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Dar Voz a esQrever: Pluralidade, Diversidade e Inclusão LGBTI
O DUCENTÉSIMO TRIGÉSIMO EPISÓDIO do Podcast Dar Voz A esQrever
"The Shrouds - As Mortalhas", 22º IndieLisboa, "Conseguimos Fazer Um Filme" O novo filme de David Cronenberg e a curta-metragem premiada de Tota Alves.
O documentário “As Fado Bicha”, realizado por Justine Lemahieu, chega às salas de cinema em Portugal a 17 de Abril. O filme acompanha Lila Tiago e João Caçador, a dupla do projecto musical e activista que revolucionou o fado nos últimos anos e o devolveu às suas próprias raízes dissidentes. A RFI falou com Justine Lemahieu, Lila Tiago e João Caçador sobre o documentário descrito como “um suspiro de utopia” e “uma possibilidade de estender pontes”. O projecto Fado Bicha inscreveu no património da canção portuguesa as vivências de uma comunidade LGBTQIA+ invisibilizada, quebrando e questionando barreiras e normas musicais, de género, de sexualidade e de linguagem. Ao filmar os bastidores, os ensaios, as sessões de maquilhagem, as performances e os momentos de reflexão de Lila Tiago e João Caçador, Justine Lemahieu retrata também o impacto estético, social e político das Fado Bicha. Tudo começou quando a realizadora franco-portuguesa, a viver em Lisboa há vinte anos e que trabalha sobre lutas e formas de resistência, assistiu a um concerto de Fado Bicha, no seu bairro, e soube que queria fazer um filme sobre o que estava a ver e a sentir.“Tudo isto começou porque assisti a um concerto das Fado Bicha no meu bairro, num pequeno bar. Foi assim que eu conheci a banda. Fiquei muito cativada pelo trabalho delas. Fiquei bastante emocionada pela música, pela performance. Senti uma beleza e senti vontade de partilhar essa emoção e a beleza que encontrei. Também senti que essas artistas estavam a fazer um trabalho importante relativamente à reflexão, ao questionamento sobre as normas de género. Também gosto muito de fado e senti que elas estavam a mexer num lugar muito complexo da cultura portuguesa, que estavam a quebrar barreiras e a fazer um trabalho bastante subversivo, politicamente muito forte”, explica a realizadora.Justine Lemahieu ficou particularmente sensibilizada com a canção “Crónica do Maxo Discreto”, na qual encontrou, pela primeira vez, “pessoas que quebravam o tabu das sexualidades escondidas”. Admirativa dessa “coragem de quebrar tabus” e de trazer para cima do palco tantos temas silenciados, não faltaram à cineasta mais razões para querer conhecer e filmar o projecto. Outro motivo com o qual se identificou foi o facto de as artistas cruzarem questões políticas de género com discriminações ligadas à classe social. Depois, a realizadora deixou-se levar pela própria ligação com a cultura portuguesa e quis reflectir sobre o espaço que o fado aí ocupa.“Ocupação” foi justamente o título do disco de estreia, editado em 2022, no qual as Fado Bicha resgataram um espaço queer no Fado. Essa ocupação chega agora ao cinema e quando questionadas sobre o que isso representa, Lila responde que é “estender pontes de identificação”, enquanto João fala em “suspiro de utopia”.“Representa um suspiro de utopia. Nos dias que correm - e no tempo todo que já vivemos, não só nós enquanto pessoas, mas a nossa ancestralidade - poder ver, numa sala de cinema, alguma representação mais pessoal, um olhar mais íntimo sobre a nossa existência, eu acho que traz um rasgo de utopia e também de olhar para o futuro. É, finalmente, também estarmos nesses lugares e sermos representados. A mim deixa-me muito comovido”, conta João Caçador.“É também uma possibilidade de estender pontes. Não é só estender pontes para outras pessoas queer como nós, é estender pontes de identificação, estender pontes de comunidade, de entendimento, a pessoas que não têm qualquer relação connosco, que não tem qualquer relação com a arte queer, com o pensamento queer, que não vêem isso à sua volta, que acham que é uma ficção do estrangeiro. A Justine tem esse lado muito conciliador, muito intimista, muito de nos entender a nós, enquanto pessoas, as nossas inquietações, aquilo que nos move. Então, também permite a pessoas que não têm, se calhar, sensibilidade, porque nunca conheceram ou acham que nunca conheceram ninguém queer. É também estender uma ponte, dizer: ‘Consegues encontrar-te na nossa humanidade também? Se calhar também consegues.' E isso é muito potente”, diz Lila Tiago.O documentário começa com a realizadora a perguntar: “Dizemos as Fado Bicha e não os Fado Bicha. Porquê?” Lila responde: “Dizemos o Fado Bicha ou as Fado Bicha. Usamos o plural feminino como forma alternativa, reparação histórica.” Esta é a chave com a qual entramos no filme, o que nos leva ao peso simbólico da “reparação histórica” através da arte, da música e da língua.“É entender como a linguagem e a língua portuguesa - e qualquer outra - encerra uma série de enigmas que nem sequer estão visíveis a uma pessoa que não queira procurar por eles. Um deles, por exemplo, é a forma como o género está inscrito na língua, temos coisas como o masculino universal, tanto no plural como no singular. Então começámos a usar o plural feminino. Eu utilizo pronomes femininos também e o João utiliza pronomes neutros ou masculinos. Essa noção de reparação histórica é um bocadinho isso, tem um lado recreativo, tem um lado provocador, mas também tem um lado intelectual muito particular, que é de olharmos para a língua e percebermos que, durante séculos, para estes dois corpos - o meu e do João ou quaisquer outras combinações de corpos em que houvesse pelo menos um homem - seria utilizado o plural masculino, por mais que fossem mil mulheres e um homem apenas. Então, nós utilizamos o plural feminino como uma provocação para fazer as pessoas pensar e criar uma disrupção”, explica.A disrupção passa também pela transformação da palavra “bicha”, carregada durante décadas de conotações pejorativas e discriminatórias. No filme, a dada altura, vemos a mão tatuada de Lila e lemos a palavra “bicha”. Ela diz: “A palavra bicha é super importante para mim. É tatuar no corpo de uma forma visível a minha identidade e que ela faça parte da forma como sou vista e lida”. João também tem a palavra tatuada no corpo e explica-nos como é que se trata de mais um gesto artivista.“A palavra bicha passou muito tempo nas nossas vidas como uma identidade que nós tentámos esconder durante muito tempo e, de muitas formas, tivemos vergonha dela e foi usada contra nós de muitas formas. Ao escrevê-la no nosso corpo, é uma espécie de fim de uma negação e de um compromisso social e pessoal porque mesmo que nós queiramos esconder, ela está visível. A Lila tem-na inscrita na sua mão, a minha está inscrita num braço e eu senti que era importante não haver espaço para dúvidas da minha identidade e deixá-la inscrita e visível”, resume.O projecto “Fado Bicha” tatuou também a história recente do Fado, um espaço onde sempre existiram pessoas queer - artistas, fadistas, letristas, poetas - mas sem que isso se reflectisse, por exemplo, nas letras das canções. Com Fado Bicha, isso mudou.