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Trópico utópico
Trópico utópico - Tudo se transformou - 20/05/25

Trópico utópico

Play Episode Listen Later May 20, 2025 60:40


Anexos al abecé de la música popular de Brasil en forma de compilaciones. Intervienen: Martinho da Vila, Nelson Cavaquinho, Maria Creuza, Joâo Bosco, Mestre Marçal, Joâo Nogueira, Maria Bethânia, Carmen Miranda, Mário Reis, Orlando Silva, Isaura Garcia, Jacob do Bandolim, Linda Batista, Nelson Gonçalves, Os Originais do Samba y Martinho da Vila.Escuchar audio

Radio Futura
Cassiano

Radio Futura

Play Episode Listen Later May 10, 2025 149:21


Lucas Brêda RIO DE JANEIRO Eram os primeiros meses de 1970, e Cassiano desfilava seu "black power" reluzente por São Paulo quando conheceu outro cabeludo chamado Paulo Ricardo Botafogo, de aspecto e ideologia hippie, fã de Marvin Gaye como ele. Nos alto-falantes de uma lanchonete, o locutor da rádio anunciava a nova música de Tim Maia, que deixou seu novo amigo boquiaberto. Ao som de "Primavera (Vai Chuva)", a dupla pagou a conta, mas o dinheiro de Cassiano acabou. Ele estava sem lugar para dormir e pediu abrigo a Botafogo. Voltava de uma excursão, quando viu calças de homem no varal de sua mulher e não quis conversa. Também fez uma revelação. "Olha, essa música é minha, mas por favor não fale para ninguém." Dita como um pedido singelo, a frase se tornou uma maldição para Cassiano. Autor de sucessos na voz de Tim Maia e Ivete Sangalo, o paraibano fascinou músicos, virou "sample" e rima dos Racionais MCs e gravou discos até hoje cultuados. Mas morreu há quatro anos como um gênio esquecido —a dimensão de seu talento é um segredo guardado por quem conviveu e trabalhou com ele.  Reprodução de foto do músico Cassiano, morto em 2021 - Eduardo Anizelli/Folhapress Isso não quer dizer que Cassiano tenha sido um desconhecido. Bastião do movimento black e precursor do soul brasileiro, angariou uma legião de fãs, vem sendo redescoberto por novas gerações e acumula milhões de "plays" no streaming. Sua obra que veio ao mundo, no entanto, é só uma parcela do que produziu de maneira informal durante toda a vida —e que segue inédita até hoje. Cassiano, morto aos 78, deixou um disco de inéditas incompleto, gravado em 1978 e hoje em posse da Sony. Também tem gravações "demo" feitas nas décadas de 1980 e 1990 que há anos circulam entre fãs e amigos. Isso fora o que William Magalhães, líder da banda Black Rio, chama de "baú do tesouro" —as dezenas de fitas cassete com gravações caseiras nunca ouvidas. "Ele nunca parou. Só parou para o mundo", diz Magalhães, que herdou do pai, Oberdan, não só a banda que reativou nos anos 2000, mas a amizade e o respeito de Cassiano. "Todo dia ele tocava piano, passeava com gente simples, trocava ideia. Era tão puro que às vezes a gente duvidava da bondade dele." O tal baú, ele diz, contém "coisas que fizemos em estúdio, composições dele tocando em casa, ideias, tudo inédito". "E só coisa boa. Cassiano nunca fez nada ruim, musicalmente falando. Com ou sem banda, arrasava. A voz, o jeito de compor. Era uma genialidade ímpar." Acervo de Cassiano Esse material está na casa que Cassiano dividiu com a mulher, Cássia, e a filha, Clara, no fim da vida, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Há também registros escritos de memórias, recortes de revistas e jornais, filmagens de performances no palco e em casa, diversos instrumentos e até desenhos e colagens que ele costumava fazer. A viúva conta que o marido saía às vezes para o bar e para conversar na rua, mas "não era um homem de multidões". "Gostava de música e queria trabalhar o tempo todo, não era tanto de atividade social. Mas, se chamasse para o estúdio ou para o palco, esse era o grande sonho. Ele queria estar entre os músicos." Por volta de 2016, na reunião com o presidente da Sony, Paulo Junqueiro, para negociar o lançamento do disco de 1978, Cassiano estava mais interessado em apresentar o material mais novo que vinha criando. Não se opôs ao lançamento do álbum engavetado, mas suas prioridades eram diferentes daquelas da gravadora, e o papo esfriou. Descoberto antes desse encontro pelo produtor Rodrigo Gorky, hoje conhecido pelo trabalho com Pabllo Vittar, o disco chegou aos ouvidos de Junqueiro, fã declarado do cantor, que logo se interessou. Kassin, produtor que trabalhou na finalização póstuma do álbum "Racional 3", de Tim Maia, foi chamado para ajudar. No primeiro contato com as músicas, ele diz, sentiu que tinha "um negócio enorme na frente". O produtor conta que o trabalho que ele e Gorky fizeram foi apenas de "limpar e viabilizar", além de reorganizar e mixar as músicas, sem edições ou acréscimos. Em sua opinião, o álbum não precisa de muitos retoques para ser lançado. Segundo Junqueiro, ainda há o que ser feito. "Chamei Cassiano para ouvir, ele se lembrava de tudo, mas concordava que faltava muito. O que existe é uma pré-mixagem e, a partir dela, terminar o disco, caso a família queira finalizar. Na minha opinião, não está terminado. Mas, se a família achar que está terminado, tudo bem. Estamos tentando encontrar uma maneira de chegar lá." Um dos impeditivos para que o disco perdido de 1978 seja lançado é a falta de créditos aos músicos que participaram das gravações. Claudio Zoli, no entanto, lembra não só que gravou "backing vocals", mas sabe de vários dos instrumentistas envolvidos no disco. Tinha 14 anos e mal tocava violão, mas Cassiano vislumbrou um futuro para ele na música. "A gente se reunia numa casa lá em Jacarepaguá", diz Zoli. "Era aquele clima meio Novos Baianos, todo mundo dormindo lá, ensaiando. Nos reunimos para gravar esse disco da CBS, que não saiu, e o Cassiano fazia um ‘esquenta' antes de entrar em estúdio. Ficava tocando violão, falando sobre harmonia." Há alguns registros desses momentos de "esquenta" e também de estúdio feitos por Paulo Ricardo Botafogo, que é fotógrafo. Ele acreditava, sem muita certeza, que eram imagens da gravação de "Cuban Soul", disco de Cassiano do qual fez a foto da capa, gravado há 50 anos. Mas é bastante improvável que Zoli, nascido em 1964, tivesse apenas 11 anos nas imagens. Produtor que trabalhou com Tim Maia e foi amigo de Cassiano, Carlos Lemos se mudou da Philips, hoje Universal, para a CBS, hoje Sony, na segunda metade dos anos 1970. Pelas fotos, ele diz ter certeza que as gravações aconteceram no estúdio Haway, que era alugado pela CBS. Ele também confirma as identidades dos músicos lembrados por Zoli. São eles os guitarristas Paulinho Roquette, Paulinho Guitarra, Beto Cajueiro e Paulo Zdan, além de Dom Charles no piano e Paulo César Barros no baixo. Quem também corrobora as lembranças de Zoli é Paulo Zdan, médico de Cassiano, de quem se tornou grande amigo e foi letrista do disco "Cuban Soul". Morto há um ano, ele deu uma entrevista a Christian Bernard, que preparava um documentário sobre Cassiano —o filme acabou não autorizado pela família. A reportagem ouviu uma pré-mixagem desse disco de 1978, que destaca a faceta mais suingada de Cassiano. É um registro coeso de 12 faixas, mais funk do que soul, com vocais simultâneos cheios de candura e um flerte com a música disco daquela época. Para Kassin, é um registro "mais pop". "Se tivesse saído na época, teria feito sucesso", ele diz. Junqueiro, da Sony, concorda que as faixas mantêm uma coerência, mas que não é possível saber se isso se manteria caso Cassiano continuasse o trabalho no álbum. "Não tem nenhuma música que eu imagino que o Cassiano não botaria no disco. Talvez ele colocasse mais músicas. É um disco mais para cima, mas para ser mais dançante faltam arranjos." Clara, filha de Cassiano, lembra que o pai não tinha boas memórias da época que fez esse disco. "Não sei o que ele estava sentindo, mas não era um momento feliz para ele", ela diz. "Ele já não se via mais tanto como aquele Cassiano de 1978. Mas hoje reconheço a importância de lançar. Acho que todo mundo merece, mesmo que ele não tenha ficado tão empolgado assim com a ideia."  Retrato do cantor Cassiano em 1998 As gravações foram pausadas depois que Cassiano teve tuberculose e passou por uma cirurgia para a retirada de uma parte do pulmão. Mas as pessoas ouvidas pela reportagem também relatam um hábito constante do artista —demorar para finalizar seus trabalhos, ao ponto de as gravadoras desistirem de bancar as horas de estúdio e os músicos caros, pondo os projetos na geladeira. Bernard, o documentarista, também afirma que foi logo após as gravações desse álbum da CBS que Cassiano rompeu com Paulo Zdan e ficou 40 anos sem falar com ele. "Zoli depois tocou na banda do Cassiano, no show ‘Cassiano Disco Club'. Mas na verdade não tocou. Só ensaiou e, como nunca faziam shows, ele e o Zdan saíram e montaram a banda Brylho." A década de 1980 marcou o período de maior dificuldade para Cassiano, que passou a gravar esporadicamente, parou de lançar álbuns e enfrentou dificuldades financeiras. Cassiano nasceu em Campina Grande, na Paraíba, e no fim dos anos 1940 se mudou para o Rio de Janeiro com o pai, que ganhava a vida como pedreiro e era também um seresteiro e amigo de Jackson do Pandeiro. O menino acompanhava, tocando cavaquinho desde pequeno. Conheceu Amaro na Rocinha, onde morava, e formou com ele e o irmão, conhecido como Camarão, o Bossa Trio, que deu origem à banda Os Diagonais. O forte do trio eram os vocais simultâneos. Chegaram a gravar até para Roberto Carlos. "Ele era um mestre em vocalização. Era impressionante, um talento", diz Jairo Pires, que foi produtor de diversos discos de Tim Maia e depois diretor de grandes gravadoras. "Foram pioneiros nessa música negra. Esse tipo de vocalização era muito moderna. Ele já tinha essa coisa no sangue. Por isso que o Tim amava o Cassiano." Não demorou até que o lado compositor do artista fosse notado por gente da indústria. Em 1970, ele assinou quatro músicas do primeiro disco de Tim Maia e ainda é tido como um arranjador informal, por não ter sido creditado, daquele álbum. O Síndico havia voltado dos Estados Unidos impregnado pela música negra americana, e a única pessoa que tinha bagagem suficiente para conversar com ele era Cassiano. "Cassiano tinha esse dom", diz Carlos Lemos, que foi de músico a assistente de produção e depois produtor nessa época. "Ele era muito criativo e teve momentos na gravação que ele cantou a bola de praticamente o arranjo todo. Ele não escrevia, mas sabia o que queria. Praticamente nos três primeiros discos do Tim Maia ele estava junto." Dali em diante, o paraibano despontou numa carreira solo que concentra nos anos 1970 sua fase mais influente. São três discos —"Imagem e Som", de 1971, "Apresentamos Nosso Cassiano", de 1973, e o mais conhecido deles, "Cuban Soul: 18 Kilates", de 1976, que teve duas músicas em novelas da Globo. São elas "A Lua e Eu", o maior sucesso em sua voz, e "Coleção", que há 30 anos virou hit com Ivete Sangalo, na Banda Eva. Lemos se recorda de que chegou a dividir apartamento com Cassiano e outros músicos na rua Major Sertório, no centro de São Paulo, nos anos 1970. O artista estava apaixonado por uma mulher chamada Ingrid, para quem compôs algumas músicas. Era uma época inspirada para o cantor, que em 1975 atingiu sucesso com "A Lua e Eu", produzida por Lemos e feita ao longo de seis meses. "Produzir um disco com Cassiano demorava uma infinidade", afirma Carlos Lemos. "Ele entrava em estúdio, falava que queria assim e assado, chamava os músicos. Quando voltava para o aquário [espaço onde se ouvem as gravações], já tinha outra coisa na cabeça. Era difícil gravar. Você tinha que administrar uma criatividade excessiva. Ele falava ‘isso pode ficar muito melhor', e realmente ficava. Mas quem tem paciência? A gravadora quer vender logo. Mas era nessa essência que estava a verdade dele —e também seu sucesso." Lemos calcula que, na época em que faziam "A Lua e Eu", deixaram mais de 20 músicas prontas, mais de 500 horas de gravações em estúdio, uma quantidade de fitas suficiente para encher um cômodo inteiro. Procurada pela reportagem desde o fim do ano passado, a Universal, que hoje detém o acervo da Philips, onde essas gravações aconteceram, não respondeu sobre o paradeiro das fitas. O antigo assistente lembra que Jairo Pires, então um dos diretores da Philips, ficava desesperado com essa situação. "Ele tinha um temperamento difícil", diz Pires. "Fora do estúdio, era maravilhoso, um doce de criatura, mas, quando entrava no estúdio, era complicado." Cassiano era especialmente preocupado com o ritmo e a química entre baixo e bateria, com os quais gastava dias e mais dias fazendo e refazendo. Claudio Zoli diz que ele gravava cada parte da bateria separadamente para depois juntar, o que para Ed Motta era "uma invenção da bateria eletrônica antes de ela existir". Lemos conta que Cassiano tinha uma precisão detalhista. "Ele tinha uma visão de matemática forte, de como as frequências combinavam. E era o grande segredo de tudo, porque nem sempre o resultado da sonoridade é o que está na imaginação. Só vi coisa parecida em João Gilberto. E também com Tim Maia —que não respeitava quase ninguém, mas respeitava Cassiano." Outras duas pessoas ouvidas pela reportagem lembraram o pai da bossa nova para falar de Cassiano. Uma delas é Claudio Zoli, que destaca sua qualidade como compositor. O outro é Ed Motta, que foi amigo do paraibano e tentou diversas vezes viabilizar sua carreira. "Ele era o João Gilberto do soul brasileiro", afirma. "Mas, você imagine, um João Gilberto que não é abraçado pelos tropicalistas. Claro que ele tinha um gênio difícil, mas e a Maria Bethânia não tem?" Cassiano chegou a integrar a mesma gravadora de Bethânia e Caetano Veloso, a Philips, mas no braço da firma dedicado à música mais popular, a Polydor. Lemos, o assistente de produção, diz que o paraibano, na época, era humilde e não tinha rancor, mas não dava tanta importância aos baianos, "porque sua qualidade musical era muito superior à de todos eles".  Capa do álbum 'Cuban Soul: 18 Kilates', de Cassiano, de 1976 - Reprodução "Ainda tinha uma rivalidade interna dentro da Philips, criada naturalmente. Poucos sabem que quem sustentava toda a estrutura da gravadora para os baianos serem os caras eram os artistas da Polydor. A Philips gastava e tinha nome, amava os baianos, mas eles nunca venderam como Tim Maia. Vendiam coisa de 50 mil cópias", diz o produtor. Os desentendimentos com a indústria foram gerando mais problemas com o passar do tempo. Paulo Ricardo Botafogo conta que Cassiano recusava oportunidades de aparecer em programas de TV, dar entrevistas e ser fotografado. "Não sei se foi sacaneado, mas ele era um cara muito fácil de enganar. Era muito puro, quase uma criança", afirma. "Cassiano ganhava dinheiro e distribuía entre os músicos. E imagine o que ele passou. Preto, pobre e nordestino. Ele se achava feio. Chamavam ele de ‘Paraíba'", diz Paulo Ricardo Botafogo. Quando "Cuban Soul" foi lançado, depois das centenas de horas de gravações lembradas por Carlos Lemos, o cantor deixou a gravadora. Há na capa do disco um detalhe que, segundo Botafogo, Cassiano interpretou como uma indireta sutil contra ele —é um espaço entre as sílabas da primeira palavra do título do álbum, deixando um "cu" em destaque. Uma reportagem deste jornal de 2001 retratou a dificuldade de Cassiano para gravar. "Levamos para várias gravadoras, mas nenhuma teve interesse, até por ele estar há muito fora da mídia. Mas sua participação em ‘Movimento' prova que ele está a mil, numa fase criativa. Ele tem umas 150 músicas no baú", disse William Magalhães na época.  CD com músicas inéditas do músico Cassiano, morto em 2021 - Eduardo Anizelli/Folhapress "Movimento", o disco que marcou o retorno da Black Rio sob o comando do filho de Oberdan, traz composições, arranjos e a voz de Cassiano, como a faixa "Tomorrow". É uma das músicas que a dupla trabalhou em conjunto, incluindo uma gravação dela apenas com o paraibano cantando, além de duas canções já famosas de maneira informal entre fãs e amigos do artista, "Pérola" e "Maldito Celular". Feitas entre 1993 e 1995, foram gravadas como "demo" e nunca lançadas comercialmente. Magalhães já havia tocado teclado e piano com Cassiano alguns anos antes. Foi quando Ed Motta conseguiu convencer um italiano chamado Willy David a bancar um disco do cantor. "Falei que ele era um gênio, o Stevie Wonder brasileiro", diz. "George Benson era amigo desse David e ia participar do disco. Chegou até a ouvir algumas músicas." Eles gravaram as "demos" no estúdio de Guto Graça Mello, no Rio de Janeiro. As fitas em melhor qualidade dessas gravações, nunca lançadas, estariam com David, que nunca mais foi localizado depois de ter ido morar em Cuba. Nem mesmo por Christian Bernard, que o procurou exaustivamente nos últimos anos para seu documentário. Há, no entanto, cópias dessas faixas em qualidade pior com amigos do cantor. "São umas oito músicas inéditas, coisas que ele já tinha guardado por anos", diz Ed Motta. "Não era um disco pronto, mas tinha qualidade de disco." Na segunda metade da década de 1980, Cassiano passava por dificuldades financeiras até para conseguir o que comer. Tinha apenas um violão antigo, de estrutura quadrada, que o pai fez, ainda na Paraíba, e que a família guarda até hoje. Morava no Catete, no Rio de Janeiro, e costumava gravar em estúdios liberados por amigos nas horas vagas —caso da estrutura do músico e produtor Junior Mendes, na Barra da Tijuca.  Violão feito pelo pai do músico Cassiano, morto em 2021 - Eduardo Anizelli/Folhapress Cassiano viveu um breve renascimento artístico na virada dos anos 1980 para os 1990. Ele se casou com Cássia, aprendeu a tocar piano e fez um show lotado no Circo Voador, registrado em vídeo. Gravou também o álbum "Cedo ou Tarde", com um repertório de canções antigas, que saiu pela Sony em 1991 e tem participações de Djavan, Marisa Monte, Sandra de Sá e Luiz Melodia, entre outros. Esse álbum não vendeu tão bem, o que frustrou os planos de gravar material novo, mas, com o sucesso de "Coleção" na voz de Ivete Sangalo, há 30 anos, Cassiano conseguiu comprar um apartamento às margens da lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Praticamente não fazia shows e sobrevivia dos direitos autorais que ganhava com suas composições. No início da década de 2000, William Magalhães chegou a viabilizar a gravação de um disco para Cassiano. Diretor da gravadora Regata, Bernardo Vilhena tinha US$ 140 mil para um álbum de Claudio Zoli, que acabou indo para outro selo. Com isso, decidiu redirecionar todo esse dinheiro ao paraibano. "Quando Cassiano soube disso, disse ‘US$ 140 mil é só a luva'", diz Magalhães. "Ele era muito orgulhoso, queria que as pessoas o tratassem à altura que ele se via. Seria o dinheiro para começar a produzir. A gente conseguiria fazer, mas ele recusou por causa dos traumas que tinha da indústria. Quando soube que o dinheiro era do Zoli, ainda se sentiu desmerecido, por ser um discípulo dele. Não tirando o direito dele, mas acho que ele viajou um pouco nesse trauma." Ao longo das últimas décadas, Magalhães diminuiu o contato com Cassiano, mas eles se reaproximaram no fim da vida do cantor. Falaram sobre fazer novos projetos, e o paraibano disse que o líder da Black Rio, que ele admirava por ser um grande músico negro, era uma das poucas pessoas com quem ele aceitaria trabalhar àquela altura. "O que eu posso dizer é que o Cassiano ainda vai dar muito pano para manga", afirma Magalhães. "O dia que a Cássia abrir esse baú dele, eu sou o primeiro da fila." Há muitas razões pelas quais Cassiano não conseguiu deixar uma obra mais volumosa, e elas não têm a ver com o respeito que ele tem até hoje no meio da música. Mas o ícone da soul music brasileira encarava essa devoção com ceticismo. "Mestre é o cacete. Não adianta falar isso. Me bota no estúdio", ele dizia, segundo Cássia, a viúva. "Era assim. Todo mundo pira nas ideias do cara, mas ninguém deixa ele gravar. O empresário André Midani chegou a declarar que as gravadoras devem um disco ao Cassiano", afirma ela. "Tudo bem, é ‘cult', é um nicho, mas é um nicho importante e não é tão pequeno assim." O último "não" que Cassiano ouviu de uma gravadora talvez tenha sido nos momentos posteriores à reunião de 2016 com Paulo Junqueiro. Depois de falar à reportagem, o presidente da Sony pediu para marcar uma nova entrevista, em que admitiu ter ouvido o material novo que o paraibano queria lançar e não quis apostar naquelas músicas. A Sony passava por um período complicado, ele diz. Tinha feito uma reestruturação em que perdeu muita gente de sua equipe. "Do que ouvi, não fiquei tão fascinado e, quando pensei em fazer discos inéditos do Cassiano àquela altura, disse ‘não consigo'. Não tinha estrutura financeira nem emocional." Posto isso, ele acrescenta que se arrepende profundamente. "Ajoelho no milho todos os dias. Tive uma oportunidade de ouro nas mãos, de registrar as últimas obras dele, e a perdi. Não tenho nem palavras para pedir desculpas à família, aos fãs e a mim mesmo. Não tenho como ser mais honesto do que estou sendo. Se gostei ou não, foda-se. Se vai vender para caralho ou não, foda-se." Junqueiro se põe à disposição da família para lançar o disco de 1978, diz que tinha seus motivos para fazer o que fez, mas errou. "Se alguém tivesse me contado essa história, eu ia falar ‘olha que filho da puta, não gravou as coisas do Cassiano'. Então, se eu teria essa visão sobre alguém, eu no mínimo tenho que ter essa visão sobre mim também." Hoje, Cassiano vive no imaginário por sua produção nos anos 1970 e pelos fragmentos que deixou espalhados em fitas e memórias. Dizia que fazer música era como o mar —"ondas que vêm e vão, mas nunca estão no mesmo lugar". Os fãs, por sua vez, aguardam uma movimentação das marés que traga para a superfície pelo menos algumas dessas pérolas submersas.

