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No Festival de Avignon, Jonas & Lander apresentam Coin Operated, uma performance-instalação onde o público acciona o espetáculo com uma moeda. Entre o absurdo e a crítica feroz, o duo explora a coisificação do corpo e a exploração animal, fundindo o gesto com a obediência paga. Um espectáculo que reflecte sobre poder, responsabilidade e a mecânica do entretenimento moderno. Jonas Lopes e Lander Patrick aparecem montados em dois cavalos: imóveis, cómicos e perturbadores. Jonas e Lander, dupla portuguesa de performance contemporânea, apresentam Coin Operated no Festival de Avignon, sob indicação da artista cúmplice deste ano, a coreógrafa Marlène Monteiro Freitas. O palco é instalação e o público é operador. Com um gesto, uma moeda e um clique, tudo começa. “Esta ideia nasceu de um convite da BoCA Bienal, pelo John Romão, para o Museu dos Coches”, conta Jonas Lopes. “Estávamos a ver um episódio de Family Guy e o bebé compra uma série de cavalinhos operados a moeda. Aquilo ficou connosco”. E o cavalo, ausente do museu onde deveria reinar, impôs-se. O espectáculo articula-se a partir de um dispositivo simples: dois cavalos mecânicos, como os que povoam esplanadas e centros comerciais. Só funcionam com moedas. Só funcionam quando o público decide pagar, mas o que parece um jogo inocente revela-se uma crítica à exploração, não só do animal, mas também da acção performativa, do corpo em cena, da própria lógica do entretenimento. “O animal aqui é coisificado. Vira objecto. Está ao serviço do homem que está em cima dele”, observa Lander Patrick. “É uma imagem de submissão que se vai revelando ao longo do espectáculo”, acrescenta. A mecânica da performance é tão infantil quanto brutal: o público é confrontado com o seu papel de orquestrador. “Decidimos criar esta relação directa. O público tem que pôr uma moeda para que algo aconteça. Só quando os dois cavalos estão a funcionar é que o quadro se completa”, explicam. A instalação, que poderia ser apenas nostálgica, torna-se uma alegoria da domesticação, não só do animal, mas da própria arte. Nem tudo se compra e, no entanto, tudo ali parece comprado: o gesto, a música, o movimento. A moeda não compra só o espectáculo, compra também o desconforto. Ontem, “uma senhora com mobilidade reduzida levantava-se para ir pôr a moeda e dois espectadores correram antes dela. Há sempre esta disputa”, comenta Lander. Há também o silêncio: quando ninguém se levanta, nada acontece. E nesse nada, revela-se tudo. Jonas e Lander trabalham juntos desde 2013. A cumplicidade é coreográfica, estética, musical, quase telepática. “É um pingue-pongue intenso. As ideias são costuradas pelos dois. Um foca-se mais na música, outro na estética e tudo se mistura”. A música, aliás, é uma assinatura: “Sou cantor de fado, o Lander é pianista e DJ. A música é sempre uma presença fortíssima nas nossas peças”, explica Jonas. Em Coin Operated, há percussão corporal, sapateado, ecos de fado e samba, sons de pertença e de resistência. A encenação é crua, quase absurda, mas não gratuita. “Há uma reflexão inesperada sobre a relação entre o homem e o animal, entre o espectador e o espectáculo, entre o gesto e a moeda”, sublinham. E também sobre o tempo. Cada moeda acciona dois minutos de movimento. Se forem inseridas em descompasso, a cena fragmenta-se. Se forem simultâneas, surge uma harmonia quase mágica: “Estamos sempre a jogar nessa corda bamba de imprevisibilidade". Montados sobre cavalos de plástico, imóveis até à primeira moeda, Jonas e Lander não nos oferecem respostas, fazem-nos a pergunta essencial: e se o que nos move fosse, afinal, apenas uma ficha de metal?
O bailarino guineense Joãozinho Costa sobe ao mítico palco do Palácio dos Papas com NÔT, de Marlène Monteiro Freitas. Pela primeira vez em 79 edições, o festival de Avignon, o abriu com dança. Em cena, a pulsação é contínua, o corpo é total e a Guiné-Bissau está presente em cada gesto de Joãozinho Costa. No Festival de Avignon, o corpo fala, ou melhor: o corpo convoca e revela. Em NÔT, da coreógrafa cabo-verdiana Marlène Monteiro Freitas, a linguagem é feita de carne, músculo e ritmo. Entre os oito intérpretes está Joãozinho Costa, bailarino guineense, que descreve o espectáculo como “uma história de As Mil e Uma Noites contada com energia, com tudo aquilo que o corpo tem para oferecer”. “É a pulsação, não é?”, começa por explicar. “A vontade de contar essa história As Mil e Uma Noites… tentar passar de uma forma mais energética possível toda a mensagem através da linguagem corporal e de todos os movimentos coreográficos que nós temos trabalhado”. Em palco, não se entra de leve e “cada noite de espectáculo é para ser mais emocionante e marcante, para os espectadores e para nós também”, conta. Este ano, pela primeira vez, em 79 edições, o Festival de Avignon foi inaugurado com dança. NÔT abriu o festival no dia 5 de Julho, coincidindo, como Joãozinho Costa sublinha, com uma data simbólica: “Se não me engano, o dia 5 de Julho também foi a comemoração da independência de Cabo Verde. Isso torna tudo ainda mais fantástico. A presença da Marlène na abertura do festival torna o nome dela ainda mais aclamado e mostra que o seu trabalho é válido para qualquer palco e qualquer momento”. No monumental Palácio dos Papas, onde a arquitectura parece amplificar os movimentos e o som de cada gesto, Joãozinho descreve uma atmosfera distinta: “Sente-se uma energia completamente diferente dos outros palcos. Mesmo vazio, sente-se uma energia arrebatadora.” E acrescenta: “É um palco magnífico. Estar aqui é como estar em casa. A equipa técnica é magnífica, e isso deixa-nos ainda mais confortáveis”, partilha. A cumplicidade entre os intérpretes, que o público não tarda a perceber, vem de bastidores: “Estamos prontos para o colega e prontos para o espectáculo. Estamos com os sentidos completamente ligados”. Segundo o bailarino, esse estado de atenção constante é também uma transformação pessoal: “Trabalhar com a Marlène é entrar num outro mundo, um mundo que obriga a descobrirmo-nos dentro dele e a forma como ela pensa coisas transforma-nos”. Essa transformação faz-se através da minúcia. “Temos de prestar atenção às coisas mais pequenas. Gestos minúsculos também contam. Até a expressão do olhar conta”, sublinha. E aqui, a exigência aproxima-se da de um atleta: “Eu comparo o trabalho da Marlène ao dos atletas de alta competição. Os sentidos têm de estar todos activados. E como vim do futebol, isso ajuda-me. É preciso estar sempre em alerta. É um estado físico e mental”. Nesse estado, Joãozinho Costa carrega o peso e a leveza do seu país: “A Guiné-Bissau está sempre comigo e acho que nunca poderá estar ausente. Só o facto de eu existir já traz a Guiné comigo”. Os seus movimentos não são neutros: “Têm um tom que vem do Gumbé, do Dina, trazem uma maneira de estar que é diferente dos outros intérpretes”. E essa diferença não separa, antes acrescenta: “Acho que isso enriquece o trabalho e complementa a narrativa que a Marlène quer passar”. Mas Avignon não é um lugar fácil: “O público aqui é bastante exigente. É o primeiro público em que sentimos, de forma clara, o que estão a sentir durante o espectáculo”. E quando o espectáculo não os conquista? “Há público que sai. E nós sentimos essa energia. É impossível esconder. O espaço é tão grande que tudo se vê e tudo se ouve”, descreve. Ainda assim, a deserção não desanima, antes pelo contrário: “Quando sentimos que alguém sai porque não está a gostar, isso dá-nos uma posição mais confortável para continuar a pressionar a boa energia. É quase como pensar: ‘Se eu estava a perder bateria, então deixa-me agora pressionar aqui mais um bocadinho, para ver se a bateria aguenta mais um tempo'”. Para Joãozinho Costa, o que o público vê tudo: “Vêem a nossa cumplicidade em cena. Aquilo que está nos bastidores está também no palco. E isso sente-se. Acho que não há nada a esconder”. Essa transparência é total e a entrega é plena: “Estamos ali, corpo e alma, sentidos ligados, prontos para dar”. E quando lhe pedem que resuma tudo numa só palavra: o Festival, a cidade, a experiência, Joãozinho não hesita muito: “Diversidade. Diversidade no seu máximo esplendor”. É isso que sobe a palco com ele: a vibração de um corpo que escuta, a memória de uma terra que nunca o abandona, a coragem de expor tudo perante dois mil olhares. Em NÔT, como no próprio festival, não há lugar para o meio termo. Ou se gosta, ou não se gosta, mas o que se vê ali não é apenas dança é o corpo como linguagem e o gesto como território.
devocional Lucas leitura bíblica Os fariseus, que eram avarentos, ridicularizavam-no por tudo isto. Então Jesus disse-lhes: “Vocês são daqueles que se justificam a si mesmos diante dos outros, mas Deus conhece o vosso coração. O que é altamente avaliado entre as pessoas é cotado de maneira inteiramente diferente por Deus. Até João Batista começar a pregar, vigoravam a Lei de Moisés e as mensagens dos profetas. Agora as boas novas do reino de Deus são anunciadas e todos exercem força para entrar nele. É mais fácil que o céu e a Terra passem do que cair um só traço da Lei.” Disse ainda: “Quem se divorciar da sua mulher e se casar com outra comete adultério; e quem casar com uma mulher divorciada comete adultério também.” Lucas 16.14-18 devocional Jesus, ainda que não goste, já está habituado a que desdenhem d'Ele. Sobretudo, quando o Seu toque mexe em determinadas feridas. Então se há poder e dinheiro metidos ao barulho é o cabo dos trabalhos. A onda de críticas, umas veladas outras nem por isso, desaba invariavelmente sobre Ele. Mesmo no meio religioso existe tanto avarento que zombar de Jesus se tornou prática corrente. Quando não é feita à descarada no plano verbal, dá-se nos domínios menos perceptíveis do coração. Aos que arranjam justificações para comportamentos desviantes, sendo advogados em causa própria, Jesus assevera que Deus os conhece “muito bem, mesmo que pretendam passar por bon(zinho)s.” E para desfazer alguma réstea de dúvida que pudesse pairar no ar adianta ainda: “Aquilo que para os homens tem muito valor, nada vale para Deus.” No Seu reino não se entra ao calhas, muito menos à lei da força. Sim, à Sua Lei não é possível alterar uma vírgula que seja, pelo que há princípios e valores que nunca cairão em desuso. A pureza interior é uma virtude inalianável que cada um deve estimar e cultivar. Dilatem-se, pois, os poros do entendimento! Mais, entranhe-se e extravase-se o amor de Jesus! - jónatas figueiredo Oramos para que este tempo com Deus te encoraje e inspire. Dá a ti próprio espaço para processar as tuas notas e a tua oração e sai apenas quando te sentires preparado.
Chama-se Sónia, mas no mundo artístico é conhecida como Libra. Rapper e compositora portuguesa, move-se entre o conscious RAP e o R & B, explora temas como identidade, resiliência e empoderamento feminino. Neste episódio, conta-nos o seu percurso na música, a importância das suas vivências no processo criativo e apresenta o álbum de estreia “Everyone's First Breath”. Ao vivo, podes ver a Libra em Lisboa no NOS Alive, dia 10 de julho, e no Porto no Maracujália, dia 12 de julho. Uma entrevista conduzida por Beatriz Santos e Inês Pereira, no âmbito da unidade curricular de Atelier de Rádio II da licenciatura de Ciências da Comunicação da Universidade Autónoma de Lisboa.
Guionista de teatro e televisão, atriz, encenadora, professora de Interpretação, a atividade profissional de Mafalda Santos estende-se até à escrita.O terceiro romance de Mafalda chama-se “Aquilo que o Sono Esconde”, e foi editado pela Suma de Letras, no início deste ano. Este é um thriller-surrealista, um termo que a própria inventou porque sentia que não havia outro que descrevesse os seus livros. No podcast “Ponto Final, Parágrafo”, fala do bloqueio de escrita que teve, de como os temas do sono e dos sonhos entraram no universo deste livro, e de como uma história verídica de luta contra uma seguradora inspirou esta obra.Depois de vários meses de promoção do livro, com inúmeros encontros com leitores, apresentações e feiras do livro, a autora conta que se apercebeu de que, inconscientemente, quis manipular o leitor na leitura deste livro ao lhe apresentar um personagem principal horrível, sem competências sociais básicas, e, mesmo assim, colocar o leitor do lado de Jaime, torcendo, mesmo por ele.Considera apoiar o podcast no Patreon: patreon.com/pontofinalparagrafoContacto do podcast: pontofinalparagrafo.fm@gmail.comSegue o Ponto Final, Parágrafo nas redes sociais: Instagram, Twitter e FacebookProdução, apresentação e edição: Magda CruzGenérico: Nuno ViegasLogótipo: Gonçalo Pinto com fotografia de João Pedro Morais
Revelação da MPB, o artista fala sobre racismo, redes sociais, resistências e desistências “Na primeira vez que fiz mercado com dinheiro que ganhei tocando violão, eu chorei. Porque ouvi a vida inteira que música não dava dinheiro”, disse o cantor e compositor Jota.Pê. No Trip FM, ele compartilha detalhes de sua trajetória artística, das noites tocando para ninguém em bares ao Grammy Latino. Nascido em Osasco (SP), o artista participou do The Voice Brasil em 2017 e, apesar de não ter vencido o programa, conquistou em 2024 três estatuetas do Grammy Latino — entre elas, a de Melhor Canção em Língua Portuguesa por Ouro Marrom. A música nasceu da raiva, mas virou força: “Comecei escrevendo a letra com raiva, mas lembrei que a negritude não é só dor. Também somos celebração, cultura, saber. No fim, a música diz: que a gente suba o tom se for preciso, mas que nossas filhas vejam mais amor do que nós.” No papo com Paulo Lima, Jota.Pê fala com franqueza sobre os desafios de viver de arte no Brasil. “Existe um tipo de sorte que acontece quando o talento encontra uma oportunidade. E essas oportunidades estão sempre na mão das mesmas pessoas. Até a gente virar esse jogo, vai demorar muito”, reflete. O artista também compartilhou episódios marcantes de sua vida, como o racismo e a violência policial que sofreu na adolescência: “Eu tinha uns 13 anos e estava indo comprar pão quando fui parado pela polícia com uma arma apontada para a minha cabeça. Foram 15 minutos tentando convencer que eu só estava indo à padaria. Aquilo moldou muita coisa em mim.” O programa fica disponível no Spotify e no play aqui em cima. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/06/685efd21607f1/jotape-musica-artista-cantor-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Dani Ferreira / Divulgação ; LEGEND=Jota.Pê (@jota.peoficial), cantor e compositor; ALT_TEXT=Jota.Pê (@jota.peoficial), cantor e compositor] Você tentou não ser músico. O que fez você desistir de desistir? Jota.Pê. Cara, eu realmente tentei muito não ser músico. Fiz faculdade de design, publicidade, trabalhei em gráfica, produtora de vídeo, na IBM… Mas não era bom em nada disso como sou tocando violão. Chegou um ponto em que pensei: a música vai ter que me dar dinheiro mesmo, porque eu não sou feliz fazendo outra coisa. Tinha que dar certo, não tinha outra opção. Na música “Ouro Marrom”, você transformou a raiva em outra coisa. Como foi esse processo? Foi exatamente isso. Eu comecei escrevendo com raiva — porque ser preto no Brasil traz indignação. Mas me lembrei que a gente não é só dor, somos também celebração, cultura, saber. Fiz questão de manter as duas coisas, mas no final deixar a mensagem: a gente enfrenta e vai ser feliz sim; que a gente suba o tom se for preciso, mas que nossas filhas vejam mais amor que nós. Você acha que só talento basta? Tem uma frase que parece de coach, mas eu acredito muito: existe um tipo de sorte que acontece quando o talento encontra uma oportunidade. Conheço artistas geniais que desistiram porque, se fossem tocar naquele barzinho de graça, no dia seguinte não comiam. Eu tive o privilégio de ter pai e mãe, uma casa pra voltar, alguém que dissesse “vem gravar, paga como puder”. Sem oportunidade, a gente não chega lá.
