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A energia elétrica começou a voltar a algumas partes da Península Ibérica no final desta segunda-feira. De acordo com a operadora da rede elétrica espanhola, 99% da eletricidade já foi restaurada no país. O apagão cancelou voos, interrompeu o transporte público e forçou hospitais a suspender as operações de rotina. A Espanha chegou a declarar emergência nacional devido ao apagão.O Giro de Notícias mantém você por dentro das principais informações do Brasil e do mundo. Confira mais atualizações na próxima edição.
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No Fórum Onze e Meia de hoje: Por que a prisão de Collor deixou Bolsonaro em pânico? Anistia enterrada; Lula se despede de Papa FranciscoParticipam do programa de hoje a jornalista Cynara Menezes, o advogado Fernando Fernandes e a ex-conselheira do Sindnapi, que denunciou descontos no INSS Tônia GalletiApresentação de Dri Delorenzo e comentários de Renato Rovai.Become a supporter of this podcast: https://www.spreaker.com/podcast/forum-onze-e-meia--5958149/support.
A sete meses da próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a embaixada do Brasil em Paris e a Central Única das Favelas (Cufa) na França realizaram, na quarta-feira (23), a mesa redonda "A caminho da COP30: Justiça Climática e Mobilização por Belém". O encontro – parte da programação da Temporada França Brasil 2025 – propôs um debate sobre o impacto das mudanças climáticas para as populações desfavorecidas, fazendo a ponte entre os dois países. Colocar a favela e os territórios marginalizados no centro do debate sobre as mudanças climáticas: esse foi o objetivo do evento, que teve a participação de Karim Bouamrane, prefeito de Saint-Ouen, na periferia de Paris; Ricardo Neiva Tavares, embaixador do Brasil na França; e de representantes de organizações francesas e brasileiras. Assim como no Brasil, as populações periféricas da França também são as que mais sofrem com as mudanças climáticas. "Periferia é periferia em qualquer lugar, já dizia Mano Brown", lembra diretora da Cufa na França, Karina Tavares, referindo-se ao icônico rapper brasileiro. "A periferia está sempre longe do centro, mas sempre prestando serviço para o centro. Então o que a gente está trazendo aqui é essa conexão com a França por meio dessa metodologia que a gente criou para reduzir a desigualdade por meio da base da pirâmide, dando visibilidade para essa população", diz. A iniciativa de unir o Brasil e a França em prol da justiça climática é aplaudida pelo superintendente geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Virgilio Viana, um dos convidados do encontro. "Esse debate afeta todas as sociedades de todos os países no mundo inteiro. Nós temos desigualdades em todos os países, infelizmente. Isso não ocorre apenas nos países em desenvolvimento e mais pobres. Na Europa há desigualdade também, que vem aumentando", aponta. Viana afirma que o debate sobre o tema tem duas dimensões: a ética e a econômica. "As pessoas mais afetadas são as que menos causaram problemas, pois gastaram menos combustíveis fósseis. E são as mais vulneráveis, porque suas contas bancárias são menores e moram em lugares mais atingidos por eventos climáticos extremos", descreve."Quanto custa e quem paga para tornar essas comunidades mais resilientes? Esse é outro debate. É preciso superar um histórico de exploração, de desigualdades e injustiças", reitera Virgilio Viana.O superintendente geral da FAS acredita que o Brasil vem ganhando protagonismo dentro deste debate. Ele destaca que o país "tem desenvolvido soluções para superar a pobreza, tanto por parte de políticas governamentais, quanto por parte de soluções apresentadas pela sociedade". Parceria entre pesquisadores brasileiros e franceses Na abertura do evento, a porta-voz da associação Ghett'up para a Justiça Climática, Rania Daki, apresentou o estudo "(In)jutice Climatique", realizado por duas pesquisadoras francesas, Sarah-Maria Hammou e Sophia Arouche. Durante dois anos e meio, elas fizeram entrevistas com uma centena de jovens em toda a França, oriundos de bairros populares, e com cerca de 30 especialistas e militantes de periferias francesas. O trabalho também incluiu uma pesquisa do instituto Ipsos sobre a exclusão de jovens periféricos na questão ecológica na França. "Compreendemos que essa situação foi exacerbada por causa das desigualdades sociais e raciais que existem. Então, o objetivo é encontrar soluções por meio de ecossistemas associativos sobre o clima e de representantes políticos para poder incluir esses jovens e criar políticas adaptadas", detalha Rania Daki.Uma das autoras do estudo, Sarah-Maria Hammou, explicou à RFI que o estudo contribuiu para a criação de parcerias. "O Brasil está muito avançado no que diz respeito ao que chamamos na França de 'pesquisa pirata', ou seja, estudos fora do âmbito universitário, respeitando todos os códigos acadêmicos. É por isso que nos aproximamos de pesquisadores brasileiros, para compartilhar as boas práticas e criar uma espécie de comunidade franco-brasileira para evoluirmos juntos", concluiu.
A edição desta semana é totalmente dedicada ao Papa Francisco. Begoña Iñiguez e Olivier Bonamici lembram um Papa que garantiu uma Igreja de proximidade, mas não foi unânime e até “irritou” muitos governos. Francisco “forçou”, ainda assim, uma reflexão sobre temas como a imigração e outras questões mais fraturantes.
Aproveitando-se da brecha aberta pelo presidente Donald Trump, que iniciou uma guerra tarifária entre os Estados Unidos e o resto do mundo, uma comitiva brasileira inicia nesta quarta-feira (23) uma turnê por três países europeus para promover o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. A iniciativa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE) também conta com empresários. A viagem terá três etapas, ao longo de uma semana: Portugal, Polônia e Bélgica. Lisboa é uma das maiores aliadas de Brasília na ratificação do acordo, assinado em dezembro de 2024 após 25 anos de idas e vindas nas negociações. Entretanto, para entrar em vigor, o acordo precisa ser aprovado pelos países que compõem os dois blocos. O texto encontra-se em fase de adequação jurídica e tradução para todos os idiomas dos países envolvidos, um procedimento técnico que deve se estender até agosto ou setembro.O processo pode ser acelerado pelo aumento generalizado das tarifas de exportação para os Estados Unidos, que leva tanto o Mercosul, quanto a União Europeia a buscarem alternativas de mercado para compensar o impacto nas vendas para os americanos. O acordo UE-Mercosul abre as portas de um mercado de 718 milhões de pessoas e tem potencial de atingir US$ 22 trilhões em trocas comerciais.O presidente da Câmara de Comércio Luso-Brasileira, Otacílio Soares da Silva Filho, demonstra otimismo. “Nós teremos o bloco mais relevante do mundo. O importante vai ser começar a implementar o acordo, para que as populações dos países possam perceber que é melhor convergir do que divergir”, avalia. “As empresas de vários países membros da União Europeia perceberam que gerar um relacionamento com o sul global, com o Mercorsul, vai gerar um mercado que elas vão poder aceder com mais facilidade do que o mercado americano, nesta atual fase”, constata.Divisão interna na UEEm nota, Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, salientou que a atuação do governo Lula para avançar o processo tem sido “crucial”, mas “ainda há muito trabalho a ser feito”. “Os esforços para aprovação do acordo mostram para o mundo que esses dois grandes blocos estão dispostos a seguir no caminho do multilateralismo, alinhado a práticas sociais, ambientais e de governança”, disse. Para concretizar o projeto, as barreiras internas na Europa precisam cair – este é o objetivo da segunda e terceira etapas da missão da ApexBrasil com o MRE. Ao lado da França, a Polônia se opõe abertamente à conclusão do tratado de livre comércio, por temer a concorrência dos produtos agrícolas do Mercosul.Em Varsóvia, a comitiva brasileira deverá ter reuniões com representantes dos setores de Agricultura, promoção Comercial e Investimentos, e Ciência, Tecnologia e Inovação. O mesmo deve ocorrer em Bruxelas, onde fica a sede da Comissão Europeia, que negocia oficialmente o acordo.Fecham o grupo dos reticentes a Irlanda, a Holanda e a Itália. Juntos, eles poderiam compor um “bloqueio de minoria” ao projeto. Do outro lado, os maiores defensores do tratado são Alemanha, Espanha, Portugal, Dinamarca, Suécia e Estônia, entre outros.França admite que efeito Trump beneficia negociações com MercosulNo começo do mês, durante visita do ministro da Fazenda Fernando Haddad a Paris, o ministro francês da Economia, Eric Lombard, reiterou a oposição francesa à ratificação do tratado, mas reconheceu que a guerra comercial travada por Trump “acelera" as discussões "em favor das negociações" com o bloco sul-americano. Lombard disse que Paris e Brasília têm em comum o desejo de “desenvolver o multilateralismo e o espírito de cooperação no mundo”, porém reafirmou que "as condições hoje não estão postas” para que o texto seja ratificado pela França. O ministro salientou que as condições ambientais e agrícolas previstas no texto ainda precisam “evoluir”.O assunto deve ser um dos focos da visita de Estado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizará à França no começo de junho. “Atualmente, o volume de exportações brasileiras de produtos alimentícios para a França é irrisório. Se, através do acordo chegar perto do volume exportado dos Estados Unidos para a França for substituído pelo Brasil, já estará de bom tom”, comenta o presidente da Câmara de Comércio Luso-Brasileira. “Estará bom para o Brasil, e muito bom para a França. Temos que começar por etapas – o que não pode é deixar de começar”, frisa Soares da Silva Filho. Paris tem sido pressionada não apenas pelos países favoráveis ao tratado, mas também, no plano interno, pelos setores mais atingidos pelas tarifas de 20% de Washington aos produtos na Europa. Os produtores de vinhos e destilados, que já defendiam o acordo com o Mercosul, agora têm urgência em ver o pacto concluído.Leia tambémAcordo comercial entre Brasil e EUA pode avançar em meio a onda tarifária de Trump
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No Casa Comum desta semana, a socialista Ana Catarina Mendes e o social-democrata Duarte Pacheco analisam o programa eleitoral da Aliança Democrática, em especial no plano económico. Ao painel junta-se o eurodeputado João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, no debate sobre a descida da preocupação dos europeus e das lideranças europeias com as alterações climáticas face à aposta na defesa e na economia.
O estudo da Copernicus revela que o velho continente está a bater recordes de temperatura e inundações. As consequências podem ser devastadoras. Martim Andrade, jornalista, é o nosso convidado.See omnystudio.com/listener for privacy information.
O estudo da Copernicus revela que o velho continente está a bater recordes de temperatura e inundações. As consequências podem ser devastadoras. Martim Andrade, jornalista, é o nosso convidado.See omnystudio.com/listener for privacy information.