Trópico utópico
Trópico utópico - Filosofía pura - 10/04/25

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Apr 10, 2025 60:05


Anexos al abecé de la música popular de Brasil en forma de compilaciones. Intervienen: Viola de Doze, Beth Carvalho, Chocolate da Bahia, Maria Bethânia & Gal Costa, Barravento, Paulinho Nogueira, Rosinha de Valença, Manfredo Fest Trio, Luiz Chaves e seu Conjunto, Tenório Jr. e seu Conjunto, Walter Wanderley e Conjunto de Ritmos, Oscar Castro Neves y Toquinho.Escuchar audio

DeliCatessen
Rambalaya, entre el blues i el ball de sal

DeliCatessen

Play Episode Listen Later Apr 2, 2025 60:01


Torna la banda liderada pel bateria Anton Jarl i amb la veu imponent de Jonathan Herrero. "Plays for the brokenhearted"

Curta Musical
Monsueto - 1ª parte

Curta Musical

Play Episode Listen Later Mar 21, 2025 4:54


O compositor e cantor Monsueto Menezes é autor de sambas simples e memoráveis que foram sucessos em carnavais antigos, na voz de cantoras como Linda Batista e Marlene. Mais tarde, as músicas do sambista foram regravadas por músicos famosos de gerações posteriores, como Caetano Veloso, Maria Bethânia e Alaíde Costa. Depois de conhecer a história de Monsueto, você vai ouvi-lo na música A Fonte Secou, um de seus maiores sucessos.

Trip FM
Regina Casé, 71 e acelerando!

