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Oxigênio
#206 – Traduzir a Antiguidade: memória e política nos textos greco-romanos

Oxigênio

Play Episode Listen Later Nov 27, 2025 41:07


Você já parou pra pensar quem traduz os livros que você lê e como esse trabalho molda a forma como entende o mundo? Neste episódio, Lívia Mendes e Lidia Torres irão nos conduzir em uma viagem no tempo para entendermos como os textos gregos e latinos chegam até nós. Vamos descobrir por que traduzir é sempre também interpretar, criar e disputar sentidos. Conversamos com Andrea Kouklanakis, professora permanente na Hunter College, Nova York, EUA, e Guilherme Gontijo Flores, professor da Universidade Federal do Paraná. Eles compartilharam suas trajetórias no estudo de línguas antigas, seus desafios e descobertas com o mundo da tradução e as questões políticas, históricas e estéticas que a prática e as teorias da tradução abarcam. Esse episódio faz parte do trabalho de divulgação científica que a Lívia Mendes desenvolve no Centro de Estudos Clássicos e Centro de Teoria da Filologia, vinculados ao Instituto de Estudos da Linguagem e ao Instituto de Estudos Avançados da Unicamp, financiado pelo projeto Mídia Ciência da FAPESP, a quem agradecemos pelo financiamento. O roteiro foi escrito por Lívia Mendes e a revisão é de Lidia Torres e Mayra Trinca. A edição é de Daniel Rangel. Se você gosta de literatura, história, tradução ou quer entender novas formas de aproximar o passado do presente, esse episódio é pra você. __________________________________________________________________ ROTEIRO [música, bg] Lívia: Quem traduziu o livro que você está lendo? Lívia: E se você tivesse que aprender todas as línguas dos clássicos que deseja ler? Aqueles livros escritos em russo, alemão ou qualquer outra língua diferente da sua? Lívia: E aqueles livros das literaturas que foram escritas em línguas que chamamos antigas, como o latim e o grego? Lidia: A verdade é que, na maioria das vezes, a gente não pensa muito sobre essas questões. Mas, no Brasil, boa parte dos livros que lemos, tanto literários quanto teóricos, não chegaria até a gente se não fossem os tradutores. Lidia: Essas obras, que fazem parte de todo um legado social, filosófico e cultural da nossa sociedade, só chegaram até nós por causa do trabalho cuidadoso de pesquisadores e tradutores dessas línguas, que estão tão distantes, mas ao mesmo tempo, tão próximas de nós. [música de transição] Lívia: Eu sou a Lívia Mendes. Lidia: E eu sou a Lidia Torres. Lívia: Você já conhece a gente aqui do Oxigênio e no episódio de hoje vamos explorar como traduzimos, interpretamos e recebemos textos da Antiguidade greco-romana. Lidia: E, também vamos pensar por que essas obras ainda hoje mobilizam debates políticos, culturais e estéticos. Lívia: Vem com a gente explorar o mundo da antiguidade greco-romana que segue tão presente na atualidade, especialmente por meio da tradução dos seus textos. [vinheta O2] Andrea [1:05-2:12]: Então, meu nome é Andrea Kouklanakis e, eu sou brasileira, nasci no Brasil e morei lá até 21 anos quando eu emigrei para cá. Lívia: O “cá” da Andrea é nos Estados Unidos, país que ela se mudou ainda em 1980, então faz um tempo que ela mora fora do Brasil. Mas mesmo antes de se mudar, ela já tinha uma experiência com o inglês. Andrea Kouklanakis: Quando eu vim pra cá, eu não tinha terminado faculdade ainda, eu tinha feito um ano e meio, quase dois anos na PUC de São Paulo. Ah, e mas chegou uma hora que não deu mais para arcar com a responsabilidade financeira de matrícula da PUC, de mensalidades, então eu passei um tempo trabalhando só, dei aulas de inglês numa dessas escolas assim de business, inglês pra business people e que foi até legal, porque eu era novinha, acho que eu tinha 18, 19 anos e é interessante que todo mundo era mais velho que eu, né? Os homens de negócios, as mulheres de negócio lá, mas foi uma experiência legal e que também, apesar de eu não poder estar na faculdade daquela época, é uma experiência que condiz muito com o meu trabalho com línguas desde pequena. Lívia: Essa que você ouviu é a nossa primeira entrevistada no episódio de hoje, a professora Andrea Kouklanakis. Como ela falou ali na apresentação, ela se mudou ainda jovem pros Estados Unidos. Lidia: E, como faz muito tempo que ela se comunica somente em inglês, em alguns momentos ela acaba esquecendo as palavras em português e substitui por uma palavra do inglês. Então, a conversa com a Andrea já é um início pra nossa experimentação linguística neste episódio. Andrea Kouklanakis: Eu sou professora associada da Hunter College, que faz parte da cidade universitária de Nova York, City University of New York. E eles têm vários campus e a minha home college é aqui na Hunter College, em Manhattan. Eh, eu sou agora professora permanente aqui. Lívia: A professora Andrea, que conversou com a gente por vídeo chamada lá de Nova Iorque, contou que já era interessada por línguas desde pequena. A mãe dela trabalhava na casa de uma professora de línguas, com quem ela fez as primeiras aulas. E ela aprendeu também algumas palavras da língua materna do seu pai, que é grego e mais tarde, estudou francês e russo na escola. Lidia: Mas, além de todas essas línguas, hoje ela trabalha com Latim e Grego.Como será que essas línguas antigas entraram na vida da Andrea? Andrea Kouklanakis: Então, quando eu comecei aqui na Hunter College, eu comecei a fazer latim porque, bom, quando você tem uma língua natal sua, você é isenta do requerimento de línguas, que todo mundo tem que ter um requerimento de língua estrangeira na faculdade aqui. Então, quando eu comecei aqui, eu fiquei sabendo, que eu não precisava da língua, porque eu tinha o português. Mas, eu falei: “É, mas eu peguei pensando a língua é o que eu quero, né?” Então, foi super assim por acaso, que eu tava olhando no catálogo de cursos oferecidos. Aí eu pensei: “Ah, Latim, OK. Why not?. Por que não, né? Uma língua antiga, OK. Lívia: A professora Andrea, relembrando essa escolha por cursar as disciplinas de Latim, quando chegou na Hunter College, percebeu que ela gostou bastante das aulas por um motivo afetivo e familiar com a maneira com que ela tinha aprendido a língua portuguesa aqui no Brasil, que era diferente da forma como seus colegas estadunidenses tinham aprendido o inglês, sem muita conexão com a gramática. Lidia: Ela gostava de estudar sintaxe, orações subordinadas e todas essas regras gramaticais, que são muito importantes pra quem quer estudar uma língua antiga e mais pra frente a gente vai entender bem o porquê. [som de ícone] Lívia: sintaxe, é a parte da gramática que estuda como as palavras se organizam dentro das frases pra formar sentidos. Ela explica quem é o sujeito, o que é o verbo, quais termos completam ou modificam outros, e assim por diante. [som de ícone]: Lívia: Oração subordinada é uma frase que depende de outra para ter sentido completo. Ela não “anda sozinha”: precisa da oração principal pra formar o significado total. [música de transição] Lidia: E, agora, você deve estar se perguntando, será que todo mundo que resolve estudar língua antiga faz escolhas parecidas com a da professora Andrea? Lidia: É isso que a gente perguntou pro nosso próximo entrevistado. Guilherme Gontijo: Eu sou atualmente professor de latim na UFPR, no Paraná, moro em Curitiba. Mas, eu fiz a minha graduação em letras português na UFES, na Federal do Espírito Santo. E lá quando eu tive que fazer as disciplinas obrigatórias de latim, eu tinha que escolher uma língua complementar, eu lembro que eu peguei italiano porque eu estudava francês fora da universidade e eu tinha que estudar o latim obrigatório. Estudei latim com Raimundo Carvalho. Lívia: Bom, parece que o Guilherme teve uma trajetória parecida com a da Andrea e gostar de estudar línguas é uma das premissas pra se tornar um estudioso de latim e de grego. Lidia: O professor Raimundo de Carvalho, que o Guilherme citou, foi professor de Latim da Federal do Espírito Santo. Desde a década de 80 ele escreve poesias e é um importante estudioso da língua latina. Ele quem traduziu a obra Bucólicas, do Vírgílio, um importante poeta romano, o autor da Eneida, que talvez você já deva ter ouvido falar. O professor Raimundo se aposentou recentemente, mas segue trabalhando na tradução de Metamorfoses, de outro poeta romano, o Ovídio. Lívia: O Guilherme contou o privilégio que foi ter tido a oportunidade de ser orientado de perto pelo professor Raimundo. Guilherme Gontijo: Eu lembro que eu era um aluno bastante correto, assim, eu achava muito interessante aprender latim, mas eu estudei latim pensando que ele teria algum uso linguístico pras pessoas que estudam literatura brasileira. E quando ele levou Catulo pra traduzir, eu lembro de ficar enlouquecido, assim, foi incrível e foi a primeira vez na minha vida que eu percebi que eu poderia traduzir um texto de poema como um poema. E isso foi insistivo pra mim, eu não tinha lido teoria nenhuma sobre tradução. Lívia: Um episódio sobre literatura antiga traz esses nomes diferentes, e a gente vai comentando e explicando. O Catulo, que o Guilherme citou, foi um poeta romano do século I a.C.. Ele é conhecido por escrever odes, que são poemas líricos que expressam admiração, elogio ou reflexão sobre alguém, algo ou uma ideia. A obra do Catulo é marcada pelos poemas que ele dedicou a Lésbia, figura central de muitos dos seus versos. Guilherme Gontijo: Eu fiz as duas disciplinas obrigatórias de latim, que é toda a minha formação oficial de latim, acaba aí. E passei a frequentar a casa do Raimundo Carvalho semanalmente, às vezes duas vezes por semana, passava a tarde inteira tendo aula de latim com ele, lendo poetas romanos ou prosa romana e estudava em casa e ele tirava minhas dúvidas. Então, graças à generosidade do Raimundo, eu me tornei latinista e eu não tinha ideia que eu, ainda por cima, teria ali um mestre, porque ele é poeta, é tradutor de poesia. Lidia: Essa conexão com a língua latina fez o Guilherme nunca mais abandonar a tradução. Ele disse que era uma forma natural de conseguir conciliar o seu interesse intelectual acadêmico e o lado criativo, já que desde o início da graduação ele já era um aspirante a poeta. Lívia: É importante a gente lembrar que o Guilherme tem uma vasta carreira como autor, poeta e tradutor e já vamos aproveitar pra deixar algumas dicas dos livros autorais e dos autores que ele traduziu. Lívia: Guilherme é autor dos poemas de carvão :: capim (2018), Todos os nomes que talvez tivéssemos (2020), Arcano 13 em parceria com Marcelo Ariel. Ele também escreveu o romance História de Joia (2019) e os livros de ensaios Algo infiel: corpo performance tradução (2017) em parceria com Rodrigo Gonçalves e A mulher ventriloquada: o limite da linguagem em Arquíloco (2018). Se aventurou pelo infanto-juvenil com os livros A Mancha (2020) e o Coestelário (2021), ambos em parceria com Daniel Kondo. E traduziu autores como Safo, Propércio, Catulo, Horácio, Rabelais e Whitman. Lidia: Os poetas Rabelais e Whitman são autores modernos, viveram nos séculos XVI e XIX, já os outros poetas são da antiguidade romana, aquele período aproximadamente entre o século IV a.C. e o século V d.C. Lívia: Então, o Guilherme traduz tanto textos de línguas modernas quanto de línguas antigas. E, a gente perguntou pra ele se existe alguma diferença no trabalho do tradutor quando vai traduzir um texto de uma língua moderna, que está mais próxima de nós no tempo, e quando vai traduzir do latim ou do grego, que são línguas mais distantes temporalmente. Lívia: O Guilherme falou que quando ele vai traduzir de uma língua moderna pra outra língua moderna existem duas possibilidades: traduzir diacronicamente, que é quando o tradutor escreve o texto na língua produzida como se fosse da época mesmo que ele foi escrito. E a outra possibilidade é traduzir deslocando o autor temporalmente, e fazendo a linguagem do texto conversar com a linguagem contemporânea. Lidia: Pode parecer um pouco confuso de início, mas ouve só o exemplo do Guilherme da experiência de tradução que ele teve com o Rimbaud, que é um autor francês. Guilherme Gontijo: Por exemplo, fui traduzir Rimbaud, o Rimbaud do século XIX. Quando eu vou traduzir, eu posso tentar traduzir pensando diacronicamente e aí eu vou tentar traduzir o Rimbaud pra ele parecer um poeta do século XIX em português. E aí eu vou dar essa sensação de espaço temporal pro leitor contemporâneo agora. É, o Guilherme de Almeida fez um experimento genial assim, traduzindo o poeta francês François Villon para uma espécie de pastiche de galego-português, botando a linha temporal de modo que é isso, Villon é difícil para um francês ler hoje, que a língua francesa já sofreu tanta alteração que muitas vezes eles leem numa espécie de edição bilíngue, francês antigo, francês moderno. A gente também tem um pouco essa dificuldade com o galego-português, que é a língua literária da Península ali pra gente, né? Ah, então essa é uma abordagem. Outra abordagem, eu acho que a gente faz com muito menos frequência, é tentar deslocar a relação da temporalidade, ou seja, traduzir Rimbaud, não para produzir um equivalente do Rimbaud, século XIX no Brasil, mas pra talvez criar o efeito que ele poderia criar nos seus contemporâneos imediatos. Lívia: Ou seja, a ideia aqui seria escrever um texto da maneira como se escreve hoje em dia, meio que transpondo a história no tempo. Lidia: Pra quem não conhece, fica aqui mais uma dica de leitura: o poeta francês Arthur Rimbaud, que o Guilherme citou, viveu entre 1854 e 1891 e escreveu quase toda sua obra ainda adolescente. Ele renovou a poesia moderna com imagens ousadas, experimentação formal e uma vida marcada pela rebeldia. Abandonou a literatura muito jovem e passou o resto da vida viajando e trabalhando na África. Lívia: Mas, e pra traduzir da língua antiga, será que esse dois caminhos também são possíveis? Guilherme Gontijo: Quando eu vou traduzir do latim, por exemplo, eu não tenho esse equivalente. Não existe o português equivalente de Propércio. O português equivalente de Propércio como língua literária é o próprio latim. Lívia: Ou seja, o que o Guilherme quis dizer é que não existe uma possibilidade de traduzir um texto latino como ele soava na antiguidade, porque o latim é a língua que originou as línguas modernas latinas, e a língua portuguesa é uma delas, junto com o espanhol, o francês e o italiano. Lidia: Mas, o que pode acontecer é uma classicização dos textos antigos e o Guilherme enfatizou que acontece muito nas traduções que a gente tem disponível do latim pro português. A classicização, nesses casos, é traduzir os textos da antiguidade com o português do século XVIII ou XIX, transformando esses textos em clássicos também pra nós. Guilherme Gontijo:Curiosamente, a gente, quando estuda os clássicos, a gente sempre fala: “Não, mas isso é moderno demais. Será que ele falaria assim?” Acho curioso, quando, na verdade, a gente vendo que os clássicos tão falando sobre literatura, eles parecem não ter esses pudores. Aliás, eles são bem menos arqueológicos ou museológicos do que nós. Eles derrubavam um templo e botavam outro templo em cima sem pensar duas vezes enquanto nós temos muito mais pudores. Então, a minha abordagem atual de traduzir os clássicos é muito tentar usar as possibilidades do português brasileiro, isso é muito marcado pra mim, uma das variedades do português brasileiro, que é a minha, né? De modo ativo. Lívia: Só pra dar um exemplo do que faz a língua soar clássica, seria o uso do pronome “tu” ao invés de “você”, ou, os pronomes oblíquos como “eu te disse” ou “eu te amo”, porque ninguém fala “eu lhe amo” no dia a dia. Lidia: E esse é justamente o ponto quando a gente fala de tradução do texto antigo. Eles não vão ter um equivalente, e a gente não tem como traduzir por algo da mesma época. Guilherme Gontijo: Então, a gente precisa fazer um exercício especulativo, experimental, pra imaginar os possíveis efeitos daqueles textos no seu mundo de partida, né? A gente nunca vai saber o sabor exato de um texto grego ou romano, porque por mais que a gente tenha dicionário e gramática, a gente não tem o afeto, aquele afeto minucioso da língua que a gente tem na nossa. Lívia: Essas questões de escolhas de tradução, que podem aproximar ou afastar a língua da qual vai se traduzir pra língua que será traduzida se aproximam das questões sociais e políticas que são intrínsecas à linguagem. [música de transição] Lidia: Assim como qualquer outro texto, os escritos em latim ou grego nunca serão neutros. Mesmo fazendo parte de um mundo tão distante da gente, eles reproduzem projetos políticos e identitários tanto da antiguidade quanto dos atuais. Andrea Kouklanakis: Eu acho que esse aspecto político e histórico dos estudos clássicos é interessante porque é uma coisa quando você tá fazendo faculdade, quando eu fiz pelo menos, a gente não tinha muita ideia, né? Você tava completamente sempre perdida no nível microscópico da gramática, né? De tentar a tradução, essas coisas, você tá só, completamente submersa nos seus livros, no seu trabalho de aula em aula, tentando sobreviver ao Cícero. Lívia: Como a Andrea explicou, os estudos que chamamos de filológicos, soam como uma ciência objetiva. Eles tentam achar a gênese de um texto correto, como uma origem e acabam transformando os estudos clássicos em um modelo de programa de império ou de colonização. Andrea Kouklanakis: Então, por exemplo, agora quando eu dou aula sobre o legado dos estudos clássicos na América Latina Agora eu sei disso, então com os meus alunos a gente lê vários textos primários, né, e secundários, que envolvem discurso de construção de nação, de construção de império, de construção do outro, que são tecidos com os discursos clássicos, né, que é essa constante volta a Atenas, a Roma, é, o prestígio dos estudos clássicos, né? Então, a minha pesquisa se desenvolveu nesse sentido de como que esses latino afro brasileiros, esses escritores de várias áreas, como que eles lidaram na evolução intelectual deles, na história intelectual deles, como que eles lidaram com um ramo de conhecimento que é o centro do prestígio. Eles mesmo incorporando a falta de prestígio completa. O próprio corpo deles significa ausência total de prestígio e como que eles então interagem com uma área que é o centro do prestígio, sabe? Lidia: Então, como você percebeu, a Andrea investiga como os escritores afro-latino-americanos negociaram essa tradição clássica, símbolo máximo de prestígio, com suas histórias incorporadas a um lugar sem prestígio, marcadas em seus corpos pelo tom de pele. Lívia: Esse exercício que a professora Andrea tem feito com seus alunos na Hunter College tem sido uma prática cada vez mais presente nos Estudos Clássicos da América Latina e aqui no Brasil. É um exercício de colocar um olhar crítico pro mundo antigo e não apenas como uma forma de simplesmente celebrar uma antiguidade hierarquicamente superior a nós e a nossa história. Lidia: Nesse ponto, é importante a gente pontuar que a professora Andrea fala de um lugar muito particular, porque ela é uma mulher negra, brasileira, atuando em uma universidade nos Estados Unidos e em uma área de estudos historicamente tradicional. Lívia: Ela relatou pra gente um pouco da sua experiência como uma das primeiras mulheres negras a se doutorar em Estudos Clássicos em Harvard. Andrea Kouklanakis: Eu também não queria deixar de dizer que, politicamente, o meu entendimento como classista foi mais ou menos imposto de fora pra mim, sobre mim como uma mulher de cor nos estudos clássicos, porque eu estava exatamente na década de final de 90, meio final de 90, quando eu comecei a fazer os estudos clássicos na Harvard e foi coincidentemente ali quando também saiu, acho que o segundo ou terceiro volume do Black Athena, do Bernal. E, infelizmente, então, coincidiu com eu estar lá, né? Fazendo o meu doutorado nessa época. E na época existiam esses chat rooms, você podia entrar no computador e é uma coisa estranha, as pessoas interagiam ali, né? O nível de antipatia e posso até dizer ódio mesmo que muitas pessoas expressavam pela ideia de que poderia existir uma conexão entre a Grécia e a África, sabe? A mera ideia. Era uma coisa tão forte sabe, eu não tinha a experiência ou a preparação psicológica de receber esse tipo de resposta que era com tantos ânimos, sabe? Lidia: Com esse relato, a professora Andrea revelou pra gente como o preconceito com a população negra é tão explícita nos Estados Unidos e como ela, mesmo tendo passado a infância e a adolescência no Brasil, sentiu mais os impactos disso por lá. Lívia: Mas, fora o preconceito racial, historicamente construído pelas nossas raízes de colonização e escravização da população negra, como estudiosa de Estudos Clássicos, foi nessa época que a Andrea percebeu que existia esse tipo de discussão e que ainda não estava sendo apresentada pra ela na faculdade. Andrea Kouklanakis: Depois que eu me formei, eu entrei em contato com a mulher que era diretora de admissão de alunos e ela confirmou pra mim que é eu acho que eu sou a primeira pessoa de cor a ter um doutorado da Harvard nos Estudos Clássicos. E eu acho que mesmo que eu não seja a primeira pessoa de cor fazendo doutorado lá, provavelmente eu sou a primeira mulher de cor. Lidia: Vamos destacar agora, alguns pontos significativos do relato da professora Andrea. [som de ícone] Lívia: O livro que ela citou é o Black Athena, do estudioso de história política Martin Bernal. A teoria criada pelo autor afirmava que a civilização clássica grega na realidade se originou de culturas da região do Crescente Fértil, Egito, Fenícia e Mesopotâmia, ao invés de ter surgido de forma completamente independente, como tradicionalmente é colocado pelos historiadores germânicos. [som de ícone] Lívia: Ao propor uma hipótese alternativa sobre as origens da Grécia antiga e da civilização clássica, o livro fomentou discussões relevantes nos estudos da área, gerando controvérsias científicas, ideológicas e raciais. [som de ícone] Lidia: Em contrapartida às concepções racistas vinda de pesquisadores, historiadores e classicistas conservadores, a professora Andrea citou também um aluno negro de Harvard, o historiador e classicista Frank Snowden Jr.. [som de ícone] Lívia: Entre seus diversos estudos sobre a relação de brancos e negros na antiguidade, está o livro Before Color Prejudice: The Ancient View of Black, em português, Antes do Preconceito Racial: A Visão Antiga dos Negros. Um aprofundamento de suas investigações sobre as relações entre africanos e as civilizações clássicas de Roma e da Grécia e demonstra que os antigos não discriminavam os negros por causa de sua cor. [som de ícone] Lidia: O livro lança luz pra um debate importantíssimo, que é a diferença de atitudes dos brancos em relação aos negros nas sociedades antigas e modernas, além de observar que muitas das representações artísticas desses povos se assemelham aos afro-americanos da atualidade. Andrea Kouklanakis: Mas, então é isso, então essa coisa política é uma coisa que foi imposta, mas a imposição foi até legal porque aí me levou a conhecer e descobrir e pesquisar essa área inteira, que agora é uma coisa que eu me dedico muito, que é olhar qual que é a implicação dos estudos clássicos na política, na raça, na história e continuando dando as minhas aulas e traduzindo, fazendo tradução, eu adoro tradução, então, esse aspecto do estudo clássico, eu sempre gostei. [música de transição] Lívia: O Guilherme também falou pra gente sobre essa questão política e histórica dos Estudos Clássicos, de que ficar olhando pro passado como objeto desvinculado, nos impede de poder articular essas discussões com a política do presente. Guilherme Gontijo: E acho que o resultado quando a gente faz isso é muitas vezes colocar os clássicos como defensores do status quo, que é o que o um certo império brasileiro fez no período de Dom Pedro, é o que Mussolini fez também. Quer dizer, vira propaganda de estado. Lidia: Mas, ao contrário, quando a gente usa os clássicos pra pensar as angústias do presente, a gente percebe que é uma área de estudos que pode ser super relevante e super viva pra qualquer conversa do presente. Lívia: E, na tradução e na recepção desses textos antigos, como será que essas questões aparecem? O Guilherme deu um exemplo pra gente, de uma tradução que ele fez do poeta romano Horácio. [som de ícone] Lidia: Horácio foi um poeta romano do século I a.C., famoso por escrever poesias nos formatos de Odes, Sátiras e Epístolas, e defendia a ideia do “justo meio” — evitar excessos e buscar a medida certa na vida. Guilherme Gontijo: Tô lembrando aqui de uma ode de Horácio, acho que esse exemplo vai ser bom. Em que ele termina o poema oferecendo um vai matar um cabrito pra uma fonte, vai oferendar um cabrito para uma fonte. E quando eu tava traduzindo, vários comentadores lembravam de como essa imagem chocou violentamente o século XIX na recepção. Os comentadores sempre assim: “Como assim, Horácio, um homem tão refinado vai fazer um ato tão brutal, tão irracional?” Quer dizer, isso diz muito mais sobre a recepção do XIX e do começo do XX, do que sobre Horácio. Porque, assim, é óbvio que Horácio sacrificaria um cabrito para uma fonte. E nisso, ele não está escapando em nada do resto da sua cultura. Agora, é curioso como, por exemplo, o nosso modelo estatal coloca a área de clássicas no centro, por exemplo, dos cursos de Letras, mas acha que práticas do Candomblé, que são análogas, por exemplo, você pode oferecer animais para divindades ou mesmo para águas, seriam práticas não não não racionais ou não razoáveis ou sujas ou qualquer coisa do tipo, como quiserem. Né? Então, eu acho que a gente pode e esse é o nosso lugar, talvez seja nossa missão mesmo. Lívia: Como o Guilherme explicou, nós no Brasil e na América Latina temos influência do Atlântico Negro, das línguas bantas, do candomblé, da umbanda e temos um aporte, tanto teórico quanto afetivo, pra pensar os clássicos, a partir dessas tradições tão próximas, que a própria tradição europeia tem que fazer um esforço gigantesco pra chegar perto, enquanto pra gente é natural. Lidia: E não podemos nos esquecer também da nossa convivência com várias etnias indígenas, que possuem comparações muito fortes entre essas culturas. Guilherme Gontijo: Eu diria, eu entendo muito melhor o sentido de um hino arcaico, grego, ouvindo uma cantiga de terreiro no Brasil, do que só comparando com literatura. Eu acho que é relevante para a área de clássicas, não é uma mera curiosidade, sabe? Então, eu tenho cada vez mais lido gregos e romanos à luz da antropologia moderna, contemporaneíssima, sabe? Eu acho que muitos frutos aparecem de modo mais exemplar ou mais óbvio quando a gente faz essa comparação, porque a gente aí tira de fato os clássicos do lugar de clássicos que lhes é dado. [música de transição] Lívia: Pra além dessas discussões teóricas e políticas, a tradução é também um ato estético e existem algumas formas de repensar a presença da poesia antiga no mundo contemporâneo a partir de uma estética aplicada na linguagem e nos modos de traduzir. Lidia: No caso do Guilherme, ele vem trabalhando há um tempo com a tradução como performance. Guilherme Gontijo: E aí eu pensei: “Não, eu poderia traduzir Horácio para cantar”. Eu vou aprender a cantar esses metros antigos e vou cantar a tradução na mesmíssima melodia. Quer dizer, ao invés de eu pensar em metro no sentido do papel, eu vou pensar em metro no sentido de uma vocalidade. E foi isso que eu fiz. Foi o meu o meu doutorado, isso acabou rendendo a tradução de Safo. Lívia: Além das traduções publicadas em livros e artigos, o Guilherme também coloca essas performances na rua com o grupo Pecora Loca, que desde 2015 se propõe a fazer performances de poemas antigos, medievais e, às vezes, modernos, como um modo de ação poética. Lidia: Inclusive a trilha sonora que você ouviu ali no início deste trecho é uma das performances realizada pelo grupo, nesse caso do poema da Ode 34 de Horácio, com tradução do próprio Guilherme e música de Guilherme Bernardes, que o grupo gentilmente nos passou. Guilherme Gontijo: Isso pra mim foi um aprendizado teórico também muito grande, porque você percebe que um poema vocal, ele demanda pra valorizar a sua ou valorar a sua qualidade, também a performance. Quer dizer, o poema não é só um texto no papel, mas ele depende de quem canta, como canta, qual instrumento canta. Lívia: O Guilherme explicou que no início eles usavam instrumentos antigos como tímpano, címbalo, lira e até uma espécie de aulos. Mas, como, na verdade, não temos informações precisas sobre como era a musicalidade antiga, eles resolveram afirmar o anacronismo e a forma síncrona de poesia e performance, e, atualmente, incorporaram instrumentos modernos ao grupo como a guitarra elétrica, o baixo elétrico, o teclado e a bateria. Guilherme Gontijo: Então, a gente tem feito isso e eu acho que tem um gesto político, porque é muito curioso que a gente vai tocar num bar e às vezes tem alguém desavisado e gosta de Anacreonte. Olha, caramba, adorei Anacreonte. É, é, e ela percebe que Anacreonte, ela ouviu a letra e a letra é basicamente: “Traga um vinho para mim que eu quero encher a cara”. Então ela percebe que poesia antiga não é algo elevado, para poucos eleitos capazes de depreender a profundidade do saber grego. Ó, Anacreonte é poema de farra. Lidia: A partir da performance as pessoas se sentem autorizadas a tomar posse dessa herança cultural e a se relacionar com ela. O que cria uma forma de divulgar e difundir os Estudos Clássicos a partir de uma relação íntima, que é a linguagem musical. Guilherme Gontijo: E a experiência mais forte que eu tive nisso, ela é do passado e foi com o Guilherme Bernardes. Lembro que dei uma aula e mostrei a melodia do Carpe Diem, do Horácio. Da Ode. E tava lá mostrando o poema, sendo bem técnico ali, como é que explica o metro, como é que põe uma melodia, etc, etc. E uns três dias depois ele me mandou uma gravação que ele fez no Garage Band, totalmente sintética. De uma versão só instrumental, quer dizer, o que ele mais curtiu foi a melodia. E a gente às vezes esquece disso, quer dizer, um aspecto da poesia arcaica ou da poesia oral antiga romana é que alguém poderia adorar a melodia e nem prestar tanta atenção na letra. E que continuariam dizendo: “É um grande poeta”. Eu senti uma glória quando eu pensei: “Caraca, um asclepiadeu maior tocou uma pessoa como melodia”. A pessoa nem se preocupou tanto que é o poema do Carpe Diem, mas a melodia do asclepiadeu maior. [som de ícone] Lívia: Só por curiosidade, “asclepiadeu maior” é um tipo de verso poético greco-latino composto por um espondeu, dois coriambos e um iambo. Você não precisa saber como funcionam esses versos na teoria. Essa forma poética foi criada pelo poeta lírico grego Asclepíades de Samos, que viveu no século III a.C., por isso o nome, o mais importante é que foi o verso utilizado por Horácio em muitas de suas odes. [música de transição] Lidia: Agora, já encaminhando para o final do nosso episódio, não podemos ir embora sem falar sobre o trabalho de recepção e tradução realizado pela professora Andrea, lá na Hunter College, nos EUA. Lívia: Além do seu projeto sobre a presença dos clássicos nas obras de escritores afro-latino-americanos, com foco especial no Brasil, de autores como Lima Barreto, Luís Gama, Juliano Moreira e Auta de Sousa. A professora também publicou o livro Reis Imperfeitos: Pretendentes na Odisseia, Poética da Culpa e Sátira Irlandesa, pela Harvard University Press, em 2023, e as suas pesquisas abarcam a poesia homérica, a poética comparada e as teorias da tradução. Lidia: A professora Andrea faz um exercício muito importante de tradução de autores negros brasileiros pro inglês, não somente das obras literárias, mas também de seus pensamentos teóricos, pra que esses pensamentos sejam conhecidos fora do Brasil e alcance um público maior. Lívia: E é muito interessante como a relação com os estudos da tradução pra professora Andrea também tocam em um lugar muito íntimo e pessoal, assim como foi pro Guilherme nas suas traduções em performances. Lidia: E ela contou pra gente um pouco dessa história. Andrea Kouklanakis: Antes de falar da língua, é eu vou falar que, quando eu vejo a biografia deles, especialmente quando eu passei bastante tempo com o Luiz Gama. O que eu achei incrível é o nível de familiaridade de entendimento que eu tive da vida corriqueira deles. Por exemplo, Cruz e Souza, né? A família dele morava no fundo lá da casa, né? Esse tipo de coisa assim. O Luiz Gama também quando ele fala do aluno lá que estava na casa quando ele foi escravizado por um tempo, quando ele era criança, o cara que escravizou ele tinha basicamente uma pensão pra estudantes, que estavam fazendo advocacia, essas coisas, então na casa tinham residentes e um deles ensinou ele a ler, a escrever. O que eu achei interessantíssimo é que eu estou há 100 anos separada desse povo, mas a dinâmica social foi completamente familiar pra mim, né? A minha mãe, como eu te falei, ela sempre foi empregada doméstica, ela já se aposentou há muito tempo, mas a vida dela toda inteira ela trabalhou como empregada doméstica. E pra mim foi muito interessante ver como que as coisas não tinham mudado muito entre a infância de alguém como Cruz e Souza e a minha infância, né? Obviamente ninguém me adotou, nada disso, mas eu passei muito tempo dentro da casa de família. que era gente que tinha muito interesse em ajudar a gente, em dar, como se diz, a scholarship, né? O lugar que a minha mãe trabalhou mais tempo assim, continuamente por 10 anos, foi, aliás, na casa do ex-reitor da USP, na década de 70 e 80, o Dr. Orlando Marques de Paiva. Lívia: Ao contar essa história tão íntima, a Andrea explicou como ela tenta passar essa coincidência de vivências, separada por cem anos ou mais no tempo, mas que, apesar de todo avanço na luta contra desigualdades raciais, ainda hoje refletem na sua memória e ainda são muito estáticas. Lidia: Essa memória reflete na linguagem, porque, como ela explicou, esses autores utilizam muitas palavras que a gente não usa mais, porque são palavras lá do século XVIII e XIX, mas o contexto chega pra ela de uma forma muito íntima e ainda viva, por ela ter vivenciado essas questões. Andrea Kouklanakis: Eu não sou poeta, mas eu tô dando uma de poeta, sabe? E quando eu percebo que tem algum estilo assim, a Auta de vez em quando tem um certo estilo assim, ambrósia, não sei do quê, sabe? Eu sei que ela está querendo dizer perfume, não sei o quê, eu não vou mudar, especialmente palavras, porque eu também estou vindo da minha perspectiva é de quem sabe grego e latim, eu também estou interessada em palavras que são em português, mas são gregas. Então, eu preservo, sabe? Lívia: Então, pra Andrea, no seu trabalho tradutório ela procura mesclar essas duas questões, a sua relação íntima com os textos e também a sua formação como classicista, que pensa a etimologia das palavras e convive com essa multiplicidade de línguas e culturas, caminhando entre o grego, o latim, o inglês e o português. [música de transição] [bg] Lidia: Ao ouvir nossos convidados de hoje, a Andrea Koclanakis e o Guilherme Gontijo Flores, percebemos que traduzir textos clássicos é muito mais do que passar palavras de uma língua pra outra. É atravessar disputas políticas, revisitar o passado com olhos do presente, reconstruir memórias coloniais e imaginar novos modos de convivência com as tradições antigas. Lívia: A tradução é pesquisa, criação, crítica e também pode ser transformação. Agradecemos aos entrevistados e a você que nos acompanhou até aqui! [música de transição] [créditos] Livia: O roteiro desse episódio foi escrito por mim, Lívia Mendes, que também fiz a locução junto com a Lidia Torres. Lidia: A revisão foi feita por mim, Lidia Torres e pela Mayra Trinca. Lidia: Esse episódio faz parte do trabalho de divulgação científica que a Lívia Mendes desenvolve no Centro de Estudos Clássicos e Centro de Teoria da Filologia, vinculados ao Instituto de Estudos da Linguagem e ao Instituto de Estudos Avançados da Unicamp, financiado pelo projeto Mídia Ciência da FAPESP, a quem agradecemos pelo financiamento. Lívia: Os trabalhos técnicos são de Daniel Rangel. A trilha sonora é de Kevin MacLeod e também gentilmente cedida pelo grupo Pecora Loca. A vinheta do Oxigênio foi produzida pelo Elias Mendez. Lidia: O Oxigênio conta com apoio da Secretaria Executiva de Comunicação da Unicamp. Você encontra a gente no site oxigenio.comciencia.br, no Instagram e no Facebook, basta procurar por Oxigênio Podcast. Lívia: Pra quem chegou até aqui, tomara que você tenha curtido passear pelo mundo da antiguidade greco-romana e entender um pouco de como os textos antigos chegam até nós pela recepção e tradução. Você pode deixar um comentário, na sua plataforma de áudio favorita, contando o que achou. A gente vai adorar te ver por lá! Até mais e nos encontramos no próximo episódio. [vinheta final]

