastantes filmes produzidos por colectivos de cinema, cooperativas de cinema que foram fundadas durante esse período em Portugal. Portanto, o ciclo procura restituir um pouco toda essa heterogeneidade do cinema revolucionário português e, ao mesmo tempo, reflectir ou propor uma reflexão sobre a maneira como o cinema representa a revolução. Mas, ao mesmo tempo, os seus modos de representação são transformados pelo próprio processo revolucionário”, conta a professora de cinema na Sorbonne-Nouvelle.A investigadora sublinha que “o cinema de Abril é, antes de mais, um cinema que procura documentar a revolução”, mas que também vai “reinventar os modos de produção” e “revolucionar as formas cinematográficas”. O impacto é tão forte que “a revolução continua a ter repercussões formais no cinema português até hoje”, acrescenta Raquel Schefer.O realizador Fernando Matos Silva foi um dos protagonistas dessa revolução no cinema. Começou por trabalhar com Paulo Rocha e Fernando Lopes, ainda sob a ditadura, e o seu primeiro filme, “O Mal Amado” (1974) foi o último filme português a ser proibido pela censura e o primeiro a ser estreado depois do 25 de Abril.A 25 de Abril de 1974, Fernando Matos Silva estava na rua às primeiras horas da manhã para filmar imagens que ficaram na história e nunca parou. Com o colectivo Cinequipa, documentou os dias da revolução, da multidão no Largo do Carmo às lutas dos trabalhadores durante o período revolucionário. A Universidade Sorbonne-Nouvelle convidou-o a apresentar os documentários “Applied Magnetics” e “O Caso Sogantal”.“Eu tinha uma grande amizade com a Maria Antónia Palla, jornalista, lutadora. Ela ligou-me e disse: ‘Os homens vão aparecer na televisão todos a falar de política e as mulheres não vão aparecer. Não queres fazer comigo uma coisa chamada ‘Nome Mulher”? Eu disse: ‘Quero! Vou já!' Entretanto, a gente já tinha um programa sobre a juventude para fazer. É que os jovens e as mulheres iam ser esquecidos. Decidimos ir à procura do trabalho feminino que era o mais mal pago, o mais sacrificado porque as mulheres eram quase escravizadas », recordou à RFI o cineasta que teve, este ano, uma retrospectiva dos 60 anos de carreira na Cinemateca Portuguesa. [A RFI vai difundir, em breve, um trabalho sobre Fernando Matos Silva no âmbito dos retratos de Abril que difundimos nos 50 anos da Revolução dos Cravos.]Foram muitos os filmes feitos por este colectivo de cineastas e o posicionamento foi claro desde o princípio, recorda Fernando Matos Silva: « Decidimos avançar com essa luta e pusemo-nos ao lado dos trabalhadores. »Entre 1974 e 1977 viveram-se anos de “cinema revolucionário, militante e muito radical”, resume o historiador de cinema português Mickaël Robert-Gonçalves, que moderou a conversa com Fernando Matos Silva na sessão desta quinta-feira.“Houve um cinema revolucionário, que, na sua maioria, foi um cinema muito radical. Foi um cinema feito pelos cineastas que estavam a fazer o Novo Cinema português nos anos 70. Desde o 25 de Abril, eles decidiram fazer um cinema radical, um cinema militante de forma diferente porque houve um cinema - como os filmes aqui do Fernando Matos Silva – que foi feito para a televisão também e que falava sobre os movimentos sociais, sobre os movimentos de luta das mulheres… Houve também um cinema mais clássico, que era feito para as salas de cinema, um cinema documentário que era mais sobre os eventos e de como o cinema podia acompanhar o que se estava a passar em Portugal”, explica.O ciclo “A Revolução das Imagens – Revolução e Descolonização em Portugal (1974-1977)” começou a 7 de Novembro e decorre até 19 de Dezembro na cinemateca da Universidade Sorbonne-Nouvelle e no cinema l'Ecran Saint-Denis.
Le 25 avril 1974, un coup d'État mettait fin à 48 ans de dictature et ouvrait la voie de la démocratie et de la construction européenne. (Rediffusion) Spéciale 50 ans de la révolution des œillets avec le service lusophone de RFILe 25 avril 74 est resté dans l'Histoire et les mémoires comme le jour de la Révolution des œillets. Une révolution dont les racines et les conséquences s'inscrivent au-delà des frontières du pays, de l'Afrique à l'Europe. En 1974, le dictateur Salazar est mort depuis 4 ans déjà. Sa succession n'a pas permis au pays de revenir à l'État de droit, et les militaires, usés par les guerres coloniales, renversent le régime totalitaire et ouvrent le pays à la démocratie.Avec Yves Léonard, historien spécialiste du Portugal. Auteur de «Sous les œillets la révolution : le 25 avril 1974 au Portugal», 2023. Juliette Gheerbrant : À l'occasion de l'anniversaire de la Révolution des œillets RFI en portugais publie une riche série de podcasts, « Revoluçao dos Cravos » pour laquelle vous êtes allée à la recherche, de Lisbonne à Paris, de résistants à la dictature ; pouvez-vous partager quelques-unes de ces rencontres ?Témoignages de participants à la révolution par Carina Branco, de Domingos Abrantes, de Marie Teresa HortaCarina Branco : Il y a d'abord Domingos Abrantes, 80 ans, et son épouse Conceição Matos, qui se sont mariés quand lui était en prison. Il y est resté 11 ans, elle un an et huit mois. Ils ont été torturés par la police politique. Comme tous les opposants au régime dictatorial, ils étaient accusés