A proposta do Coemergência é explorar temas importantes da nossa sociedade e da vida cotidiana, sempre à luz da relação entre os nossos mundos interno e externo. Partimos do princípio de que a maneira como percebemos e nos posicionamos no mundo está diretamente relacionada aos nossos referenciais, v…
Seres de todos os reinos, O Coemergência #74 se situa em várias travessias: entre a fala e o silêncio, entre a experiência e a linguagem, entre as violências estruturais e a agência de pessoas que anseiam, sonham, criam. Esses são alguns dos aspectos das belíssimas reflexões trazidas pela pesquisadora Fernanda Sousa. Ela tem investigado a literatura, e especificamente os diários, de Carolina Maria de Jesus e Lima Barreto, "à luz de uma tradição literária e musical afrodiaspórica" em seu doutorado no Programa de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo. A Fernanda, dentre outras coisas, também publicou várias resenhas na Folha de São Paulo, traduziu intelectuais da diáspora negra e escreveu o posfácio de Perder a Mãe: uma jornada pela rota atlântica da escravidão, a edição brasileira de Lose Your Mother, de Saidiya Hartman, publicada pela Bazar do Tempo. Para além do interesse que poderíamos ter mais específico por literatura ou pelo diário desses autores, é muito digno de nota o quanto aspectos da sociedade brasileira, e da história dessa sociedade tão estruturada pelo racismo, se permite ver nesse microcosmos. Mas textos e pessoas nunca são apenas um reflexo das estruturas. Ao abordar os diários e sua autoria, a Fernanda nos convida também a reflexões éticas: o que seria ler com uma ética do cuidado? Como os silêncios, mas também os silenciamentos, se manifestam na literatura? Se eu a entendo corretamente, parece que um ponto relevante é o respeito à complexidade das pessoas e suas experiências, que nunca podem ser inteiramente capturadas na linguagem, nem tornadas superficiais em vez de profundas. São pessoas que, por exemplo, resistem, mas que também fazem muito mais que resistência.
Seres de todos os reinos, estamos de volta com mais um episódio do Coemergência. Desta vez para tratar de um tema urgente e pouco discutido: a crise da sensibilidade e seus efeitos nas nossas vidas. Convidamos para nosso papo o artista, educador e pesquisador do corpo Danilo Patzdorf (@danilopatzdorf). Danilo é uma daquelas pessoas raras que entra com corpo-alma-mente em investigações teórico-práticas motivadas pelo desejo de entender as causas do nosso sofrimento. Este ano ele defendeu a tese “A somatopolítica neoliberal e a crise da sensibilidade do corpo ocidental“, em arte-educação, na ECA/USP. Se ficou difícil de entender, não se preocupe. Danilo foi super generoso e explicou tudo pra gente! Sua hipótese é que sofremos em grande medida por conta do distanciamento com nossa dimensão estética, sensível e sensorial, o que fragiliza nossa capacidade de perceber e enfrentar aquilo que nos tira energia e que nos impede de dar sentido à existência. O papo foi muito provocante. Esperamos que apreciem tanto quanto apreciamos.
Seres de todos os reinos, Muitas vezes nesse podcast falamos, e com razão, sobre como não basta tratarmos apenas da dimensão individual de nosso bem-estar e sofrimento; afinal, existimos de maneira interdependente. Mas pode ser muito importante concretizarmos um pouco mais essa afirmação. Em nossos sociedades contemporâneas, o que significa pensar também sobre as dimensões sistêmicas de nossas vidas? Certamente o tema das políticas públicas é de grande importância. Tendo isso em mente, a coluna Interser teve a honra de receber Lorena Barberia, professora do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora científica da Rede de Pesquisa Solidária em Políticas Públicas e Sociedade, dentre muitas outras coisas. A professora Lorena falou detalhadamente sobre o tema da pandemia, uma área que deixa particularmente clara a insuficiência de abordagens meramente individuais para problemas coletivos, bem como do combate à fome no Brasil e questões mais amplas sobre saúde pública. Para quem quiser nos apoiar, estamos em apoia.se/coemergencia. Cada apoio faz muita diferença! Que nosso voto amanhã reflita nosso compromisso mais profundo com a teia de seres vivos. Que seja um passo rumo a um mundo sem fome, sem exploração, se destruição da natureza, sem genocídio indígena e do povo negro, sem violências de raça e gênero. Nada disso se resolve inteiramente nas urnas, nem perto disso, mas a construção é facilitada ou enormemente impossibilitada por meio delas.
Durante um evento em São Paulo, o nosso amigo Valentin Conde, que já foi entrevistado por aqui, nos apresentou a Flavia Kolchraiber. Ele contou que a Flavia está fazendo um trabalho lindo com meditação e práticas contemplativas em Parelheiros, no extremo sul de São Paulo, e achou que seria legal um programa com ela no Coemergência. Nós achamos também, muito. E depois de uma breve conversa, achamos que uma outra boa ideia seria trazer com ela dois jovens que estão participando dessas iniciativas lá em Parelheiros. E assim foi. A Thais Aparecida e o Wender Gomes de Campos toparam nosso convite e deixaram essa conversa muitíssimo mais rica, falando sobre como tem sido esse processo a partir de suas próprias experiências. Essa edição foi tão importante pra gente porque é um tema sempre presente nas nossas reflexões. A ausência de diversidade nos ambientes ligados à meditação e às práticas contemplativas no Brasil é clara, notória e algo que sempre nos gerou incômodos e questionamentos. Ainda que essas barreiras não estejam colocadas de maneira explícita, parece que as práticas de meditação e os ensinamentos associados a elas não são pra todo mundo. Afinal, quando olhamos pras pessoas interessadas ou que integram esses grupos, o cenário é sempre um pouco parecido. Pessoas brancas, de classes sociais privilegiadas e com alta escolarização. As excessões sempre existiram também, é claro, mas a paisagem geral soa pouco convidativa para quem não se enxerga representado por esses esteriótipos. Chacoalhar essa realidade é urgente, e iniciativas como a da Flavia podem nos oferecer um horizonte pra isso. Nossa aspiração é de que esse episódio possa ajudar a inspirar esse movimento.
Tudo que percebemos como inadequação só pode existir à luz de uma norma do que seja o adequado. E há áreas da vida em que, de fato, precisamos de referenciais: na ética, por exemplo, referenciais lúcidos e maleáveis, acompanhados da atenção às situações em sua concretude, são muito úteis, e sua ausência pode ser perigosa. Mas a comparação da nossa experiência com uma “segunda coisa” pode também nos colocar em luta contra a vida como ela é, nesse momento, e produzir um senso de inadequação e de insuficiência muito injusto para seres com tanto a oferecer ao mundo, como todos, sem exceção, somos. O episódio #71 apresenta a primeira de duas partes de uma conversa sobre o cultivo da atitude de “aceitação radical” em relação à nossa experiência, exemplificada nos domínios do corpo, das sensações, da mente e dos fenômenos. Há muito o que explorar no assunto, desde a distinção entre aceitação e passividade até as dificuldades e potencialidades de uma maior abertura à vida, e é evidente que mal arranhamos a superfície. Mas como a honestidade com nós mesmos e uns com os outros é a base de bons relacionamentos, mesmo essa abordagem exploratória pode render alguns bons frutos. Onde quer que você esteja, qualquer que seja a sua experiência agora, que esse papo possa ser uma boa companhia para você!
Tudo que percebemos como inadequação só pode existir à luz de uma norma do que seja o adequado. E há áreas da vida em que, de fato, precisamos de referenciais: na ética, por exemplo, referenciais lúcidos e maleáveis, acompanhados da atenção às situações em sua concretude, são muito úteis, e sua ausência pode ser perigosa. Mas a comparação da nossa experiência com uma "segunda coisa" pode também nos colocar em luta contra a vida como ela é, nesse momento, e produzir um senso de inadequação e de insuficiência muito injusto para seres com tanto a oferecer ao mundo, como todos, sem exceção, somos. O episódio #71 apresenta a primeira de duas partes de uma conversa sobre o cultivo da atitude de "aceitação radical" em relação à nossa experiência, exemplificada nos domínios do corpo, das sensações, da mente e dos fenômenos. Há muito o que explorar no assunto, desde a distinção entre aceitação e passividade até as dificuldades e potencialidades de uma maior abertura à vida, e é evidente que mal arranhamos a superfície. Mas como a honestidade com nós mesmos e uns com os outros é a base de bons relacionamentos, mesmo essa abordagem exploratória pode render alguns bons frutos. Onde quer que você esteja, qualquer que seja a sua experiência agora, que esse papo possa ser uma boa companhia para você! Para ouvir o episódio completo: site, Spotify e demais agregadores. Para nos apoiar: apoia.se/coemergencia.
Mudita, ou alegria empática, é uma das "quatro qualidades incomensuráveis" na tradição budista, junto com amor, compaixão e equanimidade. Ela é a expressão de nossa capacidade de nos alegrarmos com as alegrias dos outros - dos seres que pensamos ser "outros" - e, especialmente no budismo tibetano, a apreciação pelas virtudes que geram a felicidade e suas causas. O objetivo dessa coluna é falar sobre virtudes, ações no mundo e artefatos culturais que apreciamos. Mudita não é apenas para budistas, pois é uma potencialidade da consciência de todos. Também não é frivolidade nem "positividade tóxica": as quatro qualidades se combinam e se fortalecem mutuamente, evitando que as demais tomem uma direção errada. Assim, é importante falarmos do sofrimento e suas causas com o intuito de ultrapassá-los (isto é compaixão), mas nossa capacidade de agir no mundo de maneira compassiva, bem como amorosa e inclusiva, é ampliada pela nossa apreciação por tudo que é digno de apreciação. Basta investigar: quantos livros, movimentos sociais, teorias, filmes, exemplos positivos você não conheceu porque alguém falou apreciativamente a respeito? Quantas qualidades em nós mesmos não foram fortalecidas pela fala apreciativa de outra pessoa? A primeira convidada dessa coluna é a querida Denise Kato. Denise é professora e praticante de meditação e mindfulness, inclusive na linhagem de Plum Village, a comunidade fundada por seu professor Thich Nhat Hanh. Ela nos trouxe lindas contemplações e exemplos de mudita com sua fala gentil e atenta. Alegria!
Uma das belezas de perspectivas como “interdependência” e “causalidade mútua” é a possibilidade de contemplá-las através dos mais diversos ângulos, tradições e disciplinas. Nós não precisaríamos manter esses conceitos em um nível puramente abstrato, separados das nossas próprias vidas e das vidas dos seres. De fato, segundo vários seres de sabedoria, nós temos tudo a ganhar ao perder a ilusão de separação e abrir mão de toda a violência que ela gera em nossa relação com o mundo, objetificando-o. Se está em jogo reconhecer, respeitar e apreciar a vida onde quer que haja vida, por que não buscar reflexões e exemplos de interdependência no campo da biologia? Não haverá ganhos em contemplar o mundo para além de uma perspectiva meramente antropocêntrica? Não há sabedoria a ser aprendida com outras espécies que não a nossa? A nossa convidada diz que sim. Trata-se da querida Bruna Buch (@brunabuch @holobiotika), uma bióloga cuja trajetória acadêmica inclui um doutorado em Microbiologia, e que também busca explorar o diálogo entre o budismo e a biologia. Além disso, ela é co-facilitadora na Comunidade de Aprendizagem do Trabalho que Reconecta junto com as queridas Lia Beltrão e Polliana Zocche. A Bruna conduz, atualmente, oficinas e estudos baseados na visão sistêmica da vida e na espiral do TQR, e ao final do episódio vocês com certeza vão querer colar na página @holobiotika no instagram para saber de todas essas atividades, assim como a do próprio TQR, essa beleza de metodologia criada pela ecofilósofa, e ecosatva mesmo, Joanna Macy. Gostaria de convidar quem se alegra com o nosso movimento a considerar a possibilidade de nos apoiar pelo apoia.se/coemergencia. Para criadores independentes de conteúdo, esse tipo de apoio é muito importante para viabilizar os projetos, e com certeza também é o nosso caso. Se você quiser pagar um café, um almoço, uma conta ou quem sabe até uma cenoura para gente por mês, ficaremos muito gratos! Aproveitem bem o grande conhecimento da Bruna, e que possamos todes sair dessa conversa com o olhar apreciativo para a imensa beleza dessa teia viva tão complexa da qual somos parte! Que possamos nunca mais nos sentir separados! Um ótimo programa para todo mundo!
