Há 30 anos, Paulo Lima faz entrevistas com as personalidades mais interessantes do país
Físico fala da meditação no esporte, psicanálise auxiliada por substâncias psicodélicas, vida, morte e amor Se você também está enfrentando as ondas de calor, vivenciando os tsunamis meteorológicos, ou acompanhou espantado os noticiários sobre os tornados e tempestades na Região Sul do Brasil, certamente ouviu falar da importância da ciência e da necessidade de mudar a relação entre ser humano e natureza. Afinal, o mundo não vai bem. E para debater essa triste realidade, o Trip FM ouviu um dos maiores cientistas do mundo, o físico e astrônomo Marcelo Gleiser, que há anos tem sido uma voz contundente na interpretação das angústias humanas e no futuro da humanidade. "Não tente construir narrativas de imortalidade, porque isso não vai acontecer. O segredo da vida é vivê-la da maneira mais intensa possível, e para isso, é necessário se alimentar bem, exercitar o corpo e a mente. Leia, escreva, jogue xadrez, aprenda uma nova língua para permanecer sempre alerta. Este é o segredo do transumanismo: tornar-se cada vez mais humano”, disse ele. Desde criança, Marcelo nutre uma curiosidade muito grande pelos mistérios do universo. Questões sobre como surgiu tudo o que nos rodeia, a origem da própria vida e a inquietude de querer saber se estamos sozinhos no cosmo ocupavam — e ainda ocupam — sua mente. Em 1981, ele se formou em física na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, fez mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado no King's College de Londres. Desde 1991, é professor e pesquisador no Dartmouth College, nos Estados Unidos. "A gente só aprende porque se questiona sobre as experiências que temos. Se você não tentar aprender com o que está acontecendo, com o que não deu certo, vai continuar errando sempre. Sou um estudioso não só da física, mas um estudioso da vida e, certamente, um estudioso do amor.” No papo, Marcelo falou ainda sobre o esporte como uma forma de meditação, a psicanálise auxiliada por substâncias psicodélicas, a vida, a morte, o amor e muito mais. A entrevista completa está disponível aqui no site da Trip e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/11/655fb9efbdbfd/tripfm-marcelo-gleiser-cientista-mh.jpg; CREDITS=Dartmouth College / Divulgação; LEGEND=Marcelo Gleiser; ALT_TEXT=Marcelo Gleiser] Trip FM. Você é ultramaratonista, como isso ajuda na preservação da sua mente, é também uma forma de meditar? Em uma ultramaratona, tudo dói, você fica desidratado, com câimbra, com fome, mas a medida que o seu corpo quebra, a sua alma se abre. O grande desafio é como você vai sobrepujar o que a cabeça te pede, porque chega uma hora que você nem sabe quem é, entra em sintonia completa com a natureza ao redor: é a exposição ao que melhor existe na essência do ser humano. Nosso corpo foi feito para correr, para estar na natureza. Nas cidades a gente paga um preço emocional muito grande por estar longe da natureza. A ideia da meditação em movimento é a de estar totalmente presente no momento, com foco no movimento. É uma maneira de parar de pensar, o que é inestimável. Em que medida a perda da sua mãe aos seis anos fez parte da sua busca pelo desconhecido? Quando você é uma criança e perde uma mãe, há um vácuo emocional gigantesco. Isso molda quem você é como ser humano. Primeiro eu me senti vitimado: “O que eu fiz para merecer essa vida?”. Ali eu entendi que o tempo é o nosso grande mestre. A mãe é aquela que jamais pode abandonar o filho, mas essa ótica era muito centrada em mim. Com o passar dos anos eu fui começando a entender que a perda foi dela, a dor de perder a vida aos 38 anos foi dela. Comecei a entender esse processo de uma forma mais generosa e menos egoísta. Quando algo acontece com a gente, a tendência é a de se vitimar e esquecer o que aconteceu com as outras pessoas que estão em volta de você. Aprendi que se houvesse alguma coisa a me relacionar com a perda da minha mãe seria dedicar a minha vida a viver o que ela não pode viver. Essa força de explorar o mistério é de uma certa forma uma maneira de me engajar com esse desconhecido. E a morte é esse desconhecido. O que significa ser humano? Somos uns bichos muito estranhos, temos um lado todo animal, a gente precisa comer, secreta o que não precisa no meio ambiente, se reproduz, tem emoções parecidas com as de muitos outros mamíferos. Mas, por outro lado, nós questionamos quem somos, criamos teorias sobre o universo, tentamos entender se existe vida fora da terra, escrevemos sinfonias... Tudo isso é um grande esforço para preservar a nossa presença no mundo. Quando você lê um poema do Vinicius de Moraes, ele está contigo. Você só morre quando ninguém mais lembra que você viveu. Nenhum outro bicho faz isso. O que você pode dizer por essa busca pelo transumano, a busca pela vida eterna? Desde a Idade Média, a expectativa de vida dobrou. A ciência já está aumentando a vida, mas até onde a gente pode ir? Será que a ciência pode conquistar a morte? É o mito do Frankenstein. O transumanismo é a última versão dessa história. São duas correntes: uma de usar implantes no corpo e expandir a sua capacidade de visão, força, etc. E tem essa visão de ficção científica de você se transformar em uma nuvem de informação transportada de máquina em máquina. Não tem nada de científico nisso. O que me interessa é o seguinte: viva a vida da melhor forma enquanto você está vivo. Não tente tecer histórias de imortalidade porque isso não vai acontecer. O segredo da vida é vivê-la da maneira mais intensa e para isso é preciso se alimentar bem, exercitar o corpo e a mente. Leia, escreva, jogue xadrez, aprenda uma língua nova para continuar sempre alerta. Esse é o segredo do transumanismo, ser cada vez mais humano, aqui.
Ator se prepara para o remake de "Renascer" e comenta papel em série spin-off de "Cidade de Deus" "Tenho muito orgulho de constatar como fui capaz de me inserir profundamente no Brasil, representando com personagens o homem de diversas regiões, seja do sul, do norte, do nordeste ou do sudeste. Isso é algo muito enriquecedor e, como tenho uma paixão pelo país, considero isso uma combinação perfeita entre o útil e o agradável", afirmou o ator Marcos Palmeira em uma conversa com o Trip FM. Afastado da televisão desde o término da novela "Pantanal", exibida em 2022 na Globo, o renomado artista, conhecido por seus papéis marcantes na teledramaturgia, compartilhou suas percepções sobre a regravação de "Renascer", de Benedito Ruy Barbosa, e também sobre as filmagens da série "Cidade de Deus", da HBO Max. Na produção, que dá continuidade ao aclamado filme homônimo de 2002, Marcos interpreta Genivaldo Curió, um líder carismático que controla o tráfico na comunidade. "Na série, o cenário é marcado pela violência, mas ela explora como as pessoas conseguem sobreviver nesse universo, revelando como a comunidade se reconstrói diariamente", destacou o artista. Além disso, durante a entrevista, Marcos abordou sua dedicação à agricultura orgânica, discutiu sobre rótulos, a política no Rio de Janeiro, o processo de envelhecimento e outros temas. A entrevista completa fica disponível aqui no site da Trip e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/11/6557d7f1ef10e/tripfm-leticia-colin-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Marcos Palmeira; ALT_TEXT=Marcos Palmeira] Trip FM. Tem gente que liga mais e tem também quem ligue menos, mas fato é que aos 60 anos a gente ganha oficialmente a carteirinha de idoso. Como esse número bateu para você? Eu não quero estar bonito, quero estar bem. Não fico atrás de ser um homem de sessenta com cara de trinta. Mas existe uma bobagem da dramaturgia de perseguir a juventude, mesmo existindo personagens incríveis para serem contados com sessenta, setenta… Uma história de amor nessa idade é incrível de ver. Como é essa paixão? Mas a gente fica sempre amarrado àquela coisa da energia juvenil. É um privilégio eu ainda ter a oportunidade de fazer bons personagens. O Brasil demorou muito a valorizar a dramaturgia. Fui criado no audiovisual e ouvi muitas vezes “O roteiro não é muito bom, mas o diretor resolve na hora”. A gente demorou muito para olhar para o que estava sendo contado. Eu não acredito em uma história que não está bem escrita. Você foi um dos primeiros a sai da Globo para o mercado do streaming. Como você vê a cena audiovisual hoje? O ator brasileiro deve ser um dos mais mal pagos do mundo e por culpa nossa mesmo, nós, atores que não fizemos esse dever de casa há 30 anos. Agora estamos correndo para ter uma voz comum de discussão, de respeito na utilização da nossa imagem. É um momento rico, mas que surge dentro de uma grande crise. Tem muito ator bom sem trabalho. Acredito muito no potencial do audiovisual brasileiro. Somos meio Macunaíma: queremos mil, mas aí não tem nem dez e você vai e entrega mesmo assim. Se a gente não se valorizar, quem vai? O que me assusta um pouco é quando você sai daquilo que quer contar para o que acha que o outro quer ouvir. Como carioca, como você enxerga a situação no Rio de Janeiro ultimamente? Eu amo o Rio de Janeiro, sou carioca, vou continuar aqui, votando e tentando acertar, mas acho que estamos em uma decadência grande. Tem um lado do ser humano que não deu certo. Tenho esperança de melhora, mesmo não vendo nada que alimente essa esperança. Eu queria ver a zona norte de misturar com a zona sul, ver a gente se frequentar. Imagina a explosão cultural? O que temos agora é uma cidade partida.
A paulista fala sobre a 2ª temporada da série “Os Outros”, sucesso da Globoplay, drogas, relacionamento e maternidade Leticia Colin cresceu diante das câmeras, deixando um pedacinho de si em cada personagem que interpretou, como ela mesma relata. Hoje, com 33 anos e mais de duas décadas de carreira, ela parece ter adquirido muito mais do que deixou para trás, mesmo sem ter tido tempo para buscar uma formação formal em sua área. Em um papo com o Trip FM, sempre com clareza e doçura, inclusive ao discutir assuntos complexos, como a depressão e comentar seus novos papéis, a atriz contou, em primeira mão, sobre a sua entrada no elenco da segunda temporada da série “Os Outros”, sucesso da Globoplay. Neste novo papel, muito mais densos do que outros que já teve na TV, ela dá vida à Raquel, uma evangélica com dificuldades de engravidar — que, claro, também se envolve nos conflitos do condomínio de classe média no Rio de Janeiro. Embora se sinta nervosa devido à grande responsabilidade desse papel, também vê nele uma forma de amenizar uma insegurança constante de ficar parada: “Tenho dificuldade em ficar sem trabalhar. Como faço isso há muito tempo, tenho essa tendência à produtividade, algo que afeta a todos nós. Não nos permitimos o ócio porque tememos verdadeiramente conhecer nossas mentes”, disse. Leticia falou ainda sobre drogas, das experiências intensas de quando está gravando, de relacionamento e maternidade. O programa completo está disponível no play aqui em cima e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/11/654b8d3840ab3/leticia-colin-atriz-globo-tripfm-mh.jpg; CREDITS=; LEGEND=; ALT_TEXT=] Trip FM. O que você aprendeu sobre adicção em "Onde Está Meu Coração"? Nós estamos em uma sociedade que cada vez mais produz a adicção. Seja medicamentosa, de games, de comida, de álcool, cocaína, sexo. É uma sociedade que lida muito mal com isso, e não como uma questão de doença, mas de polícia. Aí a coisa degringola e piora muito mais. Todo mundo tem alguém que ama que vive algum problema de adicção. Ao mesmo tempo, nós somos uma sociedade que normatiza o álcool, une a socialização ao uso do álcool. Em “Onde Está Meu Coração”, nós falamos muito do crack e mostramos que a droga não para nos mais pobres, que ninguém está a salvo. É sobre a nossa condição humana que adoece e fica compulsiva. Como você faz para se desconectar de personagens densos como esses que tem feito ultimamente? O que a gente deixa no personagem, o que ficou gravado na retina da câmera, nunca mais volta. O que dei, o pedacinho da minha alma, ficou eternamente gravado naquele personagem. É bom também ir se colocando pelo caminho. Mas a gente recebe coisas também. Tem sensações em cena tão verdadeiras que aquilo gera algo, algo que estamos inventando na Terra. Você se apropria daquilo, que vai te pertencer para sempre. Esse seu jeito de falar sobre as coisas da vida com doçura vem do budismo? Verdade sem amor é crueldade, então sempre temos que colocar uma coisa mais doce pra vida não ficar dura demais. Eu já tive depressão algumas vezes, sou muito sensível. Eu não quero nunca que ninguém se sinta como eu. Óbvio que tem uma hora que vai ficar muito ruim a parada, mas isso também tem a beleza de ser a vida em si e de nesse momento a gente conseguir se reconhecer humanos, desarmar, chorar e experimentar uma sensação nova, levantar e ir adiante. Esse ciclo de algo dar errado, quase desistir e voltar à vida é muito bonito. Mas não é só cíclico, é espiralado, porque você roda, mas sai um pouco mais na frente. Há algum tempo, uma manchete anunciava que você tinha revelado o segredo do seu relacionamento, que um relacionamento não é algo fácil de manter. Como você tem feito? O Uri [filho] vai fazer quatro anos e agora sinto que sou mais confortável com essa nova função materna. Eu com o Michel já passamos por muitas fases, algumas muito difíceis, da gente achar que não está conseguindo renovar o olhar para o outro. O segredo do relacionamento é que ele acaba e depois recomeça. Você ter coragem de deixar isso vir à tona é a única coisa que faz ser possível recomeçar. E recomeçar é mais difícil que começar porque você já sabe o que vem pela frente.
Como a falta de conhecimento sobre alimentação pode estar nos matando? Dr. José Souto responde No início dos anos 2000, a dieta com baixo consumo de carboidratos alcançou um sucesso estrondoso. Com o passar dos anos, no entanto, o hábito começou a enfrentar críticas e questionamentos quanto aos seus possíveis efeitos colaterais. “O fato da medicina não valorizar o estilo de vida é de natureza histórica e a nutrição ruim está na base da maioria das doenças crônicas e degenerativas”, diz o Dr. José Carlos Souto, que dedicou os últimos 12 anos de sua carreira ao estudo dos benefícios de uma dieta pobre em carboidratos. Autor do livro "Uma dieta além da moda: uma abordagem científica para a perda de peso e a manutenção da saúde," lançado em setembro deste ano, ele assegura que uma dieta pobre em carboidratos é uma das melhores opções para combater a síndrome metabólica. Essa condição está associada à hipertensão arterial, níveis elevados de açúcar no sangue, acúmulo de gordura abdominal e desequilíbrios no colesterol. “Se você está com pressão alta, diabetes ou gordura no fígado, você vai receber algum remédio. Isso é importante, mas é preciso saber que se você reduzir o açúcar, o amido e substituir por carnes, legumes, ovos, pode reverter boa parte dessa situação". Em um papo com o Trip FM, ele falou ainda sobre a febre do medicamento Ozempic, a eficácia real do exercício físico na perda de peso e a preferência da indústria médica pelo uso de medicamentos em detrimento das mudanças no estilo de vida. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/10/653c285ac5ff8/jose-souto-nutri-tripfm-mh.jpg; CREDITS=; LEGEND=; ALT_TEXT=] Trip FM. Por que você acha que a nutrição está em segundo plano no estudo da medicina? O fato da medicina não valorizar o estilo de vida é de natureza histórica, tem a ver com o sucesso da ciência na introdução de estudos clínicos para testes de drogas. Isso aliado com a evolução das cirurgias e das ferramentas cirúrgicas, da descoberta dos antibióticos, acabou eclipsando o estilo de vida. É curioso porque a nutrição ruim está na base da maioria das doenças crônicas e degenerativas, as principais que enfrentamos depois de uma certa idade. Nos congressos médicos onde acontece a atualização dos profissionais, o patrocinador é a indústria farmacêutica e de equipamentos médicos. Felizmente essa indústria existe. Mas o estilo de vida não é a grande novidade, ele não é sexy e não tem o patrocínio que vai colocá-lo em destaque. No consultório, quando chega na parte de falar sobre o estilo de vida, a resposta é de senso comum, o que dificilmente vai reverter problemas já instalados em grande parte da população, como sobrepeso, obesidade e as doenças metabólicas, como diabetes, pressão alta e gordura no fígado. Você tem recebido muitas críticas por defender a dieta com baixo consumo de carboidratos? O que estou propondo tem evidência científica robusta, o que já rebate boa parte das críticas. Não quero confrontar, quero propor algo que seja incorporado à prática dos colegas. Se você está com pressão alta, diabetes, acumulo de gordura na região da barriga, colesterol bom baixo, gordura no fígado… Você vai receber algum remédio, o que é importante, mas é preciso saber que se você pode reduzir o açúcar, o amido e substituir por carne, peixe, frango, salada, legumes, ovos, pode reverter boa parte dessas coisas. Isso é baseado em evidência, não é alternativa, precisa ser uma opção para que o paciente possa optar por esse caminho. E quanto o prazer de comer um pouco a mais, como fazemos em relação a ele? É importante que as pessoas não se prendam no mindset da perfeição. A vida se atravessa, há celebrações e festas, mas o deslize não é um pecado que precisa ser punido. É natural não esperar a perfeição e portanto quando o planejamento não dá certo, você retoma no dia seguinte e segue adiante. Essa é a vida.