d'atteinte à la sécurité nationale pour appartenance au Parti Communiste Portugais, interdit. Mais lui a aussi commis « un autre crime » : il a fait partie d'une des évasions collectives les plus spectaculaires de cette époque. C'était en 1961 et avec sept camarades, ils ont forcé le portail principal de la prison de Caxias à bord d'une voiture de luxe, pas n'importe laquelle comme il le raconte : « C'est une histoire digne d'un film. Elle est entrée dans l'histoire. C'était une évasion à connotation politique, d'une prison privée de la PIDE, la police politique, à bord d'un véhicule blindé du dictateur ! On dit que Salazar n'a plus jamais voulu remettre les pieds dans la voiture car elle avait été souillée par des communistes ! Il a fallu 19 mois pour préparer l'évasion, rendue possible grâce à la complicité du mécanicien chargé de ces véhicules, qui avait réussi à gagner la confiance des gardiens. Un pari risqué pour les fugitifs : La voiture a foncé vers le portail et la grande inconnue était : que va-t-il se passer ?… C'est le moment décisif. Si la voiture ne passe pas, nous sommes tous morts. C'est le moment décisif de toute l'histoire, de nos vies. La voiture est passée, elle a défoncé une partie du portail et on a vu le bois voler dans les airs. Elle a été complètement cabossée à l'avant. L'évasion a duré 60 secondes. Il a fallu 19 mois pour atteindre 60 secondes. Mais ces 60 secondes semblent avoir arrêté le temps. »Sous la dictature, vous l'évoquiez la torture était très répandue, que vous ont rapporté les témoins ?Domingos Abrantes est resté des jours et des nuits debout sans pouvoir s'asseoir ni dormir, il a subi des chocs électriques, le « trou » - une cellule où n'entraient ni lumière ni son et où il sentait enterré vivant). « Le rôle de la police, explique-t-il, était de détruire la lutte organisée car le fascisme ne pouvait être renversé que par la lutte. Il n'y avait pas d'autre moyen. Les gens étaient des pauvres, exploités, mais ils étaient capables de tout risquer pour améliorer leur vie et celle des autres. » Son épouse, Conceiçao Matos a, elle aussi, été soumise à la privation de sommeil, à l'interdiction d'aller aux toilettes, humiliée et battue par les gardiennes, comme elle le raconte : « L'une d'elles m'a attrapée, elles m'ont déshabillée et elle a commencé à me donner des coups de pied dans les tibias, à me frapper au visage, à frapper... C'était terrible et je suis tombée par terre. Elles m'ont relevé, et ont continué. Et à un moment donné, au bout de nombreuses heures, la femme a dit : Partons, car cette merde ne parlera pas et si je reste plus longtemps, je vais lui faire la peau ! » En 1973, Conceiçao Matos et Domingos Abrantes ont pu s'exiler à Paris pour continuer leur lutte. Ils sont retournés au Portugal juste après la révolution à bord ce qu'on a appelé l'avion de la liberté, qui a ramené beaucoup d'exilés politiques de Paris à Lisbonne.Malgré la violence de la répression, la résistance était donc très active ? Beaucoup des gens que j'ai rencontrés savaient que tôt ou tard, ils iraient en prison, mais ils agissaient chacun à leur niveau, comme le prêtre Francisco Fanhais, qui a soutenu la LUAR, Ligue d'Union et Action Révolutionnaire et qui faisait aussi de la résistance en musique. Il a enregistré, aux côtés du musicien Zeca Afonso, la chanson qui allait devenir le symbole de la révolution : Grândola Vila Morena. Certains s'en prenaient à l'appareil militaire destiné aux guerres coloniales. La résistance était aussi active dans les rédactions et le monde de l'édition. La journaliste Helena Neves m'a expliqué comment il fallait constamment jouer avec la censure dans les journaux pour réussir à raconter le pays entre les lignes. La police politique interdisait les livres considérés comme subversifs. L'un des plus célèbres s'intitule Nouvelles lettres portugaises, aussi connu comme le livre des trois Maria, il raconte la condition des femmes et a été écrit en 1972 par trois d'entre elles, dont Maria Teresa Horta, âgée aujourd'hui de 86 ans, que j'ai rencontrée : « C'est un livre politique, essentiellement politique, écrit dans un pays fasciste par trois femmes. À cette époque, au Portugal, il n'est pas étonnant que ce livre ait fait l'effet d'une bombe. Il a provoqué un scandale. Pour moi, et pour les autres, c'était une lueur car on vivait dans ce pays fasciste avec une tristesse intrinsèque, et aussi un immense sentiment de révolte intérieure et extérieure. En fait, nous avons seulement compris que ce livre pouvait être « dangereux » pour nous quand il a été interdit. » La dictature a considéré le livre comme « pornographique et offensant pour la morale publique » et les autrices ont été menacées d'une peine allant de six mois à deux ans de prison, parce qu'il y était question sans tabou de sexe, de désir, mais aussi de violence, de viol, d'inceste, d'avortement clandestin, d'oppression domestique, sociale et politique sur les femmes. Mais aussi des guerres coloniales, de la pauvreté, de l'émigration. Publié dès 74 en français, aux éditions du Seuil, c'est un témoignage fort de ce qu'était la société portugaise sous la dictature.Témoignage Guinée-Bissau et le rôle de la lutte anticoloniale dans la révolution des œillets d'Ernesto Dabo.