As historiadoras Mariana Joffily, da Universidade de Santa Catarina, e Maud Chirio, da Université Gustave Eiffel, na França, fazem no livro "Torturadores" um mergulho sem precedentes para trazer à tona as identidades, trajetórias e motivações de uma das figuras mais invisibilizadas pela ditadura militar do Brasil (1964-1985). A pesquisa começou há 14 anos e, segundo as autoras, enfrentou momentos desafiadores — especialmente durante o governo Bolsonaro, quando o tema foi alvo de silenciamento. Lançado pela editora Alameda no Brasil, o livro se dedica a reconstituir, em suas 300 páginas, um dos personagens mais polêmicos do regime militar no Brasil: o torturador. A historiadora Mariana Joffily falou sobre a a dificuldade de "encarnar a mão de assassinos" e como essa encarnação foi possível através do livro."A ideia inicial, o título inicial do livro era justamente 'A repressão em carne e osso'. Então, tinha exatamente essa ideia de encarnar a repressão política e entendê-la do ponto de vista dos homens e de algumas mulheres que preencheram, digamos, essa mecânica da tortura e da repressão como um todo", afirma."A minha primeira surpresa foi perceber que, apesar das dificuldades e do difícil acesso às fontes, era possível escrever a biografia desses agentes", conta a historiadora francesa Maud Chirio. "A ideia inicial de que ninguém havia contado essas histórias parecia impossível. Afinal, eles haviam sido centrais no imaginário coletivo e na construção da democracia, mas haviam desaparecido dos livros de história, talvez por terem obtido anistia e terem tido apagados os rastros de suas ações", contextualiza."No entanto, surpreendentemente, seus nomes eram públicos e havia muitos dados sobre eles, tanto na imprensa quanto nos arquivos das Forças Armadas, especialmente do Exército", lembra Chirio. "Outra surpresa veio dos próprios documentos de arquivo, como as folhas de alterações — registros que contêm elogios formais dos comandantes a esses oficiais, descrevendo sua atuação e inserção no sistema. Esses documentos revelam como essas pessoas, mesmo envolvidas em crimes graves, eram valorizadas e integradas à estrutura militar", ressalta. "Heróis" da repressão"Uma das principais conclusões do nosso trabalho é que, embora agentes repressivos aleguem terem sido marginalizados após o período da ditadura, isso não corresponde à realidade. Durante a repressão política, eles foram tratados como heróis. Com a transição democrática, o Exército precisou negociar com os civis e silenciar essa aura heroica para facilitar o processo e evitar o desgaste de permanecer no poder", diz Mariana Joffily."No entanto, esses agentes continuaram protegidos e valorizados dentro da instituição, mantendo carreiras bem-sucedidas. A hipótese de que teriam sido transformados em bodes expiatórios foi descartada: eles seguiram sendo vistos internamente como combatentes de uma 'guerra real' — uma experiência rara na história do Exército brasileiro. Uma surpresa mais recente, durante o governo Bolsonaro, foi constatar que essa imagem heroica não havia se perdido", aponta a historiadora."A publicação dos nomes de torturadores representa um marco fundamental para compreendermos o papel do Estado brasileiro na estruturação do sistema repressivo. Ela nos permite analisar como o Estado atuou não apenas no recrutamento e formação dos agentes, mas também na premiação e legitimação de suas práticas", afirma Haroldo Ceravolo, da editora Alameda. "Mais do que ações individuais, trata-se de um projeto institucional que exige responsabilização. O trabalho de Maud Chirio e Mariana Joffily contribui de forma decisiva ao estabelecer a conexão entre os agentes da repressão e o Estado enquanto executor e legitimador da violência sistemática. Ao fazer isso, a pesquisa avança no entendimento do aparato repressivo e oferece fundamentos importantes para processos de responsabilização jurídica", diz."O livro rompe com a narrativa dos 'excessos' cometidos em porões isolados, ao demonstrar que a violação de direitos humanos foi uma prática sistematicamente organizada e operacionalizada por instituições oficiais do regime ditatorial", sublinha Ceravolo.Agentes de uma rede complexa"Embora fossem chamados de torturadores, é importante entender que eles fazem parte de uma rede maior envolvida na repressão política. Eles ocupam o centro desse sistema, mas é necessário considerar também as altas hierarquias e o funcionamento mais amplo do aparato repressivo", sublinha a autora. "Ao iniciar o trabalho, nos deparamos com dois extremos: de um lado, a visão abstrata de uma máquina de violência baseada em uma doutrina; de outro, a imagem de torturadores como homens sádicos com personalidades específicas", completa a também historiadora Maud Chirio."Faltava, entre esses polos, a compreensão de que esses agentes eram, como todos nós, seres sociais — com convicções, subjetividades e inserção em uma carreira guiada por reputação, recompensas simbólicas e senso de dever. Nosso objetivo no livro foi reconstruir essa complexidade, mostrando como esses indivíduos, apesar de sua individualidade, atuavam dentro de um sistema e de uma rede socioprofissional que possibilitou tamanha violência", ressalta Chirio. A identidade dos torturadoresJoffily conta que o primeiro trabalho foi identificar quem eram os agentes da repressão. "Antes mesmo da criação da Comissão Nacional da Verdade, começamos a investigar esses indivíduos, trabalhando em paralelo aos estudos da comissão. Encontramos listas de torturadores e repressores publicadas em um jornal alternativo, o que nos permitiu identificar nomes completos e traçar perfis — civis ou militares, e suas atuações. A partir disso, decidimos focar nos oficiais militares, pois percebemos que, embora fossem apenas parte do aparato repressivo, exerciam um papel central na repressão política", conta."Recorremos, então, a documentos burocráticos do Exército — como boletins reservados, folhas de alteração e almanaques — para reconstruir suas trajetórias e compreender tanto os aspectos ideológicos quanto institucionais que os inseriram nesse sistema repressivo", diz a pesquisadora."Em nosso trabalho, evitamos adotar uma abordagem 'psicologizante' para compreender o perfil dos agentes da repressão", ressalta Joffily. "Não acreditamos que suas ações possam ser explicadas apenas por traços individuais de personalidade. Optamos por uma perspectiva histórica e sociológica, que nos permitisse analisar como determinadas gerações de oficiais militares foram formadas dentro de um contexto específico: a Guerra Fria, marcada por confrontos ideológicos e pela valorização da segurança nacional", sublinha.Leia tambémPesquisadores discutem em Paris as heranças autoritárias da ditadura militar brasileira"Dentro desse cenário, identificamos diferentes tipos de atuação — desde perfis mais burocráticos, passando por agentes engajados em operações diretas de busca e apreensão, até analistas de informação com perfil mais estratégico. Ou seja, não se tratava de um tipo psicológico único, mas de uma multiplicidade de trajetórias", lembra."Um dos aspectos centrais que nossa pesquisa busca destacar não é a diferença de personalidades entre os agentes, mas sim as diferentes posições que ocupavam dentro do sistema repressivo. É muito distinto ser um soldado que participa de prisões e atos de violência apenas por alguns meses após o AI-5, e depois se desliga do sistema, em comparação com aqueles que, ainda no início da carreira, optaram por seguir o caminho da repressão de forma especializada. Estes últimos buscaram treinamentos, formações específicas e foram atraídos pelas recompensas simbólicas e materiais que essa trajetória oferecia", defende a historiadora."Naturalmente, há diversidade de perfis psicológicos mesmo entre esses grupos — tanto entre os que atuaram pontualmente quanto entre os que fizeram carreira nesse campo. No entanto, nosso foco não foi demonstrar como a personalidade molda o comportamento, mas sim como a inserção em uma estrutura institucional específica transforma esse comportamento. A centralidade da nossa análise está justamente na relação entre posição ocupada, trajetória institucional e prática repressiva, mais do que em traços individuais", destaca Maud Chirio.Torturador: "ser ou não ser, eis a questão"Em relação à consciência dos agentes sobre a prática da tortura, Chirio destaca ser "improvável que algum deles se autodefina como torturador ou utilize esse termo como elemento de valorização pessoal ou profissional. Ainda assim, é evidente que a tortura estava plenamente integrada à missão que acreditavam estar cumprindo: a luta contra o comunismo e a subversão", contextualiza."Tratava-se de um saber prático amplamente compartilhado e legitimado no contexto da Guerra Fria, utilizado por militares franceses na Argélia e na Indochina, por agentes britânicos em colônias, e por regimes autoritários em toda a América Latina. Nesse contexto, a tortura era vista como uma técnica necessária para desarticular redes clandestinas e obter informações cruciais de forma rápida", diz.Mariana Joffily ressalta a importância de notar "o uso sistemático de eufemismos" para descrever essas práticas. "Nenhum documento oficial fala abertamente em tortura. Em vez disso, utiliza-se uma linguagem técnica e militarizada: 'obter informações', 'neutralizar ameaças', 'coletar dados estratégicos'", explica. "Essa retórica desvia o foco da violência e dissocia a prática da carga moral negativa associada à palavra 'tortura'. Dentro dessa lógica, o ato de torturar é reconfigurado como parte de uma ação legítima em defesa de um suposto bem maior — a proteção da nação contra o 'inimigo interno'. Assim, mesmo sem o reconhecimento explícito da prática, ela é justificada, normalizada e, em muitos casos, naturalizada dentro do sistema repressivo", sublinha a historiadora brasileira.Contornar o "silêncio do Exército""Uma imagem que sintetiza bem nosso trabalho é a tentativa de contornar o silêncio do Exército", diz Maud Chirio. "Para isso, utilizamos duas fontes principais: de um lado, o trabalho de vítimas e familiares, que produziram listas com nomes de torturadores e repressores; de outro, os arquivos burocráticos produzidos pelo próprio Exército, voltados à progressão de carreira e à aposentadoria dos militares. O cruzamento dessas fontes nos permitiu superar a ausência — ou destruição deliberada — dos arquivos diretamente relacionados à repressão", revela.Leia tambémHistoriadora francesa lança livro sobre humor de protesto publicado durante ditadura no Brasil"Foi um trabalho minucioso, quase artesanal, em que selecionávamos um nome e íamos atrás de informações específicas, nome por nome. Reunimos dados sobre centenas de pessoas. A tarefa foi lenta e complexa, pois lidamos com documentos áridos, de difícil acesso e repletos de siglas e termos técnicos próprios da instituição. Ainda assim, conseguimos driblar o projeto institucional de apagamento, que visava impedir a escrita de uma história sobre esses agentes. E conseguimos", comemora Joffily.Sem confronto com os agentes da repressão"Diferentemente de outras pesquisas, nós não realizamos entrevistas diretas com os agentes da repressão", explica Mariana Joffily. "A Maud [Chirio, coautora], em seu doutorado, havia feito algumas entrevistas, mas no trabalho conjunto utilizamos principalmente depoimentos já existentes, especialmente os colhidos pela Comissão Nacional da Verdade, pelo CPDOC e pelo Ministério Público Federal", especifica. "Evitamos buscar novos depoimentos por diversos motivos. Em 2015, tentamos contato com alguns indivíduos, mas fomos majoritariamente ignoradas ou recebemos respostas em que eles afirmavam preferir o silêncio. O contexto político era adverso: vivíamos um momento de crise institucional, pós-Comissão da Verdade, em que acadêmicos e jornalistas passaram a ser identificados como 'inimigos', rotulados como comunistas e tratados com desconfiança. Muitos dos agentes se mostraram ainda mais refratários, sobretudo após o trabalho do Ministério Público", explica Maud Chirio.Contexto da pesquisa nos anos Bolsonaro"Com a eleição de Jair Bolsonaro, alguns desses indivíduos passaram a se posicionar como 'vencedores', o que poderia indicar uma possível abertura para o diálogo. No entanto, nesse momento, tanto eu quanto Mariana [Joffily, coautora] já éramos associadas a setores considerados opositores, o que tornou o acesso praticamente impossível", lembra a historiadora francesa."Assim, optamos por priorizar o estudo de fontes documentais — ricas, abundantes e ainda pouco exploradas —, incentivando colegas a fazer o mesmo. Entendemos que, além da dificuldade de acesso, muitos dos que prestaram depoimentos nas audiências da Comissão da Verdade negaram participação ou forneceram informações falsas. Nosso foco, portanto, recaiu sobre a documentação escrita, que ofereceu uma base mais sólida para reconstituir a história do Estado repressor durante a ditadura", diz. O livro "Torturadores" pode ser adquirido pelo site da editora Alameda, ou das livrarias brasileiras Martins Fontes e Travessa, entre outras, além de plataformas como a Amazon. Na Europa, o livro é distribuído pela Arnoia e encontrado no site imosver.com, entre outros.