Trip FM

Play Episode Listen Later Mar 14, 2025


A atriz e apresentadora fala sobre família, religião, casamento e conta pra qual de seus tantos amigos ligaria de uma ilha deserta Regina Casé bem que tentou não comemorar seu aniversário de 71 anos, celebrado no dia 25 de fevereiro. Mas o que seria um açaí com pôr do sol na varanda do Hotel Arpoador se transformou em um samba que só terminou às 11 horas da noite em respeito à lei do silêncio. "Eu não ia fazer nada, nada, nada mesmo. Mas é meio impossível, porque todo mundo fala: vou passar aí, vou te dar um beijo", contou em um papo com Paulo Lima. A atriz e apresentadora tem esse talento extraordinário pra reunir as pessoas mais interessantes à sua volta. E isso vale para seu círculo de amigos, que inclui personalidades ilustres como Caetano Veloso e Fernanda Torres, e também para os projetos que inventa na televisão, no teatro e no cinema.  Inventar tanta coisa nova é uma vocação que ela herdou do pai e do avô, pioneiros no rádio e na televisão, mas também uma necessidade. “Nunca consegui pensar individualmente, e isso até hoje me atrapalha. Mas, ao mesmo tempo, eu tive que ser tão autoral. Eu não ia ser a mocinha na novela, então inventei um mundo para mim. Quase tudo que fiz fui eu que tive a ideia, juntei um grupo, a gente escreveu junto”, afirma. No teatro, ao lado de artistas como o diretor Hamilton Vaz Pereira e os atores Luiz Fernando Guimarães e Patrícia Travassos, ela inventou o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, que revolucionou a cena carioca nos anos 1970. Na televisão, fez programas como TV Pirata, Programa Legal e Brasil Legal. "Aquilo tudo não existia, mas eu tive que primeiro inventar para poder me jogar ali”, conta. LEIA TAMBÉM: Em 1999, Regina Casé estampou as Páginas Negras da Trip De volta aos cinemas brasileiros no fim de março com Dona Lurdes: O Filme, produção inspirada em sua personagem na novela Amor de Mãe (2019), Regina bateu um papo com Paulo Lima no Trip FM. Na conversa, ela fala do orgulho de ter vindo de uma família que, com poucos recursos e sem faculdade, foi pioneira em profissões que ainda nem tinham nome, do título de “brega” que recebeu quando sua originalidade ainda não era compreendida pelas colunas sociais, de sua relação com a religião, da dificuldade de ficar sozinha – afinal, “a sua maior qualidade é sempre o seu maior defeito” –, do casamento de 28 anos com o cineasta Estêvão Ciavatta, das intempéries e milagres que experimentou e de tudo o que leva consigo. “Eu acho que você tem que ir pegando da vida, que nem a Dona Darlene do Eu Tu Eles, que ficou com os três maridos”, afirma. “A vida vai passando e você vai guardando as coisas que foram boas e tentando se livrar das ruins”. Uma das figuras mais admiradas e admiráveis do país, ela ainda revela para quem ligaria de uma ilha deserta e mostra o presente de aniversário que ganhou da amiga Fernanda Montenegro. Você pode conferir esse papo a seguir ou ouvir no Spotify do Trip FM.  [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d446165a3ce/header-regina-interna.jpg; CREDITS=João Pedro Januário; LEGEND=; ALT_TEXT=] Trip. Além de atriz, você é apresentadora, humorista, escritora, pensadora, criadora, diretora… Acho que tem a ver com uma certa modernidade que você carrega, essa coisa de transitar por 57 planetas diferentes. Como é que você se apresentaria se tivesse que preencher aquelas fichas antigas de hotel? Regina Casé. Até hoje ponho atriz em qualquer coisa que tenho que preencher, porque acho a palavra bonita. E é como eu, vamos dizer, vim ao mundo. As outras coisas todas vieram depois. Mesmo quando eu estava há muito tempo sem atuar, eu era primeiramente uma atriz. E até hoje me sinto uma atriz que apresenta programas, uma atriz que dirige, uma atriz que escreve, mas uma atriz. Você falou numa entrevista que, se for ver, você continua fazendo o mesmo trabalho. De alguma maneira, o programa Brasil Legal, a Val de "Que Horas Ela Volta", o grupo de teatro "Asdrúbal Trouxe o Trombone" ou agora esse programa humorístico tem a mesma essência, um eixo que une tudo isso. Encontrei entrevistas e vídeos maravilhosos seus, um lá no Asdrúbal, todo mundo com cara de quem acabou de sair da praia, falando umas coisas muito descontraídas e até mais, digamos assim, sóbrias. E tem um Roda Viva seu incrível, de 1998. Eu morro de pena, porque também o teatro que a gente fazia, a linguagem que a gente usava no Asdrúbal, era tão nova que não conseguiu ser decodificada naquela época. Porque deveria estar sendo propagada pela internet, só que não havia internet. A gente não tem registros, não filmava, só fotografava. Comprava filme, máquina, pagava pro irmão do amigo fazer aquilo no quarto de serviço da casa dele, pequenininho, com uma luz vermelha. Só que ele não tinha grana, então comprava pouco fixador, pouco revelador, e dali a meses aquilo estava apagado. Então, os documentos que a gente tem no Asdrúbal são péssimos. Fico vendo as pouquíssimas coisas guardadas e que foram para o YouTube, como essa entrevista do Roda Viva. Acho que não passa quatro dias sem que alguém me mande um corte. "Ah, você viu isso? Adorei!". Ontem o DJ Zé Pedro me mandou um TED que eu fiz, talvez o primeiro. E eu pensei: "Puxa, eu falei isso, que ótimo, concordo com tudo". Quanta coisa já mudou no Brasil, isso é anterior a tudo, dois mil e pouquinho. E eu fiquei encantada com o Roda Viva, eu era tão novinha. Acho que não mudei nada. Quando penso em mim com cinco anos de idade, andando com a minha avó na rua, a maneira como eu olhava as pessoas, como eu olhava o mundo, é muito semelhante, se não igual, a hoje em dia.  [VIDEO=https://www.youtube.com/embed/rLoqGPGmVdo; CREDITS=; LEGEND=Em 1998, aos 34 anos, Regina Casé foi entrevistada pelo programa Roda Viva, da TV Cultura; IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d49b0ede6d3/1057x749x960x540x52x40/screen-shot-2025-03-14-at-180926.png] O Boni, que foi entrevistado recentemente no Trip FM, fala sobre seu pai em seu último livro, “Lado B do Boni”, como uma das pessoas que compuseram o que ele é, uma figura que teve uma relevância muito grande, inclusive na TV Globo. Conta um pouco quem foi o seu pai, Regina. Acho que não há Wikipedia que possa resgatar o tamanho do meu pai e do meu avô. Meu avô é pioneiríssimo do rádio, teve um dos primeiros programas de rádio, se não o primeiro. Ele nasceu em Belo Jardim, uma cidadezinha do agreste pernambucano, do sertão mesmo. E era brabo, criativo demais, inteligente demais, e, talvez por isso tudo, impaciente demais, não aguentava esperar ninguém terminar uma frase. Ele veio daquele clássico, com uma mão na frente e outra atrás, sem nada, e trabalhou na estiva, dormiu na rua até começar a carregar rádios. Só que, nos anos 20, 30, rádios eram um armário de madeira bem grandão. Daí o cara viu que ele era esperto e botou ele para instalar os rádios na casa das pessoas. Quando meu avô descobriu que ninguém sabia sintonizar, que era difícil, ele aprendeu. E aí ele deixava os rádios em consignação, botava um paninho com um vasinho em cima, sintonizado, funcionando. Quando ele ia buscar uma semana depois, qualquer um comprava. Aí ele disparou como vendedor dos rádios desse cara que comprava na gringa e começou a ficar meio sócio do negócio. [QUOTE=1218] Mas a programação toda era gringa, em outras línguas. Ele ficava fascinado, mas não entendia nada do que estava rolando ali. Nessa ele descobriu que tinha que botar um conteúdo ali dentro, porque aquele da gringa não estava suprindo a necessidade. Olha como é parecido com a internet hoje em dia. E aí ele foi sozinho, aquele nordestino, bateu na Philips e falou que queria comprar ondas curtas, não sei que ondas, e comprou. Aí ele ia na farmácia Granado e falava: "Se eu fizer um reclame do seu sabão, você me dá um dinheiro para pagar o pianista?". Sabe quem foram os dois primeiros contratados dele? O contrarregra era o Noel Rosa, e a única cantora que ele botou de exclusividade era a Carmen Miranda. Foram os primeiros empregos de carteira assinada. E aí o programa cresceu. Começava de manhã, tipo programa do Silvio, e ia até de noite. Chamava Programa Casé.  E o seu pai? Meu avô viveu aquela era de ouro do rádio. Quando sentiu que o negócio estava ficando estranho, ele, um cara com pouquíssimos recursos de educação formal, pegou meu pai e falou: "vai para os Estados Unidos porque o negócio agora vai ser televisão". Ele fez um curso, incipiente, para entender do que se tratava. Voltou e montou o primeiro programa de televisão feito aqui no Rio de Janeiro, Noite de Gala. Então, tem uma coisa de pioneirismo tanto no rádio quanto na televisão. E meu pai sempre teve um interesse gigante na educação, como eu. Esse interesse veio de onde? Uma das coisas que constituem o DNA de tudo o que fiz, dos meus programas, é a educação. Um Pé de Quê, no Futura, o Brasil Legal e o Programa Legal, na TV Globo… Eu sou uma professora, fico tentando viver as duas coisas juntas. O meu pai tinha isso porque esse meu avô Casé era casado com a Graziela Casé, uma professora muito, mas muito idealista, vocacionada e apaixonada. Ela trabalhou com Anísio Teixeira, Cecília Meireles, fizeram a primeira biblioteca infantil. Meu pai fez o Sítio do Picapau Amarelo acho que querendo honrar essa professora, a mãe dele. Quando eu era menina, as pessoas vinham de uma situação rural trabalhar como domésticas, e quase todas, se não todas, eram analfabetas. A minha avó as ensinava a ler e escrever. Ela dizia: "Se você conhece uma pessoa que não sabe ler e escrever e não ensina para ela, é um crime". Eu ficava até apavorada, porque ela falava muito duramente. Eu acho que sou feita desse pessoal. Tenho muito orgulho de ter vindo de uma família que, sem recursos, sem universidade, foi pioneira na cidade, no país e em suas respectivas... Não digo “profissões” porque ainda nem existiam suas profissões. Eu tento honrar.  [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d49d1e03df5/header-regina-interna6.jpg; CREDITS=Christian Gaul; LEGEND=Em 1999, a atriz e apresentadora estampou as Páginas Negras da Trip; ALT_TEXT=] Você tem uma postura de liderança muito forte. Além de ter preparo e talento, você tem uma vocação para aglutinar, juntar a galera, fazer time. Por outro lado, tem essa coisa da atriz, que é diferente, talvez um pouco mais para dentro. Você funciona melhor sozinha ou como uma espécie de capitã, técnica e jogadora do time? Eu nasci atriz dentro de um grupo. E o Asdrúbal trouxe o Trombone não era só um grupo. Apesar do Hamilton Vaz Pereira ter sido sempre um autor e um diretor, a gente criava coletivamente, escrevia coletivamente, improvisava. Nunca consegui pensar individualmente, e isso até hoje é uma coisa que me atrapalha. Todo mundo fala: "escreve um livro". Eu tenho vontade, mas falo que para escrever um livro preciso de umas 10 pessoas de público, todo mundo junto. Sou tão grupal que é difícil. Ao mesmo tempo, eu tive que ser muito autoral. Eu, Tu, Eles foi a primeira vez que alguém me tirou para dançar. Antes eu fiz participações em muitos filmes, mas foi a primeira protagonista. Quase tudo que fiz fui eu que tive a ideia, juntei um grupo, a gente escreveu junto. Então, eu sempre inventei um mundo para mim. No teatro eu não achava lugar para mim, então tive que inventar um, que era o Asdrúbal. Quando eu era novinha e fui para a televisão, eu não ia ser a mocinha na novela. Então fiz a TV Pirata, o Programa Legal, o Brasil Legal. Aquilo tudo não existia na televisão, mas eu tive que primeiro inventar para poder me jogar ali. Eu sempre me acostumei não a mandar, mas a ter total confiança de me jogar.  E nos trabalhos de atriz, como é? No Asdrúbal eu me lembro que uma vez eu virei umas três noites fazendo roupa de foca, que era de pelúcia, e entupia o gabinete na máquina. Eu distribuía filipeta, colava cartaz, pregava cenário na parede. Tudo, todo mundo fazia tudo. É difícil quando eu vou para uma novela e não posso falar que aquele figurino não tem a ver com a minha personagem, que essa casa está muito chique para ela ou acho que aqui no texto, se eu falasse mais normalzão, ia ficar mais legal. Mas eu aprendi. Porque também tem autores e autores. Eu fiz três novelas com papéis de maior relevância. Cambalacho, em que fiz a Tina Pepper, um personagem coadjuvante que ganhou a novela. Foi ao ar em 1986 e até hoje tem gente botando a dancinha e a música no YouTube, cantando. Isso também, tá vendo? É pré-internet e recebo cortes toda hora, porque aquilo já tinha cara de internet. Depois a Dona Lurdes, de Amor de Mãe, e a Zoé, de Todas as Flores. Uma é uma menina preta da periferia de São Paulo. A outra uma mulher nordestina do sertão, com cinco filhos. A terceira é uma truqueira carioca rica que morava na Barra. São três universos, mas as três foram muito fortes. Tenho muito orgulho dessas novelas. Mas quando comecei, pensei: "Gente, como é que vai ser?". Não é o meu programa. Não posso falar que a edição está lenta, que devia apertar. O começo foi difícil, mas depois que peguei a manha de ser funcionária, fazer o meu e saber que não vou ligar para o cenário, para o figurino, para a comida e não sei o quê, falei: "Isso aqui, perto de fazer um programa como o Esquenta ou o Programa Legal, é como férias no Havaí".  Você é do tipo que não aguenta ficar sozinha ou você gosta da sua companhia? Essa é uma coisa que venho perseguindo há alguns anos. Ainda estou assim: sozinha, sabendo que, se quiser, tem alguém ali. Mas ainda apanho muito para ficar sozinha porque, justamente, a sua maior qualidade é sempre o seu maior defeito. Fui criada assim, em uma família que eram três filhas, uma mãe e uma tia. Cinco mulheres num apartamento relativamente pequeno, um banheiro, então uma está escovando os dentes, outra está fazendo xixi, outra está tomando banho, todas no mesmo horário para ir para a escola. Então é muito difícil para mim ficar sozinha, mas tenho buscado muito. Quando falam "você pode fazer um pedido", eu peço para ter mais paciência e para aprender a ficar sozinha.  Você contou agora há pouco que fazia figurinos lá no Asdrúbal e também já vi você falando que sempre aparecia na lista das mais mal vestidas do Brasil. Como é ser julgada permanentemente? Agora já melhorou, mas esse é um aspecto que aparece mais porque existe uma lista de “mais mal vestidas". Se existisse lista para outras transgressões, eu estaria em todas elas. Não só porque sou transgressora, mas porque há uma demanda que eu seja. Quando não sou, o pessoal até estranha. Eu sempre gostei muito de moda, mais que isso, de me expressar através das roupas. E isso saía muito do padrão, principalmente na televisão, do blazer salmão, do nude, da unha com misturinha, do cabelo com escova. Volta e meia vinha, nos primórdios das redes sociais: "Ela não tem dinheiro para fazer uma escova naquele cabelo?". "Não tem ninguém para botar uma roupa normal nela?".  [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d49c62141c1/header-regina-interna4.jpg; CREDITS=Christian Gaul; LEGEND=Regina Casé falou à Trip em 1999, quando estampou as Páginas Negras; ALT_TEXT=] Antes da internet, existiam muitas colunas sociais em jornal. Tinha um jornalista no O Globo que me detonava uma semana sim e outra não. Eu nunca vou me esquecer. Ele falava de uma bolsa que eu tinha da Vivienne Westwood, que inclusive juntei muito para poder comprar. Eu era apaixonada por ela, que além de tudo era uma ativista, uma mulher importantíssima na gênese do Sex Pistols e do movimento punk. Ele falava o tempo todo: "Estava não sei onde e veio a Regina com aquela bolsa horrorosa que comprou no Saara". O Saara no Rio corresponde à 25 de março em São Paulo, e são lugares que sempre frequentei, que amo e que compro bolsas também. Eu usava muito torço no cabelo, e ele escrevia: "Lá vem a lavadeira do Abaeté". Mais uma vez, não só sendo preconceituoso, mas achando que estava me xingando de alguma coisa que eu acharia ruim. Eu pensava: nossa, que maravilha, estou parecendo uma lavadeira do Abaeté e não alguém com um blazer salmão, com uma blusa bege, uma bolsa arrumadinha de marca. Pra mim era elogio, mas era chato, porque cria um estigma. E aí um monte de gente, muito burra, vai no rodo e fala: "Ela é cafona, ela é horrorosa". Por isso que acho que fiquei muito tempo nessas listas.  