Atriz carioca que interpretou Sara na novela Travessia, da Globo, fala sobre maternidade, filosofia e os impactos que a exposição na TV Nascida no Rio de Janeiro e criada no interior de Minas Gerais, a atriz Isabelle Nassar descobriu, aos 15 anos, que tinha potencial para ser modelo. Ela venceu concursos prestigiados da época, como o Elite Model Look e o Ford Models, e embarcou em viagens de trabalho para Milão e China — onde experimentou uma vida pouco glamorosa, compartilhando um apartamento com vinte outras jovens e vivendo experiências que a marcariam profundamente. Com a toxidade do mundo da moda naqueles tempos, Isabelle chegou a considerar fazer procedimentos cirúrgicos no nariz e no queixo. No entanto, um médico sensato a convenceu a esperar e aceitar a si mesma, evitando gastar dinheiro que não tinha. “Fui para casa revoltada, mas hoje eu agradeço e entendo que a minha diferença é o que me faz única.” Anos depois, ao estrear na novela “Travessia”, da Rede Globo, as experiências que teve mais jovem a ajudaram a navegar melhor pelos impactos que a exposição intensa na TV traz, como questionamentos sobre sua aparência. “Ser mulher deveria bastar, nosso feminino não pode ser legitimado por uma única forma. É uma questão de estereótipo. Cada vez mais estamos conseguindo nos aceitar, existir em todos os âmbitos e de todas as formas”, conta. No papo com o Trip FM, Isabelle falou sobre maternidade, a série "Bom Dia, Verônica", dinheiro, fama e muito mais. A entrevista, que você lê a seguir, está disponível no Spotify e no play aqui no site. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/10/6532da2f7cd2a/isabelle-nassar-atriz-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Carlos Teixeira (@studiocarlosteixeira); LEGEND=Isabelle Nassar; ALT_TEXT=] Trip FM. Você acha que o universo das redes sociais piorou a nossa relação com o próximo? O tempo presente é fruto de nossas ações, e não o contrário. Todos estamos incluídos nesta falta de diálogo. Na verdade, não sei se temos mais dificuldade de dialogar ou de escutar. A gente esquece que o mundo é plural e que as perspectivas de vida são diferentes e as polaridades que se apresentam deveriam transformar a gente. Como você tem lidado com uma filha adolescente e o tempo de exposição às telas? Cada dia é um dia com a minha filha; não tenho fórmula nenhuma para dar a ninguém. Se eles ficam muito tempo nas telas, é também porque nossa sobrecarga de trabalho é tão profundo que a gente acaba delegando. Eu não quero perder a minha filha, então a proibição não é a minha forma de ver o mundo. Tento entender o que ela está buscando na internet e tento negociar com notas de escola, com tempo… Às vezes a gente acerta, às vezes a gente erra. Nós somos seres de matilha, gostamos de pertencer. Eu sinto que essa adolescência, que foi interceptada pela pandemia, ficou pertencendo demais a um grupo online. É um desafio: a gente só vai entender essa geração quando eles tiverem 30 anos. Ser mãe é nunca estar perfeita. O mundo da moda pode ser muito cruel para a adolescente. Como foi no seu caso? Hoje, com a internet, os homens recebem um letramento de como se lidar com mulheres no âmbito corporativo. O RH precisa ensinar como se lidar com mulheres no ambiente de trabalho. Há 15 anos, no mundo da moda, era “não, você é gorda”, “saí daqui, seu queixo é grande”… Parece muito luxuoso quando eu falo que fui para China, para Milão, mas era um apartamento com vinte meninas com dinheiro no bolso para pegar o metrô. Quando se trata de uma adolescente, isso deixa marcas profundas. Eu fico feliz quando vejo que as coisas vão se organizando para um lado mais humano. Tudo o que queremos é ser visto, é pertencer, é ser amado. É verdade que você chegou a marcar cirurgia plástica, mas foi dissuadida pelo médico? O adolescente já não cabe no corpo que é dele, mas se não pertencer em um padrão, é ainda pior. Nos feedbacks que recebi quando era modelo, fiquei achando que teria que diminuir o queixo e fazer uma plástica no nariz. Ainda bem que o cirurgião captou que aquele era um desejo externo e não meu. Ele me convenceu a esperar e a me aceitar, a não gastar um dinheiro que eu não tinha. Fui para casa revoltada, mas hoje agradeço e entendo que a minha diferença é o que me faz única. Cada vez mais as mulheres se aceitam da forma que elas são: minha filha é muito mais leve nesta questão.
Atriz carioca que interpretou Sara na novela Travessia, da Globo, fala sobre maternidade, filosofia e os impactos que a exposição na TV Nascida no Rio de Janeiro e criada no interior de Minas Gerais, a atriz Isabelle Nassar descobriu, aos 15 anos, que tinha potencial para ser modelo. Ela venceu concursos prestigiados da época, como o Elite Model Look e o Ford Models, e embarcou em viagens de trabalho para Milão e China — onde experimentou uma vida pouco glamorosa, compartilhando um apartamento com vinte outras jovens e vivendo experiências que a marcariam profundamente. Com a toxidade do mundo da moda naqueles tempos, Isabelle chegou a considerar fazer procedimentos cirúrgicos no nariz e no queixo. No entanto, um médico sensato a convenceu a esperar e aceitar a si mesma, evitando gastar dinheiro que não tinha. “Fui para casa revoltada, mas hoje eu agradeço e entendo que a minha diferença é o que me faz única.” Anos depois, ao estrear na novela “Travessia”, da Rede Globo, as experiências que teve mais jovem a ajudaram a navegar melhor pelos impactos que a exposição intensa na TV traz, como questionamentos sobre sua aparência. “Ser mulher deveria bastar, nosso feminino não pode ser legitimado por uma única forma. É uma questão de estereótipo. Cada vez mais estamos conseguindo nos aceitar, existir em todos os âmbitos e de todas as formas”, conta. No papo com o Trip FM, Isabelle falou sobre maternidade, a série "Bom Dia, Verônica", dinheiro, fama e muito mais. A entrevista, que você lê a seguir, está disponível no Spotify e no play aqui no site. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/10/6532da2f7cd2a/isabelle-nassar-atriz-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Carlos Teixeira (@studiocarlosteixeira); LEGEND=Isabelle Nassar; ALT_TEXT=] Trip FM. Você acha que o universo das redes sociais piorou a nossa relação com o próximo? Isabelle Nassar. O tempo presente é fruto de nossas ações, e não o contrário. Todos estamos incluídos nesta falta de diálogo. Na verdade, não sei se temos mais dificuldade de dialogar ou de escutar. A gente esquece que o mundo é plural e que as perspectivas de vida são diferentes e as polaridades que se apresentam deveriam transformar a gente. Como você tem lidado com uma filha adolescente e o tempo de exposição às telas? Cada dia é um dia com a minha filha; não tenho fórmula nenhuma para dar a ninguém. Se eles ficam muito tempo nas telas, é também porque nossa sobrecarga de trabalho é tão profundo que a gente acaba delegando. Eu não quero perder a minha filha, então a proibição não é a minha forma de ver o mundo. Tento entender o que ela está buscando na internet e tento negociar com notas de escola, com tempo… Às vezes a gente acerta, às vezes a gente erra. Nós somos seres de matilha, gostamos de pertencer. Eu sinto que essa adolescência, que foi interceptada pela pandemia, ficou pertencendo demais a um grupo online. É um desafio: a gente só vai entender essa geração quando eles tiverem 30 anos. Ser mãe é nunca estar perfeita. O mundo da moda pode ser muito cruel para a adolescente. Como foi no seu caso? Hoje, com a internet, os homens recebem um letramento de como se lidar com mulheres no âmbito corporativo. O RH precisa ensinar como se lidar com mulheres no ambiente de trabalho. Há 15 anos, no mundo da moda, era “não, você é gorda”, “saí daqui, seu queixo é grande”… Parece muito luxuoso quando eu falo que fui para China, para Milão, mas era um apartamento com vinte meninas com dinheiro no bolso para pegar o metrô. Quando se trata de uma adolescente, isso deixa marcas profundas. Eu fico feliz quando vejo que as coisas vão se organizando para um lado mais humano. Tudo o que queremos é ser visto, é pertencer, é ser amado. É verdade que você chegou a marcar cirurgia plástica, mas foi dissuadida pelo médico? O adolescente já não cabe no corpo que é dele, mas se não pertencer em um padrão, é ainda pior. Nos feedbacks que recebi quando era modelo, fiquei achando que teria que diminuir o queixo e fazer uma plástica no nariz. Ainda bem que o cirurgião captou que aquele era um desejo externo e não meu. Ele me convenceu a esperar e a me aceitar, a não gastar um dinheiro que eu não tinha. Fui para casa revoltada, mas hoje agradeço e entendo que a minha diferença é o que me faz única. Cada vez mais as mulheres se aceitam da forma que elas são: minha filha é muito mais leve nesta questão.
Ela já foi uma estrela do tecnobrega, uma dona de casa maconheira e outras tantas mulheres que a fizeram aprender sobre si mesma Brasiliense de nascença, paraense de criação e recifense de coração, a atriz Maeve Jinkings vem conquistando público e crítica com atuações brilhantes, tanto na televisão quanto no cinema. Após estrelar a série “Os outros”, da Globoplay, ela está no elenco de “DNA do Crime”, primeira série brasileira de ação policial da Netflix que será lançada em breve. Nos cinemas, Maeve está em cartaz com os filmes “Pedágio” e “Sem Coração”, exibidos no Festival do Rio, que vai até 15 de outubro. Em 2018, numa conversa com o Trip FM, a artista relembrou importantes momentos da carreira, como a personagem Bia, do longa “O som ao redor”, que marcou sua carreira e virou até inspiração para o seu pós-morte. “Eu acho que quando eu morrer, meu epitáfio no cemitério vai ser: 'aquela que fumava um baseado com um aspirador de pó', ou 'aquela que se masturbava na máquina de lavar'. Os eletrodomésticos irão comigo.” A entrevista fica disponível no Spotify e aqui no site da Trip. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/10/6520894d0da4d/maeve-jinkings-atriz-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Gil Inoue (@gil_inoue); LEGEND=Maeve Jinkings; ALT_TEXT=Maeve Jinkings]
O prof. Eduardo Schenberg responde A relação pessoal e profunda do neurocientista Eduardo Schenberg, de 43 anos, com a ayahuasca tornou-se um caminho para ele impactar a vida dos outros, ao iniciar uma investigação sobre os benefícios do uso de psicodélicos para tratar a saúde mental das pessoas – além do chá preparado a partir de um cipó, inclua na lista o LSD, MDMA [sigla do composto químico metilenodioximetanfetamina, princípio ativo do ecstasy] e a psilocibina (presente nos cogumelos alucinógenos). Seu ponto de partida foi estudar o efeito da ayahuasca no cérebro de voluntários saudáveis, objeto de estudo do pós-doutorado iniciado em 2011 na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Na sequência, entre 2014 e 2015, partiu para o Imperial College de Londres, onde foi o único brasileiro a participar do primeiro estudo mundial que trouxe imagens da atividade cerebral sob efeito de LSD. Da Inglaterra, Eduardo trouxe novos conhecimentos e a velha certeza de que fazer ciência no Brasil é lutar diariamente. Essa situação, no entanto, não parou Eduardo em sua busca por entender como as drogas psicodélicas podem agir positivamente na vida das pessoas. Junto com o pós-doutorado na Unifesp, o paulistano havia iniciado as atividades do instituto Plantando Consciência, organização sem fins lucrativos onde desenvolveu suas pesquisas com psicodélicos. Entre os estudos que conduziu, estava o uso de MDMA em voluntários diagnosticados com transtorno do estresse pós-traumático (TSPT) – pessoas que passaram por situações extremas, como sequestro, abuso sexual, tiroteio, assalto, morte repentina de familiares etc. Ao atravessar os preconceitos e estereótipos associados a drogas normalmente lembradas pelo uso recreativo, Eduardo passa a procurar respostas para perguntas que, no Brasil, não vinham sendo feitas. Dessa forma, se alinha ao que se vê com cada vez mais frequência em grandes centros de pesquisa pelo mundo. O MDMA foi sintetizado em 1970 e, na década seguinte, como princípio ativo do ecstasy, passou a ser usado de modo recreativo, o que resultou na proibição. Nos Estados Unidos, a retomada do trabalho com a droga para fins terapêuticos se deu nos anos 90 e, até 2025, a substância deve entrar para a lista de medicamentos liberados pelo FDA, o órgão responsável por regulamentar remédios e tratamentos nos EUA. Hoje em dia, Eduardo está a frente do instituto Phaneros, que se prepara para poder começar a tratar até 220 pacientes, aqui no Brasil, entre 2024 e 2025, por meio de psicoterapias assistidas por MDMA e psilocibina, mas que ainda depende de financiamento e acaba de abrir uma campanha de financiamento coletivo por em www.catarse.me/pap2023 Em um papo com o Trip FM, Eduardo conta sobre tudo isso, em um papo muito interessante que fala ainda de ancestralidade, reconexão com a natureza e o estado da saúde mental no Brasil e no mundo. A conversa pode ser escuta na íntegra aqui no site ou no Spotify. Nós podemos dizer que o mundo moderno é um mundo cada vez mais pobre de saúde mental? A ciência não tem uma resposta única se a sociedade está enlouquecendo, mas os indicadores são preocupantes. A saúde mental em geral não vai bem nas grande metrópoles. No Brasil, as taxas de depressão, transtorno de estresse pós-traumático, dependência química, síndrome do pânico são altas. Mas nem tudo também se refere a diagnósticos psiquiátricos específicos. As pessoas podem estar descontentes, cansadas e em sofrimento e não necessariamente têm um diagnóstico muito claro. E muitas vezes as pessoas que estão neste sofrimento crônico não encontram solução nos tratamentos atuais. Além disso a gente tem que reconhecer que não se trata só de uma questão de saúde, mas é uma questão social. Pobreza, estimulo ao armamento, aumento da violência. Tudo está relacionado. No Brasil a violência é crescente e muito preocupante. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/09/6517525d0e87a/eduardo-schenberg-neurocientista-tripfm-mh.jpg; CREDITS=; LEGEND=; ALT_TEXT=] Trip FM. É real a noção de que a conexão com a natureza, ainda que seja em um parque urbano, faz bem para a saúde mental? O ambiente urbano é estressante no nível de ruído, de poluição no ar. Ele modifica nosso ritmo, a gente desconecta do nascer e do pôr do sol, desconecta do claro e do escuro. Tudo isso mexe com os hormônios e afeta cada um de nós. Isso gera cansaço. Viver com a violência, trânsito, com muitas pessoas ao redor. Você acaba acostumando com um estado de estresse constante e é só quando você sai por um tempo que percebe em si mesmo como o corpo relaxa, como a cabeça pensa melhor, o ciclo do sono muda. Esse questão de ligação com a natureza é antiga. Existem registros no começo do século XX de pacientes que recebiam a prescrição médica de passar um tempo na natureza. Desde os primeiros trens, médicos começaram a especular que a tecnologia poderia fazer mal às pessoas. Como eu explico para os meus filhos sobre o ecstasy? Dentro de um contexto de guerra às drogas, a abordagem mais inteligente e segura é a chamada redução de danos, diminuir os perigos, saber que substância você vai usar com os kits de teste. Falar que isso é apologia às dorgas é um absurdo. Redução de danos é cinto de segurança no carro. Imagina que o álcool não tivesse nem cheiro ou sabor e você não soubesse se é cachaça ou cerveja. As pessoas não sabem o que estão tomando e isso agrava muito o problema. No caso dos psicodélicos as pessoas precisam saber do momento de vida e o propósito do uso: é simplesmente uma recreação sem reflexão? Ou tem propósito de autoconhecimento? Não é à toa que existem as igrejas da ayahuasca no Brasil. São substâncias que geram uma reflexão muito profunda e precisam ser usadas com sabedoria. O uso recreativo deixa a comunidade científica ressabiada porque existe uma tendência ao uso pouco consciente, com provocações sociais para usar cada vez mais, o que pode desencadear ataques de pânicos e estados de muita ansiedade. No Brasil a gente tem a uma questão interessante que é o universo de certa forma regulamentado do uso religioso da ayauhaska que não é isento de problemas mas que tem se mostrado uma forma sociocultural de se fornecer um contexto seguro para que as pessoas vivenciem essa experiência minimizando riscos. O uso recreativo deve ser proibido? Ele atrapalha os estudos científicos? Proibir o uso recreativo? Combater a recreação, a dança, a música, a liberdade cognitiva das pessoas sobre o seus corpos. São princípios éticos que precisamos conversar. Mas, sim, há riscos também. A guerra às dorgas nunca conteve o uso. O aparato policial é absolutamente incapaz de impedir a circulação dessas substâncias que podem ser pingadas em um papelzinho e escondidas na mala das pessoas. Então eu sou bastante favorável a descriminalização e tirar o prioridade do orçamento às políticas bélicas. O que a gente vê é que a guerra às drogas é uma opção pela violência para impedir um certo tipo de uso, o uso recreativo, de substâncias que tem potenciais medicinais, terapêuticos e também, por que não, recreativos. Uma população que faz tanta recreação com álcool precisa se perguntar por que ela faz guerra com opções alternativas ao álcool.