“O fado carrega, ainda hoje em dia, 51 anos depois do 25 de Abril, o peso e o impacto que o Estado Novo teve no género do fado. O fado tem uma tradição antes do Estado Novo, até antes mesmo da ditadura militar e até antes mesmo da implantação da República em Portugal, que foi em 1910. Tem uma tradição de dissidência e de intervenção social muito forte, que é uma coisa que a maioria das pessoas não sabe, mesmo na viragem do século XIX para o século XX. Há uma tradição muito forte de fado republicano, de fado anarquista, mesmo durante o século XIX. Tendemos a pensar que o fado sempre foi sobre saudade e marinheiros, mas no século XIX era um fado contra a miséria, contra a Igreja, contra o abuso laboral. Portanto, quando nos acusam que estamos a corromper as bases fundamentais do fado, na verdade, nós estamos a honrá-las porque estamos a ir buscar outra vez esse lado de denúncia e de intervenção social”, sublinha Lila Tiago.Porém, “Fado Bicha” causa ainda “muito desconforto a uma série de pessoas”, acrescenta a artista. A ilustrar isso mesmo foi o facto de Justine Lemahieu ter sido obrigada a retirar uma sequência do filme relativa ao videoclip “Lila Fadista”, uma adaptação do fado “Júlia Florista”. Os herdeiros de um dos autores deste fado recusaram ver o documentário e não licenciaram os direitos da canção. Lila e João são várias vezes confrontadas com este tipo de situações, ainda que faça parte da própria tradição do fado a interpretação de canções que já existem.O documentário “As Fado Bicha” chega aos cinemas portugueses a 17 de Abril, depois de ter passado nos festivais IndieLisboa e no Queer Porto em 2024 e no Thessaloniki Documentary Festival este ano.[Além da entrevista a propósito do filme, pode ouvir, abaixo, outra das entrevistas que as Fado Bicha deram à RFI, em Maio de 2022, na qual tocaram, por exemplo, “Crónica do Maxo Discreto”.]
O Festival de Cinema IndieLisboa chega ao fim este domingo. Com 250 filmes distribuídos por várias secções, a 21.ª edição do festival regista um recorde de 26 películas portuguesas em competição. A par das diferentes secções competitivas e não competitivas, o IndieLisboa apresentou duas grandes retrospectivas: Uma dedicada ao artista visual e realizador palestiniano Kamal Aljafari e outra dedicada ao MFA.No ano em que se celebram 50 anos do 25 de Abril, a retrospectiva é uma homenagem às Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica do Movimento das Forças Armadas (MFA).Uma das novidades da edição deste ano é a secção Rizoma.Aqui é apresentado "um conjunto de obras que destacam questões relevantes da actualidade, cineastas de renome e antestreias."Um programa "em torno do cinema como entretenimento, reflexão e debate," onde, por exemplo, as co-produções entre Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Brasil e França ganham espaço.
Novo filme da série "Mad Max", dois filmes de Quentin Dupieux, as primeiras estreias do festival de Cannes.
Começa nesta quarta-feira a Quinzena dos cineastas, prestigiosa mostra paralela do Festival de cinema de Cannes de 2024. Uma edição com forte presença lusófona: uma longa metragem brasileira, outra portuguesa e duas curtas metragens lusas. Caso de "O Jardim em Movimento" de Inês Lima. Trata-se de uma visita da Serra da Arrábida, reputada região natural ao sul de Lisboa, que inclui um Parque natural. Uma visita pouco convencional, porém, entre a atracção pelas flores ou pelos corpos.A realizadora Inês Lima refere-se à alegria de ter sido seleccionada para Cannes, num certame com tanta presença portuguesa."Naturalmente, com muita felicidade e muita alegria. Por várias razões, porque foi um filme que demorou cerca de dois anos a concluir que foi auto-financiado, que teve muitos constrangimentos financeiros e acho que, quer para mim, quer para toda a equipa que investiu muito no filme, acho que é mesmo e uma felicidade para todos nós poder ver este reconhecimento."Ainda por cima num certame em que nesta edição de 2024 vai haver uma grande visibilidade do cinema lusófono e português, nomeadamente com um filme em competição na seleção oficial das longas metragens, outro nas curtas metragens e também no que diz respeito à Quinzena dos Cineastas, a uma ou outra curta metragem portuguesa, "Quando a Terra foge", de Frederico com o Lobo. Então, algum prazer especial efetivamente a partilhar de alguma forma os holofotes de Cannes com este cinema made in Portugal?"Claro, claro, com certeza. Acho que é muito positivo ver esta presença em peso do cinema português e fico muito curiosa por ver todos estes trabalhos que ainda não tive oportunidade de ver e acho que também é uma forma de nos podermos reunir e também estar juntos nesta ocasião. Portanto, fico mais do que contente de partilhar estes holofotes."E acha que este festival, ainda é diferente de outros mais se tivesse sido selecionada para Locarno, para Berlim ? Cannes é diferente a seu ver ?"Eu não tenho uma experiência destes festivais, portanto este é o primeiro festival deste encargo em que eu passo um trabalho meu. Eu vejo estes festivais todos como festivais que são prestigiados e que têm cinema de qualidade e ficaria feliz de passar em qualquer um deles. Portanto, nesse sentido, acho que não. Acho que não, não. Não distingo o Festival de Cannes deste outros festivais que são também maravilhosos."E então falemos um pouco do jardim em movimento. Em que medida é que estamos aqui a falar da embriaguez ou do poder das flores, da sensualidade floral que é aqui colocada também, frente à sensualidade corporal? O que é que pretendeu efectivamente com "O jardim em movimento" ? Como é que você interpreta esta obra?"Este filme foi, sobretudo, uma das muitas possíveis interpretações ou hipóteses de retratar um espaço que eu conheço muito bem, porque nasci e cresci em Setúbal e, portanto, a Serra da Arrábida é um espaço que eu habitei desde que nasci. E, portanto, a forma como eu vejo este espaço está moldado por todas estas experiências que eu lá passei, quer de criança, quer como adulta. E que, para mim, é um espaço que vive numa dicotomia muito grande entre, por um lado, ter esta beleza idílica e que atrai muita gente e que é um espaço seguro. Mas por outro lado, é um espaço que à noite tem os seus perigos.E a crescer também foram-me contadas histórias de