Seres de todos os reinos, para o Coemergência #69, nós nos reunimos para compartilhar o que nos acontece quando decidimos questionar e testar, em primeira pessoa, nossas teorias, crenças e fantasias sobre o mundo. Você já experimentou abdicar das certezas que tem, aquelas que nos deixam seguros e supostamente no controle, e pagar pra ver o que acontece quando nos permitimos arriscar outros percursos, outros movimentos, outros eus? A tarefa não é fácil. Atuar de modo diferente diante de experiências que acionam gatilhos importantes exige um grande esforço nosso. Mas o resultado parece ser muito compensador. Sem querer dar spoiler, parece que nos expandimos e o mundo se expande junto com a gente. Dá o play que a gente explica no caminho! Onde? Site, Spotify e demais agregadores. Link na bio. O Grupo de Estudos sobre os Mundos está indo para a sua terceira semana estudando o tema amor. Ainda dá pra participar (mas é melhor vir logo!): link na bio. O apoio da rede é muito importante para a sustentação do projeto. Se quiser nos apoiar, estamos em apoia.se/coemergencia.
Seres de todos os reinos, Muitas das nossas conversas tratam do tema da coexistência: somos seres sociais, inseparáveis de toda a vida humana e não-humana, e sabemos bem que durante essa "dança cósmica" (como Ailton Krenak já a chamou) não é incomum pisarmos uns nos pés dos outros; sabemos que queremos nos juntar para viver bem e nem sempre conseguimos. Sabemos também que queremos nos juntar para atuar coletivamente e nem sempre isso é fácil também; o nome dessa ação é política, e ela é parte desse episódio também. Em muitas das nossas conversas, a tradição budista forneceu referenciais e práticas. Assim sendo, pode ser muito relevante explorar, nos limites possíveis de um bate papo informal, a maneira como o próprio Buda lidou com esses temas da política e da sociedade. É verdade que os ensinamentos do Buda não os têm como foco principal, mas sim a liberação ou a iluminação de nós mesmos e de todos os seres, dependendo da tradição budista em questão. Mas não apenas a compaixão é central para qualquer escola budista, e a ação compassiva em prol de todos os seres é especialmente importante para o budismo Mahayana - além disso, o próprio Buda repetidamente tratou sobre vários aspectos ligados à sociedade, coexistência, política. Além disso, mais recentemente, termos como "budismo engajado" e "ecodarma" têm levado ainda mais a sério a importância de enfatizar a conexão entre a tradição budista e os temas sociais. Não é simples discutir registros orais de dois milênios e meio atrás, escritos posteriormente: o significado de textos antigos não é tão óbvio quanto pode parecer. Por exemplo, não necessariamente falar sobre monarquias ou o respeito às tradições é um endosso a esta ou aquela forma de governo, e em outros contexto ou no contato com outras classes de ensinamentos - ensinamentos sobre vacuidade, que evidentemente incluem classe social e gênero - vamos ver que o quão complexo é produzir uma interpretação dessas falas. Nem é simples tentarmos evitar sobrepor nossas próprios princípios sobre falas surgidas em outro contexto. Mas é uma complexidade que vale a pena ser explorada. É especialmente importante enfatizar que não é uma conversa voltada apenas para budistas. ;) O convidado para essa conversa é o querido Marcelo Nicolodi, tutor do CEBB (Centro de Estudos Budistas Bodisatva), aluno do Lama Padma Samten, tradutor de vários livros budistas, dentre os quais a antologia "Budadarma: O Caminho para a Iluminação". Além das práticas e estudos, o Marcelo traz sua experiência com as Aldeias CEBB, que levam para a prática, e para a terra, a tentativa de coexistência benéfica com os demais seres humanos e não-humanos. É uma beleza de experiência sobre a qual conversamos também. Para explorar melhor a intersecção entre questões sociais e políticas, por um lado, e os insights de tradições contemplativas, por outro, vamos começar em breve um grupo de estudos combinando textos com ambas as abordagens, bem como práticas em primeira pessoa. O primeiro tema vai ser, como não?, amor. Mais informações: link na bio do insta @coemergencia ou em www.coemergencia.com.br. Ótimo programa para todo mundo e um grande abraço!
Antaki é homem medicina, pertence à nação Quechua e é membro da Comunidade dos Povos Originários de Maras Ayllu. Nascido no Vale Sagrado dos Incas em Cusco, no Peru, foi iniciado há 20 anos na Sagrada Cerimônia de Oferenda à Pachamama e Limpeza Energética por abuelos Quechua e Aymaras. É portador e mestre das Cerimônias do Altar das Medicinas Andino-Amazônicas: ayahuasca, wachuma, peyote, hongos, rapé, sayri (tabaco), coca mama e kambô, certificado pela Igreja Nativa Americana Tatá Endy Rekowé da nação Guarani. Condutor de busca da visão, conduz e organiza retiros nos santuários de Cusco, como Machu Picchu, o Vale Sagrado dos Incas, lago Titicaca, entre outros. Criou o movimento "Pachamama sem fronteiras" e a escola Qori Kuntur. Em nossa conversa, Antarki compartilhou experiências da sua jornada pelos Andes e suas peregrinações pela América, nos contou sobre um período de 9 anos acompanhando o Lama Padma Samten no Cebb Caminho do Meio, em Viamão, e muitas outras histórias. Mas, para além das palavras que saem da sua boca, Antarki ensina na forma de ser, de se mover, na maneira como conduz as cerimônias e consagra as medicinas. A cada respiração, nos transmite a reverência pela vida e pelos elementos da natureza, nos aproximando daquilo que verdadeiramente somos, mas que por alguma razão podemos ter esquecido pelo caminho.
Seres de todos os reinos, somos o Coemergência, seu podcast surpresa que não tem dia e hora pra chegar, mas acaba sempre chegando. Esse episódio é resultado da curiosidade e das investigações de algumas e alguns de nós, especialmente após o lançamento do documentário "A sabedoria do trauma", que mostra o trabalho do médico e escritor Gabor Maté. Nos identificamos com muito do que foi exposto ali e, desde então, temos visto uma série de cursos, eventos online e conversas relacionadas a este tema do trauma. Nesse embalo, pesquisamos quem poderiam ser as pessoas mais indicadas para convidarmos para falar sobre esse tema no Brasil. E acertamos bem no alvo. A nossa convidada deste programa é a professora Liana Netto, formada em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia, doutora em Medicina e Saúde pela mesma UFBA e Pesquisadora com ênfase na área de estresse pós-traumático e impulsividade. Ela ensina nacionalmente e internacionalmente cursos autorais e módulos da formação do método Experiência Somática, presenciais e online, e é também coordenadora da Pós-graduação em Psicotraumatologia, pelo Instituto Junguiano da Bahia e Escola Bahiana de Medicina. Dona de uma presença impressionante e encantadora, Liana nos apresentou uma visão ampla do trauma, em que podemos enxergá-lo não apenas como experiências devastadora e terríveis, mas também como mola propulsora que nos impulsiona a sermos maiores do que aquilo que nos desafia.
Seres deste maltratado planeta, por considerar que as questões da emergência climática e ecológica em que nos encontramos são as mais urgentes do nosso tempo e pelo fato de não ter a atenção merecida da grande mídia e do público em geral, em parceria com o XR Regenerar/@xr.regenerar), um dos grupos ligados ao Extinction Rebellion/@extinctionrebellion (Rebelião ou Extinção, movimento global que pressiona governos a responder de forma justa à emergência climática e ecológica), decidimos dedicar uma coluna para expor a enrascada em que nos metemos, e que ainda insistimos em não olhar, e para pensar em formas de transformação coletiva a partir delas. Para iniciar a coluna Regenerar, o Coemergência, representado por Alisson Granja, juntamente com os integrantes do XR, Emersom Karma Kontchog e Mariana Pinto, convidamos o respeitado cientista e ambientalista Alexandre Araujo Costa. Alexandre é professor titular da UECE e PhD em Ciências Atmosféricas pela Universidade do Estado do Colorado (EUA), com pós-doutorado na Universidade de Yale. O professor Alexandre foi um dos autores principais do 1º Relatório de Avaliação do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e trabalha com divulgação científica sobre a emergência climática há vários anos, destacando-se pela didática clara e inspirando com seu ativismo baseado, como ele mesmo diz, no pessimismo da razão e no otimismo da vontade. Esperamos que a coluna ajude a esclarecer o problema e sirva como um chamado à ação. Bom programa!