Pergunta Simples
Como se filma uma boa história? Manuel Pureza

Pergunta Simples

Play Episode Listen Later Nov 26, 2025 56:11


Há criadores que operam dentro das fronteiras técnicas do seu ofício. E há outros que as redesenham. Manuel Pureza pertence à segunda categoria — a dos artistas que não apenas produzem obras, mas insinuam uma forma diferente de olhar para o mundo. Ao longo da última década, Pureza foi aperfeiçoando um dialeto visual singular: um equilíbrio improvável entre humor e melancolia, entre disciplina e improviso, entre ironia e empatia. Cresceu no ritmo acelerado das novelas, onde se aprende a filmar com pressão, velocidade e um olho permanentemente aberto para a fragilidade humana. Dali trouxe algo raro: um olhar que recusa o cinismo fácil e que insiste que até o ridículo tem dignidade. Na televisão e no cinema, a sua assinatura tornou-se evidente. Ele filma personagens como quem observa amigos de infância. Filma o quotidiano com a delicadeza de quem sabe que ali mora metade das grandes histórias. Filma o absurdo com a ternura de quem reconhece, nesse absurdo, o lado mais honesto do país que habita. Um humor que pensa Pureza não usa humor para fugir — usa humor para iluminar. Em “Pôr do Sol”, o fenómeno que se transformou num caso sério de análise cultural, a comédia deixou de ser apenas entretenimento. Tornou-se catarse colectiva. Portugal riu-se de si próprio com uma frontalidade rara, quase terapêutica. Não era paródia para diminuir; era paródia para pertencer. “O ridículo não é destrutivo”, explica Pureza. “É libertador.” Essa frase, que poderia ser um manifesto, resume bem o seu trabalho: ele leva o humor a sério. Independentemente do género — seja melodrama acelerado ou ficção introspectiva — há sempre, no seu olhar, a ideia de que rir pode ser um acto de lucidez. Num país onde o comentário público tantas vezes se esconde atrás da ironia amarga, Pureza faz o contrário: usa a ironia para abrir espaço, não para o fechar. A ética do olhar Filmar alguém é um exercício de confiança. Pureza opera com essa consciência. Não acredita em neutralidade — acredita em honestidade. Assume que cada plano é uma escolha e que cada escolha implica responsabilidade. Entre atores, essa postura cria um ambiente invulgar: segurança suficiente para arriscar, liberdade suficiente para falhar, humanidade suficiente para recomeçar. Num set regido pelo seu método, a escuta é tão importante quanto a técnica. E talvez por isso os seus actores falem de “estar em casa”, mesmo quando as cenas são emocionalmente densas. A câmara de Pureza não vigia: acompanha. É aqui que a sua realização se distingue — não por uma estética rigorosa, mas por uma ética clara. Filmar é expor vulnerabilidades. E expor vulnerabilidades exige cuidado. Portugal, esse laboratório emocional O país que surge nas obras de Pureza não é apenas cenário: é personagem. É o Portugal das contradições — pequeno mas exuberante, desconfiado mas carente de pertença, irónico mas sentimental, apaixonado mas contido. É um país onde a criatividade nasce da falta e onde o improviso se confunde com identidade. Pureza conhece esse país por dentro. Viu-o nos sets frenéticos das novelas, nos estúdios apressados da televisão generalista, nas equipas improváveis de produções independentes. E filma-o com um olhar feito de amor e lucidez: nunca subserviente, nunca destructivo, sempre profundamente humano. Há nele uma capacidade rara de observar sem desistir, de criticar sem amargar, de rir sem ferir. Infância, imaginação e paternidade Numa das passagens mais íntimas desta conversa, Pureza regressa à infância — não como nostalgia decorativa, mas como território de formação. A infância, para ele, é o sítio onde nasce a imaginação, mas também o sítio onde se aprende a cair, a duvidar, a arriscar. Esse lugar continua a acompanhar o seu trabalho como uma espécie de bússola emocional. Falar de infância leva inevitavelmente a falar de paternidade. Pureza rejeita a figura do pai iluminado, perfeito, imune ao erro. Fala antes da paternidade real: aquela onde se erra, se tenta, se repara, se adia, se volta a tentar. A paternidade que implica fragilidade. A paternidade que obriga a abrandar num mundo que exige velocidade. Talvez seja por isso que, quando dirige, recusa o automatismo: a vida, lembra, é sempre mais complexa do que aquilo que conseguimos filmar. Escutar como acto político Se há uma frase que atravessa toda a conversa, é esta: “Nós ouvimos pouco.” No contexto de Pureza, ouvir é um verbo político. Num país saturado de ruído, opiniões rápidas e indignações instantâneas, escutar tornou-se quase um acto contracultural. Ele trabalha nesse espaço de atenção — aquele que permite às pessoas serem pessoas, antes de serem personagens, headlines ou caricaturas. É por isso que o seu trabalho ressoa: porque devolve humanidade ao que, tantas vezes, o discurso público reduz. O que fica No final, a impressão é clara: Manuel Pureza não realiza apenas obras. Realiza ligações. Realiza espelhos que não humilham. Realiza pontes entre o ridículo e o sublime. Realiza histórias que, ao invés de nos afastarem, nos devolvem uns aos outros. Há artistas que acrescentam ao mundo um conjunto de imagens. Pureza acrescenta uma forma de ver. E num tempo em que olhar se tornou um acto cada vez mais acelerado — e cada vez menos profundo — isso não é apenas uma qualidade artística. É um serviço público da imaginação. LER A TRANSCRIÇÃO DO EPISÓDIO Esta transcrição foi gerada automaticamente. A sua exatidão pode variar. 0:12 Ora, vivam bem vindos ao pergunta simples, o vosso podcast sobre comunicação? Hoje recebemos alguém que não apenas realiza séries e filmes, mas realiza no sentido mais profundo do termo, a forma como olhamos para nós próprios, a maneira como nos espelhamos. 0:28 Manuel pureza é daqueles criadores que trabalham com rigor e com leveza, com inteligência, com humor, com disciplina e com um caos. Ele cresceu nas novelas, aprendeu a filmar sob pressão, descobriu um olhar que combina ternura com ironia e tornou se uma das vozes mais originais da ficção portuguesa. 0:46 E é capaz de pegar no ridículo e transformá lo em verdade, de pegar no quotidiano e transformá lo em drama, de pegar no drama e transformá lo em riso. Tudo sem perder a humanidade, o coração e a ética de quem sabe que filmar é escolher, ter um ponto de vista e que escolher é sempre um ato moral. 1:06 Neste episódio, abrimos as portas ao seu processo criativo, às dúvidas e às certezas, às dores e às gargalhadas, às memórias da infância e às inquietações da idade adultam. Falamos de televisão como um espaço de comunhão. Das novelas como um ginásio, do humor, como o pensamento crítico da arte de ouvir e de ser pai no mundo acelerado, da vulnerabilidade que existe por detrás de uma Câmara e, claro, de Portugal, este país pequeno, cheio de afetos e de feridas, onde tudo é simultaneamente muito absurdo e muito verdadeiro. 1:38 Pureza fala com profundidade e como honestidade às vezes. Desconcertante é uma dessas conversas em que senti que estamos a ver para além do artista, estamos a ver a pessoa, a sensibilidade das dúvidas, a Esperança e a inquietação de alguém que pensa o mundo através das histórias que nos conta. 2:05 Ao longo desta conversa, percebemos como as histórias, para Manuel pureza, não são apenas entretenimento. São uma estrutura emocional de uma forma de organizar o caos, uma linguagem antiga que herdamos mesmo antes de sabermos ler ou escrever. Falamos do poder das narrativas para dar sentido à vida, mas também do seu lado perigoso, porque todas as histórias têm um ponto de vista, todas têm escolhas e omissões, todas moldam a forma como vemos o que é real. 2:33 E ele, pureza. Assume isto sem medo. Assume que filma com olhar assumidamente subjetivo e que essa subjetividade é precisamente a sua assinatura. Não procura parecer neutro, procura ser honesto. Também exploramos a sua relação com o humor. 2:49 O humor que nunca é cínico, nunca é cruel, nunca é gratuito. O ridículo não é uma arma para diminuir os outros. É uma maneira de libertar, de expor o que há de comum entre nós, de desmontar o que é pomposo e de aliviar o peso de viver. 3:04 Diz na própria conversa que tudo pode ser ridículo e isso é uma forma de Redenção. O riso organiza o pensamento, afia o espírito, desarma o mundo e, talvez por isso, o pôr do sol. A série tem sido mais do que um fenómeno cômico, foi um fenómeno emocional quase terapêutico. 3:20 Um espelho carinhoso onde Portugal se reviu e se perdoou, um bocadinho. Falamos da ética, da ética, do olhar, de como se almar alguém. É sempre um ato de intimidade. De como se cria confiança dentro de um set de filmagens, como se dirige atores diferentes, como se acolhe fragilidades? 3:38 Várias. E falamos da amizade e esse tema que atravessa todo o trabalho de pureza, porque para ele, realizar não é apenas uma técnica, é uma escuta, uma presença, um cuidado. Ouvimos muitas vezes ao longo deste episódio, uma afirmação quase simples. Nós ouvimos pouco. 3:55 E quando alguém é capaz de. A olhar tanto e nos diz que ouvimos pouco. Vale a pena parar para escutar. E, claro, falamos de Portugal, um país pequeno, por vezes cínico, com uma profunda tendência para desconfiar do sucesso alheio. Um país que pureza filma com ironia, amor e lucidez. 4:14 E da inveja. Claro que falamos da inveja no país das novelas, do improviso, da criatividade teimosa, das personagens maiores que a vida. O país que ele conhece por dentro e por fora, e que aprende a amar com o humor, mesmo quando o humor é a única forma de suportá lo. Num dos momentos mais belos da conversa, falamos da infância, esse lugar de Liberdade, de curiosidade, de imaginação que pureza tenta manter vivo dentro de si. 4:39 E falamos também do que é ser pai, dos medos que isso acende, da responsabilidade que isso traz. Da paternidade iluminada, mas da paternidade real, onde se falha, se tenta, se repara, se ama e se recomeça. É um episódio cheio de emoções, pontos de vista e algumas surpresas. 5:01 Viva. Manuel pureza, olá, nós encontramo nos e na realidade, temos que dizer às pessoas desde já que há 2 características que nos unem na vida OKA primeira, gostar de pessoas. A segunda, sermos hipocondríacos. Ah, poças? 5:17 Bom, estou em casa sim, sim, sim. Poça altamente hipocondríaco? Sim. Olha, fala me das pessoas, para quem? Para quem não te conhece. Tu és realizador, és um dos mais originais e interessantes realizadores da ficção portuguesa, nomeadamente essa telenovela que subitamente se transformou num objeto de culto, uma coisa chamada pôr do sol. 5:40 Já agora digo te eu, a primeira vez que vi o pôr do sol, o primeiro episódio foi dos enganados. Achavas que era verdade. Pensei assim, é pá, mas o que é isto? Mas o que é que isto está? Mas, mas, mas, mas que coisa tão. EE depois. Lá está à terceira cena. 5:56 É aquela parte do ainda bem que ninguém ouviu o meu pensamento, claro, fala, me fala me desse fenómeno. Então esse fenómeno foi. Uma pulga, uma pulga, uma pulga, várias pulgas. Aliás, eu, eu, enquanto realizador, antes de começar a assinar as minhas séries, fiz 10 anos de telenovelas e fi Los numa lógica de ginásio. 6:22 Eu costumo dizer isto, ou seja, é uma tarefa difícil. É uma tarefa que luta contra. Vários tipos de preconceitos, não só meus, como de quem vê. É uma fábrica? É uma fábrica, sim. Aliás, será a coisa mais próxima de uma indústria audiovisual que nós temos em Portugal. 6:39 É, é, são as novelas. Não é? E isso filma se de que, de, de, de, de que horas? Até que horas? Filma se em horários que AACT se funcionasse não IA não preço, iria sim, iria tudo preço, não em boa verdade, até até podemos falar sobre isso mais à frente que é, eu estive envolvido nalgumas lutas laborais em relação à Malta, que faz novelas em Portugal. 6:58 Porque é pá, chega se a trabalhar trabalhava, se na altura 11 horas mais uma, quer dizer, IA receber colegas meus a receberem me francamente pouco, numa lógica de fazer 40 minutos diários de ficção útil, que é uma enormidade, uma alarvidade e que e que muitas vezes depois tem um efeito nefasto de das pessoas em casa. 7:17 Dizer assim é pá, isto é uma novela, isto não vale nada, mas o esforço das pessoas que estão a fazê la é hercúleo, é desumano. Não tem de ser forçosamente 11. Não tem furiosamente de levar as pessoas a apreciarem esse esforço como sinónimo de qualidade, porque muitas vezes as novelas não têm essa qualidade. 7:35 Portanto, não há tempo no fundo para respirar, para o tédio, para a repetição, para o prazer. Não, nem nem nem. Então por acaso que seja essa a função das novelas, até um certo ponto. As novelas historicamente são feitas para serem ouvidas, não para serem vistas, não é? Ou seja, não em países, não só Portugal, mas outros países machistas, em que as mulheres ficavam a tomar conta da casa e dali da casa, e não tinham trabalho. 7:57 Tinha uma televisão ligada para irem ouvindo. Por isso é que a novela é repetitiva. A novela é. Reiterativa há uma há uma métrica de comunicação. De comunicação, sim. E, portanto, se temos avançado tecnicamente e até qualitativamente nas novelas nos últimos 20 anos, porque temos? 8:13 Ainda estamos nos antípodas do que? Do que uma novela pode ser? A novela pode ser uma arma de educação fantástica. A novela pode ser um retrato. Quase numa perspetiva arqueológica do que é ser português em 2025. E não é disso que estamos a falar. Em quase nenhuma novela falamos disso, não é? 8:30 Talvez tenhamos 2 ou 32 ou 3 casos honestos de portugalidade nas novelas recentes. Ainda estou a falar, por exemplo, de uma novela que eu, eu não, eu não, não sou consumidor de novelas, confesso que não sou. Mas há uma novela que da qual me lembro da premissa que me pareceu interessante, que é uma coisa chamada golpe de sorte. 8:46 Uma mulher numa aldeia que ganhou o euromilhões. Isso pode ser bastante português. Parece me bem. Pode ser bom e tive um sucesso bastante grande e foi uma coisa honesta. Não era de repente alguém que é salvo por uma baleia no ataque de 2 tubarões e sobrevive porque foi atirada? Espera, enfim, ainda vou continuar, porque isso é uma realidade que acontece. Olha, porque é que nós, seres humanos, precisamos tanto de histórias para compreender o mundo? 9:08 Olha, eu acho que as histórias são o que nos estrutura, são aquilo que nos garante a sobrevivência. Até um certo.eu falo disto com os meus alunos. Eu às vezes dou uns workshops para atores e não só é só a palavra workshop dá me logo aqui, carrega me logo aqui umas chinetas um bocado estranhas. 9:24 O workshop downshoising downgraving assim não interessa estamos. Todos AAA praticar o inglês. O inglês neologisticamente falamos. A bom, a bom notícia é que nós, como falamos mal inglês, damos uns pontapés no inglês também terríveis, não é? Sim, sim, sim, mas sim, mas está o inglês. O inglês passou a ser uma espécie de língua Franca, exato, EEA. 9:41 Gente tem palavras bonitas para dizer. EEEEE não, diz. Voltamos às histórias, as histórias. E costumo falar disso com os meus alunos, que é que que passa por nós. Nós não nascemos com direitos humanos, não é? Não nascemos dentro do nosso, do nosso corpo. Não há aqui 11, saca com direitos humanos. 9:56 Houve alguém que inventou essa história e a escreveu numa numa carta universal dos direitos humanos e, portanto, a partir dessa narrativa de que as pessoas têm direito a ser felizes, direito a ter uma casa feliz, direito a ter uma família, direito a ser. A ter um trabalho, et cetera, essa narrativa e estou estou a, estou a, estou AA alargar Oo conceito, evidentemente essa narrativa salva nos todos os dias mais a uns do que a outros, infelizmente. 10:20 Então os dias correm, isso é muito frequente. Há há há zonas do mundo em que essa história não chega, não é? Essas histórias não chegam. A fantasia não chega. A fantasia, sobretudo, é essa coisa mais prática de, de, de, de nos regermos por aquela célebre história do Mello Brooks, não é? A Mello Brooks faz a história mais louca do mundo. 10:36 E o Moisés sobe ao sobe ao ao Monte e Deus dá lhe 15 mandamentos. Só que há uma das pedras que se parte. Ele diz, bom, ele deu me só 10. Inventou um bocado. Isto inventou mas 10 por acaso até um número melhor do que 15. Sim, 15 não dava. Jeito o marketing, ele lá da altura, o homem do marketing, disse disse 15. 10:53 Não dá jeito nada de ser mais redondo que não podem ser 17 nem 13. Não, não. Nem convém, não é para a enologia? Acho que não, não, não, não te ajuda nisso, mas eu acho que sim. As as histórias, sobretudo acima de tudo. Eu sou pai de 3 crianças. Uma criança mais velha que tem 14 anos e outra que tem 3 e outra que tem 11 ano e meio. 11:10 Já tens bom treino de conta histórias. Voltei a recuperá lo, não é? Ou seja, eu sempre andei sempre a treiná lo, porque esta é a minha profissão e é isso que me me entusiasma, não é? Ou seja, mais do que ter um ator que diz bem o texto que lá está e que o diz ipsis verbis como lá está, interessa me um ator que perceba o que é que quer ser dito e que o transforma numa história compreensível e emotiva. 11:29 Ou seja, no limite, é o que o Fellini diz, Oo Fellini diz. Oo cinema serve para para emocionar, seja para eu rir ou para chorar, serve para emocionar. EEO emocionar tem a ver com essa coisa das histórias. Quantas vezes é que tu não vês um é pá, o testemunho de alguém, uma carta que tu descobres 11 texto bonito, um poema simples ou soberbo, ou ou ou o que é que? 11:50 O que é que é uma boa história para mim, sim. Uma boa história é aquela que me lança perguntas, que te provoca sim, que me provoca perguntas, eu faço isso aos meus alunos lhe perguntar, qual é a tua história? E regregelas, confundem, qual é a tua história, qual é que é o meu bilhete de identidade? Então começam, Ah, nasci na amadora, depois foi não sei quê, depois não sei quantos, depois não sei quê, EEA mim, não me interessa, não me interessa mesmo saber se eles vieram da amadora ou não interessa me mais saber. 12:14 No outro dia, uma aluna dizia uma coisa fantástica, eu estou, eu estou aqui porque o meu irmão lê mal, é incrível, uau. E eu disse, então porquê? Eu já quero saber tudo sobre. Essa tua aluna? Queres ver o próximo episódio? Como é? A lógica é essa. Ou seja, eu acho que quando os miúdos estão a ler uma história como a Alice, querem saber quando é que ela cai no fundo do poço que nunca mais acaba. 12:31 Porque é que o poço nunca mais acaba? Porque é que no meio do poço se vão descobrindo retratos e coisas. E que poço é este? Que que coelho é este? Que coelho é que apareceu aqui a correr? E em princípio, não faz sentido nós, mas depois nós, nós nós entramos e embarcamos nesta história. E somos nós que a que a que a construímos. 12:47 Não é na nossa cabeça. Sim, sim. Na nossa cabeça, no nosso coração, de alguma maneira. Quer dizer, pensando, por exemplo, a minha experiência, a minha primeira experiência, aliás, a experiência que definiu a minha. Vontade de ir para para cinema e para o conservatório, et cetera. Conta te quando é que tu descobriste? 13:02 Foi haver uma lodon drive do David Lynch, eu tinha 15 anos. Que é um filme. Estranhíssimo, para filme extraordinário. Eu, eu não o entendo, lá está. Mas estás a ver? Portanto, mudou a tua vida e eu estou a sentir me aqui, o tipo mais perdido do mundo. Não, eu nem entendi o que é que eles estavam a falar. Não. A coisa fantástica desse filme é que é um filme absolutamente clássico, mas não está montado de maneira normal. 13:21 Ou seja, não há princípio, meio e fim por essa ordem. Mas ele é absolutamente clássico. É sobre a cidade dos sonhos, não é? É sobre um sonho. Sobre um sonho de uma mulher que desceu ao mais, mais mais horrível dos infernos de de Hollywood. E, portanto, aí eu vi me obrigado a participar nessa história. 13:39 Estás a ver? Tiveste que montar a história conforme estás a ver. Sim, e acho que isso é isso, é o que determina o que o que é uma boa história e o que é mero, no pior sentido de entretenimento. Podemos estabelecer aqui a diferença entre o que é que é uma. Uma história mais funcional, de uma história que nos que nos expande, porque todos nós, todos nós, temos a história. 14:01 Então, mas como é que foi? Olha o meu dia, eu vim para aqui, trabalhei, sentei, me e escrevi ao computador. E eu digo assim, não quero saber nada dessa história, quero mudas de canal, já não quero saber em cada muda de canal, às vezes mudamos até de conversa. Há há 27 páginas da literatura portuguesa que são muito características e toda a gente se lembra que é AAA caracterização da frente de uma casa chamada ramalhete. 14:24 E na altura, quando tínhamos 1415 anos, a dor achámos que era uma dor. Mas se se recuperarmos isso é provavelmente as coisas mais brilhantes, porque mistura precisamente o que tu estás a dizer, ou seja, uma coisa meramente funcional, não é? É. Esta era a casa e são 27 páginas e, ao mesmo tempo, essa casa é metáfora para o que se vai para o que se vai passar nos capítulos à frente é o. 14:47 Cenário. É EE, mais do que o cenário. É um personagem, não é aquela casa, é uma personagem. Porque os objetos podem ser personagens. Podem? Então não podem? Claro que sim. A Sério? Para mim, sim, claro que sim. Sem falar. Sem falar às vezes, eu prefiro atores que não falam do que com. Atores que? Não, eu digo isto muito dos meus atores. 15:03 É, prefiro filmar te a pensar do que a falar, porque. Porque isso é uma regra antiga do do cinema e da televisão, da ficção para televisão que é mostra me não me digas, não é? As as novelas são reiterativas, porque tem de ser tudo dito. A pessoa entra, diz, faz e pensa a mesma coisa. 15:19 E também não há muito dinheiro para para mostrar com com a qualidade e com é, dá. Há, não há é tempo. Talvez isso seja um sinónimo. Não havendo, se se houvesse mais dinheiro, haveria mais tempo e, portanto, eu acho que ainda assim seria absolutamente impossível alguém humano e mesmo desconfio que o site GPT também não é capaz de o fazer de escrever 300 episódios de uma história. 15:38 Eu estou. Eu estou a pensar aqui. Eu. Eu ouvi alguém a dizer, não me recordo agora quem, infelizmente, que era. Quando quando se faz um roteiro, aquilo que está escrito para se filmar uma determinada coisa, que todos os adjetivos que que lá estão escritos têm que ser mostrados, porque não adianta nada dizer. 15:55 Então entrou agora na cena, EEEE salvou a velhinha, certo? Está bem, mas isso não chega, não é? Sim, eu até te digo, eu, eu prefiro. Regra geral, os argumentos até nem são muito adjetivos, os argumentos, ou seja, o script nem é muito adjetivado. É uma coisa mais prática. Eu acho que essa descoberta está. 16:13 Não sei. Imaginem, imaginem a leres Oo estrangeiro do camus, não é? Tem Montes de possibilidades dentro daquele não herói, dentro daquela vivência, daquela existência problemática. Não é porque não se emociona, et cetera e tudo mais. 16:29 Como é que tu imagina que tinhas um argumento ou um script sobre sobre Oo estrangeiro? Eu acho que seria importante discuti lo profundamente com os atores. Tu fazes isso porque queres ouvir a opinião deles? Quero sempre eu acho que os atores que se os atores e as atrizes que são atores e atrizes, não são meros tarefeiros. 16:52 Qual é o fator x deles? O fator x? Deles, sim. O que é? Eu estou. Eu tive aí uma conversa aqui Na Na, neste, exatamente neste estúdio com com a Gabriela Batista, com a com a com a com a Gabriela Barros. E eu não preciso de saber e não sei nada sobre técnica, mas. 17:09 Eu, eu, eu imagino que qualquer munição que se dei àquela mulher, que ela vai transformar aquilo noutra coisa completamente diferente. O Woody Allen dizia uma coisa muito interessante que Era Eu sempre odiei ler e depois percebi que para conhecer mulheres interessantes, precisava de ler 2 ou 3 livros. 17:27 Para ser um pronto atual à certa. O que é que acontece com a Gabriela? A Gabriela é uma pessoa interessante. Os atores e as atrizes que são atores e atrizes são pessoas interessantes porque são inquietas, porque são atentas, porque percebem, porque conseguem. Conseguem ler não só uma cena, mas as pessoas que estão em cena com elas conseguem ler um realizador, conseguem ler uma história e, sobretudo, perceber. 17:50 Imagina se pensares no rei leão? Muitas vezes a pergunta sobre o que é que é O Rei Leão? As pessoas menos, menos levadas para as histórias dizem, Ah, é sobre um leãozinho. Que sofre? Não, não, não é sobre isso, é sobre família, é sobre herança, é sobre poder, é sobre legado, é sobre. No fundo, é sobre todos os conceitos que qualquer drama shakespeariano ou tragédia shakespeariana também é. 18:14 E, portanto, eu acho que quando tu encontras atores e atrizes a Sério, o fator x é serem interessantes porque têm ideias e porque pensam. Não se limitam a fazer pá. Um ator que se limita a fazer e diz o textinho muito, muito, muito certinho. É um canastal enerva me enerva, me dá vontade de lhes bater. 18:30 Não, não gosto disso, não me interessa. E isso não é sinónimo de desrespeito pelo argumento. É sublimar o argumento ou sublimar o scripta, a outra coisa que não é lida. É fermentar aquilo? Sim, eu diria que sim. É regar? Sim. Olha, eles oferecem te obviamente maneiras de fazer e a interpretação do texto, mas. 18:50 E tu tens a tua parte e a tua parte é aquilo que eu posso te chamar a ética do olhar, que é o teu ponto de vista o ponto de vista como eu queria dizer, como é que tu defines o ponto de vista? Como é que tu escolhes? Se queres fazer uma coisa mais fechada, mais aberta, de cima, de lado, o que é esse? E tu pensas nisso para além da técnica. 19:09 Sim, penso eu acho que o meu trabalho, Oo trabalho do realizador, no geral, é essa filtragem da realidade. Para, para encaminhar. Para encaminhar a história e encaminhar quem a vê ou quem, quem está a ver, para uma determinada emoção ou para uma determinada pergunta ou para determinada dúvida. 19:31 Para lançar de mistério. Enfim, eu, eu tenho. Eu sinto que eu tenho 41 anos, tenho já alguns anos de de realização, mas sinto que estou sempre não só a aprimorar, mas a encontrar melhor. Qual é a minha linguagem. 19:47 O pôr do sol não tem qualquer espécie de desafio do ponto de vista da linguagem. Ele é a réplica de uma de uma linguagem televisiva chata de de planos abertos, o plano geral. E agora vem alguém na porta, plano fechado na porta, plano fechado na reação, plano fechado na EE. Isso para mim, enquanto realizador, não foi um desafio maior. 20:05 Talvez tenha sido o desafio do corte, o desafio. Do ritmo da cena, da marcação da cena. Para, por exemplo. Há uma coisa que eu digo sempre e que é verdade no pôr do sol, sempre que as pessoas pensam, vão para o pé das janelas. Porque é uma cena de novela, não é? Eu vou aqui passar ao pé de uma janela e põem, se encostadas às janelas a pensar, não é pronto. 20:21 Isso tem muita. Influência olhando para o Horizonte? Horizonte longico não é essa aquelas coisas. Portanto, isso tem muita influência dos Monty Python, tem muita influência dos dos dos Mel Brooks, da vida, et cetera, porque eu, porque eu sou fã incondicional de tudo o que surge dessas pessoas. Mas, por exemplo, se me perguntares em relação à série que eu fiz sobre o 25 de abril, o sempre já é outra coisa, já não tem, já não há brincadeira nesse sentido. 20:45 E como é que eu conto? Como é que eu conto a história das pessoas comuns do dia mais importante para mim enquanto português, da nossa história recente para mim? E, portanto, essa filtragem, essa escolha, essas decisões têm a ver com. 21:03 Eu, eu. Eu sinto que sou um realizador hoje, em 2025, final de 2025, sinto que sou um realizador que gosta que a Câmara esteja no meio das personagens. No meio, portanto, não como uma testemunha afastada. Exato, não como uma testemunha, mas como uma participante. 21:18 Pode ser um, pode ser um personagem da minha Câmara. Pode, pode. Eu lembro me quando estava a discutir com o meu diretor de fotografia com o Vasco Viana, de quem? De quem sou muito amiga e que é uma pessoa muito importante para mim. Lembro me de estar a discutir com ele. Como é que íamos abordar a Câmara na primeira série que nós assinámos coiote vadio em nome próprio que se chama, até que a vida nos cepare era uma série sobre uma família que organizava casamentos e eram eram 3 visões do amor, os avós dessa desse casal que tinha essa quinta de casamentos, que vivia também nessa quinta, esse casal de avós, para quem o amor era para sempre o casal principal nos seus cinquentas, para quem o amor está a acabar por razão nenhuma aparente. 21:56 Desgaste, talvez. O amor às vezes acaba e é normal, e em baixo os filhos. Para ela, o amor às vezes, e para ele o amor é um lugar estranho, ou seja, repara. São uma série de aforismos sobre o amor que eu vou ter de filtrar com a minha Câmara. 22:11 Portanto, a maneira como eu filmo uso a voz em que o amor é para sempre está dependente de toque da mão que se dá da dança que se surge no Jardim dele, acordar a meio da noite, sobressaltado porque ela está junto à janela, porque está a começar a sofrer. De uma doença neurológica e, portanto, ele está a sarapantado e vai ter com ela e cobra com um cobertor. 22:31 Portanto, todos estes toques diferentes. No caso do casal principal que se estava a separar, eles nunca param muito ao pé um do outro e, portanto, a Câmara tem de correr atrás de um para alcançar o outro e nunca lá chega. Há uma tensão. Sim, há sempre uma tensão. E depois nos no. No caso dos mais novos, ainda era o mais específico. Mas diria que o Vasco sugere me e se falemos os 2 sobre isto. 22:51 E se a Câmara não for entre pé? E for respirada, não é, não é não é Câmara mão agitada, mas é eu sentir que há uma respiração Na Na lente que ela está um ligeiramente abanada. É o suficiente para, se eu estiver a esta distância da personagem e a Câmara estiver mais ou menos a respirar, eu sinto que eu próprio o espetador. 23:10 Estou sentado naquele sofá a olhar para aquela pessoa, a olhar para aquele, para aquela pessoa, para aquela realidade, para aquela família, para para aquelas ideias, não é? E para essa ideia? Que se tenta explanar, em 3 gerações, o que é o amor? A pergunta mais inútil que eu tenho para te fazer é, o que raio faz um diretor de fotografia num? 23:28 Filme, então o diretor de fotografia, para quem não sabe, é é Quem é Quem. No fundo, comigo decide a estética. Da imagem, a luz, a luz acima de tudo. Eu trabalhei já com vários direitos da sociografia, de quem gosto muito. O Vasco Viana é um deles, o Cristiano Santos é outro, porque é uma porque é. 23:44 Que se gosta de um e não se gosta tanto de outro? Não. Às vezes não tem a ver com isso. Eu não me lembro de um. Talvez em novelas que tenham trabalhado com diretos de sociografia, que, enfim, que foram bons, outros nem tanto. Mas eles constroem uma estética, constroem uma luz, um ambiente. Nas séries, sim. Não é no cinema, sim. 24:00 Na televisão. Acho que é muito complicado porque. Porque se obedece a critérios, sobretudo dos canais. Que vêm com uma frase, quando eu comecei a fazer novelas, ainda estávamos a discutir se a coisa havia de serem 16:9 ou 4 por 3. Portanto, parecia que ainda estávamos a quase na Roménia dos anos 60. 24:16 EEE não estávamos e, ao mesmo tempo, estávamos muito próximos disso. EEE. No fundo, o que o diretor da fotografia faz é essa escolha da cor, da luz, do enquadramento, claro que em concordância com aquilo que eu pensei, mas é a primeira pessoa que consegue consubstanciar. 24:35 A minha visão sobre a história é isso. Olha, OOA, escolha de um plano para filmar é uma escolha moral. Também estava te a ouvir, agora a falar do 25 de abril e de e, portanto, 11. A ideia que tu tens sobre as coisas depois interfere também na maneira como tu escolhes um plano. 