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O Mundo Agora
Zohran Mamdani chamou atenção pela campanha 'autenticamente populista' à prefeitura de Nova York

O Mundo Agora

Play Episode Listen Later Nov 10, 2025 3:47


A vitória de um candidato socialista democrático na maior cidade dos EUA chamou a atenção do mundo. Zohran Mamdani indicou uma estratégia populista que não consiste em moderar discursos, mas em mobilizar os invisíveis. Thomás Zicman de Barros, analista político Na última semana, o mundo voltou os olhos para Nova York. A vitória de Zohran Mamdani nas eleições municipais da cidade foi destaque internacional. E o debate não girou apenas em torno das consequências para a política americana, mas também sobre as lições que sua campanha oferece. Há algo de curioso em ver o mundo acompanhar a contagem de votos em bairros de uma cidade estrangeira – por maior que seja. Mamdani virou a coqueluche no Brasil, mas não só. Aqui na França, todos os políticos de esquerda reivindicaram para si a sua mensagem. Há certa sabujice nisso tudo. Afinal, o mundo não dedica esse tipo de atenção a eleições em grandes cidades da América Latina, da Ásia ou mesmo da Europa. Essa exceção se explica, em grande parte, pela figura de Mamdani: um jovem de 34 anos nascido em Uganda, muçulmano e abertamente socialista. E, de fato, talvez haja lições a aprender.  Mobilização em duas frentes  Mamdani chamou atenção pela campanha que conduziu – autenticamente populista. Essa palavra, tão maldita, precisa ser desestigmatizada. Foi justamente nos Estados Unidos que ela surgiu, ainda no século XIX, com o Partido do Povo, uma legenda de esquerda, popular e antirracista que se reivindicava “populista” na luta dos debaixo contra as elites. Mas o populismo não se reduz à oposição entre “povo” e “elites”. Populismo é, antes de tudo, trazer para dentro da política aqueles que estavam fora – os invisíveis. É a capacidade de mobilizar os excluídos. E Mamdani venceu porque soube mobilizar. Essa mobilização ocorreu em duas frentes. Por um lado, o foco em questões que afetam diretamente o bolso dos cidadãos: ele propôs congelar aluguéis para combater o alto custo de vida na cidade, além de expandir o transporte público e o sistema de creches.Por outro, abraçou causas feministas, antirracistas e queer. Em seu discurso de vitória, destacou que deve haver solidariedade entre os trabalhadores precários que não conseguem pagar suas contas e os também precários vítimas de discriminação por gênero ou cor. Tudo isso, é claro, foi amplificado por um uso inteligente das mídias digitais e por uma mobilização impressionante: 90 mil voluntários bateram de porta em porta para registrar eleitores — lembrando que, nos EUA, o voto não é obrigatório. Houve quem dissesse que a vitória de Mamdani foi fácil porque ele concorreu em Nova York, e que esse discurso não funcionaria em outros lugares. Ezra Klein, colunista do The New York Times, argumentou — com seu tom sempre muito razoável, mas enfadonho — que o Partido Democrata deveria usar todas as estratégias disponíveis para vencer: lançar candidatos populistas em regiões progressistas, mas, em estados conservadores, apresentar democratas pró-armas e contra o aborto – quase “trumpistas moderados”. Essa estratégia tem problemas éticos e estratégicos. Eticamente, de que vale vencer uma eleição para barrar a extrema direita se o custo é adotar o discurso da extrema direita, normalizando-o? E, do ponto de vista estratégico, a verdade é que quase nunca se ganha assim. Diante de duas opções conservadoras, o eleitor conservador sempre preferirá o candidato “raiz”. Estratégia populista O que vimos nos últimos anos foi o colapso da ideia do eleitor mediano. Se ainda havia dúvidas, Kamala Harris as dissipou. No ano passado, Harris conduziu uma campanha – curta, é verdade – em que não apenas evitou explorar o fato de ser mulher, negra e asiática, como também não prometeu mudança alguma.Encarnou o establishment político, adotou um discurso conservador para conquistar supostos republicanos “democráticos”, e acreditou que a rejeição a Donald Trump seria suficiente para vencer. De fato, muita gente votou contra Trump, mas, enquanto ele manteve a proporção de votos de 2020, os democratas perderam milhões de eleitores entre um ciclo e outro – pessoas desencantadas da política que simplesmente não viram motivo para ir às urnas. Mamdani mostra que a estratégia populista é, antes de tudo, uma estratégia de mobilização. Sim, Nova York é uma cidade cosmopolita que, nos últimos anos, tende a votar à esquerda. Mas Mamdani produziu a maior mobilização eleitoral da cidade em mais de meio século – e quebrou todos os recordes, com mais de um milhão de votos. Como se diz em inglês, Mamdani foi 'unapologetic': não pediu desculpas, não moderou suas posições, não fez concessões. Recusou-se a ficar na defensiva. Quando uma campanha de difamação o acusou de antissemitismo e de proximidade com grupos muçulmanos extremistas, sua resposta à islamofobia foi gravar um vídeo em árabe. Sobretudo, ele prometeu um mundo – ou, no caso, uma cidade – diferente. Se há algo a aprender com sua vitória, é que o desafio das forças democráticas – não apenas do Partido Democrata americano, mas de todos os que acreditam na democracia ao redor do mundo – é reacender a imaginação.

Arauto Repórter UNISC
Não julgue

Arauto Repórter UNISC

Play Episode Listen Later Oct 28, 2025 1:42


Você já reparou o quanto as pessoas falam dos outros? Falam de tudo.Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzices. Sobretudo, falam do comportamento. E falam porque supõem saber. Mas não sabem. Porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem, não falariam.Só pode entender a dor de perder um filho, um pai ou mãe que já perdeu.Dou esse exemplo extremo porque ele ilustra melhor.As pessoas falam da reação das outras e do comportamento delas quase sempre sem jamais terem sentido o que elas sentiram.A verdade é que só sabemos o que já sentimos. Podemos intuir, perceber, atinar; podemos até, conhecer. Mas, saber, jamais. Só se sabe aquilo que já se sentiu.Então, quando for julgar a postura do outro, respire fundo. Só ele sabe o que está vivendo.

Assunto Nosso
Não julgue

Assunto Nosso

Play Episode Listen Later Oct 28, 2025 1:42


Você já reparou o quanto as pessoas falam dos outros? Falam de tudo.Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzices. Sobretudo, falam do comportamento. E falam porque supõem saber. Mas não sabem. Porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem, não falariam.Só pode entender a dor de perder um filho, um pai ou mãe que já perdeu.Dou esse exemplo extremo porque ele ilustra melhor.As pessoas falam da reação das outras e do comportamento delas quase sempre sem jamais terem sentido o que elas sentiram.A verdade é que só sabemos o que já sentimos. Podemos intuir, perceber, atinar; podemos até, conhecer. Mas, saber, jamais. Só se sabe aquilo que já se sentiu.Então, quando for julgar a postura do outro, respire fundo. Só ele sabe o que está vivendo.

O Mundo Agora
Vitória de Milei nas urnas revela uma crise de dois populismos

O Mundo Agora

Play Episode Listen Later Oct 27, 2025 5:01


As eleições legislativas argentinas revelaram uma crise compartilhada. Javier Milei venceu nas urnas, mas perdeu o ímpeto populista que o tornara símbolo dos descontentes. O peronismo, por sua vez, resistiu sem recuperar o fôlego. O país parece cansado, dividido entre dois projetos em crise. Thomás Zicman de Barros, analista político O clima no comitê de Javier Milei era de celebração. Com cerca de 40% dos votos, o presidente argentino saiu das eleições legislativas parciais deste domingo consolidado como a principal força política do país, à frente de um peronismo que se reduz a 31% do eleitorado. Mas, por trás da vitória, o que se vê é um país cansado, marcado por uma abstenção recorde e um clima de desânimo generalizado. As eleições, que renovavam um terço da Câmara e do Senado, registraram uma taxa de comparecimento de apenas 68%, a mais baixa desde 1942. O dado é eloquente: a Argentina parece exausta. O mileísmo sobreviveu e se expandiu no Parlamento, obtendo uma bancada suficiente para proteger seus decretos e resistir a tentativas de destituição, mas num ambiente de retração da participação. Os 40% de hoje garantem poder, mas estão longe dos 55% que o consagraram em 2023, num cenário de maior mobilização popular. O entusiasmo libertário de então deu lugar à simples rejeição ao peronismo. Naquele ano, Milei não venceu apenas como candidato das elites tradicionais, hostis à herança de Perón. Venceu como figura de transgressão, um outsider que falava a linguagem dos desencantados. Conseguiu atrair parte dos trabalhadores precários, dos jovens sem perspectivas e de uma população exausta do Estado e descrente dos partidos. Seu estilo anárquico, feito de improviso e fúria, parecia disputar com o peronismo o monopólio de representar “os de baixo” contra “a casta”. Era um populismo de extrema direita, o primeiro capaz de desafiar o tradicional populismo peronista em seu próprio terreno. Reorganização do voto antiperonista O que se viu neste domingo foi outra coisa. Milei demonstrou fôlego, venceu em províncias importantes como Santa Fé, Córdoba, Mendoza e na Cidade de Buenos Aires. Sobretudo, empatou na província de Buenos Aires, a mais populosa do país, onde vive cerca de 40% do eleitorado, revertendo a vantagem de dois dígitos que o peronismo havia conquistado há apenas um mês. O que explica esse desempenho, porém, não é o fervor de 2023, mas a reorganização do voto antiperonista. Ao longo do mandato, Milei alienou parte da base popular que o levara ao poder. Assumiu prometendo ajustes dolorosos em nome de uma futura prosperidade, mas o que se viu foi recessão, inflação ainda persistente e cortes sociais que corroeram o pouco apoio entre os setores populares. A isso se somaram dois escândalos que abalaram sua imagem moralista: o caso da criptomoeda promovida pelo próprio presidente, cujo valor disparou após suas declarações antes de o dinheiro sumir, e o das propinas de 3% em programas sociais que teriam beneficiado sua irmã e chefe de gabinete, Karina Milei. Os setores populares em que Milei se enfraquece o deixaram restrito à base que antes orbitava o PRO de Mauricio Macri e aos grupos mais à direita da União Cívica Radical, partidos que encolheram no Parlamento e hoje veem seu eleitorado migrar para La Libertad Avanza. O medo substituiu o entusiasmo. Parte dos argentinos votou nele não por convicção, mas por rejeição ao retorno do peronismo, visto como sinônimo de estagnação e crise. Mas se o populismo de extrema direita perdeu vitalidade, o peronismo está ainda mais combalido, incapaz de capitalizar o desgaste do governo. A abstenção o atingiu em cheio. Apesar de conseguir preservar sua bancada na Câmara, o movimento que por décadas encarnou o populismo argentino perdeu força no Senado e vive talvez sua crise mais profunda. O fracasso do governo Fernández, a prisão domiciliar de Cristina Kirchner e as divisões internas esvaziam seu apelo popular. No mês passado, Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires, comemorava uma vitória arrasadora nas eleições provinciais. Agora, vê-se diante de um empate que mina seu impulso e reabre espaço para Cristina, cuja liderança é, ao mesmo tempo, carismática e profundamente rejeitada. Crise dupla O resultado deste domingo mostra que Milei ainda é o nome forte da política argentina, mas que sua capacidade de mobilização está debilitada. Seu diferencial era dar voz aos descontentes, aos precarizados e aos que se sentiam deixados para trás. Essa parte do eleitorado, hoje, parece ter preferido ficar em casa. A Argentina vive, assim, uma crise dupla: a do populismo de extrema direita, que perdeu o fôlego transgressor, e a do populismo peronista, que perdeu a capacidade de encantar os de baixo. Milei governa um país cansado, e o peronismo o enfrenta sem vigor. Nenhum dos dois parece capaz, por ora, de devolver sentido à política.