O convidado da vez coluna Interser é o historiador medievalista Leandro Duarte Rust, da UnB. A conversa pode ser apresentada tanto como uma conversa sobre escrever a história da violência quanto como uma conversa sobre fazer tal coisa a serviço da não-violência. O pretexto é a publicação do livro Os Vikings: narrativas da violência na Idade Média (Vozes, 2021). Esse não é exatamente um livro sobre a violência das invasões vikings, mas uma análise das narrativas sobre tais invasões escritas no Império Carolíngio no século IX. Então, em alguma medida, a conversa trata da história da violência, e das histórias de histórias sobre violência. Mas definitivamente não fizemos uma conversa apenas para pessoas interessadas em história, nem especificamente em história medieval ou na história dos vikings. Investigar o passado é também, ou é bom que seja, investigar os referenciais que levamos à nossa investigação do passado. O próprio livro do Leandro dá um grande enfoque a vários aspectos dessa relação entre quem conhece e aquilo que é conhecido, e foi isso que discutimos em boa parte da conversa: pra começar, a instabilidade do conceito de "violência" e as consequências de presumirmos já de partida que temos a régua do que é ou não violento. Isso certamente limita a capacidade de historiadora(e)s de entender ações passadas e narrativas passadas, mas diz respeito também à nossa existência no mundo presente. Nessa mesma linha, discutimos também o papel da imaginação em nossa relação com o passado e o presente, a ideia de "estranhamento", a importância de expressar as incertezas na comunicação científica, dentre outras coisas. A conversa, como o livro do Leandro, pode ser vista ainda como uma perspectiva em prol da não-violência, interessada em não violência, tratando sobre processos violentos, escrita em um presente igualmente cheio de violências. Paul Ricoeur afirma, em um trecho utilizado pelo Leandro como epígrafe do livro: "A primeira condição à qual deve satisfazer uma doutrina autêntica da não violência é de haver varado toda a espessura do mundo da violência". Afinal, alerta ele, "um movimento não violento corre sempre o risco de limitar a ideia de violência a uma forma particular, à qual se opõe com obstinação e estreiteza...". As nossas concepções de violência nos cegam para outras ações, instituições, estruturas que violam a dignidade dos seres, criam hierarquias que desvalorizam suas vidas, habilidades, sua voz, mas que não reconhecemos como violentas. Então fica o desejo de que uma conversa sobre um aspecto desse mundo da violência e de sua abordagem aqui do presente dialogue com o desejo de quem nos ouve por um mundo não violento. Se você quiser apoiar o nosso projeto, é só ir em apoia.se/coemergencia. Tem muito coisa boa vindo por aí sobre questões climáticas, trauma e temas afins. ;)
Nesta edição do Coemergência, recebemos a querida psicoterapeuta, doutora em Ciências, e mãe dos pets Leonardo e Donatella, Erika Leonardo de Souza. Especializada em abordagens baseadas em Mindfulness e Compaixão, Erika é a pessoa certa, no lugar certo, para conversar com a gente sobre o tema de hoje: a autocompaixão feroz. Um dos temas mais recorrentes desse podcast é a compaixão. Afinal, se o mundo exterior coemerge com os referenciais dos sujeitos, ele sempre pode ser transformado. Para que a compaixão fizesse sentido para pessoas do mundo eurocêntrico do século XXI, a pesquisadora e psicóloga Kristin Neff, e outras profissionais seguindo suas trilhas, perceberam a necessidade de falar também em autocompaixão (ou, como nossa convidada prefere, compaixão autodirecionada). Essa abordagem nos ajuda a lembrar de que uma compaixão que nos exclui está incompleta e é impraticável: não vamos conseguir efetivamente cuidar dos demais seres sem antes cuidarmos de nós mesmos. O programa de hoje traz mais uma especificação muito importante e muito bem-vinda: ele trata da "autocompaixão feroz", título do livro mais recente de Kristin Neff. Ao falar nesses termos, Neff busca mostrar que, se é verdade que a autocompaixão às vezes se mostra em sua face "terna", em outros é necessário que ela assuma a sua dimensão de "ferocidade". É fácil perceber o quanto é necessário aprofundar a reflexão: para dar um exemplo dentre vários possíveis, como distinguir a ferocidade da raiva? E em um mundo que tantas vezes usa um discurso de rejeição da raiva para reprimir as vozes de minorias, como fazer tal distinção de um modo que não dê continuidade a esse silenciamento? Ao mesmo tempo, ainda que essa repressão exista, isso não significa automaticamente que a raiva seja a melhor ferramenta ao nosso dispor. Se for o caso, como trabalhar com essa energia quando ela se manifesta? Essas foram algumas das questões que Erika tratou com a gente. Não é surpreendente que as discussões de gênero sejam tão centrais no livro da Neff e para a nossa própria conversa. Neff começa seu livro dizendo que ela e todas as mulheres com quem ela fala sentem que “Há algo no ar”, e esse algo é o movimento das mulheres para se manifestarem no mundo na plenitude de sua humanidade, para além da suavidade que os papéis convencionais de gênero aceitam. Há muito tempo, sair desse script produziu um preço muito alto para as mulheres. Neff acredita que a afirmação, por parte das mulheres, do direito de ser feroz é uma contribuição imensamente importante para a liberação das opressões de gênero, e, a partir daí, potencializa também todas as outras lutas contra injustiças. Os referenciais e práticas da autocompaixão feroz são a maneira de Neff, Erika - e certamente também nosso e de todo mundo que está ouvindo -, de contribuir para a criação desse mundo livre de opressões. *** Você talvez perceba que estamos experimentando um formato um pouco mais parecido com uma roda de conversa do que exatamente uma entrevista. A única constância com que nos comprometemos, afinal de contas, é com a tentativa de fazer conversas relevantes, aprofundadas e bem-humoradas. Esperamos que gostem da brincadeira! *** Caso você queira apoiar nosso trabalho, cogite visitar nossa página no apoia.se/coemergencia! ;)
Seres de todos os reinos, na nova edição do Coemergência, conversamos com Luciano Lobato, psicólogo clínico e mestre em psicologia que, de uns meses pra cá, vem chamando a atenção utilizando seu canal no Instagram como ferramenta de conscientização e "desorientação", segundo suas próprias palavras. Seu nome completo, Luciano Ernesto Lobato, ajuda a localizar suas raízes. O pai, socialista, veio do Chile na época do golpe do Pinochet. "Luciano" foi um amigo dele que morreu na resistência e "Ernesto" vem...sim, Che Guevara. Hoje, ele integra um grupo autogerido de terapeutas e traz em suas reflexões a noção de uma saúde mental politizada. Entre os temas que nos chamaram a atenção para que essa conversa acontecesse, estão principalmente as suas ideias buscando desconstruir a ideia de doença mental como algo existente por si só. Como você sabe, aqui no Coemergência também nos interessamos por apontar a ausência de existência inerente dos fenômenos, e achamos que esse é um debate importante para o nosso tempo. Caso você veja valor no nosso trabalho aqui no Coemergência e queira apoiá-lo, estamos em apoia.se/coemergencia. Outra forma de apoiar é divulgando pras pessoas no boca-a-boca, pra que possamos depender um pouco menos dos algoritmos. No nosso site, você pode cadastrar o seu e-mail para receber nossa newsletter e ter um acesso mais direto às nossas atividades: programas, rodas, cursos, etc. Bom programa!
O Coemergência #63 discute o tema da transformação social: como ela tem sido produzida coletivamente ao redor do mundo, por quem, com que tipo de visão e enfrentando quais tipos de obstáculos? Para discuti-lo, contamos com o conhecimento e a simpatia do querido Andreas Hernandez. Andreas Hernandez é – bom, ele é muita coisa. Já no começo da conversa, ele conta alguns episódios de uma biografia absolutamente cheia de plot twists. Se você não se interessa pelo tema, mas curte narrativas de ação, vale a pena ouvir no mínimo essa parte! Mas se você também valoriza reflexões muito ricas e articuladas e deseja atuar, ou seguir atuando, na montagem peça a peça da mandala de um novo mundo, esse episódio é para você. O Andreas tem se debruçado sobre o tema ao longo de sua carreira, que inclui um doutorado em Sociologia do Desenvolvimento pela Cornell University e, atualmente, a atuação como professor de Estudos de Sustentabilidade na University of New Mexico, nos Estados Unidos, com diversos artigos e filmes pelo caminho. Algumas de suas pesquisas, especialmente sobre agroecologia, envolvem o Brasil. Elas podem ser vistas, por exemplo, no filme Soil, Struggle and Justice: Agroecology in the Brazilian Landless Movement (Solo, Luta e Justiça: Agroecologia no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). A importância da terra e da atuação coletiva são alguns dos pontos em comum entre o filme e a conversa que você vai ouvir em breve. Em linhas gerais, o Andreas parece enfatizar bastante a importância das visões de mundo. Mas não é uma concepção desencarnada de visão, e sim uma que surge de seres incorporados, atuando coletivamente, interdependentes com a terra com T minúsculo e a Terra com T maiúsculo. Ele também traz muitos exemplos concretos, o que é excelente para ampliar nosso senso do que é possível e do que pode ser adaptado criativamente em novas circunstâncias. Caso você veja valor no nosso trabalho aqui no Coemergência e queira apoiá-lo, estamos em apoia.se/coemergencia. Outra forma de apoiar é divulgando pras pessoas no boca-a-boca, pra que possamos depender um pouco menos dos algoritmos. No nosso site, você pode cadastrar o seu e-mail para receber nossa newsletter e ter acesso mais direto às nossas atividades: programas, rodas, cursos, etc. É isso! Esperamos que gostem do programa tanto quanto gostamos de gravá-lo e que ele te inspire a agir mais e melhor no sentido daquilo que você considera mais benéfico!
A coluna Interser tem o prazer de receber novamente Letícia Cesarino, antropóloga e professora da UFSC. No início de 2020, discutimos as pesquisas dela sobre populismo digital, pós-verdade e bolsonarismo. Na época, ela também havia publicado a tradução de um artigo de Gregory Bateson, pensador que atuou na antropologia e em várias outras áreas: "A Cibernética do Self: uma teoria do alcoolismo", originalmente de 1971. A Letícia frequentemente traz em suas pesquisas e reflexões um componente do pensamento de Bateson, que é o olhar para o funcionamento de todo o sistema (incluindo as mídias digitais, por exemplo), sem presumir um centro de decisão unilateral, dominado por indivíduos descontextualizados, supostamente autônomos e estáticos. Óbvio que não é apenas ela que faz isso, mas nos trabalhos dela a força da cibernética e da teoria dos sistemas aparece com bastante clareza. O alcoolismo é o estudo de caso do Bateson naquela discussão em específico, mas o objetivo da nossa conversa é tratar de algo mais amplo, a concepção cibernética de self que Bateson propõe e que afirma encontrar também nos Alcóolicos Anônimos. O subtexto do artigo e da conversa é que nossas concepções sobre quem são os sujeitos e como eles se relacionam com o ambiente em que vivem têm consequências diretas sobre a qualidade dessa relação e, em última instância, sua capacidade de sobrevivência do sistema. Nos tempos em que nossa sobrevivência é ameaçada pela emergência climática, pelo neoliberalismo e por várias formas de violência da sociedade brasileira, incluindo o violento movimento que atualmente ocupa o governo e mobiliza parte da nossa sociedade, reconhecer as limitações de nossa visão e ampliá-la pode ser um bom negócio. Caso você se alegre com o movimento que fazemos aqui no Coemergência e queira nos apoiar, é só ir em apoia.se/coemergencia.
Seres de todos os reinos, está no ar o terceiro episódio da nossa série “O bem-estar como habilidade”: “Conexão”. Esse pilar inclui o aspecto relacional do bem-estar, componente fundamental nas tradições contemplativas e também presente nos estudos científicos mais recentes sobre a felicidade. Do lado das tradições contemplativas, vemos a importância de nos movermos pelo mundo gerando menos sofrimento e promovendo benefícios para os seres ao nosso redor e aprendemos a cultivar qualidades que nos apoiam a estabelecer relações mais genuínas e de modo mais não-excludente, ampliando nossos círculos de cuidado. O Budismo, por exemplo, fala das quatro qualidades incomensuráveis (bondade amorosa, compaixão, alegria empática e equanimidade), além de fatores como apreciação e gratidão. Do lado da ciência, diversos estudos vêm mostrando a influência que ter boas relações e redes de apoio exerce em nossa saúde psicológica e, inclusive, em nossa saúde física - em alguns casos, mais até do que fatores biológicos ou econômicos. Partindo desse pano de fundo, como fizemos nos outros programas, discutimos um pouco como vemos a importância das relações na experiência de cada um de nós, abordando o que está por trás delas contribuírem tanto para o nosso bem-estar; lembramos momentos em que nos sentimos com redes e outros em que nos sentimos isolados e os efeitos disso; falamos dos obstáculos que enfrentamos para cultivar relações e aprofundá-las; e levantamos como cada um tenta fazer para lidar com esses obstáculos e vários outros temas. Para completar, já guardem na agenda aí: na semana que vem, na quinta-feira dia 14/10, vamos fazer uma roda de conversa para seguirmos papeando sobre esse assunto juntos com vocês! Sempre ficamos empolgados e achamos incríveis esses encontros, então já estamos super animados por aqui! Que esse nosso papo chegue como uma boa companhia para vocês! Para nos apoiar: estamos no apoia.se/coemergencia.