Le 25 avril 1974, un coup d'État mettait fin à 48 ans de dictature et ouvrait la voie de la démocratie et de la construction européenne. (Rediffusion) Spéciale 50 ans de la révolution des œillets avec le service lusophone de RFILe 25 avril 74 est resté dans l'Histoire et les mémoires comme le jour de la Révolution des œillets. Une révolution dont les racines et les conséquences s'inscrivent au-delà des frontières du pays, de l'Afrique à l'Europe. En 1974, le dictateur Salazar est mort depuis 4 ans déjà. Sa succession n'a pas permis au pays de revenir à l'État de droit, et les militaires, usés par les guerres coloniales, renversent le régime totalitaire et ouvrent le pays à la démocratie.Avec Yves Léonard, historien spécialiste du Portugal. Auteur de «Sous les œillets la révolution : le 25 avril 1974 au Portugal», 2023. Juliette Gheerbrant : À l'occasion de l'anniversaire de la Révolution des œillets RFI en portugais publie une riche série de podcasts, « Revoluçao dos Cravos » pour laquelle vous êtes allée à la recherche, de Lisbonne à Paris, de résistants à la dictature ; pouvez-vous partager quelques-unes de ces rencontres ?Témoignages de participants à la révolution par Carina Branco, de Domingos Abrantes, de Marie Teresa HortaCarina Branco : Il y a d'abord Domingos Abrantes, 80 ans, et son épouse Conceição Matos, qui se sont mariés quand lui était en prison. Il y est resté 11 ans, elle un an et huit mois. Ils ont été torturés par la police politique. Comme tous les opposants au régime dictatorial, ils étaient accusés d'atteinte à la sécurité nationale pour appartenance au Parti Communiste Portugais, interdit. Mais lui a aussi commis « un autre crime » : il a fait partie d'une des évasions collectives les plus spectaculaires de cette époque. C'était en 1961 et avec sept camarades, ils ont forcé le portail principal de la prison de Caxias à bord d'une voiture de luxe, pas n'importe laquelle comme il le raconte : « C'est une histoire digne d'un film. Elle est entrée dans l'histoire. C'était une évasion à connotation politique, d'une prison privée de la PIDE, la police politique, à bord d'un véhicule blindé du dictateur ! On dit que Salazar n'a plus jamais voulu remettre les pieds dans la voiture car elle avait été souillée par des communistes ! Il a fallu 19 mois pour préparer l'évasion, rendue possible grâce à la complicité du mécanicien chargé de ces véhicules, qui avait réussi à gagner la confiance des gardiens. Un pari risqué pour les fugitifs : La voiture a foncé vers le portail et la grande inconnue était : que va-t-il se passer ?… C'est le moment décisif. Si la voiture ne passe pas, nous sommes tous morts. C'est le moment décisif de toute l'histoire, de nos vies. La voiture est passée, elle a défoncé une partie du portail et on a vu le bois voler dans les airs. Elle a été complètement cabossée à l'avant. L'évasion a duré 60 secondes. Il a fallu 19 mois pour atteindre 60 secondes. Mais ces 60 secondes semblent avoir arrêté le temps. »Sous la dictature, vous l'évoquiez la torture était très répandue, que vous ont rapporté les témoins ?Domingos Abrantes est resté des jours et des nuits debout sans pouvoir s'asseoir ni dormir, il a subi des chocs électriques, le « trou » - une cellule où n'entraient ni lumière ni son et où il sentait enterré vivant). « Le rôle de la police, explique-t-il, était de détruire la lutte organisée car le fascisme ne pouvait être renversé que par la lutte. Il n'y avait pas d'autre moyen. Les gens étaient des pauvres, exploités, mais ils étaient capables de tout risquer pour améliorer leur vie et celle des autres. » Son épouse, Conceiçao Matos a, elle aussi, été soumise à la privation de sommeil, à l'interdiction d'aller aux toilettes, humiliée et battue par les gardiennes, comme elle le raconte : « L'une d'elles m'a attrapée, elles m'ont déshabillée et elle a commencé à me donner des coups de pied dans les tibias, à me frapper au visage, à frapper... C'était terrible et je suis tombée par terre. Elles m'ont relevé, et ont continué. Et à un moment donné, au bout de nombreuses heures, la femme a dit : Partons, car cette merde ne parlera pas et si je reste plus longtemps, je vais lui faire la peau ! » En 1973, Conceiçao Matos et Domingos Abrantes ont pu s'exiler à Paris pour continuer leur lutte. Ils sont retournés au Portugal juste après la révolution à bord ce qu'on a appelé l'avion de la liberté, qui a ramené beaucoup d'exilés politiques de Paris à Lisbonne.Malgré la violence de la répression, la résistance était donc très active ? Beaucoup des gens que j'ai rencontrés savaient que tôt ou tard, ils iraient en prison, mais ils agissaient chacun à leur niveau, comme le prêtre Francisco Fanhais, qui a soutenu la LUAR, Ligue d'Union et Action Révolutionnaire et qui faisait aussi de la résistance en musique. Il a enregistré, aux côtés du musicien Zeca Afonso, la chanson qui allait devenir le symbole de la révolution : Grândola Vila Morena. Certains s'en prenaient à l'appareil militaire destiné aux guerres coloniales. La résistance était aussi active dans les rédactions et le monde de l'édition. La journaliste Helena Neves m'a expliqué comment il fallait constamment jouer avec la censure dans les journaux pour réussir à raconter le pays entre les lignes. La police politique interdisait les livres considérés comme subversifs. L'un des plus célèbres s'intitule Nouvelles lettres portugaises, aussi connu comme le livre des trois Maria, il raconte la condition des femmes et a été écrit en 1972 par trois d'entre elles, dont Maria Teresa Horta, âgée aujourd'hui de 86 ans, que j'ai rencontrée : « C'est un livre politique, essentiellement politique, écrit dans un pays fasciste par trois femmes. À cette époque, au Portugal, il n'est pas étonnant que ce livre ait fait l'effet d'une bombe. Il a provoqué un scandale. Pour moi, et pour les autres, c'était une lueur car on vivait dans ce pays fasciste avec une tristesse intrinsèque, et aussi un immense sentiment de révolte intérieure et extérieure. 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Get the worksheets & complete show notes for this episode at https://cariocaconnection.comIn this episode of Carioca Connection, Alexia discusses an important historical event with her father Marco Antonio - the Carnation Revolution that ended Portugal's dictatorship in 1974.Through their engaging conversation, you'll learn fascinating details about this peaceful transition to democracy. Pay close attention as they use authentic Brazilian Portuguese to describe the military's role, the oppressive Estado Novo regime, and the struggles faced by women at that time.This is an excellent opportunity to hear natural speech filled with slang, idioms and cultural insights. Whether you're studying Portuguese or simply love history, this educational yet entertaining episode is not to be missed!E agora em português...Nesse Carioca Connection, Alexia conversa com o pai Marco Antônio sobre um evento histórico importante - a Revolução dos Cravos que encerrou a ditadura em Portugal em 1974.Através do papo divertido dos dois, você vai aprender detalhes fascinantes sobre essa transição pacífica para a democracia. Fique ligado ao português autêntico enquanto eles descrevem o papel dos militares, o regime opressivo do Estado Novo e as dificuldades enfrentadas pelas mulheres naquela época.Uma ótima oportunidade de ouvir a fala natural, repleta de gírias, expressões e insights culturais. Seja você estudante de português ou apenas amante da História, este episódio educativo não pode ser perdido! Ready to massively improve your Brazilian Portuguese in 2024?