Convidado
"A auto-ilusão faz com que os europeus não mudem a postura em relação a África"

Convidado

Play Episode Listen Later Oct 17, 2025 12:31


“África-Europa: Acabar com a Dependência Estrutural: o Momento da Verdade face à Auto-ilusão” é o novo livro do economista guineense Carlos Lopes, que ocupou o cargo de Alto Representante da União Africana para as Parcerias com a Europa. A obra aborda a dependência estrutural nas relações entre África e Europa, propondo uma reflexão sobre a auto-ilusão e a necessidade de mudanças nas abordagens de ajuda e desenvolvimento. No livro, fala sobre a dependência estrutural nas relações entre África e Europa. De que forma se pode acabar com essa dependência? Essa dependência não pode ser explicada apenas com factos políticos ou com teoria económica. Necessita de mais profundidade para se poder entender que as narrativas foram construídas através de uma história muito complexa, dos dois lados, e que leva a que haja um determinado número de condicionalismos que fazem crescer uma mentalidade difícil de mudar. Tive de recorrer à psicologia para poder explicar alguns destes fenómenos. É por isso que o título do livro inclui a expressão "auto-ilusão", um fenómeno estudado na psicologia: quando as pessoas enfeitam a realidade e utilizam técnicas manipuladoras para que essa "verdade" construída seja a que prevalece. Infelizmente, encontrei esse defeito, se assim lhe podemos chamar, dos dois lados da equação: tanto do lado dos europeus, como do lado dos africanos. Por razões diferentes, evidentemente, mas ambos confortáveis com esta forma de interpretação das relações, o que impede a tal transformação estrutural. Fala na fragmentação das abordagens africanas, que têm sido estrategicamente exploradas pela Europa nas negociações. Como se pode ultrapassar essa divisão interna e criar uma posição mais forte entre os países africanos? Essa divisão dos africanos já é uma consequência. O principal problema é a ideia de que se pode, com altruísmo e uma certa forma de compensação pelos erros do passado, tirar os países africanos da sua condição de menos desenvolvidos. É essa a justificação ideológica da ajuda ao desenvolvimento. Pensa-se que, através dessa ajuda, se podem operar grandes modificações. Na realidade, essa ajuda insere-se num sistema que não permite mudanças estruturais, a não ser em casos muito excepcionais. Defende uma diplomacia africana mais proactiva. O que tem impedido os países africanos de adoptarem essa postura mais assertiva nas negociações com a União Europeia? O que impede é o facto de, devido às características que mencionei, a União Europeia conseguir escolher facilmente os interlocutores que falarão como gostaria de ouvir. Portanto, há auto-ilusão. Escolhem-se os países para determinados tipos de reuniões, conferências, eventos, dando-se atenção àqueles que se comportam "bem", para usar uma linguagem simples. As pessoas pensam que, ao fazerem aquilo que lhes pedem, vão receber compensações: mais ajuda, mais acesso, mais visibilidade, mais protagonismo. Este jogo faz com que África apareça sempre dividida. É evidente que os africanos poderiam ter o à-vontade político para superar isto, mas é preciso ver que estas divisões têm raízes históricas muito profundas, que descrevo em detalhe no livro, e que são difíceis de mudar. O conceito de “auto-ilusão” é central no livro. Pode explicar o impacto dessa “auto-ilusão” nas decisões políticas no continente africano e como se reflecte nas relações com a Europa? Esse conceito faz com que os europeus não mudem a sua postura em relação a África, e, portanto, estejam a perder terreno. Outros parceiros do continente, que não têm esse tipo de dificuldade nem esse “pedigree” histórico, abordam as coisas de forma diferente. No lado africano, como a Europa continua a ser o principal doador, o bloco com mais comércio e onde existe mais investimento (em termos de stock, não necessariamente em novos investimentos), a falta de uma relação clara e transparente com a Europa afecta também as relações com os outros parceiros. Essa é, digamos, a perenidade do problema. Temos de o superar através de várias formas de negociação, que tentei introduzir enquanto Alto Representante da União Africana, mas falhei. Por isso, senti a obrigação de explicar as razões mais profundas. Daí a ideia do livro. Estas razões passam também pelo legado colonial, tema presente no livro. De que forma as narrativas colonialistas moldam ainda hoje as relações entre os dois blocos, sobretudo em matéria económica? Sobretudo em matéria económica. Por exemplo, temos a teoria das vantagens comparativas, que é conhecida dos economistas, mas que no caso africano é usada para perpetuar a ideia de que as vantagens comparativas africanas são a exportação de matérias-primas, exactamente o modelo colonial. Mantém-se uma estrutura económica colonial que se traduz em várias práticas: em matéria de transportes, os investimentos mais importantes continuam a ser os que facilitam a exportação de matérias-primas para os portos, e não para servir a economia doméstica; as políticas macroeconómicas visam sobretudo garantir o cumprimento das obrigações internacionais e não necessariamente reduzir a pobreza da população. Acabamos por ser reféns de uma ideia colonial, apenas com uma nova roupagem. Critica a ajuda internacional e sugere que ela perpetua o subdesenvolvimento. Quais seriam, na sua opinião, os mecanismos mais eficazes para que a ajuda se torne uma força real para o desenvolvimento sustentável? Para mim, é relativamente fácil dizer onde a ajuda poderia ser importante, transformadora e significativa: na regulação internacional. Por exemplo, em matéria de comércio: os países africanos são penalizados de várias formas. A “Rodada de Doha”, aprovada há 17 anos na OMC, visava fazer do comércio um instrumento de desenvolvimento, mas nunca foi implementada, em parte por oposição de países europeus. Outro exemplo: a regulação financeira. Os países africanos enfrentam avaliações de risco que não condizem com a realidade. Comparando os dados macroeconómicos de África com os da América Latina ou da Ásia, vemos que as taxas de juro para os empréstimos africanos são muito mais elevadas, apesar de os indicadores africanos, por vezes, serem melhores. Também em matéria de investimento: o retorno sobre o investimento em África é dos melhores, segundo a Organização do Comércio das Nações Unidas. Mas isso não se traduz em mais investimento. Este ano, por exemplo, as projecções do Banco Mundial e do FMI indicam que África será o continente que mais crescerá, pela primeira vez, ultrapassando a Ásia. Mas esta não é a percepção generalizada. A França tem tido influência sobre muitos países africanos e é muitas vezes acusada de manter dinâmicas neocoloniais. Como vê actualmente a posição da França em relação a África? Vejo uma posição de perda de influência. Numa altura em que a França se dá conta de que deveria mudar a sua postura ,por ser considerada excessivamente marcada por uma visão neocolonial, fá-lo de forma atabalhoada, o que provoca o efeito contrário: um afastamento ainda maior. É um lugar-comum, mas os jovens africanos vêem a atitude francesa como demasiado intrusiva nos processos políticos dos seus países. Lamentavelmente, a França está em perda. E nos sistemas políticos não existe vácuo, esse espaço é rapidamente ocupado por outros. Mas existe espaço para uma mudança genuína na abordagem da França? Existe. Claro que sim. Bastava, por exemplo, que os bancos franceses mais importantes vissem em África como os turcos, chineses, vietnamitas ou indianos estão a ver: uma oportunidade de expansão. Mas, em vez disso, os bancos franceses estão a retirar-se. Isso revela uma percepção de risco contrária à tendência mundial. Sugere que África deveria explorar o seu potencial em comércio, tecnologia e ambiente. Quais são os obstáculos actuais para o continente afirmar-se internacionalmente? Antes de mais, é preciso reconhecer que, em qualquer das megatendências mundiais, demográfica, climática ou tecnológica, o mundo precisa de África. Demografia: o envelhecimento da população mundial favorece o crescimento do consumo em África, onde a população continua a crescer. O Clima: em energias renováveis e minerais críticos, África é essencial para a transição ecológica; Tecnologia: apesar da inovação não estar centrada em África, a complexidade crescente das tecnologias torna-as mais difíceis de absorver por populações envelhecidas. Ora, os nativos digitais do futuro estão em África. Em 2050, um em cada dois jovens no mundo será africano. Temos de repensar o conceito de risco. Este ainda é avaliado com base em parâmetros ultrapassados pelas megatendências actuais. Enquanto isso não mudar, continuaremos a negligenciar o papel central que África terá no futuro. Qual seria, a seu ver, o maior passo a ser dado pelos líderes africanos e europeus para garantir que as futuras gerações não herdem estas dinâmicas de poder desigual que ainda dominam estas relações? Acabar com a auto-ilusão. E isso começa por ter a noção de que a maioria dos conceitos que utilizamos hoje para interpretar o processo de desenvolvimento está errada. São conceitos que devem ser cada vez mais ancorados nas experiências recentes, nomeadamente nas transições bem-sucedidas dos países da Ásia, do Sudeste Asiático e, mais recentemente, da Índia. Temos, portanto, um corpo de conhecimento que nos permite sair da auto-ilusão com factos reais. Como foi possível, por exemplo, que um país como o Vietname se transforme num colosso exportador, como é hoje? Como foi possível que um país com índices de pobreza muito elevados, como o Laos, consiga alcançar, digamos, patamares aceitáveis de desenvolvimento? Como é que um país como Bangladesh, que era um dos países com maior densidade populacional entre os menos desenvolvidos, seja hoje uma potência industrial? Portanto, temos exemplos concretos. E esses exemplos, infelizmente, não são frequentemente encontrados em África.

Expresso - Expresso da Manhã
Uma lata de uma bebida energética equivale a quatro Coca-Colas ou dois cafés cheios. Porque deixa o seu filho beber?

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Sep 29, 2025 14:09


As bebidas energéticas têm grandes doses de cafeína e açúcar na sua composição, diferente de marca para marca, e os riscos para a saúde são evidentes. Na Noruega é proibida a venda a menores de 16 e o Reino Unido vai seguir o mesmo caminho. O debate faz-se um pouco por toda a Europa e, em Portugal, a DGS admite “medidas adicionais para limitar o acesso por parte dos mais jovens”, podendo chegar à “restrição da venda a crianças e adolescentes”. Neste episódio, conversamos com a jornalista Raquel Albuquerque.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Noticiário Nacional
9h Depressão Gabrielle: sobretudo inundações e quedas de árvores

Noticiário Nacional

Play Episode Listen Later Sep 28, 2025 11:23


Expresso - Expresso da Meia-Noite
A caminho das autárquicas, falamos de presidenciais: a candidatura de Catarina Martins, o fim do silêncio de Rui Moreira e a espera por Ventura

Expresso - Expresso da Meia-Noite

Play Episode Listen Later Sep 13, 2025 47:08


Ainda estamos a caminho das autárquicas, mas esta semana falamos de presidenciais, que romperam na atualidade nacional e, sobretudo, na realidade política com os novos anúncios. Catarina Martins anunciou que vai ser candidata e Rui Moreira terminou com o suspense para declarar o contrário. Hoje, é também a noite em que André Ventura decide se avança ou não. Para debater as presidenciais, o 'Expresso da Meia-Noite' convidou a jornalista Ana Sá Lopes, o ex-conselheiro jurídico e constitucionalista Carlos Morais, o comentador da SIC Pedro Gomes Sanches e o subdiretor do mesmo canal Martim Silva. Ouça aqui o programa emitido a 13 de setembro na SIC. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
Radicais de direita ou de esquerda mais perto do poder em França, com sucessão de crises políticas

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Sep 9, 2025 15:01


O primeiro-ministro, François Bayrou, apresentou uma moção de confiança e perdeu. O presidente, Emmanuel Macron, não se dá por vencido e vai apresentar um novo primeiro-ministro, o quarto em dois anos. Desta forma evita que a França vá para as terceiras eleições legislativas em três anos. O ano passado quem mais cresceu foram a extrema-esquerda e a extrema-direita. A sucessão de crises políticas e uma grave crise económica têm estado a alimentar os populismos. Neste episódio, conversamos com o editor de Internacional do Expresso, Pedro Cordeiro. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Comissão Política
Pressões há muitas, mas quem governa é Montenegro

Expresso - Comissão Política

Play Episode Listen Later Sep 1, 2025 42:38


Na semana passada, primeiro Marcelo Rebelo de Sousa, depois Marques Mendes foram à Universidade de Verão da JSD pedir moderação ao Governo. Sobretudo no que diz respeito às leis sobre imigração e nacionalidade. O primeiro-ministro encerrou a segunda rentrée do partido deixando claro que fala com todos – que fala com as oposições, como gosta de dizer. Num discurso com anúncios de investimentos na habitação, Montenegro estabeleceu as condições para o diálogo e também ele falou em moderação. Na Comissão Política desta debatemos as pressões e a resposta ou não do primeiro-ministro e do PSD, com João Pedro Henriques, jornalista do Expresso, Cristina Figueiredo, editora de política da SIC, e Diogo Teixeira pereira, jornalista da SIC.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Meia-Noite
Estará já o Governo de braço dado com o Chega?