Nos 50 anos da independência de Cabo Verde, a RFI publica uma série de reportagens sobre este tema. Neste 11° episódio, damos voz aos que lutaram para que o dia 5 de Julho de 1975 se concretizasse e ouvimos as memórias dos que viveram essa jornada histórica no Estádio da Várzea, na cidade da Praia. “Determinação”, “esforço”, “táctica” são algumas das palavras escritas à mão na fachada pintada do Estádio Municipal da Várzea, na cidade da Praia. Foi há 50 anos, a 5 de Julho de 1975 que aí se escreveu um novo capítulo na história de Cabo Verde, fruto de “determinação”, “esforço” e “táctica” e que se virou a página do colonialismo português. Às 12h40, o presidente da Assembleia Nacional recém-eleita, Abílio Duarte, declarou “solenemente a independência do Estado de Cabo Verde”. Que recordações guardam desse dia os que lutaram para que ele se concretizasse? Fomos conversar com algumas das pessoas que estavam na cidade da Praia nesse momento histórico. Osvaldo Lopes da Silva tinha integrado a luta armada de libertação nacional como comandante de artilharia e assumiria a pasta da Economia e Finanças no primeiro governo de Cabo Verde. Perante a falta de instalações, ele andou de casa em casa a pedir aos amigos para as emprestarem para se instalarem as delegações estrangeiras convidadas para a cerimónia. “Eu estava ocupadíssimo nesse dia. Tinha responsabilidade de algumas delegações que vinham para o 5 de Julho e as dificuldades eram enormes porque não tínhamos instalações. A Praia que vemos hoje não tem nada, absolutamente nada a ver, com a Praia de 1975. Em 1975, a Praia era o Plateau, nada mais. Todas essas casas, esses bairros todos, Palmarejo, Prainha, isso tudo não existia. E não tínhamos instalações, de forma que eu tive que andar de casa em casa, a pedir aos amigos para cederem as casas para instalar as diferentes delegações e resolver os problemas de logística ou o próprio fornecimento de electricidade”, recorda Osvaldo Lopes da Silva. A 5 de Julho de 1975, Cabo Verde não tinha praticamente nada para receber os convidados, admite também Josefina Chantre, que tinha lutado pela independência no secretariado e nos media do PAIGC. Ela conta que até houve barcos enviados de Cuba para alojar as pessoas. Porém, esse dia era o culminar de uma longa luta de libertação. “Eu pude testemunhar realmente esse grande momento, o 5 de julho de 1975, que é um momento indescritível, o hastear da bandeira… Mas também foi um momento um bocado complicado porque quando chegámos a Cabo Verde, Cabo Verde não tinha praticamente nada, inclusivamente para recebermos os nossos convidados que vinham festejar connosco essa data. Tivemos que recorrer aos nossos amigos. Eu lembro-me que Fidel Castro, de Cuba, mandou-nos barcos hotéis porque não havia alojamentos na Praia para receber os nossos convidados. Toda a população disponibilizou as suas próprias casas para receber os visitantes que vinham congratular-se connosco dessa vitória”, conta Josefina Chantre. A noite anterior à cerimónia no Estádio da Várzea foi de festa, mas depois de tantos anos na luta, incluindo com armas na Guiné, o comandante Silvino da Luz, que assumiria a pasta da Defesa e Segurança no primeiro governo, ficou sem se poder mexer na cama. No próprio dia, levantou-se já bem de saúde para participar em mais um momento histórico. “Estranhamente, na noite de 4 para 5 de Julho fui atacado por um mal-estar indescritível que os médicos depois vieram dizer que era uma questão nervosa, um estourar de uma situação que me pôs na cama. Eu ouvia naquela noite todo o barulho na rua, as pessoas a gritarem, a dançarem, a tabanca a passar, os tambores a ecoarem um pouco por todo o lado. Eu estava na cama, não podia nem me mexer. No dia seguinte, 5 de Julho, eu levantei-me perfeito e fui participar a cerimónia de passagem do poder. O arriar de uma bandeira e o içar da outra. Fui um dos chamados para ler uma mensagem e eu li uma mensagem em nome das Forças Armadas”, lembra Silvino da Luz. Ver a bandeira de Portugal a ser arriada e a de Cabo Verde hasteada era o resultado do “sacrifício de muita luta” e o momento mais feliz da sua vida, recorda Alcides Évora, que trabalhava no secretariado do PAIGC, em Conacri, onde era responsável por tratar de viagens, documentação e logística. “O momento mais feliz da minha vida foi o içar da bandeira, no Estádio da Várzea, a bandeira de Cabo Verde a ser hasteada e, simultaneamente, a bandeira de Portugal a ser arriada. É algo que não consigo exprimir. Foi um ganho de muita luta, de muito sacrifício e, infelizmente, muitos não tiveram a ocasião de assistir a esse acto”, conta Alcides Évora. A 5 de Julho, houve lágrimas de alegria pela independência alcançada, mas também de tristeza. Nas bancadas, de pé, a acompanhar delegações convidadas, Maria Ilídia Évora, a única cabo-verdiana que teve treino militar em Cuba e que depois esteve nos hospitais de Boké e Kundara para curar os feridos de guerra, foi confrontada com uma pergunta que a deixou profundamente magoada até hoje. “O que é que você está a fazer aqui? E eu disse ‘O que é que eu estou a fazer aqui? Eu estou a trabalhar, eu estou a acompanhar duas delegações'. Mas eu fiquei ofendida. Veio a raiva e as lágrimas. O Vasco Cabral ouviu e viu. Ele quis levantar-se para me dar o lugar. Eu disse: ‘Não, Vasco, desculpe, você é um convidado que está aqui, não pode-me dar o seu lugar para eu me sentar. Eu vou ficar lá onde eu estou. Mas eu tive uma crise, uma crise bem forte. Senti-me humilhada. Uma humilhação grande que nunca esqueci”, revela. Gil Querido Varela, que tinha estado preso no Tarrafal por lutar na clandestinidade pela causa da independência e contra o regime colonial-fascista, também se encontrava no Estádio da Várzea. Tinha sido eleito deputado e não esquece a cerimónia nem a festa que tinha começado durante a noite. O momento mais marcante foi o hastear da bandeira da independência. “Eu estava no Estádio da Várzea assistindo à cerimónia da independência. Foi um dia maravilhoso. Já na véspera, de noite, era difícil passar na praça da Praia, estava completamente cheia. Música, uma rapariga pegava-te, dançava e assim se passou a noite. Depois, no Estádio da Várzea, houve um episódio com a bandeira: ao subir, trancou-se, mas veio uma ventania e toda a gente disse: ‘Foi Cabral!' Foi maravilhoso o 5 de Julho”, lembra, emocionado, Gil Querido Varela. O vento e a bandeira de Cabo Verde também comovem, 50 anos depois, Marline Barbosa Almeida, que tinha sido uma das pessoas anónimas a lutar na clandestinidade em Cabo Verde e que tinha enfrentado a polícia política portuguesa. “O que mais me emocionou foi que, na altura em que a bandeira ia subindo, um vento que em Julho não era normal começou a balançar essa bandeira. Até me comovo ainda. Até que ela subisse ao topo. Aquilo foi para mim o ponto mais comovente de 5 de Julho”, recorda. Quem participou na criação da "bandeira da independência" foi Érico Veríssimo Ramos. A bandeira foi usada durante a primeira República (1975-1991) e os principais símbolos eram a concha, as espigas de milho, a estrela negra, a roda dentada e o livro. “Optou-se por se projectar um brasão da República em que entrariam elementos fundamentais que retratassem o país. O milho é a base da alimentação do povo de Cabo Verde e as suas folhas abraçam uma roda dentada numa perspectiva do desenvolvimento futuro do país. Tinha, ao centro, um livro aberto que indicava que era absolutamente necessário que ao povo fosse dada a oportunidade de ter uma educação que levasse as pessoas a participarem na construção do país em termos de desenvolvimento cultural. Tinha uma concha no fundo, que representava o mar. Grosso modo, foi essa a base que foi tida para o desenvolvimento do escudo de Cabo Verde que assenta sobre três cores: o verde, o vermelho e o amarelo, que já vinham da bandeira do PAIGC e que foi também aproveitado para a bandeira da Guiné-Bissau, e a estrela negra que ficava no centro”, descreve. Porém, depois da abertura ao multipartidarismo em 1991 e com o fim do regime de partido único do PAIGC, Cabo Verde mudou os símbolos nacionais e a bandeira foi alterada. Também o hino “Esta É a Nossa Pátria Bem Amada", escrito em 1963 por Amílcar Cabral e que era usado nos dois países, foi substituído pelo “Cântico da Liberdade” que se torna oficial em 1996. A música acompanhou toda a luta e o alvorar da independência, mas há uma que perdura até hoje e que é vista como uma espécie de hino à liberdade. “Labanta Braço” foi composta por Alcides Spencer Brito e imortalizada pela banda "Os Tubarões" no seu primeiro disco, "Pépé Lopi". O compositor contou-nos a história desta canção. “A composição musical 'Labanta Braço' surgiu de uma forma simples e sem preparação musical prévia. Na noite de passagem do dia 4 para 5 de Julho de 1975, o comité local do PAIGC organizou um sarau cultural na Praça da Preguiça, nos Espargos, Ilha do Sal, para comemorar a independência de Cabo Verde. Eu e mais quatro amigos que tocavam vários instrumentos, tínhamos criado uns meses antes um grupo musical que foi baptizado com o nome de Abel Djassi, em homenagem ao nosso herói nacional Amílcar Cabral, cujo pseudónimo literário era Abel Djassi. Nessa noite, depois da meia-noite, durante a actuação do nosso grupo musical, na euforia do estalar dos foguetes e gritos de liberdade, veio-me à mente uma melodia e letra que reproduziam a vivência do momento. Meses depois, numa altura em que os Tubarões estavam de passagem pela Ilha do Sal, a caminho da Holanda, o cantor Ildo Lobo convidou o grupo musical Abel Djassi para actuar com eles. Depois de ter cantado a música 'Labanta Braço' ficaram encantados e pediram a devida autorização para ser gravado no seu primeiro trabalho discográfico a ser feito na Holanda. Logicamente, depois dessa interpretação gravada pelos Tubarões, essa música tornou-se uma das bandeiras que simboliza a cultura musical pós-independência nacional”, descreve Alcides Spencer Brito. E assim "gritou", a 5 de Julho de 1975, o povo independente de Cabo Verde. A cerimónia oficial foi no Estádio da Várzea, na cidade da Praia, mas os “gritos da liberdade” ouviram-se em todo o país e na diáspora e ecoam até hoje. Pode ouvir aqui as entrevistas integrais feitas aos nossos convidados.
“— Peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. Mateus 7:7NTLH Qual tem sido a sua disposição em conquistar aquilo que se quer?O nosso Deus Pai, possui a disposição e amor em nos abençoar, por outro lado o que ele espera de nós é a atitude de pedir, procurar e bater.Não se engane em acreditar que o fato de Deus saber o que você precisa é suficiente para você receber dele a sua benção. Mas do que te abençoar o Senhor quer ouvir sua voz, quer sentir seu anseio em procurá-lo e sentir o seu toque ao chamar Sua atenção batendo a porta.Que possamos buscar e encontrar no Senhor, mais do que a benção que precisamos e sim uma intimidade de um filho para um Pai amoroso que anseia em ouvir sua voz, ouvir seu coração disparado em procurá-lo e sentir o teu toque.Pergunte-se a si mesmo:Qual o nível de intimidade que você possui com Deus?Oração: Senhor, quero todos os dias estar e buscar a tua presença, que o Espírito Santo nos ajude a pedir, procurar e chamar a tua atenção, mais que uma benção queremos ter intimidade com o dono da benção.Em nome de Jesus, amém !Que você tenha um dia abençoado!Por Ubiratan Paggio#devocionaisdiarios#deusfalacomigo #EuTeBusco#IntimidadeComOSenhor#ubiratanpaggio@ubiratanpaggio@ubiratan.paggio
“Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas; melhor é o paciente de espírito do que o altivo de espírito.”( Ec 7:8) Começos não determinam destinos, e inícios não sentenciam o fim. Até porque a Palavra vem nos ensinar que melhor é o fim das coisas do que o começo. Melhor é o propósito do que a visão. Aquilo que nossos olhos enxergam e nossa visão define nem sempre estão alinhados a verdade da promessa. Foi assim com Jefté. Um guerreiro valente, que carregava um destino de libertador, mas que construía sobre si uma visão de perdedor, de alguém inferior. Jefté significa “Deus abre”, e seu nome já determinava a força do seu propósito. Filho de uma mulher caananita, prostituta, expulso de casa pelos seus irmãos, sem paternidade, sem herança, um improvável, mas os céus já haviam determinado que melhor seria o fim do que o começo. Jefté seria levantado como juiz e através da sua bravura romperia o ciclo de ataques vindo dos amonitas. Dentre todo o Israel, em nenhuma tenda ou tribo foi encontrado um coração disposto a guerrear por aquela geração. O que os homens não enxergavam em Jefté, Deus já havia feito nascer. Improváveis carregam dentro de si heróis que só o céu conhece. Valentes que confundem os que estão perto por ressignificarem sentimentos de dor em oportunidade para milagres. Deus entregou os amonitas nas mãos de Jefté, e Jefté precisou cumprir seu voto ao Senhor. Sua filha foi entregue como oferta e sacrificada a uma virgindade sem a chance de poder frutificar. Jefté era intenso, mas a intensidade pode gerar a precipitação, e a precipitação a alegria da frutificação. Quando o Senhor soprar o seu nome, seja um herói, mas não se esqueça que a palavra Dele será suficiente para as tuas guerras. Não sacrifique pessoas que ama pela intensidade do teu propósito, mas confie, porque se Ele prometeu, aquilo que olho não viu e nem subiu ao coração do homem será o que teus braços irão celebrar. Ele é Deus do infinitamente mais. Por isso, descanse, a Palavra te garante: melhor sempre será o fim do que o começo.
devocional Lucas leitura bíblica Voltou-se então para o seu hospedeiro: “Quando ofereceres um jantar, não convides amigos, irmãos, parentes e vizinhos ricos, porque esses retribuirão o convite. Em vez disso, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Na ressurreição dos justos Deus recompensar-te-á por teres convidado aqueles que não podem retribuir-te.” Lucas 14.12-14 devocional A motivação com que se avança para determinadas iniciativas tem muito que se lhe diga. Se por um lado acontece, não raras vezes, agir-se por mera obrigação; por outro abunda o interesseirismo. Qual delas a pior! Daí que Jesus não seja nada cerimonioso na crítica aberta a quem estende um convite a alguém com segundas intenções. Aquilo que até pareça um gesto de extrema bondade e hospitalidade, pode muito bem não passar de graxa barata para dar brilho ao ego. Oferecer algo para impressionar terceiros, obrigando-os indirectamente a retribuir, é basicamente perverter o princípio da generosidade. Desvirtuamo-la também sempre que se olha os outros de alto a baixo como se se lhes fosse superior. Toca a surpreender aqueles que não têm forma de corresponder aos mimos que lhes proporcionem. Doar algo, por simples que seja, deve ser feito com o coração, desprendidamente, sem outro intuito que não seja amar. Dar porque sim. Sem esperar nada em troca. Jesus garante que quem procede “assim será feliz.” Mais, “será por Deus recompensado” largamente lá à frente. - jónatas figueiredo Oramos para que este tempo com Deus te encoraje e inspire. Dá a ti próprio espaço para processar as tuas notas e a tua oração e sai apenas quando te sentires preparado.