Assine o Café Brasil em https://canalcafebrasil.com.br Lááááááááá em 2007, na pré-história do Café Brasil, gravei um episódio falando de Portugal e da Revolução dos Cravos, que neste ano de 2024 completa 50 anos. Cinquenta anos, cara! De 2007 para cá muita coisa mudou, os brasileiros migraram com força para Portugal e as duas culturas nunca foram tão combinadas, com os benefícios e problemas que isso sempre traz. No mês em que a Revolução dos Cravos completa 50 anos, eu vou revisitar o Café Brasil 40, de 2007.See omnystudio.com/listener for privacy information.
No Podnext dessa semana, nossos hosts Gustavo Rebello (@gu_rebel) e JP Miguel (@jp_miguel) batem um papo mais uma vez com o correspondente internacional do Podnext na Europa, Renan Bernardes (@nanbernardes), sobre a Revolução dos Cravos ou 25 de Abril, trazendo notícias diretamente da festança! Demais destaques ficam por conta de uma nova jogada do Governo Biden na corrida pela reeleição, tem ainda Florida Man 171, a agenda da semana e as dicas culturais! Lembrando sempre que mandem sugestões, críticas, para contato@opodnext.com, ou ainda no SUBSTACK: opodnext.substack.com onde você também encontra informações sobre como assinar o Podnext Confidencial, para nos apoiar e ter acesso ao conteúdo extra que ficou de fora do programa, chat exclusivo do Telegram, assista gravações AO VIVO e muito mais! LEMBRANDO QUE agora o PODNEXT TEM ZAP, anote aí o número, +1 352-871-5797 pra vc mandar mensagem de voz e talvez aparecer no programa! Se você desejar, pode contribuir quando e se puder também fazendo um PIX para contato@opodnext.com --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/podnext-podcast/message Support this podcast: https://podcasters.spotify.com/pod/show/podnext-podcast/support
Recebemos o historiador e musicólogo Ivan Lima para uma aula sobre a Revolução dos Cravos, que completou 50 anos nesta semana.Matias Pinto e Sylvia Colombo repercutem os protestos na Argentina e Colômbia, entre outras notícias da nossa quebrada latino-americana.Nossa dupla de apresentadores também deu uma volta pelo velho continente, repercutindo mais um pacote de ajuda dos EUA à Ucrânia e Israel, além das eleições regionais do País Basco.E esse programa conta com o apoio da Alura, garanta agora a sua participação na Imersão IA 2ª edição - Alura + Googlehttps://alura.tv/xadrezverbal-imersao-ia-google
Milhares de pessoas saíram às ruas para celebrar a Revolução dos Cravos no dia 25 de abril de 2024. Esse ano a celebração teve um tom especial e condenou o crescimento da extrema direita. Confira os depoimentos dos participantes do histórico evento.
25 DE ABRIL - REVOLUÇÃO DOS CRAVOS: 50 ANOS DEPOIS O programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (25/04) recebe o historiador Valério Arcary para uma entrevista sobre os 50 anos da Revolução dos Cravos. Acompanhe ao vivo, a partir das 11h!--------Café com História ➡️ Acesse o link e inscreva-se! https://forms.gle/w4DMfz8r59Zzcjp19 O 2° lote é exclusivo a todos os assinantes de Opera Mundi, independente da faixa (R$) de contribuição.-------
Foi bonita a festa dos 50 anos do 25 de abril. No Antes pelo Contrário em podcast, Pedro Delgado Alves e José Eduardo Martins elogiam as celebrações no Parlamento e as comemorações populares. "Excedeu todas as expetativas e tudo o que tínhamos visto nos últimos anos", afirma Pedro Delgado Alves. "Quem quis fazer de arruaceiro na Assembleia da República, como André Ventura, ficou literalmente a falar sozinho", realça José Eduardo Martins. Que discursos marcaram as comemorações? É importante celebrar também o 25 de novembro? Portugal deve pagar para a reparação dos crimes da era colonial, como defendeu Marcelo Rebelo de Sousa? É o debate no Antes Pelo Contrário de 25 de abril, na SIC Notícias.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Uma via de Lisboa e o sonho de voltar para casa conectam um grupo de militares cansados da guerra a uma família brasileira. No Rio de Janeiro, a foto de um homem de cueca no meio da rua reaviva a esperança de jovens que lutavam contra a ditadura no Brasil. No aniversário de 50 anos da Revolução dos Cravos, a festa já murchou, mas ainda nos faz falta um cheirinho de alecrim? Siga o canal da Rádio Novelo no WhatsApp: https://radionovelo.com.br/whatsapp Inscreva-se na nossa newsletter e receba o link para o episódio, dicas culturais da nossa equipe e mais direto na sua caixa de e-mail https://bit.ly/newsletterna Learn more about your ad choices. Visit megaphone.fm/adchoices
Nos 50 anos da Revolução dos Cravos, uma reconstituição do dia que inaugurou a democracia em Portugal e pôs fim a um império colonial. Episódio em formato narrativo, com participação de quem viveu o 25 de Abril e suas consequências culturais, políticas e sociais: os jornalistas Leão Serva, Joana Gorjão Henriques e Ruy Castro, os historiadores Luiz Felipe de Alencastro e Fernando Rosas, e a escritora Dulce Maria Cardoso. Apoio Camões Instituto da Língua Portuguesa e Fundação Fernando Henrique Cardoso. Apoie o 451 MHz: https://bit.ly/Assine451
Portugal celebra esta quinta-feira, o 50º aniversário da revolução dos Cravos, a 25 de abril de 1974. E analista destaca a importância deste marco histórico. Professores portugueses defendem o combate ao racismo nas escolas. Governo angolano vai acabar com as subvenções ao combustível. E analista antevê dias difíceis para os cidadãos.