Expresso - Expresso da Meia-Noite

Play Episode Listen Later Aug 30, 2025 47:41


Depois de um Agosto escaldante em que o país ardeu, também o fogo chegou ao primeiro-ministro, fragilizando-o por não ter desistido do Pontal e, sobretudo, pelo discurso contra tudo e contra todos. No terreno, a campanha para as autárquicas já tem os motores a trabalhar e noutra frente arrancam, na próxima semana, as várias reuniões para começar a acertar agulhas para o Orçamento. Para onde se vai virar Montenegro? Chega ou PS. Nas questões dos estrangeiros e cidadania parece haver entendimento à direita. À esquerda haverá escape possível que não seja deixar passar o OE? See omnystudio.com/listener for privacy information.

da ideia à luz
FÉRIAS - 14/07/2025 - Acervo de Figurino Boca de Cena com Mauricio Martins

da ideia à luz

Play Episode Listen Later Aug 22, 2025 96:32


O Acervo Boca de Cena possui mais de 12 mil peças, entre roupas, perucas, adereços, sapatos, óculos e outros acessórios, todos cuidadosamente preservados e armazenados em um espaço no Forte do Barbalho em Salvador, Bahia.O Boca de Cena foi criado a partir da inquietação de Mauricio Martins sobre o destino final dos figurinos das produções teatrais. A ideia inicial era criar um espaço para cuidar da indumentária dos espetáculos de Salvador. Com o passar do tempo, o acervo começou a receber doações de figurinos, adereços de cena e outros elementos cênicos tornando-se um dos maiores acervos particular do país. @acervobocadecena Mauricio Martins é autodidata, produtor, cenógrafo, figurinista, aderecista, maquiador e diretor de arte. O pernambucano descobriu seu jeito de contato com a vida através das artes. Ele atua há três décadas e meia no cenário artístico de Salvador.Mauricio percebe a sensibilidade da sua expressão artística resultante do seu diálogo, ouvinte e observador, nos bastidores de criação. Trabalhou em mais de 50 espetáculos de teatro e dança, além de curtas e longas metragens, exposições e campanhas publicitárias. É o criador do acervo de figurino Boca de Cena,Martins não traçou uma trajetória para cumprir, se permitiu caminhos menos calculados. Trabalha a partir de formas conceituais, compondo as verdades estéticas que acontecem em seu entorno a partir de sua intuição, e que exprimem uma carreira encorpada de integridade, ética e qualidade em sua produção artística.Sobretudo, a poética e produção artística de Martins estão registradas em traços muito nordestinos, impregnados da nossa cultura brasileira.Sem dimensão do que iria construir, tece com pertencimento seis pilares distintos: produção, cenografia, figurino, adereços, maquiagem e direção de arte.E embora a direção de arte e a produção exerçam grande fascínio sobre ele, considera-se um figurinista e cenógrafo que enxerga seu ato de criar como uma consequência à sua vivência teatral no início de sua carreira.Em incontáveis demonstrações de extrema generosidade e condescendência, que tocam a todos que o conhecem sensivelmente, na hora de materializar e corporificar suas ideias, não demonstra nem um segundo sequer de insegurança – marca fundamental de êxito em qualquer tipo de profissão.

Expresso - Expresso da Manhã
Daniel Pinéu: “Os Estados Unidos passaram para a Europa os custos da paz na Ucrânia e vão ficar com os ganhos”

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Aug 12, 2025 17:21


Donald Trump vai encontrar-se, na sexta-feira, no Alasca, com Vladimir Putin para negociar a paz na Ucrânia, mas Zelensky fica de fora. A Europa vai ser ouvida antes pelo presidente dos Estados Unidos, mas também não estará nas negociações. Neste episódio, conversamos com Daniel Pinéu, especialista em Relações Internacionais, professor universitário e comentador da SIC.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Mensagens do Meeting Point

devocional Lucas leitura bíblica Os fariseus, que eram avarentos, ridicularizavam-no por tudo isto. Então Jesus disse-lhes: “Vocês são daqueles que se justificam a si mesmos diante dos outros, mas Deus conhece o vosso coração. O que é altamente avaliado entre as pessoas é cotado de maneira inteiramente diferente por Deus. Até João Batista começar a pregar, vigoravam a Lei de Moisés e as mensagens dos profetas. Agora as boas novas do reino de Deus são anunciadas e todos exercem força para entrar nele. É mais fácil que o céu e a Terra passem do que cair um só traço da Lei.” Disse ainda: “Quem se divorciar da sua mulher e se casar com outra comete adultério; e quem casar com uma mulher divorciada comete adultério também.” Lucas 16.14-18 devocional Jesus, ainda que não goste, já está habituado a que desdenhem d'Ele. Sobretudo, quando o Seu toque mexe em determinadas feridas. Então se há poder e dinheiro metidos ao barulho é o cabo dos trabalhos. A onda de críticas, umas veladas outras nem por isso, desaba invariavelmente sobre Ele. Mesmo no meio religioso existe tanto avarento que zombar de Jesus se tornou prática corrente. Quando não é feita à descarada no plano verbal, dá-se nos domínios menos perceptíveis do coração. Aos que arranjam justificações para comportamentos desviantes, sendo advogados em causa própria, Jesus assevera que Deus os conhece “muito bem, mesmo que pretendam passar por bon(zinho)s.” E para desfazer alguma réstea de dúvida que pudesse pairar no ar adianta ainda: “Aquilo que para os homens tem muito valor, nada vale para Deus.” No Seu reino não se entra ao calhas, muito menos à lei da força. Sim, à Sua Lei não é possível alterar uma vírgula que seja, pelo que há princípios e valores que nunca cairão em desuso. A pureza interior é uma virtude inalianável que cada um deve estimar e cultivar. Dilatem-se, pois, os poros do entendimento! Mais, entranhe-se e extravase-se o amor de Jesus! - jónatas figueiredo Oramos para que este tempo com Deus te encoraje e inspire.  Dá a ti próprio espaço para processar as tuas notas e a tua oração e sai apenas quando te sentires preparado.

O Antagonista
Cortes do Papo - A hipocrisia de Lula sobre soberania

O Antagonista

Play Episode Listen Later Jul 7, 2025 14:14


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, em suas redes sociais, que Jair Bolsonaro está sendo “perseguido”.Sem citar o STF, Trump falou em “caça às bruxas” e pediu para deixarem o ex-presidente “em paz”. Lula reagiu à declaração do presidente americano e escreveu no X: "A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei.Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito."Felipe Moura Brasil e Ricardo Kertzman comentam:Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do   dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.     Apresentado por Felipe Moura Brasil, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade.     Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.     Ao vivo de segunda a sexta-feira às 18h.    Apoie o jornalismo Vigilante: 10% de desconto para audiência do Papo Antagonista  https://bit.ly/papoantagonista  Siga O Antagonista no X:  https://x.com/o_antagonista   Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp. Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.  https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344  Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br 

Consciência Cristã
O ensino é a base - José Bernardo no CC Podcast #cortes

Consciência Cristã

Play Episode Listen Later Jul 4, 2025 6:18


O ensino mediante uma interpretação fidedigna ao Senhor e sua Palavra, é crucial no crescimento da igreja. Sobretudo, no mantimento e surgimento de novos líderes que serão instrumentos do Senhor.Sem esse preparo, qualquer outra coisa será em vão.#consciencrista #CC2025 #EUSOU #vidacrista #ensino #palavradedeus #interpretacao

Actualidade - Renascença V+ - Videocast
Trump está “descontente com ambos os países, mas sobretudo com Israel"

Actualidade - Renascença V+ - Videocast

Play Episode Listen Later Jun 24, 2025 1:35


Trump está “descontente com ambos os países, mas sobretudo com Israel"e7d6ae90-1c51-f

Dayane Iglesias
⚠️ O que te trouxe até aqui… pode estar te impedindo de avançar.

Dayane Iglesias

Play Episode Listen Later Jun 12, 2025 0:44


⚠️ O que te trouxe até aqui… pode estar te impedindo de avançar.Sério.Você já pensou que aquele comportamento que te fez ser elogiada no começo da carreira —✨ perfeccionismo,✨ esforço silencioso,✨ vontade de agradar —pode ser exatamente o que hoje te mantém estagnada?

AUDIOBOOKS Livros Contos Poemas
O QUE HÁ EM MIM É SOBRETUDO CANSAÇO - de Álvaro de Campos

AUDIOBOOKS Livros Contos Poemas

Play Episode Listen Later May 27, 2025 4:24


Algo que me chamou muito a atenção.Vi este poema do Álvaro de Campos (Fernando Pessoa) postado por um amigo muito querido no Facebook.Li e me disse muito, por isso trago para vocês.Espero que gostem como eu gostei, tanto de ler quanto de narrar.Ah! esse cansaço que, às vezes, nos toma sem que o queiramos e acaba se instalando em nosso ser.Produzido, editado, narrado e interpretado por Carlos Eduardo ValenteDesenho da capa encontrado na internet, sem citar a fonte, trabalhado e produzido como capa para este conteúdo por Carlos Eduardo ValenteMúsica de fundo, Acordes de Violão, produzido e executado por Caio MullerSe vc quiser apoiar esse projeto, acesse:https://apoia.se/carloseduardovalente Pode apoiar também através de um PIXcarlao50@gmail.com Inscreva-se em nosso canal do YouTube: / carloseduardovalente Seja membro deste canal e ganhe benefícios: / @carloseduardovalente

Podcast Filosofia
Especial de Páscoa: Reflexões sobre o Filme Chocolate

Podcast Filosofia

Play Episode Listen Later Apr 18, 2025 55:17


Neste episódio, especial de Páscoa, mergulhamos na doce e curiosa narrativa do filme Chocolate (2001), dirigido por Lasse Hallström, que conta a história de uma mulher que desafia as tradições de uma pequena vila francesa ao abrir uma loja de chocolates durante a Quaresma. Através de uma lente filosófica, os professores voluntários da Nova Acrópole analisam o filme e trazem importantes chaves sobre tolerância, fraternidade, relações humanas e polaridades. Sobretudo do quanto somos capazes de amar, integrar, e sermos gentis. O que guia nossas escolhas - o medo da transgressão ou a coragem de viver com autenticidade? Entre moralidade e compaixão, emerge uma ética humana, feita de presença e propósito. Este episódio é um convite doce e profundo para enxergar a vida com olhos mais livres e coração mais desperto. Participantes: Paula Poloni, Gustavo Massen, Danilo Gomes Trilha Sonora: Claude Debussy - Sonata para Flauta, Viola e Harpa 

Podcast Ultimato
Sobretudo, ame a Deus

Podcast Ultimato

Play Episode Listen Later Mar 28, 2025 2:18


Deus não é uma força nem uma máquina; não é uma energia nem um nirvana. É uma pessoa que ama e pode ser amada.

Convidado
Cimeira de Paris quis “fortalecer Ucrânia à mesa das negociações” com a Rússia