Seres de todos os reinos, estamos de volta com mais um episódio do Coemergência. A gravação deste programa foi a realização de um sonho da era pré-pandêmicas. Um sonho que só ganhou mais força diante das experiências enfrentadas nos últimos tempos e que, como todos os sonhos, abriu uma brecha no tempo-espaço e voilá! Conversamos com Claudio Thebas! Escritor, educador, investigador, escutador, criador, improvisador, mas, antes de tudo, Palhaço! Um palhaço que escreve, que educa, que investiga, que escuta, que improvisa. Um palhaço que tem como ofício o encontro com o outro. Além de estar à frente de diversos projetos de transformação social, como PlayMonday e Forças Amadas, assumiu a tarefa de espalhar a arte da palhaçaria através de palestras, cursos e livros, nos aproximando desse universo tão encantador e lúdico. Há quem pense que os palhaços vivem de piadas, mas depois de conversar com Cláudio Thebas desconfiamos que os palhaços vivem de magia. A magia que os encontros podem produzir! No nosso papo, com uma generosidade do tamanho do mundo, Claudio Thebas revelou alguns segredos escondidos nas mágicas dos palhaços: a escuta empática e o brincar. Conversamos também sobre seu último livro “Ser bom não é ser bonzinho”, lançado há pouco pela editora Planeta, que aproxima a arte do palhaço e a comunicação não-violenta, além de, claro, aproveitarmos para saber mais sobre o encontro da palhaçaria com a psicanálise, materializado no livro O Palhaço e o Psicanalista, em co-autoria com Christian Dunker. O programa está lindo e divertido. Esperamos que vocês se divirtam tanto quantos nos divertimos e que o papo possa contribuir para o cultivo da ludicidade na vida de vocês. Como sempre, para quem quiser nos apoiar, estamos no apoia.se/coemergencia.
Na ocasião dos seus 80 anos de idade, a professora e ativista Cecília Coimbra, do grupo Tortura Nunca Mais, publicou suas memórias no livro "Fragmentos de Memórias Malditas: Invenção de Si e de Mundos", lançado neste ano de 2021 pela n-1. A sétima edição da coluna Interser aproveita a oportunidade para esse encontro com a Cecília, que tem muito a dizer sobre a produção discursiva de "classes perigosas" que legitima violências de longa data na sociedade brasileira, sobre os microfascismos que nos atravessam, mas também sobre a possibilidade de vivermos, desde já, uma vida mais aberta aos encontros, à diferença, à alegria e à solidariedade. São tópicos que reaparecem a todo momento em seu livro e na nossa conversa - e que a própria presença dela transborda a todo tempo! Para ouvir: site, Spotify, agregadores (link na bio). Estamos em apoia.se/coemergencia!
Seres de todos os reinos, está no ar o segundo episódio da nossa série “O bem-estar como habilidade”. Começamos essa série inspirados por uma fala do Dr. Richard Davidson justamente sobre o bem-estar ser uma habilidade que podemos cultivar. Como comentamos no primeiro episódio da série, seguiremos, apenas como ponto de partida, quatro pilares de práticas apontados pela ciência - e pelos contemplativos - como essenciais para esse cultivo: Propósito, Consciência, Conexão e Insight. (Apenas como contexto para quem não ouviu no primeiro episódio da série, esses termos são uma tradução livre nossa da linguagem utilizada no programa Healthy Minds para apresentar esses pilares. O Healthy Minds é um programa que foi criado pelo próprio Richard Davidson e outros cientistas, como Cortland Dahl, ambos grandes praticantes e alunos do Mingyur Rinpoche). Se você ainda não viu, no primeiro programa da série, falamos sobre “Propósito”. E, hoje, vamos conversar sobre o segundo pilar: “Consciência”. De novo, voltamos com o mesmo formato: uma mesa redonda entre nós seis, em que compartilhamos como esse tema em particular ressoa para cada um em primeira pessoa. Nesse pilar, de “Consciência”, estão todas as práticas voltadas para o cultivo da atenção, da introspecção e outras habilidades mentais correlatas. Em outras palavras, todas as práticas que nos apoiem a cultivar uma atenção relaxada, estável e clara tanto ao ambiente ao nosso redor quanto a experiências internas, como pensamentos e emoções. Diversos estudos científicos atuais apontam a conexão entre esse pilar com o bem-estar, na medida em que ele nos ajuda, por meio de suas práticas, a irmos além da agitação ou distração e do mero torpor ou embotamento - os dois extremos nos quais usualmente nos vemos no dia a dia. Dentre os resultados específicos identificados, estão o de que essas práticas apoiam a regulação emocional; levam a níveis mais baixos de estresse, reatividade a dor, ansiedade e depressão e promovem emoções positivas e uma maior sensação psicológica de bem-estar. Além disso, claro, esse pilar é uma das bases de muitos caminhos contemplativos, então é mais um ponto onde há uma clara convergência entre a ciência e as práticas contemplativas. Mas, nem precisamos ir tão longe para ver a importância dessas práticas: é só lembrarmos da última vez que tentamos focar em alguma tarefa, leitura, conversa, etc. para vermos a dificuldade que temos de realmente direcionar e manter a nossa atenção em algum objeto de nossa escolha. Usualmente, somos simplesmente carregados, sem liberdade e sem muitas escolhas pela nossa mente. É evidente que, com uma mente assim, estamos muito mais sujeito às aflições mentais, a termos episódios emocionais destrutivos e a seguirmos comportamentos dos quais nos arrependeremos no futuro. Então, este foi o tema da nossa conversa! Assim como fizemos no programa anterior, falamos, a partir da nossa experiência em primeira pessoa, sobre como vemos a conexão entre essas práticas de “Consciência” (ou cultivo da atenção) e o cultivo do bem-estar, abordamos potenciais obstáculos, armadilhas e dificuldades nesse caminho e finalizamos com práticas, contemplações e referências que têm nos apoiado a seguir praticando. Não esperem nenhuma aula ou grande ensinamento, ouçam realmente como uma conversa despretensiosa entre praticantes. Mais uma vez, vocês vão ver que dividimos o programa em alguns blocos de perguntas e, entre cada um, colocamos uma música como transição. Sugerimos aproveitar esse breve momento para notar como tudo o que falamos no bloco anterior ressoa por aí e como vocês responderiam às perguntas que nos fizemos. Se acharem útil, pausem o áudio por alguns instantes para essas reflexões. Também, como fizemos no primeiro programa da série, vamos deixar, ao final do programa, uma sugestão de prática relacionada a esse pilar, para cada um fazer no seu próprio tempo. E, no site, na página desse episódio, listamos algumas das referências que citamos para quem quiser se aprofundar. É isso! Relaxem e desfrutem! Como sempre, para quem quiser nos apoiar, estamos no apoia.se/coemergencia.
Para a edição #59 do Coemergência, temos a alegria de receber a instrutora de meditação e tradutora Denise Kato [@denise_s_kato]. Formada em Psicologia pela PUC de São Paulo, aluna do grande professor Thich Nhat Hanh e membro da Ordem do Interser, a Denise explorou com a gente uma das imagens que seu professor usa para ensinar alguns aspectos do Dharma: a das sementes presentes na consciência armazenadora (um dos oito níveis de consciência descritos no budismo), que podem ser convidadas por nós a se manifestarem na consciência mental. Só para dar um leve contexto em budistês e depois seguirmos a conversa de uma maneira mais coloquial, eu vou fazer uma citação rápida. No livro "A Essência dos Ensinamentos do Buda", Thich Nhat Hanh diz: "Quando não estão manifestas, as formações mentais residem em nossa consciência armazenadora na forma de sementes: sementes de alegria, paz, compreensão, compaixão, esquecimento, ciúme, medo, desespero, e assim por diante. … Toda vez que regamos uma delas ou deixamos que uma semente seja regada por outra pessoa, aquela semente se manifesta e torna-se uma formação mental. Nós temos que ter cuidado sobre quais tipos de sementes regamos em nós e no outro." Assim, como em um jardim em que diferentes sementes dão origem a diferentes tipos de plantas e flores, tanto as causas da felicidade quanto as do sofrimento vêm à tona em nossas consciências (individuais e coletivas) na dependência de nossa agência. Nós temos um papel ativo no processo, não estamos impotentes. O que fazemos com o nosso corpo, nossa fala e nossa mente afeta diretamente nosso próprio bem-estar e o bem-estar de todos os seres. Manter isto em mente é uma chave importante para transformarmos o sofrimento, cultivarmos a felicidade e nutrirmos nossas relações e nossa sociedade. O Lama Padma Samten, como lembra a querida Jeanne Pilli de tempos em tempos, já falou que podemos ter um "olhar de jardineiro" na relação com os outros seres, convidando suas qualidades a se manifestarem quando elas ainda não estão visíveis, dando espaço para elas crescerem, regando, cuidando, etc. E é certamente verdade também que podemos ter um olhar de jardineiro ruim, ou olhar de agronegócio, de monocultura - mas, ao percebermos que a jardinagem pode produzir diferentes tipos de resultados, passamos a ter escolhas. Para que esta jardinagem seja benéfica, precisamos estar presentes. Thich Nhat Hanh enfatiza muito a importância da atenção plena à respiração para que possamos estar presentes. Por isso, de tempos em tempos na conversa, a Denise nos convidará a retornarmos ao momento presente com o apoio de um sino. Nossa aspiração é que essa conversa nutra muitas sementes positivas na mente de você que está ouvindo, e que você nutra muitas sementes positivas ao seu redor! Antes de passarmos para ela, nós agradecemos de coração a todes que sustentam nossas atividades por meio do apoia.se/coemergencia. Quem mais quiser nos apoiar, sinta-se muito bem-vindo, muito bem-vinda. Um último aviso: nós estamos compartilhando nos stories o perfil do @projetosolidare, que está arrecadando fundos para uma campanha de cobertores em São Paulo, e vamos fazer o mesmo para outras campanhas pelo país. Fiquem de olho também, por favor, em hashtags como #pl490não e #MarcoTemporalNão, porque é muito importante apoiarmos a preservação dos direitos dos povos indígenas do nosso país. É isso. Pegue sua pá, seu regador e venha com a gente!
Seres de todos os reinos, chegamos com o primeiro episódio da nossa nova série, "O bem-estar como habilidade". No episódio de hoje, vamos focar no primeiro pilar, "Propósito". Culturalmente, falamos muito em propósito, mas muitas vezes de formas superficiais e individualistas, como nas reflexões sobre encontrar um propósito no trabalho. No entanto, acreditamos que isso não precisa ser motivo para descartarmos a importância de pensarmos o propósito sob perspectivas diferentes e mais amplas. "Propósito", aqui, se refere a termos um senso de clareza em relação às nossas motivações e desejos mais profundos, aos nossos valores pessoalmente significativos e a conseguirmos aplicá-los no cotidiano. O propósito é um componente importante dos modelos científicos influentes de bem-estar e é central para as perspectivas de florescimento humano nas tradições contemplativas. O propósito molda nossas narrativas pessoais e está associado a uma série de resultados relacionados ao bem-estar psicológico e à saúde física. Mas, simplesmente falar e ler isso não basta. Precisamos contemplar como isso se aplica na nossa própria experiência em primeira pessoa. Foi isso o que tentamos fazer na conversa. Buscamos abordar como essa reflexão sobre encontrar um "propósito" ou sentido para a vida surgiu para cada um de nós, a importância desse pilar e sua conexão com o cultivo do bem-estar, potenciais obstáculos, armadilhas e dificuldades que podemos enfrentar ao tentar praticá-lo e que contemplações e práticas têm nos ajudado nesse caminho. E, para vocês já poderem explorar, na prática, um pouco do que vamos ter discutido no episódio, deixamos, ao final, uma sugestão de contemplação relacionada a esse pilar, para cada um fazer no seu próprio tempo. Além disso, no nosso site, na página desse episódio, listamos algumas referências para quem quiser se aprofundar. Esperamos que aproveitem o papo o tanto que curtimos gravar e que o que falamos seja benéfico ou um apoio de alguma forma para o caminho de todos vocês. Ah, antes de esquecer, caso queiram nos apoiar, estamos lá no apoia.se/coemergencia. É isso, relaxem e aproveitem! Temas discutidos: 06:17 Em que momento da vida começamos a refletir sobre o propósito? 27:13 - Como a busca por sentido se conecta com a busca pela felicidade pra você? 38:28 - Exemplos pessoais de experiências marcadas pela busca de sentido. 57:01 - Como a gente tem feito pra produzir sentido nesse momento de isolamento? 96:46 - Que exercícios ou práticas poderíamos fazer para cultivar ou localizar esse sentido em nossas vidas?.