Atriz potiguar que interpreta Dinorah Vaqueiro, protagonista da série da Prime Video, fura a bolha e desponta como talento da nova geração “O cinema mundial não está acostumado a ver mulheres brutas e imponentes em embates físicos emblemáticos”, diz a atriz potiguar Alice Carvalho, referindo-se à personagem que interpreta na aclamada série “Cangaço Novo”, da Prime Video. Nessa atuação, Alice incorporou com maestria a brutalidade de Dinorah Vaqueiro, uma cangaceira das brabas, e, após um árduo treinamento em artes marciais, criou uma figura rara no universo das obras de ação: uma mulher que mete a porrada. Antes de conquistar papéis de destaque, no entanto, Alice desdobrava-se em diversas atividades para dar vazão à sua inquietante vontade de se expressar — e também pra conseguir pagar as contas vivendo de cultura. Experimentou stand-up, escreveu livros e roteiros, dirigiu e atuou em peças de teatro. Hoje, aos 27 anos, Alice se estabeleceu como atriz, já está filmando uma futura novela da Globoplay, chamada “Guerreiros do Sol”, com estreia marcada para 2024. Em um papo com o Trip FM, ela falou sobre os esses diversos “corres” de uma multiartista. “É uma forma de se virar, meu filho, pra tentar chegar no fim do mês”, diz. O papo fica disponível no Spotify e no play aqui no site. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/09/650e0bfc9b0dd/alice-carvalho-atriz-cangaco-novo-tripfm-mh.jpg; CREDITS=; LEGEND=; ALT_TEXT=] Trip FM. É claro que há exceções, principalmente no humor, com nomes como Chico Anysio, mas durante muitos anos o artista nordestino foi muito desvalorizado. Em termos de grana, foi diferente para você? Alice Carvalho. Trabalho desde os meus 13, 14 anos, mas nunca tinha recebido nem 20% do meu cachê de "Cangaço Novo". Eu vivia com R$ 600 por mês. Acho que também essa coisa do multiartista foi uma forma de me virar, pra tentar fechar a conta no fim do mês. As últimas produções — como "Bacurau" e "Som ao Redor" — têm trazido esse olhar de fora do Sul e Sudeste, e investimento também, mas ainda falta muito. Infelizmente, no Brasil é desse jeito, precisa ser aprovado por 99% da crítica para a grana chegar. E são produções realmente de altíssimo nível? Se a gente botar o dinheiro na mão das pessoas certas para contarem suas histórias, o negócio fica muito bom. E eu acho que a gente tá começando a entender isso um pouco agora. Pô, bota a grana na mão de Kleber Mendonça e bota a grana na mão de Karim Aïnouz, bota a grana na mão das minas, entendeu? Da Juliana Almeida. Tem que botar grana na mão dessas pessoas. Falando sobre "Cangaço Novo", me conte um pouco sobre se transformar em uma mulher nervosa e explosiva e boa de porrada? O cinema mundial, arraigado de machismo, não está acostumado a ver mulheres nesse lugar, da ação. Eu queria ficar grande e bruta e forte, imponente mesmo, porque a partir do momento que a mulher começa a desenhar mais o corpo, eu já ouvi muitas vezes que perde um pouco o feminino. Era aí que eu treinava mais, era aí que eu entendia que eu estava no caminho certo.
Ator fala de amor, drogas e "Os Outros" O ator Milhem Cortaz está vivendo uma transformação incrível em sua vida pessoal e profissional. No início da década de 1990, quando ainda era adolescente, ele foi mandado por sua família para morar com a tia na Itália após “se enfiar na obsessão da cocaína”, como ele mesmo define. “Isso me levou para um buraco muito grande. Eu quase acabei com a minha família, emocionalmente e financeiramente”, conta. Hoje, o artista enxerga o que viveu como algo que o fez crescer. Outro momento importante em sua trajetória, principalmente no que diz respeito à saúde, aconteceu pouco antes da pandemia. Milhem encontrou um médico que o ajudou a superar suas crises de pânico, que o afligiam desde 1998, e até mesmo abriu, mais recentemente, uma padaria aconchegante na garagem de casa. Essa mudança o aproximou de seus vizinhos em Perdizes, bairro nobre onde mora em São Paulo, reacendendo relacionamentos que há muito tempo estavam adormecidos. “Hoje, eu conheço muita gente do meu bairro, como se eu ainda andasse de skate, andasse de bicicleta, como se eu me relacionasse, jogasse taco na rua.” Em uma conversa sincera com o Trip FM, o ator compartilha ainda sua jornada de amor, fala sobre seu vício precoce em cocaína e revela detalhes dos bastidores de "Os Outros", um marco de maturidade em sua carreira. O programa está disponível aqui no site da Trip e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/09/6504bea5af3fa/milhem-cortaz-ator-tripfm-mh.jpg; CREDITS=divulgação / Globo / Estevam Avellar; LEGEND=Milhem Cortaz; ALT_TEXT=Milhem Cortaz]
Ator fala sobre seu receio de ficar pobre, o começo conturbado no teatro e o trabalho na televisão Rodrigo Lombardi é um dos mais requisitados da televisão brasileira. Paulistano, ele tentou uma carreira no vôlei antes de se jogar nas artes cênicas. Sua trajetória pelo palco começa em 1999, no grupo Tapa de teatro. Sua estreia na televisão aconteceu no mesmo ano, na novela Meu Pé de Laranja Lima, da Bandeirantes. Em 2005, na Bang Bang, fez seu primeiro trabalho na Rede Globo, para qual trabalha até hoje e onde viveu importantes personagens, como o Raj, da novela Caminho das Índias, Herculano Quintanilha da O Astro, Alexandre Ticiano, da Verdades Secretas. Na conversa com o Trip FM, o ator fala do seu começo conturbado na carreira e revela que tem receio de ficar pobre: “Sempre tive medo de virar mendigo”. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2018/10/5bca19312a8b3/1935x964x960x540x488x130/rodrigolombardi.jpg; CREDITS=; LEGEND=; ALT_TEXT=]
A economista ficou 2 meses na UTI, recebeu um novo coração aos 30 anos, virou atleta campeã e acaba de lançar um livro sobre sua trajetória Assim como a notícia do transplante de coração do apresentador Faustão parou o Brasil no mês passado, a história da economista Patrícia Fonseca também ganhou destaque nacional, em 2015. Na época, ela chegou às capas de revista por se tratar de uma das primeiras transplantadas de coração do mundo a se tornar triatleta. “Eu dou valor a ficar em pé, a andar. Na minha família a gente tem o conceito do ‘problema bom': estourar um cano, bater um carro é problema bom, problema de quem está vivo. A vida é isso, é errar, aprender e descobrir”, diz. Hoje, Patrícia batalha para desmistificar os equívocos que cercam esse tipo de cirurgia e encorajar mais pessoas a optarem pela doação de órgãos. Ela acaba de lançar o livro “Coração de Atleta”, em que narra sua jornada. Em entrevista ao Trip FM, ela compartilha suas experiências, relembrando a angústia de aguardar na UTI por um coração compatível, as dificuldades enfrentadas durante a infância devido às complicações cardíacas e os medos após a cirurgia. A entrevista fica disponível no Spotify e aqui no site da Trip. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/09/64f25a602c151/tripfm-patricia-fonseca-coracao-transplante-triatleta-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Patrícia Fonseca; ALT_TEXT=Patrícia Fonseca] Trip. O que você sentiu quando já estava internada esperando por um coração? Patrícia Fonseca. Eu fiquei cinco meses na espera por um coração, dois deles na UTI dependendo dos aparelhos para bombear o meu sangue. É um período de muita angústia porque a sua vida depende da escolha de outra pessoa, que não te conhece e vai decidir se salva você ou não. Pode chegar dali um dia ou não chegar nunca. Você começa a se perguntar se é o fim, mas na mesma medida é uma alegria enorme quando o coração chega. E que alegria que chegou para Faustão – e que chegou logo. Já vi coração chegar em uma hora e já vi rico morrer na fila da espera também. A nossa luta é para que as pessoas esperem cada vez menos nas filas. Antes disso, do ponto de vista psicológico, como você enfrentou todas as limitações que sua saúde impunha? Eu nunca olhei para o lado me comparando ao outro. Em um primeiro momento, precisei entender o que poderia fazer de melhor com aquela vida que eu tinha. Tem tanta coisa boa para fazer que a gente não pode escolher ficar bitolada num objetivo só, ou em um sonho ou pessoa qualquer. Eu não podia dançar, que era o que eu mais gostava, mas eu podia ler, a segunda coisa que eu mais gostava na vida. A questão cardíaca nunca me definiu. Hoje, olhando para trás, dá para tirar algo de positivo de tudo o que aconteceu? É muito duro com a Patrícia do passado falar isso, mas eu não mudaria a minha história. Foi muito difícil, mas isso me faz ter uma clareza do mundo que está à minha volta que eu não teria de outra maneira. Eu dou valor a ficar em pé, a andar. Tudo vira uma brincadeira. Na minha família a gente tem o conceito do problema bom: estourar um cano, bater um carro é 'problema bom', problema de quem está vivo. A vida é isso, é errar, aprender e descobrir.
O surfista foi um dos primeiros a chegar em Lahaina, na ilha de Maui, após o incêndio que destruiu a região histórica e deixou 115 mortos No dia 25 de fevereiro de 2016, às 8 da manhã, o big rider baiano Yuri Soledade pegou a onda da sua vida. O paredão de mais de 20 metros que avançava em um bloco, feito um tsunami, é considerado uma das maiores ondas já surfadas na história. Mas não foi para falar de esporte que Yuri participou do Trip FM desta semana. Morador da ilha de Maui, no Havaí, ele foi um dos primeiros a chegar de barco em Lahaina após o trágico incêndio que destruiu a região histórica e deixou, por enquanto, 115 mortos; outras centenas de pessoas estão desaparecidas. No papo, ele conta como a comunidade com menos de 200 mil pessoas se uniu para tentar se reerguer, fala do prejuízo de perder o seu restaurante para o fogo, responsabiliza as autoridades americanas e descreve o que viu horas depois da tragédia. A conversa completa fica disponível no Spotify e aqui no site da Trip. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/08/64e913403a140/yuri-soledade-surfista-havai-incendios-lahaina-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Lahaina; ALT_TEXT=Lahaina] Trip. Você consegue explicar o que aconteceu? E como você e sua família estão? Yuri Soledade. A gente teve um furacão que passou perto, ventos muito fortes, e isso, somado a fatores como o verão muito seco e a falta de preparação do governo, causou uma das piores tragédias dos Estados Unidos. Graças a Deus, a minha família está a salvo: a destruição aconteceu toda em Lahaina. Eu tinha um restaurante na região e fui uma das primeiras pessoas a pisar lá, a levar um barco. Ainda estava pegando fogo em tudo. Quando cheguei, entrei em choque. São cenas que nem em filme você vê. Meus empregados perderam tudo, mas estão bem. E como vai ser o impacto financeiro? O prejuízo é muito grande, mas a gente precisa olhar para frente. A comunidade precisa da nossa garra e esse é o nosso foco agora. Não quero pensar em dinheiro, mas estou preocupado com meus funcionários. Espero que o governo ajude, pois as pessoas estão precisando muito. Ainda não sei como a gente vai recuperar essa ilha de Maui. O que você viu quando chegou em Lahaina? Imagino que em poucos lugares do mundo já tenha ocorrido uma tragédia dessa. A quantidade de pessoas mortas, animais, o prejuízo cultural… Lahaina foi a primeira capital do estado havaiano, era a principal cidade turística. E não tinha infraestrutura, não tinha polícia, corpo de bombeiros, não tinha nada. Isso acarretou nesse desastre com mais de mil pessoas desaparecidas. Sem contar os imigrantes mexicanos, filipinos, que são pessoas invisíveis ao sistema e vão continuar invisíveis. Nos primeiros dias, quem ajudou foi a comunidade. Fora que começou uma campanha para evitar que as pessoas venham para cá – o que forma uma segunda onda de obstáculos, já que a população vive do turismo.
Publicitária segue caminhada em direção às produções autorais e lança documentário sobre cavalos que questiona relação do homem com o mundo Flavia Moraes, uma das principais personalidades do cenário audiovisual brasileiro, está prestes a lançar um de seus projetos mais autênticos. Reconhecida por sua atuação dominante no mercado publicitário na década de 1990 e nos anos 2000, ela tomou um novo rumo na direção, focando em filmes com mais profundidade. “Não é uma questão de esclarecer os ignorantes, mas é preciso fazer uma reflexão dessa cegueira contemporânea”, explica. Esse novo caminho fica evidente em sua mais recente empreitada, o documentário "Visions in the Dark", em que explora a habilidade de um treinador de cavalos de demonstrar, de maneira intuitiva e não violenta, como é possível transformar nossa compreensão da natureza e de nós mesmos. Da Califórnia, nos Estados Unidos, onde mora atualmente, Flavia bateu um papo com o Trip FM sobre arquitetura, o cinema em Hollywood e sua identidade como pessoa não binária, entre outros assuntos fascinantes. O programa fica disponível no Spotify e aqui no play aqui em cima. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/08/64dfe2ab0f7a9/flavia-moraes-cineasta-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Flavia Moraes; ALT_TEXT=Flavia Moraes] Trip. Tem publicitário que te elogia como cineasta e diretor de cinema que fala que você é uma grande publicitária. Você sempre andou por vários mundos? Flavia Moraes. Eu sempre fui fora da casinha. Essa coisa do não binária me acompanha desde a questão de gênero até a questão profissional. Fiz uma carreira importante na propaganda, mas queria fazer cinema, então nunca me senti publicitária, mas também não era cineasta. Eu era gaúcha, mas morava em São Paulo. Tem uma pluralidade que vem de uma certa característica da busca, da vivacidade que eu tenho apesar de já ter uma certa idade. É verdade que quando criança você se disfarçava de menino pra entrar em campeonato de futebol? Eu jogava futebol na rua com os meninos. Durante os anos 60 o que se esperava de uma menina era boneca, mas eu batia um bolão. Chegou um momento em que a gente precisava jogar um campeonato e a Flavia entrou como Flavio. Eu lembro muito da situação, foi um pouco traumática porque eu não podia jogar, por exemplo, do lado dos sem camiseta. Engraçado, mas traumático. Tenho problema na coluna até hoje por tentar esconder o seio. Foram inúmeras situações complicadas e que não têm graça nenhuma; já levei uma surra de caminhoneiros em um posto de gasolina. O que te levou aos Estados Unidos? Eu vim para os EUA para me profissionalizar, pois no Brasil a gente trabalhava com sucata nos anos 90. Me apaixonei pela Califórnia, mas aqui eles também estão voltando para trás. A polarização é impressionante, está cada vez mais difícil ter amigos: o dinheiro é sempre o assunto principal. E o tipo de cinema que eu quero fazer acabou aqui, eles estão atrás de entretenimento e escapismo. Não estão comprando nada que obrigue o espectador a pensar. A palavra de ordem é desligar. O seu novo filme, "Visions in the Dark", fala muito da ignorância humana, da incapacidade de ver outra forma de olhar para o animal. Com esse filme eu fiz questão de mostrar, por exemplo, que os gaúchos adoram os seus cavalos: cantam, dizem poesia para eles. É um amor inegável, mas também uma ignorância por aquilo que já está posto. Eles aprenderam que o animal se ensina com violência, algo passado pelo avô, pelo bisavô. Os rodeios acontecem todos os finais de semana no Brasil, na Argentina, no Uruguai... Não é uma questão de esclarecer os ignorantes, mas é preciso fazer uma reflexão dessa cegueira contemporânea. A gente inventou a inteligência artificial enquanto o mundo dá sinais claros de que nós temos problemas globais para resolver. Não podemos continuar nessa desconexão.
