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Uma pesquisa recente realizada por uma equipe de cientistas franceses mostrou que dois tipos de própolis colhidos em Ruanda, na África, são eficazes contra acne e podem se transformar em tratamentos para a pele no futuro. Taíssa Stivanin, da RFI em ParisA doença, que provoca espinhas no rosto e outras partes do corpo, atinge mais de 28% dos jovens entre 16 e 24 anos, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Os estudos foram coordenados pelo cientista francês Jean-Michel Brunel, do laboratório do Inserm (Instituto de Pesquisas Médicas da França) situado na Universidade de Marselha, no sul da França. As conclusões são resultado de uma colaboração com o Observatório francês de Apidologia, que se dedica à pesquisa, proteção e promoção da apicultura e da biodiversidade relacionada às abelhas e reúne diferentes tipos de amostras de própolis, mel e outros produtos. A própolis é uma substância elaborada pelas abelhas a partir de resinas secretadas pelas árvores e serve para vedar os espaços da colmeia. Suas propriedades antibacterianas protegem a colônia contra a entrada de parasitas e a proliferação de germes. “Atualmente temos acesso a cerca de 200 tipos de amostras de própolis do mundo inteiro. Em nosso laboratório, nós caracterizamos a atividade antimicrobiana da substância e rapidamente percebemos que algumas delas, principalmente aquelas que vinham de Ruanda, eram muito ativas contra o micróbio que causa a acne”. A equipe começou a ter acesso às amostras há cerca de dois anos e, desde então, tem se dedicado ao aperfeiçoamento das técnicas para extrair a própolis. “Extraímos as moléculas ativas da própolis e a partir daí pudemos realizar os testes antimicrobianos”, disse o cientista francês. A própolis é diferente em função do ecossistema e das árvores utilizadas pelas abelhas para sua fabricação. “É claro que as espécies de árvores presentes na Europa e na África são totalmente diferentes. Em Ruanda, existe uma floresta primária. Isso significa que lá existem espécies de árvores que não são encontradas em outros lugares”. Segundo o pesquisador francês, essa diversidade dá uma dimensão da riqueza das moléculas da própolis. “Toda vez que uma colmeia se instala em algum lugar, terá uma própolis com outra composição. São cerca de 150 moléculas que agem de forma diferente contra bactérias, células cancerígenas, ou de outros tipos.”Modelos bacterianosNo laboratório em Marselha, os cientistas testaram as amostras de própolis disponíveis em bactérias, com o intuito de verificar se elas eram ativas. Após essa pré-seleção, a equipe utilizou métodos específicos para detectar quais moléculas faziam parte da composição dos diferentes tipos de própolis. “Quando obtivemos a chamada ‘carteira de identidade' dessas própolis, analisamos as moléculas que já estavam disponíveis comercialmente, ou que já conhecemos, e testamos em nossos modelos bacterianos.” Após expor as bactérias patogênicas às própolis de Ruanda, os cientistas descobriram que elas inibiam o crescimento da C. acnes, micróbio responsável pelo desenvolvimento das espinhas da acne. Os pesquisadores também identificaram duas novas moléculas. Os cientistas franceses então testaram o efeito dessa substância em forma de creme, em camundongos, que desenvolveram uma pequena espinha após serem inoculados com o micróbio da acne. “Constatamos, como ficou documentado em nossa publicação, um efeito anti-inflamatório e antibacteriano”. A descoberta da equipe francesa pode ser uma alternativa à resistência aos tratamentos contra a acne disponíveis no mercado. A eficácia do creme desenvolvido pelos cientistas à base dessa própolis de Ruanda foi validada no laboratório. Para que o creme possa chegar às prateleiras, são necessários agora testes clínicos e parcerias com laboratórios farmacêuticos. O pesquisador lembra que as propriedades antibacterianas da própolis também são úteis para tratar cáries ou amigdalites, e outros produtos poderão ser desenvolvidos em forma de pomada ou spray.
A menopausa traz mudanças hormonais que impactam a saúde mental e, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 80% das mulheres apresenta sintomas neuropsiquiátricos. A queda abrupta de estrogênio, testosterona e progesterona pode levar à depressão, insônia, irritabilidade e baixa libido. Ainda de acordo com a OMS, até 2030, 1 bilhão de pessoas terão sintomas da menopausa. O acompanhamento médico é essencial para equilibrar os hormônios, evitar transtornos emocionais e garantir qualidade de vida para as mulheres que atravessam essa fase.
Um levantamento feito em 2024 pela associação Santé Respiratoire France, a pedido da empresa francesa Murprotec, uma das maiores do setor, mostrou que a poluição em ambientes fechados é até nove vezes maior do que a atmosférica. A má qualidade do ar dentro de casa também é apontada como a responsável pela morte de 3,2 milhões de pessoas por ano, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Mas este é um fato ignorado por cerca de 71% dos franceses. Taíssa Stivanin, da RFI em ParisDe acordo com o pneumologista francês Frédéric Le Guillou, presidente da Associação Santé Respiratoire France, 272 pacientes que sofrem de doenças pulmonares e 38 cuidadores responderam a um questionário sobre a qualidade do ar dentro de casa. O objetivo foi determinar o impacto da poluição doméstica nos sintomas dos entrevistados – dois terços deles eram mulheres, participam mais desse tipo de estudo porque geralmente são mais atentas à própria saúde, lembra o pneumologista. Os resultados mostraram que a população tem noção dos riscos que envolvem a poluição em casa, mas, na prática, toma poucas medidas para melhorar a situação.Segundo Frédéric Le Guillou, 97% dos entrevistados estão conscientes de que a má qualidade do ar nos ambientes fechados tem um impacto na saúde respiratória e desestabilizam seus sintomas. Os participantes da pesquisa convivem com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), a asma, alergias, fibroses pulmonares, dilatações e cânceres dos brônquios.“Os pacientes se preocupam com a qualidade do ar dentro de casa, principalmente porque todos já têm uma doença respiratória, mas 36% de suas moradias não têm ventilação mecânica controlada, a VMC”, lamenta o pneumologista. O sistema permite uma circulação contínua do ar e evita a umidade, fungos e bolor, prejudiciais para quem tem ou não problemas respiratórios.A umidade continua sendo um dos principais fatores de riscos para esses pacientes, diz Édouard David, representante da empresa Murprotec, que encomendou a pesquisa. “É um fato que a umidade é um fator determinante na transmissão das doenças ou no desenvolvimento de uma patologia crônica”, diz. Mortes prematuras O levantamento ainda mostrou que 43% dos pacientes já foram expostos à umidade dentro de casa. “Existe um trabalho de informação que deve ser feito junto aos pacientes. São pessoas que já convivem com um problema respiratório”, alerta Frédéric Le Guillou.Ele lembra que a má qualidade do ar é responsável por cerca de 47 mil mortes prematuras na França e 20 mil novos diagnósticos de doenças respiratórias, dados ignorados por uma grande parte dos franceses. Este número é provavelmente mais elevado, já que os óbitos, frisa, estão relacionados apenas às partículas finas e ao dióxido de azoto. “Existem diferentes tipos de poluentes que influenciam na qualidade do ar em ambientes fechados, que podem ser físicos, químicos e biológicos. O tabagismo dentro de casa é uma fonte de poluição, por exemplo, inclusive para aqueles que não fumam", cita.Há também os produtos de limpeza, a poeira, os pelos dos animais que podem causar alergias "e a pintura dos móveis que liberam compostos orgânicos voláteis", além dos ácaros. "Sem contar o aquecedor, que é uma das principais fontes de poluição doméstica”, acrescenta o especialista.A exposição a essas substâncias também pode desencadear doenças em caso de predisposição. Este é o caso da asma, das alergias e das bronquites. Pode também piorar patologias pré-existentes, que estavam controladas.Alguns hábitos também ajudam a melhorar a qualidade do ar, como abrir as janelas pelo menos dez minutos por dia e evitar colocar roupas para secar dentro de casa, por exemplo. “Quando temos uma doença respiratória, temos ‘brechas' nas mucosas e todos os poluentes penetram mais facilmente. Tudo isso deve ser levado em conta, além da predisposição genética às alergias”, conclui o especialista francês.
O HIV continua um desafio para a saúde pública. Em 2022, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 39 milhões de pessoas conviviam com o vírus em todo o mundo. Mais de dois terços dos pacientes estão na África. Embora nenhum medicamento seja ainda capaz de eliminar completamente o HIV do organismo, um novo tratamento inovador, o lenacapavir, baseado em duas injeções anuais, é considerado extremamente promissor. Mas o custo do medicamento - cerca de US$ 40.000 - ainda continua elevado e as indicações de uso são específicas. O Sulenca, nome comercial do antirretroviral, é um inibidor da função do capsídeo, a capa da proteína que envolve o vírus HIV-1. Ele atua nos estágios iniciais e finais do ciclo de replicação. Seu mecanismo de ação permite alcançar e bloquear vírus que se tornaram multirresistentes em pacientes soropositivos e por isso ele é indicado como tratamento complementar, ou seja, associado a outros comprimidos.Nos estudos, o lenacapavir, encontrado nas formas oral e injetável, também demonstrou uma eficácia de quase 100% na prevenção contra a contaminação no caso de uma exposição ao HIV. O laboratório Gilead, que fabrica a molécula, assinou um acordo com seis fabricantes que permite a produção genérica do medicamento e o tornará acessível em 120 países.O Brasil ficou de fora dessa lista e um grupo de organizações pediu no último dia 1º de dezembro, Dia Mundial de Combate à Aids, medidas para acelerar o acesso. Fim da epidemia?A OMS, o Fundo Global e o UNAIDS estabeleceram 2030 como meta para o fim da epidemia. O lenacapavir pode ajudar a atingir esse objetivo? Segundo o infectologista francês Jade Ghosn, ainda existem obstáculos para disseminar o uso da nova molécula. Ghosn é coordenador regional da luta contra o HIV e as Doenças Sexualmente Transmissíveis da região Île de France, onde está situada Paris. Segundo ele, a molécula tem duas principais vantagens."A primeira é que o lenacapavir vem de uma nova classe de medicamentos", explica. "A segunda é que ele foi formulado para ser injetado por via subcutânea, ou seja, da mesma forma que a insulina, heparina, ou os anticoagulantes, e é administrado a cada seis meses.”Atualmente, os comprimidos para tratar o HIV devem ser tomados diariamente, o que exige disciplina – as pílulas não devem ser consumidas em jejum, por exemplo. No cotidiano, essa organização gera uma sobrecarga mental elevada. "O paciente também deve andar com a caixa de remédios na bolsa", lembra o infectologista, o que pode colocá-lo em situações constrangedoras, ou o "obriga", socialmente, a ter que expor seu problema de saúde, explica.“Os remédios fazem o paciente lembrar diariamente que têm a doença, eles comentam. Em termos de carga mental, não ter que pensar nisso por seis meses é um verdadeiro alívio e uma melhoria real na qualidade de vida das pessoas”, explicou Ghosn.Mas, apesar de todas as vantagens e de ser uma pista para avanços concretos na gestão cotidiana da doença, o lenacapavir custa caro e ainda é um tratamento complementar, reitera. Para controlar a carga viral, ou torná-la indetectável, o paciente soropositivo deve utilizar uma combinação de medicamentos, já que o vírus sofre mutações muito rapidamente. “Isso significa que, hoje, se você quiser utilizar o lenacapavir no tratamento, ele deverá estar necessariamente associado a outros comprimidos. O paciente então perde o benefício do tratamento injetável. Se no futuro as pesquisas identificarem uma molécula associada eficaz que também possa ser administrada a cada seis meses, aí teremos realmente o benefício de um tratamento 100% injetável”, analisa. Acesso gratuitoDe acordo com o infectologista francês, a Agência Nacional de Pesquisa sobre Aids e Hepatites Virais está realizando uma série de estudos para avaliar como a nova droga poderá ser integrada aos sistemas de saúde dos diferentes países, incluindo a França. No país, desde 2013, todos os soropositivos têm acesso gratuito aos tratamentos, independentemente da carga viral. Mas, o grande desafio continua sendo o diagnóstico, já que muitas pessoas não sabem que foram contaminadas e continuam transmitindo o vírus. Cerca de 43% das infecções são descobertas em um estágio avançado. Para o infectologista francês, os pacientes ainda têm medo de descobrir que são soropositivos e serem estigmatizados, mesmo após mais de 40 anos da descoberta do vírus. Em sua opinião, há também menos informação do que deveria sobre as terapias que impedem a contaminação e controlam a evolução da doença. “O que é importante é que a mensagem e a comunicação em torno da infecção pelo HVI sejam mais positivas. Temos que explicar às pessoas que existem opções. Você é negativo? O importante é continuar negativo. Há ferramentas para evitar a contaminação", ressalta."Caso você seja positivo, hoje tratamos a infecção como uma doença crônica, como hipertensão, diabetes ou colesterol. Temos tratamentos que vão estabilizar a doença de forma permanente. A infecção nunca evoluirá para a AIDS e, principalmente, o vírus não será transmitido aos seus parceiros se você for tratado”, resume o infectologista francês.