Seres de todos os reinos, nosso convidado neste programa é o André Islabão, um ser de muitos talentos e, além de médico, principal razão pela qual o convidamos pra essa conversa, é entre outras coisas, pai, tradutor, artista, escritor, compositor e músico. Entusiasta da medicina sem pressa, André lançou em 2019 o livro “Entre a estatística e a medicina da alma – Ensaios controlados do Dr. Pirro”, em que compartilha um pouco da sua tentativa de reduzir o abismo crescente entre a medicina moderna e uma visão mais holística do ser humano comum a outras épocas. Dr. Pirro é o pseudônimo usado por ele para simbolizar o ceticismo que o acompanha em sua crítica e prática médica, em referência a dois “pirros”: o de Élis, fundador do ceticismo filosófico, e o rei de Épiro, da Grécia Antiga que ficou conhecido por se preocupar não só com as vitórias em guerra mas também com as perdas causadas por elas. Neste ano em que a medicina esteve sob os holofotes, a posição de um cético é importante para nos fazer questionar algumas das premissas não questionadas da nossa cultura. A pandemia e as escolhas que temos feito para lidar com seus desafios não foi o tema principal da conversa, mas também esteve presente e pode despertar insights interessantes por aí. O livro pode ser encontrado diretamente em seu site www.andreislabao.com.br, e outros textos estão disponíveis https://www.facebook.com/dr.pirro. Já as músicas que compõem a trilha deste programa estão publicadas em seu canal do YouTube com o nome de Peche Richards. Como sempre, para quem quiser nos apoiar, estamos no apoia.se/coemergencia.
Seres de todos os reinos, nosso convidado neste programa é o André Islabão, um ser de muitos talentos e, além de médico, principal razão pela qual o convidamos pra essa conversa, é entre outras coisas, pai, tradutor, artista, escritor, compositor e músico. Entusiasta da medicina sem pressa, André lançou em 2019 o livro "Entre a estatística e a medicina da alma – Ensaios controlados do Dr. Pirro", em que compartilha um pouco da sua tentativa de reduzir o abismo crescente entre a medicina moderna e uma visão mais holística do ser humano comum a outras épocas. Dr. Pirro é o pseudônimo usado por ele para simbolizar o ceticismo que o acompanha em sua crítica e prática médica, em referência a dois "pirros": o de Élis, fundador do ceticismo filosófico, e o rei de Épiro, da Grécia Antiga que ficou conhecido por se preocupar não só com as vitórias em guerra mas também com as perdas causadas por elas. Neste ano em que a medicina esteve sob os holofotes, a posição de um cético é importante para nos fazer questionar algumas das premissas não questionadas da nossa cultura. A pandemia e as escolhas que temos feito para lidar com seus desafios não foi o tema principal da conversa, mas também esteve presente e pode despertar insights interessantes por aí. O livro pode ser encontrado diretamente em seu site www.andreislabao.com.br, e outros textos estão disponíveis https://www.facebook.com/dr.pirro. Já as músicas que compõem a trilha deste programa estão publicadas em seu canal do YouTube com o nome de Peche Richards. Como sempre, para quem quiser nos apoiar, estamos no apoia.se/coemergencia.
Seres de todos os reinos, chegamos com mais um episódio do Coemergência. Esperamos que estejam bem e se cuidando, o máximo possível. No programa de hoje, voltaremos a falar sobre as emoções. No livro "Resgate Emocional" (lançado aqui no Brasil pela editora Lúcida Letra), Dzogchen Ponlop Rinpoche diz que "O poder das emoções vem de uma fonte simples, ainda que profunda: nossa falta de autoconhecimento". O que podemos fazer, então, para diminuir essa nossa falta de conhecimento sobre as nossas emoções? É isso o que exploramos no papo com o nosso convidado da vez. Falamos com Carlos Ferreyros [@carlosferreyros]. Nascido em Lima, mas com uma forte conexão aqui com terras brasileiras, Carlos é um estudante sênior e instrutor de meditação sob a orientação do próprio Dzogchen Ponlop Rinpoche [@rebel_buddha]. Dentre outras coisas, focando na experiência em primeira pessoa do Carlos, abordamos a importância de mudarmos a nossa atitude diante das emoções, como podemos ganhar mais autonomia frente a elas e o que seria a "energia" das emoções e como trabalhar com ela. Falamos também sobre o próprio "Plano de Resgate Emocional", que o Rinpoche apresenta no livro como uma forma de nos apoiar no cultivo dessa nova relação com as emoções. Foi uma sequência de relatos e contemplações bastante rica, que só poderiam vir da mente de um praticante. Ele está falando com cada um de nós, que também estamos nessa tentativa de treinarmos nossas mentes e de ganharmos mais espaço frente às nossas emoções, de termos mais escolhas, mais liberdade. Esperamos que desfrutem! Como sempre, para quem quiser nos apoiar, estamos no apoia.se/coemergencia. É isso, desfrutem do papo com o Carlos e fiquem bem!
Seres de todos os reinos, chegamos com mais um episódio do Coemergência. Esperamos que estejam bem e se cuidando, o máximo possível. No programa de hoje, voltaremos a falar sobre as emoções. No livro "Resgate Emocional" (lançado aqui no Brasil pela editora Lúcida Letra), Dzogchen Ponlop Rinpoche diz que "O poder das emoções vem de uma fonte simples, ainda que profunda: nossa falta de autoconhecimento". O que podemos fazer, então, para diminuir essa nossa falta de conhecimento sobre as nossas emoções? É isso o que exploramos no papo com o nosso convidado da vez. Falamos com Carlos Ferreyros [@carlosferreyros]. Nascido em Lima, mas com uma forte conexão aqui com terras brasileiras, Carlos é um estudante sênior e instrutor de meditação sob a orientação do próprio Dzogchen Ponlop Rinpoche [@rebel_buddha]. Dentre outras coisas, focando na experiência em primeira pessoa do Carlos, abordamos a importância de mudarmos a nossa atitude diante das emoções, como podemos ganhar mais autonomia frente a elas e o que seria a "energia" das emoções e como trabalhar com ela. Falamos também sobre o próprio "Plano de Resgate Emocional", que o Rinpoche apresenta no livro como uma forma de nos apoiar no cultivo dessa nova relação com as emoções. Foi uma sequência de relatos e contemplações bastante rica, que só poderiam vir da mente de um praticante. Ele está falando com cada um de nós, que também estamos nessa tentativa de treinarmos nossas mentes e de ganharmos mais espaço frente às nossas emoções, de termos mais escolhas, mais liberdade. Esperamos que desfrutem! Como sempre, para quem quiser nos apoiar, estamos no apoia.se/coemergencia. É isso, desfrutem do papo com o Carlos e fiquem bem!
Seres de todos os reinos: como integrar toda a vida em um caminho de transformação? Para responder a essa questão espinhosa convidamos Gregory Kramer para a primeira live (internacional) do Coemergência. Gregory é professor de meditação há 40 anos e discípulo de vários professores respeitados no budismo. Há cerca de 25 anos, ao observar uma dificuldade comum entre praticantes, a começar por ele mesmo, de integrar a prática intrapessoal com as relações e os papeis sociais que precisamos exercer, co-criou e vem aperfeiçoando o Insight Dialogue, um método de meditação interpessoal que, a partir dos princípios budistas e exercícios práticos, busca levar a prática meditativa para nossas interações num sentido amplo e profundo. Seu trabalho conta com a admiração de grandes referências da área como Joseph Goldstein, Tara Brach e Bhikkhu Bodhi. A conversa foi realizada no nosso canal do Youtube e contou com a participação de Beth Farias representante no Brasil do Insight Dialogue e tradução consecutiva de Marcus Teles. No final, abrimos para algumas perguntas. O formato ficou um pouco deferente. Esperamos que gostem. Para apoiar Coemergência, é só ir em www.apoia.se/coemergencia.
Seres de todos os reinos, neste novo episódio conversamos com o querido Fernando Leão (@historiafernando), educador extraordinário e, em suas próprias palavras, um "soprador de dentes-de-leão". Entre seus maiores sopros está a Escola Vila Verde (@vilaverdeescola), em Alto Paraíso de Goiás, referência nacional e integrante do Projeto Escolas Transformadoras, da Ashoka. Como sonhar e trazer ao mundo uma uma educação para a vida e não para o vestibular? Voltada pros interesses mais nobres dos seres humanos e menos para uma grade curricular escolhida à nossa revelia? Em nossa conversa, Fernando falou sobre essas questões, sobre sua trajetória, a abordagem pedagógica baseada nas cinco inteligências e também sobre suas perspectivas para os desafios da educação pós-pandemia. Para apoiar Coemergência, é só ir em www.apoia.se/coemergencia.
Gravamos e lançamos este episódio em fevereiro de 2021. Um ano após o primeiro caso de covid-19 ser registrado no país. De lá pra cá, é praticamente impossível não ter experienciado ou estado próximo a situações em que vidas foram abreviadas; sonhos foram desfeitos; projetos foram interrompidos. A impermanência atuou intensamente nas nossas vidas! Quando a impermanência surge arrancando aquilo que consideramos importante, sentimos que partes nossas são arrancadas também, não é mesmo? Sentimos dor, raiva, medo, indignação, saudade, arrependimento, alívio e mais uma infinidade de emoções e sentimentos. Vivenciamos o luto. Mas, o que é o luto, afinal? É algo que acontece com todo mundo? Como a experiência do luto surge internamente? Qual o papel da impermanência nisso? Há algo que podemos fazer para cultivar um mundo interno que acolha o luto, a perda e o sofrimento? Assim como vocês, estávamos cheios de dúvidas e com muita vontade de aprender. Convidamos uma especialista sobre o tema: a psicóloga Gabriela Casellato, que aceitou generosamente nosso convite. Além de ser uma pessoa super gentil – vocês vão perceber como ela aborda com tanta delicadeza o tema - Gabriela possui uma trajetória profissional admirável. É doutora em Psicologia Clínica (pela PUC-SP), especialista em lutos e perdas, é co-fundadora, professora e supervisora do 4 Estações Instituto de Psicologia. É organizadora dos livros: Dor Silenciosa ou Dor Silenciada?, O Resgate da Empatia: Suporte psicológico ao luto não reconhecido; e Luto por perdas não legitimadas na atualidade. Este último lançado no final de 2020. Na conversa, Gabriela explicou que onde há perda de vínculo estruturante há luto e isso não ocorre apenas quando morre um ente querido. O processo de luto perpassa vários contextos de perdas e de mudanças. Ou seja, o luto pode acontecer quando a impermanência surge e desorganiza nosso mundo presumido. O luto está aí. E, como Gabriela nos advertiu, melhor olhar pra ele. Não vamos dar mais spoilers. Escuta esse papo! Esperamos que seja tão benéfico para você tanto quanto foi pra gente. Deixamos nosso profundo agradecimento aos generosos seres que seguem nos apoiando por meio da campanha de financiamento coletivo. Caso você sinta que o projeto merece sua contribuição e tenha o desejo de participar dessa corrente, está tudo explicado lá no apoia.se/coemergencia.