24:51 O que é que vais filmar ou como é que vais? Filmar, eu acho que, sobretudo, tem a ver com o eco que a história tem em ti. Não é uma coisa acética nem agnóstica. É uma coisa implicada, não é uma coisa implicada, isto é, se há uma ideia tua enquanto autor. Sobre a história, que vais esmiuçar em imagens, é mais ou menos a mesma coisa. 25:11 Que tu sabes que a Sophia de Mello breyner aprendeu gramática na escola. Eventualmente português teve aulas de português. Suspeitamos que. Sim, pronto. Aprendeu a escrever, mas ninguém a ensinou a fazer poemas. Vem dela. E essa implicação na escolha das palavras, da métrica do soneto ou do verso, et cetera, ou da ou da Quadra, ou, enfim, seja o que for. 25:30 É uma coisa que lhe vem de uma decisão. Não é de uma decisão, nem que seja do espírito, não é? Eu acho que o realizador tem a mesma função quando quando se permite e, acima de tudo, quando se assume como realizador e não um tarefeiro a mesma coisa que o ator. 25:46 Olha, como é que tu estás a falar de ficção? Obviamente, mas a ficção tem um poder secreto que é alterar a realidade ou a nossa perspetiva sobre a realidade ou não. Quando eu vejo, quando eu vejo que tu filmas uma determinada coisa num determinado prisma, com uma determinada ideia, eu, eu já quase não consigo ver a realidade como a realidade é eu, eu, eu já já tenho mais uma camada de tu vais me pondo umas lentes, não é? 26:15 Quer dizer, olha para aqui, olha para acolá. Sim, mas repara, os livros têm o mesmo poder, não é? Desde que tu te deixes contagiar com uma ideia, a arte. A arte, seja ela. Seja ela sobre a forma de uma Mona lisa ou de uma comédia, não é é essa reconfiguração do real para ser percecionada pelo outro. 26:40 E o outro pode se deixar contagiar ou não se deixar contagiar. Imagina que tu não achavas piada nenhuma ao pôr do sol? Há pessoas que não acharam piadinha nenhuma ao pôr do. Sol desligas te não vais ver? Sequer. Mas não vais ver isso? O teu real continua, ou seja, a minha. A minha pretensão com o pôr do sol não é mudar o mundo. Não é mudar, é divertir, me em primeiro lugar e achar que isto pode pode divertir. 27:02 Pessoas pode fazer umas cócegas à moda? Pode fazer cócegas à moda, aliás, pode pôr o dedo na ferida até rir. Estás a ver. Sim, porque depois tu é assim aqui. A história obviamente é engraçada. EE aquilo dá vontade de rir, mas tu gozas com todo o tipo de preconceitos e mais algum que lá estão em cima da mesa. 27:17 Claro. E esse EE aí também se tem de fazer jus ao ao texto que me chega do Henrique dias. Ou seja. Eu, o Rui e o Henrique discutimos a ideia. Eu e o Rui tínhamos uma lista extensa de tudo o que se passa em novelas, quem é a esta hora, quem é que Há de Ser no meu telemóvel, beber copos, partir, copos, cavalos, bem, famílias ricas, et cetera. 27:36 Mas depois o Henrique tem esse condão de agarrar nessas ideias e de algumas de algumas storylines que nós vamos lançando, é pá. E fazer aqueles diálogos que são absolutamente fabulosos, não é? Quer dizer, lembro, me lembrei, me. Lembro me sempre de vários, mas há uma, há um, há um apidar no na primeira temporada, que é talvez o meu plano favorito, que é um dos membros da banda que vem a correr desde o fundo do plano e que cai em frente à Câmara e diz, não, não, eu estou bem. 27:59 Dê me um panado e um local que eu fico logo bué, pronto. Isto é uma coisa muito nossa, muito proximidade, que tem graça porque tu já ouviste alguém dizer isto e pronto. E quando se tem essa, quando se tem essa junção porreira de de sentidos, de humor. 28:17 A tendência é que isso crie, crie qualquer coisa de reconhecimento. O que nós encontrámos com o pôr do sol foi um reconhecimento, é pá, surpreendeu, me surpreendeu me ao máximo e depois açambarcou nos a todos e foi a Suburbano a sobrevoou me de uma maneira assustadora, foi, imagina, eu tive um acidente de Mota pouco tempo depois da primeira temporada acabar, fui ao chão e fiquei, fiquei magoado e fiz me nada de especial, estava no hospital. 28:46 E o enfermeiro chefe dizia, sistema anel, pureza, agora vou pôr aqui um megaze, não sei quê. Ou sistema anel, pureza, não sei quê, mas assim. 11 trato espetacular. Uma coisa muito, muito solene, muito solene, e é. Pá e nas tantas ele estava a fazer o tratamento e disse assim, é pá e vê lá se tens cuidado e eu, espera aí, houve aqui qualquer coisa, houve aqui um problema na Matrix ou então não sei o que é que aconteceu e o gajo diz, desculpe, desculpa, é que eu sou de massamá e eu sei o que é que é cheirar AIC 19, todos os dias que é uma tirada do pôr do sol posso chamar os meus colegas assim? 29:12 O que é que se passa? Entraram para aí 5 ou 6 enfermeiros. Dizer é pá, obrigado. Pelo pôr do sol, por isso é convidada, portanto, Na Na enfermaria. Todo todo arrebentado. E eles todos quando em dia e eu percebi pronto, isto bateu, bateu a um nível de podemos reconciliar a televisão com uma certa cultura pop que teve alguns exemplos extraordinários na comédia ao longo da nossa história. 29:34 Temos o Raul solnado, temos o Herman José, temos Oo Ricardo Araújo Pereira e o gato fedorento, o Bruno Nogueira. Esses. Esse, atualmente, o Bruno Nogueira e o Ricardo Araújo Pereira continuarão a? Fazer são fundações, no fundo, são coisas que a gente olha e diz assim, uou. Eu acho que experimentei um bocadinho disso. Ele experimentava esta equipa, experimentou um bocadinho disso, quando de repente temos pá, um Coliseu de Lisboa cheio para ver uma banda que está a fazer playback. 29:56 Nós fizemos isso com Jesus Cristo, não é? A banda do pôr do sol foi tocar, não tocou nada, ninguém deles. Nenhum dos tocou, não sabem tocar e. Esgotámos OOO Coliseu para ouvirmos uma cassete em conjunto e as pessoas foram. Para participar num episódio ao vivo que não era episódio, não estava a ser. Filmado sequer tu vendeste, tu vendeste uma fantasia que toda a gente sabe que não existia, mas a ideia de comunhão. 30:16 Foi nessa narrativa e eu acho que isto é uma coisa que nos anda a faltar cada vez mais, não é? Nós nós não temos essas comunhões. Tu vês uma série? Ou melhor, é mais frequente teres um diálogo com um amigo e diz assim, pá, tens de ver aquela série, não sei quê, é espetacular, não sei quê quantos episódios, viste? Vi meio, mas é espetacular. 30:32 E já não é aquela coisa de Bora fazer um? Serão lá em casa, em que juntamos amigos e vemos um filme? Como aconteceu antigamente, antes da televisão se alinear? Antes de antes da da televisão te permitir uma ilusão de poder da escolha, não é? Eu agora escolho o que vejo. E a televisão morreu? Nada, não. 30:49 Nem vai morrer. É como a rádio morreu, não é? Quer dizer, a gente volta e meia a rádio a. Rádio a rádio tem mais vidas que um gato. Não é pronto porque a rádio foi ver o apagão, não é? O apagão foi uma. O apagão foi um delírio. Apagou tudo para. Os da rádio? Claro, claro. Evidentemente, isso era o que havia. E isso é extraordinário, porque isso faz, nos faz nos perceber que a volatilidade das das novas tecnologias etcétera, pá, é porreiro, é óbvio. 31:11 Então agora temos aqui 2 telemóveis, estamos anão é? Estamos aqui a filmar. Temos boa parafernália, mas mas. No limite. Naquele momento em que achávamos todos que a Rússia atacar e não era nada disso, o que queríamos era ouvir alguém a falar. Connosco o fenómeno dos podcasts como este é eu, eu dou por mim assim que é. 31:30 Eu gosto de ouvir pessoas à conversa, porque me acalma e me baixa o ritmo do scroll. Há uma. Música, não é? E é EEEE, aprendes qualquer coisa. E por isso é que eu gosto de pessoas. Estás a ver quando eu, eu houve uma vez 11 coisa que me aconteceu que eu acho que que é pá, que eu nunca mais me esqueci, que foi um amigo meu. 31:48 Que, entretanto, nunca mais falámos, é um facto. As histórias foram para os sítios diferentes, mas um dia entrou me para casa, à dentro. Eram para aí 10 da noite e diz me assim, preciso de conversar. E perguntei, lhe mas o Gonçalo de quê? Não, pá de nada, preciso só de conversar. Tens tempo para conversar e eu fiquei. 32:07 Isso é uma grande declaração, isto é. Extraordinário. Pouco tempo depois, estava em Angola a fazer uma série, uma novela. Perdão, uma. A melhor novela que eu fiz na vida é que foi uma novela para Angola, uma coisa chamada jikounisse. E há um assistente meu, Wilson, que chega 2 horas atrasado ao trabalho, é pá e era um assistente de imagem, fazia me falta. 32:25 Ele chega, Ah, presa, peço desculpa, cheguei atrasado e tal só para o Wilson 2 horas atrasado, o que é que aconteceu? Tive um amigo que precisou de falar e eu juro te que me caiu tudo, eu não lhe. Eu quero ter um amigo assim, eu não. Posso, sim. Eu não me lembro disto acontecer em Portugal. 32:42 Para mim, disse. Para mim mesmo, eu não me lembro. De. De. De dar prioridade a um amigo em detrimento do trabalho. Porque o trabalho me paga as contas e os filhos e não sei quê. E o ritmo e a carreira. E eu reconheci me e de repente há um amigo meu que precisa de conversar. 32:58 Estamos a ouvir pouco. Então, não estamos eu acho que estamos. Estamos mesmo muito. Temos mesmo muito a ouvir, a ouvir muito pouco, acho mesmo, acho mesmo. Isso isso aflige me sobretudo porque há um, há um é pá. Eu estou sempre a dizer referências, porque eu, de repente, nestas conversas, lembro me de coisas. O Zé Eduardo agualusa assina 11 crónica, creio no público há, há uns anos, largos da importância de, de, de, de de fazer mais bebés, porque o mundo está tão perdido que só trazendo gente boa, muita gente boa de uma vez em catadupa. 33:29 É que isto melhora e eu acho, essa visão. Uma chuva de. Bebés uma chuva de bebés, mas de, mas de bebés bons, de bebés, inquietos, de bebés que fazem birras pelas melhores razões de bebés, que brincam sem computadores, sem coisas que que se que chafurdam na, na lama, et cetera, fazem asneiras. 33:45 Sim, sim, eu, eu, eu gosto muito de ser pai, mais até do que ser realizador, gosto muito de ser pai e acho que isso é é precisamente por essas, pelos meus filhos, claro que são os meus, mas se tivesse, se houvesse outras crianças. De que eu tomasse conta? Acho que era isso que é. 34:01 Tu perceberes que até uma certa idade nós não temos de nos armar noutra coisa que não ser só crianças. E acho que eu pessoalmente, acho que tenho 41 anos e às vezes sinto uma criança perdida até dizer chega EE, acho que pronto. 34:18 Enfim, o tempo vai adicionando, adicionando te camadas de responsabilidade. Agora temos temos de saber mexer microfones, inverter a água, et cetera, e meter fones, et cetera. Mas, no fundo, somos um bocado miúdos perdidos a quem? A quem se chama pessoas adultas porque tem de ser, porque há regras, porque há responsabilidades e coisas a cumprir. 34:35 Acho que só o Peter Pan é que se conseguiu livrar dessa ideia de poder. Crescer, coitado. Já viste? Pois é mesmo o Peter Pan sem andar com aquelas botas ridículas também. Exato. EE, qual é? Sabemos. E o capitar, não é? Pensando bem, a história dramática é o que quando estás com neuras a tua vida é um drama refugias te na comédia fechas te de ti próprio. 34:55 Não queres falar com ninguém? Quando estou com. Que é frequente é. Frequenta é? Então, o que é que te bate? O que é que te faz o. Que me bate é nos dias que correm e não só não conseguir tocar à vontade na minha função enquanto artista. 35:15 Isto eu vou te explicar o que é. Os artistas não precisam de ser de um quadrante político ou de outro. Eu eu sou de esquerda, assumidamente de esquerda. EEE, defenderei até à última este esses ideais. Ainda à esquerda, direita. Há, há, há. Eu acho que há, há. É cada vez menos gente com quem se possa falar de um lado e de outro. 35:32 Há uma. Polarização sim, sim, porque porque, enfim, isso são são outras conversas, mas o os artistas, no meu entender, estão a perder a sua perigosidade isso enerva me, ou seja, eu às vezes sinto que não estou anão, não estou a transgredir. 35:49 Não estou a ser perigoso, não estou a questionar, não estou. Estou a ir ao sabor de uma coisa terrível, que é ter de pagar as minhas contas. É o rame. Rame mais do que isso é eu deixar me levar pela corrida que é. Tenho de ter mais dinheiro, tenho de conseguir a casa, tenho de conseguir a escola dos putos tenho, não sei quê. 36:07 Devias ser mais um moscado, aquele que que dava umas picadelas aqui à. Eh pá devia questionar. Devia. Os artistas são se nasceram para isso e eu se me se eu me considero artista e às vezes isso é difícil. Dizer isso de mim, de mim para comigo. Eu imagina o Tiago Pereira, o Tiago Pereira que anda AA fazer um acervo da música portuguesa, a gostar dela própria, pelo pelo país todo, com gente antiga, com gente nova, com com gente toda ela muito interessante. 36:36 A importância de um Tiago Pereira no nosso, no nosso país, é é inacreditável. Quantas pessoas é que conhecem o Tiago Pereira? E, pelo contrário, não estamos focados Na Na última Estrela do ou do TikTok ou do big Brother ou de outra coisa qualquer. 36:51 Até podia ser uma coisa boa, estás a ver? Ou seja. Complementar uma coisa e outra. Sim, ou seja, eu, eu. A coisa que mais me interessa é saber quem é que com 20 anos, neste momento está a filmar em Portugal e há muita gente boa. Tu vês os projetos da RTP play e da RTP lab? E é gente muito interessante. Então, e porque é que? 37:06 Nós não estamos a estornar essa gente? E a e a potencial? Porque, porque a corrida? É mais importante, ou seja, tu queres a. Corrida dos ratos Na Na roda. É e é coisa de chegar primeiro, fazer primeiro, ganhar mais que o outro, não a solidariedade é uma, é uma fraqueza AA generosidade é uma fraqueza aplaudires alguém que é teu par é mais, é mais um penso para a tua inveja do que propriamente uma coisa de quem é que ganhamos? 37:34 Todos vamos lá. OOOO rabo de peixe, por exemplo, é um é um caso lapidar nesse sentido. Que é o rapaz? É extraordinário. É extraordinário neste sentido, eu? Posso? A primeira série é uma pedrada No No charco, que é uma coisa mágica o. 37:50 O Augusto Fraga, que é uma pessoa que eu, de quem eu gosto bastante e conheço o mal, mas gosto bastante, assina uma série que a primeira coisa que foi vista sobre essa série, ainda que estivéssemos a com 35000000 de horas ou 35000000 de horas, sim, vistas por todo o mundo. 38:08 Ah, não sei quantas pessoas, minhas colegas, tuas colegas, enfim, colegas de várias pessoas que estão a ver este mote caso dizem assim, ó, mas eles nem sequer fizeram o sotaque açoriano. Ah, e aquela e aquela ideia de não contrataram só atores açorianos? Pronto, sim, vamos ver uma coisa, porque porque é que vamos sempre para essa zona precisamente por causa da corrida, porque isto é importante. 38:32 A inveja é lixada? Nada. Fraga sim, a inveja é lixada e mais do que isso, esta inveja. É patrocinada pelo sistema, o sistema, o sistema sublima. Quando nós achamos que quem, quem, quem é nosso inimigo é quem faz a mesma coisa do que nós, nós temos menos de 1% para a cultura neste país. 38:50 E quando há dinheiro, quando há dinheiro, nós andamos a tentar queimar o outro para conseguirmos chegar ao dinheiro, ou seja, perante as migalhas. Nós não nos organizamos, a dizer assim. Pá a mão que está a dar as migalhas é que está errada. 39:05 Não. O que acontece é não. Mas eu já discutimos isso. Primeiro eu preciso de de amoedar as migalhas para mim e depois então discutimos, é uma. Corrida mal comparado de esfomeados. É, mas em vários. Mas é. Não estou a ver só na cultura, não é? Não é só na cultura. E. Já dizia o Zé Mário branco, arranja me um emprego. 39:22 O Zé Mário branco dizia tanta coisa tão mais importante, tão tão tão importante nos dias que correm, o Zé Mário branco, enfim. Mas eu até diria que isto, que este país que é pequeno. Que é pequeno em escala. Que é pequeno, que é pequena escala. 39:39 Podia ver nisso uma vantagem. Podíamos ver nisso uma vantagem, porque eu acho que o país somos nós e acho que as pessoas não. Não temos essa noção, não é EE essa e essa noção de que não dedicamos tempo suficiente a estarmos uns com os outros e de ligarmos as peças boas e de tornar isto uma coisa mais interessante, claro. 39:57 Interessa me, interessa me. Muito há uma cultura de mediocridade, não? Isso eu acho que não, o que eu acho é que há. Ou melhor, como é que se compatibiliza esse essa corrida dos ratos na roda, em busca da última migalha com coisas de excelência que subitamente aparecem? 40:13 Eu acho que quando tu sentes que isso é um acidente, rapaz, isso é um acidente, não é? É um acidente. Antes tinha tinha havido o Glória e nós tínhamos achado. Tio Glória era a primeira coisa da Netflix. Parece um bocado aquela coisa de o ator que é pá. 40:29 Eu sou um grande ator. Eu fiz uma formação no Bahrain para aprender a ser a fazer de post. Foi uma formação de meia hora, chega cá e dentro e vai dizer assim, é pá. Este gajo é bom meu. O gajo esteve no barrain. Vende-se bem este. Gajo é bom, não é? E de repente não. Ele esteve no barém a fazer de post e é melhor do que um puto que veio da PTC ou 11 miúda que veio da STCE está a tentar vingar. 40:50 Eu tive agora uma conversa por causa da da dos encontros da GDA para para o qual foi foi gentilmente convidado e foi foi incrível estar à conversa com Malta nova. Não é assim tão nova quanto isso, mas Malta entre os 25 e os 35 anos, atores e atrizes, em 4 mesas redondas em que IA assaltando eu, o António Ferreira, a Soraia chaves e a Anabela Moreira, é pá EEAEA dúvida é a mesma de que se houvesse uma mesas redondas de veterinários, de veterinários ou de médicos, ou de ou de assistentes sociais, que é como é que eu começo isto? 41:20 Como é que eu faço isto? Qual é o percurso, onde é que está? O repente GDA faz uma coisa incrível que é, vamos pôr as pessoas a conversar. É um bom início, pá, é um. Excelente início. E nós não andamos a fazer isso, não andamos a fazer isso, por mais associações que haja, por mais coisas, et cetera. E há gente a fazer este, a tentar fazer este trabalho. 41:38 Não há um sindicato da minha área que funcione. O sindicato dos criativos pode ser então? O sindicato, o Sena, o sindicato Sena. As pessoas queixam se que não é um sindicato, mas não estão nele. Quando eu digo que não há um sindicato, é o sindicato, existe. As pessoas é que não vão para lá e queixam se das pessoas que lá estão. 41:55 Isto não faz sentido nenhum. Ou seja, nós estamos sempre à espera que nos dêem. Mas é aquela coisa velha, essa coisa que foi o Kennedy, que disse não é não, não perguntes. O que é que o teu país pode fazer por ti? Pergunta te, o que é que tu podes fazer pelo teu? Portanto, não temos uma mecânica por um lado de devolução à sociedade daquilo que nós estamos AA receber e, por outro lado, de de agregação, num interesse comum, ou numa imaginação comum, ou em alguma coisa que podemos fazer juntos. 42:17 Eu, eu acho que, sobretudo, tem a ver com celebramos? Não, acho que não. Até porque é tudo uma tristeza, não? É, não, não, não. Eu acho que é assim. Eu acho é que é tudo muito triste porque não nos celebramos. Porque há razões enormes para nos celebrarmos, há razões mesmo boas, para nos celebrarmos. Bom, mas eu não quero deprimir te mas um tipo que chuta 11 coisa redonda de couro e que acerta numa Baliza é mais valorizado do que um poeta que escreveu o poema definitivo sobre o amor ou sobre a vida? 42:43 Mas isso, pão e circo? Isso pão e circo. E isso a bola também é importante. E está tudo bem? Eu sou. Mas tão importante. Não é? Porque eu eu gosto de futebol, gosto. Eu gosto de futebol, sou um, sou um. Sou um fervoroso adepto da académica de Coimbra e do. Falibana do Benfica, da da académica, sou da académica. 43:00 Está péssima, não é? A académica está terrível, mas é isso. Ou seja. Eu acho que tem, Maura continua, tem? Maura, claro. E terá sempre. Eu sou, sou, sou da briosa até morrer, mas. Mas de qualquer das maneiras, sinto que essa coisa que é, há espaço para tudo. Eu acho que eu o que faz falta? E animar a Malta? 43:17 É educar a Malta? É educar a Malta. Faz muita falta. Eu acho que faz muita falta a educação neste país. E isso tem a ver com política, tem a ver com escolhas, tem a ver com coragem. EAAA educação não tem sido muito bem tratada nos últimos tempos. 43:35 Se há gente que se pode queixar são os professores e os. Alunos, porque nós só descobrimos daqui a 10 anos ou 20 que isto não correu bem. Claro, mas já estamos a descobrir agora, não é? Depois, já passaram algum tempo sim. Quais é que são as profissões de algumas das pessoas que estão no hemiciclo que tu reconheces profissões não é? 43:52 De onde é que vêm? Vêm das jotas vêm. São juristas, normalmente economistas, certo? Mas um médico. Há um ou 2? Há um ou 2, há alguém que tu, um professor? Deixa de ser atrativo. A política devia ser essa coisa de eu reconhecer. 44:10 Figuras referenciais. Os melhores entre nós que que escolhidos para liderarmos, sim. Escolhidos por nós. Ou seja, porque é que eu acho isto? Mas eu acho isto desde sempre, sempre, sempre. Eu sei isto. Aliás, eu venho de uma casa que é bastante politizada. A minha casa, a minha família é bastante politizada. O apelido. 44:27 De pureza não engana. Pois não engana. Às vezes acham que ele é meu irmão, mas é meu pai. EE pá é um gajo novo. De facto, é um gajo novo. Mas é isso que é caneco. Quem são estas pessoas? Porque é que eu vou votar nestas pessoas, estas pá. A prova agora de Nova Iorque não é 11 Mayer de 34 anos, chamado zoranmandani, que de repente ganha as eleições sem os mesmos apoios, que teve outro candidato. 44:50 Não houve Bloomberg, não houve Trump, não houve nada. Houve um tipo que veio falar para as pessoas e dizer lhes o que é que vocês precisam, de que é que precisam, o que é que vos aflige, de que é que têm medo, que sonhos é que vocês têm? Isso é tão importante e tão raro. 45:06 Afinal, o método que funciona sempre não é fala com pessoas, conta uma história ou houve cria uma expectativa? Olha, porque é que o humor explica tão bem o mundo? Eu sei, também há o choro, porque é que o humor explica tão bem? Porque tudo pode ser ridículo. E é e é tão ameaçador, não é? 45:22 Claro, claro, claro. Olha o Rio, vai nu. Exatamente tal e qual tem a ver com isso, não é? E mais do que isso, é eu, eu acho. Eu sinto que nós vivemos num país que não tem assim tanto sentido de humor. E explico porquê nós não nos rimos tanto de nós. Rimos mais dos outros quando nos rimos de nós? 45:39 É é tipo, Ah, então, mas mas estão a falar de mim. Rimos de escárnio. Sim, os os melhores, as melhores pessoas, as melhores pessoas portuguesas a terem sentido humor são os alentejanos. Porque são eles que têm as melhores notas sobre eles. Que eles próprios contam? Exatamente quando tu tens um. 45:54 Eu não sou lisboeta, portanto, posso dizer mal à vontade de vocês todos que estão a ouvir. Quando o lisboeta disse assim também. Sou alto minhoto, portanto, já estamos. Estás à vontade, não é pronto quando o lisboeta disse. Tudo que seja abaixo, abaixo, ali do cavado é soul. É soul? Exatamente. Está resolvido, pá. A minha cena é coisa do quando o lisboeta diz, tenho aqui uma nota sobre alentejana dizer, Hum. 46:11 A minha família toda alentejana, pá. Não, não acho que acho que não é bem a coisa eu diria isso, ou seja, porque é que o amor explica tão bem o mundo, explica no sentido em que, de facto, isto esta frase não é minha, é do Henrique dias. E ele acho que acho que ressintetiza isto muitíssimo bem. O argumentista do pôr do sol, que é tudo, pode ser ridículo. 46:28 O gajo da bola de couro, um círculo de de de couro que é chutado para uma Baliza, é tão ridículo como é eventualmente alguma. De algum ponto de vista sobre a religião, sobre a política, sobre a economia, sobre os cultos? 46:46 Não é os cultos pessoalizados em líderes que de repente parece que vêm resolver isto tudo e são ridículos. Quer dizer, são ridículos acima de tudo. O mito do Salvador da pátria. O mito do Salvador da pátria não é? Depois ficou substanciado em 60 fascistas. Isso é para mim. Era expulsos ao ridículo. 47:02 Incomoda os imensos. Mas a gente já viu isto em vários momentos, desde momentos religiosos até momentos políticos que é. E este vem lá ao Messias, vem lá ao Messias. E o cinema português também. O próximo filme vem sempre salvar isto tudo. E é só um filme percebes o que eu estou a dizer? Ou seja, não. 47:18 Este é que é o filme que toda a gente vai ver e vai rebentar com as Caldas. Não, não tem de ser assim, é só um filme. Só me lembro da Branca de Neve, do João César Monteiro, não é que filmou uma coisa para preto, para negro? Sim, mas mais do que isso, estava a falar de termológica comercial que é, os exibidores estão sedentos? 47:35 Que venham um filme que faça muitos números e que salve o cinema, et cetera. A pressão que se coloca, se fosse fácil fazer um filme desses, até eles próprios administradores teriam ideias. Sim, faz mesmo. A campanha viral lembro me sempre é. Faz uma coisa que vai ocupar toda a gente vai falar exatamente e que vai ser uma coisa. 47:51 Extraordinária. Um escândalo, no melhor sentido. Não sei quê, não sei quê e depois não acontece porque não é assim que as coisas não é, as pessoas não vão, não vão. Nessas modas, aliás, as pessoas estão cada vez mais dentro. O paradoxo é que as pessoas estão cada vez mais exigentes. O que é bom? Sim, mas dentro desta lógica que temos falado, que é tiktoks, et cetera, volatilidade é uma coisa superficial e de repente já nem tudo cola. 48:12 O humor repara o humor. O Bruno Nogueira, por exemplo, é um bom exemplo disso que é o Bruno Nogueira faz 111 programa extraordinário vários. Faz os contemporâneos, faz o último a sair, depois faz o princípio meio e fim, que é uma coisa arrojadíssima. Sim, ele faz coisas sempre diferentes. 48:28 Não é ele. Ele. Ele quebra os padrões sempre. Mas se reparares agora, neste, no, no, no ruído, ele já não é a mesma coisa. É um programa de Sketch que tem lá uma história que num tempo distópico em que. Sim, mas aquilo resolve se a um conjunto de de Sketch e as. 48:45 Pessoas aderiram massivamente, portanto, eu acho que isto é assim. A roda vai dando voltas. Depois voltamos um bocado à mesma coisa. O Herman, por exemplo, o Herman que é um dos meus heróis da televisão. O Herman andou por todas essas ondas e agora está numa onda de conversa e tudo mais. 49:04 E continua a ter imensa. Graça mas ele pode fazer tudo o que? Quiser, não é? Pode. Chegou este mundo do mundo para poder fazer tudo. Sim, talvez não chegue a todas as gerações como chegava. Não é dantes. Eu lembro me, por exemplo, No No no célebre Sketch da da última ceia, não é? 49:20 Ele chegou a todas as gerações, houve umas gerações que odiaram isso foi incrível, eu adorei, eu adorei esse momento iá, e ele é também um dos meus heróis por causa desse momento, porque, porque, enfim, porque qual que lá está transgressor, perigoso artista? 49:38 O Herman é tudo isso sim. Pode a qualquer momento fazer dinamitar isto olha fora o humor, tu tens, posso chamar lhe maturidade emocional entre o felps e os infanticidas. O que, o que muda no teu olhar quando quando tu transpassas da comédia para, para, para o drama, o humor e a dor são são irmãos. 49:58 O sim, diria que sim, mas mais do que isso, é há coisas que me que me inquietam, não é? Eu com 41 anos e 3 filhos, EEE uma história já muito porreira. O que? É que te inquieta. Várias coisas. Olha esta coisa da do dos artistas, esta coisa da sociedade portuguesa, esta coisa de o que é que é ser português em 2025, o que é que é ter 41 anos em 2025? 50:21 A amizade, a amizade inquieta me há amigos que desaparecem e não é só porque morrem, há há. Há outros que desaparecem porque. Perdemos lhe o rasto. Ou isso, ou porque nos zangamos EEA coisa vai de vela e é assim. E a vida é dinâmica e. E às vezes questiono, me, não é? 50:37 Questiono me sobre quanto é que vale uma amizade, por exemplo, os enfatisídeos é sobre isso, não é? Ou seja, 22 amigos de 2 amigos de infância que aos 17 anos dizem, se aos 30 anos não estivermos a fazer aquilo que queremos fazer, matamo nos daquelas promessas adolescentes e de repente um deles apaixona se e casa se. 50:57 E ele às vezes não quer morrer e a amizade vai à vida. E aquele que ficou para sempre com 17 anos, que sou um bocado eu, não é? Porque eu acho os problemas aos 17 anos é que são os verdadeiros problemas da existência humana. Os outros são chatices da EDPE da epal estás a ver isso? São outros chatices pagar as contas, pagar contas é só isso, porque tudo o resto é só o que é que eu estou aqui a fazer? 51:17 Porque é que eu me apaixonei, porque é que ninguém gosta de mim, porque é que essas coisas são tão ricas, são tão boas de testemunhar eu tenho. Tenho um exemplo incrível de ter 11 filho extraordinário chamado Francisco, que tem 14 anos e que tem umas inquietações muito. 51:34 Muito boas pá, muito, muito poéticas, muito. É uma idade difícil. E boa. E tão boa. E tenho. Tenho muita sorte. Francisco é um miúdo incrível. Mas mesmo que não fosse, eu diria assim. Para ele e tu e tu estimulas ou acalmas as ânsias dele. Eu eu acho que sou eu e a mãe dele, acho que somos estimuladores da sua, das suas várias consciências, social, política, artística. 52:02 Mas temos uma, o respaldo que encontrámos naquele naquele ser humano, foi maior do que qualquer um incentivo que nós pudéssemos dar. Ou seja, nós lançámos um bocadinho, as paisadas para os pés dele e ele de repente floresceu. E é hoje em dia uma pessoa é um ser humano extraordinário e pronto. 52:19 E eu costumo dizer aos meus amigos que o primeiro filho muda a nossa vida, o segundo acaba com ela, uma terceira. Esta turística, sim, é pá. Eu acho que os 3 deram um cabo da minha vida. É uma dinâmica diferente, não é? 3. É, é ainda por cima estão os passados, não é? Um tem 14, outro tem 3, outro tem 1 ano e meio e para o ano provavelmente quero ter mais um filho, porque acho que é lá está eu estou com água, luz a tatuar aqui, algures, portanto, tu. 52:43 Vais salvar o nosso problema de de de naturalidade e demográfico. Eu espero que sim, eu já sou Oo chamado povoador dos olivais. Portanto, vão para sim, sim, olha o que é que te falta fazer para fecharmos o que é que anda o que é que andas a escrever o que é que anda, o que é que te anda a inquietar o que é que te anda aí a. 53:01 Debaixo do teu olho. Olha, estou concorri a uma bolsa para escrever um livro. Pode saber sobre o quê? Sim, sim, é um filme que eu não, que eu não tenho dinheiro para fazer e, portanto, vou fazer o livro. E depois pode ser que o livro reúna. E os bons livros dão sempre grandes filmes. 53:17 Ao contrário, os maus livros, eu sei que eu sei que vou ser fraquinha e, portanto, os maus livros dão bons filmes, os bons livros. Portanto, a tua expectativa é que o livro seja mau que é um grande filme? Sim, sim, não. Mas pelo menos seja seja livro. Isso é importante. Eu gosto imenso de livros. Gosto imenso de ler. É das coisas que eu mais gosto de fazer, é de ler. Fiz isso candidatei me EE. 53:33 Entretanto, estou a preparar uma série de outro género, completamente diferente, que é uma série de de fantástico de terror, escrita por 5 amigos, de que eu tenho muita estima. Por quem tenho muita estima, o Tiago r Santos Oo Artur, o Artur Ribeiro, o Luís Filipe Borges, o Nuno Duarte e o Filipe homem Fonseca. 53:51 Que é uma série chamada arco da velha, que terá estreia na RTPE, que se passa entre Portugal e a galiza e também vai ter uns toques de Brasil. E estou também a preparar outro projeto lá mais para a frente, que é provavelmente os projetos que eu mais quero fazer na vida até hoje, que estou a desenvolver com a Ana Lázaro, com a Gabriela Barros e com o Rui Melo. 54:13 É impossível falhar, já ganhaste. Completamente impossível falhar porque esta ideia original é da Gabriela e do Rui. Ei, e eles vieram ter comigo. E eu fiquei para já muito conten