A insuficiência cardíaca crônica atinge cerca de 64 milhões de pessoas no mundo, segundo estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde). A doença é uma das maiores causas de internação no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. A incidência é maior entre adultos com mais de 45 anos, mas o problema também afeta pacientes mais jovens. Taíssa Stivanin, da RFI em ParisA insuficiência cardíaca faz com que o coração não seja mais capaz de bombear sangue suficiente para suprir as necessidades orgânicas e provoca diversos sintomas, explica a cardiologista brasileira Lídia Moura, da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O primeiro deles é a falta de ar, que chega ao ponto de o paciente, por exemplo, não conseguir mais ficar deitado. “Normalmente o paciente começa a sentir falta de ar durante o esforço. Em geral, essa dificuldade para respirar é progressiva e se agrava em esforços menores. Nessa fase, o paciente terá dificuldade para se deitar. Ele se sente bem sentado e, quando se deita, a falta de ar piora”, explica a especialista brasileira, que lamenta a falta de informação em torno da patologia.A gaúcha Katia Arruda, 63 anos, descobriu que tinha o problema cardíaco em 2020, durante a epidemia de Covid-19. A brasileira, que se diz “conectada nos 200 volts”, passou a sentir um cansaço fora do normal, que mudou completamente sua rotina. Katia, que também tem lúpus, uma doença autoimune, sentiu falta de ar, cansaço e suores, que a levaram a consultar um clínico-geral.Depois de realizar um eletrocardiograma, ela buscou a opinião de dois cardiologistas. O primeiro especialista minimizou o problema e atrasou o diagnóstico. “Ele olhou para meu eletrocardiograma e disse: você está gorda, vai procurar uma nutricionista”, conta. “Mas eu já estava com insuficiência cardíaca e cardiomiopatia grau 3”, o que equivale a um estágio bem avançado da doença, comenta Katia.O diagnóstico foi confirmado após a consulta com o segundo profissional, que pediu um ecocardiograma - exame que utiliza ondas sonoras para obter imagens do coração. “Não sei se estaria aqui hoje se não fosse ele. O médico falou que eu poderia ter morte súbita a qualquer momento”, comenta a brasileira, que chama o cardiologista de "anjo".Apesar das dificuldades, Katia foi medicada, aos poucos foi melhorando e hoje convive com a doença. A brasileira também administra um grupo no Facebook de 8 mil pessoas que têm insuficiência cardíaca e podem trocar experiências. Mas ela ainda se lembra de como seu cotidiano mudou de maneira repentina quando os sintomas apareceram. “Fiquei dois anos sem varrer uma casa, sem limpar um banheiro, sem nada. Foi muito difícil”. Esse cansaço extremo que Katia sentiu quando a doença se manifestou decorre do aumento de líquido no pulmão e é característico da insuficiência cardíaca. “Em pé, esse líquido fica mais acumulado na base do pulmão. Ao se deitar, ele se espalha automaticamente, gerando desconforto no paciente, que precisa mudar de posição. Ele tenta ficar mais ereto”, explica a cardiologista. A evolução da doença provoca o aparecimento de inchaço nas pernas, que é bilateral e ocorre com mais frequência no final do dia, explica. Com o passar do tempo, de maneira progressiva, o paciente já acorda com braços ou pernas inchados. O que causa a doença? Há diversos fatores que podem desencadear a insuficiência cardíaca. De acordo com a especialista brasileira, a condição equivale à fase terminal das doenças do coração e no passado a taxa de sobrevida era baixa. Mas, como os tratamentos evoluíram muito ao longo dos anos, os pacientes vivem mais tempo e com mais qualidade de vida.“Temos várias etiologias que causam a insuficiência cardíaca, como a Doença Valvar (NR: o grupo de deficiências ou anomalias nas valvas do coração – aórtica, mitral, pulmonar e tricúspide) ou a hipertensão. Outra causa comum no Brasil e outros países desenvolvidos é a doença coronariana. Os doentes hoje têm vários infartos e cada um deles causa uma lesão na massa muscular do ventrículo. Quando vários infartos se acumulam, gera uma grande lesão ventricular”, frisa a cardiologista.Doenças como diabetes ou a obesidade também são um fator de risco. “Nesses casos, as insuficiências cardíacas ocorrem porque os corações não dilatam, ficam pequenos, mas endurecem muito. Hoje metade das insuficiências ocorre por dilatação e a outra metade porque o coração é pequeno e o relaxamento é ruim”, resume Lídia Moura. Ela cita ainda outras causas, como a Doença de Chagas, ainda comum em algumas regiões do Brasil e outros países da América Latina. O excesso de bebida alcoólica também pode desencadear o problema. Tratamentos contra o câncer de mama ou ósseo também podem em alguns casos provocar a insuficiência cardíaca, que raramente surge sem uma outra comorbidade associada. Há ainda as cardiomiopatias genéticas, que exigem outros diagnósticos e tratamentos. Em todos os casos, lembra a cardiologista Lídia Moura, o acompanhamento é sempre individual. O tratamento depende de diversos fatores e deve ser adaptado à condição de saúde do paciente e suas outras eventuais doenças para se obter um equilíbrio da situação. “Cada paciente é único e tem sua história”, resume.
A doença que afeta principalmente pessoas com mais de 65 anos seria responsável por até 70% dos casos de demência. Duas novas moléculas trazem esperança para os pacientes e suas famílias, mas a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) questiona o custo-benefício dos remédios, que geram muitos efeitos colaterais. Taíssa Stivanin, da RFI em ParisO donanemab é uma imunoterapia que visa reduzir a quantidade de depósitos de proteínas beta-amilóides no cérebro. O lecanemab tem essa mesma função e ambos prometem diminuir os sintomas da doença, apesar de não impedirem sua progressão. Associações de pacientes e profissionais franceses entraram com um recurso junto à Agência Europeia de Medicamentos para pedir uma nova avaliação dos produtos e aguardam as conclusões. As duas moléculas são fruto de um grande avanço na compreensão da doença, explica o neurologista francês Bruno Dubois, professor da universidade Sorbonne e ex-chefe do setor no hospital Pitié Salpetrière, em Paris.Há cerca de dois anos, estudos científicos comprovaram que os sintomas são uma consequência das lesões cerebrais, o que até então era apenas uma hipótese. A validação possibilitou o surgimento do donanemab e do lecanemab, explicou o cientista.Aprovados para uso nos EUA pela FDA, a Agência Americana de medicamentos, mas também em vários outros países, os medicamentos ainda geram reticências na Europa, lamenta o neurologista francês.“Os especialistas da Agência Europeia de Medicamentos, que não são especializados no Mal de Alzheimer para evitar conflito de interesses, constataram que o benefício gerado pelos remédios é modesto e os efeitos colaterais não podem ser ignorados. Nessas condições e levando em conta o custo, eles não serão autorizados”, explicou. Na França, onde os medicamentos são gratuitos, na falta do aval da agência o donanemab e o lecanemab não poderão ser reembolsados pela Seguridade Social. Para o neurologista francês, essa decisão cabe ao paciente, após ele estar ciente das eventuais reações adversas. “Sim, há efeitos colaterais. Mas esse é um dos interesses na utilização desse remédio. Pouco a pouco, vamos conhecer melhor as indicações e prevenir as eventuais reações, observando por exemplo por que alguns pacientes desenvolveram mais reações em relações a outros”, defende Bruno Dubois. “Já constatamos algumas contra-indicações e é assim que vamos avançar. Mas excluir os países europeus e a França dessa reflexão é uma pena, para os pacientes e para nós, profissionais". Diagnóstico precoceA Ciência ainda não sabe como interromper a progressão da doença de Alzheimer. Ela se manifesta raramente antes dos 60 anos, mas é comum depois dos 80 e atinge mais mulheres. A perda da memória progressiva provocada pela patologia torna o doente incapaz de gerenciar gestos básicos da vida cotidiana. Na fase mais avançada, a doença causa perda de autonomia e de identidade, desestabilizando o paciente e a sua família. O diagnóstico precoce é essencial para controlar sua evolução e melhorar a qualidade de vida. Os novos medicamentos intervêm justamente no momento em aparecem os primeiros sintomas de perda de memória. “Eles demonstraram sua maior eficácia no início dos sintomas e da demência”, explica o especialista. Segundo ele, os remédios “limpam” os depósitos dos peptídeos beta-amilóides no cérebro e, desta forma, desaceleram a evolução da doença. “O resultado é mínimo, não devemos nos iludir. Mas mesmo assim ele é considerável, porque valida todos os modelos que sustentam nossas reflexões há cerca de 20 anos”. Na França, o Mal de Alzheimer atinge cerca de 1 milhão de pessoas. Em todo o mundo, cerca de 50 milhões de pessoas convivem com a doença, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Para Bruno Dubois, esse aumento se explica pelo envelhecimento da população, da esperança de vida e do progresso da Medicina. Mas, em contrapartida, crescem também os casos de doenças cerebrais degenerativas e de cânceres. Quando consultar? Entre 60 e 65 anos, às vezes antes, os pequenos esquecimentos da vida cotidiana podem ser motivo de preocupação para algumas pessoas. Não se lembram de onde deixou os óculos, as chaves de casa ou o celular são situações comuns, mas que podem levar as pessoas que as vivenciam a pensar que estão perdendo a memória. “Na realidade, esses não são problemas de memória”, ressalta Bruno Dubois. “São dificuldades de atenção. Com a idade, a atenção diminui. Mas a atenção diminui também se temos distúrbios do sono, se enfrentamos estresse profissional, se temos ansiedade ou depressão”. O primeiro sinal de alerta é se esquecer de coisas realmente importantes. “Por exemplo, não me esqueço dos Jogos Olímpicos em Paris, de Léon Marchand ou de Teddy Riner”, diz. “Não vou me esquecer de grande eventos que nos marcaram e que chamaram nossa atenção. Se alguém se esquece desse tipo de coisa, ou da visita de um primo americano, ou da morte de um amigo próximo, ou de alguém da família, não é normal”.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou a Mpox como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) em agosto e os países agora se preparam para a chegada da nova variante da doença, o clado 1b. Ele foi identificado em julho na República do Congo e está se propagando rapidamente. Taíssa Stivanin, da RFI em ParisCerca de um milhão de doses da vacina Jynneo, desenvolvida pelo laboratório dinamarquês Bavarian Nordic, devem ser encaminhadas em breve para conter o surto na região. Em todo o continente africano, já foram oficialmente diagnosticados cerca de 5 mil casos, de acordo com as últimas estimativas - 20 mil se os dados consideram as infecções "prováveis".Até o momento, o Brasil ainda não registrou contaminações com o novo subtipo, mas desde o início do ano, foram registradas mais de 800 infecções da outra variante, a clado-2, que se espalhou em 2022. Por que a nova linhagem é considerada mais preocupante pela OMS e qual a diferença entre os dois subtipos? A RFI Brasil conversou sobre o novo surto de Mpox com o virologista Olivier Schwartz, diretor do Departamento de Vírus e Imunologia do Instituto Pasteur, em Paris.Segundo ele, poucos casos de infecções do subtipo clado 1b, que já chegou à Europa, foram descritos pela comunidade científica. Na Suécia, uma pessoa que voltava da República do Congo foi testada positiva em agosto. Desde então, os pesquisadores do país analisam o caso para dividir as informações em nível europeu, explica o virologista francês.“O paciente foi atendido e as amostras analisadas e sequenciadas. Os pesquisadores suecos agora estão tentando 'ampliar' o vírus para poder estudá-lo, analisar suas características e dividir os dados com outros laboratórios, entre eles o Instituto Pasteur", detalhou o especialista.Na França, as autoridades reforçaram os diagnósticos e preparam a campanha de vacinação. O Instituto Pasteur é um dos cerca de 200 centros preparados para aplicar as doses, e poderá também realizar o teste PCR que confirma a infecção. Segundo o cientista, apesar do sistema de saúde francês estar em alerta e preparado desde o primeiro surto de Mpox em 2022, a expectativa é que não haja uma explosão do número de casos, devido à imunidade adquirida pela população. Antes de 1980 a vacinação contra a varíola, um vírus da mesma família do Mpox, era obrigatória. Além disso, parte da população considerada a risco na época foi imunizada em 2022. Uma das questões agora é estabelecer a eficácia do imunizante, que contém um vírus vivo atenuado, ou seja, enfraquecido, contra a infecção pelo novo subtipo. “Sabemos que a vacina é eficaz contra o clado 1 em testes com animais, feitos em laboratório, e em testes celulares. Mas por enquanto, a eficácia contra o novo subtipo ainda é desconhecida. Mas, sabendo como o imunizante funciona e conhecendo o sequenciamento do vírus clado 1, esperamos que a vacina possa combatê-lo. Os estudos mostram uma eficácia de 70% a 90% de redução de infecções graves após duas doses”.Clado x VarianteQual a diferença entre um clado e uma variante? De acordo com Olivier Schwartz, o clado é um grupo de vírus e uma variante é uma “cepa em particular”. Segundo ele, “no caso do Mpox, esses grupos são definidos por análises de sequências genômicas. Percebemos, ao reconstituir a árvore filogenética, ou seja, a árvore genealógica dos vírus que circulavam, que existiam dois ramos principais: o grupo ou clado 1 e o grupo ou clado 2. Eles são próximos”.Segundo o virologista do Instituto Pasteur, também não há grandes diferenças entre os dois clados em termos de mortalidade, apesar do clado 1 ser um pouco mais virulento. O cientista lembra que é difícil saber em que proporção as condições sanitárias ou ambientais contribuem para o aumento do número de formas graves da doença.TransmissãoO vírus Mpox é transmitido principalmente através do contato próximo e prolongado com pessoas doentes que tenham bolhas, feridas, erupções cutâneas, crostas e fluidos, como secreção e sangue. O Ministério da Saúde alerta que objetos recentemente contaminados também podem transmitir a doença.Já a carga viral presente na saliva expelida quando duas pessoas conversam, por exemplo, é bem menor. “Provavelmente há casos, mas talvez não seja a principal forma de transmissão. Por hora, não temos evidências. Que eu saiba, não há provas de que o clado 1b é transmitido de maneira eficaz pela respiração”, esclarece o virologista.A transmissão do vírus por pessoas assintomáticas também ainda não foi confirmada. Segundo Olivier Schwartz, é possível que pessoas vacinadas contra a varíola no passado desenvolvam formas extremamente leves da doença e possam ser contagiosas, mas essa hipótese deve ser confirmada por estudos comparativos de carga viral.Pacientes imunossuprimidos correm mais risco de desenvolver formas graves e, nessa situação, o diagnóstico é fundamental para evitar complicações. A prevenção passa pelo isolamento rápido dos casos positivos. Os sintomas aparecem entre 3 e 21 dias após a contaminação e incluem, além das erupções cutâneas, febre alta, dor de cabeça e cansaço. Pais de crianças pequenas devem ficar atentos para não confundir a doença com a Catapora, que provoca o aparecimento de bolhas parecidas. Por isso é importante realizar o diagnóstico o mais cedo possível.Antiviral está sendo testadoDe acordo com o virologista francês, o antiviral Tecovirimat está sendo testado contra a doença. Estudos mostram que ele pode acelerar a cicatrização das lesões, mas exigem aprofundamento, já que os primeiros resultados foram decepcionantes.“Sabemos que é uma molécula antiviral que funciona muito bem nos modelos animais e em cultura celular nos laboratórios. Então é muito cedo para saber se, no homem, a falta de eficácia demonstrada no estudo está relacionada a outros parâmetros”.Entre esses parâmetros, o especialista do Instituto Pasteur cita o momento do início da terapia e compara com o Paxlovid, um dos antivirais usados contra o vírus da Covid-19. Para frear a infecção e a transmissão, ele deve ser prescrito entre dois e três dias após a contaminação.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2019, quase um bilhão de pessoas viviam com um transtorno mental. Como forma de auxiliar em casos assim, em 2002, foram criados os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), sendo locais de serviço público voltado para atender necessidades de saúde mental. Aperte o play e venha conferir como funciona, qual o público alvo e de que forma os CAPS podem auxiliar no dia de pessoas que convivem com transtornos psicológicos. Ficha Técnica Produção: Cristiano Brito e Pedro Romanelly. Edição de Texto: Edição de áudio e sonoplastia:
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2019, quase um bilhão de pessoas viviam com transtorno mental. Como forma de auxiliar em casos assim, em 2002, foram criados os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), sendo locais de serviço público voltado para atender necessidades de saúde mental. Neste programa você vai conferir como funciona o Caps II, qual o público alvo e de que forma ele pode auxiliar no dia de pessoas que convivem com transtornos psicológicos. Aperte o play e ouça agora Ficha Técnica Produção: Cristiano Brito e Pedro Romanelly Edição de Texto: Elis Cristina e Patricia Consciente Edição de áudio e sonoplastia: Simei Gonderim
O pesquisador francês Jean-Philippe Girard, diretor de pesquisa do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa da França), e sua equipe identificaram uma molécula que atua no processo inflamatório que causa doenças como a rinite alérgica e a asma, por exemplo. Batizada de TL1A, ela é liberada pelo epitélio respiratório alguns minutos após a exposição a uma substância alérgica e integra a família das alarminas. Taíssa Stivanin, da RFILiberadas em grande quantidade, as alarminas podem iniciar a inflamação, estimular a atividade das células imunológicas e desencadear uma série de reações no corpo, como as alergias. O estudo foi publicado em abril na revista científica Journal of Experimental Medicine.“Nas alergias, um dos fatores mais importantes é o meio ambiente, além das substâncias alérgicas presentes nele e no ar que respiramos em ambientes fechados ou do lado de fora. Ao ar livre, o pólen e alguns tipos de fungos são os que provocam mais reações”, explicou o cientista francês à RFI.Um desses fungos é o Alternaria alternata, que está relacionado a crises de alergia e de asma severa, principalmente quando o tempo está úmido, favorecendo sua dispersão no meio ambiente. A alergia respiratória é a quarta doença crônica mais comum no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), e deve atingir a metade da população mundial até 2050. Só na França, a estimativa é que 17 milhões de pessoas sejam alérgicas e 4 milhões sofram de asma.Entre 200 e 400 mil desenvolvem a forma severa da doença e podem ter crises graves, que provocam dezenas de mortes no país. Um dos principais objetivos do estudo, segundo Jean-Philippe Girard, foi justamente encontrar um tratamento alternativo para evitar esses óbitos.A equipe do cientista francês estuda há mais de uma década o efeito do fungo alternata no organismo dos alérgicos. Durante a pesquisa, eles perceberam que 15 minutos após o contato com a substância, todas as células que formam o epitélio pulmonar liberaram um sinal de alarme para as defesas do organismo. "Essas alarminas, presentes no tecido, dialogam com nosso sistema imunológico, explica o cientista.“São esses sinais de alarme que chamamos de alarminas. Elas alertam nossas defesas naturais, nesse caso, contra uma substância alérgica. Essas alarminas presentes no pulmão, brônquios e alvéolos pulmonares também avisam quando há um vírus, como o da gripe ou do resfriado”, exemplifica.Alerta para os glóbulos brancosUma das funções da molécula é alertar os glóbulos brancos, presentes nos pulmões, da presença de um corpo estranho. Eles vão, dessa forma, produzir mediadores da reação alérgica, entre eles uma proteína responsável pela produção de muco, que obstruirá os brônquios e causará a inflamação. “Ao bloquearmos as alarminas, que dão início a essa cadeia de reações, reduzimos a inflamação. Se agimos no meio do processo, há outros mecanismos que podem compensar essa ação, mas agindo desde o começo, bloqueamos tudo. Esse é o conceito das alarminas, e é isso que é importante” frisa Jean Philippe Girard.Com a nova descoberta, já são três as alarminas identificadas até agora pela Ciência. Uma delas já havia sido detectada há mais de 20 anos pela equipe do cientista francês e em breve beneficiará pacientes que sofrem de patologias como a BPCO, a doença pulmonar obstrutiva crônica.Segundo ele, os pacientes integram seis estudos de fase 3 conduzidos por grandes laboratórios e recebem anticorpos que bloqueiam a molécula. Os resultados devem ser divulgados em 2025 e, se tudo correr bem, um novo medicamento chegará às prateleiras.O objetivo agora é que a nova alarmina, que acaba de ser identificada, também possa ser testada em larga escala. “Nossa nova descoberta virá reforçar o arsenal terapêutico e as possibilidades de tratamento para os pacientes.”Para isso, é preciso investimento para colocar em práticas os testes clínicos necessários para validar o estudo em humanos e obter um medicamento contra a asma severa. Em seu laboratório, Philippe Girard, continuará suas experiências com outras substâncias alergênicas, como ácaros ou polens, que também estão na origem de alergias graves.
O alemão Ruediger Krech, 59 anos, diz enxergar nos novos cigarros eletrônicos um risco à queda no tabagismo observada no mundo nas últimas décadas. Krech afirma que, depois de perder mercado, há uma ação do setor tabagista direcionada a aumentar seu público consumidor entre jovens.O Brasil proíbe desde 2009 a venda desses dispositivos. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) confirmou a proibição em 2022 e manterá aberta até fevereiro uma consulta pública sobre essa política.Em entrevista ao Poder360, o diretor da OMS (Organização Mundial de Saúde) rejeita a ideia de que permitir a venda dos dispositivos com regulação mais rigorosa pode reduzir os riscos aos usuários.“Tirar a proibição não resolverá o problema dos 2 milhões de usuários do Brasil, e não resolverá os problemas de dispositivos não regulamentados usados para inundar o mercado enquanto a indústria se limita a pagar multas [depois de ferir a legislação]. E, além disso, aumentará o número de usuários”, diz Krech.
A hipertensão arterial, ou pressão alta, atinge cerca de 1 bilhão e 280 milhões de pessoas no mundo. A doença provoca uma pressão excessiva na parede das artérias e o coração do hipertenso precisa fazer um esforço maior para distribuir o sangue no corpo, o que acaba sobrecarregando os órgãos. O diagnóstico é feito quando são detectadas duas medidas acima de 14.9 mmHg (ou 14 por 9). Sem tratamento, a hipertensão pode ter consequências graves e causar derrames, infarto, insuficiência cardíaca e problemas renais. Ela pode ser primária, sem causa definida, ou secundária. Neste caso, normalmente está associada a outra doença pré-existente. Os sintomas são variados e incluem vertigens, dores de cabeça, problemas visuais e até zumbidos no ouvido. Mas, muitas vezes, a doença pode passar despercebida - e aí é que mora o perigo.O diagnóstico precoce previne as complicações. Um relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), no ano passado, mostrou que 76 milhões de mortes poderiam ser evitadas entre 2023 e 2050 se a hipertensão tivesse sido detectada a tempo.De acordo com o clínico geral francês Nicolas Postel-Vinay, que atua no setor de Hipertensão Arterial do Hospital Georges Pompidou, em Paris, a doença atinge principalmente adultos acima dos 50 anos.Jovens que tiveram doenças renais na infância e mulheres que desenvolveram pressão alta na gravidez ou usam anticoncepcionais também devem ficar atentos, mesmo na ausência de sinais específicos.A obesidade, o sedentarismo e o consumo de sal são outros fatores de risco conhecidos. Há, ainda, a predisposição genética – pessoas com mãe ou pai hipertensos têm mais chances de desenvolver a doença.Em 80% dos casos, diz o médico francês, a causa da pressão alta não é identificada, mas o diagnóstico precoce previne as complicações. Os tratamentos são individualizados e podem incluir moléculas diferentes, disse Postel Vinay ao programa Priorité Santé, da RFI.“Os tratamentos contra a hipertensão arterial são muito eficazes. Mas ele deve ser seguido à risca e os medicamentos tomados todos os dias. Esse é um dos principais problemas que temos. Em geral, cerca de metade dos pacientes não toma o remédio como deveria”, lamenta.Pressão desregulada afeta o humorO cardiologista Aimé Bonny, que atua no hospital Le Raincy-Montfermeil, na região parisiense, explicou à RFI que a hipertensão arterial também pode provocar sintomas cognitivos e afetar o humor, principalmente se ela estiver muito acima do normal.“Hoje também já está demonstrado que a hipertensão arterial pode acelerar os problemas cognitivos em alguns pacientes, explica. "Doenças como o Mal de Alzheimer, ou muitas outras, podem se desenvolver mais rápido se estiverem associadas à pressão alta. Se o paciente for jovem e tiver problemas de memória, é necessário eliminar o diagnóstico”, diz.Ter uma vida saudável também é essencial para evitar e tratar o problema. Assim como no caso de outras patologias, é importante manter uma atividade fisica regular, beber pouco e banir o cigarro.Saber medir a pressão arterial também é essencial para um tratamento bem sucedido, explica Nicolas Postel-Vinay."Depois da confirmação da doença, o paciente deve comprar um monitor de pressão arterial, de preferência usado no braço, como o do médico", diz. "A pressão deve ser medida em repouso, duas vezes por dia, de manhã e à noite. Pela manhã, medimos duas ou três vezes e anotamos o resultado"."De noite fazemos a mesma coisa, com um minuto de intervalo. Repetimos o procedimento de três a sete dias seguidos. Os dados dão uma ideia precisa da situação da pressão arterial. Em seguida, o paciente deve somar todos esses números e obtemos uma média."Em função dos resultados, é preciso consultar um médico rapidamente, alerta. Caso contrário, um novo controle pode ser realizado entre três e seis meses, explica. “Se os resultados são bons, é desnecessário medir a pressão todos os dias”.
O aumento do número de casos de Covid-19 no país já leva a um aumento das hospitalizações, de acordo com o infectologista francês Benjamin Davido, que atua no hospital Raymond Poincaré, em Garches, perto de Paris. Por precaução, o governo francês decidiu antecipar o início da campanha de vacinação, prevista para o dia 17 de outubro, para o próximo dia 2. Taíssa Stivanin, da RFIOs hospitais do país registram há pelo menos duas semanas um aumento de cerca de 30% de pacientes positivos para o vírus Sars-CoV-2 atendidos em pronto-socorro, segundo a agência nacional de saúde pública (Santé Publique France). Segundo a rede francesa SOS Médécins, que atende pacientes em casa, entre 4 e 10 de setembro a alta foi de cerca de 17% de infecções em todas as faixas etárias, e de 58% entre as crianças.No início da campanha de vacinação, o primeiro imunizante disponível para a população será o da BioNTech-Pfizer, a base de RNA mensageiro e eficaz contra a subvariante XBB.1.5, da ômicron. A vacina da Moderna, que utiliza a mesma tecnologia, também já foi aprovada para uso no país, assim como a Novavax, que ainda aguarda uma autorização final para ser comercializada.O infectologista francês Benjamin Davido, que atua no hospital Raymond Poincaré, nos arredores de Paris, vive no dia a dia os efeitos da alta do número de casos de Covid-19. Ele lembra que, atualmente, não há modelização matemática ou monitoramento que indiquem, com precisão, qual é a dimensão da atual onda de casos.Além disso, observa, os franceses simplesmente não se testam mais. “Nas ondas anteriores, as pessoas já chegavam ao hospital com o diagnóstico. Hoje, os pacientes vêm ao pronto-socorro porque passaram mal ou não estão se sentindo bem, têm dor de cabeça ou falta de ar. O diagnóstico é feito no atendimento de emergência.”De acordo com ele, de cada três pacientes que chegam ao pronto-socorro, um será hospitalizado. Para o infectologista, isso é surpreendente, já que a taxa de internação por Covid, desde o início da epidemia, oscila entre 10 e 15%.“A epidemia está acelerando com novas variantes que são mais contagiosas. O risco, se não aceleramos também a campanha de vacinação, é acabar com pacientes em macas nos corredores, e com dificuldade para organizar a hospitalização”, alerta.Medidas de proteção agora são inexistentesSegundo ele, atualmente também há um risco mais elevado de contaminação dentro do hospital, onde as medidas de proteção, como o uso de máscaras, por exemplo, foram deixadas de lado. Com a chegada do inverno no hemisfério norte, outros vírus, como o da gripe e o da bronquiolite, vão se somar ao da Covid-19, o que pode complicar ainda mais a situação nos hospitais.Na França, a cepa predominante é a EG.5.1, que representa pelo menos 35% das contaminações, mas cerca de 1% dos casos envolvem a subvariante BA.2.86, considerada mais "preocupante" pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Elas são mais contagiosas e têm capacidade para driblar a imunidade adquirida pela população ao longo do tempo, o que preocupa as autoridades francesas."A Covid-19 não é um resfriado""É necessário parar de banalizar a Covid-19 e de associar casos graves e mortes apenas à população idosa e com comorbidades", frisa o infectologista francês. A ômicron, lembra, foi responsável pela morte de pelo menos 30 mil pessoas no país em 2022.“Infelizmente, todos os dias pessoas morrem depois de terem sido contaminadas. Não é um resfriado”, reitera. “Hoje, as pessoas que chegam ao hospital são idosas e têm outras patologias. Não quero ser dramático, mas a má notícia é que a epidemia sempre começa assim e depois os pacientes são cada vez mais jovens. Quanto mais o vírus circula, terão mais casos graves.”Outro problema é a falta de informação. A população, diz, não sabe da existência de uma vacina atualizada e também não interiorizou o fato de que as doses de reforço, assim como no caso da gripe, devem ser frequentes – entre seis meses e um ano, em função dos riscos."É preciso parar de contar as doses. A vacinação no caso da Covid deve ser feita periodicamente", lembra. Seis meses depois da vacina ou de uma infecção natural, não há mais proteção contra as novas subvariantes. Este é o caso hoje de uma grande parte dos franceses, ressalta, e por isso a dose de reforço é essencial.O desafio agora é lidar com o ceticismo de uma boa parte da população francesa. “De uma certa forma, há urgência. Essas pessoas, nos próximos dias, podem ser contaminadas. Então, neste contexto, avançar a campanha em 15 dias faz muita diferença. Mas esse tempo deve servir para convencer os franceses a se vacinarem.”