certas coisas, da dimensão do oculto que se passam lá por ser um sítio considerado mais místico. E, portanto, para mim é inevitável ver este espaço sem ser dentro desta polarização. E por isso é que a mim sempre me interessou e acho que não conseguiria falar de outra forma. É uma Serra da Arrábida dentro de moldes, digamos, da fábula, porque acho que é um sítio que está vivo, de muitas formas. E que mais do que nós, olharmos para ela, para esta paisagem que normalmente é isso que nós pensamos de nós próprios, que nós somos os únicos observadores. Eu queria retratar. Tinha a intenção de colocá-la também a olhar para nós. E acho que esse foi um dos principais objectivos ou pontos de partida."Tem algo que ver com as temáticas de preservação do meio ambiente, que são mais do que candentes no século XXI ? Sobre a interacção, possível ou desejável entre os seres humanos e a flora ? Porque entramos aqui muito no campo da botânica e de toda a vasta gama das plantas que residem, que desabrocham de forma luxuriante na Serra da Arrábida."Sim, acho que também está sempre de mãos dadas este tema quando se fala da Serra da Arrábida, eu acho. Porque, não só pela presença já quase centenária da fábrica de cimento, que é um problema ambiental muito grande, mas que já existia antes da Serra da Arrábida ser considerada um parque natural. E com essa designação vem um grande conjunto de leis e restrições que, infelizmente, esta fábrica não teve, ou pelo menos não teve se calhar os que deveriam.E, ao mesmo tempo, também pela questão da recente privatização de alguns terrenos dentro do próprio parque, que é uma coisa muito recente e que não só aos habitantes de Setúbal, mas aos visitantes neste momento apresenta- se uma grande área restrita, que durante todos estes anos foi aberta e há espaço que faz parte do Parque Natural e, portanto, isto de certa forma, também apresenta uma ameaça. Portanto, sim, acho que estes dois temas estão muito conectados e a narrativa que se tentou criar, tentei que espelhasse ou que se cruzasse um pouco com esses temas. Sim."E como é que se chega então a este produto final? Implicou, obviamente, muita aplicação e muito investimento. Também os encargos financeiros que isso implicou !Como é que você chega a este produto final? Você que já trabalhou, por exemplo, na programação do IndieLisboa, pode contar-nos um pouco o seu percurso até chegar a "O Jardim em Movimento" ?"Eu estudei a Escola de Cinema de Lisboa e foi aí que realizei o meu primeiro filme, neste caso, filme de estudante, filme de escola. Um pouco depois acabei por envergar mais pelo cinema experimental. E foi aí que eu encontrei Elias Querejeta Zine Eskola. Que é uma escola recente em São Sebastião, em Espanha, e aí estudei cerca de um ano, um ano e meio. O cinema experimental é um tipo de cinema e de veículo no qual eu me comecei a identificar mais e, portanto, foi sair um pouco da narrativa. A forma de pensar os filmes de forma mais narrativa para me deslocar a um universo mais experimental. E aí realizei outro filme que foi "A Casa do Norte", que é o meu último filme antes do "Jardim em Movimento" e desde então, desde que voltei para Portugal, tenho estado a preparar este filme. Portanto, há cerca de três anos mais ou menos. Que, apesar de ser o meu terceiro filme, é o meu primeiro fora de instituições e de forma profissional e auto-financiada com tudo o que isso acarreta. E que acho que também acaba por combinar um pouco da narrativa que se cruza com, se calhar, uma estética mais experimental ou mais sensorial, talvez. De onde é que vinha o apetite pelo cinema e daquilo que se lembra e da sua mais tenra meninice? E se sim, quais são as minhas propostas com as quais sente maior proximidade? Propostas cinematográficas, claro."Por acaso não se trata de uma vocação ou de um sonho que eu tinha desde nova. Eu sempre me dividi entre muitas áreas e muitos interesses. Ainda hoje isso acontece. Não querendo apenas fazer cinema ou imagem em movimento destinado para uma sala de cinema no contexto da sala de cinema e, portanto, no fundo, foi ir para a escola de cinema foi um pouco um salto de fé. Que não era uma certeza, mas acabou por se confirmar como uma decisão muito positiva. E eu acho que também os meus interesses e o tipo de espectadora que eu sou hoje, ou o tipo de consumidora que eu sou hoje acho que também passou muito por esses anos de estudo na escola de cinema, mais do que anteriormente, sendo-lhe honesta, é isso."
Com a sua primeira longa-metragem, “A Metamorfose dos Pássaros”, de 2020, a cineasta Catarina Vasconcelos já passou por mais de 70 festivais, depois de duas dezenas de distinções, nomeadamente o “Fipresci” da crítica do Festival de Berlim ou o prémio de melhor realização no IndieLisboa, e recebeu 4 troféus nos prémios Sophia. Esta obra, entre a realidade e a ficção, sobre a sua mãe e a sua avó, que partiram cedo demais, soma mais de 15 mil espectadores em sala, além das plataformas de streaming. A fasquia está alta e o futuro a Catarina pertence, que após a curta “Nocturno Para uma Floresta”, prepara nova longa sobre a relação das pessoas com a morte e aqui desvenda mais sobre si e o seu cinema.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Estar no "aqui" com a longa-metragem de Bas Devos, presente na secção Silvestre do IndieLisboa '23.
Edição de 29 de Abril 2023
Novos filmes de Emanuele Crialese e Stephen Frears
Reflexão sobre os terrenos férteis da curta-metragem da realizadora Tomás Paula Marques, presente no Visions du Réel e no IndieLisboa.
Em antecipação para a 20ª edição do IndieLisboa, olhamos para duas propostas de curtas-metragens na Competição Internacional.
Novo filme de Anthony Lapia estreia na próxima edição do IndieLisboa, que acontece de 27 de Abril a 7 de Maio.
Falcão Nhaga é um jovem realizador português, de origem cabo-verdiana e guineense. Para o seu filme de fim de curso na Escola superior de teatro e cinema de Lisboa ele realizou a curta metragem "Mistida", filme seleccionado para o Cinéfondation no Festival de cinema de Cannes. "Mistida", recentemente projectado no festival IndieLisboa, versa sobre o confronto de duas gerações. Uma mãe imigrante, de origem guineense, em Portugal, encarnada pela actriz Bia Gomes faz contas à vida com o seu filho, universitário, papel desempenhado pelo luso-guineense Welket Bungué. Este foi celebrizado agora também no mais recente filme do canadiano David Cronenberg "Crimes do futuro", uma das 21 longas metragens em competição no Festival de cinema de Cannes. Falcão Nhaga partilhou com a RFI as suas impressões desta sua primeira edição do certame do sul de França onde, com um total de 16 filmes de escolas, integrou o Cinéfondation.