O Senado francês aprovou na quinta-feira (3) um novo projeto de lei contra as violências sexuais e sexistas, que menciona, pela primeira vez, a noção de “controle coercitivo” que se refere a tipos de abusos emocionais em um casal. O texto suscita um debate na França sobre um tipo de agressão considerada o ponto de partida para feminicídios. Daniella Franco, da RFIOs senadores franceses aprovaram por unanimidade o texto que tem por objetivo reforçar a luta contra as violências sexuais e sexistas. O projeto de lei, de autoria da deputada Aurore Bergé, do partido governista República em Marcha, foi criado na esteira do julgamento da francesa Gisele Pélicot, sedada e abusada pelo marido e por dezenas de desconhecidos que ele recrutava na internet. Já a emenda relativa ao controle coercitivo foi adicionada por iniciativa da deputada centrista Sandrine Josso, vítima de submissão química por parte de um senador francês, Joel Guerriau, em 2023.Apesar da sensibilização da opinião pública sobre a questão, e do apelo de organizações feministas e especialistas em violências domésticas, os senadores retiraram do texto o termo “controle coercitivo”, mantendo apenas a definição deste tipo de abuso. Desta forma, o novo projeto de lei prevê punir “comportamentos repetitivos que tenham como objetivo (…) restringir gravemente a liberdade de ir e vir da vítima”, através de “ameaças ou pressões psicológicas, econômicas ou financeiras”.Os senadores consideram que o conceito sociológico do controle coercitivo é “evolutivo” por natureza, o que pode complicar a interpretação da legislação. Por isso, o Senado francês preferiu não considerar esse tipo de violência como uma infração autônoma. No entanto, ele cita os tipos de abusos emocionais que podem ocorrer em relações conjugais e que são passíveis de punição.As penas previstas no novo projeto de lei para essas agressões vão de três anos a cinco de prisão e entre € 45 mil e € 75 mil de multa (equivalente a R$ 285 mil e 480 mil). O texto ainda volta para a Assembleia de Deputados para uma última leitura antes de ser promulgado e virar lei.Controle coercitivo: conceito que data dos anos 1950Há várias formas de definir o controle coercitivo, que dizem respeito a uma série de táticas que um agressor exerce sobre a vítima, com o objetivo de isolar, degradar, humilhar e ameaçar. Esse abuso psicológico pode ocorrer em diversos tipos de relações, mas é muito mais recorrente em casais.A expressão “controle coercitivo” foi criada em 1957 nos Estados Unidos pelo pesquisador em psicologia social Albert Biderman, para descrever métodos usados com prisioneiros americanos durante a guerra da Coreia. Alguns anos depois, a ideia começou a aparecer na literatura feminista dos anos 1970. Mas a noção de controle coercitivo em relações conjugais abusivas só se tornou uma teoria em 2007, com o sociólogo americano Evan Stark, especialista no combate às violências domésticas.Estudos mostram que o controle coercitivo é a porta de entrada para outras agressões em relações conjugais. A psicóloga e pesquisadora francesa Andreea Gruev-Vintila, defende que esse tipo de abuso é “o precursor de feminicídios, suicídios forçados e de homicídios de filhos e filhas”.Em entrevista à France Info, a advogada Pauline Rongier, especialista em violências contra as mulheres, acredita que a inserção do conceito de controle coercitivo na lei permitirá à sociedade conhecer melhor o fenômeno e às vítimas a se darem conta mais rapidamente desse abuso para poderem agir de forma eficaz.Atualmente a França conta com 271 mil vítimas de violências domésticas, segundo um balanço do jornal Le Monde publicado nesta semana: 85% delas são mulheres. No ano passado, o país registrou ao menos 92 feminicídios. Em 9 de cada 10 assassinatos de mulheres por maridos, companheiros ou namorados, a situação de controle coercitivo já existia antes da morte.Países pioneiros na criminalização do controle coercitivoA Inglaterra e o País de Gales foram os primeiros a criminalizar o controle coercitivo, em 2015. Depois foi a vez da Escócia, em 2018. Nos Estados Unidos, Havaí e Massachusetts inscreveram o controle coercitivo em suas legislações, em 2020 e 2024, respectivamente. A Austrália também conta com dois estados que punem por lei esse tipo de abuso desde o ano passado, New South Wales e Tasmânia.Na Europa, a Bélgica também inseriu a noção do controle coercitivo em sua lei contra as violências sexuais e sexistas, mas sem considerá-lo um delito autônomo.Apesar de os britânicos terem sido pioneiros na questão, o combate ao controle coercitivo no país ainda deixa a desejar, com poucas condenações por esse motivo. Na Escócia, apenas 6% dos casos relacionados à violência doméstica são processados com base nele.
País acaba de aprovar lei que estabelece moratória sobre atividade mineira em águas profundas, devido aos riscos que extração de minérios com maquinaria pesada representa para ecossistemas e pesca.
Tema de abertura de Claudio Zaidan no programa Bandeirantes Acontece.
Alberto Gonçalves comenta a proibição de Marine Le Pen se candidatar às presidenciais francesas de 2027.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Nossos sócios Luiz Eduardo Portella, Tomás Goulart e Sarah Campos debatem, no episódio de hoje, os principais acontecimentos da semana no Brasil e no mundo. No cenário internacional, foi divulgado o PCE nos EUA, que não trouxe surpresa do lado da inflação, tendo em vista que já tinham sido divulgados outros dados que compõem o número, mas trouxe surpresa do lado de consumo, que decepcionou, apesar do crescimento da renda disponível. Ainda por lá, o Trump anunciou tarifa de 25% sobre automóveis e peças. Na Europa, foram divulgados os dados de inflação da Espanha e da França, ambos abaixo do esperado. No Brasil, a ata do Copom trouxe viés mais hawk, demonstrando preocupação com a inflação, principalmente de serviços. Já o Relatório de Política Monetária trouxe algumas perspectivas mais dovishs do lado de atividade, mas com projeções de inflação ainda muito elevadas. Foram divulgados também alguns dados econômicos: o IPCA-15, apesar de headline mais baixo que o esperado, ainda demonstrou pressão nos serviços; o Caged, com recorde de criação de empregos; e a PNAD, que seguiu mostrando recuo na taxa de desemprego e aumento da massa salarial e do rendimento real. Nos EUA, os juros fecharam a semana com variação marginal, e as bolsas tiveram desempenho negativo – S&P500 -1,53%, Nasdaq -2,39% e Russell2000 -1,64%. No Brasil, os juros abriram (jan/29 +29 bps), o Ibovespa caiu 0,33% e o real desvalorizou 0,57%. Na próxima semana será importante acompanhar os dados de atividade (ISMs) e emprego (Payroll) nos EUA – além das falas do Powell e possível anúncio das tarifas pelo Trump; o restante dos dados de inflação na Europa; e divulgação de pesquisas de opinião do governo no Brasil. Não deixe de conferir!
De uma notícia que prometeu tudo mas no fim não é bem assim... Com desvio de honra pelo grande momento dos Bulls que fez lembrar os tempos do Jordan. Á discussão que já virou peixeirada entre Stephen A. e LeBron.
É o mínimo que pode dizer-se: as negociações para o cessar-fogo na Ucrânia são perigosamente parciais, dado que a própria Ucrânia e a Europa (União mais o Reino Unido), a aliada mais fiel de Kiev, não são chamadas à mesa a estarem presentes.
Depois de registrar quedas consecutivas nas vendas na Europa, agora o aumento da oferta de veículos usados Tesla em plataformas de revenda é mais uma amostra de um fenômeno que os analistas do mercado acompanham desde meados de 2024. A cotação da marca de Elon Musk no continente não para de baixar. Na França ou no Reino Unidos, o número de anúncios de usados disparou. Na principal plataforma francesa, La Centrale, a alta foi de 40% no primeiro trimestre no ano, na comparação com o mesmo período de 2024, reporta o jornal Le Parisien.Outros sites de revenda por particulares ou profissionais, como Leboncoin e Aremisauto, também registram aumento de modelos Tesla postos à venda, com preços em queda. Na Inglaterra, a plataforma Gummtree verificou uma alta ainda mais impressionante dos anúncios em um ano, de 128%. Ao mesmo tempo, os números mais recentes da Associação de Fabricantes Europeias de Automóveis constatam que as vendas de Tesla novos despencaram 49% no bloco europeu em janeiro e fevereiro, no período de um ano – e apesar de a comercialização de veículos elétricos em geral ter subido 28% no continente.A entrada de Elon Musk na política e as derivas extremistas do CEO explicam parcialmente essa rejeição, mas o declínio da marca começou antes, ressalta Tomaso Pardi, diretor da rede internacional de pesquisas no setor automotivo Gerpisa, ligado à prestigiosa Paris Saclay.“É preciso ter em mente que o pior inimigo de um carro novo é um carro usado. Para poder diferenciar um do outro, é necessário se renovar sem parar, oferecer novidades, ampliar a oferta para atender a uma demanda que cresceu. Os chineses estão fazendo exatamente isso, a uma velocidade exponencial. Eles lançam novos modelos a cada dois anos, e a Tesla continuou focada em apenas dois modelos, basicamente, o Y e o 3”, aponta.“Isso tudo me lembra quando a Ford foi superada pela General Motors nos anos 1920: temos um pioneiro, mas se ele não se renova suficientemente rápido e se banaliza, a sua participação no mercado pode baixar muito rápido”, afirma o especialista.Impactos a médio prazoOs proprietários buscam se desfazer da mais badalada fabricante de veículos elétricos num momento em que ataques contra os Tesla se multiplicam em diversas cidades europeias. Carros foram queimados em concessionárias ou em plena rua em Toulouse e Deux Sèvres, na França, e em Berlim e Dresde, na Alemanha, nas últimas semanas – em uma repetição na Europa de ataques que começaram nos Estados Unidos.O parisiense R. aderiu à marca em 2023. Coberto por seguro, o pai de família afirma não temer um ataque – mas tem receio do impacto negativo das posturas políticas de Elon Musk sobre a confiança na empresa. Apesar de gostar do veículo, R. pensa seriamente em passar o carro adiante.“Nós pensamos muito e o que nos impede hoje é o preço. Se quiséssemos vendê-lo hoje, provavelmente perderíamos dinheiro. Estamos sem opção, inclusive porque ainda não tem um modelo equivalente no mercado europeu”, alega o cliente. “Quando vejo o último Renault 5, que no papel parecia ser bom, mas que logo depois de sair já teve um recall, ou quando vejo os crossover urbanos que não tem nada a ver com o que eu gosto, percebo que os fabricantes europeias não estão reagindo muito bem neste setor de mercado.”Oferta europeia As fabricantes europeias têm a vantagem de oferecer uma ampla gama de veículos híbridos, que se mostram atraentes para os clientes neste período de transição para a eletrificação. Mas este é justamente o setor em que os chineses também são agressivos. Os aumentos de impostos de importação aplicados na UE no ano passado têm surtido efeito na competitividade, mas o atraso na concepção dos modelos ainda é flagrante, avalia o analista automotivo Guillaume Crunelle, da Deloitte."Hoje, em toda a parte digital, os concorrentes da Ásia ou dos Estados Unidos continuam claramente na frente dos construtores europeus. Por outro lado, os objetivos da UE estão postos, os investimentos estão aí e, pouco a pouco, as marcas europeias fabricam veículos cada vez mais competitivos em termos de oferta tecnológica e eficiência elétrica", diz o analista."O problema é que estamos em uma fase de compensar o atraso, mas os concorrentes não demonstram nenhuma intenção de parar de inovar", adverte. É uma corrida contra o relógio entre as fabricantes históricas e aqueles que estão construindo o automobilismo de amanhã."A principal concorrente da gama Tesla no mercado europeu é a fabricante chinesa BYD – que, em 2024, pela primeira vez, superou a montadora americana nos países da União Europeia. O cliente R. considera a versão chinesa inferior – mesmo assim, ele diz ter certeza que, quando chegar a hora de trocar de carro, não comprará outro Tesla. “Nós ficamos muito em dúvida, mas hoje tenho certeza que não, a menos que tenha alguma mudança no comando da Tesla. Isso ainda pode acontecer, e foi o caso antes da chegada de Musk, aliás. Mas hoje, com ele no comando e essa visão ultraprotecionista americana dele, é certo que o nosso próximo carro não será da marca”, complementa o parisiense.Para o pesquisador Tomaso Pardi, a crise na Tesla parece ser conjuntural, mas pode rapidamente se transformar em estrutural. “É claro que, enquanto empresa e no interesse dos seus acionários, seria melhor trocar de CEO e se dissociar de Elon Musk, mas não sei se isso um dia poderá ocorrer”, indica.
Análise de Pedro Sousa Carvalho
Conselheiros das comunidades portuguesas querem mais informação dos consulados e instituições públicas, mas concluiram relatório sobre portugueses na Europa. Edição Isabel Gaspar Dias
Primavera na Europa by Rádio BandNews BH
A Karina era uma mulher evangélica e muito recatada. Casou com o primeiro homem com quem se relacionou e se mudou para a Europa. Lá, com um filho nos braços e um marido que não fazia nada, ela descobriu uma profissão que jamais imaginou exercer. No fim, o marido descobriu e é aí que a história se transforma em uma verdadeira novela!