Le 25 avril 1974, un coup d'État mettait fin à 48 ans de dictature et ouvrait la voie de la démocratie et de la construction européenne. Le 25 avril 74 est resté dans l'Histoire et les mémoires comme le jour de la Révolution des œillets. Une révolution dont les racines et les conséquences s'inscrivent au-delà des frontières du pays, de l'Afrique à l'Europe. En 1974, le dictateur Salazar est mort depuis 4 ans déjà. Sa succession n'a pas permis au pays de revenir à l'État de droit, et les militaires, usés par les guerres coloniales, renversent le régime totalitaire et ouvrent le pays à la démocratie.Avec l'historien Yves Léonard, professeur à Sciences Po, spécialiste de l'histoire contemporaine du Portugal. Parmi ses nombreux ouvrages : Sous les œillets la révolution (Chandeigne, Paris, 2023), Salazar, le dictateur énigmatique (Perrin, Paris, 2024), Histoire de la nation portugaise (Taillandier, Paris, 2022).Et les témoignages recueillis par la rédaction de RFI en portugais. Trois questions à Carina Branco, journaliste de la réaction lusophone :Juliette Gheerbrant : À l'occasion de l'anniversaire de la Révolution des œillets RFI en portugais publie une riche série de podcasts, « Revoluçao dos Cravos » pour laquelle vous êtes allée à la recherche, de Lisbonne à Paris, de résistants à la dictature ; pouvez-vous partager quelques-unes de ces rencontres ?Carina Branco : Il y a d'abord Domingos Abrantes, 80 ans, et son épouse Conceição Matos, qui se sont mariés quand lui était en prison. Il y est resté 11 ans, elle un an et huit mois. Ils ont été torturés par la police politique. Comme tous les opposants au régime dictatorial, ils étaient accusés d'atteinte à la sécurité nationale pour appartenance au Parti Communiste Portugais, interdit. Mais lui a aussi commis « un autre crime » : il a fait partie d'une des évasions collectives les plus spectaculaires de cette époque. C'était en 1961 et avec sept camarades, ils ont forcé le portail principal de la prison de Caxias à bord d'une voiture de luxe, pas n'importe laquelle comme il le raconte : « C'est une histoire digne d'un film. Elle est entrée dans l'histoire. C'était une évasion à connotation politique, d'une prison privée de la PIDE, la police politique, à bord d'un véhicule blindé du dictateur ! On dit que Salazar n'a plus jamais voulu remettre les pieds dans la voiture car elle avait été souillée par des communistes ! Il a fallu 19 mois pour préparer l'évasion, rendue possible grâce à la complicité du mécanicien chargé de ces véhicules, qui avait réussi à gagner la confiance des gardiens. Un pari risqué pour les fugitifs : La voiture a foncé vers le portail et la grande inconnue était : que va-t-il se passer ?… C'est le moment décisif. Si la voiture ne passe pas, nous sommes tous morts. C'est le moment décisif de toute l'histoire, de nos vies. La voiture est passée, elle a défoncé une partie du portail et on a vu le bois voler dans les airs. Elle a été complètement cabossée à l'avant. L'évasion a duré 60 secondes. Il a fallu 19 mois pour atteindre 60 secondes. Mais ces 60 secondes semblent avoir arrêté le temps. »Sous la dictature, vous l'évoquiez la torture était très répandue, que vous ont rapporté les témoins ?Domingos Abrantes est resté des jours et des nuits debout sans pouvoir s'asseoir ni dormir, il a subi des chocs électriques, le « trou » - une cellule où n'entraient ni lumière ni son et où il sentait enterré vivant). « Le rôle de la police, explique-t-il, était de détruire la lutte organisée car le fascisme ne pouvait être renversé que par la lutte. Il n'y avait pas d'autre moyen. Les gens étaient des pauvres, exploités, mais ils étaient capables de tout risquer pour améliorer leur vie et celle des autres. » Son épouse, Conceiçao Matos a, elle aussi, été soumise à la privation de sommeil, à l'interdiction d'aller aux toilettes, humiliée et battue par les gardiennes, comme elle le raconte : « L'une d'elles m'a attrapée, elles m'ont déshabillée et elle a commencé à me donner des coups de pied dans les tibias, à me frapper au visage, à frapper... C'était terrible et je suis tombée par terre. Elles m'ont relevé, et ont continué. Et à un moment donné, au bout de nombreuses heures, la femme a dit : Partons, car cette merde ne parlera pas et si je reste plus longtemps, je vais lui faire la peau ! » En 1973, Conceiçao Matos et Domingos Abrantes ont pu s'exiler à Paris pour continuer leur lutte. Ils sont retournés au Portugal juste après la révolution à bord ce qu'on a appelé l'avion de la liberté, qui a ramené beaucoup d'exilés politiques de Paris à Lisbonne.Malgré la violence de la répression, la résistance était donc très active ? Beaucoup des gens que j'ai rencontrés savaient que tôt ou tard, ils iraient en prison, mais ils agissaient chacun à leur niveau, comme le prêtre Francisco Fanhais, qui a soutenu la LUAR, Ligue d'Union et Action Révolutionnaire et qui faisait aussi de la résistance en musique. Il a enregistré, aux côtés du musicien Zeca Afonso, la chanson qui allait devenir le symbole de la révolution : Grândola Vila Morena. Certains s'en prenaient à l'appareil militaire destiné aux guerres coloniales. La résistance était aussi active dans les rédactions et le monde de l'édition. La journaliste Helena Neves m'a expliqué comment il fallait constamment jouer avec la censure dans les journaux pour réussir à raconter le pays entre les lignes. La police politique interdisait les livres considérés comme subversifs. L'un des plus célèbres