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Documentário poético brasileiro retrata a força das mulheres do Alentejo, interior de Portugal

Brasil-Mundo

Play Episode Listen Later Nov 15, 2025 8:57


O documentário recém-estreado em Portugal “Mulheres do Interior, Vozes que Inspiram” revela a sabedoria, o humor e a resistência feminina através das lentes e do olhar sensível de dois brasileiros: o cineasta Rafaê e o diretor de fotografia Daniel Saeta. Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Portugal Filmado em Marvão, na região do Alentejo, interior do país, o filme é um tributo à força, à simplicidade e a beleza das mulheres alentejanas. Rodado integralmente em preto e branco, com direção do carioca Rafaê, a obra mergulha nas histórias de vida das mulheres  que carregam a memória e a identidade de uma região onde o tempo parece correr em outro ritmo. Entre o silêncio do campo e o eco das vozes femininas, a obra busca captar o que há de mais humano: o pertencimento, a resistência e a beleza do cotidiano. A origem do projeto Rafaê, conta que a ideia nasceu de um convite da Dora Efer Pereira, coordenadora do CLDS 5G Social da Câmara Municipal de Marvão de um convite. “Ela me pediu algumas fotografias para uma exposição sobre mulheres empreendedoras no campo, mas percebi que essas histórias precisavam ir além da fotografia. Precisavam se transformar em um documentário, dar voz e visibilidade a essas mulheres extraordinárias”, explica Rafaê. O cinesta teve então o desejo de registrar o universo feminino em pequenas aldeias do Alentejo, onde o envelhecer e o viver ganham contornos próprios. “O documentário surgiu da vontade de olhar para essas mulheres e perceber o que as move. Elas são as guardiãs da memória do interior português — e, ao mesmo tempo, espelhos de uma força silenciosa. Era sobre o tempo, sobre elas e sobre nós também”, explica o documentarista, vencedor do Prêmio de Direção de Fotografia pelo filme Mais Humano (Reebok) e do Prêmio Bugil de Cinema, na Espanha, pelo documentário Domingo Todos los Días. A decisão de rodar o filme integralmente em preto e branco foi uma escolha estética e emocional. “O preto e branco nos parecia inevitável”, diz Rafaê. “Essas histórias pediam uma linguagem mais crua, atemporal. Era como se as cores distraíssem da essência do que elas diziam”, detalha. O olhar através da lente Para Daniel Saeta, diretor de fotografia com longa experiência em documentários, o desafio foi criar imagens que traduzissem intimidade. “Eu filmava com duas câmeras e, enquanto o Rafa mantinha o tripé fixo, eu me movia muito. A sensação era de procurar, quase como se a câmera fosse uma lupa, buscando uma emoção, um gesto, um fragmento de verdade”, relembra. Essa aproximação com as personagens resultou em planos fechados e movimentos sutis, que revelam tanto as rugas quanto os sorrisos. “O objetivo era esse: fazer parte. Eu mergulhei naquele lugar sem conhecer ninguém e acabei me sentindo pertencente. Estar perto delas era também uma forma de me aproximar de mim mesmo”, completa Saeta. A fotografia do filme traz influências diretas de obras que exploram o cotidiano. Além das influências locais, Saeta cita mestres do retrato e do cinema mundial: “Sempre fui fascinado por fotógrafos da Magnum, como Cartier-Bresson e Robert Capa. Essa ideia de capturar um instante que conta uma história inteira sempre me guiou. No cinema, referências como Akira Kurosawa e Alain Resnais também nos inspiraram a buscar enquadramentos mais densos, quase filosóficos”, indica. Para Daniel, fotografar, no cinema ou na vida, é um ato de síntese. “A boa fotografia fala por si só. É capturar um fragmento da realidade em que se consegue ver uma história inteira. No cinema, esse fragmento ganha movimento, luz e som. Mas a essência é a mesma: captar o que há de verdadeiro”, afirma. Ele lembra que, mesmo com luz montada, a equipe buscava manter a naturalidade das casas e das ruas. “Queríamos que o público sentisse que estávamos apenas abrindo a porta e observando. Que aquelas mulheres tinham nos deixado entrar, não como cineastas, mas como visitantes de suas vidas”, conta. Silêncio, pertencimento e transformação pessoal Durante as filmagens, o convívio com as protagonistas e com o próprio Alentejo deixou marcas profundas em Daniel Saeta. “Lembro que, no primeiro dia, cheguei à casa do Rafa e a primeira coisa que comentei foi sobre o silêncio. Um silêncio sepulcral, que eu já não ouvia há muito tempo. E depois vieram as noites, a luz azulada do céu, a lua, as estrelas. Parecia dia. Foi experiência única”, garante. O reencontro com o tempo e a natureza o levou também a refletir sobre o sentido da vida e do fazer artístico. Segundo ele, “essas senhoras me ensinaram que a vida segue. Mesmo com perdas, solidão ou dificuldades, todas falavam de continuar, de acordar para um novo dia. Havia sempre alegria, mesmo nas falas mais tristes. Isso me marcou muito.” Um cinema de escuta O resultado desse encontro entre olhar e escuta é um filme sensível, que devolve protagonismo a quem, muitas vezes, é invisível nas telas. Para Daniel, esse processo reafirmou o valor da fotografia documental. “Toda vez que você aponta uma câmera, faz uma escolha. É uma afirmação. E, nesse filme, eu quis que cada imagem dissesse: 'isso importa. Essas mulheres importam'.” Entre risos, memórias e silêncios, “Mulheres do Interior, Vozes que Inspiram” é mais do que um retrato do Alentejo. É um lembrete universal sobre envelhecer, resistir e seguir vivendo, um dia de cada vez. Para o diretor do documentário muitas memórias desta experiência vão deixar marcas. Ele revela que "o que mais surpreendeu durante as filmagens foi a generosidade delas. Mesmo com vidas duras, são mulheres de uma alegria imensa. E eu percebi que o filme estava ganhando, de alguma forma, um poder maior de inspirar e de dar orgulho à própria comunidade”. Rafaê conclui: “Eu gostaria que o público levasse essa informação de que o interior tem vida, tem força, tem futuro, tem verdade, tem acolhimento. E que as mulheres são a alma desse lugar. Quero que as pessoas olhem para elas com admiração e respeito”.