“Cesária Évora” é o documentário que revela a “história incrível e inspiradora” da mulher que foi a grande “embaixadora” de Cabo Verde no Mundo. Para contar a vida de lutas e sucessos da artista que é a maior referência da música de Cabo Verde, a realizadora Ana Sofia Fonseca usou gravações inéditas, imagens de arquivo e testemunhos. “Cesária Évora” tem integrado a programação de alguns dos mais importantes festivais de cinema a nível mundial. Por exemplo, a primeira apresentação aconteceu nos Estados Unidos, no Festival South by Southwest, no Brasil fez parte do programa do festival É Tudo Verdade, e em Portugal teve a primeira apresentação no Festival IndieLisboa, onde ganhou o Prémio do Público – Longa Metragem. A RFI aproveitou a presença da realizadora no IndieLisboa para “levantar o véu” do documentário “Cesária Évora”. Ana Sofia Fonseca começa por revelar que a ideia para realizar o filme surgiu em Cabo Verde, poucos dias depois de Cesária Évora falecer. Em Portugal, “Cesária Évora” deve chegar às salas de cinema durante a rentrée.
«Mato Seco em Chamas», de Adirley Queirós e Joana Pimenta, é o grande vencedor do IndieLisboa 2022; Luís Severo nas Manhãs da 3; Cartazes misteriosos parecem anunciar parceria entre Diana Ross e Tame Impala.
Cerimónia dos prémios da música portuguesa acontece mais logo no Coliseu dos Recreios; Começa hoje o festival multidisciplinar Temps d'Image; Telectu, Batida e Laurent Garnier entre os destaques de hoje no IndieLisboa.
O documentário “Sita: a vida e o tempo de Sita Valles”, da realizadora Margarida Cardoso, parte da história de uma das vítimas mais conhecidas do 27 de Maio de 1977 em Angola para falar de toda uma geração destruída e calada à força. O filme devolve-lhes a voz e vai ter a primeira exibição pública no festival IndieLisboa, a 6 de Maio, estreando nos cinemas portugueses a 12 de Maio. É um documentário esmagador e desconcertante. “Sita: a vida e o tempo de Sita Valles”, da realizadora Margarida Cardoso, parte da história de uma das vítimas do 27 de Maio de 1977 em Angola, Sita Valles, para lembrar todos os que foram assassinados nos dois anos que se seguiram a esse dia. A 27 de Maio, manobras militares e apelos a manifestações populares a favor de uma mudança ideológica no seio do MPLA são reprimidas pelas forças leais ao presidente Agostinho Neto. A versão oficial que perdurou no tempo é que foi uma tentativa de golpe de Estado. Seguiram-se dois anos de perseguição brutal aos chamados fraccionistas ou nitistas, com milhares de mortos. O silêncio começou a ser quebrado há poucos anos, há um processo de reconciliação nacional em curso, o Presidente de Angola pediu perdão em nome do MPLA em 2021, há promessas de entrega de ossadas e certificados de óbito, mas a luta continua. É o que mostra o último plano do filme. A luta continua. Porquê? É por esta pergunta que começamos a conversa com Margarida Cardoso. RFI: “A luta continua” é a frase que se lê no último plano do filme, acompanhado pelo discurso do Presidente a pedir desculpas às vítimas dos conflitos políticos, nomeadamente do 27 de Maio. Por que escolheu terminar com este plano? Margarida Cardoso, Realizadora: A luta continua tem um significado muito especial porque eu acho que esta luta para se descobrir a verdade, para se tentar a reconciliação, não está fechada com um pedido de desculpas. Eu acho que este processo de tentativa de reconciliação de um povo, do próprio povo com os seus irmãos, é uma coisa que tem que continuar. E já num filme anterior que eu tenho, “Kuxa Kanema - O Nascimento do Cinema”, eu também termino com essa frase. Os acontecimentos de 27 de Maio de 1977 provocaram uma purga em Angola que levou à morte de mais de 30.000 pessoas, de acordo com a Amnistia Internacional, mas os números variam e o filme aponta que possam ter sido até 70.000. Porque é que escolheu partir da história desta mulher, Sita Valles, na altura com 25 anos, mãe há poucos meses, que segundo vários relatos estaria novamente grávida quando desapareceu e que foi acusada de ser uma das cabecilhas do alegado golpe? Eu encontrei a história da Sita quando fazia a investigação para um filme de ficção que fiz, “Yvone Kane”, e eu estava muito interessada em como as pessoas nessa altura, sobretudo nos anos 60 e 70, se empenhavam tanto nas lutas ideológicas e como esses conflitos ideológicos tinham uma importância tão grande nessa geração. Encontrei a figura da Sita e, claro, quis logo fazer alguma coisa com a história dela. Era um personagem bastante contraditório, quer dizer, para uns era uma revolucionária que levou a luta política até ao extremo, para muitos que a levou longe demais. Interessou-me muito essa questão tão complexa da própria personalidade da Sita e de como ela, no fundo, também tinha passado por três fases. Foi uma pessoa que viveu no tempo colonial, numa sociedade colonial em Angola muito cheia de regras e ela até era de uma família bastante burguesa, estava bem ali com os brancos apesar de ser goesa. Depois, ela também veio para Lisboa e passou uma fase da luta anticolonial em Lisboa. E, depois, o seu fim em Angola, nos primeiros anos da independência. Portanto, o facto de ela ter atravessado estas três fases interessou-me também muito porque são fases que ando a estudar há muito e que me interessam nos filmes. O processo foi muito longo porque o assunto ainda era tabu em Angola quando fui a primeira vez e comecei a entrevistar pessoas. Também porque era muito difícil contar esta história sem contar outras coisas, mas penso que consegui uma coisa que muitas pessoas podem aderir sem conhecerem os pormenores da história que são muitos. Como disse e vemos no filme, muitos testemunhos descrevem Sita Valles como uma revolucionária profissional, uma agitadora, uma temerária, uma activista que desafiava o perigo. Ela lutou contra o regime fascista em Portugal, era comunista, lutava na clandestinidade dos bancos da faculdade de medicina e depois da Revolução dos Cravos foi para Angola e integra o MPLA. Por que é que ela foi uma das principais visadas pela repressão e como é que hoje a descreve? Um fantasma incómodo? Para responder à primeira questão eu acho que