A onda de calor que vai assolar São Paulo na última semana do inverno, com temperaturas que podem superar os 40ºC, é um aperitivo dos reflexos do El Niño no sudeste brasileiro. O fenômeno, que atua nas águas do Pacífico mas desorganiza a circulação atmosférica em todo o planeta, só deve perder força em meados de 2024. As temperaturas sobem ainda mais a partir de quinta-feira. Um domo quente, uma área de alta pressão atmosférica de tamanho e intensidade colossais, tem alto potencial de quebra de recordes para o mês de setembro, segundo o coordenador-geral de Ciências da Terra do Inpe. Gilvan Sampaio explica que a umidade relativa do ar, que bateu os desérticos 18% no Rio de Janeiro nesta segunda, deve permanecer mesmo após a passagem da onda quente. Para comparação, no deserto do Saara esse índice costuma variar de 14% a 20%. O clima desértico traz preocupações para a saúde. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o ideal é que o índice de umidade do ar fique acima dos 40%. O tempo seco favorece o surgimento de doenças do sistema respiratório, como rinite alérgica, sinusite e faringite, e de alergias, já que as mucosas das vias áreas tendem a ficar mais ressecadas. O Inpe já notificou o governo federal para o risco da ocorrência de fenômenos extremos em abril. Gilvan Sampaio explica que assim como o inverno, primavera e verão também serão afetados. Isso significa mais chance de enchentes e alagamentos no sul e sudeste e forte seca no norte e nordeste.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O comunicado publicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre os perigos dos adoçantes artificiais confirmou temores que especialistas já vinham compartilhando. De fato, essas substâncias são possivelmente cancerígenas. A avaliação foi realizada pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer e pelo Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da Organização para Agricultura e Alimentação, dois grupos […] O post Possivelmente cancerígeno, aspartame ficou de fora da nova regra de rotulagem no Brasil apareceu primeiro em Rádio Brasil de Fato.
Manter a população mais tempo no mercado de trabalho e lidar com a perda da capacidade física e cognitiva gerada pelo envelhecimento, exige investimentos em políticas de prevenção, alerta o especialista francês em gerontologia Roland Sicard. Taíssa Stivanin, da RFIEm todo o mundo, incluindo países como a França e o Brasil, os governos vêm adotando leis que visam manter os trabalhadores na vida ativa por cada vez mais tempo. Um exemplo recente é a reforma da Previdência na França, que estipulou a idade mínima da aposentadoria aos 64 anos. Mas, a tendência no país, e em todo mundo, é que os trabalhadores passem a se aposentar perto dos 70 anos, para garantir mais renda. Neste contexto, como conciliar vida ativa e os problemas de saúde que podem resultar do envelhecimento?Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma pessoa está na terceira idade aos 60 anos. Sem levar em conta fatores individuais, a partir desta faixa etária o risco de desenvolver um câncer, que já é maior a partir dos 50 anos, cresce ainda mais na população em geral. Estudos mostram que, de todos os casos de tumores malignos do mundo, 70% deles ocorrem em maiores de 60 anos. O envelhecimento também gera o declínio natural e gradual de diversas funções fisiológicas e cognitivas, favorecendo o aparecimento de doenças crônicas, como as cardiovasculares. É possível envelhecer trabalhando dentro de uma empresa? Na Europa, um continente desenvolvido, apenas 25% da população chegará aos 75 anos sem problemas de saúde e com uma boa capacidade física e cognitiva. É o que afirma Roland Sicard, diretor do Instituto de Cancelorogia Sainte Catherine, em Avignon, no sul da França, e especialista em gerontologia.“Para essas pessoas, trabalhar dois anos a mais ou a menos não será um problema. O que importa, e deve ser levado em conta, são os outros 25% que envelhecem mal e têm problemas de saúde: cânceres, doenças crônicas, dores nas costas que as impedem de carregar peso, ou fragilidades ósseas", explica."Para essas pessoas, que representam um quarto da população, cada ano a mais de trabalho antes da aposentadoria será um verdadeiro fardo. Isso vai piorar o estado de saúde delas, que poderão ser consideradas inaptas e ficarão expostas a situações sociais difíceis”, conclui.Fatores ambientaisSegundo ele, a saúde da outra metade da população que chega à terceira idade dependerá de fatores ambientais, que podem ser influenciados pelas políticas públicas de prevenção. Entre elas, a promoção da atividade física, da alimentação equilibrada e o incentivo ao diagnóstico precoce de cânceres e outras doenças.“Se houver esse investimento, 50% dos trabalhadores podem entrar na categoria dos 25% que envelhecem bem. Se, pelo contrário, não fizermos nada para que se alimentem melhor ou deixem de ser sedentários, farão parte dos 25% que vão envelhecer mal antes da aposentadoria”, alerta Roland Sicard.A França é um país conhecido pelo acesso generalizado a tratamentos gratuitos de ponta, como contra o câncer, por exemplo. Mas, no quesito prevenção, deixa a desejar, alerta o especialista. “Ainda não entendemos que a prevenção é um investimento a longo prazo. Nossas políticas estão focadas no curto prazo", diz."Se o equilíbrio da Previdência depende de fazer a população trabalhar por mais tempo, a única solução é investir na prevenção em saúde. Se queremos que as pessoas trabalhem até 64 anos, ou até 67, o que eu espero que não ocorra, é preciso preparo. Não podemos fazer isso de qualquer jeito."Doenças profissionaisAs empresas também devem investir na prevenção de riscos associados ao trabalho, diz. No hospital que dirige, por exemplo, Roland Sicard promove formações periódicas para que médicos, enfermeiros e assistentes fiquem atentos aos gestos e à postura para evitar lesões musculoesqueléticas, responsáveis por muitas aposentadorias precoces.Entre os profissionais da saúde, relata, há também uma epidemia de burnout, o esgotamento profissional e mental que leva as pessoas a antecipar o fim de suas carreiras. A alta do número de casos da síndrome está associada ao período pós-epidêmico, mas não só: as condições de trabalho nas clínicas e hospitais franceses são alvo de críticas há anos.“Investir na prevenção funciona. As pessoas ficam menos doentes, temos menos casos de invalidez entre profissionais na faixa dos 57 ou 58 anos, por exemplo. É necessário instaurar uma política de reeducação à saúde nas empresas: adaptar o ritmo de trabalho e ajudar as pessoas a lutar contra o estresse na vida pessoal e profissional."O trabalho remoto, diz, que se popularizou com a Covid-19, é uma pista para melhorar as condições de trabalho. “Na França, um dos três fatores citados pelos trabalhadores como sendo um dos mais exaustivos é o trajeto até o trabalho. Uma hora para ir e voltar do escritório após um dia cansativo, em fim de carreira, é pesado. Mas, infelizmente, o trabalho à distância não é adaptado a todas as profissões”, lamenta.
O estudo realizado pela epidemiologista francesa Tasnime Akbaraly, do Inserm (Instituto de Pesquisas Médicas da França), mostrou que o consumo de alimentos ultraprocessados pode aumentar o risco de desenvolver depressão. Mais de 280 milhões de pessoas sofrem da doença no mundo, segundo estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde). Taíssa Stivanin, da RFIA associação entre os alimentos ultraprocessados e o desenvolvimento da depressão ainda é recente, segundo a epidemiologista francesa, que analisa a relação entre saúde mental e alimentação há mais de dez anos.Mas, a constatação de que os produtos representam um fator de risco para doença deveria ser suficiente para guiar políticas públicas de prevenção, alerta."Existem fatores de risco para a depressão, como os genéticos, que já estão bem estabelecidos e documentados na literatura científica. Mas, no meu estudo, o importante era focar naquilo que pode ser controlado, como o modo de vida. Este é o caso da alimentação”, explica a pesquisadora. “Quando estamos deprimidos, mudamos também nosso comportamento alimentar.”De acordo com o Ministério da Saúde, produtos ultraprocessados são formulações feitas de substâncias extraídas de alimentos ou derivadas deles, sintetizadas em laboratório. Os aditivos, realçadores de sabores ou aromatizantes integram esse grupo.As substâncias presentes nos alimentos ultraprocessados podem favorecer o chamado “estresse oxidativo”, que é a dificuldade do corpo em eliminar o que é nocivo e lutar contra as inflamações. Esse mecanismo pode estar associado à depressão. A doença é gerada por falhas na transmissão das informações de um neurônio para outro no cérebro, feita por impulsos nervosos, durante a sinapse (pontos de contato entre dois neurônios).Essa disfunção afeta a produção e a captura de três neurotransmissores envolvidos no aparecimento da doença: a serotonina, a noradrenalina e a dopamina. O mau funcionamento desse mecanismo cerebral pode atrapalhar a regulação das emoções, o controle cognitivo e a construção da autoimagem, que caracterizam a depressão.Análise de dadosEm sua pesquisa, Tasnime Akbaraly utilizou um banco de dados público de saúde britânico, disponível para cientistas de todo o mundo, conhecido como Whitehall II. Os participantes são funcionários públicos britânicos, entre 35 e 55 anos, recrutados entre 1985 e 1988. Os 4.554 pacientes são acompanhados por uma equipe médica desde o início dos anos 1990. Desde então, eles respondem a questionários que incluem diversos aspectos de sua vida, como os hábitos alimentares e o consumo diário de produtos ultraprocessados. Os sintomas depressivos dos participantes, suas eventuais recaídas e a necessidade de usar remédios para tratar a doença também foram avaliados pela equipe médica que os acompanha.Ao acessar a base de dados, a epidemiologista francesa cruzou os milhares de dados disponíveis para descobrir se havia uma relação entre os participantes que tiveram depressão e o consumo de alimentos ultraprocessados. Após a análise, ela constatou que os pacientes que declararam um episódio depressivo consumiam menos legumes e frutas e mais produtos com altos teores de gordura saturada. “Nossa hipótese, é a de que esses alimentos poderiam aumentar o estresse oxidativo.”Muitas questões, frisa, continuam sem resposta e não puderam ser analisadas na pesquisa, mas são objeto de vários estudos. Entre elas, o impacto dos aditivos e das embalagens, por exemplo, que podem ser tóxicas e contaminar o alimento.Diversas pesquisas também já mostraram que os alimentos ultraprocessados modificam a microbiota intestinal e influenciam o que os cientistas chamam de expressão do genoma.Por isso, podem desencadear doenças em caso de predisposição genética, como o diabetes, por exemplo, ou patologias cardiovasculares ou autoimunes. Nocivos como o cigarroA epidemiologista francesa também atua como subsecretária da prefeitura de Montpellier, no sul da França, e é encarregada de projetos para a primeira infância. Ela milita para que os alimentos ultraprocessados sejam considerados tão perigosos quanto o cigarro.“Os hábitos alimentares, quando são bem adquiridos na infância, serão os mesmos na idade adulta. É extremamente importante visar esse público em termos de prevenção e de saúde pública”, alerta.Segundo ela, apesar das evidências sobre o risco de consumir esses produtos, a adoção de medidas concretas demanda tempo. Os alimentos ultraprocessados, diz, deveriam ter uma regulação similar à do cigarro. “Nós sabemos qual é o impacto dos alimentos ultraprocessados, cheios de açúcar e de gordura, no organismo. Mesmo assim, eles estão disponíveis em distribuidores instalados até em hospitais!", comenta com indignação. "Todo mundo ficaria chocado se colocássemos maços de cigarro nesses distribuidores, mas ninguém se incomoda quando colocamos barras de chocolate, mesmo sabendo que a má alimentação é a principal causa de morte em todo o mundo”, conclui.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), só a poluição do ar gera cerca de sete milhões de mortes por ano no mundo. Neste contexto, a adoção de medidas específicas para proteger a população das doenças relacionadas ao desequilíbrio ambiental é urgente, alertam especialistas ouvidos pela RFI. Hoje a poluição do ar é considerada tão nociva para a saúde quanto o tabagismo. “Sabemos que ela contribuirá para o desenvolvimento de algumas doenças, como a asma, no caso das crianças, e cânceres, em pacientes que não fumam”, afirma a pneumologista francesa Lucile Sesé, do hospital Avicenne, em Seine Saint-Denis, na região parisiense.Na Inglaterra, explica, estudos experimentais mostraram que a exposição frequente às partículas finas poderia induzir a proliferação de células cancerígenas, mesmo em não-fumantes. O risco de infarto também cresce durante os picos de poluição, que afetam portadores de doenças crônicas. "Os pacientes com patologias pré-existentes devem estar conscientes dos efeitos que a poluição provoca na saúde, ao constatarem a agravação de alguns sintomas", afirmou a especialista francesa durante uma entrevista ao programa Priorité Santé, da RFI. A manutenção da qualidade do ar em ambientes fechados também é essencial para preservar a saúde respiratória. O tema se popularizou durante a epidemia de Covid-19. Na época, surgiram sensores para medir a taxa de CO2 e as autoridades de saúde pública passaram a promover a necessidade de arejar os espaços. Mas o assunto acabou sendo deixado de lado após o controle epidêmico.AlergiasOs efeitos das mudanças climáticas também podem ser observados em quem tem alergias respiratórias. “Alguns pacientes alérgicos sentem o efeito do pólen por muito mais tempo e precocemente. As mudanças climáticas alteram a natureza e também a maneira como algumas doenças se manifestam. Podem surgir novas alergias”, alerta Lucile Sesé.O aumento das temperaturas, frisa, também fragiliza os pacientes que sofrem de bronquite ou fibrose cística, uma doença genética que afeta múltiplos órgãos, mas principalmente os pulmões. A descompensação dessas patologias muitas vezes requer hospitalização para monitoramento.