Esta é a minha conversa mensal com Sérgio Teixera Júnior, editor do Reset. Aqui a gente traz pra você a análise das principais notícias do clima no Brasil e no mundo. Neste episódio, falamos sobre: o gargalo para certificação de créditos de carbono no Brasil, os planos para a COP 30 - num momento em que o mundo rico está mais preocupado com outras coisas. E o Brasil como vidraça: o anfitrião da conferência do clima tem suas contradições exploradas na imprensa internacional.* Leia a carta de Corrêa do Lago, citada no episódio, na íntegra, aqui **Para entrar em contato com o Economia do Futuro, escreva para: podcast@economiadofuturo.comSupport the show
Mercados reagem às decisões de jurosMercados receberam bem à decisão do Fed ontem, mas hoje o sentimento de dúvida volta à tona, com investidores questionando se a instituição não estaria minimizando os reais impactos na economia norte-americana. Futuros reverteram e recuam forte, assim como os juros das Treasuries. No Brasil, Copom fez como esperado e sinalizou nova alta, mas em menor magnitude, de olho nas expectativas de inflação e na evolução da atividade.Estados UnidosBolsas subiram ontem após a decisão do Fed que optou por manter os juros no atual patamar, mas com um comunicado mais dovish, reduzindo um pouco dos receios do mercado. Com muita destreza, o Fed conseguiu ressaltar que as políticas do novo governo trouxeram novas preocupações, tanto que houve ajustes para cima nas projeções de inflação e para baixo nas expectativas de PIB, de acordo com o dot plot. Mas, a instituição de mesma forma conseguiu acalmar os ânimos, reforçando que ainda vê espaço para dois cortes no ano, já que os efeitos de tarifas deverão ser limitados ao curto prazo, ou seja, transitórios. No entanto, hoje, tom do mercado já mudou e futuros recuam, com investidores receosos de que talvez o Fed esteja minimizando os reais impactos que as tarifas possam ter na economia. No campo corporativo, a Nvidia anunciou que vai investir centenas de bilhões de dólares para aumentar sua produção de chips e eletrônicos nos Estados Unidos, movimento estratégico para reduzir a dependência externa, em especial da China, já que as tensões entre ambos os países continuam.MundoNa Ásia, as bolsas recuaram nesta madrugada. Investidores mantiveram o sentimento de cautela com a decisão do Fed, preocupados com os reais efeitos que as tarifas poderiam trazer à economia global. Na Europa, bolsas também estão sob pressão e caem nesta manhã. Lagarde, presidente do BCE, ressaltou as preocupações com o cenário de tarifas e ressaltou que o banco espera um impacto negativo de 0,3% no PIB com a imposição de tarifas de 25% pelos Estados Unidos. No radar local, temos hoje a decisão do BoE, que deve manter os juros no patamar atual, já que vemos um comitê mais dividido e prudente, dando ênfase a uma redução gradual e cuidadosa para não haver disruptura nas expectativas.BrasilSeguindo o otimismo de seus pares internacionais, o Ibovespa subiu 0,79% ontem, enquanto o dólar recuou para R$ 5,65. Tivemos a decisão do Copom que, conforme esperado, trouxe um aumento de 100 p.b., levando a Selic a14,25%. Para a próxima reunião, o comitê sinalizou que ainda prevê novo aumento, mas em menor magnitude, deixando aberto a depender da evolução dos dados macro. Inflação teve um peso maior na decisão, já que ainda vemos desancoragem. A desaceleração da atividade e a valorização do real podem ajudar nas próximas decisões e limitar o ritmo de alta dos juros, já que o atual patamar já é bastante restritivo. Na agenda política, o Congresso Nacional convocou agenda conjunta para votação do Projeto de Lei Orçamentária de 2025.AberturaNa abertura, o índice dólar (DXY) avança, enquanto futuros em Wall Street recuam e os juros das Treasuries acompanham, com os T-Bonds de 10 anos em 4,21%. O Bitcoin está em US$ 85 mil e o ouro segue nos US$ 3 mil, em patamares recordes. Petróleo estava estável.https://interinvest.inter.co/
O Jiu-Jitsu brasileiro é cada vez mais presente em Portugal. O esporte registrou um crescimento de 20%, segundo a ISBJJA (International Sports Brazilian Jiu-Jitsu Association). E esse interesse deve ser ampliado este ano com a realização da World Cup, a primeira Copa do Mundo de Jiu-Jitsu em Portugal. Lizzie Nassar, correspondente da RFI em Lisboa“Portugal já é a casa do Jiu-Jitsu brasileiro na Europa”, resume o faixa-preta Oscar Daniotti, presidente da ISBJJA. Segundo ele, a cultura compartilhada, a língua e a presença de muitos brasileiros têm contribuído para o país se tornar um dos maiores centros da modalidade no Velho Continente. “Muitos brasileiros aqui estão dando aula e espalhando a paixão pelo esporte”, acrescenta. A realização da World Cup em Cascais, nos dias 19 e 20 de abril, promete atrair mais de mil atletas e movimentar ainda mais a comunidade em torno da modalidade. “Este evento será um marco para o Jiu-Jitsu em Portugal, reforçando nossa posição como epicentro do esporte na Europa", frisa Daniotti.A popularidade do Jiu-Jitsu em Portugal também tem sido impulsionada pelo exemplo de atletas como Renan Bernardes, faixa-roxa e atual líder do ranking mundial na sua categoria pela IBJJF. Renan, que vive em Portugal há nove anos e trabalha na área de relações internacionais de uma universidade, afirma que o esporte transformou sua vida."Eu costumo dizer que não procurei o esporte, eu esbarrei com ele. Comecei aos 33 anos e encontrei o grande amor da minha vida. Adoro o Jiu-Jitsu e não falto em treino por nada. Esse esporte me trouxe muito mais do que eu poderia imaginar”, constata.Integração culturalAlém do alto nível competitivo, o Jiu-Jitsu também é uma ferramenta de integração cultural. Oscar Daniotti menciona que campeões do circuito europeu ganham passagens para competir no Brasil e vice-versa, criando uma sólida conexão entre os dois países. Renan completa: "O Jiu-Jitsu tem um componente muito forte de acolhimento e amizade. As pessoas fazem do Jiu-Jitsu algo que vai além do tatame."Entretanto, viver da modalidade na Europa ainda é algo desafiador, especialmente para quem chega no Velho Continente sem uma estrutura pré-estabelecida. “Quem chega na Europa não vai conseguir viver do Jiu-Jitsu de imediato”, alerta Daniotti. “Sem uma academia estruturada, é necessário ter um trabalho extra para garantir o sustento." Renan também confirma, dizendo que não consegue viver da prática esportiva. “Trabalho numa universidade e, como atleta, é muito difícil", admite.Apesar dos obstáculos, o Jiu-Jitsu continua a crescer, e novas gerações de atletas estão rompendo estigmas antigos. "As cidades estão oferecendo o apoio necessário para que o Jiu-Jitsu esteja cada vez mais presente, e isso é ótimo para nós, brasileiros, pois podemos compartilhar a nossa cultura", afirma o presidente da ISBJJA.Fundada em 2022, a ISBJJA é uma extensão da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Desportivo (CBJJD) na Europa, e tem feito um trabalho significativo na organização de eventos. Com o apoio de grandes equipes brasileiras, a associação já está consolidada e com boa aceitação no continente. "A nossa parceria com a Confederação Brasileira tem sido fundamental. Quando chegamos, trouxemos uma estrutura já reconhecida no Brasil, e isso ajudou muito no nosso sucesso aqui", explica Daniotti.Além da World Cup, também estão previstos outros eventos importantes, como o campeonato nacional em Coimbra (19 de junho), Torres Novas (julho), a Eurocamp na Galícia (outubro), e mais eventos em Coimbra em novembro.
Putin se diz preocupado sobre como implementar a trégua eprevenir possíveis violações, questiona termos da proposta dos EUA e exige que soldados ucranianos em Kursk se rendam. Tem ainda:- Zelensky reage e chamou os comentários de Putin de “previsíveis” e “manipuladores”- Em resposta às novas tarifas da União Europeia de 50% sobre o whisky americano, que entrariam em vigor em abril, Trump ameaça taxar em 200% vinhos, champanhe e destilados europeus- Polícia belga investiga gigante chinesa Huawei por suposto esquema de corrupção no Parlamento Europeu Ouça Amanda Maia no Spotify Sigam a gente nas redes sociais Instagram mundo_180_segundos e Linkedin Mundo em 180 Segundos Acompanhem os episódio ao vivo Youtube, Instagram ou Linkedin
Mais de 127.350 notificações foram registradas na região no ano passado, o dobro de 2023; esta é a maior quantidade desde 1997 com base numa análise do Unicef e da Organização Mundial da Saúde.
Faz mais de 30 anos que o antropólogo Eduardo Bronzidio pesquisa as interações entre os humanos e o ambiente na Amazônia. Seus estudos junto a comunidades indígenas e ribeirinhas, mas também urbanas, nas cidades amazônicas, acabam de ser reconhecidos pelo mais importante prêmio internacional para as ciências ambientais, o Tyler Prize. Lúcia Müzell, da RFI em ParisPela primeira vez desde a sua criação, em 1973, o "Nobel ambiental” é atribuído a cientistas latino-americanos – Bronzidio dividiu a premiação com a ecóloga argentina Sandra Días. "A gente tenta trazer a realidade que é vivida no chão por essas populações. Não só suas contribuições, mostrando o valor dos seus conhecimentos, o valor das suas atividades e tecnologias para a economia regional e a conservação da região. Mas também trazer os problemas que enfrentam, suas carências, as pressões que sofrem”, salienta o brasileiro.E é com preocupação que o cientista, professor da Unicamp e da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, vê o andamento do projeto do governo federal de abrir uma nova frente de exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas. Em entrevista à RFI, Bronzidio constata que, assim como em Brasília, o plano desperta paixões contraditórias na região. "A reação das pessoas é aquela que a gente encontra em muitas situações parecidas, onde se cria uma polarização entre, por exemplo, meio ambiente e emprego. Acaba criando divisões e simplificações do problema. É uma tática muito antiga de avançar esse tipo de agenda, na qual se colocam dicotomias que na verdade são simplificações de um problema maior, pela carência da região e a insolvência, na verdade, dos municípios”, afirma. Como antropólogo, entretanto, é a configuração natural da Amazônia que mais o preocupa, frente à possibilidade de um acidente que leve a derramamento de óleo no Delta do Amazonas. Ele explica que a pluma do rio alcança a costa do Pará, Maranhão e Amapá e sobe para as Guianas, com um forte sistema de marés que invade, diariamente, territórios adentro. “A vida nessa região é regrada por maré. É um esquema de pulsação ali onde eu fico imaginando que a escala de um desastre de derramamento de óleo de explosão da exploração, como aconteceu no Golfo do México”, afirma. “Ela pode ter uma distribuição numa escala gigantesca por causa desse fluxo de maré. Então, eu tenho a preocupação em particular pelo tipo de risco, que é muito diferente dos tipos de risco que se tem em outras plataformas costeiras isoladas”, indica.Eduardo Bronzidio foi copresidente do relatório de Avaliação Global sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos do IPBES, da ONU. O documento foi um dos que embasou o acordo de Kunming-Montreal de preservação da Biodiversidade, com metas para 2030.Leia abaixo os principais trechos da entrevista. A sua vitória a este prêmio ilustra uma mudança de paradigma: dois pesquisadores latino americanos vencem pela primeira vez o Tyler Prize. Você fez carreira compreendendo e interpretando os conhecimentos dos povos tradicionais da Amazônia. Indiretamente, ribeirinhos e os indígenas são também vencedores? Os conhecimentos deles são de fato mais reconhecidos pela ciência mundial?Eu espero que todos se sintam reconhecidos, porque o que a gente tenta fazer, ao longo de 30 e poucos anos, é trazer a realidade vivida no chão por essas populações. Não só suas contribuições para uma região como a Amazônia, e também a nível global, mas os problemas que enfrentam, suas carências, as pressões que sofrem. Então, eu espero que isso se reflita também e que muitos se sintam agraciados com parte desse prêmio, porque muito do que aprendi vem deles. Uma das suas áreas de estudo é como os povos tradicionais cuidam, produzem, vivem na Amazônia sem destruí-la. O desenvolvimento de uma bioeconomia amazônica é central, inclusive para ajudar a preservar esse imenso território, e será levada pelo Brasil na COP30 em Belém. É possível e é desejável dar escala às produções locais?Eu acho que, por um lado, já existe uma escala dessa sociobioeconomia, porém