Maria Carvalhosa perdeu a visão aos 13 anos. Aos 21, ela fala sobre a cegueira da sociedade Vítima de um erro médico, Maria Carvalhosa tinha 13 anos quando perdeu quase toda a visão. Sem o apoio da escola, que se mostrou despreparada para lidar com a mudança, a adaptação não foi fácil. Mas, com o tempo, ela aprendeu a lidar com o desafio mais complexo deste processo: “Ser cega é uma experiência única. O que me enche o saco é o jeito como me tratam”. Maria vem se transformando em uma voz importante na luta pelos direitos das pessoas com deficiência e hoje, aos 21 anos, assume o papel de curadora e editora na recém-inaugurada Supersônica. A iniciativa é responsável pela produção de audiolivros narrados por atores como Isabel Teixeira e Caio Blat. Em entrevista ao Trip FM, Maria compartilha sua jornada, fala sobre a perda do pai, o artista plástico Carlos Carvalhosa, e os desafios para conseguir o apoio de um cão-guia. O programa fica disponível no play aqui em cima e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/08/64d6a46e159e5/tripfm-maria-carvalhosa-mh.jpg; CREDITS=Jorge Bispo; LEGEND=Maria Carvalhosa; ALT_TEXT=Maria Carvalhosa usando uma blusa preta segura no colo seu cachorro preto] Trip FM. Quanta tristeza perder a visão aos 13 anos lhe causou? Maria Carvalhosa. Com a minha cegueira, eu passei a enxergar melhor a dor do outro. Mas esse foi um movimento unilateral porque, ao mesmo tempo, o mundo passou a me ver como extraterrestre. As pessoas não têm instrumentos para lidar com alguém com deficiência. Elas ficam perturbadas e é muito difícil você sentir que incomoda. O jeito como me tratam não faz sentido nenhum. Não há parâmetro de razoabilidade para lidar com isso. Me chacoalhou muito. Saber que você perturba significa sempre ter que mostrar que você não é o que a outra pessoa acha. Você tem alguma raiva do médico que causou a sua cegueira? Quando você é criança, confia muito nos médicos e em qualquer figura de autoridade. Foi muito confuso entender que as pessoas em quem eu estava depositando a minha saúde, o meu corpo, estavam fazendo a coisa errada e ainda não admitindo que não estavam encontrando o caminho. Eu poderia ter morrido. Fomos presos na loucura da medicina carioca. Ainda tenho muita raiva, pois sei que pode acontecer com outros. É muito fácil para um médico sentir que é Deus. O que precisa mudar para o mundo receber melhor a pessoa com deficiência? O que pode ser revolucionário no mundo da pessoa com deficiência é parar de ser vista como falta. Ser cega é uma experiência única. O que me enche o saco é o jeito como me tratam. Nas escolas, em primeiro lugar, você precisa fornecer material para os alunos com deficiência se conhecerem e se empoderarem. Inclusão não significa deixar a gente igual. Eu não sou igual, sou diferente, e essa diferença precisa ser tema. Precisa haver uma mudança na ordem de como a deficiência é colocada. O mundo hoje dá uma importância descabida para a aparência, com todas as harmonizações e procedimentos possíveis. Para você, após perder a visão, como ficou essa questão? A aparência ainda é muito importante para mim — não nesse lugar da perfeição porque eu não sei como é minha cara. Eu sempre me importei com a construção da minha aparência, pois eu não estou me vendo, mas outras pessoas estão. E ser cega faz parte da minha aparência. Hoje eu quero que dê para ver que eu não estou seguindo um parâmetro totalmente feminino, perfeito e imaculado. Eu não sou assim. É doido porque muitas vezes as pessoas acham que os cegos não se preocupam com isso. Eu sou bem vaidosa, mas de outra forma.
À luz dos acontecimentos desta semana no Guarujá e em Santos, Trip FM relembra conversa com especialista em homicídios e crime organizado A chacina que aconteceu nos últimos dias no litoral de São Paulo, nas cidades de Guarujá e Santos, voltou a evidenciar a situação precária do Brasil quando o assunto é o combate à violência. Policiais, traficantes e pessoas comuns morrem em um cenário que só pode ser comparado a uma guerra. E esse problema não é de hoje. Em 2018, o Trip FM conversou com o jornalista Bruno Paes Manso, que também é economista e doutor em Ciência Política pela USP, para tentar jogar luz nessa escuridão. “Os presídios estão fortalecendo as gangues prisionais mais do que estão combatendo o crime e é preciso ainda lidar com uma séria restrição orçamentária”, disse ele. Na conversa, o pesquisador contou como a política de guerra às drogas criou o crime organizado no país, como o modelo carcerário alimenta e nacionaliza essas organizações e fala ainda sobre temas importantes como segurança pública e o estatuto do desarmamento. O programa está disponível no play acima ou no Spotify.
Com a comemoração dos 40 anos da banda, o Trip FM relembra uma entrevista icônica de 2019 com o músico Trinta anos após a saída de Arnaldo Antunes, Os Titãs estão com a formação completa e, mais uma vez, lotando shows pelo Brasil. O momento não poderia ser melhor: apoiados por um desejo do público por música ao vivo, represada durante a pandemia, e com o aporte da produtora 30E, que chegou em 2021 para balançar o mercado nacional de entretenimento, o grupo comemora também a volta de Branco Mello após a recuperação de um tumor na garganta. Para celebrar esse momento, o Trip FM relembra uma entrevista marcante que Nando Reis deu ao programa em 2019. No papo, ele fala do início da carreira, da vontade de diminuir o ritmo, de morte, de Roberto Carlos e muito mais. O programa fica disponível aqui no site e também no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/07/64c42fe1dfb65/nando-reis-musico-titas-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Gabriel Rinaldi; LEGEND=Nando Reis; ALT_TEXT=Nando Reis]
Jornalista analisa avanços em equidade de gênero dias antes de Copa Feminina, fala de morte de torcedora e dificuldades da profissão Com vinte anos de carreira, a jornalista Carol Barcellos já participou de grandes coberturas esportivas e superou seus limites físicos com reportagens em ambientes extremos, como quando participou da maratona do Polo Norte. Em um papo com o Trip FM, ela falou de suas aventuras, as expectativas para a Copa do Mundo feminina, que começa no próximo dia 20 de julho, e também sobre a violência no futebol. “É triste, como sociedade, ver isso. É preciso educação, mas para algumas pessoas não há mais tempo. Então de que forma será feita a punição? Porque os casos têm sido recorrentes — foram vários só nos últimos meses”, afirmou, referindo-se à morte de uma torcedora do Palmeiras, atingida por uma garrafa de vidro no início desse mês. Mãe de Júlia, de 11 anos, a jornalista refletiu sobre a dificuldade de conciliar a maternidade, a vida pessoal e os desafios profissionais. "Estar no Japão cobrindo a Olimpíada por 43 dias significa não estar próxima da minha filha. Já vivi vários momentos de muita felicidade, mas já chorei muito, mas muito mesmo", disse. O programa está disponível no Spotify e no play nesta página. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/07/64b19bb6eac15/carol-barcellos-jornalista-globo-esporte-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Carol Barcellos, Galvão Bueno e Ana Thaís Matos; ALT_TEXT=Carol Barcellos, Galvão Bueno e Ana Thaís Matos] Trip. A pressão sobre as mulheres para dar conta de tudo é enorme – e a gente sabe que é impossível atender a essa cobrança. Quais são os seus momentos de maior frustração? Carol Barcellos. Já tive muitos momentos de frustração como mãe. Toda grande cobertura que vou é sempre difícil lidar com meus sentimentos. Estar no Japão cobrindo a Olimpíada por 43 dias significa não estar uma mãe próxima da Júlia. São tristezas, as escolhas tem um preço. Já vivi vários momentos de muita felicidade — porque nós trabalhamos para isso, para os grandes ciclos de Copa e Olimpíada —, mas, ao mesmo tempo, já chorei muito em coberturas, mas muito mesmo. Ao que tudo indica nós vamos viver uma Copa do Mundo de futebol feminino com uma repercussão gigante. Mas há ainda muito o que se fazer para um tratamento mais igualitário do esporte? A Copa de 2019, em termos de repercussão, já foi algo inédito para as mulheres. E de lá para cá mudou mais ainda: a gente já assiste ao Campeonato Brasileiro feminino pela televisão, por exemplo. É um salto, mas falta muito para chegar mais perto do que se entende como igualitário. O futebol e a Copa escancaram muita coisa. O futebol é um reflexo da nossa sociedade. A Copa do Mundo é muito interessante porque é também um pretexto para trazer debates sociais e, naturalmente, de uma forma mais leve. Historicamente as mudanças não são tão rápidas assim, até porque antes elas precisam acontecer dentro da gente, elas vêm com uma mudança de mentalidade. É um processo de educação e lento. Já que o futebol é um reflexo da sociedade, como você vê a morte dessa torcedora do Palmeiras? Esses atos de violência contínuos nos estádios são muitos sérios, assustadores e tristes. Ali deveria ser um momento de respiro diante de tudo que se enfrenta. Dá uma dor, nós estamos falando de uma menina de 23 anos. É triste, como sociedade, ver isso. É preciso educação, mas para algumas pessoas não há mais tempo. Então de que forma será feita a punição? Porque os casos têm sido recorrentes – foram vários nos últimos meses. Como você chega até essa pessoa que acha que faz sentido cair na porrada e nem assistir ao jogo? É uma semana para repensar muita coisa.
Nascida em Diadema, na periferia de SP, a atriz que trabalhou como babá aos 10 anos, se tornou um dos grandes nomes das séries brasileiras “Em relação à minha saída de vida, hoje estou milionária. E construí com o dinheiro do meu trabalho como artista no Brasil, como mulher negra. Tenho uma segurança hoje em dia, um chão, um teto. Que é o sonho de todo mundo, ter uma casa. Esse cenário era muito impensável”, diz Ana Flavia Cavalcanti. A atriz nascida em Diadema, na Grande São Paulo, construiu sua carreira no teatro, ganhando destaque com a peça “A babá quer passear”, onde reflete sobre questões estruturais e de raça no Brasil. “Acho que muitos dos nossos problemas estruturais, e do racismo, estão relacionados ao trabalho doméstico. Tudo bem você contratar uma babá, ter uma faxineira, mas como essa pessoa está vivendo? Quais são as condições de trabalho que você vai oferecer? E os filhos dessa pessoa? Também fazem natação? Deu para ela financiar um carro? Acho que todo mundo merece e quer uma vida melhor para si e sua família”, diz ela. Nos últimos anos, passou a estrelar grandes produções na TV, como a novela “Amor de Mãe”, e fez parte do elenco de séries aclamadíssimas como “Sob Pressão”, “Onde Está Meu Coração”. Hoje, ela dá vida à personagem Sandra, uma vizinha que se dá bem com todos os moradores, na série "Os Outros", sucesso de audiência no Globoplay. A atriz é responsável também por uma série de intervenções artísticas que refletem sobre a sua infância pobre nas periferias das cidades de Diadema e Atibaia. No papo com o Trip FM, Ana conta um pouquinho de tudo isso, fala de sua mãe, uma empregada doméstica aposentada, de beleza, dinheiro, sexualidade, televisão e muito mais. A conversa fica disponível no play aqui em cima e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/07/64a8918e28661/ana-flavia-cavalcanti-atriz-os-outros-globoplay-mh.jpg; CREDITS=Jorge Bispo; LEGEND= Ana Flávia Cavalcanti, uma das atrizes brasileiras que mais tem elevado o nível do audiovisual no país; ALT_TEXT= Ana Flávia Cavalcanti] Trip. Você dá vida à personagem Sandra na série "Os Outros", que está fazendo muito sucesso no Globoplay. Como foi sua experiência nesta obra? Ana Flavia Cavalcanti. Em "Os Outros", você pensa: não dá para ficar pior. Só que dá. Essa série é um retrato disso e da incomunicabilidade que tomou o Brasil nos últimos anos. E eu não quero falar aqui de um ou outro governo. Estou falando de quanto, como sociedade, a gente se distanciou, se perdeu. Brigou com a família, rompeu com o pai, com a mãe…. Imagina com o vizinho. Uma incapacidade geral de diálogo. Acho que a gente tem um trabalho longo pela frente. E se você parar para analisar, os motivos das brigas são muito pequenos, mas eles estão enraizados. Na série, tudo começa com a briga das crianças, dos filhos. E a gente sabe que é muito difícil ser adolescente nas escolas. E o bullying está diretamente relacionado com as personalidades que estão fora da curva, que estão fazendo o caminho inverso do pelotão. Então se você tem um cabelo liso meio pro lado é considerado um menine e tratado de um jeito diferente. Se você é gorda, se você é gay, se você é preto, 'ah, não senta aqui com a gente'. Os jovens estão assistindo muito essa série e isso tem a ver com esse sucesso estrondoso. Nos espetáculos "Serviçal" e "A babá quer passear", que falam sobre raça e questões estruturais, você joga luz e busca trazer a conversa sobre a condição das trabalhadoras domésticas no Brasil. Como você enxerga essa situação no país? "Serviçal" é um trabalho que eu trago para trazer a luz e a conversa sobre a condição das trabalhadoras domésticas no Brasil. As pessoas me perguntam não pode ter mais empregada doméstica? Não pode ter mais babá? Acho que muitos dos nossos problemas estruturais, e do racismo, estão relacionados ao trabalho doméstico. Tudo bem você contratar uma babá, ter uma faxineira, mas como essa pessoa está vivendo? Quais são as condições de trabalho que você vai oferecer? E os filhos dessa pessoa? Também fazem natação? Deu para ela financiar um carro? Acho que todo mundo merece e quer uma vida melhor para si e sua família. Você fala do orgulho e da satisfação de ter construído uma casa, de estar fazendo coisas que antes não tinha condições. Nesse momento, você é protagonista de um movimento de mudança nas artes cênicas. Ao mesmo tempo em que agora existem produções para o streaming, independentes, a estabilidade que os atores tinham na Globo acabou. Como é ser atriz diante desse descolamento de placas tectônicas do tablado das artes cênicas? Essa pergunta é muito interessante porque ela é bem controversa. Em relação à minha saída de vida, eu estou milionária. Eu tô vivendo no sul da Bahia, apenas. E construí o meu palácio com o dinheiro do meu trabalho como artista no Brasil, mulher negra. Então quando eu junto tudo isso, sim, tenho uma segurança hoje em dia, um chão, um teto. Que é o sonho de todo mundo, ter uma casa. Aqui eu tô segura. Em relação ao mundo, ao mundo do trabalho, das artes, não dá para ter segurança no Brasil. Os últimos seis anos foram muito perigosos, tenebrosos.