Uma das formas de investigar a maneira pela qual o mundo externo coemerge com os referenciais que levamos a ele é investigar o que fazem aquelas pessoas que estão produzindo outros mundos. Afinal, se o mundo é coemergente, outros mundos são possíveis. Que tipo de visão permite que essas pessoas ajam? Como articulam redes de atuação coletiva para produzir mudanças? Quais resultados elas já obtiveram, que podem nos servir de exemplo e de estímulo? Assim sendo, nossa 52a investigação sobre coemergência tem a imensa alegria de receber a educadora social, coordenadora do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC) e co-gestora da Rede LiteraSampa, Bel Santos Mayer. Um dos eixos de atuação da Bel é a transformação social por meio das bibliotecas comunitárias. Ela falou com a gente sobre como a literatura tem o poder de curar feridas, de viabilizar o exercício da capacidade de sonhar e, por meio disso, de reduzir algumas das desigualdades de raça, gênero e classe ainda tão presentes em nosso país. Exploramos também outras formas de transformação social produzidas em Parelheiros - transformações que, esperamos, possam ser replicadas em outras regiões do Brasil, e façam os olhos brilharem nesses tempos em que somos facilmente acometidos pelo niilismo. É bem provável que, ao final da conversa, você esteja com a sensação de que, mesmo diante de cenários com tantos retrocessos, tem muitas pessoas e muitas comunidades vendo e nutrindo o potencial de operar em rede e gerando exemplos de florescimento coletivo. Essa entrevista, em outras palavras, é um prato cheio para a prática de alegria empática, de apreciação e uma inspiração para a ação compassiva no mundo. Que muitas pessoas se beneficiem por ouvir a Bel! Como sempre, deixamos nosso profundo agradecimento aos generosos seres que seguem nos apoiando por meio da campanha de financiamento coletivo. Caso você sinta que o projeto merece sua contribuição e tenha o desejo de participar dessa corrente, está tudo explicado lá no apoia.se/coemergencia.
Seres de todos os reinos, apesar dos sinais crescentes, como o calor insuportável do qual tanto gostamos de reclamar, aparentemente ainda estamos vivendo num estado de negação diante da crise ambiental que já está acontecendo. As análises são impactantes: estamos em meio a sexta extinção em massa, mas, ao contrário das cinco anteriores, desta vez somos nós os responsáveis, e, se não houver uma mobilização maciça e urgente, rumaremos para um longo e vasto colapso financeiro, climático, social e ecológico; ou, basicamente, o fim da civilização como a conhecemos. Assim, ligamos as sirenes e convidamos o monge Emersom Karma Konchog, monge budista, ativista ambiental e articulista do Ecoa para falar sobre a temática.Emersom está à frente do Extinction Rebellion Brasil, entidade que vem se destacando na luta ambiental através da desobediência civil; e não violência. Neste episódio, ele nos conta como se deu esse encontro entre espiritualidade e ativismo, esclarece a situação grave em que estamos e nos ajuda a pensar no que podemos fazer para sair da ecoparalisia e como enfrentar a sensação de impotência com sabedoria e compaixão diante dos cenários que se desenham. Para nos ajudar no papo contamos com a participação especial de Polliana Zocche, nossa entrevistada no episódio #20, doutora em Ecologia e facilitadora do Trabalho que Reconecta.Caso você sinta que o projeto merece sua contribuição e tenha o desejo de participar dessa corrente, está tudo explicado lá no apoia.se/coemergencia.
Prosseguindo nossas conversas sobre a impermanência em suas diversas facetas, agora examinamos o que acontece quando rejeitamos a impermanência e lidamos com o mundo externo como se ele fosse constituído de objetos estáticos, fixos… permanentes. Achamos que essas coisas, ou melhor, processos que congelamos como coisas, têm o poder de por si só serem as causas da nossa felicidade (e também do nosso sofrimento). Por um equívoco de atenção e/ou por projeção, exageramos as qualidades dessa suposta entidade permanente. O nome dessa operação é apego, e é dela que falamos no programa de hoje. Podemos achar, à primeira vista, que não temos tantos apegos assim. Por isso, frequentemente, o assunto surge mais no contexto de relacionamentos amorosos, e, de fato, foi principalmente sobre isso que conversamos hoje. Afinal, é um tema que toca a todos nós (do programa e ouvintes), e vale a pena ser explorado com algum detalhe. Ao mesmo tempo, podemos lembrar que temos muitos outros apegos não reconhecidos: a maioria de nós quer um bom relacionamento amoroso e vários outros bons relacionamentos com a família e com amigos, talvez uma casa, saúde, juventude, emprego, reputação. Talvez só percebamos a presença do apego quando essas coisas mudam, ou melhor, quando a mudança momento a momento de todas essas coisas fica óbvia. Então a conversa não busca de forma alguma explorar todas as facetas do tema do apego em sua relação com o da impermanência, e também é uma conversa bastante pé no chão. Estamos dividindo nossas experiências e reflexões que surgem na tentativa de manter o coração aberto enquanto tudo muda constantemente ao nosso redor. Se você quiser apoiar nosso trabalho, estamos em apoia.se/coemergencia. Faz a maior diferença para que possamos dedicar tempo e energia a esse projeto! Nossos apoiadores têm direito ao sorteio de dois cupons por mês para adquirir livros da editora Lúcida Letra. E ao longo do segundo semestre, tivemos a honra de sortear mensalmente as maravilhosas pinturas do artista Fábio Rodrigues. Dêem uma olhada no instagram dele, @iodris, e verão. Ainda falta o sorteio de dezembro!
Seres de todos os reinos, aqui estamos com mais um episódio gravado diretamente da nossa lavanderia virtual. Dessa vez, convidamos Leandro Ramos, Diretor Regional para a América Latina da organização AllOut, um movimento global em defesa dos direitos LGBT+. Na conversa com o Leandro, exploramos não só a atuação da AllOut (o que a organização faz, seus objetivos e principais projetos), mas também aspectos mais amplos do mundo externo e interno. Abordamos, especificamente, como o Leandro se conectou com esse movimento, os sofrimentos associados a não poder vivenciar a sexualidade livremente, a maior presença de questões de saúde mental em meio à população LGBT+ (o que se agravou ainda mais agora durante a pandemia), os impactos dos preconceitos e violências no mundo interno da população LGBT+, a LGBTfobia, o machismo, a urgência de ações e de posturas anti-lgbtfóbicas, dentre vários outros temas. Para compor a mesa, convidamos também nosso querido amigo Valentin Conde. O papo ficou sensível e profundo, abordando muitos pontos que achamos urgentes para refletirmos individual e coletivamente - sempre com o objetivo de criarmos realidades que permitam que a vida seja experienciada em todo o seu potencial, sem sofrimento e violência. Se você quiser saber mais sobre a atuação da AllOut, é só acessar AllOut.org/pt. E, como de costume, caso faça sentido para você nos apoiar, estamos no Apoia.se/coemergencia. É isso, puxa uma cadeira ou uma almofada, pega algo pra tomar e vem com a gente.
Impermanência. Ela atravessou todos os quarenta e sete episódios. Quase sempre discreta e sutil, boa parte do tempo ela se fez despercebida. Eis que chegou a hora de sair do papel de coadjuvante. A impermanência reivindicou seu espaço de fala. Como ela que manda, afinal, estamos aqui porque a impermanência permitiu, iniciamos um novo ciclo do Coemergência com a temporada Impermanência. Serão seis episódios onde vamos conversar sobre a impermanência em vários aspectos da nossa vida, contemplando experiências em primeira pessoa em conexão com nossas visões de mundo. A ideia é investigar nosso mundo interno na tentativa de reconhecer o que sentimos e como lidamos com o que nos atravessa e, na medida do possível, estabelecer um elo entre essas experiências e as referências teóricas e filosóficas com que temos afinidade ou nos provocam. Nessa nova proposta, o papo está permeado por nossas vivências e pontos de vista. Isso significa que inúmeras experiências e visões de mundo não foram contempladas. Aqui, não estamos falando de um lugar de saber ou professoral. É uma conversa entre amigos. Convidamos você a participar deste papo e a contemplar suas próprias experiências ouvindo o programa. Para ampliar essa troca, no dia 24 de novembro, vamos fazer uma roda de conversa com os ouvintes (detalhes no nosso site). Vamos divulgar mais detalhes aqui no Instagram e no nosso site também. Neste primeiro episódio, vamos contemplar como a impermanência foi experienciada em 2020 com o impacto da pandemia do coronavírus nas nossas vidas. Esse é só o gancho para falarmos sobre expectativas, frustrações, dores, alegrias, descobertas, inquietações. Ah, no final do episódio, sugerimos uma prática para contemplarmos a impermanência para quem quiser seguir aprofundando nesse tema. É uma prática da Denise Kato, do podcast Pílulas de Saber e de Sabedoria, sugerida pela Dra. Ana Cláudia Quintana Arantes em seu canal do YouTube. Pega um chá ou café, ou algo menos convencional, se preferir, e vem conversar com a gente! Se você quiser apoiar o Coemergência, estamos em www.apoia.se/coemergencia. ;)
Traduzido para o português onze anos após sua publicação em 2009, o livro "Realismo Capitalista", de Mark Fisher, trata de uma atmosfera com a qual muitos de nós nos habituamos nas últimas décadas: a limitação do horizonte de possibilidades, da capacidade de imaginar outros mundos e de se articular coletivamente para produzi-los. Para conversar não apenas sobre as características do "realismo capitalista", mas também sobre exemplos e possibilidades alternativas, recebemos Victor Marques, professor de filosofia da ciência da UFABC. Ele dividiu com a gente suas reflexões sobre a insuficiência da busca por soluções individuais para problemas sistêmicos, a potência da ação coletiva e a necessidade de "fortalecer o músculo da imaginação". Se você quiser apoiar o Coemergência, estamos em www.apoia.se/coemergencia. ;)
Para a presente edição do Interser, temos a alegria de receber a jornalista e antropóloga Helena Palmquist. A Helena defendeu em 2018 a dissertação de mestrado “Questões sobre genocídio e etnocídio indígena: a persistência da destruição” na Universidade Federal do Pará. Este texto, que pode ser acessado gratuitamente online, como toda a produção feita pela universidade pública brasileira, foi a base da conversa que gravamos no dia 06/08/2020. Além de discutir o caso brasileiro – que não foi relegado ao passado, mas segue sendo praticado em pleno 2020, inclusive na resposta do atual governo à pandemia da covid – a Helena nos falou também sobre a origem deste conceito, e também do de etnocídio. Usando outros exemplos, falou sobre conjunto de fatores que ocasionam estes processos por meio do qual se busca levar à destruição um grupo e seu um modo de vida. Nossa aspiração é que uma conversa sobre estes fatores sem os quais não ocorrem genocídios – discursos de desumanização, racismo, proibição de práticas culturais, havendo também, ao menos no caso do Brasil, um avanço sobre as terras, atualmente por parte do agronegócio e da mineração – nos estimule não apenas a denunciar, mas a efetivamente avançar na construção, de baixo para cima, de um mundo cujos habitantes que não presumam que há apenas um modo de vida possível, que não busque assimilar a todo custo (para explorar) tudo aquilo que é diferente. Que nosso olhar saiba ver pessoas onde quer que haja pessoas, humanas e não-humanas. O título do episódio faz referência à uma frase na dissertação da Helena: “Os processos genocidas e etnocidas não são nunca silenciosos, são silenciados, escondidos, negados [...] São silenciosos para quem não está interessado em escutar.” Se você vê valor nas diferentes atividades que realizamos no Coemergência e se alegraria em apoiar a continuidade do projeto, estamos no apoia.se/coemergencia.