temos de contar que, no fundo, de todas estas vítimas dos acontecimentos do 27 de Maio, a Sita foi a pessoa que acabou por ter mais projecção penso que pelo facto de ser uma mulher. No filme vê-se a lista dos cabecilhas e das pessoas que o MPLA procurava na altura como os cabecilhas do alegado golpe e a Sita é a única mulher. A família dela também fez um grande esforço para não se esquecer a história dela. No filme, mostra, por exemplo, alguns planos em que lemos: “É preciso apanhar já estes assassinos” e em que se vêem os rostos de Nito Alves, José Van Dunem, Bakalof, Sita Valles, Luís Passos… Sim, sim, sim. Isso eram panfletos ou era no Jornal de Angola? Não, era do Jornal de Angola, mas também havia muitos panfletos e havia inclusivamente panfletos à porta das lojas e tudo, mas disso não tenho imagens. Há muito poucas imagens disponíveis destes acontecimentos, o que é natural. Mas respondendo à questão anterior, eu acho que a Sita foi muito mais visada porque foi considerada uma figura quase diabólica, de certa forma. Eu acho que foi porque nunca a consideraram angolana. Apesar de a Sita ter nascido em Angola, ela nunca teve a nacionalidade angolana, nunca lhe foi concedida essa nacionalidade e foi sempre considerada a estrangeira que se intrometeu um pouco nos assuntos internos - o que é absolutamente injusto visto que ela nasceu em Angola mas nunca conseguiu a sua nacionalidade pós-independência. Depois, eu acho que o facto de ser mulher foi um dos factores para que ela fosse uma das figuras mais perseguidas e mais diabolizadas, de certa forma. E como é que hoje a descreve, como é que olha para ela? Uma heroína trágica? Sim. Eu olho com todas as contradições do que é uma heroína trágica, como dizes. Ela tinha uma série de qualidades imensas, de conseguir juntar pessoas, de conseguir modificar as coisas, pôr coisas a andar, uma capacidade oratória muito grande. Mas, ao mesmo tempo, tinha também dentro dela um lado um pouco de uma falta de abertura em relação a outras coisas, tinha um lado demasiado focado nalgumas coisas. Eu acho que é isso, que é uma heroína trágica e que traz com ela, dentro da tragédia da sua muito curta vida, toda a tragédia de uma certa geração. Sobretudo as questões identitárias, aquilo que eu referi no início de ela nunca ter conseguido ter a sua nacionalidade. Aconteceu com muita gente e aconteceu com muitas pessoas que estão a ser entrevistadas no filme. Esse problema, essa divisão que houve nessa altura, essa confusão que havia num mundo numa turbulência incrível, eu acho que marca muito não só a personagem da Sita mas também a personagem de uma geração. Por isso, o filme se chama, talvez de uma forma um pouco pomposa, “A vida e o tempo de Sita Valles” porque ela também representa um tempo. O tempo em que é mostrado este filme é um tempo em que se quebra o silêncio em torno do 27 de Maio. O filme estreia em ano de eleições gerais em Angola. É uma coincidência ou há uma parte de activismo e de reparação de o fazer em ano de eleições? Em relação ao filme, não coordenei nada. Realmente o filme sai agora porque foi a altura em que eu acabei. Curiosamente, eu já tinha acabado o filme quando o Presidente João Lourenço fez aquele pedido de desculpas do 27 de Maio, que aparece no final do filme, porque juntei-o ao final. Sai agora, numa altura em que realmente vai haver eleições, mas não foi com nenhum propósito. Como há tantas forças e tantas coisas tão sensíveis, eu tentei focar toda a história muito na biografia da Sita. Claro que me posiciono do lado em que temos que denunciar a purga que se seguiu a este alegado golpe, que foi uma coisa brutal – é considerada até hoje a maior purga ideológica em África – e eu estou do lado de apoiar todas as pessoas e todas as associações que ainda lutam pela verdade e, sobretudo, para se continuar a falar deste assunto. Mas sei que há várias formas de pensar, várias formas de abordar este assunto que ainda tem tantos segredos, tantas coisas escondidas. As pessoas entrevistadas têm alguma expectativa em torno do processo de reconciliação nacional? Uma das pessoas que fala diz que é apenas uma forma de "passar uma esponja sobre o assunto"… Sim, quem diz isso é o próprio irmão da Sita. Aquele anúncio da devolução das ossadas ou da identificação das ossadas de certas pessoas que são nomeadas como cabecilhas do alegado golpe… Eu não tenho seguido muito pormenorizadamente porque tenho estado a filmar em São Tomé já há mais de quatro meses e estou um bocadinho fora das últimas notícias, mas penso que esse processo também não está a correr muito bem, está a correr de uma forma sempre um pouco obscura e pouco transparente. Eu acho que, sinceramente - e também há uma pessoa no filme que diz isso, a Maria Eugénia Varela Gomes - talvez isto seja um pouco como a guerra civil de Espanha, nunca se consegue realmente chegar a uma reconciliação, isso não existe, é difícil. O perdão e a reconciliação, nestes casos, pode-se fazer muitas coisas mas vai ser difícil essa reconciliação. Eu acredito sinceramente que se houvesse mais transparência nos processos, tudo seria melhor. Se não houvesse tentativa de calar as pessoas, de manipular aquilo que elas dizem ou questionam. Eu sei que este filme vai ser um filme que muitas pessoas vão dizer que “não foi assim” ou que “isto não é assim”. Eu sei esse tipo de coisas. Mas estes filmes e estas abordagens têm que continuar a existir. Eu comecei o filme há dez anos e hoje consegue-se falar do 27 de Maio. Acho isso muito importante. Escolheu fazer um filme em forma de documentário, recorreu a fotografias, a imagens de arquivo e foi buscar testemunhos de sobreviventes do 27 de Maio e o irmão de Sita Valles. Isto corresponde a uma tentativa de se aproximar um pouco mais daquilo que pode ter acontecido? Em vez de fazer uma ficção, por exemplo? Eu acho que não estamos na altura ainda de ficcionar uma coisa em que ainda há tantas coisas para se saber, para se ouvir e tudo isso. Para mim é a forma de dar a voz às pessoas que estiveram caladas tantos anos. Eu tenho também entrevistas antigas feitas há quase 11 anos em que as pessoas ainda tinham um certo receio de dizer algumas coisas