O filme “Ainda Estou Aqui” está sendo um alento para o Brasil, uma coisa bem gostosa de ver, uma obra iluminada. A Fernanda Torres virou uma espécie de embaixadora do Brasil, falando de uma forma muito legal sobre o país, sobre a cultura. Imagino que pra você, que vivenciou essa época no Rio de Janeiro, seja ainda mais especial. Eu vivi aquela época toda e o filme, mesmo sem mostrar a tortura e as barbaridades que aconteceram, reproduz a angústia. Na parte em que as coisas não estão explicitadas, você só percebe que algo está acontecendo, e a angústia que vem dali. Mesmo depois, quando alguma coisa concreta aconteceu, você não sabe exatamente do que está com medo, o que pode acontecer a qualquer momento, porque tudo era tão aleatório, sem justificativa, ninguém era processado, julgado e preso. O filme reproduz essa sensação, mesmo para quem não viveu. É maravilhoso, maravilhoso.  [QUOTE=1219] Não vou dizer que por sorte porque ele tem todos os méritos, mas o filme caiu num momento em que a gente estava muito sofrido culturalmente. Nós, artistas, tínhamos virado bandidos, pessoas que se aproveitam. Eu nunca usei a lei Rouanet, ainda que ache ela muito boa, mas passou-se a usar isso quase como um xingamento, de uma maneira horrível. E todos os artistas muito desrespeitados, inclusive a própria Fernanda, Fernandona, a pessoa que a gente mais tem que respeitar na cultura do país. O filme veio não como uma revanche. Ele veio doce, suave e brilhantemente cuidar dessa ferida. Na equipe tenho muitos amigos, praticamente família, o Walter, a Nanda, a Fernanda. Sou tão amiga da Fernanda quanto da Nanda, sou meio mãe da Nanda, mas sou meio filha da Fernanda, sou meio irmã da Nanda e também da Fernanda. É bem misturado, e convivo muito com as duas. Por acaso, recebi ontem um presente e um cartão de aniversário da Fernandona que é muito impressionante. Tão bonitinho, acho que ela não vai ficar brava se eu mostrar para vocês. O que o cartão diz? Ela diz assim: "Regina, querida, primeiro: meu útero sabe que a Nanda já está com esse Oscar”. Adorei essa frase. "Segundo, estou trabalhando demais, está me esgotando. Teria uma leitura de 14 trechos magníficos, de acadêmicos, que estou preparando essa apresentação para a abertura da Academia [Brasileira de Letras], que está em recesso. O esgotamento acho que é por conta dos quase 100 anos que tenho". Imagina... Com esse trabalho todo. Aí ela faz um desenho lindo de flores com o coração: "Regina da nossa vida, feliz aniversário, feliz sempre da Fernanda". E me manda uma toalhinha bordada lindíssima com um PS: "Fernando [Torres] e eu compramos essa toalhinha de mão no Nordeste numa das temporadas de nossa vida pelo Brasil afora. Aliás, nós comprávamos muito lembranças como essa. Essa que eu lhe envio está até manchadinha, mas ela está feliz porque está indo para a pessoa certa. Está manchadinha porque está guardadinha faz muitos anos". Olha que coisa. Como é que essa mulher com quase 100 anos, com a filha indicada ao Oscar, trabalhando desse jeito, decorando 14 textos, tem tempo de ser tão amorosa, gentil, generosa e me fazer chorar? Não existe. Ela é maravilhosa demais. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d49b9f0f548/header-regina-interna3.jpg; CREDITS=João Pedro Januário; LEGEND=; ALT_TEXT=] Eu queria te ouvir sobre outro assunto. Há alguns anos a menopausa era um tema absolutamente proibido. As mulheres se sentiam mal, os homens, então, saíam correndo. Os médicos não falavam, as famílias não falavam. E é engraçado essa coisa do pêndulo. De repente vira uma onda, artistas falando, saem dezenas de livros sobre o assunto. Como foi para você? Você acha que estamos melhorando na maneira de lidar com as nossas questões enquanto humanidade? É bem complexo. Tem aspectos que acho que estão melhorando muito. Qualquer família que tinha uma pessoa com deficiência antigamente escondia essa pessoa, ela era quase trancada num quarto, onde nem as visitas da casa iam. E hoje em dia todas essas pessoas estão expostas, inclusive ao preconceito e ao sofrimento, mas estão na vida, na rua. Há um tempo não só não podia ter um casal gay casado como não existia nem a expressão "casal gay", porque as pessoas no máximo tinham um caso escondido com outra pessoa. Então em muitos aspectos a gente avançou bastante. Não sei se é porque agora estou ficando bem mais velha, mas acho que esse assunto do etarismo está chegando ainda de uma maneira muito nichada. Se você for assistir a esse meu primeiro TED, eu falo que a gente não pode pegar e repetir, macaquear as coisas dos Estados Unidos. Essa ideia de grupo de apoio. Sinto que essa coisa da menopausa, do etarismo, fica muito de mulher para mulher, um grupo de mulheres daquela idade. Mas não acho que isso faz um garoto de 16 anos entender que eu, uma mulher de 70 anos, posso gostar de basquete, de funk, de sambar, de namorar, de dançar. Isso tudo fica numa bolha bem impermeável. E não acho que a comunicação está indo para outros lados. É mais você, minha amiga, que também está sentindo calores. [QUOTE=1220] Tem uma coisa americana que inventaram que é muito chata. Por exemplo, a terceira idade. Aí vai ter um baile, um monte de velhinhos e velhinhas dançando todos juntos. Claro que é melhor do que ficar em casa deprimido, mas é chato. Acho que essa festa tem que ter todo mundo. Tem que ter os gays, as crianças, todo mundo nessa mesma pista com um DJ bom, com uma batucada boa. Senão você vai numa festa e todas as pessoas são idênticas. Você vai em um restaurante e tem um aquário onde põem as crianças dentro de um vidro enquanto você come. Mas a criança tem que estar na mesa ouvindo o que você está falando, comendo um troço que ela não come normalmente. O menu kids é uma aberração. Os meus filhos comem tudo, qualquer coisa que estiver na mesa, do jeito que for. Mas é tudo separado. Essa coisa de imitar americano, entendeu? Então, acho que essa coisa da menopausa está um pouco ali. Tem que abrir para a gente conversar, tem que falar sobre menopausa com o MC Cabelinho. Eu passei meio batida, porque, por sorte, não tive sintomas físicos mais fortes. Senti um pouco mais de calor, mas como aqui é tão calor e eu sou tão agitada, eu nunca soube que aquilo era específico da menopausa.  Vou mudar um pouco de assunto porque não dá para deixar de falar sobre isso. Uma das melhores entrevistas do Trip FM no ano passado foi com seu marido, o cineasta Estêvão Ciavatta. Ele contou do acidente num passeio a cavalo que o deixou paralisado do pescoço para baixo e com chances de não voltar a andar. E fez uma declaração muito forte sobre o que você representou nessa recuperação surpreendente dele. A expressão "estamos juntos" virou meio banal, mas, de fato, você estava junto ali. Voltando a falar do etarismo, o Estêvão foi muito corajoso de casar com uma mulher que era quase 15 anos mais velha, totalmente estabelecida profissionalmente, conhecida em qualquer lugar, que tinha sido casada com um cara maravilhoso, o Luiz Zerbini, que tinha uma filha, uma roda de amigos muito grande, um símbolo muito sólido, tudo isso. Ele propôs casar comigo, na igreja, com 45 anos. Eu, hippie, do Asdrúbal e tudo, levei um susto, nunca pensei que eu casar. O que aconteceu? Eu levei esse compromisso muito a sério, e não é o compromisso de ficar com a pessoa na saúde, na doença, na alegria, na tristeza. É também, mas é o compromisso de, bom, vamos entrar nessa? Então eu vou aprender como faz isso, como é esse amor, como é essa pessoa, eu vou aprender a te amar do jeito que você é. Acho que o pessoal casa meio de brincadeira, mas eu casei a sério mesmo, e estamos casados há 28 anos. Então, quando aconteceu aquilo, eu falei: ué, a gente resolveu ficar junto e viver o que a vida trouxesse pra gente, então vamos embora. O que der disso, vamos arrumar um jeito, mas estamos juntos. E acho que teve uma coisa que me ajudou muito. O quê? Aqui em casa é tipo pátio dos milagres. Teve isso que aconteceu com o Estêvão, e também a gente ter encontrado o Roque no momento que encontrou [seu filho caçula, hoje com 11 anos, foi adotado pelo casal quando bebê]. A vida que a gente tem hoje é inacreditável. Parece realmente que levou oito anos, o tempo que demorou para encontrar o filho da gente, porque estava perdido em algum lugar, igual a Dona Lurdes, de Amor de Mãe. Essa é a sensação. E a Benedita, quando nasceu, quase morreu, e eu também. Ela teve Apgar [escala que avalia os recém-nascidos] zero, praticamente morreu e viveu. Nasceu superforte, ouvinte, gorda, forte, cabeluda, mas eu tive um descolamento de placenta, e com isso ela aspirou líquido. Ela ficou surda porque a entupiram de garamicina, um antibiótico autotóxico. Foi na melhor das intenções, pra evitar uma pneumonia pelo líquido que tinha aspirado, mas ninguém conhecia muito, eram os primórdios da UTI Neonatal. O que foi para a gente uma tragédia, porque ela nasceu bem. Só que ali aprendi um negócio que ajudou muito nessa história do Estêvão: a lidar com médico. E aprendi a não aceitar os "não". Então quando o cara dizia "você tem que reformar a sua casa, tira a banheira e bota só o chuveiro largo para poder entrar a cadeira de rodas", eu falava: "Como eu vou saber se ele vai ficar pra sempre na cadeira de rodas?".  [QUOTE=1221] Quando a Benedita fala "oi, tudo bem?", ela tem um leve sotaque, anasalado e grave, porque ela só tem os graves, não tem nem médio, nem agudo. Mas ela fala, canta, já ganhou concurso de karaokê. Quando alguém vê a audiometria da Benedita, a perda dela é tão severa, tão profunda, que falam: "Esse exame não é dessa pessoa". É o caso do Estêvão. Quando olham a lesão medular dele e veem ele andando de bicicleta com o Roque, falam: "Não é possível". Por isso eu digo que aqui em casa é o pátio dos milagres. A gente desconfia de tudo que é “não”. É claro que existem coisas que são limitações estruturais, e não adianta a gente querer que seja de outro jeito, mas ajuda muito duvidar e ir avançando a cada "não" até que ele realmente seja intransponível. No caso do Estêvão, acho que ele ficou feliz porque teve perto por perto não só uma onça cuidando e amando, mas uma onça que já tinha entendido isso. Porque se a gente tivesse se acomodado a cada “não”, talvez ele não estivesse do jeito que está hoje. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d49af631476/header-regina-interna2.jpg; CREDITS=João Pedro Januário; LEGEND=; ALT_TEXT=] Eu já vi você falar que essa coisa da onça é um pouco fruto do machismo, que você teve que virar braba para se colocar no meio de grupos que eram majoritariamente de homens, numa época que esse papo do machismo era bem menos entendido. Isso acabou forjando o seu jeito de ser? Com certeza. Eu queria ser homem. Achava que tudo seria mais fácil, melhor. Achava maravilhoso até a minha filha ser mulher. Fiquei assustadíssima. Falei: "Não vou ser capaz, não vou acertar". Aí botei a Benedita no futebol, foi artilheira e tudo, e fui cercando com uma ideia nem feminista, nem machista, mas de que o masculino ia ser melhor pra ela, mais fácil. Mas aí aprendi com a Benedita não só a amar as mulheres, mas a me amar como mulher, grávida, dando de mamar, criando outra mulher, me relacionando com amigas, com outras mulheres. Isso tudo veio depois da Benedita. Mas se você falar "antigamente o machismo"... Vou te dizer uma coisa. Se eu estou no carro e falo para o motorista “é ali, eu já vim aqui, você pode dobrar à direita”, ele pergunta assim: “Seu Estêvão, você sabe onde é para dobrar?”. Aí eu falo: “Vem cá, você quer que compre um pau para dizer pra você para dobrar à direita? Vou ter que botar toda vez que eu sentar aqui? Porque não é possível, estou te dizendo que eu já vim ali”. É muito impressionante, porque não é em grandes discussões, é o tempo todo. É porque a gente não repara, sabe? Quer dizer, eu reparo, você que é homem talvez não repare. Nesses momentos mais difíceis, na hora de lidar com os problemas de saúde da Benedita ou com o acidente punk do Estêvão, o que você acha que te ajudou mais: os anos de terapia ou o Terreiro de Gantois, casa de Candomblé que você frequenta em Salvador? As duas coisas, porque a minha terapia também foi muito aberta. E não só o Gantois como o Sacré-Coeur de Marie. Eu tenho uma formação católica. Outro dia eu ri muito porque a Mãe Menininha se declarava católica em sua biografia, e perguntaram: "E o Candomblé"? Ela falava: “Candomblé é outra coisa”. E eu vejo mais ou menos assim. Não é que são duas religiões, eu não posso pegar e jogar a criança junto com a água da bacia. É claro que eu tenho todas as críticas que você quiser à Igreja Católica, mas eu fui criada por essa avó Graziela, que era professora, uma mulher genial, e tão católica que, te juro, ela conversava com Nossa Senhora como eu estou conversando com você. Quando ela recebia uma graça muito grande, ligava para mim e para minhas irmãs e falava: "Venham aqui, porque eu recebi uma graça tão grande que preciso de vocês para agradecer comigo, sozinha não vou dar conta." Estudei em colégio de freiras a minha vida inteira, zero trauma de me sentir reprimida, me dava bem, gosto do universo, da igreja. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d49cbe34551/header-regina-interna5.jpg; CREDITS=Christian Gaul; LEGEND=Em 1999, Regina Casé foi a entrevistada das Páginas Negras da Trip; ALT_TEXT=] Aí eu tenho um encontro com o Candomblé, lindíssimo, através da Mãe Menininha. Essa história é maravilhosa. O Caetano [Veloso] disse: "Mãe Menininha quer que você vá lá". Eu fiquei apavorada, porque achei que ela ia fazer uma revelação, tinha medo que fosse um vaticínio... Até que tomei coragem e fui. Cheguei lá com o olho arregalado, entrei no quarto, aquela coisa maravilhosa, aquela presença.. Aí eu pedi a benção e perguntei o que ela queria. Ela falou: "Nada não, queria conhecer a Tina Pepper". Então, não só o Gantuar, o Candomblé como um todo, só me trouxe coisas boas e acolhida. A minha relação com a Bahia vem desde os 12 anos de idade, depois eu acabei recebendo até a cidadania de tamanha paixão e dedicação. É incrível porque eu nunca procurei. No episódio da Benedita, no dia seguinte já recebi de várias pessoas orientações do que eu devia fazer. No episódio do Estêvão também, não só do Gantuar, mas da [Maria] Bethânia, e falavam: "Olha, você tem que fazer isso, você tem que cuidar daquilo". Então, como é que eu vou negar isso? Porque isso tudo está aqui dentro. Então, acho que você tem que ir pegando da vida, que nem a Dona Darlene do “Eu Tu Eles”, que ficou com os três maridos. A vida vai passando por você e você vai guardando as coisas que foram boas e tentando se livrar das ruins. A gente sabe que você tem uma rede de amizades absurda, é muito íntima de meio mundo. Eu queria brincar daquela história de te deixar sozinha numa ilha, sem internet, com todos os confortos, livros, música. Você pode ligar à vontade para os seus filhos, pro seu marido, mas só tem uma pessoa de fora do seu círculo familiar para quem você pode ligar duas vezes por semana. Quem seria o escolhido para você manter contato com a civilização? É curioso que meus grandes amigos não têm celular. Hermano [Vianna] não fala no celular, Caetano só fala por e-mail, é uma loucura, não é nem WhatsApp. Acho que escolheria o Caetano, porque numa ilha você precisa de um farol. Tenho outros faróis, mas o Caetano foi, durante toda a minha vida, o meu farol mais alto, meu norte. E acho que não suportaria ficar sem falar com ele. 