Moçambique assinala neste 25 de Junho de 2025, os 50 anos da sua independência. Por esta ocasião, a RFI propõe-vos um percurso pela história do país e a sua luta pela liberdade. No oitavo episódio desta digressão, evocamos o cinema, os documentários e reportagens que se produziram na época da independência. Logo após a independência, o novo poder chefiado por Samora Machel entende que o país doravante livre precisa edificar-se sobre pilares comuns comuns. Um deles é a informação e o cinema. Neste sentido, é fundado o Instituto Nacional de Cinema e pouco depois, em 1976 começam a circular por todo o país unidades móveis de cinema que vão mostrar à população o jornal cinematográfico Kuxa Kanema, denominação que significa ‘o nascimento do cinema'. O objectivo é múltiplo : filmar os moçambicanos e ao mesmo tempo dar o seu reflexo, informá-lo, educá-lo e uni-lo em torno de uma mesma mensagem, evidentemente revolucionária. Desta época amplamente filmada e documentada, pouco resta, um incêndio tendo em 1991 reduzido a cinzas uma parte substancial dos arquivos do que se tornou o Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas. Restam os testemunhos daqueles que viveram esse período e filmaram tudo. Um deles, Gabriel Mondlane, dirigente da AMOCINE, Associação Moçambicana de Cineastas, recorda como foi parar a esse universo. "Tenho muita sorte de ter pertencido a essa primeira leva de gente que trabalhou no cinema. Eu acho que aquilo foi muito importante porque, na óptica dos políticos, no momento em que a independência chega, depois há a necessidade de restaurar muitas coisas. Estou a falar de sector económico que não estava a funcionar, no sector de comunicação e também no próprio Governo que acabava de se instalar em Moçambique. Precisava que o sector do cinema dinamizasse um pouco a área social, particularmente nas zonas rurais, onde as pessoas não percebiam muito bem o que estava a acontecer. Então, começamos a trabalhar e fundou-se aquele cinejornal que também, ao mesmo tempo, nos proporcionou a aquisição de equipamento para a projeção, como no caso da Caravana Cinema Móvel que andou pelas províncias e distritos. Portanto, eu comecei a trabalhar no cinema. O Kuxa Kanema foi um jornal que estava muito mais ligado àquilo que eram os objectivos do partido no poder. Acho que isso se deu bem porque contribuiu para aquilo que chamou se de ‘unidade nacional', porque as pessoas começaram a se conhecer através da imagem e isso foi muito bem. E também para a minha parte, foi muito positivo, porque foi um processo de aprendizagem muito positivo", começa por contar o realizador. Cinéfilo, apreciador de filmes de Kung-Fu e de cowboys, nada parecia predispor Gabriel Mondlane a enveredar por um percurso no mundo das salas obscuras. "Caí assim tipo paraquedas, porque eu nasci numa zona em que o cinema se falava muito pouco. E ao mesmo tempo, quando entro para aqui, foi uma espécie de uma escolha meio forçada, sem saber onde é que eu ia. Foram buscar-me na escola e depois levaram-me. Eu nem sabia o que é que era isto. Sabia do cinema, da projeção. Mas cinema atrás das câmaras? Nunca na vida tinha pensado que podia cair aqui. Mas pronto, foi o destino. Eu fui levado e comecei a fazer os cursos. Quando pouco a pouco, fui percebendo como é que é, hoje até digo ‘obrigado' a eles, porque eu nunca estaria a trabalhar numa coisa de que hoje gosto. Trabalhar no cinema. Eu estou aqui já há muitos anos. Não sei mais outra coisa a não ser fazer cinema. Então digo ‘obrigado' a eles", diz o cineasta. Ao recordar que, jovem, tinha um preconceito relativamente ao universo do cinema, Gabriel Mondlane refere que ia ao cinema "de forma irregular". "Aquilo no tempo colonial, nas salas de cinema, tinha que se ir com uma determinada idade. Então, às vezes, nós mentíamos sobre as nossas idades para poder entrar ali. Às vezes apanhávamos o fiscal que nos arranjava problemas. (…) Nós contribuíamos com um determinado dinheirito e algumas moedas e dávamos a um membro do grupo para entrar lá na sala para ver o filme, para depois contar aos outros, porque não tínhamos dinheiro para todos. Então aquele que fosse para lá dentro da sala, voltava com o filme todo na cabeça. Tinha que contar tudo com som, com gestos, com todo aquele clímax dramático que o filme dá. Então fui habituado a fazer isso. É isso que eu conhecia dos filmes. E também quando me pergunta se eu gostava ou não, eu não gostava porque eu detestava aqueles guardas. (…) Então pensávamos que o trabalho do cinema era aquilo. Era naquela sala. Então, quando eu fiquei a saber que vou trabalhar para o cinema, eu senti que iam levar-me para uma coisa de que não gosto, ter que andar atrás dos miúdos, a correr atrás dos outros. Mas pronto, depois foi tudo ao contrário. Na primeira entrevista que eu tive, fizeram-me perguntas para ver como é que nós estávamos em termos de conhecimentos na área do cinema. Eu disse que eu conheço cinema. ‘O que é que tu entendes de cinema?' Eu sei é que eu tinha que contar. Contei os filmes de kung-fu, de Bruce Lee e tal. Puseram-se a rir. Não percebi porque estavam a rir. Estavam a dizer que não era aquilo que queriam saber, era outra coisa. Só agora que estou um bocadinho mais maduro, percebo que falei besteira. Não era aquilo, pois não sabia do outro lado", conta o realizador. Ao recordar a época em que começou a aprender como se faz cinema, Gabriel Mondlane refere que "a formação séria mesmo foi a formação feita pelo Instituto Nacional de Cinema. Essa formação levou um ano intensivo. E isso foi bom porque os formadores eram estrangeiros, eram canadianos, britânicos. São eles que nos introduziam para as novas tecnologias, novos pensares do cinema." A seguir à formação, Gabriel Mondlane acompanha Samora Machel em comícios e reuniões que são invariavelmente fixadas em banda magnética para sua posterior difusão ou arquivamento. "Na verdade, eu comecei mais na área de sonoplastia e eu acompanhei Samora Machel. Na maior parte das vezes, eu viajei com Samora Machel até à morte dele. De uma forma estranha. Eu não fui na última viagem de Samora Machel. Isso é uma coisa estranha, mas todas as outras, maior parte das viagens, eu fui. Também porque nós éramos poucos que trabalhávamos nessa área. E então a alternância entre nós era muito pouca. Se eu não vou numa viagem, a próxima a seguir tinha que ir. Sempre viajei com Samora Machel", recorda o cineasta. Questionado sobre o objectivo de Samora Machel ao pretender guardar filmes de todos os acontecimentos em que participava, Gabriel Mondlane declara que ele "tinha uma outra visão sobre a história e sobre o arquivo. Se a gente quer revisitar a nossa história, só podemos rever a nossa história a partir desse arquivo aqui que foi criado no tempo de Samora. Depois do Samora morrer (em 1986), o Instituto Nacional de Cinema deixou de desempenhar o papel que estava a fazer. O arquivo também parou. Quer dizer, não há nenhum arquivo. Não está sendo apetrechado periodicamente. Não existe em Moçambique uma equipa que se ocupe só para a recolha de assuntos históricos. Não existem. Isso é que é um erro. É um erro grave. A história parou então, com Samora Machel ". "Para além dessas viagens, nós filmávamos todos os discursos que eram feitos. Naturalmente, havia discursos que chamavam de ‘material sensível' e que não podia passar para as pessoas. Naturalmente, havia uma espécie de censura. (…) Era necessário que viesse um chefe de departamento ideológico do partido para ir verificar se a linha política está lá ou não está. Mas o que interessa mais para mim é que a maioria do material que não entrou na divulgação está guardada. Mas e aquele material que se chamava ‘Segredo de Estado'? Esse material ‘Segredo de Estado', não sai. Então, havia duas formas de guardar esse material. Uma que acho que foi pensada, mas acho que não foi muito correcta, porque houve alguns discursos um pouco quentes que a gente gravava. Esse aí foi guardado de uma forma um pouco mais sigilosa. Mas havia materiais que nós gravávamos que tínhamos que entregar directamente à segurança. Logo que terminasse, a segurança levava. No meu ponto de vista, esse material perdeu-se porque eles não tinham laboratórios. (…) Então há materiais que a gente ficou sem saber onde que estão. Já não vale a pena contar com esses materiais porque passado mais de cinco anos, é o fim", refere o realizador. Para além do objectivo propagandístico do cinema daquela época, Gabriel Mondlane recorda que as autoridades pretendiam igualmente, através dos meios audiovisuais criar uma união dos moçambicanos em termos culturais. "O conceito era de criar uma identidade nacional através do cinema. É por isso que se testemunha o filme ‘Tempos de leopardos', fala sobre a luta armada. Essa história realmente era para mostrar quão as forças de libertação nacional conseguiram vencer uma grande máquina, a máquina colonial. Isso é um caso. Outros casos, os documentários que nós fazíamos eram documentários que tinham também um condão político. (…) Samora Machel não era pessoa de esconder a sua visão sobre as coisas. Havia outras coisas que não eram boas, como por exemplo, nos anos 80, Moçambique tinha dificuldade de alimentação. A economia estava completamente rebentada e não havia nada nas prateleiras das lojas. Mas mesmo assim nos deixou filmar e nós filmamos isso. Se fosse um outro regime, não deixaria a gente filmar aquilo porque era uma grande vergonha. Mas nos deixou filmar, como também ele mesmo nos convidou a filmar aquilo que chamou de ‘política ofensiva', ‘política organizacional', que se traduziu num documentário muito interessante, onde o Presidente Samora foi de armazém e armazém, a andar de loja em loja, verificar como é que as coisas estavam, como é que as comidas eram distribuídas ao povo, etc", relembra o cineasta. Por fim, ao lamentar a destruição de boa parte dos arquivos cinematográficos do país após um incêndio em 1991, nas instalações do actual Instituto Nacional de Audiovisual e Cinema de Moçambique, Gabriel Mondlane também dá conta das dificuldades atravessadas actualmente por ele e pelos seus pares. "A única coisa que já começou a ser difícil realmente é conseguir fundos. Nós temos que batalhar muito e conseguir ter amigos estrangeiros. Tu não tens amigos lá no estrangeiro, é difícil ter fundos aqui, sobretudo para filmes grandes. Talvez uma curta-metragem consiga alguma coisinha, com um agente económico aqui ou ali. Mas filmes grandes têm que procurar fora", diz o realizador. Podem ouvir o nosso entrevistado na íntegra aqui: Vejam aqui uma pequena visita guiada do museu do cinema em Maputo:
Há alguns anos eu trabalhei como garçom em um hotel na Irlanda. Quando vi a vaga em um anúncio, me interessei muito, afinal de contas, além do valor do meu salário, sabia que certamente iria receber gorjetas polpudas e, por isso, me esforcei para ir bem na entrevista. Deu certo.No exterior, os garçons dobram ou triplicam seus ganhos em função das gorjetas. É diferente do Brasil. A grande questão foi que, na entrevista, fui informado que seria garçom do café da manhã, ao invés de jantares e almoços.Automaticamente, imaginei que as gorjetas não viriam como pensei. Como precisava de trabalho, resolvi encarar mesmo assim.No primeiro dia, já fui perguntando para todos os membros da equipe de garçons se recebiam gorjetas ali, naquele horário, e as respostas foram unanimes: "NÃO". Aquilo até me desanimou um pouco, mas lembrei que para muitas coisas na vida querer é poder, e temos que fazer por merecer. Então, comecei uma campanha imensa para conseguir tirar leite de pedra, conseguir uma boa remuneração extra no café da manhã.Alguns dias depois, um homem carrancudo entrou no refeitório. Eu o abordei e o convidei para sentar e ele, nem sequer, responder meu bom dia.Logo em seguida, me pediu algumas coisas, dentre elas um chá. Perguntei se gostaria que eu adoçasse ou não, se queria a xícara cheia ou não. Enfim, vendo aquela cara feia, ao invés de ficar bravo com ele, pensei que ele precisaria um pouco mais de atenção e o fiz com todo carinho do mundo.Ele foi embora depois de meia hora e nem se despediu de mim, mas tudo bem. Fui limpar sua mesa e, ao levantar seu prato, vi que ele havia ali deixado mais de uma dezena de moedas, elas eram douradas e pareciam tesouro.Não podia acreditar no que estava vendo! Fiquei muito grato e, naquele dia, um conceito foi plantado em minha cabeça: vejo muitas pessoas dizendo que esperam algo acontecer para fazer o que precisa ser feito, quando, na realidade, devemos fazer o que precisa ser feito para que algo aconteçaAlguns amigos me diziam que quando o cliente chegava com cara feia, eles nem se esforçavam, como quem diz: ele tem que fazer a parte dele primeiro para eu fazer a minha. Um grande erro, porque só quando fazemos a nossa parte as coisas acontecem.Daquele dia em diante comecei a aprender falar "bom dia" em vários idiomas para fazer um atendimento diferenciado a cada hóspede. Me interessava por fazer com que saíssem do hotel com uma carga extra de energia de manhã, fazia meu melhor, mesmo quando aparentava não ser correspondido.Depois de algumas semanas, naquele mesmo local onde nunca haviam sido dadas gorjetas, eu recebia muito dinheiro extra dos hóspedes, em retribuição aos meu atendimento. Percebi que algumas pessoas da equipe mudarem sua postura ao ver como eu fazia o atendimento e também começaram a receber.Lembro de uma lição que ouvi de alguém muito sábio:"Mude a atmosfera, saia e vá acima das nuvens onde o céu é sempre azul". É isso que tento fazer todos os dias e, realmente, os resultados são outros! Tente você também!
Há alguns anos eu trabalhei como garçom em um hotel na Irlanda. Quando vi a vaga em um anúncio, me interessei muito, afinal de contas, além do valor do meu salário, sabia que certamente iria receber gorjetas polpudas e, por isso, me esforcei para ir bem na entrevista. Deu certo.No exterior, os garçons dobram ou triplicam seus ganhos em função das gorjetas. É diferente do Brasil. A grande questão foi que, na entrevista, fui informado que seria garçom do café da manhã, ao invés de jantares e almoços.Automaticamente, imaginei que as gorjetas não viriam como pensei. Como precisava de trabalho, resolvi encarar mesmo assim.No primeiro dia, já fui perguntando para todos os membros da equipe de garçons se recebiam gorjetas ali, naquele horário, e as respostas foram unanimes: "NÃO". Aquilo até me desanimou um pouco, mas lembrei que para muitas coisas na vida querer é poder, e temos que fazer por merecer. Então, comecei uma campanha imensa para conseguir tirar leite de pedra, conseguir uma boa remuneração extra no café da manhã.Alguns dias depois, um homem carrancudo entrou no refeitório. Eu o abordei e o convidei para sentar e ele, nem sequer, responder meu bom dia.Logo em seguida, me pediu algumas coisas, dentre elas um chá. Perguntei se gostaria que eu adoçasse ou não, se queria a xícara cheia ou não. Enfim, vendo aquela cara feia, ao invés de ficar bravo com ele, pensei que ele precisaria um pouco mais de atenção e o fiz com todo carinho do mundo.Ele foi embora depois de meia hora e nem se despediu de mim, mas tudo bem. Fui limpar sua mesa e, ao levantar seu prato, vi que ele havia ali deixado mais de uma dezena de moedas, elas eram douradas e pareciam tesouro.Não podia acreditar no que estava vendo! Fiquei muito grato e, naquele dia, um conceito foi plantado em minha cabeça: vejo muitas pessoas dizendo que esperam algo acontecer para fazer o que precisa ser feito, quando, na realidade, devemos fazer o que precisa ser feito para que algo aconteçaAlguns amigos me diziam que quando o cliente chegava com cara feia, eles nem se esforçavam, como quem diz: ele tem que fazer a parte dele primeiro para eu fazer a minha. Um grande erro, porque só quando fazemos a nossa parte as coisas acontecem.Daquele dia em diante comecei a aprender falar "bom dia" em vários idiomas para fazer um atendimento diferenciado a cada hóspede. Me interessava por fazer com que saíssem do hotel com uma carga extra de energia de manhã, fazia meu melhor, mesmo quando aparentava não ser correspondido.Depois de algumas semanas, naquele mesmo local onde nunca haviam sido dadas gorjetas, eu recebia muito dinheiro extra dos hóspedes, em retribuição aos meu atendimento. Percebi que algumas pessoas da equipe mudarem sua postura ao ver como eu fazia o atendimento e também começaram a receber.Lembro de uma lição que ouvi de alguém muito sábio:"Mude a atmosfera, saia e vá acima das nuvens onde o céu é sempre azul". É isso que tento fazer todos os dias e, realmente, os resultados são outros! Tente você também!