Ícone da Jovem Guarda, a cantora retorna aos palcos com seu novo trabalho “Wanderléa canta choros” — e quer mostrar que é ela quem segura a Wanderléa está de volta. Voltou porque não pode ficar parada que se enche de angústia. Voltou porque não tem nada de “ternurinha” — um apelido que, segundo ela, foi criado para colocá-la no diminutivo. E voltou também porque precisava cantar o estilo que Erasmo Carlos dizia ser sua especialidade. Aos 79 anos, a cantora da Jovem Guarda acaba de lançar “Wanderléa canta choros”, um disco com clássicos do chorinho. Depois de estourar ainda muito jovem, hoje ela entende que nem tudo na vida é alegria, mas há muita beleza para enxergar — e desfrutar. "Eu tive momentos duros: perdi um filho, uma irmã por bala perdida, o acidente do meu noivo Zé Renato — que sofreu um acidente na piscina e ficou tetraplégico —, a morte do meu pai... Encontrei uma forma de transpor a dificuldade, de continuar a vida", diz. "Eu sou privilegiada, tenho até hoje muitas alegrias e amor para distribuir, e me sinto muito amada por tantas pessoas". No papo com o Trip FM, a cantora falou sobre sua vida, passando a limpo todos os seus sofrimentos — que não foram poucos — e discutindo assuntos como feminismo, fama e dinheiro. A conversa completa você escuta no play nesta página ou no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/06/649eebb960a61/wanderlea-artista-cantora-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Wanderléa; ALT_TEXT=Wanderléa] Trip. Você passou por muitos sofrimentos na vida, inclusive pelo maior de todos eles, que é a perda de um filho. Acredita que a dor pode servir como crescimento? Wanderléa. Foi muito difícil me recompor após a partida do meu filho. Eu tive momentos duros na minha vida: perdi uma irmã por bala perdida, o acidente do meu noivo Zé Renato — que sofreu um acidente na piscina e ficou tetraplégico —, a morte do meu pai... Tudo isso me deixou com uma percepção de que a vida não é só alegria. Sei que vivi com meu filho intensamente e me acostumei a chorar muito, encontrei uma forma de transpor a dificuldade, de continuar a vida. Está tudo vivo ao nosso redor, mas a gente existe adormecido com a beleza da vida. Eu sou privilegiada, tenho até hoje muitas alegrias e amor para distribuir, e me sinto muito amada por tantas pessoas. Minha vida é uma balança equilibrada de coisas felizes e difíceis. Não podemos esquecer do que é simples: de tomar um banho, acordar e fazer um bom café da manhã... Você nunca pareceu estar muito deslumbrada com a fama. Quando eu era menina eu dava autógrafos com um certo prazer, mas isso foi diluindo. A fama não me picou. Eu valorizo cada coisa, lido com as pessoas mais influentes com o mesmo respeito que lido com qualquer um. Valorizo as pessoas pelo que elas são. Eu percebo no olhar os artistas que foram picados pela fama. Se eu tivesse a cabeça que tenho hoje, teria aproveitado a minha fama para fazer coisas maiores, mas não estava preparada para isso. Desde o começo você esteve à frente na libertação do feminino. Depois de todos esses anos, acha que o tratamento da mulher na sociedade mudou ou ainda continua muito parecido? Desde muito tempo as mulheres conduzem, apenas a força externa que costumava passar uma imagem de segunda classe. Na época de Jovem Guarda o Roberto, por exemplo, achava meus decotes exagerados. O apelido de "ternurinha" era para colocar no diminutivo porque eu era muito solta nas minhas atitudes, na maneira de atuar nos filmes. O Roberto e o Erasmo tiveram uma criação machista. E em casa eu me sentia acuada por meu pai soltar mais os meninos. Na hora de segurar a barra, é a mulher que segura. Pelo fato de ter ficado ausente na sociedade tanto tempo, evoluíram mais rapidamente que os homens. Socialmente eles são mais ousadas, mais fortes.
Parceira do fotógrafo há quase 60 anos, ela fala sobre a falta de reconhecimento de seu trabalho ao lado do marido, família e dinheiro Se o olhar sensível de Sebastião Salgado tocou e transformou tantas pessoas ao redor do mundo, esse êxito tem mais um nome: Lélia. Parceira de vida e obra do fotógrafo há quase seis décadas, foi ela quem comprou a primeira câmera fotográfica do casal e, desde então, desempenha um papel fundamental no trabalho que construíram juntos, organizando expedições, mostras, editando livros e ampliando o alcance dos registros de Sebastião. Lélia Wanick Salgado não aceita ser classificada como a mulher "por trás" de um grande homem e, aos 76 anos, faz questão de reivindicar seu crédito quando alguém elogia apenas seu marido pelo livro que ela construiu. "A mulher ser colocada em segundo plano me irrita profundamente e cada dia mais", diz. Caçula de nove irmãs e mãe de Juliano e Rodrigo, ela também é fundadora do Instituto Terra, que recriou uma floresta em Aimorés (MG) com o plantio de milhões de mudas. No papo com o Trip FM, Lélia fala sobre maternidade, a morte precoce dos pais, a fuga para Paris na época da ditadura e muito mais. “Eu ainda choro, depois de cinquenta anos, a morte de meus pais. Foi um golpe duro. Na minha cabeça, eu tinha que me virar, pois perdi minha família, meu sol, meu país, minha farofa, meu feijão. Foi duro, mas foi uma vitamina para a minha capacidade de adaptar”, conta. Você pode ouvir a entrevista completa no play nesta página ou no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/06/6495e56f0bd02/lelia-salgado-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Arquivo pessoal; LEGEND=Lélia Salgado; ALT_TEXT=Lélia Salgado] Trip. Você se irrita com o papel secundário que a mulher pode tomar em uma dupla como a sua e o Sebastião Salgado? Lélia Wanick Salgado. A mulher ser colocada em segundo plano me irrita profundamente e cada dia mais. É de uma injustiça profunda. É irritante uma pessoa abrir um livro ao lado de um artista e elogiar somente o artista. Hoje em dia, com 76 anos, eu sinto que tenho direito de falar: “Quem fez fui eu, não ele”. Você acha que o Sebastião dava peso correto ao seu trabalho? O Sebastião não dava peso ao meu trabalho. Não era comum, naquela época, alguém valorizar o esforço da mulher. Mas à medida que a gente foi vivendo ele entendeu que o trabalho era conjunto – e feito por nós para a nossa família. Logo a gente entendeu que juntos éramos uma força. Você perdeu os pais muito cedo e em um intervalo curto de tempo. Como fez para superar isso? Até hoje eu não consegui superar a morte dos meus pais. Eu ainda choro, depois de cinquenta anos. Não é fácil ter tido eles por apenas vinte anos: foi um golpe duro. Na minha cabeça, eu tinha que me virar. Eu perdi minha família, meu sol, meu país, meu feijão. Foi duro, mas foi também uma vitamina para a minha capacidade de adaptação. Quais lições você aprendeu mais tarde, quando teve o Rodrigo, que nasceu com síndrome de Down? Meu filho me ensina muito, justamente pela diferença. Viver com uma pessoa que não é igual a todo mundo muda a nossa maneira de ver o mundo e as pessoas. Também ensina a ter paciência com as diferenças dos outros.
Criador da drag Ikaro Kadoshi, Tiago Liberato fala sobre o preconceito que sofreu desde a infância, masculinidade, amor e dor Quem escuta o paulista Tiago Liberato falar com toda a doçura que traz na voz e nas palavras não pode imaginar tudo o que ele passou desde que assumiu a homossexualidade aos 13 anos – com resquícios de crueldade medieval, como define sua infância. Hoje, por meio da drag queen Ikaro Kadoshi, que criou no fim dos anos 1990, o artista apresenta no Prime Video o programa “Caravana das Drags”, ao lado de Xuxa Meneghel, e quer ser a inspiração que lhe faltou. “Estou rompendo um ciclo, devolvendo ao mundo o que ele não me deu. Gostaria de ter passado pelo que eu passei? Não. Mas já que passei, vou fazer o melhor disso”, diz. Tiago também foi a primeira drag queen a assinar um contrato com a Nike para ser embaixador da causa LGBTQIANP+ nos esportes. No papo com o Trip FM, ele também falou sobre dinheiro, masculinidade e preconceito. “O Brasil é um país de ironia. Somos os que mais matam LGBTQIAPN+ no mundo, o país que mais consome pornografia de travestis e transexuais e também o que tem as drag queens mais famosas. Repressão é isso: ame e odeie ao mesmo tempo, na mesma intensidade”, afirma. Você pode ouvir essa conversa no play aqui em cima e também no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/06/648c9dd1b4c22/ikaro-kadoshi-drag-queen-jornlista-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Blad Meneghel / Divulgação; LEGEND=íkaro Kadoshi, Drag Queen, apresentador de TV e jornalista; ALT_TEXT=íkaro Kadoshi, Drag Queen, apresentador de TV e jornalista] Trip. Você sofreu muito com a família do seu pai. Quanta importância teve a aceitação da sua mãe? Tiago Liberato. Quando a minha mãe disse que eu não precisava mudar em nada o que sou, ganhei uma força para enfrentar o mundo. Ser LGBTQIAPN+ no Brasil é enfrentar a sociedade todos os dias, de uma maneira que as pessoas desconhecem. O amor de mãe me deu esse porto-seguro. Se vocês soubessem a importância de amar as pessoas como elas são... A gente só consegue chegar à nossa plenitude quando recebe esse tipo de amor. Hoje eu faço um esforço gigantesco para me amar, para não ser o meu pior inimigo. E faço um esforço tremendo para não devolver ao mundo o que ele me dá, que é raiva, ódio e humilhação. A dor é a melhor professora que a gente tem. Estou rompendo um ciclo, estou devolvendo ao mundo o que ele não me deu. Gostaria de ter passado pelo que eu passei? Não. Mas já que passei, vou fazer o melhor disso. Por que você conta que ser drag é se assumir duas vezes? Porque muda toda a estrutura à sua volta. Eu perdi todos os meus amigos e tive que começar do zero. O que me dá orgulho é que a nova geração vive em um mundo diferente. Hoje as drags são casadas, têm namorado, são orgulhosas de si e seguram as rédeas de suas vidas. Antes era uma morte social. Eu ouvi muito: "Se for pra namorar você eu namoro uma mulher". Até hoje ainda não consegui andar de mão dada com alguém na rua – me gera um gatilho de que vou ser morto. Quando me tiram o direito de exercer o afeto, me transformam em um bicho. E as consequências disso são culpa de quem? Falam: "Eles são agressivos, são reativos". Experimenta tirar todo o afeto que você pode ter, tirar os espaços...
Ator emenda dois protagonismos e se torna principal nome em novo momento da Globo Há apenas cinco anos, a novela "Segundo Sol" — ambientada na Bahia, o estado brasileiro com a maior porcentagem de negros na população — figurava um elenco quase todo branco. Hoje, em um sinal de mudança em uma sociedade ainda muito desigual, os três principais títulos da Rede Globo têm protagonismo de atores negros. É para falar sobre esse novo momento da televisão que o Trip FM recebeu o ator Paulo Lessa, que acaba de emendar dois papéis importantes na emissora. “Quando você traz um personagem negro, protagonistas e bem-sucedido, você ajuda a quebrar um estereótipo e mostra que é possível estar em outra posição. A televisão constrói o imaginário popular. Fico feliz de estar construindo novas possibilidades”, disse ele. Filho da trancista Idalice Moreira Bastos, a Dai, uma figura muito importante da cultura do Rio de Janeiro, Paulo se dedicou muito tempo ao futebol antes de mergulhar na carreira artística. “Onde a gente se via antes? O cara só sonhava em ser jogador de futebol e ter uma banda de pagode, era o auge da vida de um jovem negro. Hoje eu recebo mensagens de jovens de diversos mercados falando que o meu trabalho foi uma injeção de ânimo. Estar na tela hoje como protagonista é revolucionário. Ajuda a mexer a roda". Casado com a cabo-verdiana Cindy Cruz e pai da Jade, de dois anos, ele também falou sobre família, grana, Vini Jr. e muito mais. A conversa está disponível aqui nesta página e também no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/06/647a4023d199a/paulo-lessa-ator-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Jorge Bispo ; LEGEND=Paulo Lessa; ALT_TEXT=Paulo Lessa] Trip. Quais dificuldades você sofreu quando decidiu ser ator? Paulo Lessa. Quando eu comecei a estudar artes cênicas, houve um enfrentamento familiar. Meus pais olhavam na televisão e não viam ninguém negro: em uma novela com sessenta atores tinham dois. Para eles, eu ia entrar numa fria, mas sempre acreditei que era possível. Apesar de viver da arte de ser trancista, minha mãe desejava muito uma profissão mais segura para mim. Eu mesmo nunca achei que fosse me tornar protagonista de novela. Quando entrei na oficina de atores da Globo, éramos em vinte alunos e eu o único negro. Eu sonhava em me manter como ator, estar nos elencos, mas não tinha nenhuma perspectiva de ser protagonista. Até porque entre Milton Gonçalves e Tony Tornado você só vê o Lázaro Ramos, que é muito mais novo, cinquenta anos de diferença. Qual a importância de representar um personagem negro e rico? Quando você traz um personagem negro, protagonista e bem-sucedido, você ajuda a quebrar um estereótipo e mostra que é possível estar em outra posição. A televisão constrói o imaginário popular. Eu fico feliz de ser uma peça que está construindo novas possibilidades. Isso dá para as pessoas a chance de sonhar, de serem protagonistas de suas vidas. Onde essas pessoas se viam antes? O cara só sonhava em ser jogador de futebol e ter uma banda de pagode, era o auge da vida de um jovem negro. Hoje eu recebo mensagens de jovens de diversos mercados falando que o meu trabalho foi uma injeção de ânimo. Estar na tela hoje como protagonista é revolucionário. E quanto ao dinheiro? Dá pra dizer que você ganha tanto quanto um ator branco da mesma idade? Ainda existe uma discrepância grande de salários e cachês. Eu estou tendo um reconhecimento artístico muito interessante, fruto de muito trabalho, de uma evolução artística, mas a parte financeira a gente ainda precisa chegar, ainda não encaixou. Se tivermos acesso aos números, as pessoas podem ficar até espantadas. Eu tenho lutado para melhorar isso.
Quem é e como pensa João “Chumbinho", o surfista de Saquarema que superou Medina e Ítalo para alcançar o primeiro lugar do ranking Um dia antes de cair no Surf Ranch, a famosa ‘piscina' de Kelly Slater onde corre a onda mais perfeita já criada artificialmente pela mão humana, o atual líder do ranking mundial João “Chumbinho” Chianca deu uma pausa na preparação para a sexta etapa da WSL para bater um papo com o Trip FM. O surfista brasileiro que superou Gabriel Medina e Ítalo Silva para alcançar o primeiro lugar do ranking falou sobre a difícil preparação física e mental, a cidade de Saquarema – onde ele nasceu e lapidou a sua técnica – e o irmão Lucas Chumbo, ex-BBB e surfista de ondas gigantes. A conversa fica disponível no play aqui em cima e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/05/64711d9832523/joao-chumbo-surf-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Thiago Diz/WSL; LEGEND=João “Chumbinho” Chianca; ALT_TEXT=João “Chumbinho” Chianca] Trip. Como tem sido a sua preparação física esse ano? João "Chumbinho" Chianca. O trabalho físico não é fácil: meu tempo é 100% comprometido com o surf. É dolorido, sim, mas é dessa forma que eu me sinto confiante, que reconheço meu mérito. É treino de força e levantamento de peso todos os dias, sempre em movimento para fortalecer os músculos, prevenir lesões e estar com as articulações boas. E muda a cada etapa do circuito. No Taiti, por exemplo, eu preciso de força para a remada. Já na piscina do Surf Ranch eu preciso estar leve e flexível. E sempre comendo muito: é um esporte que gasta calorias e eu nunca consigo suprir tudo o que gasto sem suplementação. Ter crescido surfando em Saquarema ajudou a surfar as ondas mais pesadas do circuito? Quando eu decidi ser um surfista profissional eu me lembro que a vontade era de estar sempre treinando, independente das condições. Saquarema tem condições desafiadoras que me deram a oportunidade de lapidar o meu surf. Quando o mar crescia eu continuava. Não era uma paixão e nem uma vocação, mas eu queria estar na água e isso veio muito ao meu favor, de saber que eu já me botei à prova em qualquer situação. A gente vai construindo a nossa bagagem de experiências – e Saquarema é a minha. No ano passado, você chegou a ser cortado do circuito. Como se sentiu? Senti que precisava estar presente, focado. As derrotas são as lições mais marcantes. Foi uma experiência difícil porque em um certo momento eu senti que voltava à estaca zero. Isso só mudou quando consegui colocar minha cabeça no momento.