Trópico utópico
Trópico utópico - Subúrbios - 26/02/25

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Feb 26, 2025 60:59


Anexos al abecé de la música popular de Brasil en forma de compilaciones. Intervienen: Trio Calafrio, Maria Bethânia, Chico Buarque, Mart’nália, Caetano Veloso, Monarco & Martinho da Vila, Guinga, Tira Poeira, Jards Macalé, Leila Pinheiro, Francis Hime y Gal Costa.Escuchar audio

Avenida Brasil
Avenida Brasil di martedì 18/02/2025

Avenida Brasil

Play Episode Listen Later Feb 18, 2025 61:13


A cura di Monica Paes - Playlist: Sigla: Av. Brasil (M. Lima/Antonio Cicero), Marina Lima, Todas, 1985 poi 1. Explode Coração (Gonzaguinha), Maria Bethânia, Álibi, 1978 2. Sábado à noite (Seu Jorge/Peu Meurray/Magary Ford/Adriano Tenório), Seu Jorge, Baile à la baiana, 2025 3. Shock (Seu Jorge/Magary Ford/Pierre Onassis), Seu Jorge, Baile à la baiana, 2025 4. Sempre valeu (Geraldo Azevedo/Pippo Spera), Geraldo Azevedo, singolo, 2025 5. Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol - homenagem a Milton Nascimento, Samba-enredo da Portela 2025 6. Mais raro (Lucio e Lucas Silva), Silva, singolo, 2025 7. Amar à distancia, Rodrigo Campos, Pode ser outra beleza, 2024 8. Navegante, João Selva, Onda, 2025 9. Cantiga de ninar o mar, Thiago Amud feat. Caetano Veloso, Enseada perdida, 2025 10. Surpresa (joão Donato/Caetano Veloso), Zélia Duncan, Elas cantam Donato, 2025. I prossimi 3 brani sono un omaggio al regista, sceneggiatore e produttore cinematografico, nato a Maceió (Alagoas), Cacá Diegues, scomparso a 84 anni l'ultimo 14 febbraio 11. Joana Francesa, Chico Buarque, Uma palavra, 1995 12. Xica da Silva, Jorge Benjor, Africa Brasil, 1976 13. Bye bye Brasil (Roberto Menescal/Chico Buarque), Chico Buarque, Vida, 1980

Notícia no Seu Tempo
Negociação entre Trump e Putin prevê fim da guerra e Ucrânia sem área original

Notícia no Seu Tempo

Play Episode Listen Later Feb 13, 2025 7:12


No podcast ‘Notícia No Seu Tempo’, confira em áudio as principais notícias da edição impressa do jornal ‘O Estado de S.Paulo’ desta quinta-feira (13/02/2025): Após conversa por telefone com o russo Vladimir Putin, Donald Trump disse que começou a negociar o fim da guerra na Ucrânia. O gesto sinaliza mudança na relação dos EUA com a Rússia. Trump escreveu em sua rede social que ele e Putin haviam “concordado em trabalhar juntos”. Horas antes, o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, havia dito que restabelecer a fronteira pré-guerra entre Ucrânia e Rússia é meta “irrealista”. A conversa com Putin ocorreu antes de Trump telefonar para Volodmir Zelenski, presidente ucraniano, e de fazer qualquer aceno para os aliados europeus. Essa movimentação do presidente americano arrefeceu a esperança da Ucrânia de garantir sua entrada na Otan e de restaurar as fronteiras de antes da anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014. E mais: Economia: Por petróleo, Lula pressiona o Ibama Política: Lei antidesmate da UE faz Tarcísio cobrar posição do governo Lula Metrópole: TCU cede e libera os pagamentos da bolsa Pé-de-Meia fora do Orçamento Caderno 2; Maria Bethânia comemora hoje 60 anos de sua participação no show ‘Opinião’, ao lado de Zé Kéti e João do Vale. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Trópico utópico
Trópico utópico - Boa hora - 11/02/25

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Feb 11, 2025 60:04


Anexos al abecé de la música popular de Brasil en forma de compilaciones. Intervienen: Treminhâo, Cordel do Fogo Encantado, Alessandre Leâo, Maciel Salú e o Terno do Terreiro, Otto, Chico Buarque, Geraldo Azevedo, Lula Queiroga, Maria Bethânia, Versâo Brasileira, Moraes Moreira, Lenine, Paulo Rafael y Seu Luiz e Salu.Escuchar audio

Trópico utópico
Trópico utópico - Ela é minha namorada - 15/01/25

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Jan 15, 2025 59:40


Anexos al abecé de la música popular de Brasil en forma de compilaciones. Intervienen: Nelson Gonçalves, Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Ivete Sangalo, Rita Lee, Lenine, Renato Texeira, Sérgio Reis, Rodrigo Munari, Maria Bethânia, Ana Carolina, Maria Rita, Thiaguinho, Ray Conniff, Cole Porter, Glenn Miller y Daniel Boaventura.Escuchar audio

Invité culture
Véronique Mortaigne raconte sa passion auriverde dans son livre «Brésils: Éloge de la déraison»

Invité culture

Play Episode Listen Later Jan 2, 2025 5:01


Longtemps critique musicale au quotidien Le Monde, la journaliste et écrivaine française, Véronique Mortaigne, a publié récemment, aux éditions Équateurs, un ouvrage intitulé Brésils: Éloge de la déraison. Cette amoureuse du Brésil et grande spécialiste de la musique de ce pays y raconte notamment son séjour à Recife, dans le nord-est du pays, lorsqu'elle y enseignait le français dans les années 70. Le récit est guidé par le hasard et la quête du mystère autour d'une question centrale : qu'est-ce qu'être Brésilien ? En toile de fond de ce livre de près de 400 pages, la musique brésilienne, « Louvaçao A Oxum » de la chanteuse Maria Bethânia.

Invité Culture
Véronique Mortaigne raconte sa passion auriverde dans son livre «Brésils: Éloge de la déraison»

Invité Culture

Play Episode Listen Later Jan 2, 2025 5:01


Longtemps critique musicale au quotidien Le Monde, la journaliste et écrivaine française, Véronique Mortaigne, a publié récemment, aux éditions Équateurs, un ouvrage intitulé Brésils: Éloge de la déraison. Cette amoureuse du Brésil et grande spécialiste de la musique de ce pays y raconte notamment son séjour à Recife, dans le nord-est du pays, lorsqu'elle y enseignait le français dans les années 70. Le récit est guidé par le hasard et la quête du mystère autour d'une question centrale : qu'est-ce qu'être Brésilien ? En toile de fond de ce livre de près de 400 pages, la musique brésilienne, « Louvaçao A Oxum » de la chanteuse Maria Bethânia.

I podcast di Radio Tandem
Fosforo 1724

I podcast di Radio Tandem

Play Episode Listen Later Dec 30, 2024 28:25


Fosforo 1724: I brani della striscia numero 4 della settimana: Les Rhinocéros - Up; Softies - To You from Me; Maria Bethânia - Cantigas Populares; Dawn Richard and Spencer Zahn - Sandstone; Bernard Herrmann - Phone Call; Lunar 7 - Spouge Explosion; Hope Masike - Zunde; Caravan - Stuck In A Hole; Fosforo va in onda ogni giorno alle 01:20 e alle 18:00. Puoi ascoltare le sequenze musicali di Rufus T. Firefly sulla frequenza di Radio Tandem, 98.400FM, o in streaming e anche in podcast.Per info: https://www.radiotandem.it/fosforo

DeliCatessen
Dora Morelenbaum, homenatge als cl

DeliCatessen

Play Episode Listen Later Dec 17, 2024 60:01


La filla de gran Jaques Morelenbaum debuta amb "Pique", un primer llarga durada que suposa tot un homenatge a les grans veus de la m

Budejo
#208. Apoiamos a escala 1x6

Budejo

Play Episode Listen Later Nov 17, 2024 37:18


Vamille foi a Brasília pela primeira vez e ajudou a estátua da Justiça a se defender de bomba, emprestou uma caneta bic pra Erika Hilton assinar a PEC da escala 6x1, deu dinheiro a bilionário pra prestigiar o cinema nacional e quase desmaiou no show de Maria Bethânia e Caetano Veloso quando descobriu que os dois eram irmãos.==========CRÉDITOS:- PARTICIPANTES: Luan Alencar, Pedro Philippe e Vamille Furtado - EDIÇÃO: Luan Alencar- TRILHA ORIGINAL: Victor Oliveira==========APOIE O BUDEJO:Para nos ajudar a continuar produzindo conteúdos como estes, considere nos apoiar financeiramente pela ORELO, para ter acesso a recompensas exclusivas: https://orelo.cc/budejo/apoios. Você também pode nos enviar qualquer valor, junto com uma mensagem, para o PIX budejopodcast@gmail.com.

Musiques du monde
Les Brésils de Véronique Mortaigne

Musiques du monde

Play Episode Listen Later Nov 2, 2024 48:30


La journaliste Véronique Mortaigne publie « Brésils, Éloge de la déraison », une traversée ébouriffante d'un pays et d'un peuple, habile à s'extraire du chaos. « Qu'est-ce que le Brésil ? ». Une amie me répond, sans hésitation : « La plage ». Elle n'a pas tort. Jamais ennuyeuse, la plage au Brésil est un lieu unique. Neuf mille deux cents kilomètres de rivages, du sable blanc, ocre, doré, des baies, des îles, des caps, des lagunes, des estuaires, des falaises, des mangroves, de la boue, des récifs, des piscines naturelles. Le Brésil a été béni des dieux. De plein de dieux, noirs, blonds, catholiques, le tout fusionné avec les orishas, les divinités vaudoues, et agrémenté de la cosmologie indigène. La multitude de saints, d'anges, d'entités cosmiques, nourrit un mysticisme ardent.« Mais qu'est-ce qu'être Brésilien ? Un mélange de charme, de sensualité, de pouvoir d'attraction, de capacité à créer des situations bordéliques et enchantées. Cerner le caractère profond de ce peuple expérimental en perpétuel mouvement n'est pas une mince affaire. Antônio Carlos Jobim eut un jour cette formule : « Le Brésil n'est pas un pays pour débutants. Amateurs s'abstenir. »Dans ce récit guidé par le hasard, la quête du mystère, du secret et de la magie, Véronique Mortaigne nous invite à découvrir les expériences les plus folles et les plus improbables qu'elle a vécues (Joao Gilberto…), en profondeur, rencontrer un peuple habile à s'extraire du chaos. Plus qu'une déclaration d'amour, cette traversée ébouriffante à travers un Brésil multiple est un éloge de la déraison dans un monde qui étouffe.Véronique Mortaigne est journaliste, longtemps critique musicale au Monde, elle est l'auteure de plusieurs ouvrages (sur Césaria Evora, Manu Chao, Johnny Hallyday, Bernard Lavilliers, Anne Sylvestre) avec une passion particulière pour le Brésil où elle fut professeure de français à Récife (Nordeste brésilien).Playlist de Véronique Mortaigne- Maria Bethânia Ultimo Desejo, extrait de Maria Bethânia Canta Noël Rosa e outras raridades 1965- Caetano Veloso Falso Leblon, extrait deZii e Zie 2009- Luiz Gonzaga Vem Morena, extrait de Gonzagão olha pro céu 1949- Beth Carvalho Vou festeja, extrait deFirme e forte no pagode 1978.X - Instagram (vmobr23) Équateurs. Pour aller plus loin, quelques liens :- Véronique Mortaigne dans Le Monde - Entretien avec le photographe Pierre Verger en 1992.

Musiques du monde
Les Brésils de Véronique Mortaigne

Musiques du monde

Play Episode Listen Later Nov 2, 2024 48:30


La journaliste Véronique Mortaigne publie « Brésils, Éloge de la déraison », une traversée ébouriffante d'un pays et d'un peuple, habile à s'extraire du chaos. « Qu'est-ce que le Brésil ? ». Une amie me répond, sans hésitation : « La plage ». Elle n'a pas tort. Jamais ennuyeuse, la plage au Brésil est un lieu unique. Neuf mille deux cents kilomètres de rivages, du sable blanc, ocre, doré, des baies, des îles, des caps, des lagunes, des estuaires, des falaises, des mangroves, de la boue, des récifs, des piscines naturelles. Le Brésil a été béni des dieux. De plein de dieux, noirs, blonds, catholiques, le tout fusionné avec les orishas, les divinités vaudoues, et agrémenté de la cosmologie indigène. La multitude de saints, d'anges, d'entités cosmiques, nourrit un mysticisme ardent.« Mais qu'est-ce qu'être Brésilien ? Un mélange de charme, de sensualité, de pouvoir d'attraction, de capacité à créer des situations bordéliques et enchantées. Cerner le caractère profond de ce peuple expérimental en perpétuel mouvement n'est pas une mince affaire. Antônio Carlos Jobim eut un jour cette formule : « Le Brésil n'est pas un pays pour débutants. Amateurs s'abstenir. »Dans ce récit guidé par le hasard, la quête du mystère, du secret et de la magie, Véronique Mortaigne nous invite à découvrir les expériences les plus folles et les plus improbables qu'elle a vécues (Joao Gilberto…), en profondeur, rencontrer un peuple habile à s'extraire du chaos. Plus qu'une déclaration d'amour, cette traversée ébouriffante à travers un Brésil multiple est un éloge de la déraison dans un monde qui étouffe.Véronique Mortaigne est journaliste, longtemps critique musicale au Monde, elle est l'auteure de plusieurs ouvrages (sur Césaria Evora, Manu Chao, Johnny Hallyday, Bernard Lavilliers, Anne Sylvestre) avec une passion particulière pour le Brésil où elle fut professeure de français à Récife (Nordeste brésilien).Playlist de Véronique Mortaigne- Maria Bethânia Ultimo Desejo, extrait de Maria Bethânia Canta Noël Rosa e outras raridades 1965- Caetano Veloso Falso Leblon, extrait deZii e Zie 2009- Luiz Gonzaga Vem Morena, extrait de Gonzagão olha pro céu 1949- Beth Carvalho Vou festeja, extrait deFirme e forte no pagode 1978.X - Instagram (vmobr23) Équateurs. Pour aller plus loin, quelques liens :- Véronique Mortaigne dans Le Monde - Entretien avec le photographe Pierre Verger en 1992.