Filhologico
Aprovação em concurso público

Filhologico

Play Episode Listen Later Nov 15, 2025 5:20


Minha vida é um testemunho de que a conquista exige suor, luta e trabalho. Nada,absolutamente nada, foi fácil. Minha jornada rumo à aprovação em um concurso público foi umcaminho longo e árduo, que se estendeu por oito anos, recheado de estudos intensivos e,inevitavelmente, reprovações, até que o sucesso finalmente chegasse.A luta começou em meados de 2010. Naquela época, eu estava concluindo o Ensino Médio naEscola Estadual Dr. Fontes Ibiapina e, naquele mesmo ano, obtive a aprovação no vestibularda UFPI (o antigo PSIU Geral) para o curso de Licenciatura em Matemática.Motivado, iniciei a empreitada nos concursos públicos. O primeiro que prestei foi o concursomunicipal da Cidade de União, no Piauí, com a banca Machado de Assis, resultando naprimeira reprovação. Em seguida, fiz o concurso municipal para a cidade de Esperantina, PI. Abanca continuava sendo a mesma e, mais uma vez, fui reprovado.O concurso de Esperantina, no entanto, foi peculiar e marcou profundamente minha memória.Viajei para a cidade apenas com o dinheiro da passagem. Chegando lá, sem condições depagar um hotel, pedi informações aos policiais sobre um local público para passar a noite. Elesme acolheram, permitindo que eu dormisse na delegacia. No dia seguinte, tomei café com ospoliciais, e eles me levaram até o local de prova. Mesmo com todo esse esforço e ajuda, fuireprovado.As tentativas continuaram. No concurso municipal de Luzilândia, PI, havia 15 vagas e 3.000pessoas disputando o meu cargo. Conquistei o 16º lugar, ficando fora da quantidade de vagasofertadas e, novamente, sendo reprovado. Prestei o concurso do Banco do Brasil com lotaçãopara Teresina-PI e não obtive êxito.Avançando para as esferas federal e estadual, fiz o concurso público para a Polícia RodoviáriaFederal, com lotação em Teresina-PI, onde fui classificado, mas nunca fui convocado. Prestei oconcurso público municipal da Câmara de Piripiri-PI, sendo classificado, mas igualmente nuncaconvocado. A decepção se repetiu no concurso público estadual do Conselho Federal deMedicina do Maranhão, com lotação para Caxias, Maranhão. Eram apenas quatro vagas e aprova foi realizada em São Luís. Fiquei empatado em quarto lugar, mas os critérios dedesempate me levaram a mais uma reprovação.Finalmente, o ano de 2018 chegou. Nesse mesmo ano, fui aprovado no vestibular específico doIFPI para o curso técnico em contabilidade. Foi então que saiu o edital do concurso públicomunicipal da prefeitura de Caxias, Maranhão. Adivinha a banca? Era a mesma, a Machado deAssis, que já havia me reprovado diversas vezes.Desta vez, minha estratégia foi diferente. Resolvi as provas dos anos anteriores, dediquei maisde seis horas de estudo por dia, assisti a todas as aulas disponíveis no YouTube e pesquiseiexaustivamente assuntos relacionados à prova.Mesmo com toda a preparação, o destino tentou me impedir de realizar a prova. O ano foimarcado pela greve dos caminhoneiros, que paralisou o país. Lembro-me de ter passado o diatodo trabalhando e, ao final do expediente, ter que viajar para Caxias-MA. A dificuldade parachegar à rodoviária de Timon, Maranhão, foi terrível. Encontrei a mesma dificuldade paracomprar a passagem e chegar a Caxias, pois as estradas estavam sendo paralisadas. Mesmoassim, com imensa dificuldade, consegui a passagem e cheguei em Caxias à meia-noite.A prova aconteceria no domingo pela manhã. Eu estava muito confiante, apesar da alta concorrência para o cargo de Operador de Infraestrutura (50 vagas). Desta vez, foi diferente:eu já conhecia a banca, e o esforço foi recompensado. Fiquei classificado na 36ª posição,obtendo a tão sonhada aprovação.Oito anos de luta encontraram seu final, mas a espera não havia terminado. Tive que aguardarlongos quatro anos pela nomeação. Finalmente, no dia 2 de março de 2023, tomei posse noauditório da prefeitura municipal de Caxias, no Maranhão, concluindo a jornada com a certezade que cada reprovação, cada noite mal dormida....

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Documentário poético brasileiro retrata a força das mulheres do Alentejo, interior de Portugal

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Play Episode Listen Later Nov 15, 2025 8:57


O documentário recém-estreado em Portugal “Mulheres do Interior, Vozes que Inspiram” revela a sabedoria, o humor e a resistência feminina através das lentes e do olhar sensível de dois brasileiros: o cineasta Rafaê e o diretor de fotografia Daniel Saeta. Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Portugal Filmado em Marvão, na região do Alentejo, interior do país, o filme é um tributo à força, à simplicidade e a beleza das mulheres alentejanas. Rodado integralmente em preto e branco, com direção do carioca Rafaê, a obra mergulha nas histórias de vida das mulheres  que carregam a memória e a identidade de uma região onde o tempo parece correr em outro ritmo. Entre o silêncio do campo e o eco das vozes femininas, a obra busca captar o que há de mais humano: o pertencimento, a resistência e a beleza do cotidiano. A origem do projeto Rafaê, conta que a ideia nasceu de um convite da Dora Efer Pereira, coordenadora do CLDS 5G Social da Câmara Municipal de Marvão de um convite. “Ela me pediu algumas fotografias para uma exposição sobre mulheres empreendedoras no campo, mas percebi que essas histórias precisavam ir além da fotografia. Precisavam se transformar em um documentário, dar voz e visibilidade a essas mulheres extraordinárias”, explica Rafaê. O cinesta teve então o desejo de registrar o universo feminino em pequenas aldeias do Alentejo, onde o envelhecer e o viver ganham contornos próprios. “O documentário surgiu da vontade de olhar para essas mulheres e perceber o que as move. Elas são as guardiãs da memória do interior português — e, ao mesmo tempo, espelhos de uma força silenciosa. Era sobre o tempo, sobre elas e sobre nós também”, explica o documentarista, vencedor do Prêmio de Direção de Fotografia pelo filme Mais Humano (Reebok) e do Prêmio Bugil de Cinema, na Espanha, pelo documentário Domingo Todos los Días. A decisão de rodar o filme integralmente em preto e branco foi uma escolha estética e emocional. “O preto e branco nos parecia inevitável”, diz Rafaê. “Essas histórias pediam uma linguagem mais crua, atemporal. Era como se as cores distraíssem da essência do que elas diziam”, detalha. O olhar através da lente Para Daniel Saeta, diretor de fotografia com longa experiência em documentários, o desafio foi criar imagens que traduzissem intimidade. “Eu filmava com duas câmeras e, enquanto o Rafa mantinha o tripé fixo, eu me movia muito. A sensação era de procurar, quase como se a câmera fosse uma lupa, buscando uma emoção, um gesto, um fragmento de verdade”, relembra. Essa aproximação com as personagens resultou em planos fechados e movimentos sutis, que revelam tanto as rugas quanto os sorrisos. “O objetivo era esse: fazer parte. Eu mergulhei naquele lugar sem conhecer ninguém e acabei me sentindo pertencente. Estar perto delas era também uma forma de me aproximar de mim mesmo”, completa Saeta. A fotografia do filme traz influências diretas de obras que exploram o cotidiano. Além das influências locais, Saeta cita mestres do retrato e do cinema mundial: “Sempre fui fascinado por fotógrafos da Magnum, como Cartier-Bresson e Robert Capa. Essa ideia de capturar um instante que conta uma história inteira sempre me guiou. No cinema, referências como Akira Kurosawa e Alain Resnais também nos inspiraram a buscar enquadramentos mais densos, quase filosóficos”, indica. Para Daniel, fotografar, no cinema ou na vida, é um ato de síntese. “A boa fotografia fala por si só. É capturar um fragmento da realidade em que se consegue ver uma história inteira. No cinema, esse fragmento ganha movimento, luz e som. Mas a essência é a mesma: captar o que há de verdadeiro”, afirma. Ele lembra que, mesmo com luz montada, a equipe buscava manter a naturalidade das casas e das ruas. “Queríamos que o público sentisse que estávamos apenas abrindo a porta e observando. Que aquelas mulheres tinham nos deixado entrar, não como cineastas, mas como visitantes de suas vidas”, conta. Silêncio, pertencimento e transformação pessoal Durante as filmagens, o convívio com as protagonistas e com o próprio Alentejo deixou marcas profundas em Daniel Saeta. “Lembro que, no primeiro dia, cheguei à casa do Rafa e a primeira coisa que comentei foi sobre o silêncio. Um silêncio sepulcral, que eu já não ouvia há muito tempo. E depois vieram as noites, a luz azulada do céu, a lua, as estrelas. Parecia dia. Foi experiência única”, garante. O reencontro com o tempo e a natureza o levou também a refletir sobre o sentido da vida e do fazer artístico. Segundo ele, “essas senhoras me ensinaram que a vida segue. Mesmo com perdas, solidão ou dificuldades, todas falavam de continuar, de acordar para um novo dia. Havia sempre alegria, mesmo nas falas mais tristes. Isso me marcou muito.” Um cinema de escuta O resultado desse encontro entre olhar e escuta é um filme sensível, que devolve protagonismo a quem, muitas vezes, é invisível nas telas. Para Daniel, esse processo reafirmou o valor da fotografia documental. “Toda vez que você aponta uma câmera, faz uma escolha. É uma afirmação. E, nesse filme, eu quis que cada imagem dissesse: 'isso importa. Essas mulheres importam'.” Entre risos, memórias e silêncios, “Mulheres do Interior, Vozes que Inspiram” é mais do que um retrato do Alentejo. É um lembrete universal sobre envelhecer, resistir e seguir vivendo, um dia de cada vez. Para o diretor do documentário muitas memórias desta experiência vão deixar marcas. Ele revela que "o que mais surpreendeu durante as filmagens foi a generosidade delas. Mesmo com vidas duras, são mulheres de uma alegria imensa. E eu percebi que o filme estava ganhando, de alguma forma, um poder maior de inspirar e de dar orgulho à própria comunidade”. Rafaê conclui: “Eu gostaria que o público levasse essa informação de que o interior tem vida, tem força, tem futuro, tem verdade, tem acolhimento. E que as mulheres são a alma desse lugar. Quero que as pessoas olhem para elas com admiração e respeito”.

Devocionais Pão Diário
DEVOCIONAL PÃO DIÁRIO | PECADOS NÃO MAIS LEMBRADOS

Devocionais Pão Diário

Play Episode Listen Later Nov 14, 2025 4:40


LEITURA BÍBLICA DO DIA: JEREMIAS 31:27-34 PLANO DE LEITURA ANUAL: LAMENTAÇÕES 3–5; HEBREUS 10:19-39 Já fez seu devocional hoje? Aproveite e marque um amigo para fazer junto com você! Confira:  Senti que estava deslizando, mas não vi o gelo, enquanto dirigia a camionete do meu avô a parte traseira derrapou. Uma guinada, duas, três: e eu no ar, voei de uma encosta de 5 metros. Lembro-me de pensar: Seria emocionante, se eu não fosse morrer. Um momento depois, a camionete bateu na encosta íngreme e rodopiou até o chão. Eu rastejei ileso para fora do automóvel amassado. O veículo foi totalmente destruído naquela manhã de dezembro de 1992. Deus tinha me poupado. E o meu avô? O que ele diria? Na verdade, ele nunca disse uma única palavra sobre o veículo. Nenhuma. Não houve repreensão, nenhum plano de reembolso, nada. Apenas perdão. E o sorriso de um avô por ver que eu estava bem. A atitude dele me relembra da graça de Deus. Apesar das tremendas falhas do povo de Deus, o Senhor promete restaurar o relacionamento com eles, dizendo: “…perdoarei sua maldade e não me lembrarei mais de seus pecados” (JEREMIAS 31:34). Tenho certeza de que meu avô nunca esqueceu que eu bati sua camionete. Mas ele agiu exatamente como Deus faz aqui, não lembrando disso, não me envergonhando, não me fazendo trabalhar para pagar a dívida que, por direito, era minha. Assim como Deus diz que fará, meu avô escolheu não se lembrar mais disso, como se a coisa destrutiva que fiz nunca tivesse acontecido.  Por: ADAM R. HOLZ 

Convidado
Paris e Argel longe de um entendimento após intervenção da Alemanha na libertação de Boualem Sansal

Convidado

Play Episode Listen Later Nov 14, 2025 15:35


O escritor franco-argelino Boualem Sansal foi libertado esta semana e está de regresso à Europa, após ter sido condenado a cinco anos de prisão por atentar contra a unidade nacional na Argélia. Sansal é crítico do regime argelino e acabou por ser apanhado entre o fogo cruzado diplomático entre Paris e Argel. A sua libertação foi facilitada pela Alemanha, especialmente pelo Presidente Steinmeier, como explicou o jornalista e especialista em países africanos, Rui Neumann, em entrevista à RFI. O escritor franco-argelino Boualem Sansal foi libertado esta semana após ter cumprido um ano de prisão na Argélia, tendo sido originalmente condenado a cinco anos de prisão por atentar contra a unidade nacional. Bansal tornou-se um dos danos colaterais da deterioração da relação entre Paris e Argel, com a Alemanha a ter de intervir de forma a facilitar a libertação do escritor. Em entrevista à RFI, o jornalista e especialista em países africanos, Rui Neumann explicou a importância do papel da Alemanha na libertação de Boualem Sansal e as dificuldades entre Paris e Argel. "A mediação da Alemanha sem dúvida que teve um peso muito importante, porque as relações entre a Argélia e a França podem caracterizar-se como múltiplas reconciliações que acabam sempre em súbitas rupturas. Portanto, desde 1962, há uma relação muito tumultuosa entre a França e a Argélia, que neste momento está numa situação muito crítica. O Presidente alemão não é uma figura conhecida em França e na Argélia também não. [...] Há uma relação pessoal muito forte com o presidente argelino Abdelmadjid Tebboune. E isto aconteceu no período do covid em que o Presidente argelino ficou gravemente doente com o covid e foi tratado na Alemanha, numa logística que foi muito organizada pelo Presidente alemão. E aqui houve laços que se estabeleceram, laços pessoais e até mesmo políticos. Apesar da limitação que tem o próprio presidente alemão. Portanto, quem beneficiou, de certa forma foi a França, com a libertação de Boualem Sansal. Mas, por outro lado, mostra também a grande fragilidade da França na resolução de diferendos diplomáticos e, neste caso, para a libertação de Sansal. Lembro também que ainda há um jornalista francês que está detido na Argélia, o Christophe Gleizes, que para já, ainda não existem indícios da sua libertação", explicou o jornalista. Um dos mais recentes pontos de discórdia entre Paris e Argel é o apoio da França ao processo de autonomia do Sahara Ocidental proposto por Marrocos e entretanto aprovado no Conselho de Segurança das Nações Unidas, já que a Argélia apoia a Frente Polisario que é pela independência deste território. Mesmo com a aprovação desta resolução, Rui Neumann não acredita que se esteja mais perto da resolução deste conflito que dura desde 1975 - o fim da colonização espanhola -, sendo actualmente o único território do pós-colonial no continente africano sem estatuto definido. "Quando conhecemos bem a Frente Polisário e os seus dirigentes, obviamente que não vão baixar as armas. Quando eu digo as armas, são as armas no sentido bélico da expressão, mas também no sentido político, aqui há um posicionamento principalmente do Conselho de Segurança da ONU, em que se, digamos, de uma forma quase ambígua, se posiciona ao lado do plano da autonomia marroquino, em que considera que é o plano mais credível para o Sahara Ocidental. Há sempre a Argélia, o grande pilar de apoio da Frente Polisário. E eu recordo que a Frente Polisário é reconhecida pela própria ONU como a única organização que tem legitimidade histórica para representar a população sarauí. Não falamos de uma resolução, mas de instrumentos de enorme pressão contra a Frente Polisário para aceitar não o plano que propõem Marrocos, mas um outro cenário negociado", detalhou Rui Neumann.   O plano marroquino visa fazer do Sahara Ocidental uma região autónoma, com mais poderes para autoridades locais e a gestão do seu próprio orçamento, guardando para Marrocos a capacidade de impor a sua bandeira, a moeda e ainda outras capacidades constitutivas do Estado como as relações internacionais, a defes ae a segurança. A Frente Polisário disse que até poderia aceitar esta opção, mas só se ela fosse a referendo e aprovada pelos cerca de 600 mil habitantes do Sahara Ocidental.

Brasil-Mundo
Bailarino brasileiro celebra 10 anos na França como único latino no clássico ‘Aida' da Ópera de Paris

Brasil-Mundo

Play Episode Listen Later Oct 26, 2025 7:35


Thiago Menezes é o único dançarino brasileiro e latino-americano na temporada do clássico Aida, na Ópera de Paris, em cartaz até 4 de novembro. Ele começou sua carreira ainda criança no subúrbio do Rio de Janeiro, passou por companhias de dança, se formou como ator e viveu intensas experiências profissionais. Desde 2016, o carioca fixou residência na França, onde atuou por várias companhias de teatro e dança e, agora, alcança seu ápice profissional aos 38 anos, ao passar pela entrada de artistas da consagrada Ópera Bastille. Thiago sempre se percebeu como artista: “Eu sempre quis dançar, desde pequeno. Sempre quis fazer algo com arte. Eu amava o mundo da televisão. Lembro de muito pequeno já ver os programas infantis e querer estar ali dentro”, recorda. Criado no bairro de Quintino, aos 16 anos Thiago precisou trabalhar para apoiar sua família, mas conseguiu continuar sonhando com a carreira de artista. “Eu comecei a fazer cursos de teatro, de dança. Tudo com bolsa, porque eu não podia pagar. Era uma época em que não tinha muito meninos e os cursos davam bolsa para homens”, explica. Ele passou por inúmeras escolas de dança como o Centro de Dança Rio, no Méier, a Cia Nós da Dança, a Petite Danse, e se tornou ator na Escola de Teatro da Faetec, no Rio, antes de fazer seu caminho no exterior. No entanto, o bailarino e ator considera as ruas do Rio de Janeiro como o lugar que o moldou para ser hoje um artista “plural”. “Eu tive a experiência da rua, das companhias de dança, o que me formou como artista, a ter disciplina e ideia de grupo. Mas sou um bailarino de danças urbanas, de jazz que vem do subúrbio do Rio de Janeiro. Eu ensaiava no MAM (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) ou no baile do viaduto de Madureira. A gente ia se formar ali na rua. Dos bailarinos que conheço que estão no Brasil ou no mundo, a gente teve essa pluralidade de formação”, aponta. Carreira entre Brasil e França Mas as poucas oportunidades para artistas e dançarinos negros na TV e teatro fizeram com que Thiago, que sentia sua carreira estagnada no Brasil, olhasse para fora no ano de 2012.  “Surgiu uma audição para vir para o circo na França como bailarino. A base do circo era em Toulouse, mas a gente viajava. Eu conheci a França inteira, gente!", relembra o carioca. "Fiquei um ano aqui, não quis renovar o contrato, quis voltar para o Brasil”, disse em entrevista à RFI. Durante esse breve retorno ao Brasil, Thiago Menezes fez teatro, participação em novela e até musicais, e permaneceu alguns anos trabalhando com o grupo Nós do Morro. Mas em 2016 decidiu voltar à França visando construir uma carreira sólida na dança.  Dez anos de carreira na França O artista destaca que não poderia haver melhor momento para estar trabalhando em uma das instituições mais importantes do cenário cultural europeu e mundial. “Aida é uma das minhas óperas preferidas e é um sonho realizar esta ópera agora, porque faz 10 anos que estou aqui. Comemorar os 10 anos fazendo uma ópera na Ópera de Paris”, celebra Thiago. Aida é uma obra clássica italiana criada em 1871 por Giuseppe Verdi. Com mais de 3 horas e meia de duração, entre cenas épicas, árias e a famosa marcha triunfal, a ópera conta a história de uma princesa etíope escravizada no Egito, que enfrenta a rivalidade de Amneris, filha do faraó, que ama o mesmo homem que ela, Radamés.  Thiago Menezes detalhou o processo para conquistar sua vaga no espetáculo que está em cartaz até o dia 4 de novembro na Ópera de Paris: “Fiz uma audição com mais de 60 pessoas, bem complicada. A gente teve várias fases, mas começou com a dança porque eles precisavam de bailarinos de universos diferentes. Desde acrobatas, dançarinos de hip hop, balé clássico, contemporâneo e jazz. Foram cinco horas de audição”, explica. Apesar da seleção intensa, que também contou com uma fase de testes de interpretação, Thiago revela que teve um pressentimento positivo sobre conseguir a oportunidade. “Nesse dia eu falei: 'Eu vou pegar!'. Joguei para o universo. Recebi a resposta por e-mail uma semana depois, e fiquei muito feliz. Estou muito feliz!”, festeja. Representando o Brasil  Para Thiago, o caminho para chegar onde está sempre foi solitário, enquanto único brasileiro em diversas produções das quais já participou. Entretanto, ele se mostra esperançoso para um futuro com mais jovens sonhadores dos subúrbios sonhando alto e chegando longe. “Eu fico muito orgulhoso de ser o único brasileiro nessa produção, em mais de cem pessoas, sem contar a parte técnica, numa ópera desse tamanho. Eu fui muitas vezes o único latino-americano e único brasileiro em vários projetos. Infelizmente ainda é a minha realidade. Eu gostaria que houvesse mais brasileiros, mas vai ter. Isso vai acontecer!”, projeta Thiago Menezes. “Ser o único brasileiro é trazer essa leveza que a gente tem, trazer também o riso, levar a galera para ir comer comida brasileira, levar a galera para um samba depois do palco. Acho que a gente também é conhecido pela nossa alegria, pela nossa espontaneidade. Eu trago não só eu, Thiago, mas o Brasil comigo nessa leveza e alegria que a gente tem e que a gente emana muito para o mundo!”, aposta o bailarino.    

Brasil-Mundo
Bailarino brasileiro celebra 10 anos na França como único latino no clássico ‘Aida' da Ópera de Paris

Brasil-Mundo

Play Episode Listen Later Oct 26, 2025 7:35


Thiago Menezes é o único dançarino brasileiro e latino-americano na temporada do clássico Aida, na Ópera de Paris, em cartaz até 4 de novembro. Ele começou sua carreira ainda criança no subúrbio do Rio de Janeiro, passou por companhias de dança, se formou como ator e viveu intensas experiências profissionais. Desde 2016, o carioca fixou residência na França, onde atuou por várias companhias de teatro e dança e, agora, alcança seu ápice profissional aos 38 anos, ao passar pela entrada de artistas da consagrada Ópera Bastille. Thiago sempre se percebeu como artista: “Eu sempre quis dançar, desde pequeno. Sempre quis fazer algo com arte. Eu amava o mundo da televisão. Lembro de muito pequeno já ver os programas infantis e querer estar ali dentro”, recorda. Criado no bairro de Quintino, aos 16 anos Thiago precisou trabalhar para apoiar sua família, mas conseguiu continuar sonhando com a carreira de artista. “Eu comecei a fazer cursos de teatro, de dança. Tudo com bolsa, porque eu não podia pagar. Era uma época em que não tinha muito meninos e os cursos davam bolsa para homens”, explica. Ele passou por inúmeras escolas de dança como o Centro de Dança Rio, no Méier, a Cia Nós da Dança, a Petite Danse, e se tornou ator na Escola de Teatro da Faetec, no Rio, antes de fazer seu caminho no exterior. No entanto, o bailarino e ator considera as ruas do Rio de Janeiro como o lugar que o moldou para ser hoje um artista “plural”. “Eu tive a experiência da rua, das companhias de dança, o que me formou como artista, a ter disciplina e ideia de grupo. Mas sou um bailarino de danças urbanas, de jazz que vem do subúrbio do Rio de Janeiro. Eu ensaiava no MAM (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) ou no baile do viaduto de Madureira. A gente ia se formar ali na rua. Dos bailarinos que conheço que estão no Brasil ou no mundo, a gente teve essa pluralidade de formação”, aponta. Carreira entre Brasil e França Mas as poucas oportunidades para artistas e dançarinos negros na TV e teatro fizeram com que Thiago, que sentia sua carreira estagnada no Brasil, olhasse para fora no ano de 2012.  “Surgiu uma audição para vir para o circo na França como bailarino. A base do circo era em Toulouse, mas a gente viajava. Eu conheci a França inteira, gente!", relembra o carioca. "Fiquei um ano aqui, não quis renovar o contrato, quis voltar para o Brasil”, disse em entrevista à RFI. Durante esse breve retorno ao Brasil, Thiago Menezes fez teatro, participação em novela e até musicais, e permaneceu alguns anos trabalhando com o grupo Nós do Morro. Mas em 2016 decidiu voltar à França visando construir uma carreira sólida na dança.  Dez anos de carreira na França O artista destaca que não poderia haver melhor momento para estar trabalhando em uma das instituições mais importantes do cenário cultural europeu e mundial. “Aida é uma das minhas óperas preferidas e é um sonho realizar esta ópera agora, porque faz 10 anos que estou aqui. Comemorar os 10 anos fazendo uma ópera na Ópera de Paris”, celebra Thiago. Aida é uma obra clássica italiana criada em 1871 por Giuseppe Verdi. Com mais de 3 horas e meia de duração, entre cenas épicas, árias e a famosa marcha triunfal, a ópera conta a história de uma princesa etíope escravizada no Egito, que enfrenta a rivalidade de Amneris, filha do faraó, que ama o mesmo homem que ela, Radamés.  Thiago Menezes detalhou o processo para conquistar sua vaga no espetáculo que está em cartaz até o dia 4 de novembro na Ópera de Paris: “Fiz uma audição com mais de 60 pessoas, bem complicada. A gente teve várias fases, mas começou com a dança porque eles precisavam de bailarinos de universos diferentes. Desde acrobatas, dançarinos de hip hop, balé clássico, contemporâneo e jazz. Foram cinco horas de audição”, explica. Apesar da seleção intensa, que também contou com uma fase de testes de interpretação, Thiago revela que teve um pressentimento positivo sobre conseguir a oportunidade. “Nesse dia eu falei: 'Eu vou pegar!'. Joguei para o universo. Recebi a resposta por e-mail uma semana depois, e fiquei muito feliz. Estou muito feliz!”, festeja. Representando o Brasil  Para Thiago, o caminho para chegar onde está sempre foi solitário, enquanto único brasileiro em diversas produções das quais já participou. Entretanto, ele se mostra esperançoso para um futuro com mais jovens sonhadores dos subúrbios sonhando alto e chegando longe. “Eu fico muito orgulhoso de ser o único brasileiro nessa produção, em mais de cem pessoas, sem contar a parte técnica, numa ópera desse tamanho. Eu fui muitas vezes o único latino-americano e único brasileiro em vários projetos. Infelizmente ainda é a minha realidade. Eu gostaria que houvesse mais brasileiros, mas vai ter. Isso vai acontecer!”, projeta Thiago Menezes. “Ser o único brasileiro é trazer essa leveza que a gente tem, trazer também o riso, levar a galera para ir comer comida brasileira, levar a galera para um samba depois do palco. Acho que a gente também é conhecido pela nossa alegria, pela nossa espontaneidade. Eu trago não só eu, Thiago, mas o Brasil comigo nessa leveza e alegria que a gente tem e que a gente emana muito para o mundo!”, aposta o bailarino.    