ela é estatisticamente invisível. Nós temos um problema de contabilidade, de realmente compreender quem faz a economia da região, quem produz alimentos, dá emprego, maneja e protege as florestas. Quem está produzindo uma infinidade, trazendo uma infinidade da biodiversidade regional para populações da região, nacional e internacionalmente. A gente precisa reconhecer essas escalas, dar apoio para que elas se mantenham. A maneira que eu vejo isso é como que a gente pode ajudar a consolidar e avançar o que já é feito, nos lugares onde acontecem, e fazer com que eles tenham também uma sustentabilidade econômica. Hoje, um dos maiores problemas das economias, mesmo as mais bem sucedidas – seja no açaí e de outros frutos como cacau, seja no manejo pesqueiro ou manejo sustentável de florestas – é que elas geram produtos que têm imenso valor, porém, elas têm a menor fatia do rendimento econômico. Conseguir abrir caminhos de mercados na região e fora da região, onde o rendimento se torne mais para onde está sendo produzido, para as comunidades, para os municípios, é tão importante quanto a escala que ela pode ganhar, do ponto de vista de extensão.O que torna essa economia local invisível? São as camadas que existem entre esses produtores e onde vão parar as produções deles? Eu acho que tem várias questões históricas, sociais, culturais e econômicas que constroem essa invisibilidade. Uma é no reconhecimento dessas populações ribeirinhas, quilombolas, indígenas e produtores de pequena escala como agentes ativos da economia regional.Muitas vezes, a gente fala e pensa como se fossem anacrônicos, como se fossem tecnologias que estão aí ainda resistindo, mas que deveriam ter ficado para trás. A gente tem uma visão de inclusão e de transformação social que, na verdade, exclui essas populações dessa trajetória do desenvolvimento, que é tão arraigada na maneira que a gente pensa na economia e no desenvolvimento nacional. Elas são populações ativas, estão contribuindo, produzindo alimentos e todo tipo de recurso para exportação, mas não necessariamente são vistas como esses atores ativos que são.O outro aspecto é a invisibilidade estatística. Nós não temos nem bons dados, nem categorias apropriadas para realmente saber entender a escala dessas economias. Eu digo escala em termos de manejo, do produto que geram e em termos dos empregos. Essa deficiência acaba invisibilizando muito dessa economia que está acontecendo na floresta. A gente não sabe realmente o peso dela e isso acaba tendo outras implicações. Ao visibilizar, não se pensa em políticas públicas que realmente possam alavancar essa economia já existente. Também se tem carência de extensão rural, carência logística, dependência de intermediários. Você tem uma série de problemas que tira a riqueza que elas produzem das áreas, das pessoas e das localidades onde são produzidas.Essas economias geram economias bilionárias, porém, elas passam em uma outra parte da invisibilidade. Elas passam por cadeias informais fragmentadas, entre mãos de produtores, intermediários, corporações, uma série de condições subjacentes a essa não-visibilidade. Sobre esse aspecto que você mencionou da carência logística, muitas organizações ambientalistas buscam combater projetos nesse sentido, porque alegam que redes criminosas que atuam por ali também vão acabar se beneficiando – talvez até mais do que as comunidades locais. Você concorda? Logística é um tema difícil, porque já motiva visões e emoções na cabeça das pessoas que estão geralmente ligados a obras grandes, de impacto, ou a grandes setores. Essa é uma maneira de logística, mas a gente não precisa de logística só dessa maneira. Se a gente pega os últimos 30 anos, você vê um avanço muito grande numa série de passos: o reconhecimento territorial de populações indígenas, áreas de uso sustentável de reservas extrativistas, reforma agrária. Você tem um grande avanço no sentido de consolidar áreas com direitos onde se manejam, se constroem essas economias.Se teve, num primeiro momento, muito investimento nos sistemas produtivos, como um modelo de desenvolvimento. Isso avançou bastante. Porém, com o tempo, foi se vendo que esses avanços acabam sendo limitados por questão de gestão e de acesso a mercado. A gente conseguiu muitos avanços na área de produção, de manejo sustentável, de restauração. Conseguiu bastante avanço na parte de organização social, de formação de associações de cooperativas, e progressivamente avanços na área de acesso ao mercado.Hoje, o que a gente tem notado trabalhando em várias partes da região, com comunidades que estão baseadas na produção de frutos ou produtos essenciais à floresta, como óleos, madeira, produtos da pesca, é que a conta não fecha. Você tem um produto valiosíssimo, que tem um mercado que paga muito e é um produto inclusivo, onde populações locais, mulheres, homens, associações, cooperativas estão produzindo, mas você tem entre esses dois uma deficiência muito grande.Todos esses esforços de sustentar esses territórios, que têm sido tão importantes na região para bloquear o desmatamento, manter a saúde dos rios e da floresta, acabam, sim, sendo desafiados nesse momento. O custo de produção acaba sendo alto pelas questões de contexto local. O custo de comercialização acaba sendo altíssimo e, dependendo de intermediário, também por essas carências.E aí você também tem uma falta de outras logísticas que permitem alcançar mercados intermediários, por exemplo, de armazenamento, câmara fria. Então, eu acho que é realmente uma área onde precisa se colocar esforço.Nós documentamos centenas de milhares de iniciativas locais nos últimos anos, e isso só foi a ponta do iceberg. Tem milhares de iniciativas na região que estão ali, avançando, mas precisam de um apoio mais consolidado na parte de acesso ao mercado, na parte de crédito, na parte de extensão rural também.Na Europa, mas não só, existe a ideia de que a Amazônia deveria ser um santuário do mundo, pela sua floresta abundante, sua riqueza biodiversa. Mas a gente sabe que isso não vai acontecer – pelo contrário, sem um plano de desenvolvimento, atividades ilegais e predadoras da floresta proliferam. A visão da região como um santuário não é só europeia. No Brasil também é parte das ideias. Eu acho que a gente tem um legado histórico de imaginários da Amazônia e eles continuam sendo muito mais fortes do que a realidade da Amazônia. Você tem vários imaginários que vêm desde o Eldorado ao imaginário do pulmão do mundo. O imaginário da cesta de commodities que vai alavancar o desenvolvimento nacional, o do agro tecnológico, de uma grande monocultura regional exportando commodities para o mundo.A região tem vários imaginários que são ainda predominantes, de como a gente vê a região e a sua população. Eles escondem uma realidade e, ao escondê-la, fica muito difícil você pensar em caminhos de desenvolvimento, porque é uma ideia de desenvolvimento regional que é feita distante da realidade. É uma ideia que não vai nem refletir os ensejos da população local, nem lidar com os problemas de lá.Leia tambémFloresta desmatada para abrir avenida: obras em Belém para a COP30 falham na sustentabilidadeO problema, por exemplo, do imaginário do santuário, da floresta intocável, é que nem leva em consideração os milênios de manejo e domesticação daquela floresta por populações, que hoje transferem essa floresta rica para a gente. Rica em muitas espécies domesticadas que geram riqueza no mundo inteiro, mas esse imaginário desconsidera a cultura da floresta amazônica, e também desconsidera a escala de degradação que se atingiu na Amazônia e que, dependendo de onde você olha, você vai achar até 50% da região numa escala degradada.Eu acho que a gente precisa repensar o que é um santuário, no sentido de valorizar a floresta que está lá: manter a saúde do ecossistema de rios saudáveis, florestas saudáveis e populações saudáveis.Que caminhos você vê para um desenvolvimento sustentável da região amazônica, inclusive das áreas urbanas que, em sua maioria, são marcadas por uma pobreza grande, déficits importantes de infraestruturas mínimas para as populações? A primeira questão para a gente ver o futuro da Amazônia é encarar a realidade dela. É encarar que os nossos imaginários não representam essa realidade. Só assim a gente pode pensar num desenvolvimento sustentado que começa a lidar com os problemas da região.A outra é que para pensar o futuro da região, a gente primeiro tem que encarar a coevolução das várias frentes de desenvolvimento que hoje estão criando fricções umas com as outras, e a realidade urbana que se evoluiu nesses últimos 30 anos. Não dá para pensar em desenvolvimento regional isolando da transformação da paisagem rural, indígena e da paisagem urbana.Desde os anos 1990, você tem um enorme avanço na região, que é reconhecimento de direitos territoriais, de populações indígenas, populações rurais tradicionais e rurais em geral, em áreas indígenas, reservas extrativistas, áreas de uso sustentável e algumas áreas protegidas. Só no Brasil são mais ou menos 45% da região que estão nessas áreas. Foi um avanço gigante, que serviu para controlar o desmatamento e para garantir o direito das populações da região.Esse modelo, que eu chamo modelo de nível único, de nível territorial, chegou num limite para partes da região, porque essas áreas que são muito bem governadas por dentro, pelas comunidades que estão lá, estão sendo erodidas por fora. Hoje você tem toda a parte sul da bacia, uma situação de formação de ilhas de biodiversidade, de diversidade cultural, onde o sistema bem sucedido de governança interna não pode lidar com os problemas externos.Em todas aquelas ótimas florestas protegidas, aquele limite bem claro onde o desmatamento começa, você tem ilhas protegidas que estão recebendo de fora poluição de pesticida, rios sedimentados, mercúrio, fumaça, fogo que escapa e entra nessas áreas, além do crime organizado e da economia ilegal, que saiu do controle na região nos últimos anos.Então, para pensar o desenvolvimento regional, temos que pensar no desenvolvimento para conectividade, onde a saúde ambiental da região está dependendo muito mais de atores dentro de uma reserva do que uma ponte social, que se cria entre diferentes atores para que se mantenha a conectividade da paisagem e dos rios, e se controle a distribuição dos impactos da região.Teria que pensar um desenvolvimento que encara essa realidade e tenta criar um contrato comum, que hoje nós não temos. Você tem a polarização de populações indígenas tradicionais, do agro e outras populações, e do outro lado, toda a questão urbana.Que tipo de cidades precisamos visar na Amazônia para preservá-la? A região, do ponto de vista urbano, hoje é completamente diferente do que era há 20 ou 30 anos. Não só você tem uma grande expansão de novas áreas urbanas a partir da Constituição de 1988, mas teve uma transformação na maneira de articulação dessas áreas.Nós fizemos uma análise publicada há muitos anos sobre a articulação urbana da região nos anos 2000, na qual a gente mostra que era uma urbanização desarticulada: você tinha centros urbanos regionais que tinham suas áreas satélites e formam uma rede urbana de um centro maior até as vilas rurais. Hoje em dia, já tem uma articulação em boa parte da bacia entre esses grupos de centros urbanos. Criou-se uma conexão por estradas e outros mecanismos, e essa rede continua se expandindo. Ela está articulando toda a ocupação regional e a distribuição dos impactos na região. Então, temos que pensar de uma maneira conjunta entre as áreas mais protegidas, diferentes tipos de áreas com diferentes grupos indígenas.Essas áreas agrárias e as áreas urbanas estão conectadas. O impacto que sai de uma está indo para outra. E dentro de todos esses imaginários que a gente está falando da Amazônia, um que não cabe em lugar nenhum é o urbano. Ele acaba sendo o mais invisível e é onde os maiores problemas, de certa maneira, estão.Você já trabalhou a questão da possibilidade de exploração de petróleo na Foz do Amazonas? Como as comunidades locais e urbanas percebem esse projeto? Com medo ou entusiasmo? É visto como uma ameaça ou uma oportunidade?Eu nunca trabalhei diretamente com a questão de óleo na região. Acompanhei por um tempo que eu tive alunos trabalhando no Equador, inclusive em comunidade indígena. Lá tem uma história muito impactante do óleo. Eu acho que a gente precisa lembrar dessas histórias de outras regiões que foram impactadas pelo mesmo processo que