O 56º episódio das versões mais curtas de reflexões traz um trecho do livro "Contém Vida", de José Carlos de Lucca. Inscreva-se em nosso canal
As actividades da indústria do petróleo e gás causam impactos significativos ao longo de todo o ciclo, desde a exploração até o abandono das infra-estruturas. O alerta é de Bruna Campos, responsável de campanhas sobre petróleo e gás offshore (no mar) do Centro para o Direito Ambiental Internacional (CIEL – Center for International Environmental Law), durante a terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), que decorreu em Nice, França. Segundo Bruna Campos, os efeitos da actividade extractiva estendem-se a cada etapa do processo — exploração, produção, transporte e desactivação — afectando de forma profunda os ecossistemas marinhos e as comunidades costeiras. “As actividades de petróleo e gás têm um impacto em todo o ciclo, exploração, produção e transporte. E até na fase final, que se traduz no abandono da infra-estrutura, cada parte do ciclo tem o seu próprio impacto”, explicou. Na fase de exploração, o uso intensivo de sonares representa uma ameaça séria à fauna marinha. “Aquilo causa um grande problema a muitas espécies no mar, como por exemplo, às baleias ou aos golfinhos. Mas não só, aos microrganismos também, como o zooplâncton, que têm muitos problemas com esse tipo de som. Não reagem muito bem. Isso causa um problema em toda a parte da alimentação marinha.” A responsável de campanhas sobre petróleo e gás offshore alertou ainda para a frequência com que ocorrem derrames de petróleo, contrariando a percepção comum de que são eventos raros. “As pessoas pensam que o derrame de petróleo é muito raro, só que não. E os derrames acontecem todos os dias. Uma publicação da SkyTruth, organização que utiliza imagens de satélites para poderem ver esses tipos de derrames, repararam que os derrames acontecem todos os dias em muitas infra-estruturas.” Estes derrames têm implicações ambientais e humanas, com consequências particularmente graves nas comunidades que dependem da do oceano e da pesca. A especialista destacou que os efeitos não se limitam ao meio-ambiente, mas também afectam directamente a segurança alimentar, os direitos culturais e os modos de vida tradicionais. “Todos os direitos humanos são postos em causa.” Apesar das múltiplas discussões e anúncios, uma das críticas que frequentemente se apontam às grandes cimeiras é a ausência de acções concretas por parte dos governos. “É isso o grande problema. Estamos a pedir para os países mudarem esse tipo de retórica e para começarem a falar sobre as acções, sobre o que eles vão verdadeiramente fazer.” Bruna Campos acrescenta igualmente a importância de incluir as comunidades afectadas nas decisões que dizem respeito ao seu futuro. “As comunidades que vivem nessas áreas devem fazem parte da decisão, mais do que serem ouvidas devem fazer parte da decisão.”
Uma emissão com muito café, petiscos algarvios, pizza e sardinhas!
"Nuvem Negra - O drama do 27 de Maio de 1977" é o livro onde o advogado e professor universitário Miguel Francisco, mais conhecido como “Michel”, relata, na primeira pessoa, os três anos de pesadelo em que esteve preso. Michel testemunha as torturas, fuzilamentos, trabalhos forçados, as condições mais desumanas a que foram sujeitos aqueles que em Angola foram acusados de colaborarem com os “fraccionistas” (Nito Alves e José Van-Dúnem). "Nuvem Negra - O drama do 27 de Maio de 1977" é o livro onde o advogado e professor universitário Miguel Francisco, mais conhecido como “Michel”, relata, na primeira pessoa, os três anos de pesadelo em que esteve preso e viveu as condições mais desumanas a que foram sujeitos aqueles que em Angola foram acusados de colaborarem com os “fraccionistas” (Nito Alves e José Van-Dúnem). Michel, que em 1977 era militar do MPLA, fez parte dos milhares de prisioneiros, condenados sem julgamento, que foram enviados para o “campo de concentração”, “campo da morte”, o campo de Calunda. O livro "Nuvem Negra - O drama do 27 de Maio de 1977" foi recentemente reeditado em Portugal pela Perfil Criativo. Em entrevista à RFI, Michel, que considera que a reconciliação entre angolanos ainda está por fazer, começa por lembrar o choque que teve ao chegar ao campo. Os amigos de Luanda, que pensava que estariam mortos, estavam ali, vivos, mas o aspecto de farrapos humanos, doentes, cadavéricos, com lêndeas e cabelo a cair, eram marcas das condições desumanas do campo da morte. Michel: Quando eu vi, o Manél está vivo! Eu pensava que o gajo estava já morto, afinal ele está vivo. Mas ele estava em mau estado, com lêndeas, anémico, muito magro. Ele disse-me: "Vocês estão aqui e recebemos ordens. Nós não podemos comunicar com vocês." A segurança lá, o DISA. Então, o campo é novo, não tem condições nenhumas, meteram-nos aqui como se fossemos farrapos. Então, começámos mesmo a dormir ao relento. Isto estou a resumir, no livro está tudo. Veio esse primeiro grupo no dia 26 de agosto. Depois veio o segundo no dia 30 ou 31. E depois veio... depois veio o último grupo no dia 3. Este último grupo, dia 3, é que fez o número para eles realizarem o comício satânico para fazerem um fuzilamento em hasta pública, com a população lá, assistindo. Terrível, nunca vi uma coisa assim. Nós fomos obrigados a assistir ao fuzilamento de dois rapazes. Um deles até chamava-se António Ambrige. Jovem, só 18 anos. Estou a ver como se fosse agora. E depois tiraram mais um miúdo. No dia antes nós fomos à Tonga, inculparam-lhe que ele ia fugir. Mas aquilo era uma farsa. Inventaram aquilo. Eles já tinham planificado o fuzilamento para incutir o medo no grosso de toda a malta que estava ali no campo. É uma estratégia que eles tinam montado. De tal forma que nós assistimos, horrorizados. Para nós pensarmos que não vamos sair daqui vivos. No comício, esteve presente o administrador comunal daquela região. Um gajo muito tribalista, o gajo que mais incitava ao ódio ali, naquele comício. E as populações (vieram), pediram a toda a população dos bairros (para vir ver). Estavam ali, concentrados. Todo o mundo assistiu. Tanto mais que naquele fuzilamento, a população também não embalou. Era visível no rosto dos populares a revolta e a reprovação do que eles estavam a assistir. Muitos até não quiseram assistir. Uns até choravam. Por toda essa peripécia que a gente viveu, é que me levou a escrever o livro. Eu disse logo. Por todo este clima de terror que nós estamos aqui a viver. Nunca me passou pela cabeça que o MPLA fosse capaz de criar um campo desta dimensão, nem a PIDE na época colonial. Aquilo era terror autêntico. Nós chegámos lá no dia 26 e tiveram que nos evacuar no dia 17 de outubro. Se continuasse mais tempo não sobraria ninguém. Porque depois surgiram muitas doenças. Por quê? Porque chovia muito. Não havia casas suficientes. Alimentação não havia. Trabalhos forçados, torturas, pancadarias, fuzilamentos. Olha, eu vou só lhe dizer um caso que aconteceu. No dia em que eu fiz 22 anos, no dia 26 de setembro, eu não fui à Tonga. Tonga é lá a roça onde se ia para fazer trabalhos forçados. Eu não fui. Simulei qualquer coisa e fiquei mesmo lá, no campo. Até havia mais benefício em ir à Tonga, porque lá tem água. No campo, nem água tinha. A água era de um tanque. Você nem água tinha para beber. A situação era tão grave no campo que você nem água tinha. Portanto, era melhor ir para a tonga,porque lá tem os rios. Tomas um banho, bebes água à vontade. E quando chegas (ao campo) tens o papo cheio, já não tem necessidade de beber água. Então, eu não fui mesmo, disse não vou. Então, fui à caserna de um indivíduo chamado Jerónimo. Ainda está vivo. E eu disse: "Oh, Jerônimo, eu, hoje, fiz 22 anos. Aí o gajo disse assim: "Epá, você fez 22 anos! Hoje tens que te aventurar e ir lá na bicha, para ver se comes qualquer coisa." Pronto, a bicha (a fila que se formava para receber uma ração) era terrível. Não se conseguia receber comida, porque a cozinha era única e o número de prisioneiros era muito. Aquilo era uma luta tão grande para conseguir uma migalha de comida que nem todos recebiam. Só os mais fortes é que conseguiam. Eu não conseguia mesmo, não conseguia. Por isso eu vim de lá (do campo) com mazelas. Cheguei a ficar quatro dias sem comer mesmo nada. Então, o que é que eu fazia? Recolhia as escamas de peixe que estavam no chão junto da cozinha. Depois acendia um fogareiro numa lata e tomava aquele molho com sal para mitigar a fome. Mas nesse dia, esse meu amigo Jerónimo disse, "Epá, tens que ir à bicha. Vai! faz alguma coisa! Já não vais fazer mais outro aniversário aqui. Porque aqui nós estamos todos condenados à morte. Então, nesse dia eu tentei ir à bicha. Não é que, por meu azar, e isso está tudo em livro, não é que, por meu azar, nesse dia, também o próprio chefe do campo decidiu ir à bicha para acompanhar o comportamento (dos prisoneiros) e ver como estava a ser distribuída a refeição. Eu estava naquela confusão, para ver se conseguia festejar o aniversário pelo menos comendo alguma coisa. E aquele gajo, de um momento para o outro, disse: "mas que brincadeira é essa? Vocês estão-me enervando. Eu mato já um gajo!" Eu até pensei que ele estivesse a intimidar para que a gente se organizasse melhor. O gajo saca da pistola... Epá, eu nunca tinha visto uma coisa assim. Saca da pistola... Epá, prime o gatilho (com a arma) na testa de um gajo... Epá! De um gajo aleatoriamente. Pumm! Epá, antes dele fazer esse disparo, eu vi o gajo. Eu fiquei com medo. Eu vi o gajo e saí da bicha. Logo que o gajo faz o tiro, Epá, eu... O sangue a jorrar, a bicha se desfez toda, … todo o mundo disperso. Fui para a caserna. Então, disse logo: Epá, isto aqui é mau sinal. Então hoje mesmo que eu faço o aniversário e me acontece uma coisa dessa. Então, é porque já não vou sobreviver. Mas jurei comigo mesmo, se algum dia eu sobreviver, eu vou escrever um livro para relatar todas essas situações que eu estou a viver. É essa a razão que me levou a escrever o livro. RFI: Sobre este drama do 27 de maio de 1977, o Michel já escreveu outros livros, estou-me a lembrar do livro O Racismo como Cerne da Tragédia de 27 de Maio de 1977. Este é um relato de todos os factos que eu vivi, senti na carne e na alma, o que me levou a escrever o livro. Mas, como cidadão que eu sou, com alguma formação que eu tenho, quis ir ao fundo do que realmente esteve na base deste processo. Contrariamente ao que muita gente pensa, é um livro polémico, porque são ideias minhas. Eu fiz uma incursão, fiz uma investigação e fiz uma reflexão. Porquê aquela sangria toda? Tem matérias muito complexas, que tem a ver com a realidade própria do meu país, cujo cerne cai exactamente no racismo. Por isso eu escrevi O Racismo como Cerne da Tragédia de 27 de Maio. Agora, as pessoas lêem. Podem concordar com o que está lá ou não concordar. É o que eu fiz. Esta é uma reflexão pessoal, a minha análise, a minha opinião sobre o que esteve na base do 27,com a qual as pessoas não são obrigadas a concordar. É uma questão de liberdade. Eu penso que o que esteve na base daquela tragédia é aquilo que está no livro que eu escrevi. Agora as pessoas podem concordar. O que o faz ter a opinião de que terá sido o racismo? Ah! aí está o problema! Porque é muito difícil dizê-lo, mas é o que aconteceu. Porque os factos são factos. Quem dirigiu a repressão em Angola foram mestiços. Foram maioritariamente mestiços. São mestiços que planificaram isso. Para mim, são mestiços. E quem viveu em Angola sabe a realidade, sabe que é isso que se passou. Agora, usaram o Presidente Neto, como escudo. Instrumentalizaram o Presidente Neto. Agora, se ele se deu conta, isso é um problema dele. Mas penso que ele deu-se conta. Por quê? Porque eu tive um encontro com a dona Maria Eugénia, viúva do Presidente Neto. Tive uma reunião com ela em 2011, a pedido dela. Esta reunião foi intermediada pelo antigo primeiro-ministro Marcolino Mouco. Um encontro muito frutífero. Ela foi com o meu livro, a primeira versão. Foi com o meu livro para me fazer perguntas. Fez uma série de perguntas e eu respondi. E ela, no fim, diz assim, "coitadinho, o homenzinho, fizeram tudo sem ele saber e o homem sofreu até morrer". No encontro que ela teve comigo, estava ela, esteve um indivíduo chamado Amarildo Vieira Dias e estava a filha, a doutora Irene Neto. Se elas ouvirem, podem confirmar, em 2011. Eu tenho uma grande admiração pelo Presidente Neto, mas não posso perdoar o que ele fez. Então, aquela ideia de uma divisão entre nitistas e netistas faz sentido ou não? Não faz sentido. Isso está no livro que eu escrevi. Na minha perspectiva, aquilo é um falso problema. Eles manipularam de tal forma o Presidente Neto para influenciar a opinião pública nacional e internacional de que a luta do Nito (Alves) era contra o (Agostinho) Neto. Mas não, não é verdade. É falso dizer que havia netismo e nitismo, como se o Nito fosse adversário do Neto. Não, é mentira! Isto não é verdade. A verdade é que o Neto, naquela altura, naquela conjuntura,era uma peça fundamental e qualquer uma das alas queria tê-lo do seu lado. E venceu a área que tinha o Neto do seu lado. Porque o Neto, na altura decisiva da contenda, bandeou-se para o lado da ala que reprimiu. É por isso que eu disse que o problema resvala no racismo. Não vale a pena escondermos. Quem são os gajos que dirigiram a repressão? Lúcio Lara, Igo Carreira, Onambwé, Costa Andrade "Ndunduma", Hermínio Escórcio, todos eram mestiços!. Para quê esconder? É verdade que tinha lá uns pretinhos, mas não tinham aquilo que se chama o domínio do facto. Quem dirigiu a repressão são essas gentes. Isto eu não escondo. É uma realidade. Os factos são factos. E todo mundo sabe disso. Agora, as pessoas podem não concordar comigo. Eu sempre disse, e neste meu livro está lá, o problema do 27 de maio não é ideológico, na minha perspectiva. O problema do 27 de maio é político, é profundo. Já vem da essência do próprio MPLA. Quem fundou o MPLA? Isto não vale a pena esconder. É a minha perspectiva. Eu sou um homem livre. Exprimo aquilo que penso. Agora, posso estar errado, mas têm que me provar o contrário. No campo onde esteve preso, havia pessoas que morriam por causa dos maus-tratos, mas uma grande parte dos mortos era por causa da doença. Sim, a maior parte que morreu no campo, está no livro, era por doenças. Havia um ou outro... Tortura havia ali. (Mesmo sobre) Aqueles gajos, indivíduos que iam roubar mandioca. Chegou uma altura em que a situação estava de tal forma insustentável... O ser humano tem instinto de sobrevivência... Começaram a ir para as lavras roubar as mandiocas. Quando voltavam, aquilo era uma tortura que não era brincadeira. Eram postos nus, e o chefe do campo, com a mulher a assistir, pegava num cacete e batia no pénis. O pénis ali a inchar e a sangrar. Todo mundo a ver, ele nu. Aquilo não era coisa de brincadeira. É o que me levou a escrever o livro. Eu dizia assim: Epá, eu nunca vi uma coisa dessa. Epá, mas é mesmo o MPLA que está a fazer isso? O MPLA vai criar um campo destes? O MPLA que diz que é o povo, e o povo é o MPLA, vai-lhe dar na cabeça para criar um campo desta magnitude? Por isso é que esse tipo de coisas que estão aí a fazer, isso não é reconciliação. Isso não é reconciliação, não é nada. Pela gravidade do assunto, é um assunto que tem que ser bem... Não é só vir com um papelzinho, olha, peço desculpa. Não, aquilo é formal. É um bom passo. Mas agora tem que ir ao fundo do problema. Tem de haver responsabilização política. Pode não ser criminal, ninguém precisa disso. Mas responsabilização política tem de haver. Só assim poderá haver reconciliação. Caso contrário, não há. É assim no Chile, é assim no Brasil. É assim aqui. Aqui, os da PIDE têm mais espaço aqui? Os gajos que fizeram a PIDE aqui têm espaço? Não pode. São cidadãos, vivem ali, mas não tem possibilidade nenhuma de aparecer. Nós em Angola, não. Estão a condecorar até verdugos. Os próprios gajos que mataram, os algozes, estão a ser condecorados. Isto é sério? É assim que se faz? É um prémio pelas matanças que levaram a cabo? Em vez de se criar uma comissão da verdade para se explorar bem, se determinar bem as responsabilidades, e para que uma situação do género não se volte a repetir, estão a ser condecorados. Isto é sério? Por amor de Deus, pá! Só no meu país. Mas eu, como sobrevivente, como angolano que dei o meu melhor nesse país, vou lutar até as últimas consequências. Ainda que me matem. Se quisermos uma verdadeira reconciliação nacional, teremos que ir buscar as causas profundas que estiveram na base disso. O que é que sugeria para que, realmente, essa reconciliação nacional acontecesse? O que eu proponho é a criação de uma comissão da verdade, até podem chamar outro nome qualquer, para primeiro descobrir quem foram os indivíduos que assassinaram aqueles comandantes que apareceram no dia 21 nas Barrocas do Sabizanga. Esse é o ponto de partida. Porque é a partir dali, deste facto bárbaro, que o Presidente Neto veio a público dizer que não perdia tempo com os julgamentos. Não haverá perdão nem... Isso vem em letras grossas. Aliás, escritas pomposamente pelo Costa Andrade "Ndunduma". Que depois inventou mais uma outra célebre frase, "É preciso bater no ferro quente", numa alusão para instigar a matança que já estava a ser levada a cabo. Em função desta frase do Presidente Neto, "Não vamos perder tempo com os julgamentos". Por quê? Por causa daqueles comandantes. Então é preciso saber quem foram as pessoas que assassinaram aqueles comandantes. Foram os fraccionistas? Duvido muito. Até por uma questão de lógica. Se o golpe falhou às 11 horas, mais ou menos às 11 horas, 11 e meia, já as tropas cubanas tomaram a cidade toda. E os próprios fraccionistas já estavam em demandada. Como é que tiveram tempo, durante a noite, para assassinar, meter num carro, numa Kombi, e ir meter (os corpos) alí nas barrocas? Por amor de Deus, pá! Isso é uma questão de lógica. Tem de haver alguma estratégia. Agora, temos que saber quem foram. A gente sabe quem são. A gente sabe! Mas a minha opinião vale o que vale. Por isso é