Para dar nome às coisas
S07EP295 - Ecoansiedade: o medo do fim

Para dar nome às coisas

Play Episode Listen Later Sep 24, 2025 39:44


Eu passei algum tempo achando que esse medo só estava comigo. Lembro de tentar pesquisar coisas soltas na internet para entender qual era o nome daquilo que eu estava sentindo. Até que um dia eu encontrei: ecoansiedade. Entendi que aquele estado de medo e desesperança - intenso e generalizado - em relação ao nosso futuro e ao futuro do planeta já tinha sido estudado. Então eu não estava louca, nem sozinha.Nomear foi como encontrar um mapa. Eu ainda teria de fazer, eu mesma, o caminho, mas agora sabia mais ou menos por onde andar, o que esperar. Conhecia a cara do monstro com o qual estava lidando. O que aconteceu antes e depois disso, eu te conto no episódio dessa semana. Você vem?edição: @‌valdersouza1 identidade visual: @‌amandafogacatexto: @‌natyopsEpisódio criado em parceria com:Agência Cuíca: https://www.instagram.com/agenciacuica?igsh=MWc4amRkMXpqcW13OQ==ClimaInfo: https://www.instagram.com/clima.info/MEU LIVRO: Medo de dar certo: Como o receio de não conseguir sustentar uma posição de sucesso pode paralisar você | Amazon.com.brApoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisasPalestra em BH: https://www.sympla.com.br/evento/natalia-sousa-em-belo-horizonte-palestra-medo-de-dar-certo/3040757?referrer=www.google.comPalestra no RJ: https://www.sympla.com.br/evento/natalia-sousa-no-rio-de-janeiro-palestra-medo-de-dar-certo/3010972

Uma dose de Ccella
ainda lembro o que esquecemos

Uma dose de Ccella

Play Episode Listen Later Sep 24, 2025 2:18


texto de @felipemontereismúsica where is my love - SYML

Vinil
Vinil: Peter Gabriel – Solsbury Hill

Vinil

Play Episode Listen Later Sep 10, 2025 5:49


Lembro-me desta música em dias de chuva provavelmente pela capa do disco: Peter Gabriel, sozinho, ao volante, de um velho Lância Flavia azul. Era o primeiro LP a solo. Peter Gabriel | Peter Gabriel (LP) | Solsbury Hill | 1977

Presente Diário
Presença

Presente Diário

Play Episode Listen Later Aug 24, 2025 3:28


Devocional do dia 24/08/2025 com o Tema: “Presença’’ Lembro-me de, algumas vezes em minha vida, visitar pessoas e encontrar uma Bíblia aberta perto da porta ou num lugar especial da casa. Geralmente, essa Bíblia tinha um aspecto envelhecido e amarelado. E, frequentemente, o texto em destaque que estava aberto era o Salmo 91 ou o Salmo 23. Isso demonstra como o Salmo 23 é conhecido – talvez o mais famoso entre os cristãos no Brasil e até por não cristãos. É possível que muitos mantenham uma Bíblia aberta nesse salmo mais por superstição ou crendice. LEITURA BÍBLICA: Salmo 23.1-6 Então Moisés declarou [ao SENHOR]: “Se não fores conosco, não nos envies” (Êx 33.15).See omnystudio.com/listener for privacy information.

Arauto Repórter UNISC
O valor do silêncio

Arauto Repórter UNISC

Play Episode Listen Later Aug 15, 2025 4:58


Hoje eu quero conversar sobre algo que, confesso, também faz parte da minha vida: postar nas redes sociais.Trabalho com comunicação, então é natural que eu seja ativo, que compartilhe momentos, ideias, acontecimentos. Faz parte do meu trabalho e, sim, também do meu prazer em dividir coisas boas.Mas mesmo assim, às vezes eu paro e penso: será que não estamos vivendo um tempo em que tudo precisa ser mostrado? Se comemos algo gostoso, a foto vai pro celular. Se acontece algo engraçado, corre para as redes. Se o domingo é especial, ele só parece completo quando vira postagem.Não há nada de errado em compartilhar. Pelo contrário: é bom quando nossas alegrias alcançam outras pessoas. Mas será que a felicidade só existe quando alguém vê? Ou será que existem momentos que ficam ainda mais valiosos quando guardados só pra gente e pra quem estava ali?Lembro de cenas simples…Um churrasco em família, o cheiro da carne no pátio, conversa fiada, risada alta — e nada de celular na mão. Um domingo preguiçoso, com todo mundo na sala ou na garagem, cada um na sua, mas junto. Um chimas na casa dos parentes - que, diga-se de passagem, visitávamos bem mais, que ficava registrado só na memória e no coração.Hoje, parece que o silêncio incomoda. A casa precisa ter barulho, a rua precisa ter movimento, o celular precisa vibrar. Mas é no silêncio que a gente ouve o que mais importa: o que o outro tem pra dizer… e o que o nosso próprio coração quer falar.Pais, talvez hoje seja o dia de ouvir seu filho contando algo sem olhar para a tela. Filhos, talvez seja a hora de aproveitar o conselho do pai ou da mãe, sem estar com pressa. Famílias, talvez seja o momento de uma boa conversa de fim de tarde, com o celular esquecido no canto.O silêncio não é vazio. Ele é espaço. Espaço para sentir, pensar, e guardar lembranças. A felicidade não precisa de curtidas. Ela precisa de presença.E talvez, o maior presente que possamos dar a quem amamos… seja justamente esse: desligar um pouco o mundo lá fora, para ouvir — e viver — de verdade o mundo aqui dentro.Semana concluída aqui no Bom Dia Arauto.Estar nesta bancada é entrar na casa, no carro, na lavoura… e também no coração de quem nos ouve!É levar notícia que esclarece, palavra que emociona e aquela reflexão boa que fica ecoando.Obrigado por nos deixar fazer parte da tua vida.O rádio é som. É presença. É companhia.E com ele ligado… tudo ganha mais vida!

Assunto Nosso
O valor do silêncio

Assunto Nosso

Play Episode Listen Later Aug 15, 2025 4:58


Hoje eu quero conversar sobre algo que, confesso, também faz parte da minha vida: postar nas redes sociais.Trabalho com comunicação, então é natural que eu seja ativo, que compartilhe momentos, ideias, acontecimentos. Faz parte do meu trabalho e, sim, também do meu prazer em dividir coisas boas.Mas mesmo assim, às vezes eu paro e penso: será que não estamos vivendo um tempo em que tudo precisa ser mostrado? Se comemos algo gostoso, a foto vai pro celular. Se acontece algo engraçado, corre para as redes. Se o domingo é especial, ele só parece completo quando vira postagem.Não há nada de errado em compartilhar. Pelo contrário: é bom quando nossas alegrias alcançam outras pessoas. Mas será que a felicidade só existe quando alguém vê? Ou será que existem momentos que ficam ainda mais valiosos quando guardados só pra gente e pra quem estava ali?Lembro de cenas simples…Um churrasco em família, o cheiro da carne no pátio, conversa fiada, risada alta — e nada de celular na mão. Um domingo preguiçoso, com todo mundo na sala ou na garagem, cada um na sua, mas junto. Um chimas na casa dos parentes - que, diga-se de passagem, visitávamos bem mais, que ficava registrado só na memória e no coração.Hoje, parece que o silêncio incomoda. A casa precisa ter barulho, a rua precisa ter movimento, o celular precisa vibrar. Mas é no silêncio que a gente ouve o que mais importa: o que o outro tem pra dizer… e o que o nosso próprio coração quer falar.Pais, talvez hoje seja o dia de ouvir seu filho contando algo sem olhar para a tela. Filhos, talvez seja a hora de aproveitar o conselho do pai ou da mãe, sem estar com pressa. Famílias, talvez seja o momento de uma boa conversa de fim de tarde, com o celular esquecido no canto.O silêncio não é vazio. Ele é espaço. Espaço para sentir, pensar, e guardar lembranças. A felicidade não precisa de curtidas. Ela precisa de presença.E talvez, o maior presente que possamos dar a quem amamos… seja justamente esse: desligar um pouco o mundo lá fora, para ouvir — e viver — de verdade o mundo aqui dentro.Semana concluída aqui no Bom Dia Arauto.Estar nesta bancada é entrar na casa, no carro, na lavoura… e também no coração de quem nos ouve!É levar notícia que esclarece, palavra que emociona e aquela reflexão boa que fica ecoando.Obrigado por nos deixar fazer parte da tua vida.O rádio é som. É presença. É companhia.E com ele ligado… tudo ganha mais vida!

Arauto Repórter UNISC
Crescer na autenticidade

Arauto Repórter UNISC

Play Episode Listen Later Aug 11, 2025 5:42


Você só cresce até onde consegue encarar a verdade sobre si mesmo O desejo de crescer marca as diferentes etapas da vida. Lembro, como se fosse hoje, a vontade de ‘ser grande', no sentido mais humildade da palavra. Quando pequenos desejávamos que os anos passassem rapidamente. Hoje olhamos para trás e daríamos tudo para voltar no tempo. Não tem outra alternativa: é necessário viver esse momento especial: aqui e agora. Outra coisa que se sucede praticamente com todos: durante a vida, frequentemente tentamos evitar o encontro com as nossas fragilidades, erros ou aspectos menos bonitos do nosso interior. Como se fôssemos capazes de nos proteger escondendo aquilo que não queremos reconhecer, acabamos nos privando justamente da oportunidade mais valiosa que a vida nos oferece: o autoconhecimento verdadeiro. Só quando aceitamos encarar a verdade sobre quem somos, com todas as imperfeições e qualidades, conseguimos avançar de fato, ultrapassando os limites que nós mesmos impusemos ao nosso crescimento. A verdade pode ser desconfortável, por vezes até dolorosa, mas é ela que nos liberta, permitindo-nos viver com mais leveza e autenticidade. Não há crescimento possível sem coragem, sem esse ato generoso de acolher aquilo que somos em essência, sem máscaras ou desculpas. Crescer exige honestidade consigo mesmo, pois apenas ao reconhecer nossas limitações e acolher nossas falhas podemos trabalhar para transformá-las em aprendizado e amadurecimento. Ao encararmos de frente o que habita o nosso coração, damos passos importantes em direção à plenitude e à paz interior. Não precisamos temer o que descobriremos ao olhar profundamente para nós mesmos, pois é exatamente ali que encontramos as respostas que tanto buscamos. É como se nossa alma dissesse, suavemente: "Aceite-se por inteiro e, assim, você poderá ir mais longe." Que possamos acolher esse convite com o coração aberto e corajoso, reconhecendo que o crescimento mais significativo acontece exatamente onde há autenticidade e aceitação. Ao fazer isso, tornamos a jornada da vida mais rica, mais verdadeira e repleta de significado.

Assunto Nosso
Crescer na autenticidade

Assunto Nosso

Play Episode Listen Later Aug 11, 2025 5:42


Você só cresce até onde consegue encarar a verdade sobre si mesmo O desejo de crescer marca as diferentes etapas da vida. Lembro, como se fosse hoje, a vontade de ‘ser grande', no sentido mais humildade da palavra. Quando pequenos desejávamos que os anos passassem rapidamente. Hoje olhamos para trás e daríamos tudo para voltar no tempo. Não tem outra alternativa: é necessário viver esse momento especial: aqui e agora. Outra coisa que se sucede praticamente com todos: durante a vida, frequentemente tentamos evitar o encontro com as nossas fragilidades, erros ou aspectos menos bonitos do nosso interior. Como se fôssemos capazes de nos proteger escondendo aquilo que não queremos reconhecer, acabamos nos privando justamente da oportunidade mais valiosa que a vida nos oferece: o autoconhecimento verdadeiro. Só quando aceitamos encarar a verdade sobre quem somos, com todas as imperfeições e qualidades, conseguimos avançar de fato, ultrapassando os limites que nós mesmos impusemos ao nosso crescimento. A verdade pode ser desconfortável, por vezes até dolorosa, mas é ela que nos liberta, permitindo-nos viver com mais leveza e autenticidade. Não há crescimento possível sem coragem, sem esse ato generoso de acolher aquilo que somos em essência, sem máscaras ou desculpas. Crescer exige honestidade consigo mesmo, pois apenas ao reconhecer nossas limitações e acolher nossas falhas podemos trabalhar para transformá-las em aprendizado e amadurecimento. Ao encararmos de frente o que habita o nosso coração, damos passos importantes em direção à plenitude e à paz interior. Não precisamos temer o que descobriremos ao olhar profundamente para nós mesmos, pois é exatamente ali que encontramos as respostas que tanto buscamos. É como se nossa alma dissesse, suavemente: "Aceite-se por inteiro e, assim, você poderá ir mais longe." Que possamos acolher esse convite com o coração aberto e corajoso, reconhecendo que o crescimento mais significativo acontece exatamente onde há autenticidade e aceitação. Ao fazer isso, tornamos a jornada da vida mais rica, mais verdadeira e repleta de significado.

Caixa de Música
GABRIEL GUEDES: “Sempre que eu canto essa canção lembro que Deus está comigo”

Caixa de Música

Play Episode Listen Later Aug 7, 2025 13:25


Nesta edição do podcast do Caixa, Weslley Fonseca recebe o cantor Gabriel Guedes.

Brasil de Fato Entrevista
#286 - Fome em Gaza: "Não lembro de um evento com esse requinte de crueldade" - Alexandre Leite

Brasil de Fato Entrevista

Play Episode Listen Later Aug 4, 2025 46:41


175 pessoas já morreram na Faixa de Gaza como resultado direto de má nutrição, segundo o Ministério da Saúde local, e mais de 1400 foram mortas enquanto tentavam pegar comida, de acordo com a ONU. Nesta segunda-feira (4), o BdF Entrevista recebe o professor de Relações Internacionais Alexandre Leite para analisar como a escassez de alimentos é arquitetada como política de eliminação do povo palestino.

Ciência
3/6 "Europa afirma-se potência espacial após os efeitos da guerra na Ucrânia”

Ciência

Play Episode Listen Later Jul 22, 2025 5:19


Cinquenta anos depois da criação da Agência Espacial Europeia, o velho continente continua sem autonomia no corpo de astronautas e a presença na Estação Espacial Internacional ainda é assegurada pelos Estados Unidos. Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, considera que apesar dos desafios existentes, a Europa começa a afirmar-se como potência espacial, sobretudo após os efeitos da guerra na Ucrânia. Na corrida ao espaço, apenas os mais fortes conseguem lançar, operar e manter a presença. Nesta lista surgem as tradicionais potências espaciais: Estados Unidos, China, Rússia e a Índia , com o Brasil, Israel e a França a serem considerados nações espaciais, depois surgem os Estados emergentes, explica Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa. “Os Estados classificam-se como potências espaciais - space powers. Temos os Estados Unidos, a China, a Rússia - que caminha agora para uma vertente mais militar do seu programa espacial - e a Índia, que está a afirmar-se cada vez mais como potência espacial. Depois, temos as space nations, como o Brasil, Israel e a França, por exemplo. E ainda os emerging states-onde se inclui Portugal e outros pequenos países que querem ter uma palavra a dizer no espaço. O que faz a diferença entre estes grupos é a relação entre capacidade e autonomia. Os que têm ambas são os mais fortes. Basta ver os Estados Unidos, a China, a Rússia e a Índia que têm capacidades próprias de lançamento, navegação e presença no espaço. Outros países são muito mais dependentes”. Cinquenta anos depois da criação da Agência Espacial Europeia, o velho continente não tem autonomia no corpo de astronautas e a presença na Estação Espacial Internacional ainda é assegurada pelos Estados Unidos reconhece o presidente da Agência Espacial Portuguesa, acrescentado que a guerra na Ucrânia obrigou a mudanças. “A Europa não é um país - é um conjunto de vontades políticas, e isso traz fragmentação. No entanto, já podemos dizer que a Europa é hoje uma potência espacial. Isso resulta de um processo de aprendizagem, em grande parte acelerado pela guerra na Ucrânia. Lembro-me dos Conselhos Ministeriais da ESA em que se decidiu cortar laços com a Rússia. A partir daí, percebemos o que hoje se chama “resiliência”. Ficámos cerca de dois anos sem acesso ao espaço, e isso foi um choque. Mas recuperámos essa capacidade, com o desenvolvimento do Ariane 6, por exemplo. Apesar disso, é um facto: a Europa ainda não tem capacidade para colocar humanos em órbita. Por isso, na nova estratégia da ESA para 2040, discute-se a modificação dos lançadores - como o Ariane 62 e 64 - para permitir voos tripulados. Sem isso, a Europa não terá uma voz relevante na economia espacial. Estamos a falar, por exemplo, de programas como o Argonaut, que representa o regresso à economia lunar. Para isso, os lançadores são fundamentais - são o pilar da presença autónoma no espaço. E a Europa tem de fazer essa evolução” .Para cumprir os novos objectivos, a ESA e os seus Estados-Membros precisam duplicar os orçamentos actuais, defende o presidente da Agência Espacial Portuguesa. “O aumento será progressivo, feito “a peditório”, como se costuma dizer, ao longo dos próximos Conselhos [o próximo realiza-se em Outubro] A ESA apresenta os programas, e os Estados subscrevem. O que é preciso é consciência política: se os países europeus querem ter uma palavra no espaço, têm de duplicar os seus orçamentos. A pergunta que se impõe: estarão os governos preparados para isso? A conjuntura mundial - com o cruzamento entre defesa e espaço - pode levar a um maior investimento. E isso vai acontecer. Mas há que distinguir duas coisas: Investir em ferramentas espaciais - satélites para comunicações (incluindo quânticas), observação da Terra, navegação, posicionamento e tempo. Construir uma verdadeira economia espacial - com presença em órbita, na Lua, e até noutros corpos celestes” .Ricardo Conde sublinha que a chave está em tratar o espaço não só como uma questão tecnológica ou científica, mas como instrumento estratégico de soberania e resiliência para o futuro da Europa. “Essa economia só será possível com a próxima geração de lançadores. A grande questão é: será que a Europa pode chegar à Lua com humanos Robóticamente já o faz. Mas sem capacidade própria de lançamento tripulado, essa presença será sempre limitada. Por isso, duplicar o orçamento é necessário, e talvez nem seja suficiente. Esse aumento já está a ser trabalhado, e veremos uma maior subscrição na próxima reunião ministerial. A Europa, no entanto, continua a ser muitas vezes a “Europa das meias vontades” -faz as coisas a meio: teve uma união monetária, mas não fez uma união fiscal; tem um mercado, mas não um mercado de capitais verdadeiramente integrados. É hora de ver o espaço como uma ferramenta estratégica de resiliência. E, felizmente, isso já está a acontecer" . 

Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer
Ricardo Araújo Pereira e o julgamento Anjos vs. Joana Marques: “Lembro-me de se falar dos limites do humor sobre Maomé ou Jesus. Agora estamos a discutir a interpretação de dois cantores numa pista de motas”

Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer

Play Episode Listen Later Jun 30, 2025 13:24


"Não me escapa o ridículo de ser o comentador oficial deste assunto, mas prefiro isto a estar calado". Na Edição da Noite da SIC Notícias desta terça-feira, Ricardo Araújo Pereira relata a Rodrigo Pratas a experiência como testemunha no julgamento de Joana Marques em tribunal, processada por uma piada sobre a prestação de Nelson e Sérgio Rosado, dupla conhecida como Anjos, a cantar o hino de Portugal. "O humor não pode ser julgado como se fosse um crime", refere o "comentador oficial", relembrando que "as pessoas ofendem-se com várias coisas. Às vezes, até factos e verdades. Isso não significa que a gente vá proibir factos e verdades". E confessa: "não me senti réu, mas, num certo sentido, senti-me: se a Joana for condenada, eu também sofro. Em primeiro lugar, também sofro. Sofrem todos os que têm a mesma profissão da Joana. E, em segundo lugar, sofre qualquer cidadão".See omnystudio.com/listener for privacy information.

Aprenda em 5 Minutos
O que é lavagem de dinheiro? #158

Aprenda em 5 Minutos

Play Episode Listen Later Jun 30, 2025 7:20


Lembro de quando eu era criança e meus irmãos deram muita risada da minha cara porque, certo dia, achei que lavagem de dinheiro fosse uma coisa bem literal. Ou seja, que consistisse no ato de jogar cédulas e moedas num tanque pra combater germes. Tô ligado que você sabe que não tem nada a ver com isso e que é um crime, até porque você deve ter visto algum filme ou série em que a galera pratica lavagem de dinheiro — Ozark, da Netflix, talvez tenha sido a melhor de todas (Ruth, tudo pra mim!). Mas, se numa conversa num bar, alguém pedisse pra você EXPLICAR o que exatamente é lavagem de dinheiro, você saberia? Não vale se você é do ramo de finanças, poxa! Bom, muita gente não saberia, e foi pensando nessa turma que criei o episódio. Clica aí, que chegou a hora de aprender!============================Use o cupom ALVINO e ganhe 10% de desconto na evino============================APRENDA EM 5 MINUTOS é o podcast sobre coisas que você nem sabia que queria saber. Os episódios são roteirizados e apresentados por Alvaro Leme. Jornalista, mestre e doutorando em Ciências da Comunicação na ECA-USP e criador de conteúdo há vinte anos, ele traz episódios sobre curiosidades dos mais variados tipos. São episódios curtos, quase sempre com 5 minutos — mas alguns passam disso, porque tem tema que precisa mesmo de mais um tempinho.Edição dos episódios em vídeo: André Glasnerhttp://instagram.com/andreglasnerDireção de arte: Dorien Barrettohttps://www.instagram.com/dorienbarretto66/Fotografia: Daniela Tovianskyhttps://www.instagram.com/dtoviansky/Siga o APRENDA no Instagram: http://instagram.com/aprendapodcasthttp://instagram.com/alvarolemeComercial e parcerias: contato@alvaroleme.com.br======================Quer saber mais? Confira as fontes que consultei enquanto criava o episódio - A atuação do Banco Central na prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento ao terrorismoPor Corpo Técnico do Banco Central, Banco Central do Brasil - História da Lavagem de DinheiroPor Nadine Cemin, Jusbrasil - Crime empresarial - Lavagem de dinheiro - Lei 9.613/98Por Marcelo Campelo, Migalhas - Quem é o profissional que atua na área de prevenção à lavagem de dinheiro?AML Reputacional - Operação mira lavagem de dinheiro do CV e do PCC que girou R$ 6 bilhões em 1 ano e criou até banco digitalPor A. Rezende e F. Freire, G1 - Lavagem de Dinheiro: Um Problema MundialCOAF / GOV.BR

Rede de Mulheres
DANÇAR CONDUZIDA PELA CANÇÃO DA PROMESSA

Rede de Mulheres

Play Episode Listen Later Jun 27, 2025 7:46


DANÇAR é ser conduzida pela canção da PromessaLeva-me a dançar envolta em Seus braços de Amor, enquanto ouço as batidas do nosso coração como uma só.Lembro-me ao ouvir Sua Voz me dizendo:Filha, celebre no caminho!Como poderia?Em meio às lágrimas não ouvia a canção que me deste, em meio a dor minhas vestes carregavam um fardo, não havia mais voz.Celebre o que já está determinado, liberado pelo Pai, a PromessaA nossa confiança irrestrita é DANÇAR enquanto não vemos motivos para celebrar.por Pastora Izza Vieira _Ministry Restored Women for the Nations_@pastoraizzavieira