está acontecendo agora, para a gente pensar nas implicações de óleo para Amazônia.A reação das pessoas que eu tenho acesso é aquela que a gente encontra em muitas situações parecidas, onde se cria uma polarização entre, por exemplo, meio ambiente e emprego, ou as necessidades básicas de um município. É uma maneira de levar essas questões que acaba criando divisões e simplificações do problema. Eu acho que isso tem acontecido bastante na região. É uma tática muito antiga de avançar esse tipo de agenda, na qual se colocam dicotomias que na verdade são simplificações de um problema maior, pela carência da região e pela insolvência dos municípios.Tem muitas dúvidas também. As pessoas estão vendo projetos de milagres e desenvolvimento há 50 anos. As pessoas não são tão inocentes de que essas grandes ideias farão um milagre, resolvam problemas que são estruturais na região. Então, é um momento difícil. Eu me sinto bastante preocupado com esse tipo de investimento, porque é uma energia enorme para investir em mais emissões, para investir em exploração de óleo, quando a gente tem a oportunidade de pensar em alternativas e outros caminhos e realmente enfrentar a mudança climática com o corte de emissões. Sobretudo para alguém como você, que conhece tão bem os outros potenciais invisíveis da Amazônia, como você mencionava. Exatamente, toda a economia que tem e que pode ser alavancada para gerar uma grande economia, que não é gerada. Hoje, as riquezas bilionárias das regiões passam por cima dos municípios. Não se consegue captar imposto, não se consegue processar e agregar valor nos lugares onde elas são produzidas.Agora, o que me preocupa são os riscos potenciais associados a vazamento e outros problemas, que a gente vê tão frequentemente em tanto lugares. Nesse tipo de contexto, como é aquela região do Delta do Amazonas e aquela plataforma costeira, é uma região muito particular por causa da pluma do rio e do alcance que ela tem. Ela pega todo o Salgado, da costa paraense para costa maranhense, pega toda a região costeira do Amapá e sobe para as Guianas. Ela é uma pluma de uma influência gigantesca no contexto regional continental.Nessa pluma você também tem um sistema de maré dos mais fortes que existem. A vida nessa região é regrada por maré. É uma vida onde, duas vezes por dia, a maré entra e sobe dois metros, senão três metros. A maré entra na região tanto pelo Canal Norte como pelo Canal Sul, embaixo do Marajó, o Tocantins e outros rios, e adentra até atrás do Marajó.É um esquema de pulsação que eu fico imaginando que a escala de um desastre de derramamento de óleo, de explosão da exploração, como aconteceu no Golfo do México, pode ter uma distribuição gigantesca por causa desse fluxo de maré. Ela vai impactar não só grandes regiões de manguezais na costa do Amapá e na costa do Salgado, que são viveiros da ecologia pesqueira da região, como vai se penetrar ali por todas as cidades, igarapés e rios, onde as pessoas dependem da água para tudo e onde toda a economia funciona em torno da água.Eu tenho a preocupação em particular pelo tipo de risco, que é muito diferente dos tipos de risco que se tem em outras plataformas costeiras isoladas, por exemplo. Eu acho que ali na região você tem esse risco acentuado.Você, como antropólogo, tem acompanhado o aumento dessas pressões humanas sobre a Amazônia e os seus recursos nas últimas décadas. Em paralelo, as pesquisas climáticas sobre o ponto de não retorno da floresta alertam sobre o grande risco que ela já corre. Que futuro você visualiza para a Amazônia? Consegue olhar para frente com otimismo?Eu tento ter pelo menos o que eu chamo de otimismo crítico. Eu tenho um olhar otimista na floresta porque eu trabalho no chão, com comunidades, com associações, com cooperativas e com organizações que estão lá lutando e fazendo a diferença, e conseguindo resultados no dia a dia. Eu nem me sinto numa posição de não ter esperança.Quando pessoas que estão enfrentando situações muito difíceis, muito mais carentes, estão lá buscando soluções e buscando caminhos para a região, eu me sinto privilegiado de poder ver, acompanhar e participar. E isso me dá essa energia, me dá um encorajamento de que, sim, nós temos soluções para Amazônia.As soluções já estão lá. Em muitos casos, a gente precisa abrir a copa da floresta, ver essas soluções e dar força para que elas ganhem mais escala, que saiam daqueles, em muitos casos, nichos isolados, numa paisagem cercada de tudo que é contrário, para ser parte dominante dessas paisagens.Sobre o ponto biofísico de inflexão, é uma realidade que está se aproximando muito rapidamente da região, que vem dessa coevolução de forças ocupando a paisagem e que hoje estão tendo fricções umas com as outras. Acontece que esse processo de ocupação foi não só criando áreas abertas imensas, quebrando a chamada bomba d'água da floresta e do clima da Amazônia. Isso volta ao ponto que eu estava falando, da importância de a gente pensar numa Amazônia pela conectividade. É restaurando áreas, e eu acho que a gente tem que privilegiar a conectividade dos rios e a saúde deles, que conectam esses vários sistemas de uso e governança da terra, buscando restaurar a fragmentação da floresta também.Tem oportunidades de se buscar uma restauração mais produtiva. A improdutividade da maioria dos pastos da região é o dominante na região. Boa parte dos 60% de áreas desmatadas que estão em pasto são extremamente improdutivas. A gente recentemente fez uma análise desses pastos, onde a produtividade por hectare chega a ser uma cabeça por hectare, às vezes menos. As melhores estão em 1,4 ou 1,5 por hectare. São terras extremamente improdutivas que têm valor como terra, e que também podem ser sujeitos a transições que a levem a ser mais produtivas.Também precisa que se regenere áreas, que se cumpra a lei de áreas de preservação permanente. Tem muitos caminhos que podem reconciliar esses esforços, mas eu acho que antes de tudo, a gente precisa garantir os avanços que foram feitos: garantir a integridade das áreas indígenas, das reservas extrativistas, das áreas protegidas, das áreas de usos sustentáveis, que hoje estão extremamente ameaçadas.
No mais recente episódio do Mata-Mata, analisamos os oitavos de final da Liga dos Campeões, onde o Benfica se despediu da competição após a derrota frente ao Barcelona. Falámos sobre o talento de Vitinha e João Neves e aprofundámos o estado atual do Futebol Clube do Porto. Além disso, fizemos um balanço da Primeira e Segunda Liga e destacámos a grande campanha do Vitória SC, que surpreendeu o Betis e entra em campo hoje para lutar pela qualificação europeia. Tudo isto num episódio repleto de análises e opiniões sem filtros!
Na Europa discute-se a guerra, em Portugal provoca-se uma crise política “sem necessidade” com consequências ainda piores. Estará o país a perder tempo e a desviar-se dos temas fundamentais? See omnystudio.com/listener for privacy information.
O Conselho Europeu reuniu em Bruxelas e discutiu o plano de investimentos militares da Comissão. Em relação à Ucrânia, recebeu Zelensky e reafirmou-lhe total solidariedade. Foi uma União a 26, porque o 27º preferiu ficar de novo ao lado de Trump e de Putin. Neste episódio, conversamos com a correspondente da SIC e do Expresso em Bruxelas, Susana Frexes.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Nos últimos anos, a polarização política nos Estados Unidos levou ao surgimento de um movimento organizado contra as práticas ESG, sigla em inglês para critérios ambientais, sociais e de governança nas empresas. A determinação do presidente Donald Trump em desmantelar a política americana para o meio ambiente impulsiona essa onda – que pode influenciar fundos de investimentos e companhias pelo mundo. Os recuos nas políticas de diversidade de grandes empresas americanas, como Meta e Google, ilustram o quanto a agenda “antiwoke” ganha espaço na maior economia do mundo. O impacto nos objetivos de descarbonização ainda é incerto, mas os investidores têm sofrido pressões crescentes dos republicanos para se afastarem de projetos com viés ambiental marcante."Alguns estados estão processando empresas que têm práticas de diversidade e inclusão, por dizerem que são discriminatórias ou de racismo reverso. Então a empresa, em um contexto em que isso pode se tornar ilegal e ela pode sofrer um processo judicial, retira essas práticas”, constata Gustavo Loiola, professor de Sustentabilidade na FGV e PUC-PR, entre outras instituições, e gerente de projetos no PRME, iniciativa da ONU voltada para educação executiva. Fundos de investimentosEm 2024, a coalizão de acionistas Climate Action 100+, que exige balanços climáticos completos das companhias mais emissoras de CO₂, registrou uma fuga em massa de gigantes do capital financeiro, como JP Morgan Chase e BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo. Após a posse de Trump, as principais coalizões americanas de investidores engajados pela neutralidade de carbono sofreram uma debandada de seus financiadores, inclusive europeus.Loiola nota que o termo ESG é, na origem, uma sigla do meio financeiro para direcionar investimentos, portanto está atrelado à percepção de risco das empresas. Na medida em que entrou no furacão da radicalização política nos Estados Unidos, passou a ser um alvo – ao ponto que muitas empresas hoje escolhem esconder as suas políticas de ESG, no que é apelidado como greenhushing."A meu ver, tem muito mais um debate político de anti-ESG do que de estratégia, de empresas mudando ou deixando de lado as suas estratégias. Eu não acho que vá acontecer no Brasil como nos Estados Unidos, onde tem um movimento estruturado, um lobby que influencia muito”, avalia. “Lá teve um escalonamento, impulsionado pelas questões políticas, e quando a gente olha o investidor americano, que é mais voraz, ele não quer polêmica. Se estão falando muito sobre um termo de forma ruim, que impacta a reputação, ou um grupo de investidores, ou uma audiência específica, o investidor retrai o seu investimento para evitar prejuízos.”Agronegócio não poderá ignorar sustentabilidadeApesar do peso dos meios conservadores na economia brasileira, o país não parece embarcar na onda anti-ESG americana, avalia Loiola. Ele nota que as companhias têm voltado a preferir o termo “sustentabilidade” em vez da sigla ESG."É diferente do que a gente via há dois ou três anos: todas as comunicações das empresas eram só sobre ESG, todo mundo anunciando compromissos de net zero, compromissos raciais e sociais. Hoje a gente vê menos isso, mas ainda é bastante sólido”, afirma o especialista.Ele explica que o mercado financeiro do Brasil é mais fechado, focado no nacional. Além disso, a economia brasileira é menos diversificada, com forte dependência da produção e exportação agropecuária – setores em que os critérios de sustentabilidade estão cada vez mais rígidos, principalmente no comércio internacional."Não tem como não falar de clima dentro do agronegócio. O produtor rural é o primeiro a sofrer com a escassez ou o excesso de chuvas e as mudanças climáticas, que acabam afetando a produção”, salienta. "Impacta também o setor financeiro, que oferece crédito para o agronegócio. O risco do setor financeiro em emprestar se torna maior, então é ilógico não olhar para esses temas."Neste sentido, o país tem buscado desenvolver a sua atratividade e explorar a sua vantagem de potência socioambiental, como a recente lei de regulação do mercado de carbono e a política nacional para estimular a bioeconomia.Petroleiras recuam nas renováveisPor outro lado, o plano de abertura de novas frentes de petróleo, ao norte do país, pode ser um sinal da influência do contexto americano no cenário internacional sobre as energias fósseis.Na Europa, grandes petroleiras como Shell e BP diminuíram suas ambições climáticas: a primeira desistiu de projetos de energia eólica offshore, biocombustíveis e hidrogênio, e a segunda vai voltar a se concentrar no petróleo e no gás, com aumento de 20% dos investimentos para a produção de ambos.Em fevereiro, atendendo a exigências dos acionistas, a BP anunciou que recuou no seu plano de ser exemplar nas energias chamadas de transição – a gigante britânica amputou o orçamento do setor de renováveis até o fim da década.Leia tambémPacto para a Indústria Limpa da UE visa botar produção ‘made in Europe' no foco da descarbonização
Alberto Gonçalves comenta as relações da Europa com Vladimir Putin e o regime russoSee omnystudio.com/listener for privacy information.