“Estamos vivendo mudanças ambientais, isso é claro. Por isso pedimos aos nossos pacientes que fiquem atentos aos seus sintomas, durante as ondas de calor, por exemplo. Desta forma, podemos protegê-los”, reitera a pneumologista francesa.Driblando as partículasUm dos conselhos da especialista para toda a população é evitar o acúmulo de diferentes tipos de exposição à poluição. Aparelhos como fogões a gás, ou que emitem vapores e aumentam a emissão de partículas nocivas para a saúde, devem ser evitados.Móveis e objetos novos também podem ser poluentes. Algumas pinturas ou tipos de verniz, por exemplo, emitem os chamados VOC (compostos orgânicos voláteis) e por isso a pneumologista recomenda priorizar objetos de segunda mão. Na hora da faxina, a utilização de produtos de limpeza naturais, como o vinagre, também evita a inalação de substâncias irritantes.O uso da máscara de proteção, que se popularizou durante a Covid-19, também pode ser uma solução em períodos críticos, assim como arejar a casa durante pelo menos vinte minutos por dia para trocar o ar. Poluição sonoraExistem diferentes tipos de poluição causados pela industrialização, a urbanização e a evolução de nosso modo de vida. Catherine Bouvier, 59 anos, é representante da associação francesa Advocnar, que se mobiliza para ajudar população que vive perto dos aeroportos. Ela cresceu e mora até hoje em Taverny, uma cidade situada a cerca de 20 quilômetros do aeroporto Roissy Charles de Gaulle. “Nós ouvimos o barulho das aterrissagens o dia todo”, conta.No total, de 600 a 700 aeronaves pousam no maior aeroporto do país diariamente, a partir das 5h. De acordo com a Catherine, receber amigos no jardim de sua casa é impossível. Dormir, só de janelas fechadas, mesmo quando faz calor. Mesmo assim, ela acorda várias vezes durante a noite. O sono de má qualidade, dizem seus médicos, contribuiu para o aumento de sua pressão arterial e o aparecimento de arritmias cardíacas.O psiquiatra francês Théo Korchia, que dirige o setor no hospital público de Marselha, explica que o barulho ininterrupto também pode afetar o humor e o equilíbrio emocional. Quando o excesso de ruído atrapalha o sono, o acúmulo de noites pouco repousantes, por um longo período, favorece o aparecimento de doenças mentais. “O barulho constante pode sobrecarregar nosso sistema sensorial e desencadear respostas ao stress que são fisiológicas, e que podem ter um impacto muito grande em nosso bem-estar emocional. Isso pode causar depressão, dificuldades de concentração e memorização, além de outros problemas", resume.
Tidos inicialmente como a solução para diversos problemas de saúde, os edulcorantes estão na mira da OMS (Organização Mundial da Saúde) e algumas agências de vigilância de diferentes países. Estudos iniciais apontavam o uso de edulcorante, conhecido popularmente por adoçante, como uma forma de combate à obesidade e ao diabetes tipo 2. “O que parece é […] O post Novo estudo da OMS alerta para riscos de substituir açúcar por adoçantes artificiais apareceu primeiro em Rádio Brasil de Fato.
Você é ansiosa (o)? O seu trabalho lhe traz ansiedade? Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) a média de trabalhadores no mundo, que têm algum tipo de ansiedade é de 33% (dados de 2021), porém no Brasil este número sobre para pouco mais de 38%, o que torna o Brasil o País com maior número de profissionais com crises de ansiedade no mundo. A ansiedade é um comportamento natural. O problema surge quando essa condição passa a interferir na vida do indivíduo. “O que nós chamamos de transtorno de ansiedade é quando ela interfere nas nossas vidas, causando sintomas como taquicardia, sudorese, tremores, dores musculares, mal-estar, uma preocupação excessiva, insônia e outros sintomas. Ouça os principais gatilhos que podem ocasionar a ansiedade no trabalho --- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/cleysondellcorso/message
Cerca de três anos depois do aparecimento do vírus SARS-CoV-2, o futuro da epidemia de Covid-19 continua sendo uma incógnita. Na China, onde a população está menos imunizada por conta de anos de restrições impostas pela política Covid zero, o número de casos aumenta diariamente. Esse contexto favorece o aparecimento de novas variantes, que podem ou não ser resistentes à vacinação e aos medicamentos existentes. Taíssa Stivanin, da RFI A Covid-19 continuou sendo o principal assunto da área da saúde em 2022. O mês de janeiro começou com a explosão das contaminações pela primeira variante da ômicron, a BA.1, em boa parte do mundo. Na França, entre os dias 19 e 20, o país registrou cerca de 297 mil casos positivos. Aliada à vacinação, essa onda epidêmica permitiu imunizar parte da população e diminuir o número de casos graves provocados pela doença. As variantes ômicron do SARS-CoV-2 também são consideradas menos virulentas, como demonstraram muitos estudos. Apesar disso, a Covid-19 ainda pode matar e causar complicações, principalmente em pessoas mais velhas e com patologias associadas. O alerta foi feito pelo virologista americano Michael Diamond, da Universidade de Washington. “A doença continuará provocando formas severas, em não vacinados, imunodeprimidos, e provocará mortes”, ressaltou. O virologista americano lembrou que, em países desenvolvidos, como os Estados Unidos e a França, a população reticente à vacinação contribuirá para o descontrole da epidemia. “A única maneira de lutar contra transmissão é continuar imunizando as pessoas ao redor do mundo, para prevenir potenciais propagações. Caso contrário, teremos novas variantes surgindo de tempos em tempos, por um longo período”, prevê. Guerra na Ucrânia O mês de fevereiro de 2022 foi marcado pelo início da guerra na Ucrânia. A invasão do país, no dia 24, teve um forte impacto no sistema de saúde, que já era deficiente antes da guerra. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 269 ataques atingiram hospitais, clínicas e outras estruturas. Na época, o coordenador da Organização Médicos Sem Fronteiras na Ucrânia, Gustavo Fernandez, contou que as condições de vida da população estavam cada vez mais difíceis. “Tentamos nos manter em contato com os voluntários locais e as pessoas que conhecem bem a situação interna. Também buscamos nos manter próximos dos médicos e dos enfermeiros que continuaram nas cidades e conhecem bem a população para fornecer, no dia a dia, o material para garantir a continuidade dos cuidados médicos”, explicou à RFI. Covid-19 altera funcionamento cerebral Durante o ano de 2022, a Covid-19 continuou sendo o principal assunto da área da saúde. Se as consequências mais trágicas do vírus foram atenuadas com a imunização da população, seja pela vacinação ou pela infecção, seus efeitos a longo prazo ainda são alvo de vários estudos. Um deles, divulgado no início de março pela revista Nature, sugere que o SARS-Cov-2 pode afetar o funcionamento cerebral. A pesquisa, de coautoria do cientista brasileiro Anderson Winkler, revelou que uma infecção pela Covid-19 pode afetar as funções cognitivas e o sistema límbico, que gerencia as emoções, além da memória. As imagens de ressonância magnética dos 785 participantes, com idades entre 51 e 81 anos, foram analisadas por um grupo de pesquisadores antes e depois da contaminação pelo SARS-Cov-2. “Nessas comparações, observamos uma diminuição da espessura do córtex cerebral, em áreas relacionadas à olfação, e também uma diminuição do contraste entre a substância branca, e cinzenta, além do apagamento desse contraste", explicou Anderson à RFI. "Notamos, também, uma diminuição da maneira como as moléculas de água se difundem, o que sugere uma alteração microestrutural no tecido cerebral, mais proeminente no grupo que testou positivo para o coronavírus”. Falta de sono pode afetar imunidade na idade adulta Milhares de estudos científicos importantes são publicados todos os anos e alguns merecem destaque. Um deles é uma pesquisa da cientista francesa Sabine Plancoulaine, do Centro de Pesquisa em Epidemiologia e Estatísticas de Paris, do Inserm (Instituto de Pesquisas Médicas da França). De acordo com ela, os dados analisados sugerem que crianças que têm períodos de sono mais curtos estariam mais predispostas ao desenvolvimento de patologias inflamatórias. “Podemos imaginar que, se entre dois e cinco anos, as crianças já tinham níveis mais altos de citocinas, se isso continuar na idade adulta, o efeito será cumulativo”, diz a pesquisadora. “Podemos imaginar que, se continuarem a dormir pouco, os níveis de citocina poderiam aumentar cada vez mais e na idade adulta as crianças vão desenvolver patologias associadas à inflamação.” Uma outra pesquisa publicada em agosto de 2022 na revista Nature identificou uma maneira de aumentar a capacidade de memorização dos idosos sem patologias. A equipe do professor Robert Reinhardt selecionou 60 pessoas entre 65 e 88 anos, sem doenças cerebrais que comprometessem a cognição. Elas foram submetidas a sessões diárias de 20 minutos, durante quatro dias consecutivos, de estimulação transcraniana de corrente alternada, TACS (Transcranial alternating current stimulation), em inglês. . Segundo o médico e neurocientista Antoni Valero Cabré, diretor de pesquisa no Instituto do Cérebro do Hospital francês Pitié La Salpetrière, em Paris, os cientistas conseguiram mostrar que a estimulação do lobo parietal, a baixa frequência, a 4 Hz, melhora a chamada memória de trabalho. “O objetivo geral dessas intervenções não é apenas gerar um efeito transitório, que dure poucos minutos, mas torná-lo permanente, de forma a integrar o aumento da memória ao nosso cotidiano, de forma perene. É por essa razão que os autores repetiram o procedimento durante quatro dias, para saber se esse ganho de memória se consolidava no tempo ou não. Além disso, para confirmar a hipóteses, eles testaram novamente os participantes um mês depois”, explicou. Covid longa Uma das reportagens feitas pelo programa Saúde em Dia neste ano de 2022 mostrou como é a vida de pacientes com covid longa. Ela foi realizada no hospital Foch, em Suresnes, na região parisiense, em outubro. A OMS (Organização Mundial da Saúde) reconhece a existência da doença desde 2021. A estimativa é que entre 10 e 20% dos contaminados terão sintomas persistentes, que duram mais de quatro semanas. De acordo com o especialista francês Nicolas Barizien, três pistas podem explicar o aparecimento da doença. “A primeira é: será que o vírus fica no organismo e por isso continua gerando sintomas? A segunda é: será que o vírus provoca uma reação inflamatória? Terceiro: será que desencadeou um processo autoimune, levando o corpo a fabricar anticorpos contra si mesmo? Essas são algumas das pistas da pesquisa fundamental para explicar por que os pacientes continuam tendo os mesmos sintomas tanto tempo após a infecção. Praticamente todo mundo já pegou a Covid hoje, pelo menos uma vez. Podemos ficar mal de 2 a 15 dias, mas na maioria das vezes, passa. Há pessoas que vão continuar tendo sintomas durante anos. Tenho pacientes que já estão entrando no terceiro ano de Covid longa.” Luta contra o câncer O ano de 2022 também foi marcado pela descoberta de novas armas contra o câncer. Entre elas, o surgimento de testes diagnósticos que detectam as células cancerosas no DNA do sangue e o aperfeiçoamento das terapias que permitirão melhorar o prognóstico do paciente. Entre as novidades, também se destacam alguns medicamentos, como os anti-KRAS, um gene que sofre mutação em aproximadamente 90% dos cânceres do pâncreas e 30% dos cânceres do cólon e do pulmão. A individualização dos tratamentos também é uma outra pista desenvolvida nas pesquisas, com a criação de cânceres orgânicos, feitos a partir das células do paciente, e virtuais, processados em programas específicos de bioinformática. “São testes clínicos técnicos e comparativos que avaliam se, quando utilizamos essas novas terapias, temos resultados melhores do que em relação à Quimioterapia, por exemplo”, explicou Fabrice André. Neste final de ano, a Covid-19 é responsável por uma nova onda epidêmica na França. Com o fim das restrições, o país, aliás, vive a tripla epidemia, com hospitais lotados de pacientes com gripe, Covid, e setores pediátricos saturados com crianças com bronquiolite. A rede SOS Médécin, formada por médicos disponíveis 24 horas, que atendem pacientes em domicílio em Paris, informou que nunca recebeu tantas chamadas nos últimos anos 15 anos. Para evitar o caos nos hospitais neste início de 2023, o governo francês faz um apelo para que as pessoas se vacinem contra a gripe e a Covid-19. Bruno Lina, professor de Virologia do Hospital Universitário de Lyon e membro do COVARS, o Comitê de Acompanhamento e Antecipação de Riscos Sanitários do ministério da Saúde Francês, lembra que a única maneira de controlar a epidemia é a vacinação periódica. "Temos a impressão que esse vírus, BQ.1.1, não é responsável por uma retomada epidêmica. Ele parece ser um vírus de transição. Estamos otimistas em relação à epidemia, mas a próxima fase está condicionada ao uso de todas as ferramentas que existem para lutar contra o coronavírus. Se interrompermos a vacinação, se não aderirmos à imunização e às medidas de proteção nos períodos em que o vírus está circulando, estamos expostos à retomada epidêmica. Isso é claro." A explosão dos casos na China neste final de ano, com a diminuição das restrições relacionadas à política Covid Zero, é outro fator que pode gerar o aparecimento de novas variantes e dificulta as previsões em relação à epidemia. Os próximos meses serão decisivos, mas ainda serão necessários muitos anos para afirmar que a Covid-19 se tornou, de fato, uma doença respiratória benigna para a maior parte das pessoas, a exemplo da gripe.