Convidado

Play Episode Listen Later Mar 28, 2025 12:58


A cimeira que juntou líderes de 31 países em Paris, esta quinta-feira, pretendeu “fortalecer a Ucrânia à mesa das negociações” com a Rússia. A explicação é dada pelo professor de Relações Internacionais José Palmeira que comentou à RFI as conclusões da reunião, nomeadamente a proposta do envio de uma força de dissuasão para a Ucrânia depois de alcançado um cessar-fogo e o não levantamento de sanções contra Moscovo. RFI: Esta manhã, o Presidente russo Vladimir Putin pediu uma “administração transitória” na Ucrânia, sob a égide da ONU, para organizar o que chamou de “eleições presidenciais democráticas”, antes de qualquer negociação de paz. Como avalia esta proposta?José Palmeira, Professor de Relações Internacionais da Universidade do Minho: “Essa proposta é uma interferência na soberania da Ucrânia. Naturalmente que compete aos ucranianos determinarem, de acordo com as suas próprias regras, designadamente a Constituição, quando é que se realizam as eleições. O que está a acontecer é que a Ucrânia está debaixo de uma lei marcial e, portanto, não há condições, do ponto de vista jurídico, para realizar um acto eleitoral.”Podemos olhar para a proposta como uma tentativa de afastar à força o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky?“Sim, há desde logo um propósito de afastar o actual Presidente. É verdade que a Rússia estará convencida de que, se ele se recandidatar, poderá perder as eleições. Há aqui, de certa forma, um convencimento que as sondagens internas não estão a comprovar, antes pelo contrário. Sobretudo a partir do encontro com Donald Trump na Sala Oval, Zelensky acabou por obter um maior apoio internamente. A questão que se coloca é como é possível realizar um acto eleitoral se a Federação Russa não interromper os ataques à Ucrânia.”Seria mais uma condição para adiar o cessar-fogo? “A não ser que a Rússia garanta que durante o processo eleitoral, quer na campanha, quer nas eleições, não faz qualquer ataque à Ucrânia, não há condições para haver eleições. Um país não pode ir a votos debaixo de fogo, debaixo de bombas.” Esta quinta-feira, na cimeira de Paris, que reuniu 30 países aliados da Ucrânia, não estavam os Estados Unidos. Eram os Aliados, mas sem os Estados Unidos. O que é que representa esta imagem?“Representa, desde logo, que nós não sabemos se vamos poder continuar a usar a palavra Aliados quando falamos dos Estados Unidos e dos países europeus porque aquilo que tem acontecido é que os Estados Unidos se estão a demarcar completamente dos europeus, pondo em causa até a própria continuidade da NATO. A NATO tem um artigo 5° de defesa mútua e o Presidente dos Estados Unidos já disse que poderia não garantir a defesa dos países europeus. Nesse sentido, eu diria que a palavra Aliados pode ser excessiva se os Estados Unidos continuarem a considerar a União Europeia e o Reino Unido não como aliados, mas como adversários, quer no plano económico, quer agora também no plano político.” É uma nova aliança liderada pela França e pelo Reino Unido? O que é que une estes países? “O que une estes países são propósitos que remontam há 80 anos. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial que os países europeus, mais os Estados Unidos e o Canadá, criaram uma aliança para defender os valores da democracia, o respeito pelos direitos humanos, a integridade das fronteiras. O que acontece é que, neste momento, há um Estado, os Estados Unidos da América, que não está alinhado com esse posicionamento. E, portanto, é natural que quem se reúna sejam os países que querem proteger a Ucrânia porque consideram que o ataque à Ucrânia é um ataque à Europa, é um ataque aos valores que o Ocidente defende. Aquilo que mudou foi a posição dos Estados Unidos. Os outros países estão precisamente na mesma situação que estavam desde há 80 anos.”O que é que saiu desta cimeira que tinha como objectivo finalizar as garantias de segurança da Ucrânia, incluindo uma possível mobilização militar europeia? “O principal sinal que os países presentes deram é que continuarão a apoiar a soberania da Ucrânia. Aquilo que está em cima da mesa é a Ucrânia perder território, ora, essa perda de território não pode ser reconhecida porque, caso contrário, abre-se um precedente gravíssimo, uma violação do direito internacional. O que esses países vieram dizer é que nunca levantarão as sanções que aplicam à Federação Russa enquanto a Federação Russa não se retirar dos territórios ocupados. Ora, isto é uma posição diferente dos Estados Unidos, que admitem um levantamento, ainda que não total, mas um levantamento das sanções, um aliviar das sanções. A Europa não. E mais do que isso, a Europa está disponível para também militarmente, apoiar a Ucrânia.”Mas essa mobilização não reúne, aparentemente, consenso. Seria uma força de dissuasão para depois de um cessar-fogo. Que força é essa e quem é que está unido em torno dessa força que seria liderada pela França e pelo Reino Unido? “Os contornos dessa força não estão ainda muito claros porque nós ainda estamos numa situação de guerra aberta. O que acontece é que há países europeus que dizem: ‘Nós vamos procurar aqui uma concertação de posições.' Aquilo que a Federação Russa tem dito é que não quer países da NATO presentes no território ucraniano depois de um cessar-fogo ser estabelecido. A posição de França e do Reino Unido é diferente, diz o seguinte: ‘A Ucrânia é um país soberano, se a Ucrânia quiser, nós enviamos forças para lá, independentemente da vontade do Kremlin'. É essa nuance que existe entre os países europeus que estiveram reunidos em Paris.”Até lá, Vladimir Putin poderia continuar a guerra?“Uma coisa é ceder completamente àquilo que Vladimir Putin pretende. Outra coisa é, neste momento, ter uma posição de força. Dado que o mediador, os Estados Unidos, tem sido forte com a Ucrânia e fraco com a Rússia, aquilo que os países europeus querem é fortalecer a posição ucraniana e não fazer, de imediato - uma vez que estamos numa fase de negociações - cedências a tudo aquilo que Vladimir Putin reivindica. Portanto, é uma posição a favor do fortalecimento da Ucrânia à mesa das negociações.”No final da cimeira, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse lamentar que haja sempre “muitas questões” e “poucas respostas” sobre uma eventual mobilização de um contingente europeu no solo ucraniano. Há um ano, ele pedia tropas para o terreno…“Exacto. É natural que a Ucrânia, que é o país atacado, procure o máximo de apoio, tenha uma posição maximalista para defender os seus interesses. Agora, também é legítimo que os países europeus não atendam necessariamente a esse maximalismo, mas procurem aqui algum equilíbrio. Isto é, se há um objectivo de chegar à paz, tem que haver aqui algum equilíbrio. Nesse sentido, a posição mais ponderada poderá ser a que os países europeus têm defendido que é continuar a apoiar a Ucrânia e depois ver em que quadro é que se estabelece um cessar-fogo e uma paz. Então aí, manifestam a sua disponibilidade para cooperar com esse processo, para dar as tais garantias de segurança que a Ucrânia pretende.”Falou da vontade de fortalecer a Ucrânia, mas até que ponto é que esta cimeira não foi uma tentativa de fortalecer ou despertar a própria Defesa da União Europeia?“Uma coisa está ligada à outra. De facto, é verdade que a Europa, para proteger a Ucrânia, tem também que criar condições para se proteger a si própria. Isto é, tem que haver aqui uma visão integrada e, nesse sentido, aquilo que se pretende é que a Europa desenvolva uma capacidade militar que poderá vir a ser autónoma dos Estados Unidos - essa não é a vontade dos europeus, mas se tiver que assim ser, que seja. Portanto, tem que ter uma autonomia estratégica e para ter autonomia estratégica tem que ter força, tem de ter capacidades militares e é isso que está a acontecer. É verdade que é um processo que não se concretiza de um dia para o outro. A Europa tem também outras necessidades no plano económico. Nesse sentido, aquilo que se procura é, de certa forma, desenvolver a indústria de defesa porque a indústria de defesa também pode ajudar ao crescimento económico da Europa.”A que custo? Mobilizar os fundos para a defesa não implica desviar fundos de outras áreas dos orçamentos nacionais?“É verdade que aqui temos os patamares nacionais e o europeu. A nível nacional, os Estados têm autonomia nos planos da saúde, por exemplo, nos planos sociais, para continuar a desenvolver essas políticas. Aquilo que alguns Estados-Membros têm pedido à União Europeia é que flexibilize as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento para que os países possam dispender mais com a defesa e não serem penalizados a nível europeu por esse investimento. Por outro lado, a própria União Europeia pode criar mecanismos especiais, uma espécie de um PRR, que é um Plano de Recuperação e Resiliência criado a seguir à pandemia, neste caso aplicada a defesa. Portanto, há aqui uma visão integrada. Por outro lado, porventura terá que se chegar ainda mais longe, ao tal exército europeu ou às Forças Armadas Europeias, com o intuito de dar à Europa um comando unificado no plano militar. Tudo vai depender também daquilo que seja o novo Chanceler alemão, que parece estar também ele próprio, bastante virado, digamos assim, para uma Europa da defesa e da segurança. No passado, não foi possível esse entendimento. Hoje, dado o conflito na Ucrânia, se calhar estão criadas as condições para esse passo ser dado.”A Comissão Europeia propôs que os cidadãos europeus tenham um “kit de sobrevivência” de 72 horas. O que pensa destes kits? Estamos a alarmar a população?“Eu não diria alarmar, mas estamos a consciencializar a população de que os dias que vivemos hoje são diferentes dos do passado recente. Isto é, a Europa nunca imaginou que pudesse, no plano militar, vir a ser objecto de uma ameaça externa. Essa ameaça existe, de facto, e, portanto, há que preparar os europeus, desde logo, no plano psicológico. Mais do que testar a eficácia do kit, eu acho que existe essa preocupação de criar o ambiente psicológico, até para os europeus perceberem que, se calhar, vão ter que cortar noutras áreas para canalizar mais meios para a defesa. E isso passa também pelas elites políticas que têm que ser capazes de passar essa mensagem, o que em termos eleitorais, não é fácil...”Não poderia até dar jeito em termos eleitorais?“Não, porque os eleitores podem não querer cortar na segurança social ou na saúde para se gastar mais na defesa…”Mas as guerras não podem criar um certo sentimento de nacionalismo ou união?“Ajudam, mas eu não sei se a opinião pública europeia está suficientemente sensível, sobretudo a do sul da Europa, que vê o conflito na Ucrânia como mais longínquo. Eu diria que isto tem um objectivo, desde logo político, de criar um clima propício para que se avance mais e se invista mais na defesa.” É uma forma de capitalizar o apoio das pessoas para esse investimento e não tanto uma ameaça real?“Ora bem, nós nunca sabemos se a ameaça é real ou não, mas temos que estar preparados para ela. A melhor forma de evitarmos que a ameaça se concretize é fazer ver ao potencial agressor que o custo de abrir um conflito é muito elevado. Se ele tiver a percepção que a Europa está melhor preparada para se defender, naturalmente que, se calhar, não desencadeará essa agressão. No fundo é: se queres a paz, prepara-te para a guerra.”

Pergunta Simples
E se a empatia fosse obrigatória? Rui Marques

Pergunta Simples

Play Episode Listen Later Mar 26, 2025 52:28


Susan Sontag escreveu no seu livro “A doença como metáfora” “A doença é o lado noturno da vida, uma cidadania mais onerosa. Todos que nascem têm dupla cidadania: no reino dos sãos e no reino dos doentes.” Quando Susan Sontag escreveu isto, em 1978, estava a falar de cancro. Mas podia estar a falar de solidão. De ressentimento. Daquela dor difusa de quem se sente por dentro fora de lugar. Porque a verdade é esta: há uma doença que não aparece nas radiografias, que não se vê ao microscópio, que não se trata como as outras. É a doença da falta de relação. E essa, está em todo o lado. Vivemos cercados de tecnologia, mas cada vez mais distantes. Nunca estivemos tão ligados — e nunca estivemos tão sós. A produtividade sobe, os gostos digitais disparam, mas o silêncio entre duas pessoas que vivem na mesma casa, escritório ou aldeia, vai crescendo. Chamamos-lhe esgotamento, chamamos-lhe ansiedade, chamamos-lhe stresse crónico — mas muitas vezes é só isto: défice relacional. Falta de cuidado. Falta de olhar. Rui Marques chamou-lhe saúde relacional. E dá-lhe corpo. E nome. E método. Não é uma metáfora. É literal. Há pessoas que adoecem porque não têm com quem falar. Há pessoas que saram porque alguém lhes sorriu no momento certo. E não é só uma intuição: é ciência. Um estudo de Harvard que há mais de 80 anos acompanha centenas de pessoas chegou à conclusão mais simples e mais desarmante de todas: o que mais contribui para uma vida feliz — e mais longa — é a qualidade das relações. Não o dinheiro. Não o estatuto social. São As relações. É fácil esquecer isto. Sobretudo num mundo que corre. Que empurra. Que valoriza o fazer mais do que o estar. Que trata as pessoas como recursos. Como números. Como peças. Mas a verdade volta sempre. E a verdade é esta: sem relação, não há saúde. As crises que vivemos — na educação, nas organizações, nas instituições públicas — são provavelmente e antes de tudo, crises relacionais. Não se resolvem somente com planos, orçamentos ou reformas estruturais. Resolvem-se na qualidade do vínculo entre as pessoas. No modo como se escutam. No modo como se respeitam. No modo como se reconhecem. Rui Marques fala de literacia relacional. Como quem diz: isto aprende-se. Treina-se. Trabalha-se. Há oficinas. Há modelos. Há maneiras de regenerar relações que foram danificadas. Porque o que nos adoece não é só o conflito — é o conflito não resolvido, mal digerido, ignorado. E isso, sim, tem impacto direto na saúde física, mental e social. Há relações que nos elevam. E há relações que nos esvaziam. E depois há o digital. Que entra na equação como uma espécie de perturbação crónica. Crianças que nunca treinaram o conflito real, que não subiram árvores nem discutiram cara a cara, e que agora são adolescentes ansiosos, hiperconectados e emocionalmente frágeis. Adultos que se refugiam a percorrer, com o dedo no écran, infinitivamente as últimas novas das redes sociais, para não ter de lidar com o desconforto do silêncio. Relações filtradas, encenadas, mediadas — mas raramente inteiras. A saúde relacional também passa por aqui: por reaprender o toque, o olhar, o tempo partilhado sem agenda. Por aceitar o silêncio sem o preencher com barulho. Por ter conversas difíceis sem medo do erro. Por construir confiança — esse oxigénio invisível que sustenta qualquer equipa, qualquer família, qualquer sociedade. E passa, claro, pelo cuidado. Cuidar não é uma palavra delicodoce. É uma palavra difícil. Cuidar exige tempo, exige atenção, exige compromisso. Não é um botão que se carrega — é um caminho que se percorre. E nesse caminho, todos falhamos. Todos tropeçamos. Todos erramos. Mas também todos temos a possibilidade de voltar. De pedir desculpa. De escutar melhor. De tentar outra vez. A saúde relacional é isto: não é sobre relações perfeitas. É sobre relações vivas. Com tensão, com conflito, com sombra — mas com vontade de permanecer.