Brasileiro que se especializou na cobertura de áreas de conflito fala sobre guerras da Ucrânia, Síria e embates na Amazônia Em preparação para uma segunda viagem à Ucrânia, o fotógrafo e documentarista de guerra Gabriel Chaim conversou com o Trip FM sobre seus dez anos de experiência cobrindo alguns dos mais violentos conflitos que assolaram a humanidade. Gabriel esteve na Palestina, fez várias coberturas na Síria e, mais recentemente, acompanhou a Polícia Federal em operações contra o garimpo na Amazônia. Conhecido por estar onde a notícia se forma, muitas vezes em meio ao fogo cruzado, ele garante que teme muito a morte, mas aprendeu a lidar com ela enquanto está em campo – e para cada dose de tragédia há também muita esperança. “Na guerra, morte e vida convivem muito próximas”. Em um papo reflexivo, Gabriel falou também de como se sente ao voltar à sua realidade no Brasil, dos povos yanomamis, da desvalorização da fotografia, entre outras coisas. A conversa fica disponível no play aqui em cima e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/05/6467a6607cef1/gabriel-chaim-fotografo-guerra-ucrania-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Gabriel Chaim (@gabrielchaim); LEGEND=; ALT_TEXT=] Trip. Você acha que há fim para os conflitos no Oriente Médio? Gabriel Chaim. Historicamente, os conflitos no Oriente Médio nunca acabaram. Muda-se a tecnologia de guerra, a catástrofe se torna maior, mais pessoas vão se deslocando de suas casas, mas o conflito não cessa. São muitas as coisas que estão por debaixo dessas ideologias que dizem buscar o bem. O motivo geralmente é muito mais econômico do que qualquer outro. Na Síria, por exemplo, é uma complexidade tão grande que nem os sírios entendem o que está acontecendo. Esse conflito da Ucrânia foi importante não só para demonstrar o quão destrutiva pode ser uma guerra, mas também para mostrar o quão seletivo o ser humano é em relação à dor do próximo. Imagina se existisse toda essa comoção no início da guerra da Síria? Quantas vidas não poderiam ser salvas? Para que serve a fotografia de guerra? A fotografia de guerra é uma denúncia singular de uma parte do mundo que não vai bem. De algo da sociedade que está indo para o caminho oposto ao que se deveria. É um testemunho, é uma denúncia, é tudo isso junto. É um capítulo de um livro que vai ficar para sempre na história, o registro de uma época para uma nova geração se lembrar que aquele é um caminho para não se seguir. É importante para fazer com que as pessoas se sintam desconfortáveis. A partir de suas experiências cobrindo guerras, como você passou a enxergar a nossa relação com o dinheiro? Eu saio de uma realidade completamente oposta ao que eu estou inserido quando volto ao Brasil, de forma muito impactante. Eu percebo pelo Instagram, por esse culto pelo milhão, por ficar muito rico, como se esse fosse o sinônimo do sucesso. Como as pessoas estão cultuando algo que deveria ser apenas uma utopia e deixando de acreditar em outros valores, em relação ao mundo como ele deveria ser. Na maior parte do ano eu estou filmando pessoas que passam necessidades econômicas por conta da ganância humana. Eu não trocaria o que aprendi nos últimos dez anos por nenhum dinheiro do mundo. Eu conquistei um valor imaterial que não tem preço. É um conhecimento maravilhoso? Não, é um caminho complicado com coisas que não são belas, mas agradeço todos os dias por ter tido essas experiências.
Luiz Rocha enfrenta mergulhos de 150m de profundidade com até seis horas de duração para revelar animais desconhecidos Há mais de vinte anos, o biólogo Luiz Rocha, natural da Paraíba, deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos em busca de melhores condições de pesquisa. Lá ele alcançou o auge da carreira ao ser nomeado Herói da Ciência pela Academia de Ciências da Califórnia, uma instituição de São Francisco dona um acervo de 26 milhões de espécies, incluindo descobertas feitas pelo próprio Rocha. Mas a paixão de Rocha vai muito além da vida na universidade: ele se aventura em expedições subaquáticas, explorando as profundezas dos mares, mergulhando entre arriscados 120 e 150 metros abaixo do nível do mar. Em uma entrevista descontraída com o Trip FM, Rocha compartilhou histórias sobre seu início de carreira, suas experiências mais marcantes de mergulho no Brasil e discutiu a ameaça representada pelo peixe-leão em nossas costas. Além disso, ele expressou otimismo em relação à possibilidade de recuperação dos recifes de coral. A conversa fica disponível aqui no site da Trip e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/05/645eb1eb4256e/1116x586x960x540x90x9/tripfm-luiz-rocha-so.jpg; CREDITS=; LEGEND=; ALT_TEXT=] Trip. De onde você veio, como era a sua família? Luiz Rocha. De uma família pobre, mas o mar é de graça. Nossa diversão era ir para a praia e, desde pequeno, eu ficava vendo os bichinhos nas poças de maré. Isso virou snorkel e depois o mergulho. Você é um biólogo, mas muito conhecedor de uma outra ciência, a do mergulho. Como você usa essa ferramenta? Meu mergulho é o técnico, a até 150 metros de profundidade. A gente usa um equipamento que recicla o ar. Nessa profundidade, o nitrogênio e o oxigênio, respirados sob pressão, eles te deixam bêbado e até podem te apagar. Então a gente mistura eles com o hélio. É uma coisa bem mais complicada, quase como pilotar um avião pequeno. A temperatura é muito fria, às vezes 12 graus. A gente desce o mais rápido possível, mas só trabalha lá por dez minutos. O que demora muito é subir, com paradas de descompressão. São cinco horas até a superfície, mas em profundidades diferentes. E você acredita que a Terra já passou do ponto de não retorno? É fácil de pensar que a natureza não tem recuperação, mas mergulhei em lugares antes destruídos por testes com bombas atômicas e encontrei o recife de coral mais saudável que já vi. Tudo que foi preciso fazer foi deixar o ser-humano longe por 50 anos. Às vezes a solução vai ser essa, ou deixar de pescar alguma espécie, ou pescar apenas peixes maiores. Ainda estamos destruindo o planeta, mas a ciência sabe o que fazer, o que falta é vontade.
Nadador mais vitorioso da história do país fala do medo de aposentar, de grana, de preparação física e muito mais O único nadador brasileiro a conquistar uma medalha de ouro em Olimpíadas, Cesar Cielo acaba de entrar para o Hall da Fama da modalidade. Apesar de estar fora das competições há quatro anos, ele garante que, se uma voz divina chamar, ele volta. A verdade é que o Cesão, como é conhecido pelos amigos, ainda não encontrou as palavras para dizer adeus. Apesar de afirmar que odiou 99% de seu tempo dentro das piscinas (passou frio, dor e cansaço), a glória encapsulada dentro deste 1% restante é tão grande que o atleta ainda não encontrou a vontade de tirar seu nome das federações internacionais. Em um papo com o Trip FM, ele fala do desalento de se aposentar, mas também da vida nova que encontrou longe das competições, passando tempo com a família e passeando com o cachorro em Itajaí, Santa Catarina. Isso além de comentar sobre preparo físico, grana e muito mais. “Hoje a minha profissão não é mais ser atleta de alto rendimento, mas vou ser atleta a minha vida inteira. Nadar para mim é como escovar o dente”, diz. Confira um trecho abaixo, dê o play no programa completo ou procure a gente no Spotify para mais episódios. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/05/6455282459ac3/cesar-cielo-nadador-tripfm-mh.jpg; CREDITS=undefined; LEGEND=undefined; ALT_TEXT=undefined] Trip. O que você sentiu antes de se aposentar? Cesar Cielo. Aposentar é infinitamente o pior momento da minha vida, tanto que oficialmente o meu nome ainda está no cadastro das federações internacionais. Eu tive a oportunidade de ganhar todos os grandes torneios de natação. A sensação de parar de fazer algo em que você foi o melhor do mundo, colocar em um caixão, é um vazio muito grande. É difícil porque você continua com a mentalidade do campeão. Eu vejo os campeonatos e quero nadar, mas não quero pagar o preço de acordar cedo e cair na água fria todo dia, com dor. Tem hora que você começa a atrapalhar a pessoa que você pode se tornar porque está preso à pessoa que você já foi. Você chegou a pegar desgosto pela natação? Hoje a minha profissão não é mais ser atleta de alto rendimento, mas vou ser atleta a minha vida inteira. Nadar para mim é como escovar o dente. A natação tem um estilo de vida por trás dela. Tem dias que eu vou para a piscina com aquele sol, aquela energia, eu não vou deixar de ter isso na minha vida de jeito nenhum. O seu corpo hoje sofre pelo esforço ao qual você o submeteu? Eu fui mais do que devia pela maior parte do tempo. Uma parte da minha carreira a quantidade foi um fator importante no meu treino e eu bati bastante no meu corpo. Eu sinto que, agora que eu baixei a bola, eu sou um cara um pouco mais velhinho do que deveria ser. O esporte de alto rendimento não é saúde, é profissão. A gente compra esse sonho sabendo dos riscos. Mas eu tenho um corpo que eu consigo fazer tudo que quero, ainda. E a questão de grana, como foi? Ajuda de custo é preciso ser feita para a base, para viabilizar o treinamento de mais pessoas. Você não pode falar em ajuda de custo para o atleta profissional. O setor privado, por exemplo, não investe no esporte. Eles preferem pegar qualquer outra celebridade. A gente fica nesse limbo e é muito difícil. São um ou dois que conseguem fazer uma carreira por geração. Muito disso também vai do apelo do esporte e eu acho que o problema da natação é o formato que a gente tá vendendo ela. A televisão não quer mostrar seis dias de Troféu Brasil. A gente precisa fazer algo com maior apelo. Por muito tempo eu achei que o patrocínio viria com a medalha, mas só depois eu fui descobrir também que é a postura que você tem em cima da exposição. Eu falo para a molecada que eu não ganhei dinheiro com a piscina, ganhei dinheiro com a minha imagem. O resultado é só uma catapulta.
Conhecida por desfilar para as maiores grifes do planeta, a modelo fala sobre os bastidores das passarelas e a busca pela perfeição No papo exclusivo com o Trip FM, a supermodelo Isabeli Fontana, conhecida por desfilar para as maiores grifes do planeta, mostrou a realidade dos bastidores da moda e como é difícil manter a imagem perfeita que a indústria exige. Além disso, ela abriu o jogo e compartilhou as pressões que enfrentou ao começar tão jovem na profissão: "Aos 12 anos eu já andava de sapato alto para tudo o que é lado, de metrô, de ônibus e não era aprovada nunca. Era muito ruim, você se sente horrível, ainda mais na adolescência. É a pior forma de lidar com o negativo, de pensar que você não serve para nada". Isabeli também revelou como quase perdeu todo o seu dinheiro e falou sobre sua gravidez precoce, além de compartilhar detalhes sobre seu relacionamento com o marido Di Ferrero. Confira o papo completo no player aqui em cima ou no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/04/644c0abc47c05/isabeli-fontana-modelo-topmodel-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Isabeli Fontana; ALT_TEXT=Isabeli Fontana] Trip. A gente sempre lembra quando você fez uma capa com a Trip em 2007 e pediu para deixar a marca da sua cirurgia de apendicite. Naquela época você já antecipava essa luta pelo corpo real? Isabeli Fontana. Desde pequena eu sempre quis ser aceita. Como eu vivi a adolescência trabalhando, sempre precisei estar dentro do padrão, da medida, e aí se eu falasse algo de errado para alguém que fazia o trabalho acontecer. Eram muitas coisas para carregar: traumas e cobranças. No meio disso, sempre quis servir o cliente, deixar com que eles ficassem satisfeitos com o ser que eu estava construindo. Viver uma vida inteira querendo suprir o que o outro acha que é perfeito é impossível. Algo em mim já estava gritando lá dentro: deixa a minha cicatriz aparecer, a celulite aparecer. Nem mesmo fazendo Paris Fashion Week eu conseguia aceitar a pessoa que eu era, porque era uma personagem, um ser que eu criei. Se eu fosse rica desde criança você acha que eu passaria por tudo isso? Passei porque a gente precisa de grana. Como você lidou com as dificuldades da carreira de modelo tendo começado tão cedo? Aos 12 anos eu já andava de sapato alto para tudo o que é lado, de metrô, de ônibus e não era aprovada nunca. Era muito ruim, você se sente horrível, ainda mais na adolescência. É a pior forma de lidar com o negativo, de pensar que você não serve para nada. É preciso arrumar uma força interior muito grande. É um mercado muito competitivo. Tudo na sua vida foi precoce, inclusive a gravidez. Eu fui a primeira modelo a engravidar no momento hypado da carreira. Eu tinha DIU, mas um dia eu fiquei doente na Itália e a ginecologista de lá tirou ele do lugar, não sabia nem o que era. Eu que já viajei o mundo sei como a saúde do Brasil é boa. Eu engravidei porque a médica tirou meu DIU do lugar. Engravidei aos 19 anos, mas me apaixonei pelo meu bebê. Foi um grande aprendizado na minha vida.
Músicos celebram discos clássicos em turnê e falam ainda de fama, morte e surf Preparados para entrar em turnê e celebrar os álbuns “As Quatro Estações” e “V”, da Legião Urbana, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá bateram um papo com o Trip FM sobre um pouquinho de tudo. Relembraram o passado e Renato Russo, falaram de fama, morte, surf entre outros assuntos. Com mais de 20 milhões de discos vendidos durante os anos 80 e 90, os músicos aproveitam um momento de maior maturidade para voltar a estrada ao lado do vocalista André Frateschi, que está com a banda desde 2015, e reviver clássicos do rock nacional, como ‘Meninos e meninas', ‘Pais e filhos', ‘Metal contra as nuvens', ‘Vento no litoral' e ‘O teatro dos vampiros'. Eles passam por por vários Estados brasileiros, com apresentações em São Paulo (05/05, em Sorocaba; 06/05, em São Paulo), DF (13/05, em Brasília), Minas Gerais (20/05, em Belo Horizonte), Rio Grande do Sul (24/06, em Porto Alegre), Rio de Janeiro (01/07, no Rio de Janeiro), Paraná (26/08, em Curitiba), Paraíba (15/09, em Joao Pessoa), Pernambuco (16/09, no Recife), Amazonas (26/10, em Manaus), Pará, (28/10, em Belém), Piauí (24/11, em Teresina) e Ceará (25/11, em Fortaleza). Confira a entrevista na íntegra no play, confira um trecho abaixo ou ouça o programa no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/04/643966adb1c43/dado-bonfa-legiao-urbana-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Leo Aversa (@leoaversa); LEGEND=Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá; ALT_TEXT=Dado e Bonfá] Trip. Como vocês lidaram com a fama na época e como acham que o Renato estaria lidando com o mundo de hoje? Dado Villa-Lobos. Quando a gente começou a gravar eu tinha 18 anos. O cavalo passou com cilhada e a gente montou em cima e foi embora. Éramos tão jovens. Mas a fama era muito diferente do que é hoje, não éramos reféns de algoritmo. Isso acaba com o lado criativo da pessoa. O nosso som no primeiro disco era algo completamente fora de FM e tínhamos orgulho disso, de ser assim e ainda tocar na rádio. Eu acho que o Renato estaria enlouquecendo com essa coisa de ChatGPT e o diabo. Tá tudo muito rápido. Mas eu acho que ele iria segurar essa onda e escrever algumas coisas a respeito. Marcelo Bonfá. O Renato hoje estaria muito bem, ele tinha uma bagagem intelectual muito grande para lidar com tudo isso que a gente vê por aí. A criatividade morava nele. Trip. Existe alguma coisa que vocês deixaram de falar para o Renato? Como sair em turnê é diferente hoje comparado com aquela época? Dado. O Renato foi embora e, é claro, que ficão sempre coisas pendentes. Coisas bobas da vida. Um grande respeito por ele, mas eu lembro muito bem que a gente gravou nosso primeiro disco e eu era ainda um aprendiz do instrumento. Um dia eu li o diário dele e ele meteu, em inglês, um: “I Hate Those Guitars” [eu odeio o som daquelas guitarras]. Mas era o que eu tinha para dar, então eu queria ter perguntado pra ele: “Mas como?”. Depois, eu sei que ele começou a curtir e a gente virou essa banda que é a Legião Urbana. Bonfá. Eu não lembro de nada que poderia ter falada e nem ouvido dele. A gente se afastou depois que o Renato faleceu e eu precisei desenvolver várias coisas neste meio tempo. Comecei a cantar e a enveredar por todas as áreas da produção. As coisas mudaram muito e estar na estrada hoje é diferente porque a gente tem todo esse conhecimento de vida. Hoje eu posso falar: ‘Cara, só não vale sofrer, pode amor, pode tudo, mas não vai sofrer'.