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O envelhecimento da população é considerado um dos fatores mais marcantes da dinâmica demográfica mundial, ou seja, é bastante expressivo o aumento do percentual de idosos no mundo, que tem ocorrido desde a década de 1950, acentuando-se especialmente no século XXI. Dados recentes da OMS (Organização Mundial de Saúde) revelam que o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a dois bilhões até o ano de 2050, ou seja, esse percentual representará um quinto da população mundial. O Brasil tem caminhado para o mesmo cenário. De acordo com o Ministério da Saúde, no ano de 2016 o Brasil estava em quinta colocação na lista dos países com a maior população idosa do mundo. A expectativa é que no ano de 2030, o número de idosos ultrapasse o total de crianças entre zero e 14 anos. Você já deve saber que uma vida longa e próspera depende de fatores genéticos e de um estilo de vida saudável. Com a adoção de hábitos alimentares saudáveis essa funcionalidade é mantida. Por isso, uma dieta rica em vegetais, frutas, peixes, azeite de oliva, carboidratos integrais, com alto teor de fibras (grãos e castanhas) e pouca gordura são ideais para se ter uma vida longeva e com muito bem-estar. Fontes (créditos): https://sosexames.com.br/conheca-os-segredos-da-longevidade/ https://veja.abril.com.br/saude/conheca-os-segredos-da-longevidade-segundo-a-ciencia/ Trilha sonora: Pro Tools - Ableton Live - Nord Wave keyboard. Acervo pessoal. Imagem (créditos): AdobeStock_95065629 --- Send in a voice message: https://anchor.fm/multimidiavillage/message
A RFI acompanhou pacientes com Covid longa atendidos no Hospital Foch, na região parisiense, que mais de um ano após terem contraído o vírus, lutam para conviver com os sintomas persistentes gerados pela Covid-19. Taíssa Stivanin, da RFI São 8h da manhã e três pacientes aguardam na sala de espera do setor de Medicina Esportiva do Hospital Foch, em Suresnes, na região parisiense. Audrey é uma delas. Desde 2021, ela convive com a Covid longa. Após sua infecção, seus sintomas se intensificaram e ela acabou paralisada, em uma cadeira de rodas. “Não conseguia andar, de tanto cansaço”, conta a francesa de 40 anos, contaminada pela variante Alfa, em 2021. Audrey iniciou seu tratamento em maio. Hoje, seis meses depois, ela recuperou o fôlego e seu estado de saúde melhorou, após meses de reeducação com uma equipe multidisciplinar, que inclui psicóloga, nutricionista, fisioterapeuta, neurologistas e fonoaudiólogas. Vítima de uma forma severa de Covid longa, Audrey agora quer virar a página, deixar tudo para trás e pede à reportagem para não aparecer na foto. Foi em 2020 que surgiram os primeiros casos de pacientes que, meses após contrair o vírus sem complicações, ainda sentiam falta de ar, cansaço extremo e tinham problemas cognitivos que os impediam de realizar tarefas banais do cotidiano. A professora primária Nadège Courilleau, de 51 anos, acredita ter pego o vírus, há cerca de um ano, na escola onde lecionava, perto de Paris. Desde então, ela convive com os sintomas da doença. Durante a entrevista, Nadège perdeu o fôlego e precisou interromper a conversa algumas vezes - ela tinha, visivelmente, dificuldade para completar seu raciocínio. A professora francesa teve um declínio cognitivo confirmado pelos médicos após a infecção pela Covid-19 que, no seu caso, foi moderada, mas sem hospitalização. A memória imediata de Nadège não é a mesma de antes e esse problema a impede de trabalhar. “Não consigo gerenciar imprevistos. Tenho problemas de planejamento e de organização. Coisas que eu fazia e ensinava antes não sou mais capaz de fazer. Não consigo mais fazer cálculos de cabeça e tenho problemas de compreensão, de leitura e de fala”, conta. “Para mim, a grande surpresa, é que nunca melhorei. O tempo passa e os sintomas continuam os mesmos”, lamenta. Nadège contou à RFI que sente cansaço extremo, tem vertigens e taquicardia. “Antes, eu era uma atleta, corria duas vezes por semana e praticava natação. Agora, não faço mais nada. Só caminho um pouco, não consigo fazer outra coisa”, diz. O programa pós-Covid é, para ela, a esperança de poder retomar uma vida normal e cuidar de seu filho mais velho, que é cadeirante. “Não posso mais dirigir e levá-lo às consultas.” A Covid longa também afetou sua vida social: algumas pessoas, diz, parecem duvidar da existência de sua doença. “Às vezes insinuam que não me esforço o suficiente.” Com o tempo, ela percebeu que a Covid longa provoca recaídas - uma característica comum a muitas patologias crônicas. “Melhora um pouco e depois os sintomas voltam, como no começo", descreve. A OMS (Organização Mundial da Saúde) reconhece a existência da Covid longa ou Síndrome da Covid longa, desde 2021. A estimativa é que entre 10 e 20% dos contaminados terão sintomas persistentes, que duram mais de quatro semanas. O programa para pacientes com Covid longa do Hospital Foch é dirigido pelo médico francês Nicolas Barizien, especialista em Medicina Esportiva, que escreveu um livro sobre o tema. Ele é uma referência para os pacientes que sofrem da doença e buscam tratamento. O setor foi um dos primeiros criados na França, em 2020, poucos meses após o aparecimento do vírus SARS-CoV-2 no país. A doença pode se manifestar de forma benigna, moderada ou severa. “A Covid longa atinge principalmente pessoas que tiveram uma forma leve ou moderada, tratada em casa e sem hospitalização. São pacientes jovens, entre 20 e 60 anos, na sua maioria mulheres. São pessoas ativas, com família e filhos pequenos”, explica. “Alguns sofrem tanto com a doença que não conseguem continuar a trabalhar, mesmo que seja meio período, por exemplo. É um grande impacto na vida de certos pacientes”, relata. Desde que os primeiros casos de Covid longa foram detectados, a estimativa é de que cerca de 2000 estudos científicos sobre o tema já tenham sido publicados, que buscam detectar fatores de propensão à doença. Hoje, existem três pistas que podem explicar o aparecimento da Covid longa, explica o médico francês. “A primeira é: será que o vírus fica no organismo e por isso continua gerando sintomas? A segunda é: será que o vírus provoca uma reação inflamatória? Terceiro: será que desencadeou um processo autoimune, levando o corpo a fabricar anticorpos contra si mesmo?", diz. “Essas são algumas das pistas da pesquisa fundamental para explicar por que os pacientes continuam tendo os mesmos sintomas tanto tempo após a infecção. Praticamente todo mundo já pegou a Covid hoje, pelo menos uma vez. Podemos ficar mal de 2 a 15 dias, mas na maioria das vezes, passa. Há pessoas que vão continuar tendo sintomas durante anos. Tenho pacientes que já estão entrando no terceiro ano de Covid longa”, observa. Um novo estudo publicado em agosto deste ano levanta novas hipóteses sobre a predisposição à Covid longa .A pesquisa feita por cientistas da universidade de Yale e da Icahn School of Medicine, de Nova York, analisou o sangue de 215 pessoas. A conclusão é que o vírus parece afetar e diminuir a secreção do cortisol, o hormônio de adaptação ao stres em alguns indivíduos. O SARS-CoV-2 geraria uma resposta autoimune e inflamatória, com produção de anticorpos e proteínas imunológicas anormais. “Temos a confirmação de que é uma doença com repercussões biológicas. O sintoma que sempre está presente é um cansaço anormal. É normal se sentir cansado depois de ir a uma festa ou correr uma maratona. Não estou falando desse cansaço. Todos dizem, literalmente: minha bateria acabou”, declara. Há também suspeitas de que exista uma predisposição genética à Covid longa, mas ainda não há provas científicas. Além disso, é impossível saber se os sintomas podem piorar caso o paciente seja contaminado novamente. Segundo o médico francês, o reforço da vacinação também age de maneira heterogênea e pode ou não melhorar a condição do paciente. Em contrapartida, pegar o vírus depois de tomar a vacina diminui o risco de ter uma Covid longa. Isso explica, segundo o especialista, por que os casos mais severos, em geral, surgiram no início da epidemia. De acordo com ele, há três categorias de sintomas. Entre eles, os respiratórios, que provocam falta de fôlego, por exemplo. Em seguida, há sequelas cardíacas, que causam taquicardia em repouso, queda da pressão e vertigens, além de outros problemas. Por fim, muitos pacientes se queixam de deficiências neurocognitivas, que causam dificuldades de concentração, atenção ou memória. Sintomas digestivos e cutâneos também são possíveis, mas menos frequentes. Atualmente, não existem medicamentos para tratar a Covid longa e o objetivo do tratamento é limitar o impacto dos efeitos colaterais no dia a dia. O programa criado pelo médico francês inclui, por exemplo, exercícios cognitivos, respiratórios e recondicionamento físico. Ele lembra que, por isso, também é importante diagnosticar cedo a doença para dar início rapidamente ao tratamento e interromper sua progressão. Casos graves também podem desencadear Covid longa A Covid longa também pode atingir pacientes que tiveram uma forma grave. É o caso do aposentado Philippe Baudelot, 70 anos, que também é atendido no Hospital Foch. Depois de passar um mês na UTI, ele trata as múltiplas sequelas que surgiram após a infecção e a sua internação. Mas, apesar de ter tido uma Covid grave, contraída em 2021, ele consegue levar uma vida relativamente normal, embora tome muitos medicamentos, contou à RFI durante a consulta com o especialista francês. “Desde que tive a Covid-19, tento tomar o menor número de remédios possível. Para mim, ter que tomar todo dia alguma coisa, é bem difícil. Remédio para o estômago, para isso, para aquilo, para suportar tudo”, diz referindo-se às moléculas que o ajudam a dormir e a driblar a ansiedade. Apesar disso, Philippe mantém o bom humor e é com entusiasmo que ele se levanta para realizar o teste de esforço na sala ao lado. “Vamos pedalar agora? ”, sugere o especialista francês, Nicolas Barizien. “Vamos, vamos fazer a volta da França! ”
Outubro Rosa é a campanha anual que visa sensibilizar sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, a maior causa de morte em todas as regiões do Brasil, exceto no norte do país. Taíssa Stivanin, da RFI Neste ano, a data tem um significado especial: após quase três anos de pandemia de Covid-19, ela poderá ser comemorada sem restrições, com eventos previstos em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é que a doença tenha provocado 50 mortes por dia no país em 2021, segundo dados do Inca, o Instituto Nacional do Câncer. Em 2020, 685 mil mulheres morreram vítimas do câncer do seio, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) em todo o mundo. Muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas, já que, se descoberto no início, e dependendo do tipo de câncer, a chance de cura pode chegar a 100%, explicou à RFI o mastologista Fábio Augusto Arruda de Oliveira, do Hospital Sírio-Libanês. Segundo ele, houve muito atraso nos diagnósticos nos dois primeiros anos da epidemia de Covid-19 e há estudos mostrando que o número de mamografias realizadas diminuiu cerca de 40%. Em 2021, diz, a estimativa é que 1,6 milhão de exames deixaram de ser feitos. “A gente vê no consultório chegarem casos com tumores um pouco maiores, e mais avançados. Aqui no Brasil, e acredito que, no mundo todo, alguns serviços fecharam, literalmente. A mulher não tinha como realizar a mamografia”, diz. O início do monitoramento, ressalta o médico, difere em cada país. “A tendência no Brasil é começar a fazer a mamografia anualmente, a partir dos 40 anos, em casos com o chamado risco habitual. No caso de mulheres com risco maior, por conta de cânceres na família, podemos antecipar um pouco esse início”, explica. Ele lembra que entre 10 e 15% dos cânceres são genéticos e trazem mutações em genes específicos, como o BRCA1 ou BRCA2. Eles fazem com a que as portadoras tenham 80% de chance de desenvolver a doença. Isso requer o monitoramento mais precoce em função da idade em que a mãe da paciente teve o tumor, por exemplo, explica o mastologista. Riscos inespecíficos Na maior parte dos casos, o câncer do seio aparece sem que haja riscos específicos, mas causas “ambientais”, ligadas ao modo de vida, por exemplo. “São os fatores epigenéticos, que podem influenciar a genética. A célula tumoral é uma célula que teve algum estímulo ruim, gerando uma mutação na sua própria genética. Se essa célula perde sua capacidade de velocidade de crescimento e morte, ela se prolifera muito rápido formando um tumor e gerando um crescimento desordenado.” A forma como isso vai acontecer constitui um dos grandes mistérios da Medicina e a genética individual ainda é um vasto campo a ser estudado. Em todos os casos, o prognóstico do câncer depende sempre da prevenção, que melhorou nos últimos anos com o avanço dos métodos de diagnóstico. Um exemplo é a tomossíntese, ou mamografia 3D, que permite uma análise profunda e detalhada da mama. A tecnologia usada, associada a novos medicamentos, faz com que o câncer do seio tenha deixado de ser uma sentença de morte. “De forma geral, temos uma taxa de cura que ultrapassa 90% ou 95%. Quando você diagnostica um tumor pequeno, de tamanho milimétrico, chega a 100% de cura”, ressalta o especialista. Caso o tumor seja detectado num estágio mais avançado, com linfonodos ou metástases, a expectativa de cura ou sobrevida diminui em função do avanço da doença. Existem vários tipos de cânceres do seio. Após a descoberta do tumor é necessário analisar, por exemplo, os receptores hormonais, a presença ou a ausência da proteína HER2 na superfície das células, além da velocidade de proliferação. Essas informações, ressalta o mastologista, determinam o tratamento e mostram se o câncer será mais ou menos agressivo. Quanto menor for o tumor, maior é a possibilidade de recorrer a tratamentos que serão menos agressivos ou mutilantes. “O mais comum é o carcinoma invasivo, que pode ser ductal, e representa 80% dos casos, ou lobular. Esses são os cânceres de mama. Mas nas mamas também existem sarcomas e, agora, os linfomas induzidos pela prótese de silicone”, salienta. Novas moléculas descobertas recentemente também trazem esperança. Uma delas é a transtumuzab deruxtecan (nome comercial do Enhertu), que pode ser usada em casos específicos: pacientes, por exemplo, com a proteína HER2 produtiva e metástases. De um modo geral, o tratamento é modulado em função do caso, mas se baseia na cirurgia, quimioterapia e radioterapia. A quimioterapia pode ser realizada antes da operação e a imunoterapia também vem sendo utilizada, em protocolos mais avançados. Prevenção é desigual no país No Brasil, infelizmente as chances de cura e os tratamentos disponíveis diferem em função do atendimento, explica o mastologista, que conviveu de perto com o problema da desigualdade em sua carreira. O agendamento da mamografia é mais difícil no SUS (Sistema Único de Saúde) e a qualidade dos equipamentos é inferior, explica o especialista, que atuou durante vários anos em hospitais públicos. Além disso, há demora no agendamento da consulta, do exame e na obtenção dos resultados. “Eu briguei durante muitas vezes na unidade onde eu trabalhava porque eu não aceitava que demorasse 60 dias o resultado de uma biópsia. A resposta é que era o contrato. Então tem que mudar o contrato. A gente não pode aceitar e ficar satisfeito com uma resposta dessas”, reitera o especialista. Ele também lembra que o acesso influencia no diagnóstico precoce e na sobrevida, apesar da situação, em geral, ter melhorado. “Mulheres que trabalham muito, acordam de madrugada, pegam a condução, trabalham o dia inteiro e chegam em casa muito tarde, têm dificuldade para fazer o exame e negociar com o patrão. A gente tem um perfil com doença mais avançada de quem usa saúde pública, em relação a quem usa complementar”, resume.