Palavra Amiga do Bispo Macedo
Quando o Consolador vem há consolo, paz, segurança e sobretudo Salvação Eterna - Meditação Matinal 20/03/25

Palavra Amiga do Bispo Macedo

Play Episode Listen Later Mar 20, 2025 25:22


"E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judeia,e dizendo: Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus." Mateus 3:1-2"Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judeia, e toda a província adjacente ao Jordão; E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados." Mateus 3:5-6"E, quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em Mim;" João 16:8-9

Leste Oeste de Nuno Rogeiro
Nuno Rogeiro: “A crise política em Portugal de hoje faz-me lembrar aquilo que levou a Inglaterra ao Brexit em 2015”

Leste Oeste de Nuno Rogeiro

Play Episode Listen Later Mar 16, 2025 52:21


Nuno Rogeiro, esta semana, explora as soluções constitucionais que poderiam estabilizar o Governo, mesmo com novas eleições à porta. O comentador compara a situação atual da crise política portuguesa ao contexto inglês de 2015 que levou ao Brexit. “Para ser estadista às vezes não basta conhecer a história, é preciso saber prever um bocadinho do futuro. Sobretudo os seus riscos”, explica. A par da agenda nacional, é feita uma análise à atualidade internacional com especial foco para a situação da Ucrânia. “Pazes episódicas de cessar-fogo não servem de nada. Outros conflitos já mostraram que os combates voltam ainda mais sangrento”, é a opinião do comentador sobre o cessar-fogo da guerra em discussão. Ouça aqui o programa Leste/Oeste emitido a 16 de março na SIC Notícias. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Meia-Noite
“Cá vamos nós, outra vez”: as consequências das novas eleições

Expresso - Expresso da Meia-Noite

Play Episode Listen Later Mar 15, 2025 47:34


Quando o Expresso da Meia-Noite começou estávamos à beira de umas eleições antecipadas, aquelas em que António Guterres se demitiu e Durão Barroso acabou por ganhar. Já passaram 23 anos. É caso para dizer: “Cá vamos nós, outra vez”. Marcelo tornou-o certo ao marcar eleições para dia 18 de maio, na antevéspera deste programa. Como vai ser esta campanha? Como é que as pessoas vão votar? E, sobretudo, depois de sabermos o resultado, que Governo vamos ter? Até quando podemos prever tanta instabilidade? Para nos esclarecer, temos no episódio desta semana João Costa, do PS e ex-ministro da educação, Marisa Matias, deputada do BE, Hugo Carneiro, deputado do PSD, e Mariana Leitão, líder Parlamentar da IL. A moderação foi feita por Ricardo Costa e Ângela Silva. Ouça aqui o programa em podcast emitido na SIC Notícias a 14 de março. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Meio Ambiente
Fluxos de marés na Amazônia dariam dimensão “gigantesca" a acidente com petróleo, diz renomado cientista

Meio Ambiente

Play Episode Listen Later Mar 13, 2025 41:29


Faz mais de 30 anos que o antropólogo Eduardo Bronzidio pesquisa as interações entre os humanos e o ambiente na Amazônia. Seus estudos junto a comunidades indígenas e ribeirinhas, mas também urbanas, nas cidades amazônicas, acabam de ser reconhecidos pelo mais importante prêmio internacional para as ciências ambientais, o Tyler Prize. Lúcia Müzell, da RFI em ParisPela primeira vez desde a sua criação, em 1973, o "Nobel ambiental” é atribuído a cientistas latino-americanos – Bronzidio dividiu a premiação com a ecóloga argentina Sandra Días. "A gente tenta trazer a realidade que é vivida no chão por essas populações. Não só suas contribuições, mostrando o valor dos seus conhecimentos, o valor das suas atividades e tecnologias para a economia regional e a conservação da região. Mas também trazer os problemas que enfrentam, suas carências, as pressões que sofrem”, salienta o brasileiro.E é com preocupação que o cientista, professor da Unicamp e da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, vê o andamento do projeto do governo federal de abrir uma nova frente de exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas. Em entrevista à RFI, Bronzidio constata que, assim como em Brasília, o plano desperta paixões contraditórias na região. "A reação das pessoas é aquela que a gente encontra em muitas situações parecidas, onde se cria uma polarização entre, por exemplo, meio ambiente e emprego. Acaba criando divisões e simplificações do problema. É uma tática muito antiga de avançar esse tipo de agenda, na qual se colocam dicotomias que na verdade são simplificações de um problema maior, pela carência da região e a insolvência, na verdade, dos municípios”, afirma. Como antropólogo, entretanto, é a configuração natural da Amazônia que mais o preocupa, frente à possibilidade de um acidente que leve a derramamento de óleo no Delta do Amazonas. Ele explica que a pluma do rio alcança a costa do Pará, Maranhão e Amapá e sobe para as Guianas, com um forte sistema de marés que invade, diariamente, territórios adentro. “A vida nessa região é regrada por maré. É um esquema de pulsação ali onde eu fico imaginando que a escala de um desastre de derramamento de óleo de explosão da exploração, como aconteceu no Golfo do México”, afirma. “Ela pode ter uma distribuição numa escala gigantesca por causa desse fluxo de maré. Então, eu tenho a preocupação em particular pelo tipo de risco, que é muito diferente dos tipos de risco que se tem em outras plataformas costeiras isoladas”, indica.Eduardo Bronzidio foi copresidente do relatório de Avaliação Global sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos do IPBES, da ONU. O documento foi um dos que embasou o acordo de Kunming-Montreal de preservação da Biodiversidade, com metas para 2030.Leia abaixo os principais trechos da entrevista. A sua vitória a este prêmio ilustra uma mudança de paradigma: dois pesquisadores latino americanos vencem pela primeira vez o Tyler Prize. Você fez carreira compreendendo e interpretando os conhecimentos dos povos tradicionais da Amazônia. Indiretamente, ribeirinhos e os indígenas são também vencedores? Os conhecimentos deles são de fato mais reconhecidos pela ciência mundial?Eu espero que todos se sintam reconhecidos, porque o que a gente tenta fazer, ao longo de 30 e poucos anos, é trazer a realidade vivida no chão por essas populações. Não só suas contribuições para uma região como a Amazônia, e também a nível global, mas os problemas que enfrentam, suas carências, as pressões que sofrem. Então, eu espero que isso se reflita também e que muitos se sintam agraciados com parte desse prêmio, porque muito do que aprendi vem deles. Uma das suas áreas de estudo é como os povos tradicionais cuidam, produzem, vivem na Amazônia sem destruí-la. O desenvolvimento de uma bioeconomia amazônica é central, inclusive para ajudar a preservar esse imenso território, e será levada pelo Brasil na COP30 em Belém. É possível e é desejável dar escala às produções locais?Eu acho que, por um lado, já existe uma escala dessa sociobioeconomia, porém ela é estatisticamente invisível. Nós temos um problema de contabilidade, de realmente compreender quem faz a economia da região, quem produz alimentos, dá emprego, maneja e protege as florestas. Quem está produzindo uma infinidade, trazendo uma infinidade da biodiversidade regional para populações da região, nacional e internacionalmente. A gente precisa reconhecer essas escalas, dar apoio para que elas se mantenham. A maneira que eu vejo isso é como que a gente pode ajudar a consolidar e avançar o que já é feito, nos lugares onde acontecem, e fazer com que eles tenham também uma sustentabilidade econômica. Hoje, um dos maiores problemas das economias, mesmo as mais bem sucedidas – seja no açaí e de outros frutos como cacau, seja no manejo pesqueiro ou manejo sustentável de florestas – é que elas geram produtos que têm imenso valor, porém, elas têm a menor fatia do rendimento econômico. Conseguir abrir caminhos de mercados na região e fora da região, onde o rendimento se torne mais para onde está sendo produzido, para as comunidades, para os municípios, é tão importante quanto a escala que ela pode ganhar, do ponto de vista de extensão.O que torna essa economia local invisível? São as camadas que existem entre esses produtores e onde vão parar as produções deles? Eu acho que tem várias questões históricas, sociais, culturais e econômicas que constroem essa invisibilidade. Uma é no reconhecimento dessas populações ribeirinhas, quilombolas, indígenas e produtores de pequena escala como agentes ativos da economia regional.Muitas vezes, a gente fala e pensa como se fossem anacrônicos, como se fossem tecnologias que estão aí ainda resistindo, mas que deveriam ter ficado para trás. A gente tem uma visão de inclusão e de transformação social que, na verdade, exclui essas populações dessa trajetória do desenvolvimento, que é tão arraigada na maneira que a gente pensa na economia e no desenvolvimento nacional. Elas são populações ativas, estão contribuindo, produzindo alimentos e todo tipo de recurso para exportação, mas não necessariamente são vistas como esses atores ativos que são.O outro aspecto é a invisibilidade estatística. Nós não temos nem bons dados, nem categorias apropriadas para realmente saber entender a escala dessas economias. Eu digo escala em termos de manejo, do produto que geram e em termos dos empregos. Essa deficiência acaba invisibilizando muito dessa economia que está acontecendo na floresta. A gente não sabe realmente o peso dela e isso acaba tendo outras implicações. Ao visibilizar, não se pensa em políticas públicas que realmente possam alavancar essa economia já existente. Também se tem carência de extensão rural, carência logística, dependência de intermediários. Você tem uma série de problemas que tira a riqueza que elas produzem das áreas, das pessoas e das localidades onde são produzidas.Essas economias geram economias bilionárias, porém, elas passam em uma outra parte da invisibilidade. Elas passam por cadeias informais fragmentadas, entre mãos de produtores, intermediários, corporações, uma série de condições subjacentes a essa não-visibilidade. Sobre esse aspecto que você mencionou da carência logística, muitas organizações ambientalistas buscam combater projetos nesse sentido, porque alegam que redes criminosas que atuam por ali também vão acabar se beneficiando – talvez até mais do que as comunidades locais. Você concorda? Logística é um tema difícil, porque já motiva visões e emoções na cabeça das pessoas que estão geralmente ligados a obras grandes, de impacto, ou a grandes setores. Essa é uma maneira de logística, mas a gente não precisa de logística só dessa maneira. Se a gente pega os últimos 30 anos, você vê um avanço muito grande numa série de passos: o reconhecimento territorial de populações indígenas, áreas de uso sustentável de reservas extrativistas, reforma agrária. Você tem um grande avanço no sentido de consolidar áreas com direitos onde se manejam, se constroem essas economias.Se teve, num primeiro momento, muito investimento nos sistemas produtivos, como um modelo de desenvolvimento. Isso avançou bastante. Porém, com o tempo, foi se vendo que esses avanços acabam sendo limitados por questão de gestão e de acesso a mercado. A gente conseguiu muitos avanços na área de produção, de manejo sustentável, de restauração. Conseguiu bastante avanço na parte de organização social, de formação de associações de cooperativas, e progressivamente avanços na área de acesso ao mercado.Hoje, o que a gente tem notado trabalhando em várias partes da região, com comunidades que estão baseadas na produção de frutos ou produtos essenciais à floresta, como óleos, madeira, produtos da pesca, é que a conta não fecha. Você tem um produto valiosíssimo, que tem um mercado que paga muito e é um produto inclusivo, onde populações locais, mulheres, homens, associações, cooperativas estão produzindo, mas você tem entre esses dois uma deficiência muito grande.Todos esses esforços de sustentar esses territórios, que têm sido tão importantes na região para bloquear o desmatamento, manter a saúde dos rios e da floresta, acabam, sim, sendo desafiados nesse momento. O custo de produção acaba sendo alto pelas questões de contexto local. O custo de comercialização acaba sendo altíssimo e, dependendo de intermediário, também por essas carências.E aí você também tem uma falta de outras logísticas que permitem alcançar mercados intermediários, por exemplo, de armazenamento, câmara fria. Então, eu acho que é realmente uma área onde precisa se colocar esforço.Nós documentamos centenas de milhares de iniciativas locais nos últimos anos, e isso só foi a ponta do iceberg. Tem milhares de iniciativas na região que estão ali, avançando, mas precisam de um apoio mais consolidado na parte de acesso ao mercado, na parte de crédito, na parte de extensão rural também.Na Europa, mas não só, existe a ideia de que a Amazônia deveria ser um santuário do mundo, pela sua floresta abundante, sua riqueza biodiversa. Mas a gente sabe que isso não vai acontecer – pelo contrário, sem um plano de desenvolvimento, atividades ilegais e predadoras da floresta proliferam. A visão da região como um santuário não é só europeia. No Brasil também é parte das ideias. Eu acho que a gente tem um legado histórico de imaginários da Amazônia e eles continuam sendo muito mais fortes do que a realidade da Amazônia. Você tem vários imaginários que vêm desde o Eldorado ao imaginário do pulmão do mundo. O imaginário da cesta de commodities que vai alavancar o desenvolvimento nacional, o do agro tecnológico, de uma grande monocultura regional exportando commodities para o mundo.A região tem vários imaginários que são ainda predominantes, de como a gente vê a região e a sua população. Eles escondem uma realidade e, ao escondê-la, fica muito difícil você pensar em caminhos de desenvolvimento, porque é uma ideia de desenvolvimento regional que é feita distante da realidade. É uma ideia que não vai nem refletir os ensejos da população local, nem lidar com os problemas de lá.Leia tambémFloresta desmatada para abrir avenida: obras em Belém para a COP30 falham na sustentabilidadeO problema, por exemplo, do imaginário do santuário, da floresta intocável, é que nem leva em consideração os milênios de manejo e domesticação daquela floresta por populações, que hoje transferem essa floresta rica para a gente. Rica em muitas espécies domesticadas que geram riqueza no mundo inteiro, mas esse imaginário desconsidera a cultura da floresta amazônica, e também desconsidera a escala de degradação que se atingiu na Amazônia e que, dependendo de onde você olha, você vai achar até 50% da região numa escala degradada.Eu acho que a gente precisa repensar o que é um santuário, no sentido de valorizar a floresta que está lá: manter a saúde do ecossistema de rios saudáveis, florestas saudáveis e populações saudáveis.Que caminhos você vê para um desenvolvimento sustentável da região amazônica, inclusive das áreas urbanas que, em sua maioria, são marcadas por uma pobreza grande, déficits importantes de infraestruturas mínimas para as populações? A primeira questão para a gente ver o futuro da Amazônia é encarar a realidade dela. É encarar que os nossos imaginários não representam essa realidade. Só assim a gente pode pensar num desenvolvimento sustentado que começa a lidar com os problemas da região.A outra é que para pensar o futuro da região, a gente primeiro tem que encarar a coevolução das várias frentes de desenvolvimento que hoje estão criando fricções umas com as outras, e a realidade urbana que se evoluiu nesses últimos 30 anos. Não dá para pensar em desenvolvimento regional isolando da transformação da paisagem rural, indígena e da paisagem urbana.Desde os anos 1990, você tem um enorme avanço na região, que é reconhecimento de direitos territoriais, de populações indígenas, populações rurais tradicionais e rurais em geral, em áreas indígenas, reservas extrativistas, áreas de uso sustentável e algumas áreas protegidas. Só no Brasil são mais ou menos 45% da região que estão nessas áreas. Foi um avanço gigante, que serviu para controlar o desmatamento e para garantir o direito das populações da região.Esse modelo, que eu chamo modelo de nível único, de nível territorial, chegou num limite para partes da região, porque essas áreas que são muito bem governadas por dentro, pelas comunidades que estão lá, estão sendo erodidas por fora. Hoje você tem toda a parte sul da bacia, uma situação de formação de ilhas de biodiversidade, de diversidade cultural, onde o sistema bem sucedido de governança interna não pode lidar com os problemas externos.Em todas aquelas ótimas florestas protegidas, aquele limite bem claro onde o desmatamento começa, você tem ilhas protegidas que estão recebendo de fora poluição de pesticida, rios sedimentados, mercúrio, fumaça, fogo que escapa e entra nessas áreas, além do crime organizado e da economia ilegal, que saiu do controle na região nos últimos anos.Então, para pensar o desenvolvimento regional, temos que pensar no desenvolvimento para conectividade, onde a saúde ambiental da região está dependendo muito mais de atores dentro de uma reserva do que uma ponte social, que se cria entre diferentes atores para que se mantenha a conectividade da paisagem e dos rios, e se controle a distribuição dos impactos da região.Teria que pensar um desenvolvimento que encara essa realidade e tenta criar um contrato comum, que hoje nós não temos. Você tem a polarização de populações indígenas tradicionais, do agro e outras populações, e do outro lado, toda a questão urbana.Que tipo de cidades precisamos visar na Amazônia para preservá-la? A região, do ponto de vista urbano, hoje é completamente diferente do que era há 20 ou 30 anos. Não só você tem uma grande expansão de novas áreas urbanas a partir da Constituição de 1988, mas teve uma transformação na maneira de articulação dessas áreas.Nós fizemos uma análise publicada há muitos anos sobre a articulação urbana da região nos anos 2000, na qual a gente mostra que era uma urbanização desarticulada: você tinha centros urbanos regionais que tinham suas áreas satélites e formam uma rede urbana de um centro maior até as vilas rurais. Hoje em dia, já tem uma articulação em boa parte da bacia entre esses grupos de centros urbanos. Criou-se uma conexão por estradas e outros mecanismos, e essa rede continua se expandindo. Ela está articulando toda a ocupação regional e a distribuição dos impactos na região. Então, temos que pensar de uma maneira conjunta entre as áreas mais protegidas, diferentes tipos de áreas com diferentes grupos indígenas.Essas áreas agrárias e as áreas urbanas estão conectadas. O impacto que sai de uma está indo para outra. E dentro de todos esses imaginários que a gente está falando da Amazônia, um que não cabe em lugar nenhum é o urbano. Ele acaba sendo o mais invisível e é onde os maiores problemas, de certa maneira, estão.Você já trabalhou a questão da possibilidade de exploração de petróleo na Foz do Amazonas? Como as comunidades locais e urbanas percebem esse projeto? Com medo ou entusiasmo? É visto como uma ameaça ou uma oportunidade?Eu nunca trabalhei diretamente com a questão de óleo na região. Acompanhei por um tempo que eu tive alunos trabalhando no Equador, inclusive em comunidade indígena. Lá tem uma história muito impactante do óleo. Eu acho que a gente precisa lembrar dessas histórias de outras regiões que foram impactadas pelo mesmo processo que está acontecendo agora, para a gente pensar nas implicações de óleo para Amazônia.A reação das pessoas que eu tenho acesso é aquela que a gente encontra em muitas situações parecidas, onde se cria uma polarização entre, por exemplo, meio ambiente e emprego, ou as necessidades básicas de um município. É uma maneira de levar essas questões que acaba criando divisões e simplificações do problema. Eu acho que isso tem acontecido bastante na região. É uma tática muito antiga de avançar esse tipo de agenda, na qual se colocam dicotomias que na verdade são simplificações de um problema maior, pela carência da região e pela insolvência dos municípios.Tem muitas dúvidas também. As pessoas estão vendo projetos de milagres e desenvolvimento há 50 anos. As pessoas não são tão inocentes de que essas grandes ideias farão um milagre, resolvam problemas que são estruturais na região. Então, é um momento difícil. Eu me sinto bastante preocupado com esse tipo de investimento, porque é uma energia enorme para investir em mais emissões, para investir em exploração de óleo, quando a gente tem a oportunidade de pensar em alternativas e outros caminhos e realmente enfrentar a mudança climática com o corte de emissões. Sobretudo para alguém como você, que conhece tão bem os outros potenciais invisíveis da Amazônia, como você mencionava. Exatamente, toda a economia que tem e que pode ser alavancada para gerar uma grande economia, que não é gerada. Hoje, as riquezas bilionárias das regiões passam por cima dos municípios. Não se consegue captar imposto, não se consegue processar e agregar valor nos lugares onde elas são produzidas.Agora, o que me preocupa são os riscos potenciais associados a vazamento e outros problemas, que a gente vê tão frequentemente em tanto lugares. Nesse tipo de contexto, como é aquela região do Delta do Amazonas e aquela plataforma costeira, é uma região muito particular por causa da pluma do rio e do alcance que ela tem. Ela pega todo o Salgado, da costa paraense para costa maranhense, pega toda a região costeira do Amapá e sobe para as Guianas. Ela é uma pluma de uma influência gigantesca no contexto regional continental.Nessa pluma você também tem um sistema de maré dos mais fortes que existem. A vida nessa região é regrada por maré. É uma vida onde, duas vezes por dia, a maré entra e sobe dois metros, senão três metros. A maré entra na região tanto pelo Canal Norte como pelo Canal Sul, embaixo do Marajó, o Tocantins e outros rios, e adentra até atrás do Marajó.É um esquema de pulsação que eu fico imaginando que a escala de um desastre de derramamento de óleo, de explosão da exploração, como aconteceu no Golfo do México, pode ter uma distribuição gigantesca por causa desse fluxo de maré. Ela vai impactar não só grandes regiões de manguezais na costa do Amapá e na costa do Salgado, que são viveiros da ecologia pesqueira da região, como vai se penetrar ali por todas as cidades, igarapés e rios, onde as pessoas dependem da água para tudo e onde toda a economia funciona em torno da água.Eu tenho a preocupação em particular pelo tipo de risco, que é muito diferente dos tipos de risco que se tem em outras plataformas costeiras isoladas, por exemplo. Eu acho que ali na região você tem esse risco acentuado.Você, como antropólogo, tem acompanhado o aumento dessas pressões humanas sobre a Amazônia e os seus recursos nas últimas décadas. Em paralelo, as pesquisas climáticas sobre o ponto de não retorno da floresta alertam sobre o grande risco que ela já corre. Que futuro você visualiza para a Amazônia? Consegue olhar para frente com otimismo?Eu tento ter pelo menos o que eu chamo de otimismo crítico. Eu tenho um olhar otimista na floresta porque eu trabalho no chão, com comunidades, com associações, com cooperativas e com organizações que estão lá lutando e fazendo a diferença, e conseguindo resultados no dia a dia. Eu nem me sinto numa posição de não ter esperança.Quando pessoas que estão enfrentando situações muito difíceis, muito mais carentes, estão lá buscando soluções e buscando caminhos para a região, eu me sinto privilegiado de poder ver, acompanhar e participar. E isso me dá essa energia, me dá um encorajamento de que, sim, nós temos soluções para Amazônia.As soluções já estão lá. Em muitos casos, a gente precisa abrir a copa da floresta, ver essas soluções e dar força para que elas ganhem mais escala, que saiam daqueles, em muitos casos, nichos isolados, numa paisagem cercada de tudo que é contrário, para ser parte dominante dessas paisagens.Sobre o ponto biofísico de inflexão, é uma realidade que está se aproximando muito rapidamente da região, que vem dessa coevolução de forças ocupando a paisagem e que hoje estão tendo fricções umas com as outras. Acontece que esse processo de ocupação foi não só criando áreas abertas imensas, quebrando a chamada bomba d'água da floresta e do clima da Amazônia. Isso volta ao ponto que eu estava falando, da importância de a gente pensar numa Amazônia pela conectividade. É restaurando áreas, e eu acho que a gente tem que privilegiar a conectividade dos rios e a saúde deles, que conectam esses vários sistemas de uso e governança da terra, buscando restaurar a fragmentação da floresta também.Tem oportunidades de se buscar uma restauração mais produtiva. A improdutividade da maioria dos pastos da região é o dominante na região. Boa parte dos 60% de áreas desmatadas que estão em pasto são extremamente improdutivas. A gente recentemente fez uma análise desses pastos, onde a produtividade por hectare chega a ser uma cabeça por hectare, às vezes menos. As melhores estão em 1,4 ou 1,5 por hectare. São terras extremamente improdutivas que têm valor como terra, e que também podem ser sujeitos a transições que a levem a ser mais produtivas.Também precisa que se regenere áreas, que se cumpra a lei de áreas de preservação permanente. Tem muitos caminhos que podem reconciliar esses esforços, mas eu acho que antes de tudo, a gente precisa garantir os avanços que foram feitos: garantir a integridade das áreas indígenas, das reservas extrativistas, das áreas protegidas, das áreas de usos sustentáveis, que hoje estão extremamente ameaçadas.