s'intitule Nouvelles lettres portugaises, aussi connu comme le livre des trois Maria, il raconte la condition des femmes et a été écrit en 1972 par trois d'entre elles, dont Maria Teresa Horta, âgée aujourd'hui de 86 ans, que j'ai rencontrée : « C'est un livre politique, essentiellement politique, écrit dans un pays fasciste par trois femmes. À cette époque, au Portugal, il n'est pas étonnant que ce livre ait fait l'effet d'une bombe. Il a provoqué un scandale. Pour moi, et pour les autres, c'était une lueur car on vivait dans ce pays fasciste avec une tristesse intrinsèque, et aussi un immense sentiment de révolte intérieure et extérieure. En fait, nous avons seulement compris que ce livre pouvait être « dangereux » pour nous quand il a été interdit. » La dictature a considéré le livre comme « pornographique et offensant pour la morale publique » et les autrices ont été menacées d'une peine allant de six mois à deux ans de prison, parce qu'il y était question sans tabou de sexe, de désir, mais aussi de violence, de viol, d'inceste, d'avortement clandestin, d'oppression domestique, sociale et politique sur les femmes. Mais aussi des guerres coloniales, de la pauvreté, de l'émigration. Publié dès 74 en français, aux éditions du Seuil, c'est un témoignage fort de ce qu'était la société portugaise sous la dictature.
Tema de abertura de Claudio Zaidan no programa Bandeirantes Acontece.
Le 25 avril 1974 un coup d'État mettait fin à 48 ans de dictature et ouvrait la voie de la démocratie et de la construction européenne. Le 25 avril 74 est resté dans l'Histoire et les mémoires comme le jour de la révolution des œillets. Une révolution dont les racines et les conséquences s'inscrivent au-delà des frontières du pays, de l'Afrique à l'Europe. En 1974 le dictateur Salazar est mort depuis 4 ans déjà. Sa succession n'a pas permis au pays de revenir à l'état de droit, et les militaires, usés par les guerres coloniales, renversent le régime totalitaire et ouvrent le pays à la démocratie.Avec l'historien Yves Léonard, professeur à Sciences Po, spécialiste de l'histoire contemporaine du Portugal. Parmi ses nombreux ouvrages : Sous les œillets la révolution (Chandeigne, Paris, 2023), Salazar, le dictateur énigmatique (Perrin, Paris, 2024), Histoire de la nation portugaise (Taillandier, Paris, 2022).Et les témoignages recueillis par la rédaction de RFI en portugais. Trois questions à Carina Branco, journaliste de la réaction lusophone :Juliette Gheerbrant : À l'occasion de l'anniversaire de la révolution des œillets RFI en portugais publie une riche série de podcasts, « Revoluçao dos Cravos » pour laquelle vous êtes allée à la recherche, de Lisbonne à Paris, de résistants à la dictature ; pouvez-vous partager quelques-unes de ces rencontres ?Carina Branco : Il y a d'abord Domingos Abrantes, 80 ans, et son épouse Conceição Matos, qui se sont mariés quand lui était en prison. Il y est resté 11 ans, elle un an et huit mois. Ils ont été torturés par la police politique. Comme tous les opposants au régime dictatorial, ils étaient accusés d'atteinte à la sécurité nationale pour appartenance au Parti Communiste Portugais, interdit. Mais lui a aussi commis « un autre crime » : il a fait partie d'une des évasions collectives les plus spectaculaires de cette époque. C'était en 1961 et avec sept camarades ils ont forcé le portail principal de la prison de Caxias à bord d'une voiture de luxe, pas n'importe laquelle comme il le raconte : « C'est une histoire digne d'un film. Elle est entrée dans l'histoire. C'était une évasion à connotation politique, d'une prison privée de la PIDE, la police politique, à bord d'un véhicule blindé du dictateur ! On dit que Salazar n'a plus jamais voulu remettre les pieds dans la voiture car elle avait été souillée par des communistes ! Il a fallu 19 mois pour préparer l'évasion, rendue possible grâce à la complicité du mécanicien chargé de ces véhicules, qui avait réussi à gagner la confiance des gardiens. Un pari risqué pour les fugitifs : La voiture a foncé vers le portail et la grande inconnue était : que va-t-il se passer ?… C'est le moment décisif. Si la voiture ne passe pas, nous sommes tous morts. C'est le moment décisif de toute l'histoire, de nos vies. La voiture est passée, elle a défoncé une partie du portail et on a vu le bois voler dans les airs. Elle a été complètement cabossée à l'avant. L'évasion a duré 60 secondes. Il a fallu 19 mois pour atteindre 60 secondes. Mais ces 60 secondes semblent avoir arrêté le temps. »Sous la dictature vous l'évoquiez la torture était très répandue, que vous ont rapporté les témoins ?Domingos Abrantes est resté des jours et des nuits debout sans pouvoir s'asseoir ni dormir, il a subi des chocs électriques, le « trou » - une cellule où n'entraient ni lumière ni son et où il sentait enterré vivant). « Le rôle de la police, explique-t-il, était de détruire la lutte organisée car le fascisme ne pouvait être renversé que par la lutte. Il n'y avait pas d'autre moyen. Les gens étaient des pauvres, exploités, mais ils étaient capables de tout risquer pour améliorer leur vie et celle des autres. » Son épouse, Conceiçao Matos a, elle aussi, été soumise à la privation de sommeil, à l'interdiction d'aller aux toilettes, humiliée et battue par les gardiennes comme elle le raconte : « L'une d'elles m'a attrapée, elles m'ont déshabillée et elle a commencé à me donner des coups de pied dans les tibias, à me frapper au visage, à frapper... C'était terrible et je