Trópico utópico
Trópico utópico - Soy loco por ti, América - 10/10/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Oct 10, 2024 60:12


Anexos al abecé de la música popular de Brasil en forma de compilaciones. Intervienen: Jorge Ben, Martinho da Vila, Chico Buarque & Milton Nascimento, Sarajane, Gal Costa, Elis Regina, Caetano Veloso, Antonio Carlos Jobim, Elis Regina, Sérgio Mendes & Brasil 66, Maria Bethânia & Gal Costa, Vinícius de Moraes & Toquinho y Chico Buarque & Maria Bethânia.Escuchar audio

Trópico utópico
Trópico utópico - Maria Bethânia XXI - 04/10/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Oct 4, 2024 118:48


Vigésimo primera entrega de la serie sobre Maria Bethânia. Canciones incluidas en los discos “Abraçar e agradecer” CD 2-2016, “Maria Bethânia & Zeca Pagodinho, De Santo Amaro a Xerém” 2018, “Mangueira, a menina dos meus olhos” 2019 y “Noturno” 2021.Escuchar audio

Trópico utópico
Trópico utópico - Maria Bethânia XX - 30/08/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Aug 30, 2024 118:35


Vigésima entrega de la serie sobre Maria Bethânia. Canciones incluidas en los discos “Omara Portuondo & Maria Bethânia” 2014, “Abraçar e agradecer” CD 1 y CD 2, 2016 y “Maria Bethânia & Zeca Pagodinho” 2018.Escuchar audio

Trópico utópico
Trópico utópico - Maria Bethânia XIX - 23/08/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Aug 23, 2024 118:29


Decimonovena entrega de la serie sobre Maria Bethânia. Canciones incluidas en los discos: “Noite Luzidia” CD2, 2013, “Meus quintais”, 2014 y “Omara Portuondo & Maria Bethânia”, 2014.Escuchar audio

Trópico utópico
Trópico utópico - Maria Bethânia XVIII - 16/08/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Aug 16, 2024 118:40


Decimoctava entrega de la serie sobre Maria Bethânia. Canciones pertenecientes a los discos “Carta de Amor Ato 1” 2013, “Carta de Amor Ato 2” 2013, “Noite Luzidia” CD 1 y “Noite Luzidia” CD 2.Escuchar audio

Trópico utópico
Trópico utópico - Maria Bethânia XVII - 02/08/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Aug 2, 2024 119:04


Decimoséptima (septidécima) entrega de la serie sobre Maria Bethânia. Canciones de los discos “Amor, festa, devoçâo Ao vivo” 2010, “Oásis de Bethânia” 2011 y “Carta de Amor Ato 1” 2013.Escuchar audio

Vamos Falar Sobre Música?
VFSM #311 – Grandes Encontros da Música Brasileira

Vamos Falar Sobre Música?

Play Episode Listen Later Aug 1, 2024 82:05


Nesta edição, Cleber Facchi (@cleberfacchi), Renan Guerra (@_renanguerra) e Nik Silva (@niksilva) aproveitam o reencontro de Caetano Veloso e Maria Bethânia nos palcos após 46 anos para relembrar de outras parcerias marcantes da música brasileira. Apoie a gente: https://apoia.se/podcastvfsm Não Paro De Ouvir ➜ Exclusive os Cabides https://tinyurl.com/yc3n85yd➜ Ximenes Sariñana https://tinyurl.com/52rz4swv➜ Maria Beraldo https://tinyurl.com/4xuu5r7v➜ Natália Lebeis https://tinyurl.com/6hfh8hnr➜ Maya Jane Coles https://tinyurl.com/kv36fw3j➜ KD Soundsystem https://tinyurl.com/yc89kyjw➜ Nick León & Erika de Casier https://tinyurl.com/4chandxv➜ Preta Ferreira https://tinyurl.com/pp8fbhk2➜ Daughn Gibson https://tinyurl.com/2p8az5f➜ Eika Ishibashi https://tinyurl.com/yn2adbbk➜ Alex Winston https://tinyurl.com/ym5tjd9s➜ Davi Fonseca https://tinyurl.com/5dcrsa9d➜ Jorja Smith https://tinyurl.com/bde5d7nj➜ Enumclaw https://tinyurl.com/buzjdbr7➜ Common & Pete Rock https://tinyurl.com/4rbwycf3➜ MJ Lenderman https://tinyurl.com/mss7p5zs➜ Yasmin Williams https://tinyurl.com/3jmzwf4x➜ Ravyn Lenae https://tinyurl.com/5n948u23➜ Sítio Rosa https://tinyurl.com/5n76639n➜ Porter Robinson https://tinyurl.com/3fr3njxc➜ Vitor Milagres https://tinyurl.com/5eyfzn6p Você Precisa Ouvir Isso ➜ Deadpool & Wolverine (Cinemas)➜ Marcelo D2➜ Entre a vida e a morte, há vários documentos, de Michael Maia Playlist Seleção VFSM: https://bit.ly/3ETG7oEContato: sobremusicavamosfalar@gmail.com

Trópico utópico
Trópico utópico - Frevo molhado - 25/07/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Jul 25, 2024 60:02


Los cuatro jueves de este mes de Julio hemos preparado sesiones de DJ monográficos, con canciones interpretadas por Maria Bethânia. Este es el tercero.Escuchar audio

Trópico utópico
Trópico utópico - Maria Bethânia XVI - 19/07/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Jul 19, 2024 118:32


Decimosexta entrega de la serie sobre Maria Bethânia. Canciones de los discos: "Dentro do mar tem rio" 2007, "Encanteria" 2007, "Tua" 2007 y "Amor, festa, devoçâo Ao Vivo" 2010.Escuchar audio

Trópico utópico
Trópico utópico - Reconvexo - 18/07/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Jul 18, 2024 60:55


Tercera sesión de DJ con canciones de Maria Bethânia, como el resto de los jueves de este mes de Julio.Escuchar audio

Space Café Podcast
Bold Dreams – from Gourmet Chef to leading NASA's Innovation Marathon

Space Café Podcast

Play Episode Listen Later Jul 17, 2024 69:04 Transcription Available


Guest: Leka Hattori, NASA's Space Apps ChallengeCEO @spaceterrahub | local lead for NASA Space Apps challenge | Analog Astronaut | TEDx Speaker | Chef | International speaker | PilgrimIn this episode of the Space Cafe Podcast, Markus delves into the extraordinary journey of Leka Hattori, from being a world-class chef to leading NASA's Space Apps Challenge. They discuss the significance of following one's dreams, the impact of solitude and self-reflection, and the innovative potential unlocked through NASA's global hackathons. Guest Background:Leka Hattori is an inspiring figure who transitioned from a successful culinary career, serving high-profile clients like Tom Cruise and the Royal Family, to organizing NASA's largest innovation marathon. Originally from Brazil, she now spearheads the NASA Space Apps Challenge, fostering open science and innovation worldwide. Episode Highlights: The Unlikely Path:Leka's Journey: Transitioning from a chef in London to a key figure in NASA's innovation programs, driven by her passion for space. The Camino Journey:Solitude and Reflection: Leka's transformative experience hiking the Camino de Santiago and its impact on her personal growth and sense of control. NASA Space Apps Challenge:Overview: An open innovation hackathon held in over 200 cities worldwide, encouraging solutions to Earth and space-related problems using open data from NASA and other space agencies.Youth Engagement: Leka's strategy to involve university and high school students, promoting creativity and genuine innovation.Notable Challenges: Deep space communication, sustainability issues, and innovative solutions proposed by participants. Innovation and Talent:Diverse Skills Needed: NASA's interest in talents beyond traditional technical roles, such as farming for space agriculture.Educational Approach: Involving educators as mentors to nurture creativity and innovation. Notable Quotes:Leka Hattori: "It's simple to take time to listen to yourself. It's not easy, but it's simple." Additional Resources:Learn more about NASA's Space Apps Challenge: NASA Space Apps ChallengeLeka's Choice for the Spotify Playlist: Ivete Sangalo e Maria Bethânia - Muito Obrigado Axé -> https://open.spotify.com/intl-de/track/5oUlosj4oD6XzvdcJ1uNX0?si=cb5d268a04884fbc Stay Connected:Subscribe for more inspiring stories: Space Cafe Podcast on Apple PodcastsWe love to hear from you. Send us your thought, comments, suggestions, love lettersYou can find us on Spotify and Apple Podcast!Please visit us at SpaceWatch.Global, subscribe to our newsletters. Follow us on LinkedIn and Twitter!

Trópico utópico
Trópico utópico - Meu bem querer - 16/07/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Jul 16, 2024 59:53


Anexos al abecé de la música popular de Brasil en forma de compilaciones. Intervienen: Dorival Caymmi, The Fevers, Gonzaguinha, Ivan Lins, José Augusto, Joyce, Luiz Gonzaga, Maria Bethânia, Nana Caymmi, Paulinho da Viola, Simone, Wilson Simonal, Baianas Mensageiras de Santa Luzia, Grupo Caboclinhos de Ceará-Mirim, Taleiras de Laranjeiras y Mestre Laurentino.Escuchar audio

Sick Psych World
Lot Radio 7.12.24

Sick Psych World

Play Episode Listen Later Jul 15, 2024 69:39


1. Saâda Bonaire - Everybody Loves Somebody 2. Vicky Edimo - You 3. Analogy - Indian Meditation 4. Maria Bethânia - Volta Por Cima 5. Emma Baloka - Let's Love Each Other 6. Cortex - Troupeau Bleu 7. Shocking Blue - Acka Raga 8. Gal Costa - Divino, Maravilhoso 9. Mary Afi Usuah - Ebre Mbre 10. Full Moon Ensemble - 43 W. 87th St sur memoires de guerre 11. Antena - Achilles 12. Sister Nancy - Bam Bam 13. Kleenex - You 14. Raul Gomez – Luces En La Pista 15. Catherine Ribeiro + Alpes - Roc Alpin 16. Os Novos Baianos - A Menina Dança

Trópico utópico
Trópico utópico - Maria Bethânia XV - 12/07/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Jul 12, 2024 58:45


Decimoquinta entrega de la serie de Maria Bethânia, en este caso de sólo una hora. Canciones del disco doble en vivo “Dentro do mar tem rio”, de 2007.Escuchar audio

Trópico utópico
Trópico utópico – Maria - 11/07/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Jul 11, 2024 60:12


Segunda sesión de canciones interpretadas por Maria Bethânia, enlazadas a la manera de DJ, como ya hicimos en meses anteriores con Gal Costa.Escuchar audio