que tem, mesmo, que haver uma comissão da verdade. Olha, se lerem o livro do Nito Alves, nesse livro, tem lá muita carga ideológica. Purga e aquela carga ideológica está lá. E vão às informações que o livro tem. Há uma página 172 ou 173, está lá tudo. Aquelas reuniões que eram levadas a cabo na casa do Júlio de Almeida, era reunião de quê? Era para fazer o quê? Está lá tudo. Matrículas todas, as pessoas que iam lá frequentar. Vamos lá, só ver. Ali temos um bom ponto de partida. Agora, se querem que as pessoas todas que estavam envolvidas nesse processo trágico, morram todas para depois não serem responsabilizadas, isto não é reconciliação. Com toda sinceridade, não é! Qual é o impacto que o drama do 27 de Maio de 1977 ainda tem, nos dias de hoje, na sociedade angolana? Basta ver o país como está. Tão simples quanto isso. Isso não é uma questão de romantismo, é uma questão de realismo. O MPLA inflectiu para um rumo depois do 27 de Maio. O MPLA não é mais o mesmo. E a prova está ali, hoje, no que temos. Que MPLA temos hoje? Que MPLA temos hoje? Os melhores patriotas que o MPLA teve na sua vida são aqueles que foram trucidados no 27 de Maio. Não me venham lá com outras teorias. São esses que foram mortos no 27 de Maio. Hoje só temos aí os escroques! Indivíduos mais ligados para a riqueza. Não é?! Todos eles são ricos. São milionários. Têm casa aqui, dupla nacionalidade. Todos eles. Que patriotismo é esse? Eles é que andaram a instigar esses miúdos todos a virem para aqui. Porque copiam. Um verdadeiro patriota pensa no seu país! Investe lá! Mas eles todos vêm aqui e morrem aqui. Depois é que vão lá ser enterrados. Ou não é? Esse é patriotismo de quê? Podem ser tudo menos patriotas. Se é que têm noção do que significa patriotismo? Portanto, este é o impacto do 27 de Maio. O MPLA está completamente descaracterizado porque os melhores quadros que eles tiveram, os melhores patriotas, são esses que foram mortos no 27 de maio. Nisso não tenho dúvidas. Mesmo as pessoas que participaram nesta repressão têm noção disso, reconhecem. Hoje O MPLA está descaracterizado. Isto não é romantismo do Michel, não, é um facto. Está aí, palpável. Olha como é que o MPLA está hoje, completamente desacreditado. Acha que ainda é possível com o MPLA no poder alcançar essa verdade que o Michel defende, que o Michel procura? Eu acredito no ser humano. É uma questão de vontade política. Ainda é possível, vão a tempo. Mas se não for possível, vão ser forçados a fazê-lo. A reconciliação só pode passar por este caminho. Olha, é uma questão de filosofia de vida, Luís Guita. A filosofia de vida nos ensina que não se constrói um edifício a partir do tecto. Os edifícios se constroem a partir da base. O que é que se faz primeiro? Criam-se os alicerces. Depois, criam-se os pilares para sustentar o edifício. Olha, a CIVICOP está a fazer exactamente o contrário. Está a começar por cima para depois terminar em baixo. Não se dá certidão. Certidões, ossadas, é um processo que vai culminar lá. Depois até se pode erigir um monumento. Mas primeiro temos que ir às raízes, àquilo que esteve na base do 27. O que é que deu para matarem tanta gente? Isso é que é fundamental. Se a gente discutir isso, chamar as pessoas à razão, confessarem ali na comissão o que é que fizeram, porquê que fizeram, o caso morre aí. Nós estamos todos disponíveis para perdoar. Sem isso, nada feito. Está a acontecer a reedição do livro "Nuvem Negra", que o Michel escreveu sobre o drama do 27 de Maio de 1977. No poder, em Angola, já está a chegar uma nova geração, pessoas que, algumas, ainda nem sequer tinham nascido quando isto aconteceu. Qual a importância que este tema seja também dado a conhecer com profundidade a essa nova geração? Por isso é que se escreveu o livro. É para que eles leiam. Vão ler o que eu escrevi, vão ler a opinião das outras pessoas que também escreveram, porque não serei o único que escreveu sobre esta matéria, e eles próprios, depois, vão chegar a uma conclusão. Eu estou a deixar aqui um registo, é um legado. No fim do texto está lá escrito: "Para que as gerações vindouras saibam o que é que se passou. Para que não se silencie e casos do género não se repitam". Agora, eu não estou a dizer à juventude que eles têm que abraçar aquilo que está lá escrito. Não, isso é uma ferramenta de apoio para que eles reflitam sobre o que é que se passou neste país. Para que coisas do género não voltem a acontecer. O que eu quero é que se faça a justiça e que o governo angolano pense, repense, que leia o sinal do tempo. Vai a tempo de inflectir o rumo que ele está a seguir com este processo de 27? Porque o processo de 27 não morre assim. É a verdade. De resto, eu sinto-me bem e sou agradecido, mais uma vez, à RFI por me entrevistar, porque eu nunca tive espaço lá em Angola, é um pouco difícil, senão nas rádios privadas. Nas rádios públicas nem é pensado passar isto, porque eles não fazem, por razões óbvias. O livro termina mesmo com uma frase que é "Que se faça justiça". Quem julga? Essa justiça não é a justiça formal dos tribunais, é a justiça do povo, da juventude, da geração que está para vir. Aliás, uma das passagens deste livro do Michel faz referência ao povo e à maneira como o povo olhou para vós, prisioneiros, no momento em que estavam no Luau... Sim!! ... e escreveu, "até ao anoitecer, as velhas, e mesmo os jovens camponeses, traziam produtos das suas lavras como mandioca, tomate, cebola, batata e ervas. Foi um gesto de profunda sensibilidade e solidariedade que me marcou profundamente e que jamais esquecerei. Este comportamento, por parte do povo, desde o campo, até nesse dia, no Luau, ajudou-me a consolidar o princípio segundo o qual Os povos nunca são maus". Sim! Os povos nunca são maus! Maus são os políticos. Os povos nunca são maus, ó Luís. Os povos nunca são maus. É exactamente pela vivência que eu tive. Esta vivência dramática que me marcou para toda a vida. Eu estou a fazer 70 anos. Mais um ano ou dois anos, você vai ouvir dizer ... e pensar ... entrevistei aquele jovem, já foi. Mas eu deixo esse registo para a eternidade. Morro eu, mas o meu livro não. As minhas ideias vão ficar sempre. Por causa disso, os povos nunca são maus. Eu nunca digo que o povo português é mau. Nem digo que o povo russo é mau. Não! Maus são os políticos que se servem dos povos para gizar um projecto que não é aquele que o povo quer. Isto é que é verdade!
Conversas com as Entidades sobre temas diversos
EXERCENDO NOSSOS CHAMADOS ❤️
O jogador fala da paixão pelo campo, medo da aposentadoria, danos no corpo, saúde mental, racismo e futebol como ferramenta de transformação Jogador titular do Flamengo, Danilo Luiz também sente o peso de vestir a camisa da Seleção Brasileira de Futebol ao ser convocado para os jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Aos 33 anos – 16 deles vividos como jogador profissional –, o atleta entende o futebol não apenas como o lugar de seus feitos, mas como uma ferramenta de transformação: sua, da sua família, e de quem ele puder alcançar. Mas o craque não limita sua atuação às quatro linhas. "Nós somos múltiplos, temos várias habilidades, olhares diferentes dependendo do momento de vida. Posso ser um atleta bem-sucedido, ganhar dinheiro, ter uma vida bacana e, ainda assim, ser a pessoa que eu quiser, falar do que eu quiser", afirma. Danilo Luiz abre o coração no Trip FM sobre o que ainda o impulsiona na carreira e a proximidade de sua aposentadoria. "O fim não está muito longe e fico me fazendo essas perguntas: o que vai acontecer com esse espaço? Como vou substituir isso?", refletiu. "Hoje, me custa muito mais a preparação física, os treinos, as viagens, os sacrifícios. Mas o jogo vale tudo." No papo com Paulo Lima, o craque fala sobre racismo, saúde mental e responsabilidade e também conta de seus projetos fora de campo, como a Voz Futura, plataforma de comunicação voltada para a educação e o entretenimento. O programa fica disponível no Spotify e no site da Trip. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/06/6842f9011b91b/danilo-luiz-zagueiro-selecao-brasileira-futebol-trip-fm-mh.jpg; CREDITS=Lucas Figueiredo; LEGEND=Danilo Luiz; ALT_TEXT=Danilo Luiz] Trip. O que ainda te move depois de tantos anos de carreira? Danilo Luiz. Eu já levo muitos anos de profissão e muitas coisas hoje em dia me custam mais: a preparação, os treinos, as viagens, os sacrifícios. Mas o jogo… Eu sou viciado pelo jogo. A sensação, a incerteza, ser levado ao limite, a concentração necessária, o jogo mental, as nuances… É difícil descrever, mas é isso que me move. É uma rotina que nem sempre é prazerosa, né? A gente tem que ser honesto quando fala para o público e para as próximas gerações que se inspiram em nós: é duro. Em alguns momentos não é nada bacana, não é com prazer, é de cara feia, por obrigação. Mas o resultado final, o jogo… Sabe aquela coisa ali do palco? Aquilo, sim, vale a pena. Você já pensa no fim da sua carreira? Eu acredito que o fim da minha carreira não está muito longe e fico me perguntando: o que vai acontecer com esse espaço? Vou tentando já fazer várias outras atividades, me imaginar em outros cenários… Faço tantas outras coisas justamente por isso. E como você lida com essa transição? A gente tem a mania de se definir por uma linha só, por um nicho. Eu acredito que isso é limitar o potencial de cada ser humano. Nós somos múltiplos, temos várias habilidades, olhares diferentes que dependem do momento de vida, da idade, da experiência. Eu posso ser um atleta bem-sucedido, ganhar dinheiro, ter uma vida bacana e, ainda assim, ser a pessoa que eu quiser, falar do que eu quiser. Você acha que existe uma imagem distorcida do atleta? A gente muitas vezes se faz ver da maneira equivocada, só nos momentos de sucesso, de êxtase, de felicidade. E ao se mostrar só assim, você traz uma certa carga de super-herói, de superstar… Mas vai chegar o momento difícil, em que você vai estar em baixa, e aí as pessoas se perguntam: como assim ele está precisando de suporte? Então acho que aqui se trata muito mais de humanizar a forma como a gente se faz ver. O cuidado com a saúde mental tem a ver com isso? Se você não tiver humanamente bem, é impossível que você performe. Você pode até performar por um tempo, mas é impossível se manter no topo tanto tempo. Humanamente bem não quer dizer estar sempre feliz ou satisfeito, mas sim ser capaz de lidar com as questões que vão surgindo, com os desafios.
Ao fim de doze anos, como é um dia de estrada e como se cultiva a longevidade dos D.A.M.A? A preparar um novo EP, “Canções Bonitas em Português”, a banda promete invadir arraiais e festas populares.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Ao fim de doze anos, como é um dia de estrada e como se cultiva a longevidade dos D.A.M.A? A preparar um novo EP, “Canções Bonitas em Português”, a banda promete invadir arraiais e festas populares.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Bom dia! Vamos para mais uma #MensagemDoDiaA Escritura de hoje está em Salmo 46:1 (NVI) "Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade."Uma Ajuda Bem PresenteTodos nós passamos por momentos em que a vida parece nos empurrar contra a parede. As notícias não são boas. O caminho à frente parece incerto. O coração está apertado, a mente cansada. Mas é justamente nesses momentos que Deus se revela de uma forma mais próxima e mais íntima.Você pode até saber que Ele está sempre por perto, mas quando você O convida lá em meio a dor, algo diferente acontece. Você sente paz no meio da confusão. Você sente força quando achava que não aguentaria mais. Você percebe que não está sozinho.Ele talvez não te livre do problema — mas Ele entra com você no problema. E quando Ele entra contigo, as coisas mudam. Aquilo que teria destruído qualquer outro, não vai conseguir te parar. Aquela perda que parecia o fim, não vai definir sua história. Deus te sustenta com mãos firmes e vai te levando, passo a passo, para além daquilo que você achava impossível.Então, mesmo que tudo pareça difícil agora, lembre-se: o Deus que acalma tempestades, que cura feridas, que reescreve histórias, está com você. Ele é seu refúgio, sua fortaleza e sua ajuda bem presente na adversidade.Vamos fazer uma oraçãoPai, obrigado porque Tu és meu abrigo em meio às dificuldades. Sei que estás comigo agora e sempre, sustentando-me com Tua força. Convido-Te para cada área da minha vida e peço que continues a me moldar, me fortalecer e me guiar. Em nome de Jesus, Amém.
A luta biológica destaca-se como uma estratégia essencial para o controlo sustentável das pragas nos Açores, substituindo pesticidas químicos por organismos naturais que regulam as populações invasoras. O professor jubilado e investigador do Centro de Biotecnologia dos Açores, Nelson Simões, explica como a luta biológica se tornou uma ferramenta essencial no combate às pragas nos Açores, destacando as vantagens ecológicas e os desafios desta abordagem face às ameaças crescentes causadas por organismos invasores e às alterações climáticas. Qual é o papel da luta biológica no combate sustentável às pragas nos Açores?Trabalhamos com germes patogénicos de insectos e o meu interesse é particularmente a utilização desses germes, uma vez que eles produzem moléculas que são tóxicas para os insectos. Nós retiramos os genes edificantes dessas moléculas, tentado melhorar a actividade dessas moléculas.O controlo biológico, ao fim ao cabo, é a substituição dos pesticidas de síntese química por organismos que são parasitas ou predadores naturais das pragas. Aquilo que vamos fazer é procurar esses agentes, quer sejam predadores, quer sejam agentes patogénicos dessas pragas. No meu caso concreto, estávamos a falar de pragas insectos. Íamos à procura desses agentes de controlo e depois tentávamos desenvolver o processo de modo a torná-lo eficaz, visto que, na realidade, há uma grande distância entre a existência desse agente patogénico ou desse controlador no terreno e depois a sua utilização. Aquilo que fazemos é tentar melhorar estes agentes e adaptá-los de modo a que eles possam ser controladores.E porque é que a ilha dos Açores, especificamente, é um terreno fértil para esse tipo de investigação?As ilhas estão muito sujeitas a invasões, ou seja, à entrada de organismos estranhos. Normalmente, quando entram esses organismos estranhos, não têm controladores naturais para fazer o controlo. A tendência é que esses invasores se expandam com muita facilidade e ocupem o terreno. Isto é um aspecto.Outro aspecto é que, quando se consegue encontrar algum controlador, temos um espaço físico muito limitado que facilita o estudo dessas relações. Por exemplo, no caso aqui do escaravelho japonês, enquanto conseguimos delimitar duas ilhas, fazer trabalhos distintos em São Miguel e em São Jorge, por exemplo, os nossos colegas italianos e suíços não conseguiam fazer isso porque a praga dispersava e aquilo que faziam num sítio, no ano imediato, já estava noutro.Refere-se ao escaravelho japonês?Estamos a falar do escaravelho japonês, mas tem-se usado muitos outros insetos. Estou a falar do escaravelho porque foi o último com que trabalhámos e, neste momento, é um problema efectivamente na Europa desde 2018.Que outras pragas ameaçam o arquipélago?Temos pragas, por exemplo, em fruteiras e em pastagens que são extremamente importantes e que causam estragos. Existem ainda uma série de outros invasores que são efectivamente problemáticos para outras culturas, nomeadamente o tabaco. Atualmente já se faz muito pouco, mas temos pragas no tabaco e no milho que são muito importantes.As alterações climáticas influenciam, de alguma forma, a chegada de novas pragas?De certeza absoluta que isso vai acontecer. A dispersão vai ser diferente daquilo que foi até agora. Neste momento, nos Açores não temos esses sinais, mas a expectativa é que venha a acontecer.Há vários estudos de predição, de distribuição de pragas em que efectivamente as alterações climáticas vão criar grandes problemas. Por exemplo, na situação actual, o norte da Europa — estou a falar de grande parte da Bélgica, Holanda e dos países escandinavos — provavelmente estão protegidos do escaravelho. Mas com as mudanças climáticas, aquilo que aparece é que o escaravelho vai lá chegar e vai sobreviver.Aqui no arquipélago, que bom exemplo trouxe a luta biológica?A luta biológica é considerada uma alternativa a tudo o que é a utilização de químicos, etc. Portanto, ecologicamente, a luta biológica é muito melhor aceite do que as outras práticas de controlo. Desde os finais dos anos 70, na Universidade dos Açores, instalou-se um laboratório de Ecologia Aplicada que começou a fazer trabalhos sobre a aplicação de luta biológica e, portanto, a substituir os pesticidas. Evidentemente que isso não foi utilizado em toda a sua extensão nos Açores, continuou-se a utilizar pesticidas. Agora, a informação existe. Nem sempre é possível aplicá-la, via de regra, é mais cara do que a utilização dos pesticidas químicos.Os efeitos da luta biológica são também mais demorada?Os efeitos não são tão rápidos. Os químicos têm uma actividade muito rápida, enquanto que os controladores biológicos necessitam de tempo para se adaptarem e para depois darem resultados.As monoculturas também contribuíram para a propagação de pragas? As monoculturas facilitam imenso o progresso das pragas, porque encontram todas as condições para se desenvolverem, por um lado, e, por outro lado, normalmente não encontram inimigos naturais que contrariem a praga.O trabalho que foi desenvolvido aqui em relação ao escaravelho japonês foi transferido para a Europa, precisamente para eles poderem enfrentar a praga do escaravelho japonês?Efectivamente, a expectativa é essa. Ou seja, que uma parte do conhecimento — que está a ser adquirido há cerca de 30 anos — possa ser transportado para lá [Europa] e que sirva de alguma coisa. Por exemplo, nós estávamos a usar aqui agentes patogénicos que depois foram usados, por exemplo, em Itália. Fizemos aqui estudos de microbioma e esperamos que parte dessa informação seja transferível, seja levada para a Europa.