Você sabia que a OMS tem um plano de ação referente ao consumo de álcool? É sobre isso que o Cachacista Jairo Martins fala neste episódio. Realização: Nume | Som S/A
O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom, encheu muitos de esperança ao declarar há uma semana (em 14.set.2022) que o fim da pandemia está “à vista”.A epidemiologista Margaret Harris, porta-voz da OMS, diz em entrevista ao Poder360 que o fim da medida não parece iminente.“O que o dr. Tedros disse na semana passada é que estamos chegando lá, mas que temos de trabalhar muito nisso. É interessante que o mundo só se agarrou àquela pequena frase inicial de que o fim da pandemia está à vista. O resto da mensagem não foi ouvido“, fala a médica.
Calma, Um Passo de Cada Vez é um convite para a pausa e para o estudo de como a sua saúde pode ser melhor. Inscreva-se nessa jornada online e gratuita: https://cutt.ly/inscreva-se-Calma Se você busca ser mãe-profissional-mulher de forma impecável e a todo momento, este episódio é para você. O alerta é que isso pode provocar estresse. É o que a ciência mostra. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 20% das mães em todo o mundo apresentaram algum transtorno mental. Acontece que isso é um exemplo de reflexo do "ser multifunção", uma situação cotidiana que faz inúmeras exigências no ambiente de trabalho e na vida pessoal. Para te ajudar a encontrar alternativas a favor da sua saúde, a médica psiquiatra Laís Cesar dá preciosos conselhos de como enfrentar esse mundo de cobranças. Esta é a minissérie especial que é um grande convite à pausa: Calma, Um Passo de Cada Vez.
Uma pequisa publicada em agosto na revista científica Nature identificou uma maneira de aumentar a capacidade de memorização de idosos sem patologias Taíssa Stivanin, da RFI Cerca de um quinto da população mundial terá mais de 60 anos até 2050, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), o equivalente a mais de 2 bilhões de pessoas. Diante dessa perspectiva, a preservação da capacidade cognitiva dos mais velhos, que diminui com a idade independentemente da forma física, torna-se uma prioridade para o futuro. Os resultados de um estudo publicado recentemente na revista Nature, feito por cientistas da Universidade de Boston, levam a crer que isso pode ser possível a médio prazo e a baixo custo. A equipe do professor Robert Reinhardt selecionou 60 pessoas entre 65 e 88 anos, sem doenças cerebrais que comprometessem a cognição. Elas foram submetidas a sessões diárias de 20 minutos, durante quatro dias consecutivos, de estimulação transcraniana de corrente alternada, TACS (Transcranial alternating current stimulation), em inglês. Esta é uma das técnicas mais recentes de neuromodulação não-invasiva usada em pesquisas e tratamentos. A primeira surgiu há mais de 25 anos. Durante o procedimento, eletrodos foram colocados na cabeça dos participantes, que receberam descargas elétricas cerebrais em voltagens diferentes. Dois tipos de corrente foram testadas: em frequência lenta, ou theta, no lobo pré-frontal do cérebro (4 Hz), e em frequência gama (60 Hz), no lobo parietal. Esses valores correspondem a 4 ou 60 oscilações neuronais por segundo. A neuroestimulação foi realizada enquanto os participantes do estudo memorizavam cinco listas de vinte palavras e, em seguida, tentavam se lembrar delas. O mesmo teste foi realizado um mês depois. Os dados apresentados pela equipe americana mostram que a memória imediata e de longo prazo dos idosos melhoraram após a experiência. Os benefícios foram mais perceptíveis entre aqueles que apresentavam uma maior diminuição da capacidade de memorização. Efeito perene A RFI Brasil conversou com o médico e neurocientista Antoni Valero Cabré, diretor de pesquisa no Instituto do Cérebro do Hospital francês Pitié La Salpetrière, em Paris. Ele utiliza a estimulação cerebral para atender pacientes vítimas de AVC que tiveram perda visual e analisou o estudo publicado pela Universidade de Boston. “O objetivo geral dessas intervenções não é apenas gerar um efeito transitório, que dure poucos minutos, mas torná-lo permanente, de forma a integrar o aumento da memória ao nosso cotidiano, de forma perene. É por essa razão que os autores repetiram o procedimento durante quatro dias, para saber se esse ganho de memória se consolidava no tempo ou não. Além disso, para confirmar a hipóteses, eles testaram novamente os participantes um mês depois”, explica o neurocientista. A memória de trabalho, ou imediata, é um componente cognitivo que permite armazenar informações temporariamente e manipulá-las, ou seja, utilizá-las no momento oportuno para tomar decisões ou construir argumentos e hipóteses. Ela é considerada um elemento essencial nos testes de inteligência, por exemplo. “Os cientistas conseguiram mostrar que a estimulação do lobo parietal, a baixa frequência, a 4 Hz, melhora especificamente a memória de trabalho”, observa Antoni Valero Cabre. Ao mesmo tempo, frisa, a alta frequência de 60 Hz aplicada no lobo pré-frontal melhorou a memória a longo prazo. Ao inverter a aplicação do valor das correntes nas duas áreas cerebrais, os autores do estudo constataram que nada ocorria –uma descoberta intrigante, na opinião do pesquisador do hospital Pitié Salpetrière. Um dos pontos forte do estudo, destaca o neurocientista, é que os pesquisadores conseguiram modular a memória de pessoas idosas, mas saudáveis. Em muitos casos, os cientistas testam técnicas em pacientes com patologias graves, como o mal de Alzheimer ou outras doenças que causam problemas de memória. Cosmética cognitiva Experiências, como essa, feitas em pessoas sem problemas de saúde, trazem à tona, diz Antoni Valero Cabre, uma questão ética. Melhorar a capacidade de indivíduos que, tecnicamente, não são doentes, poderia ser considerado como uma espécie de “cosmética cognitiva”, declara. Segundo ele, a busca por um melhor desempenho cerebral na terceira idade, entretanto, é importante. “É justamente essa a ideia do estudo: por que não usar a modulação direta do cérebro, de maneira não-invasiva, para melhorar capacidades que são normais, ou para interromper um declínio cognitivo que não é patológico, mas está simplesmente relacionado à idade”, ressalta. O neurocientista explicou à RFI que muitas pessoas chegam a idades avançadas em ótima forma física, mas a perda da capacidade cerebral é inevitável. “A neurociência cognitiva, e essa é minha especialidade, tenta justamente encontrar métodos, procedimentos e novas tecnologias aplicadas a regiões específicas do cérebro, com frequências específicas, para melhorar a capacidade cognitiva de indivíduos saudáveis, ou ajudar pacientes que sofrem de doença ou foram vítimas de uma lesão neurológica.” Técnica não é recente Existem diversas técnicas diferentes de estimulação não- invasivas. A primeira surgiu há mais de 25 anos. A usada no estudo é uma das mais recentes. “A caraterística da corrente elétrica usada no estudo é que ela produz uma oscilação, gerando ondas de eletricidade”, diz. Nos anos 70, explica, pesquisas que se desenvolveram ao longo das décadas seguintes mostraram que frequências elétricas específicas ativam ou facilitam algumas funções cognitivas. Uma das vantagens da estimulação transcraniana de corrente alternada, diz, é que se trata se um aparelho pequeno, que pode ser usado com facilidade e até mesmo controlado por um telefone celular. “Podemos imaginar, no futuro, que esse tipo de neuromodulação possa ser feito à distância, com acompanhamento médico de pacientes ”, observa. Ele chama atenção, entretanto, para uma “falha” do estudo, relacionada aos limites da tecnologia. “Faltam evidências de como essa oscilação de corrente, com aparelhos que não custam caro, e que um dia talvez possam ser utilizados em casa, ative um circuito elétrico e de como esse mecanismo de corrente alternada ativa os neurônios. Falta essa evidência. ”
A invasão da Ucrânia, que começou no dia 24 de fevereiro, teve um forte impacto no sistema de saúde do país, que já era deficiente antes da guerra. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 269 ataques atingiram hospitais, clínicas e outras estruturas, mas é provável que esse número seja bem mais elevado. A situação representa uma grave ameaça para milhões de ucranianos. No leste do país, a estimativa é de que apenas 15% dos profissionais de saúde ainda atuem na região. Diante da precariedade e da falta de perspectiva sobre o fim do conflito, associações e ONGs se organizam para transferir feridos de guerra e pacientes com doenças crônicas para outras regiões, além de assegurar o atendimento básico, que inclui a vacinação e o acompanhamento das gestantes, por exemplo. O coordenador da Organização Médico Sem Fronteiras na Ucrânia, Gustavo Fernandez, contou ao programa Priorité Santé, da RFI, que as condições de vida da população, sob ameaça constante de ataques e vivendo no subterrâneo, estão cada vez mais difíceis. A retirada dos feridos é sempre uma operação complexa, descreve, em função da cidade em que ela ocorre. “Tentamos nos manter em contato com os voluntários locais e as pessoas que conhecem bem a situação interna. Também buscamos nos manter próximos dos médicos e dos enfermeiros que continuaram nas cidades e conhecem bem a população para fornecer, no dia a dia, o material para garantir a continuidade dos cuidados médicos”, declarou. A equipe também deve estar pronta para atuar imediatamente em situações urgentes, que incluem, por exemplo, a transferência de pacientes durante os bombardeios. “É muito arriscado, mas temos que tentar instaurar um sistema que permita esse tipo de evacuação médica da população civil”, ressalta. Duas Ucrânias A impressão, diz o médico, é de que hoje existem “duas Ucrânias”: há regiões próximas do front, que vivenciam a guerra mais de perto, e outras onde a vida é relativamente normal. Os hospitais nesse local, entretanto, estão sobrecarregados. “Quanto mais nos distanciamos do front, cruzamos com mais pessoas que deixaram tudo para trás e hoje vivem nas grandes cidades, onde o sistema ainda é funcional, e onde chega a ajuda internacional, que justamente apoia os sistemas locais. Mas é claro que os deslocados sofrem de sequelas psicológicas graves”, observa. Muitos ucranianos idosos, que vivem perto das áreas de combate, também não têm condições físicas de deixar seus vilarejos, onde passaram toda a vida. Essa situação, lembra o coordenador da ONG, aumenta a possibilidade do surgimento de doenças que vão se espalhar entre os pacientes. “Em uma das visitas que fizemos, encontramos 50 idosos que moravam no subsolo de um hospital, na escuridão total. Era um lugar estreito, úmido, sem remédios, água ou comida, e que tinham apenas o apoio de poucos membros da administração hospitalar que continuaram na região, e de voluntários que ficavam fazendo idas e voltas para ajudá-los”, descreve. O correspondente da RFI na Ucrânia, Stéphane Siohan, conta que o sistema de saúde, mesmo antes da guerra, já apresentava vários problemas. Um deles, diz, é a corrupção. Como os salários são baixos, algumas práticas se tornaram normais. Ele conta, por exemplo, que quando seu filho nasceu, há cinco anos, teve que distribuir dinheiro para a equipe da maternidade. Seguridade Social “Na realidade, são os pacientes que financiam o sistema de saúde, e não o Estado. Houve tentativas de reformas nos últimos anos, com a criação de uma Seguridade Social, mas ainda estamos em um sistema de transição, pós-era soviética, esgotado, mas que tenta se inspirar da experiência europeia. Agora a guerra chegou, prejudicando esse processo”, analisa. O anestesista francês Raphaël Pitti, especializado em Medicina de Guerra, contou à RFI que a gravidade da situação na Ucrânia pode ser comparada à guerra na Síria, com intensos bombardeios contra população civil. Por isso, diz, ele e sua equipe criaram um centro de formação para os profissionais ucranianos, em Metz, no leste do país. Os cursos começaram no mês de julho. “De forma geral, o que é importante é aprender a gerenciar e organizar, logisticamente, o fluxo de pacientes. Quando há um ataque, 50% das vítimas vão morrer de asfixia ou hemorragia. É importante formar os urgentistas ao damage control, ou seja, o controle de danos: retirar a vítima e realizar o pronto atendimento para que as chances de sobrevivência aumentem, antes de levá-la para o hospital”, explica. Nos hospitais, os médicos formados na França também poderão aplicar métodos de cirurgia de guerra, conhecidos na Ucrânia apenas nos hospitais militares. Paralelamente, é importante também ressaltar o papel importante dos voluntários, explica o correspondente da RFI na Ucrânia. Muitos civis se engajam nas forças ucranianas, e durante o combate, dão a primeira assistência aos feridos no front. De toda forma, pelo menos nos próximos meses, a guerra deverá estar no centro do cotidiano de muitos ucranianos que ficaram no país: não há previsão, por enquanto, de que o conflito chegue ao fim.