Convidado
Sobreviver à prisão do Tarrafal

Convidado

Play Episode Listen Later Jun 26, 2025 20:42


Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica várias reportagens sobre o tema. Neste oitavo episódio, vamos até ao Museu - Campo de Concentraçao do Tarrafal, na ilha de Santiago, guiados pelos antigos presos políticos Gil Querido Varela e António Pedro da Rosa.  Nesta viagem a um passado não muito distante, Gil Querido Varela, 90 anos, e António Pedro da Rosa, 76 anos, levam-nos ao Campo de Concentração do Tarrafal, convertido em museu com dez salas de exposição. Os dois fazem parte dos 20 “nomes da liberdade” inscritos na sala dos presos cabo-verdianos, onde também estão expostas as suas fotografias. “Ao chegar recordamos o que tínhamos passado por aqui. E, às vezes, também procuramos esquecer o que passámos por aqui”, começa por dizer António Pedro da Rosa à chegada ao Campo de Concentração do Tarrafal. Gil Querido Varela completa: “O passado volta, lembro-me do primeiro dia em que aqui cheguei. Até hoje. Lembro-me também do dia 1 de Maio de 74, quando regressei e estavam saindo todos.” A viagem começa na Praia, com António Pedro da Rosa, e pelo caminho vamos buscar o seu amigo até chegarmos à aldeia de Chão Bom, no Tarrafal. Uma hora de carro a percorrer a ilha de Santiago, em Cabo Verde, para chegar ao local que ficou conhecido como “campo da morte lenta”, numa primeira fase, entre 1936 e 1954, quando 32 opositores políticos à ditadura ali morreram perante condições tenebrosas para os que ali foram desterrados de Portugal. Sobre essa altura, Gil Querido Varela cita um preso: “Aqui no campo não se vive, aguarda-se a morte. Lenta, mas certa.” Quando Gil e António aqui chegaram, o campo já tinha mudado de nome. O ditador português, António de Oliveira Salazar, tinha sido obrigado a desactivar a colónia penal por pressão da comunidade internacional, alertada pelos relatos do tratamento desumano dado aos presos e pelas condições do espaço. Com o início das lutas pela independência, o campo reabre, em 1962, para prender anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Passara a ser “Campo de Trabalho de Chão Bom”. Mas de bom pouco havia a não ser os laços que os presos ali criaram e a própria reinvenção da vida. Até 1974, ali estiveram presos 20 cabo-verdianos, 106 angolanos e 100 guineenses. Quatro morreram lá dentro. Gil Querido Varela, conhecido por "Kid Varela", interessou-se pela política desde pequeno, durante uma das grandes fomes de Cabo Verde, em 1947. “Quem viu aquela fome, não podia ficar indiferente”, conta. Em 1965, concorre a um lugar de professor, mas não consegue o emprego por ter uma classificação negativa da polícia política. Nesse ano, adere ao PAIGC num grupo coordenado por Felisberto Vieira Lopes. Junta-se, entretanto, ao grupo de Fernando Tavares, “Toco”, e foi detido depois dele, em 1968, e no mesmo dia que outros membros desse grupo, incluindo o seu parente José Maria Ferreira Querido. Primeiro foi interrogado e torturado na polícia, no Plateau, a seguir foi transferido para a Cadeia Civil da Praia e entrou no Tarrafal em Abril de 1970 com “Toco” e José Querido. Os três foram logo atirados para as celas disciplinares, na obscuridade, e o director da prisão, Eduardo Fontes, conhecido como “Dadinho”, disse-lhe que “escuridão era bom para a vista”. Gil Querido Varela e os seus companheiros eram acusados de “crime contra a segurança interior e exterior do Estado”, nomeadamente por suspeição de estarem a preparar um possível desembarque de elementos de Amílcar Cabral em Cabo Verde. Foram enviados para julgamento em São Vicente, em Outubro, sendo absolvidos por falta de provas e saindo em liberdade a 9 de Janeiro de 1971. Este foi o último julgamento de presos do Tarrafal. “Eles não tinham provas porque não trabalhávamos com papéis”, acrescenta, em referência aos tempos da luta clandestina. António Pedro da Rosa entrou no Tarrafal sem saber por quanto tempo ficaria preso. Ele e vários outros nacionalistas foram detidos no caso Pérola do Oceano, uma operação planeada pela polícia política portuguesa para prender militantes e responsáveis do PAIGC. Um indivíduo tinha fingido ser um elemento do PAIGC vindo da Guiné e convenceu vários militantes de Santa Catarina, em Santiago, que se iria desviar um barco para se juntarem à luta armada na Guiné. No dia da tomada do barco, a 20 de Agosto, António e vários membros do PAIGC são presos, levados para a cidade da Praia, interrogados e torturados. Durante sete meses estiveram às mãos da PIDE e dos seus interrogatórios nocturnos. António Pedro da Rosa foi para o Tarrafal em Fevereiro  de 1971 e de lá só saiu três anos depois, a 1 de Maio de 1974.  “Veio um senhor chamado José Reis Borges e ele convidou-nos para assaltar o Pérola do Oceano para irmos para o Senegal e, depois, íamos entrar nas fileiras do partido para uma luta da independência na Guiné. Foi assim que viemos parar aqui. Mas o José não era do PAIGC, ele simplesmente veio a mando do próprio Governo português para detectar as pessoas que trabalhavam na clandestinidade pela luta da independência”, lembra. Com a chegada dos presos ligados ao caso do "Pérola do Oceano", o primeiro grupo de cabo-verdianos que lá estava organiza-se para os apoiar nos estudos. As aulas funcionavam na sala comum onde estavam todos os cabo-verdianos. Só tinham direito a sair meia hora de manhã e meia hora à tarde. António Pedro da Rosa conheceu aí referências da luta anticolonial como Lineu Miranda, Luís Fonseca, Carlos Tavares e Jaime Schofield que se ocuparam das aulas. No Tarrafal estudava-se e a luta continuava. Os presos políticos cabo-verdianos aliciaram secretamente para a causa anti-colonialista dois guardas também cabo-verdianos através dos quais conseguiram fazer entrar familiares que lhes passavam informações, mas também um receptor de rádio portátil. Um desses guardas, sobrinho de Gil Querido Varela, ensinou-os até a manejar armas. As escondidas, claro está. “Ele é que nos deu a arma. Ele tirou a munição e entregou-nos a pistola aqui dentro da célula e disse: ‘Quem sabe manejar, ensina os que não sabem.' Assim é que quem não sabia manejar a pistola aprendeu nesta circunstância. Ele trazia consigo um cão que o ajudava se visse o director”, conta António. Gil Querido Varela pensa que foi esse guarda que teria levado o aparelho de rádio para a prisão, o que ajudava a estar a par dos avanços da luta armada na Guiné. Os dois amigos continuam a visita guiada à prisão, como guardiões de um tempo que não querem que seja silenciado. Vamos aos diferentes espaços e vemos a “Holandinha”, uma cela de castigo, minúscula, praticamente sem luz, sem espaço para deitar, em que António tem de baixar a cabeça para estar de pé lá dentro. Esta era a herdeira da ‘frigideira' ou ‘frigorifico', a cela que na primeira fase do campo estava cruelmente exposta ao sol no verão e ao frio no inverno.  A “Holandinha” estava construída dentro da arrecadação anexa à cozinha e era uma estrutura de betão dentro de uma sala. “Era só água para beber, uma lata para defecar e fazia tudo aqui, porta fechada. Davam pão e água uma semana ou conforme o castigo. Se fossem três dias, era três dias a pão e água. Recebia uma lata de cinco litros de água, punham aqui”, acrescenta António, sublinhando que nem ele nem o seu camarada tiveram a “holandinha” como castigo. Porém, por se ter recusado a comer pão azedo, uma vez,  ficou sem poder ter visitas, recorda. Outra das violências mais difíceis era a fome e a subalimentação. O 25 de Abril só chegou ao Tarrafal a 1 de Maio de 1974, quando uma multidão foi ao campo exigir a libertação de todos os presos políticos.  La fora, estava Gil Querido Varela, e lá dentro, António Pedro da Rosa. Os portões abriram-se e os presos foram recebidos em delírio e muitos seguiram em cortejo e festa até à cidade da Praia, a uns 70 quilómetros do Tarrafal, na ponta sul da ilha. “Foi um dia muito feliz”, recorda Gil Varela, enquanto António Pedro da Rosa recorda “a grande emoção” que sentiu. Porém, em Dezembro de 1974, as portas voltaram a fechar-se. No interior ficavam 70 cidadãos cabo-verdianos, adversários do PAIGC e afectos na sua maioria à UDC e à UPICV, formações que não teriam lugar no regime de partido único. Na altura, ainda eram as autoridades portuguesas quem mandava, justificam personalidades do PAIGC. Libertados a pouco e pouco, os últimos presos foram abrangidos por uma amnistia decretada aquando da independência. O campo viria a ser extinto "para sempre" em 19 de Julho de 1975, por uma das primeiras leis de Cabo Verde. No futuro, o Museu do Campo de Concentração do Tarrafal quer ser Património da Humanidade da UNESCO como memória de um dos “cárceres do Império” que tentou condenar ao esquecimento as vozes e as vidas dos resistentes ao colonial-fascismo. A candidatura está a ser trabalhada por Cabo Verde, Portugal, Angola e Guiné-Bissau. No total, entre 1936 e 1974, aqui estiveram encarcerados, na sua maioria sem julgamento, um total de 588 homens, de acordo com o livro “Tarrafal - Campo de Concentração - Presos Políticos e Sociais” de Alfredo Caldeira e João Esteves.   Se quiser aprofundar este assunto, pode ouvir aqui a entrevista integral aos nossos dois convidados.

Reportagem
Neguinho da Beija-Flor revela música e fala sobre planos de desfile de escolas de samba na Europa

Reportagem

Play Episode Listen Later Jun 22, 2025 5:06


Neguinho da Beija-Flor disse adeus este ano como intérprete de sambas-enredo na Marquês de Sapucaí, mas às vésperas de completar 76 anos, não fala em aposentadoria. Em entrevista exclusiva à Rádio França Internacional, Neguinho da Beija-Flor, que nasceu Luiz Antônio Feliciano Marcondes, falou de seu novo trabalho, o álbum Empretecendo, feito com Xande de Pilares, e de seu projetos de levar desfiles das escolas de samba para Portugal. Lizzie Nassar Valença, correspondente da RFI em Portugal Em um bate-papo, Neguinho da Beija-Flor, o eterno intérprete da Beija-Flor de Nilópolis, revelou novidades sobre sua vida pessoal e profissional. Agora morando entre Portugal e o Brasil, o cantor, que completou recentemente 50 anos de carreira, compartilhou sua música inédita, "por toda vida, Beija-Flor", além de falar sobre planos. Neguinho da Beija-Flor e seus planos de levar o samba para a Europa Com novo endereço, em Vila Nova de Gaia, na região do Porto, Neguinho compartilhou seus grandes planos para a música brasileira no continente europeu. “A minha pretensão é levar o desfile das escolas de samba para Portugal. É a mesma língua, temos uma conexão muito forte... Estamos falando nisso já para 2026”, afirmou o cantor. Essa ambição é mais do que um simples sonho, é um projeto que Neguinho já começa a desenhar. A ideia é criar uma grande celebração do samba em terras lusas, algo que pode se tornar um marco para a cultura brasileira no exterior. Entre o Brasil e Portugal: Uma nova fase na vida de Neguinho Apesar de estar se dividindo entre os dois países, Neguinho admite que ainda está em um processo de adaptação. “A minha esposa é neta de português e nós gostamos muito de lá. Mas é difícil, o umbigo está enterrado no Brasil. Quando você vai para lá, dá vontade de voltar, e quando está aqui, pensa que lá estava legal. Estamos ainda indecisos”, brinca o sambista, mostrando a dificuldade de se estabelecer em outro lugar, mesmo com a proximidade da cultura e a língua. Essa fase de transição também trouxe uma nova inspiração para o músico. A canção "Por toda vida, Beija-Flor", escrita em sua nova residência no Porto, é um reflexo desse momento de vida e celebra seus 50 anos de carreira. Em sua nova casa, rodeado por boas memórias e muitas reflexões, Neguinho compôs a canção, que traz um olhar íntimo sobre sua trajetória e sua conexão com o samba. A letra, que traduz o carinho por sua história, está repleta de sentimentos de renovação e reverência aos anos de dedicação ao samba. Memórias de uma vida dedicada à música A entrevista também foi um momento de relembrar o início de sua jornada musical, com imagens de sua juventude e primeiros passos no samba. “Eu venho de uma família de músicos. A música sempre esteve presente. Lembro que ganhei um prêmio de duas latas de goiabada por cantar em um parque de diversão, com apenas 9 anos”, compartilhou, com um sorriso nostálgico. Neguinho também falou sobre sua experiência nas Forças Armadas. “Eu servi na Aeronáutica entre 1967 e 1971, uma época sem celulares ou câmeras. A única pessoa que tem fotos dessa época é o meu amigo Barbosa, um irmão que sempre esteve ao meu lado. E todo dia 29 de junho, no meu aniversário, nos encontramos”, disse emocionado. Aposentadoria? Não Apesar de ter sido anunciado como aposentado, Neguinho desmentiu os boatos e explicou a situação: “Eu não fui feliz na forma como me expressei. O que eu queria dizer é que estou passando o microfone para a nova geração. 50 anos foi o suficiente. A avenida é um ciclo longo, mas poucos conseguem alcançar essa meta na mesma escola. Agora é hora de dar espaço aos novos talentos”, explicou. O cantor afirmou ainda que a Beija-Flor está promovendo um reality show para escolher o próximo cantor a seguir seus passos. "Não tem substituto para o Neguinho. A Beija-Flor vai escolher entre os cantores que já me acompanham na avenida, e está sendo muito difícil, porque todos são meus amigos", afirmou. O futuro: Turnê pela Europa e um projeto com Xande de Pilares Com sua mente voltada para novos horizontes, Neguinho também revelou que está em processo de gravação de um DVD ao lado de Xande de Pilares. O projeto Empretecendo reúne 22 faixas compostas por ele e com convidados especiais como Zeca Pagodinho, Ferrugem, Renato da Rocinha e Alcione. “O Xande me fez uma homenagem cantando todas as músicas que marcaram a minha carreira. Já está nas plataformas digitais, e agora vamos gravar o DVD na Cidade do Samba”, contou. Além disso, Neguinho confirmou que fará uma turnê pela Europa, com shows previstos para Portugal, França, Bélgica e Alemanha. “Vou começar por Portugal, mas a ideia é seguir por vários países. A música brasileira precisa chegar ao mundo e esse é o nosso objetivo”, disse, empolgado. Novos rumos e mais inspirações pela frente Em breve, Neguinho retorna à Europa para continuar seus projetos e, quem sabe, se inspirar em novas músicas e ideias. “Eu devo chegar no dia 20 de julho e ficar até 10 de setembro. Vamos rodar a Europa com esse projeto e ver o que mais vem por aí", concluiu. Com uma carreira sólida, Neguinho da Beija-Flor continua a fazer história e levar o samba para novos públicos, sempre com o espírito renovado e os olhos voltados para o futuro.

Arauto Repórter UNISC
Preciso fazer para acontecer

Arauto Repórter UNISC

Play Episode Listen Later Jun 17, 2025 4:33


Há alguns anos eu trabalhei como garçom em um hotel na Irlanda. Quando vi a vaga em um anúncio, me interessei muito, afinal de contas, além do valor do meu salário, sabia que certamente iria receber gorjetas polpudas e, por isso, me esforcei para ir bem na entrevista. Deu certo.No exterior, os garçons dobram ou triplicam seus ganhos em função das gorjetas. É diferente do Brasil. A grande questão foi que, na entrevista, fui informado que seria garçom do café da manhã, ao invés de jantares e almoços.Automaticamente, imaginei que as gorjetas não viriam como pensei. Como precisava de trabalho, resolvi encarar mesmo assim.No primeiro dia, já fui perguntando para todos os membros da equipe de garçons se recebiam gorjetas ali, naquele horário, e as respostas foram unanimes: "NÃO". Aquilo até me desanimou um pouco, mas lembrei que para muitas coisas na vida querer é poder, e temos que fazer por merecer. Então, comecei uma campanha imensa para conseguir tirar leite de pedra, conseguir uma boa remuneração extra no café da manhã.Alguns dias depois, um homem carrancudo entrou no refeitório. Eu o abordei e o convidei para sentar e ele, nem sequer, responder meu bom dia.Logo em seguida, me pediu algumas coisas, dentre elas um chá. Perguntei se gostaria que eu adoçasse ou não, se queria a xícara cheia ou não. Enfim, vendo aquela cara feia, ao invés de ficar bravo com ele, pensei que ele precisaria um pouco mais de atenção e o fiz com todo carinho do mundo.Ele foi embora depois de meia hora e nem se despediu de mim, mas tudo bem. Fui limpar sua mesa e, ao levantar seu prato, vi que ele havia ali deixado mais de uma dezena de moedas, elas eram douradas e pareciam tesouro.Não podia acreditar no que estava vendo! Fiquei muito grato e, naquele dia, um conceito foi plantado em minha cabeça: vejo muitas pessoas dizendo que esperam algo acontecer para fazer o que precisa ser feito, quando, na realidade, devemos fazer o que precisa ser feito para que algo aconteçaAlguns amigos me diziam que quando o cliente chegava com cara feia, eles nem se esforçavam, como quem diz: ele tem que fazer a parte dele primeiro para eu fazer a minha. Um grande erro, porque só quando fazemos a nossa parte as coisas acontecem.Daquele dia em diante comecei a aprender falar "bom dia" em vários idiomas para fazer um atendimento diferenciado a cada hóspede. Me interessava por fazer com que saíssem do hotel com uma carga extra de energia de manhã, fazia meu melhor, mesmo quando aparentava não ser correspondido.Depois de algumas semanas, naquele mesmo local onde nunca haviam sido dadas gorjetas, eu recebia muito dinheiro extra dos hóspedes, em retribuição aos meu atendimento. Percebi que algumas pessoas da equipe mudarem sua postura ao ver como eu fazia o atendimento e também começaram a receber.Lembro de uma lição que ouvi de alguém muito sábio:"Mude a atmosfera, saia e vá acima das nuvens onde o céu é sempre azul". É isso que tento fazer todos os dias e, realmente, os resultados são outros! Tente você também!

Assunto Nosso
Preciso fazer para acontecer

Assunto Nosso

Play Episode Listen Later Jun 17, 2025 4:33


Há alguns anos eu trabalhei como garçom em um hotel na Irlanda. Quando vi a vaga em um anúncio, me interessei muito, afinal de contas, além do valor do meu salário, sabia que certamente iria receber gorjetas polpudas e, por isso, me esforcei para ir bem na entrevista. Deu certo.No exterior, os garçons dobram ou triplicam seus ganhos em função das gorjetas. É diferente do Brasil. A grande questão foi que, na entrevista, fui informado que seria garçom do café da manhã, ao invés de jantares e almoços.Automaticamente, imaginei que as gorjetas não viriam como pensei. Como precisava de trabalho, resolvi encarar mesmo assim.No primeiro dia, já fui perguntando para todos os membros da equipe de garçons se recebiam gorjetas ali, naquele horário, e as respostas foram unanimes: "NÃO". Aquilo até me desanimou um pouco, mas lembrei que para muitas coisas na vida querer é poder, e temos que fazer por merecer. Então, comecei uma campanha imensa para conseguir tirar leite de pedra, conseguir uma boa remuneração extra no café da manhã.Alguns dias depois, um homem carrancudo entrou no refeitório. Eu o abordei e o convidei para sentar e ele, nem sequer, responder meu bom dia.Logo em seguida, me pediu algumas coisas, dentre elas um chá. Perguntei se gostaria que eu adoçasse ou não, se queria a xícara cheia ou não. Enfim, vendo aquela cara feia, ao invés de ficar bravo com ele, pensei que ele precisaria um pouco mais de atenção e o fiz com todo carinho do mundo.Ele foi embora depois de meia hora e nem se despediu de mim, mas tudo bem. Fui limpar sua mesa e, ao levantar seu prato, vi que ele havia ali deixado mais de uma dezena de moedas, elas eram douradas e pareciam tesouro.Não podia acreditar no que estava vendo! Fiquei muito grato e, naquele dia, um conceito foi plantado em minha cabeça: vejo muitas pessoas dizendo que esperam algo acontecer para fazer o que precisa ser feito, quando, na realidade, devemos fazer o que precisa ser feito para que algo aconteçaAlguns amigos me diziam que quando o cliente chegava com cara feia, eles nem se esforçavam, como quem diz: ele tem que fazer a parte dele primeiro para eu fazer a minha. Um grande erro, porque só quando fazemos a nossa parte as coisas acontecem.Daquele dia em diante comecei a aprender falar "bom dia" em vários idiomas para fazer um atendimento diferenciado a cada hóspede. Me interessava por fazer com que saíssem do hotel com uma carga extra de energia de manhã, fazia meu melhor, mesmo quando aparentava não ser correspondido.Depois de algumas semanas, naquele mesmo local onde nunca haviam sido dadas gorjetas, eu recebia muito dinheiro extra dos hóspedes, em retribuição aos meu atendimento. Percebi que algumas pessoas da equipe mudarem sua postura ao ver como eu fazia o atendimento e também começaram a receber.Lembro de uma lição que ouvi de alguém muito sábio:"Mude a atmosfera, saia e vá acima das nuvens onde o céu é sempre azul". É isso que tento fazer todos os dias e, realmente, os resultados são outros! Tente você também!

Presente Diário
"Aparências"

Presente Diário

Play Episode Listen Later Jun 12, 2025 3:24


Devocional do dia 12/06/2025 com o Tema: "Aparências" Lembro-me do meu casamento. Houve um bom período de relacionamento, entre namoro e noivado. E, como creio que acontece com todo jovem casal, parecia que todas as surpresas já haviam sido expostas. Leitura bíblica: Cantares 1.5-7 Versículo Chave: Não julguem de acordo com as aparências, mas julguem de maneira justa (Jo 7.24, NVT).See omnystudio.com/listener for privacy information.

P4Cast
P4Cast 329 - Deus está levantando Homens e Mulheres, restauradores para Sua Glória ! - Pr. Rodrigo Freitas

P4Cast

Play Episode Listen Later Jun 5, 2025 83:44


Mensagem gravada em 01/06/2025Pastor Rodrigo Freitas Deus está levantando Homens e Mulheres, restauradores para Sua Glória ! Lamentações 3:1-26 NVI[1] Eu sou o homem que viu a aflição trazida pela vara da sua ira. [2] Ele me impeliu e me fez andar na escuridão, e não na luz; [3] sim, ele voltou sua mão contra mim vez após vez, o tempo todo. [4] Fez que a minha pele e a minha carne envelhecessem e quebrou os meus ossos. [5] Ele me sitiou e me cercou de amargura e de pesar. [6] Fez-me habitar na escuridão como os que há muito morreram. [7] Cercou-me de muros, e não posso escapar; atou-me a pesadas correntes. [8] Mesmo quando chamo ou grito por socorro, ele rejeita a minha oração. [9] Ele impediu o meu caminho com blocos de pedra; e fez tortuosas as minhas sendas. [10] Como um urso à espreita, como um leão escondido, [11] arrancou-me do caminho e despedaçou-me, deixando-me abandonado. [12] Preparou o seu arco e me fez alvo de suas flechas. [13] Atingiu o meu coração com flechas de sua aljava. [14] Tornei-me objeto de riso de todo o meu povo; nas suas canções eles zombam de mim o tempo todo. [15] Fez-me comer ervas amargas e fartou-me de fel. [16] Quebrou os meus dentes com pedras; e pisoteou-me no pó. [17] Tirou-me a paz; esqueci-me o que é prosperidade. [18] Por isso, digo: “Meu esplendor já se foi, bem como tudo o que eu esperava do Senhor”. [19] Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e do meu pesar. [20] Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim. [21] Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança: [22] Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. [23] Renovam-se cada manhã; grande é a sua fidelidade! [24] Digo a mim mesmo: A minha porção é o Senhor; portanto, nele porei a minha esperança. [25] O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam; [26] é bom esperar tranquilo pela salvação do Senhor.https://bible.com/bible/129/lam.3.1-26.NVI#Jesus #igreja #honra #transformação #Jesus #ressurreição #PalavraDeDeus #DeusPai #EspiritoSanto #PAI #Mensagem #Pregação #Sermão #p4 #p4church #onLine- --Curta, compartilhe e inscreva-se para ficar atualizado com os nossos conteúdos!Para saber mais sobre nossa igreja:Site: https://igrejaprojeto4.com.br/Faça seu pedido de Oração: https://igrejaprojeto4.com.br/pedidosFacebook: https://www.facebook.com/p4church/Instagram:  https://www.instagram.com/igrejaprojeto4/Podcast:  https://igrejaprojeto4.com.br/p4cast/Youtube:  [https://www.youtube.com/@IgrejaProjeto4](https://www.youtube.com/IgrejaProjeto4)- --Culto online todos os domingos no YouTube!

Roberto Gamito
Predador de Ranho e o Menino Meio-Gordo

Roberto Gamito

Play Episode Listen Later May 20, 2025 8:30


Deambulação que foi encentada graças ao fragmento do livro "Lembro-me" e aproveitámos a viagem para aterrarmos na infância. Falou-se da pertinência das alcunhas sensivelmente ásperas desse tempo. Ensaios humorísticos: https://robertogamito.substack.com

Devocional Verdade para a Vida
No início de tudo - Efésios 1.4-5

Devocional Verdade para a Vida

Play Episode Listen Later May 13, 2025 2:28


Aprofunde sua devoção a Deus em fiel.in/devocionalNo início de tudoEm amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade. (Efésios 1.4-5)A experiência de Charles Spurgeon não está além da capacidade de qualquer cristão comum.Spurgeon (1834-1892) foi um contemporâneo de George Mueller. Ele serviu o Tabernáculo Metropolitano, em Londres, por mais de trinta anos, como o pastor mais notável de seu tempo.Sua pregação era tão poderosa que pessoas se convertiam a Cristo todas as semanas. Seus sermões ainda são impressos hoje e ele é considerado por muitos como um modelo de ganhador de almas.Ele se lembra de uma experiência de quando tinha dezesseis anos que moldou sua vida e seu ministério pelo restante dos seus dias.Quando estava indo a Cristo, pensei que eu estava fazendo tudo sozinho, e embora buscasse o Senhor fervorosamente, não tinha ideia de que o Senhor estava me procurando. Eu não acho que o jovem convertido está ciente disso no início.Lembro-me do dia e da hora em que pela primeira vez acolhi essas verdades [a doutrina da eleição] em minha própria alma — quando, como diz John Bunyan, elas queimaram em meu coração como com um ferro quente, e posso lembrar como senti que eu tinha crescido de repente de um bebê a um homem — que eu tinha feito progressos no conhecimento bíblico por ter encontrado, de uma vez por todas, essa pista para a verdade de Deus.Uma noite da semana, quando eu estava sentado à casa de Deus, eu não estava pensando muito sobre o sermão do pregador, porque eu não cria nele.O pensamento me impressionou: Como você veio a tornar-se um cristão? Busquei o Senhor. Mas como você veio a buscar o Senhor? A verdade veio à minha mente em um momento — eu não o teria buscado, a menos que houvesse alguma influência anterior em minha mente para me fazer buscá-lo. Eu orei, pensei, mas depois perguntei a mim mesmo: Como comecei a orar? Fui estimulado a orar lendo as Escrituras. Como eu li as Escrituras? Eu as li, mas o que me levou a fazê-lo?Então, num instante, vi que Deus estava no início de tudo e que Ele era o autor da minha fé e, assim, toda a doutrina da graça se desvelou para mim, dessa doutrina não me afastei até este dia, e eu desejo fazer dessa a minha confissão constante: “Eu atribuo minha conversão completamente a Deus”.--Devocional Alegria Inabalável, por John Piper | Editora Fiel.Conteúdo oferecido em parceria entre Desiring God e Ministério Fiel.