Você sabia que possui dois cérebros? Você conhece o seu segundo cérebro? O seu segundo cérebro é quase tão importante quanto o primeiro cérebro. Existe um nervo no corpo humano chamado de nervo vago. O nervo vago sai do meio da nossa caixa craniana, passa pelas cavidades do tórax e chega até as cavidades abdominais. O nervo vago tem, entre outras funções, o papel de fazer a comunicação entre o nosso primeiro cérebro e o nosso segundo cérebro, que fica no intestino. Sim, é estimado que nós tenhamos no intestino mais de 500 milhões de neurônios, por isso o nome de segundo cérebro. E o mais incrível é que as pesquisas mostram que a maior parte da comunicação entre os dois cérebros, cerca de 90%, é feita de baixo para cima, ou seja, é o cérebro intestinal que envia mais informações para o cérebro craniano, e não o contrário. Além disso, aproximadamente 50% da dopamina e 90% da serotonina são produzidas no intestino, você sabia disso? A dopamina e a serotonina são dois neurotransmissores da felicidade. A dopamina está ligada com prazer e motivação e a serotonina com serenidade e bem-estar. Portanto, grande parte de nossa felicidade é produzida no intestino, por mais incrível que pareça. Sabe quando você tem um frio na barriga? Literalmente é o seu segundo cérebro que tem essa sensação. Ele realmente existe e é comprovado cientificamente. Portanto, não é de se surpreender que tudo aquilo que chega até o seu intestino influencia o seu segundo cérebro. E tudo o que influencia o seu segundo cérebro influencia o seu primeiro cérebro. E tudo o que influencia os seus cérebros influencia demais você. Tudo aquilo que você come influencia, de uma maneira ou de outra, não só o seu corpo, mas os seus estados psicológicos, a sua disposição, a sua vitalidade, o seu humor etc. Por isso, você precisa ficar muito atento ao seu intestino, ele é o seu segundo cérebro. Você precisa zelar com muito carinho pelo seu segundo cérebro. A microbiota intestinal, antigamente chamada de flora intestinal, tem um papel importantíssimo em nossas vidas. A microbiota é uma rede complexa de várias espécies de microrganismos que vivem dentro de nós. E você pode alimentar a sua microbiota. Você já ouviu falar de probióticos? Probióticos são, justamente, os microrganismos vivos e indispensáveis para a nossa microbiota intestinal. Por isso, ao suplementar com probióticos, você está dando “alimento” de qualidade para o seu segundo cérebro. E além de prover com alimentos de qualidade o seu segundo cérebro, você precisa evitar alguns venenos. O açúcar é um deles, como eu já havia falado em outra reflexão. O açúcar inflama o seu intestino. E um segundo cérebro inflamado, com certeza, não funciona bem. Concorda? O fato é que sim, você é o que você come, mas não apenas fisicamente. Aquilo que chega até o seu segundo cérebro influencia toda a sua vida, em vários aspectos. O segundo cérebro influencia os seus comportamentos, as suas emoções, os seus pensamentos e até o seu caráter. Portanto, cuide muito bem, a partir de hoje, de como você vai alimentar o seu segundo cérebro. Porque ele merece toda a sua atenção e o seu cuidado.
Com André Lima |Venha escutar esse papo gostoso sobre o estudo de Doutrina e Convênios através do manual Vem e Segue-Me (recurso preparado pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias). Nossos episódios contemplam apenas alguns tópicos encontrados nas escrituras designadas para a semana. Buscamos trazer ao seu estudo maior clareza e reflexão.
00. Alex MAVR - Intro 01. Andy S - Because Of You (Original Mix) 02. Polygon - Left Behind 03. Enrique Iglesias feat. Bad Bunny - El Bano 04. Alex Freel - Fiend (Original Mix) 05. J. Balvin feat. Jowell & Randy, Nicky Jam, Wisin, Yandel & Ozuna - Bonita (Remix) 06. Fleur - Buckle Up 07. Enigma feat. White Motive - Wh 08. Post Malone - Rockstar ft. 21 Savage (Ilkay Sencan Remix) 09. Kulwinder Billa feat. Yuvika Choudhary - Mere Yaar 10. Tom Hooker - I Look Into Your Eyes 11. Bia - K.O. 12. Enigma feat. Aquilo & White Motive - Amen (White Motive remix) 13. Dome feat. Edith Brinca - I Feel Alive (Radio Edit) 14. GeoM - Love Me Fool Me (Vicent Ballester Remix) 15. Maulo Partinez - You Are The One For Me (Original Mix) 16. Theremynt - Self Control 17. Padé - The Olive (In The Air Tonight) (Original Mix) 18. Ace, Hannah Williams - No Victim Song (Original Mix) 19. KVPV - Black Suit (Original Mix) 20. Bianca Linta - Love Connection (Extended Version) 21. Liam Payne & Rita Ora - For You 22. NBSPLV - Dusty Road 23. Roman Depthsound & Sax@cean - I Gave You Everything (Original Mix) 24. A-Mase & Sharliz - Зима в сердце (Deep Radio Mix) 25. The Beatangers, Boogie Vice - Street Dance(Original Mix) 26. Volkan Uca Feat. Ersin Ersavas & Semih Celikel - Ameno (Extended Mix) 27. Carine - Magique 28. DJ Kapral & Anton Abakumov - Снегом Стать 29. Maria Estrella, Velker - Second Chance (Original Mix) 30. Robert Cristian - My Road (Original Mix)
Abertura dos trabalhos na Amorosidade
Abertura dos trabalhos na Amorosidade
Conversas com as Entidades sobre temas diversos
A história de Julio e Andrey começa no meio do caos. Uma vida que parecia prestes a se desfazer encontrou um novo sentido com a chegada de um menino com síndrome de Down, que, sem saber, salvou quem o salvaria.Julio saiu de casa aos 18 anos após conflitos familiares, mergulhou em uma depressão profunda e pensou em desistir. Até que um telefonema da mãe interrompeu esse ciclo. Ela estava namorando e o novo companheiro tinha um filho com síndrome de Down. A convivência com Andrey começou aos poucos. O garoto tinha comportamentos autolesivos e não conseguia se comunicar. Julio, então, se colocou no papel de cuidador, babá, irmão, tutor. Tudo ao mesmo tempo. Começou a ensinar pequenas coisas: comer sozinho, se vestir, se limpar. Passo a passo, foi mostrando ao Andrey o que era ser amado.A conexão entre os dois foi crescendo e se tornou ainda mais forte quando Andrey precisou passar por uma cirurgia. Foram 5 dias no hospital, e Julio ficou lá o tempo inteiro com ele. Foi só depois da alta que o pai biológico do Andrey apareceu, embriagado. Aquilo foi o ponto de virada: Julio decidiu entrar com o pedido de guarda.O pai cedeu, assinou os papéis, e a história deles, que já era forte, virou laço de fato.Julio ainda enfrentaria outra perda: a morte da mãe. Quem o acolheu foi Andrey. Com suas palavras simples e seu toque de carinho, Andrey segurou Julio no momento mais difícil. E foi ali que Julio entendeu: quem foi salvo, na verdade, foi ele.Hoje, 9 anos depois, Julio olha para Andrey, agora com 20 anos, e diz com orgulho que ele é seu filho e vem evoluindo todo dia.No fim das contas, o que incomoda muita gente não é a história de amor entre um pai e seu filho. É que essa história seja protagonizada por uma família que foge do padrão. Julio é um homem trans. Essa informação só aparece aqui, no fim, porque ela não muda em nada a beleza, a coragem e a potência do que foi vivido. Mas, para muita gente, ela mudaria tudo. E é justamente aí que mora o preconceito.
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E vamos para um capítulo... Ai ai, câimbra câimbra
A genetic tree as a movie: Moving beyond the still portrait of ancestry http://phys.org/news/2025-03-genetic-tree-movie-portrait-ancestry.html archetypeplaynoun AHR-kih-type https://www.merriam-webster.com/word-of-the-day/archetype-2025-03-27 Heraclitus – Panta Rhei https://en.wikipedia.org/wiki/Heraclitus#Panta_rhei Humanos modernos têm origem de pelo menos duas populações ancestrais, diz estudo http://folha.uol.com.br/ciencia/2025/03/humanos-modernos-tem-origem-de-pelo-menos-duas-populacoes-ancestrais-diz-estudo.shtml 23andMe users struggle to delete their highly sensitive data http://search.app/5KTbM Cueva de las Manos https://en.wikipedia.org/wiki/Cueva_de_las_Manos thread no bluesky com a ... Read more The post especial: aquilo que nos une x aquilo que nos separa appeared first on radinho de pilha.
Meu Podcast “Receios Obscuros”Meu Apoia.seEnvio de relatos por texto: receiosdoalem@gmail.comA Dina nos conta sobre 3 histórias de sua avó, a primeira é de um ladrão de porcos que conseguia atraí-los de forma misteriosa, mas acabando pagando um preço caro. A segunda é de uma mão em putrefação que sua avó viu e a última é do dia em que o seu tio-avô foi enforcado por algo invisível.Os próximos 2 relatos são do pai do João roberto. No primeiro o seu pai zombou de algo que não entende e acaba sendo perseguido. E o segundo é sobre uma ilha misteriosa em que coisas estranhas aconteciam.
Numa semana marcada pelas intempéries político-meteorológicas, pela primeira vez um político pisa o palco do estúdio. Bruno Gonçalves, tiktoker internacional, vem conversar com Pedro sobre o estado atual do país: além de explicar o conflito Lili Caneças vs Perdo Nuno Santos, também tece comentários sobre a gastronomia belga, a não amizade com Sebastião Bugalho, a candidatura de Conor Mc Gregor à presidência da Irlanda e muito mais.(00:00) Intro(00:23) Depressão Martinho(04:40) Review de aparição de Bruno no “Expresso da meia-noite”(10:52) Semelhanças entre comédia e política(17:30) Percurso estudantil de Bruno Gonçalves(20:26) Escolher o PS porque o Mário Soares é fixe(22:35) Política internacional(27:43) Ficar sem tecto de casa(33:20) Um pouco de atualidade política(35:14) Lili Caneças VS Pedro Nuno Santos(39:46) PTM não vai votar?(44:52) Podcasts & défice de atenção(46:30) Saudades de comida portuguesa(49:42) Dia a dia no Parlamento Europeu(53:07) Melhores nacionalidades no Parlamento Europeu(55:42) Jantar com Sebastião Bugalho & Cotrim de Figueiredo(01:00:10) Bruno volta para Portugal?(01:03:30) Acompanhar o trabalho de colegas eurodeputados(01:06:48) Corrupção no Parlamento Europeu(01:12:31) Tempo de ecrã & serie Adolescence(01:18:01) Meios de transporte em Bruxelas VS Lisboa(01:21:54) Connor Mcgregor candidato a presidente da Irlanda(01:23:58) Presidenciais & Cristina Ferreira(01:28:05) PTM como eurodeputado(01:32:03) Chega partilha reel de “Conteúdo do Batáguas”(01:34:12) Prognósticos eleições 18 Maio(01:37:20) Montenegro devia ter-se demitido?(01:42:19) Sócrates & Operação Marquês(01:49:33) Isaltino Morais no instagram(01:55:34) “Isto ou Aquilo”
Eu não gostava, mas aprendi. Bastante paciente passou por isso também. Aproveitei que falei com uma nessa última semana, e trouxe o que conversamos para te ajudar a também conseguir gostar de coisas e hábitos que não gosta, mas que são importantes para emagrecer.Chegou a hora de revelar esse TRUQUE para você também.Minhas redes:Instagram: @nutrirafaelfrataPodcast Ao vivo: https://bit.ly/Inscricao-EmagrecerOutraCoisaJá avaliou o Podcast? Você pode fazer enquanto ouve, pois me ajuda muito saber o que está achando, além de fazer os episódios serem sugeridos para mais pessoas. Muito obrigado!