Actualidade - Renascença V+ - Videocast
Ministra do Ambiente. "Prospeção de lítio será feita sobretudo com meios aéreos"

Actualidade - Renascença V+ - Videocast

Play Episode Listen Later Feb 18, 2025 1:35


Ministra do Ambiente. "Prospeção de lítio será feita sobretudo com meios aéreos"6a0fbf

Porque Sim Não é Resposta
Crianças e raparigas sofrem mais de bullying

Porque Sim Não é Resposta

Play Episode Listen Later Feb 3, 2025 7:57


Segundo o Observatório Nacional do Bullying, há razões para estes dados. Sobretudo porque há mais supervisão nos recreios. Mas Eduardo Sá explica que há mais agressividade nas crianças pequenas.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Eixo do Mal
Especial Trump. Clara Ferreira Alves: “Ele vai reinar sobre tribos que não se entendem. Os democratas estavam petrificados. Biden estava sucumbido, sobretudo com a intenção de retomar o Canal do Panamá”

Expresso - Eixo do Mal

Play Episode Listen Later Jan 21, 2025 34:14


No dia da tomada de posse de Donald Trump como o 47º Presidente dos Estados Unidos da América, Clara Ferreira Alves faz a análise em direto dos discursos e promessas da nova "Idade de Ouro", na companhia de Ricardo Costa. O papel de JD Vance na nova direita americana, o discurso de Trump e as suas implicações políticas, a questão do canal do Panamá nas relações internacionais e a dinâmica política dos democratas sob a liderança de Biden. A conversa explora a ressurreição política de Donald Trump e os desafios enfrentados pelo Partido Democrata. Este painel foi emitido na SIC Notícias a 20 de janeiro.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
João Maria Jonet: “O discurso de Trump foi ridículo e tem muitas contradições”

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Jan 21, 2025 14:58


Donald Trump foi empossado como 47º presidente dos Estados Unidos e fez um discurso que não desalinhou face ao que prometeu em campanha, mas estava carregado de contradições e declarações que não resistem ao “fact-checking”. O comentador da SIC João Maria Jonet destaca sobretudo a necessidade infantil de Trump estar permanentemente a tentar provar que é o mais importante presidente de todos os tempos.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Meia-Noite
Insegurança em Portugal ou instrumentalização das autoridades?