Poeta perplexo: essa é uma boa descrição para nosso convidado André Gravatá. E acrescentaríamos, um educador de perplexidades. É assim que desde novo André tem marcado seu caminho pelo mundo, construindo pontes através de sua poesia e nos convidando a olhar e a nos relacionarmos com o mundo a partir de uma presença que desbanaliza o cotidiano e enxerga riqueza e potencialidade naquilo que nos habituamos a ver com indiferença. Em outras palavras, que deixamos de ver ou percebemos como mais do mesmo. A partir de suas mãos e olhos em parceria com outras mãos e olhos nasceram projetos como a Virada Educação, evento de intervenção junto à escolas públicas que propõe uma educação mais horizontal e poética e que resultou em livros como o Poéticas Públicas, em conjunto com Aline e Raissa Oliveira. Criou também o Jornal das Miudezas, nascido da parceria com sua companheira Serena Labate, que nos convida para um encontro poético com as miudezas; como diz ele, "o respeito pelas miudezas tornaria o cuidado com as grandezas uma consequência natural". Essas são só algumas, entre outras ações, livros, cursos, derivas e intervenções desse ser entusiasmado em ajudar a descobrir as insignificâncias do mundo. Esperamos que você se contagie com esse entusiasmo assim como nós e que a conversa te inspire para uma vida mais nutrida de poesia e, por consequência, de vitalidade.… Você gostaria de apoiar nosso trabalho? Estamos no Apoia.se. Faz a maior diferença pra gente!
Poeta perplexo: essa é uma boa descrição para nosso convidado André Gravatá. E acrescentaríamos, um educador de perplexidades. É assim que desde novo André tem marcado seu caminho pelo mundo, construindo pontes através de sua poesia e nos convidando a olhar e a nos relacionarmos com o mundo a partir de uma presença que desbanaliza o cotidiano e enxerga riqueza e potencialidade naquilo que nos habituamos a ver com indiferença. Em outras palavras, que deixamos de ver ou percebemos como mais do mesmo. A partir de suas mãos e olhos em parceria com outras mãos e olhos nasceram projetos como a Virada Educação, evento de intervenção junto à escolas públicas que propõe uma educação mais horizontal e poética e que resultou em livros como o Poéticas Públicas, em conjunto com Aline e Raissa Oliveira. Criou também o Jornal das Miudezas, nascido da parceria com sua companheira Serena Labate, que nos convida para um encontro poético com as miudezas; como diz ele, "o respeito pelas miudezas tornaria o cuidado com as grandezas uma consequência natural". Essas são só algumas, entre outras ações, livros, cursos, derivas e intervenções desse ser entusiasmado em ajudar a descobrir as insignificâncias do mundo. Esperamos que você se contagie com esse entusiasmo assim como nós e que a conversa te inspire para uma vida mais nutrida de poesia e, por consequência, de vitalidade.… Você gostaria de apoiar nosso trabalho? Estamos no Apoia.se. Faz a maior diferença pra gente!
Para nosso programa de número 46, nós temos a alegria de receber novamente o querido Henrique Lemes para falar de um obstáculo que geralmente nos atrapalha bastante assim que começamos a querer cultivar uma relação diferente com o nosso mundo interno. Ele basicamente consiste no fato de a gente achar que esse cultivo de qualidades do nosso mundo interno não inclui totalmente aquilo que usualmente chamamos de “vida”: nosso trabalho, nossa rotina, nossas relações, as situações do cotidiano e assim por diante. Essa visão se manifesta, por um lado, no fato de nos bagunçarmos quando o bicho pega, quando surge alguma crise ou alguma adversidade. Facilmente achamos que precisamos primeiro resolver essa situação para, então, voltar a praticar. Ou, podemos achar que algo é demais, que não é possível incluir aquilo no nosso caminho. “Quando tal coisa acontecer, quando eu resolver isso, quando essa situação passar, eu volto a olhar pras minhas emoções, volto a tentar cultivar uma felicidade mais genuína, volto a cultivar estabilidade, compaixão, sabedoria. Mas, agora, preciso resolver isso aqui.” Por outro lado, também podemos deixar esse cultivo e qualquer prática de lado assim que as coisas parecerem andar um jeito melhor; podemos ter a sensação de que isso tudo não é tão necessário. Vamos simplesmente seguindo aquilo que está agradável e pronto. Prática? Caminho? Quê? Mas, se não praticamos quando estamos mal e não praticarmos quando estamos bem, quando, então, vamos praticar? É exatamente nesse ponto que tocamos ao longo de toda a conversa com o Henrique, inspirados pelo texto “Transformando Felicidade e Adversidade em Caminho Espiritual”, do mestre budista Dodrupchen Jigme Tenpe Nyima. O texto parece realmente um manual para conseguirmos incluir qualquer coisa que aconteça no nosso trabalho com nosso mundo interno. Esse texto faz parte do livro “Meditação, Transformação e Ioga dos Sonhos”, último lançamento da Bodisatva, projeto colaborativo e sem fins lucrativos que busca traduzir e difundir conteúdos de sabedoria de linhagens autênticas do Budismo em língua portuguesa, e também publicar textos produzidos por mestres e praticantes budistas brasileiros. O Henrique foi um dos tradutores desse livro, juntamente com o Lama Padma Samten, a Jeanne Pilli e o Marcelo Nicolodi. Esperamos que vocês desfrutem muito da conversa, assim como nós desfrutamos! E que ela deixe lembretes para realmente aproveitarmos todos os momentos, sejam de adversidade ou felicidade, como parte do nosso caminho em busca de um bem-estar menos dependente, mais livre. Como sempre, deixamos nosso profundo agradecimento aos generosos seres humanos que seguem nos apoiando por meio do nosso Apoia.se (www.apoia.se/coemergencia).
Seres de todos os reinos, esta é a edição #45 do Coemergência, o podcast que tem como missão nutrir o mundo interno dos seus ouvintes. Neste episódio, o papo foi sobre algo essencial para nossa existência: a alimentação. O que surge na sua mente quando você pensa em comida? Memórias afetivas da infância? Momentos de alegria com familiares e amigos? Prazer, conforto, acolhimento? Medo de engordar? Culpa e ansiedade? As inúmeras experiências com dietas restritivas? Comentários e julgamentos sobre seu corpo? Miséria, fome, sofrimento? Só de imaginar essas respostas dá perceber a complexidade em torno do ato de comer. A convidada que nos ajudou a contemplar essas questões foi a Mariana Baldani, nutricionista comportamental que desenvolve um trabalho nomeado como Nutrição Compassiva. Como Mariana irá explicar, a nutrição comportamental e a nutrição compassiva partem do princípio que, ao nos alimentarmos, estamos nos nutrindo de significados, experiências e cultura, além, claro, de nutrientes, e alimentando nosso corpo físico, mas também nossas mentes e nossas relações. Então, na medida que o ato de comer é permeado de experiências dolorosas, estamos perdendo experiências afetivas lindíssimas relacionadas ao cuidado de si e ao cuidado do outro. Te convidamos a experimentar esse papo instigante que percorreu temas como contexto saudável de alimentação, transtornos alimentares, padrões de beleza, gordofobia, saúde, doença, pressão social, afeto e cuidado. Aproveitamos para agradecer aos ouvintes que participaram enviando suas experiências e, em especial, a duas amigas que trouxeram seus relatos. Agradecemos também aos generosos seres humanos que seguem nos apoiando por meio da campanha de financiamento coletivo. Caso você sinta que o projeto merece sua contribuição e tenha o desejo de participar dessa corrente, está tudo explicado lá no www.apoia.se/coemergencia.
Seres de todos os reinos, este é o Coemergência em sua edição #44 e o tema da vez é a polícia. Seria possível manter a saúde mental em um contexto de tanto estresse? E, se sim, quais são algumas chaves para isso? Sabemos que o assunto é complexo e polêmico, ainda mais aqui no Brasil. A polícia brasileira é a que mais mata e mais morre no mundo todo. Em 2019, ao menos, 5.804 pessoas foram mortas por policiais. Na outra ponta, as taxas de assassinato e de suicídio de policiais brasileiros só aumentaram. Esse cenário fica ainda mais complexo quando levamos em conta que no Brasil não há uma única polícia. Temos pelo menos três esferas (Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal) com atribuições distintas. Difícil saber por onde começar o papo, não? Mas somos o Coemegência, então nada mais justo do que tentar entender tanto o mundo interno de quem experimenta esse ofício quanto o mundo externo do próprio ofício. É isso o que quisemos explorar nesse episódio, além de tentarmos descobrir alguns dos fios condutores de tanto sofrimento e violência. Nosso convidado de hoje, Frederick Leslie, é agente da Polícia Federal desde 2006. E mais do que isso, Fred também é professor do programa Cultivando Equilíbrio Emocional e, nos últimos anos, tem levado estes conhecimentos para dentro da PF e trabalhado-os com os policiais que vivem o seu dia-a-dia. Importantíssimo, não? Parece que sim, mas para termos certeza disso, recebemos o Fred pra contar como tem sido essa experiência. Além de ser um agente e professor, Fred também tem uma visão crítica refinada a respeito das policias, integra o coletivo "policiais antifascistas", e conversou com a gente sobre o que acredita que está errado e o que poderia melhorar nas forças de segurança brasileiras. Para além do que foi discutido no episódio, é bom lembrar que as conversas são sempre abertas e que, ao discutir algumas facetas de um assunto, sempre várias outras ficam de fora. Se isso vale até mesmo pra questões simples, vale mais ainda para temas tão complicados quanto aqueles sobre como uma comunidade pode garantir sua segurança, sobre como garantir que isso seja feito sem produzir ainda mais violência e sobre a possibilidade até mesmo de que tarefas como a investigação, prevenção e solução da violência sejam feitas por outros meios que não a instituição polícia como a conhecemos. … Você gostaria de apoiar nosso trabalho? Estamos no apoia.se/coemergencia. Faz a maior diferença pra gente!
Qual é a imagem que vem à sua mente quando se fala em meditação? Para muitas pessoas, costuma ser algo como a de alguém sentado à beira de um lago ou na frente de uma parede branca, sozinho ou em um grupo, mas provavelmente sem nenhum tipo de interação. Devido a essa concepção, muitas vezes esquecemos que a consciência meditativa pode ser cultivada em todas as circunstâncias da vida. E se for possível praticar a meditação interagindo com outras pessoas? E se essa interação for parte fundamental da prática? Ficou curioso? Essa é a proposta do Insight Dialogue, que é, nas palavras de seu criador, Gregory Kramer, "um caminho interpessoal para a liberdade". Convidamos a psicóloga, praticante experiente e professora de Insight Dialogue Beth Faria (www.bethfaria.com) para nos esclarecer como é possível cultivar as qualidades de atenção, relaxamento, abertura, conexão e discernimento através do diálogo e das interações com uma ou mais pessoas. Para nossa alegria, Beth transformou o próprio papo numa experimentação da proposta, e também nos trouxe reflexões preciosas sobre como a prática do mundo interno não pode se desvincular de uma preocupação ética mais abrangente. Esperamos que o papo te instigue a refletir sobre as nossas possibilidades de ação em nossas relações e no mundo. Te convidamos para que dê uma pausa no piloto automático mental, relaxe e se abra para essa conversa. Se quiser fazer parte desse movimento é só contribuir no apoia.se/coemergencia.