Trip FM
Tamara Klink: o que aprendi em 8 meses sozinha no gelo

Trip FM

Play Episode Listen Later Jul 5, 2024


Aos 27 anos, a velejadora se tornou a primeira mulher a completar o período de invernagem no Ártico Era julho quando Tamara Klink partiu da costa da França a bordo do Sardinha 2, um veleiro de dez metros de comprimento, rumo à Groenlândia. Há quase um ano, ela navegou por vinte dias entre icebergs para chegar a um dos territórios mais remotos do mundo, onde o sol se esconde durante todo o inverno e o mar se transforma em gelo. Foi ali que aportou sua embarcação para se transformar na primeira mulher a completar o período de invernagem sozinha no Ártico – em outras palavras, passar o inverno isolada no barco preso no gelo. Durante oito meses, a velejadora viveu entre raposas, corvos e ptarmigans em temperaturas que variam entre -20ºC e -40ºC, em contato com a civilização por e-mails curtos e textos publicados por uma amiga em seu Instagram. Aos 27 anos, Tamara descobriu como enxergar através dos pequenos ruídos no meio do silêncio, sentiu falta de um dicionário – e também de algumas palavras para definir os sons, cheiros e gostos que experimentou –, aprendeu a tocar músicas no violão e inventou outras tantas quando as cifras acabaram e viu as pessoas que deixou em terra firme se transformarem em rascunhos abstratos na sua cabeça, tão verdadeiros quanto os personagens dos livros que lia. Filha da fotógrafa e empresária Marina Klink e de Amyr Klink, um dos maiores velejadores do mundo, Tamara escreveu mais um capítulo de uma história que é só sua – e, ao contrário do que muitos esperam, sem contar com conselhos ou orientações do pai. Em sua primeira entrevista depois da invernagem, Tamara Klink bateu um papo exclusivo com Paulo Lima no Trip FM. Ela conta o que aprendeu sobre si e sobre a vida, fala de sexualidade, música, sonhos e os maiores desafios nesse projeto – cair na água congelante ao pisar no gelo fino foi só um deles. Você pode ouvir essa conversa no play nesta página, no Spotify ou ler a seguir. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2024/07/66870771e74c4/tamara-klink-velejadora-groenlandia-congelada-artico-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação / Arquivo pessoal; LEGEND=Tamara Klink; ALT_TEXT=Tamara Klink] Trip. Imagina que você encontrou uma menininha de 10 anos que quer saber o que você andou fazendo nos últimos meses. Eu queria que você contasse para ela que projeto é esse. Tamara Klink. O meu projeto era ficar no Ártico de um verão até o seguinte, então passei aqui também outono, inverno e primavera. Agora é verão de novo. E viver. Eu queria viver e descobrir o que acontece quando o mar congela, quando os animais vão embora, quando os sons, os cheiros e a luz desaparecem. Durante o inverno, o sol se põe. Eu fiquei sem vê-lo durante 3 meses, e toda a paisagem muda quando some a luz. Durante o verão é o contrário: o sol não se põe mais, está o tempo todo no céu, o tempo todo é dia. Eu queria fazer essa travessia do tempo. Dessa vez não era mais eu que ia atravessar o oceano para ir de um lugar ao outro, eu ia de um lugar ao outro atravessando o tempo. Você está falando com a gente da Groenlândia. Me conta um pouquinho como é esse país? A Groenlândia é uma ilha enorme, a maior do mundo. Dois terços são cobertos por uma calota polar e nas bordas existem vilarejos. As primeiras pessoas chegaram aqui há milhares de anos, mas a ocupação humana mais recente aconteceu ao redor de mil anos atrás com pessoas que vieram andando no mar congelado durante o inverno. O mar congela durante seis meses por ano, mais ao norte por quase 11 meses e às vezes o ano inteiro. Então essas mudanças extremas de temperatura faz parte da vida das pessoas que moram aqui desde sempre. Mas para mim isso era uma novidade. Aprendi muito com os groenlandeses que encontrei no caminho. Eles me ensinaram, por exemplo, como andar e navegar no meio de icebergs e o perigo de se aproximar de um. Os icebergs quebram, às vezes derivam em cima do barco, podem capotar em cima de nós. Várias vezes durante a noite, mesmo ancorada, eu tinha que acordar aqueles que se aproximavam do barco.  O que você encontrou no caminho até o Ártico? Eu estava acostumada a navegar com uma precisão cartográfica maior. Aqui eu precisei entrar em uma baía sem saber se ia ter fundo suficiente para ancorar, naveguei em lugares com muita neblina, ser enxergar nada. Usava só o radar, mas eu sabia que ele não ia mostrar os icebergs pequenos, que também são perigosos. Ao longo dessas navegações eu fui trabalhando a musculatura da frustração, aprendendo a lidar com os imprevistos constantes, com o risco. No começo foi extremamente exaustivo, mas depois encontrei o ritmo. Eu ria. Eu batia numa pedra, eu ria. Eu falava: é isso, se o barco não afundou, então nós seguimos, teremos aprendido a posição de mais uma das muitas pedras que a gente ainda vai encontrar. Acho que fui criando uma espécie de olhar irônico ou cômico para a desgraça. E aí eu comecei a ver que a parte mais tranquila da viagem seria o inverno. Eu não via a hora de poder simplesmente ancorar e estar em paz por oito meses.  A ideia de ficar sozinho é aterrorizante para muita gente. Como foi pra você pensar que ficaria muitos meses só com os seus pensamentos? Você sempre gostou disso? Não sei se eu sempre gostei, mas eu via a invernagem como uma chance de descobrir a verdade com V maiúsculo. A verdade sobre o que acontece quando chega o inverno e o mundo se transforma, quando um espaço que antes era navegável se torna terra firme, quando os animais vão embora, quando o som vai embora e a gente fica no silêncio. A verdade sobre quem eu sou quando não tem ninguém ao redor, quem eu sou quando ninguém vai dizer o meu nome, quando ninguém vai me salvar, quando ninguém vai me dar carinho, quem eu sou sem meu sobrenome. Eu nunca tinha vivido sem nome próprio, sem idade, sem gênero. Essa busca e essa pesquisa foi o que me motivou a vir e o que alimentou os dias. Eu vi a solidão muito mais como uma chance de descoberta sobre mim como humana, como indivíduo, como ser vivo, do que como uma punição ou uma dificuldade.  Como foi enfrentar a solidão? Muitas pessoas vivem a solidão sem desejar, mas eu pude escolher. É muito diferente se expor à solidão por escolha e sabendo que tenho um lugar para voltar, onde vou encontrar pessoas. Eu tive que vir até aqui, tão longe, e ficar presa numa placa de gelo para poder estar só. E para os groenlandeses que conheci, a solidão não é algo bom. Eles tentaram me desencorajar. Falavam: "Fica num vilarejo, leva mais alguém"; "Vai faltar abraço, vai faltar homem"; "Vai com um homem que você não vai dar conta"; "Você vai ser fraca demais, não tem experiência, vai morrer congelada". Você disse querer estar em contato com seus ângulos mais profundos e a sua existência de uma forma diferente. Isso aconteceu? Você se encontrou nesse período da invernagem sozinha? Sim, mas eu não precisava estar aqui para ter encontrado essa iluminação, essa paz. Poderia ter encontrado em qualquer lugar do mundo, porque as coisas que me permitiram sentir mais em paz e mais feliz por estar viva foram coisas que existem em todos os lugares: o céu, a caminhada, o acesso a esse infinito que está na nossa cabeça, esse espaço amplo que ocupa todos os nossos vazios. Um dia, depois de seis ou sete meses ancorada, abri a cadeira de acampamento em cima do gelo e fiquei olhando o céu. Fechei o olho e fiquei só sentindo o calor, a radiação solar na cara, e pensei que a palavra que melhor definia aquele momento era paz. E tudo o que eu tinha vivido de ruim e de difícil, ao longo da preparação, mas também ao longo de toda a vida, e tudo que eu tinha vivido de bom, de feliz, de brilhante, tinha servido para aquela hora. E entendi que era para isso que servia estar viva. Não para fazer coisas grandiosas, mudar a história da humanidade, escrever livros, ganhar prêmio, aparecer em revista, podcast. A vida servia simplesmente para sentir.  [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2024/07/668708127e59c/tamara-klink-velejadora-groenlandia-congelada-artico-trip-fm-mh2.jpg; CREDITS=Divulgação / Arquivo pessoal; LEGEND=Tamara Klink; ALT_TEXT=Tamara Klink] Eu queria que você falasse mais sobre o silêncio. Como é estar num lugar de silêncio absoluto? O que ele te ensinou? Quando o mar congelou, os sons que definiam a paisagem sonora pararam de ocupar o ar. O barulho das ondas, a água batendo nas pedras, gaivotas passando, às vezes uma foca, uma baleia… Só sobraram os sons do meu próprio corpo. E tinha um barulho que me incomodava muito, um ruído que eu acho que vem do sangue, da efervescência, das bolhas, não sei. Por mais que eu tivesse todo o silêncio, aquilo parecia estar sempre gritando no meu ouvido. Meus passos pareciam muito barulhentos, e eu ficava aliviada de ouvir um corvo passando. Durante muito tempo, eu conhecia os meus vizinhos muito mais pelo som: a raposa, o corvo, o ptarmigan. Eu comecei a gostar desse silêncio, que era um silêncio vasto, de quilômetros. E isso mudou a minha relação também com o medo, porque os sons que antes me assustavam – do vento catabático, dos icebergs na borda – eram os que agora faziam me sentir mais confortável. Eu ouvia um barulho e falava: "Ah, deve ser isso ou aquilo, o vento deve estar a 15 nós". Eu via muito mais a paisagem por esses pequenos e sutis ruídos do que pelos signos visuais. E como é difícil colocar o som em palavras. A gente tem um vocabulário muito rico para definir o que vê, mas muito pobre para os sons, os cheiros, os gostos. A descoberta foi da insuficiência das palavras. Existe a crença de que o ser humano é um animal gregário, que precisa estar em grupo. Queria saber como foi a carência de gente. Houve uma curva de gradação do aumento ou diminuição dessa dependência? Você acha que se uma pessoa, por alguma razão, viver isolada, isso vai deixando de ser importante com o tempo? No começo da viagem eu sofri um pouco por estar ainda associada a um modo de vida das pessoas que estavam em terra, em que a vida era garantida – ou aparentemente garantida. Mas no ambiente em que eu estava bastava que o barco pegasse fogo e era certo que eu ia morrer. Ou bastava ter uma apendicite, quebrar uma perna, bater a cabeça, cair na água… Como a minha vida nunca estava garantida, muitas coisas começaram a parecer fúteis. Ao longo do tempo, as pessoas começaram a se tornar cada vez mais abstratas na minha cabeça. Eu não lembrava como era meu namorado, minha mãe, meu pai, minhas irmãs. Eu lembrava muito mais de frases fora de contexto e algo como um rascunho do rosto da pessoa, e menos de como ela era de fato. Era como se as pessoas começassem a virar conceito, um resumo distante. Um dia, meu namorado mandou um e-mail e eu falei: "Desculpa, não quero mais ser sua namorada, porque eu não vejo mais nada, eu nem lembro como você é". Eu sentia que eu não queria mais esses vínculos, essa dependência, nem gerar expectativa. Porque tudo o que importava pra mim fazia parte do presente, fazia parte do lugar onde eu estava: os animais, a neve, as condições meteorológicas, as mudanças dos elementos, a minha própria existência. O resto era tão verdadeiro quanto os personagens dos livros que eu lia. A ficção e a realidade eram muito próximas. Receber um e-mail de alguém da minha família era como ler sobre Diadorim, personagem do "Grande Sertão: Veredas" [livro de Guimarães Rosa]. Enquanto eu lia o livro, aqueles eram os personagens com quem eu convivia nos meus pensamentos, tanto quanto os personagens dos e-mails. Você falou sobre essa mixagem entre a ficção e a realidade, como isso foi acontecendo na sua cabeça, inclusive com relação ao seu relacionamento afetivo. Achei surpreendente essa coisa de você não saber mais quem era a pessoa que estava do outro lado. Eu queria, sem ser invasivo, tratar um pouco também da sexualidade. Como era esse aspecto? O que você pode me contar da sexualidade humana quando o indivíduo é colocado nessa condição que é completamente diversa à que a gente está acostumado? Não posso falar por toda a espécie, mas posso falar por mim. Eu não tinha nenhum desejo sexual, eu não tinha vontade de estar com meu namorado. Eu diria até o contrário. Eu comecei a identificar, e não só do ponto de vista sexual, todas as vezes em que eu abri mão do meu prazer pelo prazer do outro. Quantas vezes eu usei roupas que apertam para ser mais bonita, mais agradável, mais desejada, mais querida ou mais respeitada. Quantas vezes eu fiz coisas desconfortáveis, ou que eu não queria fazer, para agradar outra pessoa. Porque ser mulher passa também por ser aceita, por ser reconhecida por algo que não são simplesmente as nossas capacidades de pensar, nossas ideias, nossas habilidades, mas também por qual é a cara que a gente tem, qual é o corpo que a gente tem, e quantas vezes a gente só consegue acessar certos lugares porque a gente aparenta ser alguma coisa – sendo ou não aquilo. E de repente eu não precisava mais parecer. Eu podia apenas ser. Eu não precisava mais gastar tanta energia quanto numa cidade para aparentar alguma coisa ou para agradar. Quando a gente para de pensar em qual é a cara que a gente tem, se a gente está apresentável, se a gente está vestida do jeito certo ou não, de repente sobra muito tempo para o nosso próprio prazer.  [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2024/07/6687082044b6c/tamara-klink-velejadora-groenlandia-congelada-artico-trip-fm-mh3.jpg; CREDITS=Divulgação / Arquivo pessoal; LEGEND=Tamara Klink; ALT_TEXT=Tamara Klink] Eu vivia em função do meu corpo como uma ferramenta, tanto para me levar nos lugares quanto para me dar prazer de muitas formas. E o prazer era algo muito mais plural do que o sexo. Era o prazer de ir onde eu queria com as minhas próprias pernas, de escorregar uma montanha e dar risada quando eu chegava no final. Era o prazer de ver um bicho, de comer uma comida. Eram vários outros prazeres que percebi que renunciava na vida na cidade porque a gente não reconhecia isso como prazer válido. Quantas vezes já não abrimos mão de comer uma comida por causa do número de calorias, porque não é saudável, por medo de o dente ficar sujo ou porque a gente aprendeu que não era a coisa certa? Quantas vezes a gente, principalmente as mulheres, usou roupas que restringem a nossa mobilidade? Por que as roupas de esporte femininas são tão apertadas? Por que os nossos bolsos, às vezes, são falsos? Por que a gente usa sapatos que incomodam tanto? De repente eu só me vestia para ter mais mobilidade, para me dar prazer, para estar confortável. E eu percebi que, quando eu ligava a câmera fotográfica, que era para mim o acesso ao mundo exterior, eu pensava: "Meu Deus, minhas sobrancelhas estão juntas de novo, quando eu voltar vão ficar falando que eu sou monocelha"; "Meu cabelo está com caspa, o que eu faço agora?"; "Ih, tem uma meleca no meu nariz". Óbvio que tem, o ar é muito seco, o nariz fica escorrendo o tempo inteiro. E eu só lembrava dessas coisas quando via a câmera fotográfica e começava a imaginar o que a outra pessoa ia pensar sobre mim quando visse aquela foto. Porque a gente aceita ver o explorador polar com duas estalactites escorrendo do nariz, mas eu nunca vi foto de uma mulher com meleca no nariz, com pelo na cara, cabelo oleoso. Ela tem que estar sempre arrumada, não importa onde está. Então a câmera fotográfica era o inimigo, esse olhar externo da sociedade. Mas também era bom poder lembrar como era e deixar de lado, desligar a câmera e ser humana, que é mais era libertador. E acho que a liberdade vem de ir superando esses limites, alguns limites que nos foram impostos pelas pessoas, outros que foram impostos por nós mesmos.  Como foi o fim do isolamento, sair desse lugar em que você se encontrou? Eu até me incomodei com os primeiros encontros com pescadores groenlandeses, porque era sinal que o inverno tinha acabado mesmo. Até que eu comecei a desejar voltar para a sociedade, encontrar outras pessoas e rever as que eu tinha deixado. Porque eu entendi que a minha viagem fazia sentido, era bonita, feliz, também porque ela era provisória. A solidão era provisória. E eu não era o único ser vivo que começava a encontrar pessoas. Quando a primavera chegou e o mar começou a derreter, apareceram os primeiros animais e eu notei que eles passaram a estar em grupo. As raposas, antes solitárias, cantavam para se encontrar. Os ptarmigans estavam juntos, as baleias sempre em par, os patos eram milhares reunidos. E eu continuava só. E aí eu comecei a entender que a solidão não era a resposta e a minha vida só fazia sentido dentro do contexto da minha espécie. Eu podia morrer, tinha até perdido esse medo, mas a minha vida só faria sentido depois de ter passado por tudo isso se ela tornasse melhor a vida dos outros indivíduos da minha espécie. Porque é assim, a gente acaba e vira carne e osso e pronto. E o que faz a vida ser além de carne, osso e pele? São as ideias, é a imaginação, são esses sentidos. E a vida serve para isso, não para os objetos que nos rodeiam. Estamos falando em vínculos e a gente lembra de você desde pequenininha, esperando a chegada das expedições de seu pai, Amyr Klink. E é muito interessante o quanto você está construindo a sua própria história. Você falou em entrevista ao Provoca sobre a dificuldade que seu pai teve de entender esse projeto. Como é que você lê isso hoje? Me deu muita liberdade, hoje eu vejo, meu pai dizer desde sempre que não me ajudaria. Ao mesmo tempo foi aquele empurrão do ninho: "Você quer navegar? Então vá. Mas saiba que eu não vou te dar barco, conselho, dinheiro, não vou te dar nada. Simplesmente crie o seu caminho". Então eu fui buscar tudo isso em outros lugares. Eu aprendi outra língua, porque eu vi que tinham muitos livros de navegação escritos em francês, e fui pra França, onde conheci outras pessoas, naveguei em outros barcos e tive a oportunidade de não ser mais a filha do meu pai. No Brasil eu tinha muito medo de errar, porque se eu fosse uma velejadora ruim, putz, eu tava carregando um nome que não era só o meu. Era muito intimidador, porque eu sentia que as pessoas já esperavam que eu soubesse muito mais do que eu sabia. Como a gente aprende, como é que a gente começa quando todos esperam que a gente já saiba? Na França eu errava, fiz um monte de escolha ruim, e isso foi me dando a experiência necessária. Eu acho que é o meu jeito de fazer as coisas, que talvez seja ingênuo, mas eu me coloco em situações em que não sei como eu vou encontrar as respostas, mas eu me coloco. Me jogo na água e falo: "Bom, agora que eu tô aqui, eu sei que eu vou ter que aprender a nadar, não tenho outra opção".  Isso foi algo que eu fui fazendo, principalmente no começo. E o que me permitiu comprar a Sardinha 1, um barco velho que custava o preço de uma bicicleta lá na Noruega. E que eu sabia que não teria nem como pagar o combustível ao longo da viagem. Aí eu negociava venda de vídeos na internet, no meu canal do YouTube, fui lendo um livro sobre negociação para aprender a negociar, aí conseguia comprar combustível para poder ir até uma baía específica e comprar a polia que eu precisava para levantar a vela mestra. No começo era tudo muito no limite. E acho que se meu pai soubesse tudo o que eu ia viver por causa e graças àqueles "não", ele se questionaria se foi a melhor coisa. Porque eu realmente me expus a muito mais do que provavelmente ele esperava – e do que eu esperava também. Mas foi o que me trouxe aqui e estou feliz de ter chegado. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2024/07/6687082ebbf98/tamara-klink-velejadora-groenlandia-congelada-artico-trip-fm-mh4.jpg; CREDITS=Divulgação / Arquivo pessoal; LEGEND=Tamara Klink; ALT_TEXT=Tamara Klink] Depois desse processo, será que você vai ter mais ou menos paciência para lidar com as pessoas? A sabedoria que você adquiriu vai te dar mais complacência e tolerância ou as pessoas vão te irritar? Essa é uma boa pergunta. Eu acho que a gente precisa refazer esse encontro daqui a uns seis meses para saber a resposta. Eu fiquei dois, três dias na cidade e a minha impressão foi que tinha objetos demais, coisas demais. Eu via as pessoas correndo trabalhando, seguindo horários. Mas por que as pessoas trabalham tanto? Ah, para ganhar dinheiro, todo mundo precisa ganhar dinheiro para viver. Mas será que tanto assim? O que a gente vai fazer com tantas horas de trabalho, com tantos dinheiros, com tantos objetos? Pra que servem tantos objetos que a gente vai carregando? Tem um livro que chama "Walden, ou A vida nos bosques", do Henry David Thoreau, em que ele fala sobre os objetos serem essa armadilha que a gente vai carregando. De repente a raposa fica com o rabo preso na armadilha e precisa escolher se ela fica ali porque o rabo está lá, e morre, ou se corta e deixa o rabo pra trás para viver sem ele. Os objetos são esse lastro, né? As gerações vão passando e a gente vai acumulando e acumulando móveis antigos. E a vida vai ficando mais pesada, a gente vai perdendo a mobilidade ao longo dos anos. Em todos os cantos do planeta a gente tem a mania de acumular, de precisar. Quantas necessidades não são vícios, mais do que necessidades? Não sei se eu vou ter mais paciência ou menos. Não sei se eu vou ser iludida com os confortos, com o banho quente, com a possibilidade ter objetos que aqui eu não tive, ou se vai ser o contrário. Vou ter que voltar pra descobrir. De todos os objetos que você levou com você, quais você guardaria porque são fundamentais pra você? Se eu tivesse que escolher um objeto pra manter nesse momento, seriam as botas, pra poder continuar a caminhar. E se eu tivesse que deixar pra trás tudo e só pudesse levar uma coisa, seria o diário. Como foi o papel da música no seu isolamento? A música e o sonho são mais que um teletransporte, porque quando a gente sonha e quando a gente ouve música vivemos coisas que vão além do lugar onde a gente está, do que a gente sente ou consegue alcançar com a imaginação. Eu ouvia bastante música e aprendi algumas músicas no violão. Quando acabaram as cifras, eu tive que ir inventando e criando as minhas. As músicas que eu ouvia criavam outros espaços dentro dessa vasta banquisa de mar congelado, desse lugar hostil. Elas criavam companhias e personagens. Eu via as coisas de forma diferente, sob outro olhar, me sentia às vezes compreendida, ou provocada, ou querida, ou confortável. A música é essa ferramenta quase mágica que a gente ainda tem. A gente pode tirar todos os objetos e ferramentas do nosso lugar, mas um brasileiro longe do Brasil vai se sentir em casa ouvindo Jorge Ben Jor, Maria Bethância, Alcione. Eu como escritora eu morro de ciúmes, inveja e admiração pelos compositores porque pra ser lida, eu preciso que o leitor queira muito. Mas os compositores eles conseguem ser recitados sem o leitor nem querer, e isso é algo que eu acho muito poderoso da música. Queria te perguntar sobre aquilo que a gente convencionou chamar de espiritualidade, essa ideia de transcendência, de alguma coisa que não é objetiva, que não é palpável. Nesse período você viveu algo nesse sentido? A ideia de transcendência, de forças maiores, ficou mais ou menos presente na sua cabeça? O momento em que eu mais tive essa sensação de transcendência ou de existir algo maior foi quando eu quase morri. Quando eu caí na água, no mar congelado, e sobrevivi por sorte, ou por determinação, ou por vontade de sobreviver. Acho que muito por sorte mesmo, porque às vezes não basta querer muito, ter conhecimento ou fazer de tudo. Às vezes o que te salva, e no caso foi o que me salvou, é ter um pedaço de gelo podre ali por perto, onde eu consegui fazer buracos e me puxar pra cima. Se o gelo não fosse podre o suficiente, se fosse mais firme, eu não teria conseguido fazer buracos e me arrastar. E durante alguns dias eu não sabia se estava viva ou morta. Eu fiquei me perguntando: será que meu corpo ficou lá na água e só minha alma veio aqui sozinha? Será que se eu dormir acaba a magia e eu não acordo mais? Será que eu preciso ficar acordada pra conseguir continuar viva? Será que se eu morrer aqui as raposas ou os corvos vão comer meu corpo? Quanto tempo será que eu vou durar? Alguém vai sentir saudade de mim? Pra que vai ter servido tudo isso? Terá valido a pena ou não? Bom, em algum momento eu percebi que estava viva mesmo, concretamente, porque uma pessoa morta não conseguiria escrever e-mail pra avisar que estava bem. Então vieram todos esses questionamentos sobre o que é a vida, se a vida precisa do corpo ou não.  E uma das maiores experiências de transcendência que tive foi a do sonho. Os sonhos me permitiam viver coisas. Às vezes eu sonhava com animais que eu via no dia seguinte, às vezes eu sonhava com coisas que aconteceram. O sonho, ao mesmo tempo que me preparava, me fazia digerir o que eu tinha vivido, e às vezes enxergar de outras maneiras coisas que eu já tinha vivido ou que eu ainda ia viver, permitindo me antecipar também. E o sonho não era apenas uma ferramenta, às vezes o sonho também era fim. Muitas vezes eu fiz coisas pra sonhar com elas. Muitas vezes eu fiz perguntas pro sonho sobre decisões que eu queria tomar e não tava conseguindo. Quando a gente está sonhando, a gente vive, sente, foge, reage, corre e vive. E quando a gente acorda, está com o nosso corpo e volta pro lugar de onde a gente dormiu. Essa é a transcendência e a criação de novos espaços dentro do próprio corpo, do próprio espírito, que acontece todas as noites.  Para encerrar em grande estilo, faço uma homenagem para o mestre Antônio Abujamra, que muitas vezes terminava seu programa com uma pergunta instigante: Tamara Klink, o que é a vida? A vida é uma palavra curta. Acho que é uma palavra que nos leva pra muitos lugares, mas ela é uma palavra. E é isso, a primeira letra do alfabeto é a última letra da palavra vida. E acho que essa é a graça, é chegar no final e encontrar com o começo da nossa descoberta do que a vida é.