e, para mim, faz todo o sentido que o filme tenha essa forma de testemunho, de dar a voz. Tenho também pessoas que morreram entretanto mas que tiveram a hipótese de falar sobre isto e de dar entrevistas e essas entrevistas, mesmo que eu as use 5 ou 10 minutos, pelo menos fiquei com um espólio sobre o 27 de Maio, com entrevistas longuíssimas que às vezes têm três e quatro horas. Eu valorizo muito ter ouvido essas pessoas, ter gravado e ter registado. Até porque o filme fala de Sita Valles mas é “o tempo” de Sita Valles, ou seja, está omnipresente o 27 de Maio de 1977 e, com ele, todas as vítimas da repressão. Depois de todas as suas investigações e de ter realizado o filme, como é que resume o 27 de Maio de 1977 e os dois anos que se seguiram? A percepção que eu tenho – e acho que passa um pouco no filme – é que é como se se tivesse criado uma espécie de tempestade perfeita para se conseguir aniquilar tantas pessoas, por vezes de uma forma mais sistemática e mais organizada e, depois, dentro desse espírito da tempestade perfeita, houve milhares de pessoas que foram assassinadas por nada, porque alguém queria a casa, por intrigas pessoais, etc. Por várias razões, criou-se ali uma tempestade perfeita a nível de violência, de vingança. Eu não tenho nenhuma explicação, também não me cabe a mim fazer esse tipo de julgamentos, mas eu queria dar no filme a ideia disso. Eu sei que a história nunca se corrige e nós vimo-lo hoje com a guerra na Ucrânia. Nós continuamos sempre a cometer os mesmos erros históricos, mas eu gostava muito que o filme transmitisse isso, transmitisse a ideia que tenhamos sempre cuidado porque estas tempestades podem acontecer. Aconteceram nessa altura, mas podem acontecer hoje em qualquer sítio. Essa explosão de violência aleatória é uma coisa que a mim me assusta muito porque me faz desacreditar muito na natureza humana. Gostava que o filme funcionasse como um pequeno aviso para que isso não volte a acontecer. O que resta da Sita Valles em nós? Ela resta em nós como uma espécie de pedra no sapato. Qualquer coisa que está ali, que não foi resolvida e que nos faz sempre pensar em como as pessoas podem ser apanhadas em mecanismos históricos com vários links porque também no momento em que ela foi para Angola todas as forças geopolíticas que estavam em jogo eram extraordinárias, eram terríveis. Eu acho que o que resta dela em nós é isso. O facto de ela ter desaparecido, e ter desaparecido naquelas circunstâncias, faz com que ela seja hoje para nós esse grãozinho de areia que nos faz sempre pensar no que correu mal, no que se poderia ter sido feito melhor e no que se pode fazer melhor para o futuro. O filme tem estreia prevista em Angola? Não sei, francamente não sei. Vai estrear em Portugal, temos a estreia no Indie, depois uma estreia em sala no Cinema Ideal. O filme vai passar na RTP2 em duas partes nos dias 26 e 27 de Maio deste ano e também vai estar disponível depois na plataforma Filmin logo a partir do momento da estreia. Espero que seja uma forma de poder divulgar o filme. Se não houver uma estreia em Angola, há muitas maneiras de ver o filme e quem estiver interessado pode aceder ao filme. Tenho muita esperança que mesmo que não haja estreia, as pessoas possam aceder ao filme.
Os Portishead regressaram aos palcos sete anos depois do último concerto; filmes em destaque hoje no IndieLisboa; estreia este mês um novo documentário sobre a vida do comediante George Carlin
Elon Musk quer rentabilizar o Twitter e o Domínio Público aproveita para rentabilizar as agendas, com a ajuda do IndieLisboa, do Mil, de Gentleman e dos Bandua.
Filmes do dia no IndieLisboa; Red Hot Chilli Peppers fazem homenagem a Taylor Hawkins no New Orleans Jazz Fest.
Novidades e reportagens do IndieLisboa, Bienal de Veneza, Festival Theia, Basqueiral e Barroselas MetalFeast. Entrevista com Captain Boy sobre novo disco. Este sábado, das 13h às 15h, na Antena 3.
Peça de Filipa Peraltinha nas Carpintarias de São Lázaro; retrospectiva Doris Wishman; música nova de Iceage.
Abertura da 19ª edição do IndieLisboa; estreia nos cinemas portugueses do novo filme de Susana Nobre; início do ciclo do Cineclube Alvalade.
Destaques da programação da 19ª edição do Indielisboa.
"No Taxi do Jack"; "Notre-Dame em Chamas"; 19º Indielisboa
"We Own This City", “As Luminosas", “O Mistério de Marilyn Monroe", "Notre-Dame em Chamas" e o regresso do IndieLisboa são os destaques a ver esta semana. See omnystudio.com/listener for privacy information.
IndieLisboa apresenta a programação completa da edição 2022; Salto anunciam novo disco e concertos; Mac DeMarco e Wheater Station em Portugal; novo single das Wet Leg. Novo álbum esta sexta.
Sete novas confirmações no Vodafone Paredes de Coura; IndieLisboa apresentou hoje a programação completa do festival; Wet Leg lançam «Ur Mum», último single do disco homónimo que sai esta sexta-feira.
"Eram 27 Dias e Paraste", de Jota Assis e Noiserv, "We Were Floating High", de Tiago Gomes, e "Caudal", de Luís Sobreiro, são as três curtas musicais na edição deste ano do IndieLisboa. Falámos com todos os realizadores.
Capitão Fausto seguem digressão pelas ilhas de Faro; IndieLisboa segue com «Inheritance»; Velvet Underground vão ter novo documentário, e o trailer já saiu
Capitão Fausto dão cinco concertos pelas ilhas de Faro entre domingo e quinta-feira; IDLES fazem versão de «The God That Failed» para edição de homenagem ao Black Album; festivais de cinema: IndieLisboa e Motel X
Vai-m'à Banda amanhã e sábado pelas tascas de Guimarães; Feiras do Livro de Lisboa e Porto começam esta semana; sugestão IndieLisboa: um filme com e sobre St. Vincent
Os festivais da semana: Zigurgest, Azores Burning Summer, Figuras à Rampa; «Bad Luck Banging or Loony Porn» hoje no IndieLisboa; Gisela João lança remix de «Louca» e anuncia concertos
IndieLisboa anunciou o programa completo para a 18ª edição; Land Art Festival com open call para artistas; Mallu Magalhães lança primeiras datas da digressão nacional
O IndieLisboa atrai público e profissionais de cinema de todo o mundo, dando-lhes a oportunidade de descobrir filmes recentes de talentos emergentes e redescobrir autores de renome.