Algumas das conversas que temos gravado no Coemergência, e outras mais ligadas às ciências humanas aqui no Interser, têm abordado diferentes aspectos da vida contemporânea (sem falar na da não-contemporânea): a necessidade de olhar as causas estruturais do nosso sofrimento contemporâneo, de produzir cuidado, conexão e mesmo atuação no mundo não apenas invidualmente, mas em rede, os problemas de uma vida muito acelerada e individualista. O equívoco de pensarmos que o mundo é algo que existe pronto, que os significados e identidades são pretensamente sólidos e estáveis. Há um tema que quase ninguém que nos ouve deixaria de considerar igualmente importante, que diz respeito às mudanças climáticas e a urgência de ação coletiva em relação a ele. Mas esta edição do Interser discute uma perspectiva mais radical sobre a questão, aquela adotada pelo filósofo francês Bruno Latour. Falando no surgimento de um Novo Regime Climático, mais do que em uma mera crise, Latour considera ser esse o fator sem o qual não se pode entender nenhum aspecto da geopolítica contemporânea. No seu livro mais recente, publicado em 2017 na França e essa semana no Brasil, "Onde Aterrar?: Como se orientar politicamente no Antropoceno", ele afirma que várias das mudanças ocorridas a partir do fim dos anos 1990 - des-regulação, explosão das desigualdades, negacionismos - surgem da percepção, por parte de certos grupos dominantes, de que a Terra não tinha mais espaço para eles e para todos os demais. Eles respondiam ao fato de que era mais possível crescer, progredir, acelerar indefinidamente - ainda que respondessem negando o problema. Isso leva a mudanças muito drásticas. Uma delas diz respeito ao que concebemos como natureza. A natureza não pode mais ser pensada como o palco imóvel, dado, onde os seres humanos vivem suas vidas. Mas como, então, compreendê-la? E, se a natureza não é isto que pensávamos que ela era, falar verdades sobre ela também não é o que pensávamos que era. Como pensar, então, sobre natureza e verdade no Novo Regime Climático? Quem nos respondeu sobre estas questões e outras mais foi a filósofa Alyne Costa, que é graduada em Comunicação Social pela UERJ, especialista, mestra e doutora em Filosofia pela PUC-Rio (2019), pós-doutoranda do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. A Alyne publicou recentemente o artigo “Por uma verdade capaz de imprever o fim do mundo” e escreveu o posfácio para a edição brasileira de "Onde Aterrar?". A gente tomou estes textos como base para a discussão, e, obviamente, tentamos imaginar um pouco mais o que seria uma vida mais aterrada. Se você quiser apoiar o Coemergência em sua luta constante contra Maharaja, estamos no apoia.se/coemergencia.
Seria inevitável que um podcast sobre coemergência se ocupasse da atividade humana em que a inseparatividade entre o olhar e o mundo fica mais evidente, que é a arte. Como os processos artísticos podem revelar nossos processos internos e catalisar o cultivo das mais nobres qualidades humanas. Seria isso possível? Para nos ajudar a responder esta e outras perguntas, o entrevistado da vez é o designer, artista visual e caligrafista Fábio Rodrigues (@iodris). Além de seu engajamento com as artes, Fabio também é professor do programa Cultivating Emotional Balance, cofundador da comunidade de transformação online olugar e coordenador do CEBB em Joinville. Caso o nosso enforque para o tema tenha parecido abstrato demais ou pouco interessante, aviso: tem arte para todos os gostos. O maior foco da conversa foi esse que já citei aqui no início mas, se o seu lance é cultura pop, saiba que seu interesse também será contemplado – com destaque especial para a primeira edição da Casa dos Artistas e a cultura do oba-oba. Como sempre, deixamos nosso profundo agradecimento aos quase cem generosos seres humanos que seguem nos apoiando por meio da campanha de financiamento coletivo. Caso você sinta que o projeto merece sua contribuição e tenha o desejo de participar dessa corrente, está tudo explicado lá no apoia.se/coemergencia. Além de viabilizar a continuidade do nosso projeto, você concorre a dois livros por mês de nossa parceira Lúcida Letra.
Seres de todos os reinos, seguimos tentando explorar as questões relevantes do nosso tempo à luz da relação entre consciência e o mundo social, aspectos que, como vocês talvez desconfiem, consideramos coemergentes. Uma questão particularmente relevante do nosso tempo é o crescimento inacreditável da desigualdade social nesta fase neoliberal do capitalismo, e o impacto dessa desigualdade sobre nossos corpos, nossas mentes, nossas relações. A convidada desse programa tem não apenas refletido sobre como o capitalismo incide sobre a nossa subjetividade, mas tem também se engajado na defesa de uma proposta capaz de transformar alguns dos problemas causados por ele, que é a proposta da renda básica. Estamos falando de Tatiana Roque, matemática, filósofa, professora da UFRJ, vice-presidente da Rede Brasileira de Renda Básica. A Tatiana falou com a gente não só sobre os aspectos práticos da proposta, mas também da visão subjacente, e de como ela ajudaria a resolver um problema, que é: hoje ainda pensamos todo tipo de proteção social atrelando-as ao emprego, sobretudo o formal, mas vivemos em um mundo em que a quantidade e a qualidade dos empregos está em declínio. Mais importante do que apoiar este medida em específico ou de se ver como alguém de esquerda, que é de onde a Tatiana fala, você certamente há de concordar que não adianta falarmos de coisas como a dignidade básica de todos os seres e não pensar nas condições materiais necessárias para que todos vivam dignamente, tenham elas ou não um emprego. Além disso, é uma visão muito estreita do potencial uns dos outros acharmos que só por meio de um emprego as pessoas se moveriam para desenvolver suas potencialidades e oferecê-las ao mundo - a gente tem bons motivos para crer que, da maneira como vivemos, as potencialidades e o movimento compassivo são muito mais bloqueados do que estimulados. Como a Tatiana diz no programa, é necessário fazer política, mesmo, em um sentido amplo do termo. ... Você gostaria de apoiar nosso trabalho? Estamos em www.apoia.se/coemergencia. Faz a maior diferença pra gente! ;)
O quadragésimo desafio do Coemergência à impermanência conta com a participação muito especial da querida Caroline Bertolino e com o tema um tanto relevante que é a autocompaixão. A Caroline é formada pelo programa Cultivando Equilíbrio Emocional, do qual já falamos bastante por aqui, e no Mindful Self-Compassion, da Kristin Neff e do Christopher Germer. O tema se torna especialmente relevante hoje por diferentes motivos. Por um lado, nosso contexto político e a pandemia seguem trazendo complexidades diariamente, ainda mais para quem está sendo mais diretamente impactado por essas circunstâncias. Por outro lado, se não bastasse esse contexto, ainda adicionamos o tempero de seguir com nossos padrões de cobrança. Queremos seguir produtivos, aproveitar melhor o tempo, assistir todas as lives do momento, ler aquele texto, fazer aquela aula de yoga, terminar o livro que está ali parado, manter contato com os amigos e família, cuidar da casa, fazer uma horta, colocar em dia os podcasts, ler sobre a última violência praticada pelo presidente e, ah, idealmente, comer e dormir bem… Ufa! Seja como for, uma coisa é certa: para lidarmos com tudo o que tem acontecido sem adicionarmos ainda mais sofrimento, a autocompaixão é essencial. Se, como já discutimos em tantos programas, essa lucidez que reconhece o sofrimento e a possibilidade de cuidar dele é tão indispensável, não haveria sentido praticar compaixão sem oferecê-la também a nós mesmos. E isto sequer seria possível também, pois levamos aos outros o que temos em nós a cada momento. Esperamos realmente que esse papo chegue como um abraço, como uma expressão de cuidado. Foi assim que nos sentimos ao longo de toda a conversa. Ah, não custa lembrar: caso você queira apoiar o Coemergência, seguimos no apoia.se/coemergencia.
O quadragésimo desafio do Coemergência à impermanência conta com a participação muito especial da querida Caroline Bertolino e com o tema um tanto relevante que é a autocompaixão. A Caroline é formada pelo programa Cultivando Equilíbrio Emocional, do qual já falamos bastante por aqui, e no Mindful Self-Compassion, da Kristin Neff e do Christopher Germer. O tema se torna especialmente relevante hoje por diferentes motivos. Por um lado, nosso contexto político e a pandemia seguem trazendo complexidades diariamente, ainda mais para quem está sendo mais diretamente impactado por essas circunstâncias. Por outro lado, se não bastasse esse contexto, ainda adicionamos o tempero de seguir com nossos padrões de cobrança. Queremos seguir produtivos, aproveitar melhor o tempo, assistir todas as lives do momento, ler aquele texto, fazer aquela aula de yoga, terminar o livro que está ali parado, manter contato com os amigos e família, cuidar da casa, fazer uma horta, colocar em dia os podcasts, ler sobre a última violência praticada pelo presidente e, ah, idealmente, comer e dormir bem… Ufa! Seja como for, uma coisa é certa: para lidarmos com tudo o que tem acontecido sem adicionarmos ainda mais sofrimento, a autocompaixão é essencial. Se, como já discutimos em tantos programas, essa lucidez que reconhece o sofrimento e a possibilidade de cuidar dele é tão indispensável, não haveria sentido praticar compaixão sem oferecê-la também a nós mesmos. E isto sequer seria possível também, pois levamos aos outros o que temos em nós a cada momento. Esperamos realmente que esse papo chegue como um abraço, como uma expressão de cuidado. Foi assim que nos sentimos ao longo de toda a conversa. Ah, não custa lembrar: caso você queira apoiar o Coemergência, seguimos no apoia.se/coemergencia.
Diante da crise econômica, ambiental, política e sanitária que vivemos, mais do que nunca é tempo de nos repensarmos como comunidade humana e mudarmos nosso modo de vida, tão dualista e exploratório e auto destrutivo - diríamos mais, é tempo de repensar nosso conceito, ultimamente cada vez mais restrito, de comunidade. Para nos ajudar na tarefa chamamos Kaká Werá, escritor, ambientalista e conferencista de origem indígena tapuia. No papo ele nos revela a violência que permanece contra os povos indígenas, as distorções que ainda impedem um encontro mais empático e autêntico por parte da sociedade não-indígena e a visão de mundo e valores que une os povos originários. Visão essa que tem o potencial de nos inspirar a viver como filhos da terra que somos, com respeito à interdependência que perpassa e constitui todos os seres e todos os reinos, seja animal, vegetal e mineral, formando essa grande e complexa comunidade da qual somos uma ínfima e, atualmente, desconectada parte. Esperamos que o papo te inspire a essa reconexão a partir de modos de conviver mais sábios e benéficos. Durante a entrevista, Kaká nos contou que há um provérbio africano segundo o qual, num dado momento da terra, quando as coisas estiverem muito difíceis, pequenos círculos de pessoas fazendo pequenos encontros mudarão a face da mundo. A imagem é inspiradora, agora cabe a nós torná-la concreta. Se junte a essa roda e aproveite a conversa! Quer apoiar o Coemergência? Estamos no Apoia.se/Coemergencia ;)
Diante da crise econômica, ambiental, política e sanitária que vivemos, mais do que nunca é tempo de nos repensarmos como comunidade humana e mudarmos nosso modo de vida, tão dualista e exploratório e auto destrutivo - diríamos mais, é tempo de repensar nosso conceito, ultimamente cada vez mais restrito, de comunidade. Para nos ajudar na tarefa chamamos Kaká Werá, escritor, ambientalista e conferencista de origem indígena tapuia. No papo ele nos revela a violência que permanece contra os povos indígenas, as distorções que ainda impedem um encontro mais empático e autêntico por parte da sociedade não-indígena e a visão de mundo e valores que une os povos originários. Visão essa que tem o potencial de nos inspirar a viver como filhos da terra que somos, com respeito à interdependência que perpassa e constitui todos os seres e todos os reinos, seja animal, vegetal e mineral, formando essa grande e complexa comunidade da qual somos uma ínfima e, atualmente, desconectada parte. Esperamos que o papo te inspire a essa reconexão a partir de modos de conviver mais sábios e benéficos. Durante a entrevista, Kaká nos contou que há um provérbio africano segundo o qual, num dado momento da terra, quando as coisas estiverem muito difíceis, pequenos círculos de pessoas fazendo pequenos encontros mudarão a face da mundo. A imagem é inspiradora, agora cabe a nós torná-la concreta. Se junte a essa roda e aproveite a conversa! Quer apoiar o Coemergência? Estamos no Apoia.se/Coemergencia ;)