Expresso - Expresso da Meia-Noite

Play Episode Listen Later Dec 21, 2024 48:40


Na recta final de 2024, já se antecipam cenários para 2025. Espera-se um ano agitado politicamente, com as autárquicas e a corrida a Belém. Dois candidatos já estão perfilados: Marques Mendes e Gouveia e Melo. Enquanto o ano não acaba, temos uma época natalícia marcada por rusgas que atingiram, sobretudo, comunidades imigrantes. Várias acusações têm sido feitas ao Governo de "instrumentalizar as autoridades" e tentar capitalizar o tal "sentimento de insegurança". See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
João Pedro Henriques: “A direita populista do Chega tem um profundo desamor à verdade”

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Nov 26, 2024 14:44


A sessão solene que celebrou os 49 anos do 25 de novembro serviu para a extrema-direita fazer uma intervenção profundamente divisionista, bem contrariada pelos factos relatados por Marcelo Rebelo de Sousa e, sobretudo, pela intervenção conciliadora de José Pedro Aguiar-Branco. Neste episódio, olhamos para esta sessão a partir da longa experiência de jornalismo político de João Pedro Henriques.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Renascença - Extremamente Desagradável
Rita from Serra das Minas

Renascença - Extremamente Desagradável

Play Episode Listen Later Nov 18, 2024 17:25


Joana Marques fala-nos das palestras e dos livros de Rita Piçarra. Sobretudo os livros que não leu.

Renascença - Extremamente Desagradável
Sou, de Portugal eu sou...

Renascença - Extremamente Desagradável

Play Episode Listen Later Nov 14, 2024 16:29


Joana Marques foi à Gala das Quinas e aprendeu muito. Sobretudo sobre História de Portugal.

ONU News
Banco Mundial: tributação sobre produtos nocivos à saúde beneficiará sobretudo as famílias brasileiras de baixa renda

ONU News

Play Episode Listen Later Oct 23, 2024 2:40


Novo documento apresenta formas de taxar tabaco, álcool e bebidas açucaradas de modo a reduzir a mortalidade da população e melhorar as receitas tributárias.

Podcast Cinem(ação)
#567: House of the Dragon

Podcast Cinem(ação)

Play Episode Listen Later Aug 23, 2024 129:58


Após dois anos de espera, recebemos a segunda temporada de House Of The Dragon com a expectativa lá em cima. Sobretudo pela maneira como a primeira temporada terminou em 2022, anunciando um grande conflito entre as duas vertentes da família Targaryen.Com cenas espetaculares, uma construção muito bem elaborada de uma trama que a cada episódio escala para uma guerra inevitável, e personagens tridimensionais que mostram suas facetas em cada situação em que são colocados, a segunda temporada de House Of The Dragon acabou decepcionando por entregar menos episódios que a primeira temporada. Mas, acima de tudo, por finalizar a série sem nenhum gancho para a terceira temporada. Um final agridoce que se misturou com a decepção de ter que esperar mais dois anos para ver como as coisas vão se desenrolar.Hoje, Rafael Arinelli recebe Angélica Hellish (Masmorracast), Henrique Rizatto (Cinem(ação)) e Rafael Gonzaga (Filmes do Rafa) para discutir como o spin-off de Game of Thrones está cativando e decepcionando os fãs, a produção, e como a HBO tem lidado com seu produto. Eles também falam sobre a narrativa, cenas importantes, e trazem informações para ficarmos atentos. E lógico, discutem o final da segunda temporada e o que esperar para a sequência da série.Prepare-se para domar um dragão, esteja pronto para ser queimado ou virar um montador, e venha dar um play neste podcast para um papo muito legal sobre House Of The Dragon!• 04m53: Pauta Principal• 1h44m47: Plano Detalhe• 2h01m17: EncerramentoOuça nosso Podcast também no:• Feed: https://bit.ly/cinemacaofeed• Apple Podcast: https://bit.ly/itunes-cinemacao• Android: https://bit.ly/android-cinemacao• Deezer: https://bit.ly/deezer-cinemacao• Spotify: https://bit.ly/spotify-cinemacao• Amazon Music: https://bit.ly/amazoncinemacaoAgradecimentos aos patrões e padrinhos: • André Marinho• Bruna Mercer• Charles Calisto Souza• Daniel Barbosa da Silva Feijó• Diego Lima• Eloi Xavier• Gabriela Pastori• Guilherme S. Arinelli• Gustavo Reinecken• Katia Barga• Thiago Coquelet• William SaitoFale Conosco:• Email: contato@cinemacao.com• Facebook: https://bit.ly/facebookcinemacao• Twitter: https://bit.ly/twittercinemacao• Instagram: https://bit.ly/instagramcinemacao• Tiktok: https://bit.ly/tiktokcinemacaoApoie o Cinem(ação)!Apoie o Cinem(ação) e faça parte de um seleto clube de ouvintes privilegiados, desfrutando de inúmeros benefícios! Com uma assinatura a partir de apenas R$5,00, você terá acesso a vantagens incríveis. E o melhor de tudo: após 1 ano de contribuição, recebe um presente exclusivo como agradecimento! Não perca mais tempo, acesse agora a página de Contribuição, escolha o plano que mais se adequa ao seu estilo e torne-se um apoiador especial do nosso canal! Junte-se a nós para uma experiência cinematográfica única!Plano Detalhe:• (Henrique): Filme: Alien: Romulus• (Henrique): Série: O Rei da TV• (Angélica): Minissérie: A Maldição do Anel• (Rafa Gonzaga): Filme: Armadilha• (Rafa Gonzaga): Filme: Furiosa• (Rafa): Podcast: Perdidos na Estante - Alien • (Rafa): Filme: Where are you going, Aida?• (Rafa): Financiamento: A Valsa dos Ponteiros ou Algo que o ValhaEdição: ISSOaí

Expresso - Expresso da Manhã
No adeus de António Costa à política nacional, que mensagem deixa o ex-PM?

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Aug 1, 2024 12:55


Antes de assumir o seu lugar na presidência do Conselho Europeu, o ex-primeiro-ministro está a despedir-se do canal que o contratou quando ainda não era certo o seu futuro político e, com esta entrevista ao “Now”, está também a despedir-se da política nacional. Falou, sobretudo, de Justiça e do OE para o próximo ano. O que fica do que disse é tema para uma conversa com o comentador da SIC Pedro Marques Lopes.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Noticiário Nacional
10h Falha informática prejudica sobretudo companhias aéreas

Noticiário Nacional

Play Episode Listen Later Jul 19, 2024 16:54


Expresso - Expresso da Manhã
É Cristiano Ronaldo e mais dez. Sobretudo, por uma questão de “respeito”

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Jul 5, 2024 14:12


Portugal disputa hoje um lugar nas meias-finais do Europeu. Do outro lado estará a França de Kylian Mbappé, mas do nosso lado temos Cristiano Ronaldo, o único jogador que esteve presente em seis campeonatos europeus. Rui Caria, repórter e editor de imagem, correspondente nos Açores para a SIC, defende que “mais do que por gratidão, por respeito, sobretudo,” todos os jogos devem servir para vermos Cristiano jogar. Mbappé parece concordar quando assinala que “ele será sempre uma lenda”.See omnystudio.com/listener for privacy information.

onda.podcast
# 37 RAFA BRITES - A CONSTRUÇÃO DA MATERNIDADE: TEORIA, IMPERMANÊNCIA E CONEXÃO

onda.podcast

Play Episode Listen Later Jul 2, 2024 55:39


Fala se na psicanálise que a criança é um ser em construção que precisa da palavra e do afeto do adulto para se desenvolver. Ao ouvir Rafa Brites contar da sua maternidade, me veio uma observação: e se a mãe fosse um ser em construção que precise da conexão com o filho para se transformar? Como acontece essa mudança do papel de mulher para o papel de mãe? Haveria espaço para o instinto nesse processo?  Rafa é uma mulher em constante evolução. O que ela fala é sobre o hoje, do amanhã ninguém sabe. Como foi para ela se tornar mãe? Como virou essa mãe para quem não há nada mais legal na vida do que estar com os filhos?  Ela conta aqui como as gravidezes do Rocco e do Leon a libertaram da pressão social e estética sobre o seu corpo; como fez as pazes com as sensações do corpo feminino e como se conectou com ela mesma. Rafa relata as dificuldades do primeiro puerpério, a amamentação que tira a liberdade, as cirurgias após os partos, o medo da morte e a admiração que sente pelo seu marido, Felipe.  Sobretudo, Rafa revela como, ela, que entrou na maternidade pela teoria e fazia perfeitamente o papel de mãe, passou de fato a encarnar esse papel - mente e corpo unidos e conectados com a maternidade. É que, para ela, a conexão com a maternidade ecoa com o que há, também, lá fora, já que aprendendo a maternar aprende-se a cuidar do próximo e da natureza. Obrigada Rafa pela troca deliciosa. 

Bem Estar
As ações de cancelamento dos planos de saúde: quais são os direitos do consumidor

Bem Estar

Play Episode Listen Later May 29, 2024 30:48


Os mais de 50 milhões de clientes de planos de saúde deveriam dormir tranquilos, afinal pagam todo mês um valor que pesa no bolso. Seja nos planos individuais e familiares, com sucessivos reajustes acima da inflação, seja quando têm um plano empresarial, com reajustes ainda maiores, ou mesmo os empregados formais – sim, porque esse valor, não se engane, é levado em conta no cálculo do seu salário. Pois bem, esse sono tranquilo está longe de ser a realidade para uma parte cada vez maior de clientes. Sobretudo pessoas idosas, famílias de crianças com o espectro autista, pessoas com deficiência e outros pacientes de doenças crônicas. Esse público parece ser o alvo de ações de cancelamento dos planos por parte das operadoras. O problema se arrasta há algum tempo e tem causado insônia em muita gente. Da parte das empresas, elas reclamam de custos hospitalares altos, fraudes e do envelhecimento da população. Vamos saber mais sobre esse drama nacional ouvindo quem acompanha o tema. Serão duas entrevistas, a primeira com Ligia Bahia, médica e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, doutora em saúde pública e referência no estudo dos planos de saúde. Em seguida, a advogada Ana Carolina Navarrete, especialista no tema e consultora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, o Idec, e do Conselho Nacional de Saúde.

Expresso - Expresso da Manhã
Ricardo Salgado, o banqueiro de Kadafi?

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later May 28, 2024 31:27


Se não fossem o petróleo e o gás líbios, se não fossem as riquezas naturais do feudo de Kadafi, que o ditador controlava e geria a seu belo gosto e prazer, as marcas das 270 mortes, provocadas pelo atentado ao avião da Pan Am, em 1988, essas marcas jamais teriam sido apagadas. Em Portugal, o primeiro-ministro Durão Barroso abriu a porta. José Sócrates, assim que tomou o poder, em 2005, escancarou-a. Em menos de cinco anos, o primeiro-ministro português visitou a Líbia quatro vezes. Certamente discreto, como convém aos que gostam de passar pelos filtros do poder, silenciosamente e sem atrito, lá estava Ricardo Salgado. O banqueiro integrou a comitiva na segunda visita oficial de José Sócrates à Líbia. E essa presença discreta terá servido de primeiro empurrão para que o banqueiro do regime se deixasse tentar pelos milhões que brotavam de tão extravagante geografia. Oiça aqui o quarto episódio da Agenda de Ricardo Salgado, um podcast sobre 2268 dias de vida do velho banqueiro.See omnystudio.com/listener for privacy information.

Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer
2268 dias na vida de Ricardo Salgado: estreia do novo podcast da SIC Notícias

Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer

Play Episode Listen Later May 7, 2024 25:42


Objeto em formato digital, a agenda do banqueiro apenas me chegou e pronto. Não veio embalada em nenhum compromisso, em nenhuma troca, em nenhuma cedência da minha parte.  Mas a agenda não era só a agenda. Ela vinha no topo de um pacote virtual com mais de 3 mil ficheiros, alguns com centenas de páginas. Estavam ali 2268 dias da vida do velho banqueiro Ricardo Salgado, mais e-mails, relatórios, pareceres, rascunhos, apelos, descrições de estados de alma…  Jamais poderia pegar em todo aquele pacote de informação sozinho. Precisava de navegar por tudo aquilo, mas precisava, sobretudo, de filtrar, verificar, criar um fio condutor. Fizemo-lo em dez meses. Eu - Pedro Coelho, o Filipe Teles, o Micael Pereira e o Paulo Barriga. Oiça aqui o primeiro episódio da Agenda de Ricardo Salgado, um podcast sobre 2268 dias de vida do velho banqueiro. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
2268 dias na vida de Ricardo Salgado: estreia do novo podcast da SIC Notícias

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later May 7, 2024 25:42


Objeto em formato digital, a agenda do banqueiro apenas me chegou e pronto. Não veio embalada em nenhum compromisso, em nenhuma troca, em nenhuma cedência da minha parte.  Mas a agenda não era só a agenda. Ela vinha no topo de um pacote virtual com mais de 3 mil ficheiros, alguns com centenas de páginas. Estavam ali 2268 dias da vida do velho banqueiro Ricardo Salgado, mais e-mails, relatórios, pareceres, rascunhos, apelos, descrições de estados de alma…  Jamais poderia pegar em todo aquele pacote de informação sozinho. Precisava de navegar por tudo aquilo, mas precisava, sobretudo, de filtrar, verificar, criar um fio condutor. Fizemo-lo em dez meses. Eu - Pedro Coelho, o Filipe Teles, o Micael Pereira e o Paulo Barriga. Oiça aqui o primeiro episódio da Agenda de Ricardo Salgado, um podcast sobre 2268 dias de vida do velho banqueiro. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Expresso - Expresso da Manhã
Pedro Magalhães e o 25 de Abril: “Portugal distingue-se pela negativa por ter muita gente que defende formas de governar não democráticas”

Expresso - Expresso da Manhã

Play Episode Listen Later Apr 22, 2024 14:37


Na semana em que o Expresso e a SIC deram a conhecer o estudo do ICS/ISCTE sobre a relação dos portugueses com o 25 de Abril, o coordenador do estudo, Pedro Magalhães, mostra-se desiludido com a percentagem significativa de inquiridos que preferem um líder forte sem eleições (34%) ou que defendem as decisões mais importantes devem ser tomadas por especialistas e não por políticos (45%).See omnystudio.com/listener for privacy information.

Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer
Vitórias, derrotas e vida de hotel

Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer

Play Episode Listen Later Mar 23, 2024 51:43


Contados os votos da emigração, confirmou-se a vitória da AD e o Presidente da República encarregou Luís Montenegro de formar governo. Que governo será, ainda ninguém sabe. Sabe-se, no entanto, que Ventura - apesar da insistência com que tem pedido para ter lugar à mesa do conselho de ministros - não fará parte da solução do líder do PSD. O Chega ganhou entre os emigrantes e Augusto Santos Silva foi o primeiro presidente do parlamento a não conseguir a reeleição. Debatemos as ilações a retirar desse facto. Também se fala esta semana de uma frase de António Costa em Bruxelas, da jogada de antecipação de Pedro Nuno Santos, das acusações que recaem sobre Boaventura Sousa Santos e das vantagens e inconvenientes de viver num hotel. Sobretudo se a PJ quiser saber quem paga.See omnystudio.com/listener for privacy information.

45 Graus
#158 António Tavares - Além da Política: devíamos pensar mais a Administração Pública?

45 Graus

Play Episode Listen Later Feb 14, 2024 111:33


António Tavares é doutorado e investigador na área da Administração Pública e do Poder Local. Doutorou-se em Administração Pública na Florida State University (EUA) e é actualmente professor associado com agregação na Universidade do Minho. Colabora também em programas de formação executiva para a Administração Pública, nomeadamente os programas CADAP e FORGEP. A nossa conversa partiu do ensaio "Administração Pública Portuguesa" que publicou em 2019 através da Fundação Francisco Manuel dos Santos. -> Apoie este podcast e faça parte da comunidade de mecenas do 45 Graus em 45grauspodcast.com -> Veja aqui mais informações sobre os workshops de Pensamento Crítico. _______________ Índice: (6:05) INÍCIO - Porque se fala tanto de política e tão pouco de Administração Pública (AP)? «Politics: Who Gets What, When, How», de Harold Lasswell. (16:01) Qual deve ser a relação entre o poder político e a AP? Série «Sim Senhor Ministro». | Leis que mudaram a AP nos EUA e UK (Northcote Trevelyan Report; Pendleton Act) | O que justifica a protecção do emprego no Estado? | Porque é tão politizada a gestão intermédia na AP? Livro Patrícia Silva «Jobs for the Boys?» | O problema da legislação excessiva (e.g Decreto lei 82/2019 de 27 de junho; Great Hanoi Rat Massacre) | Nuno Ferreira da Cruz | O nosso modelo de relação Governo-AP é inspirado no britânico? | CRESAP | O absurdo que é a falta de um corpo técnico nos ministérios, tendo em vez disso boys do partido | A falta de analistas de políticas públicas em PT. (1:01:42) Meritocracia no Estado. | A avaliação de desempenho na AP está condenada a não funcionar? As quotas. O caso dos EUA. | A importância de ter funcionários independentes: exemplo do telefonema de Trump nas eleições de 2020 | O Aumento da burocracia no Estado: o resultado de um casamento perverso entre o direito e a gestão  (1:20:04) O problema da perda de capacidade da AP nos últimos anos. | Privatizações: boas ou más? A má experiência da Nova Zelândia vs o bom exemplo, em Portugal, das PPPs hospitalares | O problema de termos uma AP envelhecida. | Temos funcionários públicos a mais ou a menos? (1:41:36) O problema da falta de avaliação das políticas públicas em PT (1:45:51) Livro do convidado no prelo: «Municipal Amalgamation Reforms in Europe» _______________ Há já algum tempo que queria fazer um episódio sobre Administração Pública. Sobretudo desde o episódio 139, há precisamente um ano, no qual o convidado foi Bo Rothstein, um dos investigadores mundiais mais reputados sobre qualidade da governação.  Na altura, falámos sobre como, para um país ter uma boa governação, é necessário não apenas uma democracia de qualidade e bons políticos, mas também instituições públicas dotadas de técnicos competentes e imparciais. Ou seja, para termos boas políticas públicas é essencial termos também uma Administração Pública (no sentido mais amplo) capaz -- para, desde logo, ajudar os decisores políticos a desenhar as melhores políticas (porque quem lá está tem provavelmente muito mais conhecimento do que um ministro que, tipicamente, não dura sequer um mandato na pasta) e, segundo, uma AP que consiga implementar essas mesmas políticas de uma forma eficaz e imparcial (ou seja, para a população em geral e não apenas o eleitorado do partido do poder).  A verdade, no entanto, é que tendemos a desvalorizar esta condição necessária da boa governação. Falamos muito de política e políticas públicas -- as melhores medidas para atingir este ou aquele fim --, mas discutimos pouco a estrutura que terá de implementá-las; e o 45 Graus não era excepção nesta tendência -- até agora. Bem sei que a AP parece um tema pouco sexy (menos do que o que se passa nas empresas privadas, e muito menos do que a actualidade política, sempre sumarenta), mas acreditem que este episódio vai valer a pena.  Depois de alguma pesquisa por convidados para discutir este tema (inclusive com várias sugestões de ouvintes e amigos, a quem agradeço), acabei por decidir trazer alguém de fora da AP, que pudesse ter uma perspectiva simultaneamente ampla e distanciada. Definido este critério, o nome do convidado, António Tavares, era a escolha óbvia. O António é autor de vasta investigação nesta área e escreveu um ensaio chamado precisamente "Administração Pública Portuguesa", publicado em 2019 pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. Esta foi, como vão ver, uma conversa muito esclarecedora e que nos faz pensar. E é, ao mesmo tempo, um episódio que desafia pré concepções ideológicas sobre a AP -- de ambos os lados.  Por um lado, discutimos as lacunas da AP em relação ao que se passa em muitas áreas do privado: desde disposições anacrónicas, como o facto de ser quase impossível ser despedido de um emprego público, à praga das jobs for the boys/girls e à dificuldade que persiste em implementar um sistema de avaliação de desempenho que funcione.  Mas falámos também sobre como é importante capacitamos a nossa AP, se queremos, lá está, políticas públicas melhores e mais eficazes. Um aspecto essencial que em Portugal tem faltado desde sempre é a capacidade para analisar a eficácia das políticas públicas. Mas há aspectos que se têm mesmo deteriorado nas últimas décadas, como a perda de prestígio da função pública, o envelhecimento do corpo de funcionários públicos e o gap crescente de competências para o sector privado em muitas áreas mais complexas. Estas tendências manifestam-se já de forma visível, seja na diminuição da motivação dos professores seja nos casos em que o Estado acaba a assinar contratos de concessão ou privatização em que sai prejudicado. (E as privatizações, já agora, são, precisamente, uma área em que, como vão ver, a opinião do convidado desafia dogmas ideológicos dos dois sentidos). Espero que gostem.  ______________ Obrigado aos mecenas do podcast: Francisco Hermenegildo, Ricardo Evangelista, Henrique Pais João Baltazar, Salvador Cunha, Abilio Silva, Tiago Leite, Carlos Martins, Galaró family, Corto Lemos, Miguel Marques, Nuno Costa, Nuno e Ana, João Ribeiro, Helder Miranda, Pedro Lima Ferreira, Cesar Carpinteiro, Luis Fernambuco, Fernando Nunes, Manuel Canelas, Tiago Gonçalves, Carlos Pires, João Domingues, Hélio Bragança da Silva, Sandra Ferreira , Paulo Encarnação , BFDC, António Mexia Santos, Luís Guido, Bruno Heleno Tomás Costa, João Saro, Daniel Correia, Rita Mateus, António Padilha, Tiago Queiroz, Carmen Camacho, João Nelas, Francisco Fonseca, Rafael Santos, Andreia Esteves, Ana Teresa Mota, ARUNE BHURALAL, Mário Lourenço, RB, Maria Pimentel, Luis, Geoffrey Marcelino, Alberto Alcalde, António Rocha Pinto, Ruben de Bragança, João Vieira dos Santos, David Teixeira Alves, Armindo Martins , Carlos Nobre, Bernardo Vidal Pimentel, António Oliveira, Paulo Barros, Nuno Brites, Lígia Violas, Tiago Sequeira, Zé da Radio, João Morais, André Gamito, Diogo Costa, Pedro Ribeiro, Bernardo Cortez Vasco Sá Pinto, David , Tiago Pires, Mafalda Pratas, Joana Margarida Alves Martins, Luis Marques, João Raimundo, Francisco Arantes, Mariana Barosa, Nuno Gonçalves, Pedro Rebelo, Miguel Palhas, Ricardo Duarte, Duarte , Tomás Félix, Vasco Lima, Francisco Vasconcelos, Telmo , José Oliveira Pratas, Jose Pedroso, João Diogo Silva, Joao Diogo, José Proença, João Crispim, João Pinho , Afonso Martins, Robertt Valente, João Barbosa, Renato Mendes, Maria Francisca Couto, Antonio Albuquerque, Ana Sousa Amorim, Francisco Santos, Lara Luís, Manuel Martins, Macaco Quitado, Paulo Ferreira, Diogo Rombo, Francisco Manuel Reis, Bruno Lamas, Daniel Almeida, Patrícia Esquível , Diogo Silva, Luis Gomes, Cesar Correia, Cristiano Tavares, Pedro Gaspar, Gil Batista Marinho, Maria Oliveira, João Pereira, Rui Vilao, João Ferreira, Wedge, José Losa, Hélder Moreira, André Abrantes, Henrique Vieira, João Farinha, Manuel Botelho da Silva, João Diamantino, Ana Rita Laureano, Pedro L, Nuno Malvar, Joel, Rui Antunes7, Tomás Saraiva, Cloé Leal de Magalhães, Joao Barbosa, paulo matos, Fábio Monteiro, Tiago Stock, Beatriz Bagulho, Pedro Bravo, Antonio Loureiro, Hugo Ramos, Inês Inocêncio, Telmo Gomes, Sérgio Nunes, Tiago Pedroso, Teresa Pimentel, Rita Noronha, miguel farracho, José Fangueiro, Zé, Margarida Correia-Neves, Bruno Pinto Vitorino, João Lopes, Joana Pereirinha, Gonçalo Baptista, Dario Rodrigues, tati lima, Pedro On The Road, Catarina Fonseca, JC Pacheco, Sofia Ferreira, Inês Ribeiro, Miguel Jacinto, Tiago Agostinho, Margarida Costa Almeida, Helena Pinheiro, Rui Martins, Fábio Videira Santos, Tomás Lucena, João Freitas, Ricardo Sousa, RJ, Francisco Seabra Guimarães, Carlos Branco, David Palhota, Carlos Castro, Alexandre Alves, Cláudia Gomes Batista, Ana Leal, Ricardo Trindade, Luís Machado, Andrzej Stuart-Thompson, Diego Goulart, Filipa Portela, Paulo Rafael, Paloma Nunes, Marta Mendonca, Teresa Painho, Duarte Cameirão, Rodrigo Silva, José Alberto Gomes, Joao Gama, Cristina Loureiro, Tiago Gama, Tiago Rodrigues, Miguel Duarte, Ana Cantanhede, Artur Castro Freire, Rui Passos Rocha, Pedro Costa Antunes, Sofia Almeida, Ricardo Andrade Guimarães, Daniel Pais, Miguel Bastos, Luís Santos _______________ Esta conversa foi editada por: Hugo Oliveira _______________ Bio: António Tavares é doutorado e investigador na área da Administração Pública e do Poder Local. É professor associado com agregação na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, sendo membro do Centro de Investigação em Ciência Política. Doutorou-se em Administração Pública pela Reubin O'D. Askew School of Public Administration and Policy da Florida State University (EUA). Desde julho de 2015, ocupa igualmente o cargo de adjunct associate professor na Unidade Operacional de Governação Eletrónica da Universidade das Nações Unidas (UNU-EGOV). Ao longo da sua carreira, publicou mais de trinta artigos em periódicos científicos internacionais nas áreas de ciência política e administração pública, além de vários capítulos de livros e a coedição do livro "A Reforma do Poder Local em Portugal". Entre 2014 e 2019, foi coeditor da revista Urban Affairs Review, afiliada à secção de Urban Politics da American Political Science Association. É também autor do ensaio "Administração Pública Portuguesa" (2019) e colabora em programas de formação executiva para a Administração Pública, nomeadamente os programas CADAP e FORGEP.  

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