suis tombée par terre. Elles m'ont relevé, et ont continué. Et à un moment donné, au bout de nombreuses heures, la femme a dit : Partons, car cette merde ne parlera pas et, si je reste plus longtemps je vais lui faire la peau! » En 1973, Conceiçao Matos et Domingos Abrantes ont pu s'exiler à Paris pour continuer leur lutte. Ils sont retournés au Portugal juste après la révolution à bord ce qu'on a appelé l'avion de la liberté, qui a ramené beaucoup d'exilés politiques de Paris à Lisbonne.Malgré la violence de la répression, la résistance était donc très active ? Beaucoup des gens que j'ai rencontrés savaient que tôt ou tard ils iraient en prison, mais ils agissaient chacun à leur niveau, comme le prêtre Francisco Fanhais, qui a soutenu la LUAR, Ligue d'Union et Action Révolutionnaire et qui faisait aussi de la résistance en musique. Il a enregistré, aux côtés du musicien Zeca Afonso, la chanson qui allait devenir le symbole de la révolution : Grândola Vila Morena. Certains s'en prenaient à l'appareil militaire destiné aux guerres coloniales. La résistance était aussi active dans les rédactions et le monde de l'édition. La journaliste Helena Neves m'a expliqué comment il fallait constamment jouer avec la censure dans les journaux pour réussir à raconter le pays entre les lignes. La police politique interdisait les livres considérés comme subversifs. L'un des plus célèbres s'intitule Nouvelles lettres portugaises, aussi connu comme le livre des trois Maria, il raconte la condition des femmes et a été écrit en 1972 par trois d'entre elles, dont Maria Teresa Horta, âgée aujourd'hui de 86 ans, que j'ai rencontrée : « C'est un livre politique, essentiellement politique, écrit dans un pays fasciste par trois femmes. A cette époque, au Portugal, il n'est pas étonnant que ce livre ait fait l'effet d'une bombe. Il a provoqué un scandale. Pour moi, et pour les autres, c'était une lueur car on vivait dans ce pays fasciste avec une tristesse intrinsèque, et aussi un immense sentiment de révolte intérieure et extérieure. En fait nous avons seulement compris que ce livre pouvait être « dangereux » pour nous quand il a été interdit. » La dictature a considéré le livre comme « pornographique et offensant pour la morale publique » et les autrices ont été menacées d'une peine allant de six mois à deux ans de prison, parce qu'il y était question sans tabou de sexe, de désir, mais aussi de violence, de viol, d'inceste, d'avortement clandestin, d'oppression domestique, sociale et politique sur les femmes. Mais aussi des guerres coloniales, de la pauvreté, de l'émigration. Publié dès 74 en français aux éditions du Seuil, c'est un témoignage fort de ce qu'était la société portugaise sous la dictature.
Anderson França comenta a notícia trazida pela Folha de São Paulo, sobre as milhares de pessoas que comemoram os 50 anos da Revolução dos Cravos, em Portugal.
Evoca-se a memória da Revolução dos Cravos em nuances pouco abordadas: aromas, paladares, sons. Tudo merece ser recordado. E tudo poderia ter sido diferente... Ouça já e saiba como!
Esta noite e amanhã à noite, a RTP2 passa uma mini-série de animação de 2 episódios de 26 minutos cada de José Bandeira e Humberto Santana. O filme foi feito em plena pandemia e esse momento, onde curiosamente também estivemos com a nossa liberdade condicionada, acabaria por fazer parte deste filme. Começa no dia 24 de Abril de 1974 e acaba no dia de hoje. Ver também é celebrar Abril. Neste episódio, falamos com os autores.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Na estante do programa a que ainda há quem chame Governo Sombra (nós não, evidememnte, abrenúncio!), temos um alemão que já se tornou português, Thomas Fischer, a anotar os hábitos dos portugueses “Entre Cravos e Cardos”; a reedição de entrevistas de Maria João Avillez com alguns dos protagonistas da Revolução; uma iniciativa do Público dando a conhecer livros outrora proibidos pela censura; e, também em reedição, revista e aumentada, a biografia literária que Maria Antónia dedicou ao poeta Alexandre O'Neill.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Sóms is een militaire coup een zegen voor een land. Dit uitzonderlijke feit deed zich - nu precies 50 jaar geleden - voor in Portugal. De ‘Revolução dos Cravos' in 1974 schreef niet alleen Europese geschiedenis, maar werkte door op wereldschaal van Afrika tot in het Kremlin. Bovendien zijn de gebeurtenissen van toen verrassend actueel, want veel wat in Portugal tijdens en na de Anjerrevolutie op zijn grondvesten deed schudden herkennen wij in het Europa en de wereld van nu. ***Deze aflevering is mede mogelijk gemaakt met donaties van luisteraars die we hiervoor hartelijk danken. Word ook vriend van de show!Heb je belangstelling om in onze podcast te adverteren of ons te sponsoren? Zend een mailtje naar adverteren@dagennacht.nl en wij zoeken contact.Op sommige podcast-apps kun je niet alles lezen. De complete tekst en een overzicht van al onze eerdere afleveringen vind je hier***Het Eurovisie Songfestival van 1974 - Abba won met Waterloo - was ook het stiekeme begin van de rebellie. Jonge officieren en hun manschappen smeedden een complot om de gruwelijke koloniale oorlogen in Afrika én het fascistisch-militair bewind in één klap te beëindigen. Twee liedjes op de radio waren voor de 'Movimento das Forças Armadas', de Beweging van de Strijdkrachten, het signaal om toe te slaan.Jaap Jansen en PG Kroeger vertellen hoe dat plan mislukte doordat hun perfect