No ano em que cada mês parece ter 3000 dias, chegou o carnaval. Exceto nos lugares que já têm blocos e festas desde a virada do ano. Quem sou eu para julgar? Esse é o assunto de hoje, mas antes…Recadinhos➡ Estou publicando cris dicas em geral — mas normalmente livros — no meu canal do Instagram e no site crisdicas.com.br. Algumas indicações podem ter link de afiliados para eu ganhar uma comissão, mas todas são sinceras.➡ Não se esquece do nosso Discord, o melhor canto da Internet. O mais novo canal é o #comidinhas, onde o Robinho Bravo meio que ressuscitou o Coisas da Rua e todo mundo dá dicas de restaurantes e receitas.➡ Amanhã começa a nova fase do Clube de Cultura do Boa Noite Internet, com o livro Nação Dopamina.➡ Depois do carnaval, vou abrir a nova turma do Apresentashow, meu curso ao vivo que vai te ensinar a fazer apresentações no trabalho que são um espetáculo. Já deixa seu e-mail na lista de espera para ficar sabendo antes de todo mundo. Como sempre faço, vou dar sessões de mentoria grátis para as primeiras 10 pessoas que se matricularem.O Boa Noite Internet é uma publicação apoiada pelos leitores. Para receber novos posts e apoiar meu trabalho, cadastre-se em uma assinatura gratuita ou paga.Qual vai ser sua fantasia de carnaval?Quando eu era criança, eu tinha uma boa relação com o carnaval — tirando a parte de que meu aniversário muitas vezes era “atrapalhado” pela data. Porque… né? Carnaval! Verão, música, todo mundo alegre. Tentar ficar acordado para ver os desfiles na Globo, ser mandado pro quarto quando começavam as transmissões dos bailes de clube. Ir nas versões infantis destes bailes fantasiado de policial americano. Fora que a semana de carnaval era mais uma desculpa para ir encontrar a primalhada em Miguel Pereira e só curtir a vida mágica dos anos 1970 e 80.Na adolescência, me achei O Inteligentão quando entendi a conexão entre carnaval e quaresma. Não era a páscoa que vinha 40 dias depois do carnaval, mas o carnaval que acontecia 40 dias antes da páscoa. A festa era a despedida dos prazeres antes do período de abstinência radical. Foi assim que virei o adolescente chato que dizia: “Sabia que o carnaval é uma festa religiosa?” Já sou palestrinha desde cedo, como vocês podem ver.Até que, não tem tanto tempo assim, entendi que o carnaval não é só uma despedida da farra antes do jejum, é mais que a famosa “festa de Baco”. É um momento em que estamos autorizados a experimentar identidades diferentes das dos outros 360 dias do ano. De deixar de “ser” para somente “estar”.Sempre me chamou a atenção a contradição de o mesmo homem que seria considerado menos masculino (a maior desgraça possível na nossa sociedade) por usar uma camiseta rosa no trabalho poder sair de Sabrina Sato completa no bloco e ninguém questionar. Na quarta-feira, a fantasia volta para o armário (ou direto pro lixo), assim como a mudança. O que aconteceu no carnaval, acaba no carnaval.Ou uma pessoa com quem me relacionei no século passado, que hoje entendo que era uma das figuras mais conservadoras que já conheci. Mas que contava com orgulho como adorava sair em trio elétrico cheirando loló e competindo com as amigas pra ver quem beijava mais. E tudo bem, não havia conflito nem hipocrisia. É só carnaval.O carnaval não é só a festa da bebida ou da pegação — mas se quiser, pode. É o festival do “viva outras vidas”, materializado nas fantasias, só que muito mais do que “eu sou o Superomi”.Essa ideia de troca de papéis é antiga. Em Roma, séculos antes de Cristo, a Saturnália já promovia uma inversão social temporária. Durante esta festa, celebrada no solstício de inverno (a época do Natal, que também foi influenciado pelo festival de Saturno), os romanos suspendiam as regras da sociedade. Escravos e senhores trocavam de lugar — não só simbolicamente, mas em aspectos práticos da vida. Os escravos podiam comer à mesa com seus senhores, vestir suas roupas, falar sem restrições e até dar ordens. Os senhores os serviam. Lojas, escolas e tribunais fechavam. Guerras eram interrompidas.Os romanos usavam o pileus — um chapéu cônico que simbolizava a liberdade — e trocavam presentes simples como velas e pequenas estatuetas. As ruas se enchiam, a cidade inteira se entregava a banquetes, bebedeiras e jogos de azar, normalmente restritos. Um “rei da folia” era escolhido por sorteio para presidir o caos festivo.Quando o cristianismo virou a religião oficial do império, a igreja tentou substituir essas festas pagãs por celebrações em nome de Jesus, mas o espírito de inversão social já estava enraizado na cultura. Assim, o desejo humano de escapar temporariamente das regras encontrou novos caminhos, novos nomes e novas datas no calendário, mesmo na própria estrutura eclesiástica. Na Europa medieval, a mais famosa destas festas foi a festum fatuorum, a “Festa dos Tolos”, celebrada por clérigos em igrejas da França. Durante um dia, os padres de menor hierarquia zombavam de seus superiores, escolhiam um “Bispo dos Tolos” e realizavam paródias de cerimônias religiosas. Não só o sagrado virava profano, o sério se transformava em cômico.Existia também a Festa do Asno (festum asinorum, porque tudo fica mais católico em latim), onde um burrico era levado para dentro da igreja e celebrado como figura central, em homenagem ao corajoso animal que carregou a Sagrada Família na fuga para o Egito. Ao final da missa, em vez de dizer “vão em paz”, o padre zurrava três vezes, e o público respondia também com zurros no lugar do tradicional “amém”. A Igreja acabou proibindo as duas celebrações nos anos 1400, mas a ideia de um período de licença social não desapareceu.O nosso Rei Momo é a personificação moderna desta tradição de troca-troca. Ele não é o rei de verdade, mas por quatro dias recebe as chaves da cidade e instala seu reinado temporário. A confusão começa, a ordem é invertida, a zoeira impera. A origem do personagem está em Momo, deus grego da zombaria e do sarcasmo, o primeiro sarcasticuzão, sempre pronto pra apontar defeitos, mesmo nos outros deuses — que levou, ora ora, à sua expulsão do Olimpo. Quando a figura chegou ao Brasil no século 19, a ideia era coroar um homem gordo, bonachão, comilão e beberrão para simbolizar os excessos permitidos naqueles dias. É o anti-rei perfeito, que governa não pela austeridade, mas pela permissividade. A escolha do Momo carioca é evento oficial da prefeitura.E tem que ser. A coroação do Rei Momo é um ritual carregado de significado. O prefeito entrega as chaves da cidade ao rei da folia, numa encenação que diz algo como: “O poder real fica suspenso. Agora quem manda é a festa.”Em um mundo cada vez mais centrado na identidade, o carnaval é a hora de ser quem você não é, em uma sociedade que, ali, não funciona mais nas regras anteriores. Mas nem todo mundo se aproveita disso e fica preso nos seus personagens. É por isso que tenho uma leve implicância com um bloco de São Paulo que só toca “punk e rock pesado” (em ritmo de carnaval). Porque seus fundadores não querem ouvir essas “músicas chatas”, sejam elas marchinhas, sambas ou Ivete. Era pra ser inclusivo, achei só preconceituoso.Se o carnaval é o momento de dissolvermos nossas identidades para tentar outras experiências, toca Arerê sim, pô! Deixa os Ratos de Porão pro resto do ano. Mas tudo bem, sábado pularemos lá, porque carnaval também é estar com a nossa galera. Tenho até amigos que são roqueiros.Toda essa história de inversão da ordem se encaixa com o cristianismo ser considerado “a religião do perdão”. Jesus morreu pelos nossos pecados. Jesus existe para perdoar nossos pecados. E o carnaval é o maior perdão do ano. Enquanto aquela prefeita do Maranhão quer trocar o carnaval por um evento gospel (parece que vai rolar mesmo), dá para tentar ver o feriado não como uma contradição aos valores cristãos, mas seu complemento necessário. E se a reza ficasse pra, sei lá, pensando alto aqui, os 40 dias depois do carnaval? Desruptei agora, diz aí.Mas calma. Carnaval não é bagunça. É o famoso “se combinar direitinho…”, mas tem que combinar. Quando eu era um garoto juvenil, comecei a namorar uma menina poucas semanas antes do carnaval. Ela já estava com viagem marcada para a Região dos Lagos e, quando nos encontramos na quarta-feira, tinha um cara na porta da casa dela. Foi o primeiro “é meu primo” da minha carreira. Tudo bem, eu sobrevivi. Era só ter combinado.Então, apesar de todo esse papo de inversão, o carnaval também tem que ter muito respeito. Não é porque na quarta-feira tudo está perdoado que você vai beijar quem não quer ser beijado, ou abusar do espaço do amiguinho. Fantasia não é salvo-conduto. “Não é não” segue valendo. A inversão de papéis funciona ao haver consentimento de todas as partes envolvidas.O que me traz de volta ao cara que se veste de mulher no carnaval, mas não “vira gay” no resto do ano. A questão não é tão simples quanto parece. Ele pode se vestir de mulher, de indígena ou de qualquer fantasia sem consequências de longo prazo. A quarta-feira chega, ele volta ao terno, à vida normal, ao privilégio. O mesmo não acontece no sentido inverso, né? Eu fico aqui imaginando uma cena de carnaval onde um cara vestido de mulher é assediado por uma mulher vestida de homem.O carnaval é uma tentativa de quebra das relações de poder, mas essas relações continuam existindo, é claro. O cidadão romano sabe que não virou escravo para sempre. É só brincadeirinha. Idolatramos drag queens e pessoas trans por quatro dias para, logo depois, voltarmos a uma sociedade que as marginaliza. Vivemos no país que lidera o ranking de assassinatos de pessoas trans.Lá atrás, o carnaval era um jeito dos reis e papas dizerem “aproveitem aí, acreditem que vocês agora estão no poder”. Será que mudou? O negro vira estrela da TV, a mulher vira rainha (da bateria), o morador da comunidade é destaque do samba-enredo. Até mesmo o contraventor que financia a escola é aplaudido na avenida. Ali pode, depois volte para onde você veio, por favor.Se é assim, o carnaval é uma verdadeira quebra ou só uma válvula de escape que mantém tudo como sempre foi? O historiador russo Mikhail Bakhtin dizia que o riso e a festa podem ser subversivos, mas também podem servir para reforçar o sistema. A inversão temporária alivia as tensões sem ameaçar a estrutura. Se sabemos que tudo volta ao normal na quarta-feira, não há perigo real de mudança. A transgressão é permitida porque é passageira. Visto assim, o carnaval é uma festa de inversão de papéis e, por isso mesmo, um ritual de aceitação do resto do ano.Quem acompanhou o Clube de Cultura de “A crise da narração”, vai lembrar de Byung-Chul Han contando que antes da chegada do “storyselling” os feriados tinham função narrativa, contavam uma história coletiva. Hoje, viraram só mais uma data para o consumo, o próximo presente a ser comprado. Será que o carnaval é a última das festas que ainda carrega um significado, ou também virou só “vou beber muito”? Para mim, parte da resposta está em todos os “pré-carnavais” e “carnaval fora de época”. Não há calendário nem ritual, só uma balada temática.Mas esse não é o assunto de hoje. Só quero dizer o seguinte: aproveite o carnaval para tentar ser quem você não é. Pense no que a palavra fantasia pode significar. Nem que seja algo simples como “menos crítico comigo mesmo” ou “não ficar pensando no amanhã”. Imagine possibilidades. Talvez o você do carnaval tenha alguma coisa pra ensinar ao você do resto do ano. De um jeito ou de outro, tudo se acaba na quarta-feira.Por hoje é sóCuidem de si, cuidem dos seus. Mais que tudo, divirtam-se. Até a próxima.crisdias This is a public episode. If you'd like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit boanoiteinternet.com.br/subscribe
Vendas da Tesla na União Europeia caíram para metade em janeiro face ao mesmo mês do ano passado. Esta queda acontece numa altura em que as vendas globais de carros eléctricos continua a crescer mas, ao mesmo tempo, estão a degradar-se as relações atlânticas muito por responsabilidade de Elon Musk, com apoio à extrema-direita europeia. Neste episódio, conversamos com o jornalista João Miguel Salvador.See omnystudio.com/listener for privacy information.