Uma das figuras mais marcantes da história do Big Brother, o economista fala sobre fama, cotas, Juliette e, claro, cachorrada Desde o momento em que entrou para o Big Brother, Gil do Vigor já sabia que ao fim do programa iria trocar de siglas: do BBB direto para o PhD. Criticado durante o programa quando falou que não precisava do prêmio de 1,5 milhão de reais, mas sim grana para conseguir seguir os seus estudos, Gil – mesmo tendo ficado em quarto lugar no reality – já superou em muito o valor da premiação por meio de parcerias com marcas e mesmo assim cumpriu a promessa, largou a oportunidade de ficar no Brasil colhendo os louros da fama, e partiu para a Universidade da Califórnia. “Quando eu saí do programa e vi tudo o que tinha acontecido, pensei: ‘Nós vamos ter acadêmico preto, gay e religioso para mostrar que o nosso país é assim, todo diverso'. Foi também um jeito de dizer para as pessoas que não existe preço para educação”. De volta ao país em período de férias, Gil conversou com o Trip FM sobre igualdade racial, cotas, alta dos juros, Juliette, fama, dependência química e, como não poderia ser diferente, de cachorrada. O programa fica disponível no play aqui em cima e no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/03/6427535f844d1/gil-do-vigor-bbb-economista-cachorrada-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Edclenio Bernado; LEGEND=Gil do Vigor; ALT_TEXT=Gil do Vigor] Trip. Você viu diferença entre ser negro nos EUA e no Brasil? Gil do Vigor. Nos EUA há uma luta pela igualdade racial que é muito latente. Aqui no Brasil nós estamos engatinhando. O racismo ser estrutural não é uma desculpa. Um tapa que a gente leva vai nos ferir, independente se havia ou não a intenção de me machucar. Eu falo muito sobre o sistema de cotas. Cota não é esmola, é uma forma de gerar oportunidade para um grupo que durante muito tempo foi colocado em desvantagem e não consegue competir de igual para igual. A gente precisa proporcionar cenários que gerem uma disputa minimamente igualitária. Sem isso eu não estaria fazendo um PhD em uma das melhores universidades do mundo. Muita gente vê grana e coloca a educação em segundo plano, mas com você foi o contrário. Por quê? Nunca foi uma opção não fazer o meu PhD. A ideia era ganhar o BBB em maio e viajar para estudar em agosto. Quando eu saí do programa e vi tudo o que tinha acontecido eu pensei: 'Nós vamos ter um acadêmico, um homem preto, gay e religioso para mostrar que o nosso país é assim, todo diverso'. Foi também um jeito de dizer para as pessoas que não existe preço para educação. Quando eu estou fazendo uma prova, com dor na coluna, cansado, eu começo a sorrir. Todo mundo desesperado, querendo nota alta, e eu ali apaixonado, podendo estudar. Eu fui muito criticado quando no programa falei que não precisava do R$ 1,5 milhão. Eu não tinha onde cair morto e falei isso. É porque pobre de verdade nem divida consegue, nem crédito no banco tem. Se está devendo 200 mil não é pobre. Eu precisava de 1 milhão? Não, minha dívida era de 10 mil. E eu sempre deixei claro que eu precisava era de uma condição social para conseguir estudar e adquirir o conhecimento que me levasse a ser uma pessoa importante e que contribui de fato para o meu país. Claro que beijar, fazer cachorrada é legal, mas isso não tira de mim toda a beleza de ser um acadêmico, um estudante e de ter o meu papel como economista e como uma pessoa da mídia. Na infância você conviveu com a condição de dependência química do seu pai, algo que nem todo mundo sabe. Como foi esse lado da sua vida? Durante muito tempo foi um dos grandes traumas da minha. A gente fala na economia que são as externalidades: quando as minhas decisões de consumo afetam as pessoas ao meu redor. Minha mãe teve que se desdobrar para cuidar de três filhos e também do meu pai. Além de ter que entender ele como um doente, tinha todo o estresse e a revolta de não ter o apoio do marido. Eu vi os surtos e as crises do meu pai, todos os altos e baixos. É muito triste. As escolhas que eu tomei em minha juventude, muitas vezes, foram baseadas em meu pai, de onde não chegar. Ele era muito inteligente, com ótimos empregos, mas se perdeu muito. Quando eu lembrava que também tinha todo esse talento, consegui colocar essa genética para outra direção.
Estrela do UFC comenta polêmica na pesagem, preconceito nos tatames, preparação física, origens e muito mais Assim como Kelvin Hoefler no skate e Mineirinho no surf, Charles do Bronxs é mais um talento do esporte a despontar das comunidades do Guarujá para o alto de sua categoria. Um dos melhores lutadores de MMA da atualidade, Charles foi recentemente o detentor do cinturão do UFC de peso-leve. Impedido de praticar esportes quando criança ao ser diagnosticado com reumatismo e um sopro no coração, ele se manteve obstinado e encontrou no jiu-jitsu uma escola de vida. “Para aqueles que estão dispostos a lutar e a suar, não importa se está chovendo ou nevando, as coisas acontecem. Quando você vem da comunidade todos os dias são uma batalha para não se perder. Eu sangrei, eu suei, eu tomei soco na cara para poder dar algo melhor para a minha família, um conforto, uma comida melhor. É o propósito de tudo isso aqui. Você acorda cedo para isso, para a sua filha ter algo legal. Para quem morava na comunidade, poder estar a 800 metros da praia não tem preço.” Em um papo com o Trip FM, Charles fala ainda de preparação física, de preconceito dentro dos tatames, de manutenção do peso e muito mais. A conversa fica disponível no Spotify e no play aqui em cima. Trip. Conte mais um pouco da sua origem, como foi a sua infância? Charles do Bronxs. Nunca vou negar de onde vim. Nasci na favela, mas sempre tive pessoas que me impulsionaram: pude estudar e fazer esporte. Minha mãe trabalhava como faxineira em dois empregos e meu pai como feirante. Desde cedo aprendi que precisava me dedicar para ser alguém. Conheci o lado ruim da vida porque vivi na comunidade, mas fui abençoado e as coisas aconteceram. Hoje tenho um carro da hora, moro em um lugar da hora, consigo comer coisas boas… O UFC me levou para um lugar gigante. Você já falou muito sobre as suas vitórias, mas também passou pela dor da derrota algumas vezes. Como é perder? Todo mundo quer ser campeão, mas, na realidade, tudo é tempo: você precisa acreditar para que as coisas aconteçam. Você vai vencer e perder e quando perder, é preciso dar uns passos para trás, respirar, e continuar andando para frente. O campeão não é só aquele que só vence, é aquele que se ergue depois do tropeço. Tudo é uma fase. Você fala muito que a favela venceu, mas a gente não pode esquecer que ainda tem muito caminho a ser seguido. Eu falo que a favela venceu para que outras pessoas possam acreditar e surfar nessa onda, mas, de verdade, o Brasil ainda tem muita gente que passa fome. É preciso olhar para o outro lado. No Guarujá, por exemplo, você olha para as praias maravilhosas, mas não vira para trás. E as favelas, como estão? O que a gente pode ajudar? Em 2011 o Minotauro falou aqui pra gente, da Trip, que nunca treinaria com um atleta gay porque tinha medo do contato físico com maldade sexual. Qual é a sua opinião sobre essa situação? Treinaria normal com um atleta gay: é preciso ter respeito. Quando você treina sério, tudo o que cabe é o respeito.
Produtora fala sobre começo da carreira, imagina a vida longe de Gilberto Gil e conta dos bastidores de nova série sobre o jornalista Jorge Flora Gil podia estar deitada numa rede embaixo do abacateiro, mas entrou no Expresso 2222. Aos 18 anos, pegou carona com Gilberto Gil, em Salvador, e desviou sua rota. Encantou-se com o músico-preto-baiano-ex-exilado, de 38, e tirou o sono dos pais. Aos 19, trocou Moema, bairro nobre de São Paulo, pela vida a dois num sítio em Jacarepaguá, no Rio. Ciumenta e insegura, foi uma namorada indesejada pelos amigos. Peitou três ex-mulheres e cinco filhos e hoje reúne todos na mesma mesa. Flora fez do marido o primeiro artista brasileiro a ter direito sobre 100% de suas obras. Comanda as empresas da família, produz o camarote Expresso 2222, o mais concorrido do Carnaval baiano, e acaba de lançar a série documental “O Repórter do Poder”, sobre o jornalista Jorge Bastos Moreno e seus jantares que reuniam presidentes, governadores, artistas e jornalistas e moldavam a política do país. Em um papo com o Trip FM, Flora tenta imaginar a sua vida sem o Gil, lembra da infância em Moema, quando era vendedora de calça jeans, e revela o que o marido tem de mais chato. Leia um trecho abaixo, dê o play na entrevista ou confira o papo completo no Spotify. Trip. A sua história é muito atrelada a do Gilberto Gil. Você consegue imaginar como teria sido sem ele? Flora Gil. A primeira casa que eu tive foi com o Gil, a primeira vez que eu fui assaltada foi com o Gil, fiquei grávida com o Gil... Não consigo imaginar a minha vida sem ele, mas somos uma família igual a de todo mundo: ficamos doentes, tristes, discutimos. Se bem que a discussão é até regada a risada. Não é uma família que um não fala com o outro, nunca teve isso. Você era muito nova quando conheceu o Gil, um homem negro 18 anos mais velho, que já tinha casado outras vezes, o que para uma família de classe média de Moema deve ter gerado reações. Como foi isso? Quando comecei meu relacionamento com o Gil, o que mais levantou a bandeira vermelha na minha família não foi o preconceito com a cor. O que mais chocou foi, sim, o fato de ele ser cantor, com cinco filhos e três casamentos anteriores. Meus pais ficaram chateados: a vida do artista era um mistério na época. Eram 18 anos de diferença. No fim, quando o Gil começou a ir em casa, eles o adoraram. O Gil vai arrumar encrenca com quem? O documentário sobre o Jorge Bastos Moreno acaba revelando o que a gente pode até interpretar como uma promiscuidade, uma relação próxima demais entre jornalistas, políticos e artistas, que muitas vezes parecia até influenciar as diretrizes do país. Você concorda? Se a gente pegar a vida do Jorge Bastos Moreno, de como ele juntou pessoas: artistas, presidentes, governadores, jornalistas… Será que havia promiscuidade do poder? Eu não vejo assim. Não tinha nada escondido, atrás da cortina. Não era um cassino com milicianos na porta – estava lá quem queria. O Moreno era uma experiência do contato e da relação. Mas é verdade que muitas coisas da política saiam de lá, era uma aptidão dele.
Ciro Pirondi critica a anticidade dos shoppings e condomínios, comenta as enchentes no litoral paulista e o papel dos arquitetos na televisã Reconhecido como um nome de peso na arquitetura, o arquiteto e urbanista Ciro Pirondi é um ferrenho crítico da profissão quando usada apenas como modismo ou ferramenta de elegância. “Para a sociedade, é muito mais importante um bom padeiro do que um mau arquiteto”, conta. Autor de obras arquitetônicas com foco na revitalização de áreas públicas degradadas, ele enxerga em sua função um grande poder de harmonizar nossa relação com o espaço. Em um papo com o Trip FM, Ciro comenta as enchentes no litoral paulista, o papel dos arquitetos na televisão, julga a função dos grandes shoppings e condomínios nas cidades e celebra os 20 anos da Escola da Cidade, uma das principais instituições de ensino de arquitetura do Brasil, que ajudou a fundar. A conversa fica disponível no Spotify e no play aqui em cima. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/03/640b94cd662fe/tripfm-ciro-pirondi-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=O arquiteto e urbanista Ciro Pirondi; ALT_TEXT=Ciro Pirondi] Trip. Qual é a sua leitura a respeito do que aconteceu recentemente com as enchentes no litoral paulista? Ciro Pirondi. Nós temos uma forma de ocupação do território nacional absolutamente equivocada. São erros sobre erros. O momento dessa tragédia é o momento de repensar a ocupação do nosso país. Vivemos em uma sociedade extremamente egoísta. É preciso mudar o paradigma da condição humana. Temos que começar a pensar que, quando nós chegamos, tudo isso aqui já existia. O solo é dado, não foi construído. As praias estavam aí, a mata estava aí. Nós temos que vencer essa ideia da sociedade segregada, construir uma sociedade que tenha a dimensão do encontro, do prazer de ver o outro junto, mesmo que diverso da gente. Essa condição, que pode parecer romântica, na verdade não é. É a única condição para sairmos dessa rota de colisão em que todas as cidades se encontram. Você tem falas criticando os shoppings e os condomínios fechados. O que está por trás dessa ideia? Nós inventamos a cidade para ser a confluência de muitos horizontes, e não de um só. A cidade dos condomínios e dos shoppings é a anticidade, pensando nos aspectos social e humano. Também está provado que o shopping suga a economia, fazendo com que os centros históricos passem a ser lugares abandonados. Eu não sou contra o shopping, mas ele não constitui um lugar de paz e equilíbrio, e sim de segregação. Qual é a sua opinião sobre a forma como a arquitetura é retratada na televisão? Quando arquitetura vira moda, e ainda uma moda elegante, ela perde a sua principal razão: ajudar a construir os abrigos humanos com beleza real. Beleza de luz corretamente entrando nos espaços, ventilação correta e proporções de volumes. A cultura arquitetônica no país é muito frágil, e é isso que a televisão demonstra. Nós somos prestadores de serviço a sociedade, nada mais do que isso. Não somos figuras para estarmos em destaque o tempo todo. Para a sociedade, é muito mais importante um bom padeiro do que um mau arquiteto.
Marco Antonio de Biaggi relembra os tempos de pobreza, fala sobre o câncer e a nova maneira de ver a vida que nasceu desta experiência No início de 2015, o cabeleireiro Marco Antonio de Biaggi estava no auge da carreira, faturando até 30 mil reais por dia apenas em cortes, quando descobriu um linfoma que o deixou 145 dias internado – quarenta deles em coma. Na ocasião, ele chegou a receber inclusive a extrema-unção, mas se recuperou. Hoje, Biaggi comemora o primeiro banho de mar com as próprias pernas após oito anos e conta ao Trip FM como a experiência alterou a sua forma de ver a vida. "Pare de se preocupar com o futuro, saia dessa merda de Instagram e olhe ao seu redor. Ouça as pessoas, talvez o universo tenha uma mensagem para você. Ficar em volta de uma macarronada com a família é o que importa. Não adianta ter a melhor babá se quando você chega do trabalho seu filho está dormindo. O sucesso isolado não vale nada: valorize o seu time.” [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/03/640255b4c8fd8/marco-antonio-de-biaggi-cabeleireiro-famosos-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Marco Antônio de Biaggi; ALT_TEXT=Marco Antônio de Biaggi] O programa fica disponível no play aqui em cima e também no Spotify.