“A Árvore”, do realizador português André Gil Mata, vai chegar aos cinemas franceses a 26 de Maio, depois de vários meses de espera com as salas fechadas devido à pandemia. André Gil Mata falou à RFI sobre a sua visão do cinema e sobre esta obra radical, que se estreou no Festival internacional de Cinema de Berlim e que venceu o prémio de Melhor Realização portuguesa no IndieLisboa. Um filme contemplativo sobre o tempo, a solidão e a guerra. Oiça aqui a entrevista:
Mesmo em ano de pandemia, o cinema brasileiro continua vivo. Chega a Lisboa uma seleção de filmes para a 3ª Mostra de Cinema do Brasil que acontece no cinema drive-in da Fábrica Braço de Prata. O evento, previsto inicialmente de 21 a 25 de outubro, foi adiado devido à chuva para a semana que vem e ocorre entre os dias 28/10 a 1/11. A programação não foi alterada. Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Lisboa Este será o primeiro festival de cinema brasileiro realizado fora do Brasil em 2020, em um cine drive-in. Apesar de todas as limitações para eventos culturais por conta do novo coronavírus, a diretora da mostra, Fernanda Bulhões, adaptou o formato para conseguir realizar a terceira edição do festival. “Sem dúvida a cultura não pode parar em tempos de pandemia. Isso fez repensarmos o modelo porque o nosso festival estava previamente agendado para julho, bem no epicentro da pandemia, pelo menos no Brasil. Todo o festival foi transferido para o segundo semestre e ficamos sem uma data para apresentar a mostra no cinema São Jorge, em Lisboa, onde costumávamos fazer", afirma. Ela explica que a alternativa do cine drive-in atendia à série de protocolos de distanciamento social, para que os frequentadores se sentissem seguros. "Com isso, a gente poderá fazer com que a roda da cultura continue girando, o que é tão importante para todo mundo”, comenta. A mostra é uma iniciativa da embaixada do Brasil em Lisboa, em parceria com a Linhas Produções Culturais, que já realizam as edições desde de 2018. Segundo Igor Trabuco, diplomata-chefe do setor cultural da embaixada, a criatividade e poder de adaptação do povo brasileiro fizeram com que o evento fosse possível. “A pandemia do novo coronavírus trouxe desafios estruturantes para a indústria cultural como um todo. Para qualquer entidade que esteja buscando a realização de eventos culturais como um todo, como projecção de cultura brasileira no exterior, a necessidade de adaptalidade em face desses novos tempos é um requisito que só colabora para demonstrar ainda mais a criatividade, que é uma marca inerente da cultura brasileira em todos os seus nichos", diz o diplomata. Apesar do pouco tempo para prever datas e organizar o evento diante das restrições impostas e constantes alterações, a diretora da mostra diz que o público tem abraçado a iniciativa e mostrado muito interesse em participar. “A aceitação do público tem sido enorme! Nós temos tido um retorno muito positivo pelas nossas mídias sociais. Como a mostra já está indo para o terceiro ano consecutivo e já virou uma tradição na cidade, sem dúvida a aceitação está sendo ótima.” Serão exibidas nove produções brasileiras contemporâneas, incluindo dramas, biografias, romances e comédias, a começar por Bacurau, grande vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2019, com Sônia Braga, Udo Kier, Barbara Colen, Karine Teles, Antonio Saboia, Thomas Aquino, Silvero Pereira, Thardelly Lima e grande elenco. O filme, cotado para ser indicado ao Oscar 2021, é um suspense de tirar o fôlego. Na história, que se passa em um pequeno povoado do sertão nordestino, os moradores descobrem que o local não faz mais parte do mapa logo após a morte de dona Carmelita, de 94 anos. Aos poucos, os habitantes percebem algo estranho na região - quando cadáveres começam a surgir misteriosamente, eles percebem que estão sendo atacados e se unem contra o inimigo. Outra grande atração é A Vida Invisível, de Karim Ainouz, vencedor da Mostra Um Certo Olhar, no Festival de Cannes de 2019, que traz no elenco Fernanda Montenegro, Carol Duarte, Julia Stockler e Gregório Duvivier. No filme, que se passa no Rio de Janeiro dos anos 1940, Eurídice é uma jovem talentosa, mas bastante introvertida. Guida é sua irmã mais velha e o oposto do temperamento em relação ao convívio social. Ambas vivem em um rígido regime patriarcal, o que faz com que trilhem caminhos distintos: Guida decide fugir de casa com o namorado, enquanto Eurídice se esforça para se tornar uma musicista, ao mesmo tempo em que precisa lidar com as responsabilidades da vida adulta e um casamento sem amor. Vencedor de três prêmios do Festival de Locarno em 2019 (o prêmio da crítica internacional, o prêmio do Júri Jovem e o prêmio de melhor ator no Festival de para Regis Myrupu), além do Grande Prêmio de Longa Metragem do IndieLisboa em 2020, A Febre, de Maya Da-Rin, também está entre os destaques. No filme, um índio de Manaus, que vive há 20 anos na grande cidade, passa a trabalhar como segurança de um porto. A filha, Vanessa, trabalha em um posto de saúde e precisa lidar com uma estranha febre, que aparece subitamente. Paralelamente, uma série de estranhos ataques a animais ganha destaque na TV local. Outro destaque é Chacrinha, cinebiografia de um dos maiores apresentadores da TV brasileira de todos os tempos, com Stepan Nercessian no papel principal e Andrucha Waddington na direção. Para os fãsde comédia, o festival traz Minha Vida em Marte, de Susana Garcia, com Paulo Gustavo e Monica Martelli, que se tornou uma das maiores bilheterias do Brasil em todos os tempos, com mais de 5 milhões de espectadores. O festival terá ainda o filme 10 Segundos para Vencer, drama biográfico sobre a história de Éder Jofre, considerado um dos 10 maiores boxeadores de todos os tempos, com direção de José Alvarenga Jr. e atuação de Daniel Oliveira,Osmar Prado e Sandra Corveloni (melhor atriz em Cannes em 2008 pelo filme Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas). Completam a mostra o documentário Dorival Caymmi, de Daniela Broitman, sobre um dos maiores artistas da história da música brasileira, a comédia dramática Como é Cruel Viver Assim, de Julia Resende, com Marcelo Valle, Fabíula