Está triste que o Brasil é uma republicana bananeira? Então tome 4 casos europeus para você não se sentir tão sozinho assim no mundo! === Pois é! Saiu a primeira versão impressa de um dos nossos e-books! o/ O “Manual do Guerrilheiro Anti-Woke”, agora se chama “O Que É a Cultura Woke e Como Combatê-la”! Você pode comprar um exemplar nos seguintes locais: Livraria PH Vox: https://livrariaphvox.com.br/o-que-e-a-cultura-woke-e-como-combate-la Amazon: https://www.amazon.com.br/que-cultura-Woke-como-combat%C3%AA/dp/6585676106/ Mercado Livre: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-5094839498-o-que-e-a-cultura-woke-e-como-combat-la-_JM === Contribua pelo Pix Silikast: 1f28519c-9458-46ad-b5bb-429fb366229e
Mercados mistos com agenda vazia; ata do Fed em foco na semana
Ações de defesa sobem na Europa. Mercados aguardam Fed. Comece seu dia com todas as informações essenciais para a abertura da bolsa com o Morning Call da Genial! O time da Genial comenta sobre as bolsas asiáticas, europeias e o futuro do mercado americano, além da expectativa para os mercados de ações, câmbio e juros. O Morning Call da Genial é transmitido, de segunda a sexta, às 8h45. Ative as notificações do programa e acompanhe ao vivo!
O ano começou com uma constatação clara: o clima deixou de ser prioridade política em muitos países desenvolvidos. As medidas mais recentes tomadas por Trump nos EUA são o caso mais contundente. Mas não foi só por lá. Na Europa, o avanço da direita no Parlamento Europeu e em países-membros trouxe uma agenda mais conservadora, centrada em temas como migração, defesa e crescimento econômico.Mas o que isso significa exatamente para o Brasil, que deve estreitar suas relações com o bloco depois de um acordo entre a União Europeia e o Mercosul? Nesse episódio, eu converso com o advogado Bruno Galvão, que está em Berlim e acompanha esses movimentos de perto.Por um lado, há, sim, pedidos de suavização de regulamentos socioambientais ambiciosos já aprovadas no bloco. A gente viu isso no fim do ano passado, quando o Parlamento Europeu quase mudou as regras do regulamento anti-desmatamento, ou, na sigla em inglês, EUDR.Por outro lado, é difícil imaginar um cenário de destruição do que foi feito até agora. E tem bastante coisa feita até agora. Neste episódio, focamos nas medidas que afetam o Brasil de forma mais direta. É uma atualização sobre o regulamento anti-desmatamento, o mecanismo de ajuste de fronteira e as regras de governança e reporte para empresas.Support the show
Alex Tseng, Ubiratan Leal, Leonardo Bertozzi e Gustavo Hofman acompanham em tempo real o fechamento da janela europeia. Learn more about your ad choices. Visit podcastchoices.com/adchoices
Desta vez trazemos-vos um episódio totalmente diferente. Neste episódio estamos à conversa com Raul Manarte, Psicólogo dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), músico e fotógrafo. Fiquem connosco nesta conversa e sintam-se à vontade para partilharem connosco a vossa opinião nos comentários. Se queres saber como ajudar, segue abaixo informação preciosa neste sentido: https://linktr.ee/raulmanarte Livro do Raul (mencionado no podcast): O Altruísmo não Existe Redes Sociais do Convidado: Instagram: https://www.instagram.com/raul.manarte/?hl=pt Youtube: https://www.youtube.com/@RaulManarte Obrigada a todos!
Dipositivo aprovado há 20 anos será implementado a partir de abril deste ano, após ser ratificado por 33 países; medidas visam aumentar participação popular e transparência sobre organismos que sofreram alteração do material genético; uso de sementes modificadas ja se espalhou para 13% das terras agrícolas do mundo.
Onde você coloca uma roupa rasgada que não usa mais? E os sapatos, o que fazer quando ficam em mau estado? Na Europa, desde o começo do ano, é proibido colocar têxteis e calçados no lixo comum – mas apesar da boa intenção, a medida continua a ignorar o impacto das indústrias de fast fashion no continente. Em 1º de janeiro de 2025, entrou em vigor na União Europeia uma nova diretiva que proíbe os cidadãos de não realizarem a coleta seletiva do vestuário. Apenas tecidos molhados ou usados na construção civil devem ser descartados com o lixo orgânico, direto para incineração.Já as camisetas furadas e os tênis deteriorados devem ser colocados em pontos de coleta – de onde partirão, em tese, para a reciclagem.“Ainda tem muita roupa e têxteis em geral que são simplesmente jogados no lixo”, salienta Louise Curran, professora de Comércio Internacional da TBS (Toulouse Business School) e especialista na moda sustentável. “As pessoas não sabem a que ponto eles podem ser reaproveitados, ou pensam que se está um pouco estragado, ninguém mais vai querer usar. Perdemos um pouco o hábito se consertar, e as jovens gerações mal sabem costurar um botão.”Outro problema é que, há anos, a reciclagem enfrenta dificuldades para se desenvolver na Europa. Na Bélgica, por exemplo, as associações que recuperam as roupas já não davam conta dos volumes cada vez maiores de peças jogadas fora – no ano passado, subiram 17%, algo jamais visto, relata Franck Kerckhof, diretor-adjunto da federação Ressources.“É claro termos uma obrigação de coleta seletiva dos têxteis é bem-vindo positivo”, diz. “Porém colocaram a carroça na frente dos bois: adotaram essa obrigação antes de implementar um plano para financiá-la. Hoje, são os atores da economia social e solidária que se encarregam da coleta seletiva – e eles não têm vocação de bancar a gestão do lixo dos cidadãos.”Fast fashion sob pressãoEste até poderia ser um “bom problema”, se a qualidade das peças recuperadas nos pontos de coleta não fosse cada vez pior. Com a valorização dos produtos de segunda mão na última década, os consumidores agora tendem a descartar apenas as roupas que não conseguem revender em plataformas especializadas.Para piorar o quadro, grande parte do vestuário que vai parar no lixo é, originalmente, de baixa qualidade e feita com materiais impossíveis de reciclar, como poliéster e acrílico.“Isso está no foco do problema: a atuação dos produtores e, em especial, os de fast fashion e ultra fast fashion. Em resumo: é preciso urgentemente regular esse mercado e que os produtores assumam uma parte dessa responsabilidade sobre como a cadeia deve funcionar desde o como, com a escolha dos tecidos, até o fim da vida de uma peça”, clama Kerckhof.O diretor-adjunto da Ressources defende a adoção de um "ecoimposto" para financiar o destino final destas roupas, a exemplo dos que já existe para vários outros setores como baterias, produtos eletrônicos e pneus. Mas a solução não é tão simples num momento em que o mercado europeu é invadido pelas plataformas de ultra fast fashion chinesas, como Temu e Shein, salienta Curran.“Do ponto de vista logístico, tentar controlar todos esses pequenos pacotes que chegam da Ásia é extremamente complicado. Estamos falando de milhões de pacotes por dia, e não tem como esperar que a alfândega abra cada um e verifique onde e como foram feitos”, indica. “Então, vai ser preciso que as marcas queiram contribuir.”UE aposta em garantir melhor qualidade das marcas do blocoAté o momento, a Comissão Europeia tem preferido pressionar as fabricantes do bloco a adotarem melhores práticas e garantir que elas sejam aplicadas, em vez de impor novos impostos que tornariam a concorrência ainda mais dura com os produtos asiáticos.“As grandes marcas de fast fashion, como H&M, Zara e até Primark, melhoraram muito na transparência da cadeia de produção. Ainda não são perfeitas, mas temos à disposição muitos sites com informações sobre o que é de onde vêm o que estamos comprando, inclusive quanto usou de água, a taxa de reciclabilidade”, afirma a especialista. “Já a ultra fast fashion continua extremamente opaca, o que leva as fast fashion a afirmarem que não estão mais conseguindo concorrer nestas condições.”A pesquisadora britânica participa do projeto Twin Seeds sobre as cadeias globais de valor à luz da crise climática. Ela observa ainda que países produtores de matérias-primas naturais, como o Brasil com o algodão, poderão se beneficiar do eventual aumento da regulamentação sobre o setor têxtil na Europa.“O algodão é uma matéria-prima natural que pode ser reciclada se for monofibra, ou seja, se não estiver misturada com elastano, poliéster ou outro. Ele tem a grande vantagem de não ter origem na indústria fóssil”, frisa. “O Brasil talvez tenha aí uma oportunidade, nesta nova concepção de roupas mais ecorresponsáveis e respeitosos do meio ambiente, se um dia conseguirmos chegar lá.”
O convidado do programa Pânico dessa segunda-feira (11) é Thiago Arancam. Dono de uma voz poderosa, o brasileiro Thiago Arancam é considerado um dos maiores tenores da atualidade. Ele se apresentou nos principais teatros do mundo, em mais de 40 países. Destaque para o Alla Scala (Milão), Ópera de Roma (Itália), Ópera Nacional de Washington (EUA), Ópera Estadual de Viena (Áustria), Deutsche Ópera de Berlim (Alemanha), Bolshoi (Moscou), além de inúmeras produções no Japão, Emirados Árabes, Malásia, Canadá, Espanha, França, Polônia, Letônia, Mônaco e Reino Unido. Foram mais de 700 apresentações ao redor do mundo. No Brasil, em 2011, subiu ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a montagem da ópera “Tosca”, de Puccini, no papel do pintor Mario Cavaradossi, amante de Floria Tosca. Em 2014, no Theatro Municipal de São Paulo, encenou a Ópera Carmen de Bizet. Na Europa, conheceu Plácido Domingo, com quem gravou “Cyrano de Bergerac”, na São Francisco Opera (USA); “Madame Butterfly”, em Washington e “Carmen”, na Los Angeles Opera. Trabalhou com grandes regentes de orquestra, entre eles: Daniel Harding em vários concertos com a Swedish Radio Symphony Orchestra; Christian Thielemann em “Dresden” na Manon Lescaut, Pier Giorgio Morandi na ópera “Tosca” em Las Palmas e Estocolmo; o brasileiro Silvio Barbato com a Orquestra Camerata Brasil em Brasília, João Carlos Martins, Plácido Domingo, Julius Rudel, Lorin Maazel, Nicola Luisotti, Patrik Fournellier, Renato Palumbo, Corrado Rovaris, entre outros. De volta ao Brasil em 2017, Thiago Arancam reencontrou suas raízes, lançou o álbum “Bela Primavera”, que deu origem ao espetáculo que rodou o país e emocionou o público. Em 2018, gravou o CD “This is Thiago Arancam” (2018); em 2019, “Thiago Arancam (Ao Vivo)”. Os três trabalhos trazem as influências do mundo lírico e aproximam o tenor da Música Popular Brasileira, além da força e da emoção da voz do artista, considerado um dos principais tenores da atualidade. Em paralelo ao trabalho com as turnês e lançamento dos novos álbuns, o cantor seguiu com as apresentações em diferentes países, entre eles Rússia, Lituânia, Estados Unidos e Austrália, com as óperas Madame Butterfly, Manon Lescaut, Turandot, Tosca e Carmen. E também lançou clipes e disponibilizou o conteúdo da turnê Bela Primavera em seu canal oficial no YouTube. Com fôlego gigante, Thiago Arancam protagonizou a versão brasileira de “O Fantasma da Ópera”, musical já visto por mais de 140 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, ficou em cartaz no Teatro Renault, em São Paulo, de agosto de 2018 até dezembro de 2019. Arancam realizou 360 apresentações, sendo sua maior marca de execução em uma mesma obra. Durante a pandemia 2020/2021 Thiago realizou mais de 20 shows ao vivo por streaming e transmissões pela televisão, totalizando mais de 10 milhões de visualizações em audiência. Como comentarista, o programa traz Mônica Salgado. Jornalista, criadora de conteúdo multiplataforma, consultora e palestrante.
O 67º episódio do Código Euro traz oito talentos do futebol europeu, em ligas ou clubes de menor evidência, que podem alçar voos maiores nos gigantes do Velho Continente em breve. São eles: Hugo Ekitike, Bergvall, Andrey Santos, Tiago Santos, Ben Seghir, Geovany Quenda, Samu Omorodion e Malik Tillman. Analisamos os desempenhos dos oito jovens e traçamos rotas de transferências que seriam coerentes com suas características. CONHEÇA O FOOTURE • Acesse o Site: https://footure.com.br/ • Footure Club: https://footure.com.br/footure-club/ • Loja Futeboleira: http://footure.com.br/loja • Cursos de Análise Tática: https://footure.com.br/footure-lab/ AS NOSSAS REDES SOCIAIS • Twitter: http://twitter.com/footurefc • Instagram: http://instagram.com/footurefc • Facebook: http://facebook.com/footurefc • LinkedIn: http://linkedin.com/company/footurefc