Especialistas e vítimas das enchentes ajudam a traçar um panorama sobre a tragédia que assolou o litoral paulista O Trip FM desta semana escutou diversas vozes para tentar entender um pouco mais o que causou e quais vão ser as consequências das enchentes que assolaram o litoral norte de São Paulo na madrugada do último domingo, dia 19 de fevereiro. Especialistas, voluntários e vítimas participam do programa que discute o racismo ambiental, aquecimento global e como as mulheres são mais impactadas em eventos como este. Participam o professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Guilherme Wisnik, a especialista de mudanças climáticas e emergências na Plan International Brasil, Júlia Ferraz, o socorrista voluntário da linha de frente Mihaly Martins entre muitos outros. Confira alguns dois depoimentos abaixo, dê o play no programa completo ou confira todos os episódios no Spotify. Fernanda Carbonelli, diretora da ONG Verdescola: "Nossa comunidade tem sido incrível: dia e noite nas ruas ajudando as pessoas, limpando a lama e resgatando corpos. É uma situação triste. Isso precisa para de acontecer, nós precisamos colocar a agenda de habitação popular em pauta. Isso era uma tragédia anunciada faz muito tempo, mas vamos usar o que aconteceu como força motriz para ajudar essa comunidade a se reconstruir". Guilherme Wisnik, professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP: "Na hora em que um pequeno conjunto de casas de veraneio passa a ser uma protocidade, precisa haver um lugar para abrigar os trabalhadores que se instalam na região. Caso contrário, as pessoas acabam ocupando áreas de risco da maneira mais precária possível e sem nenhuma assistência do poder público. Por isso há que se rever o modelo das nossas cidades. O que a gente está vendo são as revoltas da natureza". Júlia Ferraz, especialista em mudanças climáticas e emergências na Plan International Brasil: "É muito comum ainda, quando a gente fala de eventos climáticos extremos, achar que desastre natural é uma força maior da natureza, inevitável. É importante trazer a perspectiva social para a análise desses fenômenos. Esses desastres são também humanos e existem determinados grupos de pessoas que são desproporcionalmente impactadas pela mudança do clima. As populações mais afetadas são diretamente proporcionais ao grau de vulnerabilidade das comunidades atingidas, passando por diversos fatores, como raça, como classe, gênero e idade. São problemas que existem muito antes da chuva cair". Mihaly Martins, artista plástico e voluntário nos primeiros socorros às vítimas da Vila Sahy: "A cena era de catástrofe, quarteirões cheios de casas em que você não vê mais nada, só lama e tronco de árvore. A gente começa a cavar e encontra paredes, lajes… Até segunda de manhã ainda tinha gente gritando embaixo dos escombros: aterrorizante. Só onde eu estava nós descemos vinte corpos. Tem muita gente soterrada ainda. A gente vê os carros de aluguel debaixo da terra. Tinha muita casa alugada. Veio de madrugada, sem aviso". João Capobianco, ambientalista e secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente "Nem nos mais radicais discursos alarmistas da questão ambiental nós poderíamos imaginar que chegaríamos em uma situação tão real e concreta como essa que estamos vivendo agora. Quando a gente falava de mudança climática na Rio 92, sinceramente, nenhum de nós imaginava que a aceleração dos eventos climáticos extremos seria tão rápida e disruptiva com está sendo. A situação é dramática e se não houver uma ação radical de reversão nós vamos perder o controle da situação e ter o clima como nosso principal inimigo".
Após deixar a Rede Globo, repórter que cobriu oito copas conversa com o Trip FM sobre o mundo da bola “O futebol é ainda um ambiente tóxico, mas também neste aspecto a história mostra evolução. É uma luta, um caminho que está sendo percorrido”. Sinônimo de seleção brasileira e de Rede Globo, o respeitadíssimo jornalista esportivo Tino Marcos deixou a maior emissora do país em 2021 após cobrir oito Copas do Mundo e viver — como poucos — os bastidores da bola. Um grande contador de histórias, Tino diz que herdou do pai— um vendedor de móveis e imigrante espanhol que chegou a ser sócio do clube do Real Madrid— a paixão pelo esporte, enquanto veio da mãe, uma professora que o alfabetizou em casa, a habilidade com as palavras. Em um papo com o Trip FM, o repórter falou de Neymar, do momento da comunicação esportiva no país, da infância e de CR7. "Existe um fenômeno no mundo do futebol que se chama Cristiano Ronaldo. Ele é um divisor de águas na maneira como os jogadores passaram a encarar a preparação e terem hábitos saudáveis. Não é mais aquele tempo em que jogadores chegavam aos treinos embriagados. Lá nos anos 80 eu já questionava a alimentação: toda folga era churrasco e cerveja”. Confira um trecho da entrevista abaixo ou dê o play no programa completo, que também fica disponível no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/02/63efc9c82d210/tino-marcos-jornalista-esportivo-futebol-globo-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Tino Marcos, jornalista esportivo; ALT_TEXT=Tino Marcos dando uma entrevista e sendo gravado por uma câmera] Trip. Em algum momento você pensou em trabalhar fora do esporte? O que sempre prevaleceu em mim foi um sentimento de gratidão à vida por tudo ter acontecido de maneira muito maior do que eu queria. Nunca pensei em ser um repórter de televisão, muito menos conhecido dessa forma e por tantos anos no ar. Tudo o que eu vivi gerou um certeza de que era no esporte que eu precisava contribuir, mas tenho a consciência também de que o esporte é um acessório, não é nada central na vida da pessoa, é para entreter e distrair. O álcool sempre foi normalizado no futebol. Ainda é um problema entre os jogadores? Existe um fenômeno no mundo do futebol que se chama Cristiano Ronaldo: ele é um divisor de águas na maneiro como os jogadores passaram a encarar a preparação, com hábitos saudáveis e academia dentro de casa. Não é mais aquele tempo romântico em que jogadores chegavam aos treinos embriagados. Mas o álcool é algo que tem a ver com a essência do futebol, assim como o churrasco. Lá nos anos 80 eu já questionava a alimentação: toda folga era churrasco e cerveja. O Neymar voltou a ter problemas nos vestiários do PSG. Após tantos anos acompanhando, como você analisa a carreira dele hoje? A média salarial de um jogador profissional no Brasil é de dois salários mínimos. Por aí você vê o que é o universo do trabalhador da bola: a maioria ganha muito pouco. Em geral eles foram muito pobres e sofridos, o pai apostou muito, comprou uma chuteira e deixou de prover algo para a casa. Todos eles tem essa história em comum. Agora, a história do Neymar é isso de forma exagerada. Com 13 anos ele ganhou o primeiro milhão e já financiava a família. A expectativa em cima dele sempre foi imensa e ele sempre respondeu com superavit, mas aí ele vai ao Paris Saint German e experimenta a frustração pela primeira vez. Estava tudo delineado para ele ser o melhor do mundo, mas muitas decisões equivocadas geraram um desgaste de sua imagem para muita gente. É uma Ferrari que ainda não alcançou a sua velocidade máxima. Já tem 31 anos, mas ainda tem muito o que acontecer.
Em cartaz com peça em São Paulo, a atriz fala sobre filhos, o que a mantém acordada à noite, etarismo e amor “Uso o humor para abrir picada para o pensamento”, conta a atriz Denise Fraga durante um papo animado com o Trip FM. Na conversa, ela falou um pouquinho de tudo: filhos, sobre o que a mantém "encucada" à noite, de etarismo, amor e até da paixão pelo perfume hippie patchouli. Uma das grandes potências do teatro nacional, Denise está em cartaz com mais um sucesso de bilheteria em São Paulo, a peça “Eu de Você”, outro trabalho desenvolvido com o parceiro de vida e profissão Luiz Villaça e a produtora Café Royal. “Essa foi a primeira vez que eu fui para uma sala de ensaio sem texto, para recolher histórias e trançá-las com literatura, música e poesia. Eu nem sei do que é a peça, mas emociona, virou uma experiência”, explica. Confira um trecho da entrevista abaixo, dê o play ou procure o programa completo no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2023/02/63e699d4842cf/tripfm-denise-fraga-mh.jpg; CREDITS=Divulgação; LEGEND=Denise Fraga; ALT_TEXT=Denise Fraga] Trip. Recentemente, com a morte da Glória Maria, falou-se muito sobre a decisão dela de nunca revelar a idade. O que você acha disso? Denise Fraga. Eu não tenho problema em revelar a idade, mas a gente tem que respeitar quem não quer saber do tempo, porque o tempo dá susto mesmo. Dentro de você quem está é aquela menina lá. Apesar de eu achar que a maturidade é uma coisa sensacional, no nosso país a idade é um esquecimento. Tem uma invisibilidade. Todo mundo tem medo de falar de menopausa porque parece que você não vai dar conta, vai estar uma chata, e a gente está aí a todo vapor. Eu me sinto muito melhor do jeito que eu estou agora. Tudo é para mim: eu sou muito jovem na minha diversão. Você já é mãe faz 25 anos. Acha que se fala pouco de maternidade real e ainda se romantiza muito o papel da mãe? No início, quando meu primeiro filho nasceu, eu tinha uma culpa danada porque sentia muito sono. Eu queria tanto ter um filho, mas naquela hora eu queria mesmo era dormir. Ninguém fala como a sua vida vai virar um inferno por alguns anos, principalmente se tiver dois seguidos, como eu. Não tenho saudade nenhuma de trocar uma fralda, dessa época de ficar descabelada, dentro de casa, descuidada, com um chorando e outro querendo colo. Mas eu tenho um certo deslumbramento pela maternidade ao mesmo tempo. Lembro de dar entrevista para falar de peça e ficar só falando de filhos. Mas não é fácil nunca, nunca passa. Tem sempre um problema, sempre um administrar quereres. O que a mantém acordada à noite? Eu sinto que a gente está em uma sociedade em colapso. É disso que tenho medo. Tenho medo de não estar compreendendo esse mundo rápido, essa velocidade da rede. Me sinto um aparelho 110w ligado no 220w e sem poder queimar. A gente inventou viver uma vida que você tem o risco de deitar a cabeça no travesseiro todos os dias com a frustração daquilo que você deixou de fazer. Eu não aguento o número de séries e livros que tenho que ler. Não vai dar tempo de fazer tudo que essa sociedade algoritimada tem me oferecido. Se você não cuidar, vai acabar colocando na sua vida somente o que “é bom fazer”: o que se deve tomar, o que se deve ler, a aula de pilates, o cuidado com a alimentação… E não coloca alegria. Aí quando vem o casamento de um amigo, você parece a louca da pista, dançando e tirando a barriga da miséria. E você pode dançar outras vezes. Meu lema agora é agendar o prazer. Eu acho muito louco a gente não cantar e dançar. Todo povo originário tem lá a sua dança e o seu canto muitas vezes para chegar no sagrado e a gente foi se desprendendo disso que é tão da nossa natureza.
Nossa esquipe selecionou alguns dos melhores papos dos últimos meses para você curtir Durante o período de férias de verão, nossa equipe selecionou alguns dos melhores papos do ano de 2022. Se você ainda não ouviu (ou que rever a conversa) aqui está uma das escolhidas. Ana Michelle Soares morreu no último dia 21 de janeiro. Antes disso, diagnosticada com câncer de mama metastático há quase uma década, ela aprendeu a não condicionar a sua felicidade ao que estava por vir e usou as horas que tinha para se dedicar a Casa Paliativa, projeto criado junto com a médica Ana Claudia Quintana Arantes para acolher pacientes com doenças graves e falar sobre dor, autoconhecimento e vida. Autora também do livro "Vida Inteira", uma reflexão aberta e verdadeira sobre diversos momentos de sua vida, Ana bateu um papo com o Trip FM em fevereiro do ano passado sobre sua infância, a experiência transformadora da ayahuasca, maconha, e – como não poderia deixar de ser – vida e morte. Confira no play ou leia um trecho a seguir. Trip. Eu queria voltar lá para trás: como era a sua família de origem? Em que lugar você nasceu e de que jeito você veio para o mundo? Ana Michelle Soares. As pessoas acabam querendo contar a minha história a partir de um diagnóstico. É muito difícil entender como eu me conecto com a vida sem dizer que tive uma infância sofrida. Por isso gosto dessa pergunta. Nasci em uma cidade satélite de Brasília chamada Gama. A gente já cresceu precisando sobreviver às dores sociais. Ainda bebê, tive uma hérnia durante um período de greve dos hospitais. Minha mãe chorava e ninguém podia me atender. Meu pai precisou implorar por uma cirurgia em uma clínica particular. Eu venho deste contexto, de uma família que tentou melhorar a condição para os filhos. Meu pai assumiu esse compromisso. O que você aprendeu sobre dinheiro nesse percurso de entender a vida e a morte? Fui diagnosticada com 28 anos. De repente esse muro da finitude foi me apresentado em uma época em que se planeja tudo: casa, carro, filhos. Depois do adoecimento, comecei a olhar para as mídias sociais e observei o sofrimento das pessoas com o dia útil. E como é um paradoxo usar essa palavra, pois a gente transforma esse dia em inútil. Ninguém coloca na conta de vida esse espaço de tempo que para o nosso cotidiano é importante; todo mundo precisa de moeda, de dinheiro. Ninguém vive de luz e amor. O trabalhar virou um sofrimento para que se ganhe um pouco de felicidade no fim de semana. É preciso ressignificar isso ou procurar algo que deixe a sua alma mais em paz nesse dia útil. As pessoas têm medo de serem felizes. Você é muito generosa no seu livro em compartilhar experiências. Eu queria saber melhor de uma delas, com a ayahuasca, como foi isso? Ela veio durante uma busca espiritual, uma inquietação que sempre tive com a ideia de que a gente precisa temer a Deus. Pesquisando alternativas, cheguei nas praticas xamânicas e na ayahuasca. Foi realmente um antes e depois. O que mais me impactou foi a dimensão de tempo. Me pareceu óbvio que tudo que existe está neste momento: não vou me chicotear pelo que já foi. Mas isso também não significa que estou presa ao presente. Posso estar morta na semana que vem e mesmo assim faço planos. Só não dependo deles para ter um pouco de felicidade.
Nossa esquipe selecionou alguns dos melhores papos dos últimos meses para você curtir Durante o período de férias de verão, nossa equipe selecionou alguns dos melhores papos do ano de 2022. Se você ainda não ouviu (ou que rever a conversa) aqui está uma das escolhidas. Nem mesmo a situação política do país ou ainda o trabalho excessivo após emendar uma novela na outra podem abalar Enrique Diaz. Disposto a viver todos os desafios como partes essenciais da condição humana, ele conta: “Assumir a vida é gostar também do fracasso. Achar que a sua vida estará toda direcionada para o sucesso é um erro. O nosso caminho inclui a sarjeta, o buraco, o erro, a ressaca. Quem disse que mereço o sucesso sempre? Às vezes o que preciso é dar uma tropicada". Na profissão, ao menos, não são tantas tropicadas assim. Hoje no ar como Timbó, da novela “Mar do Sertão”, Enrique coleciona personagens emblemáticos, tendo sido inclusive um dos únicos atores a fazer as duas versões de “Pantanal”. Na vida pessoal, com duas filhas, o ator admite que as coisas não são assim tão simples: “Você sempre acha que pode de fato educar, mas aí percebe que é muito mais uma matéria incandescente com a qual elas aprendem muito mais com a sua presença do que com as coisas que você fala. O tempo inteiro elas estão muito melhores do que eu estou pensando, e eu pateticamente tentando ajudar.” Aos 55 anos, o artista e diretor de teatro bateu um papo divertido com o Trip FM, relembrou um pouco da extensa e bem-sucedida carreira, fez previsões para o futuro e falou da decisão de morar em casa separada da esposa, a atriz Mariana Lima. Confira no play, leia um trecho abaixo ou procure o programa no Spotify. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2022/10/63506dd975d86/enrique-diaz-ator-tripfm-mh.jpg; CREDITS=Leo Aversa; LEGEND=Enrique Diaz; ALT_TEXT=Enrique Diaz] Trip. Entre tantos sucessos, como você lida com o fracasso na sua vida? Já refleti muito sobre assumir a vida. Assumir a vida é gostar também do fracasso. A qualidade das coisas que acontecem com a gente nas nossas tentativas é muito variada: achar que a sua vida vai estar toda direcionada para o sucesso é um erro. O nosso caminho inclui a sarjeta, o buraco, o erro, a ressaca. Volta e meia eu me lembro que estou precisando viver alguma ressaca. Quem disse que eu mereço o sucesso sempre? Às vezes o que eu preciso é dar uma tropicada. Como é ser pai de duas meninas? Eu vivo em um mundo muito feminino, com a minhas filhas e a minha esposa. Esse caldo afetivo me ensina muita coisa, mas é claro que eu faço parte dele com algum eventual machismo que me pertence. Você sempre acha que pode de fato educar, mas aí percebe que é muito mais uma matéria incandescente com a qual elas aprendem muito mais com a sua presença do que com as coisas que você fala. O tempo inteiro elas estão muito melhores do que eu estou pensando, e eu pateticamente tentando ajudar. Com tudo que tem acontecido no Brasil, como você acha que estará daqui a cinco anos? Você reconhecer esse esgoto que se formou no Brasil, entender de onde veio, não se esconder dele e eventualmente imaginar que isso pode continuar a piorar, não impede que você deseje, aja e esclareça quais são essas ações para um mundo de florescimento, de respeito, de diversidade e de educação em oposição a uma estética troglodita de opressão, burrice e proveito próprio. Cabe a nós continuar afirmando esse desejo de diversidade de vida a essas pessoas que não sabem, elas têm que aprender.