Devocional Verdade para a Vida
Como pedir perdão - 1 João 1.9

Devocional Verdade para a Vida

Play Episode Listen Later May 3, 2025 2:04


Aprofunde sua devoção a Deus em fiel.in/devocionalComo pedir perdãoEle é fiel e justo para nos perdoar os pecados. (1 João 1.9)Lembro-me de ouvir um dos meus professores no seminário dizer que um dos melhores testes da teologia de uma pessoa era o efeito que ela tem sobre as suas orações.Isso me pareceu verdade por causa do que estava acontecendo em minha própria vida. Noël e ​​eu havíamos acabado de nos casar e estávamos tendo como nosso hábito orarmos juntos todas as noites. Observei que durante os cursos bíblicos que estavam moldando minha teologia mais profundamente, minhas orações estavam mudando dramaticamente.Provavelmente a mudança mais significativa naqueles dias foi que eu estava aprendendo a argumentar diante de Deus sobre o fundamento da sua glória. Começar com “santificado seja o teu nome” e terminar com “em nome de Jesus” significava que a glória do nome de Deus era o alvo e o fundamento de tudo o que eu orava.E que força adentrou em minha vida quando aprendi que a oração por perdão deve ser baseada não apenas em um apelo à misericórdia de Deus, mas também em um apelo à sua justiça em creditar o valor da obediência do seu Filho. “Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados” (1 João 1.9).No Novo Testamento, o fundamento de todo o perdão dos pecados é revelado mais claramente do que no Antigo Testamento, mas a base do compromisso de Deus com o seu nome não muda.Paulo ensina que a morte de Cristo demonstrou a justiça de Deus ao perdoar os pecados e vindicou a justiça de Deus ao justificar os ímpios que confiam em Jesus e não em si mesmos (Romanos 3.25-26).Em outras palavras, Cristo morreu de uma vez por todas para livrar o nome de Deus do que parece um erro grosseiro de justiça — a absolvição dos pecadores simplesmente por causa de Jesus. Mas Jesus morreu de tal maneira que o perdão “por causa de Jesus” é o mesmo que o perdão “por causa do nome de Deus”.--Devocional Alegria Inabalável, por John Piper | Editora Fiel.Conteúdo oferecido em parceria entre Desiring God e Ministério Fiel.

Presente Diário
"Unidos na fé"

Presente Diário

Play Episode Listen Later Apr 29, 2025 3:36


Devocional do dia 29/04/2025 com o Tema: "Unidos na fé" “Cada um por si, Deus por todos”. Lembro-me de um professor repetindo essa frase enquanto nos entregava uma prova. Claro, estávamos sendo avaliados por aquilo que cada um aprendeu. Mas essa frase tem servido muito além do momento de uma avaliação escolar. Leitura bíblica: 1 Samuel 11.1-15 Versículo Chave: Que o Deus paciente e encorajador dê a vocês um espírito de unidade, segundo Cristo Jesus... Portanto, aceitem uns aos outros, da mesma forma que Cristo os aceitou, a fim de que vocês deem glória a Deus (Rm 15.5,7).See omnystudio.com/listener for privacy information.

Conversas à quinta - Observador
A Vida em Revolução. Helena Roseta: “No cerco ao Parlamento o PCP tinha frango. Lembro-me de ir ao gabinete deles a cantar ‘Eles comem tudo'”

Conversas à quinta - Observador

Play Episode Listen Later Apr 21, 2025 75:12


A alegria libertadora dos abraços a desconhecidos no 1º de Maio e nas filas para votar nas primeiras eleições livres. Os dilemas antes de aderir ao PPD e os boicotes da esquerda aos comícios. As perguntas bizarras nas sessões de esclarecimento em que ensinava como se votava. O plano insensato para defender a sede do PSD no 11 de março, em que adormeceu de cansaço. As discussões épicas e os bastidores dos meses na Assembleia Constituinte, sem receber salário nos primeiros meses. O privilégio de ajudar a escrever a Constituição. E o encontro inesperado com os outros deputados esfomeados no Leitão da Mealhada, depois do cerco ao parlamento, quando iam levar a Constituinte para o Porto.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Convidado
Papa Francisco "deu o seu contributo para melhorar a Igreja"

Convidado

Play Episode Listen Later Apr 21, 2025 9:03


O Papa Francisco faleceu esta segunda-feira, aos 88 anos, um mês depois de ter tido alta de um internamento que durou cerca de cinco semanas, devido a uma pneumonia dupla. Em 2013, o Papa Francisco foi o primeiro jesuíta a chegar à liderança da Igreja Católica, o primeiro Papa não europeu em mais de 1200 anos, e o primeiro oriundo do hemisfério sul, da Argentina. Durante o seu pontificado de 12 anos, o Sumo Pontífice — conhecido como o Papa da periferia — tentou dar sinais de modernidade à instituição, reformando a Cúria, combatendo os abusos sexuais cometidos na Igreja, e entreabrindo as portas aos divorciados e homossexuais. Decisões que motivaram críticas por parte dos sectores mais conservadores da Igreja. Em entrevista à RFI, Dom Arlindo Furtado, cardeal de Cabo Verde, afirma que o Papa Francisco deu o seu contributo para melhorar a Igreja, que precisava de uma profunda reforma. Como é que recebeu a notícia da morte do Papa Francisco?Era expectável, mas, devido à sua presença permanente junto do público — e mesmo ontem, na celebração da Páscoa — esperava que esse acontecimento viesse mais tarde. Foi uma surpresa, por causa disso, mas parece-me que ele estava consciente do fim derradeiro. A visita que fez a Santa Maria Maior e à Basílica de São Pedro, horas antes do início da cerimónia da Vigília Pascal, dá a impressão de que queria despedir-se.Há duas coisas que me parecem importantes de dizer: o Papa Francisco cumpriu a sua missão até ao fim e morreu no momento em que a Igreja celebra a ressurreição de Jesus Cristo.Doze anos de pontificado. Um Papa jesuíta, argentino, que sempre teve um comportamento modesto. Que herança deixa este Papa?[O Papa Francisco] procurou dar à Igreja o seu devido carácter, a sua personalidade. A Igreja é de Jesus Cristo, e deve viver ao estilo do Mestre, ou seja: "Aquilo que Eu faço, vós também deveis fazer". O Papa, sendo jesuíta e profundo conhecedor de Jesus Cristo, procurou também, nesse aspecto, seguir o exemplo, com simplicidade, despojamento, pobreza, generosidade e atenção a todos. Porque Cristo assumiu a humanidade de todos, e quer salvar a todos.Mostrar que ser católico é estar no mundo com o mundo?Ser católico é estar no mundo com todos, mas sempre em peregrinação rumo à Pátria. Portanto, estar no mundo, vivendo os valores da humanidade, mas com orientação para a nossa Pátria definitiva, segundo Jesus nos ensinou.O Papa Francisco escolheu visitar a República Centro-Africana e nunca veio a Paris. Ele, que era conhecido como o Papa da periferia. Que mensagem pretendia passar?A atitude dele é muito simples: aqueles que estão no centro, sempre estiveram no centro — podem continuar no centro. Mas aqueles que estão na periferia precisam também de estar mais ao centro. É também uma questão de justiça, de igualdade, de sentido, de nós sermos uma só família, uma só comunidade. É preciso promover os que estão mais em baixo, para que possam alcançar, pelo menos, um nível de mediania.O pontificado de Francisco fica ainda marcado pelo escândalo Vatileaks, que revelou corrupção. O Sumo Pontífice levou a cabo uma reforma da Cúria, reforma que lhe valeu alguns inimigos no seio da Igreja…Sim. Em todo o lado, ele falava muito de modernidade. Também dentro da Igreja, onde está o ser humano, há mundanidade, há prevalência da tentação. O Papa tentou reformar a Igreja, reformar a Cúria, para que fosse uma estrutura ao serviço do Evangelho, da missão da Igreja, para além dos interesses privados ou pessoais.Foi o que procurou fazer. Mas nós sabemos que o próprio Jesus Cristo não escapou à traição, porque, no grupo de apóstolos que escolheu, também houve traidores.A Igreja não está imune a essas coisas, mas deve estar atenta, para que aconteçam o menos possível ou, se possível, sejam evitadas, prevenidas, para que a Igreja corresponda mais à imagem de uma família de gente de bem, ao serviço de todos. À imagem de Jesus Cristo. O Papa deu o seu contributo para melhorar a situação da Igreja, que precisava de uma profunda reforma.Ele queria que muitas das reformas fossem irreversíveis. Isso será possível?Espero que sim. Parece-me que a sua grande preocupação era fechar um ciclo, no sentido de não facilitar o retrocesso. Mas, de qualquer maneira, há reformas que não sofrerão retrocesso, porque se criou uma dinâmica na Igreja que, com a ajuda do Espírito Santo, irá prosseguir.Em 2014, o Papa Francisco criou uma comissão para combater os abusos cometidos na Igreja. Onde estamos agora, nessa luta?É um processo complexo, longo. Esta questão não pode retroceder, pois trata-se de uma dinâmica de clarificação, de purificação, de orientação para o futuro. Não pode parar.É um processo que não termina com um Papa. Vai, agora, fazer parte da dinâmica da Igreja ao longo da sua história. Não tem um fim à vista.Essa prevenção, esse cuidado e acompanhamento de todos os abusos, de toda a ordem — não só o abuso sexual, que infelizmente também existe na Igreja — são fundamentais.Várias afirmações do Papa Francisco, de certa forma, chocaram a Igreja. Lembro-me da declaração: “Se uma pessoa é gay e quiser procurar Deus, quem sou eu para o impedir?” Ou quando falava das famílias numerosas: “as pessoas não se devem comportar como coelhos”. Estas afirmações vieram revolucionar a Igreja?Não acho que tenha sido uma revolução, mas sim uma clarificação de alguns pontos onde podia haver ambiguidade. Cristo não nos pediu para julgarmos ninguém — não temos esse direito.Não temos dados sobre a vida das pessoas para as julgarmos, porque, muitas vezes, julgamos pelas aparências. Deus criador não nos permite descartar pessoas que Ele criou por amor.Não podemos julgar o foro interno das pessoas diante de Deus — só Ele o poderá fazer.Quanto à questão da família numerosa: é verdade, não somos coelhos. A paternidade responsável já era um tema abordado há muitas décadas, pelo menos desde o Concílio Vaticano II — mesmo antes disso.Aqueles que geram filhos devem ser responsáveis pela prole — pelo conjunto dos seus descendentes.E, também, em relação ao aborto, o Papa foi claro. A Igreja é clara nesse aspecto: a vida humana deve ser respeitada desde a concepção até à morte natural.O Papa Francisco mostrou-se chocado com o encerramento de fronteiras, com o tratamento dado aos migrantes, com os conflitos globais. Alertou para estes dramas. Também aqui, deixou um legado importante?O Papa era um homem sensível a todos, sobretudo aos que mais precisavam — à periferia e à ultra-periferia.É verdade que cada região, cada continente, cada país tem as suas responsabilidades e as suas estruturas. Mas o ser humano não pode fechar os olhos aos dramas de outros seres humanos.Em 2015, Dom Arlindo Gomes foi nomeado cardeal de Cabo Verde pelo Papa Francisco. Que homem era este Papa?Felizmente, tive muitas oportunidades de estar com ele. Era um homem de Deus, um homem ao serviço da Igreja, e que tinha uma visão do conjunto. Procurava reduzir a situação de periferia de certos sectores do mundo e da própria Igreja, para que todos se sentissem em família, com dignidade, em todas as circunstâncias.Senhor acredita que o próximo Papa poderá vir do continente africano?Penso que, como aconteceu no passado, também agora Jesus providenciará um Papa à altura dos desafios da Igreja e do mundo de hoje. O Papa é da Igreja — por isso pode vir da Europa, da Ásia, das Américas, de África ou da Oceânia.Deve ser um homem da Igreja, e que desempenhe um papel suficiente — se não mesmo extraordinário — para que a Igreja continue a sua missão no mundo, ao serviço da humanidade.Dom Arlindo Gomes poderá desempenhar esse papel na Igreja?O Espírito Santo saberá. Aqui não há ambições pessoais, nem palpites.Confiamos no Espírito Santo e temos a certeza de que surgirá um Papa de que a Igreja precisa, nos tempos de hoje — seja ele quem for.

Conversas de Fim de Tarde
A Vida em Revolução. Helena Roseta: “No cerco ao Parlamento o PCP tinha frango. Lembro-me de ir ao gabinete deles a cantar ‘Eles comem tudo'”

Conversas de Fim de Tarde

Play Episode Listen Later Apr 21, 2025 75:12


A alegria libertadora dos abraços a desconhecidos no 1º de Maio e nas filas para votar nas primeiras eleições livres. Os dilemas antes de aderir ao PPD e os boicotes da esquerda aos comícios. As perguntas bizarras nas sessões de esclarecimento em que ensinava como se votava. O plano insensato para defender a sede do PSD no 11 de março, em que adormeceu de cansaço. As discussões épicas e os bastidores dos meses na Assembleia Constituinte, sem receber salário nos primeiros meses. O privilégio de ajudar a escrever a Constituição. E o encontro inesperado com os outros deputados esfomeados no Leitão da Mealhada, depois do cerco ao parlamento, quando iam levar a Constituinte para o Porto.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Falar Português Brasileiro
#195 - Conversa com o editor Ricardo

Falar Português Brasileiro

Play Episode Listen Later Feb 17, 2025 32:15


Eu sou a Ju! Você e eu somos o podcast Falar PortuguêsBrasileiro! Isso não vai mudar! Seja bem-vindo ou bem-vinda! Desejo a você uma excelente semana! Uma segunda-feiraabençoada! Lembro-me que logo no começo das gravações do podcast era tudo um sofrimento, tudo difícil. Eu tinha a vontade e acreditava naquilo que estava fazendo!, Bom, eu sempre acredito no que estou fazendo. As vezes me cobro um pouquinho e isso dificulta para algumas realizações. Mas ... resolvi deixar tudo de lado e assumir que eu também erro! Está tudo bem! No primeiro ano do podcast eu fazia as edições. Em algumoutro episodio, falo sobre isso. Felizmente, sempre tive pessoas boas no meu caminho e o podcast recebeu muita ajuda. Quero dizer que com o dinheiro dos apoiadores eu pude contratar um editor para o podcast FPB, afinal, eu levava pelo menos 2 horas para editar um episódio, também levei dias para entender sobre edição. Enfim! Valeu! Durante todo esse período foram 2 editores e, claro, que convidei o Ricardo Gomes para gravar comigo.

Alta Definição
Calema: “A nossa vida era pescar e jogar à bola na praia. De repente, vieram pedir-nos para assinar contracto e a nossa música começou a dar em todas as rádios de São Tomé”

Alta Definição

Play Episode Listen Later Dec 14, 2024 54:24


António e Fradique Mendes Ferreira, dois irmãos nascidos em São Tomé, formam a dupla musical hoje mais conhecida como Calema. Estão esta semana no Alta Definição para contar a Daniel Oliveira como foi a sua infância e adolescência na Roça Água-Izé, cidade no sul da ilha que os viu crescer e iniciar a carreira musical. Desde as idas à pesca, aos jogos de futebol na praia ou apanhar cacau com o avô, os irmão dão a entender que a música sempre esteve presente nas suas vidas. Mas recordam com especial convicção o momento em que assinaram contrato: “Lembro-me perfeitamente. Estávamos a sair de palco e veio o produtor de Cesária Évora ter connosco. O nosso primeiro contrato em São Tomé, para gravar três discos, ainda por cima um deles em França”, contam entre risos, “começámos a passar na rádio, aquilo mexeu com o país inteiro”. Conheça estas e outras histórias dos irmãos Calema com o Alta Definição em podcast. O programa foi emitido na SIC a 14 de dezembro.See omnystudio.com/listener for privacy information.

#BiroscaNews
#BiroscaNews 304: Sikêra Jr. Condenado por Chamar Gays de "Raça Desgraçada"

#BiroscaNews

Play Episode Listen Later Dec 10, 2024 6:01


Falo sobre a recente condenação criminal do apresentador Sikêra Jr. por homofobia por ter, segundo a decisão, falado, em seu programa, que gays eram uma "raça desgraçada", que ele tinha "nojo de gays" e outras coisas. Lembro que ele chegou a ser absolvido de uma ação cível movida por uma modelo trans que teve sua imagem usada quando, justamente, ele falou essas coisas.A discussão agora gira em torno da homofobia como racismo e o abuso da liberdade de imprensa.

#BiroscaNews
#BiroscaNews 298: Número de Lares Chefiados por LGBT+ sobre 552%

#BiroscaNews

Play Episode Listen Later Nov 18, 2024 6:19


Falo sobre o Censo do IBGE de 2022 que, recentemente, mostrou que o número de lares chefiados por LGBT+ subiu 552%. Lembro a decisão do STF na ADPF. 132, na qual o Tribunal reconheceu que casais homoafetivos deveriam ter os mesmos direitos decorrentes de união estável que os heteroafetivos. Discuto os avanços, omissões e tentativas de retrocesso que vivemos desde então.

#BiroscaNews
#BiroscaNews 297: "Cura Gay" faz nova Vítima

#BiroscaNews

Play Episode Listen Later Nov 15, 2024 7:14


Falo sobre o caso recente em que uma travesti, que frequentava uma igreja chefiada por Flávio Amaral, tirou a própria vida, após passar por um processo de "destransição", genericamente mais conhecido como "cura gay". Lembro que em 2023 uma influencer bolsonarista também se dizia ex-lésbica em razão de ter passado por tais processos em uma igreja.Falo sobre o livro "Entre Curas e Terapias" (https://s3.amazonaws.com/s3.allout.org/images/All_Out_Instituto_Matizes_Relatorio_Completo_Entre_Curas_E_Terapias.pdf), que mostra que no Brasil há mais de 25 tipos de "cura gay" acontecendo e a responsabilidade de igrejas, escolas e profissionais da saúde mental para com isso. Lembro que o CFP possui Resolução desde 1999 proibindo isso e que a Dep. Fed. Erika Hilton propôs o PL. 5034/2023 para tipificar processos de "cura gay" como crime.

Expresso - A Beleza das Pequenas Coisas
Especial Maria Filomena Mónica: “Não me arrependo de nada, nem dos disparates que fiz — e foram bastantes. Mas já não me lembro”

Expresso - A Beleza das Pequenas Coisas

Play Episode Listen Later Oct 4, 2024 100:32


Em 2022, dezassete anos depois da polémica autobiografia “Bilhete de Identidade”, a socióloga Maria Filomena Mónica voltou a publicar um novo livro íntimo. Mas, desta vez, mergulhou nas centenas de cartas, postais e documentos que herdou da sua família, para arrumar as memórias e desenterrar segredos que nunca imaginara, sobre a sua mãe e a sua avó. Chamou-lhe “Duas Mulheres”, com a chancela da Relógio d´Água, e, através delas, quis perceber melhor o passado e a mulher em que se tornou. Neste episódio especial, gravado em maio de 2022, Maria Filomena Mónica reflete ainda sobre o amor, a finitude e a forma salvífica como a escrita a tem ajudado a sobreviver ao cancro. Ouçam-na no podcast “A Beleza das Pequenas Coisas”, com Bernardo MendonçaSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Para dar nome às coisas
S06EP247 - Descansar: a coragem de deixar espaços vazios

Para dar nome às coisas

Play Episode Listen Later Sep 18, 2024 36:40


A real é que descansar tem muito a ver com confiança e, portanto, tem a ver com topar abrir mão do controle.  Lembro muitas vezes de ouvir a minha mãe dizer: o parquinho não vai sair do lugar, Natália. Amanhã você brinca mais. E essa frase era precisa porque o medo era um pouco disso também. De eu perder aquilo que eu gostava muito, enquanto eu dormia, enquanto eu descansava. Como se ficar na autovigilância fosse impedir que as coisas fossem embora ou sumissem ou se perdessem ou acontecessem do jeito que elas precisavam acontecer. Como se uma vez que eu  ficasse hipervigilante eu fosse mudar o fluxo da vida, por estar assistindo tudo. Não ia. Amadurecer é entender as nossas limitações. E aprender a se colocar limite Porque esse cuidado que, antes, vinha exclusivamente de outra pessoa, em algum momento precisa começar a vir, antes de tudo e primeiro de tudo, da gente. É por aí que vai o episódio dessa semana, cê vem? Nessa quarta-feira no @‌spotify Tava com saudade, meus amigos. edição: @‌valdersouza1 identidade visual: @‌amandafogacatexto: @‌natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas

Devocionais Pão Diário
Devocional Pão Diário | Confiança em Seu Nome

Devocionais Pão Diário

Play Episode Listen Later Sep 12, 2024 2:24


Leitura bíblica do dia: Salmo 9:7-12 Plano de leitura anual: Provérbios 13-15; 2 Coríntios 5; Já fez seu devocional hoje? Aproveite e marque um amigo para fazer junto com você! Confira: Houve um tempo em que eu temia ir à escola porque algumas garotas me intimidavam com brincadeiras cruéis. No recreio, escondia-me na biblioteca e lia as histórias cristãs. Lembro-me da primeira vez que li o nome “Jesus”. De alguma forma, eu sabia que era o nome de Alguém que me amava. Nos meses seguintes, temendo o tormento que me esperava na escola, eu orava: “Jesus, protege-me”. Sentia-me mais forte sabendo que Ele cuidava de mim. Com o tempo, elas se cansaram e pararam de me intimidar. Muitos anos se passaram e confiar em Seu nome continua a me sustentar em tempos difíceis. Confiar no nome de Jesus é crer que o que Ele afirma sobre o Seu caráter é verdade, permitindo que eu descanse nele. Davi, também, conhecia a segurança de confiar no nome de Deus. Ao escrever o Salmo 9, ele já havia experimentado Deus como o Todo-poderoso governante que é justo e fiel (vv.7-8,10,16). Davi demonstrou a sua confiança no nome de Deus lutando contra os seus inimigos, confiando não em suas armas ou habilidade militar, mas em Deus, que para ele foi um “abrigo para os oprimidos” (v.9). Quando criança, eu invoquei o nome de Jesus e experimentei como o Senhor cumpre as Suas promessas. Que todos nós possamos sempre confiar em Seu nome, Jesus, o nome Daquele que nos ama. Por: Karen Huang

Alta Definição
Salvador Sobral: "Pergunto-me se a minha filha vai ter uma doença como a que tive. Devia ser ilegal no mundo haver crianças doentes. É completamente inumano"

Alta Definição

Play Episode Listen Later Sep 7, 2024 51:45


Sete anos depois, “com menos 25 quilos e com outro coração, o músico Salvador Sobral regressa ao Alta Definição para conversar com Daniel Oliveira. A vida do músico alterou-se, principalmente desde 2017. "Parece um ano louco. A Eurovisão mudou a minha vida para sempre e o transplante de coração obviamente também", recorda o cantor. O artista confessa que não se reconhecia ao espelho antes da operação, mas com o tempo, a pouco e pouco, conseguiu recuperar a imagem em que se reconhecia. "Lembro-me de acordar da operação e não querer acordar, querer morrer, porque é uma agonia pura. Pode acontecer-me tudo na vida, os concertos mais stressantes, pode cair um piano em cima de mim, que eu acho que nunca vou sentir a dor que senti no pós-operatório", relembra Salvador Sobral. Apesar de reconhecer que terá um lugar na história por ter vencido a Eurovisão, ambiciona ser "considerado um intérprete importante no nosso país" e acredita que "isso ainda não está atingido." O Alta Definição foi exibido na SIC a 7 de setembro.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Para dar nome às coisas
S06EP237- Ser eu o máximo que eu conseguir

Para dar nome às coisas

Play Episode Listen Later Jul 3, 2024 22:41


Era bem comecinho do ano. Aquele momento em que algumas casas ainda estão com pisca pisca na janela, que ainda tem panetone no armário, que as lojas estão fazendo queima de estoque das roupas brancas e que a maior parte das pessoas tão com a lista de metas de ano novo na cabeça. Era tipo dez de janeiro e eu tava sentada numa padaria de São Paulo tomando um café com um amigo. A gente tinha acabado de pedir um brigadeiro, quando ele me perguntou quais eram as minhas metas para aquele ano. Eu não lembro exatamente do que eu respondi, mas lembro do que ele me disse, quando eu devolvi a pergunta. Ele falou: “ser eu, o máximo que eu conseguir.” Lembro de responder:  “caramba, bacana, e o que mais?” E ele me falar: Nat, já não é o bastante?”. Meses depois, essa história me voltou, junto com outra. É por aí que vai o episódio dessa semana. Cê vem? edição: @‌valdersouza1 identidade visual: @‌amandafogacatexto: @‌natyops Apoie a nossa mesa de bar: https://apoia.se/paradarnomeascoisas

Alta Definição
Clemente: “Sentia-me o dono disto tudo, ganhava muito dinheiro a cantar, era muito conhecido. Foi a pior altura da minha vida, perdi a noção dos meus valores, até a fé eu perdi”

Alta Definição

Play Episode Listen Later Jun 29, 2024 49:55


Daniel Oliveira recebe o cantor Clemente, no Alta Definição em podcast. Nascido em 1955, em Setúbal, sempre quis partir e conhecer o mundo. “É com a música que conheço o mundo, há 54 anos que dou voltas ao mundo consecutivamente a cantar para os portugueses e não só", confessa. A entrevista decorre no Forte de Albarquel, junto à praia da sua infância. “Tive um problema de saúde aos 4 anos na garganta, pré cancerígeno. Podia ter morrido, o ar e o iodo da Praia de Albarquel foram muito importantes”, recorda. O artista relembra ainda a infância, quando o pai passava muito tempo fora de casa a trabalhar no mar, para garantir uma vida estável para a família. “Tinha noção do meu privilégio. Aos 7 anos, fui para a escola com uma sanduíche de fiambre e a maior parte dos miúdos não sabiam sequer o que era. Lembro-me da surpresa, queriam dar uma dentada”. O Alta Definição foi emitido na SIC a 29 de junho.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Alta Definição
Frederico Varandas sobre o Afeganistão: "Lembro-me de pensar que tinha 28 anos e não ia sair dali"

Alta Definição

Play Episode Listen Later Jun 8, 2024 50:31


Frederico Varandas, presidente do Sporting Clube de Portugal, recorda as marcas que deixou na sua memória a data de 8 de junho de 2008, dia em que achou que "não continuaria cá, neste mundo". Estava a regressar para Cabul depois de uma missão com o exército no pior local do Afeganistão, quando a coluna em que seguia foi emboscada. "A bravura daqueles homens fez com que hoje eu estivesse aqui". Frederico Varandas revive o momento de forma inédita, na entrevista mais pessoa da sua vida, com Daniel Oliveira. Oiça aqui o programa em podcastSee omnystudio.com/listener for privacy information.

Som a Pino Entrevista
Pedro Miranda: 'Eu lembro dos aplausos'

Som a Pino Entrevista

Play Episode Listen Later May 23, 2024 42:37


Roberta Martinelli conversa com Pedro Miranda, sobre carreira, pandemia, arte e o seu novo disco, “Atlântica Senhora”.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Palavra Amiga do Bispo Macedo
Lembro-Me do amor do teu noivado, quando Me seguias no deserto... - Meditação Matinal 28/03/24

Palavra Amiga do Bispo Macedo

Play Episode Listen Later Mar 28, 2024 19:07


"Assim diz o Senhor: Lembro-ME de ti, da piedade da tua mocidade, e do amor do teu noivado, QUANDO ME SEGUIAS NO DESERTO, numa terra que não se semeava." Jeremias 2:2