A atriz e apresentadora fala sobre família, religião, casamento e conta pra qual de seus tantos amigos ligaria de uma ilha deserta Regina Casé bem que tentou não comemorar seu aniversário de 71 anos, celebrado no dia 25 de fevereiro. Mas o que seria um açaí com pôr do sol na varanda do Hotel Arpoador se transformou em um samba que só terminou às 11 horas da noite em respeito à lei do silêncio. "Eu não ia fazer nada, nada, nada mesmo. Mas é meio impossível, porque todo mundo fala: vou passar aí, vou te dar um beijo", contou em um papo com Paulo Lima. A atriz e apresentadora tem esse talento extraordinário pra reunir as pessoas mais interessantes à sua volta. E isso vale para seu círculo de amigos, que inclui personalidades ilustres como Caetano Veloso e Fernanda Torres, e também para os projetos que inventa na televisão, no teatro e no cinema. Inventar tanta coisa nova é uma vocação que ela herdou do pai e do avô, pioneiros no rádio e na televisão, mas também uma necessidade. “Nunca consegui pensar individualmente, e isso até hoje me atrapalha. Mas, ao mesmo tempo, eu tive que ser tão autoral. Eu não ia ser a mocinha na novela, então inventei um mundo para mim. Quase tudo que fiz fui eu que tive a ideia, juntei um grupo, a gente escreveu junto”, afirma. No teatro, ao lado de artistas como o diretor Hamilton Vaz Pereira e os atores Luiz Fernando Guimarães e Patrícia Travassos, ela inventou o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, que revolucionou a cena carioca nos anos 1970. Na televisão, fez programas como TV Pirata, Programa Legal e Brasil Legal. "Aquilo tudo não existia, mas eu tive que primeiro inventar para poder me jogar ali”, conta. LEIA TAMBÉM: Em 1999, Regina Casé estampou as Páginas Negras da Trip De volta aos cinemas brasileiros no fim de março com Dona Lurdes: O Filme, produção inspirada em sua personagem na novela Amor de Mãe (2019), Regina bateu um papo com Paulo Lima no Trip FM. Na conversa, ela fala do orgulho de ter vindo de uma família que, com poucos recursos e sem faculdade, foi pioneira em profissões que ainda nem tinham nome, do título de “brega” que recebeu quando sua originalidade ainda não era compreendida pelas colunas sociais, de sua relação com a religião, da dificuldade de ficar sozinha – afinal, “a sua maior qualidade é sempre o seu maior defeito” –, do casamento de 28 anos com o cineasta Estêvão Ciavatta, das intempéries e milagres que experimentou e de tudo o que leva consigo. “Eu acho que você tem que ir pegando da vida, que nem a Dona Darlene do Eu Tu Eles, que ficou com os três maridos”, afirma. “A vida vai passando e você vai guardando as coisas que foram boas e tentando se livrar das ruins”. Uma das figuras mais admiradas e admiráveis do país, ela ainda revela para quem ligaria de uma ilha deserta e mostra o presente de aniversário que ganhou da amiga Fernanda Montenegro. Você pode conferir esse papo a seguir ou ouvir no Spotify do Trip FM. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d446165a3ce/header-regina-interna.jpg; CREDITS=João Pedro Januário; LEGEND=; ALT_TEXT=] Trip. Além de atriz, você é apresentadora, humorista, escritora, pensadora, criadora, diretora… Acho que tem a ver com uma certa modernidade que você carrega, essa coisa de transitar por 57 planetas diferentes. Como é que você se apresentaria se tivesse que preencher aquelas fichas antigas de hotel? Regina Casé. Até hoje ponho atriz em qualquer coisa que tenho que preencher, porque acho a palavra bonita. E é como eu, vamos dizer, vim ao mundo. As outras coisas todas vieram depois. Mesmo quando eu estava há muito tempo sem atuar, eu era primeiramente uma atriz. E até hoje me sinto uma atriz que apresenta programas, uma atriz que dirige, uma atriz que escreve, mas uma atriz. Você falou numa entrevista que, se for ver, você continua fazendo o mesmo trabalho. De alguma maneira, o programa Brasil Legal, a Val de "Que Horas Ela Volta", o grupo de teatro "Asdrúbal Trouxe o Trombone" ou agora esse programa humorístico tem a mesma essência, um eixo que une tudo isso. Encontrei entrevistas e vídeos maravilhosos seus, um lá no Asdrúbal, todo mundo com cara de quem acabou de sair da praia, falando umas coisas muito descontraídas e até mais, digamos assim, sóbrias. E tem um Roda Viva seu incrível, de 1998. Eu morro de pena, porque também o teatro que a gente fazia, a linguagem que a gente usava no Asdrúbal, era tão nova que não conseguiu ser decodificada naquela época. Porque deveria estar sendo propagada pela internet, só que não havia internet. A gente não tem registros, não filmava, só fotografava. Comprava filme, máquina, pagava pro irmão do amigo fazer aquilo no quarto de serviço da casa dele, pequenininho, com uma luz vermelha. Só que ele não tinha grana, então comprava pouco fixador, pouco revelador, e dali a meses aquilo estava apagado. Então, os documentos que a gente tem no Asdrúbal são péssimos. Fico vendo as pouquíssimas coisas guardadas e que foram para o YouTube, como essa entrevista do Roda Viva. Acho que não passa quatro dias sem que alguém me mande um corte. "Ah, você viu isso? Adorei!". Ontem o DJ Zé Pedro me mandou um TED que eu fiz, talvez o primeiro. E eu pensei: "Puxa, eu falei isso, que ótimo, concordo com tudo". Quanta coisa já mudou no Brasil, isso é anterior a tudo, dois mil e pouquinho. E eu fiquei encantada com o Roda Viva, eu era tão novinha. Acho que não mudei nada. Quando penso em mim com cinco anos de idade, andando com a minha avó na rua, a maneira como eu olhava as pessoas, como eu olhava o mundo, é muito semelhante, se não igual, a hoje em dia. [VIDEO=https://www.youtube.com/embed/rLoqGPGmVdo; CREDITS=; LEGEND=Em 1998, aos 34 anos, Regina Casé foi entrevistada pelo programa Roda Viva, da TV Cultura; IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d49b0ede6d3/1057x749x960x540x52x40/screen-shot-2025-03-14-at-180926.png] O Boni, que foi entrevistado recentemente no Trip FM, fala sobre seu pai em seu último livro, “Lado B do Boni”, como uma das pessoas que compuseram o que ele é, uma figura que teve uma relevância muito grande, inclusive na TV Globo. Conta um pouco quem foi o seu pai, Regina. Acho que não há Wikipedia que possa resgatar o tamanho do meu pai e do meu avô. Meu avô é pioneiríssimo do rádio, teve um dos primeiros programas de rádio, se não o primeiro. Ele nasceu em Belo Jardim, uma cidadezinha do agreste pernambucano, do sertão mesmo. E era brabo, criativo demais, inteligente demais, e, talvez por isso tudo, impaciente demais, não aguentava esperar ninguém terminar uma frase. Ele veio daquele clássico, com uma mão na frente e outra atrás, sem nada, e trabalhou na estiva, dormiu na rua até começar a carregar rádios. Só que, nos anos 20, 30, rádios eram um armário de madeira bem grandão. Daí o cara viu que ele era esperto e botou ele para instalar os rádios na casa das pessoas. Quando meu avô descobriu que ninguém sabia sintonizar, que era difícil, ele aprendeu. E aí ele deixava os rádios em consignação, botava um paninho com um vasinho em cima, sintonizado, funcionando. Quando ele ia buscar uma semana depois, qualquer um comprava. Aí ele disparou como vendedor dos rádios desse cara que comprava na gringa e começou a ficar meio sócio do negócio. [QUOTE=1218] Mas a programação toda era gringa, em outras línguas. Ele ficava fascinado, mas não entendia nada do que estava rolando ali. Nessa ele descobriu que tinha que botar um conteúdo ali dentro, porque aquele da gringa não estava suprindo a necessidade. Olha como é parecido com a internet hoje em dia. E aí ele foi sozinho, aquele nordestino, bateu na Philips e falou que queria comprar ondas curtas, não sei que ondas, e comprou. Aí ele ia na farmácia Granado e falava: "Se eu fizer um reclame do seu sabão, você me dá um dinheiro para pagar o pianista?". Sabe quem foram os dois primeiros contratados dele? O contrarregra era o Noel Rosa, e a única cantora que ele botou de exclusividade era a Carmen Miranda. Foram os primeiros empregos de carteira assinada. E aí o programa cresceu. Começava de manhã, tipo programa do Silvio, e ia até de noite. Chamava Programa Casé. E o seu pai? Meu avô viveu aquela era de ouro do rádio. Quando sentiu que o negócio estava ficando estranho, ele, um cara com pouquíssimos recursos de educação formal, pegou meu pai e falou: "vai para os Estados Unidos porque o negócio agora vai ser televisão". Ele fez um curso, incipiente, para entender do que se tratava. Voltou e montou o primeiro programa de televisão feito aqui no Rio de Janeiro, Noite de Gala. Então, tem uma coisa de pioneirismo tanto no rádio quanto na televisão. E meu pai sempre teve um interesse gigante na educação, como eu. Esse interesse veio de onde? Uma das coisas que constituem o DNA de tudo o que fiz, dos meus programas, é a educação. Um Pé de Quê, no Futura, o Brasil Legal e o Programa Legal, na TV Globo… Eu sou uma professora, fico tentando viver as duas coisas juntas. O meu pai tinha isso porque esse meu avô Casé era casado com a Graziela Casé, uma professora muito, mas muito idealista, vocacionada e apaixonada. Ela trabalhou com Anísio Teixeira, Cecília Meireles, fizeram a primeira biblioteca infantil. Meu pai fez o Sítio do Picapau Amarelo acho que querendo honrar essa professora, a mãe dele. Quando eu era menina, as pessoas vinham de uma situação rural trabalhar como domésticas, e quase todas, se não todas, eram analfabetas. A minha avó as ensinava a ler e escrever. Ela dizia: "Se você conhece uma pessoa que não sabe ler e escrever e não ensina para ela, é um crime". Eu ficava até apavorada, porque ela falava muito duramente. Eu acho que sou feita desse pessoal. Tenho muito orgulho de ter vindo de uma família que, sem recursos, sem universidade, foi pioneira na cidade, no país e em suas respectivas... Não digo “profissões” porque ainda nem existiam suas profissões. Eu tento honrar. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d49d1e03df5/header-regina-interna6.jpg; CREDITS=Christian Gaul; LEGEND=Em 1999, a atriz e apresentadora estampou as Páginas Negras da Trip; ALT_TEXT=] Você tem uma postura de liderança muito forte. Além de ter preparo e talento, você tem uma vocação para aglutinar, juntar a galera, fazer time. Por outro lado, tem essa coisa da atriz, que é diferente, talvez um pouco mais para dentro. Você funciona melhor sozinha ou como uma espécie de capitã, técnica e jogadora do time? Eu nasci atriz dentro de um grupo. E o Asdrúbal trouxe o Trombone não era só um grupo. Apesar do Hamilton Vaz Pereira ter sido sempre um autor e um diretor, a gente criava coletivamente, escrevia coletivamente, improvisava. Nunca consegui pensar individualmente, e isso até hoje é uma coisa que me atrapalha. Todo mundo fala: "escreve um livro". Eu tenho vontade, mas falo que para escrever um livro preciso de umas 10 pessoas de público, todo mundo junto. Sou tão grupal que é difícil. Ao mesmo tempo, eu tive que ser muito autoral. Eu, Tu, Eles foi a primeira vez que alguém me tirou para dançar. Antes eu fiz participações em muitos filmes, mas foi a primeira protagonista. Quase tudo que fiz fui eu que tive a ideia, juntei um grupo, a gente escreveu junto. Então, eu sempre inventei um mundo para mim. No teatro eu não achava lugar para mim, então tive que inventar um, que era o Asdrúbal. Quando eu era novinha e fui para a televisão, eu não ia ser a mocinha na novela. Então fiz a TV Pirata, o Programa Legal, o Brasil Legal. Aquilo tudo não existia na televisão, mas eu tive que primeiro inventar para poder me jogar ali. Eu sempre me acostumei não a mandar, mas a ter total confiança de me jogar. E nos trabalhos de atriz, como é? No Asdrúbal eu me lembro que uma vez eu virei umas três noites fazendo roupa de foca, que era de pelúcia, e entupia o gabinete na máquina. Eu distribuía filipeta, colava cartaz, pregava cenário na parede. Tudo, todo mundo fazia tudo. É difícil quando eu vou para uma novela e não posso falar que aquele figurino não tem a ver com a minha personagem, que essa casa está muito chique para ela ou acho que aqui no texto, se eu falasse mais normalzão, ia ficar mais legal. Mas eu aprendi. Porque também tem autores e autores. Eu fiz três novelas com papéis de maior relevância. Cambalacho, em que fiz a Tina Pepper, um personagem coadjuvante que ganhou a novela. Foi ao ar em 1986 e até hoje tem gente botando a dancinha e a música no YouTube, cantando. Isso também, tá vendo? É pré-internet e recebo cortes toda hora, porque aquilo já tinha cara de internet. Depois a Dona Lurdes, de Amor de Mãe, e a Zoé, de Todas as Flores. Uma é uma menina preta da periferia de São Paulo. A outra uma mulher nordestina do sertão, com cinco filhos. A terceira é uma truqueira carioca rica que morava na Barra. São três universos, mas as três foram muito fortes. Tenho muito orgulho dessas novelas. Mas quando comecei, pensei: "Gente, como é que vai ser?". Não é o meu programa. Não posso falar que a edição está lenta, que devia apertar. O começo foi difícil, mas depois que peguei a manha de ser funcionária, fazer o meu e saber que não vou ligar para o cenário, para o figurino, para a comida e não sei o quê, falei: "Isso aqui, perto de fazer um programa como o Esquenta ou o Programa Legal, é como férias no Havaí". Você é do tipo que não aguenta ficar sozinha ou você gosta da sua companhia? Essa é uma coisa que venho perseguindo há alguns anos. Ainda estou assim: sozinha, sabendo que, se quiser, tem alguém ali. Mas ainda apanho muito para ficar sozinha porque, justamente, a sua maior qualidade é sempre o seu maior defeito. Fui criada assim, em uma família que eram três filhas, uma mãe e uma tia. Cinco mulheres num apartamento relativamente pequeno, um banheiro, então uma está escovando os dentes, outra está fazendo xixi, outra está tomando banho, todas no mesmo horário para ir para a escola. Então é muito difícil para mim ficar sozinha, mas tenho buscado muito. Quando falam "você pode fazer um pedido", eu peço para ter mais paciência e para aprender a ficar sozinha. Você contou agora há pouco que fazia figurinos lá no Asdrúbal e também já vi você falando que sempre aparecia na lista das mais mal vestidas do Brasil. Como é ser julgada permanentemente? Agora já melhorou, mas esse é um aspecto que aparece mais porque existe uma lista de “mais mal vestidas". Se existisse lista para outras transgressões, eu estaria em todas elas. Não só porque sou transgressora, mas porque há uma demanda que eu seja. Quando não sou, o pessoal até estranha. Eu sempre gostei muito de moda, mais que isso, de me expressar através das roupas. E isso saía muito do padrão, principalmente na televisão, do blazer salmão, do nude, da unha com misturinha, do cabelo com escova. Volta e meia vinha, nos primórdios das redes sociais: "Ela não tem dinheiro para fazer uma escova naquele cabelo?". "Não tem ninguém para botar uma roupa normal nela?". [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d49c62141c1/header-regina-interna4.jpg; CREDITS=Christian Gaul; LEGEND=Regina Casé falou à Trip em 1999, quando estampou as Páginas Negras; ALT_TEXT=] Antes da internet, existiam muitas colunas sociais em jornal. Tinha um jornalista no O Globo que me detonava uma semana sim e outra não. Eu nunca vou me esquecer. Ele falava de uma bolsa que eu tinha da Vivienne Westwood, que inclusive juntei muito para poder comprar. Eu era apaixonada por ela, que além de tudo era uma ativista, uma mulher importantíssima na gênese do Sex Pistols e do movimento punk. Ele falava o tempo todo: "Estava não sei onde e veio a Regina com aquela bolsa horrorosa que comprou no Saara". O Saara no Rio corresponde à 25 de março em São Paulo, e são lugares que sempre frequentei, que amo e que compro bolsas também. Eu usava muito torço no cabelo, e ele escrevia: "Lá vem a lavadeira do Abaeté". Mais uma vez, não só sendo preconceituoso, mas achando que estava me xingando de alguma coisa que eu acharia ruim. Eu pensava: nossa, que maravilha, estou parecendo uma lavadeira do Abaeté e não alguém com um blazer salmão, com uma blusa bege, uma bolsa arrumadinha de marca. Pra mim era elogio, mas era chato, porque cria um estigma. E aí um monte de gente, muito burra, vai no rodo e fala: "Ela é cafona, ela é horrorosa". Por isso que acho que fiquei muito tempo nessas listas. O filme “Ainda Estou Aqui” está sendo um alento para o Brasil, uma coisa bem gostosa de ver, uma obra iluminada. A Fernanda Torres virou uma espécie de embaixadora do Brasil, falando de uma forma muito legal sobre o país, sobre a cultura. Imagino que pra você, que vivenciou essa época no Rio de Janeiro, seja ainda mais especial. Eu vivi aquela época toda e o filme, mesmo sem mostrar a tortura e as barbaridades que aconteceram, reproduz a angústia. Na parte em que as coisas não estão explicitadas, você só percebe que algo está acontecendo, e a angústia que vem dali. Mesmo depois, quando