geheimgehouden coup geheel onverwacht uitmondde in een wekenlang volksfeest en nationale roes van de 'Liberdade!' Het verkalkte militair bewind zeeg binnen enkele uren in elkaar. De jonge rebellen stonden plotsklaps voor de uitdaging het bevrijde, jubelende land te moeten regeren. De twee jaar die volgden blijven ook nu nog leerzaam. Je zag hoe een 'junta' probeerde een democratie te vestigen en onderling verscheurd werd. Militairen zijn zelden begaafde politici en polderaars. Een tegencoup van ultrarechts leidde tot een communistische opstand en tegencoup van ultralinks. Uiteindelijk won een zelfbewust Europeesgezind 'midden' en sloeg Portugal de weg definitief in naar democratie, rechtsstaat en de EU. Inderdaad, zeer leerzaam voor het Europa van nu.Niettemin waren ze in Brussel bij de NAVO en in Washington in paniek. Hier dreigde een trouwe bondgenoot in de handen van het Kremlin te vallen. Jaap vertelt over opgewonden gesprekken tussen Henry Kissinger en NAVO-chef Joseph Luns.PG duikt in de memoires van Amerikaanse ambassademedewerkers die bijna wanhopig probeerden ‘Henry' ervan te overtuigen dat de rebellen geen bloeddorstige communisten waren en Portugal een braaf land was, dat Washington vooral onder de arm moest nemen. Hoe dat afliep is heel leerzaam voor slimme, empathische diplomatie en nuchtere geopolitiek van vandaag.Het politieke en Europese icoon in deze revolutie werd Mário Soares, de aanvoerder in ballingschap van de sociaaldemocraten. Hij gidste behendig en koersvast zijn land door coups en chaos uiteindelijk zelfs in hoog tempo de EU in. PG vertelt daarover uit directe, persoonlijke gesprekken dankzij zijn jarenlange vriendschap met Soares' echtgenote, María de Jesus Barroso Soares. Haar leven was minstens zo kleurrijk: van gevierd filmactrice, rebel in een concentratiekamp, balling in Parijs tot activistische en geliefde First Lady van haar vaderland.De bloedeloze, feestelijke Anjerrevolutie werd model en voorbeeld voor veel politieke omwentelingen in die jaren en daarna. Zowel in Griekenland, Spanje als in Frankrijk is directe impact merkbaar. Lissabon 1974 doet daarbij denken aan Oost-Berlijn en Praag in 1989 en het Maidan-plein in Kyiv in 2014.***Verder kijken1974 | De staatsgreep in Portugal | In Europa (2007-2009)Andere Tijden - Koerier voor Portugal***Verder luisteren158 - Portugal: aan zee is een land nooit klein37 - Iconische Europarlementariërs (zoals Mário Soares)236 – Václav Havel, de dissident die president werd163 - De ondergang van de Sovjet-Unie: hoe een wereldmacht verdampte355 - Modern en succesvol Spanje404 - 75 jaar NAVO: in 1949 veranderde de internationale positie van Nederland voorgoed359 - Nederland en de slavernij, 150 jaar na de afschaffing385 - Jan de Koning en het verschil tussen een greppel en de laatste gracht***Tijdlijn00:00:00 – Deel 100:16:00 – Deel 200:32:35 – Deel 301:10:49 – Einde Zie het privacybeleid op https://art19.com/privacy en de privacyverklaring van Californië op https://art19.com/privacy#do-not-sell-my-info.
50 Cravos é o nome da sua nova exposição, no Museu do Aljube. Generoso, otimista, magnético e com um humor particular, é designer de formação, ilustrador e, em 2019, ilustrou o seu primeiro livro, a que somou já outros 12.
Fundador do partido de extrema direita Chega, Ventura se elegeu deputado e foi, no parlamento, o mais vocal crítico da possibilidade de Lula discursar durante a sessão solene pela Revolução dos Cravos.Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp. Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo... e muito mais. Link do canal: https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344 Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Aqui você encontra os bastidores do poder e análises exclusivas. Apoie o jornalismo independente assinando O Antagonista | Crusoé: https://hubs.li/Q02b4j8C0 Não fique desatualizado, receba as principais notícias do dia em primeira mão se inscreva na nossa newsletter diária: https://bit.ly/newsletter-oa Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
O programa que foi ao ar pelo dial da SBS 2 da Austrália. Entrevista com o cantor e ator não-binário brasileiro Loro Bardot, morador de Perth, que participou do filme 'Levante', que estreia em circuito nacional no Brasil e será exibido no Mardi Gras de Sydney; As mudanças nas leis trabalhistas que o governo australiano está implementando; Os casos de sífilis na Austrália triplicaram em uma década, com alta mais acentuada em mulheres; De Portugal, no início das celebrações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, nosso correspondente em Lisboa, Francisco Sena Santos, conversou com o historiador e jornalista João Céu e Silva, sobre o livro que mudou tudo naquele ano, escrito pelo general António de Spínola. Na música, Zeca Afonso.
Il Presidente Giorgia Meloni all'attacco delle droghe. Duri editoriale da parte dei conduttori. Di seguito, si parla di masturbazione contro l'ansia lavorativa. Tutti favorevoli. Fabrizio Marrazzo, presidente del Partito Gay, vuole la multa per chi usa la parola frocio. Una gentile signora fiorentina vuole donare il sangue alla banca per non vaccinati. Segue sequela di offese. Lino Romano vuole restituire 1/5 dello stipendio se venisse assunto nuovamente come "monnezzaro" Sandro da Milano e i non vaccinati. Un complotto. Francesco è un attivista di Cravos e, fammelo dire, non è molto d'accordo con Cruciani. Il Dott.Gabriele Antonini, urologo, fa felice gli uomini. Li fa stare su.