Nascimento e Débora Lamm, e Hebe – A Estrela do Brasil, de Maurício Farias, com Andrea Beltrão, Marco Ricca e Danton Mello, que conta a história de uma das maiores e mais populares apresentadoras de televisão do país. Pela atuação, Andrea Beltrão foi indicada ao Emmy Internacional 2020. Para o embaixador do Brasil em Portugal, Carlos Alberto Simas Magalhães, a excelente receptividade do cinema brasileiro pelos portugueses é a principal razão de existência da mostra. “O cinema brasileiro sempre marcou uma presença muito forte em Portugal, com muitas premiações, e é sempre muito bem acolhido. Por isso a continuidade é também fundamental, à medida em que as produções se renovam ano a ano e o público português pode ter contato com nossos mais diversos gêneros”, afirma. Segundo Igor Trabuco, Chefe da seção cultural da embaixada, o sucesso das duas primeiras edições é uma prova inequívoca de que o evento deveria seguir, mesmo em tempos de pandemia. “A mostra entrou de vez na agenda cultural de Lisboa. Neste ano, naturalmente, tivemos que fazer alguns ajustes na data e também no meio de exibição, o drive-in, em atendimento a todos os protocolos de saúde. Será uma oportunidade singular para amigos, amantes de cinema e famílias que amam a cultura de nosso país”, destaca. 3ª Mostra de Cinema do Brasil em Lisboa 28 de outubro a 1° de novembro Drive-in do Fábrica Braço de Prata Rua da Fábrica de Material de Guerra 1 – Lisboa Ingressos: € 3 por pessoa (sem consumação) € 5 por pessoa (dois filmes no mesmo dia) € 18 por pessoas (para todos os filmes) Reservas pelo fone. + 351 968 599 969 Mais informações pelo site: http://www.bracodeprata.com/ PROGRAMAÇÃO: Quarta - 28/10 20h - A Vida Invisível Quinta - 29/10 19h - A Febre 21h - Caymmi Sexta - 30/10 19h - Como é Cruel Viver Assim 21h – Hebe – A Estrela do Brasil Sábado - 31/10 19h - Minha Vida em Marte 21h - Bacurau Domingo - 1/11 19h - Chacrinha 21h - 10 Segundos para Vencer
Neste episódio do Hollywoodland, André Dinis junta-se a Pedro Gonçalves, realizador do documentário "Caos e Afinidade", que estreou no IndieLisboa, e discutem as mais variadas notícias desde os prémios Emmy à nova versão do #The Godfather 3" e analisam os mais recentes filmes, entre eles, "Enola Holmes" e "The Devil All The Time". --- This episode is sponsored by · Anchor: The easiest way to make a podcast. https://anchor.fm/app --- Send in a voice message: https://anchor.fm/hollywoodland/message
"Fantasmas do Império" é o último filme da realizadora francesa Ariel de Bigault, cuja estreia teve lugar a 28 de Agosto no quadro do festival IndieLisboa. O documentário contrapoe excertos de um século de imagens, de mais de 50 filmes provenientes do Arquivo Nacional de Imagens em Movimento e filmes pós coloniais, comentados por 7 cineastas portugueses, interrogados pelos actores sao tomense Angelo Torres e o angolano Orlando Sérgio. O objectivo da realizadora é através de "contrastes", expor a evolução do olhar dos portugueses em relação às ex-colónias.
Das cartas queimadas trocadas entre os avós, surgiu o filme “A Metamorfóse dos Pássaros” premiado internacionalmente e que esgotou no IndieLisboa. Catarina Vasconcelos diz que falta uma política de cultura em Portugal. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Uma conversa sobre feminismo e igualdade de género com a Catarina Jacinto, a fundadora da She Is, uma marca de t-shirt's para mulheres que são o que elas querem ser. E tudo sobre o IndieLisboa, o festival de cinema independente, e o Rooftop Bar, a esplanada do Hotel Mundial no Martim Moniz.
O Jorge Jácome fez a curta-metragem Past Perfect, que foi apresentada em Portugal no IndieLisboa. Falámos, entre muitos outros tópicos, sobre lagos na floresta com pássaros a cantar, Michael Bay, Éric Rohmer e os filmes do próprio convidado.
Welket Bungué, ator e realizador de origem guineense, a residir entre Berlim e o Rio de Janeiro, vai estrear-se no IndieLisboa – Festival Internacional de Cinema – com o filme "Arriaga", a 4 de maio, às 21h30, no Cinema São Jorge, com uma segunda sessão no dia 8 de maio, no mesmo local a mesma hora, com a presença do realizador.O filme "Arriaga" explora o universo da diáspora africana dos arredores de Lisboa e conta com atores como Isabél Zuaa, Cleo Tavares, Mauro Hermínio, Paulo Pascoal, Nádia Yracema e Miguel Valle.Welket Bungué estará também presente no Hangar, no dia 7 de maio. Mais infos em: https://radioafrolis.com/2019/05/02/audio-194-welket-bungue-no-indielisboa-com-o-filme-arriaga/
Jorge Vaz Gomes é o nosso convidado desta semana. Actualmente realizador de cinema, Jorge é um ex-engenheiro que também se dedica à fotografia. Trabalhou para televisão, nomeadamente no canal Q. Foi o co-autor de "Docs ao Lanche", com João Pacheco. Estreou recentemente uma média metragem: "O Quarteirão", inspirada nos livros do ciclo "O Bairro", de Gonçalo M. Tavares. Uma obra que poderá ser vista no dia 20 de Abril, num ciclo de cinema contemporâneo, organizado por Gonçalo Tocha, na Associação Renovar a Mouraria, em Lisboa. Já a nova curta-metragem do nosso convidado, intitulada "Jean-Claude", faz parte da edição deste ano do festival de cinema IndieLisboa e será exibida no dia 30 de Abril, no Cinema São Jorge. Trouxe-nos: 1984 - George Orwell O Doutor Pasavento - Enrique Vila-Matas Austerlitz - W. G. Sebald
Ufa… Isto: o processo de composição da nova sonoridade do Rádio Defusão pelo próprio Lazy Boy; a presente edição do IndieLisboa de um ponto de vista muito pessoal; a estreia do single de regresso dos Daft Punk; e, nos 5 Cêntimos, a comemoração dos feriados que flanqueiam esta emissão com música de intervenção. Numa hora. […]
Numa milestone para este podcast, um Director's Cut moderado pelo António traz notícias de produção industrial de Star Wars, da fraca realização da sequela de Kick-Ass, do remake d'O Corvo, do genocídio de alienígenas por Tom Cruise, de náufragos canibais, entre outras. Depois analisam-se Celeste and Jesse Forever, The Hunter e Paulette. Finalmente, é conduzida uma entrevista a Melanie Shatzky, co-argumentista e realizadora de Francine, um dos filmes a concurso no IndieLisboa. http://archive.org/download/cinema_Ep74/ep75.mp3