Resumo da semana: - A infertilidade em alguns homens pode ser causada por mutações no cromossomo X (The American Journal of Human Genetics) - O risco de insuficiência cardíaca em homens pode aumentar com a idade devido à perda do cromossomo Y (Science) - Injeções intra-articulares de ácido hialurônico não ajudam a osteoartrite do joelho mais do que placebo (The British Medical Journal) - Terapia com exercícios para ruptura do menisco se mostrou não inferior à meniscectomia parcial artroscópica (JAMA Network Open) - Aleitamento materno em prematuros durante a hospitalização melhora os resultados do neurodesenvolvimento na infância (JAMA Network Open) - Estudo sugere possibilidade de transmissão de transtornos de ansiedade dos pais para os filhos (JAMA Network Open) - Hepatite aguda inexplicada em crianças: mais evidências apontam para o adenovírus 41 (The New England Journal of Medicine) - Monkeypox, a varíola dos macacos, se tornou uma emergência de saúde global, afirmou OMS (Organização Mundial da Saúde) Veja mais notícias em news.med.br Este podcast é oferecido por HiDoctor – o software médico mais usado em consultórios e clínicas no país.
Nesse programa você ouve as informações sobre a nova pesquisa Datafolha que aponta Lula vencendo as eleições ainda no primeiro turno. Destacamos também o "Auxílio Brasil" que chega defasado ao bolso do cidadão brasileiro. Temos o alerta da OMS(Organização Mundial de Saúde)que classifica a varíola do macaco como emergência internacional. Tem muito mais informação pra você aqui. Acompanhe! --- Send in a voice message: https://anchor.fm/programabrasildefatomg/message
A União Europeia aprovação do uso de uma vacina contra a varíola dos macacos, conforme anunciou nesta segunda-feira (25) a empresa dinamarquesa que fabrica o único imunizante disponível até o momento. Dois dias antes, a OMS (Organização Mundial da Saúde) havia decretado emergência de saúde global por causa da doença. O governo brasileiro diz também estar atrás do imunizante. Mas em meio a resposta sanitária, uma preocupação vem crescendo: o risco de estigmatizar homens gays e bissexuais pelo fato de essa população concentrar atualmente o número de casos. O “Durma com essa” explica esse debate e traz também o redator Marcelo Roubicek falando sobre as movimentações na economia americana e seus impactos no Brasil.
Uma pesquisa com dados do Datasus mostra que o Brasil vive uma “2ª pandemia” na saúde mental, com uma multidão de deprimidos e ansiosos. Segundo o levantamento, suicídios sobem sem parar e matam mais que acidentes de moto, na contramão do resto do mundo. Um levantamento da OMS em 2017 apontou o Brasil como o país com o maior índice de ansiosos do mundo (9,3% ou 18 milhões de pessoas) e o terceiro maior em depressivos (5,8% ou 11 milhões), muito próximo dos EUA e da Austrália (5,9%) —a entidade pondera que não se pode falar em ranking, porque são estimativas. O total de óbitos no país por lesões autoprovocadas dobrou de cerca de 7.000 para 14 mil nos últimos 20 anos, segundo o Datasus, sem considerar a subnotificação. Isso equivale a mais de um óbito por hora, superando as mortes em acidentes de moto ou por HIV. A curva vai na contramão do resto do mundo, mas segue a tendência da América Latina, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), que atribui a piora à pobreza, à desigualdade, à exposição a situações de violência e à ineficiência de planos de prevenção. Para Karen Scavacini, psicóloga e fundadora do Instituto Vita Alere, a maioria dos transtornos mentais tem sinais que nem sempre são facilmente observados. Acompanhe as orientações da especialista durante entrevista à Rádio Eldorado nesta terça-feira.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Episódio do dia 29/06/2022, com o tema: Entendendo a ansiedade e lidando com ela. Apresentação: Deborah Garcia e Gabriella Gouvêa.(@debsrogaoli/@gabygouvea_) Convidada: Alice Cezar - Psicóloga. (@alicecezar.oficial) Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil tem o maior índice de pessoas com transtorno de ansiedade no mundo. Pensando nisso Gaby e Déb conversam com a psicóloga Alice Cezar, sobre como identificar a ansiedade e meios para aprender a lidar com ela. Confira. Participe! Deixe um recado ou pergunta pra nós! Whatsapp: (11) 9 7418-1456.See omnystudio.com/listener for privacy information.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 20% a 33% da população mundial tem algum tipo de dor musculoesquelética, incômodo que pode ser persistente ou recorrente, e ainda atrapalhar o sono, a prática das atividades diárias, bem como a saúde mental e a vida profissional. Quanto mais cedo for diagnosticada, maiores são as chances de solucionar o problema. Para falar sobre o assunto, Jota Batista conversa no Canal Saúde com o fisioterapeuta Rogério Antunes Pereira.
Infelizmente, existe um ranking das principais causas de morte no mundo. A OMS (Organização Mundial da Saúde) sempre analisa os dados enviados pelos países e comunica quais são os aspectos que necessitam de maior atenção em relação à saúde das pessoas. Ouça nosso podcast, em que discutimos sobre o último relatório, e entenda como ele traz pontos muito importantes para você!
Jogar games é uma febre para muita gente e até já virou profissão. Mas também pode virar doença. Pois é, este ano, a OMS (Organização Mundial de Saúde) referendou que "vício em games" entra para a classificação internacional de doenças, como um transtorno mental. A decisão ligou um sinal de alerta para familiares (e médicos) de jovens e adultos que estão o tempo todo com o "controle na mão". Mas o que define que uma pessoa é realmente viciada em games? Quem explica, em entrevista à CBN Vitória nesta sexta-feira (18), é Eduardo Silva Miranda, psicólogo doutorando em psicologia com foco em videogames pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Obesidade. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 50% dos brasileiros têm sobrepeso. Então vamos conversar um pouco mais sobre essa patologia.
A diretora-geral adjunta para Medicamentos, Vacinação e Fármacos da OMS (Organização Mundial da Saúde), Mariângela Simão, disse, no UOL Entrevista de hoje, que o mundo ainda não pode relaxar sobre o novo coronavírus. Para ela, ainda não saímos do "modo emergencial" da doença, mas podemos ser otimistas por causa do avanço da vacinação. "No momento, (o mundo) ainda não saiu do modo emergencial. Não pode ser complacente, porque esse vírus é complicado, tem impacto a longo prazo em algumas pessoas e continua matando", disse Mariângela, em entrevista à apresentadora do Canal UOL Fabíola Cidral e aos colunistas do UOL Jamil Chade e do VivaBem Lúcia Helena.-------------------------Bem-vindo ao Canal UOL! Acompanhe a programação ao vivo e todos os conteúdos com as principais notícias do dia, opinião de colunistas e entrevistas exclusivas sobre os temas mais importantes do momento.
A Bovespa não conseguiu acompanhar a melhora de fim de ano de alguns mercados no exterior, notadamente a performance do mercado americano, mesmo estando bem atrás no ano de 2021. Ao contrário, na sessão de hoje, chegou mesmo a perder o patamar de 104.000 por algum tempo, fazendo mínima em 103.850 pontos. No exterior, o peso maior ficou por conta de realizações em ações de tecnologia, mas o maior medo foi mesmo a variante Ômicron grassando em países da Europa e nos EUA. França e Portugal, por exemplo, acusaram recordes de infecção em 24 horas. Sobre isso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que Ômicron e Delta juntas podem gerar um tsunami de contaminação, e foi além ao dizer que novas variantes podem aparecer e com maior resistência às vacinas.
A variante Ômicron da covid-19 foi a vilã do dia, responsável pela queda dos mercados no mundo. Durante o final de semana, muitas manifestações na Europa mostrando resistência contra as novas restrições impostas por governos. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 89 países já identificaram a variante, e isso tende a aumentar ainda mais. Israel acaba de proibir viagens aos EUA e Canadá, e os hospitais podem voltar a lotar nos EUA. O petróleo, com queda maior que 6%, puxou a fila de desvalorizações, e nem a alta do minério serviu para alterar o comportamento de mineradoras e siderúrgicas. As Bolsas da Europa até se recuperaram um pouco desde a abertura, mas mercados com liquidez estreita nos EUA deram o tom negativo, com quedas.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) classificou nesta segunda-feira (29) como “muito alto” o risco imposto pela ômicron, nova variante do vírus que causa a covid-19. A preocupação com a nova cepa deu origem a uma corrida de cientistas para desvendar a nova linhagem e um movimento de fechamento de fronteiras por países que temem uma aceleração no contágio. No Brasil, o alerta surge num momento em que a covid apresenta números em queda e a vacinação avança, como mostra o “Durma com essa”. O redator Estêvão Bertoni fala sobre a desigualdade da imunização contra a doença no mundo e o repórter especial João Paulo Charleaux comenta a situação da África do Sul, país que detectou a variante pela primeira vez.
O dia foi de desmonte de posições em mercados de risco e de busca por proteção pelos investidores. A 15ª letra do alfabeto grego foi designada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para a variante da covid-19 surgida na África do Sul e, pelo que se sabe, com muitas mutações importantes que as vacinas existentes não alcançariam. Mas tudo isso deve ser melhor esclarecido nas próximas semanas. O anúncio também veio numa hora cruel, com o mercado americano parado pelo feriado de Ação de Graças ontem e estendido ao pregão curto de hoje. Sem que nada aconteça, o feriado por si só já retira boa parte da liquidez e inibe a melhor precificação dos ativos. Num momento como este, os mercados abertos sofrem fortes pressões vendedoras. Resultado disso, o petróleo WTI fechou caindo mais de 13% no final da manhã, os notes de 10 anos com forte queda de juros, o índice DXY do câmbio também com queda e as Bolsas registrando perdas na Europa de mais de 4%. Europa, que já vinha sofrendo com o aumento da infecção pela covid-19, adotando medidas de restrição, fazendo lockdown e, agora, cancelando entrada de voos da África do Sul. Aqui, nessas horas, como temos mercado com boa liquidez, acabamos por sofrer um pouco mais que outros mercados na saída rápida de ativos.
OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda carnaval em 2022; Assis Moreira grava entrevista com clientes da Enel; prisão por violência doméstica em Crateús (CE).
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Brasil supera Estados Unidos no percentual de pessoas completamente vacinados; OMS (Organização Mundial da Saúde) é contra o passaporte da vacina; achado de cadáver em Ipueiras (CE).
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A OMS (Organização Mundial da Saúde) passou a defender o uso da primeira vacina contra a malária em regiões onde a doença prevalece. A malária atinge mais de 230 milhões de pessoas todos os anos, provocando cerca de 400 mil mortes. Neste episódio de Você e o Doutor, o médico Antonio Sproesser fala um pouco sobre esta doença e ressalta a importância histórica da vacina.
Desde que a pandêmia foi decretada pela OMS – Organização Mundial da Saúde, estamos vivenciando uma vida diferente e com muitas incertezas. Sabemos que muitas pessoas se aproveitam da fragilidade de muitos para ganhar dinheiro e oferecer produtos milagrosos. Na DarkWeb não é diferente.Nosso diretor de Red Team Services para América Latina, Fernando Amatte, fez uma pesquisa na DarkWeb e encontrou “curiosidades” que valem a pena ser compartilhadas.Iniciamos com a notícia divulgada no dia 28 de Abril, pela CNBC – canal de assinatura da NBCUniversal dedicado a notícias de negócios, informando que a Pfizer – multinacional Americana farmacêutica está se preparando para iniciar a produção de vacinas para o COVID-19.