Trópico utópico
Trópico utópico - Bethânia - 04/07/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Jul 4, 2024 60:00


En los jueves de este mes de Julio, a petición de Jesús Carreras, habrá sesiones monográficas de DJ de Maria Bethânia, a semejanza de las que hicimos de Gal Costa. Esta es la primera.Escuchar audio

Countermelody
Episode 267. A Cavalcade of Pop Contraltos

Countermelody

Play Episode Listen Later Jun 21, 2024 96:44


My intention this week to produce a joyous new episode further celebrating contraltos, was undermined by multiple deaths this past week in the musical world, including French pop icon Françoise Hardy, Swiss tenor Eric Tappy, American art song icon Paul Sperry, and R&B diva Angela Bofill, capped by the tragic demise of young Belgian coloratura soprano Jodie Devos of breast cancer at the age of only 35. The episode, thus, begins with brief musical excerpts from all of these recently departed artists. In the main episode, I spread the contralto net even wider than last time, focusing on low-voiced doyennes of popular song. We hear jazz singers (Betty Carter, Sarah Vaughan, Carmen McRae); stars of stage, screen, and radio (Marlene Dietrich, Polly Bergen, Connee Boswell, Alice Faye, Lisa Kirk, Kate Smith); purveyors of the Blues (Bessie Smith, Bertice Reading); French cabaret singers (Damia, Barbara); fado, rebetika, and tango artists (Amália Rodrigues, Milva, Maria Bethânia, Sotiria Bellou); and late-20th century pop icons (Cher, Tina Turner, Karen Carpenter, Annie Lennox); with a few delightful surprises along the way. I should also note, in honor of Pride Month, that more than a few of these artists flaunted societal norms regarding their affectional preferences, living either furtively or openly at a time when such expressions could have serious consequences. I love putting this kind of episode together and I hope that you enjoy the kaleidoscopic sounds that emerge from the throats of these deep-voiced pop divas. Countermelody is a podcast devoted to the glory and the power of the human voice raised in song. Singer and vocal aficionado Daniel Gundlach explores great singers of the past and present focusing in particular on those who are less well-remembered today than they should be. Daniel's lifetime in music as a professional countertenor, pianist, vocal coach, voice teacher, and journalist yields an exciting array of anecdotes, impressions, and “inside stories.” At Countermelody's core is the celebration of great singers of all stripes, their instruments, and the connection they make to the words they sing. By clicking on the following link (https://linktr.ee/CountermelodyPodcast) you can find the dedicated Countermelody website which contains additional content including artist photos and episode setlists. The link will also take you to Countermelody's Patreon page, where you can pledge your monthly support at whatever level you can afford.

Trópico utópico
Trópico utópico - Maria Bethânia XIV - 21/06/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later Jun 21, 2024 118:37


Decimocuarta entrega de la serie de Maria Bethânia. Canciones correspondientes a los discos “Tempo, tempo, tempo, tempo” 2006, y “Dentro do mar tem rio” 2007, ambos en directo y dobles.Escuchar audio

Trópico utópico
Trópico utópico - Maria Bethânia XIII - 31/05/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later May 31, 2024 118:50


Decimotercera entrega de la serie de Maria Bethânia. Canciones de los discos: “Mar de Sophia” 2006, “Pirata” 2006, y “Tempo, tempo, tempo, tempo” 2006.Escuchar audio

DeliCatessen
Yard Act, menys punks, igual d'interessants

DeliCatessen

Play Episode Listen Later May 20, 2024 60:01


Els de Leeds ho van petar amb el seu primer disc, i els recursos obtinguts s'han convertit en aquest "Where's my utopia?", un treball menys directe i m

DeliCatessen
Victoria Canal, l'art de la superaci

DeliCatessen

Play Episode Listen Later May 14, 2024 60:02


Trópico utópico
Trópico utópico - Maria Bethânia XII - 10/05/24

Trópico utópico

Play Episode Listen Later May 10, 2024 118:41


Duodécima entrega de la serie de Maria Bethânia. Canciones incluidas en los discos: "Namorando a Rosa" 2004, "Cânticos, preces, súplicas" 2004, "Que falta você me faz - Músicas de Vinícius de Moraes" 2005, y "Mar de Sophia" 2006.Escuchar audio

Músicas posibles
Músicas posibles - Tonadas - 13/04/24

Músicas posibles

Play Episode Listen Later Apr 13, 2024 55:14


Finlandia, España, Uruguay. Artistas únicos interpretando temas propios, prestados de la tradición grecolatina o latinoamericana, o imaginando nuevos repertorios para el futuro.La llama    Anna Murtola, Hildá Länsman,Venla Ilona Blo   Fuego por dentro - The Fire WithinLa Nana     Elisa Prenda, María José Llergo    Alauda29 de Gener     Magalí Datzira, Kris Tena  29 de GenerTonades de Bres    Marala   A Trenc D'AlbaDéjame     Selma Bruna  DorsalBru    Selma Bruna  BruLigera como el aire    Christina Rosenvinge    Los versos sáficosCanción de boda     Christina Rosenvinge con Maria Arnal     Los versos sáficosJuana de Arco en la ducha    Sylvia Meyer  Se Se Se SeTonada de Lunna Llena    Anna Setton  Onde Mora Meu CoraçãoEra Pra Ser    Maria Bethânia      Era Pra SerEu sei que vou te amar    Mayte Martín    TatuajesBarro Tal Vez    Cande y Paulo    Cande y PauloAlfonsina y el mar    Claudia Meyer, Maurane    La Negra (Tribute to Mercedes Sosa - The voice of latin america)Con Los Dos En La Cabeza     Pedro Guerra, Cruz Cafuné    Con Los Dos En La CabezaEscuchar audio

DeliCatessen
Peter One: pell negra, veu blanca

DeliCatessen

Play Episode Listen Later Apr 11, 2024 60:02


DeliCatessen
Norah Jones, menys diva i m

DeliCatessen

Play Episode Listen Later Apr 9, 2024 60:01


Sorpresa en el nou disc de la cantant de jazz, "Visions". Jones

Músicas posibles
Músicas posibles - Rebozos - 06/04/24

Músicas posibles

Play Episode Listen Later Apr 6, 2024 54:58


Guitarras y otras hierbas en este ramillete de Guitarrica de la Fuente, Maria Bethânia, Luis Eduardo Aute, Mío Corvo, Lucas Santtana y Flore Benguigui, Ana Moura, Pedro Luis Ferrer, Nancy Vieira y Remna, MARO, Pierre Kwenders, Piers Faccini y Blick Bassy o Kevin Johansen con su hija Wiranda. Canciones-rebozo para escuchar en primavera, cuando el sol no ha empezado, o no termina, de templar. Oda a la primavera Carlos Coronado Flamenco MediterráneoVidalita del mar Guitarricadelafuente La canteraMúsica Música Maria Bethânia NoturnoQueda la Música Luis Eduardo Aute AuterretratosEl monstruo que vive en tu cabeza Mío Corvo Mío CorvoThe fool on the hill Lucas Santtana y Flore BenguiguiTe Amo Ana MouraLa Cumbanchera Pedro Luis Ferrer RústicoSinga  Nancy Vieira y Remna Singahortelã MARO hortelãYour Dream  Pierre Kwenders, NGABO José Louis And The Paradox Of LoveMake me down a pallet on your floor Piers Faccini y Blick Bassy Mother TimeOración al Tiempo Kevin Johansen, Wiranda johansen Tú VeEscuchar audio

Isso é Fantástico
Um bate-papo com Caetano e Maria Bethânia

Isso é Fantástico

Play Episode Listen Later Mar 18, 2024 21:20


No Show da Vida, eles — que raramente dão entrevista juntos — bateram um papo carinhoso com Maju Coutinho, e falaram sobre a admiração mútua que os irmãos sentem um pelo outro. Ouça no podcast.