alguma coisa concreta aconteceu, você não sabe exatamente do que está com medo, o que pode acontecer a qualquer momento, porque tudo era tão aleatório, sem justificativa, ninguém era processado, julgado e preso. O filme reproduz essa sensação, mesmo para quem não viveu. É maravilhoso, maravilhoso. [QUOTE=1219] Não vou dizer que por sorte porque ele tem todos os méritos, mas o filme caiu num momento em que a gente estava muito sofrido culturalmente. Nós, artistas, tínhamos virado bandidos, pessoas que se aproveitam. Eu nunca usei a lei Rouanet, ainda que ache ela muito boa, mas passou-se a usar isso quase como um xingamento, de uma maneira horrível. E todos os artistas muito desrespeitados, inclusive a própria Fernanda, Fernandona, a pessoa que a gente mais tem que respeitar na cultura do país. O filme veio não como uma revanche. Ele veio doce, suave e brilhantemente cuidar dessa ferida. Na equipe tenho muitos amigos, praticamente família, o Walter, a Nanda, a Fernanda. Sou tão amiga da Fernanda quanto da Nanda, sou meio mãe da Nanda, mas sou meio filha da Fernanda, sou meio irmã da Nanda e também da Fernanda. É bem misturado, e convivo muito com as duas. Por acaso, recebi ontem um presente e um cartão de aniversário da Fernandona que é muito impressionante. Tão bonitinho, acho que ela não vai ficar brava se eu mostrar para vocês. O que o cartão diz? Ela diz assim: "Regina, querida, primeiro: meu útero sabe que a Nanda já está com esse Oscar”. Adorei essa frase. "Segundo, estou trabalhando demais, está me esgotando. Teria uma leitura de 14 trechos magníficos, de acadêmicos, que estou preparando essa apresentação para a abertura da Academia [Brasileira de Letras], que está em recesso. O esgotamento acho que é por conta dos quase 100 anos que tenho". Imagina... Com esse trabalho todo. Aí ela faz um desenho lindo de flores com o coração: "Regina da nossa vida, feliz aniversário, feliz sempre da Fernanda". E me manda uma toalhinha bordada lindíssima com um PS: "Fernando [Torres] e eu compramos essa toalhinha de mão no Nordeste numa das temporadas de nossa vida pelo Brasil afora. Aliás, nós comprávamos muito lembranças como essa. Essa que eu lhe envio está até manchadinha, mas ela está feliz porque está indo para a pessoa certa. Está manchadinha porque está guardadinha faz muitos anos". Olha que coisa. Como é que essa mulher com quase 100 anos, com a filha indicada ao Oscar, trabalhando desse jeito, decorando 14 textos, tem tempo de ser tão amorosa, gentil, generosa e me fazer chorar? Não existe. Ela é maravilhosa demais. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d49b9f0f548/header-regina-interna3.jpg; CREDITS=João Pedro Januário; LEGEND=; ALT_TEXT=] Eu queria te ouvir sobre outro assunto. Há alguns anos a menopausa era um tema absolutamente proibido. As mulheres se sentiam mal, os homens, então, saíam correndo. Os médicos não falavam, as famílias não falavam. E é engraçado essa coisa do pêndulo. De repente vira uma onda, artistas falando, saem dezenas de livros sobre o assunto. Como foi para você? Você acha que estamos melhorando na maneira de lidar com as nossas questões enquanto humanidade? É bem complexo. Tem aspectos que acho que estão melhorando muito. Qualquer família que tinha uma pessoa com deficiência antigamente escondia essa pessoa, ela era quase trancada num quarto, onde nem as visitas da casa iam. E hoje em dia todas essas pessoas estão expostas, inclusive ao preconceito e ao sofrimento, mas estão na vida, na rua. Há um tempo não só não podia ter um casal gay casado como não existia nem a expressão "casal gay", porque as pessoas no máximo tinham um caso escondido com outra pessoa. Então em muitos aspectos a gente avançou bastante. Não sei se é porque agora estou ficando bem mais velha, mas acho que esse assunto do etarismo está chegando ainda de uma maneira muito nichada. Se você for assistir a esse meu primeiro TED, eu falo que a gente não pode pegar e repetir, macaquear as coisas dos Estados Unidos. Essa ideia de grupo de apoio. Sinto que essa coisa da menopausa, do etarismo, fica muito de mulher para mulher, um grupo de mulheres daquela idade. Mas não acho que isso faz um garoto de 16 anos entender que eu, uma mulher de 70 anos, posso gostar de basquete, de funk, de sambar, de namorar, de dançar. Isso tudo fica numa bolha bem impermeável. E não acho que a comunicação está indo para outros lados. É mais você, minha amiga, que também está sentindo calores. [QUOTE=1220] Tem uma coisa americana que inventaram que é muito chata. Por exemplo, a terceira idade. Aí vai ter um baile, um monte de velhinhos e velhinhas dançando todos juntos. Claro que é melhor do que ficar em casa deprimido, mas é chato. Acho que essa festa tem que ter todo mundo. Tem que ter os gays, as crianças, todo mundo nessa mesma pista com um DJ bom, com uma batucada boa. Senão você vai numa festa e todas as pessoas são idênticas. Você vai em um restaurante e tem um aquário onde põem as crianças dentro de um vidro enquanto você come. Mas a criança tem que estar na mesa ouvindo o que você está falando, comendo um troço que ela não come normalmente. O menu kids é uma aberração. Os meus filhos comem tudo, qualquer coisa que estiver na mesa, do jeito que for. Mas é tudo separado. Essa coisa de imitar americano, entendeu? Então, acho que essa coisa da menopausa está um pouco ali. Tem que abrir para a gente conversar, tem que falar sobre menopausa com o MC Cabelinho. Eu passei meio batida, porque, por sorte, não tive sintomas físicos mais fortes. Senti um pouco mais de calor, mas como aqui é tão calor e eu sou tão agitada, eu nunca soube que aquilo era específico da menopausa. Vou mudar um pouco de assunto porque não dá para deixar de falar sobre isso. Uma das melhores entrevistas do Trip FM no ano passado foi com seu marido, o cineasta Estêvão Ciavatta. Ele contou do acidente num passeio a cavalo que o deixou paralisado do pescoço para baixo e com chances de não voltar a andar. E fez uma declaração muito forte sobre o que você representou nessa recuperação surpreendente dele. A expressão "estamos juntos" virou meio banal, mas, de fato, você estava junto ali. Voltando a falar do etarismo, o Estêvão foi muito corajoso de casar com uma mulher que era quase 15 anos mais velha, totalmente estabelecida profissionalmente, conhecida em qualquer lugar, que tinha sido casada com um cara maravilhoso, o Luiz Zerbini, que tinha uma filha, uma roda de amigos muito grande, um símbolo muito sólido, tudo isso. Ele propôs casar comigo, na igreja, com 45 anos. Eu, hippie, do Asdrúbal e tudo, levei um susto, nunca pensei que eu casar. O que aconteceu? Eu levei esse compromisso muito a sério, e não é o compromisso de ficar com a pessoa na saúde, na doença, na alegria, na tristeza. É também, mas é o compromisso de, bom, vamos entrar nessa? Então eu vou aprender como faz isso, como é esse amor, como é essa pessoa, eu vou aprender a te amar do jeito que você é. Acho que o pessoal casa meio de brincadeira, mas eu casei a sério mesmo, e estamos casados há 28 anos. Então, quando aconteceu aquilo, eu falei: ué, a gente resolveu ficar junto e viver o que a vida trouxesse pra gente, então vamos embora. O que der disso, vamos arrumar um jeito, mas estamos juntos. E acho que teve uma coisa que me ajudou muito. O quê? Aqui em casa é tipo pátio dos milagres. Teve isso que aconteceu com o Estêvão, e também a gente ter encontrado o Roque no momento que encontrou [seu filho caçula, hoje com 11 anos, foi adotado pelo casal quando bebê]. A vida que a gente tem hoje é inacreditável. Parece realmente que levou oito anos, o tempo que demorou para encontrar o filho da gente, porque estava perdido em algum lugar, igual a Dona Lurdes, de Amor de Mãe. Essa é a sensação. E a Benedita, quando nasceu, quase morreu, e eu também. Ela teve Apgar [escala que avalia os recém-nascidos] zero, praticamente morreu e viveu. Nasceu superforte, ouvinte, gorda, forte, cabeluda, mas eu tive um descolamento de placenta, e com isso ela aspirou líquido. Ela ficou surda porque a entupiram de garamicina, um antibiótico autotóxico. Foi na melhor das intenções, pra evitar uma pneumonia pelo líquido que tinha aspirado, mas ninguém conhecia muito, eram os primórdios da UTI Neonatal. O que foi para a gente uma tragédia, porque ela nasceu bem. Só que ali aprendi um negócio que ajudou muito nessa história do Estêvão: a lidar com médico. E aprendi a não aceitar os "não". Então quando o cara dizia "você tem que reformar a sua casa, tira a banheira e bota só o chuveiro largo para poder entrar a cadeira de rodas", eu falava: "Como eu vou saber se ele vai ficar pra sempre na cadeira de rodas?". [QUOTE=1221] Quando a Benedita fala "oi, tudo bem?", ela tem um leve sotaque, anasalado e grave, porque ela só tem os graves, não tem nem médio, nem agudo. Mas ela fala, canta, já ganhou concurso de karaokê. Quando alguém vê a audiometria da Benedita, a perda dela é tão severa, tão profunda, que falam: "Esse exame não é dessa pessoa". É o caso do Estêvão. Quando olham a lesão medular dele e veem ele andando de bicicleta com o Roque, falam: "Não é possível". Por isso eu digo que aqui em casa é o pátio dos milagres. A gente desconfia de tudo que é “não”. É claro que existem coisas que são limitações estruturais, e não adianta a gente querer que seja de outro jeito, mas ajuda muito duvidar e ir avançando a cada "não" até que ele realmente seja intransponível. No caso do Estêvão, acho que ele ficou feliz porque teve perto por perto não só uma onça cuidando e amando, mas uma onça que já tinha entendido isso. Porque se a gente tivesse se acomodado a cada “não”, talvez ele não estivesse do jeito que está hoje. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d49af631476/header-regina-interna2.jpg; CREDITS=João Pedro Januário; LEGEND=; ALT_TEXT=] Eu já vi você falar que essa coisa da onça é um pouco fruto do machismo, que você teve que virar braba para se colocar no meio de grupos que eram majoritariamente de homens, numa época que esse papo do machismo era bem menos entendido. Isso acabou forjando o seu jeito de ser? Com certeza. Eu queria ser homem. Achava que tudo seria mais fácil, melhor. Achava maravilhoso até a minha filha ser mulher. Fiquei assustadíssima. Falei: "Não vou ser capaz, não vou acertar". Aí botei a Benedita no futebol, foi artilheira e tudo, e fui cercando com uma ideia nem feminista, nem machista, mas de que o masculino ia ser melhor pra ela, mais fácil. Mas aí aprendi com a Benedita não só a amar as mulheres, mas a me amar como mulher, grávida, dando de mamar, criando outra mulher, me relacionando com amigas, com outras mulheres. Isso tudo veio depois da Benedita. Mas se você falar "antigamente o machismo"... Vou te dizer uma coisa. Se eu estou no carro e falo para o motorista “é ali, eu já vim aqui, você pode dobrar à direita”, ele pergunta assim: “Seu Estêvão, você sabe onde é para dobrar?”. Aí eu falo: “Vem cá, você quer que compre um pau para dizer pra você para dobrar à direita? Vou ter que botar toda vez que eu sentar aqui? Porque não é possível, estou te dizendo que eu já vim ali”. É muito impressionante, porque não é em grandes discussões, é o tempo todo. É porque a gente não repara, sabe? Quer dizer, eu reparo, você que é homem talvez não repare. Nesses momentos mais difíceis, na hora de lidar com os problemas de saúde da Benedita ou com o acidente punk do Estêvão, o que você acha que te ajudou mais: os anos de terapia ou o Terreiro de Gantois, casa de Candomblé que você frequenta em Salvador? As duas coisas, porque a minha terapia também foi muito aberta. E não só o Gantois como o Sacré-Coeur de Marie. Eu tenho uma formação católica. Outro dia eu ri muito porque a Mãe Menininha se declarava católica em sua biografia, e perguntaram: "E o Candomblé"? Ela falava: “Candomblé é outra coisa”. E eu vejo mais ou menos assim. Não é que são duas religiões, eu não posso pegar e jogar a criança junto com a água da bacia. É claro que eu tenho todas as críticas que você quiser à Igreja Católica, mas eu fui criada por essa avó Graziela, que era professora, uma mulher genial, e tão católica que, te juro, ela conversava com Nossa Senhora como eu estou conversando com você. Quando ela recebia uma graça muito grande, ligava para mim e para minhas irmãs e falava: "Venham aqui, porque eu recebi uma graça tão grande que preciso de vocês para agradecer comigo, sozinha não vou dar conta." Estudei em colégio de freiras a minha vida inteira, zero trauma de me sentir reprimida, me dava bem, gosto do universo, da igreja. [IMAGE=https://revistatrip.uol.com.br/upload/2025/03/67d49cbe34551/header-regina-interna5.jpg; CREDITS=Christian Gaul; LEGEND=Em 1999, Regina Casé foi a entrevistada das Páginas Negras da Trip; ALT_TEXT=] Aí eu tenho um encontro com o Candomblé, lindíssimo, através da Mãe Menininha. Essa história é maravilhosa. O Caetano [Veloso] disse: "Mãe Menininha quer que você vá lá". Eu fiquei apavorada, porque achei que ela ia fazer uma revelação, tinha medo que fosse um vaticínio... Até que tomei coragem e fui. Cheguei lá com o olho arregalado, entrei no quarto, aquela coisa maravilhosa, aquela presença.. Aí eu pedi a benção e perguntei o que ela queria. Ela falou: "Nada não, queria conhecer a Tina Pepper". Então, não só o Gantuar, o Candomblé como um todo, só me trouxe coisas boas e acolhida. A minha relação com a Bahia vem desde os 12 anos de idade, depois eu acabei recebendo até a cidadania de tamanha paixão e dedicação. É incrível porque eu nunca procurei. No episódio da Benedita, no dia seguinte já recebi de várias pessoas orientações do que eu devia fazer. No episódio do Estêvão também, não só do Gantuar, mas da [Maria] Bethânia, e falavam: "Olha, você tem que fazer isso, você tem que cuidar daquilo". Então, como é que eu vou negar isso? Porque isso tudo está aqui dentro. Então, acho que você tem que ir pegando da vida, que nem a Dona Darlene do “Eu Tu Eles”, que ficou com os três maridos. A vida vai passando por você e você vai guardando as coisas que foram boas e tentando se livrar das ruins. A gente sabe que você tem uma rede de amizades absurda, é muito íntima de meio mundo. Eu queria brincar daquela história de te deixar sozinha numa ilha, sem internet, com todos os confortos, livros, música. Você pode ligar à vontade para os seus filhos, pro seu marido, mas só tem uma pessoa de fora do seu círculo familiar para quem você pode ligar duas vezes por semana. Quem seria o escolhido para você manter contato com a civilização? É curioso que meus grandes amigos não têm celular. Hermano [Vianna] não fala no celular, Caetano só fala por e-mail, é uma loucura, não é nem WhatsApp. Acho que escolheria o Caetano, porque numa ilha você precisa de um farol. Tenho outros faróis, mas o Caetano foi, durante toda a minha vida, o meu farol mais alto, meu norte. E acho que não suportaria ficar sem falar com ele.
Os Cavaleiros Sagrados fazem seus primeiros movimentos!Achei bem apelão esse poder @.@ Mas e aí, do que você tem mais medo?
O ter de se reinventar, superar as noites sem dormir - lidando com o maior dos cansaços que é a privação de sono -, as mudanças físicas e psicológicas, as alterações hormonais, tudo junto, acabou por ser um mergulho mais profundo na vida de Dânia Neto. Sempre quis ser mãe, tem dois filhos que sempre idealizou, no entanto o sonho cor de rosa não é bem como reza a história: “Aquilo que não te dizem, revela muito do outro lado da maternidade. Foi um duro choque com a realidade”. Revela que chorava todos os dias e a todas as horas e ficou mesmo sem saber se “aquilo era normal ou se estava a entrar em depressão”. See omnystudio.com/listener for privacy information.
Foi guarda-redes do Porto, Braga, da seleção, ganhou a Liga Europa pelo Sevilha. Mas mais do que a carreira vem falar de um estigma no futebol, a saúde mental nos jogadores. Beto Pimparel.See omnystudio.com/listener for privacy information.
A vaidade de Spínola, a fuga para Espanha, o disfarce de Jorge Jardim, as ações do MDLP, a perseguição ao fado e um pedido de desculpa a João Braga. “Nunca fui fascista e tenho raiva a quem foi”See omnystudio.com/listener for privacy information.
Um recado misterioso na escova limpa vidros e uma encomenda da Vinted com um miminho.
Aquilo del Nisso ('Deixe a menina'), Chico Buarque ('Pequeña serenata diurna'), Chico Buarque y Milton Nascimento ('O que será'), Chico Buarque ('Mar y luna', 'Cotidiano', 'Acalanto', 'Mambembe'', 'Construcción'), Daniel Viglietti ('Construcción', 'Dios le pague'), Joan Manuel Serrat con Bethânia ('Sinceramente tuyo'), Serrat con Gal Costa ('No hago otra cosa que pensar en ti'), Serrat con Caetano Veloso ('Cada loco con su tema'), Serrat ('De vez en cuando la vida') y Aquilo del Nisso ('Samba e amor'). Escuchar audio
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Árvores de natal tristes e fobias tristes.